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Fundamentos de Cálculo Diferencial e Integral

para Astronomia
Integrais

Grupo de Apoio Integrado ao Aluno - GAIA


Centro Acadêmico da Astronomia - CAAstro Sputnik
Marco Laversveiler

Observatório do Valongo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Brasil
2020
Conteúdo

1 Integração 2
1.1 Origem, Definição e Cálculo de Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 Definição de Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.2 O Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Propriedades e Álgebra com Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.1 Propriedades das Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.2 Integral da Soma ou da Diferença de Funções: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.3 Integral por Substituição Simples: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.4 Integração por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.5 Integral por Substituição Trigonométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.6 Integração por Frações Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.7 Método da Equação* . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.3 Integrais Impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4 Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.4.1 O Problema das Áreas Negativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.4.2 Áreas entre Curvas de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.5 Volumes de Sólidos de Revolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.1 Método do Disco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.2 Método da Casca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

1
Capítulo 1

Integração

1.1 Origem, Definição e Cálculo de Integrais


1.1.1 Definição de Integral
Na geometria plana o conceito de área de uma figura expressa o quão “extensa” a mesma é. Assim como o
comprimento lhe indica o quão comprido é, por exemplo, um segmento de reta em uma única direção (uma
dimensão), a área lhe indica o quão “comprida” é uma figura em suas duas dimensões espaciais, mas sem dar
uma informação direta quanto ao seu formato.
Você obviamente sabe calcular a área de algumas figuras simples como um retângulo e um triângulo, por
exemplo. Em figuras mais complicadas, como um trapésio, acabamos divindindo-o em figuras mais simples para
calcularmos sua área. Mas a premissa é sempre a mesma, precisamos “varrer” todas as regiões da figura para
obtermos um valor númerico para sua área. Dito isso, como você tentaria calcular a área da figura abaixo?

Figura 1.1: Uma figura bidimensional qualquer com parte de seus limites curvados.

A motivação inicial (ou pelo menos uma delas) do que futuramente veio a ser chamado de integral definida é
justamente: como calcular a área exata de uma figura bidimensional curva? Para ser mais preciso na explicação,
considere o seguinte problema:

Dada uma função contínua f (x) no domínio x ∈ [a, b], qual o valor da área entre a curva da função e o eixo x?

Um exemplo clássico seria o cálculo da área sob a curva da função f (x) = x2 entre x = 0 e x = 2, ou seja,
a curva da função sendo o limite superior da figura, o eixo x sendo o limite inferior e os valores extremos do
intervalo (0 e 2) sendo os limites laterais da figuras (limites geométricos, ok? Não estamos falando do cálculo
de limites; pelo menos não por enquanto).
Bom, como você não faz ideia ainda de como calcular a área exata de uma figura do tipo, o mais adequado
seria tentar encontrar um valor aproximado, para que se tenha pelo menos ideia da extensão da figura. Uma
forma bem direta de se fazer isso seria aproximando cada seção da figura por retângulos lado a lado. Claro
que eles não se encaixariam perfeitamente na figura, de modo que alguns ultrapassariam os limites superiores
(aumentando o valor de sua estimativa) e outros ficam abaixo desse limite (ou um pouco, ou sutilmente -
diminuindo o valor de sua estimativa); isso porque você teria que escolher um ponto específico da parte superior
do retângulo como referência para “tocar” a curva da função (o vértice superior esquerdo ou direito, o ponto
central entre os vértices superiores etc). Vou escolher o vértice superior esquerdo como o ponto de referência, de
forma que todos os triângulos usados terão esse mesmo vértice encostado na curva da função; a figura a abaixo
mostra um exemplo.

2
Figura 1.2: Aproximação da área sobre a curva de uma função.

Na figura acima a e b são os valores extremos do domínio da função onde estamos aproximando a área, sendo
a função a curva vermelha. As linhas tracejadas azuis marcam a posição dos valores limites (extremos). Cada
um destes retângulos pode ser interpretado como abaixo:

O que vem após o underline é interpretado como um índice. Então você agora pode perceber que a base do
retângulo tem um comprimento base = ∆x ≡ xi+1 − xi e que a altura correspondente é altura = f (xi ), isto é,
a imagem de xi (isso porque consideramos o vértice superior esquerdo como referência), logo a área do i-ésimo
retângulo é Ai = altura × base = f (xi )∆x, certo? Bom, agora está quase pronto, pois o valor aproximado da
área abaixo da curva da função é simplesmente a soma das áreas de todos os retângulos, correto?
n
X
Atotal ≈ Ai (1.1)
i=1
onde n é o número total de retângulos. Para sermos mais rígidos, vamos considerar que todos os retângulos tem
a mesma base, ou seja, todos os ∆x tem o mesmo comprimento, estamos então dividindo o intervalo [a, b] em
partes iguais. Acho então que uma coisa fica clara aqui, quanto mais retângulos tivermos (quanto mais dividido
o segmento [a, b] for), melhor será a nossa estimativa da área da figura, pois os retângulos serão cada vez mais
finos. A próxima figura mostra a diferença que faz quando multiplicamos o número de retângulos por 2, só para
que você tenha uma ideia.

3
A ideia aqui então é que se aumentamos indefinidamente o número de retângulos, cada vez estaremos mais
próximos do valor exato da área sob a curva, de forma que se esse número é infinito, teremos o valor exato.
n
X
Atotal = lim Ai (1.2)
n7→∞
i=1

Pois, nesse caso, teríamos que o retângulo foi reduzido à um segmento de reta vertical; teríamos infinitos destes,
assim varrendo toda a área da figura, desde x = a até x = b. Ou seja, fazer n 7→ ∞ é a mesma coisa que fazer
∆x 7→ 0 nesse caso. Bom, é básicamente isso; completando agora com o valor de Ai teremos a conta pronta:
n
X
Atotal = lim f (xi )∆x (1.3)
n7→∞
i=1

Mas é claro que os matemáticos inventaram uma notação toda especial para isso (você esperava menos?).
Tirando alguns detalhes, que veremos mais adiante, podemos definir o que é a integral de uma função num dado
intervalo de seu domínio, a chamada Integral Definida:
Z b n
X
f (x)dx := lim f (xi )∆x (1.4)
a n7→∞
i=1

Vamos lá, esse símbolo novo (chame como quiser: linha, cobrinha, cordinha etc) representa uma letra S (sim,
bem estilizada) indicando que aquilo ali é uma Soma (mas vem mesmo do inglês Sum). As letras a e b são
posicionadas embaixo e em cima estratégicamente, representando, respectivamente, o limite inferior e superior
da Soma, ou seja, fazemos a soma desde x = a até x = b. f (x) é a função na qual estamos calculando a integral,
nada de especial por aqui. E encontramos dx novamente. Lembre, já disse anteriormente que dx representa
uma quantidade muito pequena em x, aqui ele aparece pois, como já visto, n 7→ ∞ é a mesma coisa que ∆x 7→ 0
no caso acima, e dx pode ser interpretado como ∆x 7→ 0. Resumindo, a notação mostra que estamos fazendo
uma soma de valores de f (x) na direção x (indicado por dx), desde x = a até x = b.
A ideia é simples, não? Mas então você vai ter que calcular todo aquele somatório sempre que quiser essa
área? A resposta curta é não, mas para entendermos como calcular de forma prática estas integrais definidas
precisamos de um teorema.

1.1.2 O Teorema Fundamental do Cálculo


A ideia aqui é mostrar uma das ideias mais úteis do cálculo diferencial e integral, que, na verdade, une as
ideias de derivação e integração. A demonstração a seguir não será extremamente rigorosa matematicamente,
mas é o suficiente para entender a ideia por trás de uma integral.
Vamos começar definindo uma função f (t) contínua no intervalo t ∈ [a, b] qualquer. Dessa função temos que
a área sob a curva da função entre t = a e t = b é dada por:

4
Z b
A= f (t)dt (1.5)
a

Disso vamos definir outra função, F (x), que será a área sob f (t) entre t = a e t = x, sendo a ≤ x ≤ b (x está
entre a e b):
Z x
F (x) := f (t)dt (1.6)
a
Você saberia escrever a derivada da função acima em relação à x? Digo pela definição de derivada mesmo.
Ficaria assim:
Z x+∆x Z x !
dF (x) F (x + ∆x) − F (x) 1
= lim = lim f (t)dt − f (t)dt (1.7)
dx ∆x7→0 ∆x ∆x7→0 ∆x a a

Bom, acima temos a diferença entre duas integrais, sem ir a fundo (por enquanto) no que isso significa de modo
mais abstrato, tente interpretar geometricamente o que isso quer dizer. A integral da esquerda calcula a área
sob a função f (t) entre t = a e t = x + ∆x, já a da direita calcula a área sob f (t) entre t = a e t = x, se
subtraímos estas duas áreas temos a área sob f (t) entre t = x e t = x + ∆x, certo? Olhe abaixo a representação
geométrica.

Figura 1.3: Área sob f (t) ente x e x + ∆x.

E como fica escrita a área demarcada acima em forma de uma integral?


Z x+∆x
A= f (t)dt (1.8)
x
Assim fica fácil de identificar que:
Z x+∆x Z x Z x+∆x
f (t)dt − f (t)dt = f (t)dt (1.9)
a a x

Logo, a derivada de F (x) em relação à x é reduzida à:


Z x+∆x
dF (x) 1
= lim f (t)dt (1.10)
dx ∆x7→0 ∆x x
Ok, a partir daqui precisaremos usar um teorema que não será demonstrado, mas que pode ser qualitativamente
bem entendido sem muito rigor matemático, o teorema do valor médio para integrais definidas. Ele diz que se
uma função f (t) é contínua, então:
Z x+∆x
∃ c x ≤ c ≤ x + ∆x ⇒ f (c)∆x = f (t)dt (1.11)
x

5
Traduzindo: existe um valor c, entre x e x + ∆x, que implica que a imagem de c, f (c), vezes ∆x é igual aquela
integral. Basicamente, temos que f (c) é a altura média do retângulo na figura (1.3) e ∆x é sua base (já que
x + ∆x − x = ∆x), logo f (c)∆x é a área média da região laranja, representada pela integral.
Agora pense comigo, se fazemos ∆x 7→ 0 isso quer dizer que c 7→ x, pois c está entre x e x + ∆x, correto?
E podemos escrever o resultado do teorema anterior da seguinte forma:
Z x+∆x
1
f (c) = f (t)dt (1.12)
∆x x
Então se eu aplico um limite para c 7→ x do lado esquerdo da expressão acima e um limite para ∆x 7→ 0 do
lado direito, eu estou mantendo a igualdade, certo? Pois eles são essencialmente a mesma coisa:
Z x+∆x
1
lim f (c) = lim f (t)dt (1.13)
c7→x ∆x7→0 ∆x x

Bom, o limite da esquerda é literalmente f (x), sendo que o limite da direita já sabemos que é a derivada de
F (x), então:

dF (x)
f (x) = (1.14)
dx
Ou seja, a derivada da integral de uma função é a própria função f (x)! Perceba o quanto esse resultado é incrível,
ele nos diz que para calcularmos a integral de uma função basta fazermos o caminho inverso da derivada. Por
esse motivo a integral também é chamada de Antiderivada.
Por exemplo, para saber qual é a integral de x2 precisamos pensar em qual função que derivada da x2 , você
consegue pensar nessa função? Bom, não existe uma única resposta para isso (você já vai entender porquê),
mas uma resposta possível seria:

x3
Z
x2 dx = (1.15)
3
pois:

x3
 
d
= x2 (1.16)
dx 3
Então, simplificadamente, é isso que fazemos quando calculamos uma integral, nós imaginamos uma espécie de
derivada inversa da função. Agora o detalhe. Você viu que no exemplo acima eu não coloquei os limites de
integração (os limites inferior e superior da integral), e isso está ligado diretamente com o que comentei daquela
resposta ser uma das possíveis. Isso feito acima é chamado de Integral Indefinida, a ideia dela é recuperar
a família de funções que derivadas retornam a função dentro da integral. Digo família de funções, justamente,
pois são infinitas funções, não uma somente.
Você se recorda que quando derivamos uma função, qualquer constante que esteja sozinha simplesmente
some, pois a derivada de uma constante é zero, certo? Então quando fazemos a integração indefinida de uma
função, precisamos contar por qualquer constante que possa sumir no processo contrário (derivação). Dessa
forma:
Z
f (x)dx := F (x) + C, C ∈ R (1.17)

Sendo F (x) a antiderivada da função f (x) e C uma constante qualquer. Pois:


d
(F (x) + C) = f (x), ∀ C ∈ R (1.18)
dx
O mesmo não é necessário quando fazemos uma integração definida, pois na integração indefinida estamos
buscando as funções que derivadas retornam a função dentro da integral, já na integração definida estamos
buscando a área sob a curva da função entre intervalos definidos. Assim nasce o teorema fundamental do
cálculo:
Z b
f (x)dx = F (b) − F (a) (1.19)
a

Isto é, a integral definida de f (x) entre x = a e x = b é a diferença entre a antiderivada de f (x) calculada em b
e em a.

