Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
António Salgueiro
Departamento de Matemática
Universidade de Coimbra
2023
Índice
1 Curvas 5
1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Coordenadas polares, cilı́ndricas e esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Comprimento de arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 O triedro de Frenet-Serret . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5 O teorema fundamental das curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.6 O hodógrafo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
1.7 Curvas fechadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2 Superfı́cies 61
2.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.2 Espaço vetorial tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
2.3 Aplicações diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
2.4 Primeira forma fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
2.5 Segunda forma fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
2.6 Geodésicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
2.7 O Teorema Egregium de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
2.8 O Teorema de Gauss-Bonnet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
3
4
1
Curvas
1.1 Definição
Definição 1.1.1 Uma curva é uma aplicação α : I → Rn , onde I é um intervalo (de qual-
quer tipo), que tem derivadas de todas as ordens (ou seja, α é uma aplicação diferenciável
ou suave).
α(t)
•
β(t)
•
x x
Uma curva α : I → Rn é assim definida por três funções suaves x, y, z : I → R (no caso
de n = 2 basta definir x(t) e y(t)).
Exemplo 1.1.2
5
a) A curva α: R → R2 percorre uma reta.
t 7→ (t, 0)
b) As curvas α: R → R2 e β: R+ → R2 percor-
t 7→ (cos t, sin t) t 7→ (cos(log t), sin(log t))
rem a mesma circunferência.
6
z
x y
Quando se esboça uma curva α : I → R3 numa folha de papel ou num ecrã, torna-se por
vezes necessário escolher bem o ponto de onde estamos a olhar para a curva. Por exemplo,
a curva α: [−1, 1] → R3 pode ser esboçada de modo que quase não se vê,
2
t 7→ (t, t, t )
z
x y
ou, escolhendo outro ponto de vista, podemos esboçá-la de modo a ser mais fácil perceber a
forma do conjunto que esta percorre:
z
7
α′ : I → Rn
t 7→ α′ (t)
v: I → R
t 7→ kα′ (t)k
Exemplo 1.1.4
vα : R → R e vβ : R+ → R
t 7→ 1 1
t 7→
t
c) A curva
α: R → R2
2 2
(−e−1/t , e−1/t ) se t < 0
t 7→ (0, 0) se t = 0
−1/t2 −1/t2
(e ,e ) se t > 0
vα : R → R .
√ −1/t2
8e
t 7→ 3
se t 6= 0
0 t se t = 0
8
Neste caso, a curva percorre um subconjunto que não corresponde ao que esperarı́amos
de uma curva suave, devido ao seu comportamento no instante t = 0, no qual a
velocidade se anula.
Os dois últimos exemplos aconselham a que não se admita a existência de pontos onde a
velocidade da curva é nula.
a) a parábola de equação y = x2 .
x2 y 2
c) a elipse de equação + 2 = 1.
a2 b
a) α: R → R2
t 7→ (t , t4 )
2
b) β: ]0, π[ → R2
t 7→ (3 cos t − cos(3t), 3 sin t − sin(3t))
9
z
Exercı́cio 1.1.7 Indique uma curva que percorra a interseção da esfera de equação x2 +
2 2
y + z = 16 com o plano de equação y = x.
z
y
x
10
Exercı́cio 1.1.8 Indique uma curva α que percorra a interseção das superfı́cies esféricas
de equação x + y + z 2 = 1 e x2 + (y − 1)2 + z 2 = 1.
2 2
z
α : ]0, π[ → R2
cos t
t 7→ , cos t sin t .
sin t
y
x
Exercı́cio 1.1.1
a) α(t) = (t, t2 ), t ∈ R.
b) α(t) = (t, f (t)), t ∈ R.
c) α(t) = (a cos t, b sin t), t ∈ R.
2
t2
t
d) α(t) = − 2, t, + 2 , t ∈ R.
8 8
e) α(t) = (sinh t, cosh t), t ∈ R.
Exercı́cio 1.1.2 (cos t sin t)2 + (cos t)2 + (sin2 t)2 = 1, logo a curva está contida na superfı́cie esférica de
equação x2 + y 2 + z 2 = 1.
Exercı́cio 1.1.3
a) Não é regular, porque α′ (0) = (0, 0).
b) É regular, porque v(t) = 6 sin t > 0, ∀t ∈]0, π[.
11
Exercı́cio 1.1.4 α(t) = (2 cos t, 2 sin t, 4 cos2 t), t ∈ R.
Exercı́cio 1.1.5
π 3π
a) t = , .
2 2
b) y = 1 − 2x2 .
y
c)
x
Exercı́cio 1.1.6
2π 4π
a) t = 0, , , 2π.
3 3
y
b) x
√ √
Exercı́cio 1.1.7 α(t) = (2 2 cos t, 2 2 cos t, 4 sin t), t ∈ R.
√ √ !
3 1 3
Exercı́cio 1.1.8 α(t) = cos t, , sin t , t ∈ R.
2 2 2
x
Exercı́cio 1.1.9 y= .
1 + x2
12
1.2 Coordenadas polares, cilı́ndricas e esféricas
Para definir uma curva α : I → Rn é necessário conhecer as coordenadas cartesianas x, y, z :
I → R (no caso de n = 2, basta x e y). No entanto, certas curvas têm uma expressão
mais simples se usarmos outros sistemas de coordenadas. Vamos de seguida ver três desses
sistemas.
Definição 1.2.1 Uma curva α : I → R2 diz-se expressa em coordenadas polares se
forem dadas duas funções r, θ : I → R tais que
α(t) = (r(t) cos θ(t), r(t) sin θ(t)).
y α
r
θ
x
Não exigimos que r(t) ≥ 0 nem que θ(t) ∈ [0, 2π[, pelo que a mesma curva tem diversas
expressões em coordenadas polares. Por exemplo, o ponto (0, 1) de R2 correspondente quer
π 7π
a r = 1, θ = quer a r = −1, θ = .
2 2
Quando α : I → R2 está expressa em coordenadas polares (r, θ), ou seja, quando α =
(r cos θ, r sin θ), tem-se α′ = (r ′ cos θ − rθ′ sin θ, r ′ sin θ + rθ′ cos θ), pelo que
p p
vα = kα′ k = (r ′ cos θ − rθ′ sin θ)2 + (r ′ sin θ + rθ′ cos θ)2 = (r ′ )2 + (rθ′ )2
Exemplo 1.2.2
a) A curva α : R → R2 definida por r(t) = 1 e θ(t) = t é a primeira curva do exemplo
1.1.2b).
b) A curva α : R → R2 definida por r(t) = t e θ(t) = t é
13
p √
e tem velocidade v(t) = (r ′(t))2 + (r(t)θ′ (t))2 = 1 + t2
z
α
θ r
x y
x y
p √
e tem velocidade vα (t) = (r ′(t))2 + (r(t)θ′ (t))2 + (z ′ (t))2 = 2 + t2
14
Definição 1.2.5 Uma curva α : I → R3 diz-se expressa em coordenadas esféricas se
forem dadas três funções r, θ, φ : I → R tais que
α(t) = (r(t) cos θ(t) cos φ(t), r(t) sin θ(t) cos φ(t), r(t) sin φ(t)).
z
α
φ
θ
x y
y
x
15
p √
e tem velocidade vα (t) = (r ′(t))2 + (r(t)φ′ (t))2 + (r(t)θ′ (t) cos φ(t))2 = 1 + cos2 t.
Exercı́cio 1.2.1 Esboce uma curva cuja imagem é dada pela equação em coordenadas
polares r = 1 + cos θ e determine a velocidade dessa curva.
Exercı́cio 1.2.2 Mostre que a curva definida em coordenadas cilı́ndricas por r(t) = sin t,
θ(t) = t e z(t) = cos t é regular e está contida numa superfı́cie esférica.
Exercı́cio 1.2.6 A loxodrómica é uma curva, primeiramente estudada por Pedro Nunes,
definida em coordenadas esféricas por r(t) = 1, θ(t) = t e φ(t) = arctan(at), t ∈ R, onde a é
um parâmetro real. Mostre que a loxodrómica é uma curva regular.
y
x
Exercı́cio 1.2.7 Considere a curva definida em coordenadas polares por r(t) = t3 , θ(t) =
2t, t ∈ R. Determine v(2).
16
Exercı́cio 1.2.1
√ Para a curva α(t) = ((1 + cos t) cos t, (1 + cos t) sin t), t ∈ R, a velocidade é v(t) =
2 + 2 cos t.
y
p
Exercı́cio 1.2.2 A curva é regular porque v(t) = 1 + sin2 t > 0, ∀t. Como (sin t cos t)2 + (sin2 t)2 +
(cos t)2 = 1, a curva está contida na superfı́cie esférica de equação x2 + y 2 + z 2 = 1.
q
sin2 t(1 + 3 cos2 t)
Exercı́cio 1.2.3 v(t) = .
cos2 t
r
t t4 − 2
Exercı́cio 1.2.4 v(t) = e .
t2 − 1
√
7π 7π
Exercı́cio 1.2.5 A curva é regular porque v(t) = 1 + t2 cos2 t > 0, ∀t ∈ − , .
2 2
Exercı́cio
√ 1.2.6 A curva é regular para qualquer a ∈ R, porque
1 + a 2 + a 2 t2
v(t) = > 0, ∀t ∈ R.
1 + a 2 t2
17
1.3 Comprimento de arco
Definição 1.3.1 Seja α : I → Rn uma curva.
a) O comprimento de α entre os instantes t0 e t1 é o número (eventualmente infinito)
Zt1
v(t) dt.
t0
Esta definição de comprimento corresponde à noção de espaço percorrido por uma partı́cula
ao longo do tempo. Se a partı́cula passar várias vezes no mesmo ponto, o comprimento obtido
por esta definição vai refletir isso mesmo, sendo maior do que o comprimento da imagem de
α. Por exemplo, o comprimento de qualquer uma das curvas do exemplo 1.1.2b) é infinito e
não 2π, uma vez que a partı́cula percorre a circunferência uma infinidade de vezes.
Definição 1.3.2 Se α : I → Rn é uma curva cuja velocidade é dada por v(t) = 1, para
qualquer t ∈ I, diz-se que α está parametrizada por comprimento de arco.
Como vimos, o mesmo conjunto pode ser percorrido por diversas curvas. No entanto,
algumas destas curvas apenas se distinguem pelo facto de percorrerem a curva com diferentes
velocidades. A seguinte definição traduz essa noção de semelhança entre curvas.
18
Definição 1.3.3 Sejam I e J intervalos, α : I → Rn uma curva e λ : J → I um
difeomorfismo (isto é, uma aplicação suave, bijetiva e com inversa suave). Então a curva
β: J → Rn chama-se uma reparametrização de α.
t 7→ α(λ(t))
Exemplo 1.3.5 Seja β a curva do 1.1.2b) dada por β(t) = (cos(log t), sin(log t)). A sua
1
velocidade é dada por vβ (t) = e tem-se
t
Zt Zt
1
s(t) = vβ (u) du = du = log(t).
u
1 1
O teorema anterior afirma que qualquer curva regular pode ser reparametrizada por
comprimento de arco. No entanto, na prática, não é muitas vezes possı́vel determinar ex-
plicitamente qual é essa parametrização, uma vez que o seu cálculo envolve a primitivação
da função velocidade, seguida do cálculo da sua inversa.
19
Seja α : I → Rn uma curva e s : I → s(I) o comprimento de arco a partir de um
instante t0 ∈ I. Se f : I → Rm é uma função diferenciável qualquer, então define-se a função
df
: I → Rm por
ds
df d(f ◦ s−1 )
(t) = (s(t)).
ds dt
df
A partir da definição e da regra da derivada da função composta conclui-se que (t) =
ds
df
d(f ◦ s )−1 −1
d(s ) df −1 (t) df
(s(t)) = (s(t)) (s (s(t))) = dt , ou, dito de outra forma, que =
dt dt dt ds ds
(t)
dt
df
dt . A última igualdade pode escrever-se também na forma df = df ds . Portanto a
ds dt ds dt
dt
df df
relação entre as derivadas e é dada por
dt ds
df df
=v .
dt ds
df
A derivada quantifica a taxa de variação da função f ao longo do percurso da curva,
ds
sendo independente da velocidade da curva. Um caso particular importante é o de uma
reparametrização por comprimento de arco β = α ◦ s−1 de uma curva α, para a qual se tem
dα d(α ◦ s−1 ) dβ
α(t) = β(s(t)) e (t) = (s(t)) = (s(t)).
ds dt dt
α: R → √ R3
2 t, et , e−t .
t 7→
Exercı́cio 1.3.2
a) Indique uma curva regular cuja imagem seja o segmento definido pelos pontos (6, 5, 2)
e (8, 8, 8).
20
c) Determine o comprimento de α.
b) β: [3, 4] → R2 .
t 7→ (t cos t, t2 sin t)
2
c) γ: ]0, 2π[ → R2 .
t 7→ (2 sin t − sin(2t), 2 cos t − cos(2t))
d) δ: [0, π] → R2 .
t 7→ (2 sin(2t) − sin(4t), 2 cos(2t) − cos(4t))
b) Determine o comprimento de α.
b) Determine o comprimento de α.
α: R → R2
2 2t
t 7→ 2
− 1, 2
t +1 t +1
por comprimento de arco.
Exercı́cio 1.3.7
a) Indique uma curva α cuja imagem é dada, em coordenadas polares, por r = e2θ .
21
b) Determine a velocidade de α.
c) Reparametrize α por comprimento de arco.
Exercı́cio 1.3.8 Uma curva plana, parametrizada por comprimento de arco, verifica, em
t
coordenadas polares, r(t) = . Determine uma expressão para θ(t).
2
Exercı́cio 1.3.9 A ciclóide é a curva definida por
α: R → R2
t 7→ (t − sin t, 1 − cos t).
a) Verifique se a ciclóide é uma curva regular.
b) Determine o comprimento de α entre os instantes t = 0 e t = π.
Exercı́cio 1.3.10 Determine o comprimento de arco da catenária α: R → R2 .
t 7→ (t, cosh t)
Exercı́cio 1.3.11 Considere a curva α : [0, 3π] → R2
2
t 7→ (cos (2t), sin(2t) cos(2t)).
a) Indique uma equação cartesiana da imagem de α.
b) Determine o comprimento de α.
c) Indique uma reparametrização de α por comprimento de arco.
Exercı́cio 1.3.12 Determine o comprimento da curva α : [0, π] → R2 dada em coorde-
r(t) = 1 + cos t
nadas polares por
θ(t) = t
z
+ 3
Exercı́cio 1.3.13 Mostre que a curva α : R → R dada em coordenadas esféricas por
r(t) = t/2 √
θ(t) = 2 3 log t
φ(t) = π/3
x y
22
Exercı́cio 1.3.1
a) e − 1e .
arcsenh t t
! !
√ t 2 ,e
− arcsenh
2
b) β(t) = 2 arcsenh ,e , t ∈ R.
2
Exercı́cio 1.3.2
a) α(t) = (6 + 2t, 5 + 3t, 2 + 6t), t ∈ [0, 1].
2t 3t 6t
b) β(t) = 6 + , 5 + , 2 + , t ∈ [0, 7].
7 7 7
c) 7.
Exercı́cio 1.3.3
a) 15 + log 4.
√ √
40 5 − 13 13
b) .
3
c) 16.
d) A curva é uma reparametrização de c), logo tem comprimento 16.
Exercı́cio 1.3.4
√
t t t t t
, t ∈ 0, 3 (eπ − 1) .
a) β(t) = 1+ √ cos log 1 + √ , 1+ √ sin log √ ,1 + √
3 3 3 3 3
√ π
b) 3 (e − 1).
Exercı́cio 1.3.5
a) A curva é regular porque v(t) = 3(1 + t) > 0, ∀t ∈ [0, 1].
9
b) .
2
√ √ r √
√ 9 + 6t − 3 9 + 6t − 3 8 9 + 6t − 3
c) β(t) = ( 9 + 6t − 3) sin , ,
3 3 3
√
√
9 + 6t − 3 9
( 9 + 6t − 3) cos , t ∈ 0, .
3 2
i π πh
Exercı́cio 1.3.6 β(t) = (cos t, sin t), t ∈ − , .
2 2
Exercı́cio 1.3.7
a) α(t) = e2t cos t, e2t sin t , t ∈ R.
√
b) v(t) = 5e2t .
23
2t 2t 2t 2t
c) β(t) = √ cos log √ /2 , √ sin log √ /2 , t ∈]0, +∞[.
5 5 5 5
√
Exercı́cio 1.3.8 θ(t) = 3 log t.
Exercı́cio 1.3.9
a) A ciclóide não é regular porque v(0) = 0.
b) 4.
Exercı́cio 1.3.11
a) x2 + y 2 − x = 0
b) 6π
c) β : [0, 6π] → R2
2
t 7→ (cos t, sin t cos t).
Exercı́cio 1.3.12 4.
24
1.4 O triedro de Frenet-Serret
Podemos medir a velocidade com que uma curva plana α está a virar, através da taxa de
variação do ângulo que α′ faz com o eixo Ox.
Se α(t) = (x(t), y(t)), ∀t ∈ I, podemos encontrar uma expressão para ks em termos das
funções x e y.
x′ y ′′ − x′′ y ′
Teorema 1.4.2 Se α(t) = (x(t), y(t)), ∀t ∈ I, então ks = .
