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1 Introdução 4
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1
2
5 Soluções analı́ticas 65
5.1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6 Transformada de Laplace 85
Introdução
F :J×I×R . . × R} → R
| × .{z
nvezes
y ′′ + sin(x)y ′ + xy = x2 .
y ′ + 2xy = 1.
Definição 1.1.4 Uma solução explı́cita da e.d.o. (1.1) é uma função n vezes diferenciável
y : (a, b) ⊆ J → I tal que
4
Cap.1 Introdução 5
Dizemos que a equação (1.1) está na forma normal se ela puder ser expressa como
y (n) = f x, y, y ′, . . . , y (n−1)
O termo ordinária refere-se ao fato da incógnita y ser função apenas de uma variável inde-
pendente.
onde ai (x) são funções contı́nuas definidas num intervalo J ⊆ R e an (x) 6= 0 para todo x ∈ J.
Quando g(x) = 0 para todo x ∈ J, a equação (1.2) é dita homogênea.
a) y ′′ + sin(x)y ′ − y = 0 b) y ′′ + x2 y = 0
dx
c) D 3 y + xDy + cos2 (xy) = x2 + tx2 = 0
d)
dt
2. Verifique em cada caso se as funções dadas são soluções das e.d.o. e especifique um
intervalo de definição apropriado
y · y ′ = 1, y(0) = 0
Teorema 1.2.1 Se f é uma função de classe C 1 num aberto W ⊆ R × Rn então para cada
ponto (x0 , y1o, y2o , . . . , yno ) ∈ W existe uma única função y = y(x) definida num intervalo
aberto em torno de x0 que é solução de (1.3) e satisfaz as condições iniciais
Definição 1.2.2 Um problema de valor inicial é composto de uma e.d.o. como em (1.1) e
n condições iniciais da forma (1.4)
Usando o teorema (1.2.1), verificações triviais de prováveis soluções podem ser suficientes
para resolver o problema de valor inicial.
tem uma única solução. Note que a função y(x) = 0 para todo x > 0 resolve a equação
diferencial e satisfaz y(1) = 0 e y ′ (1) = 0. Logo, por unicidade das soluções y(x) ≡ 0 é a
única solução de (1.6)
y ′′ + y = 0, y(0) = 1 e y(π) = −1
tem infinitas soluções do tipo y(x) = cos x + λ sin x onde λ ∈ R é uma constante. Por que
isso não contraria o teorema (1.2.1)?
Cap.1 Introdução 8
Lista de Exercı́cios I
1. Informe a ordem de cada e.d.o. e classifique-a como linear ou não-linear.
a) x2 y ′′ + xy ′ + 2y = sin x b) (1 + y 2)y ′′ + xy ′ + y = ex
a) x2 y ′′ + 4xy ′ + 2y = 0 b) x2 y ′′ − 4xy ′ + 4y = 0
4. Considere a e.d.o. y ′′′ = 0. Mostre que y1 (x) = x2 e y2 (x) = −x2 , para x ∈ R, são
soluções. Pergunta: a função 2
x, x≥0
y(x) = 2
−x , x < 0
é também solução da mesma e.d.o.? Justifique!
5. Sejam c ∈ R constante e
1
φ(x) = −
x+c
a) Verifique que φ é solução da equação y ′ = y 2.
b) Determine a solução do problema y ′ = y 2, y(0) = y0 para y0 = 1, y0 = −1 e y0 = 0. Em
cada caso especifique o intervalo de definição da solução.
y ′′ + a(x)y ′ + b(x)y = 0
Cap.1 Introdução 9
onde a(x) e b(x) são funções de classe C 1 definidas num intervalo J ⊆ R. O que se pode dizer
acerca de uma solução y = y(x) cujo gráfico é tangente ao eixo x em algum ponto x0 ∈ J?
Baseie-se no teorema (1.2.1) para demonstrar que não existe solução alguma definida num
intervalo − π2 − ǫ, π2 + ǫ com ǫ > 0.
xy ′ = 2y, y(0) = 0
Respostas
2. a) não e sim
b) sim e sim
c) sim e sim
3. a) r = −1 e r = −2 b) r = 1 e r = 4
1
5. b) φ1 (x) = − x−1 , J = (−∞, 1) ou J = (1, +∞).
1
φ2 (x) = − x+1 , J = (−∞, −1) ou J = (−1, +∞).
φ3 (x) = 0, J = R.
Neste caso, dizemos que a função y = φ(x), x ∈ (a, b) é definida implicitamente pela
equação F (x, y) = C onde C = F (x0 , y0).
10
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 11
Com as primitivas de p(y) e q(x), denotadas respectivamente por P (y) e Q(x), defina a
função F : J × I → R pela regra
F (x, y) = C (2.5)
Proposição 2.1.2 A função definida implicitamente por (2.5) é a solução do PVI (2.4).
Prova: Com efeito, derivando a identidade F (x, φ(x)) = C com respeito a x obtemos
∂F ∂F
· φ′ (x) + =0
∂y ∂x
donde segue que p(φ(x)) · φ′ (x) + q(x) = 0. A condição inicial é trivialmente satisfeita.
Vemos portanto que o problema de valor inicial dado por uma e.d.o. separável se reduz
a resolver uma equação em duas variáveis.
x
q(x) = , x∈R=J
1 + x2
cujas primitivas são
P (y) = ln(1 + y)
1
Q(x) = ln(1 + x2 )
2
Assim, a solução y = φ(x) é definida implicitamente pela equação
1
ln(1 + y) +ln(1 + x2 ) = ln C
2
onde C > 0 é constante e y ∈ (−1, +∞). Aplicando propriedades de ln temos
(1 + y)2(1 + x2 ) = C 2 .
Perceba que neste exemplo é possı́vel explicitar φ(x). Obtemos como solução geral de 2.6 a
famı́lia a um parâmetro
C
y = φ(x) = −1 + √
1 + x2
no intervalo x ∈ (−1, 1) = J.
Esse último exemplo mostra a importância em deixar claro quem são os domı́nios I e J
e como essas escolhas afetam o resultado de um P.V.I.
De acordo com a definição (1.1.6) as e.d.o. lineares de primeira ordem podem ser escritas
na forma
y ′ + p(x)y = f (x) (2.9)
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 14
Isso permitiria integrar a equação e determinar explicitamente a solução. Uma tal função µ,
deve satisfazer a e.d.o. separável
µ′ = p(x) · µ (2.10)
A integração de (2.10) é imediata tem como solução positiva a função
Z x
µ(x) = exp p(s)ds . (2.11)
Com isso, mostramos que se y(x) é solução de (2.9) então ela deve ser da forma (2.12).
Havendo uma condição inicial y(x0 ) = y0 , a solução de (2.9) fica
Z x
1
y(x) = y0 · µ(x0 ) + µ(s)f (s)ds , x ∈ J. (2.13)
µ(x) x0
Observação 2.2.2 Note que o intervalo de definição da solução (2.13) é o mesmo domı́nio
das funções p(x) e f (x).
y ′ + 2x−1 y = 4x
donde
2
p(x) = e f (x) = 4x
x
Aqui devemos escolher o intervalo de definição da solução. Observe que o domı́nio de p(x)
é (−∞, 0) ∪ (0, ∞). Pelo fato de x0 = 1 ∈ (0, ∞) restringiremos a equação diferencial ao
intervalo J = (0, ∞).
O fator integrante é Z
x
2
µ(x) = exp ds = exp(2 ln x) = x2
s
De acordo com (2.13) a solução procurada é
Z x
1 2 1 3
y(x) = 2 −2(1) + s 4sds = 2 −2 + x4 − 14 = x2 − 2 ,
2
x ∈ J.
x 1 x x
y ′ = f (x, y)
com f de classe C 1 e, de acordo com o teorema da existência e unicidade (1.2.1), para cada
ponto (x0 , y0 ) ∈ J × I existe uma única função y = y(x), definida num intervalo (a, b) ⊂ J
que é solução do problema
Definição 2.3.1 Uma equação do tipo (2.18) é dita exata se existir uma função F : J×I → R
tal que
∂F ∂F
=M e =N (2.20)
∂x ∂y
As restrições (2.20) implicam que F deve ser constante ao longo das soluções de (2.18). Com
efeito, sendo y : (a, b) → I uma solução de (2.18), temos que
d ∂F ∂F dy
F (x, y(x)) = + = M(x, y(x)) + N(x, y(x))y ′ = 0, ∀x ∈ (a, b)
dx ∂x ∂y dx
ou seja, F é constante ao longo da solução (x, y(x)). Assim, se y = y(x) é a solução do
problema (2.19) então ela satisfaz F (x, y(x)) = F (x0 , y0 ).
Por outro lado, uma vez que ∂y F = N 6= 0, o teorema das funções implı́citas (2.1.1)
garante que para cada ponto (x0 , y0 ) ∈ J × I existe uma única função y = φ(x) definida
numa vizinhança de x0 tal que F (x, φ(x)) = F (x0 , y0 ) e φ(x0 ) = y0 . Ora, a solução y(x) da
e.d.o. exata também satisfaz F (x, y(x)) = F (xo , y0 ) e y(x0 ) = y0 de modo que na interseção
de seus domı́nios ambas são iguais, isto é, y(x) = φ(x).
O raciocı́nio acima mostra que a solução de uma equação exata é definida implicitamente
pela equação F (x, y) = C onde C = F (x0 , y0 ).
Vamos agora estabelecer um critério para decidir se uma equação do tipo (2.18) é exata
e, neste caso, como determinar a integral primeira F.
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 17
então
∂F
= M(x, y)
∂x
e
∂F
= N(x, y) − N(x1 , y) + N(x1 , y) = N(x, y)
∂y
Observação 2.3.3 A derivação sob o sinal de integral é possı́vel desde que M e N sejam
de classe C 1 .
Sol.: Temos M(x, y) = y cos x + 2xey e N(x, y) = sin x + x2 ey + 2 > 0 para todo (x, y) ∈ R2
donde
My = cos x + 2xey = Nx
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 18
Portanto a equação (2.22) é exata. Tomando (x1 , y1) = (0, 0) usamos a fórmula (2.21) para
calcular a integral primeira
Z x Z y
x
F (x, y) = y
y cos s + 2se ds + sin(0) + 02 ey + 2ds = y sin s + s2 ey 0 + 2s|y0
0 0
F (x, y) = y sin x + x2 ey + 2y
As soluções de (2.22) são definidas implicitamente pela equação
y sin x + x2 ey + 2y = C.
