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Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

Departamento de Fı́sica e Matemática

Cálculo Diferencial e Integral em Rn

Matemática II

Licenciatura em Bioengenharia
2022/2023

João R. Cardoso
Índice

1 Funções de várias variáveis e suas derivadas 3


1.1 Cónicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Quádricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Breves noções de topologia em IRn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Funções de duas variáveis: domı́nios, gráficos e curvas de nı́vel . . . . . . . . . 13
1.5 Funções de três ou mais variáveis: domı́nios e superfı́cies de nı́vel . . . . . . . . 17
1.6 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.7 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.8 Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.9 Derivada parcial de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.10 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.11 Derivadas Direcionais e Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.12 Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.12.1 Extremos Condicionados - Método dos Multiplicadores de Lagrange . . 37
1.13 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2 Integrais Múltiplos 45
2.1 Definição de Integral Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Cálculo do Integral Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.3 Aplicações do Integral Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.4 Coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.5 Integrais duplos em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.6 Integral Triplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.6.1 Cálculo de Integrais Triplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.6.2 Aplicações do Integral Triplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.7 Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.7.1 Integrais Triplos em Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas . . . . . . . . 60
2.8 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

1
Índice

2
Capı́tulo 1

Funções de várias variáveis e suas


derivadas

1.1 Cónicas
ˆ Por cónicas entendem-se as curvas definidas no plano através de uma equação do 2o
grau da forma
Ax2 + By 2 + Cxy + Dx + Ey + F = 0 ,

onde A ̸= 0 ou B ̸= 0

ˆ Do ponto de vista geométrico, as cónicas resultam da intersecção de um plano com


um cone, conforme exemplificado na figura abaixo. Na intersecção 1 podemos ver uma
parábola, em 2 uma elipse (que inclui como caso particular a circunferência) e em 3 uma
hipérbole.

ˆ Nesta disciplina interessam-nos, em particular, as cónicas que apresentam eixos de si-


metria paralelos aos eixos coordenados.

3
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

ˆ Equações reduzidas das cónicas mencionadas no ponto anterior 1 :

(A) Circunferência de centro C(x0 , y0 ) e raio r


y
6
'$
y0 C
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2 -
x0 x
&%

(B) Elipse de centro C(x0 , y0 ) e


semieixos a e b

(x − x0 )2 (y − y0 )2
+ =1
a2 b2

(Nota: quando a = b, a elipse é


uma circunferência)

(C) Hipérbole de centro C(x0 , y0 ) e semieixos a e b


1o caso

(x − x0 )2 (y − y0 )2
− =1
a2 b2
Vértices:
V1 (x0 − a, y0 )
V2 (x0 + a, y0 )

Assı́mptotas:
b
y − y0 = ± (x − x0 )
a

1
consultar as tabelas de matemática

4
1.1. Cónicas

2o caso

(y − y0 )2 (x − x0 )2
− =1
b2 a2

Vértices:
V1 (x0 , y0 + b)
V2 (x0 , y0 − b)

Assı́mptotas:
b
y − y0 = ± (x − x0 )
a
(D) Parábola

1o caso

(x − x0 )2 = α(y − y0 )

Vértice da parábola: V (x0 , y0 )

2o caso

(y − y0 )2 = β(x − x0 )

Vértice da parábola: V (x0 , y0 )

ˆ Dada uma parábola da forma y = ax2 + bx + c, é fácil calcular as coordenadas do


seu vértice recorrendo às derivadas. Isto é possı́vel porque o vértice corresponde a um
ponto de máximo ou mı́nimo da parábola. Para exemplificar, consideremos a parábola
de equação
y = x2 + 4x − 3,
em que a derivada y ′ é dada por y ′ = 2x+4. Igualando a zero, y ′ = 0, isto é, 2x+4 = 0,

5
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

obtemos a abcissa do vértice x = −2. A ordenada do vértice é

y(−2) = (−2)2 + 4(−2) − 3 = −7.

As coordenadas do vértice são portanto V (−2, −7).

ˆ Para representar graficamente elipses, hipérboles e algumas parábolas usando uma fer-
ramenta gráfica (calculadora ou computador), poderá ser é necessário decompô-las em
duas partes, por forma a que cada parte corresponda ao gráfico de uma função y = f (x).
Por exemplo, a circunferência
x2 + y 2 = 1

corresponde à reunião dos gráficos das funções


√ √
y= 1 − x2 e y = − 1 − x2 .

ˆ Uma cónica importante cujos eixos de simetria não são paralelos aos eixos coordenados
k
é a hipérbole xy = k, ou seja, y = , com k ̸= 0
x

Exercı́cio 1.1.1 Identificar as seguintes curvas e representá-las geometricamente. Nas alı́neas


(a) e (b) encontrar duas funções y = f (x) cuja reunião dos gráficos corresponda à cónica dada.
(a) x2 + 2y 2 = 1
(b) x2 − 4y 2 = 9
(c) y = x2 + 2x − 1

1.2 Quádricas

Definição. Seja C uma curva plana e L uma reta não contida no plano de C. A superfı́cie
gerada por uma linha paralela a L quando esta se move ao longo de C e paralelamente a L
designa-se por cilindro.

6
1.2. Quádricas

Exemplo 1
Seja L o eixo dos zz e C a circunferência
x2 + y 2 = a2 contida no plano xOy. Quando
uma reta paralela a L se move ao longo da
curva C, obtemos o cilindro circular:
x2 + y 2 = a2 (no espaço)

Exemplo 2
Suponhamos agora que L é o eixo dos yy e
C a parábola z = x2 contida no plano xOz.
À superfı́cie obtida pelo movimento de uma
linha paralela a L ao longo de C corresponde
o cilindro parabólico.

Exemplo 3
O cilindro elı́ptico obtém-se considerando C
como sendo uma elipse (no plano) e L como
um dos eixos perpendiculares a esse plano.

Exemplo 4
O cilindro hiperbólico obtém-se consi-
derando C como sendo uma hipérbole
(no plano) e L como um dos eixos co-
ordenados.

Definição 1.2.1 Designamos por quádrica uma superfı́cie em IR3 definida por uma equação
do segundo grau da forma

Ax2 + By 2 + Cz 2 + Dxy + Exz + F yz + Gx + Hy + Iz + J = 0.

◦ As superfı́cies contempladas nos exemplos 1–4 (cilindro circular, cilindro parabólico,

7
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

cilindro elı́ptico e cilindro hiperbólico) são exemplos de quádricas. Outros exemplos são
apresentados a seguir.

◦ Equações do tipo
Ax2 + By 2 + Cz 2 + Gx + Hy + Iz + J = 0
representam quádricas com planos de simetria paralelos aos planos coordenados
(xOy, xOz, yOz). Como exemplos, vejamos primeiramente as quádricas cuja equação
reduzida é da forma
x2 y 2 z 2
± 2 ± 2 ± 2 = 1.
a b c

Temos, por isso, os casos (A), (B) e (C) que a seguir se apresentam.

(Caso A)
x2 y 2 z 2
A equação + 2 + 2 =1
a2 b c
representa um elipsóide.

Exercı́cio 1.2.2

(a) Qual é a intersecção do elipsóide com:


(i) os eixos coordenados?
(ii) os planos coordenados?

(b) Que superfı́cie conhecida se obtém quando se considera a = b = c na equação do


elipsóide?

(Caso B)
x2 y 2 z 2
A equação + 2 − 2 =1
a2 b c
representa um hiperbolóide de uma folha.

Note-se que para o caso de um hiperbolóde de uma folha tem-se que:

◦ a intersecção com o eixo dos xx ocorre em ±a e com o eixo dos yy em ±b, não intersec-
tando o eixo dos zz.

8
1.2. Quádricas

◦ a intersecção com o plano coordenado xOy corresponde a uma elipse, ao passo que da
intersecção com o plano coordenado xOz (tal como yOz) resulta uma hipérbole.

◦ Se o sinal negativo estiver na primeira ou na segunda parcela da equação precedente,


então dá-se uma mudança correspondente no eixo do hiperbolóide.

(Caso C)

A equação

x2 y 2 z 2
− 2 − 2 + 2 =1
a b c
representa um hiperbolóide de duas folhas.

Note-se que para o caso de um hiperbolóide de duas folhas tem-se que:

◦ a intersecção com o plano coordenado xOy é vazia;

◦ a intersecção com o plano coordenado xOz (tal como yOz) corresponde a uma hipérbole.

◦ Se os dois sinais negativos estiverem noutras duas parcelas da equação precedente, então
haverá uma mudança correspondente no eixo da hiperbolóide.

• Uma equação da forma


(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
± ± ± =1
a2 b2 c2
corresponde a uma quádrica análoga às anteriores (patentes em (A), (B) e (C)) mas com
centro no ponto de coordenadas (x0 , y0 , z0 ) (não estando por isso necessariamente centrada na
origem)
• Outros exemplos de quádricas igualmente importantes são: o parabolóide elı́ptico, o para-
bolóide hiperbólico e o cone elı́ptico.

(I)

O parabolóide elı́ptico,
x2 y 2
tem por equação z= + 2
a2 b

◦ A intersecção do parabolóide elı́ptico (do tipo do anteriormente apresentado) com o


plano de equação z = z0 , (z > 0) corresponde a uma elipse.

9
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

◦ Da sua intersecção com o plano xOz (bem como com o plano yOz) resulta uma parábola.
Å 2
y2
ã
x
◦ Uma equação da forma z = − 2 + 2 corresponde a um parabolóide elı́ptico com
a b
concavidade virada para baixo.

(II)

O parabolóide hiperbólico,

(também designado por sela)

tem por equação


x2 y 2
z=− + 2
a2 b

◦ A intersecção do parabolóide hiperbólico (do tipo do anteriormente apresentado) com o


plano xOy corresponde a uma hipérbole.

◦ Da sua intersecção com o plano xOz (bem como com o plano yOz) resulta uma parábola.

(III)

O cone elı́ptico, tem por equação


x2 y 2
z2 = + 2
a2 b

◦ A intersecção do cone elı́ptico (do tipo do anteriormente apresentado) com os planos que
não passam na origem pode ser uma elipse (ou, como caso particular desta, a circun-
ferência), uma parábola ou uma hipérbole. Ou seja, as intersecções são as conhecidas
cónicas.

◦ Note–se ainda que se a = b, o cone é circular.

◦ Se resolvermos a equação acima em ordem a z, obtemos


… …
x2 y 2 x2 y 2
z= + ∨ z = − + 2,
a2 b2 a2 b
em que a primeira equação representa a parte de cima do cone (z positivo) e a segunda
a parte de baixo (z negativo).

10
1.2. Quádricas

Resumo das quádricas estudadas.

ˆ Cilindros – Cilindro Elı́ptico; Cilindro Hiperbólico; Cilindro Parabólico

ˆ Elipsóides – Elipsóide; Esfera

ˆ Hiperbolóide – Hiperbolóide de 1 folha; Hiperbolóide de 2 folhas

ˆ Parabolóides – Parabolóide Elı́ptico; Parabolóide Hiperbólico

ˆ Cones – Elı́ptico; Circular

Algumas técnicas para identificação de quádricas.


(Aqui supõe-se que as equações das quádricas estão na forma standard, tal como estão repre-
sentadas atrás.)

ˆ Se uma das três variáveis x, y ou z não aparece na equação da quádrica, trata-se de um


cilindro. A variável em falta corresponde ao eixo do cilindro.

ˆ Se as três variáveis x, y e z aparecem elevadas ao quadrado e o termo independente é 1,


então trata-se de um elipsóide, hiperbolóide de 1 folha ou hiperbolóide de 2 folhas. Se
os sinais de x2 , y 2 e z 2 forem positivos, trata-se de um elipsóide (pode ser uma esfera);
Se apenas um dos sinais de sinais de x2 , y 2 e z 2 for negativo, temos um hiperbolóide de
1 folha (a variável com sinal negativo corresponde ao da quádrica.

ˆ Se as três variáveis x, y e z aparecem elevadas ao quadrado e o termo independente for


nulo, poderá tratar-se de um cone.

ˆ Se na equação standard da quádrica há 2 variáveis ao quadrado e outra com expoente


1, trata-se de um parabolóide (elı́ptico ou hiperbólico).

Exercı́cio 1.2.3 Descrever as seguintes superfı́cies (se possı́vel, representá-las geometrica-


mente):

(a) x2 − 4y 2 − 9z 2 = 25

(b) x2 − 4y 2 + z 2 = 1

11
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

1.3 Breves noções de topologia em IRn

Cı́rculo aberto de centro P0 (x0 , y0 ) e raio r:

{(x, y) ∈ IR2 : (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < r2 }

Definição 1.3.1 Seja R uma região do plano xOy.

(i) P0 (x0 , y0 ) diz-se ponto interior de R se existir um cı́rculo aberto centrado em P0 que
esteja contido em R. O conjunto de todos os pontos interiores de R designa-se por
interior de R.