((x′ )2 + (y ′)2 )3/2
′ ′ ′ y′
Demonstração. Como α = (x , y ), então tem-se tan θ = , ou seja,
x′
y′
θ = arctan ′ . Logo
x
′ x′ y ′′ −x′′ y ′
( xy ′ )′ (x′ )2 x′ y ′′ − x′′ y ′
dθ (x′ )2 +(y ′ )2
( xy ′ )2
′
dθ dt 1+ (x′ )2 (x′ )2 + (y ′)2 x′ y ′′ − x′′ y ′
ks = = = = = =
ds ((x′ )2 + (y ′)2 )3/2
p p
ds vα (x′ )2 + (y ′ )2 (x′ )2 + (y ′)2
dt
25
A comparação desta expressão com o numerador da expressão dada no teorema anterior
sugere dar a seguinte definição para curvas no espaço.
k: I → R
kα′ (t) ∧ α′′ (t)k
t →
7 .
kα′ (t)k3
Assim, no caso das curvas contidas no plano xOy, a curvatura é simplesmente o módulo
da curvatura com sinal.
Exemplo 1.4.4 Se α(t) = (r cos t, r sin t, 0), ∀t ∈ R, então α′ (t) = (−r sin t, r cos t, 0),
α′′ (t) = (−r cos t, −r sin t, 0) e a curvatura de α é
Teorema 1.4.5 Seja f : I → Rn uma função vetorial tal que kf (t)k é constante. Então
′
f (t) e f (t) são ortogonais para qualquer instante t.
Em particular, se α é uma curva parametrizada por comprimento de arco, tem-se que α′ (t)
′′
e α (t) são ortogonais para qualquer instante t. Logo, neste caso, a curvatura é simplesmente
dada por
kα′ (t) ∧ α′′ (t)k kα′ (t)kkα′′ (t)k sin ∠(α′ (t), α′′ (t))
k(t) = = = kα′′ (t)k.
kα′ (t)k3 kα′ (t)k3
26
Demonstração. Seja β = α ◦ s−1 uma reparametrização de α por comprimento de arco.
dα
(t) dα dT d(T ◦ s−1 ) dβ ′
Tem-se T (t) = dt = ′
(t) = β (s(t)). Então (t) = (s(t)) = (s(t)) =
ds ds ds dt dt
(t)
dt
′′
dT
β (s(t)), pelo que
(t)
= kβ ′′ (s(t))k = kα (t).
ds
Suponhamos agora que a curvatura de α no instante t não se anula. Podemos então obter
dT
um vetor de norma 1 a partir do vetor .
ds
Definição 1.4.8 Se k(t) 6= 0, define-se o vetor normal a α no instante t por
dT
(t)
N(t) =
ds
= 1 dT (t).
dT
k(t) ds
(t)
ds
Pelo teorema 1.4.5, T (t) e N(t) são ortogonais e podemos obter uma base ortonormada
de R3 juntando a estes vetores o seu produto externo.
Definição 1.4.10 À base ortonormada {T (t), N(t), B(t)} chama-se o Triedro de Frenet-
Serret da curva no instante t.
A partir dos vetores T (t), N(t) e B(t) podemos definir três certas e três planos que
passam por α(t).
Definição 1.4.11
a) a certa tangente a α no instante t é a certa que passa por α(t) e tem a direção de
T (t);
b) a certa normal a α no instante t é a certa que passa por α(t) e tem a direção de N(t);
c) a certa binormal a α no instante t é a certa que passa por α(t) e tem a direção de
B(t);
d) o plano osculador a α no instante t é o plano que passa por α(t) e é paralelo a T (t)
e N(t);
e) o plano normal a α no instante t é o plano que passa por α(t) e é paralelo a N(t) e
B(t);
27
f) o plano retificante a α no instante t é o plano que passa por α(t) e é paralelo a T (t)
e B(t).
T (π) = (0, − √12 , √12 ) N(π) = (1, 0, 0) B(π) = (0, √12 , √12 )
reta
tang
te
an
ente
ific
ret
no
pla
l
scula
dor ma
o o or
pla n
a bin
z ret
T
bino rmal
plano N B
a l
norm
reta
x y
dT dN dB
Vamos agora encontrar expressões para , e na base ortonormada {T, N, B}.
ds ds ds
dT
Vimos já que, por definição, = kN.
ds
dN dN
Pelo Teorema 1.4.5, é ortogonal a N, logo = aT + bB, para alguns escalares a e
ds ds
dN
b. Efetuando o produto interno com T obtemos T = a.
ds
28
dT dN
Derivando a igualdade ( T | N) = 0 obtemos N + T
= 0, ou seja, a =
ds ds
dN dT
T =− N = − ( kN| N) = −k.
ds ds
O escalar b é denominado de torção da curva.
Definição 1.4.13 Se k(t) 6= 0, a torção de α no instante t é o número real τ (t) tal que
dN
(t) = −k(t)T (t) + τ (t)B(t).
ds
dB
Passando agora ao vetor , concluı́mos que é ortogonal a B, novamente pelo Teorema
ds
dB
1.4.5, pelo que = cT + dN, para alguns escalares c e d. Temos
ds
dB dT
c= T = − B = − ( B| kN) = 0
ds ds
e
dB dN
d= N = − B
= − ( B| − kT + τ B) = −τ
ds ds
Provámos assim o seguinte teorema.
dT
ds
dN
0 k 0 T
ds = −k 0 τ
N .
0 −τ 0 B
dB
ds
dT
Como T ′ = v , e têm-se expressões análogas para N ′ e B ′ , então temos o seguinte
ds
corolário.
Corolário 1.4.15 Se k =
6 0, então
′
T 0 k 0 T
N ′ = v −k 0 τ N .
B′ 0 −τ 0 B
29
A estas igualdades chamam-se as Fórmulas de Frenet-Serret.
Podemos também encontrar expressões para α′ , α′′ e α′′′ na base {T, N, B}.
α′
Temos T = , pelo que α′ = vT .
v
Então α′′ = v ′ T + vT ′ = v ′ T + v(kvN) = v ′ T + kv 2 N.
Definição 1.4.16 A v ′ chama-se a aceleração tangencial e a kv 2 chama-se a acel-
eração centrı́peta da curva.
Note-se que quando a curva percorre uma circunferência de raio r, a aceleração centrı́peta
2
v
é .
r
Derivando agora α′′ obtemos finalmente
α′′′ = (v ′ T + kv 2 N)′ = v ′′ T + v ′ T ′ + k ′ v 2 N + 2kvv ′ N + kv 2 N ′ =
= v ′′ T + v ′ (vkN) + k ′ v 2 N + 2kvv ′ N + kv 2 (−vkT + vτ B) =
= (v ′′ − k 2 v 3 )T + (k ′ v 2 + 3kvv ′)N + kv 3 τ B
Teorema 1.4.17 A torção de uma curva α é dada por
( α′ | α′′ ∧ α′′′ )
τ= .
kα′ ∧ α′′ k2
Demonstração. Temos
(α′ | α′′ ∧ α′′′ ) = ( vT | (v ′ T + kv 2 N) ∧ ((v ′′ − k 2 v 3 )T + (k ′ v 2 + 3kvv ′ )N + kv 3 τ B)) =
= ( vT | kv 2 N ∧ kv 3 τ B) = k 2 v 6 τ
( α′ | α′′ ∧ α′′′ ) kα′ ∧ α′′ k
logo τ = . Fazendo a substituição k = , obtém-se o resultado pre-
k2 v6 v3
tendido.
30
Teorema 1.4.19 Seja α : I → R3 uma curva. Então a torção de α é nula se e só se a
imagem de α está contida num plano.
Determine:
a) o comprimento de α.
α: R → R2
t 7→ (t2 − 1, t(t2 − 1)).
Exercı́cio 1.4.3 Considere uma curva α : I → R2 definida pelas suas coordenadas po-
lares r(t) e θ(t). Determine qual é a expressão da curvatura com sinal de α em termos das
funções r e θ.
31
Exercı́cio 1.4.4 Considere a aplicação
α: R → R3
t 7→ (t, cosh t, 0) .
a) Determine o triedro de Frenet-Serret de α.
b) Determine a curvatura e a torção de α.
Exercı́cio 1.4.5 Seja α : R → R3 a curva definida por α(t) = (et cos t, et sin t, et ).
a) Reparametrize α por comprimento de arco.
b) Mostre, como sugere a figura, que α não é plana.
z
x y
32
Exercı́cio 1.4.9 Seja α : I → R3 uma curva parametrizada por comprimento de arco
cujas retas tangentes passam todas pela origem. Mostre que a imagem de α está contida
numa reta que passa pela origem.
x y
a) Calcule a curvatura de α.
a) Prove que a curva é plana e indique uma equação do plano que contém a imagem da
curva.
33
a) Escreva o triedro de Frenet-Serret da curva β na base {Tα , Nα , Bα }.
Exercı́cio 1.4.17 Seja α : R → R3 a curva definida por α(t) = (cosh t, et , sinh t).
c) Prove que a imagem de α está contida num plano e indique uma equação cartesiana
desse plano.
34
b) Reparametrize α por comprimento de arco.
c) Determine o comprimento de α.
d) Determine a curvatura de α.
Exercı́cio 1.4.20 Seja α : I → R3 uma curva tal que α′ (0) = (0, 1, 2), α′′ (0) = (1, 2, 3).
Determine v ′ (0).
Exercı́cio 1.4.22 Seja α : I → R3 uma curva tal que todos os planos osculadores passam
pela origem. Prove que α é planar.
Exercı́cio 1.4.23 Seja α : I → R3 uma curva cuja curvatura não se anula e {T, N, B}
o seu triedro de Frenet-Serret. Mostre que α é plana se e só se existe um vetor constante
a ∈ R3 , não nulo, tal que T (t) é ortogonal a a.
α : [0, 2π] → R3
t 7→ (sin t + 2 sin(2t), cos t − 2 cos(2t), sin(3t)) .
é plana.
35
z
x y
d) Determine a curvatura de α.
e) Mostre que a curva α é plana e indique uma equação cartesiana do plano que a contém.
a) Determine o comprimento de α.
36
b) Calcule o triedro de Frenet-Serret no instante t = 0.
Mostre que α é plana e determine uma equação cartesiana do plano que contém a imagem
de α.
z
x y
x
Exercı́cio 1.4.32 Considere a curva α : [0, a] → R3 .
4 3/2 t2
t 7→ 2t, t ,
3 2
a) Sabendo que o comprimento de α é 16, determine a.
b) Determine τ (t).
37
c) Determine uma equação cartesiana da reta tangente à curva no instante t = 1.
Exercı́cio 1.4.34 Seja α : R → R3 uma curva tal que α′ (t0 ) = (1, 0, −4), T ′ (t0 ) =
′
(12, 0, 3) e B (t0 ) = (8, 0, 2).
Determine v(t0 ), k(t0 ) e τ (t0 ).
Exercı́cio 1.4.35 Considere a curva definida por α(t) = ((t + 1)2 , t2 , t − 1), t ∈ R.
a) A curva α é plana. Determine uma equação cartesiana do plano que contém a curva.
b) Determine a curvatura de α.
e) Determine kB ′ (0)k.
Exercı́cio 1.4.37 Seja α : [a, b] → R3 uma curva regular plana, com curvatura kα e
comprimento de arco sα a partir de a. Defina-se a curva β(t) = α(t) − sα (t)Tα (t).
Mostre que a curvatura de β é dada por kβ = 1/sα .
38
a) Mostre que a curva α é regular.
x y
está contida numa reta e determine uma equação cartesiana dessa reta.
z
x y
39
b) a curvatura com sinal de α.
α : [0, 2π] → R3
√ !
3 cos t + cos(3t) 3 sin t − sin(3t) 3
t 7→ , , sin(2t) .
4 4 2
a) Mostre que a imagem da curva está contida na superfı́cie esférica de raio 1, centrada
na origem.
c) Mostre que as retas binormais de α nos instantes t = 0 e t = π/2 não são paralelas.
i) o triedro de Frenet-Serret;
ii) a torção.
iii) uma equação cartesiana do plano osculador. y
40
Exercı́cio 1.4.46 Seja α : I → R3 uma curva regular, cuja curvatura não se anula e
cujas retas normais passam todas pela origem. Mostre que a imagem de α está contida
numa circunferência centrada na origem.
Determine relativamente a α:
a) uma reparametrização de por comprimento de arco;
b) o comprimento;
c) a curvatura.
Exercı́cio 1.4.48 Considere uma curva α : R → R3 cuja imagem seja um dos ramos da
intersecção do paraboloide x2 + 3y 2 = z 2 + 1 com o plano z = 2y.
a) Determine uma parametrização de α.
Exercı́cio 1.4.49 Seja α : [a, b] → R2 uma curva regular plana, com curvatura kα e
comprimento de arco sα a partir de a. Definam-se as curvas β(t) = α(t) − sα (t)Tα (t) e
γ(t) = β(t) + sα (t)Nβ (t). Mostre que γ e α coincidem.
Exercı́cio 1.4.1
1 1 4π 3
a) − + .
3 4π 3
8t3
b) ks (t) = .
(1 + t4 )2
Exercı́cio 1.4.2
a) α′ (t) = (0, 0) sse 2t = 0 ∧ 3t2 − 1 = 0 (Impossı́vel).
6t2 + 2
b) ks (t) = 3/2
.
(9t4 − 2t2 + 1)
c) Como ks (t) > 0, ∀t ∈ R, a curva é percorrida no sentido direto.
3 2
r2 (θ′ ) + 2 (r′ ) θ′ − rr′′ θ′ + rr′ θ′′
Exercı́cio 1.4.3 ks = 3/2 .
2
(r′ ) + (rθ′ )2
41
Exercı́cio 1.4.4
1 1
a) T (t) = , tanh t, 0 , N (t) = − tanh t, , 0 , B(t) = (0, 0, 1).
cosh t cosh t
1
b) k(t) = , τ (t) = 0.
cosh2 t
Exercı́cio 1.4.5
t t t t t
a) β(t) = √ cos log √ , √ sin log √ ,√ , t ∈]0, +∞[.
3 3 3 3 3
1
b) A curva não é plana porque τ (t) = 6= 0.
3et
Exercı́cio 1.4.6 y = x.
π π π 9
α′
′′
Exercı́cio 1.4.7 A curva não é plana porque α ∧ α′′′ = 6= 0.
4 4 4 2
Exercı́cio 1.4.10
a) k(t) = 2.
−3 4 −3 4 4 3
b) T (t) = sin(2t), cos(2t), sin(2t) , N (t) = cos(2t), − sin(2t), cos(2t) , B(t) = , 0, .
5 5 5 5 5 5
c) A curva está contida num plano, porque B é constante.
Exercı́cio 1.4.11
a) (x − cosh t) − sinh t(y − t) = 0.
b) O plano retificante é vertical em qualquer instante t ∈ R.
Exercı́cio 1.4.12
a) A curva é plana porque τ (t) = 0, ∀t ∈ R. A imagem da curva está contida no plano de equação
x − y + (z − 1) = 0.
b) Não.
42
Exercı́cio 1.4.13
1 a a2 a aτα a2 τα
a) Tβ = √ Tα + √ Nα , Nβ = − √ Tα + √ Nα + √ Bα , Bβ = Tα +
1 + a2 1 + a2 1 + a2 1 + a2 1 + a2 1 + a2
−aτα a + a3
2
Nα + Bα .
1+a 1 + a2
a + a3
b) Se α é plana, então τα = 0 e Bα é constante. Logo, Bβ = Bα é também constante. Portanto,
1 + a2
β é plana.
Exercı́cio 1.4.14
√ √ √ !
2(1 − t2 ) −2t 1 − t2
2t 2
a) T (t) = , , , N (t) = , , 0 ,
2(t2 + 1) t2 + 1 2 t2 + 1 t2 + 1
√ 2 √ √ !
2(t − 1) − 2t 2
B(t) = 2
, 2 , .
2(t + 1) t + 1 2
1
b) k(t) = τ (t) = .
3(1 + t2 )2
c) A curva não está contida num plano porque τ 6= 0.
d) t = −1, 1.
Exercı́cio 1.4.15
√
a) A curva é regular porque v(t) = 1 + 9t4 > 0, ∀t ∈ R.
b) x = 1 ∧ 3y + z = 4.
c) A curva é plana porque está contida no plano x = 1. Também se pode verificar que τ (t) = 0, ∀t ∈ R.
′
1 1 1 τ 1
Exercı́cio 1.4.16 α+ N = α′ + N ′ = T + (−KT + τ B) = B = 0, logo α + N é
K K K K K
constante.
Exercı́cio 1.4.17
x − cosh t y − et z − sinh t
a) = = .
sinh t et cosh t
1 1 2 1 1 1 1 1
b) T (0) = 0, √ , √ , N (0) = √ , √ , − √ , B(0) = − √ , √ , − √ .
2 2 6 6 6 3 3 3
c) A imagem da curva está contida num plano porque τ (t) = 0, ∀t ∈ R. O plano tem equação cartesiana
y = x + z.
Exercı́cio 1.4.18
√
a) É regular porque v(t) = t 4 + 9t2 > 0, ∀t ∈]0, 1].
3/2 ! # √ #
2/3 4 2/3 4 8 13 13
b) β(t) = t − , 2, t − ,t ∈ , .
9 9 27 27
√
13 13 − 8
c) .
27
43
6
d) k(t) = .
t(4 + 9t2 )3/2
2 3t −3t 2
e) T (t) = √ , 0, √ , N (t) = √ , 0, √ , B(t) = (0, −1, 0).
4 + 9t2 4 + 9t2 4 + 9t2 4 + 9t2
f) A curva é plana porque B é constante.
cos t sin t 1 cos t sin t 1
Exercı́cio 1.4.19 T (t) = √ , √ ,√ , N (t) = (− sin t, cos t, 0), B(t) = − √ , − √ , √ .
