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Capítulo

Intr odução às E q u a ç õ e s
Di fer enciais
1
Objetivos

A
Ao término deste capítulo, você será
diferença entre as equações algébricas e as diferenciais está no fato de que
capaz de:
estas envolvem derivadas em suas funções. Como o estudo das equações
jj Reconhecer a importância das equações
diferenciais requer um bom entendimento de cálculo, o estudante deverá
diferenciais e entender como elas se
revisar alguns tópicos importantes, como variáveis dependentes e independentes,
originam nas ciências e na engenharia.
funções contínuas e descontínuas, derivadas ordinárias e parciais, diferenciais e
jj Identificar funções contínuas e
incrementos, e integração.
descontínuas.
Neste capítulo, abordam-se a importância das equações diferenciais e o valor
jj Realizar operações básicas de cálculo,
do modelamento matemático para resolver problemas do mundo real. Serão apre-
tais como diferenciação e integração.
sentados exemplos de como equações diferenciais são originadas a partir de pro-
blemas práticos e suas soluções. Depois de uma breve revisão sobre alguns jj Classificar as equações diferenciais de

conceitos de cálculo, apresentaremos a classificação das equações diferenciais e acordo com: a ordem, a linearidade, o tipo
do coeficiente e a homogeneidade.
trataremos das equações lineares e não lineares, e daquelas com coeficientes cons-
tantes ou variáveis. Apresentaremos a solução de algumas equações diferenciais jj Classificar as soluções da equação

simples por meio de integração direta. Finalmente, alguns programas de computa- diferencial como geral, particular,
explícita ou implícita.
dor serão utilizados para resolver equações diferenciais simples e traçar gráficos.
jj Resolver equações diferenciais simples
por integração direta.
jj Usar programas de computador para
resolver equações diferenciais simples de
primeira ordem e representar suas
soluções por meio de gráficos.

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2 Equações Diferenciais

1–1 Equações Diferenciais


Uma expressão matemática que possui um sinal de igualdade é chamada de equa-
ção. Uma equação que envolve as derivadas de uma ou mais funções é denomi-
nada equação diferencial. Em outras palavras, uma equação diferencial expressa
a relação entre as funções e suas derivadas. A expressão “equação diferencial” é
utilizada desde 1676, quando Leibniz a criou. Há muito tempo esse tipo de equa-
ção é adotado amplamente por cientistas e engenheiros para modelar e resolver
uma vasta gama de problemas práticos.
Você pode estar questionando o porquê do aprendizado de equações diferen-
ciais, já que, aparentemente, o uso de equações algébricas tem sido suficiente para
resolver qualquer problema até o momento. A resposta a esse questionamento, de
maneira resumida, é que até o momento o leitor foi exposto, na maioria dos casos,
a problemas que resultaram somente em equações algébricas. De agora em diante,
o estudante conhecerá problemas que são encontrados em vários campos das ciên-
cias e da engenharia, cujas formulações originam equações diferenciais e cujas
soluções dependem da solução dessas equações.
Problema de física
A descrição da maioria dos problemas científicos envolve razões (taxas) que
relacionam mudanças entre variáveis-chave. Geralmente, quanto menor for o
Identificar
variáveis incremento escolhido em uma variável estudada, mais geral será a aplicação do
importantes modelo e mais exata a descrição do problema. No caso-limite de mudanças infini-
Elaborar
pressuposições tesimais ou diferenciais nessas variáveis, obtêm-se equações diferenciais que pro-
e aproximações
Aplicar razoáveis porcionam formulações matemáticas precisas para as leis e os princípios físicos,
as leis físicas
relevantes por meio da representação das razões das mudanças como derivadas. Portanto,
equações diferenciais são usadas para investigar uma grande variedade de proble-
mas nas ciências e na engenharia, além de fazerem parte da formação educacional
Uma equação diferencial
dessas áreas.
O estudo de fenômenos físicos envolve dois passos importantes. No primeiro
Aplicar
uma técnica Aplicar as passo, identificam-se todas as variáveis que afetam o fenômeno, elaboram-se
de solução condições inicias pressuposições e aproximações razoáveis sobre ele e investiga-se a independên-
e de contorno
cia das variáveis. As leis e os princípios relevantes da física são empregados, e o
problema é modelado matematicamente, em geral na forma de uma equação dife-
Solução do problema
rencial, a qual é muito instrutiva e mostra o grau de dependência de algumas va-
Figura 1–1  Modelo matemático de riáveis em relação a outras e a importância relativa de vários termos. No segundo
problemas de física. passo, a equação diferencial é resolvida por meio de um método apropriado e
obtém-se uma razão entre a função desconhecida e as variáveis independentes
m
(Fig. 1–1).
Vários processos que aparentemente se comportam de maneira randômica
são, na verdade, governados por leis físicas nem sempre perceptíveis. Independen-
temente de nossa percepção, essas leis regem, de forma consistente e predetermi-
nável, os eventos que aparentemente são desconexos. Muitas dessas leis são bem
determinadas e conhecidas pelos cientistas, o que permite predizer o curso de um
h dado evento mesmo antes da sua ocorrência, ou estudar matematicamente os vá-
rios aspectos de um evento sem a necessidade de experimentos dispendiosos e
m demorados.
Considere, por exemplo, a queda livre de uma rocha que parte do alto de um
penhasco, conforme Fig. 1–2. Nesse caso, o objetivo é saber em quanto tempo a
Solo rocha irá atingir o solo. Uma forma de obter essa informação é marcar o tempo de
lançamento da rocha e o tempo de impacto, quando ela atinge o solo. O tempo
Figura 1–2  Queda livre de uma rocha
desejado é obtido pela diferença entre os valores registrados. Outra possibilidade
atirada do alto de um penhasco.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 3

é a formulação de um modelo matemático desse processo (em que se devem utili- Forno
zar todas as leis físicas relevantes), que deve ser resolvido em função da variável
de interesse – nesse caso, o tempo de queda. Quanto mais realista for o modelo Ideal Real
matemático construído, mais exatos serão os resultados obtidos. Como o leitor 175 ºC
deve se lembrar, a queda livre de um corpo é governada pela lei da gravidade, e o Água Batata
tempo de queda é facilmente determinável pela equação ∆t = 2h / g , onde h é a
distância vertical e g, a aceleração gravitacional local.
Muitos resultados para problemas práticos relevantes podem ser obtidos com
boa exatidão ao se utilizarem modelos matemáticos apropriados e realísticos. Por Figura 1–3  O modelo matemático é
uma ferramenta poderosa que possibilita
exemplo, na análise da resposta da temperatura de uma batata em um forno, po-
uma boa percepção e simplificação do
dem-se aplicar as propriedades térmicas da água (Fig. 1–3). Além de bom senso, a problema à custa de uma perda parcial
preparação desses modelos requer um conhecimento adequado dos fenômenos da exatidão.
naturais envolvidos e das leis relevantes. Um modelo não realístico irá produzir,
obviamente, resultados inexatos e, portanto, inaceitáveis.
Em geral, o analista deve escolher entre um modelo muito exato (porém
complexo) e um mais simples (porém não tão exato). A escolha correta depen-
derá da situação, o que significa que o analista optará por um modelo simples
que forneça resultados adequados. A preparação de modelos complexos que for-
necem resultados muito exatos geralmente não é tão difícil. Entretanto, esses
modelos não serão de grande utilidade se forem difíceis de resolver. No mínimo,
o modelo matemático deve refletir as características essenciais do problema que
representa.
O processo de queda livre, abordado neste capítulo, será formulado com
base apenas no efeito da gravidade, e não se considerará a resistência do ar e a
variação da aceleração da gravidade g com a altura. Essas simplificações são
bastante razoáveis para a maioria dos objetos em queda, pois permitem a obten-
ção de uma resposta bastante simples para o problema. Porém, elas são obvia-
mente inaceitáveis para objetos em queda submetidos a uma grande resistência
do ar, como um paraquedas.
Há muitos problemas relevantes do mundo real que podem ser analisados com
modelos matemáticos simples. Deve-se sempre ter em mente que os resultados
obtidos da análise desses modelos são totalmente dependentes das suposições fei-
tas para simplificar o problema. Dessa forma, as soluções obtidas não devem ser
aplicadas a situações não cobertas pelas suposições adotadas.
As soluções que não são consistentes com a natureza do problema indicam
que o modelo matemático usado carece de refinamento. Na elaboração de um
modelo mais realístico, uma ou mais das suposições questionáveis devem ser
eliminadas, o que resultará em uma equação mais complexa, que será obvia-
mente mais difícil de resolver. Qualquer solução de uma equação diferencial
deve, então, ser interpretada no contexto em que a equação foi originada.

