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z
Apresentação

O desenvolvimento da ciência, em especial a Matemática tem tido como propósito descrever, interpretar
e prever fenômenos abstratos ou não. Neste percurso de séculos, o desenvolvimento desta ciência levou-a a ser o
pilar das grandes revoluções tecnológicas da humanidade. É uma ciência que une a observação, ideias, filosofia e
experimentação que também recorre às criações humanas abstratas - modelos teóricos e ferramentas
matemáticas.

A Matemática trabalha, portanto, em uma constante relação de cooperação entre observação, formulação
teórica e prática de suas ferramentas e nenhum destes elementos pode estar ausente no processo de seu
desenvolvimento e de construção da realidade.

Os conteúdos de Cálculo abordam o momento histórico muito importante, que transforma a filosofia
natural, baseada nas concepções dos gregos, na matemática descritiva e analítica e suas ferramentas com funções,
baseadas nas atuações de grandes cientistas, em meio a revolução das ideias renascentistas.

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Sobre o professor

Diego de Souza Moreira


Possui Licenciatura em Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestre em Ensino de Física
pela SBF (Sociedade Brasileira de Física), na Universidade Federal de Juiz de Fora. Capacitado no Programa
Portuguese Teachers Program em Física das Partículas pelo CERN (Organisation Européenne pour la
Recherche Nucléaire – na Suíça e França).
Atua na escola básica e no Ensino Superior como professor.
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino de Física, Ensino de Ciências e
Pedagogia e Educação Científica e Tecnológica acerca de mídias e meios digitais na educação. Nos últimos
anos dedica-se no estudo e produção de material de educação superior no ensino de Física e Matemática.

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Sumário

Unidade 1 - Curvas no plano e no espaço................................................................................06


Unidade 2 - Funções de duas ou mais variáveis: limites, continuidade, diferenciabilidade...20
Unidade 3 - Gradiente..............................................................................................................43
Unidade 4 - Regra da cadeia e Teorema do Valor Médio........................................................52
Unidade 5- Derivadas de ordem superior................................................................................57
Unidade 6- Derivadas Parciais – Aplicação das técnicas de Derivação...................................72

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Nesta aula, estudaremos as curvas no plano e no espaçoe faremos a análise das funções em mais
de uma variável.
A princípio, é importante iniciarmos com o exame dos conceitos topológicos, fundamentais para
o estudo de funções reais de várias variáveis reais, mais exatamente funções cujo domínio é um
subconjunto X⊆ℝn e cuja imagem está contida em ℝ, destacadamente no plano cartesiano e no espaço.
Um conjunto de pontos ou um conjunto X em ℝn, com n = 2 ou 3, é qualquer coleção de pontos
finita ou infinita.

Exemplo: Os conjuntos
X = {(1, 0), (0,1)}, Y = {(x, y) ∈ℝ2 : y = x} e Z = {(x, y) ∈ℝ2 : x2 + y2<1}
São conjuntos de pontos no plano cartesiano ℝ2= ℝ x ℝ.

Dados um ponto P = (a, b) ∈X e um número real 𝛿 >0, chama-se vizinhança delta (circular) de P,
em símbolos 𝑉𝛿 (P), ao conjunto de todos pontos Q = (x, y)∈ X tais que

Isto é

Chamamos de vizinhança delta (retangular) de P ao conjunto de todos pontosQ = (x, y)∈Xtais


que

Isto é

A Figura 01 mostra graficamente a definição de vizinhança delta (circular) de P.


Um conjunto X em ℝnchama-se aberto de para cada ponto P∈ X, existir uma vizinhança delta de
P toda contida em X, isto é,

Neste caso, podemos dizer que todos os pontos de X são pontos interiores.

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Exemplo: os conjuntos
X = {(x, y) ∈ ℝ2 :x2 + y2<1} e Y = {(x, y) ∈ ℝ2: |x| <1 e |y|<1}
são conjuntos abertos em ℝ2, enquanto o conjunto
Z = {(x, y) ∈ ℝ2: y ≥ 0}
não é um conjunto aberto em ℝ2.

Solução: Dado um ponto P = (a, b) ∈X , existe uma vizinhança 𝑉𝛿 (P), com 𝛿 = 1 - √𝑎2 + 𝑏2 , tal que 𝑉𝛿
(P) ⊆ X, pois se Q = (x, y) ∈ 𝑉𝛿 (P), então

Para provarmos que Z não é um conjunto aberto em ℝ2, basta ver que para cada ponto P = (a, 0)∈Z,
não existe uma vizinhança 𝑉𝛿 (P) tal que 𝑉𝛿 (P) ⊆Z.

Um ponto P∈ℝné um ponto de fronteira de um conjunto X em ℝnse qualquer vizinhança delta de


Pcontém pontos de X e pontos foras de X, ou seja

Com ℝn– X o complementar do conjunto X. A figura abaixo demonstra graficamente a definição


de ponto de fronteira de X.

Figura 01

Seja X um conjunto em ℝn. Chamamosfronteirade X, em símbolos 𝜕(X), o conjunto de todos os


pontos de fronteira de X.

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A título de exemplo, vejamos:

Note que ∂(X) = ∂(ℝn- X).

Um conjunto X em ℝn é chamado de fechadose seu complementar ℝn- X for aberto.

Por exemplo,

É um conjunto fechado em ℝ2, já que seu complementar

É um conjunto aberto em ℝ2.

Um conjunto 𝑋em ℝn é chamado de limitado se existir uma esfera de centro na origem O de ℝn e


raio suficientemente grande r > 0, em símbolos 𝐶r (O), tal que X ⊆Cr (𝑂). Ou, de modo equivalente, um
bloco 𝐵, tal que X ⊆ B.

Exemplo: o conjunto

É um conjunto limitado em ℝ2, uma vez que

Enquanto o conjunto

Não é um conjunto limitado em ℝ2.

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Perceba que em ℝ2uma esfera é um círculo e um bloco é um retângulo.

Um conjunto X em ℝné chamado de compactose ele for fechado e limitado em ℝn.

Exemplo:

É um conjunto compacto em ℝ2.

Um ponto P∈ℝn é um ponto de acumulaçãode um conjunto X de ℝnse para qualquer número real
𝛿 >0, tem-se (𝑉𝛿 (P) – {P}) ∩ X ≠ ∅.

Exemplo: um ponto P = (0, 0) ∈ℝ2 é um ponto de acumulação do conjunto

Perceba que P∉X. Observe também que qualquer ponto Q ∈X é um ponto de acumulação de

Enquanto o conjunto ℤ não possui ponto de acumulação, pois dado x ∈ℤ, existe 𝛿 = 1 tal que

Um ponto P∊X que não é ponto de acumulação de X é chamado de ponto discreto ouisolado de X.

Um conjunto X em ℝn chama-seconexose quaisquer dois pontos distintos P, Q ∊Xpodem ser ligados


por uma linha poligonal toda contida em X. Isto é, uma “curva” formada de um número finito de
segmentos retilíneos em sucessão, de forma que a extremidade de cada um coincida com a origem do
seguinte.

Exemplo: o conjunto

É um aberto conexo em ℝ2. Perceba que um aberto conexo não pode ser formado por dois conjuntos
abertos disjuntos. Assim, o conjunto

10
Não é conexo, pois

Um conjunto X em ℝné denominado região se X é um aberto conexo mais alguns ou todos os seus
pontos de fronteiras. Uma região X é simplesmente conexa se qualquer curva fechada em X pode ser
deformada com continuidade até se reduzir a um ponto sem sair de X.

Exemplo:

É uma região simplesmente conexa.

Sabemos que, enquanto o gráfico de uma função de uma variável é uma curva no plano, o gráfico
de uma função de duas variáveis é uma superfície no espaço tridimensional. Em especial, as curvas de
nível desta superfície lhe oferecerão boas informações sobre a função.
As curvas de nível possuem constante presença no nosso cotidiano, como vemos na paisagem
abaixo, que nos é bem familiar:

Figura 02

Projetando o traço do gráfico de f no plano x = k para o plano xy, obtemos uma curva C de equação
f(x, y) = k. Se um ponto (x, y, 0) se move ao longo de C, os valores f(x, y) são sempre iguais a k. C é a
chamadacurva de nível de f.

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Exemplo: esboce algumas curvas de nível da função f(x, y) =√9 − 𝑥 2 − 𝑦 2
Solução: As curvas de nível são gráficos, no plano xy, de equações da forma f(x, y) = k, ou seja,

√9 − 𝑥 2 − 𝑦 2 = 𝑘 ou 𝑥 2 + 𝑦 2 = 9 − 𝑘 2 . Essas curvas são círculos, desde que 0≤ 𝑘 ≤ 3. Fazendo k =

0, √5 e √8, obtemos os círculos de raios 3, 2 e 1.

1.1 - Análise do estudo de funções em 2 ou mais variáveis


O conceito de função real de duas ou mais variáveis é semelhante ao conceito de função real de
uma variável já estudado em momento anterior.
Uma função de duas variáveis é uma regra que associa a cada par ordenado de números reais (x, y)
de um domínio D um único valor real, denotado por f (x, y). O conjunto D é denominado domínio de f e
sua imagem é o conjunto de todos os valores possíveis de f, isto é, {f(x, y) : (x, y)∈ D}.
Anotaremos z = f (x, y) para tornar explícitos os valores tomados por f em (x, y). Nessa situação, x e
y representam as variáveis independentes e z é a variável dependente.

Observamos que se uma função é dada por uma fórmula e seu domínio não é especificado, fica
implícito que o domínio de f é o conjunto de todos os pares (x, y) para os quais a expressão dada está
bem definida.

Exemplo: o domínio da função


g (x, y) = x In(y2 – x)
é o conjunto
{(x, y) : x <y2}.

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Por sua vez, uma função com três variáveis associa a cada tripla ordenada (x, y, z)∈ D⊆ℝ3 um único
número real, denotado por f (x, y, z).

Exemplo: o domínio da função


f (x, y, z) =ln (z – y) + xysen z,
é o conjunto
D = {(x, y, z)∈ℝ3 : z > y}

A visualização do gráfico de uma função f de três variáveis possui uma certa dificuldade. Em geral,
usamos o conceito de superfície de nível, que generaliza a noção de curva de nível, para que possamos
visualizar esta função.
Por fim, uma função com n variáveis associa a cada n-upla ordenada (x1, x2, ..., xn) ∈ D⊆ℝ𝑛 um
único número real, denotado por f (x1, ..., xn).

Exemplo: uma fábrica alimentícia que usa n ingredientes para produzir um certo alimento.
Secirepresenta o custo unitário do i-ésimo ingrediente e se são necessárias xi unidades do i-ésimo
ingrediente, o custo total da produção do alimento é dada pela função
f (x1, ..., xn) = c1x1 + c2x2 + ...+ cnxn.
De forma alternativa podemos escrever
f (x) = c . x,
em que x = (x1, ..., xn), c= (c1, ..., cn)e c . xdenota o produto escalar dos vetores ce x.

