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Topologia na Reta

- Notas de Aula -

Prof. Me. Wendhel Raffa Coimbra

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul


2012
2
Sumário

1 Conjuntos Enumeráveis 1

2 Topologia na Reta 7
2.1 Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Pontos de acumulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.1 Pontos de acumulação laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4 Fronteira de um conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5 Conjuntos compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3
4 SUMÁRIO
Capı́tulo 1

Conjuntos Enumeráveis

Definição 1.1 Um conjunto X é dito enumerável se for finito ou quando existir uma
bijeção f : N → X.

Observação 1.1 Se X for infinito então existe f : N → X uma função sobrejetora.


Ou seja, ∀ y ∈ X, ∃ n ∈ N; y = f (n).
Assim, os elementos de X são termos de uma sequência.

Observação 1.2 Se existe f : N → X bijetora então existe g : X → N também


bijetora, a saber g = f −1 .

Exemplo 1.1 N é enumerável.

Solução. Basta considerarmos a bijeção id : N → N. ⋄

Exemplo 1.2 Z é enumerável.

Solução. De(fato, tomemos a seguinte função f : N → Z, ou seja,


k, se n = 2k;
f (n) =
−k, se n = 2k − 1.
f é sobrejetora, pois dado l ∈ Z então temos 2 casos:

(i) l > 0, então l = f (2l)

(ii) l < 0, então l = f (2(−l) − 1)

Assim, sempre existe x ∈ N|f (x) = l.


f é injetora:
Se f (l) = f (m) temos

1
2 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS ENUMERÁVEIS

(i) f (l) > 0 e f (m) > 0 então l e m são pares, ou seja, l = 2x e m = 2y, x, y ∈
N. Daı́, f (l) = f (m) ⇒ x = y ⇒ 2x = 2y ⇒ l = m.

(ii) Exercı́cio!

Proposição 1.1 Todo conjunto infinito X admite um subconjunto infinito enumerável.

Demonstração. Seja x1 ∈ X, x2 ∈ X\{x1 }, x3 ∈ X\{x1 , x2 } e assim sucessiva-


mente xn ∈ X\{x1 , x2 , · · · , xn−1 }
Observe que podemos obter infinitos elementos de X. Seja Y = {x1 , · · · , xn , · · ·} =
= {xi |i ∈ N∗ }.
Consideremos f : N → Y definida por f (n) = xn .
f é claramente sobrejetora, pois dado y ∈ Y , temos y = xk , k ∈ N e então
y = f (k).
Sejam m 6= n números naturais, podemos supor m < n.
Temos xn ∈ X\{x1 , · · · , xn−1 } e certamente xn 6= xm .
∴ f é bijetora e Y é enumerável. 

Proposição 1.2 Todo subconjunto de N não vazio é enumerável.

Demonstração. Seja ∅ 6= X ⊂ N. Se X for finito então X é enumerável.


Suponhamos então X infinito. Consideremos f : N → X definida por f (0) =
= min X.
f (1) = min{X\{f (0)}}
f (2) = min{X\{f (0), f (1)}}
.. ..
. .
f (n) = min{X\{f (0), f (1), · · · , f (n − 1)}}
É fácil ver que é bijetora (Exercı́cio!).


Corolário 1.1 Todo subconjunto de um conjunto enumerável é enumerável.

Demonstração. Suponhamos Y enumerável e X ⊂ Y . Vamos provar que X é


enumerável.
Podemos supor X infinito. Como Y é enumerável, existe f : N → Y uma função
bijetora.
3

Temos ∀ y ∈ Y, ∃ n ∈ N|y = xn .
Em particular, se x ∈ X existe nk ∈ N|x = xnk .
***FIGURA***
Seja N′ = {nk |k ∈ N} ⊆ N.
N′ é enumerável. Se N′ for finito então X é finito, logo enumerável.
Seja N′ infinito. Consideremos g : N → N′ definida por g(k) = nk .
***FIGURA***
Temos que (f |N′ ◦ g) : N → X é bijetora como composta de bijetora.
∴ X é enumerável. 

Corolário 1.2 Seja g : Y → X uma função injetora. Se X é enumerável então Y é


enumerável.

Demonstração. Temos f : X → f (X) uma função sobrejetora e como f é injetora,


teremos f bijetora.
Como Y é enumerável e f (X) ⊆ Y , então f (X) é enumerável.
f g
Daı́, X → f (X) → N
onde g : f (X) → N é bijetora (Definição de enumerável).
Assim, (g ◦ f ) : X → N é bijetora. 

Proposição 1.3 Seja f : X → Y sobrejetora com X enumerável então Y é enu-


merável.
Para verificar esta proposição, veremos primeiramente o seguinte lema.

