Você está na página 1de 78

Cleber Cavalcanti

AR
IN
IM
EL
PR

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
ORDINÁRIAS
Uma Introdução Honesta e Suave
ii

PR
EL
IM
IN
AR
Conteúdo

AR
0.1 Prelúdio: A necessidade da humanidade pelas Equações Diferenciais . . . . . 1
0.2 Definições preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1 EDO de primeira ordem 3


1.1 EDO do tipo variáveis separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 EDO do tipo exata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 EDO do tipo linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

IN
1.4 Equação de Bernoulli e Equação de Riccati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2 EDO de segunda ordem lineares 15


2.1 O caso homogêneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.1 Prelúdio: Funções linearmente (in)dependentes . . . . . . . . . . . . . 17
2.1.2 Combinação linear de soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1.3 Wronskiano - Teorema de Abel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
IM
2.1.4 Interlúdio: Existência de soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.5 Interlúdio: Unicidade para o Problema de Valores Iniciais (PVI) . . . 27
2.1.6 Caso particular: coeficientes constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2 O caso não homogêneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.2.1 Redução de ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.2 Método da variação dos parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2.3 Método dos coeficientes a determinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
EL

2.2.4 A integral de convolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40


2.2.5 Interlúdio: Função delta de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.6 Funções de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3 Soluções por meio de séries de potências 41


3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular . . . . . . . . . 41
3.2 Interlúdio - Equação de diferenças lineares de primeira ordem . . . . . . . . 51
3.3 Interlúdio - Um pouco sobre a Função Gamma . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
PR

3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular . . . . 54


3.4.1 Prólogo: Equações de Cauchy-Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4.2 Método de Frobenius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.4.3 Equação de Bessel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.5 Epı́logo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

4 Transformada de Laplace 71
Introdução

AR
dsagdsafdasdsafdsafdsa

0.1 Prelúdio: A necessidade da humanidade pelas E-


quações Diferenciais
asdfafasdfasdf

0.2

IN
Definições preliminares
asdfasdfasdfa
IM
EL
PR
2 CONTEÚDO

AR
IN
IM
EL
PR
Capı́tulo 1

AR
EDO de primeira ordem

Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é toda equação diferencial que
puder ser escrita sob a forma
y 0 = F (t, y)

1.1 EDO do tipo variáveis separáveis

IN
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é do tipo variáveis separáveis
quando existirem funções f e g tais que F (t, y) = f (t) g (y). Assim
y 0 = f (t) g (y) (1.1)
IM
Esta equação pode ser resolvida (integrada) manipulando-a como se segue
y 0 = f (t) g (y) =⇒ g(y) 1
y 0 = f (t)
Z Z Z Z
1 0 1
=⇒ g(y)
y dt = f (t) dt =⇒ g(y)
dy = f (t) dt

Observe que a partir desse ponto não aparecem quaisquer derivadas da incógnita, a expressão
EL

resultante é meramente algébrica, e a solução t 7→ y (t) fica determinada implicitamente.

Exemplo 1. Resolva a equação diferencial y 0 = y .


Solução: Sigamos o processo descrito acima
y0 = y =⇒ 1
y
y0 = 1
Z Z Z Z
1 0 1
=⇒ y dt = 1dt =⇒ dy = dt
PR

y y

Resolvendo-se ambas integrais


ln |y| + c1 = t + c2 =⇒ ln |y| = t + (c2 − c1 )
com c1 e c2 constantes arbitrárias oriundas da resolução das integrais indefinidas. Assim, a
diferença c2 − c1 também é uma constante arbitrária, doravante denominada c̃
ln |y| = t + c̃ .
4 EDO de primeira ordem

Apesar de correto, é possı́vel explicitar y em função da variável independente t.


ln |y| = t + c̃ =⇒ |y| = et+c̃ =⇒ y (t) = ± ec̃ · et


Por fim, renomeando a constante arbitrária ± ec̃ de c, tem-se


y (t) = c · et

AR
a solução bem conhecida desde os tempos do primeiro curso de Cálculo. 

Se em um problema de valor inicial a equação diferencial for do tipo variáveis separáveis,


o procedimento altera-se para comportar integração definida. Dado o PVI
0
y = f (t) g (y)


y (t0 ) = y0

proceda como antes

IN
y 0 = f (t) g (y) =⇒ 1
g(y)
y 0 = f (t)
Integre ambos os membros de τ = t0 até τ = t
Z t Z t Z y(t) Z t
1 0 1
g(y)
y dτ = f (τ ) dτ =⇒ g(y)
dy = f (τ ) dτ
t0 t0 y(t0 ) t0

Usando a condição inicial


IM
Z y(t) Z t
1
g(y)
dy = f (τ ) dτ
y0 t0

Exemplo 2. Suponha α e β constantes reais positivas, e considere o problema de valor


inicial 0
y = −αy + β

EL


y (0) = y0
Determine sua solução.
Solução: Procedendo como acima
y 0 = −αy + β =⇒ 1
−αy+β
y0 = 1
Z t Z t Z y(t) Z t
1 0 1
=⇒ −αy+β
y dτ = 1dτ =⇒ −αy+β
dy = dτ
0 0 y(0) 0
PR

Z y(t)
ln y (t) − αβ − ln y0 − αβ = −αt

=⇒ − α1 1
β
y− α
dy = t =⇒
y0

y (t) − β y (t) − β
β β
α
= e−αt =⇒ y (t) −
α
e−αt

=⇒ ln = −αt =⇒ = ± y0 −

β
y0 − α
β
y0 − α α α

y (t) = αβ ± y0 − αβ e−αt

=⇒
1.2 EDO do tipo exata 5

“Mais” ou “menos”? Faça t = 0. Como a exponencial é sempre positiva, o sinal adequado


deve ser “mais”
y (t) = αβ + y0 − αβ e−αt


Além disso, observe que lim y (t) = αβ . 


t→∞

AR
1.2 EDO do tipo exata
Considere uma função Ψ = Ψ (t, y), e uma curva s 7→ (t (s) , y (s)) com traço no domı́nio
de Ψ. A expressão que representa a derivada de Ψ em relação ao parâmetro s é

d ∂Ψ dy ∂Ψ dt
Ψ (t (s) , y (s)) = +
ds ∂y ds ∂t ds

IN
dada pela regra da cadeia. No caso em que o parâmetro é a primeira coordenada (s = t), a
expressão assume um formato mais simples

d ∂Ψ dy ∂Ψ dt ∂Ψ dy ∂Ψ
Ψ (t, y (t)) = + = +
dt ∂y dt ∂t dt ∂y dt ∂t
IM
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem

M (t, y) y 0 + N (t, y) = 0 (1.2)

é do tipo exata quando existir uma função Ψ = Ψ (t, y) satisfazendo

∂Ψ ∂Ψ
=M e = N.
∂y ∂t
EL

A função Ψ, caso exista, é denominada função potencial. Observe que neste caso a solução
da equação diferencial é imediata, pois

∂Ψ dy ∂Ψ d
0 = M (t, y) y 0 + N (t, y) = + = Ψ (t (t) , y (t))
∂y dt ∂t dt

logo Z Z
d
Ψ (t (t) , y (t)) dt = 0 dt =⇒ Ψ (t, y (t)) = c
PR

dt

Exemplo 3. Verifique se a equação abaixo é exata

3t2 y + sen (y) + 1 y 0 + 3ty 2 − 2 cos (3t) = 0


 

Em caso afirmativo, resolva-a.


6 EDO de primeira ordem

Solução: Se esta EDO for exata, existe uma função Ψ que satisfaz
∂Ψ ∂Ψ
= 3t2 y + sen (y) + 1 e = 3ty 2 − 2 cos (3t)
∂y ∂t
Por meio da primeira relação, integrando-a com respeito a y tem-se
Ψ (t, y) = 32 t2 y 2 − cos (y) + y + f (t)
na qual f = f (t) é uma função arbitrária que depende apenas de t. Pondo esta última na

AR
outra relação
∂ 3 2 2
 
3ty 2 − 2 cos (3t) = ∂t 2
t y − cos (y) + y + f (t)

=⇒ 3ty 2 − 2 cos (3t) = 3ty 2 + f 0 (t)

=⇒ f 0 (t) = −2 cos (3t) =⇒ f (t) = − 23 sen (3t) + c1


Então
Ψ (t, y) = 23 t2 y 2 − cos (y) + y − 32 sen (3t) + c1

IN
Como foi possı́vel encontrar a função Ψ conclui-se que a EDO é exata, e neste caso, sua
solução é
3 2 2
2
t y − cos (y) + y − 32 sen (3t) + c1 = c
Mas c e c1 são constantes arbitrárias, logo a diferença k = c − c1 entre elas também o é,
assim
3 2 2
2
t y − cos (y) + y − 32 sen (3t) = k.
IM
Aqui tudo bem. Deu certo, apesar da trabalheira. 

Exemplo 4. Verifique se a equação abaixo é exata


(ty + t sen (2y)) y 0 + 1 2

2
y + cos (2y) = 0
Em caso afirmativo, resolva-a.
EL

Solução: Se esta EDO fosse exata, existiria uma função Ψ que satisfaria
∂Ψ ∂Ψ
= ty + t sen (2y) e = 12 y 2 − cos (2y)
∂y ∂t
Por meio da primeira relação, integrando-a com respeito a y tem-se
Ψ (t, y) = 21 ty 2 − 12 t cos (2y) + f (t)
na qual f = f (t) é uma função arbitrária que depende apenas de t. Pondo esta última na
PR

outra relação
1 2 ∂ 1 2
ty − 12 t cos (2y) + f (t)
 
2
y − cos (2y) = ∂t 2

=⇒ 1 2
2
y − cos (2y) = 12 y 2 − 12 cos (2y) + f 0 (t)

=⇒ f 0 (t) = − 12 cos (2y) A


Nesse caso não é possı́vel encontrar a função f , logo não é possı́vel encontrar a função
Ψ. Assim, a equação diferencial não é do tipo exata. Nesse exemplo trabalhou-se duro para
morrer na praia. 
1.2 EDO do tipo exata 7

O critério a seguir permite determinar se a EDO é do tipo exata, ou não, antes de tentar
resolvê-la.

Critério 5. Considere M e N funções de classe C 2 . Assim

∂M ∂N
= se, e somente se, a EDO (1.2) for exata.
∂t ∂y

AR
Exemplo 6. Verifique se a equação abaixo é exata

(ty + t sen (2y)) y 0 + 1 2



2
y + cos (2y) = 0

Em caso afirmativo, resolva-a.


Solução: Este é o mesmo exemplo anterior, revisitado com uma nova ferramenta. Pelo

IN
Critério 5
∂M ∂
= [ty + t sen (2y)] = y + sen (2y)
∂t ∂t
No entanto,
∂N ∂ 1 2 
= 2
y + cos (2y) = y − 2 sen (2y)
∂y ∂y
IM
∂M ∂N
Logo ∂t
6= ∂y
, e daqui conclui-se que a EDO não é exata. 

Se uma EDO na forma de (1.2) não for exata, pode-se lançar de um artifı́cio denominado
fator integrante 1 . Busca-se por uma função µ = µ (t, y) de modo que

µ (t, y) M (t, y) y 0 + µ (t, y) N (t, y) = 0


EL

seja exata. Assim

∂ (µM ) ∂ (µN )
= =⇒ M µt + Mt µ = N µy + Ny µ
∂t ∂y

ou ainda
M µt − N µy + (Mt − Ny ) µ = 0.
PR

(1.3)
No entanto, (1.3) possui derivadas parciais na incógnita µ, portanto, trata-se de uma equação
diferencial parcial. Tratar equações diferenciais parciais está fora dos objetivos do presente
texto.
Apesar disso, sob certas condições é possı́vel encontrar um fator integrante. Dois casos
dignos de nota são:
1
Fator integrante: fator porque é algo que multiplica, integrante porque permite integrar (resolver) a
equação diferencial.
8 EDO de primeira ordem

• Se a função M1 (Mt − Ny ) depender apenas de t, então existe um fator integrante que


depende apenas de t, e satisfaz
µ0 Mt − Ny
M µ0 + (Mt − Ny ) µ = 0 =⇒ =−
µ M
Z Z Z
µ0 Mt −Ny −Ny
=⇒ dt = − dt =⇒ ln |µ| = − MtM dt

AR
µ M

R Mt −Ny
µ (t) = e− M
dt

• Se a função N1 (Mt − Ny ) depender apenas de y, então existe um fator integrante que


depende apenas de y, e satisfaz
µ0 Mt − Ny
−N µ0 + (Mt − Ny ) µ = 0 =⇒ =
µ N

IN
Z Z Z
µ0 Mt −Ny Mt −Ny
=⇒ µ
dy = N
dy =⇒ ln |µ| = N
dy
R Mt −Ny
dy
µ (y) = e N
IM
Observação 7. Para fins de fator integrante, constantes multiplicativas podem ser despre-
zadas, ou pode-se considerar uma constante multiplicativa que seja conveniente. De fato,
sendo c uma constante não nula, µ será um fator integrante se, e somente se, cµ o for.

Exemplo 8. Busque uma solução da equação diferencial


EL

t3 yy 0 + t2 y 2 = 0.

Solução: Obviamente a EDO proposta pode ser reescrita, classificada como sendo do
tipo variáveis separáveis, e por aquelas técnicas, ser plenamente resolvida. Mas, por um
momento, desliguemos o bom senso naquele sentido.
Aqui M (t, y) = t3 y e N (t, y) = t2 y 2 , funções de classe C 2 , logo encontra-se nas condições
de aplicação do Critério 5. Aplicando-o, Mt − Ny = t2 y 6= 0, conclui-se que a EDO não é
exata.
PR

Buscando um fator integrante que dependa apenas de t, é condição necessária que a


função M1 (Mt − Ny ) dependa apenas de t. De fato,

Mt − Ny t2 y 1
= 3 =
M ty t
e o fator integrante fica determinado por meio de
Mt −Ny 1
= e− ln|t| = |t|−1 .
R R
µ (t) = e− M
dt
= e− t
dt
1.3 EDO do tipo linear 9

Para fins de fator integrante, constantes multiplicativas podem ser desprezadas, então faça
µ (t) = t−1 . A nova EDO
t2 yy 0 + ty 2 = 0
1 2 2
é exata, e, pelos métodos já expostos, admite a função potencial Ψ (t, y) = 2
ty . Logo, sua
solução geral e dada por
1 2 2 c
t y = c̃ ou ainda y = .
2
t 

AR
Exemplo 9. Considere a mesma equação do Exemplo 8. Busque um fator integrante que
dependa apenas de y. Se houver, resolva a EDO.
Solução: Buscando um fator integrante que dependa apenas de y, é necessário que a função
1
N
(Mt − Ny ) dependa apenas de y. De fato,

Mt − Ny t2 y

IN
1
= 2 2 =
N ty y

e o fator integrante fica determinado por meio de


R Mt −Ny R 1
dy
µ (y) = e N
dy
=e y = e− ln|y| = |y| .
IM
Para fins de fator integrante, constantes multiplicativas podem ser desprezadas, então faça
µ (y) = y. A nova EDO
t3 y 2 y 0 + t2 y 3 = 0
1 3 3
é exata, e, pelos métodos já expostos, admite a função potencial Ψ (t, y) = 3
ty . Logo, sua
solução geral e dada por
1 3 3 c
t y = c̃ ou ainda y = .
EL

3
t 

Observe que foi possı́vel encontrar para uma EDO dois fatores integrantes distintos que
a transformam em exata. Isso não é um fato isolado dada a natureza da equação (1.3), no
entanto, nem sempre haverá um fator integrante que só dependa de t ou que só dependa de
y.
PR

1.3 EDO do tipo linear


Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é do tipo linear quando puder ser
escrita sob a forma
y 0 + p (t) y = f (t) . (1.4)
10 EDO de primeira ordem

O motivo da nomenclatura deve-se ao operador L [y] = y 0 + p (t) y sugerido pelo membro


esquerdo de (1.4) ser linear. De fato, para quaisquer escalares α1 e α2

L [α1 y1 + α2 y2 ] = (α1 y1 + α2 y2 )0 + p (t) (α1 y1 + α2 y2 )

= α1 y10 + α2 y20 + α1 p (t) y1 + α2 p (t) y2

AR
= α1 (y10 + p (t) y1 ) + α2 (y20 + p (t) y2 )

= α1 L [y1 ] + α2 L [y2 ]

Quando f ≡ 0 (f (t) = 0 para todo t) a EDO (1.4) é denominada homogênea, e quando


f 6≡ 0 (f (t∗ ) 6= 0 para algum t∗ ) a EDO (1.4) é denominada não homogênea.
Sua solução também se dá por meio da descoberta de um fator integrante. Suponha que
µ = µ (t) seja um fator integrante para (1.4). Então

µ (t) y 0 + µ (t) p (t) y = µ (t) f (t)

IN
Observe a semelhança entre o membro da esquerda e a derivada de um produto

µ (t) y 0 + µ (t) p (t) y = (µ (t) y)0 = µ (t) y 0 + µ0 (t) y

mas, para que isso seja verdade, é necessário que


µ0 (t)
R
µ0 (t) = µ (t) p (t) µ (t) = e p (t) dt
IM
=⇒ = p (t) =⇒
µ (t)
Assim
R R R
p(t)dt 0 p(t)dt p(t)dt
e y + p (t) e y = f (t) e

Z Z
 R p(t)dt  R d h R p(t)dt i R
=⇒ d
dt
e y = f (t) e p(t)dt =⇒ e y dt = f (t) e p(t)dt dt
dt
EL

R
Z R R
Z R
p(t)dt − p(t)dt
=⇒ e p(t)dt
y= f (t) e dt =⇒ y (t) = e f (t) e p(t)dt dt

Exemplo 10. Resolva a equação diferencial ordinária abaixo

y 0 = y + sen (t)
PR

Solução: A manjada, e já sem graça, pergunta “qual função é igual a sua derivada?”
ganhou mais uma parcela, tornando sua resposta inacessı́vel aos não iniciados. Manipulando-
a
y 0 − y = sen (t)
a EDO original reduz-se ao caso linear exposto acima. Seu fator integrante é dado por
R
µ (t) = e (−1)dt
= e−t
1.3 EDO do tipo linear 11

Então  −t 0
e−t y 0 − e−t y = e−t sen (t) =⇒ e y = e−t sen (t)
e integrando ambos os membros
Z Z Z
 −t 0
e y dt = e−t sen (t) dt =⇒ −t
e y= e−t sen (t) dt

AR
por fim, isolando y no primeiro membro e resolvendo a integral do segundo membro
Z
e−t sen (t) dt = et − 12 e−t sen (t) − 12 e−t cos (t) + c
t
 
y (t) = e

y (t) = c et − 12 [sen (t) + cos (t)] = c et − √1 π



=⇒ 2
sen t + 4

na qual c é uma constante arbitrária resultante da resolução da integral. 

Ao considerar um problema de valor inicial

IN
0
y + p (t) y = f (t)


y (t ) = y
0 0

o processo descrito acima usa integrais definidas a fim de absorver a condição inicial. Use o
fator integrante 2 Rt
p(τ )dτ
IM
µ (t) = e t0
Assim Rt Rt Rt
p(τ )dτ 0 p(τ )dτ p(τ )dτ
e t0
y + p (t) e t0
y = f (t) e t0

h Rt i Rt
d p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ dt
e t0
y (t) = f (t) e t0
Z t h Rs i Z t Rs
d p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ ds
e t0
y (s) ds = f (s) e t0 ds
EL

t0 t0
Rt R t0
Z t Rs
p(τ )dτ p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ e t0
y (t) − e t0
y (t0 ) = f (s) e t0
ds
t0
Rt Z t Rs
p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ e t0
y (t) = y (t0 ) + f (s) e t0
ds
t0
Rt Rt Z t Rs
− p(τ )dτ − p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ y (t) = y0 e t0
+e t0
f (s) e t0
ds
PR

t0
Rt Z t Rt Rt
− p(τ )dτ 0 p(τ )dτ − p(τ )dτ
=⇒ y (t) = y0 e t0
+ f (s) e− s e t0
ds
t0
Rt Z t Rt
− p(τ )dτ
=⇒ y (t) = y0 e t0
+ f (s) e− s p(τ )dτ
ds
t0
2
Qualquer outro valor válido no limite inferior da integral funcionaria, mas t0 faz sentido e funciona, além
de ser simples
12 EDO de primeira ordem

Exemplo 11. Considere as constantes α, a > 0 e t∗ > 0. Resolva o problema de valor inicial
0
y + αy = f (t)


y (0) = H

para o qual a função contı́nua f é dada por

AR
(
0, para 0 < t < t∗
f (t) =
−a (t − t∗ ) , para t ≥ t∗ .