2 2 2 2 2 2
8
Exercı́cio 1.4.20 v ′ (0) = √ .
5
Exercı́cio 1.4.21
t t t
a) β(t) = cos √ , sin √ , √ .
2 2 2
1
b) k(t) = τ (t) = .
2
c) A curva não é plana, porque τ 6= 0.
Exercı́cio 1.4.22 Como todos os planos osculadores passam pela origem, então existem funções escalares
a e b tais que α + aT + bN = 0.
Derivando, obtemos α′ + a′ T + aT ′ + b′ N + bN ′ = 0, ou seja, (v + a′ − bvk)T + (avk + b′ )N − bvτ B = 0.
Como T, N, B é uma base de R3 , então bvτ = 0.
Se tivéssemos b = 0, então α seria sempre colinear com T , logo a imagem de α estaria contida numa reta (e
o plano osculador não estaria definido). Assim, concluı́mos que τ = 0, logo a curva é planar.
6
Exercı́cio 1.4.25 A curva não é plana porque, por exemplo, τ (0) = − 6= 0.
17
Exercı́cio 1.4.26
a) A curva está parametrizada por comprimento de arco, porque v(t) = 1, ∀t ∈]0, 1[.
1
b) k(t) = τ (t) = √ ,
2 2 − 2t2 √ ! √ !
√ √ √ √ √ √
1+t 1−t 2 2 − 2t 2 + 2t 1+t 1−t 2
T (t) = ,− , , N (t) = , , 0 , B(t) = − , ,
2 2 2 2 2 2 2 2
c) A curva não é plana, porque B não é constante.
Exercı́cio 1.4.27
44
a) A curva é regular porque v(t) = 10 6= 0, ∀t ∈ R.
t t t
b) β(t) = 5 cos , 3 sin , 4 sin , t ∈ R.
5 5 5
c) 30.
1
d) k(t) = .
5
4 3
e) A curva é plana porque B(t) = 0, − , é constante. A imagem da curva está contida no plano
5 5
de equação 4y = 3z.
Exercı́cio 1.4.28 Como a imagem de α está contida numa superfı́cie esférica centrada na origem, então
( α| α) é constante. Derivando, obtemos ( α| T ) = 0.
1
Derivando novamente, obtemos ( T | T ) + ( α| kN ) = 0, ou seja, ( α| N ) = − .
k
Derivando uma vez mais, obtemos ( T | N ) + ( α| − kT + τ B) = 0, ou seja, τ ( α| B) = 0.
1 1
Se for ( α| B) = 0, então α = ( α| T ) T + ( α| N ) N + ( α| B) B = − N . Derivando, obtemos T = − (kT +
k k
τ
τ B) = −T − B, contradição.
k
Logo τ = 0, pelo que a curva é plana.
Exercı́cio 1.4.29
√
a) 2 2.
b) T (0) = (1, 0, 0), N (0) = (0, 1, 0), B(0) = (0, 0, 1).
√ √ √ √
c) (x − 2) + 6(y − 3) + 3(z − 2) = 0.
√
3
d) k(t) = τ (t) = .
(1 + 3t2 )2
Exercı́cio 1.4.30 A curva é plana porque τ (t) = 0, ∀t ∈ [0, π]. A imagem da curva está contida no
plano de equação z = 2x − 1.
ks
Exercı́cio 1.4.31
t
Exercı́cio 1.4.32
a) a = 4.
1
b) τ (t) = √ .
t(2 + t)2
Exercı́cio 1.4.33
√
a) v(t) = 5 cosh t.
2 1 1 2
b) T (0) = √ , 0, √ , N (0) = (0, 1, 0) , B(0) = − √ , 0, √ .
5 5 5 5
45
x − 2 sinh 1 y − cosh 1
c) = = z − 1.
2 cosh 1 sinh 1
2
d) τ (t) = − 6= 0, logo a curva não é plana.
5 cosh2 t
√
Exercı́cio 1.4.34 v(t0 ) = 17, k(t0 ) = 3, τ (t0 ) = −2.
Exercı́cio 1.4.35
a) x = y + 2z + 3.
2 1 1 5 2 1 1 2
b) T (0) = √ , 0, √ , N (0) = √ , √ , √ , B(0) = − √ , √ , √ .
5 5 30 30 30 6 6 6
Exercı́cio 1.4.36
√
a) A curva α é regular, porque v(t) = 1 + e2t > 0, ∀t ∈ R.
s
1 + 2e2t
b) k(t) = .
(1 + e2t )3
2e2t
c) A curva não é plana, porque τ (t) = 6= 0.
1 + 2e2t
d) x + y − z = 2.
√
′ 2 2
e) kB (0)k = .
3
Exercı́cio 1.4.38
1
a) α′ (t) = 0 ⇔ = 0 ∧ −2 cos t sin t = 0 (Condição impossı́vel)
cos2 t y
√ ! • •
3 3
b) ± , .
3 4 x
Exercı́cio 1.4.39
√ !
√
2 t
sin( 2t) t
a) β(t) = sin , √ ,√ , t ∈ [0, 2 2π].
2 2 2
√ ! √ !
sin(2t) cos(2t) 2 sin(2t) cos(2t) 2
b) T (t) = √ , √ , , N (t) = (cos(2t), − sin(2t), 0), B(t) = √ , √ ,− .
2 2 2 2 2 2
c) x = 0 ∧ y = z − π.
46
d) τ (t) = −1, ∀t ∈ [0, 2π].
r !
1 1 2
Exercı́cio 1.4.40 A imagem de α está contida numa reta porque T (t) = −√ , √ , − é con-
6 6 3
stante. A imagem de α está contida na reta de equação −2x = 2(y − 1) = −z.
Exercı́cio 1.4.42
1+t 1+t
a) β(t) = √ cos(log(1 + t)), √ sin(log(1 + t)) , t ∈] − 1, +∞[.
2 2
b) ks (t) = e−t .
Exercı́cio 1.4.43
a) Tem-se x(t)2 + y(t)2 + z(t)2 = 1.
√
3 2
−3 cos2 t sin t ± 4 =0 (C.Imp)
= 0
′
b) α (t) = 0 ⇔ 3 cos t sin2 t = 0 ⇔ − logo α é regular.
√
3 cos(2t) = 0 t = π ∨ t = 3π ∨ t = 5π ∨ t = 7π
4 4 4 4
c) B(0) = (0, −1, 0) não é paralelo a B(π/2) = (−1, 0, 0).
d) Como B(t) não é constante, α não é uma curva plana.
Exercı́cio 1.4.44
π
a) α′ = (0, 0), logo a curva não é regular.
2
b) ks (t) = | tan t|.
c) β(t) = (log tan 2t , 0).
Exercı́cio 1.4.45
a) i) T (0) = (0, 1, 0), N (0) = (−1, 0, 0), B(0) = (0, 0, 1);
ii) τ (0) = 0.
iii) z = 0.
b) Como ( α′ (t)| α′′ (t) ∧ α′′′ (t)) = 4t(6 + t2 ) não é a função nula, então α não é uma curva planar.
Exercı́cio 1.4.46 Como as retas normais a α passam pela origem, então α(t) = c(t)N (t), para alguma
função c : I → R.
Logo α′ = c′ N + cN ′ , ou seja, vT = c′ N + c(−vkT + vτ B). Como {T, N, B} é uma base de R3 , então
1
v + cvk = c′ = vτ = 0. Como v 6= 0, tem-se τ = 0 e c = − é constante.
k
Logo a curva é plana e como kαk = c, a sua imagem está sobre uma circunferência centrada na origem, de
raio c.
47
Exercı́cio 1.4.47
!
√
r r r
2 t t 2 t 2 t t
a) β(t) = cos √ + sin √ , cos √ , cos √ − sin √ , t ∈ [0, 2π].
3 2 2 3 2 3 2 2
√
b) 2π.
1
c) √ .
2
Exercı́cio 1.4.48
a) α(t) = (cosh t, sinh t, 2 sinh t), t ∈ R.
2 1
b) 0, √ , − √ .
5 5
β′ Tα′
Exercı́cio 1.4.49 Tem-se β ′ = α′ − s′α Tα − sα Tα′ = −sα Tα′ , logo Tβ = = − = −Nα .
kβ ′ k kTα′ k
′
Tβ
Portanto, Tβ′ = −Nα′ = −(−vα kα Tα + vα τα Bα ) = vα kα Tα , pelo que Nβ = = Tα .
kTβ′ k
Assim, γ = α − sα Tα + sα Nβ = α − sα Tα + sα Tα = α.
48
1.5 O teorema fundamental das curvas
Vimos que uma curva α dá origem a três funções reais diferenciáveis: a velocidade v, a
curvatura k e a torção τ . Vamos em seguida ver que estas funções determinam completamente
a forma da curva. Além disso, veremos que para qualquer escolha destas funções, existe uma
curva com essa velocidade, curvatura e torção.
A noção de ter a mesma forma é dada pelo conceito de isometria, definido a seguir.
vβ = vα Tβ = Φ ◦ Tα
kβ = kα Nβ = Φ ◦ Nα
τβ = ±τα Bβ = ±Φ ◦ Bα
Tβ′ Φ ◦ Tα′ T′
Nβ = = = Φ ◦ α = Φ ◦ Nα .
vβ kβ vα kα vα kα
49
Finalmente, temos Bβ = Tβ ∧ Nβ = (Φ ◦ Tα ) ∧ (Φ ◦ Nα ) = (det Φ)Φ ◦ (Tα ∧ Nα ) = ±Φ ◦ Bα 1 ,
pelo que se conclui que Bβ′ = ±Φ ◦ Bα′ .
Assim, −τβ Nβ = ±Φ ◦ (−τα Nα ) = ±τα (−Nβ ), o que mostra que τβ = ±τα .
Teorema 1.5.3 Sejam α, β : I → Rn duas curvas com curvatura não nula tais que
vβ = vα , kβ = kα e τβ = ±τα . Então existe uma isometria f : R3 → R3 tal que β = f ◦ α.
= vγ kγ ( Nγ | Tβ ) + vβ kβ ( Tγ | Nβ ) −
− vγ kγ ( Tγ | Nβ ) + vγ τγ ( Bγ | Nβ ) − vβ kβ (Nγ | Tβ ) + vβ τβ ( Nγ | Bβ ) +
− vγ τγ (Nγ | Bβ ) − vβ τβ ( Bγ | Nβ ) =
= 0.
Isto mostra que g é constante, e como g(t0) = (Tγ (t0 )| Tβ (t0 ))+(Nγ (t0 )| Nβ (t0 ))+(Bγ (t0 )| Bβ (t0 )) =
1 + 1 + 1 = 3, então g(t) = 3, ∀t ∈ I.
Portanto Tγ (t) = Tβ (t), Nγ (t) = Nβ (t) e Bγ (t) = Bβ (t), ∀t ∈ I.
Então β ′ = vβ Tβ = vγ Tγ = γ ′ e como β(t0 ) = γ(t0 ), obtém-se β = γ = f ◦ α.
Para curvas planas temos um resultado análogo envolvendo a curvatura com sinal.
Teorema 1.5.4 Sejam α, β : I → R2 duas curvas tais que vβ = vα e ks,β = ks,α. Então
existe uma isometria f : R2 → R2 tal que β = f ◦ α.
1
Seja A3×3 a matriz que representa Φ em relação à base canónica {e1 , e2 , e3 } de R3 .
Como Φ é uma isometria, então A−1 = AT .
AAT ei
T
A ei
Temos (ei |Φ(x) ∧ Φ(y)) = (ei |Ax ∧ Ay) = AAT ei |Ax ∧ Ay = det Ax = det A x =
T Ay y
A ei
det(A) det x = det(A) AT ei |x ∧ y = det(A) (ei A|x ∧ y) = det(A) (ei |Φ(x ∧ y)). Como i é qual-
y
quer, então Φ(x) ∧ Φ(y) = (det Φ)Φ(x ∧ y).
50
Provemos agora o teorema fundamental das curvas.
que tem uma solução única, uma vez fixadas as condições iniciais T1 (t0 ) = 1, T2 (t0 ) =
0, T3 (t0 ) = 0, N1 (t0 ) = 0, N2 (t0 ) = 1, N3 (t0 ) = 0, B1 (t0 ) = 0, B2 (t0 ) = 0, B3 (t0 ) = 1. Obtêm-
se assim três funções vetoriais, T, N, B : I → R3 que verificam as fórmulas anteriores e que
formam uma base ortonormada no instante t0 . Para mostrar que {T (t), N(t), B(t)} formam
uma base ortonormada para qualquer instante t, observamos que as funções g1 = ( T | T ),
g2 = ( N| N), g3 = ( B| B), g4 = ( T | N), g5 = ( T | B), g6 = ( N| B) verificam o sistema
g1′ = 2vkg4
g2′ = −2vkg4 + 2vτ g5
g3′ = −2vτ g6
g4′ = vkg2 − vkg1 + vτ g5
g5′ = vkg6 − vτ g4
g6′ = −vkg5 + vτ g3 − vτ g2
51
dθ
dθ dt θ′
Demonstração. Como queremos que ks = = = , defina-se
ds ds v
dt
Zt
θ(t) = v(u)ks(u)du,
t0
e considere-se o vetor unitário T (t) = (cos θ(t), sin θ(t)). Então podemos obter a curva
pretendida por t
Z Zt
α(t) = v(u) cos θ(u)du, v(u) sin θ(u)du .
t0 t0
Em muitos casos apenas se consegue determinar as curvas dadas pelos dois teoremas
anteriores através de métodos numéricos, sendo impossı́vel obter uma expressão explı́cita da
curva em termos de funções elementares.
Exercı́cio 1.5.1 Determine uma curva plana tal que v = a e k = b, com a e b constantes.
Exercı́cio 1.5.2 Determine uma curva plana, parametrizada por comprimento de arco,
cuja curvatura é dada por k(t) = 1/t.
Exercı́cio 1.5.3 Determine uma curva α : U → R2 cuja velocidade e curvatura com sinal
são respetivamente
√ −2
v(t) = 1 + 4t2 , ks (t) = .
(1 + 4t2 )3/2
Exercı́cio 1.5.4 Determine uma curva plana, parametrizada por comprimento de arco,
1
cuja curvatura é dada por k(t) = .
1 + t2
Exercı́cio 1.5.5 Determine uma curva α : R → R2 tal que v(t) = t e a curvatura com
sinal é uma constante a não nula.
1
Exercı́cio 1.5.6 Determine uma curva α : R+ → R2 tal que v(t) = t e ks (t) = .
t
Exercı́cio 1.5.7 Indique uma curva plana tal que v(t) = t2 e ks (t) = 3.
1
Exercı́cio 1.5.8 Determine uma curva α : R → R2 tal que v(t) = e ks (t) = 1.
1 + t2
52
sin(abt) cos(abt)
Exercı́cio 1.5.1 α(t) = ,− , t ∈ R.
b b
t t
Exercı́cio 1.5.2 α(t) = (sin log t − cos log t), (sin log t + cos log t) , t ∈]0, +∞[.
2 2
at2 at2
1 1
Exercı́cio 1.5.5 α(t) = sin , − cos , t ∈ R.
a 2 a 2
sin(t3 ) cos(t3 )
Exercı́cio 1.5.7 α(t) = ,− , t ∈ R.
3 3
t 1
Exercı́cio 1.5.8 α(t) = √ , −√ , t ∈ R.
1 + t2 1 + t2
53
1.6 O hodógrafo
Nesta secção vamos definir uma ferramenta, descrita por Hamilton no século XIX, para
explicar o movimento planetário de uma forma simples.
Definição 1.6.1 Seja α : I → Rn uma curva regular. O hodógrafo de α é a curva
h : I → Rn definida por h(t) = α′ (t).
Como estamos a supor que α′ (t) 6= 0, o hodógrafo de um curva regular é assim uma curva
que não passa pela origem.
Exemplo 1.6.2 O hodógrafo da espiral α: [0, +∞[ → R2 (marcada com
t 7→ (t cos t, t sin t)
um traço fino) é outra espiral h: [0, +∞[ → R2 (marcada
t 7→ (cos t − t sin t, sin t + t cos t)
com um traço grosso).
y
Então podemos escolher o referencial de modo que α(t) esteja contida no plano xOy,
A = (0, 0, a) e descrever a curva através das coordenadas polares r(t) e θ(t). Tem-se então
α ∧ α′ = A ⇔ (r cos θ, r sin θ, 0) ∧ (r ′ cos θ − rθ′ sin θ, r ′ sin θ + rθ′ cos θ, 0) = (0, 0, a) ⇔
⇔ r2 θ′ = a
Esta igualdade implica a chamada Segunda Lei de Kepler, que afirma que a área varrida
pelo vetor posição de um planeta por unidade de tempo é constante (recorde-se que a área
Rt1
varrida pelo vetor posição entre os instantes t0 e t1 é dada por r 2 (t)θ′ (t)dt).
t0
54
Note-se que a Segunda Lei de Kepler é consequência apenas da colinearidade de α′′ e α e
não da magnitude de α′′ . Para o que se segue, necessitamos agora de utilizar o facto de que
b
kα′′ k = 2 , onde b é uma constante.
r
Teorema 1.6.3 (Teorema de Hamilton) O hodógrafo de α percorre uma circun-
ferência.
b
Demonstração. Seja h : I → R2 o hodógrafo de α. Então h′ = α′′ = − 2 (cos θ, sin θ) =
r
dh
b dh b
− θ′ (cos θ, sin θ), pelo que = dt = − (cos θ, sen θ).
a dθ dθ a
dt
b
Logo h = − (sin θ, − cos θ) + C, onde C é um vetor constante de R2 .
a
Assim, h percorre uma circunferência de centro C e raio b/a.