Lema 1.1 Dada uma função f : X → Y sobrejetora, então existe uma função g :
Y → X injetora.

Demonstração. Dado y ∈ Y , existe x ∈ X tal que y = f (x), pois f é sobrejetora.


Para cada y ∈ Y consideremos x único nesta condição e definiremos g(y) = x.
g assim definida é injetora pois, digamos que g(y1 ) = g(y2 ). Suponhamos g(y1 ) =
= g(y2 ) = x então
De g(y1 ) = x então f (x) = y1 .
De g(y2 ) = x então f (x) = y2 . Logo y1 = y2 . 

Assim, a demonstração da proposição decorre imediatamente do lema.

Proposição 1.4 O produto cartesiano de conjuntos enumeráveis é também enumerável.


4 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS ENUMERÁVEIS

Demonstração. Sejam X e Y conjuntos enumeráveis. Mostraremos que X × Y é


enumerável.
De X e Y serem enumeráveis, existem funções bijetoras f : N → X e g : N → Y .
Consideremos ψ : N×N → X ×Y onde ψ(m, n) = (f (m), g(n)) que é bijetora,
pois:
Dados x1 ∈ X e x2 ∈ Y . Como X e Y é sobrejetora, temos que ∃ m, n ∈
N|x1 = f (m), x2 = f (n). Logo ψ é sobrejetora.
Supondo m1 , m2 , n1 , n2 ∈ N de modo que (f (m1 ), g(n1 )) 6= (f (m2 ), g(n2 )).
Como f e g são funções injetoras, podemos afirmar que ψ é injetora.
∴ ψ é bijetora. Logo enumerável.
Assim é suficiente ver que N × N é enumerável.
Consideremos a seguinte função f : N × N → N definida por f (m, n) = 2m · 3n .
Pelo T.F.A, se m1 6= m2 e n1 6= n2 então 2m1 · 3n1 6= 2m2 · 3n2 , ou seja,
f (m1 , n1 ) 6= f (m2 , n2 ). Logo f é injetora e pelo Corolário 1.2 podemos concluir que
N × N é enumerável.
∴ X × Y é enumerável. 

Proposição 1.5 Q é enumerável.

Demonstração. Sabendo que Z e Z∗ são conjuntos enumeráveis (Z∗ ⊆ Z).


Consideremos f : Z × Z∗ → Q onde f (m, n) = m/n.
É claro que f é sobrejetora e pela Proposição 1.3, podemos concluir a tese. 

Proposição 1.6 A união enumerável de conjuntos enumeráveis é enumerável, ou seja, se



[
X1 , X2 , · · · , Xn , · · · são enumeráveis, então Xi é enumerável.
i=1

Demonstração. Para cada m existe fm : N → Xm bijetora.


[∞
Definimos f : N → Xi onde f (m, n) = fm (n).
i=1

[
Temos f sobrejetora, pois dado x ∈ Xi existe Xk tal que x ∈ Xk .
i=1
Como existe fk : N → Xk bijetora, ∃ m ∈ N|fk (m) = x.
Logo teremos x = f (k, m).
∴ f é sobrejetora. 

Observação 1.3 O termo união enumerável refere-se a união de conjuntos X1 , X2 , · · · , Xn , · · ·


que pertencem a um conjunto X enumerável, cujos elementos são X1 , X2 , · · · , Xn .
5

Ou seja, X = {X1 , X2 , · · · , Xn , · · ·} é conjunto enumerável.


Da mesma forma poderı́amos considerar uma união não enumerável de conjuntos.
[
É o caso em que X não é enumerável. Neste caso a união se escreve Y sendo
y∈X
X não enumerável.

Proposição 1.7 O intervalo (0, 1) não é enumerável.

Demonstração. Suponhamos que X = (0, 1) seja enumerável por uma sequência


escrita na sua forma decimal.
x1 = 0, a11 a12 a13 · · · a1n · · ·
x2 = 0, a21 a22 a23 · · · a2n · · ·
.. .. ..
. . .
xn = 0, an1 an2 an3 · · · ann · · ·
.. .. ..
. . .
Podemos obter um número x ∈ (0, 1) não listado acima. Basta considerar x =
= 0, a1 a2 a3 · · · an · · · onde ai 6= aii , i = 1, · · · , n.
Um absurdo, pois havı́amos listados todos os números de (0, 1). 

Corolário 1.3 R não é enumerável.

Demonstração. Se R fosse enumerável então como (0, 1) ⊂ R terı́amos (0, 1) enu-


merável. Uma contradição. 
6 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS ENUMERÁVEIS
Capı́tulo 2

Topologia na Reta

Definição 2.1 (Ponto Interior) Seja X ⊆ R e x ∈ R. Dizemos que x ∈ R é um


ponto interior de X se existe um intervalo aberto (a, b) tal que x ∈ (a, b) e (a, b) ⊆ X.

