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AR
IN
IM
EL
PR
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
ORDINÁRIAS
Uma Introdução Honesta e Suave
ii
PR
EL
IM
IN
AR
Conteúdo
AR
0.1 Prelúdio: A necessidade da humanidade pelas Equações Diferenciais . . . . . 1
0.2 Definições preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
IN
1.4 Equação de Bernoulli e Equação de Riccati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4 Transformada de Laplace 71
Introdução
AR
dsagdsafdasdsafdsafdsa
0.2
IN
Definições preliminares
asdfasdfasdfa
IM
EL
PR
2 CONTEÚDO
AR
IN
IM
EL
PR
Capı́tulo 1
AR
EDO de primeira ordem
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é toda equação diferencial que
puder ser escrita sob a forma
y 0 = F (t, y)
IN
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é do tipo variáveis separáveis
quando existirem funções f e g tais que F (t, y) = f (t) g (y). Assim
y 0 = f (t) g (y) (1.1)
IM
Esta equação pode ser resolvida (integrada) manipulando-a como se segue
y 0 = f (t) g (y) =⇒ g(y) 1
y 0 = f (t)
Z Z Z Z
1 0 1
=⇒ g(y)
y dt = f (t) dt =⇒ g(y)
dy = f (t) dt
Observe que a partir desse ponto não aparecem quaisquer derivadas da incógnita, a expressão
EL
y y
AR
a solução bem conhecida desde os tempos do primeiro curso de Cálculo.
IN
y 0 = f (t) g (y) =⇒ 1
g(y)
y 0 = f (t)
Integre ambos os membros de τ = t0 até τ = t
Z t Z t Z y(t) Z t
1 0 1
g(y)
y dτ = f (τ ) dτ =⇒ g(y)
dy = f (τ ) dτ
t0 t0 y(t0 ) t0
y (0) = y0
Determine sua solução.
Solução: Procedendo como acima
y 0 = −αy + β =⇒ 1
−αy+β
y0 = 1
Z t Z t Z y(t) Z t
1 0 1
=⇒ −αy+β
y dτ = 1dτ =⇒ −αy+β
dy = dτ
0 0 y(0) 0
PR
Z y(t)
ln y (t) − αβ − ln y0 − αβ = −αt
=⇒ − α1 1
β
y− α
dy = t =⇒
y0
y (t) − β y (t) − β
β β
α
= e−αt =⇒ y (t) −
α
e−αt
=⇒ ln = −αt =⇒ = ± y0 −
β
y0 − α
β
y0 − α α α
y (t) = αβ ± y0 − αβ e−αt
=⇒
1.2 EDO do tipo exata 5
AR
1.2 EDO do tipo exata
Considere uma função Ψ = Ψ (t, y), e uma curva s 7→ (t (s) , y (s)) com traço no domı́nio
de Ψ. A expressão que representa a derivada de Ψ em relação ao parâmetro s é
d ∂Ψ dy ∂Ψ dt
Ψ (t (s) , y (s)) = +
ds ∂y ds ∂t ds
IN
dada pela regra da cadeia. No caso em que o parâmetro é a primeira coordenada (s = t), a
expressão assume um formato mais simples
d ∂Ψ dy ∂Ψ dt ∂Ψ dy ∂Ψ
Ψ (t, y (t)) = + = +
dt ∂y dt ∂t dt ∂y dt ∂t
IM
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem
∂Ψ ∂Ψ
=M e = N.
∂y ∂t
EL
A função Ψ, caso exista, é denominada função potencial. Observe que neste caso a solução
da equação diferencial é imediata, pois
∂Ψ dy ∂Ψ d
0 = M (t, y) y 0 + N (t, y) = + = Ψ (t (t) , y (t))
∂y dt ∂t dt
logo Z Z
d
Ψ (t (t) , y (t)) dt = 0 dt =⇒ Ψ (t, y (t)) = c
PR
dt
Solução: Se esta EDO for exata, existe uma função Ψ que satisfaz
∂Ψ ∂Ψ
= 3t2 y + sen (y) + 1 e = 3ty 2 − 2 cos (3t)
∂y ∂t
Por meio da primeira relação, integrando-a com respeito a y tem-se
Ψ (t, y) = 32 t2 y 2 − cos (y) + y + f (t)
na qual f = f (t) é uma função arbitrária que depende apenas de t. Pondo esta última na
AR
outra relação
∂ 3 2 2
3ty 2 − 2 cos (3t) = ∂t 2
t y − cos (y) + y + f (t)
IN
Como foi possı́vel encontrar a função Ψ conclui-se que a EDO é exata, e neste caso, sua
solução é
3 2 2
2
t y − cos (y) + y − 32 sen (3t) + c1 = c
Mas c e c1 são constantes arbitrárias, logo a diferença k = c − c1 entre elas também o é,
assim
3 2 2
2
t y − cos (y) + y − 32 sen (3t) = k.
IM
Aqui tudo bem. Deu certo, apesar da trabalheira.
Solução: Se esta EDO fosse exata, existiria uma função Ψ que satisfaria
∂Ψ ∂Ψ
= ty + t sen (2y) e = 12 y 2 − cos (2y)
∂y ∂t
Por meio da primeira relação, integrando-a com respeito a y tem-se
Ψ (t, y) = 21 ty 2 − 12 t cos (2y) + f (t)
na qual f = f (t) é uma função arbitrária que depende apenas de t. Pondo esta última na
PR
outra relação
1 2 ∂ 1 2
ty − 12 t cos (2y) + f (t)
2
y − cos (2y) = ∂t 2
=⇒ 1 2
2
y − cos (2y) = 12 y 2 − 12 cos (2y) + f 0 (t)
O critério a seguir permite determinar se a EDO é do tipo exata, ou não, antes de tentar
resolvê-la.
∂M ∂N
= se, e somente se, a EDO (1.2) for exata.
∂t ∂y
AR
Exemplo 6. Verifique se a equação abaixo é exata
IN
Critério 5
∂M ∂
= [ty + t sen (2y)] = y + sen (2y)
∂t ∂t
No entanto,
∂N ∂ 1 2
= 2
y + cos (2y) = y − 2 sen (2y)
∂y ∂y
IM
∂M ∂N
Logo ∂t
6= ∂y
, e daqui conclui-se que a EDO não é exata.
Se uma EDO na forma de (1.2) não for exata, pode-se lançar de um artifı́cio denominado
fator integrante 1 . Busca-se por uma função µ = µ (t, y) de modo que
∂ (µM ) ∂ (µN )
= =⇒ M µt + Mt µ = N µy + Ny µ
∂t ∂y
ou ainda
M µt − N µy + (Mt − Ny ) µ = 0.
PR
(1.3)
No entanto, (1.3) possui derivadas parciais na incógnita µ, portanto, trata-se de uma equação
diferencial parcial. Tratar equações diferenciais parciais está fora dos objetivos do presente
texto.
Apesar disso, sob certas condições é possı́vel encontrar um fator integrante. Dois casos
dignos de nota são:
1
Fator integrante: fator porque é algo que multiplica, integrante porque permite integrar (resolver) a
equação diferencial.
8 EDO de primeira ordem
AR
µ M
R Mt −Ny
µ (t) = e− M
dt
IN
Z Z Z
µ0 Mt −Ny Mt −Ny
=⇒ µ
dy = N
dy =⇒ ln |µ| = N
dy
R Mt −Ny
dy
µ (y) = e N
IM
Observação 7. Para fins de fator integrante, constantes multiplicativas podem ser despre-
zadas, ou pode-se considerar uma constante multiplicativa que seja conveniente. De fato,
sendo c uma constante não nula, µ será um fator integrante se, e somente se, cµ o for.
t3 yy 0 + t2 y 2 = 0.
Solução: Obviamente a EDO proposta pode ser reescrita, classificada como sendo do
tipo variáveis separáveis, e por aquelas técnicas, ser plenamente resolvida. Mas, por um
momento, desliguemos o bom senso naquele sentido.
Aqui M (t, y) = t3 y e N (t, y) = t2 y 2 , funções de classe C 2 , logo encontra-se nas condições
de aplicação do Critério 5. Aplicando-o, Mt − Ny = t2 y 6= 0, conclui-se que a EDO não é
exata.
PR
Mt − Ny t2 y 1
= 3 =
M ty t
e o fator integrante fica determinado por meio de
Mt −Ny 1
= e− ln|t| = |t|−1 .
R R
µ (t) = e− M
dt
= e− t
dt
1.3 EDO do tipo linear 9
Para fins de fator integrante, constantes multiplicativas podem ser desprezadas, então faça
µ (t) = t−1 . A nova EDO
t2 yy 0 + ty 2 = 0
1 2 2
é exata, e, pelos métodos já expostos, admite a função potencial Ψ (t, y) = 2
ty . Logo, sua
solução geral e dada por
1 2 2 c
t y = c̃ ou ainda y = .
2
t
AR
Exemplo 9. Considere a mesma equação do Exemplo 8. Busque um fator integrante que
dependa apenas de y. Se houver, resolva a EDO.
Solução: Buscando um fator integrante que dependa apenas de y, é necessário que a função
1
N
(Mt − Ny ) dependa apenas de y. De fato,
Mt − Ny t2 y
IN
1
= 2 2 =
N ty y
3
t
Observe que foi possı́vel encontrar para uma EDO dois fatores integrantes distintos que
a transformam em exata. Isso não é um fato isolado dada a natureza da equação (1.3), no
entanto, nem sempre haverá um fator integrante que só dependa de t ou que só dependa de
y.
PR
AR
= α1 (y10 + p (t) y1 ) + α2 (y20 + p (t) y2 )
= α1 L [y1 ] + α2 L [y2 ]
IN
Observe a semelhança entre o membro da esquerda e a derivada de um produto
Z Z
R p(t)dt R d h R p(t)dt i R
=⇒ d
dt
e y = f (t) e p(t)dt =⇒ e y dt = f (t) e p(t)dt dt
dt
EL
R
Z R R
Z R
p(t)dt − p(t)dt
=⇒ e p(t)dt
y= f (t) e dt =⇒ y (t) = e f (t) e p(t)dt dt
y 0 = y + sen (t)
PR
Solução: A manjada, e já sem graça, pergunta “qual função é igual a sua derivada?”
ganhou mais uma parcela, tornando sua resposta inacessı́vel aos não iniciados. Manipulando-
a
y 0 − y = sen (t)
a EDO original reduz-se ao caso linear exposto acima. Seu fator integrante é dado por
R
µ (t) = e (−1)dt
= e−t
1.3 EDO do tipo linear 11
Então −t 0
e−t y 0 − e−t y = e−t sen (t) =⇒ e y = e−t sen (t)
e integrando ambos os membros
Z Z Z
−t 0
e y dt = e−t sen (t) dt =⇒ −t
e y= e−t sen (t) dt
AR
por fim, isolando y no primeiro membro e resolvendo a integral do segundo membro
Z
e−t sen (t) dt = et − 12 e−t sen (t) − 12 e−t cos (t) + c
t
y (t) = e
IN
0
y + p (t) y = f (t)
y (t ) = y
0 0
o processo descrito acima usa integrais definidas a fim de absorver a condição inicial. Use o
fator integrante 2 Rt
p(τ )dτ
IM
µ (t) = e t0
Assim Rt Rt Rt
p(τ )dτ 0 p(τ )dτ p(τ )dτ
e t0
y + p (t) e t0
y = f (t) e t0
h Rt i Rt
d p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ dt
e t0
y (t) = f (t) e t0
Z t h Rs i Z t Rs
d p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ ds
e t0
y (s) ds = f (s) e t0 ds
EL
t0 t0
Rt R t0
Z t Rs
p(τ )dτ p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ e t0
y (t) − e t0
y (t0 ) = f (s) e t0
ds
t0
Rt Z t Rs
p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ e t0
y (t) = y (t0 ) + f (s) e t0
ds
t0
Rt Rt Z t Rs
− p(τ )dτ − p(τ )dτ p(τ )dτ
=⇒ y (t) = y0 e t0
+e t0
f (s) e t0
ds
PR
t0
Rt Z t Rt Rt
− p(τ )dτ 0 p(τ )dτ − p(τ )dτ
=⇒ y (t) = y0 e t0
+ f (s) e− s e t0
ds
t0
Rt Z t Rt
− p(τ )dτ
=⇒ y (t) = y0 e t0
+ f (s) e− s p(τ )dτ
ds
t0
2
Qualquer outro valor válido no limite inferior da integral funcionaria, mas t0 faz sentido e funciona, além
de ser simples
12 EDO de primeira ordem
Exemplo 11. Considere as constantes α, a > 0 e t∗ > 0. Resolva o problema de valor inicial
0
y + αy = f (t)
y (0) = H
AR
(
0, para 0 < t < t∗
f (t) =
−a (t − t∗ ) , para t ≥ t∗ .
