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Limoeiro do Norte - CE
2014
Francisco Felipe Gomes da Silva
Limoeiro do Norte - CE
2014
Resumo
Abstract
Conteúdo
Resumo 2
Abstract 4
Introdução 11
1 Resultados Preliminares 13
1.1 Números Naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Números Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 Desigualdades Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5
3.4 Limites innitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Conclusão 60
Bibliograa 61
Introdução
12
Capı́tulo 1
Resultados Preliminares
Observação 1.0.1 Para representar conjuntos, usaremos chaves, {}, ou seja, A = {a, b, c, d..., w}.
E para representarmos os termos de uma sequência se números reais, usaremos parênteses,
(), assim (a, b, c, d, ....) representa uma sequência.
13
1 Resultados Preliminares 1.2 Números Reais
Demonstração:
Suponhamos que duas das armações ocorram simultaneamente, digamos m = n e
m = n + p, para algum p ∈ N. Daí segue que
m = m + p ⇒ (m + 1) = (m + p) + 1 ⇒ m + 1 = m + (p + 1) ⇒ 1 = p + 1
o que que contraria o Axioma 2 de Peano. Logo as duas armações não podem ocorrer
simultaneamente.
Digamos agora que existem p, q ∈ N tais que m = n + p e n = m + q . daí vem que,
n = (n + p) + q ⇒ n = n + (p + q) ⇒ n + 1 = n + (p + q) + 1 ⇒ 1 = (p + q) + 1
o que novamente contraria o Axioma 2 de Peano. Assim essas duas armações também não
ocorrem simultaneamente.
Digamos que existe m, n, p ∈ N tais que m = n e n = m + q . Daí vem que,
n=n+q ⇒n+1=n+q+1⇒1=q+1
o que mais uma vez contraria o Axioma 2 de Peano. Portanto essas duas armativas não
ocorrem ao mesmo tempo. Prosseguindo assim se estuda todas as possibilidades.
Portanto, vale a Tricotomia.
Denição 1.2.1 Chama-se valor absoluto ou módulo de um número real x, o número real
denotado por,
x, se x > 0;
| x |= 0, se x = 0;
−x, se x < 0.
Observação 1.2.1 .
1. Note que a denição de módulo decorre diretamente da denição de relação de ordem
em R.
14
1 Resultados Preliminares 1.2 Números Reais
2. Podemos caracterizar | x | como o único número maior ou igual a zero, cujo quadrado
é x2 .
⇒ − | x |≤ x
x + y ≤| x | + | y | e − (x + y) ≤| x | + | y |
e assim,
max{x + y, −(x + y)} ≤| x | + | y |⇔| x + y |≤| x | + | y | .
Uma vez que | x.y | e | x | . | y | . são números reais maiores ou iguais a zero, basta
provar que eles tem o mesmo quadrado.
Teorema 1.2.2 Sejam a, x, δ ∈ R. Tem-se | x − a |< δ se, e somente se, a − δ < x < a + δ.
15
1 Resultados Preliminares 1.2 Números Reais
Demonstração:
Segue da denição que x − a ≤| x − a | e −(x − a) ≤| x − a |. Assim,
| x − a |≤ δ ⇔ a − δ ≤ x ≤ a + δ
Exemplo 1.2.2 - Se a1 /b1 , ..., an /bn pertencem ao intervalo (α, β) e b1 , ..., bn são positivos,
prove que a1 , ..., an /b1 , ..., bn pertence a α, β . Nas mesmas condições, se t1 , ..., tn ∈ R+ , prove
que (t1 a1 + ... + tn an )/(t1 b1 + ... + tn bn ) também pertence ao intervalo (α, β).
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1 Resultados Preliminares 1.3 Desigualdades Importantes
n
Aplicando algumas propriedade de somatório e dividindo a desigualdade por bk , obtere-
X
k=1
mos,
n
X
ak
k=1 a1 + ... + an
α< n <β⇔α< <β
X b1 + ... + bn
bk
k=1
t a
Assim concluímos essa primeira parte da questão. Tendo k ∈ In , segue que α < k k < β ,
tk bk
isto implica que, tk bk α < tk ak < tk bk β ⇒
n
X
n n n
tk ak
X X X k=1
⇒ tk bk α < tk ak < tk bk β ⇒ α < n <β
X
k=1 k=1 k=1
tk bk
k=1
Demonstração:
17
1 Resultados Preliminares 1.3 Desigualdades Importantes
(1 + x)k ≥ 1 + kx,
(1 + x)k+1 ≥ 1 + (k + 1)x.
Provaremos novamente por indução. Para n = 2 temos, (1+x)2 = 1+2x+x2 > 1+2x,
para todo x e n conforme determinado. Supondo que a desigualdade seja válida para n = k ,
segue que
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Capı́tulo 2
Sequências de Números Reais
Análise matemática não é uma disciplina de fácil compreessão. Então, uma das
saídas mais viáveis encontradas por muitos estudantes é a busca de bons materiais, que
contenham demonstrações mais claras e concisas sobre esse conteúdo.
Acho que esse segundo parágrafo caria mais interessante na intrudução geral do trabalho
Como estudante, também precisei buscar esses conteúdos em livros, artigos, revistas,
trabalhos e etc. Nessa busca percebi que até existiam muitos materiais disponíveis na internet,
mas os mesmos não apresentavam uma leitura fácil, com passagens omitidas, muitas vezes
consideradas triviais.
Nesse capítulo, tomaremos por base as demonstrações obtidas na disciplina de Aná-
lise do curso de Matemática da Faculdade de Filosoa Dom Aureliano Matos, faremos o
possível para deixar cada demonstração o mais didático possível para que num futuro não
tão distante, esse material possa servir de apoio a muitos interessados.
x:N → R
n 7→ x(n) = xn
que associa a cada número natural n um número real xn , chamado n-ésimo termo da sequên-
cia.
Notação: Escreve-se (x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...) ou (xn )n∈N , ou simplesmente (xn ), para indicar a
sequência cujo n-ésimo termo é xn .
Vejamos alguns exemplos simples de sequências, para xar o até então visto.
19
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
Exemplo 2.1.1
x:N → R
n 7→ 1
Exemplo 2.1.2
x:N → R
n 7→ x(n) = xn
Exemplo 2.1.3
x:N → R
0, se n impar
n 7→
1, se n par.
Que determina a sequência (0, 1, 0, 1, ....)
Exemplo 2.1.4
x:N → R
se
1, n ∈ {m ∈ N; m = 3n; n ∈ N}
n 7→
0, se n ∈ N|{m ∈ N; m = 3n; n ∈ N}
Que determina a sequência (0, 0, 1, 0, 0, 1, ....)
