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1 FÍSICA EXPERIMENTAL AII – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

OSCILADOR NÃO LINEAR


Ítalo de Almeida Oliveira
2016436306

INTRODUÇÃO
Estudamos em fundamentos de física o comportamento do movimento oscilatório, movimentos
repetitivos ou cíclicos, que após um determinado tempo, conhecido como Período, reiniciam seu
movimento. Para estes movimentos restringíamos a pequenos deslocamentos, os quais,
podíamos fazer aproximações lineares e assim, tínhamos os osciladores lineares como é o caso
do movimento do movimento harmônico simples de um pêndulo. O pêndulo simples quando é
deslocado de sua posição de equilíbrio para qualquer ângulo devemos trabalhar as equações de
período e frequência de forma diferente, logo estamos tratando de movimentos não lineares, ou
melhor, oscilações não lineares, onde faremos usos das equações diferenciais não lineares. No
sistema massa-mola, conforme montagem representada na Figura 01 podemos trabalhar como
um oscilador não linear, mais precisamente um oscilador cúbico.

Fig.01 – Montagem de um oscilador cúbico

Com o entendimento deste experimento podemos ampliar nossos conhecimentos para trabalhar
com oscilações sem restrições à pequenos ângulos.
.

PARTE EXPERIMENTAL
Neste experimento será estudado o oscilador anarmônico, ou seja, um movimento oscilatório
não linear e encontrar sua frequência angular para movimentos com amplitudes não
desprezíveis. Para isso foi realizada a montagem do aparato experimental abaixo utilizando os
seguintes materiais: sistema de trilho e carrinho, 2 gominhas, barbante, sensor de posição, pesos

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e balança. Conforme a Fig. 01, o carrinho é suspenso por um conjunto de gominhas e em


repouso sobre um trilho com injeção de ar para reduzir o atrito entre ambos. Esse carrinho é
deslocado horizontalmente de uma distância X e solto, de forma que o mesmo inicie um
movimento oscilatório e tendo este movimento registrado em um gráfico capturado pelo sensor
e passado ao programa do computador
Segue abaixo o esquema de forças que propiciam o movimento estudado:

Fig.02 – Diagrama de forças do experimento. Em A tem-se a situação de equilíbrio com a mola


em repouso e somatório de forças igual a 0. Em B os comprimentos com a mola deslocada
tendo comprimento L e em C o diagrama de forças atuante no carrinho e na mola.

Esta força resultante F, conforme Lei de Hooke, pode ser dada por F = k.x. Sabemos que esta
distância x, conforme o triângulo B da figura 02, pode ser dado como x = L-L 0. Também
podemos ver pela mesma figura que L= √( L ) + x , portanto temos que a força F pode ser dada
0
2 2


por F=k∗( L20 + x 2−L0 ).

Podemos expandir a raiz da fórmula acima por série de Taylor e mostrar que para pequenas
x 2
amplitudes ( ≪1) temos F= k . x .
L0 2. L0
A série de Taylor se bsaeia em uma série de potências, n vezes variável e que trabalha em torno
de um valor, colocando a fórmula da série abaixo:
∞ n
∑ nf ! ( a ) .(x−a)n, considerando a=0;
n=0

Podemos reescrever a raiz da equação da força conforme abaixo:

( )
1/ 2
x2
√ L +x
2
0
2
->
2 2 1 /2
(L + x )
0 -> L0 1+
L20

Conseguimos através de um manejo algébrico deixar nas condições para usar a série de Taylor,
lembrando que cada soma dessa parcela será multiplicada pela derivada de ordem n e

( )
2
x
lembrando que termos do tipo 2 serão desprezados conforme aproximação que será feita.
L0

A ideia é trabalhar com n variando de 0 ate n=3, porque potência maiores teremos aquela
condição de x/l0 sendo desprezadas.
K
F(0) = 0; F’(0) = 0; F’’(0) =
L0

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Substituindo os valores conforme a fórmula de Taylor percebemos que a única parcela não nula
2
k .x
é para a derivada segunda de F(x), com fatorial 2! No denominador resultando em F=
2. L0
Podemos agora demonstrar que a componente da força na direção x é dada por:

3 −k 3
F x =−h. x = 2
.x
2 l0
Vamos nos utilizar do resultado anterior somado a duas condições geométricas do problema:

F x =F .cos θ

x
cos θ=
√L +x0
2

x
cos θ=


2
x
L20 (1+ 2
)
L0

x x
Obedecendo a condição para ≪1 ,temos que cos θ=
L0 L0

k x2 k 3
Portanto, F= . . x= 2 . x
2 L 0 L0 2 L0

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PRIMEIRA PARTE DO EXPERIMENTO


Primeiramente após montarmos o aparato experimental conforme figura 01 calculamos a
constante elástica efetiva da mola pelo gráfico abaixo:

Gráfico da constante elástica da mola


160
140
120
100
Massa m (g)

80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Deslocamento x (cm)
.

