Você está na página 1de 52

Faculdade de Ciências & Tecnologia

Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I

Cursos: EQB, EA, EE, EC, EM, EIC, EARN – 1º Ano

Espaço vetorial real

18 de novembro de 2023
Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Conteúdo

1 Espaço vetorial sobre um corpo 2


1.1 Combinação linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Sistemas de vetores equivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Gerador de um espaço vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Dependência e independência linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.5 Caracterı́stica de uma matriz/dependência e independência linear de vetores . . . . . . 12
1.6 Base de um espaço vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.7 Bases canónicas de Rn e Pn , para n ∈ N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.8 Teorema de Steinitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.9 Consequências do Teorema de Steinitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.10 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2 Subespaço vetorial 20
2.1 Representação de um subespaço vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 Interseção de subespaços vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Reunião de subespaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.4 Soma/soma direta de subespaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5 Subespaço complementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3 Matriz mudança de base 33


3.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4 Espaço vetorial com produto interno 35


4.1 Produto interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.3 Ângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.4 Ortogonalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

5 Espaço euclidiano 42
5.1 Processo de ortogonalização de Gram-Schmitd . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.2 Matriz da métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3 Complemento ortogonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.4 Projeção ortogonal sobre um subespaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.5 Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
5.6 Produto externo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Espaço vetorial real Pág. 1 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

1 Espaço vetorial sobre um corpo

Definição 1.1 (Espaço vetorial). Seja V um conjunto qualquer, diferente de vazio. Diz-se que V é
um espaço vetorial sobre um corpo F quando:

A Define-se em V uma operação binária, chamada adição, e representada pelo sı́mbolo “+”, que goze
das seguintes propriedades:

A.1 ∀⃗u, ⃗v ∈ V , tem-se ⃗u + ⃗v = ⃗v + ⃗u;


A.2 ∀⃗u, ⃗v , w
⃗ ∈ V , tem-se (⃗u + ⃗v ) + w
⃗ = ⃗u + (⃗v + w);

A.3 ∃⃗0 ∈ V , ∀⃗v ∈ V , tem-se ⃗0 + ⃗v = ⃗v ;
A.4 ∀⃗v ∈ V , ∃ − ⃗v ∈ V , tem-se ⃗v + (−⃗v ) = ⃗0.

Ou seja, (V, +) é um grupo comutativo.

ME Define-se uma operação, chamada multiplicação por escalar, tal que ∀⃗v ∈ V , ∀λ ∈ F, tem-se
λ⃗v ∈ V , e que goze das seguintes propriedades:

ME.1 ∀λ ∈ F, ∀⃗u, ⃗v ∈ V , tem-se λ (⃗u + ⃗v ) = λ⃗u + λ⃗v ;


ME.2 ∀λ, β ∈ F, ∀⃗v ∈ V , tem-se (λ + β) ⃗v = λ⃗v + β⃗v ;
ME.3 ∀λ, β ∈ F, ∀⃗v ∈ V , tem-se (λβ) ⃗v = λ (β⃗v );
ME.4 ∀⃗v ∈ V , tem-se 1⃗v = ⃗v .

Quando estas condições se verificam, os elementos de V (qualquer que seja a sua natureza) tomam
o nome de vetores, enquanto os elementos do corpo F se chamam escalares. O elemento neutro da
adição em V chama-se vetor nulo. Quando F = R, o espaço vetorial diz-se real.

São alguns exemplos de espaços vetoriais reais.

1.1) O conjunto R é um espaço vetorial real com a adição e a multiplicação, usuais, de números reais.

1.2) Seja n ∈ N, n > 1. O conjunto

Rn = {(x1 , x2 , . . . , xn ) : x1 , x2 , . . . , xn ∈ R}

é um espaço vetorial real, com as seguintes operações:

Adição (usual): ∀⃗v = (v1 , v2 , . . . , vn ) , ⃗u = (u1 , u2 , . . . , un ) ∈ Rn :

⃗v + ⃗u = (v1 + u1 , v2 + u2 , . . . , vn + un ) ;

Multiplicação por escalar (usual): ∀⃗v = (v1 , v2 , . . . , vn ) ∈ Rn , ∀λ ∈ R:

λ⃗v = (λv1 , λv2 , . . . , λvn ) .


⃗0 = (0, 0, . . . , 0) e −⃗v = (−v1 , −v2 , . . . , −vn ).

Particularmente, tem-se:

• O espaço vetorial real R2 = {(x1 , x2 ) : x1 , x2 ∈ R} pode ser visto como conjunto dos pontos
P = (x1 , x2 ) do plano Oxy, ou como conjunto dos vetores geométricos do plano Oxy, com
−−→
origens no ponto O = (0, 0) e extremidades em pontos P = (x1 , x2 ) ∈ R2 , isto é, OP .

Espaço vetorial real Pág. 2 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

• O espaço vetorial real R3 = {(x1 , x2 , x3 ) : x1 , x2 , x3 ∈ R} pode ser visto como conjunto dos pontos
P = (x1 , x2 , x3 ) do espaço Oxyz, ou como conjunto dos vetores geométricos do espaço Oxyz,
−−→
com origens no ponto O = (0, 0, 0) e extremidades em pontos P = (x1 , x2 , x3 ) ∈ R3 , isto é, OP .

Para todo P = (p1 , p2 ) , Q = (q1 , q2 ) ∈ R2 (P = (x1 , x2 , x3 ) , Q = (q1 , q2 , q3 ) ∈ R3 ),para todo λ ∈ R


tem-se:
−−→ −−→ −−→
OP + OQ = OR, onde R = P + Q.
−−→ −−→
λOP = OR, onde R = λP .
−−→
Neste sentido, todo ponto P de R2 (ou R3 ) representa o vetor OP , e vice-versa.

Recorda-se que dois vetores no plano (no espaço) são equivalentes se têm a mesma direção, o mesmo
sentido e o mesmo comprimento. Dois vetores equivalentes são considerados iguais, ainda que ocupam
lugares diferentes do plano (ou no espaço), pois um vetor é determinado pela sua direção, seu sentido
e seu comprimento. Então, qualquer vetor do plano (ou do espaço) é equivalente (igual) a um, e a um
−−→
só, vetor OP . Para ser mais concreto, dados dois pontos, A e B, do plano (ou do espaço) tem-se:
−−→ −−→
AB = OP , onde P = B − A.

1.3) Seja P o conjunto dos polinómios de coeficientes reais. P é um espaço vetorial real, com a adição
usual de polinómios e a multiplicação usual de um número real por um polinómio, isto é:
Adição (usual): ∀ p(x) = an xn + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 , q(x) = bm xm + . . . + b2 x2 + b1 x + b0 ∈ P ,
de grau n e m , respetivamente, com m ≥ n, tem-se

p(x) + q(x) = (an + bn ) xn + . . . + (a2 + b2 ) x2 + (a1 + b1 ) x + a0 + b0 , (m = n);


p(x) + q(x) = bm xm + . . . + (an + bn ) xn + . . . + (a2 + b2 ) x2 + (a1 + b1 ) x + a0 + b0 , (m > n).

Multiplicação por escalar (usual): ∀ p(x) = an xn + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 , ∀λ ∈ R, tem-se

λp(x) = λan xn + . . . + λa2 x2 + λa1 x + λa0 .

⃗0 = 0 (zero) e −p(x) = −an xn − . . . − a2 x2 − a1 x − a0 .

1.4) Seja n ∈ N0 . O conjunto Pn que consiste de todos os polinómios de grau não superior a n, isto
é, n o
Pn = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 : an , an−1 , . . . , a1 , a0 ∈ R ,
é um espaço vetorial real, com a adição usual de polinómios e a multiplicação usual de um
número real por um polinómio.

Espaço vetorial real Pág. 3 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

O vetor nulo ⃗0 é 0 (zero) e para todo p(x) = an xn + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 ∈ Pn tem-se

−p(x) = −an xn − . . . − a2 x2 − a1 x − a0 .

Casos particulares:
• O espaço vetorial real P0 coincide com o espaço vetorial real R;
• O espaço vetorial real P1 = {ax + b : a, b ∈ R}, é constituido de todos os polinómios, de
coeficientes reais, de grau 1 e de todos os números reais;
• O espaço vetorial P2 = ax2 + bx + c : a, b, c ∈ R é constituido de todos os polinómios, de


coeficientes reais, de grau 2, grau 1 e todos os números reais. E assim, por diante.

1.5) Seja V um espaço vetorial real arbitrário. Por Definição 1.1, ⃗0 em V . Então, o conjunto W = {⃗0}
é um espaço vetorial real, denominado espaço vetorial nulo, se se define a adição e a multiplicação
por escalar, conforme o que se segue:
⃗0 + ⃗0 = ⃗0;
λ⃗0 = ⃗0, ∀λ ∈ R.

1.6) Seja D ⊆ R, D ̸= ∅. Seja F [D] o conjunto de todas as funções reais de domı́nio D. ∀f, g ∈ F [D],
∀λ ∈ R, define-se a adição em F [D] e a multiplicação por escalar, como se segue, na ordem
respetiva:
f +g : D → R
x ,→ (f + g) (x) = f (x) + g(x) (adição usual de funções)
.
λf : D → R
x ,→ (λf ) (x) = λf (x) (multiplicação usual de uma função por um escalar real)

F [D] é um espaço vetorial com a adição e multiplicação por escalar definidas acima.
1.7) O conjunto de matrizes reais de dimensão m × n, Rm×n (m , n ∈ N), com a adição usual de
matrizes e a multiplicação usual de um número real por uma matriz, é um espaço vetorial real.

Definição 1.2 (Subtração num espaço vetorial). Seja V um espaço vetorial real. Então, para quais-
quer ⃗u, ⃗v ∈ V , tem-se
⃗u − ⃗v = ⃗u + (−⃗v ) .
Teorema 1.1 (Cancelamento). Seja V um espaço vetorial real. Para quaisquer ⃗u, ⃗v , w
⃗ ∈ V , tem-se

⃗u + w
⃗ = ⃗v + w
⃗ se, e somente se, ⃗u = ⃗v .

Teorema 1.2 (Propriedades de um Espaço vetorial). Seja V um espaço vetorial real. Para quaisquer
vetores ⃗u, ⃗v ∈ V , para todo λ ∈ R, tem-se:

(1) 0⃗v = ⃗0.

(2) λ⃗0 = ⃗0.

(3) λ⃗v = ⃗0 se, e somente se, λ = 0 ou ⃗v = ⃗0.

(4) (−λ) ⃗v = − (λ⃗v ) = λ (−⃗v ). Caso particular, −1⃗v = −⃗v .


(5) λ (⃗u − ⃗v ) = λ⃗u − λ⃗v .
(6) (λ − β) ⃗v = λ⃗v − β⃗v .

Espaço vetorial real Pág. 4 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

1.1 Combinação linear

Definição 1.3 (Combinação linear). Seja V um espaço vetorial real. Diz-se que um vetor ⃗v ∈ V é
uma combinação linear dos vetores v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗n ∈ V , se existem escalares λ1 , λ2 , . . . , λn ∈ R, tais que

⃗v = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + . . . + λn v⃗n .

Exemplo 1.1. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, o vetor ⃗v = (−2, 2, 5) é com-
binação linear dos vetores v⃗1 = (1, 1, 1) , v⃗2 = (1, 1, 0) , v⃗3 = (1, 0, 1) ∈ R3 ?

Resolução do Exemplo 1.1.


⃗v é combinação linear dos vetores v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 , se existem escalares reais λ1 , λ2 , λ3 , tais que

⃗v = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 .

⃗v = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 ⇔ (−2, 2, 5) = (λ1 , λ1 , λ1 ) + (λ2 , λ2 , 0) + (λ3 , 0, λ3 )



λ1 + λ2 + λ3 = −2


⇔ (−2, 2, 5) = (λ1 + λ2 + λ3 , λ1 + λ2 , λ1 + λ3 ) ⇔ 1 λ +λ =2
2 (1.1)

λ + λ = 5

1 3

Então, ⃗v é combinação linear dos vetores v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 se o SEL (1.1) é possı́vel.
1 1 1 −2 1 1 1 −2 1 1 1 −2
     

[A|B] =  1 1 0 2  −→  0 0 −1 4  −→  0 −1 0 7 
     
L2 ←L2 −L1 L2 ↔L3
1 0 1 5 L3 ←L3 −L1 0 −1 0 7 0 0 −1 4

1 0 1 5 1 0 0 9
   

−→  0 1 0 −7  −→  0 1 0 −7 
   
L1 ←L1 +L2 L1 ←L1 −L3
L2 ←−1L2 0 0 1 −4 0 0 1 −4
L3 ←−1L3

Assim, ⃗v é combinação linear dos vetores v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 , pois o SEL (1.1) é possı́vel. Mais ainda,

⃗v = 9v⃗1 − 7v⃗2 − 4v⃗3 .

Nota 1.1. As colunas da matriz ampliada do sistema anterior, ⃗v = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 , são compostas
da seguinte forma: 1ª coluna é formada pelas componentes do vetor v⃗1 , 2ª coluna, pelas componentes
de v⃗2 , 3ª coluna, pelas componentes de v⃗3 e a última coluna (coluna dos termos independentes), pelas
componentes do vetor ⃗v .
De uma forma geral, a matriz ampliada de um sistema nas incógnitas λ1 , λ2 , . . . , λn , da forma
     
(b1 , b2 , . . . , bn ) = λ1 a1 (1) , a2 (1) , . . . , an (1) +λ2 a1 (2) , a2 (2) , . . . , an (2) +· · ·+λn a1 (n) , a2 (n) , . . . , an (n)


a1 (1) a1 (2) a1 (n)
 
··· b1

a2 (1) a2 (2) ··· a2 (n) b2 
[A|B] = 
 
.. .. .. .. .. .
. . . . .
 
 
an (1) an (2) · · · an (n) bn
Exemplo 1.2. No espaço vetorial real P, considera-se os vetores

v⃗1 = −x3 − 2x2 + x + 1, v⃗2 = x3 + 3x − 1, v⃗3 = −x3 − x2 − x + 1, v⃗4 = −5x3 − 4x2 − 7x + 5.

O vetor v⃗1 é combinação linear dos vetores v⃗2 , v⃗3 e v⃗4 ?

Espaço vetorial real Pág. 5 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Resolução do Exemplo 1.2. O vetor v⃗1 é combinação linear dos vetores v⃗2 , v⃗3 , v⃗4 se existem escalares
reais λ1 , λ2 , λ3 tais que:
v⃗1 = λ1 v⃗2 + λ2 v⃗3 + λ3 v⃗4 .

v⃗1 = λ1 v⃗2 + λ2 v⃗3 + λ3 v⃗4


     
⇔ − x3 − 2x2 + x + 1 = λ1 x3 + 3x − 1 + λ2 −x3 − x2 − x + 1 + λ3 −5x3 − 4x2 − 7x + 5
⇔ − x3 − 2x2 + x + 1 = (λ1 − λ2 + 5λ3 ) x3 + (−λ2 − 4λ3 ) x2 + (3λ1 − λ2 − 7λ3 ) x − λ1 + λ2 + 5λ3



 λ1 − λ2 − 5λ3 = −1

−λ − 4λ = −2

2 3
⇔ (1.2)


 3λ1 − λ2 − 7λ3 = 1
−λ1 + λ2 + 5λ3 = 1


Então, o vetor v⃗1 é combinação linear dos vetores v⃗2 , v⃗3 , v⃗4 se o SEL (1.2) é possı́vel.
1 −1 −5 −1 1 −1 −5 −1 1 0 −1 1
     
 0 −1 −4 −2   0 1 4 2   0 1 4 2 
[A|B] =  −→ −→
     
3 −1 −7 1  L2 ←−L2 0 2 8 4  L1 ←L1 +L2 0 0 0 0 
    
  
L3 ←L3 −3L1 L3 ←L3 −2L2
−1 1 5 1 L4 ←L4 +L1 0 0 0 0 0 0 0 0

λ 1 = 1 + β


Assim, λ = 2 − 4β
2 . Logo, v⃗1 é combinação linear dos vetores v⃗2 , v⃗3 , v⃗4 . Mais ainda,

λ = β ∈ R

3

v⃗1 = (1 + β) v⃗2 + (2 − 4β) v⃗3 + β v⃗4 , com β ∈ R.

Nota 1.2. As colunas da matriz ampliada do sistema anterior, v⃗1 = λ1 v⃗2 +λ2 v⃗3 +λ3 v⃗4 , são compostas
da seguinte forma: 1ª coluna é formada pelos coeficientes do polinómio v⃗2 , 2ª coluna, pelos coeficientes
do polinómio v⃗3 , 3ª coluna, pelos coeficientes do polinómio v⃗4 e a última coluna (coluna dos termos
independentes), pelos coeficientes do polinómio v⃗1 .
De uma forma geral, a matriz ampliada de um sistema nas incógnitas λ1 , λ2 , . . . , λn , da forma

p(x) = λ1 p1 (x) + λ2 p2 (x) + · · · + λn pn (x)


an (1) an (2) an (n)
 
··· bn
 an−1 (1) an−1 (2) ··· an−1 (n) bn−1 
.. .. .. .. ..
 
[A|B] =   , onde:
 
 . . . . . 

 a1 (1) a1 (2) ··· a1 (n) b1


a0 (1) a0 (2) ··· a0 (n) b0

p(x) = bn xn + bn−1 xn−1 + · · · + b1 x + b0 ,


p1 (x) = an (1) xn + an−1 (1) xn−1 + · · · + a1 (1) x + a0 (1) ,
p2 (x) = an (2) xn + an−1 (2) xn−1 + · · · + a1 (2) x + a0 (2) ,
.. .. ..
. . .
pn (x) = an (n) xn + an−1 (n) xn−1 + · · · + a1 (n) x + a0 (n) ,

e “ n” é o grau máximo, entre os graus dos polinómios p(x), p1 (x), p2 (x), . . . , pn (x).

Espaço vetorial real Pág. 6 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Exemplo 1.3. Seja o sistema de equações lineares


 
3x + 1 = λ1 x2 − x + 1 + λ2 (x + 1) + λ3 (x + 2) ,

nas incógnitas λ1 , λ2 , λ3 .
A sua matriz ampliada é
1 0 0 0
 

[A|B] =  −1 1 1 3  .
 
1 1 2 1

Definição 1.4 (Combinação linear nula trivial). Seja um espaço vetorial real V , e sejam os vetores
v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗n ∈ V . A combinação linear nula,

0v⃗1 + 0v⃗2 + . . . + 0v⃗n = ⃗0

dá-se o nome de combinação linear nula trivial.

