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o

çã
Notas de Aula de

a
Geometria Analítica
or
ab
El

Carlos Antônio Freitas da Silva


Em
Sumário

o
a çã
1 Espaço Euclidiano 3
1.1 Produto Cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2
1.3
or
Espaço Euclidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4
7

2 Vetores 9
2.1 Espaço vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
ab
2.2 Vetores no espaço euclidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Norma de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5 Ângulo entre vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
El

2.6 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23


2.7 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3 Retas no Espaço Euclidiano 31


3.1 Equações Paramétricas da Reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Equação Cartesiana da Reta no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Em

3.3 Equação Geral da Reta no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36


1
Espaço Euclidiano

o
a çã
1.1 Produto Cartesiano
or
Sejam A e B conjuntos quaisquer. O produto cartesiano dos conjuntos A e B, denotado por
A × B, é o conjunto dos pares ordenados (a, b) cujo o primeiro elemento a ∈ A e o segundo
elemento b ∈ B.
A × B = {(a, b); a ∈ A, b ∈ B}.
ab
Exemplo 1.1.1 Seja A = {a, b, c} e B = {µ, γ, ν}. O produto cartesiano de A por B é
conjunto
El

A × B = {(a, µ), (a, γ), (a, ν), (b, µ), (b, γ), (b, ν), (c, µ), (c, γ), (c, ν)}.

Podemos também determinar os elementos do conjunto A × B utilizando uma tabela como a


seguir:

Tabela 1.1.1: Produto Cartesiano A × B


Em

a b c
µ (a, µ) (b, µ) (c, µ)
γ (a, γ) (b, γ) (c, γ)
ν (a, ν) (b, ν) (c, ν)
O produto cartesiano de B por A é dado por

B × A = {(µ, a), (γ, a), (ν, a), (µ, b), (γ, b), (ν, b), (µ, c), (γ, c), (ν, c)}.

Tabela 1.1.2: Produto Cartesiano B × A

µ γ ν
a (µ, a) (γ, b) (ν, c)
b (µ, a) (γ, b) (ν, c)
c (µ, a) (γ, b) (ν, c)
4 1. Espaço Euclidiano

É importante observar que A × B 6= B × A, pois os elementos desses conjuntos são pares


ordenados, portanto o elemento (a, µ) não é o mesmo que (µ, a).

De maneira mais geral, podemos definir o produto cartesiano dos conjuntos A1 , A2 , A3 , ..., An
com sendo o conjunto das listas ordenadas (a1 , a2 , a3 , ..., an ), onde ai ∈ Ai .

A1 × A2 × · · · × An = {(a1 , a2 , ..., an ); ai ∈ Ai }.

1.2 Espaço Euclidiano

o
Seja n um número natural. O espaço euclidiano Rn é o produto cartesiano do conjunto dos
números reais n−vezes. Um ponto de Rn é uma lista ordenada

çã
A = (x1 , ..., xn ),

cujos elementos xi são números reais. Dados pontos A = (x1 , ..., xn ) e B = (y1 , ..., yn ) em Rn

a
dizemos que A = B se, e somente se,
or x1 = y1 , ..., xn = yn .

Exemplo 1.2.1 Para n = 2 temos que os pontos de R2 são os pares ordenados A = (x1 , x2 )
ab
com x1 , x2 ∈ R. O espaço euclidiano R2 é representado geometricamente no plano cartesiano.
El

x2 A

x1
Em

Exemplo 1.2.2 O espaço R3 pode ser representado geometricamente por três retas x, y e z
perpendiculares entre si em um ponto em comum chamado origem do espaço.
1.2. Espaço Euclidiano 5

x2

o
O x
x1

çã
x3

a
z

or Figura 1.2.1: Espaço R3

Cada ponto de R3 é uma terna P = (x1 , x2 , x3 ) e a origem é o ponto O = (0, 0, 0). O número
real x1 é representado na reta x como sendo a distância do ponto P até o plano determinado
ab
pelas retas y, z. De maneira análoga, os números reais x2 e x3 representam, respectivamente,
as distâncias do ponto P até o plano determinado pelas retas x, z e o plano determinado pelas
retas x, y.
El

A distância entre pontos é um conceito fundamental, pois partir da noção de métrica é que
construímos a geometria em espaços até mais gerais que o espaço euclidiano. A métrica pos-
sibilita tanto no estudo da Topologia em espaços métricos quanto na Geometria Diferencial.
Desta forma, faz-se necessário definirmos, de uma maneira ideal, a distância entre dois pontos
no espaço euclidiano.
Em

Definição 1.2.1 Sejam A = (x1 , ..., xn ) e B = (y1 , ..., yn ) pontos em Rn definimos a distância
euclidiana entre A e B por
p
d(A, B) = (x1 − y1 )2 + ...(xn − yn )2 .

Na verdade existem outras maneiras de determinar distância entre dois pontos no espaço, pois
distância é um conceito mais geral.
6 1. Espaço Euclidiano

Exemplo 1.2.3 Dados dois pontos A = (x1 , x2 ) e B = (y1 , y2 ) em R2 podemos definir a


distância como sendo
d(A, B) = |x1 − y1 | + |x2 − y2 |.
Essa distância é chamada distância do taxista. Dê uma interpretação geométria para esta
distância.

