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MOVIMENTO DO GIROSCÓPIO
(J.M.R.Cruz/2009_2)
Objetivo:
O objetivo didático deste experimento é proporcionar ao aluno um contato com um giroscópio que
permita uma apreciação dos efeitos relacionados ao momento angular no movimento de rotação e uma
visualização das direções de atuação das várias grandezas vetoriais envolvidas. Para tanto o
experimento será dividido em duas partes, uma qualitativa e outra quantitativa. O objetivo específico da
parte quantitativa do experimento é a determinação do momento de inércia do giroscópio usando dois
métodos: a lei da conservação da energia mecânica e o movimento de precessão.
Fundamentação teórica:
A maioria das grandezas usadas para descrever a cinemática e a dinâmica dos movimentos de
translação tem um equivalente para o movimento de rotação. As equivalências que nos interessam aqui
estão expressas na tabela abaixo:
Translação Rotação
Descrição Expressão Descrição Expressão
Massa m Momento de Inércia I
Velocidade Linear v
Velocidade angular ω
Aceleração linear (a) a
Aceleração angular
Partícula: L=r ×p
Momento Linear p =mv Momento angular
Corpo: L=I ω
dL
τ=
Part.: =
r ×F
d p dt
Força F= a
=m Torque
dt dL
Corpo: τ= =I
dt
1 1
Energia cinética Ec = mv 2 Energia cinética Ec = Iω 2
2 2
As direções e os sentidos dos vetores associados aos movimentos de rotação não são tão facilmente
visualizados como no caso dos movimentos de translação, pois, sendo derivados de produtos vetoriais,
é necessário aplicar a regra da mão direita para determinar os seus sentidos e direções.
Considere o giroscópio descrito na figura 1. Ele pode girar quase livremente em torno de três
eixos de rotação: o eixo vertical, o eixo horizontal e o eixo de rotação do disco. Em equilíbrio, a
resultante das forças e a resultante dos torques atuantes sobre o giroscópio devem ser nulas. Assim, na
ausência de forças externas, o giroscópio mantém fixa a direção dos seus momentos linear e angular.
Quando submetido a um torque externo o giroscópio reage de acordo com a relação:
d
L
τ = (1)
dt
Essa expressão nos diz que o momento angular terá a sua direção alterada na mesma direção do torque
aplicado. Isso explica, por exemplo, o movimento de precessão do giroscópio que ocorre quando um
peso é dependurado em uma das extremidades (Nºs 1 ou 2 da Fig 2) de um giroscópio equilibrado,
Movimento do Giroscópio Física 2 Experimental - Página 2
situada a uma distância do ponto de apoio (3) e girando em torno de seu próprio eixo. Se o giroscópio
gira sem atrito, o módulo do momento angular permanece constante, e assim, somente a direção do
momento angular é alterada. Chamando o ângulo de precessão do giroscópio em torno do eixo vertical
de teremos:
∣ ∣
d
L
dt
=L
d
dt
=τ =mgℓ , (2)
e
d mg ℓ mg ℓ
= = = , (3)
dt L Iω
onde Ω é a velocidade angular de precessão. Assim, d L apontará na mesma direção do vetor torque
τ aplicado pela força do peso dependurado.
O momento de inércia do giroscópio pode ser determinado de duas maneiras. A primeira delas é através
da conservação da energia mecânica. Considere a figura 2 abaixo. Suponha que o eixo o giroscópio
seja travado de forma que ele apenas possa girar em torno do seu próprio eixo de rotação. Se uma
massa (7) com peso P=mg (não confundir com o momento linear p) for dependurada por uma corda
enrolada na polia (6) de raio r e liberada de uma altura h acima do solo, esse peso acelerará o disco
do giroscópio até atingir uma velocidade angular . Na iminência de atingir o solo, a energia cinética
do sistema consiste da soma da energia cinética de rotação do disco e da energia cinética de translação
do peso:
1 1
mgh= I 2 mv 2 . (4)
2 2
Mas como a velocidade de translação do peso v=ω r ,
Movimento do Giroscópio Física 2 Experimental - Página 3
1
mgh= I mr 2 2 . (5)
2
Podemos reescrever essa equação em termos do período T , ou seja, o tempo que o disco leva para
completar uma volta.
mg
1/T 2= h (6)
2π ( I + mr 2 )
2
Assim, fazendo-se uma medida do período atingido logo após o disco ter sido acelerado pelo peso solto
de uma altura h, podemos determinar o momento de inércia.
mgℓ
(eq.3): = . Essa equação nos diz que a velocidade angular de precessão é inversamente
I
proporcional à velocidade angular de rotação. Assim, o produto é uma constante igual ao torque
aplicado pelo peso dividido pelo momento de inércia. Deve haver uma relação linear entre esse produto
e a massa do peso aplicado em uma das extremidades do eixo do giroscópio (Fig 2. - 1 ou 8):
gℓ
= m (7)
I
.
Como o que se mede é o período de precessão T p e o período do disco T em segundos, em termos
dessas grandezas a equação 7 nos dá
1 gℓ
= 2 m (8)
T .T p 4π I
1
Assim, medindo-se a razão para várias massas diferentes devemos obter uma relação linear
T .T p
entre essas duas grandezas, cujo coeficiente angular nos permite determinar I .