Exemplo 2.1.5
x:N → R
1
n 7→ xn =
n
Que determina a sequência (1, 1/2, 1/3, 1/4, ..., 1/n, ...)
Observação 2.1.1 - Não se deve confundir a sequência (x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...) com o conjunto
{x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...} dos seus termos.
Por exemplo, no exemplo 2.1.1, a sequência é dada por (1, 1, 1, 1, ...) e é innita,
enquanto que o conjunto de seus termos é dado por {1}, como sendo um conjunto de um
único elemento, ou seja, unitário. Ainda podemos ver que nos exemplos 2.1.3 e 2.1.4, essas
sequências são diferentes, mas, no entanto o conjunto de seus termos é o mesmo, {0, 1}.
20
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
Denição 2.1.2 Uma sequência (xn ) diz-se limitada superiormente (inferiormente) quando
existe um k ∈ R tal que xn ≤ c (respectivamente xn ≥ c) para todo n ∈ N.
Denição 2.1.3 Uma sequência é dita limitada quando ela é limitada superiormente e in-
feriormente, ou seja, se existe um k > 0 real, tal que
−k ≤ xn ≤ k, ∀n ∈ N
ou, equivalentemente, se | xn |≤ k, ∀n ∈ N.
⇒ ∃c1 ∈ R; xn ≤ c1 , ∀n ∈ N
e também
⇒ ∃c2 ∈ R; c2 ≤ xn , ∀n ∈ N
Note que,
c2 ≤ xn ≤ c1 , ∀n ∈ N
Agora considerando k = max{| c1 |, | c2 |}, obtemos
−k ≤ xn ≤ k, ∀n ∈ N
E sendo a = 2 e r = −1, então xn = a + (n − 1)r, então (xn ) = (2, 1, 0, −1, ...). Logo
(xn ) é decrescente e limitada superiormente pelo seu primeiro termo x1 = 2.
21
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
(2.4.2) Dizemos que (yk )k∈N é uma subsequência de (xn )n∈N se existe uma sequencia (nk )k∈N0 ⊂N
estritamente crescente tal que yk = xnk para todo k ∈ N, ou seja, todos os termos da sub-
sequência (ynk ) pertencer a sequência (xn ).
Notação: Escreve-se x0 = (xn )n∈N0 ou (xn1 , xn2 , xn3 , ..., xnk , ...) ou (xnk )k∈N para indicar a
subsequência
x0 = x|N0
Exemplo 2.1.6
x:N → R
0, se n impar
n 7→
1, se n par.
0, se n=1 ;
Se N = {1} ∪ {2p; p ∈ N}, então x = x|N0 =
0 0
, determina a subsequência de
1, se n é par
x dada por (0, 1, 1, 1, ...)
Se N0 = {2p + 1; p ∈ N}, temos a seguinte subsequência de x: (0, 0, 0, 0, ...).
Se N0 = {2p; p ∈ N}, temos a seguinte subsequência de x : (1, 1, 1, 1, ...).
Exemplo 2.1.7 - Seja (xn )n∈N a Progressão Aritmética de termo inicial a e razão r. A
Progressão Aritmética (xnk )k∈N de termo inicial a e razão 2r é uma subsequência de (xn )n∈N .
De fato, pela Denição 2.1.4, devem os exibir um subconjunto de N, N0 = {n1 < n2 < n3 <
... < nk<... } tal que (xnk )k∈N seja uma restrição de (xn )n∈N a um conjunto N0 ⊂ N, em outras
palavras,
(xnk )k∈N = (xn )n∈N| 0
N
xn1 = a
22
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
xn2 = a + r0 = a + 2r
xn3 = a + 2r0 = a + 4r
.
.
.
xnk = a + (k − 1)r0 = a + (2k − 2)r = a + ((2k − 1) − 1)r
Assim, fazendo nk = 2k − 1, podemos denir
N0 = {2k − 1; k ∈ N}
Note que se k1 , k2 ∈ N são tais que k1 < k2 então 2k1 < 2k2 e ainda 2k1 − 1 < 2k2 − 1, ou
seja N0 é um subconjunto innito de N tal que
Denição 2.1.5 Diz-se que o número real a é limite da sequência (xn )n∈N quando, para todo
número real > 0 dado arbitrariamente, pode-se obter um índice n0 ∈ N tal que os termos
xn com índice n > n0 cumprem a condição | xn − a |< .
23
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
1
Exemplo 2.1.9 - Considere a sequência xn = , para todo n ∈ N. Mostraremos que
n
x n → a.
1
Com efeito, note que dado > 0, tomemos N ∈ N tal que N > . Logo,
1
0< <
N
1 1
Mas, se n ∈ N, então xn = ≤ = xN sempre que n ≥ N .
n N
Assim, obtemos que dado > 0, existe n0 = N ∈ N, tal que se
1 1 1 1
n > N, | xn − 0 |=| − 0 |=| |= < <
n n n N
ou seja, xn → 0.
O que prova o armado.
Teorema 2.1.1 (Unicidade do Limite) Uma sequência não pode convergir para dois li-
mites distintos
Demonstração
Suponhamos que lim xn = a e lim xn = b. Desejamos concluir que a = b. Então, suponhamos
|a−b|
por absurdo que a 6= b. Seja então = > 0. Como lim xn = a, segue da denição de
2
limite que existe n1 ∈ N tal que n > n1 ⇒| xn − a |< . Também, por denição e pelo fato
de que o lim xn = b, segue que existe n2 ∈ N tal que n > n2 ⇒| xn − a |< .
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Então, para n > n0 , temos que ,
24
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
Teorema 2.1.2 Se lim xn = a, então toda subsequência de (xn ), converge para o limite a.
Demonstração: Seja (xn1 , xn2 , ..., xnk , ...) uma subsequência de (xn ). Dado qualquer inter-
valo aberto I de centro a, existe n0 ∈ N tal que todos os termos xn , n > n0 , pertencem a I .
Em particular, todos os termos de xnk , nk > n0 , também pertencem a I .
Logo, lim xnk = a
Em outras palavras, esse Corolário que dizer que se uma sequência (xn ) converge
para a, então desprezando-se uma quantidade nita de termos dessa sequência, ela ainda
convergira para o mesmo limite a.
Demonstração:
Pelo Teorema 2.1.2, basta mostrar que (xn+p ) é uma subsequência de (xn ).
De fato, xado p ∈ N, denamos
25
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
Demonstração:
Temos por hipótese, que dado > 0, existe n1 ∈ N tal que n > n1 implica | xn+p − a |< .
Tomando n0 = n1 + p, temos que
n > n0 ⇔ n > n1 + p ⇔ n = k + p,
para k > n1 .