Solução: Use o fator integrante µ (t) = eαt


 αt 0
eαt y 0 + αeαt y = f (t) eαt =⇒ e y = f (t) eαt

Integrando de 0 a t
Z t Z t Z t
ατ 0
f (τ ) eατ dτ αt α·0
f (τ ) eατ dτ

IN
[e y (τ )] dτ = =⇒ e y (t) − e y (0) =
0 0 0

logo, substituindo o dado inicial, e isolando y (t) no primeiro membro


Z t
−αt −αt
y (t) = H · e +e f (τ ) eατ dτ
0

Observe que ainda falta usar a função f . Pela própria definição da função f , há duas
IM
situações a considerar: t ∈ (0, t∗ ) e t ≥ t∗
 Z t
 H ·e −αt
+e −αt
f (τ ) eατ dτ , para 0 < t < t∗



0

y (t) = Z t


 H ·e −αt
+e −αt
f (τ ) eατ dτ , para t ≥ t∗


0
EL

No primeiro caso é imediato: basta substituir f (τ ) por 0


Z t
−αt −αt
y (t) = H · e +e 0 · eατ dτ = H · e−αt , para t ∈ (0, t∗ )
0

No segundo caso é preciso tomar um cuidado adicional. Há dois intervalos a considerar na
integração
Z t
−αt −αt
y (t) = H · e +e f (τ ) eατ dτ
PR

Z t∗ Z t 
−αt −αt ατ ατ
=H ·e +e f (τ ) e dτ + f (τ ) e dτ
0 t∗

Z t∗ Z t 
−αt −αt ατ ατ
=H ·e +e 0 · e dτ − a (τ − t∗ ) e dτ
0 t∗
1.4 Equação de Bernoulli e Equação de Riccati 13

e resolvendo-se a última integral


y (t) = H · e−αt − a −α(t−t∗ )
α (t − t∗ ) eα(t−t∗ ) − eα(t−t∗ ) + 1
 
α2
e

= H · e−αt − a a
1 − e−α(t−t∗ )

α
(t − t∗ ) + α2

Assim 
−αt
 H ·e ,
 para 0 < t < t∗
y (t) =

AR
 H · e−αt −
 a
(t − t∗ ) + a
1 − e−α(t−t∗ ) , para t ≥ t∗

α α2
Verifique que a solução é uma função contı́nua. 

1.4 Equação de Bernoulli e Equação de Riccati

IN
Uma EDO de primeira ordem é do tipo Bernoulli (ou uma Equação de Bernoulli) quando
puder ser escrita sob a forma
y 0 + p (t) y = q (t) y n
Divida a equação por y n
y −n y 0 + p (t) y 1−n = q (t)
Faça u = y 1−n , logo u0 = (1 − n) y −n y 0
IM
1
1−n
u0 + p (t) u = q (t)
ou ainda
u0 + (1 − n) p (t) u = (1 − n) q (t)
reduzindo o problema original à uma EDO de primeira ordem linear.

Uma EDO de primeira ordem é do tipo Riccati (ou uma Equação de Riccati) quando
EL

puder ser escrita sob a forma


y 0 + p (t) y = q (t) y 2 + f (t)
1
Suponha que seja conhecida uma solução particular yp da equação acima. Faça y = yp − u
0 2
yp − u1 + p (t) yp − u1 = q (t) yp − u1 + f (t)


yp0 + 1 0
+ p (t) yp − p (t) u1 = q (t) yp2 − 2yp u1 + 1

PR

u2
u u2
+ f (t)
Agrupando adequadamente, é possı́vel eliminar a função f
((
 0 (2((( 
yp + (
p (t)
(( yp(− q (t) yp − f (t) + u12 u0 − p (t) u1 = −2yp q (t)
( ( ( 1
u
+ q (t) 1
u2
(((
Ajustando os termos restantes
u0 + (2yp q (t) − p (t)) u = q (t)
atinge-se uma EDO de primeira ordem linear.
14 EDO de primeira ordem

AR
IN
IM
EL
PR
Capı́tulo 2

AR
EDO de segunda ordem lineares

Neste capı́tulo ambiciona-se explicar propriedades relevantes para as soluções de uma


equação diferencial linear de segunda ordem
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f (t) (2.1)

IN
com coeficientes p e q contı́nuos sobre um intervalo aberto I ⊆ R. De inı́cio será tratado
o caso em que f é identicamente nula sobre o intervalo I (f ≡ 0 sobre I, i.e., ∀t ∈ I tem-
se f (t) = 0) denominado homogêneo, em oposição ao caso em que f não é identicamente
nula sobre o intervalo I (f 6≡ 0 sobre I, i.e., ∃t∗ ∈ I tal que f (t∗ ) 6= 0) denominado não
homogêneo, o qual será pormenorizado em sequência.
Em ambos os casos, sob situações particulares, intenciona-se encontrar as soluções pro-
IM
priamente ditas da equação.

2.1 O caso homogêneo

Suponha que f em (2.1) seja identicamente nula sobre o intervalo aberto I ⊆ R. Assim,
EL

a equação diferencial
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0, t ∈ I (2.2)
será o objeto de estudo desta seção.
Suponha que existam funções 1 λ1 : t ∈ I 0 7→ λ1 (t) e λ2 : t ∈ I 0 7→ λ2 (t), com I 0 ⊆ I
intervalo aberto, de modo que
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = d
dt
[y 0 − λ1 (t) y] − λ2 (t) [y 0 − λ1 (t) y] (2.3)
Expandindo o membro direito de (2.3), e comparando com o membro esquerdo, conclui-se
PR

que as funções λ1 e λ2 devem satisfazer, para todo t ∈ I 0 ,



λ1 (t) + λ2 (t) = −p (t)
(2.4)


λ (t) λ (t) − λ0 (t) = q (t)
1 2 1
1
Observe que ao supormos a existência de alguma função para certos fins, estamos supondo que existe
um domı́nio adequado, que existe um contra-domı́nio que faça sentido, e que existe uma regra que associe
cada elemento do primeiro conjunto a apenas um elemento do segundo, e que atende aos fins necessários.
No caso acima, está subentendido que o contra-domı́nio é o conjunto dos números reais.
16 EDO de segunda ordem lineares

A primeira equação permite isolar λ2 , e substituir na segunda, obtendo-se uma equação


apenas na incógnita λ1
λ01 (t) + p (t) λ1 (t) + λ21 (t) + q (t) = 0 (2.5)
a qual trata-se de uma equação diferencial de primeira ordem do tipo Riccati. Resolvendo-a,
obtém-se as regras para as funções λ1 e λ2 , bem como o domı́nio I 0 ⊆ I de ambas, logo, as
função λ1 e λ2 ficam determinadas.
De quê serve esse esforço, ainda que seja teórico, ou puramente imaginário?

AR
Uma vez alcançada a validade de (2.3), a equação y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0 pode ser
transformada em um sistema de equações diferenciais lineares de primeira ordem
0
u − λ2 (t) u = 0
(2.6)


y 0 − λ (t) y = u
1

Observe que pode-se resolver a primeira, obtendo-se a função t ∈ I 0 7→ u (t). Pondo as mãos
na massa
u0
Z Z

IN
0 d
u = λ2 (t) u =⇒ = λ2 (t) =⇒ dt
(ln u) dt = λ2 (t) dt
u
Z R R
=⇒ ln u = λ2 (t) dt =⇒ u (t) = e λ2 (t)dt = e− (p(t)+λ1 (t))dt

Em seguida substitui-la na segunda, e resolvendo-a, obter a função t ∈ I 0 7→ y (t). Pondo as


botas na lama
IM
R R R
y 0 − λ1 (t) y = u =⇒ y 0 e− λ1 (t)dt
− yλ1 (t) e− λ1 (t)dt
= u (t) e− λ1 (t)dt

h R i R
=⇒ d
dt
ye− λ1 (t)dt
= u (t) e− λ1 (t)dt

R
Z R

=⇒ ye λ1 (t)dt
= u (t) e− λ1 (t)dt
dt
EL

R
Z R
=⇒ y (t) = e λ1 (t)dt
u (t) e− λ1 (t)dt
dt

R
Z R R
=⇒ y (t) = e λ1 (t)dt
e− (p(t)+λ1 (t))dt −
e λ1 (t)dt
dt
R
Z h R i−2 R
=⇒ y (t) = e λ1 (t)dt
e λ1 (t)dt e− p(t)dt dt (2.7)
PR

A solução do sistema (2.6) é a função t ∈ I 0 7→ (u (t) , y (t)), enquanto a solução da equação


(2.2) é a função t ∈ I 0 7→ y (t).
Está bem... parece honesto. Está resolvido? Tem alguma eutrapelia?
Algumas, e em diversos nı́veis de profundidade. Apesar delas, os resultados acima con-
tinuam válidos. Nas seções a seguir municia-se quem está lendo de ferramentas essenciais
para identificar quanto de picardia e galhofa há na exposição acima, bem como para dessas
revelar meios evasivos.
2.1 O caso homogêneo 17

2.1.1 Prelúdio: Funções linearmente (in)dependentes

No primeiro curso de Álgebra Linear, Alice 2 aprendeu que dois vetores u e v de um


mesmo espaço vetorial V (sobre um corpo F) são linearmente independentes (l.i.) quando
o único modo de ter-se αu + βv = 0 com constantes α, β ∈ F é quando α e β forem nulos
(α = β = 0).

AR
Agora considere um intervalo aberto I ⊆ R, e o espaço vetorial V das funções f : I → R.
Dadas duas funções f e g em V, essas funções são linearmente independentes quando o único
modo de ter-se αf + βg = 0 com α, β ∈ R é quando α = β = 0. É preciso observar que
a combinação linear αf + βg = 0 refere-se aos objetos abstratos que jazem em V, e aqui
compara-se esses objetos, que são funções. Duas funções são iguais se possuı́rem o mesmo
domı́nio, e possuı́rem a mesma imagem para cada elemento do domı́nio. Assim,

αf + βg = 0 ⇐⇒ (αf + βg) (t) = 0 (t) , ∀t ∈ I

⇐⇒ αf (t) + βg (t) = 0 , ∀t ∈ I.

IN
Logo, dadas duas funções f e g em V, essas funções são linearmente independentes quando
o único modo de ter-se α f (t) + β g (t) = 0, ∀t ∈ I é quando α = β = 0. Agora que ficou
claro com linguagem usual, pode-se escrever apenas com sı́mbolos

{f, g} l.i. ⇐⇒ (α f (t) + β g (t) = 0, ∀t ∈ I =⇒ α = β = 0) (2.8)

Alice recorda ainda que dois vetores u e v de um mesmo espaço vetorial V são linearmente
IM
dependentes quando não forem linearmente independentes. Assim, dadas duas funções f e
g em V, por meio de (2.8)

¬ ({f, g} l.i.) ⇐⇒ ¬ [(α f (t) + β g (t) = 0, ∀t ∈ I) =⇒ (α = β = 0)]

{f, g} l.d. ⇐⇒ [(α f (t) + β g (t) = 0, ∀t ∈ I) e ¬ (α = 0 e β = 0)]

por fim
EL

{f, g} l.d. ⇐⇒ [(∃α 6= 0 ou ∃β 6= 0) tal que (α f (t) + β g (t) = 0, ∀t ∈ I)] (2.9)

Exemplo 12. As funções f (t) = t3 e g (t) = |t|3 definidas sobre o intervalo (−1, 1) são
linearmente independentes, mas, se definidas sobre o intervalo (0, 1) são linearmente depen-
dentes.
Solução: Tratemos de cada caso separadamente

• f (t) = t3 e g (t) = |t|3 , t ∈ (−1, 1)


PR

Considere uma combinação linear nula entre f e g


αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ (−1, 1)

=⇒ αt3 + β |t|3 = 0, ∀t ∈ (−1, 1)


2
Alice: personagem das obras Alice’s Adventure in Wonderland (1865) e Through the Looking-Glass and
What Alice Found There (1871) escritas por Charles Lutwidge Dodgson (1832-1898), mais conhecido pelo
pseudônimo Lewis Carroll.
18 EDO de segunda ordem lineares

Se t > 0, segue-se que αt3 + βt3 = 0, ∀t ∈ (0, 1). Logo α + β = 0. Por outro lado,
se t < 0, segue-se que αt3 − βt3 = 0, ∀t ∈ (−1, 0). Logo α − β = 0. O sistema linear
homogêneo

α+β =0


α−β =0

possui solução única α = β = 0. Assim f : t ∈ (−1, 1) 7→ t3 e g : t ∈ (−1, 1) 7→ |t|3

AR
são linearmente independentes.

• f (t) = t3 e g (t) = |t|3 , t ∈ (0, 1)


Considere uma combinação linear nula entre f e g

αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ (0, 1)

=⇒ αt3 + β |t|3 = 0, ∀t ∈ (0, 1)

IN
=⇒ αt3 + βt3 = 0, ∀t ∈ (0, 1)

=⇒ α+β =0

De onde segue-se que qualquer escolha não nula para a constante α, e fazendo-se
β = −α 6= 0, permite-se αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ (0, 1). Assim f : t ∈ (0, 1) 7→ t3 e
g : t ∈ (0, 1) 7→ |t|3 são linearmente dependentes.
IM
Diante do exposto nesse exemplo, conclui-se que ao alterar o domı́nio das funções pode-se
alterar a relação de dependência/independência linear entre elas. 
EL

2.1.2 Combinação linear de soluções

Por qual motivo aflorou-se essa discussão sobre funções linearmente (in)dependentes?
Por que retirar do pântano aquele baú embolorado das encarniçadas lembranças da Álgebra
Linear? Bem... aqui é preciso invocar o valoroso princı́pio universal

“Canja de galinha e Álgebra Linear nunca fizeram mal a ninguém”


PR

Portanto, trate melhor o baú das lembranças da Álgebra Linear. Ao longo de sua jornada
esse baú será revisitado muitas vezes. Tudo deve estar limpo e organizado para poupar seu
tempo.
Considere uma combinação linear finita de soluções da equação (2.2)

N
P
y= αj y j (2.10)
j=1
2.1 O caso homogêneo 19

Substitua (2.10) no membro esquerdo de (2.2)


" # " # " #
N N N
d2 d
P P P
dt2
αj yj (t) + p (t) dt αj yj (t) + q (t) αj yj (t) =
j=1 j=1 j=1
N N N
d2 d
P P P
= dt2
(αj yj (t)) + p (t) dt
(αj yj (t)) + q (t) (αj yj (t)) =
j=1 j=1 j=1
N N N
d2 d
P P P
= αj [yj (t)] + p (t) αj [yj (t)] + q (t) (αj yj (t)) =

AR
dt2 dt
j=1 j=1 j=1
N 
αj yj00 (t) + αj p (t) yj0 (t) + αj q (t) yj (t) =
P 
=
j=1
N N
αj yj00 (t) + p (t) yj0 (t) + q (t) yj (t) =
P   P
= (αj · 0) = 0
j=1 j=1

pois cada yi satisfaz a EDO (2.2). Ou seja, y também é uma solução da (2.2). Para facilitar a
minha vida em referências futuras, este conhecimento será condensado no enunciado abaixo:

combinação linear y =
N
P

IN
Teorema 13. Dado o conjunto {y1 , y2 , . . . , yN } de soluções da EDO (2.2), então qualquer
αj yj também é solução da mesma equação.
j=1

O que aconteceria se o conjunto de soluções {y1 , y2 , . . . , yN , . . .} fosse infinito? No presente


IM
momento, dispõe-se de pouca Matemática para tratar desse tema, mas a pergunta permanece
interessante, até mesmo porque a pergunta feita é imprecisa.

Na seção seguinte, apresenta-se uma ferramenta prática importante para determinar a


(in)dependência linear de um conjunto de funções, e de brinde também percebe-se um apa-
rente paradoxo.
EL

2.1.3 Wronskiano - Teorema de Abel

Considere um par de funções diferenciáveis {f, g} sobre um intervalo aberto I ⊆ R, e


uma combinação linear nula entre elas

αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ I (2.11)


PR

com α e β constantes reais. Sendo as funções diferenciáveis sobre o intervalo I, é lı́cito aplicar
a derivada em cada ponto de I em (2.11)

αf 0 (t) + βg 0 (t) = 0, ∀t ∈ I. (2.12)

De (2.11) e (2.12) obtém-se o sistema linear homogêneo


" #" # " #
αf (t) + βg (t) = 0 f (t) g (t) α 0
⇐⇒ = (2.13)


αf 0 (t) + βg 0 (t) = 0 f 0 (t) g 0 (t) β 0
20 EDO de segunda ordem lineares

para ∀t ∈ I.
Sistemas lineares homogêneos sempre são compatı́veis (possı́veis, possuem solução) haja
vista que o vetor nulo sempre satisfaz esse tipo de sistema. Resta saber se o sistema em
(2.13) é determinado (possui solução única) ou indeterminado (possui uma infinidade de
soluções).
Alice lembra que a natureza da compatibilidade do sistema (2.13) depende do determi-
nante da matriz que define o sistema linear.

AR
Este determinante é denominado como sendo o wronskiano das funções f e g
" #
f (t) g (t)
W [f, g] (t) = det ∀t ∈ I.
f 0 (t) g 0 (t)

Se W [f, g] (t) 6= 0, ∀t ∈ I, o sistema (2.13) possui solução única, logo α = β = 0. Portanto,


se W [f, g] (t) 6= 0, ∀t ∈ I então f e g são linearmente independentes.
Parece natural concluir “se W [f, g] (t) = 0, ∀t ∈ I então f e g são linearmente depen-
dentes”, no entanto não é assim.

IN
Exemplo 14. Considere as funções f (t) = t3 e g (t) = |t|3 , ∀t ∈ (−1, 1). Calcule W [f, g].

Solução: No Exemplo 12 foi verificado que as funções f e g são linearmente independentes.


No entanto, ∀t ∈ (−1, 1)
IM
|t|3
" 3 #
t
W [f, g] (t) = det = 3t4 |t| − 3t2 |t|3 = 3 |t|5 − 3 |t|5 = 0.
3t2 3t |t|

E agora? 

Parece haver um paradoxo. Afinal de contas, dado um sistema linear homogêneo Ax = 0,


se det (A) = 0 então o sistema é indeterminado; e o wronskiano sendo um determinante dessa
natureza, se W [f, g] ≡ 0 deveria produzir sistemas indeterminados, e, consequentemente, f e
EL

g deveriam ser linearmente dependentes. Certo? Bucólico engano. A conclusão do Exemplo


14 denuncia que há algo de errado neste raciocı́nio.
De fato, considere W [f, g] (t) = 0, ∀t ∈ I. Fixe t0 ∈ I. O sistema linear
" #" # " #
f (t0 ) g (t0 ) α 0
=
f 0 (t0 ) g 0 (t0 ) β 0
PR

é indeterminado, pois W [f, g] (t0 ) = 0, logo para cada escolha α, existe um valor para
β = β (α, t0 ). Agora fixe t1 ∈ I, com t1 6= t0 . O sistema linear
" #" # " #
f (t1 ) g (t1 ) α 0
=
f 0 (t1 ) g 0 (t1 ) β 0

também é indeterminado, pois W [f, g] (t1 ) = 0. Logo, para cada escolha α, existe um valor
para β = β (α, t1 ). Não há qualquer garantia de que β (α, t0 ) seja igual a β (α, t1 ), para uma
2.1 O caso homogêneo 21

mesma escolha α. Portanto, não se pode concluir que existam contantes α e β, com α 6= 0
ou β 6= 0, tais que
αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ I.

Apesar disso, sob condições adicionais adequadas, atinge-se a tese desejada.

AR
Teorema 15 (de Abel). Considere a EDO

y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0

sobre o intervalo aberto I = (t0 , T ), na qual os coeficientes p : t ∈ I 7→ p (t) e q : t ∈ I 7→ q (t)


são funções contı́nuas, e os limites laterais à direita de t0 existem. Sejam y1 e y2 soluções
da EDO, e seja t∗ ∈ I qualquer.

i) Se W [y1 , y2 ] (t∗ ) = 0, então W [y1 , y2 ] (t) = 0, ∀t ∈ I. Ademais, {y1 , y2 } é l.d.

IN
ii) Se W [y1 , y2 ] (t∗ ) 6= 0, então W [y1 , y2 ] (t) 6= 0, ∀t ∈ I. Ademais, {y1 , y2 } é l.i.

Demonstração: Considere a função t ∈ I 7→ W [y1 , y2 ] (t). Observe que é lı́cito diferen-


ciar esta função em cada ponto t ∈ I
" #!
y1 (t) y2 (t)
d
dt
W [y1 , y2 ] (t) = dtd det = dtd [y1 (t) y20 (t) − y10 (t) y2 (t)] (2.14)
0 0
y1 (t) y2 (t)
IM
= y10 (t) y20 (t) + y1 (t) y200 (t) − y100 (t) y2 (t) − y10 (t) y20 (t)

= y1 (t) y200 (t) − y100 (t) y2 (t)

Como y1 e y2 são soluções de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0, segue-se que

y100 = −p (t) y10 − q (t) y1 e y200 = −p (t) y20 − q (t) y2


EL

e substituindo essas informações em (2.14)


d
dt
W [y1 , y2 ] (t) = −y1 (t) [p (t) y20 (t) + q (t) y2 (t)] + [p (t) y10 (t) + q (t) y1 (t)] y2 (t)

= −p (t) [y1 (t) y20 (t) − y10 (t) y2 (t)] = −p (t) W [y1 , y2 ] (t)

obtém-se uma EDO de primeira ordem para W [y1 , y2 ]


PR

d
dt
W [y1 , y2 ] (t) = −p (t) W [y1 , y2 ] (t)

que tem por solução  Z t 


W [y1 , y2 ] (t) = W0 exp − p (τ ) dτ
t0

na qual W0 é uma constante. Assim, se para algum t∗ ∈ I tem-se W [y1 , y2 ] (t∗ ) = 0, então
W0 = 0, de onde segue-se que W [y1 , y2 ] (t) = 0, ∀t ∈ I. Por outro lado, se para algum t∗ ∈ I
tem-se W [y1 , y2 ] (t∗ ) 6= 0, então W0 6= 0, de onde segue-se que W [y1 , y2 ] (t) 6= 0, ∀t ∈ I. 
22 EDO de segunda ordem lineares

Seguem-se alguns exemplos, tanto de ordem teórica quanto prática.

