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Universidade Estadual do Ceará

Faculdade de Filosoa Dom Aureliano Matos


Curso de Matemática

Sequências de Números Reais

Francisco Felipe Gomes da Silva

Orientador: Prof. (Dr.) Flávio Alexandre Falcão Nascimento

Limoeiro do Norte - CE
2014
Francisco Felipe Gomes da Silva

Sequências de Números Reais

Monograa apresentada ao Curso de Matemática


da Faculdade de Filosoa Dom Aureliano Matos -
FAFIDAM/UECE, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Matemática.

Orientador: Prof.(Dr.) Flávio Alexandre Fal-


cão Nascimento

Limoeiro do Norte - CE
2014
Resumo
Abstract
Conteúdo

Resumo 2

Abstract 4

Introdução 11

1 Resultados Preliminares 13
1.1 Números Naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Números Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 Desigualdades Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 Sequências de Números Reais 19


2.1 Limites de uma sequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.1 SEQUÊNCIA MONÓTONA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2 Limites e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.1 SEQUÊNCIAS DE CAUCHY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3 Operações com limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4 Limites innitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3 Resolução dos Exercícios 40


3.1 Limite de uma sequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2 Limites e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 Operações com limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

5
3.4 Limites innitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Conclusão 60

Bibliograa 61
Introdução

Sequências de números reais é um conteúdo visto por estudantes de licenciatura em matemá-


tica ou bacharelado em matemática nas disciplinas de Cálculo Diferencial e/ou em Análise
Matemática. Em ambos os títulos, percebe-se que esse conteúdo não é considerado um
conteúdo fácil, onde o professor tem facilidade de explicar e estudantes tem facilidade de
aprender.
Com essa diculdade muitos estudantes se refugiam em materiais de apoio encon-
trados na internet, livros, artigos e outros. Nessa busca espera-se encontrar um material
íntegro, de fácil compreensão. Mas na prática, encontram-se diversas demonstrações de teo-
remas, corolários e resoluções de exercícios cheios de passagens "triviais" ou "análogas", que
na verdade não são tão triviais para um leitor leigo em Análise Matemática, o quanto são
para um leitor com vasto conhecimento a priori sobre o tema.
O Capítulo 1 desse trabalho, intitulado por Resultados Preliminares, apresentará
uma série de resultados que serão indispensáveis para o desenvolvimento desse trabalho de
conclusão de curso, mas que não estão diretamente ligados ao conteúdos de sequências. De-
nição e propriedade de módulo é um conteúdo trabalhado quando se fala de números reais,
mas, que de forma indissolúvel está ligada a denição de limite de uma sequência.
Esse capítulo tem por objetivo deixar as demonstrações de Teoremas, Corolários,
exemplos e outros mais didática, de forma ao leitor não precisar usar um outro trabalho
ou até um livro durante leitura para compreender as demonstrações aqui exibidas. Mesmo
que aqui sejam demonstrado alguns dos principais resultados utilizados nesse trabalho, é
indispensável que o leitor interessado consulte trabalhos de conclusão de curso como [eclésio,
patrícia], onde são abordados os temas de Números Naturais e Reais, respectivamente, para
uma leitura completa.

12
Capı́tulo 1
Resultados Preliminares

Nesse capítulo, mostraremos e demonstraremos alguns resultados importantes e fun-


damentais para o desenvolver desse trabalho. Ao longo dos capítulos seguintes, faremos
referências a itens aqui demonstrados, de modo a não deixar lacunas vazias em meio as
demonstrações.
Citaremos algumas propriedade dos números Naturais e Reais, que podem serem
mais aprofundadas em livros como elon no, gordo, Djairo, Ávila e entre outros como até a
monograa do Eclésio. (kkkkkkk referenciar claro)

Observação 1.0.1 Para representar conjuntos, usaremos chaves, {}, ou seja, A = {a, b, c, d..., w}.
E para representarmos os termos de uma sequência se números reais, usaremos parênteses,
(), assim (a, b, c, d, ....) representa uma sequência.

1.1 Números Naturais


O conjunto N dos números naturais é caracterizado pelos seguintes fatos.

1. Existe uma função injetiva s : N −→ N. A imagem s(n) de cada número natural n


chama-se o sucessor de n.

2. Existe um único número natural 1 ∈ N tal que 1 6= s(n) para todo n ∈ N.

3. Se um conjunto X ⊂ N é tal que 1 ∈ X e s(x) ⊂ X (isto é, se h ∈ X , então s(h) ∈ X )


então X = N.

Esses são os Axiomas de Peano.

Proposição 1.1 (Tricotomia) Dados m, n ∈ N, uma das três alternativas ocorrem, ou


m = n, ou existem p ∈ N tal que m = n + p, ou existe q ∈ N tal que n = m + q.

13
1 Resultados Preliminares 1.2 Números Reais

Demonstração:
Suponhamos que duas das armações ocorram simultaneamente, digamos m = n e
m = n + p, para algum p ∈ N. Daí segue que

m = m + p ⇒ (m + 1) = (m + p) + 1 ⇒ m + 1 = m + (p + 1) ⇒ 1 = p + 1

o que que contraria o Axioma 2 de Peano. Logo as duas armações não podem ocorrer
simultaneamente.
Digamos agora que existem p, q ∈ N tais que m = n + p e n = m + q . daí vem que,

n = (n + p) + q ⇒ n = n + (p + q) ⇒ n + 1 = n + (p + q) + 1 ⇒ 1 = (p + q) + 1

o que novamente contraria o Axioma 2 de Peano. Assim essas duas armações também não
ocorrem simultaneamente.
Digamos que existe m, n, p ∈ N tais que m = n e n = m + q . Daí vem que,

n=n+q ⇒n+1=n+q+1⇒1=q+1

o que mais uma vez contraria o Axioma 2 de Peano. Portanto essas duas armativas não
ocorrem ao mesmo tempo. Prosseguindo assim se estuda todas as possibilidades.
Portanto, vale a Tricotomia.

1.2 Números Reais


Valor Absoluto ou Módulo de um Número Real

Denição 1.2.1 Chama-se valor absoluto ou módulo de um número real x, o número real
denotado por,

 x, se x > 0;

| x |= 0, se x = 0;
−x, se x < 0.

Em outras palavras, | x |= max{x, −x}.

Observação 1.2.1 .
1. Note que a denição de módulo decorre diretamente da denição de relação de ordem
em R.

14
1 Resultados Preliminares 1.2 Números Reais

2. Podemos caracterizar | x | como o único número maior ou igual a zero, cujo quadrado
é x2 .

3. Decorre imediatamente da denição que, − | x |≤ x ≤| x |, para todo x ∈ R.

Com efeito, segue da Denição 1.2.1 que

x ≤ max{x, −x} =| x | e − x ≤ max{x, −x} =| x |⇒

⇒ − | x |≤ x

O que prova o armado.

Teorema 1.2.1 Se x, y ∈ R, então | x + y |≤| x | + | y | e | x.y |=| x | . | y |.


Demonstração:
Primeiro mostraremos que | x + y |≤| x | + | y |. Segue da Denição 1.2.1 que
y ≤| y |, −x ≤| x |, x ≤| x | e −y ≤| y |. Daí vem que,

x + y ≤| x | + | y | e − (x + y) ≤| x | + | y |

e assim,
max{x + y, −(x + y)} ≤| x | + | y |⇔| x + y |≤| x | + | y | .

Agora provemos que | x.y |=| x | . | y |

Uma vez que | x.y | e | x | . | y | . são números reais maiores ou iguais a zero, basta
provar que eles tem o mesmo quadrado.

De fato, (| x.y |)2 = (x.y)2 = x2 .y 2

Por outro lado, (| x | . | y |)2 =| x |2 . | y |2 = x2 .y 2

Daí podemos concluir que | x.y |=| x | . | y | .

Teorema 1.2.2 Sejam a, x, δ ∈ R. Tem-se | x − a |< δ se, e somente se, a − δ < x < a + δ.

15
1 Resultados Preliminares 1.2 Números Reais

Demonstração:
Segue da denição que x − a ≤| x − a | e −(x − a) ≤| x − a |. Assim,

| x − a |< δ ⇔ x − a < δ e − (x − a) < δ ⇒

−δ < x − a < δ ⇔ a − δ < x < a + δ

e, isto prova o Teorema. Note que de modo análogo se tem

| x − a |≤ δ ⇔ a − δ ≤ x ≤ a + δ

Exemplo 1.2.1 - Prove que || x | − | y ||≤| x − y | + | y − z |, para todo x, z ∈ N.


Com efeito, perceba que

| x |=| x + 0 |=| x − y + y |=| (x − y) + y |

Pelo Teorema 1.2.1, segue que

| x |≤| x − y | + | y |⇒| x | − | y |≤| x − y | (i)

e ainda, que de modo análogo

| y |=| y + 0 |=| y − x + x |=| (y − x) + x |

Novamente pelo Teorema 1.2.1, segue que

| y |≤| y − x | + | x |⇒| y | − | x |≤| x − y |⇒ − | x − y |≤| x | − | y | (ii)

De (i) e (ii), segue que

− | x − y |≤| x | − | y |≤| x − y |⇔|| x | − | y ||≤| x − y |

Donde concluímos o desejado.

Exemplo 1.2.2 - Se a1 /b1 , ..., an /bn pertencem ao intervalo (α, β) e b1 , ..., bn são positivos,
prove que a1 , ..., an /b1 , ..., bn pertence a α, β . Nas mesmas condições, se t1 , ..., tn ∈ R+ , prove
que (t1 a1 + ... + tn an )/(t1 b1 + ... + tn bn ) também pertence ao intervalo (α, β).

Com efeito, temos que an /bn ∈ (α, β) ou seja, se k ∈ In , temos


ak
α< < β ⇔ αbk < ak < βbk
bk

16
1 Resultados Preliminares 1.3 Desigualdades Importantes

como a soma não altera o sinal da desigualdade, temos


n
X n
X n
X
αbk < ak < βbk
k=1 k=1 k=1

n
Aplicando algumas propriedade de somatório e dividindo a desigualdade por bk , obtere-
X

k=1
mos,
n
X
ak
k=1 a1 + ... + an
α< n <β⇔α< <β
X b1 + ... + bn
bk
k=1

t a
Assim concluímos essa primeira parte da questão. Tendo k ∈ In , segue que α < k k < β ,
tk bk
isto implica que, tk bk α < tk ak < tk bk β ⇒
n
X
n n n
tk ak
X X X k=1
⇒ tk bk α < tk ak < tk bk β ⇒ α < n <β
X
k=1 k=1 k=1
tk bk
k=1

Assim concluímos o desejado.

1.3 Desigualdades Importantes


(x + y) √
Teorema 1.3.1 (Desigualdade de Cauchy) Dados x, y ∈ R+ , segue que ≥ x.y .
2
Demonstração:
Para quaisquer a, b ∈ R+ tem-se que (a−b)2 ≥ 0, e isto implica que a2 +b2 −2ab ≥ 0,
e disto segue que
a2 + b 2
a2 + b2 ≥ 2ab ≥⇒ ≥ ab
2
(x + y) √
Fazendo a2 = x e b2 = y segue que ≥ x.y .
2

Teorema 1.3.2 (Desigualdade de Bernoulli) Para todo x ≥ −1 e n ∈ N, tem-se (1 +


x) ≥ 1 + nx.
n

Demonstração:

17
1 Resultados Preliminares 1.3 Desigualdades Importantes

Provaremos por indução. Para n = 1, temos que 1 + x = x + 1, o que verica a


desigualdade. Supondo a desigualdade válida para k , isto é,

(1 + x)k ≥ 1 + kx,

e provemos que para todo k + 1, ou seja,

(1 + x)k+1 ≥ 1 + (k + 1)x.