Agora note que, para n > n0 ,
| xn − a |=| xn+p − a |,
com k > n1 .
Daí, obtemos que, para o dado, n > n0 implica | xn − a |=| xn+p − a |< , pois k > n1 .
Portanto, lim xn = a.
1000
Exemplo 2.1.11 - Seja (xn ) = (b c)n∈N , sendo (bxc) a função parte inteira de x, ou
n
seja bxc = m, se m ∈ Z e m ≤ x ≤ m + 1.
Note que (xn ) não é uma sequência constante. No entanto, se considerarmos p = 1000, a
1000
sequência (xn+p ) é constante e nula, pois para p = 1000, obtemos que 0 < < 1 e
n+p
consequentemente, j 1000 k
xn+p = = 0, ∀n ∈ N
n+p
Observação 2.1.2 .
(1) A recíproca do Teorema 2.1.3 não é verdadeira, ou seja, se uma sequência é limitada,
nem sempre essa mesma será convergente.
Veja o exemplo 10.
(2) É comum usar a contra positiva do Teorema 2.1.3 para provar que uma sequência
diverge. Ou seja, basta mostrar que uma sequência não é limitada para concluir que
ela diverge.
26
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
Denição 2.1.6 Uma sequência (xn ) chama-se monótona se tem xn ≤ xn+1 , para todo
n ∈ N ou xn+1 ≤ xn para todo n ∈ N.
No primeiro caso, diz-se que (xn ) é monótona não decrescente e no segundo caso, dizemos
que (xn ) é monótona não crescente.
Se tivermos, xn < xn+1 (respectivamente xn+1 < xn ), diremos que (xn ) é crescente (respecti-
vamente decrescente).
Observação 2.1.3 .
(1) Toda sequência não decrescente (respectivamente não crescente) é limitada inferior-
mente (respectivamente superiormente) pelo seu primeiro termo.
−c ≤ xn ≤ +c, ∀n ∈ N
a ≤ xn0 < a +
27
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência
Demonstração:
Am de usar o resultado do Teorema 2.1.4, basta mostrar que toda sequência (xn )n∈N possui
uma subsequência monótona.
Seja D = {n ∈ N; xn > xm , ∀m > n} ⊂ N
Existem duas possibilidades. D é nito ou D é innito. Suponhamos inicialmente que D é
innito e escrevamos D = {n1 , n2 , n3 , ...} com n1 < n2 < n3 < ...
Assim, se i < j , então ni < nj e como ni ∈ D, obtemos xni > xnj .
Uma vez que (xn )n∈N é limitada, por hipótese, segue que (xnk )k∈N também é, e sendo monó-
tona, resulta do Teorema 2.1.4 que (xnk )k∈N é convergente.
E para esse caso, o Corolário está provado.
Prosseguindo assim, obtemos uma subsequência (xnk )k∈N não decrescente, ou seja, monótona
da sequência limitada (xn )n∈N que também é limitada.
28
2 Sequências de Números Reais 2.2 Limites e desigualdades
1 1
> 0 e por outro lado, n ≥ 1 implica que ≤ 1.
n n
Daí vem que
0 ≤ xn ≤ 1, ∀n ∈ N
inf X = 0 + =
1
Agora consideremos n0 ∈ N tal que n0 > , pois dessa forma,
1
0 < xn0 = < = inf X
n0
o que contraria a denição de ínmo.
Portanto, 0 = inf X .
Pelo Teorema 2.1.4, vem que (xn )n∈N é convergente. Da demosntração do Teorema 2.1.4,
segue que lim xn = 0
Demonstração:
Provemos inicialmente que sendo a = lim xn . Se b < a, para todo n sucientemente grande,
tem-se b < xn .
Com efeito, sendo b < a, tomemos = a − b. Disso segue que > 0 e b = a − .
Da denição de limite vem que existe n0 ∈ N tal que
⇒ b < xn , para todo n sucientemente grande. Assim, concluímos a primeira parte da de-
monstração.
29
2 Sequências de Números Reais 2.2 Limites e desigualdades
Agora mostremos que se a < b então xn < b para todo n sucientemente grande.
Sendo a < b, tomemos = b − a. Daí vem que > 0 e b = a +
Segue novamente da denição de limite que existe n0 ∈ N tal que
Corolário 2.2.1 Seja a = lim xn . Se a > 0 então para todo n sucientemente grande,
tem-se xn > 0. Analogamente, se a < 0 então xn < 0 para todo n sucientemente grande.
Demonstração:
Provemos inicialmente que sendo a = lim xn . Se a > 0 então para todo n sucientemente
grande, tem-se xn > 0.
Com efeito, sendo a > 0, tomemos, = a ⇒ a − = 0. Segue da denição de limite que
existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica | xn − a |< ⇔ a − < xn < a + ⇒ xn > 0.
Demonstração:
Suponhamos por absurdo que a > b. Então existe c ∈ R tal que b < c < a. Agora pelo
Teorema 2.2.1, vem que
30
2 Sequências de Números Reais 2.2 Limites e desigualdades
Para o caso particular, pense em b como sendo (yn )n∈N = b, onde (yn )n∈N é uma sequên-
cia constante.
Demonstração:
Dado > 0, existem n1 , n2 ∈ N tais que
n > n1 ⇒ a − < xn < a +
e
n > n2 ⇒ a − < yn < a +
Seja n0 = max{n1 n2 }. Então, n > n0 implica a − < xn ≤ zn ≤ yn < a + ⇔
⇔| zn − a |<
Denição 2.2.1 - Uma sequência (xn ) é dita de Cauchy se para todo > 0 existe n0 ∈ N
tal que m, n > n0 implica | xn − xm |< .
31
2 Sequências de Números Reais 2.3 Operações com limites
n ≥ n0 ⇒ xn ∈ (xn0 − 1, xn0 + 1)
Lema 2.2.2 Se uma sequência de Cauchy, (xn ), possui uma subsequência convergindo para
a ∈ R, então limxn = a.
Demonstração:
Da denição de sequência de Cauchy, temos que dado > 0 existe n0 ∈ N tal que m, n > n0
implica | xm − xn |< .
2
Agora consideremos a subsequência (xnk )k∈N convergindo para a, ou seja, existe m0 ∈ N tal
que nk > m0 implica | xnk − a |< .
2
Pela Tricotomia 1.1 temos que m0 = n0 ou m0 < n0 ou m0 > n0 e em qualquer dessas
situações existe l ∈ N tal que
nl > n0 ⇒| xnl − a |<
2
Portanto, n > n0 implica
| xn − a |=| xn − xnl + xnl − a |≤| xn − xnl | + | xnl − a |< + = ,
2 2
Isto prova que lim xn = a.
