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Departamento de Matemática

Licenciaturas em Economia, Finanças e Gestão


Matemática II - 1º Semestre - 2020/2021

Época Normal: 5 de janeiro de 2021


Duração: 2h
Justifique cuidadosamente todas as suas respostas.
 
1 1 0
1. Considere a matriz A =  1 k 1  , k ∈ R.
0 1 k−1

a) Calcule, ou prove que não existem, valores de k para os quais (1, 2, 1) é vetor próprio de A.
Resolução:
O vetor v = (1, 2, 1) é valor próprio de A se e só se existe λ ∈ R tal que Av = λv.
 

1 1 0

1
 
1
 

 1 + 2 = λ λ = 3


 1 k 1   2  = λ  2  ⇔ 1 + 2k + 1 = 2λ ⇔ k = 2 .
0 1 k−1
 
1 1 2 + k − 1 = λ
 
k = 2

Logo, o vetor (1, 2, 1) é vetor próprio de A somente quando k = 2.

b) Considere k = 3 e, para este valor de k, seja Q(x) a forma quadrática definida por

Q(x) = xT Ax, ∀x ∈ R3 .

Mostre que Q(x) nunca toma valores negativos e escreva a expressão da forma quadrática.
Resolução:
A forma quadrática Q(x, y, z) tem a seguinte forma:
  
1 1 0 x
1   y  = x2 + 2xy + 3y 2 + 2yz + 2z 2 .
 
Q(x, y, z) = x y z  1 3
0 1 2 z
A forma quadrática Q nunca toma valores negativos se for definida positiva ou semidefinida positiva.
Como a matriz A é simétrica e |A| = 3 6= 0, calculamos os seus menores principais:

1 1
∆1 = |1| = 1 > 0 ∆2 = = 2 > 0.
1 3

Pelo teorema dos menores principais, a forma quadrática é definida positiva e portanto nunca toma
valores negativos.

2. Considere a função f : Df ⊆ R2 → R definida por

ln (9 − x2 − (y − 1)2 )
f (x, y) = √
y−2

a) Determine o domı́nio de f , Df , e represente-o geometricamente.


Resolução:

Df = {(x, y) ∈ R2 : 9 − x2 − (y − 1)2 > 0 ∧ y − 2 ≥ 0 ∧ y − 2 6= 0}
= {(x, y) ∈ R2 : x2 + (y − 1)2 < 9 ∧ y > 2}.
Figura 1: Gráfico do exercı́cio 2a)

b) Defina analiticamente o interior e a fronteira do conjunto Df .


Resolução:

int(Df ) = {(x, y) ∈ R2 : x2 + (y − 1)2 < 9 ∧ y > 2} = Df


f r(Df ) = {(x, y) ∈ R2 : [x2 + (y − 1)2 = 9 ∧ y ≥ 2] ∨ [x2 ≤ 8 ∧ y = 2]}.

c) Será que pode existir uma sucesssão (an , bn ) ∈ Df tal que limn∈N (an , bn ) ∈
/ Df ? Em caso afirmativo, dê
um exemplo de uma sucessão nas condições referidas.
Resolução:
Sim, existe uma sucessão (an , bn ) ∈ Df tal que limn∈N (an , bn ) 6∈ Df porque o conjunto Df não é fechado.
Um exemplo é a sucessão (an , bn ) = (0, 2 + n1 ). A sucessão anterior converge para o ponto (0, 2) 6∈ Df e
(0, 2 + n1 ) ∈ Df para todo o n ∈ N.

x2

se (x, y) 6= (0, 1)

3. Considere a função f (x, y) = |x| + |y − 1| .
0 se (x, y) = (0, 1)

a) Estude a continuidade da função f no ponto (0, 1) .


Resolução:
A função f será contı́nua no ponto (0, 1) se e só se

lim f (x, y) = f (0, 1) = 0.


(x,y)→(0,1)

Assim, para provar a continuidade de f em (0, 1) basta provar que

x2
lim = 0.
(x,y)→(0,1) |x| + |y − 1|

Por enquadramento,

x2

|x|.|x| (|x| + |y − 1|) |x|
0 ≤ − 0 = ≤ = |x|
|x| + |y − 1| |x| + |y − 1| |x| + |y − 1|

e, como lim |x| = 0, fica provado que a função f é contı́nua em (0, 1).
(x,y)→(0,1)

∂f ∂f
b) Calcule, ou prove que não existe, (0, 1) e (0, 1).
∂x ∂y
Resolução:
2
h
|h| − 0 h2

∂f f (0 + h, 1) − f (0, 1) h 1 se h > 0
(0, 1) = lim = lim = lim = lim = lim .
∂x h→0 h h→0 h h→0 |h|h h→0 |h| h→0 −1 se h < 0
∂f
Logo, não existe (0, 1).
∂x
∂f f (0, 1 + h) − f (0, 1) 0−0
(0, 1) = lim = lim = 0.
∂y h→0 h h→0 h
2
4. Considere a função f (x, y) = xex+y .

a) Determine e classifique os pontos crı́ticos de f .