Proposição 2.1 x ∈ R é ponto interior a X se e somente se existe ǫ > 0 tal que


(x − ǫ, x + ǫ) ⊆ X.

Demonstração. (⇐) É imediato que x é ponto interior, pois x ∈ (x − ǫ, x + ǫ) e


(x − ǫ, x + ǫ) ⊆ X.
(⇒) Suponha que x é interior a X.
Por definição existe (a, b) tal que x ∈ (a, b) ⊆ X.
Consideremos ǫ < min{x − a, b − x}.
Então teremos que (x − ǫ, x + ǫ) ⊂ (a, b) ⊆ X.
De fato temos ǫ < b − x. Logo x + ǫ < b. Além disso, ǫ < x − a, o que nos dá
a < x − ǫ.
Assim, a < x − ǫ < x < x + ǫ < b, ou seja, (x − ǫ, x + ǫ) ⊆ (a, b). 

Exemplo 2.1 0 é ponto interior de X = [−1, 2).

Solução. De fato, (−1/2, 1/2) ⊆ X e 0 ∈ (−1/2, 1/2). ⋄

Exemplo 2.2 O número −1 não é interior a X.

Solução. De fato, ∀ ǫ > 0, o intervalo (−1 − ǫ, −1) ⊆


/ X e certamente (−1 − ǫ,
−1 + ǫ) ⊆ / X. ⋄

Observação 2.1 Se a ∈ / X então a não é ponto interior de X. É claro, pois se a fosse


ponto interior deverı́amos ter a ∈ (a − ǫ, a + ǫ) ⊂ X para algum ǫ > 0, mas isso
implicaria que a ∈ X, contra hipótese.

7
8 CAPÍTULO 2. TOPOLOGIA NA RETA

Observação 2.2 Se X admite um ponto interior então X é infinito. De fato, seja


a ∈ X um ponto interior. Então existe ǫ > 0 tal que (a − ǫ, a + ǫ) ⊂ X. Como
(a − ǫ, a + ǫ) é infinito segue o resultado.

Definição 2.2 (Interior de Conjunto) Dado um conjunto X, o interior de X é o con-


junto dos seus pontos interiores.
IntX = {a ∈ X| a é ponto interior a X}

Exemplo 2.3 Se X = {0, 1, 2} então IntX = ∅.

Exemplo 2.4 Se X = N então IntX = ∅, pois nenhum número natural é ponto


interior.

Solução. De fato, a ∈ N, a não é ponto interior a X, pois ∀ ǫ > 0, (a−ǫ, a+ǫ) ⊂


/ X,
pois (a − ǫ, a + ǫ) contém números irracionais, logo não é natural. ⋄

Exemplo 2.5 Sendo X = R teremos IntX = R, pois ∀ a ∈ R e ∀ ǫ > 0, temos


(a − ǫ, a + ǫ) ⊆ X.

Exemplo 2.6 Se X = [a, b] onde a < b, a, b ∈ R então IntX = (a, b).

2.1 Conjuntos Abertos


Definição 2.3 Dizemos que um conjunto X ⊆ R é aberto se IntX = X.

Exemplo 2.7 1. X = R é aberto.

2. X = (0, 1) é aberto.

3. X = (0, 2)\{1} é aberto.

Proposição 2.2 Sejam Aλ , λ ∈ Λ conjuntos


[ abertos onde Λ um conjunto de ı́ndices
não necessariamente enumerável. Então Aλ é conjunto aberto.
λ∈Λ
[
Demonstração. Seja a ∈ X = Aλ provaremos que a é ponto interior de X.
λ∈Λ
[
De fato, se a ∈ X ⇒ a ∈ Aλ ⇒ a ∈ Ak para algum k ∈ Λ.
λ∈Λ
De Ak ser aberto e a ∈ A[
k , existe ǫ > 0 | (a − ǫ, a + ǫ) ⊂ Ak .
Assim, (a − ǫ, a + ǫ) ⊆ Aλ = X. 
λ∈Λ
2.1. CONJUNTOS ABERTOS 9

Proposição 2.3 Se A1 e A2 são conjuntos abertos, então A1 ∩ A2 é aberto.

Demonstração. Seja a ∈ A1 ∩ A2 . Então a ∈ A1 e a ∈ A2 .


De a ∈ A1 e A1 ser aberto, então a é ponto interior a A1 , ou seja, existe ǫ1 > 0
tal que (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) ⊆ A1 .
Simirlamente de a ∈ A2 , ∃ ǫ2 > 0; (a − ǫ2 , a + ǫ2 ) ⊆ A2 .
Seja ǫ = min{ǫ1 , ǫ2 }, temos
(a − ǫ, a + ǫ) ⊂ (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) ⊆ A1
(a − ǫ, a + ǫ) ⊂ (a − ǫ2 , a + ǫ2 ) ⊆ A2 .
∴ (a − ǫ, a + ǫ) ⊆ A1 ∩ A2 . 

