Você está na página 1de 58

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Departamento de Matemática - DAMAT

Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral 1

Material de apoio:
Cálculo Diferencial e Integral 1

Prof
a Angélica Maria Tortola Ribeiro

e-mail: angelica.tortola@hotmail.com

Curitiba, 2018
Sumário

1 Introdução ao Cálculo 1
2 Conjuntos Numéricos 5
2.1 Intervalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Valor Absoluto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3 Funções Reais de uma Variável Real. 14


3.1 Relações entre Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.2 Principais Tipos de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.1 Funções denidas por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2.2 Funções pares e ímpares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2.3 Funções Crescentes e Decrescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2.4 Funções Polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.5 Funções Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.6 Funções Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.7 Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.8 Funções Exponenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.9 Funções Inversas e Logarítmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4 Limites e Continuidade 40
4.1 Denição Precisa de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Limites no Innito; Assíntotas Horizontais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

5 Derivadas e Aplicações 56
5.1 Derivadas de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Referências Bibliográcas 61

ii
Capítulo 1
Introdução ao Cálculo

O Cálculo Diferencial e Integral, é um ramo essencial da matemática, que se dedica


ao estudo de conceitos básicos em cursos de ciências exatas, tais como taxas de variação,
áreas abaixo de curvas, volumes de sólidos, etc.
O cálculo foi criado como uma ferramenta auxiliar em várias áreas. Desenvolvido
simultaneamente por Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) e Isaac Newton (1643-1727),
em trabalhos independentes, e se tornou uma poderosa ferramenta matemática utilizada
na resolução diversos problemas envolvendo várias áreas do conhecimento.
O cálculo tem inicialmente três "operações-base", ou seja, possui áreas iniciais como
o cálculo de limites, o cálculo de derivadas de funções e a integral de diferenciais.
Com o advento do "Teorema Fundamental do Cálculo"estabeleceu-se uma conexão
entre os dois ramos do cálculo: o Cálculo Diferencial e o Cálculo Integral. O cálculo
diferencial surgiu do problema da tangente, enquanto o cálculo integral surgiu de um
problema aparentemente não relacionado, o problema da área.
O professor de Isaac Newton em Cambridge, Isaac Barrow, descobriu que esses dois
problemas estão de fato estritamente relacionados, ao perceber que a derivação e a inte-
gração são processos inversos. Foram Leibniz e Newton que exploraram essa relação e a
utilizaram para transformar o cálculo em um método matemático sistemático. Particular-
mente ambos viram que o Teorema Fundamental os capacitou a calcular áreas e integrais
muito mais facilmente, sem que fosse necessário calculá-las como limites de soma (método
descrito pelo matemático Riemann).
Alguns problemas práticos que ilustram as aplicações da Teoria do Cálculo, são:

• O Problema de Área ⇒ Cálculo Integral.

1
2 INTRODUÇÃO AO CÁLCULO 1.0

Originalmente, na Grécia antiga, o cálculo de áreas era feito usando o "método da


exaustão". Tal relação de áreas pode ser representada por: A = limn→∞ An , mas na

Figura 1.1: Método da exaustão aplicado em circunferências

época ainda não se usava tal notação.


De modo semelhante, podemos encontrar a área da Figura abaixo:

Figura 1.2: Exemplo de um problema de área.

O problema da área é central no ramo do cálculo chamado cálculo integral.

• O Problema da Tangente ⇒ Cálculo Diferencial.

Considere o problema de tentar determinar a reta tangente t a uma curva com


equação y = f (x), em um dado ponto P .

Figura 1.3: A reta tangente em P.


1.0 3

Uma vez que sabemos ser P um ponto sobre a reta tangente, podemos encontrar a
equação de t se conhecermos sua inclinação m, mas para isso precisamos conhecer
dois pontos sobre t. Para contornar esse problema, determinamos primeiro uma
aproximação para m, tomando sobre a curva um ponto próximo Q e calculando a
inclinação mP Q da reta secante P Q, obtemos:
f (x)−f (a)
mP Q = x−a

Figura 1.4: A reta secante em PQ.

Considere agora o ponto Q movendo-se ao longo da curva em direção a P , de tal


modo que a reta secante gira e aproxima-se da reta tangente como sua posição-limite.
Isso signica que a inclinação mP Q da reta secante ca cada vez mais próxima da
inclinação m da reta tangente. Isso é denotado por:
f (x)−f (a)
m = limQ→P mP Q = limx→a x−a

Figura 1.5: Retas secantes aproximando-se da reta tangente.


4 INTRODUÇÃO AO CÁLCULO 1.0

e dizemos que m é o limite de mP Q quando Q tende ao ponto P ao longo da curva.

O problema da tangente deu origem ao ramo do cálculo chamado cálculo diferen-


cial, que só foi inventado mais de 2 mil anos após o cálculo integral.
Capítulo 2
Conjuntos Numéricos

Vamos apresentar resumidamente, as características de cada conjunto numérico.

• Conjunto dos Números Naturais (N): Os números naturais são representados


por N. Eles reúnem os números "inteiros"(incluindo o zero) e são innitos.

N = {0, 1, 2, 3, 4, ...}

Subconjuntos dos Números Naturais:

1 - N∗ = {1, 2, 3, 4, ..., n, ...} ou N∗ = N − {0}: conjuntos dos números naturais


não-nulos, ou seja, sem o zero.
2 - Np = {0, 2, 4, 6, 8..., 2n, ...}, em que n ∈ N : conjunto dos números naturais pares.
3 - Ni = {1, 3, 5, 7, 9..., 2n + 1, ...}, em que n ∈ N : conjunto dos números naturais
ímpares.
4 - P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, ...}: conjunto dos números naturais primos.

• Conjunto dos Números Inteiros (Z): Os números inteiros são representados


por Z. Reúnem todos os elementos dos números naturais (N) e seus opostos. Assim,
conclui-se que N é um subconjunto de Z, ou seja, N ⊂ Z.

Subconjuntos dos Números Inteiros:

1 - Z∗ = {..., −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, ...} ou Z∗ = Z − {0}: conjuntos dos nú-
meros naturais não-nulos, ou seja, sem o zero.
2 - Z+ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}: conjunto dos números inteiros e não-negativos. Note
que Z+ = N.

5
6 CONJUNTOS NUMÉRICOS 2.0

3 - Z∗+ = {1, 2, 3, 4, 5, ...}: conjunto dos números inteiros positivos e sem o zero.
4 - Z− = {..., −5, −4, −3, −2, −1, 0}: conjunto dos números inteiros não-positivos.
5 - Z∗− = {..., −5, −4, −3, −2, −1}: conjunto dos números inteiros negativos e sem
o zero.

• Conjunto dos Números Racionais (Q): Os números racionais são representados


por Q. Reúnem os números fracionários representados pelo conjunto das frações p
q
sendo p e q números inteiros e q 6= 0.

Q = {0, ±1, ±1/2, ±1/3, ..., ±2, ±2/3, ±2/5, ..., ±3, ±3/2, ±3/4, ...}

Note que todo número inteiro é também número racional. Assim, Z é um subcon-
junto de Q.

Subconjuntos dos Números Racionais:

1 - Q∗ = subconjunto dos números racionais não-nulos, formado pelos números


racionais sem o zero.
2 - Q+ = subconjunto dos números racionais não-negativos, formado pelos números
racionais positivos e o zero.
3 - Q∗+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado pelos números ra-
cionais positivos, sem o zero.
4 - Q− = subconjunto dos números racionais não-positivos, formado pelos números
racionais negativos e o zero.
5 - Q∗− = subconjunto dos números racionais negativos, formado pelos números ra-
cionais negativos, sem o zero.

