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iii
SUMÁRIO i
6 Aplicações xxxv
6.1 Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxv
6.2 Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis . . . . . . . . . . . . . xxxvi
6.2.1 Alguns conceitos importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxvi
6.2.2 Condições necessárias e suficiente para que um ponto interior ao
domı́nio de f seja um ponto extremo de f . . . . . . . . . . . . . . xxxviii
6.2.3 Pontos extremos na fronteira de um conjunto: Teorema de Weierstrass xl
ii
Capı́tulo 1
Revisão: os Espaços Rn
Definição 1.1 Sejam (x, y) e (s, t) dois elementos quaisquer do R2 e λ um número real
qualquer. Definimos:
iii
iv CAPÍTULO 1. REVISÃO: OS ESPAÇOS Rn
Definição 1.2 O produto escalar dos vetores (a1 , b1 ) e (a2 , b2 ) é o número real dado por
(a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = a1 a2 + b1 b2 .
Por exemplo, o produto escalar dos vetores (2, −1) e (−1, 3) é dado por
⃗ = OP
OA ⃗ + ⃗u = (x, y) + (a1 , b1 ) = (x + a1 , y + b1 )
e
⃗ = OP
OB ⃗ + ⃗v = (x, y) + (a2 , b2 ) = (x + a2 , y + b2 ).
Logo, A = (x + a1 , y + b1 ) e B = (x + a2 , y + b2 ).
Aplicando a Lei dos Cossenos ao triângulo AP B segue,
¯ 2 = AP
AB ¯ 2 + P¯B 2 − 2AP
¯ · P¯Bcos(θ).
q
¯ = ¯ a21 + b21 e P¯B =
p
Além disso, como AB 2 2
(a2 − a1 ) + (b2 − b1 ) , AP =
q
a22 + b22 , temos que
a1 a2 + b 1 b 2
cos(θ) = p 2 p . (1.1)
a1 + b21 a22 + b22
Portanto os vetores ⃗u e ⃗v serão perpendiculares se, e somente se, o produto escalar
entre eles for nulo.
Definição 1.3 Dizemos que os vetores (a1 , b1 ) e (a2 , b2 ) são perpendiculares ou ortogo-
nais se (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = 0.
2. ||λu|| = λ||u||
A definição de norma dada é para o caso geral em Rn . Num espaço vetorial com produto
√
interno temos que ||u|| = u · u.
vi CAPÍTULO 1. REVISÃO: OS ESPAÇOS Rn
p
Exemplo 1.3 Para o caso R2 , temos que a função dada por ||(x, y)|| = x2 + y 2 é uma
norma. Denominada norma do vetor (x, y). Para verificar isso, basta mostrar que os
três itens vistos em 1.4 são satisfeitos.
Definição 1.5 Sejam (x0 , y0 ) um ponto do R2 e r > 0 um número real. O conjunto dado
por
{(x, y) ∈ R2 ; ||(x, y) − (x0 , y0 )|| < r},
Observemos que ||(x, y) − (x0 , y0 )|| < r se, e somente se, (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < r.
No plano, a bola aberta de centro (x0 , y0 ) e raio r é o conjunto de todos os pontos
internos ao cı́rculo de centro (x0 , y0 ) e raio r.
Definição 1.6 Seja A um subconjunto não vazio de R2 e r > 0. Dizemos que (x0 , y0 ) ∈ A
é um ponto interior de A se existir uma bola aberta de centro (x0 , y0 ) contida em A.
Definição 1.7 Seja A um conjunto aberto não vazio de R2 . Dizemos que A é um con-
junto aberto se todo ponto de A for ponto interior.
1.3. CONJUNTO ABERTO E PONTO DE ACUMULAÇÃO vii
O principal objetivo da disciplina Cálculo III é estudar curvas, as quais são funções
vetoriais de uma variável real a valores em Rn . A princı́pio estudaremos as funções
vetoriais de uma variável real a valores em R2 e, em seguida, estudaremos funções vetoriais
de uma variável real a valores em R3 . Vamos aprender a operar com tais funções, calcular
o seu limite e sua derivada.
ix
xCAPÍTULO 2. FUNÇÃO DE UMA VARIÁVEL REAL A VALORES EM Rn (CURVAS)
Exemplo 2.3 Seja F (t) = (cost, sent), com t ∈ [0, 2π]. Desenhe a imagem de F .