Corolário 2.1 Sejam A1 , A2 , · · · , An conjuntos abertos então A1 ∩ A2 ∩ · · · ∩ An é


aberto.

Demonstração. Exercı́cio! 

Exemplo 2.8 A interseção enumerável de conjuntos abertos pode não ser aberto.

\
Solução. Para cada n ∈ N, definimos An = (−1/n, 1/n). Então An = {0}.
n=1

\ T
Que An = {0} é simples verificar, pois {0} ⊆ An , ∀ n então {0} ⊆ An .
n=1

\
Seja x ∈ An . Se x 6= 0 então ∃ n| 1/n < |x|.
n=1

Logo x ∈/ (−1/n, 1/n), pois |x| > 1/n ⇔ x > 1/n ou x < −1/n ւ
T
Portanto x = 0 e An = {0}. ⋄

Exemplo 2.9 Seja F = {x1 , x2 , · · · , xn } um conjunto finito onde x1 < x2 < · · · <
< xn . Então F c = (−∞, x1 ) ∪ (x1 , x2 ) ∪ (x2 , x3 ) ∪ · · · ∪ (xn , +∞) é aberto, ou
seja, o complementar de um conjunto finito é aberto.

Teorema 2.1 (Estrutura dos abertos de R) Todo conjunto aberto de R se exprime


de maneira única como união de intervalos abertos.

Corolário 2.2 Seja I um intervalo aberto tal que I = A ∪ B onde A e B são conjuntos
abertos disjuntos. Então um desses conjuntos é vazio.

Demonstração. Se A ou B não forem vazios então pelo Teorema 2.1 seriam união de
intervalos abertos. Terı́amos então I como união de dois ou mais intervalos abertos. Mas
I já é um intervalo aberto, o que fere a unicidade do Teorema 2.1. 
10 CAPÍTULO 2. TOPOLOGIA NA RETA

2.2 Conjuntos Fechados


Definição 2.4 Seja X um conjunto. Dizemos que a ∈ R é aderente a X se existe uma
sequência (xn ) tal que xn ∈ X, ∀ n e xn → a.
Em outras palavras,
a é um ponto aderente de X se for limite de uma sequência de pontos de X.

Observação 2.3 1. X = (1, 2]. Temos 1 ∈ / X mas é aderente a X. De fato,


1
considerando (xn ), definida por xn = 1 + temos ∀ n, xn ∈ X e xn → 1
n
2. Se a ∈ X então a é aderente a X. De fato, tomemos a sequência (xn ) tal que
xn = a, ∀ n então xn ∈ X, ∀ n e xn → a, ou seja, a é aderente a X.

3. Todo número real é aderente a Q. Com efeito, já foi visto que para todo a ∈ R,
existe uma sequência de números racionais (xn ) tal que xn → a.

Definição 2.5 Dado um conjunto F ⊆ R, o fecho de F , denotado por F , é definido


por
F = {a ∈ R| a é aderente a F }

Isto é, F é o conjunto dos pontos aderentes a F .

Observação 2.4 Note que os pontos podem ou não pertencer a F .

Observação 2.5 F ⊆ F .

Definição 2.6 Se F = F dizemos que F é fechado.

Observação 2.6 1. Notemos que para F ser fechado é suficiente que F ⊆ F .

2. Se F = (0, +∞) então F = [0, +∞). Logo F não é fechado.

3. Os fechos dos conjuntos (a, b), [a, b), [a, b], (a, b] são todos iguais a [a, b]. Logo
o único conjunto fechado dentre todos é [a, b].

Proposição 2.4 Dado um conjunto X e a ∈ R. a é aderente a X se, e somente se


para todo ǫ > 0, tem-se (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅.

Demonstração. (⇒) Suponhamos que a seja aderente a X. Então existe (xn ) tal que
xn ∈ X, ∀ n e xn → a.
Logo ∀ǫ > 0, ∃ n0 ≥ 1; n ≥ n0 , |xn − a| < ǫ ou seja, xn ∈ (a − ǫ, a + ǫ) se
n ≥ n0 .
2.2. CONJUNTOS FECHADOS 11

Em particular (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅.
(⇐) Suponhamos que ∀ ǫ > 0 tem-se (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅. Devemos encontrar
(xn ) tal que xn ∈ X, ∀ n e xn → a.
1 1 1
 
Em particular, para cada ǫ = , n ∈ N, existe xn ∈ X e xn ∈ a − , a + .
n n n
Ou seja, xn ∈ X e |xn − a| < 1/n.
Vamos mostrar que xn → a. Dado ǫ > 0 existe n0 ≥ 1 tal que se n ≥ n0 então
1/n < ǫ (isto sempre, pois 1/n → 0)
Assim, |xn − a| < 1/n < ǫ se n ≥ n0 . 