• Conjunto dos Números Irracionais (I): Os números irracionais são representa-


dos por I, não podem ser expressos como a razão de números inteiros. Reúnem os
números decimais não exatos com uma representação innita e não periódica, por
√ √
exemplo: 3, 141592, 1, 203040, 2, 3, etc.
Importante ressaltar que as dízimas periódicas são números racionais e não irra-
cionais. Elas são números decimais que se repetem após a vírgula, por exemplo:
1,3333333.
2.0 7

Figura 2.1: Diagrama dos conjuntos numéricos

• Conjunto dos Números Reais (R): Os números reais são representados por R.
Esse conjunto é formado pelos números racionais (Q) e irracionais (I). Assim, temos
que R = Q ∪ I. Além disso, N, Z, Q e I são subconjuntos de R.
Mas, observe que se um número real é racional, ele não pode ser também irracional.
Da mesma maneira, se ele é irracional, não é racional.

Subconjuntos dos Números Reais:

1 - R∗ = {x ∈ R|x 6= 0}: Conjunto dos números reais não-nulos.


2 - R+ = {x ∈ R|x ≥ 0}: Conjunto dos números reais não-negativos.
3 - R∗+ = {x ∈ R|x > 0}: Conjunto dos números reais positivos.
4 - R− = {x ∈ R|x ≤ 0}: Conjunto dos números reais não-positivos.
5 - R∗− = {x ∈ R|x < 0}: Conjunto dos números reais negativos.

A Figura 2.1 ilustra as relações entre os conjuntos numéricos.


Todo número tem uma representação decimal. Se o número for racional, então a dízima
correspondente é repetida indenidamente (periódica). Por exemplo,
2
= 0, 666666 = 0, 6
3
157
495
= 0, 317171717 = 0, 317
9
7
= 1, 285714285714 = 1, 285714

(A barra indica que a sequência de dígitos se repete indenidamente.) Caso contrário,


se o número for irracional, a dízima não será repetitiva:
8 CONJUNTOS NUMÉRICOS 2.1

Figura 2.2: Representação da Reta Real


2 = 1, 414213562373095...
π = 3, 141592653589793...

Ao pararmos a expansão decimal de qualquer número em uma certa casa decimal,


obtemos uma aproximação dele. Por exemplo, podemos escrever

π ≈ 3, 14159265

onde o símbolo ≈ deve ser lido como "é aproximadamente igual a". Quanto mais casas
decimais forem mantidas, melhor será a aproximação obtida.
Os números reais podem ser representados por pontos sobre uma reta, como na Figura
2.2. A direção positiva (à direita) é indicada por uma echa. Escolhemos um ponto de
referência arbitrário, O, denominado origem, que corresponde ao número real 0. Dada
qualquer unidade conveniente de medida, cada número positivo x é representado pelo
ponto da reta que está a x unidades de distância, à direita, da origem e cada número
negativo −x é representado pelo ponto sobre a reta que está a x unidades de distância, à
esquerda, da origem. Assim, todo número real é representado por um ponto sobre a reta, e
todo ponto P sobre a reta corresponde a um único número real. O número real associado
ao ponto P é chamado coordenada de P , e a reta é dita então reta coordenada, ou reta
dos números reais, ou simplesmente reta real. Frequentemente, identicamos o ponto com
sua coordenada e pensamos em um número como um ponto na reta real.
Vamos introduzir brevemente a notação de conjuntos. Um conjunto é uma coleção
de objetos, chamados elementos do conjunto.
Sejam A e B conjuntos, então algumas operações entre conjuntos, são:

• A ∩ B : É a intersecção de A e B , é formado pelos elementos que pertencem simul-


taneamente aos dois conjuntos.

• A∪B : É a união de A e B , ou seja, é o conjunto formado por todos os elementos que


estão em A ou em B ou em ambos (são os elementos que pertencem a pelo menos
um dos conjuntos).

O conjunto representado por ∅, é chamado de conjunto vazio ou impossível e denota


um conjunto sem elementos.
2.2 INTERVALOS 9

Figura 2.3: Diferentes tipos de intervalos

2.1 Intervalos
Denominamos por intervalos os conjuntos de números reais que correspondem geo-
metricamente a segmentos de reta. Exemplos:

1 - (a, b) = {x|a < x < b}: É denominado intervalo aberto, tal que suas extremidades,
isto é, os pontos a e b, estão excluídas.
2 - [a, b] = {x|a ≤ x ≤ b}: É denominado intervalo fechado, tal que suas
extremidades, isto é, os pontos a e b, estão incluídas.

Também é possível incluir somente uma das extremidades em um intervalo, conforme


mostrado na Figura 2.3.
Também temos intervalos innitos, tais como:

(a, ∞) = {x|x > a}


(−∞, a) = {x|x < a}
[a, ∞) = {x|x ≥ a}
(−∞, a] = {x|x ≤ a}

2.2 Desigualdades
Desigualdade é uma expressão que estabelece uma relação de ordem entre dois elemen-
tos. Nos números reais, esta relação é representada pelos símbolos <, ≤, >, ≥, signicando,
menor, menor ou igual, maior, maior ou igual, respectivamente. De forma mais geral, tam-
bém podem ser incluídas nas desigualdades expressões contendo a relação de diferença
6= .
10 CONJUNTOS NUMÉRICOS 2.3

Algumas regras para desigualdades, são:

1 - Se a < b, então a + c < b + c, com a, b e c ∈ R


2 - Se a < b e c < d, então a + c < b + d, com a, b, c e d ∈ R.
3 - Se a < b e c > 0, então ac < bc, com a e b ∈ R e c ∈ R∗+ .
4 - Se a < b e c < 0, então ac > bc, com a e b ∈ R e c ∈ R∗− .
5 - Se 0 < a < b, então 1/a > 1/b, com a e b ∈ R∗+ .
Exemplos:
1. Resolva a inequação 1 + x < 7x + 5. R: x > − 32 .

2. Resolva a inequação 4 ≤ 3x − 2 < 13. R: x ∈ [2, 5).

3. Resolva a inequação x2 − 5x + 6 ≤ 0. R: x ∈ [2, 3].

4. Resolva x3 + 3x2 > 4x. R: {x| − 4 < x < 0 ou x > 1}.

5. Resolva a inequação x
x+7
< 5, x 6= −7. R: {x|x < −35/4 ou x > −7}

2.3 Valor Absoluto


O valor absoluto de um número a, denotado por |a|, é a distância de a até 0 na reta
real. Como distâncias são sempre positivas ou nulas, temos

|a| ≥ 0, para todo número a.

Como exemplos, temos:

|3| = 3 | − 3| = 3 |0| = 0 |3 − π| = π − 3

De modo geral, temos

|a| = a, se a ≥ 0
|a| = −a, se a < 0

Outra relação importante é:



a2 = |a|, para todo a.

Propriedades dos Valores Absolutos: Considere a e b números reais e n um inteiro.


Então:

1. |ab| = |a||b|
2.3 VALOR ABSOLUTO 11

Figura 2.4: Representação de |x| < a

Figura 2.5: Representação de |a − b|

2. ab = |a|
, onde b 6= 0

|b|

3. |a + b| ≤ |a| + |b| (Desigualdade Triangular)

4. |a − b| ≥ |a| − |b|

5. |an | = |a|n

Suponha agora a > 0, então valem as relações:

1. |x| = a, se e somente se x = ±a

2. |x| < a, se e somente se −a < x < a

3. |x| > a, se e somente se x > a ou x < −a

Por exemplo, a desigualdade |x| < a diz que a distância de x à origem é menor que a,
e isso é válido se e somente se x estiver entre −a e a (Figura 2.4).
Se a e b forem números reais quaisquer, então a distância entre a e b é o valor absoluto
da diferença, isto é, |a − b|, que também é igual |b − a| (Figura 2.5).

Exemplos:
1. Resolva |2x − 5| = 3. R: x = 4 ou x = 1.

2. Resolva |x − 5| < 2. R: x ∈ (3, 7).


12 CONJUNTOS NUMÉRICOS 2.3

3. Resolva |3x + 2| ≥ 4. R: {x|x ≤ −2 ou x ≥ 23 }.

4. Se |x − 4| < 0, 1 e |y − 7| < 0, 2, use a Desigualdade Triangular para estimar


|(x + y) − 11|. R: |(x + y) − 11| < 0, 3.

