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SÉRIES
EQUAÇÕES
DIFERENCIAIS
.5
Christian Q. Pinedo
2015
ii 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Dedico a
A meus filhos:
Milagros, André, Nykolas e Kevyn
iii
iv 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Título do original
Séries e Equações Diferenciais
Janeiro de 2014
PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi
1 Série de potências 1
1.1 Séries de números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 Critérios de convergência das séries numéricas . . . . . . . . . . . . 11
1.1.2 Sumário dos Critérios para Séries de Números. . . . . . . . . . . . . 17
1.2 Séries de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.1 Raio de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Exercícios 1-1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.3 Desenvolvimento em séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3.1 A função exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.4 Operações com série de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.4.1 A série binomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.5 Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.5.1 Série de Taylor associada a uma função . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.5.2 Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.5.3 Convergência da série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Exercícios 1-2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.6 Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
1.6.1 Resto de um Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
1.6.2 Combinando Séries de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
1.7 Lista de série de Taylor de algumas funções comuns . . . . . . . . . . . . . 62
1.8 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
1.8.1 Cálculo de limites e integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
1.8.2 Estudo de Extremos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
1.8.3 Outra definição para a derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
1.9 Série de Taylor em várias variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
1.9.1 Para duas variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Exercícios 1-3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
v
vi 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
6 Transformada Z 381
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 382
6.2 Sistemas e sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 382
6.2.1 Sistemas e sinais de tempo contínuo ou discreto. . . . . . . . . . . . 383
x 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
aplicações básicas que acompanham tais conceitos; esta obra é a continuação e abordagem
alguns tipos de equações diferenciais mediante séries de funções, e a solução das equações
mediantes as transformadas de Laplace, de Fourier e da transformada Z.
xi
xii 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Cada capítulo se inicia com os objetivos que se pretende alcançar; os exercícios apre-
Aplicadas, assim como professor de ensino superior, com atuação na graduação da docên-
cia universitária.
Fico profundamente grato pela acolhida desde trabalho e pelas contribuições e suges-
tões dos leitores, em especial a meus alunos do Curso de Engenharia Civil e Elétrica da
Leibniz
Capítulo 1
Série de potências
1
2 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Perspectiva Linear”.
N+ = { 1, 2, 3, 4, · · · , n, · · · }
Seja {an }n∈N+ uma sequência de números reais, a partir de ela podemos obter os
seguintes elementos:
s1 = a1 ;
s2 = a1 + a2 ;
s3 = a1 + a2 + a3 ;
..
.
sn−1 = a1 + a2 + a3 + · · · + an−2 + an−1 ;
sn = a1 + a2 + a3 + · · · + an−2 + an−1 + an
Isto é, podemos obter outra sequência {sn }n∈N+ , chamada série onde seus elementos
são somas parciais de elementos da sequência {an }n∈N+ .
Quando o índice n seja o maior possível (por exemplo n → +∞), teremos a escrever
o termo geral da sequência {sn }n∈N+ como uma soma de uma quantidade indeterminada
de elementos da forma ai onde i ∈ N+ .
∑ n
A notação que permite exprimir esta soma é: sn = ak .
k=1
Por se tratar {sn }n∈N+ de uma sequência de números reais, todo o estudado para
sequências numéricas {an }n∈N+ podemos aplicar a nossa série {sn }n∈N+ ; por exemplo
limitação, monotonia, convergência entre outros.
Logo, a série {sn }n∈N+ é limitada, se existe uma constante C ∈ R tal que |sn | ≤
∑+∞
C ∀ n ∈ N+ isto é an ≤ C.
n=1
[ n ]
∑
A série {sn }n∈N+ é convergente, se lim sn = S ou lim ai = S, para algum
n→+∞ n→∞
i=1
S ∈ R fixo e único.
Assim, podemos dizer que existem séries convergentes e séries divergentes. O objetivo
deste capítulo é aprender a distinguir umas das outras.
Dada uma sequência {an }n∈N+ de números reais, a soma infinita
a1 + a2 + a3 + · · · + an−2 + an−1 + an + . . .
Christian José Quintana Pinedo 3
∑
+∞ ∑
será representada simbolicamente por an ou an .
n=1 n∈N
Nosso objetivo agora é estabelecer condições sobre a sequência {an }n∈N+ para que a
∑
+∞
soma infinita an tenha como resultado um valor de número real. Se este for o caso
n=1
dizemos que a soma infinita converge.
Estas somas infinitas são denominadas “séries infinitas” ou simplesmente séries.
∑
+∞ ∑
n
an = lim ak = lim sn = S (1.1)
n→+∞ n→+∞
n=1 k=1
Exemplo 1.1.
∑
+∞
Por definição, uma “série geométrica” é da forma S = arn−1 , onde o número r é
n=1
denominado “razão da série”, e o número constante a é seu coeficiente.
4 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 1.2.
Estudar a série geométrica.
Solução.
∑
+∞ ∑
+∞
n−1
Pela propriedade do somatório podemos escrever S = αr =α rn−1 , de onde:
n=1 n=1
∑
n [ ]
i−1 1 − rn
sn = α r =α (1.2)
i=1
1−r
Quando |r| < 1, sabemos que lim rn = 0, tomando o limite em (1.2) quando n →
n→+∞
1 − rn α
+∞ tem-se: lim sn = α lim = = S.
n→+∞ n→+∞ 1 − r 1−r
∑ n−1
+∞ α
Isto é, S = ar = lim sn = converge quando |r| < 1.
n=1 n→+∞ 1−r
É imediato que, para o caso |r| ≥ 1 a série diverge.
∑
+∞
1
Por definição uma “série harmônica” é da forma .
n=1
n
∑n 1
Esta série representa o termo n-ésimo de uma sequência {sn }, onde sn = .
k=1 k
1 1 1 1
Consideremos duas subsequências de sn : sm = 1 + + + + ... + e
2 3 4 m
1 1 1 1 1 1
s2m = 1 + + + + ... + + ... + +
2 3 4 m 2m − 1 2m
1 1 1 1 1 1
s2m − sm = + + + ... + + ... + + ≥
m+1 m+2 m+3 m 2m − 1 2m
1 1 1 1 1
≥ + + + ... + =
2m 2m 2m 2m 2
1
de onde lim (s2m − sm ) ≥ ̸= 0, caso o limite existisse.
m→+∞ 2
∑ 1
+∞
Portanto, a série harmônica diverge.
n=1 n
Christian José Quintana Pinedo 5
∑
+∞
1
Uma “série p” é da forma p
, onde p ∈ (0, ∞) é uma constante fixa. Esta série
n=1
n
também é conhecida como Série de Dirichelet (ou de Riemann).
Mostra-se que a série:
∑
+∞
1 1 1 1
p
= 1 + p + p + ··· + p + ··· (1.3)
n=1
n 2 3 n
Observação 1.1.
∑
+∞
A série (bn −bn+1 ) é denominada série de encaixe devido à natureza de seus termos:
n=1
A sequência de suas somas parciais {sn }n∈N+ , vem dado pela expressão:
Se a sequência {bn }n∈N+ convergir para um número L, segue que {sn }n∈N+ converge
para b1 − L.
Exemplo 1.4.
∑
+∞
1
Verificar que a série converge.
n=1
n2 + n
∑
+∞ +∞ [
∑ ]
1 1 1 1
Com efeito, observe que 2
= − =1− , logo;
n=1
n + n n=1 n n + 1 n+1
∑
n [ ]
1 1
lim = lim 1 − =1−0=1
n→+∞
i=1
n2 + n n→+∞ n+1
∑
+∞
1
Portanto, a série converge.
n=1
n2 +n
Exemplo 1.5.
∑
+∞ ( n )
Determine se a série Ln converge.
n=1
n+1
Solução.
∑
+∞ ( n ) ∑+∞
Observe que, podemos escrever Ln = [Lnn − Ln(n + 1)].
n=1
n+1 n=1
6 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
n ( k )
Logo, Ln = Ln1 − Ln(n + 1) então
k=1
k+1
∑
n ( k )
lim Ln = lim [Ln1 − Ln(n + 1)] = 1 − ∞ = −∞
n→+∞
k=1
k+1 n→+∞
∑
+∞ ( n )
Portanto, a série Ln diverge.
n=1
n+1
A propriedade a seguir fornece uma condição necessária, mas não suficiente para que
uma série numérica seja convergente.
ii) lim an = 0.
n→∞
Demonstração. i)
∑
+∞
Se an converge, então existe em R o limite L = lim sn logo, sendo {sn } uma
n=1 n→+∞
sequência convergente, ela é limitada.
Demonstração. ii)
∑
+∞
Denotando por {sn }n∈N+ a sequência de somas parciais da série, ak temos que an =
k=1
sn − sn−1 e admitindo que a série é convergente, resulta que a sequência de somas parciais
{sn }n∈N+ converge para um certo número L, o mesmo ocorrendo com a subsequência
{sn−1 }, então:
Exemplo 1.6.
∑
+∞
n2
Verificar que a série diverge.
n=1
2n2 + 3n
Solução.
Esta última propriedade nos leva a um primeiro teste para saber a respeito da diver-
gência de uma série, e justifica a seguinte propriedade.
Propriedade 1.2.
∑
+∞
Se lim an ̸= 0 ou não existe, então a série an diverge.
n→+∞
n=1
Exemplo 1.7.
∑
+∞
n ∑
+∞
√
1. As séries e n ambas são divergentes.
n=1
n+1 n=1
n √
Com efeito, lim = 1 ̸= 0 e lim n ̸= 0.
n→∞ n + 1 n→∞
∑
+∞ ∑
+∞
−n
n+1
2. As séries (−1) e ambas são divergentes.
n=1 n=1
3n + 4
−n
Observe que, lim (−1)n+1 ̸= 0 e lim ̸= 0.
n→∞ n→∞ 3n + 4
∑
∞
- {an } diverge - an diverge - Fim
n=1
∑
∞
- - -
L ̸= 0 an diverge Fim
n=1
∑
∞
an -
n=1
- lim an = L -
n→∞
- -
L=0 ?
∑
+∞
A condição lim an = 0 não dá informação sobre a convergência da série an sendo
n→+∞ n=1
Observação 1.2.
∑
+∞ ∑
n
Suponha que a série an seja convergente; isto é lim sn = lim ak = S existe.
n→+∞ n→+∞
n=1 k=1
Então é correto afirmar que:
lim (sn − S) existe se e somente se, lim sn = S existe.
n→+∞ n→+∞
Deduzimos assim, que podemos omitir um número finito de termos (entre os primeiros)
de uma série infinita sem afetar sua convergência.
Como no caso das sequências numéricas, o acréscimo ou a omissão de um número
finito de termos não altera a convergência de uma série, podendo alterar o valor de sua
soma.
Exemplo 1.8.
A seguinte tabela ilustra algumas situações:
∑
+∞
an lim an situação
n→∞
n=1
∑
+∞ n
e
+∞ divergente
n=1
n2
∑
+∞
n 1
divergente
n=1
3n + 5 3
∑
+∞
Lnn
0 indefinida
n=1
n2
Propriedade 1.3.
∑
∞ ∑
∞
Se as séries an e bn diferem apenas em seus primeiros termos em uma quan-
n=1 n=1
tidade finita, então ambas são convergentes ou ambas são divergentes.
Ainda mais, uma consequência da Propriedade (1.3), temos que para cada número
∑
∞ ∑
∞
k ∈ N , as séries
+
an e an são ambas convergentes ou ambas divergentes.
n=1 n=k
Exemplo 1.9.
∑∞
1 ∑∞
1 ∑∞
1
As séries e ambas são divergentes, entanto as séries e
n=9
n n=9
n − 8 n=9
n2
∑∞
1
ambas são convergentes.
n=9
(n − 8)2
Christian José Quintana Pinedo 9
Propriedade 1.4.
∑∞ ∑
∞
Sejam an e bn duas séries numéricas e α ∈ R.
n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(a) Se as séries an e bn são convergentes, então (an +bn ) e α·an também
n=1 n=1 n=1 n=1
convergem.
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(b) Se an e convergente e bn é divergente, a série (an + bn ) diverge.
n=1 n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞
(c) Se an é divergente e β ̸= 0, então a série β · an é também divergente.
n=1 n=1
A demonstração é exercício para o leitor.
Observação 1.3.
∑
∞ ∑
∞
Quando as séries an e bn são ambas divergentes, a Propriedade (1.4) não dá
n=1 n=1
∑
∞
informação a respeito da convergência da série (an + bn ).
n=1
Exemplo 1.10.
∑ ∞ [ ]
1 ∑ −1 ∑
∞ ∞
1 −1
• As séries e são ambas divergentes, entanto que a série +
n=1
n n=1 n n=1
n n
converge.
∑∞ [ ] ∑∞
1 3 1
• A série 2
+ n−1 é convergente, enquanto as séries 2
e
n=1
n +n 4 n=1
n +n
∑∞
3
n−1
são convergentes.
n=1
4
Propriedade 1.5. Condição de Cauchy.
∑
n
Seja {sn } uma sequência de números reais, a série sn = ak é convergente se, para
k=1
qualquer ε > 0, existe n0 > 0 tal que |sm − sn | < ε sempre que m, n > n0 .
A demonstração é exercício para o leitor.
Existem casos onde a série têm seus termos decrescentes, então podemos utilizar a
seguinte propriedade.
Propriedade 1.6.
Suponhamos temos uma série de termo geral an de modo que an ≥ an+1 para todo
n ∈ N+ ; logo:
∑∞ ∑
∞
A série an converge se e somente se, a série 2n · a2n também converge.
n=1 n=1
10 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 1.11.
∑∞
1
Verificar que a série converge.
n=1
n2
Solução.
1 1 1
Tem-se que an = 2
> = an+1 , então podemos obter a2n = .
n (n + 1)2 (2n )2
( 1 )n
∑ ∑ ∑ ∑ 1 1 − 2
∞ ∞ ∞ ∞
1 2n 1
Logo, 2n · a2n = 2n · = = = lim · = 1.
(2n )2 22n 2n n→∞ 2 1
n=1 n=1 n=1 n=1 1−
2
∑∞
1 ∑∞
1
Como a série n
converge, então a série 2
também converge.
n=1
2 n=1
n
∑
∞
Uma série an onde cada termo an é maior ou igual do que zero é denominada série
n=1
de termos positivos.
Propriedade 1.7.
∑
∞
Seja {an } uma sequência com an ≥ 0 para todo n ∈ N+ . Então a série an é
n=1
convergente se, e somente se, a sequência de somas parciais {sn } é limitada.
Exemplo 1.12.
∑
∞
1
A série é convergente.
n=1
n(n + 1)
1 1 1
Observe que = − para todo n ∈ N+ .
n(n + 1) n n+1
1 1 1 1 1
Como sn = + + +···+ , tem-se que sn = 1 − ≤ 1 para
1·2 2·3 3·4 n(n + 1) n+1
todo n ∈ N+ .
Sendo os termos positivos, e a sequência de somas parciais {sn } limitada, então série
∑
∞
1
é convergente.
n=1
n(n + 1)
∑
∞ ∑
∞
Nesse caso an é a série dominada e bn é a série dominante.
n=1 n=1
Exemplo 1.13.
∑ 1 ∑ 1
i) A série é “dominante” e a série , p > 2 é “dominada”
+
n +
np
n∈N n∈N
∑√ ∑
ii) A série n é “dominante” e a série sen(n2 ) é “dominada”
n∈N+ n∈N+
Observação 1.4.
Para séries de termos positivos, os seguintes fatos são imediatos:
Estes fatos junto com a Propriedade (1.7) estabelecem o seguinte critério de conver-
gência conhecido como
∑
∞ ∑
∞
i) Se a série bn converge e an ≤ bn ∀ n ∈ N , então a série
+
an também converge.
n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞
ii) Se a série an diverge e an ≤ bn ∀ n ∈ N , então a série
+
bn também diverge.
n=1 n=1
Como as afirmações i) e ii) são equivalentes, é suficiente mostra apenas uma delas.
A demonstração é exercício para o leitor.
Exemplo 1.14.
Toda série convergente, cujos termos não mudam de sinal é absolutamente conver-
∑∞
gente. Em particular quando −1 < r < 1, a série geométrica rn é absolutamente
n=1
convergente, pois |rn | = |r|n , com 0 ≤ |r| < 1.
Observação 1.5.
Os elementos de uma série absolutamente convergente, podem ser reordenados sem
afetar a convergência ou a soma da série.
1 1 1 1 1 1 1
Por exemplo a série 1− + − + − + − · · · converge absolutamente.
3 9 27 81 243 729 2187
1 1 1 1 1 1 1
O reordenamento 1 + + + + ··· − − − − − · · · também
9 81 729 3 27 243 2187
converge e tem a mesma soma que a original.
Propriedade 1.9.
∑
∞
Se a série an é absolutamente convergente, então ela é convergente e:
n=1
∑∞ ∑ ∞
an ≤ |an |
n=1 n=1
Exemplo 1.15.
∑∞
(−1)n
A série 2
é absolutamente convergente.
n
n=1
(−1)n
Observe que 2 = n12 , ∀ n ∈ N+ .
n
∑ ∞
1 ∑∞
(−1)n
Como 2
converge, segue-se que 2
é absolutamente convergente.
n=1
n n=1
n
Propriedade 1.10.
∑∞ ∑
∞
Sejam an e bn séries absolutamente convergentes, então:
n=1 n=1
∑∞
i) A série an bn é absolutamente convergente.
n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
ii) O produto cn das séries an e bn é absolutamente convergente, e:
n=1 n=1 n=1
∑
∞ (∑
∞ )( ∑
∞ )
cn = an an
n=1 n=1 n=1
Christian José Quintana Pinedo 13
∑
∞ ∑
∞
i) Se a série bn é absolutamente convergente, então a série an também é absolu-
n=1 n=1
tamente convergente.
∑
∞ ∑
∞
ii) Se a série an não é absolutamente convergente, então a série an não é abso-
n=1 n=1
lutamente convergente.
Exemplo 1.16.
∑∞
sen n
A série n
é absolutamente convergente.
n=1
2
sen n ∑ ∞
1 1
É imediato que n ≤ n ∀ n ∈ N+ . Como a série n
é absolutamente
2 2 n=1
2
∑∞
sen n
convergente, pela Propriedade (1.11), a série n
é absolutamente convergente.
n=1
2
Definição 1.4.
∑
∞ ∑
∞
A série an é simplesmente convergente, se a série an for convergente e a
n=1 n=1
∑
∞
série |an | for divergente.
n=1
Definição 1.5.
∑
∞ ∑
∞
Uma série se diz alternada, se for da forma (−1)n+1 an ou (−1)n an com
n=1 n=1
an ≥ 0
Exemplo 1.17.
∑∞
1
A série (−1)n+1 é simplesmente convergente.
n=1
n
14 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 1.12.
∑
∞ ∑
∞
n+1
Uma série alternada (−1) an é absolutamente convergente, se an for
n=1 n=1
convergente.
∑
∞
ii) Se r > 1, a série an diverge.
n=1
Exemplo 1.18.
∑
∞
pn
• A série é absolutamente convergente, para todo p ∈ R.
n=1
n!
Com efeito, se p = 0 é imediato.
an+1 pn+1
Sejam p ̸= 0 e an =
pn
para n ∈ N , então:
+ = ·
n! = |p| .
n! an (n + 1)! p n + 1
n
an+1
Calculando o limite, r = lim = lim |p| = 0.
n→∞ an n→∞ n + 1
∑
∞
pn
Portanto a série é absolutamente convergente.
n=1
n!
∑
∞
sen(n!)
• A série é absolutamente convergente.
n=1
n!
∑∞
sen(n!) ∑ ∞
1
Com efeito, n! ≤ n!
n=1 n=1
∑
∞
sen(n!)
Pelo critério de comparação (Propriedade (1.11), a série converge
n=1
n!
absolutamente.
1
Também conhecido como Critério da razão.
Christian José Quintana Pinedo 15
∑
∞
i) Se r < 1, a série an é absolutamente convergente.
n=1
∑
∞
ii) Se r > 1, a série an diverge.
n=1
Exemplo 1.19.
∑
∞
3−n−(−1) é convergente.
n
Determine se a série
n=1
Solução.
Exemplo 1.20.
∑
∞
A série np an converge absolutamente se |a| < 1, e é divergente se |a| > 1.
n=1
√ √ √
Com efeito, n
|np an | = ( n n)p |a| para n ∈ N+ , de onde lim n |np an | = |a|.
n→∞
Exemplo 1.21.
1
A função f (x) = atende as condições da propriedade no intervalo [1, ∞).
x3
De fato, nesse intervalo a função f (x) é claramente contínua e não negativa e como
−3
sua derivada f ′ (x) = 4 é negativa para todo x ≥ 1, então f (x) é decrescente.
x ∞
∫ ∑∞
1
A integral imprópria f (x)dx = 1 é convergente, por conseguinte a série
n=1
n3
1
converge.
Observação 1.6.
Quando utilizamos o critério da integral, o valor da integral imprópria não é necessá-
riamente igual ao valor da soma da série, no caso de esta convergir.
Propriedade 1.17.
Consideremos a função f : [1, +∞) −→ R contínua e suponhamos que f (x) seja não
∫∞
negativa e monótona decrescente. Se a integral imprópria f (x)dx converge, então a
1
∑
∞ ∫∞ ∑
∞ ∫∞
série f (n) converge, e: f (x)dx ≤ f (n) ≤ f (1) + f (x)dx.
n=1 1 n=1 1
Exemplo 1.22.
∑∞
1
A série , p ∈ R converge se p > 1 e diverge se p ≤ 1.
n=1
np
∑
∞ ∑
∞
i) Se L > 0, então as séries an e bn são ambas convergentes ou ambas divergentes.
n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞
ii) Se L = 0 e bn converge, então an também converge.
n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞
iii) Se L = ∞ e bn diverge, então an também diverge.
n=1 n=1
Christian José Quintana Pinedo 17
Exemplo 1.23.
∑∞
1
Determine se a série converge ou diverge.
n=1
nn
Solução.
18 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 1 ∑ 1 ∞
Seja an = n e consideremos bn = n ; sabe-se que a série geométrica é
n 2 n=1
2n
1
convergente (r = < 1).
2
1 [ ]n
an n n 2n 2
Então, lim = lim = lim n = lim = 0.
n→∞ bn n→∞ 1 n→∞ n n→∞ n
2n
∑∞
1
Pela parte ii) da Propriedade (1.18) segue que a série é convergente.
n=1
nn
∑
∞
cos(nx) cos x cos 2x cos 3x
= + + + ···
n=1
n2 1 4 9
x x2 x3
x
e =1+ + + + ···
1! 2! 3!
∑
∞
fn (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + f4 (x) + · · · (1.5)
n=1
Em tal situação {fi } será uma sequência de funções; para cada valor de x = x0
obteremos uma sequência {fi (x0 )} de números reais (ou complexos).
Christian José Quintana Pinedo 19
Para analisar tais funções tem-se que lembrar que cada soma
f1 (x), f1 (x) + f2 (x), f1 (x) + f2 (x) + f3 (x), f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + f4 (x) + · · ·
sn = f1 + f2 + f3 + f4 + · · · + fn
∑
∞
an xn = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + a4 x4 + · · · (1.6)
n=0
∑
∞
an (x − c)n = a0 + a1 (x − c) + a2 (x − c)2 + a3 (x − c)3 + · · · (1.7)
n=0
20 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Definição 1.7.
Chama-se domínio de convergência D(s) da série de potências (1.7) ao conjunto dos
valores reais que, substituídos na série, originam uma série numérica convergente.
Exemplo 1.24.
∑
∞
O domínio de convergência da série xn = 1 + x + x2 + x3 + · · · é D(s) = (−1, 1)
n=0
O valor 0 (zero) pertence sempre ao domínio de convergência D(s) desta série, mais,
∑∞
1
para qualquer x ∈ (−1, 1) tem-se que xn define a função f (x) = . Esta é
n=0
1−x
chamada “série geométrica”, é um dos exemplos mais importantes de séries de potência.
A igualdade (1.7) permite imaginar que qualquer polinômio pode ser facilmente ex-
presso como uma série de potências em torno de um centro x = c, embora um ou mais
coeficientes sejam iguais a zero. Como mostra o exemplo a seguir.
Exemplo 1.25.
O polinômio p(x) = x2 + 2x + 3 pode ser escrito como a série de potência em torno
de c = 0 assim:
p(x) = 3 + 2x + 1 · x2 + 0x3 + 0x4 + · · ·
Exemplo 1.26.
São exemplos de série de potências.
Christian José Quintana Pinedo 21
∑
∞
xn x2 x3
• A fórmula da função exponencial: e = x
=1+x+ + + ···
n=0
n! 2! 3!
∑
∞
(−1)n x2n+1 x3 x5 x7
• A fórmula do seno: senx = =x− + − + ···
n=0
(2n + 1)! 3! 5! 7!
Exemplo 1.27.
∑
∞
( 2 )k1
Considere-se a série: (x − )k
k=0
3 2
∑∞
( 2 )k 1 k ∑ ∞
( 1 )k
Para x = 1 obtém-se: ( ) = é série convergente.
k=0
3 2 k=0
3
∑∞
( 2 )k 5 k ∑ ∞
( 5 )k
Para x = 3 obtém-se: ( ) = é série divergente
k=0
3 2 k=0
3
Observação 1.7.
• Potências negativas não são permitidas em uma série de potências, por exemplo
1 + x−1 + x−2 + · · ·
não é considerada uma série de potência (embora seja uma série de Laurent).
• Similarmente, potências fracionais, tais como x1/2 , não são consideradas séries de
potências (veja série de Puiseux).
∑
∞
ak [φ(x)]k = a0 + a1 [φ(x)] + a2 [φ(x)]2 + a3 [φ(x)]3 + · · · + ak [φ(x)]k + · · ·
k=0
(c − r, c + r) ou [c − r, c + r) ou (c − r, c + r] ou [c − r, c + r]
Em casos particulares r = +∞, logo a série (1.7) converge em todo R, para o caso
r = 0 a série de potências só converge em x = c.
O raio de convergência r pode ser encontrado utilizando na série dos módulos corres-
pondentes, o critério da razão ou outro critério utilizado na determinação da natureza de
uma série numérica.
Também é costume determinar o intervalo e o raio de convergência r da série de
∑
∞
potências ak (x − c)kn usando um dos seguintes procedimentos:
k=0
∑
∞
2. Se série tem a forma ak (x − c)kp onde p ∈ N então
k=0
√
ak+1
r −1
= p
lim (1.9)
k→∞ ak
3. Para o caso da série de potências (1.7) tiver coeficientes iguais a zero, e a sequência
dos x − c que ficaram é qualquer3 , então o raio de convergência podemos determinar
pela fórmula
r−1 = lim sup.|ak | k
1
(1.10)
k→∞
ou, equivalentemente,
r = lim inf.|ak |− k
1
k→∞
Propriedade 1.19.
∑
∞
O raio de convergência r de uma série de potências ak (x − c)kn é dado por:
k=0
√
ak+1
• r −1
= n
lim desde que o limite exista ou seja zero.
k→∞ ak
Além disso,
3. Se r ∈ (0, +∞) então a série converge pelo menos para todos os valores de x ∈ (c −
r, c + r).
Exemplo 1.28.
∑
∞
a) A série xn tem raio de convergência r = 1. Para x = 1 diverge para +∞ e para
n=1
x = −1 é oscilante.
3
Isto é não forma uma P.G. como no caso anterior
4
Um subconjunto A ⊂ R se diz compacto, se A é fechado e limitado
24 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
∞
xn
b) A série tem raio de convergência r = 1. Para x = 1 diverge para +∞ e para
n=1
n
x = −1 converge (não absolutamente).
∑
∞
xn
c) A série tem raio de convergência r = 1. Para x = 1 e para x = −1 converge
n=1
n2
absolutamente.
Exemplo 1.29.
∑
∞
Determine o raio de convergência e, o intervalo de convergência da k!xk .
k=0
Solução.
ak+1 (k + 1)!
−1
Tem-se r = lim = lim = lim (k + 1) = +∞ de onde r = 0.
k→∞ ak k→∞ k! k→∞
Como o raio de convergência é 0 (zero), a série dada converge apenas quando x = 0.
Exemplo 1.30.
∑
∞
xk
Calcular o raio de convergência e o intervalo de convergência da série .
k=0
k!
Solução.
ak+1 k!
Tem-se r = lim
−1 = lim = lim 1 = 0 de onde r = +∞.
k→∞ ak k→∞ (k + 1)!
k→∞ k + 1
Como o raio de convergência é r = +∞ a série dada converge apenas para todo x ∈ R.
Esta última série converge para todo x ∈ R, logo podemos definir uma função f :
x2 x xn ∑
+∞ k
x
R −→ R de modo que f (x) = 1 + x + + 3 + ··· + + ··· = .
2! ! n! k=0
k!
Formalmente, derivando em relação à variável x obtém-se
x2 x xn−1 ∑ xk−1
+∞
f (x) = 1 + x + + 3 + ··· + + ··· = = f ′ (x)
2! ! (n − 1)! k=1
(k − 1)!
f ′ (x)
como f (x) ̸= 0, podemos escrever = 1 para logo obter Lnf (x) = x de onde f (x) = ex
f (x)
Assim, obtivemos uma série de potências para representar a função exponencial
∑
+∞ k
x
x
e =
k=0
k!
Exemplo 1.31.
∑
∞
(x − 5)k
Encontre o raio de convergência e o intervalo de convergência da série .
k=0
k2
Solução.
Christian José Quintana Pinedo 25
ak+1 k2
Tem-se r = lim
−1 = lim = lim 1 = 1 de onde r = 1.
k→∞ ak k→∞ (k + 1)
2 k→∞ k + 1
Como o raio de convergência é r = 1 a série dada converge pelo menos para x tal que
|x − 5| < 1 isto é x ∈ (4, 6).
∑∞
(4 − 5)k ∑∞
(−1)k
Quando x = 4, a série = é apenas uma série absolutamente
k=0
k2 k=0
k2
convergente (justificar!) e por isso é convergente.
∑ ∞
(6 − 5)k ∑∞
1
Quando x = 6, a série 2
= 2
é uma série de Dirichlet5 com p = 2 e
k=0
k k=0
k
por isso é convergente.
Portanto, o intervalo de convergência é [4, 6].
Propriedade 1.20.
∑
∞
Se a série de potências ak xk converge quando x1 ̸= 0, então converge para todo y
k=0
tal que |y| < |x1 |.
Demonstração.
∑
∞
Tem-se que ak xk1 converge, logo lim ak xk1 = 0. Aplicando a definição de limite ao
k→∞
k=0
infinito, tem-se que para ϵ = 1 > 0 existe M > 0 tal que |ak xk1 | < 1 sempre que k ≥ M
k
k x1
k
xk1 x1
Se y é tal que |y| < |x1 | então |ak y | = |ak y · k | = |ak y |·| k | <
k k
∀k ≥ M .
y y y
k
∑∞ x y ∑∞
1
Como a série y converge, pois seu raio r = | x1 | < 1, e temos que |ak y k | <
k=0
k k=0
∑ x1
∞ ∑∞
, pelo critério de comparação (1.8) a série |ak y k | converge absolutamente
y
k=0 k=0
quando |y| < |x1 |.
∑
∞
Portanto, se a série ak xk converge quando x1 ̸= 0, então converge para todo y tal
k=0
que |y| < |x1 |.
Propriedade 1.21.
∑
∞
Se a série de potências ak xk diverge quando x2 ̸= 0, então diverge para todo y tal
k=0
que |y| > |x2 |.
Demonstração.
∑
∞
Suponhamos que a série ak xk seja convergente, para algum x1 tal que |x2 | < |x1 |,
k=0
pela Propriedade (1.20) a série converge quando x2 . Isto é contradição !
5
Dirichlet 1805−1859 nasceu na Alemanha. Foi educado na Alemanha e na França, onde foi aluno dos
mais renomados matemáticos da época. Sua primeira publicação foi sobre o “Último teorema de Fermat”
26 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
∞
Portanto, a série ak xk diverge para todo y tal que |y| > |x2 |
k=0
Propriedade 1.22.
∑
∞
Seja a série ak xk , então uma e somente uma das condições cumpre
k=0
1. A série converge só se x = 0.
Demonstração.
∑
∞
1. Se x = 0, então ak xk = a0 + 0 + 0 + 0 + · · · = a0 , a série converge.
k=0
2. Suponhamos que a série dada seja convergente para x = x1 , onde x1 ̸= 0, então a série
converge absolutamente para todo x tal que |x| < |x1 |.
Se não existe outro valor de x para o qual a série dada seja divergente, podemos
concluir que a série converge absolutamente para todo x
Portanto, |x2 | é um limite superior do conjunto de valores de |x| para o qual a série
converge absolutamente. Logo pelo Axioma do Supremo6 , este conjunto tem um
supremo que é o número r.
Esta propriedade nada afirma sobre a convergência da série nos extremos do intervalo
de convergência. O intervalo de convergência é o maior intervalo aberto em que a série é
convergente.
A Propriedade (1.22) é consequência do seguinte Teorema
2. Existe um número r > 0 tal que a série converge absolutamente para todo x ∈ R tal
que |x − c| < r e diverge ∀ x ∈ R tal que |x − c| > r.
Logo o intervalo de convergência será um dos intervalos:
Exemplo 1.32.
Determine o raio de convergência de cada uma das seguintes séries:
∑ ∞ ∑ ∞
x2k ∑∞
(x − 2)k
k 2k
1. (−1) x 2. 3. .
k=0 k=0
5k+1 k=0
2k k 2
Solução.
√ √
a (−1)k+1
1. r−1 = lim = lim = 1 ⇒ r = 12 = 1.
k+1
k→∞ ak k→∞ (−1)k
Exemplo 1.33.
∞ [
∑ n + 1 ]n
Determine o domínio de convergência da série (x − 2)2n .
n=1
2n + 1
Solução.
28 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
[ nk+ ∈
Seja N, observe que, se n = 2k − 1 tem-se que an = 0 e, se n = 2k tem-se
1 ]n
ak = . Para determinar o raio de convergência devemos usar a fórmula (1.9)
2n + 1
√[
n n + 1 ]n n+1 1
lim = lim =
n→+∞ 2n + 1 n→+∞ 2n + 1 2
√
como |x − 2|2 < 2, ∀ n ∈ N, então |x − 2|2 < 2, e o raio de convergência é r = 2.
n
√
La série converge se |x − 2| < 2 um estudo nos extremos leva a estudar a série
∞ [
∑ n + 1 ]n √ 2n ∑ [ n + 1 ]n n−1 1 ∑
∞ ∞
1
( 2) = 2 = [1 + ]n
n=1
2n + 1 n=1
2n + 1 2 n=1
2n + 1
1 √ √
Como lim[1 + ]n = e ̸= 0 a série diverge. O mesmo acontece com x = − 2.
n=1 2n + 1 √ √
Portanto, o domínio de convergência é o intervalo (2 − 2, 2 + 2).
Exemplo 1.34.
∑ (x − 1)k(k+1)
Determine o domínio de convergência da série .
n=1
kk
Solução.
Exercícios 1-1
√
9 n−1 ∑
+∞
1. Determine se a série dada 2
√ converge.
n=1 n + 3 n
∑ 1(
+∞ 1 )n
2. Determine a convergência da série n
1 +
n=1 2 n
∑
+∞ 1
3. Determine se a série dada converge.
n=1 (n + 1)Ln(n + 1)
∏
∞ ∑
∞
4. Verificar que o produto infinito (1 + an ) com an > 0 converge sempre an
n=0 n=0
converge.
∑ ∑ ∑ n [ x ]n
∞ ∞ ∞
(x − 3)n (n + 1)5 2n
1. 2. x 3.
n=1
n · 5n n=0
2n + 1 n=1
n+1 2
∑∞
x2n−1 ∑∞
2n xn ∑∞
(x + 2)n
4. (−1)n+1 5. 6.
n=1
(2n − 1)! n=1
n2 n=1
Ln(n + 1)
∑∞
Lnn ∑
∞ ∑
∞
1
7. (x − 5)n 8. n! · xn 9.
n=1
n + 1 n=1 n=1
1 + x2n
(n!)2 n ∑
+∞
8. Determine o maior intervalo aberto em que a série x é convergente.
n=1 (2n)!
[ ]
∑ n+1 n
+∞
9. Determine a convergência da série (x − 2)n
n=1 2n + 1
∑
+∞ x2
10. Mostre que a série 2 n
é convergente em R.
n=1 (1 + x )
30 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑∞ an+1
11. Considere a série de potências xn+1 ; com a ∈ R+ :
n−0 n + 1
1. Determine o raio de convergência da série e estude a sua natureza nos extremos
do intervalo de convergência.
2. Considere a série numérica que se obtém fazendo x = −3. Justifique que existe
um único valor de a para o qual a série numérica correspondente é simplesmente
convergente e determine-o.
∑∞
xk+3
12. Considere a série de potências
k=1
k+3
∑
∞
xn ∑∞
2n xn ∑
∞
1. √ 2. 3. [2 + (−1)n ]2n (x + 1)n
n=1
2n + n n=1
1 + 2n n=1
∑∞
(x − 3) n ∑
∞
(x − 1)n ∑∞
(−1)n (n + 1)!
4. √ 5. 6. xn+1
n=1
n n=1
1 + n2 n=1
2 × 4 × 6 × · · · × (2n)
∑∞
(x + 5) n ∑∞
(x + 3) 2n ∑∞
(−1)n
7. 8. 9. (x − 1)n
n=1
5n+1 n=1
(n + 1)4n n=1
(2n + 1)!
∑
∞
(3x − 1)n ∑∞
nx ∑
∞
cos nx
10. 11. 12.
n=1
32n n=1
enx n=1
enx
Christian José Quintana Pinedo 31
Considere-se uma nova sequência, obtida de uk , a qual designamos por Sn , de tal modo
que para cada n é a soma dos n + 1 primeiros termos de uk , onde k = 0 até n ∈ N, isto é,
∑
n
Sn = ak
k=0
também
1 − an
deste modo Sn−1 + an = 1 + aSn−1 ⇒ Sn−1 = se a ̸= 1, sabemos que
1−a
{
0 se |a| < 1
lim an =
n→+∞ ∞ se |a| ≥ 1
1 se |a| < 1
Assim, lim Sn−1 = 1−a .
n→∞ ∞ se |a| ≥ 1
[ ]
∑
∞ ∑ k
n−1 1
Portanto, S = k
a = lim a = lim Sn−1 = se |a| < 1
k=0 n→∞ k=0 n→∞ 1−a
1
Logo desenvolvemos f (x) = em série de potências de x em torno de x = 0,
1−x
∑
∞
obtendo, para |x| < 1, a soma xn .
n=0
1 ∑ ∞
= yn se |y| < 1 (1.11)
1−y n=0
32 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 ∑ ∞
g(x) = = (x − c)n se |x − c| < 1
1 − (x − c) n=0
1 ∑ ∞
= (−1)n xn se |x| < 1
1 + x n=0
logo
∫ ∫ ∑
∞ ∑
∞
1 (−1)n
dx = (−1)n xn dx ⇒ Ln(x + 1) = xn+1 + C se |x| < 1
1+x n=0 n=0
n+1
1 ∑ ∞
= (−1)n x2n se |x2 | < 1
1 + x2 n=0
logo
∫ ∫ ∑
∞ ∑∞
1 (−1)n 2n+1
dx = (−1)n x2n dx ⇒ arctan x = x +C se |x2 | < 1
1 + x2 n=0 n=0
2n + 1
∑
+∞
1 n
ex = x (1.12)
n=0
n!
que faz sentido para todo número x real, ou melhor, como a série (1.12) em questão
converge para todo número real x então define um função de domínio R. A essa função
de x chamamos “função exponencial de x”.
an+1
Lembrar que graças à Propriedade (1.14), se existe o limite lim = |r| < 1
n→+∞ an
Christian José Quintana Pinedo 33
∑
+∞
1 ∑
+∞
1 ∑
+∞
1
eix = (xi)n = (xi)2n + (xi)2n+1 ⇒
n=0
n! n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
∑
+∞
(−1)n ∑
+∞
(−1)i 2n+1
ix 2n
e = x + x
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
ix
lembrando que e = cos x + isenx segue:
∑
+∞
(−1)n ∑
+∞
(−1)n
cos x = · x2n e senx = · x2n+1 (1.13)
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
∑
+∞
1 ∑
+∞ n
x
xn = , |x| < 1 e = ex
n=0
1−x n=0
n!
Exemplo 1.35. [
]
1
Calcular o limite L = lim 2 − cot x .
2
x→0 x
Solução.
1 (senx − x cos x)(senx + x cos x)
Tem-se 2
− cot2 x = .
x x2 sen2 x
∑ (−1)n
+∞ ∑ (−1)n 2n
+∞
Por outro lado senx − x cos x = · x2n+1 − x · · x , isto é
n=0 (2n + 1)! n=0 (2n)!
34 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
+∞ [
∑ ] +∞ [
∑ ]
1 1 −2n · (−1)n
senx − x cos x = − ·x2n+1 n
(−1) = · x2n+1
n=0
(2n + 1)! (2n)! n=0
(2n + 1)!
também
+∞ [
∑ ] +∞ [
∑ ]
1 1 2(n + 1) · (−1)n
senx + x cos x = + ·x 2n+1 n
(−1) = · x2n+1
n=0
(2n + 1)! (2n)! n=0
(2n + 1)!
Logo
+∞ [ ] [ ]
∑ −2n · (−1)n 2n+1 +∞ ∑ 2(n + 1) · (−1)n 2n+1
n=0 (2n + 1)! x · x 2
n=0 (2n + 1)! =
L = lim 3
x→0 ∑
+∞ (−1) n ∑
+∞ (−1) n
x2 · x2n+1 · · x2n+1
n=0 (2n + 1)! n=0 (2n + 1)!
Exemplo 1.36.
2ex − 2 − 2x − x2
Calcular o limite L = lim .
x→0 x − senx
Solução.
∑∞ 1
xn ] − 2 − 2x − x2
2[
2ex − 2 − 2x − x2 k=0 n!
L = lim = lim =
x→0 x − senx x→0 ∑∞ (−1)
x− (x)2n+1
n=0 (2n + 1)!
2x3 2x4
+ + ··· 2
+ 2x
+ ···
L= lim 3!3 4!
= lim 3! 4!
=2
− + ··· − + ···
5 x2
x→0 x x x→0 1
3! 5! 3! 5!
2ex − 2 − 2x − x2
Portanto, L = lim = 2.
x→0 x − senx
∑
+∞
f (x) = an xn (1.14)
n=0
Propriedade 1.23.
Dada uma série de potências como em (1.14) cujo raio de convergência é r ̸= 0, então
∑
+∞
′
sua função derivada é definida por f (x) = nan xn−1 em cada número x do intervalo
n=1
aberto (−r, r).
Observação 1.8.
∑
+∞
Se o raio de convergência da série f (x) = an xn é r > 0, então r também é o raio
n=0
∑
+∞
de convergência da série f ′′ (x) = n(n − 1)an xn−2
n=2
Propriedade 1.24.
∑
+∞
Dada uma série de potências f (x) = an xn cujo raio de convergência é r ̸= 0, então
n=0
para |x| < r tem-se:
∫x +∞ ∫
∑
x
∑
+∞
n an n+1
f (t)dt = an t dt = x
n=0 0 n=0
n + 1
0
Demonstração.
∑
∞ ∑∞
an n+1
n
Sejam f (x) = an x e g(x) = x então pela Propriedade (1.23) g(t)
n=0 n=0
n+1
tem o mesmo raio de convergência de f (t) e g ′ (x) = f (x). Como g(0) = 0, pelo teorema
fundamental do cálculo integral segue que
∫x
f (t)dt = g(x)
0
Exemplo 1.37.
36 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1
Obter uma representação em série de potências para .
(x − 1)2
Solução.
1
= 1 + x + x2 + x3 + · · · + xn + · · · , se |x| < 1 ⇒
1−x
1
= 1 + 2x + 3x2 + 4x3 + · · · + nxn−1 + · · · , se |x| < 1
(1 − x)2
1 ∑ +∞
Portanto, = nxn−1 .
(x − 1)2 n=1
Exemplo 1.38.
∑
+∞ n
x
x
Verificar que e = .
n=0
n!
Solução.
Teorema 1.2.
∑
∞
Seja a série an (x − c)n com raio de convergência r, isto é, a série converge no
n=0
∑
∞
intervalo aberto (a − r, a + r). Então, definindo f (x) = an (x − c)n tem-se que:
n=0
∑
∞
′ ′
2. Existe f (x) tal que f (x) = n · an (x − c)n−1
n=1
∫ (∑
∞ ) ∑
∞
an (x − c)n+1
3. Existe h(x) tal que h(x) = an (x − c) n
dx =
n=0 n=0
n+1
Exemplo 1.39.
Determine uma representação em séries de potências para o arctan x
Solução.
1
Sabe-se que = 1 + y + y 2 + y 3 + · · · + y n quando |y| < 1. Considerar y = −t2 ,
1−y
logo
∫x ∫x
1
dt = (1 − t2 + t4 − t6 + · · · + tn + · · · )dt, | − x2 | < 1
1 + t2
0 0
x3 x5 x7 x9 x11
arctan x = x − + − + − + ··· , |x| < 1
3 5 7 9 11
Propriedade 1.25.
∑
+∞ ∑
+∞
Sejam f (x) = an xn e g(x) = bn xn convergentes em |x| < r. Ao se realizar
n=0 n=0
operações de adição, subtração e multiplicação com estas séries como se forem polinômios,
então a série resultante converge em |x| < r e representa; f (x) + g(x), f (x) − g(x) e
f (x) · g(x) respectivamente. Quando b0 ̸= 0 o resultado também vale para a divisão, sendo
|x| suficientemente pequeno.
Exemplo 1.40.
∑
+∞
Multiplicar a série geométrica xn com o desenvolvimento em série de g(x) =
n=0
1 1
para obter uma série de potências de
1−x (1 − x)2
Solução.
∑
+∞
1
Sabe-se que xn = sempre que |x| < 1, e sejam
n=0
1−x
∑
+∞
f (x) = an xn = 1 + x + x2 + x3 = · · · + xn + · · · ; |x| < 1, an = 1, ∀ n ∈ N
n=0
∑
+∞
g(x) = bn xn = 1 + x + x2 + x3 = · · · + xn + · · · ; |x| < 1, bn = 1, ∀ n ∈ N
n=0
∑
+∞
logo f (x) · g(x) = cn xn onde
n=0
∑
+∞ ∑
+∞
1
f (x) · g(x) = n
cn x = (n + 1)xn = , |x| < 1
n=0 n=0
(1 − x)2
Exemplo 1.41.
Determine uma série de potências para earctan x .
Solução.
y2 y3 y4
Sabe-se que ey = 1 + y + + + + · · · . De onde
2! 3! 4!
x3 x5 x3 x5
x3
x 5 (x − + − · · · )2 (x − + − · · · )3
= 1 + (x − + − ···) + 3 5 + 3 5 + ···
3 5 2! 3!
logo
x2 x3 7x4
earctan x = 1 + x + − − + ···
2 6 24
Portanto, a série (1.15) converge absolutamente quando |x| < 1 diverge nos outros
casos.
∑ ∞
α(α − 1)(α − 2) · · · (α − k + 1) k
Formalmente, suponhamos que g(x) = x .
k=0
k!
Derivando termo a termo obtém-se
assim
g ′ (x) α
g ′ (x) + xg ′ (x) = αg(x) ⇒ = ⇒ Ln g(x) = LnC(1 + x)α
g(x) 1+x
de onde, g(x) = C(1 + x)α como g(0) = 1 segue que C = 1 e assim g(x) = (1 + x)α com
isto obtemos a representação
ii) Se α > 0 , α ∈
/ Z a série converge absolutamente em [−1, 1].
Exemplo 1.42.
√
Determine uma aproximação para 1, 2.
Solução.
√ 1
Consideremos a função f (x) = 1 + x, aplicando a série binomial tem-se que α = ,
2
x = 0, 2 ∈ (−1, 1), logo
df ∑ ∞
d2 f ∑ ∞
= f ′ (x) = nan (x − c)n−1 , = f ′′
(x) = n(n − 1)an (x − c)n−2
dx n=1
dx2 n=2
dn f ∑∞
Em geral n
(n)
= f (x) = k(k − 1) · · · (k − n + 1)ak (x − c)n−k
dx k=n
A função f e suas derivadas tem todas o mesmo raio convergência de acordo com a
Propriedade (1.24) ao calcular a função e suas derivadas no ponto x = c obteremos:
Propriedade 1.26.
Se f tiver uma representação (expansão) em séries de potências em x = c
∑
+∞
f (x) = an (x − c)n |x − c| < r (1.16)
n=0
f (n) (c)
então seus coeficientes são dados pela fórmula an =
n!
isto é
∑
+∞ (n)
f (c)
f (x) = (x − c)n
n=0
n!
O emprego desta última série, evidentemente limitada para os casos em que esta é
convergente será de muita utilidade. Pela teoria de das séries de potências, esta série é
convergente para valores de que satisfazem a desigualdade |x − c| < r.
Na última igualdade, pondo x = x0 + h, substituíndo c por x0 temos
∑
+∞ (n)
f (x0 )
f (x0 + h) = hn
n=0
n!
Exemplo 1.43.
Desenvolver cos x em série de potências de h quando x se desloca de x0 para x0 + h.
Solução.
Observe que f (x) = cos x, logo f (x0 + h) = cos(x0 + h), derivando no ponto x0 , tem-se
De onde
h h2
cos(x0 + h) = −senx0 − cos x0 + senx0 + · · ·
1 2!
∑
+∞ (n)
f (c)
f (x) = (x − c)n (1.17)
n=0
n!
isto é
A série de potências associada à função f dada por (1.17) também é chamada de “Série
de Taylor em torno de x = c”.
Assim, uma função pode ser representada por mais de uma série de potências em x−c.
A questão da existência de uma série de Taylor persiste quando a pergunta é:
42 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
A constante c é o centro da série que pode ser encarada como uma função real ou
complexa.
Estas séries devem o seu nome a Brook Taylor que as estudou no trabalho “Methodus
incrementorum directa et inversa” em 1715. Condorcet7 atribuía estas séries a Taylor e
d’Alembert e o nome série de Taylor só começou a ser usado em 1786, por l’Huillier.
Na Física, com frequência é usada a notação
∑ ∑ 1 dk f (n)
+∞ (n) +∞
f (c)
f (x) = (x − c) n
ou f (x) = · n
(x − c)n
n=0
n! n=0
n! dx x=c
Exemplo 1.44.
Desenvolver a função f (x) = Lnx na vizinhança de x = 1 e determinar o raio de
convergência da série obtida.
Solução.
(−1)n+1 (n − 1)!
Se f (x) = Lnx, então f (n) (x) = .
xn
Observe que f (0) = 1 e f (n) (0) = (−1)n+1 (n − 1)!.
