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Matemática II
Licenciatura em Bioengenharia
2022/2023
João R. Cardoso
Índice
2 Integrais Múltiplos 45
2.1 Definição de Integral Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Cálculo do Integral Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.3 Aplicações do Integral Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.4 Coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.5 Integrais duplos em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.6 Integral Triplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.6.1 Cálculo de Integrais Triplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.6.2 Aplicações do Integral Triplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.7 Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.7.1 Integrais Triplos em Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas . . . . . . . . 60
2.8 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
1
Índice
2
Capı́tulo 1
1.1 Cónicas
Por cónicas entendem-se as curvas definidas no plano através de uma equação do 2o
grau da forma
Ax2 + By 2 + Cxy + Dx + Ey + F = 0 ,
onde A ̸= 0 ou B ̸= 0
3
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
(x − x0 )2 (y − y0 )2
+ =1
a2 b2
(x − x0 )2 (y − y0 )2
− =1
a2 b2
Vértices:
V1 (x0 − a, y0 )
V2 (x0 + a, y0 )
Assı́mptotas:
b
y − y0 = ± (x − x0 )
a
1
consultar as tabelas de matemática
4
1.1. Cónicas
2o caso
(y − y0 )2 (x − x0 )2
− =1
b2 a2
Vértices:
V1 (x0 , y0 + b)
V2 (x0 , y0 − b)
Assı́mptotas:
b
y − y0 = ± (x − x0 )
a
(D) Parábola
1o caso
(x − x0 )2 = α(y − y0 )
2o caso
(y − y0 )2 = β(x − x0 )
5
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Para representar graficamente elipses, hipérboles e algumas parábolas usando uma fer-
ramenta gráfica (calculadora ou computador), poderá ser é necessário decompô-las em
duas partes, por forma a que cada parte corresponda ao gráfico de uma função y = f (x).
Por exemplo, a circunferência
x2 + y 2 = 1
Uma cónica importante cujos eixos de simetria não são paralelos aos eixos coordenados
k
é a hipérbole xy = k, ou seja, y = , com k ̸= 0
x
1.2 Quádricas
Definição. Seja C uma curva plana e L uma reta não contida no plano de C. A superfı́cie
gerada por uma linha paralela a L quando esta se move ao longo de C e paralelamente a L
designa-se por cilindro.
6
1.2. Quádricas
Exemplo 1
Seja L o eixo dos zz e C a circunferência
x2 + y 2 = a2 contida no plano xOy. Quando
uma reta paralela a L se move ao longo da
curva C, obtemos o cilindro circular:
x2 + y 2 = a2 (no espaço)
Exemplo 2
Suponhamos agora que L é o eixo dos yy e
C a parábola z = x2 contida no plano xOz.
À superfı́cie obtida pelo movimento de uma
linha paralela a L ao longo de C corresponde
o cilindro parabólico.
Exemplo 3
O cilindro elı́ptico obtém-se considerando C
como sendo uma elipse (no plano) e L como
um dos eixos perpendiculares a esse plano.
Exemplo 4
O cilindro hiperbólico obtém-se consi-
derando C como sendo uma hipérbole
(no plano) e L como um dos eixos co-
ordenados.
Definição 1.2.1 Designamos por quádrica uma superfı́cie em IR3 definida por uma equação
do segundo grau da forma
7
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
cilindro elı́ptico e cilindro hiperbólico) são exemplos de quádricas. Outros exemplos são
apresentados a seguir.
◦ Equações do tipo
Ax2 + By 2 + Cz 2 + Gx + Hy + Iz + J = 0
representam quádricas com planos de simetria paralelos aos planos coordenados
(xOy, xOz, yOz). Como exemplos, vejamos primeiramente as quádricas cuja equação
reduzida é da forma
x2 y 2 z 2
± 2 ± 2 ± 2 = 1.
a b c
Temos, por isso, os casos (A), (B) e (C) que a seguir se apresentam.
(Caso A)
x2 y 2 z 2
A equação + 2 + 2 =1
a2 b c
representa um elipsóide.
Exercı́cio 1.2.2
(Caso B)
x2 y 2 z 2
A equação + 2 − 2 =1
a2 b c
representa um hiperbolóide de uma folha.
◦ a intersecção com o eixo dos xx ocorre em ±a e com o eixo dos yy em ±b, não intersec-
tando o eixo dos zz.
8
1.2. Quádricas
◦ a intersecção com o plano coordenado xOy corresponde a uma elipse, ao passo que da
intersecção com o plano coordenado xOz (tal como yOz) resulta uma hipérbole.
(Caso C)
A equação
x2 y 2 z 2
− 2 − 2 + 2 =1
a b c
representa um hiperbolóide de duas folhas.
◦ a intersecção com o plano coordenado xOz (tal como yOz) corresponde a uma hipérbole.
◦ Se os dois sinais negativos estiverem noutras duas parcelas da equação precedente, então
haverá uma mudança correspondente no eixo da hiperbolóide.
(I)
O parabolóide elı́ptico,
x2 y 2
tem por equação z= + 2
a2 b
9
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
◦ Da sua intersecção com o plano xOz (bem como com o plano yOz) resulta uma parábola.
Å 2
y2
ã
x
◦ Uma equação da forma z = − 2 + 2 corresponde a um parabolóide elı́ptico com
a b
concavidade virada para baixo.
(II)
O parabolóide hiperbólico,
◦ Da sua intersecção com o plano xOz (bem como com o plano yOz) resulta uma parábola.
(III)
◦ A intersecção do cone elı́ptico (do tipo do anteriormente apresentado) com os planos que
não passam na origem pode ser uma elipse (ou, como caso particular desta, a circun-
ferência), uma parábola ou uma hipérbole. Ou seja, as intersecções são as conhecidas
cónicas.