Considere agora uma equação do tipo (2.18) que não é exata, por exemplo
y − xy ′ = 0
Generalizando a ideia, procuremos uma função µ(x, y) tal que o produto da equação (2.18)
por µ seja exata. Para isso, µ deve satisfazer
∂y (µ · M) = ∂x (µ · N)
µ · (∂y M − ∂x N) = N · ∂x µ − M · ∂y µ (2.23)
Encontrar µ através de (2.23) nem sempre é uma tarefa fácil. No entanto, podemos listar
alguns casos simples onde o µ é facilmente determinado
Z x
1
Se (∂y M − ∂x N) = f (x) então µ(x) = exp f (s)ds (2.24)
N
Z y
1
Se (∂x N − ∂y M) = f (y) então µ(y) = exp f (s)ds (2.25)
M
Em geral, escrevemos a equação (2.23) e fazemos hipóteses simplificadoras tais como µ
depende só de x, ou só de xy ou ainda, µ é do tipo xm y n , etc...
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 19
F (x, y) = x3 y + 3x2 + y 3 − 5
Tomando x0 > 0 e y0 > 0 calcula-se C = F (x0 , y0 ) e determina-se y = y(x) resolvendo a
equação
F (x, y) = C
M(x, y) = cos x ⇒ ∂y M = 0
2 2
N(x, y) = 1 + sin x ⇒ ∂x N = 1 + cos x
y y
Verificando as condições (2.24) e (2.25) notamos que
Z y
∂x N − ∂y M 2 2
=1+ ⇒ µ(y) = exp 1 + ds = exp(y + 2 ln y) = ey y 2
M y s
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 20
ey y 2 sin x − e = 0
para x ∈ J e y ∈ I.
y ′ = f (x, y) (2.30)
A notação linha ′ que indica derivação em relação a x será substituı́da pela notação ponto
· que simboliza derivada com respeito a t. Observando que y = φ(z(t(x)) a regra da cadeia
nos dá que
dy dy dz dt
=
dx dz
|{z} dt dx
|{z}
funcão de z funcão de t
Substituindo y , y = φ(z) e x = ψ(t) em (2.30), a nova equação toma a forma
′
ż = g(t, z) (2.32)
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 21
Definição 2.4.1 Dizemos que a função M(x, y) é homogênea de grau p se para todo λ > 0
vale
M(λx, λy) = λp M(x, y) (2.33)
Definição 2.4.3 Uma equação do tipo (2.18) é dita homogênea se as funções M(x, y) e
N(x, y) forem homogêneas de mesmo grau.
y 2 − xy + x2 y ′ = 0, y(1) = 1. (2.36)
M(x, y) = y 2 − xy e N(x, y) = x2
Note que M e N são funções homogêneas de grau 2. Procedendo a troca indicada em (2.35)
obtemos a equação separável
z 2 + xz ′ = 0
cuja integral primeira no domı́nio (0, ∞) × (0, ∞) é
1 x
F (x, z) = ln x − ⇒ F (x, y) = ln x −
z y
Usando a condição inicial temos F (1, 1) = −1. Neste caso, a solução y(x) de (2.36) pode ser
explicitada a partir da equação F (x, y) = −1
x 1
y(x) = , x> .
ln x + 1 e
Cap.2 Equações diferenciais de primeira ordem 22
z = y 1−n (2.38)
Lista de Exercı́cios II
1. Resolva, implicita ou explicitamente, as seguintes equações separáveis.
p
a) a2 − y 2 + (a2 + x2 )y ′ = 0, a 6= 0
b) (3 + x)yey y ′ + x = 0
c) (1 + x2 ) ln(y)y ′ + yx2 = 0
d) cos θr ′ + r sin θ = 0
2 −y 2
e) ex yy ′ = x + 2x3
π
f ) x sin yy ′ + cos y = 0, com y(1) =
3
2. Para as equações abaixo, calcule a solução que satisfaz y(0) = 1. Especifique o domı́nio
de definição das soluções.
1+y
a) y ′ = b) y ′ − 2xy = x
1+x
1 + x2
c) y ′ = (1 + x)(1 + y) d) y ′ =
1 + y2
a) y ′ − y = 1 b) 3y ′ + 2y = 5
c) y ′ + y = x d) xy ′ + y = x2 + 1
d) 2xey + x2 ey y ′ = 0, y(1) = 0
a) y + (y 2 − x)y ′ = 0 y(−1) = 1
b) y + y 2 − xy ′ = 0 y(1) = 0
f ) (y 2 − xy) + (y 2 − xy + x2 )y ′ = 0, y(1) = 1
√
g) (2x + y) + (2y − x)y ′ = 0, y(1) = 3
Respostas
1. x y
1
a) arctan + arcsin =C
a a a
b) (y − 1)ey + x = ln(|C(x + 3)|3 )
1 2
c) x − arctan x + ln y = C
2
2 2
d) r = C cos θ e) (2x2 + 3)e−x − e−y = C
x
f ) y(x) = arccos
2
x2
c) y(x) = 2ex+ 2 − 1
d) y(x) é solução da equação y 3 + 3y − 3x − x3 − 4 = 0 cuja solução em radicais é
s r s r
3
3 3x + x + 4 (3x + x3 + 4)2 3
3 3x + x + 4 (3x + x3 + 4)2
y(x) = + 1+ + − 1+
2 4 2 4
3. a) y(x) = −1 + cex
b) y(x) = 52 + ce−2x/3
c) y(x) = x − 1 + ce−x
2
d) y(x) = 1 + x3 + xc
e) y(x) = c sin2 x − 1
f) y(x) = −x + c1 + c2 ex
2
1/2
4
4. a) y(x) = − 3x − x3
2 1/2
x 2
b) y(x) = 3 + 3x
c) y(x) = −x−3/2
d) y(x) = − ln x2
2
1/2
x3 x4
e) y(x) = − x2 − 1 + 3
+ 4
√
5. a) y(x) = −x, x < 0
b) y(x) = 0, x > 0
√ √
c) 12 ln(x2 + xy + y 2) − 3 arctan 2y+x
√
3y
= π 3
6
d) x4 y 3 + 6x2 y 2 = 7
q
3
6. a) y(x) = x ln(x) b) y(x) = 4−x 3x
c) y(x) = x ln [2 + ln(−x)]
d) x2 + 2y 2 ln(−2y) = 4y 2
e) y 3 − x3 = 3x3 ln(x)
f) y 2 + x2 − 2xy = 2y 2 ln(y)
g) ln(x2 + y 2) − arctan xy = ln(4) − π/3
7. y(x) = (x − 3 + ce−x/3 )3
Capı́tulo 3
3.1 Introdução
Um tanque com V litros de salmoura recebe uma solução de água salgada com concentração
de C g/l a uma taxa de Q l/min. A mistura é homogeneizada através de agitação constante.
No mesmo instante em que a solução é injetada, abre-se uma válvula liberando a solução na
mesma vazão. Qual a quantidade de sal no tanque após t min? Suponha que a concentração
inicial de sal é C0 .
Sol.: Denote por x(t) a massa de sal no tanque no instante t. Supondo que o processo de
injeção é contı́nuo, a modelagem deste problema é feita através de balanço das taxas de
26
Cap.3 Modelagem com edo’s de primeira ordem 27
Q
ẋ + · x = Q · C, x(0) = x0 (3.4)
V
onde x0 = C0 · V. Segundo (2.13), a solução de (3.4) é dada por
Z t
−Qt/V Qs/V
x(t) = e x0 + e QC ds
0
x(t) = x0 · e−Qt/V + V C 1 − e−Qt/V (3.5)
x(t) 1 VC
lim = lim x(t) = =C
t→∞ V V t→∞ V
Ou seja, a tendência da concentração no tanque é igualar-se com a concentrção da solução
que entra.
Para uma população sem restrições de alimentação e que não sofre ação de predadores estima-
se que a taxa de crescimento populacional seja diretamente proporcional à população, isto
é
dP
= kP (3.6)
dt
Por esse modelo a população P (t) é dada por P (t) = P0 ekt .
Cap.3 Modelagem com edo’s de primeira ordem 28
x′ = f (x)
De acordo com esta última equação, vemos que o sinal de f (x(s)) nos dá o sentido da evolução
de x ao longo do tempo. Esta relação é visı́vel no retrato de fase descrito abaixo.
0 1 x
0 1 x
Um fato interessante a ser notado é o seguinte: se x0 pertencer a um dos intervalos (−∞, 0),
(0, 1) ou (1, ∞) então a solução que inicia com x(0) = x0 ali permanece para todo o tempo.
Isso é conseqüência do teorema (1.2.1). Com efeito, uma vez que f (0) = f (1) = 0, as funções
constantes
ϕ1 (s) = 0 e ϕ2 (s) = 1, s∈R (3.9)
Cap.3 Modelagem com edo’s de primeira ordem 29
são soluções de (3.8) chamadas soluções de equilı́brio. Suponha então que x(s) seja uma
solução de (3.8) tal que x(s0 ) = 1 em algum instante s0 . Ocorre então que, tanto x como ϕ2
são soluções do PVI
x′ = (1 − x)x, x(s0 ) = 1
Por unicidade das soluções devemos ter que x(s) = ϕ2 (s) para todo s ∈ R.
Outra informação menos trivial é que as soluções contidas nos intervalos (0, 1) e (1, ∞)
convergem para o valor limite x∗ = 1 quando s → +∞.
Observação 3.3.1 Como previsto, para qualquer valor inicial x0 > 0 a solução x(s) satisfaz
lim x(s) = 1
s→∞
traduzindo o fato de que, pelo modelo (3.8), as populações devem crescer ou decrescer con-
forme a inicial esteja abaixo ou acima da população de equilı́brio ϕ2 (s) = 1.
Abaixo vemos os gráficos de quatro soluções com condições iniciais x0 = 0, 1, 1/4, 3/2,
respectivamente
Trata-se de uma equação linear. Admitindo que Tm seja constante, podemos separar as
variáveis para obter a solução com condição inicial T (0) = T0
Exemplo 3.4.1 Um bolo sai do forno com uma temperatura de 150oC. Uma hora depois
sua temperatura é de 50o C. Admitindo que Tm = 25o C determine em quanto tempo sua
temperatura será 30o C.