Proposição 2.5 Um conjunto F é fechado se, e somente se, R\F é aberto.

Demonstração. (⇒) Suponhamos que F é fechado. Provaremos que R\F é aberto,


ou seja, que todo a ∈ R\F deve ser ponto interior a R\F .
Com a ∈ R\F então a ∈ / F = F . Logo a não é aderente a F e, pela Proposição
2.4 existe ǫ > 0 tal que (a − ǫ, a + ǫ) ∩ F = ∅, ou seja, (a − ǫ, a + ǫ) ⊆ R\F

∴ a é ponto interior a R\F


∴ R\F é aberto
(⇐) Suponhamos que R\F é aberto, provaremos que F é fechado.
Suponha que F não é fechado, logo existe a ∈/F e tal que a é aderente a F .
De a ∈ R\F e R\F ser aberto, temos que a é ponto interior de R\F , isto é, existe
ǫ > 0 tal que (a − ǫ, a + ǫ) ⊂ R\F .
Assim, (a − ǫ, a + ǫ) ∩ F = ∅ o que contraria ser aderente a F .
Logo F é fechado. 

Exemplo 2.10 X = N é fechado?

Solução. X c = (−∞, 0) ∪ (0, 1) ∪ (1, 2) ∪ (2, 3) ∪ · · · ⋄

Proposição 2.6 A interseção arbitrária de conjunto fechado é fechado.

Demonstração. Sejam Fi conjuntos fechados onde i ∈ X (X: Conjunto arbitrário de


ı́ndices). \
Provaremos que Fi é fechado.
!ci∈X
\ [
Temos Fi = Fic é aberto como união arbitrária de aberto. 
i∈X i∈X
12 CAPÍTULO 2. TOPOLOGIA NA RETA

Proposição 2.7 A união finita de fechados é um conjunto fechado.

Demonstração. Exercı́cio.


Proposição 2.8 O fecho de qualquer conjunto X ⊆ R é fechado. Ou seja, X = X.

Demonstração. X ⊆ X sempre. Resta então provarmos que X ⊆ X.


De fato, seja a ∈ X então a é ponto aderente a X.
∀ ǫ > 0, (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅.
Então existe b ∈ (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X. Em particular b ∈ X e assim sendo,
∀δ > 0, (b − δ, b + δ) ∩ X 6= ∅.
Suponhamos a < b < a + ǫ.
Para δ < min{a + ǫ − b, b − a} teremos (b − δ, b + δ) ⊆ (a − ǫ, a + ǫ).
Como existe x ∈ X ∩ (b − δ, b + δ) e (b − δ, b + δ) ⊆ (a − ǫ, a + ǫ) então
x ∈ (a − ǫ, a + ǫ), ou seja, (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅.
∴ ∀ ǫ > 0, (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅
∴ a é aderente a X ⇒ a ∈ X. X ⊆ X. 

Exemplo 2.11 R é aberto e fechado ao mesmo tempo, pois Rc = ∅ e ∅ é aberto. Logo


R é fechado.
Além disso, R é aberto (todo ponto de R é ponto interior de R).
Como ∅c = R, então ∅ é aberto e fechado simultaneamente.

Exemplo 2.12 X = (a, b].


X não é aberto, pois b ∈ / intX.
X não é fechado, pois não possui um de seus pontos aderentes, a saber “a”. (X ⊂ X
e X 6= X).

Exemplo 2.13 Seja X = { 2}.
√ √
X c = (−∞, 2) ∪ ( 2, +∞) é aberto; Logo X é fechado.

Se X fosse aberto, 2 é ponto interior a X, ou seja, existiria η tal que (a − η,
√ ⌣
a + η) ⊂ X = { 2} ւ.
Logo X não é aberto.

Exemplo 2.14 A = (1, 2) ∪ (3, 4).


Não é um intervalo, mas é um conjunto aberto.
2.3. PONTOS DE ACUMULAÇÃO 13

Exemplo 2.15 X = N. É aberto? É fechado?


X c = (−∞, 0) ∪ (1, 2) ∪ (2, 3) ∪ · · ·
X c é aberto.
Portanto N é fechado.
Ou seja, N = N, o que significa que toda sequência de números naturais converge
para um número natural.
1 ∈ N, mas 1 não é ponto interior, pois não existe um intervalo ao redor de 1 todo
contido em N.

Definição 2.7 X é denso em Y se X ⊂ Y e se qualquer a ∈ Y , a é aderente a X.

Exemplo 2.16 Q ⊂ R e Q é denso em R.