Uma esfera de centro no ponto A ∈ Rn e raio r no espaço euclidiano Rn é o conjunto de todos


os pontos X ∈ Rn cuja distância até o ponto A é igual a r.

o
S[A, r] = {X ∈ Rn ; d(X, A) = r}

çã
Exemplo 1.2.4 Considere um ponto C = (x0 , y0 , z0 ) ∈ R3 . A esfera de centro em A e raio

a
r é o conjunto
or S[A, r] = {X ∈ Rn ; d(X, C) = r}.
Assim, todo para todo ponto P = (x, y, z) ∈ S[A, r] temos que
p
d(P, C) = (x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = r.
ab
Segue que
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = r2 (1.2.1)
A expressão 1.2.1 é equação da esfera de centro em C e raio r. Para saber se um ponto
P = (x, y, z) pertence à esfera basta substituir suas coordenadas na sua equação e verificar se
El

é solução.

z
Em

r
C

Figura 1.2.2: Esfera de centro em C e raio r


1.3. Exercícios 7

Exemplo 1.2.5 No espaço euclidiano R2 a esfera de centro em C = (x0 , y0 ) e raio r é


chamada de circunferência e sua equação é dada por

(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2 . (1.2.2)

Para saber se um ponto P = (x, y) pertence à circunferência basta substituir suas coordenadas
na sua equação e verificar se é solução. (Exercício 1.3.2)

Uma bola aberta de centro em A ∈ Rn e raio r > 0 é o conjunto de todos os pontos X ∈ Rn

o
cuja distância até o ponto A é menor que r. Denotaremos por

B(A, r) = {X ∈ Rn ;

çã
d(A, X) < r}.

A noção de bola aberta no espaço euclidiano é muito utilizada no estudo de Cálculo de Funções
de Várias Variáves e é fundamental para a Topologia em espaços métricos.

a
or
Exemplo 1.2.6 A bola aberta de centro em A e raio r em R2 é o interior da círcunferência
S[A, r] ⊂ R2
ab

r
El

A
Em

B(A, r) = {X ∈ R2 ; d(A, X) < r}.

1.3 Exercícios
1.3.1 Esboce os pontos A = (1, 0, 5), B = (1, −2, 2), C = (−1, −3, 3) e C = (−2, 1, −3) no espaço
euclidiano R3 .
1.3.2 Verifique se os pontos A = (1, 0), B = (2, 3), C = (−1, −1), D = (3, 4), E = (1, 4), F =
(1, 2), G = (2, −1) pertencem à circunferência

(x − 2)2 + (y − 1)2 = 4

e esboce o gráfico.
8 1. Espaço Euclidiano

1.3.3 Sejam A = (−1, 3) e B = (2, −1). Determine os pontos P = (x, y) de modo que, o triângulo
ABP seja um triângulo isósceles. Interprete geometricamente.
1.3.4 Dados os pontos A = (1, 4), B = (−3, 4) e C = (1, 5), determine o centro da circunfêrencia
no qual esses pontos pertencem e escreva sua equação.
1.3.5 Deduza a equação da circunferência de centro em C = (x0 , y0 ) e raio r mostrada no
Exemplo 1.2.5
1.3.6 Dados três pontos no espaço euclidiano R3 é possivel encontrar um esfera que tem esses
pontos? Se for possível, dê um exemplo.
1.3.7 Considere os pontos A = (1, 4, 3) e B√= (1, 4, 8). Determine o conjunto dos ponto P =
(x, y, z) de modo que d(A, P) = 5 e d(B, P) = 50. Interprete geometricamente.

o
1.3.8 Considere o ponto P = (x0 + r cos θ, y0 + r sen θ), 0 6 θ 6 2π, como mostra a figura
abaixo. Prove que P pertence à circunferência de centro em (x0 , y0 ) e raio r. Procure entender o

çã
que acontece quando θ varia entre 0 e 2π.

a
r
y0 θ
or
x0
ab
El
Em
2
Vetores

o
a çã
2.1 Espaço vetorial
or
Definição 2.1.1 Seja V um conjunto não vazio. Dizemos que V é um espaço vetorial sobre
R se estiverem definidas em V duas operações binárias soma + : V × V → V e multiplicação
ab
por um escalar · : R × V → V tais que para quaisquer u, v, w ∈ V e λ, γ ∈ R tem-se

1. u+v=v+u;

2. (u+v)+w=u+(v+w);
El

3. Existe 0V ∈ V tal que u + 0V = 0V + u = u;

4. Para qualquer u ∈ V existe um elemento u 0 ∈ V tal que u + u 0 = 0V = u 0 + u;

5. λ · (u + v) = λ · u + λ · v;
Em

6. (λ + γ) · u = λ · u + γ · u;

7. (λγ) · u = λ(γ · u);

8. 1 · u = u.

Exemplo 2.1.1 O conjunto M2×2 (R) da matrizes quadradas de ordem 2 com as operações
usuais de soma e multiplicação por um número real é um espaço vetorial, pois essas operações
possuem as propriedades das operações para espaço vetorial. Verifique!
10 2. Vetores

Exemplo 2.1.2 Considere P2 (R) o conjunto de todos os polinômios de grau menor que ou
igual a 2. Para quaisquer p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 e q(x) = b0 + b1 x + b2 x2 em P2 (R) e para
todo λ ∈ R, definimos as operações

p(x) + q(x) = a0 + b0 + (a1 + b1 )x + (a2 + b2 )x2

λ · p(x) = λa0 + λa1 x + λa2 x2 .

O conjunto P2 (R) munido dessas operações é um espaço vetorial real.

o
çã
2.2 Vetores no espaço euclidiano
−→
Os pontos A = (x1 , ..., xn ) e B = (y1 , ..., yn ) em Rn definem um vetor AB em Rn dado por

a
−→
AB = (y1 − x1 , ..., yn − xn ).
or −→ −→
Os elementos yi − xi , onde i = 1, ..., n são chamados coordenadas do vetor AB. O vetor AB é
representado por um segmento orientado de origem em A e extremidade em B.
ab
−→
Exemplo 2.2.1 No espaço R3 o vetor AB é representado como mostra a figura:

z
El

A
Em

Figura 2.2.1: Vetor em R3

Exemplo 2.2.2 Sejam A = (1, 2), B = (3, 4), C = (3, 1) e D = (5, 3). Assim, temos que
−→ −→
AB = (2, 2) e CD = (2, 2).
2.2. Vetores no espaço euclidiano 11

o
x

çã
Figura 2.2.2: Vetores equivalentes

−→ −→

a
Podemos observar do Exemplo 2.2.2 que cada um dos vetores AB e CD possuem uma represen-
tação geométrica diferente, porém têm as mesmas coordenadas e são, portanto, equivalentes.
or
O que acontece é que a equivalência de vetores no espaço euclidiano Rn não depende de sua
representação geométrica, mas apenas de suas coordenadas. Assim, dizemos que dois vetores
no espaço euclidiano são iguais se, e somente se, suas coordenadas são iguas.
ab
−→ −→
Exemplo 2.2.3 O vetores AB e CD do Exemplo 2.2.2 podem ser representados geometri-
camente no plano cartesiano por um segmento orientado de origem no ponto O = (0, 0) e
El

extremidade no ponto P = (2, 2).