1.2 - Construção de funções em mais de uma variável


Vistos os conceitos acima, vamos agora estudar de forma mais prática como ocorre a estruturação
de funções com mais de uma variável.
Em geral, z é uma função de x e y se existir uma regra f que a cada ponto P = (x, y) de um conjunto
X emℝ2 associar um único ponto z∈ ℝ. A Figura abaixo expõe graficamente a definição de uma função de
X em ℝ. Para indicar a conexão entre x, y e z usualmente escreve-se z = f (x, y) ou z= z(x, y).

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Figura 03

Vamos escrever f : X⊆ℝ𝑛 → ℝ ou, simplesmente, f : X → ℝ para indicar que f é uma função com
domínio X e contradomínio ℝ.
Se z = f (x, y), diremos que z é o valor ou a imagem de x e y com respeito a f. Eventualmente, as
funções f : X⊆ℝ𝑛 → ℝ são chamadas de funções escalares.

Exemplo: Seja f : X⊆ℝ2 → ℝ a função definida pela regra


1
f (x, y) = log (1 = 4x2 - y2).
9

Qual o domínio de f?

Solução: Sabemos que o domínio da função log x é um conjunto de todos os x∈ ℝ, com x> 0. Portanto,
o domínio da função f (x, y) é o conjunto de todos os pontos (x, y) em ℝ2 tais que
1
1 = 4x2 - y2> 0
9

Dessa forma,
𝑋 = {(𝑥, 𝑦) ∈ℝ2 : 36x2 + y2< 9}
É o domínio da função f (x, y).

Seja f : X⊆ℝ2 → ℝ uma função. Chama-se gráfico de f ao conjunto de todos os pontos (x, y, z) ∈ℝ3
tais que z = f (x, y), isto é,

G (f) = {(x, y, z) ∈ℝ3 : z = f (x, y)}

Chamamos de imagemde f ao conjunto


Im (f) = {z∈ ℝ : z = f (x, y), para algum ponto (x, y) ∈X}
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É interessante perceber que o gráfico de uma função real de duas variáveis reais representa uma
superfície. A Figura 04 expõe graficamente a definição do gráfico de uma função f : X⊆ℝ2 → ℝ.

(a) (b)
Figura 04

Sejam f : X⊆ℝ2 → ℝ uma função e z = f (x, y). Quando atribuirmos a z um valor constante k, o
conjunto de todos os pontos (x, y) ∈Xtais que z = k geram, em regra, uma curva Ck, que é chamada de
curva de nível da função f correspondendo ao valor k.

Perceba que a curva Ck está contida no domínio da função, isto é, Ck⊆ X.A Figura 04 demonstra
graficamente uma curva de nível gerada pelo gráfico f : X⊆ℝ2 → ℝ.

Sejam f : X⊆ℝ3 → ℝ uma função e w = f (x, y, z). Quando atribuímos a w um valor constante k, o
conjunto de todos os pontos (x, y, z) ∈Xtais que w = k geram, em geral, uma superfície Sk, chamada de
superfície de nível da função f correspondente ao valor k.

Exemplo: seja f :ℝ2 →ℝ a função definida pela regra f (x, y) = y2 – x2. Determine algumas curvas de nível
da função f.

Solução: As curvas de nível da função no plano xy correspondem aos gráficos da equação


y2 – x2= k, ∀∈ ℝ.

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Considerando que o conjunto dos números reais ℝ é totalmente ordenado, há três casos a serem
ponderados:
1º Caso: Se k> 0, então y2 – x2= k é uma hipérbole com vértices (0, ±√𝑘).
2º Caso: Se k = 0, então y2 – x2= ksão duas retas passando pela origem O = (0, 0)deℝ2 , ou seja, y = x e y
= -x.
3º Caso: Se k< 0, então y2 – x2= ké uma hipérbole com vértices (±√𝑘, 0). Algumas curvas de nível e o
gráfico da função estão expostas na Figura 05.

Figura 05

Em cartografia, uma curva de nível, normalmente chamada de contorno, une pontos de mesma
elevação (altura), relativamente ao nível do mar. Se a função f(x, y) for a temperatura, então as curvas
de nível ligarão pontos que têm a mesma temperatura e elas são chamadas de isotérmicas.

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RESUMO
Nesta aula aprendemos os conceitos topológicos fundamentais ao estudo de funções reais de várias
variáveis reais, bem como a construção deste modelo de função.
A partir da figura abaixo, vejamos um breve destaque dos conceitos estudados:

 conjunto de pontos ou um conjunto X em ℝn,é qualquer coleção de pontos finita ou infinita;


 vizinhança delta (circular):

 vizinhança delta (retangular)

 pontos interiores: todos os pontos de X;


 ponto de fronteira:ponto P∈ ℝn de um conjunto X em ℝnse qualquer vizinhança delta de Pcontém
pontos de X e pontos foras de X;
 fronteira: o conjunto de todos os pontos de fronteira de X;
 fechado: um conjunto X em ℝn se seu complementar ℝn- X for aberto;
 limitado: um conjunto 𝑋em ℝnse existir uma esfera de centro na origem O de ℝn e raio suficientemente
grande r > 0, em símbolos 𝐶r (O), tal que X ⊆Cr(𝑂);
 compacto: um conjunto X em ℝnse ele for fechado e limitado em ℝn;
 ponto de acumulação: um ponto P∈ℝn de um conjunto X de ℝnse para qualquer número real 𝛿 >0,
tem-se (𝑉𝛿 (P) – {P}) ∩ X ≠ ∅;
 ponto discreto ouisolado: ponto P∊X que não é ponto de acumulação de X;
 conexo: um conjunto X em ℝn se quaisquer dois pontos distintos P, Q ∊X podem ser ligados por uma
linha poligonal toda contida em X;
 região: um conjunto X em ℝnse X é um aberto conexo mais alguns ou todos os seus pontos de
fronteiras;

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 simplesmente conexa: se qualquer curva fechada em X pode ser deformada com continuidade até se
reduzir a um ponto sem sair de X;
 curvas de nível: são gráficos, no plano xy, de equações da forma f(x, y) = k.
 Se z = f (x, y), diremos que z é o valor ou a imagem de x e y com respeito a f;
 funções escalares: nome dado eventualmente às funções f : X⊆ℝ𝑛 → ℝ;
 gráficode f: conjunto de todos os pontos (x, y, z) ∈ℝ3 tais que z = f (x, y);
 imagemde f:conjuntoIm (f) = {z∈ ℝ : z = f (x, y), para algum ponto (x, y) ∈X};
 superfície de nível: sejam f : X⊆ℝ3 → ℝ uma função e w = f (x, y, z). Quando atribuímos a w um valor
constante k, o conjunto de todos os pontos (x, y, z) ∈X tais que w = k geram, em geral, uma superfície Sk,
da função f correspondente ao valor k.

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Referências

TIPLER, Paul A.. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações eondas, termodinâmica. Rio de Janeiro:
LTC, 2009. v.1

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,J. Fundamentos de Física: Mecânica. Vol.1.10a Edição. Rio de Janeiro: LTC.2016.

YOUNG, H.D. e FREEDMAN, R. A., Física I: Mecânica. 10a Edição, Addison Wesley,São Paulo: Pearson.2003.

file:///C:/Users/Diego/Desktop/DOCTUM/FÍSICA%201/fisica1_20120307%20(1).pdf acesso: 07/11/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_momento_linear acesso: 07/11/208

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_impulso_corpo acesso 07/11/2018]

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20
Como vimos na aula anterior, seja D um conjunto de pares ordenados de números reais. Uma função
de duas variáveis é uma correspondência que associa a cada par (x, y) em D exatamente um número real,
denotado por f (x, y). O conjunto D é o domínio de f. O contradomínio de f consiste em todos os números
reais f (x, y), com (x, y) em D.

Figura 06

2.1 - Funções de duas ou mais variáveis

Antes de adentrarmos mais precisamente nos conceitos de continuidade, diferenciabilidade e


integrabilidade de uma função real de várias variáveis reais, iremos destacar algumas definições já vistas,
mas necessárias ao desenvolvimento da nossa aula.
Seja B (x0,y0;r) o conjunto dos pontos (x, y) ∈ℝ2 , para os quais

(x – x0)2+ (y-y0)2< r2

Seja D um subconjunto de ℝ2 . Dizemos que (x – x0) ∈D é um ponto interior de D, se existir r>0, tal
que B(x0,y0;r) esteja contida em D.
Dizemos que um ponto (x0,y0) em ℝ2 está na fronteira do conjunto D, se para todo r>0, o conjunto
B (x0,y0;r) contiver pontos que pertencem a D e pontos que não pertencem a D.
Dizemos que D é aberto se todos os seus pontos forem interiores. Perceba que a bola B (x0,y0;r) é
um conjunto aberto, por isso denotaremos de bola aberta.
Por sua vez, dizemos que D é fechado se o seu complementar em relação a ℝ2 , isto é, ℝ2 – D, for
aberto.
Falamos que D é limitado se existir r finito, tal que D ⊂ B (0, 0;r).
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Quando um subconjunto N ⊂ℝ2 , dizemos que é uma vizinhança de (x0,y0), se este ponto for um
ponto interior de N. Toda bola centrada em (x0,y0) é uma vizinhança deste ponto e qualquer vizinhança
de (x0,y0) contém uma bola aberta centrada em (x0,y0).
Uma vizinhança deletada de um ponto (x0,y0) é uma vizinhança deste ponto, da qual tiramos o
próprio ponto (x0,y0). Por exemplo, a bola B (x0,y0;r) menos o ponto (x0,y0) é uma vizinhança deletada de
(x0,y0), a qual é dada por

0 < √(𝑥 − 𝑥0 )2 + (𝑦 − 𝑦0 )2 < 𝑟

As definições acima generalizam-se imediatamente para ℝ𝑛 ; por exemplo, em ℝ3 temos a bola


aberta B (x0,y0, z0; r), a qual é o conjunto de pontos (x, y, z), tais que
(x – x0)2 + (y+y0)2 + (z – z0)2< r2

Que formado pelos pontos interiores à esfera de centro (x0,y0, z0) e raio r.

2.2 - Limites em duas ou mais variáveis


Vamos apresentar nesse tópico as ideias básicas sobre limites que também serão necessárias na
formulação dos conceitos de continuidade e diferenciabilidade de uma função real de várias variáveis
reais.
Já sabemos que uma função real de uma variável real f: I ⊆ℝ → ℝ tem limite L, em símbolos

Se dado um número real 𝜀 > 0, existe em correspondência um 𝛿 > 0 tal que

É preciso lembrar que a notação x → a significa que x está muito próximo de a, mas x ≠ a.
Esse conceito de limite pode ser estendido de modo análogo a uma função real de duas ou mais
variáveis reais, por exemplo, se f : X⊆ℝ2 → ℝ, então

significa que dado um número real 𝜀 > 0, existe em correspondência um 𝛿 > 0 tal que

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Dessa forma, com alguns ajustes de ordem técnica, todas as propriedades de limites para funções
reais de uma variável real valem para funções reais de duas ou mais variáveis reais.