6
EXEMPLO 1: Calcule a área sob a função f (x) = x2 no intervalo [2, 4].

Esse cálculo é facilmente traduzido na seguinte integral:


Z 4
A= x2 dx (1.20)
2
Bom, já vimos quem é a antiderivada desta função, então já sabemos que:

x3
F (x) = (1.21)
3
Basta agora pegarmos esse resultado e aplicarmos o teorema fundamental do cálculo para x = 4 e para x = 2,
subtraindo ambos:
4
43 23
Z
64 8 56
A= x2 dx = F (4) − F (2) = − = − = (1.22)
2 3 3 3 3 3
Temos então que a área numérica é 56/3, quaisquer que sejam as unidades que você esteja usando na sua função.

OBS: Uma outra forma de representar o resultado de uma integral definida é o seguinte:
Z b b
f (x)dx = F (x) (1.23)
a a

Onde a barra com os valores a e b representam os limites em que F (x) está sendo calculado, ou seja:
b
F (x) ≡ F (b) − F (a) (1.24)
a
Logo, no exemplo anterior, poderíamos ter escrito também:
Z 4  3
x 4 43 23 56
A= x2 dx = = − = (1.25)
2 3 2 3 3 3

EXEMPLO 2: Calcule a integral abaixo:


Z
1
dx (1.26)
x
Aqui temos básicamente um trabalho de memória mesmo. Você se lembra qual é a função que derivada da 1/x?
Se você já fez vários exercícios de derivação é provável que lembre disso:
d 1
(ln(x)) = (1.27)
dx x
logo:
Z
1
dx = ln |x| + C, C ∈ R (1.28)
x
O módulo é só um detalhe, pois a função 1/x é definida para R∗ , já a função ln(x) só é definida para R+
∗ , então
se não restringirmos o domínio de integração da função 1/x para somente números reais positivos, precisamos
garantir que no argumento do logaritmo só aparecam coisas positivas (e diferentes de zero, claro). Nunca se
esqueça de colocar a constante quando calculando integrais indefinidas!

1.2 Propriedades e Álgebra com Integrais


1.2.1 Propriedades das Integrais
Aqui vou apresentar as principais propriedades que você precisa ter em mente quando efetuando cálculos com
integrais.

7
Comprimento de um Segmento de Reta: O comprimento de um segmento de reta (na direção x por
exemplo) é a coordenada final menos a inicial:

∆x = xf − xi (1.29)
Claro, a integral te retorna o valor da área sobre a curva da função, mas e se essa função for f (x) = 1? Temos
então:
Z xf xf
dx = x = xf − xi (1.30)
xi xi

Isso na verdade seria a área de um retângulo com altura 1, mas acaba sendo numericamente igual ao comprimento
da base.

Limites de Integração Coincidentes: Se os limites de integração são coincidentes (iguais) então não esta-
mos calculando a área sob a curva, pois simplesmente não temos uma área, logo:
Z a
f (x)dx = 0 (1.31)
a

Inversão dos Limites de Integração: Aqui você pode se perguntar: “Por que inverter os limites de inte-
gração mudaria algo, já que estamos calculando uma área? ” E faz muito sentido esse argumento, entretanto
isso realmente muda as coisas devido a forma como o cálculo de uma integral definida é construido. Lembre do
teorema fundamental do cálculo:
Z b
f (x)dx = F (b) − F (a) (1.32)
a
Logo, se invertemos os limites de integração teremos:
Z a
f (x)dx = F (a) − F (b) (1.33)
b
Dessa forma, temos que:
Z b Z a
f (x)dx = − f (x)dx (1.34)
a b

Você pode interpretar como se estivesse calculando a área sob a curva da função da direção que x decresce, por
isso o resultado sai com o sinal inverso, embora os módulos sejam iguais.

Subintervalo de Integração: Se uma função f (x) é contínua no intervalo [a, b], sendo b 6= a, então existe
um c ∈ [a, b] de tal forma que podemos dividir a integral de a até b no valor c:
Z b Z c Z b
f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx (1.35)
a a c

Ou seja, calculamos a área sob a curva da função de a até c e somamos com a área sob a curva de c até b, assim
obtendo a área completa entre a e b.

Integral de uma Função multiplicada por uma Constante: Esse caso é muito parecido com o caso da
derivada. Imagine que temos a integral de uma função f (x) multiplicada por uma constante k ∈ R. Como a
integral é, por definição, uma soma, então podemos somente tirar a constante do argumento da integral:

Z b n
X
kf (x)dx = lim kf (xi )∆x (1.36)
a n7→∞
i=1
Xn
= k lim f (xi )∆x (1.37)
n7→∞
i=1
Z b
=k f (x)dx (1.38)
a

8
logo:
Z b Z b
kf (x)dx = k f (x)dx (1.39)
a a

1.2.2 Integral da Soma ou da Diferença de Funções:


Essa talvez seja a única relação trivial nas integrais. Como anteriormente, já que integrais são básicamente
somas, então se temos a integral de uma soma (ou diferença) podemos simplesmente parti-la em duas (ou mais)
integrais, uma para cada função:

Z b n
X
(f (x) ± g(x))dx = lim (f (xi ) ± g(xi ))∆x (1.40)
a n7→∞
i=1
n n
!
X X
= lim f (xi )∆x ± g(xi )∆x (1.41)
n7→∞
i=1 i=1
n
X n
X
= lim f (xi )∆x ± lim g(xi )∆x (1.42)
n7→∞ n7→∞
i=1 i=1
Z b Z b
= f (x)dx ± g(x)dx (1.43)
a a

Ou seja, de uma forma geral temos:

n
! n Z
Z b X X b
fi (x) dx = fi (x)dx (1.44)
a i=1 i=1 a

EXEMPLO: Calcule a seguinte integral indefinida:


Z
(x2 + 2x − 4)dx (1.45)

Pela definição anterior teremos:

Z Z Z Z
2 2
(x + 2x − 4)dx = x dx + 2 x dx − 4 dx (1.46)

x3
 
+ C1 + x2 + C2 − (4x + C3 )

= (1.47)
3
x3
= + x2 − 4x + C (1.48)
3
Sendo C = C1 + C2 + C3 ∈ R. Ou seja, não precisamos colocar constantes para cada uma das integrais, como
são arbitrárias basta que coloquemos uma no final.

1.2.3 Integral por Substituição Simples:


Num caso muito específico em que temos uma integral na forma:
Z b
f (g(x))g 0 (x)dx (1.49)
a

podemos fazer uma substituição de variáveis para tornar a integral mais simples. Definimos então u := g(x),
de forma que:
du
= g 0 (x) (1.50)
dx
Logo, podemos escrever (em forma diferencial) que:

du = g 0 (x)dx (1.51)

9
A partir da própria definição de u temos que: f (g(x)) = f (u). Com isso, a integral se reduz à:
Z b Z u(b)
f (g(x))g 0 (x)dx = f (u)du (1.52)
a u(a)

Os novos limites de integração u(a) e u(b) mostram que a nova integral, reduzida, tem limites de integração que
dependem da definição da nova função u; não necessariamente são iguais aos antigos.

EXEMPLO 1: Calcule a integral definida abaixo:


Z e
ln(x)
dx (1.53)
1 2x
Você com certeza não sabe direto qual função que derivada resulta na função dentro da integral acima, então
precisamos transformá-la numa função que consigamos fazer tal pensamento reverso. A definição da função
auxiliar u é muito importante, se fizermos a escolha errada só iremos dificultar mais ainda a integral. Devemos
então escolher um u de forma que sua derivada esteja presente no integrando. Temos várias possibilidades,
entretanto somente duas facilitaram bastante o trabalho aqui. Vamos definir então u := ln(x), pois:
du 1 1
= ⇒ du = dx (1.54)
dx x x
Com isso, os limites de integração precisam mudar de acordo com a função auxiliar escolhida, logo:

Para x = 1 ⇒ u(1) = ln(1) = 0 (1.55)


Para x = e ⇒ u(e) = ln(e) = 1 (1.56)

Portanto:
Z e Z 1 Z 1
ln(x) u 1
dx = du = u du (1.57)
1 2x 0 2 2 0
Agora sim, essa integral você já consegue imaginar em que função resultaria.

1 1 1 u2 1 1 12 02
Z    
1
u du = = − = (1.58)
2 0 2 2 0 2 2 2 4
Outra forma de resolver, sem trocar os limites de integração, seria retornar às funções originais depois de calcular
a integral em u. Vamos lá, ignore os limites de integração por um instante e calcule a integral indefinida em u:

1 u2
Z Z Z
ln(x) u 1
dx = du = u du = +C (1.59)
2x 2 2 2 2
Bom, nós mesmos definimos u := ln(x), então vamos substituir no resultado e calcular a integral definida com
os limites de integração originais:

1 u2 1 ln2 (x)
u := ln(x) ⇒ = (1.60)
2 2 2 2
Então:
e
ln2 (x) ln2 (e) ln2 (1) 12 02
Z      
ln(x) 1 e 1 1 1
dx = = − = − = (1.61)
1 2x 2 2 1 2 2 2 2 2 2 4
Claro, nesse caso foi fácil fazer os dois casos, mas nem sempre é assim. Então, dependendo da função auxiliar
escolhida, você pode mudar os limites de integração e calcular a integral definida com os novos, ou retornar à
função antiga (depois de calcular a integral) e usar os limites de integração antigos.

EXEMPLO 2: Calcule a integral abaixo:


Z
cos(3x + 4)dx (1.62)

Aqui seria um caso simples se tivéssemos uma função do tipo cos(x), onde facilmente se saberia a resposta.
Bom, podemos tentar transformá-la em algo do tipo com a ajuda da função auxiliar. Definindo u := 3x + 4
teremos:

10
du
= 3 ⇒ du = 3dx (1.63)
dx
Bom, não temos um termo 3dx na nossa integral original, mas com uma simples manipulação algébrica podemos
dizer que:
1
du = 3dx ⇒ dx =du (1.64)
3
Agora sim, temos tudo que precisamos e já podemos substituir na integral:

Z Z Z
1 1 1 1
cos(3x + 4)dx = cos(u) · du = cos(u)du = sin(u) + C = sin(3x + 4) + C, C ∈ R (1.65)
3 3 3 3
Nesse caso sempre precisamos voltar à variável inicial, pois estamos calculando uma integral indefinda, logo
nossa resposta é uma família de funções e não um valor numérico como nas integrais definidas.

