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APOSTILA DE ANÁLISE REAL

Prof. Edgar Manuel Chipana Huamaní


Nilópolis – RJ – Brasil
2022
Sumário

Capítulo I: Conjuntos Finitos, Infinitos e Números Reais 1


1.1 Números Naturais................................................................................ 1
1.2 Conjuntos Finitos, Infinitos e Enumeráveis.......................................... 2
1.3 Números Reais.................................................................................... 6
1.4 Exercícios Propostos........................................................................... 11

Capítulo II: Sequência de Números Reais 13


2.1 Sequências Infinitas............................................................................. 13
2.9 Exercícios Propostos........................................................................... 18

Capítulo III: Noções Topológicas 20


3.1 Conjuntos Abertos................................................................................ 20
3.2 Conjuntos Fechados............................................................................ 21
3.8 Exercícios Propostos........................................................................... 24

Capítulo IV: Limite de Funções 26


4.1 Limites Laterais.................................................................................... 28
4.2 Limites no Infinito, Limites Infinitos...................................................... 29
4.3 Exercícios Propostos........................................................................... 29

Capítulo V: Funções Contínuas 31


5.1 Exercícios Propostos........................................................................... 35

Capítulo VI: Derivadas 37


6.1 Exercícios Propostos........................................................................... 42

Capítulo VII: Fórmula de Taylor e Aplicações da Derivada 44


7.1 Exercícios Propostos........................................................................... 49

Capítulo VIII: Integral de Riemann 50


8.1 Exercícios Propostos........................................................................... 54

Capítulo IX: Gabarito dos Exercícios Propostos 56

Apostila de Análise Real - Prof. Edgar Chipana - IFRJ


1
Conjuntos Finitos, In…nitos e Números Reais
1.1 Números Naturais
A de…nição do conjunto dos números naturais é fundamental para o estudo dos demais
conjuntos numéricos. A construção da teoria dos números naturais pode ser deduzida a partir
de três axiomas, conhecidos como Axiomas de Peano, que enunciaremos a seguir.
Dados os seguintes objetos inde…nidos:
i) N o conjunto dos números naturais
ii) s : N ! N função que associa a cada valor n um valor s(n); chamado de sucessor de n.
Podemos caracterizar o conjunto N a partir dos seguintes axiomas sobre s(n):
A1) s : N ! N é uma função injetora.
A2) 9!1 2 N, tal que, 1 6= s(n) para todo n 2 N:
A3) Se X N, 1 2 X e S(X) X; isto é, 8n 2 X; s(n) 2 X; então X = N:

Observação 1.1 O Axioma A3 é conhecido como o Princípio da Indução. De forma intuitiva,


ele propõe que todo número natural n pode ser escrito a partir do elemento 1; tomando o seu
sucessor s(1), o sucessor de seu sucessor s (s(1)) e assim sucessivamente.

Observação 1.2 O princípio da indução serve como base para demonstração de proposições so-
bre números naturais e é conhecido como o Método de Indução (ou recorrência). Considerando
X = fn 2 N j P (n) é válidag ; este método pode ser enunciado da seguinte forma: "Se P é
válida para o número 1 e se, supondo P válida para n e daí resulta válida para seu sucessor
s(n); então é válida para todos os números naturais".

Observação 1.3 No conjunto N são de…nidas duas operações fundamentais associadas a uma
par (m; n) de números: a adição (m + n) e a multiplicação (m:n): A caracterização destas
operações pode ser dada por meio das seguintes igualdades:
(i) m + 1 = s(m)
(ii) m + s(n) = s(m + n)
(iii) m:1 = m
(iv) m(n + 1) = m:n + m

Observação 1.4 A demonstração da existência destas operações com as suas propriedades, as-
sim como, unicidade delas, são dadas por indução, cujos detalhes serão omitidas neste capítulo
por se tratar de assuntos trabalhados nas disciplinas de Álgebra. No nosso curso partiremos do
princípio da de…nição do sucessor de um número n como sendo s(n) = n + 1:

Exemplo 1.1 Usando a indução, prove:


n(n + 1)
1 + 2 + 3 + ::: + n = ; 8n 2 N
2
De…nição 1.1 Dados dois números naturais quaisquer m e n; diremos que m é menor que n;
denotado por m < n; se existe p 2 N; tal que, n = m + p:

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Lema 1.1 Não existe um número natural entre um número n e seu sucessor n + 1:

Prova: Por condição n < n + 1: Suponhamos a existencia de r 2 N; tal que

n < r < n + 1:

Pela de…nição acima, existem p1 ; p2 2 N; tais que

r = n + p1 e n + 1 = r + p2 :

Isto implica
n + 1 = n + p1 + p2 ) 1 = p1 + p2 :
Este resultado é uma contradição, portanto @r 2 N; tal que, n < r < n + 1:

Teorema 1.1 (Princípio da Boa Ordenação) Todo conjunto não vazio A N; possui sem-
pre um menor elemento, isto é, 9n0 2 A tal que n0 n; 8n 2 A:

Prova: De…namos o seguinte conjunto

Ip = fn 2 N j n pg :

Se 1 2 A; então n0 = 1: Caso contrário, se 1 2


= A; consideremos

X = fp 2 N j Ip N Ag :

Como I1 = f1g N A; temos


1 2 X:
Por outro lado, A 6= ?; portanto X 6= N; que implica

9p 2 X, tal que, p + 1 2
= X ) p + 1 2 A:

Basta tomar n0 = p + 1:
Notemos que @c 2 A; tal que,
p < c < p + 1:
Desta forma, a demonstração está concluida.

1.2 Conjuntos Finitos, In…nitos e Enumeráveis


Consideremos os conjuntos:

N = f1; 2; 3; 4; :::g o conjunto dos naturais

e Ip = fn 2 N j n pg o conjunto dos naturais de 1 a p:


Com base nestes dois conjuntos de…niremos os conjuntos …nitos, in…nitos e enumeráveis.

De…nição 1.2 Um conjunto X é denominado …nito se é vazio ou se, 9p 2 N e uma bijeção


f : Ip ! X:

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Observação 1.5 No caso da existência de uma bijeção f : Ip ! X; diremos que p é a cardi-
nalidade de X; isto é, X possui p elementos.

De…nição 1.3 Um conjunto X é denominado in…nito quando não é vazio e nem existe, seja
qual for p 2 N; uma bijeção f : Ip ! X

De…nição 1.4 Um conjunto X é dito enumerável quando é …nito ou quando se existe uma
bijeção f : N ! X:

Exemplo 1.2 Veri…que a cardinalidade do conjunto

X = x 2 R j x x2 4 =0 :

Exemplo 1.3 Veri…que se o conjunto X dos números inteiros positivos pares é enumerável.

Exemplo 1.4 Mostre que o conjunto Z = f::; 2; 1; 0; 1; 2; ::g dos números inteiros é enu-
merável.

Lema 1.2 Se existe uma bijeção f : X ! Y então, dados a 2 X e b 2 Y; existe também uma
bijeção g : X ! Y; tal que, g(a) = b:

Prova: Tomemos f : X ! Y uma bijeção e os elementos a 2 X e b 2 Y:


Consideremos b0 = f (a): Como f é sobrejetora, temos 9a0 2 X onde f (a0 ) = b; desta forma,
basta construir a seguinte função:
8
< b se x = a;
g(x) = b0 se x = a0 ; :
: 0
f (x) se x 2 X fa; a g :

É fácil ver que esta função g : X ! Y é uma bijeção.

Teorema 1.2 Se X é um conjunto …nito e A X; então A é um conjunto …nito.

Prova: Provemos inicialmente o seguinte caso particular: X …nito e a 2 X; então X fag


é …nito.
De fato, usando o Lema anterior, consideremos a bijeção f : IN ! X; tal que, f (N ) = a:
Se N = 1; então X fag = ? que é …nito.
Se N > 1; a restrição f a IN 1 em X fag é uma bijeção, portanto, X fag é …nito e
possui (N 1) elementos.
O Caso geral se prova por indução no número N de elementos de X:
Consideremos que esta a…rmação seja verdadeira para o conjunto com N elementos, isto é,
qualquer subconjunto de um conjunto com N elementos é …nito.
Suponhamos X um conjunto …nito, con N +1 elementos. Se Y X e Y 6= X; então 9a 2 X;
tal que, a 2
= Y: Desta forma, temos
Y X fag :
Como X fag possui N elementos, segue que Y é …nito.

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Corolário 1.1 Um subconjunto X N é …nito se, e somente se, é limitado.

Prova: ())
Se X é um conjunto …nito, então

9f : IN ! X; fução bijetora.

Ou seja, X possui N elementos. Consideremos f (n) = xn ; isto é, suponhamos a seguinte


enumeração …nita dos elementos de X.

X = fx1 ; x2 ; x3 ; :::; xN g N

Tomando
K = x1 + x2 + x3 + ::: + xN ;
segue
xn K; 8xn 2 X:
Portanto, X é limitado.
(()
Se X é limitado, então 9p 2 N; tal que, X Ip . Logo, pelo T eorema 1:2, segue que X é
…nito.

Teorema 1.3 Todo subconjunto X N é enumerável.

Prova: Se X é um conjunto …nito, nada há para demonstrar.


Caso contrário, enumeremos os elementos de X com a seguinte construção

x1 = min(X) e x1 < x2 < x3 < ::: < xN :

Consideremos
AN = X fx1 ; x2 ; x3 ; :::; xN g N:
Podemos observar que AN =6 ?;pois X não é …nito.
Tomando
xN +1 = min (X fx1 ; x2 ; x3 ; :::; xN g) = min(AN ):
Por construção, segue que xN +1 2 X: Então,

X = fx1 ; x2 ; x3 ; :::; xN ; xN +1 ; :::g é um conjunto in…nito.

De fato, se 9x 2 X; tal que, x 6= xN ; 8N 2 N; teriamos

x 2 AN ; 8N 2 N:

Portanto, x seria um número natural maior do que todos os elementos do conjunto in…nito
X: Isto contradiz o Corolario 1:1.

Corolário 1.2 Se f : X ! Y é injetiva e Y é enumerável, então X é enumerável.

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Prova: Por hipótese Y é enumerável, então 9g : Y ! N; função bijetora. De…namos h :
X ! h(X) N; função sobrejetora, tal que,

h(x) = (f g)(x) = f (g (x)) ; onde f : X ! Y é injetiva.

Por construção, h injetora, pois f e g são injetoras. De fato, tomando

h(x1 ) = h(x2 ) ) f (g (x1 )) = f (g (x2 )) ) g(x1 ) = g(x2 ) ) x1 = x2

Logo, fazendo uso do T eorema 1:3, segue que h(X) N é enumerável, desta forma concluímos
que X é enumerável.

Corolário 1.3 Se f : X ! Y é sobrejetiva e X é enumerável, então Y é enumerável.

Prova: Por hipótese f é sobrejetora, então 8y 2 Y; 9x 2 X; tal que, y = f (x): Considere-


mos o menor x = g(y) 2 X; tal que, f (x) = y:
Desta forma, de…namos a aplicação

g : Y ! X, onde f (g (y)) = y; 8y 2 Y:

Com esta de…nição g é injetora, pois

g (y1 ) = g (y2 ) ) f (g (y1 )) = f (g (y1 )) :

Portanto,
y1 = y2 :
Finalmente, usando o Corolario 1:2 o resultado segue.

Corolário 1.4 O produto cartesiano N N é enumerável.

Prova: Sabemos, pelo Teorema da Álgebra, que todo número natural se decompõe de
maneira única como produto de fatores primos. Sendo assim, de…namos

f :N N!N
(m; n) ! 2m 3n

Esta função é injetiva, pois

2m1 3n1 = 2m2 3n2 ) m1 = m2 e n1 = n2

Desta forma,
(m1 ; n1 ) = (m2 ; n2 ) :
Logo, usando o Corolario 1:2, concluímos que N N é enumerável.

Corolário 1.5 Se X e Y são enumeráveis, então X Y é enumerável.

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Prova: Por hipótese X e Y são enumeráveis, então

9f : N ! X e 9g : N ! Y , ambas funções bijetoras.

De…namos
h:N N!X Y
(x; y) ! (f (x); g(y))
Segundo esta construção h é sobrejetora. Portanto, do Corolario 1:3 segue que X Y é
enumerável.
m
Exemplo 1.5 Mostre que o conjunto Q = n
j m; n 2 Z e n 6= 0 dos números racionais é
enumerável.

Teorema 1.4 A reunião de uma familia enumerável de conjuntos enumeráveis é enumerável.


1
Prova: Consideremos [ Xn a união in…nita de conjuntos enumeráveis, onde
n=1

Xi = fxim ; 8m 2 Ng onde i 2 N:

Desta forma, de…nindo


1
f :N N ! [ Xi
i=1
(n; m) ! xnm
Pela construção dada, f é sobrejetora. Logo, pelo Corolario 1:3 o resultado segue.

1.3 Números Reais


Nesta seção, citaremos algumas propriedades relacionadas ao conjuto dos números reais, que
denotaremos como conjunto R, mas omitiremos algumas pequenas demostrações por se tratarem
de conteúdos já abordados na Teoria de Conjuntos, vistos na disciplina de Álgebra.

1.3.1 R é um corpo.
O conjunto dos números reais é muido de duas operações, chamadas de adição e multiplicação,
que cumprem as condições abaixo especi…cadas:

8x; y 2 R; temos x + y 2 R e x:y 2 R

Com estas operações o conjunto R satisfaz os seguintes axiomas de corpo:

i) Associatividade: 8x; y; z 2 R; tem-se

(x + y) + z = x + (y + z) e (x:y):z = x(y:z)

ii) Comutatividade : 8x; y 2 R; tem-se

x + y = y + x e x:y = y:x

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iii) Elemento N eutro: 9!0; 1 2 R; tais que

x + 0 = x e x:1 = x; 8x 2 R

iv) Inversos: 8x 2 R e 8y 2 R f0g ;


1 1
9( x); y 2 R, tais que, x + ( x) = 0 e y:y =1

v) Distributividade : 8x; y; z 2 R; tem-se

x:(y + z) = x:y + x:z

1.3.2 R é um Corpo Ordenado


Existe em R o subconjunto dos números positivos, denotado por R+ , que cumpre as seguintes
condições:

P1) Se x; y 2 R+ ; então x + y 2 R+ e x:y 2 R+ :


P2) Dado x 2 R; existem três alternativas possíveis:

ou x = 0 ou x 2 R+ ou ( x) 2 R+

Com estas condições, podemos indicar o conjunto R como o conjunto dos números ( x)
com x 2 R+ ; denominado de conjunto dos números negativos. Desta forma, obtemos a seguinte
de…nição para R:
R = R+ [ R [ f0g

De…nição 1.5 Dados dois elementos x; y 2 R: Diremos que x é menor do que y; denotado por
x < y se,
(y x) 2 R+

Observação 1.6 Esta relação de ordem entre dois números reais pode, também, ser interpre-
tada da seguinte forma:

Se x < y; então 9p 2 R+ ; tal que, x + p = y

Observação 1.7 A Relação de ordem, no conjunto R; goza das propriedades seguintes:


O1) T ransitividade : Se x < y e y < z; então x < z
O2) T ricotomia : 8x; y 2 R; ocorre exatamente uma das seguintes alternativas:

ou x = y, ou x < y ou y < x

ao : Se x < y; então
O3) M onotonicidade da Adic~

8z 2 R; tem-se x + z < y + z

ao : Se x < y; então
O4) M onotonicidade da M ultiplicaç~

8z 2 R+ ; tem-se x:z < y:z

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De…nição 1.6 Seja x 2 R. O módulo, ou valor absoluto, de x é de…nido
8
< x; se x > 0
jxj = 0; se x = 0
:
x; se x < 0

Observação 1.8 O módulo de x pode ser de…nido, também, pelas seguintes expressões:
p
jxj = max f x; xg ou jxj = x2 :

Observação 1.9 Para todo x em R, temos jxj x jxj :

Observação 1.10 Dado A 0 e x 2 R; temos

jxj A se, somente se A x A:

Teorema 1.5 (Desigualdade Triangular) Se x; y 2 R; então jx + yj jxj + jyj :

Prova: Tomemos quaisquer x; y 2 R; então

x jxj e y jyj ) x + y jxj + jyj :

Por outro lado,


x jxj e y jyj ) (x + y) jxj + jyj ;
isto é,
[jxj + jyj] x+y
Desta forma, temos
[jxj + jyj] x+y jxj + jyj
Potanto, segue
jx + yj jxj + jyj :

Exemplo 1.6 Dados x; y 2 R; mostre que jxj jyj jx yj :

1.3.3 R é um Corpo Ordenado Completo


De…nição 1.7 Um conjunto X R diz-se limitado superiormente quando

9b 2 R, tal que, x b; 8x 2 X:

O valor b é denominado de cota superior de X:

De…nição 1.8 Um conjunto X R diz-se limitado inferiormente quando

9a 2 R, tal que, a x; 8x 2 X:

O valor a é denominado de cota inferior de X:

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De…nição 1.9 Um conjunto X R; é denominado limitado quando

9a; b 2 R, tais que, a x b; 8x 2 X:

Observação 1.11 Tomando K = max fjaj ; jbjg ; podemos obter outra de…nição para um con-
junto limitado. Vejamos:

X R é limitado , 9K > 0; jxj K; 8x 2 X:

De…nição 1.10 Seja X R; não vazio, limitado superiormente. Um número b 2 R é denom-


inado supremo do conjunto X; denotado por sup(X), quando é a menor das cotas superiores
de X; isto é,
sup(X) = b , 8 > 0; 9x 2 X tal que b < x b:

De…nição 1.11 Seja X R; não vazio, limitado inferiormente. Um número a 2 R é denom-


inado in…mo do conjunto X; denotado por inf(X), quando é a maior das cotas inferiores de X,
isto é,
inf(X) = a , 8 > 0; 9x 2 X tal que a x < a + :

Exemplo 1.7 Encontre o Supremo, o ín…mo, o máximo e o mínimo dos seguintes conjuntos,
justi…cando a sua resposta:
(i) A = (1; 4]
(ii) B = ( 2; +1)
(iii) C = f2; 4; 6; 8g

De…nição 1.12 Um conjunto Ordenado X é dito completo se todo subconjunto de X não vazio
e limitado superiormente possui supremo.

Axioma 1.1 (do Supremo) Todo conjunto não vazio de números reais, limitado superior-
mente, possui supremo.

Observação 1.12 Decorre do Axioma do Supremo que todo conjunto não vazio X R, limi-
tado inferiormente, possui ín…mo. Para este caso, basta considerar o conjunto

Y = f x; x 2 Xg :

Teorema 1.6
(i) O conjunto N R dos números naturais não é limitado superiormente.
1
(ii) O ín…mo do conjunto X = ; n 2 N é igual a 0
n
(iii) Dados a; b 2 R+ ; a 6= 0; 9n0 2 N tal que n0 :a > b. (P ropriedade Arquimediana)

Prova: (i) Suponhamos por contradição que N R seja limitado superiormente, então

9b 2 R; b = sup(N):

Isto é,
8 > 0; 9n0 2 N; b < n0 b:

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Tomemos = 1: Portanto,

9n0 2 N; b 1 < n0 b ) b < n0 + 1 b + 1:

Isto é uma contradição, pois n0 + 1 é um número natural maior do que b:


(ii) Consideremos que
1
9c > 0; 0 < c ; 8n 2 N:
n
Portanto,
1
9c > 0; n ; 8n 2 N:
c
Isto implica que N é limitado superiormente, fato que contradiz (i):
(iii) Segue de (i) que N não é limitado superiormente, portanto, dados a; b 2 R+ ; a 6= 0;
basta tomar
b
A = n 2 N; n > :
a
Logo, Pelo Princípio da Boa Ordem, 9n0 = min A; isto é,
b
9n0 2 N; n0 > ) n0 :a > b
a

Observação 1.13 A Propriedade Arquimediana nos leva a seguinte conclusão:

8r 2 R; 9n0 2 N; n0 > r:

Teorema 1.7 (Intervalos Encaixados) Dada uma sequência decrescente de limitados e fecha-
dos In = [an ; bn ] ; com n = 1; 2; 3:::; tais que I1 I2 I3 ::: In ::: , existe pelo menos
1
um c 2 R; tal que, c 2 \ [an ; bn ] :
n=1

Prova: Consideremos

a1 a2 a3 :::an :::: bn :::b3 b2 b1

e tomemos
A = fa1 ; a2 ; a3 ; :::; an ; :::g :
Por construção, o conjunto A é limitado superiormente, portanto

9c 2 R; c = sup(A):

Isto implica,
an c; 8n 2 N:
Além disso, 8n 2 N temos bn é sempre uma cota superior de A: Logo,
1
an c bn ; 8n 2 N ) c 2 \ [an ; bn ] :
n=1

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Teorema 1.8 O conjunto dos números reais não é enumerável.

