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Faculdade de Ciências

Departamento de Matemática e Informática


Exame de Recorrência de Análise Funcional. Correcção.

Duração: 2 horas 11.12.2013


Todas as respostas têm de ser justicadas!
1. a) (2 valores) Apresente a denição do subespaço de um espaço normado.
b) (2 valores) Sejam x(t) = t e y(t) = t2 . Calcule a distância entre elementos x e y do espaço
normado C[0, 1].
c) (2 valores) O conjunto Sp {x, y} onde x e y são denidos em b), é limitado em C[0, 1]?
Resolução: a) Uma variedade linear fechada de um espaço normado chama-se subespaço.
b) d(x, y) = ∥x − y∥ = max |t − t2 | = t(1 − t)|t=1/2 = 1/4.
t∈[0,1]

c) Não. De facto, é fácil ver que (∀n ∈ N)(∃xn ∈ Sp {x, y}) tal que ∥xn ∥ ≥ n. Pode-se escolher,
por exemplo xn = nx (n ∈ N).
2. (2 valores) Demonstre ou refuta a seguinte armação.
Armação. Seja X um espaço normado e A, An ∈ L(X) (n ∈ N). Se An x → Ax qualquer que
seja x ∈ S1 = {u ∈ X : ∥u∥ = 1}, então An x → Ax qualquer que seja x ∈ X .
Resolução: Verdadeira. Seja x ∈ X . Se x = θ, então é evidente que An x = θ → θ = Ax. Seja
x ̸= θ. Tomando y = ∥x∥
x
temos que ∥y∥ = 1, e pela condição, An y → Ay . Então,
∥An x − Ax∥ = ∥An (∥x∥y) − A(∥x∥y)∥ = ∥ ∥x∥(An y − Ay)∥ = ∥x∥ ∥An y − Ay∥ → 0.
Portanto, An x → Ax (∀x ∈ X).
∫1
3. (2 valores) Calcule a norma do funcional f ∈ (L2 [0, 1])∗ denido por f (x) = 0
tx(t) dt.
∫1
Resolução: f é representável na forma f (x) = 0 x(s)h(s) ds onde h(s) = s. Veriquemos que
h ∈ Lq [0, 1], e achemos ∥h∥q .
Primeiro, notemos que o número conjugado do número p = 2 é q = 2. Depois, temos

∫ 1
1
∥h∥2 = s2 ds = √ .
0 3
Pelo Teorema de representação obtemos ∥f ∥ = ∥h∥2 = √1
3
.
4. (2 valores) Demonstre ou refuta a seguinte armação.
Armação. Sejam dados um funcional f ∈ (C[0, 1])∗ e um operador A ∈ L(C[0, 1]) com
espectro σ(A) = [0, 1]. Então, o operador B ∈ L(C[0, 1]) denido por (Bx)(t) = f (x)+(Ax)(t),
t ∈ [0, 1], é compacto.
Resolução: Falsa. Seja D ∈ L(C[0, 1]) é denido por (Dx)(t) ≡ f (x), t ∈ [0, 1]. É claro que D é
limitado e dim Im D = 1, tal que D é de dimensão nita. Pelo Teorema 6.4(2), D é compacto.
Pelo Teorema 6.8(2) o operador A não é compacto.
Suponhamos que B é compacto. Então, A = B − D é compacto, pelo Teorema 6.4(6), o que
contradiz com a propriedade de A demonstrado na alínea anterior.

1
5. Consideremos o espaço de Hilbert complexo L2 = L2 [−1, 1], o elemento w ∈ L2 e o operador
A ∈ L(L2 ) denidos pelas expressões
∫ 1
2
w(t) = t , (Ax)(t) = (t + 12s)x(s) ds.
−1

a) (2 valores) Encontre o valor do operador I − 3A no ponto w.


b) (2 valores) Encontre todos os autovalores não-nulos do operador A.
c) (2 valores) Encontre uma base do autoespaço de A associado ao autovalor negativo.
d) (2 valores) Encontre a projecção do elemento w até subespaço
{ ∫ 1
M= y ∈ L2 : a equação 4x(t) + (12t + s)x(s) ds = y(t) em relação
−1 }
ao incógnito x ∈ L2 tem innidade das soluções .

∫ 1 ∫ 1
Resolução: a) Temos (Aw)(t) = (t + 12s)w(s) ds = (t + 12s)s2 ds = 2t/3, então
−1 −1

((I − 3A)w)(t) = w(t) − 3(Aw)(t) = t2 − 2t.

b) Os autovalores não-nulos de A são tais λ ∈ C \ {0} que a equação (A − λI)x = θ tem solução
não-nula. Escrevemos esta equação na forma
∫ 1 ∫ 1
C1 t + 12C2 − λx(t) = 0 onde C1 = x(s) ds, C2 = sx(s) ds. (1)
−1 −1

Multiplicando (1) por 1 e t, e tomando integral pelo intervalo [−1, 1], obtemos o sistema das
equações lineares algébricas em relação aos C1 , C2 :
{ ∫ {
1
(C1 t + 12C2 − λx(t)) dt = 0 −λC1 + 24C2 = 0
∫−1 ⇔ (2)
1
−1
(C1 t2 + 12C2 t − λtx(t)) dt = 0
2
C − λC2 = 0
3 1

É claro que sistema algébrico (2) tem solução (C1 , C2 ) não nula se e só se o determinante deste
sistema ∆ é diferente de zero. Temos

−λ 24
∆ = 2 = λ2 − 16 = 0
⇒ λ = ±4.
3
−λ

Então, os autovalores não-nulos do operador A são λ = 4 e λ = −4.


c) Para autovalor negativo λ = −4 as soluções de (2) são todos (C1 , C2 ) ∈ C2 satisfazendo a
condição 4C1 + 24C2 = 0, ou C1 = −6C2 . Então, de (1) obtemos
1 1
x(t) = − (C1 t + 12C2 ) = − (−6C2 t + 12C2 ) = C(t − 2), ∀C ∈ C.
4 4
Então, uma base do autoespaço H , associado ao autovalor λ = −4 é {v} onde v(t) = t − 2.

2

d) A equação 4x(t) + −11
(12t + s)x(s) ds = y(t) em L2 tem a forma operadora (A∗ − λI)x = y
onde A é operador adjunto do A e λ = −4 é autovalor de A e de A∗ . Pela alternativa de

Fredholm, esta equação é resolúvel, o que é equivalente que tem innidade das soluções, se e
somente se y ∈ H ⊥ onde H é autoespaço associado ao autovalor λ = −4. Então, M = H ⊥ .
Pelo Corolário 5.7, L2 = H ⊕ H ⊥ . Usando Teorema de Riesz (Teorema 5.12) junto com
Corolário 5.9, obtemos w = g + h, sendo que g = Proj H (w) e h = Proj H ⊥ (w) = Proj M (w).
No ponto c) foi deduzido que H = Sp {v} onde v(t) = t − 2, então
(w, v) (w, v)
g= v ⇒ h=w−g =w− v. (3)
∥v∥2 ∥v∥2

Calculando, obtemos
∫ 1 ∫ 1 ∫ 1
4 26
(w, v) = t (t − 2) dt = − ,
2
∥v∥ =
2
(t − 2) dt =
2
(t2 − 4t + 4) dt = .
−1 3 −1 −1 3

Substituindo para (3), obtemos, que h = Proj M (w) dena-se pela fórmula
2
h(t) = t2 + (t − 2).
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Prof. Doutor Yury Nepomnyashchikh

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