1.2 Sistemas de vetores equivalentes

Definição 1.5 (Sistema de vetores equivalentes). Seja V um espaço vetorial real. Sejam

S = {v1 , v2 , . . . , vp } e S ′ = v1′ , v2′ , . . . , vr′




dois sistemas de vetores contidos em V . Diz-se que o sistema de vetores S é equivalente ao sistema
de vetores S ′ , e escreve-se S ≈ S ′ , se ∀i ∈ {1, 2, . . . , p}, tem-se vi é combinação linear dos vetores
v1′ , v2′ , . . . , vr′ , e, ∀j ∈ {1, 2, . . . , r}, tem-se vj′ é combinação linear dos vetores v1 , v2 , . . . , vp .

Exemplo 1.4. No espaço vetorial real R2 , com as operações usuais, os sistemas de vetores

S = {(1, 2) , (2, 3)} e S ′ = {(1, 1) , (2, 1) , (3, 2)}

são equivalentes, conforme se vê mais abaixo.

(1) Cada vetor de S é combinação linear dos vetores de S ′ , pois:

(1, 2) = λ1 · (1, 1) + λ2 · (2, 1) + λ3 · (3, 2)



λ 1 = 3 − λ (1.3)


⇔ λ2 = −1 − λ .

λ = λ ∈ R

3

(2, 3) = β1 · (1, 1) + β2 · (2, 1) + β3 · (3, 2)



β1 = 4 − β (1.4)


⇔ β2 = −1 − β .

β = β ∈ R

3

Assim, para λ = 1 = β, tem-se:

(1, 2) = 2 · (1, 1) − 2 · (2, 1) + 1 · (3, 2)


(2, 3) = 3 · (1, 1) − 2 · (2, 1) + 1 · (3, 2)

Espaço vetorial real Pág. 7 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Os SELs (1.3) e (1.4) podem ser resolvidos, simultaneamente, da seguinte forma:


" # " # " #
1 2 3 1 2 1 2 3 1 2 1 0 1 3 4
−→ −→
1 1 2 2 3 L2 ←L2 −L1 0 −1 −1 1 1 L1 ←L1 +2L2 0 1 1 −1 −1
L2 ←−1L2
 
λ1 = 3 − λ β1 = 4 − β
 
λ1 + λ3 = 3 β1 + β3 = 4
( (  
↔ ∧ ⇔ λ = −1 − λ
2 ∧ β = −1 − β
2 .
λ2 + λ3 = −1 β2 + β3 = −1 
λ = λ ∈ R
 
β = β ∈ R

3 3

(2) Cada vetor de S ′ é combinação linear dos vetores de S, pois:

(1, 1) = λ1 (1, 2) + λ2 (2, 3)


(1.5)
⇔ λ1 = −1 ∧ λ2 = 1.
(2, 1) = β1 (1, 2) + β2 (2, 3)
(1.6)
⇔ β1 = −4 ∧ β2 = 3.
(3, 2) = γ1 (1, 2) + γ2 (2, 3)
(1.7)
⇔ γ1 = −5 ∧ γ2 = 4.

Assim, tem-se:

(1, 1) = −1 · (1, 2) + 1 · (2, 3)


(2, 1) = −4 · (1, 2) + 3 · (2, 3)
(3, 2) = −5 · (1, 2) + 4 · (2, 3) .

Os SELs (1.5), (1.6) e (1.7) podem ser resolvidos, simultaneamente, da seguinte forma:
" # " # " #
1 2 1 2 3 1 2 1 2 3 1 0 −1 −4 −5
−→ −→
2 3 1 1 2 L2 ←L2 −2L1 0 −1 −1 −3 −4 L1 ←L1 +2L2 0 1 1 3 4
L2 ←−1L2

λ1 = −1 β1 = −4 γ1 = −5
( ( (
↔ ∧ ∧ .
λ2 = 1 β2 = 3 γ2 = 4

Teorema 1.3 (Propriedades de equivalência de vetores). Seja V um espaço vetorial real. Então, são
válidas para vetores arbitrários, as seguintes propriedades:

E1 {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } ≈ {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } (Reflexividade);

E2 Se {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } ≈ {u⃗1 , u⃗2 , . . . , u⃗r }, então {u⃗1 , u⃗2 , . . . , u⃗r } ≈ {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } (Simetria);

E3 Se {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } ≈ {u⃗1 , u⃗2 , . . . , u⃗r } e {u⃗1 , u⃗2 , · · · , u⃗r } ≈ {w⃗1 , w⃗2 , . . . , w
⃗t } , então
⃗t } (Transitividade);
{v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } ≈ {w⃗1 , w⃗2 , . . . , w

E4 {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗i , . . . , v⃗p } ≈ {v⃗1 , v⃗2 , . . . , λ · v⃗i , · · · , v⃗p }, λ ∈ R \ {0};

E5 {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗i , . . . , v⃗j , . . . , v⃗p } ≈ {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗i , . . . , λ · v⃗i + v⃗j , . . . , v⃗p }, λ ∈ R (sistema de vetores
obtido a partir do primeiro, substituindo o vetor v⃗j pela sua soma com o múltiplo escalar do vetor
v⃗i , onde i e j são ı́ndices arbitrários);

E6 Se {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p } ≈ {u⃗1 , u⃗2 , . . . , u⃗r } e se um vetor ⃗v é combinação linear de v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗p , então
⃗v é combinação linear de u⃗1 , u⃗2 , . . . , u⃗r .

Espaço vetorial real Pág. 8 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Nota 1.3. A aplicação sucessiva das propriedades E4 e E5 permite obter sistemas equivalentes a um
dado sistema de vetores. Por exemplo, em R3 são equivalentes os seguintes sistemas de vetores:

{(1, 0, 0) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)} ≈ {(2, 0, 0) , (0, 3, 0) , (0, 0, −1)} (Prop. E4 , 3 vezes)
≈ {(2, 3, −1) , (0, 3, −2) , (0, 0, −1)} (Prop. E5 , 3 vezes)
≈ {(2, 3, −1) , (0, 3, −2) , (0, −3, 1)} (Prop. E5 , 1 vez)

1.3 Gerador de um espaço vetorial

Definição 1.6 (Gerador de um espaço vetorial). Seja V um espaço vetorial real. Quando qualquer
vetor ⃗v ∈ V é combinação linear de um sistema de vetores v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗n ∈ V , diz-se que v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗n
são geradores de V e, escreve-se:
V = ⟨v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗n ⟩.

Exemplo 1.5. Seja o espaço vetorial real R3 , com as operações usuais. Considere os vetores

v⃗1 = (1, 2, 1) , v⃗2 = (2, 1, 1) , v⃗3 = (1, −1, 0) .

R3 não é gerado por v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 , ou seja, R3 ̸= ⟨v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 ⟩.

Verificação. R3 é gerado pelos vetores v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 , se para todo (x, y, z) ∈ R3 , tem-se (x, y, z) é com-
binação linear dos vetores v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 , ou seja, existem números reais λ1 , λ2 , λ3 ∈ R, tais que

(x, y, z) = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 .

Então, resolve-se o SEL

(x, y, z) = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 ⇔ (x, y, z) = λ1 (1, 2, 1) + λ2 (2, 1, 1) + λ3 (1, −1, 0) . (1.8)

1 2 1 x 1 2 1 x 1 2 1 x
     

[A|B] =  2 1 −1 y  −→  0 −3 −3 y − 2x  −→  0 −1 −1 z − x 
     
L2 ←L2 −2L1 L2 ↔L3
1 1 0 z L3 ←L3 −L1 0 −1 −1 z − x 0 −3 −3 y − 2x
1 2 1 x
 

−→  0 1 1 x−z .
 
L3 ←L3 −3L2
L2 ←−L2 0 0 0 x + y − 3z

Então, o SEL (1.8) é possı́vel se, e somente se, x + y − 3z = 0, ou seja, x = 3z − y. Logo, os vetores
(x, y, z) ∈ R3 que são combinações lineares de v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 são os que satisfazem a condição x = 3z − y,
com y, z ∈ R. Assim, para quaisquer y, z ∈ R, se x ̸= 3z − y, então (x, y, z) ∈ R3 não é combinação
linear de v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 , consequentemente, tem-se:

R3 ̸= ⟨v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 ⟩ .

Exemplo 1.6. Seja o espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, e sejam os vetores

v⃗1 = (1, 1, −2) , v⃗2 = (1, 1, 1) , v⃗3 = (−1, 1, 1) .

Então, R3 = ⟨v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 ⟩, ou seja, R3 é gerado pelos vetores v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 .

Espaço vetorial real Pág. 9 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Verificação. R3 é gerado pelos vetores v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 , se para todo (x, y, z) ∈ R3 , tem-se (x, y, z) é com-
binação linear dos vetores v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 , ou seja, existem números reais λ1 , λ2 , λ3 ∈ R, tais que

(x, y, z) = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 .

Então, resolve-se o SEL

(x, y, z) = λ1 v⃗1 + λ2 v⃗2 + λ3 v⃗3 ⇔ (x, y, z) = λ1 (1, 1, −2) + λ2 (1, 1, 1) + λ3 (−1, 1, 1) . (1.9)

1 1 −1 x 1 1 −1 x 1 1 −1 x
     

[A|B] =  1 1 1 y  −→  0 0 2 y − x  −→  0 3 −1 2x + z  .
     
L2 ←L2 −L1 L2 ↔L3
−2 1 1 z L3 ←L3 +2L1 0 3 −1 2x + z 0 0 2 y−x

Então, o SEL (1.9) é possı́vel qualquer que seja (x, y, z) ∈ R3 , logo

R3 = ⟨v⃗1 , v⃗2 , v⃗3 ⟩ .

Teorema 1.4. Seja V um espaço vetorial real. Então:

G1 Se V = ⟨v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗k ⟩ e {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗k } ≈ {w⃗1 , w⃗2 , . . . , w


⃗t }, então V = ⟨w⃗1 , w⃗2 , . . . , w
⃗t ⟩.

G2 Se V = ⟨v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗k ⟩ = ⟨w⃗1 , w⃗2 , . . . , w


⃗t ⟩, então {v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗k } ≈ {w⃗1 , w⃗2 , . . . , w
⃗t }.
Definição 1.7 (Espaço finitamente gerado). Um espaço vetorial real V , diz-se finitamente gerado, se
existe um sistema finito de vetores, v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗k ∈ V , tais que V = ⟨v⃗1 , v⃗2 , . . . , v⃗k ⟩.
Exemplo 1.7. O espaço vetorial real P3 é finitamente gerado, pois o sistema formado pelos vetores

x3 , x2 , x, 1

constitui um dos seus geradores.


Exemplo 1.8. O espaço vetorial real P, composta de todos os polinómios, não é finitamente gerado.

1.4 Dependência e independência linear

Definição 1.8 (Dependência e independência linear). Seja V um espaço vetorial real, e sejam os
vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ∈ V . Diz-se que:

P1 ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn são linearmente independentes se

λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + · · · + λn⃗vn = ⃗0 ⇒ λ1 = λ2 = · · · = λn = 0. (1.10)

Ou seja, a única combinação linear nula possı́vel dos vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn é a trivial (a que tem
os escalares todos nulos).

P2 ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ∈ V são linearmente dependentes se existem escalares reais, λ1 , λ2 , . . . , λn , não
todos nulos, tais que:
λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + . . . + λn⃗vn = ⃗0. (1.11)
Ou seja, para além da combinação linear nula trivial (que existe sempre), existem outras com-
binações lineares nulas (com pelo menos um escalar não nulo) dos vetores v⃗1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn .

P3 Um conjunto (ou sistema) de vetores diz-se linearmente dependente [independente], se os vetores


que o compõem são linearmente dependentes [linearmente independentes].

Espaço vetorial real Pág. 10 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Exemplo 1.9. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, os vetores

⃗v1 = (1, 1, 1) , ⃗v2 = (−2, 1, 1) , ⃗v3 = (1, −1, 1)

são linearmente independentes.

Verificação do Exemplo 1.9. Mostra-se que o sistema homogéneo

1 −2 1 λ1 0
    

λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 = ⃗0 ⇔ 1 1 1 λ2  = 0 (1.12)


    
1 1 1 λ3 0

tem uma, e uma só, solução, λ1 = λ2 = λ3 = 0. Como

1 −2 1
1 1 1 = 1 + 1 + 2 − (1 − 2 − 1) = 6,
1 1 1

logo o SH (1.12) tem uma só solução, λ1 = λ2 = λ3 = 0 e, por conseguinte, os vetores v⃗1 , v⃗2 e v⃗3 são
linearmente independentes.

Exemplo 1.10. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, os vetores

⃗v1 = x2 + x + 1, ⃗v2 = −2x2 + x + 1, ⃗v3 = 3x + 3

são linearmente dependentes.

Verificação do Exemplo 1.10. Mostra-se que o SH

1 −2 0 λ1 0
    

λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 = ⃗0 ⇔ 1 1 3 λ2  = 0 (1.13)


    
1 1 3 λ3 0

tem soluções não triviais. Como


1 −2 0
1 1 3 = 0,
1 1 3
pois L2 = L3 , então o SH (1.13) tem soluções não triviais, logo os vetores ⃗v1 , ⃗v2 e ⃗v3 são linearmente
dependentes. Nota-se que o conjunto-solução deste SH é S = ⟨(−2, −1, 1)⟩.

Teorema 1.5 (Propriedades da dependência e independência linear). Seja V um espaço vetorial real.
Então:

P1 Um vetor ⃗v ∈ V é linearmente dependente se, e somente se, ⃗v = ⃗0.

P2 Os vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ∈ V , com n ∈ N, n > 1, são linearmente dependentes se, e somente se,
algum deles se pode obter como combinação linear dos restantes. Em particular, dois vetores,
⃗u, ⃗v ∈ V , são linearmente dependentes se, e somente se, são proporcionais (⃗v = λ⃗u, para algum
λ ∈ R). Equivalentemente, ⃗u, ⃗v ∈ V são linearmente independentes se, e somente se, não são
proporcionais.

P3 Se os vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ∈ V são linearmente dependentes, então os vetores

⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn , ⃗vn+1 , ⃗vn+2 , . . . , ⃗vn+t ∈ V,

t ∈ N, t ≥ 1, são, também, linearmente dependentes.

Espaço vetorial real Pág. 11 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

P4 Qualquer subsistema de um sistema de vetores linearmente independentes é linearmente inde-


pendente.

P5 Qualquer sistema de vetores que inclua o vetor nulo, ⃗0, é linearmente dependente.

P6 Se os vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ∈ V são linearmente independentes, então ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn , ⃗v , v ∈ V são
linearmente dependentes se, e somente se, ⃗v é combinação linear de ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn .

P7 Se os vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vi , . . . , ⃗vn ∈ V são linearmente independentes, então

⃗v1 , ⃗v2 , . . . , λ⃗vi , . . . , ⃗vn ,

λ ̸= 0, são linearmente independentes.

P8 Se os vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vi , . . . , ⃗vj , . . . , ⃗vn ∈ V são linearmente independentes, então

⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vi + λ⃗vj , . . . , ⃗vj , . . . , ⃗vn

são linearmente independentes.

Nota 1.4. A aplicação sucessiva das propriedades P7 e P8 permite obter sistemas de vetores linear-
mente independentes a partir de um dado sistema de vetores linearmente independentes. Por exemplo,
no espaço vetorial R2 , os vetores (1, −1) e (2, 1) são linearmente independente, logo os vetores (2, −2)
e (6, −3) são linearmente independentes.

(2, −2) , (2, 1) e (2, −2) , .

Teorema 1.6 (Critério da independência linear). Seja V um espaço vetorial real. Os vetores

⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ∈ V

são linearmente independentes se, e somente se, qualquer vetor ⃗v ∈ V que se possa expressar como
combinação linear deles tem, nessa expressão, coeficientes únicos.

1.5 Caracterı́stica de uma matriz/dependência e independência linear de vetores

Seja A uma matriz real do tipo m × n, com m, n ∈ N.


Cada linha da matriz A pode ser vista como um vetor de Rn , chamado vetor-linha; e cada coluna da
matriz A pode ser vista como um vetor de Rm , chamado vetor-coluna.
Assim,

C.1 No conjunto de vetores-linha de A, o número de vetores-linha linearmente independentes é igual


à caracterı́stica de A. Os vetores-linha linearmente independentes são aquelas que correspondem
as linhas não nulas da matriz escalonada, que se obtém a partir de A.

C.2 No conjunto de vetores-coluna de A, o número de vetores-coluna linearmente independentes é


igual à caracterı́stica de A. Os vetores-coluna independentes são aqueles que correspondem às
colunas dos pivots da matriz escalonada, que se obtém a partir de A.

Proposição 1.7. Num espaço vetorial de dimensão n ∈ N, vetores são linearmente independen-
tes/dependentes se, e só se, os seus componentes, em relação à uma determinada base, são indepen-
dentes/dependentes em Rn .

Espaço vetorial real Pág. 12 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Exemplo 1.11. No espaço vetorial real P3 , os vetores


⃗v1 = x3 − 2x + 1, ⃗v2 = 3x3 − 2x2 − 2x + 3, ⃗v3 = x3 − x2 + 1, ⃗v4 = x3 − x2 + 2x − 1
são linearmente dependentes, mas existe um subsistema linearmente independente composto por três
destes vetores.

Verificação do Exemplo 1.11. Seja B = x3 , x2 , x, 1 a base canónica de P3 . Então:




⃗v1 = x3 − 2x + 1 ≡B (1, 0, −2, 1) , ⃗v2 = 3x3 − 2x2 − 2x + 3 ≡B (3, −2, −2, 3) ,


⃗v3 = x3 − x2 + 1 ≡B (1, −1, 0, 1) , ⃗v4 = x3 − x2 + 2x − 1 ≡B (1, −1, 2, −1) .

Seja a matriz real A, cujas colunas são formadas pelas componentes dos vetores ⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 e ⃗v4 , em
relação à base B:
1 3 1 1
 
 0 −2 −1 −1
A= .
 
−2 −2 0 2
1 3 1 −1
Com vista a aplicação C.2, reduz-se a matriz A à forma escalonada:
1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1
     
 0 −2 −1 −1 0 −2 −1 −1 0 −2 −1 −1
A= −→ −→
     
−2 −2 0 2  L3 ←L3 +2L1 0 4 2 4  L3 ←L3 +2L2 0 0 0 2
    

1 3 1 −1 L4 ←L4 −L1 0 0 0 2 0 0 0 −2
1 3 1 1
 
0 −2 −1 −1
−→ .
 
0 0 0 2

L4 ←L4 +L3
0 0 0 0
Como c (A) = 3, então dos quatro vetores, três são linearmente independentes, ⃗v1 , ⃗v2 e ⃗v4 (os que
correspondem às colunas dos pivots, na matriz escalonada).