Prova: Devemos mostrar que nenhuma função f : N ! R é sobrejetora, isto é,

9c 2 R; f (n) 6= c; 8n 2 N:

Para conseguirmos provar isso construiremos uma sequência decrescente de intervalos limitados
e fechados
I1 I2 I3 ::: In :::; tais que, f (n) 2 = In :
Desta forma, teremos
1
9c 2 R; c 2 \ In , onde @f (n) = c:
n=1

De fato, consideremos uma função qualquer f : N ! R e tomemos a1 e b1 ; tais que:

f (1) < a1 < b1 ) f (1) 2


= I1 = [a1 ; b1 ] :

Se f (2) 2
= I1 ; assumiremos I2 = I1 ) f (2) 2 = I2 : Caso contrário:
a1 + f (2)
(i) Para a1 6= f (2); tomaremos I2 = [a2 ; b2 ] = a1 ; :
2
b1 + f (2)
(ii) Para a1 = f (2); consideremos I2 = [a2 ; b2 ] = ; b1 :
2
Nestas situações possíveis, conseguiremos f (2) 2 = I2 :
Podemos repetir este processo 8n 2 N; isto é:
Se f (n + 1) 2= In tomaremos In+1 = In : Caso contrário, teremos as seguintes situações:
an + f (n + 1)
(i) Para an 6= f (n + 1); consideraremos In = an ; :
2
bn + f (n + 1)
(ii) Para an = f (n + 1); assumiremos In = ; bn :
2
Segundo esta construção sempre conseguiremos f (n) 2 = In e In+1 In ; 8n 2 N: Logo,
usando o T eorema 1:7, concluímos
1
9c 2 R; c 2 \ In :
n=1

Portanto, é possível obter um c 2 R; tal que, f (n) 6= c; 8n 2 N:

1.4 Exercícios
1. Prove as seguintes propriedades sobre composição de funções:

a) Se f : A ! B e g : B ! C é injetora, então g f : A ! C é injetora.


b) Se f : A ! B e g : B ! C é sobrejetoras, então g f : A ! C é sobrejetora.

2. Usando indução, prove

a) 1 + 3 + 5 + 7 + ::: + (2n 1) = n2 :

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n (n + 1) (2n + 1)
b) 12 + 22 + 32 + 42 + ::: + n2 = :
6
3. Dada f : X ! Y; prove:

a) Se X é in…nito e f é injetiva, então Y é in…nito.


b) Se Y é in…nito e f é sobrejetiva, então X é in…nito.

4. Dada um conjunto in…nito A; prove que existe uma função injetora f : N ! A:

5. Sejam 0 x, 0 y e x2 y 2 ; prove que x y:

6. Dado x; y 2 R, se x2 + y 2 = 0; prove que x = y = 0:

7. Prove por indução que

(1 + x)n 1 + nx; 8n 2 N e x 2 R; x 1:

8. Se A é limitado superiormente e B A; então sup(A) sup(B):

9. Se A é limitado inferiormente superiormente e B A; então inf(A) inf(B):

10. Se A e B são conjuntos limitados, então

X = fx + y; x 2 A e y 2 Bg é um conjunto limitado.

11. Sejam A; B conjuntos não-vazios limitados dos números reais, se A+B = fx + y; x 2 A e y 2 Bg :


Mostre que

a) inf (A + B) = inf A + inf B;


b) sup (A + B) = sup A + sup B:

12. Sejam A e B dois subconjuntos em R+ : Prove que

a) se A e B são conjuntos limitados superiormente, então sup (A:B) = sup (A) : sup (B) :
b) se A e B conjuntos limitados inferiormente, então inf (A:B) = inf (A) : inf (B) :

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2
Sequência de Números Reais
2.1 Sequências In…nitas
De…nição 2.1 Diremos que a é o limite de uma sequência (xn )n2N se para todo número real
> 0; existe um n0 2 N tal que

n > n0 ) jxn aj < :

Neste caso diremos que a sequência (xn )n2N é convergente e escrevemos

lim (xn ) = a ou lim (xn ) = a ou xn ! a; quando n ! 1:


n!1

Simbolicamente, temos:

lim xn = a , 8 > 0; 9n0 2 N tal que jxn aj < ; 8n > n0 :

Teorema 2.1 Se lim xn = a e lim xn = b ) a = b:

b a
Prova: Consideremos b > a: Tomando = > 0; temos
2
b a
9n1 2 N tal que jxn aj < ; 8n > n1 :
2
Assim, também
b a
9n2 2 N tal que jxn bj < ; 8n > n2 :
2
Como
b a 3a
b+a b
jxn aj < , e < xn <
2 2 2
b a b+a 3b a
jxn bj < , < xn < :
2 2 2
Tomando n0 = max fn1 ; n2 g ; segue

b+a b+a
< xn < ;
2 2
que é uma contradição.
a b
Analogamente, caso consideremos = > 0; isto é, a < b: Portanto, concluímos que
2
a = b:

Teorema 2.2 Se lim xn = a então toda subsequência de (xn ) converge para o limite a:

13

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Prova: Consideremos (xnk ) uma subsequência de (xn ), onde xn ! a: Então, pela de…nição
segue
8 > 0; 9n0 2 N tal que jxn aj < ; 8n > n0 :
Tomando nj um sub-índice da subsequência, tal que nj > n0 ; teremos
jxnk aj < ; 8nk > nj > n0 :
Portanto, xnk ! a:
Teorema 2.3 Toda sequência convergente é limitada
Prova: Seja uma sequência (xn ) ; tal que xn ! a: Então,
8 > 0; em particular para = 1; 9n0 2 N tal que jxn aj < 1; 8n > n0 :
Logo, da desigualdade triangular, conseguimos
jxn j jaj jxn aj < 1 ) jxn j < 1 + jaj ; 8n > n0 :
Finalmente, tomando K = max fjx1 j ; jx2 j ; jx3 j ; :::; jxn0 j ; 1 + jajg ; segue
jxn j K; 8n 2 N ) (xn ) é limitada.

De…nição 2.2 (Sequência Monótona) Seja (xn ) uma sequência in…nita. Diremos que
(i) (xn ) é monótona não-decrecente, se xn xn+1 ; 8n 2 N;
(ii) (xn ) é monótona não-crecente, se xn xn+1 ; 8n 2 N;
(iii) (xn ) é monótona crecente, se xn < xn+1 ; 8n 2 N;
(iv) (xn ) é monótona decrecente, se xn > xn+1 ; 8n 2 N:
Teorema 2.4 Toda sequência monótona limitada é convergente.
Prova: Suponhamos, sem perda de generalidade, que (xn ) seja monótona não-decrecente,
isto é
xn xn+1 ; 8n 2 N:
Como, por hipótese (xn ) é limitada, temos que X = fxn ; n 2 Ng R é limitado, portanto
9a; b 2 R; a = inf(X) e b = sup(X):
Devemos agora mostrar que, xn ! b (para o caso não-crecente xn ! a).
De fato, se b = sup(X); segue
8 > 0; 9xn0 2 X ; b < xn0 b:
Como
xn0 xn ; 8n > n0 ;
teremos
8 > 0; 9n0 2 N; b < xn0 xn b < b + ) jxn bj < ; 8n > n0 :

14

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Lema 2.1 Toda sequência in…nita possui uma subsequência monótona

Prova: Consideremos (xn ) uma sequência in…nita e D N; o conjunto dos sub-índices


N 2 N; tal que
xN xn ; 8n > N:
Com esta construção, podemos ter três possibilidades.
Se D for in…nito,

D = fn1 ; n2 ; n3 ; :::g N; onde ni < ni+1 ; 8i 2 N:

A subsequência (xnk ) de (xn ) ; com sub-índices nk 2 D será monótona não-crescente, pois

xn1 xn2 xn3 :::

Se o conjunto D for vazio ou …nito, isto é, se D = ; ou

D = fn1 ; n2 ; n3 ; :::; np g , onde ni < ni+1 ; 1 i p 1:

Bastará tomar um novo conjunto E N; de índices M 2 N; a partir de np para o caso …nito,


ou n = 1 para o caso nulo, tal que

xM < xn ; 8n > M; com M np ; ou M 1 para o caso nulo.

Sendo assim,

E = fm1 ; m2 ; m3 ; :::g N; onde mi < mi+1 ; 8i 2 N, será in…nito.

Logo, tomando a subsequência (xmk ) de (xn ) ; onde mk 2 E, veri…camos que

xm1 < xm2 < xm3 < :::

Portanto, a subsequência (xmk ) de (xn ) será monótona crescente.

Teorema 2.5 (Bolzano-Weierstrass) Toda sequência limitada de números reais possui uma
subsequência convergente.

Prova: Dada uma sequência (xn ) qualquer, pelo Lema anterior, existe uma subsequência
monótona (xnk ) de (xn ) : Finalmente, como por hipótese (xn ) é limitada, segue que (xnk )
também é limitada, portanto, será convergente.

De…nição 2.3 (Sequência de Cauchy) Uma sequência (xn ) é denominada de Sequência de


Cauchy se, somente se

8 > 0; 9n0 2 N tal que jxn xm j < ; 8m; n > n0 :

Teorema 2.6 Toda sequência convergente é de Cauchy.

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Prova: Consideremos xn ! a: Logo,

8 > 0; 9n0 2 N tal que jxn aj < ; 8n > n0 :


2
Asim, também
aj < ; 8m > n0 :
jxm
2
Finalmente, da desigualdade triangular, segue

jxn xm j = jxn a (xm a)j jxn aj + jxm aj < + = ; 8m; n > n0 :


2 2

Lema 2.2 Toda sequência de Cauchy é limitada.

Prova: Seja (xn ) uma sequência de Cauchy. Tomando = 1;

9n0 2 N; jxn xm j < 1; 8m; n > n0 :

Considerando m = n0 + 1; teremos

jxn xn0 +1 j < 1; 8n > n0 :

Como,
jxn j jxn0 +1 j jxn xn0 +1 j < 1 ) jxn j < 1 + jxn0 +1 j ; 8n > n0 :
Portanto, tomando K = max fjx1 j ; jx2 j ; jx3 j ; :::; jxn0 j ; 1 + jxn0 +1 jg ; segue

jxn j K; 8n 2 N ) (xn ) é limitada.

Lema 2.3 Se uma sequência de Cauchy (xn ) possui uma subsequência convergindo para a 2 R;
então xn ! a:

Prova: Seja (xnk ) uma subsequência da sequência de Cauchy (xn ) ; onde xnk ! a: Então,
8 > 0;
9nk0 : 2 N tal que jxnk aj < ; 8nk > nk0 :
2
Logo, como (xn ) é de Cauchy, segue também

9n1 2 N tal que jxn xm j < ; 8m; n > n1 :


2
Finalmente, da desigualdade triangular e tomando n0 = max fnk0 ; n1 g, segue

jxn aj = jxn xnk + (xnk a)j jxn xnk j + jxnk aj < + = ; 8n; nk > n0 :
2 2
Isto é,
9n0 2 N tal que jxn aj < ; 8n > n0 ) xn ! a:

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Teorema 2.7 Toda sequência de Cauchy de números reais é convergente.

Prova: Seja (xn ) uma sequência de Cauchy. Pelo Lema 1:2, segue que (xn ) é limitada. Logo,
pelo Teorema de Bolzano Weierstrass, possui uma subsequência convergente. Finalmente, do
Lema 1:3, segue que (xn ) é convergente.

Teorema 2.8 (Operações com Limites) Se lim(xn ) = a e lim(yn ) = b; então:


(i) lim(xn yn ) = a b:
(ii) lim(xn yn ) = ab:
xn a
(iii) lim( ) = ; se b 6= 0:
yn b

Prova: (i) Por hipótese, 8 > 0;

9n1 2 N; jxn aj < ; 8n > n1 e


2

9n2 2 N; jyn bj < ; 8n > n2 :


2
Logo, tomando n0 = max fn1 ; n2 g ; temos

j[xn + yn ] (a + b)j jxn aj + jyn bj < + = :


2 2
Portanto, [xn + yn ] ! (a + b):
Analogamente para provar que [xn yn ] ! (a b):
(ii) Suponhamos b 6= 0: Como xn ! a; então 9K > 0; tal que, jxn j K; 8n 2 N: Além
disso, 8 > 0;
9n1 2 N; jxn aj < ; 8n > n1 e
2 jbj
9n2 2 N; jyn bj < ; 8n > n2 :
2K
Logo, tomando n0 = max fn1 ; n2 g ; segue

jxn :yn abj = jxn :yn xn :b + xn :b abj = jxn : [yn b] + b [xn a]j jxn j jyn bj+jbj jxn aj :

Portanto,

jxn :yn abj jxn j jyn bj + jbj jxn aj < K + jbj < ; 8n > n0 :
2K 2 jbj

Desta forma, xn yn ! ab:


Caso b = 0 e (xn ) é limitada, temos que os elementos da sequência (xn yn ) serão todos nulos,
portanto, xn yn ! 0 = a:0 = ab (veja demonstração fornal do exercício 5, da página 7).
1 1
(iii) Devemos provar que ! : De fato,
yn b

jbj jbj
Para = ; 9n1 2 N ; jyn bj < ; 8n > n1 )
2 2

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jbj jbj
jbj jyn j jb yn j < ) < jyn j ; 8n > n1 :
2 2
Assim, concluímos que
jbj
9n1 2 N ;
< jyn j ; 8n > n1 :
2
Agora, da convergencia de (yn ) ; segue que 8 > 0;

b2
9n2 2 N ; jyn bj < ; 8n > n2 :
2
Logo, tomando n0 = max fn1 ; n2 g ; teremos

b2
1 1 yn b jyn bj
= = < 2 = :
yn b b:yn jbj jyn j jbj
jbj :
2
1 xn
Finalmente, o resultado decorrerá da aplicação da propriedade (ii) no produto xn = :
yn yn

De…nição 2.4 (Limites In…nitos) Dada uma sequência (xn ).


(i) Diremos que o lim xn = +1; se

8A > 0; 9n0 2 N; xn > A; 8n > n0 :

(ii) Diremos que o lim xn = 1; se

8A < 0; 9n0 2 N; xn < A; 8n > n0 :

2.2 Exercícios
1. Seja (xn ) uma sequência monótona que possui uma subsequência convergente, mostre que
(xn ) é convergente.

2. Se lim xn = a; prove que lim jxn j = jaj : Dê um contra-exemplo mostrando que a recíproca
é falsa, salvo para a = 0.

3. (Critério do Confronto) Sejam (xn ) ; (yn ) e (zn ) ; sequências tais que xn yn zn ;


8n 2 N; onde lim xn = lim zn = a: Prove que lim yn = a.

4. Se lim xn = 0 e (yn ) é uma sequência limitada, mostre pela de…nição que lim xn :yn = 0:

5. Se lim xn = a e lim [xn yn ] = 0, mostre que lim yn = a:


2n3 1
6. Mostre, por meio da de…nição, que a sequência (xn ) de…nida por xn = 3 converge
3n + 1
2
para :
3

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p p
7. Mostre, por meio da de…nição, que a sequência (xn ) de…nida por xn = 3n2 + 2 3n2
converge para 0:

8. Seja (xn ) uma sequência, tal que xn ! a e xn < 0; 8n 2 N: Mostre que a 0:

9. Considere a sequência (xn ) de…nida pela relação de recorrência


1
x1 = 0 e xn+1 = (xn + 1) :
2
Mostre por indução (PIM) que (xn ) é monótona crescente e limitada superiormente por
1: Mostre que xn ! 1:
1
10. Mostre, pela de…nição, que é uma sequência de Cauchy.
n2 n2N

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3
Noções Topológicas
3.1 Conjuntos Abertos
De…nição 3.1 (Ponto Interior) Diremos que a é um ponto interior de um conjunto A R;
se existe um > 0; tal que (a ; a + ) A:
De…nição 3.2 (Conjunto Interior) Denominaremos como conjunto interior de A, ao con-
junto intA que contem todos os seus pontos interiores de A.
intA = fa 2 A; a é um ponto interior de Ag :
De…nição 3.3 (Conjunto Aberto) Um conjunto A R é denominado aberto se A = intA:
Observação 3.1 Por de…nição, intA A:
Observação 3.2 Para provar que um conjunto A R é aberto, basta veri…car se A intA:
Teorema 3.1 Se A1 e A2 são abertos então A1 \ A2 é aberto.
Prova: Devemos provar que (A1 \ A2 ) int (A1 \ A2 ) :
De fato, tomando
a 2 A1 \ A 2 ) 9 1 > 0; (a 1; a + 1) A1 e 9 2 > 0; (a 2; a + 2) A2 :
Considerando = min f 1 ; 2g ; temos
(a ;a + ) A1 \ A2 ) a 2 int (A1 \ A2 ) :

N
Observação 3.3 O teorema se extende para um número …nito de conjutos, isto é, \ Ai é
i=1
aberto, se Ai é aberto interseção de um número …nito de elementos
Observação 3.4 O teorema não se extendende para um número in…nito de conjutos, isto é,
1
1
\ Ai não necessariamente é aberto. Basta tomar o contra-exemplo An = ; 1 ; onde
n n
i=1

1 1 1 1
\ Ai = \ ; = f0g :
i=1 i=1 i i
Teorema 3.2 Se (A ) 2L é uma familia qualquer de conjuntos abertos, então [ 2L A é um
conjunto aberto.
Prova: Devemos provar que [ 2L A int ([ 2L A ):
De fato, tomando
a2[ 2L A ) 9 > 0; (a ;a + ) A 0 ; onde 0 2 L:
Como A 0 [ 2L A ; segue
9 > 0; (a ;a + ) [ 2L A ) a 2 int ([ 2L A ):

20

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3.2 Conjuntos Fechados
De…nição 3.4 (Ponto aderente) Diremos que a é um ponto aderente ao conjunto A R;
quanto a é limite de alguma sequência (an ) ; onde an 2 A:

Observação 3.5 É evidente que todo ponto a 2 A é um ponto aderente ao conjunto A; pois
basta tomar a sequência constante an = a:

De…nição 3.5 (Fecho de um Conjunto) Denominaremos de fecho de A, ao conjunto A;


formado por todos os pontos aderentes ao conjunto A:

Observação 3.6 É evidente que A A: Assim como, se A B então A B:

De…nição 3.6 (Conjunto Fechado) Um conjunto A R é denominado fechado se A = A:

Observação 3.7 Para provar que um conjunto A R é fechado, basta veri…car se A A:

De…nição 3.7 Seja A B; diz-se que A é denso em B quando B A; isto é, quando todo
elemento b 2 B é aderente ao conjunto A:

Observação 3.8 Q é denso em R:

Teorema 3.3 Um ponto a é aderente ao conjunto A se, e somente se 8 > 0; (a ; a+ )\A 6=


?:

Prova: ())

a é aderente ao conjunto A ) 9 (an ) ; an 2 A; an ! a


Agora, pela de…nição de convergência de sequência, temos

an ! a ) 8 > 0; 9n0 2 N; jan aj < ; 8n > n0 )

8 > 0; 9n0 2 N; an 2 (a ; a + ) ; 8n > n0 ) 8 > 0; (a ; a + ) \ A 6= ?:


(() Sabendo-se que
8 > 0; (a ; a + ) \ A 6= ?:
1 1 1
Tomemos = e a sequência an ; onde an 2 (a ; a + ) \ A:
n n n
1 1
Por construção, an ! a e por hipótese (a ; a + ) \ A 6= ?; isto é, an 2 A: Assim,
n n
concluímos que

9 (an ) ; an 2 A; an ! a ) a é aderente ao conjunto A:

Teorema 3.4 Um conjunto F R é fechado se, e somente se, seu complementar A = R F


é aberto.

21

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Prova: ()) Dado F fechado devemos provar que A = R F é aberto, isto é, (R F)
int (R F ). De fato,

a 2 (R F) ) a 2
= F ) 9 > 0; (a ;a + ) \ F = ?