Exemplo 2.4 Seja F (t) = (e−t cost, e−t sent), com t ≥ 0. Desenhe a imagem de F .
Exemplo 2.5 Desenhe a imagem da função F dada por F (t) = (t, t, t), t ≥ 0.
Exemplo 2.6 Desenhe a imagem da função F dada por F (t) = (cost, sent, 1), t ≥ 0.
Exemplo 2.7 Desenhe a imagem de F (t) = (cost, sent, bt), onde b > 0 é um número
real fixo.
Em exemplos práticos do dia a dia surgem funções de uma variável real a valores
em Rn , com n > 3. No entanto, nestes casos perdemos a visão geométrica.
Exemplo 2.8 A função dada por F (t) = (t, t2 , 1, t2 ), onde t ∈ R, é uma função real a
valores em R4 .
Exemplo 2.9 A função dada por F (t) = (cost, sent, t2 , t, t3 ), com t ∈ R, é uma função
real a valores em R5 .
Tais funções são chamadas funções componentes de F. Para simplificar a notação, usa-
remos F = (F1 , F2 , · · · , Fn ).
2.3. OPERAÇÕES COM FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL REAL A VALORES EM Rn xi
Exemplo 2.10 Se F (t) = (cost, sent, t), onde t ∈ R, então as componentes de F são as
funções dadas por F1 (t) = cost, F2 (t) = sent e F3 (t) = t.
(a) A soma F e G;
Teorema 2.1 Sejam F = (F1 , F2 , · · · , Fn ) uma função de uma variável real com valores
em Rn e L = (L1 , L2 , · · · , Ln ) ∈ Rn . Então
Exemplo 2.12 Seja F⃗ (t) = (t2 + 1, t3 ). Calcule lim F⃗ (t), lim F⃗ (t) e lim F⃗ (t).
t→0 t→2 t→−1
Exemplo 2.13 Seja F⃗ (t) = (cost, sent, 1). Calcule lim F⃗ (t) e lim F⃗ (t).
t→0 t→π
sent ⃗
Exemplo 2.14 Seja F⃗ (t) = i + (t2 + 3) ⃗j. Calcule lim F⃗ (t).
t t→0
F⃗ (t + h) − F⃗ (t)
Exemplo 2.15 Seja F⃗ (t) = (cost, sent, t). Calcule lim .
t→0 h
dF F (t) − F (t0 )
(t0 ) = lim ,
dt t→t0 t − t0
2 dF⃗ dF⃗
Exemplo 2.18 Dada F⃗ = (sen3t, et , t), calcule (t) e (0).
dt dt
xivCAPÍTULO 2. FUNÇÃO DE UMA VARIÁVEL REAL A VALORES EM Rn (CURVAS)
dF⃗ dF⃗
Exemplo 2.19 Dada F⃗ = (tg(t2 ), ln(t2 + 1), tcost), calcule (t) e (0).
dt dt
d⃗r d2⃗r
Exemplo 2.20 Seja ⃗r = t2⃗i + arctg(2t)⃗j + e−t⃗k, calcule (t) e 2 (t).
dt dt
dF⃗ dF⃗
Definição 2.8 Seja F : A → Rn derivável em t0 , com (t0 ) ̸= ⃗0. Dizemos que (t0 )
dt dt
é um vetor tangente à trajetória de F , em F (t0 ). A reta
dF⃗
X = F (t0 ) + λ (t0 ), λ ∈ R,
dt
Exemplo 2.21 Seja F⃗ = (cost, sent), com t ∈ R, determine a equação da reta tangente
à trajetória de F no ponto F (π/4).
d df ⃗ dF⃗
(a) (f · F⃗ ) = ·F +f ·
dt dt dt
2.5. DERIVADA DE FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL REAL A VALORES EM Rn xv
d ⃗ ⃗ dF⃗ ⃗ ⃗ dG ⃗
(b) (F · G) = ·G+F ·
dt dt dt
(c) Além disso, se n = 3, então F⃗ ∧ G
⃗ também é derivável em A:
d ⃗ ⃗ dF⃗ ⃗ ⃗ dG ⃗
(F ∧ G) = ∧G+F ∧ .
dt dt dt
A maioria das relações da natureza, sejam elas fı́sicas, econômicas, entres outras,
são interpretadas por funções duas ou mais variáveis.