Definição 1.9 (Definição de subsistema independente maximal). Seja V um espaço vetorial real, e
seja S um sistema de vetores, não todos nulos, de V . Um subsistema Sm de S diz-se independente
maximal, se é independente, mas se torna dependente se lhe acrescentar qualquer outro vetor de S.
Teorema 1.8. Seja V um espaço vetorial real. Seja
S = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk }
um sistema de vetores, não todos nulos, de V . Então, existe um subsistema maximal Sm de V .
Mais ainda, todo subsistema independente maximal de S tem o mesmo número de vetores.
Exemplo 1.12. De acordo com o Exemplo 1.11, dado S = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 , ⃗v4 }, tem-se Sm = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v4 } é
um seu subsistema independente maximal.
Definição 1.10 (Definição da caracterı́stica de um sistema de vetores). Seja S um sistema de vetores,
não todos nulos, dum espaço vetorial real V . Chama-se caracterı́stica de S, e representa-se por c(S),
ao número de vetores de um seu subsistema independente maximal.
Exemplo 1.13. Seja S = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 , ⃗v4 }, de acordo com o Exemplo 1.11. Então, c (S) = 3.
Teorema 1.9. Seja S = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 , . . . , ⃗vr , ⃗vr+1 , . . . , v⃗k } um sistema de vetores num espaço vetorial
real V , não todos nulos. Seja Sm um seu subsistema independente maximal. Então, S ≈ Sm .
Teorema 1.10. Num espaço vetorial real V , dois sistemas equivalentes de vetores têm a mesma
caracterı́stica.

Espaço vetorial real Pág. 13 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

1.6 Base de um espaço vetorial

Definição 1.11 (Base de um espaço vetorial). Seja V um espaço vetorial real, não nulo e finitamente
gerado. Chama-se base de V , a um sistema de geradores de V linearmente independentes.
n o
Por convenção, o espaço vetorial nulo, V = ⃗0 , tem como base o conjunto vazio, ∅.
n o
Nota 1.5. Nota-se que no espaço vetorial nulo, V = ⃗0 , não há vetores linearmente independentes.
No entanto, este espaço é finitamente gerado, já que
n o D E
V = ⃗0 = ⃗0 .

Nota 1.6. Por convenção, os vetores de uma base consideram-se escritos por uma ordem determinada,
pelo que os mesmos vetores, por uma outra ordem, formam uma base diferente da primeira.
Teorema 1.11. Todo espaço vetorial real V , finitamente gerado, tem pelo menos uma base.
Teorema 1.12. Duas bases de um espaço vetorial real V , finitamente gerado, têm o mesmo número
de vetores.
Definição 1.12 (Dimensão de um espaço vetorial). Chama-se dimensão de um espaço vetorial real
V , finitamente gerado, e representa-se por dim (V ), ao número de vetores de uma sua base qualquer.
Um espaço vetorial finitamente gerado (isto é, que admite um número finito de geradores) diz-se de
dimensão finita, enquanto que um espaço vetorial que não seja finitamente gerado diz-se de dimensão
infinita.
Teorema 1.13. Seja V um espaço vetorial real, de dimensão n. Então:

P1 Qualquer sistema de n vetores linearmente independentes de V forma uma sua base.


P2 Qualquer sistema de n geradores de V forma uma sua base.
P3 Qualquer sistema de vetores de V , com mais de n vetores é linearmente dependente.
P4 Se ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk ∈ V são vetores linearmente independentes, então é possı́vel constituir uma base
de V que inclua esses vetores.
Definição 1.13 (Componentes ou coordenadas de um vetor numa base). Seja B = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 , . . . , ⃗vk }
uma base ordenada do espaço vetorial real V . Cada vetor ⃗v ∈ V escreve-se, de uma única maneira,
na forma
⃗v = λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 + · · · + λk⃗vk .
Os escalares λ1 , λ2 , λ3 , . . . , λk ∈ R chamam-se componentes (ou coordenadas) do vetor ⃗v na base B,
e escreve-se
⃗v ≡B (λ1 , λ2 , λ3 , . . . , λk ) .
Nota 1.7. Nota-se que as componentes de um vetor num espaço vetorial real, de dimensão k, é uma
lista de k números reais, ou seja, é um elemento de Rk .
Componentes de um vetor e o próprio vetor são coisas distintas. Um vetor é um elemento bem definido
de um espaço vetorial real V , enquanto que as suas componentes é uma sequência de números reais,
cujos valores dependem da base considerada.
Exemplo 1.14. No espaço vetorial real, com as operações usuais, considere os seguintes vetores:
⃗v1 = (1, −1, 2) , ⃗v2 = (0, 1, 1) e ⃗v3 = (2, −2, 1) .
Seja ⃗v = (x, y, z) um vetor arbitrário de R3 . Então, B = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 } é uma base de V e
−3x − 2y + 2z 3x + y − z
 
⃗v ≡B , x + y, .
3 3

Espaço vetorial real Pág. 14 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Verificação do Exemplo 1.14. Como B é composto por 3 vetores e dim R3 = 3, então (pelo Teorema


1.13, P1 ) B é base de R3 se B é linearmente independente, ou seja,

λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 = ⃗0 ⇒ λ1 = λ2 = λ3 = 0.

Mas,
1 0 2 0
    
λ1
λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 = ⃗0 ⇔ AX = B ⇔ −1 1 −2 λ2  = 0 . (1.14)
    
2 1 1 λ3 0
Dado que
1 0 2
A = −1 1 −2 = 1 − 2 − (4 − 2) = −3,
2 1 1
então o SH (1.14) tem uma única solução. Consequentemente, λ1 = λ2 = λ3 = 0, ou seja, B é linear-
mente independente, logo constitui uma base de R3 .
As componentes dum vetor ⃗v = (x, y, z) ∈ R3 , na base B = {⃗v1 , ⃗v2 , v⃗4 }, é (λ1 , λ2 , λ3 ), tal que

λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 = (x, y, z) . (1.15)

Resolve-se o SEL (1.15), com vista a determinação de λ1 , λ2 e λ3 :

1 0 2 x 1 0 2 x
   

[A|B] =  −1 1 −2 y  −→ 0 1 0 x+y −→
   
 
L2 ←L2 +L1 L3 ←L3 −L2
2 1 1 z L3 ←L3 −2L1 0 1 −3 −2x + z
1 0 2 x 1 0 0 (2z − 3x − 2y) /3
   

 0 1 0 x+y −→  0 1 0 x+y
   
 
L1 ←L1 +2/3L3
0 0 −3 −3x − y + z L3 ←−1/3L3 0 0 1 (3x + y − z) /3

λ1 = (2z − 3x − 2y) /3


↔ 2 λ =x+y .

λ = (3x + y − z) /3

3

2z − 3x − 2y 3x + y − z
 
Assim, (x, y, z) ≡B , x + y, .
3 3
Exemplo 1.15. No espaço vetorial real P2 , seja B = x2, x − 1, −x2 + 2 . Então, B é base de P2 .

−9 −3
As componentes do vetor ⃗v = −3x2 − x − 2, na base B, é , −1, .
2 2

Verificação do Exemplo 1.15. Como B é composto por 3 vetores e dim P2 = 3, então B é base de


P2 se é linearmente independente.
B é linearmente independente se
 
λ1 x2 + λ2 (x − 1) + λ3 −x2 + 2 = 0 ⇒ λ1 = λ2 = λ3 = 0. (1.16)

Tem-se,
1 0 −1 λ1 0
    
 
λ1 x2 + λ2 (x − 1) + λ3 −x2 + 2 = 0 ⇔ 0 1 0  λ2  = 0 . (1.17)
    
0 −1 2 λ3 0

Espaço vetorial real Pág. 15 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Como
1 0 −1
1 0
0 1 0 = = 2,
−1 2
0 −1 2
então o sistema homogéneo (1.17) é possı́vel determinado, ou seja, λ1 = λ2 = λ3 = 0.
Assim, B = x2 , x − 1, −x2 + 2 é linearmente independente, logo B constitui uma base de P2 .


Como
9 3 2  9 3
− x2 − 1 (x − 1) − −x + 2 = − x2 − x + 1 + x2 − 3
2 2 2 2
= −3x2 − x − 2,

9 3
 
então ⃗v = −3x2 − x − 2 ≡B − , −1, − .
2 2

1.7 Bases canónicas de Rn e Pn , para n ∈ N

B1 A base canónica do espaço vetorial real R = P0 é B = {1}, isto é, ∀a ∈ R = P0 , a = a · 1,


consequentemente, a ≡B (a). Logo, dim (R) = dim P0 = 1.

B2 Para n ∈ N, n > 1, a base canónica do espaço vetorial real Rn , com as operações usuais, é o
sistema B com n vetores, de acordo com o seguinte:

B = {(1, , 0, 0, . . . , 0) , (0, 1, 0, . . . , 0) , (0, 0, 1, . . . , 0) , . . . , (0, 0, 0, . . . , 1)} ,

isto é, dim (Rn ) = n.


Então, ∀⃗x = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn , ⃗x = (x1 , x2 , . . . , xn ) ≡B (x1 , x2 , . . . , xn ).
Casos particulares:
Para o espaço vetorial real R2 , a base canónica é B = {(1, 0) , (0, 1)}.
Na Fı́sica, para representar um vetor ⃗v = (x1 , x2 ) = (vx , vy ) ∈ R2 , usa-se a seguinte anotação:

⃗v = x1 i + x2 j ou ⃗v = vx i + vy j.

onde i = (1, 0) e j = (0, 1).


A soma e o produto por escalar em R2 são compatı́veis com esta anotação. Com efeito, sejam

⃗v = (vx , vy ) = vx i + vy j e ⃗ = (wx , wy ) = wx i + wy j.
w

Soma:

⃗v + w
⃗ = (vx , vy ) + (wx , wy ) = (vx + wx , vy + wy )
= (vx + wx ) i + (vy + wy ) j = (vx i + vy j) + (wx i + wy j) .

Produto por um escalar λ ∈ R:

λ⃗v = λ (vx , vy ) = (λvx , λvy )


= (λvx ) i + (λvy ) j = λ (vx i + vy j) .

Para o espaço vetorial real R3 , a base canónica é B = {(1, 0, 0) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)}.

Espaço vetorial real Pág. 16 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Na Fı́sica, para representar um vetor ⃗v = (x1 , x2 , x3 ) = (vx , vy , vz ) de R3 , usa-se a seguinte


anotação:

⃗v = x1 i + x2 j + x3 k ou ⃗v = vx i + vy j + xz k.

onde i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1).


A soma e o produto por escalar em R3 são compatı́veis com esta anotação. Com efeito, sejam

⃗v = (vx , vy , vz ) = vx i + vy j + vz k e ⃗ = (wx , wy , wz ) = wx i + wy j + wz k.
w

Soma:

⃗v + w
⃗ = (vx , vy , vz ) + (wx , wy , wz ) = (vx + wx , vy + wy , vz + wz )
= (vx + wx ) i + (vy + wy ) j + (vz + wz ) k = (vx i + vy j + vz ) + (wx i + wy j + wz k) .

Produto por um escalar λ ∈ R:

λ⃗v = λ (vx , vy , vz ) = (λvx , λvy , λvz )


= (λvx ) i + (λvy ) j + (λvz ) k = λ (vx i + vy j + vz k) .

B3 Para n ∈ N0 , a base canónica do espaço vetorial real Pn (conjunto dos polinómios de coeficientes
reais e de graus não superiores a n), é o sistema B com n + 1 vetores,
n o
B = xn , . . . , x3 , x2 , x, 1 .

Isto é, dim (Pn ) = n + 1.


∀p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 , p(x) ≡B (an , an−1 , . . . , a1 , a0 ).

Exemplo 1.16. Seja p(x) = x3 − x2 + 2 um vetor do espaço vetorial de P3 . Considerando a base


canónica B = x , x , x, 1 , tem-se p(x) ≡B (1, −1, 0, 2).
 3 2

Se se considerar uma outra base de R3 ,o mesmo vetor, p(x) = x3 − x2 + 2, tem outras componentes em
relação à essa base. Por exemplo, seja B ′ = x3 − x2 + 1, 2x3 − x2 + 2, 2x − 3, 2x3 − x2 + 2x uma
outra base de P3 . Então, p(x) ≡B ′ (1, −1, −1, 1).
Exemplo 1.17. Seja ⃗v = −2i + 3j − 4k um vetor do espaço vetorial real R3 . Em relação à base
canónica, B = {(1, 0, 0) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)}, tem-se

⃗v = −2i + 3j − 4k ≡B (−2, 3, −4) .

Mas, considerando uma outra base, por exemplo, B ′ = {(1, 1, 0) , (2, 3, 1) , (−1, −1, 1)}, tem-se

⃗v = −2i + 3j − 4k ≡B (−21, 5, −9) .

1.8 Teorema de Steinitz

Lema 1.14. Seja V um espaço vetorial real. Sejam

⃗u, ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vi−1 , ⃗vi , ⃗vi+1 , . . . , ⃗vk ∈ V ,

e ⃗u ̸= ⃗0. Se
⃗u = λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + · · · + λi−1⃗vi−1 + λi⃗vi + λi+1⃗vi+1 + · · · + λk⃗vk
com algum λi ̸= 0, i ∈ {1, 2, . . . , k}, então

{⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vi−1 , ⃗vi , ⃗vi+1 , . . . , ⃗vk } ≈ {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vi−1 , ⃗u, ⃗vi+1 , . . . , ⃗vk } .

Espaço vetorial real Pág. 17 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Teorema 1.15 (Teorema de Steinitz). Sejam ⃗u1 , ⃗u2 , . . . , ⃗up vetores linearmente independentes de um
espaço vetorial real V . Suponha-se que cada um dos vetores ⃗ui , i = 1, 2, . . . , p, é combinação linear
de certos vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk . Então, é possı́vel substituir p dos vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk , pelos vetores
⃗u1 , ⃗u2 , . . . , ⃗up e obter, deste modo, um sistema equivalente a {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk }.
Exemplo 1.18. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, seja
S = {⃗v1 = (1, 1, 2) , ⃗v2 = (−2, 1, 1) , ⃗v3 = (1, −1, 1)} .
Como os vetores
⃗u1 = (2, 0, 3) , ⃗u2 = (−1, 0, 2)
são linearmente independentes e são combinações lineares dos vetores de S, então, segundo Teorema
de Steinitz, é possı́vel substituir dois dos vetores de S por ⃗u1 e ⃗u2 , obtendo um sistema de vetores
equivalente a S.

Verificação do Exemplo 1.18. Os vetores ⃗u1 e ⃗u2 são linearmente independentes, porque não são
proporcionais. Também, são combinações lineares dos vetores de S, pois SELs
⃗u1 = λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + λ3⃗v3 ,
⃗u2 = β1⃗v1 + β2⃗v2 + β3⃗v3
são possı́veis, com λ1 = 1, λ2 = 0, λ3 = 1, e β1 = 0, β2 = 1, β3 = 1, conforme o que se segue:
1 −2 1 2 −1 1 −2 1 2 −1
   

[A|B1 B2 ] =  1 1 −1 0 0  −→  0 3 −2 −2 1  −→
   
L2 ←L2 −L1 L1 ←L1 +(2/3)L2
2 1 1 3 2 L3 ←L3 −2L1 0 5 −1 −1 4 L2 ←(1/3)L2
L3 ←L3 −(5/3)L3

1 0 −1/3 2/3 −1/3 1 0 0 1 0


   

 0 1 −2/3 −2/3 1/3  −→  0 1 0 0 1 .


   
L1 ←L1 +(1/7)L3
0 0 7/3 7/3 7/3 L2 ←L2 +2/7L3 0 0 1 1 1
L3 ←(3/7)L3

Assim,
⃗u1 = ⃗v1 + ⃗v3 (1.18)
⃗u2 = ⃗v2 + ⃗v3 . (1.19)

Pelo Lema 1.14, S ≈ {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗u1 } S. Como ⃗v3 foi substituı́do por ⃗u1 , então, a partir da equação (1.18),
tem-se ⃗v3 = ⃗u1 − ⃗v1 . Substituindo ⃗v3 na equação (1.19), tem-se ⃗u2 = ⃗v2 + ⃗u1 − ⃗v1 . Então,
S ≈ {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗u1 } ≈ {⃗u2 , ⃗v2 , ⃗u1 } .

1.9 Consequências do Teorema de Steinitz

Corolário 1.16. Se num espaço vetorial real V , p vetores linearmente independentes se podem escre-
ver como combinações lineares de k vetores quaisquer, então p ≤ k.
Corolário 1.17. Num espaço vetorial real V , dois sistemas equivalentes de vetores, ambos linearmente
independentes, têm de ter o mesmo número de vetores.
Corolário 1.18. Num espaço vetorial real V , dois sistemas equivalentes, com o mesmo número de
vetores, têm a mesma natureza, isto é, são ambos dependentes ou ambos independentes.
Corolário 1.19. Num espaço vetorial real V , dois subsistemas independentes maximais, de um de-
terminado sistema de vetores, têm o mesmo número de vetores – veja a segunda parte do “ Teorema
1.8”.

Espaço vetorial real Pág. 18 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

1.10 Exercı́cios

1. Verifique se para cada um dos casos se obtém ou não um espaço vetorial real V , com as operações
indicadas:

1.1. V = R+
∀⃗u, ⃗v ∈ R+ , ∀λ ∈ R, tem-se:
⃗u + ⃗v = ⃗u · ⃗v (a adição é a multiplicação usual em R)
λ⃗u = ⃗uλ (a multiplicação por escalar é a potenciação usual em R)
1.2. V = R2
∀⃗u = (x1 , y1 ) , ⃗v = (x2 , y2 ) ∈ R2 , ∀λ ∈ R, tem-se:
⃗u + ⃗v = (y1 + y2 , x1 + x2 )
λ⃗u = (λx1 , λy1 )
1.3. V = R2
∀⃗u = (x1 , y1 ) , ⃗v = (x2 , y2 ) ∈ R2 , ∀λ ∈ R, tem-se:
⃗u + ⃗v = (x1 − y2 , y2 − x2 )
λ⃗u = (−λx1 , −λy1 )
1.4. V = R2
∀⃗u = (x1 , y1 ) , ⃗v = (x2 , y2 ) ∈ R2 , ∀λ ∈ R, tem-se:
⃗u + ⃗v = (x1 + y2 , y2 + x2 )
λ⃗u = (λx1 , 0)

2. Determine o valor do parâmetro real “a” que faz com que o vetor (1, −2, a) seja combinação
linear dos vetores (3, 0, −2) e (2, −1, −5), no espaço vetorial real R3 com as operações usuais.

3. No espaço vetorial real P2 , considere os vetores ⃗v1 = x2 + 2x + 1, ⃗v2 = αx2 + x+ e ⃗v3 = x + 1.


Determine o valor do parâmetro real α, de modo que ⃗v2 seja combinação linear de ⃗v1 e ⃗v3 .