Exemplo: mostre, usando a definição de limite, que:


A. lim ( 2𝑥 + 𝑦) = 5
(𝑥,𝑦)→(2,1)

B. lim ( 3𝑥 2 + 𝑦) = 5
(𝑥,𝑦)→(1,2)

Solução A: Devemos provar que dado 𝜀 > 0, existe um 𝛿 > 0 tal que

Para resolver esse problema vamos dividir a prova em dois passos:


1º Passo: O número 𝛿 depende da escolha do número 𝜀. Dessa forma, para determinar o possível 𝛿
devemos estudar a desigualdade que envolve 𝜀, ou seja,

Perceba que

Como

temos que

𝜀
2º Passo: Verificação da nossa escolha do 𝛿. Dado 𝜀 > 0, basta escolher um 𝛿 = 3 tal que

De fato,

Logo,

Assim,

23
Portanto, lim ( 2𝑥 + 𝑦) = 5. Perceba que, usando teoremas sobre limites,
(𝑥,𝑦)→(2,1)

Solução B: Devemos prova que dado 𝜀 > 0, existe um 𝛿 > 0 tal que

Para resolver esse problema vamos dividir a prova em dois passos:


1º Passo: O número 𝛿 depende da escolha do número 𝜀. Assim, para determinar o possível 𝛿, devemos
estudar a desigualdade que envolve 𝜀, isto é,

Note que,

Restringindo (x, y) a vizinhança unitária

obtemos

pois

𝜀
2º Passo: Verificação da nossa escolha do 𝛿. Dado 𝜀 > 0, basta escolher um 𝛿 = min {1, } tal que
10

De fato,

Logo,

Assim,

24
Portanto, lim ( 3𝑥 2 + 𝑦) = 5.
(𝑥,𝑦)→(1,2)

Observamos que o cálculo do limite por meio da definição pode ser tedioso se f tem uma expressão
complicada. Dessa forma, veremos algumas técnicas, além das propriedades de limite já vistas, que serão
úteis para determinar se uma dada função tem ou não limite e um ponto.
Sabemos que lim 𝑓(𝑥) existe quando o limite pela esquerda lim − 𝑓(𝑥) e pela direita lim +𝑓(𝑥)
𝑥 →𝑎 𝑥 →𝑎 𝑥 →𝑎

existem e são iguais. Esse procedimento não se aplica às funções reais de duas ou mais variáveis reais,
uma vez que existe uma quantidade infinita de caminhos para chegarmos em um ponto, mas ele serve
como um guia para apresentarmos um candidato ao limite ou não. Devemos nos lembrar que se o limite
existe, ele é único.
Os limites iterados

não são necessariamente iguais. Contudo, devem ser iguais para que o limite lim 𝑓( 𝑥, 𝑦) exista, mas
(𝑥,𝑦)→(𝑎,𝑏)

sua igualdade não garante a existência deste limite.

Exemplo I: Determine se o limite abaixo existe:


𝑥−𝑦
lim
(𝑥,𝑦)→(0,0) 𝑥 + 𝑦

Solução: perceba que não podemos aplicar diretamente as propriedades, pois

o que é uma “forma indeterminada”. Assim, devemos tentar outras formas de calcular o limite

Neste caso,

Portanto, os limites iterados são diferentes, logo, o limite não existe.

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Exemplo II: Determine se o limite abaixo existe:
𝑥 2𝑦 2
lim
(𝑥,𝑦)→(0,0) 𝑥 3 + 𝑦 3

Solução: para resolvermos esse problema devemos primeiro verificar se o limite é o mesmo por vários
caminhos diferentes do plano para o ponto P = (0, 0). Em seguida aplicaremos a definição para
comprovar. Perceba que

Logo, os limites iterados são iguais.


1º Caminho: Ao longo da reta y = mx, com x ≠ 0. Note que x →0 ⟹ y → 0,

2º Caminho: Ao longo da curva y = -xe-x. Note que x → 0 ⟹ y → 0,

Observe que como

temos uma indeterminação. Assim, pela Regra de L’Hôpital,

Portanto, o limite não existe.

Um resultado muito útil para a determinação do limite de uma função é o seguinte: se lim 𝑓(𝑥) =
𝑥 →𝑎

0 e g (x) é limitada, então lim 𝑓 (𝑥 ) 𝑔(𝑥 ) = 0.


𝑥 →𝑎

Exemplo III: determine se o limite abaixo existe:


𝑥𝑦
lim
(𝑥,𝑦)→(0,0) √𝑥 2 + 𝑦2
Solução: Sejam (r, 𝜃) as coordenadas polares do ponto (x, y). então x = r cos 𝜃 e y = r sen𝜃. Como r =

√𝑥 2 + 𝑦 2 temos que r→ 0 quando x→ 0 e y→ 0. Portanto,


26
pois

Exemplo IV: determine se o limite abaixo existe:


3𝑥 2 𝑦
lim
(𝑥,𝑦)→(0,0) 𝑥 2 + 𝑦 2

Solução: Sejam

Então lim 𝑓(𝑥, 𝑦) = 0 e g (x, y) é limitada, pois |g (x, y) |< 1. Portanto,


(𝑥,𝑦) →(0,0)

Sejamf : X ⊆ ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto. Diremos que f é
contínua no ponto P se as seguintes condições são satisfeitas:

Neste caso, escreveremos

Intuitivamente, f é contínua no ponto P se a diferença f (x, y) – f (P) é pequena quando a distância


|(x, y) - P| for pequena.

Observação:Seja f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função, com X um conjunto aberto. Diremos que f é contínua
em X se f é contínua em todos os pontos de X.

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Se pelo menos uma das condições da definição de função contínua f em P não for satisfeita, diremos
que f é descontínua no ponto P. Neste caso, diremos que o ponto P é uma descontinuidade removível
de f se lim 𝑓( 𝑥, 𝑦) existir, mas
(𝑥,𝑦)→(𝑎,𝑏)

lim 𝑓(𝑥, 𝑦) ≠ 𝑓(𝑃)


(𝑥,𝑦)→(𝑎,𝑏)

Caso contrário, ou seja, se lim 𝑓( 𝑥, 𝑦) não existir, diremos que o ponto P é uma descontinuidade
(𝑥,𝑦)→(𝑎,𝑏)

essencial de f.
É fundamental lembrar que como a definição de continuidade de uma função real de várias variáveis é
uma extensão da definição de continuidade de uma função real de variável real, ela tem propriedades
análogas.

Exemplo V: Sejaf :ℝ2 → ℝ a função definida por


3𝑥 2 𝑦
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0, 0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = {𝑥 2 + 𝑦 2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) = (0, 0)
Verifique se f é contínua no ponto P = (0, 0).

Solução: Para resolvermos esse problema devemos verificar cada uma das condições da definição de
continuidade de f em um ponto P. Como o domínio de f é todo ℝ2 temos que f (0, 0) existe e f (0, 0) =
0.
Pelo exemplo IV, lim 𝑓( 𝑥, 𝑦) existe e lim 𝑓( 𝑥, 𝑦)= 0. Finalmente, como lim 𝑓( 𝑥, 𝑦) =
(𝑥,𝑦)→(0,0) (𝑥,𝑦)→(0,0) (𝑥,𝑦)→(0,0)

0 = 𝑓 (0, 0) temos que f é contínua no ponto P (0, 0). Note que f é contínua em todoℝ2 .

Exemplo VI: Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por


𝑥𝑦
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0, 0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = { 𝑥2 + 𝑦2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) = (0, 0)
Verifique se f é contínua no ponto P = (0, 0).

28
Solução: Como domínio de f é todo ℝ2 temos que f (0, 0) existe e f(0, 0) = 0. Ao longo da reta y = mx,
com x≠ 0, obtemos

Assim, lim 𝑓( 𝑥, 𝑦) não existe. Portanto, f não é contínua no ponto P = (0, 0). Note que f é contínua
(𝑥,𝑦)→(0,0)

em ℝ2 – {(0, 0)}.

Aula 2

2.3 - Diferenciação: derivadas parciais


Sejam f : X⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈X fixado, com X um conjunto aberto. Se fixarmos uma
variável, digamos y = b, obtemos uma função real z = g (x) = f (x, b) de uma única variável real. Dessa
forma, sua derivada é dada por

quando esse limite existe, a qual chamamos de derivada parcial de f em relação a x no ponto P = (a,
b) e denotaremos por

A Figura 07 demonstra graficamente a definição de derivada parcial de f em relação a x no ponto


P = (a, b).

29
Figura 07

Exemplo I: Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por f (x, y) = 3x2 + 5xy – 4y2. Determine fx(x, y) e fy (x, y) no
ponto P = (1, 3).

Solução: Para que possamos obterfx(x, y), tratamos a variável y por um momento como uma constante
e derivamos em relação à variável x usando as técnicas de derivação para funções reais de uma variável
real.
Dessa forma,
fx (x, y) = 6x + 5y
Em seguida avaliamos a derivada no ponto desejado, isto é,

De forma semelhante, obtemos fy (x, y) = 5x – 8y e fy (1, 3) = -19

Exemplo II: Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por f (x, y) = 3x2 – 5xy3– sen (xy).
1. Determine fx (1, 0).
2. Determine a inclinação da reta tangente à curva de interseção da superfície z = 3x2 – 5xy3 – sen (xy)
com o plano y=0 no ponto P = (1, 0, 3).

Solução:
1. Pelo Exemplo I obtemos

2. Pelo item 1 a inclinação da reta tangente é igual a m = fx(1, 0) = 6.

30
De modo semelhante definiremos a derivada parcial de f em relação a y no ponto P = (a, b). Perceba
que as derivadas parciais de segunda, terceira ordem, etc., são definidas de modo similar ao caso de
uma função real de uma variável real.
É de fundamental importância observar que se a função f : X⊆ℝ2 → ℝ satisfaz a seguinte propriedade:
f (x, y) = f (y, x), para todo (x, y)∈ X e f (x, y) = -f (y, x), para todo (x, y)∈ X. Se este é o caso, basta calcular
uma derivada parcial, por exemplo, fx (x, y) e fazer fy (x, y) = fx (y, x) se f (x, y) = f (y, x) ou fy (x, y) =-fx
(y, x) se f (x, y) = -f (y, x).

Exemplo III: Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por f (x, y) x3y3+ cos (xy). Determine fxx, fxy, fyxefyy.

Solução: Veja que f (x, y) = f (y, x). Assim, basta determinar fx (x, y) e fazer fy (x, y) = fx (y, x).
Como

Temos que

Assim,

De modo análogo, obtemos

Perceba que fxy = fyx, mas isto nem sempre é verdade.

Exemplo IV: Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por


𝑥𝑦
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0, 0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = {𝑥 2 + 𝑦 2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) = (0, 0)

31
Determine fx(0, 0) e fy (0, 0).

Solução: observe que f (x, y) = f (y, x). Assim,

E fy (0, 0) = 0. Dessa forma, as derivadas parciais de f no ponto P = (0, 0) existem. Contudo, sabemos
que f não é contínua no ponto P = (0, 0), ou seja, o fato de as derivadas parciais existirem não implicam
na continuidade de f.

