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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE CIÊNCIAS
Departamento de Física

Ficha de Análise Matemática II


Tema 1: Funções de Várias Variáveis
1 Função de duas variáveis
Definição: Seja D um conjunto de pares ordenados (x, y). A correspondência f a qual para cada par (x, y) ∈ D
atribui um e somente um valor z ∈ R que chamaremos função de duas variáveis definida em D e denota-se
z = f (x, y). O conjunto D chama-se domínio da função e sua imagem é o conjunto de valores possíveis de f (x, y).

Exemplo 1.1. Determine o valor de f (3, 2) da função



x+y+1
z = f (x, y) = .
x−1
Solução: Para determinarmos o valor de f (3, 2), vamos substituir x = 3 e y = 2 na função dada e obtemos
√ √
3+2+1 6
f (3, 2) = = .
3−1 2

Exemplo 1.2. Determine o domínio de existência das seguintes funções



x+y+1
a) z = f (x, y) = b) z = f (x, y) = x ln(y 2 − x).
x−1
Solução:
a) A função √
x+y+1
z = f (x, y) =
x−1
tem sentido se x + y + 1 ≥ 0 e quando x − 1 6= 0. Então, o domínio de existência da função é

D : {(x, y) ∈ R\x + y + 1 ≥ 0 ∧ x − 1 6= 0 ⇔ y ≥ −x − 1 ∧ x 6= 1}.

b) Esta função tem sentido quando y 2 − x > 0, logo o domínio será

D : {(x, y) ∈ R\y 2 − x > 0 ⇔ x < y 2 }.

Definição: As curvas de níveis de uma função z = f (x, y) são aquelas em que f (x, y) = k, onde k é uma
constante.

Exemplo 1.3. Esboçe as curvas de nv́eis da função


p
a) z = f (x, y) = 9 − x2 − y 2 .
Solução: As curvas de níveis são calculadas igualando a função a k, ou seja

f (x, y) = k
p
9 − x2 − y 2 = k
9 − x2 − y 2 = k 2
x2 + y 2 = 9 − k 2

Para k = 0 temos a circunfência x2 + y 2 = 9, para k = 1 temos x2 + y 2 = 8, para k = 2 temos x2 + y 2 = 5 e para


k = 3 temos x2 + y 2 = 0. A última expressão não é circunfência. Desenhamos as circunfências no mesmo sistema
cartesiano e temos

1.1 Limite e Continuidade de uma função


Definição: Seja z = f (x, y) uma função de duas variáveis cujo domínio D contém pontos arbitrariamente próximos
de (a, b). Diremos que o limite de f (x, y) quando (x, y) tende para (a, b) é L e denota-se

lim f (x, y) = L (1)


(x,y)→(a,b)

se para todo  > 0, existe δ > 0 tal que

0 < (x − a)2 + (y − b)2 < δ =⇒ |f (x, y) − L| < .


p

Exemplo 1.4. Calcule lim(x,y)→(2,3) (2x − y 2 ).

Solução: Calculando o limite temos lim(x,y)→(2,3) (2x − y 2 ) = 2 · 1 − 32 = −5.

Exemplo 1.5. Calcule


x2 − y 2
lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Solução: A função
x2 − y 2
x2 + y 2
não é contínua no ponto (0, 0), por isso antes de calcular vamos investigar se o limite existe ou não. Seja:
• y = 0, então
x2 − y 2 x2
lim = =1
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 x2
• x = 0, então
x2 − y 2 y2
lim = − = −1
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 y2

2
como o limite possue valores diferentes, então o limite não existe.

Nota 1.1. Se lim(x,y)→(0,0) f (x, y) = L1 ao longo do caminho C1 e lim(x,y)→(0,0) f (x, y) = L2 ao longo do caminho
C2 com L1 6= L2 , então lim(x,y)→(0,0) f (x, y) não existe.
Exemplo 1.6. Determine
xy
lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y2
Solução: Vamos investigar se o limite existe ou não. Assumimos que:
• y = 0, então
xy
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
• x = 0, então
xy
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
• y = x, então
xy x2 1
lim = = ,
(x,y)→(0,0) x + y
2 2 2x 2 2
como o limite tem valores distintos, logo o limite não existe.

Exemplo 1.7. Determine, se existir


3x2 y
lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Solução: Vamos investigar primeiro se o limite existe ou não. Supomos que:


• y = 0, então
3x2 y
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y2
• x = 0, então
3x2 y
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y2

• y = x2 , então
3x2 y 3x4
lim = =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 x2 + x4
para todos os limites obtemos o mesmo valor, o que nos leva a suspeitar que o limite existe e seja igual a 0.
Para mostrar que o limite existe, vamos usar a definição do limite.
Seja  > 0, existe um δ > 0 tal que
p 3x2 y
0< x2 + y 2 < δ então − 0 < .
x2 + y2

Como
x2
≤1
x2 + y2
então
3x2 y 3x2 |y| p p
− 0 ≤ ≤ 3|y| = 3 y 2 ≤ 3 x2 + y 2 < 3δ.
x2 + y 2 x2 + y 2
Vamos assumir que δ = 
3 e obtemos

3x2 y p 
− 0 ≤ 3 x2 + y 2 < 3δ = 3 = ,
x +y
2 2 3

3
logo
3x2 y
lim = 0.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Definição: Uma função de duas variáveis z = f (x, y) é contínua no ponto (a, b) se

lim f (x, y) = f (a, b). (2)


(x,y)→(a,b)

4
Exercícios 1.

1. Achar f (1, −1), f (1/2, 1) se f (x, y) = xy + x/y.


2. Achar f (y, x), f (−x, −y) e f (1/x, 1/y) se

x2 − y 2
f (x, y) = .
2xy

3. Ache e represente o domínio de existência das seguintes funções:


(a) f (x, y) = 1 − x2 − y 2
p

(b) f (x, y) = x + arcsin(x2 + y 2 )