Resolução:
D f = R2 ;
(x, y) é ponto crı́tico de f sse
( ( 2 2
( 2
∂f
ex+y + xex+y = 0 ex+y (1 + x) = 0

∂x (x, y) = 0 ⇔ x = −1
∂f x+y 2 ⇔ x+y 2 ⇔
∂y (x, y) = 0 2xye = 0 2xye = 0 x=0∨y =0

Logo o único ponto crı́tico de f é o ponto (−1, 0). " #


2 2
(2 + x)ex+y 2y(1 + x)ex+y
A matriz Hessiana de f num ponto (x, y) ∈ Df é Hf (x, y) = 2 2 .
2y(1 + x)ex+y (2x + 4y 2 x)ex+y
No ponto (−1, 0) temos
 −1 
e 0
Hf (−1, 0) = , matriz cujos menores principais primários são ∆1 = e−1 > 0 e ∆2 =
0 −2e−1
−2e−2 < 0 e portanto Hf (−1, 0) é indefinida. Logo o ponto (−1, 0) é um ponto de sela.

b) Justifique, sem efetuar qualquer cálculo, que a função f tem máximo e mı́nimo absolutos no conjunto
{(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1}.
Resolução:
Uma vez que a função f é contı́nua em todo o seu domı́nio (porque é produto e composição de funções
contı́nuas) e que o conjunto dado é um conjunto compacto (limitado e fechado - justifique porquê) então,
pelo teorema de Weierstrass, a função tem naquele conjunto máximo e mı́nimo absolutos.
ZZ
5. Considere o conjunto Ω = {(x, y) ∈ R2 : x2 ≤ y ≤ x}. Calcule (2x − 1)ey−x dxdy.

Resolução:
O conjunto Ω pode escrever-se facilmente da seguinte forma (como conjunto de tipo I):

Ω = {(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ x2 ≤ y ≤ x}.
Assim, temos
ZZ Z 1 Z x  Z 1
(2x − 1)ey−x dxdy = (2x − 1)ey−x dy dx = [(2x − 1)ey−x ]y=x
y=x2 dx =
Ω 0 x2 0
Z 1
2 2
−x −x x=1
= (2x − 1)e0 − (2x − 1)ex dx = [x2 − x − ex ]x=0 = (1 − 1 − e0 ) − (−e0 ) = 0.
0

6. Encontre o conjunto de todas as soluções da seguinte equação diferencial y 00 − 4y = 5e3x .


Resolução:
Começamos por resolver a equação homogénea associada y 00 − 4y = 0.
A equação caracterı́stica, D2 − 4 = 0 tem 2 raı́zes reais distintas: D = −2, D = 2. Desta forma a
solução geral da equação homogénea é

yh (x) = C1 e−2x + C2 e2x , com C1 , C2 ∈ R.

Sendo o 2º membro da equação f (x) = 5e3x vamos procurar uma solução particular do tipo yp (x) = ke3x .
Se yp (x) = ke3x , vem yp0 (x) = 3ke3x e yp00 (x) = 9ke3x ; substituindo na equação dada obtemos

9ke3x − 4ke3x = 5e3x

e logo concluı́mos que k = 1.


Assim, temos uma solução particular yp (x) = e3x e obtemos então a solução geral da equação dada que

yg (x) = yh (x) + yp (x) = C1 e−2x + C2 e2x + e3x , C1 , C2 ∈ R.
7. Dado k ∈ R+ , considere a equação diferencial y 0 = 2xy + ky.
2
a) Sabendo que ex +2x
é solução da equação calcule o valor de k.
Resolução:
2
A função ex +2x é solução da equação diferencial y 0 = 2xy + ky se, quando substituirmos na equação y
2
por ex +2x obtivermos uma igualdade.
2 2
Assim, se y = ex +2x , temos que y 0 = (2x + 2)ex +2x e, substituindo na equação obtemos
2 2 2 2 2
(2x + 2)ex +2x
= 2xex +2x
+ kex +2x
⇔ (2x + 2)ex +2x
= (2x + k)ex +2x
⇔ 2x + 2 = 2x + k ⇔ k = 2.

b) Considere o valor de k que encontrou na alı́nea anterior (se não tiver resolvido a alı́nea anterior pode
considerar k = 3). Indique a solução da equação que verifica y(0) = e.
Resolução:
1- Resolver a equação: y 0 = 2xy + 2y (esta equação pode ser resolvida como equação de variáveis separáveis ou linear de 1ª ordem)
Resolvendo como equação linear de 1ª ordem (y 0 + a(x)y = b(x)) y0 + (−2x − 2)y = 0, a(x) = −2x − 2, b(x) = 0
obtemos que
2
R
y(x) = e− (−2x−2)dx .C = Cex +2x , C ∈ R.
Para que y(0) = e teremos que ter y(0) = Ce0 = e, ou seja C = e e a solução pedida é
2
y(x) = ex +2x+1
.

8. Seja f : R2 → R uma função homogénea de grau 2. Prove, sem utilizar a identidade de Euler, que

∂(a,b) f (a, b) = 2f (a, b) ∀(a, b) ∈ R2 \{(0, 0)}.

Resolução:
Seja (a, b) ∈ R2 \{(0, 0)}. Por definição
f ((a, b) + h(a, b)) − f (a, b) f ((a + ha, b + hb) − f (a, b)
∂(a,b) f (a, b) = lim = lim
h→0 h h→0 h

f ((1 + h)a, (1 + h)b) − f (a, b) (1 + h)2 f (a, b) − f (a, b)


= lim =∗ lim
h→0 h h→0 h

(1 + 2h + h2 )f (a, b) − f (a, b) (2h + h2 )f (a, b)


lim = lim = lim (2 + h)f (a, b) = 2f (a, b).
h→0 h h→0 h h→0
* como f é homogénea de grau 2 sabemos que, ∀λ ∈ R, f (λa, λb) = λ2 f (a, b); em particular para λ = 1 + h obtemos a igualdade seguinte;

Cotações
1a) 1b) 2a) 2b) 2c) 3a) 3b) 4a) 4b) 5 6 7a) 7b) 8
1,5 1,5 1,0 1,5 1,0 1,5 1,5 1,5 0,5 2,0 1,5 1,0 1,5 2,5

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