4. Verifique se no espaço vetorial real P, se verifica


n o n o
x2 + x + 1, −x + 1, −3x2 + x + 1 ≈ x + 2, −x + 2, −x2 + 3x + 1 .

5. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, determine, caso existam, os valores reais
de “k” que tornam verdadeiras as seguintes afirmações:

5.1. {(k, 1, 0) , (0 , 0 , 1)} ≈ {(1, 1, 1) , (−1, −1, 1)} .


5.2. {(k, k, 0) , (0, 0, 1)} ≈ {(1, 1, 1) , (−1, k, 1)} .
5.3. {(k, 2, −1) , (2, −3, k)} ≈ {(1, 1, 0) , (0, 1, 0) , (0, 1, 1)} .

6. Determine as componentes do vetor:

6.1. xi+yj +zk, ∀x, y, z ∈ R, na base B = {(1, −1, 1) , (1, −2, 1) , (−1, −1, 1)}, do espaço vetorial
real R3 .
6.2. ax2 + bx + c, ∀a, b, c, ∈ R, na base B = x2 − 2x + 2, −x2 − x − 3, −2x2 − 1 , do espaço


vetorial real P2 .

7. Para cada caso, verifique se o sistema de vetores S constitui ou não uma base do espaço vetorial
indicado:

7.1. S = {(0, 1, 0, 1) , (1, 2, 5, −3) , (3, 0, 0, 0) , (−1, −2, −5, 3)}; no espaço vetorial real R4 .
7.2. S = 1, x + 1, x2 + 1, x3 + 1, x4 + 1 ; no espaço vetorial real P4 .


Espaço vetorial real Pág. 19 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

8. Verifique se os seguintes sistemas de vetores constituem ou não bases do espaço vetorial real P2 :

8.1. B = −x2 + x + 1, −x + 2 .


8.2. B = −3x2 + 2x + 1, −3x + 2, −3x2 − x + 3 .




8.3. B = x2 , x, x + 1, 1 .


8.4. B = −3x2 + 2x + 1, −3x + 2, 5x2 .




9. Considere o polinómio f (x) = ax3 + bx2 + cx + d, a, b, c, d ∈ R e a ̸= 0, no espaço vetorial real


P3 .

9.1. Mostre que B = {f (x), f ′ (x), f ′′ (x), f ′′′ (x)} constitui uma base de P3 , onde f ′ designa a
derivada de f .
9.2. Dado f (x) = 5x3 + 3x2 − 2x + 1, considere a base referida na alı́nea anterior, e escreva as
componentes de g(x) = 15x3 − 21x2 − 18x + 37 nessa base.

10. Diga quais os valores reais de “a” tornam independentes os seguintes sistemas de vetores, nos
espaços vetoriais indicados:

10.1. (a, 1, 0) , (1, a, 1) , (1, 0, 0), no espaço vetorial real R3 , com as operações usuais;
10.2. ax + 1, − (a + 1) x2 + x + a, x2 + 2, no espaço vetorial real P;
10.3. x + a, −x2 + ax + 1, x2 + 2, no espaço vetorial real P.

11. No espaço vetorial real F [R], com as operações usuais, considere uma função f que nunca se
anule, e funções g e h definidas por:

∀x ∈ R, tem-se: g(x) = xf (x) e h(x) = x2 f (x).

Verifique que f , g e h são linearmente independentes.

12. Seja V um espaço vetorial real. Considere os vetores ⃗a, ⃗b, ⃗c, d,
⃗ tais que ⃗c = 2⃗a − ⃗b e d⃗ = ⃗a + 3⃗b.

Mostre que, se ⃗a e b são linearmente independentes, o mesmo acontece com ⃗c e d. ⃗

13. Sejam ⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 vetores linearmente independentes dum espaço vetorial real V . Que pode
dizer-se sobre a dependência ou independência do sistema

S = {⃗v1 + ⃗v2 , ⃗v1 + ⃗v3 , ⃗v2 + ⃗v3 } .

2 Subespaço vetorial

Definição 2.1. Seja V um espaço vetorial real e S ⊆ V . Diz-se que S é um subespaço vetorial de V ,
e representa-se por S ≤ V se:

D4 S ̸= ∅;

D5 ∀⃗u, ⃗v ∈ S, tem-se ⃗u + ⃗v ∈ S;

D6 ∀λ ∈ R, ∀⃗u ∈ S, tem-se λ⃗u ∈ S.

As condições, D4 , D5 e D6 , da Definição 2.1 podem ser resumidas no seguinte teorema:

Teorema 2.1. Seja V um espaço vetorial real e S ⊆ V . Diz-se que S é um subespaço vetorial de V
se:

Espaço vetorial real Pág. 20 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

T1 S ̸= ∅;

T2 ∀λ, β ∈ R, ∀⃗u, ⃗v ∈ S, tem-se λ⃗u + β⃗v ∈ S.

Teorema 2.2. Seja V um espaço vetorial real e S ≤ V . Então:

T1 ⃗0 ∈ S;

T2 Se ⃗u ∈ S, então −⃗u ∈ S;

T3 Em relação às restrições das operações definidas em V ao conjunto S, tem-se S é um espaço


vetorial real.

Exemplo 2.1. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, o subconjunto

S = {(a, b, 0) : a, b ∈ R} (plano Oxy, plano de equação z = 0)

é um subespaço de R3 .

Verificação do Exemplo 2.1. Verifica-se as três condições, D4 , D5 e D6 , estabelecidas na Definição


do :

D1 S tem infinitos elementos, pois a, b ∈ R, logo S = {(a, b, 0) : a, b ∈ R} =


̸ ∅. Nota-se que
⃗0 = (0, 0, 0) ∈ S, basta tomar a = b = 0.

D2 Sejam ⃗u, ⃗v ∈ S. Então, existem a1 , b1 , a2 , b2 ∈ R, tais que ⃗u = (a1 , b1 , 0) e ⃗v = (a2 , b2 , 0). Logo:

⃗u + ⃗v = (a1 + a2 , b1 + b2 , 0) = (a3 , b3 , 0) , com a3 , b3 ∈ R.

Assim, ⃗u + ⃗v ∈ S.

D3 Para todo ⃗u = (a, b, 0) ∈ S, para todo λ ∈ R, tem-se:

λ⃗u = λ (a, b, 0) = (λa, λb, 0) , com λa, λb ∈ R.

Assim, λ⃗u ∈ S.

Exemplo 2.2. No espaço vetorial P2 , com as operações usuais, considera-se o subconjunto

S = {ax2 + bx + 1 : a, b ∈ R}.

Então, pelo , ponto T1 , tem-se S ≰ P2 , pois ⃗0 ∈


/ S.

Teorema 2.3. Seja V um espaço vetorial real finitamente gerado, e seja S ≤ V . Então:

T1 S é finitamente gerado;

T2 dim(S) ≤ dim(V );

T3 dim(S) = dim(V ) se, e somente se, S = V .

Exemplo 2.3. Para os subespaços vetoriais dos espaços vetoriais reais indicados, o , pontos T1 , T2
e T3 , se verifica:

Espaço vetorial real Pág. 21 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

E1 No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, o subespaço vetorial

S = {(a, b, 0) : a, b ∈ R}

é finitamente gerado, pois B = {(1, 0, 0) , (0, 1, 0)} é uma sua base. Nota-se que:
 
dim (S) = 2 < 3 = dim R3 ,

ou seja, S ̸= R3 , pelo ponto T3 .

E2 No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, o subespaço vetorial


n o
T = ax2 + (a − b)x − b : a, b ∈ R ,

também, é finitamente gerado, pois B = x2 + x, −x − 1 é uma sua base. Nota-se que:




 
dim (T ) = 2 < 3 = dim P2 ,

ou seja, S ̸= P2 , pelo ponto T3 .

2.1 Representação de um subespaço vetorial

Definição 2.2. Seja V um espaço vetorial real, e seja X = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk } ⊆ V . O conjunto S com-
posto por todas as combinações lineares dos vetores de X, ou seja,

S = {λ1⃗v1 + λ2⃗v2 + . . . + λk⃗vk : λ1 , λ2 , . . . , λk ∈ R}

é um subespaço vetorial de V , denominado subespaço gerado por X, e representado por

S = ⟨X⟩ .

Por convenção, ⟨∅⟩ = {⃗0}.

Exemplo 2.4. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, o subespaço vetorial S gerado
por X = {x2 − x + 1, −2x2 − 3x} é:
D E
S = x2 − x + 1, −2x2 − 3x
n     o
= a x2 − x + 1 + b −2x2 − 3x : a, b ∈ R
n o
= (a − 2b) x2 + (−a − 3b) x + a : a, b ∈ R .

Teorema 2.4. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam X e Y subconjuntos quaisquer de
V . Então:

T1 X ⊆ ⟨X⟩;

T2 X = ⟨X⟩ se, e somente se, X ≤ V ;

T3 ⟨V ⟩ = V ;
D E D E
T4 {⃗0} = {⃗0} = ⃗0

T5 Se X ⊆ Y , então ⟨X⟩ ⊆ ⟨Y ⟩;

Espaço vetorial real Pág. 22 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

T6 Se S ≤ V e X ⊆ S, então ⟨X⟩ ⊆ S;

T7 ⟨X⟩ é o único subespaço vetorial de V que satisfaz as propriedades (T1 ) e (T6 ), ou seja, o
subespaço gerado por X, ⟨X⟩, é o menor subespaço de V que contém X.

Teorema 2.5. O conjunto-solução de um sistema homogéneo, com coeficientes reais e com n incógnitas,
é um subespaço vetorial do espaço vetorial real Rn .

Exemplo 2.5. O conjunto-solução do sistema homogéneo,

x − 2y + z − w = 0
(
, (2.1)
−x + y + 2z − w = 0

sobre o corpo R, é um subespaço vetorial de R4 , com as operações usuais. A sua dimensão é 2 e uma
sua base é B = {(1, −1, 1, 0) , (−1, 2, 0, 3)}.

Verificação do Exemplo 2.5. Resolve-se o SH em (2.1):


" # " #
1 −2 1 −1 0 1 −2 1 −1 0
[A|B] = −→ −→
−1 1 2 −1 0 L2 ←L2 +L1 0 −1 3 −2 0 L1 ←L1 −2L2
L2 ←−1L2

x = 5α − 3β
" # 
1 0 −5 3 0

↔ y = 3α − 2β .
0 1 −3 2 0 
z = α ∈ R, w = β ∈ R

O conjunto-solução é

CS = {(5α − 3β, 3α − 2β, α, β) : α, β ∈ R}


= ⟨(5, 3, 1, 0) , (−3, −2, 0, 1)⟩ .

Então CS, o conjunto-solução do SH (2.1), é um subespaço vetorial de R4 , com as operações usuais,


com dimensão 2, e B = {(5, 3, 1, 0) , (−3, −2, 0, 1)} é uma sua base.

Teorema 2.6. Seja V um espaço vetorial real de dimensão n, e seja B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en } uma sua
base. Seja S um subespaço vetorial de V com dimensão k. Então, é possı́vel constituir um sistema de
“n − k” equações lineares homogéneas, com coeficientes reais, cujas soluções são as componentes dos
vetores de S, em relação à base B de V , considerada inicialmente.

Nota 2.1. O estabelece que todo subespaço de um espaço vetorial real de dimensão finita, pode ser
representado por um sistema de equações lineares homogéneas, em relação à uma determinada base.

Exemplo 2.6. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, o subespaço S, definido pelo SH
x−y+ z, em relação à base canónica, Bc = x2 , x, 1 , de P2 , tem dimensão 2, e uma sua base é
BS = x + x, −x2 + 1 .
 2

Exemplo 2.7. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, o subespaço S, definido pelo SH
x − y + z, em relação à base BP2 = x − x, x − 1, x2 + 2 de P2 , também, tem dimensão 2, e uma
 2

sua base é BS = x − 1, x + 2 .
 2

Verificação dos Exemplos 2.6 e 2.7. Resolve-se o SH dado:

x=y−z x=α−β
( (
x−y+z =0⇔ ⇔ .
y, z ∈ R y = α ∈ R, z = β ∈ R

Espaço vetorial real Pág. 23 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

As componentes dos vetores de S, em relação à base considerada, são (α − β, α, β), com α, β ∈ R.


E2.6 Se a base considerada for a base canónica de P2 , conforme o Exemplo 2.6, tem-se:
n o
S = (α − β) x2 + αx + β : α, β ∈ R
D E
= x2 + x, −x2 + 1 .

Uma base de S é x2 + x, −x2 + 1 e dim (S) = 2.




E2.7 Se a base considerada for a base BP2 = x2 − x, x − 1, x2 + 2 de P2 , conforme o Exemplo 2.7,




tem-se:
n     o
S = (α − β) x2 − x + α (x − 1) + β x2 + 2 : α, β ∈ R
n     o
= α x2 − x + x − 1 + β −x2 + x + x2 + 2 : α, β ∈ R
D E
= x2 − 1, x + 2 .

Uma base de S é x2 − 1, x + 2 e dim (S) = 2.




Exemplo 2.8. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, seja S = x2 − 1, x + 2 . Então:

E1 S é representado por x − 2y + z = 0, em relação à base canónica de P2 , Bc = x2 , x, 1 , ou seja,




n o
S = ax2 + bx + c : a − 2b + c = 0 .

E2 S é representado por −3y − 2z = 0, em relação à base B = {x2 − 1, x − 1, −x2 + x + 1}, ou seja,


n     o
S = a x2 − 1 + b (x − 1) + c −x2 + x + 1 : −3b − 2c = 0 .

Verificação do Exemplo 2.8. S = x2 − 1, x + 2 = α x2 − 1 + β (x + 2) : α, β ∈ R .


 

E1 Como o vetor genérico de P2 , em relação à base canónica, Bc = x2 , x, 1 , é




ax2 + bx + c, a, b, c ∈ R,

então determina-se a condição nas variáveis a, b e c, tal que


 
α x2 − 1 + β (x + 2) = ax2 + bx + c, (2.2)

ou seja, para que o SEL (2.2) seja possı́vel. Tem-se:

1 0 a 1 0 a 1 0 a
     

[A|B] =  0 1 b  −→  0 1 b −→  0 1 b .
     

L3 ←L3 +L1 L3 ←L3 −2L2
−1 2 c 0 2 a+c 0 0 a − 2b + c

Então, o SEL (2.2) é possı́vel se a − 2b + c = 0, logo


n o
S = ax2 + bx + c : a − 2b + c = 0 ,

equivalentemente, diz-se que S é definido por x − 2y + z = 0, em relação à base canónica.


E2 Como o vetor genérico de P2 , em relação à base BP2 = x2 − 1, x − 1, −x2 + x + 1 , é


   
a x2 − 1 + b (x − 1) + c −x2 + x + 1 , a, b, c ∈ R,

Espaço vetorial real Pág. 24 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

então determina-se a condição nas variáveis a, b e c, tal que


     
α x2 − 1 + β (x + 2) = a x2 − 1 + b (x − 1) + c −x2 + x + 1
  (2.3)
⇔ α x2 − 1 + β (x + 2) = (a − c) x2 + (b + c) x + −a − b + c,

ou seja, para que o SEL (2.3) seja possı́vel. Tem-se:

1 0 a−c 1 0 a−c
   

[A|B] =  0 1 b + c −→  0 1 b+c 
   

L3 ←L3 +L1
−1 2 −a − b + c 0 2 −b
1 0 a−c
 

−→ 0 1 b+c .
 

L3 ←L3 −2L2
0 0 −3b − 2c

Então, o SEL (2.3) é possı́vel se −3b − 2c = 0, logo


n     o
S = a x2 − 1 + b (x − 1) + c −x2 + x + 1 : −3b − 2c = 0 ,

equivalentemente, diz-se que S é definido por −3y − 2z = 0, em relação à base

B = {x2 − 1, x − 1, −x2 + x + 1}.

2.2 Interseção de subespaços vetoriais

Teorema 2.7. Seja V um espaço vetorial real, e sejam F, G ≤ V . Então, F ∩ G ≤ V.


Exemplo 2.9. No espaço vetorial real, com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais F e
G definidos, respetivamente, por:

x−y+z =0 x − 2y + 2z = 0
( (
e , (2.4)
x+y−z =0 y+z =0
n o
em relação à base B = {(1, 1, 1), (0, 1, −1), (−1, −1, 0)}. Então, F ∩ G = ⃗0 .

Verificação do Exemplo 2.9. F ∩ G é representado, em relação à esta base, pelo SH





x−y+z =0

x + y − z = 0

. (2.5)


x − 2y + 2z = 0
y+z =0


Como o SH (2.5) tem uma única solução, a trivial, pois


1 −1 1 0 1 −1 1 0 1 0 0 0
     
 1 1 −1 0   0 2 −2 0   0 1 −1 0 
[A|B] =  −→ −→
     
1 −2 2 0 0 −1 1 0  L1 ←L1 + 1 L2 0 0 0 0
    
 L2 ←L2 −L1
2
   
L3 ←L3 −L1
0 1 1 0 0 1 1 0 L2 ← 12 L2 0 0 2 0
L3 ←L3 + 21 L2
L4 ←L4 − 12 L2

x = 0


↔ y−z =0 ⇔ x = y = z = 0.

2z = 0

Espaço vetorial real Pág. 25 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Então,
n o
F ∩ G = ⃗x ∈ P2 : ⃗x ∈ F ∧ ⃗x ∈ G
n o
= {0 (1, 1, 1) + 0 (0, 1, −1) + 0 (−1, −1, 0)} = {(0, 0, 0)} = ⃗0 .

Exemplo 2.10. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais
F , definido por x + y − 2z = 0, em relação à base canónica, e G = x2 + x − 1, x2 + 2x + 1 . Então,
D E
F ∩ G = 3x2 + 7x + 5 .

Verificação do Exemplo 2.10. Como G é definido por 3x − 2y + z = 0, em relação à base canónica,


pois 
α = 2a − b


   
α x + x − 1 + β x + 2x + 1 = ax + bx + c ⇔ β = b − a
2 2 2
,

3a − 2b + c = 0

dado que

1 1 a 1 1 1 0 2a − b
     
a
[A|B] =  1 2 b  −→ 0 1 b − a −→ 0 1 b−a ,
     
  
L2 ←L2 −L1 L1 ←L1 −L2
−1 1 c L3 ←L3 +L1 0 2 a + c L3 ←L3 −2L2 0 0 3a − 2b + c

então F ∩ G é representado por


x + y − 2z = 0
(
, (2.6)
3x − 2y + z = 0
3 7
  
em relação à base canónica. O conjunto-solução do SH (2.6) é S = α, α, α : α ∈ R , pois
5 5
" # " # " #
1 1 −2 0 1 1 −2 0 1 0 −3/5 0
[A|B] = −→ −→
3 2 1 0 L2 ←L2 −3L1 0 −5 7 0 L1 ←L1 + 51 L2 0 1 −7/5 0
L2 ←− 51 L2
 
x = 5 z x = 5 α
 3  3
 
↔ y = 5z
7 ⇔ y = 5α 7 .
 
z ∈ R
 z = α ∈ R

Assim,
n o
F ∩ G = ⃗x ∈ P2 : ⃗x ∈ F ∧ ⃗x ∈ G
3 7
    
= α x2 + α x+α:α∈R
5 5
D E
= 3x2 + 7x + 5 .

