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Universidade Eduardo Mondlane

Análise Funcional. Investigação da equação integral com núcleo degenerado.


Exercício com guião de resolução.

Exercício. Sejam dados o operador integral K , denido por (Kx)(t) =


R1
0
(6s2 − 15ts)x(s) ds,
e a equação integral de Fredholm (EI)
Z 1
x(t) − λ (6s2 − 15ts)x(s) ds = f (t), em q.t.p. t ∈ [0, 1]. (1)
0
Investigue a equação (1) no espaço de Hilbert L2 = L2 [0, 1] pelo esquema de 16 pontos.
Observação. O Exemplo 1 da equação integral com k(t, s) = cos t + sen s no espaço L2 0, π2
 

com guião de resolução está no m do Capítulo 7. Observamos que as condições e perguntas


dos Exemplos 1 e 2 são analógicas, mas não coincidem completamente com condições e
perguntas do Trabalho Individual correspondente.
1) Demonstre que K actua em L2 e é completamente contínuo. Estime kKk de cima.
K é operador integral com o núcleo k(t, s) = 6s2 − 15ts.
Z 1Z 1
97
2
kkkL2 ([0,1]2 ) = (6s2 − 15ts)2 dsdt = (calcule!) = < ∞.
0 0 10
q
Pelo Teorema 6.6, K ∈ L(L2 ), é completamente contínuo e kKk ≤ kkkL2 ([0,1]2 ) = 97
10
.
2) Escreva a fórmula geral para iterações sucessivas xn da solução de (1). Calcule recur-
sivamente a iteração x3 para f (t) = t, tomando x0 (t) ≡ 0.
O método de aproximações sucessivas para equação (1), i.e, para equação x = f + λKx
constitui do cálculo das iterações pela fórmula recursiva (Ÿ7.4 de AF e ŸŸ5.4, 5.7 de TMIL):

x0 ∈ L2 é xo, xn = f + λKxn−1 , k = 1, 2, . . .

Realizando o cálculo de três primeiras iterações para f (t) = t, tomando x0 = θ ≡ 0, obtemos

x1 (t) = t + λ(Kθ)(t) = t,
R1
x2 (t) = t + λ(Kx1 )(t) = t + λ 0 (6s2 − 15ts)s ds = t + λ 32 − 5t ,

R1
x3 (t) = t + λ(Kx2 )(t) = t + λ 0 (6s2 − 15ts) s + λ 23 − 5s ds =


= t + λ 32 − 5t + λ2 − 92 + 55
 
4
t .

3) Calcule núcleos iterados k1 e k2 do operador K . Escreva a fórmula para iteração xn da


solução de (1) nos termos dos núcleos iterados. Calcule x3 da solução de (1) para f (t) = t
(tomando x0 (t) ≡ 0) por meio desta fórmula e compare o resultado com resultado obtido em
2).
Os núcleos iterados denam-se recursivamente pelas formulas (veja Ÿ7.4):
Z 1
k1 (t, s) = k(t, s), kn (t, s) = k(t, τ )kn−1 (τ, s) dτ, k = 2, 3, . . .
0

Realizando o cálculo, obtemos

k1 (t, s) = 6s2 − 15ts,


R1 R1 45
k2 (t, s) = 0 k(t, τ )k(τ, s) dτ = 0 (6τ 2 − 15tτ )(6s2 − 15τ s) dτ = 12s2 − 45ts2 − 2
s + 75ts.

1
A fórmula para iteração xn da solução de (1) nos termos dos núcleos iterados é (veja Ÿ7.4):

Xn−1 Z 1 Z 1
xn (t) = f (t)+ λj kj (t, s)f (s) ds+Rn (t) onde Rn (t) = λ n
kn (t, s)x0 (s) ds, n = 1, 2, . . .
j=1 0 0

Calculando x3 para f (t) = t (tomando x0 (t) ≡ 0) pela esta fórmula, obtemos


R1 R1 R1
xn (t) = f (t) + 2j=1 λj 0 kj (t, s)f (s) ds + Rn (t) = t + λ 0 k1 (t, s)s ds + λ2 0 k2 (t, s)s ds
P
R1 R1
= t + λ 0 (6s2 − 15ts)s ds + λ2 0 12s2 − 45ts2 − 45

2
s + 75ts s ds =
= t + λ 23 − 5t + λ2 − 29 + 55
 
4
t .