Exemplo 16. Dadas as funções f : t ∈ R 7→ eλ1 t e g : t ∈ R 7→ eλ2 t , com λ1 6= λ2 constantes


reais, verifique que {f, g} é linearmente independente.
Solução: Com a intenção de aplicar o Teorema de Abel (Teorema 15) é necessário encon-
trar uma EDO linear de segunda ordem homogênea com coeficientes contı́nuos sobre R que

AR
seja satisfeita por f e por g. Pelo Teorema 13 qualquer combinação linear de f e g também
é solução. Observe

y (t) = αeλ1 t + βeλ2 t =⇒ y 0 (t) = αλ1 eλ1 t + βλ2 eλ2 t


=⇒ y 00 (t) = αλ21 eλ1 t + βλ22 eλ2 t

Agora busque, por meio da expressão de y 00 , um modo de introduzir y 0 e y.

y 00 (t) = λ1 · αλ1 eλ1 t + λ2 βλ2 eλ2 t


 

IN
= λ1 · y 0 (t) − βλ2 eλ2 t + λ2 y 0 (t) − αλ1 eλ1 t
 

= (λ1 + λ2 ) y 0 (t) − λ1 λ2 αeλ1 t + βeλ2 t




= (λ1 + λ2 ) y 0 (t) − λ1 λ2 y (t)

De onde conclui-se que


y 00 − (λ1 + λ2 ) y 0 + λ1 λ2 y = 0
IM
é uma EDO de segunda ordem linear homogênea satisfeita por f e por g, para a qual os
coeficientes p : t ∈ R 7→ − (λ1 + λ2 ) e q : t ∈ R 7→ λ1 λ2 são funções constantes, portanto,
funções contı́nuas sobre R. Assim, o Teorema de Abel é aplicável.
Calculando-se o wronskiano de f e g
" # " #
f (t) g (t) eλ1 t eλ2 t
W [f, g] (t) = det = det
f 0 (t) g 0 (t) λ1 eλ1 t λ2 eλ2 t
EL

= eλ1 t · λ2 eλ2 t − eλ2 t · λ1 eλ1 t = (λ2 − λ1 ) e(λ1 +λ2 )t 6= 0

∀t ∈ R, pois λ1 6= λ2 .
Por fim, conclui-se que o par {f, g} é linearmente independente. 
PR

Exemplo 17. Dadas as funções f : t ∈ R 7→ eλt e g : t ∈ R 7→ teλt , com λ constante real,


verifique que {f, g} é linearmente independente.
Solução: De modo análogo ao exemplo anterior, faça y = αf + βg

y (t) = αeλt + βteλt = (α + βt) eλt =⇒ y 0 (t) = (β + αλ + βλt) eλt

y 00 (t) = 2βλ + αλ2 + βλ2 t eλt



=⇒
2.1 O caso homogêneo 23

segue-se que

y 00 (t) = 2βλ + αλ2 + βλ2 t eλt = λ (2β + αλ + βλt) eλt




= λ (2β + 2αλ + 2βλt − αλ − βλt) eλt

= 2λ (β + αλ + βλt) eλt − λ (αλ + βλt) eλt

AR
= 2λ (β + αλ + βλt) eλt − λ2 (α + βt) eλt

= 2λy 0 (t) − λ2 y (t)

De onde conclui-se que


y 00 − 2λy 0 + λ2 y = 0

IN
é uma EDO de segunda ordem linear homogênea satisfeita pela funções f e g, para a qual
os coeficientes p : t ∈ R 7→ −2λ e q : t ∈ R 7→ λ2 são funções contı́nuas sobre R. Assim, o
Teorema de Abel é aplicável.
Calculando-se o wronskiano de f e g
" # " #
f (t) g (t) eλt teλt
W [f, g] (t) = det = det
IM
f 0 (t) g 0 (t) λeλt (1 + λt) eλt

= eλt · (1 + λt) eλt − teλt · λeλt = e2λt 6= 0

para todo t ∈ R.
Por fim, por meio do Teorema de Abel, conclui-se que o par {f, g} é linearmente inde-
pendente. 
EL

Exemplo 18. Dadas as funções f : t ∈ R 7→ ert sen (st) e g : t ∈ R 7→ ert cos (st), com
r ∈ R e s > 0 constantes reais, verifique que {f, g} é linearmente independente.
Solução: Faça y = αf + βg
PR

y (t) = αert sen (st) + βert cos (st) = ert (α sen (st) + β cos (st))

y 0 (t) = ert (αr sen (st) + βr cos (st)) + ert (αs cos (st) − βs sen (st))

= ert [(αs + βr) cos (st) + (αr − βs) sen (st)]

y 00 (t) = ert β r2 − s2 + 2αrs cos (st) + α r2 − s2 − 2βrs sen (st)


     
24 EDO de segunda ordem lineares

segue-se que

y 00 (t) = ert [(2 (αrs + βr2 ) − β (r2 + s2 )) cos (st)


+ (2 (αr2 − βrs) − α (r2 + s2 )) sen (st)]

= 2rert [(αs + βr) cos (st) + (αr − βs) sen (st)]

AR
− (r2 + s2 ) ert [α sen (st) + β cos (st)]

= 2ry 0 (t) − (r2 + s2 ) y (t)

De onde conclui-se que


y 00 − 2ry 0 + r2 + s2 y = 0


é uma EDO de segunda ordem linear homogênea satisfeita pela funções f e g, para a qual os
coeficientes p : t ∈ R 7→ −2r e q : t ∈ R 7→ r2 + s2 são funções contı́nuas sobre R. Assim, o
Teorema de Abel é aplicável.

IN
Calculando-se o wronskiano de f e g
" #
f (t) g (t)
W [f, g] (t) = det
f 0 (t) g 0 (t)
" #
ert sen (st) ert cos (st)
= det
IM
ert (r sen (st) + s cos (st)) ert (r cos (st) − s sen (st))

= ert sen (st) · ert (r cos (st) − s sen (st))


−ert cos (st) · ert (r sen (st) + s cos (st))

= e2rt (r sen (st) cos (st) − s sen2 (st))


−e2rt (r sen (st) cos (st) + s cos2 (st))
EL

= e2rt [−s sen2 (st) − s cos2 (st)] = −se2rt 6= 0

para todo t ∈ R, pois s > 0.


Por meio do Teorema de Abel, conclui-se que o par {f, g} é linearmente independente. 
PR

Exemplo 19. As funções


Rt Rt Z th Rs i−2 Rs
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ
y1 (t) = e t0
e y2 (t) = e t0
e t0
e ds
t0

para t ∈ [t0 , T ) são soluções da EDO de segunda ordem linear homogênea (verifique!)

y 00 − (λ1 (t) + λ2 (t)) y 0 + (λ1 (t) λ2 (t) − λ01 (t)) y = 0,


2.1 O caso homogêneo 25

com coeficientes sob as hipóteses do Teorema de Abel. Verifique que {y1 , y2 } é um conjunto
linearmente independente.
Solução: Como já sabe-se que y1 e y2 são soluções de uma EDO de segunda ordem linear
homogênea sob as hipóteses do Teorema de Abel, passa-se ao cálculo do wronskiano
" #
y1 (t) y2 (t)
W [y1 , y2 ] (t) = det
y10 (t) y20 (t)

AR
Rt
 Rt Z th Rs i−2 Rs

λ1 (s)ds d λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ
=e t0
· dt
e t0
e t0
e ds
t0

h Rt i Rt Z th R i−2 R s
s
d t0 λ1 (s)ds t0 λ1 (s)ds λ (τ )dτ (λ (τ )+λ2 (τ ))dτ
− dt
e ·e e t0 1 e t0 1 ds
t0

Rt Rt Z th Rs i−2 Rs
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ

IN
=e t0
· λ1 (t) e t0
e t0
e ds
t0

Rt Rt h Rt i−2 R t
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ (s)ds (λ (s)+λ2 (s))ds
+e t0
·e t0
e t0 1 e t0 1

Rt Rt Z th Rs i−2 Rs
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ
IM
− λ1 (t) e t0
·e t0
e t0
e ds
t0

Rt
t0 (λ1 (s)+λ2 (s))ds
=e 6= 0

para todo t ∈ (t0 , T ).


Portanto, o par de funções {y1 , y2 } é linearmente independente. 
EL

Até aqui trabalhou-se com pares de funções {f, g} que seriam soluções de uma EDO
de segunda ordem linear homogênea, e à luz do Teorema de Abel, concluir-se-ia quanto a
dependência/independência linear desse conjunto. O que aconteceria com um trio de funções
{y1 , y2 , y3 } soluções de uma EDO de segunda ordem linear homogênea?

Considere um trio de funções {y1 , y2 , y3 } soluções de uma EDO de segunda ordem linear
homogênea
PR

y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0
e uma combinação linear nula delas

α1 y1 (t) + α2 y2 (t) + α3 y3 (t) = 0,

então
α1 y10 (t) + α2 y20 (t) + α3 y30 (t) = 0
α1 y100 (t) + α2 y200 (t) + α3 y300 (t) = 0.
26 EDO de segunda ordem lineares

De onde segue-se a construção do sistema linear homogêneo


    
y1 (t) y2 (t) y3 (t) α1 0
 0     
 y1 (t)
 y20 (t) y30 (t) 

 α2  =  0 
  
y100 (t) 00 00
y2 (t) y3 (t) α3 0
o qual será determinado se
 
y1 (t) y2 (t) y3 (t)

AR
 0 0 0

det  y (t) y (t) y (t)  6 0, ∀t ∈ (t0 , T ) .
1 2 3
=

y100 (t) y200 (t) y300 (t)
É verdade que
y100 = −p (t) y10 − q (t) y1
y200 = −p (t) y20 − q (t) y2
y300 = −p (t) y30 − q (t) y3
então

 0
det  y
 1
y1 (t) y2 (t) y3 (t)

00
(t) y 0
2
00
(t) y
y1 (t) y2 (t) y3 (t)
0
3
00
(t)

=

IN
IM
 
y1 (t) y2 (t) y3 (t)
 
= det 
 y10 (t) y20 (t) y30 (t) 

−p (t) y10 (t) − q (t) y1 (t) −p (t) y20 (t) − q (t) y2 (t) −p (t) y30 (t) − q (t) y3 (t)
   
y1 (t) y2 (t) y3 (t) y1 (t) y2 (t) y3 (t)
EL

   
= − det 
 y10 (t) y20 (t) y30 (t)  − det 
  y10 (t) y20 (t) y30 (t) 

p (t) y10 (t) p (t) y20 (t) p (t) y30 (t) q (t) y1 (t) q (t) y2 (t) q (t) y3 (t)
   
y1 (t) y2 (t) y3 (t) y1 (t) y2 (t) y3 (t)
 0 0 0
  
= −p (t) · det  y 1 (t) y 2 (t) y 3 (t)  − q (t) · det  y10 (t) y20 (t) y30 (t) 
   
PR

0 0 0
y1 (t) y2 (t) y3 (t) y1 (t) y2 (t) y3 (t)

=0
∀t ∈ (t0 , T ), pois ambas matrizes apresentam duas linhas iguais.

Até o momento trabalhou-se sob a hipótese velada de que as EDO de segunda ordem
lineares homogêneas possuem solução. É verdade?
2.1 O caso homogêneo 27

2.1.4 Interlúdio: Existência de soluções

asdasdfasdfasdf

2.1.5 Interlúdio: Unicidade para o Problema de Valores Iniciais


(PVI)

AR
dsagdsafdsafdsa

2.1.6 Caso particular: coeficientes constantes

Considere a equação diferencial

IN
d2 y dy
dt2
+ p0 dt
+ q0 y = 0 (2.15)

na qual p0 e q0 são constantes. Faça a mudança de variável y (t) = w (t) eλt , na qual w será a
nova incógnita, e λ é um parâmetro constante a ser determinado convenientemente. Assim
 00 λt
w e + 2λw0 eλt + λ2 weλt + p0 w0 eλt + λweλt + q0 weλt = 0
  
IM
eλt [w00 + (2λ + p0 ) w0 + (λ2 + λp0 + q0 ) w] = 0

w00 + (2λ + p0 ) w0 + λ2 + λp0 + q0 w = 0



(2.16)
Observe que é possı́vel zerar o coeficiente de w0 escolhendo λ adequadamente

2λ + p0 = 0 =⇒ λ = − 21 p0 . (2.17)
EL

Logo, usando λ em (2.17) e fazendo ∆ = p20 − 4q0 , a EDO (2.16) transforma-se em

w00 − ∆
4
w = 0. (2.18)
dw
Faça v = dt
, então
w00 = d dw d d
(v) dw dv

dt dt
= dt
(v) = dw dt
= v dw .
Isso permite reduzir a EDO (2.18) a um sistema de EDO de primeira ordem
PR

dv
v dw − ∆4 w = 0
(2.19)


dw = v (w)
dt

A primeira das equações permite encontrar v = v (w), enquanto a segunda equação, já de
posse da solução da primeira, permite encontrar w = w (t).
Procedamos com o tratamento da primeira. De inı́cio, separemos em dois casos: ∆ = 0,
e o caso ∆ 6= 0.
28 EDO de segunda ordem lineares

Caso ∆ = 0
Se ∆ = 0, a primeira equação de (2.19)
dv dv
dw
=0 =⇒ dw
=0 =⇒ v (w) = c2 .

Pondo na segunda EDO de (2.19)


dw
= c2 =⇒ w (t) = c1 + c2 t.

AR
dt

Mas, recordemos que y (t) = w (t) eλt , logo


1 1 1
y (t) = e− 2 p0 t (c1 + c2 t) = c1 e− 2 p0 t + c2 te− 2 p0 t . (2.20)

Se ∆ 6= 0, a primeira equação de (2.19)

IN
Z Z
dv ∆ dv ∆
v dw = 4 w =⇒ v dw dw = 4
wdw
Z Z
∆ 1
v2 = ∆1
w2 − c̃2

=⇒ v dv = 4
w dw =⇒ 2 4 2

p
=⇒ v (w) = ± 12 ∆ · (w2 − c̃2 ) .
IM
Pondo na segunda EDO de (2.19)

dw
p
dt
= ± 12 ∆ · (w2 − c̃2 )
Z Z
=⇒ √ 12 dw
=± 1
=⇒ √ 12 dw
dt = ± 1
dt
∆ · (w −c̃2 ) dt 2 ∆ · (w −c̃2 ) dt 2
EL

Z Z
=⇒ √ 12 dw = ± 1
2
dt
∆ · (w −c̃2 )

Z
=⇒ √ 1
dw = ± 21 (t + c̃1 ) . (2.21)
∆ · (w2 −c̃2 )

Vamos separar o caso ∆ 6= 0 em dois casos: ∆ < 0, e o caso ∆ > 0.


PR

Caso ∆ < 0
Se ∆ < 0, pode-se escrever (2.21) assim
Z Z
√ 1
2
dw = ± 12 (t + c̃1 ) =⇒ √ √
1
dw = ± 12 (t + c̃1 )
(−∆) · (c̃2 −w ) (−∆) c̃2 −w2


Z
√ 1 −∆
=⇒ dw = ± 2
(t + c̃1 ) . (2.22)
c̃2 −w2
2.1 O caso homogêneo 29

Observe que o radicando só faz sentido quando c̃2 > 0. A integral da esquerda resolve-se por
meio da substituição u = √wc̃2 . Portanto,

  √
√w −∆
arc sen c̃2
=± (t + c̃1 ) 2
√ √ 
=⇒ w (t) = ± c̃2 sen −∆ 2
(t + c̃ 1 )
√  √ √ 
w (t) = ± c̃2 sen −∆ c̃1 −∆

AR
=⇒ 2
t + 2
.

Embora esteja correto, desenvolvamos um pouco mais

√ √
−∆

c̃1 −∆

w (t) = ± c̃2 sen 2
t + 2
√ √
−∆

c̃1 −∆

=⇒ w (t) = ± c̃2 sen 2
t + 2
√  √
c̃1 −∆
 √
−∆
 √  √  √ 
c̃2 cos c̃1 2−∆ sen −∆

IN
=⇒ w (t) = ± c̃2 sen 2
cos 2
t ± 2
t .

√  √  √  √ 
Renomeando c1 = ± c̃2 sen c̃1 2−∆ e c2 = ± c̃2 cos c̃1 2−∆ obtém-se

√  √ 
−∆ −∆
w (t) = c1 cos 2
t + c2 sen 2
t .
IM
Assim,
√  √ 
− 12 p0 t −∆ − 12 p0 t −∆
y (t) = c1 e cos 2
t + c2 e sen 2
t . (2.23)

Caso ∆ > 0
EL

Se ∆ < 0, pode-se escrever (2.21) assim


Z
√ 1
dw = ± ∆
2
(t + c̃1 ) (2.24)
w2 −c̃2

Se c̃2 < 0, então a integral do membro esquerdo de (2.24) pode ser resolvida aplicando-se
w
uma substituição √−c̃2
=u
PR

Z Z
√ 1 dw = r 1
dw =
w2 −c̃2
h 2 i
w
−c̃2 −c̃ +1
2
Z Z  
= s 1 dw = s 1
d √w =

2 2 −c̃2
−c̃2 √w +1 √w +1
−c̃2 −c̃2
Z
= √ 1 du
u2 +1
30 EDO de segunda ordem lineares

Fazendo u = tg θ,
Z
√ 1 du =
u2 +1
Z Z Z
√ 12 2 1 cos θ
= sec θ dθ = cos θ
dθ = cos2 θ
dθ =
tg θ+1
Z Z Z Z
cos θ d(sen θ) 1 d(sen θ) 1 d(sen θ)
= 1−sen2 θ
dθ = 1−sen2 θ
= 2 sen θ+1
− 2 sen θ−1
=

AR
Z Z
1 d(sen θ+1) 1 d(sen θ−1)
= 2 sen θ+1
− 2 sen θ−1
= 12 ln |1 + sen θ| − 12 ln |1 − sen θ| =
1  1 1+sen θ 2
= 21 ln 1+sen θ 1+sen θ 1+sen θ

1−sen θ
= 2 ln 1−sen θ 1+sen θ
= ln
2 cos θ
=
√ √ 
= ln |sec θ + tg θ| = ln ± 1 + u2 + u = ln 1 + u2 ± u
Voltando à equação (2.24)

IN

ln 1 + u2 ± u = ± 2∆ (t + c̃1 )


√ √
√ ∆ √ ∆
=⇒ 1 + u2 ± u = e± 2
(t+c̃1 )
=⇒ 1+ u2 =e ±
2
(t+c̃1 )
∓u

√ √
∆ ∆
±2 (t+c̃1 ) ± (t+c̃1 )
=⇒ 1 + u2 = e 2 ∓ 2ue 2 + u2
IM
√ √
∆ ∆  √ √ 
±2
(t+c̃1 ) ±2 (t+c̃1 ) ∆ ∆
1−e √2 2 −1 ± (t+c̃1 ) ∓ (t+c̃1 )
=⇒ u (t) = ∆
= ± 21 e √

= ± 21 e 2 −e 2
± (t+c̃1 ) ± (t+c̃1 )
∓2e 2 e 2

de onde segue-se
√ √
√ ∆ √ ∆
−c̃2 ± (t+c̃1 ) −c̃2 ∓
w (t) = ± e 2
∓ e 2 (t+c̃1 )
2 =⇒ 2
EL

 √ √  √  √ √  √
c̃ ∆ ∆ c̃ ∆ ∆
−c̃2 ± 1 2 ± t −c̃ ∓ 1 ∓
w (t) = ± 2 e e 2 + ∓ 2 e 2 2
e 2 t
√ √
√ c̃1 ∆ √ c̃1 ∆
−c̃2 ± −c̃2 ∓
Renomeando as constantes ± 2
e 2 e∓ 2
e 2 , mutatis mutandis3 , para c1 e c2
obtém-se √ √
∆ ∆
− t t
w (t) = c1 e 2 + c2 e 2
PR

e consequentemente
1
√ 1

y (t) = e− 2 p0 t w (t) = c1 e 2 (−p0 − ∆)t
+ c2 e 2 (−p0 + ∆)t
1
(2.25)
Se c̃2 > 0, a integral do membro esquerdo de (2.24) assume a forma
Z Z Z  
√ 1
dw = s 1
2 dw = s 1
2 d √w
c̃2
2 w −c̃2


c̃2 √w −1 √w −1
c̃2 c̃2

3
Mutatis mutandis - expressão em latim que significa fazendo-se as devidas alterações.
2.1 O caso homogêneo 31

Faça √w = u, e depois faça u = sec θ


c̃2
Z   Z
1
s 2 d √wc̃2 = √ 1
u2 −1
du =
√w −1
c̃2

Z Z
= √ 1 · sec θ · tg θ dθ = 1
· sec θ · tg θ dθ =
sec2 θ−1 tg θ

AR
Z √ 
1
= cos θ
dθ = ln 1 + u2 ± u

conforme estabelecido pelo caso em que c̃2 < 0. Assim, daqui para frente o desenvolvimento
é igual aquele caso. Portanto
1
√ 1

y (t) = e− 2 p0 t w (t) = c1 e 2 (−p0 − ∆)t
+ c2 e 2 (−p0 + ∆)t
1
(2.26)

Se c̃2 = 0, a integral do membro esquerdo de (2.24) fica mais simples

IN
Z
1
|w|
dw = |ln |w||

e a EDO √

|ln |w|| = 2
(t + c̃1 )


ln |w| = ±
IM
=⇒ 2
(t + c̃1 )


=⇒ w (t) = ±e± 2 (t+c̃1 )
√ √
∆ ∆
Fazendo c1 = ±e− c̃
2 1 e c2 = ±e c̃
2 1 obtém-se
√ √
∆ ∆
− t t
w (t) = c1 e 2 ou w (t) = c2 e 2 .
EL

Mas como a equação (2.18) é linear, logo uma combinação linear de soluções também é
solução. Assim √ √
∆ ∆
w (t) = c1 e− 2
t
+ c2 e t
2 ,

e consequentemente √ √
1 1
y (t) = c1 e 2 (−p0 − ∆) t
+ c2 e 2 (−p0 + ∆)t
. (2.27)
Desta forma, as expressões (2.25), (2.26) e (2.27) são a mesma coisa, independentemente do
PR

valor da constante c̃2 .