−→ −→ −→
AB = CD = OP = (2, 2).

y
Em

Figura 2.2.3: Representação do vetor na origem do plano cartesiano

Uma lista ordenada v = (x1 , ..., xn ) ∈ Rn é um vetor que pode ser representado geometricamente
por um segmento orientado com origem no ponto O = (0, ..., 0) e extremidade no ponto P =
12 2. Vetores

−→ →

(x1 , ..., xn ) e assim temos v = OP. O vetor 0 = (0, 0, ..., 0) ∈ Rn , de origem e extremidade no
ponto O = (0, 0, ..., 0), é chamado de vetor nulo.

Observação 2.2.1 Dois segmentos orientados paralelos, de mesmo sentido e mesmo compri-
−→
mento são equivalentes. Assim, um segmento orientado AB, pode representar o conjunto de
−→
todos os segmentos orientados paralelos, de mesmo sentido e mesmo comprimento que AB ob-
tendo assim uma classe de equivalência. Existe outra maneira de definir vetores utilizando essa
ideia de classes de equivalência a partir de uma relação de equivalência. Para mais detalhes o

o
leitor deve consultar (citar as referencias).

çã
Operações com vetores
Sejam u = (x1 , ..., xn ) e v = (y1 , ..., yn ) ∈ Rn e t ∈ R. As operações de soma de e a multilicação

a
por um escalar no espaço euclidiano são definidas, respectivamente por

or
u + v = (x1 + y1 , x2 + y2 , ..., xn + yn );

t · u = (tx1 , tx2 , ..., txn ).


ab
O espaço euclidiano Rn munido dessas operações torna-se um espaço vetorial, isto é, tais ope-
rações possuem todas as propriedades da Definição 2.1.1.
El

Exemplo 2.2.4 A soma dos vetores u = (3, −4, 5) e v = (4, −3, 0) é o vetor

u + v = (7, −7, 5).


Em

Exemplo 2.2.5 A soma dos vetores u = (1, 2) e v = (3, 1) em R2 é representada como na


figura abaixo.
2.2. Vetores no espaço euclidiano 13

o
x
1 3 4

çã
Figura 2.2.4: u + v = (4, 3)

Seja V um espaço vetorial. Dizemos que um vetor v ∈ V é uma combinação linear dos vetores

a
v1 , v2 , ..., vs ∈ V se exsitem λ1 , ..., λs ∈ R tais que
or v = λ1 · v 1 + λ2 · v 2 + · · · + λs · v s .
ab
Exemplo 2.2.6 Seja v = (1, −2, 1) ∈ R3 . Temos que

v = 1 · (1, 0, 0) − 2 · (0, 1, 0) + 1 · (0, 0, 1),

então v é uma combinação linear dos vetores e1 = (1, 0, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1).
El

Exemplo 2.2.7 Seja v = (x, y, z) um vetor qualquer em R3 . Temos que


Em

v = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1).

Qualquer vetor de R3 é uma combinação linear dos vetores ~i = (1, 0, 0), ~j = (0, 1, 0) e ~k =
(0, 0, 1). Podemos dizer que os vetores ~i, ~j e ~k são geradores do espaço R3 . O vetor v pode,
também, ser escrito na forma
v = x~i + y~j + z~k.
Dado o vetor v = (2, −3, −4), escrevemos

v = 2~i − 3~j − 4~k.

Vimos neste capítulo que a noção de vetores como elementos de um espaço vetorial é bem mais
geral, pois existem espaços vetoriais em que fica difícil ter uma representação geométrica de
seus vetores e acabam se tornando em objetos abstratos. Tais espaços são objetos de estudo
em Álgebra Linear e outras áreas da matemática pura.
14 2. Vetores

Definição 2.2.1 Seja V um espaço vetorial real. Dizemos que os vetores v, w ∈ V são
paralelos se existe um t ∈ R tal que
w = t · v.

o
 
3
Exemplo 2.2.8 Os vetores u = 6, , 3 e v = (4, 1, 2) são paralelos, pois
2

çã
3
u= · v.
2

a
z

or
ab
y
El

Figura 2.2.5: Vetores paralelos


Em

−−→ −→
Exemplo 2.2.9 Considere os vetores OA = (a1 , a2 ) e OC = (c1 , c2 ) no plano. O vetor
−−→ −→
OA + OC = (a1 + c1 , a2 + c2 )

tem a sua extremidade no ponto B = (a1 + c1 , a2 + c2 ). O quadrilátero OABC é um paralelo-


−→ −→
gramo, pois AB = (c1 , c2 ) e CB = (a1 , a2 ). Observe também que
−−→ −→ −→
OA − OC = (a1 − c1 , a2 − c2 ) = CA
2.2. Vetores no espaço euclidiano 15

a2 A

c2 C

o
x
O a1 c1

çã
Figura 2.2.6: Paralelogramo determinado por OA e OC

−−→ −→ −→ −→

a
Os vetores OA e OC determinam um paralelogramo OABC cujas diagonais são OB e CA.

or
Dados vetores u e v no espaço euclidiano, representados com a mesma origem no ponto O,
o vetor u + v é representado geometricamente como sendo uma das diagonais paralelogramo
determinado pelos vetores u e v. Observe que esta diagonal é a que sai da origem O.
ab
u+v
El

v
O
Em

Figura 2.2.7: Soma de vetores u + v

A soma do vetor u com o inverso de v é a diagonal do paralelogramo que sai da extremidade de


v.

u−v
u

v
O

Figura 2.2.8: Soma de vetores u + (−v)


16 2. Vetores

2.3 Norma de vetores


Definimos a norma de um vetor v = (x1 , x2 , ..., xn ) no espaço euclidiano como sendo
q
kvk = x21 + x22 + · · · + x2n .