5. Resolva |7x − 1| = |2x + 5|. R: {x|x = 6/5 ou x = −4/9}.

Exercícios:
1. Resolva a inequação em termos de intervalos e represente o conjunto solução na reta
real.
a) 2x + 7 > 3
b) 3x − 11 < 4
c) 1 − x ≤ 2
d) 4 − 3x ≥ 6
e) 4x < 2x + 1 ≤ 3x + 2
f ) (x − 1) (x − 2) > 0
g) x3 > x
h) x3 + 3x < 4x2
1
i) x
<4

2. A relação entre as escalas de temperatura Celsius e Fahrenheit é dada por C =


5
9
(F − 32), onde C é a temperatura em graus Celsius e F é a temperatura em graus
Fahrenheit. Qual é o intervalo sobre a escala Celsius correspondente à temperatura
no intervalo 50 ≤ F ≤ 95?

3. À medida que sobe, o ar seco se expande, e ao fazer isso se resfria a uma taxa de
cerca de 1 o C para cada 100 m de subida, até cerca de 12 km.
a) Se a temperatura do solo for de 20 o C, escreva uma fórmula para a tempera-
tura a uma altura h.
b) Que variação de temperatura você pode esperar se um avião decola e atinge
uma altura máxima de 5 km?

4. Reescreva a expressão sem usar o símbolo de valor absoluto.


a) |5 − 23|.
2.3 VALOR ABSOLUTO 13

b) | − π|.

c) | 5 − 5|.
d) |x − 2|, se x < 2.
e) |x + 1|.
f ) |x2 + 1|.

5. Resolva para x:
a) |x + 3| = |2x + 1|
b) | 2x−1
x+1
|=3
c) |x − 4| < 1
d) |x + 5| ≥ 2
e) |2x − 3| ≤ 0, 4
f ) 1 ≤ |x| ≤ 4

6. Demonstre que |ab| = |a||b|.

7. Demonstre que |x−y| ≥ |x|−|y|. [Dica: Use a desigualdade Triangular com a = x−y
e b = y ].

8. Demonstre que |an | = |a|n .


Capítulo 3
Funções Reais de uma Variável Real.

Funções são relações que surgem quando uma quantidade depende de outra. Exemplos:

1. A área A de um círculo depende do seu raio r. Esta relação entre r e A é modelada


pela equação A = πr2 . A cada número r positivo está associado um único valor de
A e dizemos que A é uma função de r.

2. A população humana do mundo P depende do tempo t.

3. O custo C de enviar uma carta preferencial pelo correio depende de seu peso w.

4. A aceleração vertical a do solo registrada por um sismógrafo durante um terremoto


é uma função do tempo t.

Denição: Sejam A e B subconjuntos de R. Uma função f : A → B é uma lei ou


regra que a cada elemento de A faz corresponder um único elemento de B . O conjunto A
é chamado domínio de f e é denotado por D(f ). O conjunto B é chamado contrado-
mínio de f .

Figura 3.1: Diagrama de echas para f .

14
3.0 15

Denotamos:
f :A→B
x → f (x)

Cada echa conecta um elemento de A com um elemento de B . A echa indica que


f (x) está associado a x, f (a) está associado a a e assim por diante.
Outro método bastante comum de visualizar uma função consiste em fazer seu gráco.
Se f é uma função com domínio A, então seu gráco será o conjunto de pares ordenados:
{(x, f (x)) |x ∈ A}

Figura 3.2: Representação gráca de uma função.

Denição: Seja f : A → B .
(i) Dado x ∈ A, o elemento f (x) ∈ B é chamado valor da função f no ponto x ou ima-
gem de x por f .
(ii) O conjunto de todos os valores assumidos pela função é chamado conjunto imagem
de f e é denotado por Im(f ).

Exemplos:
1. Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = Z e f : A → B denida pela regra que a cada
elemento de A faz corresponder o seu dobro. Então,
- A regra que dene f é f (x) = 2x;
- A imagem do elemento 1 é 2, de 2 é 4, etc.;
- O domínio de f é dado por: D(f ) = A;
- O conjunto imagem de f é dado por: Im(f ) = {2, 4, 6, 8, 10}

2. Seja f : R → R, x → x2 . Então,
- D(f ) = R;
- Im(f ) = R+ = [0, ∞).
16 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.0

3. Seja f (x) = x, para x ∈ R+ . Então,
- D(f ) = R+ = [0, ∞);
- Im(f ) = R+ = [0, ∞).

Exercícios:
1. Considere a função f apresentada na Figura 3.3:

Figura 3.3: Exemplo 1.

a) Encontre os valores de f (1) e f (5).


b) Quais são o domínio e a imagem de f ?

2. Esboce o gráco e encontre o domínio e a imagem de cada função:


a) f (x) = 2x − 1
b) f (x) = x2

3. Encontre o domínio, a imagem e represente gracamente cada função:



a) f (x) = x+2
1
b) f (x) = x

c) f (x) = − x − 1
d) f (x) = |x|

O gráco de uma função é uma curva no plano xy. Mas surge a questão: quais curvas
no plano xy são grácos de funções?

Teste da Reta Vertical: Uma curva no plano xy é o gráco de uma função de x se


e somente se nenhuma reta vertical cortar a curva mais de uma vez.
3.1 17

A Figura 3.4 ilustra essa armação. Se cada reta vertical x = a cruzar a curva somente
uma vez, em (a, b), então exatamente um valor funcional é denido por f (a) = b. Mas se
a reta interceptar a curva em dois pontos, (a, b) e (a, c), por exemplo, a curva não pode
representar uma função, pois uma função não pode associar dois valores diferentes
ao mesmo ponto x = a.

Figura 3.4

Exemplos:
1. Seja f (x) = x + 1, f : A → B , tal que A = {1, 2, 3, 4} e B = {2, 3, 4, 5}, então f é
uma função de A em B .

2. A prábola x = y 2 − 2 não é o gráco de uma função de x (Figura 3.5), pois, como


podemos ver, existem retas verticais que interceptam a parábola duas vezes.

Figura 3.5

3. Sejam A = {3, 4, 5} e B = {1, 2}, então f (x) = x − 3, f : A → B , não é uma função,


pois o elemento 3 ∈ A não tem correspondente em B .
18 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.1

3.1 Relações entre Funções


Operações com funções: Dadas as funções f e g, são denidas as seguintes operações
de soma, subtração, produto e quociente:

• (f + g)(x) = f (x) + g(x)

• (f − g)(x) = f (x) − g(x)

• (f.g)(x) = f (x).g(x)
f (x)
• (f /g)(x) = g(x)

O domínio das funções f +g , f −g e f.g é a intersecção dos domínios de f e g , enquanto


que o domínio de f /g é a intersecção dos domínios de f e g , excluindo-se os pontos x onde
g(x) = 0.

√ √
Exemplo: Seja f (x) = x, cujo domínio é [0, ∞) e g(x) = 2 − x com domínio
(−∞, 2], então o domínio de f + g , f − g e f.g é D(f ) ∩ D(g) = [0, 2], e o domínio de f /g
é [0, 2), pois g(x) = 0, quando x = 2.

Outras relações importantes envolvendo funções, são:

Deslocamentos Verticais e Horizontais: Seja c uma constante, c > 0


• y = f (x) + c, desloca o gráco de f (x) em c unidades para cima;

• y = f (x) − c, desloca o gráco de f (x) em c unidades para baixo;

• y = f (x − c), desloca o gráco de f (x) em c unidades para a direita;

• y = f (x + c), desloca o gráco de f (x) em c unidades para a esquerda.

Reexões e Expansões Horizontais e Verticais: Seja c uma constante, c > 1


• y = cf (x), expande o gráco de f (x) verticalmente;

• y = (1/c)f (x), comprime o gráco de f (x) verticalmente;

• y = f (cx), comprime o gráco de f (x) horizontalmente;

• y = f (x/c), expande o gráco de f (x) horizontalmente;


3.1 RELAÇÕES ENTRE FUNÇÕES 19

• y = −f (x), reete o gráco de f (x) em torno do eixo x;

• y = f (−x), reete o gráco de f (x) em torno do eixo y ;

Figura 3.6: Deslocamentos Verticais e Horizontais da função f (x).