Revisão
Os problemas marcados com a letra C são conceituais para discussão

1–1C Por que as equações diferenciais são utilizadas no lugar de equações algébricas
para modelar problemas significativos do mundo real?
1–2C Descreva o processo de preparação de modelos matemáticos práticos para aplica-
ções em problemas do mundo real.

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4 equações diferenciais

1–2 cOmO sãO geraDas as equações Diferenciais


Como anteriormente mencionado, as equações diferenciais são geradas quando se
aplicam as leis e os princípios relevantes da física a um problema, considerando
variações infinitesimais das variáveis de interesse. Dessa forma, a obtenção de
uma equação diferencial que governa um problema específico requer conheci-
mento adequado sobre a natureza do problema, as variáveis envolvidas, as suposi-
ções aplicadas com o propósito de simplificação, as leis e os princípios da física
aplicados, além de uma análise cuidadosa. O processo para obtenção das equações
diferenciais em algumas áreas será demonstrado por meio de exemplos.

EXEMPLO 1–1 segunda lei de newton do movimento

F Usando a segunda lei de Newton do movimento, obtenha a equação que descreve a


m posição s de uma massa m sobre trajetória retilínea, que sofre a influência de uma
força F ao agir na mesma direção do movimento.
O s

figura 1–4 Esquema para o sOluçãO A segunda lei de Newton do movimento é uma relação entre variá-
Exemplo 1–1. veis que possuem módulo, direção e sentido, corretamente expressas por meio de
vetores. Entretanto, a simplificação aplicada ao problema, com a força sendo apli-
cada na direção do movimento retilíneo, como mostra a Fig. 1–4, permite que as
variáveis envolvidas sejam expressas na forma escalar, usando somente o módulo
delas. Nesse caso, as grandezas com direções opostas são indicadas por sinais
contrários.
A velocidade V e a aceleração a são definidas como:

ds
V
dt
e
dV d ds d 2s
a
dt dt a dt a dt2

Dessa forma, a equação diferencial que relaciona a distância percorrida s é


obtida pela aplicação da segunda lei de Newton do movimento, que é força =
massa × aceleração ou:

d 2s (1–1)
F(t) ma((t)
ma m
dt 2
Quando se rearranjam os termos, temos
d 2s F(t)
dt 2 m (1–2)

que é a equação diferencial desejada. Observe que, em geral, não é usada a notação
que indica explicitamente a dependência de uma função em relação à variável inde-
pendente. Para obtermos uma simplificação, F pode ser adotado no lugar de F(t).
Aqui, F(t) é a função dada que descreve a variação da força com o tempo.
Como um caso especial, considere uma queda livre de um corpo sobre a in-
fluência da gravidade. Quando se descarta a resistência do ar, a única força a atuar
sobre esse corpo é a força da gravidade. Considerando o sentido para cima como
positivo, em relação a um eixo cartesiano adotado (como um eixo z), a força gravi-
tacional pode ser expressa como F = –mg, onde g é a aceleração gravitacional local
(o sinal negativo se deve ao sentido da atuação da força, que, nesse caso, está

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 5

agindo para baixo). Ao substituirmos s por z e F(t) por –mg, e realizarmos algumas
simplificações na Eq. 1–2, obtemos a Eq. 1–3
2
dz
g (1–3
1–3))
dt 2

onde z é a distância vertical (altura) em relação a um ponto de referência, como a


base do penhasco (solo). A queda livre de um corpo com a resistência do ar será
estudada no Cap. 2.

EXEMPLO 1–2 lei de newton do resfriamento


Considere uma pequena e sólida esfera de cobre, com massa m e raio R, a qual está
inicialmente estabilizada em uma temperatura Ti = 20 °C. Essa esfera é, então, co-
locada em um recipiente que contém água quente a uma temperatura T0 = 70 °C,
como mostra esquematicamente a Fig. 1–5.
Água
Como esperado, o calor é transferido da água para a esfera e a temperatura co- T0 = constante
meça a subir. O calor específico do Cu, em uma condição de temperatura próxima Cobre
à condição ambiente, é c = 0,39 kJ/kg °C. Esse valor significa que é necessário Ti
Calor
0,39 kJ para aumentar a temperatura de 1 kg de cobre em 1 °C. Também é dado o
coeficiente de transferência de calor durante esse processo, que é h = 0,02 kW/°C · m2,
isto é, 0,02 kJ de calor é transmitido para o cobre, por unidade de tempo, por uni- figura 1–5 Esquema para o
dade de área superficial da esfera do cobre e por unidade de diferença de tempera- Exemplo 1–2.
tura entre a esfera e a água. Obtenha a equação diferencial que governa a variação
de temperatura da esfera com o tempo t.

sOluçãO A temperatura de um corpo varia, de maneira geral, com a parte do


corpo em análise e também com o tempo. Porém, variações de temperatura entre
as partes do corpo podem ser desprezadas quando este é pequeno e composto de
metal, ou seja, com base premissa, a temperatura é a mesma em cada ponto
constituinte desse corpo, em um dado tempo. Dessa forma, a temperatura da es-
fera em análise pode ser considerada apenas como função do tempo. É impor-
tante notar que essa suposição não é realista para corpos de grandes dimensões,
especialmente quando eles são constituídos por materiais que são pobres condu-
tores de calor.
É sabido que um corpo frio, quando mantido em um ambiente mais quente,
aquece-se gradualmente e, ao final, atinge a temperatura do ambiente. Entretanto,
em um determinado tempo t, a temperatura da esfera estará entre 20 e 70 °C, mas
não sabemos o valor exato. Uma estimativa precisa da temperatura em um tempo
determinado, como t = 30 segundos, requer uma formulação exata do problema,
que é obtida pela aplicação da lei de Newton do resfriamento e do princípio de
conservação de energia
A lei de Newton do resfriamento é expressa por

Q hA (T0 T) (1–– 4)
(1 4)

onde:
Q = razão de transferência de calor para a esfera em um tempo t;
A = área superficial da esfera;
h = coeficiente de transferência de calor entre a esfera e o ambiente;
T = temperatura em um dado tempo t;
T0 = temperatura do ambiente.
O princípio de conservação de energia estabelece que a energia não pode ser
criada ou destruída. Dessa forma, o aumento da quantidade de energia na esfera

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6 equações diferenciais

deve ser igual à quantidade total de calor transferida para a esfera. Durante o inter-
valo de tempo Δt, a temperatura da esfera será elevada a uma quantidade ΔT, onde
m é a massa da esfera e c, o calor específico do cobre. O total de calor transferido
para a esfera durante Δt pode ser calculado simplesmente pelo uso da expressão
QΔt, pois Q é a razão de transferência de calor (calor transferido por unidade de
tempo). Dessa forma:

( (( (
Aumento da Transferência
Transferência total
quantidade de = de calor para a
energia
energia da esfera esfera durante Δt
durante Δt

ou mcΔt = hA(T0 – T) Δt, onde:


m = massa da esfera;
c = calor específico do cobre.
Dividindo por Δt, tem-se
ΔT hA
(T T)
Δt mc 0

Adotando o limite de Δt → 0, chega-se a:

dT hA
(T T) (1–5)
dt mc 0

Trata-se da equação diferencial desejada que descreve a variação da temperatura


com o tempo. A solução dessa equação irá resultar em uma função que relaciona a
temperatura da esfera em função do tempo. Tal solução será abordada no Cap. 2.
É importante notar que as equações diferenciais descrevem os fenômenos físi-
cos para um intervalo específico das variáveis independentes. Dessa forma, a solu-
ção dessa equação diferencial é aplicável somente a esse intervalo. Por exemplo, a
Eq. 1–5 descreve a variação da temperatura em função do tempo, limitando-se à
esfera de cobre do problema, e não pode ser usada para determinar a temperatura
em um ponto fora dela. Essa equação descreve também o processo desde o início,
quando a esfera foi imersa no tanque com água quente, sendo aplicável no intervalo
0 ≤ t < ∞. Sendo assim, a solução não pode ser usada para predizer a temperatura
da esfera em um tempo inferior à sua imersão.