Com efeito, temos que

(1 + x)k ≥ 1 + kx .(1 + x) ⇒ (1 + x)k+1 ≥ (1 + kx).(1 + x) ⇒

⇒ (1 + x)k+1 ≥ 1 + x + kx + kx2 = 1 + (k + 1)x + kx2 ≥ 1 + (n + 1)x

O que prova o desejado.


Note que, prova-se que (1 + x)n > 1 + nx, se x 6= 0, x > −1 e n > 1.

Provaremos novamente por indução. Para n = 2 temos, (1+x)2 = 1+2x+x2 > 1+2x,
para todo x e n conforme determinado. Supondo que a desigualdade seja válida para n = k ,
segue que

(1 + x)k .(1 + x) > (1 + kx).(1 + x) ⇒ (1 + x)k+1 > 1 + x + kx + kx2 > 1 + (k + 1)x

Assim, concluímos o desejado.

18
Capı́tulo 2
Sequências de Números Reais

Análise matemática não é uma disciplina de fácil compreessão. Então, uma das
saídas mais viáveis encontradas por muitos estudantes é a busca de bons materiais, que
contenham demonstrações mais claras e concisas sobre esse conteúdo.
Acho que esse segundo parágrafo caria mais interessante na intrudução geral do trabalho
Como estudante, também precisei buscar esses conteúdos em livros, artigos, revistas,
trabalhos e etc. Nessa busca percebi que até existiam muitos materiais disponíveis na internet,
mas os mesmos não apresentavam uma leitura fácil, com passagens omitidas, muitas vezes
consideradas triviais.
Nesse capítulo, tomaremos por base as demonstrações obtidas na disciplina de Aná-
lise do curso de Matemática da Faculdade de Filosoa Dom Aureliano Matos, faremos o
possível para deixar cada demonstração o mais didático possível para que num futuro não
tão distante, esse material possa servir de apoio a muitos interessados.

2.1 Limites de uma sequência


Denição 2.1.1 Uma sequência de números reais é uma função

x:N → R
n 7→ x(n) = xn

que associa a cada número natural n um número real xn , chamado n-ésimo termo da sequên-
cia.

Notação: Escreve-se (x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...) ou (xn )n∈N , ou simplesmente (xn ), para indicar a
sequência cujo n-ésimo termo é xn .
Vejamos alguns exemplos simples de sequências, para xar o até então visto.

19
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

Exemplo 2.1.1
x:N → R
n 7→ 1

Que determina a sequência (1, 1, 1, ..., 1, ...)

Exemplo 2.1.2
x:N → R
n 7→ x(n) = xn

Que determina a sequência (x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...)

Exemplo 2.1.3
x:N → R
0, se n impar

n 7→
1, se n par.
Que determina a sequência (0, 1, 0, 1, ....)

Exemplo 2.1.4
x:N → R
se

1, n ∈ {m ∈ N; m = 3n; n ∈ N}
n 7→
0, se n ∈ N|{m ∈ N; m = 3n; n ∈ N}
Que determina a sequência (0, 0, 1, 0, 0, 1, ....)

Exemplo 2.1.5
x:N → R
1
n 7→ xn =
n
Que determina a sequência (1, 1/2, 1/3, 1/4, ..., 1/n, ...)

Observação 2.1.1 - Não se deve confundir a sequência (x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...) com o conjunto
{x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...} dos seus termos.

Por exemplo, no exemplo 2.1.1, a sequência é dada por (1, 1, 1, 1, ...) e é innita,
enquanto que o conjunto de seus termos é dado por {1}, como sendo um conjunto de um
único elemento, ou seja, unitário. Ainda podemos ver que nos exemplos 2.1.3 e 2.1.4, essas
sequências são diferentes, mas, no entanto o conjunto de seus termos é o mesmo, {0, 1}.

20
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

Denição 2.1.2 Uma sequência (xn ) diz-se limitada superiormente (inferiormente) quando
existe um k ∈ R tal que xn ≤ c (respectivamente xn ≥ c) para todo n ∈ N.

Denição 2.1.3 Uma sequência é dita limitada quando ela é limitada superiormente e in-
feriormente, ou seja, se existe um k > 0 real, tal que

−k ≤ xn ≤ k, ∀n ∈ N

ou, equivalentemente, se | xn |≤ k, ∀n ∈ N.

Podemos perceber melhor essa denição observando o seguinte: xn é limitada

⇒ ∃c1 ∈ R; xn ≤ c1 , ∀n ∈ N

e também
⇒ ∃c2 ∈ R; c2 ≤ xn , ∀n ∈ N
Note que,
c2 ≤ xn ≤ c1 , ∀n ∈ N
Agora considerando k = max{| c1 |, | c2 |}, obtemos

−k ≤ xn ≤ k, ∀n ∈ N

Exemplo 6: Sejam a, n ∈ N. Considere a sequência,

x1 = a, x2 = a + r, x3 = a + 2r, ...xn = a + (n − 1).r, ...

A sequência (xn ) é uma Progressão Aritmética de primeiro termo a e razão r.


Se r = 0. Então (xn ) é uma sequência constante de termo geral xn = a, e por conseguinte,
(xn ) é limitada.
Se r > 0. Então (xn ) é crescente e portanto limitada inferiormente pelo seu primeiro termo.
Se r < 0. Então (xn ) é decrescente e portanto é limitada superiormente pelo seu primeiro
termo.

Perceba que se a = 1 e r = 0, então (xn ) = (1, 1, 1, 1, ....). Logo, (xn ) é limitada.

E se a = 2 e r = 1, então xn = a + (n − 1)r, então (xn ) = (2, 4, 6, 8, ...). Logo (xn ) é


crescente e limitada inferiormente pelo seu primeiro termo x1 = 2.

E sendo a = 2 e r = −1, então xn = a + (n − 1)r, então (xn ) = (2, 1, 0, −1, ...). Logo
(xn ) é decrescente e limitada superiormente pelo seu primeiro termo x1 = 2.

21
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

Denição 2.1.4 Subsequência


(2.4.1) Dada uma sequência x = (xn ), uma subsequência de x é a restrição da função x a
um subconjuntos innito

N0 = {n1 < n2 < n3 < ... < nk < ...}

(2.4.2) Dizemos que (yk )k∈N é uma subsequência de (xn )n∈N se existe uma sequencia (nk )k∈N0 ⊂N
estritamente crescente tal que yk = xnk para todo k ∈ N, ou seja, todos os termos da sub-
sequência (ynk ) pertencer a sequência (xn ).

Notação: Escreve-se x0 = (xn )n∈N0 ou (xn1 , xn2 , xn3 , ..., xnk , ...) ou (xnk )k∈N para indicar a
subsequência
x0 = x|N0

Exemplo 2.1.6
x:N → R
0, se n impar

n 7→
1, se n par.

0, se n=1 ;

Se N = {1} ∪ {2p; p ∈ N}, então x = x|N0 =
0 0
, determina a subsequência de
1, se n é par
x dada por (0, 1, 1, 1, ...)
Se N0 = {2p + 1; p ∈ N}, temos a seguinte subsequência de x: (0, 0, 0, 0, ...).
Se N0 = {2p; p ∈ N}, temos a seguinte subsequência de x : (1, 1, 1, 1, ...).

Exemplo 2.1.7 - Seja (xn )n∈N a Progressão Aritmética de termo inicial a e razão r. A
Progressão Aritmética (xnk )k∈N de termo inicial a e razão 2r é uma subsequência de (xn )n∈N .

De fato, pela Denição 2.1.4, devem os exibir um subconjunto de N, N0 = {n1 < n2 < n3 <
... < nk<... } tal que (xnk )k∈N seja uma restrição de (xn )n∈N a um conjunto N0 ⊂ N, em outras
palavras,
(xnk )k∈N = (xn )n∈N| 0
N

Lembremos que (xn )n∈N é dada por x1 = a, x2 = a + r, x3 = a + 2r,...,xn = a + (n − 1)r, ..


enquanto que (xnk )k∈N , fazendo r0 = 2r, e dada por,

xn1 = a

22
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

xn2 = a + r0 = a + 2r
xn3 = a + 2r0 = a + 4r
.
.
.
xnk = a + (k − 1)r0 = a + (2k − 2)r = a + ((2k − 1) − 1)r
Assim, fazendo nk = 2k − 1, podemos denir

N0 = {2k − 1; k ∈ N}

Note que se k1 , k2 ∈ N são tais que k1 < k2 então 2k1 < 2k2 e ainda 2k1 − 1 < 2k2 − 1, ou
seja N0 é um subconjunto innito de N tal que

N0 = {n1 < n2 < ... < nk < ...}

Resta-nos mostrar que (xn )n∈N| = (xnk )k∈N


N0
Com efeito, seja m ∈ N então xm = a + (m − 1)r = a + ((2s − 1) − 1)r = a + (2s − 2)r =
0

a + (s − 1)2r = xns para algum s ∈ N.


Logo, a armativa é verdadeira.

Denição 2.1.5 Diz-se que o número real a é limite da sequência (xn )n∈N quando, para todo
número real  > 0 dado arbitrariamente, pode-se obter um índice n0 ∈ N tal que os termos
xn com índice n > n0 cumprem a condição | xn − a |< .

Notação: Escreve-se então a = lim xn ou a = limn→∞ xn ou simplesmente xn −→ a


Simbolicamente, podemos escrever a denição de limites de uma sequência da seguinte forma

a = lim xn ⇔ dado  > 0, ∃n0 ∈ N; n > n0 ⇒| xn − a |< .

Neste caso dizemos que (xn ) é convergente ou tende para a.


Se (xn )n∈N não é convergente, então dizemos que essa sequência é divergente.
Exemplo 2.1.8 - Seja a ∈ R e considere a sequência dada por xn = a, para todo n ∈ N.
Temos que xn → a.
De fato, como | xn − a |= 0 para todo n ∈ N, segue que, dado  > 0, qualquer que seja
n0 ∈ N, obtemos que
n > n0 ⇒| xn − a |< 
O que prova o armado.

23
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

1
Exemplo 2.1.9 - Considere a sequência xn = , para todo n ∈ N. Mostraremos que
n
x n → a.
1
Com efeito, note que dado  > 0, tomemos N ∈ N tal que N > . Logo,

1
0< <
N
1 1
Mas, se n ∈ N, então xn = ≤ = xN sempre que n ≥ N .
n N
Assim, obtemos que dado  > 0, existe n0 = N ∈ N, tal que se
1 1 1 1
n > N, | xn − 0 |=| − 0 |=| |= < <
n n n N
ou seja, xn → 0.
O que prova o armado.

Teorema 2.1.1 (Unicidade do Limite) Uma sequência não pode convergir para dois li-
mites distintos

Demonstração
Suponhamos que lim xn = a e lim xn = b. Desejamos concluir que a = b. Então, suponhamos
|a−b|
por absurdo que a 6= b. Seja então  = > 0. Como lim xn = a, segue da denição de
2
limite que existe n1 ∈ N tal que n > n1 ⇒| xn − a |< . Também, por denição e pelo fato
de que o lim xn = b, segue que existe n2 ∈ N tal que n > n2 ⇒| xn − a |< .
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Então, para n > n0 , temos que ,

| a − b |=| a − xn + xn − b |≤| a − xn | + | xn − b |=| xn − a | + | xn − b |<


2|a−b|
<  +  = 2 = =| a − b ⇒
2
⇒| a − b |<| a − b |

O que é uma contradição. Logo, a = b.