10
1.2. Quádricas
(a) x2 − 4y 2 − 9z 2 = 25
(b) x2 − 4y 2 + z 2 = 1
11
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
(i) P0 (x0 , y0 ) diz-se ponto interior de R se existir um cı́rculo aberto centrado em P0 que
esteja contido em R. O conjunto de todos os pontos interiores de R designa-se por
interior de R.
(ii) P0 (x0 , y0 ) diz-se ponto fronteiro de R se todo o cı́rculo aberto centrado em P0 contiver
simultaneamente pontos de R e pontos que não pertencem a R. O conjunto de todos os
pontos fronteiros de R designa-se por fronteira de R.
(iii) Uma região diz-se aberta se coincidir com o seu interior (isto é, int(R) = R) e diz-se
fechada se contiver todos os seus pontos fronteiros (isto é, se fr(R) ⊂ R).
12
1.4. Funções de duas variáveis: domı́nios, gráficos e curvas de nı́vel
Figura 1.2: (a) Intervalo aberto em IR (extremos do intervalo não incluı́dos), (b) cı́rculo aberto
em IR2 (circunferência não incluı́da), (c) bola aberta em IR3 (não inclui a superfı́cie esférica).
As definições de interior, fronteira, aberto e fechado no espaço IR3 são análogas às de-
finições anteriores, desde que se substitua “cı́rculo aberto” por “bola aberta”.
Exercı́cio 1.3.2 Relativamente às regiões que a seguir se apresentam, determine o interior,
a fronteira e averigue se é aberta ou fechada.
f: D −→ IR
D ⊂ IR2
|{z} (x, y) 7−→ z = f (x, y)
↑ domı́nio de f
13
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Exemplos:
V = π r2 h = f (r, h) com r, h ⩾ 0
As variáveis de entrada são:
r: raio da base
h: altura
p
d(x, y) = x2 + y 2
Na figura seguinte, à esquerda, está o gráfico de uma função real de variável real; à direita, o
gráfico de uma função real de duas variáveis.
Definição 1.4.1
Sejam z = f (x, y), (x, y) ∈ D, c ∈ IR. Chama-se curva de nı́vel de f em c ao con-
junto (não vazio) de pontos (x, y) ∈ D tais que f (x, y) = c. Ou seja, uma curva de nı́vel é a
14
1.4. Funções de duas variáveis: domı́nios, gráficos e curvas de nı́vel
curva correspondente à projecção no plano xOy da linha que resulta da intersecção do plano
de equação z = c com o gráfico de f .
Figura 1.4
15
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Figura 1.5 Mapa com curvas de nı́vel duma região junto ao rio Mondego.
• É vulgar a utilização de curvas de nı́vel nos mapas topográficos, isto é, nos mapas em
que se pretende mostrar o relevo da superfı́cie terrestre (ver Figura 1.5). Nestes mapas, x
e y representam a longitude e a latitude e z representa a altitude (ou profundidade). Aqui
o gráfico da função z = f (x, y) pode ser visto como caracterizando o relevo da superfı́cie
terrestre. Para se obter uma boa ilusão tridimensional, é usual escolher valores de c que sejam
igualmente espaçados. Muito espaço entre as curvas de nı́vel significa que z está a variar de
forma lenta, enquanto que pouco espaço significa que a variação é rápida.
Também se podem usar as curvas de nı́vel para localizar num mapa os pontos que tenham
a mesma temperatura (curvas isotérmicas – ver Figura 1.6) ou pontos com a mesma pressão
atmosférica (curvas isobáricas).
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1.5. Funções de três ou mais variáveis: domı́nios e superfı́cies de nı́vel
Figura 1.6: Mapa de curvas isotérmicas, representando a temperatura média da água do mar
no mês de janeiro de um certo ano.
Exercı́cio 1.4.3 Determinar o domı́nio das seguintes funções e fazer a sua representação
geométrica.
√
(a) z = y−x
1
(b) z =
xy
Exercı́cio 1.4.4 Determinar duas curvas de nı́vel e o gráfico das seguintes funções:
p
(a) z = y − x2
(b) f (x, y) = 5 − x2 − y 2
17
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
• Os gráficos de funções de três variáveis são constituı́dos por pontos da forma (x, y, z, w) ∈ IR4 ,
onde w = f (x, y, z), e portanto não é possı́vel esboçá-los no espaço tridimensional. No entanto,
é possı́vel estudar o comportamento da função através da análise das chamadas superfı́cies de
nı́vel (ver um exemplo na Figura 1.7).
Definição 1.5.2
Chama-se superfı́cie de nı́vel de uma função f de três variáveis ao conjunto (não vazio)
dos pontos (x, y, z) ∈ IR3 para os quais f tem um valor constante c ∈ IR, i.e, f (x, y, z) = c.
(b) w = xy ln(z)
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1.6. Limites
p
Exercı́cio 1.5.4 Determinar duas superfı́cies de nı́vel da função w = x2 + y 2 + z 2 .
Função de n variáveis
f: D −→ IR
D ⊂ IRn
(x1 , x2 , . . . , xn ) 7−→ z = f (x1 , x2 , . . . , xn )
T = f (x, y, z, t)
1.6 Limites
Consideremos uma função f definida num domı́nio D ⊂ IR2 , isto é,
f : D ⊂ IR2 → IR
e sejam:
– P (x0 , y0 ) um ponto interior ou fronteiro de D
– L um número real
Definição 1.6.1
Diz-se que o limite de f (x, y) quando (x, y) tende para (x0 , y0 ) é L, e escreve-se
lim f (x, y) = L,
(x,y)→(x0 ,y0 )
se, para cada número ε > 0, existe um número correspondente δ > 0 tais que se (x, y) ∈
p
D ∧ (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ então |f (x, y) − L| < ε.
p
Note-se que |f (x, y) − L| é a distância entre f (x, y) e o número L e (x − x0 )2 + (y − y0 )2
é a distância entre os pontos (x, y) e (x0 , y0 ). Assim, O valor de |f (x, y) − L| é tão pequeno
p
quanto se queira desde que a distância (x − x0 )2 + (y − y0 )2 seja suficientemente pequena.