(c) f (x, y) = ln(x + y)
(d) f (x, y) = 1 + (x − y)2
p

4. Construir as linhas de nível das seguintes funções:


(a) f (x, y) = x − y
(b) f (x, y) = x2 + 2y 2
(c) f (x, y) = y
x2 +y 2

5. Determine os limites ou explique porque não existe.


(a) lim(x,y)→(0,0) x2 + y 2
p

cos(xy)
(b) lim(x,y)→(1,0) 1−x−cos y
x2 −y 2
(c) lim(x,y)→(0,0) x2 +y 2
x2 (y−1)2
(d) lim(x,y)→(0,1) x2 +(y−1)1

(e) lim(x,y)→(0,0) (x2 + y 2 ) sin xy


1

1.2 Derivadas Parciais


Definição: Seja a função z = f (x, y) sua derivada em relação a variável x é dada por

∂f f (x + ∆x, y) − f (x, y)
= lim = fx0 (x, y) = f1 (x, y) (3)
∂x ∆x→0 ∆x
e em relação a variável y é dada por

∂f f (x, y + ∆y) − f (x, y)


= lim = fy0 (x, y) = f2 (x, y). (4)
∂y ∆y→0 ∆y

Exemplo 1.8. Determine as derivadas parciais da função z = f (x, y) = x2 sin y.

Solução: A derivada parcial da função em relação a x é


∂f
= fx0 (x, y) = f1 (x, y) = 2x sin y
∂x
e em relação a y é
∂f
= fy0 (x, y) = f2 (x, y) = x2 cos y
∂y

5
Exemplo 1.9. Seja z = f (x, y) = x3 + x2 y 3 − 2y 2 , determine f1 (2, 1) e f2 (2, 1).

Solução: A derivada parcial em relação a x é f1 (x, y) = 3x2 + 2xy 3 e f1 (2, 1) = 3.22 + 2.2.1 = 16. A derivada
parcial em relação a y é f2 (x, y) = 3x2 y 2 − 4y e f2 (2, 1) = 3.22 .1 − 4.1 = 8.

Exemplo 1.10. Determine as derivadas parciais da função z = f (x, y) = 2y + sin(x2 + y) + 1.

Solução: A derivada parcial da função em relação a x é


∂f
= cos(x2 + y) · (x2 + y)0 = 2x cos(x2 + y)
∂x
e em relação a y é
∂f
= 2 + cos(x2 + y) · (x2 + y)0 = 2 + cos(x2 + y).
∂y

Exemplo 1.11. Determine as derivadas parciais da função f (x, y, z) = exy ln z.

Solução: As derivadas parciais são


∂f ∂f ∂f exy
= yexy ln z, = xexy ln z e = .
∂x ∂y ∂x z

1.2.1 Diferencial total da função


Definição:
1. Chama-se acréscimo total da função z = f (x, y) a diferença

∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y). (5)

Exemplo 1.12. Dada a função f (x, y) = 3x2 − xy. Determine o acréscimo total.

Solução: De acordo com (5), o acréscimo total é

∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y)


= [3(x + ∆x)2 − (x + ∆x)(y + ∆y)] − (3x2 − xy)
= 6x∆x + 3(∆x)2 − y∆x − x∆y − ∆x∆y = (6x − y)∆x − x∆y − ∆x∆y + 3(∆x)2

2. Chama-se diferencial total da função z = f (x, y) a diferença

∂f ∂f
df = dx + dy. (6)
∂x ∂y

Exemplo 1.13. Dada a função f (x, y) = x2 + y 2 . Determine o diferencial total.


p

Solução: As derivadas parciais são


∂f 1 2x x
= p (x2 + y 2 )0 = p =p
∂x 2 x +y
2 2 2 x +y
2 2 x + y2
2

∂f 1 2y y
= p (x2 + y 2 )0 = p =p .
∂y 2 x +y
2 2 2 x +y
2 2 x + y2
2

6
De acordo com (6), o diferencial total é

∂f ∂f
df = dx + dy
∂x ∂y
x y
=p dx + p dy
x2 + y 2 x2 + y 2
xdx ydy
=p +p .
x +y
2 2 x2 + y 2

Apartir da definição do diferencial total da função, segue que, para valores suficietmente pequenos ∆x ≈ dx e
∆y ≈ dy. desta forma, o acréscimo total pode ser escrito na forma
∂f ∂f
f (x + ∆x, y + ∆y) ≈ f (x, y) + ∆x + ∆y. (7)
∂x ∂y
Esta fórmula é geralmente usada para cálculos de valores aproximados.

Exemplo 1.14. Calcule aproximadamente 1, 023,01 .

Solução: Como a expressão está na forma de potência, vamos assumir que a função é da forma f (x, y) = xy , então
1, 023,01 = (x + ∆x)y+∆y , onde x = 1, ∆x = 0, 02, y = 3 e ∆y = 0, 01. Usando a fórmula (7) temos

∂f ∂f
1, 023,01 ≈ f (x, y) + ∆x + ∆y,
∂x ∂y
onde
∂f ∂f ∂f ∂f
= yxy−1 , = 3, = xy ln x, =0
∂x ∂x (1,3) ∂y ∂y (1,3)

e f (1, 3) = 1. Assim,

1, 023,01 ≈ 1 + 3 · 0, 02 + 0 · 0, 01
≈ 1 + 0, 06 = 1, 06.

1.2.2 Derivada da função composta


Definição: Seja a função z = f (u, v) com u = g(x, y) e v = h(x, y). Se f, g e h são funções diferenciáveis, então:

∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= +
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y

Exemplo 1.15. Seja z = u3 + v 2 , com u(x, y) = xy 2 e v(x, y) = x2 sin y. Calcule as derivadas parciais.

