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Departamento de Matemática
Secção de Álgebra e Análise
Prof. Gabriel Pires
CDI-II
1 Notação
Rn = R × R × · · · × R
x ∈ Rn : x = (x1 , x2 , · · · , xn ) ; xk ∈ R ; k = 1, 2, . . . , n
Casos importantes:
i) R2 : (x, y)
ii) R3 : (x, y, z)
BR (a) = {x ∈ Rn :k x − a k< R}
(x, y)
R
(a, b)
0 x
2
y
x>0
0 x
4 Sucessões em Rn
Uma sucessão (xk ) é uma função N ∋ k 7→ xk ∈ Rn , que a cada k ∈ N faz corresponder um
vector xk = (xk1 , xk2 , . . . , xkn ) ∈ Rn .
Diz-se que uma sucessão (xk ) converge para um ponto a se dado δ > 0 existe uma ordem
k0 a partir da qual os termos da sucessão se encontram na bola Bδ (a), ou seja
(| x | + | y |)2 =| x |2 + | y |2 +2 | x || y | ≥ | x |2 + | y |2 ≥ | x |2
ou seja,
| x | + | y | ≥ k (x, y) k ≥ | x | .
Do mesmo modo, obtemos
| x | + | y | ≥ k (x, y) k ≥ | y | .
3
É claro que para x = (x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn teremos
| x1 | + | x2 | + · · · + | xn | ≥ k x k ≥ | xj |, ∀j = 1, 2, . . . , n. (1)
Seja (xk ) uma sucessão convergente para a = (a1 , a2 , · · · , an ). Usando a desigualdade (1),
obtemos
Assim, concluı́mos que a sucessão (xk ) converge para a se e só se cada uma das sucessões,
ditas componentes ou coordenadas, (xk,j ), converge par aj , em que j = 1, 2, . . . , n. Ou seja
xk → a ⇔ xk,j → aj , j = 1, 2, . . . , n
1
Exemplo 4.1 1. lim ,1+ e −k
= (0, 1)
k→∞ k
1 2
2. lim , 1 + e , 3,
−k
= (0, 1, 3, 0)
k→∞ k 1 + k2
1 k
3. A sucessão lim , 2 não é convergente porque a segunda componente não é uma
k→∞ k
sucessão convergente.
4
y
0 x
5 Funções em Rn
5.1 Exemplos
i) Campo vectorial: F : R2 \ {(0, 0)} → R2 definido por
y x
F (x, y) = − 2 , .
(x + y 2 ) (x2 + y 2 )
5
Em geral, as funções serão do tipo f : D ⊂ Rn → Rm em que D designa o respectivo
domı́nio.
Casos especiais importantes:
a) Campo vectorial: n = m
b) Campo escalar: m = 1
c) Trajectória ou caminho: n = 1 e m = 2 ou m = 3.
d) Parametrização de superfı́cies: n = 2 e m = 3.
fj (x) = fj (x1 , x2 , · · · , xn ) , j = 1, 2, . . . , m.
Rn Rm
f (x)
δ ǫ
x
f f (a)
a
6
Seja (xk ) uma sucessão em D tal que xk → a. Então existe um inteiro positivo k0 tal que
k xk − a k< δ para todo k > k0 . Sendo f contı́nua em a, teremos k f (xk ) − f (a) k< ǫ, ou
seja, f (xk ) → f (a).
Por outro lado, se f não fosse contı́nua em a existiria um ǫ > 0 tal que, para qualquer
δ > 0 haveria um ponto x ∈ D verificando
1
k xk − a k< e k f (xk ) − f (a) k ≥ ǫ,
k
ou seja, xk → a mas a sucessão (f (xk )) não seria convergente para f (a).
Assim, podemos concluir que uma função f : D ⊂ Rn → Rm é contı́nua em a ∈ D se
e só se dada uma sucessão (xk ) tal que xk → a, então f (xk ) → f (a).
Note-se que, tendo em conta a desigualdade (1), facilmente se conclui que uma função
f : D ⊂ Rn → Rm é contı́nua em a ∈ D se e só se cada uma das funções componentes
fj : D ⊂ Rn → R, ∀j = 1, 2, . . . , m, for contı́nua em a ∈ D.
Portanto, neste contexto, basta estudar as funções escalares.
a) A função αf é contı́nua.
b) A função f + g é contı́nua.
c) A função f g é contı́nua.
7
Exemplo 5.1 A função definida por f (x, y) = x é contı́nua em R2 . De facto,
p
| f (x, y) − f (a, b) |=| x − a | ≤ (x − a)2 + (y − b)2 =k (x − a, y − b) k
ou seja,
lim f (x, y) = f (a, b) = a.
(x,y)→(a,b)
xy
Exemplo 5.2 Seja f (x, y) = .
x2 + y2
i) Pelas propriedades das funções contı́nuas f é contı́nua no seu domı́nio D = R2 \{(0, 0)}.
ii) A fronteira de D é o conjunto {(0, 0)}. Vamos ver que f não pode ser prolongada por
continuidade à origem. De facto,
x2 1
f (x, x) = 2
=
2x 2
2
x 1
f (x, −x) = − 2 = −
2x 2
x2 y
Exemplo 5.3 Seja g(x, y) = .
x2 + y 2
i) Pelas propriedades das funções contı́nuas g é contı́nua no seu domı́nio D = R2 \{(0, 0)}.
8
ii) A fronteira de D é o conjunto {(0, 0)}. Vamos ver que g pode ser prolongada por
continuidade à origem. De facto, para y = mx, temos
m
lim g(x, y) = lim g(x, mx) = lim x = 0, ∀m ∈ R.
(x,y)→(0,0) x→0 x→0 1 + m2
Portanto, lim g(x, y) = 0 desde que este limite seja calculado segundo qualquer
(x,y)→(0,0)
linha recta que passa pela origem. Vamos ver, recorrendo à definição, que de facto
temos lim g(x, y) = 0.
(x,y)→(0,0)
Portanto,
| g(x, y) | ≤ k (x, y) k,
ou seja,
lim g(x, y) = 0.
(x,y)→(0,0)
sen(x2 + y 2 )
Exemplo 5.4 Seja h(x, y) = .
x2 + y 2
i) Pelas propriedades das funções contı́nuas h é contı́nua no seu domı́nio D = R2 \{(0, 0)}.
Note-se que h é a composição de funções contı́nuas
R2 → R → R
sen(x2 + y 2 )
(x, y) 7→ x2 + y 2 7 →
x2 + y 2
sen r
ii) Dado que lim = 1, teremos lim h(x, y) = 1.
r→0 r (x,y)→(0,0)
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Aα = {x ∈ Rn : f (x) ≥ α}.
Seja (xk ) uma sucessão de termos em Aα e convergente para um ponto a. Dado que f é
uma função contı́nua, teremos
lim f (xk ) = f (a)
k→∞
{x ∈ Rn : f (x) ≤ α}
x2 + y 2 ≤ 1
0 x
b) Uma Esfera em R3 .
c) Um Cilindro em R3 .
2
z
z
ρ2 + z 2 = 1
0 ρ
y
x
d) Um Parabolóide em R3 .
e) Um Cone em R3 .
p
i) {(x, y, z) ∈ R3 : z = x2 + y 2 }, ou seja, conjunto de nı́vel zero da função contı́nua
F : R3 → R definida por F (x, y, z) = z 2 − x2 − y 2 , em que z ≥ 0. Trata-se, portanto,
de um conjunto fechado.
ii) “Pilha” de circunferências de raio z e centro em (0, 0, z).
iii) Pode ser visto como o resultado de uma rotação, em torno do eixo Oz, de uma recta
tal como se ilustra na figura (5).
p
De facto, definindo ρ = x2 + y 2 , temos z = ρ.
f) Um Toro em R3 .
3
z z
ρ=1
0 ρ
y
x
p
i) {(x, y, z) ∈ R3 : ( x2 + y 2 − 3)2 + z 2 = 1}, ou seja,
p conjunto de nı́vel zero da função
contı́nua F : R3 → R definida por F (x, y, z) = ( x2 + y 2 − 3)2 + z 2 − 1. Trata-se,
portanto, de um conjunto fechado.
ii) Pode ser visto como o resultado de uma rotação, em torno do eixo Oz, de uma circun-
ferência tal como se ilustra na figura (6).
De facto, definindo ρ = x2 + y 2 , temos (ρ − 3)2 + z 2 = 1.
p
x2 + y 2 = 1 ; −1 < z < 1,
teremos
x2 + y 2 + z 2 ≤ 2,
√
ou seja, está contida na bola de raio 2 e centro na origem.
4
z
z = ρ2
x y 0 x
é claro que p
2 ≤ x2 + y 2 ≤ 4 ; z 2 ≤ 1,
e, portanto,
x2 + y 2 + z 2 < 17.
É sabido que em R uma sucessão limitada tem pelo menos uma subsucessão convergente.
Em Rn acontece o mesmo.
Para vermos que assim é, consideremos apenas o caso de R2 . Seja (xk , yk ) uma sucessão
limitada, ou seja,
∃R > 0 ∀k k (xk , yk ) k ≤ R
e, sabendo que
| xk | ≤k (xk , yk ) k,
a sucessão (xk ) é limitada em R e, portanto, tem uma subsucessão convergente. Seja (xk′ )
essa subsucessão.
A sucessão (xk′ , yk′ ) é uma subsucessão de (xk , yk ) e note-se que (yk′ ) é também limitada
em R e tem, portanto, pelo menos uma subsucessão (yk′′ ) convergente.
Assim, a sucessão (xk′′ , yk′′ ) é uma subsucessão convergente da sucessão (xk , yk ).
5
z
z=ρ
y
x 0 ρ
p
Figura 5: Cone definido por {(x, y, z) ∈ R3 : z = x2 + y 2 }
Recorde-se que uma sucessão convergente, com termos num conjunto fechado, tem limite
nesse conjunto.
Portanto, um conjunto A ⊂ R é compacto se qualquer sucessão com termos em A tem
pelo menos uma subsucessão convergente com limite em A.
Seja f : Rn → Rm uma função contı́nua e D ⊂ Rn um conjunto compacto e consideremos
o respectivo conjunto imagem f (D).
Seja (yk ) uma sucessão em f (D) e consideremos a sucessão (xk ) de termos em D tal que
yk = f (xk ).
Sendo D um conjunto compacto, a sucessão (xk ) tem uma subsucessão (xk′ ) convergente
(ρ − 3)2 + z 2 = 1
0 ρ
y
x
p
Figura 6: Toro definido por {(x, y, z) ∈ R3 : ( x2 + y 2 − 3)2 + z 2 = 1}
6
com limite a ∈ D e, dado que f é uma função contı́nua, teremos
e, portanto,
lim yk′ = f (a) ∈ f (D),
k ′ →∞
ou seja, a sucessão (yk ) tem uma subsucessão (yk′ ) convergente com limite em f (D).
No caso escalar, f (D) será um conjunto compacto em R e, portanto, terá máximo e mı́nimo.
7
2 Funções Diferenciáveis
Definição 2.1 Uma função f : D ⊂ Rn → Rm diz-se diferenciável num ponto a ∈ int(D)
se existir uma aplicação linear Df (a) : Rn → Rm , denominada derivada de f em a, tal que
ou seja,
o(h) f (a + h) − f (a) − Df (a)h
lim = lim =0
h→0 khk h→0 khk
ou seja,
f (a + tek ) − f (a) o(tek )
= Df (a)ek + .
t t
Portanto,
f (a + tek ) − f (a)
lim = Df (a)ek .
t→0 t
Note-se que
e a razão incremental
f (a + tek ) − f (a) f (a1 , a2 , . . . , ak + t, . . . , , an ) − f (a1 , a2 , . . . , ak , . . . , , an )
=
t t
obtem-se, fixando todas as coordenadas excepto a k-ésima.
Sendo f (x) = (f1 (x), f2 (x), . . . , fm (x)), temos
f (a + tek ) − f (a)
f1 (a + tek ) − f1 (a) fm (a + tek ) − fm (a)
lim = lim , . . . , lim .
t→0 t t→0 t t→0 t
Note-se também que o conjunto de pontos definido por {a+tek : t ∈ R} é a recta que passa
fj (a + tek ) − fj (a)
pelo ponto a e com a direcção do vector ek . Assim, a razão incremental é
t
a taxa de variação da função escalar fj na direcção ek .
8
Definição 2.2 Ao limite
∂fj fj (a + tek ) − fj (a)
(a) = lim
∂xk t→0 t
chamamos derivada partial de fj , com j = 1, 2, . . . , m, no ponto a em ordem à variável
xk , com k = 1, 2, . . . , n.
∂fj
Note-se que para calcular a derivada partial (a) devemos fixar todas as variáveis excepto
∂xk
xk . Portanto, trata-se de calcular a derivada de uma função de uma variável real xk .
Por outro lado, Df (a)ek é a k-ésima coluna da matriz que representa a derivada Df (a).
Portanto, a matriz que representa a derivada Df (a) será
∂f1 ∂f1 ∂f1
∂x1
(a) ∂x 2
(a) · · · ∂x n
(a)
∂f2 ∂f2 ∂f2
∂x1 (a) ∂x (a) · · · ∂xn (a)
2
Df (a) = . . ... .
. . ... .
. . . . . .
∂fm ∂fm ∂fm
∂x1
(a) ∂x2 (a) · · · ∂xn (a)
Portanto, h i
∂f ∂f
Df (a, b) = ∂x
(a, b) ∂y
(a, b) = 1 0
e
h
Df (a, b)(h, k) = 1 0 = h.
k
Assim,
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x fixo
y fixo
y
x
2
z
xy
Figura 2: Gráfico da função f (x, y) = x2 +y 2
y
x
3
Na origem deveremos usar a definição de derivada parcial. Assim, teremos
∂f f (t, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim =0
∂x t→0 t
porque f (t, 0) = f (0, 0) = 0.
Do mesmo modo
∂f f (0, t) − f (0, 0)
(0, 0) = lim =0
∂y t→0 t
porque f (0, t) = f (0, 0) = 0.
Portanto, as derivadas parciais existem em todos os pontos de R2 .
No entanto esta função não é diferenciável na origem. De facto, se tal sucedesse,
terı́amos
f (h, k) − f (0, 0) − ∇f (0, 0)(h, k)
lim = 0.
(h,k)→(0,0) k (h, k) k
Mas, sendo f (0, 0) = 0 e ∇f (0, 0) = (0, 0), teremos
f (h, k) hk
lim √ = lim 6= 0,
(h,k)→(0,0) 2
h +k 2 (h,k)→(0,0) h + k 2
2
ou seja,
f (a + tv) − f (a) o(tv)
= ∇f (a)v + ,
t t
e, portanto
f (a + tv) − f (a)
lim = ∇f (a)v. (1)
t→0 t
4
z = f (x, y)
z
x
y
5
Portanto, na forma vectorial, a derivada direccional Dv f (a) é o produto interno dos vectores
∇f (a) e v.
Assim, sendo k v k= 1, temos
ou seja,
(3, 1) • (v1 , v2 ) = 0 ⇔ v2 = −3v1 .
1 3
Fazendo v1 = 1 temos v = ( √ , − √ ).
10 10
6
3 Identificação de Funções Diferenciáveis. Propriedades
O uso da definição de função diferenciável pode tornar-se penoso. Esta tarefa pode ser facilitada
recorrendo às propriedades das funções diferenciáveis. Neste contexto, a propriedade mais
importante é a que se refere à derivada da composição de funções.
Consideremos a seguinte composição de funções diferenciáveis
g f
Rn −→ Rp −→ Rm
x 7→ g(x) 7→ f (g(x))
e, portanto,
7
Note-se que a matriz que representa a derivada Dg(a) tem p linhas e n colunas e a que
representa a derivada Df (g(a)) tem m linhas e p colunas. Assim, a matriz que representa
a derivada da função composta D(f ◦ g)(a) tem m linhas e n colunas por ser o produto
Df (g(a))Dg(a).
em que
∂s ∂s
Ds(h(a)) = Ds(f (a), g(a)) = ∂u
(f (a), g(a)) ∂v
(f (a), g(a)) = 1 1
e ∂f ∂f ∂f
∂x1
(a) ∂x2
(a) ··· ∂xn
(a)
Dh(a) =
∂g ∂g ∂g
∂x1
(a) ∂x2
(a) ··· ∂xn
(a)
e, portanto,
= Df (a) + Dg(a)
8
Se na composição (3) fizermos s(u, v) = uv facilmente concluı́mos que o produto de funções
contı́nuas é uma função diferenciável e a respectiva derivada é dada por
não é contı́nua na origem e, portanto, não será diferenciável nesse ponto. Em R2 \ {(0, 0)}
é diferenciável por ser o quociente de funções diferenciáveis.