) 9 > 0; (a ;a + ) (R F ) ) a 2 int (R F):


(() Se A = R F é aberto, devemos provar que é F fechado, isto é, F F:

a 2 F ) 8 > 0; (a ; a + ) \ F 6= ?:

Suponhamos que
a2
=F )a2R F:
Como R F é aberto, temos

9 1 > 0; (a 1; a + 1) (R F) ) 9 1 > 0; (a 1; a + 1) \ F = ?;

que é uma contradição, portanto, segue que a 2 F:

Teorema 3.5 Se F1 e F2 são fechados então F1 [ F2 é fechado.

Prova: Usando o Teorema anterior, basta provar que

R F1 e R F2 ; abertos ) R F1 [ F2 é aberto:

Sabemos
(R F1 ) \ (R F2 ) é aberto:
Além disso, como
(R F1 ) \ (R F2 ) = R F1 [ F2 ;
o que mostra o teorema.

Teorema 3.6 Se (F ) 2L é uma familia qualquer de conjuntos fechados então a interseção


\ 2L F é um conjunto fechado.

Prova: Analogamente ao Teorema anterior. Devemos provar que

R (F ) 2L ; são abertos ) R \ 2L F é aberto:

De fato, como

[ 2L (R F ) são abertos e [ (R F )=R \ 2L F


2L

O resultado segue.

Observação 3.9 O conjunto ? (vazio) e o conjunto R são simultâneamente fechados e abertos.

22

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De…nição 3.8 (Ponto de acumulação) Diremos que a 2 R é um ponto de acumulação do
conjunto A R; quanto toda vizinhança V de a contém algum ponto de A; diferente do próprio
a: Isto é,

a é um ponto de aculação de A , 8 > 0; (a ; a + ) \ (A fag) 6= ?:

Se a 2 A não é um ponto de acumulaçao de A, diremos que a é um ponto isolado de A:

De…nição 3.9 Denotaremos como A0 o conjunto dos pontos de acumulação de A:

Teorema 3.7 Dado A R e a 2 R; as seguintes a…rmações são equivalentes


(i) a 2 A0;
(ii) a é limite de alguma sequência (xn ) ; onde xn 2 (A fag) ;
(iii) Todo intervalo aberto de centro a contém uma in…nidade de pontos de A:

Prova: (i) ) (ii)


Se
a 2 A0 ) 8 > 0; (a ; a + ) \ (A fag) 6= ?:
Tomando = n1 e uma sequência xn ; onde xn 2 (a 1
n
;a + n1 ) \ (A fag) ; temos por
construção, que xn ! a; com xn 2 (A fag) :
(ii) ) (iii)
Se a é limite de alguma sequência (xn ) ; onde xn 2 (A fag), então

8 > 0; 9n0 2 N; 0 < jxn aj < ; 8n > n0 )

8 > 0; 9n0 2 N; xn 2 (a ; a + ) ; 8n > n0 ; com xn 6= a.


Isto signi…ca que existem in…nitos xn 2 (a ; a + ).
Caso (xn ) for …nito, basta tomar < min xn0+1 a ; xn0+2 a ; :::; jxN 1 aj ; jxN aj ;
que teriamos uma contradição, pois xn 6= a.
(iii) ) (i)
Segue direto, pela de…nição.

De…nição 3.10 (Conjunto Compacto) Um conjunto X R chama-se compacto quando é


limitado e fechado.

Teorema 3.8 Um conjunto X R é compacto se, e somente se, toda sequência de pontos em
X possui uma subsequência que converge para um ponto de X:

Prova: ()) Tomemos uma sequência (xn ) ; com xn 2 X, como X é limitado, pelo Teorema
de Bolzano Weierstrass, segue que

9 (xnk ) ; subsequência de (xn ) ; com xnk ! a:

Logo, como X é fechado, necessariamente a 2 X:


(() Queremos provar que, se

8 (xn ) com xn 2 X; 9 (xnk ) subsequência de (xn ) ; com xnk ! a 2 X ) X é fechado e limitado.

23

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Mostremos isto usando a contradição. Consideremos a hipótese válida e neguemos a sua
tese. Então:
Se X não for fechado, existe um ponto a 2= X; com a 2 X; isto é, 9(xn ); com xn 2 X; tal
que; com xn ! a, o que nos leva a uma contradição.
Além disso, se X não for limitado, poderiamos tomar a sequência (xn );com xn 2 X; onde
jxn j > n; que não possui subsequência limitada e portanto não convergente, o que nos leva a
outra contradição.

Corolário 3.1 Se X R é compacto então, ele possui um elemento mínimo e um elemento


máximo. Isto é,
X é compacto ) 9a; b 2 X; a x b; 8x 2 X:

Prova: Como X R é limitado, concluímos que

9a = inf(X) e b = sup(X) 2 R tal que a x b; 8x 2 X:

Agora, por de…nição de supremo e ín…mo, temos:


1 1 1
8 > 0; em particular = ; 9xn ; yn 2 X tal que a xn < a + eb < yn b:
n n n
Isto é,
1 1 1 1 1
Para = ; 9xn ; yn 2 X tal que a xn < a + eb < yn b+ :
n n n n n
Portanto, podemos construir duas sequências (xn ) e (yn ) ; com xn ; yn 2 X; tais que xn ! a
e yn ! b: Logo, a e b são pontos aderentes de X:
Finalmente, como X é fechado, segue que a e b pertencem a X; pois X X:

Observação 3.10 (Outra De…nição para Compacto) Um conjunto K V é dito com-


pacto se toda cobertura aberta de K admite subcobertura …nita, isto é, se fA g 2L é uma
cobertura aberta de K; então existem 1 ; 2 ; ::; k ; tais que

K A1 [ ::: [ Ak :

3.3 Exercícios
1. Prove que, para todo X R o intX é um conjunto aberto, isto é, que int(intX) = intX:

2. Um conjunto A R é aberto se, e somente se, cumpre a seguinte condição: "Se uma
sequência (xn ) converge para um ponto a 2 A então xn 2 A para todo n su…cientemente
grande".

3. Tem-se lim xn = a se, e somente se, para todo aberto A contendo o ponto a; existe n0 2 N
tal que n > n0 implica em xn 2 A:

4. Para quaisquer X; Y R; mostre que int(X \ Y ) = int(X) \ int(Y ) e int(X) [ int(Y )


int(X [ Y ): Dê um exemplo em que a inclusão não se reduza a uma igualdade.

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5. Se A R é aberto e a 2 A então A fag é aberto.

6. O fecho de todo conjunto X R é um conjunto fechado, isto é, X = X:

7. Se X F e F é fechado então X F:

8. Para X; Y R quaisquer, mostre que X [ Y = X [Y e X \ Y X \Y : Dê um exemplo


no qual a inclusão não se reduz a uma igualdade.

9. Um conjunto A R é aberto se, e somente se, A \ X A \ X para todo X R:

10. Um conjunto é denso em R se, e somente se, seu complementar tem interior vazio.

11. Se F é fechado e A é aberto então F A é fechado.

12. Prove que para todo X R; tem-se X = X [ X0

13. Prove que para todo X R; X0 é fechado.

14. Um número a é ponto de acumulação de X se, somente se, é ponto de acumulação de X:

15. Prove que uma reunião e a interseção …nita de conjuntos compactos é um conjunto com-
pacto.

25

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4
Limite de Funções
De…nição 4.1 Sejam X R, f : X ! R uma função real; a 2 X0: Diremos que o número
real L é o limite de f (x) quando x tende para a; e escreve-se lim f (x) = L; quando, para todo
x!a
> 0; existe um > 0; tal que jf (x) Lj < ; sempre que x 2 X e 0 < jx aj < :
De forma simpli…cada:

lim f (x) = L: :8 > 0; 9 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < ) jf (x) Lj < :


x!a

Teorema 4.1 Sejam f : X ! R e a 2 X0: Se

lim f (x) = L e lim f (x) = M; então L = M:


x!a x!a

M L
Prova: Consideremos M > L: Tomando = ; segue
2
M L (3L M) (M + L)
9 1 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 1 ) jf (x) Lj < ) < f (x) < :
2 2 2
Assim como,

(M L) (M + L) (3M L)
9 2 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 2 ) jf (x) Mj < ) < f (x) < :
2 2 2
Logo, tomando = min f 1 , 2g ; segue

(M + L)
x 2 X; 0 < jx aj < ) f (x) < < f (x):
2
Isto é uma contradição.

Teorema 4.2 (Teorema do Confronto) Sejam f; g; h : X ! R; a 2 X0; lim f (x) = lim g(x) =
x!a x!a
L: Se f (x) h(x) g(x); para todo x 2 X fag ; então limh(x) = L:
x!a

Prova: Sabemos que, 8 > 0;

9 1 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 1 )L < f (x) < L +

e
9 2 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 2 )L < g(x) < L + :
Como f (x) h(x) g(x); tomando = min f 1 , 2g ; temos

9 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < )L < f (x) h(x) g(x) < L + :

26

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Teorema 4.3 Sejam f; g : X ! R; a 2 X0; lim f (x) = L e lim g(x) = M: Se L < M então
x!a x!a
9 > 0; tal que, f (x) < g(x); para todo x 2 X; com 0 < jx aj < :

(M L)
Prova: Tomemos = ; temos
2
(M L)
9 1 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 1 ) jf (x) Lj < ;
2
que implica em
(3L M) (M + L)
9 1 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 1 ) < f (x) < :
2 2
Além disso,
(M L)
9 2 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 2 ) jg(x) Mj < ;
2
que implia em
(M + L) (3M L)
9 2 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < 1 ) < g(x) < :
2 2
Logo, tomando = min f 1 ; 2g ; segue
(M + L)
x 2 X; 0 < jx aj < ) f (x) < < g(x):
2

Teorema 4.4 Sejam f : X ! R e a 2 X0:

lim f (x) = L , 8(xn ); xn 2 [X fag] ; com xn ! a; temos f (xn ) ! L:


x!a

Prova: ())
Considerando lim f (x) = L; temos
x!a

8 > 0; 9 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < ) jf (x) Lj < :

Agora, tomando (xn ); xn 2 [X fag] ; com xn ! a; segue

8 1 > 0; em particular 1 = ; 9n0 2 N; 0 < jxn aj < ; 8n > n0 ) jf (xn ) Lj < :

(()
Devemos provar que

8(xn ); xn 2 [X fag] ; com xn ! a; temos f (xn ) ! L ) lim f (x) = L:


x!a

Provemos por contradição. Consideremos lim f (x) 6= L; então


x!a

9 > 0; 8 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < ) jf (x) Lj :

27

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Agora, tomemos (xn ); xn 2 [X fag] ; onde xn ! a; por de…nição teremos
8 > 0; 0 < jxn aj < ; 8n > n0 :
Logo, segue
jf (xn ) Lj ) f (xn ) 9 L:
Isto é uma contradição.

Observação 4.1 A demonstração deste último teorema pode ser obtida, usando o Teorema 3.3
e o Teorema da Unicidade do Limite de Sequências (Teorema 1.5).
Isto é, se tomamos xn 2 [X fag] ; com xn ! a; teremos f (xn ) ! L e f (xn ) ! M:
Portanto, L = M:

Teorema 4.5 Sejam f : X ! R e a 2 X0: Se existe lim f (x) = L então f é limitada numa
x!a
vizinhança de a, isto é, existe > 0 e c > 0 tais que x 2 X; 0 < jx aj < implica jf (x)j c:

Teorema 4.6 (Operações com Limites) Sejam f; g : X ! R e a 2 X0; como lim f (x) = L
x!a
e lim g(x) = M: Então:
x!a
(i) lim [f (x) g(x)] = L M;
x!a
(ii) lim [f (x) g(x)] = L M ;
x!a
f (x) L
(iii) lim = ; se M 6= 0:
x!a g(x) M
Prova: A demonstração segue em decorrência do Teorema (3.4) e aplicação das pro-
priedades operativas de sequências.

4.1 Limites Laterais


De…nição 4.2 Seja X R: Diz-se que a 2 R é um ponto de acumulação à direita de X; e
escreve-se a 2 X0+ ; quando toda vizinhança de a contém algum ponto x 2 X; com x > a:
Simbolicamente:
a 2 X0+ , 8 > 0; X \ (a; a + ) 6= ?:
Analogamente, se a 2 R é um ponto de acumulação à esquerda de X; isto é,
a 2 X0 , 8 > 0; X \ (a ; a) 6= ?:

De…nição 4.3 Sejam X R, f : X ! R uma função real; a 2 X0+ : Diremos que o número
real L é o limite à direita de f (x) quando x tende para a; e escreve-se lim+ f (x) = L; quando,
x!a
para todo > 0; existe um > 0; tal que jf (x) Lj < ; sempre que x 2 X e 0 < x a< :
De forma simpli…cada:
lim f (x) = L: :8 > 0; 9 > 0; x 2 X \ (a; a + ) ) jf (x) Lj < :
x!a+

Analogamente:
lim f (x) = L: :8 > 0; 9 > 0; x 2 X \ (a ; a) ) jf (x) Lj < :
x!a

28

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Teorema 4.7 Sejam f : X ! R e a 2 X0+ \ X0 : Existe o lim f (x) = L se, e somente se,
x!a
existem e são iguais os limites laterais

lim f (x) = lim f (x) = L:


x!a+ x!a

4.2 Limites no In…nito, Limites In…nitos.


De…nição 4.4 Seja X R ilimitado superiormente. Dada f : X ! R; escreve-se

lim f (x) = L
x!+1

quando
8 > 0; 9A > 0; x 2 X; x > A ) jf (x) Lj < :
Analogamente para X R ilimitado inferiormente,

lim f (x) = L , 8 > 0; 9A < 0; x 2 X; x < A ) jf (x) Lj < :


x! 1

De…nição 4.5 Sejam X R; a 2 X0; f : X ! R. Diremos que

lim f (x) = +1
x!a

quando,
8M > 0; 9 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < ) f (x) > M:
Analogamente,

lim f (x) = 1 , 8M < 0; 9 > 0; x 2 X; 0 < jx aj < ) f (x) < M:


x!a

4.3 Exercícios
1. Mostre pela de…nição que

a) lim x2 = 0;
x!0
p p
b) lim x = a; se a > 0:
x!a
c) lim xSen(x) = 0;
x!0

d) lim x2 = 4;
x!2
2 1
e) lim = ;
x!5 x 1 2
1
f) lim+ 1 = 1:
x!0 1 + e x

2. Mostre pela de…nição que

a) lim xn = 1; 8n 2 N;
x!1

29

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n
b) lim jxj = 1; 8n 2 N:
x!0
1
c) lim = 1:
x!1 (x 1)2

3. Mostre a não existência dos limites


1
a) lim
x!1 x2 1
1
b) lim p ; para x > 0:
x!0 x

4. Sejam f : A R ! R uma função e a 2 R um ponto de acumulação de A: Se lim f (x)


x!a

existe, mostre que lim jf (x)j = lim f (x) :


x!a x!a

5. Seja f : R ! R uma função. Se L 6= 0 é o limite de f em a; então existe > 0 tal que


1
jf (x)j > jLj para 0 < jx aj < :
2
1
6. Mostre que f (x) = Sen x
; para x > 0; não possui limite quando x se aproxima de 0:

7. Sejam f : R ! R e a 2 R: Se existem K; L 2 R com K > 0 tais que

jf (x) Lj K jx aj para todo x 2 R;

mostre, por meio da de…nição que lim f (x) = L:


x!a

30

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5
Funções Contínuas
De…nição 5.1 Sejam X R, f : X ! R uma função real: Diremos que f (x) é contínua no
ponto a 2 X quando, para todo > 0; existe um > 0; tal que jf (x) f (a)j < ; sempre que
x 2 X e jx aj < :
De forma simpli…cada:

f é contínua em x = a , 8 > 0; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) jf (x) f (a)j < :

Observação 5.1

f não é contínua em x = a , 9 > 0; 8 > 0; x 2 X; jx aj < ) jf (x ) (a)j :

Observação 5.2 Diz-se que f : X ! R é uma função contínua quando f é contínua em todos
os pontos a 2 X:

Observação 5.3 Se a é um ponto isolado de X então toda fução f : X ! R é contínua em


x = a: Como a é um ponto isolado de X então existe um > 0; tal que (a ; a + )\X = fag ;
portanto,
8 > 0; 9 > 0; x 2 X; jx aj = 0 < ) jf (x) f (a)j = 0 < :

Observação 5.4 Se a 2 X0\X; isto é, se a é um ponto de acumulação de X; então f : X ! R


é contínua em a se, e somente se, lim f (x) = f (a):
x!a

Teorema 5.1 Uma função f : X ! R é contínua no ponto a 2 X se, e somente se,

8(xn ); xn 2 X; com xn ! a; temos f (xn ) ! f (a):

Teorema 5.2 Sejam f : X ! R é contínua no ponto a 2 X; g : Y ! R contínua no ponto


b = f (a) 2 Y e f (X) Y . Então g f : X ! R é contínua no ponto a 2 X:

Prova: Da continuidade de g no ponto b = f (a); segue

8 > 0; 9 1 > 0; y 2 Y; jy f (a)j < 1 ) jg (y) g (f (a))j < :

Por sua vez, da continuidade de f no ponto a; temos

Para o 1; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) jf (x) f (a)j < 1:

Isto é,
8 > 0; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) jg (f (x)) g (f (a))j < :

Lema 5.1 (Intervalos Encaixados) Sejam In = [an ; bn ] ; com n = 1; 2; 3:::; tais que I1
I2 I3 ::: In ::: , uma família de intervalos encaixados onde kIn k = (bn an ) ! 0.
1
Então existe um único c 2 \ [an ; bn ] :
n=1

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Prova: Por hipótese

a1 a2 ::: an ::: bn ::: b2 b1 :

Assim, observamos que as sequências (an ) e (bn ) são respectivamente não decrescente e não
crescente. Além disso, as sequências são limitadas, logo segue

9a; b 2 R; an ! a e bn ! b:

Isto é,
1
[a; b] \ [an ; bn ] ; onde (bn an ) ! (b a):
n=1

Finalmente, como (bn an ) ! 0; concluímos que a = b: Portanto,


1
9!c 2 R; c 2 \ [an ; bn ] :
n=1

Lema 5.2 Seja g : [a; b] ! R contínua. Se g(a) < 0 < g(b) (ou g(b) < 0 < g(a)) então existe
um c 2 (a; b) tal que g(c) = 0:

Prova: De fato, pelo Método da Bisseção, podemos dividir o intervalo [a; b] ao meio, gerando
dois novos intervalos
a+b
[a; r1 ] e [r1 ; b] ; onde r1 = :
2
Se g(r1 ) = 0; o teorema estará demonstrado. Agora, se g(r1 ) > 0; escolhemos o intervalo
[a; r1 ] ; caso contrário se g(r1 ) < 0 escolhemos o intervalo [r1 ; b] : Em qualquer um dos casos,
denominemos a1 o extremo esquerdo e b1 o extremo direito do intervalo escolhido, isto é,
a+b a+b b a
I1 = [a1 ; b1 ] ,onde kI1 k = (b1 a1 ) = a=b = :
2 2 21
Procedindo da mesma forma, podemos dividir [a1 ; b1 ] ao meio, gerando dois novos intervalos

a1 + b 1
[a1 ; r2 ] e [r2 ; b1 ] ; onde r2 = :
2
Usando o mesmo processo, escohemos um novo intervalo
a1 + b 1 a1 + b 1 b 1 a1
I2 = [a2 ; b2 ] ; onde I1 I2 e kI2 k = (b2 a2 ) = a1 = b 1 = )
2 2 2
a+b a+b
b1 a ba1
kI2 k = = 2 = 2 = b a:
2 2 2 22
Fazendo isso, sucessivamente, teremos uma família de intervalos encaixados
b a
I1 I2 I3 ::: In :::; onde kIn k = (bn an ) = :
2n

32

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1
Portanto, se o processo não parar numa partição …nita, existirá um valor c 2 \ [an ; bn ] ;
n=1
tal que
an c bn ; com an ! c e bn ! c:
Além disso,
g(an ) < 0 < g(bn ):
Logo, pela continuidade de g; segue

g(an ) ! g(c) e g(bn ) ! g(c) ) g(c) = 0:

Teorema 5.3 (Teorema do Valor Intermediário) Seja f : [a; b] ! R contínua. Se f (a) <
d < f (b) (ou f (b) < d < f (a)) então existe um c 2 (a; b) tal que f (c) = d:

Prova: Considerando g(x) = f (x) d; veri…camos que g é contínua em [a; b] e

g(a) = f (a) d < 0; assim como, g(b) = f (b) d > 0:

Isto é, g(a) < 0 < g(b): Portanto, pelo Lema anterior, segue

9c 2 (a; b) tal que g(c) = 0 ) f (c) = d

Exemplo 5.1 Prove que a equação x4 + 10x3 8 = 0 possui pelo menos duas raízes reais.