Solução: A derivada parcial da função em relação a variável x é


∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= + ,
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
onde
∂z ∂u ∂z ∂v
= 3u2 , = y2 , = 2v e = 2x sin y.
∂u ∂x ∂v ∂x

7
Assim,
∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
= 3u2 · y 2 + 2v · 2x sin y, substituindo u = xy 2 e v = x2 sin y obtemos
= 3x y + 4x sin y.
2 4 3 2

A derivada parcial da função em relação a y é


∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= + ,
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
onde
∂z ∂u ∂z ∂v
= 3u2 , = 2xy, = 2v e = x2 cos y.
∂u ∂y ∂v ∂y
Desta forma,
∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= +
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
= 3u · 2xy + 2v · x2 cos y,
2
substituindo u = xy 2 e v = x2 sin y temos
= 6x y + 2x sin y cos y.
2 3 4

1.2.3 Derivada da função na forma implícita


Diz-se que uma função z = f (x, y) está na forma implícita se F (x, y) = 0. A derivada da função na forma implícita
é dada por
dy F0
= − x0 . (8)
dx Fy

Exemplo 1.16. Ache a derivada de (x2 + y 2 )3 − 3(x2 + y 2 ) + 1 = 0.

Solução: Como a equação (x2 + y 2 )3 − 3(x2 + y 2 ) + 1 = 0 está dada na forma implícita, para determinar a derivada
temos que assumir que F (x, y) = (x2 + y 2 )3 − 3(x2 + y 2 ) + 1 e aplicando (8), obtemos

dy F0
= − x0
dx Fy
6x(x2 + y 2 )2 − 6x
=−
6y(x2 + y 2 )2 − 6y
x
=−
y

Teorema 1.1. Se uma equação F (x, y, z) = 0 define uma função diferenciável f de duas variáveis z = f (x, y), então

∂z F 0 (x, y, z) ∂z Fy0 (x, y, z)


= − x0 e =− 0 . (9)
∂x Fz (x, y, z) ∂y Fz (x, y, z)

Exemplo 1.17. Determine as derivadas parciais da função z definida pela equação x2 z 2 + xy 2 − z 3 + 4yz − 5 = 0.

Solução: Seja F (x, y, z) = x2 z 2 + xy 2 − z 3 + 4yz − 5, então Fx0 (x, y, z) = 2xz 2 + y 2 , Fy0 (x, y, z) = 2xy + 4z e
Fz0 (x, y, z) = 2x2 z − 3z 2 + 4y. Usando (9), a derivada dada na forma implícita é

∂z 2xz 2 + y 2 ∂z 2xy + 4z
=− 2 e =− 2 .
∂x 2x z − 3z 2 + 4y ∂y 2x z − 3z 2 + 4y

8
1.2.4 Derivada de ordem superior
Definição: Chama-se derivada de ordem superior de uma função f (x, y) às derivadas parciais de suas derivadas
parciais da primeira ordem. A derivada da segunda ordem é

∂2f
 
∂ ∂f
= = fxx
00
== f11
∂x ∂x ∂x2
∂2f
 
∂ ∂f
= = fxy00
== f12
∂x ∂y ∂x∂y
∂2f
 
∂ ∂f
= = fyx00
== f21
∂y ∂x ∂y∂x
∂2f
 
∂ ∂f
= = fyy
00
== f22 .
∂y ∂y ∂y 2

Exemplo 1.18. Determine as derivadas da segunda ordem da função f (x, y) = x4 − 2x2 y 3 + y 5 + 1.

Solução: As derivadas parciais da primeira ordem são


∂f ∂f
= 4x3 − 4xy 3 , = −6x2 y 2 + 5y 4
∂x ∂y
e as da segunda ordem são

∂2f
 
∂ ∂f ∂
= = 4x3 − 4xy 3 = 12x2 − 4y 3

∂x2 ∂x ∂x ∂x
∂2f
 
∂ ∂f ∂
= = −6x2 y 2 + 5y 4 == −12xy 2

∂x∂y ∂x ∂y ∂x
∂2f
 
∂ ∂f ∂
= = 4x3 − 4xy 3 = −12xy 2

∂y∂x ∂y ∂x ∂y
∂2f
 
∂ ∂f ∂
= = −6x2 y 2 + 5y 4 = −12x2 y + 20y 4 .

∂y 2 ∂y ∂y ∂y

Note que
∂2f ∂2f
= = −12xy 2 .
∂x∂y ∂y∂x
Teorema 1.2. Seja f (x, y) uma função de duas variáveis. Se as derivadas parciais da primeira ordem e segunda
ordem são contínuas, então
∂2f ∂2f
= .
∂x∂y ∂y∂x

1.2.5 Aplicação da derivada parcial


1. Fórmula de Taylor
Seja a função z = f (x, y) com derivadas parciais contínuas, a fórmula de Taylor é dada por

1 ∂2f ∂2f

∂f ∂f
f (x, y) = f (a, b) + (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b) + (a, b)(x − a)2
+ 2 (a, b)(x − a)(y − b)
∂x ∂y 2! ∂x2 ∂x∂y
n
∂2f 1 ∂f
 
∂f
+ 2 (a, b)(y − b) + · · · +
2
(x − a) + (y − b) f (a, b) (10)
∂y n! ∂x ∂y

Nota 1.2. Se a = b = 0, a fórmula (10) chama-se fórmula de Maclaurin.

Exemplo 1.19. Determine o polinómio de Taylor da segunda ordem da função f (x, y) = x2 + y 3 no ponto
p

P (1, 2).