9
Exemplo 3.3 Seja f : R2 → R uma função definida por
h i
∂g ∂g ∂g ∂g
= ∂u
(2, π) ∂u
∂x
(1, 0) + ∂v
∂v
(2, π) ∂x (1, 0) ∂u
(2, π) ∂u
∂y
(1, 0) + ∂v
(2, π) ∂v
∂y
(1, 0)
h i
∂g ∂g ∂g ∂g
= ∂u
(2, π) ∂u
∂x
(1, 0) + ∂v
∂v
(2, π) ∂x (1, 0) ∂u
(2, π) ∂u
∂y
(1, 0) + ∂v
(2, π) ∂v
∂y
(1, 0)
Sabendo que
∂g
(u, v) = v cos(uv)
∂u
∂g
(u, v) = u cos(uv),
∂v
e, portanto,
∂g
(2, π) = π
∂u
∂g
(2, π) = 2,
∂v
10
teremos
∇f (1, 0) = π ∂u ∂v
(1, 0) π ∂u (1, 0) + 2 ∂v
∂x
(1, 0) + 2 ∂x ∂y ∂y
(1, 0) .
Na forma vectorial será
∂u ∂v ∂u ∂v
∇f (1, 0) = π (1, 0) + 2 (1, 0) , π (1, 0) + 2 (1, 0) .
∂x ∂x ∂y ∂y
Note-se que, num ponto qualquer (x, y), teremos
∂f ∂g ∂u ∂g ∂v
(x, y) = (u(x, y), v(x, y)) (x, y) + (u(x, y), v(x, y)) (x, y)
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
∂f ∂g ∂u ∂g ∂v
(x, y) = (u(x, y), v(x, y)) (x, y) + (u(x, y), v(x, y)) (x, y)
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
ou duma forma mais concisa,
∂f ∂g ∂u ∂g ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
∂f ∂g ∂u ∂g ∂v
= +
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
ou seja,
f (a + h, b + k) − f (a, b) − ∂f
∂x
(a, b)h − ∂f
∂y
(a, b)k
lim √ = 0.
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
A variação f (a + h, b + k) − f (a, b) pode ser calculada (ver figura (5)) do seguinte modo
11
Usando o teorema do valor médio para funções reais de variável real, existirá d ∈]b, b + k[
tal que
∂f
f (a + h, b + k) − f (a + h, b) = (a + h, d)k
∂y
e, do mesmo modo, existirá c ∈]a, a + h[ tal que
∂f
f (a + h, b) − f (a, b) = (c, b)h.
∂x
Assim,
∂f ∂f
f (a + h, b + k) − f (a, b) − (a, b)h − (a, b)k =
∂x ∂y
∂f ∂f ∂f ∂f
= (c, b) − (a, b) h + (a + h, d) − (a, b) k
∂x ∂x ∂y ∂y
teremos
f (a + h, b + k) − f (a, b) − ∂f
∂x
(a, b)h − ∂f
∂y
(a, b)k
lim √ = 0.
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
b+k
0 a c a+h x
Figura 5:
12
Teorema 3.2 (Condição Suficiente de Diferenciabilidade) Seja D ⊂ Rn um con-
junto aberto e f : D → R, uma função de classe C 1 . Então f é diferenciável.
Já sabemos que f é contı́nua em R2 , diferenciável em R2 \{(0, 0)} mas não é diferenciável
na origem.
Note-se que
∂f ∂f
(0, 0) = 0 ; (0, 0) = 0
∂x ∂y
É fácil verificar que as derivadas parciais
∂f y3
(x, y) = p
∂x (x2 + y 2) x2 + y 2
∂f x3
(x, y) = p
∂y (x2 + y 2) x2 + y 2
não são contı́nuas na origem.
4 Linha. Tangente
Exemplo 4.1 Consideremos a função γ : R → R2 dada por
γ(t) = (cos t, sen t).
Sendo cos2 t + sen2 t = 1 e fazendo (cos t, sen t) = (x(t), y(t)), fica claro que a imagem
da função γ é a circunferência de raio um e centro na origem de R2 que se encontra
representada na figura (6).
13
y
0 x
γ ′ (3π/2) = (1, 0)
γ ′ (π/2) = (−1, 0, 1)
x y
Dos exemplos anteriores fica claro que funções de uma variável real γ : R → Rn descrevem
linhas em Rn .
No caso em que γ é uma função de classe C 1 a respectiva derivada será dada por
γ(t + h) − γ(t)
γ ′ (t) = lim .
h→0 h
γ(t + h) − γ(t)
Note-se (ver figura (8)) que, pictoricamente, os vectores secantes trans-
h
formam-se, à medida que h → 0, num vector γ ′ (t) que é tangente à linha no ponto γ(t). Esta
ideia leva-nos à definição de vector tangente a uma linha num dado ponto.
14
deremos a linha descrita por γ. Ao vector derivada da linha
γ(t + h) − γ(t)
γ ′ (t) = lim
h→0 h
chamamos vector tangente à linha no ponto γ(t).
γ ′ (t)
γ(t)
γ(t + h)
Seja L uma linha descrita por uma função γ e a um ponto de L tal que a = γ(t0 ). Seja
~
T = γ ′ (t0 ) o vector tangente a L em a.
15
A recta que passa em a e com a direcção de T~ , designada por recta tangente a L no
ponto a, é o conjunto de pontos definido por
{x ∈ Rn : x − a = λ T~ ; λ ∈ R}
No caso da hélice cilı́ndrica do exemplo (4.2) a recta tangente no ponto (0, 1, π/2) é dada
por
(x, y, z) − (0, 1, π/2) = λ (−1, 0, 1) , λ ∈ R,
ou seja,
π
x = −λ ; y − 1 = 0 ; z − =λ
2
e, portanto, é a recta definida pelas duas equações seguintes
π
y =1; x+z = .
2
16
Exemplo 5.1 Consideremos o parabolóide P definido por
P = {(x, y, z) ∈ R3 : 0 < z = 1 − x2 + y 2}
z
~ = ∇F (a, b, c)
N
F (x, y, z) = 0
Plano tangente
x y
F (x, y, z) = z + x2 + y 2 − 1.
(x − a, y − b, z − c) • ∇f (a, b, c) = 0.
~ = ∇F (0, 0, 1) =
Dado que ∇F (x, y, z) = (2x, 2y, 1), no ponto (0, 0, 1) teremos N
(0, 0, 1) e, portanto, a recta normal nesse ponto é dada por
~,
(x, y, z) − (0, 0, 1) = λN
ou seja,
(x, y, z − 1) = λ(0, 0, 1) ⇔ x = 0 ; y = 0 ; z ∈ R
17
que é o eixo Oz.
O plano tangente será dado por
~ = 0 ⇔ (x, y, z − 1) • (0, 0, 1) = 0 ⇔ z = 1,
(x, y, z − 1) • N
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que são as derivadas parciais de ordem dois (ou de segunda ordem) de f. Por convenção, serão
designadas por
∂2f
∂ ∂
= ; se j 6= k,
∂xj ∂xk ∂xj ∂xk
e por
∂2f
∂ ∂
= ; se j 6= k.
∂xk 2 ∂xk ∂xk
Se as derivadas de ordem dois forem funções diferenciáveis, podemos também considerar as
respectivas derivadas parciais
∂2f
∂
; i = 1, 2, . . . , n ; j = 1, 2, . . . , n ; k = 1, 2, . . . , n,
∂xi ∂xi ∂xj ∂xk
∂3f
.
∂xi ∂xj ∂xk
Exemplo 1.1 Seja f (x, y) = xy 2 + yx3 . Então, as derivadas parciais de ordem um serão
as funções
∂f
(x, y) = y 2 + 3yx2
∂x
∂f
(x, y) = 2xy + x3 .
∂y
As derivadas parciais de ordem dois serão as funções
∂2f
∂ ∂f
(x, y) = (x, y) = 6xy
∂x2 ∂x ∂x
∂2f
∂ ∂f
(x, y) = (x, y) = 2x
∂y 2 ∂y ∂y
∂2f
∂ ∂f
(x, y) = (x, y) = 2y + 3x2
∂y∂x ∂y ∂x
2
∂ f ∂ ∂f
(x, y) = (x, y) = 2y + 3x2
∂x∂y ∂x ∂y
e algumas de ordem três serão
∂3f ∂2f
∂
3 (x, y) = (x, y) = 6y
∂x ∂x ∂x2
∂3f ∂2f
∂
2 (x, y) = (x, y) = 6x
∂y∂x ∂y ∂x2
∂3f ∂2f
∂
3
(x, y) = =0
∂y ∂y ∂y 2
∂3f ∂2f
∂
2
(x, y) = =2
∂x∂y ∂x ∂y 2
∂3f ∂2f
∂
2
(x, y) = = 6x
∂x ∂y ∂x ∂x∂y
Diz-se que uma função f é de classe C k se as derivadas parciais de ordem menor ou igual
a k existirem e forem funções contı́nuas.
Diz-se que f é de classe C ∞ se for de classe C k para quqlquer k ∈ N.
∂2f
Note-se que as derivadas parciais de ordem dois da função do exemplo anterior, e
∂x∂y
∂2f
, são iguais.
∂y∂x
Esta coincidência não acontece por acaso. De facto temos
2
Teorema 1.1 (Schwarz) Seja f : D ⊂ Rn → R uma função de classe C 2 no aberto D.
Então
∂2f ∂2f
= .
∂xj ∂xk ∂xk ∂xj
γ(t) = a + th.
t 7→ γ(t) 7→ f (γ(t))
que é uma função real de variável real que designaremos por g, ou seja
g(t) = f (γ(t)).
e para t = 0, teremos
g ′ (0) = ∇f (γ(0)) • γ ′ (0),
ou seja,
g ′(0) = ∇f (a) • h.
Sendo g de classe C 1 , pelo teorema de Lagrange para funções reais de variável real, existirá
t0 ∈]0, 1[ tal que
g(1) − g(0) = g ′ (t0 ),
3
ou seja,
f (a + h) − f (a) = ∇f (c) • h
em que c = γ(t0 ) é um ponto no segmento de recta entre a e a + h.
f (a + h) − f (a) = ∇f (c) • h,
com c distinto de a e de a + h.
Seja a ∈ D e consideremos uma bola Bǫ (a) ⊂ D tal que ∇f (x) = 0 para qualquer ponto
x ∈ Bǫ (a).
Pelo teorema de Lagrange, teremos f (a + h) = f (a) para qualquer vector h tal que a + h ∈
Bǫ (a), ou seja, a função f será constante na bola Bǫ (a).
Portanto, uma função de classe C 1 e com gradiente nulo numa bola será contante
nessa bola.
t 7→ γ(t) 7→ f (γ(t)).
4
Note-se que
n
X ∂f
g ′(t) = ∇f (γ(t)) • h = (γ(t))hk
k=1
∂xk
e, portanto,
n X
n
X ∂2f
g ′′(t) = (γ(t))hj hk ,
∂xj ∂xk
k=1 j=1
ou seja,
n X
n
X ∂2f
g (0) =
′′
(a)hj hk .
∂xj ∂xk
k=1 j=1
À matriz com n linhas e n colunas cujas entradas são as derivadas parciais de ordem dois,
designada pelo sı́mbolo D 2 f (a), ou seja,
2
∂2f ∂2f
∂ f
∂x2 (a) (a) · · · (a)
1 ∂x2 ∂x1 ∂xn ∂x1
∂2f ∂2f ∂2f
(a) (a) ··· (a)
∂x1 ∂x2 2
∂x2 ∂xn ∂x2
2
D f (a) =
. . · · · .
. . · · · .
2.
. ··· .
∂ f 2 2
∂ f ∂ f
(a) (a) · · · (a)
∂x1 ∂xn ∂x2 ∂xn ∂x2n
chama-se matriz Hessiana de f no ponto a.
Assim, a derivada g ′′(0) poderá ser apresentada na forma matricial
g ′′ (0) = hT D 2 f (a)h
ou na forma vectorial
g ′′ (0) = h • D 2 f (a)h.
Portanto, da fórmula de Taylor (1), obtemos
5
Portanto, se a for um ponto crı́tico de f na direcção do vector próprio h associado ao valor
próprio λ da matriz Hessiana D 2 f (a), teremos
c) A matriz Hessiana D 2 f (a) tem pelo menos um valor próprio positivo e pelo menos um
negativo: a não é um extremo de f. (Por vezes chamado ponto de sela)
d) A matriz Hessiana D 2 f (a) tem pelo menos um valor próprio nulo e os restantes têm o
mesmo sinal. Neste caso, a função f deve ser analisada nas direcções próprias associadas
aos valores próprios nulos recorrendo às derivadas de ordem superior a dois.
No último caso, esta análise pode não ser conclusiva. Então só um estudo directo do
comportamento da função nas vizinhanças de a poderá esclarecer o problema.
6
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Exemplo 1.1 Consideremos a função f (x, y) = x2 + y 2. É claro que f é, pelo menos, de
classe C 2 .
Exemplo 1.2 Consideremos a função f (x, y) = x2 − y 2. É claro que f é, pelo menos, de
classe C 2 .
x y
y
x
2
Exemplo 1.3 Consideremos a função f (x, y) = (x − y)2 − x4 − y 4 .
ou seja,
x − y − 2x3 = 0 x − y − 2x3 = 0 x − y − 2x3 = 0
⇔ ∨
x3 − y 3 = 0 y = x y = −x = 0
donde se conclui que os pontos crı́ticos são: (0, 0) , (−1, 1) , (1, −1).
Para os classificar recorremos à matriz Hessiana
2
∂ f ∂2f
2
(x, y) (x, y) "2 − 12x2 −2
#
∂x ∂y∂x
D 2 f (x, y) =
=
∂2f ∂2f −2 2 − 12y 2
(x, y) 2
(x, y)
∂x∂y ∂y
−10 −2
" #
D 2 f (−1, 1) = D 2 f (1, −1) =
− 2 −10
3
Note-se que na direcção definida por y = x temos f (x, x) = −2x4 ≤ 0 e, portanto, a
função f tem um ponto de máximo na origem.
Concluı́mos assim que a origem não é um extremo de f.
Na figura 3 encontra-se o gráfico de f onde se pode constatar a natureza dos pontos
crı́ticos.
x y
4
i) f (x, y) > 0 para y > 3x2 ou para y < x2 .
ii) f (x, y) < 0 para x2 < y < 3x2 .
Assim, em torno da origem, a função f toma valores tanto positivos como negativos,
ou seja, a origem não é um extremo de f.
Na figura 4 encontra-se o gráfico de f onde se pode constatar a natureza da origem
como ponto critico.
x y
5
2 Função Implı́cita. Função Inversa
Exemplo 2.1 Consideremos a equação da recta em R2 dada pela equação x + y = 1. (ver
figura 5).
1
x+y =1⇔y =1−x
1 x
Note-se que
x+y =1 ⇔y = 1−x
e, portanto, a mesma recta pode ser descrita de duas formas diferentes:
De outra forma, podemos dizer que a equação F (x, y) = 0 define uma das variáveis
como função da outra y = f (x).
e, portanto, a parte da circunferência em que y > 0 pode ser descrita de duas formas
diferentes:
6
y
√
x2 + y 2 = 1 ⇔ y = 1 − x2
√
y = − 1 − x2
√
ii) Como o gráfico da função f : ] − 1, 1[ → R, dada por f (x) = 1 − x2 , ou seja, o
subconjunto de R2 em que y = f (x).
Assim, para y > 0, a equação F (x, y) = 0 define uma das variáveis como função da
outra y = f (x).
Note-se que em torno dos pontos (−1, 0), (1, 0) a equação F (x, y) = 0 não define y
como função de x, mas define x como função de y. De facto, para x > 0, temos
p
x2 + y 2 = 1 ⇔ x = 1 − y 2 .
