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ax e log10 x
não são fáceis de se diferenciar ou integrar sem a adoção de uma base especial, ou seja, o número
e = 2, 718281828459...
A função exponencial particular que temos em mente é y = ex , e a função logarítmica nesta
base específica é y = loge x.
À primeira vista, pode parecer estranho usar o número complicado e irracional e como base.
No entanto, esta é uma visão puramente subjetiva. Na verdade, ex e loge x têm derivadas muito
simples. Incrivelmente, essas derivadas são
1
(loge x)′ = e (ex )′ = ex
x
x x
ou seja, a derivada de e é idêntica a e e a derivada de loge x é simplesmente o recíproco de x.
Por esse motivo, consideramos e como uma base natural para funções exponenciais e loga-
rítmicas. É costume, de fato, chamar loge x de logaritmo natural de x e representá-lo por ln x.
Consequentemente, poderíamos chamar ex de função exponencial natural, mas esse termo não é
frequentemente usado.
Temos então a seguinte regra: sempre que funções exponenciais e logarítmicas precisarem ser
diferenciadas ou integradas, reescrevemos as funções com o número e como base.
Não há uma maneira direta de definir essas funções. O procedimento se assemelha a uma
história de detetive. Apesar do padrão lógico complicado, você poderá acompanhar cada passo
sem muito esforço! E uma compreensão real das funções exponenciais e logarítmicas abre portas
para uma série de aplicações.
1
Integral de x
1
Figura 1: A definição de ln(a) para a > 1 e ln(b) para 0 < b < 1.
Vamos denotar essa quantidade por ln a e ler como “ln de a”. Por enquanto, esquecemos que
ln a tem algo a ver com um logaritmo. Em segundo lugar, considere 0 < b < 1 um outro número
fixo. O ponto t = b está à esquerda do ponto t = 1. A área sobre [b, 1] é:
Z 1
1
dt.
b t
Podemos trocar os dois limites da integral, lembrando de inverter o sinal da integral, o que
resulta na área:
Z b
1
− dt.
1 t
A integral tem a mesma forma que a integral sobre [1, a]. Portanto, é bastante conveniente
definir:
Z b Z 1
1 1
ln b = dt = − dt.
1 t b t
Assim, quando 0 < b < 1, ln b é um número negativo.
Agora, realizamos o mesmo passo lógico que realizamos antes, quando introduzimos a função
de área F (x) (vide texto anterior). Consideramos o limite superior da integral como uma variável
e o denotamos por x em vez de a ou b. Para cada x > 0, há um valor único de área atribuído.
Portanto, a área é uma função de x. Portanto, ln x também é uma função de x:
Z x
1
ln x = dt (x > 0) (∗).
1 t
Se x = 1, o intervalo se reduz a um ponto, de modo que a área é zero. Portanto, ln 1 = 0. Para
x > 1, a função ln x assume valores positivos. Para x < 1, no entanto, interpretamos x como b
na Figura 1. Já sabemos que ln b < 0. Portanto, ln x assume valores negativos para 0 < x < 1.
2
Os valores numéricos podem ser determinados aproximadamente pelo método de contagem de
pontos.
Propriedades de ln x
Definimos ln x como a área de um “quadrilátero curvilíneo” entre o intervalo [1, x] e o gráfico de
l
t
. Essa área muda continuamente à medida que x muda. Portanto, ln x é uma função contínua de
x. Além disso, podemos diferenciar ln x aplicando o Teorema Fundamental do Cálculo à integral
em (∗). Assim, obtemos
d 1
(ln x) = (ln x)′ = .
dx x
A derivada de ln x é o integrando em (∗) escrito com a variável x. De forma inversa, ln x é uma
antiderivada de 1/x. Portanto, a integral indefinida de 1/x é
Z
1
dx = ln x + C (x > 0),
x
onde C é uma constante arbitrária.
Agora estudamos a função composta ln(kx), onde k é um número positivo. A Regra da Cadeia
nos permite diferenciar esta função. Definindo u = kx, obtemos
d 1 du 1 1
(ln kx) = · =− ·k = · k.
dx ln u dx u kx
ou
d 1
(ln kx) = − .
dx x
Surpreendentemente, o resultado não depende de k, ou seja, ln(kx) tem a mesma derivada que
ln x. Portanto, as antiderivadas diferem apenas por uma constante específica:
ln(kx) = ln x + C.
3
Segue que ln(kx) = ln x + ln k. Para conveniência, reescrevemos esta fórmula com letras a e b:
ln(a2 ) = ln a + ln a = 2 · ln a,
ln(a3 ) = ln a2 + ln a = 2 · ln a + ln a = 3 · ln a, etc.