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1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Observação importante:
Na expressão do limite de uma função real de variável real, f (x), quando x tende para x0 , i.e,
lim f (x), x tende para x0 de duas formas distintas:
x→x0
Se z = f (x, y) tal não acontece pois P (x, y) pode tender para P0 (x0 , y0 ) de um número infinito
de maneiras. De facto, P pode tender para P0 ao longo de qualquer curva contida em D. A
figura que a seguir se apresenta ilustra o que se acaba de descrever.
Para existir o limite lim f (x, y), ele tem que ser o mesmo qualquer que seja a trajetória
(x,y)→(x0 ,y0 )
que se considere de (x, y) para (x0 , y0 ). No entanto, se f (x, y) → L1 quando (x, y) → (x0 , y0 )
ao longo da trajetória C1 e se f (x, y) → L2 quando (x, y) → (x0 , y0 ) ao longo da trajetória
C2 , onde L1 ̸= L2 , então lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )
Os limites de funções com duas variáveis têm as mesmas propriedades das funções com uma
só variável, no que diz respeito a somas, diferenças, produtos e quocientes.
20
1.6. Limites
Para mostrar que o limite não existe, podemos tentar encontrar duas trajetórias segundo
as quais o limite dê diferentes valores. As trajetórias seguintes usam-se com alguma
frequência:
– Limites iterados
Å ã Å ã
lim lim f (x, y) e lim lim f (x, y) .
x→x0 y→y0 y→y0 x→x0
Se estes limites são diferentes, conclui-se que o limite lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )
y − y0 = m(x − x0 ). A
AU
A (x , y )
0 0
Se o lim f (x, y0 + m(x − x0 )) depender de A
x→x0 AK
m (limite com uma só variável), isto significa que A
A
há pelo menos duas retas segundo as quais aquele A
A
limite dá valores diferentes. Logo, o limite com A
duas variáveis lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )
Para mostrar que lim f (x, y) existe, e assumindo que este não pode ser calculado
(x,y)→(x0 ,y0 )
diretamente, há a possibilidade de usar a definição de limite (Definição 1.6.1). No
entanto, excetuando os casos mais simples, a sua utilização é difı́cil e não é muito usada
do ponto de vista prático.
Para certas funções, pode-se usar o seguinte resultado para mostrar que o limite existe
e é igual a zero.
Teorema 1.6.2 Se num certo cı́rculo aberto D contendo (x0 , y0 ) existem funções f1 (x, y)
e f2 (x, y) tais que
lim f1 (x, y) = 0
(x,y)→(x0 ,y0 )
α ≤ f2 (x, y) ≤ β,
21
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
para todo o (x, y) ∈ D (isto é, f2 é uma função limitada em D), então f (x, y) =
f1 (x, y)f2 (x, y) verifica
lim f (x, y) = 0.
(x,y)→(x0 ,y0 )
xy
Exercı́cio 1.6.3 Mostrar que não existe lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y2
y 2 − x2 5x2 y
(a) lim (b) lim
(x,y)→(1,−1) 2xy + 2x2 (x,y)→(0,0) x2 + y 2
1.7 Continuidade
Definição 1.7.1
(a) (x0 , y0 ) ∈ D;
(b) lim f (x, y) existe;
(x,y)→(x0 ,y0 )
(ii) Se uma das condições anteriores não se verificar, diz-se que f é descontı́nua em (x0 , y0 ).
(iii) Diz-se que uma função é contı́nua se for contı́nua em todos os pontos do seu domı́nio.
Por função polinomial entende-se toda a função cuja expressão analı́tica se escreve
como uma soma finita de termos da forma Axn y m , onde A é real e m, n ∈ IN.
Uma função racional é o quociente entre duas funções polinomiais, isto é:
p(x, y)
r(x, y) =
q(x, y)
Exemplo 1.7.2
p(x, y) = 5x5 y 2 + 12xy 9 + x + 4y − 16 (função polinomial)
8x3 y 7 − 7x2 y 4 + xy − 2y
r(x, y) = (função racional)
1 − 3y 3 + 7x2 y 2 + 18yx7
Teorema 1.7.3
22
1.8. Derivadas Parciais
f : D ⊂ IR2 −→ IR
(x, y) 7→ z = f (x, y)
• Se fixarmos y = y0 , a função f passa a ser uma função com uma só variável independente,
x, isto é,
f (x, y0 ) = ϕ(x)
onde ϕ é uma função real de variável real.
• Se fixarmos x = x0 , a função f passa a ser uma função com uma só variável independente,
y:
f (x0 , y) = ψ(y)
23
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
ψ(y0 + h) − ψ(y0 )
ψ ′ (y0 ) = lim
h→0 h
f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
= lim (1.2)
h→0 h
∂f f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 )
(P0 ) = lim
∂x h→0 h
∂f f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
(P0 ) = lim
∂y h→0 h
∂f f (x1 , . . . , xj + h, . . . , xn ) − f (x1 , . . . , xn )
(x1 , . . . , xn ) = lim (1.3)
∂xj h→0 h
f (P0 + h ej ) − f (P0 )
= lim ,
h→0 h
se o limite existir, onde 1 ≤ j ≤ n e ej = (0, . . . , 1, . . . , 0) é o j-ésimo vetor da base canónica
∂f
de IRn . O domı́nio da função ∂xj
é o conjunto de valores, S, de x ∈ IRn onde o limite (1.3)
existe.
24
1.8. Derivadas Parciais
em ordem a x
→ a intersecção do plano y = y0 com a superfı́cie do gráfico origina uma curva C que passa
no ponto P = (x0 , y0 , f (x0 , y0 )). A reta tangente T1 à curva C no ponto P tem declive
∂f
(x0 , y0 ) = tg α ,
∂x
onde α é o ângulo que a reta faz com OX (ver figura abaixo)
em ordem a y
25
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
∂f
∂x
: S ⊂ IR2 −→ IR
(x, y) 7−→ ∂f
∂x
(x, y)
∂f
∂y
: S ⊂ IR2 −→ IR
(x, y) 7−→ ∂f
∂y
(x, y).
