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TEORIA DE DIVISIBILIDADE

1. NOÇÕES BÁSICAS DA TEORIA DOS NÚMEROS...…………..……..…

2. NÚMEROS PRIMOS ………........……...……...…………………………..

3. MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC). MÍNIMO MÚLTIPLO


COMUM (MMC) .…………………………………….…………………..

4. ALGORITMO DE EUCLIDES………………………………….……........

5. NÚMEROS PRIMOS ENTRE SI………….…....…………………………

0 Tetyana Gonçalves, Ph.D.


1. NOÇÕES BÁSICAS DA TEORIA DOS NÚMEROS.

Afirmações preliminares:

Princípio da indução finita: Se um conjunto dos números naturais contém zero e com
cada seu número contém também o seu sucessor, então este conjunto contém todos os números
naturais.

Axioma de Arquimedes: Para quaisquer a < b naturais existe c  N \ 0 tal que
bc > a .

LEMA 1.1. Não existe um número natural que se encontra entre 0 e 1.

TEOREMA 1.1. Cada subconjunto (não vazio) de N contém primeiro elemento.

A partir desse momento vamos considerar o conjunto dos números inteiros designado
por Z, munido de operaões aritméticas de adição “+” e de multiplicação “.” :
(Z, + , ∙ )

TEOREMA 1.2. Se ak  bk , onde a, b, k  Z ( k  0 ), então a  b .

TEOREMA 1.3. Sejam a, b  Z e a > b , então a  b  1 .

O Teorema de divisão com resto tem o papel fundamental na teoria de divisibilidade

dos números inteiros Z.

TEOREMA 1.4. Para quaisquer números a, b  Z, (𝑎 > 𝑏) existem e são únicos

números q, r  Z, tais que se verifique a igualdade: a  bq  r , 0  r < b .

UMA NOTÁVEL APLICAÇÃO DESSE FATO É A REPRESENTAÇÃO / ESCRITA

DE NÚMEROS INTEIROS NUM SISTEMA DE BASE 𝒈 (𝒈 ∈ 𝒁+ ).

Em particular, 𝒈 = 𝟏𝟎.

Seja 𝑛 – inteiro positivo , ( 𝑛 ∈ 𝒁+ ) representado no “sistema decimal” :

1
𝑛 = 𝑎𝑘 ∙ 10𝑘 + 𝑎𝑘−1 ∙ 10𝑘−1 + 𝑎𝑘−2 ∙ 10𝑘−2 + … + 𝑎2 ∙ 102 + 𝑎1 ∙ 10 + 𝑎0 ,

onde 𝑎𝑘−1 , 𝑎𝑘−2 , … , 𝑎2 , 𝑎1 , 𝑎0 são algarismos : 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, e 𝑎𝑘 é um dos


algarismos : 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 .

A escrita “posicional” do número 𝑛 é seguinte :

𝑛=𝑎
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑘 𝑎𝑘−1 𝑎𝑘−2 … 𝑎2 𝑎1 𝑎0

( fixa o “lugar” de cada algarismo na apresentação do número ).

Definição 1.1. Sejam a, b  Z (b  0) , b chama-se divisor de a se existe q  Z tal


que a  bq . Neste caso a chama-se múltiplo de b e q - quociente da divisão de a por b .
Designa-se b a e lê-se: “ b divide a ” (“ b divisor de a ”) ou a  b e lê-se: “ a divide-se por
b ”.

TEOREMA 1.5. Para b > 0, b é divisor de a se e só se o resto da divisão de a por b


é igual a zero.

Demonstração.

Seja a  bq  r e 0  r < b . Consideremos duas condições:


(Necessária). Se r  0 , então a  bq e b a .
(Suficiente). Se b a , então  q  : a  bq  . Segundo o Teorema 1.4, tendo em conta a unicidade
da representação de a sob a forma a  bq  r , obtemos q  q  e r  0 .

Consideremos , de seguida, as propriedades fundamentais da teoria de divisibilidade:

TEOREMA 1.6.  a  Z (a  0) : a a .(Reflexibilidade da relação de divisibilidade).

Efectivamente, de a  a  1 deduz-se pela definição 1.1. que a a ( a > 0).

TEOREMA 1.7.  a  Z (a  0) : 1 a .

Realmente, de a  a  1  1  a deduz-se atendendo à definição do quociente que a : 1  a .