32
2 Sequências de Números Reais 2.3 Operações com limites
Demonstração:
Segue da hipótese de (yn ) que é limitada que existe c > 0 tal que | yn |≤ c para todo n ∈ N.
Já do fato que lim xn = 0 vem que, dado > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica | xn |< 0 .
Agora dado > 0, devemos mostrar que existe um m0 ∈ N tal que n > m0 implica | xn .yn |< .
Antes disso, note que
| xn .yn |=| xn | . | yn |≤ c. | xn |
Am que | xn yn |< é suciente termos | xn |<
c
Então, fazendo 0 = , temos que existe m0 ∈ N tal que
c
| xn .yn |=| xn || yn |≤ c | xn |< c =
c
Isto prova que lim(xn .yn ) = 0
Com efeito, seja lim xn = a, isto é equivalente a dizer que, dado > 0 existe n0 ∈ N tal que
n > n0 implica | xn − a |< .
Note que se zermos yn = xn − a, segue que dado > 0, existe m0 ∈ N tal que n > m0
implica | yn − 0 |=| yn |< , mas isto equivale a dizer que, lim yn − lim(xn − a) = 0.
E ainda, fazendo (tn ) =| xn − a | segue da denição de limite que dado > 0 existe g0 ∈ N
tal que n > g0 implica | tn − 0 |=| tn |=|| xn − a ||=| xn − a |< , mas isto equivale a dizer
que lim xn = a.
Assim concluímos o desejado.
33
2 Sequências de Números Reais 2.3 Operações com limites
xn a
3. lim = se, b 6= 0.
yn b
Demonstração:
1. Provemos primeiro que lim(xn − yn ) = a − b
Segue por hipótese que, dado > 0 existem n1 , n2 ∈ N tais que n > n1 implica | xn − a |<
2
e n > n2 | yn − a |< . Agora seja n0 = max{n1 , n2 }, assim, se n > n0 , segue que n > n1 e
2
n > n2 , logo,
| (xn − yn ) − (a − b) |=| (xn − a) + [−(yn − b)] |≤| xn − a | + | yn − b |< + =
2 2
ou seja, lim(xn − yn ) = a − b.
De modo análogo se mostra que lim(xn + yn ) = a + b.
Agora lembre-se do Teorema 2.1.3, que toda sequência convergente é limitada, e por outro
lado, da observação 2.3.1, vem que lim(xn − a) = 0 e lim(yn − b) = 0.
xn a
3. Provemos que lim = , se b 6= 0.
yn b
xn a xn b − ayn 1
Note que − = = (xn b − ayn )
yn b yn b yn b
34
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos
1
Am de usarmos o Teorema 2.3.1, mostraremos que a sequência é limitada. Com efeito,
yn b
b2
se 0 < c < , temos que 0 < c < b2 . Como lim yn b = b2 , temos pelo Teorema 2.2.1 que para
2
1 1
n sucientemente grande 0 < c < byn implica 0 < < .
byn c
Isto prova o que queríamos. Portanto, pelo Teorema 2.3.1, temos
xn a 1
lim( − ) = lim(xn b − ayn )( )
yn b yn b
xn a
assim, pela observação 2.3.1, vem que lim = .
yn b
xn+1
Exemplo 2.3.1 - Se xn > 0 para todo n ∈ N e lim = a < 1, então lim xn = 0.
xn
Com efeito, como xn > 0 e a ∈ R tal que a < 1, existe c ∈ R tal que
0<a<c<1
Pelo Teorema 2.2.1, que será demonstrado no capítulo seguinte, temo que para n suciente-
mente grande,
xn+1
0< <c<1
xn
Multiplicando ambos os membros da desigualdade por xn obtemos
0 < xn+1 < xn .c < xn ⇒ xn+1 < xn
Assim, (xn ) é uma sequência decrescente para n sucientemente grande, e por razão disso, li-
mitada superiormente por algum xn e inferiormente por zero. Logo xn é monótona e limitada,
e pelo Teorema 2.1.4, existe b ∈ R tal que b = lim xn .
Note agora que, para n sucientemente grande, temos
xn+1 < xn
Mas observe que como xn > 0 para todo n ∈ N, segue que b ≥ 0, e como c < 1, isto implica
que 1 − c > 0, segue que
0 ≤ b(1 − c) ⇒ 0 ≤ b(1 − c) ≤ 0 ⇒
⇒b=0
Donde concluímos o desejado.
35
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos
(i) O limite de xn é mais innito e escrevemos lim xn = +∞, quando, dado arbitraria-
mente A > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A.
(ii) O limite de xn é menos innito e escreve-se lim xn = −∞, quando, dado arbitrariamente
A > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn < −A.
Observação 2.4.1 .
1. Note que +∞ e −∞ não são números e que se lim xn = +∞ e lim yn = −∞, as
sequências (xn ) e (yn ) não são convergentes.
2. Segue direto da denição que lim xn = +∞ ⇔ lim xn = −∞. Isto permite-nos estudar
somente o primeiro caso.
3. Ainda vem da deniçã que se lim xn = +∞, então a sequência (xn ) não é limitada
superiormente.
No entanto a recíproca não é verdadeira.
Mostraremos que a sequência (xn ) cujo termo geral é xn = n + (−1)n n é ilimitada superior-
mente, porém não se tem lim xn = +∞.
Demonstração:
Primeiro mostraremos que (xn ) é ilimitada superiormente. Suponhamos por absurdo que
(xn ) é limitada superiormente, ou seja, existe c > 0 tal que xn ≤ c para todo n ∈ N, ou
ainda, n + (−1)n n ≤ c para todo n ∈ N.
Consideramos m ∈ N par, tal que c < m. Daí vem que
Provemos agora que não se tem lim xn = +∞. Com efeito, suponhamos por absurdo que
lim xn = +∞, ou seja, para todo A > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A.
Tomemos A = 1, então existe n00 ∈ N tal que n > n00 implica xn > 1. No entanto, se
escolhermos k > n00 , impar, temos que
xk = k + (−1)k k = k − k = 0 < 1,
36
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos
Exemplo 2.4.1 - Se a > 1 e (xn ) é uma sequência tal que o termo geral xn = an , então
lim xn = +∞.
Demonstração:
Com efeito, como a > 1, multiplicando ambos os membros da desigualdade por an temos que
an < an+1 . Daí segue que (xn ) é crescente.
Note que x1 = a ≤ an = xn para todo n ∈ N, ou seja, (xn ) é limitada inferiormente. Por
outro lado, como a > 1, temos que a = 1 + d para algum d > 0. Pela Desigualdade de
Bernoulli 1.3.2, para todo n > 1 em N, vale an ≥ 1 + nd.