Neste capı́tulo, nós daremos ênfase ao estudo das funções reais de duas variáveis
reais, e você não terá dificuldade em generalizar os resultados para funções de mais de duas
variáveis, já que não há diferenças importantes. Na verdade, o cálculo de várias variáveis
é na realidade o cálculo de uma variável aplicando para várias variáveis ao mesmo tempo.
Vejamos alguns exemplos de funções de várias variáveis. A função dada por
V = πr2 h calcula o volume de um cilindro circular reto a partir do seu raio e altura. A
função dada por f (x, y) = x2 + y 2 calcula a altura do paraboloide Z = x2 + y 2 acima do
ponto P (x, y) a partir das duas coordenadas de P . A temperatura T de seu ponto na
superfı́cie da Terra depende de sua latitude x e longitude y, representada por T = f (x, y).
Definição 3.1 Uma função de duas variáveis reais a valores reais é uma função f : A →
R, onde A é um subconjunto de R2 , que associa a cada par (x, y) ∈ A um único número
real z = f (x, y).
f : A ⊂ R2 → R
(3.1)
(x, y) 7−→ z = f (x, y)
xvii
xviiiCAPÍTULO 3. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS REAIS À VALORES REAIS
(4) Podemos também denotar z = f (x, y). Neste caso, x e y são as variáveis indepen-
dentes, ou variáveis de entrada da função, e z é variável dependente, ou variáveis
de saı́da.
(5) Por simplificação, deixamos, muitas vezes, de especificar o domı́nio, ficando implı́cito
que se trata do ”maior”subconjunto de R2 para o qual faz sentido a regra em questão.
Exemplo 3.1 Seja f a função de duas variáveis reais a valores reais dada por
x+y
f (x, y) = .
x−y
√ p
f (x, y) = y−x + 1 − y.
Z = 5x2 y − 3x.
u2 + v 2 + ω 2 = 1, ω ≥ 0.
p
(c) A função Z = f (x, y) dada por Z = y − x2 .
3.2. ALGUNS TIPOS DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS REAIS A VALORES REAISxix
Função Polinomial
Uma função polinomial de duas variáveis reais a valores reais é uma função f :
R2 → R dada por
X
f (x, y) = amn xm y n , (3.2)
m+n≤p
onde p é um número natural fixo e os amn são números (constantes) reais dados. A soma
é estendida a todas as soluções (m, n), com m e n naturais, da inequação m + n ≤ p.
1 √
Exemplo 3.4 (a) f (x, y) = 3x3 y 2 − xy + 2 é uma função polinomial;
3
(b) f (x, y) = ax + by + c, onde a, b, c são reais dados, também é uma função polinomial
(função afim). Por exemplo, f (x, y) = x + y + 1
Função Linear
onde a e b são reais dados, denomina-se função Linear. Toda função linear é uma função
afim.
Função Racional
Função homogênea
Limite e Continuidade
Observação 4.1 Sempre que falamos que f tem limite em (x0 , y0 ), fica implı́cito que
(x0 , y0 ) é ponto de acumulação de Df .
Exemplo 4.1 Se f (x, y) = K é uma função constante, então, para todo (x0 , y0 ) em R2 ,
lim K = K.
(x,y)→(x0 ,y0 )
xxi
xxii CAPÍTULO 4. LIMITE E CONTINUIDADE
Note que continua sendo válida a propriedade que limite de uma constante é a própria
constante, como visto para funções de uma variável.
Dem.: Primeiramente observemos que
|f (x, y) − K| = |K − K| = 0.
Sendo assim, temos que a definção de limite é satisfeita. Isto é, ∀ ε > 0 e tomando-se
um δ > 0 qualquer, temos que
Logo,
Exemplo 4.2 Seja f a função de duas variáveis dada por f (x, y) = x, ∀ (xO , y0 ) ϵ R2 .
Usando a definição de limite, mostre que lim f (x, y) = lim x = x0 .
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
f (x, y) L
(5) Regra do Quociente: lim = se M ̸= 0.
(x,y)→(x0 ,y0 ) g(x, y) M
m m
(6) Regra da Potência: Se m e n forem inteiros, então lim [f (x, y)] n = L n ,
(x,y)→(x0 ,y0 )
m
desde que L n seja real.