EXEMPLO 1–3 taxas de capitalização compostas instantâneas


Uma pessoa aplica uma quantia A em um banco que oferece uma taxa de rendi-
mento anual r. Assumindo taxa de capitalização composta instantânea, obtenha a
equação que rege o comportamento da variação da quantia A aplicada no banco,
com o tempo t.

sOluçãO Para preparar o terreno para a aplicação das derivadas, podemos


considerar como exemplo o depósito de $ 100 em um banco cuja taxa de rendi-
mento anual é de 4%, ou 0,04. Assumindo que a capitalização da taxa é anual,
tem-se, nesse período, um acréscimo de $ 4 ao valor inicialmente depositado.
Caso o depósito fosse de $ 200, o valor a ser acrescido ao depósito inicial,
nesse mesmo período, seria de $ 8. Para um período de capitalização de dois
anos, o valor a ser acrescido em cada caso seria um pouco maior que o dobro do
total de um ano.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 7

Pode-se concluir que a quantia a ser acrescentada ao depósito inicial, no final


do período de capitalização, é proporcional à quantia depositada A e ao tempo de
depósito em anos. A constante de proporcionalidade é a taxa de rendimento anual r.
Dessa forma, ΔA = rAΔt
ou
∆A
rA
∆t

Ao adotarmos o limite Δt → 0, obtemos a equação que descreve a variação da


quantia depositada no banco em relação ao tempo, como resultado da taxa com-
posta instantânea:

dA
rA (1–6))
(1–6
dt

Nessa equação, r é a taxa de rendimento anual expressa como número decimal


e t é o tempo expresso em anos. Como será visto no Cap. 2, a solução dessa equa-
ção diferencial é dada por:

A A0 e rt (1–7)

onde A0 é a quantia depositada no tempo t = 0.

EXEMPLO 1–4 lei de lambert de absorção


Quando a luz ou outra radiação passa através de um meio, parte dela é absorvida.
Quanto maior for a distância percorrida pela luz no meio, maior será a quantidade
absorvida. Adotando E para a quantidade de energia radiante de um feixe de luz,
obtenha a equação diferencial que descreva a atenuação da luz com a distância s.

sOluçãO Quando a luz ou outra radiação percorre um meio homogêneo, pode- Feixe de
-se observar que uma fração constante de energia é absorvida por unidade de com- radiação
primento na direção de propagação, como ilustra a Fig. 1–6. Essa é outra forma de 0 100
unidades
dizer que a absorção da radiação por unidade de comprimento é proporcional à α = 0,1 Lago
magnitude da radiação. Dessa forma, adotando-se as mesmas premissas dadas no 10
1m
Exemplo 1–3, a equação diferencial que rege o processo de absorção pode ser ex- 90
pressa por: 2m 9
81
dE 3m
8,1
αE (1–8)
ds s
72,9
onde α é a fração de radiação absorvida por unidade de comprimento denominado figura 1–6 Absorção da radiação de
coeficiente de absorção, cuja unidade é metro–1. A variável independente s é a luz na medida em que esta se propaga
distância percorrida pela luz na direção de propagação, e E, a energia radiante do através de um lago.
feixe em estudo. Por analogia com o Prob. 1–3, a solução da equação diferencial é
dada por

αs
E E0 e (1–9))

onde E0 é a energia radiante do feixe em s = 0. Os detalhes dessa solução serão


apresentados no Cap. 2.

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8 equações diferenciais

EXEMPLO 1–5 reação química


Químicos e engenheiros devem ser capazes de predizer as mudanças de concentra-
ções em uma reação. Um modelo usado para vários processos, em que existe ape-
nas um único reagente, é:

dC
Razão da mudança da concentração química = – kCn
dt

onde C é a concentração química e k, a constante de reação. A ordem da reação é o


valor atribuído ao expoente n. As informações a seguir descrevem a reação de pri-
meira ordem, que combina brometo de terc-butil e água para produzir terc-butanol
e brometo de hidrogênio.

(CH
H3 ) 3CBr H2O → (C
(CH
H3 ) 3CO
COHH HBr

A partir de dados experimentais, o valor de k foi estimado em k = 0,0537 por hora.


Determine a concentração após 2 horas, com base em uma concentração inicial de
C0 = 0,1 mol/L.

sOluçãO Usando n = 1 e k = 0,0537, temos:

dC
05377 C
0,053
0,
dt

Essa equação é idêntica à apresentada na Eq. 1–8. Por analogia, pode-se chegar à
solução C(t) = C0e–kt ou C(t) = 0,1e–0,0537t.
Substituindo t = 2 horas nessa equação, obtemos C(2) = 0,1e–0,0537(2) = 0,0892 mol/L.

EXEMPLO 1–6 circuito RC


A Fig. 1–7 mostra um circuito contendo um resistor e um capacitor. A bateria pos-
sui tensão contínua V e o capacitor está inicialmente descarregado. A chave está
A R
inicialmente fechada no ponto B. Em t = 0, a chave é comutada para o ponto A.
+ Obtenha o modelo de equação diferencial que relaciona a tensão no capacitor em
V B C v1 função do tempo.
– i
sOluçãO A relação tensão-corrente do capacitor estabelece que a tensão v1(t) é
figura 1–7 Circuito RC com tensão a integral da corrente i(t) no tempo dividida pela capacitância e somada à tensão
contínua. inicial do capacitor (que, no exemplo, é zero). Dessa forma:

t
1
v1 ( t ) i ( t ) dt
C 0

Derivando os dois lados da equação

dv1 1
i
dt C

A relação de tensão corrente do resistor é dada por

V v1
i
R

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 9

Substituindo a última equação na primeira e rearranjando os termos, temos

dv1
RC v1 V (1–10))
(1–10
dt

Trata-se de uma equação diferencial linear ordinária de primeira ordem, cuja solu-
ção pode ser obtida aplicando os métodos que serão apresentados no Cap. 2.

EXEMPLO 1–7 fluxo através de um orifício


A Fig. 1–8 apresenta um corte de um tanque que possui paredes laterais e uma base
de área A. Um líquido é bombeado, com um fluxo volumétrico qvi, e despejado na qvi
parte superior do tanque. Um furo é feito na lateral do tanque para possibilitar o
vazamento do líquido. Obtenha o modelo por equações diferenciais da altura do
líquido h no tanque.
ρa

sOluçãO Por volta de 1640, Torricelli descobriu que o fluxo volumétrico atra-
vés de um orifício é proporcional à raiz quadrada da diferença das pressões. Usando h
o princípio de conservação de massa e assumindo uma densidade da massa do lí- h1
quido ρ, nota-se que a razão de mudança de massa no tanque, dada por ρAh1, deve
A
ser igual à diferença entre a injeção de massa do líquido qmi (líquido despejado pela L
bomba) e a fuga qmo (mensurada pela quantidade perdida pelo vazamento). Dessa
igualdade, obtém-se figura 1–8 Tanque contendo um
orifício.
d ( ρA
ρAhh1 )
qmi qmo
dt

Fazendo qmi = ρqvi e h1 = h + L, tem-se que dh1/dt = dh/dt. Então,

dh
ρA ρqvi qmo
dt

Como o recipiente é submetido à pressão atmosférica, a queda de pressão ao


longo do orifício é calculada pela expressão ρgh. Quando se aplica o princípio de
Torricelli, temos

qmo k ! ρg
ρgh
h

onde k é a constante de proporcionalidade. O modelo resultante pode ser dado por

dh
ρA ρ qvi k ! ρg
ρghh (1–11))
(1–11
dt

Como veremos posteriormente neste capítulo, essa equação é denominada equação


não linear porque a variável dependente h aparece em uma raiz quadrada. A solução
dessa equação será vista na Seção 1–6.

revisão
1–3C O que é necessário para se obter uma equação diferencial exata?
1–4C Por que realizamos premissas para simplificar os modelos que se utilizam de equa-
ções diferenciais?

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10 Equações Diferenciais

1–5 Considere um paraquedas descendo com uma velocidade constante V0. Com base
na segunda lei de Newton do movimento, obtenha a equação diferencial que descreve a
posição do paraquedas em relação ao solo em função do tempo. Considere como positiva a
direção para cima.
d 2Z
(Resposta: dt 2 z″ 0, com as condições iniciais z′(0) = V(0) = –V0.)
1–6 Uma pessoa deposita uma quantia A em um banco com taxa de remuneração anual r
composta continuamente e, ao mesmo tempo, retira o dinheiro a uma taxa constante a.
Obtenha a equação diferencial que descreve a quantia no banco em função do tempo.

