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SUMÁRIO

LISTA DE EQUAÇÕES
1. INTRODUÇÃO
2. MODOS DE TROCA DE CALOR
2.1. CONDUÇÃO
2.1.1. Exercícios básicos de condução
2.1.2 Equação da condução de calor (ou equação da difusão de calor)
2.1.2.1 Exercícios
2.2. CONVECÇÃO
2.2.1 Regimes de escoamento
2.2.1.1 Regime laminar
2.2.1.2 Regime turbulento
2.2.1.3 Camada limite
2.2.2 Escoamento em regime permanente
2.2.3 Exercícios
2.3. RADIAÇÃO
2.3.1 Exercícios
3. ANALOGIAS ELÉTRICAS
3.1 RESISTÊNCIA TÉRMICA
3.1.1 Raio crítico de isolamento
3.1.1.1 Exercícios
3.1.2 Analogia elétrica
3.2 EXERCÍCIOS
4. SUPERFÍCIES ESTENDIDAS - ALETAS
4.1 INTRODUÇÃO
4.2 ESTUDO DE UMA ALETA LONGITUDINAL
4.2.1 Hipóteses e definições adotadas para uma aleta longitudinal
4.2.2 Fluxo de calor transferido por uma aleta longitudinal
4.2.3 Aleta ideal
4.2.4 Rendimento da aleta
4.2.5 Resistência térmica de uma superfície aletada
4.3 ALETA TRANSVERSAL CIRCULAR
4.3.1 Aleta longitudinal equivalente
4.3.2 Rendimento da aleta transversal
4.3.3 Resistência térmica da superfície com aletas transversais
4.4 UTILIZAÇÃO EFICIENTE DE TUBOS ALETADOS
4.4.1 Resultados experimentais com aletas
4.4.2 Regras práticas para uma boa eficiência
4.5 GUIA PRÁTICO PARA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS
4.6 EXERCÍCIOS
5. PARÂMETROS CONCENTRADOS
5.1 REGIME TRANSIENTE
5.1.1 Método de capacitância global
5.1.2 Cartas de comparação
6. GERAÇÃO INTERNA DE ENERGIA, qG.

10. DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DO COEFICIENTE DE


CONVECÇÃO
10.1. INTRODUÇÃO
10.2 TEOREMA π
10.3 FÓRMULAS EXPERIMENTAIS PARA O CÁLCULO DO COEFICIENTE DE
CONVECÇÃO
10.3.1 Aquecimento ou resfriamento de fluidos em tubos longos e regime
turbulento
10.3.2 Aquecimento e resfriamento de líquidos em regime laminar
10.3.3 Escoamento de metais líquidos, dentro de tubos em regime turbulento
10.3.4 Aquecimento ou resfriamento de uma superfície esférica
10.3.5 Escoamento turbulento sobre uma superfície plana
10.3.6 Escoamento de um fluido perpendicular a um tubo
10.4 RESUMO INTRODUTÓRIO SOBRE CONVECÇÃO
10.5 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
QUANDO ESCOAMENTO EM CONVECÇÃO NATURAL
10.6 EXERCÍCIOS SOBRE COEFICIENTE DE CONVECÇÃO
10.6.1 Exercícios de convecção natural

15. CONVECÇÃO
15.1 PROPRIEDADES FÍSICAS
15.2 TIPOS DE ESCOAMENTO
15.2.1 REGIMES DE ESCOAMENTO
15.3 DÚVIDAS MAIS COMUNS
15.4 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
16. ANÁLISE DIMENSIONAL
16.1 PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS
16.2 PARÂMETROS ADIMENSIONAIS
18. ESCOAMENTOS EXTERNOS NÃO SUBMERSOS
18.1 EQUAÇÕES
18.1.1 Continuidade
18.1.2 Momentum
18.1.3 Energia
18.2 EXERCÍCIOS

19. ESCOAMENTOS EXTERNOS SUBMERSOS


19.1 INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO FÍSICA DE INTERESSE
19.2 ESCOAMENTOS SOBRE CORPOS SUBMERSOS
19.3 RESULTADOS PARA FEIXES DE TUBOS
19.4 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

20. CONVECÇÃO – ESCOAMENTOS INTERNOS.


20.1 OBJETIVOS
20.2 INTRODUÇÃO E SITUAÇÕES FÍSICAS DE INTERESSE
20.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
20.3.1 Escoamento hidrodinâmico
20.3.2 Camada-limite térmica
20.4 BALANÇO DE ENERGIA
20.4.1 Fluxo constante na parede do duto
20.4.2 Temperatura superficial constante
20.5 COEFICIENTES DE TROCA DE CALOR POR CONVECÇÃO
20.5.1 Regime turbulento
20.6 DÚVIDAS MAIS COMUNS
20.7 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

CAP. 22 – TROCADORES DE CALOR – FUNDAMENTOS


22.1 OBJETIVOS
22.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR
22.3 QUANTO A FORMA DE TROCA DE CALOR E EQUAÇÕES
22.4 EXERCÍCIOS
LISTA DE EQUAÇÕES

Ee – Es = Uf - Ui = ∆U (Eq. 1.1)

Qe + We + me .ee + qG − Qs − Ws − ms .es = ∆U (Eq. 1.2)


dT
∆U = mcorpo .c. calor sensível (Eq. 1.3)
dt
∆U = mcorpo .cL calor latente (Eq. 1.4)
∆h
∆U = mcorpo . (Eq. 1.5)
dt

dT
qk = −k . A. (Eq. 2.1)
dx
L
Rk = (Eq. 2.2)
A.k

∆T
qk = (Eq. 2.3)
Rk
r 
ln  ext 
r
Rk =  int  (Eq. 2.4)
2.π .L.k

rext − rint
Rk = (Eq. 2.5)
4.π .k.rext .rint

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
+ + + = . (Eq. 2.6)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t

1 ∂  ∂T  1 ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
. .  r.  + . + + = . (Eq. 2.7)
r ∂r  ∂r  r 2 ∂φ 2 ∂z 2 k α ∂t

1 ∂  2 ∂T  1 ∂  ∂T  1 ∂ 2T qg 1 ∂T
. . r . + 2 . .  senθ . +
 2 . + = . (Eq. 2.8)
r 2 ∂r  ∂r  r .senθ ∂θ  ∂θ  r .senθ ∂φ
2
k α ∂t

qC = h. As .∆T = h. As .(Ts − T∞ ) (Eq. 2.9)

q = U . A.∆T (Eq. 2.10)

ρ .v.D
Re = (Eq. 2.11)
µ

1
RC = (Eq. 2.12)
hC . A
. 4
qR = σ . AT (Eq. 2.13)

qR = A1.ε 1.σ .(T14 − T24 ) (Eq. 2.14)

cilindro kisolamento
rcrítico = (Eq. 3.1)
h∞
esfera 2.k
rcrítico = isolamento (Eq. 3.2)
h∞
−∆T
Q= (Eq. 3.3)
ΣR

−∆T 1 1
q= R1 = R2 = (Eq. 4.1)
R1 + R2 h1. A1 h2 . A2

dALat = 2.( L.dx + e.dx) = 2.( L + e).dx (Eq. 4.2)

∆Tx = (Tx − TF ) (Eq. 4.3)

dTx d (∆Tx )
= (Eq. 4.4)
dx dx

dQ
dQ = h.Pdx.∆Tx ou = h.P.∆Tx (Eq. 4.5)
dx
dQ d 2T
= k . A. 2x (Eq. 4.6)
dx dx

d 2 ∆Tx
− m 2 .∆Tx = 0 (Eq. 4.7)
dx 2
∆Tx = C1.e mx + C2 .e − mx (Eq. 4.8)
Tp − TF Tp − TF
C1 = e C2 = (Eq. 4.9)
1 + e2 m1 1 + e−2 m1

Tx − TF e m .(l − x) + e− m (l − x)
= (Eq. 4.10)
Tp − TF eml + e− m

q = m.k. A.(Tp − TF ).tanh(ml ) (Eq. 4.11)

Qa = m.k . A.(Tp − TF ).tanh(ml ) (Eq. 4.12)

Qi = h.Alateral.(Tb – TF) (Eq. 4.13)

Qi = h.(Pst.l).(Tb – TF) (Eq. 4.14)


tanh(m.l )
η= (Eq. 4.15)
m.l

QT = N.Qa + Qsa (Eq. 4.16)

Qsa = h.Asa.(Tb - T∞ ) (Eq. 4.17)


Q
ηa = a ∴ Qa = Qi .ηa = η a .h.( P.l ).(Tb − TF ) (Eq. 4.18)
Qi
1
Rs = (Eq. 4.19)
h.[η a .N .( Pst .l ) + A sa ]

Qi = h.π. ( r32 − r22 ) .(Tb – TF) (Eq. 4.20)

D3 − D2
d ml = (Eq. 4.21)
D
ln 3
D2

Qi = h.(2.π.d ml).l.(Tb – TF) (Eq. 4.22)

h.Pst
m= (Eq. 4.23)
k. Ast

dH = d (U + P.V ) (Eq. 5.1)

ΣQ = ρ .cP .V .∆T (Eq. 5.2)

qC = h.As.(Ts - T∞ ).dt (Eq. 5.3)

qG + Qe + We + me.ee - Qs + Ws + ms.es = ∆U (Eq. 5.4)

- h.As.(T - T∞ ).dt = ρ .cP .V .∆T (Eq. 5.5)

dT h. As .t
=− (Eq. 5.6)
Ts − T∞ ρ .cP .V

∆T  h. As .t 
= C .exp  −  (Eq. 5.7)
T − T∞  ρ .cP .V 

 h . A .t 
T − T∞  h. As .t   − ρ .cPs.V 
= exp  − =e = e( − Bi.Fo) (Eq. 5.8)
To − T∞  ρ .c P .V 
∆T
q = ρ.cP .V . (Eq. 5.9)
dt

Q = ρ .cP .V .(T∞ − To ).(1 − e− Bi.Fo ) (Eq. 5.10)

V
Lc = (Eq. 5.11)
A

h.Lc
Bi = (Eq. 5.12)
k

α .t
Fo = (Eq. 5.13)
Lc 2

k
α= (Eq. 5.14)
ρ .cP

ρ .cP .V m.cP
t* = 8. = 8. (Eq. 5.15)
h. As h. As

∂ 2T 1 ∂T
= . (Eq. 5.16)
∂x 2 α ∂t

h.D Nu.k
Nu = ∴ h= (Eq. 10.1)
k D
1
Nu = 0,023.Re0,8 .Pr 3 (Eq. 10.2)
1 0,14
 D 3  µ 
Nu = 1,86.  Re.Pr .  .   (Eq. 10.3)
 L   µs 
Nu = 0, 625.(Re.Pr) 0,4 (Eq. 10.4)

Nu = 0,370,5.Re0,5 (Eq. 10.5)

ρ∞ .v∞ .D
Re = (Eq. 10.6)
µ∞
1
Nu = 0,36.Pr 3 .Re0,8 (Eq. 10.7)

ρ∞ .v∞ .L
Re = (Eq.10.8)
µ∞
µ .c p
Pr = ∞
(Eq. 10.9)
k∞
h.L
Nu = (Eq. 10.10)
k∞

Nu = 0,35 + 0,56.Re0,52 (Eq. 10.11)


0,52 0,3
Nu = (0,35 + 0, 47.Re ).Pr (Eq. 10.12)
Transmissão de calor I

1. INTRODUÇÃO

O curso de transmissão de calor interessa, por exemplo, quando uma peça de


material qualquer está sendo fundida, ou uma sala a ser condicionada ou um motor a ser
refrigerado.

Definindo calor (Q) como a energia trocada (explicada pelas teorias de Planck
ou Maxwell) na presença de um gradiente de temperaturas ( ∇ T ou dT/dx), a
termodinâmica clássica lida a maneira com que esta energia altera as propriedades
(dependentes e independentes) de um sistema (os quais podem ser aberto, fechado ou
isolado) no estado de equilíbrio. Em outras palavras, discute-se a troca de calor que
acontece na presença de uma diferença de temperatura entre dois pontos.

Em transmissão de calor se vê como estes dois pontos interagem. Em


transmissão de calor se está mais interessado em taxas de troca de calor (watt = J/s) e
não em trocas de energia (joule = N.m).

A equação mais importante da termodinâmica é a Primeira lei da termodinâmica,


sendo seu princípio o da conservação de energia, basicamente escrita na forma:

Ee – Es = Uf - Ui = ∆U .... (Eq. 1.1)

Onde:
Ee = energia que entra no sistema.
Es = energia que sai do sistema.
Uf = energia interna final do sistema.
Ui = energia interna inicial do sistema.

Abrindo as parcelas de energia que entram e que saem, a equação torna-se:

Qe + We + me .ee + qG − Qs − Ws − ms .es = ∆U .... (Eq. 1.2)

Onde os índices e e s significam entrada e saída do sistema, respectivamente.


O primeiro termo representa o calor que entra através da fronteira (Qe), o segundo é o
trabalho que entra (We; entenda-o como trabalho de fronteira, de eixo ou elétrico), o
terceiro é a energia quer seja cinética, potencial ou de pressão, contida em uma massa,
m), qG = calor gerado pelo corpo devido à: reações químicas, por exemplo exotérmicas,
endotérmicas, ou efeito Joule etc.
∆U é a variação de energia interna (U) sofrida pelo sistema. Esta parcela pode ser
calculada de três maneiras. Duas pela física e uma pela termodinâmica, ou seja:

dT
∆U = mcorpo .c. calor sensível .... (Eq. 1.3) [Está aquecendo ou resfriando]
dt

E, ∆U = mcorpo .cL calor latente .... (Eq. 1.4) [Está mudando de fase (p.e.:
líq→gás)]
Ou pela termodinâmica :
∆h .... (Eq. 1.5)
∆U = mcorpo .
dt

A primeira lei vale para uma “coisa” (objeto bem definido), ou seja, um volume,
uma superfície (área), uma linha ou um ponto.

A 1ª lei também sugere, simplificadamente, que a energia (na forma de Q ou


trabalho, W) não é criada e sim, transformada.
Considerando um sistema fechado (m´ = 0) aplicada a um volume (V) constante,
tem-se:
dQ dW j
Σ i −Σ = ∆E .... (Eq. 1.1´)
i dt j dt

d
As duas grandezas (Q e W) estão aplicadas à razão . Porém, esta formulação
dt
deve ser aplicada ao estado de equilíbrio do sistema termodinâmico.

Os valores de variação temporal destas taxas, assim como sua dependência do


tipo de meio e da superfície de absorção/ emissão de calor, não são aqui consideradas,
só em transmissão de calor.
Existem três modos de troca de calor: Condução, convecção e radiação
(condução e radiação podem ocorrer isoladamente). Convecção já envolve condução de
Q com transporte de massa. (na verdade não é fácil separá-las, mas é mais didático).
Processos mais sofisticados, como ebulição e condensação, envolvem condução,
transporte de massa e mudança de fase.

2. MODOS DE TROCA DE CALOR

2.1. CONDUÇÃO

Condução de calor (qk) é o processo de troca de energia (de um sistema, ou


partes do mesmo) em diferentes temperaturas que ocorre pela interação molecular, na
qual moléculas de alto nível energético transferem energia, pelo impacto, às outras de
menor nível, gerando uma onda térmica, cuja velocidade de propagação depende da
natureza da matéria.
É um processo pelo qual o calor flui de uma região de temperatura (T) mais alta
para outra de T mais baixa, dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre
meios diferentes em contato físico direto. (por ex.: ar no capô do carro).
A energia (Q) do corpo de T mais alta agita as moléculas do corpo de T mais
baixa, fazendo com que a cinética média das moléculas deste último se eleve,
aumentando assim, sua energia interna específica (u).
Processo que também é chamado de difusão do calor. Em metais este processo é
acelerado devido aos elétrons livres, quando excitados, afastam-se da face mais
aquecida. Isto explica porque bons condutores elétricos são bons condutores térmicos.
(Exceção é o diamante, que é um isolante elétrico, mas é melhor condutor térmico que a
prata e o cobre).
Para sólidos não metálicos, devido à inexistência dos elétrons livres, o
mecanismo básico de condução de calor está associado às vibrações das estruturas
eletrônicas. Gases e líquidos não têm elétron livres e só podem trocar energia pela
interação molecular e eletrônica (daí não serem tão bons condutores de calor).

Segundo a definição do cientista J.B.J. Fourier, 1882, a quantidade de calor


transmitida por condução segue a seguinte lei:

dT
qk = − k . A. .... (Eq. 2.1)
dx
dT
Onde: k = condutividade térmica, A = área (perpendicular ao fluxo de calor), =
dx
gradiente de T na seção.
Nesta formulação, toma-se como convenção a direção do aumento na
coordenada x como fluxo positivo de Q.
Aplicando a fórmula de Fourier para parede plana em regime permanente,
∆T
sem geração interna de calor (qg), resulta: qk = −k . A. . Onde L é a espessura da
L
parede, conforme visto na figura 2.1.

L
Reposicionando os termos chama-se resistência térmica à condução ( Rk ) .
A.k
L ∆T
Rk = .... ( Eq. 2.2) ∴ qk = .... ( Eq. 2.3)
A.k Rk
Estas formas de equações simplificam bastante os problemas de transmissão de
calor, como será visto a partir da seção 3 deste trabalho.

Conhecer o fluxo de Q é fundamental para compreensão, especificação e


melhorias em trocadores de calor, caldeiras, condensadores, ar-condicionados,
cafeteiras, ferro de passar etc, o que por sua vez implica em custos também.

Em diversos casos, k se altera conforme a T (resolve-se por aproximação linear).


Para alguns metais, k diminui com a T, ao passo que para gases e materiais isolantes ela
aumenta com a T. A condutividade k varia com a anisotropia.

Modos básicos de transmissão de calor por CONDUÇÃO:

dT
Equação de Fourier: qk = − k . A.
dx
- Parede plana:
dT ∆T T2 − T1
Diagrama linear: = =
dx ∆x L
Figura 2.1: Representação de uma parede plana, um tijolo por exemplo.

L
A Resistência térmica de uma parede pode ser calculada por: Rk = .... (Eq. 2.2)
k.A
OBS 1: Para parede plana, regime permanente e sem geração de calor, o fluxo de calor
pode ser calculado através da derivada da reta ∆T/∆x (vermelha), conforme abaixo.

Figura 2.2: Parede plana, em regime permanente (R.P.) e sem qG.


OBS 2: Pode-se ter associação de paredes planas. Estas serão tratadas como sendo em
série e/ou paralelo, conforme subseção 3.1.2 deste trabalho.
Da associação surge o conceito da resistência de contato (Rcont), a qual trata das
imperfeições entre as superfícies.

- Parede Cilíndrica (condução radial):

Figura 2.3: A parede pode ser cilíndrica, conforme a representação acima.


r 
ln  ext 
r
A Resistência térmica de um cilindro pode ser calculada por: Rk =  int  .... (Eq. 2.4)
2.π .L.k

- Parede Esférica (condução radial):

Figura 2.4: A parede pode ser esférica, conforme a representação acima.


rext − rint
A Resistência térmica de uma esfera pode ser calculada por: Rk = .(Eq. 2.5)
4.π .k.rext .rint
Onde,
k = condutividade térmica do material
A = área perpendicular ao fluxo de calor
qk = fluxo de calor por condução
dT
= gradiente de temperatura na direção x.
dx
L = espessura da parede/comprimento do cilindro
rext = raio externo
rint = raio interno
Rk = resistência térmica à condução.

Mais detalhes sobre a troca de calor por condução se encontram nos anexos A e
B.

2.1.1. Exercícios básicos de condução

1. Deseja-se dissipar 1840 W por uma parede cujas dimensões não podem ser
maiores do que 0,08 m2 e espessura de 0,1 m. A face da esquerda não pode
ultrapassar 110 °C e a da direita não pode cair abaixo de 40 °C, determine a
condutividade do material a ser utilizado. (R.: 32,8 W/m.K)

2. A parede de um forno industrial é construída de tijolo refratário com 15 cm de


W
espessura, cuja condutividade térmica é de 1,7 . Medidas feitas ao longo da
m.K
operação em regime estacionário revelam temperaturas de 1400 e 1150 K nas
paredes interna e externa, respectivamente. Qual a taxa de calor perdida através
de uma parede que mede 0,5 x 1,2 m? (R.: 1700 W)

3. Calcule a temperatura da superfície externa de uma tubulação de um metro de


comprimento, contendo em seu interior vapor de água a 100 °C, cujo diâmetro
externo é de 70 mm e o interno 60 mm. Dados: Condutividade térmica = 30
W
e QT = 2.000 W. (R.: 98,5 °C)
m.K

2.1.2 Equação da condução de calor (ou equação da difusão de calor)

As equações a seguir tratam da distribuição de temperaturas dentro de qualquer


sólido ao longo do tempo.
Os primeiros três termos das equações abaixo são as coordenadas (operador
laplaciano ∇ 2 ). O quarto termo do lado esquerdo é o calor gerado (energia interna
desprezível ou não). O lado direito é a parte transiente (∆T/∆t), esquentando ou
resfriando com o tempo. Em outras palavras, o segundo termo da equação é zero quando
o regime for permanente.
Só uma coordenada (x, y ou z) será importante quando houver condição
unidimensional. As coordenadas podem ser divididas nas três geometrias já
mencionadas, conforme abaixo:
• Coordenadas cartesianas

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
+ + + = . .... (Eq. 2.6)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t

• Coordenadas cilíndricas

1 ∂  ∂T  1 ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
. .  r.  + . + + = . .... (Eq. 2.7)
r ∂r  ∂r  r 2 ∂φ 2 ∂z 2 k α ∂t

• Coordenadas esféricas

1 ∂  2 ∂T  1 ∂  ∂T  1 ∂ 2T qg 1 ∂T
. . r . + . .  senθ .  + 2 . + = . .... (Eq. 2.8)
r 2 ∂r  ∂r  r 2 .senθ ∂θ  ∂θ  r .senθ ∂φ 2 k α ∂t

k  m2 
Onde α é a difusividade térmica. α = ; k = condutividade térmica, ρ =
ρ .c p  s 
massa específica (densidade) e cp = calor específico a pressão constante.

A seqüência de resolução dos problemas usando a equação da difusão do calor é:


Quando houver geração interna de calor, q g diferente de zero.
Isolar as derivadas e depois integrar os dois lados.
Integrar de novo quando necessário.

Todos os exercícios terão condições de contorno para acharmos C1 e C2 se as integrais


não forem definidas.
As condições de contorno mais utilizadas:
• Para x = .... T = ....
dT
• Para x = .... = 0 (máximo ou mínimo)
dx
dT
• Para x = isolamento =0
dx
dT
• q(x) = conhecido q = -k.A.
dx
dT
para x = ... = ....
dx

2.1.2.1 Exercícios

1. Considere que a placa da base de um ferro de passar de 1200 W tenha espessura de


0,5 cm, área da base igual a 300 cm2 e a condutividade térmica 15 W/m.K. A superfície
interna da placa é submetida a um fluxo de calor uniforme, gerado pela resistência
elétrica interna, enquanto a superfície externa perde calor para o meio (de temperatura
20 °C) por convecção, como indicado na figura abaixo. Assumindo que o coeficiente de
transferência de calor por convecção seja de 80 W/m2.K e desprezando a perda de calor
por radiação, obtenha uma expressão para a variação de temperatura na placa da base do
ferro. A expressão deve ser do tipo T = T(x), onde T deve estar obrigatoriamente em °C
e x em metros. Determine também a temperatura em x = 0 e x = L (no detalhe, indique
graficamente o resultado na placa). A orientação do sistema de coordenadas está
indicada na figura e não pode ser alterado. Supondo operação em regime permanente e
troca de calor unidimensional (apenas na direção x). Indique claramente quais são os
termos a serem desprezados na equação da condução e as hipóteses simplificadoras
adotadas. (R.: T = - 2666,7.x + 533,3)

2. A usina termonuclear de Angra II queima combustível através de uma reação nuclear


de fissão para gerar o calor necessário para produzir vapor superaquecido. O
combustível está na forma de dióxido de urânio (de condutividade térmica igual a 4
W/m.K). O núcleo do reator é composto de dezenas de milhares de varetas cilíndricas
de combustíveis com 8 mm de diâmetro e 3,63 m de altura, podendo ser considerado um
cilindro muito longo. Considere uma vareta combustível média onde as reações de
fissão geram uma produção uniforme interna de calor de qg = 4,3.10 8 W/m3 e induzem
uma temperatura na sua superfície de 540 °C. Determine, em regime permanente e
condução radial, a temperatura máxima do combustível que ocorre no centro do
cilindro. (R.: 970 °C)
3. Considere uma esfera homogênea (maciça e confeccionada completamente do mesmo
material) de raio externo 40 mm composta de um material radioativo que gera calor a
uma taxa uniforme e constante de 4.10 7 W/m3. O calor gerado é dissipado
constantemente para o ambiente. A superfície externa da esfera é mantida a uma
temperatura uniforme de 80 °C e a condutividade térmica da esfera é de 15 W/m.K.
Assumindo que a transferência de calor é unidimensional e permanente:
a) Obtenha uma expressão da temperatura (°C) em função do raio da esfera (m);
b) Determine a temperatura no centro da esfera.
(R.: -444.444,4.r2 + 791,11 e 791,11°C)

4. Em certos instantes de tempo, a distribuição de temperaturas em uma parede com 0,3


m de espessura é T = a + b.x + c.x2, onde a temperatura está em graus Celsius e a
coordenada independente (x) em metros, a = 200 °C, b = -200 °C/m e c = 30 °C/m2. A
parede possui uma condutividade térmica de 1 W/m.K. Admita troca de calor
unidimensional e área de troca de calor unitária para ambas as faces da parede.
Despreze os efeitos de troca de calor por radiação. Determine:

a) A taxa de transferência de calor na face em x = 0 m (face esquerda) e também em x =


0,3 m (face direita) indique se em cada uma das faces a parede está recebendo ou
cedendo calor ao meio externo. (R.: 200 W – recebendo e 182 W – cedendo)

b) Se a superfície “fria” estiver exposta a um fluido a 100 °C, qual é o coeficiente de


transferência de calor por convecção? (R.: h = 4,26 W/m2.K)

c) Nas condições apresentadas, indique (justificando) se o regime é permanente, e em


caso negativo, se a placa está aquecendo ou resfriando com o tempo. (R.: Como a
parede recebe maior quantidade de calor (energia) na face esquerda do que perde pela
face direita, há aumento de temperatura com o tempo).

5. Condução unidimensional (apenas na direção x), em regime permanente, com


geração interna uniforme de calor (igual a 0,01 W/cm3) ocorre em uma parede plana
com espessura de 85 mm e uma condutividade térmica constante igual a 0,5 W/m.K.
Nessas condições, a distribuição de temperatura na placa segue a equação:
q  ( T − T ) q .L 
T = − g .x 2 +  2 1 + g  .x + T1 . O coeficiente de transferência de calor por
2.k  L 2.k 
convecção do lado esquerdo e do lado direito valem respectivamente, 20 e 10 W/m2.K.
Despreze os efeitos da radiação térmica. Sabendo que T1 igual a 25 °C, determine:
a) A temperatura T2 (na face direita da placa com x = 85 mm). (R.: 65 °C)
b) A temperatura máxima na placa e sua localização (valor da coordenada x). (R.: x =
66,03 mm; Tmáx = 68,6°C)
6. O reator IEA-R1 é um reator nuclear de pesquisa que utiliza elementos combustíveis
do tipo placa (uma ilustração do núcleo pode ser observada na figura com cotas em
milímetros). O reator está localizado no IPEN – SP. Sabendo que será testado um novo
tipo de material nuclear no cerne de seu combustível U3O8Al (k = 20 W/m.K) e que a
temperatura não deve ser superior a 80°C (em nenhuma localização do cerne). Cálculos
de neutrônica indicaram um valor para a geração de calor (no cerne) de valor igual a
2.10 8 W/m3 (uniforme). O valor do coeficiente de transferência de calor por convecção
para a vazão de fluido refrigerante no núcleo é de 3265 W/m2.K, a condutividade
térmica do alumínio de revestimento é igual a 239 W/m.K. Admita transferência de
calor permanente e unidimensional.
a) Determine qual deverá ser a temperatura média do fluido refrigerante. (R.: 41,25°C)
b) Faça um gráfico da variação da temperatura na placa indicada na seção.

7. Condução bidimensional, em regime permanente, ocorre em um sólido cilíndrico oco


de condutividade térmica 16 W/m.K, raio externo igual a 1 metro e comprimento total,
L = 2.ze = 5 m. A origem do sistema de coordenada encontra-se localizada no meio da
linha de centro do cilindro. A superfície interna do cilindro (localizada em r = ri) é
isolada termicamente e a distribuição de temperaturas no cilindro obedece a seguinte
equação: T = -0,4 – 3.r2 + 0,24.ln(r) + 6.z2. A coordenada radial r e a coordenada
longitudinal z estão em metros e a temperatura T em °C. Determine:
a) O raio interno, ri, do cilindro. (R.: 0,2 m)
b) Obtenha uma expressão (ou o valor) para a taxa volumétrica de geração de calor qg
nas unidades do S.I. (R.: zero)
8. Considere uma esfera homogênea (maciça e confeccionada completamente de mesmo
material) de raio externo 40 mm composta de um material radioativo que gera calor a
uma taxa de geração de calor não uniforme: qg = 3.10 7.r. Onde r é uma coordenada
radial medida a partir do centro da esfera. O calor gerado é dissipado constantemente
para o ambiente. A superfície externa da esfera é mantida a uma temperatura uniforme
de 80°C e a condutividade térmica da esfera é de 5 W/m.K. Assumindo que a
transferência de calor é unidimensional e permanente, determine:

a) Uma equação para a distribuição de temperatura T (°C) na esfera em função do raio r


(m). (R.: T = -5.105.r3 + 112)

b) A taxa de transferência de calor através da superfície da esfera. (R.: 241,27 W)

c) Um gráfico de taxa de transferência de calor (W) versus posição radial r (m) para a
esfera. (calculando os valores para r em intervalos de 0,01 m)

d) Supondo que a superfície da esfera possa trocar calor exclusivamente com um fluido
de condutividade térmica igual a 0,6 W/m.K, determine o gradiente de temperatura no
 dT 
fluido junto a superfície da esfera.   (R.: -20.000 K/m)
 dr r =0,04m

9. A superfície exposta (x = 0) de uma parede plana, com condutividade térmica k, está


sujeita à radiação de microondas, causando um aquecimento volumétrico (semelhante à
 x
geração interna de calor) que varia segundo: qg = q0 . 1 −  , onde q 0 [W/m3] é uma
 L
constante. A fronteira da placa em x = L está perfeitamente isolada, enquanto a
superfície exposta é mantida a uma temperatura constante T0. Determine a distribuição
de temperatura T(x) em termos de x, L, k, q0 e T0. (R.:
q  x 2 x3  q0 .L
T = − 0 . − + .x + T0 )
k  2 6.L  2.k

10. Um sólido de formato cônico (truncado) possui seção transversal circular e o seu
3
diâmetro está relacionado à coordenada axial (x) através de uma expressão: D = x 2
(com o diâmetro e a coordenada axial em metros). A superfície lateral é isolada
termicamente, enquanto a superfície superior é mantida a 100 °C, a inferior é mantida a
20 °C. Determine a taxa de transferência de calor através do cone. Admita regime
permanente sem geração interna de calor e transferência de calor quase unidimensional.
A condutividade térmica do alumínio é 238 W/m.K. (R.: 189,26 W)

2.2. CONVECÇÃO

É o processo de transporte de energia pela ação combinada da condução de Q,


armazenamento de energia e movimento de mistura. Importante principalmente quando
se tem um fluido interagindo com uma superfície sólida. Para os fluidos (gases e
líquidos) o principal mecanismo de troca de calor está associado à movimentação de
partes macroscópicas. Já que em fluidos, a mobilidade das partículas é grande,
aquecidas pelo contato direto com a superfície sólida tendem a migrar para locais onde
as T são mais baixas. Esta movimentação acarreta uma transferência de energia de uma
posição para outra, caracterizando a transmissão de calor por convecção.
Outra coisa interessante é que à medida que o líquido vai esquentando, começa a
se movimentar mais rápido.
Aumenta-se a troca de Q se houver movimento relativo entre um corpo e o
fluido que o cerca, estando em diferentes T. Este tipo de mecanismo de troca de calor,
envolvendo contato térmico entre fluido em movimento relativo e uma superfície é
chamado convecção.
Quando o movimento do fluido for criado artificialmente, por uma bomba,
ventilador etc., diz-se que a troca de Q é feita por convecção forçada. (Se não for, se diz
convecção natural ou livre).
Em qualquer um destes, o calor trocado por convecção é descrito pela lei de
resfriamento de Newton:

qC = h. As .∆T = h. As .(Ts − T∞ ) .... (Eq. 2.9)

Onde,
 J 
h = coeficiente de troca de calor por convecção, de dimensão  2  , cuja
 s.L .K 
 W 
unidade no sistema internacional (S.I.) é  2  .
 m .K 
As = área superficial, ou de contato, entre a peça e o meio ambiente (fluido).
Ts = temperatura superficial da peça.
T∞ = temperatura do meio ambiente (fluido).
O conceito de T∞ é da temperatura em um ponto longínquo ao objeto de estudo,
onde considera-se que a temperatura do meio ambiente é constante no tempo.
O coeficiente h, ou de película ou filme, é função de geometria, orientação, das
condições superficiais (p.ex.: bola de golfe), características e velocidade do meio
ambiente.
A troca de calor é influenciada pela natureza do fluido, por exemplo água, óleo,
sal etc.
Usando-se a definição de condutância térmica (KC) e resistência térmica à
convecção (RC), resulta:

1
KC = h. A e RC =
KC
∆T
∴ q=
RC

Nos casos reais, há a mistura dos três modos de troca de calor e a equação acima
se torna:
∆T
q=
R1 + R2 + R3 + ... + Rn
1
onde o termo é usualmente chamado de coeficiente global de
R1 + R2 + R3 + ... + Rn
transmissão de calor, U. ∴ q = U . A.∆T .... (Eq. 2.10)

Coeficiente global de transferência de calor (U): Artifício facilitador, pois engloba


todas as resistências e tudo que ocorre no sistema.
1
U=
Req . A
q = U . A.∆T

2.2.1 Regimes de escoamento

2.2.1.1 Regime laminar

Um fluido pode apresentar diferentes comportamentos quanto ao movimento


relativo entre as suas partículas. Quando elas caminham em camadas que não se
misturam, o regime de escoamento é dito laminar (por exemplo, apenas no eixo x). A
elevada viscosidade e a baixa velocidade do fluido são as responsáveis pelo
estabelecimento e manutenção deste tipo de escoamento. Lembre-se da experiência de
Osborne Reynolds.
Em uma tubulação, o regime laminar ocorre quando o número de Reynolds é
menor do que 2.000. Como se observa pela equação 2.11 abaixo, o número de Reynolds
é proporcional à velocidade do fluido e inversamente à sua viscosidade. Quando a
velocidade aumenta, as forças de inércia provocam o deslocamento entre as lâminas e o
regime laminar tende a se desfazer (por exemplo, movimento das partículas em x e y).
Por outro lado, a viscosidade elevada de um fluido tende a facilitar o regime laminar,
superando as forças de inércia.

ρ .v.D
Re = ... (Eq. 2.11)
µ
Onde: ρ = massa específica (densidade); µ = viscosidade dinâmica; v = velocidade
média do fluido na seção de escoamento e D = diâmetro interno da tubulação.

2.2.1.2 Regime turbulento

Quando a velocidade aumenta (ou a viscosidade diminui), as forças de inércia do


movimento tendem a superar as forças viscosas e o regime deixa de ser laminar.
Inicialmente as camadas se descolam, mas não se verifica uma mistura total entre as
partículas do fluido. Em seguida, com o aumento da velocidade, verifica-se uma mistura
total e o regime se torna turbulento (por exemplo, movimento das partículas em x, y e
z). Em tubulações, este regime verifica-se quando o número de Reynolds supera o valor
de 2.400. Entre 2.000 e 2.400, verifica-se uma fase intermediária, denominada regime
transitório.

A forma de escoamento de um fluido interfere diretamente no processo de troca


de calor por convecção, pois neste caso, a transferência de calor é feita através do
movimento da massa fluida.

Verificando o escoamento de fluido sobre uma superfície, vê-se que, devido aos
efeitos viscosos, a velocidade do fluido relativa à superfície é nula, ou seja, o fluido
adere a superfície. Isto constitui a condição de não deslizamento. Assim, existirá uma
pequena camada de fluido adjacente à superfície onde o mecanismo de troca de calor é
condução de Q pura. De maneira mais geral, as regiões onde efeitos viscosos ou de
difusão são importantes são chamadas de camadas limite hidrodinâmicas (difusão de
quantidade de movinento) ou térmicas (difusão térmica). No presente caso, é essa
película ou filme que controla a troca de calor, controlando assim, o valor de h (por isso
h às vezes é chamado de coeficiente de filme ou película).
A agitação tem como efeito quebrar a estratificação, misturando os pacotes
quentes com os frios.