Exemplo V: Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por


𝑥𝑦 (𝑥 2 − 𝑦 2 )
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0, 0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = { 𝑥 2 + 𝑦 2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) = (0, 0)
1. Determine fxe fy.
2. Calculefxy(0, 0) e fyx(0, 0).

Solução:
1. Veja que f (x, y) = -f (y, x). Como a função é definida por duas sentenças, vamos dividir a prova em
dois passos:
1º Passo: Se (x, y) ≠ (0, 0), então

2º Passo: Se (x, y) = (0, 0), então devemos usar a definição da derivada parcial para calcularfx(0, 0):

Portanto,

32
2. Para calcular fxy (0, 0) efyx (0, 0), devemos usar a definição da derivada parcial segunda.

Note quefxy (0, 0) ≠fyx(0, 0).

2 2
Sejam
Sejamf :X⊆ℝ
f : X⊆ℝ →→ℝℝuma
umafunção
funçãocontínua
contínuaeePP==(a, b) ∈ X fixado. Se
(a, b) Se ffxx,,fyfyeefxyfxysão
sãocontínuas
contínuasem
emuma
uma
vizinhança𝛿 𝛿dedeP,P,entãof
vizinhança entãoxyf(a, b) b)
xy (a, =fyx
=(a, b).b).
fyx(a,

 Diferenciabilidade

Sabemos que uma função real de uma variável real f é diferenciável em um ponto a se existir uma
reta passando pelo ponto P = (a, f (a)), cuja equação cartesiana é 𝜑(x) = f(a) + m(x – a), tal que

Perceba que

Portanto, na reta diferenciabilidade é equivalente a ser derivável. Esse conceito de


diferenciabilidade pode ser estendido de modo análogo a uma função real de duas ou mais variáveis reais.

33
Sejam f :X⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈X fixado, com X um conjunto aberto. Diremos que f é
diferenciável no ponto P se existir um plano passando por P, cuja equação cartesiana é 𝜑(x, y) = f(z, b) +
A(x – a) + B(y -b), tal que

com Q = (x, y) ∈X.

Uma outra opção para definirmos diferencibilidade de f em um ponto P é o seguinte: diremos que f
é diferenciável o ponto P se existirem funções T1, T2: X⊆ℝ2 → ℝ contínuas em P tais que

para todo Q = (x, y) ∈X. Isto significa que o acréscimo ∆𝑧 = f(x, y) – f(a, b) de f é uma combinação linear
dos acréscimos ∆x = x – a e ∆y = y – b das variáveis x e y, com coeficientes quase lineares em uma
𝜀
vizinhança de P. Observe que como T1e T2 são contínuas em P, temos que, dado >0, existe em
2
correspondência um 𝛿 >0 tal que

Logo,

Assim,

Dessa forma, concluímos que as duas definições são equivalentes. Isto significa geometricamente que: f
é diferenciável no ponto P = (a, b), quando uma pequena porção da superfície z = f(x, y), em volta do ponto
(a, b, f (a, b)), é quase plana.

Finalmente, perceba que se fizermos as substituições h = x – a e k = y – b, então obtemos

34
com

chamado o erro ou o resto. Para a maioria das funções encontradas nas aplicações práticas do cálculo,
esta aproximação linear oferece uma boa precisão, isto é, |E(h, k)| é muito pequeno quando h e k são
suficientemente pequenos de modo que o ponto Q = (a+h, b+k) esteja dentro de X. Diremos f é
diferenciável em X se é diferenciável em todos os pontos de X.

Exemplo I:Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por f(x, y) = 2x2 + y3. Mostre que f é diferenciável em P = (3,
2).

Solução: Como

com

Temos que f é diferenciável em P, pois T1e T2são funções contínuas em P.

Teorema 1:Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto. Se
f é diferenciável no ponto P, então f é contínua no ponto P.

Prova: suponhamos que f seja diferenciável no ponto P. Então, por definição, existem constantes reais A
e B tais que

Fazendo h = x e k = y –b, obtemos

35
Logo,

pois

ou, equivalentemente,

Portanto,

isto é, f é contínua no ponto P.

Teorema 2:Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto.
Se f é diferenciável no ponto P, então fx(a, b) e fy(a, b) existem. Neste caso, a equação cartesiana
do plano tangente ao gráfico de f passando por P é dada por

z = f(a, b) + fx(a, b)(x-a) + fy(a, b)(y-b)

Prova: Suponhamos que f seja diferenciável no ponto P e z = f(a, b) + A(x-a) +B(y-b) a equação do plano
tangente. Então, por definição, o limite

não depende do caminho. Dessa forma, ao longo do caminho que liga os pontos (a, b) e (a+h, b), obtemos

36
Portanto, fx (a, b) existe e fx (a, b) = A. De modo análogo, prova-sefx(a, b) existe e fy(a, b) = B.

Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto.


1. Se f não é contínua no ponto P, então f não é diferenciável no ponto P (Teorema 1).
2. Se uma das derivadas parciais de f não existir no ponto P, então f não é diferenciável no ponto P
(Teorema 2).
3. Para provar que f é diferenciável no ponto P, é suficiente provar que f possui derivadas parciais
no ponto P e que
𝐸 (ℎ, 𝑘)
lim = 0 (𝑜𝑢 lim 𝐸(ℎ, 𝑘) = 0)
(ℎ,𝑘)→(0,0) √ℎ2 + 𝑘2 (ℎ,𝑘)→(0,0)

Exemplo II: Sejaf :ℝ2 → ℝa função definida por f(x, y) = x2 + y2. Mostre que f é diferenciável em todoℝ2 .

Solução:dado P = (a, b) ∈ℝ2 , obtemos fx(x, y) = 2x e fy(x, y) = 2y, ou seja, as derivadas parciais existem
em todo ℝ2 . Como fx(a, b) = 2a, fy (a, b) = 2b e

temos que

Portanto, f é diferenciável em todo ℝ2 .

Exemplo III: Sejaf :ℝ2 → ℝa função definida por f (x, y) = 3√𝑥𝑦 .


1. Calcule fx(0, 0) e fy(0, 0).
2. Verifique se f é diferenciável no ponto P = (0, 0).

Solução:
1. Para calcular fx(0, 0) e fy(0, 0) devemos usar a definição de derivada parcial.

37
2. Como fx(0, 0) e fy(0, 0) existem, basta verificar se

Como

temos, ao longo do caminho k = mh2, com h≠0, que

Dessa forma, vemos que f não é diferenciável no ponto P = (0, 0).

Sejamf : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função diferenciável no ponto P = (a, b) ∈X, com X um conjunto aberto. A
expressão

é chamada a diferencial de f no ponto P.


Exemplo IV: Calcule o valor aproximado de tan[2,01 ∙ log(0,99)].

Solução: para resolvermos esse problema devemos determinar f (a+h, b+k), quando f (x, y) = tan(xlogy),
a+h= 2,01 e b+k= 0,99. Conseguimos isto escolhendo a=2, h=0,01, b=1 e k=-0,01. Como h e k são
pequenos, temos que

com dx = h e dy = k. Assim, basta calcular f (2,1) fx (2,1) e fy(2,1). Por derivação direta, obtemos

Logo, f (2,1) = 0, fx (2,1) = 0 e fy(2,1) = 0,5. Portanto,

Observação:Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto.


Como ∆𝑧 = 𝑓 (𝑎 + ℎ, 𝑏 + 𝑘) − 𝑓 (𝑎, 𝑏)𝑒 𝑑𝑓 = 𝑓𝑥 (𝑎, 𝑏)𝑑𝑥 + 𝑓𝑦 (𝑎, 𝑏)𝑑𝑦, com dx = ∆𝑥 = h e dy = ∆𝑦 =
k, temos que E (h, k) = f (a+h, b+k) – 𝜑(a+h, b+k) = ∆𝑧 – df. Logo

38
𝐸 (ℎ, 𝑘) ∆𝑧 − 𝑑𝑓
=
√ℎ2 + 𝑘2 √ℎ2 + 𝑘 2

Portanto, f é diferenciável em P se ∆𝑧 = df + E(h,k). Nesse caso, a função T: ℝ2 → ℝ definida por T(h,k)


= fx (a,b)h + fy (a,b)k é linear. Assim, quando nos movemos do ponto P = (a, b) para um ponto próximo,
obtemos as seguintes variações:

Real Estimada Erro


Variaçãoabsoluta ∆𝑧 𝑑𝑓 ∆𝑧 − 𝑑𝑓
Variaçãorelativa ∆𝑧 𝑑𝑓 ∆𝑧 − 𝑑𝑓
𝑓(𝑃) 𝑓(𝑃) 𝑓(𝑃)
Variação percentual ∆𝑧 𝑑𝑓 ∆𝑧 − 𝑑𝑓
× 100 × 100 × 100
𝑓(𝑃) 𝑓(𝑃) 𝑓(𝑃)

Teorema 3 (Lema Fundamental): Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X
um conjunto aberto. Se f tem derivadas parciais contínua no ponto P, então f é diferenciável no
ponto P.

Exercício: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida por


𝑥 2𝑦 2
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0,0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = { 𝑥 2 + 𝑦 2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0,0)
Verifique se f é diferenciável no ponto P = (0, 0).

39
Solução:De acordo com o Teorema 3, basta verificar se as derivadas parciais fx(x, y) e fy(x, y) são
contínuas no ponto P = (0, 0). Veja que f (x, y) = f (y, x). Como a função é definida por duas sentenças
vamos dividir a prova em dois passos:
1º Passo: Se (x, y)≠ (0, 0), então

2º Passo: Se (x, y) = (0, 0), então devemos usar a definição da derivada parcial para calcularfx(0, 0).

Portanto,

Agora podemos verificar que fx (x, y) e fy (x, y) são contínuas no ponto P = (0, 0).

40
RESUMO

Nesta aula relembramos os conceitos básicos referentes a funções de várias variáveis.

Ressaltamos as funções de duas variáveis, diante de suas interpretações e representações

geométricas de gráficos de superfícies e curvas de nível. Ampliamos o conceito de limite e

continuidade para estas funções, dando definições e propriedades semelhantes àquelas das funções

de uma variável.

Estudamos também as derivadas parciais, que são similares às derivadas como já conhecemos,

pois também podem ser interpretadas como inclinação de reta tangente a uma curva ou como taxa

de variação instantânea de uma função. Dependendo do número de variáveis independentes de

uma função, teremos a mesma quantidade de funções derivadas parciais.

41
Referências

TIPLER, Paul A.. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações eondas, termodinâmica. Rio de Janeiro:
LTC, 2009. v.1

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,J. Fundamentos de Física: Mecânica. Vol.1.10a Edição. Rio de Janeiro: LTC.2016.

YOUNG, H.D. e FREEDMAN, R. A., Física I: Mecânica. 10a Edição, Addison Wesley,São Paulo: Pearson.2003.

file:///C:/Users/Diego/Desktop/DOCTUM/FÍSICA%201/fisica1_20120307%20(1).pdf acesso: 07/11/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_momento_linear acesso: 07/11/208

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_impulso_corpo acesso 07/11/2018]

42
43
Nesta aula iremos estender a noção de derivadas parciais a outras direções que não sejam retas
paralelas aos eixos.
Em um primeiro momento, vamos estudar o conceito de Derivada Direcional, que mede a taxa de
variação de uma função de duas ou três variáveis numa direção arbitrária. Neste sentido, as derivadas
parciais são, portanto, um caso particular das derivadas direcionais, pois medem as taxas de variação nas
direções dos eixos coordenados.
O Vetor Gradiente, por sua vez, nos dá a direção onde a Derivada Direcional é máxima.