55
RT
Sendo T o perı́odo de rotação do planeta, temos, pela Segunda Lei de Kepler, a dt =
0
d2 d2
π , pelo que T = π .
(1 − e2 )3/2 a(1 − e2 )3/2
d4 d π
Finalmente, obtemos T 2 = π 2 2 2 3
= π 2 2 u3 = u3 . Isto prova a Terceira Lei de
a (1 − e ) a b
Kepler, que afirma que o quadrado do perı́odo da órbita de um planeta é proporcional ao
cubo do semieixo maior.
56
1.7 Curvas fechadas
Nesta secção vamos ver outras noções de curvatura para curvas fechadas.
Definição 1.7.1 Uma curva α : [a, b] → Rn diz-se fechada se α(a) coincide com α(b)
bem como todas as derivadas de α nestes pontos.
Rt1
Definição 1.7.2 A curvatura total de uma curva α : [a, b] → R2 é dada por ks (t)v(t)dt.
t0
No caso da curva estar parametrizada por comprimento de arco, a curvatura total é dada
Rt1
simplesmente por ks (t)dt.
t0
Teorema 1.7.3 A curvatura total de uma curva plana fechada é da forma 2nπ, onde n
é um inteiro.
Zt1 Zt1
dθ
Demonstração. Tem-se ks (t)v(t)dt = (t)dt = θ(t1 ) − θ(t0 ) = 2nπ, com n ∈ Z, uma
dt
t0 t0
vez que a curva é fechada.
Zt1
1
O número de rotação de α é assim dado por r(α) = ks (t)v(t)dt e indica o número
2π
t0
de voltas que o hodógrafo de α dá em torno da origem.
Para curvas no espaço podemos definir a curvatura total de forma análoga, integrando
a curvatura k em vez da curvatura com sinal ks . Pode-se provar que esta curvatura total é
no mı́nimo 2π, valor que ocorre exatamente para curvas fechadas no plano; para curvas no
espaço que formam um nó, a curvatura total é sempre superior a 4π.
Rt1
Novamente, para curvas parametrizadas por comprimento de arco, tem-se E(α) = c(α) k 2 (t)dt.
t0
57
Teorema 1.7.6 Se α é uma curva fechada com número de rotação não nulo, então E(α) ≥
2
4π , com igualdade se e só α percorre uma circunferência uma vez.
!2
Rt1 Rt1 Rt1 Rt1
Demonstração. Tem-se E(α) = c(α) k 2 (t)v(t)dt = v(t)dt k 2 (t)v(t)dt ≥ k(t)v(t)dt =
t0 t0 t0 t0
(2πr(α))2 ≥ 4π 2 , pela desigualdade de Cauchy-Schwartz para integrais.
Por outro lado, se E(α) = 4π 2 , então r(α) = ±1. Além disso, tem-se
Zt1 2
2π Rt1 4πk(t)v(t) 4π 2 v(t)
k(t) − v(t)dt = k 2 (t)v(t) − + 2 dt =
c(α) t0 c(α) c (α)
t0
Zt1 Zt1
E(α) 4π 4π 2
= − k(t)v(t)dt + 2 v(t)dt =
c(α) c(α) c (α)
t0 t0
4π 2 8π 2 4π 2
= − + =
c(α) c(α) c(α)
= 0,
2π
o que mostra que k(t) = , ∀t ∈ I. Como a curvatura é constante, α percorre uma
c(α)
circunferência, uma vez.
α : [0, 2π] → R2
t 7→ (cos t + cos(2t), sin t + sin(2t)).
y
Exercı́cio 1.7.2 Esboce a imagem de uma curva plana fechada cuja curvatura total seja
−6π.
α : [0, 2π] → R2
t 7→ (3 cos t, sin(3t)).
58
y
x x
Exercı́cio 1.7.2
y
59
Exercı́cio 1.7.3
q
a) v(t) = 3 cos2 (3t) + sin2 t.
A curva é regular porque o sistema α′ (t) = (0, 0) ⇔ sin t = 0 ∧ cos(3t) = 0 é impossı́vel.
2 cos(2t) − cos(4t)
b) ks (t) = . A curvatura com sinal não é sempre não nula porque nalguns pontos
3(cos2 (3t) + sin2 t)3/2 )
a curva tem orientação positiva e noutros tem orientação negativa.
c) 2π.
Exercı́cio 1.7.4
a) 8π.
b) A curva β tem mais energia, porque é essencialmente a curva α, com mais oscilações.
Exercı́cio 1.7.5
a) 4x4 + y 2 = 4x2 .
b) O número de rotação de α é 0.
60
2
Superfı́cies
No capı́tulo anterior foi definido e estudado o conceito de curva, que é uma aplicação difer-
enciável de um subconjunto de R para R3 . Uma superfı́cie é o conceito análogo em dimensão
2, isto é, onde o domı́nio da aplicação diferenciável é agora um subconjunto de R2 .
2.1 Definição
Definição 2.1.1 Uma carta de um subconjunto S ⊂ R3 é uma aplicação bijetiva φ :
U → V diferenciável, onde U é um aberto de R2 e V é um aberto de S, tal que a matriz
jacobiana de φ,
∂φ1 ∂φ1
(t, u) (t, u)
∂t ∂u
∂φ ∂φ ∂φ 2 ∂φ 2
Jφ (t, u) = (t, u) (t, u) = (t, u) (t, u)
∂t ∂u ∂t
∂u
∂φ ∂φ3
3
(t, u) (t, u)
∂t ∂u
tem caracterı́stica 2 em todos os pontos (t, u) ∈ U.
Alternativamente, podemos exigir apenas que φ : U → S seja injetiva, pois nesse caso
será bijetiva sobre a sua imagem.
A condição de que φ tem caracterı́stica 2 em (t, u) (dizemos que uma aplicação tem
caracterı́stica n num ponto quando a sua jacobiana tem caracterı́stica n nesse ponto) é
equivalente às condições
∂φ ∂φ
• os vetores (t, u) e (t, u) de R3 são linearmente independentes
∂t ∂u
61
∂φ ∂φ
• (t, u) ∧ (t, u) 6= 0
∂t ∂u
Uma superfı́cie é assim um subconjunto de R3 munido de um atlas tal que cada ponto
está no contradomı́nio de uma carta.
Exemplo 2.1.3 A aplicação
φ: R2 → S
(t, u) 7→ (cos(t + u2 ), sin(t + u2 ), t + u2 )
é diferenciável e tem jacobiana
− sin (t + u2 ) −2u sin (t + u2 )
x y
62
que tem caracterı́stica 2 em todos os pontos, logo é uma carta. O conjunto S = {(x, y, z) ∈
R3 : z = 0} é assim uma superfı́cie.
x y
φ: U → S
(t, u) 7→ (t, u, f (t, u))
1 0
Jφ (t, u) =
0 1
∂f ∂f
(t, u) (t, u)
∂t ∂u
que tem caracterı́stica 2 em todos os pontos, logo é uma carta. Então o gráfico da função
f (x, y), dado por S = Gf = {(x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ U ∧ z = f (x, y)} é uma superfı́cie.
Do mesmo modo se verifica que o gráfico de uma função diferenciável f (y, z), dado por
Gf = {(x, y, z) ∈ R3 : (y, z) ∈ U ∧ x = f (y, z)} e que o gráfico de uma função diferenciável
f (x, z), dado por Gf = {(x, y, z) ∈ R3 : (x, z) ∈ U ∧ y = f (x, z)} são superfı́cies. Na figura
seguinte está representado o gráfico da função f (x, y) = sin(x2 + y 2).
63
z
x y
Em todos os exemplos anteriores, a superfı́cie era definida por uma única carta. No
entanto, isto nem sempre é possı́vel. Por exemplo, uma superfı́cie esférica tem um atlas com
6 cartas dadas no exemplo seguinte.
φ1 : U → √ S φ2 : U → √ S
(t, u) 7→ ( 1 − t − u2 , t, u)
2 (t, u) 7→ (− 1 − t − u2 , t, u)
2
φ3 : U → √ S φ4 : U → √ S
(t, u) 7→ (t, 1 − t2 − u2 , u) (t, u) 7→ (t, − 1 − t2 − u2 , u)
φ5 : U → √ S φ6 : U → √S
(t, u) 7→ (t, u, 1 − t2 − u2 ) (t, u) 7→ (t, u, − 1 − t2 − u2 )
64
φ5
z
φ4 φ2
x y
φ1 φ3
φ6
Este atlas não é mı́nimo. De facto, uma superfı́cie esférica tem também um atlas com
apenas duas cartas, definidas como as imagens inversas das projeções estereográficas.
Estas projeções obtém-se através da interseção das retas que unem o ponto (x, y, z) da
superfı́cie esférica e o polo norte (0, 0, 1) (respetivamente o polo sul (0,0,-1)) com o plano
z = −1 (respetivamente o plano z = 1).
φN : R2 → S φS : R2 → S
2 2 −4 2 −u2
4t
(t, u) 7→ ( t2 +u2 +4 , t2 +u2 +4 , tt2 +u
4u
+u2 +4
) (t, u) 7→ ( t2 +u2 +4 , t2 +u2 +4 , t4−t
4t 4u
2 +u2 +4 )
65
z
x y
φN
Teorema 2.1.8 Seja S uma superfı́cie e p ∈ S um ponto qualquer. Então existe uma
carta φ : U → V ⊂ S, tal que p ∈ V e φ(t, u) é da forma φ(t, u) = (t, u, f (t, u)), φ(t, u) =
(t, f (t, u), u) ou φ(t, u) = (f (t, u), t, u).
f: U1 → R2
(t, u) 7→ (ψ1 (t, u), ψ2 (t, u)))
66
Como Jf (t, u) é invertı́vel, então, pelo teorema da função inversa, f é localmente invertı́vel,
isto é, existe um aberto U em R2 onde está definida e é diferenciável a aplicação f −1 . Então
a aplicação
φ: U → S
(t, u) 7→ ψ(f −1 (t, u)) = (t, u, ψ3 (f −1 (t, u)))
é uma carta de S, ou seja, S é localmente o gráfico da função ψ3 ◦ f −1 .
Muitas superfı́cies podem ser definidas como uma imagem inversa f −1 (a), onde f : R3 →
R é uma função. Um exemplo simples é a superfı́cie esférica S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 +y 2 +z 2 =
1} = f −1 (1), onde f (x, y, z) = x2 +y 2 +z 2 . O teorema seguinte diz em que condições podemos
garantir que f −1 (a) é de facto uma superfı́cie.
Demonstração. Como ∇f (p) 6= 0, então uma das suas coordenadas é não nula. Supon-
hamos que é a terceira (a prova é análoga nos outros casos) e defina-se a aplicação
F : R3 → R3
(x, y, z) 7→ (x, y, f (x, y, z))
Então a jacobiana
1 0 0
0 1 0
JF (x, y, z) =
∂f ∂f ∂f
(x, y, z) (x, y, z) (x, y, z)
∂x ∂y ∂z
é invertı́vel. Logo, pelo teorema da função inversa, existe um aberto V de R3 onde está
definida e é diferenciável a aplicação F −1 . Então a aplicação
φ: U → S
(t, u) 7→ F −1 (t, u, a)
67
Como vimos anteriormente, dado um ponto p numa superfı́cie S, há diversas formas de
definir uma carta em p. Por exemplo, se φ : U → V é uma carta de S, e f : R2 → R2
é um difeomorfismo, isto é, uma aplicação diferenciável com inversa diferenciável, então
φ ◦ f : f −1 (U) → V também é uma carta de S. Suponhamos agora que temos duas cartas φ
e ψ de S no ponto p.
U1 U2 U3
f g
a) determinando um atlas de S;
b) S é uma superfı́cie.
φ : R+ × R → S
(u, v) 7→ (u cosh v, u sinh v, u2).
a) Mostre que φ é uma carta de S, mas cuja imagem não é todo o conjunto S.
68
Exercı́cio 2.1.4 Verifique se as aplicações seguintes são cartas de uma superfı́cie.
b) ψ: R2 → S
(x, y) 7→ (x + y, x + y, xy)
φ: R2 → S
x2 + y 2 − 1
2x 2y
(x, y) 7→ , , .
x2 + y 2 + 1 x2 + y 2 + 1 x2 + y 2 + 1
é uma carta de S.
Exercı́cio 2.1.6 Indique quais das seguintes aplicações são cartas de uma superfı́cie:
a) φ1 : R×]0, 2π[ → S
(x, y) 7→ (x cos y, x, x sin y)
b) φ2 : R × R → S
(x, y) 7→ (sin y, cos y, x)
c) φ3 : R × R → S
(x, y) 7→ (y, x cos y, x sin y)
φ: R2 → S
(x, y) 7→ (x , y 3, xy) .
3
Exercı́cio 2.1.1
a) Seja φ : R2 → S
(x, z) 7→ (x, x2 + z 2 − 1, z).
Temos φ(x1 , z1 ) = φ(x2 , z2 ) ⇔ (x1 , x21 + z12 − 1,z1 ) = (x2 , x22 + z22 − 1, z2 ) ⇔ (x1 , z1 ) = (x2 , z2 ), logo
1 0
φ é injetiva. Além disso, Jφ (x, z) = 2x 2z .
0 1
Logo car Jφ (x, z) = 2 (a 1ª e a 3ª linhas são linearmente independentes), ∀x, z ∈ R2 .
Portanto {φ} é um atlas de S.
69
b) Seja f : R3 → R Temos S = f −1 (1).
(x, y, z) 7→ x2 − y + z 2 .
∇f (x, y, z) = (2x, −1, 2z) 6= 0, ∀(x, y, z) ∈ R3 , logo todos os números reais são valores regulares de f .
Portanto S é uma superfı́cie.
Exercı́cio 2.1.3
a) A aplicação φ está bem definida porque (u cosh v)2 − (u sinh v)2 = u2 (cosh2 v − sinh2 v) = u2 .
Além disso, φ(u1 , v1 ) = φ(u2 , v2 ) ⇔ (u1 cosh v1 , u1 sinh v1 , u21 ) = (u2 cosh v2 , u2 sinh v2 , u22 ) ⇔ (u1 , v1 ) =
(u2 , v2 ), logo φ é injetiva.
∂φ ∂φ
Tem-se (u, v) = (cosh v, sinh v, 2u) e (u, v) = (u sinh v, u cosh v, 0), logo
∂u ∂v
∂φ ∂φ
∧ (u, v) = (−2u2 cosh v, 2u2 sinh v, u) 6= (0, 0, 0), ∀(u, v) ∈ R+ × R. Portanto, φ é uma carta de
∂u ∂v
S.
A imagem de φ não é todo o conjunto S porque, por exemplo, (0, 0, 0) ∈ S, mas (0, 0, 0) não pertence
à imagem de φ.
b) Como S é o gráfico da função g : R2 → R definida por g(x, y) = x2 − y 2 , então S é uma superfı́cie.
Exercı́cio 2.1.4
π π
a) Tem-se φ , y = 0, 0, , logo φ não é injetiva. Portanto, φ não é uma carta.
2 2
b) Tem-se ψ(1, 0) = (1, 1, 0) = ψ(0, 1), logo ψ não é injetiva. Portanto, ψ não é uma carta.
Exercı́cio 2.1.6
∂φ
a) Tem-se (0, π) = (0, 0, 0), logo φ não é uma carta.
∂y
70
b) Tem-se φ(0, 0) = φ(0, 2π), logo φ não é injetiva. Portanto, φ não é uma carta.
c) Tem-se φ(x1 , y1 ) = φ(x2 , y2 ) ⇔ (y1 , x1 cos y1 , x1 sin y1 ) = (y2 , x2 cos y2 , x2 sin y2 ) ⇔
⇔ (x1 , y1 ) = (x2 , y2 ), logo φ é injetiva. Além disso,
∂φ ∂φ
(x, y) = (0, cos y, sin y) e (x, y) = (1, −x sin y, x cos y), logo
∂x ∂y
0 cos y sin y
∂φ ∂φ
(x, y) = 1 −x sin y x cos y = (x, sin y, − cos y) 6= (0, 0, 0), ∀(x, y) ∈ R2 .
∧
∂x ∂y e1 e2 e3
Portanto, φ é uma carta de uma superfı́cie.
∂φ
Exercı́cio 2.1.7 Tem-se (0, 0) = (0, 0, 0), logo φ não é uma carta.
∂x
71
2.2 Espaço vetorial tangente
Definição 2.2.1 Seja S uma superfı́cie e α : I → S uma curva tal que α(t0 ) = p.
Dizemos que a velocidade de α no ponto p ∈ S, dada por α′ (t0 ), é um vetor tangente a
S em p (neste contexto admitiremos curvas em que a velocidade se anula). O conjunto de
todos os vetores tangentes a S em p é designado de espaço vetorial tangente a S em p
e representa-se por Tp S. O plano tangente a S em p é o plano πp S, paralelo a Tp S, que
passa por p.
Teorema 2.2.2 O conjunto T p S é um espaçovetorial de dimensão 2 e, dada uma carta
∂φ ∂φ
φ de S em p, uma base de Tp S é (q), (q) , onde φ(q) = p.
∂x ∂y
Demonstração. Seja α : I → S uma curva tal que α(t0 ) = p = φ(q). Então existem
funções diferenciáveis x e y tais que α(t) = φ(x(t), y(t)). Portanto
∂φ ∂φ
α′ (t0 ) = x′ (t0 )
(q) + y ′(t0 ) (q)
∂x ∂y
∂φ ∂φ
pertence ao espaço vetorial gerado por (q), (q) .