(Resposta: dA
dt iA a.)

1–3 Revisão dos Conceitos Básicos1


O estudo de equações diferenciais requer um bom conhecimento dos conceitos
fundamentais do cálculo. Nesta seção, iremos rever alguns desses conceitos na
profundidade necessária. O leitor pode consultar qualquer livro de cálculo para
uma discussão mais profunda.

Variáveis dependentes e independentes


Uma equação geralmente envolve uma ou mais variáveis. Como o próprio nome
sugere, variável é uma grandeza que pode assumir vários valores durante um es-
tudo. Uma variável com valor fixo durante o estudo é denominada constante. Cons-
tantes são geralmente denotadas pelas primeiras letras do alfabeto: a, b, c e d; e, as
variáveis, pelas últimas: t, x, y e z. Uma variável cujo valor pode mudar de maneira
arbitrária é denominada variável independente ou argumento. Uma variável cujo
valor depende dos valores de outras variáveis é denominada variável dependente
ou função (Fig. 1–9).
Uma variável dependente y que tem uma relação de dependência com a variável
Função y (x) = x2 + 1 x geralmente é expressa por y(x). Porém, essa notação é inconveniente quando y é
Variável Variável
usada muitas vezes na mesma equação. Nesses casos, é mais adequado usar y no
independente dependente lugar de y(x) quando fica claro que y é função de x. Essa simplificação melhora a
x y aparência e a leitura das equações. O valor de y em relação a um valor fixo de a é
1 2 expresso por y(a).
2 5 Durante um estudo, é comum a restrição de uma variável em um certo inter-
2,5 6,25
valo. Um intervalo tem seus extremos limitados por dois números dos quais um é o
8 65
limite superior e o outro é o limite inferior. Esse intervalo é denominado fechado se
Figura 1–9  O valor da variável inclui os valores-limite, do contrário é denominado intervalo aberto. Por exemplo,
dependente possui uma relação de se o limite do raio em uma equação P = 2πr é estabelecido para valores entre r1 = 3
dependência com o valor da variável e r2 = 7,5, incluindo os valores-limite, pode-se dizer que o intervalo de r é de 3 a 7,5,
independente. expresso por 3 ≤ r ≤ 7,5. Como temos a inclusão dos valores-limite, dizemos que o
intervalo é fechado.

Funções contínuas e descontínuas


No estudo e na caracterização de funções, um conceito de máxima importância é
o da continuidade. Uma função y é chamada de contínua em um número se (1) a
função é definida nesse número (isto é, y(a) é um número finito), (2) existe o li-
mite lim
x→a
y(x) e (3) esse é igual ao valor da função no ponto a. Ou seja a, função y
é contínua em a se
(lim
x→a
y(x) = y(a)) (1-12)

1
Esta seção foi incluída para revisar os conceitos já conhecidos pelos estudantes e pode ser ignorada sem
prejuízo de continuidade.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 11

Quando uma função não é contínua em a, dizemos que ela é descontínua ou y


possui uma descontinuidade em a. A função é denominada contínua em um inter-
valo se ela é contínua para cada número desse intervalo. A função é denominada
descontínua em um intervalo mesmo que ela possua descontinuidade em apenas
um valor desse intervalo.
Funções contínuas podem ser desenhadas em um gráfico sem retirar o lápis
do papel. Funções descontínuas envolvem saltos abruptos ou tendem ao infinito
em algum número do intervalo. O gráfico da Fig. 1–10 apresenta uma função
descontínua em três pontos: a, b e c. É interessante frisar que essa função é con-
tínua em qualquer intervalo que não contenha um desses três pontos.

Derivadas e diferenciais a b c x

As derivadas e diferenciais são os tijolos usados para construir as equações dife- Figura 1–10  Função com
descontinuidades em a, b e c.
renciais, por isso serão revistas brevemente. A derivada de uma função y(x) em
um ponto é equivalente à inclinação da reta tangente ao gráfico da função naquele
ponto e é definida como (Fig. 1–11)

y(x ∆ x) y(x )
y′ (x) lim (1–13) y
∆x→0 ∆x
y (x)
Uma função é denominada diferenciável em x se existe limite da função no
ponto x. Uma função é denominada diferenciável em um intervalo fechado se é y (x + Δx)
Δy
diferenciável em cada número desse intervalo. Não podemos associar continui- y (x)
dade com diferenciabilidade. Uma função não é diferenciável em um ponto que Δx
apresenta uma mudança abrupta de inclinação (que pode ser vista pelo apareci- Linha
tangente
mento de uma “quina” no gráfico). Por exemplo, o gráfico apresentado na Fig. x
x x + Δx
1–12 não é diferenciável em a, já que a inclinação da função, quando é feita de a
pela direita, é diferente da inclinação quando da aproximação feita pela esquerda. Figura 1–11  A derivada de uma
Pela definição dada, Δx representa uma variação (pequena) na variável inde- função em um ponto específico
representa a inclinação dessa função
pendente e é denominado incremento de x. A mudança correspondente na função y
naquele ponto.
é denominada incremento de y e representada por Δy. Ela é expressa como

∆y y(x ∆ x) y(x) (1–14)

Inclinação de y
Usando a notação de incremento, a derivada de uma função pode ser expressa y quando é feita a aproximação
como de a pela direita

y(x ∆x) y(x ) ∆y


y′ (x) lim lim (1–15)
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆ x
y (x)
Inclinação
A derivada de uma função pode ser vista como a razão entre o incremento Δy de y quando é
feita a
e o incremento Δx da variável independente. Pode-se afirmar que Δy (e com isso aproximação de
também y′(x)) será igual a zero se a função y não variar com x. a pela esquerda x
a
O incremento Δx da variável independente x pode também ser representado
por d x, que é denominado diferencial da variável independente. Então, a diferen- Figura 1–12  Uma função com duas
cial da variável dependente dy é definida como inclinações em um ponto é não
diferenciável (não tem uma derivada)
dy y′(x ) ∆ x y′(x )dx (1–16) naquele ponto.

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12 Equações Diferenciais

É importante notar que o incremento Δx e a diferencial dx da variável indepen-


dente são idênticos, entretanto isso não pode ser afirmado para a variável depen-
dente, a não ser quando ela é uma função linear de x (resultando em uma linha
reta). O incremento Δy representa a mudança na função y resultante de uma va-
riação Δx em x, enquanto a diferencial dy representa o incremento na linha tan-
gente (ou decremento, quando dy é negativo), resultante de uma mudança de x
y y (x) para x + Δx (Fig. 1–13). Quando Δx é pequeno, temos que dy ≈ Δy, e, dessa
forma, dy pode ser usado como uma aproximação da mudança Δy. Essa observa-
ção se constitui na base de um método numérico popular para solução de equa-
ções diferenciais, denominado método da diferença finita. A experiência
Δy mostra que, tomando certos cuidados, muitos bons resultados podem ser obtidos
dy
dessa maneira.
dx = Δx
Para dx ≠ 0, a Eq. 1–16 pode ser escrita como

dy
y′(x ) (1–17)
dx
x
x x + Δx
que é uma outra notação bastante usada para derivadas, na qual se utilizam termos
Figura 1–13  Representação gráfica de
um incremento Δy e uma diferencial dy
de diferenciais. Essa notação é originada dos trabalhos de Leibniz, que a usou em
de uma função y(x). meados do século XVII.
Quando uma função complexa se deriva como

y(x ) (2x2 3x ) 3 5 (1–18)