∂f ∂f
(P0 ) e (P0 )
∂x ∂y
usando:
(a) a definição
(b) as regras de derivação
∂z ∂z
e
∂x ∂y
• As derivadas parciais de funções com mais de duas variáveis definem-se de modo análogo ao
caso de duas variáveis (veja-se a definição 1.8.2). Tratam-se de derivadas em relação a uma
das variáveis, enquanto que as restantes são mantidas constantes.
w = x sin(y + 3z)
26
1.9. Derivada parcial de ordem superior
∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
= ≡ fxy ;
∂y∂x ∂y ∂x
∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
= ≡ fyx ;
∂x∂y ∂x ∂y
∂ 2f
Å ã
∂ ∂f
2
= ≡ fyy ;
∂y ∂y ∂y
Observação: É usual designar as derivadas parciais fxy e fyx por derivadas mistas.
Exercı́cio 1.9.2 Seja f (x, y) = x3 y 2 −xy 5 . Calcular as quatro derivadas parciais de 2a ordem.
• No exercı́cio anterior é fácil verificar que as duas derivadas mistas (fxy e fyx ) coincidem.
O teorema seguinte indica as condições necesárias que devem ser satisfeitas para que esta
igualdade se verifique.
Teorema 1.9.3 (Teorema de Schwarz) Seja f uma função definida num cı́rculo aberto D
contendo o ponto (x0 , y0 ). Se as funções fxy e fyx são ambas contı́nuas em D, então
27
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
1.10 Diferenciabilidade
Definição 1.10.1
Uma função f de duas variáveis diz-se diferenciável em (x0 , y0 ) se fx (x0 , y0 ) e fy (x0 , y0 )
existirem e for possı́vel escrever o incremento ∆f na forma
28
1.11. Derivadas Direcionais e Gradiente
Notas:
O teorema anterior também pode ser enunciado na seguinte forma: “se uma função f
não é contı́nua em (x0 , y0 ) então f não é diferenciável em (x0 , y0 ).
u) − f (P0 )
f (P0 + hb
fub (P0 ) = lim ,
h→0 h
desde que o limite exista e seja finito.
fub (P0 ) = tg α,
29
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
onde α é o ângulo que a reta T , tangente à curva C no ponto P faz com o vetor unitário
u
b = (a, b). A derivada direcional mede a variação (crescimento ou decrescimento) da função
f na direção de u
b.
Figura 1.8
• A derivada direcional pode ser vista como uma generalização das derivadas parciais, pois:
∂f ∂f
∇f (P0 ) = (P0 ) bi + (P0 ) b
j
∂x ∂y
Teorema 1.11.3
Se f (x, y) for diferenciável em P0 (x0 , y0 ), então
30
1.11. Derivadas Direcionais e Gradiente
onde u
b é unitário.
Nota. O cálculo da derivada direcional envolve sempre um vetor unitário. Quando o vetor
dado ⃗u não for unitário, é necessário calcular o seu versor:
1
u
b= ⃗u.
∥⃗u∥
(a) a definição;
(b) o gradiente.
• Das igualdades
31
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
(ii) A função f decresce mais rapidamente na direção e sentido contrário ao seu gradiente
(−∇f ). Nessa direção a derivada atinge o seu valor mı́nimo, que é dado por
π
(iii) Qualquer direção u
b ortogonal ao gradiente é uma direção de variação nula, porque θ = 2
e portanto
π
fub (P0 ) = ||∇f (P0 )|| cos = 0.
2
(a) Determine as direções nas quais f cresce e decresce mais rapidamente e nas quais não
há variação, no ponto P . Determine as derivadas nessas direções.
(b) Sendo ⃗u um certo vetor, indique o menor valor possı́vel de b e o maior valor possı́vel de
a tais que a ≤ f⃗u (P ) ≤ b.
32
1.11. Derivadas Direcionais e Gradiente
Figura 1.9
33
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Funções de 3 variáveis
fub = ∇f · u
b = ||∇f || ||b
u|| cos θ,
Definição 1.12.1
Uma região plana R diz-se limitada se existir um cı́rculo aberto que contenha essa região.
34
1.12. Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis
m = f (P0 ) ≤ f (P ) ≤ f (P1 ) = M, ∀ P ∈ R
(i) Diz-se que f tem um máximo local (ou relativo) em P0 se existir uma vizinhança V1 de
P0 tal que
f (P ) ≤ f (P0 ), ∀ P ∈ V1 ;
(ii) Diz-se que f tem um mı́nimo local (ou relativo) em P0 se existir uma vizinhança V2 de
P0 tal que
f (P ) ≥ f (P0 ), ∀ P ∈ V2
(iii) Se f tem um máximo local ou mı́nimo local em P0 , diz-se que P0 é um ponto extremo
de f .
∇f (P0 ) = ⃗0,
35
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Demonstração. Vamos começar por definir a seguinte função com uma só variável:
h(x) = f (x, y0 ).
Como P0 (x0 , y0 ) é um ponto extremo de f , isto significa que P0 é um máximo ou mı́nimo local
de f . Sendo assim,
f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y), ∀(x, y) ∈ V1
ou
f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y), ∀(x, y) ∈ V2 ,
f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y0 )
| {z } | {z }
h(x0 ) h(x)
ou
f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y0 ),
| {z } | {z }
h(x0 ) h(x)
∂f
h′ (x0 ) = 0 ⇒ (x0 , y0 ) = 0.
∂x
∂f
Do mesmo modo, definindo g(y) = f (x0 , y), poder-se-á concluir que ∂y
(x0 , y0 ) = 0, ficando
concluı́da a demonstração.