∂x ∂y
∂φ ∂φ
Por outro lado, se v = a (q) + b (q), considere-se a curva
∂x ∂y
α: I → S
t 7→ φ(q + t(a, b))
onde I é um intervalo contendo 0.
∂φ ∂φ
Então α(0) = φ(q) = p e α′ (0) = a (q) + b (q) = v, ou seja, v é um vetor tangente a S
∂x ∂y
em p.
Quando a superfı́cie é definida como a imagem inversa de um valor regular de f , o espaço
vetorial tangente e o plano tangente a S em p podem ser descritos a partir do gradiente de
f.
Teorema 2.2.3 Seja S = f −1 (a), onde a é um valor regular de f . Então
Tp S = h∇f (p)i⊥ e πp S = {(x, y, z) ∈ R3 : ((x, y, z) − p|∇f (p)) = 0}
∂φ ∂φ
Demonstração. Basta mostrar que ∇f (p) é ortogonal a (q) e a (q), onde φ(q) = p.
∂x ∂y
De facto,
tem-se que a aplicação
f ◦ φ é constante (= a), logo 0 = Jf ◦φ (q) = Jf (p).Jφ (q) =
∂φ ∂φ
∇f (p). (q) (q) , pelo que
∂x ∂y
∂φ ∂φ
∇f (p) (q) = ∇f (p) (q) = 0.
∂x ∂y
72
Como foi feito para as curvas, também no estudo das superfı́cies é importante considerar
um vetor normal unitário.
Em cada ponto p há duas escolhas possı́veis para n(p), que dão origem à mesma reta
normal a S em p.
z
n(p)
p
πp S
Tp S
x y
73
Teorema 2.2.6 Seja S = f −1 (a), onde a é um valor regular de f . Então S é orientável.
Demonstração. Basta considerar o campo de vetores normais unitários definido por n(p) =
∇f (p)
.
k∇f (p)k
Teorema 2.2.7 Uma superfı́cie S é orientável se e só se possui um atlas tal que det Jψ−1 ◦φ (q) >
0 para quaisquer cartas φ : U → V, ψ : U ′ → V ′ e qualquer ponto q ∈ φ−1 (V ∩ V ′ ).
Demonstração.
(⇐) Basta observar que
∂φ ∂φ
(q) ∧ (q)
∂x ∂y
n(p) =
∂φ
(q) ∧ ∂φ (q)
∂x ∂y
onde φ(q) = p, define um campo de vetores normais unitários em S. De facto, a
aplicação n está bem definida, uma vez que, se considerarmos outra carta ψ em p,
∂φ ∂φ ∂ψ ∂ψ ′
então (q) ∧ (q) = det Jψ−1 ◦φ (q) (q ′ ) ∧ (q ), onde ψ(q ′ ) = p1 . Além disso,
∂x ∂y ∂x ∂y
como as cartas são difeomorfismos, a aplicação n é diferenciável.
(⇒) Seja n : S → R3 um campo de vetores normais unitários e consideremos um atlas
qualquer {ψi : Ui → Vi } de S. Então, para cada i, o vetor
∂ψ ∂ψ
(q) ∧ (q)
∂x ∂y
= ±n(p),
∂ψ ∂ψ
(q) ∧ (q)
∂x ∂y
onde ψi (q) = p. Se este vetor for igual a n(p), faça-se φi = ψi . Caso contrário, defina-se
φi = ψi ◦ f , onde f : R2 → R2 é definida por f (x, y) = (y, x). Então, para quaisquer i,
j, tem-se
∂φi ∂φi ∂φj ′ ∂φj ′ ∂φi ∂φi
(q) ∧ (q) (q ) ∧ (q ) (det Jφ−1 ◦φj (q ′ )) (q) ∧ (q)
∂x ∂y
= n(p) =
∂x ∂y
=
i ∂x ∂y
,
∂φi ∂φi
∂φj ′ ∂φj ′
(det J −1 (q ′ )) ∂φi (q) ∧ ∂φi
∂x (q) ∧ (q)
∂x (q ) ∧ (q )
(q)
φi ◦φj
∂y
∂y
∂x ∂y
1 ∂φ ∂φ ∂ψ ′ ∂ψ ′
Tanto (q), (q) como (q ), (q ) são bases de Tp S. A matriz de mudança de base da
∂x ∂x ∂x ∂x
a b
primeira para a segunda é Jψ−1 ◦φ (q) = . Então
c d
∂φ ∂φ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′
(q)∧ (q) = a (q ) + c (q ) ∧ b (q ) + d (q ) = ad (q )∧ (q )+cb (q )∧ (q ) =
∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y ∂y ∂x
∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′ ∂ψ ′
(ad − bc) (q ) ∧ (q ) = det Jψ−1 ◦φ (q) (q ) ∧ (q ).
∂x ∂y ∂x ∂y
74
onde φi (q) = φj (q ′ ) = p. Assim conclui-se que det Jφ−1 ◦φi (q ′ ) > 0, para quaisquer
j
cartas.
Exercı́cio 2.2.1 Determine uma equação cartesiana do plano tangente à superfı́cie esférica
unitária centrada na origem, no ponto (1, 0, 0).
Exercı́cio 2.2.3 Seja S uma superfı́cie tal que a reta normal a S no ponto p passa pela
origem, para qualquer p ∈ S. Mostre que S está contida numa superfı́cie esférica.
Sugestão: Mostre que se φ : U → V é uma carta de S, então a função f : U → R definida
por f (x, y) = ( φ(x, y)| φ(x, y)) é constante.
S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 − 6y + 4z + 12 = 0}
b) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 = 1}
c) S = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 = 1}
75
Exercı́cio 2.2.6 Considere a aplicação
φ: R2 → S
(t, u) 7→ (t + u, t − u, 4 t u).
x
y
φ: R2 → S
(t, u) 7→ (t, t + u, t2 ) .
76
Exercı́cio 2.2.11 Mostre que todos os planos tangentes à superfı́cie
φ : (R+ )2 → R3
(x, y) 7→ (x , xy, y 2) .
2
b) Mostre que o vetor (2, 1, 2) não pertence a nenhum espaço vetorial tangente a S.
Exercı́cio 2.2.2
a) Seja f : R3 → R Temos S = f −1 (a2 ). Então
4 2 2 2 2
(x, y, z) 7→ (x − x + y ) + z .
(8x3 − 4x)(x4 − x2 + y 2 ) = 0 ±a(8x3 − 4x) = 0
4 2 2
∇f (x, y, z) = 0 4y(x − x + y ) = 0 ±4ay = 0
⇔ ⇔ ⇔
(x, y, z) ∈ S
2z = 0
z = 0
4 2 2 2 2 2 4
(x −
x + y ) + z = a x − x2 + y 2 = ±a
—
8x3 − 4x = 0
a = 0 y = 0
⇔ ∨ ⇔
z = 0 z = 0
4
2 2 4
2
x −x +y = 0 x −x = ±a
√
—
x = 0
x = ± 22
a = 0 y = 0 y = 0
⇔ ∨ ∨ .
4 z = 0
z = 0
z = 0
x − x2 + y 2 = 0 a = 0 a = ± 14
1 1
Este sistema é impossı́vel para a 6∈ {0, 4 , − 4 } e, para estes valores de a, S é uma superfı́cie.
b) É o plano de equação z = a.
77
c) Como S = f −1 (a2 ), com a2 valor regular de f , então S é orientável.
Exercı́cio 2.2.5
a) n: S → S2
(x, y, z) 7→ (0, 0, 1).
b) n: S → S2
(x, y, z) 7→ (x, y, z).
c) n: S → S2
(x, y, z) 7→ (x, y, 0).
Exercı́cio 2.2.6
a) Tem-se
φ(t1 , u1 ) = φ(t2 , u2 ) ⇔
t1 + u 1 = t2 + u 2 u1 = t2 + u 2 − t1 u1 = u2
⇔ t1 − u 1 = t2 − u 2 ⇔ t1 − (t2 + u2 − t1 ) = t2 − u2 ⇔ t1 = t2 ,
t1 u 1 = t2 u 2 t1 u 1 = t2 u 2 —
∂φ ∂φ
logo φ é injetiva. Além disso, (t, u) = (1, 1, 4u) e (t, u) = (1, −1, 4t), logo
∂t ∂u
1 1 4u
∂φ ∂φ
(t, u) = 1 −1 4t = (4t + 4u, 4u − 4t, −2) 6= (0, 0, 0), ∀(t, u) ∈ R2 .
∧
∂t ∂u e1 e2 e3
Logo φ é uma carta de S.
b) z = 4x − 4.
Exercı́cio 2.2.8
√
a) c 6= ± 2 9 3 .
b) z = 1.
Exercı́cio 2.2.9 z = 4x − 4.
78
Exercı́cio 2.2.10
3 −1 2 ∇f (x, y, z) = 0
a) Seja f : R → p R Temos T = f (b ). Então ⇔
(x, y, z) ∈ T
(x, y, z) 7→ (a − x2 + y 2 )2 + z 2 .
p
−2(a − x2 + y 2 ) √ 2x 2 = 0 −2b √ 2x 2 = 0
x = 0
x +y
x +y
2b √ y
−2(a − x2 + y 2 ) √ 2y 2 = 0
p
= 0
y = 0
⇔ x +y ⇔ x2 +y 2 ⇔
z = 0 z = 0
2z = 0
a = ±b
p
a − x2 + y 2
p
(a − x2 + y 2 )2 + z 2 = b2 = ±b
Como a > b > 0, então este sistema é impossı́vel, logo T é uma superfı́cie.
b) Vetor tangente: (1, 0, 0); vetor normal: (0, 0, 1).
y0 (x − x0 ) + x0 (y − y0 ) − 2z0 (z − z0 ) = 0.
Exercı́cio 2.2.12
a) Tem-se φ(x1 , y1 ) = φ(x2 , y2 ) ⇔ (x21 , x1 y1 , y12 ) = (x22 , x2 y2 , y22 ) ⇔ (x1 , y1 ) = (x2 , y2 ), logo φ é injetiva.
∂φ ∂φ
Além disso, (x, y) = (2x, y, 0) e (x, y) = (0, x, 2y), logo
∂x ∂y
2x y 0
∂φ ∂φ
(x, y) = 0 x 2y = (2y 2 , −4xy, 2x2 ) 6= (0, 0, 0), ∀(x, y) ∈ (R+ )2 .
∧
∂x ∂y e1 e2 e3
Logo φ é uma carta de uma superfı́cie S.
b) Como (2, 1, 2) (2y 2 , −4xy, 2x2 ) = 4y 2 − 4xy + 4x2 = 4((x − y)2 + xy) > 0, ∀(x, y) ∈ (R+ )2 , então
Exercı́cio 2.2.13 Vetor tangente: (2, −1, 0); vetor normal: (−6, −12, 0).
Exercı́cio 2.2.14 y = 0.
79
2.3 Aplicações diferenciáveis
Até este momento falámos de aplicações diferenciáveis entre espaços da forma Rn . Em
seguida definiremos o conceito de aplicações diferenciáveis entre superfı́cies.
f
S1 S2
φ ψ
−1
ψ ◦f ◦φ
U1 U2
Esta definição não é prática, uma vez que para mostrar que uma dada aplicação f é difer-
enciável em p seria necessário considerar todas as cartas possı́veis em p e em f (p). O próximo
teorema torna a verificação de que uma dada aplicação é diferenciável muito mais simples.
f
S1 S2
φ̃ ψ̃
φ ψ
U˜1 U1 U2 U˜2
−1 −1 −1
φ ◦ φ̃ ψ ◦f ◦φ ψ̃ ◦ψ
80
Definição 2.3.3 O diferencial de uma aplicação diferenciável f : S1 → S2 no ponto
x ∈ S1 é a aplicação
dfx : Tx S1 → Tf (x) S2
v = α′ (t0 ) 7 → dfx (v) = (f ◦ α)′ (t0 )
∂F ∂F
(x̃′ , ỹ ′) = x′ + y′ .
∂x ∂y
d(g ◦ f )x (v) = (g ◦ f ◦ α)′ (t0 ) = dgf (x) ((f ◦ α)′ (t0 )) = dgf (x) (dfx (v)).
f: S2 → S2
(x, y, z) 7→ (−x, −y, −z)
81
Exercı́cio 2.3.2 Considere as superfı́cies U = S2 − {(0, 0, −1), (0, 0, 1)} e
3 2 2
C = {(x, y, z) ∈ R : x + y = 1}. Verifique se a aplicação
f: U → C !
x y
(x, y, z) 7→ p ,p ,z .
x2 + y 2 x2 + y 2
82
2.4 Primeira forma fundamental
Definição 2.4.1 A primeira forma fundamental de S em p é a aplicação bilinear
Ip : Tp S × Tp S → R
(v, w) 7→ (v|w)
Teorema 2.4.2 Seja φ uma carta de S. O comprimento de uma curva α : I → S tal que
α(t) = φ(x(t), y(t)), entre os instantes t0 e t1 é dado por
Zt1 p
x′ (t)2 E(x(t), y(t)) + 2x′ (t)y ′(t)F (x(t), y(t)) + y ′(t)2 G(x(t), y(t)) dt
t0
83
Demonstração. O comprimento de α entre os instantes t0 e t1 é dado por
Zt1 p
= x′ (t)2 E(x(t), y(t)) + 2x′ (t)y ′ (t)F (x(t), y(t)) + y ′(t)2 G(x(t), y(t)) dt
t0
84
Daqui conclui-se que JF tem caracterı́stica 2, e, como f ◦ φ = ψ ◦ F , temos que Jf ◦φ =
Jψ .JF tem caracterı́stica 2, pelo que f ◦ φ é uma carta (no domı́nio adequado).
Considerando então a carta ψ = f ◦ φ, temos F = ψ −1 ◦ f ◦ φ = (f ◦ φ)−1 ◦ f ◦ φ = id,
logo
Eφ (q) Fφ (q) Eψ (q) Fψ (q)
=
Fφ (q) Gφ (q) Fψ (q) Gψ (q)
Demonstração. Imediata.
Teorema
Z √ 2.4.6 A área de uma superfı́cie S definida por uma carta φ : U → V é dada
por EG − F 2 dx dy.
U
∂φ ∂φ
e , tem-se
Demonstração. Sendo θ o ângulo entre
∂x ∂y
r
√ √ √ 2 √
∂φ ∂φ
∂φ
∂φ
∧
=
sin θ = E G 1 − cos2 θ = EG − EG F = EG − F 2 .
∂x ∂y
∂x
∂y
EG
Exercı́cio 2.4.1 Determine a primeira forma fundamental das superfı́cies definidas pelas
cartas
a) φ(x, y) = (sin x cos y, sin x sin y, cos x)
b) φ(x, y) = ((a + b cos x) cos y, (a + b cos x) sin y, b sin x)
85
a) Mostre que φ é uma carta de uma superfı́cie S.
c) Usando a alı́nea anterior, determine o comprimento da curva α(t) = φ(1, t), entre os
instantes t = 0 e t = π/2.
x y
p
Exercı́cio 2.4.4 Sejam S1 = {(x, y, z) ∈ R3 : z = x2 + y 2 > 0} um cone e S2 =
{(x, y, z) ∈ R3 : z = 0} um plano. Verifique se são isometrias locais:
f: S1 → S2 !
x y
(x, y, z) 7→ p ,p ,z
x2 + y 2 x2 + y 2
φ : ]0, 2π[×R+ → S1
(t, u) 7→ (u cos t, u sin t, eu ),
86
c) Verifique se f é uma isometria local.
φ : R+ ×]0, 2π[ → R3
−u2
(u, v) 7→ u cos v, u sin v, e .
f: S → T
1 1
(x, y, z) 7→ x, , .
xz z
é diferenciável.
x y x y
87
Considere-se a aplicação
f: S1 → S2
(x, y, z) 7→ ( x2 , y2 , 2z).
a) Indique uma carta de S1 no ponto (0, 0, 12 ) e uma carta de S2 no ponto (0, 0, 1).
φ : ]0, 2π[×]0, 4[ → S
(u, v) 7→ (2 cos u, 2 sin u, 5v).
88
a) Determine uma equação do plano tangente a S no ponto (1, cosh 1, 3).
b) Determine a área de S.
p
Exercı́cio 2.4.15 Determine a área do cone {(x, y, z) ∈ R3 : z = x2 + y 2 ∧ 0 < z < 1}.
Exercı́cio 2.4.1
a) Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
1 0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂y ∂x ∂y d
0 sin2 x
b) Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y)S → 2 R
b 0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ C
A + B ,C +D 7→ A B
∂x ∂y ∂x ∂y D
0 (a + b cos x)2
Exercı́cio 2.4.3
a) Tem-se φ(u1 , v1 ) = φ(u2 , v2 ) ⇔
⇔ (sinh u1 cos v1 , sinh u1 sin v1 , cosh u1 ) = (sinh u2 cos v2 , sinh u2 sin v2 , cosh u2 ) ⇔ (u1 , v1 ) = (u2 , v2 ),
logo φ é injetiva. Tem-se
∂φ ∂φ
(u, v) = (cosh u cos v, cosh u sin v, sinh u) e (u, v) = (− sinh u sin v, sinh u cos v, 0), logo
∂u ∂v
∂φ ∂φ
∧ (u, v) = sinh u(− sinh u cos v, − sinh u sin v, cosh u) 6= (0, 0, 0), ∀(u, v) ∈ R+ ×] − π, π[.
∂u ∂v
Portanto, φ é uma carta de S.