Teorema 5.4 A imagem f (X) de um conjunto compacto X R por uma função contínua
f : X ! R é um conjunto compacto.

Prova: Devemos provar que f (X) é limitada e fechada.


De fato, usando o Teorema 2:8; bastará provar que

8 (yn ) ; com yn 2 f (X); 9 (ynk ) uma subsequência de (yn ) ; com ynk ! b 2 f (X):

Consideremos yn = f (xn ); onde xn 2 X. Como X compacto, segue

9 (xnk ) subsequência de (xn ) ; com xnk ! a 2 X:

Logo, da continuidade de f; temos

f (xnk ) ! f (a) 2 f (X):

Isto é,
9 (ynk ) ; subsequência de (yn ) ; ynk = f (xnk ); onde ynk ! f (a) 2 f (X):

33

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Teorema 5.5 Seja f : X ! R uma função contínua no conjunto compacto X R; então
existem x0 ; x1 2 X tais que,

f (x0 ) f (x) f (x1 ); 8x 2 X:

Prova: A demonstração segue em decorrência do Teorema 4.4 e o Corolário 2.1.

De…nição 5.2 (Continuidade Homogênea) Uma função f : X ! R é dita uniformemente


contínua no conjunto X quando, para todo > 0 pode-se encontrar um > 0 tal que x; y 2 X;
jx yj < implicam jf (x) f (y)j < :

Teorema 5.6 Se f : X ! R é uma função uniformemente contínua, então ela é contínua em


X.

Prova: A demonstração é direta. Basta tomar 8a 2 X o valor y = a, que o resultado segue.

Teorema 5.7 (Critério Sequencial) Uma função f : X ! R é uniformemente contínua


no conjunto X se, e somente se, para qualquer par de sequências (xn ) e (yn ) em X; onde
xn yn ! 0; temos f (xn ) f (yn ) ! 0:

Prova: ()) Sabemos por hipótese:

8 > 0; 9 > 0; x; y 2 X; jx yj < ) jf (x) f (y)j < :

Considerando duas sequências (xn ) e (yn ); contidas em X; tais que

xn yn ! 0 ) 8 > 0; em particular = ; 9n0 2 N; jxn yn j < ; 8n > n0 ) jf (xn ) f (yn )j < :

) f (xn ) f (yn ) ! 0:
(() Provemos por contradição.
Consideremos

9 > 0; 8 > 0; x; y 2 X; jx yj < ) jf (x) f (y)j :

Agora, tomemos (xn ) e (yn ) ; com xn e yn 2 X; onde xn yn ! 0: Por de…nição teremos

8 > 0; 9n0 2 N; jxn yn j < ; 8n > n0 :

Logo, segue
jf (xn ) f (yn )j ) f (xn ) f (yn ) 9 0:
Isto é uma contradição
1
Exemplo 5.2 Mostre que a função f : (0; +1) ! R; de…nida por f (x) = ; não é uniforme-
x
mente contínua.
1
Exemplo 5.3 Mostre que a função f : [a; +1) ! R; de…nida por f (x) = ; é uniformemente
x
contínua 8a > 0:

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Teorema 5.8 Seja X R compacto. Toda função contínua f : X ! R é uniformemente
contínua.

Prova: Por contradição, consideremos f : X ! R não seja uniformemente contínua, então

9(xn ); (yn ) de X; onde xn yn ! 0 temos f (xn ) f (yn ) 9 0:

Passando para subsequencias, pela compacidade de X; 9(xnk ) subsequência de (xn ) tal que
xnk ! a 2 X: Como
ynk = (ynk xnk ) + xnk ) ynk ! a:
Assim, pela continuidade de f; temos

xnk ! a e ynk ! a ) xnk ynk ! 0:

Como f (xnk ) f (ynk ) 9 0; concluímos que, pelo menos uma das subsequencias (f (xnk )) e
(f (ynk )) não deverá convergir para f (a); portanto f não será contínua.

De…nição 5.3 (Função Lipschitz) Uma função f : X ! R é Lipschitziana em X; quando


existir uma constante L > 0 tal que

jf (x) f (y)j L jx yj ; 8x; y 2 X:

Teorema 5.9 Se f : X ! R é Lipschitz em X; então f é uniformemente contínua em X:

Prova: Sabemos

9L > 0; jf (x) f (y)j L jx yj ; 8x; y 2 X:

Sendo assim, para todo > 0; tomando = ; temos


L

jx yj < ) jf (x) f (y)j L jx yj < L: = L: = :


L

5.1 Exercícios
1. Sejam f : R ! R uma função contínua e X = fx 2 R; f (x) = 0g : Se (xn )n2N é uma
sucessão tal que xn 2 X e xn ! x0 : Mostre que x0 2 X:
1
2. Seja f : [0; 1] ! R uma função contínua tal que f (0) = f (1): Mostre que existe 2 0;
2
1
tal que f ( ) = f ( + ):
2
3. Sejam f : R ! R uma função uniformemente contínua em R e f (x) k > 0; para todo
1
x 2 R: Mostre que p é uniformemente contínua em R:
f

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4. Sejam f : R ! R uma função contínua em R: Para n 2 N de…ne-se a função f n (x) =
[f (x)]n com x 2 R: Mostre que f n é também, contínua em R:

5. Seja f : [0; b] ! R; de…nida por f (x) = x2 para todo x 2 [0; b] ; como 0 < b: Mostre que
f é uniformemente contínua em [0; b] :

6. Sejam f : R ! R uma função contínua em 2 R: Mostre que existe uma vizinhança


V ( ) (centrada em ; de raio ); tal que:

a) Se f ( ) > 0; então f (x) > 0 para todo x 2 V ( ):


b) Se f ( ) < 0; então f (x) < 0 para todo x 2 V ( ):
p
7. Seja p 2 N; p > 2; e seja f : R+ ! R a função f (x) = p
x: Mostre, por meio da de…nição
que f é contínua em R+ :
Sugestão: Faça separadamente os casos em que o ponto é o zero e que o ponto é diferente
de zero. Neste último, para um ponto a 6= 0; use que para todo p 2 N e a 2 R+ ; tem-se
p p p
p
p
p
p
p
p
p
p
p
x a= p
x p
a xp 1 + xp 2 a + xp 3 a2 + ::: + xap 2 + ap 1 :

8. Seja f : R ! R a função
1 se x 0;
f (x) =
0 se x < 0:
Mostre que f não é contínua em x = 0:

a) Usando a de…nição.
b) Usando o critério sequencial.

1
9. Seja f (x) = para todo x 2 [a; 1) ; com a > 1: Mostre que f é uniformemente
x 1
contínua em [a; 1) :

36

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6
Derivadas
De…nição 6.1 Sejam f : X ! R e a 2 X \ X0: A derivada da função f no ponto a é o limite
f (x) f (a) f (a + h) f (a)
f (a) = lim = lim :
x!a x a h!0 h
Se o limite existir, diz-se que f é derivável no ponto a

Observação 6.1 Quando a derivada f (x) existir em todos os pontos x 2 X; diz-se que a
função f : X ! R é derivável no conjunto X:

Observação 6.2 Se a função f : X ! R é derivável em X \ X0; de…ni-se uma nova função


f : X \ X0 ! R; onde x 7! f (x); denominada função derivada.

Observação 6.3 Se a função derivada f : X \ X0 ! R é contínua, diz-se que f é de classe


C 1:

Observação 6.4 Outras notações para a derivada de f no ponto a:


df df
Df (a); (a) e :
dx dx x=a

De…nição 6.2 Dizemos que f : X ! R é diferenciável em a 2 X se existem L 2 R e r : R ! R


tais que
f (a + h) = f (a) + L:h + r(h);
onde
r(h)
lim = 0:
h!0 h

Teorema 6.1 Uma função f : X ! R é derivável no ponto a 2 X se, e somente se, f é


diferenciável em a:

Prova: ()) Considerando f é derivável no ponto a; temos

f (a + h) f (a)
9f (a) = lim :
h!0 h
Tomando
r(h) = f (a + h) f (a) + f (a):h;
temos
r(h) f (a + h) f (a) r(h) f (a + h) f (a)
= f (a) ) lim = lim f (a) = 0:
h h h!0 h h!0 h

r(h) f (a + h) f (a)
lim = lim f (a) = 0:
h!0 h h!0 h

37

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(() Se existem L 2 R e r : R ! R tais que

f (a + h) = f (a) + L:h + r(h);

onde
r(h)
lim = 0:
h!0 h

Assim, teremos
f (a + h) f (a) r(h)
+L= )
h h
f (a + h) f (a)
lim = L:
h!0 h
Como o valor de L existe, então segue que f é derivável em a:

Corolário 6.1 Se f : X ! R é diferenciável em a 2 X; então f é contínua em a:

Prova: Sabemos
f (a + h) = f (a) + L:h + r(h):
Aplicando limite com h ! 0; segue

lim f (a + h) = lim [f (a) + L:h + r(h)] = f (a) + lim [r(h)] :


h!0 h!0 h!0

Resta provar que


lim [r(h)] = 0:
h!0

De fato,
r(h) r(h)
lim = 0 ) 8 > 0; 9 > 0; 0 < jhj < ) < ) jr(h)j < jhj :
h!0 h h
Supondo jhj < 1; segue
jr(h)j < :
Finalmente, tomando 1 = min f1; g o resultado segue.

Observação 6.5 A demonstração menos técnica resulta de tomar


r(h)
f (a + h) = f (a) + L:h + r(h) = f (a) + L:h + h
h
e aplicar o limite com h ! 0:

Observação 6.6 Sejam f; g : X ! R dua funções deriváveis no ponto a 2 X \ X0; com


lim f (x) = f (a) = 0 e lim g(x) = g(a) = 0; onde g (a) 6= 0. Então,
x!a x!a

f (x)
f (x) f (a)
lim = lim x a = :
x!a g(x) x!a g(x) g (a)
x a

38

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Teorema 6.2 Sejam f; g : X ! R dua funções deriváveis no ponto a 2 X \ X0: As funções
f
f g; f g; (caso g(a) 6= 0) são deriváveis nesse mesmo ponto. Tem-se
g
(i) (f g) (a) = f (a) g (a);
(ii) (f g) (a) = f (a) g(a) + f (a) g (a);
f f (a) g(a) f (a) g (a)
(iii) (a) = :
g [g(a)]2

Teorema 6.3 (Regra da Cadeia) Sejam f : X ! R; g : Y ! R, a 2 X \ X0; b 2 Y \ Y 0


e f (a) = b: Se f é derivável no ponto a e g é derivável no ponto b; então g f : X ! R é
derivável no ponto a, onde
(g f ) (a) = g (f (a)) f (a):
Prova: Sabemos que

g(f (x)) g(f (a)) g(f (x)) g(f (a)) f (x) f (a)
lim = lim )
x!a x a x!a x a f (x) f (a)

g(f (x)) g(f (a)) g(f (x)) g(f (a)) f (x) f (a)
lim = lim lim :
x!a x a x!a f (x) f (a) x!a x a
Considerando y = f (x); temos
lim f (x) = f (a) = b:
x!a

Portanto
g(f (x)) g(f (a)) g(y) g(b) f (x) f (a)
lim = lim lim :
x!a x a y!b y b x!a x a
Como g é derivável em b e f é derivável em a; segue

g(f (x)) g(f (a))


lim = g (f (a)) f (a):
x!a x a

Corolário 6.2 Seja f : X ! Y; uma bijeção entre os conjuntos X; Y R; com inversa


1
g = f : Y ! X: Se f é derivável no ponto a 2 X \ X0 e g é contínua no ponto b = f (a)
1
então g é derivável no ponto b se, somente se, f (a) 6= 0: No caso a…rmativo, tem-se g (b) = :
f (a)

Prova: Sabemos por hipótese que g(f (x)) = x; para todo x 2 X; onde

limg(y) = g(b) = g(f (a)) = a:


y!b

Assim, temos
1
g(y) g(b) x a f (x) f (a) 1
lim = lim = lim = :
y!b y b y!b f (x) f (a) x!a x a f (a)

39

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Teorema 6.4 Seja f : X ! R; derivável à esquerda do ponto a 2 X \ X0 ; com f (a) > 0;
então existe > 0 tal que x 2 X; a < x < a implicam f (x) < f (a):
Prova: Temos
f (x) f (a)
lim = f (a) > 0:
x!a x a
Logo, pela de…nição, segue
8 > 0; em particular para = f (a); 9 > 0; tal que
f (x) f (a)
x 2 X; a <x<a) f (a) < f (a) )
x a
f (x) f (a)
0< < 2f (a) ) f (x) f (a) < 0; pois x < a:
x a

Teorema 6.5 Seja f : X ! R; derivável à direita do ponto a 2 X \ X0+ ; com f + (a) > 0;
então existe > 0 tal que x 2 X; a < x < a + implicam f (a) < f (x):
Prova: Analogamente ao Teorema anterior, temos
f (x) f (a)
lim+ = f + (a) > 0:
x!a x a
Logo, pela de…nição, segue
8 > 0; em particular para = f + (a); 9 > 0; tal que
f (x) f (a)
x 2 X; a < x < a + ) f + (a) < f + (a) )
x a
f (x) f (a)
0< < 2f + (a) ) f (x) f (a) > 0; pois x > a:
x a

Teorema 6.6 Seja f : X ! R; derivável à esquerda do ponto a 2 X \ X0 ; com f (a) < 0;


então existe > 0 tal que x 2 X; a < x < a implicam f (x) > f (a):
Prova: Temos
f (x) f (a)
lim = f (a) < 0:
x!a x a
Logo, pela de…nição, segue
8 > 0; em particular para = f (a); 9 > 0; tal que
f (x) f (a)
x 2 X; a <x<a) f (a) < f (a) )
x a
f (x) f (a)
( f (a)) < f (a) < f (a) )
x a
f (x) f (a)
2f (a) < < 0 ) f (x) f (a) > 0; pois x < a:
x a

40

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Teorema 6.7 Seja f : X ! R; derivável à direita do ponto a 2 X \ X0+ ; com f + (a) < 0;
então existe > 0 tal que x 2 X; a < x < a + implicam f (a) > f (x):

Prova: A demonstração é análoga as anteriores.

Corolário 6.3 Seja a 2 X um ponto de acumulação à direita e à esquerda. Se f : X ! R


possui, no ponto a; uma derivada f (a) > 0 então existe > 0 tal que x; y 2 X; e

a < x < a < y < a + ) f (x) < f (a) < f (y):

Prova: Segue como consequência dos Teoremas (5:4) e (5:5):

Corolário 6.4 Seja a 2 X um ponto de acumulação à direita e à esquerda. Se f : X ! R


possui, no ponto a; uma derivada f (a) < 0 então existe > 0 tal que x; y 2 X; e

a < x < a < y < a + ) f (x) > f (a) > f (y):

Prova: Segue como consequência dos Teoremas (5:6) e (5:7):

Corolário 6.5 Seja a 2 X um ponto de acumulação à direita e à esquerda. Se f : X ! R é


derivável no ponto a e possui aí um máximo (ou mínimo local), então f (a) = 0:

Prova: Consideremos por contradição que f (a) 6= 0:


Se f (a) > 0; pelo Corolário (5:3) temos

9 > 0; a < x < a < y < a + ) f (x) < f (a) < f (y):

Logo, f não possui valor máximo nem mínimo em a:


Se f (a) < 0; usando o Corolário (5:4) obtemos a mesma conclusão. Portanto, a tese do
Corolário está demonstrada.

Teorema 6.8 (Teorema de Rolle) Seja f : [a; b] ! R contínua, com f (a) = f (b): Se f é
derivável em (a; b) ; então existe c 2 (a; b) tal que f (c) = 0:

Prova: Como f é contínua em [a; b] ; pelo Teorema (4:5), temos

9x0 ; x1 2 [a; b] ; f (x0 ) f (x) f (x1 ):

Se x0 = a e x1 = b (ou biceversa), teriamos

f (a) f (x) f (b); como f (a) = f (b) = C ) f (x) = C; 8x 2 [a; b] ) f (x) = 0; 8x 2 (a; b) :

Agora, se x0 ; x1 2 (a; b) ; como f é derivável em (a; b) ; pelo Corolário (5.5), segue

f (x0 ) = 0 e f (x1 ) = 0; com x0 ; x1 2 (a; b) :

41

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Teorema 6.9 (Valor Médio) Seja f : [a; b] ! R contínua. Se f é derivável em (a; b) ; então
existe c 2 (a; b) tal que
f (b) f (a)
f (c) = :
b a
Prova: Consideremos a função
f (b) f (a)
g(x) = f (x) f (a) (x a):
b a
Por construção, a função g é contínua em [a; b] e derivável em (a; b) : Além disso, como

g(a) = g(b) = 0:

Pelo Teorema de Rolle, segue


f (b) f (a)
9c 2 (a; b) ; g (c) = 0 ) f (c) = :
b a

Exemplo 6.1 Se f é continua em [a; b] e derivável (a; b) : Mostre que


0
(i) Se f (x) > 0; 8x 2 (a; b) ) f será crescente em [a; b] ;
0
(i) Se f (x) < 0; 8x 2 (a; b) ) f será decrescente em [a; b] :

6.1 Exercícios
1. Considere a função ( x
1 se x 6= 0;
f (x) = 1+e x
0 se x = 0:
Determine a derivada de f à direita e à esquerda do zero.

2. Mostre que a função


x2 se x 2 Q;
f (x) =
0 para x 2 R Q;
0
é derivável em x0 = 0; determine f (0) e justi…que suas a…rmações.

3. Seja f : R ! R uma função derivável. Mostre que


0 f (a + h) f (a h)
f (a) = lim ; onde a 2 R e h > 0:
h!0 2h
0
4. Seja f : ( a; a) ! R uma função derivável e par. Mostre que f é ímpar em ( a; a) :

5. Seja fi : I = (a; b) R ! R; para i = 1; 2; :::; n; funções deriváveis em I: Mostre que a


soma dessas funções é derivável em I para todo n 2 N e que
0 0 0
(f1 + f2 + ::: + fn )0 (x) = f1 (x) + f2 (x) + ::: + fn (x) para todo x 2 I:

42

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6. Sejam n 2 N = f1; 2; :::g e f : R ! R de…nida por
xn para x 0;
f (x) =
0 para x < 0:
0
a) Para que valores de n a função f é contínua em 0?
0
b) Para que valores de n a função f é derivável em 0?

7. Mostre que, se f : R ! R é uma função derivável em a 2 R; com f (a) 6= 0 então a função


jf j é derivável em a: Dê um exemplo para mostrar que não vale a a…rmação se f (a) = 0:
8. Mostre que a função exponencial f (x) = ex de…nida em todo R satisfaz
ey ex ex (y x) para todo x; y 2 R:
Conclua desta igualdade que ex 1 + x para x 0:
0 0
9. Seja f : ( 1; 1) ! R uma função derivável. Se lim f (x) = L; mostre que L = f (0):
x!0

10. Seja f : [a; b] ! R uma função contínua com derivada contínua em [a; b] : Mostre que f é
lipschitziana em [a; b] :
11. Use o TVM para provar que
x 1
< ln(x) < x 1; para x > 1:
x

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7
Fórmula de Taylor e Aplicações da Derivada
De…nição 7.1 Sejam I um intervalo e f : I ! R derivável. Diremos que f é duas vezes
0
derivável em x0 2 I se f é derivável em x0 : De modo geral, f é n vezes derivável em x0 2 I
(n 1)
se f é derivável em x0 ; cuja n esima derivada de f em x0 é denotada por f (n) (x0 ); onde
convencionalmente f (0) = f: Agora, se a n esima derivada de f é contínua em I, isto é,
f (n) 2 C(I) para todo n 2 N; então diremos que f é de classe C 1 em I:

De…nição 7.2 Seja f : I ! R de…nida no intervalo I e n vezes derivável no ponto x0 2 I: O


polinômio de Taylor de ordem n da função f no ponto x0 é o polinômio
0 (n)
f (x0 ) f " (x0 ) 2 f (x0 )
Pn (x) = f (x0 ) + (x x0 ) + (x x0 ) + ::: + (x x0 )n :
1! 2! n!
Tomando h = x x0 ; o polinômio de Taylor de ordem n de f em torno de x0 pode ser
escrito como
0 (n)
f (x0 ) f " (x0 ) 2 f (x0 ) n
Pn (x0 + h) = f (x0 ) + h+ h + ::: + h :
1! 2! n!