Observação 2.7 Outras formas equivalentes de dizer que X é denso em Y .

1. Todo intervalo ao redor de pontos de Y sempre contém números de X.

2. Todo ponto de Y é o limite de uma sequência de pontos de X.

Exemplo 2.17 X = (0, 1) é denso em Y = (−1, 1)?


Não, pois por exemplo −1/2 não é aderente a X, pois o intervalo (−3/4, −1/4)
não contém pontos de X.

Exemplo 2.18 X = [0, 1] ∩ (R − Q) é denso em [0, 1].


De fato, ao redor de qualquer número a ∈ [0, 1] sempre que existem números irra-
cionais em [0, 1], isto é, pontos de X.

2.3 Pontos de acumulação


Definição 2.8 a ∈ R é um ponto de acumulação para o conjunto X se para ∀ǫ > 0 o
intervalo (a − ǫ, a + ǫ) contém um ponto de X diferente de a.

Exemplo 2.19 X = {1, 2}.


1 é aderente a X pois 1 ∈ X, já que ∀ǫ > 0, (1 − ǫ, 1 + ǫ) ∩ X 6= ∅
Mas, 1 não é ponto de acumulação de X.

Proposição 2.9 São equivalentes as seguintes proposições

(a) a é um ponto de acumulação de X.

(b) Existe uma sequência (xn ) de termos de X, dois a dois disjuntos tal que xn → a.
14 CAPÍTULO 2. TOPOLOGIA NA RETA

(c) Todo intervalo aberto contendo a, contém uma infinidade de elementos de X.

Demonstração. (a)⇒(b).
Seja a um ponto de acumulação de X. No intervalo (a − 1, a + 1) existe x1 ∈ X,
x1 6= a.
Consideremos agora ǫ1 < min{|x1 − a|, 1/2}.
No intervalo (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) existe x2 ∈ X ∩ (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) com x2 6= a.
Consideremos agora ǫ2 < min{|x2 − a|, 1/3}.
No intervalo (a − ǫ2 , a + ǫ2 ) existe x3 ∈ X com x3 6= a.
Desta maneira, obtemos uma sequência (xn ) tal que

• x1 ∈ (a − 1, a + 1); Logo |x1 − a| < 1.

• x2 ∈ (a − ǫ1 , a + ǫ1 ); Logo |x2 − a| < ǫ1 < 1/2.

• x3 ∈ (a − ǫ2 , a + ǫ2 ); Logo |x3 − a| < ǫ2 < 1/3.

Em geral, |xn − a| < 1/n, ∀n ∈ N∗ , ou seja, xn → a.


Além disso, (xn ) foi construı́da com xi 6= xj para i 6= j.
(b)⇒(c).
Seja I um intervalo que contenha a.
Com xn → a, ∀ǫ > 0, ∃ n0 |n ≥ n0 , xn ∈ (a − ǫ, a + ǫ).
Sabemos que a é ponto interior de I. Logo ∃ ǫ1 > 0; (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) ⊂ I
Como xn → a, então n0 ≥ 1 tal que |xn − a| < ǫ1 se n ≥ n0 .
Escolhemos y1 ∈ X e que seja termo da sequência, digamos y1 = xk1 . Como isso
pode ser repetido indefinidamente, obtemos y1 , y2 , · · · , yn , · · · infinitos elementos de X
no intervalo I.
(c)⇒(a).
Direto pela definição, pois os intervalos (a − ǫ, a + ǫ) são abertos e contém a. Logo,
existem infinitos elementos de X, com certeza ao menos um elemento de X diferente de
a. 

Notação: O conjunto de todos os pontos de acumulação do conjunto X denotaremos


por X ′ .

Exemplo 2.20 Se X = {1, 2} então X ′ = ∅.

Exemplo 2.21 X = N.
2.3. PONTOS DE ACUMULAÇÃO 15

Solução. Não existem pontos de acumulação para X, pois se a ∈ N′ , pela Proposição


2.9 existe (xn ) com xn ∈ N tal que xn → a e (xn ) tem termos disjuntos dois a dois.
Então (xn ) seria uma sequência de Cauchy. Uma contradição, pois se i 6= j,
|xi − xj | ≥ 1.
E com (xn ) é formada de termos 2 a 2 disjuntos nunca poderá ser atendido o critério
de Cauchy (Note que para ǫ < 1 não é válido). ⋄

Exemplo 2.22 X = (0, 1]. Encontre X ′ .

Solução. Se 0 ≤ a < 1 então para n grande, a sequência (xn ) = (a + 1/n) converge


para a.
E (xn ) tem termos disjuntos 2 a 2.
Para a = 1 a sequência (a − 1/n) é tal que a − 1/n ∈ X e a − 1/n → a e
também (a + 1/n) tem termos disjuntos 2 a 2.
Se a ∈ / X ′.
/ [0, 1], a ∈

∴ X ′ = [0, 1]

Exemplo 2.23 X = N ∪ {1/n, n ∈ N∗ }. X ′ = {0}.