2.2.1.3 Camada limite

Sempre que um fluido se movimenta ao longo de uma superfície sólida, a


primeira partícula se adere a ela, dando origem a uma força viscosa. Forma-se então
uma camada de fluido de espessura ε de baixas velocidades, onde se estabelece o
regime laminar. Dentro desta camada, as velocidades são variáveis, aumentando na
medida em que o fluido se afasta da superfície.
A região que sofre interferência com a presença do corpo sólido, denomina-se
camada limite, e sua formação deve-se à viscosidade do fluido. Esta propriedade faz
com que uma partícula fluida em movimento arraste as demais com as quais ela está em
contato. Este movimento vai se transferindo para as camadas mais distantes, com
intensidade cada vez menor até se anular.
A figura 2.5 representa uma placa plana sobre a qual passa um fluido que se
aproxima com a velocidade uniforme, v0. O ponto A sobre a placa, define a origem de
um sistema de coordenadas, tendo como abscissa a velocidade v e como ordenada a
distância y das camadas mais distantes da origem.
Figura 2.5: Uma placa interagindo com um fluido em movimento.

No ponto A, a velocidade é nula porque a partícula está em contato com a placa


e, na medida em que o ponto se afasta da origem, as velocidades aumentam tendendo à
velocidade de aproximação v0. No ponto B, a velocidade do fluido é 99% de v0,
podendo-se afirmar, com erro menor ou igual a 1%, que fora desta região a presença da
placa não interfere no movimento do fluido.
Uma linha paralela à placa, passando pelo ponto B, separa duas regiões: Uma
abaixo desta linha, denominada camada limite e outra, acima dela, denominada região
de fluido livre, na qual a presença da placa, praticamente não interfere no movimento do
fluido. A camada limite está representada na figura 2.6. Um fluido pode se movimentar
de uma forma totalmente irregular, misturando-se as partículas desordenadamente. Este
tipo de movimento denomina-se regime turbulento, como já foi dito.
Nas proximidades da placa devido às baixas velocidades, forma-se o regime
laminar, em que as camadas caminham umas sobre as outras. A espessura da camada
laminar varia em função da velocidade v0 do fluido que se aproxima da placa, que é a
mesma da região do fluido livre.

Figura 2.6 Representação esquemática da camada limite de um fluido com


velocidade v0, interagindo com uma placa.

Qualquer que seja o regime do fluido que se aproxima com a velocidade v0,
dentro da camada limite formam-se sempre os dois regimes. A espessura ε do filme
laminar é variável, de acordo com a velocidade v0. Quando esta velocidade é alta, a
região turbulenta tende a se expandir, diminuindo a espessura da camada laminar. Esta
espessura é definitiva na troca de calor por convecção.

2.2.2 Escoamento em regime permanente

Um sistema fluido que interage como o seu meio pode sofrer alterações em todas
as suas propriedades. No estudo de transmissão de calor, a temperatura é a propriedade
que mais interessa nesse conceito, pois ela é afetada pelas trocas de calor com o meio.
Um sistema funciona em regime permanente em relação à temperatura, quando
em todos os seus pontos, a temperatura permanece inalterada ao longo do tempo,
podendo entretanto, variar de um ponto para outro do sistema. Ou seja, quando o objeto
de estudo não se aquece (calor sensível) ou não muda de fase (calor latente), o regime é
dito permanente. Isto quer dizer que, se todos os pontos internos ao sistema apresentam
temperatura constante, também em cada ponto não há variação de energia interna. Não
havendo variação de energia interna acumulada no sistema, de acordo com a primeira
lei da Termodinâmica, a quantidade de energia que entra no sistema é igual a que sai,
durante o mesmo tempo (∆U = zero).

Pode ser dito que: Quando o regime for permanente, o fluxo de calor que entra é
igual ao que sai e a temperatura interna permanece inalterada em cada ponto, podendo
variar de um ponto para outro.

Quando o regime não for permanente se diz que o é regime transiente, nesta
condição, a temperatura em um mesmo ponto do sistema varia com o tempo, um
exemplo seria um motor nos segundos decorrentes a sua ignição ou em seu
desligamento.

Este tema será tratado no capítulo 5.1 deste livro. E mais detalhes sobre
convecção no item 15 deste.

Modos básicos de transmissão de calor por CONVECÇÃO:

Equação do resfriamento de Newton: qC = hc . A.∆T

Figura 2.7: Representação de uma superfície horizontal em uma determinada


temperatura, trocando calor com um fluido em outra temperatura, caracterizando a
convecção do calor.
1
A Resistência à convecção pode ser calculada por: RC = .... (Eq. 2.12)
hC . A
Onde,
hC = coeficiente médio de troca de calor por convecção
A = área de troca de calor
qC = condução de calor por convecção

2.2.3 Exercícios

1. A face direita de uma parede plana, de área igual a 35 cm2, com temperatura de 100
°C, está em contato com água em convecção forçada, a 25 °C. Determine a taxa de calor
trocado por convecção. Obs: Utilize o valor médio de h na condição proposta e despreze
a radiação. (R.: 3 W)
2. Uma tubulação de vapor de água, sem isolamento térmico, atravessa uma sala na qual
o ar e as paredes se encontram a 25 °C. O diâmetro externo do tubo é de 70 mm, sua
temperatura superficial é de 200 °C. Despreze a radiação dos corpos. Sendo o
coeficiente associado à transferência de calor por convecção natural da superfície para o
W
ar de 15 , qual é a taxa de calor perdida pela superfície por unidade de
m 2 .K
comprimento do tubo? (R.: 577, 3 W)

2.3. RADIAÇÃO

É o processo de transmissão de calor entre dois corpos separados no espaço,


ainda que exista vácuo entre eles.
Conhecido como qr (calor radiante) o calor transmitido por radiação.
Não há necessidade de contato físico, esta forma de energia se assemelha
fenomenologicamente, com a radiação da luz, diferindo apenas nos comprimentos de
onda, a transmissão de calor pode ser explicada pelas hipóteses de Planck, na forma de
quanta (porções discretamente definidas) de energia ou pela teoria de Maxwell (ondas).
O estudo da radiação é importante, por exemplo, em uma caldeira, além da energia que
é transmitida do combustível queimado às paredes da caldeira, existe também uma
parcela de calor radiante. Existem peças que devem ser adicionadas à ela de forma a
proteger, por exemplo superheaters.
Todos os corpos que possuam temperatura absoluta (Tabs) diferente de 0 K
emitem calor radiante, a qual será uma função do tipo do corpo etc.
Para os corpos chamados irradiadores perfeitos, ou corpos negros, esta
quantidade de calor é feita em uma taxa proporcional à quarta potência da temperatura
absoluta (Tabs) do corpo:

. 4 ... (Eq. 2.13)


qR = σ . AT

onde, σ = constante de Stefan-Boltzmann = 4,88.10-8


kcal W
2 4
ou 5,67.10-8 2 4 .
h.m .K m .K
Note que na equação não há meio.
De um corpo negro para outro, que o envolve completamente, a máxima troca
possível de calor por radiação é:

qR = σ . A1.(T14 − T2 4 ) onde, 1 é o corpo envolvido e 2 é o corpo que envolve.

qR W 
A grandeza é chamada de poder emissivo (E) e tem dimensão  2  . Esta
A1 m 
equação acima só é válida para corpos negros considerados perfeitos.
Para levar isto em conta, define-se emissividade (ε) que relaciona a radiação da
superfície real com a ideal. ∴ qR = ε .σ . A1.(T14 − T2 4 ).
Para identificarmos toda a energia radiante que deixa a superfície devemos
W 
entender o conceito de energia radiante. Seja a irradiação, G também em  2  , já que
m 
se trata da quantidade de energia por unidade de área em um determinado ponto sobre a
superfície em questão. A transmissividade (capacidade de transmissão) de um material é
função da natureza e da espessura.
A radiação incidente faz aumentar a energia interna do corpo (indicando energia
absorvida). Escreve-se:

G = α .G + ρ .G + τ .G onde α + ρ +τ =1
α = fração da energia incidente absorvida.
ρ = fração da energia incidente refletida.
τ = fração da energia incidente transmitida.

Agora seja a radiosidade, J, como a soma de todos os componentes de radiação


que deixam a superfície.
No regime permanente teremos equilíbrio entre energia absorvida e emitida,
resultando em T cte. do corpo.
A emissão de radiação se dá em todas as direções, embora não necessariamente
de modo uniforme.
É costume em casos reais aplicar-se o conceito de fator de forma, F1-2. Se duas
superfícies “se enxergam” elas podem trocar calor, esta é a essência do fator de forma
ou de vista. Em outras palavras, se alguma parte delas não estiver passível de troca de
calor, a troca de calor será prejudicada. E assim, fica a equação:

qR = F1−2 .σ . A1.(T14 − T2 4 )

Na maior parte dos casos práticos, o Q transmitido por irradiação está em


conjunto com outras formas de transmissão de Q. Portanto, usa-se a definição de
condutância térmica (KR – kcal/h.°C) e resistência térmica a irradiação (RR).

F1− 2 .σ . A1.(T14 − T2 4 )
KR =
 dT 2 
 T1 − 
 dt 

1
RR =
KR

A equação acima pode ser escrita como:

 dT2 
 T1 − 
dt 
qR =  T2 = qualquer T de referência.
RR
Outra definição importante na irradiação é o coeficiente médio de transmissão de
 kcal  K R
calor (irradiado), dado por: hR  2 = .
 h.m .°C  RR
Para determinar o coeficiente combinado de transmissão de calor, hcomb, deve-se
adotar: hcomb = hC + hR. Apenas quando a T da vizinhança for igual a T do meio.

Modos básicos de transmissão de calor por RADIAÇÃO:

Equação de Stefan-Boltzmann da radiação líquida entre dois corpos:

qR = A1.ε 1.σ .(T14 − T24 ) .... (Eq. 2.14)

Figura 2.8: Calor trocado por radiação entre uma placa e uma vizinhança.

ε .σ .(T14 − T24 )
Coeficiente médio de transmissão de calor por radiação: hR =
T1 − T2
1
Resistência à radiação: RR =
hR . A
Corpo negros (ideais) possuem emissividade (ε) igual a 1, para os outros corpos este
valor varia de zero a um.

2.3.1 Exercícios

1. Uma tubulação de vapor de água, sem isolamento térmico, atravessa uma sala na qual
o ar e as paredes se encontram a 25°C. O diâmetro externo do tubo é de 70 mm, sua
temperatura superficial é de 200°C e esta possui emissividade igual a 0,8. Quais são o
poder emissivo da superfície e sua irradiação? Sendo o coeficiente associado à
W
transferência de calor por convecção natural da superfície para o ar de 15 2 , qual é
m .K
a taxa de calor perdida pela superfície por unidade de comprimento do tubo? (R.: E =
W W
2270 2 , G = 447,1 2 e QT = 998 W)
m m
3. ANALOGIAS ELÉTRICAS

3.1 RESISTÊNCIA TÉRMICA

O conceito de resistência térmica foi apresentado no item 2.1 deste trabalho. Ao


se reposicionar os termos em qualquer uma das equações de transmissão de calor, é
possível encontrar o que se chama resistência térmica (R).

A partir deste conceito inicia-se o estudo de isolamentos em cilindros e esferas e


as analogias com a elétrica.

3.1.1 Raio crítico de isolamento

O conceito de raio crítico de isolamento é útil para calcular a espessura de um


isolante em cilindros (portanto fios, cabos elétricos etc) e esferas.

Figura 3.1: À esquerda detalhe da camada de um isolante qualquer. À direita resistência


térmica (R) do objeto, em função do raio do isolante (r0).

A respeito do raio crítico, olhando o gráfico da figura 3.1 [Resistência térmica


(R) - raio externo (r0)], percebe-se como aumentar o raio externo do isolamento faz
aumentar a troca de calor por condução (mais material empregado) e faz diminuir a
troca por convecção (pois maior será a área de contato com o meio). A curva de
Resistência TOTAL é a soma das duas e o ponto de inflexão é chamado de raio crítico.

Abaixo é possível ver como se calcula o raio crítico de um cilindro e de uma


esfera, respectivamente, além de um resumo do gráfico da figura 3.1, portanto:
cilindro k esfera 2.k
rcrítico = isolamento e rcrítico = isolamento
h∞ h∞

Se r0 > rcrítico o calor dissipado DIMINUI .


Se r0 = rcrítico o calor dissipado é MÁXIMO.
Se r0 < rcrítico o calor dissipado AUMENTA.

Para se calcular a resistência térmica de condução e convecção em cilindros,


respectivamente, valem as fórmulas:
r 
ln  0 
RKIsolante =  ri 
2.π .kisolante .L

1 1
RC = =
h. A h.2.π .r0 .L
Analogamente, para calcular a resistência térmica de condução e convecção em esferas,
respectivamente, valem as fórmulas:
r −r
RK = e i
4.π .k .re .ri

1 1
RC = =
h. A h.4.π .r 2

Se o problema pedir a maior troca de calor possível significa que o raio


externo (r0) é igual ao raio crítico (rc).

3.1.1.1 Exercícios

1. Para cobrir um fio de 10 mm de diâmetro e temperatura externa de 100°C utiliza-se


um isolante de condutividade térmica de 0,08 W/m.K. Sendo a temperatura do ambiente
de 30°C e o coeficiente de convecção no valor de 10 W/m2.K, pede-se:

a) O raio crítico (R.: 8 mm).


b) Sendo instalada uma espessura de isolamento de 8 mm, o que irá ocorrer com o fluxo
de calor? E se for instalada uma espessura de 2 mm?
c) Qual o máximo fluxo de calor dissipado por metro de fio? (R.: 23,9 W)

2. Um fio de cobre usado para transporte de energia elétrica (de 3 mm de diâmetro e 5


m de comprimento) é recoberto com uma camada constante de material plástico, cuja
condutividade térmica é 0,15 W/m.K. Se o fio isolado é exposto a um ambiente de 30°C
e coeficiente de troca de calor por convecção é 12 W/m2.K, admitindo regime
permanente determine:

a) A espessura de isolamento para que a temperatura na interface fio/isolamento seja a


menor possível (nas condições indicadas) sabendo que a potência a ser dissipada pelo
fio é de 80 W. (R.: 11 mm)
b) O valor da temperatura na interface fio/isolamento na condição do item a. (R.: 83 °C)

3. Uma esfera de 14 cm de diâmetro contém rejeitos nucleares que, devido ao


decaimento dos produtos da fissão geram calor (de modo homogêneo) a uma taxa de
5.10 4 W/m3. As esferas são envolvidas em Zircaloy (k = 17,3 W/m.K) que possui
espessura desprezível. Na superfície do Zircaloy é aplicado um isolante com
condutividade térmica de 2 W/m.K. Sabe-se que as esferas deverão ficar armazenadas
em um reservatório que contém água a 20°C, e se desenvolve um coeficiente de
transferência de calor por convecção igual a 50 W/m2.K. Determine:

a) A espessura do isolante para que se obtenha a máxima taxa de transferência de calor


(R. 1 cm)

b) A temperatura na interface rejeito/Zircaloy na condição do item (a). (R.: 43 °C)

Como simplificação assuma: regime permanente, transferência de calor unidimensional


e resistência de contato desprezível.

3.1.2 Analogia elétrica

É possível usar a analogia elétrica para resolver problemas de transmissão de


calor quando estes forem unidimensionais, em regime permanente, ausente de fontes
internas de calor e quando a temperatura inicial e final do circuito forem iguais.

O desenho de resistências térmicas chama-se circuito térmico.

A resolução de exercícios por analogia elétrica se dá através das equações


abaixo:

−∆T
O fluxo de calor pode ser calculado como: Q = ... (Eq. 3.3)
ΣR
Resistências em série: R eq = Σin=1Ri
1 1
Resistências em paralelo: = Σin=1
R eq Ri
Onde:
Q = fluxo de calor.
∆T = variação de temperatura.
R = resistência térmica. (Rk = resistência térmica à condução, RC = resistência térmica à
convecção e RRad = resistência térmica à radiação).
ΣR = somatória das resistências térmicas.
Req = resistência térmica equivalente.

Revisando:
A partir da equação de Fourier para condução, temos que:
dT ∆t ∆t
q = −k . A. ⇒ q=− =−
dx dx Rk
k.A

A partir da equação de resfriamento de Newton para convecção, temos que:

∆t ∆t
q = h. A.(Ts − T∞ ) ⇒ q= =
1 Rc
h. As

A partir da equação de Stefan-Boltzmann para radiação, temos que:

J1 − J 2 ∆ J
q = ε . A.σ .(T14 − T24 ) ⇒ q= =
1 Rrad
A1.F12
Onde: J é a radiosidade e F12 é o fator de forma entre as superfícies 1 e 2.

O fluxo de calor será sempre calculado por estas equações, quer seja para
paredes planas, cilíndricas ou esféricas. No entanto, a resistência térmica (R) muda para
cada um destes tipos, de acordo com o resumo abaixo:

PAREDES PLANAS

e
CONDUÇÃO: RK =
k. A
Onde:
e = espessura da parede.
k = coeficiente de condutividade térmica.
A = área da parede.

1
CONVECÇÃO: RC =
h. A

Onde: h = coeficiente de película.


A= área da parede.
PAREDES CILÍNDRICAS

r 
ln  e 
r
CONDUÇÃO: RK =  i 
2.π .l.k
Onde:
l = comprimento do tubo.
k = coeficiente de condutividade térmica.
re e ri =São os raios externo e interno, respectivamente.
1
CONVECÇÃO: RC =
h. A

Onde: h = coeficiente de película.


A= área do tubo = 2.π.r.l

PAREDES ESFÉRICAS

CONDUÇÃO: RK =
1
.
( re − ri )
4.π .k re .ri
Onde:
k = coeficiente de condutividade térmica.
re e ri =São os raios externo e interno, respectivamente.

1
CONVECÇÃO: RC =
h. A

Onde: h = coeficiente de película.


A= área da esfera = 4.π.r2

3.2 EXERCÍCIOS

1: Exercício com analogia elétrica para paredes planas simples.


2: Exercício com analogia elétrica para paredes planas compostas.
3: Exercício com analogia elétrica para parede cilíndrica simples.
4 e 5: Exercícios com analogia elétrica para paredes planas compostas.
6: Exercício com analogia elétrica para paredes cilíndricas compostas.
7: Exercício com analogia elétrica para esfera simples.
8 em diante: Exercícios complexos.

1.

(R.: 1480,6 kcal/h e 1428,2°C)


2.

(R.: 30.960 BTU/h)

Note que até aqui os exercícios foram exclusivos de transmissão de calor por
condução. No próximo exercício, condução e convecção coexistem, mas ainda se
desprezará a parcela trocada por radiação.

3. Exercício parede cilíndrica: Um gás quente à temperatura de 120°C escoa através


de uma tubulação de aço carbono de 7,5 cm de diâmetro interno e 0,5 cm de espessura.
O tubo é isolado com uma camada de fibra de vidro de 5 cm de espessura, cuja
condutividade térmica vale 0,076 W/m.K. O ar atmosférico que envolve o isolamento
do tubo está a 28°C. Determine a taxa de calor, por unidade de comprimento do tubo,
considerando que o coeficiente de troca de calor no lado interno vale 300 W/m2.K e do
lado externo vale 3 W/m2.K. Considere a condutividade térmica do tubo como 63,9
W
. (R.: 42,1 W/m)
m.K

4. Em uma parede plana composta por diferentes materiais, supondo regime


permanente, calcule o fluxo de calor para uma área de transferência de calor igual a 2
m2. (R.: 579.809 W)
5. A temperatura interna de um forno é 1680°C, a primeira camada da parede do forno,
conforme a figura abaixo, é de uma camada de tijolo refratário, de condutividade
térmica 1 W/m.K, seguida de um vão com ar em convecção forçada, considere o
coeficiente de troca médio o maior possível para esta situação. Após a camada do fluido
existe uma parede composta de isolamento externo, cuja temperatura não pode ser
maior do que 140°C. Com os dados abaixo, calcule o calor perdido considerando a área
igual a unidade. (R.: 754,2 W)

6. Um gás quente a 123°C escoa através de uma tubulação de aço, com 1,5 metro de
comprimento, 6 cm de diâmetro interno e 1 cm de espessura, cuja condutividade térmica
é 40 W/m.K. Metade do tubo é isolado com uma camada de fibra cerâmica e a outra
metade com um elastômero, ambas com 5 cm de espessura. Estas possuem
condutividade térmica de 0,07 e 0,05 W/m.K, respectivamente. O ar atmosférico que
envolve o tubo está a 25°C. Determine a taxa de calor trocado, sabendo que o
coeficiente de troca de calor médio no lado interno vale 200 W/m2.K e do lado externo
vale 6 W/m2.K. Considere o regime permanente. (R.: 59,4 W)

7. Uma esfera de prata oca, com diâmetro interno de 5 cm e espessura 0,5 cm, está
imersa em um fluido cuja temperatura é 30°C e coeficiente de película médio de 20
W/m2.K. Supondo que dentro da esfera haja 208 g de vapor de água a 120°C, cujo calor
específico, cp vale 4,22 kJ/kg.K. Sendo assim, calcule a taxa de calor trocada em 5
segundos e o coeficiente de película médio do vapor. (R.:15,8 W e 100 W/m2.K)

8. Deseja-se limitar a temperatura superficial da chapa inferior de um ferro de passar em


674°C, sabendo que normalmente é deixado sobre a tábua de passar com a sua base
exposta ao ar, em um ambiente a 20°C. Estima-se que o coeficiente de transferência de
calor por convecção médio entre a superfície da base e o ar nas vizinhanças seja de 35
W/m2K. Se a base tem emissividade 0,6 e uma área de 200 cm2, pede-se determinar a
potência do ferro. Suponha regime permanente. (R.: 1000 W)

9. A energia transferida pela câmara anterior do olho, através da córnea, varia


consideravelmente com o uso ou não de uma lente de contato. Tratar o olho como um
sistema esférico e admitir que o sistema esteja em um regime permanente. O coeficiente
médio de transferência por convecção não se altera pela presença ou ausência da lente
de contato. A córnea e a lente cobrem um terço da área superficial esférica.

a) Construa o circuito térmico incluindo a lente de contato e desprezando a


resistência de contato.
b) Determine a perda de calor pela câmara anterior para o ambiente com a lente de
contato. (R.: 0,04495 W)
Dados:
r1 = 10, 2 mm; r2 =12,7 mm; r3 = 16,5 mm; Ti = 37 °C ;
W W
Te = 21°C ; kC = 0,35 ; kL = 0,8 ;
m.K m.K
W W
hi = 12 ; he = 6 .
m 2 .K m 2 .K

10. A figura ilustra esquematicamente um detalhe do sistema de aquecimento do


reservatório de água de uma cafeteira elétrica. Um aquecedor elétrico dissipa
(constantemente) uma quantidade equivalente a 80.000 J de energia em 100 segundos
de operação nas condições descritas a seguir. Tágua = 100°C, Tar ambiente = 25°C,
espessura da chapa de aço é de 2 mm e a do isolante 4 mm. Admita:
a) regime permanente;
b) condução de calor unidimensional (apenas na direção x);
c) aquecedor com temperatura homogênea em todo seu volume;
d) que os efeitos da radiação térmica possam ser desprezados;
e) que a troca de calor através dos pés do equipamento possa ser desprezada e que as
resistências de contato são pequenas.

Dados: Condutividade térmica do aço = 40 W/m.K.


Condutividade térmica do isolante = 0,06 W/m.K.
Coeficiente de troca de calor por convecção entre o aço e a água = 3000 W/m2.K.
Coeficiente de troca de calor por convecção entre o isolante e o ar = 10 W/m2.K.
Área de contato entre a água e o aço = 180 cm2.
Área de contato entre o isolante e o ar = 180 cm2.
Desenhe o circuito térmico equivalente e determine a temperatura do elemento de
aquecimento (R.: 116,83°C)

11. A figura abaixo representa um molde de vulcanização (60 x 60 x 50 cm) de uma


peça de borracha em formato de paralelepípedo (20 x 20 x 10 cm) é colocado entre as
mesas de uma prensa de vulcanização. As temperaturas das mesas, superior e inferior da
prensa são, respectivamente, 400 e 100°C. Admita que o molde esteja completamente
isolado em suas laterais e não perde calor por convecção (este isolamento não está
representado na figura abaixo), admita também regime permanente e resistências de
contato desprezíveis, bem como ausência de efeitos de radiação térmica e que a
condução é unidimensional. São dados: condutividade térmica do aço: 43 W/m.K, a
condutividade térmica da borracha (a qual preenche toda a cavidade do molde): 0,465
W/m.K, o custo da energia R$ 0,40 por kW.h. Esquematize o circuito térmico utilizado
na solução.
Determine:
a) o fluxo de calor que atravessa o molde de aço. (R.: 8309,5 W)
b) a menor temperatura na peça de borracha. (R.: 112,4°C)
c) o custo em energia para produzir a peça que fica em média 25 minutos na
prensa. (R.: R$ 1,39)

12. Em um reator nuclear denominado Pebble – BedReactor é utilizado um combustível


nuclear composto por esferas de 6 cm de diâmetro (esfera 1). O combustível nuclear
(esfera 1) é composto de 11.000 esferas menores (esfera 2) de 0,6 mm de diâmetro e o
material que realiza fissão armazenado no centro desta e envolto por uma camada de
carbono, cada esfera menor transfere, em regime permanente, 0,11 W para o
combustível nuclear (esfera 1). Também em regime permanente, o núcleo do reator é
refrigerado por hélio a uma pressão de 80 bar, vazão em massa de 120 kg/s e
temperatura média de 692,7°C. O coeficiente de transferência de calor entre o
combustível nuclear (esfera 1) e o hélio é estimado em 450 W/m2.K. Como uma
aproximação, suponha regime permanente, transferência de calor unidimensional,
despreze os efeitos da radiação e do contato entre as esferas. Sendo assim, calcule:

a) A taxa média de geração volumétrica de calor na esfera 1.(R.: 10,699.10 6 W/m3)


b) A temperatura externa da esfera 1. (R.: 930,45°C)

13. Um secador de cabelos pode ser idealizado como um duto circular através do qual
um pequeno ventilador sopra ar ambiente, e dentro do qual o ar é aquecido ao escoar
sobre uma resistência elétrica na forma de um fio helicoidal. O aquecedor foi projetado
para operar sob tensão de 110 V e corrente elétrica de 5,1 A, para aquecer o ar que está
na entrada do duto a 20°C até 45°C (na saída do mesmo), sabendo que o diâmetro
externo do duto tem 70 mm e sua temperatura externa é de 40°C (uniforme) determine,
quando se estabelece condições de regime permanente, a vazão em massa de ar (em
gramas por segundo) que passa pelo ventilador. São dados: Comprimento do duto do
secador: 150 mm, a emissividade superficial do duto do secador igual a 0,8, o
coeficiente de troca de calor por convecção natural do lado externo do duto igual a 4
W/m2.K, a temperatura do ar da sala e das vizinhanças igual a 20°C. Admita que a sala
tem grandes dimensões e, por este motivo, a temperatura do ar da sala não se altera com
o tempo. O calor específico do ar é de 1,007 kJ/kg.K e a densidade média do ar vale 1,1
kg/m3. O duto é confeccionado em material com densidade 2702 kg/m3, condutividade
térmica de 237 W/m.K e o calor específico de 903 J/kg.K. (R.: 20 g/s)
14. A temperatura dos gases de exaustão que escoam através de uma grande chaminé
(tubular) de uma caldeira é medida por um termopar prismático regular que se encontra
no interior de um tubo cilíndrico. A chaminé (tubo) é fabricada com uma folha metálica
(relativamente fina) que se encontra a uma temperatura uniforme igual a 115°C e está
exposta ao ar ambiente a 27°C e uma grande vizinhança com temperatura igualmente de
27°C. O coeficiente de transferência de calor por convecção associado à superfície
externa do tubo é igual a 25 W/m2.K e o interno ao tubo vale 12 W/m2.K. O coeficiente
de transferência de calor por convecção na superfície do termopar vale 73 W/m2.K. A
emissividade da superfície do termopar e da superfície externa do tubo tem valor igual a
0,8 (a parte interna do tubo pode ser considerada como um corpo negro). Sabendo que a
temperatura dos gases no interior do tubo tem valor uniforme Tg, determine a
temperatura Tt medida pelo termopar. Admita regime permanente e temperatura
uniforme em todo o termopar. Suponha que as trocas térmicas relevantes neste se dêem
apenas na porção do mesmo que está no interior do tubo. (R.: 573,3 K)

15. Uma panela de pressão está sendo testada em laboratório e deseja-se obter a vazão
em massa de vapor de água que sai da válvula durante a operação. No teste, a taxa de
transferência de calor pelo fundo da panela é igual a 350 W (panela recebendo energia).
Usando um modelo geométrico simplificado (no qual a panela é aproximada a um
cilindro de diâmetro igual a 20 cm e a altura igual a 12 cm) determine a vazão em
massa de vapor lançada no ambiente quando a panela opera a pressão interna absoluta (e
constante) de 198.530 Pa (abs). Em seus cálculos admita que o ar ambiente e as
vizinhanças estejam em temperatura de 28°C. Admita que o coeficiente de transferência
de calor por convecção interno à panela seja extremamente elevado, que a resistência à
condução na parede da panela seja desprezível, o coeficiente de transferência de calor
externo (com ar) tenha valor de 20 W/m2.K e a superfície externa da panela tenha
emissividade 0,8. O teste é conduzido em condição em que sempre há água líquida e
vapor no interior da panela. Admita como uma simplificação grosseira a hipótese de
regime permanente, ou seja, que a mesma quantidade de vapor retirada pela válvula é
acrescentada de água líquida na temperatura de 120°C(por uma tubulação ligada à
panela e não indicada no desenho). Assuma que o fundo da panela só troque calor com
os gases quentes da combustão. Da tabela de saturação para água, abaixo, sabe-se: (R.:
0,03525 g/s)

4. SUPERFÍCIES ESTENDIDAS - ALETAS

4.1 INTRODUÇÃO

Em diversos casos de engenharia, usam-se superfícies estendidas para aumentar


a eficiência da troca de calor, quer na coleta de energia (como nos coletores solares),
quer na sua dissipação (como em radiadores e até mesmo nos motores; pode-se
considerar a figura 4.1 como sendo um pedaço da lateral de um motor de motocicleta).

Figura 4.1: Representação de uma superfície com duas aletas ortogonais.

Outro exemplo cotidiano seria uma xícara de café quente. Medindo suas
temperaturas inicial e ao longo do tempo, por exemplo, de dois em dois minutos. Nesta
situação, observa-se que as superfícies de perda de energia do café são a de contato com
a xícara (cerâmica) e a superfície livre de contato com o ar ambiente, esteja ele parado
ou em movimento. Repetir a experiência, mas agora com uma colher de metal dentro,
ou várias para ficar mais evidente.
Ao comparar os dois perfis de temperatura, identifica-se os modos de troca de
calor e a influência da colher (com ela, estendemos a superfície de contato ou de troca
de calor). Qual será a influência do material da colher? E da parte submersa? E da
espessura? Para responder a estas perguntas, precisamos modelar física e
matematicamente as situações.
O princípio físico que justifica o uso de aletas é simples. Ao observar a lei do
resfriamento de Newton, podemos escrever que: qC = h. As .∆T = h. As .(Ts − T∞ ) .
Para aumentar a dissipação de calor podemos aumentar h, As e a diferença de
temperaturas. O aumento de h pode ser conseguido de diversas maneiras, entre elas,
aumentando-se a velocidade do fluido ou pela troca do tipo de fluido. Ambas
alternativas podem ser tão custosas e devem ser bem pensadas.
Trocar o fluido certamente ajuda, mas nem sempre podemos trocar o ar ambiente
que nos cerca por um outro fluido, ainda que água. No estudo de convecção, a
υ
influência da natureza do fluido é indicada pelo número de Prandtl, Pr = = razão
α
entre a difusividade cinemática e a térmica.
Para aumentar a diferença de T, podemos abaixar a T do fluido ambiente, o que
poderá ser muito caro pela inexistência de uma fonte natural em temperatura mais baixa
que o ar ou aumentar a T da superfície primária, podendo ser desastroso também, quer
pelo aumento das tensões térmicas, quer por um eventual derretimento do material.
A alternativa mais fácil de conseguir tal aumento é pelo aumento da área
superficial. As superfícies estendidas são comumente encontradas na forma de aleta ou
área aletada, presas à superfície da estrutura com o objetivo de aumentar a interação
entre a dita estrutura e o fluido que a envolve. Elas podem ser de vários tipos, variando
quanto ao perfil, ao tipo de seção reta etc. Exemplos de superfícies estendidas pela
natureza são os braços, as orelhas, o nariz etc. Por isto o nariz e orelhas ficam tão
gelados em um dia frio.
Nos problemas de transmissão de calor entre dois fluidos, são inúmeros os casos
de que há uma grande diferença entre a resistência térmica de cada um dos fluidos com
as respectivas paredes. Tome-se como exemplo a figura 4.2, um fluido quente com
elevado coeficiente de convecção, movimentando-se dentro de um tubo, sendo este
envolvido por outro fluido com baixo coeficiente de convecção. Neste caso,
desprezando-se a resistência térmica do tubo, pode-se escrever ao seguinte fluxo de
calor:

Figura 4.2: Tubo com aletas retangulares.


−∆T 1 1
q= R1 = R2 = ... (Eq. 4.1)
R1 + R2 h1. A1 h2 . A2

Sendo o coeficiente de convecção h1 >> h2 e as áreas A1 aproximadamente igual


a A2, verifica-se que a resistência térmica total depende quase que exclusivamente do
valor da resistência externa. Isto significa que o fluxo de calor tem muita facilidade para
passar do fluido interno para o tubo, mas muita dificuldade de sair deste para o fluido
externo.
Pode-se entretanto, facilitar a saída do calor elevando-se a área em contato com
o fluido externo, através da instalação de aletas. Pode-se, portanto, entender as aletas
como expansões metálicas unidas ao tubo, com formatos adequados e regularmente
espaçados. As aletas podem ter formas diversas, longitudinais, transversais, helicoidais
etc.

4.2 ESTUDO DE UMA ALETA LONGITUDINAL

A figura 4.3 mostra um diagrama indicando a variação da temperatura ao longo


da altura de uma aleta longitudinal. Na base da aleta, a temperatura coincide com a da
superfície externa onde ela está fixada.

Figura 4.3: Distribuição de temperaturas em uma aleta longitudinal.

O calor percorre a aleta pelo processo de condução no sentido longitudinal,


saindo dela através de uma superfície lateral elementar, cuja área é definida por:

dALat = 2.( L.dx + e.dx) = 2.( L + e).dx ... (Eq. 4.2)


Onde: 2.(L + e) = perímetro da seção transversal da aleta (Pst).

Sendo a espessura muito menor que o comprimento, o perímetro pode ser calculado
como Pst = 2.L.

4.2.1 Hipóteses e definições adotadas para uma aleta longitudinal

a) A seção da aleta é retangular e constante.


b) O regime é permanente.
c) A aleta recebe calor apenas através da base.
d) Não há resistência térmica entre o tubo e a base da aleta.
e) A temperatura do fluido externo é constante uniforme.
f) A temperatura na base da aleta é igual à temperatura da superfície externa do
tubo.
g) O coeficiente de convecção é uniforme ao longo da superfície da aleta.
h) Considera-se desprezível o fluxo de calor que sai através da extremidade
superior.

De acordo com as figuras 4.2 e 4.3, são definidos as seguintes grandezas relativas à
aleta:

L = comprimento.
l = altura.
e = espessura
Ast = área da seção transversal = L.e
Pst = perímetro da seção transversal = 2.L
P.l = área por onde o calor sai da aleta.
Tb = temperatura na base da aleta.
TF = temperatura do fluido externo.
Tx = temperatura da aleta na seção de abscissa x medida a partir da base da aleta.

