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§2.

5 – Binômio de Newton

Pelos produtos notáveis, sabemos que (a+b)² = a² + 2ab + b².


Se quisermos calcular (a + b)³, podemos escrever:

(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3

Se quisermos calcular , podemos adotar o mesmo procedimento:

(a + b)4 = (a + b)3 (a+b) = (a3 + 3a2b + 3ab2 + b3) (a+b)

= a4 + 4a3b + 6a2b2 + 4ab3 + b4

De modo análogo, podemos calcular as quintas e sextas potências e, de modo geral,


obter o desenvolvimento da potência a partir da anterior, ou seja, de .
Porém quando o valor de n é grande, este processo gradativo de cálculo é muito
trabalhoso.
Existe um método para desenvolver a enésima potência de um binômio, conhecido
como binômio de Newton (Isaac Newton, matemático e físico inglês, 1642 - 1727).
Para esse método é necessário saber o que são coeficientes binomiais, algumas de suas
propriedades e o triângulo de Pascal.

Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da forma (a + b)n , sendo n um


número natural .

Exemplo:
B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do binômio] ).

Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton :


a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2
b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3
c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4
d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5

Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que elas possuem uma lei de
formação bem definida, vejamos:

Vamos tomar por exemplo, o item (d) acima:


Observe que o expoente do primeiro e últimos termos são iguais ao expoente do
binômio, ou seja, igual a 5.
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser obtidos a partir da seguinte regra
prática de fácil memorização:

Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e dividimos o resultado pela ordem


do termo. O resultado será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo, para
obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) acima teríamos:
5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo anterior (2 por se tratar do segundo
termo) 20:2 = 10 que é o coeficiente do terceiro termo procurado.

Observe que os expoentes da variável a decrescem de n até 0 e os expoentes de b


crescem de 0 até n. Assim o terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a
decresceu de 4 para 3 e o de b cresceu de 1 para 2).

Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do binômio de Newton (a + b)7 será:


(a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21 a2b5 + 7 ab6 + b7

Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º termo (21 a2b5) ?

Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multiplicamos 35 pelo expoente de a que
é igual a 3 e dividimos o resultado pela ordem do termo que é 5.
Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo anterior) vem 105:5 = 21, que é o
coeficiente do sexto termo, conforme se vê acima.

Observações:

1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um polinômio.


2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos .
3) os coeficientes dos termos eqüidistantes dos extremos , no desenvolvimento de
(a + b)n são iguais .
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .

Coeficientes Binomiais

Sendo n e p dois números naturais , chamamos de coeficiente binomial de

classe p, do número n, o número , que indicamos por (lê-se: n sobre p).


Podemos escrever:

O coeficiente binomial também é chamado de número binomial. Por analogia com


as frações, dizemos que n é o seu numerador e p, o denominador. Podemos escrever:

É também imediato que, para qualquer n natural, temos:


Exemplos:

Propriedades dos coeficientes binomiais

Se n, p, k e p + k = n então
1ª)

Coeficientes binomiais como esses, que tem o mesmo numerador e a soma dos
denominadores igual ao numerador, são chamados complementares.

Exemplos:

Se n, p, k ep p-1 0 então
2ª)

Essa igualdade é conhecida como relação de Stifel (Michael Stifel, matemático


alemão, 1487 - 1567).

Exemplos:

Triângulo de Pascal

- Triângulo Aritmético de Pascal (ou de Tartaglia)


A disposição ordenada dos números binomiais recebe o nome de Triângulo de
Pascal. É uma maneira de dispor os números binomiais, formando um triângulo. Esse
triângulo é formado com diversos valores de combinação.

Nesta tabela triangular, os números binomiais com o mesmo numerador são escritos
na mesma linha e os de mesmo denominador, na mesma coluna.

Por exemplo, os números binomiais , , e estão na linha 3 e os números

binomiais , , , , ..., , ... estão na coluna 1.

Substituindo cada número binomial pelo seu respectivo valor, temos:

Construção do triângulo de Pascal

Para construir o triângulo do Pascal, basta lembrar as seguintes propriedades dos


números binomiais, não sendo necessário calculá-los:
1ª) Como = 1, todos os elementos da coluna 0 são iguais a 1.

2ª) Como = 1, o último elemento de cada linha é igual a 1.

3ª) Cada elemento do triângulo que não seja da coluna 0 nem o último de cada linha é
igual à soma daquele
que está na mesma coluna e linha anterior com o elemento que se situa à esquerda
deste último (relação
de Stifel).

Observe os passos e aplicação da relação de Stifel para a construção do triângulo:

Propriedade do triângulo de Pascal

P1 Em Qualquer linha, dois números binomiais eqüidistantes dos extremos são iguais.

De fato, esses binomiais são complementares.

P2 Teorema das linhas: A soma dos elementos da enésima linha é .


De modo geral temos:

P3 Teorema das colunas: A soma dos elementos de qualquer coluna, do 1º elemento


até um qualquer, é igual ao elemento situado na coluna à direita da considerada e na
linha imediatamente abaixo.