é conveniente definir uma nova variável, como u = 2x2 – 3x, de forma que y = y(u)
ou y = y[u(x)]. Uma derivada de uma função desse tipo pode ser determinada pela
aplicação da regra da cadeia, expressa da seguinte forma: se y = y(u), u = u(x) e
ambas as derivadas dy/du e du/dx existirem, então a derivada da função y em rela-
ção a x pode ser dada como

dy dy du
(1–19)
dx du dx
Dada a função
y = u3 + 5 e u = 2x2 – 3x No exemplo apresentado, y = u3 + 5 e u = 2x2 – 3x. Com isso, a aplicação da regra
Encontre da cadeia resulta em (Fig. 1–14)
dy
=?
dx dy dy du
(3u2 ) (4x 3) 3(2x2 3x ) 2 (4x 3) (1–20)
Solução: dx du dx
dy dy du
=
dx du dx
A maioria dos problemas encontrados na prática envolve variáveis que sofrem
= (3u2) (4x – 3) variação em função do tempo t, e as primeiras derivadas representam a razão
= 3(2x2 – 3x)2 (4x – 3) de mudança dessas variáveis. Por exemplo, se N(t) representa a população de
uma colônia de bactérias em um determinado tempo, então a derivada primeira
N′ = dN/dt representa a razão da mudança da população, denotando o incre-
mento ou decremento da população por unidade de tempo.
A derivada da derivada primeira de uma função, caso ela exista, é denominada
derivada segunda de y e é representada por y″. Da mesma forma, a derivada
da derivada segunda de y é denominada derivada terceira e é representada por y‴.
Figura 1–14  Aplicação da regra da Em geral, a derivada da derivada (n – 1) de y é denominada derivada n-ésima e é
cadeia para a solução da derivada de uma representada por y(n). Derivadas de ordem superior são, também, representadas
função y que depende de u, que, por sua usando a notação diferencial, como
vez, depende de x.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 13

d 2y d 3y … (n) d ny
y″ 2
, y‴ , , y (1–21)
dx dx 3 dx n

onde n é um número inteiro positivo denominado ordem de uma derivada. A ordem


de uma derivada não deve ser confundida com outro conceito: o grau da derivada.
Por exemplo, y″′ representa uma derivada de terceira ordem de y, mas (y′)3 repre-
senta o terceiro grau de uma derivada de primeira ordem de y. A ordem de uma de-
rivada será indicada por algarismos romanos, como em yIV, ou pelo número de
apóstrofos sobrescritos, como em y′ e y″, ou ainda por um número sobrescrito entre
parênteses, como em y(n – 2) e y(n). É importante observar que a derivada primeira de
uma função representa a inclinação ou a razão da mudança de uma função em rela-
ção a uma variável independente, já a derivada segunda representa a razão de mu-
dança da inclinação de uma função em relação à variável independente.
Por vezes, deseja-se analisar a dependência de uma função em relação a apenas

( (
uma variável independente, mesmo quando uma função depende de duas ou mais y
∂y
variáveis (como x e t). Para tanto, deve-se utilizar a derivada da função em relação à ∂x t
variável de interesse e manter todas as demais como constantes. Tais derivadas são
denominadas derivadas parciais. As primeiras derivadas parciais da função y(x, t)
em relação a x e t são representadas, respectivamente, por yx e yr, e definidas como:

y(x ∆ x, t) y(x, t ) 0y
yx (x, t) lim (1–22)
∆x→0 ∆x 0x
t

y(x, t ∆t) y(x, t ) 0y


yt (x, t) lim (1–23) x
∆t→0 ∆t 0t
Figura 1–15  Representação gráfica da
derivada parcial (0y/0x).
com a condição de haver esses limites. No cálculo de yt, x é tratado como uma
constante e realiza-se a derivada de y em relação a t. De forma análoga, no cálculo
de yx, t é tratado como uma constante e realiza-se a derivada de y em relação a x.
Nesse caso, a diferencial dy da variável dependente y(x, t) é definida como Função dada:
y = 6x + 2
0y 0y
dy yx dx yt dt dx dt (1–24) Integral da função:
0x 0t
E
I = ydx = 3x2 + 2x + C

onde dx e dt são, respectivamente, as diferenciais das variáveis independentes x e t Integral da derivada:


(Fig. 1–15). Neste capítulo, consideraremos inicialmente funções dependentes dI
= 6x + 2 = y
dx
de apenas uma variável, trabalhando dessa forma principalmente com derivadas
ordinárias.

Integração
A integração pode ser vista como o processo inverso da diferenciação (Fig. 1–16).
A integração é comumente usada na resolução de equações diferenciais, pois a

trar o resultado de 1y′(x)dx quando y′(x) é dada. A integral dessa derivada é ex-
resolução de uma equação diferencial é essencialmente um processo de encon-

pressa por
Figura 1–16   Diferenciação e
ˇ ˇ

integração são processos inversos,


y′(x ) dx dy y(x ) C (1–25)
e a integração pode ser conferida pela
diferenciação da integral.

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14 Equações Diferenciais

já que y′(x)dx = dy (Eq. 1–16) e a integral da derivada de uma função resulta na


própria função (adicionada de uma constante). Na Eq. 1–25, x é a variável de in-
tegração, e C, uma constante arbitrária, denominada constante de integração.
A derivada de y(x) + C resulta em y′(x), independentemente do valor atribuído
à constante C. Dessa forma, duas funções que se diferem apenas por suas constan-
#dy = y + C tes possuem derivadas semelhantes, e, por isso, sempre é adicionada uma cons-
tante no processo de integração para recuperar a constante perdida durante a
#yʹdx = y + C diferenciação. A integral da Eq. 1–25 é denominada integral indefinida, já que o
valor da constante arbitrária C é indefinido.
#yʺdx = yʹ + C A derivada da Eq. 1–25 pode ser estendida para derivadas de ordens superiores
(Fig. 1–17). Por exemplo:
#yʺʹdx = yʺ + C
#y(n)dx = y(n–1) + C y″(x) dx y′(x) C (1–26)

Isso pode ser provado pela definição de uma nova variável u(x) = y′(x). Nesse
Figura 1–17   Algumas integrais processo, estabelece-se uma diferenciação para obter u′(x) = y″(x) e, então, aplica-
indefinidas que envolvem diferenciais
e derivadas.
-se a Eq. 1–25. Em termos gerais

y(n) (x )dx y(n 1)


(x ) C (1–27)

Dessa forma, reduz-se a ordem de uma equação diferencial sempre que a ordem é
submetida a uma integral.
Nesta seção, foram revistos rapidamente alguns aspectos importantes do
cálculo, de forma a preparar o terreno para as equações diferenciais. Solicita-
-se ao leitor a realização de estudos mais profundos para obter um bom enten-
dimento desses conceitos e a capacidade de usá-los. A experiência mostra que
a maioria das dificuldades enfrentadas pelos estudantes no estudo das equa-
ções diferenciais advém de um conhecimento deficiente de cálculo. Por exem-
plo, a equação

x2
xdx C (1–28)
2

está correta, e o mesmo, se pode afirmar em

y2
ydy C (1–29)
2

No entanto, a equação

y2
ydx C (1–30)
2

está incorreta. Se a Eq. 1–30 estivesse correta, não precisaríamos mais das
tabelas contendo as integrais das funções. Basta elevar ao quadrado a integral de
uma função, dividir o resultado por 2 e acrescentar uma constante arbitrária. Nem
sempre os estudantes conseguem perceber esses detalhes e, por isso, cometem al-
guns erros.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 15

Revisão
1–7C O que é uma variável? Em um problema, como distinguir uma variável dependente
de uma independente?
1–8C Como identificar uma função descontínua?
1–9C Qual é a diferença entre as derivadas ordinárias e as parciais?
1–10C Qual é a diferença entre o grau e a ordem de uma derivada?

1–11C Considerando uma função y(x) e sua derivada dy/dx, pode-se determinar a derivada
pelo cálculo de dx/dy e depois inverter o resultado?
1–12 Determine os intervalos em que as seguintes funções são contínuas:
(a) x 2 (b) (x 1) ln x
1 ex
(c) (d)
x x2 1

(Respostas: (a) Contínuas para todo x. (b) Contínuas para todo x positivo. (c) Contínuas
para todo x, com exceção de x = 0. (d) Contínuas para todo x, com exceção de x = ±1.)
1–13 Determine a derivada das seguintes funções:
3x
(a) x ln 2x (b) e sen x
2 3 ln x
(c) (x 1) e (d) sen 2 (x!x )

3x
(Respostas: (a) ln(2x ) 1. (b) e (3 sen x cos x). (c) (x2 1) 2 (7x2 1).
3!x
(d) sen(2x!x ).)
2

1–14 Resolva as seguintes integrais:

(a) 3x2 e 3x
sen 5x 4dx

5
5
(b) cln 3x d dx
1
x

x3 e 3x
cos 5 x
(Respostas: (a) C. (b) 4 ln 3 4 ln 5.)
3 3 5

1– 4 Classificação das equações diferenciais


Uma equação diferencial que envolve apenas derivadas ordinárias, de uma ou mais
variáveis dependentes, em relação a uma única variável independente é denominada
equação diferencial ordinária, e uma equação diferencial que envolve derivadas
parciais em relação a duas ou mais variáveis independentes é denominada equação
diferencial parcial (Fig. 1–18). Com base nisso, conclui-se que problemas que en-
volvem uma única variável independente resultam em equações diferenciais ordiná- (a) Equação diferencial ordinária:
rias, e problemas que envolvem duas ou mais variáveis independentes resultam em d2u du
equações diferenciais parciais. Aqui, estudaremos apenas as equações diferenciais –2 = 2x2 + 6
dx2 dx
ordinárias, e os problemas a serem resolvidos serão limitados a equações do tipo
(b) Equação diferencial parcial:

y‴ 3x2y′ 4y xex 2 (1–31) ∂2v ∂v


–2 = 2x2 + et
∂x2 ∂t

que possui uma única variável independente. Nesse exemplo, y é a variável depen- Figura 1–18  Equação diferencial
dente (função desconhecida) e x é a variável independente. ordinária e equação diferencial parcial.