A norma do vetor v é a medida de seu comprimento.

o
Exemplo 2.3.1 Considere o vetor v = (2, −3, −1). Então o seu comprimento é dado por

çã
p
kvk = 22 + (−3)2 + (−1)2 = 14.

a
Exemplo 2.3.2 Se v = (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ Rn e t ∈ R temos que
or q
(tx1 )2 + (tx2 )2 + · · · + (txn )2 = |t| x21 + x22 + · · · + x2n .
p
kt · vk =

Assim, obtemos uma propriedade de norma de vetores que é dada por


ab
kt · vk = |t|kvk
El

Exemplo 2.3.3 Considere um vetor v = (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ Rn de comprimento igual a zero.


Tal vetor deve ser, necessariamente, o vetor nulo. Observe que se
q
kvk = x21 + x22 + · · · + x2n = 0,
Em

então é necessário que


x21 + x22 + · · · + x2n = 0. (2.3.1)
Como a expressão 2.3.2 é uma soma de números positivos, então x1 = x2 = · · · = xn = 0 e,
portanto, v = (0, 0, ..., 0). Podemos concluir que

kvk = 0 ⇔ v = ~0

Considere os vetores u = (x1 , ..., xn ) e v = (y1 , ..., yn ) em Rn . A norma do vetor u + v é dada por
p
ku + vk = (x1 + y1 )2 + (x2 + y2 )2 + ... + (xn + yn )2 .

elevando ambos os membros ao quadrado e desenvolvendo o produto notável de cada parcela


temos que
ku + vk2 = x21 + 2x1 y1 + y21 + · · · + x2n + 2xn yn + y2n . (2.3.2)
2.4. Produto Escalar 17

Podemos reescrever a Equação 2.3.2 da seguinte forma


ku + vk2 =x21 + · · · x2n + y21 · · · + y2n + 2(x1 y1 + · · · xn yn )
=kuk2 + kvk2 + 2(x1 y1 + · · · xn yn ) (2.3.3)

Da Equação 2.3.3 podemos perceber que ao calcular a norma da soma dos vetores u e v
obtivemos na terceira parcela a expressão x1 y1 + · · · xn yn . Esta expressão aparece em outras
situações, como por exemplo no cálculo de ângulo entre vetores, e é chamada de produto
escalar entre os vetores u e v. É indispensável, portanto, que dediquemos um pouco de tempo
no estudo desta expressão, como será feito na proxima seção.

o
2.4 Produto Escalar

çã
Sejam u = (x1 , ..., xn ) v = (y1 , ..., yn ) vetores em Rn . Definimos o produto interno entre os
vetores u e v por
< u, v >= x1 y1 + ... + xn yn .

a
or
Proposição 2.4.1. Sejam u, v e w vetores em Rn e λ ∈ R.

i ) < u, v >=< v, u >;


ab
ii ) < u + v, w >=< u, w > + < v, w >;
iii ) < λv, u >= λ < v, u >
iv ) kvk2 =< v, v > .
El

Demonstração: Exercício
Proposição 2.4.2 (Desiguldade de Cauchy-Schwarz). Sejam u, v vetores em Rn . Então
| < u, v > | 6 kukkvk.
Em

Demonstração: Seja λ > 0 e considere o vetor λv + u. Temos então que


kλv + uk2 > 0.
Desta forma, obtemos
< v, v > λ2 + 2 < u, v > λ+ < u, u >> 0 (2.4.1)
A desigualdade (2.4.1) é uma inequação de segundo grau da forma
Aλ2 + Bλ + C > 0, ∀λ ∈ R.
Assim é suficiente que ∆ 6 0, ou seja,

4 < v, u >2 −4 < v, v >< u, u >6 0.


Portanto
| < v, u > | 6 kvkkuk.
18 2. Vetores

Proposição 2.4.3 (Desigualdade Triângular). Para quaisquer vetores u, v ∈ Rn tem-se

ku + vk 6 kuk + kvk.

Demonstração: Para quaisquer vetores u, v ∈ Rn tem-se que

ku + vk2 = kuk2 + 2 < u, v > kvk2 .

Segue da desigualdade de Cauchy-Schwarz que

o
< u, v >6 kukkvk,

çã
consequentemente

ku + vk2 6 kuk2 + 2kukkvk + kvk2 = (kuk + kvk)2 .

a
Logo
ku + vk 6 kuk + kvk.

2.5
or
Ângulo entre vetores
Considere os vetores u, v no plano e considere θ o ângulo entre esses vetores. A intersecão da
ab
reta perpendicular ao vetor v que contem a extremidade de u com a reta paralela ao vetor v
define o vetor λv. Suponhamos que 0 < θ < π2 e então temos que λ > 0.

u
El

λv v
Em

Figura 2.5.1: λ > 0

Observe que
|λ|kvk kvk
cos θ = =λ (2.5.1)
kuk kuk
Seja w = u − λv e assim obtemos
ku − λvk
sen θ =
kuk
Utilizando a relação fundamental tem-se

λ2 kvk2 + ku − λvk2 = kuk2 (2.5.2)

Por outro lado,


2.5. Ângulo entre vetores 19

ku − λvk2 = kuk2 − 2λ < u, v > +λ2 kvk2


e substituindo em (2.5.2) obtemos

< u, v >
λ= . (2.5.3)
kvk2
Segue que
< u, v >
cos θ = . (2.5.4)
kukkvk

o
π
No caso em que 2
< θ < π temos que λ < 0.

a çã
θ
α
or λv

Figura 2.5.2: λ < 0


v
ab
π
Consideramos α < 2
o ângulo entre os vetores u e λv. Desta forma, temos que

|λ|kvk kvk
cos θ = − cos α = − =λ
kuk kuk
El

como na iguladade (2.5.1).