Integrando de 0 a t
Z t Z t Z t
ατ 0
f (τ ) eατ dτ αt α·0
f (τ ) eατ dτ
IN
[e y (τ )] dτ = =⇒ e y (t) − e y (0) =
0 0 0
Observe que ainda falta usar a função f . Pela própria definição da função f , há duas
IM
situações a considerar: t ∈ (0, t∗ ) e t ≥ t∗
Z t
H ·e −αt
+e −αt
f (τ ) eατ dτ , para 0 < t < t∗
0
y (t) = Z t
H ·e −αt
+e −αt
f (τ ) eατ dτ , para t ≥ t∗
0
EL
No segundo caso é preciso tomar um cuidado adicional. Há dois intervalos a considerar na
integração
Z t
−αt −αt
y (t) = H · e +e f (τ ) eατ dτ
PR
Z t∗ Z t
−αt −αt ατ ατ
=H ·e +e f (τ ) e dτ + f (τ ) e dτ
0 t∗
Z t∗ Z t
−αt −αt ατ ατ
=H ·e +e 0 · e dτ − a (τ − t∗ ) e dτ
0 t∗
1.4 Equação de Bernoulli e Equação de Riccati 13
= H · e−αt − a a
1 − e−α(t−t∗ )
α
(t − t∗ ) + α2
Assim
−αt
H ·e ,
para 0 < t < t∗
y (t) =
AR
H · e−αt −
a
(t − t∗ ) + a
1 − e−α(t−t∗ ) , para t ≥ t∗
α α2
Verifique que a solução é uma função contı́nua.
IN
Uma EDO de primeira ordem é do tipo Bernoulli (ou uma Equação de Bernoulli) quando
puder ser escrita sob a forma
y 0 + p (t) y = q (t) y n
Divida a equação por y n
y −n y 0 + p (t) y 1−n = q (t)
Faça u = y 1−n , logo u0 = (1 − n) y −n y 0
IM
1
1−n
u0 + p (t) u = q (t)
ou ainda
u0 + (1 − n) p (t) u = (1 − n) q (t)
reduzindo o problema original à uma EDO de primeira ordem linear.
Uma EDO de primeira ordem é do tipo Riccati (ou uma Equação de Riccati) quando
EL
yp0 + 1 0
+ p (t) yp − p (t) u1 = q (t) yp2 − 2yp u1 + 1
PR
u2
u u2
+ f (t)
Agrupando adequadamente, é possı́vel eliminar a função f
((
0 (2(((
yp + (
p (t)
(( yp(− q (t) yp − f (t) + u12 u0 − p (t) u1 = −2yp q (t)
( ( ( 1
u
+ q (t) 1
u2
(((
Ajustando os termos restantes
u0 + (2yp q (t) − p (t)) u = q (t)
atinge-se uma EDO de primeira ordem linear.
14 EDO de primeira ordem
AR
IN
IM
EL
PR
Capı́tulo 2
AR
EDO de segunda ordem lineares
IN
com coeficientes p e q contı́nuos sobre um intervalo aberto I ⊆ R. De inı́cio será tratado
o caso em que f é identicamente nula sobre o intervalo I (f ≡ 0 sobre I, i.e., ∀t ∈ I tem-
se f (t) = 0) denominado homogêneo, em oposição ao caso em que f não é identicamente
nula sobre o intervalo I (f 6≡ 0 sobre I, i.e., ∃t∗ ∈ I tal que f (t∗ ) 6= 0) denominado não
homogêneo, o qual será pormenorizado em sequência.
Em ambos os casos, sob situações particulares, intenciona-se encontrar as soluções pro-
IM
priamente ditas da equação.
Suponha que f em (2.1) seja identicamente nula sobre o intervalo aberto I ⊆ R. Assim,
EL
a equação diferencial
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0, t ∈ I (2.2)
será o objeto de estudo desta seção.
Suponha que existam funções 1 λ1 : t ∈ I 0 7→ λ1 (t) e λ2 : t ∈ I 0 7→ λ2 (t), com I 0 ⊆ I
intervalo aberto, de modo que
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = d
dt
[y 0 − λ1 (t) y] − λ2 (t) [y 0 − λ1 (t) y] (2.3)
Expandindo o membro direito de (2.3), e comparando com o membro esquerdo, conclui-se
PR
AR
Uma vez alcançada a validade de (2.3), a equação y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0 pode ser
transformada em um sistema de equações diferenciais lineares de primeira ordem
0
u − λ2 (t) u = 0
(2.6)
y 0 − λ (t) y = u
1
Observe que pode-se resolver a primeira, obtendo-se a função t ∈ I 0 7→ u (t). Pondo as mãos
na massa
u0
Z Z
IN
0 d
u = λ2 (t) u =⇒ = λ2 (t) =⇒ dt
(ln u) dt = λ2 (t) dt
u
Z R R
=⇒ ln u = λ2 (t) dt =⇒ u (t) = e λ2 (t)dt = e− (p(t)+λ1 (t))dt
h R i R
=⇒ d
dt
ye− λ1 (t)dt
= u (t) e− λ1 (t)dt
R
Z R
−
=⇒ ye λ1 (t)dt
= u (t) e− λ1 (t)dt
dt
EL
R
Z R
=⇒ y (t) = e λ1 (t)dt
u (t) e− λ1 (t)dt
dt
R
Z R R
=⇒ y (t) = e λ1 (t)dt
e− (p(t)+λ1 (t))dt −
e λ1 (t)dt
dt
R
Z h R i−2 R
=⇒ y (t) = e λ1 (t)dt
e λ1 (t)dt e− p(t)dt dt (2.7)
PR
AR
Agora considere um intervalo aberto I ⊆ R, e o espaço vetorial V das funções f : I → R.
Dadas duas funções f e g em V, essas funções são linearmente independentes quando o único
modo de ter-se αf + βg = 0 com α, β ∈ R é quando α = β = 0. É preciso observar que
a combinação linear αf + βg = 0 refere-se aos objetos abstratos que jazem em V, e aqui
compara-se esses objetos, que são funções. Duas funções são iguais se possuı́rem o mesmo
domı́nio, e possuı́rem a mesma imagem para cada elemento do domı́nio. Assim,
⇐⇒ αf (t) + βg (t) = 0 , ∀t ∈ I.
IN
Logo, dadas duas funções f e g em V, essas funções são linearmente independentes quando
o único modo de ter-se α f (t) + β g (t) = 0, ∀t ∈ I é quando α = β = 0. Agora que ficou
claro com linguagem usual, pode-se escrever apenas com sı́mbolos
Alice recorda ainda que dois vetores u e v de um mesmo espaço vetorial V são linearmente
IM
dependentes quando não forem linearmente independentes. Assim, dadas duas funções f e
g em V, por meio de (2.8)
por fim
EL
Exemplo 12. As funções f (t) = t3 e g (t) = |t|3 definidas sobre o intervalo (−1, 1) são
linearmente independentes, mas, se definidas sobre o intervalo (0, 1) são linearmente depen-
dentes.
Solução: Tratemos de cada caso separadamente
Se t > 0, segue-se que αt3 + βt3 = 0, ∀t ∈ (0, 1). Logo α + β = 0. Por outro lado,
se t < 0, segue-se que αt3 − βt3 = 0, ∀t ∈ (−1, 0). Logo α − β = 0. O sistema linear
homogêneo
α+β =0
α−β =0
AR
são linearmente independentes.
IN
=⇒ αt3 + βt3 = 0, ∀t ∈ (0, 1)
=⇒ α+β =0
De onde segue-se que qualquer escolha não nula para a constante α, e fazendo-se
β = −α 6= 0, permite-se αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ (0, 1). Assim f : t ∈ (0, 1) 7→ t3 e
g : t ∈ (0, 1) 7→ |t|3 são linearmente dependentes.
IM
Diante do exposto nesse exemplo, conclui-se que ao alterar o domı́nio das funções pode-se
alterar a relação de dependência/independência linear entre elas.
EL
Por qual motivo aflorou-se essa discussão sobre funções linearmente (in)dependentes?
Por que retirar do pântano aquele baú embolorado das encarniçadas lembranças da Álgebra
Linear? Bem... aqui é preciso invocar o valoroso princı́pio universal
Portanto, trate melhor o baú das lembranças da Álgebra Linear. Ao longo de sua jornada
esse baú será revisitado muitas vezes. Tudo deve estar limpo e organizado para poupar seu
tempo.
Considere uma combinação linear finita de soluções da equação (2.2)
N
P
y= αj y j (2.10)
j=1
2.1 O caso homogêneo 19
AR
dt2 dt
j=1 j=1 j=1
N
αj yj00 (t) + αj p (t) yj0 (t) + αj q (t) yj (t) =
P
=
j=1
N N
αj yj00 (t) + p (t) yj0 (t) + q (t) yj (t) =
P P
= (αj · 0) = 0
j=1 j=1
pois cada yi satisfaz a EDO (2.2). Ou seja, y também é uma solução da (2.2). Para facilitar a
minha vida em referências futuras, este conhecimento será condensado no enunciado abaixo:
combinação linear y =
N
P
IN
Teorema 13. Dado o conjunto {y1 , y2 , . . . , yN } de soluções da EDO (2.2), então qualquer
αj yj também é solução da mesma equação.
j=1
com α e β constantes reais. Sendo as funções diferenciáveis sobre o intervalo I, é lı́cito aplicar
a derivada em cada ponto de I em (2.11)
para ∀t ∈ I.
Sistemas lineares homogêneos sempre são compatı́veis (possı́veis, possuem solução) haja
vista que o vetor nulo sempre satisfaz esse tipo de sistema. Resta saber se o sistema em
(2.13) é determinado (possui solução única) ou indeterminado (possui uma infinidade de
soluções).
Alice lembra que a natureza da compatibilidade do sistema (2.13) depende do determi-
nante da matriz que define o sistema linear.
AR
Este determinante é denominado como sendo o wronskiano das funções f e g
" #
f (t) g (t)
W [f, g] (t) = det ∀t ∈ I.
f 0 (t) g 0 (t)
IN
Exemplo 14. Considere as funções f (t) = t3 e g (t) = |t|3 , ∀t ∈ (−1, 1). Calcule W [f, g].
E agora?
é indeterminado, pois W [f, g] (t0 ) = 0, logo para cada escolha α, existe um valor para
β = β (α, t0 ). Agora fixe t1 ∈ I, com t1 6= t0 . O sistema linear
" #" # " #
f (t1 ) g (t1 ) α 0
=
f 0 (t1 ) g 0 (t1 ) β 0
também é indeterminado, pois W [f, g] (t1 ) = 0. Logo, para cada escolha α, existe um valor
para β = β (α, t1 ). Não há qualquer garantia de que β (α, t0 ) seja igual a β (α, t1 ), para uma
2.1 O caso homogêneo 21
mesma escolha α. Portanto, não se pode concluir que existam contantes α e β, com α 6= 0
ou β 6= 0, tais que
αf (t) + βg (t) = 0, ∀t ∈ I.
AR
Teorema 15 (de Abel). Considere a EDO
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0
IN
ii) Se W [y1 , y2 ] (t∗ ) 6= 0, então W [y1 , y2 ] (t) 6= 0, ∀t ∈ I. Ademais, {y1 , y2 } é l.i.
= −p (t) [y1 (t) y20 (t) − y10 (t) y2 (t)] = −p (t) W [y1 , y2 ] (t)
d
dt
W [y1 , y2 ] (t) = −p (t) W [y1 , y2 ] (t)
na qual W0 é uma constante. Assim, se para algum t∗ ∈ I tem-se W [y1 , y2 ] (t∗ ) = 0, então
W0 = 0, de onde segue-se que W [y1 , y2 ] (t) = 0, ∀t ∈ I. Por outro lado, se para algum t∗ ∈ I
tem-se W [y1 , y2 ] (t∗ ) 6= 0, então W0 6= 0, de onde segue-se que W [y1 , y2 ] (t) 6= 0, ∀t ∈ I.
22 EDO de segunda ordem lineares
AR
seja satisfeita por f e por g. Pelo Teorema 13 qualquer combinação linear de f e g também
é solução. Observe
IN
= λ1 · y 0 (t) − βλ2 eλ2 t + λ2 y 0 (t) − αλ1 eλ1 t
∀t ∈ R, pois λ1 6= λ2 .
Por fim, conclui-se que o par {f, g} é linearmente independente.
PR
segue-se que
AR
= 2λ (β + αλ + βλt) eλt − λ2 (α + βt) eλt
IN
é uma EDO de segunda ordem linear homogênea satisfeita pela funções f e g, para a qual
os coeficientes p : t ∈ R 7→ −2λ e q : t ∈ R 7→ λ2 são funções contı́nuas sobre R. Assim, o
Teorema de Abel é aplicável.
Calculando-se o wronskiano de f e g
" # " #
f (t) g (t) eλt teλt
W [f, g] (t) = det = det
IM
f 0 (t) g 0 (t) λeλt (1 + λt) eλt
para todo t ∈ R.
Por fim, por meio do Teorema de Abel, conclui-se que o par {f, g} é linearmente inde-
pendente.
EL
Exemplo 18. Dadas as funções f : t ∈ R 7→ ert sen (st) e g : t ∈ R 7→ ert cos (st), com
r ∈ R e s > 0 constantes reais, verifique que {f, g} é linearmente independente.
Solução: Faça y = αf + βg
PR
y (t) = αert sen (st) + βert cos (st) = ert (α sen (st) + β cos (st))
y 0 (t) = ert (αr sen (st) + βr cos (st)) + ert (αs cos (st) − βs sen (st))
segue-se que
AR
− (r2 + s2 ) ert [α sen (st) + β cos (st)]
é uma EDO de segunda ordem linear homogênea satisfeita pela funções f e g, para a qual os
coeficientes p : t ∈ R 7→ −2r e q : t ∈ R 7→ r2 + s2 são funções contı́nuas sobre R. Assim, o
Teorema de Abel é aplicável.
IN
Calculando-se o wronskiano de f e g
" #
f (t) g (t)
W [f, g] (t) = det
f 0 (t) g 0 (t)
" #
ert sen (st) ert cos (st)
= det
IM
ert (r sen (st) + s cos (st)) ert (r cos (st) − s sen (st))
para t ∈ [t0 , T ) são soluções da EDO de segunda ordem linear homogênea (verifique!)
com coeficientes sob as hipóteses do Teorema de Abel. Verifique que {y1 , y2 } é um conjunto
linearmente independente.
