Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Operadores Compactos
Ao longo desta seção X e Y denotam espaços de Banach.
Definição 1.2. Dizemos que um operador T ∈ B(X, Y ) tem posto finito se a imagem
de T , R(T ), tem dimensão finita.
Observações .
(1) Se T ∈ B(X, Y ) tem posto finito então T é compacto.
(2) Se T ∈ K(X, Y ) e R(T ) é fechado em Y então dim(R(T )) < ∞.
(3) A identidade I : X → X é um operador compacto se e somente se X tem
dimensão finita.
Demonstração. Vamos provar que (i) ⇒ (ii). Para isso, suponha que T é compacto
e considere A ⊂ X limitado. Então existe C > 0 tal que kxk ≤ C, para todo x ∈ A,
e C1 A ⊂ BX . Portanto, C1 T (A) ⊂ T (BX ). Donde segue que C1 T (A) é compacto
e, consequentemente, T (A) é compacto. Para mostrar que (ii) ⇒ (iii) considere
(xn )n∈N ⊂ X uma sequência limitada. Defina A = {xn : n ∈ N} e observe que,
como este conjunto é limitado, então T (A) é compacto e o resultado segue. Por fim,
vejamos que (iii) ⇒ (i). Seja (yn )n∈N ⊂ T (BX ). Para cada n ∈ N temos que existe
xn ∈ BX tal que kyn − T (xn )k < 1/n. Como (xn )nN é uma sequência limitada então,
1
2 INTRODUÇÃO À TEORIA ESPECTRAL
por hipótese, existe (T (xnk )k∈N uma subsequência convergente. Digamos que (T (xnk )k
converge a y ∈ Y . Então,
1
kynk −yk ≤ kynk −T (xnk )k+kT (xnk )−yk ≤ +kT (xnk )−yk → 0, quando k → ∞.
nk
Logo, (ynk )k é uma subsequência de (yn )n que converge a y ∈ Y .
Corolário 1.1. Seja (Tn )n∈N ⊂ B(X, Y ) uma sequência de operadores de posto finito
que converge a T ∈ B(X, Y ), ou seja, kTn − T kB(X,Y ) → 0. Então T ∈ K(X, Y ).
Vλ = {x ∈ X : T x = λx},
contido no conjunto dos escalares λ tais que (T − λI) não é invertı́vel e este conjunto
é chamado de espectro de T e é denotado por σ(T ), ou seja
σ(T ) = {λ ∈ K : Tλ não é invertı́vel},
onde Tλ = T − λI. Logo, se λ ∈ σ(T ) então R(Tλ ) 6= X ou N (Tλ ) 6= {0}. No caso em
que N (Tλ ) 6= {0} temos que λ é um autovalor de T com autoespaço correpondente
N (Tλ ).
Definimos o conjunto resolvente, denotado por ρ(T ), como
ρ(T ) = {λ ∈ K : Tλ é bijetora}.
Observe que σ(T ) = K \ ρ(T ).
Observe que em dimensão finita σ(T ) é igual ao conjunto dos autovalores de T .
No caso de dimensão infinita o conjunto de autovalores de T está contido em σ(T ).
Vamos então decompor este conjunto nos seguintes subconjuntos:
Espectro pontual: σp (T ) = {λ ∈ K : N (Tλ ) 6= {0}};
Espectro contı́nuo: σc (T ) = {λ ∈ K : N (Tλ ) = {0}, R(Tλ ) = X e
(Tλ )−1 : R(T ) ⊂ X → X não é limitado};
Espectro residual: σr (T ) = {λ ∈ K : N (Tλ ) = {0} e R(Tλ ) 6= X}.
Observe que espectro pontual corresponde ao conjunto dos autovalores de T . Além
disso, temos que σp (T ), σc (T ) e σr (T ) são dois a dois disjuntos e sua união é igual
a σ(T ). De fato, é claro que estes conjuntos são dois a dois disjuntos. Para provar
que a união é o espaço todo basta provarmos que σp (T )c ∩ σc (T )c ∩ σr (T )c ⊂ ρ(T ).