Portanto, dado qualquer c > 0, obtemos m ∈ N tal que am > c, basta que 1 + md > c ⇔
c−1
md > c − 1 ⇔ m > .
d
Como (xn ) é crescente, fazendo n0 = m, obtemos que n > n0 implica xn > xm > c, donde
concluímos que limn = +∞.
Teorema 2.4.1 .
1. Se lim xn = +∞ e (yn ) é limitada inferiormente, então lim(xn + yn ) = +∞.
2. Se lim xn = +∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n ∈ N, então lim(xn yn ) = +∞.
xn
3. Se xn > c > 0, yn > 0 para todo n ∈ N e lim yn = 0 então lim = +∞.
yn
xn
4. Se (xn ) é limitada e lim yn = +∞, então lim = 0.
yn
1
5. Seja xn > 0 para todo n ∈ N. Então lim xn = 0 ⇔ lim = +∞.
xn
Demonstrações:
1. Uma vez que (yn ) é limitada inferiormente, existe c ∈ R tal que yn ≥ c, para todo
n ∈ N. E temos que dado arbitrariamente A0 > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
xn > A0 .
Note agora que, para qualquer A > 0, se:
37
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos
c c
3. Dado A > 0 arbitrário, temos uma vez que c > 0, que > 0. Tomando = , segue
A A
c
do fato que lim yn = 0 que existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica yn < = então
A
1 A xn A
> . Então, para este n0 ∈ N, temos que n > n0 implica > c = A. E por
yn c yn c
conseguinte
xn
lim = +∞
yn
4. Como (xn ) é limitada, exite c > 0, tal que | xn |≤ c, para todo n ∈ N.
Dado > 0, temos, uma vez que c > 0, que > 0. Do fato que lim yn = +∞, obtemos
c
c c 1
que para A = > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica yn > > 0 implica < .
yn c
Daí, para este n0 ∈ N, temos que,
xn | xn |
n > n0 ⇒| |= < c = ,
yn | yn | c
isto prova que
xn
lim =0
yn
38
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos
1
5. (⇒) Supondo xn > 0 para todo n ∈ N e lim xn = 0, segue que dado = > 0 existe
A
n0 ∈ N tal que
1 1
n > n0 ⇒| xn − 0 |= xn < = ⇔ > A,
A xn
1
ou seja, lim = +∞.
xn
1 1 1
(⇐) Supondo > 0 e lim = +∞, segue que dado A = > 0 existe n0 ∈ N tal que
xn xn
1 1
n > nn ⇒ > A = ⇔ xn <
xn
ou seja, lim xn = 0
Assim concluímos a demonstração do Teorema.
39
Capı́tulo 3
Resolução dos Exercícios
Com efeito. Seja (xn ) uma sequência periódica convergente de período p. Devemos
provar que existe c ∈ R, tal que (xn ) = c para todo n ∈ N, ou seja, (xn ) é constante.
Lembre que, do Teorema 2.1.2, se uma sequência é convergente, então, todas as suas
subsequências convergem para o seu mesmo limite. Note que pela periodicidade da
sequencia (xn ), temos,
40
3 Resolução dos Exercícios 3.1 Limite de uma sequência
.
.
xp−1 = x(p−1)+p = x(p−1)+2p = x(p−1)+3p = ... = x(p−1)+(k−1)p ...
xp = xp+p = xp+2p = xp+3p = ... = xp+(k−1)p ...,
com k ∈ N. Daí, obtemos as seguintes subsequências constantes de (xn ),
Para garantir que todos os elementos de (xn ) estão na forma dessas subsequências, seja
n ∈ N, qualquer, temos pelo algoritmo da divisão que, existe q ∈ Z, tal que, n = qp + r,
onde 0 ≤ r < p.
Então xn = xqp+r ∈ (xr+(k−1)p ), ou seja, qualquer elemento da sequência (xn ) pertence
a alguma dessas subsequências, donde concluímos que xn = c, para todo n ∈ N, ou
ainda, (xn ) é constante.
Com efeito, temos que dado > 0 qualquer, existem n1 , n2 ∈ N tais que
Se n = 2n2 , então
n > n0 ⇒| zn − a |<
41
3 Resolução dos Exercícios 3.1 Limite de uma sequência
|| xn | − | a ||≤| xn − a |≤
daí segue que dado > 0 existe n ∈ N tal que n > n0 implica || xn | − | a ||≤ , ou
seja,
lim | xn |=| a | .
4. Se uma sequência monótona tem uma subsequência convergente, prove que a sequência
é, ela própria, convergente.
Seja (xn ) sem perda de generalidade, uma sequência não decrescente. Sendo (xnk ) uma
sua subsequência convergente, segue pelo Teorema 2.1.3 que (xnk ) é limitada, ou seja
∃k ∈ N; | xnk |≤ k, ∀n ∈ N.
Note que como (xn ) é não decrescente, existe nk0 ∈ N tal que
xn ≤ k
ou seja, (xn ) é limitada inferiormente por x1 e superiormente por k . Desta forma, (xn )
é monótona limitada, e por esse motivo, convergente.
Com efeito, note que o conjunto A = {1, 2, 3} é conjunto dos valores de aderência
42
3 Resolução dos Exercícios 3.1 Limite de uma sequência
(x1+(k−1)p ) −→ 1
(x2+(k−1)p ) −→ 2
(x3+(k−1)p ) −→ 3
com k ∈ N.
(y2+(k−1)p ) −→ 1,
com k ∈ N.
(⇒) Sendo a valor de aderência da sequência (xn ), segue que a é limite de alguma
subsequência de (xn ), digamos (xnk )nk∈N , assim, dado > 0 e k ∈ N qualquer, existem
nk índices da sequência (xnk ) tais que nk > k implica | xnk − a |< , mas observe que
xnk ∈ (xn ), então para nk > k existem innitos índices n tais que | xn − a |< .
(⇐) Se dado > 0 e k ∈ N qualquer, existe n > k tal que | xn − a |< , então a é valor
de aderência de (xn ). Note que se dado > 0 e k ∈ N qualquer, existe n > k tal que
| xn − a |< ; isto signica que uma innidade de termos de (xn ), com índices maiores
que k , distam menos que de a, ou seja, a = lim xnk , onde (xnk ) é uma subsequência
de (xn ).
7. Am de que o número real b não seja valor de aderência da sequência (xn ) é necessário
e suciente que existam n0 ∈ N e > 0 tais que n > n0 implica | xn − a |≥ .