Observamos que a iteração x3 obtida pelo método de núcleos iterados, na verdade, coincide
com a iteração x3 obtida por cálculo recursivo no ponto 2).
4) Ache λ ∈ C tais que as iterações xn convergem para solução de (1) em média quadrática
no intervalo [0, 1] ∀f ∈ L2 .
Demonstremos que se |λ| < kKk 1
, então (∀f ∈ L2 ) xn → x∗ em média quadrática onde x∗
é solução exacta de (1). Observamos que convergência em média quadrática é convergência
no espaço L2 (TMIL, Denição 4.7). A aplicação A : L2 → L2 denido por Ax = λKx + f
satisfaz a condição

kAx − Ayk = kλKx + f − λKy − f k = |λ| kKx − Kyk ≤ |λ| kKk kx − yk, x, y ∈ L2 .

Então A é uma contracção no espaço L2 (veja TMIL, Denição 5.4) se |λ| kKk < 1, i.e quando
1
|λ| < kKk . Pelo princípio das aplicações contratantes (TMIL, Teoremas 5.6, 5.7) para estes
λ as iterações xn convergem para única solução exacta x∗ em L2 . Usando estimação de kKk
realizado em 1) concluímos que a condição |λ| < kKk 1
(então, e convergência xn → x∗ em
média quadrática) é garantida, quando
r
10
|λ| < .
97
Notemos que a desigualdade análoga para λ que garante a convergência uniforme das itera-
ções para solução no caso de f contínua foi obtido em TMIL, Ÿ5.7 e AF, Teorema 7.2.
5) Ache ker K , (ker K)⊥ , Im K e ( Im K)⊥ .
ker K consta das soluções da equação Kx = θ onde θ é elemento nulo de L2 , i.e. da equação
Z 1 Z 1
6 2
s x(s) ds − 15t sx(s) ds = 0 em q.t.p. t ∈ [0, 1]. (2)
0 0

As funções u1 (t) = 1 e u2 (t) = t são linearmente independentes em L2 , então,

6C1 − 15tC2 = 0 em q.t.p. t ∈ [0, 1]

se e só se C1 = C2 = 0. Daqui e de (2) implica


 Z 1 Z 1 
2
ker A = x ∈ L2 : s x(s) ds = sx(s) ds = 0 .
0 0

2
Usando Denição 5.11, temos ker K = {x ∈ L2 : x⊥t2 ∧ x⊥t} = {t, t2 }⊥ . Então, segundo
Lema 5.6(7)
⊥
(ker A)⊥ = {t, t2 }⊥ = Sp {t, t2 } = Sp {t, t2 }.
Notemos que a última igualdade implica do facto que qualquer variedade linear de dimensão
nita é subespaço (veja Corolário 1.1 e Proposição 1.17).
Depois, temos segundo denição de imagem
Z 1 Z 1 
2 1
Im K = 6 s x(s) ds − 15t sx(s) ds : x ∈ L2 = {6C1 − 15tC2 : C1 , C2 ∈ C} = Sp {1, t}.
0 0

1
Notemos que a igualdade = implica do facto que
Z 1 Z 1
(∀C1 , C2 ∈ C) (∃x ∈ L2 ) : 2
s x(s) ds = C1 ∧ sx(s) ds = C2 . (3)
0 0

Por sua vez, a propriedade (3) decorre do seguinte raciocínio. Procuramos achar x na
forma do polinómio de grau 1, i.e. na forma x(t) = at + b com coecientes a, b ∈ C ainda
indeterminados. Substituindo para sistema de igualdades, obtemos
( R
1 2  1
s (as + b) ds = C1 a + 13 b = C1
0
R1 ⇔ 4
1
0
s(as + b) ds = C2 3
a + 12 b = C2

Como determinante do sistema algébrica linear em relação a (a, b) é diferente de zero, este
sistema tem solução para todos os C1 , C2 ∈ C. Daqui implica (3).
Finalmente, temos usando Lema 5.6(5)

( Im K)⊥ = ( Sp {1, t})⊥ = {1, t}⊥ = {x ∈ L2 : x⊥1 ∧ x⊥t}


 Z 1 Z 1 
= x ∈ L2 : x(s) ds = sx(s) ds = 0 .
0 0

6) Ache o operador adjunto K ∗ do operador K . É K um operador autoadjunto? Ache


ker K ∗ , (ker K ∗ )⊥ , Im K ∗ e ( Im K ∗ )⊥ .
Pelo Teorema 5.25, o operador adjunto K ∗ do operador K é operador integral com o núcleo
k ∗ (t, s) = k(s, t) = 6t2 − 15ts, tal que
Z 1

(K x)(t) = (6t2 − 15ts)x(s) ds.
0

É visto que K 6= K ∗ (como k ∗ (t, s) 6= k(t, s)), então K não é autoadjunto.