3.1 - O uso do Gradiente e sua ideia


Se f é uma função das variáveis x e y, então podem ser definidas suas derivadas parciais,fx e fy, que
representam, respectivamente, a taxa de variação de f na direção do eixo x e a taxa de variação de f na
direção do eixo y.
O conceito de derivada parcial pode ser generalizado no intuito de que possamos obter a taxa de
variação de uma função em qualquer direção do plano onde ela está definida. Essa ideia resulta no
conceito de derivada direcional.
A derivada direcional, que representa a taxa de variação numa determinada direção, pode ser
entendida como uma “combinação” das derivadas parciais, isto é, das taxas de variação nos eixos
coordenados.
Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝuma função, com X um conjunto aberto, P = (x, y) ∈ X, e u = (cos 𝜃, sen 𝜃) =
cos 𝜃𝑖 + sem 𝜃j∈ℝ2 , um vetor unitário, para todo 𝜃∈ℝ. A derivada direcional de f no ponto P, na direção
do vetor u, é definida como

Quando esse limite existe, denotaremos por

Note que 𝜃é o ângulo entre o vetor u e o eixo dos x.

44
Note que quando u = (1, 0) = i, obtemos
𝜕𝑓 𝑓(𝑥+𝑡, 𝑦)−𝑓(𝑥,𝑦) 𝜕𝑓
(x, y) = lim = (x, y)
𝜕𝑢 𝑡→0 𝑡 𝜕𝑥

que é derivada parcial de f em relação a x. De modo análogo, quando u = (0, 1) = j, obtemos a derivada
parcial de f em relação a y.

Exemplo 1: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida por f (x, y) = yexy. Determine a derivada direcional de f no
ponto P = (0, 0) na direção do vetor v = (4, 3) = 4i + 3j.

Solução: Para resolvermos esse problema devemos primeiro verificar se o vetor v é unitário. Como |v|
= √42 + 32 = 5 temos que ele não é um vetor unitário. Dessa forma, devemos obter a normalização do
vetor v, ou seja,

é um vetor unitário com a mesma direção e sentido do vetor x. Portanto,

Exemplo 2: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida por


𝑥 3𝑦
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0,0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = {𝑥 6 + 𝑦 2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ≠ (0,0)
Determine a derivada direcional de f no ponto P = (0, 0) na direção de qualquer vetor unitário u.

Solução: Seja u = (cos 𝜃, sen 𝜃) ∈ℝ2 um vetor unitário qualquer. Então

45
Portanto, todas as derivadas direcionais de f no ponto P = (0, 0) existem. Todavia, f não é contínua no
ponto P = (0, 0), pois ao longo do caminho y = mx3, com x≠0, obtemos

Teorema 1:Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto.
Se f é diferencial no ponto P, então f possui derivada direcional no ponto P na direção de
qualquer vetor unitário u = (cos 𝜃, sen 𝜃) ∈ℝ2 . Neste caso,

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
(𝑎, 𝑏) = (𝑎, 𝑏)𝑐𝑜𝑠𝜃 + (𝑎, 𝑏)𝑠𝑒𝑛𝜃.
𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Prova: Suponhamos que f seja diferenciável no ponto P. Então

Como

temos que

Portanto, a derivada direcional de f no ponto P = (a, b) na direção do vetor u existe.


Perceba, pelo Teorema 1, que

O gradiente de f, em símbolos ∇𝑓 ou grad (f), é o vetor

Como u é um vetor unitário temos que

46
com ∅ o ângulo entre os vetores ∇𝑓 e u, ou seja, a derivada direcional é simplesmente a componente
do vetor gradiente na direção do vetor u. Dessa forma, se f : X ⊆ℝ2 → ℝé uma função diferenciável no
ponto P = (a, b) ∈ X, então:

𝜕𝑓
1. O máximo de no ponto P é igual a |∇𝑓(𝑃)|.
𝜕𝑢
𝜕𝑓
2. O mínimo de no ponto P é igual a -|∇𝑓(𝑃)|,
𝜕𝑢

pois -1≤ 𝑐𝑜𝑠∅ ≤ 1. Assim, o máximo (o mínimo) da taxa de variação de f (x, y) no ponto P = (a, b),
acontece quando o vetor u tem a direção e o sentido do vetor ∇𝑓(𝑃) (−∇𝑓(𝑃 )), ou seja,

Neste caso, o gradiente de f aponta na direção em que a função f cresce (decresce) mais
rapidamente. Portanto, podemos concluir que:

1. O gradiente aponta para uma direção segundo a qual a função f é crescente.


2. Dentre todas as direções ao longo das quais a função f cresce, a direção do gradiente é a de
crescimento mais rápido.

Exemplo 1: Seja f :ℝ3 → ℝa função definida por


𝑥 3𝑦
, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦, 𝑧) ≠ (0,0,0)
𝑓 (𝑥, 𝑦) = {𝑥 6 + 𝑦 2
0, 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦, 𝑧) ≠ (0,0,0)
Determine o valor máximo da derivada direcional de f ponto P = (1,2,-3).

Solução:Diante do exposto, basta determinar a norma do vetor gradiente de f no ponto P. Como

temos que
47
Portanto, valor máximo da derivada direcional de f no ponto P = (1, 2, -3) é igual a

Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝuma função, com X um conjunto aberto, x = g (t) e y = h(t); Suponhamos que z = f
(x, y) seja diferenciável no ponto P = (x, y) ∈ X , g e h deriváveis. Então, pela Regra da Cadeia, obtemos

com P’(t) = (x’(t), y’(t)) = x’(t)i + y’(t)j. Agora, consideremos uma curva de nível da função f, ou seja,

Logo, dado P(t) na curva Ck,

Assim,

Dessa forma, se o vetor P(t) ≠ 0, para todo t ∈ℝ, então o vetor ∇𝑓 (P(t)) ≠ 0, é perpendicular à curva de
nível Ck, uma vez que a derivada direcional de f no ponto P na direção do vetor unitário

é sempre tangente à curva Ck. por conta disso, o plano tangente a uma superfície S, tendo equação
cartesiana F(x, y, z) = 0, no ponto P = (a, b, c) ∈S, é o plano que passa no ponto P tendo o gradiente ∇𝑓
(P) como vetor normal, ou seja, se q = (x, y, z) é um ponto qualquer desse plano. Então

Neste caso, a reta normal à superfície S no ponto P = (a, b, c) ∈S é a reta paralela ao vetor ∇𝑓 (P), isto
é,

Com Q um ponto qualquer da reta.

48
Exemplo 2: Determine a reta tangente e a reta normal à curva C, dada pela equação cartesiana x2 – xy
+y2 – 7 = 0, no ponto P = (-1, 2).

Solução: Seja F (x, y, z) – x2 – xy + y2 – 7. Então Fx (P) = -4 e Fy(P) = 5. Logo,

é a reta tangente à curva C no ponto P = (-1, 2). Neste caso, a reta normal à curva C no ponto P = (-1, 2)
∈C é dada por

Seja f : X ⊆ℝ2 → ℝuma função diferenciável, com X um conjunto aberto. A estimativa da variação do
valor de f quando nos movemos uma pequena distância ds a partir de um ponto P = (a, b) ∈X na direção
do vetor unitário u é dada por

Note que a derivada direcional faz o mesmo papel da diferencial de uma função real de uma variável
real.

Exemplo 3: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida por f (x, y) =xey. Determine a variação do valor de f se o
ponto R = (x, y) se move 0,1 unidade do ponto P = (2,0) na direção do ponto Q = (4,1).

Solução: Primeiramente vamos determinar a derivada direcional de f no ponto P = (2,0) na direção do


̅̅̅̅ = 2i +j e a normalização do vetor v é dado por
vetor 𝑣 = 𝑃𝑄

Como fx = eye fy= xey temos que fx(P) = 1 e fy(P) = 2. Portanto, ∇𝑓 (P) = i +2j e

Por fim,

49
RESUMO

Nesta aula, vimos que a derivada parcial é a taxa de variação de uma função numa direção dada por
um vetor unitário. É uma extensão das derivadas parciais, uma vez que mede as taxas de variação nas
direções dos eixos coordenados.
O gradiente de uma função define uma função vetorial, isto é, uma função que a cada ponto de ℝ2
associa um vetor. Nesse sentido, importante relembrar as seguintes propriedades do gradiente:

Fique de olho!
1. O Vetor Gradiente é a direção de variação máxima da função. O maior valor da função cosseno é 1
(o que ocorre quando 𝜃 = 0).
2. A direção oposta do vetor gradiente é a direção de menor variação da função.
3. Qualquer direção u ortogonal ao vetor gradiente não nulo é uma direção de variação zero da função.

50
Referências

TIPLER, Paul A.. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações eondas, termodinâmica. Rio de Janeiro:
LTC, 2009. v.1

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,J. Fundamentos de Física: Mecânica. Vol.1.10a Edição. Rio de Janeiro: LTC.2016.

YOUNG, H.D. e FREEDMAN, R. A., Física I: Mecânica. 10a Edição, Addison Wesley,São Paulo: Pearson.2003.

file:///C:/Users/Diego/Desktop/DOCTUM/FÍSICA%201/fisica1_20120307%20(1).pdf acesso: 07/11/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_momento_linear acesso: 07/11/208

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_impulso_corpo acesso 07/11/2018]

51
52
Na disciplina Cálculo II, no estudo das funções de duas variáveis, aprendemos a calcular derivadas
de funções compostas com a Regra da Cadeia.
Agora, veremos nesta aula que para o caso de funções de duas ou mais variáveis, a Regra da Cadeia
assume várias versões.