Em geral, para qualquer número natural n, segue que
Agora, assumimos que a > 1. Isso implica que ln a > 0. Então, à medida que n tende ao
infinito, n · ln a também tende ao infinito. Portanto, considerando an = x, obtemos que
ln x → +∞ conforme x → +∞.
Se, ao contrário, 0 < a < 1, sabemos que ln a < 0. Portanto, à medida que n tende a infinito, o
produto n · ln a tende a −∞. Ao mesmo tempo, x = an tende a zero. Assim, vemos que
ln x → −∞ conforme x → 0.
Em resumo,
lim ln(x) = +∞ e lim ln(x) = −∞.
x→+∞ x→0
Enquanto o domínio da função ln é o eixo x positivo, os resultados acima indicam que a imagem
é todo o eixo y.
A Função Inversa de ln x
Como a derivada de ln x é 1/x, e como 1/x é positivo para todo x > 0, a função ln x aumenta à
medida que x aumenta. Portanto, y = ln x é uma função monótona para todo x > 0. Isso significa
que a cada valor de y está associado um único valor de x. Por exemplo, se escolhermos y = 0,
existe apenas um valor correspondente de x, a saber, x = 1.
Para escrever a função inversa de y = ln x de forma conveniente, consideramos primeiro o
valor especial y = 1. A equação ln x = 1 tem, como sabemos, uma solução única. Da Figura 2,
vemos que x ≈ 2, 7 e, com maior precisão, que x deve estar entre 2, 71 e 2, 72. Denotamos esse
4
valor particular de x por e. Você dificilmente se surpreenderá ao saber que e é idêntico ao número
definido no início deste texto. A função exponencial
x = ey
é equivalente a y = ln x. Para provar essa afirmação, precisamos apenas tomar “ln” em ambos os
membros, ou seja,
ln x = ln ey = y.
Para se definir a função inversa, é costume trocar x por y. Assim, obtemos como a função
inversa de y = ln x a função
Isso significa que obtemos uma função exponencial com a base especial e. Para traçar o gráfico
dessa função, só precisamos trocar x e y na Figura 2 ou, equivalentemente, refletir a curva em
relação à linha y = x (ver Figura 3). O domínio de y = ex é todo o eixo x, e a imagem é o eixo y
positivo.
Figura 3: Gráfico da função exponencial y = ex obtido por reflexão do gráfico de y = ln x em relação à reta y = x.
Para ex , existe outra notação que é especialmente adequada para digitação e impressão:
ex = exp(x).
2
Na literatura mais recente, essa notação é frequentemente utilizada. Por exemplo, em vez de e−u ,
escreve-se exp(−u2 /2).
A função inversa de y = ex é a nossa função original y = ln x. Portanto, y = ln x é uma função
logarítmica especial, a saber, aquela com base e, ou seja,
ln x = loge x.
5
A função ln x é chamada de logaritmo natural de x.
Como as operações de “ln” e “exp” são inversas uma da outra, elas se cancelam mutuamente.
Portanto, podemos escrever
ln(exp x) = ln ex = x
e
exp(ln x) = eln x = x.
Em vez de ax , podemos considerar ln ax. Para o caso particular em que x é um número natural
n = 1, 2, 3, 4, . . ., já sabemos que
ln an = n ln a
O resultado pode ser estendido para inteiros negativos −1, −2, −3, . . ., como mostrado por um
exemplo típico
1
ln a−3 = ln 3 − 3 ln a,
a
O expoente também pode ser 1/n, onde n = 1, 2, 3, . . .. Considere, por exemplo,
1
ln a 5 .
Isso se reduz a 1
1
ln a 5 = ln a.
5
Podemos até ir um passo adiante e considerar
ln a3/5 .
Aqui, temos
1 3 1
3
ln a3/5 = ln a 5 = 3 ln a 5 = ln a.
5
Em todos esses casos, obtivemos
ln ax = x · ln a.
Essa fórmula é verdadeira para todos os números racionais x, sejam positivos ou negativos.
A última fórmula obtida afirma que ln ax é proporcional a x para uma base fixa a e para todos
os números racionais x. Agora é um passo pequeno estender esta fórmula para todos os núme-
ros reais x. De fato, um número real pode
√ ser considerado como o limite de uma sequência de
números racionais, como, por exemplo, 3 é o limite da sequência
6
Portanto, definimos ln ax como o produto x · ln a. Inversamente, ax é a função inversa de ln ax .
Assim, obtemos a fórmula fundamental
ax = ex · ln a.
Para provar cada fórmula, aplicamos “ln” em ambos os lados. Esse procedimento reduz as
três fórmulas a igualdades que já conhecemos. De fato, a primeira é equivalente a
s · ln a + t · ln a = (s + t) · ln a,
a segunda é equivalente a
s(ln a + ln b) = s · ln a + s · ln b,
e a terceira é equivalente a
t · ln(as ) = s · t · ln a.
a · ln 10 = ln x.