Figura 3.7: Reexões e Expansões Horizontais e Verticais da função f (x).

Exemplos:

1. Seja f (x) = x. Represente num mesmo gráco as funções: f (x), f (x) − 2, f (x − 2),
−f (x), 2f (x) e f (−x).

2. Esboce o gráco da parábola f (x) = x2 , e a partir das operações/transformações


necessárias, represente gracamente a função: f (x) = x2 + 6x + 10.
20 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.1

3. Usando as operações vistas, represente gracamente as funções: f (x) = sen(2x) e


g(x) = 1 − sen(x).

Exercícios:
1. Encontre f + g , f − g , f g e f /g das funções abaixo e dena seus domínios:
a) f (x) = x3 + 2x2 , g(x) = 3x2 − 1
√ √
b) f (x) = 3 − x, g(x) = x2 − 1.

2. Esboce o gráco de f (x) = |x2 − 1|.

3. Explique como obter, a partir do gráco de y = f (x), os grácos a seguir:


a) y = f (x) + 8 b) y = f (x + 8)
c) y = 8f (x) d) y = f (8x)
e) y = −f (x) − 1 f ) y = 8f 18 x


4. O gráco de f é dado na Figura abaixo, use-o para representar gracamente as


funções:
1

a) y = f (2x) b) y = f 2 x
c) y = f (−x) d) y = −f (−x)

Figura 3.8: Gráco do exercício 4.

5. Dado o gráco de y = f (x) na Figura a seguir, associe cada equação com seu gráco
e justique a escolha.
a) y = f (x − 4) b) y = f (x) + 3
c) y = 13 f (x) d) y = −f (x + 4)
e) y = 2f (x + 6)
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 21

Figura 3.9

Composição de funções: Dadas duas funções f e g, a função composta (também


chamada de composição de f e g ) é denida por:

(f ◦ g)(x) = f (g(x)), lê-se "f bola g".

O domínio de f ◦ g é o conjunto de todos os valores de x no domínio de g tais que g(x)


está no domínio de f .

Exemplos:
1. Seja f (x) = x2 e g(x) = x − 3, encontre as funções compostas f ◦ g , g ◦ f e f ◦ f .
√ √
2. Seja f (x) = x e g(x) = 2 − x, encontre as funções compostas e seus domínios:
f ◦g, g◦f , f ◦f e g◦g.

3. Encontre f ◦ g ◦ h, onde f (x) = x/(x + 1), g(x) = x10 e h(x) = x + 3.

Exercícios: 31 à 51 da seção 1.3 do livro do Stuart 7a Edição.

3.2 Principais Tipos de Funções


Vamos apresentar alguns dos principais tipos de funções.
22 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

3.2.1 Funções denidas por partes


Estas funções são denidas por fórmulas distintas em diferentes partes de seus domí-
nios.

Exemplos:
1. Seja uma função denida por:

1 − x, se x ≤ −1
f (x) =
x 2 , se x > −1

Esboce o gráco da função e encontre f (−2), f (−1) e f (0).

2. Esboce o gráco da função f (x) = |x|.

3. Encontre uma fórmula para a função f cujo gráco está na Figura a seguir.

Figura 3.10: Gráco do Exemplo 3.

3.2.2 Funções pares e ímpares


Função Par: É a função que satisfaz f (−x) = f (x) para todo número x em seu
domínio.

Exemplo: A função f (x) = x2 é par, pois


f (−x) = (−x)2 = x2 = f (x)

O signicado geométrico de uma função ser par é que seu gráco é simétrico em relação
ao eixo y.
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 23

Figura 3.11: Exemplo de uma função par.

Função Ímpar: É a função que satisfaz f (−x) = −f (x) para todo número x em seu
domínio.

Exemplo: A função f (x) = x3 é ímpar, pois


f (−x) = (−x)3 = −x3 = −f (x)

O gráco de uma função ímpar é simétrico em relação à origem.

Figura 3.12: Exemplo de uma função ímpar.

Exercício: Determine se a função é par, ímpar ou nenhum dos dois.


a) f (x) = x5 + x b) f (x) = 1 − x4
c) f (x) = 2x − x2
24 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

3.2.3 Funções Crescentes e Decrescentes


Uma função f é chamada crescente em um intervalo I , se

f (x1 ) < f (x2 ), quando x1 < x2 em I .

e é denominada decrescente em I , se

f (x1 ) > f (x2 ), quando x1 < x2 em I .

as Figuras a seguir, exemplicam estas situações.

Figura 3.13

Exercícios:
1. O gráco de uma função f é dado:
a) Encontre o valor de f (1).
b) Estime o valor de f (−1).
c)Para quais valores de x, tem-se f (x) = 1?
d) Apresente o domínio e a imagem de f .
e) Em qual intervalo f é crescente?

Figura 3.14
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 25

2. Os grácos de f e g são dados.


a) Encontre o valor de f (−4) e g(3).
b) Para quais valores de x, tem-se f (x) = g(x)?
c) Em qual intervalo f é decrescente?
d) Apresente o domínio e a imagem de f .
e) Apresente o domínio e a imagem de g .

Figura 3.15

3. Determine se f é par, ímpar ou nenhum dos dois e represente-a gracamente.


a) f (x) = x
x2 +1
.
x2
b) f (x) = x4 +1
x
c) f (x) = x+1

d) f (x) = x|x|
e) f (x) = 1 + 3x2 − x4

3.2.4 Funções Polinomiais


Uma função P é denominada polinômio se

P (x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a2 x2 + a1 x + a0

onde n é um inteiro não negativo e a0 , a1 , ..., an são os coecientes do polinômio. O


domínio de qualquer polinômio é R. Se o coeciente dominante é an 6= 0, então o grau do
polinômio é n. Por exemplo, a função

P (x) = 2x6 − x4 + 25 x3 + 2, é um polinômio de grau 6.
26 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

Um polinômio de grau 1 é da forma P (x) = ax + b, o qual é uma função linear. Um


polinômio de grau 2 é da forma P (x) = ax2 + bx + c e é chamado função quadrática, cuja
representação gráca é uma parábola côncava para cima, se a > 0, e côncava para baixo,
se a < 0. Um polinômio de grau 3 é da forma P (x) = ax3 + bx2 + cx + d e é chamado
função cúbica.

Figura 3.16: Polinômios de grau 2.

Figura 3.17: Polinômios de graus 3, 4 e 5, respectivamente.

Exemplo: Uma bola é solta a partir do posto de observação de uma torre, 450 m
acima do chão, e sua altura h acima do solo é registrada em intervalos de 1 segundo na
Tabela a seguir. Sabendo que a relação entre a altura e o tempo é modelada por um
polinômio de grau 2, em quanto tempo a bola atingirá o chão?

Figura 3.18
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 27

3.2.5 Funções Potências


Uma função da forma f (x) = xa , onde a é uma constante, é chamada função potên-
cia. Alguns casos particulares:
• Se a = n, onde n é um inteiro positivo, temos polinômios com somente um
termo.

Figura 3.19


• Se a = 1/n, onde n é um inteiro positivo, a função f (x) = x1/n = n
x é uma
função raiz.

Figura 3.20

• Se a = −1, a função f (x) = x−1 = é uma função recíproca. Em física e química,


1
x
por exemplo, existe uma lei, que arma que, sendo constante a temperatura, o
volume de um gás V é inversamente proporcional à pressão P , ou seja, V = C/P .

Outros exemplos de funções potência são encontrados na modelagem das relações


espécie-área, na iluminação como uma função da distância da fonte de luz e no período
de revolução de um planeta como uma função da sua distância a partir do sol.
28 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

Figura 3.21: Função recíproca.

3.2.6 Funções Racionais


Uma função racional f é a razão de dois polinômios:
P (x)
f (x) = Q(x)

onde P e Q são polinômios. O domínio desta função consiste em todos os valores de x


tais que Q(x) 6= 0.
A função recíproca é um exemplo de função racional. Outro exemplo é a função:
2x4 −x2 +1
f (x) = x2 −4

cujo domínio é {x|x 6= ±2}.