TEOREMA 1.8. Se b a , então para qualquer combinação se sinais  b  a .

Com efeito, se a  bq , então a  (b)  (q),  a  b  (q) , onde q , (q)  Z .

TEOREMA 1.9. Se c b , b a , então c a .(Transitividade da relação de divisibilidade).

Demonstração.

2 Tetyana Gonçalves, Ph.D.


Se a  bq1 , b  cq2 , com q1 , q 2  Z, então a  cq  , onde q   q1q2  Z.

Do Teorema 1.9. também se deduz que se c b , e c não é divisor de a , então b não é


divisor de a .

TEOREMA 1.10. Se b a , então  k  Z, (k  0) : kb ka .

Demonstração. Se a  bq , então ka  (kb)q .

TEOREMA 1.11. Se kb ka , k  0 , então b a .

Demonstração. Se ka  kb  q , onde k  0 , então (Teorema 1.2.) a  bq .

TEOREMA 1.12. Se b a , então  c  Z: b ac .

Demonstração. Se a  bq1 , onde q1  Z, então ac  bq , onde q  cq1  Z.

TEOREMA 1.13. Se c a e c b , então c (a  b) e c (a  b) .

Demonstração. Se a  cq1 , b  cq2 com q1 , q 2  Z, então a  b  cq , onde


q  q1  q 2  Z. Analogamente, a  b  cq  , onde q   q1  q 2  Z.

TEOREMA 1.14. Se c a1 , c a2 , ... , c an  Z, então c (a1b1  a2 b2    an bn ) .

Demonstração. Se c a1 , c a2 , ... , c an , então tendo em conta Teorema 1.12. e


Teorema 1.13., obtemos sucessivamente:
c a1b1 , c a2 b2 , ... , c an bn ,
c (a1b1  a2 b2 ) ,
c (a1b1  a2 b2  a3b3  ) ,
c (a1b1  a2 b2    an bn ) .

TEOREMA 1.15. Se b1 a1 , b2 a 2 , ... , bn a n , então b1b2    bn a1a2    an .

Demonstração. Se a1  b1q1 , a2  b2 q2 ,  , an  bn qn , onde ai  Z i  1, n , 


então
a1a2    an  b1b2    bn  q , onde q  q1q2    qn  Z.

TEOREMA 1.16. Se b a , então  n  0, n  Z: b n a n .

Demonstração. Se n  0 , então 1 1 . Para n  1 temos o caso particular do Teorema


1.15., onde a1    an  a e b1    bn  b .

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2. NÚMEROS PRIMOS.

Definição 2.1. Um número natural p chama-se primo, se p > 1 e p não tem divisores
positivos diferentes de 1 e de p .

Definição 2.2. Um número natural n > 1 chama-se composto se n tem pelo menos um
divisor positivo diferente de 1 e de n .

TEOREMA 2.1. Se p e p1 são números primos e p  p1 , então p não é divisor de p1 .

Demonstração. Os divisores positivos do número primo p1 são 1 e p1 . O número primo


p  1 (pela definição) e p  p1 (pela hipótese do Teorema), logo p não é divisor de p1 .

TEOREMA 2.2. Para qualquer número natural n > 1 o divisor mínimo positivo
diferente de unidade sempre é um número primo.

Demonstração. Consideremos o conjunto M de divisores positivos diferentes de 1 do


número n . O conjunto M não é vazio, pois n  M ( n n e n > 1). Segundo o Teorema 1.1.,
M contém um número mínimo q > 1. Se q não fosse primo, então deveria existir a tal que
1 < a < q e a q . Mas assim como q n , então (pela transitividade da relação de divisibilidade)
a n o que contradiz à proposição:” q é o divisor mínimo positivo de n ”. Portanto, a suposição
de que q não é número primo levou à contradição, logo q é um número primo.

Os teoremas 2.3. e 2.4. incídem com a existência e a unicidade da representação de um


número natural sob o produto de fatores primos.

TEOREMA 2.3. Cada número natural, diferente de 1, pode ser representado sob a
forma do produto de números primos.

TEOREMA 2.4. Para cada número natural n > 1 existe uma única decomposição
/representação em produto de fatores primos.