36
1.12. Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis
(i) Se D(P0 ) > 0 e fxx (P0 ) > 0 então f tem um mı́nimo local em P0 ;
(ii) Se D(P0 ) > 0 e fxx (P0 ) < 0 então f tem um máximo local em P0 ;
Exercı́cio 1.12.8 Determinar os pontos crı́ticos das seguintes funções e averiguar se são
extremos ou pontos de sela.
(a) f (x, y) = −x2 − y 2 + 2x + 4y + 5
(b) f (x, y) = 2x3 − 24xy + 16y 3
Nota: Apesar do teste das derivadas de segunda ordem ser bastante importante na deter-
minação dos extremos de funções de duas variáveis, convém notar que ele é inconclusivo se
D(x0 , y0 ) = 0 e também não se aplica a pontos onde as derivadas fx e fy não existem.
p
Exercı́cio 1.12.9 Determinar os pontos crı́ticos da função f (x, y) = x2 + y 2 e averiguar
se é um extremos de f . A que superfı́cie corresponde o gráfico de f ?
37
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Teorema 1.12.10
Suponhamos que f (x, y) e g(x, y) têm derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas num
conjunto aberto contendo a curva C definida por g(x, y) = 0 e que ∇g ̸= ⃗0 em cada ponto de C.
Se f tiver um extremo condicionado em C então esse extremo ocorre num ponto (x0 , y0 ) ∈ C
onde os vetores ∇f (x0 , y0 ) e ∇g(x0 , y0 ) são paralelos, i.e, existe um número λ, chamado
multiplicador de Lagrange, tal que
∇f (x0 , y0 ) = λ∇g(x0 , y0 ).
Para funções de três variáveis, pode ser estabelecido um teorema análogo ao anterior. Neste
caso, os extremos condicionados de f (x, y, z) ocorrem em pontos (x0 , y0 , z0 ) da superfı́cie
g(x, y, z) = 0, onde os gradientes são paralelos, i.e,
∇f (x0 , y0 , z0 ) = λ∇g(x0 , y0 , z0 ).
∇f (x, y, z) = λ∇g(x, y, z)
g(x, y, z) = 0
2. Calcular o valor de f nos pontos (x, y, z) obtidos em (a). O maior destes valores é o
máximo de f e o menor é o mı́nimo.
Exercı́cio 1.12.11
(b) Quais as dimensões que uma caixa retangular, aberta em cima, de volume 960cm3 ,
deverá ter por forma a que seja usado o mı́nimo de material possı́vel no seu fabrico?
38
1.13. Exercı́cios
1.13 Exercı́cios
Cónicas
1. Identifique o conjunto de pontos de IR2 que verifica cada equação. Se possı́vel, faça a
sua representação geométrica.
√ √
(a) x2 + y 2 − 5 = 0 (b) y = 4 − 2x2 (c) y = 4 + 2x2
(d) x2 + y 2 − 2x + y − 3 = 0 (e) 2x2 + 2y 2 + 4x − 8y − 8 = 0 (f) x2 − y 2 + 4 = 0
√
(g) x2 − y 2 − 4 = 0 (h) y = x (i) y = x2 + 2x − 3
Superfı́cies quádricas
3. Para cada uma das regiões determine o interior, a fronteira e averigue se é aberta ou
fechada.
4. Para cada uma das funções, determine o seu domı́nio e represente-o geometricamente.
√
y y
(a) f (x, y) = (b) f (x, y) = 2 (c) f (x, y) = 4x2 + 9y 2
x x
√ 1 p
(d) f (x, y) = y − x (e) f (x, y) = p (f) f (x, y) = 9 − x2 − y 2
16 − x2 − y 2
(i) f (x, y) = arctan xy
(g) f (x, y) = ln(x2 − y 2 ) (h) f (x, y) = arcsin(y − x)
39
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Limites e Continuidade
7. Calcule os limites:
x2 − 2xy + y 2 cos(y) + 1 x2 − 4y 2
(a) lim (b) lim (c) lim
(x,y)→(1,1) x−y (x,y)→(π/2,0) y − sin(x) (x,y)→(2,1) x − 2y
Derivadas parciais
11. Calcule por definição as derivadas parciais de primeira ordem das funções seguintes:
x−y
(a) f (x, y) = x + 2y (b) f (x, y) = x2 y 3 (c) f (x, y) =
x+y
12. Determine as derivadas parciais de primeira ordem das funções seguintes:
(a) f (x, y) = 2xy − 4y (b) f (x, y) = cos (xy) (c) f (x, y) = e3x−y cos (xy)
x3 y 2 y2 √
xy
(d) f (x, y, z) = (e) f (x, y) = (f) f (x, y) = x e
z x+1
(g) f (x, y) = x2 ln (1 + x2 + y 2 ) (h) f (x, y) = xy (i) f (x, y) = arctg(x2 + y 2 )
2xy
se (x, y) ̸= (0, 0)
13. Mostre que f (x, y) = + y2 x2 possui derivadas parciais no ponto
0 se (x, y) = (0, 0)
(0, 0), embora seja descontı́nua nesse ponto.
40
1.13. Exercı́cios
∂f ∂f
determine as expressões de e .
∂x ∂y
16. O volume de um cone circular recto de raio r e altura h é V = 31 πr2 h. Mostre que se a
altura permanecer constante e o raio variar, então o volume satisfaz
∂V 2V
= .
∂r r
17. Uma função f (x, y) diz-se harmónica se verificar a equação seguinte, dita Equação de
Laplace,
∂ 2f ∂ 2f
+ = 0.
∂x2 ∂y 2
Prove que as seguintes funções são harmónicas:
(a) f (x, y) = ln (x2 + y 2 ) (b) f (x, y) = ex sin(y) + ey cos(x)
18. A Equação do calor que modela a condução térmica num sólido homogéneo e isotrópico
tem a forma:
2
∂u 2∂ u
=c ,
∂t ∂x2
onde c é uma constante positiva.