9
Solução: A fórmula de Taylor para o polinómio do segundo grau é

1 ∂2f

∂f ∂f
f (x, y) = f (a, b) + (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b) + (a, b)(x − a)2
∂x ∂y 2! ∂x2
∂2f ∂2f

+2 (a, b)(x − a)(y − b) + 2 (a, b)(y − b)2 , (11)
∂x∂y ∂y

onde

f (1, 2) = 3
∂f x ∂f 1
=p e =
∂x x + y3
2 ∂x (1,2) 3
∂f 3y 2 ∂f
= p e =2
∂y 2 x2 + y 3 ∂y (1,2)
∂2f y3 ∂ f 2
8
=p e =
∂x2
(x2 + y 3 )3 ∂x2 (1,2) 27
∂2f 3xy 2 ∂2f 2
=− p e =−
∂x∂y 2 (x2 + y 3 )3 ∂x∂y (1,2) 9
2
∂ f 12x y + 3y 2 4 2
∂ f 2
= p e = .
∂y 2 4 (x2 + y 3 )3 ∂y 2 (1,2) 3

usando a fórmula (11), obtemos

1 1 8 4 1
 
f (x, y) = 3 + (x − 1) + 2(y − 2) + (x − 1)2 − (x − 1)(y − 2) + (y − 2)2 .
3 2 27 9 3

Podemos determinar a fórmula de Taylor para f (a + h, b + k) como

1 ∂2f ∂2f

∂f ∂f
f (a + h, b + k) = f (a, b) + (a, b)h + (a, b)k + (a, b)h2
+ 2 hk
∂x ∂y 2! ∂x2 ∂x∂y
n
∂2f 1 ∂f
 
∂f
+ 2 (a, b)k + · · · +
2
h+ k f (a, b). (12)
∂y n! ∂x ∂y

2. Gradiente e derivada direcional

Definição: O gradiente no ponto P (x, y), onde as derivadas parciais existem é definida por

∂f ∂f
∇f = i+ j. (13)
∂x ∂y

Exemplo 1.20. Determine o gradiente da função f (x, y) = x2 + y 3 no ponto P (1, 2).

Solução: As derivadas parciais são

∂f ∂f ∂f ∂f
= 2x, =2 e = 3y 2 , = 12 .
∂x ∂x (1,2) ∂y ∂y (1,2)

De acordo com (13), o gradiente no ponto P (1, 2) é

∂f ∂f
∇(1, 2) = (1, 2)i + (1, 2)j
∂x ∂y
= 2i + 12j.

10
−−→
Definição: Chama-se derivada de uma função z = f (x, y) no ponto P (x, y) na direcção l = P Q a expressão

∂f ∂f
Du f (x, y) = cos α + sin α. (14)
∂x ∂y

Exemplo 1.21. Determine a derivada direcional da função f (x, y) = x3 − 3xy + 4y 2 no ponto P (1, 2) e ~u é o
vector unitário dado pelo ângulo α = π3 .

Solução: Vamos primeiro calcular as derivadas parciais

∂f ∂f ∂f ∂f
= 3x2 − 3y, = −3 e = −3x + 8y, = 13.
∂x ∂x (1,2) ∂y ∂y (1,2)

De acordo com a fórmula (14), a derivada direcional é

∂f π ∂f π
Du f (x, y) = cos + sin
∂x 3 ∂y 3

e no ponto P (1, 2) é √ √
3 13 3 −3 + 13 3
Du f (1, 2) = − + = .
2 2 2

Definição: Se a função é diferenciável em (a, b) e ~u = v1 i + v2 j, então a derivada direcional é dada por

Du f (x, y) = ~u · ∇f (x, y). (15)

Exemplo 1.22. Calcule a derivada direcional da função f (x, y) = x3 y 2 no ponto (−1, 2) na direcção do vector
~u = 4i − 3j.

Solução: A derivada em relação a x e y é

∂f ∂f ∂f ∂f
= 3x2 y 2 , = 12 e = 2x3 y, = −4.
∂x ∂x (−1,2) ∂y ∂y (−1,2)

O gradiente da função é
∇f (−1, 2) = 12i − 4j.
Repare que o vector ~u = 4i − 3j não é unitário e como |u| = 42 + (−3)2 = 5. O vector unitário é
p

u 4i − 3j 4 3
v= = = i − j.
|u| 5 5 5

Então, a derivada na direcção do vector ~v é

4 3
 
Du (−1, 2) = i− j · (12i − 4j) = 12.
5 5

Definição: Se f (x, y, z) é uma função de 3 variáveis e ~u = (cos α, cos β, cos γ) é um vector unitário de ângulo
directores α, β e γ, então o gradiente é
∂f ∂f ∂f
∇f (x, y, z) = i+ j+ k (16)
∂x ∂y ∂z

11
e a derivada direcional é expressa por
∂f ∂f ∂f
Du f (x, y, z) = cos α + cos β + cos γ. (17)
∂x ∂y ∂z

Exemplo 1.23. Dada a função f (x, y, z) = x2 −yz+xz 2 no ponto P (1, −4, 3) na direcção de P para Q(2, −1, 8).
Determine a derivada direcional e a taxa máxima de crescimento da função em P.

Solução: As derivadas parciais no ponto P (1, −4, 3) são dadas por

∂f ∂f ∂f ∂f ∂f ∂f
= 2x+z 2 , = 11 = −z, = −2 e = −y +2xz, = 10.
∂x ∂x (1,−4,3) ∂y ∂y (1,−4,3) ∂z ∂z (1,−4,3)

−−→
O vector P Q = (1, 3, 5) e normalizando obtemos

PQ i + 3j + 5k 1 3 5
u= = √ = √ i + √ j + √ k.
|P Q| 35 35 35 35
O gradiente é
∂f ∂f ∂f
∇f (x, y, z) = i+ j+ k
∂x ∂y ∂z
e no ponto P
∇f (1, −4, 3) = 11i − 3j + 10k.
Desta forma, a derivada direcional é dada por

1 3 5 52 35
 
Du f (1, −4, 3) = √ i + √ j + √ k · (11i − 3j + 10k) = .
35 35 35 35

A taxa máxima de crescimento é


p
|∇f (1, −4, 3)| = 112 + 32 + 102 = 15, 2.