Outra forma correta de se demonstrar esse Teorema é. Seja lim xn = a. Dado b 6= a


podemos tomar  > 0 tal que os intervalos abertos I = (a − , a + ) e J = (b − , b + ) sejam
disjuntos. Existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica que xn ∈ I . Então, para todo n > n0 , temos
xn ∈/ J . Logo, lim xn ≤ b. Pois para este  > 0 dado, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
| xn − b |> . Desta forma, negando a denição de limite se prova que b 6= lim xn = a. Assim,
uma sequência não converge para dois limites distintos.

24
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

Teorema 2.1.2 Se lim xn = a, então toda subsequência de (xn ), converge para o limite a.
Demonstração: Seja (xn1 , xn2 , ..., xnk , ...) uma subsequência de (xn ). Dado qualquer inter-
valo aberto I de centro a, existe n0 ∈ N tal que todos os termos xn , n > n0 , pertencem a I .
Em particular, todos os termos de xnk , nk > n0 , também pertencem a I .
Logo, lim xnk = a

Obervação: A reciproca do Teorema 2.1.2 é verdadeira. Note que se toda subsequência


de (xn ) converge para a, então (xn ) também convergirá para a, uma vez que toda sequência
é subsequência dela mesma.

Exemplo 2.1.10 - A seuqência (1, 0, 1, 0, 1, 0, ...) é divergente.


É notório perceber que pelo Teorema 2.1.2, se esta sequência fosse convergente, todas as suas
subsequências convergiriam para o mesmo limites. No entanto, (1, 1, 1, 1, ...) e (0, 0, 0, 0, ...)
são subsequências convergente de (1, 0, 1, 0, 1, 0, ...) que convergem para 1 e 0 respectivamente.
Isto permite-nos concluir que a sequencia (1, 0, 1, 0, 1, 0, ...) diverge.

Corolário 2.1.1 Seja p ∈ N. Se lim xn = a, então lim xn+p = a.

Em outras palavras, esse Corolário que dizer que se uma sequência (xn ) converge
para a, então desprezando-se uma quantidade nita de termos dessa sequência, ela ainda
convergira para o mesmo limite a.

Demonstração:
Pelo Teorema 2.1.2, basta mostrar que (xn+p ) é uma subsequência de (xn ).
De fato, xado p ∈ N, denamos

N0 = {n1 < n2 < n3 < ... < (nk = k + p) < ...; k ∈ N}

e daí vem que


(xnk )k∈N = (xk+p )k∈N = (xn )|N0

O caso interessante é a recíproca.

Proposição 2.1 Seja p ∈ N. lim xn+p = a, então lim xn = a.

25
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

Demonstração:
Temos por hipótese, que dado  > 0, existe n1 ∈ N tal que n > n1 implica | xn+p − a |< .
Tomando n0 = n1 + p, temos que

n > n0 ⇔ n > n1 + p ⇔ n = k + p,

para k > n1 .
Agora note que, para n > n0 ,
| xn − a |=| xn+p − a |,
com k > n1 .
Daí, obtemos que, para o  dado, n > n0 implica | xn − a |=| xn+p − a |< , pois k > n1 .
Portanto, lim xn = a.
1000
Exemplo 2.1.11 - Seja (xn ) = (b c)n∈N , sendo (bxc) a função parte inteira de x, ou
n
seja bxc = m, se m ∈ Z e m ≤ x ≤ m + 1.
Note que (xn ) não é uma sequência constante. No entanto, se considerarmos p = 1000, a
1000
sequência (xn+p ) é constante e nula, pois para p = 1000, obtemos que 0 < < 1 e
n+p
consequentemente, j 1000 k
xn+p = = 0, ∀n ∈ N
n+p

Logo, lim xn+p = 0 e pela Proposição 2.1, vem que lim Xn = 0.

Teorema 2.1.3 Toda sequência convergente é limitada.


Demonstração:
Seja a = lim xn . Tomando  = 1, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica | xn − a |< 1.
Sejam b = min{x1 , x2 , ..., xn0 , a − 1, a + 1} e c = max{x1 , x2 , ..., xn0 , a − 1, a + 1}
Então, xn ∈ [b, c] para todo n ∈ N.
Portanto (xn ) é limitada.

Observação 2.1.2 .
(1) A recíproca do Teorema 2.1.3 não é verdadeira, ou seja, se uma sequência é limitada,
nem sempre essa mesma será convergente.
Veja o exemplo 10.

(2) É comum usar a contra positiva do Teorema 2.1.3 para provar que uma sequência
diverge. Ou seja, basta mostrar que uma sequência não é limitada para concluir que
ela diverge.

26
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

2.1.1 SEQUÊNCIA MONÓTONA

Denição 2.1.6 Uma sequência (xn ) chama-se monótona se tem xn ≤ xn+1 , para todo
n ∈ N ou xn+1 ≤ xn para todo n ∈ N.

No primeiro caso, diz-se que (xn ) é monótona não decrescente e no segundo caso, dizemos
que (xn ) é monótona não crescente.
Se tivermos, xn < xn+1 (respectivamente xn+1 < xn ), diremos que (xn ) é crescente (respecti-
vamente decrescente).

Observação 2.1.3 .
(1) Toda sequência não decrescente (respectivamente não crescente) é limitada inferior-
mente (respectivamente superiormente) pelo seu primeiro termo.

(2) Uma sequência monótona é limitada se possui uma subsequência limitada.


De fato, seja (xn )n∈N uma subsequência limitada da sequência (xn ), digamos não crescente.
Do fato que (xn )n∈N é limitada, vem que existe c ∈ N tal que

−c ≤ xn ≤ +c, ∀n ∈ N

Dado qualquer n ∈ N, existe n0 ∈ N0 , tal que n < n0 . Então, −c ≤ x0n ≤ xn ≤ x1


Isto nos permite concluir que (xn )n∈N é limitada.

Teorema 2.1.4 Toda sequência monótona limitada é convergente.


Demonstração:
Seja (xn ), digamos não crescente, limitada. Escrevamos X = {x1 , x2 , ..., xn , ...} e a =
ínmo de X. Armamos que lim xn = a.
Com efeito, dado  > 0, o número a +  não é cota inferior de X. Logo, existe n0 ∈ N tal que

a ≤ xn0 < a + 

Assim, n > n0 ⇒ a −  < a ≤ xn ≤ xn0 < a +  ⇔| xn − a |< 


ou seja, lim xn = a.
Isto prova o armado.

27
2 Sequências de Números Reais 2.1 Limites de uma sequência

Corolário 2.1.2 (Teorema de Bolzano - Weierstrass) Toda sequência limitada de nú-


meros reais possui uma subsequência convergente.

Demonstração:
Am de usar o resultado do Teorema 2.1.4, basta mostrar que toda sequência (xn )n∈N possui
uma subsequência monótona.
Seja D = {n ∈ N; xn > xm , ∀m > n} ⊂ N
Existem duas possibilidades. D é nito ou D é innito. Suponhamos inicialmente que D é
innito e escrevamos D = {n1 , n2 , n3 , ...} com n1 < n2 < n3 < ...
Assim, se i < j , então ni < nj e como ni ∈ D, obtemos xni > xnj .

Daí vem que (xnk )k∈N é decrescente.

Uma vez que (xn )n∈N é limitada, por hipótese, segue que (xnk )k∈N também é, e sendo monó-
tona, resulta do Teorema 2.1.4 que (xnk )k∈N é convergente.
E para esse caso, o Corolário está provado.

Agora suponhamos que D é nito. Então existe um n1 ∈ N − D cota superior de D. Uma


vez que n1 ∈
/ D, segue que existe um número n2 > n1 , tal que xn1 ≤ xn2 . Mas de n2 > n1 e
do fato de que n1 é cota superior de D, segue que n2 ∈
/ D e por conseguinte existe n3 > n2
tal que xn2 ≤ xn3
Até aqui temos que
n1 < n2 < n3
e
xn1 ≤ xn2 ≤ xn3

Prosseguindo assim, obtemos uma subsequência (xnk )k∈N não decrescente, ou seja, monótona
da sequência limitada (xn )n∈N que também é limitada.

Novamente, pelo Teorema 2.1.4, obtemos uma subsequência convergente.


Isto prova o Corolário.
1
Exemplo 2.1.12 - Prove que a sequência cujo n-ésimo termo é xn = é monótona decres-
n
cente e limitada.
1 1
Com efeito, sejam m, n ∈ N, tais que n < m, então > , ou ainda xn > xm .
n m
Logo (xn )n∈N é monótona decrescente.
Mostraremos agora que (xn )n∈N é limitada. De fato, para todo n ∈ N temos que, n > 0, logo

28
2 Sequências de Números Reais 2.2 Limites e desigualdades

1 1
> 0 e por outro lado, n ≥ 1 implica que ≤ 1.
n n
Daí vem que
0 ≤ xn ≤ 1, ∀n ∈ N

Portanto, (xn ) é limitada.

Armamos que 0 = inf X , onde X = {x1 , x2 , x3 , ...xn , ...} e que lim xn = 0.


Suponhamos que 0 6= inf X , então 0 < inf X , ou seja, existe  > 0 tal que

inf X = 0 +  = 

1
Agora consideremos n0 ∈ N tal que n0 > , pois dessa forma,

1
0 < xn0 = <  = inf X
n0
o que contraria a denição de ínmo.
Portanto, 0 = inf X .

Pelo Teorema 2.1.4, vem que (xn )n∈N é convergente. Da demosntração do Teorema 2.1.4,
segue que lim xn = 0

Isto prova o armado.

2.2 Limites e desigualdades


Teorema 2.2.1 Seja a = lim xn . Se b < a, para todo n sucientemente grande, tem-se
b < xn . Analogamente, se a < b então xn < b para todo n sucientemente grande.

Demonstração:
Provemos inicialmente que sendo a = lim xn . Se b < a, para todo n sucientemente grande,
tem-se b < xn .
Com efeito, sendo b < a, tomemos  = a − b. Disso segue que  > 0 e b = a − .
Da denição de limite vem que existe n0 ∈ N tal que

n > n0 ⇒| xn − a |<  ⇔ a −  < xn < a +  ⇒

⇒ b < xn , para todo n sucientemente grande. Assim, concluímos a primeira parte da de-
monstração.

29
2 Sequências de Números Reais 2.2 Limites e desigualdades

Agora mostremos que se a < b então xn < b para todo n sucientemente grande.
Sendo a < b, tomemos  = b − a. Daí vem que  > 0 e b = a + 
Segue novamente da denição de limite que existe n0 ∈ N tal que

n > n0 ⇒| xn − a |<  ⇔ a −  < xn < a +  ⇒

xn < b, para todo n sucientemente grande.


Assim, concluímos a demonstração do teorema.

Corolário 2.2.1 Seja a = lim xn . Se a > 0 então para todo n sucientemente grande,
tem-se xn > 0. Analogamente, se a < 0 então xn < 0 para todo n sucientemente grande.