Solução: Note que o problema fornece a temperatura do bolo em dois instantes. Isto serve
para determinarmos o valor da constante k. Reescrevendo (3.12) na forma
T − Tm
ln = −kt
T0 − Tm
temos que
T (1) − Tm 50 − 25
−k · 1 = ln = ln = − ln(5) ⇒ k = ln(5)
T (0) − Tm 150 − 25
A integração de uma e.d.o. de primeira ordem quase sempre nos leva a uma equação do tipo
f (x, y, C) = 0 onde C é uma constante e fy 6= 0, condição esta que, segundo o TFI, garante
a existência da famı́lia de soluções y = y(x, C).
Agora é preciso eliminar a constante λ. Vamos então admitir que fλ 6= 0. Pelo TFI existe
uma função λ = λ(x, y) tal que f (x, y, λ(x, y)) = 0. Inserindo essa função λ(x, y) em (3.13)
temos
M(x, y) + N(x, y)y ′ = 0 (3.14)
Vamos aplicar essa idéia à determinação de trajetórias ortogonais.
x2 + y 2 = r 2 (3.16)
Solução: Como domı́nio de f (x, y, r) vamos tomar o aberto (R+ )3 . Derivamos (3.16) em
relação x
x + yy ′ = 0
e em seguida, trocamos y ′ por (−y ′ )−1 para obter
xy ′ − y = 0
Cap.3 Modelagem com edo’s de primeira ordem 32
y = λx2 (3.17)
y ′ − 2λx = 0
x2
+ y 2 = C.
2
l=1
C=1 C=2
l=-1
c) Quanto tempo será necessário para que a moeda nova represente 90% do montante em
circulação?
2. Um tanque contém 1 m3 de salmoura onde 500 Kg de sal estão dissolvidos. Uma solução
com 750 Kg/m3 de sal é injetada no tanque a uma vazão de 0, 02 m3 /min. A mistura, que
é mantida homogênea por agitadores, escoa do tanque a uma taxa de 0, 025 m3 /min.
3. O modelo de uma população suburbana de uma grande cidade é dado pelo PVI abaixo
dP
= P (10−1 − 10−7 P ), P (0) = 5.000
dt
onde t é medido em meses. Qual é o valor limite da população? Em que instante a população
será a metade do valor limite?
a) y = cx b) x2 + 2y 2 = c2 c) x2 − y 2 = k
d) xy = k e) y 2 = c(1 + x)
Resposta: 1. c) t = ln(10) M
T
≈ 461 dias
2.
15 5
a) m(t) = (200 − t) − (200 − t)5
4 4 · 2004
m(t) 5
b) C(t) = = 750 − (200 − t)4
V (t) 4 · 2003
Cap.3 Modelagem com edo’s de primeira ordem 35
Tempo de extinção:
1 λ − x0 x1
Text = √ ln .
1 − 4λ λ − x0 x2
x1 < x0 < x2 : tomamos I = (x1 , x2 ). A solução é
√
x2 + x1 α−1 e− 1−4λt
x(t) = √ , t∈R
1 + α−1 e− 1−4λt
x0 −x1
onde α = x2 −x0
> 0. Nesse caso, temos
lim x(t) = x2 .
t→+∞
Tempo de extinção:
4x0
Text = .
1 − 2x0
x0 > 1/2: tomamos I = (1/2, ∞). A solução é
1 2x0 − 1 −2
x(t) = + , t∈ ,∞ .
2 2 + (2x0 − 1)t 2x0 − 1
5. a) x2 + y 2 = a2 b) y = cx2 c) xy = c d) x2 − y 2 = c
e) y(1 + x)1/2 = c
Vamos considerar um problema de valor inicial definido por uma E.D.O. linear de ordem n
Uma propriedade interessante das equações lineares é que o domı́nio para a variável y e
suas derivadas é R. Daı́ os valores iniciais (y0 , y1 , . . . , yn−1 ) da solução podem ser quaisquer
ao passo que para a variável independente x, os valores iniciais devem pertencer ao intervalo
de definição das funções ai (x).
O teorema de existência e unicidade para E.D.O. lineares é um pouco mais forte que o
usual. Com efeito, vale o seguinte
Teorema 4.1.1 Se g ∈ C 0 (J) então para cada x0 ∈ J e cada lista de valores iniciais
y0 , y1 , . . . , yn−1 ∈ R existe uma única função y : J → R que é solução do PVI acima.
37
Cap.4 Equações lineares 38
Note que o domı́nio das soluções da E.D.O. linear é o mesmo da equação enquanto que
o domı́nio da solução de uma E.D.O. não-linear é, em geral, um subintervalo de J.
φ = c1 φ 1 + . . . + cn φ n (4.3)
satisfaz L(φ) = 0.
É comum dizermos que a função φ é uma combinação linear das funções φ1 , . . . , φn . Nestes
termos, a proposição diz que toda combinação linear de soluções de uma E.D.O. linear
homogênea também é solução da mesma equação.
Exemplo 4.1.5 Se φ1 (x) = ex , φ2 (x) = sin x e φ3 (x) = cos x então o cálculo do wronskiano
das três funções dá
ex sin x cos x
W [φ1 , φ2 , φ3](x) = ex cos x − sin x = −2ex
ex − sin x − cos x
Seja L um operador diferencial linear de ordem n como em (4.1).
O próximo teorema mostra que um conjunto fundamental para L é suficiente para gerar
todas as soluções da equação homogênea.
Prova: Seja φ : J → R uma solução da equação homogênea L(y) = 0. Tome x0 ∈ J tal que
W [φ1 , . . . , φn ](x0 ) 6= 0 e denote as constantes b1 = φ(x0 ), b2 = φ′ (x0 ), . . . , bn = φ(n−1) (x0 ).
Agora considere o sistema linear
Por se tratar de uma combinação linear das soluções, φj a função ψ também satisfaz L(ψ) = 0.
Além disso, por construção, temos que
Pelo teorema (4.1.1) devemos ter φ(x) = ψ(x) para todo x ∈ J mostrando assim que a
solução φ é do tipo (4.3).
Cap.4 Equações lineares 41
Para um operador linear como em (4.1) um conjunto fundamental sempre existe. Com
efeito, seja x0 ∈ J. Pelo teorema (4.1.1) existem n funções φ1 , . . . , φn ∈ C n (J) tais que
L(φj ) = 0 para j = 1, . . . , n e
(n−1)
φ1 (x0 ) = 1, φ′1 (x0 ) = 0, . . . , φ1 (x0 ) = 0
(n−1)
φ2 (x0 ) = 0, φ2 (x0 ) = 1, . . . , φ2
′
(x0 ) = 0
.. .. .. ..
. . . .
(n−1)
φn (x0 ) = 0, φn (x0 ) = 0, . . . , φn (x0 ) = 1
′
Seja g : J → R uma função contı́nua e suponha que é conhecida uma solução particular
yp : J → R da equação não homogênea L(y) = g. Temos então o seguinte
Prova: Se φ é uma solução de L(y) = g então a função φ(x)−yp (x) é solução da homogênea
pois
L(φ − yp ) = L(φ) − L(yp ) = g − g = 0
fazemos o seguinte:
Cap.4 Equações lineares 42
Nesse caso, o conjunto fundamental para L é formado por duas funções φ1 , φ2 de classe C 2
satisfazendo L(φj ) = 0 e W [φ1 , φ2 ](x) 6= 0.
Suponha que φ seja uma solução não trivial da equação homogênea L(y) = 0. A ideia para
obter uma outra solução do conjunto fundamental é reduzir a ordem da equação por meio
de uma mudança de variáveis. Com efeito, façamos
y = φ(x)z (4.7)
Lembrando que L(φ) = 0 temos que a equação L(y) = 0, para y da forma (4.7), é equivalente
a
φz ′′ + [2φ′ + pφ]z ′ = 0
cujo domı́nio é {x ∈ J tal que φ(x) 6= 0}. Tal equação pode ser transformada numa E.D.O.
linear de primeira ordem fazendo z ′ = v.
Observação 4.2.1 Interessante notar que as soluções φ(x) e φ(x)z(x) tem wronskiano não-
nulo. (Exercı́cio!)
Cap.4 Equações lineares 43
cujo domı́nio para x não pode conter x = 0. Consideramos então os intervalos (−1, 0) e (0, 1)
separadamente. A integração de (4.8) nos dá
C
v(x) =
x2 (1
− x2 )
donde Z
C 1 1 1+x
z(x) = dx = C − + ln
x2 (1 − x2 ) x 2 1−x
Assim, uma outra solução da equação dada é
x 1+x
y(x) = −1 + ln
2 1−x
L(y) = y ′′ + py ′ + q = 0 (4.9)
A ideia é propor soluções do tipo y(x) = exp(λx). Com efeito, calculando a função L(y(x))
obtemos
(λ2 + pλ + q)eλx = 0
Então, para que y(x) seja solução de (4.9), devemos tomar λ tal que
λ2 + pλ + q = 0 (4.10)
Cap.4 Equações lineares 44
Caso I: ∆ > 0.
Temos duas raı́zes distintas λ1 , λ2 que fornecem duas soluções φ1 (x) = exp(λ1 x) e φ2 (x) =
exp(λ2 x) cujo wronskiano é
eλ1 x eλ2 x
W [φ1 , φ2](x) = = (λ2 − λ1 )e(λ1 +λ2 )x 6= 0
λ1 eλ1 x λ2 eλ2 x
y ′′ − 5y ′ + 6y = 0 (4.12)
Caso II: ∆ = 0
Tem-se apenas uma raı́z e uma solução não trivial φ1 (x) = eλx onde λ = −p/2. Nesse caso,
aplica-se o processo de redução de ordem para calcular outra solução. Fazendo y = φ1 (x)z
a equação (4.9) torna-se
eλx z ′′ + (2λeλx + peλx )z ′ = 0
z ′′ = 0
cuja solução geral é z(x) = ax + b. Podemos então tomar φ2 (x) = xeλx e a solução geral de
(4.9) é dada na forma
y(x) = c1 eλx + c2 xeλx (4.13)
y ′′ − 6y ′ + 9y = 0 (4.14)
Cap.4 Equações lineares 45
são soluções da E.D.O. (4.9) no corpo dos complexos. Combinações lineares complexas de
z1 e z2 são também soluções. Portanto,
z1 (x) + z2 (x)
φ1 (x) = = eax cos bx
2
z1 (x) − z2 (x)
φ2 (x) = = eax sin bx
2i
são soluções reais de (4.9) e claramente o wronskiano das duas é não-nulo. A solução geral
fica
y(x) = c1 eax cos bx + c2 eax sin bx (4.17)
y ′′ + y ′ + y = 0 (4.18)
Seja
y (n) + an−1 y (n−1) + . . . + a1 y ′ + a0 y = 0 (4.19)
Cap.4 Equações lineares 46
uma equação linear de ordem n > 2 com coeficientes constantes. Os resultados obtidos para
o caso de ordem 2 podem perfeitamente ser generalizados para o caso de ordem superior. No
entanto, uma demonstração aceitável dos fatos a seguir se torna incompatı́vel com o nı́vel
desse texto. Vamos então, ao procedimento para resolver a equação (4.19).
