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Instituto de Matemática
Programa de Pós-Graduação em Matemática
Disciplina: Álgebra Linear
Docente: Prof. Dr. Ricardo Rosa
x1 w1 + · · · + xn wn = 0 ⇒ x1 = · · · = xn = 0.
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2 Espaços de Banach
Nesta seção, introduziremos o conceito de espaço de Banach, demonstraremos
que todo espaço vetorial normado de dimensão finita é um espaço de Banach
e apresentaremos alguns exemplos de espaços vetoriais normados de dimensão
infinita completos e incompletos.
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existe N tal que n, m > N ⇒ |xn − xm | < 1, de modo que
é um espaço de Banach.
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para todos k, j > Kε . Assim, para todo 1 ≤ m ≤ n, a sequência (xmk )k é de
Cauchy em R, que é completo, portanto existe xm = lim xmk .
Seja x = (x1 , . . . , xn ). Vamos provar que lim xk = x. Dado ε > 0
(m)
arbitrário, para cada 1 ≤ m ≤ n existe Kε tal que |xmk − xm | < ε/n para
(m)
todo k > Kε . Seja
Kε = max{Kε(1) , . . . , Kε(n) }.
donde segue que lim xk = x, i.e., (xk ) é convergente, o que conclui a demons-
tração de que (Rn , ∥ · ∥2 ) é um espaço de Banach.
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∥ · ∥2,C dada por
p
∥(z1 , . . . , zn )∥2,C = |z1 |2 + · · · + |zn |2 ,
é um espaço de Banach.
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Proposição 2.5. Seja M um espaço métrico. Se M é completo e totalmente
limitado, M é compacto.
é compacta.
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Demonstração. Como a equivalência entre normas é uma relação de equi-
valência, será suficiente demonstrar que toda norma em Kn é equivalente à
norma ∥ · ∥2 . Seja ∥ · ∥∗ uma norma qualquer em Kn . Primeiramente, vamos
encontrar C > 0 tal que ∥x∥∗ ≤ C · ∥x∥2 para todo x ∈ X. Seja {e1 , . . . , en }
a base canônica de Kn . Para todo x = (x1 , . . . , xn ) ∈ Kn , temos que
∥x∥∗ = ∥x1 e1 + · · · + xn en ∥∗
≤ |x1 | · ∥e1 ∥∗ + . . . |xn | · ∥en ∥∗
p p
≤ |x1 |2 + · · · + |xn |2 · ∥e1 ∥2∗ + · · · + ∥en ∥2∗ ,
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x/∥x∥2 ∈ S n−1 , logo
ϕ(x1 , . . . , xn ) = x1 w1 + · · · + xn wn
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i.e.,
c · ∥u∥A ≤ ∥u∥B ≤ C · ∥u∥A ,
Pela Proposição 2.7, existe c > 0 tal que c · ∥u∥β ≤ ∥u∥ para todo u ∈ X.
Daí segue que c · |⟨fm , u⟩| ≤ ∥u∥ para todo u ∈ X para todo 1 ≤ m ≤ n.
Seja (uk ) uma sequência de Cauchy em X. Para cada k ∈ N, existem
x1k , . . . , xnk tais que
uk = x1k w1 + · · · + xnk wn .
Dado ε > 0 arbitrário, como (uk ) é de Cauchy, existe Kε tal que k, j > Kε ⇒
∥uk − uj ∥ < cε. Então, para todo 1 ≤ m ≤ n,
i.e., |xmk − xmj | < ε, para todos k, j > Kε . Assim, para cada 1 ≤ m ≤ n, a
sequência (xmk )k é uma sequência de Cauchy em K, portanto existe xm =
lim xmk .
Seja
u = x1 w 1 + · · · + xn w n .
Kε = max{Kε(1) , . . . , Kε(n) }.
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Então k > Kε implica
donde segue que lim uk = u, i.e., (uk ) é convergente, o que conclui a demons-
tração de que (X, ∥ · ∥) é um espaço de Banach.
Corolário 2.5. Seja (X, ∥·∥) um espaço vetorial normado. Todo subespaço
vetorial de X de dimensão finita é fechado.