Exemplo 2.11. No espaço vetorial real P2 , sejam os subespaços vetoriais


D E D E
F = x2 − x + 1, x2 + 2x + 2 e G = 2x2 + x + 1, −x2 − x + 3 . (2.7)
D E
Então, F ∩ G = 11x2 + 4x + 16 .

Espaço vetorial real Pág. 26 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Verificação do Exemplo 2.11. Seja


D E n     o
F = x2 − x + 1, x2 + 2x + 2 = α x2 − x + 1 + β x2 + 2x + 2 : α, β ∈ R
n o
= (α + β) x2 + (−α + 2β) x + α + 2β : α, β ∈ R . (2.8)

Um vetor de F , (α + β) x2 + (−α + 2β) x + α + 2β, com α, β ∈ R, pertence a G se, e só se, ele é
combinação linear dos geradores de G, ou seja, se o SEL
   
λ1 2x2 + x + 1 + λ2 −x2 − x + 3 = (α + β) x2 + (−α + 2β) x + α + 2β (2.9)

é possı́vel. Assim, o SEL (2.9) é possı́vel se, e só se, −10α + 12β = 0, pois:

2 −1 α+β 2 −1 α+β
   

[A|B] =  1 −1 −α + 2β  −→  0 −1/2 (−3/2) α + (3/2) β 


   
1
L2 ←L2 − 2 L1
1 3 α + 2β 1
0 7/2 (1/2) α + (3/2) β
L3 ←L3 − 2 L1

2 −1 α+β
 

−→  0 −1/2 (−3/2) α + (3/2) β  .


 
L3 ←L3 +7L2
0 0 −10α + 12β

Logo,
n o
F ∩ G = ⃗x ∈ P2 : ⃗x ∈ F ∧ ⃗x ∈ G
n o
= (α + β) x2 + (−α + 2β) x + α + 2β : −10α + 12β = 0
6
 
= (α + β) x2 + (−α + 2β) x + α + 2β : α = β ∧ β ∈ R
5
11 4 16
    
= β x2 − β x+ β :β ∈R
5 5 5
D E
= 11x2 + 4x + 16 .

2.3 Reunião de subespaços

Teorema 2.8. Seja V um espaço vetorial real, e sejam F, G ≤ V . Então F ∪ G é um subespaço


vectorial de V se, e somente se,
F ⊆ G ou G ⊆ F.

Nota 2.2. Se F e G são subespaços vetoriais, de dimensões finitas, de um espaço vetorial real V ,
então F ⊆ G se, e somente se, cada um dos geradores de F pertence a G, ou seja, cada gerador de F
é combinação linear dos geradores de G. Se F ⊆ G, então dim(F ) ≤ dim(G), e nesse caso F ∪ G = G.

Exemplo 2.12. No espaço vetorial real P2 , sejam F = x2 − x , G = ⟨x − 1, 1⟩. Então, F ∪ G não


é um subespaço vetorial de P2

Verificação do Exemplo 2.12. Como dim (G) = 2 e dim (F ) = 1, então G ⊈ F . Por outro lado,
F ⊈ G, porque o gerador de F , x2 − x, não é combinação linear dos geradores de G. Assim, pelo ,
F ∪ G ≰ P2 .

Espaço vetorial real Pág. 27 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

2.4 Soma/soma direta de subespaços

Definição 2.3. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam F e G subconjuntos de V . A soma
de F e G é n o
F + G = f⃗ + ⃗g : f⃗ ∈ F e ⃗g ∈ G .
n o
Se um dos conjuntos é unitário, por exemplo F = f⃗ , tem-se:
n o
f⃗ + G = f⃗ + G.

Teorema 2.9. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam F, G ≤ V . Então:

T1 F + G ≤ V ;
D E D E
T2 Se F = f⃗1 , f⃗2 , . . . , f⃗k e G = ⟨⃗g1 , ⃗g2 , . . . , ⃗gp ⟩, então F + G = f⃗1 , f⃗2 , . . . , f⃗k , ⃗g1 , ⃗g2 , . . . , ⃗gp .

Exemplo 2.13. No espaço vetorial real P2 , com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais
F , definido por x + y − 2z = 0, em relação à base canónica, e G = x2 + x − 1, x2 + 2x + 1 . Então,
F + G = P2 .

x = −α + 2β
(
Verificação do Exemplo 2.13. x + y − 2z = 0 ⇔ , logo:
y = α ∈ R, z = β ∈ R
n o D E
F = (−α + 2β) x2 + αx + β : α, β ∈ R = −x2 + x, 2x2 + 1 .

Sendo assim, pelo , tem-se:


n o
F + G = f⃗ + ⃗g : f⃗ ∈ F ∧ ⃗g ∈ G
D E
= −x2 + x, 2x2 + 1, x2 + x − 1, x2 + 2x + 1
D E
= −x2 + x, 2x2 + 1, x2 + x − 1 = P2 ,

segundo o . Nota-se que B = −x2 + x, 2x2 + 1, x2 + x − 1 , uma base de F +G = P2 , é um subsistema




independente maximal do sistema dos geradores de F + G, inicialmente determinados, pois

−1 2 1 1 −1 2 1 1 −1 2 1 1
     

A= 1 0 1 2  −→  0 2 2 2  −→ 0 2 2 2 .
     
L3 ←L3 − 21 L2

L2 ←L2 +L1
0 1 −1 1 0 1 −1 1 0 0 −2 0

Assim, c (A) = 3 = dim (F + G), logo F + G = P2 , e Sm = −x2 + x, 2x2 + 1, x2 + x − 1 , os três




geradores que correspondem às colunas dos pivots.

Teorema 2.10 (Teorema das dimensões). Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam F, G ≤ V .
Se F e G têm dimensões finitas, então

dim(F + G) = dim(F ) + dim(G) − dim(F ∩ G).

Definição 2.4. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam F, G ≤ V . Diz-se que S = F + G
é uma soma direta, e representa-se por S = F ⊕ G, se

F ∩ G = {⃗0}.

Teorema 2.11. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam F, G ≤ V . Se BF é uma base de
F , BG é uma base de G e S = F + G = F ⊕ G, então B = BF ∪ BG é uma base de S = F + G = F ⊕ G.

Espaço vetorial real Pág. 28 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Exemplo 2.14. No espaço vetorial real, com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais F e
G definidos, respetivamente, por:

x−y+z =0 x − 2y + 2z = 0
( (
e , (2.10)
x+y−z =0 y+z =0

em relação à base B = {(1, 1, 1), (0, 1, −1), (−1, −1, 0)}. Então, pelo Exemplo 2.9, F + G = F ⊕ G.
Sendo assim, uma base B de F + G = F ⊕ G é a reunião de uma base de F , BF , com uma base de
G, BG .
Definição 2.5. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e sejam F1 , F2 , . . . , Fk ≤ V . Diz-se que a
soma S = F1 + F2 + · · · + Fk é uma soma direta, e escreve-se S = F1 ⊕ F2 ⊕ · · · ⊕ Fk , se para todo
i ∈ 1, 2, . . . , k tem-se
 
k n o
Fj  = ⃗0 .
X
Fi ∩ 
i̸=j=1

Exemplo 2.15. No espaço vetorial real P3 , com as operações usuais, sejam


D E D E D E
F = x3 , x 2 , G = x3 + x e H = x3 + 1, 2x2 + 3x .

Então, S = F + G + H não é uma soma direta.

Verificação do Exemplo 2.15. Pela Definição 2.5, F + G + H é uma soma direta, equivalente-
mente,
S = F + G + H = F ⊕ G ⊕ H,
se, e só se: n o n o n o
F ∩ (G + H) = ⃗0 ∧ G ∩ (F + H) = ⃗0 ∧ H ∩ (G + F ) = ⃗0 .
Como dim (F ) = 2 e dim (G + H) = 3, então, aplicando o Teorema das dimensões, tem-se:
dim (F + (G + H)) = dim (F ) + dim (G + H) − dim (F ∩ (G + H))
⇔ dim (F ∩ (G + H)) = 5 − dim (F + (G + H)) ̸= 0,
pois dim (F + (G
n+o H)) é menor ou igual a 4, uma vez que F + (G + H) ≤ P3 e dim P3 = 4, logo

n o
F ∩ (G + H) ̸= ⃗0 , uma vez que dim ⃗0 = 0. Assim, S = F + G + H não é uma soma direta.

2.5 Subespaço complementar

Definição 2.6. Seja V um espaço vetorial real arbitrário, e seja F ≤ V . Chama-se subespaço
complementar de F a um subespaço vetorial F ′ de V tal que
F ⊕ F ′ = V.
Teorema 2.12. Seja V um subespaço vetorial real de dimensão finita, e seja F ≤ V . Então existe
um subespaço complementar de F.
Exemplo 2.16. No espaço vetorial real P4 , seja F = 1, x + 1, x2 + 1 . Então, pela , F ′ = x4 , x3 ,
por exemplo.
Nota 2.3. Se V é um espaço vetorial finitamente gerado, na determinação de um subespaço comple-
mentar F ′ , de um subespaço vetorial F de V , pode-se aplicar o Teorema de Steinitz. Ou seja, a partir
de uma base de V , constrói-se uma nova base de V , B ′ , que inclua os vetores da base de F . Nesse
caso, a base de F ′ é composto pelos vetores de B ′ que não pertencem a base de F .

Espaço vetorial real Pág. 29 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

2.6 Exercı́cios

1. Sabendo que cada um dos seguintes sistemas de vetores gera o espaço indicado determine, em
cada caso, um subsistema que seja uma base do espaço:

1.1. S = {(2, 1) , (−6, 3) , (1, 4)}; no espaço vetorial real R2 .


1.2. S = {(−2, 3, 1) , (3, −1, 2) , (1, 2, 3) , (−1, 5, 5)}; no espaço vetorial real R3 .
1.3. S = x2 − 1, x2 + 1, 4x, 2x − 3 ; no espaço vetorial real P2 .


1.4. S = 1, 4x + 3, 3x − 4, x2 + 2, x − x3 ; no espaço vetorial real P3 .




2. No espaço vetorial real P, construa um subsistema independente maximal do sistema


n o
S = x3 − x + 1, −x3 + x2 + 1, x2 + x, x3 + x, x3 + x2 + x + 1 .

3. No espaço vetorial real P, construa um sistema de vetores equivalentes ao sistema


n o
−x + 1, −x2 + x + 1, x2 + x + 1

que inclua os vetores


3x2 − x + 3, −5x2 + 2.

4. No espaço vetorial real R3 , construa um sistema de vetores equivalentes ao sistema

{(1, −1, 2) , (2, 1, 1) , (−1, 1, 1)}

que inclua os vetores


(1, 2, 3) , (3, 2, 1) .

5. No espaço vetorial real R3 , construa uma base que inclua os vetores

(1, −1, 2) , (2, 1, 1) .

6. No espaço vetorial real P3 , construa uma base, que inclua os vetores

x3 − x2 + x + 1, x3 + x − 1.

7. Sejam ⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 , ⃗v4 vetores linearmente independentes de um espaço vetorial real V .

7.1. Considere os vetores

⃗u1 = ⃗v1 + ⃗v2 , ⃗u2 = ⃗v2 − 2⃗v4 , ⃗u3 = ⃗v1 + 2⃗v4 , ⃗u4 = ⃗v4 ,

e construa um subsistema independente maximal de S = {⃗u1 , ⃗u2 , ⃗u3 , ⃗u4 }.

8. Verifique quais dos seguintes subconjuntos são subespaços vetoriais dos espaços vetoriais indica-
dos, com as operações usuais, indicando uma base para cada um deles:

8.1. S = {(x, y, z, w) : x = 0 = y + z}, no espaço vetorial real R4 .


8.2. S = ax3 + bx2 + cx + d : a é irracional , no espaço vetorial real P3 .


8.3. S = {(x, y, z, w) : x + y = 2z − w = 0}, no espaço vetorial real R4 .


8.4. S = {p(x) : p(0) = 0}, no espaço vetorial real P5 .
8.5. S = ax2 + bx + c : b ≥ 0 , no espaço vetorial real P2 .


8.6. S = {(x, y, z, w) : xy = 0}, no espaço vetorial real R4 .

Espaço vetorial real Pág. 30 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

8.7. S = {(x, y, z, w) : |x| ≥ 2}, no espaço vetorial real R4 .


8.8. S = ax2 + (a − b) x − b : a, b ∈ R , no espaço vetorial real P2 .

 
a 0

 b
 

8.9. S = 0 b a : a, b, c ∈ R , no espaço vetorial real R3×3 .
 
0 a

 c 

 
0 0

 c
 

8.10. S =  b a 0 : a, b, c ∈ R , no espaço vetorial real R3×3 .
 
 0

b a

9. Encontre uma base para cada um dos subespaços vetoriais dos espaços vetoriais indicados, com
as operações usuais:
9.1. S = {(x, y, z, w) : x + 2y − z = x + y + 2w = y − z + w = 0}, no espaço vetorial real R4 .
9.2. S = a x2 − x + b x2 + 1 + c (x + 2) : a − b + 3c = 0 , no espaço vetorial real P2 .
  

10. Defina, por intermédio de sistemas homogéneos, cada um dos subespaços vetoriais, do espaço
vetorial real P2 , em relação à base indicada:
10.1. = x2 − 1 , em relação à base B = x2 − x, x2 + 1, x + 2 .

S
10.2. = x2 − 1 , em relação à base canónica, Bc = x2 , x, 1 .

S
10.3. = x2 − x, x + 1 , em relação à base B = x2 − x + 1, x − 1, −x + 2 .

S
10.4. = x2 − x, x + 1 , em relação à base canónica, Bc = x2 , x, 1 .

S
11. Determine o subespaço vetorial de P3 , definido pelo sistema
x − y + z + 2w = 0
(
, (Ex.11)
x − 2y + z + w = 0

em relação à base B = x3 − x2 , x2 − x, x − 1, x3 .


12. Determine o subespaço vetorial de R4 , definido pelo sistema


x − y + z + 2w = 0
(
. (Ex.12)
x − 2y + z + w = 0

13. Determine uma base e a dimensão de cada um dos subespaços vetoriais, dos espaços vetoriais
indicados, em relação às operações usuais:
13.1. S = a x3 − x2 + b x2 − x + c (x − 1) + dx3 : a − b = a + b − c + 2d = 0 , no espaço ve-
  

torial real P3 .
13.2. S = {x (1, 1, 1) + y (0, −2, 1) + z (−1, −3, 1) : x − y = y − z = 0}, no espaço vetorial real
R3 .
13.3. S = {(3x + y, y + z, z, 0) : x, y, z ∈ R}, no espaço vetorial real R4 .
13.4. S = ax3 + (−a + b) x2 + (−b + c + 2d) x − c − 2d : a, b, c, d ∈ R , no espaço vetorial real


P3 .
14. No espaço vetorial real P3 , com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais,
D E
F = x3 + x2 , x3 − 1 (Ex.14.1)
e G, representado pelo sistema homogéneo
x − y + z − w = x + z + 2w = −y + z + w = 0, (Ex.14.2)
em relação à base B = x3 − x2 , x2 − 2x, x − 1, −x3 + x + 2 .


Espaço vetorial real Pág. 31 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

14.1. Determine F + G.
14.2. Represente F + G por intermédio de um sistema de equações lineares homogéneas, em
relação à base B.
14.3. Determine F ∩ G.

15. No espaço vetorial real R4 , com as operações usuais, seja o subespaço vetorial

F = ⟨(1, 1, 0, 0) , (1, 0, 0, 1)⟩ . (Ex.15)

15.1. Verifique se o vetor ⃗x = (1, 2, 0, −1) pertence a F .


15.2. Construa um subespaço vetorial, G, de R4 , de dimensão 2, tal que G ̸= F e G ∩ F = ⟨⃗x⟩.
15.3. Determine uma base e a dimensão G + F .
15.4. Construa um subespaço complementar de F em R4 .

16. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, sejam

F = {(x, y, z) : 3x + y = x − z = 0} e G = {(x, y, z) : kx + 2y − z = 0} , (Ex.16)

com k ∈ R. Determine o valor de k para o qual F ∪ G é um subespaço vetorial de R3 .

17. No espaço vetorial real R4 , com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais

F = ⟨(1, 0, 1, 0) , (0, 1, −1, 0) , (1, 1, 1, 1)⟩ (Ex.17.1)

e G, definido pelo sistema homogéneo

x+y−w =0
(
, (Ex.17.2)
x + 2z + w = 0

em relação à base canónica.

17.1. Determine F ∩ G.
17.2. Determine F + G.
17.3. Averigúe se F ∪ G ≤ R4 .

18. No espaço vetorial real R3 , com as operações usuais, sejam os subespaços vetoriais

F = ⟨(1, 0, 0)⟩ , G = {(x, y, z) : x + y = 0} e H = {(x, y, z) : 2x − y = x + z = 0} . (Ex.18)

Verifique se:

18.1. F + G = F ⊕ G.
18.2. F + G + H = F ⊕ G ⊕ H.

19. No espaço vetorial real P3 , seja F um subespaço vetorial definido pelo sistema homogéneo

x+y−z+w =0
(
(Ex.19)
x + y + z − w = 0,

em relação à base canónica de P3 .

19.1. Determine uma base de F .


19.2. Determine uma base de P3 , que inclua os vetores da base de F , determinada no ponto 19.1..

Espaço vetorial real Pág. 32 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

19.3. Indique um subespaço complementar de F .


D E
19.4. Seja H = x3 + x2 + kx + 1, kx3 + x2 + kx + 1 , com k ∈ R. Discuta, em função do
parâmetro k, a dimensão de F ∩ G.

