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Taibo Basílio Raisse

Cálculo da Constante Elástica e Sistema Massa – Mola

(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Universidade Rovuma

Nacala

2020
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Taibo Basílio Raisse

Cálculo da Constante Elástica e Sistema Massa – Mola

(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Este trabalho é de carácter avaliativo da cadeira


de Laboratório de Oscilações, Ondas e Óptica a
ser dirigido ao Departamento de Ciências
Naturais, Matemática e Estatística da
Universidade Rovuma – Extensão de Nampula.

Docente: Mestre Hairazate Abdurramane

Universidade Rovuma

Nacala

2020
2

Índic

e
Introdução......................................................................................................................3
1. Massa da mola nos cálculos da constante elástica da mola....................................4
2. Comparação das massas dos corpos observando suas frequências de oscilação
numa mola......................................................................................................................7
1.1. Sistema massa-mola acoplado............................................................................8
Conclusão.....................................................................................................................13
Bibliografia..................................................................................................................14
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INTRODUÇÃO

As molas helicoidais são usadas em muitas aplicações práticas no quotidiano pois têm
como principal característica a possibilidade de serem distendidas pela aplicação de
uma força (por exemplo, a força peso). Quanto maior for a distensão que provocamos na
mola, maior terá de ser a força aplicada para manter a mola com essa distensão. Por
outro lado, um corpo suspenso da extremidade livre de uma mola executa um
movimento oscilante, periódico, quando é deslocado da posição de equilíbrio.

O corpo tenderá a parar na posição de equilíbrio ao fim de algum tempo (que pode ser
demorado em circunstâncias favoráveis), ou seja, o movimento é amortecido.

Este trabalho é resultado de pesquisas de conhecimentos através de consultas


bibliográficas para dar resposta das seguintes questões, alem das outras que não foram
achadas convenientes abordar neste resumo.

 Por que devemos considerar a massa da mola nos cálculos para determinar a
constante elástica da mola?
 Como podemos comparar as massas de diferentes corpos observando suas
frequências de oscilação quando suportados por uma mola.
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1. MASSA DA MOLA NOS CÁLCULOS DA CONSTANTE ELÁSTICA DA


MOLA
 Por que devemos considerar a massa da mola nos cálculos para determinar a
constante elástica da mola?

Como forma de responder esta questão primeiro temos que ter em conta de alguns
conceitos básicos para cálculos de constante elástica duma mola. É possível determinar
a constante elástica de molas por dois métodos: o dinâmico e o estático.

O primeiro método se utiliza do movimento harmónico simples, enquanto que o


segundo se utiliza da força que provoca uma elongação na mola. É possível usar ambos
os métodos para determinar a constante elástica de associação de molas, tanto na
configuração em paralelo quanto em série.

Para tanto, consideremos uma mola (massa desprezível) que sofre uma elongação
devido a uma força aplicada, conforme ilustrado na Figura 02.

No seu regime elástico é aplicável a Lei de Hooke dada por:

⃗F =K ⃗x ou vectorialmente ⃗F =−K ⃗x , (01)

em que ⃗F é a força que a mola exerce ao ser deslocada de uma quantidade ⃗x da sua
posição de equilíbrio e K é uma constante de proporcionalidade e o sinal negativo
indica que esta força está actuando de forma contrária ao seu deslocamento.
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Para um sistema consistindo de um bloco de massa M em que uma força elástica actua
através de uma mola de massa m desprezível, podemos aplicar a 2ª lei de Newton para
descrever o movimento do bloco, que é dado por:

M ⃗a (t )=−k ⃗x , (02)

Escrevendo na forma diferencial fica:

d2x
M 2 =−k ⃗x
d t (03)

Essa equação diferencial de segunda ordem possui a seguinte solução:

xt=x 0 sen ( 2Tπ t +φ ) (04)

Podemos notar que se trata de um movimento harmônico simples, em que


x0 é a
distensão máxima (ou amplitude), T é o período da oscilação e φ é uma constante de

fase. Em condições ideais, a amplitude


x 0 é considerada como constante nessa equação,
já que podemos eliminar as causas que provocam o amortecimento por perda de energia,
como por exemplo resistência do ar e atrito nos pontos de suspensão.

A aceleração do movimento é a segunda derivada em função do tempo da Equação 04


dada por:

⃗a (t )=− ( )
2π 2
T
⃗x (t )
(05)

Comparando as equações 05 e 03 obtemos a constante da mola dada por:

⃗ M
k =4 π 2 2
T (06)

A força envolvida é variável no tempo e é a soma do peso (constante) do corpo


suspenso (cuja massa é M) e da força restauradora (variável) da mola, conforme a
equação:
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⃗F (t )= ⃗P+ ⃗F =M ⃗a (t )
r .(07)

Uma vez que o sistema oscilador harmónico simples é o conjunto constituído pelo corpo
suspenso e pela própria mola, devemos também levar em consideração a massa da mola
pois ela é também responsável pelo movimento.