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x)
não se verifica globalmente em todo o conjunto definido pela equação F (x, y) = 0 mas
apenas localmente em torno de cada um dos pontos desse conjunto.
xy + sin(x + y) + cos(x + y) = 5.
Neste caso, não parece fácil concluir que a equação dada defina uma das variáveis como
função da outra, ou seja, descrever localmente este conjunto como o gráfico de alguma
função.
Na figura 7, encontra-se a representação gráfica deste conjunto que permite concluir
que se trata de um conjunto que pode ser descrito, localmente, como gráfico de alguma
função de uma variável.
7
y
Do exemplo 2.3 surge a questão de saber se uma equação do tipo F (x, y) = 0 define uma
das variáveis como função da outra e se é possı́vel obter alguma informação sobre a natureza
dessa função. Note-se que pode não ser possı́vel estabelecer uma das variáveis como função da
outra directamente a partir da equação F (x, y) = 0.
Seja F : R2 → R uma função de classe C 1 e (a, b) um ponto tal que F (a, b) = 0.
Suponhamos que, em alguma bola centrada no ponto (a, b) se tem
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x),
sendo f uma função real de variável real de classe C 1 e definida em algum intervalo contendo
o ponto a.
Assim, teremos F (x, f (x)) = 0 e derivando obtemos
∂F ∂F
(a, b) + (a, b)f ′ (a) = 0
∂x ∂y
Portanto,
∂F
(a, b)
f ′ (a) = − ∂x
∂F
(a, b)
∂y
desde que se verifique a condição
∂F
(a, b) 6= 0.
∂y
Concluı́mos então que, em certas condições, é possı́vel calcular a derivada f ′ (a) mesmo não
sendo possı́vel determinar f a partir da equação F (x, y) = 0.
Surge, assim, a questão seguinte. Se F : R2 → R for uma função de classe C 1 e (a, b) um
ponto tal que
∂F
F (a, b) = 0 ; (a, b) 6= 0,
∂y
8
existirá alguma função f, de classe C 1 , tal que, localmente em torno de (a, b), se tenha
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x)?
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x).
A equivalência local deve ser entendida no seguinte sentido. Existe uma bola centrada no
ponto (a, b) em que o conjunto definido pela equação F (x, y) = 0 é o gráfico de uma função
f : ]a − ǫ, a + ǫ[ → R, com ǫ > 0, ou seja y = f (x). (ver figura 8).
y
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x)
a−ǫ a a+ǫ x
9
Note-se que G(a, b) = (a, 0) e
1 0
ou seja, existe uma função f, localmente definida em torno do ponto a, tal que se verifica a
equivalência
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x).
Se a função inversa G−1 for de classe C 1 , então a função f também o será.
Portanto, o Teorema da Função Implı́cita depende do estabelecimento da existência local
e da regularidade da função inversa G−1 . Este é o conteúdo do chamado Teorema da Função
Inversa.
A existência e a regularidade locais da função inversa devem ser entendidas da forma se-
guinte. Existe uma bola B(a) centrada no ponto a e uma bola B(b) centrada no ponto
b = G(a) tais que a função G : B(a) → B(b) é uma bijecção (injectiva e sobrejectiva) e a
respectiva inversa G−1 : B(b) → B(a) é uma função de classe C 1 . (ver figura 9).
Note-se que, em geral, não é possı́vel resolver directamente as equações do tipo G(x) = b,
ou seja, calcular a função inversa G−1 . O Teorema da Função Inversa estabelece uma condição
suficiente, det DG(a) 6= 0, para que uma função de classe C 1 seja localmente invertı́vel.
e, portanto
DG−1 (b) = [DG(a)]−1 ,
ou seja, a matriz Jacobiana da função inversa G−1 no ponto b = G(a) é a inversa da matriz
Jacobiana de G no ponto a.
10
Rn Rn
G
x y
a
b = G(a)
G −1
e, portanto,
det DG(x, y) = e2x 6= 0, ∀(x, y) ∈ R2 .
Assim, a função G tem inversa local em torno de cada um dos pontos de R2 .
No entanto, a função G não é invertı́vel (não é injectiva) em R2 . De facto, temos
ou seja, embora G não seja invertı́vel em R2 possui inversa local em torno de qualquer
ponto de R2 .
Exemplo 2.5 Seja f : Rn → Rn uma aplicação linear, ou seja, existe uma matriz An×n
tal que f (x) = Ax. Esta função é injectiva desde que det A 6= 0 e a respectiva inversa é
dada por f −1 (y) = A−1 y em que A−1 é a matriz inversa de A.
Note-se que uma aplicação linear é uma função de classe C 1 e a respectiva derivada é
representada pela matriz A , ou seja,
Df (x) = A
Note-se que neste caso se verifica a condição do Teorema da Função Inversa mas não é
necessário usá-lo. Para além disso, a função inversa é global (está definida em Rn ) e não
apenas local.
11
Exemplo 2.6 Consideremos o sistema de equações
4 4
u = x + y
x
v = sen x + cos y
Facilmente se conclui que a resolução deste sistema para x e y não é fácil. No entanto,
recorrendo ao Teorema da Função Inversa podemos determinar os pontos (x, y) para cada
um dos quais o sistema é localmente invertı́vel.
Seja 4
x + y4
G(x, y) = , sen x + cos y
x
a função definida para x 6= 0. Trata-se de uma função de classe C 1 no seu domı́nio e a
sua derivada é dada por
∂u ∂u
3x4 − y 4 4y 3
∂x ∂y
DG(x, y) = x2 x
∂v ∂v =
∂x ∂y cos x − sen y
sen y 4 4 4y 3
det DG(x, y) = (y − 3x ) − cos x 6= 0
x2 x
existirá uma vizinhança em que o sistema pode ser resolvido para x e y como funções de
u e v, ou seja x = x(u, v) e y = y(u, v).
Consideremos o ponto (π, π) . Então G(π, π) = (π 3 , −1) e
3π 2 4π 2
" #
det DG(π, π) = det = 4π 2
−1 0
0 −4π 2
3 −1 1
DG (π , −1) = [DG(π, π)] = 2
−1
,
4π 1 3π 2
ou seja,
∂x 3 ∂x 3
(π , −1) (π , −1) 0 −4π 2
" #
∂u ∂v
=
∂y 3 ∂y 3
(π , −1) (π , −1) 1 3π 2
∂u ∂v
12
Nota 2.1 1. Nos casos em que det DG(a) = 0 o teorema não se aplica e tudo pode
acontecer.
Considere-se a função G(x) = x2 definida em R. Então G′ (0) = 0 e G não é
invertı́vel em nenhuma vizinhança da origem, porque se trata de uma função par.
A função G(x) = x3 é crescente e, portanto, injectiva em R apesar de G′ (0) = 0.
13
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1 Função Implı́cita
Exemplo 1.1 Consideremos o plano em R3 definido pela equação x + y + z = 1, (ver
figura 1).
De outra forma, podemos dizer que a equação F (x, y, z) = 0 define uma das variáveis
como função das outras duas z = f (x, y).
É claro que a mesma equação define qualquer uma das variáveis como função das duas
restantes.
z
p
z= 1 − x2 − y 2
x y
p
z = − 1 − x2 − y 2
Exemplo 1.2 Consideremos a esfera dada pela equação x2 + y 2 + z 2 = 1. (Ver figura 2).
É claro que para z > 0 temos
p
x2 + y 2 + z 2 = 1 ⇔ z = 1 − x2 − y 2
2
z
x+y+z = 1
y=x
x2 + y 2 + z 2 = 1
y
x
y=x
3
ou seja, o sistema de equações define, localmente em torno dos pontos em que z > 0, as
variáveis y e z como funções de x.
então,
F (x, y, f (x, y)) = 0
e, derivando em ordem a x e a y, obteremos
∂F ∂F ∂f
(a, b, c) + (a, b, c) (a, b) = 0
∂x ∂z ∂x
∂F ∂F ∂f
(a, b, c) + (a, b, c) (a, b) = 0
∂y ∂z ∂y
e, portanto,
∂F ∂F
(a, b, c) (a, b, c)
∂f ∂x ∂f ∂y
(a, b) = − ; (a, b) = − ,
∂x ∂F ∂y ∂F
(a, b, c) (a, b, c)
∂z ∂z
desde que se verifique,
∂F
(a, b, c) 6= 0.
∂z
b) Definidos por um sistema de duas equações
F1 (x, y, z) = 0
F (x, y, z) = 0
2
4
Se, em torno de um ponto (a, b, c) tal que F1 (a, b, c) = 0 e F2 (a, b, c) = 0 tivermos a
equivalência
F1 (x, y, z) = 0 y = f (x)
⇔
F (x, y, z) = 0 z = g(x)
2
em ordem a x, teremos
∂F1 ∂F1 ∂F1
(a, b, c) + (a, b, c)f ′ (a) + (a, b, c)g ′(a) = 0
∂x ∂y ∂z
∂F ∂F2 ∂F2
2 (a, b, c) + (a, b, c)f ′ (a) + (a, b, c)g ′(a) = 0.
∂x ∂y ∂z
∂F1 ∂F1
∂y (a, b, c) (a, b, c)
∂z
6= 0.
det
∂F2 ∂F2
(a, b, c) (a, b, c)
∂y ∂z
Tal como em R2 a resposta positiva às questões colocadas nos dois casos acima é dada pelo
chamado Teorema da Função Implı́cita que, em Rn , tem a forma seguinte.
5
Teorema 1.1 (Função Implı́cita) Seja F : Rn → Rm , com m < n, uma função de
classe C 1 . Seja (a, b) ∈ Rn tal que a ∈ Rn−m , b ∈ Rm e
Então, existe uma função f, de classe C 1 , tal que, localmente em torno de (a, b), se
tem
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x).
Nota 1.1 1. No caso geral, temos um sistema de m equações em Rn que nas condições
2 define implicitamente m variáveis, designadas por y, em função das restantes n − m
variáveis, designadas por x.
3. Usamos o sı́mbolo DFy (a, b) para designar a matriz das derivadas parciais da função
F em ordem às variáveis designadas por y, no ponto (a, b).
I 0
" #
det DG(a, b) = det = det Dy F (a, b) 6= 0,
Dx F (a, b) Dy F (a, b)
6
Exemplo 1.5 Consideremos a equação
x2 y + sen(x + y) = 0 (3)
Note-se que não é fácil decidir sobre se esta equação define uma das variáveis como
função da outra.
Seja F : R2 → R a função de classe C 1 dada por
F (x, y) = x2 y + sen(x + y)
F (x, y) = 0 ⇐⇒ y = f (x) ; em B
7
Exemplo 1.6 A equação
x3 z 2 − z 3 yx = 0
define implicitamente z como função de (x, y) localmente em torno do ponto (1, 1, 1).
Seja F : R3 → R a função de classe C 1 definida por
F (x, y, z) = x3 z 2 − z 3 yx
e, portanto
∂F
(1, 1, 1) = −1
∂z
concluimos que, localmente em torno do ponto (1, 1, 1), a equação F (x, y, z) = 0 define
implicitamente z como função de (x, y). Designemos por f (x, y) essa função. Então,
F (x, y, f (x, y)) = 0 e derivando em x , obtemos
∂F ∂F ∂f
+ =0
∂x ∂z ∂x
e, portanto
∂f 2
(1, 1) = − =2
∂x −1
Note-se que para o ponto (0, 0, 0) temos
DF (0, 0, 0) = 0 0 0
x3 z 2 − z 3 yx = 0 ⇐⇒ xz 2 (x − zy) = 0 ⇐⇒ x = 0 ∨ z = 0 ∨ x = zy
e, portanto, em torno da origem não é possı́vel exprimir nenhuma das variáveis como função
das outras porque se intersectam três superfı́cies, como se ilustra na figura 6.
define implicitamente (u, v) como funções de (x, y) em torno do ponto (1, 1, 1, 1).
De facto, consideremos a função F : R4 → R2 definida por
8
z
x = yz
z=0
x=0 y
Trata-se de uma função de classe C 1 tal que F (1, 1, 1, 1) = (2, 2) e a respectiva derivada
no ponto (1, 1, 1, 1) é dada por
u vu2 x + 2yvu yu2 1 1 3 1
DF (1, 1, 1, 1) =
=
u3 2yv 4 3xu2 4y 2v 3 x=1,y=1,u=1,v=1
1 2 3 4
e, portanto
3 1
det Duv F (1, 1, 1, 1) = det =9
3 4
O Teorema da Função Implı́cita garante que localmente em torno do ponto (1, 1, 1, 1)
temos (u, v) = (u(x, y), v(x, y))
Derivando a função F em x , obtemos
∂u ∂v ∂u
x
+ u + y u2 + 2yvu =0
∂x ∂x ∂x
3xu2 ∂u + u3 + 4y 2 v 3 ∂v = 0
∂x ∂x
ou seja, no ponto (1, 1, 1, 1) , temos o sistema
∂u ∂v
3
+ = −1
∂x ∂x
3 ∂u + 4 ∂v = −1
∂x ∂x
de onde concluimos
∂u 1
(1, 1) = − .
∂x 3
9
2 Variedades. Parametrizações
Seja F : R2 → R uma função de classe C 1 e consideremos o respectivo conjunto de nı́vel zero,
ou seja, o conjunto
M = {(x, y) ∈ R2 : F (x, y) = 0}.
∂F
Seja (a, b) ∈ M tal que (a, b) 6= 0.
∂y
Pelo Teorema da Função Implı́cita, localmente em torno do ponto (a, b) temos
F (x, y) = 0 ⇔ y = f (x),
É claro que g é de classe C 1 . Note-se que g(a) = (a, f (a)) = (a, b) e g ′ (a) = (1, f ′ (a)).
Note-se que a função g é injectiva. De facto, se x1 6= x2 então g(x1 ) 6= g(x2 ).
Note-se também que temos
Suponhamos que, localmente em torno do ponto (a, b), um conjunto M ⊂ R2 pode ser
descrito por uma função injectiva g : ]t0 − ǫ, t0 + ǫ[ → R2 , de classe C 1 , tal que
Dado que g(t) = (x(t), y(t)), sem perda de generalidade, suponhamos que x′ (t0 ) 6= 0.
Pelo Teorema da Função Inversa em R, a função x = x(t) será localmente invertı́vel, ou seja,
t = h−1 (x) para alguma função de classe C 1 designada por h.
Portanto, teremos
y = y(t) = y(h−1(x)) = f (x).
Fazendo F (x, y) = y − f (x), concluı́mos que, localmente em torno do ponto (a, b), o
conjunto M será definido pela equação F (x, y) = 0.
Assim, temos três formas equivalentes de descrever localmente o mesmo conjunto.
i) Como conjunto de nı́vel zero de uma função F : R2 → R, de classe C 1 e tal que ∇F (x, y) 6=
(0, 0).
iii) Como a imagem de uma função injectiva g, de classe C 1 , tal que (x, y) = g(t) com t ∈ R
e g ′ (t) 6= (0, 0).
10
Um conjunto descrito desta forma designa-se por variedade de dimensão um e dizemos que
a função g é uma parametrização desse conjunto.
Normalmente chamamos variedade-1 a esse conjunto.
y
T
É claro que a recta tangente a M no ponto P = (a, b) é dada pela equação paramétrica:
X − P = λT, λ ∈ R,
11
em que X = (x, y). (Ver figura 7).
Do mesmo modo, a recta normal a M no ponto P = (a, b) é dada pela equação pa-
ramétrica:
X − P = λN, λ ∈ R.
Note-se que os vectores T e N são ortogonais, ou seja, N · T = 0 e, portanto, a recta
tangente no ponto P = (a, b) será dada pela equação cartesiana
(X − P) · N = 0
(X − P) · T = 0.
M = {x ∈ Rn : F (x) = 0}
Note-se que o Teorema da Função Implı́cita é aplicável se as linhas da matriz que representa
a derivada de F,
∂F1 ∂F1 ∂F1
∂x1 (x) ∂x2 (x) · · · ∂xn (x)
∂F2 ∂F2 ∂F2
∂x (x) (x) · · · (x)
DF (x) = 1 ∂x 2 ∂x n
. . ··· .
∂Fm ∂Fm ∂Fm
(x) (x) · · · (x)
∂x1 ∂x2 ∂xn
forem linearmente independentes em cada um dos pontos de M.