Lema 7.1 Seja r : I ! R; n vezes derivável em I; onde r(i) (0) = 0 para i = 0; 1; 2; :::; n; então

r(h)
lim = 0:
h!0 hn

Prova: Se r(0) = r0 (0) = r" (0) = :::: = r(n) (0) = 0; para i = 1; temos

r(h) r(h) 0
lim = lim = r0 (0) = 0:
h!0 h h!0 h 0
Para i = 2; segue
r0 (h) r0 (h) r0 (0)
lim = lim = r" (0) = 0:
h!0 h h!0 h 0
Logo, pelo Teorema do Valor Médio, existe x 2 (0; h) ; tal que

r(h) r(0) r(h) r0 (x) r(h)


r0 (x) = = ) = 2 )
h 0 h h h
r0 (x) h x i r(h)
= 2 :
x h h
Passando o limite com h ! 0; segue

r0 (x) h x i r(h)
lim = lim )
h!0 x h h!0 h2

44

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r0 (x) hxi r(h)
lim :lim = lim 2 :
x!0 x x!0 h h!0 h

x
Como 1 para x 2 (0; h) ; então teremos
h
r(h)
lim = 0:
h!0 h2

Para i = 3; temos
r00 (h) r00 (h) r00 (0)
lim = lim = r000 (0) = 0:
h!0 h h!0 h 0
Logo, pelo Teorema do Valor Médio, existe x; y 2 (0; h) ; tal que

r0 (h) r0 (0) r0 (h) r00 (y) h y i r0 (h)


r00 (y) = = ) = 2
h 0 h y h h
e
r(h) r(0) r(h) r0 (x) x2 r(h)
r0 (x) = = ) = 3 :
h 0 h x2 h2 h
Passando o limite com h ! 0; segue

r00 (y) h y i r0 (h) r00 (y) hyi r0 (h)


lim = lim ) lim :lim = lim
h!0 y h h!0 h2 y!0 y h!0 h h!0 h2

e
r0 (x) x2 r(h) r0 (x) x2 r(h)
lim = lim ) lim :lim = lim
h!0 x2 h2 h!0 h3 x!0 x2 h!0 h2 h!0 h3

x2 y r00 (h)
Como 1e 1 para x; y 2 (0; h) e lim = 0; então teremos
h2 h h!0 h

r0 (h) r(h)
lim = 0 ) lim = 0:
h!0 h2 h!0 h3

Usando o mesmo argumento, por indução, podemos mostrar que este resultado para i =
4; 5; 6; :::; n: Isto é,
r(h)
lim n = 0:
h!0 h

Teorema 7.1 (Fórmula de Taylor com resto de Peano) Seja f uma função n 1 vezes
derivável no intervalo I (para n = 1 está hipótese é desconsiderada), e n vezes derivável em
x0 2 I: Se (x0 + h) 2 I e
f (x0 + h) = Pn (x0 + h) + r(h);
onde pn é o polinômio de Taylor de grau n de f em torno de x0 ; então

r(h)
lim = 0:
h!0 hn

45

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Prova: Por hipótese
r(h) = f (x0 + h) Pn (x0 + h) )
0 (n)
f (x0 ) f " (x0 ) 2 f (x0 ) n
r(h) = f (x0 + h) f (x0 ) h h ::: h :
1! 2! n!
Sendo assim, r é n vezes derivável e r(0) = r0 (0) = r" (0) = :::: = r(n) (0) = 0: Logo, pelo
Lema anterior segue que
r(h)
lim n = 0:
h!0 h

Teorema 7.2 (Teorema de Taylor com Resto de Lagrange) Seja f : [a; b] ! R; n + 1


vezes derivável no intervalo aberto (a; b) ; com f (n) contínua em [a; b] ; então existe c 2 (a; b)
tal que
(n+1)
f (c)
f (b) = Pn (b) + (b a)n+1 ;
(n + 1)!
isto é
0 (n) (n+1)
f (a) f " (a) 2 f (a) nf (c)
f (b) = f (a) + (b a) + (b a) + ::: + (b a) + (b a)n+1 :
1! 2! n! (n + 1)!

Prova: Consideremos g : [a; b] ! R; de…nida por


0 (n)
f (x) f " (x) 2 f (x) A
g(x) = f (b) f (x) (b x) (b x) ::: (b x)n (b x)n+1 )
1! 2! n! (n + 1)!

X
n (i)
f (x) A
g(x) = f (b) (b x)i (b x)n+1 :
i=0
i! (n + 1)!
Onde A é um valor real, tal que g(a) = 0; isto é
" #
(n + 1)! Xn (i)
f (a) i
A= f (b) (b a) :
(b a)n+1 i=0
i!

Então, g é contínua em [a; b] e derivável em (a; b) ; com g(a) = g(b) = 0: Portanto, pelo Teorema
de Rolle, existe um c 2 (a; b) tal que
g 0 (c) = 0:
Como
X
n
f
(i+1)
(x) i
X
n (i)
f (x) A
0
g (x) = (b x) + (b x)i 1
+ (b x)n )
i=0
i! i=1
(i 1)! n!

X
n
f
(i+1)
(x) i
X
n 1 (i+1)
f (x) A
0
g (x) = (b x) + (b x)i + (b x)n )
i=0
i! i=0
i! n!
(n+1)
f (x) A
0
g (x) = (b x)n + (b x)n :
n! n!

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Logo, de g 0 (c) = 0; segue
(n+1)
f (c) A (n+1)
(b c)n + (b c)n = 0 ) A = f (c):
n! n!

Observação 7.1 Tomando a = x0 e b = x0 + h; pelo Teorema anterior, teremos


(n+1)
f (c)
f (x0 + h) = Pn (x0 + h) + (h)n+1 ; onde c se encontre entre x0 e x0 + h:
(n + 1)!

Proposição 7.1 Seja f uma função de…nida num intervalo I e n vezes derivável em x0 2 I
com f 0 (x0 ) = f "(x0 ) = :::: = f (n 1) (x0 ) = 0 e f (n) (x0 ) 6= 0: Então:
(i) Se n for par e f (n) (x0 ) > 0 ) x0 é mínimo local,
(ii) Se n for par e f (n) (x0 ) < 0 ) x0 é máximo local,
(iii) Se n for ímpar ) x0 não é extremos local.

Exemplo 7.1 Sejam f; g : (a; b) ! R funções duas vezes deriváveis em x0 2 (a; b) e suponha
que f (x0 ) = g(x0 ); f 0 (x0 ) = g 0 (x0 ) e f (x) g(x) em (a; b): Mostre que f "(x0 ) g"(x0 ):

Exemplo 7.2 Seja f : [a; b] ! R uma função tal que f; f 0 ; f "; :::; f (n 1) sejam contínuas em
(a; b) e com f (n) limitada em (a; b): Mostre que existe uma constante real K 0; tal que

jf (x) Pn 1 (x)j K jx x0 jn ; com x0 2 (a; b):

De…nição 7.3 (Função Convexa) Dada a função f : I R ! R; denominaremos f de


função de convexa, quando seu grá…co se situa abaixo de qualquer de suas retas secantes. Isto
é, se a < x < b em I, então

f (b) f (a) f (b) f (a)


f (x) f (a) + (x a) ou f (x) f (b) + (x b); 8x 2 [a; b] :
b a b a
Ou seja,
f (x) f (a) f (b) f (a) f (b) f (x)
; 8x 2 (a; b) :
x a b a b x
Observação 7.2 Uma outra de…nição para a convexidade de uma função, pode ser dada por:

f :I R ! R é convexa , a; b 2 I; 0 t 1; temos

f [(1 t)a + tb] (1 t)f (a) + tf (b):

De…nição 7.4 (Função Côncava) Diremos que uma função f : I R ! R é côncava, se a


função f for convexa. Ou seja, f : I R ! R é côncava se, e somente se,

a; b 2 I; 0 t 1; temos f [(1 t)a + tb] (1 t)f (a) + tf (b):

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De…nição 7.5 Diremos que f : I R ! R é estritamente convexa se, a < x < b em I, então
f (b) f (a) f (b) f (a)
f (x) < f (a) + (x a) ou f (x) < f (b) + (x b); 8x 2 (a; b) :
b a b a
Analogamente, para a de…nição de estritamente côncava.
Teorema 7.3 Seja f : I ! R; duas vezes derivável no intervalo aberto I: Para que f seja
convexa é necessário e su…ciente que f "(x) 0; para todo x 2 I:
Prova: ()) Tomemos a < b em I; como f é convexa, temos
f (x) f (a) f (b) f (a) f (b) f (x)
; 8x 2 [a; b] :
x a b a b x
Aplicando os seguintes limites, primeiro x ! a+ e depois x ! b ; segue
f (b) f (a) f (b) f (a)
f+0 (a) f 0 (b) ) f 0 (a) f 0 (b); pois f é duas vezes derivável em I:
b a b a
Sendo assim,
8a < b em I ) f 0 (a) f 0 (b) ) f 0 é não-decrescente ) f "(x) 0; 8x 2 I:
(() Consideremos a; b em I, e x0 = (1 t)a + tb onde t 2 [0; 1] pela Fórmula de Taylor
com Resto de Lagrange, teremos
0
f (x0 ) f "(c1 )
f (a) = f (x0 ) + (a x0 ) + (a x0 )2 e
1! (2)!
0
f (x0 ) f "(c2 )
f (b) = f (x0 ) + (b x0 ) + (b x0 )2 ,
1! (2)!
com c1 e c2 ; entre x0 e a; e x0 e b respectivamente. Logo, multiplicando a primeira equação por
(1 t) e a segunda por t; teremos
0
f (x0 ) f "(c1 )
(1 t)f (a) = (1 t)f (x0 ) + (1 t) (a x0 ) + (1 t) (a x0 )2 e
1! (2)!
0
f (x0 ) f "(c2 )
tf (b) = tf (x0 ) + t (b x0 ) + t (b x0 )2 .
1! (2)!
Somando ambas equações, segue
0
f (x0 ) f "(c1 ) f "(c2 )
(1 t)f (a)+tf (b) = f (x0 )+ [a x0 ta + tb]+(1 t) (a x0 )2 +t (b x0 )2 )
1! (2)! (2)!
f "(c1 ) f "(c2 )
(1 t)f (a) + tf (b) = f (x0 ) + (1 t)
(a x0 )2 + t (b x0 )2 :
(2)! (2)!
Portanto, como por hipótese f "(x) 0; 8x 2 I; então
(1 t)f (a) + tf (b) f (x0 ) )
(1 t)f (a) + tf (b) f ((1 t)a + tb):

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7.1 Exercícios:
1. Seja f (x) = ex ; com jxj 1: Mostre que o resto rn+1 (x); da expansão de Taylor de f em
x0 = 0 tende a zero quando n ! +1:

2. Considere a função f (x) = log(1 + x) para x 2 R e x 0: Escreva a fórmula de Taylor de


f até a ordem n = 2 em x0 = 0: Deduza que log(1 + x) x possui a ordem de x2 ; isto é,

x2
jlog(1 + x) xj < ; 8x > 0:
2

3. Use a fòrmula de Taylor na vizinhança de x0 = 0 para mostrar que

x2
Cos(x) 1 ; 8x 2 R:
2
Sugestão: Escreva a fórmula de Taylor da função Cos(x) até a ordem n = 3:

4. Examine a convexidade da soma e do produto de duas funções convexas.

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8
Integral de Riemann
De…nição 8.1 Denominaremos de partição do intervalo [a; b] ao subconjunto …nito de pontos
P = ft0 ; t1 ; t2 ; :::; tn g [a; b] tal que a; b 2 P:
Observação 8.1 Fica sub-entendido que a = t0 < t1 < t2 < ::: < tn = b:
Observação 8.2 Denominaremos como i-ésimo intervalo da partição P ao intervalo intervalo
[ti 1 ; ti ] :
X
n
Observação 8.3 Por de…nição (ti ti 1 ) = b a
i=1

De…nição 8.2 Diremos que, P é re…nado por Q; ou Q re…na P; quando P Q:


Observação 8.4 Para re…nar uma partição, basta apenas acrescentar mais um ponto.
De…nição 8.3 Dada uma função limitada f : [a; b] ! R; usaremos a seguinte notação para
de…nir o in…mo e o supremo de f [a; b] :
m = inf ff (x); x 2 [a; b]g e
M = sup ff (x); x 2 [a; b]g :
Em cada sub-intervalo [ti 1 ; ti ], usaremos:
mi = inf ff (x); x 2 [ti 1 ; ti ]g e
Mi = sup ff (x); x 2 [ti 1 ; ti ]g :
Observação 8.5 Se f é contínua em [a; b] ; teremos m f (x) M; 8x 2 [a; b] e todos os
valores de in…mo e supremo serão assumidos em f:
De…nição 8.4 De…niremos como soma inferior e soma superior de f; relativa à partição P;
as seguintes expressões:
X
n
s (f; P ) = m1 (t1 t0 ) + m2 (t2 t1 ) + ::: + mn (tn tn 1 ) = mi (ti ti 1 )
i=1

X
n
S (f; P ) = M1 (t1 t0 ) + M2 (t2 t1 ) + ::: + Mn (tn tn 1 ) = Mi (ti ti 1 ):
i=1

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Teorema 8.1 Sejam P e Q; partições do intervalo [a; b] : Se P Q; então

s (f; Q) s (f; P ) e S (f; Q) S (f; P ) :

Prova: Suponhamos P = ft0 ; t1 ; t2 ; :::; tn g e consideremos, sem perda de generalidade,


que Q = P [ frg, onde r 2 (tj 1 ; tj ) : Além disso, suponhamos, também, que

mr1 = inf ff (x); x 2 [tj 1 ; r]g e

mr2 = inf ff (x); x 2 [r; tj ]g .


Sendo assim, teremos

s (f; Q) = m1 (t1 t0 ) + m2 (t2 t1 ) + ::: + mr1 (r tj 1 ) + mr2 (tj r) +::: + mn (tn tn 1 ) e


| {z }

s (f; P ) = m1 (t1 t0 ) + m2 (t2 t1 ) + ::: + mj (tj tj 1 ) +::: + mn (tn tn 1 ).


| {z }
De onde segue

s (f; Q) s (f; P ) = mr1 (r tj 1 ) + mr2 (tj r) mj (tj tj 1 ):

Tomando c = min fmr1 ; mr2 g ; chegaremos em

s (f; Q) s (f; P ) c(r tj 1 ) + c(tj r) mj (tj tj 1 ) )

s (f; Q) s (f; P ) [c mj ] (tj tj 1 ) 0:


Analogamente para a soma superior.

Corolário 8.1 Sejam P e Q; partições do intervalo [a; b] ; e f : [a; b] ! R uma função limitada,
então s (f; P ) S (f; Q) :

Prova: De fato, sabemos que P [ Q re…na simultaneamente P e Q; portanto

s (f; P ) s (f; P [ Q) S (f; P [ Q) S (f; Q) :

De…nição 8.5 Dada a função f : [a; b] ! R limitada, de…nimos como integral superior e
integral inferior, as expressões
Z b
f (x)dx = sups(f; P ) e
a P

Z b
f (x)dx = inf S(f; P ) ,
a P

respectivamente, onde o sup e o inf são tomados relativamente a todas as partições P do


intervalo [a; b] :

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Corolário 8.2 Dada uma f : [a; b] ! R; se m f (x) M; 8x 2 [a; b] ; então

Z b Z b
m (b a) f (x)dx f (x)dx M (b a) :
a a

Prova: Aplicação direta da de…nição e do Teorema 7.1.

De…nição 8.6 Uma função limitada f [a; b] ! R diz-se integrável quando sua integral superior
e sua integral inferior
R b são iguais. Este valor comun denomina-se de integral de Riemann de f
e é denotado por a f (x)dx:

Lema 8.1 Sejam A; B R; limitados, tais que, 8x 2 A e 8y 2 B temos x y: Então


sup A = inf B se, e somente se 8" > 0; 9x 2 A e y 2 B tal que y x < ":

Prova: ()) Se sup A = inf B = m; temos


" "
8" > 0; 9x 2 A e y 2 B; m <x m e m y <m+ )
2 2
" "
8" > 0; 9x 2 A e y 2 B; x< m+ e y <m+ )
2 2
8" > 0; 9x 2 A e y 2 B; y x < ":
(() Sabemos, por hipótese

x y; 8x 2 A e 8y 2 B ) y é uma cota superior de A; 8y 2 B ) sup A y; 8y 2 B:

Portanto, como sup A é uma cota inferior de y; segue

sup A inf B:

Consideremos então, por contradição, que sup A < inf B: Tomando " = inf B sup A > 0;
temos
9x 2 A e y 2 B; y x < inf B sup A )
9x 2 A e y 2 B; y + sup A < x + inf B:
Isto é uma contradição, pois

x sup A e inf B y ) y + sup A x + inf B:

Teorema 8.2 (Condição Imediata de Integrabilidade) Seja f : [a; b] ! R limitada. As


seguintes a…rmações são equivalentes:
(i) f é integrável.
(ii) 8" > 0; 9P e Q; partições de [a; b] tais que

S (f; Q) s (f; P ) < ":

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Prova: Considereremos A o conjunto das somas inferiores e B o conjunto das somas supe-
riores.
(i) ) (ii)
Pelo Corolário 7.1, temos

s (f; P ) S (f; Q) ; 8s 2 A e 8S 2 B:

Se f é integrável, então sup A = inf B: Portanto, usando o Lema 7.1, segue

8" > 0; 9s 2 A e S 2 B;

isto é; 9P e Q; partições de [a; b] tais que

S (f; Q) s (f; P ) < ":

(ii) ) (i)
Se 8" > 0; 9P e Q; partições de [a; b] tais que

S (f; Q) s (f; P ) < ":

Então, pelo Lema 7.1, segue

sup A = inf B ) f é integrável.

Corolário 8.3 Seja f : [a; b] ! R limitada, então f é integrável se, e somente se, 8" > 0;
9P = ft0 ; t1 ; t2 ; :::; tn g [a; b] tal que
X
n
S (f; P ) s (f; P ) = wi (ti ti 1 ) < ":
i=1

Onde wi = Mi mi :

Prova: ()) Se f é integrável, segue

8" > 0; 9P e Q; partições de [a; b] tais que S (f; Q) s (f; P ) < ":

Sendo assim, tomando P0 = P [ Q

s (f; P ) s (f; P0 ) S (f; P0 ) S (f; Q) ) S (f; P0 ) s (f; P0 ) < ":

(() Se 8" > 0; 9P = ft0 ; t1 ; t2 ; :::; tn g [a; b] tal que


X
n
S (f; P ) s (f; P ) = wi (ti ti 1 ) < ":
i=1

Tomando Q = P [ frg ; com r 6= ti ; 8i = 1; 2; ::; n; teremos

s (f; P ) s (f; Q) ) S (f; P ) s (f; Q) < " ) f é integrável:

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Teorema 8.3 Toda função contínua f : [a; b] ! R é integrável.

Prova: Como o intervalo [a; b] é compacto e f é contínua, temos f [a; b] é também compacto,
isto é, fechado e limitado. Além disso, pelo Teorema 4.8, f é uniformemente contínua. Sendo
assim,
"
8" > 0; 9 > 0; x; y 2 [a; b] ; jy xj < ) jf (y) f (x)j < :
b a
Consideremos P uma partição, tal que

jti ti 1 j < ; 8 [ti 1 ; ti ] :

Logo,
"
9xi ; yi 2 [ti 1 ; ti ] ; mi = f (xi ) e Mi = f (yi ) ) Mi mi = jf (yi ) f (xi )j < :
b a
Assim, segue
X
n Xn
"
S (f; P ) s (f; P ) = [Mi mi ] (ti ti 1 ) < (ti ti 1 ) = ":
i=1 i=1
b a

8.1 Exercícios
1. Dada a função
0 se x 2 Q
f (x) = :
1 se x 2 R Q
Mostre que f não é integrável.

2. Seja f : [a; b] ! R constante, com f (x) = c, 8x 2 [a; b] : Mostre que f é integrável e


de…na o valor de sua integral.