Exemplo 2.24 X = Q. X ′ = R pois todo número real é de acumulação para Q. Isto


ocorre porque, como vimos, qualquer intervalo aberto contém infinitos números racionais.

Proposição 2.10 X = X ∪ X ′ .

Demonstração. Temos que X ∪ X ′ ⊆ X.


De fato, sabemos que X ⊆ X e também X ′ ⊆ X o que dá X ∪ X ′ ⊆ X.
Resta mostrarmos que X ⊆ X ∪ X ′ . Seja a ∈ X.
Temos que se a ∈ X então não há o que provar. Podemos supor a ∈
/ X. Como
a ∈ X temos x 6= a.
Logo,
∀ ǫ > 0, ∃ x 6= a; x ∈ (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X,
ou ainda,
(a − ǫ, a + ǫ)\{a} ∩ X 6= ∅. Assim a ∈ X ′ .
Portanto em qualquer caso a ∈ X ∪ X ′ e vale a proposição. 

Corolário 2.3 X é fechado se, e somente se, X ′ ⊆ X.


16 CAPÍTULO 2. TOPOLOGIA NA RETA

Demonstração. (⇒) Suponha X fechado, então X = X. Mas pela proposição


anterior X ∪ X ′ = X.
Seja x ∈ X ′ então x ∈ X ∪ X ′ , mas X ∪ X ′ = X; Logo x ∈ X.
Portanto, X ′ ⊆ X.
(⇐) Suponha X ′ ⊆ X.
Temos X = X ∪ X ′ e X ′ ⊆ X; Logo X = X e X é fechado. 

Definição 2.9 (Ponto isolado de X) Um ponto p pertencente a X é dito isolado de


X se p ∈ / X ′.
Ou seja, um ponto é isolado de um conjunto X se for um elemento de X que não é
ponto de acumulação para X.
Exploremos a definição

/ X ′ ⇔ p não satisfaz a definição de p ∈ X ′ ⇔


p∈
⇔∼ (p ∈ X ′ ) ⇔∼ (∀ ǫ > 0, (p − ǫ, p + ǫ)\{p} ∩ X 6= ∅) ⇔
⇔ ∃ ǫ > 0|(p − ǫ, p + ǫ)\{p} ∩ X = ∅ ⇔ ∃ ǫ > 0|(p − ǫ, p + ǫ)\{p} ⊆ R\X
Ou seja, p ∈ X é isolado de X se existe um intervalo ao redor de p, onde p é único
elemento de X.
1
Exemplo 2.25 Seja X = {1, 2, 3, 4}. 1 é ponto isolado de X porque tomando ǫ= ,
2
teremos o intervalo [(1 − ǫ, 1 + ǫ)\{1}] ∩ X = ∅. Similarmente 2, 3 e 4 são pontos
isolados de X.

Exemplo 2.26 X = N tem todos os pontos isolados.

Exemplo 2.27 Nenhum número racional é isolado de Q (ou R) pois ao redor de qualquer
número racional existem (infinitos) números racionais.

Proposição 2.11 Se um conjunto X só possui pontos isolados então X é enumerável.


Para mostrarmos tal proposição, necessitamos do seguinte resultado:

Proposição 2.12 Todo conjunto X admite um subconjunto E enumerável denso em X.

Demonstração. Seja E ⊂ X enumerável e tal que X ⊂ E (E denso em X).


Seja x ∈ X então x ∈ E = E ∪ E ′ . Então x ∈ E ou x ∈ E ′ .
Caso x ∈ E ′ terı́amos x ∈ X ′ (Absurdo, pois x é isolado).
Logo x ∈ E. Então X ⊆ E e E = X.
Portanto X é enumerável. 
2.4. FRONTEIRA DE UM CONJUNTO 17

2.3.1 Pontos de acumulação laterais


Lembrando que a ∈ X ′ quando todo intervalo do tipo (a − ǫ, a + ǫ) contém um
elemento de X diferente de a.

Definição 2.10 Dizemos que a ∈ R é ponto de acumulação de X à direita de X se


∀ ǫ > 0, o intervalo (a, a + ǫ) contém um elemento de X.
Em outras palavras, ∀ ǫ > 0, (a, a + ǫ) ∩ X 6= ∅.

Exemplo 2.28 Defina ponto de acumulação à esquerda.



Notação: X+ denota o conjunto dos pontos de acumulação de X à direita.
Notemos que a ∈ X ′ ⇔ a = lim xn onde (xn ) é uma sequência de pontos de X
de termos dois a dois disjuntos.
′ ′
Temos uma interpretação correspondente para a ∈ X+ e a ∈ X− .