1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21

1 + 4 + 10 + 20 = 35

P4 Teorema das diagonais: A soma dos elementos situados na mesma diagonal


desde o elemento da 1ª coluna até o de uma qualquer é igual ao elemento imediatamente
abaixo deste.

1 + 3 + 6 + 10 + 15 = 35
Fórmula do desenvolvimento do binômio de Newton

Como vimos, a potência da forma , em que a, , é chamada


binômio de Newton. Além disso:

• quando n = 0 temos
• quando n = 1 temos
• quando n = 2 temos
• quando n = 3 temos
• quando n = 4 temos

Observe que os coeficientes dos desenvolvimentos foram o triângulo de Pascal.


Então, podemos escrever também:

- Teorema Binomial
O binômio de Newton é dado pelo desenvolvimento da potência n-ézima do
binômio pela seguinte fórmula:

(x + a)n = Cn,0 xn + Cn,1 axn-1 + Cn,2 a2xn-2 +...+ Cn,n-1 an-1 x + C n, n an


De modo geral, quando o expoente é n, podemos escrever a fórmula do
desenvolvimento do binômio de Newton:

Note que os expoentes de a vão diminuindo de unidade em unidade, variando de n


até 0, e os expoentes de b vão aumentando de unidade em unidade, variando de 0 até n.
O desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos.

Fórmula do termo geral do binômio

Observando os termos do desenvolvimento de (a + b)n, notamos que cada

um deles é da forma .

• Quando p = 0 temos o 1º termo:

• Quando p = 1 temos o 2º termo:

• Quando p = 2 temos o 3º termo:

• Quando p = 3 temos o 4º termo:

• Quando p = 4 temos o 5º termo:


..............................................................................

Percebemos, então, que um termo qualquer T de ordem p + 1pode ser expresso por:

- Exercícios

1)
(Binômio de Newton)
(IME - 1996) Determine o termo máximo do desenvolvimento da expressão:

Esta questão consiste em nada mais nada menos que uma aplicação de regras. Qualquer
questão que venha a pedir o maior valor do desenvolvimento de um binômio de Newton
pode ser resolvida assim.

A primeira coisa a fazer é lembrar a fórmula de um termo qualquer do desenvolvimento


do binômio genérico (A + B)n:

Onde (famoso número binomial), "A" e "B" são os


termos do binômio e "n" é o expoente do binômio.

Sabendo a fórmula do Tp+1, vamos encontrar a fórmula para o Tp. Para isso é só
substituir o p por p-1.

Dividimos as duas fórmulas, Tp+1/Tp:

Vamos substituir o número binomial pela sua fórmula e desenvolver os cálculos:

Conserva-se a fração de cima e multiplica-se pela de baixo:


Vamos agrupar os termos semelhantes:

Dá para "cortar" o n!, dividir os termos com base B e A e desenvolver um fator das
fatoriais p! e (n-p+1)!:

Agora dá para simplificar os últimos fatoriais, e teremos:

Esta "fórmula" acima nos dirá qual o maior termo do desenvolvimento da questão. Note
que Tp+1 é o termo posicionado imediatamente depois do Tp. Esta fórmula nos dá a
relação existente entre um termo qualquer e seu sucessor.

Note que se tivermos Tp+1 igual à Tp multiplicado por um número MAIOR que 1, então
podemos garantir que Tp+1 > Tp.

Portanto, para Tp+1 ser maior que Tp, devemos ter:

Enquanto isto acontecer, o próximo termo é sempre maior que o anterior.

Vamos voltar ao nosso exercício. Substituindo os valores do binômio do enunciado na


desigualdade acima, teremos:
Ou seja, enquanto p for menor que 16,5, o termo seguinte será maior que o termo
anterior. Como "p" é natural, o último "p" a satisfazer esta equação é o p=16, que nos
afirma que T16+1 > T16.

Sendo assim, o maior termo do desenvolvimento do binômio dado no enunciado é o


DÉCIMO SÉTIMO TERMO.

2) Determine o 7º termo do binômio (2x + 1)9 , desenvolvido segundo as potências


decrescentes de x.

Solução:

Vamos aplicar a fórmula do termo geral de (a + b)n , onde a = 2x , b = 1 e n = 9. Como


queremos o sétimo termo, fazemos p = 6 na fórmula do termo geral e efetuamos os
cálculos indicados. Temos então:
T6+1 = T7 = C9,6 . (2x)9-6 . (1)6 = 9! /[(9-6)! . 6!] . (2x)3 . 1 = 9.8.7.6! / 3.2.1.6! . 8x3 =
84.8x3 = 672x3. Portanto o sétimo termo procurado é 672x3.

3) Qual o termo médio do desenvolvimento de (2x + 3y)8 ?