∑
+∞ (x − 1)n
Assim, f (x) = Lnx = 0 + (−1)n+1 .
n
n=1
(−1)n+1 (n + 1)(n − 1)!
−1
O raio de convergência da série é r = lim =1
n→+∞ (−1)n+2 n!
Portanto, a série converge quando |x − 1| < 1.
Exemplo 1.45.
√
Expressar a função f (x) = 3 x como uma série de Taylor em torno de c = 8 .
Solução.
√ 1 (1)(2) −5/3
Sabe-se que f (x) = 3
x, f ′ (x) = x−2/3 , f ′′ (x) = − x ,
3 32
∑
n
f (k) (c)
Tn (x) = (x − c)k (1.18)
k=0
k!
isto é
Exemplo 1.46.
√
Expressar a função f (x) = 3
x como uma série de Taylor com aproximação até terceira
ordem em torno de c = 8 .
Solução.
√ 1 −2/3 2 10 −8/3
Sabe-se que f (x) = 3
x, f ′ (x) = x , f ′′ (x) = − x−5/3 , f ′′′ (x) = x .
3 9 27
44 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 1 5
Quando x = 8 tem-se f (8) = 2, f ′ (8) = , f ′′ (8) = − , f ′′′ (8) = . Logo
12 144 3456
√ 1
− 144
1 5
T3 (x) = 3 x = 2 + 12
(x − 8) + (x − 8) +
2 3456
(x − 8)3
1! 2! 3!
1 1 5
T3 (x) = 2 + (x − 8) − (x − 8)2 + (x − 8)3
12 288 20736
Exemplo 1.47.
Determine a série de MacLaurin para a função f (x) = ex .
Solução.
Se f (x) = ex , então f (n) (x) = ex , assim f (n) (0) = 1 e a série de MacLaurin é da forma
x2 x3 xn ∑ xn +∞
x
e =1+x+ + + ··· + + ··· =
2! 3! n! n=0
n!
Figura 1.1: Aproximações para f (x) = ex Figura 1.2: Aproximações para f (x) = senx
Exemplo 1.48.
Determine a série de MacLaurin para a função f (x) = senx.
Solução.
Christian José Quintana Pinedo 45
Se f (x) = senx, então f (0) = 0. Por outro lado, para todo j ∈ Z+ tem-se:
cos x se n = 4j + 1
1 se n = 4j + 1
−senx se n = 4j + 2 0 se n = 4j + 2
f (n) (x) = ⇒ f (n) (0) =
− cos x se n = 4j + 3
−1 se n = 4j + 3
senx se n = 4j 0 se n = 4j
logo
x3 x5 x7 (−1)k x2n+1 ∑ (−1)k x2k+1 +∞
senx = x − + − + ··· + + ··· =
3! 5! 7! (2n + 1)! k=0
(2k + 1)!
A Figura (1.2) mostra a função f (x) = senx e suas aproximações mediante os polinô-
mios de Taylor até a terceira ordem três, isto é T3 (x).
x→+∞
Observe a derivada
(−1/x2 ) x
f ′ (0) = lim 3 1/x2 = lim 1 = 0
x→0 (−2/x )e x→0
2e x2
∑
+∞ (n)
f (0)
(x − 0)n = 0 + 0x + 0x2 + 0x3 + · · · ̸= f (x)
n=0
n!
46 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Isto nos indica que se exige de uma condição adicional como por exemplo lim Rn (x) =
x→0
0 para garantir a existência da série de Taylor.
3a pergunta: Qual a relação entre esta a série de Taylor e a função f que usamos para
calcular os coeficientes da série?
Na seção anterior procurou-se mostrar entre outros assuntos que, funções transcen-
dentes (no caso, exponencial, seno, cosseno, logaritmo e arco de tangente) podem ser
expressas como séries de potências (pelo menos em parte do seu domínio) e que as séries
de potências são diferenciáveis e integráveis termo a termo evidenciando assim a impor-
tância de poder exprimir uma função à custa de uma série de potências.
Exemplo 1.49.
Determine o intervalo de convergência da função f (x) = Lnx em potências de x − 1.
Solução.
Se f (x) = Lnx, então f (1) = 0. As derivadas
1 1 2! 3!
f ′ (x) = , f ′′ (x) = − 2 , f ′′′ (x) = 3 , f iv (x) = − 4
x x x x
em geral
(n − 1)!
f (n) (x) = (−1)n−1
xn
de onde f (n) (1) = (−1)n−1 (n − 1)!.
A série de Taylor para Lnx é da forma
A Figura (1.3) mostra as aproximações para a função de Bessel, a Figura (1.4) mostra
o gráfico da função de Bessel.
Exemplo 1.51.
Seja q ∈ Q+ algum número, determine o intervalo de convergência da função g(x) =
(1 + x)q em potências de x.
Solução.
portanto, a série de MacLaurin desta função chamada “série binomial” é dada por
q(q − 1)(q − 2) · · · (q − k − 1)
onde Ck = .
k!
Quando q seja um inteiro não negativo então a série binomial converge.
Para determinar o raio de convergência:
an+1 Cn+1
lim = lim = lim a − n = 1
n→∞ an n→∞ Cn n→∞ n + 1
48 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Observe que para o caso da função h(x) = (b + x)q podemos fatorar o número b para
√
obter (1 + x)q . Assim por exemplo podemos determinar a série binomial para 9 + x =
√ x
3 1 + y substituindo y por .
3
Retomando o assunto em discussão, seria desejável que a série de Taylor convergisse
para a função que lhe deu origem, pelo menos em alguma vizinhança de x = c.
Christian José Quintana Pinedo 49
Exercícios 1-2
x4
1. Desenvolver em séries de potências de x2 a fração f (x) =
x4 + x2 − 2
2. Dada a função f (x) = ex , expanda-a em série de Taylor, com aproximação até
terceira ordem, em torno de x0 = 0
1
3. Idem ao exercício anterior, para a função g(x) =
(x + 2)2
x+2
4. Desenvolver em séries de potências de x a fração f (x) = .
x2 + x + 1
1
5. Seja f (x) = . 1. Desenvolva em série de potências de x a função x · f ′ (x),
1−x
indicando o respectivo intervalo de convergência. 2. Utilize o desenvolvimento
∑
+∞
k
obtido em 1. para mostrar que k
= 2.
k=1
2
1 1
1. f (x) = 2. f (x) = 3. f (x) = arctan x
(1 + x)2 (x − 1)(x − 2)
√
1−x 1 2x
4. f (x) = Ln 5. f (x) = 6. f (x) =
1+x (1 − x)2 (1 − 2x)2
∑
∞
1
7. Considere a série de potências (−1)k (1 − )k xk . 1. Determine o conjunto dos
k=1
k
pontos onde a série é convergente. 2. Seja f (x) a função definida pela série anterior.
Determine o domínio da função g(t) = f (1 − 2t)
x3
8. Considere a função f (x) = . Desenvolva f (x) em série de potências de x,
1 + x2
determine o respectivo intervalo de convergência e calcule o valor de f (9) (0)
1
1. x2 ex , c=0 2. − , c = −1 3. sen2 x, c=0
x
√ 2
4. Lnx, c=1 5. x, c = 1 6. , c=0
(x + 1)(x + 2)
∑
+∞
(x + 1)k
10. Considere a série de potências √
k=1
k · 3k
50 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
2 Sendo f (x) a função definida por aquela série nos pontos onde é convergente,
calcule f ′ (1); f ′′ (1) e escreva a série de Taylor de f no ponto x = 1 da função
x + f ′ (x)
∑
+∞ ∑
+∞
1. Se ak xk tem raio de convergência 1/2 ; então ak é convergente.
k=1 k=1
∑
+∞
2. Se ak xk tem raio de convergência 2; então lim ak = 0.
k=1 k→+∞
∑
+∞
(−1)k
13. Determine o domínio de convergência da série de potências k (k + 2)
(x + 2)k
k=1
5
∑
+∞ ( k )k
14. Considere a série de potências (1 − x)k . (1.) Determine o maior
k=1 k+1
subconjunto de R para o qual a série é convergente e indique se existem pontos para
∑
+∞
k
os quais a série é simplesmente convergente. (2.) Sendo f (x) = (1 − x)k
k=1
k+1
′
no intervalo de convergência desta série, determine f (x).
∑
+∞
(x + 3)k
15. Considere a série de potências . (1.) Determine o maior subcon-
2k + 1
k=1
junto de R para o qual a série é absolutamente convergente. (2.) Sendo f (x) =
∑
+∞
(x + 3)k
k +1
definida no intervalo de convergência desta série, determine a primitiva
k=1
2
de f (x) que para x = −3 toma o valor 2.
1
16. Expresse a função como soma de uma série de potências. Em seguida,
(1 − x)2
∑∞ n
encontre a soma da série numérica n
n=1 2
do ponto a indicado.
1
1. f (x) = , a=0 2. f (x) = senhx, a=0
(x − 2)(x − 3)
3. f (x) = sen2 x, a=0 4. f (x) = senx cos x, a=0
5. f (x) = Lnx, a=1 6. f (x) = cos x, a = π/3
52 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
∞
f (x) = ak (x − c)k para todo x ∈ (c − ϵ, c + ϵ)
k=0
Logo, uma função f que pode ser representada por uma série de potências podemos
dizer que é uma função analítica. Assim, e sabendo que uma série de potências pode
ser diferenciada termo a termo no interior do seu intervalo de convergência, os ak são as
n-ésimas derivadas de f em x = c multiplicadas por n!, e esta representação em séries de
potências para uma função analítica é única.
Portanto, funções analíticas num ponto x = c são indefinidamente diferenciáveis em
x = c.
Exemplo 1.52.
1
A função f (x) = é analítica no ponto x = 0.
1−x
A 3a pergunta que fazemos acima pode agora reformular-se da seguinte maneira:
A resposta é não!
Nem todas as funções que são indefinidamente diferenciáveis são analíticas, como mos-
trado na seção anterior para a função
{
e− x2
1
se x ̸= 0
f (x) =
0 se x = 0
∑
+∞ ∑
+∞
0 · xn = 0=0
n=0 n=0
Christian José Quintana Pinedo 53
a série converge para todo x ∈ R, porém converge para f (x) somente quando x = 0.
Assim, f (x) não podemos escrever como uma série de potências para todo x no seu
domínio. Isto é, f (x) só é nula em x = 0, onde a série de MacLaurin de f não converge
para a função em nenhuma vizinhança de x = 0.
Definição 1.14.
Diz-se que f é desenvolvível em série de Taylor num ponto x = c se f é a soma da
sua série de Taylor em alguma vizinhança de x = c.
∀ k ≥ 0, ∀ x ∈ (c − ρ, c + ρ) |f (k) (c)| ≤ M
∑
∞
f (k) (x)
f (x) = (x − c)k ∀ x ∈ (c − ρ, c + ρ)
k=0
k!
Nota: Para aplicar este teorema temos que majorar f e todas as suas derivadas, em
(c − ρ, c + ρ), pela mesma constante.
A demonstração do teorema é exercício para o leitor.
Rn (x)
lim =0
x→c (x − c)n
∫x x
f (n+1)
(t)dt = f (n)
(t) = f (n) (x) − f (n) (a)
a
a
∫x ∫x ∫x
f (n+1) (t)(dt)2 = [f (n) (x) − f (n) (a)]dt = f (n−1) (x) − f (n−1) (a) − f (n) (a)(x − a)
a a a
∫x ∫x ∫x
(x − a)2
f (n+1) (t)(dt)3 = f (n−2) (x) − f (n−2) (a) − f (n−1) (a)(x − a) − f (n) (a)
2
a a a
∫x ∫x
(x − a)2 (x − a)n
··· f (n+1) (t)(dt)n+1 = f (x)−f (a)−f ′ (a)(x−a)−f ′′ (a) −· · ·−f (n) (a)
2 n!
a a
∫x ∫x
(x − a)2
′ (x − a)n
′′
f (x) = f (a)+f (a)(x−a)+f (a) +· · ·+f (a)
(n)
+ ··· f (n+1) (t)(dt)n+1
2 n!
a a
comparando com a igualdade (1.20) vem que o erro cometido quando se considera apenas
os n + 1 primeiros termos da série é
∫x ∫x
Rn (x) = ··· f (n+1) (t)(dt)n+1
a a
isto conduz
(x − a)n+1 (x − a)n+1
m1 · ≤ Rn (x) ≤ m2 ·
(n + 1)! (n + 1)!
56 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
f (n+1) (ξ)
Rn (x) = (x − a)n+1 (1.21)
(n + 1)!
Esta última identidade é conhecida como “Fórmula de Lagrange”. Não sendo ξ co-
nhecido explícitamente, o emprego desta fórmula fica limitado a estimativa do valor mais
desfavorável do erro de truncamento
M
|Rn (x)| ≤ (x − a)n+1 (1.22)
(n + 1)!
Observação 1.9.
i) O erro cometido ao aproximar f (x) pelo polinômio de Taylor Tn (x) é inferior a |Rn (x)|
da desigualdade (1.22)
Sem considerarmos o termo f (n+1) (a+th), que muitas vezes não varia substancialmente
com h e n , a igualdade (1.23) nos mostra que quanto menor |h| e quanto maior n, menor
será o valor de |Rn (h)|.
Logo verifica-se a seguinte propriedade.
Exemplo 1.54.
Para o exemplo (1.49) determine Ln 0, 8 para |θ| < 0, 01, onde θ é o erro absoluto.
Solução.
(n − 1)!
Calculamos no Exemplo (1.49) que f (n) (x) = (−1)n−1 , então f (n+1) (x) =
xn
(n)!
(−1)n , assim na igualdade (1.24)
x
hn+1 (−1)n · n!
Rn (h) = × onde. 0 < t < 1
(n + 1)! (1 + h)n+1
Christian José Quintana Pinedo 57
resulta, por tentativas, que n ≥ 2. Portanto, vem da série obtida no exemplo (1.39) que
(−0, 2)2
Ln 0, 8 = 0 + (−0, 2) + com erro |θ| < 0, 01
2!
A condição de que uma função que seja indefinidamente diferenciável num certo inter-
valo seja analítica é, evidentemente, que o resto da fórmula de MacLaurin para todo valor
fixo de x no intervalo tenda a zero quando n → +∞, isto é, sendo a série convergente
lim Rn (x) = 0.
n→+∞
Exemplo 1.55.
x2 x3 xn
1. ex = 1 + x + + + · · · + eθx (0 < xθ < 1)
2! 3! n!
x x2 x5 x7 xn π
2. senx = − + − + · · · + sen(θx + n ) (0 < θ < 1)
1! 3! 5! 7! n! 2
x2 x4 x6 xn π
3. cos x = 1 − + − + ··· + cos(θx + n ) (0 < θ < 1)
2! 4! 6! n! 2
Considerando o resto, nos três casos podemos observar que estes restos tendem para
zero para qualquer valor fixo de x ∈ R. As três funções são por tanto analíticas em
R e as séries infinitas que se obtém das fórmulas acima quando n → +∞ são seus
desenvolvimentos em série.
hk (b − c)n+1−k (n+1)
Rn (c) = f (c); k∈N (1.25)
n!
Demonstração.
Seja A uma constante definida pela igualdade
suponhamos
Quando x = a tem-se que, ϕ(a) = Ahk e ϕ(b) = f (b) − Tn (h) = Ahk e cumpre as
condições do Teorema de Rolle no intervalo (a, b). Logo existe um c ∈ (a, b) tal que
ϕ′ (c) = 0, isto é
ϕ′ (c) = φ′ (c) − kA(b − c)k−1 = 0
então
f (n+1) (a)
Rn (x) = (x − c)n+1
(n + 1)!
Propriedade 1.29.
Se f (x) admitir derivadas contínuas até a ordem n no intervalo I = [a, b] e uma
derivada de ordem n + 1 integrável nesse intervalo, então fazendo b − a = h
∫h
xn (n+1)
Rn (h) = f (b − x)dx (1.29)
n!
0
Christian José Quintana Pinedo 59
Demonstração.
Para m < n + 1 integrando por partes
∫h h ∫h xm
xm−1 (m) xm (m)
I= f (b − x)dx = f (b − x) + f (m+1) (b − x)dx
(m − 1)! (m)! 0 m!
0 0
isto é
∫h ∫h
xm−1 (m) hm (m) xm (m+1)
I= f (b − x)dx = f (a) + f (b − x)dx
(m − 1)! m! m!
0 0
∫h ∑n ∫ n h
′ hm (m) x (n+1)
f (b − x)dx = f (a) + f (b − x)dx
m=1
m! n!
0 0
h ∑ n ∫h n
′ hm (m) x (n+1)
−f (b − x) = f (a) + f (b − x)dx
0
m=1
m! n!
0
∫h
xn (n+1)
f (b) = Tn (h) + f (b − x)dx
n!
0
∫h
xn (n+1)
Portanto, Rn (h) = f (b − x)dx.
n!
0
Exemplo 1.56.
√
A função f (x) = x11 tem derivadas contínuas até a ordem três em todo R, logo
3
∫x
f ′′ (8)
f (x) = f (8) + f ′ (8)(x − 8) + (x − 8)2 + (x − t)f ′′′ (t)dt
2!
8
√ ∫ √
x
2816 2816 440
(x − 8) + (x − 8) + (x − t) t2 dt
3 2 3
11
x = 2048 +
3 18 27
8
rn+1 |x − c|n+1
|Rn (x)| ≤ M ·
(n + 1)!
60 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Observe que, se essas condições forem válidas para todo n e todas as outras condições
do Teorema de Taylor forem satisfeitas por f , então a série convergirá para f (x) e o erro
cometido ao aproximar f (x) pelo polinômio de Taylor é menor do que |Rn (x)|.
Exemplo 1.57.
Use o polinômio de Taylor para aproximar cos 750 e estime a precisão da aproxima-
ção.
Solução.
π 15π π 1 π
Observe que 70o = 60o + 15o = + . Seja f (x) = cos x, logo f ( ) = f ′( ) =
√ 3 180 3 2 3
3 π
− , f ′′′ ( ) = − 12 , f ′′′ (x) = senx. O polinômio de Taylor até a segunda ordem é
2 3
√ 1
1 3 π π
T2 (x) = − (x − ) − 2 (x − )2 ⇒
2 2 3 2! 3
√ 1
π 15π 1 3 15π 15π 2
T2 ( + )= − ( )− 2 ( ) = 0, 256134 ⇒ cos 75o = 0, 256134
3 180 2 2 180 2! 180
Para estimar a precisão, considere
′′′
f (ξ) π senξ π
|R2 (x)| = (x − ) =
3
(x − )
3
3! 3 3! 3
π
onde ξ está entre e x. Como |f (x)| ≤ 1, segue
3
π 15π senξ π 3 1 15π 3
|R2 ( +
)| = (x − ) ≤ ( ) ≤ 0, 002990
3 180 3! 3 3! 180
Assim, cos 75o = 256134 tem precisão de três casas decimais. Para o caso de querer
π 15π
maior pr3ecisão, devemos determinar um maior valor para n de modo que |Rn ( + )|
3 180
esteja dentro do intervalo desejado.
Observação 1.10.
1. As funções como o resto de ordem n, Rn (x), que quando divididas por outra função e
tomando o limite quando x tende para um certo c se obtém 0, têm uma designação
especial:
f (x)
f (x) = ◦(g(x)), x → c ⇔ lim =0
x→c g(x)
2. Se f for n+1 vezes diferenciável em c tem-se a seguinte fórmula para o resto (conhecida
por fórmula do resto de Peano):
(x − c)n+1 ( (n+1) )
Rn (x) = f (c + αn (x)
(n + 1)!
lim αn (x) = 0
x→c
Exemplo 1.58.
Determine o valor numérico do número de Neper e.
Solução.
dn+1 x
Sabe-se que, dado y = ex , suas derivadas e = ex , então se Rn é o resto de
dxn+1
Lagrange (1.24) segue
∑
∞
xk ∑n
1 et
x
e = ⇒ 1
e = + Rn onde Rn = , 0<t<1
k=0
k! k=0
n! (n + 1)!
et 3t 3
R9 = < < < 10−6
10! 10! 10!
isto é, é menor do que uma unidade de 6a casa decimal, vindo a ser e = 2, 718281 · · · .
∑∞ (−1)n
Função logaritmo natural: Ln(1 + x) = xn+1 para |x| < 1.
n=0 n + 1
xm ∑∞
Série geométrica: = xn para |x| < 1.
1 − x n=0
( )
∑
∞ α
Teorema binomial: (1 − x)α = xn para todo |x| < 1 e todo complexo α
n=0 n
Funções trigonométricas:
∑
∞ (−1)n 2n+1
• senx = x para todo x.
n=0 (2n + 1)!
∑
∞ (−1)n
• cos x = x2n para todo x.
n=0 (2n)!
∑
∞ B (−4)n (1 − 4n )
2n x3 2x5 π
• tan x = x2n−1
= x+ + + · · · para |x| < onde
n=0 (2n)! 3 15 2
Bs são números de Bernoulli.
∑∞ (−1)n E
2n 2n π
• sec x = x para |x| <
n=0 (2n)! 2
∑
∞ (2n)!
• arcsenx = n
x2n+1 para |x| < 1
n=0 4 (n!)(2n + 1)
∑∞ (−1)n
• arctan x = x2n+1 para |x| < 1
n=0 2n + 1
Funções hiperbólicas:
Christian José Quintana Pinedo 63
∑
∞ 1
• senhx = x2n+1 para todo x.
n=0 (2n + 1)!
∑
∞ 1 2n
• cosh x = x para todo x.
n=0 (2n)!
∑∞ B 4n (4n − 1)
2n π
• tanh x = x2n−1 para todo |x| < .
n=0 (2n)! 2
∑∞ n
(−1) (2n)! 2n+1
• arcsenhx = n
x para |x| < 1
n=0 4 (n!)(2n + 1)
∑∞ 1
• arctanhx = x2n+1 para |x| < 1
n=0 2n + 1
∑
∞
(−n)n−1 n 1
Função W de Lambert: W0 (x) = n!
x para |x| <
n=0 e
1.8 Aplicações
Muitas funções são deriváveis mas não podem ser integradas recorrendo só ao que
se estudo na disciplina de integração, isto é: - integrações imediatas, integração por
partes,
∫ integração por substituição entre outros. Por exemplo, para o cálculo da integral
e−x dx.
2
Pode-se provar que a sua primitiva não é elementar, pelo que não pode ser obtida,
pelos métodos referidos, a partir de funções elementares.
Recorrendo a série de potências, sabe-se que
∑
∞
zk ∑
∞
(−x2 )k ∑
∞
(−1)k x2k
−x2
z
e = ⇒ e = =
k=0
k! k=0
k! k=0
k!
∫ ∫ [∑∞
]
∑∞
−x2 (−1)k x2k (−1)k x2k+1
logo e dx = dx = .
k=0
k! k=0
k!(2k + 1)
Exemplo 1.60.
∫1/2
1 − cos x
Calcular a integral I = dx com precisão até 0, 001.
x2
0
Solução.
∑∞ (−1)n
∫1/2 ∫1/2 1 − x2n
1 − cos x n=0 (2n)!
Tem-se I= dx = dx =
x2 x2
0 0
∫1/2
1 x2 x4 1 x3 x5 1/2
I= [ − + − ··· = [ x − + ]Big|0 ] =
2! 4! 6! 2! 4! · 3 6! · 5
0
1 1 1
I=[ − + ] ≈ 0, 25 − 0, 0017 + · · · = 0, 2483
2! · 2 4! · 3 · 23 6! · 5 · 25
(x − c)2 ( ′′ ) (x − c)2 ( ′′ )
f (x) = f (c) + (x − c)f ′ (c) + f (c) + α1 (x) = f (c) + f (c) + α1 (x)
2! 2!
(x − c)2 ( ′′ )
f (x) − f (c) = f (c) + α1 (x) (1.30)
2!
Se f tem um extremo local em x = c, então f (x)−f (c) tem sinal constante em alguma
vizinhança de x = c porque ou f (x) ≥ f (c) (mínimo local) ou f (x) ≤ f (c) (máximo local),
em alguma vizinhança de c.
Pretendemos, então, conhecer o sinal de f (x) − f (c), numa vizinhança de c. Isso
vai-nos ser facilitado pelo conhecimento do sinal de f ′′ (c), da igualdade (1.30).
Christian José Quintana Pinedo 65
De fato, já que (x − c)2 ≥ 0 então o sinal de f (x) − f (c) depende do sinal de [f ′′ (c) +
α1 (x)]. Suponhamos então que f ′′ (c) ̸= 0. Como lim α1 (x) = 0 então por definição de
x→c
limite, para todo ϵ > 0 existe δ > 0 tal que, |α1 (x) − 0| < ϵ sempre que 0 < |x − c| < δ,
ou seja |α1 (x)| < ϵ.
Considerando ϵ = |f ′′ (c)| > 0, existirá então δ > 0 tal que para todo |x − c| < δ tem-se
|α1 (x)| < |f ′′ (c)| e portanto o sinal de [f ′′ (c) + α1 (x)] é o sinal de f ′′ (c), nessa vizinhança.
Então se f ′′ (c) > 0 o sinal de f (x) − f (c) é positivo e portanto ocorre um mínimo em
x = c; se f ′′ (c) < 0 o sinal de f (x)..f (c) é negativo e portanto ocorre um máximo em
x = c.
Se f ′′ (c) = 0 usamos a fórmula de Taylor de ordem dois
(x − c)3 ( ′′′ )
= f (c) + f (c) + α1 (x)
3!
Mais uma vez, queremos saber o sinal de f (x) − f (c). Comecemos por supor que
f ′′′ (c) ̸= 0. Tem-se:
(x − c)3 ( ′′′ )
f (x) − f (c) = f (c) + α1 (x)
3!
mas como (x − c) muda de sinal quando x “passa” por c, então f não tem extremo em
3
c. Se f ′′′ (c) = 0, então utilizar-se-ia a fórmula de Taylor de ordem 3 e assim por diante.
Enunciamos então o seguinte:
Teorema 1.7.
Dada uma função f , n vezes diferenciável em x = c (com n ≥ 2) e tal que 0 = f ′ (c) =
f ′′ (c) = · · · = f (n−1) (c) e f (n) (c) ̸= 0, então
1. Se n é par, f (c) é máximo local se f (n) (a) < 0 e é mínimo local se f (n) (a) > 0
(x − c)n ( (n) )
f (x) − f (c) = f (c) + αn−1 (x)
n!
r1 (x)
f (x) = f (c) + f ′ (c) · (x − c) + r1 (x) onde lim =0
x−c
r1 (x)
f (x) = f (c) + γ · (x − c) + r1 (x) onde lim =0
x−c
Christian José Quintana Pinedo 67
r1 (x)
Reescrevendo esta expressão na forma f (x)−f (c) = γ·(x−c)+r1 (x) onde lim =
x→c x − c
0. Podemos dizer desta função que f (x) − f (c) é aproximadamente linear em x − c.
f (x) − f (c) ≈ γ · (x − c)
e que essa aproximação é tanto melhor quando x estiver mais próximo de x = c, já que
r1 (x) tende para zero mais rápidamente que x tende para c. Dito de outra forma ainda,
a “distância” de f (x) a f (c) é, aproximadamente, uma função linear da “distância” de x
até c.
Exemplo 1.61.
Estude a função f (x) = 2 cos x em torno de x = 0.
Solução.
∑
∞
(−1)n ( 1 1 1 )
f (x) = 2 cos x = 2 x2n = 2 1 − x2 + x4 − x6 + . . . (1.31)
n=0
(2n)! 2! 4! 6!
Sabemos que r1 (x) é muito pequeno (em valor absoluto) quando x → 0, mas não
sabemos qual o seu sinal, logo esta aproximação ( f (x) ≈ 2) não será considerada.
No entanto, a expressão (1.31) sugere que se aproxime a função por um polinômio de
grau 2, o que significa que o gráfico de f é aproximadamente uma parábola na vizinhança
do ponto de abscissa x = 0, então f (x) ≈ 2 − x2 ⇒ f (x) = 2 − x2 + r2 (x), logo
(1 1 6 )
r2 (x) = 2 x2 − x + ... (1.32)
4! 6!
r2 (x)
lim =0 (1.33)
x→0 x
68 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
assim,
( r2 (x) )
f (x) = 2−x2 +r2 (x) ⇒ f (x)−f (0) = −x2 +r2 (x) ⇒ f (x)−f (0) = x2 −1+ 2
x
r2 (x) r2 (x)
O valor de não afeta o sinal da soma −1 + , desde que x esteja numa
x2 r (x) x 2
2
vizinhança suficientemente pequena para que 2 < 1 (o que é possível devido a
x
(1.32)).
Portanto, para x = 0 (nessa vizinhança) o valor de (1.33) será sempre negativo, o que
significa que f tem um máximo local em x = 0.
Definição 1.16.
Seja a função f : R2 −→ R diferenciável até a ordem n + 1 em qualquer ponto P0 (a, b)
de um domínio D(f ), então para qualquer o ponto P (x, y) ∈ V(a, b) é válida a fórmula de
Taylor:
1
f (x, y) = f (a, b) + [(x − a)fx (P0 ) + (y − b)fy (P0 )]+
1!
1
+ [(x − a) fxx (P0 ) + 2(x − a)(y − b)fxy + (y − b)2 fyy ]
2
2!
1
+ [(x − a)3 fxxx (P0 ) + 3(x − a)2 (y − b)fxxy (P0 )+
(1.34)
3!
+3(x − a)(y − b)2 fxyy (P0 ) + (y − b)3 fyyy (P0 )] + · · · +
1 ∂ ∂f
+ [(x − a) + (y − b) ]n f (P0 ) + Rn
n! ∂x ∂y
isto é
[ k ]
∑2
1 ∑ k! ∂kf
f (x, y) = · k−j j (P0 )(x − a)k−j (y − b)j + R2 (x, y) (1.35)
k=0
k! j=0
j!(k − j)! ∂x ∂y
Rn (x, y)
lim √ =0 (1.36)
x→a
y→b ( (x − a)2 + (y − b)2 )n
Christian José Quintana Pinedo 69
Exemplo 1.62.
Desenvolver em série de Taylor a função f (x, y) = x2 Lny em torno do ponto P (1, 1)
até os termos de segunda ordem inclusive.
Solução.
Tem-se
x2 x2 2x
fx (x, y) = 2xLny, fy (x, y) = , fxx (x, y) = 2Lny, fyy (x, y) = − , fxy (x, y) =
y y2 y
f (1, 1) = 0, fx (1, 1) = 0, fy (1, 1) = 1, fxx (1, 1) = 0, fyy (1, 1) = −1, fxy (1, 1) = 2
1 1
f (x, y) = 0+ [(x−1)·0+(y−1)·1]+ [(x−1)2 ·0+2(x−1)(y−1)·0+(y−1)2 ·(−1)]+θ(ρ2 )
1! 2!
√
onde ρ = (x − 1)2 + (y − 1)2 .
Exemplo 1.63.
Desenvolver em série de Taylor a função f (x, y) = x2 − xy − 2y 2 − 3x + 4y + 8 em
torno no ponto P (1, −3).
Solução.
[ ]
f (x, y) = f (1, −3) + fx (1, −3)(x − 1)1 + fy (1, −3)(y + 3)1 + · · ·
1 [ ]
+ fxx (1, −3)(x − 1)2 + 2fxy (1, −3)(x − 1)(y + 3) + fyy (1, −3)(y + 3)2 + 0
2!
[ ]
f (x, y) = −21 + (2)(x − 1) + (15)(y + 3)1 +
1 [ ]
(2)(x − 1)2 + 2(−1)(x − 1)(y + 3) + (−4)(y + 3)2 +
+
2!
A série de Taylor pedida é:
Nesse caso, tem-se que a série de Taylor de f em torno do ponto P (x01 , x02 , x03 , · · · , x0n )
é dada por:
∑ 1 (∑ n
∂f )k
f (x1 , x2 , x3 , · · · , xn ) = (P )(x − x0i )
k≥0
k! i=1 ∂xi
( ∂f )k ∂kf
onde (P ) denota (P ), assim tem-se
∂xi ∂xki
(∑n
∂f )k
(P )(x − xi ) =
0
i=1
∂xi
∑ ( k! ∂kf )
= · (P )(x1 − x1 ) · · · (xn − xn )
0 α1 0 αn
∑
n
α1 ! · · · αn ! ∂xα1 1 · · · ∂xαnn
αi ∈N, αi =k
i=1
Christian José Quintana Pinedo 71
Exercícios 1-3
2. Determine uma série de potências de x + 1 para a função f (x) = e2x , e uma série
de potências de x − 1 para a função g(x) = Lnx.
4. Idem ao exercício 3 para uma função g(x) com as propriedades: g(0) = 0, g ′ (0) = 1
e g ′′ (x) = −g(x), ∀ x ∈ R.
1
6. Represente numa série de MacLaurin para |x| < 1.
(1 − x)2
1
7. Sendo g(x) = , desenvolva em série de potências de x − c função g ′ (x) e
4 + x2
indique o maior intervalo aberto em que o desenvolvimento é válido.
1
8. Desenvolva em série de MacLaurin a função f (x) = Ln e indique o maior
x+2
intervalo aberto em que esse desenvolvimento é válido.
∫x ∑
+∞
−t2 (−1)n
9. Verificar que e dt = x2n+1 .
(2n + 1) · n!
0
∑
+∞ ∫π ∑
∞
sennx 1
10. Dado f (x) = , verificar que f (x)dx = 2 .
n=1
n3 n=1
(2n − 1)4
0
13. Encontre uma expansão em série de potências de x para x2 e−x , logo derive este
∑ (−1)n (n + 2)2n
+∞
resultado para provar que = 8.
n=2 n!
1 − cos x se x ̸= 0
14. Ache a série de MacLaurin para f (x) = x e indique o raio
0 se x = 0
de convergência.
x − arctan x
15. calcular lim .
x→0 x2
1 − cos x
16. calcular lim .
x→0 ex − 1 − x
∫
0,2
senx
17. calcular com precisão até 0, 0001.
0 x
∫ x
0,1
e −1
18. calcular com precisão até 0, 001.
0 x
20. Desenvolver pela fórmula de MacLaurin até os termos de terceira ordem, inclusive,
a função f (x, y) = senhy cos x.
21. Desenvolver pela fórmula de MacLaurin até os termos de quarta ordem, inclusive,
a função g(x, y) = e−y senx.
ex − 1
22. Determine a série de Taylor da função em torno de a = 0.
x
23. Por diferenciação termo a termo da série de potências do exercício 22 , mostre que
∑∞ n
=1
n=1 (n + 1)!
Christian José Quintana Pinedo 73
∫1/2 ∫1 ∫1/3
senx dx
1. senx2 dx 2. dx 3.
x 1 + x4
0 1/2 0
∫1
√
4. cos xdx 5. 6.
0
1
25. Use séries de potências para calcular Ln(1, 2) e arctan , com erro inferior a 10−4 .
4
26. Derivando termo a termo duas vezes uma série de potências que representa a função
∑ (−1)n+1 (n + 2)
+∞
e−x , mostre que
2
=1
n=1 n!2n
27. Determine o polinômio de Taylor de ordem m das funções seguintes nos pontos
indicados.
1
1. f (x, y) = , m = 2, (x0 , y0 ) = (2, 1)
2 + x − 2y
2. f (x, y) = cos(x + seny), m = 2, (x0 , y0 ) = (0, 0)
3. f (x, y) = ex+2y , m = 3, (x0 , y0 ) = (0, 0)
4. f (x, y) = y x , m = 2, (x0 , y0 ) = (1, 1)
2
28. Desenvolva em série de potências de x a função f (x) = .
3 + 4x3
∫1 √
29. Calcular 1 − x3 dx com quatro casas decimais.
0
∫1
30. Calcular senx2 dx com cinco casas decimais.
0
31. Dada a função f (x) = senx expanda-a em série de Taylor, com aproximação até
terceira ordem, em torno de x0 = 0 (ou c = 0).
1
32. Dada a função f (x) = √ expanda-a em série de Taylor, com aproximação até
1+x
terceira ordem, em torno de x0 = 0 (ou c = 0).
x3
x− ≤ senx ≤ x, x≥0
6
1 1
1. C=0 2. cosh x 3.
senhx (x + 1)(x − 1)
∫x
4. Ln(1 + x) 5. sen(x2 − 1) 6. sen(t2 − 1) cos(2t2 + 1)dt
0
Determine o conjunto dos números reais tais que a soma das respectivas séries de
Mac-Laurin que encontrou, coincidem com o valor das funções que representam.
1
1. sen2 (x), C=0 2. , C=0 3. Ln(x + 1), C=1
(1 − x)(1 + x2 )
π 1
4. x cos(2x), C= 5. (x + 1)2 arctan x, C = 0 6. 3x + , C=1
2 x3
Determine o conjunto dos números reais tais que a soma das respectivas séries de
Taylor que encontrou, coincidem com o valor das funções que representam.
2x(x − 2)
36. Considere a função f : R \ {−2} −→ R, f (x) = .
(x + 2)(x2 + 4)
1. Determine o desenvolvimento de Mac-Laurin de f .
2. Determine f (n) (0), n ∈ N.
37. Usando os desenvolvimentos obtidas nos exercícios (34), (??) e (36), indique justifi-
cadamente a existência de extremos das funções consideradas, respectivamente, nos
pontos aos quais são relativos os desenvolvimentos de Taylor.
Capítulo 2
75
76 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
2.1 Introdução
Numa primeira disciplina de Cálculo1 estudamos que existem funções polinomiais f :
R −→ R de grau n e são da forma f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · · + an xn sempre
que an ̸= 0, os ai são constantes que não dependem de x. O grau a que nos referimos é
no sentido “algébrico”. Quando estas funções polinomiais igualamos a zero, isto é quando
f (x) = 0, estas expressões são chamadas de equações de grau n na variável x (ou na
incógnita x).
Resolver uma equação f (x) = 0, significa determinar valores x0 para a variável x de
modo ao substituir-mos estes valores na equação se obtenha uma proposição verdadeira
da forma f (x0 ) = 0. Estes valores determinados da equação são chamados de “solução da
equação”.
Em geral, para o caso da variável x ser matrizes, teríamos uma “equação matricial”;
para o caso da variável x ser função, teríamos uma “equação funcional”, e assim por diante.
Isto é, uma equação diferencial es uma relação entre variáveis independentes, funções,
suas derivadas ou diferenciais, até certa ordem.
Uma grande quantidade das leis da Física, Química e Biologia têm sua expressão
natural nas equações diferenciais com derivadas ordinárias ou parciais. Também são mui-
tas as aplicações das equações diferenciais em Engenharia, Economia, Ciências Sociais,
Astronomia e mesmo nas Matemáticas. O motivo é simples, se um fenômeno podemos
1
Cálculo Diferencial em R, Editora EUMET 2008, do mesmo autor
Christian José Quintana Pinedo 77
expressar mediante várias mudanças instantâneas entre variáveis implicadas, então con-
sequentemente teremos uma ou mais equações diferenciais.
Um exemplo simples é a equação diferencial que provêem da segunda lei de Newton
para a força (massa m por aceleração a), isto é F = m · a, mais, se um corpo de massa
m cai sob a influência da gravidade terrestre g então
m·a=m·g (2.1)
d2 y
como a aceleração a = 2 é a derivada da velocidade instantânea, onde y(t) é a posição
dt
do corpo no instante t, então da igualdade anterior obtemos
d2 y
= g,
dt2
esta igualdade é uma equação diferencial ordinária, sua solução é a função de posição y(t).
Para este nosso exemplo, podemos supor que sobre o corpo atua uma força de fricção
no meio em que esta inserido, cuja magnitude é proporcional à velocidade instantânea
dy
segue então da igualdade (2.1) que
dt
d2 y dy
m 2
+k = mg
dt dt
de onde
d2 y k dy
2
+ =g
dt m dt
Esta última igualdade é uma equação diferencial ordinária e satisfaz as condições de
nosso problema. Temos como exemplos as equações diferenciais:
d2 x
1. m = pkx . . . do movimento harmônico simples
dt2
d2 y dy
2. (1 − x2 ) 2
− 2x + p(p − 1)y = 0 . . . de Legendre.
dx dx
d2 y dy
3. x2 + x + (x2 − p2 ) = 0 . . . de Bessel
dx2 dx
d2 y dy
4. (x − x2 ) 2
+ [γ − (α + β + 1)x] − αβy = 0 . . . de Gauss.
dx dx
dx = x(α − βy)
5. dt . . . de Lotka-Volterra.
dy
= −y(γ − δx)
dt
dy
6. + p(x)y = Q(x)y n , n∈R . . . de Bernoulli.
dx
78 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 1 ∂u
2
+ 2+ 2 = 2 ·
∂x ∂y ∂z a ∂t
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 1 ∂2u
2
+ 2+ 2 = 2 · 2
∂x ∂y ∂z a ∂t
2 2 2
∂ u ∂ u ∂ u
+ + =0
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Exemplo 2.1.
As seguintes são equações diferenciais envolvendo a função incógnita y = f (x) ou
z = g(x, t).
dy d2 y
F (x, y, , ,··· ) = 0 (2.2)
dx dx2
du dv
F (x, u, v, , ,··· ) = 0 (2.3)
dx dx
∂z ∂z
F (x, y, z, , ,··· ) = 0 (2.4)
∂x ∂y
2.2.1 Classificação
Equações diferenciais com derivadas parciais: São aquelas em que há mais de uma
variável independente, como é o caso (2.4) caracterizado por apresentar derivadas
ou diferenciais parciais. Denotam-se as equações diferenciais com derivadas parciais
como EDPs.
Exemplo 2.2.
As seguintes são equações diferenciais envolvendo a função incógnita y = f (x) ou
Christian José Quintana Pinedo 79
z = g(x, t).
dy
+ 8x − 3 = 0 (2.5)
dx
d2 y dy
ey 2 + 5 ( )3 − 1 = 0 (2.6)
dx dx
3 2
dy dy
6 3 − (tan x) 2 + 8xy = 4 (2.7)
dx dx
d2 y 4 dy 3 dy
( 2 ) + 9y ( ) + y 2 ( )2 = 9x (2.8)
dx dx dx
∂2z ∂ 2z
− 6 =0 (2.9)
∂t2 ∂x2
As equações diferenciais (2.5) até (2.8) são do tipo EDO pois, a função incógnita
depende só de x. A equação (2.9) é uma EDP, pois depende de x e de t.
Exemplo 2.3.
A equação (2.5) é uma EDO de primeira ordem; (2.6), (2.8) e (2.9) são equações
diferenciais de segunda ordem. A equação (2.7) é uma EDO de terceira ordem.
Para falar de grau de uma equação diferencial, temos que fazer analogia com o grau
no sentido algébrico de uma função polinômica de números reais, isto é; uma equação de
grau n é da forma an z n + an−1 z x−1 + · · · + a1 z + a0 = 0, an ̸= 0 onde aos ai ∈ R são
constantes.
Em analogia com esta definição de grau de uma equação em números reais, se conside-
ramos z como uma função de y = y(x) (ou de alguma de suas derivadas) e consideramos
as constantes ai como funções que não dependam de y = y(x), então faz sentido a seguinte
definição.
uma incógnita numa equação algébrica. É por isto, esta noção de grau pode carecer de
sentido em certos casos (aqueles em que a equação não fosse algébrica) como no exemplo
(2.6).
Exemplo 2.4.
A equação (2.8) é uma EDO de segunda ordem de grau quatro, pois a derivada mais
alta (a segunda neste caso) se encontra elevada à potência quatro.
A equação (2.5) é de primeira ordem e de primeiro grau, entanto a equação (2.7) é
de terceira ordem e primeiro grau.
Exemplo 2.5.
∂ 2 y 4 ∂ 2 y ∂y 5
A equação ( ) + 2 ( ) − x8 y 9 = cos x é de segunda ordem de grau quatro.
∂x2 ∂x ∂x
∂ 2 y ∂y 5
Observe que o grau do elemento ( ) é seis, não obstante o grau da derivada
∂x2 ∂x
segunda é um.
Observação 2.1.
1. Nem toda equação diferencial pode ser classificada segundo o grau. Por exemplo, (2.6)
não possui grau, pois não pode ser escrita sob a forma de um polinômio na função
incógnita e de suas derivadas, em razão da presença do termo ey .
2. Para obter o grau de uma equação diferencial, quando necessário temos que racionalizá-
la respeito as derivadas que contenha e eliminar todas estas dos denominadores.
Exemplo 2.6.
Eliminar a constante m da equação (x − m)2 + y 2 = m2 a fim de obter uma equação
diferencial.
Solução.
(yy ′ )2 + y 2 = (x + yy ′ )2 ⇒ y 2 = x2 + 2xyy ′
Exemplo 2.8.
Eliminar as constante arbitrárias C1 e C2 da relação y = C1 e−2x + C2 e3x a fim de
obter uma equação diferencial.
Solução.
Sabemos, pelas propriedades da álgebra linear elementar que as três equações (2.10),
(2.11) e (2.12) consideradas como equações das incógnitas C1 e C2 podem ter solução
somente se o determinante (Wronskiano)
−y e−2x e3x
−y ′ −2e−2x 3e3x =0 (2.13)
−y ′′ 4e−2x 9e3x
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ a n−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = 0
dx dx dx
Exemplo 2.9.
Suponhamos que um corpo,que tem temperatura y0 no instante de tempo t = 0, se
encontra colocado em um meio cuja temperatura é igual a Tm onde y0 > Tm .
Achar a relação pela qual varia a temperatura do corpo em relação ao tempo.
Solução.
Como a temperatura do corpo está em função do tempo, iremos designar esta tempe-
ratura por y(t).
Sabe-se pelas leis da física, que a velocidade de esfriamento do corpo é proporcional à
diferença entre a temperatura do corpo e a do meio ambiente. Considerando que a função
é decrescente em virtude da interpretação mecânica da derivada, temos
dy(t)
= −k[y(t) − Tm ] (2.14)
dt
m
y(m − y) = Ceλmt ⇔ y(t) =
1 + Ce−λmt
onde C1 é uma constante.
m
Na literatura econômica a equação y(t) = é conhecida como a equação
1 + Ce−λmt
da curva da logística, a qual nos proporciona o número de pessoas que conhecem o produto
ao tempo t.
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ a n−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = b(x) (2.15)
dx dx dx
Observação 2.2.
As equações diferenciais lineares são caracterizadas por duas propriedades.
1. A variável dependente y = y(x) e todas suas derivadas são do primeiro grau; isto é, a
potência de cada termo envolvendo y(x) é um.
Exemplo 2.11.
A equação (2.5) é uma EDO linear de primeira ordem, aqui a1 (x) = 1, a0 (x) =
0, b(x) = −8x + 3. A equação (2.7) é linear de terceira ordem, com b3 (x) = 6, a2 (x) =
tan x, a1 (x) = 0, a0 (x) = 8x, b(x) = 0. As equações (2.6) e (2.8) não são lineares.
84 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
2.2.4 Motivação
Dizemos que as equações diferenciais, são de grande interesse nas ciências exatas e nas
engenharias, uma vez que muitas leis e relações físicas podem ser formuladas matemáti-
camente por meio de uma equação diferencial.
É fundamental não apenas saber resolver uma equação diferencial mas, sobretudo,
formular matemáticamente o fenômeno que dá origem à equação.
dy
= ky(t) (2.16)
dt
Para resolver a equação (2.16) integramos formalmente ambos os lados da EDO com
respeito à variável t e obtemos y(t) = y0 ekt , onde y0 = y(0) representa a quantidade da
substância no início do processo, aqui denominado “dado inicial”.
Ao par constituído pela EDO (2.16) e pela condição inicial y0 = y(0) damos o nome
de “problema de valor inicial ” e abreviamos pvi.
dT
= −k(T − Tm ), k>0 ou T ′ + kT = kTm (2.17)
dt
O sinal negativo em (2.17) indica um processo de esfriamento. Neste caso T (t) > Tm ,
dT
e portanto < 0.
dt
dA k
= A, A(0) = A0 (2.18)
dt 100
A solução desta equação (2.18) é obtida por integração com respeito à variável t e vem
dado por
k
A(t) = A0 exp( t)
100
F (x, y, λ) = 0 (2.19)
dy Fx
=−
dx Fy
que representa a declividade das curvas planas descritas por (2.19) e cuja família de curvas
(ou trajetórias) ortogonais terá declividade
dy Fy
=
dx Fx
Fx · dy − Fy · dx = 0 (2.21)
cuja solução irá descrever a família de trajetórias ortogonais às curvas descritas por (2.19)
Assim, dada a equação diferencial y ′ = f (x, y) e sabendo que a primeira derivada
representa a direção no plano-xy, podemos por tanto associar a cada ponto (x, y) uma
direção.
86 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.12.
O campo de direções da equação y ′ = −2x2 + y 2 e quatro curvas solução da equa-
ção diferencial que passam pelos pontos (0, 2), (0, 0), (0, 1) e (0, −1) respectivamente são
mostrados na Figura (2.1).
Exemplo 2.13.
Consideremos a família de circunferências descritas pela equação:
x2 + y 2 = λ; λ>0
Quando estudamos equações no conjunto dos números reais, sabemos que a equação
x + 9 = 0 não tem solução em R. Situação análoga acontece quando estudamos equações
2
dy
diferenciais, por exemplo, queremos resolver a equação ( )2 + e2y = 0, y = f (x) onde
dx
Christian José Quintana Pinedo 87
f : R −→ R, podemos observar que não existe uma função y = f (x) que satisfaz a
igualdade, logo a equação diferencial não tem solução em R.
Equações diferenciais têm propriedades intrinsecamente interessantes tais como:
é uma função y = f (x) que possui pelo menos n derivadas e satisfaz a equação; isto é
Suponhamos temos a equação diferencial y ′ = 2x, e ela tem como solução explícita
y(x) = Ce2x , pois se substituirmos y(x) na equação y ′ = 2x obtém-se uma proposição
verdadeira para a igualdade.
onde as funções a(x) e b(x) são supostamente contínuas, esta EDO é classificada como
linear de primeira ordem.
Formalmente, para resolver a equação (2.22) multiplicamos ambos os lados da igual-
∫
dade por g(x) = e a(x)dx , transformando-a em uma derivada total, logo em seguida inte-
gramos este resultado . Assim
′ d [ ∫ a(x)dx ] ∫
y g(x) + a(x)yg(x) = b(x)g(x) ⇔ ye = b(x)e a(x)dx
dx
∫
[ ∫ ∫
]
− a(x)dx a(s)ds
y=e C+ b(x)e dx (2.23)
onde C é uma constante arbitrária a ser determinada quando for imposta a condição
adicional.
Exemplo 2.14.
A solução da equação y ′′ + y = 0 é dada pela função y = senx + cos x, ∀ x ∈ R.
Christian José Quintana Pinedo 89
Exemplo 2.15.
Sejam c1 e c2 constantes arbitrárias, verifique se y(x) = c1 sen2x + c2 cos 2x é solução
da equação diferencial y ′′ + 4y = 0.
Solução.
A derivada primeira de y(x) = c1 sen2x+c2 cos 2x em relação a x é y ′ (x) = 2c1 cos 2x−
2c2 sen2x.