1. Escrever o polinômio caracterı́stico
p(λ) = λn + an−1 λn−1 + . . . + a1 λ + a0
2. Calcular as raı́zes de p, denotadas por λ1 , . . . , λn , com suas respectivas multiplicidades.
3. A cada raiz λ = a + b · i com b ≥ 0 e multiplicidade m faz-se corresponder uma seqüência
de soluções do tipo
xk eax cos(bx), xk eax sin(bx) 0≤k<m
4. Escrever a solução geral como combinação linear dessas funções.
u′1 φ1 + u′2 φ2 = 0
L(yp ) = u1 L(φ1 ) +u2 L(φ2 ) +u′1 (x)φ′1 (x) + u′2 (x)φ′2 (x)
| {z } | {z }
=0 =0
Assim, para que yp seja solução de (4.21), as funções u1 e u2 devem satisfazer o sistema
cujo determinante principal é W [φ1 , φ2 ](x) 6= 0 para todo x ∈ J. Pela regra de Cramer temos
donde Z x Z x
−f (s)φ2 (s) f (s)φ1 (s)
u1 (x) = ds e u2(x) = ds (4.25)
W [φ1 , φ2](s) W [φ1 , φ2 ](s)
λ2 + 8λ + 16 = 0 (∆ = 0)
Cap.4 Equações lineares 48
cuja única solução é λ = −4. Temos então o conjunto fundamental para L composto por
y ′′ + 9y = 0
Equação caracterı́stica
λ2 + 9 = 0 ⇒ λ = ±3i
Conjunto fundamental
Wronskiano
cos(3x) sin(3x)
W [φ1 , φ2 ](x) = =3
−3 sin(3x) 3 cos(3x)
donde Z x Z x
− csc(3s) sin(3s) 1 x
u1 (x) = ds = − ds = −
4·3 12 12
Cap.4 Equações lineares 49
Z x Z x
csc(3s) cos(3s) 1 cos(3s) 1
u2 (x) = ds = ds = ln | sin(3x)|
4·3 12 sin(3s) 36
A solução particular é
x sin(3x)
yp (x) = − cos(3x) + ln | sin(3x)|
12 36
que fornece a solução geral
x sin(3x)
y(x) = − cos(3x) + ln | sin(3x)| + c1 cos(3x) + c2 sin(3x)
12 36
π
Impondo as condições iniciais obtemos c1 = 72
+ 13 e c2 = 1. O intervalo de definição de y(x)
é (0, π/3).
f (x) yp
a0 + . . . + an xn b0 + . . . + bn xn
eαx beαx
cos(ax) ou sin(ax) c1 cos(ax) + c2 sin(ax)
(a0 + . . . + an xn )eαx cos(βx) ou (b0 + . . . + bn xn )eαx cos(βx)+
(a0 + . . . + an xn )eαx sin(βx) (c0 + . . . + cn xn )eαx sin(βx)
De acordo com a tabela acima, a solução particular proposta deve ser do tipo
yp = (Ax2 + Bx + C)e−x
Temos então
yp′ = −(Ax2 + Bx + C)e−x + (2Ax + B)e−x
yp′′ = (Ax2 + Bx + C)e−x − 2(2Ax + B)e−x + 2Ae−x
Agora substituı́mos essas derivadas na E.D.O. e encontramos
donde
1
A= B=1 C=4
2
Assim, a solução geral de (4.28) é
x2
y(x) = ( + x + 4)e−x + c1 cos x + c2 sin x
2
Derivando...
yp′ = (2A + B)e2x cos x + (2B − A)e2x sin x
yp′′ = (3A + 4B)e2x cos x + (5B − 4A)e2x sin x
Substituindo na E.D.O. ficamos com
donde
A + 2B = 1 7 1
⇒ A= B=−
−2A + B = −3 5 5
A solução geral é
7 1
y(x) = e2x cos x − e2x sin x + c1 ex cos x + c2 ex sin x
5 5
y ′′ − 5y ′ + 4y = ex (4.30)
yh (x) = c1 ex + c2 e4x
y ′′ + y = x cos x (4.31)
Mas veja que a parte B cos x + D sin x é solução da homogênea. Assim propomos
yp′′ = (−Ax2 + (4C − B)x + 2A + 2D) cos x − (Cx2 + (4A + D)x + 2B − 2C) sin x
donde
4C = 1 C = 41
2A + 2D = 0 D=0
⇒
−4A = 0 A=0
B = 14
2B − 2C = 0
Assim a solução geral de (4.31) fica
x x2
y(x) = cos x + sin x + c1 cos x + c2 sin x
4 4
Neste exemplo vamos aplicar a ideia contida no exercı́cio 1 da lista IV. Vamos resolver
separadamente as equações
e somar os resultados.
Para a equação i): A solução particular proposta deveria ser do tipo
Ainda temos a parcela Cxe2x como solução da homogênea. Multiplicamos de novo yp por x
e propomos
yp (x) = (Ax4 + Bx3 + Cx2 )e2x
Derivando 3 vezes obtemos
yp′ = e2x [2Ax4 + (4A + 2B)x3 + (3B + 2C)x2 + 2Cx]
yp′′ = 2e2x [2Ax4 + (8A + 2B)x3 + (6A + 6B + 2C)x2 + (3B + 4C)x + C]
yp(3) = 2e2x [4Ax4 + (24A + 4B)x3 + (36A + 18B + 4C)x2 + (12A + 18B + 12C)x + 3B + 6C]
Substituindo na E.D.O. e organizando as parcelas temos
yp(3) − 3yp′′ + 4yp = 6e2x [6Ax2 + (3B + 4A)x + B + C] = 36x2 e2x
donde por comparação de coeficientes devemos fazer
36A = 36 A=1
4A + 3B = 0 ⇒ B = − 34
C = 34
B+C =0
A solução particular de i) fica
4 4 3 4 2 2x
yp (x) = x − x + x e
3 3
Para a equação ii): A solução proposta deve ser da forma
yp (x) = D cos(x) + E sin(x)
Derivando...
yp′ = −D sin(x) + E cos(x)
yp′′ = −D cos(x) − E sin(x)
yp(3) = D sin(x) − E cos(x)
e substituindo na E.D.O. temos
yp(3) − 3yp′′ + 4yp = (−E + 7D) cos x + (D + 7E) sin x = cosx
donde 7
−E + 7D = 1 D = 50
⇒ 1
D + 7E = 0 E = − 50
A solução de ii) é
7 1
yp (x) = cos x − sin x
50 50
e a solução geral de (4.32) fica
4 4 3 4 2 2x 7 1
y(x) = x − x + x e + cos x − sin x + c1 e2x + c2 xe2x + c3 e−x
3 3 50 50
Cap.4 Equações lineares 54
Lista de Exercı́cios IV
1. Seja L = an (x)D n + . . . + a1 (x)D + a0 (x)Id um operador diferencial linear de ordem n.
Sejam f1 , . . . , fk funções contı́nuas e φ1 , . . . , φk as respectivas soluções das equações
L(y) = f1 , . . . , L(y) = fk .
L(y) = c1 f1 + . . . + ck fk
é solução de y ′′ + y = f (t).
A função φ2 (x) ≡ 0 também é outra solução. Algo errado ou não? Isso contraria o teorema
(4.1.1)? Reflita!!!
9. Em cada item, verifique se y(x) é a solução geral da equação não homogênea L(y) = f.
10. Para as equações do exercı́cio 9 calcule as soluções que satisfazem y(0) = 0 e y ′ (0) = 1.
Atenção: é a mesma condição inicial para as duas equações.
11. [Mat] Agora, imagine que você não conhece as funções trigonométricas. Sejam s(x) e
c(x) as únicas soluções dos problemas
′′ ′′
y +y =0 z +z =0
(I) y(0) = 0 (II) z(0) = 1
′ ′
y (0) = 1 z (0) = 0
a) Mostre que s′ (x) = c(x). Sugestão: Veja primeiro que s(x) e c(x) são de classe C n (R)
pra qualquer n ∈ N. Em seguida, confira que ψ(x) = s′ (x) resolve o problema II.
b) Use o item a) para provar a identidade
s2 (x) + c2 (x) = 1, para todo x ∈ R
Sugestão: Mostre que a derivada do lado esquerdo é identicamente nula. Sendo R conexo,
o lado esquerdo é uma função constante.
12. [Mat] Mostre que s(x + a) = c(a)s(x) + s(a)c(x). Sugestão: Calcule a solução do
problema
y ′′ + y = 0
y(0) = s(a)
y ′(0) = c(a)
13. Nos itens abaixo, φ1 é uma solução da equação dada. Use redução de ordem para
calcular a solução geral na forma c1 φ1 + c2 φ2 .
Cap.4 Equações lineares 56
a) y ′′ − 4y ′ + 4y = 0, φ1 (x) = e2x .
b) x2 y ′′ − 7xy ′ + 16y = 0, φ1 (x) = x4 .
c) x2 y ′′ − xy ′ + 2y = 0, φ1 (x) = x sin(ln x).
d) (1 − x2 )y ′′ + 2xy ′ = 0, φ1 (x) = 1.
14. Verifique que φ1 (x) = x é solução da E.D.O. x2 y ′′ + xy ′ − y = 0 para x > 0. Use redução
de ordem para encontrar outra solução L.I.
e) y ′′ + 3y ′ + 2y = sin(ex )
Respostas
x
~ a
Fk Fext
m
0 Fat x (t)
Figura 4.1: Oscilador forçado amortecido
De acordo com a segunda lei de Newton, a equação diferencial que governa a posição da
massa m sobre o eixo x é
mẍ = −kx − µẋ + F̃ext
Reformulando a equação, temos
ẍ + ν ẋ + ω 2 x = Fext (4.33)
onde fizemos ω 2 = k/m, ν = µ/m e Fext = F̃ext /m.