Solução: Como já sabe-se que y1 e y2 são soluções de uma EDO de segunda ordem linear
homogênea sob as hipóteses do Teorema de Abel, passa-se ao cálculo do wronskiano
" #
y1 (t) y2 (t)
W [y1 , y2 ] (t) = det
y10 (t) y20 (t)
AR
Rt
Rt Z th Rs i−2 Rs
λ1 (s)ds d λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ
=e t0
· dt
e t0
e t0
e ds
t0
h Rt i Rt Z th R i−2 R s
s
d t0 λ1 (s)ds t0 λ1 (s)ds λ (τ )dτ (λ (τ )+λ2 (τ ))dτ
− dt
e ·e e t0 1 e t0 1 ds
t0
Rt Rt Z th Rs i−2 Rs
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ
IN
=e t0
· λ1 (t) e t0
e t0
e ds
t0
Rt Rt h Rt i−2 R t
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ (s)ds (λ (s)+λ2 (s))ds
+e t0
·e t0
e t0 1 e t0 1
Rt Rt Z th Rs i−2 Rs
λ1 (s)ds λ1 (s)ds λ1 (τ )dτ t0 (λ1 (τ )+λ2 (τ ))dτ
IM
− λ1 (t) e t0
·e t0
e t0
e ds
t0
Rt
t0 (λ1 (s)+λ2 (s))ds
=e 6= 0
Até aqui trabalhou-se com pares de funções {f, g} que seriam soluções de uma EDO
de segunda ordem linear homogênea, e à luz do Teorema de Abel, concluir-se-ia quanto a
dependência/independência linear desse conjunto. O que aconteceria com um trio de funções
{y1 , y2 , y3 } soluções de uma EDO de segunda ordem linear homogênea?
Considere um trio de funções {y1 , y2 , y3 } soluções de uma EDO de segunda ordem linear
homogênea
PR
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0
e uma combinação linear nula delas
então
α1 y10 (t) + α2 y20 (t) + α3 y30 (t) = 0
α1 y100 (t) + α2 y200 (t) + α3 y300 (t) = 0.
26 EDO de segunda ordem lineares
AR
0 0 0
det y (t) y (t) y (t) 6 0, ∀t ∈ (t0 , T ) .
1 2 3
=
y100 (t) y200 (t) y300 (t)
É verdade que
y100 = −p (t) y10 − q (t) y1
y200 = −p (t) y20 − q (t) y2
y300 = −p (t) y30 − q (t) y3
então
0
det y
1
y1 (t) y2 (t) y3 (t)
00
(t) y 0
2
00
(t) y
y1 (t) y2 (t) y3 (t)
0
3
00
(t)
=
IN
IM
y1 (t) y2 (t) y3 (t)
= det
y10 (t) y20 (t) y30 (t)
−p (t) y10 (t) − q (t) y1 (t) −p (t) y20 (t) − q (t) y2 (t) −p (t) y30 (t) − q (t) y3 (t)
y1 (t) y2 (t) y3 (t) y1 (t) y2 (t) y3 (t)
EL
= − det
y10 (t) y20 (t) y30 (t) − det
y10 (t) y20 (t) y30 (t)
p (t) y10 (t) p (t) y20 (t) p (t) y30 (t) q (t) y1 (t) q (t) y2 (t) q (t) y3 (t)
y1 (t) y2 (t) y3 (t) y1 (t) y2 (t) y3 (t)
0 0 0
= −p (t) · det y 1 (t) y 2 (t) y 3 (t) − q (t) · det y10 (t) y20 (t) y30 (t)
PR
0 0 0
y1 (t) y2 (t) y3 (t) y1 (t) y2 (t) y3 (t)
=0
∀t ∈ (t0 , T ), pois ambas matrizes apresentam duas linhas iguais.
Até o momento trabalhou-se sob a hipótese velada de que as EDO de segunda ordem
lineares homogêneas possuem solução. É verdade?
2.1 O caso homogêneo 27
asdasdfasdfasdf
AR
dsagdsafdsafdsa
IN
d2 y dy
dt2
+ p0 dt
+ q0 y = 0 (2.15)
na qual p0 e q0 são constantes. Faça a mudança de variável y (t) = w (t) eλt , na qual w será a
nova incógnita, e λ é um parâmetro constante a ser determinado convenientemente. Assim
00 λt
w e + 2λw0 eλt + λ2 weλt + p0 w0 eλt + λweλt + q0 weλt = 0
IM
eλt [w00 + (2λ + p0 ) w0 + (λ2 + λp0 + q0 ) w] = 0
2λ + p0 = 0 =⇒ λ = − 21 p0 . (2.17)
EL
w00 − ∆
4
w = 0. (2.18)
dw
Faça v = dt
, então
w00 = d dw d d
(v) dw dv
dt dt
= dt
(v) = dw dt
= v dw .
Isso permite reduzir a EDO (2.18) a um sistema de EDO de primeira ordem
PR
dv
v dw − ∆4 w = 0
(2.19)
dw = v (w)
dt
A primeira das equações permite encontrar v = v (w), enquanto a segunda equação, já de
posse da solução da primeira, permite encontrar w = w (t).
Procedamos com o tratamento da primeira. De inı́cio, separemos em dois casos: ∆ = 0,
e o caso ∆ 6= 0.
28 EDO de segunda ordem lineares
Caso ∆ = 0
Se ∆ = 0, a primeira equação de (2.19)
dv dv
dw
=0 =⇒ dw
=0 =⇒ v (w) = c2 .
AR
dt
IN
Z Z
dv ∆ dv ∆
v dw = 4 w =⇒ v dw dw = 4
wdw
Z Z
∆ 1
v2 = ∆1
w2 − c̃2
=⇒ v dv = 4
w dw =⇒ 2 4 2
p
=⇒ v (w) = ± 12 ∆ · (w2 − c̃2 ) .
IM
Pondo na segunda EDO de (2.19)
dw
p
dt
= ± 12 ∆ · (w2 − c̃2 )
Z Z
=⇒ √ 12 dw
=± 1
=⇒ √ 12 dw
dt = ± 1
dt
∆ · (w −c̃2 ) dt 2 ∆ · (w −c̃2 ) dt 2
EL
Z Z
=⇒ √ 12 dw = ± 1
2
dt
∆ · (w −c̃2 )
Z
=⇒ √ 1
dw = ± 21 (t + c̃1 ) . (2.21)
∆ · (w2 −c̃2 )
Caso ∆ < 0
Se ∆ < 0, pode-se escrever (2.21) assim
Z Z
√ 1
2
dw = ± 12 (t + c̃1 ) =⇒ √ √
1
dw = ± 12 (t + c̃1 )
(−∆) · (c̃2 −w ) (−∆) c̃2 −w2
√
Z
√ 1 −∆
=⇒ dw = ± 2
(t + c̃1 ) . (2.22)
c̃2 −w2
2.1 O caso homogêneo 29
Observe que o radicando só faz sentido quando c̃2 > 0. A integral da esquerda resolve-se por
meio da substituição u = √wc̃2 . Portanto,
√
√w −∆
arc sen c̃2
=± (t + c̃1 ) 2
√ √
=⇒ w (t) = ± c̃2 sen −∆ 2
(t + c̃ 1 )
√ √ √
w (t) = ± c̃2 sen −∆ c̃1 −∆
AR
=⇒ 2
t + 2
.
√ √
−∆
√
c̃1 −∆
w (t) = ± c̃2 sen 2
t + 2
√ √
−∆
√
c̃1 −∆
=⇒ w (t) = ± c̃2 sen 2
t + 2
√ √
c̃1 −∆
√
−∆
√ √ √
c̃2 cos c̃1 2−∆ sen −∆
IN
=⇒ w (t) = ± c̃2 sen 2
cos 2
t ± 2
t .
√ √ √ √
Renomeando c1 = ± c̃2 sen c̃1 2−∆ e c2 = ± c̃2 cos c̃1 2−∆ obtém-se
√ √
−∆ −∆
w (t) = c1 cos 2
t + c2 sen 2
t .
IM
Assim,
√ √
− 12 p0 t −∆ − 12 p0 t −∆
y (t) = c1 e cos 2
t + c2 e sen 2
t . (2.23)
Caso ∆ > 0
EL
√
Z
√ 1
dw = ± ∆
2
(t + c̃1 ) (2.24)
w2 −c̃2
Se c̃2 < 0, então a integral do membro esquerdo de (2.24) pode ser resolvida aplicando-se
w
uma substituição √−c̃2
=u
PR
Z Z
√ 1 dw = r 1
dw =
w2 −c̃2
h 2 i
w
−c̃2 −c̃ +1
2
Z Z
= s 1 dw = s 1
d √w =
√
2 2 −c̃2
−c̃2 √w +1 √w +1
−c̃2 −c̃2
Z
= √ 1 du
u2 +1
30 EDO de segunda ordem lineares
Fazendo u = tg θ,
Z
√ 1 du =
u2 +1
Z Z Z
√ 12 2 1 cos θ
= sec θ dθ = cos θ
dθ = cos2 θ
dθ =
tg θ+1
Z Z Z Z
cos θ d(sen θ) 1 d(sen θ) 1 d(sen θ)
= 1−sen2 θ
dθ = 1−sen2 θ
= 2 sen θ+1
− 2 sen θ−1
=
AR
Z Z
1 d(sen θ+1) 1 d(sen θ−1)
= 2 sen θ+1
− 2 sen θ−1
= 12 ln |1 + sen θ| − 12 ln |1 − sen θ| =
1 1 1+sen θ 2
= 21 ln 1+sen θ 1+sen θ 1+sen θ
1−sen θ
= 2 ln 1−sen θ 1+sen θ
= ln
2 cos θ
=
√ √
= ln |sec θ + tg θ| = ln ± 1 + u2 + u = ln 1 + u2 ± u
Voltando à equação (2.24)
√
IN
√
ln 1 + u2 ± u = ± 2∆ (t + c̃1 )
√ √
√ ∆ √ ∆
=⇒ 1 + u2 ± u = e± 2
(t+c̃1 )
=⇒ 1+ u2 =e ±
2
(t+c̃1 )
∓u
√ √
∆ ∆
±2 (t+c̃1 ) ± (t+c̃1 )
=⇒ 1 + u2 = e 2 ∓ 2ue 2 + u2
IM
√ √
∆ ∆ √ √
±2
(t+c̃1 ) ±2 (t+c̃1 ) ∆ ∆
1−e √2 2 −1 ± (t+c̃1 ) ∓ (t+c̃1 )
=⇒ u (t) = ∆
= ± 21 e √
∆
= ± 21 e 2 −e 2
± (t+c̃1 ) ± (t+c̃1 )
∓2e 2 e 2
de onde segue-se
√ √
√ ∆ √ ∆
−c̃2 ± (t+c̃1 ) −c̃2 ∓
w (t) = ± e 2
∓ e 2 (t+c̃1 )
2 =⇒ 2
EL
√ √ √ √ √ √
c̃ ∆ ∆ c̃ ∆ ∆
−c̃2 ± 1 2 ± t −c̃ ∓ 1 ∓
w (t) = ± 2 e e 2 + ∓ 2 e 2 2
e 2 t
√ √
√ c̃1 ∆ √ c̃1 ∆
−c̃2 ± −c̃2 ∓
Renomeando as constantes ± 2
e 2 e∓ 2
e 2 , mutatis mutandis3 , para c1 e c2
obtém-se √ √
∆ ∆
− t t
w (t) = c1 e 2 + c2 e 2
PR
e consequentemente
1
√ 1
√
y (t) = e− 2 p0 t w (t) = c1 e 2 (−p0 − ∆)t
+ c2 e 2 (−p0 + ∆)t
1
(2.25)
Se c̃2 > 0, a integral do membro esquerdo de (2.24) assume a forma
Z Z Z
√ 1
dw = s 1
2 dw = s 1
2 d √w
c̃2
2 w −c̃2
√
c̃2 √w −1 √w −1
c̃2 c̃2
3
Mutatis mutandis - expressão em latim que significa fazendo-se as devidas alterações.
2.1 O caso homogêneo 31
Z Z
= √ 1 · sec θ · tg θ dθ = 1
· sec θ · tg θ dθ =
sec2 θ−1 tg θ
AR
Z √
1
= cos θ
dθ = ln 1 + u2 ± u
conforme estabelecido pelo caso em que c̃2 < 0. Assim, daqui para frente o desenvolvimento
é igual aquele caso. Portanto
1
√ 1
√
y (t) = e− 2 p0 t w (t) = c1 e 2 (−p0 − ∆)t
+ c2 e 2 (−p0 + ∆)t
1
(2.26)
IN
Z
1
|w|
dw = |ln |w||
e a EDO √
∆
|ln |w|| = 2
(t + c̃1 )
√
∆
ln |w| = ±
IM
=⇒ 2
(t + c̃1 )
√
∆
=⇒ w (t) = ±e± 2 (t+c̃1 )
√ √
∆ ∆
Fazendo c1 = ±e− c̃
2 1 e c2 = ±e c̃
2 1 obtém-se
√ √
∆ ∆
− t t
w (t) = c1 e 2 ou w (t) = c2 e 2 .