Demonstração:
Provemos inicialmente que sendo a = lim xn . Se a > 0 então para todo n sucientemente
grande, tem-se xn > 0.
Com efeito, sendo a > 0, tomemos,  = a ⇒ a −  = 0. Segue da denição de limite que
existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica | xn − a |<  ⇔ a −  < xn < a +  ⇒ xn > 0.

Agora provemos o analogamente. Perceba que sendo a < 0, tomemos,  = −a ⇒ a +  = 0.


Segue da denição de limite que existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica | xn − a |<  ⇔ a −  <
xn < a +  ⇒ xn < 0

Assim, ca demonstrado o corolário.

Corolário 2.2.2 Sejam a = lim xn e b = lim yn . Se xn ≤ yn para todo n sucientemente


grande, então a ≤ b. Em particular se xn ≤ b para todo n sucientemente grande, então
lim xn ≤ b.

Demonstração:
Suponhamos por absurdo que a > b. Então existe c ∈ R tal que b < c < a. Agora pelo
Teorema 2.2.1, vem que

(i) b < c ⇒ yn < c, para todo n sucientemente grande.


(ii) c < a ⇒ c < xn , para todo n sucientemente grande.

De (i) e (ii), segue para n sucientemente grande que, yn < xn

30
2 Sequências de Números Reais 2.2 Limites e desigualdades

O que contraria a hipótese. Logo a ≤ b.

Para o caso particular, pense em b como sendo (yn )n∈N = b, onde (yn )n∈N é uma sequên-
cia constante.

Observação 2.2.1 - Se fosse xn < yn não se poderia concluir a < b.


1
Por exemplo; se x = 0 e yn = , temos que xn < yn , para todo n
n
No entanto, lim xn = lim yn = 0.

Teorema 2.2.2 (Teorema do Sanduíche) Se lim xn = lim yn = a e xn ≤ zn ≤ yn para


todo n sucientemente grande, então lim zn = a.

Demonstração:
Dado  > 0, existem n1 , n2 ∈ N tais que
n > n1 ⇒ a −  < xn < a + 
e
n > n2 ⇒ a −  < yn < a + 
Seja n0 = max{n1 n2 }. Então, n > n0 implica a −  < xn ≤ zn ≤ yn < a +  ⇔

⇔| zn − a |< 

Logo, lim zn = a. E assim concluímos o desejado.

2.2.1 SEQUÊNCIAS DE CAUCHY

Denição 2.2.1 - Uma sequência (xn ) é dita de Cauchy se para todo  > 0 existe n0 ∈ N
tal que m, n > n0 implica | xn − xm |< .

Teorema 2.2.3 Toda sequência convergente é de Cauchy.


Demonstração:

Seja lim xn = a. Daí, dado  > 0, existe n0 ∈ N tal que m > n0 implica | xm − a |< e
2

n > n0 implica | xn − a |< .
2
Logo, m, n > n0 então
 
| xm − xn =| xm − a + a − xn |≤| xm − a | + | xn − a |< + =
2 2

31
2 Sequências de Números Reais 2.3 Operações com limites

O que mostrar que (xn ) é de Cauchy.

Lema 2.2.1 Toda sequência de Cauchy é limitada.


Demonstração:
Seja (xn ) uma sequência de Cauchy. Tomando  = 1 ∈ R, existe um n0 ∈ N tal que m, n ≥ n0
implica | xm − xn |< 1. Em particular,

n ≥ n0 ⇒ xn ∈ (xn0 − 1, xn0 + 1)

Agora seja X = {x1 , x2 , ..., xn0 −1 , xn0 +1 } e sejam α = minX e β = maxX .


Então, α ≤ xn ≤ β , para todo n ∈ N e portanto (xn ) é limitada.

Lema 2.2.2 Se uma sequência de Cauchy, (xn ), possui uma subsequência convergindo para
a ∈ R, então limxn = a.

Demonstração:
Da denição de sequência de Cauchy, temos que dado  > 0 existe n0 ∈ N tal que m, n > n0

implica | xm − xn |< .
2
Agora consideremos a subsequência (xnk )k∈N convergindo para a, ou seja, existe m0 ∈ N tal

que nk > m0 implica | xnk − a |< .
2
Pela Tricotomia 1.1 temos que m0 = n0 ou m0 < n0 ou m0 > n0 e em qualquer dessas
situações existe l ∈ N tal que

nl > n0 ⇒| xnl − a |<
2
Portanto, n > n0 implica
 
| xn − a |=| xn − xnl + xnl − a |≤| xn − xnl | + | xnl − a |< + = ,
2 2
Isto prova que lim xn = a.

Teorema 2.2.4 Toda sequência de Cauchy de números reais é convergente.


Demonstração:
Seja (xn ) uma sequência de Cauchy. Pelo Lema 2.2.1, (xn ) é limitada. Por Bozano - Wei-
erstrass 2.1.2, (xn ) possui uma subsequência convergente. Logo, pelo Lema 2.2.2, (xn ) é
convergente.
Assim, concluímos a demonstração.

32
2 Sequências de Números Reais 2.3 Operações com limites

2.3 Operações com limites


Teorema 2.3.1 Se lim xn = 0 e (yn ) é uma sequência limitada (convergente ou não), então
o lim(xn .yn ) = 0.

Demonstração:
Segue da hipótese de (yn ) que é limitada que existe c > 0 tal que | yn |≤ c para todo n ∈ N.
Já do fato que lim xn = 0 vem que, dado  > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica | xn |< 0 .
Agora dado  > 0, devemos mostrar que existe um m0 ∈ N tal que n > m0 implica | xn .yn |< .
Antes disso, note que
| xn .yn |=| xn | . | yn |≤ c. | xn |

Am que | xn yn |<  é suciente termos | xn |<
c

Então, fazendo 0 = , temos que existe m0 ∈ N tal que
c

| xn .yn |=| xn || yn |≤ c | xn |< c = 
c
Isto prova que lim(xn .yn ) = 0

Observação 2.3.1 Segue diretamente da denição de limite que


lim xn = a ⇔ lim(xn − a) = 0 ⇔ lim | xn − a |= 0

Com efeito, seja lim xn = a, isto é equivalente a dizer que, dado  > 0 existe n0 ∈ N tal que
n > n0 implica | xn − a |< .
Note que se zermos yn = xn − a, segue que dado  > 0, existe m0 ∈ N tal que n > m0
implica | yn − 0 |=| yn |< , mas isto equivale a dizer que, lim yn − lim(xn − a) = 0.

Analogamente fazendo zn =| xn − a | segue da denição de limite que dado  > 0 existe


h0 ∈ N tal que n > h0 implica | zn − 0 |=| zn |< , mas isto equivale a dizer que
lim zn = lim | xn − a |= 0.

E ainda, fazendo (tn ) =| xn − a | segue da denição de limite que dado  > 0 existe g0 ∈ N
tal que n > g0 implica | tn − 0 |=| tn |=|| xn − a ||=| xn − a |< , mas isto equivale a dizer
que lim xn = a.
Assim concluímos o desejado.

33
2 Sequências de Números Reais 2.3 Operações com limites

Teorema 2.3.2 Se lim xn = a e lim yn = b, então:


1. lim(xn ± yn ) = a ± b

2. lim(xn .yn ) = a.b

xn a
3. lim = se, b 6= 0.
yn b
Demonstração:
1. Provemos primeiro que lim(xn − yn ) = a − b

Segue por hipótese que, dado  > 0 existem n1 , n2 ∈ N tais que n > n1 implica | xn − a |<
2

e n > n2 | yn − a |< . Agora seja n0 = max{n1 , n2 }, assim, se n > n0 , segue que n > n1 e
2
n > n2 , logo,
 
| (xn − yn ) − (a − b) |=| (xn − a) + [−(yn − b)] |≤| xn − a | + | yn − b |< + =
2 2
ou seja, lim(xn − yn ) = a − b.
De modo análogo se mostra que lim(xn + yn ) = a + b.

2. Queremos provar que lim(xn yn ) = ab


Antes note que,

xn yn − ab = xn yn − xn b + xn b − ab = xn (yn − b) + (xn − a)b

Agora lembre-se do Teorema 2.1.3, que toda sequência convergente é limitada, e por outro
lado, da observação 2.3.1, vem que lim(xn − a) = 0 e lim(yn − b) = 0.

Assim, aplicando o Teorema 2.3.1 e o já provado em 1, obtemos que,

lim(xn yn − ab) = lim[xn (yn − b) + (xn − a)b] =

lim(xn (yn − b) + lim(xn − a)b = 0 + 0 = 0

Segue novamente da observação 2.3.1 que lim xn yn = ab.


O que prova o desejado.

xn a
3. Provemos que lim = , se b 6= 0.
yn b
xn a xn b − ayn 1
Note que − = = (xn b − ayn )
yn b yn b yn b

De 2, vem que lim(xn b − ayn ) = lim xn b − lim ayn = ab − ab = 0

34
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos

1
Am de usarmos o Teorema 2.3.1, mostraremos que a sequência é limitada. Com efeito,
yn b
b2
se 0 < c < , temos que 0 < c < b2 . Como lim yn b = b2 , temos pelo Teorema 2.2.1 que para
2
1 1
n sucientemente grande 0 < c < byn implica 0 < < .
byn c
Isto prova o que queríamos. Portanto, pelo Teorema 2.3.1, temos
xn a 1
lim( − ) = lim(xn b − ayn )( )
yn b yn b
xn a
assim, pela observação 2.3.1, vem que lim = .
yn b

Portanto, ca assim demonstrado o Teorema.

xn+1
Exemplo 2.3.1 - Se xn > 0 para todo n ∈ N e lim = a < 1, então lim xn = 0.
xn
Com efeito, como xn > 0 e a ∈ R tal que a < 1, existe c ∈ R tal que
0<a<c<1

Pelo Teorema 2.2.1, que será demonstrado no capítulo seguinte, temo que para n suciente-
mente grande,
xn+1
0< <c<1
xn
Multiplicando ambos os membros da desigualdade por xn obtemos
0 < xn+1 < xn .c < xn ⇒ xn+1 < xn

Assim, (xn ) é uma sequência decrescente para n sucientemente grande, e por razão disso, li-
mitada superiormente por algum xn e inferiormente por zero. Logo xn é monótona e limitada,
e pelo Teorema 2.1.4, existe b ∈ R tal que b = lim xn .
Note agora que, para n sucientemente grande, temos
xn+1 < xn

Pelo Teorema 2.1.2


lim xn+1 ≤ lim xn .c ⇔ b ≤ b.c ⇔ b − b.c ≤ 0 ⇔ b(1 − c) ≤ 0

Mas observe que como xn > 0 para todo n ∈ N, segue que b ≥ 0, e como c < 1, isto implica
que 1 − c > 0, segue que
0 ≤ b(1 − c) ⇒ 0 ≤ b(1 − c) ≤ 0 ⇒

⇒b=0
Donde concluímos o desejado.

35
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos

2.4 Limites innitos


Denição 2.4.1 Dada uma sequência (xn ) diz-se que

(i) O limite de xn é mais innito e escrevemos lim xn = +∞, quando, dado arbitraria-
mente A > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A.
(ii) O limite de xn é menos innito e escreve-se lim xn = −∞, quando, dado arbitrariamente
A > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn < −A.

Observação 2.4.1 .
1. Note que +∞ e −∞ não são números e que se lim xn = +∞ e lim yn = −∞, as
sequências (xn ) e (yn ) não são convergentes.