(ii) P0 (x0 , y0 ) diz-se ponto fronteiro de R se todo o cı́rculo aberto centrado em P0 contiver
simultaneamente pontos de R e pontos que não pertencem a R. O conjunto de todos os
pontos fronteiros de R designa-se por fronteira de R.

(iii) Uma região diz-se aberta se coincidir com o seu interior (isto é, int(R) = R) e diz-se
fechada se contiver todos os seus pontos fronteiros (isto é, se fr(R) ⊂ R).

Figura 1.1 Ponto interior e ponto fronteiro de uma região em IR2

ˆ No espaço IR3 , em vez de cı́rculo aberto considerar-se-á a bola aberta:

{(x, y, z) ∈ IR3 : (x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 < r2 }

12
1.4. Funções de duas variáveis: domı́nios, gráficos e curvas de nı́vel

com centro em P0 (x0 , y0 , z0 ) e raio r.

Figura 1.2: (a) Intervalo aberto em IR (extremos do intervalo não incluı́dos), (b) cı́rculo aberto
em IR2 (circunferência não incluı́da), (c) bola aberta em IR3 (não inclui a superfı́cie esférica).

ˆ As definições de interior, fronteira, aberto e fechado no espaço IR3 são análogas às de-
finições anteriores, desde que se substitua “cı́rculo aberto” por “bola aberta”.

Exercı́cio 1.3.2 Relativamente às regiões que a seguir se apresentam, determine o interior,
a fronteira e averigue se é aberta ou fechada.

(a) A = {(x, y) ∈ IR2 : y − x2 > 0}

(b) B = {(x, y) ∈ IR2 : x2 + y 2 ⩾ 1}

1.4 Funções de duas variáveis: domı́nios, gráficos e cur-


vas de nı́vel

Funções de duas variáveis

f: D −→ IR
D ⊂ IR2
|{z} (x, y) 7−→ z = f (x, y)
↑ domı́nio de f

ˆ x, y −→ são variáveis independentes (variáveis de entrada);

ˆ z −→ variável dependente (de saı́da).

13
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Exemplos:

1. Considere-se o volume de um cilindro circular recto de altura h e raio da base r, o qual


é dado por:

V = π r2 h = f (r, h) com r, h ⩾ 0
As variáveis de entrada são:
r: raio da base
h: altura

Por exemplo, se h = 5 e r = 2, então tem-se


V = f (2, 5) = π × 22 × 5 = 20π

2. A distância da origem a qualquer ponto do plano é descrita por:

p
d(x, y) = x2 + y 2

Por exemplo, se x = 3 e y = 4, então



d(3, 4) = 32 + 42 = 5

O gráfico de uma função de duas variáveis z = f (x, y) é o subconjunto de IR3

G = {(x, y, z) ∈ IR3 : z = f (x, y), com (x, y) ∈ D}.

Geralmente, G é uma superfı́cie tridimensional (3-D) em IR3 .

Na figura seguinte, à esquerda, está o gráfico de uma função real de variável real; à direita, o
gráfico de uma função real de duas variáveis.

Definição 1.4.1
Sejam z = f (x, y), (x, y) ∈ D, c ∈ IR. Chama-se curva de nı́vel de f em c ao con-
junto (não vazio) de pontos (x, y) ∈ D tais que f (x, y) = c. Ou seja, uma curva de nı́vel é a

14
1.4. Funções de duas variáveis: domı́nios, gráficos e curvas de nı́vel

curva correspondente à projecção no plano xOy da linha que resulta da intersecção do plano
de equação z = c com o gráfico de f .

Figura 1.3 Gráfico de uma função e respectivas curvas de nı́vel.

Exemplo 1.4.2 Na figura seguinte estão representados o gráfico e as curvas de nı́vel da


2 2
função f (x, y) = e−0.1(x +2y −2x) + cos x (ambos obtidos em Matlab).

Figura 1.4

15
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Figura 1.5 Mapa com curvas de nı́vel duma região junto ao rio Mondego.

• É vulgar a utilização de curvas de nı́vel nos mapas topográficos, isto é, nos mapas em
que se pretende mostrar o relevo da superfı́cie terrestre (ver Figura 1.5). Nestes mapas, x
e y representam a longitude e a latitude e z representa a altitude (ou profundidade). Aqui
o gráfico da função z = f (x, y) pode ser visto como caracterizando o relevo da superfı́cie
terrestre. Para se obter uma boa ilusão tridimensional, é usual escolher valores de c que sejam
igualmente espaçados. Muito espaço entre as curvas de nı́vel significa que z está a variar de
forma lenta, enquanto que pouco espaço significa que a variação é rápida.

Também se podem usar as curvas de nı́vel para localizar num mapa os pontos que tenham
a mesma temperatura (curvas isotérmicas – ver Figura 1.6) ou pontos com a mesma pressão
atmosférica (curvas isobáricas).

16
1.5. Funções de três ou mais variáveis: domı́nios e superfı́cies de nı́vel

Figura 1.6: Mapa de curvas isotérmicas, representando a temperatura média da água do mar
no mês de janeiro de um certo ano.

Exercı́cio 1.4.3 Determinar o domı́nio das seguintes funções e fazer a sua representação
geométrica.

(a) z = y−x
1
(b) z =
xy
Exercı́cio 1.4.4 Determinar duas curvas de nı́vel e o gráfico das seguintes funções:
p
(a) z = y − x2

(b) f (x, y) = 5 − x2 − y 2

1.5 Funções de três ou mais variáveis: domı́nios e su-


perfı́cies de nı́vel
f: D −→ IR
D ⊂ IR3
|{z} (x, y, z) 7−→ w = f (x, y, z)
↑ domı́nio de f

ˆ x, y, z −→ são variáveis independentes (variáveis de entrada);

ˆ w −→ variável dependente (de saı́da).

17
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Exemplo 1.5.1 A distância de um ponto P (x, y, z) ∈ IR3 à origem é um exemplo de uma


função de três variáveis:
p
d(x, y, z) = x2 + y 2 + z 2

O gráfico de w = f (x, y, z) é o subconjunto de IR4

G = {(x, y, z, w) ∈ IR4 : w = f (x, y, z), com (x, y, z) ∈ D}.

• Os gráficos de funções de três variáveis são constituı́dos por pontos da forma (x, y, z, w) ∈ IR4 ,
onde w = f (x, y, z), e portanto não é possı́vel esboçá-los no espaço tridimensional. No entanto,
é possı́vel estudar o comportamento da função através da análise das chamadas superfı́cies de
nı́vel (ver um exemplo na Figura 1.7).

Figura 1.7 Superfı́cies de nı́vel da função f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 .

Definição 1.5.2
Chama-se superfı́cie de nı́vel de uma função f de três variáveis ao conjunto (não vazio)
dos pontos (x, y, z) ∈ IR3 para os quais f tem um valor constante c ∈ IR, i.e, f (x, y, z) = c.

Exercı́cio 1.5.3 Determinar o domı́nio das seguintes funções:


p
(a) w = x2 + y 2 + z 2

(b) w = xy ln(z)

18
1.6. Limites
p
Exercı́cio 1.5.4 Determinar duas superfı́cies de nı́vel da função w = x2 + y 2 + z 2 .

Função de n variáveis

f: D −→ IR
D ⊂ IRn
(x1 , x2 , . . . , xn ) 7−→ z = f (x1 , x2 , . . . , xn )

Exemplo 1.5.5 A temperatura de um ponto P da superfı́cie da terra no instante t:

T = f (x, y, z, t)

depende de 4 variáveis: latitude, longitude, altitude e instante.

1.6 Limites
Consideremos uma função f definida num domı́nio D ⊂ IR2 , isto é,

f : D ⊂ IR2 → IR

e sejam:
– P (x0 , y0 ) um ponto interior ou fronteiro de D
– L um número real

Definição 1.6.1
Diz-se que o limite de f (x, y) quando (x, y) tende para (x0 , y0 ) é L, e escreve-se

lim f (x, y) = L,
(x,y)→(x0 ,y0 )

se, para cada número ε > 0, existe um número correspondente δ > 0 tais que se (x, y) ∈
p
D ∧ (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ então |f (x, y) − L| < ε.
p
Note-se que |f (x, y) − L| é a distância entre f (x, y) e o número L e (x − x0 )2 + (y − y0 )2
é a distância entre os pontos (x, y) e (x0 , y0 ). Assim, O valor de |f (x, y) − L| é tão pequeno
p
quanto se queira desde que a distância (x − x0 )2 + (y − y0 )2 seja suficientemente pequena.

19
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Observação importante:
Na expressão do limite de uma função real de variável real, f (x), quando x tende para x0 , i.e,
lim f (x), x tende para x0 de duas formas distintas:
x→x0

lim f (x) e lim f (x).


x→x−
0 x→x+
0

Se z = f (x, y) tal não acontece pois P (x, y) pode tender para P0 (x0 , y0 ) de um número infinito
de maneiras. De facto, P pode tender para P0 ao longo de qualquer curva contida em D. A
figura que a seguir se apresenta ilustra o que se acaba de descrever.

Para existir o limite lim f (x, y), ele tem que ser o mesmo qualquer que seja a trajetória
(x,y)→(x0 ,y0 )
que se considere de (x, y) para (x0 , y0 ). No entanto, se f (x, y) → L1 quando (x, y) → (x0 , y0 )
ao longo da trajetória C1 e se f (x, y) → L2 quando (x, y) → (x0 , y0 ) ao longo da trajetória
C2 , onde L1 ̸= L2 , então lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )

Os limites de funções com duas variáveis têm as mesmas propriedades das funções com uma
só variável, no que diz respeito a somas, diferenças, produtos e quocientes.

Algumas técnicas para calcular limites de funções com duas variáveis

ˆ Se não existirem indeterminações (as mais frequentes são 00 e ∞



), o limite é fácil de
calcular. Por vezes, também é possı́vel evitar o aparecimento de indeterminações sim-
plificando a expressão da função.

20
1.6. Limites

ˆ Para mostrar que o limite não existe, podemos tentar encontrar duas trajetórias segundo
as quais o limite dê diferentes valores. As trajetórias seguintes usam-se com alguma
frequência:

– Limites iterados
Å ã Å ã
lim lim f (x, y) e lim lim f (x, y) .
x→x0 y→y0 y→y0 x→x0

Se estes limites são diferentes, conclui-se que o limite lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )

– Limites direcionais Tratam-se de limites segundo retas com equações da forma

y − y0 = m(x − x0 ). A
AU
A (x , y )
0 0
Se o lim f (x, y0 + m(x − x0 )) depender de A
x→x0 AK
m (limite com uma só variável), isto significa que A
A
há pelo menos duas retas segundo as quais aquele A
A
limite dá valores diferentes. Logo, o limite com A
duas variáveis lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )

– Limites parabólicos São limites segundo trajectórias definidas pelas parábolas


de equação
y − y0 = k(x − x0 )2 .

Se o lim f x, y0 + k(x − x0 )2 depender de k, isto significa que há pelo menos



x→x0
duas parábolas segundo as quais o limite dá valores diferentes. Logo, o limite
lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )

ˆ Para mostrar que lim f (x, y) existe, e assumindo que este não pode ser calculado
(x,y)→(x0 ,y0 )
diretamente, há a possibilidade de usar a definição de limite (Definição 1.6.1). No
entanto, excetuando os casos mais simples, a sua utilização é difı́cil e não é muito usada
do ponto de vista prático.
Para certas funções, pode-se usar o seguinte resultado para mostrar que o limite existe
e é igual a zero.

Teorema 1.6.2 Se num certo cı́rculo aberto D contendo (x0 , y0 ) existem funções f1 (x, y)
e f2 (x, y) tais que
lim f1 (x, y) = 0
(x,y)→(x0 ,y0 )

e existem constantes α e β tais que

α ≤ f2 (x, y) ≤ β,

21
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

para todo o (x, y) ∈ D (isto é, f2 é uma função limitada em D), então f (x, y) =
f1 (x, y)f2 (x, y) verifica
lim f (x, y) = 0.
(x,y)→(x0 ,y0 )

xy
Exercı́cio 1.6.3 Mostrar que não existe lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y2

Exercı́cio 1.6.4 Mostrar que os seguintes limites existem:

y 2 − x2 5x2 y
(a) lim (b) lim
(x,y)→(1,−1) 2xy + 2x2 (x,y)→(0,0) x2 + y 2

1.7 Continuidade
Definição 1.7.1

(i) Uma função f diz-se contı́nua no ponto (x0 , y0 ) se

(a) (x0 , y0 ) ∈ D;
(b) lim f (x, y) existe;
(x,y)→(x0 ,y0 )

(c) lim f (x, y) = f (x0 , y0 ).


(x,y)→(x0 ,y0 )

(ii) Se uma das condições anteriores não se verificar, diz-se que f é descontı́nua em (x0 , y0 ).