3. Planos tangentes e normais a superfície

Definição:
(a) A equação do plano tangente que passa pelo ponto (a, b, f (a, b)) é dada por

∂f ∂f
z = f (a, b) + (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b). (18)
∂x ∂y

(b) A normal á superfície da função z = f (x, y) que passa pelo ponto (a, b, f (a, b)) é dada por

x−a y−b z − f (a, b)


0
= 0
= . (19)
fx fy −1

Exemplo 1.24. Dada a função f (x, y) = sin(xy) que passa pelo ponto P (π/3, 1). Determine a equação do plano
tangente e da normal á superfície.

Solução: Primeiro vamos achar as derivadas parciais, sendo

∂f ∂f 1 ∂f ∂f π
= y cos(xy), = e = x cos(xy), = .
∂x ∂x (π/3,1) 2 ∂y ∂y (π/3,1) 6

12

O valor da função no ponto P (π/3, 1) é 2
3
e usando (18), o plano tangente será

3 1 π π
z= + x− + (y − 1).
2 2 3 6
De acordo com (19), a normal á superfície é dada por

x − π/3 y−1 z − 23
= = ,
1/2 π/6 −1
ou seja √
2π 6(y − 1) 3
2x − = = − z.
3 π 2

13
Exercícios 2.

1. Achar as derivadas parciais das seguintes funções


(a) f (x, y) = x3 + y 3 − 3axy
(b) f (x, y) = x−y
x+y

(c) f (x, y) =
p
x2 − y 2
(d) f (x, y) = √ x
x2 +y 2

(e) f (x, y) = ln(x + x2 + y 2 )


p

(f) e xy
cos(x + y
3
q
x2 −y 2
(g) f (x, y) = arcsin x2 +y 2

(h) f (x, y) = arctan xy


2. Achar fx0 (2, 1) e fy0 (2, 1) se
f (x, y) = xy + x/y.
p

3. Demonstrar que xfx0 (x, y) + yfy0 (x, y) = 2 se f (x, y) = ln(x2 + xy + y 2 ).

4. Demonstrar que xfx0 (x, y) + yfy0 (x, y) = xy + f (x, y) se f (x, y) = xy + xey/x .


5. Achar as diferenciais totais das seguintes funções:
(a) f (x, y) = x3 + y 3 − 3xy
(b) f (x, y) = x2 y 3
x2 −y 2
(c) f (x, y) = x2 +y 2
(d) f (x, y) = sin x + cos2 y
2

(e)
x+y
f (x, y) = arctan
x−y
6. Achar o acréscimo total e a diferencial total no ponto (1, 2) da função f (x, y) = x2 y e compara-las entre
si, se:
(a) ∆x = 1, ∆y = 2
(b) ∆x = 0, 1, ∆y = 0, 2
7. Um dos lados de um rectangulo é a = 10cm, o outro lado b = 24cm. Como variará a diagonal l, se a
aumentar 4mm e o b diminuir em 1mm. Achar a grandeza aproximada da variação e compara-la com
a exacta.
8. Achar aproximadamente

a) (1, 02)3 · (0, 97)2 , b) (4, 05)2 + (2, 93)2 , c) ln[(0, 09)3 + (0, 99)3 ]
p

9. Achar df
se f (x, y) = xy , onde x = et , y = ln t.
dt ,

dt , se u = ln sin y , onde x = 3t , y =
10. Achar du t2 + 1.
√x 2


dt , se u = ln sin y , onde x = 3t , y =
11. Achar du t2 + 1.
√x 2

dz
12. Achar dx , se
1 u
z= ln ,
2 v
onde u = tan2 x, v = arctan2 x.

14
13. Achar ∂f
∂u e ∂f
∂v , se f (x, y) = arctan xy , onde x = u sin v e y = u cos v.
14. Achar
dy d2 y
, .
dx dx2
se
1 + xy − ln(exy + e−xy ) = 0.

15. Determine as derivadas parciais da função dada na forma implícita

(a) 2xz 2 − 3yz 2 + x2 y 2 + 4z = 0


(b) xz 2 + 22 y − 4y 2 z + 3y − 2 = 0
(c) xeyz − 2yexz + 3zexy = 1
16. A função z das variáveis x e y é dada pela equação x3 + 2y 3 + z 3 − 3xyz − 2y + 3 = 0. Achar
∂z ∂z
, .
∂x ∂y

17. Determine as derivadas parciais da segunda ordem das seguintes funções:


p
a) f (x, y) = 2x4 y 3 −xy 2 +3y+1 b) f (x, y) = xey +y sin x c) f (x, y) = (x3 −y 2 )5 d) f (x, y) = 4x2 − y 2 sin x

x+y x2 − y 2 x2 − y 2
r
e) f (x, y) = ln f ) f (x, y) = f ) f (x, y) = g) f (x, y) = ln(x2 + y).
x−y 1 + sin 3y 1 + sin 3y

18. Se r
x2 y2
f (x, y) = c 2
+ 2,
a b
determine
∂2f ∂2f ∂2f
, , .
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
19. Se
x+1
f (x, y) = arctan ,
1 − xy
determine
∂2f
.
∂x∂y

20. Se f (x, y) = x2 + y 2 + z 2 , determine


p

∂2f ∂2f
, .
∂x2 ∂x∂y
21. Demonstre que
∂2f ∂2f
=
∂x∂y ∂y∂x
se r
x−y
f (x, y) = arcsin
x

22. Mostre que qualquer função dada por w = sin(ax) cos(by)e a2 +b2
satisfaz a equação de Laplace

∂2w ∂2w ∂2w


+ + =0
∂x2 ∂y 2 ∂z 2

15
23. Demonstrar que a função u = 1/r, onde

r= (x − a)2 + (y − b)2 ,
p

satisfaz a equação de Laplace


∂2f ∂2f
+ = 0.
∂x2 ∂y 2

24. Demonstrar que a função u(x, t) = A sin(aλt + b sin tλx) satisfaz a equação das vibrações de corda

∂2u 2
2∂ u
= a .
∂t2 ∂x2

25. Dada a equação p y


ln x2 + y 2 = a arctan ,
x
achar
dy d2 y
, .
dx dx2
26. Desenvolver a fórmula de Taylor no ponto (1,-1) até a segunda ordem a função f (x, y) = ex+y .