(12) Conversão do sinal: Se lim f (x, y) = L, L > 0, então existe δ > 0, tal que
(x,y)→(x0 ,y0 )
∀ (x, y) ∈ Df , 0 < ∥(x, y) (x0 , y0 )∥ < δ ⇒ f (x, y) > 0.
x − xy + 3
(a) lim
(x,y)→(0,1) x2 y + 5xy − y 3
p
(b) lim x2 y 2
(x,y)→(3,−4)
x2 − xy
(c) lim √ √
(x,y)→(0,0) x− y
x3
(d) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Proposição 4.2 Suponha que lim f (x, y) = L. Seja γ uma curva em R2 , conti-
(x,y)→(x0 ,y0 )
nua em to , com γ(t0 ) = (x0 , y0 ) e, para t ̸= t0 , γ(t) ̸= (x0 , y0 ) com γ(t) ϵ Df . Então,
lim f (γ(t)) = L.
(t)→(t0 )
Além disso, por γ ser continua em t0 , temos que para todo ε > 0 ∃ δ > 0 tal
que
(∗3 ) (∗1 )
0 < |(t − t0 )| < δ ⇒ ∥γ(t) − (x0 , y0 )∥ < δ1 ⇒ |f (γ(t)) − L| < ε.
Donde segue,
lim f (γ(t)) = L.■
t→t0
Corolário 4.3 Sejam γ1 e γ2 duas curvas nas condições da proposição anterior, tais que,
com L1 ̸= L2 , então lim f (x, y) não existe. Além disso, tal limite não existe se
(x,y)→(x0 ,y0 )
um dos limites em 4.2 não existir.
Dem.: De fato, se lim f (γ1 (t)) = L1 = lim f (x, y) e lim f (γ2 (t)) = L2 =
(t)→(t0 ) (x,y)→(x0 ,y0 ) (t)→(t0 )
lim f (x, y) (ver proposição anterior) então L2 = lim f (x, y) = L1 . O que
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
é um absurdo, pois L1 ̸= L2 .■
Se f (x, y) tem limites diferentes ao longo de dois caminhos distintos quando (x, y)
se aproxima de (x0 , y0 ), então lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )
2x2 y 2
(a) lim . Caminho: y = Kx
(x,y)→(0,0) x4 + y 2
x2
1
(b) lim . γ1 (t) = (0, t) f (γ1 ) → 0 ̸= γ2 (t) = (t, t) f (γ2 ) →
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 2
Definição 4.2 (Continuidade) Uma função f (x, y) é uma contı́nua no ponto (x0 , y0 ),
com (x0 , y0 ) sendo ponto de acumulação de Df , se
Uma função f é dita contı́nua quando é contı́nua em todos os pontos de seu domı́nio.
(3) A função 2 2
x − y , se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 (4.3)
0, se (x, y) = (0, 0)
Observação 4.3 Como consequência deste teorema, segue que se g for contı́nua, então
a função h dada por h(x, y) = g(x) também será contı́nua. De fato, sendo f (x, y) = x,
teremos h(x, y) = g(f (x, y)) com g e f contı́nuas.
xxvi CAPÍTULO 4. LIMITE E CONTINUIDADE
(2) sendo f (x, y) contı́nua, as compostas sen(f (x, y)), cos(f (x, y)), [f (x, y)]2 , etc, também
são contı́nuas.
Observação 4.4 Sejam f (x, y) e g(x, y) funções contı́nuas em (x0 , y0 ) eK uma cons-
tante. Então, segue das propriedades de limites que f + g, Kf e f g também são contı́nuas
f
em (x0 , y0 ). Além disso, se g(x0 , y0 ) ̸= 0 então também será contı́nua em (x0 , y0 ).
g
Exemplo 4.7 Determine o conjunto dos pontos de continuidade da função f dada por
x3
, (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2
0, (x, y) = (0, 0).
∂f f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim , (5.1)
∂x h→0 h
caso exista.
∂f f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim , (5.2)
∂y h→0 h
caso exista.
xxvii
xxviii CAPÍTULO 5. DERIVADAS DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
∂f ∂f
Exemplo 5.1 Determine as derivas parciais e da função dada por f (x, y) =
∂x ∂y
6x2 + 5xy.
Exemplo 5.2 Determine as derivas parciais de f (x, y) = x2 + 3xy + y no ponto (−1, 1).