Figura 3.22: Exemplo de Função Racional.

3.2.7 Funções Trigonométricas


• f (x) = sen(x)
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 29

• f (x) = cos(x)

• f (x) = tg(x)

Tanto para a função seno quanto para a função cosseno o domínio é R, e a imagem é
o intervalo fechado [−1, 1]. Assim,

−1 ≤ sen(x) ≤ 1 = |sen(x)| ≤ 1
−1 ≤ cos(x) ≤ 1 = |cos(x)| ≤ 1

Além disso, uma importante propriedade das funções seno e cosseno é que elas são perió-
dicas, com período 2π , ou seja,

sen(x + 2π) = sen(x)


cos(x + 2π) = cos(x)

A função tangente relaciona-se com as funções seno e cosseno pela equação:


sen(x)
tg(x) = cos(x)

O período da função tangente é π , ou seja, tg(x + π) = tg(x), para todo x.

Figura 3.23: Funções trigonométricas.

Algumas identidades trigonométricas importantes, são:


1
• cossec(x) = sen(x)

1
• sec(x) = cos(x)
30 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

1 cos(x)
• cotg(x) = tg(x)
= sen(x)

• sen2 (x) + cos2 (x) = 1

• sec2 (x) = 1 + tg 2 (x)

• cossec2 (x) = 1 + cotg 2 (x)

• sen(−x) = −sen(x)

• cos(−x) = cos(x)

As funções cossecante, secante e cotangente são as recíprocas das funções seno, cosseno e
tangente, respectivamente.

Exercícios:
1. Classique cada função como uma função potência, função raiz, função polinomial
(estabeleça seu grau), função racional ou função trigonométrica.

a) f (x) = x2 (2 − x3 ) b) g(x) = 4 x
2x3
c) h(x) = 1−x 2 d) u(t) = 1 − 1, 1t + 2, 54t2
e) v(t) = tg(t) − cos(t) f ) w(θ) = senθcos2 θ

2. Associe cada equação a seu gráco.


a) y = x2 b) y = x5 c) y = x8

Figura 3.24

3. A relação entre as escalas de temperatura Fahrenheit (F) e Celsius (C) é dada pela
função linear F = 59 C + 32.
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 31

a) Esboce o gráco dessa função.


b) Qual a inclinação do gráco e o que ela representa? O que representa a intersecção
com o eixo F do gráco?

4. Biólogos notaram que a taxa de cricridos de uma certa espécie de grilo está relaci-
onada com a temperatura de uma maneira que aparenta ser quase linear. Um grilo
cricrila 112 vezes por minuto a 20 o C e 180 vezes por minuto a 29 o C.
a) Encontre uma equação linear que modele a temperatura T como uma função dos
números de cricridos por minuto N.
b) Qual é a inclinação do gráco? O que ela representa?
c) Se os grilos estiverem cricrilando 150 vezes por minuto, estime a temperatura.

5. Na superfície do oceano, a pressão da água é igual à do ar acima da água, 1, 05kg/cm2 .


Para cada metro abaixo da superfície, a pressão da água cresce 0, 10kg/cm2 .
a) Expresse a pressão da água como uma função da profundidade abaixo da super-
fície do oceano.
b) A que profundidade a pressão é de 7kg/cm2 ?

Respostas:
1- a) Polinomial (grau 5), b) Raiz, c) Racional, d) Polinomial (grau 2), e) trigonométrica,
f) trigonométrica.
2- a) h, b) f, c) g.
4- a) T = 689 N + 8817
, b) 689 , variação em ◦ C para cada variação de cricrido por minuto, c)
25◦ C.
5- a) P = 0, 10d + 1, 05, b) 59,5 m.

3.2.8 Funções Exponenciais


As funções exponenciais são da forma f (x) = ax , em que a base a é uma constante
positiva.
Os grácos dos membros da família de funções y = ax estão na Figura a seguir, para
vários valores da base a.
Observe que:

• Se 0 < a < 1, a função exponencial decresce;

• Se a = 1, a função exponencial é constante;

• Se a > 1, a função exponencial cresce.


32 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

Figura 3.25: Funções Exponenciais.

Propriedades dos Expoentes: Se a e b forem números positivos e x e y, quaisquer


números reais, então,

• ax+y = ax ay
ax
• ax−y = ay

• (ax )y = axy

• (ab)x = ax bx

Exemplo: Esboce o gráco da função y = 3 − 2x e determine seu domínio e imagem.

A função exponencial é muito utilizada na modelagem do crescimento populacional e


do decaimento radioativo.

O Número e
Dentre todas as bases possíveis para uma função exponencial, há uma que é mais
conveniente para os propósitos do cálculo.
Para propósitos futuros, veremos que as fórmulas do cálculo cam muito simplicadas
quando escolhemos como base a aquela para a qual resulta uma reta tangente a y = ax
em (0, 1) com uma inclinação de exatamente 1. De fato, existe um número assim e ele é
denotado pelo caractere e. O valor de e correto até a quinta casa decimal é,

e ≈ 2, 71828
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 33

e a função exponencial com base e, f (x) = ex , é chamada de função exponencial


natural.

Figura 3.26: Funções Exponenciais.

Figura 3.27: Funções Exponenciais.

Exemplo: Esboce o gráco da função y = 12 e−x −1 e determine seu domínio e imagem.

Exercícios:
1. Utilize as Propriedades dos Exponentes para reescrever e simplicar as expressões.
4−3 1
a) 2−8
b) √
3 4
x
(6y 3 )4
c) b (2b)4
8
d)
√2y5√
x2n x3n−1 a b
e) xn+2
f) √3
ab

2. Faça um esboço do gráco de cada função:


a) y = 10x+2
b) y = −2−x
c) y = 1 − 12 e−x
34 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

3. Começando com o gráco de y = ex , escreva as equações correspondentes aos grácos


que resultam ao
a) deslocar 2 unidades para baixo.
b) deslocar 2 unidades para a direita.
c) reetir em torno do eixo x.
d) reetir em torno do eixo y.
e) reetir em torno do eixo x e, depois, do eixo y.

4. Encontre o domínio de cada função.


2
1−ex
a) 1−e1−x2
1+x
b) ecosx

5. Se f (x) = 5x , mostre que:


 
f (x+h)−f (x) x 5h −1
h
=5 h

3.2.9 Funções Inversas e Logarítmicas


As funções logarítmicas f (x) = loga (x), onde a base a é uma constante positiva, são
inversas das funções exponenciais.
Antes de denirmos função inversa, precisamos conhecer algumas características adi-
cionais das funções, que basicamente se classicam em:

Função Sobrejetora: São as funções que possuem o contradomínio igual ao conjunto


imagem. Note que em uma função sobrejetora não existem elementos no contradomínio
que não estão echados por algum elemento do domínio.
Exemplo: Considere a função f (x) = 3x2 , tal que: A = D(f ) = {−2, −1, 1, 3} e
B = CD(f ) = {12, 3, 27}.

Função Injetora: É quando não há elementos do contradomínio B associados a mais de


um elemento do domínio A, em outras palavras não há mais de um elemento distinto de
A com a mesma imagem em B , isto é,

f (x1 ) 6= f (x2 ), sempre que x1 6= x2

Exemplo: Considere a função f (x) = 2x + 1, tal que: A = D(f ) = {0, 1, 2} e


B = CD(f ) = {1, 2, 3, 5}.

Para vericar se uma função é injetora, podemos fazer uso do teste:


3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 35

Teste da Reta Horizontal: Uma função é injetora se nenhuma reta horizontal in-
tercepta seu gráco em mais de um ponto.

Figura 3.28: Exemplo de função não injetora.

Exemplos: Verique se as funções abaixo são injetoras:


a) f (x) = x3
b) f (x) = x2

Função Bijetora: Uma função é dita bijetora quando é simultaneamente injetora e


sobrejetora.
Exemplo: Considere a função f (x) = −4x, tal que: A = D(f ) = {−1, 0, 1, 2} e B =
CD(f ) = {4, 0, −4, −8}.