Portanto,
ln x = ln 10 · log10 x (x > 0).
O valor numérico de ln 10 é
ln 10 = 2, 3025850 . . . .
A Equação acima simplesmente significa que o logaritmo natural é proporcional ao logaritmo
comum.
Então, por que aprendemos ambos os tipos de logaritmos? A resposta é dupla. Para cálculos
numéricos, o logaritmo comum é muito mais prático do que o logaritmo natural. No entanto,
quando cálculos diferenciais ou integrais estão envolvidos, o logaritmo natural é preferível. Isto
ficará claro a seguir.
7
Diferenciação e Integração
Já sabemos que Z x
1
ln x = dt
1 t
e que
1
(ln x)′ = .
x
Agora vamos estender esses resultados.
Em algumas ocasiões, precisamos integrar 1/x no caso em que x é negativo. A antiderivada
não pode ser ln x porque o logaritmo de um número negativo não existe. Tentamos então com
ln(−x). De acordo com a Regra da Cadeia, a derivada é −1/(−x) = 1/x, que é exatamente o que
queríamos. É conveniente substituir −x pelo valor absoluto de x, ou seja, |x|. Assim, podemos
afirmar um resultado válido tanto para valores positivos quanto negativos de x:
Z
1
dx = ln |x| + C (x ̸= 0).
x
Podemos também estar interessados em derivar log x. Por meio das fórmulas obtidas anterior-
mente, vemos que
′ ln x 1 1
(log x) = = · .
ln 10 ln 10 x
A derivada (ln x)′ serve também para encontrar a derivada de ex . Para isso, usamos a fórmula
para a derivada de uma função inversa
dx 1
= dy
dy dx
Como x = ey é equivalente a y = ln x, segue que
d y dx 1 1 1
e = = dy = d(ln x)
= 1 = x = ey .
dy dy dx x
dx
8
Por fim, exploramos a função exponencial enx para diferenciar a função potência y = xn , onde
n é qualquer número real. Vimos que a “Regra do Tombo” vale para todos os números racionais.
Veremos agora que ela vale para todos os reais! De fato:
xn = en ln x para x > 0,
e assim,
d n d n ln x 1 n
x = (e ) = en ln x · n · = xn · = nxn−1 , para x > 0.
dx dx x x
A fórmula pode ser estendida para valores negativos de x se assumirmos que n é um número
inteiro. O resultado é o mesmo.
2 Aplicações
Nenhuma outra função possui uma diversidade de aplicações nas Ciências Biológicas tão grande
como as funções exponenciais e logarítmicas. Vejamos algumas situações onde tais funções são
de suma importância.
a) O coração do pintinho.
Um ovo de galinha foi incubado por três dias a uma temperatura t0 = 37◦ C . Posteriormente,
durante um período de 40 minutos, a temperatura t foi reduzida e o número N de batimentos
cardíacos por minuto foi medido:
t(°C) N
36, 3 154
35, 0 133
33, 9 110
32, 4 94
31, 8 83
31, 1 82
30, 4 75
24, 7 38
24, 2 36
Exercício: Mostre graficamente que N pode ser aproximadamente representado por uma função
exponencial de t.
Quando o eixo x ou o eixo y (mas não ambos os eixos), apresentam valores em escala logarít-
mico, o sistema de coordenadas é denominado semilogarítmico. Neste sistema de coordenadas
o gráfico de uma função exponencial é uma linha reta. Portanto, considerando o sistema de co-
ordenadas semilogarítmico, devemos plotar log N versus t. No entanto, obtemos um resultado
mais interessante se plotarmos a diferença entre t e 37◦ C, ou seja, a quantidade τ (tau minúsculo),
definida por
τ = 37◦ − t.
Para fins numéricos, operamos com logaritmos comuns. Assim, a tabela original de dados se
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transforma na nova tabela:
τ (◦ C) log N
0, 7 2, 188
2, 0 2, 124
3, 1 2, 041
4, 6 1, 973
5, 2 1, 919
5, 9 1, 914
6, 6 1, 875
12, 3 1, 580
12, 8 1, 556
Esses dados são plotados na Figura 4. Os pontos com coordenadas (τ, log N ) estão muito
próximos de uma linha reta. É fácil ajustar visualmente tal reta. Conclui-se então que log N é uma
função linear de r, ou seja,
log N = a + bτ, (1)
para certas constantes positivas a e b. Para τ = 0, obtemos a = log N . Da Figura 4, vemos que
10
A função está na forma N = N0 e−kτ com parâmetros N0 e k. Aqui, N0 = 162 significa o número
de batimentos cardíacos por minuto para τ = 0◦ ou t = 37◦ . O segundo parâmetro é k = 0, 114.