4.1 - Técnicas de diferenciação para funções de duas ou mais variáveis


Sejam f : I ⊆ℝ2 → ℝe g : J⊆ ℝ → ℝduas funções como f (I) ⊆ J tais que y = f(u) e u = g(x), então a
função composta é dada por y = g ◦ f(x) = g(f(x)). Então, se f e g são deriváveis, logo

Sejam f :X⊆ℝ2 → ℝuma função, com X um conjunto aberto, x = g(t) e y = h(t). Se z = f(x, y) é
diferenciável, g e h deriváveis, então

Perceba que o resultado encontrado “dividindo” a diferencial de f por dt. Além disso, um dispositivo
prático para memorizar a Regra da Cadeia é visto no diagrama da árvore, conforme Figura 08.
Alternativamente, na forma matriarcal

Figura 08

53
1 𝑡
Exemplo 1: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida z = f(x, y) = x2 = y2. Se x = ey= , para todo
1+𝑡 1+𝑡
𝑑𝑧
t ∈ℝ-{-1}, então determine .
𝑑𝑡

Solução: Pela regra da cadeia basta determina fx, fy, x’(t) e y’(t). Como

temos que

Mais geralmente, sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝe g, h: Y⊆ℝ2 → ℝfunções, como X e Y conjuntos abertos, x =


g(u,v) e y = h(u, v). Se z = f(x,y), x = g (u,v) e y = h(u, v) são diferenciáveis, então

Exemplo 2: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida por f(u,v) = u2 +v3. Se z = g(x, y) = f(u(x,y), v(x,y)), u = 3x-y e
𝜕𝑧 𝜕𝑧
v = x+2y, determine e .
𝜕𝑥 𝜕𝑥

Solução: Como

temos que

54
RESUMO
Estudamos nessa aula algumas versões da regra da cadeia aplicadas às derivadas parciais.
Vejamos:
• Se f e g são funções de uma variável real tais que w = f(u) e u= g(x), então a função composta de f e g
𝑑𝑤 𝑑𝑤 𝑑𝑢
é w = f(g(x)). Aplicando a regra da cadeia, temos =
𝑑𝑥 𝑑𝑢 𝑑𝑥

• Se w = f(u, v) com u = g(x, y) e v = h(x, y) e se f, g e h são diferenciáveis, então

• Generalizando a regra da cadeia, temos para uma função de n variáveis x1, x2, ..., xn, cada uma delas
𝜕𝑥𝑖
função de outras m variáveis y1, y2, ..., ym. Se supormos que as derivadas parciais existam com i = 1,
𝜕𝑦𝑗

2, ..., n e j = 1, 2, ..., m, então

55
Referências

TIPLER, Paul A.. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações eondas, termodinâmica. Rio de Janeiro:
LTC, 2009. v.1

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,J. Fundamentos de Física: Mecânica. Vol.1.10a Edição. Rio de Janeiro: LTC.2016.

YOUNG, H.D. e FREEDMAN, R. A., Física I: Mecânica. 10a Edição, Addison Wesley,São Paulo: Pearson.2003.

file:///C:/Users/Diego/Desktop/DOCTUM/FÍSICA%201/fisica1_20120307%20(1).pdf acesso: 07/11/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_momento_linear acesso: 07/11/208

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_impulso_corpo acesso 07/11/2018]

56
57
Depois de toda a bagagem que adquirimos acerca das derivadas parciais, estudaremos agora
problemas práticos de maximizar e minimizar funções que relacionam distância máxima e mínima a um
plano, que possuem aplicação em várias áreas do conhecimento.
Encontraremos os valores máximos e mínimos de funções reais de várias variáveis e descobriremos
onde eles ocorrem. Além disso, veremos ainda um método eficaz para encontrar os valores de máximos
e mínimos de funções condicionadas: o Método dos Multiplicadores de Lagrange.

5.1 - Derivadas e técnicas com funções de duas ou mais variáveis de ordem superior

A. Máximos e mínimos

Convém lembrar que as técnicas de máximo e mínimo das funções reais de uma variável real se
estendem com alguns cuidados para funções reais de várias variáveis reais. Além disso, todos os
resultados desta aula continuam válidos para todas as funções de várias variáveis reais.
Seja f : X ⊆ℝ2 → ℝuma função, com X um conjunto aberto. Um ponto P∈X é um ponto máximo
local de f, se existir uma vizinhança delta de P tal que

Neste caso, podemos dizer que f(P) é o valor máximo de f em 𝑉𝛿 (P). Um ponto P∈X é um ponto
mínimo local de f, se existir uma vizinhança delta de P tal que

Neste caso, diremos que𝑓(𝑃) é o valor mínimo de 𝑓em 𝑉𝛿 (𝑃). Se f(Q) ≤ f(P), para todo Q∈X, diremos
que P é um ponto de máximo absoluto de f. Se f(P) ≤ f(Q), para todo Q∈X, diremos que P é um ponto de
mínimo absoluto de f.

Teorema A.1 (Weierstrass): Seja f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função, com X um conjunto compacto. Se f
é contínua, então f possui pelo menos um ponto de máximo e pelo menos um ponto de mínimo
em X.

Teorema A.2 (Teste da Derivada Primeira): Sejamf : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função contínua, com X um
conjunto aberto, e P = (a, b) ∈X fixado. Suponhamos que P é um ponto de máximo ou mínimo local
de f. Então fx (a, b) = 0 e fy (a, b) = 0.

58
Prova: Supomos que P (a, b) seja um ponto de máximo local de f. Então existe uma vizinhança delta
de P tal que

Assim, fixando y = b, o ponto x = a é ponto de máximo local da função g (x) = f (x, b), pois x = a é um
ponto interior ao domínio de g no qual o plano y = b intercepta a superfície z = f(x, y) no ponto P = (a, b).
Portanto, g’(a) = 0, isto é, fx(a, b) = g’(a) = 0.

Exemplo: Seja f :ℝ2 → ℝa função definida por f(x, y) = √𝑥 2 + 𝑦 2 . Determine, caso existam, os pontos
críticos de f.

Solução: É de fácil verificação que, para (x, y) ≠ (0, 0),

Assim, ∇f(x, y) ≠ (0, 0) não existe. De modo semelhante, prova-se que fy (0, 0) não existe. Portanto,
∇f(0, 0) não existe. Dessa forma, P = (0, 0) é o único ponto crítico de f.

Teorema A.3 (Teste da Derivada Segunda): Sejamf : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função, com X um
conjunto aberto, e P = (a, b) ∈X fixado. Suponhamos que f tenha derivadas parciais segundas
contínuas em 𝑉𝛿 (𝑃) e ∇f(P) = (0, 0); A = fxx (P), B = fxy (P) e C+ fyy (P). Então:

1. Se B2 – AC < 0 e A <0 , então P é um máximo local de f.

2. Se B2 – AC < 0 e A> 0, então P é um mínimo local de f.

3. Se B2 – AC> 0, então P é um ponto de sela de f.

4. Se B2 – AC = 0, então o teste não se aplica.

59
Observações:
1. Perceba que, quando B2 – AC < 0, A = fxx (P) desempenha o mesmo papel da derivada segunda de
uma função real de uma variável real.
2. Quando B2 – AC = 0 o teste da derivada segunda não dá nenhuma informação, ou seja, no ponto P =
(a, b) qualquer coisa pode ocorrer.

Exemplo:Seja f :ℝ2 → ℝ a função definida por f (x, y) = y2 – x2. Determine, caso existam, os pontos
críticos de f.

Solução: Comofx (x, y) = 2x e fy (x, y) = 2y, temos que𝛻f (x, y) = (0, 0) se, e somente se,𝑥 = 0 e 𝑦 = 0.
Assim, (0, 0) é o único ponto crítico de 𝑓. Agora, para aplicarmos o Teste da Derivada Segunda, devemos
determinar as derivadas parciais, fxx, fxy,fyye verificar se elas são contínuas em uma vizinhança delta de
cada um dos pontos críticos, Como, fxx(x, y) = 2, fxy (x, y) = 0 e fyy (x, y) = 2, temos que elas são claramente
contínuas, Agora, se 𝑃 = (0, 0), então𝐵2 – 𝐴𝐶= 02 - 2∙2 = -4 <0 e A> 0. Portanto, P = (0, 0) é um ponto
de mínimo local de f.

B. Multiplicadores de Lagrange

No tópico anterior estudamos o problema de determinar os pontos de máximo e mínimo de uma


função em uma região compacta. Neste tópica vamos apresentar um dispositivo para calcular os pontos
de máximo e mínimo na fronteira da região.

Teorema B.1 (Método dos Multiplicadores de Lagrange): Sejamf, g: X ⊆ℝ2 → ℝduas funções,
com X um conjunto aberto. Suponhamos que f e g tenham derivadas parciais primeiras contínuas
em 𝑉𝛿 (Q), que contém a curva C de equação cartesiana g(x, y) = 0. Se a restrição de f a C tem um
máximo ou mínimo local em um ponto P ∈C e ∇g (P) ≠ (0, 0), então existe um ℷ∈ ℝ tal que

∇𝑓 (𝑃) + ℷ∇𝑔(𝑃) = (0, 0)

Prova: Veremos que se ∇g (P) ≠ (0, 0),então o Teorema da Função Implícita garante que a curva g (x, y) =
0 em 𝑉𝛿 (Q) pode ser representada por uma curva na forma paramétrica P (t) = (x (t), y (t)) com P’(t) ≠ 0.

60
Assim, suponhamos que a curva C esteja na forma paramétrica e P (t) = (x (t), y (t)) ∈C, para todo t∈ ℝ.
Então, pela Regra da Cadeia, obtemos

co∅(t) = f (P (t)) = f (x (t), y (t)) e u = P’ (t) o vetor tangente à curva C. Como ∅′(t) = 0 em qualquer ponto P
(t) ∈C, onde f tenha um máximo ou mínimo local, temos que o vetor grandiente∇𝑓(𝑃) é perpendicular à
curva C. Todavia, como o vetor gradiente ∇g (P) é perpendicular à curva C, temos que os vetores ∇𝑓 e ∇g
são linearmente dependentes. Dessa forma, existe um ℷ∈ ℝ, tal que

O número real ℷ é chamado de multiplicador de Lagrange.

Observação: O método dos multiplicadores de Lagrange equivale a: para determinar um ponto


crítica de uma função z = f (x, y) sujeito a um vínculo g (x, y) = 0, formaremos a função
F (x, y, ℷ) = f (x, y) + ℷg (x, y)
E resolveremos o sistema Fx = 0, Fy = 0 e Fℷ = 0.

Exemplo 1: Determine o volume da maior caixa retangular de lado paralelos aos planos coordenados
no primeiro octante, que possa ser inscrita no elipsoide de equação cartesiana
16x2 + 4y2 + 9z2 = 144.

Solução: A Figura 09 abaixo expõe graficamente um esboço da caixa. Assim, o volume da caixa é dado
por V = xyz, com x, y e z os comprimentos dos lados da caixa. Portanto, devemos maximizar a função
f(x, y) = xyz sujeito ao vínculo
g (x, y, z) = 16x2 + 4y2 + 9z2 = 144 = 0.

Figura 09

61
1º Passo: Determinar ∇𝑓 e ∇𝑔. É fácil perceber que ∇𝑓 (x, y, z) = (yz, xz, xy) e ∇𝑔 (x, y, z) = (32x, 8y, 18z).
Logo, ∇𝑔 (x, y, z) = (0, 0, 0) se, e somente se, x = y = z = 0. Comog (0, 0, 0) ≠ 0 temos que o ponto P = (0,
0, 0) não está na curva. Assim, ∇𝑔 (x, y, z) ≠ (0, 0, 0) se (x, y, z) ≠ (0, 0, 0). Portanto, pelo Teorema B.1,
existe um ℷ∈ ℝ tal que

com (x, y, z) satisfazendo g (x, y, z) = 0.

2º Passo: Resolver o sistema para obtermos os pontos críticos de f

Multiplicando a primeira equação por x, a segunda por y, a terceira por z e somando, obtemos

Assim,

4√3
Como x> 0, 𝑦 > 0 e𝑧 > 0 temos que 𝑥 = √3, 𝑦 = 2√3 e 𝑧 = . Portanto, o volume 𝑉 = 8√3 ≈14 uv.
3

Exemplo 2: Mostre que, dentre todos os triângulos de mesmo perímetro, o triângulo tem maior área.