Pode-se achar ker K ∗ , (ker K ∗ )⊥ , Im K ∗ e ( Im K ∗ )⊥ de modo análogo como foi feito para
operador K em 5). Mas é mais racional usar usar o Teorema 5.26. Obtemos
n R1 R1 o
ker K ∗ = ( Im K)⊥ = x ∈ L2 : 0 x(s) ds = 0 sx(s) ds = 0 ,
(ker K ∗ )⊥ = Im K = Sp {1, t} = Sp {1, t},
Im K ∗ = (ker K)⊥ = Sp {t, t2 } ⇒ Im K ∗ = Sp {t, t2 },
n R1 2 R1 o
∗ ⊥
( Im K ) = ker K = x ∈ L2 : 0 s x(s) ds = 0 sx(s) ds = 0 .

3
7) Ache todos os valores características de EI (1). Para cada deles ache o conjunto das
soluções de (1) homogéneo (i.e. quando f (t) = 0).
Os valores característicos da equação (1) são valores do parâmetro λ ∈ C, tais que equação
x − λKx = θ tem solução não nulo. Esta equação homogénea escrevamos na forma

x(t) − 6λC1 + 15tλC2 = 0 (4)

onde Z 1 Z 1
C1 = 2
s x(s) ds, C2 = sx(s) ds. (5)
0 0

Multiplicando (4) por t e t2 e tomando integral pelo intervalo [0, 1] obtemos o sistema das
equações lineares algébricas em relação aos incógnitos C1 , C2 :
( R
1 2
C1 − 2λC1 + 15
2 3

(t x(t) − 6λC t + 15λC t ) dt = 0 λC2 = 0
0R
1
1 2
⇔ 4 (6)
0
(tx(t) − 6λC 1 t + 15λC 2 t2
) dt = 0 C 2 − 3λC 1 + 5λC 2 = 0

É claro que sistema algébrico (6) tem solução (C1 , C2 ) não nula se e só se o determinante ∆
deste sistema é igual a 0. Calculemos este determinante:
15

1 − 2λ λ 5 2
∆ = 4 = λ + 3λ + 1. (7)
−3λ 1 + 5λ 4

Resolvendo a equação quadrática 54 λ2 + 3λ + 1 = 0, obtemos valores característicos de (1):

2
λ1 = −2, λ2 = − . (8)
5
Achamos os conjuntos das soluções Hi = ker(I − λi K) da equação homogénea para i = 1, 2.
1. Seja λ = λ1 . As equações do sistema algébrica (4) são linearmente dependentes
(recomendação: vericar, se é verdade, e no caso não, vericar o cálculo anterior que tem
erro!). Da qualquer destas equações temos C2 = 23 C1 onde C1 ∈ C é arbitrário. Substituindo
esta expressão para (4), obtemos
2
x(t) = 6λ1 C1 − 15tλ1 C2 = −12C1 + 30t C1 = C1 (−12 + 20t) = 4C1 (5t − 3), C1 ∈ C.
3
Então, o conjunto das soluções da equação (I − λ1 K)x = θ é

H1 = Sp {5t − 3}.

2. Seja λ = λ2 . Da qualquer das equações do sistema algébrica (4) temos C2 = 56 C1 onde


C1 ∈ C é arbitrário. Substituindo esta expressão para (4), obtemos
12 6 C1 12C1
x(t) = 6λ2 C1 − 15tλ2 C2 = − C1 + 6t C1 = (−12 + 36t) = (3t − 1), C1 ∈ C.
5 5 5 5
Então, o conjunto das soluções da equação (I − λ2 K)x = θ é

H2 = Sp {3t − 1}.

Observação. I − λK = −λ(K − µI) onde µ = λ1 . Então, ker(I − λK) = ker(K − µI) onde
µ = λ1 . Daqui implica que λ é valor característico da equação (1) se e só se µ = 1
λ
é autovalor

4
não nulo do operador K . Neste caso o conjunto das soluções da equação (1) homogénea
é, exactamente, autoespaço, associado ao autovalor µ. Então, o caminho alternativo da
resolução em 7) é o seguinte: achar autovalores não nulos µi do operador K (no resultado
será µ1 = − 21 e µ2 = − 52 ), depois escrever os valores característicos λi = µ1i (obter (8)), e,
nalmente, achar autoespaços associados Hi .
8) Ache todos os λ ∈ C tais que EI (1) tem solução ∀f ∈ L2 . Encontre a fórmula explícita
de solução para estes λ. Explique, porque a solução é única.
Segundo alternativa de Fredholm (Teorema 7.1), a equação (1) é resolvível ∀f ∈ L2 (e neste
caso é resolvível unicamente!) se e só se λ não é valor característico, i.e. para todo o
 