Note-se também que as linhas da matriz DF (x) são os m vectores
12
Sabendo que o gradiente de uma função escalar é perpendicular ao respectivo conjunto de
nivel no ponto considerado, as linhas da matriz DF (x) são vectores normais de M.
Ao espaço linear gerado por este conjunto de vectores chamamos espaço normal a M no
ponto considerado.
Suponhamos que as (n − m) variáveis livres são (x1 , x2 , . . . , xn−m ).
Seja u = (x1 , x2 , . . . , xn−m ) e v = (xn−m+1 , . . . , xn ).
Então, localmente teremos
DF (g(u))Dg(u) = 0
o que quer dizer que as colunas de Dg(u) são ortogonais às linhas de DF (g(u)).
Assim, o espaço gerado pelas colunas de Dg(u) é ortogonal ao espaço normal e será chamado
espaço tangente a M no ponto considerado.
Assim, temos três formas equivalentes de descrever localmente o mesmo conjunto em torno
de cada um dos seus pontos x ∈ M ⊂ Rn .
i) Como conjunto de nı́vel zero de uma função F : Rn → Rm , com m < n, de classe C 1 e tal
que as linhas da matriz DF (x) são linearmente independentes, ou seja, a matriz DF (x)
tem caracterı́stica m.
13
iii) Como a imagem de uma função injectiva g, de classe C 1 , tal que x = g(t) com t ∈ Rn−m
e as colunas da matriz Dg(t) são linearmente independentes, ou seja, a matriz Dg(t) tem
caracterı́stica (n − m).
x2 + y 2 = 1
T P
é nula apenas na origem (x, y) = (0, 0). No entanto, a origem não pertence à circunferência.
Portanto, esta circunferência é uma variedade-1.
Consideremos o ponto P = (0, 1). Dado que o vector N = ∇F (0, 1) = (0, 2) é um vector
normal em P, a recta normal à circunferência nesse ponto será dada na forma paramétrica
por (
x=0
(x, y) − (0, 1) = λ(0, 2) ⇔
y − 1 = 2λ
e, portanto será dada pela equação x = 0. (Ver figura 8).
A recta tangente em P será dada por
(x, y − 1) · (0, 2) = 0,
14
ou seja, pela equação y = 1. (Ver figura 8).
Note-se que para y > 0 temos
√
x2 + y 2 = 1 ⇔ y = 1 − x2
√
e definindo g(x) = (x, 1 − x2 ) obtemos uma parametrização da circunferência.
É claro que esta parametrização descreve apenas metade da circunferêcia.
Tendo em conta a simetria da circunferência podemos descrevê-la de outra forma. Note-
se que os pontos de uma circunferência estão todos à mesma distância do centro. Se à
distância ao centro associarmos o ângulo θ tal como se ilustra na figura 9, obtemos novas
coordenadas (r, θ) que se relacionam com (x, y) da forma seguinte
θ
x
(
x = r cos θ
y = r sen θ.
p
em que r = x2 + y 2 .
Nestas novas coordenadas, denominadas coordenadas polares, a circunferência dada
por x2 + y 2 = 1 passa a ser descrita pela equação r = 1 e, portanto podemos usar a variável
θ para descrever parametricamente a circunferência.
De facto, seja
g(θ) = (cos θ, sen θ) 0 < θ < 2π.
Então, esta função é de classe C 1 , injectiva e a respectiva derivada
− sen θ
g (t) =
′
cos θ
tem caracterı́stica um. Para além disso a sua imagem é a circunferência sem o ponto (1, 0),
ou seja g(]0, 2π[) = C \ {(1, 0)}.
15
Note-se também que o vector g ′ ( π2 ) = (−1, 0) é o vector tangente T no ponto (0, 1) tal
como se ilustra na figura 8.
Trata-se, portanto, de uma parametrização da circunferência. Note-se que esta para-
metrização descreve a circunferência excluindo um ponto apenas, ou seja, as coordenadas
polares (r, θ) são mais adequadas do que as coordenadas cartesianas (x, y).
Para descrever completamente a circunferência deveremos ter outra parametrização que
poderá ser dada pela função
x2 + y 2 + z 2 = 1
T2
N
y
x
T1
F (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 − 1.
A derivada
∇F (x, y, z) = 2x 2y 2z
tem caracterı́stica um em todos os pontos de S, porque o caso contrário ocorre apenas na
origem que não se encontra em S. Portanto, S é uma variedade-2.
O vector ∇F (0, 1, 0) = (0, 2, 0) é normal a S no ponto (0, 1, 0).
16
Os vectores tangentes a S no mesmo ponto resultam da resolução da equação
T · N = 0.
p
em que r = x2 + y 2 + z 2 .
Nestas novas coordenadas, denominadas coordenadas esféricas, a esfera dada por
x + y 2 + z 2 = 1 passa a ser descrita pela equação r = 1 e, portanto podemos usar as
2
17
z
φ (x, y, z)
x θ y
De facto, seja
g(θ, φ) = (sen φ cos θ, sen φ sen θ, cos φ) 0 < θ < 2π; 0 < φ < π
são os vectores tangentes −T1 e −T2 no ponto (0, 1, 0). (Ver figura 10).
Trata-se, portanto, de uma parametrização da esfera. Note-se que esta parametrização
descreve a esfera excluindo uma linha apenas, ou seja, as coordenadas esféricas (r, θ, φ) são
mais adequadas do que as coordenadas cartesianas (x, y, z).
Para descrever completamente a esfera devemos considerar mais duas parametrizações.
Consideremos o subconjunto de R2 definido por
T =]0, 2π[×]0, π[
18
e as funções h, k : T → R3 definidas por
G = {(x, y, z) : x ≥ 0 ; y = 0}
H = {(x, y, z) : y ≥ 0 ; z = 0}
K = {(x, y, z) : z ≥ 0 ; x = 0}
cada uma das funções g , h , k estabelece uma bijecção entre o conjunto T ⊂ R2 e as partes
da esfera S \ G , S \ H , S \ K, respectivamente. As linhas G, H, K estão representadas
na figura 12.
z
G K
x H
y
É fácil verificar que, tal como Dg(θ, φ), as derivadas Dh(θ, φ) e de Dk(θ, φ) são matrizes
com caracterı́stica igual a dois.
Portanto, as funções g , h , k parametrizam a esfera S.
F (x, y, z) = x2 + y 2 − 1.
A derivada
∇F (x, y, z) = 2x 2y 0
19
z
T2
N
T1 y
x
tem caracterı́stica um em todos os pontos de S, porque o caso contrário ocorre apenas nos
pontos da forma (0, 0, z) que não se encontram em C. Portanto, C é uma variedade-2.
O vector ∇F (0, 1, 0) = (0, 2, 0) é normal a S no ponto (0, 1, 0).
Os vectores tangentes a S no mesmo ponto resultam da resolução da equação
T · N = 0.
20
z
(x, y, z)
y
θ ρ
x
p
em que ρ = x2 + y 2.
Nestas novas coordenadas, denominadas coordenadas cilı́ndricas, o cilindro dado
por x2 + y 2 = 1 passa a ser descrito pela equação ρ = 1 e, portanto podemos usar as
variáveis θ, z para o descrever parametricamente.
De facto, seja
tem caracterı́stica dois. Para além disso a sua imagem é o cilindro sem a linha em que
x1, y = 0, ou seja
21
Esta linha está representada a vermelho na figura 13.
Note-se também que as colunas da matriz
−1 0
π
Dg( , 0) = 0 0
2
0 1
são os vectores tangentes −T1 e T2 no ponto (0, 1, 0). (Ver figura 13).
Trata-se, portanto, de uma parametrização do cilindro. Note-se que esta parame-
trização descreve o cilindro excluindo uma linha apenas, ou seja, as coordenadas cilı́ndricas
(ρ, θ, z) são mais adequadas do que as coordenadas cartesianas (x, y, z).
Para descrever completamente o cilindro devemos considerar mais uma parametrização.
Consideremos a função h : ] − π, π[×] − 1, 1[→ R3 definida por
22
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CDI-II
1 Extremos Condicionados
Consideremos a função f (x, y) = x2 + y 2 e a elipse definida pela equação
y2
x2 + =1
4
e que se encontra representada na figura 1.
1 x
y2
Figura 1: Elipse em R2 dada por x2 + 4 =1
Dado que f (x, y) representa o quadrado da distância de um ponto (x, y) à origem, é claro
que os pontos (0, 2) e (0, −2) são os máximos de f na elipse. Os pontos (1, 0) e (−1, 0) são
os mı́nimos de f sobre a elipse. Ou seja, se restringirmos a função f á elipse estes pontos são
os respectivos extremos.
Note-se que a origem é o único ponto de estacionaridade da função f em R2 . De facto,
temos
∇f (x, y) = (2x, 2y) = (0, 0) ⇔ (x, y) = (0, 0).
Portanto os extremos de f, quando restringida à elipse, não se encontram no conjunto de
pontos crı́ticos de f. Assim, deveremos adoptar uma estratégia diferente para determinar os
extremos de f sobre a elipse.
Seja γ(t) = (cos t, 2 sen t) = (x(t), y(t)), com − π6 < t < 11π 6
, uma parametrização da
elipse.
A função composta f ◦ γ é a restrição de f à elipse retirando o ponto (1, 0). Trata-se de
uma função real de variável real. De facto temos
γ f
R −→ R2 −→ R
t 7→ γ(t) 7→ f (γ(t)).
e, portanto, teremos
π 3π
t=0∨t= ∨t=π∨t= .
2 2
Assim, os pontos crı́ticos de f restringida à elipse serão
π 3π
γ(0) = (1, 0) ; γ( ) = (0, 2) ; γ(π) = (−1, 0) ; γ( ) = (0, −2),
2 2
ou seja, exactamente os pontos determinados acima.
Note-se que γ ′ (t) é um vector tangente à elipse no ponto γ(t). Dado que, num extremo,
deveremos ter
∇f (γ(t)) · γ ′ (t) = 0
concluı́mos que o vector ∇f (γ(t)) é ortogonal ao vector tangente γ ′ (t).
Portanto, o vector ∇f (x, y) pertence ao espaço normal à elipse no ponto (x, y).
Consideremos a função
y2
F (x, y) = x2 + − 1.
4
Então a elipse é o conjunto de nı́vel zero de F e o vector ∇F (x, y) gera o espaço normal à
elipse no ponto (x, y).
Assim, o vector ∇f (x, y) é um múltiplo do vector ∇F (x, y), ou seja,
em que λ ∈ R.
Deste modo, temos uma estratégia para determinar os extremos de f quando sujeitos à
condição F = 0, que consiste em resolver o sistema
(
∇f (x, y) = λ∇F (x, y)
F (x, y) = 0
2
Este raciocı́nio pode ser aplicado à resolução de um problema mais geral que pode ser
formulado do seguinte modo.
Seja f : Rn → R uma função de classe C 1 e F : Rn → Rm , com m < n, uma função
também de classe C 1 . Determinar os extremos de f sujeitos ao sistema de equações (ou
condições), F (x) = 0, ou seja,
F1 (x1 , x2 , · · · , xn ) = 0
F (x , x , · · · , x ) = 0
2 1 2 n
...
Fm (x1 , x2 , · · · , xn ) = 0.
e, portanto, obtemos os pontos (0, −2), (0, 2), (−1, 0), (1, 0).
Note-se que o cálculo do escalar λ é irrelevante para o problema.
Exemplo 1.2 Consideremos o conjunto dos rectângulos em R2 com perı́metro igual a dois.
Qual deles apresenta maior área?
Note-se que o perı́metro fixo é uma condição ou restrição e pretendemos maximizar a
área.
Podemos formular este problema, (ver figura 2), em termos do método dos multipli-
cadores de Lagrange fazendo f (x, y) = xy e F (x, y) = 2x + 2y − 2, ou seja, pretendemos
determinar os extremos de f sujeitos à condição 2x + 2y = 2.
3
y
R
Então teremos,
y = 2λ y = x
(
∇f (x, y) = λ∇F (x, y)
⇔ x = 2λ ⇔ x = 2λ
F (x, y) = 0
2x + 2y = 2 x+y = 1
4
donde deduzimos
2x(1 − λ1 ) = −λ2
2y(1 − λ1 ) = λ2
z(1 − λ1 ) = 1
x2 + y 2 + z 2 = 2
y = x.
x(1 − λ1 ) = 0 ⇔ x = 0 ∨ λ1 = 1.
5
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1 Definições
em que −∞ ≤ ak < bk ≤ +∞ ; k = 1, 2, . . . , n.
I = A1 × A2 × . . . × An
I
b3
b2
I A3
I A2
a2 A1
a b
a1 b1 b2
b1
Figura 1: Intervalos em R, R2 , R3
Note-se que em R2 um intervalo é um rectângulo cujas arestas são paralelas aos eixos coorde-
nados. Em R3 trata-se de um paralelipı́pedo cujas faces são paralelas aos planos coordenados e
cujas arestas são paralelas aos eixos coordenados.
No caso em que −∞ < ak < bk < +∞ ; k = 1, 2, . . . , n, diz-se que I é um intervalo limitado.
Na figura 1 representam-se exemplos de intervalos limitados em R, R2 e R3 .
///
Definição 2 Dado um intervalo limitado I =]a, b[⊂ R, uma partição de I é uma colecção finita
de pontos P = {a = p0 < p1 < . . . < pm = b} ; m ∈ N .
Note-se que esta colecção de pontos determina outra colecção de subintervalos {Ik ; k =
1, 2, . . . , m} com extremos nos pontos pk−1 e pk . Assim, a partição P pode ser identificada
com a colecção finita de subintervalos {Ik }m
k=1 cuja união é o intervalo I.
Uma partição de um intervalo limitado I = A1 × A2 em R2 é o produto P = P1 × P2 em
que Pk é uma partição da aresta Ak ; ; k = 1, 2. Sejam m1 e m2 , respectivamente, o número de
subintervalos de P1 e P2 . Tal como no caso anterior, a partição P pode ser identificada com uma
colecção de subintervalos que denotaremos por {Ij,k }m 1 ,m2
j,k=1 .
1
I
Ijk
I = ∪N
k=1 Ik
0 .5 1
−2
///
2
///
0 6
1
2 Exemplos
i) Seja I =]0, 1[⊂ R e s : I → R a função, cujo gráfico se apresenta na figura 3, definida por
se 0 < x < 12
1,
s(x) = 3, se 21 < x < 23
−2 se 32 < x < 1
ii) Seja I =]0, 6[2 =]0, 6[×]0, 6[⊂ R2 e s : I → R a função em escada dada por
4 se 0 < x < 1 ; 0 < y < 1
2 se 0 < x < 1 ; 1 < y < 2
s(x, y) = 1 se 3 < x < 6 ; 1 < y < 2
4 se 3 < x < 6 ; 5 < y < 6
0 nos restantes casos
3
cujo gráfico se apresenta na figura 4.
O integral de s em I é dado por
Z
s = 4 + 2 + 1 + 1 + 1 + 4 + 4 + 4 = 21
I
///
Referências
[1] Luı́s T. Magalhães. Integrais Múltiplos. Texto Editora, 1996.
[2] H. A. Priestley. Introduction to Integration. Oxford, Clarendon Press, 1997.
4
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1 Teorema de Fubini
O teorema de Fubini (cf. [1, 2, 3]) permite relacionar o integral em Rn , nR> 1, com o
integral em R. Dado um intervalo I ⊂ Rn e uma função integrável, o integral f pode ser
I
calculado por integrações sucessivas numa variável estando as restantes fixas.
///
Z Z Z Z
Os integrais da forma f (x, y)dy dx ou f (x, y)dx dy são designados por
A B B A
integrais iterados. No primeiro integral, fixa-se x ∈ A e procede-se ao cálculo do integral
de f como função de y em B, obtendo-se, assim, uma função de x a qual, de seguida, é
integrada em A. No segundo integral procede-se do mesmo modo trocando os papéis das
variáveis x e y. Portanto, o integral de f em I obtém-se por sucessivas integrações numa
variável mantendo as restantes fixas.
2 Exemplos
Nestes exemplos iremos aplicar o teorema de Fubini ao cálculo de volumes de subconjuntos
abertos e limitados de Rn cuja fronteira pode ser descrita por gráficos de funções contı́nuas.
