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MAT-2453 (2022) — C ÁLCULO D IFERENCIAL E I NTEGRAL I — (3 + ϵ)a L ISTA DE E XERCÍCIOS

1. M ISCELÂNEA DE A PLICAÇÕES E R ESULTADOS I NTERESSANTES


E XERCÍCIOS
1.1. (Teorema de Darboux.) Sejam I ⊂ R um intervalo e f : I → R. Prove que, se f admitir uma
antiderivada no intervalo I, então f satisfaz a propriedade do valor intermediário, ou seja, se
a, b ∈ I e f ( a) < y < f (b), então existe x entre a e b tal que f ( x ) = y.
Sugestão: pense primeiro no caso y = 0.

1.2. Determine o volume da intersecção de dois cilindros, ambos de raio R, cujos eixos são per-
pendiculares. Resp.: 16 3
3 R .

1.3. Seja f : R → R uma função contínua e periódica de período 2L > 0, isto é, f ( x + 2L) = f ( x ),
para todo x ∈ R. Sejam n ∈ Z e a ∈ R. Mostre que
1 L  nπx  1 a+2L  nπx 
Z Z
f ( x ) cos dx = f ( x ) cos dx.
L −L L L a L
1.4. Sabe-se que a intensidade da força de atração gravitacional entre duas partículas é dada por
Gm1 m2
F= ,
d2
onde G é a constante de gravitação universal, m1 e m2 são as massas das partículas e d é a
distância entre elas. Uma barra linear homogênea B, de massa M1 = 18kg e comprimento
6m, e uma partícula P, de massa pontual M2 = 2kg, estão dispostas com uma distância entre
elas de 3m, como na figura. Calcule a intensidade da força de atração entre as duas massas.
Resp.: 43 G.
B 3m P

1.5. (Solução de um oscilador forçado.) Sejam f uma função contínua em um intervalo I contendo a
origem e y : I → R dada por
Z x
y( x ) = sen ( x − t) f (t) dt.
0
Prove que y(0) = y′ (0) = 0 e, para todo x ∈ I, y′′ ( x ) + y( x ) = f ( x ).
R x2
cos(t2 ) dt
1.6. Calcule lim 0R x 2
. Resp.: 0.
x →0
0
e−t dt

1.7. (Problema de Buffon.) O problema abaixo é uma versão ligeiramente simplificada do problema
das agulhas, proposto em 1777 por Georges Louis Leclerc, conde de Buffon. Esse problema é
considerado o marco inicial de uma área da Matemática denominada Geometria Integral ou
Teoria das Probabilidades Geométricas.
Num plano são traçadas linhas paralelas equidistantes. Joga-se nesse plano uma agulha
cujo comprimento é igual à distância entre as linhas. Calcule a probabilidade de que, em sua
posição final, a agulha intercepte uma das linhas. Resp.: π2 .
“La mesure des choses incertaines fait ici mon objet: je vais tacher de donner quelques règles pour
estimer les rapports de vraisemblance, les degrés de probabilité, le poids des témoignages, l’influence
1
des hasards, l’inconvénient des risques, et juger en même temps de la valeur réelle de nos craintes et
de nos espérances.”
Georges Louis Leclerc, Comte de Buffon (1707-1788), in Essai d’Arithmétique Morale, 1777.

1.8. (Trabalho.) Quando uma força constante de intensidade F é aplicada na direção do movi-
mento de um objeto e esse objeto é deslocado de uma distância d, definimos o trabalho W
realizado pela força por W = F.d se a força age no sentido do movimento, e por W = − F.d
se ela age no sentido oposto. Suponha agora que um objeto está se movendo na direção
positiva ao longo do eixo x, sujeito a uma força variável F ( x ). Raciocine euristicamente com
aproximações por somas de Riemann e proponha uma definição para o trabalho W realizado
pela força quando o objeto é deslocado de x = a até x = b.

1.9. (Teorema da Energia Cinética.) Suponha que uma partícula de massa m > 0 se desloca ao
longo do eixo 0x, segundo uma função horária x : [t0 , t1 ] → R e sob ação de um campo


de forças f ( x ) i , dada f : A ⊂ R → R contínua. Admita que a dinâmica da partícula
seja governada pela segunda lei de Newton, i.e. a função horária x é solução da equação
diferencial ordinária
1
x ′′ = f ( x ).
m
Ou seja, x é derivável até ordem 2, Im x ⊂ A e, para todo t ∈ [t0 , t1 ], x ′′ (t) = m1 f x (t) .


Prove que o trabalho W realizado pelo campo de forças f quando a partícula se desloca
de x0 = x (t0 ) até x1 = x (t1 ) coincide com a variação de energia cinética da partícula entre
os instantes t0 e t1 , ou seja, prove a igualdade
Z x1
1 1
f ( x ) dx = mx ′ (t1 )2 − mx ′ (t0 )2 .
x0 2 2
1.10. (Conservação da Energia Mecânica). Assuma as hipóteses e notação da questão anterior. Adi-
cionalmente, assuma que o domínio A do campo de forças f seja um intervalo.
a. Prove que f admite um potencial V, i.e. existe V : A → R derivável tal que V ′ = − f , e
que dois potenciais para f diferem por uma constante aditiva.
b. Prove que, quando a partícula se desloca de x0 = x (t0 ) até x1 = x (t1 ), a energia mecânica
se conserva, i.e.
1 ′ 1
mx (t0 )2 + V ( x0 ) = mx ′ (t1 )2 + V ( x1 ).
2 2
1.11. (Velocidade de Escape do Campo Gravitacional Terrestre). Com a notação das duas questões
anteriores, admita que a reta real Ox passa pelo centro da Terra, no qual marcamos a origem.
Sendo R o raio da Terra, do ponto de abscissa R em Ox (i.e. do ponto do semieixo positivo
da referida reta real que se encontra na superfície da Terra), uma partícula de massa m > 0
é lançada verticalmente com velocidade inicial v > 0. Assuma f : (0, ∞) → R dada por
GMm
f (x) = − 2 ,
x
sendo M > 0 a massa da Terra e G a constante de gravitação universal. Calcule o menor
qv para o qual a partícula não retorna à superfície (i.e. ela vai para o infinito, e além!).
valor de
2GM
Resp.: R .

1.12. Suponha que uma partícula se desloca ao longo do eixo 0x, segundo uma função horária


x : [t0 , t1 ] → R e sob ação de um campo de forças f ( x ) i , dada f : R → R contínua. Ad-
mita que a dinâmica da partícula seja governada por um modelo relativístico: sua massa m
depende da sua velocidade v, segundo a função m : (−c, c) → R definida por
m0
m(v) = q 2 ,
1 − vc
onde c > 0 é a velocidade da luz no vácuo e m0 > 0 a massa da partícula em repouso, e que
sua função horária x satisfaça a equação diferencial

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d
m( x ′ (t)) x ′ (t) = f x (t) .
 
dt Rx
Mostre que, se interpretarmos o trabalho W = x01 f ( x ) dx, realizado pela força f quando a
 de x0 = x (t0 ) a x1 = x (t1 ) como variação de energia, indicada por ∆E, e
partícula se desloca
se ∆m = m x ′ (t1 ) − m x ′ (t0 ) , então
∆E = ∆m c2 .
Sugestão: use o teorema de mudança de variáveis na integral de Riemann e o teorema fun-
damental do cálculo.

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