A derivada segunda de y(x) = c1 sen2x + c2 cos 2x respeito de x é y”(x) = −4c1 sen2x −
4c2 cos 2x. Esta última expressão podemos escrever na forma y ′′ (x) = −4(c1 sen2x +
c2 cos 2x) = −4y, de onde y ′′ + 4y = 0.
Logo, y(x) = c1 sen2x + c2 cos 2x é solução da equação diferencial y ′′ + 4y = 0, qualquer
que seja o valor de x no intervalo (−∞, +∞).
Exemplo 2.16.
Usando a fórmula (2.23), determine a solução da EDO
dy
senx + y cos x = cos2x, 0<x<π
dx
Solução.
cos 2x
Esta EDO pode ser escrita na forma y ′ + y cot x = , comparando com (2.22)
senx
cos 2x
temos a(x) = cot x e b(x) = .
senx
Assim a solução geral da EDO será
∫
[ ∫ ]
− cot xdx cos 2x ∫ cot xdx
y=e C+ e
senx
[ ∫ ]
− ln senx cos 2x Lnsenx
e usando Ln(senx) como uma primitiva da cot x, obtemos y = e C+ e ,
[ ] senx
1 1
onde y(x) = C + sen2x é a solução procurada.
senx 2
Exemplo 2.17.
Verifique se: y = x2 − 1 é uma solução de (y ′ )4 + y 2 = −1
Solução.
90 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Temos y ′ = 2x, logo (y ′ )4 = 16x2 . Por outro lado, y 2 = (x2 − 1)2 = x4 − 2x2 + 1.
Somando estas duas igualdades segue que (y ′ )4 + y 2 = (4x2 ) + (x4 − 2x2 + 1) =
x4 + 2x2 + 1 ̸= −1 qualquer que seja o valor de x ∈ R.
Portanto, y = x2 − 1 não é uma solução de (y ′ )4 + y 2 = −1.
Podemos observar entretanto que algumas equações diferenciais admitem infinitas so-
luções (Exemplo (2.15)) entanto outras não admitem nenhuma solução (Exemplo (2.17))
neste último exemplo y = y(x) ∈ R e a soma de quadrados nunca é menor do que zero.
É possível também uma EDO admitir uma única solução ((y ′ )4 + y 2 = 0).
Observação 2.3.
1. Em geral, uma equação diferencial ordinária de ordem n tem, uma solução que contém
n constantes arbitrárias.
2. Dada uma condição inicial arbitrária y(x0 ) = y0 , sempre é possível determinar um valor
C = C0 tal que a função y = φ(x, C0 ) satisfaz a equação diferencial e a condição
inicial.
A função y = φ(x, C0 ) é chamada de solução particular; isto é, uma solução
particular é qualquer solução da mesma.
Exemplo 2.18.
Para a equação diferencial do Exemplo (2.15) temos que y(x) = c1 sen2x + c2 cos 2x é
uma solução geral.
Para a mesma equação diferencial Exemplo (2.15) temos que y(x) = 3sen2x + 5 cos 2x
é uma solução particular.
Exemplo 2.19.
Um assado pesando 2, 5kg, inicialmente a 10o C, é posto em um forno a 280o C às
cinco horas da tarde. Depois de 75 min a temperatura T (t) do assado é de 90o C. Quando
será a temperatura do assado igual a 150o C?
As 17 : 00 temos que t = 0 ⇒ T (0) = 10o C. Depois de 75 minutos T (75) = 90o C.
Seja Ta a temperatura do ambiente.
∫ ∫
dT dT
= −k(T − Ta ) ⇒ − = k · dr ⇒ −Ln(T − 280) = kt + C
dt T − 280
A solução singular não é deduzida da solução geral. Estas soluções não são de interesse
para os estudos en engenharia e só é mencionada como referência como mostra o exemplo
Exemplo 2.20.
A equação diferencial
(y ′ )2 − xy ′ + y = 0 (2.24)
Estudaremos que as condições sob as quais as equações diferenciais têm soluções, são
bastante gerais.
Existem equações diferenciais que não tem solução, por exemplo observe que (y ′ )2 +
1 = 0 não tem solução para y = y(x) ∈ R.
Existem outras equações diferenciais que não tem solução geral, por exemplo observe
que |y ′ | + |y| = 0 não tem solução geral, pois sua única solução é y = 0.
Exemplo 2.21.
∂f
ii) Se for contínua na região R, a solução do pvi é única.
∂y
Exemplo 2.22.
Resolver o problema de valor inicial
dy π
(1 + ey ) = cos t, y( ) = 3
dt 2
Solução.
Integrando diretamente obtemos:
∫ ∫
y
(1 + e )dy = cos tdt ⇔ y + ey = sent + C
π
Quando t = segue y = 3, logo na solução geral
2
π
3 + e3 = sen +C ⇔ C = 3 + e3 − 1
2
Exemplo 2.23.
df
Dada a equação diferencial y ′ = xy + e−y , temos f (x, y) = xy + e−y , = x − e−y
dy
são contínuas com respeito a x e y em todos os pontos do plano-xy.
Em virtude do teorema de existência e unicidade, a região onde a equação tem única
solução é todo o plano-xy.
2
Algumas vezes, notadamente na França, este teorema é chamado de Teorema de Picard-Lindelöf. Os
nomes do teorema são em honra aos matemáticos Charles Émile Picard, Ernst Leonard Lindelöf, Rudolf
Lipschitz e Augustin Louis Cauchy.
94 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.24.
1 1 df 2
Seja y ′ = 2 . Aqui f (x, y) = 2 , = − 3.
y y dy y
−
→
Nos pontos (x0 , 0) do eixo 0x não satisfaz as condições (i) e (ii) do Teorema (2.1).
−
→ √
Porém por cada ponto do eixo 0x passa somente uma curva integral y = 3 3(x − x0 ).
Observação 2.5.
O problema de valor inicial
dy
= λy
dt (2.25)
y(t ) = y
0 0
Exemplo 2.25.
A velocidade da desintegração do Rádio é diretamente proporcional à sua massa no
instante considerado.
2. Qual o intervalo de tempo necessário para que metade da massa inicial de Rádio se
desintegre? (k = 0, 000436a−1 )
Solução.
1. A massa do objeto pode ser expressa em relação ao tempo t, isto é m(t), então temos
que ∫ ∫
dm 1 1
= pkm ⇒ dm = −kdt ⇒ dm = − kdt
dt m m
Ln(m) = −kt + C ⇒ m(t) = Ae−kt onde A = eC
Exemplo 2.26.
Segundo a lei de Newton, a velocidade de resfriamento de um corpo no ar é proporcional
à diferença da temperatura T do corpo e a temperatura Ta do ambiente. Se a temperatura
do ambiente é de 20o C e a temperatura do corpo cai em 20 minutos de 100o C a 60o C,
dentro de quanto tempo sua temperatura descerá para 30o C?
Solução.
dT
Pela lei de Newton, temos = −k(T − Ta ), logo
dt
∫ ∫
dT 1
− = k · dt ⇒ dT = −k dt ⇒ Ln(Ta − T ) = −kt + C ⇒
T − Ta T − Ta
1 ( t ) 20Ln8
1
⇒ = exp − Ln2 ⇒ t1 = = 60min
8 20 Ln2
Portanto em 60 min teremos 30o C.
Exemplo 2.27.
Numa colmeia, a razão de crescimento da população p é uma função da população
dp
f (p). Assim = f (p).
dt
1. Calcular p(t) para f (p) = β · p, onde β e uma constante positiva, e determinar a
população limite do sistema.
2. Encontrar p(t) para f (p) = β · p − Ap2 , onde β e A sao constantes positivas. Calcular
novamente a população limite do sistema.
Solução.
∫ ∫
dp 1 1
1. = β·p ⇒ dp = βdt ⇒ dp = βdt logo Lnp = βt + C. Isto é
dt p p
p(t) = Aeβt onde A = eC . Quando t = 0 temos p(0) = p0 ⇒ p0 = Aeβ·0 = A.
Portanto p(t) = p0 eβ·t , supondo p0 fixo quando t → ∞ segue que p(t) → ∞.
dp 1
2. Temos = βp − Ap2 ⇒ dp = dt
dt βp − Ap2
∫ ∫ [ ∫ ] ∫
1 1 A 1 1
dp = dt ⇒ ( + )dp = dt
βp − Ap2 A β p β
A
−p
√
1 β pA βDeβt
[Lnp − Ln( − p) = t + C] ⇒ β
= et+C ⇒ p(t) =
β A β − Ap 1 + p0 Deβt
onde D = eβC .
βDeβt
Portanto, p(t) = , supondo p0 fixo quando t → ∞ segue que p(t) →
1 + p0 Deβt
β
.
p0
Christian José Quintana Pinedo 97
Exercícios 2-1
√
1. y ′′′ − 9xy ′ = senx + 2 2. xy ′′ − x2 y ′ + Lnx y = x2
2
2d s ds
3. t 2 − st =t 4. y ′′′ − 9xy ′ = senx + 2
dt dt
√ d2 s ds
5. xy − x2 y ′ + Lnx y = x2 = x − 1 6. t2 2
− st = t
dt dt
dn x dt 5
7. = y2 + 1 8. ( ) = 8p
dy n dp
d6 s
9. y (5) + xy ′′ + x2 y ′ + cos y = 0 10. − 9p = 0
dp6
11. x4 y (4) + 2xy ′′′ = ex 12. (y ′′ )2 − 8xy ′ + 2xy = 0
x √
1. y ′ = x2 + y 2 2. y ′ = 3. y ′ = y + 3 3 y
y
√ √ √
4. y ′ = x−y 5. y ′ = x2 − y − x 6. y ′ = 1 − y 2
y+1
7. y ′ = 8. y ′ = seny − cos y 9. y ′ = 1 − cot y
x−y
√ √
10. y ′ = 3 3x − y − 1 11. 2y ′ = 3 3 y 2 12.
senx
3. função: y = , equação: xy ′ + y = cos x.
x
1
4. função: y = Ce−2x + ex , equação: y ′ + 2y = ex .
3
√
5. função: y = x 1 − x2 , equação: yy ′ = x − 2x3 .
√
6. função: y = 2 + C 1 + x2 , equação: (1 − x2 )y ′ + xy = 2x.
x = tLnt } y′
′
14. função: , equação: y Ln( ) = 4x.
y = t2 (2Ln(t) + 1) 4
{
−x2 se, x < 0
15. função: y = , equação: xy ′ − 2y = 0.
x2 se, x ≥ 0
{
0 se, x < 0
16. função: y = , equação: (y ′ )2 − 9xy = 0.
x se, x ≥ 0
3
6. Determine valores de m para que y = xm seja uma solução para cada equação
diferencial.
1. x2 y ′′ − y = 0 2. x2 y ′′ + 6xy ′ + 4y = 0
7. Determine valores de m para que y = emx seja uma solução para cada equação
diferencial.
1. y ′′ − 5y ′ + 6y = 0 2. y ′′ + 10y ′ + 25y = 0
8. Determine uma solução do problema de valor inicial (pvi) indicado para a solução
geral dada, onde C1 e C2 são constantes arbitrárias.
11. Para os seguintes exercícios, determine C1 e C2 de modo que y(x) = C1 senx+C2 cos x
satisfaça s condições dadas. Determine se tais condições são iniciais ou de contorno.
π π
1. y(0) = 1, y ′ (0) = 2 2. y(0) = 2, y ′ (0) = 1 3. y( ) = 1, y ′ ( ) = 2
2 2
π π
4. y(0) = 1, y( ) = 1 5. y ′ (0) = 1, y( ) = 1 ′
6. y(0) = 1, y (π) = 1
2 2
′ π π
7. y(0) = 1, y(π) = 2 8. y(0) = 0, y (0) = 0 9. y( ) = 0, y( ) = 1
4 6
π
10. y(0) = 0, y ′ ( ) = 1
2
100 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
12. Demonstrar que a curva cujo coeficiente angular da tangente em cada ponto é pro-
porcional à abscissa do ponto de tangencia é uma parábola.
13. Achar uma curva que passe pelo ponto (1; 1) de tal maneira que o coeficiente angular
da tangente em cada ponto seja proporcional ao quadrado da ordenada nesse ponto.
√ 1
14. Verificar que y1 (t) = t e y2 (t) = são soluções da equação diferencial 2t2 y ′′ +
t
3ty ′ − y = 0.
√
2 t2
15. Verificar que y(t) = 1 + Ln(1 + t3 ) é solução do pvi y ′ = , y(0) =
3 y(1 + t3 )
1. Para qual intervalo esta solução é válida?
√
16. O problema de valor inicial y ′ = 2 |x|; y(0) = 0 admite duas soluções y = x|x|
e y = 0. Este resultado contradiz o Teorema (2.1)?
∂M (x, y) ∂N (x, y)
= (2.27)
∂y ∂x
y ′ = f (x, y) (2.28)
Exemplo 2.28.
3yx2 3yx2
b) Para y ′ = , temos f (x, y) = .
x2 + y 4 x2 + y 4
c) A equação diferencial ex y ′ + e2x y = senx não esta na forma normal, podendo, contudo
ser posta, sob a referida forma, resolvendo algébricamente em relação à função y ′ .
Assim, ex y ′ = −e2x y+senx ⇒ y ′ = −ex y+e−x senx e f (x, y) = −ex y+e−x senx.
Dependendo da forma que assume a função f (x, y), esta forma normal apresenta duas
categorias de equações diferenciais. As chamadas “equações diferenciais homogêneas” e
as “equações diferenciais lineares”.
Ou seja, uma função homogênea é aquela que, se sofrer transformação em suas variá-
veis, resulta em uma outra função que é proporcional à função original.
Exemplo 2.29.
Com efeito, f (tx, ty) = (tx)2 + 5(tx)(ty) − 6(ty)2 = t2 (x2 + 5xy − 6y 2 ) = t2 f (x, y)
√ 3
2. g(sx, sy) = 5
2x3 + 5y 3 é homogênea de grau .
5
√ √5
√ √
5
Com efeito, g(x, y) = 5 2(sx)3 + 5(sy)3 = s3 5 2x3 + 5y 3 = s3 g(x, y)
2x3
4. f (x, y) = é homogênea de grau zero.
5y 3
Definição 2.13.
Uma equação diferencial da forma M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 é chamada homogênea
se ambos os coeficientes M e N são funções homogêneas do mesmo grau.
Decorre desta definição que uma equação diferencial na forma normal (2.28) é homo-
gênea se
f (tx, ty) = tλ f (x, y) (2.29)
Exemplo 2.30.
A EDO não linear (xy 2 + x2 y)dx + (x2 y − xy 2 )dy = 0 é homogênea.
Com efeito, a equação diferencial podemos escrever na forma
dy xy 2 + x2 y
=− 2
dx x y − xy 2
Seja uma equação diferencial na forma normal (2.28), se f (x, y) pode-se escrever como
f (x, y) = −p(x)y + q(x), isto é, como o produto de uma função de x por y, mais outra
função de x, então a equação diferencial é uma equação linear.
As equações diferenciais lineares de primeira ordem podem, sempre expressar-se na
forma
y ′ + p(x)y = q(x) (2.30)
É importante salientar que a maioria das equações diferenciais de primeira ordem não
se enquadram em nenhuma dessas categorias, nem pode ser transformada em nenhuma
delas.
Ou seja, para a maioria das equações diferenciais, não há, em geral, técnicas analíticas
para obtenção da solução.
M dx + N dy = 0 (2.31)
Definição 2.14.
104 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
pode ser obtida na forma usual da igualdade (2.33) para resolver a equação diferencial,
em seguida, aplicando a condição inicial diretamente para determinar C.
Alternativamente a solução de (2.34) pode ser obtida a partir de
∫x ∫y
A(x̄)dx̄ + B(ȳ)dȳ = 0 (2.35)
x0 y0
Exemplo 2.31.
Resolver o problema de valor inicial: x cos xdx + (1 − 6y 5 )dy = 0, y(π) = 0.
Solução.
∫x ∫y
x̄ cos x̄dx̄ + (1 − 6ȳ 5 )dȳ = 0
π 0
ou x senx + cos x + 1 = y 6 − y
Como não é possível resolver esta equação explícitamente em relação a y, a solução
permanecerá em sua forma implícita.
Exemplo 2.32.
dy x
Resolver a equação =− , y(5) = 12.
dx y
Solução.
dy x
De = − podemos escrever ydy = −xdx, de onde
dx y
∫ ∫
ydy = − xdx ⇒ x2 + y 2 = C
Exemplo 2.33.
Resolver a equação 3ex tan ydx + (2 − ex ) sec2 ydy = 0.
Solução.
tan y
integrando segue: −3Ln(2 − ex) + Ln(tan y) = C de onde = eC .
(2 − ex )3
106 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Observe que ao dividir por (2 − ex ) tan y supusemos que nenhum dos fatores era zero.
Pois caso contrário teríamos respectivamente
y = kπ (k = 0, 1, 2, · · · ), x = Ln2
Observação 2.7.
1. A divisão por (2 − ex ) tan y pode dar lugar à perda de soluções particulares que anulam
este produto.
dy
2. A solução da equação diferencial da forma = f (ax + by + c) onde a, b e c são
dx
constantes, reduz-se a uma equação de variáveis separáveis utilizando a substituição
z = ax + by + c.
Exemplo 2.34.
Resolver y ′ = ax + by + c, onde a, b e c são constantes.
Solução.
dz dy
Seja z = ax + by + c, então = a + b , logo a equação original podemos escrever
dx dx
dz dz
sob a forma − a = bz de onde = dx, integrando
dx a + bz
∫ ∫
dz 1
− dx = C1 , então Ln(a + bz) − x = C1
a + bz b
dv dv dx dv
F = ma = m =m · = mv
dt dx dt dx
assim
mgR2 dv dv gR2
− = mv ⇒ v + =0
(R + x)2 dx dx (R + x)2
esta equação é de variáveis separáveis. Integrando esta equação obtémos
2gR2
v2 = +C
R+x
2gR2
v(x)2 = + v02 − 2gR
R+x
A pergunta natural é:
Como assegurar que v sempre seja positivo? Isto é que realmente logre o
objeto escapar da força da gravidade.
√
Bem nesse caso v02 − 2gR > 0, isto acontece quando v0 > 2gR ≈ 11, 18km/s.
dizemos que é exata, se seu primeiro membro é a diferencial total de uma função F (x, y).
dy df
Lembre que, se y = f (x), então sua derivada y ′ = = , e seu diferencial
dx dx
dy = df = f (x + h) − f (x) ≡ f ′ (x)dx
Para o caso de uma função de duas variáveis z = F (x, y) temos que seu diferencial
exata é
dz = dF (x, y) = F (x + h, y + k) − F (x, y) ⇒
∂F ∂F
0 = M (x, y)dx + N (x, y)dy ≡ dx + dy = dF (x, y) (2.37)
∂x ∂y
∂F ∂F
e podemos supor M (x, y) = e N (x, y) = estas equações nos conduzem a
∂x ∂y
∂M ∂ 2F ∂N ∂ 2F
= e =
∂y ∂y∂x ∂x ∂x∂y
∂2F ∂ 2F
Pelas propriedades do cálculo diferencial sabemos que = sempre que as
∂y∂x ∂x∂y
derivadas parciais sejam contínuas. Assim temos a seguinte propriedade.
Propriedade 2.1.
∂N ∂N
Se M, N, e são funções contínuas de x e y, a condição necessária e
∂x ∂x
suficiente para que a equação (2.35) seja uma equação diferencial exata é que se cumpra
a condição
∂M ∂N
≡
∂y ∂x
(em uma região simplesmente conexa R de variação x e y).
Observe, para resolver (2.36) sendo exata, devemos primeiro resolver as equações
∂F (x, y)
= M (x, y) (2.38)
∂x
∂F (x, y)
= N (x, y) (2.39)
∂y
em relação a F (x, y). Como em (2.36) dF (x, y) = 0, então sua solução é dada explíci-
tamente por
F (x, y) = C
Exemplo 2.36.
Resolver a equação diferencial (x + seny)dx + (x cos y − 2y)dy = 0
Solução.
∂M
Aqui M (x, y) = x + seny e N (x, y) = x cos y − 2y, além disso cumpre que ≡
∂y
∂N
= cos y, logo a equação diferencial é exata.
∂x
Procuremos agora uma função F (x, y) que satisfaça (2.37) e (2.38), para isto consi-
∂F (x, y)
deremos = x + seny, de onde
∂x
∫ ∫
∂F (x, y)
= (x + seny)dx
∂x
ou
1
F (x, y) = x2 + xseny + v(y) (2.40)
2
∂F
Para determinar v(y), derivamos esta última função em relação a y, obtendo =
∂y
x cos y + v ′ (x), e levamos o resultado juntamente com N (x, y) = x cos y − 2y em (2.39),
obtendo
x cos y + v ′ (y) = x cos y − 2y ou v ′ (y) = −2y
de onde v(y) = −y 2 + C1 .
Considerando este valor em (2.40), obtemos
1
F (x, y) = x2 + xseny − y 2 = C
2
1
Portanto, a solução da equação diferencial é dada implícitamente por x2 + xseny −
2
y 2 = C.
Exemplo 2.37.
110 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∂M
Observe que = x cos(xy) + x cos(xy) − x2 ysen(xy) = 2x cos(xy) − x2 ysen(xy) por
∂y
∂N ∂M ∂N
outro lado, = 2x cos(xy) − x2 ysen(xy) ou seja ≡ .
∂x ∂y ∂x
Observamos que cumpre a condição necessária e suficiente, consequentemente
∫ ∫ ∫ ∫
[sen(xy) + xy cos(xy)]dx + [x cos(xy)]dy −
2
[2x cos(xy) − x2 ysen(xy)]dxdy = C
∫
xsen(xy) + xsen(xy) − x2 cos(xy)dy = C ⇒ −xsen(xy) = C
Observação 2.8.
1. Existem casos excepcionais onde M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 não representa uma
equação diferencial exata. Neste caso procura-se por uma função µ(x, y) de modo
que ao multiplicar por esta última igualdade resulta uma diferencial da forma
dF = µM dx + µN dy
∂M ∂N
2. Todas as equações diferenciais de variáveis separáveis são exatas, pois = =0
∂y ∂x
Definição 2.15.
Christian José Quintana Pinedo 111
x2 + y 2
Para n = 0, temos uma função de grau zero. Por exemplo, f (x, y) = é uma
x2 − y 2
função homogênea de grau zero, pois
(tx)2 + (ty)2 t2 x2 + y 2
f (tx, ty) = = 2 2 = f (x, y)
(tx)2 − (ty)2 t x − y2
dy y
= φ( ) (2.42)
dx x
y
Introduzindo uma nova função incógnita u = , a equação (2.42) reduz-se à equação
x
de variáveis separáveis do tipo
du
x = φ(u) − u
dx
para o caso que u = u0 seja uma raiz da equação φ(u) − u = 0, a solução da equação
homogêneas é y = u0 x (reta que passa pela origem de coordenadas)
Propriedade 2.2.
Para o caso de M (x, y) e N (x, y) sejam homogêneas do mesmo grau, então a função
M (x, y)
é homogênea de grau zero.
N (x, y)
A demonstração desta propriedade é exercício para o leitor.
Propriedade 2.3.
Se f (x, y) é homogênea de grau zero em x e y, então f (x, y) é uma função de variável
y
.
x
A demonstração desta propriedade é exercício para o leitor.
Assim, uma equação diferencial homogênea M (x, y)dx+N (x, y)dy = 0 ou y ′ = f (x, y),
pode ser resolvida por meio da substituição algébrica y = ux ou x = vy, em que u e v são
as novas variáveis independentes, que transformará a equação original em uma equação
diferencial de primeira ordem separável.
Exemplo 2.38.
Resolver (x2 + y 2 )dx + (x2 − xy)dy = 0
Solução.
112 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Observe que tanto M (x, y) quanto N (x, y) são homogêneas de grau dois. Podemos
dy du
considerar y = ux, de onde = u + x . Substituindo na equação original segue
dx dx
x2 (1 + u)dx + x3 (1 − u)du = 0
[ ]
1−u dx 2 dx
du + =0 ⇒ − 1 dy + =0
1+u x 1+u x
integrando resulta 2Ln(1 + u) − u + Ln(x) = C1 , substituído y = xu
y x
2Ln(1 + ) − + Ln(x) = Ln(C)
x y
[ ]
(x + y)2 y
então Ln = .
Cx x √
Portanto, (x + y)2 = Cx x ey
Exemplo 2.39.
√
Resolver xy ′ = x2 − y 2 + y
Solução.
√
x2 − y 2 + y
Observe que f (x, y) = é homogênea, considerando y = ux segue que
x
dy du
=u+x .
dx dx
du √
Substituindo na equação original resulta x(u + x ) = x2 − x2 u2 + ux de onde
dx
du √
x = 1−u . 2
dx
du dx
Separando as variáveis √ = , integrando arcsenu = Lnx + C ou arcsenu =
1−u 2 x
Lnx + LnC1 onde C = LnC1 . Logo, sen(Ln(x[C1 ]) = u.
Portanto, y = x sen(Ln(x[C1 ]) é a solução geral.
Observação 2.9.
As equações da forma
dy (a x + b y + c )
1 1 1
=f (2.43)
dx a2 x + b2 y + c2
Christian José Quintana Pinedo 113
a1 x + b1 y + c1 = 0 e a 2 x + b 2 y + c2 = 0
x(s) = x = s + x0 e y(t) = y = t + y0 ⇒ dx = ds e dy = dt
dy ( a1 x + b1 y + c1 )
=f = F (a1 x + b1 y) (2.44)
dx λ(a1 x + b1 y + c1 ) + c2
Exemplo 2.40.
Resolver a equação (x + y − 2)dx + (x − y + 4)dy = 0
Solução.
x+y−2=0 e x−y+4=0
Observação 2.10.
Algumas vezes a equação M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 pode-se reduzir a homogênea
mediante a substituição y = z α .
114 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Isto ocorre quando todos os elementos da equação são do mesmo grau, atribuindo grau
dy
um á variável x, grau α à variável y, e o grau α − 1 à variável .
dx
Exemplo 2.41.
Resolver 2xy 3 dx + (x2 y 2 − 1)dy = 0
Solução.
o bem
2xz 3α dx + (x2 z 3α−1 − z α−1 )αdz = 0
x (1 x2 )
2 dx + − dz = 0
z3 z2 z4
de onde
dx u2 − 1
− 2 du = 0
x u +1+u
x(u2 + 1)
integrando achamos que ln(x) + Ln(u2 + 1) − Ln(u) = Ln(C) o bem = C.
u
1
Substituindo u por , obtém-se a solução geral da equação 1 + x2 y 2 = Cy.
xy
Observe que y = 0 também é solução trivial da equação que se obtém quando da
solução geral 1 + x2 y 2 = Cy escrevemos y = e calculamos o limite C → ∞.
Portanto, 1 + x2 y 2 = Cy é solução geral, e y = 0 é solução particular .
Christian José Quintana Pinedo 115
Exercícios 2-2
10. (1 + x2 + y 2 + x2 y 2 )dy = y 2 dx
dx
7. (1 − 2x2 − 2y) = 4x3 + 4xy
dy
3. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre
que a substituição x = uy transforma a equação em uma com variáveis separáveis.
4. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre que
a substituição x = r cos θ, y = rsenθ transforma a equação em uma com variáveis
separáveis.
5. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre
dy
que a equação pode ser escrita = G(x, y).
dx
6. Diga se as seguintes equações diferenciais são homogêneas.
x
1. y ′ = (senx)y + ex 2. y ′ = xseny + ex 3. y ′ = y 2 + x
4. y ′ = 5 5. y ′ = xy + 1 6. xy ′ + 2y = 0
116 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
11. Para cada exercício, encontre uma solução para cada equação diferencial dada que
passe pelos pontos indicados:
dy 1
1. − y 2 = −9 (a) (0, 0) (b) (0, 3) (c) ( , 1)
dx 3
dy 1 1
2. x = y2 − y (a) (0, 1) (b) (0, 0) (c) ( , )
dx 2 2
12. Verifique se as seguintes equações diferenciais são exatas, e resolva as que forem.
13. Para cada uma das equações, determine o valor da constante k para que a equação
seja exata.
15. Para os seguintes exercícios, determine a solução das equações que satisfazem as
condições dadas.
16.
17.
118 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
18.
Christian José Quintana Pinedo 119
Dizemos equação diferencial linear de primeira ordem, aquela que é linear com respeito
à função incógnita e sua derivada. Isto é, uma equação diferencial linear é de primeira
ordem, se escrita na forma normal, é uma combinação de funções lineares das derivadas
menores
a2 (x)y ′ + a1 (x)y + a0 (x) = 0, a2 (x) ̸= 0, y = y(x)
.
Esta equação podemos escrever na forma normal
dy
+ a(x)y = b(x) (2.45)
dx
onde a(x), b(x) são funções contínuas que dependem da variável x na região onde teremos
que integrar.
Para o caso b(x) ̸= 0, a equação (2.45) é chamada de “equação linear não homogênea”
.
Também uma equação diferencial linear de primeira ordem pode ser escrita na forma
diferencial
M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 (2.46)
Quando a equação estiver escrita como na equação (2.45) podemos transforma-la como
Na tentativa de resolver esta última equação, podemos multiplicar por uma função
υ(x) > 0 para obter υ(x)dy + a(x)υ(x)ydx = b(x)υ(x)dx de onde
d[ ] d d
υ(x)[a(x)y − b(x)] = υ(x) ⇒ υ(x)a(x) = υ(x)
dy dx dx
120 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∫
d[υ(x)]
logo, a(x)dx = , de onde Lnυ(x) = a(x)dx. Assim,
υ(x)
∫
a(x)dx
υ(x) = e (2.49)
Resta mostrar que (2.49) em verdade é um função apropriada para (2.47), e que esta
não depende da equação diferencial dada.
∫
a(x)dx
Multiplicando a equação (2.47) por υ(x) = e resulta
∫ ∫
a(x)dx a(x)dx
e [dy + a(x)ydx] = e [b(x)dx] (2.50)
∫
a(x)dx
A parte esquerda desta igualdade é um diferencial exato do produto d[e y], e a
parte de direita é uma diferencial exata, pois não depende de y.
Portanto, a equação (2.48) é exata.
Para o caso de uma equação diferencial linear homogênea de primeira ordem, temos
dy
+ a(x)y = 0, ela é de variáveis separáveis e sua solução geral é da forma
dx
∫
y = Ce− a(x)dx
, C é uma constante (2.51)
Exemplo 2.42.
1
Determine se a função υ(x) = − é apropriada para a solução da equação ydx −
x2
xdy = 0.
Solução.
1
Multiplicando a equação diferencial dada por υ(x) = − obtemos
x2
1 y 1
− (ydx − xdy) = 0 ⇒ − dx + dy = 0
x2 x2 x
1
Como esta última equação é exata, então υ(x) = − é a função apropriada.
x2
Exemplo 2.43.
Determine uma função υ(x) que facilite a solução da equação y ′ − 2xy = x.
Solução.
∫ ∫
Temos a(x) = −2x. Assim, a(x)dx = −2xdx = −x2 .
Portanto, υ(x) = e−x é a função apropriada para achar a solução da equação.
2
Christian José Quintana Pinedo 121
for exata.
Exemplo 2.44.
y + x3
Resolver y′ = .
x
Solução.
1 ∫ 1
y ′ − y = x2 , o fator integrante é da forma e−
1
dx
Temos x = . Logo
x x
( ∫
−
∫ 1 ) ∫ d (y) y 1
y − y = x2 e−
′
1 1
e x
dx x
dx
⇒ =x ⇒ = xdx = x2 + C
x dx x x 2
A solução é y = x3 + xC.
Existem casos em que a equação diferencial esta escrita na forma da equação (2.46)
e não é exata. Não entanto esta equação podemos transformar algumas vezes em uma
equação diferencial exata, mediante multiplicação por um fator integrante adequado.
for exata.
Se I(x, y) é um fator integrante de (2.46), então (2.52) é exata e pode ser resolvida seja
pelo processo estudado na Seção 2.5.2 ou pelo processo de integração direta. A solução
de (2.52) também é solução da equação (2.46).
Sendo a equação (2.52) exata, cumpre a igualdade
[ ]
∂M ∂N ∂I ∂I
I(x, y) − = N (x, y) − M (x, y) (2.53)
∂y ∂x ∂x ∂y
Demonstração.
Com efeito, sendo I(x, y)M (x, y)dx + I(x, y)N (x, y)dy = 0 uma diferencial exata,
temos
∂[I(x, y)M (x, y)] ∂[I(x, y)N (x, y)]
=
∂y ∂x
logo [ ] [ ]
∂M ∂N ∂I ∂I ∂I M ∂I
I(x, y) − = N (x, y) − M (x, y) =N −
∂y ∂x ∂x ∂y ∂x N ∂y
M dy
Como M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 ⇒ = − substituindo na última
N dx
igualdade
[ ] [ ] [ ]
∂M ∂N ∂I M ∂I ∂I dy ∂I
I(x, y) − =N − =N + (2.54)
∂y ∂x ∂x N ∂y ∂x dx ∂y
Como I = I(x, y) é função de duas variáveis e y = y(x), seu diferencial total é dado
∂I ∂I
por dI = dx + dy de onde
∂x ∂y
dI ∂I dy ∂I
= +
dx ∂x dx ∂y
[ ]
∂M ∂N dI
Assim, em (2.54) temos I(x, y) − = N (x, y)
∂y ∂x dx
De modo análogo mostra-se a outra igualdade e é exercício para o leitor;
Propriedade 2.4.
Se M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 tem uma solução singular, esta será da forma
1
.
I(x, y)
Demonstração.
Com efeito, sendo I(x, y)[M (x, y)dx + N (x, y)dy] = dF (x, y) = 0, teremos
1
M (x, y)dx + N (x, y)dy = dF (x, y) = 0
I(x, y)
1
onde as soluções dF (x, y) = 0 isto é F (x, y) = C é solução geral, e = 0 é solução
I(x, y)
singular.
Christian José Quintana Pinedo 123
Exemplo 2.45.
Sabendo que 0 < x < π, 0 < y < π, e usando fator integrante, achar a solução geral
da equação diferencial
[ ]
2 cos x senx cos y
+ e dx −
x
dy = 0
seny sen2 y
Solução. [ ]
2 cos x senx cos y
Sejam M (x, y) = + ex e N (x, y) = − , então
seny sen2 y
∫ [ ]
sen2 x cos y sen2 x
Seja F (x, y) = − dy = + g(x)
sen2 y seny
[ ] [ ]
∂F 2 cos xsenx 2 cos xsenx
Como (x, y) = − + e senx = −
x
+ g ′ (x), então g ′ (x) =
∂x seny seny
1
ex senx de onde g(x) = ex (senx − cos x).
2
sen2 x 1
Portanto a solução geral é + (senx − cos x)ex = C, C ∈ R.
seny 2
• A expressão pydx + qxdy não é exata, a função I(x, y) = xp−1 y q−1 es un factor
integrante.
1 1 1 1 1
I= , I= , I= , I= , I=
y2 x2 xy x2 + y2 ax2 + bxy + cy 2
se esta equação não é exata, podemos transformar-la em exata multiplicando-la por uma
função I(x, y) para obter
∂ ∂
I(x, y)M (x, y) = I(x, y)N (x, y)
∂y ∂y
de onde
[ ]
∂ ∂ ∂ ∂
M (x, y) I(x, y) − N (x, y) I(x, y) = − M (x, y) − N (x, y) I(x, y) (2.56)
∂y ∂x ∂y ∂x
∂ [ ]
I(x, y) 1 ∂ ∂
∂x
= M (x, y) − N (x, y)
I(x, y) N (x, y) ∂y ∂x
integrando
∫ ∂ ∫ [ ] ∫
I(x,y) 1 ∂ ∂
∂x
dx = M (x, y) − N (x, y) dx = g(x)dx
I(x, y) N (x, y) ∂y ∂x
Christian José Quintana Pinedo 125
onde [ ]
1 ∂ ∂
g(x) = M (x, y) − N (x, y)
N (x, y) ∂y ∂x
∫ ∂ ∫
∂x
I(x, y) ∫
Como temos dx = g(x)dx então segue LnI(x, y) = g(x)dx.
I(x, y)∫
Portanto, I(x, y) = e g(x)dx .
∂ [ ]
∂y
I(x, y) 1 ∂ ∂
=− M (x, y) − N (x, y)
I(x, y) M (x, y) ∂y ∂x
integrando
∫ ∂ ∫ [ ] ∫
I(x,y) 1 ∂ ∂
∂x
dy = − M (x, y) − N (x, y) dy = h(y)dy
I(x, y) M (x, y) ∂y ∂x
onde [ ]
1 ∂ ∂
h(y) = − M (x, y) − N (x, y)
M (x, y) ∂y ∂x
∫ ∂ I(x, y) ∫
∂y ∫
Como temos dy = h(y)dy então segue LnI(x, y) = h(y)dy.
I(x, y)∫
Portanto, I(x, y) = e −h(y)dy .
de onde
∂ ∂ f ′ (x) g ′ (y)
M (x, y) − N (x, y) = N (x, y) − M (x, y)
∂y ∂x f (x) g(y)
Como M e N são funções conhecidas, desta última igualdade podemos obter f (x) e
g(x).
Exemplo 2.47.
Determine um fator integrante para a equação (1 − x2 y)dx + x2 (y − x)dy = 0.
Solução.
∂M ∂N
De M (x, y) = 1 − x2 y e N (x, y) = x2 (y − x) então = −x2 ̸= = 2xy − 3x2
∂y ∂x
temos
∂M ∂N
− = −x2 − (2xy − 3x2 ) = −2x(y − x) ⇒
∂y ∂x
[ ]
1 ∂M ∂N −x2 − (2xy − 3x2 ) −2x(y − x) 2
f (x) = − = = = −
N ∂y ∂x x2 (y − x) x2 (y − x) x
∫ 1
− x2 dx
O fator integrante é I(x, y) = e =
x2
Exemplo 2.48.
Determine o fator integrante da forma f (x)g(y) para resolver a equação diferencial
(xy + x2 y + y 3 )dx + (x2 + 2y 2 )dy = 0.
Solução.
∂M ∂N ∂M ∂N
Observamos que = x + x2 + 3y 2 e = 2x, como ̸= a equação não
∂y ∂x ∂y ∂x
é exata.
Supondo o fator integrante da forma f (x)g(y), segue
f ′ (x) g ′ (y)
x + x2 + 3y 2 − 2x = N −M
f (x) g(y)
f ′ (x) g ′ (y)
x + x2 + 3y 2 − 2x = (x2 + 2y 2 ) − (xy + x2 y + y 3 )
f (x) g(y)
de onde
f ′ (x) g ′ (y) 1
= 2, = ⇒ f (x) = e2x , g(y) = y
f (x) g(y) y
Portanto, f (x)g(y) = e2x y é um fator integrante para resolver a equação.
Exemplo 2.49.
Determine um fator integrante para a equação 2ydx − x(1 + y 3 )dy = 0.
Solução.
∂M ∂N ∂M ∂N
Temos que =2 e = −1 − y 3 , como ̸= a equação não é exata.
∂y ∂x ∂y ∂x
Seja I(x, y) = xm y n um fator integrante, então a equação original resulta na forma
2xm y n+1 dx − xm+1 y n (1 + y 3 )dy = 0, para ser exata deve satisfazer
∂M ∂N
= 2(n + 1)xm y n = −(m + 1)(xm y n + xm y n+3 ) =
∂y ∂x
Christian José Quintana Pinedo 127
Observação 2.11.
Por vezes um reagrupamento dos termos da equação diferencial facilita a visualização
de um fator integrante I(x, y).
1 ( ∂M ∂N ) ∫
1. Se − ≡ g(x) é função somente de x, então I(x, y) = e g(x)dx
.
N ∂y ∂x
1 ( ∂M ∂N ) ∫
2. Se − ≡ h(y) é função somente de y, então I(x, y) = e− h(y)dy
.
M ∂y ∂x
∂M ∂N f ′ (x) g ′ (y)
− = N (x, y) − M (x, y)
∂y ∂x f (x) g(y)
My − Nx ∫t
6. Se = R(xy) então I(x, y) = e R(s)ds , onde t = xy.
yN − xM
1
7. Se M dx + N dy = 0 é homogênea então I(x, y) = .
xM + yN
Para resolver a equação (2.47) multiplicar esta equação pelo fator integrante υ(x), o
d[y υ(x)]
membro esquerdo da equação resultante será da forma .
dx
Integrando esta nova equação, obteremos a solução.
128 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.50.
Resolver o pvi y ′ + y = senx, y(π) = 1.
Solução.
Solução.
Christian José Quintana Pinedo 129
y = C(x)e−x
2
(2.59)
Observação 2.12.
Pode acontecer que a equação diferencial seja linear respeito de x, considerada esta
dx
variável como função de y. A forma normal desta equação é + s(y)x = t(y).
dy
O êxito do método depende da habilidade do estudante em reconhecer quais determi-
nados termos constitui uma diferencial exata du(x, y). Para tanto, a Tabela (2.1) poderá
constituir boa ajuda.
1 xdy − ydx y
ydx − xdy − = d( )
x2 x 2 x
1 ydx − xdy x
ydx − xdy = d( )
y2 y 2 y
1 xdy − ydx [y]
ydx − xdy − = d(Ln )
xy xy x
1 xdy − ydx [y]
ydx − xdy − 2 = d(arctan )
x + y2 x2 + y 2 x
1 ydx + xdy
ydx + xdy = d(Ln(xy))
xy xy
[ ]
1 ydx + xdy −1
ydx + xdy , n>1 =d
(xy)n (xy)n (n − 1)(xy)n−1
1 ydy + xdx 1
ydy + xdx = d[ Ln(x2 + y 2 )]
x + y2
2 2
x +y 2 2
[ ]
1 ydy + xdx −1
ydy + xdx , n>1 =d
(x2 + y 2 )n (x2 + y 2 )n 2(n − 1)(x2 + y 2 )n−1
Tabela 2.1:
130 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.52.
Resolver a equação ydx + (x + x3 y 2 )dy = 0.
Solução.
d(xy) dy
Logo, + = 0, de onde integrando obtemos
(xy)3 y
1
− + Lny = −LnC
2x2 y 2
Exemplo 2.53.
dy y ∫ 1
dx
Dada a equação diferencial + = 3x. O fator integrante é a função e x .
dx x
Logo ( )
∫ 1 dy y ∫ 1
e x dx
+ = 3xe x dx ⇒ d(xy) = 3x2
dx x
integrando respeito à variável x
∫
d
(xy) = 3x2 ⇒ xy = 3 x2 + C ⇒ xy = x3 + C
dx
Exemplo 2.54.
1
Determine se − é fator integrante de ydx − xdy = 0.
xy
Solução.
1
Multiplicando a equação diferencial dada por − obtemos
xy
1 1 1
− (ydx − xdy) = 0 ⇒ − dx + dy = 0
xy x y
1
Como esta última equação é exata, então − é fator integrante.
xy
Observação 2.13.
Existem casos em que uma equação diferencial pode admitir mais de um fator inte-
grante.
Exemplo 2.55.
Christian José Quintana Pinedo 131
4y
Determine um fator integrante para y ′ + = x4 .
x
Solução.
∫ ∫
4 4
Aqui, a(x) = , logo a(x)dx = dx = 4Lnx = Lnx4 .
x x
Lnx4 4
De onde υ(x) = e = x é o fator integrante.
Exemplo 2.56.
dy 1
Resolver a equação = .
dx x cos y + sen2y
Solução.
dx
− x cos y = sen2y (2.60)
dy
Exemplo 2.57.
ds
Resolver a equação − s cot t = 1 − (t + 2) cot t.
dt
Solução.
isto é
∫ (∫ ∫ )
s(t) = e cot tdt
[1 − (t + 2) cot t]e− cot t
ds + C ⇒
(∫ )
s(t) = sent [1 − (t + 2) cot t] csc tdt + C ⇒
resolvendo a integral
(1 t 1 t )
s(t) = sent t cot + 2 csc t + t tan + C
2 2 2 2
132 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
simplificando
s(t) = (2 + t) csc tsent + Csent
Exemplo 2.58.
Resolver a equação 2ydx − (x + xy 3 )dy = 0.
Solução.
logo
∂Mf e
∂N
= 2(m + 1)xn y m e = −(n + 1)(xn y m + xn y m+3 ) como deve ser exata então
∂y ∂x
f ∂N
∂M e
= ⇒ 2(m + 1)xn y m = −(n + 1)(xn y m + xn y m+3 )
∂y ∂x
∂F 1 1
= g ′ (y) = − (x + xy 3 ) ⇒ g(y) = −[Lny + y 3 ]
∂y xy 3
1
assim temos F (x, y) = 2Lnx − [Lny + y 3 ] = C.
3
1
Portanto, a solução geral na forma implícita da equação é 2Lnx − Lny − y 3 = C.
3
Christian José Quintana Pinedo 133
Exercícios 2-3
seja exata.
seja exata.
My − Nx ∫t
3. Mostre, se = R(xy) então e R(s)ds é um fator integrante , onde t = xy.
yN − xM
4. Quais são as condições para que M dx + N dy = 0 tenha um fator integrante da
forma I(x + y)?
1
5. Mostre, se M dx + N dy = 0 é homogênea então I(x, y) = é um fator
xM + yN
integrante.
7. Para cada um dos seguintes exercícios, achar o fator integrante e resolver pelo mé-
todo da exatas.
é da forma {
xn y n = nLn(Cx−a y −b ), se n ̸= 0
xy = C1 x−a y −b , se n = 0
é da forma
{
(n − 1)(xy)n−1 (x2 + y 2 − C) = 2a, se n ̸= 1
x2 + y 2 − C = −2aLn(xy), se n = 1
dy 1 + y2
1. (x − 1)dy − ydx = 0 2. =
dx (1 + x2 )xy
3. (x2 − y 2 )dx − 2xydy = 0 4. (x2 + y 2 )dx − xydy = 0
5. (x − y)dx − (x + y)dy = 0 6. (2x − y + 1)dx − (x + 3y − 2)dy = 0
2x y 2 − 3x2 dy 2x + y − 4
7. dx + dy = 0 8. = , y(2) = 2
y3 y4 dx x−y+1
[ ] [ ]
y √ 1
9. y cos(xy) + √ dx + x cos(xy) + 2 x + dy = 0
x y
Christian José Quintana Pinedo 135
12. Mostre que as equações abaixo não são exatas mas tornam-se exatas quando multi-
plicadas pelo fator integrante dado ao lado. Portanto resolva as equações.
1
1. x2 y 3 dx + x(1 + y 2 )dy = 0, I(x, y) = 3
xy
( seny ) [ −x
]
−x cos y + 2e cos x
2. − 2e senx dx + dy = 0, I(x, y) = yex
y y
13. Sabe-se que a lei de variação de temperatura de Newton afirma que: “A taxa de
variação de temperatura T (t) de um corpo é proporcional diferença de temperatura
dT
T (t) entre o corpo e o meio ambiente Tm (t)”. Isto é = −K(T − Tm ), onde a
dt
constante de proporcionalidade K > 0.
14. Seja N (t) a quantidade de uma substância. Sabe-se que a lei de crescimento ou
decrescimento de uma substância afirma que: “A taxa de variação da substância
dN (t)
N (t) é proporcional à quantidade de substância presente”. Isto é = KN (t),
dt
onde a constante de proporcionalidade K ∈ R.
15. Um corpo de 1, 2 quilogramas cai à terra com velocidade inicial v0 desde uma de-
terminada altura. Na medida em que o corpo cai, a resistência do ar atua sobre
o corpo. Suponha que esta resistência em quilogramas equivale numéricamente ao
dobro da velocidade em metros por segundo. 1.) Determine a velocidade e a dis-
tância da queda com respeito ao tempo. 2.) Qual deve ser o valor de v0 ao término
1
de Ln2 segundos a velocidade se duplique? Considere g = 4.8m/s2 . Rpta.2.
8
v0 = 0, 6 m/s
Christian José Quintana Pinedo 137
dz
+ (1 − n)za(x) = (1 − n)b(x)
dx
138 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.60.
1
Resolver y ′ + y = xy 2 .
x
Solução.
1
Temos a(x) = , b(x) = x e n = 2. Logo, a mudança de variável nos dá
x
dz 1
− z = −x.
dx x
O fator integrante para esta equação linear em (0, ∞) é
∫ −1
e− = e−Lnx = eLnx = x−1
dx
x
x−1 z
assim = −1.
dx
Integrando esta última forma, obtemos x−1 z = −x + C ou z = −x2 + Cx. como
1
z = y −1 segue que a solução é y = .
−x + Cx
2
onde pi (x, y) para cada i = 0, 1, 2, . . . , (n − 1) são funções reais é contínuas numa região
R do plano-xy.
Sejam
y ′ = f1 (x, y), y ′ = f2 (x, y), · · · , : y ′ = fk (x, y), (k ≤ n) (2.64)
Exemplo 2.61.
Resolver y(y ′ )2 + (x − y)y ′ − x = 0.
Solução.
Christian José Quintana Pinedo 139
Isolando y ′ temos √
′ y−x± (x − y)2 + 4xy
y =
2y
x
de onde y ′ = 1 ou y ′ = − .
y
Assim, y = x + C ou x2 + y 2 = c2 são soluções.
tdx = φ′ (t)dt
de onde ∫
φ′ (t) φ′ (t)
dx = dt e x= dt + C
t t
e obtém-se a solução geral da equação na forma paramétrica
∫
φ′ (t)
x= dt + C, t∈R
t t é o parâmetro (2.66)
y = φ(t)
Exemplo 2.62.
Resolver y = a · (y ′ )2 + b · (y ′ )3 onde a e b são constantes.
Solução.
dy
Consideremos y ′ = = t, logo y = at2 + bt3 .
dx
Calculando o diferencial de y em relação a t temos dy = 2atdt + 3bt2 dt, o bem
3
logo x = 2at + bt2 + C.
2
140 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
A solução geral é
t∈R
3
x = 2at + bt2 + C,
2 (2.67)
y = at2 + bt3
Caso 2. Se na equação F (y, y ′ ) = 0 não podemos isolar y nem y ′ (ou temos dificuldade
para isolar), porém esta últimos podemos expressar na forma paramétrica mediante
algum parâmetro t:
dy
y = φ(t), b = ψ(t), ρ =
dx
Exemplo 2.63.
√ √
Resolver 3
y 2 + 3 (y ′ )2 = 1.
Solução.
Observação 2.15.
Nas equações (2.69) e (2.66) não podemos considerar t como a derivada, deve-se con-
siderar como um parâmetro.
Exemplo 2.64.
dy ( dy )2
Resolver a +b = x.
dx dx
Solução.
dy
Tem-se = t, x = at + bt2 , dx = adt + 2btdt, como dy = tdx = atdt + 2bt2 dt,
dx
a 2
assim y = t2 + bt3 + C.