(iii) Diz-se que uma função é contı́nua se for contı́nua em todos os pontos do seu domı́nio.

ˆ Por função polinomial entende-se toda a função cuja expressão analı́tica se escreve
como uma soma finita de termos da forma Axn y m , onde A é real e m, n ∈ IN.

ˆ Uma função racional é o quociente entre duas funções polinomiais, isto é:

p(x, y)
r(x, y) =
q(x, y)

Exemplo 1.7.2
p(x, y) = 5x5 y 2 + 12xy 9 + x + 4y − 16 (função polinomial)

8x3 y 7 − 7x2 y 4 + xy − 2y
r(x, y) = (função racional)
1 − 3y 3 + 7x2 y 2 + 18yx7

Teorema 1.7.3

22
1.8. Derivadas Parciais

(i) Todo o polinómio p(x, y) é contı́nuo em IR2 ;


p(x, y)
(ii) Qualquer função racional r(x, y) = é contı́nua em todo o ponto (x0 , y0 ) tal que
q(x, y)
q(x0 , y0 ) ̸= 0. É descontı́nua em (x0 , y0 ) se q(x0 , y0 ) = 0.
f
(iii) Se f e g são funções contı́nuas em (x0 , y0 ) então f + g, f − g, f g, g
(g(x0 , y0 ) ̸= 0)
são funções contı́nuas em (x0 , y0 ).

(iv) Se f é contı́nua em (x0 , y0 ) e g é uma função contı́nua em f (x0 , y0 ) então a função


composta h(x, y) = (gof )(x, y) = g (f (x, y)) é contı́nua em (x0 , y0 ).

Exercı́cio 1.7.4 Determine o domı́nio de continuidade da seguinte função:


 2 2
 x −y se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 .
0 se (x, y) = (0, 0)

1.8 Derivadas Parciais

• Seja f a função real dada por

f : D ⊂ IR2 −→ IR
(x, y) 7→ z = f (x, y)

e seja P0 = (x0 , y0 ) um ponto do seu domı́nio.

• Se fixarmos y = y0 , a função f passa a ser uma função com uma só variável independente,
x, isto é,
f (x, y0 ) = ϕ(x)
onde ϕ é uma função real de variável real.

Se ϕ(x) for derivável no ponto x = x0 , então


ϕ(x0 + h) − ϕ(x0 )
ϕ′ (x0 ) = lim
h→0 h
f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 )
= lim (1.1)
h→0 h

• Se fixarmos x = x0 , a função f passa a ser uma função com uma só variável independente,
y:
f (x0 , y) = ψ(y)

23
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

onde ψ é uma função real de variável real.

Se ψ(y) for derivável no ponto y = y0 , então

ψ(y0 + h) − ψ(y0 )
ψ ′ (y0 ) = lim
h→0 h
f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
= lim (1.2)
h→0 h

Definição 1.8.1 [derivada parcial num ponto P0 ]


O limite (1.1), se existir, designa-se por derivada parcial de f em ordem a x no ponto
P0 = (x0 , y0 ) e escreve-se
∂f
(P0 ) ou fx (P0 );
∂x
O limite (1.2), se existir, designa-se por derivada parcial de f em ordem a y no ponto
P0 = (x0 , y0 ) e escreve-se
∂f
(P0 ) ou fy (P0 );
∂y
Assim, se os limites existirem, temos

∂f f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 )
(P0 ) = lim
∂x h→0 h

∂f f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
(P0 ) = lim
∂y h→0 h

Definição 1.8.2 [Derivadas Parciais - Caso Geral]


Seja D ⊂ IRn um aberto e f : D ⊂ IRn → IR uma função real. Então as derivadas parciais de
∂f ∂f
f relativamente à primeira, segunda, ..., n-ésima variável, ∂x 1
, . . . , ∂xn
, são as funções reais
de n variáveis que, no ponto P0 = (x1 , . . . , xn ), são definidas por

∂f f (x1 , . . . , xj + h, . . . , xn ) − f (x1 , . . . , xn )
(x1 , . . . , xn ) = lim (1.3)
∂xj h→0 h
f (P0 + h ej ) − f (P0 )
= lim ,
h→0 h
se o limite existir, onde 1 ≤ j ≤ n e ej = (0, . . . , 1, . . . , 0) é o j-ésimo vetor da base canónica
∂f
de IRn . O domı́nio da função ∂xj
é o conjunto de valores, S, de x ∈ IRn onde o limite (1.3)
existe.

24
1.8. Derivadas Parciais

• Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais

em ordem a x

→ o gráfico de z = f (x, y) é uma superfı́cie;

→ y = y0 é a equação de um plano em IR3 ;

→ a intersecção do plano y = y0 com a superfı́cie do gráfico origina uma curva C que passa
no ponto P = (x0 , y0 , f (x0 , y0 )). A reta tangente T1 à curva C no ponto P tem declive
∂f
(x0 , y0 ) = tg α ,
∂x
onde α é o ângulo que a reta faz com OX (ver figura abaixo)

em ordem a y

→ o gráfico de z = f (x, y) é uma superfı́cie;

→ x = x0 é a equação de um plano em IR3 ;

→ a intersecção do plano x = x0 com a superfı́cie do gráfico origina uma curva C que


passa no ponto P = (x0 , y0 , f (x0 , y0 )). A reta tangente T2 à curva C no ponto P tem declive
∂f
(x0 , y0 ) = tg β,
∂y
onde β é o ângulo que a reta faz com OY (ver figura abaixo).

25
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Definição 1.8.3 [Função Derivada]


Seja S o conjunto dos pontos onde a função z = f (x, y) admite derivada parcial em ordem a
x. A função de duas variáveis

∂f
∂x
: S ⊂ IR2 −→ IR
(x, y) 7−→ ∂f
∂x
(x, y)

designa-se por derivada parcial de f em ordem a x.


De modo análogo define-se a derivada parcial de f em ordem a y

∂f
∂y
: S ⊂ IR2 −→ IR
(x, y) 7−→ ∂f
∂y
(x, y).

Observação: (regra prática) Da definição de derivada parcial, podemos obter a seguinte


∂f ∂f
regra para calcular as expressões analı́ticas das funções e :
∂x ∂y
∂f
• obtém-se derivando f em ordem a x, considerando y como constante
∂x
∂f
• obtém-se derivando f em ordem a y, considerando x como constante
∂y

Exercı́cio 1.8.4 Seja f (x, y) = y ln x e P0 = (2, 2), determine

∂f ∂f
(P0 ) e (P0 )
∂x ∂y

usando:
(a) a definição
(b) as regras de derivação

Exercı́cio 1.8.5 Considerando z = xyesin(πxy) , determine

∂z ∂z
e
∂x ∂y

• As derivadas parciais de funções com mais de duas variáveis definem-se de modo análogo ao
caso de duas variáveis (veja-se a definição 1.8.2). Tratam-se de derivadas em relação a uma
das variáveis, enquanto que as restantes são mantidas constantes.

Exercı́cio 1.8.6 Determine as derivadas parciais da função

w = x sin(y + 3z)

26
1.9. Derivada parcial de ordem superior

1.9 Derivada parcial de ordem superior


• Se y = f (x), então
d2 f
Å ã
′ df ′′ d df
y = , y = 2 =
dx dx dx dx
Isto é, a 2a derivada de f é a derivada da 1a derivada de f . De modo análogo, para uma
função de duas variáveis z = f (x, y), podemos derivar cada uma das “primeiras” derivadas
parciais
∂z ∂z
e
∂x ∂y
em ordem a x e a y, por forma a obter as chamadas derivadas parciais de 2a ordem.

Definição 1.9.1 [Derivadas parciais de 2a ordem em IR2 ]

ˆ Derivando duas vezes em ordem a x


∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
2
= ≡ fxx ;
∂x ∂x ∂x

ˆ Derivando primeiro em ordem a x e depois em ordem a y:

∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
= ≡ fxy ;
∂y∂x ∂y ∂x

ˆ Derivando primeiro em ordem a y e depois em ordem a x:

∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
= ≡ fyx ;
∂x∂y ∂x ∂y

ˆ Derivando duas vezes em ordem a y

∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
2
= ≡ fyy ;
∂y ∂y ∂y

Observação: É usual designar as derivadas parciais fxy e fyx por derivadas mistas.

Exercı́cio 1.9.2 Seja f (x, y) = x3 y 2 −xy 5 . Calcular as quatro derivadas parciais de 2a ordem.

• No exercı́cio anterior é fácil verificar que as duas derivadas mistas (fxy e fyx ) coincidem.
O teorema seguinte indica as condições necesárias que devem ser satisfeitas para que esta
igualdade se verifique.

Teorema 1.9.3 (Teorema de Schwarz) Seja f uma função definida num cı́rculo aberto D
contendo o ponto (x0 , y0 ). Se as funções fxy e fyx são ambas contı́nuas em D, então

fxy (x0 , y0 ) = fyx (x0 , y0 ).

27
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Observação: As derivadas de ordem superior a 2 definem-se de modo análogo às de 2a


ordem, como mostra na figura. Note-se que existem 2n derivadas de ordem n.

1.10 Diferenciabilidade

• O sı́mbolo ∆f , designado incremento de f , representa a variação do valor de f (x, y)


quando (x, y) varia de uma posição inicial (x0 , y0 ) para uma nova posição (x0 + ∆x, y0 + ∆y),
isto é,
∆f = f (x0 + ∆x, y0 + ∆y) − f (x0 , y0 ).

Definição 1.10.1
Uma função f de duas variáveis diz-se diferenciável em (x0 , y0 ) se fx (x0 , y0 ) e fy (x0 , y0 )
existirem e for possı́vel escrever o incremento ∆f na forma

∆f = fx (x0 , y0 )∆x + fy (x0 , y0 )∆y + ϵ1 ∆x + ϵ2 ∆y,

onde ϵ1 e ϵ2 tendem para zero quando ∆x e ∆y tendem para zero.


Diz-se que f é diferenciável se for diferenciável em todos os pontos do seu domı́nio.

Teorema 1.10.2 (Continuidade das derivadas parciais implica diferenciabilidade)


Se as derivadas parciais fx e fy de uma função z = f (x, y) existem numa região aberta do
plano contendo (x0 , y0 ) e são contı́nuas em (x0 , y0 ), então f é diferenciável em (x0 , y0 ).

Teorema 1.10.3 (Diferenciabilidade implica continuidade) Se uma função f é dife-


renciável em (x0 , y0 ) então f é contı́nua em (x0 , y0 ).

28
1.11. Derivadas Direcionais e Gradiente

Notas:

ˆ O teorema anterior também pode ser enunciado na seguinte forma: “se uma função f
não é contı́nua em (x0 , y0 ) então f não é diferenciável em (x0 , y0 ).

ˆ Em funções de uma só variável, os termos derivável e diferenciável são equivalentes; em


funções de duas ou mais variáveis tal não acontece! Isto é, podem existir situações em
que ambas as derivadas parciais existem num ponto, mas a função não é contı́nua nem
diferenciável nesse ponto.

1.11 Derivadas Direcionais e Gradiente

Consideremos a função f : D ⊂ IR2 −→ IR, com z = f (x, y) e D


aberto de IR2 ,
um ponto P0 = (x0 , y0 ) ∈ D
e um vetor unitário (versor) u
b = (u1 , u2 )
tal que ||b
u|| = 1.

Como P0 ∈ int(D) = D, para h pequeno tem-se P0 + hb


u ∈ D.

Definição 1.11.1 [Derivada direcional]


Chama-se derivada de f em P0 na direção do vetor unitário u
ba

u) − f (P0 )
f (P0 + hb
fub (P0 ) = lim ,
h→0 h
desde que o limite exista e seja finito.

• Interpretação Geométrica da Derivada Direcional

→ o gráfico de z = f (x, y) é uma superfı́cie; denotemo-la po S;

→ Se z0 = f (x0 , y0 ) então o ponto P (x0 , y0 , z0 ) pertence a essa superfı́cie;

→ o plano vertical que contém P e P0 (x0 , y0 , 0) e é paralelo a u


b intersecta a superfı́cie
dando origem à curva C. Nestas condições,

fub (P0 ) = tg α,

29
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

onde α é o ângulo que a reta T , tangente à curva C no ponto P faz com o vetor unitário
u
b = (a, b). A derivada direcional mede a variação (crescimento ou decrescimento) da função
f na direção de u
b.

Figura 1.8

• A derivada direcional pode ser vista como uma generalização das derivadas parciais, pois:

bi ≡ eb1 = (1, 0) ⇒ fb(P0 ) = ∂f (P0 )


i
∂x
∂f
j ≡ eb2 = (0, 1) ⇒ fbj (P0 ) =
b (P0 )
∂y

Definição 1.11.2 [Gradiente]


Chama-se gradiente de f (x, y) no ponto P0 (x0 , y0 ) ao vetor

∂f ∂f
∇f (P0 ) = (P0 ) bi + (P0 ) b
j
∂x ∂y

Teorema 1.11.3
Se f (x, y) for diferenciável em P0 (x0 , y0 ), então

fub (P0 ) = ∇f (P0 ) · u


b,

30
1.11. Derivadas Direcionais e Gradiente

onde u
b é unitário.