Adotando condições iniciais x(0) = x0 e ẋ(0) = v0 a função posição é dada pela regra
v0
x(t) = x0 cos(ωt) + sin(ωt) (4.35)
ω
p
Definindo A = x20 + (v0 /ω)2 é possı́vel calcular um ângulo 0 ≤ φ < 2π tal que
x0 v0
sin φ = e cos φ =
A ωA
Substituindo x0 e v0 em (4.35) temos a seguinte expresão para x(t)
Na expressão (4.36)
Considere uma força externa horizontal e periódica atuando sobre o corpo de massa m dada
pela expressão
Fext (t) = F0 cos(αt) (4.37)
ẍ + ω 2 x = F0 cos(αt) (4.38)
De acordo com o método de coeficientes a determinar a solução particular pode ser de dois
tipos
Caso 1: α 6= ω
F0
xp (t) = cos(αt)
ω2 − α2
Sobre a solução geral xp + xh impomos as condições iniciais x(0) = ẋ(0) = 0 e chegamos à
seguinte função
cos(ωt) − cos(αt)
x(t) = −F0 (4.39)
ω 2 − α2
Usando a fórmula
u+v u−v
cos u − cos v = −2 sin sin
2 2
a função (4.39) torna-se
2F0 ω−α ω+α
x(t) = 2 sin t sin t (4.40)
ω − α2 2 2
Cap.4 Equações lineares 61
0.4
0.2
0 1 2 3 4 5 6 7 8
±0.2
±0.4
Análise da solução (4.40): note que o primeiro seno tem uma freqüência de oscilação
menor que o segundo. Denote por A(t) a expressão
2F0 ω−α
A(t) = 2 sin t
ω − α2 2
Ela corresponde à amplitude da onda gerada pelo segundo seno. Dizemos então que, o
segundo seno ou a onda x tem a amplitude modulada por A(t). A função x(t) assume a forma
ω+α
x(t) = A(t) sin (γt) , γ= freqüência média (4.41)
2
Caso 2: α = ω.
Pelo método de coeficientes a determinar a função xp (t) = At cos(ωt)+Bt sin(ωt) será solução
de (4.38) se
F0
A=0 e B=
2ω
É evidente que a solução xp satisfaz as condições x(0) = ẋ(0) = 0. Analisando o comporta-
mento da onda
F0
x(t) = t sin(ωt) (4.42)
2ω
vemos que sua amplitude A(t) = F0 t/2ω é ilimitada.
Em algum instante finito, o sistema fı́sico da figura (4.1) deve ter sua estrutura rompida.
1.5
0.5
0 1 2 3 4 5 6
±0.5
±1
±1.5
Exemplo 4.5.2 Uma massa m é presa a uma mola cuja constante de elasticidade é k.
Depois que a mola atinge o equilı́brio, seu suporte começa a oscilar verticalmente em relação a
um linha horizontal L. Na figura abaixo, o valor de h(t) determina a distância em pés medida
a partir de L. Escreva a E.D.O. que rege o movimento sabendo que o sistema encontra-se
imerso num meio que oferece uma resistência numericamente igual a ν ẋ. Em seguida, admita
que uma massa de 1/2 lb distende a mola em 4 ft e aplique os valores ν = 2, h(t) = 5 cos(t),
x(0) = 0, ẋ(0) = 0 e g = 32 f t/s2 para escrever a função x(t).
L h(t)
m
0
x(t)
m
Lista de Exercı́cios V
Em todos os problemas adote g = 10 m/s2 .
1. Um corpo de 1 Kg estende uma mola em 10 cm. Se puxarmos o corpo 4 cm para baixo e
soltarmos qual a amplitude, frequência e perı́odo do movimento?
Respostas:
2. α = 4 e α = 4/3.
Soluções analı́ticas
5.1.1 Introdução
Funções analı́ticas são aquelas que podem ser descritas em termos de séries de potências
convergentes num intervalo aberto. Se a função f que estabelece um PVI do tipo
′
y = f (x, y),
y(x0 ) = y0
é analı́tica então a solução também é analı́tica. Dessa forma podemos estimar a solução como
uma série de potências com coeficientes a determinar e usar a EDO para construir fórmulas
de recorrência que permitirão calculá-los. Usaremos essa estratégia na resolução de alguns
tipos de EDO lineares com coeficientes não constantes. Mas antes, devemos revisar alguns
conceitos e resultados da teoria de funções analı́ticas.
65
Cap.5 Soluções analı́ticas 66
P
Para cada xo ∈ R fixo, a expressão cn xno torna-se uma série numérica que pode convergir
ou divergir. Esta observação instiga a
P
Definição 5.1.2 O domı́nio de convergência da série de potências cn xn é o conjunto
∞
X
D = {x ∈ R / cn xn converge} (5.2)
n=o
| {z }
série numérica
S: D → R
∞
X
x 7→ cn xn .
n=0
P
Teorema 5.1.3 Dada uma série de potências cn xn , apenas uma das afirmações abaixo é
verdadeira
i) D = {0}
ii) D = R
P
Definição 5.1.4 Se iii ocorre, o número r é chamado raio de convergência da série cn xn .
cn+1
lim =ℓ>0
n→∞ cn
então r = 1/ℓ.
Teorema 5.1.8 (continuidade) A função S é contı́nua, isto é, para todo xo ∈ (−r, r) vale
Em particular,
S (k) (0) = k!ck (5.8)
Pelo corolário (5.1.11), se uma função C ∞ tem expansão em série de potências convergente
num intervalo de R então sua k-ésima derivada avaliada no centro do intervalo pode ser
calculada em função dos coeficientes ck através da fórmula (5.8) e vice-versa.
Observe que ao fazermos a translação z = x − xo , a série (5.9) aparece como uma série de
P (n)
potências cn z n onde cn = f n!(xo ) .
Definição 5.1.13 Dizemos que uma função f é analı́tica em xo se existe ε > 0 e uma
seqüência {cn } tal que
∞
X
f (x) = cn (x − xo )n (5.11)
n=0
Cap.5 Soluções analı́ticas 69
Observação 5.1.14 Uma última infomação sobre séries de potências é que podemos somar
e multiplicar séries usando a mesma regra aplicada a polinômios.
é definida e analı́tica em J.
Cap.5 Soluções analı́ticas 70
y ′′ + y = 0 (5.22)
Sol.: Propomos
∞
X
y(x) = an xn (5.23)
n=0
∞
X ∞
X
n−1
′
y (x) = nan x = (n + 1)an+1 xn (5.24)
n=1 n=0
∞
X ∞
X
y ′′ (x) = n(n − 1)an xn−2 = (n + 2)(n + 1)an+2 xn (5.25)
n=2 n=0
e para n = 2k + 1 ı́mpar
(−1)k a0 (−1)k a1
a2k = a2k+1 = (5.26)
(2k)! (2k + 1)!
Agora escolhemos condições inciais apropriadas para obtermos as soluções do conjunto fun-
damental da equação. Fazendo a0 = 1 e a1 = 0 temos
∞
X (−1)k
φ1 (x) = x2k
k=0
(2k)!
Uma vez que os coeficientes da equação diferencial são funções analı́ticas em todo R, o
teorema (5.2.1) nos garante que as séries acima convergem para todo x ∈ R. A solução geral
é a função analı́tica dada por
Solução: Não é necessário pôr a equação na forma normal. Inserimos as séries (5.23-5.25)
na equação e trabalhamos as séries para compararmos coeficientes.
∞
X ∞
X ∞
X
(x2 + 1) n(n − 1)an xn−2 + x nan xn−1 + − an xn = 0
n=2 n=1 n=0
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X
n(n − 1)an xn + (n + 2)(n + 1)an+2 xn + nan xn − an xn = 0
n=2 n=0 n=1 n=0
Cap.5 Soluções analı́ticas 72
∞
X
2a2 − a0 + 6a3 x + [(n + 1)(n − 1)an + (n + 2)(n + 1)an+2 ]xn = 0
n=2
donde tiramos
a0 (n − 1)
a2 = , a3 = 0 e an+2 = − an , n≥2
2 (n + 2)
Variando o ı́ndice n observamos que a2k+1 = 0 para k ≥ 1 e série de potência que representa
a solução geral tem a forma
1 2 1 4 3 6 15 8
y(x) = a0 1 + x − x + x − x + . . . + a1 x (5.27)
2 8 48 384
Note que uma das funções do conjunto fundamental é φ2 (x) = x. A outra φ1 é uma série de
potências com centro em x0 = 0 e raio de convergência r = 1.
∞
X
2a2 + 6a3 x + [an+2 (n + 2)(n + 1) + an−2 ] xn = 0
n=2
Exemplo 5.2.6 (Equação de Legendre) Seja λ ≥ 0 inteiro. Use série de potências cen-
trada em x0 = 0 para encontrar um conjunto fundamental da equação
Por exemplo
(λ − 2)λ(λ + 1)(λ + 3)
a4 = a0
4!
(λ − 3)(λ − 1)(λ + 2)(λ + 4)
a5 = a1
5!
(λ − 4)(λ − 2)λ(λ + 1)(λ + 3)(λ + 5)
a6 = − a0
6!
(λ − 5)(λ − 3)(λ − 1)(λ + 2)(λ + 4)(λ + 6)
a7 = − a1
7!