Verifique se a função u(x, t) = e−t cos( xc ) satisfaz a equação do calor.
19. Quando dois resistors de resistências R1 ohms e R2 ohms são ligados em paralelo, a sua
resistência combinada R em ohms é R = RR11+R
R2
2
. Mostre que
∂ 2R ∂ 2R 4R2
= .
∂R12 ∂R22 (R1 + R2 )4
41
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
Diferenciabilidade
tem derivadas parciais na origem, mas não é contı́nua nesse ponto. Que conclusão pode
tirar acerca da diferenciabilidade de f em (0, 0)?
22. Determine as direções nas quais as funções crescem e decrescem mais rapidamente e nas
quais não há variação no ponto P . Determine as derivadas nessas direções.
(a) f (x, y) = x2 + xy + y 2 , P (−1, 1) (b) f (x, y) = x2 y + exy sin y, P (1, 0)
(c) f (x, y, z) = xey + z 2 , P (1, ln 2, 1/2) (d) f (x, y, z) = ln(xy) + ln(yz) + ln(xz), P (1, 1, 1)
2 −3y 2 −9z 2
23. A temperatura num ponto do espaço é dada por T (x, y, z) = 200e−x .
24. Será que existe uma direção ⃗u na qual a taxa de variação de f (x, y) = x2 − 3xy + 4y 2
em P (1, 2) é igual a 14? Justifique.
25. Será que existe uma direção ⃗u na qual a taxa de variação da temperatura T (x, y, z) =
2xy − yz no ponto P (1, −1, 1) é igual a −3? Justifique.
26. A derivada de f (x, y, z) num ponto P é maior na direção de ⃗v = ⃗i +⃗j − ⃗k. Nessa direção,
√
o valor da derivada é 2 3. Determine:
(a) ∇f (P );
(b) a derivada de f em P na direção de ⃗i + ⃗j.
42
1.13. Exercı́cios
27. Faça um esboço da curva de nı́vel f (x, y) = c que passa no ponto P e do gradiente de f
nesse ponto.
28. Para cada uma das funções, determine os extremos locais e os pontos sela.
(a) f (x, y) = x2 + xy + y 2 + 3x − 3y + 4 (b) f (x, y) = x3 + 3xy + y 3
y3 1 1
(c) f (x, y) = 9x3 + − 4xy (d) f (x, y) = + xy +
3 x y
(e) f (x, y) = 3x4 + 2y 4 5
(f) f (x, y) = x + 2y 5
30. Um fabricante de produtos eletrónicos determina que o lucro em euros, obtido pela
produção de x unidades de um leitor de DVD e y unidades de um gravador de DVD, é
dado pela expressão
Calcule o lucro máximo, sabendo que a fábrica tem capacidade para produzir o número
de unidades x e y necessárias.
2
31. Para cada uma das funções, o discriminante D = fxx fyy − fxy é zero na origem, de modo
que o teste das derivadas de segunda ordem é inconclusivo. Averigue se as funções têm
extremo na origem.
(a) f (x, y) = x2 y 2 (b) f (x, y) = 1 − x2 y 2 (c) f (x, y) = xy 2
43
1. Funções de várias variáveis e suas derivadas
(d) Determine as dimensões de uma lata cilı́ndrica circular reta fechada, de volume
16π cm3 , de forma que a área da sua superfı́cie seja mı́nima.
33. Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para calcular os extremos absolutos
da função f (x, y) = x2 + y 2 sobre a hipérbole xy = 1.
34. A temperatura em cada ponto (x, y) de uma chapa metálica plana é dada por T (x, y) =
4x2 − 4xy + 4y 2 . Quais são as temperaturas máxima e mı́nima que podemos encontrar
nos pontos da chapa situados sobre a circunferência de raio 5 centrada na origem?
35. Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para calcular o mı́nimo da função
f (x, y) = x2 + y 2 − 49 sobre a reta y + 2x = 5.
44
Capı́tulo 2
Integrais Múltiplos
Problema:
Dada uma região Ω do plano xOy, limitada, determinar o volume, V , do sólido formado por
todos os pontos compreendidos entre a região Ω e a superfı́cie z = f (x, y), onde f é contı́nua
e não negativa em Ω.
45
2. Integrais Múltiplos
Mas, se o processo anterior for repetido para um número de subdivisões de Ω de forma que o
comprimento e a largura dos sub-rectângulos das bases se aproximem de zero, podemos afirmar
que os dois tipos de erro anteriormente referidos tenderão para zero. Assim, o volume exacto
é n
X
V = lim f (x⋆k , yk⋆ )∆Ak .
n→+∞
k=1
Definição 2.1.1
Chama-se integral duplo de f (x, y) sobre a região Ω ao número
Z Z Xn
f (x, y) dA = lim f (x⋆k , yk⋆ )∆Ak .
Ω n→+∞
k=1
46
2.2. Cálculo do Integral Duplo
Z Z Z Z Z Z
2. [ f (x, y) ± g(x, y)] dA = f (x, y) dA ± g(x, y) dA.
Ω Ω Ω
47
2. Integrais Múltiplos
Definição 2.2.1
Chamam-se integrais iterados aos seguintes integrais
Z dZ b Z d ñZ b
ô
f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy;
c a c a
Z bZ d Z b ñZ d
ô
f (x, y) dy dx = f (x, y) dy dx.
a c a c
Z Z Z d Z b
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
R c a
Z bZ d
= f (x, y) dy dx
a c
Exercı́cio 2.2.4
RR 2
(a) Calcular Ω
y x dA sobre o rectângulo
Ω = {(x, y) ∈ R2 : −3 ⩽ x ⩽ 2 , 0 ⩽ y ⩽ 1}
(b) Usando integrais duplos, determinar o volume do sólido limitado superiormente pelo
plano z = 4 − x − y e inferiormente pelo rectângulo
0 ⩽ x ⩽ 1 , 0 ⩽ y ⩽ 2.