2
λ ∈ C \ {λ1 , λ2 } = C \ −2, − .
5

Fixemos qualquer λ que satisfaz a esta condição, e encontramos a fórmula explícita para
solução de (1). Realizamos as transformações análogas de 7), só agora para equação não
homogénea x − λKx = f , que escrevemos na forma

x(t) − 6λC1 + 15tλC2 = f (t) (9)

onde C1 e C2 são denidos por (5). Multiplicando (9) por t e t2 e tomando integral pelo
intervalo [0, 1] obtemos o sistema das equações lineares algébricas não-homogéneas em relação
às C1 , C2 :
( R1 2 R1 2 (
0
(t x(t) − 6λC 1 t2
+ 15λC 2 t3
) dt = 0
t f (t) dt (1 − 2λ)C1 + 15
4
λC2 = f1
R1 1
⇔ (10)
−3λC
2
R
0
(tx(t) − 6λC 1 t + 15λC 2 t ) dt = 0
tf (t) dt 1 + (1 + 5λ)C 2 = f 2

onde as constantes f1 , f2 ∈ C são denidas pelas fórmulas


Z 1 Z 1
f1 = 2
s f (s) ds, f2 = sf (s) ds (11)
0 0

O sistema algébrico (11) é resolvível unicamente visto que de λ 6∈ {λ1 , λ2 } implica que
o determinante ∆ deste sistema é diferente de zero, veja investigação em 7). Resolvendo o
sistema (10) de algum método de Álgebra Linear (por exemplo, usando método de Cramer),
obtemos
15
1 f1 λ

= 1 (1 + 5λ)f1 − 15 λf2 ,

C1 = ∆ 4
∆ 4
f2 1 + 5λ

1 − 2λ f1
C2 = ∆1 = 1 (3λf1 + (1 − 2λ)f2 ) .
−3λ f2 ∆
Substituindo estas expressões para (9) e usando (11) e (7) obtemos
λ
6(1 + 5λ)f1 − 6·15

x(t) = f (t) + 6λC1 − 15tλC2 = f (t) + ∆ 4
λf2 − 45tλf1 − 15t(1 − 2λ)f2

λ 1 1
6(1 + 5λ) 0 s2 f (s) ds − 45
R R
= f (t) + ∆ 2
λ 0 sf (s) ds
R1 R1 
−45tλ 0 s2 f (s) ds − 15t(1 − 2λ) 0 sf (s) ds
R 
λ 1 2
R1 2 45 2

= f (t) + ∆ 0
(6s − 15ts)f (s) ds + λ 0
30s + 30ts − 2
s − 45ts f (s) ds
 
4λ 1
(Kf )(t) + 15λ
R 2 2
= f (t) + 5λ2 +12λ+4 2 0
(4s + 4ts − 3s − 6ts ) f (s) ds .

5
Então, para λ ∈ C \ −2, − 25 a única solução da equação (1) dena-se pela fórmula


 Z 1 
4λ 15λ 2 2
(12)

x(t) = f (t) + 2 (Kf )(t) + 4s + 4ts − 3s − 6ts f (s) ds .
5λ + 12λ + 4 2 0

9) Ache o espectro do operador K ∗ . Para cada um dos autovalores ache a dimensão do


autoespaço e para cada autoespaço de dimensão nita ache uma base.
dim L2 = ∞ e operador K é compacto, pela conclusão do ponto 1) do exercício. Então,
pelo Teorema 6.8(3), 0 ∈ σ(K). Como foi deduzido na Observação do ponto 7), o conjunto
dos autovalores não-nulos do operador K é {µ1 , µ2 } onde µi = λ1i (i = 1, 2) e λi são valores
características, denidos por (8). Alem disso, todos os pontos do espectro de K não nulos são
autovalores (veja Teorema 6.8(1)). Então, σ(K) = {µ0 , µ1 , µ2 } onde µ0 = 0. Pelo teorema
6.8(5), σ(K ∗ ) = σ(K), e chamando atenção, que µi são números reais, concluímos que