Considere a equação de segundo grau

λ2 + p0 λ + q0 = 0

doravante denominada equação caracterı́stica associada à EDO (2.15). Suas raı́zes são
 √   √ 
λ1 = 21 −p0 − ∆ e λ2 = 12 −p0 + ∆
32 EDO de segunda ordem lineares

Reexaminando os resultados para ∆ = 0 (2.20), ∆ < 0 (2.23) e ∆ > 0 (2.25), à luz das raı́zes
da equação caracterı́stica

∆>0 =⇒ λ1 6= λ2 reais =⇒ y (t) = c1 eλ1 t + c2 eλ2 t

∆=0 =⇒ λ1 = λ2 = λ =⇒ y (t) = c1 eλt + c2 teλt

∆<0 =⇒ λ = r ± is (s > 0) =⇒ y (t) = c1 ert cos (st) + c2 ert sen (st)

AR
ou ainda, a solução geral y é dada como sendo uma combinação linear das funções linearmente
independentes y1 e y2 dadas por

∆>0 =⇒ λ1 6= λ2 reais =⇒ y1 (t) = eλ1 t , y2 (t) = eλ2 t

∆=0 =⇒ λ1 = λ2 = λ =⇒ y1 (t) = eλt , y2 (t) = teλt

∆<0 =⇒ λ = r ± is (s > 0) =⇒ y1 (t) = ert cos (st) , y2 (t) = ert sen (st)

IN
2.2 O caso não homogêneo
Considere a EDO
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f (t) (2.28)
para a qual t 7→ p (t) e t 7→ q (t) são contı́nuas, e f 6≡ 0. Nas seções a seguir são desenvolvidas
técnicas que permitam resolver, ou obter propriedades das soluções de (2.28).
IM
Ao considerar a equação não homogênea (2.28) deve-se também considerar a equação
homogênea associada a (2.28)

y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0 . (2.29)

Denotemos por y1 e y2 componentes linearmente independentes da solução geral yh da


equação (2.29), e por yp qualquer solução livre de constantes arbitrárias da EDO não ho-
EL

mogênea (2.28), a qual denomina-se solução particular.

Suponha que yp1 seja solução particular de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f1 (t) e yp2 seja solução
particular de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f2 (t). Então, para quaisquer constantes α1 , α2 ∈ R
tem-se que

α1 yp1 + α2 yp2 é solução particular de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = α1 f1 (t) + α2 f2 (t)


PR

(α1 yp1 + α2 yp2 )0 = α1 yp0 1 + α2 yp0 2 =⇒ (α1 yp1 + α2 yp2 )00 = α1 yp001 + α2 yp002
(α1 yp1 + α2 yp2 )00 + p (t) (α1 yp1 + α2 yp2 )0 + q (t) (α1 yp1 + α2 yp2 ) =

= α1 yp001 + α2 yp002 + p (t) α1 yp0 1 + α2 yp0 2 + q (t) (α1 yp1 + α2 yp2 ) =




= α1 yp001 + p (t) yp0 1 + q (t) yp1 + α2 yp002 + p (t) yp0 2 + q (t) yp2 =
   

= α1 f1 (t) + α2 f2 (t)
2.2 O caso não homogêneo 33

Considere uma solução t 7→ yh (t) = ay1 (t) + by2 (t), a, b ∈ R constantes fixas, solução da
equação homogênea associada y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0, e yp seja uma solução particular de
y 00 +p (t) y 0 +q (t) y = f (t). Então t 7→ yh (t)+yp (t) também é solução de y 00 +p (t) y 0 +q (t) y =
f (t).

(yh (t) + yp (t))00 + p (t) (yh (t) + yp (t))0 + q (t) (yh (t) + yp (t)) =

= yh00 (t) + yp00 (t) + p (t) yh0 (t) + p (t) yp0 (t) + q (t) yh (t) + q (t) yp (t)

AR
= [yh00 (t) + p (t) yh0 (t) + q (t) yh (t)] + yp00 (t) + p (t) yp0 (t) + q (t) yp (t)
 

= f (t)
A solução geral de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f (t) é t 7→ y (t) = yh (t) + yp (t), yh é a solução
geral da equação homogênea associada.

2.2.1 Redução de ordem

IN
Suponha que seja conhecida uma solução t 7→ y1 (t) da equação homogênea associada
(2.29). Em (2.28), faça y = y1 w
(y1 w)00 + p (t) (y1 w)0 + q (t) (y1 w) = f (t)

=⇒ (y100 w + 2y10 w0 + y1 w00 ) + p (t) (y10 w + y1 w0 ) + q (t) (y1 w) = f (t)


((((
=⇒ 00
y1 w00 + [p (t) y1 + 2y10 ] w0 + [y1( + p (t) y10(+(q (t) y1 ]w = f (t)
IM
(( ((
(
A qual pode ser simplificada, assumindo a forma de uma equação diferencial ordinária linear
de primeira ordem na variável w0
y10
 
0 0 1
[w ] + p (t) + 2 w0 = f (t)
y1 y1
a qual tem como fator integrante
EL

y0
 
R 0
p(t)+2 y1 dt 2
R y1
dt
R
p(t)dt
R
(ln|y1 |)0 dt
R 2
R R
µ (t) = e 1
=e y1
e = e2 e p(t)dt
= eln y1 e p(t)dt
= y12 (t) e p(t)dt

logo
h R i0 R R
Z R
2 p(t)dt 0 0
y1 (t) e w = y1 (t) f (t) e p(t)dt =⇒ y12 (t) e p(t)dt
w = y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt

R
Z R
0
=⇒ w (t) = 1
e− p(t)dt
y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt
PR

y12 (t)

Integrando mais uma vez


Z  R
Z R

w (t) = 1
y12 (t)
e− p(t)dt
y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt dt

de onde segue-se
Z  R
Z R

y (t) = y1 (t) 1
y12 (t)
e− p(t)dt
y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt dt
34 EDO de segunda ordem lineares

Cada integral indefinida possui constantes arbitrárias. Explicitemos


 Z  R
 Z R
 
1 − p(t)dt p(t)dt
y (t) = y1 (t) c1 + y 2 (t)
e c2 + y1 (t) f (t) e dt dt
1

Assim
Z R
Z  R
Z R

1
e− p(t)dt
e− p(t)dt p(t)dt

AR
1
y (t) = c1 y1 (t) + c2 y1 (t) y12 (t)
dt + y1 (t) y12 (t)
y1 (t) f (t) e dt dt
R
1
e−
R p(t)dt
Verifique que t 7→ y2 (t) = y1 (t) dt é solução da equação homogênea associ-
y12 (t)
R  1 − R p(t)dt R R
p(t)dt

ada (2.29). Verifique ainda que t 7→ yp (t) = y1 (t) 2
y1 (t)
e y 1 (t) f (t) e dt dt
satisfaz a equação não homogênea (2.28).

2.2.2 Método da variação dos parâmetros

IN
Considere a EDO não homogênea

y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f (t)

e sua EDO homogênea associada

y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0 =⇒ yh (t) = ay1 (t) + by2 (t)


IM
O Método da Variação dos Parâmetros consiste em buscar uma solução particular da EDO
não homogênea sob a forma

yp (t) = A (t) y1 (t) + B (t) y2 (t)

yp0 (t) = A0 (t) y1 (t) + B 0 (t) y2 (t) + A (t) y10 (t) + B (t) y20 (t)
Suponha que A0 (t) y1 (t) + B 0 (t) y2 (t) = 0. Assim
EL

yp0 (t) = A (t) y10 (t) + B (t) y20 (t)

yp00 (t) = A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) + A (t) y100 (t) + B (t) y200 (t)
Ponha esses resultados na EDO não homogênea

A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) + A (t) y100 (t) + B (t) y200 (t) + p (t) A (t) y10 (t) + p (t) B (t) y20 (t)
+q (t) A (t) y1 (t) + q (t) B (t) y2 (t) = f (t)
PR

A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) + A (t) [y100 (t) + p (t) y10 (t) + q (t) y1 (t)]
+B (t) [y200 (t) + p (t) y20 (t) + q (t) y2 (t)] = f (t)
A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) = f (t)
Obtemos o sistema linear
0
A (t) y1 (t) + B 0 (t) y2 (t) = 0 A0 (t)
    
y1 (t) y2 (t) 0
0
A (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) = f (t) =⇒ =
y10 (t) y20 (t) B 0 (t) f (t)
2.2 O caso não homogêneo 35

Exemplo 20. Encontre a solução geral de y 00 + 4y 0 + 4y = e−2t


Solução: Equação homogênea associada

y 00 + 4y 0 + 4y = 0 =⇒ λ2 + 4λ + 4 = 0 =⇒ λ = −2 (raiz dupla)

yh (t) = ae−2t + bte−2t =⇒ y1 (t) = e−2t e y2 (t) = te−2t


Solução particular: yp (t) = A (t) e−2t + B (t) te−2t .

AR
0 0
A (t) e−2t + B 0 (t) te−2t = 0 A (t) + B 0 (t) t = 0
−2A0 (t) e−2t + B 0 (t) (e−2t − 2te−2t ) = e−2t =⇒

−2A0 (t) + B 0 (t) (1 − 2t) = 1

2tB 0 (t) + B 0 (t) (1 − 2t) = 1 =⇒ B 0 (t) = 1 e A0 (t) = −t


B (t) = t + b0 e A (t) = − 12 t2 + a0

yp (t) = − 21 t2 + a0 e−2t + (t + b0 ) te−2t = − 21 t2 e−2t + t2 e−2t + a0 e−2t + b0 te−2t




IN
= 12 t2 e−2t + a0 e−2t + b0 te−2t


Assim, a solução geral da equação não homogênea

y (t) = yh (t) + yp (t) = ae−2t + bte−2t + 21 t2 e−2t


IM
Exemplo 21. Encontre a solução geral da equação diferencial ordinária abaixo

y 00 + ω 2 y = cos (ω1 t) ω 2 6= ω12




Solução: y 00 + ω 2 y = 0
λ2 + ω 2 = 0 =⇒ λ = ±iω
yh (t) = a cos (ωt) + b sen (ωt) =⇒ y1 (t) = cos (ωt) e y2 (t) = sen (ωt)
Vamos buscar yp (t) = A (t) cos (ωt) + B (t) sen (ωt)
EL

0
A (t) cos (ωt) + B 0 (t) sen (ωt) = 0

−A0 (t) sen (ωt) + B 0 (t) cos (ωt) = 1 cos (ω1 t)
ω
0
A (t) sen (ωt) cos (ωt) + B 0 (t) sen2 (ωt) = 0

−A0 (t) sen (ωt) cos (ωt) + B 0 (t) cos2 (ωt) = 1 cos (ω1 t) cos (ωt)
ω
1
B 0 (t) = cos (ω1 t) cos (ωt)
PR

ω
1
A0 (t) = − cos(ωt)
1
B 0 (t) sen (ωt) = − cos (ω1 t) sen (ωt)
ω
Z Z Z 
1 1
B (t) = cos (ω1 t) cos (ωt) dt = 2ω
cos ((ω + ω1 ) t) dt + cos ((ω − ω1 ) t) dt
ω
h i
1 1 1
= 2ω ω+ω1
sen ((ω + ω1 ) t) + ω−ω1
sen ((ω − ω1 ) t)
36 EDO de segunda ordem lineares

Z Z Z 
1 1
A (t) = − sen (ωt) cos (ω1 t) dt = − sen ((ω + ω1 ) t) dt + sen ((ω − ω1 ) t) dt
ω 2ω
1 h 1 1
i
=− − ω+ω cos ((ω + ω 1 ) t) − ω−ω1
cos ((ω − ω1 ) t)
2ω 1

y (t) = yh (t) + yp (t) = a cos (ωt) + b sen (ωt) + A (t) cos (ωt) + B (t) sen (ωt)
h i

AR
1 1 1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) − 2ω − ω+ω1 cos ((ω + ω1 ) t) − ω−ω1 cos ((ω − ω1 ) t) cos (ωt)
h i
1 1 1
+ 2ω ω+ω1
sen ((ω + ω1 ) t) + ω−ω1
sen ((ω − ω1 ) t) sen (ωt)

h
1 1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) + 2ω
(cos ((ω + ω1 ) t) cos (ωt) + sen ((ω + ω1 ) t) sen (ωt))
ω+ω1
i
1
+ ω−ω 1
(cos ((ω − ω1 ) t) cos (ωt) + sen ((ω − ω1 ) t) sen (ωt))

IN
h i
1 1 1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) + 2ω ω+ω1
+ ω−ω1
cos (ω1 t)
1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) + ω 2 −ω12
cos (ω1 t)


Exemplo 22. Resolva o problema de valor inicial
IM
00
y + 2γy 0 + ω 2 y = f (t)

y (0) = y0
0
y (0) = 0

na qual a função f é dada por



 0, 0 < t ≤ t1
f (t) = H, t1 < t < t2
0, t ≥ t2

EL

Considere o caso em que ω 2 > γ 2 (γ 2 − ω 2 < 0).


Solução: Solução geral da equação homogênea associada y 00 + 2γy 0 + ω 2 y = 0
 p  p
2 2 1
λ + 2γλ + ω = 0 =⇒ λ = 2 −2γ ± 4γ − 4ω = −γ ± γ 2 − ω 2
2 2

p
ω12 = ω 2 − γ 2

=⇒ λ = −γ ± i ω 2 − γ 2 = −γ ± iω1
assim
PR

yh (t) = c1 e−γt cos (ω1 t) + c2 e−γt sen (ω1 t)


Usando o Método da Variação dos Parâmetros, busca-se uma solução particular sob a forma
yp (t) = C1 (t) e−γt cos (ω1 t) + C2 (t) e−γt sen (ω1 t)
na qual os parâmetros C1 e C2 satisfazem
0
C1 (t) e−γt cos (ω1 t) + C20 (t) e−γt sen (ω1 t) = 0
C (t) [e−γt cos (ω1 t)]0 + C 0 (t) [e−γt sen (ω1 t)]0 = f (t)
0
1 2
2.2 O caso não homogêneo 37

A segunda equação simplifica-se

C10 (t) −γe−γt cos (ω1 t) − ω1 e−γt sen (ω1 t) + C20 (t) −γe−γt sen (ω1 t) + ω1 e−γt cos (ω1 t) = f (t)
   

−γ C10 (t) e−γt cos (ω1 t) + C20 (t) e−γt sen (ω1 t) − ω1 C10 (t) e−γt sen (ω1 t) + ω1 C20 (t) e−γt cos (ω1 t) = f (t)
 

e o sistema assume a nova forma


0
C1 (t) cos (ω1 t) + C20 (t) sen (ω1 t) = 0

AR
−C10 (t) sen (ω1 t) + C20 (t) cos (ω1 t) = 1

ω1
f (t) eγt

Z t
C20 (t) = 1
ω1
γt
f (t) e cos (ω1 t) =⇒ C2 (t) = 1
ω1
f (s) eγs cos (ω1 s) ds
0
Z t
C10 (t) = − ω11 f (t) eγt sen (ω1 t) =⇒ C1 (t) = − ω11 f (s) eγs sen (ω1 s) ds
0

• t ∈ (0, t1 ]

IN
Rt Rt
C1 (t) = − ω11 0 f (s) eγs sen (ω1 s) ds = − ω11 0 0 · eγs sen (ω1 s) ds = 0
Rt Rt
C2 (t) = ω11 0 f (s) eγs cos (ω1 s) ds = ω11 0 0 · eγs cos (ω1 s) ds = 0

• t ∈ (t1 , t2 )
Z t Z t
γs
C1 (t) = − ω11 f (s) e sen (ω1 s) ds = − ωH1 eγs sen (ω1 s) ds
IM
0 t1
Z t Z t
C2 (t) = 1
ω1
f (s) eγs cos (ω1 s) ds = H
ω1
eγs cos (ω1 s) ds
0 t1

• t ∈ [t2 , +∞)
Z t
C1 (t) = − ω11
f (s) eγs sen (ω1 s) ds
Z0 t1 Z t2 Z t
EL

= − ω11 0 · eγs sen (ω1 s) ds − 1


ω1
γs
H · e sen (ω1 s) ds − 1
ω1
0 · eγs sen (ω1 s) ds
0 t1 t2
Z t2
= − ωH1 eγs sen (ω1 s) ds
t1

Analogamente Z t2
C2 (t) = H
ω1
eγs cos (ω1 s) ds
t1
PR

Portanto
 0, R t ∈ (0, t1 ]

H t γs
C1 (t) = − e sen (ω1 s) ds, t ∈ (t1 , t2 )
 ωH1 Rtt12 γs
− ω1 t1 e sen (ω1 s) ds, t ∈ [t2 , +∞)
e
 0, R t ∈ (0, t1 ]

H t γs
C2 (t) = e cos (ω1 s) ds, t ∈ (t1 , t2 )
 ωH1 Rtt12 γs
ω1 t1
e cos (ω1 s) ds, t ∈ [t2 , +∞)
38 EDO de segunda ordem lineares

A solução geral assume a forma


y (t) = yh (t) + yp (t) = c1 e−γt cos (ω1 t) + c2 e−γt sen (ω1 t)
+ C1 (t) e−γt cos (ω1 t) + C2 (t) e−γt sen (ω1 t)
= [c1 + C1 (t)] e−γt cos (ω1 t) + [c2 + C2 (t)] e−γt sen (ω1 t)


 c1 e−γt cos (ω1 t) + c2 e−γt seni(ω1 t) , t
 h t
h
t
i
c1 − ωH1 t1 eγs sen (ω1 s) ds e−γt cos (ω1 t) + c2 + ωH1 t1 eγs cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) ,
R R

AR
= t∈
h i h i
 c1 − H t2 eγs sen (ω1 s) ds e−γt cos (ω1 t) + c2 + H t2 eγs cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) , t ∈

 R R
ω1 t1 ω1 t1

Resta apenas determinar as constantes c1 e c2


y0 = y (0) = lim+ y (t) = lim+ c1 e−γt cos (ω1 t) + c2 e−γt sen (ω1 t) = c1 lim+ e−γt cos (ω1 t) + c2 lim+ e−γt se
 
t→0 t→0 t→0 t→0
= c1 =⇒ c1 = y0
0 = y 0 (0) = lim+ y 0 (t)
 t→0 −γt
= lim+ −c1 γe cos (ω1 t) − c1 ω1 e−γt sen (ω1 t) − c2 γe−γt sen (ω1 t) + c2 ω1 e−γt cos (ω1 t)

IN

t→0
γ
= −c1 γ + c2 ω1 = −y0 γ + c2 ω1 =⇒ c2 = ω1
y0
Assim, a solução do PVI
y0 e−γt cos (ω1 t) + ωγ1 y0 e−γt sen


 h i (ω1 t) , t ∈ (0, t1 ]
 H
R t γs −γt
y0 − ω1 t1 e sen (ω1 s) ds e cos (ω1 t)




IM

 h R t γs i
γ
y (t) = + ω1 y0 + ω1 t1 e cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) , t ∈ (t1 , t2 )
H
 h R t2 γs i
y − H
e sen (ω s) ds e−γt cos (ω1 t)



 0 ω1 t1 1

 h Rt i
+ ωγ1 y0 + ωH1 t12 eγs cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) , t ∈ [t2 , +∞)

2.2.3 Método dos coeficientes a determinar


EL

y 00 + p0 y 0 + q0 y = f (t)
f (t) deve ser de um dos tipos
N

γt k
P
f (t) = e ak t 



k=0 
  
N  N N
γt k γt k k
P P P
f (t) = e cos (αt) ak t =⇒ f (t) = e cos (αt) ak t + sen (αt) bk t
PR

k=0 
 k=0 k=0
N 

f (t) = eγt sen (βt) k 
P
ak t 
k=0

A solução particular que o método impõe é


 N N

σ γt k k
P P
yp (t) = t e cos (αt) Ak t + sen (αt) Bk t
k=0 k=0

σ = 0, 1, 2, deve ser determinado por meio de testes.