∂f ∂f
Exemplo 5.3 Determine as derivas parciais e das funções dadas por f (x, y) =
∂x ∂y
x3 + y
e g(x, y) = ysen(xy).
x2 + y 4
5.2 Diferenciabilidade
Nesta seção vamos generalizar o conceito de diferenciabilidade de uma função
de uma variável para funções de duas variáveis.
∂f ∂f
onde E(h, k) = f (x0 + h, y0 + k) − f (x0 , y0 ) − (x0 , y0 )h − (x0 , y0 )k.
∂x ∂y
1. Se pelo menos uma das derivadas parciais de f não existir em (x0 , y0 ), então f não
será diferenciável em (x0 , y0 ).
3. Do Teorema 5.1 podemos concluir que se f não for contı́nua em (x0 , y0 ), então f
não será diferenciável em (x0 , y0 ).
A reta que passa pelo ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) e cuja equação é dada por
∂f ∂f
(x, y, z) = (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) + λ (x0 , y0 ), (x0 , y0 ), −1
∂x ∂y
denomina-se reta normal ao gráfico de f neste ponto.
f ◦g : R→R
(5.4)
t 7−→ z = z(t),
onde z(t) = (f ◦ g)(t) = f (x(t), y(t)), como na figura a seguir.
dh
Então, essa função composta é diferenciável para todo t ∈ B e é dada por
dt
xxxii CAPÍTULO 5. DERIVADAS DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
dh ∂f dx ∂f dy
= + .
dt ∂x dt ∂y dt
df
Exemplo 5.12 Calcule para as seguintes funções:
dt
1. f (x, y) = xy + x2 , onde x(t) = t + 1 e y(t) = t + 4.
2
2. f (x, y) = x2 y, onde x(t) = et e y(t) = 2t + 1.
f ◦ g : R2 → R2
(5.5)
(x, y) 7−→ z = z(x, y),
onde z(x, y) = (f ◦ g)(x, y) = f (u(x, y), v(x, y)), como na figura a seguir.
Teorema 5.5 (Regra da Cadeia Caso II) Sejam A e B conjuntos abertos em R2 e sejam
z = f (u, v) uma função que tem derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas em A,
u = u(x, y) e v = v(x, y) funções diferenciáveis em B tais que (u(x, y), v(x, y)) ∈ A,
∀ (x, y) ∈ B. Considere a função composta
Então, essa função composta é diferenciável para todo (x, y) ∈ B e tem as seguintes
derivadas parciais:
∂h ∂f ∂u ∂f ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
e
∂h ∂f ∂u ∂f ∂v
= + .
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
5.6. DERIVADA DIRECIONAL xxxiii
∂ 2f
∂ ∂f
2
= ,
∂x ∂x ∂x
∂ 2f
∂ ∂f
= ,
∂x∂y ∂x ∂y
∂ 2f
∂ ∂f
2
= ,
∂y ∂y ∂y
∂ 2f
∂ ∂f
= .
∂y∂x ∂y ∂x
De maneira análoga temos as derivadas parciais de terceira ordem,
∂ 3f ∂ 2f
∂
3
=
∂x ∂x ∂x2
e
∂ 3f ∂ 2f
∂ ∂ ∂ ∂f
= = ,
∂x∂y∂x ∂x ∂y∂x ∂x ∂y ∂x
e assim por diante.
Exemplo 5.14 Dada a função f (x, y) = 4x5 y 4 − 6x2 y + 3, calcule todas as derivadas
parciais de segunda ordem de f .
xxxiv CAPÍTULO 5. DERIVADAS DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
∂ 2f ∂ 2f
Observação 5.2 Nem sempre a igualdade = se verifica. O Teorema de
∂x∂y ∂y∂x
Schwarz afirma que tal igualdade ocorre apenas quando a função f é de classe C 2 no seu
domı́nio.
Capı́tulo 6
Aplicações
Neste capı́tulo veremos algumas aplicações das derivadas parciais para funções de
várias variáveis. As demonstrações serão omitidas.
∂f ∂f
P1 (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )
∂x ∂y
Observe que o gráfico de P1 (x, y) é o plano tangente ao gráfico de f em (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
Para essa aproximação precisamos que a função f seja de classe C 2 . O erro que se comete
na aproximação de f por P1 é conhecido como erro na forma de Lagrange e é dado por
1 ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
2 2
E1 (x, y) = (x, y)(x − x0 ) + 2 (x, y)(x − x0 )(y − y0 ) + 2 (x, y)(y − y0 ) .