As funções injetoras são importantes, pois são precisamente as que possuem funções in-
versas, de acordo com a seguinte denição:

Denição: Seja f uma função injetora com domínio A e imagem B . Então, a sua função
inversa, f −1 , tem domínio B e imagem A e é denida por:
f −1 (y) = x ⇐⇒ f (x) = y , para todo y em B .

Note que,

• O domínio de f −1 é igual à imagem de f ;

• A imagem de f −1 é igual ao domínio de f .

Passos para obter a Função Inversa de uma Função f Injetora:

• Passo 1: Escreva y = f (x).


36 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

• Passo 2: Isole x nessa equação, escrevendo-o em termos de y (se possível).


• Passo 3: Para expressar f −1 como uma função de x, troque x por y. A equação
resultante é y = f −1 (x).

Exemplo: Encontre a função inversa de f (x) = x3 + 2.

Observação: O gráco de f −1 é obtido reetindo-se o gráco de f em torno da reta


y = x.

Figura 3.29


Exemplo: Esboce os grácos de e de f (x) = −1 − x e de sua função inversa usando
o mesmo sistema de coordenadas.

Exercícios:
1. a) O que é uma função injetora?
b) A partir do gráco, como dizer se uma função é injetora?

2. Determine quais das funções a seguir são injetoras.


a) f (x) = 12 (x + 5)
b) g(x) = |x|

3. Se g(x) = 3 + x + ex , encontre g −1 (4).

4. Encontre uma fórmula para a função inversa.



a) f (x) = 1 + 2 + 3x
b) f (x) = e2x−1
c) f (x) = ln(x + 3)
3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 37

Funções Logarítmicas
Se a > 0 e a 6= 1, a função exponencial f (x) = ax é injetora pelo Teste da Reta
Horizontal. Logo, existe uma função inversa f −1 , chamada função logarítmica com
base a denotada por loga .
Como, f −1 (x) = y ⇐⇒ f (y) = x,
Vem que,

loga (x) = y ⇐⇒ ay = x

E aplicando as relações f −1 (y) = f −1 (f (x)) = x e f (f −1 (x)) = x, com f (x) = ax e


f −1 (x) = loga (x), obtém-se:

loga (ax ) = x, para todo x ∈ R.


aloga (x) = x, para todo x > 0.

A função logarítmica loga (x) tem o domínio (0, ∞) e a imagem R. Seu gráco é a
reexão do gráco y = ax de em torno da reta y = x. A Figura a seguir mostra os grácos
de y = loga (x) com vários valores da base a > 1.

Figura 3.30

As seguintes propriedades das funções logarítmicas resultam das propriedades corres-


pondentes das funções exponenciais.

Propriedades de Logaritmos: Se x e y forem números positivos, então,


• loga (xy) = loga (x) + loga (y)
 
• loga xy = loga (x) − loga (y)
38 FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL. 3.2

• loga (xr ) = rloga (x), onde r é qualquer número real.

Exemplo: Use as propriedades dos logaritmos para calcular log2 80 − log2 5.

Logaritmos Naturais
De todas as possíveis bases a para os logaritmos, vimos que a escolha mais conveniente
para uma base é e. O logaritmo na base e é chamado logaritmo natural e tem uma
notação especial:

loge x = ln x

Com consequência das relações anteriores, temos que:

• ln x = y ⇐⇒ ey = x

• ln(ex ) = x, para todo x ∈ R

• eln x = x, para x > 0.

Figura 3.31

Exemplos:
1. Encontre x se ln x = 5.

2. Resolva a equação e5−3x = 10.

3. Expresse ln a + 12 ln b como um único logaritmo.

4. Esboce o gráco da função y = ln(x − 2) − 1.


3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FUNÇÕES 39

A fórmula a seguir mostra que os logaritmos com qualquer base podem ser expressos em
termos de logaritmos naturais.

Fórmula de Mudança de Base: Para todo número positivo a(a 6= 1), temos:
ln x
loga x = (3.1)
ln a

Exemplo: Calcule log8 5 com precisão até a sexta casa decimal.

Exercícios:
1. Encontre o valor exato de cada expressão.
a) log5 125
1

b) log3 27
c) log2 6 − log2 15 + log2 20
d) log3 100 − log3 18 − log3 50

2. Expresse a quantidade dada como um único logaritmo.


a) ln 5 + 5 ln 3
b) 31 ln(x + 2)3 + 12 [ln x − ln(x2 + 3x + 2)2 ]

3. Resolva cada equação em x.


a) 2 ln x = 1
b) e−x = 5
c) 2x−5 = 3
d) ln x + ln(x − 1) = 1

4. Resolva cada inequação em x.


a) ln x < 0
b) ex > 5
Capítulo 4
Limites e Continuidade

Para introduzir o conceito de limites, vamos analisar o comportamento da função f


denida por f (x) = x2 − x + 2 para valores de x próximos de 2. A tabela a seguir fornece
os valores de f (x) para valores de x próximos de 2, mas não iguais a 2.

Figura 4.1

vemos que quando x estiver próximo de 2, f (x) tenderá a 4. E podemos tornar os valores
de f (x) tão próximos de 4 quanto quisermos, ao tornar x sucientemente próximo de 2.
Expressamos isso dizendo que "o limite da função f (x) = x2 − x + 2 quando x tende a 2
é igual a 4". Em notação, utilizamos,

lim (x2 − x + 2) = 4
x→2

Denição: Suponha que f (x) seja denida quando está próxima ao número a. Então
escrevemos,

lim f (x) = L
x→a

40
4.0 41

e dizemos "o limite de f (x), quando x tende a a, é igual a L", se pudermos tornar os
valores de f (x) arbitrariamente próximos de L (tão próximos quanto quisermos), tornando
x sucientemente próximo de a (por ambos os lados de a), mas não igual a a.
Outra notação comumente utilizada é,

f (x) → L quando x → a

Importante notar na denição de limite que f (x) não precisa sequer estar denida em
x = a. A única coisa que importa é como f está denida próximo de a.

Figura 4.2: lim f (x) = L nos três casos


x→a

Exemplos:
1. Estime o valor de lim xx−1
2 −1 .
x→1

2. Estime o valor de lim sen


x
x
.
x→0

3. Analise lim sen πx .


x→0

4. A função de Heaviside, H, é denida por:


(
0, se t < 0
H(t) =
1, se t ≥ 0

Verique o comportamento da função em torno de 0.

Limites Laterais
Foi observado no Exemplo 4, que H(t) tende a 0 quando t tende a 0 pela esquerda, e
H(t) tende a 1 quando t tende a 0 pela direita, ou seja,
42 LIMITES E CONTINUIDADE 4.0

lim H(t) = 0 e lim H(t) = 1


t→0− t→0+

Denição: Escrevemos,
lim f (x) = L
x→a−

e dizemos que o limite à esquerda de f (x) quando x tende a a [ou o limite de f (x)
quando x tende a a pela esquerda] é igual a L se pudermos tornar os valores de f (x)
arbitrariamente próximos de L, para x sucientemente próximo de a e x menor que a.
De maneira semelhante, se exigirmos que x seja maior que a, obtemos "o limite à
direita de f (x) quando x tende a a é igual a L"e escrevemos,
lim f (x) = L
x→a+

Desta forma, temos que:

lim f (x) = L se e somente se lim+ f (x) = L e lim f (x) = L


x→a x→a x→a−

Exemplo: Considere o gráco a seguir. Use-o para estabelecer os valores (caso existam)
dos seguintes limites:
a) lim− g(x) b) lim+ g(x) c) lim g(x)
x→2 x→2 x→2

d) lim− g(x) e) lim+ g(x) f ) lim g(x)


x→5 x→5 x→5

Figura 4.3
4.0 43

Limites Innitos
Denição: Seja f uma função denida em ambos os lados de a, exceto possivelmente no
próprio a. Então

lim f (x) = ∞
x→a

signica que podemos fazer os valores de f (x) carem arbitrariamente grandes (tão gran-
des quanto quisermos) tornando x sucientemente próximo de a, mas não igual a a.

