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Aplicações de Equações Diferenciais Lineares de

Segunda Ordem
Prof. Gildson Queiroz de Jesus
Outubro 2023

1 Vibrações Mecânicas
Considere o caso em que um pequeno objeto de massa m é preso a um elástico
mola de comprimento l, que é suspenso por um suporte horizontal rı́gido. Além
disso, a massa e a mola podem ser imersas em um meio, como óleo, que impede
o movimento de um objeto através dele. Engenheiros geralmente se referem a
estes sistemas como sistemas massa-mola-amortecedor, ou como instrumentos
sı́smicos, uma vez que são semelhantes, em princı́pio, a um sismógrafo que é
usado para detectar movimentos da superfı́cie da terra.
Os sistemas massa-mola-amortecedor têm muitas aplicações diversas. Por
exemplo, os amortecedores em nossos automóveis são simples sistemas massa-
mola-amortecedor. Além disso, a maioria dos posicionamentos de armas pesadas
são anexados a tais sistemas de modo a minimizar o efeito de ”recuo” da arma.
Seja y(t) denotam a posição da massa no tempo t. Para encontrar y(t),
devemos calcular a força total agindo sobre a massa m. Esta força é a soma de
quatro forças W , R, D e F .
• A força W = mg é o peso da massa puxando-o para baixo. Essa força é
positiva, pois a direção para baixo é a direção y positiva.
• A força R é a força restauradora da mola e é proporcional ao alongamento,
ou compressão, ∆l + y da mola. Sempre atua para restaurar a mola ao seu
comprimento natural. Se ∆l+y > 0, então R é negativo, e R = −k(∆l+y),
e se ∆l + y < 0, então R é positivo, e R = −k(∆l + y). Em ambos os
casos,

R = −k(∆l + y) (1)

• A força D é o amortecimento, ou força de arrasto, que o meio exerce


na massa m. (A maioria dos meios como óleo e ar, tende a resistir ao
movimento de um objeto através dele.) Esta força sempre atua na direção
oposta ao direção do movimento, e geralmente é diretamente proporcional
à magnitude da velocidade dy/dt. Se a velocidade for positiva; ou seja, a

1
massa está se movendo na direção descendente, então D = −cdy/dt, e se
a velocidade for negativa, então D = −cdy/dt. Em ambos os casos,

D = −cdy/dt (2)

• A força F é a força externa aplicada à massa. Esta força é dirigido para


cima ou para baixo, dependendo se F é positivo ou negativo. Em geral,
essa força externa dependerá explicitamente do tempo.
Da segunda lei do movimento de Newton

d2y
m = W +R+D+F
dt2
dy
= mg − k(∆l + y) − c + F (t)
dt
dy
= −ky − c + F (t) (3)
dt
sendo, mg = k∆l. Portanto, a posição y(t) da massa satisfaz a equação
diferencial linear de segunda ordem

d2 y dy
m +c + ky = F (t) (4)
dt2 dt
sendo m, c e k constantes não negativas.

1.1 Vibrações Livres


Consideramos primeiro o caso mais simples de movimento livre sem amortec-
imento. Nesse caso, equação (4) se reduz a

d2 y
m + ky = 0 ou
dt2
d2 y
+ w02 y = 0 (5)
dt2

sendo w02 = k/m. A solução geral de (5) é

y(t) = acos(w0 t) + bsen(w0 t). (6)

Exercı́cio 1: Resolva a equação (5) para encontrar a solução (6).

1.2 Vibrações Livres Amortecidas


Se agora incluirmos o efeito de amortecimento, então a equação diferencial gov-
ernando o movimento da massa é
d2 y dy
m +c + ky = 0. (7)
dt2 dt

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As raı́zes da equação caracterı́stica mr2 + cr + k = 0 são
√ √
−c + c2 − 4km −c − c2 − 4km
r1 = e r2 = (8)
2m 2m
Assim, há três casos a considerar, dependendo se c2 − 4km é positivo, negativo
ou zero.
• Se c2 − 4km > 0 então y(t) = aer1 t + ber2 t .
• Se c2 − 4km = 0 então (a + bt)e−ct/2m .

• Se c2 − 4km < 0 então e−ct/2m (acos(µt) + bsen(µt)), sendo µ = 4km−c2
2m .
Exercı́cio 2: Resolva a equação (7).

1.3 Vibrações forçadas amortecidas


Se agora introduzirmos uma força externa F (t) = F0 cos(wt), então a equação
diferencial que governa o movimento da massa é

d2 y dy
m +c + ky = F0 cos(wt) (9)
dt2 dt

1.4 Vibrações livres forçadas


Agora removemos o amortecimento de nosso sistema e consideramos o caso
de vibrações livres forçadas onde o termo de força é periódico e tem a forma
F (t) = F0 cos(wt). Neste caso, a equação diferencial que governa o movimento
da massa m é
d2 y F0
2
+ w02 y = cos(wt) (10)
dt m
sendo, w02 = k/m.

2 Redes Elétricas
Agora estudaremos brevemente um circuito em série simples. O sı́mbolo E repre-
senta uma fonte de força eletromotriz. Isso pode ser uma bateria ou um gerador
que produz uma diferença de potencial (ou voltagem), que faz com que uma
corrente I flua através do circuito quando o interruptor S é fechado. O sı́mbolo
R representa uma resistência ao fluxo de corrente, como aquele produzido por
uma lâmpada ou torradeira. Quando a corrente flui através de uma bobina do
fio L, é produzido um campo magnético que se opõe a qualquer mudança no
corrente através da bobina. A mudança na voltage produzida pela bobina é
proporcional à taxa de variação da corrente, e a constante de propocionalidade
é chamada de indutância L da bobina. Um capacitor ou condensador, indicado
por C, geralmente consiste em duas placas de metal separadas por um material

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através do qual muito pouca corrente pode fluir. Um capacitor tem o efeito de
reverter o fluxo de corrente como uma placa ou outra torna-se carregado. Seja
Q(t) a carga do capacitor no tempo t. Para derivar um diferencial equação que
é satisfeita por Q(t), usamos o seguinte.
Segunda lei de Kirchoff: Em um circuito fechado, a tensão impressa é igual
a soma da queda de tensão no resto do circuito. Agora,
• (i) A queda de tensão através de uma resistência de R ohms é igual a RI
(Lei de Ohm’s).
• (ii) A queda de tensão em uma indutância de L henrys é igual a L(dI/dt).

• (iii) A queda de tensão através de uma capacitância de C farads é igual


a Q/C.
Então,
dI Q
E(t) = L + RI + (11)
dt C
dado que I(t) = dQ(t)/dt, vemos que

d2 Q(t) dQ(t) Q
L 2
+R + = E(t). (12)
dt dt C

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