4.2.2 Fluxo de calor transferido por uma aleta longitudinal

A diferença de temperatura entre uma seção da aleta de abscissa x e o fluido é


dada por:

∆Tx = (Tx − TF ) ... (Eq. 4.3)

Como a temperatura do fluido é constante, diferenciando-se esta expressão,


teremos:
dTx d (∆Tx )
= ... (Eq. 4.4)
dx dx
Considerando-se uma área elementar da aleta, que é dada por P.dx, isto é, o
produto do perímetro pela altura infinitésima dx. O calculado por área será:

dQ
dQ = h.Pdx.∆Tx ou = h.P.∆Tx ... (Eq. 4.5)
dx
Este calor deve corresponder ao calor que passa por condução entre as duas
seções da aleta separadas de dx.

dTx
Q = k . A.
dx

Diferenciando, resulta:

dQ d 2T
= k . A. 2x ... (Eq. 4.6)
dx dx

Igualando-se as equações 4.5 e 4.6, resulta:

d 2Tx
k . A. = h.P.∆Tx
dx 2
d 2 ∆Tx h.P
− .∆Tx = 0
dx 2 k.A

h.P
Para facilidade de cálculo, adota-se: m 2 =
k. A
d 2 ∆Tx
E resulta: 2
− m 2 .∆Tx = 0 ... (Eq. 4.7)
dx

A solução desta equação é do tipo:


∆Tx = C1.e mx + C2 .e − mx ... (Eq. 4.8)

Os valores das constantes de integração são determinados pelas condições de


contorno:
Para x = 0 tem-se: ∆Tx = Tp − TF

d ∆Tx
Para x = l tem-se: = 0 , indicando que não se registra saída de calor
dx
pela extremidade superior.

Substituindo-se na equação (4.8), resulta:

Tp – TF = C1 + C2
0 = C1.e mx + C2 .e − mx

A solução para as duas equações acima é:

Tp − TF Tp − TF
C1 = e C2 = ... (Eq. 4.9)
1 + e2 m1 1 + e−2 m1

Substituindo os valores (4.9) na equação (4.8), teremos:


Tx − TF e mx e − mx
= +
Tp − TF 1 + e2 m1 1 + e −2m1

Matematicamente, podemos transformar a equação em:


Tx − TF e m .(l − x) + e− m (l − x)
= ... (Eq. 4.10)
Tp − TF eml + e− m

e x + e− x
Sabendo-se que: coshx = , e portanto:
2
Tx − TF cosh m(l − x)
=
Tp − TF cosh ml

Diferenciando a equação acima, tem-se:

dTx (Tp − TF ).( −m).senhm(1 − x)


=
dx cosh ml

Para x = 0,
 dTx 
 dx  = − m.(Tp − TF ).tanh ml
 

A quantidade de calor cedida pela área da aleta é igual à quantidade de calor


recebido pela aleta por sua base.
dT
q = −k . A. x ∴ q = m.k . A.(Tp − TF ).tanh(ml ) ... (Eq. 4.11)
dx

Qa = m.k . A.(Tp − TF ). tanh( ml ) ...(Eq. 4.12)

4.2.3 Aleta ideal

Como se observa na figura 4.3, a diferença de temperatura entre a aleta e o ar


externo diminui nas seções mais distantes da base. Desta forma, pode-se concluir que a
troca de calor fica cada vez mais difícil quando se caminha para a extremidade superior
da aleta. O ideal seria que a temperatura permanecesse inalterada em toda a extensão,
dando origem à definição da aleta ideal.
Aleta a ideal é aquela na qual a temperatura é a mesma em todos os seus pontos,
sendo esta, a mesma de sua base.
O fluxo de calor que sai da aleta e vai para o ar externo é feito por convecção e,
desta forma, pode ser calculado através da seguinte equação:

Qi = h.Alateral.(Tb – TF) ... (Eq. 4.13)


Na equação acima, a área da superfície lateral (Alateral) da aleta se encontra em
contato com o fluido externo, com exceção da extremidade superior. Conforme se
observa na figura 4.2, esta área pode ser representada pela equação.

Alateral = 2.(L.l + l.e) = 2.(L + e).l

2.(L + e) representa o perímetro da seção transversal da aleta.

Sendo a espessura (e) muito menor que o comprimento (L), o perímetro pode ser
representado por P = 2.L e a área lateral da aleta pode ser expressa como:

Alateral = Pst.l (perímetro da seção transversal multiplicado pela área desta seção).
O fluxo de calor de uma aleta longitudinal ideal está representado pela equação
abaixo:
Qi = h.(Pst.l).(Tb – TF) ... (Eq. 4.14)

4.2.4 Rendimento da aleta

Define-se o rendimento de uma aleta (ηa) como sendo a relação entre o calor que
ela transfere para o fluido externo em condições reais e o calor transferido pela aleta
ideal.

Qa m.k . A.(Tb − TF ).tanh( m.l ) h.Pst


ηa = = Mas, m2 = , então resulta:
Qi h.Pl .(Tb − TF ) k . Ast

tanh( m.l )
η= ...(Eq. 4.15)
m.l

4.2.5 Resistência térmica de uma superfície aletada

A figura 4.4 mostra uma placa plana contendo aletas longitudinais, com o
objetivo de transferir calor para o ar externo. Em lugar da placa plana, poderia ser uma
superfície cilíndrica, ou outra qualquer, na qual estariam instaladas as aletas. O presente
estudo busca uma equação para o cálculo da resistência térmica do conjunto formado
pela placa e as aletas. O calor é liberado para o fluido externo através de N aletas e da
superfície descoberta da placa.

Figura 4.4: Placa plana com aletas longitudinais.

QT = N.Qa + Qsa ... (Eq. 4.16)


Onde:

QT = Fluxo de calor total emitido pela superfície aletada.


N = Número total de aletas
Qa = Fluxo de calor emitido por uma aleta.
Qsa = Fluxo de calor emitido pela superfície descoberta da placa.

No cálculo do calor QS utiliza-se a equação da convecção, que consiste no


produto do coeficiente de convecção h, pela área da superfície descoberta da placa Asa e
pela diferença de temperatura entre a superfície e o fluido externo.

Qsa = h.Asa.(Tb - T∞ ) ... (Eq. 4.17)

O fluxo de calor de uma aleta é calculado utilizando a definição de rendimento:


Q
ηa = a ∴ Qa = Qi .η a = ηa .h.( P.l ).(Tb − TF ) ... (Eq. 4.18)
Qi

Pela definição de resistência térmica aplicada à superfície aletada, pode-se escrever:


(T − T ) (Tb − TF )
Rs = b F =
QT η a .h.( Pst .l ).(Tb − TF ) + h.Asa .(Tb − TF )
1
Rs = ... (Eq. 4.19)
h.[η a .N .( Pst .l ) + A sa ]

A área da superfície descoberta (Asa) é a diferença entre a área total da superfície


e a área da seção transversal da aleta (Ast), multiplicada pelo número de aletas, N.

• Para uma superfície plana retangular: Asa = l.L – N.Ast

Onde l = largura da placa.

• Para um conduto cilíndrico de raio externo (r2): Asa = 2.π.r2.L – N.Ast

4.3 ALETA TRANSVERSAL CIRCULAR

O presente estudo refere-se a uma aleta transversal de forma circular, de


espessura constante. A partir da figura 4.5 pode-se definir as seguintes grandezas
relativas à geometria deste tipo de aleta:

Figura 4.5: Tubo com aletas transversais circulares de seção constante.


e = espessura (t = thickness).
l = altura = (r3 – r2).
( )
AL = área de troca de calor = π. r32 − r22 .
LT = comprimento do tubo que contém as aletas.
N = número de aletas.
Asa = área da superfície descoberta no tubo = 2.π.r2.(LT – N.t).
Tb = temperatura na base da aleta.

Pode-se então procurar uma expressão para a aleta circular ideal, lembrando que
ela tem a mesma temperatura em todos os pontos da sua superfície em contato com o ar
externo. Então:

( )
Qi = h.π. r32 − r22 .(Tb – TF) ... (Eq. 4.20)

4.3.1 Aleta longitudinal equivalente

Quando se estuda uma aleta transversal pode-se fazer a retificação desta aleta e
resolvê-la como se fosse uma aleta longitudinal. Para isto, é necessário definir o
diâmetro médio da aleta transversal, denominado diâmetro médio logaritmo (dml), sendo
igual a:

D3 − D2
d ml = ... (Eq. 4.21)
D
ln 3
D2
Estuda-se então, uma aleta de comprimento L = π.d ml, de altura representada
pela diferença dos raios l = (r3 – r2) e de espessura e, conforme a figura 4.6.

Figura 4.6: Aleta longitudinal equivalente.

Observa-se que na aleta longitudinal são definidos os seguintes elementos:


Área da superfície exposta ao ar externo Aa = P.l.

P = 2.L = 2.π.d ml.

Asa = 2.(π.d ml).l

Desta forma, o fluxo de calor de uma aleta transversal ideal pode ser calculado
através da equação:
Qi = h.(2.π.dml).l.(Tb – TF) ... (Eq. 4.22)
4.3.2 Rendimento da aleta transversal

Adotando-se a aleta longitudinal equivalente, pode-se então calcular o


rendimento como:
tanh( m.l )
η=
m.l
h.Pst
Onde: m = ... (Eq. 4.23); Pst = 2.π.dml; Ast = (π.d ml).e
k. Ast

4.3.3 Resistência térmica da superfície com aletas transversais

A expressão utilizada para aletas longitudinais serve também para as


transversais, desde que se faça as adaptações necessárias na equação 4.19.

1
Rs =
h.[η .N .( Pst .l ) + Asa ]

4.4 UTILIZAÇÃO EFICIENTE DE TUBOS ALETADOS

A expressão (m.l) é adimensional e pode ser utilizada em qualquer conjunto de


unidades, desde que compatíveis.
O calor total transmitido pelo tubo aletado é igual à soma dos calores
transmitidos pelas aletas com o calor transmitido pela superfície livre do tubo.

Qtotal = N.Qaleta + Qsa

Na equação acima, N representa o número de aletas e Qsa representa o calor que


sai pela superfície sem aletas.
O cálculo do fluxo de calor que sai através da superfície descoberta feito
somente por convecção é representado por:

Qsa = h.Asa.(Tb – TF)

Admitindo-se que as aletas sejam instaladas em um tubo de raio externo (r2), a


área da superfície descoberta é igual à área da superfície externa do tubo menos a área
ocupada pela base das aletas, conforme a relação:

Asa = 2.π .r2 .( L − N .e) Para aletas transversais.


Asa = 2.π .r2 .L − N .Ast Para aletas longitudinais.

A eficiência de uma aleta é tanto maior quanto menor a altura l, pois nas seções
mais distantes da base, a temperatura diminui, reduzindo a transferência de calor para
fora. A eficiência de troca de calor de uma aleta é função direta dos coeficientes de
condutividade térmica do material e de convecção do fluido externo, pois seus valores
elevados facilitam a condução de calor através da aleta.
A fórmula da eficiência não é absolutamente rigorosa, pois inúmeras hipóteses
foram feitas para sua simplificação. Entretanto, quando as aletas têm pequena espessura
em relação à sua altura, verifica-se que os resultados obtidos por essa fórmula são
perfeitamente aceitáveis.
Aletas transversais, em geral, são menos eficientes que as longitudinais, embora
na prática sejam muito mais utilizadas pela facilidade de confecção e por permitirem
maiores áreas de troca de calor por metro linear de tubo.

4.4.1 Resultados experimentais com aletas

Para se ter idéia do significado prático da colocação de aletas, observe os


resultados obtidos em uma experiência realizada com um tubo de cobre de 18 mm de
diâmetro externo, área de 0,0565 m2 por metro linear. O tubo foi percorrido
internamente por vapor de água e externamente por uma corrente de ar, com
velocidades variáveis. Foram efetuadas medidas de fluxo de calor trocado entre o vapor
de água e o ar.
Em seguida, colocou-se 300 aletas transversais circulares de seção constante em
um metro de tubo. Novas medidas foram efetuadas, com as mesmas velocidades
anteriormente usadas, conforme a tabela 4.1.
As aletas ensaiadas têm 8 mm de espessura e 4 cm de altura e sua colocação
produziu um aumento de 17 vezes na área de troca de calor, comparada com a área do
tubo sem aletas. A área inicial de 0,0565 m2 passou para 0,96 m2 após a colocação das
aletas.

Tabela 4.1: Resultados experimentais com aletas.

Observa-se que, cada metro linear de tubo passou a transmitir aproximadamente,


20 vezes mais calor do que sem aletas, indicando um aumento no coeficiente de
convecção. Este fato não ocorre sempre, e prova que o coeficiente de convecção
depende também do formato da superfície de contato. No caso da convecção natural, há
uma pequena diminuição deste coeficiente, embora largamente compensado pelo
aumento da área total de transmissão de calor.

4.4.2 Regras práticas para uma boa eficiência

O fluido em contato com as aletas deve ter um movimento relativo paralelo à


superfície das aletas, tanto no escoamento natural como no forçado.
No caso do escoamento natural, deve-se usar aletas longitudinais para tubos
verticais e aletas transversais para tubos horizontais, para que o movimento do ar
externo seja sempre no sentido ascendente. O ar aquecido torna-se menos denso
indicando um movimento ascendente, dando origem ao que se denomina convecção
natural. As aletas devem ser paralelas à velocidade do ar para não dificultar sua
circulação.
No caso de fluidos que tenham coeficientes de convecção da mesma ordem de
grandeza, não se justifica o uso de tubos com aletas. Isto significa que se o fluido
interno tem baixo coeficiente de convecção, não adianta colocar aletas do lado de fora,
porque o fluido interno dificulta a saída de calor.
No caso de fluidos que tenham coeficientes de convecção muito diferentes, o
fluido de maior coeficiente deve circular dentro do tubo, e o fluido de menor coeficiente
deve circular por fora, junto às aletas.

4.5 GUIA PRÁTICO PARA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS

A figura 4.7 representa a capacidade de trocar calor de uma superfície estendida.


Em qualquer aleta uma de suas extremidades estará longe da fonte quente que a
diferença de temperatura tende a ser ínfima e, portanto, assim será com o calor trocado,
tornando-a ineficiente na função para qual foi projetada, além de implicar em excesso
de material, peso e custos.

Distribuição de temperaturas da aleta

Figura 4.7: Superfície aletada à esquerda e à direita sua distribuição de temperaturas.

A convecção estará sempre presente nos casos do uso de aletas, por isto as
fórmulas abaixo orientam na resolução dos exercícios com superfícies estendidas. Onde
a nomenclatura será:

Qaleta ou Qa = calor de uma aleta, quer seja real ou ideal.


η = rendimento de uma aleta.
m = parâmetro da aleta.
QTotal = calor total.
Asa = área sem aletas.
Qasa = calor trocado pela parte “descoberta” do objeto.
ε ou ∆%aumento = aumento percentual devido à extensão superficial.
Ast = Área da seção transversal da aleta.
Pst = Perímetro da seção transversal da aleta.

Portanto:
Calor de uma aleta ideal:
Qaleta ( IDEAL ) = h∞ . Aaleta .(tbase − t∞ )
Calor de uma aleta real:
Qaleta( REAL ) = hoo. Aaleta .(t base − t oo ).η ALETA

Rendimento da aleta:
tanh( m.l )
η aleta =
m.l

Parâmetro da aleta:
hoo .Pst
m=
k ALETA . Ast

Distribuição de temperaturas na aleta:


T −T
TX − Too = BASE ∞ cosh[m(l − x)]
cosh(m.l )
Observação: Aaleta - área da aleta em contado com o fluido (Só se considera sua ponta se for
pedido!)

Sistema aletado

Calor total dissipado pelo sistema aletado:


QTOTAL = Q ALETA .N ALETAS + Q ÁREA
SEM
ALETAS
Calor dissipado pela área sem aleta:
QÁREA = h∞ . Asa .(Tbase − T∞ )
SEM
ALETAS
Aumento percentual devido a instalação das aletas:
Qtotal − Qsem
aletas
∆ % aumento =
Qsem aleta nenhuma

A figura 4.8 ilustra alguns tipos de superfícies aletada. Onde: r = raio, D =


diâmetro, L = length (comprimento), w = width (largura) e t = thickness (espessura).

Figura 4.8: Superfícies com aletas e suas diferentes possibilidades de forma.

A figura 4.9 demonstra o cálculo da área “descoberta” pelas aletas, chamada de


área sem aletas (Asa), não confundir com área sem aleta NENHUMA.
Asa = Atotal − N . Aaleta
L D L

t
S
s
w
w
Asa = S .w − N .( t . w )
Asa = S . w − N .( π . r ²)

D3 D2
t
D2
t
w
w L
Asa = π . D 2 . w − N .( π . D 2 . t )
Asa = π . D 2 .( w − N . t ) Asa = π D 2 .w − N .( w . t )

Figura 4.9: Representação da área sem aletas (Asa) em superfícies planas e circulares.

OBS: Quando não for dado o rendimento da aleta circular, fazer a seguinte modificação:

L equivalent e = π.D ml

D3 − D 2
D ml =
D3
ln
Figura 4.10: Conversão equivalente de aleta transversal para longitudinal. D2
A efetividade de aletas (ε) é a relação entre o calor trocado pela superfície com a
presença da aleta, comparada ao valor sem a sua presença. Tendo o mesmo significado
físico de ∆%aumento .
Qaleta
ε=
Qs / aleta nenhuma

A hipótese de aleta infinita é válida a partir da seção em que não há mais


condução na direção normal à parede. Uma hipótese de teste é comparar o calor
dissipado com uma aleta de ponta adiabática. Quando a diferença entre os dois fluxos de
calor for menor que 1%, ela é considerada infinita.

O comprimento corrigido é um artifício para se trabalhar com aletas que


apresentam convecção como se fossem de ponta adiabática. Desta forma, a área da
ponta é convertida em uma extensão do seu comprimento, L, tornando-se agora Lc. O
comprimento é corrigido de maneira a se obter a mesma área de troca para a aleta,
conforme a figura abaixo.
Figura 4.11: Comprimento corrigido de uma aleta.

É possível encontrar na literatura outros perfis de aletas, como na figura 4.12.

Figura 4.12: Gráfico de rendimento para aletas triangulares e parabólicas.

4.6 EXERCÍCIOS

1. Uma placa metálica plana de 3,5 m de comprimento por 2,5 m de largura contém, em
toda sua extensão, 250 aletas longitudinais, 4,4 cm de altura e 3 mm de espessura.
Calcular:

a) Rendimento das aletas. (η = 0,821)


°C
b) Resistência térmica da superfície aletada. (RS = 3,18.10-4 )
W

Dados: h = 45 W/m2.°C e k = 85 W/m.°C.

2. Um tubo de 2,6 m de comprimento com 8 cm de diâmetro externo contém 60 aletas


longitudinais em toda a sua extensão. Cada aleta tem 4,5 cm de altura e 3 mm de
espessura e é feita de um material de condutividade igual de 120 W/m.°C. Calcular:
a) Rendimento das aletas. (η = 0,9473)
b) Fluxo de calor que sai através de uma aleta. (Qa = 405,7 W)
c) Fluxo total de calor que sai do tubo aletado. (Qtubo = 24.681,4 W)

Dados: Coeficiente de convecção: har = 15 W/m2.°C.


Temperatura na base da aleta = 150°C.
Temperatura do ar externo = 28°C.

3. Um tubo de 2,8 m de comprimento possui 185 aletas transversais circulares de 5 cm


de altura e espessura de 3 mm. O tubo tem 6,0 cm de raio interno e 6,5 cm de raio
externo. Pede-se calcular:

°C
a) Resistência térmica total das superfícies do tubo. (RS = 9,9.10 -3 )
W
b) Fluxo de calor que atravessa o tubo aletado, sabendo que a temperatura do fluido
externo, que é ar, é 26°C e a do fluido internamente é de 170°C. (Q = 14.119 W)
c) Temperatura na base das aletas. (Tb = 71°C)
Dados: har = 35 W/m2.°C; hinterno = 135 W/m2.°C; kaleta = 70 W/m.°C.

4. Um tubo de 2,6 m de comprimento, com 8 cm de diâmetro externo contém 60 aletas


longitudinais, de mesmo comprimento do tubo. Cada aleta tem 4,5 cm de altura e 3 mm
de espessura e é feita de um material de condutividade térmica igual a 120 W/m.°C.

Calcular:
a) Rendimento das aletas. (η = 94,73%)
b) Fluxo total de calor que sai do tubo aletado. (Qt = 24.681 W)
c) Aumento percentual do fluxo de calor, depois instalação das aletas. (∆= 1960%)

Dados: Coeficiente de convecção: har = 15 W/m2.°C.


Temperatura na base da aleta: 150°C.
Temperatura do ar externo: 28°C.

5. Calcular o fluxo de calor que sai de um tubo de 2 metros de comprimento e 5 cm de


diâmetro externo, contendo 20 aletas longitudinais. (R.: 1548,5 kcal/h)
Dados: Comprimento das aletas, L = 2 m.
Espessura das aletas, e = 1 mm.
Altura das aletas, l = 5 cm.
Condutividade do material, k = 35 kcal/h.m.°C.
Coeficiente de convecção, h = 8 kcal/h.m2.°C.
Temperatura do fluido externo, TF = 20°C.
Temperatura na base da aleta, Tb = 80°C.

6. Um trocador de calor é constituído por 4 paredes planas de 4 metros de comprimento


por 2 metros de largura. Cada uma tem 400 aletas longitudinais de 4 metros de
comprimento, 6 cm de altura e 2 mm de espessura. Sabe-se que os gases internos tem
temperatura de 150°C e o coeficiente de convecção vale 300 kcal/h.m2.°C, e que a
temperatura externa é de 20°C com um coeficiente de convecção de 8 kcal/h.m2.°C. A
chapa tem 2 cm de espessura e seu material possui condutividade térmica de 60
kcal/h.m.°C. Calcular:

a) Temperatura na face externa da parede (base da aleta). (Tb = 146,3°C)


b) Quantidade total de calor que sai por hora através das paredes aletadas. (Q =
691.399 kcal/h)

7. Calcular o aumento percentual do fluxo de calor que se verifica em um tubo de 10 cm


de diâmetro externo e 9 cm de diâmetro interno, 3 m de comprimento. São colocadas 50
aletas longitudinais. Sabe-se que a altura das aletas é de 5 cm, espessura 1 mm e
comprimento 3 m. (R.: 1279%)
Dados:
Temperatura da face externa do tubo: Tb = 80°C.
Temperatura do ar externo: TF = 20°C.
Condutividade do material da aleta: k = 70 kcal/h.m.°C.
Coeficiente de convecção do ar: h = 8 kcal/h.m2.°C.

8. Em um tubo de 15 cm de diâmetro interno e 2,5 metros de comprimento deverão ser


instaladas aletas longitudinais para elevar a transferência de calor. As aletas deverão ter
2,5 cm de comprimento, 4 cm de altura e 3 mm de espessura. A temperatura na base da
aleta é de 120°C e que o ar externo é constante e igual a 20°C. A condutividade térmica
do material da aleta é 90 kcal/h.m.°C e o coeficiente de convecção entre a superfície da
aleta e o ar externo é 30 kcal/h.m2.°C. Calcular o fluxo de calor que sai através de uma
aleta e verificar qual o seu rendimento. (R.: η = 0,8962)

9. Para aumentar a dissipação de calor a partir de um tubo com raio interno de 2,5 cm,
aletas circulares feitas de alumínio, com condutividade térmica 200 W/m.K, são
soldadas na superfície externa. A espessura das aletas é 1 mm e o espaçamento entre
elas é de 3 mm, o raio externo das aleta é 3 cm, conforme mostrado na figura. Considere
que a temperatura da superfície do tubo é 180°C, a do ambiente 25°C e o coeficiente de
convecção entre o conjunto e o meio vale 40 W/m2.K. Calcular a perda de calor total
por metro de tubo. A condutividade do tubo de alumínio é 240 W/m.K.(R.:Q= 3565 W)

10. A parede de um trocador de calor líquido-gás tem uma área superficial no lado
líquido de (1 m x 1 m), com um coeficiente de transferência de calor de 225 W/m2.K.
No outro lado do trocador flui um gás e a parede tem aletas finas, com 3 cm de altura e
0,25 cm de diâmetro, cuja condutividade térmica é 237 W/m.K, como indicado na
figura. O coeficiente de calor no lado do gás é 35 W/m2.K, a temperatura do fluido
quente é 100°C e a diferença entre as temperaturas dos fluidos quente e frio é 70°C.
Determine a taxa de transferência de calor e a temperatura da base das aletas. (R.: 2231
W e 90°C)
Assuma as hipóteses: Transmissão de calor em regime permanente e unidimensional ao
longo do comprimento da aleta, resistências térmicas da parede e de contato, assim
como os efeitos da radiação são desprezíveis, coeficiente de convecção uniforme em
toda a superfície aletada, considere as aletas com extremidade convectiva.

11. Determine a porcentagem de aumento da transferência de calor associado com a


colocação de aletas retangulares de alumínio (k = 230 W/m.K) em uma placa de 1 metro
de largura. As aletas tem 50 mm de altura e 0,5 mm de espessura. E a densidade de
aletas colocadas é de 250 aletas por unidade de comprimento da placa. O coeficiente de
película do ar sobre a placa sem aletas vale 50 W/m2.K, enquanto que o coeficiente de
película resultante com as aletas colocadas vale 40 W/m2.K. Despreze as áreas laterais
das aletas. (R.: 1244%)

12. A transferência de calor em um reator de formato cilíndrico deve ser elevada em


10% através da colocação de aletas de aço, cuja condutividade térmica vale 44
kcal/h.m.°C. Dispõe-se de dois tipos de aletas pino, ambas com 25 mm de altura. Um
tipo tem seção circular com 5 mm de diâmetro e outro tem seção quadrada com 3 mm
de lado. O reator, que tem 2 m de altura e 50 cm de diâmetro, trabalha a 250°C e está
localizado em um local onde a temperatura é 27°C e o coeficiente de película vale 15
kcal/h.m2.°C.
Pede-se:
a) Calcular o número de pinos de seção circular necessários. (R.: 892 pinos)
b) Calcular o número de pinos de seção quadrada necessários. (R.: 1190 pinos)
Considere ponta adiabática.

5. PARÂMETROS CONCENTRADOS

Este capítulo despreza, por um momento, as possíveis variações espaciais de


temperatura que ocorrem nos objetos (sistemas de estudo). As equações de conservação
se reduzem para forma simples. Quando as variações de energia cinética e potencial não
são importantes, pode se dizer que:

Q = W + ∆U sendo que, no caso mais geral: δ W = P.dV .


Onde:
Q = calor.
W = trabalho.
P = Pressão do ambiente que envolve a peça.
dV = variação de volume, no caso provocado pela dilatação ou contração térmica.

Pode-se considerar o fato da pressão do ambiente ser constante e se trabalhar


com a entalpia (H), assim:

dH = d (U + P.V ) (Eq. 5.1)


dH = dU + P.dV + V .dP , mas P = cte.
Assim, dH = dU + P.dV
E, ∴ ∆h = Q = m.cP .∆T = ρ .cP .V .∆T
Considerando os diversos modos de troca de calor possíveis de interagir
com uma superfície, fica :
ΣQ = ρ .cP .V .∆T (Eq. 5.2)

O caso de interesse agora é parecido com o de um cilindro maciço (de diâmetro


externo 75 mm e comprimento 150 mm) que sai de um forno a 200°C, sendo exposto a
um ambiente de 28°C. O processo seguinte exige que o cilindro esteja a 100°C, quanto
tempo demora para que o cilindro como um todo atinja a temperatura de trabalho?
Para responder isto, considerações devem ser feitas.
O calor trocado trata-se da situação de diferença de temperaturas devido à
interação de um fluido em velocidade relativa com uma superfície, ou seja, convecção e,
conseqüente resfriamento da peça com o tempo.
A equação de convecção para regime transiente é:

q C = h.As.(Ts - T∞ ).dt (Eq. 5.3)

(Entende-se dt como o intervalo de tempo durante o qual há troca de calor, em


segundos)
A peça está quente e irá perder Q (sinal negativo pela convenção
termodinâmica). Aplicando o balanço de energia na peça, considera-se que:

q G + Qe + We + me.ee - Qs + Ws + ms.es = ∆U (Eq. 5.4)

Em palavras, seria o mesmo que:


Taxa de energia que entra no sistema + taxa de energia gerada, qG = Taxa de energia
que sai do sistema + taxa de energia armazenada pelo sistema.

Substituindo, resulta:

0 + 0 = h.As.(T - T∞ ).dt + ρ .cP .V .∆T


Ou melhor:
- h.As.(T - T∞ ).dt = ρ .cP .V .∆T (Eq. 5.5)
dT h. As .t
Separando as variáveis mais convenientemente: =− (Eq. 5.6)
Ts − T∞ ρ .cP .V
Integrando, resulta:
∆T  h. As .t 
= C .exp  −  (Eq. 5.7), onde C é uma constante.
T − T∞  ρ .cP .V 

A determinação da constante é imediata, considerando que no instante inicial, t =


0 s, a temperatura da peça é a inicial.
Portanto:
 h . A .t 
T − T∞  h. As .t   − ρ .cPs.V 
= exp  − =e = e( − Bi.Fo) (Eq. 5.8)
To − T∞  ρ .cP .V 

∆T
Assim, a taxa instantânea de calor retirado será: (Eq. 5.9)
q = ρ.cP .V .
dt
Integrando a expressão do calor no tempo, desde o início (t = 0 s), até o instante t, de
interesse, obtêm-se:

t t
 dT   (−
h. As .t
)
Q = ∫ qdt = −∫ ρ .cP .V .   dt =ρ .c P .V .(T∞ − To ).  1 − e ρ .cP .V
=
0 0  dt   
Q = ρ .cP .V .(T∞ − To ).(1 − e− Bi.Fo ) (Eq. 5.10)

Se T∞ < T0 a peça irá se aquecer e o sinal de Q será positivo. E,


Se T∞ > T0 a peça irá se resfriar e o sinal de Q será negativo.

A tabela abaixo apresenta dois cilindros idênticos (com mesma temperatura


inicial, T0) expostos a dois fluidos em mesma temperatura, porém um fluido é ar e o
outro é água, ambos em função do tempo de resfriamento. Em outras palavras, em
função do calor perdido, onde o calor de 100% trocado significa que as temperaturas do
cilindro e do meio são iguais.

Tabela 5.1: Calor trocado por cilindros idênticos variando o meio fluido.

Ao traçar um gráfico de temperatura média em função do tempo, sabendo que os


cilindros são idênticos, o coeficiente de troca de calor por convecção para o ar e água
kW W
são, respectivamente, 0,02 2 e 0,4 2 , verificaria-se que em 35 minutos o
m .K m .K
cilindro chegaria em 100°C quando o fluido fosse o ar e 4 minutos para a água,
significando que a água permite uma taxa maior de retirada de calor (esta é uma das
causas de trincas e empenamentos durante têmpera em água).

h. As .t
Olhando de novo o termo , observa-se uma razão volume / área, a qual
ρ .cP .V
define uma razão de comprimento, que se chama comprimento característico, Lc.
V
Portanto, Lc = (Eq. 5.11)
A

Tabela 5.2: Comprimento característico em função da geometria.

Onde: D = diâmetro, e = espessura e R = raio.

Assim, pode-se definir o número de Biot (Bi) e de Fourier (Fo) como sendo:

h.Lc
Bi = (Eq. 5.12)
k
O número de Biot é uma relação entre a resistência interna à condução e a
resistência externa à convecção.

O coeficiente de troca de calor por convecção, h, é função da natureza do fluido


e de condições já especificadas no subitem 2.2 deste resumo. Ele também representa a
difusividade cinemática do fluido, a difusividade térmica e sua condutividade térmica.

O número de Fourier é a variável que relaciona o tempo, conforme a equação


abaixo:
α .t
Fo = 2 (Eq. 5.13)
Lc

Onde α = difusividade térmica [m2/s]. É uma propriedade associada à razão entre


capacidade de troca de calor por difusão térmica no material e a capacidade de
armazenagem de energia interna.
k
α= (Eq. 5.14)
ρ .cP
Quando o produto Bi.Fo for muito alto (por exemplo igual a 8), as atividades térmicas
deixam de ser significantes e pode se dizer que o regime permanente (R.P.) foi atingido.

Tabela 5.3: Quando o produto Bi.Fo tender para 8 pode-se considerar R.P.
Portanto, para uma diferença de temperaturas da ordem de 500°C (∆T = 500°C),
tem-se o regime permanente com erro inferior a 0,2°C.
Assim, o tempo necessário para atingir o R.P. (t*), será dado por:

ρ .cP .V m.cP
t* = 8. = 8. (Eq. 5.15)
h. As h. As

Note que o aumento da inércia térmica (definida pelo produto ρ.cP .V , não
confundir com capacidade térmica, cujo produto é ρ .cP apenas), o tempo (t*) para o
regime permanente aumenta.
Se a taxa de aumento de energia sendo transferida da peça para o ambiente
aumentar aumentar (pelo aumento da área de troca de calor ou pelo aumento do
coeficiente de troca de calor), este tempo (t*) diminui.
Por isso, se deseja-se resfriar uma sopa mais rapidamente a agitamos ou
trocamos o prato por um mais raso e de maior área.
Nestas condições, quando Bi < 0,1, pode-se seguramente desprezar a variação
espacial de temperaturas dentro da peça.
Em outras palavras, em situação de baixa intensidade de troca de calor por
convecção, pequenas dimensões (Lc = V/A) e alto k, as diferenças internas de
temperatura são desprezíveis, pois as trocas por condução interna são intensas.

5.1 REGIME TRANSIENTE

Situação em que alguma propriedade (no caso, a temperatura) varia no tempo.


Como se pode imaginar, o regime permanente, se existir um, só pode ser
alcançável após um certo tempo contado a partir do início da experiência. O tempo de
aquecimento pode ser desprezível para a análise do problema na situação de interesse
primordial, como nas centrais térmicas, mas também pode ser fundamental, como nos
processos de fundição, de tratamento térmico etc. Mesmo no primeiro caso, há
necessidade de termos algum controle sobre o grau de aquecimento a fim de evitar
tensões térmicas, por exemplo.
Há dois casos de interesse:
1) Afirmar que o sólido (objeto de estudo) é tão fino significa dizer que a
temperatura dele é única, uniforme.
2) No caso deste sólido esquentar ou resfriar, entende-se que há gradiente de
temperatura dentro do objeto.
Para se saber qual dos casos acima será a modelagem, calcula-se o número de
Biot, conforme a equação 5.12 e 5.11.
Quando Bi ≤ 0,1 implica que a temperatura é uniforme (esquenta e resfria o
sólido como um todo; massa ou sistema concentrado ou resistência interna à condução
desprezível).
Resumindo, considera-se os casos em que as variações de temperaturas com a
posição e o tempo são importantes. Tais variações são sempre acompanhadas por
variações espaciais. Felizmente, é possível, às vezes, desprezar a variação espacial em
algumas ou mesmo em todas as coordenadas (se Bi ≤ 0,1), reduzindo o esforço da
busca da solução.
É importante também conhecer o calor trocado desde o início do experimento
Q
até o instante t considerado   . O que é simples após a determinação do perfil de
 Q0 
temperaturas.

Note que, até um determinado tempo, representado pelo número de Fourier, o


perfil de temperaturas é essencialmente aquele inicial. Naturalmente, pontos mais
próximos da interface que troca calor com o ambiente serão mais rapidamente
“sensibilizados” por ele e pontos mais afastados, demorarão mais tempo para
“perceberem” os efeitos do ambiente. Para uma determinada posição, se a troca de calor
por convecção for mais intensa (isto é, o número de Biot for maior), a sensibilização
será mais rápida. Se a troca for menos intensa, a alteração no perfil inicial demorará
mais tempo.
Note também que, para tempos pequenos, representados por reduzidos números
de Biot, o calor trocado ainda é incipiente. Para tempos muito longos, o calor trocado
tende a unidade, indicando que a peça começa a atingir a temperatura de regime
permanente, o que, no caso, significa a temperatura do ambiente.
A experiência indica que para valores de Fo > 0,2, a soma infinita pode ser
aproximada apenas com o primeiro termo da série, facilitando bastante o cálculo do
perfil de temperaturas.
Se Bi > 0,1 precisa-se recalcular o Lc.

5.1.1 Método de capacitância global

Aplicável com pequenos erros quando Bi ≤ 0,1. Trata-se da equação 3.8 descrita
no início do capítulo.

 h . A .t 
T − T∞  h. As .t   − ρ .cPs.V 
= exp  − =e = e( − Bi.Fo) (Eq. 5.8)
To − T∞  ρ .cP .V 

5.1.2 Cartas de comparação

Aplicável seguramente quando Bi > 0,1, havendo um gradiente de temperaturas.


Deste modo, a resistência à condução interna não deve ser desprezada. Se Bi > 0,1
precisa-se recalcular o Lc (figura 5.1).
Quando Bi > 0,1, a resistência interna do objeto não é desprezível e a
aproximação por parâmetros concentrados é insuficiente, usa-se então, o método gráfico
(como as cartas de Heisler):
Hipóteses para o método gráfico:
• Distribuição simétrica de temperaturas.
• Temperatura inicial uniforme em todo o sólido.
• Condução unidimensional.

Onde Ti = T0 = temperatura inicial do sólido.


T∞ = temperatura do fluido.
T(0,t) = temperatura no centro do sólido em um instante de tempo “t”.
T(x,t) = temperatura a uma distância “x” do centro do sólido.
Qi = calor trocado até o equilíbrio térmico.
Qt = calor trocado até o instante “t”.

