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1.

INTRODUÇÃO
Uma equação diferencial parcial é aquela a qual envolve uma ou mais variáveis
independentes e derivadas parciais de uma função, ou seja, uma variável dependente. Essas
equações são um modelo matemático que visam representar algum determinado fenômeno da
natureza, geralmente de forma idealizada e simplificada, cujas as soluções do modelo devem
apresentar um comportamento compatível com as propriedades do problema modelado.
(FRANCO, 2006)

Muitos problemas ligados a engenharia química utilizam esse tipo de equações, um


exemplo disso são o caso de um processo de transferência de calor em superfícies aletadas.
Uma aleta tem como objetivo aumentar a taxa de transferência de calor pois elas aumentam a
área de superfície, ao expondo essa a uma maior ao processo convecção e a radiação.
(ÇENGEL, GHAJAR, 2009)

Problemas envolvendo EDP’s, como o caso de superfícies aletadas, podem ser


complexos, por isso são utilizados métodos matemáticos para resolução desses problemas, a
exemplo do chamado métodos das linhas, que consiste substituir as derivadas parciais
presentes na equação diferencial por aproximações através de diferenças finitas. (FRANCO,
2006)

Além disso, pela complexidade dos problemas muitas vezes se utiliza softwares para
auxiliarem na resolução, analise e também em reduzir o tempo de resolução desses
problemas. Dentre esses softwares se encontra o Matlab, que é bastante versátil em cálculos
matemáticos, visualização e gráficos, modelagens e simulações, além de outras funções.
Dessa forma, esse software se torna uma ferramenta adequada para implementar algoritmos
necessários para a resolução de EDP’s. Dessa forma, o presente trabalho visa mostrar a
resolução de uma EDP’s em relação a uma aleta, utilizando o método das linhas no software
de computação Matlab. (GILAT, 2009; YEO, 2017)
2. METODOLOGIA
2.1. Método das Linhas
O método das linhas que tem como objetivo resolver EDP’s através da discretização
das variáveis espaciais, as quais são aproximadas por uma diferença finita, enquanto uma
dessas variáveis permanece continua, geralmente o tempo, assim transformando a EDP em
um sistema de EDO’s. (DAVIS, 2013; SAUCEZ et al, 2001; YEO, 2017)

O calculo das diferenças finitas permite que seja possível tomar uma equação
diferencial e integrá-la numericamente calculando os valores da função em um número do
discreto de pontos. Também sendo possível fazer o inverso, caso um conjunto de valores
finitos estiver disponível, como dados experimentais, estes podem ser diferenciados, ou
integrados, usando o cálculo de diferenças finitas. (CONSTANTINIDES; MOSTOUFI, 1999)

A ideia central desse método é aproximar as derivadas locais através de diferenças


algébricas dos valores em pontos vizinhos, sendo possível fazer isso de através das chamadas
diferenças finitas, que são divididas em três: progressiva, central e regressiva,
respectivamente, como mostrado a seguir

d
2 2 f ( x i )−5 f ( xi +1 ) +4 f ( x i+2 )−f ( x i+3 )
2
f ( x i )= 2
dx h

d
2 f ( x i +1 )−2 f ( x i )−f ( x i−1 )
2
f ( x i )= 2
dx h

d
2 2 f ( x i )−5 f ( xi−1 ) + 4 f ( x i−2 )−f ( x i−3 )
2
f ( x i )= 2
dx h

2.2. Transferência de Calor a partir de uma superfície aletada


A transferência de calor é frequentemente encontrada em diversos problemas de
engenharia, e ela ocorre devido a troca das formas sensível e latente de energia interna entre
dois meios como o resultado de uma diferença de temperatura. Devido a sua importância, são
feitos modelos matemáticos afim de representar diversas situações no dia a dia. (ÇENGEL,
GHAJAR, 2009)
Geralmente esses modelos representados são através de equações diferenciais que
proporcionam formulações matemáticas precisas para leis e princípios físicos, representando
as taxas de variação na forma de derivadas. Entre um problema envolvendo essas equações,
encontra-se o da aleta, que tem como objetivo aumentar a taxa de transferência de calor
aumentam a área de superfície. (ÇENGEL, GHAJAR, 2009)

Para representar a formulação de um modelo e a sua resolução em um software


computacional, é apresentado um problema envolvendo a transferência de calor a partir de
uma superfície aletada.