Definição 2.3. A representação de um número inteiro a > 1 sob a forma

a  p11    pk k ,
chama-se decomposição canónica (fatoração / fatorização) , com p1 , p 2 ,, p k números
primos diferentes em pares,  1 ,,  k   N.

Para a < -1 temos:


a   p11    pk k .

4 Tetyana Gonçalves, Ph.D.


Quando 1   2     k  1, temos : a  p1    pk . Neste caso a chama-se livre dos
quadrados.

TEOREMA 2.5. Se p é um número primo, p não divide a e p não divide b , então p


não divide o seu produto ab .

Demonstração.

Sejam, segundo à redução ao absurdo, p não divide a e p não divide b mas divide o seu
produto ab . Então p a ou p b (pela propriedade que segue do Teorema 1.12.) o que contradiz
à hipótese (em cada caso) de que p não divide a e p não divide b .

TEOREMA 2.6. Se a   p11    pk k é uma fatorização de a , então o número


positivo d é divisor de a se e só se

d  p11    pkk , 0  1  1 ,  , 0   k   k .

Demonstração.

1. Seja d a e p d ( p é primo), então p a e, segundo Teorema 2.4., p coincide com um dos


números p1 ,  , p k ; logo, a fatorização de d não contem fatores primos distintos de
p1 ,  , p k , i.e. d  p11    pk k .
2. Se para todos os i 0   i   i , então a  p11    pk k  p11    pk k  q , onde
q  p11 1    pk k k  Z, i.e. d a .
3. Se, pelo menos, um  i :  i >  i , então da suposição de que a  dq , i.e. de
a
a  p11  pk k  p11  pk k  q e depois da redução por pi i , obtemos para número inteiro
pi i
duas decomposições em produto de fatores primos, contrariando com o Teorema 2.4.

Portanto, d  p11  pk k é divisor de a se e só se para todos os i : 0   i   i .

TEOREMA 2.7. (de Euclides). O conjunto dos números primos é infinito.

Demonstração.

Suponhamos que o conjunto dos números primos é finito e contem os números 2, 3, 5,


7, ... , p (onde p é último, maior número primo).
Consideremos o número natural N  (2  3  5    p)  1 . O número 2 não divide N , 3
não divide N , ... , p não divide N , assim como na divisão de N por todos os números 2, 3, 5,
... , p se obtém o resto igual a 1 (Teorema 1.4.). Portanto N não se divide por algum número
primo, i.e. N = 1 (Teorema 2.2.). Ao mesmo tempo, é fácil de ver que N > 1. A suposição de
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que o conjunto dos números primos é finito levou à contradição, logo o conjunto dos números
primos é infinito.

TEOREMA 2.8. Se um número natural n (n > 1) não se divide por um número primo
menor ou igual a n , então ele é primo.

(Se n se divide por, pelo menos, um número primo  n , então ele é composto).

Demonstração.

Se n fosse um número composto, então teríamos n  a  b , onde 1 < a < n , 1 < b <
n . Os números a e b não podem ser maiores do que n simultaneamente, pois então a  b
seria maior do que n .
Seja, por exemplo, a  n . Assim como a > 1, a deveria ter, pelo menos, um divisor
primo p . Então, p n , onde p  a  n , o que contradiz à hipótese do teorema.

Para detetar os números naturais primos não superiores a um natural n


dado, pode usar-se o método conhecido por “crivo de Eratóstenes” que
consiste em :

1º. Escrevem-se todos os naturais de 2 a n .


2º. Sublinha-se o número 2 e eliminam-se todos os múltiplos de 2.
3º. Sublinha-se o menor número ainda não movido e eliminam-se todos os
seus múltiplos.
4º. Prossegue-se assim até não haver algum número não movido até n
(inclusive).
5º. Todos os números não movidos são primos.

EXERCÍCIOS : (i) Identifique os números primos entre 0 e 100 .

(ii) Verifique se 39607 é ou não primo .

6 Tetyana Gonçalves, Ph.D.


3. MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC). MÍNIMO MÚLTIPLO
COMUM (MMC).

TEOREMA 3.1. Todo o número inteiro a  0 tem um número finito de divisores.

Definição 3.1. Um número inteiro d chama-se máximo divisor comum dos números
inteiros a1 , a2 ,  , an , se

1) d > 0, d  Z;
2) d a1 , d a 2 ,  , d a n ; (1)

3) se  a1 ,  a 2 ,  ,  a n , então  d ,

e representa-se por (a1 , a2 ,  , an )  d ou MDC (a1 , a2 ,  , an )  d .