Os gráficos (cartas) precisam de outro número de Biot como entrada. O


comprimento característico do gráfico é a distância entre o primeiro e o último ponto a
trocar calor (lembre-se do conceito de simetria).
Os novos comprimentos característicos para o gráfico (Lcg) serão, então:

Figura 5.1: Novo comprimento característico quando Bi > 0,1.

A figura 5.2 mostra a distribuição de temperatura e de calor dentro de um


cilindro infinito, a figura 5.3 de uma parede infinita e a figura 5.4 para uma esfera.
Válidos para o caso de convecção na fronteira.
Figura 5.2: Carta para parede infinita.
Figura 5.3: Carta para cilindro infinito.
Figura 5.4: Carta para esfera.
Em regime transiente utiliza-se muito a equação da condução (subitem 2.1.2), a
qual trata da distribuição de temperaturas dentro de qualquer sólido ao longo do tempo.
∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
A já citada equação 2.6 é: + + + = . , aplicada, no caso, em
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t
coordenadas cartesianas, Os primeiros três termos da equação são as coordenadas
(operador laplaciano ∇2 ). O quarto termo do lado esquerdo é o calor gerado (energia
interna desprezível ou não). O lado direito é a parte transiente (∆T/∆t), esquentando ou
resfriando com o tempo. Em outras palavras, o segundo termo da equação é zero quando
o regime for permanente.
Só uma coordenada (x, y ou z) será importante quando houver condição
unidimensional. As coordenadas podem ser divididas nas três geometrias já
mencionadas, conforme subitem 2.1.2.
Assim, problemas de condução transiente, unidimensional, são expressos pela equação:

∂ 2T 1 ∂T
= . (Eq. 5.16)
∂x 2 α ∂t

Exercícios:

1. Um termopar é usado para medir a temperatura de uma corrente de gás de uma


corrente de gás. Esta temperatura sobe subitamente de 20 para 100°C. Se a ponta do
termopar puder ser modelada como uma esfera de 3 mm de diâmetro, com condução
desprezível ao longo dos fios, quanto tempo levará para que a temperatura registrada
marque 90°C? E 99°C? E se o diâmetro for 2 mm? E 1 mm? (R.: 48 s; 101 s; Para 2
mm de diâmetro: 25 s; 52 s; Para 1 mm de diâmetro: 8 s e 16,5 s)

2. Uma longa tora de madeira a temperatura de 10°C, de forma cilíndrica e diâmetro de


W
4 cm, com condutividade térmica igual a 1 e difusividade térmica igual a 1,28.10-7
m.K
m2
, é exposta aos gases quentes de uma lareira, a 500°C, com coeficiente combinado
s
W
convecção-radiação de 5,6 2 . Se a temperatura de ignição da madeira for de 420°C,
m .K
determine o tempo que vai levar para que a tora entre em combustão. (R.: xx

3. Um cilindro vertical de altura 10 cm e diâmetro 0,05 m é colocado sobre um pedestal


kg
isolado. O cilindro é de alumínio, com massa específica igual a 2702 3 , calor
m
J W
específico igual a 949 , cuja condutividade térmica é 237 e temperatura
kg.K m.K
inicial de 30°C. O ambiente está a 400°C e possui o coeficiente de troca de calor
W
combinado vale 500 2 . Pede-se:
m .K
a) o tempo para que a temperatura do cilindro alcance 200°C. (R. xx
b) o calor trocado até este instante. (R. xx
c) o calor trocado pela superfície lateral até este instante. (R. xx
d) o calor total trocado pelo ambiente e cilindro após o regime permanente ter sido
alcançado. (R. xx

4. Um ferro de passar de 1000 W, cuja área da base é de 0,03 m2 e espessura de 0,5 cm


kg
de uma liga de alumínio, com massa específica de 2770 3 , calor específico igual a
m
2
J m
875 , difusividade de 7,3.10-5 . O coeficiente de troca de calor combinado vale
kg.K s
W
12 2 e que 85% do calor gerado na resistência interna seja transferida à base.
m .K
Determine quanto tempo demora para que a base atinja 140°C. (R.: 51,8 s)

5. Uma esfera feita em ferro, de raio 0,01 m, está imersa em um fluido a 380°C. Por
considerações do projeto, metade da esfera está isolada. Deseja-se conhecer o perfil de
temperaturas da esfera, sabendo-se que sua temperatura inicial é de 45°C e após 20
minutos, a temperatura atinge 150°C. Pede-se determinar o coeficiente de troca de calor
combinado. (R.: xx

6. Uma lata cheia de refrigerante ficou exposta ao Sol e está a uma temperatura
uniforme de 28°C. Para beber o refrigerante em um temperatura menor, mergulharam a
lata completamente em um caixa de isopor contendo água e gelo (em equilíbrio
térmico). Determine o tempo necessário para a temperatura do líquido no interior da lata
atinja a temperatura de 8°C. Durante o processo a lata é agitada constantemente.
Despreze a resistência à condução de calor imposta pela parede de alumínio da lata. O
coeficiente de troca de calor por convecção entre a lata e a mistura de água e gelo pode
W
ser estimado em 100 2 . Com o uma simplificação, aproxime a lata a um cilindro
m .K
regular ( φ = 63,5 mm e L = 127 mm), não considere o calor trocado pela lata com
nenhuma outra fonte além da água e gelo e suponha que, devido à agitação, a resistência
interna à troca de calor por condução no líquido dentro da lata (refrigerante) seja
desprezível. (R.: 667,7 s)
Dados:
kg
Densidade do refrigerante: 1000 3 .
m
kg
Densidade do alumínio: 2787 3 .
m
J
Calor específico do refrigerante: 4226 .
kg.K
J
Calor específico do alumínio: 833 .
kg.K
W
Condutividade térmica do refrigerante: 0,558 .
m.K
W
Condutividade térmica do alumínio: 164 .
m.K
m2
Difusividade térmica do refrigerante: 0,131.10 -6 .
s

7. Um trocador de calor que opera como uma unidade de acumulação de energia térmica
tem geometria conforme indicada na figura. O trocador é construído de cobre e está bem
isolado nas faces externas (o isolamento não está indicado). A menor temperatura do
corpo do trocador de calor durante o ciclo de funcionamento é de 50°C e a maior é de
80°C. Considerando as condições de carga da unidade mediante a passagem de ar
quente, admitindo que a temperatura média do ar e o coeficiente de troca de calor por
convecção valham 120°C e 20 W/m2.K, respectivamente e, para a condição de
regeneração do calor, a passagem de um gás frio com temperatura média de 20°C e
coeficiente de troca de calor por convecção de iguais 20 W/m2.K. Determine:
a) O tempo que o ar quente deve circular (t1)
b) O tempo que o gás frio deve circular (t2)
c) Faça um gráfico (esquemático) temperatura versus tempo para o corpo do trocador de
calor (no local indicado).
(R.: a) 527,94 s e b) 653,91 s)

8. Processo em batelada são frequentemente usados em operações químicas e


farmacêuticas para obter uma composição química desejada no produto final e
tipicamente envolvem uma operação de aquecimento transiente para levar os reagentes
a temperatura necessária ao processo. Seja uma situação na qual um líquido de
densidade 1200 kg/m3 e calor específico 2200 J/kg.K ocupa um volume de 2,25 m3 em
um vaso isolado termicamente. A substância deve ser aquecida de 300 a 450 K em 60
minutos por uma resistência elétrica cuja temperatura superficial é mantida constante e
igual a 227°C. A resistência elétrica pode ser aproximada por um cilindro maciço de
diâmetro igual a 20 mm e comprimento L (imerso no interior do líquido). O coeficiente
global de transferência de é igual a 1670 W/m2.K. Determine o comprimento L (imerso)
necessário para a resistência elétrica colocado no líquido. Um misturador mantém o
líquido em constante agitação, homogeneizando a temperatura do mesmo. A resistência
elétrica é feita de material homogêneo de densidade 7850 kg/m3 e calor específico igual
a 486 J/kg.K. (R.: 21,8 m)

9. Segundo um chef é necessário 2 horas e 45 minutos para assar uma costela de 3,2 kg
inicialmente a 0°C, em um forno mantido a 163°C. Recomenda-se o controle da
temperatura para garantir o cozimento. Considera-se que a costela esteja pronta quando
o termômetro inserido no centro da parte mais espessa da carne registra 90°C. A costela
pode ser tratado como um objeto esférico homogêneo, com as propriedades:
- Densidade = 1200 kg/m3, condutividade térmica de 0,45 W/m.K e difusividade de
0,747.10-6 m2/s. Determine:
a) o coeficiente de transferência de calor por convecção (admitindo-o constante). (R.:
1,5 W/m2.K)
b) a temperatura na superfície da costela quando cozida. (R.: 101°C)
c) E o calor fornecido à costela? (R.: 104.739 J)

10. Analise a influência da radiação térmica no exercício 4.

11. O sistema de freio a disco de um carro pode ser modelado como um conjunto
composto por uma placa (pastilha) colocada sobre uma superfície sólida (disco). Ao ser
acionada, a pastilha, supostamente quadrada e de espessura L, é mantida a uma pressão
P, enquanto o disco desliza com velocidade, v (supostamente constante). Considerando
que toda a dissipação de energia se dê pela superfície exposta da pastilha, encontre o
perfil de temperaturas, isto é, encontre a equação que descreve a variação de
temperatura dela, desde o instante inicial, no qual sua temperatura ainda é T. Considere
os coeficientes de troca de calor h e de atrito entre a pastilha e o disco.

12. Considere um cilindro maciço, de diâmetro externo 75 mm e comprimento 150 mm,


que sai de um forno a 200°C, sendo exposto a um ambiente de 28°C. O processo
seguinte exige que o cilindro esteja a 100°C, quanto tempo vai demorar para que o
cilindro como um todo atinja a temperatura de trabalho? Use água e ar.

13. Um tablete de margarina de 50 mm de espessura é retirado da geladeira e colocado


em um ambiente a 24°C. A temperatura inicial do tablete é estimada em 5°C. A troca de
calor ocorre apenas através da superfície superior, pois todas as outras superfícies,
inclusive a inferior, estão isoladas. Calcule a temperatura da margarina na superfície
superior, no meio e na superfície inferior após cinco horas. Considere um coeficiente de
troca de calor por convecção médio igual a 10 W/m2.K. As propriedades da margarina
podem ser supostas iguais a:

- k = 0,166 W/m.K.
- cp = 2300 J/kg.K.
- ρ = 1000 kg/m3.
(R.: 19,9°C, 14,9°C e 13°C)

14. Uma placa plana infinita, de espessura igual a 8 cm, encontra-se inicialmente a 150
°C. Subitamente, a placa é colocada em contato, nas duas faces, com um banho de água
gelada a 10 °C, cujo coeficiente médio de troca de calor por convecção é igual a 290
W/m2.K. Determine o tempo que leva para garantir que todos os pontos da placa estarão
a temperaturas inferiores a 65 °C e o calor absorvido até este momento, em Joules. São
dadas as propriedades da placa:

- k = 0,58 W/m.K.
- cp = 2926 J/kg.K.
- ρ = 1150 kg/m3.
(R.: 1,35 h e 13,9 MJ/m2)

15. Um lingote de aço inoxidável de 18 cm de diâmetro passa por um forno de


tratamento térmico, antes da laminação. A esteira rolante que conduz a peça na
velocidade, v, cte, tem 8 m de comprimento. Para que o lingote possa ser laminado, sua
temperatura, inicialmente de 170 °C, deve alcançar um mínimo de 800 °C. É possível
estimar um coeficiente combinado de convecção-radiação entre os gases a 1400 °C do
forno e a peça da ordem da 180 W/m2.K. Pede-se determinar a velocidade, sabendo-se
ainda que as propriedades do aço inox são:

- k = 19,8 W/m.K.
- cp = 557 J/kg.K.
- ρ = 7900 kg/m3.
(R.: 3,47 mm/s)

6. GERAÇÃO INTERNA DE ENERGIA, qG.

- Introduzir e analisar o termo qG (frequentemente tratado como dissipação) o balanço


de energia (1ª lei).

Há duas maneira de tratar a presença de q G:

• Para Bi ≤ 0,1 (parâmetros concentrados; cap. 3)


• Para Bi > 0,1 (análise diferencial; cap. 5)

Considere qG em toda a peça, por enquanto, ou seja, fonte de energia homogênea.

1) Placas planas:
Figura 6.1: Representação de uma parede plana (placa) com geração interna de energia,
qG.

- Inicialmente considerando a ausência do termo qG:

Abordagem tratada no capítulo 4 e o balanço de energia foi escrito através da


equação 2.6.
∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
+ + + = . (Eq. 2.6)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t

Por definição de R.P. tem-se:


∂T
=0 (Eq. 4.4)
∂t

Portanto, problemas unidimensionais, sem fontes internas, em R.P, a equação


2.6 se torna:
∂ 2T
=0
∂x 2

Como a derivada de segunda ordem indica a curvatura, pode-se concluir que o


perfil de temperaturas é linear. A solução, vista no capítulo 4, para esta equação é:
T(x) = C.x + D. (y = a.x + b; portanto, é uma reta).
Considerando as condições de contorno da figura 6.1, implica:
x
T(x) = (T2 − T1 ) .   + T1
L

dT ( T − T2 )
E para o calor trocado: q = −k . A. = −k . A.C . No caso, q E = k. 1 = qD
dx L
Onde q E é o calor da superfície esquerda e q D o da direita. Como o calor trocado é
constante (resultado da primeira lei), significa que a energia que entra pela esquerda é
igual a energia que sai da face direita.

- Finalmente considerando a influência do termo qG:

A primeira lei em uma parede plana se reduz, a partir da equação 2.6, para:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T ∂ 2T qg
+ + + = . ⇒ + =0 (Eq. 6.1)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t ∂x 2 k
Que é definida no espaço 0 < x < L, onde q G é o valor da fonte (admitindo fontes
constantes), escrita em W/m3. Pois a equação de energia é escrita por unidade de
volume.
Esta situação (com q G) é na prática encontrada nos cabos elétricos, sujeito a uma
diferença de potencial (ddp).
Agora, nota-se que a curvatura do perfil de temperatura será negativa (supondo
qG positivo; efeito Joule, reações exotérmicas etc), denotando um ponto de máximo. A
integração desta equação é:
dT q
= − G .x + C1 (Eq. 6.2)
dx k
E, finalmente,
q
T ( x) = − G .x 2 + C1.x + C2 (Eq. 6.3)
2.k

As constantes de integração são determinadas pelas condições de contorno


definidas na fronteira do sistema. Estas condições servem para indicar o modo pelo qual
sistema e vizinhança interagem termicamente. O número delas é proporcional à ordem
da equação diferencial.
Uma vez resolvida a equação, a taxa de troca de calor, q(x) é rapidamente
dT
determinada pela equação de Fourier: q = - k. A. .
dx
Para o caso em questão (supondo área constante): q(x) = qG.A.x – A.k.C1. Ou
seja, a taxa de troca de calor varia lineramente com a posição: q(x) = A.(qG.x – k.C1) =
f(x).

1° caso: Suponha que, de alguma forma, as duas temperaturas superficiais, em x


= 0 e x = L sejam conhecidas, T1 e T2, por exemplo. Na equação do perfil de
temperaturas 6.3, obtêm-se:
q
T ( x = 0) = T1 = − G .( x = 0)2 + C1.( x = 0) + C2
2.k
E
q
T ( x = L) = T2 = − G .( x = L)2 + C1.( x = L) + C2
2.k

Da primeira equação C2 = T1. Levando este valor à segunda equação, tem-se que
T − T q .L
C1 = 2 1 + G . Com isto, o perfil de temperatura se escreve:
L 2.k
q T −T
T ( x) = − G .( x − L) + 2 1 .x + T1 (Eq. 6.4)
2.k L

E que a taxa de calor se escreve:

qG . A T −T
q ( x) = .(2.x − L) + k . A. 1 2 (Eq. 6.5)
2 L

O qual é um perfil linear, como dito.


Na face x = 0, a taxa de troca de calor, vale:
qG . A.L T −T
q( x = 0) = − + k. A. 1 2
2 L
E na outra face, quando x = L, vale:
q . A.L T −T
q ( x = L) = G + k. A. 1 2
2 L

Analisando-as, vê-se que, se a fonte interna for inexistente, o valor da taxa de


troca de calor em x = 0 será igual ao valor de x = L, recuperando a expressão do
capítulo 1.
Se T1 for igual a T2, tem-se que a taxa de troca de calor na face esquerda é
negativa, indicando que energia sai desta face, enquanto a taxa de troca de calor saindo
pela face direita é positiva. Nesta situação, a taxa de troca de calor se escreve:
q .A
q ( x) = G .(2.x − L)
2
L
De forma que, em x = , o calor trocado é nulo. Pela ligação entre taxa de calor
2
trocado e o gradiente de temperatura, temos:
L dT
q( x = ) = 0 ⇒ =0
2 dx
Ou seja, a condição de gradiente nulo, por simetria, por exemplo, é equivalente à
condição de isolamento.
Observando novamente o calor trocado pela face esquerda na condição mais
geral, vê-se que, sob certas condições, ele pode ser positivo (indicando calor também
entrando por esta face) o mesmo nulo (q = 0, ou face isolada), indicando o papel do
balanço de energia entre o calor trocado devido unicamente ao diferencial de
temperaturas superficiais e o calor gerado (qG; ou metade dele). A tabela mostra as
possibilidades:

Tabela 6.1: Possibilidades de troca de calor pela face.


k . A.∆T qG . A.L
Q( x = 0) < 0 <
L 2
k. A.∆T qG . A.L
Q( x = 0 = 0 =
L 2
k . A.∆T qG . A.L
Q( x = 0) > 0 >
L 2

Importantes observações podem ser feitas:


1) A presença de fonte interna torna inválida a aproximação costumeira da Lei de
dT ∆T
Fourier. Portanto: q = −k . ≠ − k. .
dx L
2) Pode se usar a geração interna de calor para tornar uma superfície isolada, como
indicado quando T1 = T2.
T −T q . A.L
Ao fazer: k . A. 1 2 = G Onde A.L = Volume.
L 2
Ou seja, se a energia gerada internamente for definida de forma igual a:
T −T
qG = 2.k . 1 2 2 , significa que a parede estará isolada, não trocando calor com o
L
ambiente da esquerda. Por se tratar de um balanço de energia, nesta situação, toda a
energia (sendo) gerada na placa, de valor qG.A.L deverá sair pela outra face.

• Se qG = 0, o fluxo de calor entrando, pela face esquerda, será igual ao fluxo


saindo pela face direita.
• Os dois fluxos de calor (das duas faces) e o calor total trocado na placa guardam
entre si uma relação de equilíbrio. Por exemplo, se o calor trocado em x = 0 for
θ, indicando que energia sai da placa para o ambiente da esquerda (primeiro caso
da tabela anterior) pode-se dizer que todo o calor gerado q G na placa, sairá pelas
duas faces. q gerado = qG . A.L = q ( x = 0) + q ( x = L) .
• Por outro lado, se o calor trocado em x = 0 for positivo, indicando que o calor
entra no sistema por esta face: q( x = 0) + qG = q( x = L ) .
• Associado à distribuição de temperaturas está a localização do ponto mais
dT
quente (ou mais frio) da placa. Este ponto é caracterizado por: = 0 . Neste
dx
ponto, o fluxo de calor é zero (aplicando-se a equação de Fourier). Tudo
acontece como de a linha vertical que passa por este ponto fosse adiabática, o
que implica que o gradiente de temperatura local vale zero e a temperatura local
será máxima ou mínima (ponto de máximo ou mínimo).

Levando esta definição para o perfil de temperaturas, obtêm-se que o ponto de


máximo é:
L (T − T )
xcrítico = − k. 1 2 (Eq. 6.6)
2 qG .L

Se T1 for igual T2, o ponto de temperatura crítica ocorre no meio da placa, uma
condição de simetria. Sendo deslocado para a esquerda se T1 > T2 ou para a direita,
caso contrário. Lembrando que a condutividade térmica é uma propriedade
termodinâmica sempre positiva, o sinal da derivada segunda (a curvatura do perfil
 ∂ 2T qG 
de temperaturas é dependente só de q G  2 = −  ). Se o termo geração de
 ∂x k 
energia interna for positivo, típico de efeito Joule, a derivada segunda será negativa.

• Observando-se novamente a solução do campo de temperaturas, onde:

qG T −T
T ( x) = − .( x 2 − x.L) + 2 1 .x + T1 (Eq. 6.7)
2.k L

A solução complexa é na verdade a soma de duas soluções elementares:


T(x) = TA(x) + TB(x)

Onde TA é a solução para o problema da geração interna em que a temperatura


da superfície em x = 0 e x = L são iguais.
qG
TA ( x ) = − .( x 2 − x.L )
2.k

E TB é a solução do problema da placa plana sem q G e com temperatura


superficiais iguais a T1 (em x = 0) e T2 (em x = L).
T −T
TB ( x ) = 2 1 .x + T1
L
Exemplificando a técnica de superposição de soluções uma vez que o problema
(isto é, a equação diferencial e condições de contorno) é linear.

6.1 GRANDEZAS

As possibilidades são infinitas, já que são dependentes de k, ∇T , espessura, q G


etc, por isso são criadas grandezas para facilitar o estudo, com o mesmo intuito dos
parâmetros concentrados, conforme a tabela 6.2, abaixo:

Tabela 6.2: Grandezas concentrando variáveis.


x
η ⇒
L
T − T2
θ ⇒
T1 − T2
q ( x)
Q(η ) ⇒
k . A. (T1 − T2 )
L
2
qG .L
S ⇒
k .(T1 − T2 )
Com isto, pode ser escrito que:
S S
θ (η ) = − .η .(η − 1) − η + 1 (Eq. 6.8) e Q(η ) = .(2.η − 1) + 1 (Eq. 6.9)
2 2

Diversas informações relevantes podem ser determinadas. Por exemplo, uma


temperatura média, representativa da média da variação da temperatura ao longo da
peça, pode ser escrita:
1 S +6
θ = ∫ θ (η ).dη = (Eq. 6.10)
0 12
Ficando evidente a influência do termo geração de energia interna, qG. Assim,
pode-se analisar o comportamento conforme a figura abaixo:
Figura 6.2: Representação do perfil de temperaturas em função do termo geração interna
de energia, qG.

Se S for igual a zero, não existe qG, e portanto, o perfil é linear.


Se existir qG, o perfil será parabólico.

Figura 6.3: Representação do perfil de temperaturas em função do termo geração interna


de energia, qG.

Outro efeito da geração interna é área hachurada, a qual indica a diferença no


perfil de temperatura. Veja que o gradiente de temperaturas (a tangente) na face η = 0 é
positiva, o que implica na saída de energia desta face, análogo para a face η = 1 .
Aplicando a 1ª lei (como visto no capítulo 4), pode-se escrever:

• Energia sendo trocada pela face η = 0 :


S
1 − (Se S < 2, energia entra)
2
• Energia sendo gerada internamente: S
• Energia sendo trocada pela face η = 1 :
S
1 + (Se S > -2, energia sai)
2
• Energia sendo armazenada igual a zero (pela condição de R.P.):
1− S 1+ S
+S = +0
2 2
A partir desta adimensionalização, a condição de isolamento na face esquerda,
anteriormente obtida, passa a ser simplesmente, S = 2.
E de forma análoga, a face direita estará isolada quando S = -2.
dθ 1
No ponto crítico: =0 (Eq. 6.11) para η crítico = 0,5 − . (Eq. 6.12)
dη S
Quando 0 < S < 2, o valor máximo da temperatura ocorre para η = 1 e de forma
semelhante, se – 2 < S < 0, o máximo ocorrerá para η = 0 . Pois, a placa é de 0 < η < 1,
ou seja, 0 < x < L.
x
E como depende a temperatura máxima (obtida no ponto crítico η crítico = crítico )
L
2

em função de S ( ≈ qG) é: θmáx =


( S + 2 ) (Eq. 6.13)
8.S
Observe que para valores elevados de S, o crescimento passa a ser linear.

2° caso: Suponha a condição térmica da face direita. No lugar de T2, a condição


agora será de troca de calor por convecção, definida através de um coeficiente h de troca
de calor e uma temperatura, T∞ . Conforme a figura 6.4, a situação é:

Figura 6.4: Parede plana com convecção à direita.

Já que o problema não mudou, é razoável concluir que o balanço de energia para
um sistema infinitesimal interior à peça não mudou. Assim, a solução geral do balanço
de energia se escreve:
q
T ( x) = − G .x 2 + C1.x + C2 (Eq. 6.7)
2.k
Como condições de contorno, tem-se:
• Quando x = 0, T(x = 0) = T1 e D = T1 .
• Quando x = L, qK = q C.
 q .L   q .L2 
Ou seja, −k .  − G + C  = h.  − G + C.L + T1 − T∞  . Resolvendo para “C” e
 k   2.k 
 h.L 
utilizando o parâmetro do número de Biot (  Bi =  , pode-se escrever que:
 k 
1  qG .L (T − T ) 
C= . .(2 + Bi) − Bi. 1 ∞ 
1 + Bi  2.k L 
E o perfil de temperatura se escreve:
q   2 + Bi   Bi.x (T1 − T∞ )
T ( x) = − G .x.  x − L.   − . + T1 (Eq. 6.14)
2.k   1 + Bi   1 + Bi L

Se for utilizadas as mesmas variáveis adimensionais anteriormente definidas na


tabela 6.2, com a alteração óbvia de T2 para T∞ , resulta:
  2 + Bi   Bi
θ (η ) = − S.η. η −   + (Eq. 6.15)
  1 + Bi   1 + Bi

Uma vez determinado o perfil de temperatura, encontra-se o fluxo de calor. A


expressão geral é:
  2 + Bi   Bi
Q(η ) = − S .  2.η −   + (Eq. 6.16)
  1 + Bi   1 + Bi
S
Comparando esta expressão com o caso anterior: Q(η ) = .(2.η − 1) + 1 (Eq. 6.9)
2
Se for feito Bi → ∞ , os dois casos se aproximam. Isto significa que sempre é
possível obter-se o perfil com temperatura superficial medida como limite do caso 2, de
troca de calor por convecção. Isso acontece porque o balanço de energia na interface se
escreve:
qK = qC = h.(Ts − T∞ )

Assim, ao fazer o limite do coeficiente h, chega-se a uma indeterminação que


pode e deve ser eliminada pela troca de calor por condução. Para analisar a influência
do número de Biot no calor trocado, considera-se o caso em que S = 1. Nesta situação, o
calor trocado pela face esquerda do caso em questão se escreve:
 2 + Bi  Bi
Q(η = 0) = −  + (Eq. 6.17)
 1 + Bi  1 + Bi

E para o caso anterior, o calor trocado nesta face é nulo. A próxima figura
mostra a influência de Biot.

Figura 6.5: Influência do número de Biot no calor trocado (para S = 1).


Observa-se na figura 6.5 que para valores relativamente pequenos de Biot,
energia é perdida por esta face (o sinal negativo indica isto). Para que a face esquerda
Bi
possa ser considerada isolada, é preciso que: S = .
2 + Bi
Considerando o caso em que S = 0,5 (implicando no fluxo nulo para Bi = 2),
obtêm-se o gráfico da figura a seguir:

Figura 6.6: Influência do número de Biot no calor trocado (para S = 0,5).

Nestas novas condições, se Bi < 0,2, implica em energia saindo pela face
esquerda, mas se Bi > 0,2, a energia entrará. A explicação pode ser vista pela expressão
da energia que sai pela face direita:
  2 + Bi   Bi Bi
Q(η = 1) = S.  2 −   + = .(1 + S ) (Eq. 6.18)
  1 + Bi  1 + Bi 1 + Bi

Por outro lado, a energia que é liberada dentro da peça é definida por: qG.A.L.
Assim, utilizando a adimensionalização proposta, conclui-se que a energia irá sair pela
Bi Bi
face esquerda sempre que: S > .(1 + S ) . Ou seja, quando S > , conforme o
1 + Bi 2 + Bi
gráfico da figura a seguir:

Figura 6.7: Fluxo de calor pela face esquerda em função da geração térmica (S ≈ qG).
3° caso: Suponha que na face x = 0 tenha-se um fluxo radiante de intensidade
constante e iguala a q R, em W/m2, e que na face x = L, tenha-se uma temperatura
especificada, constante e igual a TD.
Em primeiro lugar, o balanço de energia não se altera, uma vez que no interior
do material as condições térmicas não se alteraram (k permanece igual, a área constante,
R.P. e a fonte continua uniforme). Com isto, a equação é a mesma:
∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T qg 1 ∂T ∂ 2T qg
+ + + = . ⇒ + =0
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t ∂x 2 k

A solução geral é a mesma:


qG 2
T ( x) = − .x + C1.x + C2
2.k

Neste ponto entram as condições de contorno específicas:


• Quando x = 0, temperatura especificada, T = T2.

qG
A solução será: T ( x) = − .( x 2 − L2 ) + C1.( x − L) + T2 e
2.k
q(x) = q R + q G.x.
Novamente, apesar do R.P., o fluxo de calor varia ao longo da peça, desde um
valor mínimo (especificado em x = 0) até o valor máximo (em x = L). Observa-se que a
expressão do fluxo de calor representa o próprio balanço de energia. Em x = 0, energia
chegando por radiação e sendo absorvida. Em x = L, a energia que está saindo é a que
entrou (em x = 0) e mais aquela que foi gerada internamente (igual a qG.L).

Aplicando a análise dimensional, escreve-se:


T − T2 x
θ (η ) = − S1.(η 2 − 1) − (η − 1) onde θ= , η=
qG .L L
k
qG .L
e S1 = (Eq. 6.19)
2.qR

S1 indica a influência do termo de geração sobre o termo de radiação incidente


na face esquerda.

1) Cilindros maciços e cascas:

Considere um cilindro com geração interna de calor, supostamente uniforme, o


qual é o caso de um fio condutor que dissipa energia por efeito Joule. A partir da
primeira lei da termodinâmica, tem-se:
1 d  dT  qG
r + =0 (Eq. 6.20)
r dr  dr  k

Sujeita as condições de contorno:


• Quando r = 0, a temperatura deve ser contínua.
• Quando r = R, a temperatura é igual a temperatura da superfície, Ts.
ρ .L
Já que resistência elétrica (R) é a relação: R= (Eq. 6.21)
A
Onde ρ é a resistividade elétrica, L = comprimento e A é a área.
V2
Potência elétrica é a relação: P = .
R
V2
E volume é A.L. O termo geração se escreve: qG = .
ρ .L2
Substituindo na equação 6.20, resulta:
d  dT  qG .r
r =− (Eq. 6.22)
dr  dr  k

Integrando-a, obtêm-se:
dT q .r 2
r = − G + C1 (Eq. 6.23)
dr 2.k

Integrando mais uma vez chega-se à solução geral da equação do balanço de


energia:
q .r 2
T (r ) = − G + C1.ln r + C2 (Eq. 6.24)
4.k

Pela condição de continuidade, em r = 0, é necessário ter um perfil contínuo de


temperatura, o que só se consegue se C1 = 0. Ao se substituir a outra condição, obtêm-se
finalmente, que:
q
T (r ) = G .( R 2 − .r 2 ) + TS (Eq. 6.25)
4.k
q
No centro do fio (r = 0), sua temperatura vale T0 = TS + G .R2. Supondo-se que
4.k
qG > 0, implica que a maior temperatura do fio ocorre no centro da peça. A temperatura
da superfície pode não ser conhecida, mas se for conhecida as condições do fluido
refrigerante que está a T∞ , h∞ .
Um balanço de energia dirá que:
energia gerada no fio = energia liberada por convecção, ou seja,

qG. π. R2. L = h. 2. π. R. L. (TS - T∞ ).

qG .R
Sendo permitido escrever: TS = T∞ + .
2.h
Logicamente, essa também pode ser uma maneira de medir o valor do
coeficiente de troca de calor por convecção. Substituindo uma expressão na outra e
cilindro
 h.L h.R  q .R  Bi 
introduzindo o número de Biot  Bi = =  , resulta: T0 − TS = G .   .
 k k  2.h  2 
Portanto, há efeito do número de Biot na diferença de temperatura entre a
linha de centro e a superfície.
6.2 EXERCÍCIOS

1. Em uma parede plana de espessura t e condutividade térmica k, embute-se uma


resistência elétrica capaz de dissipar qG (W/m3). A face direita pode ser
considerada isolada, enquanto a da esquerda está na temperatura TE. Determine a
quantidade de energia que sai da placa e sua temperatura máxima, Tmáx. Indique
como esta varia com as demais variáveis.

2. Uma energia gerada igual a 106 W/m3 é utilizada para aquecer uma placa de
condutividade 32 W/m.°C. A placa tem a face da esquerda isolada e a outra a 30°C. A
temperatura máxima da placa é de 95°C. Calcule a máxima espessura L, em metros, que
a placa pode ter. (R.: 0,065 m)

dT
Um cabo com corrente passando, resulta: R.I2 - ρ.cP .V . = h. As .(T − T∞ ) .
dt

10. DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DO COEFICIENTE DE


CONVECÇÃO

10.1. INTRODUÇÃO

Nos capítulos anteriores definiu-se e utilizou-se o coeficiente de convecção, mas


não se viu como seu cálculo é possível. Sabe-se que ele depende de muitos fatores, entre
eles a forma e a rugosidade da superfície em contato com o fluido e o regime de
escoamento que interfere diretamente na espessura do filme laminar.
Devido à multiplicidade das superfícies de transferência de calor, cada caso
particular deve ter o seu coeficiente de convecção, h. Sendo possível haver variações
deste provocadas pela alteração da temperatura do fluido e pelo seu regime de
escoamento.
As fórmulas apresentadas são complexas, pois são determinadas
experimentalmente.
Os coeficientes são determinados à partir da análise dimensional, cujos conceitos
básicos serão discutidos aqui.

10.2 TEOREMA π

Suponha-se um fenômeno que envolva um fluido, que seja caracterizado por “n”
grandezas de x, cuja função que representa o fenômeno seja: f(x1; x2; ...; xn) = 0.
Suponha-se ainda que o número de grandezas de um sistema fundamental de
unidades seja “r”.
O teorema π afirma que existe uma função com (n – r) variáveis π que representa
o mesmo fenômeno: φ (π 1 , π 2 , π 3 , ..., π n −r ) = 0 . Onde as grandezas π são grupos
adimensionais formados pelas “n” grandezas que participam do fenômeno.
Por exemplo, a perda de carga em um tubo é um fenômeno que depende de 7
grandezas, sendo: comprimento do tubo, L, diâmetro do tubo, D, rugosidade do
material, K, velocidade do fluido, v, viscosidade do fluido, µ, massa específica do
fluido, ρ e queda de pressão entre as duas seções, ∆P. A função que representa o
fenômeno é: f(L; D; K; V; µ; ρ; ∆P) = 0. Temos então, n = 7.
Nos problemas de fluido que não envolve o calor, as grandezas fundamentais são
comprimento, força e tempo. Portanto, para este exemplo r = 3.
Para os problemas de transferência de calor existe mais uma grandeza
fundamental, que é a temperatura, sendo agora r = 4.
No exemplo em questão, o teorema π afirma que existe uma função contendo (n
– r) grandezas, isto é, com (7 – 3) = 4 variáveis representando o mesmo fenômeno:
φ (π1 , π 2 , π 3 , π ) = 0 .
O teorema chega até aqui, e fica para um laboratório a experiência para
determinação da função que relaciona as grandezas π. Entretanto, o cálculo das
adimensionais π é feito por um processo matemático que pode ser encontrado nos livros
de mecânica dos fluidos. No presente estudo não serão feitos as devidos cálculos nem
justificar o processo pelo qual eles foram encontrados. Suponha-se então, já calculados
os 4 adimensionais deste exemplo, resultando:

ρ .v.D
π1 = (Número de Reynolds)
µ
∆P
π2 = (Número de Euler)
ρ .v 2
D
π3 =
K
L
π=
D

 ρ .v.D ∆P D L 
O teorema π afirma que existe uma função φ  ; ; ; = 0,
 µ ρ .v 2 K D 
equivalente à função f(L; D; K; V; µ; ρ; ∆P) = 0.
A primeira vantagem da aplicação deste teorema é que se muda para uma função
de quatro grandezas, em lugar de uma com sete.
A equação acima pode ser representada colocando-se a grandeza π2 no primeiro
membro da equação e passando as demais para o segundo.