2.2 O caso não homogêneo 39

Exemplo 23. Considere a EDO y 00 − 4y 0 + 4y = e2t


Solução: y 00 −4y 0 +4y = 0 =⇒ λ2 −4λ+4 = 0 =⇒ (λ − 2)2 = 0 =⇒ λ = 2 (raiz
dupla)
yh (t) = c1 e2t + c2 te2t
A parte não homogênea f (t) = 1 · e2t , então, devemos testar uma solução particular

yp (t) = A0 tσ e2t

AR
Se σ = 0, então yp (t) = A0 e2t (não serve ). A
Se σ = 1, então yp (t) = A0 te2t (não serve ). A
Assim, σ = 2, e yp (t) = A0 t2 e2t =⇒ yp0 (t) = 2A0 e2t (t + t2 ) =⇒ yp00 (t) =
2A0 e2t (2t2 + 4t + 1)

yp00 − 4yp0 + 4yp = e2t =⇒


2A0 e2t 2t2 + 4t + 1 − 4 · 2A0 e2t t + t2 + 4A0 t2 e2t = e2t
 

IN
A0 4t2 + 8t + 2 − 8t + 8t2 + 4t2 e2t = e2t
   

A0 4t2 − 8t2 + 4t2 + 8t + 2 − 8t = 1


 
1
2A0 = 1 =⇒ A0 = 2

Então
yp (t) = 21 t2 e2t
IM
e a solução geral
y (t) = yh (t) + yp (t) = c1 e2t + c2 te2t + 12 t2 e2t


Exemplo 24. y 00 + ω 2 y = sen (ω1 t) (ω 2 6= ω12 )


Solução: y 00 + ω 2 y = 0 =⇒ λ2 + ω 2 = 0 =⇒ λ = 0 ± iω
EL

yh (t) = c1 cos (ωt) + c2 sen (ωt)

A solução particular deve atender a forma

yp (t) = tσ [A0 sen (ω1 t) + B0 cos (ω1 t)]

Observe que σ = 0 satisfaz yp (t) = A0 sen (ω1 t) + B0 cos (ω1 t)

=⇒ yp0 (t) = ω1 A0 cos (ω1 t) − ω1 B0 sen (ω1 t)


PR

=⇒ yp00 (t) = −ω12 A0 sen (ω1 t) − ω12 B0 cos (ω1 t)

yp00 + ω 2 yp = sen (ω1 t)


−ω12 A0 sen (ω1 t) − ω12 B0 cos (ω1 t) + ω 2 A0 sen (ω1 t) + ω 2 B0 cos (ω1 t) = sen (ω1 t)
[A0 (ω 2 − ω12 ) − 1] sen (ω1 t) + B0 (ω 2 − ω12 ) cos (ω1 t) = 0

A0 (ω 2 − ω12 ) − 1 = 0 A0 (ω 2 − ω12 ) = 1 1

B0 (ω 2 − ω12 ) = 0 =⇒
B0 = 0 =⇒ A0 = ω2 −ω 2
1
40 EDO de segunda ordem lineares

Então a solução particular


1
yp (t) = ω 2 −ω12
sen (ω1 t)
e a solução geral
1
y (t) = yh (t) + yp (t) = c1 sen (ωt) + c2 cos (ωt) + ω 2 −ω12
sen (ω1 t)


Exemplo 25. y 00 + ω 2 y = sen (ωt)

AR
Solução: Do exemplo anterior, yh (t) = c1 cos (ωt) + c2 cos (ωt). A solução particular deve
atender a forma
yp (t) = tσ [A0 sen (ωt) + B0 cos (ωt)]
Se σ = 0 então a solução particular teria a forma yp (t) = A0 sen (ωt) + B0 cos (ωt), no
entanto essa yp seria solução da equação homogênea associada (não serve ). A
Escolhendo σ = 1, a solução particular será

yp (t) = A0 t sen (ωt) + B0 t cos (ωt)

IN
=⇒ yp0 (t) = (A0 − ωB0 t) sen (ωt) + (B0 + ωA0 t) cos (ωt)
=⇒ yp00 (t) = − 2ωB0 + ω 2 A0 t sen (ωt) + 2ωA0 − ω 2 B0 t cos (ωt)
 

Pondo na EDO
yp00 + ω 2 yp = sen (ωt)
=⇒ − (2ωB0 + ω 2 A0 t) sen (ωt) + (2ωA0 − ω 2 B0 t) cos (ωt)
IM
+ω 2 A0 t sen (ωt) + ω 2 B0 t cos (ωt) = sen (ωt)
=⇒ −2ω1 B0 sen (ωt) + 2ω1 A0 cos (ωt) = sen (ωt)
=⇒ − (1 + 2ωB0 ) sen (ωt) + 2ωA0 cos (ωt) = 0
1
=⇒ A0 = 0 e B0 = − 2ω
Portanto, a solução particular
1
yp (t) = − 2ω t cos (ωt)
EL

e a solução geral
1
yp (t) = yh (t) + yp (t) = c1 cos (ωt) + c2 cos (ωt) − 2ω
t cos (ωt)

2.2.4 A integral de convolução


PR

asdasdfasdfasdf

2.2.5 Interlúdio: Função delta de Dirac


asdfasdasdfasdfa

2.2.6 Funções de Green


gdsagdsafdsadsa
Capı́tulo 3

AR
Soluções por meio de séries de
potências

Considere a equação diferencial

IN
R (x) y 00 + P (x) y 0 + Q (x) y = 0

na qual as funções R, P e Q estão definidas sobre um intervalo aberto I ⊆ R, e sobre este


são contı́nuas.
(3.1)

Definição 26. Um ponto x0 ∈ I é um ponto regular para a equação (3.1) quando R (x0 ) 6= 0.
Quando R (x0 ) = 0, o ponto x0 ∈ I é um ponto singular para a equação (3.1).
IM
3.1 Soluções em série de potências em torno de um
ponto regular
Suponha que x0 ∈ I seja um ponto regular para a equação diferencial (3.1). Assim,
existe uma vizinhança do ponto x0 ∈ I para a qual a função R não se anula. Dividindo-se a
EL

equação (3.1) por R (x) obtém-se


P (x) 0 Q(x)
y 00 + R(x)
y + R(x)
y =0 (3.2)

Suponha que as funções racionais p : x 7→ PR(x)


(x)
e q : x 7→ Q(x)
R(x)
, sejam funções analı́ticas em
torno de x = x0 . Logo p e q podem ser representadas pelas séries de potências
∞ ∞
pn (x − x0 )n qn (x − x0 )n .
P P
p (x) = e q (x) = (3.3)
PR

n=0 n=0

A equação (3.2) transforma-se em

y 00 + p (x) y 0 + q (x) y = 0, (3.4)

com as funções p e q dadas conforme (3.3). Procuremos por uma solução y que seja analı́tica
em torno de x0

cn (x − x0 )n .
P
y (x) = (3.5)
n=0
42 Soluções por meio de séries de potências

Assim, substituindo (3.5) em (3.4), e supondo que x pertence do domı́nio de convergência


das séries em (3.3) e (3.5), segue-se que pode-se permutar derivação e a série, por conta da
convergência uniforme (consulte [])

∞  ∞ 
P n−2 P n P n−1
n (n − 1) cn (x − x0 ) + pn (x − x0 ) ncn (x − x0 )
n=2 n=0 n=1
 (3.6)

 ∞


AR
P n P n
+ qn (x − x0 ) cn (x − x0 ) = 0.
n=0 n=0

O produto das séries pode ser interpretado à luz do produto de Cauchy (consulte [])
∞ ∞ ∞
 n 
n n
ak bn−k X n
P P P P
(an X ) (bn X ) =
n=0 n=0 n=0 k=0

de onde segue-se
 ∞
 ∞

P n P n−1
pn (x − x0 ) ncn (x − x0 ) =

IN
n=0 n=1
 ∞
 ∞

P n P n
= pn (x − x0 ) (n + 1) cn+1 (x − x0 )
n=0 n=0
(3.7)

 n

P P n
= (k + 1) ck+1 pn−k (x − x0 )
n=0 k=0
IM

n+1 
kpn−k+1 ck (x − x0 )n
P P
=
n=0 k=1

e  ∞
 ∞
 ∞
 n

n n
qn−k ck (x − x0 )n
P P P P
qn (x − x0 ) cn (x − x0 ) = (3.8)
n=0 n=0 n=0 k=0

as quais, postas em (3.6), produz



 n+1 n

qn−k ck (x − x0 )n = 0.
P P P
(n + 2) (n + 1) cn+2 + kpn−k+1 ck +
EL

n=0 k=1 k=0

ou ainda


P
(2c2 + p0 c1 + q0 c0 ) + (n + 2) (n + 1) cn+2 + (n + 1) p0 cn+1
n=1
n

(kpn−k+1 + qn−k ) ck + qn c0 (x − x0 )n = 0
P
+
k=1
PR

Observe que a série de potências acima deve ser nula para qualquer valor de x, logo, os
coeficientes devem ser nulos. Todos! Logo,
c2 = − 21 (p0 c1 + q0 c0 ) (3.9)
e para n = 1, 2, 3, . . .
 n

−1
P
cn+2 = (n+2)(n+1)
(n + 1) p0 cn+1 + (kpn−k+1 + qn−k ) ck + qn c0 , (3.10)
k=1
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 43

denominada relação de recorrência. Note que c0 e c1 são constantes arbitrárias, e por isso, to-
dos os demais coeficientes cn são obtidos como combinação linear de c0 e c1 . A demonstração
dar-se-á pelo Princı́pio da Indução Completa.
Proposição 27. Considere a sequência (cn )n∈N∪{0} dada por (3.9) e (3.10) com c0 e c1
constantes arbitrárias. Então, para n = 2, 3, 4, . . ., o elemento cn é uma combinação linear
de c0 e de c1 .
Demonstração: Para n = 2, o resultado é trivial. De fato,

AR
c2 = − 21 q0 c0 + − 12 p0 c1 .
 

Para n = 3,
−1
c3 = [2p0 c2 + (p1 + q0 ) c1 + q1 c0 ]
3·2
−1
2p0 − 12 q0 c0 + − 21 p0 c1 + (p1 + q0 ) c1 + q1 c0
     
= 3·2
1 1
= 3·2
(p0 q0 − q1 ) c0 + 3·2
(p20 − p1 − q0 ) c1 ,

IN
de onde segue-se que c3 = A3 c0 + B3 c1 . Agora, para algum n, suponha que ck = Ak c0 + Bk c1
para k = 2, 3, . . . , n. Assim,
 n−1

−1
P
cn+1 = (n+1)n np0 cn + (kpn−k + qn−k−1 ) ck + (pn−1 + qn−2 ) c1 + qn−1 c0
k=2
 n−1
−1
P
= np0 (An c0 + Bn c1 ) + (kpn−k + qn−k−1 ) (Ak c0 + Bk c1 )
IM
(n+1)n
k=2

+ (pn−1 + qn−2 ) c1 + qn−1 c0
 n−1

−1
P
= (n+1)n
np0 An + (kpn−k + qn−k−1 ) Ak + qn−1 c0
k=2
 n−1

1
P
− (n+1)n np0 Bn + (kpn−k + qn−k−1 ) Bk + (pn−1 + qn−2 ) c1
EL

k=2

= An+1 c0 + Bn+1 c1
Então, pelo Princı́pio de Indução Completa, para cada n = 2, 3, 4, . . ., existem constantes
An e Bn de modo que cn = An c0 + Bn c1 , ou ainda, na linguagem do enunciado, cn é uma
combinação linear de c0 e de c1 , para cada n natural maior ou igual a 2. 
Assim, por meio da Proposição 27, conclui-se que a solução
PR

∞ ∞
cn (x − x0 )n = c0 + c1 (x − x0 ) + cn (x − x0 )n
P P
y (x) =
n=0 n=2

(An c0 + Bn c1 ) (x − x0 )n
P
= c0 + c1 (x − x0 ) +
n=2
 ∞
  ∞

P n P n
= c0 1 + An (x − x0 ) + c1 (x − x0 ) + Bn (x − x0 )
n=2 n=2

= c0 y1 (x) + c1 y2 (x)
44 Soluções por meio de séries de potências

representa a solução geral da EDO (3.1) na qual y1 e y2 são componentes linearmente inde-
pendentes do espaço solução. De fato,
∞ ∞
 
P n P n
 1 + n=2An (x − x0 ) (x − x0 ) + n=2Bn (x − x0 ) 
W [y1 , y2 ] (x) = det  ∞
 


 P n−1 P n−1 
nAn (x − x0 ) 1+ nBn (x − x0 )

AR
n=2 n=2

 ∞
 ∞

P n P n−1
= 1+ An (x − x0 ) 1+ nBn (x − x0 )
n=2 n=2
 ∞
 ∞

P P n n−1
− nAn (x − x0 ) 1+ Bn (x − x0 )
n=2 n=2

∞ ∞
(n + 1) An+2 (x − x0 )n+2 + (n + 2) Bn+2 (x − x0 )n+1
P P
=1−
n=0 n=0

IN
∞ n
(n − 2k) Ak+2 Bn−k+2 (x − x0 )n+3
P P
+
n=0 k=0

= 1 + 2B2 (x − x0 ) + (3B3 − A2 ) (x − x0 )2 + · · · =
6 0

Como y1 e y2 são soluções de uma equação diferencial com coeficientes contı́nuos,


IM
Exemplo 28. Considere a equação diferencial ordinária

1 − x2 y 00 − 2 (β + 1) xy 0 + λy = 0

(3.11)

com λ ≥ 0 e β ≥ 0. Procure a solução geral em torno de x0 = 0.


Solução:

i) Verifiquemos que x0 = 0 é um ponto regular. De fato, R (x) = 1 − x2 , e R (0) = 1 6= 0.


EL

ii) Dividindo a equação (3.11) por R (x) obtém-se


2(1+β)x
y 00 − 1−x2
y0 + λ
1−x2
y=0 (3.12)

de onde segue-se que p (x) = − 2(1+β)x


1−x2
e q (x) = λ
1−x2
, são funções analı́ticas em torno
de x0 = 0. De fato,
PR

∞ ∞
n
p (x) = − 2(1+β)x (x2 ) = [−2 (1 + β)] x2n+1
P P
1−x2
= −2 (1 + β) x
n=0 n=0

∞ ∞
λ n
(x2 ) = λx2n .
P P
q (x) = 1−x2

n=0 n=0

Para ambas as séries acima, o raio de convergência é 1, portanto deve-se considerar


|x| < 1.
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 45

iii) De i) e ii) conclui-se que existe uma solução analı́tica de (3.12) em torno de x0 = 0, logo
é razoável buscar uma solução na forma (3.5). Observe, as equações (3.11) e (3.12)
são equivalentes - portanto possuem a mesma solução geral - então, para manter o
nı́vel da sanidade mental, usaremos a equação (3.11), na qual figuram apenas funções
polinomiais, em detrimento de (3.12), na qual figuram séries. Assim, pondo (3.5) em
(3.11)

AR
∞ ∞ ∞
(1 − x2 ) n (n − 1) cn xn−2 − 2 (1 + β) x ncn xn−1 + λ cn x n = 0
P P P
n=2 n=1 n=0
∞ ∞ ∞ ∞
n (n − 1) cn xn−2 − n (n − 1) cn xn − 2 (1 + β) ncn xn + λ cn x n = 0
P P P P
=⇒
n=2 n=2 n=1 n=0
∞ ∞ ∞
(n + 2) (n + 1) cn+2 xn − n (n − 1) cn xn − 2 (1 + β) ncn xn
P P P
=⇒
n=0 n=2 n=1

cn x n = 0
P

n=0

IN
=⇒ [(2 · 1) c2 + λc0 ] + [(3 · 2) c3 + (−2 (1 + β) + λ) c1 ] x

[(n + 2) (n + 1) cn+2 + (−n (n − 1) − 2 (β + 1) n + λ) cn ] xn = 0
P
+
n=2
De onde segue-se
(2 · 1) c2 + λc0 = 0 =⇒ c2 = − 2!λ c0
IM
2(1+β)−λ
(3 · 2) c3 + (−2 (1 + β) + λ) c1 = 0 =⇒ c3 = 3!
c1

(n + 2) (n + 1) cn+2 + (−n (n − 1) − 2 (1 + β) n + λ) cn = 0
De onde conclui-se, para cada n = 0, 1, 2, . . ., a relação de recorrência
2
cn+2 = − n (n+2)(n+1)
+(1+2β)n−λ
cn (3.13)
Observe que a relação de recorrência fornece um coeficiente que depende de c0 quando
EL

n for par, e quando n for ı́mpar, fornece um coeficiente que depende de c1 .


iv) O raio de convergência da solução pode ser obtido a partir da relação de recorrência
(3.13). Observe que 2
n +(1+2β)n−λ cn+2
(n+2)(n+1) = cn
Logo
2
lim n (n+2)(n+1)
+(1+2β)n−λ cn+2 cn+2 cn+1
= lim = lim cn+1 cn =
PR

cn

cn+2 cn+1
= lim cn+1 lim cn = R1 R1 = R12

2
n +(1+2β)n−λ 1+(1+2β) n1 − λ2
Como lim (n+2)(n+1) = lim 1+ 2 1+ 1 = 1, segue-se que R2 = 1 =⇒ R = 1.
n
( n )( n )
Assim, o intervalo de convergência é |x − x0 | < R =⇒ |x| < 1, ou ainda,
x ∈ (−1, 1).
46 Soluções por meio de séries de potências

v) A relação de recorrência (3.13) fica mais útil se apresentar apenas fatores de grau
1, no numerador e no denominador. Assim, precisa-se encontrar α1 = α1 (β, λ) e
α2 = α2 (β, λ) que satisfaçam
2
cn+2 = − n (n+2)(n+1)
+(1+2β)n−λ
cn = − (n−α 1 )(n−α2 )
(n+2)(n+1)
cn . (3.14)

Logo

AR
n2 + (1 + 2β) n − λ = (n − α1 ) (n − α2 ) = n2 − (α1 + α2 ) n + α1 α2
de onde segue-se que
α1 + α2 = − (1 + 2β)

α1 α2 = −λ
então α1 e α2 satisfazem a equação

α2 + (1 + 2β) α − λ = 0

IN
portanto, supondo α1 < α2
 q 
2
α1 = − 21 2
(1 + 2β) + (1 + 2β) + λ < 0
 q 
1 2
α2 = − 2 (1 + 2β) − (1 + 2β) + λ2 ≥ 0,

tornam válida a relação em (3.14).