89
√ √
y y
b) Tem-se (f ◦ φ)(x, y) = x 2 cos √ , x 2 sin √ , 0 , logo
2 2
√ y √
∂(f ◦ φ) y ∂(f ◦ φ) y y
(x, y) = 2 cos √ , 2 sin √ , 0 e (x, y) = −x sin √ , x cos √ , 0 , pelo que
∂x 2 2 ∂y 2 2
Ef ◦φ (x, y) = 2 = Eφ (x, y), Ff ◦φ (x, y) = 0 = Fφ (x, y) e Gf ◦φ (x, y) = x2 = Gφ (x, y).
Portanto f é uma isometria local.
Exercı́cio 2.4.6
a) Iφ(t,u) : Tφ(t,u) S1 × Tφ(t,u) S1 → R
u2
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂t ∂u ∂t ∂u d
0 1 + e2u
b) Consideremos a carta ψ : R2 → S2 de S2 .
(x, y) 7→ (x, y, 0)
Como (ψ −1 ◦ f ◦ φ)(t, u) = ψ −1 (f (u cos t, u sin t, eu )) = ψ −1 (u cos t, u sin t, 0) = (u cos t, u sin t) é
diferenciável, então f é diferenciável.
∂(f ◦ φ)
c) Tem-se (f ◦ φ)(t, u) = (u cos t, u sin t, 0), pelo que (t, u) = (cos t, sin t, 0).
∂u
Logo Gf ◦φ (t, u) = 1 6= 1 + e2u = Gφ (t, u). Assim, f não é uma isometria local.
Exercı́cio 2.4.7
2 2
a) Tem-se φ(u1 , v1 ) = φ(u2 , v2 ) ⇔ (u1 cos v1 , u1 sin v1 , e−u1 ) = (u2 cos v2 , u2 sin v2 , e−u2 ) ⇔ ⇔ (u1 , v1 ) =
(u2 , v2 ), logo φ é injetiva.
∂φ 2 ∂φ
Tem-se (u, v) = (cos v, sin v, −2ue−u ) e (u, v) = (−u sin v, u cos v, 0), logo
∂u ∂v
∂φ ∂φ 2 2
∧ (u, v) = (2u2 e−u cos v, 2u2 e−u sin v, u) 6= (0, 0, 0), ∀(u, v) ∈ R+ ×]0, 2π[.
∂u ∂v
Portanto, φ é uma carta de uma superfı́cie S.
b) Iφ(u,v) : Tφ(u,v) S × Tφ(u,v) S → R
2 −2u2
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
1 + 4u e 0
c
a + b ,c +d 7→ a b
∂u ∂v ∂u ∂v d
0 u2
c) π.
90
Exercı́cio 2.4.8
a) Vetor tangente: (1, 0, −1); vetor normal: (1, 1, 1).
b) Consideremos as cartas φ : (R+ )2 → S e ψ: R2 → T .
1 (x, y) 7→ (x, y, xy)
(x, y) 7→ x, y,
xy
−1 −1 1
Como (ψ ◦ f ◦ φ)(x, y) = ψ f x, y, = ψ −1 (x, y, xy) = (x, y) é diferenciável, então f é
xy
diferenciável.
∂φ −1 1
c) Tem-se (x, y) = 1, 0, 2 , logo Eφ (x, y) = 1 + 4 2 .
∂x x y x y
∂(f ◦ φ)
Por outro lado, (f ◦ φ)(x, y) = (x, y, xy), logo (x, y) = (1, 0, y), pelo que
∂x
2
Ef ◦φ (x, y) = 1 + y 6= Eφ (x, y). Portanto, f não é uma isometria local.
√
Exercı́cio 2.4.9 96 2π.
Exercı́cio 2.4.10
a) φ: U1 → S e ψ: U2 → S2 ,
1
p 1 p
(x, y) →
7 2
x, y, 2 1 − x − y 2 (x, y) 7→ 2
x, y, 1 − 4x − 4y 2
Exercı́cio 2.4.11
a) Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
2 + 4x2
−4xy
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂y ∂x ∂y d
−4xy 2 + 4y 2
b) Como (φ−1 ◦f ◦ φ)(x, y) = φ−1 f x − y, x + y, x2 − y 2 = φ−1 (x − y)2 , (x + y)2 , (x2 − y 2 )2 =
91
c) Temos (f ◦ φ)(x, y) = (x − y)2 , (x + y)2 , (x2 − y 2 )2 , logo
∂(f ◦ φ)
(x, y) = 2(x − y), 2(x + y), 4x(x2 − y 2 ) .
∂x
Portanto, Ef ◦φ (x, y) = 16x6 − 32x4 y 2 + 8x2 + 16x2 y 4 + 8y 2 6= 2 + 4x2 = Eφ (x, y).
Logo f não é uma isometria local.
Exercı́cio 2.4.13
√
a) 41π.
b) 80π.
c) n: S → S2
x y
(x, y, z) 7→ , ,0 .
2 2
Exercı́cio 2.4.14
a) y = sinh 1(x − 1) + cosh 1.
b) 3 sinh 2.
√
Exercı́cio 2.4.15 2π.
92
2.5 Segunda forma fundamental
Vimos que quando S é uma superfı́cie orientável, existe uma aplicação diferenciável n : S →
R3 que a cada ponto p faz corresponder um vetor normal unitário n(p). Como n(p) tem norma
1, podemos ver n como uma aplicação n : S → S2 onde S2 = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 +y 2 +z 2 = 1}
é a esfera unitária centrada na origem.
Note-se que em cada ponto p existem duas escolhas possı́veis para n(p) e, por con-
tinuidade, existem também apenas duas escolhas possı́veis para a aplicação global n (simétricas).
2 2
∂ ∂φ ∂ φ ∂φ ∂(n ◦ φ) ∂ φ ∂φ ∂φ
0 = n◦φ = n◦φ + = n ◦ φ + II ,
∂y ∂x ∂x∂y ∂x ∂y ∂x∂y ∂x ∂y
2 2
∂ ∂φ ∂ φ ∂φ ∂(n ◦ φ) ∂ φ ∂φ ∂φ
0 = n◦φ = n◦φ + = n ◦ φ + II ,
∂x ∂y ∂y∂x ∂y ∂x ∂y∂x ∂y ∂x
∂2φ ∂2φ
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
Como = , então II , = II , . Como II é linear conclui-se
∂y∂x ∂x∂y ∂x ∂y ∂y ∂x
que, para quaisquer v, w ∈ Tp S, se tem II (v, w) = II (w, v), ou seja, II é uma aplicação
93
bilinear simétrica. Isto significa que a segunda forma fundamental de S em p é representada
por uma matriz simétrica
L M
,
M N
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
ou seja, se v = a (q) + b (q) e w = c (q) + d (q) são dois vetores quaisquer de Tp S,
∂x ∂y ∂x ∂y
onde φ(q) = p, então
L(q) M(q) c
II(v, w) = a b
M(q) N(q) d
ou seja, 2
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂ φ
L = = − n◦φ
∂x ∂x ∂x2
2
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂ φ
M = = − n◦φ
∂x ∂y ∂x∂y
2
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂ φ
N = = − n◦φ
∂y ∂y ∂y 2
94
∂φ ∂φ
base , . Tem-se
∂x ∂y
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
L= = a +c =a +c = aE + cF
∂x ∂x ∂x ∂x ∂y ∂x ∂x ∂x ∂y
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
M= = b +d =b +d = bE + dF
∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂x ∂x ∂x ∂y
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
= = a +c =a +c = aF + cG
∂y ∂x ∂y ∂x
∂y ∂y ∂x
∂y ∂y
∂φ ∂(n ◦ φ) ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
N= = b +d =b +d = bF + dG.
∂y ∂y ∂y ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y ∂y
L M E F a b
Logo =
M N F G c d
• euclidiano se K(p) = 0;
95
• planar se K(p) = 0 e H(p) = 0.
x y
φ: U → R3
u3 v3
2 2 2 2
(u, v) 7→ u− + uv , v − + vu , u − v .
3 3
c) as curvaturas principais de S.
96
φ : R×] − π, π[ → S
b)
(t, u) 7→ (cosh t cos u, cosh t sin u, sinh t) .
φ : R+ × R+ → S
1
(x, y) 7→ x, y, .
xy
Exercı́cio 2.5.8 Seja S uma superfı́cie com curvatura de Gauss K e curvatura média H.
2
Mostre que H ≥ K.
φ : ] − 1, 1[×] − 1, 1[ → R3
tu + 1 t − u t + u
(t, u) 7→ , , .
tu − 1 tu − 1 tu − 1
97
b) Relativamente ao ponto (−1, 0, 0), determine:
Exercı́cio 2.5.1
a) IIφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
−6x 6y
p p
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
1 + 9(x2 + y 2 )2 1 + 9(x2 + y 2 )2
c
a + b ,c +d 7→ a b
d
∂x ∂y ∂x ∂y 6y 6x
p p
1 + 9(x2 + y 2 )2 2
1 + 9(x + y )2 2
Exercı́cio 2.5.2
a) Iφ(u,v) : Tφ(u,v) S × Tφ(u,v) S → R
(1 + u2 + v 2 )2
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂u ∂v ∂u ∂v d
0 (1 + u2 + v 2 )2
Exercı́cio 2.5.3
a) Todos os pontos são esféricos.
b) Todos os pontos são hiperbólicos.
Exercı́cio 2.5.4
a) Como S é o gráfico da função g : R2 → R definida por g(x, y) = xy 2 , então S é uma superfı́cie.
b) x + 2y = z + 2.
c) Consideremos as cartas φ : R2 → S e ψ: R2 → P .
2
(x, y) 7→ (x, y, xy ) (y, z) 7→ (0, y, z)
Como (ψ −1 ◦ f ◦ φ)(x, y) = ψ −1 (f (x, y, xy 2 )) = ψ −1 (0, y, xy 2 ) = (y, xy 2 ) é diferenciável, então f é
diferenciável.
98
d) Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
1 + y4 2xy 3
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂y ∂x ∂y d
2xy 3 1 + 4x2 y 2
IIφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
−2y
0 p
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
1 + 4x2 y 2 + y 4
c
a + b ,c +d 7→ a b
d
∂x ∂y ∂x ∂y
−2y −2x
p p
1 + 4x2 y 2 + y 4 2 2
1 + 4x y + y 4
e) K(0, 0, 0) = H(0, 0, 0) = 0.
Exercı́cio 2.5.5
a) IIφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
−2y −1
p p
2 2 4 4 x2 + y 2 + x4 y 4
x x +y +x y
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
d
∂x ∂y ∂x ∂y −1 −2x
p p
x + y 2 + x4 y 4
2 2 2
y x +y +x y 4 4
Exercı́cio 2.5.9
t1 u 1 + 1 t1 − u 1 t1 + u 1 t2 u 2 + 1 t2 − u 2 t2 + u 2
a) Tem-se φ(t1 , u1 ) = φ(t2 , u2 ) ⇔ , , = , , ⇔
t1 u 1 − 1 t1 u 1 − 1 t1 u 1 − 1 t2 u 2 − 1 t2 u 2 − 1 t2 u 2 − 1
⇔ (t1 , u1 ) =(t2 , u2 ), logo φ é injetiva. Além disso,
u2 − 1 1 + u2 1 − t2 1 + t2
∂φ 2u ∂φ 2t
(t, u) = − , ,− e (t, u) = − , ,− ,
∂t (tu − 1)2 (tu − 1)2 (tu − 1)2 ∂u (tu − 1)2 (tu − 1)2 (tu − 1)2
logo
−2u u2 − 1 −(1 + u2 )
∂φ ∂φ 1
−2t 1 − t2 −(1 + t2 ) =
2
∧ (t, u) = 4 3
(−1 − tu, u − t, t + u) 6= (0, 0, 0), ∀(t, u) ∈
∂t ∂u (tu − 1)
(tu − 1)
e1 e2 e3
] − 1, 1[2 .
Portanto, φ é uma carta de uma superfı́cie.
99
b) i) Vetor tangente: (0, −1, −1); vetor normal: (1, 0, 0).
ii) I(−1,0,0) : T(−1,0,0) S1 × T(−1,0,0) S1 → R .
2 0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
c
a + b ,c +d 7→ a b
∂t ∂u ∂t ∂u d
0 2
iii) Hiperbólico.
100
2.6 Geodésicas
Seja α : I → S uma curva parametrizada por comprimento de arco. Localmente, isto é, no
contradomı́nio de uma carta φ : U → V , a curva α pode ser definida por α(t) = φ(x(t), y(t))
∂φ
onde x e y são funções diferenciáveis. O vetor velocidade α′(t) = x′ (t) (x(t), y(t)) +
∂x
′ ∂φ
y (t) (x(t), y(t)) pertence a Tp S sendo assim ortogonal a n(α(t)). Logo α′ (t), n(α(t)) e
∂y
n(α(t)) ∧ α′ (t) formam uma base ortonormada de R3 .
Como α está parametrizada por comprimento de arco, então. pelo Teorema 1.4.5, α′′ (t)
é ortogonal a α′ (t). Assim, α′′ (t) pertence ao plano gerado por n(α(t)) e n(α(t)) ∧ α′ (t), ou
seja,
α′′ (t) = ( α′′ (t)| n(α(t))) n(α(t)) + ( α′′ (t)| n(α(t)) ∧ α′ (t)) n(α(t)) ∧ α′ (t)
Portanto, a curvatura de α é dada por
2 2
kα′′ (t)k2 = ( α′′ (t)| n(α(t))) + ( α′′ (t)| n(α(t)) ∧ α′ (t))
O próximo teorema afirma que a curvatura normal de uma curva parametrizada por
comprimento de arco num ponto apenas depende da velocidade da curva nesse ponto.
Uma curva α é uma geodésica se a sua aceleração α′′ tiver a direção do vetor normal
unitário n, ou seja, se α′′ (t) ∧ n(α(t)) = 0, para qualquer instante t.
101
Vejamos como se podem determinar as geodésicas de uma superfı́cie S a partir de uma
∂φ ∂φ
carta φ : U → V . Tem-se α′ = x′ (x, y) + y ′ (x, y), pelo que
∂x ∂y
2 2
′′ ′′ ∂φ ′∂ φ
′ ′ ∂ φ
α = x (x, y) + x x 2 (x, y) + y (x, y) +
∂x ∂x2 ∂x∂y
2
∂φ ′ ′ ∂ φ ′ ∂ φ
y ′′ (x, y) + y x (x, y) + y 2 (x, y)
∂y ∂y∂x ∂y
∂2φ ∂φ ∂φ
2
=a +b + c(n ◦ φ)
∂x ∂x ∂y
∂ 2 φ
c= n ◦ φ = −L.
∂x2
∂2φ ∂φ ∂φ
2
= Γxxx + Γyxx − L(n ◦ φ)
∂x ∂x ∂y
e, do mesmo modo,
∂2φ ∂φ ∂φ
= Γxxy + Γyxy − M(n ◦ φ)
∂x∂y ∂x ∂y
∂2φ ∂φ ∂φ
= Γxyx + Γyyx − M(n ◦ φ)
∂y∂x ∂x ∂y
∂2φ ∂φ ∂φ
= Γxyy + Γyyy − N(n ◦ φ)
∂y 2 ∂x ∂y
∂2φ ∂2φ
Note-se que, como = , então Γxxy = Γxyx e Γyxy = Γyyx . Podemos agora reescrever
∂x∂y ∂y∂x
102
a expressão que define α′′ , usando os sı́mbolos de Christoffel:
′′ ′′ ∂φ x ∂φ y ∂φ
′ 2 ′ ′ x ∂φ y ∂φ
α = x + (x ) Γxx + Γxx − L(n ◦ φ) + x y Γxy + Γxy − M(n ◦ φ) +
∂x ∂x ∂y ∂x ∂y
′′ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
y +yx ′ ′
Γxyx + Γyyx − M(n ◦ φ) + (y ) ′ 2
Γxyy + Γyyy − N(n ◦ φ) =
∂y ∂x ∂y ∂x ∂y
∂φ
= ′′
x + (x′ )2 Γxxx + 2x′ y ′Γxxy + (y ′)2 Γxyy +
∂x
∂φ
+ y ′′ + (x′ )2 Γyxx + 2x′ y ′ Γyxy + (y ′)2 Γyyy −
∂y
− (x′ )2 L + 2x′ y ′M + (y ′ )2 N (n ◦ φ)
2
∂E ∂ ∂φ ∂φ ∂ φ ∂φ
= =2 = 2 (Γxxx E + Γyxx F )
∂x ∂x ∂x ∂x ∂x2 ∂x
2
∂E ∂ ∂φ ∂φ ∂ φ ∂φ
= 2 Γxxy E + Γyxy F
= =2
∂y ∂y ∂x ∂x
∂x∂y ∂x
2 2
∂F ∂ ∂φ ∂φ ∂ φ ∂φ ∂φ ∂ φ
= = 2
+ = Γxxx F + Γyxx G + Γxxy E + Γyxy F
∂x ∂x ∂x ∂y
∂x ∂y ∂x ∂x∂y
2 2
∂F ∂ ∂φ ∂φ ∂ φ ∂φ ∂φ ∂ φ
= = + = Γxxy F + Γyxy G + Γxyy E + Γyyy F
∂y ∂y ∂x ∂y ∂x∂y ∂y ∂x ∂y 2
103
2
∂G ∂ ∂φ ∂φ ∂ φ ∂φ
= 2 Γxxy F + Γyxy G
= =2
∂x ∂x ∂y ∂y
∂x∂y ∂y
2
∂G ∂ ∂φ ∂φ ∂ φ ∂φ x y
= = 2 = 2 Γ yy F + Γ yy G
∂y ∂y ∂y ∂y ∂y∂y ∂y
Estas igualdades podem-se escrever na forma
1 ∂E
E F
Γxxx
2 ∂x
= ,
F G Γyxx ∂F 1 ∂E
−
∂x 2 ∂y
1 ∂E
2 ∂y
Γxxy
E F
= ,
F G Γyxy
1 ∂G
2 ∂x
∂F 1 ∂G
−
∂y 2 ∂x
Γxyy
E F
= .