Recordar que: Dados os vetores ⃗u = (u1 , u2 , u3 ) e ⃗v = (v1 , v2 , v3 ), define-se

ˆ Norma do vetor ⃗u: ∥⃗u∥ = u21 + u22 + u23


p

ˆ Produto escalar (ou produto interno): ⃗u · ⃗v = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 .

Nota. O cálculo da derivada direcional envolve sempre um vetor unitário. Quando o vetor
dado ⃗u não for unitário, é necessário calcular o seu versor:
1
u
b= ⃗u.
∥⃗u∥

Exercı́cio 1.11.4 Determine a derivada de f (x, y) = x2 + xy em P0 (1, 2) na direção do vetor


bi + b
j usando

(a) a definição;

(b) o gradiente.

• Das igualdades

fub (P0 ) = ∇f (P0 ) · u u|| cos θ = ||∇f (P0 )|| cos θ,


b = ||∇f (P0 )|| ||b
|{z}
=1

onde θ é o ângulo formado pelos vetores ∇f (P0 ) e u


b, obtemos o seguinte resultado

31
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Teorema 1.11.5 [Propriedades da Derivada Direcional]

(i) A função f cresce mais rapidamente na direcção e sentido do seu gradiente.


Nessa direção a derivada direcional atinge o seu valor máximo, que é dado por

fub (P0 ) = ||∇f (P0 )|| cos 0 = ||∇f (P0 )||.

(ii) A função f decresce mais rapidamente na direção e sentido contrário ao seu gradiente
(−∇f ). Nessa direção a derivada atinge o seu valor mı́nimo, que é dado por

fub (P0 ) = ||∇f (P0 )|| cos π = −||∇f (P0 )||.

π
(iii) Qualquer direção u
b ortogonal ao gradiente é uma direção de variação nula, porque θ = 2
e portanto
π
fub (P0 ) = ||∇f (P0 )|| cos = 0.
2

Exercı́cio 1.11.6 Considere a função f (x, y) = x3 − 3xy + 4y 2 e o ponto P (1, 2).

(a) Determine as direções nas quais f cresce e decresce mais rapidamente e nas quais não
há variação, no ponto P . Determine as derivadas nessas direções.

(b) Sendo ⃗u um certo vetor, indique o menor valor possı́vel de b e o maior valor possı́vel de
a tais que a ≤ f⃗u (P ) ≤ b.

Observação: [Gradiente e Curvas de Nı́vel]

Em cada ponto (x0 , y0 ) pode mostrar-se que


o gradiente de f , ∇f (x0 , y0 ), é um vetor
normal (isto é, perpendicular à reta tangente)
à curva de nı́vel que passa nesse ponto
(Ver também Figura 1.9)

32
1.11. Derivadas Direcionais e Gradiente

Campo dos vetores gradientes da função


f (x, y) = x2 −y 2 sobrepostos ao mapa das curvas de nı́vel
do gráfico de f . Como esperado, os gradientes apontam
sempre para a direção e sentido da subida mais rápida
da função. Recorde-se que o gráfico de f corresponde a
uma sela.

Figura 1.9

33
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Funções de 3 variáveis

• Sejam f (x, y, z) uma função diferenciável e u


b = u1 bi + u2 b
j + u3 b
k um vetor unitário;
∂f b ∂f b ∂f b
→ o gradiente de f é: ∇f = i+ j+ k
∂x ∂y ∂z
→ a derivada direcional é:
∂f ∂f ∂f
fub = ∇f · u
b= u1 + u2 + u3
∂x ∂y ∂z

• Escrevendo a derivada direcional na forma

fub = ∇f · u
b = ||∇f || ||b
u|| cos θ,

podemos concluir que

ˆ f aumenta mais rapidamente na direção e sentido de ∇f ;

ˆ f decresce mais rapidamente na direção e sentido de −∇f ;

ˆ f não varia em qualquer direção ortogonal a ∇f .

1.12 Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis

Definição 1.12.1
Uma região plana R diz-se limitada se existir um cı́rculo aberto que contenha essa região.

Região Limitada Região Não Limitada (1o Quadrante)

34
1.12. Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis

Teorema 1.12.2 [dos valores extremos]


Seja R uma região de IR2 fechada e limitada e suponhamos que f é contı́nua em R. Então
existem pontos P0 e P1 pertencentes a R tais que

m = f (P0 ) ≤ f (P ) ≤ f (P1 ) = M, ∀ P ∈ R

Os números m e M designam-se, respectivamente, por mı́nimo absoluto e máximo absoluto.

Definição 1.12.3 (máximo e mı́nimo local)


Seja f uma função definida numa vizinhança do ponto P0 .

(i) Diz-se que f tem um máximo local (ou relativo) em P0 se existir uma vizinhança V1 de
P0 tal que
f (P ) ≤ f (P0 ), ∀ P ∈ V1 ;

(ii) Diz-se que f tem um mı́nimo local (ou relativo) em P0 se existir uma vizinhança V2 de
P0 tal que
f (P ) ≥ f (P0 ), ∀ P ∈ V2

(iii) Se f tem um máximo local ou mı́nimo local em P0 , diz-se que P0 é um ponto extremo
de f .

Teorema 1.12.4 (nos pontos extremos o gradiente é o vetor nulo)


Seja f (x, y) diferenciável em P0 e suponhamos que P0 é um ponto extremo de f . Então

∇f (P0 ) = ⃗0,

i.e, fx (P0 ) = fy (P0 ) = 0.

35
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Demonstração. Vamos começar por definir a seguinte função com uma só variável:

h(x) = f (x, y0 ).

Como P0 (x0 , y0 ) é um ponto extremo de f , isto significa que P0 é um máximo ou mı́nimo local
de f . Sendo assim,
f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y), ∀(x, y) ∈ V1

ou
f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y), ∀(x, y) ∈ V2 ,

onde V1 e V2 são vizinhanças de P0 (x0 , y0 ). Em particular,

f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y0 )
| {z } | {z }
h(x0 ) h(x)

ou
f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y0 ),
| {z } | {z }
h(x0 ) h(x)

isto é, x0 é um extremo de h(x), donde

∂f
h′ (x0 ) = 0 ⇒ (x0 , y0 ) = 0.
∂x
∂f
Do mesmo modo, definindo g(y) = f (x0 , y), poder-se-á concluir que ∂y
(x0 , y0 ) = 0, ficando
concluı́da a demonstração.

Definição 1.12.5 (ponto crı́tico)


P0 diz-se um ponto crı́tico de f (x, y) se

ˆ f é diferenciável em P0 e ∇f (P0 ) = ⃗0;


ou

ˆ P0 ∈ Df mas não existem fx (P0 ) ou fy (P0 ).

Definição 1.12.6 (ponto de sela)


Se P0 é um ponto crı́tico de f (x, y) mas não é um ponto extremo de f , diz-se que P0 é um
ponto sela de f .

O teorema seguinte permite averiguar se um dado ponto crı́tico é um extremo de f .

36
1.12. Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis

Teorema 1.12.7 [Teste das derivadas de 2a ordem]


Suponhamos que f (x, y) e todas as suas derivadas parciais de primeira e segunda ordem exis-
tem e são contı́nuas numa vizinhança de um ponto crı́tico P0 . Seja

f (x, y) f (x, y)
xx xy
D(x, y) = (Discriminante de f )

fyx (x, y) fyy (x, y)

(i) Se D(P0 ) > 0 e fxx (P0 ) > 0 então f tem um mı́nimo local em P0 ;

(ii) Se D(P0 ) > 0 e fxx (P0 ) < 0 então f tem um máximo local em P0 ;

(iii) Se D(P0 ) < 0 então P0 é um ponto sela de f ;

(iv) Se D(P0 ) = 0 nada se pode concluir.

Exercı́cio 1.12.8 Determinar os pontos crı́ticos das seguintes funções e averiguar se são
extremos ou pontos de sela.
(a) f (x, y) = −x2 − y 2 + 2x + 4y + 5
(b) f (x, y) = 2x3 − 24xy + 16y 3

Nota: Apesar do teste das derivadas de segunda ordem ser bastante importante na deter-
minação dos extremos de funções de duas variáveis, convém notar que ele é inconclusivo se
D(x0 , y0 ) = 0 e também não se aplica a pontos onde as derivadas fx e fy não existem.

p
Exercı́cio 1.12.9 Determinar os pontos crı́ticos da função f (x, y) = x2 + y 2 e averiguar
se é um extremos de f . A que superfı́cie corresponde o gráfico de f ?

1.12.1 Extremos Condicionados - Método dos Multiplicadores de


Lagrange

• Nesta secção vamos resolver problemas dos seguintes dois tipos:

ˆ Problema dos extremos condicionados em funções de duas variáveis: Maximizar ou


Minimizar uma função f (x, y) sujeita a uma determinada condição g(x, y) = 0.

ˆ Problema dos extremos condicionados em funções de três variáveis: Maximizar ou Mi-


nimizar uma função f (x, y, z) sujeita a uma determinada condição g(x, y, z) = 0.

37
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

• 1o Tipo: Duas variáveis:

A condição g(x, y) = 0 representa uma curva C no plano xOy. Pretendemos determinar os


extremos (designados por extremos condicionados) de f (x, y) quando (x, y) varia sobre a curva
C.

Teorema 1.12.10
Suponhamos que f (x, y) e g(x, y) têm derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas num
conjunto aberto contendo a curva C definida por g(x, y) = 0 e que ∇g ̸= ⃗0 em cada ponto de C.
Se f tiver um extremo condicionado em C então esse extremo ocorre num ponto (x0 , y0 ) ∈ C
onde os vetores ∇f (x0 , y0 ) e ∇g(x0 , y0 ) são paralelos, i.e, existe um número λ, chamado
multiplicador de Lagrange, tal que

∇f (x0 , y0 ) = λ∇g(x0 , y0 ).

• 2o Tipo: Três variáveis:

Para funções de três variáveis, pode ser estabelecido um teorema análogo ao anterior. Neste
caso, os extremos condicionados de f (x, y, z) ocorrem em pontos (x0 , y0 , z0 ) da superfı́cie
g(x, y, z) = 0, onde os gradientes são paralelos, i.e,

∇f (x0 , y0 , z0 ) = λ∇g(x0 , y0 , z0 ).

• Método dos multiplicadores de Lagrange:


Para determinar os valores máximos e mı́nimos da função f (x, y, z) que verificam a condição
g(x, y, z) = 0 (assumindo que estes valores existem e que ∇g não se anula nos pontos que
verificam a condição):

1. Determinar todos os valores de x, y, z e λ tais que

∇f (x, y, z) = λ∇g(x, y, z)
g(x, y, z) = 0

2. Calcular o valor de f nos pontos (x, y, z) obtidos em (a). O maior destes valores é o
máximo de f e o menor é o mı́nimo.

Exercı́cio 1.12.11

(a) Em que ponto da circunferência x2 + y 2 = 1 é que o produto xy é máximo?

(b) Quais as dimensões que uma caixa retangular, aberta em cima, de volume 960cm3 ,
deverá ter por forma a que seja usado o mı́nimo de material possı́vel no seu fabrico?