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Exemplo 2.1. Seja (M, d) um espaço métrico. O espaço B(M ) das funções
f : M → R limitadas, munido da norma ∥ · ∥∞ dada por
∥f ∥∞ = sup{|f (x)| : x ∈ M }
logo (fn (x)) é Cauchy em R, portanto existe lim fn (x) = f (x). Além disso,
∥fn − fN ∥∞ < 1 ∀n ≥ N,
logo
∥f − fN ∥∞ ≤ 1,
é um espaço de Banach.
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O subespaço C0 (M ) de B(M ) composto pelas funções f : M → R contí-
nuas e limitadas também é um espaço de Banach. Com efeito, a convergência
na norma de B(M ) é a convergência uniforme, i.e,
u
lim fn = f ⇐⇒ fn →
− f.
λ1 f1 + · · · + λn fn = 0.
Então
0 = (λ1 f1 + · · · + λn fn )(xm ) = λm
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tualmente se anulam não é um espaço de Banach. Com efeito,
logo c00 não é fechado, portanto (pela Proposição 2.9) não é completo, i.e.,
não é um espaço de Banach. De forma semelhante, o subespaço P([0, 1])
de C ([0, 1]; R) composto pelos polinômios p : [0, 1] → R não é um espaço de
Banach. De fato,
x2 xn
lim 1+x+ + ··· + / P([0, 1]),
= ex ∈
n→∞ 2! n!
isto é suficiente para provar que c00 e P([0, 1]) não são espaços de Banach,
sem que seja necessário calcular rigorosamente os limites exibidos acima.
3 O Teorema de Baire
O Teorema da Categoria de Baire, de natureza topológica, é uma peça central
no estudo de espaços de Banach, sendo utilizado para demonstrar diversos
teoremas importantes da análise funcional, como o Teorema da Limitação
Uniforme, o Teorema do Mapeamento Aberto e o Teorema do Gráfico Fechado
(KREYSIG, p.246). Apesar disso, sua demonstração é bastante elementar e
pode ser efetuada sem recurso a resultados prévios sobre espaços métricos.
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Vamos construir recursivamente uma sequência de Cauchy (xn ) em M tal que
lim xn ∈
/ Fk para todo k ∈ N, obtendo assim uma contradição.
Como M é não-vazio, existe x0 ∈ M . Tome r0 = 1.
Para cada n ∈ N, dados xn−1 ∈ M e rn−1 ∈ R>0 , obtemos xn e rn da
seguinte forma: Seja B = B(xn−1 ; rn−1 ). Como Fn possui interior vazio,
B ̸⊂ Fn , de modo que existe xn ∈ B ∩ FnC . Além disso, como Fn é fechado,
FnC é aberto, portanto B ∩ FnC é aberto. Assim, existe 0 < rn < 1/n tal que
B(xn ; rn ) ⊂ B ∩ FnC ,
o que contradiz x ∈ M .
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Proposição 3.2. Seja (X, ∥ · ∥) um espaço vetorial normado sobre K e
Y um subespaço próprio de X. Se Y possui dimensão finita, Y é fechado e
possui interior vazio.
de modo que u + δv ∈ B(u; ε). Assim, B(u; ε) ̸⊂ Y para todo ε > 0, logo
u∈/ int(Y ). Como u foi tomado arbitrariamente, u ∈
/ int(Y ) para todo u ∈ Y ,
portanto int(Y ) = ∅.
Afirmamos que
∞
[
X= Yn . (∗)
n=1
A inclusão ∪∞ ∞
n=1 Yn ⊂ X é trivial. Resta provar que X ⊂ ∪n=1 Yn . Seja u ∈ X
qualquer. Como β é uma base de Hamel de X, existem k ∈ N, n1 , . . . , nk ∈ N
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e x1 , . . . , xk ∈ K tais que
u = x1 wn1 + · · · + xk wnk .
Corolário 3.2. Os espaços c00 e P([0, 1]) não são espaços de Banach.
4 Referências
KREYSIG, Erwin. Introductory Functional Analysis with Applicati-
ons. Wiley Classics Library. Nova York: John Wiley & Sons, 1989.
LIMA, Elon Lages. Espaços Métricos. 6a ed. Rio de Janeiro: Instituto de
Matemática Pura e Aplicada, 2020.
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