∆P  ρ .v.D D L 
2
= φ1.  ; ; 
ρ.v  µ K D
∆P 1  ρ .v.D D L 
2
= .φ1.  ; ; 
g .ρ .v g  µ K D
∆P v2  ρ .v.D D L 
= .φ1.  ; ; 
γ 2.g  µ K D
∆P v2  ρ .v.D D L 
Chamando de ϕ2 a função ϕ2 = 2.ϕ1, resulta: = .φ2 .  ; ;  , mas
γ 2.g  µ K D
∆ρ
já que é a perda de carga distribuída hf, onde γ = ρ.g . Assim, a função torna-se:
γ
φ2  ρ .v.D D L 
. ; ; .
2  µ K D
L
Pode-se substituir por uma outra, na qual a grandeza seja explícita. Sendo,
D
v2 L  ρ .v.D D   ρ .v.D D 
hf = . .φ3 .  ;  . A função φ3 .  ;  é o coeficiente “f” de perda de
2.g D  µ K  µ K
carga que pode ser determinado experimentalmente.
Resultando:
L.v 2  ρ .v.D L 
hf = f . ; f = φ3 .  ; .
D.2.g  µ D

O coeficiente f depende do regime de escoamento e da relação entre o diâmetro


e a rugosidade do tubo. Os valores deste coeficiente encontram-se em tabelas ou em
diagramas. O importante é lembrar que:
• As grandezas que influem em um fenômeno podem ser agrupados formando
outras grandezas adimensionais representadas por π.
• As grandezas π podem ser calculadas por meio de um processo matemático.
• Existe uma função que relaciona as grandezas π e que representa o fenômeno em
questão.
• E, que esta função já foi determinada experimentalmente para cada caso.

10.3 FÓRMULAS EXPERIMENTAIS PARA O CÁLCULO DO COEFICIENTE DE


CONVECÇÃO

Suponha-se um fluido escoando no interior de um tubo e trocando calor com um


outro, que passa pela sua superfície externa. Deseja-se encontrar uma expressão para
tirar o coeficiente de convecção, interno ou externo. Para isto, será necessário analisar
as grandezas que influem no coeficiente de convecção. Sabe-se que o filme laminar é o
principal fator que intervém no fluxo de calor entre um fluido e uma superfície. Pode-se
afirmar, no caso específico de um tubo, que o coeficiente de convecção depende dos
seguintes fatores:

a) Viscosidade do fluido (µ) que influi diretamente na formação do filme laminar.


b) Massa específica do fluido (ρ) que influencia na condutividade térmica. Os
líquidos têm condutividade maior do que os gases, além disto, a densidade influi
diretamente no regime do escoamento, laminar ou turbulento.
c) Condutividade térmica do fluido (k). Sabe-se que o calor transita pelo filme
laminar com condução. Portanto, quanto maior for a sua condutividade, maior
será o coeficiente de convecção.
d) Calor específico do fluido a pressão constante (cp).
e) O diâmetro do tubo influencia diretamente no regime de escoamento.
f) Velocidade do fluido, a qual influi na espessura da película laminar.

Pode-se afirmar que existe uma função, onde h = f(µ; ρ; k; cp; D; v). Isto é, a função
que representa o coeficiente de convecção contém n = 7 grandezas, incluindo o próprio
coeficiente.
Nos problemas de transmissão de calor, são 4 grandezas fundamentais, como
dito, comprimento, força, tempo e temperatura. Portanto, r = 4. E, n – 4 = 3. Existe,
portanto, uma função que contém 3 grandezas adimensionais e que representam o
fenômeno da formação do coeficiente de convecção. No caso em questão, os
adimensionais são:

ρ .v.D
π1 = (Número de Reynolds = Re)
µ
µ.c p
π2 = (Número de Prandtl = Pr)
k
h.D
π3 = (Número de Nusselt = Nu)
k

Através de algumas fórmulas empíricas calcula-se o coeficiente de convecção.


Estas fórmulas fornecem o número de Nusselt em função de Re e Pr, para cada caso.
Calculando-se o número de Nusselt, pode-se tirar o valor do coeficiente de convecção a
partir da expressão:
h.D Nu.k
Nu = ∴ h= ....(Eq. 10.1)
k D
10.3.1 Aquecimento ou resfriamento de fluidos em tubos longos e regime
turbulento

Neste caso, a fórmula obtida em dados experimentais vale para o número de


Reynolds variando entre 10 e 120.000 e para o número de Prandtl entre 0,5 e 100.
1
Nu = 0,023.Re0,8 .Pr 3 ...(Eq. 10.2)

A expressão acima é válida para tubos longos, assim definidos como aqueles que
L
apresentam a relação > 60 , sendo L o comprimento do tubo e D o seu diâmetro.
D

10.3.2 Aquecimento e resfriamento de líquidos em regime laminar

A equação 6.3 vale para regime laminar. Onde L e D representam o


comprimento e o diâmetro do tubo, respectivamente.

1 0,14
 D 3  µ 
Nu = 1,86.  Re.Pr .  .   ....(Eq. 10.3)
 L   µs 

0,14
µ 
O coeficiente   é introduzido para corrigir as distorções devido à variação
 µs 
da viscosidade do fluido em função da temperatura. A viscosidade µ é tomada na
temperatura em que o fluido se encontra e µs é a viscosidade do fluido em função da
temperatura da superfície.

10.3.3 Escoamento de metais líquidos, dentro de tubos em regime turbulento


O coeficiente de convecção que se estabelece quando um metal líquido escoa
dentro de um tubo, trocando calor com a parte externa, pode ser calculado pela equação
6.4, da qual se tira o valor do número de Nusselt. Esta fórmula é válida para as
seguintes condições:
L
> 60 (tubos longos)
D

200 < Re.Pr < 20.000

Nu = 0, 625.(Re.Pr)0,4 ....(Eq. 10.4)

10.3.4 Aquecimento ou resfriamento de uma superfície esférica

O cálculo do coeficiente de convecção para superfícies esféricas tem muita


aplicação no caso de nuvens de partículas aquecidas ou resfriadas por um outro fluido.
Cada partícula de forma irregular pode ser considerada uma esfera de diâmetro D, tal
que sua área seja igual à área da superfície externa da partícula.
A fórmula sugerida por McAdams é válida para o número de Reynolds variando
de 25 a 10.000, conforme abaixo:

Nu = 0,370,5.Re0,5 ....(Eq. 10.5)

Esta equação é aplicável à transferência de calor entre uma superfície esférica e


um gás. O número de Reynolds é calculado com base nas condições e propriedades do
gás em um ponto distante da esfera. Compreende-se por um ponto distante como aquele
em que a presença da esfera não influencia nas partículas fluidas que por ela passam. A
velocidade neste ponto chama-se de velocidade no infinito e representa-se conforme a
equação 6.6, a seguir:

ρ∞ .v∞ .D
Re = ...(Eq. 10.6)
µ∞

10.3.5 Escoamento turbulento sobre uma superfície plana

Uma superfície plana que troca calor com um fluido escoando sobre ela tem um
coeficiente de convecção que pode ser calculado pela equação 6.7, sendo esta:

1
Nu = 0,36.Pr 3 .Re0,8 ... (Eq. 10.7)

Esta equação é válida somente nos casos de escoamento em regime turbulento.


Os adimensionais são calculados como:

ρ∞ .v∞ .L
Re = ...(Eq.10.8)
µ∞
Onde: L = comprimento da placa; v∞ , ρ ∞ , µ ∞ são a velocidade, a massa
específica e a viscosidade em um ponto do fluido não afetado pela presença da placa.
µ .c p∞
Pr = ...(Eq. 10.9)
k∞

h.L
Nu = ....(Eq. 10.10)
k∞

10.3.6 Escoamento de um fluido perpendicular a um tubo

Em muitos trocadores de calor o escoamento pode ser normal a um tubo, ou a


um conjunto de tubos, dentro dos quais passa um outro fluido. A equação 6.11 fornece
os elementos para o cálculo do coeficiente de convecção entre a superfície externa do
tubo e o fluido que passa por fora.

• Para líquidos:
Nu = 0,35 + 0,56.Re0,52 ...(Eq. 10.11)

• Para gases:
Nu = (0,35 + 0, 47.Re0,52 ).Pr 0,3 ...(Eq. 10.12)

10.4 RESUMO INTRODUTÓRIO SOBRE CONVECÇÃO

Neste tópico há informações adicionais para determinação do coeficiente de


troca de calor, de película ou de filme, h.

O coeficiente de película é uma função complexa de várias variáveis,


relacionadas com diversas características, por exemplo:

 J  W
h = f(D; µ ; ρ ; c p ; k ; δ ; υ ; g ; ∆T etc)  s.L2 .K  ou em unidade s do S .I . m2 .K .

Onde D é a dimensão preponderante que domina a convecção. Podendo ser


diâmetro, altura, comprimento etc.
A seguir, algumas propriedades físicas do fluido:

µ = viscosidade dinâmica.
ρ = densidade.
cp = calor específico.
k = condutividade térmica do fluido.
δ = coeficiente de expansão térmica.
v = velocidade do fluido.
g = aceleração da gravidade.
∆T = diferença de temperaturas entre a superfície e o fluido.
Estes três últimos são relativos ao fluido em movimento.

Para desenvolver uma só fórmula seria complexo. Então, o estudo é dividido em


casos particulares, como convecção livre (natural) ou forçada .
As equações são obtidas por análise dimensional e coleta empírica de dados, mas
culminam em quatro equações básicas, conhecidos por números adimensionais de
Nusselt, Grashof, Prandtl e Reynolds. Utilizadas para determinar-se o coeficiente de
película, h.

Nusselt – Homenagem a Wilhelm Nusselt (Alemanha, 1882 – 1957).

O número de Nusselt (Nu) trata da importância da convecção quando comparada com


a difusão superficial. Quando o Nu = 1 não haverá convecção, apenas condução, como
se o fluido estivesse em repouso. Quanto maior o valor de Nu, maior a transferência
entre a superfície e o fluido por convecção do que condução.

h.D Transferência de calor por convecção


Nu = =
k fluido Transferência de calor por condução

Para convecção livre (natural):

Nu = f(Gr, Pr).

Para convecção forçada:

Nu = f(Re, Pr).
Grashof – Homenagem a Franz Grashof (Alemanha, 1826 – 1893).

O número de Grashof (Gr) considera a força de empuxo quando comparada com a


força viscosa.

D 3 .δ .g .∆T
Gr =
µ2

Prandtl – Homenagem a Ludwig Prandtl (Alemanha, 1875 – 1953).

O número de Prandtl (Pr) depende apenas do fluido e seu estado. Considera a difusão
da quantidade de movimento comparada a difusão da quantidade de calor.

ν taxa de difusão viscosa c p .µ


Pr = = =
α taxa de difusão térmica k

O número de Pr é importante para estudos de transferência de calor por


convecção, sendo uma medida de eficiência destas transferências nas camadas limites
hidrodinâmica e térmica.
Em problemas de transmissão de calor, o número de Pr controla a espessura
relativa da camada limite. Quando o valor do número de Pr é baixo, significa que o
calor se difunde muito facilmente comparado a velocidade. O análogo para a
transferência de massa do número de Pr é o número de Schmidt.
Reynolds – Homenagem a Osborne Reynolds (Irlanda, 1842 – 1912).

O número de Reynolds (Re) é adimensional e usado em mecânica dos fluidos para o


cálculo do regime de escoamento de determinado fluido sobre uma superfície.
O conceito foi introduzido por George Gabriel Stokes em 1851. O seu significado físico
µ
é um quociente de forças, de inércia (ν .ρ ) entre forças de viscosidade   .
D

v.D.ρ
Re =
µ
Se Re < 2000 (o regime é laminar)
Se Re > 2400 (o regime é turbulento)
A parte intermediária se diz que o regime é transitório.

Rayleigh – Homenagem a John William Strutt ou Lord Rayleigh (Inglaterra 1842 –


1919).

O número de Rayleigh (Ra) também é adimensional e é associado com um fluido


interagindo com uma superfície, podendo ser esta convecção natural ou forçada.
Quando Ra é mais baixo que o valor crítico para aquele fluido, a transferência de calor é
primariamente na forma de condução, quando excede o valor crítico, a transferência de
calor é primariamente na forma de convecção.
g .β
Ra x = Grx .Pr = .(Ts − T∞ ).x3
ν .α

10.5 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


QUANDO ESCOAMENTO EM CONVECÇÃO NATURAL

Para determinação do coeficiente de película(h), deve-se encontrar o número de


Reynolds, depois o número de Pr, depois o Nu e assim, o h.

Figura 5.1: Placa plana trocando calor por convecção

Em convecção natural, o número de Reynolds é substituído pelo número de


Grashof, que neste caso valerá:
g .β
Gr = 2 .(Ts − T∞ ).Lc 3
υ

Onde: β é o coeficiente de expansão térmica; g = gravidade.


µ .cp
Pr =
k

E o número de Nusselt será determinado conforme a página 3 do formulário, em


função da sua geometria e do escoamento. Uma parte do formulário está representado
na figura 10.2.
A superfície quente ou fria é a comparação com a temperatura do fluido.
Cada face terá seu h.
Figura 10.2: Efeito do número de Nusselt em relação a geometria e condição.
10.6 EXERCÍCIOS SOBRE COEFICIENTE DE CONVECÇÃO

1. Em uma placa plana de 150 x 100 mm há um aquecedor elétrico, a máxima


temperatura permitida no centro é de 150°C. A partir da análise empírica do evento
obteve-se Gr = 2,2 . 107, Pr = 0,7 e a equação para descrever a convecção natural é dada
abaixo: (R. 18,27 W).
1 1
Nu = 0, 456.Gr .Pr
4 4

Pede-se: Calcular o fluxo de calor por convecção em ambos os lados da placa,


considerando o ar a 27° e a condutividade térmica da placa como 0,026 W/m.K.

2. Um condensador de vapor é constituído de 10 tubos paralelos de 2,5 cm de diâmetro


interno e 5 m de comprimento. A água de resfriamento que passa no interior dos tubos
entra a 20°C e sai a 35°C, sendo sua vazão da ordem de 25.000 kg/h. Calcular o
coeficiente de convecção entre a água e a superfície interna dos tubos. (R.:
kcal
4094 ).
h.m 2 .°C
Dadas algumas propriedades da água:
kg kcal kcal kg
ρ = 1.000 3 ; k = 0,52 ; Cp = 1 ; µ = 3,37 .
m h.m.°C kg .°C h.m

10.6.1 Exercícios de convecção natural

3. Um aquecedor cilíndrico de 35 mm de diâmetro externo e 200 mm de comprimento é


introduzido até a metade da altura verticalmente na água a 10°C. Sendo a temperatura
da superfície uniforme e igual a 50°C, determine o coeficiente médio de transferência
de calor por convecção e o fluxo de calor da metade imersa na água parada.
g .β −1
Propriedades da água: k = 0,526 W/m.K; Pr = 5,55; 2 = 4402,5.106 ( K .m3 ) . (R.:
υ
516,17 W/m2.K e 229 W)

4. Ar resfriado está escoando através de um duto de ar condicionado. Supondo que a


temperatura superficial do duto seja 10°C e passe por um espaço a 30°C, calcule a taxa
de transferência de calor transferido por metro linear de duto. Dados:
Duto: altura = 0,2 m; largura = 0,3 m;
Ar: Tar = 30°C; β = 0,0033.K-1; k = 0,0265 W/m.K; υ = 15,7.10 -6 m2/s; Pr = 0,71
(R.: 78,75 W)

5. Uma placa de circuitos eletrônicos, plana de 0,3 x 0,3 m dissipa 15 W. Ela será
colocada em uma superfície isolada. a) na horizontal, b) a 45° de inclinação. Se o
circuito falhar acima de 60°C no ar “parado”, a 20°C, determinar em que caso é seguro
g .β
seu uso. Dados: Para o ar: Pr = 0,71; k = 0,0265 W/m.K; 2 = 1, 01.108 ( K .m3 ) −1. (R.:
υ
a) 22,78 W e b) 15,7 W. Ambos são seguros)
15. CONVECÇÃO

• Definir o problema de troca de calor por convecção apresentando as principais


características deste modo e as propriedades físicas envolvidas.
• Apresentar os diversos tipos de escoamentos entre fluidos e paredes.

Por definição um fluido é incapaz de resistir a qualquer tensão cisalhante nele


imposta, sendo capaz de se movimentar facilmente.
O processo de troca de calor envolve transporte de energia (entalpia), além do
mecanismo básico de condução.
Um fluido pode entrar em movimento pela existência de diferenças de massas
específicas (empuxo) ou por diferenças de pressão (divididas em convecção natural e
forçada).
Definindo um problema: considere o escoamento de fluido em torno de um perfil
qualquer, como uma asa de avião.
A velocidade do fluido (supostamente constante) é v, sua temperatura T∞ e a área de
contato As. Para que se tenha sentido a troca de calor, suponha que a temperatura
superficial seja Ts (suposta constante sempre aqui) e que Ts > T∞ , por comodidade.
Através da lei do resfriamento de Newton pode-se escrever:
W 
qC" = h.(Ts − T∞ )  m2  (Eq. 15.1)

Considerando a placa mais quente do que o fluido escoando sobre ela, este irá se
aquecer. Devido este aquecimento, a diferença entre a temperatura da parede e a
temperatura local do fluido diminui, embora, no infinito, permanecerá igual entretanto,
a troca de calor local diminuirá. Em conseqüência, o coeficiente de troca de calor, h,
deverá variar ao longo dela (conforme se nota na equação 15.1), portanto h é variável e
até o momento era considerado constante.
Em qualquer caso, a taxa de troca de calor por convecção pode ser obtida
integrando-se o fluxo local ao longo da superfície:
q = ∫ qC" .dAs (Eq. 15.2)
As

Substituindo 15.1 em 15.2: q = (Ts − T∞ ). ∫ h.dAs


As

Frequentemente interessa um coeficiente médio de troca de calor por convecção, hm,


assim:
1
hm = . ∫ h.dAs (Eq. 15.3)
As As
Este era o valor considerado implicitamente.

A temperatura T∞ para um fluido confinado (dentro de um tubo, por exemplo).


Neste caso, o conceito de um fluido muito afastado da superfície não é mais tão óbvio.
Assim, é necessária uma temperatura de referência.

A temperatura média definida a partir do valor médio de cálculo, análogo ao hm, não
é suficiente.
Já se sabe que a velocidade do fluido (escoamento) influencia na troca de calor. Se a
velocidade do fluido for elevada, a quantidade de massa escoando na unidade de tempo
será grande e, desta forma, a quantidade de energia (entalpia) também será. Portanto, a
temperatura média precisa depender da velocidade e da massa específica, ou seja, da
vazão em massa escoando.
Esta temperatura é chamada de temperatura média de mistura, ou temperatura de
mistura, Tb, definida por:
∫ ρ .u.cP .T .dA (Eq. 15.4)
Tb = A
∫ ρ .u.cP .dA
A

Onde u é a velocidade e u b é a velocidade média de mistura: ub =


∫ ρ .u.dA
A
(Eq.
∫ ρ .dA
A
15.5)
Para calcular ub é interessante determinar ρb , a massa específica de mistura:

ub = (Eq. 15.6)
ρb . A

15.1 PROPRIEDADES FÍSICAS

As propriedades físicas do fluido necessárias para o cálculo do coeficiente de


película, h, são: ρ, cP, k, β e µ.
É comum o aparecimento de combinação de propriedades como as difusividades
cinemática e térmica, definidas pelas relações:
∂u
τ = µ. (Eq. 15.7)
∂y
Onde τ é a tensão cisalhante, e a derivada da velocidade é uma medida da
deformação do fluido. Dividindo a viscosidade dinâmica (ou absoluta) pela massa
específica encontra-se:

µ
υ= (Eq. 15.8)
ρ
De forma análoga, obtém-se a difusividade térmica, α, ao se dividir a condutividade
térmica pelo produto ρ.cP. (energia armazenada, isto é energia interna). Assim, diz-se
que este grupo dimensional expressa a razão com que energia é transmitida pela energia
absorvida.
Uma substância com α elevado será capaz de difundir rapidamente e tenderá a
absorver mais energia.
c .µ
A combinação de P é conhecida como número de Prandtl, em homenagem ao
k
pioneiro nos estudos de camada-limite.
c .µ υ
Pr = P = (Eq. 15.9)
k α

Este é definido como a razão entre a difusão de momentum e a difusão térmica para
o fluido em repouso ou durante escoamento laminar.
Sob condições turbulentas, outros aspectos, como transporte de momentum e de
energia térmica são importantes, conforme será dito mais adiante.
Convém ter idéia das faixas de número de Prandtl para diferentes fluidos. Por
exemplo, metais líquidos (0,003 < Pr < 0,01), gases (0,7 < Pr < 1) e líquidos, a partir de
1, podendo variar muito devido à grande sensibilidade da viscosidade com a
temperatura. Por exemplo, a glicerina tem Pr = 1,5 (50°C) e cresce até 85.103 a 25°C.

Em inúmeras situações, a movimentação de massa ocorre sem a existência de uma


agente externo, como um ventilador. Esta situação, apresentada anteriormente, é
definida como convecção natural e tem explicação associada ao coeficiente de expansão
térmica, β (K-1), definido como:
1 ∂vesp 1 ∂P
β= . =− . (eq. 15.10)
vesp ∂T P ρ ∂T P

O coeficiente de expansão térmica ou volumétrica, no caso, é a medida da variação


do volume específico com a temperatura, em um processo a pressão constante, por
unidade de volume específico.

15.2 TIPOS DE ESCOAMENTO

Como mencionado algumas vezes, a convecção natural é simplesmente ação da


gravidade, enquanto na convecção forçada há um agente externo. Não é difícil
complicar mais estas situações, por exemplo:
• Geometria (placa, tubo etc) horizontal aquecida, com relação ao fluido, colocada
abaixo dele.
• Geometria horizontal aquecida colocada acima do fluido.
• Geometria vertical aquecida.
• Geometria vertical fria.
• Convecção mista, na qual há os dois tipos de escoamento.

A diferença é uma vazão mássica na direção transversal, isto é, a presença da placa


freia o escoamento horizontal e produz um escoamento vertical, de forma que ao longo
da placa, o escoamento é ligeiramente inclinado, ou quase paralelo a ela.
A região onde os efeitos da viscosidade se fazem presentes é chamada região de
camada-limite (hidrodinâmica). Este retardo é associado com a tensão cisalhante, τ, que
atua em planos paralelos a velocidade.
Naturalmente, a partir da parede (y = 0), o componente horizontal da velocidade do
fluido, u, deve crescer para poder atingir a velocidade da corrente U ∞ . O subscrito
infinito indica grandezas especificadas nessa corrente externa à camada-limite,
conforme a figura 15.1.
Figura 15.1: Representação da camada-limite hidrodinâmica.

A grandeza δ é chamada de espessura da camada-limite e é tipicamente definida


como o valor de y para o qual u = 0,99. U ∞ . O perfil de velocidades de uma camada-
limite descreve a maneira pela qual o perfil u varia ao longo de y, através da camada.
Pode-se dividir o escoamento em duas regiões distintas: uma fina camada de fluido, na
qual os gradientes de velocidades e tensões cisalhantes são significantes, e uma região
fora da camada-limite, na qual essas características são desprezíveis.

Com o aumento da distância a partir da borda de ataque da superfície, os efeitos da


viscosidade penetram no interior da corrente, e a região de camada-limite (sua
espessura) cresce ( δ cresce com x).

O nome camada-limite hidrodinâmica, ou de velocidade, é utilizado por se referir ao


perfil de velocidades. Ela se desenvolve sempre que houver um fluido deslizando ao
longo de uma superfície, e é de fundamental importância nos problemas que envolvem
convecção.

Da mesma forma que a camada-limite hidrodinâmica se desenvolve ao longo da


superfície, uma camada-limite térmica deve também existir quando houver uma
diferença de temperaturas entre fluido e a superfície.
Considere o escoamento sobre uma placa isotérmica. Na borda de ataque, a
temperatura do fluido é uniforme, indicando que T(y) = T∞ . Entretanto, no momento em
que entram em contato com a superfície, as partículas alcançam o equilíbrio térmico, na
temperatura da superfície. Isto significa que estas partículas passam a trocar energia
com outras partículas das camadas adjacentes, e assim por diante, resultando em um
gradiente de temperaturas que se desenvolve no fluido, conforme a figura 15.2.
A região onde esses gradientes existem é a chamada camada-limite térmica, e sua
espessura, δ t , é tipicamente definida como o valor de y para qual a razão é:

Ts − T
= 0, 99 (Eq. 15.11)
Ts − T∞

Como antes, com o aumento da distância da borda de ataque, os efeitos de troca de


calor penetram na corrente e a camada-limite térmica cresce.

Figura 15.2: Representação da camada-limite térmica.

Em uma distância x a partir da borda de ataque, o fluxo local de calor pode ser
obtido aplicando-se a lei de Fourier no fluido em y = 0. Esta expressão pode ser
aplicada ali, pois, pela condição de não deslizamento não há movimento de fluido e a
troca de energia só pode ocorrer por condução. Aplicando o balanço de energia na
interface parede/fluido, pode-se escrever: qC = qK.

E com isto, obtém-se uma primeira definição – bastante geral, claro – para o
coeficiente de troca de calor por convecção, h:

∂T
k fluido .
∂y y =0
h= (Eq. 15.11)
Ts − T∞

15.2.1 REGIMES DE ESCOAMENTO

É fundamental saber o regime de escoamento para tratamento de qualquer problema


de convecção, pois a perda pelo atrito na camada-limite hidrodinâmica ou as taxas de
troca de calor por convecção na camada-limite térmica são fortemente dependentes das
condições do escoamento.
Se o fluido escoa a velocidade relativamente baixas, há uma forma bem definida de
escoamento, na qual camadas de fluido se movem umas sobre a outras, trocando
energia, momentum etc. a um nível puramente molecular. Este escoamento é dito
LAMINAR, é bastante ordenado, apesar da existência do componente transversal de
velocidade, v, provocado pela condição de não deslizamento que acaba empurrando o
fluido na direção vertical. Este movimento normal à superfície é responsável pelo
crescimento da camada-limite na direção x.

Com o aumento da velocidade, a tendência observada do escoamento é passar a


transferir massa, energia e momentum na forma de pacotes de fluido em direções
normais à principal, denotando forte componente de escoamento secundário. Este
movimento é bastante caótico e irregular, caracterizado por flutuações de velocidade, e
é chamado de TURBULENTO. Estas flutuações intensificam a transferência de
momentum e energia, e portanto, aumentam o atrito superficial e as taxas de convecção.

A mistura de fluidos resultante dessas flutuações aumentam a espessura da camada-


limite e torna seus perfis (velocidade e temperatura) bastante mais chatos (isto é, mais
uniformes) que no caso laminar.

Figura 15.3: Representação do perfil da camada-limite de acordo com o regime de


escoamento.
u
A figura 15.3 mostra que a velocidade adimensional em qualquer posição x
U∞
pode ser expressa como função da distância adimensional contada a partir da parede,
y
,
δ
No estudo do comportamento de uma camada-limite é comum supor que a transição
de um regime para o outro de escoamento acontece em uma posição x, embora isto só
seja verdade do ponto de vista puramente acadêmico. Este ponto é definido pelo número
de Reynolds, expresso por:
ρ .U ∞ .x U ∞ .x
Re = = (Eq. 15.12)
µ υ

Onde o comprimento característico é medido a partir da origem (borda de ataque). O


número de Reynolds crítico, Rec, é aquele no qual a transição começa e, para
escoamento sobre uma placa plana varia entre 105 e 3.10 6, dependendo da rugosidade
superficial e do nível (intensidade) de turbulência do escoamento livre. A transição
adotada aqui será de 5.105.

A relação entre as tensões e deformação em um escoamento turbulento é mais


complexa que aquela vista para um escoamento laminar devido à natureza caótica do
escoamento.
Como exemplo de uma análise, vê-se que a proposta de Reynolds que postulou a
existência de um coeficiente de difusividade de momentum, εm, com unidades
semelhantes a υ, viscosidade cinemática do escoamento laminar, para fazer a tensão
cisalhante turbulenta ser expressa como combinação linear dos coeficientes laminar e
turbulento:
∂u
τ = ( µ + ρ .ε m ) . (Eq. 15.13)
∂y
∂u
ou então, τ = ( µ + ρ .ε m ) . (Eq. 15.14)
∂y
Reynolds, de forma análoga, propôs um coeficiente de troca térmica turbulenta, εt,
como uma medida de difusão de energia térmica devido ao movimento do fluido em
uma direção transversal à direção principal, como a difusividade térmica, α, da situação
laminar. Esses coeficientes podem ser escritos como:

q ∂T
= −(k + ρ .cP .ε t ). (Eq. 15.15) ou,
A ∂y

q ∂T
= −(α + ε t ). (Eq. 15.16)
A.ρ .cP ∂y

A combinação (α + ε t ) , contabiliza a difusão de energia na direção y transversal à


direção x do movimento principal.

15.3 DÚVIDAS MAIS COMUNS

P.: Difusividade térmica?


R.: Consultando uma tabela, descobre-se que a α do ar vale 22,5.10-6 m2/s (a 23°C).
Enquanto para a água vale 134.10-9, quase 200 vezes menor. Observa-se que o
aparecimento da massa específica faz a α térmica variar muito. Assim, a capacidade do
gás de absorver energia do ar é muito menor que a capacidade de transmiti-la,
especialmente comparada com a água. Como isto significa que rapidamente pontos
localizados longe da fonte recebem a informação vindo dela, estes por receberem
energia, têm sua densidade diminuída, provocando o aparecimento do empuxo, daí a
movimentação de massa.

15.4 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. O coeficiente de troca de calor por convecção sobre uma placa horizontal o


regime laminar é dado por: hx = C.x-0,5.
Onde o valor da constante depende de diversos fatores, tais como a natureza do fluido,
velocidade etc. Determine o valor médio desse coeficiente supondo uma placa de
comprimento L.
Considere em seguida, o regime turbulento. Nesta situação, tem-se que: hx = C.x-0,2.
Compare os dois resultados.

Solução:

Deve ser notado que existe um ponto de descontinuidade em x = 0, pois um


coeficiente infinito não tem significado. Supondo a variação apenas com a direção x, a
expressão do coeficiente médio se escreve a partir da equação 15.3:
L L
1 1 1
hm = . ∫ h.dAs = .∫ h.dx = .∫ C.x − n .dx
As As L 0 L 0

Onde se define um coeficiente geral, do tipo: hx = C.x-n


Integrando-se, obtém-se:
C.L− n h( x = L )
hm = ⇒ hm =
1− n 1− n

No regime laminar, tem-se n = 0,5. Com isto, o valor médio do coeficiente de troca
de calor sobre uma placa de extensão L é duas vezes o valor do coeficiente de troca de
calor determinado na posição x = L, valor este local.
No regime turbulento, n = 0,2 e, com isto:

hm = 1,25.h.(x = L)

Na verdade é mais complexo, pois o regime turbulento só é alcançado após um certo


trecho ao longo do escoamento (a camada-limite começa laminar). Ou seja, há um
trecho laminar e outro turbulento.

2. Considere: R.P., escoamento laminar, de um fluido cujas propriedades podem ser


consideradas constantes, entre duas placas submetidas a uma certa pressurização ao
longo do eixo principal. O perfil de velocidades pode ser escrito por:

u(y) = C1.(y2 – y.h)


Onde C1 é uma constante que depende da viscosidade e do gradiente axial de pressões, h
é a largura do canal e y é a ordenada contada a partir da placa inferior, de temperatura
T1. A temperatura da placa superior vale T2.

Aplicando-se a 1ª lei da termodinâmica, obtém-se o perfil de temperaturas como:

 y 4 2.h. y 3 h 2 . y 2  T2 − T1
T ( y ) = C2 .  − + + . y + T1
 3 3 2  h

Nestas condições, determine a temperatura média e compare tal valor com a


temperatura média de mistura.

Solução:
Usando o teorema do valor médio de cálculo, escreve-se:
h
1
Tm = .∫ T ( y )dy
h 0
Substituindo o perfil T(y) e integrando:

C2 .h 4 T1 + T2
Tm = +
15 2

Cessando o escoamento, a troca de calor só pode acontecer por condução. Neste


caso, a temperatura média do fluido é simplesmente a média das temperaturas das duas
placas. Por outro lado, a definição de temperatura média de mistura leva em conta o
perfil de velocidades, conforme:

Tb = A
∫ ρ .u.cP .T .dA
∫ ρ .u.cP .dA
A
Com a hipótese de propriedades constantes, esta expressão se reduz:
h

∫ u.T .dy
0
Tb = h

∫ u.dy
0

C2 .h 4 T1 + T2
Realizando as duas integrações, obtêm-se: Tb =
+
20 2
Novamente, quando o escoamento cessar, isto é, quando C2 for zero, obtém-se a
média aritmética do perfil linear da condução de calor. Entretanto, o valor de Tb será
ligeiramente inferior ao valor de Tm anteriormente obtido. Será também mais próximo
da média aritmética. A diferença reflete a influência do perfil de velocidades, isto é, do
escoamento. Como a temperatura média de mistura reflete o conteúdo de entalpia da
seção, este valor é o representativo da energia média da seção.

3. Encontre a espessura da camada-limite hidrodinâmica nestas situações:


• Brisa: 1 km/h.
• Vento: 10 km/h.
• Ventania: 100 km/h.
Suponha regime laminar e uma distância de 1, 10 e 100 metros da borda de ataque.
Considere υ = 1,5.10 -5 m2/s.
Solução:

5.x υ .x
δ = 5.x.Re −0,5 = = 5. .
Re U

4. Um fluxo contínuo de ar frio, a 10°C, é dirigido sobre uma placa plana que está a
temperatura constante de 160°C. A distribuição de temperaturas no ar, em uma posição
x0, ao longo da placa, segue a relação a seguir:
U .y
T − Ts − Pr . ∞
= 1− e υ
T∞ − Ts

Onde y é a distância perpendicular à superfície e U ∞ = 0,08 m/s é a velocidade externa


do ar. Calcule o fluxo de calor na posição x0, bem como o coeficiente h e a espessura da
camada-limite neste mesmo local.

Solução:
Por definição, o calor trocado na superfície da placa (y = 0) é explicado pela lei de
Fourier, uma vez que a velocidade de deslizamento do fluido com relação à parede é
dT
nula. Isto é: q = −k . A.
dy y =0
Na superfície, então:

q dT
( y = 0) = q "( y = 0) = −k .
A dy y=0

Diferenciando a expressão, obtém-se:

Pr
q "( y = 0) = −k .(T∞ − Ts ).
.U ∞ = − ρ .cP .(T∞ − Ts ).U ∞
υ
Lembrando a definição do número de Prandtl, por exemplo. O próximo passo é a
determinação das propriedades. Embora a discussão será melhor mais adiante, o fato é
que o campo de temperaturas altera o valor das propriedades termodinâmicas, e isso
deve ser considerado. A maneira mais usual para levar isto em conta é através do uso da
chamada temperatura de filme, Tf, definida pela fórmula:
Ts + T∞
Tf =
2
No caso em questão, a temperatura Tf vale 85°C ≈ 360 K. Utilizando uma tabela de
propriedades do ar, encontra-se para 350 K:

• ρ = 0,995 kg/m3.
• cP = 1,009 kJ/kg.K.
• Pr = 0,7.
• υ = 20,9.10-6 m2/s.

Com isto, finalmente se obtém que q”(y = 0) = 12.047 W/m2. A determinação do


coeficiente de troca de calor por convecção segue diretamente:

q" (y = 0) = h.( Ts + T∞ )

Resultando em h = 80,3 W/m2.K. A determinação da espessura da camada-limite na


posição citada depende da definição desta. A espessura da camada-limite é definida
como a região na qual a diferença de temperaturas vale 99% da diferença total de
temperaturas, ou seja:

U .δ
T ( y ) − Ts − Pr . ∞ t
= 1− e υ = 0,99
T∞ − Ts
Onde δ t é a espessura da camada-limite térmica. Substituindo e operando, encontra-
se:
δ t = 1,72 mm

5. Considere uma placa plana de aço carbono 1010 (k = 40 W/m.K) sujeita a um


fluxo radiante de energia estimado em 2000 W/m2 na sua face norte. A face sul está
isolada. Um fluido em movimento sobre a placa é tal que o coeficiente de troca de calor
por convecção é dado pela tabela a seguir:

Pede-se: Determinar a temperatura no ponto médio da face isolada, sabendo-se que


a temperatura do fluido é de 25°C. Depois de determinar esta temperatura, estime a
perda por radiação. Analise a pertinência de ter desprezado a radiação na primeira parte.

Solução:
O problema é aparentemente imediato. Para sua solução, basta igualar a taxa de
energia sendo fornecida à placa com a taxa de energia perdida por convecção, visto que
a outra face da placa está isolada. O balanço de energia se escreve:

qR = h.As.(Ts - T∞ )
Entretanto, a dificuldade aparece, pois o coeficiente de troca de calor por convecção,
h, é dado por uma tabela, sendo dependente da temperatura. A determinação das
propriedades termodinâmicas e de h depende da chamada temperatura média de mistura,
Tf, dada pela média entre Ts e T∞ . A situação, no entanto, se complica rapidamente, pois
Ts é a incógnita. Isto é:

T +T 
qR = h(Tf).As.(Ts - T∞ ) = h.  s ∞  . As . (Ts - T∞ )
 2 

Tem-se duas opções. A primeira é realizar o processo iterativamente, arbitrando um


determinado valor para Ts, determinando h, e obtendo o novo valor para Ts que será
usado para corrigir o valor de h, e com isso... Ao final do processo, obtemos:
• Ts = 66,7°C.
• Tf = 45,9°C.
• h = 47,9 W/m2.K.