Combinando que Leg(0, λ) = Leg(1, λ) = 1, podemos escrever a solução geral
∞
X ∞
X
y(x) = a0 Leg(2k, λ)x2k + a1 Leg(2k + 1, λ)x2k+1 (5.30)
k=0 k=0
Cap.5 Soluções analı́ticas 74
Observação 5.2.7 Perceba que se λ = 2m então Leg(2k, 2m) = 0 para todo k > m. Isso
faz da primeira série em (5.30) um polinômio de grau 2m. Enquanto que, se λ = 2m + 1
então Leg(2k + 1, 2m + 1) = 0 para todo k > m. A segunda série de (5.30) é um polinômio
de grau 2m + 1.
ii) Se λ = 2m + 1 fazemos a0 = 0 e
1, se m = 0
a1 = (−1)m 1·3···λ
, se m > 0
2·4···(λ−1)
Tais polinômios são denotados por Pλ (x). Como exercı́cio verifique que
P0 (x) = 1 P1 (x) = x
1 3 3 5
P2 (x) = − + x2 P3 (x) = − x + x3
2 2 2 2
3 15 35 15 35 63
P4 (x) = − x2 + x4 P5 (x) = x − x3 + x5
8 4 8 8 4 8
Cap.5 Soluções analı́ticas 75
Lista de Exercı́cios VI
1. Reescreva as expressões abaixo como uma única série de potências
∞
X ∞
X
n−1
a) 2nan x + 3an xn+1
n=1 n=0
∞
X ∞
X ∞
X
n n−2
b) n(n − 1)an x + 2 n(n − 1)an x +3 nan xn
n=2 n=2 n=1
a) y ′′ − xy ′ = 0 b) y ′′ − 2xy ′ + y = 0
c) y ′′ + x2 y ′ + xy = 0 d) (x − 1)y ′′ + y ′ = 0
Respostas
∞
X
1. a) 2a1 + [2(n + 1)an+1 + 3an−1 ] xn
n=1
∞
X
b) 4a2 + (12a3 + 3a1 )x + [n(n − 1)an + 2(n + 2)(n + 1)an+2 + 3nan ] xn .
n=2
2. a) φ1 (x) = 1 e φ2 (x) = x + 16 x3 + 1 5
40
x + ...
b) φ1 (x) = 1 − 21 x2 − 18 x4 + . . . e φ2 (x) = x + 61 x3 + 1 5
24
x + ...
c) φ1 (x) = 1 − 61 x3 + 1 6
45
x − 7
3240
x9 + . . . e φ2 (x) = x − 61 x4 + 5
252
x7 − 1
567
x10 + ...
Cap.5 Soluções analı́ticas 76
∞
X xn
d) φ1 (x) = 1 e φ2 (x) =
n=1
n
e) φ1 (x) = 1 + 21 x2 + 61 x3 + 61 x4 + . . . e φ2 (x) = x + 12 x2 + 21 x3 + 41 x4 + . . .
f) φ1 (x) = 1 + 41 x2 − 7 4
96
x + 161 6
5670
x − . . . e φ2 (x) = x − 16 x3 + 7
120
x5 − 17 7
720
x + ...
∞
X xn
3. a) y(x) = 8x − 2 = 8x − 2ex
n=0
n!
x3 x4 x5
b) y(x) = 2 − x − 2x2 − 3
+ 2
− 30
+ ...
y ′′ + P (x)y ′ + Q(x)y = 0
Seja x0 uma singularidade da equação (5.31). Expandindo a2 (x) numa série de potências em
torno de x = x0 escrevemos
∞
X
a2 (x) = cn (x − x0 )n
n=0
m = min{n/ cn 6= 0}
a2 (x) = (x − x0 )m r(x)
∞
X
onde r(x) = cn+m (x − x0 )n satisfaz r(x0 ) = cm 6= 0. Dividindo a equação (5.31) por r(x)
n=0
podemos reescreve-la sob a forma
Definição 5.3.2 dizemos que x0 é uma singularidade regular de (5.31) se for possı́vel escr-
ever a equação na forma
Se uma singularidade não satisfaz a definição (5.3.2) dizemos que a mesma é irregular.
x2 y ′′ + xy ′ + (x2 − n2 )y = 0 (5.34)
2x (1 + x)
(x + 1)2 y ′′ − (x + 1) · · y ′ + λ(λ + 1) · ·y = 0.
− x}
|1 {z − x}
|1 {z
analitica em x=−1 analitica em x=−1
onde o ponto · indica derivada em relação à variável t, p̃(t) = p(t + x0 ) e q̃(t) = q(t + x0 ).
Assim sendo, podemos nos limitar ao estudo equações que têm singularidade em x = 0.
No que segue abaixo, x = 0 será uma singularidade regular para a equação (5.31).
É o exemplo mais simples do modelo (5.31) que tem o ponto x = 0 como singularidade
regular. Trata-se da equação
x2 y ′′ + axy ′ + by = 0 (5.36)
ÿ + (a − 1)ẏ + by = 0 (5.37)
x2 y ′′ − xy ′ + 5y = 0 (5.41)
ÿ − 2ẏ + 5y = 0
P P
onde p(x) = pk xk e q(x) = qk xk são convergentes no domı́nio x ∈ (−R, R) (R > 0).
Motivados pela solução da equação de Cauchy-Euler vamos propor como solução (formal)
P
de (5.42) uma série do tipo y(x) = |x|ν ck xk com ν ∈ R constante e c0 6= 0. Temos então
que
X∞
y(x) = |x|ν ck xk × q(x) (5.43)
k=0
∞
X
y ′ (x) = |x|ν ck (ν + k)xk−1 × xp(x)
k=0
∞
X
y ′′(x) = |x|ν ck (ν + k)(ν + k − 1)xk−2 × x2
k=0
A equação (5.45) é chamada equação indicial associada a (5.42). Suas raı́zes são os valores
admissı́veis para ν de forma que (5.43) seja solução formal de (5.42). Elas são chamadas
expoentes caracterı́sticos.
Observando que p0 = p(0) e q0 = q(0) a equação pode ser escrita mais simplesmente
onde o fator de ck é
Mas o problema ainda não acabou. A equação (5.42) é linear e portanto para escrevermos
sua solução geral é preciso achar outra solução do conjunto fundamental. Temos duas saı́das,
a depender se a diferença ν1 − ν2 é ou não um número inteiro (positivo, obviamente).
Se ν1 −ν2 6∈ Z+ então I(ν2 +k) 6= 0 para todo inteiro positivo k. A fórmula (5.46) pode ser
usada para determinar os coeficientes de uma outra série do mesmo tipo que (5.43) associada
ao expoente ν2 .
Se ν1 − ν2 ∈ Z+ então a fórmula de recorrência (5.46) não pode ser usada pois, com
certeza, teremos I(ν2 + k) = 0 para algum inteiro k ≥ 1. O jeito é então proceder uma
redução de ordem da equação (5.42), sobre o domı́nio x ∈ (0, R), usando como φ a solução
(5.43) obtida com os coeficiente (5.46).
não é inteiro e portanto a fórmula (5.46) aplicada a cada expoente nos dá dois conjuntos
de coeficientes complexos, associados a ν1 e a ν2 respec., os quais compõem as soluções
complexas
∞
X ∞
X
a+bi k a−bi
|x| ck x e |x| dk xk (5.47)
k=0 k=0
onde fizemos u(x) = |x|a cos(b ln |x|) e v(x) = |x|a sin(b ln |x|).
∞
X ∞
X
n
φ2 (x) = v fn x + u gn xn (5.49)
k=0 k=0
a) x2 (x + 1)3 (x − 1)y ′′ + xy ′ − 2y = 0
b) x3 y ′′ + x2 y ′ + 4y = 0
a) x2 y ′′ + 5xy ′ + 3y = 0 b) x2 y ′′ + 3xy ′ − 4y = 0
c) 4x2 y ′′ + 4xy ′ − y = 0 d) x2 y ′′ + 5xy ′ + 4y = 0
e) x3 y ′′′ + xy ′ − y = 0 f) 2x2 y ′′ + 5xy ′ + y = x2 − x
g) x2 y ′′ − 2xy ′ + 2y = x4 ln(x)
3. Aplique o método de Frobenius para determinar soluções das equações diferenciais abaixo.
a) 2xy ′′ − y ′ + 2y = 0
b) 3xy ′′ + (2 − x)y ′ − y = 0
e) x2 y ′′ + xy ′ + (x − 1)y = 0
f) x2 y ′′ − xy ′ + (x + 2)y = 0
Respostas
g) y(x) = 16 x4 ln(x) − 5 4
36
x + c1 x + c2 x2
3. a) φ1 (x) = 1 + 2x − 2x2 + 94 x3 − 2 4
45
x + ... e
3/2 2 2 2 4
φ2 (x) = x 1− 5
x + 35
x − 945
x3 + ...
1 2
b) φ1 (x) = 1 + 21 x + 10 1 3
x + 80 1
x + 880 x4 + . . . e
φ2 (x) = x1/3 1 + 13 x + 181 2 1
x + 162 1
x3 + 1944 x4 + . . .
√
1
c) φ1 (x) = x 1 − 16 x2 + 168 x4 + . . . e
1 2 1
φ2 (x) = x 1 − 10 x + 360 x4 + . . .
√
2 2
d) φ1 (x) = x 1 − 25 x + 35 4
x − 945 2
x3 + 10395 x4 − . . . e
2 4
φ2 (x) = x−1 1 + 2x − 2x2 + 49 x3 − 45 x + ...
1 2
e) φ1 (x) = x 1 − 13 x + 24 1
x − 360 1
x3 + 8640 x4 + . . . e
φ2 (x) = ln(x)φ1 (x) + x−1 −2 − 2x + 94 x3 − 28825 4
x + ...
f) φ1 (x) = x cos ln(x) 1 − 51 x − 40
1 2 3
x + 520 x3 − . . . − x sin ln(x) 52 x − 40
3 2 7
x + 1560 x3 − . . . e
1 2
φ2 (x) = x sin ln(x) 1 − 15 x − 40 3
x + 520 x3 − . . . + x cos ln(x) 52 x − 403 2 7
x + 1560 x3 − . . .
Capı́tulo 6
Transformada de Laplace
onde f é uma função definida e integrável sobre [a, b] e K(s, t) é uma função de duas variáveis
chamada núcleo da transformada. O domı́nio da transformada fˇ é o conjunto de valores de
s para os quais t 7→ K(s, t)f (t) é integrável sobre [a, b].
Suponha que Df 6= ∅
85
Cap.6 Transformada de Laplace 86
Definição 6.2.4 Uma função f : [a, b] → R é contı́nua por partes se existir uma partição
{a = x0 < x1 < . . . < xn = b} do intervalo [a, b] onde f é contı́nua sobre cada subintervalo
aberto (xi−1 , xi ) e os limites laterais
Proposição 6.2.6 Se f é uma função admissı́vel tal que |f (x)| ≤ Mekx então (k, +∞) ⊆
Df .
Prova: Da continuidade por partes segue que f é integrável sobre todo intervalo do tipo
[0, b] com b > 0. Além disso,
Z b Z b
M b→∞ M
−sx
e |f (x)|dx ≤ Me(−s+k)x dx = e(k−s)b − 1 −→
0 0 −s + k s−k
desde que s > k. Assim, a integral imprópria é absolutamente convergente para todo s > k.
Isso mostra que (k, +∞) ⊆ Df .
Cap.6 Transformada de Laplace 87
também é admissı́vel.