Seja S ⊂ Rn um aberto limitado e seja I ⊂ Rn um intervalo compacto tal que S ⊂ I e
consideremos a função caracterı́stica de S definida por
1 , se (x, y, z) ∈ S
χ (x, y, z) =
S 0 , se (x, y, z) ∈ I \ S
A função χS é integrável em I e o respectivo integral representa o volume de dimensão n
de S Z Z
voln (S) = χ = 1
S
I S
1
y y
1
x2 + y 2 = 1 x2 + y 2 = 1
y = x2 y = x2
a1 b1 x x
2.1 Um subconjunto de R2
Consideremos o conjunto definido por
representado na figura 1.
Note-se que a circunferência e a parábola intersectam-se nos pontos cujas coordenadas
são determinadas resolvendo o sistema
( (
x2 + y 2 = 1 y2 + y − 1 = 0
⇔
y = x2 y = x2 ,
Portanto, √ !
Z a2 Z 1−x2
vol2 (S) = dy dx.
a1 x2
2
R R
• Para o integral da forma dx dy, fixamos 0 < y = b < 1 e devemos notar que
teremos ( p p
− 1 − y2 < x < 1 − y2
√ √
− y < x < y.
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dz)dy)dx, fixamos 0 < x = a < 1 e obtemos
a intersecção de S com o plano x = a
S ∩ {x = a} = {(a, y, z) : y + z < 1 − a ; y > 0 ; z > 0}
= {(a, y, z) : 0 < z < 1 − a − y ; 0 < y < 1 − a}
que se encontra representada na figura 3 e de onde resulta
Z 1 Z 1−x Z 1−x−y
vol3 (S) = dz dy dx
0 0 0
3
z
1
y
0<z=c<1
x+y+z = 1 1−c
z=c
x= 1−c−y
1 y
1
0 1−c x
x (a) (b)
z
x+y+z= 1 0<x=a<1
1−a
z= 1−a−y
x=a 1 y
1 0 y
1−a
x (a) (b)
4
PSfrag
z
y z
z=x 0<x=a<1
y=x a
0
x=a
x
y= 2
0 a a y
2
x
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dz)dx)dy , devemos fixar 0 < y = b < 1.
Dado que x2 < y < x, teremos b < x < 2b e como 0 < x < 1 devem ocorrer dois
casos. Ou 2b < 1, ou seja, 0 < b < 21 ou 2b < 1, ou seja, 12 < b < 1, tal como se
representa na figura 5.
Para 0 < y = b < 21 , a intersecção de S co o plano y = b é dada por
5
z
y
z 1
z 1
0<y=b< 2
<y=b<1
z=x 2
1 1
z=x
y=x 2b b
0 1
y= 2
z=x
x b
y= 2
0 b 1/2 2b 1 x 0 1/2 b 1 x
o que nos permite escrever o volume de S como a soma de dois integrais iterados
Z 1 Z 2y Z x Z 1 Z 1 Z x
2
vol3 (S) = dz dx dy + dz dx dy
1
0 y 0 2
y 0
R R R
• Para o integral da forma ( ( dx)dz)dy, teremos as inequações
(
0<z<x<1
y < x < 2y.
1
Portanto, para 0 < y = b < 2
teremos
(
0<z<x
y < x < 2y,
6
z
y y 1 y 1
0<z=c< 2 2
<z=c<1
1 1
y=x
y=x c
1 1
0 y=x 2 2 x
c y= x c y= 2
c 2 2
x
y= 2
x
2
0 c 1
1 x 0 1 c 1
2
2
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dx)dy)dz , fixamos z = c e, tal como se
representa na figura 6, devem ocorrer dois casos, ou 0 < z = c < 21 ou 12 < z = c < 1.
Em qualquer dos casos, a intersecção de S com o plano z = c d́ada por
x
S ∩ {z = c} = {(x, y, c) : z < x < 1 ; < y < x}
2
De seguida devemos fixar y = b e, de acordo com a figura 6, para cada um dos casos
obtemos três regiões de integração na variável x.
Note-se que das inequações de definição de S obtemos
0 < x < 1
y < x < 2y
z < x < 2y
e, portanto, (
0<z<x<1
z
2
< y < x < 2y.
Isto quer dizer que depois de fixar z e y teremos x < 1 se 2y > 1, ou seja, se y > 21 ,
ou teremos x < 2y se y < 12 . Por outro lado, teremos x > z se y < z ou x > y se
y > z.
Podemos concluir que, depois de fixar z, para fixar y teremos de considerar os valores
z
2
, z , 21 e, portanto, teremos duas situações distintas (ver figura 6).
7
z
2 y
M
1 0<z=c<2
z=c p x=
p
1 − y2
x = − 1 − y2
0 1 x
0
−1
1 1
x y
2.4 Um Cilindro
Consideremos o cilindro vertical de raio um e altura dois dado por
8
z
z 0<x=a<1
2 2
M
0
x=a
√ √
− 1 − x2 0 1 − x2y
1 1
x y
S ∩ {z = c} = {(x, y, c) : x2 + y 2 < 1}
p p
= {(x, y, c) : −1 < y < 1 ; − 1 − y 2 < x < 1 − y 2}
e, portanto,
Z 2 Z 1 Z √1−y2 ! !
vol3 (S) = √ dx dy dz
0 −1 − 1−y 2
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dz)dy)dx, fixamos −1 < x = a < 1 e obtemos
2.5 Um Cone
Consideremos o cone
p
S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 < z < 1 }
9
z
0<z=c<1
1 y
p
x= z2 − y2
p
x = − z2 − y2
z=c
0 x
0 y
x
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dx)dy)dz, fixamos 0 < z = c < 1 e obtemos
S ∩ {z = c} = {(x, y, c) : x2 + y 2 < c2 }
p p
= {(x, y, c) : −c < y < c ; − c2 − y 2 < x < c2 − y 2}
que se representa na figura 9 donde se conclui que
Z Z Z √2 2 1 c z −y
! !
vol3 (S) = √ dx dy dz
0 −c − z 2 −y 2
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dz)dx)dy, fixamos −1 < y = b < 1 e obtemos
S ∩ {y = b} = {(x, b, z) : x2 + b2 < z 2 < 1}
√ √ √
= {(x, b, z) : − 1 − b2 < x < 1 − b2 ; x2 + b2 < z < 1}
tal como se apresenta na figura 10 e, portanto,
Z Z √ 1 Z 1−y 2 1
! !
vol3 (S) = √ √ dz dx dy
−1 − 1−y 2 x2 +y 2
2.6 Um Hiperbolóide
Consideremos o conjunto
S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 < z 2 + 1; x > 0; y > 0; 0 < z < 1}
Trata-se de um subconjunto aberto de R3 limitado pelos planos x = 0 ; y = 0 ; z =
0 ; z = 1 e pela superfı́cie x2 + y 2 = z 2 + 1.
10
z
1 z
−1 < y = b < 1
y=b 1
b z=
p
x2 + y 2
|b|
0
b y p
− 1 − y2 0
p
1 − y2 x
z
1 y
√ 0<z=c<1
1 + c2
p
x= 1 − y 2 + c2
z=c
1 y
1 √
0 1 + c2 x
x 2 2
x +y =1+z 2
R R R
• Usando o integral iterado da forma ( ( dx)dy)dz, fixamos 0 < z = c < 1 e,
portanto
S ∩ {z = c} = {(x, y, c) : x2 + y 2 < c2 + 1; x > 0; y > 0}
√
ou seja, S ∩ {z = c} é um quarto de cı́rculo centrado na origem e de raio c2 + 1 tal
como se representa na figura 11.
√
De seguida fixamos y = b, com 0 < b < c2 + 1, e obtemos,
√ p
0 < z < 1; 0 < y < 1 + z 2 ; 0 < x < 1 + z 2 − y 2
Assim,
Z 1 Z √
1+z 2 Z √1+z 2 −y2 ! !
vol3 (S) = dx dy dz
0 0 0
11
z z
1 a<1 a>1
1
x=a
x2 + y 2 = 1 + z 2 0 x2 + y 2 = 1 + z 2
x=a 1 y 1 y
1 1
x x
z √
0<x=a<1 z 1<x=a< 2
1
1
√ √
y= 1 + z 2 − a√
2
a2 − 1 y= 1 + z 2 − a2
0 y 0 y
R R R
• Consideremos
√ o integral iterado da forma ( ( dy)dz)dx. Neste caso fixamos 0 <
x < 2 e obtemos
12
z z √
0<x=a<1 1<x=a< 2
1
1
p
z= y 2 + a2 − 1 z=
p
y 2 + a2 − 1
0 √ √ y √
1 − a2 2 − a2 0 2 − a2 y
R R R √
• Para o integral iterado da forma ( ( dz)dy)dx, fixamos 0 < x = a < 2 e obtemos
ou seja,
Portanto,
√ !
Z 1 Z 1−x2 Z 1
vol3 (S) = dz dy dx +
0 0 0
√ ! !
Z 1 Z 2−x2 Z 1
+ √ √ dz dy dx +
0 1−x2 x2 +y 2 −1
Z √
2 Z √2−x2 Z 1
! !
+ √ dz dy dx
1 0 x2 +y 2 −1
13
z
y
X
√
z=c 1 − z2
p
1 − z2 − y2
p
− 1 − z2 − y2
0
y
0 x
x
√
− 1 − z2
S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 < 1 }
S ∩ {z = c} = {(x, y, c) : x2 + y 2 < 1 − c2 }
√ p
= {(x, y, c) : |y| < 1 − c2 ; |x| < 1 − c2 − y 2 }
e, portanto,
Z 1 Z √
1−z 2 Z √1−z 2 −y2 ! !
vol3 (S) = √ √ dx dy dz
−1 − 1−z 2 − 1−z 2 −y 2
2.8 Um Toro
Neste exemplo vamos considerar o sólido em R3 limitado por um quarto do toro de raios
R = 3 e r = 1 e pelos planos x = 0 e y = 0 tal como se representa na figura 16.
p
S = {(x, y, z) ∈ R3 : ( x2 + y 2 − 3)2 + z 2 < 1 ; x > 0 ; y > 0}
14
z
y
−1 2
4
x
y
−1 < z = c < 1
√
3+ 1 − c2
√
3− 1 −−c2
0 x
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dx)dy)dz, fixamos −1 < z = c < 1 e obtemos
√ p √
S ∩ {z = c} = {(x, y, c) : − 1 − c2 < x2 + y 2 − 3 < 1 − c2 ; x > 0 ; y > 0}
√ p √
= {(x, y, c) : 3 − 1 − c2 < x2 + y 2 < 3 + 1 − c2 ; x > 0 ; y > 0}
15
z 0<y=b<2
0 x
√ √
4− b2 16 − b2
z 2<y=b<3 z 3<y=b<4
0 x 0 x
√ √
16 − b2 16 − b2
R R R
• Para o integral iterado da forma ( ( dz)dx)dy, fixamos em primeiro lugar 0 < y =
b < 4.
Note-se que para x = 0 temos
(y − 3)2 + z 2 < 1
e q √ q √
− 1 − ( x + b − 3) < z < 1 − ( x2 + b2 − 3)2
2 2 2
16
e, tal como anteriormente,
q √ q √
− 1 − ( x + b − 3) < z < 1 − ( x2 + b2 − 3)2
2 2 2
Portanto,
√ q √
Z 2 Z 16−y2 Z 1−( x2 +y 2 −3)2
vol3 (S) = √ q √ dz dx dy +
0 4−y 2 − 1−( x2 +y 2 −3)2
√ q √
Z 4 Z 16−y2 Z 1−( x2 +y 2 −3)2
+ q √ dz dx dy
2 0 − 1−( x2 +y 2 −3)2
Referências
[1] Luı́s T. Magalhães. Integrais Múltiplos. Texto Editora, 1996.
17
Instituto Superior Técnico
Departamento de Matemática
Secção de Álgebra e Análise
Prof. Gabriel Pires
1 Mudança de Coordenadas
x = r cos θ
y = r sen θ
p
De acordo com a figura 1, r = x2 + y 2 designa a distância de cada ponto de coordenadas
(x, y) à origem e θ é o ângulo formado entre o semi-eixo positivo x e o vector (x, y).
y (x, y)
r
PSfrag replacements
0 x
Seja g(r, θ) = (r cos θ, r sen θ) = (x, y). Então, g é de classe C 1 em R2 e a derivada é injectiva
em R2 \ {(0, 0)}. De facto temos
cos θ −r sen θ
det Dg(r, θ) = = r(cos2 θ + sen2 θ) = r.
sen θ r cos θ
Dado que as funções trigonométricas são periódicas, a função g não é injectiva em R 2 \ {(0, 0)}.
Mas, se definirmos
T = {(r, θ) ∈ R2 : r > 0 ; 0 < θ < 2π}
então, a função g : T → R2 é uma mudança de coordenadas.
A função g transforma T no conjunto
g(T ) = R2 \ {(x, y) : y = 0 ; x ≥ 0}
Dado que x2 + y 2 = r2 , para cada r fixo em T obtemos, em (x, y), uma circunferência de raio
r e centro na origem tal como se representa na figura 2.
1
y
2π
θ
PSfrag replacements
0 r R x
0 r R r
Figura 2:
Por outro lado, para cada θ fixo em T obtemos, em (x, y) um segmento de recta tal como se
mostra na figura 2. Portanto, ao cı́rculo centrado na origem e de raio R e do qual se retire o
semi-eixo positivo x corresponde, nas coordenadas polares (r, θ), o rectângulo ]0, R[×]0, 2π[ tal
como se apresenta na figura 2.
x = ρ cos θ
y = ρ sen θ
z = z
p
De acordo com a figura 3, ρ = x2 + y 2 designa a distância de cada ponto de coordenadas
(x, y, z) ao eixo z, θ é o ângulo formado entre o semi-eixo positivo x e o vector (x, y, 0).
(x, y, z)
PSfrag replacements
0
y
ρ
θ
x
(x, y, 0)
Seja
T = {(ρ, θ, z) ∈ R3 : ρ > 0 ; 0 < θ < 2π ; z ∈ R}
2
então a função g : T → R3 definida por
g(ρ, θ, z) = (ρ cos θ, ρ sen θ, z)
é de classe C 1 , injectiva e a respectiva derivada é injectiva porque
cos θ −ρ sen θ 0
det Dg(ρ, θ, z) = det sen θ ρ cos θ 0 = ρ > 0
0 0 1
Portanto a função g : T → R3 é uma mudança de coordenadas.
z
z h
PSfrag replacements h
2π θ 0
R y
R
ρ
Figura 4:
Facilmente se verifica que ao cilindro com eixo z, de raio R e altura h e do qual se retire o plano
{x ≥ 0 ; y = 0} corresponde, em coordenadas cilı́ndricas, o paralelipı́pedo ]0, R[×]0, 2π[×]0, h[ tal
como se mostra na figura 4.
3
z
(x, y, z)
φ r
PSfrag replacements
0
y
θ
x (x, y, 0)
PSfrag replacements φ
π
T 0
0 y
R 2π θ
r
x
Figura 6:
4
Exemplo 1.4 Transformação Linear de Coordenadas em Rn :
Seja g : Rn → Rn uma transformação linear e seja A a matriz que a representa, ou seja
g(v) = Av ; v ∈ Rn . Tendo em conta que uma transformação linear é de classe C 1 e que a
respectiva derivada é representada pela matriz A, então g é uma mudança de coordenadas em R n
desde que se verifique a condição
det A 6= 0
S = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < R2 }
X = S \ {(x, 0) : x ≥ 0}
sabemos que
X = g(T )
em que
T = {(r, θ) : 0 < r < R ; 0 < θ < 2π}
Notando que o semi-eixo positivo x tem medida nula em R2 e, aplicando o teorema da mudança
de coordenadas e o teorema de Fubini, obtemos
!
Z Z Z 2π R
vol2 (S) = vol2 (X) = rdrdθ = rdr dθ = πR2 .
T 0 0
5
Exemplo 2.2 Volume de um cilindro em R3 :
Seja S o cilindro vertical de raio R e altura h dado por
X = S \ {(x, y, z) : x ≥ 0 ; y = 0}
Então,
X = g(T )
em que
T = {(ρ, θ, z) : 0 < ρ < R ; 0 < θ < 2π ; 0 < z < h}
Sabendo que o semi-plano {y = 0 ; x ≥ 0} tem medida nula em R3 e, aplicando o teorema da
mudança de coordenadas e o teorema de Fubini, obtemos
! !