IM
vi) Coeficientes de ordem par - Na relação de recorrência (3.14), troque n por 2k, com
k = 0, 1, 2, . . .
c2(k+1) = − (2k−α 1 )(2k−α2 )
(2k+2)(2k+1)
c2k (3.15)
São lı́citas as estratégias de começar fazendo k = 0, 1, 2 e parar em algum valor a
fim de inferir o termo geral, bem como decrementar a partir da relação de recorrência
(3.15), com a mesma finalidade. Do ponto de vista da generalidade e das aplicações fu-
EL

turas, adotaremos neste exemplo a segunda abordagem. Aplicando (3.15) em si mesma,


trocando k por k − 1, tem-se, para k = 1, 2, 3, . . .

c2(k+1) = (−1)2 (2k−α1 )(2k−α2 ) (2(k−1)−α1 )(2(k−1)−α2 )


(2k+2)(2k+1) (2(k−1)+2)(2(k−1)+1)
c2(k−1)

Mais uma vez, agora trocando k por k − 2, tem-se para k = 2, 3, 4, . . .

c2(k+1) = (−1)3 (2k−α1 )(2k−α2 ) (2(k−1)−α1 )(2(k−1)−α2 ) (2(k−2)−α1 )(2(k−2)−α2 )


(2k+2)(2k+1) (2(k−1)+2)(2(k−1)+1) (2(k−2)+2)(2(k−2)+1)
c2(k−2)
PR

= (−1)3 [(2k−α1 )(2(k−1)−α1 )(2(k−2)−α1 )][(2k−α2 )(2(k−1)−α2 )(2(k−2)−α2 )]


(2k+2)(2k+1)(2(k−1)+2)(2(k−1)+1)(2(k−2)+2)(2(k−2)+1)
c2(k−2)

k
Q k
Q
(2`−α1 ) (2`−α2 )
2+1 `=k−2 `=k−2
= (−1) 2(k+1)
c2(k−2)
Q
`
`=2(k−2)+1
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 47

Se estivermos no caminho certo, a expressão acima permite extrapolar para a situação


em que troca-se k por k − j, para a qual obtém-se, para k = j, j + 1, j + 2,. . .
k
Q k
Q
(2`−α1 ) (2`−α2 )
k+1 `=k−j `=k−j
c2(k+1) = (−1) 2(k+1)
c2(k−j)
Q
`

AR
`=2(k−j)+1

Agora fazendo j = k conclui-se


k
Q k
Q
(2`−α1 ) (2`−α2 )
k+1 `=0 `=0
c2(k+1) = (−1) 2(k+1)
c0
Q
`
`=1
k k
(−1)k+1 Q Q
= (2(k+1))!
(2` − α1 ) (2` − α2 ) c0
`=0 `=0

IN
k k
(−1)k+1 22(k+1) Q α1
Q α2

= (2(k+1))!
`− 2
`− 2
c0
`=0 `=0

Enfim, para k = 1, 2, 3, . . .
k−1  k−1
(−1)k 22k Q α1
Q α2

c2k = (2k)!
j− 2
j− 2
c0 (3.16)
j=0 j=0
IM
Apesar das comemorações após a exaustiva empreitada, a certeza de que o serviço foi
bem feito virá submetendo-se (3.16) e a relação de recorrência (3.15) ao Princı́pio da
Indução (ver Exercı́cios).
vii) Coeficientes de ordem ı́mpar - Na relação de recorrência (3.14), troque n por 2k + 1,
com k inteiro positivo.
c2(k+1)+1 = − (2k+1−α 1 )(2k+1−α2 )
(2k+3)(2k+2)
c2k+1 (3.17)
EL

Adotando-se a mesma abordagem usada em vi), aplica-se (3.17) em si mesma, trocando


k por k − 1, tem-se, para k = 1, 2, 3, . . .
c2(k+1)+1 = (−1)2 (2k+1−α1 )(2k+1−α2 ) (2k−1−α1 )(2k−1−α2 )
(2k+3)(2k+2) (2k+1)(2k)
c2(k−1)+1
Mais uma vez, agora trocando k por k − 2, tem-se para k = 2, 3, 4, . . .
c2(k+1)+1 = (−1)3 (2k+1−α1 )(2k+1−α2 ) (2k−1−α1 )(2k−1−α2 ) (2k−3−α1 )(2k−3−α2 )
(2k+3)(2k+2) (2k+1)(2k) (2k−1)(2k−2)
c2(k−2)+1
PR

= (−1)3 [(2k+1−α1 )(2k−1−α1 )(2k−3−α1 )][(2k+1−α2 )(2k−1−α2 )(2k−3−α2 )]


(2k+3)(2k+2)(2k+1)(2k)(2k−1)(2k−2)
c2(k−2)+1

k
Q k
Q
(2`+1−α1 ) (2`+1−α2 )
2+1 `=k−2 `=k−2
= (−1) 2(k+1)+1
c2(k−2)+1
Q
`
`=2(k−2)+2
48 Soluções por meio de séries de potências

Se estivermos no caminho certo, a expressão acima permite extrapolar para a situação


em que troca-se k por k − j, para a qual obtém-se, para k = j, j + 1, j + 2,. . .
k
Q k
Q
(2`+1−α1 ) (2`+1−α2 )
j+1 `=k−j `=k−j
c2(k+1)+1 = (−1) 2(k+1)+1
c2(k−j)+1
Q
`

AR
`=2(k−j)+2

Agora fazendo j = k conclui-se


k
Q Qk
(2`+1−α1 ) (2`+1−α2 )
k+1 `=0 `=0
c2(k+1)+1 = (−1) 2(k+1)+1
c1
Q
`
`=2
k k
(−1)k+1 Q Q
= (2(k+1)+1)!
(2` + 1 − α1 ) (2` + 1 − α2 ) c1
`=0 `=0

IN
k k
(−1)k+1 22(k+1) Q 1−α1
Q 1−α2

= (2(k+1)+1)!
`+ 2
`+ 2
c1
`=0 `=0

Enfim, para k = 1, 2, 3, . . .
k−1  k−1
(−1)k 22k Q α1 −1
Q α2 −1

c2k+1 = (2k+1)!
`− 2
`− 2
c1 (3.18)
IM
`=0 `=0

Comentário análogo àquele feito quanto à expressão (3.16) cabe aqui. Deve-se submeter
(3.18) e a relação de recorrência (3.17) ao Princı́pio da Indução (ver Exercı́cios).
viii) Soluções - De posse dos coeficientes de ordem par e de ordem ı́mpar, alcançados em
vi) e vii), respectivamente, sob as respectivas condições, podemos escrever a solução
geral da equação (3.11)
∞ ∞ ∞
EL

cn x n = c2k x2k + c2k+1 x2k+1 =


P P P
y (x) =
n=0 k=0 k=0

∞ k−1  k−1
(−1)k 22k Q α1 α2

x2k
P Q
= c0 + c0 (2k)!
j− 2
j− 2
k=1 j=0 j=0
∞ k−1  k−1
(−1)k 22k Q α1 −1 α2 −1

x2k+1
P Q
+c1 x + c1 (2k+1)!
`− 2
`− 2
k=0 `=0 `=0
" #
∞ k−1  k−1
PR

(−1)k 22k Q α1 α2

x2k
P Q
= c0 1 + (2k)!
j− 2
j− 2
k=1 j=0 j=0
 ∞ k−1

P (−1)k 22k Q α1 −1
 k−1
Q α2 −1
 2k+1
+c1 x + (2k+1)!
`− 2
`− 2
x
k=0 `=0 `=0

Assim,
∞ k−1  k−1
(−1)k 22k Q α1 α2
x2k
P Q 
c0 ỹ1 (x) = c0 + c0 (2k)!
j− 2
j− 2
(3.19)
k=1 j=0 j=0
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 49

∞ k−1  k−1
(−1)k+1 22k Q α1 −1 α2 −1
x2k+1
P Q 
c1 ỹ2 (x) = c1 x + c1 (2k+1)!
`− 2
`− 2
(3.20)
k=0 `=0 `=0

Os produtórios em (3.19) e em (3.20) podem ser removidos com auxı́lio da função


Gamma. Suponha que α2 /2 ∈ / N ∪ {0}, então

k−1 k−1

AR
(j− α21 )Γ(− α21 ) (j− α22 )Γ(− α22 )
Q Q
k−1  k−1
Q α1
Q α2
 j=0 j=0
c0 j− j− = Γ(−
α1 α2 c0
j=0
2
j=0
2
2 ) Γ(− 2 )
 
α1 α2 c0
 
=Γ k− 2
Γ k− 2 α α
Γ(− 21 )Γ(− 22 )

Pondo em (3.19),


 como c0 é uma constante arbitrária, renomeie a constante
 c0 para
Γ − 2 Γ − 2 C1 , com C1 uma constante arbitrária, e renomeando Γ − 2 Γ − α22 ỹ1
α1 α2 α1


IN
para y1 ,

Γ − α21 Γ − α22 C1 ỹ1 (x) = Γ − α21 Γ − α22 C1


   


(−1)k 22k α1
 α2

x2k
P
+C1 (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
IM
∞ k 2k
C1 y1 (x) = Γ − α21 Γ − α22 C1 + C1 (−1) 2 α1 α2
   
x2k
P
=⇒ (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1

(−1)k 22k
y1 (x) = Γ − α21 Γ − α22 + α1 α2
   
x2k
P
=⇒ (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1


(−1)k 22k α1 α2
 
x2k ,
P
=⇒ y1 (x) = (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2 (3.21)
EL

k=0

também é uma solução de (3.11), e difere de ỹ1 dada em (3.19) por uma constante
multiplicativa.
α2 −1
Suponha 2

/ N∪ {0}, então

k−1 k−1
α1 −1
Q 
α −1
Q  α2 −1  α −1
`− Γ(− 12 ) `− Γ(− 22 )
k−1  k−1 2 2
PR

α1 −1 α2 −1 `=0 `=0
Q Q 
c1 `− 2
`− 2
= α −1
Γ(− 12 )
α −1
Γ(− 22 )
c1
`=0 `=0

 
α1 −1 α2 −1 c1
 
=Γ k− 2
Γ k− 2 α −1 α −1
Γ(− 12 )Γ(− 22 )

Pondo em (3.19), como c1 é uma constante arbitrária, renomeie a constante c1 para
Γ − α12−1 Γ − α22−1 C2 , com C2 uma constante arbitrária, e renomeando

50 Soluções por meio de séries de potências

Γ − α12−1 Γ − α22−1 ỹ2 para y2 ,


 

Γ − α12−1 Γ − α22−1 C2 ỹ2 (x) = Γ − α12−1 Γ − α22−1 C2 x


   


(−1)k 22k α1 −1 α2 −1
 
x2k+1
P
+C2 (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1

AR
C2 y2 (x) = Γ − α12−1 Γ − α22−1 C2 x
 
=⇒

(−1)k 22k α1 −1 α2 −1
 
x2k+1
P
+C2 (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1


(−1)k 22k
y2 (x) = Γ − α12−1 Γ − α22−1 x + α1 −1 α2 −1
   
x2k+1
P
=⇒ (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1


(−1)k 22k α1 −1
 α2 −1

x2k+1
P
=⇒ y2 (x) = (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2 (3.22)

IN
k=0

Os casos em que α2 /2 ∈ N ∪ {0} ou α22−1 ∈ N ∪ {0} serão tratados adiante, e for-


necem soluções polinomiais, conforme explicação clara e sem fogos de artifı́cios, a
seguir. Observe que α2 /2 ∈ N ∪ {0} significa dizer que α2 ∈ {0, 2, 4, 6, . . .}, enquanto
α2 −1
2
∈ N ∪ {0} significa dizer que α2 ∈ {1, 2, 3, . . .}, logo

α2 ∈ {0, 2, 4, 6, . . .} ∪ {1, 2, 3, . . .} = N ∪ {0} .


IM
Essa conclusão aparecerá abaixo por outros meios.

ix) Soluções polinomiais - Observando a relação de recorrência (3.14), note que se α2 for
um zero ou um número natural N , então cN +2 = 0, e usando a mesma recorrência,
segue-se que c2k+N = 0, para k = 1, 2, 3 . . . . Assim, ou y1 , ou y2 , será representada
por uma função polinomial conforme a paridade de N . De fato, se N for par, então
∞ N/2 ∞
EL

c2k x2k = c2k x2k + c2k x2k


P P P
c0 y1 (x) =
k=0 k=0 k=1+N/2
N/2 ∞ N
c2k x2k + c2(k− N )+N x2(k− 2 )+N
P P
=
2
k=0 k=1+N/2
N/2 ∞ N/2
c2k x2k + c2k+N x2k+N = c2k x2k
P P P
=
k=0 k=1 k=0
N/2
PR

c2k x2k
P
= c0 +
k=1

" #
N/2 k−1  k−1
(−1)k 22k α1 N 2k
P Q Q 
= c0 1 + (2k)!
j− 2
j− 2
x
k=1 j=0 j=0

N/2 k−1  k−1


(−1)k 22k α1 N
x2k
P Q Q 
=⇒ y1 (x) = 1 + (2k)!
j− 2
j− 2
(3.23)
k=1 j=0 j=0
3.2 Interlúdio - Equação de diferenças lineares de primeira ordem 51

Se N for ı́mpar, então

∞ −1)/2
(N P ∞
c2k+1 x2k+1 = c2k+1 x2k+1 + c2k+1 x2k+1
P P
c1 y2 (x) =
k=0 k=0 k=1+(N −1)/2

−1)/2
(N P ∞ N −1
c2k+1 x2k+1 + c2(k− N −1 )+1+(N −1) x2(k− )+1+(N −1)
P
= 2
2
k=0 k− N 2−1 =1

AR
−1)/2
(N P ∞ −1)/2
(N P
2k+1 2k+N
c2k+1 x2k+1
P
= c2k+1 x + c2k+N x =
k=0 k=1 k=0

−1)/2
(N P
= c1 x + c2k+1 x2k+1
k=1

" #
−1)/2
(N P k−1  k−1
(−1)k 22k

IN
α1 −1 α2 −1
x2k+1
Q Q 
= c1 x + (2k+1)!
`− 2
`− 2
k=1 `=0 `=0

−1)/2
(N P k−1  k−1
(−1)k 22k α1 −1 α2 −1
x2k+1
Q Q 
=⇒ y2 (x) = x + (2k+1)!
`− 2
`− 2
(3.24)
k=1 `=0 `=0
IM


Se você chegou até aqui e acha que entendeu o conteúdo (efeito) porque entendeu as
contas (causa), então é necessário regressar ao topo do texto enquanto é cedo. É preciso
se perguntar da necessidade de cada passagem. É bem comum, quando se tem bastante
experiência, queimar etapas, colocar as justificativas debaixo do tapete, e abusar dos usos
e costumes da notação, e daı́ considerar a solução acima demasiadamente arrastada. O
objetivo do texto é fazer uma evolução “lenta, gradual e segura”, rumo ao entendimento
EL

“amplo, geral e irrestrito” do tema.

3.2 Interlúdio - Equação de diferenças lineares de pri-


meira ordem
PR

Considere o problema: “Determinar a sequência (µn ) conhecidas as sequências (pn ) e


(qn ), o valor inicial µ0 , e a relação de recorrência

µn+1 + pn µn = qn ∀n = 0, 1, 2 . . . ” (3.25)

Comecemos com humildade, por baixo, fazendo n = 0, 1, 2, 3 e observando o padrão que


52 Soluções por meio de séries de potências

se revela
µ1 = −p0 µ0 + q0

=⇒ µ2 = −p1 µ1 + q1 = −p1 (−p0 µ0 + q0 ) + q1 = (−1)2 p1 p0 µ0 − p1 q0 + q1

=⇒ µ3 = −p2 µ2 + q2 = (−1)3 p2 p1 p0 µ0 + (−1)2 p2 p1 q0 − p2 q1 + q2

AR
=⇒ µ4 = −p3 µ3 + q3 = (−1)4 p3 p2 p1 p0 µ0 + (−1)3 p3 p2 p1 q0 + (−1)2 p3 p2 q1 − p3 q2 + q3
..
.
Isso sugere a solução
! " ! #
n−1 n−2 n−1
=⇒ µn = (−1)n (−1)n−j−1
Q P Q
pj µ0 + p` qj + qn−1 (3.26)
j=0 j=0 `=j+1

Verifique a validade para todo n ∈ N por meio do Princı́pio da Indução.

3.3
IN
Interlúdio - Um pouco sobre a Função Gamma

Por definição, dado x ∈ R, Γ (x) é definida por


IM
Z ∞
Γ (x) = tx−1 e−t dt (3.27)
0
se a integral convergir. Caso contrário, Γ (x) não é definido. Se Γ (x + 1) e Γ (x) estiverem
definidos, então
Γ (x + 1) = x Γ (x) . (3.28)
De fato,
EL

Z ∞ Z ∞ Z ∞
−t 0 ∞
x −t
tx e−t 0 (tx )0 e−t dt
x

Γ (x + 1) = t e dt = − t e dt = − +
0 0 0

Z ∞
x −0 x −t
=0 e − lim t e +x tx−1 e−t dt = x Γ (x)
t→∞ 0

Os valores reais para os quais a função Gamma não está definida são os inteiros não positivos
PR

{0, −1, −2, −3, . . .}.

Observe que Γ (1) = 1, pois


Z ∞ Z ∞

1−1 −t −t −t = 1 − lim e−t = 1

Γ (1) = t e dt = e dt = − e
0 0
t→∞
0

Então, Γ (2) = 1 · Γ (1) = 1, Γ (3) = 2 · Γ (2) = 2 · 1 = 2!, Γ (4) = 3 · Γ (3) = 3 · 2! = 3!,


de onde pode-se inferir que Γ (n + 1) = n!, para qualquer n = 0, 1, 2, . . . (use o Princı́pio da
Indução para concluir).
3.3 Interlúdio - Um pouco sobre a Função Gamma 53

Pode-se generalizar a propriedade (3.28) se existirem Γ (x + n) e Γ (x)


n−1
Q
Γ (x + n) = (x + k) Γ (x) (3.29)
k=0

pois
Γ (x + n) = (x + n − 1) Γ (x + n − 1) = (x + n − 1) (x + n − 2) Γ (x + n − 2) =

AR
n−1
Q
= · · · = (x + n − 1) (x + n − 2) · . . . · x Γ (x) = (x + k) Γ (x)
k=0

Observe que a propriedade (3.29) permite escrever produtórios como quocientes de ima-
gens da função Gamma, se definidas. Vejamos alguns exemplos
12
1
Q 
Exemplo 29. Considere o produtório 2
+ k . Adequando o produtório à propriedade
k=1

IN
3
(3.29) com n = 12 e x = 2

12 11 11  12−1
1 1 3 3
Q  Q  Q Q 
2
+k = 2
+ (k + 1) = 2
+k = 2
+k
k=1 k=0 k=0 k=0

e por fim, aplicando a propriedade


 12−1
IM
3 3 3
Q  
Γ 2
+ 12 = 2
+k Γ 2
k=0
3 27
 
12
Q 1
 11
Q 3
 Γ + 12
2
Γ 2
=⇒ 2
+k = 2
+k = 3
 = 3
k=1 k=0 Γ 2 Γ 2
n
2
Q 
Exemplo 30. Considere o produto 3
+ 3k . Observe que
k=2

n n  n n Q n−2
 n−1
EL

2 2 2 2
Q  Q  Q Q Q 
3
+ 3k = 3 9
+k = 3 9
+k = 3 9
+ (k + 2)
k=2 k=2 k=2 k=2 k=1 k=0

n−2  (n−1)−1
= 3n−1 · 20 20 20
Q Q  
9
+k = 9
+k Γ 9
k=0 k=0

Aplicando a propriedade

20
 (n−1)−1
Q 20
 20

Γ +n−1 = +k Γ
PR

9 9 9
k=0

20 11
 
n−2
Q 20
 Γ 9
+n−1 Γ 9
+n
=⇒ 9
+k = 20
 = 20

k=0 Γ 9
Γ 9

logo
11

n
Q 2
 n−1
n−2
Q 20
 n−1 Γ 9
+n
3
+ 3k = 3 9
+k =3 20

k=2 k=0 Γ 9
54 Soluções por meio de séries de potências

n
Q 1
√ 
Exemplo 31. Considere o produto 4
− 3 2k . Observe que
k=−1

√ √ n  √ 
n
  n
  n
 
Q 1 Q 1 Q Q 1
− 3 2k = 3 2 √ −k = 3 2 · √ −k
k=−1 4 k=−1 12 2 k=−1 k=−1 12 2

√  n+1
n+2
 
Q Q 1
= 3 2 √ − (k − 1)
12 2

AR
k=1 k=0

 √ n+2 n+1
Q

1

= 3 2 √ +1−k
k=0 12 2
 √ n+2 n+1
Q

1

= 3 2 √ + 1 − k + (n + 1) − (n + 1)
k=0 12 2
 √ n+2 n+1
Q

1

= 3 2 √ − n + (n + 1 − k)

IN
k=0 12 2
 √ n+2 Q
0

1

[` = n + 1 − k] = 3 2 √ −n+`
`=n+1 12 2
 √ n+2 n+1
Q

1

= 3 2 √ −n+`
IM
`=0 12 2

Usando a propriedade

n 
Q 1
√   √ n+2 (n+2)−1
Q  1√

4
− 3 2k = 3 2 12 2
−n+k
k=−1 k=0

 
EL

1√
 √ n+2 Γ 12 2
− n + (n + 2)
= 3 2  
1√
Γ 12 2 − n

 
 √ n+2 Γ 121√2 + 2
= 3 2  
Γ 121√2 − n
PR

3.4 Soluções em série de potências em torno de um


ponto singular-regular

Nesta seção, temos por objetivo investigar soluções para a EDO

(x − x0 )2 y 00 + (x − x0 ) p (x) y 0 + q (x) y = 0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 55

com p e q funções analı́ticas em torno de x = x0 , sob um conceito generalizado de série de


potências e estabelecer métodos para obter esse tipo de solução. De inı́cio, observe que x0
não é um ponto regular, logo x0 é um ponto singular para a EDO. Além disso, é um tipo
especial de ponto singular: um ponto singular-regular para a EDO. A definição de ponto
singular-regular será apresentada em breve.

AR
3.4.1 Prólogo: Equações de Cauchy-Euler
Considere a equação diferencial, ou para x > x0 , ou para x < x0

(x − x0 )2 y 00 + p0 · (x − x0 ) y 0 + q0 y = 0 (3.30)

com p0 e q0 constantes. Uma equação nesse formato é uma equação de Cauchy-Euler de


segunda ordem homogênea. As equações de Cauchy-Euler são transformadas por meio da
mudança de variável |x − x0 | = et . Observe

y0 =

IN (x − x0 ) y 0 = ẏ
dy dy dt 1
dx
= dt dx
= x−x0
ẏ =⇒

   
d2 y
y 00 = d dy d 1 d 1 d 1

dx2
= dx dx
= dx x−x0
ẏ = dx
(ẏ) x−x 0
+ ẏ dx x−x0
IM
d 1 1 1
= dt
(ẏ) (x−x 2 − ẏ (x−x 2 = (x−x0 )2
[ÿ − ẏ]
0) 0)

=⇒ (x − x0 )2 y 00 = ÿ − ẏ .