43
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades
(⇒) Note que b não sendo valor de aderência de xn , segue que existem n1 ∈ N e > 0
tais que n > n1 implica | xn − b |≥ . isto signica que uma innidade de termos da
sequência (xn ) distam mais que de xn .
Suponhamos por absurdo que existe uma subsequência (xnk ) de (xn ) tal que
lim xnk = b
ou seja,
∀ > 0∃n0 ∈ N; n2 > n0 ⇒| xnk − b |<
Perceba que (xnk ) tem uma innidade de termos, logo, em algum momento temos que
xnk = xn
sendo n0 = max{n1 , n2 } segue que dado > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
| xn − b |< , contrariando assim a hipótese. Portanto b não é limite de nenhuma
subsequência de (xn ).
Observe que por hipótese temos que lim xn = a e lim yn = b, ou seja, dado > 0
existe n0 ∈ N tal que n1 , n2 > n0 implica,
e
n2 > n0 ⇒| yn − b |< (ii)
Provemos agora que lim | xn − yn |=| a − b |. Com efeito, precisamos mostrar que dado
> 0 qualquer existe n0 ∈ N tal que n3 > n0 implica
|| xn − yn | − | a − b ||<
44
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades
Logo,
| xn − yn |≥ 0 ⇒ αn ≥ 0 .
2. Sejam lim xn = a e lim yn = b. Se a < b, prove que existe n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒
xn < yn .
b−a
Perceba que dado = > o, tal que a + = b − , existem n1 , n2 ∈ N tais que
2
n > n1 ⇒ a − < xn < a +
e
n > n2 ⇒ b − < yn < b +
Assim, sendo n0 = max{n1 , n2 }, segue que dado
3. Se o número real a não é o limite da sequência limitada (xn ), prove que alguma sub-
sequência de (xn ) converge para um limite b 6= a.
Como a não é limite da sequência limitada (xn ), segue que existem innitos índices
n tais que
xn ∈
/ ( − a, + a) (∗)
Logo, por Bozano-Weierstrass, (xn ) possui uma subsequência convergente, e por (∗),
segue que essa subsequência converge para um limite b 6= a.
45
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades
4. Prove que uma sequência limitada converge se, e somente se, possui um único valor de
aderência.
(⇒) Seja (xn ) uma sequência limitada e convergente, então (xn ) possui um único valor
de aderência.
Supondo por absurdo que (xn ) possui dois valores de aderência, digamos a 6= b, pela
Tricotomia 1.1, a > b ou b > a. E, pelo Teorema 2.1.1, a > b e b > a não pode
acontecer, pois se viesse a acontecer, (xn ) não seria convergente. Portanto, segue que,
a = b. Sendo assim, (xn ) possui um único valor de aderência.
(⇐) Se (xn ) possui um único valor de aderência, então (xn ) é limitada e convergente.
Supondo por absurdo que (xn ) não converge, segue que (xn ) possui mais de um valor
de aderência, o que é um absurdo, pois (xn ) possui um único. Logo, (xn ) é convergente,
e por conseguinte, limitada.
5. Quais são os valores de aderência da sequência (xn ) tal que x2n−1 = n e x2n = 1/n?
Esta sequência converge?
Observe que para a ser um valor de aderência da sequência (xn ) é necessário e suciente
que lim xnt = a, ou seja, (xn ) possui alguma subsequência convergente.
Como temos duas subsequências de (xn ), com (x2n−1 ) = n e x2n = 1/n, analisaremos
cada uma.
Com efeito. x2n−1 = n é ilimitada e estritamente crescente, portanto não possui nenhum
valor de aderência. Mas x2n = 1/n é uma sequencia monótona decrescente e limitada
que converge para zero. Logo, zero é valor de aderência de (xn ).
Note que (xn ) é ilimitada e possui um único valor de aderência igual a zero. Assim
concluímos que (xn ) é não convergente mas possui um valor de aderência.
√
6. Dados a, b ∈ R+ , dena indutivamente as sequências (xn ) e (yn ) pondo x1 = ab,
√
y1 = (a + b)/2 e xn+1 = xn yn , yn+1 = (xn + yn )/2. Prove que (xn ) e (yn ) convergem
para o mesmo limite.
√ (xn + yn )
xn+1 = x n yn ≤ = yn+1 ⇒ xn+1 ≤ yn+1
2
p
⇒ (xn+1 )2 ≤ (yn+1 )(xn+1 ) ⇒ xn+1 ≤ (yn+1 )(xn+1 ) ⇒ xn+1 ≤ xn+2
46
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades
(xn+1 +yn+1 )
xn+1 ≤ yn+1 ⇒ xn+1 + yn+1 ≤ 2yn+1 ⇒ 2
≤ yn+1 ⇒ yn+2 ≤ yn+1 .
Logo, (yn ) é decrescente. Note que,
Pelo Teorema 2.1.4, segue que (xn ) e (yn ) são sequências convergente. Sendo lim xn = x,
lim yn = y e note que,
(xn + yn )
yn+1 =
2
Logo,
1 x+y
lim yn+1 = lim(xn + yn ) ⇒ y = ⇒y=x
2 2
.
Assim, lim xn = lim yn .
Portanto, concluímos o desejado.
7. Diz-se que (xn ) é uma sequência de Cauchy quando, para todo > 0, existe n0 ∈ N tal
que m, n > n0 ⇒| xm − xn |< .
(a) Prove que toda sequência de Cauchy é limitada.