Em

Exemplo 2.5.1 (Vetores ortogonais) Através da expressão (2.5.4) concluímos que dois
vetores u e v são ortogonais se, e somente se, < u, v >= 0.

Exemplo 2.5.2 (Projeção de Vetores) O vetor λv como mostra na Figura 2.5.1 é chamado
projeção de u sobre v denotado por Pvu . Segue da expressão (2.5.3) que
< u, v >
Pvu = v.
kvk2
20 2. Vetores

Exemplo 2.5.3 (Lei dos cossenos) Sejam u e v vetores no plano

ku − vk2 = kuk2 − 2 < u, v > +kvk2

Se θ é o angulo formado pelos vetores u e v segue que

ku − vk2 = kuk2 + kvk2 − 2kukkvk cos θ (2.5.5)

A expressão (2.5.5) é chamada lei dos cossenos.

o
çã
u−v
u

a
v
or Figura 2.5.3: Lei dos cossenos
ab

− → −
Exemplo 2.5.4 (Força resultante) Sejam F1 , F2 duas forças exercidas num objeto que

− →
− →

formam um ângulo θ e considere R = F1 + F2 a força resultante. Essas forças são vetores
num plano, então para obtermos o módulo da força resultante fazemos
El


− →
− → − → − → −
k R k2 =< F1 + F2 , F1 + F2 > .

Assim, obtemos

− →
− →
− →
− → −
k R k2 = k F1 k2 + k F2 k2 + 2k F1 kk F2 k cos θ. (2.5.6)
Em



R


F2



F1
θ

Figura 2.5.4: Força resultante


2.5. Ângulo entre vetores 21



Observação 2.5.1 É comum denotar o módulo de uma força F por F. Não confunda o


número F com o vetor F . Assim, a expressão (2.5.6) é escrita como

R2 = F21 + F22 + 2F1 F2 cos θ.



Exemplo 2.5.5 (Trabalho) Se F é uma força exercida sobre um objeto realizando um des-

o


locamento d o trabalho realizado é dado pelo produto escalar entre a força e o deslocamento,
isto é,

çã

− →−
W =< F , d > .


Utilizando a expressão 2.5.4, podemos calcular o trabalho realizado pela força F por

a
W = F · d cos θ,

onde θ é ângulo entre a força exercida e o deslocamento.


or
ab
Exemplo 2.5.6 (Área do paralelogramo) Considere o paralelogramo definido pelos ve-
tores u e v.
El

u
h

v
Em

Pvu

Figura 2.5.5: Paralelogramo

A área do paralelogramo é dada por

A = kvk · h.

Observe que h = ku − Pvu k e então

A2 = kvk2 · ku − Pvu k2 (2.5.7)

Por outro lado, segue do Teorema de Pitágoras que

ku − Pvu k2 = kuk2 − kPvu k2 ,


22 2. Vetores

portanto
A2 = kvk2 kuk2 − kvk2 kPvu k2 .
Como
< u, v >
Pvu = v
kvk2
então
< u, v >2
kPvu k2 = .
kvk2
Assim, obtemos a expressão da área do paralelogramo dada por

A2 = kvk2 kuk2 − < u, v >2 .

o
O Exercício 2.7.4 nos dá um método prático para o cálculo de área de paralelogramo.

a çã
Exemplo 2.5.7 (Equação do plano) Dado um vetor não nulo v = (a, b, c) ∈ R3 e um
or
ponto A = (x0 , y0 , z0 ). Existe um único plano α que contém o ponto A e é perpendicular ao
vetor v. Este plano é o conjunto de todos os pontos P = (x, y, z) ∈ R3 tal que
−→
< AP, v > 0.
ab
−→
Como AP = (x − x0 , y − y0 , z − z0 ), obtemos

ax + by + cz = ax0 + bx0 + cz0 .

Fazendo d = ax0 + bx0 + cz0 , obtemos a equação do plano perpendicular ao vetor v = (a, b, c)
El

dada por
ax + by + cz = d (2.5.8)
Em

Exemplo 2.5.8 Para determinar a equação de um plano α que contém o ponto A = (3, 0, 1)
perpendicular ao vetor v = (2, 1, 2) consideramos
−→
< AP, v >= 0
−→
para todo ponto P = (x, y, z) ∈ α. Como AP = (x − 3, y, z − 1) segue que

2(x − 3) + y + 2(z − 1) = 0,

portanto a equação do plano α é dada por

2x + y + 2z = 8.
2.6. Produto Vetorial 23

2.6 Produto Vetorial


Uma força aplicada em um objeto tende a a faze-lo girar em torno de um eixo fora da linha de
ação da força. A tendência deste objeto girar é chamada de momento e este eixo é denominado
eixo de momento. Por exemplo, considere uma força F sendo aplicada em uma garrafa num
ponto A, como mostra a figura 2.6.1, então esta garrafa tende a girar em torno do eixo de
−→
momento que passa por um ponto B perpendicular ao plano de ação da força e o vetor BA. O
−→
vetor BA é chamado braço de momento. O momento é uma grandeza vetorial que dá a direção
do eixo de momento. Assim, para determinarmos a direção do momento de uma força precisamos
encontar um vetor que seja perpendicular a força e ao braço de momento simultaneamente. Para

o
resolvermos este tipo de problema utilizamos a noção de produto vetorial em R3 .

a çã
or
ab
El

Figura 2.6.1

Considere dois vetores u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ) ∈ R3 . Para determinarmos um vetor


Em

w = (a, b, c) perpendicular a u e v, simultaneamente, devemos encontrar uma solução para o


sistema


x1 a + y1 b + z1 c = 0
(2.6.1)
x2 a + y2 b + y2 c = 0.

Podemos observar que o sistema tem uma infinidade de soluções. O vetor

w1 = (y1 z2 − y2 z1 , x2 z1 − x1 z2 , x1 y2 − x2 y1 ) (2.6.2)

é uma solução para o sistema e é chamado de produto vetorial de u por v.