Denição: Seja f uma função denida em ambos os lados de a, exceto possivelmente


no próprio a. Então

lim f (x) = −∞
x→a

signica que podemos fazer os valores de f (x) carem arbitrariamente grandes, porém
negativos, tornando x sucientemente próximo de a, mas não igual a a.

Figura 4.4

Exemplos: O x→0
lim x12 = ∞, enquanto que o lim − x12 = −∞.

x→0

Denições similares podem ser dadas no caso de limites laterais.

Figura 4.5
44 LIMITES E CONTINUIDADE 4.0

Denição: A reta x = a é chamada assíntota vertical da curva y = f (x) se pelo menos


uma das seguintes condições estiver satisfeita:

lim f (x) = ∞ lim f (x) = ∞ lim f (x) = ∞


x→a x→a− x→a+
lim f (x) = −∞ lim f (x) = −∞ lim f (x) = −∞
x→a x→a− x→a+

Exemplos:
1. Encontre lim+ x−3
2x
e lim− x−3
2x
.
x→3 x→3

2. Encontre as assíntotas verticais de f (x) = tgx.

3. Encontre lim+ ln x.
x→0

Exercícios:
1. Explique com suas palavras o signicado da equação lim f (x) = 5. É possível que a
x→2
equação anterior seja verdadeira, mas que f (2) = 3? Explique.

2. Para a função f , cujo gráco é dado, diga o valor de cada quantidade indicada, se
ela existir. Se não existir, explique por quê.
a) lim f (x) b) lim− f (x) c) lim+ f (x) d) lim f (x) e) f (3)
x→1 x→3 x→3 x→3

Figura 4.6

3. Para a função g cujo gráco é dado, diga o valor da cada quantidade, se ela existir.
Se não existir, explique por quê.
a) lim− g(t) b) lim+ g(t) c) limg(t) d) lim− g(t) e) lim+ g(t) f ) limg(t)
t→0 t→0 t→0 t→2 t→2 t→2
g) g(2) h) limg(t)
t→4
4.0 45

Figura 4.7

4. Esboce o gráco de um exemplo de uma função f que satisfaça a todas as condições


dadas.
a) lim− f (x) = 2, lim+ f (x) = −2, f (1) = 2.
x→1 x→1

b) lim+ f (x) = 4, lim− f (x) = 2, lim f (x) = 2, f (3) = 3, f (−2) = 1.


x→3 x→3 x→−2

5. Faça uma conjectura sobre o valor do limite (se ele existir) por meio dos valores da
função nos números dados (com precisão de seis casas decimais).

, quando x = 2, 5, 2, 1, 2, 05, 2, 01, 2, 005, 2, 001, 1, 9, 1, 95, 1, 99, 1, 995, 1, 999.


2
−2x
a) lim xx2 −x−2
x→2

, quando x = ±1, ±0, 5, ±0, 1, ±0, 05, ±0, 01.


x −1−x
b) lim e x2
x→0

6. Para a função f cujo gráco é mostrado a seguir, determine o seguinte:


a) lim f (x) b) lim f (x) c) lim f (x) d) lim− f (x) e) lim+ f (x)
x→−7 x→−3 x→0 x→6 x→6

Figura 4.8
46 LIMITES E CONTINUIDADE 4.0

Propriedades dos Limites: Supondo que c seja uma constante e os limites x→a
lim f (x) e
lim g(x) existam, então:
x→a

1. lim [f (x) + g(x)] = lim f (x) + lim g(x)


x→a x→a x→a

2. lim [f (x) − g(x)] = lim f (x) − lim g(x)


x→a x→a x→a

3. lim [cf (x)] = c lim f (x)


x→a x→a

4. lim [f (x)g(x)] = lim f (x).lim g(x)


x→a x→a x→a

lim f (x)
5. lim fg(x)
(x)
= x→a
lim g(x)
, se lim g(x) 6= 0
x→a x→a x→a
h in
6. lim [f (x)]n = lim f (x) , onde n é um inteiro positivo.
x→a x→a

7. lim c = c
x→a

8. lim x = a
x→a

9. lim xn = an , onde n é um inteiro positivo.


x→a
√ √
10. lim n x = n
a, onde n é um inteiro positivo. Se n for par, supomos que a > 0.
x→a

11. lim lim f (x), onde n é um inteiro positivo. Se n for par, supomos que
p q
n
f (x) = n
x→a x→a
lim f (x) > 0.
x→a

Exemplos:
1. Use as Propriedades dos Limites e os grácos de f e g na Figura a seguir para
calcular os seguintes limites, se eles existirem.
a) lim [f (x) + 5g(x)]
x→−2
b)lim [f (x)g(x)]
x→1
c)lim fg(x)
(x)
x→2

2. Calcule os limites a seguir justicando cada passagem.


a)lim (2x2 − 3x + 4)
x→5
x3 +2x2 −1
b) lim 5−3x
x→−2
4.0 47

Figura 4.9

Propriedade de Substituição Direta: Se f for uma função polinomial ou racional e a


estiver no domínio de f , então
lim f (x) = f (a)
x→a

As funções que possuem essa propriedade de substituição direta são chamadas de funções
contínuas em a.

Resultado: Se f (x) = g(x) quando x 6= a, então


lim f (x) = lim g(x), desde que o limite exista.
x→a x→a

Exemplos:
1. Encontre lim g(x), onde
x→1
(
x + 1, se x 6= 1
g(x) =
π, se x = 1
2 −9
2. Encontre lim (3+h)h .
h→0

3. Encontre lim t2 +9−3
t2
.
h→0

Para alguns limites, é melhor calcular primeiro os limites laterais.

Teorema: x→a
lim f (x) = L, se, e somente se lim− f (x) = lim+ f (x) = L. (se os limites
x→a x→a
laterais existem e são iguais, então o limite bilateral existe).

Exemplos:
48 LIMITES E CONTINUIDADE 4.1

1. Mostre que lim |x| = 0.


x→0

2. Mostre que lim |x|


x
não existe.
x→0

3. Se
(√
x − 4, se x > 4
f (x) =
8 − 2x, se x < 4

determine se lim f (x) existe.


x→4

Teorema: Se f (x) ≤ g(x) quando x está próximo a a (exceto possivelmente em a) e os


limites de f e g , ambos existem quando x tende a a, então,

lim f (x) ≤ lim g(x).


x→a x→a

Teorema do Confronto: Se f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) quando x está próximo a a (exceto


possivelmente em a) e lim f (x) = lim h(x) = L, então
x→a x→a

lim g(x) = L.
x→a

Figura 4.10

Exemplo: Mostre que x→0


lim x2 sen x1 = 0.

Exercícios: Seção 2.3 Stuart.


4.1 DEFINIÇÃO PRECISA DE LIMITE 49

4.1 Denição Precisa de Limite


Denição: Seja f uma função denida em algum intervalo aberto que contenha o número
a, exceto possivelmente no próprio a. Então dizemos que o limite de f (x) quando x tende
a a é L, e escrevemos

lim f (x) = L.
x→a

se para todo número  > 0 houver um número δ > 0 tal que

se 0 < |x − a| < δ , então |f (x) − L| < 

Denição de Limite à Esquerda:

lim f (x) = L.
x→a−

se para todo número  > 0 houver um número δ > 0 tal que

se a − δ < x < a, então |f (x) − L| < 

Denição de Limite à Direita:


lim f (x) = L.
x→a+

se para todo número  > 0 houver um número δ > 0 tal que

se a < x < a + δ , então |f (x) − L| < 

Denição de Limites Innitos Positivos: Seja f uma função denida em algum


intervalo aberto que contenha o número a, exceto possivelmente no próprio a. Então

lim f (x) = ∞.
x→a

signica que, para todo número positivo M , há um número positivo δ tal que

se 0 < |x − a| < δ , então f (x) > M

Denição de Limites Innitos Negativos: Seja f uma função denida em algum


intervalo aberto que contenha o número a, exceto possivelmente no próprio a. Então

lim f (x) = −∞.


x→a
50 LIMITES E CONTINUIDADE 4.2

signica que, para todo número positivo N , há um número positivo δ tal que
se 0 < |x − a| < δ , então f (x) < N

Exemplos:
1. Use um gráco para encontrar um número δ tal que se |x − 1| < δ , então

|(x3 − 5x + 6) − 2| < 0, 2.