2. Segue direto da denição que lim xn = +∞ ⇔ lim xn = −∞. Isto permite-nos estudar
somente o primeiro caso.

3. Ainda vem da deniçã que se lim xn = +∞, então a sequência (xn ) não é limitada
superiormente.
No entanto a recíproca não é verdadeira.

Mostraremos que a sequência (xn ) cujo termo geral é xn = n + (−1)n n é ilimitada superior-
mente, porém não se tem lim xn = +∞.

Demonstração:
Primeiro mostraremos que (xn ) é ilimitada superiormente. Suponhamos por absurdo que
(xn ) é limitada superiormente, ou seja, existe c > 0 tal que xn ≤ c para todo n ∈ N, ou
ainda, n + (−1)n n ≤ c para todo n ∈ N.
Consideramos m ∈ N par, tal que c < m. Daí vem que

xm = m + (−1)m m = m + m = 2m > m > c

o que contradiz a existência do limitante superior c. Portanto (xn ) é ilimitada superiormente.

Provemos agora que não se tem lim xn = +∞. Com efeito, suponhamos por absurdo que
lim xn = +∞, ou seja, para todo A > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A.
Tomemos A = 1, então existe n00 ∈ N tal que n > n00 implica xn > 1. No entanto, se
escolhermos k > n00 , impar, temos que

xk = k + (−1)k k = k − k = 0 < 1,

36
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos

o que contradiz a denição de limite.


Portanto o lim xn = +∞ não pode ocorrer. Isto prova o desejado.

Exemplo 2.4.1 - Se a > 1 e (xn ) é uma sequência tal que o termo geral xn = an , então
lim xn = +∞.

Demonstração:
Com efeito, como a > 1, multiplicando ambos os membros da desigualdade por an temos que
an < an+1 . Daí segue que (xn ) é crescente.
Note que x1 = a ≤ an = xn para todo n ∈ N, ou seja, (xn ) é limitada inferiormente. Por
outro lado, como a > 1, temos que a = 1 + d para algum d > 0. Pela Desigualdade de
Bernoulli 1.3.2, para todo n > 1 em N, vale an ≥ 1 + nd.
Portanto, dado qualquer c > 0, obtemos m ∈ N tal que am > c, basta que 1 + md > c ⇔
c−1
md > c − 1 ⇔ m > .
d
Como (xn ) é crescente, fazendo n0 = m, obtemos que n > n0 implica xn > xm > c, donde
concluímos que limn = +∞.

Teorema 2.4.1 .
1. Se lim xn = +∞ e (yn ) é limitada inferiormente, então lim(xn + yn ) = +∞.

2. Se lim xn = +∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n ∈ N, então lim(xn yn ) = +∞.

xn
3. Se xn > c > 0, yn > 0 para todo n ∈ N e lim yn = 0 então lim = +∞.
yn

xn
4. Se (xn ) é limitada e lim yn = +∞, então lim = 0.
yn
1
5. Seja xn > 0 para todo n ∈ N. Então lim xn = 0 ⇔ lim = +∞.
xn
Demonstrações:

1. Uma vez que (yn ) é limitada inferiormente, existe c ∈ R tal que yn ≥ c, para todo
n ∈ N. E temos que dado arbitrariamente A0 > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
xn > A0 .
Note agora que, para qualquer A > 0, se:

37
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos

(i) c < 0, então A − c >0


(ii) c = 0, então A − c = A > 0
(iii) c > 0, então
A − c > 0, se c < A
e
A − c < 0, se c > A
Armamos que existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A − c. Com efeito, quando
A − c > 0, basta tomar A0 = A − c. Quando A − c < 0, a armação é verdadeira
por maior razão, pois para qualquer A0 > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
xn > A0 > 0 > A0 − c. Daí, uma vez que A > 0 é arbitrário, existe n0 ∈ N tal que
n > n0 implica xn + yn > A − c + c = A, e isto prova que lim(xn + yn ) = +∞.
A
2. Dado A > 0 arbitrário. Uma vez que c > 0, > 0 e como lim xn = +∞, existe n0 ∈ N
c
A
tal que n > n0 implica xn > . Logo, para este n ∈ N, temos que n > n0 implica
c
A
xn yn > .c = A.
c
Donde vem que lim(xn yn ) = +∞

c c
3. Dado A > 0 arbitrário, temos uma vez que c > 0, que > 0. Tomando  = , segue
A A
c
do fato que lim yn = 0 que existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica yn <  = então
A
1 A xn A
> . Então, para este n0 ∈ N, temos que n > n0 implica > c = A. E por
yn c yn c
conseguinte
xn
lim = +∞
yn
4. Como (xn ) é limitada, exite c > 0, tal que | xn |≤ c, para todo n ∈ N.

Dado  > 0, temos, uma vez que c > 0, que > 0. Do fato que lim yn = +∞, obtemos
c
c c 1 
que para A = > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica yn > > 0 implica < .
  yn c
Daí, para este n0 ∈ N, temos que,
xn | xn | 
n > n0 ⇒| |= < c = ,
yn | yn | c
isto prova que
xn
lim =0
yn

38
2 Sequências de Números Reais 2.4 Limites infinitos

1
5. (⇒) Supondo xn > 0 para todo n ∈ N e lim xn = 0, segue que dado  = > 0 existe
A
n0 ∈ N tal que
1 1
n > n0 ⇒| xn − 0 |= xn <  = ⇔ > A,
A xn
1
ou seja, lim = +∞.
xn
1 1 1
(⇐) Supondo > 0 e lim = +∞, segue que dado A = > 0 existe n0 ∈ N tal que
xn xn 
1 1
n > nn ⇒ > A = ⇔ xn < 
xn 
ou seja, lim xn = 0
Assim concluímos a demonstração do Teorema.

39
Capı́tulo 3
Resolução dos Exercícios

Em minha pesquisa, encontrei inúmeros materiais com resoluções diversas de ques-


tões, onde muitas delas deixavam o leitor com dúvidas em algumas passagens das resoluções
por mais que a resolução estivesse correta no ponto de vista matemático.
Am de deixar mais claro a necessidade desse trabalho, veremos nesse capítulo al-
gumas utilizações dos teoremas aqui demonstrados.
Essa lista de exercícios baseia-se no capítulo 3 do ELON, mas aqui, zemos o nosso
melhor para deixar as questões didaticamente acessíveis para todos os leitores dispostos a
um estudo sobre Análise.

3.1 Limite de uma sequência


1. Uma sequência (xn ) diz-se periódica quando existe p ∈ N tal que xn+p = xn para todo
n ∈ N. Prove que toda sequência periódica convergente é constante.

Com efeito. Seja (xn ) uma sequência periódica convergente de período p. Devemos
provar que existe c ∈ R, tal que (xn ) = c para todo n ∈ N, ou seja, (xn ) é constante.
Lembre que, do Teorema 2.1.2, se uma sequência é convergente, então, todas as suas
subsequências convergem para o seu mesmo limite. Note que pela periodicidade da
sequencia (xn ), temos,

x1 = x1+p = x1+2p = x1+3p = ... = x1+(k−1)p ...

x2 = x2+p = x2+2p = x2+3p = ... = x2+(k−1)p ...

x3 = x3+p = x3+2p = x3+3p = ... = x3+(k−1)p ...

40
3 Resolução dos Exercícios 3.1 Limite de uma sequência

.
.
xp−1 = x(p−1)+p = x(p−1)+2p = x(p−1)+3p = ... = x(p−1)+(k−1)p ...
xp = xp+p = xp+2p = xp+3p = ... = xp+(k−1)p ...,
com k ∈ N. Daí, obtemos as seguintes subsequências constantes de (xn ),

(x1+(k−1)p )k∈N , (x2+(k−1)p )k∈N , ..., (x(p−1)+(k−1)p )k∈N , (xp+(k−1)p )k∈N ,

que convergem para o mesmo limite de (xn ), digamos c ∈ R.


Portanto, para todo k ∈ N temos,

c = x1+(k−1)p = x2+(k−1)p = ... = x(p−1)+(k−1)p = xp+(k−1)p

Para garantir que todos os elementos de (xn ) estão na forma dessas subsequências, seja
n ∈ N, qualquer, temos pelo algoritmo da divisão que, existe q ∈ Z, tal que, n = qp + r,
onde 0 ≤ r < p.
Então xn = xqp+r ∈ (xr+(k−1)p ), ou seja, qualquer elemento da sequência (xn ) pertence
a alguma dessas subsequências, donde concluímos que xn = c, para todo n ∈ N, ou
ainda, (xn ) é constante.

2. Dadas as sequências (xn ) e (yn ), dena (zn ) pondo z2n−1 = xn e z2n = yn . Se


lim xn = lim yn = a, prove que lim zn = a.

Com efeito, temos que dado  > 0 qualquer, existem n1 , n2 ∈ N tais que

n > n1 ⇒| xn − a |<  e n > n2 ⇒| yn − a |< 


Sendo n0 = max{2n1 − 1, 2n2 }, temos que, se n = 2k − 1, então

n > n0 ⇒ 2k − 1 > 2n1 − 1 ⇒ k > n1 ⇒| zn − a |=| xk − a |< 

Se n = 2n2 , então

n > n0 ⇒ 2k > 2n2 ⇒ k > n2 ⇒| zn − a |=| yk − a |< 

Logo, para o  > 0 dado, existe n0 ∈ N tal que,

n > n0 ⇒| zn − a |< 

Assim concluímos o desejado.

41
3 Resolução dos Exercícios 3.1 Limite de uma sequência

3. Se lim xn = a, prove que lim | xn |=| a |.


Com efeito, como lim xn = a, segue que dado  > 0, existe n ∈ N tal que n > n0 implica
| xn − a |< .
Precisamos agora mostrar que lim | xn |=| a |.
Ora, pelo exemplo 1.2.1, para todo n ∈ N temos,

|| xn | − | a ||≤| xn − a |≤ 

logo, para n > n0


|| xn | − | a ||≤ 

daí segue que dado  > 0 existe n ∈ N tal que n > n0 implica || xn | − | a ||≤ , ou
seja,
lim | xn |=| a | .

Desta forma, concluímos o desejado.

4. Se uma sequência monótona tem uma subsequência convergente, prove que a sequência
é, ela própria, convergente.
Seja (xn ) sem perda de generalidade, uma sequência não decrescente. Sendo (xnk ) uma
sua subsequência convergente, segue pelo Teorema 2.1.3 que (xnk ) é limitada, ou seja

∃k ∈ N; | xnk |≤ k, ∀n ∈ N.

Note que como (xn ) é não decrescente, existe nk0 ∈ N tal que

n < nk0 ⇒ xn ≤ xnk0

Como xnk0 ≤ k para todo n ∈ N, segue por transitividade que

xn ≤ k

ou seja, (xn ) é limitada inferiormente por x1 e superiormente por k . Desta forma, (xn )
é monótona limitada, e por esse motivo, convergente.

5. Um número a chama-se valor de aderência da sequência (xn ) quando é limite de uma


subsequência de (xn ). Para cada um dos conjuntos A, B e C abaixo ache uma sequência
que o tenha como conjunto dos seus valores de aderência. A = {1, 2, 3}, B = N, C =
[0, 1].

Com efeito, note que o conjunto A = {1, 2, 3} é conjunto dos valores de aderência

42
3 Resolução dos Exercícios 3.1 Limite de uma sequência

da sequência (xn ) = {1, 2, 3, 1, 2, 3, 1, 2, 3, ...}, periódica de período 3. Logo, tem-se as


seguintes subsequências convergentes de (xn ),

(x1+(k−1)p ) −→ 1

(x2+(k−1)p ) −→ 2

(x3+(k−1)p ) −→ 3

com k ∈ N.