1.2.4 Integração por Partes


Das relações entre integrais talvez essa seja a mais versátil, pois permite que você resolva integrais bem mais
complexas das que vistas até o momento, tornando-as mais simples a cada passo. Para que eu mostre este
resultado, preciso que você lembre de como se calcula a derivada do produto entre duas funções:

d df (x) dg(x)
(f (x)g(x)) = g(x) + f (x) (1.66)
dx dx dx
Tendo isso em mente, considere o seguinte: como temos uma igualdade, tudo feito de uma lado precisa ser feito
do outro para que a mesma se mantenha. Então, se eu calculo a integral em relação a x do lado esquerdo da
equação, tenho que calcular a mesma integral do lado direito da equação, logo:
Z   Z  
d df (x) dg(x)
(f (x)g(x)) dx = g(x) + f (x) dx (1.67)
dx dx dx
Do lado esquerdo temos a integral de uma derivada (ambas em x), isso é a mesma coisa que só mantermos a
função de dentro, pois lembre que a integral faz o papel inverso da derivada, então uma aplicação das duas em
sequência anula o que foi feito (parecido com calcular uma função composta em que as funções são inversas
entre si). Já do lado direito, temos a integral de uma soma entre funções, então podemos serpará-la em duas
integrais. Ficamos então com:
Z Z
df (x) dg(x)
f (x)g(x) = g(x) dx + f (x) dx (1.68)
dx dx
Agora lembrem de um detalhe, embora o operador de derivação pareça uma fração, ele não é de verdade uma
fração. Entretanto, fazendo algumas considerações acerca das funções tratadas, ele pode ser manipulado como
uma fração sem problemas. Não comentarei sobre esses detalhes, mas considerando-os podemos fazer o seguinte:

df (x)
dx = df (x) (1.69)
dx
Considerando isso a equação (1.68) pode ser reduzida à:

Z Z
f (x)g(x) = g(x) df (x) + f (x) dg(x) (1.70)
Z Z
f (x) dg(x) = f (x)g(x) − g(x) df (x) (1.71)

E é isso. Mudando para uma notação menos carregada, podemos definir u := f (x) e v := g(x), de forma que
du = df (x) e dv = dg(x), dessa forma nosso resultado acima passa a ser escrito como:
Z Z
u dv = uv − v du (1.72)

A ideia aqui é, a partir de uma integral, definir uma função auxiliar u e um diferencial auxiliar dv, de forma
a transformar uma integral que pode ser complexa em sua forma original, numa integral mais simples, fazendo
uso do resultado acima.

11
EXEMPLO 1: Calcule a integral abaixo:
Z
x cos(x)dx (1.73)

Da mesma forma que na integral por substituição simples, escolher os papeis errados (aqui de u e dv) pode
resultar numa integral mais complicada do que a original, então pense com calma. Analise o resultado que
vamos usar, o que precisamos saber depois de esscolher u e dv?
Z Z
u dv = uv − v du (1.74)

No resultado aparecem duas coisas que não sabemos de antemão, são elas du e a própria função v. Então a
partir de u precisamos derivá-lo para encontrar sua forma diferencial, e a partir de dv precisamos integrá-lo para
conseguir a função v. Vou primeiro mostrar qual seria a melhor escolha, depois mostrarei o que aconteceria se
escolhessemos o contrário. Então vamos lá, escolhendo u := x e dv := cos(x)dx, vamos descobrir quem são du
e v:

u := x (1.75)
du
=1 (1.76)
dx
du = dx (1.77)

dv := cos(x)dx (1.78)
Z Z
dv = cos(x)dx (1.79)

v = sin(x) (1.80)

Nesse caso não precisamos colocar a constante no resultado de v, pois a mesma é só uma função auxiliar, então
não precisamos de todos os resultados possíveis, somente o mais simples. Agora temos todas as peças (u, v, du
e dv), precisamos somente encaixá-las no resultado:
Z Z
x cos(x)dx = x sin(x) − sin(x)dx (1.81)

Agora sim, temos uma integral que sabemos diretamente a resposta a partir do processo da antiderivada,
portanto:
Z
x cos(x)dx = x sin(x) + cos(x) + C, C ∈ R (1.82)

Agora sim a constante precisa aparecer, pois estamos tratando do resultado procurado. Olhe o que aconteceria
se escolhessemos u := cos(x) e dv := x dx:

u := cos(x) (1.83)
du
= − sin(x) (1.84)
dx
du = − sin(x)dx (1.85)

dv := x dx (1.86)
Z Z
dv = x dx (1.87)

x2
v= (1.88)
2
Usando o resultado da integral por partes, teríamos:

x2
Z Z 2
x sin(x)
x cos(x)dx = cos(x) + dx (1.89)
2 2
O que não está errado, mas também não lhe ajuda, já que você não sabe calcular a nova integral (ainda mais
complicada). Então sempre procure definir as variáveis novas de forma a tornar seu problema mais simples, não
mais complicado. Claro, no começo isso é difícil, mas nada que a prática não resolva.

12
EXEMPLO 2: Calcule a integral:
Z
x2 ex dx (1.90)

Definindo u := x2 e dv := ex , teremos:

u := x2 (1.91)
du
= 2x (1.92)
dx
du = 2x dx (1.93)

dv := ex dx (1.94)
Z Z
dv = ex dx (1.95)

v = ex (1.96)

Usando a integração por partes ficamos com:


Z Z
x e dx = x e − 2 xex dx
2 x 2 x
(1.97)

Bom, a integral resultante também não sabemos diretamente através da antiderivada, então escolhemos as
definições erradas para u e dv? Não necessariamente! Nem sempre vamos resolver uma integral aplicando a
integração por partes uma única vez, a ideia é ir deixando as integrais cada vez mais simples até que tenhamos
uma integral que saibamos a antiderivada. Veja que a nova integral é bem parecida com a primeira, a diferença
sendo apenas no expoente da variável x, que está menor agora. Então, aplicando novamente a integração por
partes (nessa nova integral) vamos conseguir uma outra integral mais simples, possivelmente sem o x. Definindo
u := x e dv := ex , para a nova integral, teremos:

u := x (1.98)
du
=1 (1.99)
dx
du = dx (1.100)

dv := ex dx (1.101)
Z Z
dv = ex dx (1.102)

v = ex (1.103)

Então:

13
Z Z
x x
xe dx = xe − ex dx (1.104)

Agora sim uma função que sabemos diretamente sua antiderivada. Substituindo esse resultado na nossa integral
original:

Z Z
2 x 2 x
x e dx = x e − 2 xex dx (1.105)
 Z 
= x2 ex − 2 xex − ex dx (1.106)

= x2 ex − 2xex + 2ex + C (1.107)


2 x
= (x − 2x + 2)e + C (1.108)

1.2.5 Integral por Substituição Trigonométrica


O método de substituição trigonométrica é usado em integrais que contém expressões quadradicas com expo-
entes fracionários na forma n/2, sendo n ∈ Z. Existem três casos para esse tipo de substituição:

Z Z Z
n n n
2 2 2 2
(I) f (x) · (x + a ) dx
2 (II) f (x) · (x − a ) dx 2 (III) f (x) · (a2 − x2 ) 2 dx (1.109)

onde a ∈ R∗ . Vou aqui mostrar como prosseguir quando algum desses três casos aparece em uma integral.
Embora você possa simplesmente decorar o modelo de resposta final para cada um, eu não aconselho que faça
isso. Por isso, no exemplos que virão logo depois, mostrarei como aplicar o algoritmo de resolução, sem precisar
jogar a resposta final diretamente.

(I) A ideia é simples, vamos pegar o termo geral, definir uma nova variável (que depende do caso) e depois
substituir a identidade trigonométrica que se encaixa. O termo geral em questão é o seguinte:
n
(x2 + a2 ) 2 (1.110)
Vamos definir uma nova função para x, vamos dizer que x := a tan(θ) e jogar dentro do nosso termo geral. O
porquê você vai entender já já.
n n n
(x2 + a2 ) 2 = ([a tan(θ)]2 + a2 ) 2 = (a2 tan2 (θ) + a2 ) 2 (1.111)
Colocando a2 em evidência, ficamos com:
n
(a2 [tan2 (θ) + 1]) 2 (1.112)
Bom, você se lembra qual idêntidade trigonométrica contém tan2 (θ) + 1? Caso não:

tan2 (θ) + 1 = sec2 (θ) (1.113)


Então podemos simplificar nossa última expressão da seguinte forma:
n n
(a2 [tan2 (θ) + 1]) 2 = (a2 sec2 (θ)) 2 = an secn (θ) (1.114)
Mas calma que ainda não acabou. Nós trocamos a variável de x para θ e estamos falando de uma integral, então
precisamos colocar a integral em termos de dθ, não dx. Então da própria definição que fizemos, tiramos quem
é dx em termos de dθ:

x := a tan(θ) (1.115)
dx
= a sec2 (θ) (1.116)

dx = a sec2 (θ)dθ (1.117)
n n
Então vamos lá, precisamos substituir (x2 + a2 ) 2 dx em termos de θ. Já sabemos que (x2 + a2 ) 2 = an secn (θ)
e que dx = a sec2 (θ)dθ, então:

14
n
(x2 + a2 ) 2 dx = an secn (θ) · a sec2 (θ)dθ (1.118)
n+1 n+2
=a sec (θ)dθ (1.119)

Portanto, nossa integral termina na forma:


Z Z
n
f (x) · (x2 + a2 ) 2 dx = an+1 f (a tan(θ)) · secn+2 (θ)dθ (1.120)

EXEMPLO: Calcule a integral abaixo: Z


1
3 dx (1.121)
(x2 + 4) 2
Pela demonstração acima parece que isso aqui vai virar um problemão. Bom, de fato, as vezes realmente
vira, mas nem sempre. Dependendo de como é o integrando, algumas coisas podem se simplificar, deixando a
expressão final bem mais simples.
Vamos lá, primeiro precisamos definir a nossa nova variável x := 2 tan(θ), então dx = 2 sec2 (θ)dθ. Com isso,
nosso integrando muda da seguinte forma:

1 1 2 sec2 (θ) 2 sec2 (θ)


3 dx = 3 · 2 sec2 (θ)dθ = 3 dθ = 3 dθ =
(x2 + 4) 2 (4 tan2 (θ) + 4)
2 (4[tan2 (θ) + 1]) 2 (4 sec2 (θ)) 2
2
2 sec (θ) 1 1
= 3 3 dθ = dθ = cos(θ)dθ
2 sec (θ) 4 sec(θ) 4
Caso tivéssemos aplicado diretamente o resultado demonstrado anteriormente, teríamos obtido o penúltimo
termo do desenvolvimento acima de forma bem direta, mas (claro) não serviria de nada para o seu aprendizado.
Agora que você já entendeu como funciona, tente achar a integral em função de θ diretamente do resultado
encontrado na demonstração do método (lembrando que nesse exemplo temos n = −3 e f (x) = 1).
Bom, acho que você não esperava que ficasse tão simples assim. E é isso, temos então uma simples integral
da função cosseno, logo:
Z Z
1 1 1
3 dx = cos(θ)dθ = sin(θ) + C, C ∈ R (1.122)
2
(x + 4) 2 4 4
Mas não acaba por aqui. Foi nos dada uma integral na variável x, então temos que retornar uma resposta também
na variável x, logo precisamos arrumar uma forma de voltar para ela. Da definição temos x := 2 tan(θ), o que
nos diz que tan(θ) = x/2. Num triângulo retângulo a tangente de um dado ângulo é a razão entre os catetos
oposto e adjacente, certo? Então imagine tal triângulo, de tal forma que não sabemos quem é a hipotenusa,
chamemos de H.