EL
Mas como a equação (2.18) é linear, logo uma combinação linear de soluções também é
solução. Assim √ √
∆ ∆
w (t) = c1 e− 2
t
+ c2 e t
2 ,
e consequentemente √ √
1 1
y (t) = c1 e 2 (−p0 − ∆) t
+ c2 e 2 (−p0 + ∆)t
. (2.27)
Desta forma, as expressões (2.25), (2.26) e (2.27) são a mesma coisa, independentemente do
PR
λ2 + p0 λ + q0 = 0
doravante denominada equação caracterı́stica associada à EDO (2.15). Suas raı́zes são
√ √
λ1 = 21 −p0 − ∆ e λ2 = 12 −p0 + ∆
32 EDO de segunda ordem lineares
Reexaminando os resultados para ∆ = 0 (2.20), ∆ < 0 (2.23) e ∆ > 0 (2.25), à luz das raı́zes
da equação caracterı́stica
AR
ou ainda, a solução geral y é dada como sendo uma combinação linear das funções linearmente
independentes y1 e y2 dadas por
∆<0 =⇒ λ = r ± is (s > 0) =⇒ y1 (t) = ert cos (st) , y2 (t) = ert sen (st)
IN
2.2 O caso não homogêneo
Considere a EDO
y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f (t) (2.28)
para a qual t 7→ p (t) e t 7→ q (t) são contı́nuas, e f 6≡ 0. Nas seções a seguir são desenvolvidas
técnicas que permitam resolver, ou obter propriedades das soluções de (2.28).
IM
Ao considerar a equação não homogênea (2.28) deve-se também considerar a equação
homogênea associada a (2.28)
Suponha que yp1 seja solução particular de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f1 (t) e yp2 seja solução
particular de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f2 (t). Então, para quaisquer constantes α1 , α2 ∈ R
tem-se que
(α1 yp1 + α2 yp2 )0 = α1 yp0 1 + α2 yp0 2 =⇒ (α1 yp1 + α2 yp2 )00 = α1 yp001 + α2 yp002
(α1 yp1 + α2 yp2 )00 + p (t) (α1 yp1 + α2 yp2 )0 + q (t) (α1 yp1 + α2 yp2 ) =
= α1 yp001 + p (t) yp0 1 + q (t) yp1 + α2 yp002 + p (t) yp0 2 + q (t) yp2 =
= α1 f1 (t) + α2 f2 (t)
2.2 O caso não homogêneo 33
Considere uma solução t 7→ yh (t) = ay1 (t) + by2 (t), a, b ∈ R constantes fixas, solução da
equação homogênea associada y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = 0, e yp seja uma solução particular de
y 00 +p (t) y 0 +q (t) y = f (t). Então t 7→ yh (t)+yp (t) também é solução de y 00 +p (t) y 0 +q (t) y =
f (t).
(yh (t) + yp (t))00 + p (t) (yh (t) + yp (t))0 + q (t) (yh (t) + yp (t)) =
= yh00 (t) + yp00 (t) + p (t) yh0 (t) + p (t) yp0 (t) + q (t) yh (t) + q (t) yp (t)
AR
= [yh00 (t) + p (t) yh0 (t) + q (t) yh (t)] + yp00 (t) + p (t) yp0 (t) + q (t) yp (t)
= f (t)
A solução geral de y 00 + p (t) y 0 + q (t) y = f (t) é t 7→ y (t) = yh (t) + yp (t), yh é a solução
geral da equação homogênea associada.
IN
Suponha que seja conhecida uma solução t 7→ y1 (t) da equação homogênea associada
(2.29). Em (2.28), faça y = y1 w
(y1 w)00 + p (t) (y1 w)0 + q (t) (y1 w) = f (t)
y0
R 0
p(t)+2 y1 dt 2
R y1
dt
R
p(t)dt
R
(ln|y1 |)0 dt
R 2
R R
µ (t) = e 1
=e y1
e = e2 e p(t)dt
= eln y1 e p(t)dt
= y12 (t) e p(t)dt
logo
h R i0 R R
Z R
2 p(t)dt 0 0
y1 (t) e w = y1 (t) f (t) e p(t)dt =⇒ y12 (t) e p(t)dt
w = y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt
R
Z R
0
=⇒ w (t) = 1
e− p(t)dt
y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt
PR
y12 (t)
de onde segue-se
Z R
Z R
y (t) = y1 (t) 1
y12 (t)
e− p(t)dt
y1 (t) f (t) e p(t)dt
dt dt
34 EDO de segunda ordem lineares
Assim
Z R
Z R
Z R
1
e− p(t)dt
e− p(t)dt p(t)dt
AR
1
y (t) = c1 y1 (t) + c2 y1 (t) y12 (t)
dt + y1 (t) y12 (t)
y1 (t) f (t) e dt dt
R
1
e−
R p(t)dt
Verifique que t 7→ y2 (t) = y1 (t) dt é solução da equação homogênea associ-
y12 (t)
R 1 − R p(t)dt R R
p(t)dt
ada (2.29). Verifique ainda que t 7→ yp (t) = y1 (t) 2
y1 (t)
e y 1 (t) f (t) e dt dt
satisfaz a equação não homogênea (2.28).
IN
Considere a EDO não homogênea
yp0 (t) = A0 (t) y1 (t) + B 0 (t) y2 (t) + A (t) y10 (t) + B (t) y20 (t)
Suponha que A0 (t) y1 (t) + B 0 (t) y2 (t) = 0. Assim
EL
yp00 (t) = A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) + A (t) y100 (t) + B (t) y200 (t)
Ponha esses resultados na EDO não homogênea
A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) + A (t) y100 (t) + B (t) y200 (t) + p (t) A (t) y10 (t) + p (t) B (t) y20 (t)
+q (t) A (t) y1 (t) + q (t) B (t) y2 (t) = f (t)
PR
A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) + A (t) [y100 (t) + p (t) y10 (t) + q (t) y1 (t)]
+B (t) [y200 (t) + p (t) y20 (t) + q (t) y2 (t)] = f (t)
A0 (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) = f (t)
Obtemos o sistema linear
0
A (t) y1 (t) + B 0 (t) y2 (t) = 0 A0 (t)
y1 (t) y2 (t) 0
0
A (t) y10 (t) + B 0 (t) y20 (t) = f (t) =⇒ =
y10 (t) y20 (t) B 0 (t) f (t)
2.2 O caso não homogêneo 35
y 00 + 4y 0 + 4y = 0 =⇒ λ2 + 4λ + 4 = 0 =⇒ λ = −2 (raiz dupla)
AR
0 0
A (t) e−2t + B 0 (t) te−2t = 0 A (t) + B 0 (t) t = 0
−2A0 (t) e−2t + B 0 (t) (e−2t − 2te−2t ) = e−2t =⇒
−2A0 (t) + B 0 (t) (1 − 2t) = 1
IN
= 12 t2 e−2t + a0 e−2t + b0 te−2t
IM
Exemplo 21. Encontre a solução geral da equação diferencial ordinária abaixo
Solução: y 00 + ω 2 y = 0
λ2 + ω 2 = 0 =⇒ λ = ±iω
yh (t) = a cos (ωt) + b sen (ωt) =⇒ y1 (t) = cos (ωt) e y2 (t) = sen (ωt)
Vamos buscar yp (t) = A (t) cos (ωt) + B (t) sen (ωt)
EL
0
A (t) cos (ωt) + B 0 (t) sen (ωt) = 0
−A0 (t) sen (ωt) + B 0 (t) cos (ωt) = 1 cos (ω1 t)
ω
0
A (t) sen (ωt) cos (ωt) + B 0 (t) sen2 (ωt) = 0
−A0 (t) sen (ωt) cos (ωt) + B 0 (t) cos2 (ωt) = 1 cos (ω1 t) cos (ωt)
ω
1
B 0 (t) = cos (ω1 t) cos (ωt)
PR
ω
1
A0 (t) = − cos(ωt)
1
B 0 (t) sen (ωt) = − cos (ω1 t) sen (ωt)
ω
Z Z Z
1 1
B (t) = cos (ω1 t) cos (ωt) dt = 2ω
cos ((ω + ω1 ) t) dt + cos ((ω − ω1 ) t) dt
ω
h i
1 1 1
= 2ω ω+ω1
sen ((ω + ω1 ) t) + ω−ω1
sen ((ω − ω1 ) t)
36 EDO de segunda ordem lineares
Z Z Z
1 1
A (t) = − sen (ωt) cos (ω1 t) dt = − sen ((ω + ω1 ) t) dt + sen ((ω − ω1 ) t) dt
ω 2ω
1 h 1 1
i
=− − ω+ω cos ((ω + ω 1 ) t) − ω−ω1
cos ((ω − ω1 ) t)
2ω 1
y (t) = yh (t) + yp (t) = a cos (ωt) + b sen (ωt) + A (t) cos (ωt) + B (t) sen (ωt)
h i
AR
1 1 1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) − 2ω − ω+ω1 cos ((ω + ω1 ) t) − ω−ω1 cos ((ω − ω1 ) t) cos (ωt)
h i
1 1 1
+ 2ω ω+ω1
sen ((ω + ω1 ) t) + ω−ω1
sen ((ω − ω1 ) t) sen (ωt)
h
1 1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) + 2ω
(cos ((ω + ω1 ) t) cos (ωt) + sen ((ω + ω1 ) t) sen (ωt))
ω+ω1
i
1
+ ω−ω 1
(cos ((ω − ω1 ) t) cos (ωt) + sen ((ω − ω1 ) t) sen (ωt))
IN
h i
1 1 1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) + 2ω ω+ω1
+ ω−ω1
cos (ω1 t)
1
= a cos (ωt) + b sen (ωt) + ω 2 −ω12
cos (ω1 t)
Exemplo 22. Resolva o problema de valor inicial
IM
00
y + 2γy 0 + ω 2 y = f (t)
y (0) = y0
0
y (0) = 0
p
ω12 = ω 2 − γ 2
=⇒ λ = −γ ± i ω 2 − γ 2 = −γ ± iω1
assim
PR
C10 (t) −γe−γt cos (ω1 t) − ω1 e−γt sen (ω1 t) + C20 (t) −γe−γt sen (ω1 t) + ω1 e−γt cos (ω1 t) = f (t)
−γ C10 (t) e−γt cos (ω1 t) + C20 (t) e−γt sen (ω1 t) − ω1 C10 (t) e−γt sen (ω1 t) + ω1 C20 (t) e−γt cos (ω1 t) = f (t)
AR
−C10 (t) sen (ω1 t) + C20 (t) cos (ω1 t) = 1
ω1
f (t) eγt
Z t
C20 (t) = 1
ω1
γt
f (t) e cos (ω1 t) =⇒ C2 (t) = 1
ω1
f (s) eγs cos (ω1 s) ds
0
Z t
C10 (t) = − ω11 f (t) eγt sen (ω1 t) =⇒ C1 (t) = − ω11 f (s) eγs sen (ω1 s) ds
0
• t ∈ (0, t1 ]
IN
Rt Rt
C1 (t) = − ω11 0 f (s) eγs sen (ω1 s) ds = − ω11 0 0 · eγs sen (ω1 s) ds = 0
Rt Rt
C2 (t) = ω11 0 f (s) eγs cos (ω1 s) ds = ω11 0 0 · eγs cos (ω1 s) ds = 0
• t ∈ (t1 , t2 )
Z t Z t
γs
C1 (t) = − ω11 f (s) e sen (ω1 s) ds = − ωH1 eγs sen (ω1 s) ds
IM
0 t1
Z t Z t
C2 (t) = 1
ω1
f (s) eγs cos (ω1 s) ds = H
ω1
eγs cos (ω1 s) ds
0 t1
• t ∈ [t2 , +∞)
Z t
C1 (t) = − ω11
f (s) eγs sen (ω1 s) ds
Z0 t1 Z t2 Z t
EL
Analogamente Z t2
C2 (t) = H
ω1
eγs cos (ω1 s) ds
t1
PR
Portanto
0, R t ∈ (0, t1 ]
H t γs
C1 (t) = − e sen (ω1 s) ds, t ∈ (t1 , t2 )
ωH1 Rtt12 γs
− ω1 t1 e sen (ω1 s) ds, t ∈ [t2 , +∞)
e
0, R t ∈ (0, t1 ]
H t γs
C2 (t) = e cos (ω1 s) ds, t ∈ (t1 , t2 )
ωH1 Rtt12 γs
ω1 t1
e cos (ω1 s) ds, t ∈ [t2 , +∞)
38 EDO de segunda ordem lineares
AR
= t∈
h i h i
c1 − H t2 eγs sen (ω1 s) ds e−γt cos (ω1 t) + c2 + H t2 eγs cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) , t ∈
R R
ω1 t1 ω1 t1
IN
t→0
γ
= −c1 γ + c2 ω1 = −y0 γ + c2 ω1 =⇒ c2 = ω1
y0
Assim, a solução do PVI
y0 e−γt cos (ω1 t) + ωγ1 y0 e−γt sen
h i (ω1 t) , t ∈ (0, t1 ]
H
R t γs −γt
y0 − ω1 t1 e sen (ω1 s) ds e cos (ω1 t)
IM
h R t γs i
γ
y (t) = + ω1 y0 + ω1 t1 e cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) , t ∈ (t1 , t2 )
H
h R t2 γs i
y − H
e sen (ω s) ds e−γt cos (ω1 t)
0 ω1 t1 1
h Rt i
+ ωγ1 y0 + ωH1 t12 eγs cos (ω1 s) ds e−γt sen (ω1 t) , t ∈ [t2 , +∞)
y 00 + p0 y 0 + q0 y = f (t)
f (t) deve ser de um dos tipos
N
γt k
P
f (t) = e ak t
k=0
N N N
γt k γt k k
P P P
f (t) = e cos (αt) ak t =⇒ f (t) = e cos (αt) ak t + sen (αt) bk t
PR
k=0
k=0 k=0
N
f (t) = eγt sen (βt) k
P
ak t
k=0
yp (t) = A0 tσ e2t
AR
Se σ = 0, então yp (t) = A0 e2t (não serve ). A
Se σ = 1, então yp (t) = A0 te2t (não serve ). A
Assim, σ = 2, e yp (t) = A0 t2 e2t =⇒ yp0 (t) = 2A0 e2t (t + t2 ) =⇒ yp00 (t) =
2A0 e2t (2t2 + 4t + 1)
IN
A0 4t2 + 8t + 2 − 8t + 8t2 + 4t2 e2t = e2t
Então
yp (t) = 21 t2 e2t
IM
e a solução geral
y (t) = yh (t) + yp (t) = c1 e2t + c2 te2t + 12 t2 e2t
Exemplo 25. y 00 + ω 2 y = sen (ωt)
AR
Solução: Do exemplo anterior, yh (t) = c1 cos (ωt) + c2 cos (ωt). A solução particular deve
atender a forma
yp (t) = tσ [A0 sen (ωt) + B0 cos (ωt)]
Se σ = 0 então a solução particular teria a forma yp (t) = A0 sen (ωt) + B0 cos (ωt), no
entanto essa yp seria solução da equação homogênea associada (não serve ). A
Escolhendo σ = 1, a solução particular será
IN
=⇒ yp0 (t) = (A0 − ωB0 t) sen (ωt) + (B0 + ωA0 t) cos (ωt)
=⇒ yp00 (t) = − 2ωB0 + ω 2 A0 t sen (ωt) + 2ωA0 − ω 2 B0 t cos (ωt)
Pondo na EDO
yp00 + ω 2 yp = sen (ωt)
=⇒ − (2ωB0 + ω 2 A0 t) sen (ωt) + (2ωA0 − ω 2 B0 t) cos (ωt)
IM
+ω 2 A0 t sen (ωt) + ω 2 B0 t cos (ωt) = sen (ωt)
=⇒ −2ω1 B0 sen (ωt) + 2ω1 A0 cos (ωt) = sen (ωt)
=⇒ − (1 + 2ωB0 ) sen (ωt) + 2ωA0 cos (ωt) = 0
1
=⇒ A0 = 0 e B0 = − 2ω
Portanto, a solução particular
1
yp (t) = − 2ω t cos (ωt)
EL
e a solução geral
1
yp (t) = yh (t) + yp (t) = c1 cos (ωt) + c2 cos (ωt) − 2ω
t cos (ωt)
asdasdfasdfasdf
AR
Soluções por meio de séries de
potências
IN
R (x) y 00 + P (x) y 0 + Q (x) y = 0
Definição 26. Um ponto x0 ∈ I é um ponto regular para a equação (3.1) quando R (x0 ) 6= 0.