Tome λ ∈ σp (T )c ∩ σc (T )c ∩ σr (T )c , então N (Tλ ) = {0}, R(Tλ ) = X e (Tλ )−1 é
limitado. Defina S : X → X por S(y) = limn→∞ (Tλ )−1 (yn ), onde (yn )n ⊂ R(Tλ ) é
uma sequência qualquer que converge a y. Como X é Banach, R(T ) = X e (Tλ )−1
é limitado, então S está bem definido e é um operador linear limitado. Agora, dado
y ∈ X e (yn )n ⊂ R(Tλ ) uma sequência que converge a y defina xn = Syn = Tλ−1 (yn )
e x = S(y). Observe que x, xn ∈ X e xn = S(yn ) → S(y) = x. Como Tλ ∈ B(X)
segue que yn = Tλ (xn ) → Tλ (x). Por unicidade do limite temos que y = Tλ x o que
prova que Tλ é sobrejetor. Como já tı́nhamos que Tλ é injetor segue a bijetividade e
portanto λ ∈ ρ(T ).
Proposição 1.3. Sejam X um espaço de Banach, T ∈ K(X) e λ ∈ K tal que λ 6= 0.
Então
(a) dim(N (Tλ )) < ∞.
4 INTRODUÇÃO À TEORIA ESPECTRAL
Disso segue que kT xn − T xm k ≥ dist (λxm , Xm+1 ) ≥ λ/2 o que é uma con-
tradição com o fato de T ser compacto. Portanto, R(Tλ ) = X.
(⇐) : Suponha que R(Tλ ) = X. Temos portanto que N (Tλ∗ ) = R(Tλ )⊥ =
{0}. Como T ∗ é compacto podemos aplicar o que provamos acima para con-
cluir que R(Tλ∗ ) = X ∗ . Por fim, como N (Tλ ) = R(Tλ∗ )⊥ = {0} concluı́mos o
resultado.
Demonstração. Seja λ ∈ K tal que |λ| > kT k. Vamos mostrar que T − λI é bijetiva
pois dessa forma teremos que σ(T ) ⊂ {λ ∈ K : |λ| ≤ kT k}. Dado f ∈ X, a equação
T u − λu = f possui uma única solução pois podemos escrever u = λ−1 (T u − f ) e pelo
Teorema do Ponto Fixo aplicado ao operador Su = λ−1 (T u − f ), como kSu − Svk =
|λ−1 |kT u − T vk ≤ |λ−1 |kT kku − vk o resultado segue. Agora vamos provar que ρ(T ) é
aberto pois isso implica que σ(T ) é fechado e como já sabemos que pe limitado então
concluı́remos que σ(T ) é compacto. Seja λ0 ∈ ρ(T ). Dado λ ∈ K numa vizinhança
de λ0 e f ∈ X vamos tentar resolver a equação T u − λu = f . Esta equação pode ser
rescrita como T u − λ0 u = f + (λ − λ0 )u, ou seja, u = (T − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )u].
Aplicando novamente o Teorema do Ponto Fixo, agora para Su = (T − λ0 I)−1 [f +
(λ − λ0 )u] vemos que a equação possui solução se |λ − λ0 |k(T − λ0 I)−1 k < 1.
Então
n
X
T en+1 = αi λi ei ,
i=1
e, por outro lado,
n
X
T en+1 = λn+1 en+1 = αi λn+1 ei .
i=1
2. Operadores Auto-Adjuntos
Nesta seção vamos tratar de operadores lineares limitados em espaços de Hilbert.
Observe que identificando H com H ∗ obtemos que T ∗ é um operador linear limitado
de H em H.
hT u, ui ∈ R, ∀u ∈ H.
logo hT u, ui ∈ R, ∀u ∈ H.