Figura 1: Representação do Problema

Realizando o balanço de energia unidirecional, tem-se


dE
=Qe −Q s
dt
Considerando tanto a energia cinética quanto a potencial desprezíveis
dT
ρV c p =Qcondx +∆ x −Q condx +Q conv
dt
Sendo V = A∗∆ x e Qconv =h c ( p ∆ x )(T −T ∞ )
dT
ρcp A ∆ x =Q condx +∆ x −Qcondx +h c ( p ∆ x )(T −T ∞)
dt
Dividindo a equação por ∆ x
dT Q condx+ ∆ x −Q condx
ρcp A = + hc p( T−T ∞ )
dt ∆x
Tornando o limite quando ∆ x →0 , pela definição de derivada
dT d Q cond
ρcp A = +h c p(T −T ∞ )
dt dx

Segundo a Lei de Fourier para a Condução de calor tem-se que

dT
Qcond =−kA
dx
Desse modo então

ρcp A
dT d
=
dt dx (
−kA
dT
dx )
+hc p (T −T ∞)

Em geral tanto a área da secção transversal ( A ¿ quanto o perímetro ( p ¿ de uma aleta


costumam variar com x, afim de tornar os cálculos mais simplificados, será considerando um
caso especifico de seção transversal constante e condutividade térmica constante, assim
2
dT d T
ρcp A =−kA 2
+h c p(T −T ∞ )
dt dx

Dividindo a equação por ρ c p A

dT k d T
2
hc p
= 2
− (T −T ∞ )
dt ρ c p d x ρ cp A

Considerando

k
α=
ρcp

hc p
β=
ρcp A

Logo
2
dT d T
=α 2
−β (T −T ∞)
dt dx

Em um caso de regime permanente

d T hc p
2

2

kA
( T −T ∞ )=0
dx
2.3. Implantação no Matlab
3. DISCUSSÃO E RESULTADOS
No gráfico é possível observar que quanto maior o comprimento da aleta, nesse caso
quanto mais perto chega do valor de 0,1 mm, menor é a temperatura do processo, quando a
aleta tem 0,1mm de comprimento se tem o menor valor de temperatura apresentado, igual a
293K. Já quando não há a presença de uma aleta, ou seja, no valor de 0 temos o maior valor
de temperatura. Assim mostra que o resultado está correto fisicamente já que a função de uma
aleta é aumentar a transferência de calor.

Figura 2: Perfil de Temperatura (Temperatura x Comprimento)


Já no gráfico envolvendo o perfil de temperatura para diversos pontos, é possível
observar que ao decorrer do tempo, a temperatura cresce e depois de um tempo se estabiliza,
em 50 segundos já está basicamente estabilizada para todos os pontos analisados, mas se
observa variações de temperatura e de tempo para atingir a estabilidade. Isso decorre, como
visto no primeiro gráfico, em função da aleta, assim quanto menor a aleta, maior vai ser a
temperatura e mais rápido irá atingir esse valor de temperatura.

Figura 3: Perfil de Temperatura para diversos pontos

4. CONCLUSÃO

Assim é possível verificar que a Temperatura diminui com o aumento do comprimento


da aleta, e também que a temperatura nos mais diversos pontos cresce e se estabiliza em
poucos segundos. Além disso foi verificado que o método das linhas foi eficiente para
resolver a EDP proposta e que o matlab foi muito útil na resolução da mesma e na
representação gráfica do problema.
5. REFERENCIAS
ÇENGEL, Yunus A.; GHAJAR, Afshin J. Transferência de Calor e Massa. AMGH editora,
2009.

CONSTANTINIDES, Mds; MOSTOUFI, Navid. Numerical Methods for Chemical


Engineers with MATLAB Applications’. 1999

DAVIS, Mark E. Numerical methods and modeling for chemical engineers. Courier
Corporation, 2013.

FRANCO, Neide Bertoldi. Cálculo numérico. Pearson, 2006.

SAUCEZ, Ph et al. (Ed.). Adaptive method of lines. CRC Press,


2001

YEO, Yeong Koo. Chemical engineering computation with MATLAB®. CRC Press,
2017.

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