Quando R (x0 ) = 0, o ponto x0 ∈ I é um ponto singular para a equação (3.1).
IM
3.1 Soluções em série de potências em torno de um
ponto regular
Suponha que x0 ∈ I seja um ponto regular para a equação diferencial (3.1). Assim,
existe uma vizinhança do ponto x0 ∈ I para a qual a função R não se anula. Dividindo-se a
EL
n=0 n=0
com as funções p e q dadas conforme (3.3). Procuremos por uma solução y que seja analı́tica
em torno de x0
∞
cn (x − x0 )n .
P
y (x) = (3.5)
n=0
42 Soluções por meio de séries de potências
AR
P n P n
+ qn (x − x0 ) cn (x − x0 ) = 0.
n=0 n=0
O produto das séries pode ser interpretado à luz do produto de Cauchy (consulte [])
∞ ∞ ∞
n
n n
ak bn−k X n
P P P P
(an X ) (bn X ) =
n=0 n=0 n=0 k=0
de onde segue-se
∞
∞
P n P n−1
pn (x − x0 ) ncn (x − x0 ) =
IN
n=0 n=1
∞
∞
P n P n
= pn (x − x0 ) (n + 1) cn+1 (x − x0 )
n=0 n=0
(3.7)
∞
n
P P n
= (k + 1) ck+1 pn−k (x − x0 )
n=0 k=0
IM
∞
n+1
kpn−k+1 ck (x − x0 )n
P P
=
n=0 k=1
e ∞
∞
∞
n
n n
qn−k ck (x − x0 )n
P P P P
qn (x − x0 ) cn (x − x0 ) = (3.8)
n=0 n=0 n=0 k=0
ou ainda
∞
P
(2c2 + p0 c1 + q0 c0 ) + (n + 2) (n + 1) cn+2 + (n + 1) p0 cn+1
n=1
n
(kpn−k+1 + qn−k ) ck + qn c0 (x − x0 )n = 0
P
+
k=1
PR
Observe que a série de potências acima deve ser nula para qualquer valor de x, logo, os
coeficientes devem ser nulos. Todos! Logo,
c2 = − 21 (p0 c1 + q0 c0 ) (3.9)
e para n = 1, 2, 3, . . .
n
−1
P
cn+2 = (n+2)(n+1)
(n + 1) p0 cn+1 + (kpn−k+1 + qn−k ) ck + qn c0 , (3.10)
k=1
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 43
denominada relação de recorrência. Note que c0 e c1 são constantes arbitrárias, e por isso, to-
dos os demais coeficientes cn são obtidos como combinação linear de c0 e c1 . A demonstração
dar-se-á pelo Princı́pio da Indução Completa.
Proposição 27. Considere a sequência (cn )n∈N∪{0} dada por (3.9) e (3.10) com c0 e c1
constantes arbitrárias. Então, para n = 2, 3, 4, . . ., o elemento cn é uma combinação linear
de c0 e de c1 .
Demonstração: Para n = 2, o resultado é trivial. De fato,
AR
c2 = − 21 q0 c0 + − 12 p0 c1 .
Para n = 3,
−1
c3 = [2p0 c2 + (p1 + q0 ) c1 + q1 c0 ]
3·2
−1
2p0 − 12 q0 c0 + − 21 p0 c1 + (p1 + q0 ) c1 + q1 c0
= 3·2
1 1
= 3·2
(p0 q0 − q1 ) c0 + 3·2
(p20 − p1 − q0 ) c1 ,
IN
de onde segue-se que c3 = A3 c0 + B3 c1 . Agora, para algum n, suponha que ck = Ak c0 + Bk c1
para k = 2, 3, . . . , n. Assim,
n−1
−1
P
cn+1 = (n+1)n np0 cn + (kpn−k + qn−k−1 ) ck + (pn−1 + qn−2 ) c1 + qn−1 c0
k=2
n−1
−1
P
= np0 (An c0 + Bn c1 ) + (kpn−k + qn−k−1 ) (Ak c0 + Bk c1 )
IM
(n+1)n
k=2
+ (pn−1 + qn−2 ) c1 + qn−1 c0
n−1
−1
P
= (n+1)n
np0 An + (kpn−k + qn−k−1 ) Ak + qn−1 c0
k=2
n−1
1
P
− (n+1)n np0 Bn + (kpn−k + qn−k−1 ) Bk + (pn−1 + qn−2 ) c1
EL
k=2
= An+1 c0 + Bn+1 c1
Então, pelo Princı́pio de Indução Completa, para cada n = 2, 3, 4, . . ., existem constantes
An e Bn de modo que cn = An c0 + Bn c1 , ou ainda, na linguagem do enunciado, cn é uma
combinação linear de c0 e de c1 , para cada n natural maior ou igual a 2.
Assim, por meio da Proposição 27, conclui-se que a solução
PR
∞ ∞
cn (x − x0 )n = c0 + c1 (x − x0 ) + cn (x − x0 )n
P P
y (x) =
n=0 n=2
∞
(An c0 + Bn c1 ) (x − x0 )n
P
= c0 + c1 (x − x0 ) +
n=2
∞
∞
P n P n
= c0 1 + An (x − x0 ) + c1 (x − x0 ) + Bn (x − x0 )
n=2 n=2
= c0 y1 (x) + c1 y2 (x)
44 Soluções por meio de séries de potências
representa a solução geral da EDO (3.1) na qual y1 e y2 são componentes linearmente inde-
pendentes do espaço solução. De fato,
∞ ∞
P n P n
1 + n=2An (x − x0 ) (x − x0 ) + n=2Bn (x − x0 )
W [y1 , y2 ] (x) = det ∞
∞
P n−1 P n−1
nAn (x − x0 ) 1+ nBn (x − x0 )
AR
n=2 n=2
∞
∞
P n P n−1
= 1+ An (x − x0 ) 1+ nBn (x − x0 )
n=2 n=2
∞
∞
P P n n−1
− nAn (x − x0 ) 1+ Bn (x − x0 )
n=2 n=2
∞ ∞
(n + 1) An+2 (x − x0 )n+2 + (n + 2) Bn+2 (x − x0 )n+1
P P
=1−
n=0 n=0
IN
∞ n
(n − 2k) Ak+2 Bn−k+2 (x − x0 )n+3
P P
+
n=0 k=0
= 1 + 2B2 (x − x0 ) + (3B3 − A2 ) (x − x0 )2 + · · · =
6 0
1 − x2 y 00 − 2 (β + 1) xy 0 + λy = 0
(3.11)
∞ ∞
n
p (x) = − 2(1+β)x (x2 ) = [−2 (1 + β)] x2n+1
P P
1−x2
= −2 (1 + β) x
n=0 n=0
∞ ∞
λ n
(x2 ) = λx2n .
P P
q (x) = 1−x2
=λ
n=0 n=0
iii) De i) e ii) conclui-se que existe uma solução analı́tica de (3.12) em torno de x0 = 0, logo
é razoável buscar uma solução na forma (3.5). Observe, as equações (3.11) e (3.12)
são equivalentes - portanto possuem a mesma solução geral - então, para manter o
nı́vel da sanidade mental, usaremos a equação (3.11), na qual figuram apenas funções
polinomiais, em detrimento de (3.12), na qual figuram séries. Assim, pondo (3.5) em
(3.11)
AR
∞ ∞ ∞
(1 − x2 ) n (n − 1) cn xn−2 − 2 (1 + β) x ncn xn−1 + λ cn x n = 0
P P P
n=2 n=1 n=0
∞ ∞ ∞ ∞
n (n − 1) cn xn−2 − n (n − 1) cn xn − 2 (1 + β) ncn xn + λ cn x n = 0
P P P P
=⇒
n=2 n=2 n=1 n=0
∞ ∞ ∞
(n + 2) (n + 1) cn+2 xn − n (n − 1) cn xn − 2 (1 + β) ncn xn
P P P
=⇒
n=0 n=2 n=1
∞
cn x n = 0
P
+λ
n=0
IN
=⇒ [(2 · 1) c2 + λc0 ] + [(3 · 2) c3 + (−2 (1 + β) + λ) c1 ] x
∞
[(n + 2) (n + 1) cn+2 + (−n (n − 1) − 2 (β + 1) n + λ) cn ] xn = 0
P
+
n=2
De onde segue-se
(2 · 1) c2 + λc0 = 0 =⇒ c2 = − 2!λ c0
IM
2(1+β)−λ
(3 · 2) c3 + (−2 (1 + β) + λ) c1 = 0 =⇒ c3 = 3!
c1
(n + 2) (n + 1) cn+2 + (−n (n − 1) − 2 (1 + β) n + λ) cn = 0
De onde conclui-se, para cada n = 0, 1, 2, . . ., a relação de recorrência
2
cn+2 = − n (n+2)(n+1)
+(1+2β)n−λ
cn (3.13)
Observe que a relação de recorrência fornece um coeficiente que depende de c0 quando
EL
cn
cn+2 cn+1
= lim cn+1 lim cn = R1 R1 = R12
2
n +(1+2β)n−λ 1+(1+2β) n1 − λ2
Como lim (n+2)(n+1) = lim 1+ 2 1+ 1 = 1, segue-se que R2 = 1 =⇒ R = 1.
n
( n )( n )
Assim, o intervalo de convergência é |x − x0 | < R =⇒ |x| < 1, ou ainda,
x ∈ (−1, 1).
46 Soluções por meio de séries de potências
v) A relação de recorrência (3.13) fica mais útil se apresentar apenas fatores de grau
1, no numerador e no denominador. Assim, precisa-se encontrar α1 = α1 (β, λ) e
α2 = α2 (β, λ) que satisfaçam
2
cn+2 = − n (n+2)(n+1)
+(1+2β)n−λ
cn = − (n−α 1 )(n−α2 )
(n+2)(n+1)
cn . (3.14)
Logo
AR
n2 + (1 + 2β) n − λ = (n − α1 ) (n − α2 ) = n2 − (α1 + α2 ) n + α1 α2
de onde segue-se que
α1 + α2 = − (1 + 2β)
α1 α2 = −λ
então α1 e α2 satisfazem a equação
α2 + (1 + 2β) α − λ = 0
IN
portanto, supondo α1 < α2
q
2
α1 = − 21 2
(1 + 2β) + (1 + 2β) + λ < 0
q
1 2
α2 = − 2 (1 + 2β) − (1 + 2β) + λ2 ≥ 0,
k
Q k
Q
(2`−α1 ) (2`−α2 )
2+1 `=k−2 `=k−2
= (−1) 2(k+1)
c2(k−2)
Q
`
`=2(k−2)+1
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 47
AR
`=2(k−j)+1
IN
k k
(−1)k+1 22(k+1) Q α1
Q α2
= (2(k+1))!