2 3
Portanto, a solução geral é
x = at + bt 2
a 2
y = t2 + bt3 + C, t∈R
2 3
y = xφ(y ′ ) + ψ(y ′ )
Exemplo 2.65.
Resolver y = 2xy ′ + Lny ′ .
Solução.
Suponhamos y ′ = t, então y = 2xt + Lnt. Diferenciando encontramos
dt
tdx = 2tdx + 2xdt +
t
142 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
dx 1 dx 2 1
de onde t = −2x − ,isto é = − x − 2.
dt t dt t t
Observe que obtivemos uma equação linear de primeira ordem respeito de x. Resolvendo-
C 1
la achamos que x = 2 − .
t t
Substituindo o valor encontrado de x na expressão de y resulta
C 1
x= 2 −
t t t é o parámetro
t∈R
2C
y = Lnt + − 2,
t
y = xy ′ + ψ(y ′ )
y = Cx + ψ(C)
A equação de Clairaut pode também ter uma solução singular, que se obtém elimi-
nando t entre as equações
y = xt + ψ(t), x = ψ ′ (t) = 0
Exemplo 2.66.
a
Resolver y = xy ′ + ′ (a constante).
2y
Solução.
a
Supondo y ′ = t, obtém-se y = xt + .
2t
Diferenciando esta última equação e substituindo dy por tdx, achamos tdx = tdx +
a a
xdt − 2 dt, de onde dt(x − 2 ) = 0
2t 2t
Examinemos os dois fatores do primeiro membro da última igualdade.
Quando o primeiro fator dt = 0 então t = C, e a solução da equação inicial é y =
a
Cx + . Este é um feixe de retas.
2C
a a
Quando o segundo (x − 2 ) = 0, temos x = 2 . Eliminando t nesta equação e na
2t 2t
a
equação y = xt+ , resulta y 2 = 2ax, esta também é uma solução da equação considerada
2t
(solução singular).
Christian José Quintana Pinedo 143
Exercícios 2-4
1
9. 3xy ′ − 2y = x3 y 2 10. 8xy ′ − y = − √
y3 x + 1
11. (xy + x2 y 3 )y ′ = 1 12. y ′ − y = 2xex+x
2
1 2xy
13. y ′ = 14. y ′ = 2
xseny + 2sen2y x − y 2 − a2
y 3x2
15. y ′ = 16. y ′ = 3
2yLny + y − x x +y+1
17. y ′ + y cos x = senx cos x 18. y ′ − y tan x = sec x
∫
19. 2xy ′ − y = 3x2 20. φ(αx)dα = nφ(x)
dy
5. Resolver as seguintes equações diferenciais, considere ρ = . São do caso 2.
dx
x2
1. y = (ρx + x2 )Lnx + (ρx + x2 )2 − 2. xρ2 − 2yρ + 3x = 0
2
3. y = ρxLnx + ρ2 x2 4. ρ4 x4 = y + ρx
5. 2y = 8xρ + 4x2 + 3ρ2
dy
6. Resolver as seguintes equações diferenciais, considere ρ = . São do caso 3.
dx
dβ 3 dβ
1. cos2 β( ) − 2α + 2 tan β = 0 2. x = yLnρ
dα α
3. 2ρx = 2 tan y + ρ3 cos2 y 4. 4ρ2 = 25x
5. 4ρx − 2y = ρ3 y 2
′
√
1. y = (y ′ )2 ey 2. x = (y ′ )2 − 2y ′ + 2 3. y ′ = ey ′
y
√
12. x [1 + (y ′ )2 ]3 = a 13. y = arcseny ′ + Ln[1 + (y ′ )2 ]
147
148 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
i) As do tipo especial;
dn y
= f (x) (3.1)
dxn
n-vezes
o
2 caso: As equações diferenciais da forma
dn y
= g(y) (3.2)
dxn
∫ ∫ ∫ √ ∫
1 ′ 2
y ′ dy ′ = g(y)dy ⇒ (y ) = g(y)dy + C1 ⇒ y ′ = 2[ g(y)dy + C1 ]
2
separando as variáveis
Christian José Quintana Pinedo 149
√ ∫ ∫ ∫
dy
dy = 2[ g(y)dy + C1 ]dx ⇒ √ ∫ dy = dx + C2
2[ g(y)dy + C1 ]
onde a equação (3.3) não contém y, podemos reduzir a ordem da equação mediante a
substituição z = y (k) para obter
F (x, z, z ′ , z ′′ , . . . , z (n−k) ) = 0
Exemplo 3.1.
Resolver as seguintes equações diferenciais:
d3 y d2 y
1. = xex 2. = 8y 3. xy ′′ = y ′ (Lny ′ − Lnx)
dx3 dx2
Solução.
∫
d3 y d2 y
1. = xex ⇒ = xex dx + C1 = xex − ex + C1 , logo
dx3 dx2
∫
dy
= [= xex − ex + C1 ]dx + C2 = xex − 2ex + C1 x + C2
dx
∫
x2
y= [xex − 2ex + C1 x + C2 ]dx + C3 = xex − 3ex + C1 + C2 x + C3
2
d2 y d2 y
2. = 8y ⇒ − 8y = 0.
dx2 dx2
′ ′
d2 y ′ dy ′ dy
Como =y ⇒ y − 8y = 0 ⇒ y ′ dy ′ − 8ydy = 0, então temos
dx2 dy dy
1 ′ 2 1 √ dy
(y ) − 8 y 2 = C1 ⇒ y′ = 2C1 + 8y 2 ⇒ √ = dx
2 2 2C1 + 8y 2
√ √
Portanto, Ln[2y + 4y 2 + C1 ] = x + C2 ou 2y + 4y 2 + C1 = Cex .
du dx
udx + xdu = uLnudx ⇒ − =0 ⇒ Ln(Lnu − 1) = LnC1 x
u(Lnu − 1) x
z
Lnu − 1 = C1 x ⇒ u = e1+C1 x ⇒ = e1+C1 x ⇒ y ′ = xe1+C1 x C2 xeC1 x
x
x 1
y = C2 [eC1 x ( − 2 )] + C3 = C4 eC1 x (C1 x − 1) + C3
C1 C1
Observação 3.1.
Quando uma equação diferencial for homogênea para a função y = y(x) e suas deri-
∫
vadas, a substituição y ′ = yz(x) ou y = e z(x)dx reduz a ordem da equação diferencial
em uma unidade.
Exemplo 3.2.
Resolver a equação xy ′ (yy ′′ − (y ′ )2 ) − y(y ′ )2 = x4 y 3 .
Solução.
∫ ∫ ∫
Seja y = e z(x)dx
então y ′ = z(x)e z(x)dx
e y ′′ = e z(x)dx
[z ′ (x) + (z(x))2 ], na equa-
ção original
∫ [ ∫ ∫ ∫ ] ∫ ∫
xze z(x)dx
e z(x)dx · e z(x)dx [z ′ + (z)2 ] − (ze z(x)dx )2 − y(ze z(x)dx )2 = x4 e3 z(x)dx
∫ [ ] ∫
e3 z(x)dx
{ xzz ′ + x(z)3 ] − x(z)3 − y(z)2 } = x4 e3 z(x)dx
1
z ′ − z = x3 z −1
x
Esta equação diferencial é do Bernoulli com n = −1, então
∫
[ ∫ ∫
]
−2 −x−1 dx 2 −x−1 dx
2
z =e 2 e · x dx + C1
2
√
z 2 = x2 (x2 + C1 ) ⇒ z = x x2 + C1
∫ √ 1
√ 3
2 2
Portanto, y = e x x +C1 dx = e 3 ( x +C1 ) .
an (x)y (n) + an−1 (x)y (n−1) + . . . + a2 (x)y ′′ + a1 (x)y ′ + a0 (x)y = b(x) (3.4)
Christian José Quintana Pinedo 151
F (x, y, y ′ , y ′′ , . . . , y (n) ) = 0
Propriedade 3.1.
Sejam C1 e C2 constantes arbitrárias, se y1 e y2 são soluções da equação diferencial
homogênea
Multiplicando cada membro de (3.6) por C1 , e cada membro de (3.7) por C2 , e somando
estes resultados. Obtemos
(n) (n) (n−1) (n−1)
}
an (x)[C1 y1 + C2 y2 ] + an−1 (x)[C1 y1 + C2 y2 ] + ···
(3.8)
· · · + a1 (x)[C1 y1′ + C2 y2′ ] + a0 (x)[C1 y1 + C2 y2 ] = 0
(n) (n)
Para todo n ∈ N, a igualdade [C1 y1 + C2 y2 ] = [C1 y1 + C2 y2 ](n) é válida para funções
deriváveis então, de (3.8) resulta que y = C1 y1 + C2 y2 é solução da equação (3.5).
Exemplo 3.3.
Determine todas as soluções do problema de valor inicial:
Solução.
Exemplo 3.4.
Verificar que no intervalo (0, +∞) a função, y = 3x2 − 6x + 3 satisfaz a equação
diferencial e as condições do problema de valor de contorno
Solução.
para todo x ∈ I.
Exemplo 3.5.
Mostre que os seguintes pares de funções são linearmente dependentes:
1
1. f (x) = x, g(x) = −2x 2. f (x) = ex , g(x) = ex
√ 3
3. f (x) = x2 , g(x) = − 3x2
Solução.
Podemos observar de imediato que todas são linearmente dependentes, já que uma
das funções é múltiplo escalar da outra.
1 1
1. f (x) = ex , g(x) = ex ⇒ f (x) + (−1)g(x) = 0, ∀ x ∈ R.
3 3
2. f (x) = x, g(x) = −2x ⇒ 2f (x) + g(x) = 0, ∀ x ∈ R.
√ √
3. f (x) = x2 , g(x) = − 3x2 ⇒ 3f (x) + g(x) = 0, ∀ x ∈ R.
Exemplo 3.6.
Verificar que o conjunto de funções { x, x2 } é linearmente independente em R.
Solução.
αx + βx2 = 0; ∀x∈R
Como o sistema tem uma solução não nula α ̸= 0 (ou β ̸= 0), pela álgebra linear isto
só é possível se o determinante for nulo, isto é, se
x x2
= 2x2 − x2 = 0; ∀x∈R
1 2x
Isto último é um absurdo, pois supor que sejam linearmente dependentes nos levou a
concluir que x2 = 0, ∀ x ∈ R.
Portanto o conjunto { x, x2 } é linearmente independente.
Exemplo 3.7.
O conjunto de funções { 1, x, x2 , x3 } é linearmente independente ∀ x ∈ R.
Observe que na equação (3.12) temos que α3 = 0, logo em (3.11) segue que α2 = 0.
Estes dois resultados em (3.10) implicam que α1 = 0 de onde finalmente α0 = 0.
Exemplo 3.8.
π π
Mostre que o conjunto de funções { senx, sen(x + ), sen(x − ) } é linearmente
8 8
dependente no intervalo (−∞, +∞).
Solução.
A mostrar que existem tais números α1 , α2 , α3 não todos iguais a zero, de modo que
no intervalo (−∞, +∞) tem lugar a igualdade
π π
α1 senx + α2 sen(x + ) + α3 sen(x − ) = 0 (3.13)
8 8
π π
, x = . Então, obteremos um sistema de três equações com três incógnitas α1 , α2 , α3 .
4 2
π π
α2 sen − α3 sen = 0
8 8
1 3π π
√ α1 + α2 sen + α3 sen = 0 (3.14)
2 8 8
5π 3π
α1 + α2 sen + α3 sen =0
8 8
é igual a zero.
π π
α2 sen − α3 sen = 0
8 8
1
√ α1 + α2 sen
3π π
+ α3 sen = 0
2 8 8
π
de onde, da primeira equação obtemos α2 = α3 ; da segunda α1 = −2α3 · cos .
8
Considerando α3 = 1 obtemos a solução não nula do sistema (3.14):
π
α1 = −2 cos , α2 = 1, α3 = 1
8
π π
α1 senx + α2 sen(x + ) + α3 sen(x − ) =
8 8
π π
= −2 cos senx + 2senx cos = 0
8 8
3.4.3 O Wronskiano
Na matemática, o Wronskiano é uma função aplicada especialmente no estudo de
equações diferenciais. O nome dessa função é uma homenagem ao matemático polonês
Josef Wronski1 .
Seja { y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn−1 (x), yn (x) } um conjunto de funções deriváveis num
intervalo I = (a, b) ⊆ R até a ordem (n − 1), da equação por derivações sucessivas se
obtém:
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn (x) = 0
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn (x) = 0
′ ′ ′ ′
.. .. .. .. .. ..
. . . ... . . . (3.15)
(x) = 0
(n−2) (n−2) (n−2) (n−2)
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn
(x) = 0
(n−1) (n−1) (n−1) (n−1)
Cy 1 1 (x) + C y 2 2 (x) + · · · + C y
n n−1 (x) + C y n n
Exemplo 3.9.
Determine o Wronskiano para o conjunto de funções { ek1 x , ek2 x , ek3 x }.
Solução.
Temos que:
ek1 x e k2 x ek3 x
W (y1 , y2 , y3 ) = k1 ek1 x k2 ek2 x k3 ek3 x = (k2 − k1 )(k3 − k1 )(k3 − k2 )e(k1 +k2 +k3 )x .
2 kx 2 kx 2 kx
k1 e 1 k2 e 2 k3 e 3
Exemplo 3.10.
π π
Determine o Wronskiano para o conjunto de funções {senx, sen(x+ ), sen(x− )}.
8 8
Solução.
Temos que: π π
senx sen(x − )
sen(x + )
8 8
π π
W (y1 , y2 , y3 ) = cos x cos(x + ) cos(x − ) =0
8 8
π π
−senx −sen(x + ) −sen(x − )
8 8
pois a última fila é proporcional à primeira.
Propriedade 3.2.
Se, um conjunto de funções { y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn−1 (x), yn (x) } é linearmente
dependente num intervalo [a, b] ⊆ R, então seu Wronskiano é identicamente nulo em
[a, b].
nulo mesmo que as funções consideradas num intervalo sejam linearmente independentes,
como mostra o seguinte exemplo.
Exemplo 3.11.
Sejam as funções y1 (x) e y2 (x), onde:
1 1 1
0, se 0≤x≤ (x − )2 , se 0 ≤ x ≤
y1 (x) = 2 y2 (x) = 2 2
(x − 1 )2 , se 1
0, 1
<x≤1 se <x≤1
2 2 2
denomina-se “determinante de Gram” do conjunto de funções {y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn (x)}.
Propriedade 3.3.
Para que o conjunto de funções y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn (x) definidas em [a, b] seja
linearmente dependente é necessário e suficiente que seu determinante de Gram seja zero.
Exemplo 3.12.
Verifique que as funções y1 = x e y2 = 2x são linearmente dependentes no segmento
[0, 1].
Solução.
∫1 ∫1
1 4
Temos que < y1 , y1 >= x2 dx = , < y2 , y2 >= 4x2 dx = por último
3 3
0 0
∫1
1/3 2/3
2
< y1 , y2 >=< y2 , y1 >= 2x2 dx = , logo Γ(y1 , y2 ) = = 0, consequen-
3 2/3 4/3
0
temente, as funções y1 (x) e y2 (x) são linearmente dependentes.
Propriedade 3.4.
Sejam an ̸= 0, an−1 , an−2 , . . . a2 , a1 , a0 constantes e y1 , y2 , . . . , yn soluções da equação
definidas num intervalo I ⊆ R. Então, uma condição necessária e suficiente para que as
y1 , y2 , . . . , yn sejam linearmente independentes, é que seu Wronskiano seja não nulo em
I.
Exercícios 3-1
d2 x d2 y
1. = t2 2. = xe−x , y(0) = 1, y ′ (0) = 0
dt2 dx2
3. y ′′ = 2senx cos2 x − sen3 x 4. y = y ′ tan x − (y ′ )2 sec2 x
5. xyy ′′ − x(y ′ )2 − yy ′′ = 0 6. x2 yy ′′ = (y − xy ′ )2
d3 y
7. xyy ′′ + x(y ′ )2 = 2yy ′ 8. = x + senx
dx32
d2 y a + bx dy
9. 2
= 10. x 2 = 1 + x2
dx x dx
y y3
11. y 2 y ′′′ − 3yy ′ y ′′ + 2(y ′ )3 + (yy ′′ − (y ′ )2 ) = 2
x x
1 1
12. y (iv) = cos2 x, y(0) = , y ′ (0) = y ′′ (0) = , y ′′′ (0) = 0
32 8
2 ′ 2 6 4 2
13. 4x yy = 9xy + 6x + 54y + 108y + 72y + 16
4. Verificar que o sistema de funções {eαx senβx, eαx cos βx} onde β ̸= 0 é linearmente
independente em R. Determine os valores de C1 e C2 de modo que se cumpra a
identidade C1 eαx senβx + C2 eαx cos βx = 0
11. cos x, cos(x + 1), cos(x − 2) 12. 1, sen(2x), (senx − cos x)2
1 π
1. 1, x 2. x, 3. senx, sen(x + )
x 4
4. e−x , xe−x 5. e , 2ex , e−x
x
6. 2, cos x, cos(2x)
x x
7. 1, 2, x2 8. arccos , arcsen 9. π, arcsenx, arccos x
π π
10. 4, sen2 x, cos(2x) 11. x, Lnx 12. e−3x sen(2x), e−3x cos(2x)
1 1 π π
13. ex senx, ex cos x 14. , ex 15. sen( − x), cos( − x)
x 4 4
a2 y ′′ + a1 y ′ + a0 y = 0 (3.16)
Teorema 3.2.
Se y1 e y2 são soluções da equação diferencial (3.16) então a combinação linear
yh = C1 y1 (x) + C2 y2 (x) também é solução de (3.16) onde C1 e C2 são números reais ou
complexos quaisquer.
Este teorema diz que se y1 e y2 são soluções da equação diferencial (3.16) então então
é possível elaborar uma infinidade de soluções de (3.16).
Uma pergunta natural é: Esta infinidade de soluções inclue todas as soluções de
(3.16)?
A resposta é sim, desde que y1 e y2 sejam linearmente independentes.
Teorema 3.3.
Suponhamos que y1 e y2 são soluções da equação (3.16) em I ⊆ R, então y1 e y2
formam um conjunto fundamental de soluções em I se, e somente se W (y1 , y2 ) ̸= 0, para
algum x0 ∈ I.
Teorema 3.4.
Se a equação diferencial homogênea (3.16) tem duas soluções y1 e y2 linearmente
independentes em I ⊆ R, então para qualquer outra solução y = φ(x) de (3.16) em I
podemos encontrar constantes C1 e C2 tais que
(a2 λ2 + a1 λ + a0 )Ceλx = 0
Para não obter uma solução trivial de (3.16) consideremos y = Ceλx ̸= 0 logo,
a2 λ2 + a1 λ + a0 = 0
Exemplo 3.13.
Resolver a equação y ′′ + 4y ′ + 5y = 0.
Solução.
Exemplo 3.14.
Determine a solução geral da equação y ′′′ − 2y ′′ − 3y ′ = 0.
Solução.
1
Portanto, y = C0 −C1 e−x + C2 e3x é solução da equação diferencial y ′′′ −2y ′′ −3y ′ = 0.
3
b) Se as raízes da equação característica são reais, porém algumas de elas são múltiplas.
Seja por exemplo λn = λn−1 , . . . , λk−1 = λk = λ onde λ é a raiz de multiplicidade
n − k da equação (3.19), entanto que as outras k raízes são distintas.
Então neste caso, o sistema fundamental de soluções da equação (3.18) tem a forma
eλ1 x , eλ2 x , . . . , eλk−1 x , eλx , xeλx , x2 eλx , . . . , xn−k−2 eλx , xn−k−1 eλx
yg = C1 eλ1 x +C2 eλ2 x +. . .+Cn−k−1 eλx +Cn−k−2 xeλx +Cn−k−3 x2 eλx , . . . , +Cn xn−k−1 eλx
= C1 eαx cos(βx) + (iC1 )eαx sen(βx) = C1 eαx cos(βx) + D1 eαx sen(βx), D1 = iC1
d) Se todas as raízes da equação característica são complexas, porém algumas de elas são
Christian José Quintana Pinedo 167
múltiplas.
Seja por exemplo λn = λn−1 , . . . , λk−1 = λk = λ onde λ é a raiz complexa de
multiplicidade n − k da equação (3.19), entanto que as outras k raízes são distintas.
Então neste caso, o sistema fundamental de soluções da equação (3.18) tem a forma
eλ1 x , eλ2 x , . . . , eλk−1 x , eλx , xeλx , x2 eλx , . . . , xn−k−2 eλx , xn−k−1 eλx
yg = C1 eλ1 x + C2 eλ2 x + . . . + Ck eλx + Ck+1 xeλx + Ck+2 x2 eλx , . . . , +Cn xn−k−1 eλx
Lembre, por se tratar de raízes complexas, o estudo deve ser analisado como no item
(c).
Exemplo 3.15.
Determine a solução geral yg da equação y ′′′ − 2y ′′ − 3y ′ = 0
Solução.
Exemplo 3.16.
Resolver y ′′ − 4y ′ + 4y = 0.
Solução.
Exemplo 3.17.
Resolver y ′′′ − 6y ′′ + 2y ′ + 36y = 0.
Solução.
Exemplo 3.18.
d6 y d4 y d2 y
Resolver + 6 + 9 + 4y = 0.
dx6 dx4 dx2
Solução.
a2 y ′′ + a1 y ′ + a0 y = b(x) (3.20)
Propriedade 3.5.
1. Se a função b(x) for da forma b(x) = b1 (x) + b2 (x), então procura-se uma solução
particular yp para cada uma das funções b1 (x) e b2 (x), logo somam-se as soluções
achadas.
Christian José Quintana Pinedo 169
2. Para o caso ser b(x) da forma b(x) = eαx b1 (x), a mudança de variável y = eαx z,
facilita os cálculos.
Caso 2. Se b(x) = emx Pn (x) onde Pn (x) é um polinômio de grau n, podemos fazer a
substituição y = emx z e remplazar na equação original para obter
Para o caso que m não seja raiz da equação característica, da igualdade (3.20)
a solução particular yp é um polinômio Pen (x) do mesmo grau que Pn (x). Isto é
zp = Pen (x).
Se m é raiz simples, o grau do polinômio Pen+1 (x) é do grau maior em uma unidade
que o grau de Pn (x). Isto é zp = x · Pen (x).
Se m é raiz dupla, o grau do polinômio Pen+2 (x) é do grau maior em duas unidades
que o grau de Pn (x). Isto é zp = x2 · Pen (x).
Caso 3. Se b(x) = Pm (x)sen(βx) + Qn (x) cos(βx) onde Pm (x) e Qn (x) são dois po-
linômios de graus m e n respectivamente, então
yp = Pek (x)sen(βx) + Q
ek (x) cos(βx)
170 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
onde k = max{ m, n }.
2. Se λ = ±iβ são raízes da equação característica, a solução particular da equa-
ção diferencial é
yp = x[Pek (x)sen(βx) + Q
ek (x) cos(βx)] onde k = max{ m, n }
Exemplo 3.19.
Determine a solução da equação y + y ′′ = cos2 x se satisfaz as condições y( π2 ) =
y ′ ( π2 ) = 0.
Solução.
As raízes da equação homogênea são λ = ±i, logo a solução geral de y ′′ + y = 0 é
yh = C1 senx + C2 cos x
1 1 1
Podemos escrever b(x) = cos2 x = + cos(2x) = b1 (x) + b2 (x) onde b1 (x) = e
2 2 2
b2 (x) = P0 (x)sen2x + Q0 (x) cos 2x, então a solução particular é da forma
yp = C3 + Pe0 (x)sen(2x) + Q
e( x) cos(2x)
1 1
segue que C3 = , C4 = 0 e C5 = − .
2 6
′′ 1 1
Então a solução geral de y + y = + cos(2x) é
2 2
1 1
y = C1 senx + C2 cos x + − sen(2x)
2 6
π 1
Como temos condições iniciais, então quando x = temos y = C1 + = 0, logo
2 2
1 ′ 1 1
C1 = − e y = −C2 + = 0, de onde C2 = .
2 3 3
Portanto, a solução de y + y ′′ = cos2 x com condições iniciais y( π2 ) = y ′ ( π2 ) = 0 é
1 1 1 1
y(x) = − senx + cos x − sen(2x).
2 2 3 6
Exemplo 3.20.
Resolver o pvi y ′′ + 6y ′ + 9y = e−x cos(2x), y(0) = y ′ (0) = 0.
Solução.
temos yp′ (x) = e−x [(−2C3 sen2x + 2C4 cos 2x) − (2C3 cos 2x + 2C4 sen2x)] isto é
Por outro lado, yp′′ (x) = e−x [2(C4 + 3C3 ) cos 2x + 2(C3 − C4 )sen2x]. Logo
+6[yp′ (x) = e−x [(−2C3 sen2x + 2C4 cos 2x) − (2C3 cos 2x + 2C4 sen2x)]+
isto é
e−x [8C4 sen2x − C3 cos 2x] = e−x sen2x
1 1
Portanto, a solução geral é y(x) = − xe−3x + e−x sen2x.
4 8
Exemplo 3.21.
A equação diferencial ordinária
d2 Q(t) dQ(t) 1
L 2
+R + Q(t) = V (t)
dt dt C
é uma equação de segunda ordem que descreve a quantidade de carga elétrica Q(t) num
capacitor de capacitância C, ligado a um resistor de resistência R, um indutor de indu-
tância L e uma fonte que gera uma diferença de potencial V (t), como mostra a Figura
(3.1).
Exercícios 3-2
1. λ1 = 1, λ2 = 2 2. λ1 = 1, λ1 = 1 3. λ1 = 3 − 2i, λ2 = 3 + 2i
1. y ′′ − y = 0 2. 3y ′′ − 2y ′ − 8y = 0
3. y ′′′ − 3y ′′ + 3y ′ − y = 0 4. y ′′ − 2y ′ − 2y = 0
5. y (vi) + 2y (v) + y (iv) = 0 6. y ′′′ + 6y ′′ + 11y ′ + 6y = 0
7. 2y ′′′ − 3y ′′ + y ′ = 0 8. y ′′′ − 3y ′ − 2y = 0
9. y (v) = 0 10. y ′′′ − 2y ′′ + 2y ′ = 0
11. y ′′′ + 2y ′′ − y ′ − 2y = 1 12. y ′′ − 2y ′ + 3y = 0
1. λ1 = 1, λ2 = 2; b(x) = Ax2 + Bx + C
2. λ1 = 0, λ2 = 1; b(x) = Ax2 + Bx + C
3. λ1 = 0, λ2 = 0; b(x) = Ax2 + Bx + C
4. λ1 = 1, λ2 = 2; b(x) = e−x (Ax + B)
5. λ1 = −1, λ2 = 1; b(x) = e−x (Ax + B)
6. λ1 = −1, λ2 = −1; b(x) = e−x (Ax + B)
174 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1. y ′′ + 3y ′ = 3 2. y ′′ − 7y ′ = (x − i)2
3. y ′′ + 3y ′ = e3 4. y ′′ + 7y ′ = e−7x
5. y ′′ − 8y ′ + 16y = (x − 1)e4x 6. y ′′ − 10y ′ + 25y = e5x
√
4y ′′ − 3y ′ = x e3x y ′′ − y ′ − 2y = ex + e−2x
4
7. 8.
9. y ′′ − 4y ′ = xe4x 10. y ′′ + 25y = cos(5x)
11. y ′′ + y = senx − cos x 12. y ′′ + 4y ′ + 8y = e2x (sen(2x) + cos(2x))
13. y ′′ + 16y = sen(4x + α) 14. y ′′ − 4y ′ + 8y = e2x (sen(2x) − cos(2x))
15. y ′′ + 6y ′ + 13y = e−3x cos(2x) 16. y ′′ + k 2 y = ksen(kx + α)
17. y ′′ + k 2 y = k 18. y ′′ + 4y = senxsen(2x)
1. y ′′ − 4y ′ + 4y = x2 2. y ′′ + 8y ′ = 8x
3. y ′′ + 4y ′ + 4y = 8e−2x 4. y ′′ − 2ky ′ + k 2 y = ex , (k ̸= 1)
5. y ′′ + 4y ′ + 3y = 9e−3x 6. 7y ′′ − y ′ = 14x
7. y ′′ + 3y ′ = 3xe−3x 8. y ′′ + 5y ′ + 6y = 10(1 − x)e−2x
9. y ′′ + 2y ′ + 2y = 1 + x 10. y ′′ + y ′ + y = (x + x2 )ex
11. y ′′ + 4y ′ − 2y = 8sen(2x) 12. y ′′ + y = 4x cos x
13. y ′′ − 2my ′ + m2 y = sen(mx) 14. y ′′ + 2y ′ + 5y = e−x sen(2x)
15. y ′′ − y ′ = ex senx 16. y ′′ + a2 y = 2 cos(mx) + 3sen(mx) m ̸= a
yh = C1 y1 + C2 y2 + C2 y3 + . . . + Cn yn (3.23)
onde Pn (x) e Qm (x) são polinômios de grau n e m respectivamente. Neste caso se busca
uma solução particular yp da equação (3.21) da forma
onde k = max{m, n}, Pek (x) e Qek (x) são polinômios em x de grau k, de coeficientes inde-
terminados, e s é a ordem de multiplicidade da raiz λ = α ± iβ da equação característica
(s = 0 para o caso de α ± iβ não ser raiz da equação característica).
Para o caso do segundo membro b(x) ser apresentado como uma soma
∑
l
b(x) = αk bk (x) (3.26)
k=1
onde bk (x) são da forma (3.24), em virtude do princípio de superposição procura-se uma
solução particular yp da equação (3.21) da forma
∑
l
yp = αk ykp
k=1
Exemplo 3.22.
Determine a solução da equação diferencial y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = x2 + x.
Solução.
yh = C1 ex + C2 cos x + C3 senx
Exemplo 3.23.
Resolver o problema de valor inicial
Solução.
y ′′′ −2y ′′ −y ′ +2y = 2x2 −6x+4 ⇔ 0−2(2C6 )−(C5 +2xC6 )+2(C4 +C5 x+C6 x2 ) = 2x2 −6x+4
y = C1 ex + C2 e−x + C3 e2x + 3 − 2x + x2 ⇒ C1 + C2 + C3 + 3 = 5
Resolvendo o sistema temos que a solução do pvi esta dada por y = ex + 2e−x −
e + 3 − 2x + x2 .
2x
Exemplo 3.24.
Determine a solução da equação y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = x2 + x.
Solução.
yg = C1 ex + C2 cos x + C3 senx
Como o número 0 (zero) não é raiz da equação característica, deve-se procurar uma
solução particular yp da equação dada na forma
yp = A1 x2 + A2 x + A3
Caso 3. Se b(x) = eαx ·Pn (x)senβx ou b(x) = eαx ·Pn (x) cos βx onde α e β são constantes
conhecidas, e Pn (x) é um polinômio de grau n em x como nos casos anteriores. Neste
caso se procura uma solução particular yp da forma
Exemplo 3.25.
Resolver a equação diferencial y iv − y = 18e−2x .
Solução.
de onde C = 1, 2.
Portanto, y = C1 ex + C2 e−x + C5 senx + C6 cos x + 1, 2e−2x é solução procurada.
Observação 3.2.
Se qualquer termo da suposta solução, a menos constantes multiplicativas é também
um termo da solução da homogênea yh associada, então a forma da solução procurada deve
ser modificada multiplicando por xk , onde k é o menor inteiro positivo tal que o produto
de xk com a solução procurada não tenha nenhum termo em comum com a solução yh da
homogênea associada ao problema. Isto afasta a possibilidade de chegar a igualdades do
tipo 0 = 0, ou a um sistema algébrico sem soluções.
Naturalmente este método não se aplica às equações diferenciais que não possuem
coeficientes constantes ou aquelas em que a função b(x) não seja de algum dos tipos
considerados, por exemplo este método não se aplica quando b(x) = tan x. O seguinte
exemplo mostra esta situação.
Exemplo 3.26.
Dada a equação diferencial y ′′ + xy = 2, pela igualdade (3.27) admitimos como solu-
ção particular uma função do tipo yp = Ck xk , sendo Ck e k constantes, com k ∈ Z+ .
Levando esta suposta solução na equação diferencial, obtemos a identidade polinomial
a qual não tem solução algébrica, pois um dos coeficientes não é constante.
Christian José Quintana Pinedo 181
Exemplo 3.27.
Achar a solução geral da equação diferencial y ′′′ − 3y ′′ + 3y ′ − y = 36ex .
Solução.
Cex (6 + 18x + 9x2 + x3 ) − Cex (6x + 6x2 + x3 ) + Cex (3x2 + x3 ) − Cx3 ex = 36ex
de onde C = 6
Portanto, y = (C1 + C2 x + C3 x2 )ex + 6x3 ex é solução procurada.
a2 y ′′ + a1 y ′ + a0 y = b(x)
onde a parte não homogênea b(x) involve senos e cossenos. Embora estas equações possam
ser tratadas por um dos métodos já estudados, vamos considerar uma forma prática para
se encontrar uma solução particular usando funções complexas. Faremos isto por meio de
exemplos.
Exemplo 3.28.
Resolver a equação y ′′ + y ′ + 3y = 5senx.
Solução.
182 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
√
1 11
O polinômio característico é λ2 + λ + 3 = 0 de onde λ = − ± i. A solução geral
√ √ 2 2
é da forma yg = e−x/2 [C2 sen 11x
2
+ C2 cos 11x
2
].
Como 5senx = Im(5eix ), para obter a solução da equação inicial, é suficiente considerar
a parte imaginária desta última expressão:
como já esperado.
√ √
Assim, a solução da equação é y = e−x/2 [C2 sen 11x
2
+ C2 cos 11x
2
] − cos x + 2senx.
yp′ (x) = u′1 (x)y1 (x) + u1 (x)y1′ + u′2 (x)y2 (x) + u2 (x)y2′ (x) ⇒
yp′′ (x) = u1 (x)′ y1′ u1 (x)y1′′ (x)u′2 (x)y2′ (x) + u2 (x)y2′′ (x)
Substituindo yp (x), yp′ (x) e yp′′ (x) na equação (3.30) e simplificando obtemos a
igualdade
u1 [a2 y1′′ + a1 y1′ + a0 y1 ] + u2 [a2 y2′′ + a1 y2′ + a0 y2 ] + a2 u′1 y1′ + a2 u′2 y2′ = b(x) (3.32)
Resolvendo este último sistema obtemos a solução para u1 (x) e u2 (x) na forma
∫x ∫x
b(s)y2 (s) b(s)y1 (s)
u1 (x) = − ds e u2 (x) = ds
a2 ω(s) a2 ω(s)
x0 x0
Exemplo 3.29.
Resolver y ′′ − 3y ′ + 2y = e3x .
Solução.
∫x ∫x
e3s · e2s 1 2x e3s · es
u1 (x) = − ds = − e e u2 (x) = ds = ex
e3s 2 e3s
x0 x0
1 1
Logo, yp = − e2x · ex + ex · e2x = e3x .
2 2
1
Portanto a solução da equação diferencial é y = C1 ex + C2 e2x + e3x .
2
Exemplo 3.30.
Achar a solução de y ′′ + y = tan x que satisfaz as condições de contorno y(0) =
y(π/6) = 0.
Solução.
Exercícios 3-3
1. λ1 = λ2 = λ3 = 1; b(x) = Ax2 + Bx + C
2. λ1 = 0, λ2 = 1, λ3 = 2; b(x) = Ax2 + Bx + C
3. λ1 = i, λ2 = −i, λ3 = 1; b(x) = senx + cos x
4. λ1 = −1, λ2 = 1, λ3 = 2; b(x) = Ae−x + Bex
5. λ1 = λ2 = 0, λ3 = 1; b(x) = Ae−x + Bex
6. λ1 = 0, λ2 = 1, λ3 = 2; b(x) = (Ax2 + Bx + C)ex
7. λ1 = λ2 = k; b(x) = (ax2 + bx + c)ekx , k ̸= 1, k ̸= 0
8. λ1 = λ2 = λ3 = k; b(x) = (ax2 + bx + c)ekx , k ̸= 1, k ̸= 0
9. λ1 = λ2 = 1, λ3 = 2; b(x) = Asenx + B cos x
10. λ1 = −i, λ2 = i, λ3 = 0; b(x) = Asenx + B cos x
11. λ1 = 3 − 2i, λ2 = 3 + 2i, λ3 = λ4 = 0; b(x) = e3x (sen(2x) + cos(2x))
12. λ1 = λ2 = 3 − 2i, λ3 = λ4 = 3 + 2i; b(x) == e3x (sen(2x) + cos(2x))
1. y ′′ + 2y ′ = −2 2. y ′′ + 2y ′ + y = −2 3. 5y ′′′ − 7y ′′ − 3 = 0
4. y ′′′ + y ′′ = 1 5. y ′′ + 9y − 9 = 0 6. y (iv) − 6y ′′′ + 6 = 0
7. 3y (iv) + y ′′′ = 2 8. y ′′ = y ′ [(y ′ )2 + 1] 9. y (iv) − 2y ′′′ + 2y ′′ − 2y ′ + y = 1
3. Para cada uma das seguintes equações determine as soluções particulares para os
dados iniciais.
4. Para os seguintes problemas, achar a solução particular das equações que cumpram
no infinito as condições dadas.
5. Um tubo em forma de U está cheio (Figura 3.3 com um líquido homogêneo, que é
levemente comprimido em um dos lados do pistão. O pistão é removido e o nível
do líquido em cada ramo oscila. Determine a altura do nível do líquido em um dos
ramos em função do tempo.
Christian José Quintana Pinedo 187
an (x)y (n) + an−1 (x)y (n−1) + . . . + a2 (x)y ′′ + a1 (x)y ′ + a0 (x)y = b(x) (3.35)
Teorema 3.5.
Se yp é uma solução particular da equação (3.35) e y1 , y2 , y3 , . . . , yn é um sistema
fundamental de soluções da equação homogênea associado a (3.35), então a solução geral
y de (3.35) tem a forma
y = yp + C1 y1 + C2 y2 + C3 y3 + . . . + Cn yn
Logo, a solução geral da equação diferencial (3.35) é igual à soma da solução particular
yp qualquer de esta, e a solução geral yh da homogênea correspondente. Logo, para achar a
solução geral da equação (3.35) é necessário encontrar uma solução particular yp (supondo
conhecida a solução geral da homogênea correspondente).
Examinemos dois métodos para achar uma solução particular yp da equação linear não
homogênea (3.35)
n e m.
É importante lembrar que os polinômios Pk (x) e Qk (x) devem ser completos em x com
grau k e com coeficientes indeterminados.
yh = C1 y1 + C2 y2 + C3 y3 + . . . + Cn yn
onde as funções u1 (x), u2 (x), u3 (x), . . . un (x) são incógnitas que satisfazem as seguintes
condições:
u′1 (x)y1 + u′2 (x)y2 + u′3 (x)y3 + . . . + u′n (x)yn = 0
′ ′ ′ ′ ′ ′ ′ ′
u1 (x)y1 + u2 (x)y2 + u3 (x)y3 + . . . + un (x)yn = 0
..
. = 0 (3.36)
u′1 (x)y1
(n−2)
+ u′2 (x)y2
(n−2)
+ u′3 (x)y3
(n−2)
+ . . . + u′n (x)yn
(n−2)
= 0
′ ′ ′ ′
= b(x)
(n−1) (n−1) (n−1) (n−1)
u (x)y
1 1 + u (x)y
2 2 + u (x)y
3 3 + . . . + u (x)y
n n
Estas equações diferenciais lineares com coeficientes variáveis serão tratadas pelo “mé-
todo de variação dos parâmetros”, que podemos entender como uma generalização do
“método dos coeficientes indeterminados”.
O método consiste em:
yh = C1 y1 + C2 y2 + C3 y3 + . . . + Cn yn
Exemplo 3.31.
d2 y
Resolver + y = csc x.
dx2
Solução.
yp = u1 cos x + u2 senx
e cumpre }
u′1 cos x + u′2 senx = 0
−u′1 senx − u′2 cos x = csc x
de onde
0
senx
csc x cos x
u′1 = = −1
⇒ u1 (x) = −x
cos x senx
senx cos x
De modo análogo
cos x
o
−senx csc x
u′2 = = cot x
⇒ u2 (x) = Ln(senx)
cos x senx
senx cos x
logo
yp = −x cos x + senx · Ln(senx)
d2 y
A solução geral da equação diferencial + y = csc x é
dx2
na variável t.
Observação 3.3.
Também se b(x) = 0 em (3.39) as equações lineares homogêneas se reduzem a uma de
coeficientes constantes na variável t mediante a substituição αx + β = et .
Exemplo 3.32.
Determine a solução geral da equação x2 y ′′ + 2xy ′ − 6y = 0
Solução.
dy dy
Consideremos x = et , então y ′ = = e−t e a derivada segunda é
dx dt
d dy d −t dy dt dy d2 y dt ( d2 y dy )
y ′′ = ( )= (e ) = −e−t + e−t 2 = e−2t −
dx dx dx dt dx dt dt dx dt2 dt
d2 y dy
+ − 6y = 0
dt2 dt
Observação 3.4.
As equações de Euler-Cauchy da forma
∑
m
ak xk y (k) = xα Pm (Lnx)
k=0
onde Pm (u) é um polinômio de grau m, podem ser resolvidas pelo método dos coeficientes
indeterminados do mesmo modo que se resolvem equações lineares não homogêneas de
coeficientes constantes cujos segundos membros são os da forma
eαx Pm (x)
a2 x2 y ′′ + a1 xy ′ + a0 y = b(x); a2 ̸= 0 (3.40)
dy dy dt dy
Com a mudança de variáveis x = et , temos y′ = = · então y ′ = e−t .
dx dt dx dt
Usando a regra da cadeia mais uma vez obtemos:
d2 y ( −t dy )′ dt −t dy
2
−t d y dy d2 y
y ′′ = = e · · = [−e · + e · ] · e−t
= e −2t
[− + 2]
dx2 dt dx dt dt2 dt dt
assim resulta
dy dy −t
y′ =
= e (3.41)
dx dt
d2 y dy d2 y
y ′′ = 2 = e−2t [− + 2 ] (3.42)
dx dt dt
dy d2 y dy
a2 (et )2 [e−2t (− + 2 )] + a1 (et )[ e−t ] + a0 y = b(et )
dt dt dt
isto leva a uma equação diferencial linear de variável t com coeficientes constantes da
forma:
d2 y dy
a2 2 + (a1 − a2 ) + a0 y = b(et )
dt dt
Exemplo 3.33.
Determine a solução geral da equação x2 y ′′ + 5xy ′ + 3y = xLnx; x > 0.
Solução.
192 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
d2 y dy
x2 y ′′ + 5xy ′ + 3y = xLnx ⇔ 2
+ 4 + 3y = 4t
dt dt
4 16
0 + 4(C3 ) + 3(C3 t + C4 ) = 4t ⇒ C3 = e C4 = −
3 9
4 16
logo a solução geral da equação modificada é y = C1 e−3t + C − 2e−t + t − .
3 9
−3 −t 4 16
Portanto, a solução geral da equação dada é y = C1 x + C2 x + Lnx − .
3 9
Exemplo 3.35.
Determine a solução geral da equação x2 y ′′ − xy ′ + 2y = xLnx
Solução.
Pela primeira parte da Observação (3.5) procuremos por uma solução particular da
C3
forma yp = (C3 xLnx + xC4 ), temos yp′ = C3 Lnx + C3 + C4 , yp′′ = .
x
Substituindo na equação original dada, resulta
podemos determinar uma segunda solução y2 que seja linearmente independente com y1 ,
da forma v(x)y1 , para certa função v(x) distinta de uma constante
y ′′ = y1 v ′′ + 2y1′ v ′ + y1′′ v
Logo, para que a função y1 (x)v(x) seja uma solução da equação diferencial (3.43), a
função v(x) deve satisfazer a equação de segunda ordem (3.44).
Para determinar v(x) podemos supor u(x) = v ′ (x), assim so temos que resolver a
equação de primeira ordem
[ 2y1′ ]
′
v [2y1′ + a1 (x)y1 ] + y1′′ v =0 ⇔ ′
u + a1 (x) + u=0 (3.45)
y1
de onde
u′ y′
= −a1 (x) − 2 1
u y1
integrando e simplificando obtém-se
∫
Lnu = − a1 (x)dx − 2Lny1 + LnC; C é constante
[ ] ∫
u · y12
Ln = − a1 (x)
C
Christian José Quintana Pinedo 195
C − ∫ a1 (x)dx
u(x) = e
y12
∫
1 − ∫ a1 (x)dx
Portanto, v(x) = C e + C1 .
y12
Podemos supor por exemplo C = 1 e C1 = 0, e temos o seguinte resultado
Teorema 3.6.
Se y1 (x) é solução da equação diferencial
Exemplo 3.36.
Dado que y1 = x−2 é solução da equação diferencial
Verifiquemos que y1 é a solução de (3.48). Com efeito, y1′ = −2x−3 ; y1′′ = 6x−4 ,
substituindo em (3.49)resulta
Pelo Teorema (3.6) para determinar uma segunda solução devemos escrever na forma
7 20
y ′′ − y ′ − 2 y = 0
x x
7
logo a1 (x) = − , então sabendo que y1 é solução, pela igualdade (3.47) segue que
x
[∫ ∫ ] ∫ 7Lnx ∫
− − x7 dx
−2 e −2 e −2 11 x10
y2 = x dx = x dx = x x dx =
(x−2 )2 x−4 12
3
A identidade (3.48) é conhecida como fórmula de Abel.
196 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Note que uma segunda solução linearmente independente com y1 é ỹ2 = x10 .
Portanto, a solução geral da equação em (0, ∞) é y = C1 x−2 + C2 x10
Exemplo 3.37.
Para x > 0 considere a equação diferencial xy ′′ + (x2 − 1)y ′ + x3 y = x3 e−x
2 /4
.
1.) Achar a solução equação da equação homogênea sabendo que uma de suas soluções é
√
y1 (x) = e−x /4 cos( 43 x2 )
2
Solução. 1.)
Para achar uma segunda solução usando a fórmula de Abel devemos calcular a integral
∫
x2 − 1
2 /2
ex ∫
√ e− p(x)dx
, onde p(x) =
2 3 2
cos ( 4 x ) x
∫ ∫
x2 − 1 1
temos p(x)dx = dx = x2 − Lnx, logo
x 2
∫ 2 /2 ∫ √ √
ex − 12 x2 +Lnx x 2 3 3 2
√ e = √ dx = tan( x)
cos2 ( 3 2
x) 3
cos2 ( 4 x2 ) 3 4
4
√ √
2 3 −x2 /4 3 2
Nossa segunda solução é y2 (x) = 3
e sen( 4
x ). A solução da homogênea é
[ √ √ ]
−x2 /4 3 2 3 2
yh = e C1 cos( x ) + C2 sen( x) , C1 , C2 ∈ R, x>0
4 4
Solução. 2.)
(x2 − 1) ′
A equação dada dividida por x é y ′′ + y + x2 y = x2 e−x /4 .
2
x √ √
Para achar uma solução particular yp = u1 (x) cos( 43 x2 ) + u2 (x)sen( 43 x2 ) desta
equação usando o método da variação dos parâmetros, devemos resolver o sistema
{
u′1 (x)y1 (x) + u′2 (x)y2 (x) = 0
u′1 (x)y1′ (x) + u′2 (x)y2′ (x) = x2 e−x /4
2
Isto se reduz a:
√ √
3 3 2
u′1 (x) cos( x2 ) + u′2 (x)sen( x )=0
4√ 4√
−u′ (x)sen( 3 x2 ) + u′ (x) cos( 3 x2 ) = √2 x
1 2
4 4 3
Christian José Quintana Pinedo 197
e √ √
2 3 2 4 3 2
u′2 (x) = √ x cos( x) ⇒ u2 (x) = sen( x)
3 4 3 4
logo, a solução geral da equação não homogênea é:
(4 √ √
−x2 /4 3 2 3 2 )
y(x) = e + C1 cos( x ) + C2 sen( x ) . c1 , c2 ∈ R, x>0
3 4 4
3.9 Aplicações
Suponhamos que temos uma mola flexível presa em um de seus extremos como mostra
a Figura (3.2), suponhamos que, em seu outro extremo se encontre um objeto de massa
m e que seja puxado horizontalmente x unidades (de medida) para fora com uma força
F , esta força é diretamente proporcional ao comprimento x puxado.
Suponhamos que para esta força existe uma outra única força em sentido contrário
fr que depende da constantes k da lei de Hooke4 e da distância x puxada. Como pela
segunda lei de Newton a somatória de forças é a massa vezes a aceleração então, temos
fr = −kx = F = ma, onde a é a aceleração em que é puxado o objeto, assim
d2 x d2 x
ma = −kx ⇒ m = −kx ⇒ + ω2x = 0
dt2 dt2
4
Robert Hooke (1635 − 1703), físico inglês, precursor de Newton con respeito à lei da gravitação.
198 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
k
onde ω 2 = . Esta última equação é chamada de “equação do oscilador harmônico
m
simples”.
Para a solução desta última equação diferencial, temos que as raízes do polinômio
característico é r = ±iω de onde
Suponha uma mola flexível de comprimento l (de peso depreciável) como mostra a
Figura (3.3) se encontra presa num suporte rígido em um de seus extremos, e no outro
extremo livre se encontra pendurado um objeto com determinado peso m.
• O peso do corpo dado por W = mg, onde g = 9, 8m/s2 (ou 32pl/s2 ) é a aceleração
da gravidade.
d2 x d2 x
m = mg − α(d + x) ⇒ m = mg − αd − αx
dt2 dt2
d2 x
m = mg − α(d + x) (3.49)
dt2
d2 x α
de onde 2
+ x = 0 ou bem
dt m
d2 x α
2
+ ω 2 x = 0, onde ω2 = (3.50)
dt m
x(0) = x0 , x′ (0) = x1
• Se x0 < 0 e x1 > 0 então o movimento inícia-se em um ponto que está a |x0 | unidades
acima da posição de equilíbrio e com uma velocidade inicial direcionada para baixo.
Para resolver (3.50) temos que sua equação característica é λ2 + ω 2 = 0 cujas raízes
são λ1 = iω e λ2 = −iω, consequentemente a solução da equação (3.50) é
então
x(t) = A(senϕ cos ω + cos ϕsenω) = Asen(ωt + ϕ) (3.52)
2. A equação do movimento.
Na subseção anterior, supusemos que não atuam forças retardadouras sobre a massa
em movimento, o qual não é certo a menos que o objeto se encontre suspenso num vazio
perfeito.
Quando um objeto presso a uma mola se movimenta
num meio que produz fricção sobre o objeto isto é quando
existe resistência do meio sobre a massa, então dizemos
que o movimento se efetua com amortecimento (ver Figura
(3.4)), suponhamos que o amortecimento é diretamente à
dx
velocidade .
dt
Pela segunda Lei de Newton na ausência de forças ex-
ternas temos
d2 x dx
Figura 3.4: Movimento vi- m 2 = −k(x + s) + mg − β
dx dt
bratório amortecido livre
onde β é a constante de fricção, é a constante do amor-
tecimento (positivo), este sinal deve-se a que a força de amortecimento atua na direção
oposta ao movimento.