C = {0, 1} é conjunto de dos valores de aderência da sequência (yn ) = (0, 1, 0, 1, 0, 1, ...)


pois,
(y1+(k−1)p ) −→ 0

(y2+(k−1)p ) −→ 1,

com k ∈ N.

B = N é conjunto dos valores de aderência da sequência (zn ) denida por, zn = k ,


se n = pαk , e 1 caso contrario, onde pk é o k-ésimo primo e k, α ∈ N. Desta forma, cada
número natural irá se repetir uma innidade de vezes, pois o conjunto dos números
primos é innito. Logo, isso é suciente para garantir que o conjunto dos valores de
aderência da sequência (zn ) é B = N.

6. A m de que o número real a seja valor de aderência de (xn ) é necessário e suciente


que, para todo  > 0 e todo k ∈ N dados, existe n > k tal que | xn − a |< .

(⇒) Sendo a valor de aderência da sequência (xn ), segue que a é limite de alguma
subsequência de (xn ), digamos (xnk )nk∈N , assim, dado  > 0 e k ∈ N qualquer, existem
nk índices da sequência (xnk ) tais que nk > k implica | xnk − a |< , mas observe que
xnk ∈ (xn ), então para nk > k existem innitos índices n tais que | xn − a |< .
(⇐) Se dado  > 0 e k ∈ N qualquer, existe n > k tal que | xn − a |< , então a é valor
de aderência de (xn ). Note que se dado  > 0 e k ∈ N qualquer, existe n > k tal que
| xn − a |< ; isto signica que uma innidade de termos de (xn ), com índices maiores
que k , distam menos que  de a, ou seja, a = lim xnk , onde (xnk ) é uma subsequência
de (xn ).

7. Am de que o número real b não seja valor de aderência da sequência (xn ) é necessário
e suciente que existam n0 ∈ N e  > 0 tais que n > n0 implica | xn − a |≥ .

43
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades

(⇒) Note que b não sendo valor de aderência de xn , segue que existem n1 ∈ N e  > 0
tais que n > n1 implica | xn − b |≥ . isto signica que uma innidade de termos da
sequência (xn ) distam mais que  de xn .
Suponhamos por absurdo que existe uma subsequência (xnk ) de (xn ) tal que

lim xnk = b

ou seja,
∀ > 0∃n0 ∈ N; n2 > n0 ⇒| xnk − b |< 
Perceba que (xnk ) tem uma innidade de termos, logo, em algum momento temos que

xnk = xn

sendo n0 = max{n1 , n2 } segue que dado  > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
| xn − b |< , contrariando assim a hipótese. Portanto b não é limite de nenhuma
subsequência de (xn ).

(⇐) Se existem n0 ∈ N e  > 0 tais que n > n0 implica | xn − b |≥  então b não


é valor de aderência de (xn ).
Perceba que a partir de n0 todos os termos da sequência distam mais de  de b, ou seja,
para uma innidade de termos. logo b não é valor de aderência de (xn ).

3.2 Limites e desigualdades


1. Se lim xn = a, lim yn = b e | xn − yn |≥ 0 para todo n ∈ N, prove que | a − b |≥ 0 .

Observe que por hipótese temos que lim xn = a e lim yn = b, ou seja, dado  > 0
existe n0 ∈ N tal que n1 , n2 > n0 implica,

n1 > n0 ⇒| xn − a |<  (i)

e
n2 > n0 ⇒| yn − b |<  (ii)

Provemos agora que lim | xn − yn |=| a − b |. Com efeito, precisamos mostrar que dado
 > 0 qualquer existe n0 ∈ N tal que n3 > n0 implica

|| xn − yn | − | a − b ||< 

lembre que, || p | − | q ||≤| p − q | para todo p, q ∈ N.

44
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades

Logo,

|| xn − yn | − | a − b ||≤| xn − yn − (a − b) |=| (xn − a) − (yn − b) |≤| xn − a | + | yn − b |

Por (i) e (ii), fazendo n0 = max{n1 , n2 }, segue que


 
|| xn − yn | − | a − b ||≤| xn − a | + | yn − b |< + =
2 2
Sendo αn =| xn − yn | e βn = 0 , segue que lim αn =| a − b | e lim βn = 0 por ser uma
sequência constante. lembre ainda que por hipótese temos que,

| xn − yn |≥ 0 ⇒ αn ≥ 0 .

E, agora, pelo Corolário 2.2.2, seja a = lim xn e b = lim yn . Se xn ≤ b para todo n


sucientemente grande, então lim xn ≤ b.
Segue que
| a − b |≥ 0
Assim concluímos o desejado.

2. Sejam lim xn = a e lim yn = b. Se a < b, prove que existe n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒
xn < yn .
b−a
Perceba que dado  = > o, tal que a +  = b − , existem n1 , n2 ∈ N tais que
2
n > n1 ⇒ a −  < xn < a + 

e
n > n2 ⇒ b −  < yn < b + 
Assim, sendo n0 = max{n1 , n2 }, segue que dado

n > n0 ⇒ xn < a +  = b −  < yn .

3. Se o número real a não é o limite da sequência limitada (xn ), prove que alguma sub-
sequência de (xn ) converge para um limite b 6= a.

Como a não é limite da sequência limitada (xn ), segue que existem innitos índices
n tais que
xn ∈
/ ( − a,  + a) (∗)
Logo, por Bozano-Weierstrass, (xn ) possui uma subsequência convergente, e por (∗),
segue que essa subsequência converge para um limite b 6= a.

45
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades

4. Prove que uma sequência limitada converge se, e somente se, possui um único valor de
aderência.
(⇒) Seja (xn ) uma sequência limitada e convergente, então (xn ) possui um único valor
de aderência.
Supondo por absurdo que (xn ) possui dois valores de aderência, digamos a 6= b, pela
Tricotomia 1.1, a > b ou b > a. E, pelo Teorema 2.1.1, a > b e b > a não pode
acontecer, pois se viesse a acontecer, (xn ) não seria convergente. Portanto, segue que,
a = b. Sendo assim, (xn ) possui um único valor de aderência.
(⇐) Se (xn ) possui um único valor de aderência, então (xn ) é limitada e convergente.
Supondo por absurdo que (xn ) não converge, segue que (xn ) possui mais de um valor
de aderência, o que é um absurdo, pois (xn ) possui um único. Logo, (xn ) é convergente,
e por conseguinte, limitada.

5. Quais são os valores de aderência da sequência (xn ) tal que x2n−1 = n e x2n = 1/n?
Esta sequência converge?
Observe que para a ser um valor de aderência da sequência (xn ) é necessário e suciente
que lim xnt = a, ou seja, (xn ) possui alguma subsequência convergente.
Como temos duas subsequências de (xn ), com (x2n−1 ) = n e x2n = 1/n, analisaremos
cada uma.
Com efeito. x2n−1 = n é ilimitada e estritamente crescente, portanto não possui nenhum
valor de aderência. Mas x2n = 1/n é uma sequencia monótona decrescente e limitada
que converge para zero. Logo, zero é valor de aderência de (xn ).
Note que (xn ) é ilimitada e possui um único valor de aderência igual a zero. Assim
concluímos que (xn ) é não convergente mas possui um valor de aderência.


6. Dados a, b ∈ R+ , dena indutivamente as sequências (xn ) e (yn ) pondo x1 = ab,

y1 = (a + b)/2 e xn+1 = xn yn , yn+1 = (xn + yn )/2. Prove que (xn ) e (yn ) convergem
para o mesmo limite.

Sendo a, b > 0, segue pelo Teorema 1.3.1 que,

√ (xn + yn )
xn+1 = x n yn ≤ = yn+1 ⇒ xn+1 ≤ yn+1
2
p
⇒ (xn+1 )2 ≤ (yn+1 )(xn+1 ) ⇒ xn+1 ≤ (yn+1 )(xn+1 ) ⇒ xn+1 ≤ xn+2

46
3 Resolução dos Exercícios 3.2 Limites e desigualdades

Logo, (xn ) é crescente.

(xn+1 +yn+1 )
xn+1 ≤ yn+1 ⇒ xn+1 + yn+1 ≤ 2yn+1 ⇒ 2
≤ yn+1 ⇒ yn+2 ≤ yn+1 .
Logo, (yn ) é decrescente. Note que,

x1 ≤ x2 ≤ ... ≤ xn ≤ ... ≤ yn ≤ ... ≤ y2 ≤ y1

Pelo Teorema 2.1.4, segue que (xn ) e (yn ) são sequências convergente. Sendo lim xn = x,
lim yn = y e note que,
(xn + yn )
yn+1 =
2
Logo,
1 x+y
lim yn+1 = lim(xn + yn ) ⇒ y = ⇒y=x
2 2
.
Assim, lim xn = lim yn .
Portanto, concluímos o desejado.

7. Diz-se que (xn ) é uma sequência de Cauchy quando, para todo  > 0, existe n0 ∈ N tal
que m, n > n0 ⇒| xm − xn |< .
(a) Prove que toda sequência de Cauchy é limitada.
Note que, dado  > 0 existe n0 ∈ N tal que m, n > n0 ⇒| xm − xn |< , ou seja,
n > n0 ⇒ xn ∈ (xn0 − , xn0 + ). Agora seja X = {x1 , x2 , x3 , ..., xn0 − , xn0 + } e
sendo a = maxX e b = minX , então

b ≤ xn ≤ a, ∀n ∈ N

Portanto, (xn ) é limitada.


(b) Prove que uma sequência de Cauchy não pode ter dois valores de aderência distintos.
Seja (xnk ) uma subsequência da sequência de Cauchy (xn ) e lim xnk = a ∈ R, ou seja,

dado  > 0 qualquer, existe n0 ∈ N tal que p > n0 implica | xnp − a |< .
2
Como (xn ) é de Cauchy, temos que para todo  > 0 existe n1 ∈ N tal que m, n > n1

implica | xn − xm |< .
2
Tomando nt > n0 e nt > n1 sem perda de generalidade, segue que

| xnt − a |<
2
e

| xn − xnt |<
2

47
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites

Logo, para n > n0 então


 
| xn − a |=| xn − xnt + xnt − a |≤| xn − xnt | + | xnt − a |< + =
2 2
Pela Unicidade do Limite (2.1.1), (xn ) só possui um único valor de aderência.
(c) Prove que uma sequência (xn ) é convergente se, e somente se, é de Cauchy.
(⇐) Toda sequência de Cauchy é convergente.
Sendo xn uma sequência de Cauchy, seque que, para todo  > 0 existe n0 ∈ N tal que
m, n > n0 implica | xm − xn |<  em particular, se n > n0 , então | xn − xn0 |<  ⇔
xn ∈ (xn0 − , xn0 + ). Seja X = {x1 , x2 , x3 , ..., xn0 − , xn0 + }, seja a = minX e
b = maxX , segue que a ≤ xn ≤ b, logo xn é limitada. Pelo Corolário 2.1.2 e pelo Lema
2.2.2, lim xn = a. Portando, toda sequência de Cauchy é convergente.
(⇒) Toda sequência convergente é de Cauchy.
Seja (xn ) uma sequência convergente. Logo dado  > 0 qualquer existem n1 , n2 ∈ N tal
que

m > n1 ⇒| xm − L |<
2
e

n > n2 ⇒| xn − L |<
2
Sendo n0 = max{n1 , n2 }, segue que
 
m, n > n0 ⇒| xn − xm |=| xn − L + L − xm |≤| xn − L | + | xm − L |< + =
2 2
O que mostrar que (xn ) é de Cauchy.