Note que, dado > 0 existe n0 ∈ N tal que m, n > n0 ⇒| xm − xn |< , ou seja,
n > n0 ⇒ xn ∈ (xn0 − , xn0 + ). Agora seja X = {x1 , x2 , x3 , ..., xn0 − , xn0 + } e
sendo a = maxX e b = minX , então
b ≤ xn ≤ a, ∀n ∈ N
47
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites
√ √
Antes provemos que lim n = 1. Note que se (xn ) = ( n n)n∈N , tem-se que xn ≥ 1
n
para todo n ∈ N. É importante perceber que (xn ) é decrescente a partir do seu terceiro
termo, uma vez que
1 1 1 1
√ √
n
n> n+1
n + 1 ⇔ n n > (n + 1) n + 1 ⇔ (n n ) > ((n + 1) n + 1 )n ⇔
n
n n
⇔ n > (n + 1) n + 1 ⇔ (n)n+1
> ((n + 1) n + 1 )n+1 ⇔ nn+1 > (n + 1)n
nn n (n + 1)n n+1 n
⇔ > ⇔ n > ( ) ⇔ n > (1 + 1/n)n
nn nn n
48
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites
Logo, P (n) para todo n > 3. Assim, (xn ) é monótona limitada, e pelo Teorema 2.1.4,
tem-se que lim xn = L. observe que xn ≥ 1 e a partir de x3 é monótona decrescente,
logo tem-se que
L≥1
√
Agora considere a subsequência ( 2n 2n) temos:
1
L = lim[(2n) 2n ]2 = lim 21/n . lim n1/n
2
√ √
Note que lim n1/n = L e agora resta-nos saber quanto vale lim n
2. Observe que ( n 2)n∈N
é monótona decrescente, uma vez que,
√
n
√
n+1
2> 2
√
e ainda é limitada inferiormente, uma vez que n
2 > 1 para todo n ∈ N e limitada
√
superiormente pelo seu primeiro termo, assim, ( 2) é monótona limitada. Logo existe
n
1
√
lim n 2 = F e tem-se que F ≥ 1. Consideremos a subsequência (2 n(n + 1) ). Observe
que 1/n(n + 1) = 1/n − 1(n + 1). Pelo Teorema 2.1.2 e pelo item 3 do Teorema 2.3.2,
segue que
1 1 1
− 21/n
F = lim 2 n(n + 1) = lim 2 n n + 1 = lim 1/(n+1) = F/F = 1
2
Logo, F = 1. Agora podemos dar continuidade e concluir que,
L2 = 1.L
√
como L 6= 0, então L = 1. Com isso temos que lim n n = 1. Resta-nos encontrar o
√
resultado de lim n+p n. Relembre o Teorema 2.2.2 (Teorema do Sanduíche). Observe
√ √ √
que lim n n = lim 1 = 1, e que 1 ≤ n+p n ≤ n n. Logo pelo Teorema 2.2.2, seque que
√
n+p
lim n=1
49
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites
50
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites
é crescente para n = k , ou seja, xk < xk+1 . Devemos mostrar que essa desigualdade
é válida para k + 1. Ora, por hipótese de indução temos que xk < xk+1 . Adicionando
a em ambos os lados dessa desigualdade e extraindo a raiz quadrada logo em seguida,
obtemos que,
r s r
√ √
q q
xk+1 = a + a + ... + a < a + a + ... + a + a = x(k+1)+1
Assim, (xn ) é monótona crescente para todo n ∈ N. Note que (xn ) é limitada inferior-
mente por zero e qualquer número negativo. Devemos mostrar que existe k ∈ R∗+ − {1}
tal que xn < k para todo n. Faremos isso por indução sobre n. Para n = 1, temos para
k conveniente, segue
√
x1 = a<k
Agora supondo a desigualdade válida para n = t, devemos mostrar que a mesma tam-
bém é válida para t + 1. Note que
√ √
xt < k < k 2 ⇒ xt + a < k 2 + a ⇒ xt+1 = xt + a < k2 + a
lim(xn+1 )2 = lim(a + xn ) ⇒ L2 = a + L ⇒ L2 − L − a = 0
5. Dado a > 0, dena indutivamente a sequência (xn ) pondo x1 = 1/a e xn+1 = 1/(a+xn ).
Considere o número c, raiz positiva da equação x2 + ax − 1 = 0, único numero positivo
tal que c = 1/(a + c). Prove que
x2 < x4 < ... < c < ... < x2n−1 < ... < x3 < x1 ,
51
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites
e que lim xn = c. O número c pode ser considerado como a soma da fração contínua
1
1
a+
1
a+
1
a+
a + ...
1 1
Com efeito, note que xn+2 = e xn+1 = , isto implica
a + xn+1 a + xn
1 1 a + xn
xn+2 = = 2 = 2
a + xn+1 a + axn + 1 a + axn + 1
a + xn
desta forma
a + x1
x3 = x1+2 =
a2 + ax1 + 1
1 1
Note que c = < x1 = , onde c > 0.
a+c a
Como c > x1 , segue que
1 1
c= > = x2
a+c a + x1
1
por transitividade temos x1 > x2 = . Logo, x21 + ax > 1.
a + x1
Como a > 0, segue que podemos multiplicar ambos os lados da desigualdade por a, e
adicionar x1 em ambos os lados da desigualdade, desta forma,
52
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites
Seguindo de modo análogo, percebe-se que a sequência formada pelos índices ímpares é
decrescente e limitada superiormente pelo sei primeiro termo e que a sequência formada
pelos índices pares e crescente e limitada inferiormente pelo seu primeiro termo. Logo
as subsequências x2n e x2n−1 são convergente.
Digamos que lim x2n = L1 e lim x2n−1 = L2 . Observe agora que,
a + xn
xn+2 = , ∀n ∈ N
a2 + axn + 1
Logo,
a + x2n−1
x(2n−1)+2 =
a2 + ax2n−1 + 1
e
a + x2n
x2n+2 =
a2 + ax2n + 1
Aplicando as igualdades na situação limite, obtemos o seguinte,
a + x2n−1
lim x(2n−1)+2 = lim
a2 + ax2n−1 + 1
e
a + x2n
lim x2n+2 =
a2 + ax2n + 1
então, a2 L2 + aL22 + L2 − a − L2 = 0 e a2 L1 + aL21 + L1 − a − L1 = 0, então,
L22 + aL2 − 1 = 0
e
L21 + aL1 − 1 = 0
Na questão anterior tínhamos que (xn ) era uma sequência denida por x1 = 1/a e
xn+1 = 1/(a + xn ). Agora temos (yn ) denida como y1 = a e yn+1 = a + 1/yn , e
53
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos
que pelo Teorema 2.3.2 e pela questão anterior, vem que lim yn+1 = a+c. Pelo Corolário
2.1.1, segue que lim yn = a + c.
Assim, resta-nos mostrar que xn = 1/yn . Faremos isso por indução sobre n. Note
que para n = 1 temos que x1 = 1/a = 1/a = 1/y1 é verdade. Supondo a armação
verdadeira para n = k , temos que mostrar que essa armação também é verdadeira
para k + 1.
Observe que,
1 1 yk
xk+1 = = = (i)
a + xk a + 1/yk ayk + 1
e
1 ayk + 1 1 yk
yk+1 = a + = ⇒ = (ii)
yk yk yk+1 ayk + 1
1
De (i) (ii) segue que xk+1 = .
yk+1
Assim concluímos o desejado.
54
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos
√
Sendo (xn ) = ( n!) uma sequência, precisamos mostrar que dado A > 0 arbitrá-
n
√
rio, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A, ou seja, n! > A.
n
An An
Note que dado A > 0 arbitrário, temos que lim = 0. Com efeito, sendo yn = ,
n! n!
segue que
An+1
yn+1 (n+1)! An+1 n! A yn+1
lim = lim An
= lim n
= lim = 0 ⇒ lim = 0 < 1.
yn n!