Material:
- Giroscópio de três eixos (Fig.2)
- Motor elétrico para aceleração do disco
- Temporizador / Contador para medida do período do disco
- Suporte para pesos
- 4 Pesos de 100g
- Conjunto de Pesos de 10g
- Régua de 1m de comprimento
- Conjunto de setas indicativas das grandezas vetoriais
- Cronômetro Digital
Movimento do Giroscópio Física 2 Experimental - Página 4
Legenda:
1 – Posição para dependurar peso
2 – Contrapeso
3 – Mancal do eixo horizontal
4 – Mancal do eixo vertical
5 – Disco de Nylon
6 – Polia de Alumínio
7 – Suporte com peso
8 – Posição para dependurar peso
Procedimentos:
Esse experimento é dividido em duas partes: uma qualitativa e outra quantitativa. O procedimento
qualitativo visa proporcionar um contato real com as várias grandezas vetoriais envolvidas no problema.
Por esse motivo é importante que cada membro do grupo participe da parte prática, testando os
movimentos do giroscópio para “sentir a reação” do mesmo. A parte quantitativa consiste na
determinação do momento de inércia do giroscópio usando dois métodos distintos, a conservação da
energia mecânica e a relação entre momento angular, torque e precessão.
torno do eixo vertical para um lado e para o outro. Ao fazer esse movimento você estará
executando um torque; em quê direção? Afixe o vetor torque de forma que o seu sentido indique
corretamente uma aceleração angular no sentido anti-horário (quanto visto de cima). O que
acontece com o vetor quando o sentido da aceleração é revertido? Antes de prosseguir, retire a
seta do vetor torque.
Com o giroscópio equilibrado, segure o eixo do disco e com auxílio do motor elétrico, gire-o para
impulsiona-lo. O disco agora possui velocidade angular. Afixe no giroscópio o vetor velocidade
angular (
) de forma correta, obedecendo a regra da mão direita. Afixe também o vetor
momento angular ( L ). Antes de prosseguir para o item a.4, retire os vetores.
Analise a tabela e verifique se é possível concluir que o giroscópio varia a direção do seu
momento angular na mesma direção do torque aplicado e registre a conclusão no livro ata.
MUITO CUIDADO e ande lentamente pela sala, fazendo curvas e inclinando a sua base. Verifique que
o eixo do giroscópio mantém uma orientação fixa no espaço independentemente da orientação da
base. Esta propriedade é que faz do giroscópio um instrumento útil para navegação.
Para determinar o momento de inércia usando a equação 6 é necessário medir o período do disco
após um peso de massa m acelerar o disco caindo de uma altura h .
Coloque o peso de 400g no suporte para os pesos amarrando-o a um cordonete. Faça um laço solto
na extremidade superior do cordonete e coloque-o no pino situado na polia. Girando o disco, enrole-o
até que o suporte seja levantado 10cm do chão. Prepare o contador. Solte o peso e assim que ele
encostar-se ao chão dispare o temporizador e meça o período. Repita o procedimento, subindo a
posição do peso de 10 em 10cm até 80cm, colocando os dados em uma tabela. Faça um gráfico de 1
Movimento do Giroscópio Física 2 Experimental - Página 7
sobre o quadrado do período ( 1/T 2 )em função da altura h . Meça a massa total dependurada, o raio
da polia e, após uma regressão linear, determine o momento de inércia do giroscópio com base na
equação 6. Obtenha uma estimativa do erro no momento de inércia a partir dos erros associados aos
valores medidos e ao coeficiente angular do gráfico. Expresse também o erro em termos percentuais.
Essa determinação baseia-se na equação 8 em que devemos medir o período do disco e o período
de precessão para um dado torque aplicado. Devido ao atrito que existe nos rolamentos do disco, a
velocidade de rotação aos poucos vai diminuindo. Assim, em vez de medir o período para uma
precessão completa, mediremos o tempo em que a precessão completa ¼ de volta e multiplicaremos o
resultado por 4.
Gire o disco do giroscópio em alta velocidade de rotação, segure o seu eixo e dependure o suporte
dos pesos vazio (sem nenhum peso extra, apenas o do próprio suporte) na posição 8. Meça a
velocidade de rotação antes de soltar o eixo do giroscópio. Em seguida, libere-o para precessar
disparando o cronômetro simultaneamente. Ao soltar bruscamente o giroscópio pode iniciar um
movimento de nutação que pode ser facilmente evitado ajudando o giroscópio a precessar na velocidade
correta. Ao completar ¼ de volta pare o cronômetro e anote o tempo. Repita o procedimento
1
acrescentando 50g, 100g, 150g e 200g. Faça um gráfico de em função da massa e, a partir do
T .T p
gráfico e da equação 8, determine o momento de inércia do disco a partir de uma regressão linear.
Determine o erro no valor encontrado para o momento de inércia e expresse-o também em termos
percentuais. Compare o valor obtido com o resultado do item b).
Sabendo que a densidade do Nylon é 1,15g/cm 3 e que o momento de inércia de um disco é 1/ 2 MR2 ,
em que M é a massa do disco e R o seu raio, compare o valor calculado com o valor medido. Que
efeito teria a polia de alumínio afixada ao disco de Nylon nos resultados obtidos?
e) Questões suplementares
1) Imaginando que os três eixos apresentem atrito significativo, descreva como o movimento
do giroscópio é afetado pelo atrito nos rolamentos em cada um dos eixos.
2) Analise a equação 4 e inclua um termo referente ao trabalho realizado pela força de atrito.
Como o gráfico de 1/ T 2 vs h é afetado pela presença de um termo de atrito nos
rolamentos do disco?
1) O que foi possível concluir sobre a direção de movimentação do giroscópio quando sujeito a torques
externos?
2) Os valores do momento de inércia medidos foram comparáveis com o momento de inércia calculado?
A diferença, em termos percentuais foi de quanto? Os valores medidos foram maiores ou menores que o
calculado? Existe alguma justificativa para que os valores tivessem sido maiores ou menores?
3) Os gráficos mostram retas que cortam a origem (considerando-se as respectivas margens de erro)?
Se não, que fatores poderiam ter influido para que isso não ocorresse?