20. No espaço vetorial real R4 , sejam os subespaços vetoriais

F = {(x, y, z, w) : x + y + z + w = 0} e G = {(x, y, z, w) : x = y = z = 0} . (Ex.20)

20.1. Verifique que F ⊕ G = R4 .


20.2. Indique dois outros subespaços vetoriais, U e V de R4 , distintos de F e G, tais que
U ⊕ V = R4 .

3 Matriz mudança de base

Definição 3.1. Seja V um espaço vetorial real de dimensão n ∈ N. Seja B = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn } uma
base de V , base antiga, e seja B ′ = {⃗v1′ , ⃗v2′ , . . . , ⃗vn′ } uma outra base de V , base nova. Então, a matriz
 
a11 a12 ··· a1n
  a21

a22 ··· a2n 
M B −→ B ′ =  (3.1)

 .. .. .. .. 
,
 . . . . 
an1 an2 · · · ann

onde ⃗vi′ ≡B (a1i , a2i , . . . , ani ), denomina-se matriz mudança de base, da base antiga B para a base
nova B ′ .
Nota 3.1. Nota-se que a primeira coluna da matriz M (B −→ B ′ ) é composta pelas componentes do
vetor ⃗v1′ na base B, a segunda coluna, pelas componentes do vetor ⃗v2′ na base B, e assim sucessiva-
mente.
Teorema 3.1. Toda matriz mudança de base é invertı́vel (ou regular). Qualquer matriz invertı́vel
pode ser considerada uma matriz mudança de base, isto é, dada uma matriz invertı́vel P de or-
dem n, é possı́vel tomar duas bases B e B ′ dum certo espaço vetorial V de dimensão n, tais que
P = M (B −→ B ′ ). Seja a matriz mudança de base de B para B ′ , P = M (B −→ B ′ ), então a matriz
mudança de base de B ′ para B é P −1 = M (B ′ −→ B).
Nota 3.2. Nota-se que a primeira coluna da matriz P −1 é composta pelas componentes do vetor ⃗v1
na base B ′ , a segunda coluna, pelas componentes do vetor ⃗v2 na base B ′ , e assim sucessivamente.
Teorema 3.2. Seja V um espaço vetorial, de dimensão n ∈ N, e sejam B = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn } e
B ′ = {⃗v1′ , ⃗v2′ , . . . , ⃗vn′ } duas bases de V . Sejam ⃗v ∈ V e P = M (B −→ B ′ ). Então,

λ′ 1
   
λ1
 ′   
 λ 2   λ2 
 ..  =  ..  ,
P (3.2)
  
 .   . 
λ′ n λn

onde ⃗v ≡B ′ (λ′ 1 , λ′ 2 , . . . , λ′ n ) e ⃗v ≡B (λ1 , λ2 , . . . , λn )


Exemplo 3.1. No espaço vetorial P2 , com as operações usuais, sejam as bases de P2 :
n o n o
B = x2 + 1, x − 1, x2 + x + 1 e B ′ = x2 , x, 1 . (3.3)

Então:

Espaço vetorial real Pág. 33 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

E3 A matriz mudança da base de B para a base B ′ é

2 −1 −1
 

P = M B −→ B ′ =  1 0 −1 ,
  
−1 1 1
pois,

x2 ≡B (2, 1, −1) , x ≡B (−1, 0, 1) , 1 ≡B (−1, −1, 1) .

E4 A matriz mudança da base B ′ para a base B é

1 0 1
 

Q = M B ′ −→ B = 0 1 1 ,
  
1 −1 1

pois, como B ′ é a base canónica de P2 , tem-se

x2 + 1 ≡B ′ (1, 0, 1) , x − 1 ≡B ′ (0, 1, −1) , x2 + x + 1 ≡B ′ (1, 1, 1) .

E5 Q é inversa de P , por outras palavras, Q = P −1 , pois

1 0 1 2 −1 −1 2−1 −1 + 1 −1 + 1
    

Q · P = 0 1 1  1 0 −1 =  1 − 1 1 −1 + 1 
    
1 −1 1 −1 1 1 2 − 1 − 1 −1 + 1 −1 + 1 + 1
1 0 0
 

= 0 1 0 = I3 .
 
0 0 1

E6 Seja ⃗v = ax2 + bx + c, a, b, c ∈ R, um vetor arbitrário de P2 . Então,

⃗v ≡B (2a − b − c, a − c, −a + b + c) .

Assim,
2a − b − c
   
a
Q  a − c  = b ,
   
−a + b + c c
e
⃗v ≡B ′ (a, b, c) .
Exemplo 3.2. Seja a matriz real invertı́vel

1 −1 1
 

P = 1 1 −2 .
 
−1 −1 −1

Como P ∈ R3×3 , então P pode ser matriz mudança de base em um espaço vetorial real tridimensional.
Por exemplo, seja n o
B = x2 + 1, x − 1, x2 + x + 1

uma base do espaço vetorial real P2 , com as operações usuais. Então,

Q = M B −→ B ′ ,


onde B ′ = −1, −2x2 − 3, −3x + 2 .




Espaço vetorial real Pág. 34 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

3.1 Exercı́cios

1. No espaço vetorial real P2 , sejam as base


n o n o
B = x2 − x + 1, −x + 1, −x2 − x + 2 , B ′ = x2 − x, −x2 + 2x + 1, −x2 + x + 1 .

1.1. Determine P = M (B −→ B ′ ).
1.2. Mostre que Q = P −1 = M (B ′ −→ B).
1.3. Sabendo que a matriz
1 −1 0
 

A = M (C −→ B) = 0 1 2 ,
 
1 2 5
determine a base C.

2. Justifique que a matriz  


−1 −2 −3
P = 1 3 4
 
−1 −2 −2
é uma matriz mudança de base de um espaço vetorial real de dimensão 3.

2.1. Determine duas bases, B e B ′ , de R3 , tais que P = M (B −→ B ′ ).


2.2. Determine as componentes (α′ , β ′ , γ ′ ) do vetor (a, b, c) ∈ R3 na base B ′ , determinada acima.
2.3. Mostre que as componentes do vetor (a, b, c) ∈ R3 na base B, determinada acima, é (α, β, γ),
onde    
α α′
β  = P β  .
   ′
γ γ′

3. No espaço vetorial real P3 , seja a matriz

0 1 0 2
 
−1 1 0 −1
P = M (B −→ C) =  ,
 
 0 0 2 2
0 −1 1 0

onde n o
B = x3 − x2 − x + 1, x2 + 1, −x2 − x − 1, −2x2 + x − 3 .
Sabendo que o vetor p(x) ≡C (−1, 1, 2, −1), determine o vetor p(x).

4 Espaço vetorial com produto interno

4.1 Produto interno

Definição 4.1 (Produto interno). Seja V um espaço vetorial real. Um produto interno (ou escalar)
em V é uma função que associa a cada par ordenado de vetores, ⃗u e ⃗v em V , um escalar real, denotado
por ⃗u · ⃗v , que satisfaz as seguintes propriedades:

D1 ∀⃗u, ⃗v , w
⃗ ∈ V , tem-se (⃗u + ⃗v ) · w
⃗ = ⃗u · w
⃗ + ⃗v · w;

D2 ∀⃗u, ⃗v ∈ V , ∀λ ∈ R, tem-se (λ⃗u) · ⃗v = λ (⃗u · ⃗v );

Espaço vetorial real Pág. 35 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

D3 ∀⃗u, ⃗v ∈ V , tem-se ⃗u · ⃗v = ⃗v · ⃗u;

D4 ∀⃗u ∈ V e ⃗u ̸= ⃗0, tem-se ⃗u · ⃗u > 0.

Teorema 4.1. Num espaço vetorial real V , com produto interno, também são válidas as seguintes
propriedades:

T1 ∀⃗u, ⃗v , w
⃗ ∈ V , tem-se w
⃗ · (⃗u + ⃗v ) = w
⃗ · ⃗u + w
⃗ · ⃗v ;

T2 ∀⃗u, ⃗v ∈ V , ∀λ ∈ R, tem-se ⃗u · (λ⃗v ) = λ (⃗u · ⃗v );

T3 ⃗u · ⃗u = 0 se, e somente se, ⃗u = ⃗0.

Exemplo 4.1 (Produto interno canónico em Rn , n ∈ N). Sejam n ∈ N, ⃗u = (u1 , u2 , . . . , un ) , ⃗v =


(v1 , v2 , . . . , vn ) ∈ Rn . Então, o produto interno canónico em Rn define-se da seguinte forma:

⃗u · ⃗v = (u1 , u2 , . . . , un ) · (v1 , v2 , . . . , vn )
= u1 v1 + u2 v2 + · · · + un vn .

Exemplo 4.2 (Produto interno no espaço de polinómios). Sejam ⃗u = p(x), ⃗v = q(x) ∈ P (Pn ), n ∈ N0 .
Então, define-se o seguinte produto interno:

⃗u · ⃗v = p(x) · q(x)
Z b
= p(t)q(t) dt, ∀a, b ∈ R, a < b.
a

Exemplo 4.3 (Outros produtos internos). São também produto interno os que se seguem:

E1 ∀⃗u = (u1 , u2 ) , ⃗v = (v1 , v2 ) ∈ R2 , tem-se

⃗u · ⃗v = (u1 , u2 ) · (v1 , v2 )
= u1 v1 + u2 v1 + u1 v2 + 2u2 v2 .

E2 ∀⃗u = (u1 , u2 , u3 ) , ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) ∈ R3 , tem-se

⃗u · ⃗v = (u1 , u2 , u3 ) · (v1 , v2 , v3 )
= 5u1 v1 + 2u2 v1 − u3 v1 + 2u1 v2 + 2u2 v2 − 3u3 v2 − u1 v3 − 3u2 v3 + 12u3 v3 .

4.2 Norma

Definição 4.2 (Norma). Seja V um espaço vetorial real


√ com um produto interno. Para cada ⃗x ∈ V ,
chama-se norma de ⃗x ao número não negativo ∥⃗x∥ = ⃗x · ⃗x.

Teorema 4.2 (Propriedade da norma). Seja V um espaço vetorial real, com produto interno. Para
quaisquer vetores ⃗x, ⃗y ∈ V , para todo λ ∈ R, tem-se:

T1 ∥⃗x∥ = 0, se, e somente se, ⃗x = ⃗0.

T2 ∀λ ∈ R, ∀⃗x ∈ V , tem-se ∥λ⃗x∥ = |λ| ∥⃗x∥.

T3 ∀⃗x, ⃗y ∈ V , tem-se |⃗x · ⃗y | ≤ ∥⃗x∥ ∥⃗y ∥ (Desigualdade de Cauchy-Schwarz). Dá-se a igualdade se, e
somente se, os vetores ⃗x e ⃗y são proporcionais.

Espaço vetorial real Pág. 36 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

T4 ∀⃗x, ⃗y ∈ V , tem-se ∥⃗x + ⃗y ∥ ≤ ∥⃗x∥ + ∥⃗y ∥ (Desigualdade triangular). Dá-se a igualdade se, e
somente se, um dos vetores se pode obter à custa do outro, por multiplicação por um escalar real
não negativo.
Exemplo 4.4. No espaço vetorial P, considere o produto interno definido no Exemplo 4.2, para
a = −1 e b = 1, ou seja, para quaisquer ⃗u = p(x), ⃗v = q(x) ∈ P, tem-se
Z 1
⃗u · ⃗v = p(t)q(t) dt.
−1

Então:
sZ sZ
1 1
∥−x + 1∥ = (−t + 1) (−t + 1) dt = t2 − 2t + 1 dt
−1 −1
v ! 1 s
1 1
u 3
u t  
= t − t2 + t = −1+1− − −1−1
3 −1 3 3

8 2 6
r
= = .
3 3
Exemplo 4.5. Seja o vetor ⃗x = (1, −1, 2), no espaço vetorial real R3 . Então:

E1 Em relação ao produto interno canónico, tem-se:


q √
∥⃗x∥ = 12 + (−1)2 + 22 = 6.

E2 Em relação ao produto interno definido no Exemplo 4.3, em E2 , tem-se:


√ √
∥⃗x∥ = 5 − 2 − 2 − 2 + 2 + 6 − 2 + 6 + 48 = 59.

4.3 Ângulo

Definição 4.3 (ângulo). Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno. Sejam ⃗x, ⃗y ∈ V ,
⃗x, ⃗y ̸= ⃗0, chama-se ângulo de ⃗x com ⃗y , ou entre ⃗x e ⃗y , e representa-se por ∡ (⃗x, ⃗y ), ao valor θ ∈ [0, π],
tal que
⃗x · ⃗y
cos (θ) = , (4.1)
∥⃗x∥ ∥⃗y ∥
ou seja,
⃗x · ⃗y
 
θ = ∡ (⃗x, ⃗y ) = arc cos .
∥⃗x∥ ∥⃗y ∥
Nota 4.1. A partir da fórmula (4.1) (Definição 4.3), obtém-se a seguinte fórmula para cálculo do
produto interno, se são conhecidas as normas dos vetores ⃗x e ⃗y , bem como o ângulo θ = ∡ (⃗x, ⃗y ):
⃗x · ⃗y = ∥⃗x∥ ∥⃗y ∥ cos (θ) . (4.2)
Exemplo 4.6. No espaço vetorial real R3 , sejam ⃗x = (1, −1, 1) e ⃗y = (−1, 2, −2). Então:

E1 O ∡ (⃗x, ⃗y ) ≈ 164°, em relação ao produto interno canónico. Pois,


⃗x · ⃗y = −1 − 2 − 2 = −5,
√ √
∥⃗x∥ = 3, ∥⃗y ∥ = 9 = 3,
e assim,
⃗x · ⃗y −5
   
θ = ∡ (⃗x, ⃗y ) = arc cos = arc cos √ ≈ 164°.
∥⃗x∥ ∥⃗y ∥ 3 3

Espaço vetorial real Pág. 37 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

E2 O ∡ (⃗x, ⃗y ) ≈ 165°, em relação ao produto interno definido no Exemplo 4.3, em E2 . Pois,

⃗x · ⃗y = −5 + 2 + 1 + 4 − 4 − 6 + 2 − 6 − 24 = −36,
√ √
∥⃗x∥ = 19, ∥⃗y ∥ = 73,

e assim,
⃗x · ⃗y 36
   
θ = ∡ (⃗x, ⃗y ) = arc cos = arc cos − √ ≈ 165°.
∥⃗x∥ ∥⃗y ∥ 1387
Teorema 4.3 (Propriedades de ângulo). Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno.
Então, para quaisquer vetores ⃗x, ⃗y ∈ V , ⃗x, ⃗y ̸= ⃗0, tem-se:

T1 ∡ (⃗x, ⃗x) = 0.

T2 ∡ (⃗x, ⃗y ) = ∡ (⃗y , ⃗x).

T3 ∡ (⃗x, ⃗y ) = ∡ (λ⃗x, β⃗y ), se λ e β são escalares reais não nulos, com o mesmo sinal.

T4 ∡ (⃗x, ⃗y ) = π − ∡ (λ⃗x, β⃗y ), se λ e β são escalares reais não nulos, com sinais contrários.

4.4 Ortogonalidade

Definição 4.4 (Ortogonalidade). Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno. Diz-se
que um vetor ⃗x é ortogonal a um vetor ⃗y , e representa-se por ⃗x ⊥ ⃗y , se ⃗x · ⃗y = 0.

Teorema 4.4 (Propriedades de ortogonalidade). Seja V um espaço vetorial real, com um produto
interno. Então, para quaisquer vetores ⃗x, ⃗y ∈ V , tem-se:

T1 Se ⃗x ⊥ ⃗y , então ⃗y ⊥ ⃗x.

T2 ⃗0 ⊥ ⃗x.

T3 ⃗x ⊥ ⃗x se, e somente se, ⃗x = ⃗0.

T4 Se ⃗x ⊥ ⃗y , então ⃗x ⊥ λ⃗y , para todo λ ∈ R.

Definição 4.5 (Sistema ortogonal e ortonormal de vetores). Seja V um espaço vetorial real, com um
produto interno. Os vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk ∈ V , com k ∈ N, formam um sistema ortogonal se cada
um deles é ortogonal a cada um dos outros, ou seja, ∀i, j ∈ {1, 2, . . . , k}, tem-s ⃗vi · ⃗vj = 0. Se para
além disso, ∀i ∈ {1, 2, . . . , k}, tem-se ∥⃗v1 ∥ = 1, diz-se que ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk formam um sistema ortonor-
mal, ou seja, um sistema de vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk ∈ V , com k ∈ N, é ortonormal se para quaisquer
i, j ∈ {1, 2, . . . , k} tem-se:

0, se i ̸= j
(
⃗vi · ⃗vj = .
1, se i = j

Definição 4.6 (Vetor unitário). Num espaço vetorial real V , com um produto interno, se ⃗u ∈ V é tal
que ∥⃗u∥ = 1, diz-se que ⃗u é um vetor unitário (ou normalizado).

Definição 4.7 (Versor de um vetor). Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno. Então,
versor de um vetor ⃗u ∈ V é o vetor
1 ⃗u
vers (⃗u) = ⃗u = .
∥⃗u∥ ∥⃗u∥

Espaço vetorial real Pág. 38 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Nota 4.2. Versor de um vetor ⃗u ∈ V é unitário (ou normalizado). Basta ver que:
⃗u 1 ∥⃗u∥
∥vers (⃗u)∥ = = ∥⃗u∥ = = 1.
∥⃗u∥ ∥⃗u∥ ∥⃗u∥
Exemplo 4.7. No espaço vetorial real R3 , sejam os vetores
⃗v1 = (1, 1, 1) , ⃗v2 = (−1, 1, 0) , ⃗v3 = (−1, −1, 2) .
Então:

E1 S = {⃗v1 , ⃗v2 , ⃗v3 } é um sistema ortogonal, para o produto interno canónico. Pois:
⃗v1 · ⃗v2 = −1 + 1 + 0 = 0, logo ⃗v1 ⊥ ⃗v2 ,
⃗v1 · ⃗v3 = −1 − 1 + 2 = 0, logo ⃗v1 ⊥ ⃗v3
⃗v2 · ⃗v3 = 1 − 1 + 0 = 0, logo ⃗v2 ⊥ ⃗v3 ,
ou seja, os vetores ⃗vi , com i = 1, 2, 3, são ortogonais dois a dois.
n √ √ √   √ √   √ √ √ o
E2 S ′ = {vers (⃗v1 ) , vers (⃗v2 ) , vers (⃗v3 )} = 3 3
3 , 3 , 3
3
, − 22 , 22 , 0 , − 66 , − 66 , 2 6 6 é um sis-
tema ortonormal. Nota-se que, em relação ao produto interno canónico, tem-se:
√ √
∥⃗v1 ∥ = 1 + 1 + 1 = 3,
√ √
∥⃗v2 ∥ = 1 + 1 = 2,
√ √
∥⃗v3 ∥ = 1 + 1 + 4 = 6.
Assim:
√ √ √ √ √ !
1 3 3 3 3 3
vers (⃗v1 ) = √ ⃗v1 = v⃗1 = (1, 1, 1) = , , ,
3 3 3 3 3 3
√ √ √
1 2 2 2
!
vers (⃗v2 ) = √ ⃗v2 = (−1, 1, 0) = − , ,0
2 2 2 2
√ √ √ √ !
1 6 6 6 2 6
vers (⃗v3 ) = √ ⃗v3 = (−1, −1, 2) = − ,− , .
6 6 6 6 6
Teorema 4.5. Todo sistema ortogonal formado por vetores não nulos é linearmente independente.
Em particular, todo sistema ortonormal é linearmente independente.
Definição 4.8 (Projeção ortogonal). Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno, e sejam
⃗ ∈V ew
⃗v , w ⃗ ̸= ⃗0. Então, projeção ortogonal de ⃗v sobre w
⃗ é o vetor
⃗v · w

projw⃗ ⃗v = w.