27. Desenvolver pela fórmula de Mauclaurim até a quarta ordem a função f (x, y) = cos x cos y.

28. Aplicando a fórmula de Taylor até a segunda ordem e calcula aproximadamente a) 1, 03 e b)(0, 95)2,01 .
29. Determine a derivada direcional da função no ponto P na dirreção dada

(a) f (x, y) = 5x3 y + 3y 2 no ponto (3, −1) e α = π/4.


(b) f (x, y) = 9x2 − 4y 2 − 1 no ponto (3, −2) e a = i + 5j.
p

(c) f (x, y) = x−y


x+y no ponto (2, −1) e a = 3i + 4j.
(d) f (x, y, z) = z 2 exy no ponto (−1, 2, 3) e a = 3i + j − 5k.
30. Determine a taxa de crescimento das seguintes funções:

(a) f (x, y) = x2 e−2y na dirreção do ponto (2, 0) para (3, 1)



(b) f (x, y, z) = x2 +2 +z 2 na dirreção do ponto (−2, 3, 1) para (0, −5, 4)
31. Calcule a derivada da função
f (x, y, z) = arctan(y z ) + ln(2 − xy )
na dirreção da normal a esfera x2 + y 2 + z 2 = 4 no ponto (1, 1, 1)
32. Em um sistema coordenado rectangular, um objecto está situado de maneira que a temperatura T no
ponto P (x, y, z) é dada por T (x, y, z) = 4x2 − y 2 + 16z 2 . Determine a taxa máxima de variação de T no
ponto (4, −2, 1) na dirreção do vector 2i + 6j − 3k.
33. Determine as equações do plano tangente e a normal da equação da superfície da função:
(a) f (x, y) = ln(x2 + y 2 ) no ponto (1, −2)
(b) f (x, y) = cos(x/y) no ponto (π, 4)
(c)
x
f (x, y) = no ponto (1, 2)
x2 + y 2
(d)
2xy
f (x, y) = no ponto (0, 2).
x2 + y2

16
1.2.6 Extremos da função
1. Extremos locais

Definição: A função z = f (x, y) tem um máximo local no ponto (a, b) se f (x, y) ≤ f (a, b) e tem um
mínimo local no ponto (a, b) se f (x, y) ≥ f (a, b). Os pontos máximos e mínimos chamam-se extremos da
função.
Teorema 1.3. Se uma função z = f (x, y) tem um máximo e mínimo local no ponto (a, b) e as derivadas parciais
da primeira ordem existem nesses pontos, então fx0 (x, y) = 0 e fy0 (x, y) = 0. O ponto (a, b) é denominado ponto
crítico.

Exemplo 1.25. Determine o extremo da função f (x, y) = 4 − x2 − y 2 .

Solução: Como fx0 = −2x e fy0 = −2y o ponto crítico da função é determinado resolvendo o sistema

fx0 = 0 −2x = 0 x=0


  
∼ ∼
fy0 = 0 −2y = 0 y=0

então o ponto crítico é (0, 0). A função f (x, y) = 4 − x2 − y 2 ≤ 4, logo a função possue extremo máximo local
no ponto (0, 0).

Teste de extremo
Seja z = f (x, y) uma função com derivadas parciais da segunda ordem contínuas numa certa vizinhaça do
ponto (a, b) e ∆ = AC − B 2 , onde A = fxx
0
, B = fxy
0
e C = fyy
0
então:
(a) Se ∆ > 0 e A < 0, a função tem máximo local
(b) Se ∆ > 0 e A > 0, a função tem mínimo local
(c) Se ∆ < 0, a função não tem extremos.
Exemplo 1.26. Investigue os extremos da função f (x, y) = x3 + 3xy 2 − 15x − 12y.

Solução:
Passo 1: Achar os pontos críticos
Temos fx0 = 3x2 + 3y 2 − 15 e fy0 = 6xy − 12. Igualando as derivadas parciais a 0 obtemos o sistema

3x2 + 3y 2 − 15 = 0 x2 + y 2 = 5
 

6xy − 12 = 0 y = x2

substituíndo a segunda equação na primeira temos


 2
2
x +
2
= 5 =⇒ x4 − 5x2 + 4 = 0,
x

onde x = ±2 e x = ±1. Desta forma, y = ±1 e y = ±2. Os pontos críticos são: P1 (2, 1), P2 (−2, −1), P3 (1, 2)
e P4 (−1, −2).
Passo 2: Aplicar o teste de extremos
Vamos determinar as derivadas da segunda ordem A = fxx
0
= 2x, B = fxy
0
= 2y e C = fyy
0
= x.
• Para P1 (2, 1), temos A = 4, B = 2, C = 2 e ∆ = AC − B 2 = 4.2 − 2 = 6 > 0. Como ∆ > 0 e A > 0,
então a função possue um mínimo local no ponto (2, 1) e f (2, 1) = −31.
• Para P2 (−2, −1), temos A = −4, B = −2, C = −2 e ∆ = AC − B 2 = (−4).(−2) − 4 = 4 > 0. Como
∆ > 0 e A < 0, logo a função possue extremo máximo local e f (−2, 1) = 31.
• Para P3 (1, 2), temos A = 2, B = 4, C = 1 e ∆ = AC − B 2 = 2.1 − 4 = −2 < 0. Como ∆ < 0, logo a
função não possue extremos.