TEOREMA 3.2.
1. Para quaisquer números inteiros a1 , a2 ,  , an , entre os quais pelo menos um
número é diferente de zero, existe máximo divisor comum.
2. Se a1   p11    pn n ,  , an   p1 1    pn n , onde p1 , p 2 ,  , p n são
diferentes números primos, então

d  (a1 , a2 ,  , an )  p1min( 1 ,, 1 )    pnmin(  n ,, n ) .

TEOREMA 3.3. O Máximo divisor comum dos números a1 , a2 ,  , an sempre é maior


do que qualquer outro divisor comum desses números.

a a  d
TEOREMA 3.4. Se (a1 , a2 ,  , an )  d , b d e b  0 , então  1 ,  , n   .
b b  b
a
OBS: de b d e d ai segue-se que b ai , então os números i são inteiros.
b

TEOREMA 3.5. (a1 ,  , an1 , an )  ((a1 ,  , an1 ) an ) .

Desse modo, o máximo divisor comum de n números ( n  3 ) pode ser encontrado


calculando primeiro o máximo divisor comum de (n  1) números e de seguida, considerando o
máximo divisor comum desse número( i.e. d   (a1 ,  , an1 ) ) e do último número a n .

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Definição 3.2. Um número inteiro m chama-se mínimo múltiplo comum dos números
inteiros a1 , a2 ,  , an , se

1) m  0, m  Z;
2) a1 m,  , a n m ; (2)
3) Se M  0 e a1 M ,  , a n M , então m  M ,

e representa-se por a1 ,  , a n   m ou MMC (a1 ,  , a n )  m .

TEOREMA 3.6. Se a1   p11    p s s ,  , an   p1 1    p s s ,onde


 i  0,  ,  i  0 são números inteiros e i  1, n , então

m  a1 ,  , an   p1max( 1 ,, 1 )    pnmax(  n ,, n ) .

TEOREMA 3.7. Se m  a1 ,  , an , a1 M ,  , an M , então m M .

TEOREMA 3.8. a1 ,  , an1 , an    a1 ,  , an1 , an  .

A demonstração do teorema é análoga a do Teorema 3.3.

TEOREMA 3.9.

a, b  ab
, a  0, b  0, a, b  Z.
( a, b)

Demonstração.

a, b   a, b  (a, b)  ab . Sejam a, b  m e (a, b)  d , então


ab
( a, b)
a, b (a, b)  ab  md  ab .
Suponhamos que a  p1i    p s s , b  p11    p s s ( i ,  j  N, i, j  1, s) , então,
conforme os Teoremas 3.2. e 3.6., obtemos :

(a, b)  d  p1min( 1 , 1 )    p smin(  s ,  s )


.
a, b  m  p1max(  , )    p smax(  , )
1 1 s s

Logo, a, b (a, b)  md  p1min( 1 ,1 ) max( 1 ,1 )    p smin(  s , s ) max(  s , s )  p11  1    p s s   s 

 a, b 
ab ab
 p11    p s s  p11    p s s  ab  md  ab  m  .
d ( a, b)

8 Tetyana Gonçalves, Ph.D.


4. ALGORITMO DE EUCLIDES.

TEOREMA 4.1. Se b a e b  0 , então (a, b)  b .

Demonstração.

1). b  0 .
2). b a e b b , então b é divisor comum de a e b .
3). Se  a e  b , então, em particular,  b .
Assim como b satisfaz a todos os axiomas de máximo divisor comum, logo (a, b)  b .

TEOREMA 4.2. Se a  bq  r , então (a, b)  (b, r ) .

Demonstração.

Seja (a, b)  d , então:


1). d > 0.
2). De d a , d b e r  a  bq segue-se que d r (Teorema 1.13.).
3). Se  b ,  r , então  a , i.e.  é divisor comum de a e b , portanto,  d .
Logo, pela definição 3.1., d  (b, r )  (a, b) .

TEOREMA 4.3. Para quaisquer números inteiros positivos a , b , onde b não é divisor
de a , e um determinado s  N existem números inteiros qo , q1 ,  , q s e r1 , r2 ,  , rs , tais que
b  r1  r2    rs  0 ,
a  bq0  r1
b  r1 q1  r2
r1  r2 q 2  r3
(1)
....................
rs  2  rs 1 q s 1  rs
rs 1  rs q s
e (a, b)  rs .