H
x

θ
2

Do triângulo retângulo acima, fazendo uso do teorema de Pitágoras, tiramos a relação direta abaixo:
p
H = x2 + 4 (1.123)
Bom, sabendo quem é a hipotenusa fica fácil saber quem é o seno do ângulo θ, que o é que nos importa no
momento. Temos então:
x x
sin(θ) = =√ (1.124)
H 2
x +4
Substituindo em nosso resultado, teremos:
Z
1 x
3 dx = √ + C, ∈ R (1.125)
(x2 + 4) 2 4 x2 + 4

15
(II) Muito semelhante ao caso anterior. Usaremos agora a definição x := a sec(θ) de forma que o termo geral
tome a seguinte forma:
n n n
(x2 − a2 ) 2 = (a2 sec2 (θ) − a2 ) 2 = (a2 [sec2 (θ) − 1]) 2 (1.126)
Aplicando a mesma identidade trigonométrica do caso anterior (somente escrita de outra maneira):

tan2 (θ) = sec2 (θ) − 1 (1.127)


podemos simplificar nosso termo geral da seguinte maneira:
n n
(a2 [sec2 (θ) − 1]) 2 = (a2 tan2 (θ)) 2 = an tann (θ) (1.128)
Com relação ao nosso novo diferencial, dθ, podemos escrever a seguinte relação a partir da definição feita logo
no começo:

x := a sec(θ) (1.129)
dx
= a tan(θ) sec(θ) (1.130)

dx = a tan(θ) sec(θ)dθ (1.131)

E então, organizando nosso integrando completo, teremos:

n
(x2 − a2 ) 2 dx = an tann (θ) · a tan(θ) sec(θ)dθ (1.132)
n+1 n+1
=a tan (θ) sec(θ)dθ (1.133)

Logo, nossa integral pode ser reescrita em função de θ como:


Z Z
n
2 2 n+1
f (x) · (x − a ) dx = a
2 f (a sec(θ)) · tann+1 (θ) sec(θ)dθ (1.134)

EXEMPLO: Calcule a integral abaixo:


2

x2 − 2
Z
√ dx (1.135)
2 x2
√ q √
Como x2 + 2 = x2 + ( 2)2 , usando a substituição mostrada anteriormente teremos:
√ √
x= 2 sec(θ) ⇒ dx = 2 tan(θ) sec(θ) dθ (1.136)
Logo o argumento da integral será:

√ √ p
2 sec2 (θ) − 2 √ 2 sec2 (θ) − 1 √
p
x2 − 2
dx = · 2 tan(θ) sec(θ) dθ = 2 tan(θ) dθ = (1.137)
x2 2 sec2 (θ) 2 sec(θ)
p
tan2 (θ) tan2 (θ)
= tan(θ) dθ = dθ (1.138)
sec(θ) sec(θ)
Esse seria o argumento que você conseguiria diretamente aplicando o resultado apresentado na expressão (1.134).
Mas, convenhamos, não parece ser nada fácil integrar essa função. Então vamos simplificar esse argumento
usando usando identidades trigonométricas. Talvez a simplificação mais direta seja:

tan2 (θ) sin2 (θ)


= · cos(θ) = sin(θ) tan(θ) (1.139)
sec(θ) cos2 (θ)
Bom, mas também não parece ser fácil (ou pelo menos simples) integrar isso também. Vamos então substituir
a identidade trigonométrica de tan2 (θ), pois ela possui um termo sec(θ) que pode nos ajudar na simplificação:

tan2 (θ) sec2 (θ) − 1 sec2 (θ) 1


= = − = sec(θ) − cos(θ) (1.140)
sec(θ) sec(θ) sec(θ) sec(θ)
Agora parece um pouco menos complicado, sendo uma diferença vamos poder dividir em duas integrais, uma
delas sabemos já o resultado (a de cos(θ)). Usando essa simplificação, nossa integral inicial torna-se:

16
2
√ θ(2) θ(2) θ(2)
x2 − 2
Z Z Z Z
√ dx = √ (sec(θ) − cos(θ)) dθ = √ sec(θ) dθ − √ cos(θ) dθ (1.141)
2 x2 θ( 2) θ( 2) θ( 2)

Lembre-se que os limites√de integração√mudam de acordo com a definição feita logo no inicio (a relação entre x
e θ), então temos que θ( 2) ≡ θ(x = 2) e θ(2) ≡ θ(x = 2). Portanto, os novos limites de integração serão:


√ 2 2 π
Para x = 2 ⇒ 2 = 2 sec(θ) ⇒ sec(θ) = √ ⇒ cos(θ) = −→ θ(2) = ≡ 45◦ (1.142)
2 2 4
√ √ √ √
Para x = 2 ⇒ 2 = 2 sec(θ) ⇒ sec(θ) = 1 ⇒ cos(θ) = 1 −→ θ( 2) = 0 (1.143)

Então nossa integral em θ vai de θ = 0 até θ = π/4:


Z 2 √ 2 Z π4 Z π4
x −2
√ dx = sec(θ) dθ − cos(θ) dθ (1.144)
2 x2 0 0

Bom, já vimos algumas vezes qual é o resultado da integral da direita, logo:


Z π4 π
√ √
4 2 2
cos(θ) dθ = sin(θ) = −0= (1.145)
0 0 2 2
A integral da esquerda pode ser resolvida por substituição simples após uma pequena manipulação algébrica.
Vamos multiplicar e dividir o argumento da integral da esquerda por sec(θ) + tan(θ), pois assim estaremos
multiplicando por 1, logo não estamos alterando de fato a integral:
π π π
sec2 (θ) + sec(θ) tan(θ)
Z Z Z
4 4 sec(θ) + tan(θ) 4
sec(θ) dθ = sec(θ) · dθ = dθ (1.146)
0 0 sec(θ) + tan(θ) 0 sec(θ) + tan(θ)
Por que fiz isso? Defina u := sec(θ) + tan(θ), quem é du?

u := sec(θ) + tan(θ) (1.147)


du
= sec(θ) tan(θ) + sec2 (θ) (1.148)

du = (sec(θ) tan(θ) + sec2 (θ)) dθ (1.149)

Ou seja, du é justamente o numerador do argumento da integral vezes dθ, portanto:


π π
u(π/4)
sec2 (θ) + sec(θ) tan(θ)
Z Z Z u(π/4)
4 4 1
sec(θ) dθ = dθ = du = ln(u) (1.150)
0 0 sec(θ) + tan(θ) u(0) u u(0)

Voltando para θ:


 
u(π/4) π/4 2 1
ln(u) = ln(sec(θ) + tan(θ)) = ln √ + 1 − ln(1 − 0) = ln(2 + 2) − ln(2) (1.151)
u(0) 0 2 2

Agora sim podemos descobrir o resultado final de nossa integral inicial, juntando os resultados das duas integrais
temos que:
Z 2 √ 2 Z π4 Z π4 √ √ 
x −2 1
√ dx = sec(θ) dθ − cos(θ) dθ = ln(2 + 2) − ln(2) + 2 (1.152)
2 x2 0 0 2
Se você reparou, eu não precisei usar o triângulo retângulo (como feito no exemplo anterior) para voltar à
variável inicial. Eu poderia ter feito também, sem problemas, mas como estamos calculando uma integral
definida isso não precisa necessariamente ser feito, basta trocarmos os limites de integração adequadamente.

(III) Você já pode imaginar que faremos algo muito parecido com os dois casos anteriores. Então vamos lá,
o argumento da integral agora é:
n
(a2 − x2 ) 2 (1.153)
Aqui temos duas alternativas, podemos definir x := a sin(θ) ou x := a cos(θ), farei o desenvolvimento usando a
primeira definição, mas ambas resultam em relações equivalentes. Logo:

17
n n n
(a2 − x2 ) 2 = (a2 − a2 sin2 (θ)) 2 = (a2 [1 − sin2 (θ)]) 2 (1.154)
Usando a identidade trigonométrica fundamental:

sin2 (θ) + cos2 (θ) = 1 (1.155)


2 2
cos (θ) = 1 − sin (θ) (1.156)

Então, nosso argumento pode ser simplificado para:


n n
(a2 [1 − sin2 (θ)]) 2 = (a2 cos2 (θ)) 2 = an cosn (θ) (1.157)
Já o nosso diferencial será escrito como:

x := a sin(θ) (1.158)
dx
= a cos(θ) (1.159)

dx = a cos(θ) dθ (1.160)

Logo, todo o argumento da integral pode ser simplificado (em termos de θ) para:
n
(a2 − x2 ) 2 dx = an cosn (θ) · a cos(θ) dθ = an+1 cosn+1 (θ) dθ (1.161)
Portanto:
Z Z
n
f (x) · (a2 − x2 ) 2 dx = an+1 f (a sin(θ)) · cosn+1 (θ) dθ (1.162)

EXEMPLO Calcule a integral abaixo:


Z p
16 − x2 dx (1.163)

Definindo x := 4 sin(θ) temos que dx = 4 cos(θ) dθ e nosso argumento se torna:

p q
16 − x2 dx = 16 − 16 sin2 (θ) · 4 cos(θ) dθ = 4 cos(θ) · 4 cos(θ) dθ = 16 cos2 (θ) dθ (1.164)

Bom, não sabemos integral cos2 (θ), podemos então reescrevê-lo na forma de uma função que já sabemos calcular
a integral. Usando então a forma do meio ângulo, temos que:

cos(2θ) + 1
cos2 (θ) = (1.165)
2
Agora temos uma função mais simples. Integrando, teremos:
Z p Z Z Z Z 
2 2 cos(2θ) + 1
16 − x dx = 16 cos (θ) dθ = 16 dθ = 8 cos(2θ) dθ + dθ (1.166)
2
A primeira integral pode ser resolvida facilmente utilizando substituição simples, a segunda integral é trivial.
Portanto:
Z Z   
1
8 cos(2θ) dθ + dθ = 8 sin(2θ) + θ + C = 8 [sin(θ) cos(θ) + θ] + C, C ∈ R (1.167)
2
No último passo foi usada a seguinte identidade trigonométrica sin(2θ) = 2 sin(θ) cos(θ), para simplificação.
Agora precisamos voltar para a variável inicial. Usando x := 4 sin(θ) tiramos duas relações diretas:
x x
sin(θ) = e θ = arcsin (1.168)
4 4
Bom, ainda falta saber quem é cos(θ) em termos de x. Usando a relação da esquerda podemos construir o
seguinte triângulo retângulo:

18
4
x

θ
c

(lembre sin(θ) = cateto oposto / hipotenusa). Logo, pelo teorema de Pitágoras, teremos:
p
c = 16 − x2 (1.169)
Dessa forma, cos(θ) pode ser escrito como:

c 16 − x2
cos(θ) = = (1.170)
4 4
Então nossa integral é:

x 16 − x2
Z p x
16 − x2 dx = + 8 arcsin + C, C ∈ R (1.171)
2 4

1.2.6 Integração por Frações Parciais


Esse método de integração é baseado na simples ideia de tornar denominadores comuns e somar duas frações.
Por exemplo, quando vamos somar 1/2 com 1/5 nós primeiro precisamos tornar seus denomidores iguais para
então conseguirmos um resultado:
1 1 1 5 1 2 5 2 7
+ = · + · = + = (1.172)
2 5 2 5 5 2 10 10 10
Dessa forma podemos dizer que a fração 7/10 pode ser escrita como a soma de duas outras:
7 1 1
= + (1.173)
10 2 5
Podemos fazer a mesma coisa quando temos polinômios, por exemplo:
2 1 2 x 1 x+1 2x x+1 x−1 x−1
− = · − · = 2 − 2 = 2 = (1.174)
x+1 x x+1 x x x+1 x +x x +x x +x x(x + 1)
Logo, podemos dizer que algebricamente a fração encontrada acima pode ser decomposta em:
x−1 2 1
= − (1.175)
x(x + 1) x+1 x
É isso que vamos fazer aqui com os argumentos de algumas integrais. Especificamente com integrais com frações
que envolvem polinômios, ou seja, vamos pegar uma integral do tipo:
Z xb
p(x)
dx (1.176)
xa q(x)

onde p(x) e q(x) são polinômios e deg(p) < deg(q) (o grau de p(x) é menor que o de q(x)) e vamos decompor
na soma de duas integrais assim:
Z xb Z xb
A B
dx + dx (1.177)
xa h(x) xa w(x)

sendo A, B ∈ R e h(x) e w(x) polinômios de grau menor que q(x). O segredo aqui está em descobrir quem são
as constantes A e B para poder calcular as integrais decompostas.

19
EXEMPLO 1: Calcule a integral abaixo:
x−1
Z
dx (1.178)
x2 + x
Bom, já vimos essa fração no exemplo que dei antes, mas vamos fazer passo-a-passo. De acordo com a álgebra,
podemos reescrever essa expressão como:
x−1 x−1 A B
2
= = + (1.179)
x +x x(x + 1) x x+1
Se você se perguntou porquê os denominadores são esses para A e B, lembre que se fizermos o caminho con-
trário teríamos que tornar os denominadores comuns e isso seria feito como no exemplo mostrado, logo os
denominadores serem exatamente cada um dos termos multiplicativos da fração no centro logo acima não é uma
coincidência, mas uma consequência.
Mas ok, como descobrimos quem são A e B. De forma direta, basta fazermos o MMC entre os fatores para
que o denominador do fator da direita na expressão acima torne-se igual ao denominador do fator do centro.