17
• Para P4 (−1, −2), temos A = −2, B = −4, C = −1 e ∆ = AC − B 2 = (−2).(−1) − 16 = −14 < 0.
Como ∆ < 0, logo a função não possue extremos.

2. Extremos absolutos
Seja z = f (x, y) uma função definida e contínua no domínio fechado D. Então, a função z = f (x, y) atinge em
algum ponto de D o maior e menor valor. Para determinar esses valores é necessário:

Passo 1: Determinar os pontos críticos


Passo 2: Determinar o maior e menor da função z = f (x, y) na fronteira
Passo 3: Comparar todos os valores obtidos nos passo anterior e escolher o maior e menor valor.
Exemplo 1.27. Determine os extremos absolutos da função f (x, y) = x2 + y 2 − xy + x + y na região D =
{(x, y) ∈ R : x ≤ 0, y ≤ 0, x + y ≥ −3}.

Solução:

Passo 1: Pontos críticos


Temos fx0 = 2x − y + 1 e fy0 = 2y − x + 1. Igualando a zero obtemos

2x − y + 1 = 0 2x − y = −1
 

2y − x + 1 = 0 −x + 2y = −1

multiplicando a primeira linha por 2 e adicionando esta a segunda temos x = −1 e y = −1. vamos
investigar os pontos críticos na fronteira, sendo:
• Para x = 0 temos f (0, y) = y 2 + y e f 0 (0, y) = 2y + 1 = 0, onde y = − 21 = −0.5. Daqui obtemos
P2 (0, −0.5)
• Para y = 0 temos f (x, 0) = x2 + x e f 0 (x, 0) = 2x + 1 = 0, onde x = − 21 = −0.5. Daqui obtemos
P3 (−0.5, 0)
• Para x + y = −3 então y = −3 − x. Substituíndo y na função dada temos f (x, −3 − y) = 3x2 + 9x + 6
e f 0 (x, 0) = 6x + 9 = 0, onde x = − 32 = −1.5 e y = 23 = 1.5. Daqui obtemos P4 (−1.5, 1.5).
Passo 2: Determinar o maior e menor da função z = f (x, y) na fronteira
Temos f (−1, −1) = −1 f (0, −0.5) = −0.25, f (−0.5, 0) = −0.25 e f (−1.5, 1.5) = 6, 75.
Passo 3: Comparar todos os valores obtidos nos passos anteriores e escolher o maior e menor valor.
O menor valor é f (−1, −1) = −1 e o maior valor é f (−1.5, 1.5) = 6, 75. Daqui concluímos que, o valor
mínimo absoluto é f (−1, −1) = −1 e o valor máximo absoluto é f (−1.5, 1.5) = 6, 75.

3. Extremos condicionais
O extremo condicionado da função f (x, y) é o máximo e mínimo obtido com a condição de que seus argumentos
estejam ligados entre si pela equação h(x, y) = 0. Para determinar o extremo condicionado é necessário:
Passo 1: Compor a função de Lagrange

F (x, y) = f (x, y) + λh(x, y)

Passo 2: Determinar os pontos críticos


= ∂f
∂F
∂x + λ ∂x = 0
∂h

 ∂x
= ∂y + λ ∂h
∂F
∂y
∂f
∂y = 0
h(x, y) = 0

Passo 3: Determinar extremos locais

Exemplo 1.28. Achar os extremos da função f (x, y) = 6 − 4x − 3y sujeita a condição x2 + y 2 = 1.

18
Solução:
Passo 1: Compor a função de Lagrange

F (x, y) = 6 − 4x − 3y + λ(x2 + y 2 − 1)

Passo 2: Determinar os pontos críticos


Temos Fx0 = −4 + 2λx e Fy0 = −3 + 2λy. Os pontos críticos são determinados resolvendo o sistema

 −4 + 2λx = 0  x = λ2
 

−3 + 2λy ∼ y= 3
 2 2λ2
x +y =1 x +y =1
 2 2

substituíndo a primeira e segunda equação na terceira obtemos


 2  2
2 3 16 + 9 5
+ = 1 =⇒ = 1 =⇒ 25 = 4λ2 =⇒ λ = ± .
λ 2λ λ2 2

Se λ = 52 , então x = 45 ey = 35 . Se λ = − 52 , então x = − 54 e y = − 53 . Desta forma, teremos dois pontos críticos


nomeadamente P1 45 , 35 e P2 − 45 , − 35 .
Passo 3: Determinar extremos locais
Vamos achar o valor da função nos dois pontos, ou seja

4 3 4 3 4 3 4 3
   
f , = 6 − 4. − 3. = 1 e f − ,− = 6 + 4. + 3. = 11.
5 5 5 5 5 5 5 5

Portanto, a função atinge o mínimo no ponto P1 e atinge o máximo no ponto P2 .

Exemplo 1.29. Achar os extremos da função f (x, y, z) = (x−3)2 +(y−1)2 +(z+1)2 sujeita a condição x2 +y 2 +z 2 = 4.