(ii) Observe que por (i) basta provarmos a recı́proca. Para isso, tome u, v ∈ H e
observe que, para todo α ∈ C,
O termo do lado esquerdo e os dois primeiros do lado direito são reais por
hipótese. Sendo assim, a soma dos dois outros termos deve ser real e portanto,
Demonstração. Como σ(T ) = ρ(T )c , primeiro vamos provar que se λ > M então
λ ∈ ρ(T ). De fato, como para todo u ∈ H temos que
hT u, ui ≤ M kuk2 ,
então
λu − hT u, ui ≥ (λ − M )kuk2 = αkuk2 , ∀u ∈ H,
onde α = λ − M > 0. Sendo assim, podemos aplicar o Teorema de Lax-Milgram para
λI − T econcluir que λI − T é bijetiva e, consequentemente, λ ∈ ρ(T ). Analogamente,
se λ < m teremos que λ ∈ ρ(T ) e portanto σ(T ) ⊂ [m, M ]. Vejamos agora que
M ∈ σ(T ) (a demonstração de que m ∈ σ(T )é análoga). Observe que a(u, v) :=
(M u − T u, v) é uma forma bilinear simétrica tal que a(v, v) ≥ 0, ∀u ∈ H. De fato,
a bilinearidade é clara. Para verificar a simetria observe que como T é auto-adjunto
então
ou seja,
|hM u − T u, vi| ≤ (hM u − T u, ui)1/2 (hM v − T v, vi)1/2 .
Logo,
Corolário 2.1. Seja T ∈ B(H) um operador auto-adjunto tal que σ(T ) = {0}. Então
T =0
ou seja,
kxk
kTλ xk ≥ , ∀x ∈ H.
kTλ−1 k
Reciprocamente, suponha que Tλ−1 é limitada inferiormente. Então existe C > 0 tal
que kTλ xk ≥ Ckxk para todo x ∈ H. Devemos mostrar que λ ∈ ρ(T ). Para isso,
observe primeiro que
• Tλ é injetivo.
Segue facilmente do fato de Tλ ser limitada inferiormente já que se Tλ x =
Tλ y então 0 = kTλ x − Tλ yk ≥ Ckx − yk.
• R(Tλ ) é um conjunto fechado.
De fato, considere (yn )n ⊂ R(Tλ ) uma sequência convergindo para y ∈ H.
Escreva yn = Tλ xn , onde (xn )n ⊂ H. Temos que (xn )n é uma sequência de
Cauchy já que (Tλ xn )n é de Cauchy e kxn − xm k ≤ C1 kTλ xn − Tλ xm k. Isso
implica que existe x ∈ H tal que xn → x. Além disso, como Tλ é contı́nua
então Tλ xn → Tλ x e pela unicidade do limite y = T x, ou seja, y ∈ R(Tλ ). Isso
mostra que Tλ é fechado.
Para provar que λ ∈ ρ(T ) basta verificar a sobrejetividade de Tλ . Suponha por
absurdo que R(Tλ ) 6= H. Então deveria existir x0 ∈ (R(Tλ ))⊥ tal que x0 6= 0 pois
⊥
caso contrário terı́amos R(Tλ ) = (R(Tλ ))⊥ = {0}⊥ = H o que é um absudo já que
R(Tλ ) é fechado e diferente de H. Note que para todo x ∈ H temos que Tλ x ∈ R(Tλ )
e portanto
Demonstração. Suponha por absurdo que existe λ ∈ σ(T ) tal que λ = α + iβ com
β 6= 0. Note que,
o que implica
|β|kxk ≤ |hTλ x, xi| ≤ kTλ xkkxk.
Portanto Tλ é limitado inferiormemente e consequentemente λ ∈ ρ(T ). Mas isso
contradiz a hipótese de que λ ∈ σ(T ). Logo, σ(T ) ⊂ R.
Demonstração. Suponha por absurdo que existe λ ∈ σr (T ). Neste caso, terı́amos que
⊥
R(Tλ ) 6= H e portanto deveria existir y ∈ R(Tλ ) tal que y 6= 0. Com isso, terı́amos
que hTλ x, yi = 0 para todo x ∈ H. Como T é autoadjunto e λ ∈ σ(T ) ∈ R então
para todo x ∈ H
Demonstração. Seja (λn )n∈N a sequência formada pelos autovalores distintos não nulo
de T . Fixe λ0 = 0, E0 = N (T ) e En = N (T − λn I). Observe que 0 ≤ dim E0 ≤ ∞ e
0 < dim En < ∞. Vamos provar que que H = ⊕n En :
(i) Os cojuntos En0 s são ortogonais dois a dois, ou seja, hx, yi = 0 para todo
x ∈ En e y ∈ Em com n 6= m.
De fato, tome x ∈ En e y ∈ Em com n 6= m, então T x = λn x e T y = λm y e
portanto
0 = hT x, yi = hx, T yi