38
1.13. Exercı́cios

1.13 Exercı́cios
Cónicas

1. Identifique o conjunto de pontos de IR2 que verifica cada equação. Se possı́vel, faça a
sua representação geométrica.
√ √
(a) x2 + y 2 − 5 = 0 (b) y = 4 − 2x2 (c) y = 4 + 2x2
(d) x2 + y 2 − 2x + y − 3 = 0 (e) 2x2 + 2y 2 + 4x − 8y − 8 = 0 (f) x2 − y 2 + 4 = 0

(g) x2 − y 2 − 4 = 0 (h) y = x (i) y = x2 + 2x − 3

Superfı́cies quádricas

2. Identifique as superfı́cies definidas por:

(a) 5x2 + 3y 2 = 4z (b) 5x2 − 3y 2 = 4z (c) 5x2 + 5y 2 = −4z


p
(d) z = − 4 − x2 − y 2 (e) x2 − y 2 − z 2 = 4 (f) −x2 + y 2 + z 2 = 4
(g) x2 + y 2 − z 2 = 0 (h) x2 + y 2 = 4 (i) x2 − y 2 = 4
p
(j) z = 4 − x2 + y 2 (k) x2 + y 2 + 2z 2 − 2x − y − 3 = 0 (l) z = −x2 − y 2

Noções de topologia em IRn

3. Para cada uma das regiões determine o interior, a fronteira e averigue se é aberta ou
fechada.

(a) A = {(x, y) ∈ IR2 : |x| < 1, |y| < 1}


(b) B = {(x, y) ∈ IR2 : xy ≥ 1}
(c) C = {(x, y, z) ∈ IR3 : 1 < x2 + y 2 + z 2 ≤ 2}

Funções reais de várias variáveis reais

4. Para cada uma das funções, determine o seu domı́nio e represente-o geometricamente.

y y
(a) f (x, y) = (b) f (x, y) = 2 (c) f (x, y) = 4x2 + 9y 2
x x
√ 1 p
(d) f (x, y) = y − x (e) f (x, y) = p (f) f (x, y) = 9 − x2 − y 2
16 − x2 − y 2
(i) f (x, y) = arctan xy

(g) f (x, y) = ln(x2 − y 2 ) (h) f (x, y) = arcsin(y − x)

5. Apresente um esboço de duas curvas de nı́vel e do gráfico de cada função.

(a) f (x, y) = 4 − y 2 (b) f (x, y) = x + y + 1 (c) f (x, y) = 1 − |y|


p
(d) f (x, y) = 9 − x2 − y 2 (e) f (x, y) = 4 − x2 − y 2 (f) f (x, y) = 4x2 + y 2 + 1
√ √ p
(g) f (x, y) = 1 − x2 (h) f (x, y) = 1 − x (i) f (x, y) = − x2 + y 2

39
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

6. Esboce duas superfı́cies de nı́vel para cada função.


(a) f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 (b) f (x, y, z) = x + z (c) f (x, y, z) = x2 + y 2

Limites e Continuidade

7. Calcule os limites:
x2 − 2xy + y 2 cos(y) + 1 x2 − 4y 2
(a) lim (b) lim (c) lim
(x,y)→(1,1) x−y (x,y)→(π/2,0) y − sin(x) (x,y)→(2,1) x − 2y

8. Averigue se os seguintes limites existem:


xy − 2 x2 (y − 1) xy − x − y + 1
(a) lim (b) lim (c) lim
(x,y)→(2,1) x + y − 3 (x,y)→(0,1) (x2 + y − 1)2 (x,y)→(1,1) (x − 1)2 + (y − 1)2

9. Calcule o limite (se existir) na origem das funções:


exy x2 yx2
(a) f (x, y) = p (b) f (x, y) = (c) f (x, y) =
16 − x2 − y 2 x2 + y (y + x2 )2
xy(x2 − y 2 ) 3x2 y x4
(d) f (x, y) = (e) f (x, y) = (f) f (x, y) =
y 2 + x2 x2+ y2 3x2 + y2

10. Estude quanto à continuidade cada uma das funções:


p x+y
(a) f (x, y) = 6 − 2x2 − 3y 2 (b) f (x, y) = p
6 − x2 − y 2
(x−2)2 y 2
(
(x−2)2 +y 2
se (x, y) ̸= (2, 0)
(c) f (x, y) =
0 se (x, y) = (2, 0)

Derivadas parciais

11. Calcule por definição as derivadas parciais de primeira ordem das funções seguintes:
x−y
(a) f (x, y) = x + 2y (b) f (x, y) = x2 y 3 (c) f (x, y) =
x+y
12. Determine as derivadas parciais de primeira ordem das funções seguintes:

(a) f (x, y) = 2xy − 4y (b) f (x, y) = cos (xy) (c) f (x, y) = e3x−y cos (xy)
x3 y 2 y2 √
xy
(d) f (x, y, z) = (e) f (x, y) = (f) f (x, y) = x e
z x+1
(g) f (x, y) = x2 ln (1 + x2 + y 2 ) (h) f (x, y) = xy (i) f (x, y) = arctg(x2 + y 2 )

2xy

se (x, y) ̸= (0, 0)

13. Mostre que f (x, y) = + y2 x2 possui derivadas parciais no ponto
0 se (x, y) = (0, 0)

(0, 0), embora seja descontı́nua nesse ponto.

40
1.13. Exercı́cios

14. Dada a função


xy 3

 se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 ,
0 se (x, y) = (0, 0)

∂f ∂f
determine as expressões de e .
∂x ∂y

15. Calcule as derivadas parciais de segunda ordem das seguintes funções:


2 y3
(a) f (x, y) = ln(x + y) + ln(x − y) (b) f (x, y) = 4ex (c) f (x, y) = sin(x5 y 4 )

16. O volume de um cone circular recto de raio r e altura h é V = 31 πr2 h. Mostre que se a
altura permanecer constante e o raio variar, então o volume satisfaz

∂V 2V
= .
∂r r

17. Uma função f (x, y) diz-se harmónica se verificar a equação seguinte, dita Equação de
Laplace,

∂ 2f ∂ 2f
+ = 0.
∂x2 ∂y 2
Prove que as seguintes funções são harmónicas:
(a) f (x, y) = ln (x2 + y 2 ) (b) f (x, y) = ex sin(y) + ey cos(x)

18. A Equação do calor que modela a condução térmica num sólido homogéneo e isotrópico
tem a forma:

2
∂u 2∂ u
=c ,
∂t ∂x2
onde c é uma constante positiva.
Verifique se a função u(x, t) = e−t cos( xc ) satisfaz a equação do calor.

19. Quando dois resistors de resistências R1 ohms e R2 ohms são ligados em paralelo, a sua
resistência combinada R em ohms é R = RR11+R
R2
2
. Mostre que

∂ 2R ∂ 2R 4R2
= .
∂R12 ∂R22 (R1 + R2 )4

41
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

Diferenciabilidade

20. Mostre que a função


xy

 se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2
 0 se (x, y) = (0, 0)

tem derivadas parciais na origem, mas não é contı́nua nesse ponto. Que conclusão pode
tirar acerca da diferenciabilidade de f em (0, 0)?

Gradiente & Derivada direcional

21. Determine a derivada direcional da função f no ponto P , na direção de ⃗u.

(a) f (x, y) = 2xy − 3y 2 , P (5, 5), ⃗u = (4, 3)


(b) f (x, y, z) = xy + yz + zx, P (1, −1, 2), ⃗u = (3, 6, −2)
(c) f (x, y, z) = 3ex cos(yz), P (0, 0, 0), ⃗u = 2⃗i + ⃗j − 2⃗k

22. Determine as direções nas quais as funções crescem e decrescem mais rapidamente e nas
quais não há variação no ponto P . Determine as derivadas nessas direções.
(a) f (x, y) = x2 + xy + y 2 , P (−1, 1) (b) f (x, y) = x2 y + exy sin y, P (1, 0)
(c) f (x, y, z) = xey + z 2 , P (1, ln 2, 1/2) (d) f (x, y, z) = ln(xy) + ln(yz) + ln(xz), P (1, 1, 1)

2 −3y 2 −9z 2
23. A temperatura num ponto do espaço é dada por T (x, y, z) = 200e−x .

(a) Determine a taxa de variação da temperatura no ponto P (0, 1, 0) na direção do


vetor ⃗u = (2, −1, 2).
(b) Qual é a direção do maior aumento da temperatura em P ?

24. Será que existe uma direção ⃗u na qual a taxa de variação de f (x, y) = x2 − 3xy + 4y 2
em P (1, 2) é igual a 14? Justifique.

25. Será que existe uma direção ⃗u na qual a taxa de variação da temperatura T (x, y, z) =
2xy − yz no ponto P (1, −1, 1) é igual a −3? Justifique.

26. A derivada de f (x, y, z) num ponto P é maior na direção de ⃗v = ⃗i +⃗j − ⃗k. Nessa direção,

o valor da derivada é 2 3. Determine:

(a) ∇f (P );
(b) a derivada de f em P na direção de ⃗i + ⃗j.

42
1.13. Exercı́cios

Gradiente & Curvas de nı́vel

27. Faça um esboço da curva de nı́vel f (x, y) = c que passa no ponto P e do gradiente de f
nesse ponto.

(a) f (x, y) = ln(x2 + y 2 ), P (1, 1)


(b) f (x, y) = y − x2 , P (−1, 0)
x2 y 2 √
(c) f (x, y) = − , P ( 2, 1)
2 2

Extremos simples e condicionados - Otimização

28. Para cada uma das funções, determine os extremos locais e os pontos sela.
(a) f (x, y) = x2 + xy + y 2 + 3x − 3y + 4 (b) f (x, y) = x3 + 3xy + y 3
y3 1 1
(c) f (x, y) = 9x3 + − 4xy (d) f (x, y) = + xy +
3 x y
(e) f (x, y) = 3x4 + 2y 4 5
(f) f (x, y) = x + 2y 5

29. Determine os pontos crı́ticos da função h(x, y) = (y − x2 )2 − x4 + 2xy e averigue quais


são extremos ou pontos de sela.

30. Um fabricante de produtos eletrónicos determina que o lucro em euros, obtido pela
produção de x unidades de um leitor de DVD e y unidades de um gravador de DVD, é
dado pela expressão

P (x, y) = 8x + 10y − 0.001(x2 + xy + y 2 ) − 10 000.

Calcule o lucro máximo, sabendo que a fábrica tem capacidade para produzir o número
de unidades x e y necessárias.
2
31. Para cada uma das funções, o discriminante D = fxx fyy − fxy é zero na origem, de modo
que o teste das derivadas de segunda ordem é inconclusivo. Averigue se as funções têm
extremo na origem.
(a) f (x, y) = x2 y 2 (b) f (x, y) = 1 − x2 y 2 (c) f (x, y) = xy 2

32. Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange.

(a) Calcule e classifique os extremos da função f (x, y) = 49 − x2 − y 2 sobre a reta


x + 3y = 10.
(b) Determine os pontos da curva x2 + xy + y 2 = 1 que estão mais próximos e mais
afastados da origem.
(c) Calcule os extremos absolutos da função f (x, y, z) = x − 2y + 5z sobre a esfera
x2 + y 2 + z 2 = 25.

43
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas

(d) Determine as dimensões de uma lata cilı́ndrica circular reta fechada, de volume
16π cm3 , de forma que a área da sua superfı́cie seja mı́nima.

33. Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para calcular os extremos absolutos
da função f (x, y) = x2 + y 2 sobre a hipérbole xy = 1.

34. A temperatura em cada ponto (x, y) de uma chapa metálica plana é dada por T (x, y) =
4x2 − 4xy + 4y 2 . Quais são as temperaturas máxima e mı́nima que podemos encontrar
nos pontos da chapa situados sobre a circunferência de raio 5 centrada na origem?

35. Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para calcular o mı́nimo da função
f (x, y) = x2 + y 2 − 49 sobre a reta y + 2x = 5.

36. Considere o seguinte problema de otimização:


min f (x, y, z) = x + y + z
s. a x2 + y 2 + z 2 = 25.
(a) Interprete geometricamente o problema anterior.
(b) Utilizando o método dos multiplicadores de Lagrange, determine a solução do pro-
blema.

37. Resolva o seguinte problema de otimização:


min f (x, y, z) = x2 + 2y 2
s. a x2 + y 2 = 1.

38. Um contentor na forma de um paralelipı́pedo deve ter um volume fixo de 14 m3 , para


o construir sabe-se que por metro quadrado a base custará 50 euros e os lados e o topo
custarão 30 euros. Utilize multiplicadores de Lagrange para determinar as dimensões do
contentor de forma a minimizar o custo de produção

C(x, y, z) = 50xy + 30(2xz + 2yz + xy).

44
Capı́tulo 2

Integrais Múltiplos

2.1 Definição de Integral Duplo

Problema:
Dada uma região Ω do plano xOy, limitada, determinar o volume, V , do sólido formado por
todos os pontos compreendidos entre a região Ω e a superfı́cie z = f (x, y), onde f é contı́nua
e não negativa em Ω.

• Considere-se um rectângulo no plano contendo a região Ω o qual será subdividido em


vários sub-rectângulos não necessariamente iguais (grelha). Suponhamos que o número de
sub-rectângulos inteiramente contidos em Ω é n e que a área do k-ésimo sub-rectângulo é
∆Ak . Os sub-rectângulos não completamente contidos em Ω não são considerados.

45
2. Integrais Múltiplos

• Em cada sub-rectângulo escolha-se um ponto. Seja (x⋆k , yk⋆ ) o ponto correspondente ao


k-ésimo sub-rectângulo. O produto
f (x⋆k , yk⋆ )∆Ak
é o volume do paralelipı́pedo com área de base ∆Ak e altura f (x⋆k , yk⋆ ) (ver figura abaixo).
Logo, a soma
Xn
f (x⋆k , yk⋆ )∆Ak
k=1

aproxima o valor do volume V , objectivo a atingir.

Ao efectuar esta aproximação para o valor de V , cometem-se dois tipos de erro:

ˆ A face de cima do paralelipı́pedo é plana e geralmente a superfı́cie z = f (x, y) não o é;

ˆ Os sub-rectângulos em que a região R é subdividida podem não preencher completamente


essa região.

