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Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas


Bacharel em Matemática
Cálculo Numérico II

Análise da Apostila de Interpolação


Polinomial (PARTE 2)

Aluna: Daiane Ketrine Donegá

Professor: Dimitar K. Dimitrov

São José do Rio Preto


2020
1

As modificações realizadas na apostila estarão em


negrito para melhor serem observadas
Capı́tulo 1

Integração Numérica por Fórmulas de


Quadratura

Iniciaremos lembrando a definição da integral de Riemann. Seja uma função f , definida no


intervalos finito e fechado [a, b]. O conjunto dos pontos x0 , x1 , · · · , xn , tal que a = x0 < x1 <
· · · < xn−1 < xn = b, é chamado partição do intervalo [a, b] e é denotado por M. Com toda
partição M de [a, b] associamos o número δ que é o maior comprimento dos seus subintervalos
[xk−1 , xk ], k = 1, · · · , n, isto é δ = δ(M) = maxxk − xk−1 : 1 ≤ k ≤ n. Dada uma partição M de
[a, b], qualquer conjuntos Ξ que consiste de pontos ξ1 , · · · , ξn , tais que ξk ∈ [xk−1 , xk ] para todo
k = 1, · · · , n, e dita ser uma sub-partição de M. Portanto, uma partição M e uma sub-partição
Ξ consistem em 2n + 1 pontos. Desta forma, a soma

n
X
S(f ; M; Ξ) = (xk − xk−1 )f (ξk )
k=1

é chamada soma de Riemann de f associada ao par (M, Ξ).


Dada uma função f , se os lim S(f ; M; Ξ) existem para quaisquer pares de partições e suas
δ−→0
sub-partições (M, Ξ) quando δ converge para zero e onde estes são todos iguais e não dependem
das escolhas dos pares (M, Ξ), então a função é dita integrável no sentido de Riemann em [a, b]
e o limite comum das somas de Riemann é chamado de integral de f em [a, b], denotada por
Z b
f (x)dx.
a
Sucintamente escreveremos

Z b
f (x)dx = lim S(f ; M; Ξ).
a δ−→0

2
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 3

Entretanto, devemos sempre lembrar e enfatizar que o limite não depende de como as
partições são escolhidas ou da forma que delta converge para zero e nem das suas sub-partições
onde são tomados os valores de f .
Boa parte dos cursos de Cálculo são dedicados ao tema de como integrar explicitamente
várias funções. É óbvio que são poucas funções que podem ser calculadas explicitamente, mas
em consequência da extrema importância das integrais nas diversas áreas de estudos surgiu
a necessidade de calcular com boa precisão as integrais definidas.
Assim, começaremos com toda combinação linear definida da seguinte maneira:

n
X
Q(f ) := ak f (xk )
k=1

Z b
que pode ser considerado como um método para a aproximação da integral I(f ) = f (x)dx.
a
Escreveremos assim
Z b n
X
f (x)dx ≈ ak f (xk ),
a k=1

ou de forma mais sucinta I(f ) ≈ Q(f ).


A combinação linear Q(f ), quando considerada como aproximação da integral I(f ), é cha-
mada fórmula de quadratura.
Os pontos xk são chamados nós da fórmula de quadratura e ak seus coeficientes (pesos).
É claro que tanto I(f ), como Q(f ) são funcionais lineares, isto é

I(αf + βg) = αI(f ) + βI(g) e Q(αf + βg) = αQ(f ) + βQ(g).

1.1 Fórmulas de quadratura de Newton-Cotes.


Já sabemos que em muitos casos os polinômios Ln−1 (f ; x) que interpolam f nos pontos x1 , · · · , xn
convergem para as funções interpoladas quando a quantidade dos pontos converge para a fun-
ção. Além disso, o polinômio Ln−1 (f ; x) usa somente os valores da função em x1 , · · · , xn para
ser construı́do, ademais trata-se de um operador linear, isto é

Ln−1 (αf + βg; x) = αLn−1 (f ; x) + βLn−1 (f ; x).