A B A x+1 B x A(x + 1) + Bx
+ = · + · = (1.180)
x x+1 x x+1 x+1 x x(x + 1)
Comparando:

x−1 A(x + 1) + Bx
= (1.181)
x(x + 1) x(x + 1)
Sendo os denominadores iguais, para que a igualdade se mantenha os numeradores também precisam o ser, logo:

x − 1 = A(x + 1) + Bx (1.182)
Agora você pode se perguntar: “Mas como eu vou descobrir A e B se eu só tenho uma expressão e duas
incógnitas? ” Como nós definimos essa expressão em termos de A e B, ela então tem que ser verdade para
qualquer valor de x que escolhermos. Ou seja, x − 1 tem que ser igual à A(x + 1) + Bx para qualquer valor de
x, assim basta escolhermos os valores “certos” de x para que ele nos ajude a descobrir A e B. Por exemplo, se
escolhemos x = 1, então teremos:

0 = 2A + B (1.183)
B = −2A (1.184)

Mas isso não nos ajuda muito, pois ainda não sabemos quem é A nem B, só sabemos agora que B = −2A. No
caso dessa expressão (1.182) um valor “experto” para escolhermos para x seria x = 0, pois:

0 − 1 = A(0 + 1) + B · 0 (1.185)
A = −1 (1.186)

Sabendo disso, fica fácil saber quem é B:

B = −2A (1.187)
B=2 (1.188)

Logo, nossa fração decomposta será:


x−1 1 2
=− + (1.189)
x(x + 1) x x+1
Isso então implica que nossa integral inicial pode ser decomposta em:

x−1
Z Z Z
2 1
dx = dx − dx (1.190)
x(x + 1) x+1 x
= 2 ln |x + 1| − ln |x| + C, C ∈ R (1.191)

Mas cuidado, nem sempre poderemos simplesmente decompor uma razão entre polinômios em simples fatores
A e B, mostrarei o porquê com o próximo exemplo.

20
EXEMPLO 2: Decomponha o integrando da integral abaixo e calcule-a:
2x − 3
Z
dx (1.192)
x3 + x
Colocando o denominador em evidência, temos para o integrando:
2x − 3 2x − 3
3
= (1.193)
x +x x(x2 + 1)
A diferença desse exemplo para o anterior é que agora a forma reduzida do polinômio no denominador possui
um fator quadrádico, ou seja, temos um termo quadrádico irredutível. Isso complica um poucos as coisas, pois
agora não podemos mais separar a fração em duas com simples termos A e B, pois isso levará a uma relação
inconsistente (não vale para qualque valor de x), veja o porquê:
2x − 3 A B
= + 2 (1.194)
x(x2 + 1) x x +1
Fazendo o MMC e comparando teremos:

A B A x2 + 1 B x A(x2 + 1) + Bx
+ 2 = · 2 + 2 · = (1.195)
x x +1 x x +1 x +1 x x(x2 + 1)
⇒ 2x − 3 = A(x2 + 1) + Bx (1.196)

Rapidamente pode-se descobrir os valores de A e B aqui (A = −3 e B = −11). Entretanto, se você coloca esses
valores na expressão (1.194) você perceberá que ao fazer o MMC das frações, o lado direito da expressão não
se torna igual ao lado esquerdo (teste e comprove), ou seja, o que fizemos não nos leva à uma relação
consistente.
Como podemos fazer isso então? Um teste bom seria usar em um dos termos uma função linear em x (e
no final das contas é isso mesmo que torna a relação consistente). Então, nos casos em que existe um termo
quadrádico irredutível no denominador, a decomposição algébrica correta é:
2x − 3 A Bx + C
2
= + 2 (1.197)
x(x + 1) x x +1
Fazendo o MMC e comparando teremos:

A Bx + C A x2 + 1 Bx + C x A(x2 + 1) + Bx2 + Cx
+ 2 = · 2 + 2 · = (1.198)
x x +1 x x +1 x +1 x x(x2 + 1)
⇒ 2x − 3 = A(x2 + 1) + Bx2 + Cx (1.199)

Poderíamos já ir testando valores de x e descobrindo quem são A, B e C, mas vamos fazer algo mais inteligente,
vamos rearranjar o lado direito da expressão acima para deixá-lo com a “cara” de uma polinômio:

A(x2 + 1) + Bx2 + Cx (1.200)


2 2
Ax + A + Bx + Cx (1.201)
2
(A + B)x + Cx + A (1.202)
2
⇒ 2x − 3 = (A + B)x + Cx + A (1.203)

Agora basta compararmos cada constante em cada termo do polinômio e descobrir A, B e C de forma bem
mais simples. O termo independente do polinômio na esquerda é −3 e no polinômio da direita é A, logo:

A = −3 (1.204)
A constante no termo de potência 1 do lado esquerdo é 2 e no lado direito é C, então:

C=2 (1.205)
E por último, a constante no termo de potência 2 do lado direito é (A + B), o lado esquerdo não possui tal
termo, logo pode-se interpretar que o mesmo é zero, então:

A+B =0 (1.206)

21
Mas já sabemos o valor de A, então basta substituir e descobrir que:

B=3 (1.207)
Portanto, nossa fração inicial será decomposta em:
2x − 3 3 3x + 2
2
=− + 2 (1.208)
x(x + 1) x x +1
Para comprovar, faça o MMC do lado direito e tente chegar na relação do lado esquerdo. Disso, podemos dizer
então que a integral que desejamos calcular pode ser decomposta nas seguintes integrais:
2x − 3
Z Z Z
3x + 2 3
dx = dx − dx (1.209)
x(x2 + 1) x2 + 1 x
O resultado da integral da direita você já sabe, vamos ver então como calcular a outra. Podemos separá-la em
duas integrais, dessa forma:
Z Z Z
3x + 2 3x 2
2
dx = 2
dx + 2
dx (1.210)
x +1 x +1 x +1
Não farei a conta, mas a primeira integral pode ser resolvida por substituição simples usando u := x2 + 1, já a
segunda integral é direta, pois é uma antiderivada já conhecida:
Z
d 1 2
(arctan(x)) = 2 ⇒ dx = 2 arctan(x) (1.211)
dx x +1 x2 + 1
Portanto, o resultado de nossa integral será:
2x − 3
Z
3
dx = ln(x2 + 1) + 2 arctan(x) − 3 ln |x| + K, K ∈ R (1.212)
x3 + x 2

Esses são os dois casos mais importantes aqui, mas ainda existe um detalhe que não mostrei, o que aconteceria
se aparecessem diversos termos multiplicativos no seu denominador depois que você o reduzisse? Fatores até
repetidos. Como seria a decomposição nesse caso mais geral? É isso que mostrarei nesse último exemplo.

EXEMPLO 3: Decomponha o argumento da integral abaixo em frações parciais:

2x3 + 5x − 1
Z
dx (1.213)
(x + 1)3 (x2 + 1)2
Aqui já parti de um denominador reduzido (mas isso não vai ser sempre verdade, fique atento(a)), pois reduzi-lo
não é o ponto do exemplo. Aqui você precisará ficar atento nas potencias dos termos reduzidos, nesse exemplo
temos um termo linear, x + 1, repetido três vezes (potência 3) e um termo quadrádico, x2 + 1, repetido duas
vezes. Quando for decompor você precisa repetir esses denominadores o número de vezes que eles aparecem,
com o detalhe que sua potência vai aumentando. Para ser mais visual, a fração desse exemplo seria decomposta
como:

2x3 + 5x − 1 A B C Dx + E Fx + G
= + + + 2 + 2 (1.214)
(x + 1)3 (x2 + 1)2 x + 1 (x + 1)2 (x + 1)3 x +1 (x + 1)2
Perceba que aparecem somente constantes no termos em que o denominador é um função linear, e aparecem
funções lineares em todos os termos em que o denominador é uma função quadrádica. Para encontrar os valores
das constantes basta fazer o que mostrei no último exemplo, fazer o MMC destes termos e então comparar com o
numerador do lado esquerdo reescrevendo o numerador do lado direito em forma de polinômio (isso resultará em
um sistema linear, onde as incógnitas serão as contantes de A à G). Nesse caso realmente vira um problemão,
não? Entretanto não é complicado, só grande.

1.2.7 Método da Equação*


Não sei se posso chamar isso de um método (por isso o asterisco), mas pelo menos pode ser uma forma diferente
de enxergar a resolução de uma integral; acaba sendo a única forma de resolver algumas certas integrais, por
isso acho importante deixar uma seção aqui dedicada a isso. Como não é muito simples de explicar isso de
uma forma generalizada, mostrarei com exemplos, mas a ideia por trás é abrir uma integral em outras integrais
(através de integração por partes, substituições etc) montando uma equação em que a própria integral é a sua
incógnita, e assim resolver a equação encontrando o valor da integral.

22
EXEMPLO 1: Calcule a integral a seguir:
Z
e2x sin(x) dx (1.215)

Preste bem atênção nas duas funções dentro da integral, não existe uma substituição óbvia que possamos fazer
para resolvê-la. Elas ainda possuem algo em comum, ambas são de classe C ∞ , ou seja, se fossemos resolver por
partes tentando deixá-las mais simples a cada passo, isso seria um processo infinito. Entretanto, podemos fazer
isso de uma forma esperta, sejam:

1 2x
u := sin(x) ⇒ du = cos(x) dx dv := e2x dx ⇒ v = e (1.216)
2
montando a integração por partes:
Z Z
2x 1 2x 1
e sin(x) dx = e sin(x) − e2x cos(x) dx (1.217)
2 2
Acabamos com uma integral muito parecida. Vamos fazer a integração por partes novamente, definindo de novo
u como a função trigonométrica:

1 2x
u := cos(x) ⇒ du = − sin(x) dx dv := e2x dx ⇒ v = e (1.218)
2
montando:
Z  Z 
2x 1 2x 1 1 2x 1 2x
e sin(x) dx = e sin(x) − e cos(x) + e sin(x) dx (1.219)
2 2 2 2
Percebeu que a integral original apareceu novamente? É disso que se trata esse método. Agora precisamos
resolver a equação acima considerando a integral como nossa incógnita, ou seja, precisamos isolar a integral.
Simplificando, teremos:

Z   Z
2x 1 2x 1 1
e sin(x) dx = e sin(x) − cos(x) − e2x sin(x) dx (1.220)
2 2 4
Z Z  
2x 1 2x 1 2x 1
e sin(x) dx + e sin(x) dx = e sin(x) − cos(x) (1.221)
4 2 2
Agora basta colocarmos em evidência e isolá-la:

 Z  
1 1 2x 1
1+ e2x sin(x) dx =
e sin(x) − cos(x) (1.222)
4 2 2
Z  
5 1 1
e2x sin(x) dx = e2x sin(x) − cos(x) (1.223)
4 2 2
Z
1
e2x sin(x) dx = e2x [2 sin(x) − cos(x)] + K, K ∈ R (1.224)
5
Esse método é muito útil exatamente com funções desse tipo; classe C ∞ . Mas bastante cuidado ao usá-lo,
escolhas ruins de u e dv podem causar redundâncias ou deixar o problema cada vez mais complexo.