Mas, se o processo anterior for repetido para um número de subdivisões de Ω de forma que o
comprimento e a largura dos sub-rectângulos das bases se aproximem de zero, podemos afirmar
que os dois tipos de erro anteriormente referidos tenderão para zero. Assim, o volume exacto
é n
X
V = lim f (x⋆k , yk⋆ )∆Ak .
n→+∞
k=1

Definição 2.1.1
Chama-se integral duplo de f (x, y) sobre a região Ω ao número
Z Z Xn
f (x, y) dA = lim f (x⋆k , yk⋆ )∆Ak .
Ω n→+∞
k=1

• Assim, o volume V que pretendı́amos determinar é dado por


Z Z
V = f (x, y) dA .

46
2.2. Cálculo do Integral Duplo

• No exposto até ao momento supusemos que f é contı́nua e não negativa em Ω. Se f (x, y)


assumir valores positivos e negativos na região Ω, então o integral duplo representa a diferença
de dois volumes (Quais? ).
Um valor positivo para o integral duplo significa que há um maior volume acima da região
Ω do que abaixo;
Um valor negativo para o integral duplo significa que há um maior volume abaixo da região
Ω do que acima;
Um valor nulo para o integral duplo significa que os dois volumes são iguais.

Propriedades do integral duplo


Z Z Z Z
1. cf (x, y) dA = c f (x, y) dA, ∀ c ∈ IR.
Ω Ω

Z Z Z Z Z Z
2. [ f (x, y) ± g(x, y)] dA = f (x, y) dA ± g(x, y) dA.
Ω Ω Ω

3. Se Ω = Ω1 ∪ Ω2 (reunião disjunta, isto é, Ω1 ∩ Ω2 = ∅) então


Z Z Z Z Z Z
f (x, y) dA = f (x, y) dA + f (x, y) dA.
Ω Ω1 Ω2

2.2 Cálculo do Integral Duplo


• Excetuando os casos mais simples, em geral não é viável do ponto de vista prático usar a
definição para calcular o integral duplo, sendo por isso necessário recorrer a outras técnicas.
Ir-se-à aqui abordar em primeiro lugar o cálculo de integrais duplos sobre rectângulos e pos-
teriormente sobre uma região mais geral.

47
2. Integrais Múltiplos

Cálculo do integral duplo em rectângulos

Definição 2.2.1
Chamam-se integrais iterados aos seguintes integrais
Z dZ b Z d ñZ b
ô
f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy;
c a c a

Z bZ d Z b ñZ d
ô
f (x, y) dy dx = f (x, y) dy dx.
a c a c

Exercı́cio 2.2.2 Calcular os seguintes integrais iterados:


R3R2
(a) 0 1 (1 + 8xy) dydx
R2R3
(b) 1 0 (1 + 8xy) dxdy

Teorema 2.2.3 [Teorema de Fubini] (1a versão)


Seja R o rectângulo definido por a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d. Se f (x, y) é contı́nua neste rectângulo
então

Z Z Z d Z b
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
R c a
Z bZ d
= f (x, y) dy dx
a c

Exercı́cio 2.2.4
RR 2
(a) Calcular Ω
y x dA sobre o rectângulo

Ω = {(x, y) ∈ R2 : −3 ⩽ x ⩽ 2 , 0 ⩽ y ⩽ 1}

(b) Usando integrais duplos, determinar o volume do sólido limitado superiormente pelo
plano z = 4 − x − y e inferiormente pelo rectângulo

0 ⩽ x ⩽ 1 , 0 ⩽ y ⩽ 2.

Cálculo do integral duplo em regiões não rectangulares


Ir-se-ão considerar dois tipos de regiões no plano:
(A) Regiões do Tipo I

Ω = (x, y) ∈ IR2 : a ≤ x ≤ b, g1 (x) ≤ y ≤ g2 (x)




tais que g1 (x) e g2 (x) são contı́nuas em [a, b] (ver figura).

48
2.2. Cálculo do Integral Duplo

(B) Regiões do Tipo II

Ω = (x, y) ∈ IR2 : h1 (y) ≤ x ≤ h2 (y), c ≤ y ≤ d




tais que h1 (y) e h2 (y) são contı́nuas em [c, d] (ver figura).

Teorema 2.2.5 [Teorema de Fubini] (2a versão - mais forte)


Seja f (x, y) contı́nua na região Ω.
• Se Ω é do tipo I então
Z Z Z b Z g2 (x)
f (x, y) dA = f (x, y) dy dx
Ω a g1 (x)

• Se Ω é do tipo II então
Z Z Z d Z h2 (y)
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
Ω c h1 (y)

Observação:
Para melhor calcular o integral duplo deve primeiro esboçar a região Ω.

Exercı́cio 2.2.6
(a) Determinar o volume do sólido limitado superiormente pela superfı́cie z = x2 + y 2 e

inferiormente pela região Ω = {(x, y) ∈ IR2 : 0 ≤ x ≤ 1, x2 ≤ y ≤ x}.
Z Z
(b) Calcular (2x − y 2 ) dA sobre a região triangular limitada pelas curvas y = −x + 1,

y = x + 1 e y = 3.

(c) Invertendo a ordem de integração, calcule o integral definido no exercı́cio anterior.

49
2. Integrais Múltiplos

2.3 Aplicações do Integral Duplo

Problema: Seja f (x, y) uma função definida numa região fechada Ω do plano XOY . Pretende-
se determinar a área da porção da superfı́cie z = f (x, y) cuja projecção no plano XOY é a
região Ω.

Teorema 2.3.1 (Área de uma superfı́cie tridimensional)


Se f (x, y) tem derivadas parciais de 1a ordem contı́nuas numa região fechada Ω do plano
XOY então a área S da porção da superfı́cie z = f (x, y), cuja projecção no plano XOY é Ω,
é dada por
Z Z   Å ã2 Å ã2
∂z ∂z
S= 1+ + dA
Ω ∂x ∂y

Exercı́cio 2.3.2

(a) Estabeleça o integral que permite calcular a área de superfı́cie da esfera


x 2 + y 2 + z 2 = a2 .

(b) Mostre que o cálculo da área de uma região plana Ω, através de integrais duplos, pode
ser efectuado através da fórmula
Z Z
Área de Ω = dA.

• Lâmina - objecto plano, fino

Figura 2.1 Lâmina

⋄ Lâmina homogénea - composição e estrutura estão distribuı́das uniformemente;


⋄ Lâmina não homogénea - caso contrário;
⋄ Densidade δ = M A
de uma lâmina homogénea de massa M e área A;
⋄ Numa lâmina não homogénea a densidade em cada ponto é dada por uma função δ(x, y),
chamada função densidade.

50
2.4. Coordenadas polares

⋄ Massa de uma lâmina Considere-se uma lâmina com função densidade δ(x, y), contı́nua,
ocupando uma região R no plano XOY . Então a sua massa total é
Z Z
M= δ(x, y) dA.
R

⋄ Primeiro momento da lâmina em relação ao eixo xx


Z Z
Mx = yδ(x, y) dA
R

⋄ Primeiro momento da lâmina em relação ao eixo yy


Z Z
My = x δ(x, y) dA
R

⋄ Centro de gravidade da lâmina


 RR
My xδ(x, y) dA
•x= = R RR





 M R
δ(x, y) dA
ponto (x, y) onde RR
yδ(x, y) dA

 Mx
= R RR

 •y=


M R
δ(x, y) dA

2.4 Coordenadas polares


ˆ Para definir a posição de um ponto P do plano em coordenadas polares, temos de
considerar no plano

– um ponto O (polo)
– uma semirecta emergente de O (eixo polar) P •"
"
"
"
"
"
"
"
θ
A posição do ponto P fica definida pelo par (r, θ) onde O" -x

– r corresponde à distância de O a P
– θ corresponde ao ângulo formado pela semirecta OP e o eixo polar

– As coordenadas polares de P representam-se por (r, θ) onde r > 0 e 0 ⩽ θ < 2π


– Convenciona-se que as coordenadas polares de O são (0, θ)

ˆ Sejam (x, y) as coordenadas cartesianas de um ponto P no referencial xOy.


Então as coordenadas polares de P no sistema de pólo O e eixo polar Ox são tais que:
p
r = x2 + y 2
y
tan(θ) = , θ ∈ [0, 2π[
x

51
2. Integrais Múltiplos

ˆ Se (r, θ) representam as coordenadas polares de P , então as coordenadas cartesianas de


P são dadas por:
y 6

 x = r cos(θ)
y P
 y = rsen(θ) 
r 




 θ
 -
x x

Convém notar que, num sistema de coordenadas polares, a equação

r = f (θ)

onde f é uma função de θ positiva (f (θ) > 0), representa uma curva.

Exercı́cio 2.4.1
 π
(a) Dado o ponto P 3, em coordenadas polares, representá-lo em coordenadas cartesia-
6
nas.

(b) Dado o ponto P (3, 3) em coordenadas cartesianas, determinar as suas coordenadas
polares.

(c) Dada a curva r = 2 em coordenadas polares, determinar a sua equação cartesiana.

• Uma das vantagens do sistema de coordenadas polares é a representação de certas curvas


através de expressões muito mais simples do que no sistema de coordenadas cartesianas. O
caso mais conhecido é o da circunferência centrada na origem, cuja equação em coordenadas
polares é r = a, enquanto que em coordenadas cartesianas é x2 + y 2 = a2 . Outro exemplo
é o cardióide (Figura 2.2), cuja equação em coordenadas polares é r = a(1 − cosθ) e em
coordenadas cartesianas é
(x2 + y 2 + ax)2 = a2 (x2 + y 2 ).
Existem muitas outras curvas em que é vantajoso trabalhar em coordenadas polares: espiral
de Arquimedes, lemniscata, etc.

2.5 Integrais duplos em Coordenadas Polares


Definição 2.5.1
Chama-se região polar simples a uma região do plano limitada pelos raios θ = α e θ = β e
pelas curvas polares contı́nuas r = r1 (θ) e r = r2 (θ), onde

α ≤ β e β − α ≤ 2π , 0 ≤ r1 (θ) ≤ r2 (θ)

52
2.5. Integrais duplos em Coordenadas Polares

Figura 2.2 Cardióide de equação r = −2(1 − cos θ)

Figura 2.3 Exemplo de uma região polar simples

• O cálculo de integrais duplos em coordenadas cartesianas pode, por vezes, tornar-se difı́cil
(veja-se, por exemplo, o exercı́cio 2.3.2). Muitos destes integrais podem tornar-se mais simples
se usarmos coordenadas polares.

• A passagem de um integral duplo em coordenadas cartesianas para um integral duplo em


coordenadas polares pode ser feita através da seguinte fórmula
Z Z Z β Z g2 (θ)
f (x, y)dA = f (r cos θ, r sin θ) r drdθ,
Ω α g1 (θ)

onde α, β, g1 (θ), g2 (θ) são obtidos através da representação de Ω em coordenadas polares.


Note-se que estamos a assumir que Ω é uma região polar simples.

Exercı́cio 2.5.2 Sendo Ω o cı́rculo x2 + y 2 ≤ a2 , para determinar a área de superfı́cie da


esfera x2 + y 2 + z 2 = a2 , obtivemos o seguinte integral
Z Z
a
S=2 p dA
Ω a − x2 − y 2
2

(ver resolução do exercı́cio 2.3.2). Calcule o seu valor usando coordenadas polares.

53
2. Integrais Múltiplos

2.6 Integral Triplo

• Seja G uma região limitada e fechada no espaço e seja f (x, y, z) uma função contı́nua em
G. Dividindo G em vários paralelipı́pedos pequenos, com lados paralelos aos planos coorde-
nados, e numerando os que estão dentro de G de 1 a n considere ∆Vk o volume do k - ésimo
paralelipı́pedo e (x⋆k , yk⋆ , zk⋆ ) um ponto do seu interior. Se considerarmos a soma

n
X
Sn = f (x⋆k , yk⋆ , zk⋆ )∆Vk
k=1

então Z Z Z
lim Sn = f (x, y, z) dV
n→+∞ G

chama-se integral triplo de f (x, y, z) sobre a região do espaço G.

• Volume: Se f (x, y, z) = 1 então

n
X n
X
Sn = 1 ∆Vk = ∆Vk ,
k=1 k=1

logo
Z Z Z
lim = dV = volume de G.
n→Sn G

Assim, o cálculo do volume de um sólido através de integrais triplos pode ser efectuado através
da fórmula Z Z Z
Volume de G = dV.
G

Os integrais triplos satisfazem propriedades análogas às dos integrais duplos.

54
2.6. Integral Triplo

2.6.1 Cálculo de Integrais Triplos

• O caso mais simples é aquele em que G é um paralelipı́pedo com faces paralelas aos planos
coordenados, ou seja,

G = {(x, y, z) ∈ IR3 : a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, e ≤ z ≤ f }.