Vamos agora calcular o quanto que isso representa na massa efectiva do movimento.

Consideremos uma mola de massa m e comprimento x que esteja com uma de suas
extremidades presa na origem O. Seja v a velocidade de um elemento da mola

(comprimento dx e massa dm) e que na extremidade A a sua velocidade seja


v 0 . Seja

x 0=OA . Portanto temos:

v x
=
v0 x0 (08)

Elevando ao quadrado ambos os membros dessa expressão e multiplicando por dm/2


obtemos:

2
1 2 1 x
v dm= ⋅ v 2 dm
2 2 x 2 0
0 .(09)

Considerando que μ é a densidade linear do elemento de mola e que dm=μ dx ,


podemos fazer a substituição na equação anterior resultando em:

μv 2
1 2 1
v dm= ⋅ 0 x 2 dx
2 2 x 2
0 (10)

Essa equação representa a energia cinética de um elemento da mola. Para calcularmos a


energia total basta integrarmos ambos os membros da Equação 10, ou seja:

μv 2 x0
1 2
Ec =∫ v dm= ∫ x 2 dx
0
2 2x 2 0
0 (11)

x
Como dm=μ dx , temos após a integração nos limites de 0 a 0 que
m=μx 0 . Após as
devidas substituições na Equação 11 temos como resultado final:
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1 m
Ec = ⋅ v 2
2 3 0 (12)

Desta equação verificamos que mesmo sem qualquer corpo suspenso, a mola pode
m
oscilar e que devemos de facto levar em consideração o factor 3 nos cálculos da massa
efectiva, ou seja, para um sistema massa – mola temos:

m
M efec =M +
3 (13)

Desta forma a Equação 06 deve ser reescrita considerando a massa efectiva do sistema
1
(massa pendurada na mola + 3 da massa da mola), Equação 13, logo:

( )( )
2
2π m
K= M+
T 3 (14)

2. COMPARAÇÃO DAS MASSAS DOS CORPOS OBSERVANDO SUAS


FREQUÊNCIAS DE OSCILAÇÃO NUMA MOLA.
 Como podemos comparar as massas dos corpos, observando suas frequências
de oscilação, quando suportados por uma mola.

Partindo dos conceitos básicos dos cálculos da constante elástica da mola, segue-se as
citações:

O corpo de massa m1 dum sistema simples está sujeito a uma força restauradora dada
pela Lei de Hooke e obedece a segunda Lei de Newton de tal forma que a equação do
seu movimento poderá ser obtida a partir de:

m1⋅a=−kx (01)

onde a é a aceleração do corpo de massa m1 , k é a constante elástica da mola e x é a

posição de m1 em relação à posição inicial do corpo. A solução da equação (01) será do


tipo senoidal dada por:
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x (t )= A⋅sen(ωt +ϕ ) (02)

Onde A é a amplitude constante ou variável no tempo, ω é a frequência angular de


oscilação e ϕ a sua fase.

Da frequência angular ω da equação (02) define-se o período de oscilação pela


equação:


T=
ω (03)

1.1. SISTEMA MASSA-MOLA ACOPLADO

Vamos estudar um sistema massa – mola formado por duas massas iguais (m) ligadas

por três molas também iguais ( k ) de comprimentos naturais


l0 (Fig.01). Na posição de

equilíbrio do sistema as molas estão submetidas a uma força constante ( T⃗ ) e presas nos
extremos em um suporte vertical. De maneira semelhante ao problema dos dois
pêndulos acoplados, o deslocamento de uma das massas influencia o da outra.

Figura 01- Sistema massa – mola com duas massas acopladas.

Em geral, quando as massas são deslocadas de suas posições de equilíbrio seus


movimentos não são harmónicos.

Resolvemos o problema dos dois pêndulos acoplados e mostramos que existem dois
modos normais de oscilação, nos quais os pêndulos oscilam harmonicamente.
Mostraremos através de uma analogia com o problema dos dois pêndulos acoplados,
que o sistema massa mola acoplado com deslocamento transversal (Fig.02) também
possui dois modos normais de oscilação.
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Para simplificar o problema vamos desprezar a resistência do ar, a massa das molas e a
força-peso que actua nas massas. Essas aproximações são boas quando as dimensões
das massas são pequenas, quando as forças das molas são muito maiores que a força-
peso e quando as molas são leves em comparação com as massas.

Vamos obter as acelerações do movimento das massas acopladas. Para um pequeno


deslocamento do equilíbrio (Fig.02), vamos isolar as massas e colocar as forças que
actuam sobre elas (Fig.03). Em seguida, aplicaremos a Segunda Lei de Newton.

Figura 02 – Sistema massa – mola deslocado do equilíbrio.

Figura 03 – Diagrama de forças.

Figura 04 – circulo trigonométrico.


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Figura 05 – Diagramas de forças.