Uma outra maneira é observar que a variação de h com T é uma linha reta (neste
caso). Assim, pode-se determinar esta equação:

1  Ts + T∞ 
h = 0,5.T + 25 = . + 25
2  2 
Substituindo essa expressão no balanço de energia:
1 
qR = h.As.(Ts - T∞ ) =  . ( Ts + T∞ ) + 25  . As .(Ts − T∞ ) (Ts - T∞ )
4 

A qual se reduz supondo área unitária: TS2 + 100.Ts − (T∞2 + 100.T∞ + 4.qR ) = 0

Resolvendo esta equação do segundo grau, Ts = 66,7°C.


Deve-se notar que o procedimento anterior é melhor por ser mais geral.
Para estimar as perdas por convecção, pode-se utilizar este valor de temperatura
superficial:

( )
qperdido = σ.A. TS4 − T∞4 = 308,8 W.

Ou seja, aproximadamente 15,5% do calor fornecido à placa.

16. ANÁLISE DIMENSIONAL

Estuda-se transmissão de calor com um objetivo em mente: entender as


características das trocas de calor entre dois ou mais corpos. Isto envolve o uso de
princípios básicos, a dedução das equações fundamentais (Lei de Fourier, equações de
conservação etc), das condições-limite (ou de contorno) etc., constituindo o chamado
modelo matemático, o qual pode ser definido por equações algébricas, diferenciais
ordinárias e parciais, integrais e as devidas condições de contorno. Muitas vezes, a
complexidade das situações de interesse e a conseqüente complexidade dos modelos
matemáticos têm impedido a obtenção das soluções de forma sistemática. Assim, a
experimentação feita em laboratórios (numéricos e/ou físicos) constituiu uma etapa
importante no entendimentos dos problemas. Portanto, os objetivos do capítulo são:

• Apresentar os conceitos relacionados com análise dimensional no contexto de


convecção.
• Discutir alguns parâmetros adimensionais.

Embora possa-se definir uma longa lista de grupos adimensionais, o mais


importante é mostrar a relevância deles no contexto de um experimento.

Exemplo 1) Escoamento interno a dutos:

Se deseja-se estudar, por exemplo, a perda de carga (isto é, a queda de pressão, ∆P)
de um escoamento de um fluido definido pela massa específica, ρ e viscosidade absoluta
µ, escoando com velocidade V através de um duto de diâmetro D e comprimento H. O
termo rugosidade superficial foi deixado de lado, temporariamente, para simplificar o
estudo. Isto significa na prática que trata-se da situação de duto liso. Entretanto, este
termo será incluído no final desta apresentação para exemplificar o potencial desta
ferramenta.
Uma vez identificadas todas as variáveis relevantes, o primeiro passo é escrever a lei
de dependência que explicita a relação entre elas. No caso em análise, seriam:

∆P = f(ρ, V, µ, D, H)

Não é difícil imaginar que tarefa gigantesca realizar estes ensaios com tantas
variáveis. Felizmente, essa tarefa é auxiliada pela análise dimensional.
O primeiro passo consiste em escrever as respectivas unidades em termos das
dimensões fundamentais. Por exemplo: a velocidade é definida como a razão entre o
comprimento [L] e o tempo [T], enquanto a massa específica é a razão entre a massa
[M] e o volume [L3]. Reunindo os termos para a perda de carga, têm-se:

 M  M  L  M 
∆P  2  = f(ρ  3  , V   , µ  , D[L], H[L])
 T .L  L   T   T .L 

A relação adimensional exige que se elimine todas as dimensões existentes. Isto é


feito combinando-as.
O primeiro passo é a escolha da primeira dimensão a ser eliminada. Aleatoriamente
o comprimento, L. Ela aparece em todas as variáveis, entretanto, analisando a influência
da massa M, ela só aparece na massa específica e na viscosidade.
O próximo passo consiste na escolha da variável independente que será operadora.
Novamente, a escolha aleatória é o diâmetro D. Isto é, elimina-se a dimensão L através
da manipulação ordenada do diâmetro D. Resultando em:

M  V 1 M  D L H L


∆P.D  2  = f(ρ.D3 [ M ] , V   , µ.D   ,   ,   )
T  D T   T  D L D L

O termo H/D já é um termo adimensional. O termo D/D pode ser eliminado. Nesta
primeira rodada, a lista de dependências fica resumida a:
M  V 1 M  H
∆P.D  2  = f(ρ.D3 [ M ] , V   , µ.D   , )
T  D T  T  D

Novamente escolhe-se outra dimensão, que tal M e uma das variáveis que a
relacionam. E que tal o produto da massa específica ρ por D3? Para eliminar a massa M
do lado esquerdo, basta dividi-lo por ρ.D3, resultando em:

M 
∆P.D  2 
 T  = ∆P  1 
3
ρ .D [ M ] ρ .D 2  T 2 

Por extensão, operando nos demais termos, obtêm-se:

∆P  1  V 1 µ 1 H 
2  2
= f   , 2  
, 
ρ.D  T   D  T  ρ .D  T  D 

Neste caso, a única dimensão que falta ser eliminada é o tempo, T, que pode ser
V µ 
feito por  e . Para exemplificar, note a eliminação de T via V/D ou D/V:
D ρ .D 2 

Para se adimensionalizar o termo do lado esquerdo, de dimensão [T-2], basta


multiplicá-lo por (D/V)2, de dimensão [T2], resultando em:

∆P  1  D 2 2 ∆P
2  2 
. 2 [T ] = [1]
ρ.D  T  V ρ .V 2
Portanto, a relação se reduz a:

∆P  µ H
2
= f , 
ρ.V  ρ .D.V D 

Como os termos são adimensionais, podemos alterá-los. Por exemplo: o primeiro


termo do lado direito é o inverso do número de Reynolds, por comodidade pode-se
escrever:

∆P  ρ .V .D H  H
2
= f ,  = f (Re, ) (Eq. 16.1)
ρ.V  µ D D

Resumindo, a dependência funcional entre as variáveis de interesse ∆P = f(ρ, V, µ, D,


∆P H
H) neste primeiro problema, se reduz a: 2
= f (Re, )
ρ.V D

A ordem de eliminação das dimensões não é importante. Outras expressões podem


ser obtidas. Embora o resultado apresentado seja para tubos lisos, para tubos rugosos (
nos quais a rugosidade, definida por alturas na superfície do material, é medida em ε
[L]), se escreve:
∆P H ε
2
= f (Re, , )
ρ.V D D

Exemplo 2) Empuxo:

Considere uma esfera de um determinado material (massa específica ρ) que cai, sob
a ação da gravidade em fluido de massa específica ρf e viscosidade µ. Pede-se
determinar a velocidade terminal da esfera.
Uma observação deve ser feita. Um balanço de forças nos indicará três forças
presentes: a força viscosa, a força de inércia e o empuxo (devido às diferenças entre as
massas específicas da esfera e do fluido, ∆ρ). Assim, lista-se as variáveis:

V = f(g.∆ρ, D, ρ, µ)

Pois a força que poderá acelerar a queda da esfera, seu peso, será contrabalanceada
pelo empuxo. Em termos das dimensões fundamentais, a relação se escreve:

L  M  M   M 
V   = f(g.∆ρ  2 2  , D[L], ρ  3  , µ  )
T
   L .T   L   L.T 

A primeira eliminação será a do comprimento e será conduzida pelo diâmetro D. o


resultado será:

V 1 M  M 
  = f(g.∆ρ.D2  2  , ρ.D3[M], µ.D   )
D T  T  T 

Em seguida, eliminar M operando via ρ.D3, resultando em:

V 1 g.∆ρ  1  µ  1 
  = f( , )
D T  ρ .D  T 2  ρ.D 2  T 

Finalmente, T:

ρ .V .D  g .∆ρ .D3 
= f 2 
µ  ρ .υ 
Onde o primeiro termo é o número de Reynolds e o segundo é o número de Grashof.
Assim, o experimento a ser conduzido em laboratório deverá reportar apenas:

Re = f(Gr) (Eq. 16.2)


Como foi visto no capítulo 15, o número de Reynolds é uma relação entre forças de
inércia e forças viscosas e o número de Grashof, que é utilizado no estudo de convecção
natural é uma relação que envolve empuxo, inércia e forças viscosas, de forma que:

Fb Fi
Gr ≈ .
Fv Fv

Exemplo 3) Regime transiente em condução de calor em placas planas:


Tema estudado no capítulo 7. Para facilitar a presente análise, reveja a figura:

Figura 16.1: Placa plana com convecção.

As variáveis deste problema são:

T(x,t) = f(x, t, L, α, k, h, T0 , T∞ )
Antes de prosseguir, deve ser lembrado que as trocas de calor acontecem pela existência
de diferenças de temperatura, e não das temperaturas. Assim, a física sugere algo como:

T(x,t) −T∞ = f(x, t, L, α, k, h, T0 − T∞ )

A relação funcional se traduz em:

 L2   M .L   M 
(T(x,t) −T∞ )[θ]= f(x[L], t[T], L[L], α   , k  3  , h  3  , T0 − T∞ [θ ])
 T   T .θ   T .θ 

Seguindo a sequência seguir:


• Eliminação de M, operando via k (condutividade térmica).
• Eliminação de L, operando via L (semi-espessura da placa).
• Eliminação de θ, operando via ( T0 − T∞ ) .
• Eliminação de T, operando via t.

Obtêm-se assim:

T ( x, t ) − T∞  x α .t h.L 
= f , 2 , 
T0 − T∞ L L k 

T ( x, t ) − T∞
Ou seja: = f (η , Fo, Bi ) (Eq. 16.3)
T0 − T∞
Como pode ser visto, as cartas transientes descrevem esta relação exatamente.

Exemplo 4) Convecção mista:

Problemas que envolvem troca de calor por convecção natural e forçada ocorrendo
simultaneamente chamam-se convecção mista.
Supõe-se uma esfera quente exposta ao ar ambiente frio. Embora um ventilador
esteja funcionando, empurrando fluido sobre a superfície,a diferença de temperaturas
(fluido e placa) é tal que se espera movimentação do fluido também devido ao empuxo.
Nesta situação, a lista de variáveis pode ser:

h = f(D, VF, VN, µ, ρ, cP, k)

Onde VF indica a velocidade induzida pelo escoamento forçado, e VN, a velocidade


induzida por empuxo. Viu-se no exemplo 2, ao tratar da velocidade de queda de uma
esfera em um meio fluido, que o termo g.∆ρ deve ser incluído no lugar de VN.
No caso de interesse, a diferença de massas específicas é resultante da diferença de
temperaturas entre dois pontos no fluido, o que é mais bem tratado através do
coeficiente de expansão volumétrica, β:

 dρ 
ρ − ρ 0 = ∆ρ ≈   .∆T ≈ β .ρ .∆T
 dT 
Seguindo as etapas a seguir:
• Eliminação de M, operando via k.
• Eliminação de L, operando via D.
µ.D 2
• Eliminação de θ, operando via .
k
ρ .D 2
• Eliminação de T, operando via .
µ
Obtêm-se:

Nu = f(Re, Gr, Pr) (Eq. 16.4)

Pode-se ver que esta expressão significa:

convecção  F F F entalpia Fv 
= f  i, b. i, . 
condução  Fv Fv Fv condução Fi 
O estudo da convecção mista é complicado pela existência dos dois mecanismos de
movimentação, embora por vezes um deles pode ser desprezado em função do outro. O
parâmetro relevante neste estudo será uma razão entre a força de empuxo (responsável
pela movimentação por convecção natural) e a força de inpercia (responsável pela
movimentação por convecção forçada). Assim, escreve-se:

 
Fi
F   F F  Gr
f  b  = f  b . v2
 = 2 (Eq. 16.5)
 Fi   Fv Fi
 Re
 
Fv2
 
Tem-se uma relação que indica adequadamente quando desprezar um dos termos em
Gr
presença do outro. Quando 2 ≈ 1 , os efeitos de empuxo não poderão ser desprezados.
Re

16.1 PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS

Uma vez utilizada a análise dimensional para a obtenção das variáveis de interesse
em um determinado experimento, o próximo passo é analisar como os resultados com
um modelo, em laboratório, poderão ser usados para o dimensionamento do protótipo.
Deseja-se determinar em quais condições pode ser transpor os resultados levantados
pelo modelo para o cálculo ou dimensionamento do protótipo. Isso envolve o conceito
de similaridade.
A primeira providência é construir um modelo em escala reduzida, por economia,
mas mantendo a mesma forma geométrica (condição de similaridade geométrica). Isto
significa que se tiver um cilindro cuja razão de aspecto (relação entre o diâmetro e a
altura) seja 2,5, por exemplo, o cilindro do modelo tem que ter a mesma proporção.

Suponha agora aquele experimento de perda de carga. A relação funcional obtida


foi:
∆P H
2
= f (Re, )
ρ.V D
Para garantir a similaridade dinâmica entre modelo e protótipo, precisaremos ainda
que:
Remodelo = Reprotótipo

ρ .v.D ρ .v.D
Ou seja, =
µ modelo µ protótipo

Assim, se o fluido for o mesmo, para se ter similaridade dinâmica, tem que ser:

Vmodelo D
= protótipo
Vprotótipo Dmodelo
A qual define a velocidade do modelo em função da velocidade esperada no
protótipo e a razão entre diâmetros. Nessas condições, pode ser garantido que:

∆P ∆P
=
ρ.V 2 modelo
ρ .V 2 protótipo

Lembrando o problema de convecção mista, pode-se utilizar os resultados obtidos


no modelo para obter resultados a serem obtidos no protótipo.
Obteve-se que: Nu = f(Re, Gr, Pr)

A relação entre as forças de empuxo sobre as forças de inércia se escreve como:

 F  Gr
f  b= 2
 Fi  Re

A experiência indica que, se um problema de convecção mista for fortemente


dominado pelo empuxo, o número de Nusselt devido se relacionará com o número de
Nusselt de convecção natural por uma relação da forma:

 Re2 
Nucomb ∼  1 +  .Nunatural
 Gr 
Desenvolvendo esta relação, obtém-se uma razão entre o coeficiente de troca de
calor por convecção mista e o de convecção natural, como:

hcomb  V2 
= Rh = 1 + 
hnatural  g.β .∆T .L 

Assim, comparando-se os resultados entre modelo e o protótipo, a seguinte relação


deve ser levada em conta:

 V2 
 1 + 
Rhmodelo  g .β .∆T .L  modelo
= Rh =
Rh protótipo  V2 
 1 + 
 g.β .∆T .L  protótipo
E com isto, os resultados do experimento feito poderão ser transferidos ou um
experimento poderá ser planejado.

16.2 PARÂMETROS ADIMENSIONAIS

De qualquer forma, cada número adimensional que existe relaciona algumas


variáveis que influenciam determinados problemas descritos pela física. Desta forma, é
razoável considerar que estes números contenham a física.
Sabe-se, por exemplo, que enquanto o número de Reynolds de um escoamento
interno a dutos permanecer abaixo de 2.000, o escoamento será laminar, independente
do tamanho do duto ou a velocidade. Desta forma, diz-se que os números de Reynolds
determinam as condições do escoamento, pois representa a razão entre as forças de
momentum (isto é, de inércia) e as forças viscosas.

 dV  V 
• Força de inércia: Fi = m.   ≈ m.   .
 dt  t 
L V 2 
• Massa m =ρ.L3 e t = . Portanto, Fi ≈ ρ .L3 .   .
V  L 
 dV  V  2
• Força viscosa: Fv = τ.A = µ .   . A = µ .   .L .
 dy  L

Fi ρ .V .L
Dividindo uma expressão pela outra, obtêm-se diretamente que = , um
Fv µ
grupo ou relação adimensional de propriedades que chama-se número de Reynolds, em
homenagem a Osborne Reynolds.
É possível analisar o número de Prandtl assim. Apesar de ser escrito pela relação
υ/α, ele é mais sofisticado do que isto. Este número é uma medida da eficiência relativa
do transporte de momentum e de energia por difusão nas camadas-limite hidrodinâmica
e térmica. Como foi visto, o número de Prandtl de gases é da ordem da unidade,
denotando que a difusão momentum e de energia são comparáveis. Para metais líquidos,
Pr << 1, e a difusão de energia é muito mais importante que a difusão de momentum. O
oposto é verdadeiro para óleos (Pr >> 1). Claramente, isso está associado ao
crescimento das camadas-limite. Uma observação final é que no escoamento turbulento
essas relações se alteram, pois a difusão molecular é superada pela mistura turbulenta.
Para um gás, δ m ≈ δ t , para metais líquidos, δ m << δ t , para óleos, δ m >> δ t .
Uma definição mais sofisticada diz que Pr significa
escoamento de entalpia ( forças viscosas )
. , indicando claramente o acoplamento entre
(condução de calor ) forças de inércia
as equações de quantidade de movimento e a de energia, pois, se há escoamento
(velocidade), há transporte de entalpia (energia).

Quando o movimento do fluido é devido às forças de empuxo, não temos mais a


velocidade controlada por agente externo como um ventilador, que caracteriza o número
de Reynolds. Neste caso, o número adimensional é o número de Grashof, definido
como:

g.β .∆T .L3


Gr = (Eq. 16.6)
υ2

Este número indica a relação entre as forças de empuxo, de inércia e viscosas:


• Força de empuxo = Fb = gravidade . diferença de massa = g.∆ρ.L3 ≈
ρ.∆T.β.g.L3. Onde o coeficiente de expansão volumétrica foi usado.
V2
• Força de inércia = Fi = ρ.L3. . (já visto)
L
V
• Fv ≈ µ. .L2 . (também já visto)
L

F  F 
O número de Grashof é definido pela razão entre  b  .  i  . Em alguns
 Fv   Fv 
escoamento aparece o número de Rayleigh, Ra, definido essencialmente como o
produto do Gr pelo Pr.

g.β .∆T .L3


Ra = (Eq. 16.7)
υ .α
 F  transporte de entalpia
O qual pode ser escrito como a razão entre  b  . . Claro,
 Fv  condução de calor
existem inúmeros parâmetros adimensionais. O último que será apresentado será o
Número de Nusselt. Definido como uma razão entre convecção e condução no fluido.
• Convecção: lei do resfriamento de Newton ≈ h.L2 .θ .
θ
• Condução: lei de Fourier ≈ k f .L2 . .
L

A razão entre esses dois termos é conhecida como Número de Nusselt:

h.L
Nu = (Eq. 16.8)
kf
Deve ser notada a semelhança entre o Número de Nusselt e o Número de Biot.
Entretanto, eles não devem ser confundidos por tratarem de situações diferentes.
Enquanto o Número de Biot se refere à razão entre convecção no fluido e a condução
de calor na peça, o Número de Nusselt se refere à razão entre a convecção e a
condução no fluido.

De forma análoga ao que se discutiu sobre o número adimensional de Reynolds,


utilizado como critério para determinar as condições de um escoamento, convém fazer o
mesmo para se saber se os efeitos de empuxo, isto é, convecção natural, devem ser
considerados em presença de um escoamento forçado. Os dois grupos adimensionais,
Reynolds e Grashof, fornecem empiricamente que os efeitos do empuxo devam ser
considerados desde que a razão seja:

Gr
>1 (Eq. 16.9)
Re2

18. ESCOAMENTOS EXTERNOS NÃO SUBMERSOS

É chegada a hora de estudar a determinação quantitativa do coeficiente de troca de


calor, de película ou de filme, h. O estudo é dividido em:
1. Re-apresentação das equações que descrevem o movimento do fluido.
2. Convecção Forçada em escoamentos externos (cap. 18 e 19 deste).
3. Convecção Forçada em escoamentos internos (cap. 20).
4. Convecção Natural.

18.1 EQUAÇÕES

18.1.1 Continuidade

Indica que no caso bidimensional, uma eventual diminuição (ou aumento) na


quantidade de massa escoando ao longo da direção horizontal, x no caso, deve ser
balanceada pelo correspondente aumento (ou diminuição) da massa escoando ao longo
da direção vertical, y no caso. A equação é a seguinte:

∂u ∂v
+ =0 (Eq. 18.1)
∂x ∂y
18.1.2 Momentum

Indica o balanceamento entre as forças de inércia (lado esquerdo da equação abaixo)


e a força viscosa, em uma situação como a proposta, na qual o gradiente de pressão é
nulo e as forças de empuxo são desprezadas. A equação é a seguinte:

∂u ∂u  ∂ 2u 
u. +v = υ.  2  (Eq. 18.2)
∂x ∂y  ∂y 
18.1.3 Energia

A equação abaixo exprime o balanceamento entre a energia de transporte de fluido,


a entalpia, e a força de difusão (ou condução) térmica, com outros efeitos sendo
desprezados.
∂T ∂T  ∂ 2T 
u. +v = α. 2  (Eq. 18.3)
∂x ∂y  ∂y 

Após re-apresentar as equações que descrevem um fluido em movimento, a


diferença entre o escoamento dito externo e o interno a dutos indicam uma divisão
natural ao entendimento. Iniciando o estudo pelo escoamento externo, nota-se que as
camadas-limite podem crescer livremente, isto é, sem as restrições impostas pelas
paredes próximas (por exemplo, o caso de um escoamento interno em um duto). Desta
forma, há uma região onde a difusão viscosa (térmica e massa) é importante (região de
camada-limite), de mesma ordem dos efeitos de inércia. E uma região dita externa, onde
os gradientes de velocidade, temperatura e concentração (variando dependendo da
natureza do escoamento e do fluido).
Como o objetivo é a determinação do coeficiente h, usa-se o número de Nusselt, o
qual indica a relação entre a troca de calor por convecção e por condução no fluido.
Como discutido anteriormente, conclui-se que: Nux = f(x, Re, Pr) ou integrado para
obter-se os valores médios: NuL = f(ReL, Pr). Os subscritos x ou L indicam que valores
locais ou médios (integrados desde x = 0 até x = L) são usados.
Existem duas maneiras de determinar as características dessas funções: métodos
experimentais (físicos ou numéricos) e métodos teóricos, como dito em outro capítulo.
Para exemplificar um escoamento externo, considere um sobre uma placa plana. A
despeito da intensidade da turbulência do escoamento principal, pela condição de não-
deslizamento, a camada-limite começa na borda de ataque da placa, no regime laminar,
e, eventualmente após um determinado número de Reynolds local atingir cerca de 5.105
(valor médio que será considerado neste livro), o escoamento se torna turbulento. Este
número de Reynolds é dito ser o crítico.
Como hipóteses de trabalho escoamento laminar, regime permanente, fluido
incompressível, propriedades constantes e dissipação viscosa desprezível (ausência de
fontes internas).
Blasius percebeu que os perfis de velocidades em diferentes ao longo da placa,
direção x, eram similares, isto é, diferiam somente por um fator de ajuste. Em outras
u
palavras, a velocidade adimensional em qualquer posição x pode ser expressa
U∞
y
como função da distância adimensional contada a partir da parede, , ou seja:
δ
u y
 
= g .   (Eq. 18.4)
U∞ δ 

5.x υ .x
A relação entre δ e x é: δ = 5.x.Re −0,5 = = 5. (Eq. 18.5)
Re U

Levando esta expressão ao perfil de velocidades, resulta:


u  U  U
= g .  y. ∞  = g (η ) Onde η = y. ∞
U∞  
υ. x  υ .x

Trata-se do fator de ajuste, adimensional, citado anteriormente.
Os resultados indicam que quando η = 5, u ≈ 0,99.U ∞ . Por isto definiu-se a
espessura da camada-limite conforme a equação 18.5.
Como sempre é importante saber o coeficiente de atrito e este está associado à
tensão cisalhante na parede ( y = 0).

∂u U∞ d 2 f
τ = µ. = µ.U ∞ . .
∂y y =0
υ .x dη 2 η =0

O resultado em função da segunda deriva na parede é 0,332, portanto, a tensão de


cisalhamento na parede é:
ρ .µ .U ∞
τ 0 = 0,332.U ∞ .
x
Assim, o coeficiente local de atrito vale:

1
τ −
f = = 0,664.Re x 2
ρ .U ∞2
2
O coeficiente médio será para a placa de comprimento L igual a:

L
1 1,328
f = .∫ fdx = (Eq. 18.6)
L 0 Re L

Analisadas as equações de momentum e continuidade o próximo passo é analisar


também a equação de energia. Considerando uma temperatura adimensional:
T − TS
T* =
T∞ − TS

Considerando-se a possibilidade de solução como T* = T(η) e substituindo este


perfil na equação de energia, obtém-se:

d 2T * Pr dT *
+ .f. =0
dη 2 2 dη

Cujas (duas) condições de contorno são: T*(0) = 0 e T*( ∞ ) = 1. Como antes,


existem aqui outras condições, por exemplo:

∂T
y = ∞, = 0.
∂y

Analogamente, o uso de integrações pode ser feito para se obter soluções que
dependem do valor do número de Prandtl, Pr.
Para fluidos que tenham Pr > 0,6, os resultados numéricos podem ser
correlacionados através da relação:
1
dT *
= 0,332.Pr 3 (Eq. 18.7)

Utilizando o número de Nusselt para definir o coeficiente de troca de calor por


convecção, tem-se que:

1 1
hx .x
Nu x = = 0,332.Re 2 .Pr 3 desde que Pr > 0,6. (Eq. 18.8)
k
Deve ser observado que se tem uma descontinuidade em x = 0. Também importante
notar é que para posições próximas à borda de ataque da placa, o valor de h é muito
grande, indicando assim uma grande troca de calor nessa região, decrescendo a partir
daí.
Da solução da equação de energia, segue ainda que, nesta situação de Pr > 0,6 vale:
1
δ
= Pr 3
δt
Resultado que também é obtido por análise dimensional. Integrando o valor local do
número de Nusselt gera:
1 1
Nu = 0,664.Re 2 .Pr 3 (Eq. 18.9)

Supondo que o escoamento permaneça laminar sobre toda a extensão da placa. Para
outros números de Pr, como metais líquidos, outras correlações existem. Uma expressão
de uso bastante simples, proposta por Churchill e Ozoe, para escoamento laminar sobre
uma placa plana isotérmica, propõe para o coeficiente local:
1 1
0,3387.Re .Pr 2 3
Nu x = 1
(Eq. 18.10)
   4

1 +  0, 0468  
2
  
  Pr 3  

E, Nu (médio) = 2 . Nu (local medido em x = L).

Nos casos de escoamentos turbulentos, sabe-se que para números de Reynolds até
10 7, o coeficiente local de atrito pode ser correlacionado por uma expressão de forma:
1

f = 0,0592.Re x 5 (Eq. 18.11)

Esta mesma expressão tem 15% de erro quando usada no caso de 107 < Re <108.
Sabe-se ainda que a espessura da camada-limite pode ser expressa como:
1

δ ( x) = 0,037.x.Re x 5 (Eq. 18.12)
Comparando esses resultados com os obtidos para o regime laminar, conclui-se:

• A camada-limite turbulenta cresce mais rapidamente que a laminar ( δ cresce


com x4/5, em comparação com x1/2 para escoamento laminar).
• A queda no coeficiente local de atrito é bem mais lenta que no laminar (f cai
com x-1/5, em comparação com x-1/2 para laminar).

É importante ressaltar que, no escoamento turbulento, as maiores interações de


momentum, de troca de calor acontecem pelas movimentações de pacotes de fluidos e
não de difusão molecular, como no regime de escoamento laminar.
Também é razoável considerar que δ ≈ δ t .
Utilizando as analogias de Chilton-Colburn ou Reynolds modificadas para o número
de Nusselt, podemos escrever:
4
Nux = St . Rex . Pr = 0,0296.Re x5 . Pr (Eq. 18.13)

válida se 0,6 < Pr < 60.

Para a determinação do Nusselt médio ao longo da placa fica mais complicado, pois
a camada-limite começa, na borda de ataque, no regime laminar. Assim, a integração
deve levar as duas camadas em consideração. Se a transição acontece para Rec = 5.105,
pode-se escrever que o Nusselt médio é:
4 1
Nu = (0, 037.Re L5 − 871).Pr 3 (Eq. 18.14)
Válida se:
• 0,6 < Pr < 60
• quando 5.105 < ReL < 108 e Rec = 5.105.
O coeficiente médio de atrito é:

0, 074 1742
f = 0,0592.Re f = 1
− (Eq. 18.15)
− Re L
Re L 5

Naturalmente, a transição do coeficiente de troca de calor por convecção é mais


suave durante a transição do regime laminar para o turbulento, enquanto no caso
presente seria uma transição abrupta quando o Reynolds fosse crítico.

18.2 EXERCÍCIOS

1. Hidrogênio a 25°C e pressão atmosférica normal escoa sobre uma parede plana
(placa) à velocidade de 3 m/s. Se a placa tiver 30 cm de largura e estiver a 75°C, calcule
as grandezas a seguir na posição x = 30 cm e na posição correspondente à transição. Use
kJ
Rec = 5.105 e RH2 = 4,124 .
kg.K
1) Espessura da camada-limite hidrodinâmica.
2) Coeficiente local de atrito.
3) Espessura da camada-limite térmica.
4) Coeficiente local de convecção.
5) Coeficiente médio de convecção.
6) Taxa de troca de calor.

2. Uma placa de alumínio, de comprimento L = 0,5 m, desliza com atrito sobre um


plano com velocidade de 5 m/s. A espessura da placa é de 5 mm e a largura de 15 cm. O
ar ambiente está a 25°C, determine a temperatura de equilíbrio da placa. Desconsidere a
variação de propriedades com a temperatura.

3. Calcule o tempo necessário para que a superfície externa de uma barra


(unidimensional) de aço inoxidável 304 de 2 cm de espessura alcance 350°C,
considerando que ela está inicialmente a 30°C. A barra está colocada dentro de um
forno, onde a corrente de ar está a 700°C e circula com velocidade média de 5 m/s.
Considere que o escoamento se dá na direção principal do objeto de 1 metro de
comprimento.

4. Uma placa plana horizontal de 1,5 m de comprimento e espessura de 0,3 m, de


aço inoxidável, separa dois ambientes. A largura, muito grande indica que o fluxo de
calor pode ser considerado essencialmente unidimensional. A face inferior dessa placa
troca calor por radiação com uma segunda placa, igualmente plana e paralela, de mesma
dimensões, cuja temperatura superficial é mantida a 60°C. Sabe-se que a convecção, no
espaço entre essas duas placas, de 0,1 m, é desprezível. No lado superior da primeira
placa, a água a 450°C e pressão de 8 kN/m2 escoa na velocidade de 20 m/s, ao longo do
comprimento da placa. Considerando-se apenas convecção forçada, determine o fluxo
de calor trocado entre os dois ambientes. As emissividades da face direita da placa de
aço inox (superior) e da placa inferior valem 0,6 e 0,8, respectivamente. Use o valor
médio para o coeficiente de troca de calor por convecção.

Solução:

19. ESCOAMENTOS EXTERNOS SUBMERSOS

Este capítulo objetiva entender as condições associadas aos escoamentos externos


transversais, nos quais peças (como os tubos nos trocadores de calor) estão totalmente
submersas. Apresenta-se detalhes de escoamentos hidrodinâmicos sobre cilindros
isolados, pela sua relevância à troca de calor, seguido de alguns conceitos para feixes de
tubos.
Portanto, este capítulo apresenta os conceitos que envolvem a troca de calor entre
um fluido e uma superfície, em escoamento externo, no qual a superfície esteja
totalmente submersa, como em cilindros e tubos.

19.1 INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO FÍSICA DE INTERESSE

Até aqui, no estudo da troca de calor em escoamentos externos se considerou as


situações em que a camada-limite permanece presa à superfície, crescendo
continuamente. Os resultados mostrados foram para o caso de um campo externo de
pressões nulo, indicando neste caso um escoamento totalmente desenvolvido
hidrodinamicamente. Entretanto, há situações nas quais existe separação da camada-
limite, que deixa assim de estar presa ao corpo.

19.2 ESCOAMENTOS SOBRE CORPOS SUBMERSOS

Imagine um corpo submerso. Um cilindro, por exemplo. Uma partícula de fluido


que se encaminha (energia cinética) na direção do cilindro é trazida ao repouso no ponto
de estagnação, provocando o aumento de pressão. Outras partículas sofrem o efeito
desse campo de pressões, mas não são paradas, pois não se encontram diretamente com
a superfície. Ao contrário, elas são desviadas e sofrem ação das forças viscosas, dando
origem e crescimento à camada-limite. Pela curvatura apresentada pela superfície (no
caso de paredes cilíndricas e esféricas, por exemplo), as partículas de fluido se aceleram
e fazem a pressão cair ao longo do escoamento. Esta é a situação mais cômoda para o
escoamento, na qual o gradiente de pressões é dito ser favorável, pois a pressão vai
decrescendo continuamente. Entretanto, eventualmente tem-se o ponto de máxima
velocidade e mínima pressão, destes em diante, diz-se que o escoamento é feito na
presença de um gradiente adverso de pressões, pois a pressão começa a crescer,
“tentando” recuperar os valores existente na frente do cilindro. Na condição de fluido
ideal, no qual os efeitos de viscosidade são desprezíveis, a recuperação da pressão é
total; como resultado, não há separação da camada-limite, na verdade, nem haveria
camada-limite. E, mais importante, o arrasto é nulo. Porém, essa aproximação é
frequentemente muito forte e, na prática, nada disso acontece.
Com a variação da pressão (P) em função de uma posição referencial (x;y = 0;0, por
dP
exemplo), como ≠ 0 , o escoamento externo é acelerado e depois freado, isto é,
dx
dU ∞
≠ 0 , onde o termo do numerador é a velocidade longe da superfície. Na parte
dx
traseira do cilindro, o fluido vai desacelerando e, eventualmente, o gradiente de
velocidades (na direção perpendicular à parede e ao escoamento) na parede se anula,
∂U ∞
isto é, = 0 . Nesta posição, chamada de ponto de separação (ponto S na figura
∂y
19.1), o fluido perto da superfície tem mais quantidade de movimento para superar o
campo de pressões. Com isso, a continuidade do escoamento aderido à superfície torna-
se impossível e o escoamento se separa. Nesta situação, uma região de baixa pressão
chamada de esteira é formada e vórtices passa a se formar.
Figura 19.1: Representação do descolamento da camada-limite sobre uma superfície.

A figura 19.2 mostra a evolução do regime de escoamento em função do número de


Reynolds.

Figura 19.2: Evolução do regime de escoamento em função de Re.


A transição do escoamento laminar para o turbulento afeta grandemente o ponto de
separação. Por exemplo, para ReD < ReC, a camada-limite permanece laminar e a
separação ocorre em 80°, contados a partir da horizontal. Mas, se ReD > ReC, há a
transição laminar-turbulento e a separação só ocorre para θ ≈ 140° . O valor numérico
de ReC depende de vários fatores, inclusive a rugosidade superficial. Neste livro
considera-se que a transição ocorrerá quando Re = ReC ≈ 2.105 .
Concluída a discussão sobre a influência do perfil de velocidades no número de
Nusselt (isto é, no coeficiente de troca de calor por convecção), deve-se ter em mente
que esses fenômenos de transição e separação afetam localmente a troca de calor por
convecção, resultando em um número de Nusselt que depende da posição, isto é, do
ângulo ao longo da superfície. Tratando-se da variação no número de Nusselt em função
do ângulo e do número de Reynolds observa-se que a partir do ângulo de ataque, o
número de Nusselt vai diminuindo, o que acontece pelo crescimento da camada-limite, à
semelhança do que acontece ao escoamento sobre placas planas. Se o número de
Reynolds for menor do que o crítico, não há transição para o regime turbulento e, após a
separação, o número de Nusselt cresce, pela agitação que o escoamento separado
provoca. Se o número de Reynolds for maior do que o crítico, há a transição de regime
de escoamento, de laminar para turbulento, provocando um forte aumento do número de
Nusselt, decrescendo em seguida, novamente pelo crescimento da camada-limite, agora
turbulenta. Isso ocorre até que o escoamento se separe, quando novo crescimento
ocorre. Na prática, é preferível trabalhar com valores médios, pois a variação angular é
de difícil análise e esse grau de sofisticação não é importante face de outras
aproximações.
A experiência (McAdams) indica que o perfil típico de Nusselt médio é:
1
h .D
Nu D = = C .RemD .Pr 3 (Eq. 19.1)
k
Onde as constantes m e C aparecem em tabelas como a abaixo.
Tabela 19.1: Valores das constantes na equação de McAdams.