202 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
d2 x dx d2 x dx
m 2
+β + kx = 0 ⇒ 2
+ 2λ + ωx = 0 (3.53)
dx dt dx dt
β k
onde 2λ = e ω2 =
m m
Esta última igualdade é chamada “equação do oscilador harmônico amortecido” A
√
equação característica da equação (3.54) é: r2 +2λr +ω = 0 ⇒ r = −λ± λ2 − ω 2 .
ela represente um movimento suave e não oscilatório, observe que lim x(t) = 0
t→∞
pois r1 = r2 = −λ.
Nesta situação, uma pequena diminuição da força de amortecimento produziría um
movimento oscilatório. Alguns possíveis gráficos da solução mostram-se na Figura (3.6)
Uma exame das derivadas da solução, permite observar que estas funções podem
quando mas um máximo ou um mínimo relativo para t > 0, isto indica que o corpo
pode passar somente uma vez pela posição de equilíbrio.
Caso iii Quando λ2 −ω 2 < 0, então a este movimento é chamado “movimento amortecido
oscilatório” ou “subamortecimento” (ver figura (3.7).
ela representa um movimento oscilatório que tende para zero quanto t tende para o infinito.
√ C1 C2
Podemos chamar C12 + C22 = A, se consideramos senϕ = e cos ϕ = . Logo
A A
√
x(t) = Ae−λt sen( ω 2 − λ2 t + ϕ) (3.54)
nπ − ϕ
tn = √ , n∈N
ω 2 − λ2
Por outro lado, o gráfico de x(t) é tangente as curvas exponenciais y = Ae−λt e
√
y = −Ae−λt para os valores de t tais que sen( ω 2 − λ2 t + ϕ) = ±1, de onde resolvendo
esta equação as soluções t∗k são dadas por
(2k + 1)π − 2ϕ
t∗k = √ , k∈N
2 ω 2 − λ2
Exemplo 3.39.
2. Encontre os instantes nos quais o corpo passa pela posição de equilíbrio em direção
para baixo.
Solução.
Um corpo de 10lb estica de 5f t para 7f t, logo esticou 2f t, e pela Lei de Hooke,
10lb
k= = 5lb/f t.
2f t
8lb 1
Substituindo por um corpo de 8lb, então m = 2
= slug. A resistência numé-
32f t/s 4
rica β = 1. Na igualdade (3.54) temos
1 d2 dx d2 dx
· 2+ + 5x = 0 ⇒ 2
+ 4 + 20x = 0
4 dt dt dt dt
Solução. 1.
1
Das condições desta parte do problema, temos x(0) = f t e x′ (0) = 1f t/s. Destas
2
1 −2t
condições iniciais na equação (3.56) segue que x(t) = e [cos(4t) + sen(4t)].
2
Solução. 2.
Escrevemos a solução da parte i na forma alternativa. Temos
√ √
( 1 )2 ( 1 )2 2 π
A= + = , ϕ = arctan 1 =
2 2 2 4
√
2 −2t ( π)
de modo que x(t) = e sen 4t + .
2 4
4n − 1
Quando x(t) = 0 segue que t = π , com n inteiro positivo par, são os instantes
16
em que o corpo passa pela posição de equilíbrio descendo.
Exemplo 3.40.
Uma massa de 0, 2kg que esta presa a uma mola de constante de rigidez k = 2N/m se
movimenta num meio com coeficiente de amortecimento c = 1, 2kg/s. Suponha ademais
que esta submetida a uma força externa dada por f (t) = 5 cos(4t) Newton. Se a massa é
solta a partir do repouso localizada a 50cm por embaixo da posição de equilíbrio, encontre
a posição da massa em qualquer instante t.
Solução.
A equação do movimento é 0, 2x′′ (t)+1, 2x′ (t)+2x(t) = 5 cos(4t) ou bem x′′ (t)+
6x”(t) + 10x(t) = 25 cos(4t) as condições iniciais são x(0) = 0, 5, x′ (0) = 0.
As soluções da equação característica r2 + 6r + 10 = 0 são r = −3 ± i, assim a solução
geral da equação homogênea associada ao problema é xh (t) = e−3t C1 cos(4t)+C2 e−3t sent
Para achar a solução particular da equação não homogênea usamos o método dos
coeficientes indeterminados.
Como ±4i ̸= −3 ± i, então nossa solução particular tem a forma
Temos: x′p (t) = −4Asen(4t) + 4Bsen(4t), x′′p (t) = 16A cos(4t) − 16Bsen(4t).
Substituindo na equação original e comparando coeficientes obtemos o sistema
{
−6A + 24B = 25
−24A − 6B = 0
25 50
cujas soluções são A = − e B = − . Logo a solução particular é
102 51
25 50
xp (t) = − cos 4t − sen4t
102 51
206 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
A solução geral é
25 50
x(t) = − cos 4t − sen4t + e−3t C1 cos(4t) + C2 e−3t sent
102 51
38 86
das condições iniciais C1 = e C2 = − .
51 51
25 50 38 86
Portanto, x(t) = − cos 4t − sen4t + e−3t cos(4t) − e−3t sent.
102 51 51 51
d2 x dx
m 2
= −kx − β + f (t)
dt dt
ou
d2 x dx
2
+ 2λ + ω 2 x = F (t) (3.56)
dt dt
β k f (t)
onde 2λ = , ω2 = e F (t) = .
m m m
A solução da equação (3.56) podemos obter mediante a variação dos parâmetros ou
dos coeficientes indeterminados
Exemplo 3.41.
Uma mola vertical com constante de 6 lb/f t tem suspenso uma massa de 1/2slug. Se
aplica uma força externa dada por f (t) = 40sen2t, t ≥ 0 . Suponha que atua uma força
de amortecimento igual a duas vezes velocidade instantânea, e que inicialmente o corpo
está em repouso na posição de equilíbrio. Determine a posição do corpo em qualquer
instante t > 0.
Solução.
d2 x dx
2
+ 4 + 12x = 80sen2t (3.57)
dt dt
Christian José Quintana Pinedo 207
Pelo Método dos coeficientes indeterminados, podemos supor uma solução particular
de (3.57) da forma
xp (t) = A cos 2t + Bsen2t
logo
x′p (t) = −2Asen2t + 2B cos 2t e x′′p (t) = 4A cos 2t − 4Bsen2t
lim xh (t) = 0
t→∞
é devido a isto, que dizemos que xh (t) é um termo transitório ou uma solução de trânsito.
Assim, para valores grandes de t, a solução x(t) se aproxima à solução particular xp (t).
A função xp (t) é chamada solução estacionária ou de estado permanente.
De fato, se na equação diferencial (3.57) escrevemos
F (t) = F0 senαt ou F (t) = F0 cos αt, onde F0 e α são cons-
tantes, então sua solução geral consiste na soma de dois
termos, um termo transitório e um termo estacionário.
comprimento l e massa depreciável, e o outro extremo fixo. Supondo que a corda está
sempre tensa, quando afastado de sua posição de equilíbrio e solta, as oscilações acontecem
num plano vertical sob a ação da gravidade e as únicas forças que atuam são o peso da
massa e a tensão na corda, o movimento é periódico e oscilatório. Desejamos achar a
equação do período de movimento.
d2 sθ
Pela segunda Lei de Newton m · a = m · l 2 = −m · g · senθ = 0 onde s é o
dt
deslocamento medido ao longo do arco que descreve a oscilação, o sinal negativo indica
que a força age na direção da posição de equilíbrio. Considerando a componente do peso
na direção tangencial, o arco s = l · θ temos a equação diferencial
d2 θ g
2
= − · senθ
dt l
ou equivalente
d2 θ g
+ senθ = 0 (3.58)
dt2 l
A equação (3.58) não é linear e não pode ser resolvida em termos de funções elementa-
res, não obstante, para ângulos pequenos senθ ≈ θ, onde ao substituir em (3.58) obtemos
a equação diferencial linear
d2 θ g
+ θ=0
dt2 l
este último processo é chamado de linearização.
d2 θ c dθ g
2
+ + senθ = 0
dt m dt l
Christian José Quintana Pinedo 209
d2 θ c dθ g
2
+ · + ·θ =0 (3.59)
dt m dt l
d2 θ dθ
I · 2 +c· + kθ = T (t) (3.60)
dt dt
• I é o momento de inércia do corpo suspenso
• c é a constante de amortecimento
Figura 3.9: Torção de barra
• k é a constante elástica do eixo
Exemplo 3.42.
W r2
Um cilindro homogêneo de raio rf t e peso W libras e movimento de inércia Ig = ·
g 2
(em relação ao seu eixo g) tem uma corda flexível enrrolada em torno de seu eixo central.
W
Quando o corpo cai a resistência do ar é vezes a sua velocidade instantânea. Se você
170
desenrrolar a partir do repouso, encontrar distância y da queda em função do tempo t, o
limite de velocidade e a percentagem de velocidade adquirida em 20s.
Solução.
dy dθ d2 y d2 θ
v= =r· e a= = r ·
dt dt dt2 dt2
∑ d2 y
de forças na direção do eixo y = m ·
dt2
Figura 3.10: io-io logo
W dy d2 y
−T + W − · =m· 2 (3.61)
170 dt dt
210 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑ d2 θ
de torques em torno do eixo g = Ig ·
dt2
de onde
W r2 1 d2 y W r d2 y
Tr = · · · 2 = ·
g 2 r dt 2g dt2
isolando T e substituindo em (3.61) segue
W d2 y W dy d2 y W d2 y
− · 2 +W − · =m· 2 = ·
2g dt 170 dt dt g dt2
3W d2 y W dy d2 y g dy 2g
· 2 + · =W ⇒ + · =
2g dt 170 dt dt2 255 dt 3
as condições iniciais são y(0) = 0 e y ′ (0) = 0.
g 255
A solução geral é y = C1 + C2 e− 255 t + 170(t − ) e a solução particular é
g
a velocidade é
g
y ′ = −170e− 255 t + 170
como
dq di d2 q
i= ⇒ = 2 (3.62)
dt dt dt
Christian José Quintana Pinedo 211
d2 i di 1 dq dE
L + R + · =
d2 dt C dt dt
logo substituindo as igualdades de (3.63), isto nos conduz à equação diferencial da corrente
elétrica
d2 i di 1 E
L 2 +R + i=
dt dt C dt
Exemplo 3.43.
Um circuito em série consta de um inductor de 0, 25H, uma resistência de 40 Ω, um
capacitor de 4×10−4 F e uma força eletromotriz dada por E(t) = 5sen100tV. Se a corrente
inicial e a carga inicial do capacitor são ambas zero, determine a carga no capacitor e a
corrente elétrica do circuito em qualquer tempo t > 0.
Solução.
d2 q dq 1
(0, 25) + (40) + q = 5sen100t
dt2 dt 4 × 10−4
isto é
d2 q dq
2
+ 160 + 10.000q = 20sen100t (3.64)
dt dt
212 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Pelo método dos coeficientes indeterminados achamos uma solução particular de (3.58)
1
qp = − cos 100t
800
1
q(t) = e−80t (C1 cos 60t + C2 sen60t) − cos 100t
800
1
Das condições iniciais C1 − =0 e −80C1 +60C2 = 0 resolvendo esse sistema
800
C1 = 1/800 e C2 = 1/600.
1 1 1
Portanto a carga no capacitor é q(t) = e−80t ( cos 60t+ sen60t)− cos 100t.
600 600 800
5 1
A corrente elétrica vem dada por i(t) = − e−80t sen60t + sen100t.
24 8
Christian José Quintana Pinedo 213
Exercícios 3-4
1. y ′′ − 3y ′ − 2y = 0 2. y ′′ − 3y ′ + 2y = 0 3. 12y ′′ − 5y ′ − 2y = 0
4. y ′′′ + 5y ′′ = 0 5. y ′′ + 3y ′ − 5y = 0 6. 8y ′′ + 2y ′ − y = 0
7. 3y ′′ + 2y ′ + y = 0 8. 4y ′′′ + 4y ′′ + y ′ = 0 9. y ′′′ − 4y ′′ + 5y = 0
10. y ′′′ + 5y ′′ = 0
1. x2 y ′′ + xy ′ − y = 0 2. x2 y ′′ + 3xy ′ + y = 0
3. x2 y ′′ + 2xy ′ + 6y = 0 4. xy ′′ + y ′ = 0
5. x2 y ′′′ = 2y ′ 6. (2x + 1)2 y ′′ − 2(2x + 1)y ′ + 4y = 0
7. x2 y ′′′ − 3xy ′′ + 3y ′ = 0 8. (x + 2)2 y ′′ + 3(x + 2)y ′ − 3y = 0
9. (x + 1)2 y ′′′ − 12y ′ = 0 10. (2x + 1)2 y ′′′ + 2(2x + 1)y ′′ + y ′ = 0
1. x2 y ′′ + xy ′ + y = x(6 − Lnx) 2. x2 y ′′ − xy ′ + y = 2x
16Lnx
3. x2 y ′′ − xy ′ − 3y = − 4. x2 y ′′ − 2xy ′ + 2y = x2 − 2x + 2
x
5. x2 y ′′ + xy ′ − y = xm , |m| ̸= 1 6. x2 y ′′ + 4xy ′ + 2y = 2Ln2 x + 12x
7. x3 y ′′′ − 3x2 y ′′ + 6xy ′ − 6y = x 8. x2 y ′′ + 4xy ′ + 2y = 2Ln2 x + 12x
4. Resolver as seguintes equações pelo método de redução de ordem dado que y1 é uma
solução da equação.
1
1. y ′′ + 2y ′ + y = x2 e−x 2. y ′′ + y ′ + y = ex (sen3x − cos 3x)
4
3. y ′′ − y ′ = x2 ex + 5 4. y ′′ + 4y = cos2 x
5. y ′′ + y ′ + y = xsenx 6. y ′′ − y = 3xex cos 2x
7. y ′′ + 25y = 6senx 8. y ′′ − 2y ′ + 5y = ex senx
214 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
y ′′ + y ′ = sec x y ′′ − 2y ′ + y = ex
x
1. 2.
3. y ′′ − y ′ − y = e3x 4. xy ′ + 4y = x4
5. x5 y ′′ − 2x5 y ′ − x5 y = ex 6. y ′′ + 4y = sen2 2x
7. y ′′ + y = −x−2 senx + 2x−1 cos x 8. y ′′ + 5y + 6 = e−2x sec2 (1 + 2 tan x)
9. y ′′ + 2y ′ + y = e−x Lnx 10. y ′′ − 3y ′ + 2y = cos(e−x )
11. y ′′ + 4y = 4 sec2 x 12. y ′′ + y = csc x cot x
′′ ′ e2x
13. y − 3y + 2y = 14. y ′′ − 2y ′ + y = e2x (ex + 1)−2
1 + e2x
1. y ′′ + y ′ − 2y = t2 + 3, y(0) = 0, y ′ (0) = 0
4. 2y ′′ + 2y ′ + y = t2 , y(0) = 0, y ′ (0) = 0
(x − 1)2
(x4 − x3 )y ′′ + (2x3 − 2x2 − x)y ′ − y =
x
Christian José Quintana Pinedo 215
12. Um peso de 24 libras preso à extremidade de uma mola que se estende 4 polegadas.
Encontre a equação do movimento se o peso em repouso, é liberado a partir de um
ponto que é de 3 polegadas. na posição de equilíbrio.
13. Encontrou-se num experimento que um corpo de 4 lb estica uma mola 6 polegadas.
O meio oferece uma resistência ao movimento do corpo numéricamente igual a 2, 5
vezes a velocidade instantânea. Determine a equação do movimento sabendo que o
peso esta se desplazando 4 polegadas por baixo da posição de equilíbrio e é solta.
14. Um peso de 32lb estica uma mola 6 polegadas. O peso se move em um ambiente que
se opõe a uma força de amortecimento numéricamente igual a β vezes a velocidade
instantânea. Determine os valores de β para que o sistema mostre um movimento
oscilatório.
15. Uma massa de uma libra, está sujeita a uma mola cuja constante é 9 lb/pie. O meio
oferece resistência ao movimento numéricamente igual igual a 6 vezes a velocidade
instantânea. A massa é liberada desde um ponto que está a 8 polegadas sobre a
posição de equilíbrio. Determinar os valores de v0 a fim de que posteriormente a
massa passe a posição de equilíbrio.
8
16. Um peso 16 lb estica uma mola em f t. Inicialmente peso a partir do repouso de
3
um ponto que é de 2 f t abaixo da posição de equilíbrio e o movimento posterior
é feito em um ambiente que se opõe uma força de amortecimento numéricamente
1
igual a da velocidade instantânea. Encontre a equação do movimento se o peso é
2
impulsionado por uma força externa igual a f (t) = 10 cos 3t.
17. Uma massa pesa de 4 lb está pendurada no extremo de numa mola. Se a mola
se estica 2 polegadas por causa do peso da massa para em seguida, se mover 6
polegadas da posição de equilíbrio e ser lançada com uma velocidade inicial de zero,
encontrar a equações diferencial do sistema, considerar que o meio ambiente oferece
uma resistência ao movimento de 6lb quando a massa tem uma velocidade de 3f t/s.
18. Um bloco de 4, 0 Kg está suspenso de uma certa mola, estendendo-a a 16, 0 cm além
de sua posição de repouso. 1. Qual a constante da mola? 2. O bloco é removido e
um corpo de 0, 5 Kg é suspenso da mesma mola. Se esta mola for então puxada e
solta, qual o período de oscilação?
216 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
19. Uma massa de 100 gramas estica uma mola 10 centímetros. A massa está presa a um
amortecedor viscoso. Suponha que a aceleração da gravidade seja de 103 centímetros
por segundo ao quadrado. 1. Para quais valores da constante de amortecimento γ o
sistema é super-amortecido, tem um amortecimento crítico e é sub-amortecido. 2.
Suponha que o amortecedor exerce uma força de 104 dinas (=gramas × centímetros
por segundos2 ) quando a velocidade é de 10 centímetros por segundo. Se a massa
é puxada para baixo 2 centímetros e depois é solta, determine a posição x(t) em
função do tempo t e faça um esboço do seu gráfico. Qual o valor do quase período?
20. Encontre a corrente I em função do tempo t (em segundos), dado que I satisfaz a
equação diferencial:
dI
L· + RI = sen2t ,
dt
onde R e L são constantes não nulas.
∑
+∞ ∑
+∞
′
y = nan (x − x0 ) n−1
= (n + 1)an+1 (x − x0 )n
n=1 n=0
∑
+∞ ∑
+∞
′′
y = n(n − 1)an (x − x0 ) n−2
= (n + 2)(n + 1)an+2 (x − x0 )n
n=2 n=0
estas operações não são mais mudanças de nome do índice. Este sobe-desce dos indices
tem interés porque podemos escrever todas as séries em função de (x−x0 )n e assim anular
os coeficientes. O método consiste em que se reduz em k o índice inferior do somatório,
devo aumentar em k os indices dentro do somatório.
Exemplo 3.44.
Resolver a equação diferencial y ′ − y = 0.
Solução.
∑
+∞
∑
+∞
Supondo que a solução é y = an (x − x0 )n , temos y′ = (n + 1)an+1 (x − x0 )n
n=0 n=0
∑
+∞ ∑
∞
de onde (n + 1)an+1 (x − x0 ) − n
an (x − x0 )n = 0, a série proposta como solução
n=0 n=0
cumpre com a equação se exigimos aos coeficientes que
an a0
an+1 = ⇒ an =
n+1 n!
∑
∞ ∑
+∞
a0
y= an (x − x0 )n = (x − x0 )n = a0 e−x0 · ex = C1 ex
n=0 n=0
n!
218 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Existem casos que nem sempre substituindo uma série obteremos a solução como
mostra o seguinte exemplo.
Exemplo 3.45.
Dada a equação diferencial x2 y ′ − y = −x − 1.
Solução.
∑
+∞
Em torno de x0 = 0, supondo y = an xn é uma solução, temos
n=0
∑
+∞ ∑
+∞ ∑
+∞ ∑
+∞
x2
nan xn−1
− an x = −x − 1
n
⇒ nan x n+1
− a0 − a1 x − an xn = −x − 1
n=1 n=0 n=1 n=2
∑
+∞ ∑
+∞
⇒ nan x n−1
− an−1 xn−1 − a0 − a1 x = −x − 1
n=1 n=1
∑
+∞
⇒ (nan − an−1 )xn−1 − a0 − a1 x = −x − 1
n=1
∑
+∞
y =1+x+ (n − 1)! · xn
n=2
Esta série não converge para x ̸= 0, seu raio de convergência é zero, logo converge
quando x = 0. Então poderíamos dizer que a solução é y = 1 (uma constante) porém
isto não é uma solução no sentido real.
x2 y ′′ + xy ′ + (x2 − n2 )y = 0
e a equação de Legendre5 .
buição nas funções especiais, integrais elípticas, a teoria de números e no cálculo variacional. Seu livro
“Élements de géométrie” foi famoso e teve 12 edições publicadas em menos de 30 anos.’
Christian José Quintana Pinedo 219
Exemplo 3.46.
Sejam as seguintes equações diferenciais escritas na forma da igualdade (3.66) então:
y′
• Da equação y ′′ + + y = 0, segue que p(x) e q(x) são analíticas exceto em x0 = 0.
x
√
• Da equação y ′′ + x2 y ′ − xy = 0, segue que p(x) é analítica em R e q(x) não é
analítica em x0 = 0.
senx ′
• Da equação y ′′ + y +xy = 0, primeiro devemos calcular o raio de convergência
x
de p(x); se a série tiver raio de convergência não nulo em x = x0 então p(x) é
analítica no ponto x = x0 considerado.
Observação 3.6.
Se um ponto não for ordinário, dizemos que x = x0 é ponto singular.
220 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.47.
Determine os pontos ordinários e singulares de y ′′ + senx · y ′ + ex y = 0.
Solução.
Como p(x) = senx tem expansão em série de Taylor para qualquer x0 ∈ R; e q(x) = ex
também tem expansão em série de Taylor para qualquer x0 ∈ R, então todo ponto x ∈ R
é ponto ordinário.
Portanto, não tem pontos singulares.
Exemplo 3.48.
Determine os pontos ordinários e singulares de xy ′′ + senx y = 0.
Solução.
senx senx
Temos y ′′ + · y = 0, assim, podemos supor q(x) = , na forma de séries de
x x
potências
∑
∞
x2n+1
(−1)n (2n+1)! ∑
∞
n=0 (−1)n x2n
q(x) = =
x n=0
(2n + 1)!
Exemplo 3.49.
Determine os pontos ordinários e singulares de y ′′ + Lnx y = 0.
Solução.
Temos x = 0 é ponto singular, pois p(x) = Lnx não tem expansão em série de Taylor
em x = 0, todos os demais pontos diferentes de x = 0 são pontos ordinários.
Quando em (3.65) temos a2 (x), a1 (x) e a0 (x) são polinômios sem fatores comuns,
isto é, sem raízes comuns, então x = x0 é
Exemplo 3.50.
Determine os pontos ordinários e singulares da equação (x2 − 4)y ′′ + 2xy ′ + 3y = 0.
Solução.
y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = 0
∑
∞ ∑
∞
p(x) = bn (x − x0 )
n
e q(x) = cn (x − x0 )n
n=−1 n=−2
Exemplo 3.51.
São exemplos de pontos singulares regulares:
(1 − x2 )y ′′ − xy ′ + λ2 y = 0
x2 y ′′ + xy ′ + (x2 − λ2 )y = 0
222 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
xy ′′ + (1 − x)y ′ + λy = 0
Todas estas equações acima mencionadas aparecem em problemas das equações dife-
renciais parciais da Física Matemática, e apresentam interessantes propriedades do ponto
de vista matemático.
Observação 3.7.
1. Se x = x0 não satisfaz a Definição (3.7), então dizemos que x = x0 é ponto singular
irregular.
Solução.
São pontos singulares: a2 (x) = (x2 − 4)2 = 0 ⇒ x = ±2
x−2 1 1
p(x) = = e q(x) =
(x − 4)
2 2 (x − 2) (x + 2)2
2 (x − 2)2 (x + 2)2
onde y0 = y(x0 ), y0′ = F (x0 , y), em diante as derivadas y (n) (x0 ) são determinadas por
derivação sucessiva da série de Taylor, logo ir substituindo na equação diferencial original.
Como ilustração deste método, acharemos a solução do pvi
Exemplo 3.53.
Resolver mediante séries de potências o pvi:
dy
= x + y, y(0) = 1 (3.68)
dx
h2 h3
y(x0 + h) = y(x0 ) + y ′ (x0 ).h + y ′′ (x0 ). + y ′′′ (x0 ). + . . . (3.69)
2! 3!
dy d2 y dy
y′ = =x+y ⇒ y ′′ = 2
=1+ =1+x+y
dx dx dx
224 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
dy d3 y dy
y ′′′ = [1 + x + y] ⇒ y ′′′ = 3
=1+ = 1 + x + y = y ′′
dx dx dx
y iv = y ′′′ = y ′′ , y v = y iv = y ′′′ = y ′′ , . . . y (k) = y ′′
logo em (3.69)
h2 h3 h4
y(x0 + h) = y(x0 ) + y ′ (x0 ).h + y ′′ (x0 ). + y ′′ (x0 ). + y ′′ (x0 ). + . . . (3.70)
2! 3! 4!
Pelos dados dos valores iniciais temos que x0 = 0 e y(x0 ) = 1. Logo y ′ (0) = 0 +
1, y ′′ (0) = 1 + 0 + 1 = 2, em geral se k ≥ 2 segue que y (k) (0) = 2. Assim se considerar-
mos h = 0, 1, em (3.69)
h2 h3 h4
y(0 + 0, 1) = y(0, 1) = y(0) + y ′ (0).h + y ′′ (0). + y ′′ (0). + y ′′ (0). + . . .
2! 3! 4!
Método de solução
O método é simple, mesmo que aqui se descreva o caso da equação de segunda ordem,
este método pode-se aplicar a equações lineares de ordem n.
Para encontrar una solução para la EDO lineal de segundo ordem segue-se o seguinte
roteiro
3. A solução geral estará dada pela combinação linear das funções y1 (x) e y2 (x).
Nem sempre ocorre que a série está centrada em x = x0 como mostra o seguinte
exemplo.
Christian José Quintana Pinedo 225
Exemplo 3.54.
Resolver por series de potências a EDO y ′′ − (t + 3)y ′ − (t2 + 6t + 9) = 0.
Solução.
A mudança de variável apropriada é x = t + 3, esta mudança não afeita as derivadas
dy dy
e temos = . Assim nossa EDO podemos escrever como
dt dx
y ′′ − xy ′ − x2 y = 0; x0 = 0
Logo a solução y(x) podemos escrever como y(t + 3), com isto é suficiente resolver com
séries centradas em x = 0 como mostram os exemplos a seguir.
Exemplo 3.55.
Utilizando o método das series de potências, resolver: (1 − x2 )y ′ − 2xy = 0.
Solução.
Como a2 (x) = 1 − x2 e os coeficientes são polinômicos, temos singularidades em
x = ±1. Será considerado x0 = 0 como ponto ordinário para determinar a expansão da
série a propor como solução.
∑∞
1. Assim, y(x) = an xn .
n=0
∑
∞ ∑
∞
(1 − x2 ) an nxn−1 − 2x an xn = 0
n=1 n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
an nx n−1
− an nx n+1
−2 an xn+1 = 0
n=1 n=1 n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
a1 + (2a2 − 2a0 )x + an nx n−1
− an nx n+1
−2 an xn+1 = 0
n=3 n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
a1 + (2a2 − 2a0 )x + am+3 (m + 3)xm+2 − ak+1 (k + 1)xk+2 − 2 ai+1 xi+1 = 0
m=0 k=0 i=0
∑
∞
a1 + (2a2 − 2a0 )x + [an+3 (n + 3) − an+1 (n + 1) − 2an+1 ]xn+2 = 0
n=0
(n + 3)an+1
desta última igualdade temos an+3 = = an+1 quando n = 0 segue:
(n + 3)
a1 = a3 = a5 = . . . = a2k+1 = 0 e a2k = a0 para k ∈ N
∑
∞
3. Como a solução proposta foi y(x) = an xn , substituindo os valores correspondentes
n=0
∑
∞
an segue que y(x) = a0 x2n é solução da equação diferencial.
n=0
Exemplo 3.56.
Resolver por series de potências a EDO (x2 − 1)y ′′ + 4xy ′ + 2y = 0.
Solução.
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
x2 an n(n − 1)xn−2 − an n(n − 1)xn−2 + 4x an nxn−1 + 2 an xn = 0 ⇔
n=2 n=2 n=1 n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
an n(n − 1)xn − an n(n − 1)xn−2 + 4 an nxn + 2 an xn = 0 ⇔
n=2 n=2 n=1 n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
an n(n − 1)x −n
an+2 (n + 2)(n + 1)x + 4 n n
an nx + 2 an xn = 0 ⇔
n=2 n=0 n=1 n=0
∑
∞
2a0 − 2a2 + 6(a1 − a3 )x + [an n(n − 1) − an+2 (n + 2)(n + 1) + 4an n + 2an ]xn = 0
n=2
(n + 2)(n + 1)
an (n + 2)(n + 1) = an+2 (n + 2)(n + 1) = 0 ⇒ an+2 = an
(n + 2)(n + 1)
Assim, an+2 = an para n ≥ 2, logo
a4 = a2 = a0 ; a5 = a3 = a1 ; a6 = a4 = a2 = a0
Christian José Quintana Pinedo 227
∑
∞
y(x) = an xn = a0 (1 + x2 + x4 + . . .) + a1 (x + x3 + x5 + . . .)
n=0
1 x
y(x) = a0 + a1 = a0 y1 (x) + a1 y(x); |x2 | < 1
1−x2 1 − x2
Sendo y1 (x) e y2 (x) duas soluções linearmente independentes.
Observação 3.9.
O exemplo a seguir somente é válido para equações diferenciais com condições iniciais.
Para o caso da condição inicial estar em x = 0 usa-se as séries de MacLaurin; se a
condição inicial estiver em x ̸= 0 utiliza-se a série de Taylor.
Exemplo 3.57.
Resolver a equação diferencial com condições iniciais: y ′′ − 6e−x y = 0; y(0) =
y ′ (0) = 1.
Solução.
∑∞ y (n) (0)
Consideremos a série de MacLaurin y(x) = xn , isto é
n=0 n!
da equação segue que y ′′ (x) = e−x y(x) de onde y ′′ (0) = e−0 y(0) = 1.
Como y ′′ (x) = e−x y(x) ⇒ y ′′′ (x) = e−x y ′ (x) − e−x y(x), assim y ′′′ (0) = e−0 y ′ (0) −
e−0 y(0) = 0.
Verifica-se que y (iv) (x) = e−x (y ′′′ (x) − 2y ′′ (x)) − e−x (y ′ (x) − y(x)), logo y (iv) (0) = 0.
Também verifica-se que y (v) (0) = −1.
Substituindo na fórmula de MacLaurin obtemos a solução da EDO
x2 x5
y(x) = 1 + x + − + ...
2! 5!
∑
∞
solução y(x) = an xn achamos em séries de potência na forma
n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(n + 2)(n + 1)an+2 xn − 2 nan xn + 2p an xn = 0
n=0 n=0 n=0
Estas funções y1 e y2 são chamadas funções de Hermite. Se p é par (ou zero), então
a solução y1 é um polinômio e tem um número finito de termos; se p é ímpar então a
solução y2 tem um número finito de termos.
Justifica-se a escolha dos a0 e a1 neste contexto pelo fato que o Wronskiano em x = 0
é
y (0) y (0) 1 0
1 2
W (y1 , y2 ) = ′ = ̸= 0
y1 (0) y2′ (0) 0 1
dx
Hermite com termo dominante 2n xn .
dn −x2
n x2
Hn (x) = (−1) e (e ) para n = 0, 1, 2, 3, . . .
dxn
∫∞
√
e−x H(x)dx = 2n n! πδmn
2
−∞
Usando a ortogonalidade das funções de Hermite, uma função f (x) pode ser expressa
em função dos polinômios de Hermite.
∑ ∫∞
1
e−x f (x)Hn (x)dx
2
f (x) = Cn Hn (x) onde Cn = n √
n=0
2 n! π
−∞
3. Um polinômio de Hermite é uma fun ção par quando n é par, e ímpar quando n
seja ímpar.
Hn (−x) = (−1)n H(x)
2x p(p + 1)
y ′′ − y′ + y = 0; p∈R
(1 − x )
2 (1 − x2 )
2x p(p + 1)
Como p(x) = − e q(x) = , estas duas funções não estão definidas
(1 − x )
2 (1 − y 2 )
para x = ±1. portanto são pontos singulares. Por outro lado,
[ ] [ ]
2x 2x 2(1)
lim − · (x − 1) = lim − = =1
x→1 (1 − x )
2 x→1 1+x 1+1
[ ] [ ]
2x 2x −2(−1)
lim − · (x + 1) = lim − = =1
x→−1 (1 − x )
2 x→1 1−x 1 − (−1)
[ ] [ ]
p(p + 1) p(p + 1)
lim · (x − 1) = lim
2
2(x − 1) = 0
x→1 (1 − x2 ) x→1 (1 − 2x)
[ ] [ ]
p(p + 1) p(p + 1)
lim · (x + 1) = lim
2
2(x + 1) = 0
x→−1 (1 − x2 ) x→−1 (1 − 2x)
Como todos estes limites existem, podemos dizer que os pontos x = ±1 são pontos
singulares regulares, e podemos afirmar que as soluções convergem ao menos com raio
r = 1.
Ao substituir as expressões do desenvolvimento em séries chegamos à fórmula de re-
corrência
n(n + 1) − p(p + 1) −(p − n)(p + n + 1)
an+2 = an = an
(n + 1)(n + 2) (n + 1)(n + 2)
Cálculo da solução y1 : Quando a0 = 1, e a1 = 0,
de Laplace.
A fórmula de Rodrigues para polinômios de Legendre é
1 dn [ 2 ]
Pn (x) = n
· n
(x − 1)n
2 n! dx
e permite obter o n-ésimo polinômio como função de x. Alguns destes polinômios são
1 1 1
P0 = 1, P1 = x, P2 = (3x2 − 1), P4 = (x4 − x2 ), P5 = (x5 − x3 )
2 8 8
Esta última integral expressa que a família Pn (x) é uma sequência de funções ortogo-
nais sobre o intervalo [−1, 1]. Além disso, existe uma questão vital para as aplicações, a
possibilidade de desenvolver uma função f (x) arbitrária em série de Legendre, entendendo
que tal desenvolvimento é do tipo]
∑
∞
f (x) = an Pn (x)
n=0
O resultado seria muito melhor que uma aproximação em série de Taylor. Para calcular
os coeficientes an poderia-se usar a relação de ortogonalidade, isto é multiplicando por
Pm (x) e integrando entre −1 e 1.
∑ ∫1
2n + 1
f (x) = Cn Pn (x) onde Cn = f (x)Pn (x)dx
n=0
2
−1
232 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 ∑
∞
√ = η k Pk (x)
1+ η2 − 2ηx k=1
y(x) = xr f (x)
. e a série de MacLaurin de f sim existe, Para saber em que casos isso acontece é preciso
identificar a que tipo de singularidade corresponde x = 0.
Consideremos a equação diferencial homogênea
∑
∞
y(x) = xs bn (x − x0 )n (3.72)
n=0
O método de Frobenius garante pelo menos uma solução da equação diferencial a ser
resolvida. Neste método, estamos supondo uma solução da equação (3.71) na forma (3.72),
procede-se então como o método das séries de potências para determinar sucessivamente
as constantes s e bn , ∀ n ∈ N.
A constante s será determinada por meio de uma equação quadrática, chamada equa-
ção indicial . As duas raízes da equação indicial podem ser reais ou complexas. Para
o caso das raízes serem complexas (logo serão conjugadas), e as soluções que elas deter-
minam podem ser combinadas com a identidade de Euler xα±iβ = xα eiβLnx para formar
soluções reais.
Formalmente, para entender o método suporemos que as raízes s1 e s2 da equação
indicial sejam números reais onde s = s1 ≥ s2 , logo o método de Frobenius dará sempre
uma solução da forma
∑
∞
s1
y1 (x) = x an (s1 )xn (3.73)
n=0
Teorema 3.10.
Seja x = 0 é ponto singular regular de (3.71), e sejam s1 e s2 com s1 ≤ s2 as raízes
da equação indicial associada, então a solução geral da equação (3.71) é y = C1 y1 (x) +
C2 y2 (x) onde C1 e C2 são constantes arbitrárias, y1 (x) é dado por (3.71) e se apresentam
três casos:
∑
∞
s2
y2 (x) = x an (s2 )xn (3.74)
n=0
234 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Caso 2: Se s1 = s2 , então
∑
∞
y2 (x) = y1 (x)Lnx + xs1 bn (s1 )xn (3.75)
n=0
∑
∞
s2
y2 (x) = d−1 y1 (x)Lnx + x dn (s2 )xn (3.76)
n=0
Os coeficientes an (s1 ), an (s2 ), bn (s1 ), dn (s2 ) e d−1 sao todos constantes e podem
eventualmente ser zero. Em todos estes casos a solução é válida para x ∈ (0, r)
Exemplo 3.58.
∑
∞ ∑
∞
y ′ (x) = (n + s)an xn+s−1 e y ′′ (x) = (n + s − 1)(n + s)an xn+s−2
n=0 n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
x 2
(n + s − 1)(n + s)an x n+s−2
+ xp(x) (n + s)an x n+s−1
+ q(x) an xn+s = 0
n=0 n=0 n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(n + s − 1)(n + s)an x n+s
+ p(x) (n + s)an x n+s
+ q(x) an xn+s = 0
n=0 n=0 n=0
∑
∞
[(n + s − 1)(n + s) + p(x) · (n + s) + q(x)]an xn+s = 0
n=0
∑
∞
[s(s − 1) + p(x)s + q(x)]a0 x + s
[(n + s − 1)(n + s) + p(x) · (n + s) + q(x)]an xn+s = 0
n=1
.
Define-se a expressão s(s − 1) + p(0)s + q(0) = I(s) como o polinômio indicial, que
é quadrático em s .
Christian José Quintana Pinedo 235
∑
n−k
I(n + s) · an + [k · p(n − k) + (n − k)]ak
k=0
Estes coeficientes devem se anular, uma vez que a equação deve ser satisfeita
∑
n−k
I(n + s) · an + [k · p(n − k) + (n − k)]ak = 0
k=0
∑
n−k
[k · p(n − k) + (n − k)]ak = −I(n + s) · an
k=0
1 ∑
n−k
− · [k · p(n − k) + (n − k)]ak = an
I(n + s) k=0
∑
∞
A série formada pelos an acima Un (x) = an xn+s satisfaz:
n=0
Se s é uma raiz do polinômio indicial, então podemos construir uma solução para a
equação. Se a diferença entre as raízes do polinômio indicial não é um número inteiro,
então podem-se construir duas solução linearmente independentes para (3.77).
Exemplo 3.59.
Considere x > 0 na equação
∑
∞ ∑
∞
−x2 y ′ (x) = xs (k + s)an xn+1 = xs (s + n − 1)xn
n=1 n=1
236 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
( ∑
∞ )
xs a0 q(s) + [q(s + n)an + (s + n − 2)an−1 ]xn = 0
n=1
s+n−2 s+n−2
as = − an−1 (s) = − an−1 (s)
q(s + n) s+n−1
1 n 1
a′n (s1 ) = (−1)n = (−1)
1 · 2 · 3 . . . (n − 1)n2 n! · n
∑∞
xn
logo nossa segunda solução é y2 (x) = x (−1)n + x · Ln(x)
n=1
n! · n
Portanto, a solução geral da equação (3.78) é
[ ]
( xn )
∑
∞
y(x) = x A + B x · Ln(x) + (−1)n
n=1
n! · n
Exemplo 3.60.
Mediante o Teorema de Frobenius achar duas soluções linearmente independentes da
equação diferencial 3xy ′′ + y ′ − y = 0.
Solução.
1 1
Temos que x = 0 é ponto singular regular, pois p(x) = e q(x) = −
3x 3x
∑
∞ ∑
∞
Suponhamos uma solução da forma y = bn xn+s então y ′ = bn (n + s)xn+s−1 e
n=0 n=0
Christian José Quintana Pinedo 237
∑
∞
y ′′ = bn (n + s)(n + s − 1)xn+s−2 . Substituindo na equação diferencial
n=0
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
3x bn (n + s)(n + s − 1)x n+s−2
+ bn (n + s)x n+s−1
− bn xn+s = 0 ⇔
n=0 n=0 n=0
∑
∞ ∑
∞
bn (n + s)(3n + 3s − 2)x n+s−1
− bn xn+s = 0 ⇔
n=0 n=0
[∞ ]
∑ ∑
∞
xs bn (n + s)(3n + 3s − 2)xn−1 − bn xn = 0 ⇔
n=0 n=0
[ ]
∑
∞
xs s(3s − 2)b0 + [bk+1 (k + 1 + s)(3k + 1 + 3s) − bk ]xk = 0 ⇔
k=0
em potências de:
x−1 : s(3s − 2)b0 = 0
xk : bk+1 (k + 1 + s)(3k + 1 + 3s) − bk = 0 onde k = 0, 1, 2, . . ..
2
Se b0 ̸= 0 então s(3s − 2) = 0 ⇒ s1 = 0 ou s2 = . Também
3
bk
bk+1 = onde k = 0, 1, 2, . . .
(k + 1 + s)(3k + 1 + 3s)
2
Quando s2 = segue
3
bk bk
bk+1 = 5 = ; onde k = 0, 1, 2, . . . (3.79)
(k + 3
)(3k + 3) (3k + 5)(k + 1)
Considerando s1 = 0 segue
bk
bk+1 = ; onde k = 0, 1, 2, . . . (3.80)
(k + 1)(3k + 1)
b0 b1 b0
Iterando (3.79) k = 0, b1 = ; k = 1, b2 = =
5·1 (5 · 1) · (8 · 2) 2!(5 · 8)
b2 b0 b0
k = 2, b3 = = =
(11 · 3) (5 · 1) · (8 · 2) · (11 · 3) 3!(5 · 8 · 11)
238 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
b3 b0
k = 3, b4 = =
(14 · 4) 4!(5 · 8 · 11 · 14)
b0
em geral bk = , k = 1, 2, 3,
k!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3k + 2))
b0 b1 b0
Iterando (3.80) k = 0, b1 = ; k = 1, b2 = =
1·1 (2 · 4) (1 · 1) · (2 · 4)
b2 b0 b0
k = 2, b3 = = =
(3 · 7) (1 · 1) · (2 · 4) · (3 · 7) 3!(4 · 7)
b3 b0
k = 3, b4 = =
(4 · 10) 4!(4 · 7 · 10)
b0
em geral bk = , k = 1, 2, 3,
k!(1 · 4 · 7 · 10 . . . (3k − 2))
2 ∑∞ ∑∞
Quando s1 = segue y1 = bn x n+2/3
=x2/3
bn xn ⇒
3 n=0 n=0
[ ]
∑
∞
b0
y1 = x2/3 b0 + xn
n=1
n!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3n + 2))
[ ]
∑
∞
xn
y1 = b0 x2/3 1 +
n=1
n!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3n + 2))
∑
∞ ∑
∞
Quando s2 = 0 segue y2 = bn xn+0 = bn x n ⇒
n=0 n=0
∑
∞
b0
y1 = b0 + xn
n=1
k!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3k + 2))
[ ]
∑
∞
xn
y1 = b0 1 +
n=1
n!(1 · 4 · 7 · 10 . . . (3n − 2))
Muitos problemas da física matemática como por exemplo: propagação do calor, vi-
brações (mecânicas e electromagnéticas) se reduzem á equação de Bessel. Estas equações
diferenciais de bessel aparecem em problemas onde se involucra simetria cilíndrica.
Consideremos a função
∫∞
Γ(s) = e−x xs−1 dx, s>1 (3.81)
0
Para números negativos s a função Γ(s) é determinado de outro modo, porém a pro-
priedade Γ(s + 1) = sΓ(s) segue sendo válida. Deste modo, a função gamma pode ser
encarada como uma generalização da função factorial f (x) = n! que apenas é definida
para inteiros não negativos.
Para os valores não inteiros negativos de s da definição podemos escrever assim
Γ(s + 1)
Γ(s) = ; s < 0, e não inteiro (3.82)
s
Γ(s + 1) Γ(s + 1)
lim+ Γ(s) = = +∞ e lim− Γ(s) = = −∞
s→0 s s→0 s
disto decorre que Γ(0) não desta definida, e desigualdade (3.82) também Γ(s) também
não esta definida para os valores inteiros negativos de s.
Definição 3.10. Função de Bessel.
Seja s ∈ R, a função de Bessel de primeira espécie de ordem s é definida por
∑
∞
(−1)k x2k+s
Js (x) = (3.83)
k=0
22k+s · k! · Γ(s + k + 1)
• d ≡ dimensão;
• m ≡ autovalor;
• µ = r2 ≡ índice angular;
Exemplo 3.61.
Solução.
1 r2 1 r2
Observe que y ′′ + y ′ + (1 − 2 )y = 0, assim p(x) = e q(x) = 1 − 2 então as
x x x x
funções não são analíticas em x = 0 e portanto é um ponto singular. Por outro lado,
∑
∞ ∑
∞
an (n + s) x 2 n+s
+ (x − r )
2 2
an xn+s = 0
n=0 n=0
∑
∞
an [(n + s)2 + x2 − r2 ] = 0
n=0
Christian José Quintana Pinedo 241
∑
∞
(−1)k x2k+s
y1 = a0 (3.87)
k=0
22k (s + 1)(s + 2) . . . (s + k) · k!
∑
∞
(−1)k x2k−s
y2 = a0
k=0
22k (−s + 1)(−s + 2) . . . (−s + k) · k!
As séries y1 (x) e y2 (x) convergem para todos os valores de x e pode ser verificada
mediante o critério de d’Alembert, estas soluções são linearmente independentes, já que
a relação entre elas não é constante.
1
Se na solução de (3.88) escolhemos a0 = , podemos escrever
2s Γ(s + 1)
∑
∞
(−1)k (x/2)2k+s
Js (x) = (3.88)
k=0
Γ(k + 1)Γ(k + s + 1)
242 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1
Quando s = −r, escolhendo a0 = , de modo análogo podemos escrever
2s Γ(−s + 1)
∑
∞
(−1)k (x/2)2k+s
J−s (x) = (3.89)
k=0
Γ(k + 1)Γ(k − s + 1)
Pela Definição (3.9), as funções (3.88) e (3.89) são chamadas “funções de Bessel de
primeiro género de ordem s” (ou −s segundo o caso) respectivamente. Ambas as séries
convergem, a série (3.88) converge para todos os valores de x, entanto que a de (3.89)
converge para todo x ̸= 0. Ambas também permitem a derivação dupla termo a termo.
Para o caso de s não ser número inteiro, então as funções Js (x) e J−s (x) são li-
nearmente independentes, pois suas séries começam com diferentes potências de x e a
combinação linear
α1 Js (x) + α2 J−s (x) = 0
é válida somente quando α1 = α2 = 0, é por isso que neste caso a solução de (3.81)
podemos escrever também na forma
Para o caso s = n ∈ Z, mostra-se que J−n (x) = (−1)n Jn (x), logo estas funções
tornam-se linearmente dependentes. A função Γ(s) para números negativos s e para s = 0
é infinito. Por isto, como segunda solução linearmente independente deve se considerar
qualquer outra função. Geralmente é considerada a função de Bessel de segunda espécie
Yn (x), esta função é combinação das funções Jm (x) e J−m (x)
Observação 3.10.
y = C1 Jn (x) + C2 Yn (x)
A função Yn (x) não está limitada en torno de x = 0, é por isso que toda solução da
equação (3.80) limitada em torno de x = 0, tem a forma y = C1 Jn (x), isto é aqui C2 = 0.
Christian José Quintana Pinedo 243
y ′′ = xy (3.90)
∑
∞ ∑
∞
n(n − 1)an x
n−2
= an xn+1 (3.91)
n=0 n=0
para agrupar as duas séries numa única série de potências, escrevemos a primeira série
numa forma equivalente: podemos incrementar em 3 unidades o índice n, dentro da série,
se subtrairmos 3 aos limites do somatório; a série resultante ser´ a idêntica à série inicial
∑
∞ ∑
∞
(n + 3)(n + 2)an+3 xn+1 − an xn+1 = 0 (3.92)
n=−3 n=0
2
9(m + 1)(m + )um+1 − um = 0 (3.94)
3
2 (m + 1)!Γ(m + 35 )
(m + 1)(m + ) =
3 m!Γ(m + 23 )
2
usando a substituição xm = m!Γ(m + )um em (3.94) transforma-se numa equação de
3
coeficientes constantes
9xm+1 − xm = 0
x0 (−1)m Γ(2/3)
A solução obtida é xm = e a3m = um = a0 .
(−9)m m!Γ(m + 23 )9m
Para calcular a sequência correspondente a n = 3m + 1, procedemos de modo seme-
lhante. Em função de vm = a3m+1 a fórmula (Equação (3.94)) é uma equação de primeira
ordem
4
9(m + 1)(m + )vm+1 − vm = 0
3
4
e com a substituição zm = m!Γ(m + )vm a equação transforma-se numa equação de
3
coeficientes constantes
9zm+1 − zm = 0
com solução
z0 (−1)m Γ(4/3)a1
zm = , e a3m+1 = vm =
(−9)m m!Γ(m + 4/3)9m
∑
∞
(−1)m Γ(2/3) 3m ∑∞
(−1)m Γ(4/3) 3m
y(x) = a0 m
x + a 1 x m
x
m=0
m!Γ(m + 2/3)9 m=0
m!Γ(m + 4/3)9
Exercícios 3-5
1. (x2 )y ′′ − 6y = 0 2. y ′′ − xy = 0
3. (x2 + 1)y ′′ + 6xy ′ + 6y = 0 4. y ′′ − xy ′ − y = 0
5. (x − 1)y ′′ + y ′ = 0 6. (1 + x2 )y ′′ + 2xy ′ − 2y = 0
7. y ′′ + e−x y = 0. Sugestão: Determinar a série e−x e multiplicar-la pela série de
y.