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16 Equações Diferenciais

Uma equação diferencial pode conter muitas derivadas, de várias ordens, de


uma função desconhecida. A ordem da derivada mais alta de uma equação diferen-
cial é a denominada ordem da equação. Por exemplo, a ordem da equação y‴ +
(y″)6 = 4x5 é 3, já que essa equação não contém derivadas de ordem superior.
Uma equação diferencial estará na sua forma-padrão quando o coeficiente da
derivada de mais alta ordem for igual a um. Por exemplo, a Eq. 1–31 está na sua
forma-padrão, já que o coeficiente de sua derivada mais alta y‴ é 1. Uma equação
pode ser colocada na sua forma-padrão dividindo toda a equação pelo coeficiente
da derivada de ordem superior.
Uma equação linear, como 3x – 5 = 0, é mais simples de ser resolvida que a
equação x4 + 3x – 5 = 0, porque a primeira equação é linear, enquanto a segunda é
não linear, como podemos nos recordar da álgebra. Essa afirmação também é apli-
cável às equações diferenciais. Dessa forma, antes de resolvermos uma equação
diferencial, geralmente testamos sua linearidade. Uma equação diferencial será
chamada de linear se (1) a variável dependente e suas derivadas possuírem grau
um e (2) seus coeficientes dependerem apenas da variável independente.
Ou seja, uma equação diferencial será linear se puder ser escrita de uma forma
que não envolva:
(1) Qualquer potência na variável dependente e suas derivadas (como y3 ou (y″)2).
(2) Qualquer produto das variáveis dependentes e suas derivadas (como yy′ ou
y′y‴).
Qualquer outra função não linear da variável dependente (como sen y ou ey).
(3)
Caso contrário, a equação diferencial é não linear.
(a) Equação não linear: Uma equação diferencial linear pode conter:
3(yʺ)2 – 4yyʹ + e2xy = 6x2 (1) Potências ou funções não lineares da variável independente (como x2 e cos x).
Outra (2) Produtos
da variável dependente (ou suas derivadas) com funções da variável
Potência Produto função não independente (como x3y′, x4y ou e–2 2xy″) (ver Fig. 1–19).
linear
Com base nisso, podemos afirmar que o modelo do circuito RC da Eq. 1–10 é
(b) Equação linear: linear.
3x2yʺ – 4xyʹ + e2xy = 6x2 dv1
RC v1 V (1–10)
dt

Figura 1–19  Equação diferencial


linear (a) e não linear (b). Quando O modelo de um tanque com vazamento em um orifício, Eq. (1–11), é não linear
testamos a linearidade, apenas a variável porque a variável dependente h está dentro de uma raiz quadrada, portanto é ele-
dependente é verificada. vada ao expoente ½.

dh
ρA ρqvi k!ρgh (1–11)
dt

Uma equação diferencial linear de ordem n pode ser expressa, de forma geral,
(a) Equação linear não homogênea: como
yʺ + 3yʹ – 8x2y = 6e–2x – 5
Diferente de zero y (n) f1 (x ) y (n 1) … fn 1 (x ) y′ fn (x ) y R(x) (1–32)

(b) A equação homogênea correspondente é:


yʺ + 3yʹ – 8x2y = 0
Uma equação diferencial que não pode ser colocada dessa forma é não linear.
Uma equação diferencial linear é denominada homogênea se R(x) = 0 para
Zero todo x em consideração. Caso contrário, ela é não homogênea (Fig. 1–20). Isto é,
cada termo, em uma equação linear homogênea, contém a variável dependente, ou
Figura 1–20  Equação linear não uma de suas derivadas, após a simplificação dos fatores comuns da equação. O
homogênea e sua correspondente
termo R(x) é denominado termo não homogêneo.
equação homogênea.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 17

Uma equação linear homogênea de ordem n pode ser expressa, de forma geral, como

y (n) f1 (x)y (n 1) … fn 1 (x) y′ fn (x)y 0 (1–33)

O termo “homogênea” é também usado para descrever um tipo especial de


equação diferencial de primeira ordem, que será abordado no Cap. 2.

EXEMPLO 1–8 classificação de equações diferenciais


Determine a ordem das sete equações diferenciais dadas e indique se elas são linea-
res ou não lineares. Indique, também, quais equações lineares são homogêneas.

1. y″ 3y 0
2. y″ 3y 2x 5
3. y″ 3 yy
yy′′ 0
4. y‴ 2 ((yy ′ )2 3 y 5
5. y ″ 3 x4 y 0
6. y ″ 3 xy4 e 2 x
7. y ‴ y ′ se senn y 0,2
0, 2

sOluçãO Pela análise atenta dessas equações, obtêm-se as seguintes conclusões:


1. Segunda ordem, linear, homogênea.
2. Segunda ordem, linear, não homogênea.
3. Segunda ordem, não linear.
4. Terceira ordem, não linear.
5. Segunda ordem, linear, homogênea.
6. Segunda ordem, não linear.
7. Terceira ordem, não linear.

As equações diferenciais também podem ser classificadas de acordo com natu-


reza dos coeficientes da variável dependente e suas derivadas. Uma equação
diferencial será denominada coeficientes constantes se os coeficientes de todos
os termos que envolvem as variáveis dependentes ou suas derivadas forem cons-
tantes. Se, após a simplificação, para eliminação de termos comuns, qualquer
termo das variáveis dependentes ou de suas derivadas contiver um coeficiente (a) Com coeficientes constantes:
com variável independente, a equação será denominada coeficientes variáveis yʺ + 6yʹ – 2y = xe–2x
(Fig. 1–21). Com exceção das Eqs. (5) e (6), todas as outras do Exemplo 1–8
têm coeficientes constantes.
Equações diferenciais ordinárias são caracterizadas por possuírem apenas uma Constante

variável independente. A maioria das equações diferenciais aqui estudadas tem, (b) Com coeficientes variáveis:
também, uma única variável dependente ou função desconhecida. Entretanto, às 2
yʺ – 6x2yʹ – y = xe–2x
vezes nos deparamos com duas ou mais funções desconhecidas, em duas ou mais x–1
equações relacionadas. Essas equações são denominadas sistemas de equações
diferenciais e normalmente resolvidas usando álgebra linear. Por exemplo, Variável

y″ 3y′ 5z 0
z″ 2y 2z sen x 0

figura 1–21 Equação diferencial


é um sistema de duas equações diferenciais em duas funções desconhecidas, z e y, com (a) coeficientes constantes e
sendo x a variável independente. (b) coeficientes variáveis.

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18 Equações Diferenciais

Revisão
1–15C Qual é a diferença entre uma equação algébrica e uma diferencial?
1–16C Qual é a diferença entre uma equação diferencial ordinária e uma diferencial?
1–17C Como é determinada a ordem de uma equação diferencial?
1–18C Como pode ser diferenciada uma equação diferencial linear de uma diferencial não
linear?
1–19 Determine a ordem de cada uma das equações diferenciais dadas, indique se elas
são lineares ou não lineares e se possuem coeficientes constantes ou variáveis.

(a) y‴ 3y 8x (b) y″ 3xyy′ 0


(c) y″ x4y′ y 0 (d) y″ 2exy 0
(e) xy‴ 2xyy″ 3xy 5x3

(Respostas: (a) Terceira ordem, linear, coeficiente constante. (b) Segunda ordem, li-
near, coeficiente variável. (c) Segunda ordem, linear, coeficiente variável. (d) Terceira
ordem, não linear, coeficiente constante.)