Proposição 2.13 a ∈ X+ ⇔ a = lim xn onde xn ∈ X, ∀n onde xn é uma
sequência decrescente..

Demonstração. Aos leitores. 

′ ′
Exemplo 2.29 Se X = (2, 3] então: X ′ = [2, 3], X+ = [2, 3) e X− = (2, 3].

Exercı́cio 2.1 Prove que:



(a) X+ ⊆ X ′ .

(b) X− ⊆ X ′ .
′ ′
(c) Prove que X ′ = X+ ∪ X− .
′ ′
Exemplo 2.30 Se X = {1/n, n ∈ N} então X+ = {0}, X− = {0} e X ′ = {0}.

2.4 Fronteira de um conjunto


Definição 2.11 Dado A ⊆ R, a fronteira de A denotada por δA = {x ∈ R|∀ ǫ > 0,
(x − ǫ, x + ǫ) ∩ A 6= ∅ e (x − ǫ, x + ǫ) ∩ Ac 6= ∅}.

Exemplo 2.31 Se A = (a, b] então δA = {a, b}.

Solução. É imediato. ⋄

Exemplo 2.32 Se A = N então δA = N.


18 CAPÍTULO 2. TOPOLOGIA NA RETA

Solução. Notemos que ∀ a ∈ N e ∀ ǫ > 0, (a − ǫ, a + ǫ) ∩ N 6= ∅ pois a ∈ N e


2a + 1
(a − ǫ, a + ǫ) ∩ Nc 6= ∅ pois se ǫ > 1, é fácil ver que ∈
/ N e se ǫ < 1 tem-se
2
2a + ǫ
∈/ N, ambos pertencentes a (a − ǫ, a + ǫ).
2
Em todo caso vemos que (a − ǫ, a + ǫ) ∩ Nc 6= ∅. ⋄

Exemplo 2.33 Se A = R então δA = ∅.

Exemplo 2.34 Existe um conjunto A suja a fronteira é maior que A?.

Solução. Basta tomarmos A = Q. Lembrando que todo intervalo (em particular os


abertos) contém números racionais e números irracionais, vemos que δQ = R. ⋄

2.5 Conjuntos compactos


Definição 2.12 Um conjunto K ⊆ R é dito compacto se K for fechado e limitado.

Proposição 2.14 K é compacto se, e somente se, toda sequência (xn ) com xn ∈ K
admite uma subsequência convergente para a ∈ K.

Demonstração. (⇒) K é compacto.


Seja (xn ) onde xn ∈ K, ∀ n. Como K é limitado então (xn )é sequência limitada.
Sabemos que existe (xnk ) subsequência de (xn ) convergente, digamos xnk → a.
Como xnk ∈ K teremos a aderente a K, ou seja, a ∈ K = K (K fechado); Logo
a ∈ K.
(⇐) Devemos provar que K é limitado e fechado.
Primeiramente provemos que K é limitado.
Suponhamos por contradição que K não é limitado. Desta forma, suponhamos que
K não seja limitado superiormente.
Então fixado x1 ∈ K, se tivermos que ∀ x ∈ K, x ≤ x1 + 1 então x1 + 1 seria
uma cota superior para K (mas não existe!); Logo existe x2 ∈ K|x2 > x1 + 1
Considerando o número x2 + 1, pela mesma razão, não teremos ∀ x ∈ K,
x ≤ x2 + 1; Logo existe x3 ∈ K|x3 > x2 + 1.
Assim, sucessivamente, obtemos uma sequência (xn ) tal que xn+1 > xn + 1, ∀ n,
ou seja, uma sequência (xn ) crescente tal que
xn > xn−1 + 1
xn−1 > xn−2 + 1
xn−2 > xn−3 + 1, ou seja,
2.5. CONJUNTOS COMPACTOS 19

xn > xn−1 + 1 > xn−2 + 2 > · · · > xn−n + n, isto é,


xn > x0 + n
Como n + x0 → ∞ teremos xn → ∞
Como toda subsequência de (xnk ) de (xn ) também satisfaz xnk → ∞, contradiz a
hipótese.
Logo K é limitado.
Provaremos agora que K é fechado, ou seja K ′ ⊆ K.
Seja a ∈ K ′ então a é ponto de acumulação de X.
Então a = lim xn onde xn ∈ K é uma sequência de termos distintos dois a dois.
Por hipótese, existe (xnk ) subsequência de (xn ) tal que xnk → b onde b ∈ K.
Como (xnk ) é subsequência de (xn ) então xnk → a.
Pela unicidade do limite, a = b ∈ K. Portanto K ′ ⊆ K. 

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