Estas observações imediatas sugerem que uma forma razoável para construirmos uma fór-
mula de quadratura é simplesmente integrar o polinômio interpolador em [a, b]. Mais precisa-
mente, pensamos que
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 4

f (x) ≈ Ln−1 (f ; x).

isto é
n
X
f (x) ≈ f (xk )ln−1,k (x),
k=1

é uma aproximação viável. Integrando-a, obtemos


Z b Z b n
X Z b
f (x)dx ≈ Ln−1 (f ; x)dx = f (xk ) ln−1,k (x)dx,
a a k=1 a

O lado direito é de fato a fórmula de quadratura


n
X Z b
Q(f ) = ak f (xk ), onde ak = ln−1,k (x)dx
k=1 a

As fórmulas de quadratura obtidas dessa maneira são denominadas interpolatórias.


n
X
Definição: A fórmula de quadratura Q(f ) = ak f (xk ) é dita ser interpolatória se Q(f ) =
k=1
Z b
Ln−1 (x)dx, onde Ln−1 (f ; x) é o polinômio que interpola f em x1 , · · · , xn ou equivalente-
a Z b
mente, ak = ln−1,k (x), para k = 1, · · · , n.
a
Estudaremos agora as primeiras fórmulas de quadratura interpolatórias com nós equidis-
tantes que, por qualquer uma das nomenclaturas, são fórmulas de Newton-Cotes. Mais precisa-
mente, obteremos as fórmulas de quadratura do paralelogramo (ou do ponto médio), do trapézio
e de Simpson, às quais nós vamos nos referir como fórmulas de Newton-Cotes clássicas.

(a+b)
Para n = 1 e tendo x1 = 2
como ponto médio do intervalo [a, b], pode-se notar que,
neste caso, o polinômio de Lagrange tem grau zero, isto é, constante, ou mais precisamente,
f (a+b)
L0 (f ; x) = 2
.
Portanto
Z b  
a+b
Q(f ) = L0 (f ; x)dx = (b − a)f .
a 2
Esta fórmula de quadratura é denotada por Qp ,
Z b  
a+b
f (x)dx ≈ (b − a)f =: Qp (f )
a 2
e é chamada fórmula de quadratura do paralelogramo (do ponto médio).

Quando n = 2, é natural escolhermos os pontos extremos x1 = a e x2 = b como nós. Então,


L1 (f ; x) = f (a)(x − b)(a − b) + f (b)(x − a)(b − a). Após integrarmos, obteremos:
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 5

b
b−a
Z
f (x)dx ≈ f (a) + f (b) =: QT (f )
a 2

e a última é chamada fórmula de quadratura do trapézio.

Para n = 3, a natural escolha dos nós é x1 = a, x2 = (a+b) 2


, x3 = b. O correspondente
a+b

polinômio interpolado é L2 (f ; x) = f (a)l2,1 (x) + f 2 l2,2 (x) + f (b)l2,3 (x), onde
a+b
(x − a) x − a+b
 
x− 2 
(x − b) (x − a)(x − b) 2 
l2,1 (x) = a+b
, l2,2 (x) = a+b  a+b  , l2,3 (x) = a+b
.
a− 2
(a − b) 2
− a 2
− b (b − a) b − 2

Integrando estes polinômios básicos de interpolação em [a, b], obtemos


b    
b−a
Z
a+b
f (x)dx ≈ f (a) + 24f + f (b) =: QS (f ),
a 6 2

e QS (f ) é chamado de fórmula de quadratura de Simpson.

1.2 Fórmula de quadraturas compostas de Newton-Cotes clás-


sica.
Pelo fato da integral ser limite de somas de Riemann, é claro que poderemos aproximar bem
integrais somente com fórmulas de quadratura que usam uma grande quantidade de valores de
f . Por outro lado, os cálculos de Cotes não forneceu os resultados desejados, pois com ele não
foi possı́vel obter fórmulas tão claras e explicitas. Por isto optamos pelas compostas

1) Fórmula de quadratura do paralelogramo composta.