Demonstração. Pelo Teorema 1.1., para a e b > 0 ( b não é divisor de a ) existem q 0 , r1


tais que: a  bq0  r1 , 0  r1  b , para b e r1 existem q1 , r2 tais que: b  r1q1  r2 , 0  r2  r1
. Se r2 = 0, o processo termina. Se r2 > 0, então para r1 e r2 existem q 2 , r3 tais que:
r1  r2 q2  r3 , 0  r3  r2 , etc. ... rk 1  rk qk  rk 1 , 0  rk 1  rk ... Temos:

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a  bq0  r1
b  r1 q1  r2
r1  r2 q 2  r3 (2)
....................

onde b  r1  r2    0 . O processo é finito ( n  0, n  N ) e termina quando algum rs 1  0


.
Dessa maneira, foi mostrado que para algum s se tem : rs 1  0 . Sendo assim, o
processo (2) termina pela relação: rs 1  rs q s , e obtém-se (1), alem disso,
b  r1  r2    rs  0 . Segundo oTeorema 4.1. e o Teorema 4.2., obtêm-se:
(a, b)  (b, r1 )  (r1 , r2 )    (rs 1 , rs )  rs .
Se b  0 , pode utilizar a seguinte relação: (a, b)  (a,  b) .

5. NÚMEROS PRIMOS ENTRE SI .

Definição 5.1. Os números a1 ,  , an chamam-se primos entre si, se (a1 ,  , an )  1 .

Definição 5.2. Os números a1 ,  , an chamam-se primos em pares, se (ai , a j )  1 para


algum i  j (i, j,  1, n) .

TEOREMA 5.1. Dois números a e b , diferentes de 0 e de  1 , são primos entre si se e


só se as suas fatorizações não contêm fatores primos iguais.

TEOREMA 5.2. Se p é um número primo, então p não divide a se e só se


(a, p)  1 . ( Um número primo p não divide a se e só se a , p   1 ).

Demonstração. 1). Para a  1 a afirmação do teorema é evidente.


2). Para a  1 “ p não divide a ” significa que a fatorização de a não contem o fator primo p .
Segundo o teorema anterior, isso é possível se e só se (a, p)  1 .

PROPRIEDADES DOS NÚMEROS PRIMOS ENTRE SI / PRIMOS EM PARES .

a a 
1. Se (a1 ,  , an )  d , então  1 ,  , n   1 .
d d 
2. Se c ab e (a, c)  1 , então c b .
3. Se (a1 , b)  1,  , (an , b)  1, então (a1    an , b)  1 .
4. Se (a, b)  1 , então (a n , b m )  1 para quaisquer naturais n, m .

10 Tetyana Gonçalves, Ph.D.


5. Se (a n , b m )  1 para quaisquer naturais n, m , então (a, b)  1 .
6. Se p1 , p 2 são números primos e p1  p 2 , então para os números inteiros
n  0, m  0, ( p1n , p2m )  1 .

TEOREMA 5.3. O produto de dois números primos entre si é um quadrado perfeito se


e só se cada um dos seus fatores é um quadrado perfeito.

Demonstração. 1). Se a  s 2 , b  t 2 , então ab  (st ) 2 .


2). Seja ab  n 2 , (a, b)  1 . Se a fatorização de n tem a forma n  p11    p s s , então a
fatorização de ab é ab  p121    p s2 s  n 2 . Sendo que (a, b)  1 , cada divisor de ab da
forma pi2i é ou divisor de a , ou divisor de b . Desse modo, a e b são, também, quadrados
perfeitos.

TEOREMA 5.4. Se a1 ,  , an são números primos em pares, então


a1 ,  , an   a1    an , i.e. o mínimo múltiplo comum de números primos em pares é igual ao
seu produto.

OBS.:
Para n  2 a afirmação do teorema é verdadeira, pois de (a1 , a2 )  1 segue (Teorema 3.9.):

a1 , a2   a1a2  a1a2 .


(a1 , a 2 )

TEOREMA 5.5. Se a1 ,  , an são números primos em pares e a1 b,  , a n b , então


a1   an b .

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