———————————————————————————————————————————

Física: Movimento Retilíneo Uniforme

A partir da velocidade média de um corpo podemos tirar uma expressão para sua velocidade instantânea,
considerando que o tempo de deslocamento tende à zero:

∆s ∆s ds(t)
−→ v(t) = lim
v̄ = ≡ (1.225)
∆t ∆t7→0 ∆t dt
onde s(t) representa a função posição e v(t) a função velocidade. Mas e se quisermos saber como a posição de tal
corpo se comporta em relação à velocidade e o tempo? Podemos pegar essa definição de velocidade instantânea

23
e integrá-la em relação ao tempo e ver o que acontece (fisicamente isso significa que queremos saber como tais
quantidades, posição e velocidade, relacionam-se entre um tempo t0 e outro tempo t qualquer):
Z t Z t
ds(t) ds(t)
v(t) = −→ v(t) dt = dt (1.226)
dt t0 t0 dt
Assumindo que a função posição do corpo é bem comportada (isto é, desconsiderando que ele despareça do nada
ou faça outras coisas estranhas) podemos “simplificar” os dt’s na equação acima, ficando com:
Z t Z t
v(t) dt = ds(t) (1.227)
t0 t0
Não sabemos exatamente quem é v(t) (qual a sua regra) então não sabemos calcular sua integral. Entretanto,
sabemos calcular a integral da direita (é aquela integral em um segmento de reta, basicamente), logo:

Z t t
v(t) dt = s(t) (1.228)
t0 t0
Z t
v(t) dt = s(t) − s(t0 ) (1.229)
t0

Vamos definir outro símbolo para s(t0 ); representa a função posição calculada no tempo inicial, t0 , logo é
essencialmente a posição inicial do corpo, vamos definir então s(t0 ) ≡ s0 . Dessa forma, podemos escrever a
função posição como:
Z t
s(t) = s0 + v(t) dt (1.230)
t0
Isso seria sua função posição. Agora vamos ver um caso específico. Se a velocidade do corpo é constante, ou seja,
se a função velocidade possui o mesmo valor para qualquer tempo (é independente do tempo), então podemos
tirá-la da integral, certo? Dessa forma, teríamos:
Z t
s(t) = s0 + v dt (1.231)
t0
Agora essa integral acima pode ser resolvida facilmente. Logo nossa função posição vira:

t
s(t) = s0 + vt (1.232)
t0
s(t) = s0 + v(t − t0 ) (1.233)
Considerando t0 = 0, como é normal quando estamos estudando algum fenômeno (definir o começo do evento
como sendo o tempo zero), então podemos dizer que:

s(t) = s0 + vt (1.234)

———————————————————————————————————————————

1.3 Integrais Impróprias


Uma integral imprópria é na verdade um limite de uma integral definida quando um dos seus limites de
integração (ou ambos) se aproxima(m) de um determinado valor real ou até mesmo infinito. As integrais abaixo
são exemplos de integrais impróprias:

Z c Z b Z b Z b
lim− f (x) dx, lim+ f (x) dx, lim f (x) dx, lim f (x) dx
c7→b a c7→a c b7→∞ a a7→−∞ a

Sendo o caso mais extremo quando os limites de integração cobrem todo o eixo real:
Z ∞
f (x) dx = lim F (x) − lim F (x) (1.235)
−∞ x7→∞ x7→−∞

São usadas quando precisamos, por exemplo, calcular uma integral dentro de um domínio com assíntotas
verticais, pontos indeterminados ou em intervalos infinitos (como já mostrado).

24
EXEMPLO 1: Como você já sabe, a função f (x) = 1/x é indeterminada para x = 0, entretanto é possível
calcular seu valor limite para x 7→ 0:
1 1
lim =∞ e lim = −∞ (1.236)
x7→0+ x x7→0− x
O que acontece então quando queremos calcular a área sob 1/x, por exemplo, de x = 0 até x = 1? Teremos:
Z 1
1
dx (1.237)
0 x
Da definição de integral imprópria, sabemos que a anterior pode ser reescrita e calculada da seguinte maneira:
Z 1 Z 1 1
1 1
dx = lim + dx = lim + ln(x) = ln(1) − lim + ln(x0 ) = 0 − (−∞) = ∞ (1.238)
0 x x0 7→0 x0 x x0 7→0 x0 x0 7→0

Temos uma área infinita! O que não é estranho se você reparar que a função 1/x nunca atinge o eixo y, assim
nunca dando um limite geométrico superior para a área. O termo correto para ser usado nesse caso é: “A
integral não converge!” ou “A integral diverge!” Isso pois ela não resulta em um número finito definido, mas
tende a um valor infinito.

EXEMPLO 2: Calcule a integral abaixo:


Z ∞
1
dx (1.239)
1 x2
Pela definição de integral imprópria:
Z ∞ Z b b
1 1 1 1
dx = lim dx = − lim = − lim +1=1 (1.240)
1 x2 b7→∞ 1 x 2 b7→∞ x 1 b7→∞ b

Agora sim, isso é bizarro. Pegamos uma integral com um limite superior de integração infinito e ela nos retornou
um valor finito.

1.4 Áreas
Bom, já vimos que integrais definidas calculam as áreas sob as curvas de funções, o que ainda não foi mostrado
são os problemas que aparecem quando fazemos tal coisa. Por exemplo, suponha que queremos calcular a área
entre a curva da função sin(θ) e o eixo θ, no intervalo 0 ≤ θ ≤ 2π. O gráfico da função você já conhece muito
bem:

sin(θ)

π θ
0 2π

A área então seria dada por:


Z 2π
A= sin(θ) dθ (1.241)
0
Mas calma ai, essa integral dá zero!
Z 2π 2π
sin(θ) dθ = − cos(θ) = −(cos(2π) − cos(0)) = −(1 − 1) = 0 (1.242)
0 0

Entretanto é bem óbvio que a área não é zero, basta vermos o gráfico da função. Então qual o detalhe que está
faltando aqui? Se você se lembra da definição de integral, então você se lembra que, essencialmente, estamos
somando vários retângulos com bases muito pequenas, dθ, e alturas f (θ). O que acontece aqui é que a partir

25
de θ = π as alturas desses retângulos (sin(θ) nesse exemplo) se tornam negativas, ou seja, a base do retângulo
continua no eixo θ, mas o retângulo precisa contar a área até o grafico da função, que aqui está na parte negativa
do eixo vertical. Então, pensando na integral pela difinição, temos a soma das áreas de vários retângulos com
uma área (numérica) negativa, resultando numa área final negativa. Entretanto, a primeira parte da área dessa
função (de θ = 0 até θ = π) está acima do eixo θ e é simétrica à essa negativa, ou seja, temos (de certa forma)
duas áreas com módulos iguais, mas sinais diferentes. Como a integral soma todas essas áreas, temos no final
a resposta zero.
Esse é apenas um dos problemas que aparecem quando usamos integrais para calcular quantidades geomé-
tricas, como áreas. Vamos ver agora alguns desses problemas e como contorná-los.

1.4.1 O Problema das Áreas Negativas


Vamos usar o exemplo anterior como aprendizado, então tente responder a si mesmo a seguinte pergunta
antes de continuar: Como podemos calcular a área entre a curva da função sin(θ) e o eixo horizontal?
Bom, temos essencialmente duas maneiras aqui nesse exemplo. A primeira delas seria a coisa mais direta
possível, nós dividimos o intervalo de integração em θ = π e calculamos as integrais separadamente (uma com
0 ≤ θ ≤ π e outra com π < θ ≤ 2π), sendo que a segunda delas ou multiplicamos por -1 ou pegamos seu módulo.
Dessa forma, teremos que a área (geométrica) será dada por:
Z π Z 2π
A= sin(θ) dθ + sin(θ) dθ (1.243)
0 π

Assim estaremos garantindo que nehuma “área negativa” aparecerá no nosso resultado. De uma forma geral
podemos dizer que temos o seguinte:

n Z
X bi m Z
X dj
A= f (x) dx + f (x) dx (1.244)
i=1 ai j=1 cj

Onde nos intervalos [ai , bi ] a função f (x) é positiva (existem n desses intervalos) e nos intervalos [cj , dj ] a função
f (x) é negativa (existem m deles), somando todos esses intervalos (daí o somatório) temos a área completa da
função no intervalo desejado, evitando as áreas negativas. Claro que aqui estamos assumindo que a função f (x)
é contínua e integrável em todo o intervalo de integração, se ela possui, por exemplo, alguma descontinuidade
ou alguma assíntota no meio desse intervalo, você precisa ficar atento.
Isso, basicamente, serve para qualquer caso, mas existe uma outra maneira quando estamos tratando de
funções simétricas, como a função sin(θ) nesse exemplo. Como já sabemos que as áreas são necessáriamente
iguais, pois a curva da função é simétrica no intervalo que estamos escolhendo, podemos simplesmente pegar
a integral que calcula apenas a área de uma dessas regiões simétricas e multiplicar pelo número de regiões
simétricas existentes (nesse exemplo, 2). Logo:
Z π
A=2 sin(θ) dθ (1.245)
0
também pode ser usado.

EXEMPLO 1: Calcule a área entre a curva da função abaixo e o eixo horizontal no intervalo 0 ≤ x ≤ 6:

f (x) = x2 − 6x + 4 (1.246)
A primeira coisa a se fazer é um esboço da curva da função, pois precisamos saber se ela é negativa em algum
subconjunto do intervalo pedido. Para isso precisamos primeiro saber se e onde essa função cruza o eixo
horizontal, ou seja, precisamos saber suas raízes:

p
(−6)2 − 4 · 1 · 4

x= (1.247)
√ 2·1 √
⇒ x1 = 3 + 5 e x2 = 3 − 5 (1.248)

E pela própria regra da função sabemos que cruza o eixo vertical no valor 4, pois:

f (0) = 4 (1.249)
Dessa forma, seu esboço será algo do tipo:

26
f (x)
f (x) = x2 − 6x + 4

6
√ √ x
0 3− 5 3+ 5

Agora sim, podemos separar os pedaços em que a área será negativa e os em que ela não será e montar a
expressão integral para calcular a área desejada. Colocarei na ordem em que os subintervalos aparecem, assim
teremos:
√ √
Z 3− 5 Z 3+ 5 Z 6
A= f (x) dx + √ f (x) dx + √ f (x) dx (1.250)
0 3− 5 3+ 5

Bom, a antiderivada dessa função você já conhece muito bem:

x3
Z
x2 − 6x + 4 = − 3x2 + 4x + C, C ∈ R (1.251)
3
Logo, adicionando os intervalos de integração, teremos que a área será dada por:
 3  √  3  √  3 
x 3− 5 x 3+ 5 x 6
2 2
A= − 3x + 4x + − 3x + 4x √ + − 3x2 + 4x √ (1.252)
3 0 3 3− 5 3 3+ 5

Calculando um de cada vez:

√ " √ #
x3 5)3 √ √ 03
   
3− 5 (3 −
− 3x2 + 4x = − 3(3 − 2
5) + 4(3 − 5) − − 3 · 02 + 4 · 0 (1.253)
3 0 3 3

2 · ( 5)3 − 18
= (1.254)
3

√ √ √
x3 4 · ( 5)3 4 · ( 5)3
 
3+ 5
− 3x2 + 4x √ = − = (1.255)
3 3− 5 3 3


x3 2 · ( 5)3 − 18
 
6
− 3x2 + 4x √ = (1.256)
3 3+ 5 3

27
Não à toa a primeira integral é igual à terceira, ambas as áreas tem o mesmo formato além de terem as
mesmas dimensões. Para finalizar, só nos resta somar as três integrais definidas:
√ √ √ √
2 · ( 5)3 − 18 4 · ( 5)3 2 · ( 5)3 − 18 8 · ( 5)3 − 36
A= + + = (1.257)
3 3 3 3

EXEMPLO 2: Calcule a área entre a curva da função abaixo e o eixo vertical no intervalo −200π ≤ α ≤ 200π:

f (α) = cos(α) (1.258)


Poderíamos fazer a mesma coisa que fizemos anteriormente. Entretanto, vamos ser espertos, já sabemos que as
funções trigonométricas possuem várias simetrias, vamos usar isso ao nosso favor. Abaixo temos o gráfico da
função cosseno entre os valores −2π e 2π:

cos(α)

α
− 3π
2
− π2 π
2

2

Perceba que todas as sub-áreas são idênticas àquela em − π2 ≤ α ≤ π2 . Como essa função se repete a cada
intervalo de 2π, então num intervalo que vai de −200π até 200π teremos basicamente a curva acima (só com
muito mais lóbulos). Sendo que cada lóbulo tem um comprimento de π; vide o lóbulo principal que vai de − π2
até π2 , seu comprimento é:
π  π
− − =π (1.259)
2 2
Então se cada lóbulo tem um comprimento de π e estamos calculando a àrea com −200π ≤ α ≤ 200π, teremos
400 lóbulos de comprimento π. Dessa forma a área desejada é dada por:
Z π π
2 2
A = 400 cos(α) dα = 400(sin(α)) = 400(1 − (−1)) = 800 (1.260)
−π −π
2
2

1.4.2 Áreas entre Curvas de Funções


Aqui o problema fica um pouquinho mais complicado. Agora ao invés de lidarmos com uma única função,
lidaremos com duas ou mais. Por exemplo, calcularemos a área entre as curvas de duas funções entre dois
valores definidos, como abaixo:

f (x)

g(x)

x
a b

Quando calculamos a área entre a curva de uma função e o eixo horizontal, estamos definindo 4 limites
geométricos. O primeiro é o próprio eixo vertical que forma a base da figura (limite inferior), o segundo é a
própria curva da função que define o limite superior da figura, e por último temos os limites laterais (o intervalo

28
de integração) que formam os lados da figura. Nesse caso agora, algumas coisas novas aparecem. O limite
inferior agora, por exemplo, também é a curva de uma função, não mais o eixo horizontal, como você imagina
que isso afetará a integral?
Vamos lá, pense comigo. Esqueça por um momento a função f (x), considere apenas g(x); a área entre a
curva de g(x) e o eixo horizontal no intervalo [a, b] é dada por:
Z b
A1 = g(x) dx (1.261)
a

Bom, isso é um pouco mais do que a área que queremos encontrar (a área roxa). Agora esqueça g(x), a área
entre a curva de f (x) e o eixo horizontal no intervalo [a, b] é:
Z b
A2 = f (x) dx (1.262)
a
Se você não conseguiu vizualizar que área é essa, seriam aquelas duas figuras que parecem triângulos retângulos,
mas com a hipotenusa curva. Isso também não é a área que queremos, mas pense só, a área roxa pode ser
entendida como a área sob a curva de g(x) menos aqueles dois “triângulos” esquisitos (que são justamente a área
sob f (x)), ou seja, é como se estivéssemos “descontando” alguma área para conseguir a área desejada. Assim,
podemos escrever a área roxa como:
Z b Z b
A := A1 − A2 = g(x) dx − f (x) dx (1.263)
a a
E como uma diferença entre integrais é a mesma coisa que a integral da diferença, temos que:
Z b
A= [g(x) − f (x)] dx (1.264)
a

Ou seja, nós literalmente calculamos a integral da função que está “por cima” menos a função que está “por
baixo”.