Pelo diagrama de forças, temos:

⃗F + ⃗F =m⋅⃗a
1 2 1 (01)

⃗F2 + ⃗F3 =m⋅⃗a2


(02)

Para pequenos deslocamentos transversais podemos desconsiderar os deslocamentos


longitudinais, ou seja, as molas praticamente não alteram a sua deformação inicial
( l−l0 ) . Logo, o módulo da força ( T⃗ ) que as molas exercem sobre as massas permanece
constante.

Assim, as componentes no eixo Oy da Segunda Lei de Newton são:

−T⋅sen(α )+T⋅sen (β )=m⋅a 1 y (03)

−T⋅sen ( β )+T⋅sen(γ )=m⋅a2 y (04)

Para pequenos ângulos (na Fig.04 vemos que


θ1 =OA≃1 ) podemos fazer a seguinte
aproximação:

sen(θ )
tg(θ)= ≃sen (θ)
cos(θ ) (05)

Então, pela Fig.05 podemos escrever:


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y1
sen (α )≃
l (06)

y 2− y 1
sen ( β )≃
l (07)

y2
sen (γ )≃
l (08)

Substituindo as expressões (04) , (05) e (06) em (01) e (02) , chegamos a:

y1 y 2− y 1
−T⋅ +T⋅ =m⋅a1 y
l l (09)

y 2− y 1 y2
−T⋅ −T⋅ =m⋅a2 y
l l (10)

As expressões (07) e (08) nos permitem encontrar as acelerações transversais das


massas

T T
a1 y =− ⋅y 1 + ⋅( y 2− y1 )
ml ml (11)

T T
a2 y =− ⋅y 2 − ⋅( y 2 − y 1 )
ml ml (12)

Percebemos a semelhança das acelerações (09) e (10) com as acelerações dos dois
pêndulos acoplados na direcção do eixo Ox expressas por:

g k
a1 x =− ⋅x1 + ⋅( x 2 −x1 )
l m (13)

g k
a2 x =− ⋅x2 + ⋅( x 2 −x 1 )
l m (14)

Apenas as constantes são diferentes, mas a relação matemática entre as variáveis de


ambos casos é a mesma.

As equações do sistema massa mola também confirmam o acoplamento das massas, a


aceleração de uma delas depende das coordenadas da outra. Com efeito, as equações
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(13) e (14) dos pêndulos acoplados se transformam nas equações do sistema massa-
mola acoplado (09) e (10) se fizermos as seguintes substituições:

g T

l ml (15)

k T

m ml (16)

Destas modificações (11) e (12) conseguimos obter as frequências angulares dos dois
modos normais de oscilação (ω e ω ' ) do sistema massa – mola acoplado:

ω1 =ω 2 =ω=
√ T
ml (17)

ω1 =ω 2 =ω '=
√ T
ml
T
+2⋅ =ω=√ 3
ml (18)

Assim como no pêndulo acoplado, a solução geral é a soma das soluções dos modos
normais de oscilação.

x 1 ( t )= A⋅cos ( ωt+ δ 1 ) +B⋅cos ( ωt+ δ 1 )


(19)

x 2 ( t )= A⋅cos ( ωt+ δ 2 )−B⋅cos ( ωt +δ 2 )


(20)

Portanto, desprezando-se a massa da mola, seja f a frequência padrão produzida por um


corpo de massa m, oscilando à extremidade da mola.

2π 2π
T= ⇔ω=
Sabe-se que: ω T

Pendurando-se corpos de massas m1 ;m 2 ;m3 ... etc., as frequências respectivas serão

√ T
ω1 ; ω2 ;ω 3 ...etc., e devemos ter: ω1 =ω 2 =ω '= ml +2⋅ml =ω=√3
T
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Se, por exemplo, uma dada frequência for o dobro da frequência padrão, a massa que
está oscilando será 4 vezes menor do que a massa padrão.

CONCLUSÃO

Os sistemas naturais não são isolados, mas interagem entre si. Em particular, se dois ou
mais sistemas capazes de oscilar tiverem algum tipo de interacção, ou acoplamento,
entre si, uma grande variedade de fenómenos interessantes pode ocorrer.

Não faz sentido falar de sistemas naturais acoplados somente em sistemas físicos. Isto
porque há muitos casos em química, biologia, sociologia, etc em que o acoplamento
entre sistemas que oscilam possui consequências observáveis importantes.

Muitos desses fenómenos que não envolvem sistemas físicos são actualmente estudados
utilizando-se técnicas da física e da matemática.
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BIBLIOGRAFIA

HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos da Física. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC,


2009. cap 35, v.4.

SERWAY, R. A.; JR. JEWETT, J. W. Princípios de Física. 1.ed. São Paulo: Thomson,
2005. cap. 27, v.4.

TIPLER, A.P.; MOSCA, G. Física. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. cap. 31-33, v.2.

YOUNG H. D.; FREEDMAN, R. A., Física IV: óptica e física moderna. 12. ed. São
Paulo: Addison Wesley, 2009. cap. 35, v. 1.

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