Prova: As desigualdades
Z x Z x
M kx
|g(x)| ≤ |f (t)| dt ≤ M ekt dt = (e − 1) < M ′ ekx
0 0 k
mostram que g é de ordem exponencial. E por construção g é contı́nua por partes. Logo, g
também é admissı́vel e sua transformada está definida para todo s > k.
Denotando por F o espaço vetorial de funções admissı́veis sobre [0, ∞] é fácil ver que L
é uma transformação linear definida sobre F , isto é
1
⇒ L{ekx } = para s > k
s−k
s−k ω
L{ekx cos(ωx)} = e L{ekx sin(ωx)} =
(s − k)2 + ω 2 (s − k)2 + ω 2
L{f ′′}(s) = sL{f ′ }(s) − f ′ (0+ ) = s2 L{f }(s) − sf (0+ ) − f ′ (0+ ) (6.6)
Generalizando, se f é n vezes derivável e f (n) é admissı́vel então pode-se provar por indução
a seguinte fórmula
L{f (n) }(s) = sn L{f }(s) − sn−1 f (0+ ) − sn−2 f ′ (0+ ) . . . − f (n−1) (0+ ) (6.7)
Cap.6 Transformada de Laplace 89
n!
Exemplo 6.2.12 f (x) = xn . Nesse caso f (j) (x) = (n−j)!
xn−j para j = 0, . . . , n. Aplicando
a fórmula (6.7) temos
L{n!}(s) = sn L{f }(s)
n!
⇒ L{f }(s) =
sn+1
Rx
Exemplo 6.2.13 g(x) = 0
f (τ ) dτ . Aplicamos de novo a fórmula (6.5) para g
y ′′ + by ′ + cy = f (x) (6.8)
donde
F (s) + (s + b)y0 + y1
Y (s) = (6.9)
s2 + bs + c
Calculando a transformada inversa de Y (s) obtemos a solução y(x) do problema (6.8).
Para obter y(x) faz necessário decompor Y (s) em frações parciais a fim de simplificar os
cálculos de inversão. Fazendo as contas chegamos a
3 2
s 5 5
Y (s) = = +
s2 + s − 6 s+3 s−2
donde
3 2
y(x) = e−3x + e2x
5 5
1 s3 − 2s2 + 1
(s2 + 1)Y (s) − s + 2 = ⇒ Y (s) =
s2 s2 (s2 + 1)
s3 − 2s2 + 1 1 s 3
Y (s) = = + −
s2 (s2 + 1) s2 s2 + 1 s2 + 1
4. Agora faça uso das propriedades da transformada de Laplace para calcular L{f } quando
Demonstre as fórmulas
Γ(α + 1)
a) Γ(α + 1) = αΓ(α) b) L{xα } = , α > −1
sα+1
√
6. Dado que Γ 12 = π aplique o exercı́cio 5. para calcular a transformada das funções
abaixo
a) f (x) = x−1/2 b) f (x) = x1/2 c) f (x) = x3/2
2s − 4 6s + 3
c) F (s) = d) F (s) =
(s2 + s)(s2 + 1) s4 + 5s2 + 4
b) y ′′ + 5y ′ + 4y = 0, y(0) = 1 y ′(0) = 0
Respostas
1. Não.
−s −1 1−e−s −sπ/2 s2 −1
2. a) F (s) = a 2e s
b) F (s) = s2
c) F (s) = − es2 +1 d) F (s) = (s2 +1)2
.
120 6 12 12 8 1
4. a) F (s) = s6
b) F (s) = s4
+ s3
+ s2
+ s
c) F (s) = s2 −1
8 s 3 s−1
d) F (s) = s3 −4s
e) F (s) = s2 +25
+ (s+2)2 +9
f) F (s) = (s−1)2 −1
ex +3e−3x
√ √ √
8. a) f (x) = 4
b) f (x) = cosh( 3x) − 3 sinh( 3x)
e) y(x) = − 12 + 15 e−x + 3
10
cos(2x) + 53 sin(2x)
Cap.6 Transformada de Laplace 93
Definição 6.4.1 Para cada c ≥ 0 definimos a função degrau unitária pela regra
0, se x < c
uc (x) = (6.14)
1, se x ≥ c
0 1 2 3 x
e−cs
L{uc } = , s>0 (6.15)
s
Uma das utilidades da função degrau é a translação de gráficos. Com efeito, o gráfico da
função
0, se 0 ≤ x < c
g(x) = uc (x)f (x − c) =
f (x − c), se x ≥ c
é construı́do a partir do gráfico de f deslocado c unidades para direita.
Proposição 6.4.3 Seja c > 0 uma constante positiva. Se existe F (s) = L{f } para s > k
então
L{uc (x)f (x − c)} = e−cs F (s) para s > k (6.16)
Cap.6 Transformada de Laplace 94
f g
f(0) f(0)
x c x
Sol.: Basta observar que f (x) = sin x + u2π (x) cos x = sin x + u2π (x) cos(x − 2π). Aplicando
L temos
1 s 1 + se−2πs
F (s) = 2 + e−2πs 2 =
s +1 s +1 s2 + 1
Observação 6.4.6 E se F (s) fosse dada por F (s) = (1 − e2s )/s2 ? Existiria uma função
admissı́vel f tal que L{f } = F ?
Sol.: Primeiramente veja que f (x) = uπ (x) − u2π (x). Aplicando L sobre a e.d.o. temos
e−πs e−2πs
(s2 + 4)Y (s) − sy(0) − y ′(0) = −
s s
s e−πs e−2πs
⇒ Y (s) = + −
s2 + 4 s(s2 + 4) s(s2 + 4)
Usando frações parciais calcula-se que
1 1 1 s
2
= − 2
s(s + 4) 4 s s +4
Lista de Exercı́cios IX
1. Calcule a transformada inversa para
e−2s e−πs
a) F (s) = b) F (s) =
s3 s2 + 1
se−πs/2 e−2s
c) F (s) = d) F (s) =
s2 + 4 s2 (s − 1)
3. Escreva as funções abaixo em termos da função degrau e em seguida calcule suas trans-
formadas
( 1, se 0 ≤ x < 4
0, se 0 ≤ x < 1
a) f (x) = 0, se 4 ≤ x < 5 b) f (x) =
x2 , se x ≥ 1
1, se x ≥ 5
sin x, se 0 ≤ x < 2π x, se 0 ≤ x < 2
c) f (x) = d) f (x) =
0, se x ≥ 2π 0, se x ≥ 2
0 1 2 3
6. Use a fórmula (6.20) para calcular a transformada da função onda quadrada cujo gráfico
é esboçado na figura (6.3).
Respostas
1 2
1. a) f (x) = 2
x − 2x + 2 u2 (x) b) f (x) = −uπ (x) sin(x)
1−e−2sπ
c) f (x) = (1 − u2π (x)) sin x; F (s) = s2 +1
1 −2s
d) f (x) = (1 − u2 (x))x; F (s) = s2
− (2s + 1) e s2
x
4. a) y(x) = 5(1 − e1−x )u1 (x) b) y(x) = 2
− 41 (1 − e−2x ) − 14 u1 (x)[1 − e−2(x−1) + 2(x − 1)]
Sejam f e g duas funções admissı́veis e F (s) e G(s) suas respectivas transformadas de Laplace.
b) Por definição
Z x Z x−v
[f ∗ (g ∗ h)](x) = f (v) g(u)h(x − v − u) du dv =
0 0
Z x Z x−v Z x Z x−v
f (v) g(x − v − u)h(u) du dv = f (v)g(x − v − u)h(u) du dv =
0 0 0 0
ZZ
f (v)g(x − v − u)h(u) du dv
A2
T (ξ, τ ) = (x − τ, ξ) = (u, v)
t v
x x
A1 T
t v
A2
0 t x x 0 x-v x u
[(f ∗ g) ∗ h](x)
c) Novamente, usando a fórmula (6.21) temos
Z x Z x
[f ∗ (g + h)](x) = f (τ )(g + h)(x − τ ) dτ = f (τ )[g(x − τ ) + h(x − τ )] dτ =
0 0
Z x Z x
f (τ )g(x − τ ) dτ + f (τ )h(x − τ ) dτ = (f ∗ g)(x) + (f ∗ h)(x)
0 0
d) Sabemos que
Z ∞ Z b
−sτ
F (s) = e f (τ ) dτ = lim e−sτ f (τ ) dτ
0 b→∞ 0
Z ∞ Z b
G(s) = e−sξ g(ξ) dξ = lim e−sξ g(ξ) dξ
0 b→∞ 0
Fazendo o produto das duas integrais próprias temos
Z b Z b Z b Z b
−sτ −sξ −sτ −sξ
e f (τ ) dτ e g(ξ) dξ = e f (τ ) e g(ξ) dξ dτ =
0 0 0 0
Z b Z b
−s(τ +ξ)
f (τ ) e g(ξ) dξ dτ
0 0
Na integral interna fazemos a troca de variáveis x = τ + ξ, dx = dξ e obtemos
Z b Z b Z b Z b+τ
−s(τ +ξ)
f (τ ) e g(ξ) dξ dτ = e−sx f (τ )g(x − τ )dx dτ =
0 0 0 τ
Cap.6 Transformada de Laplace 100
ZZ
e−sx f (τ )g(x − τ )dx dτ
L
onde L é o losango descrito na figura (6.5) a seguir.
T1 T2
t
0 t b t+ b 2b x
F (s)G(s) = L{f ∗ g}
Vamos agora mostrar que realmente I(b) → 0 quando b → ∞. Com efeito podemos supor
que
|f (x)| ≤ Mekx e |g(x)| ≤ Mekx
Cap.6 Transformada de Laplace 101
Assim
|f (τ )g(x − τ )| ≤ M 2 ekτ ek(x−τ ) = M 2 ekx
donde ZZ
b2 2 (k−s)b b→∞
|I(b)| ≤ e−sx M 2 ekx dτ dx ≤ M e −→ 0
T2 2
Lembre que na integral de Laplace s > k.
Observação 6.5.3 Uma demonstração alternativa para o item b) é a seguinte: pelo item d)
onde
−1 1
g(x) = L .