Z Z Z Z 2π h R
vol3 (S) = vol3 (X) = ρ dρdθdz = ρdr dz dθ = πR2 h
T 0 0 0
B = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 < R2 }
X = S \ {(x, y, z) : y = 0 ; x ≥ 0}
Então,
X = g(T )
sendo
T = {(r, θ, φ) : 0 < r < R ; 0 < θ < 2π ; 0 < φ < π}
Tendo em conta que o semi-plano {y = 0 ; x ≥ 0} tem medida nula em R3 e, aplicando o
teorema da mudança de coordenadas e o teorema de Fubini, obtemos
Z 2π Z π Z R ! !
4
Z
2
vol3 (B) = vol3 (X) = r sen φdrdθdφ = r sen φdr dφ dθ = πR3 .
2
T 0 0 0 3
6
z
PSfrag replacements
0
y
X = g(T )
em que
h h
T = {(r, θ, φ) : 0 < θ < 2π ; 0 < φ < arccos( ); < r < R}
R cos φ
Assim, o volume de S é dado por
vol3 (S) = vol3 (X)
Z 2π Z h
! !
arccos( R ) Z R
2
= r sen φ dr dφ dθ
h
0 0 cos φ
h
arccos( R )
h3
2π
Z
3
= sen φ R − dφ
3 0 cos3 φ
e, tendo em conta que
d 1 sen x
=2
dx cos2 x cos3 x
obtemos
π
2R3 − 3R2 h + h3
vol3 (S) =
3
Por outro lado, a calote esférica S também apresenta simetria cilı́ndrica em torno do eixo z e,
portanto, consideremos a transformação de coordenadas cilı́ndricas
g(ρ, θ, z) = (ρ cos θ, ρ sen θ, z) = (x, y, z)
7
√
Da inequação x2 + y 2 < R2 − z 2 obtemos ρ < R2 − z 2 e então
X = g(T )
em que p
T = {(ρ, θ, z) : h < z < R ; 0 < θ < 2π ; 0 < ρ < R2 − z 2 }
Assim, o volume de S é dado por
em que h > 0.
PSfrag replacements
0 y
Figura 8: Cone em R3
Para cada valor de z temos um cı́rculo de raio z, ou seja, S apresenta simetria cilı́ndrica com
eixo em z e, portanto, consideremos a transformação de coordenadas cilı́ndricas
Seja X o conjunto
p que se obtém de S retirando-lhe o plano {y = 0 ; x ≥ 0}.
Das condições x2 + y 2 < z < h obtemos ρ < z < h e, portanto,
X = g(T )
8
em que
T = {(ρ, θ, z) : 0 < θ < 2π ; 0 < ρ < h ; ρ < z < h}
O volume de S é, então, dado por
vol3 (S) = vol3 (X)
Z 2π Z ! !
h Z h
= ρ dz dρ dθ
0 0 ρ
Z h
= 2π ρ(h − ρ)dρ
0
π 3
= h
3
√
5
√
2
PSfrag replacements
0
1 y
Figura 9:
√
Das inequações x2 + y 2 + z 2 < 5 e z > 0, obtemos 0 < z < 5. Por outro lado, as superfı́cies
dadas, respectivamente, por x2 + y 2 = 1 + z 2 e x2 + y 2 + z 2 = 5 intersectam-se segundo a linha
dada pelas equações √
z = 2 ; x2 + y 2 = 3
É claro que V apresenta simetria cilı́ndrica relativa ao eixo z. Assim, em coordenadas cilı́ndricas
(ρ, θ, z), V é descrito por
√ √
i) Para 0 < z < 2, temos 0 < θ < 2π ; 0 < ρ < 1 + z 2
√ √ √
ii) Para 2 < z < 5, temos 0 < θ < 2π ; 0 < ρ < 5 − z 2
Portanto, pelo teorema da mudança de coordenadas, o volume de V pode ser calculado da
seguinte maneira
Z 2π Z √2 Z √1+z2 ! ! Z 2π Z √5 Z √5−z2 ! !
vol3 (V ) = ρdρ dz dθ + √ ρdρ dz dθ
0 0 0 0 2 0
√ √
Z 2 Z 5
= π (1 + z 2 )dz + π √ (5 − z 2 )dz
0 2
√ √
10 5 − 8 2
= π
3
9
Exemplo 2.7 Seja S ⊂ R2 a região representada na figura 10 e definida por
x π x
S = {(x, y) ∈ R2 : −x ≤ y ≤ π − x, − ≤y≤ }
2 4 2
e consideremos função f : R2 → R definida por
x
y= 2
y
PSfrag replacements v
π
2 S
T
0 π u
x
y = −x
Figura 10:
R
Para calcular o integral S
f consideremos a transformação linear (u, v) = g(x, y) definida por
u = x+y
v = x − 2y
Note-se que através desta transformação a função f passa a ser o produto de duas funções de
uma variável cada. Este facto irá certamente simplificar o cálculo do integral.
Sendo linear, para que g seja uma mudança de coordenadas basta que a matriz que a representa
seja não singular. (Recorde-se que para uma transformação linear a matriz que a representa e a
sua derivada coincidem). Assim, g é uma mudança de coordenadas porque
1 1
det Dg(x, y) = = −3 6= 0
1 −2
É de salientar que a transformação g permite mudar das coordenadas (u, v) para as coordenadas
(x, y) e o que se pretende é a mudança inversa.
No entanto, a transformação inversa g −1 é também uma mudança de coordenadas e
1
det Dg −1 (u, v) = −
3
Assim, seja T ⊂ R2 tal que S = g −1 (T ). Da definição de S, obtemos
π
T = {(u, v) : 0 ≤ u ≤ π ; 0 ≤ v ≤ }
2
10
Usando o teorema da mudança de coordenadas, obtemos,
Z Z Z Z
f (x, y)dxdy = f (g −1 (u, v)) |det Dg −1 (u, v)|dudv
S T
Z π2 !
1 π
Z
= sen(u) cos(v)dv du
3 0 0
Z π Z π !
1 2
= sen(u)du cos(v)dv
3 0 0
2
=
3
v y
PSfrag replacements y = 3x
3
T y=x
S
1 xy = 2
xy = 1
0 1 2 u 0 x
Figura 11:
u = xy
y
v =
x
Então,
T = g(S) = {(u, v) : 1 < u < 2 ; 1 < v < 3}
11
ou seja, a função g transforma S no rectângulo T = g(S).
Vejamos que g é uma mudança de coordenadas em S. É claro que g é de classe C 1 . Da
definição de g, obtemos
r
u
x =
v
√
y = uv
12
Note-se que se aplicarmos o teorema de Fubini ao cálculo do integral em coordenadas (x, y),
obtemos Z Z R Z √R2 −x2 !
−x2 −y 2
f (x, y)dxdy = e √ e dy dx
S −R − R2 −x2
e este integral não é facilmente calculável por não termos á disposição uma primitiva para a função
2
e−x .
2
Em coordendas polares este problema não existe porque a função a integrar é dada por re −r
cuja primitivação é imediata.
Referências
[1] Luı́s T. Magalhães. Integrais Múltiplos. Texto Editora, 1996.
[2] W. Rudin. Principles of Mathematical Analysis. McGraw Hill, 1996.
13
Instituto Superior Técnico
Departamento de Matemática
Secção de Álgebra e Análise
Prof. Gabriel Pires
CDI-II
1 Integrais em Variedades
1.1 Integral de Linha de um Campo Escalar. Comprimento
Sejam A e B dois pontos em Rn . Designemos por ]A, B[ o segmento de recta entre os pontos
A e B. É claro que o comprimento de ]A, B[ é dado pela norma kB − Ak. O segmento de
recta ]A, B[ pode ser descrito pela parametrização γ :]0, 1[→ Rn , definida por
γ(t4 )
γ
A = γ(t0 )
B = γ(t5 )
t0 t1 t2 t t3 t4 t5
em que a = t0 < t1 < t2 < · · · < tN = b com N ∈ N. Note-se que na figura 1 temos N = 5.
É fácil aceitar que o comprimento desta linha poligonal é uma aproximação por defeito
do comprimento da linha Γ. Note-se também que o comprimento da linha poligonal cresce à
medida que N → ∞.
Assim, se tomarmos o supremo dos comprimentos das linhas poligonais obtidas desta forma
teremos uma boa definição de comprimento da linha Γ.
Dado que o comprimento da linha poligonal é dado por
N
X
kγ(tk ) − γ(tk−1 k
k=1
e, portanto,
N
X N Z
X tk Z b
kγ(tk ) − γ(tk−1 k ≤ kγ (t)kdt =
′
kγ ′ (t)kdt.
k=1 k=1 tk−1 a
2
Definição 1.2 Seja φ : Rn → R um campo escalar e consideremos uma linha Γ ⊂ Rn
descrita pela parametrização γ : ]a, b[ → Rn .
Chama-se Integral de Linha do Campo Escalar φ ao longo da linha Γ ao
integral definido por Z Z b
φ= φ(γ(t))||γ ′ (t)||dt
Γ a
1.1.1 Aplicações
a) Comprimento de uma Linha
Seja φ ≡ 1. Então, o integral de linha de φ
Z Z b
φ= ||γ ′ (t)||dt = l(Γ)
Γ a
é o comprimento da linha Γ.
b) Massa de um fio
Seja φ : S → R a densidade de massa por unidade de comprimento do material que
constitui um fio descrito por uma parametrização γ : ]a, b[ → Rn . Então, o integral de
linha de φ Z Z b
φ= φ(γ(t))||γ ′ (t)||dt = M
Γ a
é a massa M do fio.
c) Centro de massa
Seja δ : S → R a densidade de massa por unidade de comprimento do material que
constitui um fio de massa M descrito por uma parametrização γ : ]a, b[ → Rn e seja
1
φ(x) = xi δ(x); i = 1, 2, . . . , n
M
d) Momento de inércia
Seja L uma linha recta e designemos por dL (x) a distância do ponto x ∈ Rn à linha
L.
3
O momento de inércia da linha Γ relativo à recta L é o integral de linha da função
φ(x) = δ(x)d2L (x) , ou seja,
Z b
IL = δ(γ(t))d2L(γ(t))||γ ′ (t)||dt
a
1.1.2 Exemplos
1. Seja Γ uma circunferência de raio R e centro na origem de R2 , (ver Figura 2) e descrita
por
γ(t) = (R cos t, R sen t) ; 0 < t < 2π
0 R x
Note-se que
sh θ = 0 ⇔ eθ = e−θ ⇔ θ = 0
e √ √
sh θ = 4 ⇔ e2θ − 4eθ − 1 = 0 ⇔ eθ = 2 + 5 ⇔ θ = ln(2 + 5).
Portanto, teremos
Z 1√ √
Z ln(2+ 5)
l(P ) = 2 1 + 4t2 dt = ch2 θdθ
0 0
" √ #
1 (2 + 5)2 1 √
= − √ + 2 ln(2 + 5) .
4 2 2(2 + 5)2
-1 0 1 x
Então
√ 1
kγ ′ (t)k = k(cos t − t sen t, sen t + t cos t)k = 1 + t2 ; δ(γ(t)) = √
1 + t2
5
y
0 x
x
y
√
Então ||γ ′(t)|| = 2 e o momento de inércia de Γ relativo ao eixo z é dado pelo
integral de linha Z
2
√ Z 2
4π √
Iz (Γ) = z(x + y ) = 2 tdt = 8 2 π 2
Γ 0
6
Nota 1.1 A fórmula do comprimento de uma linha Γ, parametrizada por uma função
γ : ]a, b[ → Rn ,
Z b
l(Γ) = kγ ′ (t)kdt,
a
pode ser escrita noutra forma.
De facto, p
kγ ′ (t)k = γ ′ (t) · γ ′ (t)
e, se tivermos em conta que a derivada γ ′ (t) é representada por uma matriz com n linhas
e uma coluna, teremos
p p
kγ ′ (t)k = γ ′ (t) · γ ′ (t) = γ ′ (t)t γ ′ (t),
e, portanto, Z bp
l(Γ) = det(γ ′ (t)t γ ′ (t))dt.
a
Veremos, mais adiante, que para o cálculo da área de uma superfı́cie ou, mais geral-
mente, para o cálculo do volume-m de uma variedade-m teremos uma fórmula semelhante.
7
em que
v2 = t2 − ht2 , e1 ie1
Note-se que hv2 , e1 i = 0 e, portanto
|v2 |2 = hv2 , t2 i = ht2 , t2 i − ht2 , e1 i2 = |t2 |2 − ht2 , e1 i2
Assim, podemos exprimir t1 e t2 na base ortonormada {e1 , e2 } , da seguinte forma
t1 = |t1 | e1
p
t2 = ht2 , e1 i e1 + |t2 |2 − ht2 , e1 i2 e2
ou seja,
t1 = |t1 | e1
s
ht2 , t1 i ht2 , t1 i2
t2 = e1 + |t2 |2 − e2
|t1 | |t1 |2
e, portanto, a área do paralelogramo definido por t1 e t2 é o determinante
ht2 ,t1 i
|t1 | |t1 |
p
det
= |t1 |2 |t2 |2 − ht2 , t1 i2
q 2
0 |t2 |2 − ht|t2 ,t1 |12i
Por outro lado, seja ∆ a matriz cujas colunas são os vectores t1 e t2 . Então
ht1 , t1 i ht1 , t2 i
det ∆t ∆ = 2 2
= |t1 | |t2 | − ht2 , t1 i
2
ht2 , t1 i ht2 , t2 i
Assim,√concluimos que a área do paralelogramo determinado pelos vectores t1 e t2 é
dada por det ∆t ∆.
Estas observações motivam a seguinte definição de área de uma variedade de dimensão
2 (superfı́cie) em R3 .
8
Define-se o integral do campo escalar φ sobre S como sendo o integral
Z Z p
φ= φ(g(t)) det Dg(t)t Dg(t)dt
S T
1 1
Z Z p
x = xα = g1 (t)α(g(t)) det Dg(t)t Dg(t)dt
M S M T
1 1
Z Z p
y = yα = g2 (t)α(g(t)) det Dg(t)t Dg(t)dt
M S M T
1 1
Z Z p
z = zα = g3 (t)α(g(t)) det Dg(t)tDg(t)dt
M S M T
d) Momento de Inércia relativo a uma linha recta: Seja L uma linha recta e
S uma folha de um material com densidade α. Então, o momento de inércia de S
relativo a L é o integral
Z Z p
2
IL (S) = αdL = α(g(t))d2L(g(t)) det Dg(t)tDg(t)dt
S T
1.4 Exemplos
i) Consideremos a superfı́cie esférica de raio R e centrada na origem que designaremos
por S 2 .
S 2 = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 = R2 }
9
Seja g : T → R3 a função dada por
g(θ, φ) = (R sen φ cos θ, R sen φ sen θ, R cos φ)
em que
T =]0, 2π[×]0, π[⊂ R2
Então g é uma função de classe C 1 , injectiva, cuja derivada
−R sen φ sen θ R cos φ cos θ
Dg(θ, φ) = R sen φ cos θ R cos φ sen θ
0 −R sen φ
tem caracterı́stica igual a dois e
g(T ) = S 2 \ {(x, y, z) ∈ S 2 : y = 0 ; x ≥ 0} = S 2 \ N
ou seja, g é uma parametrização de S 2 \ N. (Ver figura 6).
S2
x N y
Note-se que
R2 sen2 φ 0
t
Dg(θ, φ) Dg(θ, φ) =
0 R2
e, portanto p
det Dg(θ, φ)tDg(θ, φ) = R2 sen φ
Sendo N uma semicircunferência sobre S 2 , temos
Z p
2 2
vol2 (S ) = vol2 (S \ N) = det Dg(θ, φ)tDg(θ, φ)dθdφ
ZT2π Z π
2
= R sen φdφ dθ
0 0
Z π
2
= 2πR sen φdφ
0
= 4πR2
10
ii) Consideremos a superfı́cie definida por
P = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 = z < 1}
em que
T =]0, 1[×]0, 2π[⊂ R2
g(T ) = P \ {(x, y, z) ∈ P : x ≥ 0 ; y = 0} = P \ N
x y
11
Sendo N uma linha sobre P , temos,
Z p
vol2 (P ) = vol2 (P \ N) = det Dg(ρ, θ)t Dg(ρ, θ)dρdθ
T
Z 2π Z 1 p
= 2
ρ 1 + 4ρ dρ dθ
0 0
π 1
Z p
= 12ρ 1 + 4ρ2 dρ
6 0
π 3/2
= (5 − 1)
6
iii) Seja C a superfı́cie cónica definida por
p
C = {(x, y, z) ∈ R3 : 0 < x2 + y 2 = z < 1}
12
z
x y
g(x, y) = (x, y, 1 − x − y)
em que
T = {(x, y) ∈ R2 : 0 < x < 1 ; 0 < y < 1 − x}.