Sabemos que

Z b  
a+b
I(f ) = f (x)dx ≈ (b − a)f = QP (f )
a 2

Separaremos o intervalo [a, b] em n subintervalos e apliquemos a fórmula do paralelogramo


em cada um destes e posteriormente somemos os resultados encontrados. Seja xk = a +
k(b − a)
, k = 0, 1, · · · , n, note que x0 = a e xn = b. Além disso, observe também que:
n
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 6

x1  
(b − a)
Z
x0 + x1
f (x)dx ≈ f ,
x0 n 2
x2  
(b − a)
Z
x1 + x2
f (x)dx ≈ f ,
x1 n 2
..
.

xk  
(b − a)
Z
xk−1 + xk
f (x)dx ≈ f ,
xk−1 n 2
..
.

xn  
(b − a)
Z
xn−1 + xn
f (x)dx ≈ f .
xn−1 n 2

Somando os resultados, obtemos

b n  
(b − a) X
Z
xk−1 + xk
f (x)dx ≈ f =: QP,n (f ).
a n k=1
2

A fórmula é chamada de fórmula de quadratura do paralelogramo composta. Seja yk =


(xk−1 +xk )
2
o ponto médio do k − simo intervalo, note que:
 
yk = xk−12+xk = 12 (xk−1 + xk ) = 21 a + (b−a)
n
(k − 1) + a + (b−a)
n
k ,

isto é;

2k−1
yk = a + 2n
(b − a), k = 1, · · · , n.

Portanto, podemos reescrever a fórmula de quadratura do paralelogramo composta da se-


guinte maneira:

n n  
(b−a)
X (b − a) X (b − a)
QP,n (f ) = n
f (yk ) = f a+ (2k − 1) .
k=1
n k=1
2n

Analisemos agora outra forma de quadratura composta.

2) Fórmula de quadratura do trapézio composta.


Sabe-se que
b
(b − a)
Z
I(f ) = f (x)dx ≈ (f (a) + f (b)) = QT (f ).
a 2
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 7

Seguindo, de forma análoga ao que fizemos anteriormente, pode-se observar que

x1
(b − a)
Z
f (x)dx ≈ (f (x0 ) + f (x1 )),
x0 2n
..
Z xk .
(b − a)
f (x)dx ≈ (f (xk−1 ) + f (xk )),
xk−1 2n
..
Z xn .
(b − a)
f (x)dx ≈ (f (xn−1 ) + f (xn )).
xn−1 2n
Somando os resultados, obtemos
Z b ( n−1
)
(b − a) X
f (x)dx ≈ f (a) + 2 f (xk ) + f (b) =: QT,n (f ).
a 2n k=1

que é a fórmula de quadratura do trapézio composta. Fazendo a substituição xk = a+ k(b−a)


n
,
e reescrevendo a equação acima, temos:
( n−1   )
(b−a)
X (b − a)
QT,n (f ) = 2n
f (a) + 2 f a+k + f (b)
k=1
n

3) Fórmula de quadratura de Simpson composta:


Sabemos que

b    
(b − a)
Z
a+b
I(f ) = f (x)dx ≈ f (a) + 4f + f (b) = QS (f ).
a 6 2
Em cada intervalo
x1
(b − a)
Z
f (x)dx ≈ {f (x0 ) + 4f (y1 ) + f (x1 )} ,
x0 6
..
Z xk .
(b − a)
f (x)dx ≈ {f (xk−1 ) + 4f (yk ) + f (xk )} ,
xk−1 6
..
Z xn .
(b − a)
f (x)dx ≈ {f (xn−1 ) + 4f (yn ) + f (xn )} .
xn−1 6
A soma é
( n−1 n
)
b
(b − a)
Z X X
f (x)dx ≈ f (a) + f (b) + 2 f (xk ) + 4 f (yk ) =: QS,n (f ),
a 6n k=1 k=1

obtemos assim a forma de quadratura de Simpson composta.


CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 8

1.3 Análise dos Erros das Fórmulas de Quadratura de Newton-


Cotes

Nesta seção analisaremos as fórmulas de quadratura de Newton-Cotes clássicas, tanto as simples,


como as compostas e provaremos que as fórmulas compostas convergem para as integrais de
várias famı́lias de funções.
Escrevendo a fórmula de Taylor com dois termos, junto com o erro, concluı́mos que, se
f ∈ C 2 [a, b], então para todo x ∈ [a, b], existe um ξ = ξ(x) ∈ (a, b), tal que

a+b 2
a+b
+ f0 a+b a+b
+ 12 f 00 (ξ(x)) x −
   
f (x) = f 2 2
x− 2 2
.