1–5 Soluções das Equações diferenciais


A solução de uma equação diferencial pode ser um processo tão fácil quanto resol-
ver uma ou mais integrais, mas trata-se de uma exceção, e não de regra. Não há
um método de solução geral simples aplicável a qualquer equação diferencial. Ao
contrário, existem técnicas de soluções diferentes para diferentes classes de equa-
ções diferenciais. Algumas vezes, a solução de equações diferenciais envolve duas
ou mais técnicas, bem como habilidade e domínio da aplicação dos métodos de so-
lução. Por vezes, algumas equações somente podem ser resolvidas pelo uso de
manipulações engenhosas. Outras não possuem solução analítica.
Em álgebra, geralmente se procuram valores discretos que satisfaçam uma
equação algébrica (como x2 – 7x + 10 = 0). Entretanto, no caso de equações dife-
renciais, procuram-se funções que satisfaçam a equação em intervalos específicos.
Por exemplo, a equação algébrica x2 – 7x + 10 = 0 é satisfeita por apenas dois
números: 2 e 5. A equação diferencial y′ – 7y = 0 é satisfeita pela função e7x para
(a) Equação algébrica:
qualquer valor de x (Fig. 1–22).
y2 – 7y + 10 = 0
Considere a equação algébrica x3 – 6x2 + 11x – 6 = 0. Obviamente x = 1 satis-
Solução: y = 2 e y = 5
faz a equação e, por isso, é uma solução. Entretanto, não é a única solução dessa
(b) Equação diferencial: equação. É facilmente demonstrável, por substituição, que x = 2 e x = 3 também
yʹ – 7y = 0 satisfazem a equação, sendo também soluções dessa equação. Portanto, o conjunto
Solução: y = e7x
1, 2 e 3 constitui a solução completa dessa equação algébrica.
A mesma forma de raciocínio se aplica a equações diferenciais, que possuem
múltiplas soluções que contêm pelo menos uma constante arbitrária. Qualquer fun-
ção que satisfaça uma equação diferencial em um intervalo é chamada de solução
da equação diferencial. Uma solução que possui uma ou mais constantes arbitrárias
representa uma família de funções que satisfazem a equação diferencial e é cha-
mada de solução geral da equação. Uma solução geral poderá ainda ser classifi-
cada como solução completa, se todas as soluções da equação diferencial forem
obtidas desta. Uma solução obtida a partir da solução geral, por meio da atribuição
de valores particulares para as constantes arbitrárias, é denominada solução parti-
Figura 1–22  Ao contrário das equações cular ou solução específica. Uma solução que não pode ser obtida pelo processo
algébricas, as soluções das equações de atribuição de valores particulares para as constantes arbitrárias na solução geral
diferenciais geralmente são funções, em
vez de valores discretos.
é denominada solução singular.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 19

Em álgebra, um número é solução da equação se ele satisfaz a equação. Por


exemplo, x1 = 2 é uma solução da equação x3 – 8 = 0, pois a substituição da variável
x pelo número 2 resulta em um valor nulo. Da mesma forma, uma função é solução
de uma equação diferencial se a função satisfaz essa equação. Em outras palavras, a
função-solução conduz à identidade quando a substituímos na equação diferencial.

EXEMPLO 1–9 solução de uma equação diferencial


Mostre que y1 = 3e–2x é solução da equação diferencial y″ – 4y = 0.

sOluçãO A função dada será solução da equação diferencial se sua derivada


segunda for subtraída do resultado do produto de 4 por essa mesma função e o re-
sultado for igual a zero. As derivadas primeira e segunda da função dada são, res-
pectivamente, y1 = – 6e–2x e y″1 = 12e–2x.
Dessa forma, temos y″ – 4y = 12e–2x – 4(3e–2x) = 0. Com base nisso, pode-se afirmar
que y1 é solução da equação diferencial.

EXEMPLO 1–10 solução geral de uma equação diferencial


Mostre que y1 = Cxe2x + 2x – 3 é solução da equação diferencial y″ – 4y′ + 4y = 8x
– 20, independentemente do valor da constante arbitrária C.

sOluçãO A primeira e a segunda derivadas de y1 = Cxe2x + 2x – 3 são:

y ′1 C (e2 x 2 xe2 x ) 2 Ce2 x Cxee2 x


2 Cx 2

e
y ″1 2 Ce2 x 2 C (e2 x 2 xe2 x ) 4 Ce2 x Cxee2 x
4 Cx

Dessa forma, temos

y″ 4y ′ 4y Ce2x
(4Ce
(4 Cxee2x )
4Cx Ce2x
4(Ce
4( Cxee2x
2Cx 2) Cxee2x
4(Cx
4( 2x 3)
2x 2x 2x 2x 2x
4Ce 4Cx
Cxee 4Ce 8Cx
Cxee 8 4Cx
Cxee 8x 12
8x 20

Portanto, y1 é a solução da equação diferencial, independentemente do valor de C.


Trata-se de uma solução geral, pois ela possui uma constante arbitrária.

Examinaremos novamente a equação diferencial que descreve a elevação de tem-


peratura de uma esfera de cobre, quando esta é submersa em um recipiente con-
tendo água quente a temperatura T0 (Eq. 1–5). Como será visto no Cap. 2, a
solução geral dessa equação é
hAt/mc
T(t ) T0 (T0 C)e (1–34)

onde C é uma constante arbitrária. Pode ser facilmente demonstrado, por substi-
tuição direta, que essa solução satisfaz a Eq. 1–15, independentemente do valor
assumido pela constante C. Em outras palavras, a Eq. 1–15, como qualquer outra
equação diferencial, tem um número infinito de soluções, já que a constante arbi-

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20 Equações Diferenciais

trária pode assumir um número infinito de valores diferentes. Voltando à esfera de


cobre, tanto a equação diferencial quanto a solução geral não contêm a tempera-
tura inicial da esfera Ti. Porém, certamente podemos esperar que a temperatura da
esfera, em um tempo t, dependa de Ti. Substituindo t = 0 na Eq. 1–34, temos que
C = T(0) = Ti (já que T(0) indica a temperatura da esfera no tempo t = 0), que é a
temperatura inicial. Substituindo esse resultado, a solução se torna
hAt/mc
T(t) T0 (T0 Ti )e (1–35)

A Fig. 1–23 contém um conjunto de curvas que representam soluções para a


equação diferencial. Nesse conjunto, fixa-se o valor de hA/mc e atribuem-se dife-
rentes valores a Ti, o que resulta em uma família de curvas sem pontos de interse-
ção. É importante ressaltar que cada curva corresponde a um valor específico de
Ti, que está marcado no eixo de temperatura, ou seja, em t = 0. Portanto, quando
uma temperatura inicial é especificada, também temos especificada a solução da
equação diferencial. A solução de interesse pode, então, ser identificada pela sua
interseção do eixo T no valor específico Ti.
Esse exemplo mostra que, apesar de um problema bem definido possuir ape-
nas uma solução, a equação diferencial que descreve o problema pode possuir um
número infinito de soluções. Isso se deve ao fato de que uma equação diferencial
é uma relação entre as mudanças das variáveis dependente e independente, não
incorporando informações sobre os valores assumidos pelas funções e por suas
derivadas em valores fixos da variável independente.
Consequentemente, muitos problemas diferentes, relacionados com o mesmo
fenômeno físico, possuem a mesma equação diferencial. Por exemplo, a Eq. 1–35
é a equação diferencial para o aquecimento (ou mesmo resfriamento) de uma

T0

T(t)
Incrementando Ti

0
t
(a)

T0

Figura 1–23  Gráfico de curvas que


representam soluções da temperatura em T(t)
função do tempo para a Eq. 1–35. Incrementando hA/mc
(a) Comportamento das soluções para um
valor fixo hA/mc e quando se atribuem Ti
quatro valores diferentes à temperatura
inicial Ti. (b) Comportamento das 0
soluções para um valor fixo de Ti e quatro t
valores diferentes hA/mc. (b)