⃗ 2
∥w∥

No plano e no espaço usual (R2 e R3 ), a projeção ortogonal de ⃗v sobre w


⃗ pode ser representado por:
Teorema 4.6. Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno e seja w⃗ ∈V ew
⃗ ̸= ⃗0. Então,
∀⃗v ∈ V , tem-se:    
⃗v − projw⃗ ⃗v ⊥ w,
⃗ equivalentemente, ⃗v − projw⃗ ⃗v · w
⃗ = 0.
Teorema 4.7. Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno, e seja X um subconjunto de
V , composto por vetores ortogonais não nulos. Se ⃗v ∈ ⟨X⟩, então existem vetores w
⃗ 1, w ⃗ k ∈ X,
⃗ 2, . . . , w
tais que:
k
⃗v · w⃗
⃗v =
X
w
⃗ i.
i=1 ∥w ⃗ i ∥2

Espaço vetorial real Pág. 39 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Figura 1: Projeção de ⃗v sobre w⃗

Nota 4.3. os vetores w


⃗ 1, w ⃗ k ∈ X, referidos no Teorema 4.7, são tais que
⃗ 2, . . . , w

⃗v = λ1 w
⃗ 1 + λ2 w
⃗ 2 + · · · + λk w
⃗ k.

Então, se o subespaço ⟨X⟩ tem dimensão finita, os vetores w


⃗ 1, w ⃗ k ∈ X podem ser os vetores
⃗ 2, . . . , w
de uma determinada base de ⟨X⟩.

Exemplo 4.8. No espaço vetorial real R3 , com produto interno canónico, e seja

B = {(1, 1, 1) , (−1, 1, 0) , (−1, −1, 2)} .

uma sua base. Então,

E1 Pelo Exemplo 4.7, B é composto de vetores ortogonais não nulos. Então, para todo vetor
⃗v = (a, b, c) ∈ R3 , existem escalares reais (únicos) λ1 , λ2 , λ3 ∈ R3 , tais que

⃗v = (a, b, c) = λ1 (1, 1, 1) + λ2 (−1, 1, 0) + λ3 (−1, −1, 2) .

Logo, pelo Teorema 4.7, tem-se:


⃗v · w
⃗i
λi = , i = 1, 2, 3,
∥w⃗ i ∥2
onde w
⃗ 1 = (1, 1, 1), w
⃗ 2 = (−1, 1, 0) e w
⃗ 3 = (−1, −1, 2).

Assim, √ √ √
⃗ 1∥ =
∥w 3, ∥w
⃗ 2∥ = 2, ∥w
⃗ 3∥ = 6.
Então,

⃗v · w
⃗1 a+b+c ⃗v · w
⃗2 −a + b ⃗v · w
⃗3 −a − b + 2c
λ1 = 2 = , λ2 = 2 = , λ3 = 2 = .
∥w⃗ 1∥ 3 ∥w⃗ 2∥ 2 ∥w⃗ 3∥ 6

Teorema 4.8 (Teorema de Pitágoras). Seja V um espaço vetorial real, com um produto interno.
Sejam ⃗u, ⃗v ∈ V . Se ⃗u ⊥ ⃗v , então
∥⃗u + ⃗v ∥2 = ∥⃗u∥2 + ∥⃗v ∥2 .

4.5 Exercı́cios

1. Verifique se cada uma das seguintes operações é produto interno no espaço vetorial indicado:

1.1. ∀⃗u = (u1 , u2 ) , ⃗v = (v1 , v2 ) ∈ R2 , tem-se ⃗u · ⃗v = 3u1 v1 + u2 v1 + u1 v2 + 2u2 v2 .


1.2. ∀⃗u = (u1 , u2 ) , ⃗v = (v1 , v2 ) ∈ R2 , tem-se ⃗u · ⃗v = u1 v1 + u2 v1 + u1 v2 + u2 v2 .

Espaço vetorial real Pág. 40 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

1.3. ∀⃗u = (u1 , u2 , u3 ) , ⃗v = (v1 , v2 v3 ) ∈ R3 , tem-se

⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + 3u3 v1 + 2u1 v2 + 2u2 v2 + 3u1 v3 + u3 v3 .

1.4. ∀⃗u = (u1 , u2 , u3 ) , ⃗v = (v1 , v2 v3 ) ∈ R3 , tem-se

⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + u2 v1 + u3 v1 + u1 v2 + 3u2 v2 − u3 v2 + u1 v3 − u2 v3 + 2u3 v3 .

2. Considere os seguintes produtos internos no espaço vetorial real R3 . Para quaisquer vetores
⃗u = (u1 , u2 , u3 ) e ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) de R3 , tem-se:

⃗u · ⃗v = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 .
⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + u3 v1 + 2u2 v2 − u3 v2 + u1 v3 − u2 v3 + 2u3 v3 .
⃗u · ⃗v = 3u1 v1 + u2 v1 + u1 v2 + 2u3 v3 .

Sejam ⃗a = (1, 2, 1) , ⃗b = (−1, 1, 1) ∈ R3 .

2.1. Determine o ângulo de ⃗a com ⃗b, em relação a cada um destes produtos internos.
2.2. Determine as normas dos vetores ⃗a e ⃗b, em relação a cada um destes produtos internos.

3. No espaço vetorial real R3 , seja o produto interno definido da seguinte forma: para quaisquer
vetores ⃗u = (u1 , u2 , u3 ) e ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) de R3 , tem-se

⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + u2 v1 − u3 v1 + u1 v2 + 3u2 v2 − u1 v3 + u3 v3 .

3.1. Diga para que valores reais de α são ortogonais os vetores ⃗a = (2, α, 1) e ⃗b = (α + 1, 2, −1).
3.2. Determine um vetor unitário e ortogonal a ⃗u = (1, −1, 2) e ⃗v = (2, 1, −1).

4. No espaço vetorial real R3 , seja

B = {w
⃗ 1 = (1, −1, 1) , w
⃗ 2 = (1, 1, 0) , w
⃗ 3 = (−1, 1, 2)} .

4.1. Mostre que B é formado por vetores ortogonais, em relação ao produto interno canónico.
4.2. Conclua se B é ou não uma base de R3 .
4.3. Determine um conjunto ortonormal de vetores C = {u1 , u2 , u3 } formado por múltiplos es-
calares dos vetores de B.
4.4. Escreva o vetor ⃗v = (x, y, z) ∈ R3 , como combinação linear dos vetores de B, aplicando o
Teorema 4.7.

5. No espaço vetorial P3 , considere o produto interno definido por: para quaisquer vetores ⃗u = p(x)
e⃗v = q(x) de P3 , tem-se
Z 1
⃗u · ⃗v = p(t)q(t) dt.
−1

5.1. Verifique se B = x3 , x2 , x, 1 é uma base ortogonal de P3 .




5.2. Calcule a projeção de P (x) = x3 em q(x) = x.


5.3. Mostre que p(x) = x2 e q(x) = x são ortogonais, e verifique o Teorema de Pitágoras.
5.4. Determine o ângulo θ entre p(x) = x3 e q(x) = x.

Espaço vetorial real Pág. 41 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

5 Espaço euclidiano

Definição 5.1 (Espaço euclidiano). Chama-se espaço euclidiano a um espaço vetorial V de dimensão
finita e com um produto interno.

Definição 5.2 (Base ortogonal e ortonormal). Seja V um espaço euclidiano, de dimensão n ∈ N.


Então,

D1 Uma base B de V é ortogonal se B é um sistema ortogonal de vetores.

D2 Uma base B de V é ortonormal se B é um sistema ortonormal de vetores.

Exemplo 5.1. No espaço vetorial real Rn , com n ∈ N , a base canónica, isto é, a base formada pelos
vetores:
⃗e1 = (1, 0, 0, . . . , 0) , ⃗e2 = (0, 1, 0, . . . , 0) , . . . , ⃗en = (0, 0, 0, . . . , 1) ,
é ortonormal em relação ao produto interno canónico (ou usual), isto é, para quaisquer ⃗u = (u1 , u2 , . . . , un )
e ⃗v = (v1 , v2 , . . . , vn ) de Rn , tem-se

⃗u · ⃗v = u1 v1 + u2 v2 + · · · + un vn .

Teorema 5.1. Sejam w


⃗ 1, w ⃗ n vetores ortogonais não nulos de V . Então, ∀⃗v ∈ V , tem-se
⃗ 2, . . . , w
 
⃗v − projw⃗ 1⃗v − projw⃗ 2⃗v − · · · − projw⃗ n⃗v ⊥ w
⃗ k,

para cada k ∈ {1, 2, . . . , n}.

Teorema 5.2. Seja B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en } uma base de um espaço euclidiano V , de dimensão n, n ∈ N.
⃗e1
Então, existe uma base B ′ = {⃗u1 , ⃗u2 , . . . , ⃗un } de V , que é ortonormal, com ⃗u1 = .
∥⃗e1 ∥

5.1 Processo de ortogonalização de Gram-Schmitd

Na construção da base B ′ = {⃗u1 , ⃗u2 , . . . , ⃗un } (ver o Teorema 5.2) utiliza-se o processo de ortogona-
lização de Gram-Schmitd, sem, no entanto, excluir outros métodos. Esse processo consiste no seguinte
(no fundo, é a aplicação dos Teoremas 4.6 e 5.1):

⃗ 1 = ⃗e1
w
⃗ 2 = ⃗e2 − projw⃗ 1⃗e2
w
⃗ 3 = ⃗e3 − projw⃗ 1⃗e3 − projw⃗ 2⃗e3
w
...
⃗ n = ⃗en − projw⃗ 1⃗en − projw⃗ 2⃗en − · · · − projw⃗ n−1
w ⃗en

Seguidamente, determina-se:
w
⃗1 w
⃗2 w
⃗n
⃗u1 = vers (w
⃗ 1) = , ⃗u2 = vers (w
⃗ 2) = , . . . , ⃗un = vers (w
⃗ n) = .
∥w
⃗ 1∥ ∥w
⃗ 2∥ ∥w
⃗ n∥

Exemplo 5.2. Seja o espaço vetorial real R3 , com o produto interno canónico, isto é, para quaisquer
vetores ⃗u = (u1 , u2 , u3 ) e ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) de R3 , tem-se

⃗u · ⃗v = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 .

Espaço vetorial real Pág. 42 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Seja B = {(1, 1, 1) , (0, 0, 1) , (1, 0, 0)} uma base de R3 . Aplicando o processo de ortogonalização de
Gram-Schmitd, constrói-se uma base ortonormal B ′ = {⃗u1 , ⃗u2 , ⃗u3 }, da seguinte forma:
⃗ 1 = (1, 1, 1)
w
(0, 0, 1) · (1, 1, 1) 1 1 2
 
⃗ 2 = (0, 0, 1) −
w (1, 1, 1) = − , − ,
∥(1, 1, 1)∥ 2 3 3 3
 
(1, 0, 0) · (1, 1, 1) (1, 0, 0) · − 31 , − 13 , 23  1 1 2 
⃗ 3 = (1, 0, 0) −
w (1, 1, 1) − − ,− ,
∥(1, 1, 1)∥2 3 3 3
  2
−1, −1, 2 3 3 3
1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1
       
= (1, 0, 0) − , , + − ,− , = ,− ,− + − ,− ,
3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 6 6 3
1 1
 
= ,− ,0 .
2 2

Então:
√ √ √ √ !
w⃗1 3 3 3 3
⃗u1 = = (1, 1, 1) = , , ,
∥w⃗ 1∥ 3 3 3 3
√  √ √ √ !
w⃗2 6 1 1 2 6 6 6

⃗u2 = = − ,− , = − , , ,
∥w⃗2 ∥ 2 3 3 3 6 6 3
√ √
√ 1 1  2 2
!
w⃗3
⃗u3 = = 2 ,− ,0 = ,− ,0 .
∥w⃗ 3∥ 2 2 2 2
( √ √ √ ! √ √ √ ! √ √
3 3 3 6 6 6 2 2
!)

Assim, B = {⃗u1 , ⃗u2 , ⃗u3 } = , , , − , , , ,− ,0 .
3 3 3 6 6 3 2 2

5.2 Matriz da métrica

Definição 5.3 (Matriz da métrica). Seja V um espaço euclidiano de dimensão n ∈ N, e seja


B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en } uma sua base. A matriz real G = [⃗ei · ⃗ej ], com i, j ∈ {1, 2, . . . , n}, , denomina-se
por matriz da métrica, do produto interno definido em V , em relação à base B, considerada.
Nota 5.1 (Base Ortonormal/Matriz da métrica identidade). Num espaço euclidiano V , de dimensão
n ∈ N, a matriz da métrica em relação à uma base ortonormal, B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en }, é a matriz iden-
tidade, pois para todo i, j ∈ {1, 2, . . . , n}, tem-se:

0, se i ̸= j
(
⃗ei · ⃗ej = ,
1, se i = j
uma vez que ⃗ei ⊥ ⃗ej , para todo i, j ∈ {1, 2, . . . , n} e i ̸= j, e ∥⃗ei ∥ = 1, para todo i ∈ {1, 2, . . . , n}.
Teorema 5.3. Seja V um espaço euclidiano de dimensão n ∈ N, e seja B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en } uma sua
base. Seja G = [⃗ei · ⃗ej ], com i, j ∈ {1, 2, . . . , n}, a matriz da métrica, do produto interno definido em
V, em relação à base B. Sejam ⃗u, ⃗v ∈ V , tais que
⃗u ≡B (u1 , u2 , . . . , un ) e ⃗v ≡B (v1 , v1 , . . . , vn ) .
Então,  
v1
i  v2  h
h  i
u1 u2 · · ·  .. 
un G   = ⃗
u · ⃗
v .
.
vn

Espaço vetorial real Pág. 43 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Exemplo 5.3. Seja o produto interno, definido em R3 , da seguinte forma: para quaisquer vetores
⃗u = (u1 , u2 , u3 ) e ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) de R3 , tem-se:
⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + u2 v1 − u3 v1 + u1 v2 + 3u2 v2 − u1 v3 + u3 v3 .
Então, em relação à base canónica de R3 , este produto interno pode ser representado matricialmente
por:
i 2 1 −1
  
h i h v1
⃗u · ⃗v = u1 u2 u3  1 3 0  v2  .
  
−1 0 1 v3
Teorema
n 5.4. Seja o V um espaço euclidiano, de dimensão n ∈ N, e sejam B = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn } e
′ ⃗′ ⃗ ′ ⃗
B = v 1 , v 2 , . . . , v n duas bases de V. Seja P = M (B −→ B ′ ), a matriz mudança de base, da base

antiga B para a base nova B ′ . Se G é a matriz da métrica do produto interno em V , em relação à


base B, então a matriz da métrica do produto interno em V , em relação à base B ′ , é G′ = P t GP .
Corolário 5.5. Nas condições do Teorema 5.4, se B e B ′ são bases ortonormais, então P é tal que
P −1 = P t .
Definição 5.4 (Matriz ortogonal). Seja P uma matriz quadrada real de ordem n ∈ N. Diz-se que P
é ortogonal, se P −1 = P t .
Exemplo 5.4 (Matriz ortogonal). Seja o espaço espaço vetorial real R3 , com o produto interno
canónico. Como, em relação a este produto interno, as bases
1 2 2 2 1 2 2 2 1
     
B = {(1, 0, 0) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)} e B′ = , , , , , , − , ,
3 3 3 3 3 3 3 3 3
são ortonormais, então, pelo Corolário 5.5 a matriz
1/3 2/3 −2/3
 

P = M B −→ B ′ =  2/3 1/3 2/3  .


  
−2/3 2/3 1/3
é ortogonal.
Teorema 5.6 (Produto de matrizes ortogonais). Sejam P e Q matrizes quadradas reais. Se P e Q
são matrizes ortogonais, então P Q é também uma matriz ortogonal.
Definição 5.5 (Matriz definida positiva). Seja A uma matriz real simétrica, de ordem n ∈ N, isto
é, A = At . Diz-se que A é uma matriz definida positiva, se para cada vetor ⃗u = (u1 , u2 , . . . , un ) ̸= ⃗0,
tem-se  
u1
i   u2  h i
h 
u1 u2 · · · un A  .  = u ,
 .. 

un
com u > 0.
Teorema 5.7 "(Matriz# definida positiva de ordem 2). Seja A uma matriz simétrica, de ordem 2,
a b
ou seja, A = , com a, b, c ∈ R. Então, a matriz A é definida positiva se, e somente se,
b c
|A| = ac − b2 > 0.
" #
1 −2
Exemplo 5.5. A matriz real A = é definida positiva.
−2 5
Teorema 5.8 (Matriz da métrica/Matriz definida positiva). Seja V um espaço euclidiano. Então,
qualquer matriz da métrica, em V , é definida positiva.

Espaço vetorial real Pág. 44 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

5.3 Complemento ortogonal

Definição 5.6 (Complemento ortogonal). Seja V um espaço euclidiano, e seja ∅ = ̸ S ⊂ V . O com-


plemento ortogonal de S, designado por S , é o conjunto de todos os vetores de V que são ortogonais

a todos os vetores de S, ou seja,

S ⊥ = {⃗v ∈ V : ⃗v · ⃗u = 0, ∀⃗u ∈ S} .

Teorema 5.9. Seja V um espaço euclidiano, e seja ∅ =


̸ S ⊂ V . Então, o conjunto S ⊥ é um subespaço
vetorial de V .
Exemplo 5.6. Seja V um espaço euclidiano arbitrário. Então:
n o⊥
E1 ⃗0 =V.
n o
E2 V ⊥ = ⃗0 .
Exemplo 5.7. Seja o espaço euclidiano Rn , com n ∈ N, com o produto interno canónico. Seja
S = {⃗v } ⊆ Rn , onde ⃗v = (a1 , a2 , . . . , an ) é um vetor não nulo de Rn . Então:

S ⊥ = {⃗x = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn : ⃗v · ⃗x = 0} ,

equivalentemente,

S ⊥ = {(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn : a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn = 0} .

Em particular, se:

E1 Se n = 3 e S = {⃗v } ⊆ R3 , com ⃗v = (a, b, c) ̸= ⃗0, então


n o
S ⊥ = (x, y, z) ∈ R3 : ax + by + cz = 0 ,

que é a equação do plano que passa pela origem, (0, 0, 0), e com vetor normal ⃗v = (a, b, c).
E2 Se n = 2 e S = {⃗v } ⊆ R2 , com ⃗v = (a, b) ̸= ⃗0, então
n o
S ⊥ = (x, y) ∈ R2 : ax + by = 0 ,

que é a equação da reta que passa pela origem, (0, 0).