EXEMPLO 1: Calcule a área de interseção entre as funções f (x) = x e a função g(x) = x2 .

Bom se é pedida toda a área de interseção temos que descobrir então qual é o intervalo de integração. Ou
seja, precisamos descobrir todos os pontos em que essas duas funções se cruzam. A partir do esboço dos gráficos
de ambas as funções você descobre facilmente que são dois pontos:

g(x) = x2

f (x) = x

x
a

Mas que pontos são esses? Um é claramente x = 0, mas e o outro? Quando as curvas de funções se cruzam
significa que ambas possuem o mesmo valor naquele ponto (são iguais), então basta descobrirmos em que pontos
as funções são iguais:

f (x) = g(x) (1.265)


2
x=x (1.266)
2
x −x=0 (1.267)
x(x − 1) = 0 (1.268)
⇒ x1 = 0 e x2 = 1 (1.269)

29
O ponto a então que nos faltava era x = 1. A área de interseção será então a integral de f (x) − g(x) (pois f (x)
está por cima de g(x) em todo o intervalo de integração) e os limites de integração são x = 0 e x = 1:
Z 1  2
x3 1

x 1 1 1
Ainterseção = (x − x2 ) dx = − = − = (1.270)
0 2 3 0 2 3 6

EXEMPLO 2: Calcule a área total pintada (A1 + A2 + A3 ) no gráfico abaixo:

g(x) = ln(x)

A1 A2 A3
x
1 x0 x1 6
x

f (x) = − ln 8 −1

Se você reparou, eu marquei dois pontos específicos na figura (x0 e x1 ). O primeiro marca a interseção entre as
duas curvas (onde elas são iguais), para descobrir basta fazer o que fizemos no exemplo anterior, igualar ambas
as funções:

x
ln(x) = − ln −1 (1.271)
  8x  
x = exp − ln −1 (1.272)
  8 
8
x = exp ln −1 (1.273)
x
8
x = e−1 (1.274)
x
8
x2 = (1.275)
e
r
2
x = ±2 (1.276)
e
Temos duas soluções, entretanto somente a positiva nos serve, pois como temos um termo ln(x) que define a
expressão, implica que x ∈ R+
∗ . Portanto:
r
2
x0 = 2 (1.277)
e
A primeira região (entre 1 e x0 ) é um tanto simples de se montar a integral, temos a função f (x) por cima e
g(x) por baixo, logo:
Z x0 h x Z x0 h  
i x i
A1 = − ln − 1 − ln(x) dx = − ln + 1 + ln(x) dx (1.278)
1 8 1 8
A integral da função ln(x) será deixada como exercício no final do capítulo, ela pode ser resolvida simplesmente
a partir do método de integração por partes, seu resultado é:
Z
ln(x) dx = x(ln(x) − 1) + C, C ∈ R (1.279)

30
Disso, podemos calcular A1 :

h  x  i x0
A1 = − x ln − 1 + x + x(ln(x) − 1) (1.280)
8 1
h x i x0
= − x ln − x + x ln(x) (1.281)
" r 8 r ! r
1
r  #    
2 2 2 2 1 1
=− 2 ln 2 −2 +2 ln √ + ln − 1 + ln(1) (1.282)
e e e e 2 2e 8
r
2
=4 − ln(8) − 1 (1.283)
e
Agora para A2 temos o contrário, agora f (x) está por baixo e g(x) por cima, sendo nossos limites de integração
x0 e x1 , mas quem é x1 ? O ponto x1 marca onde a função f (x) é igual a zero, dessa forma:

x 
1
− ln −1=0 (1.284)
8 
8
ln =1 (1.285)
x1
8
=e (1.286)
x1
8
x1 = (1.287)
e
Logo:

Z x1 h x i
A2 = ln(x) + ln + 1 dx (1.288)
x0 8
h  x  i x1
= x(ln(x) − 1) + x ln −1 +x (1.289)
8 x0
h x i x1
= x ln(x) + x ln −x (1.290)
8 x0
      " r r ! r   r #
8 8 8 1 8 2 2 2 1 2
= ln + ln − − 2 ln 2 +2 ln √ −2 (1.291)
e e e e e e e e 2 2e e
r
8 2
= [ln(8) − 3] + 4 (1.292)
e e
Agora vem um detalhe importante, a partir de x1 temos que f (x) é negativa, logo teríamos que usar aquela
correção de área negativa, correto? Entretanto temos ainda a função g(x) por cima, o que fazer? Sendo rápido,
o mesmo raciocíno vale, pois se fizermos também agora g(x) − f (x) e f (x) é negativa no intervalo, acaba que
já estamos pegando o módulo de f (x) de certa forma. Outra saída seria usar a correção de área negativa,
calcularíamos a integral de g(x) no intervalo normalmente, de pois somaríamos com o módulo da integral de
f (x). Vou mostrar aqui que as duas coisas valem:

Z 6 h x i
I) A3 = ln(x) + ln + 1 dx (1.293)
x1 8
h  x  i 6
= x(ln(x) − 1) + x ln −1 +x (1.294)
8 x1
h x i 6
= x ln(x) + x ln −x (1.295)
8 x
    1     
6 8 8 8 1 8
= 6 ln (6) + 6 ln −6 − ln + ln − (1.296)
8 e e e e e
   
9 8
= 6 ln − 1 − [ln(8) − 3] (1.297)
2 e

31
Z 6 Z 6 h x i
II) A3 = ln(x) dx + − ln − 1 dx (1.298)
x1 x1 8
6  x  6
= x(ln(x) − 1) + −x ln −1 −x (1.299)
x1 8 x1
6 h  x  i 6
= x(ln(x) − 1) + x ln −1 +x (1.300)
x1 8 x1
h  x  i 6
= x(ln(x) − 1) + x ln −1 +x (1.301)
8 x1
h x i 6
= x ln(x) + x ln −x (1.302)
8 x1
   
9 8
= 6 ln − 1 − [ln(8) − 3] (1.303)
2 e
Da terceira linha para a quarta, a única coisa feita foi juntar ambos os intervalos de integração, já que são
idênticos. Finalizando, temos para a área total:

AT = A1 + A2 + A3 (1.304)
r r    
2 8 2 9 8
=4 − ln(8) − 1 + [ln(8) − 3] + 4 + 6 ln − 1 − [ln(8) − 3] (1.305)
e e e 2 e
r  6
2 9
=8 + ln −7 (1.306)
e 29
Talvez você tenha se perguntado porquê eu dividi a área total no ponto x1 . Na verdade, para nada. Mentira,
eu quis mostrar que você pode fazer várias divisões da área total para facilitar a sua análise. Mas eu também
poderia ter calculado a integral de g(x) − f (x) de x0 até 6 direto, sem problemas. A coisa que você mais precisa
se atentar nessas situações é qual função está por cima de qual em cada intervalo, isso sim vai mudar a integral
montada, então não poderíamos (nesse exemplo) ter calculado uma única integral desde 1 até 6, pois no meio
do caminho vamos de g(x) < f (x) para g(x) > f (x) e isso muda as integrais.

1.5 Volumes de Sólidos de Revolução


Aqui vamos ver duas formas de calcular volumes usando integrais simples. O que vamos fazer é simplesmente
selecionar a curva de uma função em um dado intervalo de seu domínio [a, b] e rotacionar essa curva ao redor do
eixo horizontal, ou vertical, para obtermos uma figura tridimensional (um sólido). E a partir da lei da função
que descreve a curva que rotacionamos, utilizando integrais, vamos calcular o volume desse sólido obtido.

1.5.1 Método do Disco


Esse método nos serve para calcular o volume de sólidos de revolução cheios, isto é, que não sejam vazados
(sem furos). Vamos lá, imagine uma função qualquer f (x) em um dado intervalo de seu domínio [a, b], pege
esse pedaço de curva e dê uma volta completa ao redor do eixo horizontal, ou seja, considere esse como o eixo
de simetria do sólido, como na figura 1.4.
Como calcular o volume exato desse sólido? Bom, nós vamos pensar novamente como lá no início de integrais,
mas aqui não podemos usar retângulos, então o quê? Imagine que podemos cortar esse sólido em uma seção
transversal (sei lá, como se ele fosse um bolo), então imagine que você tem uma faca e pode cortar esse sólido
na direção perpendicular ao eixo x (ou seja, cortar o sólido em um valor de x fixo, x = x0 tal que a ≤ x0 ≤ b).
Cortando esse sólido como dito, qual figura geométrica (bidimensional) aparece? Um disco, certo? Se você não
conseguiu enxergar um disco, olhe as extremidades dao sólido na figura 1.4 (em x = a e x = b), são discos certo?
Cortando o sólido em algum outro lugar então, teremos um outro círculo (claro, pode ter um raio diferente).
Com isso, imagine então que esse sólido é formado por infinitos discos finos desses, colocados um na frente
do outro desde x = a até x = b. Repare que isso é análogo ao pensamento dos vários retângulos extremamente
finos no caso de se encontrar a área sob uma curva. Então, antes de vermos o resultado exato, como poderíamos
aproximar o volume desse sólido com discos finos da mesma forma que aproximamos uma área com os retãngulos?
Bom, esse disco precisaria ter uma pequena espessura (na direção x), certo? Ou seja, ele seria um cilíndro
extremamente fino. O volume de um cilíndro é dado por:

V = πr2 h, (1.307)

32
Figura 1.4: Sólido de revolução para f (x) entre x = a e x = b. Disponível em:
https://www.math24.net/volume-solid-of-revolution-disks-washers/

onde r é o raio da base e h a altura. No nosso caso temos um cilíndro, digamos, “de lado”, onde a base dele seria
então o disco que comentei e sua altura seria a espessura. Se você imaginar tal cilíndro fino dentro do sólido
na figura 1.4, é simples de entender que o raio da base desse cilíndro é o próprio valor de f no ponto onde se
encontra o centro do disco (pois o raio será a distância entre o eixo x e a curva da função, logo acima). A altura
desse cilíndro (espessura aqui) é muito pequena, seria como escolhermos um ponto em x para centrarmos a base
do cilíndro e um outro ponto, em x, muito próximo desse para estendermos o disco e formarmos o cilíndro fino.
Ou seja, podemos de certa forma dizer que sua espessura é um ∆x, que é bem pequeno.

Figura 1.5: Um cilíndro diferencial com simetria no eixo x.

Qual seria o volume desse pequeno cilíndro?