As propriedades deverão ser calculadas à temperatura de filme. Outras correlações


existem, uma muito utilizada é a proposta por Zhukauskas:

1
h .D  Pr  4
NuD = = C .RemD .Pr n .  
k  Prs 
Com as seguintes limitações:
• 0,7 < Pr < 500.
• 1 < ReD < 106.

Onde todas as propriedades são determinadas a T∞ , exceto Prs, que deve ser
calculada a Ts (s indica superfície). Valores de C e m para esta correlação são
mostrados na tabela abaixo. Se Pr ≤ 10 , deve-se usar n = 0,37. Se Pr > 10, o valor
será n = 0,36.

Tabela 19.2: Valores das constantes na equação de Zhukauskas.

Para o escoamento de líquidos nas presentes condições, Whitaker propõe a


seguinte correlação, obtida a partir do resultado de diferentes pesquisadores:
1
 1 2
  µ 4
Nu D =  0, 4. Re 2 .0, 06.Re 3  .Pr 0,4 .  ∞  (Eq. 19.2)
   µs 
Onde as propriedades são determinadas a T∞ , com exceção de µs, que é
determinada a Ts. Os resultados são válidos para 4 < Re < 105, 1 < Pr < 3000 e a razão
entre as viscosidades variando entre 0,25 e 5,2.

19.3 RESULTADOS PARA FEIXES DE TUBOS

A grande diferença do feixe de tubos para tubos isolados é o fato de que, nos
feixes, a esteira formada pelo primeiro tubo se estende ao segundo, e assim por diante,
fazendo o escoamento sobre um tubo interferir sobre o outro, alterando a troca de calor.
Esse aumento da turbulência que ocorre nos tubos finais resulta no aumento da troca de
calor (lembrando do capítulo 17, onde se concluiu que o aumento da perda de carga é
acompanhado pelo aumento na troca de calor por convecção).
A primeira observação que se faz se diz respeito ao arranjo dos tubos, os quais
podem ser alinhados ou deslocados (também chamado de arranjo em quincôncio),
representado na figura abaixo.

Figura 19.3 Configuração dos feixes de tubos mais usados.

Em ambos os casos, considera-se que o escoamento externo se aproxima do


banco de tubos com velocidade U ∞ e temperatura T∞ . Em cada caso, é necessário saber
o passo horizontal, SL, ao longo do escoamento, e o passo vertical ou transversal, St. A
temperatura dos tubos é sempre suposta igual a Ts, o que é uma hipótese bastante
simplificadora. McAdams resumiu o importante trabalho de Grimison. Os resultados
apresentam a seguinte tendência:
1
Nu = C .Ren .Pr 3 (Eq. 19.3)

Onde:
hm .D
• Nu = .
kf
D.Gmáx
• Re = , onde Gmáx é a menor área disponível para o escoamento do fluido,
µf
independentemente do fato desta área mínima ocorrer nas passagens transversais
ou diagonais, como será visto adiante.
• Para o ar, C = 0,33.
• Todas as propriedades são determinadas à temperatura de filme.
• Os valores de C e de n estão disponíveis na próxima tabela e são válidos para
dez ou mais fileiras de tubos.

Tabela 19.3: Valores das constantes para dez ou mais fileiras de tubos.

• Para situações com menor número de fileiras, os dados a seguir devem ser
indicados. O fator de correção diz respeito à razão entre NuN/Nu10.

Tabela 19.4: Fator de correção quando o caso for menor que dez fileiras de tubos.

Finalmente, a determinação do número de Reynolds deve levar em conta a área


mínima do escoamento, o que pode ser visto nas figuras a seguir:

 St 
umáx =   .u∞
 St − D 
Figura 19.4: Tubos alinhados.
Figura 19.5: Tubos deslocados.

19.4 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Um aquecedor elétrico por resistência é embutido em um cilindro longo de 30


mm de diâmetro. Água escoa à temperatura de 25°C, velocidade de 1 m/s,
transversalmente ao cilindro, a potência por unidade de comprimento necessária para
manter uniforme a temperatura da superfície a 90°C é de 28 kW/m. Quando ar, à mesma
temperatura mas escoando a 10 m/s, é utilizado, a potência para garantir a mesma
temperatura superficial passa para 400 W/m. Determine e compare os coeficientes
médios de troca de calor por convecção nesses dois casos.

2. Uma barra cilíndrica está inicialmente a 50°C e é colocada em uma corrente de ar


que está a 250°C, em escoamento cruzado. A barra é feita de alumínio e tem 2 cm de
diâmetro. A corrente de ar está circulando com uma velocidade externa de 10 m/s.
Determine a temperatura superficial da peça após 100 segundos do início do processo.

3. Suponha agora que o fluido do problema anterior seja água. Qual será a nova
temperatura superficial nas mesmas condições do exercício anterior?

4. Pede-se determinar o fluxo de calor trocado na raiz de um pino de cobre (aleta) de


20 mm de comprimento e diâmetro igual a 2 mm. O ar ambiente está a 27°C e a
velocidade é de 10 m/s, em escoamento transversal. A temperatura da raiz da aleta é de
350 K.

5. Uma esfera de aço inoxidável (ρ = 8055 kg/m3, cP = 480 J/kg.°C e diâmetro de 25


cm) é removida de um forno, saindo a uma temperatura uniforme de 300°C. A esfera é
então submetida a uma corrente de ar, a uma pressão de 1 atm e a 25°C, com a
velocidade de 3 m/s. A temperatura superficial da esfera cai eventualmente para 200°C.
Determine o tempo deste resfriamento e a quantidade de calor trocada até este instante.

1
 1 2
  µ 4
Se fosse líquido e não ar, NuD = 2 +  0, 4. Re 2 .0, 06.Re 3  .Pr 0,4 .  ∞ 
   µs 
20. CONVECÇÃO – ESCOAMENTOS INTERNOS.

20.1 OBJETIVOS

O estudo deste tipo de escoamento é de grande interesse da engenharia, pois o


bombeamento de fluido é muito usual na indústria. Por exemplo, as complexas
condições de escoamento do gás que sai do Rio de Janeiro e se dirige até São Paulo, ou
do gasoduto Brasil-Bolívia, ou do petróleo que é retirado da bacia de Campos/Macaé.
Embora a tubulação nos dois primeiros casos possa estar enterrada na maior parte do
percurso, existem trechos de tubulação expostos ao ar ambiente (inclusive o Sol). No
caso do petróleo, a tubulação está dentro da água. Outro ponto importante trata-se do
escoamento interno que ocorre nos trocadores de calor, já que o estudo destes logo se
iniciará. Portanto, este capítulo pretende apresentar:
• Os conceitos que envolvem a troca de calor entre uma superfície e um fluido, em
escoamento interno.
• Algumas das correlações para o coeficiente de troca de calor por convecção em
tubos e outras canalizações internas.

20.2 INTRODUÇÃO E SITUAÇÕES FÍSICAS DE INTERESSE

Neste capítulo o fluido escoando internamente pode se aquecer ou resfriar, o que


não é permitido quando o regime for permanente. Inicialmente, haverá uma comparação
entre os escoamentos internos e externos.

20.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

Ao se estudar escoamentos externos, no capítulo anterior, concluiu-se que a


espessura da camada-limite cresce continuamente com a posição de referência x, de
acordo com o regime de escoamento, laminar (~ x0,5) ou turbulento (~ x0,8).
Para um escoamento interno, o confinamento faz, em algum ponto, as camadas-
limite, que estão crescendo ao longo da superfície interna do duto, se encontrarem e, daí
em diante, o seu crescimento é interrompido. Esta pequena particularidade, é
responsável por uma grande mudança na natureza do escoamento, por isso, convém
dividir o estudo em duas partes:
1) Uma associada à chamada região de entrada.
2) E outra associada à região do escoamento desenvolvido.
À semelhança do que foi feito no estudo dos escoamento externos, algumas das
características do escoamento hidrodinâmico serão levadas em consideração.

20.3.1 Escoamento hidrodinâmico

Perto das paredes, verifica-se a condição de não-deslizamento, a variação normal


de velocidades normal à parede e a geração de tensões viscosas no fluido, opondo-se ao
movimento. Assim, a camada-limite se desenvolve a partir da entrada, em grande
analogia com o que acontece no escoamento externo. Entretanto, a situação aqui começa
a diferir pelo próprio confinamento do fluido, e eventualmente a espessura da camada-
limite cresce até o centro do escoamento (do duto). Antes deste ponto, supõe-se que o
escoamento é dividido em duas partes: uma região “externa”, onde o escoamento é
invíscido, e uma região de camada-limite, onde os efeitos viscosos são importantes.
O perfil de velocidades vai se alterando à medida que o fluido se afasta da
entrada, pois a região viscosa está aumentando de tamanho. Se o comprimento do duto
for suficiente, é razoável supor a existência da condição de escoamento totalmente
desenvolvido (hidrodinamicamente), no qual o perfil de velocidades não mais se altera
na direção do escoamento. Por convenção, Lc, é o comprimento necessário para que isto
ocorra.
Ao longo da região definida por Lc, o escoamento pode se tornar turbulento,
dependendo da rugosidade das paredes e do número de Reynolds. Para escoamentos
internos, o número de Reynolds é definido pela razão entre a velocidade média, o
diâmetro “d” do duto, se circular, e a viscosidade cinemática, característica do fluido.
Experimentos indicam que o valor crítico do número de Reynolds para o qual a
transição laminar-turbulenta se inicia é aproximadamente 2.300.
Quando o escoamento for turbulento e o duto não for circular, o número de
Reynolds pode ser definido pelo diâmetro hidráulico, dh, que se define como:

4. Ac
dh = (Eq. 20.1)
P
Onde Ac é a área transversal do escoamento e P é o perímetro molhado.
Por exemplo, para um tubo de diâmetro D, Ac = π.r2 e P = π.D, de forma que dh
= D, sem prejuízo. Para o caso de um duto retangular b.L, tem-se que:
1
Ac = b.L e P = 2.(b + L). Resultando em dh = 2.b. , onde b/L é a razão de aspectos.
b
1+
L
Isso significa que o regime de escoamento neste duto é equivalente ao regime em um
tubo de diâmetro dh.
Os experimentos indicam que os comprimentos de desenvolvimento em um
escoamento totalmente laminar e em um turbulento são funções do número de
Reynolds, conforme abaixo:
• Lc = 0,06.D.Re - para escoamentos laminares.
1
• Lc = 4,4 . D. Re 6 - para escoamentos turbulentos.
• Há autores que consideram que o comprimento de desenvolvimento no regime
turbulento independe do número de Reynolds e utilizam como referência:
L
10 < c < 60 (Eq. 20.3)
D

Para os presentes propósitos, considerando-se o escoamento interno no regime


turbulento totalmente desenvolvido se o comprimento da tubulação for maior do que
10.D. Devendo ser substituído por valores experimentais sempre que possível.
No curso de mecânica dos fluidos, há a dedução do perfil parabólico,
característico do escoamento laminar. No caso presente, o interesse maior estão nos
aspectos térmicos.

20.3.2 Camada-limite térmica

Considere o escoamento de fluido no interior de um duto cuja temperatura é Ts.


Se a temperatura de entrada do fluido for T(r,0), na estação x = 0, for uniforme (para
simplificar) e diferente de Ts (menor, por exemplo), teremos a troca de calor por
convecção entre fluido e superfície lateral. De forma análoga ao visto nos escoamentos
externos, uma camada-limite térmica (uma região onde os efeitos de difusão térmica são
importantes) começa a se desenvolver. O que acontece ao longo do duto aquecido
depende do tipo de condição térmica de contorno que se tem. Teoricamente, dois casos-
limite são tratados: temperatura superficial, Ts, constante, ou fluxo de calor constante,
qs. Nessas duas situações, uma condição térmica de completo desenvolvimento é
eventualmente alcançada. Para escoamento laminar, o comprimento de
“desenvolvimento térmico” medido pela fórmula.

Lt = 0,05 . ReD . Pr . D (Eq. 20.3)

Ao se comparar as duas expressões de comprimentos de desenvolvimento,


hidrodinâmico e térmico, conclui-se que, para fluidos com Pr > 1, a camada-limite
hidrodinâmica cresce mais rapidamente, ocupando mais rapidamente, portanto, a seção
do tubo. Para óleos muito pesados, Pr >> 1 e Lc << Lt, e passa a ser razoável considerar
que o perfil de velocidades já se estabilizou (isto é, parou de se modificar) ao longo da
camada-limite térmica. Isto simplifica o estudo.

20.4 BALANÇO DE ENERGIA

Analisando um volume de controle elementar de fluido, o qual escoa dentro de


um duto, em regime permanente sem nenhum eixo presente. Despreza-se também
quaisquer variações de energia cinética e potencial e a condução axial de calor (hipótese
aceitável quando o número de Peclet, definido por Re.Pr = v.L/α, for muito grande,
como para óleos pesados escoando em elevados números de Reynolds). O conteúdo de
energia trazido pelo fluido ao entrar no volume de controle é identificado com a
temperatura média de mistura, Tb, através da entalpia de entrada.

Energia entrando + Energia gerada = Energia saindo + Energia armazenada

Supondo regime permanente e ausência de fontes internas, tem-se:

ρ .V . A.cP .Tb x + q x .P.dx = ρ .V . A.cP .Tb x + dx

Onde P é o perímetro do duto em com o fluido e A é a área da seção reta do


escoamento. Considere aqui o escoamento como hidrodinamicamente desenvolvido.
Uma expansão em série de Taylor resultará:

dTb
Tb x + dx
= Tb x + dx
dx x

Então, desta forma:


dTb
ρ .V . A.cP . = q x .P
dx

Deve-se observar que esta equação indica que a energia recebida (ou cedida)
pelo fluido resulta na variação de entalpia (com as hipóteses usuais):

dqconv = m.cP.dTb
O calor cedido (ou recebido) pela superfície é medido pela Lei de Resfriamento,
de Newton:

dqconv = qx.Pdx = h.P.(Ts – Tb)dx (Eq. 20.4)

Uma vez definida as condições térmicas de contorno nas paredes do duto, a


temperatura média de mistura em qualquer posição axial poderá ser determinada pela
integração da equação de energia. Há duas condições de contorno usadas nos problemas
térmicos: fluxo de calor constante na parede e temperatura superficial constante,
conforme descrito abaixo.

20.4.1 Fluxo constante na parede do duto

Nesta condição, a integração da equação de energia é imediata, resultando em:

q.P
Tb = x + Constante (Eq. 20.5)
ρ .V . A.cP

Se a temperatura média de mistura de entrada do duto, x = 0, for Tb,ent, a


expressão da parede em qualquer posição x pode ser calculada pela expressão:

q(x) = h(x). [Ts(x) – Tb(x)]


q
Resultando em : Ts = + Tb (Eq. 20.6)
hx

No presente caso, o fluxo de calor na parede é constante: q(x) = q. A máxima


temperatura da parede irá ocorrer no ponto onde Tb for máxima e h for mínimo,
normalmente na saída do duto aquecido. Na entrada do duto, h é grande, por isso a
diferença entre Ts e Tb é a menor possível.
No estudo do escoamento hidrodinâmico, observa-se que, a partir de um
determinado comprimento, denominado Lc, não há mais variação no perfil de
∂u
velocidades com a posição, isto é, = 0 , passando a ter apenas u = u(r), que no
∂x
regime laminar dá origem ao famoso perfil parabólico. Entretanto, havendo troca de
calor, é de se imaginar que a temperatura média de mistura, Tb, não permaneça
constante, aumentando continuamente se Tb < Ts, ou diminuindo se ao contrário. Assim,
dTb ∂T
≠0 e ≠ 0 para qualquer raio r. Implicando que T(r) varia continuamente com
dx ∂x
x, e nada semelhante a uma condição de desenvolvimento poderia ser alcançada. A
situação se altera se for trabalhado com os saltos de temperatura, pois aí se obtém:

∂  Ts ( x) − T (r , x) 
  =0
∂x  Tz ( x) − Tb ( x)  Lc

A condição anterior é alcançada após um determinado comprimento de


desenvolvimento, como dito. Uma vez que a razão anterior não varia com x, sua
derivada com relação à r (coordenada radial) deve independer também de x. Ou seja:
∂  ∂  Ts ( x) − T (r , x)  
   = 0
∂x  ∂r  Tz ( x) − Tb ( x)   Lc
Escrevendo esta derivada na parede do duto e observando que Ts e Tb certamente
independem de r, escreve-se:
∂T
∂  Ts ( x) − T ( r , x)  ∂r R
  =− ≠ f ( x)
∂r  Tz ( x) − Tb ( x )  r = R Ts − Tb

∂T ∂T
Utilizando a Lei de Fourier: qs = -k =k
∂y y =0
∂r r =R

E a Lei do Resfriamento de Newton: qs = h.( Ts − Tb )

h
Resultando finalmente que: ≠ f ( x)
k

Ou seja, na situação de um escoamento termicamente desenvolvido, o


coeficiente de troca de calor por convecção é uma constante, independendo de x. Claro
que a situação aqui descrita não é válida para x pequeno, pois já foi dito que, nesta
situação, o valor de h é muito grande, embora este decresça rapidamente até que se
estabilize, quando as condições do desenvolvimento são atingidas.
Em outras palavras, após o desenvolvimento, h passa a ser constante. Neste caso,
a diferença entre Ts e Tb passa a ser constante com a posição. E quando o coeficiente de
troca de calor por convecção for constante, o número de Nusselt também é.

20.4.2 Temperatura superficial constante

Se a temperatura da parede do duto for mantida constante, o fluxo local de calor


pode ser substituído por h.(Ts - Tb). Desta forma, a equação de energia se escreve:

dTb
ρ.V . A.cP . = h(x).P. ( Ts – Tb )
dx
A qual pode ser escrita como:
dTb h(x).P
= dx
( Ts – Tb ) mɺ .cP
Se o coeficiente de troca de calor for uniforme, ou se o valor médio desse
coeficiente for utilizado, a equação pode ser integrada para se obter:

h.P
ln ( Ts – Tb ) = − .x + Constante
mɺ .cP

A integração desde x = 0, onde Tb = Tb,ent, até o ponto onde x = L, resulta em:


Ts – Tb ( x) ∆T ( x)  h. A( x) 
= = exp  − .x  (Eq. 20.7)
Ts – Tb,ent ∆Ti  mɺ .cP 
Onde A(x) = P.x. Aplicando essa equação em x = L, obtém-se:

Ts – Tb ( x = L) Ts – Tb,sai ∆T ( x = L )  h.( P.L) 


= = = exp  − 
Ts – Tb,ent Ts – Tb,ent ∆Tent  mɺ .cP 

 ∆T ( x = L) 
h.( P.L) = − mɺ .cP .ln  
 ∆Tent 

Este resultado indica que a diferença de temperaturas Ts – Tb decresce


exponencialmente com a distância à entrada do duto. Outra maneira de expressar tal
variação está a seguir:

ɺ P . ( Tb,sai – Tb,ent )
q conv = m.c

Onde qconv, assim escrito, representa a variação de entalpia do fluido, medida pela
variação na temperatura média de mistura entre a entrada e a saída do duto. Somando e
subtraindo Ts, tem-se:

ɺ P . ( Tb,sai – Tb,ent ) = m.c


q conv = m.c ɺ P . ( Ts – Tb,ent ) − ( Ts – Tb,sai )  = m.c
ɺ P . ( ∆Te − ∆Ts )

Pela equação anterior, pode-se escrever que:

h. A
mɺ .cP = −
 ∆T 
ln  sai 
 ∆Tent 
Que se escreve como:
q conv = h.A s .∆Tln

Onde ∆Tln é denominada como a diferença de temperatura média logarítmica, definida


como:
∆T − ∆Tent
∆Tln = s
 ∆Ts 
ln  
 ∆Tent 

A equação para q conv pode ser entendida como a equação da Lei de Resfriamento
para o duto inteiro, e ∆Tln , é a média apropriada da diferença de temperatura ao longo
do comprimento do duto.
Antes de concluir, é importante observar que em muitas situações, apenas a
temperatura de um fluido externo (e não a temperatura da superfície que os separa) é
conhecida. Nesses casos, pode-se substituir Ts por T∞ , a temperatura da corrente externa
(esta condição será eliminada no estudo de trocadores de calor) de fluido que é
considerada constante para manter a hipótese deste capítulo, e h é substituído por U
(coeficiente global de troca de calor). Nestes casos, então:
∆Ts T∞ − Tb ,sai  U . As 
= = exp  − 
∆Tent T∞ − Tb ,ent  mɺ .cP 

Da mesma forma, se escreve que: q conv = U.As .∆Tln

20.5 COEFICIENTES DE TROCA DE CALOR POR CONVECÇÃO

Nota-se após esse estudo de convecção que os valores para o coeficiente de troca
de calor por convecção, no regime laminar, em um duto, dependem muito da geometria,
especialmente da seção reta perpendicular ao escoamento. O coeficiente adimensional
médio de troca de calor por convecção, como o número de Nusselt médio pode ser
chamado, é dado por:
h.d h
Nu =
kf
Onde d h é o diâmetro hidráulico da seção e kf é a condutividade do fluido. Para dutos
circulares, prova-se que:
• Quando a temperatura superficial for constante: Nu = 3,66.
• Quando o fluxo de calor for constante: Nu = 4,36

Na situação de desenvolvimento, pode-se utilizar as seguintes correlações:

D
0,104.Re D .Pr .  
Nu = 3, 66 + L (Eq. 20.8)
0,8
  D 
1 + 0, 016.  Re D .Pr .   
  L 

Tb,o + Tb ,i
Com as propriedades sendo determinadas na média de Tb = . Para o caso de
2
fluxo de calor constante, tem-se:

 L 
0, 036.Re D .Pr  D 
Nu = 4, 36 + .ln  + 1 (Eq. 20.9)
L 0, 0011.Re .Pr
 D 
D  
Quando as variações de temperatura entre fluido e a parede forem grandes, os
efeitos da sua influência nas propriedades do fluido (especialmente na viscosidade)
devem ser contabilizados diretamente ou estimados com mais eficiência se:
0,14
Nu ( propriedades variáveis )  µb 
=  (Eq. 20.10)
Nu ( propriedades constantes )  µ s 

Os resultados corrigidos desta forma são muitos próximos dos experimentais.


20.5.1 Regime turbulento

Inúmeras correlações existem, retiradas de trabalhos experimentais. Com boa


aproximação, as equações podem ser aplicadas tanto para temperatura superficial
constante quanto para fluxo de calor constante. As mais comuns são:
1
0,8
• Equação de Colburn: Nu D = 0, 023.Re .Pr
D
3
(Eq. 20.11)
0,8
• Equação de Dittus-Boelter: Nu D = 0, 023.Re .Pr n
D (Eq. 20.12)

Onde n = 0,4 para aquecimento (Ts > Tb) e 0,3 para resfriamento (Ts < Tb). Estas
equações foram confirmadas experimentalmente para a faixa:
• 0,7 < Pr < 160
• ReD > 10.000
L
• > 10
D
• Propriedades determinadas na média entre as temperaturas médias de mistura,
T +T
ou seja, à temperatura Tb = b,o b,i .
2

20.6 DÚVIDAS MAIS COMUNS

P.: É importante corrigir as propriedades utilizando a temperatura média de filme?


R.: O importante é seguir as restrições de cada correlação disponível. Se isso não
acontecer, o erro aumentará.

P.: O que fazer quando a temperatura média de filme não for conhecida?
R.: Há situações nas quais a temperatura superficial ou média de mistura variam ao
longo do escoamento. Sendo assim, não há como calcular a temperatura média de filme,
por isso não se pode determinar as propriedades do fluido. A solução envolve um
processo iterativo: arbitrando o dado que falta e estimando a temperatura de filme. Após
resolver o problema, analisar se a escolha feita é compatível com o problema.

20.7 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Considere o escoamento de metal líquido através de um tubo circular. Os perfis de


velocidades e de temperatura em uma determinada estação podem ser aproximados
  r 2 
como uniforme e parabólico, isto é, u(r) = C1 e T(r) - Ts = C2. 1 −    , onde C1 e C2
  R  
são duas constantes. Qual é o valor do número de Nusselt nessa posição?

Solução:
q
Por definição, o coeficiente de troca de calor por convecção é: h=
Ts − Tb
Pela definição de temperatura média de mistura:
Tb =
∫ ρ .u.c .TdA
P

∫ ρ .u.c dA
P

Que se traduz, no caso, em:

2 R C
2 ∫0
Tb = . u.T .rdr = Ts + 2
u m .R 2

Após as operações, o fluxo de calor poderá ser determinado a partir da lei de


Fourier:
∂T r k
q s = k. = −k .C2 .2. 2 = −2.C2 .
∂r R R R R
Portanto,
qs k
h= = 4.
T − Tb R
h.C2
Implicando em Nu D = = 8.
k

2. Água na temperatura de 92°C, com uma vazão mássica de 0,01 kg/s, entra em uma
tubulação de paredes grossas de 0,12 m de diâmetro externo. Com o propósito de
reduzir as perdas de energia, utiliza-se um isolante (k = 0,06 W/m.K) de 20 mm de
espessura, conseguindo-se então manter as suas temperaturas superficiais a 70°C
(interna) e 30°C (externa). Pede-se estimar a temperatura da corrente de água na saída
do tubo de 10 m de comprimento.

3. Uma tubulação não isolada de água tem um diâmetro interno de 2 cm. A tubulação
passa através de um espaço vazio, de 3 m, onde é exposta ao ar a 5°C. A temperatura da
água dentro do tubo quando ela entra no dito espaço é de 40°C. A temperatura interna
superficial do tubo pode ser estimada como quase uniforme à temperatura de 8°C.
Estime a temperatura da água na saída desse espaço, sabendo que a velocidade média da
água vale 1 m/s e o coeficiente médio de troca de calor é estimado em 4.500 W/m2.°C.

4. Fluido escoando a v (m/s) por uma tubulação de diâmetro D (m), é resfriado


externamente por meio de uma corrente de ar ambiente, em uma situação tal qual o
fluxo de calor superficial é estimado pela fórmula q = C.x (W/m2), onde C é uma
constante dimensional e x é a posição axial ao longo do tubo, medida em metros. A
temperatura inicial de mistura é Tb,e (°C). Pede-se estimar o comprimento de tubo
necessário, em metros, para que a temperatura média de mistura caia para um valor de
10% do valor inicial. Chame de L esse comprimento. Em seguida, calcule a magnitude e
o sentido do calor trocado ao longo deste comprimento L.

Solução:

Ao se considerar um fluido, se aquecendo ao longo da tubulação, o conceito de um


volume de controle infinitesimal é aplicado com a primeira lei da termodinâmica:
Energia entrando + Energia gerada = Energia saindo + Energia armazenada

Supondo regime permanente e ausência de fontes internas, tem-se:

ρ .V . A.cP .Tb x + q x .P.dx = ρ .V . A.cP .Tb x + dx

Onde P é o perímetro do duto em com o fluido e A é a área da seção reta do


escoamento. Considere aqui o escoamento como hidrodinamicamente desenvolvido.
Uma expansão em série de Taylor resultará:

dTb
Tb x + dx
= Tb x + dx
dx x

Então, desta forma:


dTb
ρ .V . A.cP . = q x .P
dx

Neste caso, a taxa de troca lateral de calor é dada pela expressão: q = -C.x

dTb C .P
E com isto, a equação se escreve: =− .x
dx ρ .V . A.cP

Integrando-a entre a entrada (x = 0) e uma posição qualquer, obtém-se:

C .P
Tb ( x ) = Tb ,ent − .x 2
2.ρ .V . A.cP

Na saída da tubulação, onde x = L, obtém-se:

C .P
Tb, L ( x = L) = Tb,ent − .L2
2.ρ .V . A.cP
Ou seja,
2.ρ .V . A.cP
L2 = . (Tb,ent − Tb, L )
C .P

1,8.ρ .V . A.cP
Na condição em que Tb, L = 0,1. Tb,ent : Lnecessário = .Tb,ent .
C .P

5. O vapor é condensado na superfície externa de uma tubulação, mantendo a


temperatura da parede a 488,7 K. O ar escoa dentro da tubulação e é aquecido por meio
de convecção forçada. A tubulação tem 2 m de comprimento e diâmetro interno de 2,54
cm. A velocidade do ar é de 7,62 m/s, e sua pressão é de 206,8 kPa. Se a temperatura
média de mistura (suposta igual à de filme) for 477,6 K, determine o coeficiente de
troca de calor por convecção e a taxa de calor trocado por unidade de área. Use a
correlação de Dittus-Boelter.
6. Água, usada como fluido refrigerante, escoa à velocidade (média) de 0,02 m/s através
de uma tubulação de diâmetro 2,54 cm. A temperatura superficial é mantida a 90°C. Se
a água entrar na tubulação a 60°C e sair a 80°C, temperaturas médias de mistura,
determine o comprimento da tubulação. O que ocorre se o diâmetro variar?

Solução:
Pela teoria desenvolvida, o balanço de energia aplicado ao problema se escreve:
ɺ P . ( Tb,o – Tb,ent ) = h. As .∆Tln
q conv = m.c
Onde,
∆Ts − ∆Tent (Ts − Tb, L ) − (Ts − Tb,ent )
∆Tln = =
 ∆Ts   T −T 
ln   ln  s b, L 
 ∆Tent   T −T 
 s b,ent 

A caracterização do escoamento é feita, como usual, através do número de Reynolds,


ρ .v.D
definido por: Re = .
µ
A determinação das propriedades é feita através da média entre as temperaturas médias
60 + 80
de mistura, no caso, T = = 70°C . Nesta temperatura tem-se que:
2
• cP =4,19 kJ/kg.K
• ρ = 976,6 kg/m3.
• µ = 389.10-6 N.s/m2.
• k = 668.10-3 W/m.K.
• Pr = 2,45.

Assim, o número de Reynolds resulta:


ρ .v.D 976, 6.0, 02.2,54.10 −2
Re = = ≈ 1275,3 < 2300
µ 389.10 −6

O regime é laminar. É importante determinar se o escoamento já é desenvolvido,


hidrodinamicamente e termicamente. Entretanto, como o comprimento não é conhecido,
isso poderá ser determinado no final, como verificação. Supondo um desenvolvimento
combinado, a correlação a ser usada será de Sieder-Tate:
1 0,14
 Re .Pr.D  3  µ 
Nu = 1,86.  D  . 
 L   µS 
A qual é válida nas condições:
• Temperatura superficial constante.
• 0,48 < Pr < 16700.
µ
• 0,0044 < < 9,75.
µS
Onde µ S é a viscosidade do fluido (água, no caso) à temperatura superficial.
Resolvendo-se a equação não linear, obtém-se:
Nota-se que, ao aumentar o diâmetro da tubulação, aumenta-se o comprimento
de tubo necessário para que a temperatura média de mistura na saída seja 80°C. Porém,
em todas as condições, o número de Nusselt permanece o mesmo. Para entender a razão
desse fato, basta olhar a expressão do balanço de energia:
ɺ P . ( Tb,o – Tb,ent ) = h. As .∆Tln
q conv = m.c

π .D 2
Lembrando a definição de vazão mássica: mɺ = ρ .V . A = ρ .V .
4
Pode-se então escrever que:
π .D 2
ρ.V . .cP . ( Tb,L – Tb,ent ) = h.(π .D.L).∆Tln = Nu.k .π .L.∆Tln
4
E com isto:
Nu.L ρ .V .cP
= . ( Tb,L – Tb,ent )
D2 4.k.∆Tln

Nas condições do problema, o termo do lado direito é uma constante e assim, D2/L
também.

7. Um tubo de aço AISI 1010, de 102 mm de diâmetro exterior e espessura de 3,5 mm,
encontra-se coberto por uma camada de lã de vidro (k = 0,0468 W/m.°C) de 20 mm de
espessura. Pelo interior da tubulação escoa água aquecida a 120°C, a 1m/s. Determine
as perdas de calor por metro linear de tubo, sabendo-se que ar a -10°C e velocidade de
10 km/h sopra transversalmente à tubulação.

Solução: Este é um problema que pretende recuperar conceitos discutidos


anteriormente.

q W  2.π . (Tinterno − Texterno )


=
L  m   r tubo   rexterno
isolante

ln  externo  ln  isolante 
1 r tubo  +  rinterno  + 1
+  interno
hinterno .rinterno ktubo kisolante hexterno .rexterno
Escreve-se também como:
q (T − Texterno )
= int erna interno
L RC + RKAço + RKIsolante + RCexterna

Várias dificuldades devem ser resolvidas, a primeira delas é o fato de que uma
consulta a uma tabela de propriedades indica que a condutividade térmica do aço AISI
1010 varia um tanto com a temperatura, e só se sabe que a temperatura está entre 120°C
(temperatura da água) e -10°C (temperatura do ar). Assim, nesse momento será
considerado que kaço = kaço(300 K) = 63,9 W/m.K. Ao longo do processo essa
aproximação será refinada.
Da mesma forma, a determinação das propriedades da água (escoamento
interno) e do ar (escoamento externo) deve ser feita na temperatura média de filme, uma
outra incógnita. Assim, na primeira iteração, considera-se que a superfície interna do
tubo está na mesma temperatura que a água (120°C) e que sua superfície externa está na
mesma temperatura do ar (-10°C). Para refinar as temperaturas, é necessário conhecer
as temperaturas internas, que são dadas pelas expressões:

• Temperatura superficial interna do tubo de aço 1010:

q interna
TintAçoerna = Tágua − .RC
L

• Temperatura superficial externa do tubo de aço 1010:


Aço Aço q
Texterna = Tinterna − .RKAço
L

• Temperatura superficial interna do isolante (igual à anterior):


Aço isolante
Texterna = Tinterna

• Temperatura superficial externa do isolante:


Isolante isolante q q
Texterna = Tinterna − .RKIsolante = Tar + .RCExterna
L L

Assim, a partir das estimativas iniciais para k do tubo de aço e temperaturas


superficiais internas do tubo de aço e externa do tubo de isolante, determina-se a taxa de
troca de calor por unidade de comprimento. Com essa primeira estimativa, refina-se as
temperaturas internas e, com isso, obtém-se um novo valor para a taxa de troca de calor.
Ao final de algumas iterações, o processo convergirá para a resposta correta.

- Primeira iteração. Dados:


• kaço = 63,9 W/m.K.
• Tsuperfical do isolante = 0°C (Tfilme = -5°C = 268,1 K).
Aço
• Tinterna = 120°C (Tfilme = 120°C)
• Propriedades:
 ρ = 1,31 kg/m3.
 µ = 1,69.10-5 N.s/m2.

• Ar, propriedades a 268,1 K:


 kar = 0,0238 W/m.K.
 Pr = 0,715
 Prs = 0,714
 ρ = 945,18 kg/m3.
 µ = 0,00024 N.s/m2.

• Água, propriedades a 120°C:


 kágua = 0,686 W/m.K.
 Pr = 1,47
Determinação das resistências elétricas equivalentes:

• Resistência equivalente à Convecção:


ρ .v.Dint
- Determinação do número de Reynolds: Re = = 378869 > 2300
µ
O que implica que o regime é turbulento.

- Determinação do número de Nusselt, segundo Dittus-Boelter:

Nu D = 0, 023.Re0,8
D .Pr
n
(Eq. 20.12)

Como o fluido está se resfriando, com isto, n = 0,3. Nestas condições: Nu D = 749, 4.

- Determinação do coeficiente de troca de calor por convecção:


Nu D .k W
h= = 5411,5 2
Dint m .K

- Determinação da resistência equivalente:


1 m.K
RCint = = 6,19.10 −4
h. A W

• Resistência equivalente à Condução no tubo de aço 1010:


r 
ln  ext 
r m.K
RKAço =  int  = 1, 77.10−4
2.π .k .L W

• Resistência equivalente à Condução no isolante:


r 
ln  ext 
r m.K
RKisolante =  int  = 1,125
2.π .k .L W

• Resistência equivalente à Convecção no lado externo do isolante:


ρ .v.Dext
- Determinação do número de Reynolds: Re = = 30634,5 > 2300
µ
O que implica que o regime é turbulento.

- Correlação de Hilbert. Com este valor de número de Reynolds, obtém-se que:


C = 0,193 e m = 0,618, e a correlação se escreve:
1
m
Nu D = C .Re .Pr = 102, 22
D
3

- Correlação de Zhukauskas. Com o mesmo valor de Reynolds, obtém-se que:


C = 0,26, m = 0,6 e com o valor de Pr, tem-se que n = 0,37. A correlação se escreve:
1
 Pr  4
Nu D = C.Re Dm .Pr n .   = 112,99
 Prs 
Nesta equação, Prs, é o número de Prandtl determinado à temperatura da superfície
(nessa aproximação, é igual)

Será considerada a condição mais crítica aquela que promover a maior perda de
calor, ou seja, a situação que possuir o maior número de Nusselt.