48
2.2. Cálculo do Integral Duplo
• Se Ω é do tipo II então
Z Z Z d Z h2 (y)
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
Ω c h1 (y)
Observação:
Para melhor calcular o integral duplo deve primeiro esboçar a região Ω.
Exercı́cio 2.2.6
(a) Determinar o volume do sólido limitado superiormente pela superfı́cie z = x2 + y 2 e
√
inferiormente pela região Ω = {(x, y) ∈ IR2 : 0 ≤ x ≤ 1, x2 ≤ y ≤ x}.
Z Z
(b) Calcular (2x − y 2 ) dA sobre a região triangular limitada pelas curvas y = −x + 1,
Ω
y = x + 1 e y = 3.
49
2. Integrais Múltiplos
Problema: Seja f (x, y) uma função definida numa região fechada Ω do plano XOY . Pretende-
se determinar a área da porção da superfı́cie z = f (x, y) cuja projecção no plano XOY é a
região Ω.
Exercı́cio 2.3.2
(b) Mostre que o cálculo da área de uma região plana Ω, através de integrais duplos, pode
ser efectuado através da fórmula
Z Z
Área de Ω = dA.
Ω
50
2.4. Coordenadas polares
⋄ Massa de uma lâmina Considere-se uma lâmina com função densidade δ(x, y), contı́nua,
ocupando uma região R no plano XOY . Então a sua massa total é
Z Z
M= δ(x, y) dA.
R
– um ponto O (polo)
– uma semirecta emergente de O (eixo polar) P •"
"
"
"
"
"
"
"
θ
A posição do ponto P fica definida pelo par (r, θ) onde O" -x
– r corresponde à distância de O a P
– θ corresponde ao ângulo formado pela semirecta OP e o eixo polar
51
2. Integrais Múltiplos
r = f (θ)
onde f é uma função de θ positiva (f (θ) > 0), representa uma curva.
Exercı́cio 2.4.1
π
(a) Dado o ponto P 3, em coordenadas polares, representá-lo em coordenadas cartesia-
6
nas.
√
(b) Dado o ponto P (3, 3) em coordenadas cartesianas, determinar as suas coordenadas
polares.
α ≤ β e β − α ≤ 2π , 0 ≤ r1 (θ) ≤ r2 (θ)
52
2.5. Integrais duplos em Coordenadas Polares
• O cálculo de integrais duplos em coordenadas cartesianas pode, por vezes, tornar-se difı́cil
(veja-se, por exemplo, o exercı́cio 2.3.2). Muitos destes integrais podem tornar-se mais simples
se usarmos coordenadas polares.
(ver resolução do exercı́cio 2.3.2). Calcule o seu valor usando coordenadas polares.
53
2. Integrais Múltiplos
• Seja G uma região limitada e fechada no espaço e seja f (x, y, z) uma função contı́nua em
G. Dividindo G em vários paralelipı́pedos pequenos, com lados paralelos aos planos coorde-
nados, e numerando os que estão dentro de G de 1 a n considere ∆Vk o volume do k - ésimo
paralelipı́pedo e (x⋆k , yk⋆ , zk⋆ ) um ponto do seu interior. Se considerarmos a soma
n
X
Sn = f (x⋆k , yk⋆ , zk⋆ )∆Vk
k=1
então Z Z Z
lim Sn = f (x, y, z) dV
n→+∞ G
n
X n
X
Sn = 1 ∆Vk = ∆Vk ,
k=1 k=1
logo
Z Z Z
lim = dV = volume de G.
n→Sn G
Assim, o cálculo do volume de um sólido através de integrais triplos pode ser efectuado através
da fórmula Z Z Z
Volume de G = dV.
G
54
2.6. Integral Triplo
• O caso mais simples é aquele em que G é um paralelipı́pedo com faces paralelas aos planos
coordenados, ou seja,
G = {(x, y, z) ∈ IR3 : a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, e ≤ z ≤ f }.
Suponhamos agora que G é uma região do espaço, fechada e limitada, tal que qualquer recta
paralela ao eixo dos ZZ que passe por um ponto interior não intersecte a fronteira em mais
de dois pontos. Designando por z = h2 (x, y) a superfı́cie fronteira superior, z = h1 (x, y) a
superfı́cie fronteira inferior e Ω a região do plano XOY em que G se projecta, teremos
Z Z Z Z Z ñZ h2 (x,y) ô
f (x, y, z) dV = f (x, y, z)dz dA.
G Ω h1 (x,y)
• Para certas regiões, pode ser preferı́vel calcular integrais triplos em ordem a x ou a y, em
primeiro lugar. Por exemplo, se o sólido G é limitado à esquerda por y = h1 (x, z) e à direita
por y = h2 (x, z) então
Z Z Z Z Z ñZ h2 (x,z) ô
f (x, y, z) dV = f (x, y, z) dy dA,
G Ω h1 (x,z)
55
2. Integrais Múltiplos
56
2.7. Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas
Seja G um sólido tridimensional e δ(x, y, z) a função densidade de G, que se supõe ser contı́nua.
⋄ Volume de G
Z Z Z
VG = dV.
G
⋄ Massa de G
Z Z Z
M= δ(x, y, z) dV.