1 5
σ(K ∗ ) = {µ0 , µ1 , µ2 } onde µ0 = 0, µ1 = − , µ2 = − (13)
2 2
Mais ainda, não realizando o cálculo e só na base do Teorema 6.8(5) e Observação do ponto
7), podemos concluir que µ1 e µ2 são autovalores de K ∗ e com autoespaços H1∗ e H2∗ de
dimensão 1, visto que

dim Hi∗ = dim ker(K ∗ − µi I) = dim ker(K − µi I) = dim Hi = 1, i = 1, 2

onde Hi foi encontrados em 7). Mas para encontrar bases de Hi∗ (i = 1, 2), é preciso realizar
o cálculo análogo do ponto 7). Neste caso, como foi dito na Observação em 7), pode-se
considerar como equação (I − λK ∗ )x = θ e receber o sistema algébrico análogo de (6), assim
e equação (K ∗ − µI)x = θ. Vamos escolher o primeiro destes caminhos de resolução, visto
que no ponto 14) será mais cómodo usar elementos deste cálculo, do que elementos do cálculo
realizados pelo segundo caminho.
Usando a forma de K ∗ em 6), reescrevemos a equação (I − λK ∗ )x = θ na forma

x(t) − 6t2 λD1 + 15tλD2 = 0 (14)

onde Z 1 Z 1
D1 = x(s) ds, D2 = sx(s) ds. (15)
0 0

Multiplicando (14) por 1 e t e tomando integral pelo intervalo [0, 1] obtemos o sistema das
equações lineares algébricas em relação aos incógnitos D1 , D2 :
( R
1
(1 − 2λ)D1 + 15
2

(x(t) − 6λD t + 15λD t) dt = 0 λD2 = 0
R10 1 2
⇔ 3
2 (16)
0
(tx(t) − 6λD 1 t3
+ 15λD 2 t2
) dt = 0 − 2
λD 1 + (1 + 5λ)D2 = 0

Achamos os conjuntos das soluções Hi∗ = ker(I − λi K ∗ ) da equação homogénea para i = 1, 2.


1. Seja µ = µ1 = − 21 . Para λ = λ1 = −2 as equações do sistema algébrica (16) são
linearmente dependentes (recomendação: vericar, se é verdade, e no caso não, vericar o
cálculo anterior que tem erro!). Da qualquer destas equações temos D1 = 3D2 onde D2 ∈ C
é arbitrário. Substituindo esta expressão para (14), obtemos

x(t) = 6t2 λ1 D1 −15tλ1 D2 = −12t2 ·3D2 +30tD2 = D2 (−36t2 +30t) = 6D2 (5t−6t2 ), D2 ∈ C.

6
Então, o autoespaço associado ao autovalor µ1 = − 12 é

H1∗ = Sp {5t − 6t2 }.

e uma base de H1∗ é {5t − 6t2 }.


2. Para λ = λ2 = − 25 de qualquer das equações do sistema (16) obtemos D2 = 35 D1 onde
D1 ∈ C é arbitrário. Substituindo esta expressão para (14), obtemos
12 2 3 D1 6D1
x(t) = 6t2 λ2 D1 −15tλ2 D2 = − t D1 +6t D1 = (−12t2 +18t) = (3t−2t2 ), D1 ∈ C.
5 5 5 5
Então, o autoespaço associado ao autovalor µ2 = − 52 é

H2∗ = Sp {3t − 2t2 }.

e uma base de H2∗ é {3t − 2t2 }.


3. Seja µ = µ0 = 0. O conjunto das soluções da equações K ∗ x = θ é
 Z 1 Z 1 
∗ ∗
H0 = ker K = x ∈ L2 : x(s) ds = sx(s) ds = 0 (17)
0 0

(veja ponto 6)). Então, λ0 = 0 é autovalor do operador K ∗ com autoespaço associado


H0∗ . Pelos Corolário 5.7 e Teorema 5.13(2) dim L2 = dim H0∗ + dim(H0∗ )⊥ onde o subespaço
(H0∗ )⊥ = Sp {1, t}, achado em 6), tem dimensão 2. Então, dim H0∗ = dim L2 − dim(H0∗ )⊥ =
∞ − 2 = ∞.
10) Escreva a equação adjunta de (1) e ache todos os λ, tais que a equação adjunta tem
única solução quaisquer que sejam partes direitas, que pertencem L2 . Encontre a fórmula
explicita para solução da equação adjunta.
A equação adjunta de (1) é (I − λK ∗ )x = f , ou, mais detalhadamente,
Z 1
x(t) − λ (6t2 − 15ts)x(s) ds = f (t), em q.t.p. t ∈ [0, 1]. (18)
0