Solução:

Temos a = 2x , b = 3y e n = 8. Sabemos que o desenvolvimento do binômio terá 9


termos, porque n = 8. Ora sendo T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 os termos do
desenvolvimento do binômio, o termo do meio (termo médio) será o T5 (quinto termo).
Logo, o nosso problema resume-se ao cálculo do T5 . Para isto, basta fazer
p = 4 na fórmula do termo geral e efetuar os cálculos decorrentes.
Teremos:
T4+1 = T5 = C8,4 . (2x)8-4 . (3y)4 = 8! / [(8-4)! . 4!] . (2x)4 . (3y)4
= 8.7.6.5.4! / (4! . 4.3.2.1) . 16x4.81y4

Fazendo as contas vem:


T5 = 70.16.81.x4 . y4 = 90720x4y4 , que é o termo médio procurado.

4) Desenvolvendo o binômio (2x - 3y)3n , obtemos um polinômio de 16 termos .


Qual o valor de n?

Solução:

Ora, se o desenvolvimento do binômio possui 16 termos, então o expoente do binômio é


igual a 15.
Logo, 3n = 15 de onde conclui-se que n = 5.
5) Qual a soma dos coeficientes dos termos do desenvolvimento de :

a) (2x - 3y)12 ? Resp: 1


b) (x - y)50 ? Resp: 0

Solução:

a) basta fazer x=1 e y=1. Logo, a soma S procurada será: S = (2.1 -3.1)12 = (-1)12 = 1
b) analogamente, fazendo x = 1 e y = 1, vem: S = (1 - 1)50 = 050 = 0.

6) Determine o termo independente de x no desenvolvimento de (x + 1/x )6 .

Solução:

Sabemos que o termo independente de x é aquele que não depende de x, ou seja, aquele
que não possui x.
Temos no problema dado: a = x , b = 1/x e n = 6.

Pela fórmula do termo geral, podemos escrever:

Tp+1 = C6,p . x6-p . (1/x)p = C6,p . x6-p . x-p = C6,p . x6-2p .


Ora, para que o termo seja independente de x, o expoente desta variável deve ser
zero, pois x0 = 1. Logo, fazendo 6 - 2p = 0, obtemos p=3. Substituindo então p por 6,
teremos o termo procurado. Temos então:
T3+1 = T4 = C6,3 . x0 = C6,3 = 6! /[(6-3)! . 3! ] = 6.5.4.3! / 3!.3.2.1 = 20.
Logo, o termo independente de x é o T4 (quarto termo) que é igual a 20.

 5  3  5   7 
7) (triangulo de Pascal) Calcule E, sendo E =   +   +   +  .
2 3 0
        1

 5  3  5   7 
E =   +   +   +  .
2 3
       0 1

5! 3! 5! 7!
E= + + +
2!(5 −2)! 3!(3 −3) 0!(5 −0)! 1!(7 −1)!

5. 4
E= +1 +1 + 7 ∴E = 19
2

12   12 
8) (triângulo de Pascal) Determine x na igualdade   =  
5x   x + 8 

Temos dois casos:

1º. Caso: binomiais iguais 2º. Caso: binomiais


complementares:
12   12 
12   12    =   ⇒ 5 x + x + 8 = 12
  =   ⇒ 5 x = x + 8 5x   x + 8
 x   x + 8
2
x=2 x=
3

(não satisfaz)

9) Desenvolva:

a) (x + 3) 4

usando a fórmula do binômio de Newton, vem:

(x +3 ) = 4

4  4 0  4  3 1  4  2 2 4  1 3 4  0 4

0 
x .3 + 
1 
x .3 + 
2 
x .3 + 
3 
x .3 + 
4 
x .3
         

∴( x + 3) 4
= 1x 4 + 12 x 3 + 54 x 2 + 128 x + 81

b) ( 2 x 3 − 5)
5

5  0 5  1 5  2 5  3 5  4 5  5
(2 x 3
−5 ) 5
= 0  (
5 . 2 x
3 5
)
−
1 
5 . 2 x (
3 4
)
+
2  (
5 . 2 x
3 3
)
−3  (
5 . 2 x )
3 2
+
4  (
5 . 2 x
3
)
1
−
5  (
5 . 2 x
3
) 0

           
= 1.32 x 15 − 5.5.16 x 12 +10 .25 .8 x 9 −10 .125 .4 x 6 + 5.625 .2 x 3 −1.3125 .1
= 32 x15 − 400 x 12 + 2000 x 9 − 5000 x 6 + 6250 x 3 − 3125

10) Determine o 4º. termo no desenvolvimento de ( x + 2 ) 7 .

n = 7
Para o 4º.termo, temos p + 1 = 4 => p = 3 e 
a = 2

 n  p n −p 7  3 7 −3
T p +1 = 
p a .x ⇒T3+1 =  3 
2 .x
   
7! 7.6.5.4! 4
T4 = .8 . x 4 = 8 x = 35 .8 x 4 = 280 x 4
3!(7 −3)! 3.2.1.4!

8
 1
11)Obtenha o termo x 5
de  2 x −  .
 4
Partimos do termo geral:
k
8  8 −k  1
T=  ( 2 x )  − 
k   4
k
8   1
T=  2 8−k x 8−k − 
k   4
Para o termo em x devemos ter o expoente de x igual a 5. Então, 8-k = 5, logo k = 3. O
5

termo é:
3
8  1
T=   −  2 5 x 5 = −28 x 5
3  4
 

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