3. Sejam f; g : [a; b] ! R; limitadas, usando o resultado do exercício 11 do Capítulo 1,


mostre que

a) sup(f + g) sup f + sup g;


b) inf(f + g) inf f + inf g:

4. Seja A um conjunto limitado não-vazio de números reais. Dado x 2 R; suponhamos


c:A = fc:x; x 2 Ag : Mostre que

a) sup(c:A) = c: sup A e inf(c:A) = c: inf A; caso c > 0:


b) sup(c:A) = c: inf A e inf(c:A) = c: sup A; caso c < 0:

5. Usando os resultados do exercício 4, mostre as seguintes a…rmações:

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Rb Rb Rb Rb
a) a
c:f (x)dx = c: a
f (x)dx e a
c:f (x)dx = c: a
f (x)dx; quando c > 0:

Rb Rb Rb Rb
b) a
c:f (x)dx = c: a
f (x)dx e a
c:f (x)dx = c: a
f (x)dx; quando c < 0:

6. Sejam f; g : [a; b] ! R limitadas, com f e g integráveis em [a; b] : Mostre que


Z b Z b Z b
[f (x) + g(x)] dx = f (x)dx + g(x)dx:
a a a

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9
Garabito dos Exercícios Propostos
9.1 Capítulo 1
1. Prove as seguintes propriedades sobre composição de funções:

a) Se f : A ! B e g : B ! C é injetora, então g f : A ! C é injetora.

Prova: Tomemos x1 ; x2 2 A; então

(g f ) (x1 ) = (g f ) (x2 ) ) g (f (x1 )) = g (f (x2 )) :

Como g é injetora e f (x1 ) ; f (x2 ) 2 B; segue

f (x1 ) = f (x2 ) ) x1 = x2 ; pois f é injetora.

b) Se f : A ! B e g : B ! C é sobrejetoras, então g f : A ! C é sobrejetora.

Prova: Por hipótese f e g são sobrejetoras, então f (A) = B e g(B) = C; isto é,

g(f (A)) = C ) (g f ) (A) = C:

2. Usando indução, prove

a) 1 + 3 + 5 + 7 + ::: + (2n 1) = n2 :

Prova: Veri…quemos as condições do Princípio da Indução:


i) Sabemos que
1 = 12

Portanto, a propriedade é válida para n = 1:


ii) Suponhamos válido para n = k 2 N; então

1 + 3 + 5 + 7 + ::: + (2k 1) = k 2 :

Somando (2k + 1) em ambos os membros, temos

1 + 3 + 5 + 7 + ::: + (2k 1) + (2k + 1) = k 2 + (2k + 1)

que implica
1 + 3 + 5 + 7 + ::: + (2k + 1) = (k + 1)2 :

Portanto, a propriedade é válida para n = k + 1:

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n (n + 1) (2n + 1)
b) 12 + 22 + 32 + 42 + ::: + n2 = :
6
Prova: Veri…quemos as condições do Princípio da Indução:
i) Sabemos que
1 (1 + 1) (2 (1) + 1)
12 =
6
Desta forma, a propriedade é válida para n = 1:
ii) Suponhamos válido para n = k 2 N; isto é

k (k + 1) (2k + 1)
12 + 22 + 32 + 42 + ::: + k 2 = :
6

Somando (k + 1)2 em ambos os membros, conseguimos

k (k + 1) (2k + 1)
12 + 22 + 32 + 42 + ::: + k 2 + (k + 1)2 = + (k + 1)2 :
6

Logo,

k (2k + 1)
12 + 22 + 32 + 42 + ::: + k 2 + (k + 1)2 = (k + 1) + (k + 1)
6
2k 2 + 7k + 6
= (k + 1)
6
(k + 2) (2k + 3)
= (k + 1)
6
([k + 1] + 1) (2 [k + 1] + 1)
= [k + 1]
6

Desta forma, con…rmamos que a propriedade é válida para n = k + 1:

3. Dada f : X ! Y; prove:

a) Se X é in…nito e f é injetiva, então Y é in…nito.

Prova: Consideremos f com a seguinte rede…nição:

f : X ! f (X) Y:

Com esse contradomínio f é sobretora, portanto bijetora. Além disso, f (X) é in…nito,
pois f é uma bijeção e X é in…nito. Finalmente, como f (X) Y; segue que Y é in…nito,
pois subconjuntos de um conjunto …nito sempre é …nito.

b) Se Y é in…nito e f é sobrejetiva, então X é in…nito.

57

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Prova: Por hipótese f é sobrejetiva, então

8y 2 Y; 9x 2 X; y = f (x):

Consideremos g : Y ! X; uma função tal que, x = g(y); menor elemento em X; com a


condição y = f (x): Esta função é injetora, pois

g(y1 ) = g(y2 ) ) f (g(y1 )) = f (g(y2 )) ) y1 = y2 :

Logo, usando o item (a) o resultado segue.

4. Dada um conjunto in…nito A; prove que existe uma função injetora f : N ! A:

Prova: Construiremos uma função f de N em A injetora. Para conseguirmos este objetivo,


tomemos incialmente um elemento x1 2 A e de…namos

f (1) = x1 :

Depois, tomemos um segundo elemento x2 2 A fx1 g e consideremos

f (2) = x2 :

Procedendo de forma análoga 8n 2 N; isto é, tomando


n 1
xn 2 A [ fxi g e f (n) = xn ;
i=1

teremos
n 1
A [ fxi g =
6 ?; pois A é in…nito.
i=1

Além disso, 8n; m 2 N; com

n 6= m; por exemplo n + 1 m;

conseguimos
xn 6= xm :
Isto se justi…ca, pois
m 1
xm 2 A [ fxi g = A fx1 ; x2 ; x3 ; ::; xn ; :::; xm 1 g :
i=1

Logo,
f (n) 6= f (m):
Portanto, esta função f : N ! A; com essa construção, é injetora.

5. Sejam 0 x, 0 y e x2 y 2 ; prove que x y:

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Prova: Por hipótese, 0 x, 0 y e x2 y2 0: Isto implica,

(x + y) (x y) 0e0 x + y:

Portanto,
(x y) 0)x y:

6. Dado x; y 2 R, se x2 + y 2 = 0; prove que x = y = 0:

Prova: Suponhamos, por contradição, x 6= 0: Então,

x2 > 0 e y 2 0 ) x2 + y 2 > 0:

Ou seja, x2 + y 2 6= 0:

7. Prove por indução que

(1 + x)n 1 + nx; 8n 2 N e x 2 R; x 1:

Prova: Veriquemos as condições do Princípio da Indução:


i) Sabemos que
(1 + x)1 = 1 + 1:x:

Desta forma, a relação é válida para n = 1.


ii) Consideremos válido para n = k; isto é,

(1 + x)k 1 + kx; onde x 1:

Multiplicando, ambos membros da inequação, por (1 + x) 0; temos

(1 + x)k (1 + x) (1 + kx) (1 + x)

) (1 + x)k+1 1 + x + kx + kx2 = 1 + (k + 1) x + kx2 :

Como kx2 0; segue


1 + (k + 1) x + kx2 1 + (k + 1) x

Portanto,
(1 + x)k+1 1 + (k + 1) x; para x 1:

Assim, concluímos que a relação é válida para n = k + 1:

1. Se A é limitado superiormente e B A; então sup(A) sup(B):

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Prova: Por hipótese A é limitado superiormente, então B também será limitado superior-
mente, pois B A. Desta forma,
9a; b 2 R; a = sup(A) e b = sup(B):
Então,
x a; 8x 2 A:
Como B A; segue
y a; 8y 2 B:
Isto é, a é cota superior de B: Logo,
b a; pois b = sup(B) é a menor cota superior de B:
Portanto,
sup(B) sup(A):

9. Se A é limitado inferiormente superiormente e B A; então inf(A) inf(B):


Prova: Por hipótese A é limitado inferiormente, então B também será limitado inferior-
mente, pois B A. Logo,
9a; b 2 R; a = inf(A) e b = inf(B):
Desta forma,
8x 2 A; temos a x:
Como B A, segue
a y; 8y 2 B:
Assim, a é cota uma cota inferior de B. Portanto,
a b ) inf(A) inf(B):

10. Se A e B são conjuntos limitados, então


X = fx + y; x 2 A e y 2 Bg é um conjunto limitado.

Prova: Por hipótese A e B são conjuntos limitados, então


9K1 ; K2 > 0; tais que, jxj K1 ; 8x 2 A e jyj K2 ; 8y 2 B
Logo, da Desigualdade Triangular, segue
jx + yj jxj + jyj K1 + K2 ; 8x 2 A e 8y 2 B:
Tomando K = K1 + K2 ; temos
9K > 0; jx + yj K; 8x 2 A e 8y 2 B:
Desta forma, concluimos que
X = fx + y; x 2 A e y 2 Bg é um conjunto limitado.

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11. Mostre que

a) sup (A + B) = sup (A) + sup (B) :


Prova: Consideremos
a = sup(A) e b = sup(B):
Então,

8 > 0; 9x 2 A e y 2 B; tais que, a <x aeb <y b:


2 2
Isto implica
a + b <x+y a + b:
2 2
Assim, segue

8 > 0; 9x 2 A e y 2 B; tais que, (a + b) <x+y (a + b):

Logo,
sup(A + B) = a + b:

b) inf (A + B) = inf (A) + inf (B) :


Prova: Tomemos
a = inf(A) e b = inf(B):
Logo,

8 > 0; 9x 2 A e y 2 B; tais que, a x<a+ eb y <b+ :


2 2
De onde, vem
a+b x+y a+ +b+ :
2 2
Portanto,

8 > 0; 9x 2 A e y 2 B; tais que, (a + b) x+y (a + b) + :

Isto implica
inf(A + B) = a + b:

1. Sejam A e B dois subconjuntos em R+ : Prove que

a) se A e B são conjuntos limitados superiormente, então sup (A:B) = sup (A) : sup (B) :
Prova: Consideremos

a = sup(A), b = sup(B) e A:B = fx:y; x 2 A e y 2 Bg :

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Então,
x aey b; 8x 2 A e 8y 2 B:
Como x; y 2 R+ ; temos

x:y a:b; 8x 2 A e 8y 2 B:

Desta forma, concluímos que a:b é uma cota superior de A:B. Resta provar que a:b
é a menor cota superior.
De fato, suponhamos que 9t 2 R+ ; tal que

x:y t < a:b; 8x 2 A e 8y 2 B:

Logo,
t t
< a ) 9x0 2 A; < x0 a; pois a = sup(A):
b b
De onde, segue
t t
< b ) 9y0 2 B; < y0 b; pois b = sup(B):
x0 x0
Portanto,
9x0 2 A e 9y0 2 B; t < x0 :y0 :
Isto é uma contradição, assim conseguimos

sup(A:B) = a:b

b) se A e B conjuntos limitados inferiormente, então inf (A:B) = inf (A) : inf (B) :
Prova: Tomemos

a = inf(A), b = inf(B) e A:B = fx:y; x 2 A e y 2 Bg :

Desta forma, temos


a xeb y; 8x 2 A e 8y 2 B:
Como x; y 2 R+ ; segue
a:b x:y; 8x 2 A e 8y 2 B:
Assim, concluímos que a:b é uma cota inferior de A:B.
Resta provar que a:b é a maior das cotas inferiores. De fato, consideremos que
9t 2 R+ ; tal que
a:b < t x:y; 8x 2 A e 8y 2 B:
Então,
t t
a< ) 9x0 2 A; a x0 < ; pois a = inf(A):
b b
Logo,
t t
b< ) 9y0 2 B; b y0 < ; pois b = inf(B):
x0 x0

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Assim, conseguimos
9x0 2 A e 9y0 2 B; x0 :y0 < t:
Isto é uma contradição, portanto

inf(A:B) = a:b

9.2 Capítulo 2
1. Seja (xn ) uma sequência monótona que possui uma subsequência convergente, mostre que
(xn ) é convergente.
Prova: Consideremos, sem perda de generalidade, que (xn ) seja monótona não-decrescente,
com uma subsequência (xnk ) convergente. Sendo assim, (xnk ) é limitada, isto é,

9K > 0; k xnk K; 8nk ; com k 2 N:

Logo,
8n 2 N; 9nk ; xn xnk :
Portanto, como (xn ) é monótona não-decrescente, segue

8n 2 N; x1 xn xnk K ) (xn ) é limitada.

Assim, concluímos que (xn ) é convergente.


2. Se lim xn = a; prove que lim jxn j = jaj : Dê um contra-exemplo mostrando que a recíproca
é falsa, salvo para a = 0.
Prova: Sabemos, por hipótese, que

8 > 0; 9n0 2 N tal que jxn aj < ; 8n > n0 :

Como
jaj jxn aj jxn j e jxn j jxn aj + jaj :
Isto é,
jxn aj jxn j jaj jxn aj ) jjxn j jajj jxn aj
Desta forma,

8 > 0; 9n0 2 N tal que jjxn j jajj jxn aj < ; 8n > n0 ) lim jxn j = jaj :

Observação 9.1 Como contra-exemplo, basta tomar a sequência


1 se n for par
xn = de onde, jxn j = 1; 8n 2 N ) lim jxn j = 1:
1 se n for ímpar

Porém, por construção, a sequência (xn ) não é convergente.

63

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3. (Critério do Confronto) Sejam (xn ) ; (yn ) e (zn ) ; sequências tais que xn yn zn ;
8n 2 N; onde lim xn = lim zn = a: Prove que lim yn = a.
Prova: Sabemos por hipótese que, 8 > 0;

9n1 2 N; a < xn < + a; 8n > n1 e

9n2 2 N; a < zn < + a; 8n > n2 .


Tomando n0 = max fn1 ; n2 g ; temos

9n0 2 N; a < xn yn zn < + a; 8n > n0 :

Portanto,
8 > 0; 9n0 2 N; jyn aj < ; 8n > n0 ) lim yn = a:

4. Se lim xn = 0 e (yn ) é uma sequência limitada, mostre pela de…nição que lim xn :yn = 0:
Prova: Por hipótese, (yn ) é uma sequência limitada, portanto,

9K > 0; jyn j K; 8n 2 N:

Além disso, 8 > 0;


9n0 2 N; jxn j < ; 8n > n0 :
K
Como,
jxn :yn 0j jxn j jyn j < :K = ; 8n > n0 ;
K
segue que
9n0 2 N; jxn :yn 0j < ; 8n > n0 ) lim xn :yn = 0:

5. Se lim xn = a e lim [xn yn ] = 0, mostre que lim yn = a:


Prova: Sabemos que, 8 > 0;

9n1 2 N; jxn aj < ; 8n > n1 e


2

9n2 2 N; jxn yn j < ; 8n > n2 :


2
Tomando n0 = max fn1 ; n2 g ; temos

9n0 2 N; jyn aj = j xn + yn + xn aj j xn + yn j + jxn aj < + = ; 8n > n0 :


2 2

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2n3 1
6. Mostre, por meio da de…nição, que a sequência (xn ) de…nida por xn = 3 converge
3n + 1
2
para :
3
Prova: Devemos provar que,

2n3 1 2
8 > 0; 9n0 2 N; < ; 8n > n0 :
3n3 + 1 3
1
De fato, pela Propriedade Arquimediana, consideremos n0 > , teremos

1 1
8n > n0 ) n > n0 > ) < ; 8n > n0
n
Logo,
2n3 1 2 5 5 5 1
= < 3 < < < ; 8n > n0 :
3n3 + 1 3 3
3 (3n + 1) 9n 9n n

p p
7. Mostre, por meio da de…nição, que a sequência (xn ) de…nida por xn = 3n2 + 2 3n2
converge para 0:
Prova: Devemos mostrar que,
p p
8 > 0; 9n0 2 N; 3n2 + 2 3n2 < ; 8n > n0 :

1
De fato, utilizando a Propriedade Arquimediana, basta considerar n0 > . De onde,
segue
1 1
8n > n0 ) n > n0 > ) < ; 8n > n0
n
Logo,
p p p p
p p 3n2 + 2 3n2 3n2 + 2 + 3n2
3n2 + 2 3n2 = p p
3n2 + 2 + 3n2

p p 2 2
) 3n2 + 2 3n2 = p p < p
3n2 + 2 + 3n2 2 3n2

p p 2 1 1
) 3n2 + 2 3n2 < p < p < < ; 8n > n0 :
2 3n2 3n n

65

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8. Seja (xn ) uma sequência, tal que xn ! a e xn < 0; 8n 2 N: Mostre que a 0:
Prova: Consideremos, por contradição, que a > 0: Sendo assim,
a a
8 > 0; em particular = ; 9n0 2 N; jxn aj < ; 8n > n0 )
2 2
a 3a
9n0 2 N; < xn < ; 8n > n0 :
2 2
a
Como > 0; temos
2
9n0 2 N; 0 < xn ; 8n > n0 :
Isto é um absurdo, pois xn < 0; 8n 2 N: Portanto, a 0:

9. Considere a sequência (xn ) de…nida pela relação de recorrência


1
x1 = 0 e xn+1 = (xn + 1) :
2
Mostre por indução (PIM) que (xn ) é monótona crescente e limitada superiormente por
1: Mostre que xn ! 1:
Prova: (i) Provando que a sequência (xn ) é monótona crescente:
Para n = 1, temos
1 1
x1 = 0 e x2 =(x1 + 1) = ) x1 < x2 :
2 2
Consideremos que seja válido para um k 2 N; isto é,

xk < xk+1 :

Devemos provar que é válido para k + 1:De fato,


1 1
xk < xk+1 ) xk + 1 < xk+1 + 1 ) (xk + 1) < (xk+1 + 1) ) xk+1 < xk+2 :
2 2
Portanto, é válido para k + 1:
(ii) Provando que a sequência (xn ) é limitada superiormente por 1:
Para n = 1, temos
x1 = 0 < 1:
Supondo válido para k 2 N; isto é,
xk < 1:
Devemos provar que é válido para k + 1:De fato,
1 1
xk < 1 ) xk + 1 < 2 ) (xk + 1) < (2) ) xk+1 < 1:
2 2

(iii) Provando que a sequência xn ! 1:

66

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De (i) e (ii), segue que (xn ) é convergente. Sendo assim, consideremos que xn ! L: Logo,
como
1
xn+1 = (xn + 1) :
2
Aplicando o limite com n ! 1; teremos
1 1h i
lim xn+1 = lim (xn + 1) = lim (xn ) + 1 )
n!1 n!1 2 2 n!1
1
L= (L + 1) ) L = 1:
2

1
10. Mostre, pela de…nição, que é uma sequência de Cauchy.
n2 n2N
Prova: Devemos provar qiue,
1 1
8 > 0; 9n0 2 N; < ; 8m; n > n0 :
n2 m2
1
De fato, tomando n0 > ; temos

1 1 1 1 1
8m; n > n0 ) < 2 < < < :
n2 m 2 n n n0

9.3 Capítulo 3
1. Prove que, para todo X R o int(X) é um conjunto aberto, isto é, que int(intX) = intX:
Prova: Devemos provar que intX int(intX):
Tomemos a 2 intX, então
9 > 0; (a ;a + ) X:
Sendo assim, basta provar que
(a ;a + ) intX:
De fato, para qualquer y 2 (a ; a + ) ; tomando 1 = min fjy (a )j ; j(a + ) yjg ;
temos
(y 1; y + 1) (a ;a + ) X:
Logo,
y 2 int(X); 8y 2 (a ; a + ) ) (a ;a + ) int(X):
Isto é,
9 > 0; (a ;a + ) int(X) ) a 2 int (intX) :

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2. Um conjunto A R é aberto se, e somente se, cumpre a seguinte condição: "Se uma
sequência (xn ) converge para um ponto a 2 A então xn 2 A para todo n su…cientemente
grande".
Prova: ()) Consideremos uma sequência (xn ); tal que xn ! a 2 A:
Por hipótese, A = int(A); então

9 > 0; (a ;a + ) A:

Para o mesmo ; pela convergência de (xn ); segue

9n0 2 N; xn 2 (a ; a + ) ; 8n > n0 :

Isto é,
9n0 2 N; xn 2 A; 8n > n0 :

(() Devemos provar que A int(A):


Suponhamos, por contradição, que 9a 2 A; tal que, a 2
= int(A): Então,

8 > 0; (a ;a + ) A:

1 1 1
Tomemos, = e consideremos xn 2 a ;a + A; tal que, xn 2
= A; sendo
n n n
assim, por construção temos
xn ! a:
Isto contraria a hipótese.