8. y ′′ − 2xy ′ + 8y = 0; y(0) = 3, y ′ (0) = 0
9. y ′′ − xy ′ + y = −x cos x, y(0) = 0, y ′ (0) = 2
10. y ′′ − 2xy ′ + 4y = 0; y(0) = 1; y ′ (0) = 0
11. (1 − x2 )y ′′ − (1 − x)y ′ − y = 0;
y(0) = y ′ (0) = 1
1
12. y ′′ − 2xy ′ − 2y = x; y(0) = 1, y ′ (0) =
4
′′ ′
13. y + xy + (2x − 1)y = x; y(0) = 2, y ′ (0) = 3. Determine os seis
primeiros termos da solução particular
1
14. y ′′ − 2xy − 2y = x; y(0) = 1, y ′ (0) = −
4
2. Dada a equação diferencial y ′′ + xy ′ + y = 0.
10. Resolver a equação diferencial x2 y ′′ +(x2 −2x)y ′ +2y = 0 pelo método de Frobenius.
∑
∞ ∑
∞
n 2n
y1 = a0 (−1) a2n x e y2 = a1 (−1)n a2n+1 x2n+1
n=0 n=0
onde a2n e a2n+1 são as frações determinadas na parte primeira sem (−1)n .
3. Se α é um inteiro não negativo e par então a2n = 0 para 2n > k; mostrar que
y1 é um polinômio de grau k e y2 é uma série infinita. Se alpha é um inteiro
não negativo e ímpar então a2n+1 = 0 para 2n + 1 > k; mostrar que y2 é um
polinômio de grau k e y1 é uma série infinita.
4. É costume considerar a constante arbitrária (a0 ou a1 segundo seja o caso) de tal
modo que o coeficiente de xn no polinômioy1 ou y2 (segundo seja o caso) seja
(2n)!
e é chamado de polinômios de Legendre Pn (x).Mostrar que
2(n!)2
∑
N
(−1)k (2n − 2k)! n
Pn (x) = xn−2k onde N = [| |]
k=0
2n k!(n − k)!(n − 2k)! 2
248 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
∞ n
− 2) . . . (α − 2n + 2)
n 2 α(α
y1 = 1 + (−1) x2n
n=1
∑
∞
2n (α − 1)(α − 3) . . . (α − 2n + 1)
y2 = x + (−1)n x2n+1
n=1
19.
20.
Christian José Quintana Pinedo 249
21.
22.
23.
24.
250 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Capítulo 4
Transformada de Laplace
251
252 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
4.1 Introdução
No capítulo anterior anunciamos que estudariamos dois métodos para resolver equações
diferenciais lineares com coeficientes constantes, um deles estudado é o método clássico e
o outro método é o da transformada de Laplace, que estudaremos neste capítulo.
No modelo matemático linear de um sistema físico, como o de uma massa e mola ou
de um circuito elétrico em série, o lado direito da equação diferencial
d2 y dy d2 y dy 1
m 2
+ β + ky = f (t) e L 2
+ R + q = E(t)
dt dt dt dt C
é uma função forçada pode representar a uma força externa f (t) ou a voltagem apli-
cado E(t). Na seção anterior resolvimos problemas onde f (t) ou E(t) eram contínuas,
não obstante com frequência podemos achar funções contínuas por partes, por exemplo
a voltagem aplicada a um circuito, estes problemas são melhor estudados aplicando a
transformada de Laplace.
Para melhor entender a transformada de Laplace, devemos lembrar propriedades im-
portantes da integral imprópria e o conceito da função de ordem exponencial, logo de-
monstraremos o teorema que nós garanta a existência da transformada de Laplace para
funções com algumas restrições.
∫+∞ ∫R
g(t)dt = lim g(t)dt (4.1)
R→+∞
a a
Quando o limite existe diz-se que a integral imprópria converge, caso contrário, diz-se
que a integral imprópria diverge
Exemplo 4.1.
∫+∞ ∫+∞
1 1
Determine se as integrais impróprias convergem: a) dt; b) dt.
t2 t
4 2
Solução. a)
∫R [ ]
1 1 R 1 1
Como lim dt = lim (− ) = lim − + , a integral imprópria con-
R→+∞ t2 R→+∞ t 4 R→+∞ R 4
4
Christian José Quintana Pinedo 253
1
verge para o valor .
4
Solução. b)
∫R R
1
Como lim dt = lim Ln|t| = lim [LnR − Ln2] = +∞, a integral imprópria
R→∞ t R→+∞ 2 R→+∞
2
diverge.
Existem soluções técnicas que nos permitem encontrar soluções dos vários tipos de
equações. P. S. Laplace criou um método muito curioso e de uma beleza inigual que o
conduziu às soluções de várias equações diferenciais ordinárias. Este método simples e
elegante foi desenvolvido do seguinte modo:
Seja y = y(t), dado o problema de valor inicial
y ′ − y = e2t ; y(0) = −1
Resposta: A função procurada, ou seja, a função que a satisfaz é y(t) = e2t − 2et .
Esta solução foi encontrada pelo criativo método de Laplace do seguinte modo:
∫∞ ∫+∞
e−st y ′ (t)dt = 0 − y(0) + s e−st y(t)dt (4.3)
0 0
∫+∞ ∫∞
1
[0 − y(0) + s e−st y(t)dt] − e−st y(t)dt =
s−2
0 0
∫+∞ [ ]
1 1
então e−st y(t)dt = + y(0) . No entanto, y(0) = −1, logo
s−1 s−2
0
∫+∞
1 1
e−st y(t)dt = − (4.5)
s−2 s−1
0
A transformada de Laplace pode ser usada para resolver problemas de valor inicial.
Para isso, a equação diferencial é inicialmente modificada pela transformada de Laplace
numa equação algébrica. Depois resolve-se a equação algébrica e finalmente transforma-
se de volta a solução da equação algébrica na solução da equação diferencial inicial ou
problemas de valores de fronteira. Isto é, básicamente o processo de solução consta de
três etápas:
Primeira etapa : Dado o problema “difícil” transforma-se numa equação simples (equa-
ção subsidiária)
Integração 1
y(t) = e2t - F (s) =
L s−2
Figura 4.1:
∫+∞
L[y(t)] = e−st y(t)dt (4.6)
0
∫∞
1
y(t) = e2t - e−st e2t dt - F (s) =
s−2
0
Figura 4.2:
Definição 4.2.
Seja f : [0, +∞) −→ R (ou C), uma função definida para todo t ≥ 0, define-se a
transformada de Laplace de f (t) como
∫+∞ ∫b
L[f (t)] = e−st f (t)dt = lim e−st f (t)dt = F (s)
b→+∞
0 0
∫+∞
Caso 1: Suponhamos que y(t) = 1, então L[y(t)] = e−st y(t)dt.
0
∫+∞ ∫+∞
−st −st e−st ∞ 1
L[y(t)] = e y(t)dt = e dt = − =
s 0 s
0 0
1
Portanto, se y(t) = 1, então L[y(t)] = .
s
∫+∞
Caso 2: Suponhamos que y(t) = t, então L[y(t)] = e−st tdt.
0
∫+∞ ∫+∞
−st te−st +∞ 1 1
L[y(t)] = e tdt = − + e−st dt = 2
s 0 s s
0 0
1
Portanto, se y(t) = t, então L[y(t)] = .
s2
∫+∞
Caso 3: Suponhamos que y(t) = t2 , então L[y(t)] = e−st t2 dt.
0
(2)(1)
Portanto, se y(t) = t2 , então L[y(t)] = .
s3
∫+∞
Caso 4: Suponhamos que y(t) = t3 , então L[y(t)] = e−st t3 dt.
0
∫+∞ ∫+∞
−st 3 t3 e−st +∞ 3 (3)(2)(1)
L[y(t)] = e t dt = − + t2 e−st dt =
s 0 s s4
0 0
(3)(2)(1)
Portanto, se y(t) = t3 , então L[y(t)] = .
s4
∫+∞
Caso 5: Suponhamos que y(t) = t4 , então L[y(t)] = e−st t4 dt.
0
∫∞ ∫+∞
−st 4 t4 e−st +∞ 4 (4)(3)(2)(1)
L[y(t)] = e t dt = − + t3 e−st dt =
s 0 s s5
0 0
Christian José Quintana Pinedo 257
(4)(3)(2)(1)
Portanto, se y(t) = t4 , então L[y(t)] = .
s5
∫+∞
Caso 6: Suponhamos que y(t) = tn onde n ∈ N, então L[y(t)] = e−st tn dt.
0
∫+∞ ∫+∞
−st n t4 e−st +∞ n n · (4)(3)(2)(1)
L[y(t)] = e t dt = − + tn−1 e−st dt =
s 0 s s4
0 0
n!
Portanto, se y(t) = tn para n ∈ N, então L[y(t)] = .
sn+1
Exemplo 4.2.
Determine a transformada de Laplace para a função y(t) = eat
Solução.
Tem-se
∫+∞
−st at e−(s−a)t +∞ 1
L[y(t)] = e e ndt = − =
s−a 0 s−a
0
Observação 4.1.
Definição 4.3.
Seja f (t) definida em 0 ≤ t < +∞ e seja s ∈ R uma variável arbitrária. A trans-
formada de Laplace de uma função f (t) é uma outra função F (s) denotada L[f (t)] num
domínio de valores reais s, definida pela integral:
∫+∞ ∫b
−st
F (s) = L[f (t)] = f (t)e dt = lim f (t)e−st dt (4.7)
b→+∞
0 0
Observe que os valores da integral dependem dos valores de s, logo é correto também
denotar L[f (t)](s) = F (s).
Observação 4.2.
Ao calcular a integral em (4.7), a variável s é considerada como constante, pois a
integração é em relação à variável t.
258 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.3.
∫+∞
Determine para que valores de s para que a integral I= e−st dt converge.
0
Solução.
∫+∞ ∫R [ ]
−st −st 1 −st R 1 −sR 1
I= e dt = lim e dt = lim [− e ] = lim − e +
R→+∞ R→+∞ s 0 R→+∞ s s
0 0
Nota-se que quando s < 0, −sR > 0; logo, o limite é +∞ assim, a integral I diverge.
Quando s > 0, −sR < 0; logo, o limite é 1/s e a integral I converge. Constata-se
ainda que quando s = 0 o limite e +∞.
Portanto, a integral I converge para todo s > 0.
Exemplo 4.4.
Determine a transformada de Laplace para a função f (t) = sen(at)
Solução.
∫b
Aplicando a definição tem-se que: L[f (t)] = lim sen(at)e−st dt, integrando por
b→∞
0
a
partes segue que L[f (t)] = 2 .
a + s2
Observe que esta expressão somente é válida para o conjunto dos números reais s tais
que s > 0, de modo que podemos afirmar que o domínio da função F é (0, ∞)
Tem-se que, se considerarmos que a função f (t) seja contínua por partes em cada
∫b
intervalo da forma [0, b] sendo b > 0, pois então f (t)e−st dt existiria, porém não seria
0
∫b
suficiente para garantir a existência de L[f (t)] = lim f (t)e−st dt.
b→+∞
0
Para garantir a convergência deste limite, é que f (t) seja de “ordem exponencial ”.
Igual que no caso da derivação, uma forma rápida de calcular a transformada de uma
função é por meio de algumas regras simples.
Christian José Quintana Pinedo 259
1. Existe um número finito de pontos em [a, b] tal que a = t0 < t1 < t2 < · · · < tn = b
onde f (t) é descontínua de primeira espécie, isto é
Observação 4.3.
Uma função f (t) é seccionalmente contínua ou contínua por partes em um intervalo
[a, ∞) se f (t) é seccionalmente contínua para todo intervalo da forma [a, A], com A > a.
Exemplo 4.5.
{
1, se 2na ≤ t < 3na
1. A função onda quadrada f (t) = , a ∈ R, n∈Né
−1, se, na ≤ t < 2na
seccionalmente contínua em todo R.
1 π
2. As funções g(t) = tan t e h(t) = sen não são seccionalmente contínuas em [0, ],
t 2
π
pois a função g(t) tem descontinuidade de segunda espécie em , e a função h(t)
2
oscila quando t → 0
Exemplo 4.6.
sin πt se t > 1
0 se 0 ≤ t ≤ 1
Determine se f (t) = é seccionalmente contínua em [2, 5]
et se − 1 < t < 0
t3 se t ≤ −1
Solução.
Como todos os limites necessários existem f (t) é contínua por partes em [−2, 5].
Em geral tem-se que se uma função f (t) é contínua em [a, b], então ela é seccionalmente
contínua em [a, b].
Exemplo 4.7. {
t3 + 2 se t ≥ 0
Determine se f (t) = é seccionalmente contínua em [−1, 1].
1/t se t < 0
Solução.
A função dada é contínua em todo o intervalo [−1, 1] exceto em t = 0.
Caso existam os limites laterais em t = 0, f (t) será seccionalmente contínua em [−1, 1].
Observe:
1
lim+ f (t) = lim+ t3 + 2 = 2; lim− f (t) = lim− = −∞
t→0 t→0 t→0 t→0 t
t2 2t 2
lim e−at |t2 | = lim = lim = lim =0
t→∞ t→∞ eαt t→∞ aeat t→∞ a2 eat
2
et
|e | ≤ Ce
t2 at
então at = et(t−a) ≤ C para todo t ∈ R o qual é falso.
e
2. Suponhamos que f seja contínua em [0, +∞) e suponhamos existam constantes C > 0 e
a ∈ R tais que |f (t)| ≤ Ceat sempre que t0 > t > 0 então, f é de ordem exponencial.
Propriedade 4.1.
Se f e g são integráveis em cada∫intervalo da forma [c, d] para
∫ c fixo e d > c arbitrário,
e se |f (t)| ≤ |g(t)| ∀ t ≥ 0 então, f (t)dt existe sempre que g(t)dt exista
Demonstração.
∫+∞ ∫+∞
Sabe-se que f (t) ≤ |f (t)|, então vem que f (t)dt ≤ |f (t)|dt.
0 0
∫n ∫n
Por outro lado como |f (t)| ≤ |g(t)| ∀ t ≥ 0, temos que |f (t)|dt ≤ |g(t)|dt,
0 0
∫n ∫n
no limite quando n tende para o infinito, ou seja lim |f (t)|dt ≤ lim |g(t)|dt =
n→+∞ n→∞
0 0
∫+∞ ∫+∞ ∫+∞
|g(t)|dt, do fato de |g(t)|dt existir segue que g(t)dt existe.
0 0 0
∫∞ ∫ n
Assim sendo |f (t)|dt = lim |f (t)|dt existe.
n→∞ 0
0
∫+∞ ∫+∞ ∫+∞
Portanto, como f (t)dt ≤ |f (t)|dt, segue que f (t)dt existe.
0 0 0
262 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Teorema 4.1.
Se f é uma função seccionalmente contínua e de ordem exponencial em [0, ∞), então
∫+∞
existe a ∈ R tal que f (t)e−st dt < +∞ ∀ s > a.
0
Demonstração.
Sendo f de ordem exponencial, existe C > 0 e a ∈ R tal que |f (t)| ≤ Ceat , ∀t ∈
[0, ∞)
Por outro lado, para todo t0 ∈ [0, ∞) tem-se
∫t0 ∫t0 [ ]
−st −(s−a)t e−(s−a)t0 1
f (t)de dt ≤ Ce dt = −C −
s−a s−a
0 0
∫∞ ∫t0
−st C
Suponhamos que s > a, então f (t)e dt = lim f (t)e−st dt ≤ .
t0 →∞ s−a
0 0
∫∞
Portanto, f (t)e−st dt < ∞ ∀ s > a.
0
Pelo exposto, tem-se que se uma função f (t) for de ordem exponencial, a transformada
∫∞
de Laplace de tal função L[f (t)] = f (t)e−st dt será convergente sempre que s > a, onde
0
a é o número encontrado para a função exponencial f .
Assim fica garantida a existência da transformada de Laplace para f (t) sempre que
f (t) verifique as seguintes duas propriedades:
Demonstração.
Se f é de ordem exponencial então existem constantes a, M e t0 tais que e−at |f (t)| ≤
M para todo t ≥ t0 , e e−at |f (t)| ≤ M ⇒ |f (t)| ≤ M eat .
∫b ∫b
Aplicando a Propriedade (4.1) temos que e f (t)dt ≤ e−st |f (t)|dt, ainda como,
−st
0 0
∫b ∫b ∫b
|f (t)| ≤ M eat temos que e−st f (t)dt ≤ e−st |f (t)|dt ≤ M e−st eat de onde segue
0 0 0
que
∫b ∫b
e−st f (t)dt ≤ M e−(s−a)t dt
0 0
∫b [ ]
−(s−a)t e−(s−a)b 1
temos que a integral M e dt = −M − daí segue que
s−a s−a
0
∫b [ ]
−st e−(s−a)b 1
e f (t)dt ≤ −M −
s−a s−a
0
Observe que para anular o primeiro termo é necessário que s > a de modo que e−(s−a)
tenha expoente negativo, e quando b → ∞ teremos que e−(s−a) → 0, onde resulta;
∫∞ ∫b
M
e−st f (t)dt = lim e−st f (t)dt ≤ ,s>a
b→∞ s−a
0 0
∫b
ou seja e−st f (t)dt é convergente ∀ s > a.
0
Observação 4.4.
Uma outra forma de apresentar o Teorema (4.2) é:
264 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
0 0 0
∫∞
M (s−β) ∞
=M e−(s−β)t dt = − e =0
s−β 0
0
Exemplo 4.9.
Em virtude deste último teorema podemos dizer que F (s) = 1 e G(s) = s/(s + 1) não
são transformadas de Laplace de funções secionalmente contínuas de ordem exponencial,
pois F (s) 9 0 e G(s) 9 0 quando s → +∞.
4.3.1 Linearidade
Propriedade 4.2. Linearidade.
Sejam f (t) e g(t) funções que admitam transformada de Laplace para s > r1 e s > r2
respectivamente, então para duas constantes quaisquer a e b, a função af (t) + bf (t)
também admite transformada de Laplace e
L[af (t) + bg(t)] = aL[f (t)] + bL[g(t)] = aF (s) + bG(s), para s > max{r1 , r2 } (4.8)
L−1 [aF (s) + bG(s)] = af (t) + bg(t) = aL−1 [F (s)] + bL−1 [G(s)] (4.9)
Christian José Quintana Pinedo 265
Demonstração.
∫∞ ∫∞
−st
L[af (t) + bg(t)] = e af (t)dt + e−st bg(t)dt =
0 0
∫∞ ∫∞
−st
a e f (t)dt + b e−st f (t)dt = aL[f (t)] + bL[g(t)]
0 0
Exemplo 4.10.
Podemos demonstrar sem dificuldade que L[a + bt + ct2 ] = a · L[1] + b · L[t] + c · L[t2 ]
Solução.
Supondo a, b, c ∈ R temos
1 1 2!
a· + b · 2 + c · 3 = a · L[1] + b · L[t] + c · L[t2 ]
s s s
Exemplo 4.11.
Determine F (s) se f (t) = 2sent + 3 cos 2t
Solução.
Sabemos que F (s) = L[2sent + 3 cos 2t] = 2L[2sent] + 3L[cos 2t]. Logo
1 s 2 3s
F (s) = 2 +3 2 = 2 + 2
s2 +1 s +4 s +1 s +4
Exemplo 4.12.
Determine F (s) se f (t) = cosh at
Solução.
eat + e−at
Sabe-se que cosh at = , pela Propriedade (4.2) e do Exemplo (4.2)
2
1 1 1 1 1
F (s) = · + · = 2 ; s > |a|
2 s−a 2 s+a s − a2
4.3.2 Deslocamento em s
Propriedade 4.3. Deslocamento em s.
Se f (t) é uma função que admite transformada de Laplace F (s) = L[f (t)] onde s > a,
então para qualquer constante β ∈ R, segue que eβt f (t) tem a transformada F (s −β) onde
s − β > a, logo
L[eβt f (t)] = F (s − β) (s − β > a) (4.10)
266 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Demonstração.
∫∞
Por hipótese F (s) = e−st f (t)dt s > a, em particular
0
∫∞
F (s − β) = e−(s−β)t f (t)dt s−β >a
0
∫∞ ∫∞
Para s − β > a tem-se e−(s−β)t f (t)dt = e−st (eβt f (t))dt = L[eβt f (t)]
0 0
Logo, L[eαt f (t)] = F (s − α).
Esta propriedade diz, se f : [0, ∞) → R tem como transformada F (s) para s > a,
então a transformada de Laplace da função g(s) = eαt f (t) é dada por
Exemplo 4.13.
Determine L[te4t ]
Solução.
1
F (s) = L[f (t)] = L[t] =
s2
1
L[e4t t] = F (s − 4) =
(s − 4)2
Exemplo 4.14.
Sejam a, b ∈ R, se f (t) = cos at então sabemos que
s
L[f (t)] = F (s) =
s2 + a2
L[ebt f (t)] = F (s − b)
(s − b)
L[g(t)] = onde s > a + b
(s − b)2 + a2
Exemplo 4.15.
Christian José Quintana Pinedo 267
dn
L[f (t)] = (−1)n L[tn f (t)] (4.12)
dsn
Propriedade 4.4.
Para a transformada de Laplace de uma função seccionalmente contínua de ordem
exponencial tem-se:
dn
L[tn f (t)](s) = (−1)n F (s), n = 1, 2, 3, 4, · · ·
dsn
268 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.16.
Determine a transformada de Laplace da função g(t) = t3 e2t
Solução.
d3
Seja f (t) = e2t , pela fórmula (4.12) temos que L[e2t ] = (−1)3 L[t3 e2t ] de onde
ds3
3
[ ]
3 2t 3 d 1 6
L[t e ] = (−1) 3 =
ds s − 2 (s − 2)4
Exemplo 4.17.
Determine a transformada de Laplace da função: g(x) = x2 senx.
Solução.
d2
Seja f (x) = senx, pela fórmula (4.12) temos que L[senx] = (−1)2 L[x2 senx] de
ds2
onde 2
[ ]
2 d 1 8s2 2
2
L[x senx] = (−1) 2 2
= 2 3
−
ds 1 + s (1 + s ) (1 + s2 )2
Christian José Quintana Pinedo 269
Exercícios 4-1
∫ ∞
1. Determine para quais valores de s, a integral imprópria e−sx dx converge.
0
2. Mostre que se f (t) e g(t) são de ordem exponencial quando t → ∞, então f (t) · g(t)
e f (t) + g(t) também são de ordem exponencial quando t → ∞.
3. Determine uma função, F (t), que seja de ordem exponencial, e que f (t) = F ′ (t)
não seja de ordem exponencial. Construa uma função f que não seja de ordem
exponencial, porém cuja transformada de Laplace exista.
4. Mostre que se f (t) e g(t) são de classe A, então f (t) · g(t) e f (t) + g(t) também
são de classe A.
s+9 2 3 5
1. L[2e3t − e−3t ] = , s>3 2. L[t2 − 3t + 5] = 3 − 2 + , s > 0
s2 − 9 s s s
s 1 3 3 2 1
3. L[cosh(kt)] = 2 , s > |k| 4. L[ t + t2 − 1] = 4 + 3 − , s > 0
s − k2 2 s s s
k −4t −2t 2(2s + 7)
5. L[senh(kt)] = 2 , s > |k| 6. L[e + 3e ] = , s > −2
s − k2 (s + 2)(s + 4)
∫∞ [ ] ∫∞
f (t)
13. Mostre que, se L[f (t)]dt converge, então L = L[f (t)]ds.
t
p p
∫∞
sent π
14. Utilizar a exercício (13) para mostrar que dt =
t 2
0
15. Mostre que a função f (t) = 1/t2 não tem transformada de Laplace. Sugestão:
∫1
Aplique a definição da integral imprópria para mostrar que e−st f (t)dt não existe.
0
Christian José Quintana Pinedo 271
Demonstração.
∫∞ M ∫∞
L[f ′ (t)] = f ′ (t)e−st dt = f (t)e−st + s f (t)e−st dt, M → +∞ (4.14)
0
0 0
Demonstração.
Exemplo 4.18.
272 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
s
s2 L[f (t)] − sf (0) − f ′ (0) = 2a · − a2 L[f (t)]
s2 + a2
2as
Portanto L[f (t)] =
(s2 + a2 )2
Propriedade 4.7.
Se f (t), f ′ (t), f ′′ (t), · · · , f (n−1) (t) são contínuas de ordem exponencial, e f (n) (t) sec-
cionalmente contínua em [0, ∞), então
L[f (n) (t)] = sn L[f (t)] − sn−1 f (0) − sn−2 f ′ (0) − · · · − sf (n−2) (0) − f (n−1) (0), s>0
Demonstração.
∫t
Seja a função g(t) = f (x)dx ela é contínua e derivável, como pelo teorema funda-
0
mental do cálculo g ′ (t) = f (t). Assim de acordo com a Propriedade (4.7), aplicada a g(t),
podemos concluir que L[g ′ (t)] está definida para s > a e
Exemplo 4.19.
t
∫
Calcular L e−x cos xdx.
0
Solução.
∫t
1 [ ]
Observe que L e−x cos xdx = L e−t cos t = L[cosr](s + 1).
s
0
t
∫
1 1 s+1
Portanto, L f (x)dx = L[f (t)] = · .
s s (s + 1)2 + 1
0
∫∞
Γ(β + 1) = e−t tβ dt, β∈R
0
∫∞ ∫∞
u du Γ(p + 1)
L[tp ] = ( )p e−u = s−(p+1) up e−u du = (4.15)
s s sp+1
0 0
n!
em particular, quando p for um número inteiro positivo n, L[tn ] = n+1 e para n = 0
s
1
tem-se L[1] = .
s
Aplicando a propriedade de deslocamento em s, podemos calcular a transformada da
274 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
função exponencial
1
L[1 · eat ] = F (s − a) = (4.16)
s−a
e usando a propriedade da derivada da transformada
d( 1 ) 1
L[te ] = −
at
= (4.17)
ds s − a (s − a)2
1 s + ib
L[eibt ] = L[cos(bt) + isen(bt)] = = 2 (4.18)
s − ib s + b2
s b
L[cos(bt)] = e L[sen(bt)] = (4.19)
s2 + b2 s2 + b2
s
Assim obtém-se a relação, L[cos(bt)] = L[sen(bt)].
b
Definição 4.8.
A função delta de Dirac ou função de impulso unitário é definido pelo limite
δ(t − a) = lim δε (t − a)
ε→0
Christian José Quintana Pinedo 275
Propriedades
∫∞
2. δ(t − a)dt = 1
−∞
( esa − e−sε )
−sε
3. L[δε (t − a)](s) = e
2εs
5. Se a = 0 então L[δ(t)](s) = 1
∫∞ ∫∞
6. f (t)δ(t − a)dt = f (a), em particular f (t)δ(t − a)dt = f (a)
−∞ 0
Observe, em (5.) desta propriedade lim L[δε (t − a)](s) = 1, entanto pelo Teorema
ε→0
(4.3) vimos que quando a função é de ordem exponencial lim L[δε (t − a)](s) = 0, o que
ε→0
está em contradição, isto indica que a função delta de Dirac não é de ordem exponencial
e admite transformada de Laplace, é por isso que esta função é uma “função extranha”.
Esta função em detalhes é tratada nos textos da “Teoria das Distribuições”.
276 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 4.9.
k k
Se 0 ≤ x < b ≤ ≤ 1 ou 0 ≤ ≤ b < x ≤ 1, então
n n
Teorema 4.5.
Dadas duas funções de ordem exponencial, se
Pelo fato ser a transformação linear, é suficiente mostrar que, se L[h(t)](s) = 0 para
s > a, então h(t) = 0 para todos os valores t > 0 para os quais h(t) seja contínua.
∫∞
Seja n = 0, 1, 2, · · · e 0 = L[h(t)](a + n) = e−nt e−at h(t)dt.
0
Com a mudança de variáveis t = −Lnx e definindo v(x) = eaLnx h(−Lnx) segue
∫1
0= xn−1 v(x)dx (4.20)
0
Pelo teorema (4.4) para ϵ > 0 existe um polinômio p(x) tal que
∫1
|p(x) − v(x)|2 dx < ϵ
0
∫1 ∫1 ∫1
logo de (4.20) segue que p(x)·v(x)dx = 0 de onde |p(x)−v(x)| dx =
2
|p(x)|2 dx+
0 0 0
∫1 ∫1
|v(x)|2 dx < ϵ assim, |v(x)|2 dx < ϵ.
0 0
Como ϵ > 0 é um número positivo arbitrário, então v(x) = 0 para x ∈ (0, 1].
Portanto h(t) = 0, para t > 0.
.
Enunciaremos o teorema de M. Lerch 1 , que ajudará a vislumbrar o problema
Teorema 4.6.
Se f e g são pertencentes a ϑ, e supondo que existe s0 tal que L[f (t)] = L[g(t)] para
todo s > s0 exceto um número finito de pontos de descontinuidade, então f (t) = g(t) para
todo t > 0.
Logo, se L[f (t)] = F (s), então podemos achar um único valor para f (t).
Esta solução denotamos com L−1 [F (s)], e será chamada de inversa da transformada
de Laplace da função F (s).
A transformada inversa L−1 de uma função F (s) é a função f (t) cuja transformada
de Laplace seja igual a F (s). Isto é L−1 [F (s)] = f (t) ⇔ L[f (t)] = F (s).
Teorema 4.7.
Se f ∈ ϑ, então lim L[f (t)] = 0.
s→∞
Demonstração.
Este teorema mostra que L não é uma aplicação sobrejetora, pois dado 1, s, sens, e
s
não têm inversa em ϑ já que nenhum delas tende a zero, ou cumpre com o teorema.
s+1
Exemplo 4.20.
1 1
Se F (s) = , então L−1 [F (s)] = 1, pois L[1] = .
s s
1 1
Se F (s) = 2 , então L−1 [F (s)] = sent, pois L[sent] = 2 .
s +1 s +1
Observação 4.5.
d 1 [d ]
F (s) = −L[tn f (t)] ⇒ f (t) = − L−1 F (s)
ds t ds
Exemplo 4.21.
[ s − 3]
−1
Determine a função f (t), sabendo que L Ln = f (t).
s−1
Solução.
1 [d ] 1 [d s − 3]
Tem-se f (t) = − L−1 F (s) f (t) = − L−1 Ln ⇒
t ds t ds s − 1
1 [d ] 1 [ 1 1 ]
f (t) = − L−1 Ln(s − 3) − Ln(s + 1)] = − L−1 −
t ds t s−3 s+1
e−t − e3t
Portanto, f (t) = .
t
Assume-se que a transformada de Laplace está representada por uma função racional,
o que ocorre sempre para as funções que nos interessam no âmbito da engenharia. A
transformada de Laplace da forma
onde o grau do polinômio P (s) é menor do que o grau de Q(s) pode ser escrita na forma
am sm + am−1 sm−1 + · · · + a1 s + a0
F (s) = (4.21)
(s − αn )(s − αn−1 ) · · · (s − α1 )
1o Caso: Quando as raízes do denominador sejam todas reais simples, podemos escrever
(4.21) na forma
am sm + am−1 sm−1 + · · · + a1 s + a0 A1 A2 An
F (s) = = + + ··· +
(s − αn )(s − αn−1 ) · · · (s − α1 ) s − α1 s − α2 s − αn
2o Caso: Quando as raízes do denominador sejam todas reais simples, sendo que uma
delas é de multiplicidade k (por exemplo (s − α2 )k ) podemos escrever (4.21) na
forma
A1 [ A A22 A2k ] A3 An
21
F (s) = + + + · · · + + +···+
s − α1 (s − α2 ) (s − α2 )2 (s − α2 )k s − α3 s − αn
Para o caso de ter mais outras raízes com multiplicidade, procede-se de modo análogo
ao descrito.
3o Caso: Quando as raízes do denominador sejam reais simples e outras (por exemplo
duas) complexas, podemos escrever (4.21) na forma
4o Caso: Quando todas raízes do denominador sejam complexas, podemos escrever (4.21)
na forma
Nos quatro casos o objetivo é achar as constantes do numerador das frações parciais.
[ ] [ ]
−1 7s − 1 −1 A B C
L =L + +
(s − 3)(s + 2)(s − 1) s−3 s+2 s−1
[ ] [ ] [ ]
−1 1 −1 1 −1 1
= AL + BL + CL
s−3 s+2 s−1
= Ae3t + Be−2t + Cet
Christian José Quintana Pinedo 281
[ ]
−1 7s − 1
Portanto, L = Ae3t + Be−2t + Cet .
(s − 3)(s + 2)(s − 1)
Exemplo 4.23. 1o Caso.
s+3
A transformada de Laplace de uma função f (t) é F (s) = . Determine a
s2 − 3s + 2
função f (t).
Solução.
A B
F (s) = +
s−2 s−1
1 1
F (s) = 5 · −4·
s−2 s−1
Solução.
2 3 1
G(s) = + + (4.23)
s + 2 (s + 2)2 (s − 1)2 + 9
para calcular a transformada inversa de cada termo, começamos por calcular as transfor-
1 1 3
madas inversas das três funções: , 2
, 2
que são 1, t e sen(3t), respecti-
s s s +9
vamente.
A seguir usamos a propriedade de deslocamento em s para calcular a transformada
inversa da função G.
et
g(t) = 2e−2t + 3te−2t + sen(3t) (4.24)
3
Exemplo 4.25. 4o Caso.
Calcular a transformada inversa de:
s+1
G(s) =
s(s2
+ s + 1)
Solução.
282 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
s+1 1 s+1
G(s) = = − ⇒
s(s2 + s + 1) s s2 + s + 1
1 (s + 12 ) ( 21 )
G(s) = − √ − √
s (s + 1 )2 + ( 3 )2 (s + 1 )2 + ( 3 )2
2 2 2 2
√ √ √
1 3 − 12 t
Logo, g(t) = 1 − e 2 t cos 2
3
t − 3
e sen( 2
3
t).
Christian José Quintana Pinedo 283
Exercícios 4-2
1. Mostre que se f (t), f ′ (t), f ′′ (t), · · · , f (n−1) (t) são contínuas de ordem exponencial,
e f (n) (t) seccionalmente contínua em [0, ∞), então
L[f n (t)] = sn L[f (t)] − sn−1 f (0) − sn−2 f ′ (0) − · · · − sf (n−2) (0) − f (n−1) (0), s>0
s−2
F (s) =
2s2 + 2s + 2
k k
7. Mostre que se 0 ≤ x < b ≤ ≤ 1 ou 0 ≤ ≤ b < x ≤ 1, então
n n
2s − 5 s e−s e−2s s
1. 2. − − 3.
2
s(s + s + 12) s4 + 4 s2 s2 − 1 s4 +4
−p
5s + 3 p e e−2p 1
4. 5. 4 − 2 − 2 6
(s + 1)(s + 2)(s + 3) p +4 p p −1 2
s(s + 4)
284 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
9. Determine:
[1] [1 64 ]
1. L−1 2. L−1 −
s4 s2 s5
[( 3 1 )2 ] [1 1 1]
3. L−1 − 4. L−1 2 − +
s s3 s s−2 s
[ 12s ] [ 1 ]
5. L−1 2 6. L−1 2
s +9 s +s−6
[ s−5 ] [ s ]
−1 −1
7. L √ √ 8. L
(s + 5)(s − 5) (s − 1)(s − 2)(s − 3)
[ s−2 ] [ 1 ]
9. L−1 2 2 10. L−1
s (s + 4) (s2 + 9)(s2 + 4)
[ 6s + 3 ] [ 1 ]
11. L−1 2 12. L−1 4
(s + 1)(s2 + 4) s − 16
Esta função f (t) pode ser encontrada se aplicarmos ambos os lados da equação a
transformada de Laplace.
L[f ′ (t) − f (t)] = L[0] (4.26)
1 1
de onde L[f (t)] = . Lembre que L[eat ] = .
s−1 s−a
Portanto, f (t) = et é solução da equação diferencial (4.25).
Roteiro
Para resolver uma equação diferencial linear ordinária segue-se o seguinte roteiro
1. Aplicar a transformada de Laplace a ambos os lados da equação diferencial.
Suponhamos que temos que resolver uma equação diferencial linear de ordem n com
coeficientes constantes e valores iniciais y0 , y0′ , y0′′ , · · · y0
(n−1) (n)
, y0 ,
an y (n) (x) + an−1 y (n−1) (x) + · · · + a2 y ′′ (x) + a1 y ′ (x) + a0 y(x) = f (x)
(4.27)
′
y(x0 ) = y0 , y (x0 ) = y0′ , ′′
y (x0 ) = y0′′ , ··· y n−1
(x0 ) = y0n−1
Precisamos achar uma solução da equação (4.27) quando t ≥ 0 para essas condições
iniciais.
Suponhamos que y = y(x) seja solução de (4.27) que satisfaz as condições iniciais.
Então ao substituir esta função y = y(x) em (4.27), obteremos uma identidade. Portanto,
a função da parte esquerda de (4.27) e a função f (x) têm a mesma transformada de
Laplace; isto é
∑n
L[ ak y k ] = L[f (x)] onde y (0) = y
k=0
an L[y (n) ] + an−1 L[y (n−1) ] + · · · + a2 L[y ′′ ] + a1 L[y ′ ] + a0 L[y] = L[f (x)]
Christian José Quintana Pinedo 287
isto é
onde
Exemplo 4.26.
Temos que resolver o problema de valor inicial:
288 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Solução.
cada um dos termos pode ser calculado usando as propriedades da transformada de La-
place:
Esta equação é uma equação algébrica que pode ser facilmente simplificada, condu-
zindo à função Y , depois de substituir os valores iniciais y(0) = 3, y ′ (0) = 4 segue
(s2 − 4s − 3)L[y] − 3s − 4 + 9 = 0
3s − 5
Y (s) = (4.38)
− 4s + 2 s2
A solução da EDO é a transformada inversa desta função. Usando a expansão em
frações parciais:
1 2
Y (s) = + (4.39)
s−2 s−1
Devido ao fato de ser L−1 linear, então
[ ] [ ]
−1 −1 1 −1 2
L [Y (s)] = L +L (4.40)
s−2 s−1
Exemplo 4.27.
Resolver o problema de valor inicial:
Christian José Quintana Pinedo 289
Solução.
lembre que
L[f ′′ (t)] = s2 L[f (t)] − sf (0) − f ′ (0)
L[f ′ (t)] = sL[f (t)] − f (0)
1
L[e2t ] =
s−2
substituindo em (4.42) sege que
[ ]
′ 1
(s L[f (t)] − sf (0) − f (0)) − 2(sL[f (t)] − f (0)) = 2
2
s−2
[ ]
1 1
(s − 2s)L[f (t)] − 1 = 2
2
⇒ L[f (t)] =
s−2 (s − 2)2
consultando a tabela de transformadas encontramos que f (t) = te2t é solução da equação
(4.41).
onde f (t) é uma função descontínua num número finito de pontos, deve-se escrever f (t)
em função da função de Heaviside
Exemplo 4.28.
Ao aplicar uπ (t) à função sent, trunca a função sent entre 0 e π ficando a função
g(t) = uπ (t)sent como mostra a Figura (4.5)
Exemplo 4.29.
Escrever a função descontínua
f1 (t) se 0 ≤ t < a
f (t) = f2 (t) se a ≤ t < b
f3 (t) se t ≥ b
f (t) = f1 (t) − ua (t)f1 (t) + ua (t)f2 (t) − ub (t)f2 (t) + ub (t)f3 (t)
Observe que para “zerar” f1 (t) a partir de t = a, subtraímos ua (t)f1 (t) e para “acres-
centar” f2 (t) a partir de t = a somamos ua (t)f2 (t). Para “zerar” f2 (t) a partir de t = b,
subtraímos ub (t)f2 (t) e para “acrescentar” f3 (t) a partir de t = b somamos ub (t)f3 (t). Esta
ideia pode ser repetida para o caso em que existam mais pontos de descontinuidade.
Exemplo 4.30.
Calcular a transformada de Laplace da função de Heaviside.
Solução.
∫∞ ∫a ∫∞ ∫∞
e−as
L[ua (t)](s) = e−st ua (t)dt = e−st ua (t)dt + e−st ua (t)dt = e−st dt =
s
0 0 a a
e−as
Assim, L[ua (t)](s) = ; s > 0.
s
Christian José Quintana Pinedo 291
Exemplo 4.31. {
1 se 0 ≤ t < 2
Calcular a transformada de Laplace da função f (t) = .
0 se t ≥ 2
Solução.
1 e−2s
L[f (t)](s) = L[1](s) + L[u2 (t)](s) = −
s s
∫∞ ∫∞ ∫∞
−st −s(r−a) −sa
L[ua (t)f (t−a)] = f (t−a)e dt = f (r)e dr = e f (r)e−sr dr = e−sa L[f (t)]
a 0 0
Propriedade 4.10.
Seja a uma constante positiva, se a transformada de Laplace da função f (t) é F (s)
para s > c, então a transformada de Laplace da função g(t) = ua (t)f (t − a) é
A função de Heaviside ua (t) = u(t − a) podemos usar para escrever a função f˜(t) em
(4.44) da forma f (t − a)u(t − a), isto é
{
0, se t < a
f (t − a)u(t − a) = (4.45)
f (t − a) se t > a
Propriedade 4.11.
Se L[f (t)] = F (s), então
Demonstração.
Da definição sabe-se que
∫+∞ ∫+∞
−as −as −sx
e F (s) = e e f (x)dx = e−s(x+a) f (x)dx
0 0
∫a ∫+∞ ∫+∞
−as −st −st
e F (s) = e 0(t)dx + e f (t − a)dt = e−st f (t − a)u(t − a)dt
0 a 0
Exemplo 4.32. {
t, se t < 1
Resolver o problema de valores iniciais: y ′′ + 3y ′ + 2y = ,
−t, se 1 ≤ t
y(0) = y ′ (0) = 0.
Solução.
1 −s 1 e−s e−s
L[t − 2tu(t − 1)] = − 2e L[t + 1] = − 2 − 2
s2 s2 s s2
Igualando as transformadas dos dois lados da equação diferencial, podemos obter sem
dificuldade Y :
1 − 2e−s e−s
Y = 2 −2
s (s + 1)(s + 2) s(s + 1)(s + 2)
Usando decomposição em frações parciais:
1 1 1 1
= − +
s(s + 1)(s + 2) 2s s + 1 2(s + 2)
1 1 3 1 1
= 2− + −
s2 (s + 1)(s + 2) 2s 4s s + 1 4(s + 2)
obtemos:
1 3 1 1 ( )
−s 1 1 1
Y = − + − + e − −
2s2 4s s + 1 4(s + 2) 2s s2 2(s + 2)
e a transformada inversa é:
t 3 1 (1 1 )
y(t) = − + e−t − e−2t + u(t − 1) − (t − 1) − e−2(t−1)
2 4 4 2 2
4.9 Convolução
A transformada de Laplace de um produto de duas funções não é igual ao produto
das transformadas de Laplace das duas funções. Outra propriedade importante da trans-
formada de Laplace esta relacionada com produto de transformadas, com frequência po-
demos ter duas transformadas L[f (t)] e L[g(t)] cujas inversas f (t) e g(t) se conheçam
não obstante queremos calcular a inversa do produto L[f (t)] · L[g(t)] a partir das inversas
conhecidas f (t) e g(t).
Existe uma operação entre funções que, quando transformada, dá o produto das trans-
formadas das duas funções. Essa operação entre funções é chamada “convolução”, e tem
papel importante no cálculo de transformadas inversas, como veremos.
também é uma função integrável. O produto de convolução entre duas funções f (t) e g(t)
define-se da seguinte forma
∫t
f (t) ∗ g(t) = f (r)g(t − r)dr (4.46)
0
Exemplo 4.33.
A convolução de f (t) = et e g(t) = sent é
∫t
et ∗ sent = et sen(t − r)dr (4.47)
0
1
= (−sent − cos t + et ) (4.48)
2
Demonstração.
A partir das definições da transformada de Laplace e do produto de convolução, ob-
temos
∫∞ ∫ t
L[f (t) ∗ g(t)] = f (r)g(t − r)e−st drdt (4.49)
0 0
A integral em r pode ser estendido até infinito, se multiplicarmos por uma função
degrau unitário que anule a parte desde t até infinito
∫∞ ∫∞
L[f (t) ∗ g(t)] = f (r)g(t − r)χ(t − r)e−st drdt (4.50)
0 0
Christian José Quintana Pinedo 295
∫∞ ∫∞
L[f (t) ∗ g(t)] = f (r)[ g(t − r)χ(t − r)e−st dt]dr (4.51)
0 0
que é igual ao produto das transformadas de Laplace das duas funções, como pretendíamos
demonstrar:
L[f (t) ∗ g(t)] = G(s)F (s) (4.54)
Exemplo 4.34.
1
Usando a convolução achar a inversa f (t) de F (s) = .
(s2 + 1)2
Solução.
1 1 1
Podemos escrever na forma F (s) = = 2 · 2
+ 1) 2 (s2
s +1 s +1
Sabemos que os fatores de F (s) têm por transformada inversa a função sent, assim
pelo teorema da convolução obtém-se
∫t
−1
f (t) = L [F (s)] = sent ∗ sent = senxsen(t − x)dx =
0
∫t ∫t
1 1 1 1
= − cos tdx + cos(2x − t)dx = − t cos t + sent
2 2 2 2
0 0
296 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 1
Portanto,f (t) = − t cos t + sent.
2 2
Exemplo 4.35.
Calcule L[e−t ∗ et cos t](s).
Solução.
1 s−1
= ·
s + 1 (s − 1)2 + 1
Exemplo 4.36.
∫t
Calcule L[ et sen(t − r)dr]
0
Solução.
∫t
L[ et sen(t − r)dr] = L[et ] × L[sent]
0
1 1 1 1 1 s 1
= × 2 = = [ − 2 − 2 ]
s−1 s +1 (s − 1)(s + 1)
2 2 s−1 s +1 s +1
∫t 1 1 s 1
Portanto, L[ et sen(t − r)dr] = [ − 2 − 2 ].
0 2 s−1 s +1 s +1
Observe, para a solução do seguinte exemplo usaremos resultados dos teoremas da
transformada de Laplace, e não precisamos usar outros métodos complicados como o das
frações parciais.
Exemplo 4.37.
s
Calcule L−1 [ 2 ](t).
(s + 9)2
Solução.
s 1 3 s
Tem-se L−1 [ 2 2
](t) = L−1 [ 2 · 2 ](t) =
(s + 9) 3 s +9 s +9
∫t
1 1 1
= (f ∗ g)(t) = (sen3t ∗ cos 3t) = sen3x · cos 3(t − x)dx
3 3 3
0
∫t
1
= sen3x(cos 3t cos 3x + sen3tsen3x)dx
3
0
Christian José Quintana Pinedo 297
∫t ∫t
1 1
= cos 3t sen3x cos 3xdx + sen3t sen2 3xdx
3 3
0 0
1 1 1
= cos 3tsen2 3t + tsen3t − sen3tsen6t
12 4 24
s 1 1 1
Portanto, L−1 [ 2 2
](t) = cos 3tsen2 3t + tsen3t − sen3tsen6t.
(s + 9) 12 4 24
Exemplo 4.38.
a
Calcule a transformada inversa da função F (s) =
s(s2 + a2 )
Solução.
1
Podemos escrever a função F como o produto entre duas funções G(s) = e
s
a
H(s) = 2 . as transformadas inversas de G e H obtém-se a partir de uma tabela de
s + a2
transformadas de Laplace g(t) = 1 e h(t) = sen(at).
E a transformada inversa de F (s) é igual ao produto de convolução de g(t) e h(t)
∫t
1 − cos(at)
f (t) = 1 ∗ sen(at) = sen(ar)dr = (4.55)
a
0
Exemplo 4.39.
∫∞
1 − cos(tx)
Calcule a integral I(t) = dx
x2
0
Solução.
∫∞ ∫∞ ∫∞
dt dx
= e−st [1 − cos(tx)]dt 2 = L[1 − cos(tx)] · =
x x2
0 0 0
∫∞ [ ] ∫∞
1 s dx dx 1 1 ∞ π
= − 2 = = arctan =
s s + x2 x2 s(s2 + x2 ) s2 s x=0 2s2
0 0
298 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
π π πt
Isto é, L[I(t)] = 2
, de onde I(t) = L−1 [ 2 ] = .
2s 2s 2
πt
Portanto, I(t) = .
2
Em cursos mais avançados, podemos estudar outras propriedades da convolução de
funções. Por exemplo, quando temos uma função f com uma propriedade fraca relaci-
onada com a suavidade e outra função g com propriedade forte relacionada com a sua-
vidade, então a convolução f ∗ g é uma outra função com propriedades melhores que as
propriedades de f e g.
Para a convolução de funções valem as seguintes propriedades:
1. Comutatividade: f ∗ g = g ∗ f .
2. Associatividade: f ∗ (g ∗ h) = (f ∗ g) ∗ h.
3. Distributividade: f ∗ (g + h) = f ∗ g + f ∗ h
4. Nulidade: f ∗ 0 = 0.
4.10 Aplicações
A convolução podemos aplicar para a solução de certos tipos de equações integrais, isto
é, equações onde a função incognita f (t) se apresenta mediante o operador de integração
(ou fora dele)
Exemplo 4.40.
∫t
Resolver a equação integral f (t) = t + f (x)sen(t − x)dx
o
Solução.
Podemos observar que mediante a convolução podemos escrever essa equação na forma
f (t) = t + (f ∗ sen)(t)
1 1
F (s) = + F (s) · ⇒
s2 s2 + 1
s2 + 1 1 1
F (s) = 4
= 2+ 4
s s s
Christian José Quintana Pinedo 299
1
f (t) = L−1 [F (s)] = t + t3
6
1
Portanto, f (t) = t + t3 .
6
Exemplo 4.41.
∫t
dy
Resolver a equação integro-diferenciável = 1− y(t − v)e−2v dv com condições
dt
0
iniciais y(0) = 1.
Solução.
dy
= 1 − y ∗ e−2t (4.56)
dt
1 Y (s)
sY (s) − 1 = − ⇒
s s+2
s+2 2 1
Y (s) = = −
s(s + 1) s s+1
A solução da equação, é a transformada inversa de Laplace.
Portanto, y(t) = 2 − e−t .
Exemplo 4.42.
Resolver o problema de valor inicial:
Solução.
6
[s2 Y (s) − s − 3] − 2[sY (s) − 1] − 3Y (s) =
s−1
de onde
6 1 3 1 3 7
Y (s) = + ⇒ Y (s) = − · + +
(s − 1)(s + 1)(s − 3) (s + 1)(s − 3) 2 s − 1 4(s + 1) 4(s − 3)
300 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.43.
Temos que resolver o sistema Figura 4.6:
Solução.
E0
(R1 + R2 )i1 (s) − R2 i2 (s) =
s
( )
−R2 R2
i2 (s) + + s i2 (s) = 0
L L
aonde i1 (s) = L(I1 (t))(s) , i2 (s) = L(I2 (t))(s).
Um pouco de álgebra elementar nos permite afirmar que
E0
L
i2 (s) = ( a ), onde a = (R1 + R2 )
R1 R2
s +s
a
1 A B a −a
Por frações parciais temos: + = . Logo, A = ,B= .
R1 s R1 R1 R1
s(s + ) s+
( a ) a
E0 a a − R1 t E0 R1
Daí temos que I2 (t) = − e a = (1 − e− a t ).
a R1 R1 R1
Christian José Quintana Pinedo 301
Exercícios 4-3
t-
T 2T 4T
-1
Figura 4.7:
∫t
2. Achar f (t) da seguinte igualdade f (t) = f (r)dr = 1.
0
2
3. Aplicar a Propriedade (??) para mostrar a fórmula de Duhamel
∫t
sL[f (t)]L[g(t)] = f (t)g(t) + f (x)g(t − x)dx
0
3. ty ′′ − y ′ = t2 ; y(0) = 0.