`− 2
`− 2
c0
`=0 `=0
Enfim, para k = 1, 2, 3, . . .
k−1 k−1
(−1)k 22k Q α1
Q α2
c2k = (2k)!
j− 2
j− 2
c0 (3.16)
j=0 j=0
IM
Apesar das comemorações após a exaustiva empreitada, a certeza de que o serviço foi
bem feito virá submetendo-se (3.16) e a relação de recorrência (3.15) ao Princı́pio da
Indução (ver Exercı́cios).
vii) Coeficientes de ordem ı́mpar - Na relação de recorrência (3.14), troque n por 2k + 1,
com k inteiro positivo.
c2(k+1)+1 = − (2k+1−α 1 )(2k+1−α2 )
(2k+3)(2k+2)
c2k+1 (3.17)
EL
k
Q k
Q
(2`+1−α1 ) (2`+1−α2 )
2+1 `=k−2 `=k−2
= (−1) 2(k+1)+1
c2(k−2)+1
Q
`
`=2(k−2)+2
48 Soluções por meio de séries de potências
AR
`=2(k−j)+2
IN
k k
(−1)k+1 22(k+1) Q 1−α1
Q 1−α2
= (2(k+1)+1)!
`+ 2
`+ 2
c1
`=0 `=0
Enfim, para k = 1, 2, 3, . . .
k−1 k−1
(−1)k 22k Q α1 −1
Q α2 −1
c2k+1 = (2k+1)!
`− 2
`− 2
c1 (3.18)
IM
`=0 `=0
Comentário análogo àquele feito quanto à expressão (3.16) cabe aqui. Deve-se submeter
(3.18) e a relação de recorrência (3.17) ao Princı́pio da Indução (ver Exercı́cios).
viii) Soluções - De posse dos coeficientes de ordem par e de ordem ı́mpar, alcançados em
vi) e vii), respectivamente, sob as respectivas condições, podemos escrever a solução
geral da equação (3.11)
∞ ∞ ∞
EL
∞ k−1 k−1
(−1)k 22k Q α1 α2
x2k
P Q
= c0 + c0 (2k)!
j− 2
j− 2
k=1 j=0 j=0
∞ k−1 k−1
(−1)k 22k Q α1 −1 α2 −1
x2k+1
P Q
+c1 x + c1 (2k+1)!
`− 2
`− 2
k=0 `=0 `=0
" #
∞ k−1 k−1
PR
(−1)k 22k Q α1 α2
x2k
P Q
= c0 1 + (2k)!
j− 2
j− 2
k=1 j=0 j=0
∞ k−1
P (−1)k 22k Q α1 −1
k−1
Q α2 −1
2k+1
+c1 x + (2k+1)!
`− 2
`− 2
x
k=0 `=0 `=0
Assim,
∞ k−1 k−1
(−1)k 22k Q α1 α2
x2k
P Q
c0 ỹ1 (x) = c0 + c0 (2k)!
j− 2
j− 2
(3.19)
k=1 j=0 j=0
3.1 Soluções em série de potências em torno de um ponto regular 49
∞ k−1 k−1
(−1)k+1 22k Q α1 −1 α2 −1
x2k+1
P Q
c1 ỹ2 (x) = c1 x + c1 (2k+1)!
`− 2
`− 2
(3.20)
k=0 `=0 `=0
k−1 k−1
AR
(j− α21 )Γ(− α21 ) (j− α22 )Γ(− α22 )
Q Q
k−1 k−1
Q α1
Q α2
j=0 j=0
c0 j− j− = Γ(−
α1 α2 c0
j=0
2
j=0
2
2 ) Γ(− 2 )
α1 α2 c0
=Γ k− 2
Γ k− 2 α α
Γ(− 21 )Γ(− 22 )
IN
para y1 ,
∞
(−1)k 22k α1
α2
x2k
P
+C1 (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
IM
∞ k 2k
C1 y1 (x) = Γ − α21 Γ − α22 C1 + C1 (−1) 2 α1 α2
x2k
P
=⇒ (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
∞
(−1)k 22k
y1 (x) = Γ − α21 Γ − α22 + α1 α2
x2k
P
=⇒ (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
∞
(−1)k 22k α1 α2
x2k ,
P
=⇒ y1 (x) = (2k)!
Γ k− 2
Γ k− 2 (3.21)
EL
k=0
também é uma solução de (3.11), e difere de ỹ1 dada em (3.19) por uma constante
multiplicativa.
α2 −1
Suponha 2
∈
/ N∪ {0}, então
k−1 k−1
α1 −1
Q
α −1
Q α2 −1 α −1
`− Γ(− 12 ) `− Γ(− 22 )
k−1 k−1 2 2
PR
α1 −1 α2 −1 `=0 `=0
Q Q
c1 `− 2
`− 2
= α −1
Γ(− 12 )
α −1
Γ(− 22 )
c1
`=0 `=0
α1 −1 α2 −1 c1
=Γ k− 2
Γ k− 2 α −1 α −1
Γ(− 12 )Γ(− 22 )
Pondo em (3.19), como c1 é uma constante arbitrária, renomeie a constante c1 para
Γ − α12−1 Γ − α22−1 C2 , com C2 uma constante arbitrária, e renomeando
50 Soluções por meio de séries de potências
∞
(−1)k 22k α1 −1 α2 −1
x2k+1
P
+C2 (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
AR
C2 y2 (x) = Γ − α12−1 Γ − α22−1 C2 x
=⇒
∞
(−1)k 22k α1 −1 α2 −1
x2k+1
P
+C2 (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
∞
(−1)k 22k
y2 (x) = Γ − α12−1 Γ − α22−1 x + α1 −1 α2 −1
x2k+1
P
=⇒ (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2
k=1
∞
(−1)k 22k α1 −1
α2 −1
x2k+1
P
=⇒ y2 (x) = (2k+1)!
Γ k− 2
Γ k− 2 (3.22)
IN
k=0
ix) Soluções polinomiais - Observando a relação de recorrência (3.14), note que se α2 for
um zero ou um número natural N , então cN +2 = 0, e usando a mesma recorrência,
segue-se que c2k+N = 0, para k = 1, 2, 3 . . . . Assim, ou y1 , ou y2 , será representada
por uma função polinomial conforme a paridade de N . De fato, se N for par, então
∞ N/2 ∞
EL
c2k x2k
P
= c0 +
k=1
" #
N/2 k−1 k−1
(−1)k 22k α1 N 2k
P Q Q
= c0 1 + (2k)!
j− 2
j− 2
x
k=1 j=0 j=0
∞ −1)/2
(N P ∞
c2k+1 x2k+1 = c2k+1 x2k+1 + c2k+1 x2k+1
P P
c1 y2 (x) =
k=0 k=0 k=1+(N −1)/2
−1)/2
(N P ∞ N −1
c2k+1 x2k+1 + c2(k− N −1 )+1+(N −1) x2(k− )+1+(N −1)
P
= 2
2
k=0 k− N 2−1 =1
AR
−1)/2
(N P ∞ −1)/2
(N P
2k+1 2k+N
c2k+1 x2k+1
P
= c2k+1 x + c2k+N x =
k=0 k=1 k=0
−1)/2
(N P
= c1 x + c2k+1 x2k+1
k=1
" #
−1)/2
(N P k−1 k−1
(−1)k 22k
IN
α1 −1 α2 −1
x2k+1
Q Q
= c1 x + (2k+1)!
`− 2
`− 2
k=1 `=0 `=0
−1)/2
(N P k−1 k−1
(−1)k 22k α1 −1 α2 −1
x2k+1
Q Q
=⇒ y2 (x) = x + (2k+1)!
`− 2
`− 2
(3.24)
k=1 `=0 `=0
IM
Se você chegou até aqui e acha que entendeu o conteúdo (efeito) porque entendeu as
contas (causa), então é necessário regressar ao topo do texto enquanto é cedo. É preciso
se perguntar da necessidade de cada passagem. É bem comum, quando se tem bastante
experiência, queimar etapas, colocar as justificativas debaixo do tapete, e abusar dos usos
e costumes da notação, e daı́ considerar a solução acima demasiadamente arrastada. O
objetivo do texto é fazer uma evolução “lenta, gradual e segura”, rumo ao entendimento
EL
µn+1 + pn µn = qn ∀n = 0, 1, 2 . . . ” (3.25)
se revela
µ1 = −p0 µ0 + q0
AR
=⇒ µ4 = −p3 µ3 + q3 = (−1)4 p3 p2 p1 p0 µ0 + (−1)3 p3 p2 p1 q0 + (−1)2 p3 p2 q1 − p3 q2 + q3
..
.
Isso sugere a solução
! " ! #
n−1 n−2 n−1
=⇒ µn = (−1)n (−1)n−j−1
Q P Q
pj µ0 + p` qj + qn−1 (3.26)
j=0 j=0 `=j+1
3.3
IN
Interlúdio - Um pouco sobre a Função Gamma
Z ∞ Z ∞ Z ∞
−t 0 ∞
x −t
tx e−t 0 (tx )0 e−t dt
x
Γ (x + 1) = t e dt = − t e dt = − +
0 0 0
Z ∞
x −0 x −t
=0 e − lim t e +x tx−1 e−t dt = x Γ (x)
t→∞ 0
Os valores reais para os quais a função Gamma não está definida são os inteiros não positivos
PR
pois
Γ (x + n) = (x + n − 1) Γ (x + n − 1) = (x + n − 1) (x + n − 2) Γ (x + n − 2) =
AR
n−1
Q
= · · · = (x + n − 1) (x + n − 2) · . . . · x Γ (x) = (x + k) Γ (x)
k=0
Observe que a propriedade (3.29) permite escrever produtórios como quocientes de ima-
gens da função Gamma, se definidas. Vejamos alguns exemplos
12
1
Q
Exemplo 29. Considere o produtório 2
+ k . Adequando o produtório à propriedade
k=1
IN
3
(3.29) com n = 12 e x = 2
12 11 11 12−1
1 1 3 3
Q Q Q Q
2
+k = 2
+ (k + 1) = 2
+k = 2
+k
k=1 k=0 k=0 k=0
n n n n Q n−2
n−1
EL
2 2 2 2
Q Q Q Q Q
3
+ 3k = 3 9
+k = 3 9
+k = 3 9
+ (k + 2)
k=2 k=2 k=2 k=2 k=1 k=0
n−2 (n−1)−1
= 3n−1 · 20 20 20
Q Q
9
+k = 9
+k Γ 9
k=0 k=0
Aplicando a propriedade
20
(n−1)−1
Q 20
20
Γ +n−1 = +k Γ
PR
9 9 9
k=0
20 11
n−2
Q 20
Γ 9
+n−1 Γ 9
+n
=⇒ 9
+k = 20
= 20
k=0 Γ 9
Γ 9
logo
11
n
Q 2
n−1
n−2
Q 20
n−1 Γ 9
+n
3
+ 3k = 3 9
+k =3 20
k=2 k=0 Γ 9
54 Soluções por meio de séries de potências
n
Q 1
√
Exemplo 31. Considere o produto 4
− 3 2k . Observe que
k=−1
√ √ n √
n
n
n
Q 1 Q 1 Q Q 1
− 3 2k = 3 2 √ −k = 3 2 · √ −k
k=−1 4 k=−1 12 2 k=−1 k=−1 12 2
√ n+1
n+2
Q Q 1
= 3 2 √ − (k − 1)
12 2
AR
k=1 k=0
√ n+2 n+1
Q
1
= 3 2 √ +1−k
k=0 12 2
√ n+2 n+1
Q
1
= 3 2 √ + 1 − k + (n + 1) − (n + 1)
k=0 12 2
√ n+2 n+1
Q
1
= 3 2 √ − n + (n + 1 − k)
IN
k=0 12 2
√ n+2 Q
0
1
[` = n + 1 − k] = 3 2 √ −n+`
`=n+1 12 2
√ n+2 n+1
Q
1
= 3 2 √ −n+`
IM
`=0 12 2
Usando a propriedade
n
Q 1
√ √ n+2 (n+2)−1
Q 1√
4
− 3 2k = 3 2 12 2
−n+k
k=−1 k=0
EL
1√
√ n+2 Γ 12 2
− n + (n + 2)
= 3 2
1√
Γ 12 2 − n
√ n+2 Γ 121√2 + 2
= 3 2
Γ 121√2 − n
PR
(x − x0 )2 y 00 + (x − x0 ) p (x) y 0 + q (x) y = 0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 55
AR
3.4.1 Prólogo: Equações de Cauchy-Euler
Considere a equação diferencial, ou para x > x0 , ou para x < x0
(x − x0 )2 y 00 + p0 · (x − x0 ) y 0 + q0 y = 0 (3.30)
y0 =
IN (x − x0 ) y 0 = ẏ
dy dy dt 1
dx
= dt dx
= x−x0
ẏ =⇒
d2 y
y 00 = d dy d 1 d 1 d 1
dx2
= dx dx
= dx x−x0
ẏ = dx
(ẏ) x−x 0
+ ẏ dx x−x0
IM
d 1 1 1
= dt
(ẏ) (x−x 2 − ẏ (x−x 2 = (x−x0 )2
[ÿ − ẏ]
0) 0)
=⇒ (x − x0 )2 y 00 = ÿ − ẏ .