P (s)
Note que y(x) dada por (6.23) é uma solução particular da equação não-homogênea 6.22. A
solução geral é então
y(x) + yh (x)
Sol.: Impondo condições iniciais nulas como em (6.22) e aplicando a transformada de Laplace
achamos
2 2 1
(s4 − 4s3 + 6s2 − 4s + 1)Y (s) = ⇒ Y (s) =
s2 +4 s2 + 4 (s − 1)4
Lista de Exercı́cios X
1. Calcule 1 ∗ 1 e 1 ∗ 1 ∗ 1.
2. Calcule
3. Use a fórmula de convolução para calcular a transformada inversa de Laplace das funções
1 1
a) F (s) = b) G(s) = (a 6= b)
s(s2+ 1) (s − a)(s − b)
s2 1
c) H(s) = d) P (s) =
(s2 + 1) s2 (s + 1)
4. Use o sı́mbolo de convolução para escrever a solução geral das equações abaixo
c) y (iv) + y = x d) y ′′ − 4y ′ + 4y = sin x
√ 2
√ 2
4 2 1 2 1
Sugestões: λ + 1 = λ + 2 + 2) · λ − 2 +2
λ3 + 1 = (λ + 1) (λ − 21 )2 + 34
Respostas
1. 1 ∗ 1 = x e 1 ∗ 1 ∗ 1 = x2 /2.
s2 −4 6s2 +2 6 1
2. a) (s2 +4)2
b) (s2 −1)3
c) s5
d) (s−2)(s2 +1)
3. a) f (x) = 1 − cos x b) g(x) = (ebx − eax )/(b − a) c) h(x) = (x cos x + sin x)/2
d) p(x) = x + e−x − 1
√ √ √ √
2 3 3 3 3
4. a) y(x) = 3
sinh(x) ∗ ex/2 sin 2
x + c1 e−x + c2 ex/2 cos 2
x + c3 ex/2 sin 2
x
7.1 Introdução
ẋ = ax + by
ẏ = cx + dy
Se denotarmos
x a b
X= e A=
y c d
então o sistema de equações diferenciais é abreviado para
Ẋ = A · X (7.1)
Neste capı́tulo aprenderemos como integrar esse sistema pelo método de autovalores e da
transformada de Laplace
Sistemas lineares comportam-se de maneira muito previsı́vel e sua teoria é bastante simples
e rica em resultados. Por exemplo, do mesmo jeito que no caso unidimensional, combinação
linear de soluções também é solução.
104
Cap.7 Sistemas lineares 105
Proposição 7.2.1 Se X(t) e Z(t) são soluções de (7.1) então para todos k1 , k2 ∈ R tem-se
que k1 X(t) + k2 Z(t) também é solução.
Prova: Chamando ϕ(t) = k1 X(t) + k2 Z(t) temos que a derivação de ϕ juntamente com o
fato de X e Z serem soluções de (7.1) explicam a dedução
Teorema 7.2.2 Dado o sistema Ẋ = AX, para cada (x0 , y0 ) ∈ R2 existe uma única solução
X(t) = (x(t), y(t)) definida para t ∈ R e tal que X(0) = (x0 , y0 ).
Para o bom entendimento dos corolários deste teorema, faz-se necessário introduzir o
conceito de independência linear
Definição 7.2.3 dois vetores X, Z ∈ R2 são ditos linearmente dependentes se um deles for
múltiplo do outro. Caso contrário eles são ditos linearmente independentes.
Exemplo 7.2.4 (2, 3) e (6, 9) são LD. Enquanto que (2, 3) e (2, 0) são LI.
Observação 7.2.5 O vetor nulo juntamente com qualquer outro vetor formam um par de
vetores linearmente dependentes.
Corolário 7.2.6 Sejam X(t) e Z(t) duas soluções de (7.1). Então X(t) e Z(t) são LI para
todo t ∈ R se, e só se, X(0) e Z(0) são vetores LI.
Prova: Suponha que X(0) e Z(0) sejam LD, isto é, X(0) = kZ(0) para algum k ∈ R.
Considere a função vetorial
ϕ(t) = X(t) − kZ(t).
Por construção temos que ϕ(0) = (0, 0) e pela proposição (7.2.1), ϕ também solução de (7.1).
Ora, a única solução de um sistema linear que se anula num ponto é a solução nula. Logo,
ϕ(t) = 0 para todo t ∈ R o que implica em X(t) = kZ(t) para todo t ∈ R. A recı́proca é
trivial.
Cap.7 Sistemas lineares 106
Corolário 7.2.7 Sejam X(t) e Z(t) duas soluções de (7.1) linearmente independentes.
Então toda solução de (7.1) é combinação linear de X e Z.
v = ξu1 + ηu2
k1 X(t) + k2 Z(t)
Destarte, nosso trabalho terá como foco o cálculo de duas soluções LI de (7.1).
Exemplo 7.3.2
1 2 1 1 1 2 2 2
· =3 e · = −2
3 0 1 1 3 0 −3 −3
Cap.7 Sistemas lineares 107
Proposição 7.3.3 Autovetores de uma matriz A associados a autovalores distintos são lin-
earmente independentes.
A(Y ) = A(kX) ⇒ λ2 Y = λ1 kX
λ2 kX = λ1 kX ⇒ (λ2 − λ1 )X = 0
Para que λ seja um autovalor da matriz A é necessário que exista um vetor X não nulo tal
que
(A − λI)X = 0
Sendo
a b 1 0
A= e I=
c d 0 1
a equação (7.2) fica
λ2 − (a + d)λ + ad − bc = 0
Veremos como fica o cálculo dos autovetores em cada uma dessas situações.
Avj = λj vj .
5 9
Exemplo 7.3.5 Para a matriz A = o polinômio caracterı́stico é λ2 − 4λ − 32
3 −1
cujas raı́zes são λ1 = 8 e λ2 = −4. Calculando os autovetores associados a λ1 = 8 temos
5−8 9 x1 0 −3x1 + 9x2 = 0
· = ⇒
3 −1 − 8 x2 0 3x1 − 9x2 = 0
1 9
Exemplo 7.3.6 Para a matriz A = o polinômio caracterı́stico é λ2 − 8λ + 16
−1 7
cuja única raiz é λ = 4. Calculando os autovetores associados a λ = 4 temos
1−4 9 x1 0 −3x1 + 9x2 = 0
· = ⇒
−1 7 − 4 x2 0 −x1 + 3x2 = 0
Av̄ = λ̄v̄
λeλt X0 = Aeλt X0
(A − λI)X0 = 0
então por substituição direta verifica-se que X(t) = eλt X0 é solução do sistema (7.1).
ẋ = 5x + 9y, x(0) = −2
3x − y,
ẏ = y(0) = −2
5 9
Com efeito, os autovalores da matriz A = são λ1 = 8 e λ2 = −4 com autovetores
3 −1
v = (3, 1) e w = (−1, 1), respectivamente. A solução geral é
Lema 7.4.2 Se ϕ(t) = X(t) + ι̇Z(t) é uma solução complexa de (7.1) então X(t) e Z(t)
também são soluções de (7.1).
donde Ẋ = AX e Ż = AZ.
ẋ = 3x + 2y, x(0) = −1
ẏ = −4x − y, y(0) = 2
3 2
Com efeito, os autovalores da matriz A = são λ = 1 + 2ι̇ e λ̄ = 1 − 2ι̇ com
−4 −1
autovetores v = (1, −2) + ι̇(1, 0) e v̄ = (1, −2) − ι̇(1, 0), respectivamente. A solução geral é
(x(t), y(t)) = k1 et [cos 2t · (1, −2) − sin 2t · (1, 0)] + k2 et [sin 2t · (1, −2) + cos 2t · (1, 0)].
Admita que a matriz A tenha apenas um autovalor λ com multiplicidade dois. Suponha
ainda que A não é múltipla da matriz identidade, a fim de evitarmos trivialidades.
temos que o sistema é possı́vel e indeterminado donde obtém-se uma única direção de au-
tovetores.
λu + v = Au ⇒ (A − λI)u = v. (7.5)
Ou seja, calculando um vetor u tal que (A − λI)u = v obtemos uma solução do tipo
Para finalizar o cálculo das soluções de Ẋ = AX devemos mostrar que ϕ e φ são LI. Para
isso, basta notar que em t = 0, φ(0) = u e ϕ(0) = v os quais são LI devido à equação (7.5).
A solução geral fica:
ẋ = x + 9y, x(0) = −2
ẏ = −x + 7y, y(0) = 1
Cap.7 Sistemas lineares 113
1 9
Com efeito, o autovalor da matriz A = é λ = 4 com autovetor v = (3, 1). O
−1 7
sistema
1−4 9 x1 3
· =
−1 7 − 4 x2 1
resume-se a −x1 + 3x2 = 1, donde, fazendo x2 = 1, obtemos u = (2, 1). A solução geral fica
Lista de Exercı́cios XI
1. Determine as soluções dos seguintes PVI’s:
ẋ = 2x − 3y x(0) = 2 ẋ = 2x + 2y x(0) = −1
a) b)
ẏ = x − 2y y(0) = 1 ẏ = x + 3y y(0) = 3
ẋ = x + 2y x(0) = 0 ẋ = −6x + 3y x(0) = −2
c) d)
ẏ = 21 x + y y(0) = 2 ẏ = −5x + 2y y(0) = 1
ẋ = 4x + 3y x(0) = 1 ẋ = −6x + 4y x(0) = −1
e) f)
ẏ = −3x − 2y y(0) = −2 ẏ = −4x + 2y y(0) = 4
ẋ = 19 7
x + 47 y x(0) = 2 16
ẋ = − 11 9
x + 11 y x(0) = −1
g) 1 23 h) 4 28
ẏ = − 7 x + 7 y y(0) = −1 ẏ = − 11 x − 11 y y(0) = 3
ẋ = x − 2y x(0) = 2 ẋ = 6x − y x(0) = 1
i) j)
ẏ = x + 3y y(0) = −1 ẏ = 5x + 2y y(0) = −2
Respostas:
1 3 1 1
1. a) x(t) = e−t + et e y(t) = e−t + et
2 2 2 2
8 5 4 5
b) x(t) = − et + e4t e y(t) = et + e4t
3 3 3 3
c) x(t) = −2 + 2e2t e y(t) = 1 + e2t
13 −3t 9 −t 13 15
d) x(t) = − e + e e y(t) = − e−3t + e−t
2 2 2 2
e) x(t) = (1 − 3t)et e y(t) = (−2 + 3t)et
[1] Zill, D.G., Equações diferenciais com aplicações em modelagem, Cengage Learning,
2011.
[2] Braun, M., Differential Equations and Their Applications: An Introduction to Applied
Mathematics Texts in Applied Mathematics, v. 11, Springer, 4th edition, 1993.
115