Integrando esta igualdade com respeito à variável x, em [a, b], e levando em consideração
Z b 
(a − b)
que x− dx = 0, obtemos
a 2

Z b  2
1 (a + b)
I(f ) = QP (f ) + 2
f ”(ξ(x)) x − dx. (29)
a 2
Vamos precisar agora da seguinte versão do Teorema do valor médio para integrais:
Se F, G ∈ C[a, b] e G(x) ≥ 0 para todo x ∈ [a, b], então existe um ponto η ∈ [a, b], tal que

Z b Z b
F (x)G(x)dx = F (η) G(x)dx.
a a

Aplicando este Teorema na integral do item  (29), juntamente com a igualdade G(x) =
2 
Z b x − (a+b)
(x− (a+b)
2 )
2
2 (b − a)3
e F (x) = f ”(ξ(x)), e calculando dx = , vamos assim
 
2
2 24
 
a

concluir que se f ∈ C 2 [a, b], então existe um ponto ξP ∈ [a, b], tal que
(b−a)3
RP (f ) := I(f ) − QP (f ) = 24
f ”(ξP ). (30)

Para obtermos o preceito a respeito do erro da fórmula do trapézio , vamos lembrar que
o erro da interpolação de uma função f ∈ C 2 [a, b] por polinômio de grau um em a e b.
Neste caso, para todo x ∈ [a, b], existe um ξ = ξ(x) ∈ (a, b), de modo que

f (x) − f (a) x−b x−a


= f ”(ξ(x)) (x−a)(x−b)

a−b
+ f (b) b−a 2

Novamente integrando em [a, b], aplicando o Teorema do valor médio e calculando as cor-
respondentes integrais, concluı́mos que se f ∈ C 2 [a, b], então existe um ponto ξT ∈ [a, b], tal
que
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 9

3
RT (f ) := I(f ) − QT (f ) = − (b−a)
12
f ”(ξT ). (31)

Para o resultado sobre o erro da fórmula de quadratura de Simpson iremos usar a interpo-
lação de Hermite por um polinômio de grau três com nós simples em a e b e nó duplo no ponto
(a+b)
médio 2
.Escrevendo de forma mais precisa, temos que o polinômio interpolador é
   
H3 (f, x) = f (a)h1,0 (x) + f (a+b)
2
h2,0 (x) + f 0 (a+b)
2
h2,0 (x) + f (b)h3,0 (x).

Fazendo uso do Teorema 9 que fala sobre o erro do processo interpolatório teremos que,
se f ∈ C 4 [a, b], para todo x ∈ [a, b], então existe um ξ = ξ(x) ∈ (a, b), tal que

f (4) (ξ(x)) a+b 2



f (x) − H3 (f, x) = 24
(x − a) x − 2
(x − b).

Fazendo novamente uso da integração e aplicando também o Teorema do valor médio


poderemos dizer que quando f ∈ C 4 [a, b], então existira um ξS ∈ (a, b), de modo que

5
RS (f ) := I(f ) − QS (f ) = − (b−a)
2880
f (4) (ξS ).

Nossa próxima tarefa será obter representações para os erros das correspondentes fórmulas
de quadratura composta e para esse propósito vamos recordar que conseguimos obter as
últimas representações dos erros através de aplicação das fórmulas simples em n subintervalos
e posteriormente somando estes resultados, mas agora avaliaremos o erro em cada intervalo e
somaremos os erros.
A ideia funcionará da seguinte forma para a fórmula de quadratura composta do paralelo-
gramo, aplicaremos a igualdade vista no item (30) em cada subintervalo e obteremos:
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 10

E somando essas igualdades chegaremos em;

Iremos utilizar agora outro Teorema do Valor Médio, o qual afirma o seguinte:
-Se g ∈ C[a, b], então para quaisquer n ponto ξ1 , ξ2 , · · · , ξn de [a, b], existe um ponto η ∈
[a, b], tal que

g(ξ1 )+g(ξ2 )+···+g(ξn )


n = g(η).
Aplicando este Teorema do valor médio na igualdade: g(x) = f ”(x) (a qual é contı́nua
devido ao fato de f ∈ C 2 [a, b]), conseguiremos concluir que existe um ponto ξP,n ∈ [a, b], tal
que

(b−a)3
I(f ) − QP,n (f ) = 24n2
f ”(ξP,n ).