ÿ + (p0 − 1) ẏ + q0 y = 0 (3.31)
EL
e retornando à variável x
λ1 λ2
c1 |x − x0 | + c2 |x − x0 | ,
λ1 > λ2 reais
y (x) = |x − x0 |λ [c1 + c2 ln |x − x0 |] , λ1 = λ2 (= λ) (3.34)
|x − x |r [c cos (s ln |x − x |) + c sen (s ln |x − x |)] , λ = r ± is
0 1 0 2 0
AR
Exemplo 32. Determine a solução geral das equações diferenciais abaixo:
1 2
y 00 + 5 x − 1
y 0 + 3y = 0, x > 21 .
a) x − 2 2
Solução: A equação indicial associada à EDO acima é
λ2 + (5 − 1) λ + 3 = 0 =⇒ λ2 + 4λ + 3 = 0
IN
de onde segue-se que λ1 = −1 e λ2 = −3, duas raı́zes reais distintas. Logo a solução
geral da EDO é
1 −1
1 −3
c1 c2
y (x) = c1 x − + c2 x − = 1 + .
2 2
x− 1 3
2 x− 2
IM
b) (x − 1)2 y 00 + 4 (x − 1) y 0 + 49 y = 0, x < 1.
Solução: A equação indicial associada à EDO acima é
λ2 + (4 − 1) λ + 9
4
=0 =⇒ λ2 + 3λ + 9
4
=0
3 3
y (x) = c1 (1 − x)− 2 + c2 (1 − x)− 2 ln (1 − x) .
c) x2 y 00 + xy 0 + y = 0, x > 0
Solução: A equação indicial associada à EDO acima é
PR
λ2 + (1 − 1) λ + 1 = 0 =⇒ λ2 + 1 = 0
de onde segue-se que λ = ±i = 0±1 i, são raı́zes complexas conjugadas. Logo a solução
geral da EDO é
y (x) = c1 cos (ln (x)) + c2 sen (ln (x)) .
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 57
para x > x0 (ou x < x0 ). Suponha que x = x0 seja um ponto singular para (3.35). É lı́cito
escrevê-la assim
AR
(x − x0 )2 R(x)
(x−x0 )2
y 00 + (x − x0 ) P (x)
x−x0
y 0 + Q (x) y = 0 (3.36)
lim+
x→x0
IN
Definição 33. Quando x = x0 for um ponto singular para (3.35) e os limites
(x−x0 )P (x)
R(x)
e lim+
x→x0
(x−x0 )2 Q(x)
R(x)
1
(3.38)
IM
existirem (forem finitos), o ponto x = x0 é um ponto singular-regular para (3.35). Caso pelo
menos um dos limites não exista o ponto x = x0 é um ponto singular-irregular para (3.35).
2
Observação 34. Se as funções x > x0 7→ p (x) = (x−xR(x)
0 )P (x)
e x > x0 7→ q (x) = (x−xR(x)
0 ) Q(x)
reescrevendo-se (3.37)
(x − x0 )2 y 00 + (x − x0 ) p (x) y 0 + q (x) y = 0
∞ ∞
2 00 P n 0
P n
=⇒ (x − x0 ) y + (x − x0 ) pn · (x − x0 ) y + qn · (x − x0 ) y=0
n=0 n=0
1
Nos limites foram considerados apenas os limites laterais à direita de x0 porque intenciona-se buscar
soluções em uma vizinhança de x0 para x > x0 . Se for o caso de investigar soluções em torno de x0 para
x < x0 deve-se considerar os limites laterais à esquerda de x0 .
58 Soluções por meio de séries de potências
AR
n=0
Pondo na EDO
∞
(n + λ) (n + λ − 1) yn · (x − x0 )n+λ
P
n=0
∞
∞
λ P n P n
+ (x − x0 ) pn · (x − x0 ) (n + λ) yn · (x − x0 )
n=0 n=0
∞
∞
λ P n P n
+ (x − x0 ) qn · (x − x0 ) yn · (x − x0 ) =0
IN
n=0 n=0
∞
λ
(n + λ)2 + (p0 − 1) (n + λ) + q0 yn
2
P
[λ + (p0 − 1) λ + q0 ] y0 · (x − x0 ) +
n=1
n−1
[(k + λ) pn−k + qn−k ] yk (x − x0 )n+λ = 0
P
+
k=0
2
Lembre-se de que a investigação foi fixada para x > x0 . Se x < x0 , deve-se buscar uma solução sob a
forma
∞
λ P n
y (x) = (x0 − x) ỹn · (x0 − x)
n=0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 59
∞
n−1
λ
[(k + λ) pn−k + qn−k ] yk (x − x0 )n+λ = 0
P P
F (λ) y0 · (x − x0 ) + F (n + λ) yn +
n=1 k=0
AR
∞
n−1
[(k + λ) pn−k + qn−k ] yk (x − x0 )n = 0
P P
F (λ) y0 + F (n + λ) yn +
n=1 k=0
que por sua vez é uma série de potências para a função identicamente nula. Portanto
F (λ) = 0
n−1 (3.39)
P
F (n + λ) yn + [(k + λ) pn−k + qn−k ] yk = 0, n = 1, 2, 3, . . .
k=0
IN
em que a primeira delas é denominada equação indicial
F (λ) = λ2 + (p0 − 1) λ + q0 = 0
n−1
(1) 3 (1) 1
P (1)
em que y0 = 1 , e yn = − F (n+λ 1)
[(k + λ1 ) pn−k + qn−k ] yk , para n ∈ N.
k=0
EL
Raı́zes da Equação Indicial reais, distintas, e não diferem por um número inteiro
∞
λ2 n
yn(2)
P
y2 (x) = (x − x0 ) 1+ · (x − x0 ) , (3.42)
n=1
n−1
(2) 4 (2) 1
P (2)
em que y0 = 1 , e yn = − F (n+λ 2)
[(k + λ2 ) pn−k + qn−k ] yk , para n ∈ N.
k=0
3 (1)
Qualquer valor não nulo para y0 serve.
4 (2)
Qualquer valor não nulo para y0 serve.
60 Soluções por meio de séries de potências
AR
=⇒ (x − x0 )2 (v 00 y1 + 2 v 0 y10 + vy100 ) + (x − x0 ) p (x) (v 0 y1 + vy10 ) + q (x) vy1 = 0
=⇒ (x − x0 )2 (v 00 y1 + 2 v 0 y10 ) + (x − x0 ) p (x) v 0 y1
(
( ( ((((
+ (x − x0 )2 y(00 0
(
1 + (x(−(x(
(( 0 ) p (x) y1 + q (x) y1 v = 0
((
( (
(((( h i
00 y10 0 0 00 y10 p(x)
=⇒ (x − x0 ) v + 2 y1
v + p (x) v = 0 =⇒ v + 2 + v0 = 0 y1 x−x0
IN
h 0 i Z Z Z
v 00 y p(x) v 00 y10 p(x)
=⇒ v0
= − 2 y11 + x−x0
=⇒ v0
dx = − 2 y1 dx + x−x0 dx
Z
0 p(x)
=⇒ ln |v | = − 2 ln |y1 | + x−x0
dx
−2
R p(x) R p(x)
− −
= |y1 (x)|−2 e
dx dx
=⇒ |v 0 (x)| = eln|y1 (x)| e x−x0 x−x0
IM
e, como constantes multiplicativas são irrelevantes para fins de obtenção de uma solução
linearmente independente para uma EDO linear homogênea, pode-se usar
R p(x) Z R p(x)
−2 − x−x dx −
=⇒ v (x) = |y1 (x)|−2 e x−x0 dx
0 dx
v (x) = |y1 (x)| e 0
Assim
EL
Z R p(x)
−
|y1 (x)|−2 e
dx
y2 (x) = y1 (x) x−x0
dx (3.43)
Observe que
Z Z ∞
p(x) P n−1
exp − dx = exp − pn · (x − x0 ) dx
PR
x−x0
n=0
Z ∞
p0 P n−1
= exp − x−x0
+ pn · (x − x0 ) dx
n=1
Z ∞
Z
p0 P n−1
= exp − x−x0
dx − pn · (x − x0 ) dx
n=1
em que é lı́cito permutar a série e a integral no interior do intervalo de convergência, pois ali
ocorre convergência uniforme. Resolvendo as integrais, e denotando por K a soma de todas
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 61
AR
n
n=1
" j #
∞
∞
= eK |x − x0 |−p0 1 + · (x − x0 )n
P 1
P pn
j!
− n
j=1 n=1
∞
−p0 P n
= K1 (x − x0 ) 1+ ζn · (x − x0 )
n=1
R
p(x)
logo exp − x−x 0
dx possui representação em série de Frobenius em torno de x = x0 .
∞
P(1)
yn · (x − x0 )
IN
Como representar |y1 (x)|−2 em série de Frobenius em torno de x = x0 ? A função
x 7→ y1 (x)−1 satisfaz y1 (x) · y1 (x)−1 = 1. Suponha que y1 (x)−1 =
n+λ1
∞
P
∞
P
bn · (x − x0 )n+σ
bn · (x − x0 ) n+σ
=1
n=0
IM
n=0 n=0
∞
∞
λ1 +σ P (1) n P n
=⇒ (x − x0 ) yn · (x − x0 ) bn · (x − x0 ) =1
n=0 n=0
∞
n
λ1 +σ (1)
(x − x0 )n = 1
P P
=⇒ (x − x0 ) yn−k bk
n=0 k=0
5
logo σ = −λ1 e é possı́vel determinar todos os bn (em particular b0 = 1 ) por meio da
EL
relação de recorrência
n−1
P (1)
bn = − yn−k bk , n = 1, 2, 3, . . .
k=0
Assim
∞
2 ∞
2
−2 −1 2 P n−λ1 −2λ1 P n
|y1 (x)| = y1 (x) = bn · (x − x0 ) = (x − x0 ) 1+ bn · (x − x0 )
n=0 n=1
PR
∞
−2λ1 P n
= (x − x0 ) 1+ Bn · (x − x0 )
n=1
5 (1)
Lembre-se de que y0 = 1.
62 Soluções por meio de séries de potências
AR
P P
= K1 1+ Bn · (x − x0 ) 1+ ζn · (x − x0 ) dx
n=1 n=1
Z ∞
(x − x0 )−p0 −2λ1 1 + Dn · (x − x0 )n dx
P
= K1
n=1
Lembre-se que
−λ1 − λ2 = p0 − 1 =⇒ λ1 + λ2 = −p0 + 1 =⇒ −p0 = λ1 + λ2 − 1
IN
então
Z Z ∞
R p(x)
−2 − dx −λ1 +λ2 −1 P n
|y1 (x)| e x−x0
= K1 (x − x0 ) 1+ Dn · (x − x0 ) dx (3.44)
n=1
Z ∞
−N −1 P n
= K1 (x − x0 ) 1+ Dn · (x − x0 ) dx
n=1
IM
Z ∞
−N −1 P R n−N −1
= K1 (x − x0 ) dx + Dn (x − x0 ) dx
n=1
∞
Z
(x − x0 )−N −1 dx + DN dx
(x − x0 )n−N −1 dx
R P R
= K1
x−x0
+ Dn
n=1
n6=N
∞
= K1 − N1 (x − x0 )−N + D∗ + Dn
(x − x0 )n−N + DN ln |x − x0 |
EL
P
n−N
n=1
n6=N
em que D∗ é a soma de todas as constantes arbitrárias resultantes das integrações. Assim
∞
Z R p(x)
−
|y1 (x)|−2 e x−x0 =
dx
D̃n · (x − x0 )n−N + γ ln |x − x0 | .
P
n=0
Por fim,
PR
Z ∞
R p(x)
−2 − dx P n−N
y2 (x) = y1 (x) |y1 (x)| e x−x0
= y1 (x) D̃n · (x − x0 ) + γ ln |x − x0 |
n=0
∞
D̃n · (x − x0 )n−N + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
P
= y1 (x)
n=0
∞
∞
n+λ1 n−N
yn(1)
P P
= · (x − x0 ) D̃n · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0 n=0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 63
lembrando que λ1 − λ2 = N
∞
∞
λ1 −N n n
yn(1)
P P
y2 (x) = (x − x0 ) · (x − x0 ) D̃n · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0 n=0
∞
λ2 n
yn(2)
P
= (x − x0 ) · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0
AR
de onde segue-se
∞
yn(2) · (x − x0 )n+λ2 + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
P
y2 (x) = (3.45)
n=0
(2)
em que y0 = 1.