Solução:
Passo 1: Compor a função de Lagrange

F (x, y, z) = (x − 3)2 + (y − 1)2 + (z + 1)2 + λ(x2 + y 2 + z 2 − 4)

Passo 2: Determinar os pontos críticos


Temos Fx0 = 2(x − 3) + 2λx, Fy0 = 2(y − 1) + 2λy e Fz0 = 2(z + 1) + 2λz. Os pontos críticos são determinados
resolvendo o sistema
 2(x − 3) + 2λx = 0 x = 1+λ
3
 
 
2(y − 1) + 2λy = 0 y = 1+λ
1
 


 2(z + 1) + 2λz = 0  = − 1+λ
 z 1

x +y +z =4
 2 2 2
x + y + z2 = 4
2 2
 

inserindo a primeira, segunda e terceira equação na quarta temos


2  2  2 √ √
3 1 1 9+1+1 11 11

+ + − = 4 =⇒ = 4 =⇒ 11 = 4(1+λ) =⇒ 1+λ = ±
2
=⇒ λ = −1± .
1+λ 1+λ 1+λ (1 + λ)2 2 2
√ √ √ √ √ √ √
Se λ = −1+ 11
2 , então x = 6 11
11 , y= 2 11
11 e z = − 2 1111 . Se λ = −1− 11
2 , então x 
= − 6 1111
, y = − 11 e √
2 11
z =
√ √ √ √  √ √
2 11
11 . Desta forma, temos dois pontos críticos nomeadamente P1 6 11 2 11 2 11
11 , 11 , − 11 e P2 −6 11 2 11 2 11
11 , − 11 , 11 .

Passo 3: Determinar extremos locais


Vamos achar o valor da função nos dois pontos, ou seja
 √ √ √  √ √ √ 
6 11 2 11 2 11 √ 6 11 2 11 2 11 √

f , ,− = 22 − 4 11. e f − ,− , = 15 + 4 11.
11 11 11 11 11 11

19
Portanto, a função atinge o mínimo no ponto P1 e atinge o máximo no ponto P2 .

Exemplo 1.30. Determine o valor máximo e mínimo da função f (x, y, z) = x + 2y + 3z na curva de intersecção do
plano x − y + z = 1 com o cilíndro x2 + y 2 = 1.

Solução:
Passo 1: Compor a função de Lagrange
Neste problema temos que a função f (x) está sujeita a duas condições g(x, y, z) = x − y + z − 1 e h(x, y) =
x2 + y 2 − 1. Portanto, a função de Lagrange será composto por dois multiplicadores λ e µ. Assim,

F (x, y, z) = x + 2y + 3z + λ(x − y + z − 1) + µ(x2 + y 2 − 1)

Passo 2: Determinar os pontos críticos


Temos Fx0 = 1 + λ + 2µx, Fy0 = 2 − λ + 2µy e Fz0 = 3 + λ. Os pontos críticos são determinados resolvendo o
sistema
 1 + λ + 2µx = 0


 2 − λ + 2µy = 0


3+λ=0 ∼
x − y + z = 1



x + y2 = 1

 2

 x= µ 5
 1

 x = − 2µ


λ = −3 (20)
− + = 1



 x y z
x + y2 = 1
 2

inserindo a primeira e segunda equação na quinta equação obtemos


 2  2 √
1 5 1 25 29
+ − = 1 =⇒ 2 + 2 = 1 =⇒ 4 + 25 = 4µ =⇒ µ = ±
2
.
µ 2µ µ 4µ 2
√ √ √ √ √ √
Se µ = 229 , então x = 2 2929 e y = − 5 2929 . Se µ = − 229 , então x = − 2 2929 e y = 5 29
29 . Substituíndo o valor de
√ √
x e y na quarta equação de (20), obtemos: Para x = 2 2929 e y = − 5 2929 ,
√ √ √
2 29 5 29 29 − 7 29
z =1− − = .
29 29 29
√ √
Para x = − 2 2929 e y = 5 29
29 , √ √ √
2 29 5 29 29 + 7 29
z =1+ + = .
29 29 29
Desta forma, temos dois pontos críticos nomeadamente
 √ √ √   √ √ √ 
2 29 5 29 29 − 7 29 2 29 5 29 29 + 7 29
P1 ,− , e P2 − , , .
29 29 29 29 29 29

Passo 3: Determinar extremos locais


Vamos achar o valor da função nos dois pontos, ou seja
 √ √ √   √ √ √ 
2 29 5 29 29 − 7 29 √ 2 29 5 29 29 + 7 29 √
f ,− , = 3 − 29. e f − , , = 3 + 29.
29 29 29 29 29 29

Portanto, a função atinge o mínimo no ponto P1 e atinge o máximo no ponto P2 .

20
Exercícios 3.

1. Determine os extremos das seguintes funções:


(a) f (x, y) = 2xy − 3x2 − 2y 2 + 10
(b) f (x, y) = x2 + 2xy + 3y 2
(c) f (x, y) = x2 − 2x + y 3 − 7y + 4xy
(d) f (x, y) = 2x3 + xy 2 + 5x2 + y 2
(e) f (x, y) = x4 + y 3 + 32x − 9y
(f) f (x, y) = x3 + y 3 − 15xy
(g) f (x, y) = 3x2 y − x3 − y 4

2. Determine o máximo e mínimo absoluto da função f (x, y) = 1 + x + 2y nas regiões a) x ≥ 0, y ≥


0, x + y ≤ 1 b) x ≥ 0, y ≤ 0, x − y ≤ 1.
3. Determine o máximo e mínimo absoluto da função f (x, y) = x3 + y 3 − 3xy nas regiões 0 ≤ x ≤ 2, −1 ≤
y≤2
4. Determine o máximo e mínimo absoluto da função f (x, y) = sin x + sin y + sin(x + y) nas regiões
0 ≤ x ≤ π/2, 0 ≤ y ≤ π/2
5. Determine os extremos condicionados das seguintes funções:
(a) f (x, y) = x + 2y sujeita a condição x2 + y 2 = 5
(b) f (x, y) = 4x2 − 4xy + y 2 sujeita a condição x2 + y 2 = 1
(c) f (x, y) = x2 + y 2 sujeita a condição x/2 + y/3 = 1
(d) f (x, y) = x2 + y 2 − 12x + 16y sujeita a condição x2 + y 2 = 25
(e) f (x, y) = x + y + z sujeita a condição x2 + y 2 + z 2 = 5

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