Gráfico 01 – Constante elástica efetiva de 2 molas em série

Observando o gráfico vemos que para uma força peso de 120g temos um deslocamento de
0,12 kg
60cm, substituindo os dados na lei de Hooke temos F=k . x ; k = =0,2 kg /m.(9,8m/s²)
0,6 m
= 1,96 N/m.

EXPERIMENTO – PARTE 1

Após soltar o carrinho trabalharemos com suas situações, com mais amortecimento e menos
amortecimento e depois analisaremos os dados:

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Sistema com mais amortecimento Posição (m) x Tempo (s)


1.6

1.4

1.2

1
Posição x (m)

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (s)

Gráfico 02 – Posição x(m) x Tempo (s) de um oscilador cúbico mais amortecido

Para o gráfico acima do oscilador cúbico mais amortecido foi extraído a seguinte tabela 01:
Tabela 01 – Oscilador cúbico mais amortecido

Período T
(s) X0 (m) ω(g)
3,59 0,44 1,75
3,89 0,41 1,62
3,94 0,39 1,59
4,016 0,36 1,57
4,04 0,34 1,56
4,12 0,32 1,53
4,19 0,29 1,5
4,38 0,28 1,44
4,29 0,26 1,46
4,47 0,23 1,41

SEGUNDA PARTE DO EXPERIMENTO

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Medição do movimento oscilatório do carrinho com menos amortecimento

Sistema cúbico menos amortecido Posição (m) x Tempo (s)


1.6

1.4

1.2

1
Posição (m)

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (s)

Gráfico 02 – Posição x(m) x Tempo (s) de um oscilador cúbico menos amortecido

Tabela 02 – Oscilador cúbico menos amortecido

Período T
(s) X0 (m) ω(g)
2,2 0,44 1,858
3,82 0,43 1,647
3,99 0,4 1,574
4,17 0,38 1,508
4,09 0,36 1,536
4,19 0,34 1,499
4,17 0,31 1,508
4,22 0,3 1,490
4,34 0,28 1,447
4,39 0,26 1,431

Com base nos dados das tabelas 01 e 02 são plotados os gráficos da frequência angular:

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Gráfico 03 – Frequência (Hz) x Amplitude (m) de oscilador mais amortecido

Gráfico 04 – Frequência (Hz) x Amplitude (m) de oscilador menos amortecido

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Observamos assim, que o gráfico se comporta com linearidade, como descrito pela equação

(1.6). Como a massa (m) e a constante de força (ℎ) não se altera, e os valores de
ω
x0 √
=c .
h
m
,

são diferentes, conclui se que variou, e que é menor para o caso de maior amortecimento. Isso
se deve ao fato de que quanto maior for o amortecimento do sistema, maior será a perda de
energia do mesmo, como dito anteriormente. Isso pode ser observado pela diminuição na
amplitude das oscilações, quando analisamos os gráficos 2 e 3.

Conclusão
O experimento teve como objetivo a observação e análise de um oscilador anarmônico, a partir
do experimento realizado foi observado as forças características atuantes no sistema, a partir dos
gráficos gerados, para os casos de menos e mais amortecimento, observou- se que conforme a
aumento do amortecimento do sistema, existe maior perda de energia, observada a partir da
queda na amplitude de oscilações, o que se era esperado de acordo com a teoria.

BIBLIOGRAFIA

Guia de Laboratório - Física Experimental AII - Departamento de Física - ICEx – UFMG,


Universidade Federal de Minas Gerais. 1° Semestre/2021.

SANTIAGO, A. J.; RODRIGUES, H. Efeitos de Amortecimento Sobre um Oscilador X³.


REVISTA Brasileira de Ensino de Física 27, 245-249. 2005 - Disponível em: Acessado em:
09/05/2021.

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