2 ∂x2 ∂x∂y ∂y
∂f ∂f
P2 (x, y) = f (x0 , y0 ) +(x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 ) +
∂x ∂y
1 ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
2 2
(x, y)(x − x0 ) + 2 (x, y)(x − x0 )(y − y0 ) + 2 (x, y)(y − y0 )
2 ∂x2 ∂x∂y ∂y
xxxv
xxxvi CAPÍTULO 6. APLICAÇÕES
Omitiremos aqui o erro cometido com tal aproximação, e neste caso precisamos
que a função f seja de classe C 3 . De uma maneira geral, a fórmula de Taylor fornece apro-
ximações polinomiais de funções de duas variáveis. Os três primeiros termos do polinômio
fornecem a linearização da função. Para melhorar a linearização são acrescentados termos
de ordem maior.
Definição 6.3 Seja f (x, y) uma função de duas variáveis a valores reais e (x0 , y0 ) ∈ A ⊂
Df . Dizemos que (x0 , y0 ) é um ponto de máximo de f em A se,
1
Exemplo 6.4 O gráfico da função z = sen2 (x)+ y 2 pode ser visualizado a seguir. Nesse
2
caso, podemos observar a existência de infinitos pontos de mı́nimo locais no domı́nio de
z, isto é, em R2 .
são iguais a zero (isto é, ▽f (x0 , y0 ) = (0, 0)) ou se f não é diferenciável em (x0 , y0 ) ∈ A.
Exemplo 6.5 Verifique que (0, 0) é ponto crı́tico das funções a seguir:
(a) f (x, y) = x2 + y 2
p
(b) f (x, y) = 2x2 + y 2
(c) f (x, y) = x2 − y 2
O Teorema a seguir nos fornece um critério para selecionar, entre os pontos inte-
riores do domı́nio de f , os candidatos a extremos locais de f .
Definição 6.7 Seja z = f (x, y) uma função de classe C 2 . A matriz dada por
∂ 2f ∂ 2f
∂x2 (x, y) ∂y∂x (x, y)
2 (6.1)
∂ f ∂ 2f
(x, y) (x, y)
∂x∂y ∂y 2
é chamada matriz Hessiana e aparece em diversas situações do Cálculo dife-
rencial. O seu determinante, H(x, y) é chamado determinante Hessiano da função
z = f (x, y) e é dado por
2
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
H(x, y) = (x, y) · (x, y) − (x, y) .
∂x2 ∂y 2 ∂x∂y
O teorema a seguir nos fornece uma condição suficiente para um ponto crı́tico de
f ser extremo local.
3. Se H(x0 , y0 ) < 0, então (x0 , y0 ) não será extremo de f . Neste caso, (x0 , y0 ) será
ponto de sela de f ;
Exemplo 6.7 Determine os extremos locais das funções dadas a seguir, caso existam, e
classifique-os:
xl CAPÍTULO 6. APLICAÇÕES
(a) f (x, y) = x3 + y 3 − 3x − 3y + 4;
(c) f (x, y) = x5 + 2y 5 ;
Teorema 6.4 Seja f : A ⊂ R2 → R, dada por z = f (x, y), uma função contı́nua no
conjunto fechado e limitado A. Então existem P1 e P2 em A tais que
f (P1 ) ≤ f (P ) ≤ f (P2 ),
Exemplo 6.8 Deseja-se construir uma caixa, sem tampa, com a forma de um parale-
lepı́pedo retângulo de 1 m3 de volume. O material a ser utilizado nas laterais custa o
triplo do que será utilizado no fundo. Determine as dimensões da caixa que minimiza o
custo do material.
Exemplo 6.9 A temperatura T em qualquer ponto (x, y) do plano é dada por T (x, y) =
3y 2 + x2 − x. Qual é a temperatura máxima e a mı́nima de um disco fechado de raio 1
centrado na origem?
Exemplo 6.10 Uma indústria produz dois produtos denotados por A e B. O lucro da
indústria pela venda de x unidades do produto A e y unidades do produto B é dado por
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L(x, y) = 60x + 100y − x2 − y 2 − xy. Supondo que toda a produção seja vendida,
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determinar a produção que maximiza o lucro.