Quando a taxa de diminuição é de interesse, temos
dN
= 162 · (−0, 114)e−0,114t = −(18, 5)e−0,114t .
dτ
"
Essa taxa é negativa e depende de τ . Para τ = 0, ela é de −18.5. Isso significa que no início do
experimento, o número de batimentos cardíacos por minuto diminuiu em 18.5 a cada 10◦ C.
b) Substâncias radioativas.
Consideramos uma substância contendo átomos radioativos e assumimos que apenas um tipo de
isótopo radioativo está presente. Seja N o número de átomos radioativos presentes na substância
no tempo t. Então, experimentos mostram que a decaimento radioativo segue a lei
Figura 5: Durante o intervalo de tempo de comprimento ∆t, metade dos átomos radioativos decaem.
N1 = N0 e−λt1 ,
11
Como assumimos que metade dos átomos radioativos decaem durante o intervalo de tempo,
temos N2 = 12 N1 . Então, a expressão obtida para N2 nos dá
−λ·∆t 1 1
e = , isto é, − λ · ∆t = ln = −0, 69315.
2 2
Portanto, a meia-vida ∆t é
ln(0, 5) 0, 69315
∆t = ≈ .
λ λ
A meia-vida aumenta quando a constante de decaimento diminui e vice-versa. Ambos os
parâmetros λ e ∆t são típicos para o isótopo em consideração. Note que ∆t não depende nem
de N0 nem do instante de tempo t1 . Isso significa que sempre que um intervalo de tempo de
comprimento ∆t decorre, o número de átomos radioativos restantes é reduzido pela metade.
A partir da fórmula de N e da Regra da Cadeia, segue que a taxa de decaimento torna-se
dN
= N0 e−λt · (−λ) = −λN.
dt
Portanto, a taxa de decaimento é proporcional a N , ou seja, ao número de átomos radioativos
restantes.
c) Vírus do tabaco.
Em experimentos realizados nos anos 50 e 60, várias cepas de vírus do tabaco, como a Aucuba,
em folhas de Nicotiana sylvestris e outras plantas de tabaco foram expostas a raios-X de dife-
rentes comprimentos de onda. Pela radiação, parte das partículas do vírus foram inativadas,
fazendo com que a reprodução cessasse. Descobriu-se que o número y de partículas sobreviven-
tes diminuiu exponencialmente com a dose de raiosX aplicada. Portanto, com uma aproximação
satisfatória, temos
y = y0 e−ar = y0 · exp(−ar)
onde a é uma constante positiva dependendo do material biológico.
Podemos perguntar: qual é a dosagem adequada para inativar 90% do vírus? Para responder
y0
a esta pergunta, tomamos y = 10 e denotamos a dose necessária por r90 . Então, a fórmula acima
nos dá
1
e−a·r90 = .
10
Portanto,
1
− ln 10 ln(10) 2, 303
r90 = = ≈ .
a a a
12
Figura 6: A absorção da luz solar na água do mar segue uma lei exponencial. Com um aumento de profundidade
de 1 metro, mais de 75% da luz é absorvida.
e) Morte natural
Uma aplicação mais sofisticada da função exponencial ocorre em conexão com a mortalidade
por causas naturais. Os dados foram coletados de 144 ratos de laboratório da mesma linhagem,
todos esses ratos haviam atingido a idade de sete meses. A partir desse ponto, suas idades no
momento da morte natural foram registradas. A função de sobrevivência é uma função escada
(constante por partes), mas pode muito bem ser aproximada por uma curva suave de acordo com
uma fórmula de Gompertz:
kt
N = a · e−b·e = a exp (−b · exp(kt)) .
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Universidade Estadual de Londrina
Centro de Ciências Exatas
Departamento de Matemática
Atividade - Matemática Aplicada às Ciências Biológicas
Curso: Bacharelado em Ciências Biológicas
12·12·2023
Discente:
Exercícios
1. Calcule as derivadas das seguintes funções compostas:
d 3x
a) e
dx
d 1−2u
b) e
du
d
ln(1 + s2 )
c)
ds
d
d) ln(1 − r)
dr
d −2x
e) e
dx
d 1
f) ln 1 +
ds s
d
g) ln(1 − r2 )
dr
d
h) (u · ln(3u))
du
d x
i) ln
dx 1−x
2. Se f (x) é diferenciável e f (x) > 0, mostre que
f ′ (x)
(ln f (x))′ = .
f (x)
3. Calcule as seguintes integrais indefinidas:
Z
a) ex dx
Z
b) e2t dt
Z
c) e−x dx
Z
1
d) dw
w
Z
1
e) dx
x+1
Z
3
f) dt
2t + 5