3.3 Operações com limites



1. Prove que, para todo p ∈ N, tem-se limn−→∞ n = 1.
n+p

√ √
Antes provemos que lim n = 1. Note que se (xn ) = ( n n)n∈N , tem-se que xn ≥ 1
n

para todo n ∈ N. É importante perceber que (xn ) é decrescente a partir do seu terceiro
termo, uma vez que
1 1 1 1
√ √
n
n> n+1
n + 1 ⇔ n n > (n + 1) n + 1 ⇔ (n n ) > ((n + 1) n + 1 )n ⇔
n

n n
⇔ n > (n + 1) n + 1 ⇔ (n)n+1
> ((n + 1) n + 1 )n+1 ⇔ nn+1 > (n + 1)n
nn n (n + 1)n n+1 n
⇔ > ⇔ n > ( ) ⇔ n > (1 + 1/n)n
nn nn n

48
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites

Provemos por indução que a desigualdade anterior é verdadeira para n ≥ 3. Sendo


P (n) = n > (1 + 1/n)n , segue que P (3) = 3 > (1 + 1/3)3 ⇔ 3 > (4/3)3 é verdade.
Supondo P (k) verdade para algum k ∈ N, resta-nos provar que P (k + 1) é verdade.
√ √
observe que k+1 k + 1 >
k+1
k > 1 + 1/k > 1 + 1/(k + 1) ⇒

k + 1 > 1 + 1/(k + 1) ⇒ k + 1 > (1 + 1/(k + 1))k+1
k+1

Logo, P (n) para todo n > 3. Assim, (xn ) é monótona limitada, e pelo Teorema 2.1.4,
tem-se que lim xn = L. observe que xn ≥ 1 e a partir de x3 é monótona decrescente,
logo tem-se que
L≥1

Agora considere a subsequência ( 2n 2n) temos:
1
L = lim[(2n) 2n ]2 = lim 21/n . lim n1/n
2

√ √
Note que lim n1/n = L e agora resta-nos saber quanto vale lim n
2. Observe que ( n 2)n∈N
é monótona decrescente, uma vez que,

n

n+1
2> 2

e ainda é limitada inferiormente, uma vez que n
2 > 1 para todo n ∈ N e limitada

superiormente pelo seu primeiro termo, assim, ( 2) é monótona limitada. Logo existe
n

1

lim n 2 = F e tem-se que F ≥ 1. Consideremos a subsequência (2 n(n + 1) ). Observe
que 1/n(n + 1) = 1/n − 1(n + 1). Pelo Teorema 2.1.2 e pelo item 3 do Teorema 2.3.2,
segue que
1 1 1
− 21/n
F = lim 2 n(n + 1) = lim 2 n n + 1 = lim 1/(n+1) = F/F = 1
2
Logo, F = 1. Agora podemos dar continuidade e concluir que,

L2 = 1.L

como L 6= 0, então L = 1. Com isso temos que lim n n = 1. Resta-nos encontrar o

resultado de lim n+p n. Relembre o Teorema 2.2.2 (Teorema do Sanduíche). Observe
√ √ √
que lim n n = lim 1 = 1, e que 1 ≤ n+p n ≤ n n. Logo pelo Teorema 2.2.2, seque que

n+p
lim n=1

Finalmente concluímos o desejado.

49
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites

2. Se existem  > 0 e k ∈ N tais que  ≤ xn ≤ nk para todo n sucientemente grande, prove


√ √ √ √
que lim n xn = 1. Use este fato para calcular limn−→∞ n n + k, lim n n + n, lim n log n
p

e lim n n log n.
Com efeito, se existem  > 0 e k ∈ N tal que  ≤ xn ≤ nk para todo n sucientemente
grande, segue que extraindo a raiz n-ésima na desigualdade obtemos
√ √ √
n
n
 ≤ n xn ≤ nk

Como já foi provado, na questão anterior, lim n a = 1 para todo a > 0. Logo, pelo

Teorema 2.2.2 segue que, lim n xn = 1.

Agora devemos mostrar a convergência de lim n n + k .
Observe que para n sucientemente grande, temos
√ √
n
√ √
n

n √
n
n < n + k < n n + n = 2n = 2. n n ⇒
√ √ √ √ √
⇒ n n < n n + k < n 2. n n Logo, pelo Teorema 6, segue que lim n n + k = 1 Agora

devemos mostrar a convergência de lim n n + n.
p

Observe que para n sucientemente grande, temos,


√ q
n √ √
n
1 < n + 2 < 2n ⇒ 1 < n + n < 2n

Logo, novamente pelo Teorema 2.2.2, segue que lim
p
n
n+ n=1
Observe que para n sucientemente grande, temos,
p √
n
1 < n log n ≤ n ≤ nk ⇒ 1 < n logn ≤ nk

Logo, pelo Teorema 2.2.2, segue que lim n
log n = 1
Observe que para n sucientemente grande, temos,
p √
n
1 < n < log n ≤ n ⇒ 1 < n log n ≤ n2 ⇒ 1 < n
n log n ≤ n2

Logo, pelo Teorema 2.2.2, segue que lim n
n log n = 1
√ √
3. Dado a > 0, dena indutivamente a sequência (xn ) pondo x1 = a e xn+1 = a + xn .
Prove que xn é convergente e calcule seu limite
r

q
L = a + a + a + ...

Observe que a sequência xn é crescente. Mostraremos esta característica por indução


√ √
sobre n. Temos que para n = 1, x1 = a < a + a = x1+1 . Supondo que a sequência
p

50
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites

é crescente para n = k , ou seja, xk < xk+1 . Devemos mostrar que essa desigualdade
é válida para k + 1. Ora, por hipótese de indução temos que xk < xk+1 . Adicionando
a em ambos os lados dessa desigualdade e extraindo a raiz quadrada logo em seguida,
obtemos que,
r s r
√ √
q q
xk+1 = a + a + ... + a < a + a + ... + a + a = x(k+1)+1

Assim, (xn ) é monótona crescente para todo n ∈ N. Note que (xn ) é limitada inferior-
mente por zero e qualquer número negativo. Devemos mostrar que existe k ∈ R∗+ − {1}
tal que xn < k para todo n. Faremos isso por indução sobre n. Para n = 1, temos para
k conveniente, segue

x1 = a<k
Agora supondo a desigualdade válida para n = t, devemos mostrar que a mesma tam-
bém é válida para t + 1. Note que
√ √
xt < k < k 2 ⇒ xt + a < k 2 + a ⇒ xt+1 = xt + a < k2 + a

Assim (xn ) é monótona crescente e limitada, e por conseguinte, convergente. Temos


agora que

xn+1 = a + xn ⇔ (xn+1 )2 = a + xn
Pelo Teorema 2.3.2, segue que

lim(xn+1 )2 = lim(a + xn ) ⇒ L2 = a + L ⇒ L2 − L − a = 0

Lembre que equações do segundo grau da forma ℵ2 − ℵ − ψ = 0, só admitem uma única


raiz positiva, e como L > 0, segue que L2 − L − a = 0 só admite uma única solução
aceitável, ou seja, √
1+ 1 + 4a
L+
2
Assim concluímos o desejado.
√ √ √
4. Seja en = (xn − a)/ a o erro relativo na n-ésima etapa do calculo de a. Prove
que en+1 = e2n /2(1 + en ). Conclua que en ≤ 0, 01 ⇒ en+1 ≤ 0, 00005 ⇒ en+2 ≤
0, 00000000125 e observe a rapidez de convergência do método.

5. Dado a > 0, dena indutivamente a sequência (xn ) pondo x1 = 1/a e xn+1 = 1/(a+xn ).
Considere o número c, raiz positiva da equação x2 + ax − 1 = 0, único numero positivo
tal que c = 1/(a + c). Prove que

x2 < x4 < ... < c < ... < x2n−1 < ... < x3 < x1 ,

51
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites

e que lim xn = c. O número c pode ser considerado como a soma da fração contínua
1
1
a+
1
a+
1
a+
a + ...
1 1
Com efeito, note que xn+2 = e xn+1 = , isto implica
a + xn+1 a + xn
1 1 a + xn
xn+2 = = 2 = 2
a + xn+1 a + axn + 1 a + axn + 1
a + xn
desta forma
a + x1
x3 = x1+2 =
a2 + ax1 + 1
1 1
Note que c = < x1 = , onde c > 0.
a+c a
Como c > x1 , segue que
1 1
c= > = x2
a+c a + x1
1
por transitividade temos x1 > x2 = . Logo, x21 + ax > 1.
a + x1
Como a > 0, segue que podemos multiplicar ambos os lados da desigualdade por a, e
adicionar x1 em ambos os lados da desigualdade, desta forma,

x21 + ax > 1 ⇒ a(x21 + ax1 ) + x1 > a + x1 ⇒

⇒ ax21 + a2 x1 + x1 > a + x1 ⇔ x1 (ax1 + a2 + 1) > a + x1 ⇒


a + x1
⇒ x1 > = x1+2 = x3
ax1 + a2 + 1
x1 > x3
como x2 < c, segue que
1 1
x3 = > =c
a + x2 a+c
logo, temos que x1 > x3 > c > x2 .
1 1
Como x3 > c, segue que x4 = < = c. Note que, como x1 > x3 , então
a + x3 a+c
1 1
x4 = x3+1 = > = x1+1 = x2
a + x3 a + x1
Logo,
x1 > x3 > c > x4 > x2

52
3 Resolução dos Exercícios 3.3 Operações com limites

Seguindo de modo análogo, percebe-se que a sequência formada pelos índices ímpares é
decrescente e limitada superiormente pelo sei primeiro termo e que a sequência formada
pelos índices pares e crescente e limitada inferiormente pelo seu primeiro termo. Logo
as subsequências x2n e x2n−1 são convergente.
Digamos que lim x2n = L1 e lim x2n−1 = L2 . Observe agora que,
a + xn
xn+2 = , ∀n ∈ N
a2 + axn + 1
Logo,
a + x2n−1
x(2n−1)+2 =
a2 + ax2n−1 + 1
e
a + x2n
x2n+2 =
a2 + ax2n + 1
Aplicando as igualdades na situação limite, obtemos o seguinte,
a + x2n−1
lim x(2n−1)+2 = lim
a2 + ax2n−1 + 1
e
a + x2n
lim x2n+2 =
a2 + ax2n + 1
então, a2 L2 + aL22 + L2 − a − L2 = 0 e a2 L1 + aL21 + L1 − a − L1 = 0, então,

L22 + aL2 − 1 = 0

e
L21 + aL1 − 1 = 0

Segue de x2 + ax − 1 = 0, onde c é a única raiz positiva dessa equação, que, de


L22 + aL2 − 1 = 0 tem-se L2 = c e de L21 + aL1 − 1 = 0 tem-se que L1 = c, logo,
L1 = c = L2 .
Assim, lim xn = c

6. Dado a > 0, dena indutivamente a sequência (yn ), pondo y1 = a e yn+1 = a + 1/yn .


Mostre que lim yn = a + c, onde c é como no exercício anterior.