4. ty ′′ + y = 0; y(0) = 0.
∫t ∫t
1. f (t) + f (x)dx = 1 2. f (t) + (t − x)f (x)dx = t
0 0
∫t ∫t
3. f (t) + 4 senxf (t − x)dx = 2t 4. f (t) = tet + xf (t − x)dx
0 0
∫t ∫t
5. f (t) + f (x)dx = et 6. f (t) + f (x)dx = t
0 0
304 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1. f ∗ g = g ∗ f 2. f ∗ (g ∗ h) = (f ∗ g) ∗ h
3. f ∗ 0 = 0 4. f ∗ (g + h) = f ∗ g + f ∗ h
17. Seja y(t) a solução da equação de Bessel de ordem zero ty ′′ + y ′ + ty = 0, tal que
y(0) = 1 e y ′ (0) = 0. Mostre que
1
1. L[y(t)](s) = L[J0 (t)](s) = √
s2 + 1
∫+∞
2. J0 (y)dy = 1
0
∫π
1 ∫π 1 · 3 · 5 · 7 · · · (2n − 1)
3. J0 (y) = cos(y cos t)dt. Sugestão cos2n ydy = π.
π 0 2 · 4 · 6 · · · (2n)
0
c b−a
eat ∗ ebt sen(ct) = [eat − ebt cos(ct)] + 2 ebt sen(ct)
c2 + (b − a)2 c + (b − a)2
Christian José Quintana Pinedo 305
23. L[f ( at )](s) = aF (as), s>a 24. L[δ(t − a)](s) = e−as , s>a
Transformada de Fourier
307
308 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∂ 2u ∂ 2u
= , t > 0, 0<x<1
∂t2 ∂x2
∂u
sujeito a condições iniciais u(t, 0) = u(t, 1) = 0 para t ≥ 0, (0, x) = 0 para 0 < x < 1.
∂t
A solução deste problema é a superposição de duas ondas viajando em direções opostas
1
Otto Eduard Neugebauer (1899 − 1990) foi um matemático austríaco-americano e historiador da
ciência, é conhecido por sua pesquisa sobre a história da astronomia e outras ciências exatas. Ao estu-
dar tabuletas de argila, ele descobriu que os antigos babilônios sabiam muito mais sobre matemática e
astronomia do que se pensava anteriormente.
Christian José Quintana Pinedo 309
1 1
u(t, x) = f (x + t) + f (x − t)
2 2
na qual f é uma função ímpar de período 2 que se anula nos pontos x = 0, ±1, ±2, . . ..
Euler em 1748 propus que tal solução pode ser escrita na forma da série
∑
+∞
f (x) = fˆ(n)sen(nx)
n=1
e como consequência
∑
+∞
u(t, x) = fˆ(n) cos(nπt)sen(nπx)
n=1
para calcular os coeficientes apareceu pela primeira vez em um artigo escrito por Euler
em (1777).
A contribuição de Fourier começa em 1807 com seus estudos do problema do calor
∂u 1 ∂ 2u
= · 2
∂t 2 ∂x
∑
n
α+ [ak cos(kt) + bk sen(kt)] (5.1)
k=1
A série (5.1) pode ser finita ou infinita. Esta definição justifica-se pelo fato que,
2
Daniel Bernoulli (1700 − 1782) foi um matemático holandês, membro de uma família de talentosos
matemáticos, físicos e filósofos. É particularmente lembrado por sua aplicações da matemática à mecânica,
especialmente a mecânica de fluidos, e pelo seu trabalho pioneiro em probabilidade e estatística, foi o
primeiro a entender a pressão atmosférica em termos moleculares.
310 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
conhecendo a fórmula
t
e considerando A = kt, B = , ∀ k ∈ N então
2
t t t
sen(kt + ) − sen(kt − ) = 2sen( ) cos(kt)
2 2 2
3t t t
Se k = 1 ⇒ sen( ) − sen(t − ) = 2sen( ) cos(t).
2 2 2
5t 3t t
Se k = 2 ⇒ sen( ) − sen( ) = 2sen( ) cos(2t).
2 2 2
6t 5t t
Se k = 3 ⇒ sen( ) − sen( ) = 2sen( ) cos(3t).
2 2 2
.. ..
. .
(n − 1)t (2n − 3)t t
Se k = (n − 1) ⇒ sen( ) − sen( ) = 2sen( ) cos((n − 1)t).
2 2 2
1 1 t
Se k = n ⇒ sen[(n + )t] − sen[(n − )t] = 2sen( ) cos(nt).
2 2 2
Somando ambos os membros dessas igualdades
t ∑
n
1 t
sen[(n + )t] − sen( ) = 2sen( ) cos(kt)
2 2 2 k=1
t
Suponhamos sen( ) ̸= 0, logo t ̸= 2kπ, ∀ k ∈ Z.
2
1 ∑
n
sen[(n + 12 )t]
+ cos(kt) = (5.2)
2 k=1 2sen( 2t )
1
Estudemos o caso sen( t) = 0. Quando t se aproximar indefinidamente a 2kπ apli-
2
cando a regra de L’Hospital tem-se o limite
1 ∑ n
Portanto,
+ cos(kt) está bem definido para todo t ∈ R sendo que, quando t = 2kπ
2 k=1
1 ∑ n 1
podemos considerar + cos(kt) = n +
2 k=1 2
∑
n
De modo análogo podemos determinar uma série da forma α + sen(kt), conside-
k=1
Christian José Quintana Pinedo 311
1
rando cos(A + B) − cos(A − B) = −2senA · senB para o caso A = kt e B = t.
2
Sendo o operador de somatório um operador fechado, vale a expressão (5.1) para todo
t ∈ R.
A igualdade (5.2) é conhecida como o “Núcleo de Dirichlet” é definido para todo t ∈ R.
5.1.2 Motivação
Por exemplo, temos uma equação diferencial que descreve um fenômeno físico (pro-
blema do calor). Esta equação satisfaz as condições iniciais indicadas; sendo a função de
duas variáveis reais u(t, x) que resolve o problema de valor de fronteira.
∂u ∂ 2u
= 2 2, se 0 < x < 3, t>0
∂t ∂x
u(t, 0) = u(t, 3) = 0, (5.3)
u(0, x) = f (x), |u(t, x)| < M, para algum M ∈ R
g(t) = C1 e−2λ t .
2
tem como soluções: f (x) = A1 cos(λx) + B1 sen(λx),
A solução geral da equação diferencial (5.3) é dada por
assim A = 0, logo u(x, t) = Be−2λ t sen(λt). Por outro lado, como u(3, t) = 0 ⇒
2
mπ
modo que devemos ter sen(3λ) = 0, de onde λ = se, m = 0, ±1, ±2, · · ·
3
mπx
Assim, u(t, x) = Be−(2m π t)/9 sen(
2 2
)
3
Ao buscar satisfazer a condição u(x, 0) = f (x) teríamos que trabalhar com um número
finito de termos.
mπx
Por exemplo, se f (x) = 5 então teríamos 5 = Bsen( ). Para um B apropriado
3
temos uma quantidade finita de valores de m que satisfaz esta última igualdade.
312 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Para f (x) arbitrária isso será insuficiente, isto nos conduz a assumir que devemos
considerar um número infinito de termos adicionais, isto é
∑
∞
mπx
Bm e−(2m
2 π 2 t)/9
u(t, x) = sen( )
m=1
3
Exemplo 5.1.
x x
Calcular o período da função f (x) = cos + cos .
3 4
Solução.
Sabemos que a função cosseno tem domínio em todos os números reais e é de período
2π, isto é cos(θ + 2πk) = cos θ para todo k ∈ Z. Logo, podemos supor que
x+T x+T x x
cos + cos = cos + cos
3 4 3 4
1 1
de onde T = 2πm e T = 2πn, para algum m, n ∈ Z.
3 4
1
T 2πm 4 m
De onde 31 = ⇒ = , logo quando m = 4, tem-se que n = 3, assim
4
T 2πn 3 n
T = 24π.
Portanto, o período da função f (x) é 24π.
Exemplo 5.2.
Determinar se, a função f (t) = cos(10t) + cos[(10 + π)t] é função periódica.
Solução.
Observação 5.1.
Em geral, se a função f (t) = cos ω1 t + cos ω2 t é periódica, com período T , então é
possível achar dois inteiros m e n tais que
ω1 m
= ∈Q
ω2 n
Propriedade 5.1.
Sejam f1 e f2 funções periódicas de mesmo período T , α1 e α2 duas constantes reais
quaisquer. A função h definida por h(x) = α1 f1 (x) + α2 f2 (x) também é periódica de
período T .
Exemplo 5.3.
Como as funções senx e cos x possuem o mesmo período 2π, pela Propriedade (5.1)
temos :
2π
1. sen2x e cos 2x possuem período = π.
2
314 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
x x
2. sen e cos possuem período 2 × 2π = 4π.
2 2
2π
3. sen(2πx) e cos(2πx) possuem período = 1.
2π
2πx 2πx 2π
4. sen e cos possuem período T = T.
T T 2π
2nπx 2nπx 2π T
5. sen e cos possuem período T = . Como qualquer múltiplo in-
T T 2nπ n
teiro do período também é período, concluímos que ambas também possuem período
T . Logo pela Propriedade (5.1) observamos que a função
2nπx 2nπx
h(x) = β1 sen + β2 cos
T T
Propriedade 5.2.
Se f : R −→ R é função periódica de período T , então:
∫ /2
a+T ∫T /2
1. f (t)dt = f (t)dt onde a ∈ R.
a−T /2 −T /2
∫T +l ∫l
2. f (t)dt = f (t)dt.
T 0
• Dizemos que uma função f é par se, para todo t ∈ D(f ) temos −t ∈ D(f ) e
f (−t) = f (t).
• Dizemos que uma função f é par se, para todo t ∈ D(f ) temos −t ∈ D(f ) e
f (−t) = −f (t).
Exemplo 5.4.
Observação 5.2.
Christian José Quintana Pinedo 315
ii) Se f é uma função ímpar que contenha 0 (zero) no domínio, então f (0) = 0.
iii) A grande maioria das funções que ocorrem não são nem pares nem ímpares. Estamos
particularmente interessados nas funções pares e ímpares pois suas representações
em séries de Fourier aparecem na resolução de equações diferenciais parciais impor-
tantes da Física-Matemática e Engenharia.
Propriedade 5.3.
∫a ∫a
1. Se f é função par, temos f (x)dx = 2 f (x)dx, a ∈ R.
−a 0
∫a
2. Se f é função ímpar, temos f (x)dx = 0, a ∈ R.
−a
Segundo Fourier, ele descobriu, no início do século IXX, que qualquer função perió-
dica, por mais complicada que seja como por exemplo as funções seccionalmente contínuas,
pode ser representada como a soma de várias funções seno e cosseno com amplitudes, fases
e períodos escolhidos convenientemente
1. Existe um número finito de pontos em [a, b] tal que a = t0 < t1 < t2 < · · · < tn = b
onde f (t) é descontínua de primeira espécie em ti , isto é
Exemplo 5.5.
{
1, se 2na ≤ t < 3na
1. A função onda quadrada f (t) = é seccionalmente contí-
−1, se, na ≤ t < 2na
nua em todo R, n = 1, 2, 3, · · · a ∈ R a−fixo.
316 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 π
2. As funções g(t) = tan t e h(t) = sen não são seccionalmente contínuas em [0, ]
t 2
Para o caso da função g, não existe limπ g(t), pois limπ g(t) = ∞
t→ 2 t→ 2
1
Para o caso da função h, não existe lim sen .
t→0 t
Em geral tem-se que se uma função f (t) é contínua em [a, b], então ela é seccionalmente
contínua em [a, b].
2π
Para o caso ϕn (t) = sen(nω0 t) ou ϕn (t) = cos(nω0 t) onde ω0 = = 2πτn tem-se
T
1
τn =
T
Exemplo 5.6.
O conjunto das funções f (t) = t e g(t) = t2 são ortogonais no intervalo [−1, 1].
∫1
1 4 1
Pois t · t dt = t = 0
2
4 −1
−1
Exemplo 5.7.
O conjunto das funções 1, cos(ω0 t), cos(2ω0 t), · · · , cos(nω0 t), · · · , sen(ω0 t), sen(2ω0 t),
sen(3ω0 t), · · · , sen(nω0 t), · · · formam um conjunto de funções ortogonais no intervalo
aberto − T2 < t < T2 .
1
Com efeito, sabe-se que: sen(mω0 t) cos(nω0 t) = [sen((m+n)ω0 t)+sen((m−n)ω0 t)]
2
Christian José Quintana Pinedo 317
T T
∫2 ∫2
1
então sen(mω0 t) cos(nω0 t)dt = [sen((m + n)ω0 t) + sen((m − n)ω0 t)]dt =
2
− T2 − T2
T
∫2
1
[sen((m + n)ω0 t) + sen((m − n)ω0 t)]dt, se m ̸= n
2
−T
2
=
∫
T
2
1
sen(2mω0 t)dt, se m = n
2 T
−2
[ ] T
1 −1 −1 2
2 (m + n)ω cos((m + n)ω0 t) + (m − n)ω t cos((m − n)ω0 t) − T = 0 se m ̸= n
0 0
[ ] T
2
=
1 1 2
cos(2mω0 t) T = 0 se m = n
2 2mω0 t −2
T
∫2
Isto é, sen(mω0 t) cos(nω0 t)dt = 0 para qualquer valor de m e n.
− T2
De modo análogo mostra-se aplicando conceito de função par ou função ímpar que
T
∫2 0 se m ̸= n
cos(mω0 t) cos(nω0 t)dt =
T
se m = n ̸= 0
− T2 2
T
∫2 0 se m ̸= n
sen(mω0 t)sen(nω0 t)dt =
T
se m = n ̸= 0
− T2 2
2π
onde ω0 = .
T
Assim, as funções 1, cos(ω0 t), cos(2ω0 t), · · · , cos(nω0 t), · · · , sen(ω0 t), sen(2ω0 t),
sen(3ω0 t), · · · , sen(nω0 t), · · · formam um conjunto de funções ortogonais no intervalo
− T2 < t < T2 .
Se {ϕn (x)} é um conjunto ortogonal de funções no intervalo [a, b] tal que ∥ ϕn (x) ∥= 1
318 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 5.8.
Verificar que o conjunto {1, cos x, cos 2x, . . .} é ortogonal no intervalo [−π, π]. Mostre
que não é ortonormal.
∫π ∫π π
1
< ϕ0 (x), ϕn (x) >= ϕ0 (x) · ϕn (x)dx = cos(nx)dx = sen(nx) = 0
n −pi
−π −π
Para m ̸= n temos
∫π ∫π
< ϕm (x), ϕn (x) >= ϕm (x) · ϕn (x)dx = cos(mx) cos(nx)dx =
−π −π
∫π
1 1 sen(m + n)x sen(m − n)x π
= [cos(m + n)x cos(m − n)x]dx = [ − =0
2 2 m+n m−n −pi
−π
∫π
√
∥ ϕn (x) ∥ =2
cos2 (nx)dx = π ⇒ ∥ ϕn (x) ∥= π
−π
√
assim, para todo n ≥ 1, ∥ ϕn (x) ∥= π
Portanto não é um conjunto ortonormal em [−π, π].
∫b ∫ b [∑
∞
]
∑
∞ ∫b
f (t)ϕn (t)dt = Ck ϕk (t) ϕn (t) = Ck ϕk (t)ϕn (t)dt = Ck τk
a a k=1 k=1 a
Exemplo 5.9.
Sabe-se que {sen(nx)}n∈N é um conjunto ortogonal de funções em [0, π]. Expressar
f (t) = 1 como uma série de senos.
Solução.
Tem-se que
∫π
1 · sen(kt)dt
∫π [ ] π 0, se k par
2 2 cos(kt)
Ck = ∫π 0 = 1·sen(kt)dt = − =
π π k 0
4 , se k ímpar
0 kπ
sen(kt)sen(kt)dt
0
∑
∞
4 ∑ ∞
4
Portanto, f (t) = · sen(kt) = · sen[(2k + 1)t].
kπ (2k + 1)π
k=impar k=1
1 ∑∞
2π
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 = (5.4)
2 n=1
T
Toda forma periódica, isto é, para a qual f (t) = f (t + T ), pode ser expressa por uma
série de Fourier, desde que cumpra as condições de Dirichlet, condições estas que dizem
320 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
que a função f :
T T T
∫2 ∫2 ∑
∞ ∫2
1
f (t)dt = a0 dt + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)]dt ⇒
2 n=1 T
− T2 − T2 −2
T T T
∫2 ∑
∞ ∫2 ∫2
T
f (t)dt = a0 + [an cos(nω0 t)dt + bn sen(nω0 t)dt] (5.6)
2 n=1
− T2 − T2 − T2
∫T /2
Como a função sen(nω0 t) é ímpar, da Propriedade (5.3) segue que sen(nω0 t)dt = 0
−T /2
Por outro lado, como a função cos(nω0 t) é par, segue da Propriedade (5.3) que
∫T /2 ∫T /2 T /2
2 2π
cos(nω0 t)dt = 2 cos(nω0 t)dt = sen(nω0 t) = 0, ω0 =
nω 0 T
−T /2 0
Christian José Quintana Pinedo 321
T
∫2
2
Portanto, da equação (5.6) temos a0 = f (t)dt.
T
− T2
Com efeito, multipliquemos ambos os lados da igualdade (5.4) por cos(mω0 t) e inte-
gramos no intervalo [− T2 , T2 ], para obter
∫2 [ ]
T T
∫2 ∑∞
1
f (t) cos(mω0 t)dt = a0 cos(mω0 t) + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] cos(mω0 t) dt
2 n=1
− T2 − T2
T T T
∫2 ∞ ∫
∑
2 ∞ ∫
∑
2
1
= a0 cos(mω0 t)dt+ an cos(nω0 t) cos(mω0 t)dt+ bn sen(nω0 t) cos(mω0 t) =
2 n=1 T n=1 T
− T2 −2 −2
T
∫2
T
Aplicando as relações do Exemplo (5.7) segue que f (t) cos(mω0 t)dt = an .
2
− T2
T
∫2
2
Portanto, an = f (t) cos(nω0 t)dt.
T
− T2
Com efeito, multiplicando ambos os lados da igualdade (5.4) por sen(mω0 t) e integre-
322 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
mos no intervalo [− T2 , T
2
], obtém-se
∫2 [ ]
T T
∫2 ∑∞
1
f (t)sen(mω0 t)dt = a0 sen(mω0 t) + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] sen(mω0 t) dt
2 n=1
− T2 − T2
T T T
∫2 ∑
∞ ∫2 ∑
∞ ∫2
1
= a0 sen(mω0 t)dt+ an cos(nω0 t)sen(mω0 t)dt+ bn sen(nω0 t)sen(mω0 t) =
2 n=1 T n=1 T
− T2 −2 −2
T
∫2
T
Aplicando as relações do Exemplo (5.7) segue que f (t)sen(mω0 t) = bn
2
− T2
T
∫2
2
Portanto, bn = f (t)sen(nω0 t)dt.
T
− T2
Exemplo 5.10.
Determine a série de Fourier para a forma de onda mostrada na Figura (5.2)
10 ··· ···
-
0 2π 4π 6π
Figura 5.2:
Solução.
10
A forma de onda é contínua no intervalo 0 < ωt < 2π e dada por f (t) = ωt com
2π
descontinuidades em ωt = 2πn onde n = 0, 1, 2, . . .
As condições de Dirichlet são satisfeitas e os coeficientes de Fourier são calculados
1
segundo (5.5), (5.7) e (5.8) o valor médio da função por inspeção é 5 e portanto a0 = 5,
2
2π 2π
observe que ω = = = 1. Pela equação (5.7), temos
T 2π
∫2π [ ] [ ]
1 10 10 t 1 2π
an = t cos(nt)d(t) = sen(nt) + 2 cos(nt)
π 2π 2π n n 0
0
10
= [cos(2πn) − cos 0] = 0
2π
Christian José Quintana Pinedo 323
∫2π [ ] [ ]
1 10 10 t 1 2π 10
bn = t sen(nt)d(t) = − cos(nt) + 2 sen(nt) = −
π 2π 2π n n 0 πn
0
Empregando esses coeficientes dos termos senoidais e o termo médio, a série fica
10 ∑ sen(kt)
∞
10 10
f (t) = 5 − sen(t) − sen(2t) − · · · = 5 −
π 2π π k=1 k
Exemplo 5.11.
Determine a série de Fourier para a função f (t) definida por:
−1, se T
− <t<0
f (t) = 2
1, se 0<t<
T
2
Solução.
De (5.4) segue que
T T
∫2 ∫0 ∫2
2 2
an = f (t) cos(nω0 t)dt = [ (−1) · cos(nω0 t)dt + 1 · cos(nω0 t)dt]
T T
− T2 − T2 0
[0 T ]
−1 2 −1 2
an =sen(nω0 t) −T + sen(nω0 t)
nω0 T 2
nω0 0
[ ]
2π 2 −1 −1
como ω0 = , então an = [sen0 − sen(−nπ)] + [sen(nπ) − sen0] = 0 isto
T T nω0 nω0
̸ 0. Para o caso n = 0 temos da igualdade (5.5) que
para n =
T T
∫2 ∫0 ∫2
2 2 2
a0 = f (t)dt = (−1)dt + (1)dt = 0
T T T
− T2 − T2 0
T T
∫2 ∫0 ∫2
2 2
bn = f (t)sen(nω0 t)dt = [ (−1) · sen(nω0 t)dt + 1 · sen(nω0 t)dt]
T T
− T2 − T2 0
[ 0 T ]
2 1 −1 2
bn = cos(nω0 t) T + cos(nω0 t)
T nω0 −2 nω0 0
324 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
2π
como ω0 = , então
T
2 ( ) 2
bn = [cos 0 − cos(−nπ)] − [cos(nπ) − cos 0] = (1 − cos nπ)
nω0 T nπ
isto para n ̸= 0.
Sabe-se que cos(nπ) = (−1)n , logo
0, se n par
bn =
4 , se n impar
nπ
4∑
∞
1
f (t) = sen[(2m − 1)ω0 t]
π m=1 2m − 1
4( 1 1 )
f (t) = sen(ω0 t) + sen(3ω0 t) + sen(5ω0 t) + · · ·
π 3 5
1 1
cos(nω0 t) = (einω0 t + e−inω0 t ) sen(nω0 t) = − i(einω0 t − e−inω0 t )
2 2
1 ∑∞
1 1
f (t) = a0 + [ an (einω0 t + e−inω0 t ) − ibn (einω0 t − e−inω0 t )]
2 n=1
2 2
1 ∑∞
1 1
f (t) = a0 + [ (an − ibn )einω0 t + (an + ibn )e−inω0 t ] (5.9)
2 n=1
2 2
1 1 1
Considerando C0 = a0 , Cn = (an − ibn ), C−n = (an + ibn ) tem-se que
2 2 2
Christian José Quintana Pinedo 325
∑
∞ ∑
∞
f (t) = C0 + Cn einω0 t + C−n ei(−n)ω0 t
n=1 n=1
∑
∞ ∑
−∞
Considere-se m = −n, então C−n ei(−n)ω0 t = Cm eimω0 t logo podemos escrever
n=1 m=−1
∑
∞ ∑
−1 ∑
∞
inω0 t inω0 t
f (t) = C0 + Cn e + Cn e = Cn einω0 t
n=1 n=−∞ n=−∞
∑
∞
f (t) = Cn einω0 t (5.10)
n=−∞
Temos que
∫T /2 ∫T /2
1 1 2 1
Cn = (an − ibn ) = f (t)[cos(nω0 t) − isen(nω0 t)]dt = f (t)e−inω0 t dt
2 2 T T
−T /2 −T /2
de onde
∫T /2
1
Cn = f (t)e−inω0 t dt, ∀n∈Z (5.11)
T
−T /2
Tem-se que
∫2π [ ] [ −inωt ]
1 10 −inωt 10 e 2π 10i
Cn = ωte d(ωt) = 2 2
(−inωt − 1) =
2π 2π (2π) (in) 0 2πn
0
10 −2iωt 10 10 10
f (t) = · · · − i e − i e−iωt + 5 + i eiωt + i e2iωt + · · ·
4π 2π 2π 4π
10i 10i
an = Cn + C−n = + =0
2nπ −2nπ
Exemplo 5.13.
Seja f (t) = t, para t ∈ (−1, 1) e f (t + 2) = f (t). Os coeficientes complexos {Cn } da
∫1
1
série de Fourier de f (t) são dados por C0 = 0 e Cn = te−inπt dt.
2
−1
Com alguns cálculos integrando por partes obtemos:
[ ]
1 e−inπ einπ e−inπ einπ
Cn = − + + −
2 inπ inπ (inπ)2 (inπ)2
∑
∞
(−1)n+1
f (t) = [einπt − e−inπt ]
n=1
inπ
∑
∞
(−1)n+1
que pode ser escrita na forma f (t) = 2 sen(nπt).
n=1
nπ
1 ∑∞
f (t) = a0 + Cn cos(nω0 t − θn ) (5.12)
2 n=1
e
1 ∑∞
f (t) = a0 + Cn sen(nω0 t + ϕn ) (5.13)
2 n=1
√ bn an
onde Cn = a2n + b2n é a amplitude do harmônico θn = arctan e ϕn = arctan são
an bn
ângulos da fase do harmônico.
Justifiquemos a representação da série de Fourier (5.4) da forma (5.13).
Com efeito, seja o triângulo retângulo ABC, reto em C onde an e bn são os lados
b = θn , então
opostos aos ângulos A e B respectivamente, e denotamos A
bn an
cos θn = √ e senθn = √
a2n
+ b2n 2
an + b2n
√
De onde temos que Cn = a2n + b2n logo, podemos escrever
= Cn sen(θn + nω0 t)
1 bn
Considerando C0 = a0 e θn = arctan , temos em (5.13) que
2 an
∑
∞
f (t) = C0 + Cn sen(θn + nω0 t)
n=1
Propriedade 5.4.
i) A série de Fourier de uma função par inclue somente a função cosseno (e possívelmente
nπx
uma constante); isto é não contêm termos da forma sen .
ρ
ii) A série de Fourier de uma função ímpar inclue somente a função seno; isto é não
nπx
contêm termos da forma cos .
ρ
A demonstração desta propriedade é exercício para o leitor.
Propriedade 5.5.
Sejam f e f ′ seccionalmente contínuas no intervalo 0 ≤ x ≤ ρ. Então nesse intervalo
pode-se desenvolver f (x) em uma série de:
i) Cossenos somente
a0 ∑
∞
nπx
+ an cos
2 n=1
ρ
∑
∞
nπx
bn sen
n=1
ρ
∫ρ
2 nπx
an = f (x) cos dx, n = 0, 1, 2, 3 . . . (5.14)
ρ ρ
0
∫ρ
2 nπx
bn = f (x)sen dx, n = 0, 1, 2, 3 . . . (5.15)
ρ ρ
0
∫π 0 se n par
2 2
bn = sen(nx)dx = (1 − cos(nπ) = 4
π m se n ímpar
0 nπ
Christian José Quintana Pinedo 329
Portanto,
[ ]
4 senx sen3x sen5x
f (x) = 1 = + + + ... , 0<x<π
π 1 3 5
Consequência deste teorema é que os coeficientes (5.7) e (5.8) de uma função absolu-
tamente integrável no intervalo [ T2 , T2 ] tendem a zero quando n → ∞.
Isto é, se em seu gráfico as partes negativas são um reflexo das partes positivas pes-
plazadas meio periodo como indica a Figura (5.3)
As série de Fourier de comprimento médio são aquelas nas quais se apresentam termos
de seno e cosseno, respectivamente.
Quando se deseja ter uma série de senos e cossenos, a função a que corresponde está
pelo geral definida no intervalo (0, T2 ) (metade do intervalo (− T2 , T2 ) pelo qual recebe
o nome de série de médio intervalo) e, sendo além disso par ou ímpar, fica claramente
definida na outra metade do intervalo (− T2 , 0). Neste caso temos
∫T /2
1
an = 0, bn = f (t)sen(nω0 t)dx para uma série só de senos (5.16)
T
0
∫T /2
1
bn = 0, an = f (t) cos(nω0 t)dx para uma série só de cossenos (5.17)
T
0
2
∫ 2
2
∫ 2
Nenhuma an = T
f (t) cos(nω0 t)dt bn = T
f (t)sen(nω0 t)dt cossenos e senos
− T2 − T2
T
4
∫2
Par an = T
f (t) cos(nω0 t)dt bn = 0 só cossenos
0
T
4
∫2
Ímpar an = 0 bn = T
f (t)sen(nω0 t)dt só senos
0
Média an = 0 se n é par bn = 0 se n é par Senos e
T T
4
∫2 4
∫2
onda an = T f (t) cos(nω0 t)dt bn = T f (t)sen(nω0 t)dt cossenos
0 0
se n é ímpar se n é ímpar ímpares
Exemplo 5.15.
Christian José Quintana Pinedo 331
-
−6 −4 −2 0 2 4 6 8
∫T /2 ∫2
1 1 −4
bn = f (t)sen(nω0 t)dt = tsen(nω0 t)dt = cos(nπ)
T 2 nπ
0 0
∑
∞
−4 nπt ∑∞
1 nπt
Logo, f (t) = cos(nπ)sen( ); isto é f (t) = −4 sen[ ].
n=1
nπ 2 n=1
nπ 2
Exemplo 5.16.
Desenvolver em série de Fourier a função 2π-periódica f (t) = t2 , π < t < π.
∑∞
1
Utilizar o resultado para calcular a soma .
n=1
n2
Solução.
A função é par, logo é uma série de cossenos, assim b0 = 0
A série de fourier tem a forma
a0 ∑
∞
2
t = + (an cos(nt)
2 n=1
Tem-se
∫π
2 2 t3 π 2 2
a0 = t dt = · = π
2
π π 3 0 3
0
∫π
2
Por outro lado o termo geral an = t2 cos(nt)dt
π
0
Integrando por partes
[ ]
2 t2 sen(nt) 2t cos(nt) 2sen(nt) π 4
an = + − = (−1)n
n n n2 n3 0 n2
332 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
2 ∑∞ (−1)n
Assim temos que f (t) = t2 = π 2 + 4 cos(nt).
3 n=1 n2
A série pedida podemos obter-la fazendo t = π
2 ∑∞
(−1)n
π2 = π2 + 4 2
cos(nπ)
3 n=1
n
2 ( 1 1 1 )
π2 = π2 + 4 − − 2 − 2 − ...
3 1r 2 3
∑∞
1 1 2 π2 π2
Portanto, 2
= (π − ) = .
n=1
n 4 3 6
Christian José Quintana Pinedo 333
Exercícios 5-1
2πt
1. f (t) = 2sen(4t) 2. f (t) = sen(2t) + cos(3t − 2) 3. f (t) = sen( )
b−a
t
4. f (t) = −3 cos + 3 5. f (t) = tan(2t + 5) + cot(3t) 6. f (t) = 102 cos2 t
3
1
4. Mostre que a função y = t3 sen , para t ̸= 0 e y(0) = 0 no intervalo [−π, π],
t
é contínua junto com sua primeira derivada, porém não satisfaz as condições de
Dirichlet. É possível desenvolver em série de Fourier no intervalo [−π, π]?
π t
10. Desenvolver a função f (t) = − em série de senos no intervalo (0, π).
4 2
π t
11. Desenvolver a função f (t) = − em série de cossenos no intervalo (0, π).
4 2
12. Desenvolver a função f (t) = et em série de cossenos no intervalo (0, 1).
18. Utilizar a forma exponencial complexa do seno e cosseno, para escrever a função
f (x) = e−x , −π < x < π como uma série na forma complexa.
Definição 5.9.
∑
∞
A série fk (x) é convergente, quando a sequência {Sn } de suas somas parciais for
k=1
convergente. Neste caso, a soma da série é o limite da sequência {Sn }, isto é:
∑
∞
fn (t) = lim Sn = S S ∈ R, ∀t∈A (5.18)
n→∞
k=1
A propriedade a seguir fornece uma condição necessária, mas não suficiente para que
uma série de funções seja convergente.
Propriedade 5.7.
336 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
∞ ∑
∞
Sejam fn (t) e gn (t) duas séries de funções definidas ∀ t ∈ R.
n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(a) Se as séries fn (t) e gn (t) são convergentes, então [fn (t) + gn (t)] também
n=1 n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
converge, e vale a relação [fn (t) + gn (t)] = fn (t) + gn (t)
n=1 n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(b) Se fn (t) e convergente e gn (t) é divergente, a série [fn (t) + gn (t)] diverge.
n=1 n=1 n=1
Observação 5.3.
∑
∞ ∑
∞
Quando as séries fn (t) e gn (t) são ambas divergentes, a Propriedade (??) não
n=1 n=1
∑
∞
dá informação sobre a convergência da série [fn (t) + gn (t)].
n=1
Propriedade 5.8.
Toda série absolutamente convergente, é convergente.
∑
∞
ii) Se r > 1, a série fn (t) diverge.
n=1
Observação 5.4.
fn+1 (t)
1. Se o limite lim = 1 ou não existe, o critério D’Alembert’s não pode ser
n→∞ fn (t)
usado, e teríamos que recorrer a outros métodos.
4
Também conhecido como Critério da razão.
Christian José Quintana Pinedo 337
Definição 5.11.
Uma série cujos termos são alternadamente positivos e negativos, é denominada “série
alternada”
Propriedade 5.10.
∑
∞ ∑
∞
Se a série |fk (t)| converge ∀ t ∈ A, então a série alternada fk (t) também
k=1 k=1
converge ∀ t ∈ A.
∑
n
Sn (t) = fk (t) (5.20)
k=1
Por definição dizermos que a série infinita converge a f (t) em um intervalo, se dado
qualquer número ϵ > 0, existe para qualquer t um número positivo N para o intervalo,
tal que
|Sn (t) − f (t)| < ϵ sempre que n > N (5.21)
Exemplo 5.17.
−
→
A função f (t) = e−t cujo gráfico é simétrico ao eixo 0y tende a zero quando t → ±∞.
2
Propriedade 5.11.
Se cada termo de uma série infinita {fn (t)} é contínua no intervalo A = (a, b) e a
série é uniformemente convergente para f (t) nesse intervalo, então
∫b { ∑
∞ } ∞ ∫b
∑
fn (t) dt = fn (t)dt (5.22)
a n=1 n=1 a
Propriedade 5.12.
Se cada termo de uma série infinita {fn (t)} tem derivada e a série de derivadas é
uniformemente convergente, então a série pode ser diferenciada termo a termo. Logo
d ∑ ∑ d
∞ ∞
fn (t) = fn (t) (5.23)
dt n=1 n=1
dt
∑
∞
Isto é |fn (t)| converge sob estas condições.
n=1
Exemplo 5.18.
∑∞
sen(nt)
A série converge uniformemente no intervalo [−π, π].
n2
n=1
sen(nt) ∑
∞
De fato, ≤ 1 e sabe-se que 1
converge.
n2 n2 n2 n=1
∑
∞
sen(nt)
Portanto a série é uniformemente convergente.
n=1
n2
Em verdade, o Teorema de Weierstrass. M. diz que, se f e uma função continua real
periódica de período 2π, então f pode ser aproximada uniformemente por uma sequência
de polinômios trigonométricos da forma
a0 ∑
n
Sn (f (t)) = + [ak cos(kt) + bk sen(kt)] (5.24)
2 k=1
Exemplo 5.19.
A função f (t) = |t| ,é 2π-periódica, definida sobre [−π, π], possui desenvolvimento de
π 4( 1 1 )
Fourier dado por: f (t) = + cos t + cos(3t) + cos(5t) + · · ·
2 π 9 25
Esta função satisfaz às hipóteses dos Teoremas de Weierstrass. e de Fourier, assim
podemos garantir a igualdade de f com a sua série e garantir a convergência uniforme da
série. Temos então que: lim Sn (f (t)) = f (t)
n→∞
Figura 5.5: Função modular com a 1a Figura 5.6: Função modular com a 2a
aproximação aproximação
As somas parciais (reduzidas) desta série de Fourier, serão denotadas por S1 (f ), S2 (f ),
S3 (f ), S4 (f ), · · · e neste caso:
340 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
π π 4
S1 (f ) = (Figura (5.6)); S2 (f ) = − cos(t) (Figura (??))
2 2 π
[ ]
π 4 cos(3t)
S3 (f ) = − cos(t) + (Figura (5.7))
2 π 9
[ ]
π 4 cos(3t) cos(5t)
S4 (f ) = − cos(t) + + (Figura (5.8))
2 π 9 25
Figura 5.7: Função modular com a 3a Figura 5.8: Função modular com a 4a
aproximação aproximação
Exemplo 5.20.
Christian José Quintana Pinedo 341
sent se t ̸= 0
A função (sinc) f : R −→ R definida por f (t) = t é integrável
1 se t = 0
∫∞
sent
sobre a reta real, pois dt = π. Seu gráfico mostra-se na Figura (5.9).
t
−∞
Exemplo 5.21.
A função sinc do exemplo (5.20) não é absolutamente integrável sobre R, pois
∫∞
sent
t dt = +∞
−∞
a0 ∑
∞
+ [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.25)
2 n=
|a0 | ∑
∞
+ (|an | + |bn |) (5.26)
2 n=1
342 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
que a maiora, como se diz, a série (5.25). Seus valores superam respectivamente, os valores
absolutos dos termos na série (5.25) |an cos(nω0 t)| ≤ |an |, |bn sen(nω0 t)|| ≤ |bn |.
De aqui se deduz que se a série (5.26) converge, então a série (5.25) também converge
para todos os valores de t, esta convergência absoluta e uniformemente. Não obstante a
série (5.25) pode convergir sem que a série (5.26) seja convergente. Isto pelo fato que na
série (5.25) para cada valor de t, ao variar n mudam o sinal (oscilam) um número infinito
de vezes e ela pode resultar convergente devido à compensação do seus termos positivos
e negativos.
De modo que. se se estabelece a convergência de (5.25) então o fato de que seus termos
sejam funções contínuas de período T , se deduz que também soma soma
a0 ∑
∞
f (t) = + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.27)
2 n=1
é uma função contínua de período T e a série (5.27) pode ser derivada ou integrada termo
a termo.
A série (5.27) podemos derivar formalmente respeito de t
∑
∞
nω0 [−an sen(nω0 t) + bn cos(nω0 t)] (5.28)
n=1
Assim, se a série (5.29) converge, então a série (5.28) também converge ainda mais
converge uniformemente. Como a série (5.28) é a derivada da série (5.27) podemos escrever
∑
∞
f ′ (t) = nω0 [−an sen(nω0 t) + bn cos(nω0 t)]
n=
∑
∞
Em geral, se a série (nω0 )s [|an | + |bn |] < ∞ para certo s ∈ N, é legítimo derivar a
n=1
série (5.27) s vezes; na verdade não se exclui a legitimidade de derivar s + 1 vezes.
Exemplo 5.22.
Determine o número de vezes que pode ser derivado termo a termo a série
∑
∞
q n cos(nω0 t) para 0<q<1
n=1
Solução.
Christian José Quintana Pinedo 343
{ }
∑
∞ cos(nω0 t)
Derivando formalmente a série s vezes, temos ± (nω0 )s q n
n=1 sen(nω0 t)
∑
∞
A série majorante (nω0 )s q n , 0 < q < 1 converge para todo s ∈ N isto pode ser
n=1
obtido aplicando o critério de D’Alembert
1 ∑∞
2π
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 = (5.30)
2 n=1
T
onde {an } e {bn } são sucessões de números reais, denomina-se série trigonométrica.
Suas somas parciais são combinações lineares de funções que componhem o sistema
cos ω0 t, senω0 t, cos(2ω0 t), sen(2ω0 t), · · · , cos(nω0 t), sen(nω0 t), · · · (5.31)
∫T /2 ∫T /2
(i) cos(nω0 t) cos(mω0 t)dt = 0; sen(nω0 t)sen(mω0 t)dt = 0, se m ̸= n
−T /2 −T /2
∫T /2
(ii) cos(nω0 t)sen(mω0 t)dt = 0, m, n = 0, 1, 2, · · ·
−T /2
∫T /2 ∫T /2
T
(iii) cos2 (nω0 t) = sen2 (nω0 t) = , n = 0, 1, 2, · · ·
2
−T /2 −T /2
344 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
A série (5.30) é conhecida como “série trigonométrica de Fourier " que corresponde ao
desenvolvimento de f (t).
Supondo que o segundo membro da série (5.30) converge uniformemente em [ T2 , T2 ],
os “coeficientes de Fourier " são os números an e bn de (5.30) onde n = 1, 2, 3, · · · e
T T T
∫2 ∫2 ∫2
2 2 2
a0 = f (t)dt, an = f (t) cos(nω0 t)dt, bn = f (t)sen(nω0 t)dt
T T T
− T2 − T2 − T2
isto quer dizer que toda série trigonométrica uniformemente convergente é a série de
Fourier de sua soma.
Na equação (5.30) para o caso de f ser função par temos bn = 0, n = 1, 2, 3, · · · e
para o caso de f ser função ímpar temos an = 0, n = 0, 1, 2, 3, · · ·
Para definirmos os coeficientes de Fourier de uma função f em (5.30), as hipóteses
mínimas a fazer sobre ela são, periodicidade, integrabilidade e integrabilidade absoluta
no intervalo (− T2 , T2 ). Devemos lembrar que a série (5.30) é unicamente a série que
corresponde a f (t), ainda não sabemos se esta série converge ou não, somente supusemos
que a função dada podíamos representar mediante uma série de Fourier.
Logo vemos que, para a Série de Fourier da função f de período T tenha significado,
em todo caso devem ter significado as integrais que definem a0 , an e bn
Em nosso raciocínio as integrais que definem a0 , an e bn sempre terão significado,
porque falaremos de funções limitadas contínuas ou contínuas seccionalmente sobre um
período. Podemos perguntarnos
Quais são as condições que deve satisfazer a função f para que a série de
Fourier seja convergente para f (t)?
Propriedade 5.13.
Se uma função f de período t é contínua em todo o eixo real, e tem a derivada contínua
seccionalmente sobre o período, então sua série de Fourier converge uniformemente para
f (t).
Exemplo 5.23.
A função f (t) de período 2π, que é par e se define sobre o segmento [0, π] pela igualdade
f (t) = t, (0 ≤ t ≤ π)
y
6
π
@
@ @
@
@ @ x
@ @ -
−2π −π 0 π 2π
Figura 5.10:
∫π
2 π
Seus coeficientes de Fourier bn = 0 e os coeficientes an = t cos(nt) = .
π 2
0
−4
Agora bem, a0 = π, a2n = 0, a2n−1 = , n = 1, 2, 3, · · ·
π(2n − 1)3
Portanto, conforme a Propriedade (5.13) segue que
4 ∑ cos(2n − 1)t
∞
π
f (t) = − , t∈R
2 π n=1 (2n − 1)2
Exemplo 5.24.
Seja a função f (t) = sgn(x), definida no intervalo −π < x < π, determine sua série
∑ ∞
(−1)k
de Fourier e calcular a soma da série de Leibniz .
k=0
2k + 1
Solução.
∫π ∫π ∫π
2 2 2
bn = f (x)sen(ωnx)dx = f (x)sen(ωnx)dx = sen(ωnx)dx
2π π π
−π 0 0
4
2 sen(ωnx) π 2 se n = 2m − 1
bn = − = [1 − cos(nπ)] = π(2k − 1)
π ωn 0 π
0 se n = 2k
para k ∈ Z. Observe que ω = 1.
4 ∑∞ sen(2k − 1)x
Consequentemente, para −π < x < π, temos f (x) = sgn(x) = .
π k=1 2k − 1
π 4 ∑∞ (−1)2k−1
De onde para x = obtém-se 1 = .
2 π k=1 2k − 1
∑∞ (−1)2k−1 π
Portanto, =
k=1 2k − 1 4
346 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1. Existe um número finito de pontos em [a, b] tal que a = t0 < t1 < t2 < · · · < tn = b
onde f (t) é descontínua de primeira espécie, isto é
Exemplo 5.25.
{
1, se 2na ≤ t < 3na
1. A função onda quadrada f (t) = é seccionalmente contí-
−1, se, na ≤ t < 2na
nua em todo R.
1 π
2. As funções g(t) = tan t e h(t) = sen não são seccionalmente contínuas em [0, ]
t 2
Em geral tem-se que se uma função f (t) é contínua em [a, b], então ela é seccionalmente
contínua em [a, b].
O problema de convergência foi examinado por Dirichlet, quem desenvolveu condições
de convergência das séries das séries de Fourier.
Se enunciaram aqui as condições, conhecidas como “condições de Dirichlet” sob as
quais é possível a representação em série de Fourier de uma função f (t).
i) f é seccionalmente contínua; e
Exemplo 5.26.
1 ∑∞
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.32)
2 n=1
que satisfaz
1. A função f (t) seja definida e tem um único valor, exceto possivelmente em um número
finito de pontos em (− T2 , T2 )
Isto quer dizer que uma função f de período T satisfaz a condição de Dirichlet sobre
o segmento [− T2 , T2 ] se podemos indicar um número finito de pontos − T2 = t0 < t1 < t2 <
· · · < tk−1 < tk = T2 tais que sobre os intervalos (tj , tj+1 ) a função seja limitada e seja
monótona (não decresce ou não cresce) em cada ponto tj da descontinuidade de f .
1 ∑∞
2π
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 =
2 n=1
T
De acordo com este resultado, podemos escrever (5.31) em qualquer ponto de conti-
nuidade de t. Não obstante, se ti é ponto de descontinuidade, então o lado esquerdo da
1
equação substituímos por f (ti ) = [f (t− +
i ) + f (ti )].
2
As condições (1.), (2.) e (3.) são suficientes porém não necessárias, isto é se as
condições estão garantidas, então a convergência também está garantida.
Exemplo 5.27.
A função f (t) de período 2π, se se define pela igualdade
{
π − t se 0 < t < 2π
f (t) =
0 se x = 0
348 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
y
6
π ·. ·.
@ @ ..@@ ..
@ @
@ @ .. @ .. x
. . -
−2π
@
−π 0
@π 2π
@ 4π
@ @ .. @ ..
@ @ .. @ ..
@ @.. @..
Figura 5.11:
∫π
2 2
bn = (π − t)sen(nt)dt = n = 1, 2, 3, · · ·
π n
0
∑∞ sen(xt)
Portanto, f (t) = 2 (−∞ < t < ∞)
n=1 n
Seja F uma extensão de f a todo o R tal que F é periódica de período T , isto é, a função
F coincide com a função f no intervalo (− T2 , T2 ) e o seu gráfico é repetido cada T unidades
−→
ao longo do eixo 0X. A função F é dita uma extensão periódica de f , com período T .
Assim, dizer que a série de Fourier converge para f (t) no intervalo − T2 < t < T2 ) significa
também que a série de Fourier converge para uma extensão periódica de f , com período
T . Do teorema anterior obtemos então de imediato que:
Exemplo 5.28.
Estude a convergência da série de Fourier da função f (t) no intervalo [−3, 3]
Christian José Quintana Pinedo 349
1, se, − 3 ≤ t < −1
|t|, se, −1≤t≤0
f (t) = (5.33)
t2 , se, 0<t≤2
t + 6, se, 2<t≤3
Propriedade 5.15.
1 ∑∞ sen[(n + 12 )t]
Para todo t ∈ R, t ̸= 0 temos + cos(kt) =
2 k=1 2sen( 12 t)
Propriedade 5.16.
Seja Sn (t) a soma dos 2n + 1 primeiros termos da série (??), então
∫T /2
2 sen[(n + 12 )s]
Sn (t) = f (x)Dn [ω0 (x − t)]dx onde Dn (s) =
T 2sen( 21 s)
−T /2
Demonstração.
1 ∑n 2π
Tem-se que Sn (t) = a0 + [ak cos(kω0 t) + bk sen(kω0 t)] onde ω0 = , logo
2 k=1 T
substituindo os respectivos coeficientes ak e bk temos
T
∫2
2
ak cos(nω0 t) + bk sen(kω0 t) = f (x)[cos(kω0 x) cos(kω0 t) + sen(kω0 x)sen(kω0 t)]dx
T
− T2
350 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
T
∫2
2
= f (x) cos[kω0 (x − t)]dx
T
− T2
∑n ∫2
1 2
Logo, Sn (t) = a0 + f (x) cos[kω0 (x − t)]dx, da definição do coeficiente a0 ,
2 k=1
T
− T2
segue da Propriedade (5.15)
T
∫2 ∫T /2
1 ∑
n
2 2
Sn (t) = f (x)[ + cos[kω0 (x − t)]dx = f (x)Dn [ω0 (x − t)]dx
T 2 k=1 T
− T2 −T /2
Propriedade 5.17.
Seja f (t) uma função periódica com período T , absolutamente integrável em um pe-
2 T∫/2
ríodo. Então f (t) = f (t)Dn (ω0 s)ds.
T −T /2
Demonstração.
Pela Propriedade (5.16) temos :
∫T /2 ∫T /2 ∫T /2
1 ∑
∞
2 2 sen[(n + 21 )ω0 s] 2
Dn (ω0 s)ds = 1 = [ + cos(kω0 s)]ds = 1
T T 2sen( 2 ω0 s) T 2 k=1
−T /2 −T /2 −T /2
∫T /2 T /2
1 2π
Pois cos(kω0 s) = sen(kω0 s) = 0 isto pela definição de ω0 = .
s −T /2 T
−T /2
∫T /2 ∫T /2
1 ∑
∞
2 2
Como [ + cos(kω0 s)]ds = 1 ⇒ f (t) = f (t)Dn (ω0 s)ds
T 2 k=1 T
−T /2 −T /2
Propriedade 5.18.
Seja f (t) uma função periódica com período T , integrável absolutamente em um pe-
ríodo. Então, em todo ponto de continuidade de f temos lim Sn (t) = f (t)
n→∞
Demonstração.
Pelas Propriedades (5.16) e (5.17) temos
∫T /2 ∫T /2
2 2
Sn (t) − f (t) = f (x)Dn [ω0 (x − t)]dx − f (t)Dn (ω0 s)ds
T T
−T /2 −T /2
Christian José Quintana Pinedo 351
Fazendo x − t = s,
∫ /2
−t+T ∫T /2
2 2
Sn (t) − f (t) = f (t + s)Dn (ω0 s)ds − f (t)Dn (ω0 s)ds
T T
−t−T /2 −T /2
∫T /2 [( ]
2 1)
lim Sn (t) − f (t) = lim g(s)sen n+ ω0 s]ds = 0
n→∞ n→∞ T 2
−T /2
Propriedade 5.19.