Segundo alternativa de Fredholm (Teorema 7.1) a equação (18) é resolvível ∀f ∈ L2 (e


neste caso é resolvível unicamente!) se e só se λ não é valor característico de (18) (o que é
equivalente, se e só se λ não é valor característico de (1)), i.e. para todo o
 
2
λ ∈ C \ {λ1 , λ2 } = C \ −2, − .
5
Para achar a fórmula explicita da solução da equação (18) neste caso, pode-se realizar o
cálculo análogo do ponto 8). No entanto, vamos utilizar o método mais racional, usando a
formula (12) da solução de (1), já encontrada anteriormente.
Se escrever a formula (12) na forma operadora x = T f , então, pela alternativa de
Fredholm (Teorema 7.1), a fórmula correspondente da solução de (18) é x = T ∗ f onde
T ∗ é adjunto do operador T (recomendação: saber explicar, como este facto implica das
equações (1) e (18) na forma operadora). Pela esta
 propriedade obtemos de (12), usando
Proposição 5.10 e Teorema 2.25, que para λ ∈ C \ −2, − 5 a única solução da equação (18)
2

dena-se pela fórmula

15λ 1
 Z 
4λ ∗ 2 2

x(t) = f (t) + 2 (K f )(t) + 4t + 4ts − 3t − 6t s f (s) ds .
5λ + 12λ + 4 2 0

7
11) Para cada valor característica de (1) ache condições sobre f , quando (1) tem solução.
Escolha valor característico de (1) com módulo máximo e uma função f concreta não-nula
de modo que a equação (1) seja resolvível.
Para λ = λi (i = 1, 2), denidas por (8), a equação x − λi Kx = f é resolvível exactamente
para tais f ∈ L2 que são ortogonais às todas as soluções da equação adjunto homogénea
x − λi K ∗ x = θ, de outras palavras, para f ⊥Hi∗ . Usando 9), obtemos, respectivamente, as
condições:
1. Para λ = λ1 = −2
Z 1 Z 1

f ⊥H1 ⇔ 2
f (t)(5t − 6t ) dt = 0 ⇔ (5t − 6t2 )f (t) dt = 0. (19)
0 0

2. Para λ = λ1 = − 25
Z 1 Z 1
f ⊥H2∗ ⇔ f (t)(3t − 2t2 ) dt =0 ⇔ (3t − 2t2 )f (t) dt = 0.
0 0

O valor característico de (1) com módulo máximo é λ = λ1 = −2. É preciso achar uma
função não-nula f ∈ L2 que satisfaz (19). Procuramos achar f na forma f (t) = t + a (é
claro que não é obrigatório usar esta forma, escolhemos uma forma simples e suciente para
conseguir o resultado). Obtemos
Z 1
1 1 1
0= (5t − 6t2 )(t + a) dt = + a ⇒ a=− .
0 6 2 3

Então, a equação x + 2Kx = f com f (t) = x − 1


3
é resolvível.
12) Para valor característico de (1) com módulo máximo e a função f concreta escolhida
em 11), ache a solução geral da equação (1).
Para achar a solução geral xg da equação x+2Kx = f com f (t) = x− 13 vamos usar o cálculo
no ponto 8), mais concretamente, as fórmulas (9)(11) para λ = λ1 = −2 e f (t) = t − 13 .
Neste caso
Z 1   Z 1  
2 1 5 1 1
f1 = s s− ds = , f2 = s s− ds = .
0 3 36 0 3 6

O sistema (11) tem a forma ( 15 5


5C1 − 2 2
C =
36
(20)
6C1 − 9C2 = 16
As equações do sistema (20) são linearmente dependentes (recomendação: se não, é preciso
vericar o cálculo anterior, que tem erro!). Pode-se usar um de dois métodos do cálculo de
xg . Apresentemos ambos métodos.
10 método. O sistema algébrica (20) tem innidade das soluções. Resolvemos este sis-
tema, escolhendo um dos incognitos como parâmetro livre e exprimindo outro incognito por
este parâmetro usando qualquer equação do sistema. Seja C2 = C parâmetro livre. Então,
C1 = 23 C + 36 1
. Substituindo estas expressões para (9), obtemos:

xg (t) = f (t) + 6λ1 C1 − 15tλ1 C2 = t − 13 − 12 32 C + 36


1
+ 30tC = t − 32 + C(−18 + 30t)


= t − 23 + 6C(5t − 3) = 15 (5t − 3) + 35 − 32 + 6C(5t − 3) = − 15


1
+ 6C + 51 (5t − 3).