Assim, a equação (3.30) transforma-se em

ÿ + (p0 − 1) ẏ + q0 y = 0 (3.31)
EL

para t ∈ R, a qual é linear, e possui coeficientes constantes. A equação caracterı́stica


associada a (3.31) é
λ2 + (p0 − 1) λ + q0 = 0. (3.32)
Aqui define-se o equação indicial da EDO (3.30) como sendo

F (λ) = λ2 + (p0 − 1) λ + q0 = 0 , (3.33)


PR

de modo que deve-se determinar as raı́zes de F (λ) = 0 sobre C.


Assim, denotando por λ1 e λ2 as raı́zes da equação indicial,

λ λ


 c1 (et ) 1 + c2 (et ) 2 , λ1 6= λ2 reais


λ λ
y (t) = c1 (et ) + c2 t (et ) , λ1 = λ2 (= λ)



 c (et )r cos (st) + c (et )r sen (st) , λ = r ± is (s > 0)

1 2
56 Soluções por meio de séries de potências

e retornando à variável x

λ1 λ2
 c1 |x − x0 | + c2 |x − x0 | ,

 λ1 > λ2 reais


y (x) = |x − x0 |λ [c1 + c2 ln |x − x0 |] , λ1 = λ2 (= λ) (3.34)



 |x − x |r [c cos (s ln |x − x |) + c sen (s ln |x − x |)] , λ = r ± is

0 1 0 2 0

para x > x0 , ou para x < x0 , conforme o caso.

AR
Exemplo 32. Determine a solução geral das equações diferenciais abaixo:
1 2
y 00 + 5 x − 1
y 0 + 3y = 0, x > 21 .
 
a) x − 2 2
Solução: A equação indicial associada à EDO acima é

λ2 + (5 − 1) λ + 3 = 0 =⇒ λ2 + 4λ + 3 = 0

IN
de onde segue-se que λ1 = −1 e λ2 = −3, duas raı́zes reais distintas. Logo a solução
geral da EDO é
1 −1
 1 −3
 c1 c2
y (x) = c1 x − + c2 x − = 1 + .
2 2
x− 1 3

2 x− 2
IM


b) (x − 1)2 y 00 + 4 (x − 1) y 0 + 49 y = 0, x < 1.
Solução: A equação indicial associada à EDO acima é

λ2 + (4 − 1) λ + 9
4
=0 =⇒ λ2 + 3λ + 9
4
=0

de onde segue-se que λ = − 32 é raiz dupla. Logo a solução geral da EDO é


EL

3 3
y (x) = c1 (1 − x)− 2 + c2 (1 − x)− 2 ln (1 − x) .

c) x2 y 00 + xy 0 + y = 0, x > 0
Solução: A equação indicial associada à EDO acima é
PR

λ2 + (1 − 1) λ + 1 = 0 =⇒ λ2 + 1 = 0

de onde segue-se que λ = ±i = 0±1 i, são raı́zes complexas conjugadas. Logo a solução
geral da EDO é
y (x) = c1 cos (ln (x)) + c2 sen (ln (x)) .


3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 57

3.4.2 Método de Frobenius

Considere a equação diferencial

R (x) y 00 + P (x) y 0 + Q (x) y = 0 (3.35)

para x > x0 (ou x < x0 ). Suponha que x = x0 seja um ponto singular para (3.35). É lı́cito
escrevê-la assim

AR
(x − x0 )2 R(x)
(x−x0 )2
y 00 + (x − x0 ) P (x)
x−x0
y 0 + Q (x) y = 0 (3.36)

desde que x 6= x0 . Sendo R e P funções contı́nuas, também são contı́nuas as aplicações


R(x) P (x)
x > x0 7→ (x−x )2
e x > x0 7→ x−x 0
, logo existe uma vizinhança de x0 para a qual essas
0
R(x)
funções não se anulam. Assim, pode-se dividir (3.36) por (x−x0 )2
h i h i
(x−x0 )2 Q(x)
(x − x0 )2 y 00 + (x − x0 ) (x−x0 )P (x)
R(x)
y0 + R(x)
y=0 (3.37)

lim+
x→x0
IN
Definição 33. Quando x = x0 for um ponto singular para (3.35) e os limites
(x−x0 )P (x)
R(x)
e lim+
x→x0
(x−x0 )2 Q(x)
R(x)
1
(3.38)
IM
existirem (forem finitos), o ponto x = x0 é um ponto singular-regular para (3.35). Caso pelo
menos um dos limites não exista o ponto x = x0 é um ponto singular-irregular para (3.35).

2
Observação 34. Se as funções x > x0 7→ p (x) = (x−xR(x)
0 )P (x)
e x > x0 7→ q (x) = (x−xR(x)
0 ) Q(x)

forem analı́ticas numa vizinhança de x = x0 , então x = x0 é um ponto singular-regular para


(3.35). Observação análoga
EL

Aqui, considere x = x0 um ponto singular-regular, e suponha que as aplicações


2
x 7→ p (x) = (x−xR(x)
0 )P (x)
e x 7→ q (x) = (x−xR(x)
0 ) Q(x)
sejam analı́ticas em torno de x = x0 .
Logo, existe uma representação em série de potências em torno de x = x0 para p e q
∞ ∞
pn · (x − x0 )n qn · (x − x0 )n
P P
p (x) = e q (x) =
n=0 n=0
PR

reescrevendo-se (3.37)

(x − x0 )2 y 00 + (x − x0 ) p (x) y 0 + q (x) y = 0
∞  ∞ 
2 00 P n 0
P n
=⇒ (x − x0 ) y + (x − x0 ) pn · (x − x0 ) y + qn · (x − x0 ) y=0
n=0 n=0

1
Nos limites foram considerados apenas os limites laterais à direita de x0 porque intenciona-se buscar
soluções em uma vizinhança de x0 para x > x0 . Se for o caso de investigar soluções em torno de x0 para
x < x0 deve-se considerar os limites laterais à esquerda de x0 .
58 Soluções por meio de séries de potências

Busca-se uma solução em torno de x = x0 , em que deve-se determinar o expoente na singu-


laridade λ e os coeficientes yn , n = 0, 1, 2, . . ., impondo-se y0 6= 0 sob a forma 2
∞ ∞
y (x) = (x − x0 )λ yn · (x − x0 )n = yn · (x − x0 )n+λ
P P
n=0 n=0

=⇒ y 0 (x) = (n + λ) yn · (x − x0 )n+λ−1
P
n=0

=⇒ y 00 (x) = (n + λ) (n + λ − 1) yn · (x − x0 )n+λ−2
P

AR
n=0

Pondo na EDO

(n + λ) (n + λ − 1) yn · (x − x0 )n+λ
P
n=0
 ∞
 ∞

λ P n P n
+ (x − x0 ) pn · (x − x0 ) (n + λ) yn · (x − x0 )
n=0 n=0
 ∞
 ∞

λ P n P n
+ (x − x0 ) qn · (x − x0 ) yn · (x − x0 ) =0

IN
n=0 n=0

Multiplicando as séries de potências



 ∞
 n
 
P n+λ λ P P n
(n + λ) (n + λ − 1) yn · (x − x0 ) + (x − x0 ) (k + λ) yk pn−k (x − x0 )
n=0 n=0 k=0
 ∞
 n
 
λ P P n
+ (x − x0 ) yk qn−k (x − x0 ) =0
IM
n=0 k=0

Escrevendo separadamente o caso n = 0



[λ (λ − 1) y0 + λy0 p0 + y0 q0 ] (x − x0 )λ + (n + λ) (n + λ − 1) yn · (x − x0 )n+λ
P
n=1
 ∞
 n
   ∞
 n
 
P P n+λ P P n+λ
+ (k + λ) yk pn−k (x − x0 ) + yk qn−k (x − x0 ) =0
n=1 k=0 n=1 k=0
EL

Os somatórios podem ser agrupados em um só


[λ2 + (p0 − 1) λ + q0 ] y0 · (x − x0 )λ

 n

((k + λ) pn−k + qn−k ) yk (x − x0 )n+λ = 0
P P
+ (n + λ) (n + λ − 1) yn +
n=1 k=0

Escrevendo separadamente o caso em que k = n


PR



λ
(n + λ)2 + (p0 − 1) (n + λ) + q0 yn
2
P  
[λ + (p0 − 1) λ + q0 ] y0 · (x − x0 ) +
n=1
n−1

[(k + λ) pn−k + qn−k ] yk (x − x0 )n+λ = 0
P
+
k=0
2
Lembre-se de que a investigação foi fixada para x > x0 . Se x < x0 , deve-se buscar uma solução sob a
forma

λ P n
y (x) = (x0 − x) ỹn · (x0 − x)
n=0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 59

Defina o polinômio F (ξ) = ξ 2 + (p0 − 1) ξ + q0 , denominado polinômio indicial


 n−1

λ
[(k + λ) pn−k + qn−k ] yk (x − x0 )n+λ = 0
P P
F (λ) y0 · (x − x0 ) + F (n + λ) yn +
n=1 k=0

ou ainda, dividindo por (x − x0 )λ

AR

 n−1

[(k + λ) pn−k + qn−k ] yk (x − x0 )n = 0
P P
F (λ) y0 + F (n + λ) yn +
n=1 k=0

que por sua vez é uma série de potências para a função identicamente nula. Portanto

F (λ) = 0

n−1 (3.39)

P
F (n + λ) yn + [(k + λ) pn−k + qn−k ] yk = 0, n = 1, 2, 3, . . .
k=0

IN
em que a primeira delas é denominada equação indicial

F (λ) = λ2 + (p0 − 1) λ + q0 = 0

que fornece por meio de suas raı́zes os expoentes na singularidade λ1 e λ2 .


(3.40)
IM
Assim, sem perda de generalidade, considerando λ1 ≥ λ2 , é possı́vel determinar uma
solução
 ∞

λ1 P (1) n
y1 (x) = (x − x0 ) 1 + yn · (x − x0 ) , (3.41)
n=1

n−1
(1) 3 (1) 1
P (1)
em que y0 = 1 , e yn = − F (n+λ 1)
[(k + λ1 ) pn−k + qn−k ] yk , para n ∈ N.
k=0
EL

Raı́zes da Equação Indicial reais, distintas, e não diferem por um número inteiro

A segunda solução pode ser obtida diretamente


PR

 ∞

λ2 n
yn(2)
P
y2 (x) = (x − x0 ) 1+ · (x − x0 ) , (3.42)
n=1

n−1
(2) 4 (2) 1
P (2)
em que y0 = 1 , e yn = − F (n+λ 2)
[(k + λ2 ) pn−k + qn−k ] yk , para n ∈ N.
k=0

3 (1)
Qualquer valor não nulo para y0 serve.
4 (2)
Qualquer valor não nulo para y0 serve.
60 Soluções por meio de séries de potências

Raı́zes da Equação Indicial reais, distintas, e diferem por um número inteiro

Como λ1 e λ2 diferem por um número inteiro, e λ1 ≥ λ2 , faça λ1 − λ2 = N . Com a


intenção de efetuar uma redução de ordem na EDO, faça y2 (x) = v (x) · y1 (x)

(x − x0 )2 y200 + (x − x0 ) p (x) y20 + q (x) y2 = 0

=⇒ (x − x0 )2 (v · y1 )00 + (x − x0 ) p (x) (v · y1 )0 + q (x) (v · y1 ) = 0

AR
=⇒ (x − x0 )2 (v 00 y1 + 2 v 0 y10 + vy100 ) + (x − x0 ) p (x) (v 0 y1 + vy10 ) + q (x) vy1 = 0

=⇒ (x − x0 )2 (v 00 y1 + 2 v 0 y10 ) + (x − x0 ) p (x) v 0 y1
(
( ( (((( 
+ (x − x0 )2 y(00 0
 (
1 + (x(−(x(
(( 0 ) p (x) y1 + q (x) y1 v = 0
((
( (
  (((( h i
00 y10 0 0 00 y10 p(x)
=⇒ (x − x0 ) v + 2 y1
v + p (x) v = 0 =⇒ v + 2 + v0 = 0 y1 x−x0

IN
h 0 i Z  Z Z 
v 00 y p(x) v 00 y10 p(x)
=⇒ v0
= − 2 y11 + x−x0
=⇒ v0
dx = − 2 y1 dx + x−x0 dx
 Z 
0 p(x)
=⇒ ln |v | = − 2 ln |y1 | + x−x0
dx

−2
R p(x) R p(x)
− −
= |y1 (x)|−2 e
dx dx
=⇒ |v 0 (x)| = eln|y1 (x)| e x−x0 x−x0
IM
e, como constantes multiplicativas são irrelevantes para fins de obtenção de uma solução
linearmente independente para uma EDO linear homogênea, pode-se usar
R p(x) Z R p(x)
−2 − x−x dx −
=⇒ v (x) = |y1 (x)|−2 e x−x0 dx
0 dx
v (x) = |y1 (x)| e 0

Assim
EL

Z R p(x)

|y1 (x)|−2 e
dx
y2 (x) = y1 (x) x−x0
dx (3.43)

Resta escrever y2 sob a forma de uma série de Frobenius.

Observe que
 Z   Z ∞ 
p(x) P n−1
exp − dx = exp − pn · (x − x0 ) dx
PR

x−x0
n=0
 Z  ∞
 
p0 P n−1
= exp − x−x0
+ pn · (x − x0 ) dx
n=1
 Z ∞
Z 
p0 P n−1
= exp − x−x0
dx − pn · (x − x0 ) dx
n=1

em que é lı́cito permutar a série e a integral no interior do intervalo de convergência, pois ali
ocorre convergência uniforme. Resolvendo as integrais, e denotando por K a soma de todas
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 61

as constantes arbitrárias que decorrem destas


 Z   ∞

p(x) P pn n
exp − x−x0 dx = exp K − p0 ln |x − x0 | − n
· (x − x0 )
n=1
 ∞ 
−p0 P pn n
= eK eln|x−x0 | exp − n
· (x − x0 )
n=1
 ∞

K −p0 P pn n
= e |x − x0 | exp − · (x − x0 )

AR
n
n=1
" j #

 ∞
= eK |x − x0 |−p0 1 + · (x − x0 )n
P 1
P pn
j!
− n
j=1 n=1
 ∞

−p0 P n
= K1 (x − x0 ) 1+ ζn · (x − x0 )
n=1
 R 
p(x)
logo exp − x−x 0
dx possui representação em série de Frobenius em torno de x = x0 .

 ∞
P(1)
yn · (x − x0 )
IN
Como representar |y1 (x)|−2 em série de Frobenius em torno de x = x0 ? A função
x 7→ y1 (x)−1 satisfaz y1 (x) · y1 (x)−1 = 1. Suponha que y1 (x)−1 =

n+λ1
 ∞
P

P
bn · (x − x0 )n+σ

bn · (x − x0 ) n+σ

=1
n=0
IM
n=0 n=0
 ∞
 ∞

λ1 +σ P (1) n P n
=⇒ (x − x0 ) yn · (x − x0 ) bn · (x − x0 ) =1
n=0 n=0

 n

λ1 +σ (1)
(x − x0 )n = 1
P P
=⇒ (x − x0 ) yn−k bk
n=0 k=0

5
logo σ = −λ1 e é possı́vel determinar todos os bn (em particular b0 = 1 ) por meio da
EL

relação de recorrência
n−1
P (1)
bn = − yn−k bk , n = 1, 2, 3, . . .
k=0

Assim
 ∞
2  ∞
2
−2  −1 2 P n−λ1 −2λ1 P n
|y1 (x)| = y1 (x) = bn · (x − x0 ) = (x − x0 ) 1+ bn · (x − x0 )
n=0 n=1
PR

 ∞

−2λ1 P n
= (x − x0 ) 1+ Bn · (x − x0 )
n=1

5 (1)
Lembre-se de que y0 = 1.
62 Soluções por meio de séries de potências

Combinando as duas séries obtidas


Z R p(x)

|y1 (x)|−2 e
dx
x−x0
dx =
Z  ∞
  ∞

−2λ1 P n −p0 P n
= (x − x0 ) Bn · (x − x0 ) K1 (x − x0 ) 1+ ζn · (x − x0 ) dx
n=0 n=1
Z  ∞
 ∞

(x − x0 )−p0 −2λ1 n n

AR
P P
= K1 1+ Bn · (x − x0 ) 1+ ζn · (x − x0 ) dx
n=1 n=1
Z  ∞

(x − x0 )−p0 −2λ1 1 + Dn · (x − x0 )n dx
P
= K1
n=1
Lembre-se que
−λ1 − λ2 = p0 − 1 =⇒ λ1 + λ2 = −p0 + 1 =⇒ −p0 = λ1 + λ2 − 1

=⇒ −p0 − 2λ1 = − (λ1 − λ2 ) − 1 = −N − 1

IN
então
Z Z  ∞

R p(x)
−2 − dx −λ1 +λ2 −1 P n
|y1 (x)| e x−x0
= K1 (x − x0 ) 1+ Dn · (x − x0 ) dx (3.44)
n=1
Z  ∞

−N −1 P n
= K1 (x − x0 ) 1+ Dn · (x − x0 ) dx
n=1
IM
Z ∞

−N −1 P R n−N −1
= K1 (x − x0 ) dx + Dn (x − x0 ) dx
n=1
 

Z
(x − x0 )−N −1 dx + DN dx
(x − x0 )n−N −1 dx
R P R
= K1 
x−x0
+ Dn
n=1
n6=N
 

= K1 − N1 (x − x0 )−N + D∗ + Dn
(x − x0 )n−N + DN ln |x − x0 |
EL

P
n−N
n=1
n6=N
em que D∗ é a soma de todas as constantes arbitrárias resultantes das integrações. Assim

Z R p(x)

|y1 (x)|−2 e x−x0 =
dx
D̃n · (x − x0 )n−N + γ ln |x − x0 | .
P
n=0

Por fim,
PR

Z  ∞

R p(x)
−2 − dx P n−N
y2 (x) = y1 (x) |y1 (x)| e x−x0
= y1 (x) D̃n · (x − x0 ) + γ ln |x − x0 |
n=0


D̃n · (x − x0 )n−N + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
P
= y1 (x)
n=0

 ∞
 ∞

n+λ1 n−N
yn(1)
P P
= · (x − x0 ) D̃n · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0 n=0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 63

lembrando que λ1 − λ2 = N
 ∞
 ∞

λ1 −N n n
yn(1)
P P
y2 (x) = (x − x0 ) · (x − x0 ) D̃n · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0 n=0
 ∞

λ2 n
yn(2)
P
= (x − x0 ) · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0

AR
de onde segue-se

yn(2) · (x − x0 )n+λ2 + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
P
y2 (x) = (3.45)
n=0

(2)
em que y0 = 1.

IN
Raı́zes da Equação Indicial reais, e iguais

De volta a (3.44), sendo λ1 = λ2


Z Z  ∞

R p(x)
−2 − dx −1 P n
y2 (x) = y1 (x) |y1 (x)| e x−x0
= K1 y1 (x) (x − x0 ) 1+ Dn · (x − x0 ) dx
n=1
IM
Z ∞
Z 
−1 P n−1
= K1 y1 (x) (x − x0 ) dx + Dn · (x − x0 ) dx
n=1

 ∞

P Dn n
= K1 y1 (x) ln |x − x0 | + D∗ + n
· (x − x0 )
n=1
EL


D̃n · (x − x0 )n + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
P
= y1 (x)
n=0

 ∞
 ∞

n+λ1 n
yn(1)
P P
= · (x − x0 ) D̃n · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0 n=0


PR

yn(2) · (x − x0 )n+λ1 + γ · y1 (x) ln |x − x0 |


P
=
n=0

Nesse caso, escolha γ = 1



yn(2) · (x − x0 )n+λ1 + y1 (x) ln |x − x0 |
P
y2 (x) = (3.46)
n=0
64 Soluções por meio de séries de potências

Sı́ntese

Sintetizando, se as raı́zes λ1 e λ2 da equação indicial λ2 + (p0 − 1) λ + q0 = 0 forem reais,


então
  ∞

λ P (2) n
(x − x0 ) 2 1 + yn · (x − x0 ) se λ1 − λ2 ∈/Z





 n=1

AR
  ∞
 
λ2 P (2) n
y2 (x) = (x − x0 ) 1 + yn · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 | se λ1 − λ2 ∈ Z\ {0}

 n=1


 ∞
(2)
yn · (x − x0 )n+λ1 + y1 (x) ln |x − x0 |
 P
se λ1 = λ2



n=0

3.4.3 Equação de Bessel


A equação de Bessel de ordem ν é a EDO

IN
x2 y 00 + xy 0 + x2 − v 2 y = 0

(3.47)

Nesse caso x = 0 é um ponto singular, as funções x 7→ p (x) = 1 e x 7→ q (x) = x2 − ν 2 são


analı́ticas em torno de x = 0. Então x = 0 é um ponto singular-regular, e a equação indical

2 2 2 λ1 = |ν| > 0
IM
λ + (p0 − 1) λ + q0 = 0 =⇒ λ − ν = 0 =⇒ λ = ±ν =⇒
λ2 = − |ν|

Vamos procurar a primeira solução


 ∞
 ∞
λ1 (1) n (1)
yn(1) xn+|ν| , com y0 = 1
P P
y1 (x) = x 1+ yn x =⇒ y1 (x) =
n=1 n=0

∞ ∞
EL

y10 (x) = (n + |ν|) yn(1) xn+|ν|−1 y100 (x) = (n + |ν|) (n + |ν| − 1) yn(1) xn+|ν|−2
P P
=⇒
n=0 n=0

Pondo na EDO
∞ ∞
(1) (1)
x2 (n + |ν|) (n + |ν| − 1) yn xn+|ν|−2 + x (n + |ν|) yn xn+|ν|−1
P P
n=0 n=0

(1)
+ (x2 − v 2 ) yn xn+|ν| = 0
P
PR

n=0

∞ ∞
(1) (1)
(n + |ν|) (n + |ν| − 1) yn xn+|ν| + (n + |ν|) yn xn+|ν|
P P
=⇒
n=0 n=0
∞ ∞
(1) (1)
yn xn+|ν|+2 − v 2 yn xn+|ν| = 0
P P
+
n=0 n=0

∞  ∞
(n + |ν|) (n + |ν| − 1) + (n + |ν|) − v 2 yn(1) xn+|ν| + (1) m+|ν|+2
P  P
=⇒ ym x =0
n=0 m=0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 65

Faça n = m + 2
∞   (1) ∞
(1)
(n + |ν|)2 − v 2 yn xn+|ν| + yn−2 xn+|ν| = 0
P P
n=0 n=2
∞ ∞
(1) (1)
n (n + 2 |ν|) yn xn+|ν| + yn−2 xn+|ν| = 0
P P
=⇒
n=0 n=2

Escrevendo separadamente os casos n = 0 e n = 1

AR
∞ ∞
(1) (1) (1)
0 + 1 · (1 + 2 |ν|) y1 x1+|ν| + n (n + 2 |ν|) yn xn+|ν| + yn−2 xn+|ν| = 0
P P
n=2 n=2
∞ h i
(1) (1) (1)
0 + 1 · (1 + 2 |ν|) y1 x1+|ν| + n (n + 2 |ν|) yn + yn−2 xn+|ν| = 0
P
=⇒
n=2

Pondo x|ν| em evidência


 ∞ h i 
|ν| (1) (1)
n (n + 2 |ν|) yn + yn−2 xn = 0
(1)
P
x 0 + 1 · (1 + 2 |ν|) y1 x +

IN
n=2

a expressão entre chaves é uma série de potências. Daqui obtém-se a relação de recorrência
com as condições iniciais

y (1) = 1, y (1) = 0
0 1

IM
n (n + 2 |ν|) yn(1) + yn−2
(1)

= 0, n = 2, 3, 4, . . .