∑
+∞
Se f é uma função diferenciável 2L-periódica e f (t) = Cn e(inπt)/L .
n=−∞
∑
+∞
inπ (inπt)/L
Então f ′ (t) = Cn e .
n=−∞
L
Propriedade 5.20.
Pode-se integrar a série de Fourier que corresponde a f (t) termo a termo de a a t, e a
∫t
série resultante convergira uniformemente a f (s)ds, desde que f (t) seja contínua por
a
intervalos em (− T2 , T
2
) e tanto a quanto t pertençam a este intervalo.
∑
∞ ∑
∞
f (t, s) = Bmn sen(mω0 t)sen(nω0 s) (5.34)
m=1 n=1
∫1 /2 T∫2 /2
T
4
de onde Bmn = f (t, s)sen(mω0 t)sen(nω0 s)dtds.
T1 T2
0 0
Podem se obter resultados semelhantes para séries de cosseno ou para séries formadas
por senos e cossenos.
Podemos generalizar estas ideias para séries triplas de Fourier, etc.
5.7 Aplicações
Seja f uma função periódica de período 2π. Estudaremos agora as soluções periódicas
da EDO linear de segunda ordem:
y ′′ + ay ′ + by = f (x) (5.35)
∑
∞
Consideraremos a série de Fourier de f , dada por f (x) = fn einx e a série de Fourier
−∞
∑
∞
inx
da função incógnita y = y(x), dada por y(x) = yn e onde yn são os coeficientes
−∞
complexos de Fourier de y = y(x).
Ao substituir estas representações na EDO dada (5.35), obteremos dois somatórios
cujos coeficientes de Fourier coincidem para todo n ∈ Z
[ ]
inπ 2 inπ
( ) +a + b y n = fn
L L
Christian José Quintana Pinedo 353
fn
de onde segue que para todo n ∈ Z yn = .
inπ 2 inπ
( ) +a +b
L L
Assim, se conhecermos os coeficientes fn , nos teremos a solução da equação diferencial
dada por:
∑
∞
fn inx
y(x) = inπ inπ e
−∞ ( 2
) +a +b
L L
Exemplo 5.29.
Uma placa quadrada de lados de comprimento a unidade tem suas faces isoladas e três
do seus lados se mantém a uma temperatura de 0o C, entanto o quarto lado esta a uma
temperatura constante de f1 .
Determinar a temperatura em condições estáveis para qualquer ponto da placa.
Solução.
Para resolver este problema de valor limite consideremos a solução geral de (5.36) na
forma u = g(x)h(y) de onde obtemos
∑
∞
u(x, y) = Bm sen(mπx)senh(mπy) (5.37)
m=1
∑
∞
Então de u(x, 1) = u1 devemos obter u1 = (Bm senh(mπ)sen(mπx). Então
m=1
usando a teoria de series de Fourier
∫1
2u1 (1 − cos(mπ))
Bm senh(mπ) = 2 u1 sen(mπx) =
mπ
0
do qual
2u1 [1 − cos(mπ)]
Bm = (5.38)
mπsenh(mπ)
de (5.37) e (5.38) obtemos
Através da séries de Fourier podemos obter somas de séries numéricas reais onde é
difícil (ou até impossível) estabelecer a regra para definir a n-ésima soma parcial.
Christian José Quintana Pinedo 355
Exercícios 5-2
{
0 se − π < x < − π2
1. Calcular a série de Fourier da Função f (x) = π
1 se 2
<x<π
{
1 se 4 < x ≤ 5
2. Seja f : [4, 6] −→ R definida por f (x) = . Determine a série
2 se 5 < x ≤ 6
de Fourier de f (x).
5. Achar a série de Fourier da função f (x) = cos2 x no intervalo [−π, π]. [3]pp483.
6. Seja f (t) = cos(αt), −π < t < π, onde α é uma constante não inteira. Verificar
que, a partir de sua série de Fourier podemos obter
( )
π 1 1 1 1
= 2α − 2 + 2 − 2 + ···
senαπ 2α 2 α −1 α −2 2 α − 32
π
7. Seja f (t) = cos atsen(aπ), onde a não é número inteiro.[3]pp483
2a
1. Obtenha a série de Fourier de f no intervalo [−π, π].
π
2. Demonstrar que a série converge em x = π para cot(πa).
2a
3. Utilizar o resultado anterior, para obter o valor da soma da série
1 1 1
+ 2 + 2 + ...
12 −a2 2 −a 2 3 − a2
1 1 1 π4
+ + + . . . =
14 24 34 90
11. Usando o desenvolvimento em série de Fourier para a função de período 2 dada por
f (t) = |t| onde −1 ≤ t ≤ 1 e f (t + 2π) = f (t) para todo t ∈ R, justificar a igualdade
∑∞
1 π2
= .
n=1
(2n − 1)2 8
Qualquer função f (x) pode, segundo Fourier, ser escrita na forma da soma de uma
série de funções seno e cosseno. Quando estudamos séries de Fourier, aplicamos estas ao
desenvolvimento de uma função f (t) de período T . Naturalmente se apresenta a seguinte
pergunta. Que acontece quando T → ∞?
Neste caso achamos que a série de Fourier se transforma em uma integral de Fourier.
Discutiremos as integrais de Fourier e suas aplicações.
∫∞
2. |f (t)|dt converge, isto é f (t) é absolutamente integrável em (−∞, ∞).
−∞
∫∞
f (t) = [A(ω) cos(ωt) + B(ω)sen(ωt)]dω (5.39)
0
onde
∫∞
1
A(ω) = f (t) cos(ωt)dt
π
−∞
(5.40)
∫∞
1
B(ω) = f (t)sen(ωt)dt
π
−∞
∫∞ ∫∞
1
f (t) = f (u) cos[ω(t − u)]dudω (5.41)
π
ω=0 u=−∞
∫∞ ∫∞
1
f (t) = f (u)eiω(t−u) dudω
2π
−∞ −∞
∫∞ ∫∞
1
f (t) = e iωt
dω f (u)e−iωu du (5.42)
2π
−∞ −∞
onde como sabemos que, se f (t) não é contínua em t na parte esquerda devemos substituir
f (t+ ) + f (t− )
f (t) por .
2
Estes resultados podem ser simplificados, bem se f (t) é função par ou função ímpar
Christian José Quintana Pinedo 359
∫∞ ∫∞
2
f (t) = sen(ωt)dt f (u)sen(ωu)du se f (t) é ímpar (5.43)
π
0 0
∫∞ ∫∞
2
f (t) = cos(ωt)dt f (u) cos(ωu)du se f (t) é par (5.44)
π
0 0
Sabemos que a série de Fourier de uma função periódica f de período T é dada por
1 ∑∞
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.45)
2 n=1
∑
∞
f (t) = cn einω0 t (5.46)
n=−∞
T
∑
∞ ∫2
1
Substituindo (5.47) em (5.46) resulta f (t) = f (u)e−inω0 u du enω0 t onde
−∞
T
− T2
2π 1 ω0
estamos usando a variável u para evitar confusão, e como ω0 = implica que = ,
T T 2π
assim, a equação (5.45) podemos expressar na forma
T
∑
∞ ∫2
1
f (t) = f (u)e−inω0 u du ω0 enω0 t
−∞
2π
− T2
2π
Agora, quando T → ∞, como ω0 = então ω0 → 0. Seja △ω = ω0 , o somatório
T
360 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
converte-se em uma integral sobre ω, isto é, a função não periódica f (t) se converte em
∫∞
1
f (t) = F (ω)eiωt dω (5.48)
2π
−∞
onde
∫∞
F (ω) = f (t)e−iωt dt (5.49)
−∞
∫∞
|f (t)|dt < ∞ (5.50)
−∞
As funções tais como senωt, cos ωt o escalão unitário u(t), etc. não satisfazem a
condição anterior. Nosso objetivo é encontrar as transformadas de Fourier destas funções
e assim mesmo, definir as transformadas de Fourier das funções “generalizadas”, tais como
a função impulso δ(t) e suas derivadas.
Embora a imagem seja real a transformada de Fourier é uma função complexa, com
coeficientes reais e imaginários: F (ω) = Re[F (ω)] + iIm[F (ω)].
O espectro de potências é definido como: P (ω) = Re[F (ω)]2 + iIm[F (ω)]2 e o ângulo
Christian José Quintana Pinedo 361
Definição 5.17.
A função F (ω) que está em correspondência com a função f (t) pela fórmula
∫∞
F (ω) = f (t)e−iωt dt (5.53)
−∞
Nesta definição f (t) é no caso geral uma função de valores complexos de argumento
real. Observe que F (ω) pode adquirir valores essencialmente complexos incluso quando
f assume valores reais.
A transformada de Fourier está definida em particular para todas as funções absolu-
tamente integráveis.
Por exemplo, utilizando para a transformada de Fourier da função f a notação F (ω),
podemos escrever a Fórmula (5.52)
∫∞
1
f (t) = F (ω)e−iωt dω
2π
−∞
Definição 5.18.
A função que está em correspondência com a função f (t) mediante a fórmula
∫∞
1
f (t)eiωt dt (5.54)
2π
−∞
Propriedade 5.21.
Se f é uma função contínua e absolutamente integrável em todo o eixo real e tem em
cada ponto derivadas unilaterais finitas, então
Exemplo 5.30.
Calcular a transformada de Fourier de um pulso retangular, definido por:
{
1, se |t| < T
f (t) =
0, se |t| ≥ T
Solução.
∫+∞ ∫T
F[f (t)] = f (t)e−iωt dω = e−iωt dω = F (ω)
−∞ −T
e−iωt T 1
= = − (e−iωT − eiωT ) se ω ̸= 0
−iω −T iω
sen(ωT ) sen(ωT )
= 2T · ⇒ F[f (t)] = 2 · = F (ω)
Tω ω
Para o caso ω = 0 temos F (ω) = 2T .
Demonstração.
Christian José Quintana Pinedo 363
∫∞
F[a1 f1 (t) + a2 f2 (t)] = [a1 f1 (t) + a2 f2 (t)]e−iωt dt
−∞
∫∞ ∫∞
= a1 f1 (t)e−iωt dt + a2 f2 (t)]e−iωt dt
−∞ −∞
Propriedade 5.23.
1 (ω )
Se a ̸= 0 é uma constante real e F (ω) = F[f (t)] , então F[f (at)] = F .
|a| a
Demonstração.
∫∞
Para a > 0, F[f (at)] = f (at)e−iωt dt.
−∞
∫∞
1
Seja at = x, então F[f (x)] = f (x)e−iωx/a dx.
a
−∞
Como a integral é independente da variável de integração, temos
∫∞
1 1 (ω )
F[f (x)] = f (at)e−iωt dt = F
a |a| a
−∞
∫−∞
Por outro lado, para a < 0 sabe-se que F[f (at)] = f (at)e−iωt dt.
∞
Considerando at = x então
∫−∞
1
F[f (x)] = f (x)e−iωx/a dx
a
∞
∫∞
1 1 (ω )
F[f (x)] = − f (x)e−iωx/a dx = F
a |a| a
−∞
1 (ω )
Portanto, F[f (at)] = F
|a| a
Propriedade 5.24.
Se F (ω) = F[f (t)] , então F[f (−t)] = F (−ω).
Demonstração.
364 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
1 (ω )
Pela propriedade anterior temos que F[f (at)] = F
|a| a
Considerado a = −1 temos F[f (−t)] = F (−ω)
Propriedade 5.25.
Se F (ω) = F[f (t)], então F[f (t − t0 )] = e−iωt0 F (ω).
Demonstração.
∫∞
A transformação de Fourier requerida é F[f (t − t0 )] = f (t − t0 )e−iωt dt
−∞
∫∞
Considerando t − to = x seque que F[f (t − t0 )] = f (x)e−iω(x+t0 ) dx.
−∞
∫∞
F[f (t − t0 )] = e−iωt0 f (x)e−iωx dx
−∞
Propriedade 5.26.
Se ω0 é uma constante real e F (ω) = F[f (t)], então
Demonstração.
A transformada de Fourier requerida é
∫∞ ∫∞
−iωt
F[f (t)e iω0 t
]= iω0 t
[f (t)e ]e dt = f (t)e−i(ω−ω0 )t dt = F (ω − ω0 )
−∞ −∞
∫∞
f (t)e−iωt dt (5.57)
−∞
Nesta definição f (t) é, no caso geral, uma função de valores complexos de argumento
real. Notemos que a função F (ω) pode adquirir valores essencialmente complexos incluso
quando a função assume somente valores reais.
A transformada de Fourier está definida em particular, para todas as funções absolu-
tamente integráveis. Por exemplo, utilizando a transformação de Fourier da função f a
designação F[f (t)], podemos escrever da Fórmula (5.48) na forma
∫∞
1
f (t) = F[f (t)]eiωt dω
2π
−∞
Demonstração.
A primeira fórmula de imersão, isto é a fórmula F−1 [F[f (t)]] = f (t) é simplesmente
outra notação da fórmula já demonstrada (5.49).
Por outro lado, por quanto o cosseno é função par, podemos na outra forma da integral
de Fourier (5.41) que diz
∫∞ ∫∞
1
f (t) = eiωt dω f (u)e−iωu du
2π
−∞ −∞
onde a integral exterior se considera no sentido do valor principal. Esta fórmula pode ser
escrita na forma F[F−1 [f (t)]] = f (t).
F−1 [a1 F1 (ω) + a2 F2 (ω)] = a1 F−1 [F1 (ω)] + a2 F−1 [F2 (ω)] (5.58)
Propriedade 5.28.
Se F (ω) = F[f (t)], então F[F (t)] = 2πf (−t)).
Demonstração.
Aplicando a transformada inversa de Fourier, sabemos que
∫∞
2πf (t) = F (ω)eiωt dω
−∞
∫∞
Substituindo t por −t temos 2πf (−t) = F (ω)e−iωt dω.
−∞
∫−∞
Mudando na integral t por ω obtemos 2πf (ω) = F (t)e−iωt dt = F[F (t)].
∞
Propriedade 5.29.
Se n ∈ N, supondo f (n) contínua, se lim f (n) (t) = lim f (n) (t) = 0, então
t→∞ t→−∞
Exemplo 5.31.
{
1, se |t| < T
Pelo Exemplo (5.30) sabemos que se f (t) = e
0, se |t| ≥ T
sen(ωT )
F[f (t)] = 2 = F (ω)
ω
∫∞ ∫∞
−1 1 −iωt 1 sen(ωT ) −iωt
f (t) = F [F (ω)] = F (ω)e dω = 2· e dω
π π ω
−∞ −∞
Christian José Quintana Pinedo 367
M
e existe uma constante M > 0 tal que |F[f (t)]| ≤
|ω n |
A demonstração é exercício para o leitor.
5.13 Convolução
Sejam f1 (t) e f2 (t) duas funções dadas. A convolução de f1 (t) e f2 (t) esta definida
pela função
∫∞
f (t) = f1 (x)f2 (t − x)dx (5.61)
−∞
Demonstração.
∫∞
f1 (t) ∗ f2 (t) = f1 (y)f2 (t − y)dy
−∞
∫∞
Trocando a variável por t − x = y, temos f1 (t) ∗ f2 (t) = f1 (t − y)f2 (y)dy
−∞
∫∞
= f2 (y)f1 (t − y)dy = f2 (t) ∗ f1 (t)
−∞
Propriedade 5.33.
Demonstrar que a convulsão cumpre a propriedade associativa; isto é:
Demonstração.
então (5.62) se pode expressar como g(t) ∗ f3 (t) = f1 (t) ∗ h(t) posto que
∫∞
g(t) = f1 (y)f2 (t − y)dy
−∞
∫∞ ∫∞ ∫∞
temos g(t) ∗ f3 (t) = g(x)f3 (t − x)dx = [ f1 (y)f2 (x − y)dy]f3 (t − x)dx.
−∞ −∞ −∞
Substituindo z = x − y e inter-cambiando em ordem de integração, se obtém
∫∞ ∫∞
g(t) ∗ f3 (t) = f1 (y)[ f2 (z)f3 (t − y − z)dz]dy. (5.63)
−∞ −∞
Christian José Quintana Pinedo 369
E dado que
∫∞
h(t) = f2 (z)f3 (t − z)dz
−∞
∫∞
obtém-se h(t − y) = f2 (z)f3 (t − y − z)dz.
−∞
Consequentemente, a integral se identifica dentro do parênteses angular no segundo
membro de (5.63) como h(t − y).
∫∞
Onde, g(t) ∗ f3 (t) = f1 (y)h(t − y)dy = f1 (t) ∗ h(t); isto é
−∞
∫∞
Lembre que a convolução das funções f (t) e g(t) foi definida como f ∗g = f (t)g(x−
−∞
t)dt, a partir das Propriedades da convolução ((5.32) e (5.33)) mostra-se que se temos as
funções f, g e h então
1. F[f (t) ∗ g(t)] = F[f (t)] · F[g(t)] = F[g(t)] · F[f (t)] = F[g(t) ∗ t(t)]
2. F[f (t) ∗ [g(t) + h(t)]] = F[f (t)] · F[g(t) + h(t)] = F[f (t)] · F[g(t)] + F[f (t)] · F[h(t)]
3. F[f (t) ∗ {g(t) ∗ h(t)}] = F[f (t)] · F[g(t) ∗ h(t)] = F[f (t)] · {F[f (t)] · F[h(t)]} = F[{f (t) ∗
g(t)} ∗ h(t)]
Exemplo 5.32.
3
Suponha em R os conjuntos A = (0 , ] e Ω = (0, 1). Tem-se que A é fechado em Ω;
4
é suficiente considerar D = [0, 1] ⊂ R.
Definição 5.21.
Seja Ω um conjunto aberto em Rn , e f : Ω −→ R uma função contínua. Denomina-se
suporte de f ao fecho em Ω, do conjunto {x ∈ Ω/. f (x) ̸= 0} e representa-se por ssp(f ).
Exemplo 5.33.
Seja f : R2 −→ R definida por:
{
exp(−1/(1 − (x2 + y 2 )), se; x2 + y 2 < 1
f (x, y) =
0, se; x2 + y 2 ≥ 1
Denotemos por C0∞ (Ω) o espaço vetorial de todas as funções numéricas infinitamente
deriváveis, definidas em Ω com suporte compacto em Ω.
Sejam f e g funções de suporte compacto, sabe-se que a convolução f ∗ g é uma
”distribuição” (define-se no espaço de Schwartz) com suporte compacto, temos
1
F[f (t) ∗ g(t)] = √ F[f (t)] · F[g(t)]
2π
designar por F (t) a força que atua contra o corpo no instante t, obtemos F (t) = 0 quando
t ̸= 0.
Trataremos de determinar qual é a força F (t) quando t = 0, segundo a segunda Lei
de Newton, a força é igual à velocidade de variação da quantidade de movimento respeito
do tempo
d(mv)
F (t) =
dt
e, conseqüentemente, para qualquer momento de tempo γ, com 0 < γ < +∞, temos
∫γ
F (t)dt = mv (5.64)
−∞
o limite inferior também poderíamos ter escolhido como a < 0, por quanto até o momento
de tempo t = 0 o corpo se encontrava em repouso.
Fixemos atenção desde o ponto de vista da matemática clássica, a igualdade (5.64)
está privada de sentido, a função F (t) é igual a zero em todos os pontos exceto em t = 0,
é por isso que a integral do primeiro membro de (5.64) considerada imprópria é igual a
zero entanto que o segundo membro da igualdade (5.64) não é nula.
Por outro lado, raciocinando fisicamente, é natural esperar que que a igualdade escrita
em (5.64)tem um sentido determinado.
Esta contradição significa que nós encontramos fora das possibilidades de utilizar o
aparelho matemático clássico e recorrêssemos a modernas teorias matemáticas.
Suponhamos, para simplificar, que a quantidade de movimento adquirido pelo corpo
é igual à unidade, isto é mv = 1. Neste caso a força F (t) que atua contra o corpo
designaremos mediante δ(t), pelo qual a fórmula (5.64) terá por expressão
∫γ
δ(t)dt = 1 (5.65)
−∞
∫∞ ∫ϵ
δ(t)dt = δ(t)dt = 1, ϵ>0
−∞ −ϵ
372 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
A função delta também pode-se definir em função das propriedades de suas integrais,
é esta a definição que usarei, para isto acontecer suponha que tenhamos uma função teste
então a função δ define-se como a função
∫∞
δ(t)ϕ(t)dt = ϕ(0) (5.66)
−∞
δ(t) F (ω)
6 6
1
6
t
-
0 ω
-
0
Figura 5.13: Função impulso unitário xxbb Figura 5.14: A transformada de Fourier
hh bb xx da função impulso unitário
∫∞
Bem, a transformada de Fourier de δ(t) está dada por F[δ(t)] = δ(t)e−iω dt.
−∞
−iωt
Segundo a análise para a função delta e considerando ϕ(t)dt = e , de (5.66) chega-
mos à definição:
∫∞
−iωt −iωt
F[δ(t)] = δ(t)e dt = e =1 (5.67)
t=0
∞
Exemplo 5.34.
Mostra-se que se F[f (t)] = F (ω) e F[g(t)] = G(ω); então é válida a equação de
Parseval:
∫∞ ∫∞
f (x)G(x)dx = F (x)g(x)dx
−∞ −∞
Solução.
∫∞ ∫∞
−ixy
F (y) = f (x)e dx e G(x) = g(y)e−ixy dy
−∞ −∞
∫∞ ∫∞ ∫∞
Então: f (x)G(x)dx = f (x) g(y)e−ixy dy dx.
−∞ −∞ −∞
Fazendo mudança na ordem de integração segue que
∫∞ ∫∞ ∫∞ ∫∞
f (x)G(x)dx = g(y) f (x)e −ixy
dx dy = g(y)F (y)dy
−∞ −∞ −∞ −∞
∫∞ ∫∞
f (x)G(x)dx = F (x)g(x)dx
−∞ −∞
5.16 Aplicações
Em seguida se resolverá a transformada de Fourier de uma função f (t) = A. Se
observa que esta função não satisfaz a condição (5.50) de ser absolutamente integrável.
Exemplo 5.35.
Resolver a transformada de Fourier de uma função constante f (t) = A, tal como se
mostra na Figura (5.16)
Solução.
∫∞
A transformada de Fourier de f (t) = A é F[f (t)] = F[A] = Ae−iω dt, de onde
∞
∫∞
1
F[f (t)] = F[A] = 2πA ei(−ω)t dt (5.68)
2π
∞
374 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
F (ω)
f (t) 6
6
A2πδ(ω)
6
A ω
-
0
t
-
0
∫∞
1
Logo em virtude dessa igualdade temos δ(y) = eixy dx.
2π
−∞
Fazendo x = t e y = −ω, temos
∫∞
1
δ(−ω) = eit(−ω) dt (5.69)
2π
−∞
Exemplo 5.36.
Resolver a transformada de Fourier do escalão unitário f (t), o qual esta definido por
{
1, se t > 0
f (t) =
0, se t < 0
Solução.
Então, como F[f (−t)] = F (−ω) temos F[f (−t)] = F (−ω). Desde que
{
0, se t > 0
f (−t) =
1, se t < 0
onde B(ω) é uma função ordinária e k é uma constante. Então, como δ(−ω) = δ(ω) temos
F (ω) + F (−ω) = kδ(ω) + B(ω) + kδ(−ω) + B(−ω) = 2kδ(ω) + B(ω) + B(−ω) = 2πδ(ω).
Para encontrar B(ω) , se procede assim: sabe-se que a função δ é a derivada da função
escada unitária f (t), isto é
df (t)
f ′ (t) = = δ(t).
dt
então obtém-se
′
F[f (t)] = iωF (ω) = iω[πδ(ω) + B(ω)] = F[δ(t)] = 1
Onde
1
B(ω) = .
iω
1
Finalmente, obtém-se F[u(t)] = πδ(ω) + iω
.
376 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∫∞
|f (t)|dt = ∞
−∞
∫∞
; não cumpre a condição |f (t)|dt < ∞ de que a integral do valor absoluto da função
−∞
seja finita; porém a transformada de Fourier existe no sentido de uma função generalizada,
no qual já foi demonstrado ao encontrar a transformada de Fourier de
Exemplo 5.37.
Encontrar a transformada de Fourier de uma função periódica f (t) com período T .
Solução.
∑
∞
2π
f (t) = cn einω0 t , ω0 =
n=−∞
T
∑
∞ ∑
∞
inω0 t
F[f (t)] = F (ω) = F[ cn e ]= cn F[einω0 t ]
n=−∞ n=−∞
∑
∞
F (ω) = 2π cn δ(ω − nω0 ) (5.71)
n=−∞
Christian José Quintana Pinedo 377
Exemplo 5.38.
d2 y(t)
Resolver a equação diferencial − y(t) = e−|t| .
dt2
Solução.
∫+∞ ∫0 ∫+∞
1 −|t| iλt 1 −|t| iλt 1
F (λ) = e e dt = e e dt + e−|t| eiλt dt
2π 2π 2π
−∞ −∞ 0
1 { et(1−iλ) 0 et(1−iλ) +∞ } 1
= + =
2π 1 − iλ −∞ 1 − iλ 0 π(1 + λ2 )
A transformada de Fourier da derivada da uma função g(t) é obtida integrando por
partes
∫+∞ +∞ ∫+∞
1 1 1
g ′ (t)e−iλt dt = g(t)e−iλt + iλ g(t)e−iλt dt
2π 2π −∞ 2π
−∞ −∞
∫+∞ ∫+∞
1 ′ −iλt 1
g (t)e dt = iλ g(t)e−iλt dt = iλG(λ)
2π 2π
−∞ −∞
onde G(t é a transformada de Fourier de g(t) . No final vamos verificar que a solução da
equação verifica esta condição quanto a estes limites.
Aplicando a transformada de Fourier a ambos os membros da equação diferencial,
temos
1
(iλ)2 Y (λ) − Y (λ) =
π(1 + λ2 )
1
em que Y (λ) é a transformada de Fourier de y(t). Logo Y (λ) = − de onde
π(1 + λ2 )2
∫+∞
1 eitλ
y(t) = − dλ
π π(1 + λ2 )2
−∞
1
Dado que −→ 0 (quando λ → 0) esta integral é calculável pelo método dos
π(1 + λ2 )2
resíduos. Para t > 0, consideramos um contorno fechado C, percorrido no sentido positivo,
378 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∫ ∫+∞ ∫
eitz eitλ eitz
lim dz = dλ + lim dz
r→∞ (1 + z 2 )2 (1 + λ2 )2 r→∞ (1 + z 2 )2
C −∞ Γ+
π
∫ ∫ itr(cos θ+isenθ)
e itz
e
Fazendo z = reiθ temos dz dz = ire iθ
dθ de onde
(1 + z 2 )2 (1 + r2 e2iθ )2
Γ+ 0
∫π
1 −isenθ
≤ e rdθ −→ 0 quando r → 0
(1 + r2 e2iθ )2
0
∫ [ ( ]
1 eitz 1 d eitz (z − i)2 )
logo y(t) = − dz = − (2πi)
π Ct (1 + z 2 )2 π dz (z + i)2 (z − 1)2 z=i
[ ]
d ( eitz ) x + 1 −t
= −2π =− e
dz (z + i)2 z=1 2
Exercícios 5-3
onde α > 0.
cos(πt)
3. Calcular a transformada de Fourier de f (t) = . [12]
t3 − t2 + 4t − 4
4. Em cada caso, verificar que a transformada de Fourier é a função indicada[12]:
1
f (t) = e−t , então F[f ] = √ e−s /4
2 2
1.
2
{
e−t se 0 ≤ t 1
2. f (t) = , então F[f ] = √12π
0 se t < 0 1 + is
√
−a|t| 2 a
3. f (t) = e , a > 0, então F[f ] = · 2
π a + s2
{ √
k se |t| ≤ a 2 sen(as)
4. f (t) = , então F[f ] = ·
0 se |t| > a π s
√
1 2 −s
5. f (t) = 2
, então F[f ] = ·e
1+t π
380 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Transformada Z
381
382 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
6.1 Introdução
A transformada Z é um método operacional muito útil no tratamento de sistemas (de
tempo) discretos. Seu nome já é em si incomum, por se tratar de uma letra do alfabeto
e não o nome de algum cientista famoso. Sabe-se que a transformada de Laplace (Pierre-
Simon de Laplace (1749 − 1827) tem sido usada desde longa data na solução de equações
diferenciais contínuas e invariantes no tempo.
Entretanto, métodos para o tratamento de problemas de tempo discreto são rela-
tivamente recentes. A transformada Z constitui a forma discreta da transformada de
Laplace, é uma generalização da transformada de Fourier Discreta no tempo, é um mo-
delo matemático que se utiliza entre outras nas aplicações no estudo de processamento de
sinais digitais, como são a análises e projeto de circuitos digitais, os sistemas de radar e
telecomunicações e especialmente os sistemas de controle e processos por computador.
A transformada Z é um exemplo mais da transformada, como o são a transformada de
Fourier para o caso de tempo discreto e a transformada de Laplace para o caso do tempo
contínuo. A transformada Z é extremamente importante para a análise de sistemas
lineares, a importância do modelo da transformada Z radica em que permite “reduzir
equações em diferencias” ou chamadas “equações recursivas” com coeficientes constantes
a equações algébricas lineares.
A transformada Z permite a análise de certas sinais discretas que não têm transfor-
mada de Fourier no tempo discreto. É possível mostrar que a transformada Z se reduz, à
transformada de Fourier de tempo discreto quando a variable de transformação é unitaria
ou seja quando |z| = 1.
S
X- Sistema Y -
Exemplo 6.1.
Nos sistemas se estabelece esta classificação porque para eles é necessário um trata-
mento com modelos matemáticos diferentes para o processamento de sinais e resolução
de sistemas (circuitos)
6.3 A transformada Z
∑
∞
Z[yn ] = yk z −k (6.2)
k=0
e ainda usaremos uma outra notação da forma: y, que representa a função obtida após
transformar a sucessão {yn } ; isto é Z[yn ] = ȳ.
Consideremos um exemplo: a sucessão { 1, 1, 1, · · · } com todos os termos iguais a 1,
1
O domínio da variável z pode ser estendido aos números complexos, mas para os objetivos deste
capítulo não será necessário.
Christian José Quintana Pinedo 385
1 1 ∑ 1 ∞
Z[yn ] = 1 + + 2 + ··· = k
= X(z) (6.3)
z z k=0
z
1 1 z
que é uma série geométrica; se < 1, a série converge para Z[yn ] = = .
|z| 1 z−1
1−
z
Outra transformada Z que pode ser calculada usando a série geométrica é a transfor-
mada da sucessão com termo geral yn = an , onde a é uma constante. Usando a definição
da transformada obtemos uma série geométrica
a a2 ∑ ak ∞
Z[a ] = 1 + + 2 + · · · =
n
= X(z) (6.4)
z z k=0
zk
Vamos agora tomar o plano complexo com a variável independente z conforme mos-
trado na Figura (6.1)(b).
Neste plano destacamos a circunferência de raio unitário e denominamos seus pontos
de z = eiω . Podemos interpretar esta circunferência como uma versão circular do eixo
normalizado de frequências para a representação da transformada de Fourier. Com isto,
cada período 2π é representado por uma volta na circunferência. Podemos então escrever
∑
∞ ∑
∞
−iωn
Z[yn ] = yn e = yn z −n = X(z) (6.6)
n=−∞ n=−∞
386 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
∑
∞
Z[yn ] = yn z −n = X(z) (6.7)
n=−∞
∑
∞
X(z) = yn r−n e−iωn = F[yn r−n ]
n=−∞
Exemplo 6.2.
1 z
A transformada X(z) = = , |z| > a
1 − az −1 z−a
A função racional X(z) possui um zero em z = 0 e um pólo em z = a.
Observação 6.1.
No estudo de projeto de filtros, os coeficientes do filtro serão dados pelos coeficientes
dos polin?ômios P (z) e Q(z)
Christian José Quintana Pinedo 387
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
|yk z −k | = |yk r−k e−iωt | = |yk r−k | < ∞. (6.8)
k=−∞ k=−∞ k=−∞
∑
Dizemos então que a transformada existe nos pontos z onde a série yk z −k con-
verge de forma uniforme. Os pontos onde ocorre a convergência definem a “região de
convergência” da transformada.
Como a região de convergência depende apenas
de r = |z|, se existe a convergência para z = z1 ,
então haverá a convergência para todos os pontos
z tais que |z| = r, ou seja, haverá a convergência
num círculo de raio r centradas na origem do plano-
z. Como, por definição, não pode haver pontos de
divergência no interior de uma região de convergên-
cia, podemos afirmar que as regiões de convergên-
cia são delimitadas por circunferências, ou seja, são Figura 6.2:
sempre o exterior ou interior de uma circunferência,
ou ainda, um anel definido por duas circunferências.
As Figuras (6.2) e (6.3) ilustram estas situa-
ções.
Como decorrência da definição da transformada
Z, podemos ainda extrair duas outras proprieda-
des. Sabemos que a transformada de Fourier de
uma sequência é igual a transformada Z desta
sequência calculada no círculo da região de conver-
gência. Por outro lado, a transformada Z só existe
na região de convergência correspondente. Logo: Figura 6.3:
Exemplo 6.3.
Determine a transformada Z do sinal yn = an u[n]. Descreva a região de convergência,
localizações dos pólos e zeros de X(z) no plano-z.
Solução.
∑
∞ ∑
∞ ∑∞
a
−k
Z[yn ] = X(z) = yk = k
a u[k]z = ( )k
k=−∞ k=−∞ k=0
z
Esta é uma série geométrica infinita de razão a/z, a soma converge desde que |a/z| < 1,
isto é, converge desde que |a| < |z|, consequentemente
1 z
Z[yn ] = X(z) = = |a| < |z| (6.9)
1 − az −1 z−a
Exemplo 6.4.
Determine se existe transformada Z para yn = cos(rω0 ), −∞ < n < ∞.
Solução.
Exemplo 6.5.
1 1 z z 1 1
A transformada X(z) = + = 1 + , |z| > , |z| >
1− 1 −1
2
z 1 − 13 z −1 z − 2 z − 13 2 3
2z(z − 121
) 2z 2 − 16
Isto é X(z) = = .
(z − 2 )(z − 13 )
1
z 2 − 16 z + 16
z z 2z(z − 121
)
Figura 6.4: , |z| > 1
Figura 6.5: , |z| > 1
Figura 6.6:
z − 12 2
z − 13 3
(z − 2 )(z − 13 )
1
Exemplo 6.6.
Determine a transformada Z do sinal yn = −an u[−n − 1]. Descreva a “região de
convergência”, localizações dos pólos e zeros de X(z) no plano-z.
Solução.
∑
∞ ∑
∞ ∑
−1
a
−n
Z[yn ] = X(z) = yn = −a u[−n − 1]z
n
=− ( )n
n=−∞ n=−∞ n=−∞
z
Fazendo mudança de índice m = −n, resulta é uma série geométrica infinita de ra-
zão a/z, a soma converge desde que |z/a| < 1, isto é, converge desde que |a| < |z|,
consequentemente
∑∞
z 1
Z[yn ] = X(z) = 1 − ( )m = 1 − =
m=0
a 1 − za −1
z
Z[yn ] = X(z) = |z| < |a| (6.10)
z−a
Há um pólo em z = a e um zero em z = 0. A parte escura da Figura (??) mostra a região
de convergência da transformada Z
Observe que X(z) na equação (6.9) é idêntica à das equação (6.20), não obstante os
sinais de tempo serem bastante diferentes. Somente a “região de convergência” os diferen-
cia. É por isto que se recomenda conhecer a “região de convergência” para determinar a
transformada inversa correta.
Exemplo 6.7.
1
Calcule a TZ de X(z) = , |z| > |2|
1 − 2z
Solução.
∑
M
bk z −k
k=0
X(z) =
∑N
ak z −k
k=0
∑
M
zN bk z M −k
k=0
X(z) =
∑N
zM ak z N −k
k=0
I I I2π {
−k −k −ikθ iθ −k+1 −i(k−1)θ 0, ̸ 1
se k =
z dz = r e ire dθ = r i e dθ =
2πi, se k = 1
C 0
1 dN ψ(z)
resíduos de X(z)z n−1 em zi de ordem N =
(N − 1) dz N −1 z=zi
Métodos da inspeção
Exemplo 6.8.
∑
∞ 1
Sabemos que Z[an ] = an z −n = para |z| > |a|, e que
n=1 1 − az −1
∑
∞ ∑
−1
a
Z[−an u[−n − 1]] = [−a−(n+1) z n+1 ] = − ( )n =
n=0 n=−∞
z
∑
∞
z k ∑∞
z 1
Z[−a u[−n − 1]] = −
n
( ) =1− ( )k = para |z| < |a|
k=−1
a k=0
a 1 − az −1
Christian José Quintana Pinedo 393
1
X(z) = , |z| > 0, 5 ⇔ yn = (0, 5)n u[n]
1 − 0, 5z −1
∑
M ∏
M
bk z −k b0 (1 − ck z −1 )
k=0 k=0
X(z) = =
∑M ∏M
ak z −k a0 (1 − dk z −1 )
k=0 k=0
∑
N
Λk −1
X(z) = onde Λ = (1 − dk z )X(z)
r=0
1 − dk z −1 z=dk
∑
M −N ∑
N
−r Λk −1
X(z) = Br z + onde Λ = (1 − dk z )X(z)
r=0 k=1
1 − dk z −1 z=dk
∑
M −N ∑
N
Λk ∑ p
Cm
−r
X(z) = Br z + +
r=0 k=1
1 − dk z −1
m=1
(1 − di z −1 )m
onde { dp−m [
1 −1
] }
Cm = (1 − d i ω)p
F (ω ) −1
(p − m)!(−dp−m
i ) dω p−m ω=di
Note que em todos os casos são geradas parcelas que podem ser anti-transformadas
pelo método da inspeção.
Exemplo 6.9.
394 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Seja:
1 + 2z −1 + z −2
X(z) = ; |z| > 1,
1 − 1, 5z −1 + 0, 5z −2
a qual apresenta pólos simples em z = 0, 5 e z = 1.
Como M ≥ N devemos realizar a divisão entre os numerador e o denominador de
X(z) até que o grau do numerador resultante seja inferior a N . Obtemos
1 + 2z −1 + z −2 1 − 5z −1 Λ1 Λ2
= 2 − =2+ +
1 − 1, 5z + 0, 5z
−1 −2 1 − 1, 5z + 0, 5z
−1 −2 1 − 0, 5z −1 1 − z −1
−1 + 5z −1
Λ1 = (1 − 0, 5z −1 = −9
(1 − 0, 5z −1 )(1 − z −1 z=0,5
−1 + 5z −1
Λ2 = (1 − z −1 ) =8
1 − 0, 5z −1 (1 − z −1 z=1
9 8
Portanto, X(z) = 2 − + ; |z| > 1, o que permite escrever
1 − 0, 5z −1 1 − z −1
yn = 2δn − 9(0, 5)n un + 8un ou y[n] = 2δ[n] − 9(0, 5)n u[n] + 8u[n]
Este método faz usso da expressão que define a transformada Z para obter a anti-
transformada por comparação entre termos. Para isto exige a expansão de X(z) em série
de potências. Assim, lembrando que
∑
∞
X(z) = yn z −n = · · · x−2 z 2 + x−1 z −1 + x0 + x2 z −2 + · · ·
−∞
Exemplo 6.10.
Seja X(z) = z 2 (1 − 0, 5z −1 )(1 − z −1 ). Desenvolvendo os produtos temos
X(z) = z 2 − 0, 5z − 1 + 0, 5−1
Esse método ainda pode ser aplicado para a obtenção da anti-transformada de algumas
funções não-racionais.
Exemplo 6.11.
Seja X(z) = Ln[1 + az −1 ], |z| > a, lembrando que
x2 x3 ∑ (−1)n+1 xn
∞
Ln(1 + x) = x − + − ··· =
2 3 n=1
n
temos que
∑
∞
(−1)n+1 an
Ln[1 + az −1 ] = z −n ; |z| > a
n=1
n
Demonstração.
∑ ∑
∞ ∑
∞
Sabe-se que (axn + byn )z −n = a xn z −n + b yn z −n = aZ[xn ] + bZ[yn ].
n=−∞ n=−∞
Exemplo 6.12.
1
Suponhamos que Z[xn ] = com região de convergência |z| > |a| e Z[yn ] =
1 − az −1
az −1
para |z| > |a|.
1 − az −1
Assim, Z[xn ]−Z[yn ] = 1; ∀z. No domínio da transformada temos xn = an u[n], yn =
an u[n − 1].
Portanto, x[n] − y[n] = δ[n].
Demonstração.
∑
∞ ∑
∞
Sabe-se que Z[yn−n0 ] = yn−n0 z −n = yk z k−n0 = z0−n Z[yn ].
n=−∞ n=−∞
Exemplo 6.13.
Sabe-se que se yn = δn ⇒ Z[yn ] = 1; ∀z. Assim, para δn−n0 ⇒ Z[δn−n0 ] =
z0−n ∀ z exceto z = 0 se n0 > 0 ou exceto z → ∞ se n0 < 0.
Demonstração.
∑
∞ ∑
∞
Tem-se Z[an yn ] = an yn z −n = yn (z/a)n = X( az ).
n=−∞ n=−∞
d ∑ yn ∑ 1 ∑ ny n
∞ ∞ ∞
dy d ny n
= Z[yn ] = = − = − (6.13)
dz dz dz n=0 z n n=0
z n+1 z n=0 z n
Christian José Quintana Pinedo 397
esta última série é a transformada Z da sucessão nyn ; assim, temos obtido o seguinte
resultado
d
Z[nyn ] = −z Z[yn ]
dz
Se conhecermos a transformada de yn , poderemos calcular a transformada de nyn a
partir da derivada da transformada conhecida.
y2 y3 ∑∞
yn ∑∞
yn
Z[yn+1 ] = y1 + + 2 + ··· = n−1
=z − zy0 (6.14)
z z n=0
z n=1
zn
z z
Z[(a + ib)n ] = = (6.15)
z − (a + ib) (z − a) + ib
z z(z − a) bz
Z[(a + ib)n ] = = +i (6.16)
z − (a + ib) (z − a) + b
2 2 (z − a)2 + b2
onde r e θ são o módulo e ângulo polar do número complexo. Comparando as partes reais
e imaginárias das equações (6.26) e (??), obtemos as transformadas de duas sucessões com
398 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
senos e cossenos
z(z − a)
Z[rn cos(nθ)] = (6.18)
(z − a)2 + b2
bz
Z[rn sen(nθ)] = (6.19)
(z − a)2 + b2
a = rn cos(nθ) (6.20)
b = rn sen(nθ) (6.21)
6.6 Convolução
Dadas as transformadas Z para as sucessões {xn } e {yn } denotadas Z[xn ] e Z[yn ],
respectivamente, define-se a convolução de {xn } e {yn } (nessa ordem) como a sucessão
{xn ∗ yn }, e sua transformada Z é definida como
∑
∞
Z[xn ∗ yn ] = xk · yn−k = X(x ∗ y)
k=−∞
Propriedade 6.4.
∑
∞
A {xn } e {yn } satisfaz a propriedade Z[xn ∗ yn ] = xk · yn−k = Z[xn ]Z[yn ].
k=−∞
Demonstração.
[ ][ ]
∑
∞
−s
∑
∞
−k
Com efeito, Z[xs ] · Z[yk ] = xs z yk z de onde
s=−∞ k=−∞
∑
∞ ∑
∞
Z[xs ] · Z[yk ] = xs yk z −(s+k) = X(x)X(y)
s=−∞ k=−∞
∑
∞ ∑
∞
Suponhamos n = s + k, então k = n − s, logo X(x)X(y) = xs yn−s z −n
n=−∞ s=−∞
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
−n
X(x)X(y) = xs yn−s z = hn z −n = X(x ∗ y)
n=−∞ s=−∞ n=−∞
Christian José Quintana Pinedo 399
∑
∞
onde hn = xs yn−s
s=−∞
Exemplo 6.14.
Encontre a transformada Z do sinal
1 1
yn = (n(− ))n u[n] ∗ ( )−n u[−n] (6.22)
2 4
Solução.
1
Primeiro calculemos a transformada de w[n] = (n(− ))n u[n]. Sabemos que Z[w[n]] =
2
z 1
com raio de convergência |z| < .
z + 12 2
Por outro lado, a propriedade da diferenciação no domínio z da equação (6.21) implica
que
1 d z 1
w[n] = (n(− ))n u[n] ⇔ W (z) = −z |z| >
2 dz 1 2
z+
2
[ ] 1
z + 21 − z − z 1
W (z) = −z = 2 |z| >
(z + 12 )2 1 2
(z + )2
2
1
Seguidamente encontramos a transformada de y[n] = ( )−n u[−n].
4
Observe que
1 z 1
Z[( )n u[n]] = 1, |z| >
4 z−4 4
consequentemente
1 z −1 −4z
Y (z) = Z[( )−n u[−n]] = = |z| < 4
4 1 z−4
z −1 −
4
isto é
1 1 2z 2 1
Z[(n(− ))n u[n] ∗ ( )−n u[−n]] = < |z| < 4
2 4 1 2
(z − 4)(z + )2
2
400 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
6.7 Aplicações
A transformada Z é útil para resolver equações de diferenças lineares, de coeficientes
constantes, não homogêneas. Consideremos um exemplo com valores iniciais:
z
e consultando a tabela (6.1) vemos que Z[3n ] = .
z−3
Assim, a transformada da equação de diferenças será
z
(z 2 + 3z + 2)Z[yn ] − z 2 − 3z =
z−3
e daí obtemos
z 2 + 3z z
Z[yn ] = + (6.26)
(z + 1)(z + 2) (z + 1)(z + 2)(z − 3)
O cálculo da transformada inversa é feito em forma análoga as transformadas inversas
de Laplace, usando expansão em frações parciais, mas deixando de fora um fator z no
numerador, que será necessário manter em todas as frações parciais para poder utilizar a
tabela (6.1). Consequentemente, as frações que deverão ser expandidas são:
z+3 2 1
= − (6.27)
(z + 1)(z + 2) z+1 z+2
1 1 1 1
= − + (6.28)
(z + 1)(z + 2) 5(z + 2) 4(z + 1) 20(z − 3)
multiplicando cada fração parcial pelo fator z que deixamos de fora, obtemos o lado direito
da equação (6.26)
7z 4z z
Z[yn ] = − +
4(z + 1) 5(z + 2) 20(z − 3)
e usando a tabela (6.1), encontramos a solução do problema
7 4 3n
yn = (−1)n − (−2)n +
4 5 20
Exemplo 6.15.
Resolver o circuito da Figura (6.7), onde xn = u[n]
Solução.
Christian José Quintana Pinedo 401
1
Y (z) − az −1 Y (z) = X(z) ⇒ Y (z)[1 − az −1 ] =
1
1−
z
1 1 z2
Y (z) = a · = (6.29)
1− 1 (z − 1)(z − a)
z 1− z
Suponhamos o caso a ̸= 1, então tem-se de (6.28)
[ ] [ ]
1 z a z
Y (z) = −
1−a z−1 1−a z−a
z
Consultando a Tabela (6.1) tem-se que Z[an ] = . Assim
z−a
1 a n 1
yn = (1)n − a = [an+1 − 1]u[n]
1−a 1−a a−1
z z
Suponhamos o caso a = 1, então tem-se de (6.28) Y (z) = + . Consul-
z − 1 (z − 1)2
az
tando a Tabela (6.1) tem-se que Z[nan ] = . Assim
(z − a)2
Portanto a solução é
300z
(zZ[Pn ] − 1000z) − Z[Pn ] = 0, 25Z[Pn ] −
z−1
onde p(z) é a transformada da sucessão Pn . A equação anterior é uma equação algébrica
que se resolve facilmente para Z[Pn ]
1000z 300z
Z[Pn ] = − =
z − 1, 25 (z − 1)(z − 1, 25)
1000z (z − 1) − (z − 1, 25)
Z[Pn ] = − 1200z
z − 1, 25 (z − 1)(z − 1, 25)
200z 1200
Z[Pn ] = − +
z − 1, 25 z − 1
5
a transformada inversa é Pn = 1200 − 200( )n
4
Obviamente a população não pode ser negativa e portanto a expressão anterior só
5 5
poderá ser válida para alguns valores de n tais que 1200 − 200( )n ≥ 0 de onde ( )n ≤ 6,
4 4
5
isto é nLn ≤ Ln6 ⇒ n ≤ 8, 03.
4
Portanto, a população dentro de n anos está dada pela função é
{
1200 − 200(1, 25)n , se 0 ≤ n ≤ 8
Pn =
0, se n > 8
Christian José Quintana Pinedo 403
yn+1 zy − zy0
dy
nyn −z
dz
bz
rn sen(n)
(z − a)2 + b2
z(z − a)
rn cos(n)
(z − a)2 + b2
a ≡ r cos(n)
b ≡ rsen(n)
Exercícios 5-1
1
1. Ache os pólos de F (z) = .
1 − e−z
z
2. Calcule a sequência x[n] cuja transformada Z é X(z) =
6(z − 3)(z − 2)
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Christian José Quintana Pinedo 405
11. Use o método das fracções parciais para determinar a transformada Z inversa de
2z 2 − 6z 1
1. X(z) = , < |z| < 2
2z + 3z − 2
2 2
−1
2z 1
2. X(z) = , < |z|
(2 − z −1 )(4 − z −1 ) 2
2z 2 − 6z 1
3. X(z) = 2 , < |z| < 2
2z + 3z − 2 2
407
408 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Casa da Karyn
Bairro Alvorada
Dom Pedro primeiro 117 Cep
Índice
409
410 21/05/15 Séries e Equações Diferenciais
Integral divergente, 3
absolutamente convergente, 329 dominada, 11
Intervalo de convergência, 22 dominante, 11
geométrica, 3, 20
Lagrange, 1
harmônica, 4
Laguerre, 222 simplesmente convergente, 13
Laplace, Pierre S. , 251 Série de Dirichlet, 25
Legendre, 218 Séries
infinitas, 3, 335
Norma de uma função, 317
Sequência, 2
Polinômio Solução
indicial, 234 completa, 175
Polinômios da equação, 76
de Hermite, 228 de uma equação diferencial, 87
Ponto explícita, 87
sigular irregular, 222 geral, 90
singular, 219, 221 implícita, 88
singular regular, 221, 222 particular, 90
problema
Teorema
de valor inicial, 92
aproximação de Weierstrass, 276
de valores de contorno, 92
de Abel, 26
de valores de fronteira, 92
de existência e unicidade, 152
Produto de Cauchy, 12
de Frobenius, 232
Propriedade de Cauchy, 9
de Riemann, 329
Raio de convergência, 22 de Weierstrass, 338
Resto de Teorema de
Peano, 61 Roche-Schlömilch, 57
Resto de Taylor, 54 Taylor, 58
Série
p, 5
de Laurent, 21
absolutamente convergente, 11, 336
alternada, 13
convergente, 3
de encaixe, 5
de Puiseux, 21
de termos positivos, 10
Bibliografia
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c
Christian José Quintana Pinedo 413
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