2. Prove que lim (4x − 5) = 7.


x→3

3. Use a Denição de limites laterais para provar que lim+ x = 0.
x→0

4. Use a Denição de limites innitos para demonstrar que lim x12 = ∞.


x→0

Exercícios: Seção 2.4 Stuart.

4.2 Continuidade
Denição: Uma função f é contínua em um número a se
lim f (x) = f (a).
x→a

Se f está denida próximo de a, dizemos que f é descontínua em a se f não é contínua


em a. Os fenômenos físicos são geralmente contínuos. Por exemplo, o deslocamento ou a
velocidade de um veículo variam continuamente com o tempo, como a altura das pessoas.
Mas descontinuidades ocorrem em situações tais como a corrente elétrica.

Exemplos:
1. A Figura a seguir mostra o gráco da função f . Em quais números f é descontínua?
Por quê?

2. Onde cada uma das seguintes funções é descontínua?


(
2 −x−2
1
2, se x 6= 0
a) f (x) = x x−2 b) f (x) = x
1, se x = 0
( 2
x −x−2
, se x 6= 2
c) f (x) = x−2
d) f (x) = [[x]],
1, se x = 2
onde f (x) = [[x]] é a função maior inteiro e é denida como o maior inteiro que é
menor ou igual a x.
4.2 CONTINUIDADE 51

Figura 4.11

Denição: Uma função f é contínua à direita em um número a se


lim f (x) = f (a).
x→a+

e f é contínua à esquerda em a se

lim f (x) = f (a).


x→a−

Exemplo: Em cada inteiro n, a função f (x) = [[x]] é contínua à direita, mas descontínua
à esquerda, pois

lim f (x) = lim+ [[x]] = n = f (n).


x→n+ x→n
lim− f (x) = lim− [[x]] = n − 1 6= f (n).
x→n x→n

Denição: Uma função f é contínua em um intervalo se for contínua em todos os núme-


ros do intervalo.


Exemplo: Mostre que a função f (x) = 1 − 1 − x2 é contínua no intervalo [−1, 1].

O próximo teorema mostra como construir funções contínuas complicadas a partir de


funções simples.
Teorema: Se f e g forem contínuas em a e se c for uma constante, então as seguintes
funções também são contínuas em a:
1. f + g 2. f − g 3. cf
52 LIMITES E CONTINUIDADE 4.2

4. f g 5. fg , se g(a) 6= 0

Teorema:
a) Qualquer polinômio é contínuo em toda a parte; ou seja, é contínuo em R.

b) Qualquer função racional é contínua sempre que estiver denida; ou seja, é contínua
em seu domínio.

Exemplo: Encontre x→−2 .


3
−1 2
lim x +2x
5−3x

Teorema: Os seguintes tipos de funções são contínuas para todo o número de seus do-
mínios: polinômios, funções racionais, funções raízes, funções trigonométricas, funções
trigonométricas inversas, funções exponenciais, funções logarítmicas.

Exemplo: Calcule x→π senx


lim 2+cos x
.

Teorema: Seja f contínua em b e x→a


lim g(x) = b, então lim f (g(x)) = f (b). Em outras
x→a
palavras,
 
lim f (g(x)) = f lim g(x) .
x→a x→a

√ 
Exemplo: Calcule x→1

lim arcsen 1− x
1−x
.

Teorema: Se g for contínua em a e f for contínua em g(a), então a função composta f ◦ g


dada por (f ◦ g)(x) = f (g(x)) é contínua em a.

Exemplo: Onde as seguintes funções são contínuas?


a) h(x) = sen(x2 ) b) F (x) = ln(1 + cos x)

Teorema do Valor Intermediário: Suponha que f seja contínua em um intervalo


fechado [a, b] e seja N um número qualquer entre f (a) e f (b), em que f (a) 6= f (b). Então
existe um número c em (a, b) tal que f (c) = N .
Uma das aplicações do Teorema do Valor Intermediário é a localização das raízes de
equações, como no exemplo a seguir.

Exemplo: Mostre que existe uma raiz da equação 4x3 − 6x2 + 3x − 2 = 0 entre 1 e 2.
4.3 LIMITES NO INFINITO; ASSÍNTOTAS HORIZONTAIS 53

Figura 4.12

Exercícios: Seção 2.5 Stuart.

4.3 Limites no Innito; Assíntotas Horizontais


Denição: Seja f uma função denida em algum intervalo (a, ∞). Então,
lim f (x) = L
x→∞

signica que os valores de f (x) cam arbitrariamente próximos de L tomando x sucien-


temente grande.

Figura 4.13

Denição: Seja f uma função denida em algum intervalo (−∞, a). Então
lim f (x) = L
x→−∞

signica que os valores de f (x) podem car arbitrariamente próximos de L, tomando-se


x sucientemente grande em valor absoluto, mas negativo.

Denição: A reta y = L é chamada assíntota horizontal da curva y = f (x) se


54 LIMITES E CONTINUIDADE 4.3

Figura 4.14

lim f (x) = L ou lim f (x) = L


x→∞ x→−∞

Exemplo: Encontre os limites innitos, limites no innito e assíntotas para a função f


cujo gráco está na Figura a seguir.

Figura 4.15

Teorema: Se r > 0 for um número racional, então,


lim 1r =0
x→∞ x

Se r > 0 for um número racional tal que xr seja denida para todo x, então

lim 1r =0
x→−∞ x
LIMITES NO INFINITO; ASSÍNTOTAS HORIZONTAIS 55

Exemplos:
1. Calcule: lim 5x 2 +4x+1 e indique quais propriedades de limites foram usadas em cada
2
3x −x−2
x→∞
etapa.

2. Determine as assíntotas horizontais e verticais do gráco da função: f (x) = 2x2 +1
3x−5
.

3. Calcule lim− e1/x .


x→0

Limites Innitos no Innito


A notação

lim f (x) = ∞.
x→∞

é usada para indicar que os valores de f (x) tornam-se grandes quando x se torna grande.
Signicados análogos são dados aos seguintes símbolos:

lim f (x) = ∞ lim f (x) = −∞ lim f (x) = −∞.


x→−∞ x→∞ x→−∞

Exemplos:
1. Encontre: lim x3 e lim x3 .
x→∞ x→−∞

2. Encontre lim (x2 − x).


x→∞

3. Encontre lim x2 +x
.
x→∞ 3−x

Exercícios: Seção 2.6 Stuart.


Referências Bibliográcas

ANTON, Howard. Cálculo: um novo horizonte. 6. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2006.
2 v. ISBN 85-7307-652-6.

GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um curso de cálculo. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: São Paulo,
SP, LTC, c1987. 4 v. ISBN 85-216-0518-8 (Obra completa).

GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um curso de cálculo. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC- Li-
vros Técnicos e Cientícos, 1986. 4 v. ISBN 8521604238 (Obra completa).

LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. 3. ed. São Paulo, SP: HARBRA,
c1994. 2 v. ISBN 8529400941(v.1).

MUNEM, Mustafa A; FOULIS, David J. Cálculo. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,
1982. 2 v. ISBN 85-7030-021-2 (obra completa).

PISKOUNOV, N. S. (Nicolai Seminovich). Cálculo diferencial e integral. 11. ed. Porto,


PO: Lopes da Silva, 1986. 2 v.

SHENK, Al. Cálculo e geometria analítica. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. 2 v.
ISBN 85-7001-122-9 (Obra completa).

STEWART, James. Cálculo. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2009. 2 v. ISBN 8522106606
(v.1).

SWOKOWSKI, Earl Willian. Cálculo com geometria analítica. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Makron, c1995. 2 v. ISBN 8534603103.

56

Você também pode gostar