Na questão anterior tínhamos que (xn ) era uma sequência denida por x1 = 1/a e
xn+1 = 1/(a + xn ). Agora temos (yn ) denida como y1 = a e yn+1 = a + 1/yn , e

53
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos

queremos mostrar que lim yn = a + c.


Suponhamos então, por um instante que xn = 1/yn , desta forma

lim yn+1 = lim a + 1/yn = lim a + lim 1/yn = lim a + lim xn

que pelo Teorema 2.3.2 e pela questão anterior, vem que lim yn+1 = a+c. Pelo Corolário
2.1.1, segue que lim yn = a + c.
Assim, resta-nos mostrar que xn = 1/yn . Faremos isso por indução sobre n. Note
que para n = 1 temos que x1 = 1/a = 1/a = 1/y1 é verdade. Supondo a armação
verdadeira para n = k , temos que mostrar que essa armação também é verdadeira
para k + 1.
Observe que,
1 1 yk
xk+1 = = = (i)
a + xk a + 1/yk ayk + 1
e
1 ayk + 1 1 yk
yk+1 = a + = ⇒ = (ii)
yk yk yk+1 ayk + 1

1
De (i) (ii) segue que xk+1 = .
yk+1
Assim concluímos o desejado.

7. Dena a sequência (an ) indutivamente, pondo a1 = a2 + an para todo n ∈ N. Escreva


xn = an /an+1 e prove que lim xn = c, onde c é o número positivo tal que 1/(c + 1) = c.

O termo an chama-se o n-ésimo número de Fibonacc i e c = (−1 + 5)/2 é o número
de our o da Geometria Clássica.
Note que com as informações fornecidas podemos concluir que
an
an an a 1 1
xn = = = a + na = a =
an+1 an + an−1 n n−1
1+
n−1 1 + xn−1
an a n

e isto implica que


1
xn = , ∀n ∈ N.
1 + xn−1
Perceba que na Questão 5 desta mesma seção, provamos que lim yn = c, onde yn+1 =
1/a + yn tal que a > 0.
Pois assim, fazendo a = 1, temos que lim xn = c, e ainda temos que c = 1/1 + c é a
única raiz positiva da equação x2 + x − 1 = 0.
√ √
−1 + ∆ −1 + 5
Logo, c = = .
2 2
Donde concluímos o desejado.

54
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos

3.4 Limites innitos



1. Prove que lim n! = +∞.
n


Sendo (xn ) = ( n!) uma sequência, precisamos mostrar que dado A > 0 arbitrá-
n


rio, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > A, ou seja, n! > A.
n

An An
Note que dado A > 0 arbitrário, temos que lim = 0. Com efeito, sendo yn = ,
n! n!
segue que
An+1
yn+1 (n+1)! An+1 n! A yn+1
lim = lim An
= lim n
= lim = 0 ⇒ lim = 0 < 1.
yn n!
(n + 1) A n+1 yn

An
E, pelo exemplo 2.3.1, concluímos que lim yn = lim = 0. E como n! > 0 e An > 0
n!
para todo n ∈ N. Daí, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica n! > An para A > 0 xo.
Assim,

n
n > n0 ⇒ n! > A

Logo lim n! = +∞.
n


2. Se lim xn = +∞ e a ∈ R, prove que limn→∞ [ log(xn + a) − log xn ] = 0.
p

√ √
√ √ a−b a− b
Note que a− b= √ √ .√ √ . Portanto,
a+ b a− b
p √
p p log(xn + a) − log xn log(xn + a) − log xn
lim [ log(xn + a)− log xn ] = lim p √ .p √ =
n→∞ log(xn + a) + log xn log(xn + a) − log xn
xn + a
xn lim log(1 + a/xn )
= lim log p √ .1 = p √
log(xn + a) − log xn lim log(xn + a) − log xn
Observe que lim xn = +∞, ou seja, xn é innitamente grande para n grande, e por esse
motivo, lim log(1 + a/xn ) = log(1 + 0) = log 1 = 0 para a xo.

E isto nos permite armar que lim log log(xn + a) − log xn = 0.
p

Assim concluímos o desejado.

n!
3. Dados k ∈ N e a > 0, determine o limite limn→∞ . Supondo a > 0 e a 6= e calcule
nk .an
n k n
a .n! n .a .n!
limn→∞ n
e limn→∞ .
n nn

55
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos

nk .an
(i) Considere a sequência tn = > 0 para todo n, k ∈ N, temos lim tn = 0, pois
n!
tn+1
lim = 0 < 1, observe,
tn
(n + 1)k .an+1
tn+1 (n + 1)! (n + 1)k .an+1 n! a 1
lim = lim k n
= lim . k n = lim .(1 + )k
tn n .a (n + 1)! n .a n+1 n
n!
a 1 tn+1
Observe que lim = 0 e lim(1 + )k = 1. Logo lim = 0 < 1. Como no
n+1 n tn
exemplo 2.3.1, segue que lim tn = 0. Agora perceba que, dado  = 1/A > 0, existe
1
n0 ∈ N tal que n > n0 implica | tn − 0 |=| tn |= tn <  = 1/A e isto equivale à > A,
tn
ou seja,
1
lim = +∞
tn
n!
Logo, lim k n = +∞.
n .a
nn
(ii) Agora sendo a > 0 e a 6= e, e ainda, xn = n , segue que,
a n!
an+1 (n + 1)!
xn+1 (n + 1)n+1 an a(n + 1)n!nn n n
lim = lim n = lim = lim a[ ] ,
n→∞ xn n→∞ a n! n→∞ (n + 1)n (n + 1)an n! n→∞ n+1
nn
e pelo Teorema 2.3.2, segue que
xn+1 a
lim =
xn e
Agora temos dois casos a analisar,
xn+1 an n!
• Se a < e, então lim = ae < 1, e conforme o exemplo 2.3.1, lim xn = lim n = 0.
xn n
xn+1 a
• Se a > e, então lim = > 1, então armamos que lim xn = +∞, pois sendo
xn e
yn = 1/xn , segue que
zn+1 1 1 e
lim = lim xn+1 = a = < 1
zn a
xn e
1
que, novamente conforme o exemplo 2.3.1, lim zn = lim = 0, ou seja, dado  =
xn
1/A > 0, existe n0 ∈ N tal que
1 1 1
n > n0 ⇒| zn − 0 |=| − 0 |= <  = ⇔ xn > A
xn xn A
ou ainda, lim xn = +∞.
Donde concluímos essa armação.

56
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos

an n! k
(iii) Agora, sendo wn = n
n = xn .nk , logo, lim wn é exatamente análogo a (ii).
n
Assim, concluímos o desejado.

4. Mostre que limn→∞ log(n + 1)/ log n = 1.

1
log(n + 1) log(n + 1) − log n log(1 + )
Considere a sequência xn = −1. Logo xn = = n .
log n log n log n
Observe que lim[log n] = +∞ e log n > 0 para todo n > 1 e ainda que log(1 + 1/n) > 0
para todo n ∈ N, e lim[log(1 + 1/n)] = 0, e por conseguinte log(1 + 1/n) é limitada.
Agora pelo Teorema 2.3.2, item (3), sendo zn = log n uma sequência cujo limite é mais
innito e vn = log(1 + 1/n) uma sequência limitada, segue que

vn log(1 + 1/n)
lim xn = lim = lim =0
zn log n
Agora pela Observação 2.3.1, segue que

log(n + 1)
lim xn = 0 ⇒ lim =1
log n
Assim concluímos o desejado.

5. Sejam (xn ) uma sequência arbitrária e (yn ) uma sequência crescente com lim yn = +∞.
Supondo que lim(xn+1 − xn )/(yn+1 − xn ) = a, prove que lim xn /yn = a. Conclua que
se lim(xn+1 − xn ) = a então lim xn /n = a. Em particular, de lim log(1 + 1/n) = 0,
log n
conclua que lim = 0.
n

Sejam an = xn+1 − xn e bn = yn+1 − yn . Temos que dado  > 0 qualquer existe


p ∈ N tal que
k > p ⇒ a −  < ap+1 /bp+1 , ..., ap+k /bp+k < a + .

Sendo α ∈ Ip+k − Ip , segue que a −  < < a + .

Uma vez que (yn ) é crescente, segue que bn = yn+1 − yn > 0 para todo n ∈ N, e temos
que, multiplicando a desigualdade por bα > 0, e depois aplicando a desigualdade no
p+k
X
, temos
α=p+1

p+k p+k p+k


X X X
(a − )bα < aα < (a + )bα ⇔ (a − )bα < aα < (a + )bα
α=p+1 α=p+1 α=p+1

57
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos

p+k
X
Aplicando propriedades de somatório e dividindo a desigualdade por bα , obtemos
α=p+1

p+k
X

α=p+1 x(p+1)+1 − xp+1 + ... + xp+k+1 − xp+k
(a−) < < (a+) ⇔ (a−) < < (a+) ⇔
p+k
X y(p+1)+1 − yp+1 + ... + yp+k+1 − yp+k

α=p+1

xp+k+1 − xp+1
⇔ (a − ) < < (a + )
yp+k+1 − yp+1
para todo k ∈ N.
xp+k+1 xp+1

xp+k+1 − xp+1 yp+k+1 yp+k+1
Logo, a = limk→∞ = lim yp+1 . Como (yn ) → +∞, xp+1 , yp+1
yp+k+1 − yp+1 1−
yp+k+1
são xos, segue que
xp+k+1 xn
a = lim = lim
k→∞ yp+k+1 n→∞ yn

Agora considere (yn ), onde yn = n. Temos que yn é crescente e lim yn = +∞. Além
disso, note que
yn+1 − yn = (n + 1) − n = 1

Portanto lim yn+1 − yn = lim 1 = 1. Observe que


xn+1 − xn xn+1 − xn
lim = lim = lim xn+1 − xn = a
yn+1 − yn 1
xn xn
Pelo já provado acima, temo que lim = lim = a.
yn n

Em particular, considerando xn = log n e a = 0, temos que


1
xn+1 − xn = log(n + 1) − log n = log(1 + )
n
1
Portanto lim(xn+1 − xn ) = lim[log(1 + )] = 0.
n
log n
Assim concluímos que lim = 0.
n

58
3 Resolução dos Exercícios 3.4 Limites infinitos

6. Se lim xn = a e (tn ) é uma sequência de números positivos com

lim(t1 + ... + tn ) = +∞,

prove que
t1 x1 + ... + tn xn
lim = a.
t1 + ... + tn
x1 + ... + xn
Em particular, se yn = , tem-se ainda lim yn = a.
n

Da convergência de (xn ) temos que dado  > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 im-
plica xn ∈ (a − , a + ), ou seja,

a −  < xn < a + 

Tomando k ∈ In − In0 , segue que

a −  < xk < a +  ⇒ tk (a − ) < tk .xk < tk (a + ),

pois tk > 0 para todo n ∈ N.


Xn n
X
Aplicando na desigualdade e depois dividindo-a por tk , obtemos,
k=1 k=1
n
X n
X
tk xk t k xk
k=1 k=1
(a − ) < n < (a + ) ⇔ n ∈ (a − , a + )
X X
tk tk
k=1 k=1

ou seja,
n
X
tk xk
k=1
lim n =a
X
tk
k=1
n
X
Para esta parte, tomando wn = 1, segue que wk = n e portanto
k=1
n
X
lim wk = +∞
k=1

Como lim xn = a, segue que


n
X
wk = n
k=1 x1 + ... + xn
lim = lim = a.
n n
Assim concluímos o desejado.

59
Abstract
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