Solução: Vamos supor que os comprimentos dos lados do triângulo sejam x, y e z, respectivamente.
Então o perímetro fixo do triângulo é dado por 2p = x + y + z. Portanto, queremos encontrar o ponto P
= (x, y, z) que maximiza a função área do triângulo dada pela fórmula de Heron:

Neste caso, devemos maximizar a função f (x, y, z) = p (x – p)(y – p)(z – p) sujeita ao vínculo g (x, y, z) =
x + y + z – 2p = 0.
1º Passo: Determine ∇𝑓 e ∇𝑔. É fácil verificar que

62
e ∇𝑔 (x, y, z) = (1, 1, 1). Logo, ∇𝑔 (x, y, z) ≠ (0, 0, 0), para todos x, y e z. Dessa forma, pelo Teorema B.1,
existe umℷ∈ ℝ tal que

com (x, y, z) satisfazendog(x, y, z) = 0.


2º Passo: Resolver o sistema para obtermos os pontos críticos de f.

Ao multiplicarmos a primeira equação por x-p, a segunda por y-p, a terceira por z-pe somando, obtemos

Assim,

2
Como p> x, p> 𝑦e p> z temos que x = y = z = . Portanto, o triângulo é equilátero.
3

Exemplo 3: Mostre que se x, y e z são números reais positivos, então

3 𝑥+𝑦+𝑧
√𝑥𝑦𝑧 ≤ ,
3

ou seja, a média geométrica é menor do que ou igual a média aritmética.

Solução: Devemos maximizar a função f(x, y, z) = xyzsujeito ao vínculo

com k uma constante positiva.


1º Passo: Determine ∇𝑓 e ∇𝑔. É de fácil percepção que ∇𝑓(x, y, z) = (yz, xz, xy) e ∇𝑔(x, y, z) = (1, 1, 1).
Logo, ∇𝑔(x, y, z) ≠ (0, 0, 0), para todos x, y e z. Assim, pelo Teorema B.1, existe um ℷ∈ ℝ tal que

com (x, y, z) satisfazendo g(x, y, z) = 0.

63
2º Passo: Resolver o sistema para obtermos os pontos críticos de f.

Multiplicando a primeira equação por x, a segunda por y, a terceira por z e somando, obtemos

Assim,

𝑘
Como x>0, y>0 e z>0 temos que 𝑥 = 𝑦 = 𝑧 = . Sendo esse o valor máximo de 𝑓, devemos ter
3

para todos 𝑥, 𝑦, 𝑧 positivos e x +y+z = k, ou seja,

Perceba que o mesmo raciocínio, aplicando à função f(x1, ..., xn) = x1...xn, mostra que a média geométrica
de n números reais positivos é menor do que ou igual à média aritmética desses números.

Exemplo 4: Determine a menor distância da origem à curva da equação cartesiana


x2– (y-1)3 = 0 com y≥ 1

Solução: Sabemos que a distância da origem a um ponto P = (x, y) dessa curva é dada por d (O,P) =

√𝑥 2 + 𝑦 2 . Portanto, devemos minimizar a função f(x, y) = x2 + y2 sujeita ao vínculo g(x, y) = x2 – (y-1)3 =


0. É possível verificar que ∇𝑓(x, y) = (2x, 2y) e ∇𝑔(x, y) = (2x, -3 (y-1)2). Logo,∇𝑔(x, y) = (0, 0) se, e somente
se, x = 0 e y = 1. Como g (0, 1) = 0, não podemos garantir a existência de um ℷ∈ ℝ tal que

com (x, y) satisfazendo g (x, y) = 0. De fato, suponhamos que um tal ℷ exista. Então

64
Pela primeira equação, obtemos x = 0 ou ℷ = -1. Se x = 0, então pela terceira equação y =1 e pela segunda
equação 2 = 0, o que é impossível. Se ℷ = -1, então a segunda equação não tem solução. Contudo,
3
fazendo o gráfico da curva y = 1 + √𝑥 2 , conforme Figura 10, veremos que o problema tem solução com
x = 0 e y = 1. Portanto, a hipótese ∇𝑔(x, y) ≠ (0, 0), do Teorema B.1, não pode ser omitida.

Figura 10

C. Derivadas de funções implícitas

Sabemos que a função y = 2x2 – 3 define y como uma função explícita de x, uma vez que podemos
escrever y= f(x), com f(x) = 2x2 – 3, enquanto a equação 4x2 – 2y = 6 define y como uma função implícita
de x. Em regra, f é uma função implícita e, e somente se, a substituição de y por f(x) conduz a uma
identidade.
Neste tópico buscaremos condições que garantam que a equação F(x, y) = 0 tenha soluções e defina
uma de suas variáveis como função da outra. Mais geralmente, F(x1, x2, ..., xn) = 0 tenha soluções e defina
uma de suas variáveis como função das outras.

65
Teorema C.1 (Teorema da Função Implícita): Seja F: X ⊆ℝ2 → ℝ= uma função, com X um
conjunto aberto. Suponhamos que F tenha derivadas parciais primeiras contínuas em X. Se
existir P = (a, b) ∈X tal que Fy (P) ≠0 (∇F (P) ≠ (0, 0)) e F (P) = 0, então a equação cartesiana
F (x, y) = 0 determina uma função y = f (x) em 𝑉𝛿 (a) tal que

(x, f (x)) ∈X e F (x, f (x)) = 0, ∀ x ∈𝑉𝛿 (a).

Além disso,
𝐹𝑥
f’ (x) = -
𝐹𝑦

Prova: Vamos provar a segunda parte do teorema, uma vez que a primeira está fora dos propósitos que
desejamos. Seja z = F (u,v), com u = x e y = f(x). Então, pela Regra da Cadeia

𝑑𝑧 𝑑𝑧 𝑑𝑦
Como z = F (x, f (x)) = 0, para todo (x, y) ∈𝑉𝛿 (P) temos que = 0. Logo =1e = f implicam que
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
0 = Fx+ Fy f’(x). Portanto,

Note que o resultado continua verdadeiro se substituirmos y ou x.


A Figura 11 demonstra graficamente a função y = f(x) como a imagem inversa da função F no ponto
0, isto é, F-1 (0) = G(f).

Figura 11

66
𝑑𝑦
Exemplo 1: Sejam y = f(x) e y4 +3y – 4x3 – 5x + 1 = 0. Determine .
𝑑𝑥

Solução: Seja F(x, y) = y4 +3y – 4x3 – 5x + 1. Então, pelo Teorema C.1 basta determinarFxe Fy. Como Fx
= -12x2 – 5 e Fy = 4y3 + 3 temos que

Exemplo 2 (Teorema da Função Inversa): Seja f: I ⊆ℝ → ℝuma função, com I um intervalo aberto. Se f
é diferenciável em c∈ I e f’(c) ≠0, então existe uma função x = g(y)diferenciável em um intervalo aberto
contendo d – f(c) tal que f(g(y)) = y e
1
g’(y) = .
𝑓′(𝑥)

Solução:Seja F(x, y) = f(x) – y. Então Fx (c, d) = f’(c) ≠ 0, pelo Teorema Função Implícita, existe uma função
x = g(y) diferenciável em um intervalo aberto contendo d = f(c) tal que F(g(y), y) = f(g(y)) = y = 0, ou seja,
f(g(y)) = y. Como Fx = f’(x) e Fy = -1 temos que

Observação: Se F (x, y) tem derivadas parciais segundas contínuas, então


Fx + Fy f’(x) = 0 ⟹Fxx f’(x) + F yx f’(x) + F yy(f’(x))2 + Fyf’’(x) = 0
Portanto,
2 2𝐹 𝐹 𝐹 𝐹 𝐹 2
𝐹𝑥𝑥 𝐹𝑦− 𝑥𝑦 𝑥 𝑦+ 𝑦𝑦 𝑥
f’’(x) = -
𝐹𝑦3

Dessa forma, temos uma fórmula de recorrência para obter as derivadas de f em ordem n desde que F
tenha derivadas parciais contínuas até essa ordem.

67
Teorema C.2 (Teorema da Função Implícita): Seja F: X ⊆ℝ3 → ℝ= uma função, com X um
conjunto aberto. Suponhamos que F tenha derivadas parciais primeiras contínuas em X. Se
existir P = (a, b, c) ∈X tal que Fz (P) ≠0 (∇F (P) ≠ (0, 0)) e F (P) = 0, então a equação cartesiana
F (x, y, z) = 0 determina uma função z = f (x, y) em 𝑉𝛿 (a,b) tal que

(x, y, f (x, y)) ∈X e F (x, y, f (x, y)) = 0, ∀ x ∈𝑉𝛿 (a, b).

Além disso,

𝜕𝑧 𝐹𝑥 𝜕𝑧 𝐹𝑦
=− e =−
𝜕𝑥 𝐹𝑧 𝜕𝑦 𝐹𝑧

Prova: Provaremos apenas um item da segunda parte do teorema. Seja w = F (u, v, z), com z = f(x, y), x =
u(x, y) e y= v(x, y). Então, pela Regra da Cadeia, obtemos

𝜕𝑤 𝜕𝑢 𝜕𝑣
Como w = F (x, y, f(x, y)) = 0, para todo (x, y, z) ∈𝑉𝛿 (P) temos que = 0. Logo, =1e = 0implicam que
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥
𝜕𝑤 𝜕𝑤 𝐹𝑥
0 = Fx+ Fz . Portanto, = - . É importante observar que o resultado continua verdadeiro se
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝐹𝑧

substituirmos z por x ou y.

68
RESUMO
Nesta aula estudamos problemas de otimização envolvendo funções de duas ou três variáveis,
usando derivadas parciais. Vimos também a técnica dos Multiplicadores de Lagrange, que simplificou a
solução de problemas mais simples e possibilitou a solução de problemas mais complexos.
Vamos relembrar os Teoremas estudados:

Teorema A.1 (Weierstrass): Seja f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função, com X um conjunto compacto. Se f
é contínua, então f possui pelo menos um ponto de máximo e pelo menos um ponto de mínimo
em X.

Teorema A.2 (Teste da Derivada Primeira): Sejamf : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função contínua, com X um
conjunto aberto, e P = (a, b) ∈X fixado. Suponhamos que P é um ponto de máximo ou mínimo local
de f. Então fx (a, b) = 0 e fy (a, b) = 0.