F G Γyyy 1 ∂G
2 ∂y
−1
E F
e multiplicando-as por obtêm-se expressões para os sı́mbolos Γkij em termos de
F G
E, F e G e das suas derivadas.
α : [−π/2, π/2] → T
t 7→ (2 + cos t, 0, sin t)
φ(u, v) = ((2 + cos u) cos v, (2 + cos u) sin v, sin u), u ∈ (−π, π), v ∈ (−π, π).
Exercı́cio 2.6.2 Considere a curva definida por α(t) = (cos t, sin t, 1), para t ∈ R cuja
imagem está na superfı́cie S = {(x, y, z) ∈ R3 : z = x2 + y 2}.
104
b) Indique, justificando, se a curva α é uma geodésica de S.
φ: R2 → R3
(u, v) 7→ (v cos u, v sin u, u) .
t
e a curva α(t) = φ √ , 3 .
10
a) Mostre que α está parametrizada por comprimento de arco.
φ: R2 → S
(x, y) 7→ (x, y, cos x) .
105
Exercı́cio 2.6.6 Considere a superfı́cie cilı́ndrica S definida pela carta
φ : ]0, 2π[×R → R3
(u, v) 7→ (cos u, sin u, v) .
Exercı́cio 2.6.9 Seja S o gráfico da função f (x, y)!= sin(x2 + y 2 ) e considere a curva α
r r r r
π 2 π 2
em S dada por α(t) = cos t, sin t, 1 , representada na figura. Determine
2 π 2 π
se α é uma geodésica de S.
106
Exercı́cio 2.6.10 Considere a aplicação
φ : R+ × R+ → R3
(t, u) 7→ (t2 , t3 + u3 , u2 ).
c) Calcule Γutt .
c) Calcule Γutu .
c) Determine Γutt .
107
a) Mostre que φ é uma carta de uma superfı́cie S.
φ: R2 → R3
(t, u) 7→ (t, u, t2 + u3 ).
108
b) Verifique se a aplicação f : S → S definida por f (t, u, t2 + u3 ) = (u, t, u2 + t3 ) é uma
isometria local.
e) Determine Γtuu .
φ : {(x, z) ∈ R2 : z > x2 } → √ S
(x, z) 7→ (x, z − x2 , z).
e a aplicação
f: S → S′
(x, y, z) 7→ (cos(πz), xz, y + z 2 ) .
a) Determine a primeira forma fundamental de φ.
Exercı́cio 2.6.2
2 1
a) kn (t) = √ kg (t) = √
5 5
b) A curva α não é uma geodésica de S porque kg 6= 0.
Exercı́cio 2.6.3
a) n(φ(x, y)) = (− cos x cos y, − cos x sin y, − sin x)
109
b) IIφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
−1 0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂y ∂x ∂y d
0 − cos x(2 + cos x)
c) Pontos da forma (cos y, sin y, 1) e (cos y, sin y, −1), y ∈]0, 2π[.
sin x
d) Γxxx = Γyxx = Γxxy = Γyyy = 0, Γyxy = − , Γx = (2 + cos x) sin x
2 + cos x yy
Exercı́cio 2.6.4
t t t 3 t 3 t 1
a) Tem-se α(t) = 3 cos √ , 3 sin √ , √ ′
, logo α (t) = − √ sin √ , √ cos √ , √ ,
10 10 10 10 10 10 10 10
′
pelo que v(t) = kα (t)k = 1.
b) IIφ(u,v) : Tφ(u,v) S × Tφ(u,v) S → R
−1
0 √
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
1 + v2
c
a + b ,c +d 7→ a b
∂u ∂v ∂u ∂v d
−1
√ 0
1 + v2
1 1 t t
c) Tem-se n(φ(u, v)) = √ (− sin u, cos u, −v), logo n(α(t)) = √ − sin √ , cos √ , −3 .
1 + v2 10 10 10
3 t 3 t
Como α (t) = − cos √ , − sin √ , 0 , então α e n ◦ α não são colineares. Logo α não
′′ ′′
10 10 10 10
é uma geodésica de S.
v
u′′ + 2u′ v ′
= 0
1 + v2
d)
v ′′ − v(u′ )2 = 0
Exercı́cio 2.6.5
a) Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
1 + sin2 x
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂y ∂x ∂y d
0 1
b) IIφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
cos x
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ p c
a + b ,c +d 7→ a b 1 + sin2 x
d
∂x ∂y ∂x ∂y 0 0
c) Todos os pontos de S são euclidianos.
sin x cos x y
d) Γxxx = , Γxx = Γxxy = Γyxy = Γxyy = Γyyy = 0.
1 + sin2 x
sin x cos x ′ 2
x′′ +
(x ) = 0
e) 1 + sin2 x
y ′′ = 0
Exercı́cio 2.6.6
110
a) Γuuu = Γvuu = Γuuv = Γvuv = Γuvv = Γvvv = 0.
′′
u = 0
b)
v ′′ = 0
c) α(t) = (cos(at + b), sin(at + b), ct + d).
4 cos(at + b) − 3(ct + d) −3 cos(at + b) − 4(ct + d)
Exercı́cio 2.6.7 α(t) = , 1 − sin(at + b),
5 5
Exercı́cio 2.6.8
a) Como S é o gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = sin x+cos y, então S é uma superfı́cie.
b) z = x + 1.
c) Seja φ : R2 → S
(x, y) 7→ (x, y, sin x + cos y).
Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
2
1 + cos x − cos x sin y
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ ab
∂x ∂y ∂x ∂y d
− cos x sin y 1 + sin2 y
IIφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
sin x
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ p1 + cos2 x + sin2 y c
a + b ,c +d 7→ a b
cos y
∂x ∂y ∂x ∂y 0 p
d
1 + cos2 x + sin2 y
d) Parabólico.
− sin x cos x sin x sin y − cos x cos y
e) Γxxx = y
2 , Γxx =
x y x
2 , Γxy = Γxy = 0, Γyy = ,
2
1 + cos x + sin y 2
1 + cos x + sin y 1 + cos2 x + sin2 y
cos y sin y
Γyyy = .
1 + cos2 x + sin2 y
− sin x cos x − cos x cos y
x′′ + (x′ )2 2 + (y ′)2 = 0
2
1 + cos x + sin y 1 + cos2 x + sin2 y
f)
sin x sin y ′ 2 cos y sin y
y ′′ + (x′ )2
2 + (y ) = 0
1 + cos2 x + sin y 1 + cos2 x + sin2 y
111
r r r r !
′′ 2 2 2 2
Como α (t) = − cos t, − sin t, 0 , então α′′ e n ◦ α não são colineares. Portanto, α não é
π π π π
uma geodésica.
Exercı́cio 2.6.10
Exercı́cio 2.6.11
a) K = H = 1.
u′′ − 2u′ v ′ tanh v = 0
b)
v + (u′ )2 tanh v − (v ′ )2 tanh v
′′
= 0
Exercı́cio 2.6.12
c) Γutu = − tanh t.
Exercı́cio 2.6.13
112
a) Iφ(t,u) : Tφ(t,u) S × Tφ(t,u) S → R
2
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ 1 + sin t sin t sin u
c
a + b ,c +d 7→ a b
∂t ∂u ∂t ∂u sin t sin u 1 + sin2 u d
IIφ(t,u) : Tφ(t,u) S × Tφ(t,u) S → R
cos t
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
p
1 + sin2 t + sin2 u c
a + b ,c +d 7→ a b cos u
∂t ∂u ∂t ∂u d
0 p
1 + sin2 t + sin2 u
π
b) (0, 0, 2) é um ponto esférico, (0, π, 0) é um ponto hiperbólico, 0, , 1 é um ponto parabólico e
π π 2
, , 0 é um ponto planar de S.
2 2
cos t cos u
c) Γutt = .
1 + sin2 t + sin2 u
Exercı́cio 2.6.14
a) Tem-se φ(t1 , u1 ) = φ(t2 , u2 ) ⇔ (log t1 cos u1 , log t1 sin u1 , u1 ) = (log t2 cos u2 , log t2 sin u2 , u2 ) ⇔
⇔ (t1 , u1 ) =(t2 , u2 ), logo φ é injetiva. Além disso,
∂φ cos u sin u ∂φ
(t, u) = , ,0 e (t, u) = (− log t sin u, log t cos u, 1), logo
∂t t t ∂u
cos u sin u 0
∂φ ∂φ 1 sin u cos u log t
∧ (t, u) = − log t sin u log t cos u 1 = ,− , 6= (0, 0, 0), ∀(t, u) ∈ R+ ×
∂t ∂u t e1 e2 e3 t t t
R.
Portanto, φ é uma carta de uma superfı́cie.
b) y = x tan 1.
1
d) K = − .
(1 + log2 t)2
(t′ )2
t′′ − − (u′ )2 t log t = 0
t
e)
log t
u′′ + 2t′ u′ = 0
t(1 + log2 t)
Exercı́cio 2.6.15
∂φ sin x cos x ∂φ 1 p
a) Tem-se (x, y) = − , ,0 e (x, y) = 2 − cos x, − sin x, y 2 − 1 .
∂x y y ∂y y
1 1
Logo E(x, y) = 2 , F (x, y) = 0, G(x, y) = 2 .
y y
113
−1 2
E F y 0 ∂E ∂F ∂G ∂F
b) Tem-se = e = = = = 0,
F G 0 y2 ∂x ∂x ∂x ∂y
∂E ∂G 2
= = − 3 . Logo
∂y ∂y y
0 0
Γxxx 2
y 0
= = 1 ,
Γyxx y2
1
0
y3 y
1 1
− −
Γxxy 2
y 0 y3 y
= = ,
Γyxy 0 y2
0 0
0 0
Γxyy 2
y 0
= 1 = 1 .
Γyyy 0 y2
− 3 −
y y
2x′ y ′
′′
x − = 0
y
c)
′ 2 ′ 2
y ′′ + (x ) − (y )
= 0
y y
1 1 sin t
d) Sendo x(t) = tan t, y(t) = , tem-se x′ (t) = 2
, y ′ (t) = ,
cos t cos t cos2 t
1 + sin2 t
y ′′ (t) = .
cos3 t 2
2
1 sin t
(x′ )2 (y ′ )2 1 + sin2 t cos2 t cos2 t 2
Logo y ′′ + − = 3
+ − = 6= 0,
y y cos t 1 1 cos3 t
cos t cos t
logo x e y não satisfazem
as equações
geodésicas.
1
Portanto, α(t) = φ tan t, não é uma geodésica de S.
cos t
∂2φ ∂φ ∂φ
Exercı́cio 2.6.16 Tem-se = Γxxy + Γyxy − M (n ◦ φ).
∂x∂y ∂x ∂y
1 ∂E
Γxxy
x
−1 2 ∂y Γxy
E F E F
Tem-se = e, como é diagonal, então F = 0. Logo, =
F G F G
Γyxy Γyxy
1 ∂G
2 ∂x
1 ∂E 1 ∂E
−1 2 ∂y 2E ∂y
E 0
= . Portanto,
0 G
1 ∂G 1 ∂E
2 ∂x 2G ∂x
∂2φ 1 ∂E ∂φ 1 ∂G ∂φ
= + − M (n ◦ φ).
∂x∂y 2E ∂y ∂x 2G ∂x ∂y
114
Exercı́cio 2.6.17
a) Tem-se φ(t1 , u1 ) = φ(t2 , u2 ) ⇔ (t1 , u1 , t21 + u31 ) = (t2 , u2 , t22 + u32 ) ⇔
⇔ (t1 , u1 ) = (t2 , u2 ), logo φ é injetiva. Além disso,
∂φ ∂φ
(t, u) = 0, 1, 3u2 , logo
(t, u) = (1, 0, 2t) e
∂t ∂u
1 0 2t
∂φ ∂φ
(t, u) = 0 1 3u2 = −2t, −3u2, 1 6= (0, 0, 0), ∀(t, u) ∈ R2 .
∧
∂t ∂u e e e
1 2 3
Portanto, φ é uma carta de uma superfı́cie.
b) Como Eφ (t, u) = 1 + 4t2 e Ef ◦φ (t, u) = 1 + 9t4 são diferentes, então f não é uma isometria local.
−3u2
−2t 1
c) (n ◦ φ)(t, u)) = √ ,√ ,√ .
4t2 + 9u4 + 1 4t2 + 9u4 + 1 4t2 + 9u4 + 1
1
d) Tem-se K(t, u) = 0 ⇔ 12u = 0 ⇔ u = 0. Mas H(t, 0) = − 6= 0, logo S não tem pontos
(1 + 4t2 )3/2
planares.
12tu
e) Γtuu = .
4t2 + 9u4 + 1
Exercı́cio 2.6.18
a) Iφ(x,z) : Tφ(x,z) S × Tφ(x,z) S → R
z x
−
z − x2 2(z − x2 )
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂z ∂x ∂z 1 + 4(z − x2 ) d
x
−
2(z − x2 ) 4(z − x2 )
b) π/4.
4
c) .
25
5 25
d) Fφ (0, 1) = 6= = Ff ◦φ (0, 1), logo f não é uma isometria local no ponto (0, 1, 1).
4 4
115
2.7 O Teorema Egregium de Gauss
Nestas duas últimas secções veremos dois importantes teoremas sobre a curvatura gaussiana.
O primeiro afirma que a curvatura gaussiana não é alterada por isometrias locais, ou seja,
apenas depende da primeira forma fundamental da superfı́cie. Gauss apelidou este teorema
de egrégio (notável), uma vez que a curvatura gaussiana K é definida a partir da primeira e
da segunda formas fundamentais, e a segunda forma fundamental não se obtém a partir da
primeira (isto é, existem superfı́cies com a mesma primeira forma fundamental mas segundas
formas fundamentais diferentes). Por outras palavras, embora L, M e N não se possam obter
a partir de E, F e G, o determinante LN − M 2 pode.
L M
−1 ! det
M N
E F L M
K = det =
F G M N
E F
det
F G
∂2φ
∂ 2 φ
2 2
∂ ∂ ∂ φ ∂ φ ∂φ
− n ◦ φ (n ◦ φ) − − n ◦ φ (n ◦ φ) =
∂x ∂y 2
∂y 2 ∂y ∂x∂y ∂x∂y ∂x
3 2 2
∂ φ ∂ ∂ φ ∂ φ ∂
= 2
− 2
n ◦ φ (n ◦ φ) − 2
n◦φ (n ◦ φ)−
∂x∂y ∂x ∂y ∂y ∂x
∂3φ
2 2
∂ ∂ φ ∂ φ ∂ ∂φ
− + n ◦ φ (n ◦ φ) + n◦φ (n ◦ φ) =
∂y∂x∂y ∂y ∂x∂y ∂x∂y ∂y ∂x
2 2
∂ φ ∂ ∂φ ∂ φ ∂ ∂φ
= − n◦φ (n ◦ φ)
+ n◦φ (n ◦ φ) = NL − M 2
∂y 2 ∂x ∂x ∂x∂y ∂y ∂x
116
∂3φ ∂3φ
∂φ
uma vez que = e n ◦ φ
= 0. Por outro lado,
∂x∂y 2 ∂y∂x∂y ∂x
∂2φ
2
∂ φ
− n ◦ φ (n ◦ φ) =
∂y 2 ∂y 2
∂φ ∂φ x ∂φ y ∂φ
Γyyy
= Γxyy + − N(n ◦ φ) − Γyy + Γyy − N(n ◦ φ) n ◦ φ (n ◦ φ) =
∂x ∂y ∂x ∂y
x ∂φ y ∂φ
= Γyy + Γyy − N(n ◦ φ) + N(n ◦ φ) =
∂x ∂y
∂φ ∂φ
= Γxyy + Γyyy
∂x ∂y
e, do mesmo modo,
∂2φ ∂ 2 φ
∂φ ∂φ
− n ◦ φ (n ◦ φ) = Γxxy + Γyxy .
∂x∂y ∂x∂y ∂x ∂y
Assim, tem-se
∂ ∂φ ∂φ ∂ x ∂φ y ∂φ
∂φ
LN − M 2
= Γxyy + Γyyy − Γxy + Γxy =
∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y ∂x
∂Γxxy ∂φ 2 ∂Γyxy ∂φ 2
x ∂ φ y ∂ φ ∂φ
− − Γxy − − Γxy 2 =
∂y ∂x ∂x∂y ∂y ∂y ∂y ∂x
∂Γxyy ∂φ ∂φ ∂Γyyy ∂φ ∂φ
2 2
x ∂ φ ∂φ y ∂ φ ∂φ
= + Γyy + + Γyy −
∂x ∂x ∂x ∂x2 ∂x ∂x ∂y ∂x ∂x∂y ∂x
∂Γxxy ∂φ ∂φ ∂Γyxy ∂φ ∂φ
2 2
x ∂ φ ∂φ y ∂ φ ∂φ
− − Γxy − − Γxy =
∂y ∂x ∂x ∂x∂y ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y 2 ∂x
∂Γxyy x x y
∂Γyyy
= E + Γyy (Γxx E + Γxx F ) + F + Γyyy (Γxxy E + Γyxy F )−
∂x ∂x
∂Γxxy x x y
∂Γyxy
− E − Γxy (Γxy E + Γxy F ) − F − Γyxy (Γxyy E + Γyyy F ),
∂y ∂y
expressão que, como vimos, se pode escrever em termos de E, F e G e das suas derivadas.