IN
Raı́zes da Equação Indicial reais, e iguais
∞
P Dn n
= K1 y1 (x) ln |x − x0 | + D∗ + n
· (x − x0 )
n=1
EL
∞
D̃n · (x − x0 )n + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
P
= y1 (x)
n=0
∞
∞
n+λ1 n
yn(1)
P P
= · (x − x0 ) D̃n · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 |
n=0 n=0
∞
PR
Sı́ntese
AR
∞
λ2 P (2) n
y2 (x) = (x − x0 ) 1 + yn · (x − x0 ) + γ · y1 (x) ln |x − x0 | se λ1 − λ2 ∈ Z\ {0}
n=1
∞
(2)
yn · (x − x0 )n+λ1 + y1 (x) ln |x − x0 |
P
se λ1 = λ2
n=0
IN
x2 y 00 + xy 0 + x2 − v 2 y = 0
(3.47)
∞ ∞
EL
y10 (x) = (n + |ν|) yn(1) xn+|ν|−1 y100 (x) = (n + |ν|) (n + |ν| − 1) yn(1) xn+|ν|−2
P P
=⇒
n=0 n=0
Pondo na EDO
∞ ∞
(1) (1)
x2 (n + |ν|) (n + |ν| − 1) yn xn+|ν|−2 + x (n + |ν|) yn xn+|ν|−1
P P
n=0 n=0
∞
(1)
+ (x2 − v 2 ) yn xn+|ν| = 0
P
PR
n=0
∞ ∞
(1) (1)
(n + |ν|) (n + |ν| − 1) yn xn+|ν| + (n + |ν|) yn xn+|ν|
P P
=⇒
n=0 n=0
∞ ∞
(1) (1)
yn xn+|ν|+2 − v 2 yn xn+|ν| = 0
P P
+
n=0 n=0
∞ ∞
(n + |ν|) (n + |ν| − 1) + (n + |ν|) − v 2 yn(1) xn+|ν| + (1) m+|ν|+2
P P
=⇒ ym x =0
n=0 m=0
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 65
Faça n = m + 2
∞ (1) ∞
(1)
(n + |ν|)2 − v 2 yn xn+|ν| + yn−2 xn+|ν| = 0
P P
n=0 n=2
∞ ∞
(1) (1)
n (n + 2 |ν|) yn xn+|ν| + yn−2 xn+|ν| = 0
P P
=⇒
n=0 n=2
AR
∞ ∞
(1) (1) (1)
0 + 1 · (1 + 2 |ν|) y1 x1+|ν| + n (n + 2 |ν|) yn xn+|ν| + yn−2 xn+|ν| = 0
P P
n=2 n=2
∞ h i
(1) (1) (1)
0 + 1 · (1 + 2 |ν|) y1 x1+|ν| + n (n + 2 |ν|) yn + yn−2 xn+|ν| = 0
P
=⇒
n=2
IN
n=2
a expressão entre chaves é uma série de potências. Daqui obtém-se a relação de recorrência
com as condições iniciais
y (1) = 1, y (1) = 0
0 1
IM
n (n + 2 |ν|) yn(1) + yn−2
(1)
= 0, n = 2, 3, 4, . . .
ou ainda
(1) (1)
y =1 y =0
0 1
(1) e
1 (1) (1) 1 (1)
y2k = − 2k(2k+2|ν|) y2k−2 , k ∈ N y2k+1 = − (2k+1)(2k+1+2|ν|) y2k−1 , k ∈ N
(1) 1 (1)
y5 = − 5·(5+2|ν|) y3 = 0
..
.
(1) 1 (1)
y2k+1 = − (2k+1)(2k+1+2|ν|) y2k−1 = 0
..
.
(1)
=⇒ y2k+1 = 0, ∀k = 0, 1, 2, . . .
66 Soluções por meio de séries de potências
O primeiro problema, a fim de aplicar (3.26), precisa de uma redução de ordem por meio da
(1)
substituição µk = y2k 6
µ0 = 1
1
µk+1 + µk = 0, k = 0, 1, 2, . . .
22 (k+1)(k+1+|ν|)
1
Assim, aplicando (3.26) com (pk ) e (qk ) dadas por pk = e qk = 0
AR
22 (k+1)(k+1+|ν|)
! " ! #
k−1 k−2 k−1
k Q P k−j−1 Q
µk = (−1) pj µ0 + (−1) p` qj + qk−1
j=0 j=0 `=j+1
k−1 1 (−1)k 1
= (−1)k
Q
2
=
j=0 2 (j + 1) (j + 1 + |ν|) 22k k−1
Q k−1
Q
(j + 1) (j + 1 + |ν|)
j=0 j=0
Então
(1)
y2k = µk =
j=1
1
(j + |ν|)
, k = 1, 2, 3, . . .
IM
∞ ∞ ∞
yn(1) xn+|ν| = yn(1) xn+|ν| + yn(1) xn+|ν|
P P P
y1 (x) =
n=0 n=0 n=0
n é par n é ı́mpar
∞ ∞
(1) (1)
y2k x2k+|ν| + y2k+1 x2k+1+|ν|
P P
=
k=0 k=0
EL
∞ (−1)k 2k+|ν|
∞ (−1)k
x2k+|ν|
P P
= k
x = k
k=0 2k Q k=0 2k Q
2 k! (j + |ν|) 2 k! (j + |ν|)
j=1 j=1
por fim
∞ (−1)k
x2k+|ν| , x > 0.
P
y1 (x) = (3.48)
PR
k
k=0 2k Q
2 k! (j + |ν|)
j=1
6
Observe o ajuste feito para que a relação de recorrência comece em k = 0.
3.4 Soluções em série de potências em torno de um ponto singular-regular 67
AR
P P
y1 (x) = k
x = 2 x
2k
k=0 2k Q k=0 2 (k!)
2 k! (j + 0)
j=1
IN
k=0
∞
(2)
y20 (x) = kyk xk−1 + x1 y1 (x) + y10 (x) ln |x|
P
=⇒
k=1
∞
(2)
y200 (x) = k (k − 1) yk xk−2 − 1
y1 (x) + x2 y10 (x) + y100 (x) ln |x|
P
=⇒ x2
k=2
IM
Substituindo na EDO
∞
(2) k
k (k − 1) yk x − y1 (x) + 2xy10 (x) + x2 y100 (x) ln |x|
P
k=2
∞ ∞
(2) P (2) k+2
kyk xk xy10 2
P
+ + y1 (x) + (x) ln |x| + yk x + x y1 (x) ln |x| = 0
k=1 k=0
∞ ∞ ∞
EL
∞ ∞ ∞
∞ 0
(2) (2) (2) (2) (−1)k
1) yk xk kyk xk yk−2 xk x2k
P P P P
1· y1 x + k (k − + + = −2x 22k (k!)2
k=2 k=2 k=2 k=0
∞ h i ∞ 2
(2) (2) (2) 2 k(−1)k+1 2k
(k (k − 1) + k) yk + yk−2 xk =
P P
=⇒ 1 · y1 x + 22k (k!)2
x
k=2 k=0
∞ h i ∞
(2) (2) (2) (−1)k+1 k
k 2 yk + yk−2 xk = x2k
P P
=⇒ 1 · y1 x + 22(k−1) (k!)2
k=2 k=0
68 Soluções por meio de séries de potências
Observe que no membro da direita figuram apenas potências pares de x, enquanto no membro
da esquerda figuram potências pares e ı́mpares de x
∞ h i ∞ h i ∞
(2) (2) (2) (2) (2) (−1)k+1 k
(2k)2 y2k + y2k−2 x2k + (2k + 1)2 y2k+1 + y2k−1 x2k+1 = x2k
P P P
y1 x + 22(k−1) (k!)2
k=1 k=1 k=0
AR
1
y2k+1 = − (2k+1)2 y2k−1 = 0
ou ainda
(2) 1 (2) (−1)k 1
y2(k+1) + 22 (k+1)2
y2k = 22(k+1) ((k+1)!)2 k+1
, k = 0, 1, 2, . . .
(−1)k
IN
1 1
Aplicando (3.26) com (pk ) e (qk ) dadas por pk = 22 (k+1)2
e qn = 22(k+1) ((k+1)!)2 k+1
! " ! #
k−1 k−2 k−1
(2) k Q P k−j−1 Q
y2k = (−1) pj µ0 + (−1) p` qj + qk−1
j=0 j=0 `=j+1
! !
k−1 k−2 k−1
IM
k−1
(2) (−1)j
= (−1)k 1 (−1) 1
(−1)k−j−1 1 1
Q P Q
22 (j+1)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ 22 (`+1)2 22(j+1) ((j+1)!)2 j+1
j=0 j=0 `=j+1
k−2
(−1)k (2) (−1)k−1 1 P 1 (−1)k−1 1
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ 2
22(j+1) ((j+1)!)2 j+1
j=0 k
Q
22(k−1−j) `
`=j+2
EL
k−2
(−1)k (2) (−1)k−1 1 P (−1)k−1 1
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ 2
j+1
j=0 Q k
22k `·(j+1)!
`=j+2
k−2
(−1)k (2) (−1)k−1 1 (−1)k−1 P 1
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ 22k (k!)2 j+1
j=0
PR
" # " #
k k−1 k−1 k−1 k
(−1) (2) (−1) 1
P 1 (−1) P 1 (2)
= 22k (k!)2
y0 + 22k (k!)2 k
+ j
= 22k (k!)2 j
− y0
j=1 j=1
(2) (2)
Como y0 é arbitrário, por conveniência estética, escolha y0 = 0. Assim
k
(2) (−1)k−1 P 1
y2k = 22k (k!)2 j
, k = 1, 2, 3, . . .
j=1
3.5 Epı́logo 69
logo
∞
(2)
yk xk + y1 (x) ln |x|
P
y2 (x) =
k=0
∞ ∞
(2) (2)
y2k x2k + y2k+1 x2k+1 + y1 (x) ln |x|
P P
=
k=0 k=0
AR
∞
(2)
y2k x2k + y1 (x) ln |x|
P
=
k=0
∞
(2) (2)
y2k x2k + y1 (x) ln |x|
P
= y0 +
k=1
!
∞ k+1 k
(−1) 1
x2k + y1 (x) ln |x|
P P
y2 (x) = 22k (k!)2 j
(3.50)
k=1 j=1
3.5 Epı́logo
IN
Exercı́cio 35. Considere a equação diferencial
IM
y 00 + p (x) y 0 + q (x) y = 0
mostre que s2 = 0 e s1 = 1. Observação: Esse exercı́cio ilustra que a busca por solução
para ponto regular e para ponto singular-regular tem caráter diverso. No caso acima, as
raı́zes da equação caracterı́stica diferem por um número inteiro s1 − s2 = 1 − 0 = 1 ∈ Z. Do
exposto até aqui, usando-se o Método de Frobenius, deveria-se iniciar a busca pela solução
y1 usando a maior das raı́zes s1 = 1, e a segunda solução y2 seria buscada sob a forma
∞
bn (x − x0 )n+s2 + γy1 (x) ln (x − x0 ) .
P
y2 (x) =
n=0
PR
No entanto, como todos os pontos x0 ∈ R são pontos regulares para a EDO, deve-se bus-
car solução em série de potências. Seria como iniciar a busca usando a menor das raı́zes
s2 = 0. E essa busca conduz de imediato às duas soluções (em série de potências) linear-
mente independentes y1 e y2 . Embora o Método de Frobenius funcione também para os casos
em que o ponto é regular, o procedimento para esse improviso inverte todos os procedimentos
desse método, e perverte suas conclusões.
70 Soluções por meio de séries de potências
AR
IN
IM
EL
PR
Capı́tulo 4
AR
Transformada de Laplace
IN
0
Z ∞ Z ∞ Z ∞
−st −st −st
λg (t) e−st dt
IM
= f (t) e + λg (t) e dt = f (t) e dt +
0 0 0
Z ∞ Z ∞
−st
= f (t) e dt + λ g (t) e−st dt = L [f ] (s) + λL [g] (s)
0 0
L [f 0 ] (s) = sL [f ] (s) − f 0+
n−1
= sn L [f ] (s) − sn−j−1 f (j) 0+
P
PR
j=0
Sabe-se por experiência anterior que y1 (t) = cos (t), y2 (t) = sen (t), y3 (t) = cos (ωt) e
y4 (t) = sen (ωt). Aplicando-se a transformada de Laplace à primeira EDO
AR
s2 L [y1 ] (s) − sy1 0+ − y10 0+ + L [y1 ] (s) = 0
=⇒
s s
=⇒ L [y1 ] (s) = =⇒ L [cos (t)] (s) =
1 + s2 1 + s2
De modo análogo
IN
y200 + y2 = 0 =⇒ s2 L [y2 ] (s) − sy2 0+ − y20 0+ + L [y2 ] (s) = 0
1 + s2 L [y2 ] (s) = 1
=⇒
1 1
=⇒ L [y2 ] (s) = =⇒ L [sen (t)] (s) =
IM
1 + s2 1 + s2
ω 2 + s2 L [y3 ] (s) = s
=⇒
s s
=⇒ L [y3 ] (s) = =⇒ L [cos (ωt)] (s) =
ω2 + s2 ω2 + s2
ω 2 + s2 L [y4 ] (s) = ω
=⇒
ω ω
=⇒ L [y4 ] (s) = =⇒ L [sen (ωt)] (s) =
ω2 + s2 ω2 + s2
73
1 −(s−α)t −(s−α)t
= − s−α lim e − lim+ e
AR
t→∞ t→0
1
= − s−α lim e−(s−α)t − 1 = 1
s−α
t→∞
se s > α.
IN
y (0) = 1
0
y (0) = 0
=⇒ [s2 L [y] (s) − sy (0) − y 0 (0)] + 5 [s L [y] (s) − y (0)] + 6L [y] (s) = 0
s+5 s+5 3 2 1 1
=⇒ L [y] (s) = s2 +5s+6
= (s+2)(s+3)
= s+2
− s+3
=3· s+2
−2· s+3
Z t Z t
Definição 40. (f ∗ g) (t) = f (τ ) g (t − τ ) dτ = f (t − τ ) g (τ ) dτ
0 0
y 00 + ω 2 y = f (t)
AR
=⇒
y 0 (0)
=⇒ L [y] (s) = y (0) L [cos (ωt)] (s) + L [sen (ωt)] (s)
IN
ω
h i
y 0 (0) 1
=⇒ L [y] (s) = L y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) + ω
f ∗ sen (ωt) (s)
y 0 (0) 1
=⇒ y (t) = y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) + ω
(f ∗ sen (ωt))
EL
Z t
y 0 (0) 1
=⇒ y (t) = y (0) cos (ωt) + ω
sen (ωt) + ω
f (t − τ ) sen (ωτ ) dτ
0
Z t
1
y (t) = c1 cos (ωt) + c2 sen (ωt) + ω
f (t − τ ) sen (ωτ ) dτ
0
PR
Índice
AR
Equação singular, 41
Cauchy-Euler, 55 singular-irregular, 57
singular-regular, 57
ponto
regular, 41 Relação de recorrência, 43
IN
IM
EL
PR