Teorema A.3 (Teste da Derivada Segunda): Sejamf : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função, com X um
conjunto aberto, e P = (a, b) ∈X fixado. Suponhamos que f tenha derivadas parciais segundas
contínuas em 𝑉𝛿 (𝑃) e ∇f(P) = (0, 0); A = fxx (P), B = fxy (P) e C+ fyy (P). Então:

1. Se B2 – AC < 0 e A <0 , então P é um máximo local de f.

2. Se B2 – AC < 0 e A> 0, então P é um mínimo local de f.

3. Se B2 – AC> 0, então P é um ponto de sela de f.

4. Se B2 – AC = 0, então o teste não se aplica.

Teorema B.1 (Método dos Multiplicadores de Lagrange): Sejamf, g: X ⊆ℝ2 → ℝduas funções,
com X um conjunto aberto. Suponhamos que f e g tenham derivadas parciais primeiras contínuas
em 𝑉𝛿 (Q), que contém a curva C de equação cartesiana g(x, y) = 0. Se a restrição de f a C tem um
máximo ou mínimo local em um ponto P ∈C e ∇g (P) ≠ (0, 0), então existe um ℷ∈ ℝ tal que

∇𝑓 (𝑃) + ℷ∇𝑔(𝑃) = (0, 0)

69
Teorema C.1 (Teorema da Função Implícita): Seja F: X ⊆ℝ2 → ℝ= uma função, com X um
conjunto aberto. Suponhamos que F tenha derivadas parciais primeiras contínuas em X. Se
existir P = (a, b) ∈X tal que Fy (P) ≠0 (∇F (P) ≠ (0, 0)) e F (P) = 0, então a equação cartesiana
F (x, y) = 0 determina uma função y = f (x) em 𝑉𝛿 (a) tal que

(x, f (x)) ∈X e F (x, f (x)) = 0, ∀ x ∈𝑉𝛿 (a).

Além disso,
𝐹𝑥
f’ (x) = -
𝐹𝑦

Teorema C.2 (Teorema da Função Implícita): Seja F: X ⊆ℝ3 → ℝ= uma função, com X um
conjunto aberto. Suponhamos que F tenha derivadas parciais primeiras contínuas em X. Se
existir P = (a, b, c) ∈X tal que Fz (P) ≠0 (∇F (P) ≠ (0, 0)) e F (P) = 0, então a equação cartesiana
F (x, y, z) = 0 determina uma função z = f (x, y) em 𝑉𝛿 (a,b) tal que

(x, y, f (x, y)) ∈X e F (x, y, f (x, y)) = 0, ∀ x ∈𝑉𝛿 (a, b).

Além disso,

𝜕𝑧 𝐹𝑥 𝜕𝑧 𝐹𝑦
=− e =−
𝜕𝑥 𝐹𝑧 𝜕𝑦 𝐹𝑧

70
Referências

TIPLER, Paul A.. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações eondas, termodinâmica. Rio de Janeiro:
LTC, 2009. v.1

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,J. Fundamentos de Física: Mecânica. Vol.1.10a Edição. Rio de Janeiro: LTC.2016.

YOUNG, H.D. e FREEDMAN, R. A., Física I: Mecânica. 10a Edição, Addison Wesley,São Paulo: Pearson.2003.

file:///C:/Users/Diego/Desktop/DOCTUM/FÍSICA%201/fisica1_20120307%20(1).pdf acesso: 07/11/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_momento_linear acesso: 07/11/208

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_impulso_corpo acesso 07/11/2018]

71
72
6.1 - Aplicações das técnicas de Derivação

Iniciamos os estudos analisando as funções de duas variáveis, que associam cada par ordenado de
números reais (x, y) de um domínio D um único valor real, denotado por f (x, y). O conjunto D é chamado
de domínio de f e sua imagem é o conjunto de todos os valores possíveis de f, ou seja, { f (x, y) : (x, y)∈ D}.
O gráfico de uma função de duas variáveis pode ser uma superfície no espaço, de forma que
podemos então utilizar a ideia dos cartógrafos, as chamadas curvas de nível ou mapas de contorno. Nesta
representação, pontos com elevações constantes são ligados para formar curvas que são representadas
num mesmo plano cartesiano.
Seguimos com as funções com três ou mais variáveis, que associam a cada terna ordenada (x, y, z)
de números reais um domínio D⊂ℝ3 . Para representar o domínio de uma função de três variáveis
podemos utilizar as superfícies de nível, que são as superfícies de equações f (x, y, z) = k, sendo k uma
constante.
No estudo dos limites, vimos que para uma função f de duas variáveis de domínio D que contenha
pontos arbitrariamente próximos de (a, b), dizemos que o limite de f(x, y) quanto (x, y) tende a (a, b) é L,
e escrevemos:

Esse conceito pode ser estendido a uma função real de duas ou mais variáveis reais:

Quanto às derivadas parciais, podemos dizer que podem ser interpretadas como inclinação de reta
tangente a uma dada curva ou como taxa de variação instantânea de uma função. Dependendo do
número de variáveis independentes de uma função, teremos a mesma quantidade de funções derivadas
parciais.
Podemos considerar a taxa de variação em relação a cada uma das variáveis independentes, isto
é:
𝜕𝑓
1. Para achar 𝜕𝑥, veja y como uma constante e calcule a derivada de f com relação a x.
𝜕𝑓
2. Para achar , veja como uma constante e calcule a derivada de f com relação a y.
𝜕𝑦

Seguimos e no estudo da diferenciabilidade podemos definir formalmente a diferenciabilidade da


função f da seguinte forma:Se z = f(x, y), então f é diferenciável e, (a, b) quando ∆z puder ser expresso na
forma

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Onde 𝜀1 e 𝜀2 → 0 quando (∆𝑥, ∆𝑦) → (0, 0)
Usamos os seguintes Teoremas:
Teorema 1: Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto. Se f é
diferenciável no ponto P, então f é contínua no ponto P.

Teorema 2: Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto. Se f é
diferenciável no ponto P, então fx(a, b) e fy(a, b) existem. Neste caso, a equação cartesiana do plano
tangente ao gráfico de f passando por P é dada por

z = f(a, b) + fx(a, b)(x-a) + fy(a, b)(y-b)

Teorema 3 (Lema Fundamental): Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um
conjunto aberto. Se f tem derivadas parciais contínua no ponto P, então f é diferenciável no ponto P.

Posteriormente, vimos o conceito de Derivada Direcional, que é responsável por medir a taxa de
variação de uma função de duas ou três variáveis numa direção arbitrária. O vetor Gradiente nos dá a
direção onde a Derivada Direcional é máxima.
A derivada direcional de f no ponto P, na direção do vetor u, é definida como

Quando esse limite existe denotaremos por

Importante observarmos o seguinte Teorema:


Teorema 1: Sejam f : X ⊆ℝ2 → ℝ uma função e P = (a, b) ∈ X fixado, com X um conjunto aberto. Se f é
diferencial no ponto P, então f possui derivada direcional no ponto P na direção de qualquer vetor unitário
u = (cos 𝜃, sen 𝜃) ∈ℝ2 . Neste caso,
𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
(𝑎, 𝑏) = (𝑎, 𝑏)𝑐𝑜𝑠𝜃 + (𝑎, 𝑏)𝑠𝑒𝑛𝜃.
𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Estudamos algumas versões da regra da cadeia aplicadas às derivadas parciais:


• Se f e g são funções de uma variável real tais que w = f(u) e u= g(x), então a função composta
𝑑𝑤 𝑑𝑤 𝑑𝑢
de f e g é w = f(g(x)). Aplicando a regra da cadeia, temos =
𝑑𝑥 𝑑𝑢 𝑑𝑥

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• Se w = f(u, v) com u = g(x, y) e v = h(x, y) e se f, g e h são diferenciáveis, então

• Generalizando a regra da cadeia, temos para uma função de n variáveis x1, x2, ..., xn, cada uma
𝜕𝑥
delas função de outras m variáveis y1, y2, ..., ym. Se supormos que as derivadas parciais existam 𝜕𝑦 𝑖 com i
𝑗

= 1, 2, ..., n e j = 1, 2, ..., m, então

Em seguida, estudamos as derivadas e técnicas com funções de duas oumais variáveis de ordem
superior. Para determinar os pontos máximo e mínimo de uma função em uma região compacta usamos
as seguintes premissas:
Seja f : X ⊆ℝ2 → ℝuma função, com X um conjunto aberto. Um ponto P∈X é um ponto máximo
local de f, se existir uma vizinhança delta de P tal que

Neste caso, podemos dizer que f(P) é o valor máximo de f em 𝑉𝛿 (P). Um ponto P∈X é um ponto
mínimo local de f, se existir uma vizinhança delta de P tal que

Para calcular os pontos de máximo e mínimo na fronteira da região usamos o Método dos
Multiplicadores de Lagrange:

A condição acima envolvendo o operador nabla (∇) é uma igualdade vetorial. Assim, se f e g forem
funções de três variáveis isto equivale a três equações. Caso sejam funções de duas variáveis, esta
igualdade é equivalente a duas equações.
O método dos multiplicadores de Lagrange equivale a: para determinar um ponto crítica de uma
função z = f (x, y) sujeito a um vínculo g (x, y) = 0, formaremos a função: F (x, y, ℷ) = f (x, y) + ℷg (x, y), e
resolveremos o sistema Fx = 0, Fy = 0 e Fℷ = 0.

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Por fim, vimos as derivadas de funções implícitas. Acerca delas, relembremos os Teoremas
estudados:
Teorema C.1 (Teorema da Função Implícita): Seja F: X ⊆ℝ2 → ℝ = uma função, com X um conjunto aberto.
Suponhamos que F tenha derivadas parciais primeiras contínuas em X. Se existir P = (a, b) ∈X tal que Fy
(P) ≠0 (∇F (P) ≠ (0, 0)) e F (P) = 0, então a equação cartesiana F (x, y) = 0 determina uma função y = f (x)
𝐹𝑥
em 𝑉𝛿 (a) tal que: (x, f (x)) ∈X e F (x, f (x)) = 0, ∀ x ∈𝑉𝛿 (a).Além disso, f’ (x) = - .
𝐹𝑦

Teorema C.2 (Teorema da Função Implícita): Seja F: X ⊆ℝ3 → ℝ = uma função, com X um conjunto aberto.
Suponhamos que F tenha derivadas parciais primeiras contínuas em X. Se existir P = (a, b, c) ∈X tal que Fz
(P) ≠0 (∇F (P) ≠ (0, 0)) e F (P) = 0, então a equação cartesiana F (x, y, z) = 0 determina uma função z = f (x,
𝜕𝑧 𝐹𝑥 𝜕𝑧 𝐹
y) em 𝑉𝛿 (a,b) tal que(x, f (x)) ∈X e F (x, f (x)) = 0, ∀ x ∈𝑉𝛿 (a).Além disso, 𝜕𝑥 = − e = − 𝐹𝑦 .
𝐹𝑧 𝜕𝑦 𝑧

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Referências

TIPLER, Paul A.. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações eondas, termodinâmica. Rio de Janeiro:
LTC, 2009. v.1

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,J. Fundamentos de Física: Mecânica. Vol.1.10a Edição. Rio de Janeiro: LTC.2016.

YOUNG, H.D. e FREEDMAN, R. A., Física I: Mecânica. 10a Edição, Addison Wesley,São Paulo: Pearson.2003.

file:///C:/Users/Diego/Desktop/DOCTUM/FÍSICA%201/fisica1_20120307%20(1).pdf acesso: 07/11/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_momento_linear acesso: 07/11/208

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_do_impulso_corpo acesso 07/11/2018]

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