Se f (x, y, z) for contı́nua em G então


Z Z Z Z bZ d Z f
f (x, y, z) dV = f (x, y, z) dzdydx.
G a c e

A ordem de integração pode ser alterada (há mais 5 possibilidades!)

Suponhamos agora que G é uma região do espaço, fechada e limitada, tal que qualquer recta
paralela ao eixo dos ZZ que passe por um ponto interior não intersecte a fronteira em mais
de dois pontos. Designando por z = h2 (x, y) a superfı́cie fronteira superior, z = h1 (x, y) a
superfı́cie fronteira inferior e Ω a região do plano XOY em que G se projecta, teremos
Z Z Z Z Z ñZ h2 (x,y) ô
f (x, y, z) dV = f (x, y, z)dz dA.
G Ω h1 (x,y)

Figura 2.4 Ω é a projecção de G no plano XOY

• Para certas regiões, pode ser preferı́vel calcular integrais triplos em ordem a x ou a y, em
primeiro lugar. Por exemplo, se o sólido G é limitado à esquerda por y = h1 (x, z) e à direita
por y = h2 (x, z) então
Z Z Z Z Z ñZ h2 (x,z) ô
f (x, y, z) dV = f (x, y, z) dy dA,
G Ω h1 (x,z)

onde Ω é a projecção de G no plano XOZ.

55
2. Integrais Múltiplos

Figura 2.5 Ω é a projecção de G no plano XOZ

• Se o sólido G é limitado por x = h1 (y, z) e por x = h2 (y, z) então


Z Z Z Z Z ñZ h2 (y,z) ô
f (x, y, z) dV = f (x, y, z) dx dA,
G Ω h1 (y,z)

onde Ω é a projecção de G no plano Y OZ.

Figura 2.6 Ω é a projecção de G no plano Y OZ

Exercı́cio 2.6.1 Determinar:



Z 2 Z 2√x Z 4x−y2
2
(a) y dzdydx;
0 0 0

(b) O volume do sólido limitado pelo cilindro x2 + y 2 = 9 e pelos planos z = 1 e x + z = 5;


RRR
(c) G
z dV , onde G é a fatia do sólido cilı́ndrico y 2 +z 2 ≤ 1, cortada pelos planos y = x
e x = 0, situada no 1o octante.

56
2.7. Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas

2.6.2 Aplicações do Integral Triplo

Seja G um sólido tridimensional e δ(x, y, z) a função densidade de G, que se supõe ser contı́nua.

Figura 2.7 Sólido

⋄ Volume de G
Z Z Z
VG = dV.
G

⋄ Massa de G
Z Z Z
M= δ(x, y, z) dV.
G

⋄ Centro de gravidade de G
Z Z Z
1


 •x= = x δ(x, y, z) dV



 M G



 Z Z Z
 1
ponto (x, y, z) onde •y= = y δ(x, y, z) dV

 M G



 Z Z Z
1


 •z= = z δ(x, y, z) dV


M G

2.7 Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas


No sistema de coordenadas cilı́ndricas, um ponto P do espaço é definido por

P (r, θ, z)

onde

57
2. Integrais Múltiplos

– r > 0 e θ ∈ [0, 2π[


– r e θ são, aliás, as coordenadas pola-
res da projecção ortogonal de P sobre
o plano xOy
– z é a coordenada vertical cartesiana,
também conhecida por cota.

Exercı́cio 2.7.1 Representar graficamente as seguintes condições dadas em coordenadas cilı́ndricas:


(a) r = c, c > 0
(b) θ = c
(c) z = c
(d) r1 ⩽ r ⩽ r2 , θ1 ⩽ θ ⩽ θ2 , z1 ⩽ z ⩽ z2

• Mudança de coordenadas cilı́ndricas para cartesianas


 x = r cos θ

y = r sin θ

z=z

• Mudança de coordenadas cartesianas para cilı́ndricas


 p

 r = x2 + y 2
 y
 tan θ = x , se x ̸= 0



θ = π2 , se x = 0 ∧ y > 0
 3π
 θ = 2 , se x = 0 ∧ y < 0




 z=z

• No sistema de coordenadas esféricas, um ponto P do espaço é definido por

P = (ρ, θ, ϕ)

onde

58
2.7. Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas

– ρ ⩾ 0 é a distância entre P e a origem


– θ ∈ [0, 2π[ é o mesmo θ das
coordenadas cilı́ndricas
−→
– ϕ ∈ [0, π] é o ângulo formado por OP
e o semi–eixo positivo dos zz

• Mudança de coordenadas esféricas para cartesianas

x = ρ sin ϕ cos θ
y = ρ sin ϕ sin θ
z = ρ cos ϕ

• Mudança de coordenadas cartesianas para esféricas


p
ρ = x2 + y 2 + z 2
ϕ = arcos(z/ρ) ∈ [0, π]
x
cos θ = ρ sin ϕ
y
sin θ = ρ sin ϕ , θ ∈ [0, 2π[

Exercı́cio 2.7.2 Representar graficamente as seguintes condições dadas em coordenadas esféricas:

(a) ρ = c, (c > 0)

(b) θ = c, (0 ⩽ c ⩽ 2π)

(c) ϕ = c, (0 ⩽ c ⩽ π)

(d) ρ1 ⩽ ρ ⩽ ρ2 , θ1 ⩽ θ ⩽ θ2 , ϕ1 ⩽ ϕ ⩽ ϕ2

59
2. Integrais Múltiplos

Figuras relativas ao exercı́cio 2.7.1:

Figuras relativas ao exercı́cio 2.7.2:

Figuras relativas ao exercı́cio 2.7.2:

2.7.1 Integrais Triplos em Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas

As coordenadas cilı́ndricas são da forma (r, θ, z), onde r > 0 e θ ∈ [0, 2π[;
Algumas superfı́cies tridimensionais que têm equação simples em coordenadas cilı́ndricas são:

60
2.7. Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas

ˆ r = r1 cilindro vertical, de raio r1 , centrado no eixo dos ZZ;

ˆ θ = θ1 semiplano vertical, que faz um ângulo de θ1 radianos com a parte positiva do


eixo dos XX ;

ˆ z = z1 plano horizontal contendo (0, 0, 1).

Teorema 2.7.3
Seja G uma região do espaço cuja representação em coordenadas cilı́ndricas é feita através
das seguintes desigualdades
θ1 ≤ θ ≤ θ2 (θ2 − θ1 ≤ 2π)
0 ≤ g1 (θ) ≤ r ≤ g2 (θ)
h1 (r, θ) ≤ z ≤ h2 (r, θ),
com g1 , g2 , h1 , h2 funções com derivada de 1a ordem contı́nua. Se f (x, y, z) é contı́nua em G
então
Z Z Z Z θ2 Z g2 (θ) Z h2 (r,θ)
f (x, y, z) dV = f (r cos θ, r sin θ, z) r dz dr dθ
G θ1 g1 (θ) h1 (r,θ)

As coordenadas esféricas de um ponto são (ρ, θ, ϕ), onde ρ > 0, θ ∈ [0, 2π[ e ϕ ∈ [0, π].
Algumas superfı́cies do espaço que têm equação simples em coordenadas esféricas são:

ˆ ρ = ρ1 esfera de centro em (0, 0, 0) e raio ρ1 ;

ˆ θ = θ1 semiplano vertical, que faz um ângulo de θ1 radianos com a parte positiva do


eixo dos XX (como nas coordenadas cilı́ndricas);

ˆ ϕ = ϕ1 cone circular com vértice na origem; eixo ZZ.

Teorema 2.7.4
Seja G uma região do espaço cuja representação em coordenadas esféricas é feita através
das seguintes desigualdades
θ1 ≤ θ ≤ θ2 (θ2 − θ1 ≤ 2π)
0 ≤ g1 (θ) ≤ ϕ ≤ g2 (θ) ≤ π
h1 (θ, ϕ) ≤ ρ ≤ h2 (θ, ϕ),
com g1 , g2 , h1 , h2 funções com derivada de 1a ordem contı́nua. Se f (x, y, z) é contı́nua em G
então
Z Z Z
f (x, y, z) dV =
G

Z θ2 Z g2 (θ) Z h2 (θ,ϕ)
= f (ρ sin ϕ cos θ, ρ sin ϕ sin θ, ρ cos ϕ) ρ2 sin ϕ dρdϕdθ
θ1 g1 (θ) h1 (θ,ϕ)

61
2. Integrais Múltiplos

Exercı́cio 2.7.5 Considere o sólido S = {(x, y, z) ∈ R3 : z ≥ 0 ∧ 4 ≤ x2 + y 2 + z 2 ≤ 16}.

(a) Faça um esboço do sólido.

(b) Indique um integral triplo que lhe permita calcular o volume de S, em coordenadas
esféricas.

(c) Determine a massa total do sólido S de densidade constante igual a 3.



Z 1 Z 1−x2Z 2
Exercı́cio 2.7.6 Considere o integral triplo I = dzdydx.
0 0 0

(a) Faça um esboço do sólido S cujo volume é dado pelo integral I.

(b) Indique um integral triplo em coordenadas cilı́ndricas que lhe permita calcular I.

(c) Determine o valor de I.

62
2.8. Exercı́cios

2.8 Exercı́cios
Integrais Duplos em Coordenadas Cartesianas
Z Z
1. Calcule f (x, y) dA, sendo:
D

(a) f (x, y) = x2 + y 2 e D = {(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 1};

(b) f (x, y) = xy − 1 e D = {(x, y) ∈ R2 : y ≥ x2 , x ≥ y 2 };

(c) f (x, y) = sin x e D = {(x, y) ∈ R2 : y ≤ sin x, πy ≥ 2x, x ≥ 0};


1 2
(d) f (x, y) = x2 y 2 e D = {(x, y) ∈ R2 : x ≥ 0 ∧ y ≥ 0 ∧ x
≤y≤ x
∧ x ≤ y ≤ 2x};

(e) f (x, y) = √1 e D = {(x, y) ∈ R2 : (x−2)2 +(y −2)2 ≥ 4∧0 ≤ x ≤ 2∧0 ≤ y ≤ 2};


4−x

(f) f (x, y) = y e D = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1 ∧ 0 ≤ x ≤ y};

(g) f (x, y) = xy e D = {(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ y ≤ 4 − x2 };

(h) f (x, y) = x2 + y e D = {(x, y) ∈ R2 : y ≥ 0 ∧ y ≤ 1 − x ∧ y ≤ x + 1};


x
(i) f (x, y) = e y e D = {(x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x ≤ y 3 ∧ y ≤ 2 ∧ y ≤ x};
1
(j) f (x, y) = ln(y)
e D = {(x, y) ∈ R2 : 2 ≤ y ≤ 3 ∧ 0 ≤ x ≤ y1 }.

2. Inverta a ordem de integração e calcule os seguintes integrais:


Z 1Z 2 Z 1Z 1 Å ã Z 9Z 3
y2 1 x
(a) e dy dx (b) sin(y) cos dy dx (c) √
sin(x3 ) dx dy
0 2x 0 x y y 0 y
Z 1Z x2 Z eZ ln(x) Z 2Z 1/x
(d) xy dy dx (e) y dy dx (f) xexy dy dx
0 0 1 0 1 0

3. Determine a região de integração e inverta a ordem de integração.


Z 1Z 1 Z 1Z x2
(a) f (x, y) dx dy (b) f (x, y) dy dx
0 y 0 x3

Z 1Z 1+y 2 Z 1 Z 2−x2
(c) f (x, y) dx dy (d) f (x, y) dy dx
−1 2y 2 0 x

3−x 4−x 2
Z 1Z x2 Z 3Z
2
Z 2 Z √
2
(e) f (x, y) dy dx + f (x, y) dy dx (f) √
2
f (x, y) dy dx
4−x
0 0 1 0 −2 − √
2

63
2. Integrais Múltiplos

Coordenadas Polares

4. Dados os seguintes pontos em coordenadas cartesianas, determine as suas coordenadas


polares:
√ √ √
(a) (2, 0) (b) (1, 3) (c) (− 3, −1) (d) (1, −1) (e) (0, −3) (f) (−2 3, 2)

5. Dados os seguintes pontos em coordenadas polares, determine as suas coordenadas car-


tesianas:

(a) (2, 0) (b) (2, 4π
3
) (c) ( 2, 7π
4
) (d) (2, 3π
2
) (e) (1, 5π
6
)

6. Escreva em coordenadas polares, as seguintes equações cartesianas:


(a) x = 3 (b) x2 + y 2 = 7 (c) x2 + y 2 + 6y = 0
(d) y = −3 (e) 9xy = 4 (f) x2 (x2 + y 2 ) = y 2

7. Exprimindo em coordenadas cartesianas, identifique as seguintes curvas:


π
(a) r = 3 (b) θ = 6
(c) r2 sin(2θ) = 1
6
(d) r sin(θ) = 4 (e) r = 5sec(θ) (f) r =
3 cos(θ) + 2 sin(θ)