24 2. Vetores

Exemplo 2.6.1 Considere os vetores u = (1, −2, 0) e v = (−3, 1, −2). O produto vetorial de
u por v é o vetor
w1 = (4, 2, −7).
Note que w1 é, simultaneamente, perpendicular a a u e v.

É importante observar que o vetor

w2 = (y2 z1 − y1 z2 , x1 z2 − x2 z1 , x2 y1 − x1 y2 ) (2.6.3)

o
é, também, uma solução para o sistema e é chamado produto vetorial de v por u.

çã
Exemplo 2.6.2 Dados os vetores u = (2, −5, 1) e v = (2, 3, −3) temos que w1 = (12, 8, 16)

a
e w2 = (−12, −8, −16) são vetores perpendiculares a u e v simultaneamente.
or
O produto vetorial de u por v será indicado por u × v e o produto vetorial de v por u será
indicado por v × u. Tais vetores tem sentidos opostos, isto é, v × u = −u × v.
ab
u×v
v
El

v×u
Em

Figura 2.6.2: Produto vetorial

Método prático para cálculo do produto vetorial


As coordenadas do produto vetorial de u = (x1 , y1 , z1 ) por v = (x2 , y2 , z2 ) podem ser calculadas
utilizando a matriz

 
i j k
M =  x1 y1 z1 
x2 y2 z2
e por meio de seu determinante dado por

det(M) = (y1 z2 − y2 z1 )i − (x1 z2 − x2 z1 )j + (x1 y2 − x2 y1 )k.


2.6. Produto Vetorial 25

Os coeficientes que multiplicam i, j, k serão, respectivamente, a primeira, segunda e terceira


coordenada de u × v. Desta maneira, obtemos como na expressão 2.6.2 o vetor
u × v = (y1 z2 − y2 z1 , x2 z1 − x1 z2 , x1 y2 − x2 y1 ).

Para obter o vetor v × u basta permutar as linhas 2 e 3 da matriz M e fazer o mesmo processo.

Exemplo 2.6.3 Dados os vetores u = (2, −2, 2), v = (−5, 0, 2) e calculando o determinante

o

i j k

çã

2 −2 2 = −4i − 14j − 10k,

−5 0 2

temos que
u × v = (−4, −14, −10).

a
Ao permutarmos as linhas 2 e 3 o determinante muda de sinal e, consequentemente, teremos
or v × u = (4, 14, 10).
ab
Exemplo 2.6.4 (Momento de uma força) Uma estrutura tubular está sujeita a uma
força de 80 N como mostra a figura abaixo. Determine a direção do eixo de momento dessa
força em relaçao ao ponto C.
El
Em

Fonte: HIBBELER

O eixo de momento é perpendicular ao plano que contém a força e o braço de momento. O


braço de momento é o vetor ~r com origem no ponto A e extremidade em C. No sistema SI
suas coordenadas são dadas por
~r = (0.55, 0.4, −0.2).
26 2. Vetores
√ √
As coordenadas da força ~F são dadas por ~F = (40 3 sen 40o , 40 3 cos 40o , −40). Considerando
sen 40o = 0.64 e cos 40o = 0.76 temos
~F = (44.34, 52.65, −40).

O momento da força ~F em relação ao ponto C é o vetor ~r×~F, e suas componentes são calculados
a partir do determinante

i j k

0.55 0.4 −0.2 = −5.47i + 13.132j + 11.2215k,

44.34 52.65 −40

o
e obtemos, portanto,
~r × ~F = (−5.47, 13.132, 11.2215)

çã
A intensidade do momento é dada por k~r × ~Fk = 18.12 N· m.

a
or
Exemplo 2.6.5 Determine a intensidade do momento da força ~F em relação ao ponto A,
onde θ = 30o .
ab
El

Fonte: HIBBELER
Em

Considerando um sistema de coordenadas cartesianas com a origem no ponto A temos que o


braço de momento é
~r = (−3, 2, 0).
As componentes da força ~F são dadas por

~F = (−400 cos 30o , −400 sen 30o , 0) = (−200 3, −200, 0).

Calculando as componentes do momento ~r × ~F através do determinante




i j k √

−3 √ 2 0 = (600 + 400 3)k,

−200 3 −200 0
2.6. Produto Vetorial 27

obtemos, portanto, √
~r × ~F = (0, 0, 600 + 400 3)
A intensidade do momento é k~r × ~Fk = 1292, 8 N·m.

Exemplo 2.6.6 (Área do paralelogramo em R3 ) A área do paralelogramo determinado


pelos vetores u e v em R3 pode ser calculada através do módulo do produto vetorial de u por
v, isto é, podemos demonstrar a igualdade

o
ku × vk2 = kuk2 kvk2 − < u, v >2 .

çã
Ver exercício ??

Dados u = (2, 3, 3) e v = (−1, 0, −2), então a área do paralelogramo determinado por u e v é


o módulo do vetor u × v. Temos

a

i j k
or
2 3

−1 0 −2

3 = −6i + 1j + 3k,

e, portanto,
ab
u × v = (−6, 1, 3).

A área do paralelogramo é A = 46.
El

Exemplo 2.6.7 (Volume do paralelepípedo) Os vetores u, v e w em R3 determinam um


paralelepípedo como mostra a figura.
Em

O volume do paralelepípedo é o produto da área da base pela sua altura. Considerando a


base como sendo o paralelogramo determinado pelos vetores u e v, então sua área é dada por
ku × vk como no Exemplo 2.6.6. A altura h é um segmento paralelo ao vetor u × v e é traçada,
perpendicularmente, a partir da extremidade do vetor w até à base.
28 2. Vetores

u×v

θ h

o
u

çã
Temos, então, que
h = kwk| cos θ|.
Por outro lado, como θ é o ângulo entres os vetores u × v e w temos, também, que

a
< u × v, w >
cos θ = .
or ku × vkkwk

Portanto, a altura é dado por


| < u × v, w > |
h= ,
ku × vk
ab
e, consequentemente, o volume é dado por

V = | < u × v, w > |.