8
Então, a solução geral da equação x + 2Kx = f com f (t) = t − 1
3
é

1
xg (t) = − + C(5t − 3), C ∈ C. (21)
15
20 método. Vamos achar xg na forma xg = x0g + xp onde x0g é solução geral da equação
homogénea x + 2Kx = θ e xp é solução particular da equação não-homogénea. O conjunto
das soluções de x + 2Kx = θ é H1 achado em 7), então

x0g (t) = C(5t − 3), C ∈ C.

Para achar xp , é suciente escolher um dos incógnitos de (20) concreto, achar outro incógnito
da qualquer das equações (20) e substituir para (9). Seja C1 = 0. De (20) temos C2 = − 54 1
.
Substituindo estas expressões para (9), obtemos:
 
1 1 4 1
xp (t) = f (t) + 6λ1 C1 − 15tλ1 C2 = t − + 30t · = t−
3 54 9 3

Então, a solução geral da equação x + 2Kx = f com f (t) = t − 1


3
é

4 1
xg (t) = xp (t) + x0g (t) = t − + C(5t − 3), C ∈ C. (22)
9 3
Observamos, que a solução geral na forma (21) é mesmo que na forma (22). Realmente,

4 1 4 4 1 1
t − + C(5t − 3) = (5t − 3) + − + C(5t − 3) = − + C(5t
e − 3),
9 3 45 15 3 15

onde C
e=C+ 4
45
.
13) Investigue, para os quais λ ∈ C e partes direitas f ∈ L2 a equação adjunto de (1) não
tem soluções. Depois, escolha um paramento λ ∈ C concreto e uma parte direita concreta f
não-nula da equação adjunta de (1) de modo que esta equação tenha innidade das soluções.

Analogamente à investigação no ponto 11) usemos alternativas de Fredholm. De 9) implica


que a equação adjunto de (1), i.e. a equação x − λK ∗ x = f , pode ser incompatível para
algumas f somente nos casos λ = λ1 e λ = λ2 . Para i = 1, 2, a equação x − λK ∗ x = f não
tem solução se e só se f não é ortogonal ao conjunto das soluções da equação x − λi Kx = θ,
de outras palavras, quando f ⊥ 6 Hi . Daqui e de 7) concluímos, que a equação x − λK ∗ x = f
não tem soluções se e somente se
Z 1 Z 1
2
λ = −2 ∧ (5t − 3)f (t) dt 6= 0 ou λ=− ∧ (3t − 1)f (t) dt 6= 0.
0 5 0

Depois, segundo alternativas de Fredholm, a equação x − λK ∗ x = f pode ter innidade


das soluções para algumas f somente nos casos λ = λ1 e λ = λ2 . Seja λ = λ1 =R−2. A
1
equação x + 2K ∗ x = f tem innidade das soluções se e só se f ⊥H1 , i.e. quando 0 (5t −
3)f (t) dt = 0. É preciso achar uma função não-nula f ∈ L2 que satisfaz a última igualdade.
Procuramos achar f na forma f (t) = t + b. Obtemos
Z 1
1 1 1
0= (5t − 3)(t + b) dt = − b ⇒ b= .
0 6 2 3

9
Então, a equação x + 2K ∗ x = f com f (t) = x + 1
3
tem innidade das soluções.
14) Ache a solução geral da equação adjunto de (1) com λ e f concretas, escolhidas na
segunda parte da pergunta 13).
Para achar a solução geral xg da equação x + 2K ∗ x = f com f (t) = x + 13 vamos usar o
cálculo para equação adjunta que é análogo ao calculo realizado para (1) no ponto 8). Mas
o cálculo para equação adjunto não-homogénea não foi feito em 10), visto que foi possível
realizar investigação do método mais simples. Então, é preciso fazer este cálculo agora, mas
é cómodo inicialmente substituir λ = λ1 e f (t) = t + 13 e parcialmente usar as fórmulas
(14)-(16) que correspondem a equação adjunta homogénea.
Reescrevemos a equação (18) com λ = −2 e f (t) = t + 1
3
na forma

1
x(t) + 12t2 D1 − 30tD2 = t + (23)
3
onde Z 1 Z 1
D1 = x(s) ds, D2 = sx(s) ds.
0 0

Multiplicando (23) por 1 e t e tomando integral pelo intervalo [0, 1] obtemos o sistema das
equações lineares algébricas em relação aos incógnitos D1 , D2 :
( R1 R1
(x(t) + 12D1 t2 − 30D2 t) dt = 0 t + 31 dt 5D1 − 15D2 = 56
 