Π
y
Sendo
1 0
Dg(x, y) = 0 1
−1 −1
13
obtemos
Z √
vol2 (Π) = 3dxdy
T
Z 1 Z 1−x √
= 3dy dx
0 0
√ Z 1
= 3 (1 − x)dx
0
√
3
=
2
z
T2
z
φ
N x
x y
Seja
D = {(θ, φ) ∈ R2 : 0 < θ < 2π , 0 < φ < 2π}
e g : D → R3 definida por
14
tem caracterı́stica igual a dois. Portanto, g é uma parametrização de
T2 \ N
em que
N = {(x, y, z) : z = 0} ∪ {(x, y, z) : y = 0}
tal como se representa na figura 10.
Sendo N a união de duas linhas em T 2 , temos
Z p
2 2
vol2 (T ) = vol2 (T \ N) = det Dg(θ, φ)tDg(θ, φ)dθdφ
D
Z 2π Z 2π
= r(R + r cos φ)dθ dφ
0 0
2
= 4π Rr
e que representa uma folha de um material com densidade de massa dada por
1
α(x, y, z) = √ .
2z 2 + 1
em que
T = {(θ, z) ∈ R2 : 0 < θ < 2π ; 0 < z < 1}
N = {(x, y, z) : y = 0 , x ≥ 0}
15
z
x
y
16
1.5 Integral de linha de um campo vectorial. Trabalho
T = g ′(t)
P = g(t)
Q = g(t + h)
Γ
17
Então, Z
∇φ · dg = φ(B) − φ(A)
Γ
Consequências:
a) O integral de linha de um campo gradiente não depende do caminho. Depende apenas
do ponto inicial A e do ponto final B.
Seja F um campo gradiente e de classe C 1 . Então, existe um campo escalar φ tal que
∂φ
Fi = ; i = 1, 2, . . . , n
∂xi
e, derivando em ordem a xj , obtemos
∂ ∂φ ∂ ∂φ
Dj Fi = = = Di Fj ; ∀i 6= j
∂xj ∂xi ∂xi ∂xj
18
Definição 1.5 Dado um campo vectorial F tal que
Dj Fi = Di Fj ; ∀i 6= j
Assim, ser fechado é condição necessária para que um campo vectorial seja gradiente.
Exemplos:
1. Campo gravitacional:
Seja M uma massa pontual e situada na origem de R3 . O campo gravitacional gerado
pela massa M é dado por
(x, y, z) −
→
r
F (x, y, z) = −GM 3
= −GM −→
||(x, y, z)|| || r ||3
em que −
→
r = (x, y, z) e G é a constante universal da gravitação.
Facilmente se verifica que o campo gravitacional é um gradiente e o seu potencial é a
função
1 1 GM
φ(x, y, z) = GM = GM −→ =p
||(x, y, z)|| || r || x + y2 + z2
2
ou seja
∂φ ∂φ ∂φ
F (x, y, z) = (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z)) = , ,
∂x ∂y ∂z
∂φ
y =
∂y
19
Da primeira equação, obtemos
x2
φ(x, y) = + K(y)
2
e da segunda equação
y2
K(y) = +C
2
em que C é uma constante.
Assim, o potencial escalar do campo F é dado por
x2 + y 2
φ(x, y) = +C
2
20
Então
2π
R sen t R cos t
Z Z
F · dg = − , · (−R sen t, R cos t)dt = 2π
Γ 0 R2 R2
***
21
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Secção de Álgebra e Análise
Prof. Gabriel Pires
CDI-II
é fechado, ou seja,
∂F1 ∂F2
= .
∂y ∂x
No entanto o respectivo integral de linha ao longo de uma circunferência CR , centrada na
origem e raio R, não é nulo. De facto, temos
Z
F · dγ = 2π,
CR
Se assim for, basta considerar a circunferência centrada na origem e de raio igual a um para
termos o valor do integral de linha de F ao longo de qualquer linha fechada em R2 \ {(0, 0)}.
Seja Γ uma linha fechada em torno da origem e descrita pelo caminho γ : [0, 1] → R2 e
consideremos a função H : [0, 1] × [0, 1] → R2 definida por
γ(t)
H(s, t) = s + (1 − s)γ(t).
kγ(t)k
γ(t)
Note-se que a função descreve a circunferência C de raio igual a um e centro na
kγ(t)k
origem.
Por outro lado, temos
γ(t)
H(0, t) = γ(t) ; H(1, t) = .
kγ(t)k
y
Γ
Γs
γ(t)
C
P
x
Figura 1: Deformação de Γ em C
gs (t) = H(s, t)
2
Definição 1.1 Diz-se que dois caminhos fechados α, γ : [0, 1] → Rn são homotópicos se
existe uma função contı́nua H : [0, 1] × [0, 1] → Rn com as seguintes propriedades:
Suponhamos que a função H : [0, 1] × [0, 1] → Rn , que estabelece a homotopia entre dois
caminhos fechados é de classe C 2 .
Seja Γs a linha descrita pelo caminho gs (t) = H(s, t). Então, temos
d d 1 d 1 ∂H
Z Z Z
F = F (gs (t)) · gs (t)dt =
′
F (H(s, t)) · (s, t)dt
ds Γs ds 0 ds 0 ∂t
Z 1 n
!
d X ∂Hk
= Fk (H(s, t)) (s, t) dt
0 ds k=1
∂t
n X n n
Z 1 X !
∂Fk ∂Hj ∂Hk X ∂ 2 Hk
= (H(s, t)) (s, t) (s, t) + Fk (H(s, t)) (s, t) dt
0 k=1 j=1
∂x j ∂s ∂t k=1
∂s∂t
Z 1 X n X n n
!
∂Fj ∂Hj ∂Hk X ∂ 2 Hk
= (H(s, t)) (s, t) (s, t) + Fk (H(s, t)) (s, t) dt
0 k=1 j=1
∂xk ∂s ∂t k=1
∂s∂t
porque F é fechado.
É fácil verificar que
n n n
d X ∂Hj X X ∂Fj ∂Hj ∂Hk
Fj (H(s, t)) (s, t) = (H(s, t)) (s, t) (s, t) +
dt j=1 ∂s k=1 j=1
∂xk ∂s ∂t
n
X ∂ 2 Hk
+ Fk (H(s, t)) (s, t)
∂s∂t
k=1
e, portanto,
n
!
1
d d X ∂Hj
Z Z
F = Fj (H(s, t)) (s, t) dt
ds Γs 0 dt j=1 ∂s
n n
X ∂Hj X ∂Hj
= Fj (H(s, 1)) (s, 1) − Fj (H(s, 0)) (s, 0)
j=1
∂s j=1
∂s
= 0
3
Z
Assim, a função F não depende de s, ou seja, podemos concluir que o integral de linha
Γs
de um campo vectorial fechado é invariante para caminhos homotópicos. Dito de outro modo, o
trabalho realizado por um campo fechado tem o mesmo valor em linhas fechadas homotópicas.
Em particular, o integral de linha de um campo vectorial fechado é nulo ao longo de um
caminho fechado e homotópico a um caminho constante. Note-se que a imagem de um caminho
constante é um ponto e, portanto o trabalho realizado pelo campo nesse caminho é nulo.
Portanto, dado um campo vectorial fechado, é importante saber se no respectivo domı́nio
as linhas fechadas são homotópicas a um ponto.
1. H(0, t) = P ; t ∈ [0, 1]
Exemplos:
1. Qualquer conjunto S ⊂ Rn convexo é simplesmente conexo. S é convexo se, dados dois
pontos P ∈ S e Q ∈ S, então o segmento de recta [P, Q] está contido em S.
Consideremos a função H : [0, 1] × [0, 1] → Rn definida por
H(s, t) = P + s(α(t) − P ).
Esta função estabelece a homotopia (deformação contı́nua) entre uma linha qualquer
fechada Γ ⊂ S, descrita pelo caminho γ : [0, 1] → Rn , e um ponto qualquer P fixo em
S, tal como se ilustra na figura 2.
3. O conjunto R2 \ {(0, 0)} não é simplesmente conexo. Dada uma linha fechada em torno
da origem não é possı́vel deformá-la num ponto. No entanto, qualquer linha Γ fechada
em torno da origem é homotópica à circunferência centrada na origem e raio igual a um.
4
Γ
x = γ(t)
P
Γs
De facto, seja γ : [0, 1] → R2 o caminho que descreve a linha Γ. É claro que a função
α : [0, 1] → R2 definida por
γ(t)
α(t) =
kγ(t)k
é um caminho que descreve a circunferência centrada na origem e raio igual a um. Assim,
a função
H(s, t) = α(t) + s(γ(t) − α(t))
estabelece a referida homotopia.
6. O conjunto R3 \ {(0, 0, 0)}, não é em estrela mas é simplesmente conexo. Qualquer linha
fechada neste conjunto pode ser continuamente deformada num ponto qualquer distinto
da origem.
Assim, num conjunto simplesmente conexo o integral de linha de um campo vectorial fechado
ao longo de uma linha fechada é nulo.
***
Exemplos:
y x
1. Consideremos o campo F (x, y) = − x2 +y 2 , x2 +y 2
. Já sabemos que F é fechado no
2
seu domı́nio R \ {(0, 0)}. Para além disso, o integral de linha de F ao longo de qualquer
circunferência centrada na origem e percorrida uma vez no sentido positivo tem o valor
2π.
5
y
Γ
C
Figura 3:
Seja Γ uma linha fechada em torno da origem e descrita por um caminho α, tal como se
ilustra na Figura 3. É claro que Γ é homotópica à circunferência C, centrada na origem,
percorrida no mesmo sentido de Γ e descrita por um caminho g. Portanto, temos
Z Z
F · dα = F · dg = 2π.
Γ C
Se a origem não se encontrar no conjunto limitado pela linha Γ, tal como se mostra na
Figura 4, então a linha Γ será homotópica a um ponto e, portanto, o integral de linha de
F em Γ será nulo.
y
0 x
Figura 4:
6
Portanto, o integral de linha de F ao longo de uma linha fechada e percorrida uma vez
no sentido positivo só pode tomar os valores 0 e 2π.
2. Consideremos o campo
z x
F (x, y, z) = − 2 2
, y, 2 .
x +z x + z2
C = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + z 2 = 1 ; y = 0}.
C Γ
y
x
Figura 5:
No primeiro caso o integral de linha de F será nulo. No segundo caso, suponhamos que
Γ é homotópica à circunferência C percorrida uma vez no sentido positivo quando vista
de um ponto da forma (0, y, 0) com y > 0, tal como se ilustra na figura 5. Então,
Z Z
F · dγ = F · dg,
Γ C
7
Portanto, teremos
Z Z
F · dγ = F · dg
Γ
ZC2π
= (− cos t, 0, sen t) · (cos t, 0, − sen t) dt
0
= −2π
e o caminho fechado que descreve a linha quadrada no plano z = 1 que une os pontos
(0, −1, 1), (2, −1, 1), (2, 1, 1), (0, 1, 1) e percorrida por esta ordem. Seja C esta linha.
Note-se que o domı́nio de F é o conjunto R3 \ {(x, y, z) ∈ R3 : x = 1 ; y = 0}.
Consideremos também a elipse Γ, definida por (x − 1)2 + 4y 2 = 1 ; z = 0, percorrida no
sentido anti-horário quando observada do ponto (1, 0, 5).
Seja γ : [0, 2π] → R3 , o caminho definido por
sen t
γ(t) = 1 + cos t, ,0 ,
2
É fácil ver que o campo F é fechado. Dado que o quadrado C e a elipse Γ são linhas
fechadas e homotópicas no domı́nio deste campo, tal como se ilustra na figura 6, podemos
concluir que Z Z
F · dg = F · dγ = π,
C Γ
em que g é um caminho que descreve C.
Note-se que é fácil calcular, pela definição, o integral de linha do campo F ao longo da
elipse Γ. O mesmo não acontece para a linha C.
***
8
z
1 Γ y
Figura 6:
3 Domı́nio Elementar
a) D = {(x, y) ∈ R2 : f (x) < y < g(x) ; a < x < b} em que f, g : ]a, b[ → R são duas
funções de classe C 1 .
b) D = {(x, y) ∈ R2 : φ(y) < x < ψ(y) ; c < y < d} em que φ, ψ : ]c, d[ → R são duas
funções de classe C 1 .
9
y
y = g(x) = d
d
x = φ(y) = a x = ψ(y) = b
c
y = f (x) = c
a b x
y = g(x)
x = φ(y)
x = ψ(y)
R x
y = f (x)
√
f (x) = − R2 − x2 ; −R < x < R
√
g(x) = R2 − x2 ; −R < x < R
p
φ(y) = − R2 − y 2 ; −R < x < R
p
ψ(y) = R2 − y 2 ; −R < x < R
10
y
D1 D2
x
D3 D4
11
4 Teorema de Green
Dado que F = (P, Q) = (P, 0) + (0, Q) e sendo o integral linear, supomos que D é descrito
na forma
D = {(x, y) ∈ R2 : f (x) < y < g(x) ; a < x < b} ,
e que F = (P, 0).
Assim, temos
!
b g(x)
∂P ∂P
Z Z Z Z
dxdy = dy dx
D ∂y a f (x) ∂y
Z b
= (P (x, g(x)) − P (x, f (x))) dx
a
12
ou seja,
b b
∂P
Z Z Z Z Z
P dx = F · dg = P (x, f (x))dx − P (x, g(x))dx = − dxdy
Γ Γ a a D ∂y
Do mesmo modo, considerando F = (0, Q) e D descrito na forma
obtemos
∂Q
Z Z Z
Qdy = F · dg = dxdy ,
Γ Γ D ∂x
e, portanto, Z Z
∂Q ∂P
Z
− dxdy = P dx + Qdy
D ∂x ∂y Γ
***
Exemplo 4.1 O teorema de Green aplica-se também a uma união finita de domı́nios
elementares.
Seja D a união de dois domı́nios elementares, D1 , D2 , tal como, a tı́tulo de exemplo,
se ilustra na figura 11. Seja L a linha comum às fronteiras de D1 e D2 , ou seja,
∂D1 = Γ1 ∪ L , ∂D2 = Γ2 ∪ L
D1
L
D2
Note-se que ∂D = Γ1 ∪ Γ2 .
Aplicando o teorema de Green a ambos os domı́nios, obtemos
Z Z
∂Q ∂P
Z Z
− dxdy = P dx + Qdy + P dx + Qdy
D1 ∂x ∂y Γ1 L
Z Z
∂Q ∂P
Z Z
− dxdy = P dx + Qdy − P dx + Qdy
D2 ∂x ∂y Γ2 L
13
Note-se que o integral de linha de um campo vectorial F ao longo de um caminho tem
o sinal contrário ao do integral de F ao longo da mesma linha mas percorrida no sentido
contrário. Portanto, adicionando ambas as equações, obtemos
Z Z
∂Q ∂P
Z
− dxdy = P dx + Qdy
D ∂x ∂y Γ
É claro que este procedimento é válido para uma união finita de domı́nios elementares.
Uma união finita de domı́nios elementares será designada domı́nio regular.