Considerando a ausência do termo de ordem n − 1 na relação de recorrência


(1) (1)
y =1 y =0
0 1

(1) e
1 (1) (1) 1 (1)
yn = − n(n+2|ν|) yn−2 , n = 2, 4, 6, . . . yn = − n(n+2|ν|) yn−2 , n = 3, 5, 7, . . .
EL

ou ainda
(1) (1)
y =1 y =0
0 1

(1) e
1 (1) (1) 1 (1)
y2k = − 2k(2k+2|ν|) y2k−2 , k ∈ N y2k+1 = − (2k+1)(2k+1+2|ν|) y2k−1 , k ∈ N

O segundo problema produz uma sequência nula, pois


(1) 1 (1)
y3 = − 3·(3+2|ν|) y1 = 0
PR

(1) 1 (1)
y5 = − 5·(5+2|ν|) y3 = 0
..
.
(1) 1 (1)
y2k+1 = − (2k+1)(2k+1+2|ν|) y2k−1 = 0
..
.
(1)
=⇒ y2k+1 = 0, ∀k = 0, 1, 2, . . .
66 Soluções por meio de séries de potências

O primeiro problema, a fim de aplicar (3.26), precisa de uma redução de ordem por meio da
(1)
substituição µk = y2k 6

µ0 = 1


1
µk+1 + µk = 0, k = 0, 1, 2, . . .

22 (k+1)(k+1+|ν|)

1
Assim, aplicando (3.26) com (pk ) e (qk ) dadas por pk = e qk = 0

AR
22 (k+1)(k+1+|ν|)

! " ! #
k−1 k−2 k−1
k Q P k−j−1 Q
µk = (−1) pj µ0 + (−1) p` qj + qk−1
j=0 j=0 `=j+1

k−1 1 (−1)k 1
= (−1)k
Q
2
=
j=0 2 (j + 1) (j + 1 + |ν|) 22k k−1
Q k−1
Q
(j + 1) (j + 1 + |ν|)
j=0 j=0

Então
(1)
y2k = µk =

Assim, a solução y1 está determinada


IN (−1)k
22k k! Q
k

j=1
1

(j + |ν|)
, k = 1, 2, 3, . . .
IM
∞ ∞ ∞
yn(1) xn+|ν| = yn(1) xn+|ν| + yn(1) xn+|ν|
P P P
y1 (x) =
n=0 n=0 n=0
n é par n é ı́mpar

∞ ∞
(1) (1)
y2k x2k+|ν| + y2k+1 x2k+1+|ν|
P P
=
k=0 k=0
EL

∞ (−1)k 2k+|ν|
∞ (−1)k
x2k+|ν|
P P
= k
x = k
k=0 2k Q k=0 2k Q
2 k! (j + |ν|) 2 k! (j + |ν|)
j=1 j=1

por fim
∞ (−1)k
x2k+|ν| , x > 0.
P
y1 (x) = (3.48)
PR

k
k=0 2k Q
2 k! (j + |ν|)
j=1

Verifique que o raio de convergência é infinito usando a relação de recorrência e o Teste do


Quociente.
A forma de determinar a solução y2 depende do valor ν.

6
Observe o ajuste feito para que a relação de recorrência comece em k = 0.
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 67

Equação de Bessel de ordem 0

Considere a equação de Bessel com ν = 0


x2 y 00 + xy 0 + x2 y = 0 (3.49)
para a qual a primeira solução já foi determinada
∞ (−1)k 2k+0
∞ (−1)k 2k

AR
P P
y1 (x) = k
x = 2 x
2k
k=0 2k Q k=0 2 (k!)
2 k! (j + 0)
j=1

Busquemos a segunda solução. A equação indicial revela raı́zes duplas


λ2 + (p0 − 1) λ + q0 = 0 =⇒ λ2 + (1 − 1) λ + 0 = 0 =⇒ λ2 = 0
Devemos buscar a segunda solução sob a forma

(2)
yk xk + y1 (x) ln |x|
P
y2 (x) =

IN
k=0

(2)
y20 (x) = kyk xk−1 + x1 y1 (x) + y10 (x) ln |x|
P
=⇒
k=1

(2)
y200 (x) = k (k − 1) yk xk−2 − 1
y1 (x) + x2 y10 (x) + y100 (x) ln |x|
P
=⇒ x2
k=2
IM
Substituindo na EDO
∞ 
(2) k
k (k − 1) yk x − y1 (x) + 2xy10 (x) + x2 y100 (x) ln |x|
P
k=2
∞  ∞ 
(2) P (2) k+2
kyk xk xy10 2
P
+ + y1 (x) + (x) ln |x| + yk x + x y1 (x) ln |x| = 0
k=1 k=0

∞ ∞ ∞
EL

(2) (2) (2)


k (k − 1) yk xk + kyk xk + yk xk+2
P P P
=⇒
k=2 k=1 k=0
(
(
((((
+[x2 y100 (x)
((+ (xy
(( 0 (( 2 0
1 (x) + x y1 (x)] ln |x| = −2xy1 (x)
(((
∞ ∞ ∞
(2) (2) (2)
k (k − 1) yk xk + kyk xk + yk xk+2 = −2xy10 (x)
P P P
=⇒
k=2 k=1 k=0

Ajustando os ı́ndices e tratando o membro da direita


PR

∞ ∞ ∞
∞ 0
(2) (2) (2) (2) (−1)k
1) yk xk kyk xk yk−2 xk x2k
P P P P
1· y1 x + k (k − + + = −2x 22k (k!)2
k=2 k=2 k=2 k=0

∞ h i ∞ 2
(2) (2) (2) 2 k(−1)k+1 2k
(k (k − 1) + k) yk + yk−2 xk =
P P
=⇒ 1 · y1 x + 22k (k!)2
x
k=2 k=0

∞ h i ∞
(2) (2) (2) (−1)k+1 k
k 2 yk + yk−2 xk = x2k
P P
=⇒ 1 · y1 x + 22(k−1) (k!)2
k=2 k=0
68 Soluções por meio de séries de potências

Observe que no membro da direita figuram apenas potências pares de x, enquanto no membro
da esquerda figuram potências pares e ı́mpares de x
∞ h i ∞ h i ∞
(2) (2) (2) (2) (2) (−1)k+1 k
(2k)2 y2k + y2k−2 x2k + (2k + 1)2 y2k+1 + y2k−1 x2k+1 = x2k
P P P
y1 x + 22(k−1) (k!)2
k=1 k=1 k=0

(2) (2) (2)


Então, comparando as potências ı́mpares, y1 = 0 e (2k + 1)2 y2k+1 + y2k−1 = 0
(2) (2)

AR
1
y2k+1 = − (2k+1)2 y2k−1 = 0

para todo k = 1, 2, 3, . . . e, comparando as potências pares


(2) (2) (−1)k+1 k (2) (2) (−1)k+1
(2k)2 y2k + y2(k−1) = 22(k−1) (k!)2
=⇒ y2k + 1
22 k2
y2(k−1) = 22k (k!)2 ·k

ou ainda
(2) 1 (2) (−1)k 1
y2(k+1) + 22 (k+1)2
y2k = 22(k+1) ((k+1)!)2 k+1
, k = 0, 1, 2, . . .
(−1)k

IN
1 1
Aplicando (3.26) com (pk ) e (qk ) dadas por pk = 22 (k+1)2
e qn = 22(k+1) ((k+1)!)2 k+1
! " ! #
k−1 k−2 k−1
(2) k Q P k−j−1 Q
y2k = (−1) pj µ0 + (−1) p` qj + qk−1
j=0 j=0 `=j+1

! !
k−1 k−2 k−1
IM
k−1
(2) (−1)j
= (−1)k 1 (−1) 1
(−1)k−j−1 1 1
Q P Q
22 (j+1)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ 22 (`+1)2 22(j+1) ((j+1)!)2 j+1
j=0 j=0 `=j+1

k−2
(−1)k (2) (−1)k−1 1 P 1 (−1)k−1 1
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+  2
22(j+1) ((j+1)!)2 j+1
j=0 k
Q
22(k−1−j)  `
 
`=j+2
EL

k−2
(−1)k (2) (−1)k−1 1 P (−1)k−1 1
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+   2
j+1
j=0 Q k
22k  `·(j+1)!
  
`=j+2

k−2
(−1)k (2) (−1)k−1 1 (−1)k−1 P 1
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ 22k (k!)2 j+1
j=0
PR

" # " #
k k−1 k−1 k−1 k
(−1) (2) (−1) 1
P 1 (−1) P 1 (2)
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ j
= 22k (k!)2 j
− y0
j=1 j=1

(2) (2)
Como y0 é arbitrário, por conveniência estética, escolha y0 = 0. Assim
k
(2) (−1)k−1 P 1
y2k = 22k (k!)2 j
, k = 1, 2, 3, . . .
j=1
3.5 Epı́logo 69

logo

(2)
yk xk + y1 (x) ln |x|
P
y2 (x) =
k=0

∞ ∞
(2) (2)
y2k x2k + y2k+1 x2k+1 + y1 (x) ln |x|
P P
=
k=0 k=0

AR

(2)
y2k x2k + y1 (x) ln |x|
P
=
k=0


(2) (2)
y2k x2k + y1 (x) ln |x|
P
= y0 +
k=1
!
∞ k+1 k
(−1) 1
x2k + y1 (x) ln |x|
P P
y2 (x) = 22k (k!)2 j
(3.50)
k=1 j=1

3.5 Epı́logo
IN
Exercı́cio 35. Considere a equação diferencial
IM
y 00 + p (x) y 0 + q (x) y = 0

com p e q analı́ticas numa vizinhança em torno de x = x0 . Ao buscar uma solução em série


de Frobenius ∞
cn (x − x0 )n+s ,
P
y (x) =
n=0
EL

mostre que s2 = 0 e s1 = 1. Observação: Esse exercı́cio ilustra que a busca por solução
para ponto regular e para ponto singular-regular tem caráter diverso. No caso acima, as
raı́zes da equação caracterı́stica diferem por um número inteiro s1 − s2 = 1 − 0 = 1 ∈ Z. Do
exposto até aqui, usando-se o Método de Frobenius, deveria-se iniciar a busca pela solução
y1 usando a maior das raı́zes s1 = 1, e a segunda solução y2 seria buscada sob a forma

bn (x − x0 )n+s2 + γy1 (x) ln (x − x0 ) .
P
y2 (x) =
n=0
PR

No entanto, como todos os pontos x0 ∈ R são pontos regulares para a EDO, deve-se bus-
car solução em série de potências. Seria como iniciar a busca usando a menor das raı́zes
s2 = 0. E essa busca conduz de imediato às duas soluções (em série de potências) linear-
mente independentes y1 e y2 . Embora o Método de Frobenius funcione também para os casos
em que o ponto é regular, o procedimento para esse improviso inverte todos os procedimentos
desse método, e perverte suas conclusões.
70 Soluções por meio de séries de potências

AR
IN
IM
EL
PR
Capı́tulo 4

AR
Transformada de Laplace

Dada f : [0, +∞) → R a transformada de Laplace de f é definida por


Z ∞
L [f ] (s) = f (t) e−st dt

IN
0

quando a integral convergir. Observe que a transformada de Laplace é linear


Z ∞ Z ∞
−st
L [f + λg] (s) = (f + λg) (t) e dt = (f (t) + λg (t)) e−st dt
0 0

Z ∞ Z ∞ Z ∞
−st −st −st
λg (t) e−st dt

IM
= f (t) e + λg (t) e dt = f (t) e dt +
0 0 0

Z ∞ Z ∞
−st
= f (t) e dt + λ g (t) e−st dt = L [f ] (s) + λL [g] (s)
0 0

Proposição 36. Se existirem as transformadas de Laplace de f e f 0 e f (0+ ), então


EL

L [f 0 ] (s) = sL [f ] (s) − f 0+


Generalizando, se existirem L f (n) , L f (n−1) ,. . . , L [f 0 ], e L [f ], e existirem f (0+ ),. . . ,


   

f (n−2) (0+ ), e f (n−1) (0+ ), então

L f (n) (s) = sn L [f ] (s) − sn−1 f 0+ − . . . − sf (n−2) 0+ − f (n−1) 0+


    

n−1
= sn L [f ] (s) − sn−j−1 f (j) 0+
P 
PR

j=0

Exemplo 37. Considere os problemas de valores iniciais




y100 + y1 = 0
y200 + y2 = 0 y 00 + ω 2 y3 = 0
3
y 00 + ω 2 y4 = 0
4

y1 (0) = 1 y2 (0) = 0 y3 (0) = 1 y4 (0) = 0



0 0
0 0
y1 (0) = 0 y2 (0) = 1 y3 (0) = 0 y4 (0) = ω
72 Transformada de Laplace

Sabe-se por experiência anterior que y1 (t) = cos (t), y2 (t) = sen (t), y3 (t) = cos (ωt) e
y4 (t) = sen (ωt). Aplicando-se a transformada de Laplace à primeira EDO

y100 + y1 = 0 =⇒ L [y100 + y1 ] (s) = L [0] (s)

=⇒ L [y100 ] (s) + L [y1 ] (s) = 0

AR
s2 L [y1 ] (s) − sy1 0+ − y10 0+ + L [y1 ] (s) = 0
 
=⇒

1 + s2 L [y1 ] (s) = sy1 0+ + y10 0+ = s


  
=⇒

s s
=⇒ L [y1 ] (s) = =⇒ L [cos (t)] (s) =
1 + s2 1 + s2

De modo análogo

IN
y200 + y2 = 0 =⇒ s2 L [y2 ] (s) − sy2 0+ − y20 0+ + L [y2 ] (s) = 0
 

1 + s2 L [y2 ] (s) = 1

=⇒

1 1
=⇒ L [y2 ] (s) = =⇒ L [sen (t)] (s) =
IM
1 + s2 1 + s2

Para a terceira EDO

y300 + ω 2 y3 = 0 L y300 + ω 2 y3 (s) = L [0] (s)


 
=⇒

=⇒ L [y300 ] (s) + ω 2 L [y3 ] (s) = 0


EL

s2 L [y3 ] (s) − sy3 0+ − y30 0+ + ω 2 L [y3 ] (s) = 0


 
=⇒

ω 2 + s2 L [y3 ] (s) = s

=⇒

s s
=⇒ L [y3 ] (s) = =⇒ L [cos (ωt)] (s) =
ω2 + s2 ω2 + s2

Analogamente, para a quarta EDO


PR

y400 + ω 2 y4 = 0 s2 L [y4 ] (s) − sy4 0+ − y40 0+ + ω 2 L [y4 ] (s) = 0


 
=⇒

ω 2 + s2 L [y4 ] (s) = ω

=⇒

ω ω
=⇒ L [y4 ] (s) = =⇒ L [sen (ωt)] (s) =
ω2 + s2 ω2 + s2
73

Exemplo 38. Calcule a transformada de Laplace de t ∈ [0, +∞) 7→ f (t) = eαt


Z ∞ Z ∞ ∞
αt −st −(s−α)t −(s−α)t
1

L [f ] (s) = e e dt = e dt = − s−α e
0 0 0

 
1 −(s−α)t −(s−α)t
= − s−α lim e − lim+ e

AR
t→∞ t→0

 
1
= − s−α lim e−(s−α)t − 1 = 1
s−α
t→∞

se s > α.

Exemplo 39. Considere o problema de valores iniciais



y 00 + 5y 0 + 6y = 0

IN

y (0) = 1


0
y (0) = 0

Aplique a transformada de Laplace à EDO

L [y 00 + 5y 0 + 6y] (s) = L [0] (s) = 0


IM
=⇒ L [y 00 ] (s) + 5L [y 0 ] (s) + 6L [y] (s) = 0

=⇒ [s2 L [y] (s) − sy (0) − y 0 (0)] + 5 [s L [y] (s) − y (0)] + 6L [y] (s) = 0

=⇒ s2 L [y] (s) − s + 5s L [y] (s) − 5 + 6L [y] (s) = 0

=⇒ (s2 + 5s + 6) L [y] (s) = s + 5


EL

s+5 s+5 3 2 1 1
=⇒ L [y] (s) = s2 +5s+6
= (s+2)(s+3)
= s+2
− s+3
=3· s+2
−2· s+3

=⇒ L [y] (s) = 3 · L [e−2t ] (s) − 2 · L [e−3t ] (s)

=⇒ L [y] (s) = L [3e−2t ] (s) + L [−2e−3t ] (s) = L [3e−2t − 2e−3t ] (s)

=⇒ y (t) = 3e−2t − 2e−3t


PR

Z t Z t
Definição 40. (f ∗ g) (t) = f (τ ) g (t − τ ) dτ = f (t − τ ) g (τ ) dτ
0 0

Teorema 41. L [f ] (s) L [g] (s) = L [f ∗ g] (s)


74 Transformada de Laplace

Exemplo 42. Determine a solução geral da EDO

y 00 + ω 2 y = f (t)

Aplique a transformada de Laplace à EDO

L [y 00 + ω 2 y] (s) = L [f (t)] (s)

L [y 00 ] (s) + ω 2 L [y] (s) = L [f (t)] (s)

AR
=⇒

=⇒ s2 L [y] (s) − s y (0) − y 0 (0) + ω 2 L [y] (s) = L [f (t)] (s)

=⇒ (s2 + ω 2 ) L [y] (s) = s y (0) + y 0 (0) + L [f (t)] (s)

=⇒ L [y] (s) = y (0) s


s2 +ω 2
+ y 0 (0) 1
s2 +ω 2
+ 1
s2 +ω 2
L [f (t)] (s)

y 0 (0)
=⇒ L [y] (s) = y (0) L [cos (ωt)] (s) + L [sen (ωt)] (s)

IN
ω

+ ω1 L [sen (ωt)] (s) · L [f (t)] (s)


h i
y 0 (0) 1
=⇒ L [y] (s) = L y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) (s) + ω
L [sen (ωt)] (s) · L [f (t)] (s)

Aplicando o Teorema da Convolução (Teorema 41)


IM
h i
y 0 (0)
=⇒ L [y] (s) = L y (0) cos (ωt) + ω sen (ωt) (s) + L ω1 f ∗ sen (ωt) (s)
 

h i
y 0 (0) 1
=⇒ L [y] (s) = L y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) + ω
f ∗ sen (ωt) (s)

y 0 (0) 1
=⇒ y (t) = y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) + ω
(f ∗ sen (ωt))
EL

Z t
y 0 (0) 1
=⇒ y (t) = y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) + ω
f (t − τ ) sen (ωτ ) dτ
0
Z t
1
y (t) = c1 cos (ωt) + c2 sen (ωt) + ω
f (t − τ ) sen (ωτ ) dτ
0
PR
Índice

AR
Equação singular, 41
Cauchy-Euler, 55 singular-irregular, 57
singular-regular, 57
ponto
regular, 41 Relação de recorrência, 43

IN
IM
EL
PR

Você também pode gostar