O número < u × v, w > é chamado produto misto entre os vetores u, v e w.


El

Produto misto
O produto misto entre os vetores u = (x1 , y1 , z1 ), v = (x2 , y2 , z2 ) e w = (x3 , y3 , z3 ) pode ser
calculado a partir do determinate da matrz cujo suas linhas são as corrdenadas dos vetores u, v
e w.
Em


x1 y1 z1

< u × v, w >= x2 y2 z2
x3 y3 z3

Exemplo 2.6.8 O Produto misto entre os vetores u = (1, 0, 1), v = (2, 1, 1) e w = (0, −2−1)
é


1 0 1

< u × v, w >= 2
1 1 = −4.

0 −2 −2
2.7. Exercícios 29

Como no Exemplo 2.6.7, o volume do paralelepípedo determinado por esses vetores é

V = | < u × v, w > | = 4

2.7 Exercícios
2.7.1 Determine as coordenadas do vetor v ∈ R2 de comprimento igual a 5 e faz um ângulo de
60◦ com a horizontal e esboce o gráfico.

o
2.7.2 Um bloco

está sendo puxado por um fio sobre um superfície lisa, com uma força consatante
~F intensidade 3 N. Supondo que o ângulo da força em relação a superfície é de 30◦ determine as

çã
3
coordenadas da força ~F e esboce num sistema de coordenadas.
2.7.3 Suponha que um objeto está sob ação de forças como mostra o diagrama abaixo. Determine
as coordenadas da forças F~1 , F~2 , F~3 e as coordenadas da força resultante e a sua intensidade.

a
F2 = 2 N
or 60o
F1 =

5N

135o
ab
165o


F3 = 8N
El

2.7.4 Considere um paralelogramo em R3 determinado pelos vetores u = (x1 , y1 ) e v = (x2 , y2 ).


Mostre que sua área pode ser calculada como sendo o valor absoluto do determinate da matriz
 
x1 y1
A=
Em

x2 y2

2.7.5 Mostre que a área A de um paralelogramo em R3 determinado pelos vetores u e v pode


ser calculada por
A = ku × vk.

2.7.6 Determine a equação do plano α que contém o ponto A = (−1, 3, 2) perpendicular ao vetor
v = (2, 3, 1).
2.7.7 Determine a equação do plano que contém o conjunto dos pontos A = (3, 1, 2), B = (5, 2, 3)
e C = (−1, 3 − 1).
2.7.8 O método de levantamento topográfico por irradiação baseia-se em estabelecer uma estação
central O, de onde todos os vértices que definem a poligonal possam ser vistos. A partir da estação
central medem-se as distâncias aos vértices A, B e C da poligonal e os ângulos horizontais entre a
direção norte sul com a linhas que possuem a estação central e o vértice, medido a partir do norte
para direita, chamado azimute à direita.
30 2. Vetores

NM
A

o
çã
B

Figura 2.7.1: Levantamento topográfico

a
or
Considerando os valores na tabela abaixo calcule as coordenadas dos vértices e a área do terreno.

Linhas Azimute Comprimento


O−A 60◦ 50 m
ab
O−B 135◦ 30 m
O−C 300◦ 35 m
El
Em
3
Retas no Espaço Euclidiano

o
a çã
3.1 Equações Paramétricas da Reta
or
Faremos o estudo de equações paramétricas de retas no espaço euclidiano cujas coordenadas
de seus pontos são dadas por expressões do primeiro grau em função de um parâmetro real.

Consideremos um ponto A = (a1 , ..., an ) e um vetor v = (v1 , ..., vn ) em Rn . A reta paralela


ab
ao vetor v e que contém o ponto A, denotada por r, é o conjunto de todos os pontos P =
−→
(x1 , ..., xn ) ∈ Rn tais que o vetor AP é paralelo a v , isto é, para cada ponto P ∈ r existe um
t ∈ R tal que
−→
AP = tv.
El

Sendo assim, temos que


(x1 − a1 , ..., xn − an ) = t(v1 , ..., vn ). (3.1.1)
Da Equação 3.1.1 temos que os pontos P ∈ r são dados por
P = (a1 + tv1 , ..., an + tvn ), t ∈ R. (3.1.2)
Obtemos a equação paramétrica da reta dada por
Em



 x1 = a1 + v1 t
r: .. , t ∈ R. (3.1.3)
 .
 x =a +v t
n n n

Observe que da Equação 3.1.2 cada coordenada xi , i = 1, ..., n, do ponto P ∈ r é uma função
real dependendo do parâmetro t ∈ R, dada por
xi (t) = a1 + vi t,
1
além disso, a reta “passa” pelo ponto A em t = 0. Podemos definir a função
α(t) = (a1 + tv1 , ..., an + tvn ), t ∈ R,
chamada parametrização da reta que é paralela ao vetor v = (v1 , ..., vn ) que contém o ponto
A = (a1 , ..., an ). Note que α(0) = A.
1
Passar não é no sentido de que a reta se movimenta, mas no sentido de que a reta é a trajetória de uma
partícula que passa por um ponto P num instante t0 ∈ R
32 3. Retas no Espaço Euclidiano

Exemplo 3.1.1 Considere o ponto A = (−1, 3) e o vetor v = (1, 2) em R2 . Se P = (x, y)


são os pontos da reta paralela ao vetor v que contém A, então suas equações paramétricas são
dadas por

x = −1 + t (3.1.4)
y = 3 + 2t, (3.1.5)

para todo t ∈ R. A reta passa pelo ponto A em t = 0.

o
Multiplicando a Equação 3.1.4 por -2 e somando com a Equação 3.1.5 obtemos a equação da

çã
reta na forma
y = 2x + 5.

a
or A
v
ab

Figura 3.1.1: Reta paralela ao vetor v que contém A.