3. Tem-se lim xn = a se, e somente se, para todo aberto A contendo o ponto a; existe n0 2 N
tal que n > n0 implica em xn 2 A:
Prova: ()) 8A = int(A); com a 2 A; segue que

9 > 0; (a ;a + ) A:

Da convergência xn ! a; para o mesmo ; temos

9n0 2 N; xn 2 (a ;a + ) A; 8n > n0 :

(() Se lim xn 6= a; então

9 > 0; 8n 2 N; xn 2
= (a ;a + ):

Isto contraria a hipótese, pois (a ; a + ) é um aberto que contem o ponto a:

4. Para quaisquer X; Y R; tem-se int(X \ Y ) = int(X) \ int(Y ) e int(X) [ int(Y )


int(X [ Y ): Dê um exemplo em que a inclusão não se reduza a uma igualdade.
Prova: (i) Provemos que int(X \ Y ) = int(X) \ int(Y ):

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Tomemos
a 2 int(X \ Y ) , 9 > 0; (a ;a + ) X \Y ,
9 > 0; (a ;a + ) X e (a ;a + ) Y , a 2 int(X) e a 2 int(Y ) ,
a 2 int(X) \ int(Y ):

(ii) Demonstremos que int(X) [ int(Y ) int(X [ Y ):


Consideremos

a 2 int(X) [ int(Y ) ) a 2 int(X) ou a 2 int(Y ) )

9 1 > 0; (a 1; a + 1) X ou 9 2 > 0; (a 2; a + 2) Y
Tomando, igual a 1 ou 2; temos

9 > 0; (a ;a + ) X [Y )

a 2 int(X [ Y ):

Observação 9.2 Considerando X = ( 1; 5] e Y = [5; 8) ; temos

int(X) = ( 1; 5) ; int(Y ) = (5; 8) ) int(X) [ int(Y ) = ( 1; 8) f5g :

Assim como,
X [ Y = ( 1; 8) ) int(X [ Y ) = ( 1; 8) :
Portanto,
int(X) [ int(Y ) # int(X [ Y ):

5. Se A R é aberto e a 2 A então A fag é aberto.


Prova: Consideremos x 2 [A fag] : Por hipótese, x é um ponto interior de A; isto é,

9 1 > 0; (x 1; x + 1) A:

Tomando = min f 1 ; jx ajg ; temos

(x ;x + ) [A fag] ) x 2 int [A fag]

6. O fecho de todo conjunto X R é um conjunto fechado, isto é, X = X:


Prova: (i) Devemos provar que X X (este resultado já é conhecido)
Consideremos que 9a 2 X; tal que, a 2
= X: Então,

9 > 0; (a ;a + ) \ X = ? ) a 2
= X:

69

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Isto é uma contradição. Portanto, X X:
(ii) Devemos mostrar que X X:
Tomemos a 2 X; então
8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ?:
Portanto, 9x 2 X; tal que, x 2 (a ; a + ) : Como x 2 X; segue

8 > 0; em particular para = min fjx aj ; g , temos (x ; x + ) \ X 6= ?:

Isto é, existem elementos de X em (x ;x + ):


Finalmente, como (x ;x + ) (a ; a + ) ; concluímos que existem elementos de X
em (a ; a + ) : Logo,

(a ; a + ) \ X 6= ? =) a 2 X

7. Se X F e F é fechado então X F:
Prova: Tomemos a 2 X; então

8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ?:

Como X F; segue
(a ; a + ) \ F 6= ) a 2 F = F:
Portanto, X F:

8. Para X; Y R quaisquer, tem-se X [ Y = X [ Y e X \ Y X \ Y : Dê um exemplo


no qual a inclusão não se reduz a uma igualdade.
Prova: (i) Provando que X [ Y = X [ Y :
Tomemos
a 2 X [ Y , 8 > 0; (a ; a + ) \ [X [ Y ] 6= ?
, 8 > 0; [(a ; a + ) \ X] [ [(a ; a + ) \ Y ] 6= ?
, 8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ? ou (a ; a + ) \ Y 6= ?
, a 2 X ou a 2 Y , a 2 X [ Y :

(ii) Provando que X \ Y X \Y:


Tomemos
a 2 X \ Y ) 8 > 0; (a ; a + ) \ [X \ Y ] 6= ?
) 8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ? e (a ; a + ) \ Y 6= ?
)a2X \Y )X \Y X \Y:

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Observação 9.3 Podemos observar que
8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ? e (a ; a + ) \ Y 6= ?
Não implica em
(a ; a + ) \ [X \ Y ] 6= ?:
Isto só acontecerá se, X \ Y 6= : Sendo assim, consideremos o seguinte contra-exemplo.
X = [ 2; 5) e Y = (5; 8] ) X \ Y = ? e X \ Y = [ 2; 5] \ [5; 8] = f5g
De onde segue,
X \ Y = ? * X \ Y = f5g :

9. Um conjunto A R é aberto se, e somente se, A \ X A \ X para todo X R:


Prova: ()) Tomemos
a2A\X )a2A e a2X
) a 2 A e 8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ?
) 8 > 0; (a ; a + ) \ [A \ X] 6= ?
) a 2 A \ X:
(() Consideremos o seguinte conjunto não aberto A = [1; 5) : Tomando X = (5; 7] ;
temos:
A \ X = [1; 5) \ [5; 7] = f5g :
Além disso,
A \ X = [1; 5) \ (5; 7] = ? = ?:
Portanto,
A \ X * A \ X:
Resultado que é uma contradição.
10. Um conjunto é denso em R se, e somente se, seu complementar tem interior vazio.
Prova: ()) Seja A R; denso em R, isto é, R A: Suponhamos que
9a 2 R; a 2 int(R A) )
9 > 0; (a ;a + ) [R A] )
9 > 0; (a ;a + ) \ A = ? ) a 2
= A:
Isto é uma contradição, pois R A:
(() Seja A R um conjunto, tal que, int (R A) = ?: Suponhamos que
9a 2 R; a 2
=A
) 9 > 0; (a ;a + ) \ A = ?
) 9 > 0; (a ;a + ) [R A]
) 9a 2 R; a 2 int(R A):
Isto é uma contradição, pois int (R A) = ?:

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11. Se F é fechado e A é aberto então F A é fechado.
Prova: Devemos provar que F A [F A] :
Tomemos
a2F A ) 8 > 0; (a ; a + ) \ [F A] 6= ?
) 8 > 0; (a ; a + ) \ F 6= ? ) a 2 F = F:
Suponha que a 2 A = int(A); então

9 1 > 0; (a 1; a + 1) A

)9 1 > 0; (a 1; a + 1) \ [F A] = ?:
Isto é uma contradição, portanto, a 2
= A: Sendo assim, temos

a2F ea2
= A ) [F A] :

12. Prove que para todo X R; tem-se X = X [ X0


Prova: Tomemos
a 2 X , 8 > 0; (a ; a + ) \ X 6= ?
, a 2 X ou a 2
=X
, a 2 X ou 8 > 0; (a ; a + ) \ [X fag] 6= ?
, a 2 X ou a 2 X0 , a 2 X [ X0:

13. Prove que para todo X R; X0 é fechado.


Prova: Devemos provar que R X0 é aberto, isto é, [R X0] int [R X0] :
Tomemos

a 2 [R X0] ) a 2
= X0 ) 9 > 0; (a ; a + ) \ [X fag] = ?

) 9 > 0; (a ; a + ) \ X = fag :
Então, não existem pontos de acumulação de X no intervalo (a ; a + ) : Sendo assim,

9 > 0; (a ; a + ) \ X0 = ?

) 9 > 0; (a ;a + ) [R X0]
) a 2 int [R X0] :

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14. Um número a é ponto de acumulação de X se, somente se, é ponto de acumulação de X:
Prova: ()) Consideremos

a 2 X0 ) 8 > 0; (a ; a + ) \ [X fag] 6= ?:

Como X X; então

8 > 0; (a ;a + ) \ X fag 6= ? ) a 2 X0

(() Tomemos
a 2 X0 ) 8 > 0; (a ;a + ) \ X fag 6= ?:
Logo, 9x 2 X fag ; tal que, x 2 (a ; a) ou x 2 (a; a + ) : Suponhamos que x 2
(a; a + ) ; como x 2 X fag , temos

Para = min fjx aj ; ja + xjg ; (x ; x + ) \ X 6= ?:

Como, (x ;x + ) [(a ;a + ) fag] ; temos

8 > 0; (a ; a + ) \ [X fag] 6= ? ) a 2 X0:

15. Prove que uma reunião e a interseção …nita de conjuntos compactos é um conjunto com-
pacto.
Prova: Sejam A1 ; A2 ; A3 ; :::; AN conjuntos fechados e limitados.
N N
Logo, [ An e \ An são fechados. Resta provar se a união e a interseção, destes con-
n=1 n=1
juntos, são limitados.
De fato, como A1 ; A2 ; A3 ; :::; AN são limitados, então existem k1 ; k2 ; k3 ; :::; kN ; valores
reais positivos, tais que

jxj ki ; 8x 2 Ai ; onde i = 1; 2; 3; :::N:

Tomando k = max fk1 ; k2 ; k3 ; :::; kN g ; temos


N
jxj k; 8x 2 [ An :
n=1

Assim, como
N
jxj k; 8x 2 \ An :
n=1
N N
Desta forma, [ An e \ An são limitados.
n=1 n=1

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9.4 Capítulo 4
1. Mostre pela de…nição que

a) lim x2 = 0;
x!0
Prova: Devemos provar que

8 > 0; 9 > 0; 0 < jxj < ) x2 < :


p
De fato, tomando < ; temos
p
0 < jxj < ) jxj < < ) jxj2 < 2 < ) x2 < :

p p
b) lim x = a; se a > 0:
x!a
p
Prova: 8 > 0; tomando < a; teremos
p jx aj
0 < jx aj < ) 0 < jx aj < a) p <
a
Como,
p p jx aj jx aj
x a = p p < p ;
j x + aj a
segue
p p jx aj
0 < jx aj < ) x a < p < :
a

c) lim xSen(x) = 0;
x!0
Prova: 8 > 0; tomando < ; teremos

0 < jx 0j < ) 0 < jxj <

Como,
jxSen(x)j = jxj jSen(x)j jxj ;
temos
0 < jx 0j < ) jxSen(x)j jxj < ) jxSen(x) 0j < :

d) lim x2 = 4;
x!2
n o
Prova: 8 > 0; tomando < min 1; ; teremos
5

0 < jx 2j < ) jx 2j < e jx 2j < 1 ) jx 2j < e 1<x 2<1


5 5

) jx 2j < e 3 < x + 2 < 5 ) jx 2j < e jx + 2j < 5:


5 5

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Como,

jx 2j < e jx + 2j < 5 ) jx 2j jx + 2j < :5 ) x2 4 < ;


5 5
segue
0 < jx 2j < ) x2 4 < :

2 1
e) lim = ;
x!5 x 1 2
Prova: 8 > 0; tomando < min f1; 6 g ; teremos

0 < jx 5j < ) jx 5j < 6 e jx 5j < 1 ) jx 5j < 6 e 3 < x 1<5


1 1 jx 5j
) jx 5j < 6 e 3 < jx 1j ) jx 5j < 6 e < ) <2 :
jx 1j 3 jx 1j
Como,
2 1 jx 5j
= < ;
x 1 2 2 jx 1j
obtemos
2 1
0 < jx 5j < ) < :
x 1 2

1
f) lim+ 1 = 1:
x!0 1+e x
Prova: Devemos provar que
1
8 > 0; 9 > 0; 0 < x < ) 1 1 < :
1+e x

1
De fato, supondo 0 < < 1; basta considerar < : Sendo assim, teremos
1
ln

1 1 1 1 1
0<x< )0<x< ) ln < ) ln < ln e x :
1 x
ln

1 1 1 1
) < ex ) 1 < ) 1 < :
e x ex
Como
1
1 e x 1 1
1 1 = 1 = 1 < 1 :
1+e x 1+e x 1+e x ex
Teremos
1
1 1 < :
1+e x

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Agora, sabemos que
1
1 e x 1
1 1 = 1 = 1 < 1:
1+e x 1+e x 1 + ex

Portanto, pata 1;
1
1 1 < ; 8x 6= 0:
1+e x
Em particular, para qualquer > 0; temos
1
0<x< ) 1 1 < :
1+e x

2. Mostre pela de…nição que

a) lim xn = 1; 8n 2 N;
x!1
Prova: Devemos provar que

8M > 0; 9A > 0; x > A ) xn > M:


p
De fato, tomando A = n M ; temos
p
n
x > A ) x > M ) xn > M:

n
b) lim jxj = 1; 8n 2 N;
x!0
Prova: Devemos provar que
n
8M > 0; 9 > 0; 0 < jx 0j < ) jxj > M:
1
De fato, tomando = p
n
; temos
M
1 1 1
0 < jxj < ) 0 < jxj < p
n
) 0 < jxjn < ) M < n ) jxj n
> M:
M M jxj

1
c) lim = 1:
x!1 (x 1)2
1
Prova: 8M > 0; tomando =p
M
1 p 1 1 1
0 < jx 1j < ) jx 1j < p ) M < )M < 2 ) >M
M jx 1j jx 1j (x 1)2

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3. Mostre a não existência dos limites
1
a) lim
x!1 x2 1
1
Prova: Tomando a sequência (xn ) ; com xn = 1 + ; temos xn ! 1:
n
Assim como,
1 1 n
f (xn ) = = = ! +1:
1
2 1 2 1
1+ 1 + + 2
n n2 n n
Logo, pelo critério sequêncial concluímos que este limite não existe.
1
b) lim p ; para x > 0:
x!0 x
1
Prova: Tomando a sequência (xn ) ; com xn = ; temos xn ! 0:
n
Além disso,
1 1 p
f (xn ) = p = r = n ! +1:
xn 1
n
Portanto, usando o critério sequêncial concluímos que este limite não existe

4. Sejam f : A R ! R uma função e a 2 R um ponto de acumulação de A: Se lim f (x)


x!a

existe, mostre que lim jf (x)j = lim f (x) :


x!a x!a
Prova: Consideremos
lim f (x) = L:
x!a
Então, por de…nição, obtemos
8 > 0; 9 > 0; 0 < jx aj < ) jf (x) Lj < :
Agora, da desigualdade triangular, temos
jf (x)j jLj jf (x) Lj < :
Assim como,
jLj jf (x) Lj jL + f (x) Lj = jf (x)j
) jf (x) Lj jf (x)j jLj
Desta forma, segue que
< jf (x)j jLj < ) jjf (x)j jLjj < :
Portanto,
8 > 0; 9 > 0; 0 < jx aj < ) jjf (x)j jLjj < ;
isto implica que
lim jf (x)j = jLj ) lim jf (x)j = lim f (x) :
x!a x!a x!a

77

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5. Seja f : R ! R uma função. Se L 6= 0 é o limite de f em a; então existe > 0 tal que
1
jf (x)j > jLj para 0 < jx aj < :
2

Prova: Sabemos por hipótese que

lim f (x) = L 6= 0:
x!a

Logo, por de…nição, temos


jLj jLj
8 > 0; em particular para = ; 9 > 0; 0 < jx aj < ) jf (x) Lj < :
2 2
Além disso, da desigualdade triangular, segue
jLj
jLj jf (x)j < jL f (x)j = jf (x) Lj ) jLj jf (x)j < jf (x) Lj <
2
jLj jLj
) jLj jf (x)j < ) < jf (x)j :
2 2
Isto é,
jLj
9 > 0; 0 < jx aj < ) < jf (x)j :
2

1
6. Mostre que f (x) = Sen x
; para x > 0; não possui limite quando x se aproxima de 0:
Prova: Queremos provar a não existência do seguinte limite
1
lim Sen :
x!0 x
2
Tomando a sequência (xn ) ; com xn = ; temos xn ! 0; logo
n
1 n
f (xn ) = Sen = Sen = 1:
xn 2

Como a sequência das imagens f (xn ) não converge, pelo critério sequêncial concluímos
que o limite não existe.

7. Sejam f : R ! R e a 2 R: Se existem K; L 2 R com K > 0 tais que

jf (x) Lj K jx aj para todo x 2 R;

mostre, por meio da de…nição que lim f (x) = L:


x!a
Prova: Sabemos por hipótese que

K; L 2 R; K > 0; jf (x) Lj K jx aj ; 8x 2 R:

78

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Portanto, 8 > 0; tomando = ; temos
K

0 < jx aj < ) jx aj < ) jf (x) Lj K jx aj < K = :


K K
Isto é,
0 < jx aj < ) jf (x) Lj < :

9.5 Capítulo 5
1. Sejam f : R ! R uma função contínua e X = fx 2 R; f (x) = 0g : Se (xn )n2N é uma
sucessão tal que xn 2 X e xn ! x0 : Mostre que x0 2 X:
Prova: Por hipótese f é contínua em R Portanto, se (xn )n2N é uma sequência de X R
e
xn ! x0 ) f (xn ) ! f (x0 ) :
Como
xn 2 X; temos que, f (xn ) = 0; 8n 2 N:
Logo, concluímos que f (x0 ) = 0; isto é, x0 2 X:
1
2. Seja f : [0; 1] ! R uma função contínua tal que f (0) = f (1): Mostre que existe 2 0;
2
1
tal que f ( ) = f ( + ):
2
Prova: Consideremos a função
1 1
g : 0; ! R; g(x) = f (x) f (x + ):
2 2

1
Sendo assim, da continuidade de f em [0; 1], segue que g é contínua em 0; : Além
2
disso,
1 1 1 1 1 1 1
g(0) = f (0) f (0 + ) = f (0) f ( ) e g( ) = f ( ) f( + ) = f( ) f (1):
2 2 2 2 2 2 2
Logo, pela hipótese f (0) = f (1); segue
1 1 1 1 1
g(0) = f (0) f ( ) e g( ) = f ( ) f (0) ) g(0) < 0 < g( ) ou g( ) < 0 < g(0):
2 2 2 2 2
Em ambos os casos, pelo Teorema do Valor Intermediário, teremos
1 1
9 2 0; ; g( ) = 0 ) f ( ) f ( + ) = 0:
2 2

79

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3. Sejam f : R ! R uma função uniformemente contínua em R e f (x) k > 0; para todo
1
x 2 R: Mostre que p é uniformemente contínua em R:
f
Prova: Devemos provar que

1 1
8 > 0; 9 > 0; x; y 2 X; jx yj < ) p p < :
f (x) f (y)

De fato, pela hipótese de f ser uniformemente contínua em R, temos

8 1 > 0; em particular para


p p
1 = 2 k3 ; 9 1 > 0; x; y 2 X; jx yj < 1 ) jf (x) f (y)j < 2 k 3 :
Como
p p
1 1 f (y) f (x) f (y) f (x)
p p = p p = p p p p
f (x) f (y) f (x) f (y) f (x) f (y) f (y) + f (x)

e
1 1 jf (x) f (y)j
f (x) k > 0; 8x 2 R ) p p = p :
f (x) f (y) 2 k3
Logo, tomando = 1; segue
p
1 jf (x) f (y)j
1 2 k3
8 > 0; 9 > 0; x; y 2 X; jx yj < ) p p = p < p = :
f (x) f (y) 2 k3 2 k3

4. Sejam f : R ! R uma função contínua em R: Para n 2 N de…ne-se a função f n (x) =


[f (x)]n com x 2 R: Mostre que f n é também, contínua em R:
Prova: Seja a 2 R; devemos provar que

8 > 0; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) jf n (x) f n (a)j < :

Consideremos duas situações:


( i ) Se f (a) 6= 0; pela hipótese f : R ! R ser continua em R; temos:

Para 1 = ; 9 1 > 0; x 2 X; jx aj < 1


n:2n 1 jf (a)jn 1

) jf (x) f (a)j < :


n:2n 1 jf (a)jn 1

Assim como,

tomando 2 = jf (a)j ; 9 2 > 0; x 2 X; jx aj < 2 ) jf (x)j jf (a)j jf (x) f (a)j < jf (a)j