117
Exercı́cio 2.7.1 Considere a superfı́cie S1 definida pela carta
b) Calcule a área de S1 .
f: S1 → S2
(cosh x cos y, cosh x sin y, x) 7→ (cos y, sin y, x).
Exercı́cio 2.7.2
Exercı́cio 2.7.4 Sejam S1 e S2 as superfı́cies definidas pelas cartas φ(x, y) = (y cos x, y sin x, log y)
e ψ(x, y) = (y cos x, y sin x, x).
f: S1 → S2
(x, y, z) 7→ (x, x2 , z) .
118
a) Determine a primeira forma fundamental de S1 .
Exercı́cio 2.7.6 Seja φ uma carta de uma superfı́cie tal que F = 0 e, para quaisquer
x0 , y0, as curvas α(t) = φ(x0 , t) e β(t) = φ(t, y0) são geodésicas. Mostre que a superfı́cie é
euclidiana.
φ(u, v) = (u + v, u − v, uv), u, v ∈ R.
d) Determine Γuuv .
Exercı́cio 2.7.9
Considere a superfı́cie S = {(x, y, z) ∈ R3 : z 2 = x2 + y 2 − 1}.
a) Mostre que
φ : R×] − π, π[ → R3
(t, u) 7→ (cosh t cos u, cosh t sin u, sinh t) .
119
e) Mostre que não existe nenhuma isometria local de S para um superfı́cie esférica.
Exercı́cio 2.7.1
a) Iφ(x,y) : Tφ(x,y) S × Tφ(x,y) S → R
cosh2 x
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂y ∂x ∂y d
0 cosh2 x
b) 2π(sinh 1 + cosh 1).
c) Tem-se Ef ◦φ (x, y) = 1 6= Eφ (x, y), logo f não é uma isometria local.
1
d) A curvatura de S1 é KS1 (x, y)) = − < 0 e a curvatura de S2 é KS2 (x, y) = 0, ∀(x, y). Logo,
cosh4 x
pelo Teorema Egregium de Gauss, não existe nenhuma isometria local de S1 para S2 .
Exercı́cio 2.7.2
1
a) K = 2 .
r
b) Como KSr (x, y) > 0 e KP (x, y) = 0, ∀(x, y), então, pelo Teorema Egregium de Gauss, não existe
nenhuma isometria local f : Sr → P .
Exercı́cio 2.7.3
a) São iguais.
b) São diferentes.
Nota: Este exercı́cio mostra que a segunda forma fundamental não pode ser obtida a partir da primeira.
Exercı́cio 2.7.4
∂φ
a) Tem-se (x, y) = (cos x, sin x, 1/y), logo Gφ (x, y) = 1 + y12 .
∂y
∂(f ◦ φ)
Por outro lado, (x, y) = (cos x, sin x, 0), pelo que Gf ◦φ (x, y) = 1 6= Gφ (x, y).
∂y
Logo f não é uma isometria local.
1
b) KS1 = KS2 = − .
(1 + y 2 )2
Nota: Este exercı́cio mostra que o recı́proco do Teorema Egregium de Gauss não é verdadeiro.
Exercı́cio 2.7.5
a) Considerando a carta φ : R2 → S1 temos
(x, z) 7→ (x, x2 + z 2 , z)
Iφ(x,z) : Tφ(x,z) S × Tφ(x,z) S → R
2
1 + 4x 4xz
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂x ∂z ∂x ∂z d
4xz 1 + 4z 2
120
b) Consideremos a carta de S2 , ψ : R2 → S2
(x, z) 7→ (x, x2 , z)
Como (ψ −1 ◦ f ◦ φ)(x, z) = ψ −1 (f (x, x2 + z 2 , z)) = ψ −1 (x, x2 , z) = (x, z) é diferenciável, então f é
diferenciável.
1
c) Tem-se K = 0 e H = 6= 0, logo todos os pontos de S2 são parabólicos.
(1 + 4x2 )3/2
4x
x′′ + (x′ )2
= 0
d) 1 + 4x2
y ′′ = 0
4
e) Tem-se KS1 = > 0 e KS2 = 0, logo, pelo Teorema Egregium de Gauss, não existe
(1 + 4x2 + y 2 )2
nenhuma isometria local f : S1 → S2 .
Exercı́cio 2.7.6 Como α(t) = φ(x0 , t) é uma geodésica, então x(t) = x0 , y(t) = t satisfazem as equações
x′′ + (x′ )2 Γxxx + 2x′ y ′ Γxxy + (y ′ )2 Γxyy = 0
geodésicas
y + (x′ )2 Γyxx + 2x′ y ′ Γyxy + (y ′ )2 Γyyy = 0
′′
x
Γyy = 0
Como x′ = 0, x′′ = 0, y ′ = 1, y ′′ = 0, então obtemos
y
Γyy = 0
Γxxx = 0
Como β(t) = φ(t, y0 ) é uma geodésica, então obtemos analogamente
y
Γxx = 0
1 ∂E ∂F 1 ∂E ∂F 1 ∂G 1 ∂G
Logo temos = − = − = = 0.
2 ∂x ∂x 2 ∂y ∂y 2 ∂x 2 ∂y
∂E ∂E ∂G ∂G
Como F = 0, obtemos = = = = 0, pelo que também Γxxy = Γyxy = 0.
∂x ∂y ∂x ∂y
∂Γxyy ∂Γyyy
Como todos os sı́mbolos de Christoffel são nulos, então LN − M 2 = E + Γxyy (Γxxx E + Γyxx F ) + F+
x y
∂x ∂x
∂Γxy ∂Γxy
Γyyy (Γxxy E + Γyxy F ) − E − Γxxy (Γxxy E + Γyxy F ) − F − Γyxy (Γxyy E + Γyyy F ) = 0, ou seja, a superfı́cie
∂y ∂y
é euclidiana.
Exercı́cio 2.7.7
a) (3, 1, −2).
b) IIφ(u,v) : Tφ(u,v) S × Tφ(u,v) S → R r
2
0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
2 + u2 + v 2
c
a + b ,c +d 7→ a b
d
∂u ∂v ∂u ∂v r
2
0
2 + u2 + v 2
1
c) Tem-se KS = − < 0 e KP = 0, logo, pelo Teorema Egregium de Gauss, não existe
(2 + t2 + u2 )2
nenhuma isometria local f : S → P .
v
d) Γuuv = .
2 + u2 + v 2
121
∂φ ∂φ
Exercı́cio 2.7.8 Tem-se = f ′ (u) + vg ′ (u) e = g(u), logo
∂u ∂v
2 2 2
∂ φ ∂ φ ∂ φ
= f ′′ (u) + vg ′′ (u), = g ′ (u) e = 0. Portanto N = 0.
∂u2 ∂u∂v ∂v 2 2
∂ φ
Assim, φ(u, v) é euclidiano se e só se K = 0 ⇔ LN − M 2 = 0 ⇔ M = 0 ⇔ n ◦ φ = 0 ⇔
∂u∂v
∂φ ∂φ
g ′ (u) ∧ = 0 ⇔ ( g ′ (u)| (f ′ (u) + vg ′ (u)) ∧ g(u)) = 0 ⇔ ( g ′ (u)| f ′ (u) ∧ g(u)) = 0 ⇔ f ′ (u), g(u) e
∂u ∂v
g ′ (u) são complanares.
Exercı́cio 2.7.9
a) Tem-se φ(t1 , u1 ) = φ(t2 , u2 ) ⇔
⇔ (cosh t1 cos u1 , cosh t1 sin u1 , sinh t1 ) = (cosh t2 cos u2 , cosh t2 sin u2 , sinh t2 ) ⇔
cos u1 = cos u2
⇔ sin u1 = sin u2 ⇔ (t1 , u1 ) = (t2 , u2 ), logo φ é injectiva. Além disso,
t1 = t2
∂φ ∂φ
(t, u) = (sinh t cos u, sinh t sin u, cosh t) e (t, u) = cosh t (− sin u, cos u, 0), logo
∂t ∂u
sinh t cos u sinh t sin u cosh t
∂φ ∂φ
∧ (t, u) = cosh t − sin u cos u 0 =
∂t ∂u e1 e2 e3
= cosh t (− cosh t cos u, − cosh t sin u, sinh t) 6= (0, 0, 0), ∀(t, u) ∈ R×] − π, π[.
Como (cosh t cos u)2 + (cosh t sin u)2 − 1 = cosh2 t − 1 = sinh2 t, então φ(t, u) ∈ S. Uma vez que
φ(0, 0) = (1, 0, 0), então φ é uma carta de S no ponto (1, 0, 0).
∂φ ∂φ
b) (1, 0, 1) é tangente a S no ponto φ(t, u) ⇔ (1, 0, 1) ∧ (t, u) = 0 ⇔
∂t ∂u
sinh t cos u sinh t sin u cosh t
⇔ cosh t − sin u cos u 0 ⇔ cosh t (− cosh t cos u + sinh t) = 0 ⇔
1 0 1
⇔ cos u = tanh t. Esta condição é verificada, por exemplo, no ponto φ(t, u) = φ(0, π/2) = (0, 1, 0).
∂φ ∂φ
∧ (t, u) (− cosh t cos u, − cosh t sin u, sinh t)
c) n(φ(t, u)) =
∂t ∂u
= =
∂φ ∂φ
k (− cosh t cos u, − cosh t sin u, sinh t) k
∂t ∧ ∂u (t, u)
122
Logo tem-se
IIφ(t,u) : Tφ(t,u) S × Tφ(t,u) S → R
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ 1 1 0 c
a + b ,c +d 7→ a b
0 − cosh2 t d
p
∂t ∂u ∂t ∂u cosh2 t + sinh2 t
∂φ ∂φ
d) φ(0, 0) = (1, 0, 0). (0, 0) = (0, 0, 1) e (0, 9) = (0, 1, 0), logo E(0, 0) = 1, F (0, 0) = 0, G(0, 0) = 1.
∂t ∂u
Além disso, L(0, 0) = 1, M (0, 0) = 0, N (0, 0) = −1.
1 × (−1) − 02
Logo K(0, 0) = = −1.
1 × 1 − 02
1
e) Uma superfı́cie esférica de raio r tem curvatura gaussiana 2 > 0. Como a curvatura gaussiana de S
r
é sempre negativa, então pelo teorema Egregium de Gauss, não existe nenhuma isometria local de S
para um superfı́cie esférica.
123
2.8 O Teorema de Gauss-Bonnet
Na secção anterior vimos que uma isometria local não altera a curvatura gaussiana. O
teorema desta secção afirma que a curvatura gaussiana total (ou seja, o integral da curvatura
gaussiana) não é alterada mesmo que a superfı́cie seja deformada! Por exemplo, uma esfera
e um elipsoide têm a mesma curvatura total - as regiões menos curvas do elipsoide são
compensadas por regiões onde a curvatura é maior.
As demonstrações desta secção envolvem alguns detalhes técnicos que vão ser deliber-
adamente postos de lado, de modo a não ofuscar as ideias centrais envolvidas.
Então,
kg = (α′′ |(n ◦ α) ∧ α′ ) =
= (−θ′ sin θe1 + cos θe′1 + θ′ cos θe2 + sin θe′2 | cos θe2 − sin θe1 ) =
= θ′ − (e1 |e′2 )
uma vez que (e′1 |e1 ) = (e′2 |e2 ) = 0 e (e′1 |e2 ) = − (e′2 |e1 ), já que {e1 , e2 } é ortonormada. Como
124
o vetor velocidade dá uma volta completa em torno da origem, tem-se
R Rb Rb
kg ds = θ′ (t) dt − (e1 (t)|e′2 (t)) dt =
∂D a a
Zb
′ ∂e2 ′ ∂e2
= 2π − e1 (t) x (t) (t) + y (t) (t) dt
∂x ∂y
a
Z
∂e2 ∂e2
= 2π − e1
dx + e1
dy.
∂x ∂y
∂D
Z 2 2
∂e1 ∂e2 ∂ e2 ∂e1 ∂e2 ∂ e2
= 2π − + e1
− − e1 ∂y∂x dx dy =
∂x ∂y ∂x∂y ∂y ∂x
D
Z
∂e1 ∂e2 ∂e1 ∂e2
= 2π − − dx dy.
∂x ∂y ∂y ∂x
D
Ora
∂e1 ∂e2 ∂e1 ∂e1 ∂e2 ∂e2
= e2 e2 + n n
e1 e1 + n n =
∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
∂e1 ∂e2 ∂n ∂n
= ( n n = − e1 − e2 =
∂x ∂y ∂x ∂y
∂n ∂n ∂φ ∂φ
= e1 e2 = II e1 , II e2 ,
∂x ∂y ∂x ∂y
e, analogamente,
∂e1 ∂e2 ∂φ ∂φ
= II e1 , II e2 , .
∂y ∂x ∂y ∂x
125
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
Se escrevermos e1 = a +c e e2 = b + d , então
∂x ∂y ∂x ∂y
∂e1 ∂e2 ∂e1 ∂e2 ∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
− = II e1 , II e2 , − II e1 , II e2 ,
∂x ∂y ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y ∂x
= (ad − bc)(LN − M 2 )
−1
2 2 a b
Como K = (LN − M )/(EG − F ) e det é a área do paralelogramo gerado por
c d
∂e1 ∂e1
e , então
∂x ∂y
Z
∂e1 ∂e2 ∂e1 ∂e2
Z
− dx dy = (ad − bc)(LN − M 2 )dx dy
∂x ∂y ∂y ∂x
D D
1
Z
= √ K(EG − F 2 ) dx dy =
EG − F 2
D
Z √
= K EG − F 2 dx dy =
D
Z
= K dA
D
Corolário 2.8.2 A soma dos ângulos externos de um polı́gono numa superfı́cie euclidiana
(em particular no plano) é 2π.
126
Demonstração. Seja D tal que ∂D é o polı́gono dado. Como K = 0 e os lados do polı́gono
são geodésicas (isto é, tem-se kg = 0), então o teorema de Gauss-Bonnet fica
0 = (2π − α1 − · · · − αn ) − 0,
ou seja,
α1 + · · · + αn = 2π
0 = (2π − α1 − α2 − α3 ) − area(D),
2π − α1 − α2 − α3 = β1 + β2 + β3 − π.
0 = (2π − α1 − α2 − α3 ) + area(D),
α1 + α2 + α3 − 2π = π − β1 − β2 − β3 .
Vejamos uma última consequência do Teorema de Gauss-Bonnet, que nos dá informações
sobre a curvatura gaussiana total da superfı́cie.
127
Teorema 2.8.6 (Teorema de Gauss-Bonnet - versão global) Se uma superfı́cie S
pode ser decomposta em n regiões sobrepostas apenas nas fronteiras, contendo a arestas e v
vértices, então a sua curvatura total
Z
KdA = 2πχ(S),
S
n Z
X
Como cada aresta é percorrida duas vezes, em sentidos contrários, então kg ds = 0.
i=1
∂D i
n
X
Por outro lado, na soma (2π −α1i −· · ·−αki i ), os termos 2π aparecem n vezes, e os ângulos
i=1
αji = π − βji somam 2πa − 2πv, uma vez que os ângulos βji dão uma volta completa a cada
n
X
vértice. Logo tem-se (2π − α1i − · · · − αki i ) = 2π(n − a + v) o que demonstra o resultado.
i=1
é uma carta de S.
128
d) Indique uma curva α : R → R3 que percorra a interseção de S com o plano z = 1.
Exercı́cio 2.8.3 Seja S uma superfı́cie tal que K(p) ≤ 0, em todos os pontos p. Considere
duas geodésicas γ1 e γ2 que se intersetam em dois pontos, delimitando uma região R. Mostre
que R não pode ser um disco.
Exercı́cio 2.8.1 Como T pode ser decomposto em 4 regiões, contendo 8 arestas e 4 vértices, então
χ(T ) = 4 − 8 + 4 = 0.
• • • •
R
Logo, pelo Teorema de Gauss-Bonnet, KdA = 2πχ(T ) = 0.
T
Exercı́cio 2.8.2
a) Tem-se φ(t1 , u1 ) = φ(t2 , u2 ) ⇔
⇔ (2 cos t1 cos u1 , 2 cos t1 sin u1 , 2 sin t1 ) = (2 cos t2 cos u2 , 2 cos t2 sin u2 , 2 sin t2 ) ⇔ (t1 , u1 ) = (t2 , u2 ),
logo φ é injetiva. Além disso,
∂φ ∂φ
(t, u) = (−2 sin t cos u, −2 sin t sin u, 2 cos t) e (t, u) = (−2 cos t sin u, 2 cos t cos u, 0), logo
∂t ∂u
∂φ ∂φ
∧ (t, u) = (−4 cos2 t cos u, −4 cos2 t sin u, −4 cos t sin t) 6= (0, 0, 0).
∂t ∂u
Portanto, φ é uma carta de S.
b) Iφ(t,u) : Tφ(t,u) S × Tφ(t,u) S → R
4 0
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ c
a + b ,c +d 7→ a b
∂t ∂u ∂t ∂u d
0 4 cos2 t
c) Γttt = Γutt = Γttu = Γuuu = 0, Γutu = − tan t, Γtuu = cos t sin t.
d) α: R → √ R√3
t 7→ ( 3 cos t, 3 sin t, 1).
1 1
e) kn = , kg = − √ .
2 2 3
129
f) A curva β não é uma geodésica de S porque kg 6= 0.
g) Como S pode ser decomposto em 4 regiões, contendo 4 arestas e 2 vértices, então
χ(S) = 4 − 4 + 2 = 2.
1 área S
Z
dA = 2π × 2, ou seja, = 4π. Logo área S = 16π.
4 4
S
contradição.
130