El

Exemplo 3.1.2 Considere os pontos A = (2, 3, 0) e B = (1, 4, 2) em R3 . A reta r que contém


−→
Em

os pontos A e B é paralela ao vetor v = AB = (−1, 1, 2). Considerando que P = (x, y, z) são


os pontos da reta, temos então que

 x =2−t
r: y = 3 + t , t ∈ R. (3.1.6)

z = 2t


 x = 1 − 1t
r: y= 4+t , t ∈ R. (3.1.7)

z = 2 + 2t
Observe que na parametrização 3.1.6 a reta passa pelos pontos A e B em t = 0 e t = 1,
respectivamente. Na parametrização 3.1.7 a reta passa pelos pontos A e B respectivamente
em t = −1 e t = 0.
−→
Podemos também considerar o vetor paralelo a reta r como sendo o vetor u = BA e então
3.1. Equações Paramétricas da Reta 33

temos 
 x =2+t
r: y =3−t , t ∈ R. (3.1.8)

z = −2t


 x = 1 + 1t
r: y= 4−t , t ∈ R. (3.1.9)

z = 2 − 2t
Neste caso, temos que em 3.1.8 a reta passa pelo ponto B em t = −1, e passa pelo ponto A
em t = 0. Na parametrização 3.1.9 a reta passa pelos ponto B e A respectivamente em t = 0

o
e t = 1.

çã
Uma reta r no espaço euclidiano não tem uma única parametrização, pois podemos observar do
exemplo Exemplo 3.1.2 que a escolha do vetor paralelo à reta pode mudar a orientação.

a
or
Exemplo 3.1.3 Considerando a reta r do Exemplo 3.1.2, vamos determinar uma parame-
trização de tal maneira que a reta passe pelo ponto A em t = 0 e no ponto B em t = 3.
Na parametrização 3.1.6 a escolha do vetor v = (−1, 1, 2) nos dá que a reta passa pelo ponto
ab
B em t = 1. Sendo assim, precisamos de um vetor, w = (a, b, c), paralelo a reta r. Seja
P = (x, y, z) ∈ r, então temos que


 x = 2 + at
El

r: y = 3 + bt , t ∈ R. (3.1.10)

z = ct
Para t = 3 temos que
Em

1 = 2 + 3a
4 = 3 + 3b (3.1.11)
2 = 3c
Temos então que a = − 13 , b = 31 , c = 23 e, portanto

 x = 2 − 13 t
r: y = 3 + 13 t , t ∈ R. (3.1.12)

z = 23 t

Observe que v = 3 · w.
34 3. Retas no Espaço Euclidiano

Exemplo 3.1.4 Vamos determinar a equação da reta s que passa pelo ponto A = (−1, 0, −1)
em t = 2 e passa pelo ponto B = (−5, 2, −7) em t = 4. Sejam d = (a, b, c) o vetor paralelo à
reta e O = (x0 , y0 , z0 ) o ponto em que a reta passa quando t = 0. Temos então que para todo

o
a çã
or
ab
El
Em
3.2. Equação Cartesiana da Reta no Plano 35

ponto P = (x, y, z) em s 
 x = x0 + at
s: y = y0 + bt , t ∈ R. (3.1.13)

z = z0 + ct
Para t = 2 tem-se
−1 = x0 + 2a
0 = y0 + 2b , (3.1.14)
−1 = z0 + 2c
e para t = 4 tem-se que
−5 = x0 + 4a

o
2 = y0 + 4b (3.1.15)
−7 = z0 + 4c

çã
Das equações 3.1.14 e 3.1.15 obtemos d = (−2, 1, −3) e O = (3, −2, 5). Portanto,

 x = 3 − 2t
s: y = −2 + t , t ∈ R. (3.1.16)

a
z = 5 − 3t

or
Para parametrizarmos uma reta no espaço euclidiano, vimos que basta conhecermos pelo menos
um de seus pontos e um vetor v que dá sua direção. Dos Exemplo 3.1.2 e Exemplo 3.1.3
temos que embora os vetores v e w são paralelos e dão a mesma orientação para a reta r as
ab
parametrizações obtidas são diferentes. O que acontece é que o vetor dá também a velocidade
de deslocamento entre dois pontos da reta além da direção e a orientação. Tal vetor é chamado
de vetor velocidade e sua norma é a velocidade de deslocamento.
El

Observação 3.1.1 Direção não é o mesmo que orientação.


Em

No estudo de parametrização de retas em Rn utilizamos a noção de pontos, vetores e paralelismo


que são, na verdade, objetos de espaços vetoriais. Assim, o mesmo pode ser feito em qualquer
espaço vetorial. Imagine como seria um reta parametrizada no espaço vetorial P2 (R), isto é, uma
reta cujos pontos são polinômios. Como seria a equação de uma reta em P2 (R) passando por
p(x) = 1 + x paralela ao vetor q(x) = x2 ?

3.2 Equação Cartesiana da Reta no Plano


Escrever sobre a equação da reta na forma

y = mx + k.

Dar interpretação para o coeficiente agular...


36 3. Retas no Espaço Euclidiano

3.3 Equação Geral da Reta no Plano


Dados um ponto A = (x0 , y0 ) e um vetor u = (a, b) em R2 , podemos definir a reta s perpendicular
ao vetor u que contém o ponto A. A reta s é o conjunto de todos os pontos P = (x, y) tais que
−→
o vetor AP é perpendicular ao vetor u,

−→
s = (x, y) ∈ R2 ; < AP, v >= 0 .

Temos que
−→
< AP, v >= 0 ⇐⇒ ax + by = ax0 + by0 .

o
Considerando a constante c = ax0 + by0 , obtemos a equação da reta na forma

çã
ax + by = c. (3.3.1)

A Equação 3.3.1 é chamada equação geral da reta perpendicular ao vetor u = (a, b).

a
Exemplo 3.3.1 A equação or 2x − 1y = −1
é de uma reta perpendicular ao vetor u = (2, −1).
ab
El

−1
u
Em

Figura 3.3.1: Reta perpendicular ao vetor u

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