G
⋄ Centro de gravidade de G
Z Z Z
1
•x= = x δ(x, y, z) dV
M G
Z Z Z
1
ponto (x, y, z) onde •y= = y δ(x, y, z) dV
M G
Z Z Z
1
•z= = z δ(x, y, z) dV
M G
P (r, θ, z)
onde
57
2. Integrais Múltiplos
x = r cos θ
y = r sin θ
z=z
P = (ρ, θ, ϕ)
onde
58
2.7. Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas
x = ρ sin ϕ cos θ
y = ρ sin ϕ sin θ
z = ρ cos ϕ
(a) ρ = c, (c > 0)
(b) θ = c, (0 ⩽ c ⩽ 2π)
(c) ϕ = c, (0 ⩽ c ⩽ π)
(d) ρ1 ⩽ ρ ⩽ ρ2 , θ1 ⩽ θ ⩽ θ2 , ϕ1 ⩽ ϕ ⩽ ϕ2
59
2. Integrais Múltiplos
As coordenadas cilı́ndricas são da forma (r, θ, z), onde r > 0 e θ ∈ [0, 2π[;
Algumas superfı́cies tridimensionais que têm equação simples em coordenadas cilı́ndricas são:
60
2.7. Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas
Teorema 2.7.3
Seja G uma região do espaço cuja representação em coordenadas cilı́ndricas é feita através
das seguintes desigualdades
θ1 ≤ θ ≤ θ2 (θ2 − θ1 ≤ 2π)
0 ≤ g1 (θ) ≤ r ≤ g2 (θ)
h1 (r, θ) ≤ z ≤ h2 (r, θ),
com g1 , g2 , h1 , h2 funções com derivada de 1a ordem contı́nua. Se f (x, y, z) é contı́nua em G
então
Z Z Z Z θ2 Z g2 (θ) Z h2 (r,θ)
f (x, y, z) dV = f (r cos θ, r sin θ, z) r dz dr dθ
G θ1 g1 (θ) h1 (r,θ)
As coordenadas esféricas de um ponto são (ρ, θ, ϕ), onde ρ > 0, θ ∈ [0, 2π[ e ϕ ∈ [0, π].
Algumas superfı́cies do espaço que têm equação simples em coordenadas esféricas são:
Teorema 2.7.4
Seja G uma região do espaço cuja representação em coordenadas esféricas é feita através
das seguintes desigualdades
θ1 ≤ θ ≤ θ2 (θ2 − θ1 ≤ 2π)
0 ≤ g1 (θ) ≤ ϕ ≤ g2 (θ) ≤ π
h1 (θ, ϕ) ≤ ρ ≤ h2 (θ, ϕ),
com g1 , g2 , h1 , h2 funções com derivada de 1a ordem contı́nua. Se f (x, y, z) é contı́nua em G
então
Z Z Z
f (x, y, z) dV =
G
Z θ2 Z g2 (θ) Z h2 (θ,ϕ)
= f (ρ sin ϕ cos θ, ρ sin ϕ sin θ, ρ cos ϕ) ρ2 sin ϕ dρdϕdθ
θ1 g1 (θ) h1 (θ,ϕ)
61
2. Integrais Múltiplos
(b) Indique um integral triplo que lhe permita calcular o volume de S, em coordenadas
esféricas.
(b) Indique um integral triplo em coordenadas cilı́ndricas que lhe permita calcular I.
62
2.8. Exercı́cios
2.8 Exercı́cios
Integrais Duplos em Coordenadas Cartesianas
Z Z
1. Calcule f (x, y) dA, sendo:
D
63
2. Integrais Múltiplos
Coordenadas Polares
8. Usando um software gráfico, esboce as seguintes curvas dadas pelas equações polares:
(a) r = 3(1 − sin(θ)) (b) r = θ, θ ≥ 0 (c) r = cos(2θ)
1
(d) sin(θ) = 1 (e) r = θ
(f) r = eθ , θ ≥ 0
64
2.8. Exercı́cios
ZZ
(d) 2y dA, onde D = {(x, y) ∈ R2 : (x − 1)2 + y 2 ≤ 1, y ≥ x};
D
√
ZZ
(e) π dA, onde D = {(x, y) ∈ R2 : y ≥ 3 x, x2 + y 2 − 2x ≥ 0, x2 + y 2 ≤ 4}.
D
12. Determine, usando integrais duplos, as áreas das regiões planas definidas por:
(a) y = 2, y = x2 ;
(b) x = y − 1, x = y + 1, x = −y + 1, x = −y − 1;
(c) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ z ≤ 2 − x2 − y 2 };
65
2. Integrais Múltiplos
R = {(x, y) : 0 ≤ x ≤ 2, −3 ≤ y ≤ 3}.
15. Consideremos um objecto suficientemente fino para ser imaginado como sendo uma
região plana bidimensional. Dizemos que um tal objecto é uma lâmina. A massa total
M de uma lâmina que ocupa uma região R do plano xOy é dada por
Z Z
M= δ(x, y) dA,
R
(a) Uma lâmina triangular definida pelos vértices (0, 0), (0, 1) e (1, 0), com função
densidade δ(x, y) = xy;
(b) Uma lâmina limitada por y = sin(x), y = 0, x = 0 e x = π, com função densidade
δ(x, y) = y;
(c) Uma lâmina limitada pelo eixo das abcissas e a metade superior do circunferência
x2 + y 2 = 1, com função densidade δ(x, y) = x2 + y 2 .
66
2.8. Exercı́cios
21. Esboce a região de IR3 determinada em coordenadas cilı́ndricas pelas seguintes desigual-
dades:
67
2. Integrais Múltiplos
26. Esboce a região de IR3 determinada em coordenadas esféricas pelas seguintes desigual-
dades:
(a) 1 ≤ ρ ≤ 3 (b) 0 ≤ ϕ ≤ π6 , 0 ≤ ρ ≤ 2
Integral triplo
28. Nas alı́neas seguintes, utilize integrais triplos para calcular o volume do sólido.
(a) Sólido contido no primeiro octante, limitado pelos planos coordenados e pelo plano
3x + 6y + 4z = 12.
(b) Sólido limitado pela superfı́cie y = x2 e pelos planos y + z = 4 e z = 0.
30. Escreva um integral triplo, na forma iterada, que permita calcular o volume do elipsóide
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 = 1.
a2 b c
31. Utilize coordenadas cilı́ndricas para calcular o integral triplo da função:
68
2.8. Exercı́cios
(b) f (x, y, z) = sin (x2 + y 2 ), onde S é o cilindro de altura 4 com base dada pela
circunferência de raio 1 e centro (0, 0, −1), totalmente contida no plano z = −1.
69