8. Usando um software gráfico, esboce as seguintes curvas dadas pelas equações polares:
(a) r = 3(1 − sin(θ)) (b) r = θ, θ ≥ 0 (c) r = cos(2θ)
1
(d) sin(θ) = 1 (e) r = θ
(f) r = eθ , θ ≥ 0

9. Esboce a região de IR2 determinada em coordenadas polares pelas seguintes desigualda-


des:
(a) 1 ≤ r ≤ 2, cos(θ) ≤ 0 (b) r2 ≤ 4, π4 ≤ θ ≤ π2
π 2π
(c) r ≤ 3 sin(θ), 3
≤θ≤ 3
(d) r ≤ 2 cos(θ), r ≤ 2 sin(θ)

Integral Duplo em Coordenadas Polares

10. Usando coordenadas polares, calcule os seguintes integrais duplos:


Z Z
2 2
(a) e−(x +y ) dA, onde D é o cı́rculo x2 + y 2 ≤ 1;
D
Z Z p
(b) 9 − x2 − y 2 dA, onde D é a região do primeiro quadrante contida no
D
cı́rculo x2 + y 2 = 9;
ZZ
(c) x dA, onde D = {(x, y) ∈ R2 : y ≥ x, x ≥ 0, x2 + y 2 ≤ 9, x2 + y 2 ≥ 4};
D

64
2.8. Exercı́cios
ZZ
(d) 2y dA, onde D = {(x, y) ∈ R2 : (x − 1)2 + y 2 ≤ 1, y ≥ x};
D


ZZ
(e) π dA, onde D = {(x, y) ∈ R2 : y ≥ 3 x, x2 + y 2 − 2x ≥ 0, x2 + y 2 ≤ 4}.
D

11. Usando coordenadas polares, calcule os seguintes integrais iterados:


Z 2 Z √4−x2 Z 1Z √1−x2 √
3 2 2
(a) (x2 + y 2 ) 2 dy dx (b) e x +y dy dx
−2 0 0 0
Z 2Z √
2x−x2 p Z 1Z √1−y2
(c) x2 + y 2 dy dx (d) cos(x2 + y 2 ) dx dy
0 0 0 0
Z 2 Z √4−y2 Z 1Z √
y
−(x2 +y 2 )
p
(e) √ e dx dy (f) x2 + y 2 dx dy
−2 − 4−y 2 0 y

Aplicações do Integral Duplo

12. Determine, usando integrais duplos, as áreas das regiões planas definidas por:

(a) y = 2, y = x2 ;

(b) x = y − 1, x = y + 1, x = −y + 1, x = −y − 1;

(c) D = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 16 ∧ (x + 2)2 + y 2 ≥ 4 ∧ y ≥ 0};

(d) D = {(x, y) ∈ R2 : y ≤ 6x − x2 ∧ y ≥ x2 − 2x};

(e) D = {(x, y) ∈ R2 : y ≤ e−x ∧ y ≤ ex ∧ −1 ≤ x ≤ 2 ∧ y ≥ 0};



(f) D = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 2x ∧ y ≤ 3 x ∧ y ≥ x};

(g) D = {(x, y) ∈ R2 : x ≥ ln(y) ∧ x ≤ ey ∧ 1 ≤ y ≤ 2}.

13. Usando integrais duplos, calcule o volume dos seguintes sólidos:

(a) Sólido limitado superiormente pelo parabolóide z = x2 + y 2 e inferiormente pelo


triângulo do plano xOy delimitado pelas rectas y = x, x = 0 e x + y = 2.

(b) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ 1, 0 ≤ z ≤ 2 + x + y};

(c) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ z ≤ 2 − x2 − y 2 };

(d) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 ≤ 4, x2 + y 2 ≤ 2x};

(e) S = {(x, y, z) ∈ R3 : (z − 16)2 ≤ x2 + y 2 ≤ 4};

(f) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ 2z, x2 + y 2 + z 2 ≤ 3}.

65
2. Integrais Múltiplos

14. Calcule a área das superfı́cies seguintes tridimensionais:

(a) Porção do cilindro y 2 + z 2 = 9 que está acima do rectângulo

R = {(x, y) : 0 ≤ x ≤ 2, −3 ≤ y ≤ 3}.

(b) Porção do plano 6x + 3y + 2z = 12 situada no primeiro octante.

(c) S é composta pela porção do parabolóide x2 + y 2 = 4 − z, situada acima do plano


xOy, e pela porção da superfı́cie esférica x2 + y 2 + z 2 = 4 situada abaixo desse
mesmo plano.

(d) S é a superfı́cie que limita o sólido Q definido por

Q = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 − (z − 6)2 ≤ 0, 0 ≤ z ≤ 6}.

15. Consideremos um objecto suficientemente fino para ser imaginado como sendo uma
região plana bidimensional. Dizemos que um tal objecto é uma lâmina. A massa total
M de uma lâmina que ocupa uma região R do plano xOy é dada por
Z Z
M= δ(x, y) dA,
R

onde δ(x, y) é a densidade da lâmina.


Calcule a massa total de:

(a) Uma lâmina triangular definida pelos vértices (0, 0), (0, 1) e (1, 0), com função
densidade δ(x, y) = xy;
(b) Uma lâmina limitada por y = sin(x), y = 0, x = 0 e x = π, com função densidade
δ(x, y) = y;
(c) Uma lâmina limitada pelo eixo das abcissas e a metade superior do circunferência
x2 + y 2 = 1, com função densidade δ(x, y) = x2 + y 2 .

16. O centro de gravidade, (x, y), de uma lâmina é dado por:


Z Z Z Z
x δ(x, y) dA y δ(x, y) dA
x= Z ZR , y= Z ZR .
δ(x, y) dA δ(x, y) dA
R R

Calcule os centros de gravidade das lâminas apresentadas no exercı́cio anterior.

66
2.8. Exercı́cios

Coordenadas cilı́ndricas e esféricas

17. Dados os seguintes pontos em coordenadas cartesianas, determine as suas coordenadas


cilı́ndricas:

(a) (4 3, 4, −4) (b) (−5, 5, 6) (c) (0, 2, 0)

18. Dados os seguintes pontos em coordenadas cilı́ndricas, determine as suas coordenadas


cartesianas:
(a) (4, π6 , 3) (b) (5, 0, 4) (c) (6, 5π
3
, 7)

19. Escreva em coordenadas cilı́ndricas, as seguintes equações cartesianas:


(a) z = 3 (b) y = 2 (c) x2 + y 2 = 4
(d) z 2 = x2 + y 2 (e) z = 3x2 + 3y 2 (f) x2 + y 2 − z 2 = 1

20. Esboce as superfı́cies dadas em coordenadas cilı́ndricas pelas seguintes equações:


π
(a) r = 3 (b) θ = 4
(c) z = r2
(d) z = r cos(θ) (e) r = 2sec(θ) (f) r2 + z 2 = 1

21. Esboce a região de IR3 determinada em coordenadas cilı́ndricas pelas seguintes desigual-
dades:

(a) r2 ≤ z ≤ 4 (b) 0 ≤ r ≤ 2 sin(θ), 0 ≤ z ≤ 3

22. Dados os seguintes pontos em coordenadas cartesianas, determine as suas coordenadas


esféricas:
√ √
(a) (1, 3, −2) (b) (4, 4, 4 6) (c) (2, 0, 0)

23. Dados os seguintes pontos em coordenadas esféricas, determine as suas coordenadas


cartesianas:
(a) (5, π6 , π4 ) (b) (1, π, 0) (c) (7, 0, π2 )

24. Escreva em coordenadas esféricas, as seguintes equações cartesianas:


(a) z = 3 (b) y = 2 (c) x2 + y 2 + z 2 = 1
(d) z 2 = x2 + y 2 (e) z = 3x2 + 3y 2 (f) x2 + y 2 − z 2 = 1

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2. Integrais Múltiplos

25. Esboce as superfı́cies dadas em coordenadas esféricas pelas seguintes equações:


π
(a) ρ = 3 (b) ϕ = 4
(c) ρ = 2sec(ϕ)
(d) ρ = 4 cos(ϕ) (e) ρ = 2 sin(ϕ) cos(θ) (f) ρ = 2 sin(ϕ) sin(θ)

26. Esboce a região de IR3 determinada em coordenadas esféricas pelas seguintes desigual-
dades:
(a) 1 ≤ ρ ≤ 3 (b) 0 ≤ ϕ ≤ π6 , 0 ≤ ρ ≤ 2

Integral triplo

27. Determine o valor dos seguintes integrais triplos.


ZZZ
(a) x2 + 5y 2 − z dV, em que S = {(x, y, z) ∈ IR3 : 0 ≤ x ≤ 2 ∧ −1 ≤ y ≤
S
1 ∧ 2 ≤ z ≤ 3}
ZZZ
(b) xyz dV, em que S = {(x, y, z) ∈ IR3 : x2 + y 2 + z 2 ≤ 1 ∧ x ≥ 0 ∧ y ≥
S
0 ∧ z ≥ 0}
ZZZ
1
(c) 2
dV, em que S = {(x, y, z) ∈ IR3 : x ≥ 0 ∧ y ≥ 0 ∧ z ≥
S (x + 1)
0 ∧ x + y + z ≤ 1}
ZZZ
(d) y dV, onde S é o sólido limitado pelos planos z = 0, z = y e pelo cilindro
S
parabólico y = 1 − x2 , com y ≥ 0.

28. Nas alı́neas seguintes, utilize integrais triplos para calcular o volume do sólido.

(a) Sólido contido no primeiro octante, limitado pelos planos coordenados e pelo plano
3x + 6y + 4z = 12.
(b) Sólido limitado pela superfı́cie y = x2 e pelos planos y + z = 4 e z = 0.

29. Faça um esboço do sólido cujo volume é dado pelo integral.


Z 1Z √1−x2Z y+1 Z 9Z y/3Z √y2 −9x2
(a) √
1 dz dy dx (b) 1 dz dx dy
−1 − 1−x2 0 0 0 0

30. Escreva um integral triplo, na forma iterada, que permita calcular o volume do elipsóide
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 = 1.
a2 b c
31. Utilize coordenadas cilı́ndricas para calcular o integral triplo da função:

(a) f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 na região S definida pelas desigualdades 0 ≤ r ≤ 4,


π
4
≤ θ ≤ 3π 4
e −1 ≤ z ≤ 1;

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2.8. Exercı́cios

(b) f (x, y, z) = sin (x2 + y 2 ), onde S é o cilindro de altura 4 com base dada pela
circunferência de raio 1 e centro (0, 0, −1), totalmente contida no plano z = −1.

32. Usando coordenadas cilı́ndricas, calcule:



Z 1Z 1−x2Z 2+x2 +y 2
(a) 1 dz dy dx
0 0 0
ZZZ
(b) x2 + y 2 dV , onde S é o sólido limitado pela superfı́cie x2 + y 2 = 2z e por
S
z = 2.
ZZZ p
(c) z x2 + y 2 + z 2 dV , onde S é o cilindro definido por x2 +y 2 ≤ 1 e 0 ≤ z ≤ 1.
S

33. Utilize coordenadas esféricas para calcular:

(a) o volume da esfera x2 + y 2 + z 2 = a2 , com a > 0.


p
(b) o volume do sólido definido pela condição x2 + y 2 ≤ z ≤ 1.
ZZZ
(c) dV, onde S representa o sólido limitado por duas esferas de centro na origem
S
e raio a e b, respectivamente, com 0 < a < b.

34. Utilize coordenadas cilı́ndricas ou esféricas para calcular:


Z 5Z √52 −x2Z 52 −x2 −y2 Z 1Z √1−x2Z √1−x2 −y2
2 2 2 3/2
(a) x2 dz dy dx (b) e−(x +y +z ) dz dy dx
0 0 0 −1 0 0

Z 2Z √4−y2Z √8−x2 −y2 Z 3Z √9−y2Z √9−x2 −y2 p


(c) √ z 2 dz dx dy (d) √ √ x2 + y 2 + z 2 dz dx dy
0 0 x2 +y 2 −3 − 9−y 2 − 9−x2 −y 2

35. Determine a massa e o centro de massa do sólido:


p
(a) limitado por z = a2 − x2 − y 2 e z = 0, sabendo que a sua densidade é proporci-
onal à distância à origem;
(b) localizado no primeiro octante, limitado pelo cilindro x2 + y 2 = a2 e pelo plano
z = a, sabendo que a densidade do sólido é δ(x, y, z) = xyz.

36. Seja S = {(ρ, θ, ϕ) : 0 ≤ θ ≤ π/2 ∧ 0 ≤ ϕ ≤ π/2 ∧ 1 ≤ ρ ≤ 2} um sólido de densidade


constante 1.

(a) Faça um esboço do sólido S no espaço cartesiano e calcule o seu volume.


(b) Determine a cota do centro de massa do sólido.

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