R1 0
1 ⇔ (24)
(tx(t) + 12D1 t3 − 30D2 t2 ) dt = 0 t t + 31 dt 3D1 − 9D2 = 12
R 
0

As equações do sistema (24) são linearmente dependentes, então, este sistema tem innidade
das soluções. Segundo 10 método de 12), resolvemos (24), escolhendo D2 como parâmetro
livre. Se D2 = C , então D1 = 3C + 16 . Substituindo estas expressões para (23), obtemos:

xg (t) = t + 13 − 12t2 3C + 16 + 30tC = t − 2t2 + 13 + C(−36t2 + 30t)




= t − 2t2 + 31 + 6C(5t − 6t2 ) = t + 31 (5t − 6t2 ) − 35 t + 13 + 6C(5t − 6t2 )


= 1−2t + 31 + 6C (5t − 6t2 ).

3

Então, a solução geral da equação x + 2K ∗ x = f com f (t) = t + 1


3
é

1 − 2t
xg (t) = + C(5t − 6t2 ), C ∈ C.
3
15) Escolha um valor λ, tal que a EI (1) com f (t) = 1 não tem solução. Ache a melhor
aproximação de f pela função g ∈ L2 de maneira que (1) com mesmo λ e parte direita g
tenha solução.
Pela alternativa de Fredholm, é possível escolher λ só dos valores características de (1). Se
λ = λ1 = −2, então, a equação (1) não é resolvível se f 6⊥H1∗ , veja 11). Veriquemos esta
condição: Z 1 Z 1
2 5
(5t − 6t )f (t) dt = (5t − 6t2 ) dt = − 2 6= 0.
0 0 2
Então, a equação (1) com λ = −2 e f (t) = 1 não tem soluções.
Pela alternativa de Fredholm o conjunto de tais g ∈ L2 que a equação x + 2Kx = g tem
solução, coincide com (H1∗ )⊥ . É preciso achar a melhor aproximação de f por elemento g do

10
subespaço (H1∗ )⊥ . Pelo Corolário 5.7 L2 = H1∗ ⊕(H1∗ )⊥ . Usando Teorema de Riesz (Teorema
5.12) junto com Corolário 5.9, obtemos f = h + g , sendo que

(f, ϕ)
h = Proj H1∗ f = ϕ (25)
kϕk2

onde {ϕ} é base ortogonal do espaço unidimensional H1∗ constituída de um elemento ϕ(t) =
5t − 6t2 , veja 9). Realizando o cálculo pela fórmula (25), temos
R1
(5t − 6t2 ) dt 15
h(t) = R 10 (5t − 6t2 ) = (5t − 6t2 ).
(5t − 6t2 )2 dt 16
0

Daqui e da formula g = f − h obtemos a melhor aproximação procurada


15
g(t) = 1 − (5t − 6t2 ).
16
16) Escolha um valor λ, diferente do valor usado em 15), tal que a equação adjunto de
(1) com parte direita f (t) = t2 não tem solução. Ache a distância de f até conjunto de tais
g ∈ L2 que equação adjunto com mesmo λ e parte direita g tenha solução.
Analogamente ao 15), é possível escolher λ só dos valores características da equação (18),
i.e. dos valores λ1 e λ2 . Tomemos o valor característico diferente do valor escolhido em 15),
i.e. λ = λ2 = − 52 . A equação (18) não é resolvível se f 6⊥H2 , veja 13). Veriquemos esta
condição: Z 1 Z 1
3 1
(3t − 1)f (t) dt = (3t − 1)t2 dt = − 6= 0.
0 0 4 3
Então, a equação (18) com λ = − 52 e f (t) = t não tem soluções.
Pela alternativa de Fredholm o conjunto de tais g ∈ L2 que a equação x + 25 K ∗ x = g
tem solução, coincide com H2⊥ . Então, é preciso achar ρ(f, H2⊥ ). Pelo Corolário 5.7 L2 =
H2 ⊕H2⊥ . Usando Teorema de Riesz (Teorema 5.12) junto com Corolário 5.9 e a representação
H2 = Sp {ψ} onde ψ(t) = 3t − 1 (veja 7)), obtemos
R
1 2
0 t (3t − 1) dt

(f, ψ) |(f, ψ)| 5
ρ(f, H2⊥ ) = k Proj H2 f k =

kψk2 ψ = kψk = qR 1 = .

12
0
(3t − 1)2 dt

11

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