Γ2
Γ1
0 x
14
Para o caso em que o campo F é fechado, obtemos
Z Z
P dx + Qdy = − P dx + Qdy
Γ1 Γ2
F (x, y) = (−y, x)
x2 y 2
S = {(x, y) ∈ R2 : + < 1}
4 9
cuja fronteira Γ é descrita pelo caminho
15
Exemplo 4.5 Consideremos o campo vectorial F : R2 \ {(0, 1)} → R2 definido por
y−1
x
F (x, y) = − 2 ,
x + (y − 1)2 x2 + (y − 1)2
e seja Γ a fronteira do quadrilátero com vértices nos pontos
(3, 0), (0, 3), (−3, 0), (0, −3)
2
R por um caminho γ : [0, 1] → R .
percorrida no sentido positivo e descrita
Para calcular o integral de linha Γ F · dg , consideremos a região limitada por Γ e
pela circunferência C de raio igual a um e centro no ponto (0, 1) percorrida no sentido
positivo e descrita pelo caminho
g(t) = (cos t, sen t + 1) ; 0 ≤ t ≤ 2π
como se mostra na figura 13.
y
1 C
0 x
Figura 13:
16
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Departamento de Matemática
Secção de Álgebra e Análise
Prof. Gabriel Pires
Teorema da Divergência
***
Nota 1.1 Sejam A = (a1 , a2 , a3 ) e B = (b1 , b2 , b3 ) dois vectores em R3 e consideremos o produto
externo de A por B definido por
A × B = (a2 b3 − a3 b2 , a3 b1 − a1 b3 , a1 b2 − a2 b1 )
e1 × e2 = e3 ; e2 × e3 = e1 ; e3 × e1 = e2
• B × A = −A × B
• A × B é ortogonal a A e a B.
√
• ||A × B|| = det ∆t ∆ em que ∆ é a matriz cujas colunas são os vectores A e B.
e3
A×B
0
e2 y
e1 B
x
1
Portanto, se designarmos por D1 g(t) e D2 g(t) , respectivamente, a primeira e a segunda
colunas da matriz Dg(t) , então o produto externo
D1 g(t) × D2 g(t)
é um vector normal a M no ponto x = g(t) porque as colunas da matriz Dg(t) geram o espaço
tangente a M no ponto x = g(t).
Assim, temos
D1 g(t) × D2 g(t)
ν(g(t)) =
||D1 g(t) × D2 g(t)||
p
• det Dg(t)t Dg(t) = ||D1 g(t) × D2 g(t)||
e, portanto, p
ν(g(t)) det Dg(t)t Dg(t) = D1 g(t) × D2 g(t)
ou seja, o fluxo de F é dado por
Z Z
F ·ν = F (g(t)) · D1 g(t) × D2 g(t)dt
M T
***
Exemplo 1.1 Consideremos o campo vectorial F : R3 → R3 definido por
F (x, y, z) = (x, y, z)
S 2 = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 = 1}
cuja normal ν no ponto (0, 1, 0) tem segunda componente positiva, tal como se representa na
figura 2.
ν(x, y, z)
S2
(x, y, z)
ν(0, 1, 0)
(0, 1, 0)
y
x
2
e g : T → R3 a parametrização de S 2 \ N dada por
e, portanto,
***
Podemos calcular o fluxo de F de outra forma. Sendo S 2 dada pela equação
G(x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 − 1 = 0
***
Exemplo 1.2 Seja F (x, y, z) = (x, y, z) e consideremos a superfı́cie cilı́ndrica M definida pela
equação
x2 + y 2 = 1
e tal que 0 < z < 2. Seja ν a normal unitária a M que no ponto (0, 1, 1) tem segunda componente
positiva tal como se representa na figura 3.
Da equação x2 + y 2 = 1, obtemos a normal
(2x, 2y, 0)
ν(x, y, z) = p = (x, y, 0)
2 x2 + y 2
3
z
2 M
(0, 1, 1)
1
x y
e, portanto,
F (x, y, z) · ν(x, y, z) = x2 + y 2 = 1
Assim, o fluxo de F através de M segundo a normal ν é dado por
Z
F · ν = vol2 (M ) = 4π
M
***
Exemplo 1.3 Consideremos o campo vectorial
F (x, y, z) = (−y, x, 0)
e o cone
M = {(x, y, z) ∈ R3 : z 2 = x2 + y 2 ; 0 < z < 1}
Seja ν a normal unitária que em cada ponto de M tem terceira componente negativa tal como
se representa na figura 4.
Em coordenadas cilı́ndricas (ρ, θ, z) o cone M é dado pela equação z = ρ. Então, consideremos
a função g : T → R3 definida por
em que
T =]0, 1[×]0, 2π[
Facilmente se verifica que g é uma parametrização de M \ N em que
N = {(x, y, z) ∈ M : y = 0 ; x ≥ 0}
e, portanto,
D2 g(ρ, θ) × D1 g(ρ, θ) = (ρ cos θ, ρ sen θ, −ρ)
4
z
M
1
(x, y, z)
x y
Figura 4: O cone M
***
Note-se que, da equação G(x, y, z) = x2 + y 2 − z 2 = 0 que define M , podemos calcular a normal
unitária
DG(x, y, z) (2x, 2y, −2z)
ν(x, y, z) = = p
||DG(x, y, z) 2 x2 + y 2 + z 2
Então
(2x, 2y, −2z)
F (x, y, z) · ν(x, y, z) = (−y, x, 0) · p =0
2 x2 + y 2 + z 2
e, portanto, o fluxo de F através de M segundo a normal ν é nulo.
***
Exemplo 1.4 Seja F (x, y, z) = (−y, x, 1) e consideremos a superfı́cie M definida por
M = {(x, y, z) ∈ R3 : z = x2 + y 2 , z < 1
Seja ν a normal a M que no ponto (0, 0, 0) tem terceira componente negativa tal como se
representa na figura 5.
Em coordenadas cilı́ndricas (ρ, θ, z), a superfı́cie M é dada pela equação z = ρ2 . Então, seja
g :]0, 1[×]0, 2π[→ R3 dada por
g(ρ, θ) = (ρ cos θ, ρ sen θ, ρ2 )
Facilmente se verifica que g é uma parametrização de M \ N em que
N = {(x, y, z) : y = 0; x ≥ 0}
5
z
M
1
(x, y, z)
x ν(0, 0, 0) y
Figura 5: Parabolóide M
Assim,
D2 g(ρ, θ) × D1 g(ρ, θ) = (2ρ2 cos θ, 2ρ2 sen θ, −ρ)
Portanto, o fluxo de F através de M segundo a normal ν é dado por
Z Z 2π Z 1
F ·ν = F (g(ρ, θ)) · D2 g(ρ, θ) × D1 g(ρ, θ) dρ dθ
M 0 0
Z 2π Z 1
2 2
= (−ρ sen θ, ρ cos θ, 1) · (2ρ cos θ, 2ρ sen θ, −ρ) dρ dθ
0 0
Z 2π Z 1
= −ρ dρ dθ
0 0
= −π
***
Exemplo 1.5 Seja S a superfı́cie esférica centrada na origem de R3 e com raio R. Consideremos
o campo vectorial F : R3 \ {(0, 0, 0)} → R3 definido por
1
F (x, y, z) = (x, y, z)
(x2 + y 2 + z 2 )3/2
Em coordenadas esféricas S é descrita pela equação r = R e, portanto, consideremos a para-
metrização g :]0, 2π[×]0, π[→ R3 definida por
Então
6
e, portanto, o fluxo de F através de S segundo a normal que em cada ponto se dirige para a origem
é dado por
Z Z 2π Z π
F ·ν = F (g(θ, φ)) · D1 g(θ, φ) × D2 g(θ, φ) dφ dθ
S 0 0
Z 2π Z π
= − sen φ dφ dθ
0 0
= −4π
2 Teorema da Divergência
Seja D ⊂ R3 um conjunto aberto e limitado e seja (x, y, z) um ponto sobre a fronteira ∂D.
Suponhamos que existe uma vizinhança V de (x, y, z) tal que ∂D ∩ V é uma superfı́cie.
z
D
n(x, y, z)
−n(x, y, z) (x, y, z)
0
y
Seja n(x, y, z) a normal a ∂D ∩ V no ponto (x, y, z) e suponhamos que existe ǫ > 0 tal que
(x, y, z) + t n(x, y, z) ∈ R3 \ D ; 0 < t < ǫ
(x, y, z) − t n(x, y, z) ∈ D ; 0 < t < ǫ
Então, diz-se que a normal n(x, y, z) é exterior a D. Em cada ponto (x, y, z) ∈ ∂D a normal
n(x, y, z) drige-se do interior para o exterior de D, tal como se representa na figura 6.
Nota 2.1 Suponhamos que ∂D ∩ V é um conjunto de nı́vel de uma função H : V → R tal que
D∩V = {(x, y, z) : H(x, y, z) < 0}
3
(R \ D) ∩ V = {(x, y, z) : H(x, y, z) > 0}
Então, a normal n(x, y, z) = DH(x, y, z) é exterior a D. De facto, se considerarmos a função
ψ(t) = H((x, y, z) + t n(x, y, z)), então
ψ(0) = (x, y, z) ; ψ ′ (0) = DH(x, y, z) · DH(x, y, z) = ||DH(x, y, z)||2 > 0
donde se conclui que existe ǫ > 0 tal que
H((x, y, z) + t n(x, y, z)) > 0 ; 0 < t < ǫ
H((x, y, z) − t n(x, y, z)) < 0 ; 0 < t < ǫ
7
***
Seja S ⊂ R3 um aberto. Dado um campo vectorial F : S → R3 de classe C 1 , a Divergência de
F é o campo escalar divF : S → R, definido por
∂F1 ∂F2 ∂F3
divF = + +
∂x ∂y ∂z
Seja D ⊂ R3 um aberto e limitado. Diz-se que D é um domı́nio elementar (ver [3, 1]) se for
definido, simultaneamente, das três formas seguintes:
a) D = {(x, y, z) ∈ R3 : φ1 (x, y) < z < φ2 (x, y) ; (x, y) ∈ T1 } em que φ1 , φ2 : T1 → R são fun-
ções de classe C 1 e definidas num aberto limitado T1 ⊂ R2 cuja fronteira é uma linha regular
Γ1 . Portanto, na direcção z , o conjunto D encontra-se entre dois gráficos de classe C 1
(variedades-2).
b) D = {(x, y, z) ∈ R3 : ψ1 (y, z) < x < ψ2 (y, z) ; (y, z) ∈ T2 } em que ψ1 , ψ2 : T2 → R são fun-
ções de classe C 1 e definidas num aberto limitado T2 ⊂ R2 cuja fronteira é uma linha regular
Γ2 . Portanto, na direcção x , o conjunto D encontra-se entre dois gráficos de classe C 1
(variedades-2).
c) D = {(x, y, z) ∈ R3 : η1 (x, z) < y < η2 (x, z) ; (x, z) ∈ T3 } em que η1 , η2 : T3 → R são funções
de classe C 1 e definidas num aberto limitado T3 ⊂ R2 cuja fronteira é uma linha regular
Γ3 . Portanto, na direcção y , o conjunto D encontra-se entre dois gráficos de classe C 1
(variedades-2).
z = φ2 (x, y)
M2
M3
T1
M1 y
x Γ1
z = φ1 (x, y) = 0
8
em que Γ1 designa a linha regular que limita T1 .
Na figura 7 considera-se o caso em que φ1 (x, y) = 0.
Note-se que M3 é uma superfı́cie vertical e, portanto, em cada um dos seus pontos, a normal ν
tem terceira componente nula. Assim, o fluxo de F = (0, 0, F3 ) através de M3 segundo a normal
ν é nulo.
Seja g1 : T1 → R3 a parametrização de M1 definida por
g1 (x, y) = (x, y, φ1 (x, y))
Então,
∂φ1
D1 g1 (x, y) = (1, 0, )
∂x
∂φ1
D2 g1 (x, y) = (0, 1, )
∂y
e o vector
∂φ1 ∂φ1
D2 g1 (x, y) × D1 g1 (x, y) = ( , , −1)
∂x ∂y
é a normal exterior a D no ponto g1 (x, y) ∈ M1 .
O fluxo de F através de M1 segundo a normal unitária exterior é dado por
Z Z
F ·ν = F (g1 (x, y)) · D2 g1 (x, y) × D1 g1 (x, y)dxdy
M1 T1
Z
= − F3 (x, y, φ1 (x, y))dxdy
T1
Portanto, o fluxo de F através da fronteira de D segundo a normal exterior é a soma dos fluxos
sobre M1 , M2 , M3 :
Z Z Z
F ·ν = F3 (x, y, φ2 (x, y))dxdy − F3 (x, y, φ1 (x, y))dxdy
∂D T1 T1
9
Teorema 2.1 Sejam
• D ⊂ R3 um domı́nio regular,
• F : D → R3 um campo vectorial de classe C 1 .
Então, Z Z
divF = F ·ν
D ∂D
em que ν é a normal unitária exterior à fronteira de D.
3 Exemplos
Exemplo 3.1 Consideremos o campo vectorial dado por F (x, y, z) = (x, y, z) e o domı́nio definido
por
D = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 < 1}
Então divF = 3 e, portanto,
Z
divF = 3 vol3 (D) = 4π
D
***
Exemplo 3.2 Seja M a superfı́cie definida por
M = {(x, y, z) ∈ R3 : 0 < z = 1 − x2 − y 2 }
Para calcular o fluxo de F através de M segundo a normal que no ponto (0, 0, 1) tem terceira
componente positiva, consideremos o teorema da divergência aplicado ao domı́nio
Facilmente se constata que D é um domı́nio regular cuja fronteira é a união de duas superfı́cies,
M e B, em que
B = {(x, y, z) : z = 0 ; x2 + y 2 < 1}
10
z
νM
1
x y
B
νB = (0, 0, −1)
Figura 8:
Portanto, ! !
Z Z 2π Z 1 Z 1−ρ2
π
F · νM = vol(D) = ρ dz dρ dθ =
M 0 0 0 2
***
Exemplo 3.3 Seja F (x, y, z) = (xy 2 , x2 y, y) e seja M a superfı́cie cilı́ndrica dada pela equação
x2 + y 2 = 1 e limitada pelos planos z = 1 e z = −1.
Vamos usar o teorema da divergência para calcular o fluxo de F através de M segundo a
normal que no ponto (0, 1, 0) tem segunda componente positiva.
Seja D o domı́nio elementar limitado por M e pelos planos z = 1 e z = −1
D = {(x, y, z) : x2 + y 2 < 1 ; −1 < z < 1}
O integral da divergência de F em D pode ser calculado usando coordenadas cilı́ndricas
Z Z Z 2π Z 1 Z 1
divF = (y 2 + x2 )dxdydz = ρ3 dρ dz dθ = π
D D 0 −1 0
11
z
νC
1
C
x y
νM
νB
Figura 9:
e, portanto,
D2 g(ρ, θ) × D1 g(ρ, θ) = (0, 0, −1)
Para C consideremos a parametrização h :]0, 2π[×]0, 1[→ R3 dada por
e, portanto,
D1 h(ρ, θ) × D2 h(ρ, θ) = (0, 0, 1)
Assim, temos
Z Z 2π Z 1
F ·ν = − ρ sen θ dρ dθ = 0
B 0 0
Z Z 2π Z 1
F ·ν = ρ sen θ dρ dθ = 0
C 0 0
***
Exemplo 3.4 Seja D ⊂ R3 um domı́nio regular e consideremos o campo vectorial F : R3 \
{(0, 0, 0)} → R3 definido por
1
F (x, y, z) = (x, y, z)
(x2 + y 2 + z 2 )3/2
Suponhamos que o ponto de coordenadas (0, 0, 0) não se encontra sobre a fronteira de D.
Então, o fluxo do campo vectorial F através da fronteira do conjunto D segundo a normal
exterior é dado por Z
4π se (0, 0, 0) ∈ D
F ·ν =
∂D 0 se (0, 0, 0) ∈
/D
12
D
νD
B νB
S
0
Figura 10:
divF = 0
e, portanto, Z
F ·ν =0
∂D
Para o caso em que (0, 0, 0) ∈ D, o campo F não está definido em D e, portanto, não podemos
aplicar o teorema da divergência directamente.
Sendo D um conjunto aberto, existe uma bola B de raio ǫ > 0 e centrada na origem e contida
em D, tal como se representa na figura 10. Seja S = D \ B. Então, F é de classe C 1 em S e
podemos aplicar o teorema da divergência
Z Z Z Z
0= F · νD + F · νB
∂D ∂B
Referências
[1] F. R. Dias Agudo. Cálculo Integral em Rn . Escolar Editora, 1973.
[2] Luı́s T. Magalhães. Integrais em Variedades e Aplicações. Texto Editora, 1993.
[3] J. E. Marsden and A. J. Tromba. Vector Calculus. W. H. Freeman and Company, 1998.
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