80

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isto é,
9 2 > 0; x 2 X; jx aj < 2 ) jf (x)j < 2 jf (a)j :
Além disso, considerando jf (x)j < 2 jf (a)j ; temos
jf n (x) f n (a)j = jf (x) f (a)j f n 1 (x) + f n 2 (x)f (a) + f n 3 (x)f 2 (a) + :: + f n 1 (a)

< jf (x) f (a)j jf (x)jn 1


+ jf (x)jn 2
jf (a)j + ::: + jf (x)j jf (a)jn 2
+ jf (a)jn 1

< jf (x) f (a)j 2n 1


jf (a)jn 1
+ 2n 2
jf (a)jn 2
jf (a)j + ::: + 2 jf (a)j jf (a)jn 2
+ jf (a)jn 1

< jf (x) f (a)j n:2n 1


jf (a)jn 1
:
Logo, tomando = min f 1 ; 2g ; segue
8 > 0; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) jf n (x) f n (a)j < jf (x) f (a)j n:2n 1
jf (a)jn 1
:

< : n:2n 1
jf (a)jn 1
< :
n:2n 1 jf (a)jn 1

( ii ) Se f (a) = 0; a demonstração segue direta, pois basta tomar


p p
1 =
n
; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) jf (x)j < n ) jf n (x)j < :

Finalmente, como a é um ponto qualquer de R, concluímos que f n é continua em R:


5. Seja f : [0; b] ! R; de…nida por f (x) = x2 para todo x 2 [0; b] ; como 0 < b: Mostre que
f é uniformemente contínua em [0; b] :
Prova: Devemos provar que,
8 > 0; 9 > 0; x; y 2 X; jx yj < ) x2 y2 < :

De fato, tomando = ; teremos


2b
x; y 2 X; jx yj < ) x2 y 2 = jx + yj jx yj < 2b: = :
2b

6. Sejam f : R ! R uma função contínua em 2 R: Mostre que existe uma vizinhança


V (a) (centrada em ; de raio ); tal que:

a) Se f ( ) > 0; então f (x) > 0 para todo x 2 V (a):


Prova: Por hipótese,
f( )
8 > 0; em particular para = ; 9 > 0; x 2 X; jx aj <
2
f( )
f( ) f( )
) jf (x) f ( )j < ) < f (x) f ( ) <
2 2 2
f( ) 3f ( )
) < f (x) < ) f (x) > 0:
2 2

81

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b) Se f ( ) < 0; então f (x) < 0 para todo x 2 V (a):
Prova: Por hipótese,
f( )
8 > 0; em particular para = ; 9 > 0; x 2 X; jx aj <
2
f( ) f( ) f( )
) jf (x) f ( )j < ) < f (x) f ( ) <
2 2 2
3f ( ) f( )
) < f (x) < ) f (x) < 0:
2 2

p
7. Seja p 2 N; p > 2; e seja f : R+ ! R a função f (x) = p
x: Mostre, por meio da de…nição
que f é contínua em R+ :
Sugestão: Faça separadamente os casos em que o ponto é o zero e que o ponto é diferente
de zero. Neste último, para um ponto a 6= 0; use que para todo p 2 N e a 2 R+ ; tem-se
p p p
p
p
p
p
p
pp
p
p
x a= px p
a xp 1 + xp 2 a + xp 3 a2 + ::: + xap 2 + ap 1 :

Prova: Seja a 2 R+ ; devemos mostrar que


p
p
p
p
8 > 0; 9 > 0; x 2 X; jx aj < ) x a < :

Suponhamos as seguintes situações:


( i ) Se a = 0; então f (0) = 0; sendo assim, basta tomar = p : Desta forma, teremos
p
jx 0j < ) jxj < p ) p jxj < :

Como x 2 R+ ; segue
p
p
p
p
jx 0j < ) x 0 < :
p
p
( ii ) Se a > 0; basta tomar = ap 1 : Sendo assim, segue
pp
jx aj < = ap 1 )
p
p
p
p
jx aj
x a = p p p p p
p p p p p
xp 1 + xp 2 a + xp 3 a2 + ::: + xap 2 + ap 1

jx aj
< pp
< :
ap 1

8. Seja f : R ! R a função
1 se x 0;
f (x) =
0 se x < 0:
Mostre que f não é contínua em x = 0:

82

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a) Usando a de…nição.
1 1
Prova: Para = e 8 > 0; x 2 X; < x < 0 ) jf (x) f (0)j = j0 1j :
2 2
b) Usando o critério sequencial.
1 1
Prova: Consideremos as seguintes sequências xn = e yn = : Veri…camos que
n n
xn ! 0 e yn ! 0; assim como

f (xn ) = 1 e f (yn ) = 0; 8n 2 N ) f (xn ) ! 1 e f (yn ) ! 0:

Portanto, pelo critério sequencial, concluímos que f não é contínua em x = 0:

1
9. Seja f (x) = para todo x 2 [a; 1) ; com a > 1: Mostre que f é uniformemente
x 1
contínua em [a; 1) :
Prova: 8 > 0; tomando = (a 1)2 ; temos

1 1 y x
jx yj < ) = < = :
x 1 y 1 (x 1) (y 1) (a 1)2

9.6 Capítulo 6
1. Considere a função ( x
1 se x 6= 0;
f (x) = 1+e x
0 se x = 0:
Determine a derivada de f à direita e à esquerda do zero.

Solução 9.1 Sabemos que


x
1
f (x) f (0) 1
= lim+ 1 + e
0 x
f+ (0) = lim+ = lim+ 1 :
x!0 x 0 x!0 x x!0 1+e x

Como
1 1 1
lim+ e x = lim+ 1 = 1 = 0;
x!0 x!0 e x lim+ e x
x!0
segue que
0 1
f+ (0) = lim+ 1 = 1:
x!0 1+e x

Analogamente,
0 1
f (0) = lim 1 :
x!0 1+e x

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Como,
1 1 1
lim e x = lim 1 = 1 = +1;
x!0 x!0 e x lim e x
x!0

teremos
0 1
f (0) = lim1 = 0:
1+e x x!0

Desta forma, podemos concluir que não existe a derivada de f no ponto de x = 0:

2. Mostre que a função


x2 se x 2 Q;
f (x) =
0 para x 2 R Q;
0
é derivável em x0 = 0; determine f (0) e justi…que suas a…rmações.
Prova: Sabemos que
8
2
f (x) f (0) f (x) < x = x se x 2 Q;
= = :
x 0 x : 0 xpara x 2 R Q;

f (x)
Devemos provar que a expressão possui limite igual a zero quando nos aproximamos
x
de zero.
Para > 0; tomando = ; se x 2 R e 0 < jx 0j = jxj < ; teremos:
( i ) Se x 2 Q; temos
f (x) f (0)
0 = jx 0j < :
x 0

( ii ) Se x 2 R Q; segue

f (x) f (0)
0 = j0 0j < :
x 0

f (x) f (0) 0
Portanto, existe o limite da expressão em x0 = 0; isto é, existe f (0) e vale
x 0
zero.

3. Seja f : R ! R uma função derivável. Mostre que

0 f (a + h) f (a h)
f (a) = lim ; onde a 2 R e h > 0:
h!0 2h

Prova: Por hipótese, f é derivável em a 2 R, isto é, f é diferenciável em a; logo:

0 r(h)
f (a + h) = f (a) + f (a)h + r(h) onde lim = 0:
h!0 h

84

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Assim como, trocando h por h; segue

0 r( h)
f (a h) = f (a) f (a)h + r( h) onde lim = 0:
h!0 h
Desta forma, subtraindo ambas expressões, obteremos
0
f (a + h) f (a h) = 2f (a)h + r(h) r( h):

Finalmente, dividindo por 2h e aplicando limite h ! 0; temos


0
f (a + h) f (a h) 2f (a)h + r(h) r( h) 0 r(h) r( h)
lim = lim = f (a)+lim lim
h!0 2h h!0 2h h!0 2h h!0 2h

f (a + h) f (a h) 0
) lim = f (a):
h!0 2h

0
4. Seja f : ( a; a) ! R uma função derivável e par. Mostre que f é ímpar em ( a; a) :
Prova: Sabemos que

0 f ( x + h) f ( x) f ( [x h)] f ( x)
f ( x) = lim = lim ; 8x 2 ( a; a)
h!0 h h!0 h
Como f é par em ( a; a), temos

0 f (x h) f (x)
f ( x) = lim :
h!0 h
Logo, tomando h = s; segue

0 f (x + s) f (x) 0
f ( x) = lim = f (x):
s!0 s
0
Portanto, f é ímpar em ( a; a) :

5. Seja fi : I = (a; b) R ! R; para i = 1; 2; :::; n; funções deriváveis em I: Mostre que a


soma dessas funções é derivável em I para todo n 2 N e que
0 0 0
(f1 + f2 + ::: + fn )0 (x) = f1 (x) + f2 (x) + ::: + fn (x) para todo x 2 I:

Prova: (i) Para n = 1; o resultado é válido de forma imediata.


(ii) Para n = 2; consideremos um ponto qualquer 2 (a; b) : Então

0 (f1 + f2 ) (x) (f1 + f2 ) ( ) f1 (x) + f2 (x) f1 ( ) f2 ( )


(f1 + f2 ) ( ) = lim = lim
x! x x! x
f1 (x) f1 ( ) f2 (x) f2 ( ) 0 0
= lim + lim = f1 (x) + f2 (x)
x! x x! x

85

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(iii) Pelo Principio da Indução Matemática, consideremos que seja válido para k; devemos
provar que será válido para k + 1; isto é,
0 0 0 0
(f1 + f2 + ::: + fk + fk+1 )0 (x) = f1 (x) + f2 (x) + ::: + fk (x) + fk+1 (x):

De fato, tomando
g(x) = f1 (x) + f2 (x) + ::: + fk (x);
teremos
0 0
(f1 + f2 + ::: + fk + fk+1 )0 (x) = (g + fk+1 )0 (x) = g (x) + fk+1 (x):
0
= (f1 + f2 + ::: + fk )0 (x) + fk+1 (x):
Logo, como é válido para k; segue
0 0 0 0
(f1 + f2 + ::: + fk + fk+1 )0 (x) = f1 (x) + f2 (x) + ::: + fk (x) + fk+1 (x):

6. Sejam n 2 N = f1; 2; :::g e f : R ! R de…nida por

xn para x 0;
f (x) =
0 para x < 0:
0
a) Para que valores de n a função f é contínua em 0?
Prova: Sabemos que
0 nxn 1 para x 0;
f (x) = :
0 para x < 0:
0 0 0
Então, f é contínua em x = 0; se lim f (x) = f (0) = 0; que será válido para
x!0
n > 1:Observemos que, para n = 1; teremos

0 1 para x 0;
f (x) = :
0 para x < 0:

0
b) Para que valores de n a função f é derivável em 0?
Prova: Por de…nição, sabemos

" nxn 1
0
f+ (0) = lim+ = lim nxn 2
e
x!0 x 0 x!0

" 0 0
f (0) = lim = 0:
x!0 x 0
0
Portanto, f é derivável em 0 se n > 2:

86

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7. Mostre que, se f : R ! R é uma função derivável em a 2 R; com f (a) 6= 0 então a função
jf j é derivável em a: Dê um exemplo para mostrar que não vale a a…rmação se f (a) = 0:
Prova: Sabemos, por hipótese, que f é derivável em a 2 R e f (a) 6= 0. Portanto, f é
contínua em a e f (a) 6= 0, então existe uma vizinhança (a ; a + ) de a; tal que,

8x 2 (a ; a + ) temos que f (x) tem o mesmo sinal de f (a) (veja ex.6-capítulo 4).

Desta forma, para


(i) f (a) > 0 e 8x 2 (a ;a + )

jf (x)j jf (a)j f (x) f (a)


= .
x a x a
Portanto,
jf (x)j jf (a)j f (x) f (a) 0
lim = lim = f (a):
x!a x a x!a x a
0
Isto é, jf j é derivável em a e jf j (a) = f (a):
(ii) f (a) < 0 e 8x 2 (a ;a + )

jf (x)j jf (a)j f (x) + f (a)


= .
x a x a
que implica,
jf (x)j jf (a)j f (x) f (a) 0
lim = lim = f (a):
x!a x a x!a x a
0
Onde concluímos que, jf j é derivável em a e jf j (a) = f (a):
Em ambos casos veri…camos a existência da derivada no ponto x = a:
OBS: A função f (x) = jxj não é derivável em x = 0:

8. Mostre que a função exponencial f (x) = ex de…nida em todo R satisfaz

ey ex ex (y x) para todo x; y 2 R:

Conclua desta igualdade que ex 1 + x para x 0:


Prova: Sabemos que f é derivável em R: Portanto, tomando x; y 2 R; com x < y; temos
que f é contínua em [x; y] e derivável em (x; y) ; desta forma, pelo TVM, segue

0 ey ex
9c 2 (x; y) ; f (c) = ) ey ex = ec (y x):
y x
Como
x < c < y ) ex < ec < ey :
Segue
ey ex = ec (y x) > ex (y x):

87

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De onde teremos
ey ex ex (y x); 8x; y 2 R:
Onde a igualdade ocorre para x = y:
Agora, dividindo por ex > 0 e fazendo z = y x 0; segue
ey
1 (y x) ) ez 1 z; para z 0:
ex

0 0
9. Seja f : ( 1; 1) ! R uma função derivável. Se lim f (x) = L; mostre que L = f (0):
x!0

Prova: Consideremos o intervalo [0; x] ( 1; 1) : Como f é contínua [0; x] em e diferen-


ciável (0; x); pelo TVM, temos

0 f (x) f (0)
9c 2 (0; x) ; f (c) = :
x 0
Tomando limite com x ! 0+ ; teremos

0 f (x) f (0) 0 0
lim+ f (c) = lim+ ) lim+ f (c) = f+ (0):
x!0 x!0 x 0 c!0

Analogamente, considerando o intervalo [x; 0] ( 1; 1) ; pelo TVM, teremos

0 f (0) f (x) f (x) f (0)


9c 2 (x; 0) ; f (c) = = :
0 x x 0
Aplicando limite com x ! 0 ; segue

0 f (x) f (0) 0 0
lim f (c) = lim ) lim f (c) = f (0):
x!0 x!0 x 0 c!0

0 0
Como, por hipótese existe limf (c) = L; então segue L = f (0):
c!0

10. Seja f : [a; b] ! R uma função contínua com derivada contínua em [a; b] : Mostre que f é
lipschitziana em [a; b] :
Prova: Tomemos [x; y] [a; b] : Então, pelo TVM teremos que

0 f (y) f (x) 0
9c 2 (x; y) ; f (c) = ) f (y) f (x) = f (c) [y x] :
y x
0
) jf (y) f (x)j = f (c) jy xj :
0
Como f possui derivada contínua em [a; b] ; isto é, f é contínua em [a; b] ; segue que
0
f [a; b] é limitada e fechada, portanto,
0
9L > 0; f (x) L 8x 2 [a; b] :

88

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Em particular,
0
f (c) L:
Desta forma, segue
9L > 0; jf (y) f (x)j L jy xj

11. Use o TVM para provar que


x 1
< ln(x) < x 1; para x > 1:
x

Prova: Consideremos o intervalo [1; x] : Como f (x) = ln(x) é contínua em [1; x] e de-
rivável em (1; x) ; pelo TVM teremos:

0 f (x) f (1) 1 ln(x)


9c 2 (1; x) ; f (c) = ) = :
x 1 c x 1
Como
1 1
1<c<x) < < 1:
x c
Logo, segue
1 ln(x) x 1
< <1) < ln(x) < x 1; para x > 1:
x x 1 x

9.7 Capítulo 7
1. Seja f (x) = ex ; com jxj 1: Mostre que o resto rn+1 (x); da expansão de Taylor de f em
x0 = 0 tende a zero quando n ! +1:
Prova: Usando a expansão de Taylor de f em x0 = 0 e o Teorema do Resto de Lagrange,
existe c 2 (0; x), tal que

x x2 xn
f (x) = 1 + + + ::: + + rn+1 (x):
1! 2! n!
Onde
ec
rn+1 (x) = (x)n+1 :
(n + 1)!
Logo
ec jxjn+1
jrn+1 (x)j = :
(n + 1)!
Como, 1 x 1; então

e 1
ex e1 e jxjn+1 1n+1 = 1:

89

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Desta forma, segue
ec jxjn+1 e
jrn+1 (x)j = :
(n + 1)! (n + 1)!
Aplicando o limite como n ! 1; teremos

lim rn+1 (x) = 0; para jxj 1:


n!1

2. Considere a função f (x) = log(1 + x) para x 2 R e x 0: Escreva a fórmula de Taylor de


f até a ordem n = 2 em x0 = 0: Deduza que log(1 + x) x possui a ordem de x2 ; isto é,

x2
jlog(1 + x) xj < ; 8x > 0:
2

Prova: Usando o Teorema do Resto de Lagrange em x0 = 0, teremos


0
f (0) f "(c) 2
f (x) = f (0) + x+ x ; onde c 2 (0; x):
1! 2!
Como
1 1
f 0 (x) = e f "(x) = :
1+x (1 + x)2
Então,
1 1
log(1 + x) = log(1 + 0) + x x2 :
1! 2 (1 + c)2
Que implica em
1
log(1 + x) x= x2 :
2 (1 + c)2
Logo,
1 2
jlog(1 + x) xj = 2x :
2 (1 + c)
De onde, para x > 0; segue
x2
jlog(1 + x) xj :
2

3. Use a fórmula de Taylor na vizinhança de x0 = 0 para mostrar que


x2
Cos(x) 1 ; 8x 2 R:
2
Sugestão: Escreva a fórmula de Taylor da função Cos(x) até a ordem n = 3:
Prova: Pelo Teorema do Resto de Lagrange em x0 = 0; segue
x x2 x3
Cox(x) = Cos(0) Sen(0) Cos(0) + Sen(c) ; onde c 2 (0; x):
1! 2! 3!

90

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De onde obtemos
x2 x3
Cox(x) = 1 + Sen(c) :
2 6
x3
Desta forma, resta provar que Sen(c) 0; 8x 2 R:
6
Analisemos primeiro no intervalo [ ; ]:
(i) Se x 2 [0; ] ; temos que c 2 [0; ] ; logo Sen(c) > 0:
(ii) Se x 2 [ ; 0] ; segue que c 2 [
; 0] ; portanto Sen(c) < 0:
x3
Assim, podemos concluir que Sen(c) 0; 8x 2 [ ; ] : Sendo assim,
6
x2
Cox(x) 1 ; para x 2 [ ; ] :
2
Agora, para x > ; temos
x> > 3 ) x2 > 2
> 9:
Assim como, se x < , segue
x< < 3 ) x2 > 2
> 9:

Em ambos os casos, teremos


x2 9 9 x2 7 x2
x2 > 2
>9) > ) > ) >1 :
2 2 2 2 2 2
Logo, como 1 Cox(x) 1; temos
7 x2
Cos(x) 1> >1 ; para x > ou x < :
2 2
Portanto, conluímos que
x2
Cox(x) 1 ; 8x 2 R:
2

4. Examine a convexidade da soma e do produto de duas funções convexas.


Resposta:

(i) A soma de duas funções convexas é também convexa.


Consideremos f; g : I ! R; convexas em I: Então, tomando a; b 2 I; com a < b e
t 2 [0; 1] ; temos:
[f + g] ((1 t)a + tb) = f ((1 t)a + tb) + g ((1 t)a + tb)
(1 t)f (a) + tf (b) + (1 t)g(a) + tg(b) = (1 t)f (a) + (1 t)g(a) + tf (b) + tg(b)
= (1 t) [f + g] (a) + t [f + g] (b):
Desta forma,
[f + g] ((1 t)a + tb) (1 t) [f + g] (a) + t [f + g] (b) ) [f + g] é convexa em I:

91

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(ii) O produto de duas funções convexas nem sempre é uma função convexa.
Consideremos as funções f (x) = x2 e g(x) = x2 1; que são convexas em I = [ 1; 1] :
Observamos que o produto h(x) = x2 (x2 1) = x4 x2 não é convexa em I, como
pode ser observado na …gura abaixo:

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Apostila de Análise Real - Prof. Edgar Chipana - IFRJ

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