- Determinação do coeficiente de troca de calor por convecção:


Nu D .k W
h= = 18,9 2
Dint m .K

- Determinação da resistência equivalente:


1 m.K
RCext = = 0,1186
h. A W

- Determinação do calor trocado:

q 120 − ( −10 )  W
= = 104, 46
L 0,1186 m

• Determinação das temperaturas internas:


 Parede interna do tubo de aço: T = 119,99°C
 Parede externa do tubo de aço: T = 119,97°C
 Parede interna do tubo de isolante: T = 119,97°C
 Parede externa do tubo de isolante: T = -7,8°C

Segunda iteração. Dados:


• kaço = 58,7 W/m.K (a 400 K)
• Tsuperfical do isolante = -7,8°C (Tfilme = -8,9°C = 264,25 K).
Aço
• Tinterna = 120°C (Tfilme = 120°C)
• Propriedades:
 ρ = 1,3282 kg/m3.
 µ = 1,67.10-5 N.s/m2.

• Ar, propriedades a 264,2 K:


 kar = 0,0234 W/m.K.
 Pr = 0,716
 Prs = 0,716
 ρ = 945,18 kg/m3.
 µ = 0,00024 N.s/m2.

• Água, propriedades a 120°C:


 kágua = 0,686 W/m.K.
 Pr = 1,47

Repetindo os cálculos, obtém-se uma pequena diferença:


q W
= 104, 48 ≈ 104,5
L m
Este é o valor de interesse.

Observações finais:
1) Nota-se que o coeficiente de troca de calor por convecção no lado interno é
muito grande tornando pequena a influência da convecção interna nessa troca.
2) A influência da resistência interna à condução no tubo de aço é muito pequena,
ainda que se leve em conta a influência da variação de temperatura nas
propriedades.
3) O gráfico a seguir apresenta resultados que indicam a influência da velocidade
externa no coeficiente de troca de calor por convecção e, portanto, na taxa de
troca de calor.

Figura 20.1: Influência da velocidade na troca de calor no tubo.

EXERCÍCIOS DE CONVECÇÃO NATURAL

8. Um tubo de 8 cm de diâmetro e 6 metros de comprimento, conduzindo água quente,


passa através de um ambiente a 20°C. Se a temperatura superficial externa do tubo for
70°C, determine a taxa de troca de calor por convecção natural.

Solução:
Como as duas temperaturas (superficial e do ambiente) são indicadas, determina-se as
propriedades termodinâmicas na temperatura média de 45°C.

1 m2 W
β= K −1 Pr = 0,7241 υ = 1, 749.10−5 k = 0, 027
318 s m.K

O comprimento característico, no caso, é o diâmetro externo (visto através do


formulário). Portanto, Lc = 8.10-2 m. Assim, o número de Rayleigh, Ra, pode ser
calculado como: Ra = Gr.Pr ...(1)
 1 
9,81.  
g .β  318  . 70 − 20 .0, 083 = 2.581.679
Gr = 2 . (T − T∞ ) .L3C = 2 ( )
υ (
1,749.10 −5 )
Ra = Gr.Pr = 2.581.679.0, 7241 = 1.869.394

Como Ra ≤ 1012 a correlação de número de Nusselt pode ser a proposta por Churchill e
Chu:

2 2
   
   
 1   1 
 0,387.Ra 6 
   0,387.1869394 6 
Nu = 0, 6 + 8  =  0, 6 + 8 
= 17, 46
  9 27 
   9 27 

 1 +  0,559     1 +  0, 559   
16 16

   Pr       0, 7421   
       
1/4
Se fosse pelo formulário: Nu = 0,53.(Gr.Pr) = 19,6.

Nu.k 17, 46.0, 027 W


Portanto, h = = = 5,89 2 .
D 0, 08 m .K
Assim, o calor trocado vale:
q = h.As.(Ts – T∞ ) = h.π.D.L.(Ts – T∞ ) = 5,89.π.0,08.6.(70 – 20) = 444,2 W.

Apenas para relativizar este valor, a troca radiativa (considerando um corpo negro),
vale:
q = ε.σ.As. (TS4 − T∞4 ) = 1.5,67.10-8. π.0,08.6. ( 70 + 273) − ( 20 + 273)  = 553 W. Ainda
4 4
 
que a modelagem de corpo negro seja bastante questionável, os números são
compatíveis.

CAP. 22 – TROCADORES DE CALOR – FUNDAMENTOS

22.1 OBJETIVOS

Há o interesse de se usar um trocador de calor (T.C.) quando se deseja transferir


energia térmica de um sistema para a vizinhança ou para outras partes deste sistema.
Isto é feito através de um trocador de calor. Em outras palavras, um T.C. é qualquer
equipamento que faz um fluido trocar calor com outro.

22.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR

De forma mais básica, duas classificações são interessantes, dividindo os


trocadores de calor pelos seus processos internos de transferência de energia
(envolvendo contato direto ou indireto) e uma outra que os classifica em função de suas
características de construção, conforme a figura 22.1.
Figura 22.1: Representação da classificação dos T.C. pelo seu processo interno.

O contato indireto por transferência direta se traduz em um fluxo contínuo de


calor do fluido quente para o frio através de uma parede que os separa (visto na figura
22.2). Este trocador de calor pode ser um recuperador, por exemplo, como os trocadores
de placa, tubulares ou de superfície estendida.
No caso dos trocadores de armazenagem, ambos os fluidos percorrem
alternadamente as mesmas passagens de troca de calor. A superfície de transferência é,
geralmente, uma estrutura chamada de matriz. Este trocador também é chamado de
regenerador (como visto na figura 22.3).

Figura 22.2: T.C. do tipo transferência direta. (Fonte Washinton Braga Filho, transferência de calor).

Figura 22.3: T.C. do tipo armazenagem. (Fonte Washinton Braga Filho, transferência de calor).

Os trocadores de calor de contato direto misturam os fluidos, trocando calor e


massa, sendo mais eficientes na troca de calor do que os recuperadores de contato
indireto e os regeneradores. Entretanto, as aplicações são limitadas aos casos em que o
contato direto entre os fluidos é permissível. Como por exemplo, as torres de
resfriamento (vista na figura 22.4), onde ar externo é colocado em contato com água
quente.

Figura 22.4: T.C. do tipo contato direto, representado por uma torre de resfriamento de
água. (Fonte Washinton Braga Filho, transferência de calor).

A respeito do tipo de construção, a classificação é a seguinte:

Figura 22.5: Representação da classificação dos T.C. pelo seu processo de construção.

Os principais tipos de T.C. são os trocadores tubulares, os de placas, os de


superfície estendida e os regenerativos.

A respeito do sentido fluxo dos fluidos pode-se tê-los como correntes contrárias,
correntes paralelas ou cruzadas.
• Correntes opostas (counter-flow): Oferece uma troca de calor mais eficiente do
que as outras. A representação desta situação está na figura 22.6.

Figura 22.6: Representação de um T.C. utilizando para isto correntes contrárias.


• Correntes paralelas (parallel-flow): A representação desta situação está na figura
22.7.

Figura 22.7: Representação de um T.C. utilizando para isto correntes paralelas.

Figura 22.8: Representação de um T.C. utilizando para isto correntes cruzadas.

Dos trocadores de calor mais comuns, dois interessam mais por serem
encontrados normalmente e serem eficientes. E são dos tipos:

1) Dois tubos: Chamados de tubo duplo ou tubos concêntricos. Como


representados nas figuras 22.6 e 22.7.

2) Multitubular: O tubo de fora é chamado de casco. O tubo de dentro é


percorrido por um fluido, caracterizando o passe no tubo. Cada vez que o fluido
percorre o comprimento L referencia-se como número de passes que o fluido
realiza, como pode ser visto na figura 22.9.

Figura 22.9: T.C. do tipo multitubular.


A nomenclatura utilizada para estes trocadores de calor são, por exemplo, T.C.
1-2. Onde o primeiro número indica os passes no casco e o segundo indica os passes no
tubo. OBS: Se nada for dito a respeito das correntes, adotar correntes contrárias, pelo
motivo já citado.

22.3 QUANTO A FORMA DE TROCA DE CALOR E EQUAÇÕES

- Calor trocado pelo fluido quente ou frio, com mudança de temperatura (calor
sensível): Q = m.cp.∆T. (Eq. 22.1)

- Calor trocado quando houver mudança de fase, temperatura constante etc (calor
latente): Q = m.L = ∆h. (Eq. 22.2)

- Rendimento do trocador de calor: Representa quanto, em porcentagem geralmente,


Q
saiu da fonte quente (FQ) e foi para a fonte fria (FF): ηT .C . = FF (Eq. 22.3)
QFQ
Se nada for dito, significa que o rendimento do T.C. é de 100%.

- Equação de projeto de um trocador de calor: Q = U.A. ∆Tml. (Eq. 22.4)

Há uma forma de corrigir este calor para os outros tipos de trocadores de calor.
O fator de correção, F aparece na equação 22.4, tornando-a:

Q = U.A. ∆Tml.F (Eq. 22.5)

No caso de T.C. do tipo tubo duplo e no caso de mudança de fase (T constante),


F = 1.
A maioria dos T.C. caem no caso 1, da figura 22.10, onde um passe se dá na
carcaça e múltiplos passes nos tubos.

Figura 22.10: Fator de correção para trocador com um passe na carcaça e dois, quatro ou
múltiplos passes nos tubos.

1
- Coeficiente global de transferência de calor, U: U= (Eq. 22.5)
R eq . A
h .h
Para tubos de paredes finas e sem incrustrações: U= i o (Eq. 22.6)
hi + ho

- Temperatura média logarítmica (log mean temperature difference, LMTD):


∆Tmaior − ∆Tmenor
∆Tml = (Eq. 22.7)
 ∆T 
ln  maior 
 ∆Tmenor 

A representação gráfica das temperaturas em função da posição é influenciada


pelo tipo de corrente que existe no trocador de calor, conforme se vê na figura 22.11 e
12.

• Corrente paralelas:

Figura 22.11: Distribuição de temperaturas em função da posição e do tipo de corrente.

• Correntes contrárias:

Figura 22.12: Distribuição de temperaturas em função da posição e do tipo de corrente.

Se o rendimento do T.C. for igual a 1 (100%), deve-se igualar o calor da fonte


fria (QF) com o calor da fonte quente (QQ) e com o calor do projeto (Qproj). Portanto,

Q frio = Qquente = Q projeto

Se o rendimento for diferente de 1, deve-se igualar somente o QF ao Qproj.


Assim,
Q frio = Q projeto

22.4 EXERCÍCIOS
1. Um trocador de calor do tipo casco e tubos (ou carcaça e tubos) deve ser projetado
para resfriar óleo, de 220°C para 100°C, utilizando para resfriamento água, disponível
na vazão de 4 kg/s e 20°C, podendo chegar a 90°C. Por outras considerações, óleo irá
escoar no lado externo dos tubos em uma situação que resultará em um coeficiente
global de troca de calor de 373 W/m2.K. Supondo sessenta tubos de 25 mm de diâmetro
externo sejam utilizados para conduzir a água em seu interior, determinar:

a) A vazão possível de ser resfriado de óleo.


b) A diferença média logarítmica.
c) O comprimento de cada um dos tubos.
São dados: A configuração do T.C. 1 – 1. Eficiência de 100%. Calor específico à
pressão constante da água igual a 4184 J/kg.K e o calor específico à pressão constante
do óleo como igual a 2471 J/kg.K. (R.: 3,95 kg/s; 103°C e 7,6 m)
2. Um trocador de calor casco e tubos com um passe no casco e dois passes nos tubos é
usado como um regenerador para aquecer leite antes que ela seja pasteurizado. Leite frio
entra no regenerador a Tt,e = 5°C, enquanto leite quente saindo do processo de
pasteurização e entrando novamente no regenerador pelo casco a Ts,e = 70°C. A vazão
em massa de leite é igual a 5 kg/s, o coeficiente global de troca de calor baseado na área
externa dos tubos é de 2000 W/m2.K. No regenerador são usados 20 tubos finos (de
diâmetro externo de 50 mm e 2,15 m de comprimento cada) por passe. Determine qual é
o fator de correção da temperatura média logarítmica do trocador em questão
(regenerador). Suponha que Ts,s = Tt,s, que não há perda de calor para o ambiente e que
se observa o regime permanente. O calor específico a pressão constante do leite vale
4,178 kJ/kg.K. (R.: 0,773)

3. Um projeto de trocador de calor é analisado. São estudadas cinco possibilidades:

(1) Duplo tubo em correntes paralelas.


(2) Duplo tubo em correntes contrárias.

Multitubulares em contra corrente:


(3) Um passe nos N tubos e um passe no casco.
(4) Dois passes nos N’ tubos e um passe no casco.
(5) Quatro passes nos N” tubos e um passe no casco.

Sabe-se que o fator de correção da diferença de temperatura média logarítmica para o


TC (5) é igual a 0,6, que a diferença média logarítmica para os trocadores (1) e (2) é
igual, respectivamente, a 45 e 60°C. Supondo coeficiente global de transferência de
calor igual para todas as configurações, determine a razão entre a área de troca de calor
para:

TC (4)
a)
TC (1)
TC (3)
b)
TC (1)
TC (5)
c)
TC (4)
Suponha que não ocorra mudança de fase no fluido frio e no quente. Admita que as
temperaturas de entrada e saída do fluido frio e do fluido quente não se alterem para as
configurações. (R.: a) 1,25; b) 0,75 e c) 1).

4. Um trocador de calor tipo casco e tubos deve aquecer um líquido ácido que escoa em
tubos não aletados, com diâmetros interno e externo de 10 e 11 mm, respectivamente.
Um gás quente escoa pelo casco. Para evitar corrosão no material dos tubos, o
engenheiro pode especificar a utilização de uma liga metálica Ni-Cr-Mo resistente à
corrosão (densidade 8900 kg/m3 e condutividade térmica 8 W/m.K) ou uma substância
polimérica, o fluoreto de polivinilideno (PVDF, de densidade 1780 kg/m3 e
condutividade térmica de 0,17 W/m.K). Os coeficientes de transferência de calor interno
e externo são 1500 e 200 W/m2.K, respectivamente. Determine a razão entre as áreas
superficiais do plástico (Ap) e do metal (Am) necessária para transferir a mesma
quantidade de calor (R.: 1,52)

5. Água será resfriada através de um trocador de calor de construção pouco


convencional. A água circulará no interior de um tubo de cobre, com diâmetro externo
de 230 mm, espessura desprezível e com comprimento de 500 mm. Será usado como
fluido para resfriamento o etilenoglicol escoando em um duto helicoidal com seção
transversal de meio círculo, montado na parte externa do tubo de água. Admitindo
apenas trocas térmicas entre a água e o etilenoglicol, desprezando todas as outras trocas
térmicas, determine qual é o coeficiente de transferência de calor do lado da água.
Dados:
- Para a água: calor específico: 4200 J/kg.K; densidade: 996 kg/m3; vazão em massa: 20
kg/h. Temperatura da água na entrada do tubo: 98°C; Temperatura da água na saída do
tubo: 60°C;

- Para o etilenoglicol: calor específico: 2400 J/kg.K; densidade: 1109 kg/m3; coeficiente
de transferência de calor por convecção do lado do etilenoglicol: 138,5 W/m2.K;
temperatura do etilenoglicol na entrada: 5°C; na saída: 50°C. O diâmetro do duto
helicoidal é de 20 mm, tem espessura desprezível e completa 25 voltas em torno do tubo
de cobre. (R.: 125,9 W/m2.K)

6. Benzeno é obtido a partir de uma coluna de fracionamento na condição de vapor


saturado a 80°C. Determine a área de troca de calor necessária para condensar e sub-
resfriar cerca de 3.630 kg/h de benzeno até 46°C se o fluido refrigerante for água,
escoando com vazão mássica de 18.140 kg/h, disponível a 13°C. Compare as áreas
supondo escoamento em correntes opostas e correntes paralelas. Um coeficiente global
de troca de calor de 1.135 W/m2.K pode ser considerado nos dois casos. (R.: 8,1 m2 em
correntes paralelas e 7,6 m2 em correntes opostas)

7. Um trocador de calor, carcaça e tubos deve ser projetado para resfriar um óleo
sintético, inicialmente a 220°C, utilizando água, disponível na vazão de 4 kg/s e 20°C,
podendo chegar a 90°C. O óleo escoará no lado externo dos tubos em uma situação que
resultará um coeficiente médio de troca de calor, no lado da carcaça, de 400 W/m2.K.
Supondo que oito tubos sejam utilizados para conduzir água, que as paredes destes
sejam finas o suficiente, de diâmetro 25 mm e que seis passes sejam utilizados para
reduzir as dimensões do equipamento. Pede-se determinar a vazão possível de óleo
sintético, considerando que sua temperatura média de mistura na saída seja de 100°C.
Pede-se ainda determinar o comprimento dos tubos.

8. No exercício anterior, o comprimento do trocador foi considerado excessivo.


Algumas alterações reduzirão esse comprimento.
ANEXOS

ANEXO A: Detalhes a respeito de condução de calor.

A. Condução de calor – Paredes planas

- Apresentar a formulação diferencial da equação de energia.


- Apresentar e discutir as condições térmicas de contorno.

Este capítulo aplica a 1ª lei da termodinâmica em uma região infinitesimal


dentro do material da peça.
A aproximação por parâmetros concentrados não será suficiente, deve-se então
aplicar o balanço de energia (não mais globalmente e sim localmente; Parâmetros
distribuídos)
A aplicação da equação de energia dentro da peça admitirá soluções gerais que
conterão as chamadas constantes de integração.
Suponha um sistema elementar de volume A.dx, em que dx é o comprimento
elementar no interior da peça de geometria unidimensional. Adotando geometria
cartesiana, portanto plano cartesiano (x,y).
Aplicar a 1ª lei no infinitesimal quer dizer o mesmo que 1ª lei da termodinâmica
diferencial. (A formulação parâmetros concentrados constitui uma formulação integral;
cada uma tem suas vantagens inerentes).

energia que entra energia gerada energia que sai


+ = + taxa de armazenamento de energia
tempo tempo tempo

Supondo que o elemento infinitesimal tenha suas superfícies localizadas nas


faces x e x + dx, pode-se:
dT
q ( x) + qG . A.dx = q ( x + dx) + m.c. (Eq. A.1)
dt

O termo geração de energia (qG) foi escrito como o produto pelo volume (m3).
Pode ser dito, por exemplo, que se o termo qG for um calor dissipado por efeito Joule
dentro do material, é o mesmo que considerar energia sendo dissipada através de uma
resistência interna finamente distribuída internamente, de forma que a potência elétrica
Pelét  ∂T 
(Pelét = R.I2) e qG = , formam uma relação. Aplicando Fourier  q ( x) = −k . A. 
V peça  ∂x 
em A.1, tem-se:
∂q
q ( x + dx) ≈ q ( x) + dx (Eq. A.2)
∂x x

Onde uma expansão em série de Taylor foi utilizada para descrever q(x + dx),
isto é, a taxa de troca de calor na seção x + dx em termos de q(x), ou seja, a taxa de
troca de calor na seção x. Utilizando ainda a definição de massa, que pode ser escrita
como ρ .Volumeelementar = ρ . A.dx , escreve-se então:

∂ 2T qG 1 ∂T
+ = . (Eq. A.3)
∂x 2 k α ∂t

Observa-se que, no caso cartesiano (esta equação pode ser escrita em


coordenadas cilíndricas, esféricas, curvilíneas etc) mais geral, esta equação tem a
seguinte forma:
∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g 1 ∂T
+ + + = . (Eq. 2.6)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k α ∂t

Por hora, um caso particular desta equação será analisado, que considera regime
permanente (R.P.), ausência de fontes e unidimensional.
Por definição de R.P. tem-se:
∂T
=0 (Eq. A.4)
∂t

O que significa que as variações temporais de energia interna e da temperatura


terminaram. Nem todos os problemas reais admitem uma solução em R.P. Supondo que
a distribuição de temperatura seja linear dentro do material (o que nem sempre é
verdade), os problemas são tais que admitem uma solução em R.P e outra para o regime
transiente.

T(x, y, z, t) = TR.P. (x, y , z) + Ttrans(x, y, z, t) (Eq. A.5)

Dedica-se o estudo de R.P. por ser mais fácil, mesmo tendo em mente que a solução
permanente só acontece, se acontecer, após um determinado tempo, t*, definido por:
∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q g
+ + + =0
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k
Portanto, problemas unidimensionais, sem fontes internas, em R.P, a equação 2.6 se
torna:
∂ 2T
=0
∂x 2
Que admite solução do tipo: T(x) = C.x + D. (Uma reta!) Esta é a solução geral
da equação diferencial de energia, definida nos pontos interiores da peça. Para se
considerar o caso em particular, são necessárias as condições de contorno. Por exmplo,
para as dimensões da peça, x = 0 e x = L (comprimento), conforme a figura 4.1.
Figura 4.1: Coordenadas planas, considerando R.P, ausência de qG e unidimensional.

Para se determinar as condições de contorno poderá se especificar a temperatura


em cada face, por exemplo, através de medição, ou fluxos de calor (por radiação ou
convecção) nas interfaces.

Considerando inicialmente o caso mais simples e usando a figura 4.1.

1) Temperaturas medidas (especificadas, conhecidas etc). Assim:

• quando x = 0 → T = T1
• quando x = L→ T = T2

Aplicando estas equações matemáticas à solução geral da equação diferencial de


energia, obtêm-se:

De x = 0, T = T1 = C(x = 0) + D ∴ D = T1. E,
de x = L, T = T2 = C(x = L) + D ∴ T2 = C.L + T1.
T −T
Onde C = 2 1 .
L

T2 − T1
E, portanto, o perfil de temperatura se escreverá: T ( x) = + T1 (Eq.A.6)
L

Muito importante é saber o calor trocado, então o próximo passo é a determinação da


taxa de troca de calor, a qual é dada diretamente pela lei de Fourier.
dT
q ( x) = −k .A. = − k. A.C
dx

Lembrando que o R.P, sem qG e unidimensional, tem-se o mesmo que utilizando os


conceitos de resistência térmica e analogia elétrica.

T1 − T2 T −T ∆T
q ( x) = − k. A. =− 1 2 =− Este caso se reduz aos estudados no
L L Rk
k.A
capítulo 1.

2) temperatura especificada na esquerda e fluxo de calor por convecção na direita.


Assim:

Internamente, ou seja, dentro da peça as condições físicas são semelhantes, a


equação é a mesma e a solução geral também.
Neste caso, conforme a figura 4.2, desconhece-se a temperatura da direita, mas
conhece-se a temperatura e o coeficiente de troca de calor por convecção do fluido. Para
determinação da temperatura da direita deve-se aplicar a equação de energia à placa.

Figura 4.2: Nova situação para determinação da equação da condução.

Nesta nova situação, as condições térmicas de contorno (na fronteira x = L, a


informação disponível é agora a troca de calor e não mais a temperatura) são:
• quando x = 0 → T = T1
dT
• quando x = L → qk (x = L) = -k.A. = h.A.(Ts - T ∞ )
dx

- Quando x = 0, T = T1 = D.
- Quando x = L, -k.A.C = h.A.[C(x = L) + D - T ∞ )

 Bi  x
Após manipulação algébrica: T(x) =   . (T∞ − T1 ) .   + T1 (Eq.A.7)
1 + Bi  L
h.L
Onde Bi = . A temperatura da direita é:
k
 Bi 
T(x = L) = TD =  . (T∞ − T1 ) + T1 (Eq.A.8)
1 + Bi 

Se Bi for muito alto, o perfil de temperaturas é:

x
T(x) = (T∞ − T1 ) .   + T1
L

A qual indica TD = T∞ em x = L, isto é, na superfície da peça a temperatura é


igual à T∞ , o que acontece em um caso em que o coeficiente de troca calor h é muito
alto (por exemplo, mudança de fase). Entretanto, se Biot for muito pequeno (no limite,
Bi = 0, por exemplo, no caso do material ser um bom condutor) teremos que T(x) = T1,
denotando um perfil uniforme de temperatura, justificando, uma vez mais, as
aproximações feitas. O calor trocado pode ser definido com o auxílio da lei de Fourier.
No caso:
dT  Bi  T∞ − T1  Bi  T∞ − T1
=  . e q = k.A  . (Eq.A.9)
dt 1 + Bi  L 1 + Bi  L

Sempre existirão condições de contorno para cada caso, compatíveis com as diferentes
situações. Por exemplo:
• Temperatura especificada.
• Fluxo de calor especificado (por exemplo, radiação).
• Troca de calor com convecção.
• Parede isolada.

Cada equação resulta em uma equação de energia aplicada totalmente na dita interface e
que ajuda na determinação das condições de contorno.

3) Energia chegando por radiação e saindo por convecção:

Considerando agora o caso no qual nenhuma das duas temperaturas superficiais


é conhecida.

Figura 4.3: Energia chegando por radiação e saindo por convecção.

No caso, pode-se:

• x = 0 → q(x = 0) = q R.
• x = L → q(x = L) = h.A.(T D - T∞ ).

Estas equações se traduzem em:

dT
x = 0, q(x = 0) = -k. = qR
dx x =0
E,
dT
x =L, -k. = h.(C .L + D − T∞ )
dx x=L

Após as devidas manipulações, obtêm-se:


q   x 
T ( x) = R . 1 + Bi.  1 −   + T∞
h   L 

T ( x) − T∞  x
Manipulando-a: = 1 + Bi. 1 −  (Eq. A.10)
qR  L
h
Cada termo, tanto do lado esquerdo quanto do direito, é adimensional. Seus
resultados independem do sistema de unidades utilizado (podendo ser usada em
qualquer lugar do mundo).
De uma forma mais resumida (utilizando-se dos parâmetros concentrados), a
solução se escreve como:

x T ( x) − T∞
θ (η ) = 1 + Bi (1 − η ) Onde: η = e θ (η ) = .
L qR
h
Observe que a temperatura adimensional (θ) em uma extremidade da barra, isto
é, em η = 0 vale 1 + Bi, e na outra, em η = 1, vale 1.
Sempre que Bi for pequeno, a distribuição de temperaturas é quase constante,
conforme a figura 4.4 abaixo.

Figura 4.4: Influência do número de Biot no perfil de temperaturas.

Se este número for mantido constante os efeitos dos diferentes valores do


coeficiente h, k e espessura serão contrabalanceados entre si, não alterando o resultado
(este é o benefício de trabalhar com parâmetros concentrados).
Convém esclarecer que o conceito de circuito térmico é equivalente ao que foi
mostrado inicialmente, considerando as mesmas hipóteses (R.P., propriedades térmicas
constantes e ausência de fontes internas).
A aplicação da equação de energia no caso da figura 4.5, exigiria extensa
manipulação, pois ao longo do processo de solução precisa-se das condições de
contorno nas interfaces.
Por exemplo na interface placa “a” e placa “bcd”:

• Igualdade de temperaturas (supondo resistência de contato desprezível): Ta (x =


La) = Tbcd (x = La)
dT dT
• Igualdade no fluxo de calor: -ka. a = -kbcd. bcd
dx x = La dx x = La
Figura 4.5: Parede composta por diferentes materiais e circuito térmico em série e
paralelo.

Nota-se a praticidade dos circuitos térmicos, porém a análise de situações mais


complexas, envolvendo fontes internas, regime transiente etc, exige formulação
matemática mais formal.

Dúvidas comuns:

P. Em quais situações considera-se o problema unidimensional?


R. Considere uma barra colocada na horizontal e suponha que sua superfície lateral
esteja isolada. As duas bases são mantidas a T1 e T2. A taxa de troca de calor em uma
direção transversal à direção x (digamos direção y) é também expressa pela lei de
dT
Fourier: q(y) = -k. A. .
dy
dT
Devido o isolamento q(contorno) = 0, o que implica = 0. Evidentemente, isto vale
dy
apenas na superfície (isto é, em y = 0 e y = h) e não no interior. Entretanto, se a
espessura lateral for pequena, pode-se aproximar:

dT dT dT
= ≈ =0
dy y =0
dy y=h
dy y

Ou seja, T = T(y) e neste caso, T = T(x,z), por extensão de raciocínio, chega-se em T =


T(x), ou seja, situação unidimensional.

P. O que acontece se as diferenças de temperatura forem grandes?


R. Com exceção da massa específica e da viscosidade para o caso de fluidos, as
propriedades termodinâmicas não variam muito com a temperatura e quase nada com a
pressão.

P. Quais os tipos possíveis de condição de contorno?


R.
• Dirichlet ou de 1° tipo: definida como de potencial. Por exemplo: x = 0 e T = Tf
(o que indica que a temperatura foi medida, especificada)

• Neumann ou de 2° tipo: Envolvendo fluxo. Por exemplo: x = 0, a parede recebe


energia radiativa, q = qR.

Um caso particular desta condição é a condição de isolamento, onde q = 0.

• Robbin ou de 3° tipo: Definida como mista. Por exemplo: x = 0, a parede troca


calor por convecção com o meio.
dT
qR = qC, então, - k. A. = h. A.(T − T∞ )
dx
De maneira geral, as condições podem ser generalizadas em:
dT
α ( x, y ).T ( x, y) + β ( x, y ). ( x, y ) = γ ( x, y )

Todos os problemas de parede plana, R.P., ausência de fontes internas etc, têm a
mesma solução geral: T ( x) = C.x + D
A definição de um problema particular envolve a especificação de duas
condições de contorno que irão determinar unicamente as constantes de integração, C e
D.
P. A solução para R.P. pode não acontecer, o que significa?
R. Significa que em um determinado instante de tempo, as variações temporais
de temperatura irão terminar. Entretanto, não há garantias que isso ocorrerá sempre. Por
exemplo: imagine uma situação na qual 10 W estejam entrando em uma peça, mas
apenas 8 W saem. Esta é a situação na qual energia interna aumenta. Se isto acontecer
continuamente, o problema não admitirá uma solução final de equilíbrio. Outro exemplo
é uma temperatura que varia no tempo como um perfil senoidal, não haverá R.P.
ANEXO B:

B. Condução de calor - paredes cilíndricas

Um exemplo bem prático de condução de calor em paredes cilíndricas são os


trocadores de calor tubular, normalmente, com dezenas de tubos.
Considere um cilindro longo, de raios interno (ri) e externo (r0). Com as
hipóteses de k constante (se for variável usa-se um kmédio), R.P. e ausência de qG
(dissipação-geração interna de energia). A equação diferencial de balanço torna-se:
1 d  dT 
. r =0 (Eq. B.1)
r dr  dr 
Onde T = T(r), por simplicidade.
Duas condições de contorno são necessárias. No estudo de cilindro, dois casos:
Cilindro sólido e casca cilíndrica.

1) Para o caso do cilindro sólido, como da figura 5.1, usa-se, geralmente, r = 0 e


r = r0. As condições usualmente entendida é que a temperatura deve permanecer finita
em r = 0. Assim, qualquer condição que implique temperatura tendendo ao infinito para
r = 0 deve ser excluída.

Figura 5.1: Cilindro e coordenadas.

No caso presente, considerando a simetria em torno de r = 0, pode-se considerar


dT
ainda = 0 em r = 0. Supondo T = T1 em r = r0, tem-se:
dr
d  dT  dT
r =0→r = C1
dr  dr  dr
dT C1
Isto implica em que = , o qual resulta: T = C1 . ln r + C2 (Eq. B.2)
dr r
• Para r = 0, a temperatura deve ser finita, o que implica C1 = 0, já que ln(r = 0)
= ∞ , tornando infinita a temperatura, o que é impossível, não há temperaturas
infinitas.

Portanto, T = C2 = T1. É a resposta! Uma temperatura uniforme. Como isso,


nenhuma troca de calor ocorrerá (situação isotérmica).
No caso de condutores elétricos precisa-se de mais sofisticação, pois há dissipação
de energia interna, por efeito Joule. Da mesma forma, o caso aqui apresentado envolve
R.P. No transiente, a presença do termo indicativo de armazenamento de energia interna
altera o tipo de solução.
Se a condição de contorno da superfície externa for convecção, tem-se:
dT
−k . = h.[T (r = r0 ) − T∞ ]
dr r = r0

dT
A situação física não muda. Como = 0 , a solução passa a ser: T(r) = T(r = 0)
dr
= T (r = r0) = T∞ . Novamente isotérmica e sem troca de útil de calor entre fio (cabo) e o
ambiente. Portanto, a situação que não interessa em transmissão de calor.

2) Para o caso da casca cilíndrica, como a da figura 5.2, de comprimento L e


raios interno ri e externo r0.

Figura 5.2: Casca cilíndrica e corrdenadas.

Como condição de contorno, considera-se:

• r = ri, T(r = ri) = Tint


• r = r0, T(r = r0) = Text

Substituindo na solução geral da equação da condução de calor, que é a mesma do


cilindro sólido (Eq. 5.2), tem-se:

T = C1 . ln r + C2 (Eq. B.2)

• Quando r = ri: Tint = C1.ln ri + C2


• Quando r = r0: Text = C1. ln r0 + C2

Text − Tint ln ri
Resultando em: C1 = e C2 = Tint − (Text − Tint ).
r r
ln 0 ln 0
ri ri
T −T (T − T )
Finalmente: T (r ) = ext int .ln r − ext int .ln ri + Tint (Eq. B.3)
r r
ln 0 ln 0
ri ri
Escrita de forma adimensional a equação acima fica:

r
ln
T (r ) − Tint ri
= (Eq. B.4)
Text − Tint r
ln 0
ri
A taxa de troca de calor radial através do cilindro de comprimento L, será:
dT dT Text − Tint 1
q (r ) = −k . A. , com A = 2.π.r.L e = . , obtêm-se:
dr dr r0 r
ln
ri
2.π .k .L ( Text − Tint )
q(r ) = = constante (Eq. B.5)
r0
ln
ri
Observe que, embora o gradiente de temperatura ( ∇T ) radial varie com o raio, o
calor trocado independe dele, o que é verdade para R.P. e ausência de q G etc. Pode-se
escrever a taxa de troca de calor em termos de uma diferença de potencial elétrico e uma
resistência equivalente.
r
ln 0
∆T ri
q(r ) = − Onde, como dito, RK = .
RK 2.π .k .L

Com freqüência, a casca cilíndrica é utilizada para separar 2 meios, à


semelhança com placas planas. Se for conhecida a temperatura interna e a troca de calor
por convecção na superfície externa, as condições de contorno são:
• r = ri, face interna: Tint especificada.
dT
• r = r0, troca de calor por convecção: −k . = h.[T (r = r0 ) − T∞ ]
dr r =r0

r0 k
ln+
T − T∞ r r0 .h
= a qual também pode ser escrita como:
Tint − T∞ ln r0 + k
ri r0 .h

r
Bi.ln 0 + 1
T − T∞ r
=
Tint − T∞ Bi.ln r0 + 1
ri
 h.Lc h.r0 
Se o número de Biot  Bi = =  for muito grande, obtêm-se os mesmo
 k k 
resultados do caso anterior, de temperatura especificada.
De forma análoga, poderemos escrever o calor trocado entre a face esquerda da
casca e o ambiente, como:

dT 2.π .k .L ( Tint − T∞ ) (Tint − T∞ )


q (r ) = −k . A. ou seja, q(r ) = =
dr r0 k RK + RC
ln +
ri r0 .h
r0
ln
ri 1
Onde, RK = e RC = .
2.π .k .L 2.π .r0 .L.h
3) Cilindros coaxiais: Considere uma estrutura circular composta por duas camadas
sólidas (material e isolante, por exemplo) como o da figura 5.3, separando dois fluidos.
Um interno a temperatura Ta e outro externo a temperatura Tb.

Figura 5.3: Cilindros coaxiais e suas coordenadas.

TA − TB
q=
ΣR

É bem comum o conceito de coeficiente global de transmissão de calor, U. Tac


coeficiente relaciona com a resistência térmica total, R, pela relação:
1
U .A = (Eq. B.6)
ΣR
E o calor trocado: q = U.A.∆T. (Eq. B.7)

Em cilindros e esferas, a especificação da área é importante, assim:

• Ui = quando faz-se referência à área interna.


• Uc = quando faz-se referência à área externa.
• Escreve-se U.A = Ui.Ai = Uc.Ac.

Nas aplicações de engenharia, geralmente é especificado o coeficiente Ue, pois a


área externa é mais fácil de ser medida. No caso em questão:
1
Ue =
rb r r  r r  1
+ b .ln  i  + b .ln  b  +
ra .ha k1  ra  k2  ri  hb

B.1 EXERCÍCIOS

1. Um fio de cobre, de diâmetro 1 cm, coberto com plástico até o diâmetro externo de 3
cm. O conjunto é exposto ao ar a 35°C, coeficiente de troca de calor por convecção
igual a 30 W/m2.K. Determine a máxima corrente (Amperes) que este fio suportará sem
que nenhuma parte de plástico protetor opere acima de 80°C. O que acontece se a
radiação for considerada:? (R.: 455 A)
Material k (w/m.K) ρ – resistividade elétrica (ohm.cm)

Cobre 370 2.10-6


Plástico 0,35 0

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