Vi = πri2 h = π[f (xi )]2 ∆x (1.308)


Perceba que os raios dos discos podem variar, pois dependem do valor de f (x) num ponto específico, ou seja,

33
eles são moldando a figura. Então se somamos todos esses cilíndros de x = a até x = b (n desses cilíndros)
vamos ter uma aproximação do volume para o sólido. Logo:
n
X
VTotal ≈π [f (xi )]2 ∆x (1.309)
i=1

Acho que você já entendeu onde eu quero chegar aqui. Se fizérmos a espessura desses cilíndros ficarem cada vez
menores, precisaremos cada vez mais de mais cilíndros para moldar toda a figura no intervalo [a, b], ou seja, se
∆x 7→ 0 implica que n 7→ ∞, onde no limite infinito, teríamos infinitos discos que moldaríam perfeitamente o
sólido, tendo então seu volume exato, portanto:

n
X Z b
VTotal = lim π [f (xi )]2 ∆x = π [f (x)]2 dx (1.310)
n7→∞ a
i=1

Podemos fazer a mesma coisa caso estejamos rotacionando uma curva ao redor do eixo y com ums função
x = f (y), o pensamento é análogo:

Figura 1.6: Sólido de revolução para f (y) entre y = c e y = d. Disponível em:


https://www.math24.net/volume-solid-of-revolution-disks-washers/

n
X Z d
VTotal = lim π [f (yi )]2 ∆y = π [f (y)]2 dy (1.311)
n7→∞ c
i=1

EXEMPLO: Vamos calcular o volume de uma esfera de raio R utilizando esse método. Para isso, primeiro
precisamos da equação algébrica que descreve um círculo de raio R:

x2 + y 2 = R 2 (1.312)
A partir disso podemos colocar y em função de x (criar uma f (x)) para obtermos a curva que vamos rotacionar,
ela seria:
p
y ≡ f (x) = R2 − x2 (1.313)

Não usei y = ± R2 − x2 pois quero somente a parte superior do círculo. Assim teremos algo do tipo:

34
f (x)

x
−R R

Rotacionando, ao redor de x, a curva acima, teremos uma esfera de raio R. Seu volume então, como já vimos,
é calculado por:
Z R p Z R
x3 R
2  
2 2 2 2 2
V =π R −x dx = π (R − x ) dx = π R x − (1.314)
−R −R 3 −R
Calculando os limites de integração:

x3 R3 (−R)3
     
R
V = π R2 x − =π R2 (R) −− R2 (−R) − (1.315)
3 −R 3 3
3 3
  
R R
= π R3 − − −R3 + (1.316)
3 3
 
2
= π 2R3 − R3 (1.317)
3
4
= πR3 (1.318)
3
——————————————————————————————————————————–

Astronomia: Massas Estelares

Estrelas são imensas esferas de plasma compostas principalmente por hidrogênio e hélio, mas como podemos
calcular a massa de uma estrela, pelo menos a partir de modelos físicos? Bom, estrelas não são exatamente
esferas, mas podemos usar essa aproximação (imaginando que elas não giram ou giram muito lentamente), a
partir disso podemos tentar escrever sua massa em função de outras quantidades, como volume e densidade.
Vamos imaginar que a densidade de uma estrela depende apenas da distância do seu centro, assim:

dM (r)
ρ(r) = (1.319)
dV
Escrevendo em forma diferencial, podemos chegar em uma relação integral entre a massa e a densidade, usando
o raio como nosso parâmetro:
Z M (R) Z V (R)
dM (r) = ρ(r) dV −→ dM (r) = ρ(r) dV (1.320)
M (0) V (0)

Integrando o lado esquerdo, teremos:


Z V (R)
M (R) − M0 = ρ(r) dV, (1.321)
V (0)

onde M0 seria a massa no centro da estrela; imaginando que o centro é um ponto (não tem volume, nem massa)
teremos M0 = 0, portanto:
Z V (R)
M (R) = ρ(r) dV (1.322)
V (0)

Já sabemos que o volume de uma esfera é escrito somente em função do raio da mesma, então podemos derivar
a seguinte expressão diferencial:

35
4 3
V (r) =πr −→ dV = 4πr2 dr (1.323)
3
Dessa forma então, podemos escrever a expressão da massa da estrela como uma integral da densidade pelo
raio:
Z R
M (R) = 4π ρ(r)r2 dr (1.324)
0

A única coisa que precisamos saber então é quem é ρ(r), isso vai depender de modelos termodinâmicos que
descrevem a estrutura interna da matéria dentro de uma estrela.

——————————————————————————————————————————–

1.5.2 Método da Casca


Esse seria o análogo dos sólidos de revolução quando calculamos áreas entre as curvas de duas funções, ou
seja, podemos criar sólidos que sejam vazados, tenham literalmente um buraco no meio. Em inglês também
é conhecido como “The Washer Method” (O Método da Lavadeira), eu particularmente acho um nome muito
estranho, mas é útil se você quiser pesquisar sobre o assunto em inglês.

Figura 1.7: Sólido de revolução obtido a partir da rotação da área entre duas curvas. Disponível em:
https://www.math24.net/volume-solid-of-revolution-disks-washers/

O volume se da de forma análoga ao anterior, a diferença é que não estamos rotacionando toda a área entre
uma curva e um eixo, mas a área entre duas curvas. Um pensamento qualitativo seria o seguinte: primeiro
pegamos a curva superior, rotacionamos e calculamos o volume do sólido resultante; depois pegamos a curva
inferior e fazemos a mesma coisa; no final nós subtraímos o volume gerado pela função inferior do volume gerado
pela função superior, como se realmente estivéssemos cavando um buraco no sólido externo moldado pelo sólido
interno. Os volumes do sólido externo e interno são, respectivamente:
Z b Z b
VExterno = π [f (x)]2 dx, VInterno = π [g(x)]2 dx (1.325)
a a
O volume da casca é então:
Z b Z b
2
V = VExterno − VInterno = π [f (x)] dx − π [g(x)]2 dx (1.326)
a a

36
Portanto:
Z b
V =π ([f (x)]2 − [g(x)]2 ) dx (1.327)
a

EXEMPLO: Calcule o volume do sólido de revolução obtido ao rotacionar a área limitada pelas funções
f (x) = x2 + 1 e g(x) = 3 − x2 , ao redor do eixo x.

A primeira coisa a ser feita é esboçar as curvas e descobrir os pontos que vão limitar nossa figura (os limites
de integração).

f (x) = x2 + 1

x
a b

g(x) = 3 − x2

Os pontos em comum são os pontos em que ambas as funções são iguais, então:

f (x) = g(x) (1.328)


2 2
x +1=3−x (1.329)
2
2x = 2 (1.330)
x = ±1 (1.331)
Como temos a função g(x) por cima em todo o limite de integração, nossa integral será então:
Z 1
V =π ([g(x)]2 − [f (x)]2 ) dx (1.332)
−1
Vamos simplificar o integrando então, antes de calcularmos a integral:

(3 − x2 )2 − (x2 + 1)2 (1.333)


2 4 4 2
9 − 6x + x − (x + 2x + 1) (1.334)
2
8 − 8x (1.335)
2
8(1 − x ) (1.336)
Logo:

Z 1
V = 8π (1 − x2 ) dx (1.337)
−1
x3 1
 
= 8π x − (1.338)
3 −1
(−1)3
   
1
= 8π 1 − − (−1) − (1.339)
3 3
4
= 8π (1.340)
3
32
= π (1.341)
3

37
1.6 Exercícios
(1) Mostre, usando o conceito de antiderivada, que:

xn+1
Z
xn dx = + C; C ∈ R, ∀ n 6= −1
n+1
explique também porquê o mesmo não vale para n = −1.

(2) Calcule a integral abaixo usando o método de integração por partes:


Z
ln(x) dx

(3) Resolva as integrais indefinidas abaixo utilizando algum método de integração:

Z Z Z
1 p x
a) dx b) 2x 1 + x2 dx c) (2 + 5x)e 3 dx
1 − 2x
Z √
9 − t2
Z z  Z
d) e2z cos dz e) dt f) r7 sin(2r4 ) dr
4 t2

8 − 3γ 8 + y + 6y 2 − 12y 3
Z Z Z
sin( ψ)
g) 2
dγ h) √ dψ i) dy
10γ + 3γ − 3 ψ (3y 2 + 4)(y 2 + 7)

(4) Com um processo análogo ao mostrado neste PDF, na obtenção da função posição s(t), mostre que a
partir da definição de aceleração instantânea podemos descrever a função velocidade como na expressão abaixo:
Z t
dv(t)
a(t) = −→ v(t) = v0 + a(t) dt
dt t0

Mostre também que a partir do resultado acima e do resultado obtido para a função posição (com a integral),
podemos escrever a função posição como:
1
s(t) = s0 + v0 t + at2
2
considerando uma aceleração constante e t0 = 0.

(5) Calcule a seguinte integral:


Z
sin2 (x) dx,

usando a expressão expandida de cos(x + x) para obter uma relação alternativa para sin2 (x).

(6) Esse exercício tem como objetivo fazer com que você demonstre a fórmula de redução para a integral
abaixo, pelo método da equação:
Z
sinn (x) dx; n ∈ N, n ≥ 2

Primeiro escreva sinn (x) como sin(x) sinn−1 (x) e aplique integração por partes na integral. Você deverá obter
o seguinte:
Z Z
sinn (x) dx = − sinn−1 cos(x) + (n − 1) sinn−2 (x) cos2 (x) dx

Agora substitua cos2 (x) por (1 − sin2 (x)) na integral resultante e rearrange a expressão para obter a resposta:

sinn−1 (x) cos(x) n − 1


Z Z
sinn (x) dx = − + sinn−2 (x) dx
n n
A partir da resposta obtida, calcule a integral abaixo:
Z π
4
sin6 (x) dx
0

38
(7) Mostre que:
Z π ∞ ∞
2 X X
aj sin(aj x) dx = aj cos(aj )
0 j=1 j=1

(8) Um gás ideal é uma criação teórica definida como um sistema de partículas em movimento que não
interagem umas com as outras (não interagentes). Para esse tipo de sistema é válida a seguinte lei física,
chamada de Lei dos Gases Ideais:

pV = nRT
onde p é a pressão, V é o volume ocupado, n é o número de mols na composição, T é a temperatura e R é a
constante dos gases ideais. A variação do trabalho realizado por um gás desse, em algum processo físico, pode
ser descrita pela pressão no mesmo e pela variação do volume durante o processo: ∆W = p∆V . Portanto,
podemos dizer que o trabalho total durante o processo físico é dado por:
Z Vf
W = p dV
V0

sendo Vf e V0 , respectivamente, o volume final e inicial do gás. Suponha que durante esse tal processo físico a
temperatura seja constante, entretanto a pressão não se mantenha constante, mas pode ser descrita como uma
função do volume, ou seja, p ≡ p(V ) a partir da Lei dos Gases Ideais. A partir disso, mostre que a seguinte
expressão para o trabalho total em um processo envolvendo um gás ideal é válida:
 
Vf
W = nRT ln
V0

(9) Calcule as integrais impróprias abaixo:

∞ 2
6w3
Z Z
4x
a) dw b) 3 dx
−∞ (w4 + 1)2 1 (x2 − 4) 2

(10) Calcule a área delimitada pelas expressões abaixo:

a) f (x) = x2 + 2 e g(x) = sin(x), entre x = −1 e x = 2.


1
b) r(t) = e s(t) = (t + 2)2 , entre t = −1, 5 e t = 1.
t+2
8
c) a(ε) = , b(ε) = 2ε e ε = 4.
ε ϕ
d) w(ϕ) = ln(ϕ + 5), v(ϕ) = ln + 2 e ϕ = 2e−2 .
2
e) z(r) = r3 − 2r2 − 3r, k(r) = 0, entre r = −1 e r = 3.

(11) A partir de uma integral, deduza a expressão que calcula a área de um círculo de raio R. Você deve
primeiro descobrir qual função usar, assim como o intervalo de integração.

(12) Demostre que a expressão que descreve os volumes dos seguintes sólidos são as mostradas, através do
método do disco em sólidos de revolução:

a) Um cilíndro de altura h e raio da base R: V = πR2 h


1 2
b) Um cone circular de altura h e raio da base R: V = πR h
3
4
c) Uma casca esférica de raio interno r e raio externo R: V = π(R3 − r3 )
3

*OBS: Você precisa primeiro descobrir qual função, em qual intervalo, que, rotacionada no eixo x ou y,
resultará no sólido pedido.

39
DESAFIO:

Seja n ∈ N, usando integração por partes, mostre que:


Z n
!
n x
X
i n!
x e dx = (−1) xn−i ex + C, C ∈ R
i=0
(n − i)!

40

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