Exemplo 5.8. Seja o espaço euclidiano R3 , com o produto interno canónico, e seja

S = {(1, 1, 1) , (−1, 0, 1)}

um subconjunto de R3 . Então:
n o
S ⊥ = (x, y, z) ∈ R3 : (x, y, z) · (1, 1, 1) = 0 ∧ (x, y, z) · (−1, 0, 1) = 0
n o
= (x, y, z) ∈ R3 : x + y + z = −x + z = 0 .

Assim:

x = z

x+y+z =0
( 
⇔ y = −2z ,
−x + z = 0 
z = λ ∈ R

logo, tem-se
S ⊥ = {(λ, −2λ, λ) : λ ∈ R} = ⟨(1, −2, 1)⟩ .

Espaço vetorial real Pág. 45 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

Teorema 5.10. Seja V um espaço euclidiano, com um produto interno. Para quaisquer subconjuntos
não vazios X e Y de V , tem-se:

T1 Se X ⊆ Y , então Y ⊥ ⊆ X ⊥ .
 ⊥
T2 X ⊆ X ⊥ .

T3 ⟨X⟩⊥ = X ⊥ , e, em particular, ⟨{⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk }⟩⊥ = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk }⊥ .

Nota 5.2. O Ponto T3 , do Teorema 5.10, permite calcular complemento ortogonal de qualquer su-
bespaço, finitamente gerado, de V . Por exemplo, no espaço vetorial real R3 , com o produto interno
canónico, tem-se:

⟨(1, 1, 1) , (−1, 0, 1)⟩⊥ = {(1, 1, 1) , (−1, 0, 1)}⊥ = ⟨(1, −2, 1)⟩ (ver o Exemplo 5.8).

Teorema 5.11. Seja V um espaço euclidiano, e seja F um subespaço vetorial de V . Então, tem-se:

T1 V = F ⊕ F ⊥ .
 ⊥
T2 F⊥ = F.

5.4 Projeção ortogonal sobre um subespaço

Definição 5.7 (Projeção ortogonal sobre um subespaço). Seja V um espaço euclidiano, e seja F um
subespaço vetorial de V . Dado um vetor ⃗v ∈ V , pode-se escrever ⃗v = ⃗v1 + ⃗v2 , com ⃗v1 ∈ F e ⃗v2 ∈ F ⊥ .
Então, nestas condições, diz-se que ⃗v1 é a projeção ortogonal de ⃗v sobre F , e que ⃗v2 é a projeção
ortogonal de ⃗v sobre F ⊥ , e escreve-se:
⃗v ⃗v
⃗v1 = proj⊥ F e ⃗v2 = proj⊥ F ⊥ .

Exemplo 5.9. No espaço euclidiano R3 , com o produto interno canónico, seja o subespaço vetorial
F = ⟨(1, −1, 0)⟩. Seja ⃗v = (x, y, z) um vetor arbitrário de R3 . Então:

E1 F ⊥ = ⟨(1, 1, 0) , (0, 0, 1)⟩, pois


n o
F ⊥ = {(1, −1, 0)}⊥ = (a, b, c) ∈ R3 : (1, −1, 0) · (a, b, c) = 0
n o
= (a, b, c) ∈ R3 : a − b = 0 = {(b, b, c) : b, c ∈ R}
= ⟨(1, 1, 0) , (0, 0, 1)⟩ .

E2 Para todo vetor ⃗v = (x, y, z) ∈ R3 , tem-se:


x−y x−y x+y x+y
   
⃗v ⃗v
proj⊥ F = ,− ,0 e proj⊥ F ⊥ = , ,z ,
2 2 2 2

pois, R3 = ⟨(1, −1, 0) , (1, 1, 0) , (0, 0, 1)⟩, uma vez que R3 = F ⊕ F ⊥ , e, por conseguinte,

B = {(1, −1, 0) , (1, 1, 0) , (0, 0, 1)}

é uma base de R3 , composto pelos vetores que compõem as bases de F e F ⊥ . Assim, existem
escalares reais λ1 , λ2 e λ3 , tais que:

⃗v = λ1 (1, −1, 0) + λ2 (1, 1, 0) + λ3 (0, 0, 1) .

Espaço vetorial real Pág. 46 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

x−y x+y
Mas, λ1 = , λ2 = e λ3 = z, dado que:
2 2
x−y
1 1 0 x 1 1 0 1 0 0
     
x 2
 −1 1 0 y   0 2 0 x+y 
x+y
−→ −→ 0 1 0
     
2
L1 ←L1 − 12 L2
 
L2 ←L2 +L1
0 0 1 z 0 0 1 z 1
0 0 1 z
L2 ← 2 L2

Assim,
x−y x−y x−y
 
⃗v
proj⊥ F = (1, −1, 0) = ,− ,0 ,
2 2 2
x+y x+y x+y
 
⃗v
proj⊥ F ⊥ = (1, 1, 0) + z (0, 0, 1) = , ,z .
2 2 2
Teorema 5.12. Seja V um espaço euclidiano, es seja B = {⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vk } uma base ortogonal de um
subespaço vetorial F de V . Então,
⃗v
proj⊥ F = proj⃗v1⃗v + proj⃗v2⃗v + · · · + proj⃗vk⃗v .

5.5 Distância

Definição 5.8 (Distância entre dois vetores). Seja V um espaço vetorial, com um produto interno.
Para quaisquer vetores ⃗a, ⃗b ∈ V , chama-se distância de ⃗a a ⃗b ao número real
 
d ⃗a, ⃗b = ⃗a − ⃗b .

Teorema 5.13 (Propriedades de distância entre vetores). Seja V um espaço vetorial real, com um
produto interno. Para quaisquer vetores ⃗a, ⃗b, ⃗c ∈ V , tem-se:
 
E1 d ⃗a, ⃗b = 0 ⇔ ⃗a = ⃗b.
   
E2 d ⃗a, ⃗b = d ⃗b, ⃗a .
   
E3 d ⃗a, ⃗b ≤ d (⃗a, ⃗c) + d ⃗c, ⃗b .

Definição 5.9 (Distância de um vetor a um subespaço). Seja V um espaço vetorial, com um produto
interno, e seja F um subespaço vetorial, de dimensão finita, de V . Dado um vetor ⃗v ∈ V , chama-se
distância de ⃗v a F , ao número real
n o
d (⃗v , F ) = min ⃗v − f⃗ : f⃗ ∈ F .

Teorema 5.14. Seja V um espaço vetorial, com um produto interno, e seja F um subespaço vetorial,
⃗v
de dimensão finita, de V . Para cada vetor ⃗v ∈ V , a proj⊥ F é o vetor de F mais próximo de ⃗v , isto
é, cuja distância a ⃗v é mı́nima.

Nota 5.3. Seja V um espaço vetorial, com um produto interno, e seja F um subespaço vetorial, de
dimensão finita, de V . Então, para cada ⃗v ∈ V , tem-se:
n o
d (⃗v , F ) = min ⃗v − f⃗ : f⃗ ∈ F
⃗v
= ⃗v − proj⊥ F (aplicação do Teorema 5.14)
r
⃗v
= ∥⃗v ∥ − proj⊥ F (pela aplicação do Teorema de Pitágoras).

Espaço vetorial real Pág. 47 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

5.6 Produto externo

Definição 5.10. Seja V um espaço vetorial real, de dimensão n ∈ N. Seja B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en } uma
base de V . Sejam ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn vetores arbitrários de V . Seja a matriz
 
v11 v12 ··· v1n
 v21

v22 ··· v2n 
A=

 .. .. .. .. 
 . . . . 

vn1 vn2 · · · vnn
cujas colunas são compostas pelas componentes dos vetores ⃗vi , com i ∈ {1, 2, . . . , n}, na base B, con-
siderada. O determinante da matriz A, toma o nome de determinante dos vetores ⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn , em
relação à base B:
detB (⃗v1 , ⃗v2 , . . . , ⃗vn ) = |A| .
Teorema 5.15. Seja V um espaço euclidiano de dimensão 3, com uma base fixa B = {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 }. Seja
ε um número real positivo qualquer e sejam os vetores ⃗u, ⃗v ∈ V , linearmente independentes. Então,
existe um, e um só, vetor ⃗z, tal que:

T1 ⃗z ⊥ ⃗u e ⃗z ⊥ ⃗v ,
T2 ∥⃗z∥ = ε,
T3 detB (⃗u, ⃗v , ⃗z) > 0.
Definição 5.11 (Produto externo). Seja V um espaço euclidiano de dimensão 3, com uma base fixa
B = {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 }. Para quaisquer vetores ⃗u, ⃗v ∈ V , chama-se produto externo (ou produto vetorial) de
⃗u por ⃗v , e representa-se por ⃗u × ⃗v , ao vetor assim definido:

T1 Se os vetores ⃗u e ⃗v são linearmente dependentes, então ⃗u × ⃗v = ⃗0.


T2 Se os vetores ⃗u e ⃗v são linearmente independentes, então ⃗u × ⃗v é o único vetor de V que verifica
as seguintes condições:
(a) (⃗u × ⃗v ) ⊥ ⃗u e (⃗u × ⃗v ) ⊥ ⃗v ,
(b) ∥⃗u × ⃗v ∥ = ∥⃗u∥ ∥⃗v ∥ sen (∡ (⃗u, ⃗v )),
(c) detB (⃗u, ⃗v , ⃗u × ⃗v ) > 0.
Nota 5.4. A determinação do produto externo de dois vetores, linearmente independentes, é, em
geral, muito laboriosa. No entanto, se se conhece as componentes dos vetores, em causa, em relação
à uma base ortonormal, o cálculo fica muito mais fácil, de acordo com o Teorema 5.16.
Teorema 5.16. Seja V um espaço euclidiano de dimensão 3, com uma base ortonormal fixa, B = {⃗e1 , ⃗e2 , . . . , ⃗en }.
Para quaisquer vetores ⃗u, ⃗v ∈ V , sejam
⃗u ≡B (u1 , u2 , u3 ) e ⃗v ≡B (v1 , v2 , v3 ) .
Então, tem-se:
⃗u × ⃗v ≡B (u2 v3 − u3 v2 , u3 v1 − u1 v3 , u1 v2 − u2 v1 ) .
Nota 5.5. E1 Existe uma regra mnemónica para se obter o resultado da fórmula (5.16):
⃗e1 ⃗e2 ⃗e3
⃗u × ⃗v = u1 u2 u3
v1 v2 v3
u2 u3 u u3 u u2
= ⃗e1 − 1 ⃗e2 + 1 ⃗e .
v2 v3 v1 v3 v1 v2 3

Espaço vetorial real Pág. 48 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

E2 Se os vetores ⃗u e ⃗v forem vetores do espaço euclidiano R3 , então ∥⃗u × ⃗v ∥ representa a área do


paralelogramo, construı́do sobre os vetores dados, conforme a Figura 2.

Figura 2: Área do paralelogramo construı́do sobre ⃗u e ⃗v

Exemplo 5.10. No espaço euclidiano R3 , com o produto interno canónico, sejam os vetores ⃗u = (1, 3, 4)
e ⃗v = (2, −6, −5) de R3 . Então:

E1 ⃗u×⃗v = (9, 13, −12), pois, como a base canónica, B = {⃗e1 = (1, 0, 0) , ⃗e2 = (0, 1, 0) , ⃗e3 = (0, 0, 1)},
é ortonormal, em relação ao produto interno canónico, então:

3 4 1 4 1 3
⃗u × ⃗v = ⃗e − ⃗e + ⃗e = (9, 13, −12) .
−6 −5 1 2 −5 2 2 −6 3

E2 (⃗u × ⃗v ) ⊥ ⃗u e (⃗u × ⃗v ) ⊥ ⃗v , pois:

(⃗u × ⃗v ) · ⃗u = 9 + 39 − 48 = 0,
(⃗u × ⃗v ) · ⃗v = 18 − 78 + 60 = 0.

E3 ∥⃗u × ⃗v ∥ = ∥⃗u∥ ∥⃗v ∥ sen (∡ (⃗u, ⃗v )), pois:


q √
(a) ∥⃗u × ⃗v ∥ = 92 + 132 + (−12)2 = 394.
√ √ √ √ √
(b) ∥⃗u∥ ∥⃗v ∥ = 1 + 9 + 16 · 4 + 36 + 25 = 26 · 65 = 1690.
⃗u · ⃗v 36
(c) Como cos (∡ (⃗u, ⃗v )) = = −√ , então, pela Lei Fundamental da Trigonometria,
∥⃗u∥ ∥⃗v ∥ 1690
tem-se:
36
 2
sen (∡ (⃗u, ⃗v )) = 1 − cos (∡ (⃗u, ⃗v )) ⇔ sen (∡ (⃗u, ⃗v )) = 1 −
2 2 2

1690

394 394
⇔ sen (∡ (⃗u, ⃗v )) =
2
⇔ sen (∡ (⃗u, ⃗v )) = √ ,
1690 1690
pois ∡ (⃗u, ⃗v ) ∈ [0, π].

Assim, √
√ 394 √
∥⃗u∥ ∥⃗v ∥ sen (∡ (⃗u, ⃗v )) = 1690 · √ = 394 = ∥⃗u × ⃗v ∥ .
1690

5.7 Exercı́cios

1. Considere o espaço euclidiano R4 , com o produto interno canónico. Aplique o processo de


ortogonalização de Gram-Schmitd para encontrar uma base ortonormal do subespaço vetorial
F , que tem como base B = {(1, 1, −1, 0) , (0, 2, 0, 1) , (−1, 0, 0, 1)}.

Espaço vetorial real Pág. 49 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

2. Considere o espaço euclidiano R3 , com o produto interno canónico. Use o processo de ortogona-
lização de Gram-Schmitd, para transformar a base B = {(1, 1, 1) , (0, 1, 1) , (1, 2, 3)} numa base
ortonormal.

3. No espaço euclidiano R3 , seja o seguinte produto interno: ∀⃗u = (u1 , u2 , u3 ) , ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) ∈ R3 ,


tem-se
⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + u2 v1 − u3 v1 + u1 v2 + 3u2 v2 − u1 v3 + u3 v3 .
Aplique o processo de ortogonalização de Gram-Schmitd, para transformar a base

B = {(1, 1, 1) , (0, 1, 1) , (1, 2, 3)}

numa base ortonormal.

4. Considere o subespaço vetorial


n o
F = (a, b, c) ∈ R3 : a + b − c = 0 ,

do espaço euclidiano R3 , com o produto interno canónico. Encontre uma base ortonormal de F .

5. Encontre duas bases ortonormais, B e B ′ , do espaço euclidiano R3 , com o produto interno


canónico.

5.1. Determine a matriz mudança de base P = M (B −→ B ′ ). Mostre que P é uma matriz


ortogonal.

6. Seja o espaço euclidiano R3 , com o seguinte produto interno: ∀⃗u = (u1 , u2 , u3 ) , ⃗v = (v1 , v2 , v3 ) ∈ R3 ,
tem-se:
⃗u · ⃗v = 2u1 v1 + u2 v1 − u3 v1 + u1 v2 + 3u2 v2 − u1 v3 + u3 v3 .

6.1. Determine a matriz da métrica G, em relação à base canónica B, e a matriz da métrica G′ ,


em relação à base B ′ = {(1, 1, 1) , (−1, 0, 1) , (2, 1, 1)} de R3 .
6.2. Determine a matriz mudança de base P = (B −→ B ′ ).
6.3. Verifique que G′ = P t GP .
6.4. Verifique que G′ é uma matriz definida positiva.

7. No espaço euclidianoR4 , seja o seguinte produto interno:


4
1
⃗x · ⃗y = (x1 y2 + x2 y1 ) +
X
xj yj ,
2 j=1

onde ⃗x = (x1 , x2 , x3 , x4 ) e ⃗y = (y1 , y2 , y3 , y4 ) são vetores arbitrários de R4 . Sendo

1
   
F = (1, −1, 0, 0) , 1, 0, , 0 , (0, 2, 1, 2) .
2
Determine:

7.1. Uma base ortonormal para F .


7.2. A projeção ortogonal do vetor ⃗v = (2, 2, −4, 1) ∈ R4 sobre F , e sobre F ⊥ .
7.3. Determine d (⃗v , F ).

Espaço vetorial real Pág. 50 de 51


Cursos: EIC, EC, EM, EQB, EA, EARN Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2023/24

Ano: 1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1º Semestre

8. No espaço euclidiano R2 , seja o seguinte produto interno:

⃗x · ⃗y = 3x1 y1 − x1 y2 − x2 y1 + 2x2 y2 ,

onde ⃗x = (x1 , x2 ) e ⃗y = (y1 , y2 ) são vetores arbitrários de R2 . Indique uma base ortonormal para
o espaço.

9. No espaço euclidiano R3 , seja um produto interno que, em relação à base canónica, tenha a
matriz da métrica
2 −1 0
 

−1 1 0 .
 
0 0 3
Indique uma base ortonormal para R3 .

10. No espaço euclidiano R3 , com o produto interno canónico, sejam os vetores

⃗u = (−1, 1, 2) , ⃗v = (0, −1, 2) , w


⃗ = (2, −1, −3) .

Determine, supondo fixa a base canónica:

10.1. ⃗u × ⃗v .
10.2. ⃗v × w.

10.3. (⃗u + ⃗v ) × w.

10.4. ⃗u · (⃗v × w).

11. No espaço euclidiano R3 , seja uma base B = {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 }, formada pelos vetores unitários e que
π
fazem entre si o ângulo de . Sejam
3
⃗x = ⃗e1 − ⃗e3 , ⃗y = −⃗e1 + e⃗2 , ⃗z = −⃗e1 + 2⃗e3 .

Calcule:

11.1. ⃗x × ⃗y .
11.2. (⃗x × ⃗y ) · ⃗z.
11.3. (⃗x × ⃗y ) × ⃗z.

12. Mostre o Corolário 5.5.

13. Verifique que a matriz P obtida no Exemplo 5.4 é de facto ortogonal.

Referências

[1] NICHOLSON, W. K. (2006). Álgebra Linear. McGraw-Hill, 2ª ed., São Paulo.

[2] MONTEIRO, A.; PINTO, G.; MARQUES C. (1997). Álgebra Linear e Geometria Analı́tica –
Problemas e Exercı́cios. McGraw-Hill de Portugal Lda., Lisboa.

[3] MONTEIRO, A. (2001). Álgebra Linear e Geometria Analı́tica. McGraw-Hill de Portugal Lda.,
Lisboa.

Espaço vetorial real Pág. 51 de 51

Você também pode gostar