(n + 1) A n+1 yn
An
E, pelo exemplo 2.3.1, concluímos que lim yn = lim = 0. E como n! > 0 e An > 0
n!
para todo n ∈ N. Daí, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica n! > An para A > 0 xo.
Assim,
√
n
n > n0 ⇒ n! > A
√
Logo lim n! = +∞.
n
√
2. Se lim xn = +∞ e a ∈ R, prove que limn→∞ [ log(xn + a) − log xn ] = 0.
p
√ √
√ √ a−b a− b
Note que a− b= √ √ .√ √ . Portanto,
a+ b a− b
p √
p p log(xn + a) − log xn log(xn + a) − log xn
lim [ log(xn + a)− log xn ] = lim p √ .p √ =
n→∞ log(xn + a) + log xn log(xn + a) − log xn
xn + a
xn lim log(1 + a/xn )
= lim log p √ .1 = p √
log(xn + a) − log xn lim log(xn + a) − log xn
Observe que lim xn = +∞, ou seja, xn é innitamente grande para n grande, e por esse
motivo, lim log(1 + a/xn ) = log(1 + 0) = log 1 = 0 para a xo.
√
E isto nos permite armar que lim log log(xn + a) − log xn = 0.
p
n!
3. Dados k ∈ N e a > 0, determine o limite limn→∞ . Supondo a > 0 e a 6= e calcule
nk .an
n k n
a .n! n .a .n!
limn→∞ n
e limn→∞ .
n nn
55
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos
nk .an
(i) Considere a sequência tn = > 0 para todo n, k ∈ N, temos lim tn = 0, pois
n!
tn+1
lim = 0 < 1, observe,
tn
(n + 1)k .an+1
tn+1 (n + 1)! (n + 1)k .an+1 n! a 1
lim = lim k n
= lim . k n = lim .(1 + )k
tn n .a (n + 1)! n .a n+1 n
n!
a 1 tn+1
Observe que lim = 0 e lim(1 + )k = 1. Logo lim = 0 < 1. Como no
n+1 n tn
exemplo 2.3.1, segue que lim tn = 0. Agora perceba que, dado = 1/A > 0, existe
1
n0 ∈ N tal que n > n0 implica | tn − 0 |=| tn |= tn < = 1/A e isto equivale à > A,
tn
ou seja,
1
lim = +∞
tn
n!
Logo, lim k n = +∞.
n .a
nn
(ii) Agora sendo a > 0 e a 6= e, e ainda, xn = n , segue que,
a n!
an+1 (n + 1)!
xn+1 (n + 1)n+1 an a(n + 1)n!nn n n
lim = lim n = lim = lim a[ ] ,
n→∞ xn n→∞ a n! n→∞ (n + 1)n (n + 1)an n! n→∞ n+1
nn
e pelo Teorema 2.3.2, segue que
xn+1 a
lim =
xn e
Agora temos dois casos a analisar,
xn+1 an n!
• Se a < e, então lim = ae < 1, e conforme o exemplo 2.3.1, lim xn = lim n = 0.
xn n
xn+1 a
• Se a > e, então lim = > 1, então armamos que lim xn = +∞, pois sendo
xn e
yn = 1/xn , segue que
zn+1 1 1 e
lim = lim xn+1 = a = < 1
zn a
xn e
1
que, novamente conforme o exemplo 2.3.1, lim zn = lim = 0, ou seja, dado =
xn
1/A > 0, existe n0 ∈ N tal que
1 1 1
n > n0 ⇒| zn − 0 |=| − 0 |= < = ⇔ xn > A
xn xn A
ou ainda, lim xn = +∞.
Donde concluímos essa armação.
56
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos
an n! k
(iii) Agora, sendo wn = n
n = xn .nk , logo, lim wn é exatamente análogo a (ii).
n
Assim, concluímos o desejado.
1
log(n + 1) log(n + 1) − log n log(1 + )
Considere a sequência xn = −1. Logo xn = = n .
log n log n log n
Observe que lim[log n] = +∞ e log n > 0 para todo n > 1 e ainda que log(1 + 1/n) > 0
para todo n ∈ N, e lim[log(1 + 1/n)] = 0, e por conseguinte log(1 + 1/n) é limitada.
Agora pelo Teorema 2.3.2, item (3), sendo zn = log n uma sequência cujo limite é mais
innito e vn = log(1 + 1/n) uma sequência limitada, segue que
vn log(1 + 1/n)
lim xn = lim = lim =0
zn log n
Agora pela Observação 2.3.1, segue que
log(n + 1)
lim xn = 0 ⇒ lim =1
log n
Assim concluímos o desejado.
5. Sejam (xn ) uma sequência arbitrária e (yn ) uma sequência crescente com lim yn = +∞.
Supondo que lim(xn+1 − xn )/(yn+1 − xn ) = a, prove que lim xn /yn = a. Conclua que
se lim(xn+1 − xn ) = a então lim xn /n = a. Em particular, de lim log(1 + 1/n) = 0,
log n
conclua que lim = 0.
n
57
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos
p+k
X
Aplicando propriedades de somatório e dividindo a desigualdade por bα , obtemos
α=p+1
p+k
X
aα
α=p+1 x(p+1)+1 − xp+1 + ... + xp+k+1 − xp+k
(a−) < < (a+) ⇔ (a−) < < (a+) ⇔
p+k
X y(p+1)+1 − yp+1 + ... + yp+k+1 − yp+k
bα
α=p+1
xp+k+1 − xp+1
⇔ (a − ) < < (a + )
yp+k+1 − yp+1
para todo k ∈ N.
xp+k+1 xp+1
−
xp+k+1 − xp+1 yp+k+1 yp+k+1
Logo, a = limk→∞ = lim yp+1 . Como (yn ) → +∞, xp+1 , yp+1
yp+k+1 − yp+1 1−
yp+k+1
são xos, segue que
xp+k+1 xn
a = lim = lim
k→∞ yp+k+1 n→∞ yn
Agora considere (yn ), onde yn = n. Temos que yn é crescente e lim yn = +∞. Além
disso, note que
yn+1 − yn = (n + 1) − n = 1
58
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos
prove que
t1 x1 + ... + tn xn
lim = a.
t1 + ... + tn
x1 + ... + xn
Em particular, se yn = , tem-se ainda lim yn = a.
n
Da convergência de (xn ) temos que dado > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 im-
plica xn ∈ (a − , a + ), ou seja,
a − < xn < a +
ou seja,
n
X
tk xk
k=1
lim n =a
X
tk
k=1
n
X
Para esta parte, tomando wn = 1, segue que wk = n e portanto
k=1
n
X
lim wk = +∞
k=1
59
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