Através de raciocı́nios completamente análogos, obteremos os seguintes resultados para os


erros das fórmulas de quadratura composta do trapézio e de Simpson:

Resumiremos abaixo os resultados obtidos na forma de teorema em razão de sua impor-


tância
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 11

Vamos ainda observar algo importante que este Teorema implica a respeito da integração
de funções que possuem segunda ou ate quarta derivadas e que são limitadas em um intervalo
[a, b].
Nossa experiência com a análise do erro e com a convergência dos polinômios interpoladores
nos ajudara provar facilmente o seguinte:

O primeiro exemplo mostra que estes resultados teóricos possuem aplicações imediatas in-
teressantes.

Exemplo 16. Calcular aproximadamente o número π com erro que não excede 0, 004.
Solução: Não vamos resolver este problema mostrando todos os detalhes, para ser mais
π
exato a sugestão aqui é aproximar não exatamente π mas sim o 4
e representar esse número
1
pela integral de f (x) = (1+x2 )
em [0, 1]. Já a análise da segunda derivada, da quarta derivada
e de suas normas vai exigir um esforço um pouco maior, mas, surpreendentemente, os limites
superiores para essas normas serão os mesmos do caso anterior.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 12

1.4 Polinômios Ortogonais

Nesta seção estabeleceremos algumas propriedades básica dos polinômios ortogonais que são
absolutamente necessárias para que posteriormente, desenvolvamos a teoria das chamadas fór-
mulas de quadratura de Gauss.
Já estudamos algumas propriedades dos polinômios algébricos e sabemos que eles contem-
plam as propriedades analı́ticas, o que se deve ao fato de serem funções, e também contem-
plam as propriedades algébricas, pois o espaço Pn dos polinômios de grau n é um espaço linear
cuja dimensão é n + 1.
Sabemos também quando e como podemos construir uma base ortogonal num espaço linear.
Isto é feito através do processo de ortogonalização de Gram-Schmidt. A essência da construção
de polinômios ortogonais é muito parecida com o processo de obter uma base ortogonal. É claro
que para termos a noção de ortogonalidade, temos que ter um produto interno.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 13

Desta forma, temos um produto interno, ja que ele é obviamente simétrico, linear com
respeito a cada uma das variáveis e por fim satisfaz hf, f iσ > 0 para todo polinômio que não
seja identicamente nulo.

Faremos algumas observações importantes provenientes somente da definição e de conheci-


mentos básicos sobre bases ortogonais em espaços lineares.
A sequência de polinômios ortogonais {pn (x)}∞
n=0 é obtida através do processo de ortogo-
nalização de Gram-Schimidt, iniciado por 1, x, x2 , · · · , xn , · · ·. Após a execução do processo de
Gram-Schimidt, obtemos um polinômio de grau n, pois o processo de construção garante que
os polinômios ortogonais são linearmente independentes, além do mais, já foi provado também
que uma sequência de polinômios p0 , · · · , pn , com cada polinômio pk sendo de grau exatamente
k, formam uma base de Pn . Portanto a propriedade (1) da definição em si já garante o fato dos
polinômios ortogonais serem linearmente independentes.

Lema 1. um polinômio de grau exatamente n é o n-ésimo polinômio ortogonal com respeito


ao produto interno h., .iσ se, e somente se pn é ortogonal a todos os polinômios de Pn−1 .

Demonstração: O fato é que se pn for o n-ésimo polinômio ortogonal com relação ao produto
interno h., .iσ , então ele necessariamente é ortogonal a todo polinômio de grau n − 1 e isto é
consequência da construção do sistema ortogonal por meio do processo de Gram-Schimidt a
partir da base das potências 1, x, x2 , · · · , xn
Segue agora a prova formal.
Se pn é o n-ésimo polinômio ortogonal então sabemos que o produto interno hpn , pm iσ = 0,
para m = 0, 1, · · · , n − 1.
Se q ∈ Pn−1 , pelo fato de p0 , p1 , · · · , pn−1 formar uma base de Pn−1 , então, desse modo
existirá únicas constantes α0 , · · · , αn−1 , tais que
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA POR FÓRMULAS DE QUADRATURA 14

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