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 21

esfera sólida que se encontra em um ambiente com temperatura T0, independente-


mente da temperatura inicial da esfera.
Dessa forma, para se obter uma solução única para um problema, é necessário
especificar algo mais que a equação diferencial regente, mas algumas condições
(como o valor da função, ou das suas derivadas, em um valor específico da variá- (a) Problema de valor inicial:
vel independente). A aplicação dessas condições na solução da equação diferen-
yʺ – 3yʹ + y = 2xe–4x
cial especificada irá resultar na solução única. y(2) = 5
Como não há lugar na equação diferencial para comportar as condições ou informa- yʹ(2) = –3
ções adicionais necessárias, é necessário fornecê-las em separado. Essas condições
(b) Problema de valor de contorno:
serão denominadas condições iniciais, se todas forem especificadas para o mesmo
valor da variável independente, e/ou condições de contorno, se forem especificadas yʺ – 3yʹ + y = 2xe–4x
y(2) = 5
em dois ou mais valores da variável independente. Uma equação diferencial acom-
yʹ(8) = –3
panhada por um conjunto de condições iniciais é denominada problema de valor
inicial, enquanto uma equação diferencial acompanhada por um conjunto de condi- figura 1–24 Problemas de valor
ções de contorno é denominada problema de valor de contorno (Fig. 1–24). inicial e de contorno.

m
EXEMPLO 1–11 queda livre de um corpo
Quando a resistência do ar é desprezível, a queda livre de um corpo é governada
pela lei da gravidade. Considere um objeto que está inicialmente em uma elevação
z = h e, então, inicia uma queda livre em um tempo igual a zero, como mostra a
Fig. 1–25. Escreva a formulação matemática para o problema e determine se se
trata de um problema de valor inicial ou de condição de contorno.
h
sOluçãO A formulação matemática para o problema envolve tanto a equação di-
ferencial apropriada quanto as condições iniciais e de contorno apropriadas. A equa- m
ção diferencial desse problema foi determinada no Exemplo 1–1 como (Eq. 1–3)
z
d 2z
g Solo
dt 2 0

onde z representa a distância vertical (altura) a partir de uma referência, como o figura 1–25 Esquema para o
solo, e g representa a aceleração da gravidade. No tempo t = 0, o objeto está esta- Exemplo 1–11.
cionário (velocidade V(0) = 0) em uma elevação h. Dessa forma, as condições ini-
ciais desse problema podem ser expressas como

dz
V (0 ) ` 0 (1–36)
dt t 0

z (0
(0)) h

Esta é a formulação completa para o problema e, como será visto na próxima seção,
resultará em uma solução única para a função desconhecida z.
Esse problema é facilmente identificado como um problema de valor inicial, já
que ambas as condições são especificadas para um mesmo valor da variável inde-
pendente (t = 0).
Caso a velocidade tivesse sido especificada em um tempo diferente (como t = 15 s)
e a posição ainda fosse especificada em t = 0, seria um problema de condição de
contorno.

Na resolução de uma equação diferencial, é desejável que a obtenhamos na forma


de solução em forma fechada, isto é, uma expressão analítica da função desconhe-
cida em termos da variável independente (como em y = y(x)). Várias equações
diferenciais de interesse prático podem facilmente ser solucionadas na sua forma

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22 Equações Diferenciais

fechada, como será visto nos capítulos seguintes. Porém, a maioria das equações
diferenciais não pode ser resolvida por meio dos métodos disponíveis, por isso um
tratamento aproximado se torna necessário. Esses problemas podem ser solucio-
nados com razoável exatidão usando métodos numéricos apropriados, que serão
discutidos no Cap. 9. Quando um método numérico é usado, a solução é obtida em
pontos discretos, em vez de uma função contínua sobre todo o domínio.
É importante notar que qualquer relação que satisfaça a equação diferencial e en-
volva somente a função desconhecida e a variável independente (sem derivadas) é
uma solução da equação. Caso a função desconhecida possa ser escrita somente em
termos da variável independente, a solução é denominada explícita, caso contrário ela
é denominada implícita. A relação g(x, y) = 0 define y implicitamente como uma fun-
ção de x. Por exemplo, uma solução como y = 3x2 + cos x + 5 é explícita, mas a
solução y = e2xy + 3xy2 + 5 é implícita, já que não é possível expressar y explicita-
mente em termos somente de x.

Revisão
1–20C O que são condições de contorno? Qual é o seu valor na solução de equações
diferenciais?
1–21C Quando um problema é de valor inicial e quando é de valor de contorno?
Mostre que as funções são soluções das respectivas equações diferenciais dadas em cada
um dos problemas apresentados a seguir.

1–22 y″ 0, y1 5x, e y2 2x 1
3x 3x
1–23 y′ 3y 0, y1 e , e y2 5e
1–24 y″ 4y 0, y1 e2x, e y2 3e 2x

1–25 x2y″ 5xy′ 3y 0, y1 1/x3, e y2 2/x

1–6 Resolução de Equações Diferenciais


por Integração Direta
Como as equações diferenciais envolvem derivadas e cada integração reduz uma
ordem da derivada, é natural enxergar a integração direta como um provável
método para a solução dessas equações. A solução de equações diferenciais por
integração é mais uma exceção que uma regra, já que a maioria das equações dife-
renciais encontradas na prática não pode ser resolvida dessa forma.
Algumas equações diferenciais importantes são lineares, possuem um termo
único envolvendo derivadas e não têm termos que envolvam a função desconhe-
cida. Essas equações diferenciais podem ser resolvidas por integração direta, assu-
mindo, é claro, que a integração possa ser feita. Outras equações, incluindo as não
lineares, podem ser colocadas sob essa forma e resolvidas por integração direta.
Por exemplo, a equação diferencial
y‴ x2e 6x
0 (1–37)

pode ser resolvida por integração direta, pois possui um termo único com uma
derivada de y e nenhum termo contendo y. Porém, a equação
y‴ 3xy x2e 6x
0 (1–38)

não pode ser resolvida por integração direta, pois possui um termo contendo a
função desconhecida y.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 23

Na resolução de uma equação diferencial por integração direta, todos os ter-


mos da equação são integrados, um a um, usando as regras de integração. Ao final
do processo de integração, é adicionada uma constante de integração. Cada vez
que a equação é integrada, a derivada se reduz de uma ordem e uma nova cons-
tante de integração é introduzida. Dessa forma, uma equação diferencial de ordem n
é solucionada por meio de n integrações sucessivas, e a solução envolve n cons-
tantes de integração.

EXEMPLO 1–12 solução por integração direta


Determine se as equações diferenciais apresentadas a seguir podem ser resolvidas
por integração direta, e obtenha as soluções daquelas cuja resposta seja afirmativa.

(a) y ′ 5 y 3 0
(b) y ″ 6 x2 0
(c) 2 yy
yy′′ 4 0

sOluçãO (a) Essa equação diferencial não pode ser resolvida por integração
direta, pois o segundo termo envolve a função desconhecida y. Se tentássemos re-
solver essa equação por integração direta, obteríamos (a) Função integrável:
yʺ = 12x
y 5 y dx 3x C1 Integrando,
yʹ = 6x2 + C1
y = 2x3 + C1x + C2
que não envolve nenhuma derivada. Porém, apesar da aparência de solução, ela
Solução
envolve a integral da função desconhecida, que também não se conhece. Foi obtida
por meio da integração apenas a conversão de uma equação diferencial para uma (b) Função não integrável:
equação integral (Fig. 1–26). yʺ + y = 12x
(b) Essa equação é linear, envolve um único termo com derivadas e não possui Integrando,
outro termo contendo a função desconhecida y. Portanto, pode ser solucionada por
integração direta. Quando se integra uma vez, obtém-se y′ – 2x3 = C1; quando se yʹ + #ydx = 6x2 + C1
integra mais uma vez, obtém-se y – 0,5x4 = C1x + C2 ou y = 0,5x4 + C1x + C2, que é Equação
a solução desejada dessa equação diferencial. integral
(c) Essa equação diferencial é não linear e, à primeira vista, não pode ser solu-
cionada por integração direta. Porém, um exame mais detalhado nos revela que o
termo 2yy′ não é nada mais que a derivada de y2. Dessa forma, o resultado da integral figura 1–26 Algumas equações
do primeiro termo é y2, já que a integração é o processo inverso da diferenciação. diferenciais podem ser resolvidas pela
Isso implica que cada termo da equação diferencial pode ser integrado, resultando integração de cada termo, repetidamente,
em y2 – 4x = C1 ou y = ± √4x + C1, que é a solução da equação diferencial dada. até que a equação não tenha mais
derivadas.

EXEMPLO 1–13 queda livre de um corpo


Um audacioso indivíduo pula, usando um paraquedas, de um prédio de 100 m de
altura, situado em um local cuja aceleração gravitacional é g = 9,8 m/s2. O para-
quedas abre 3 segundos após o início do salto. Desprezando a resistência do ar,
determine a altura desse indivíduo no momento da abertura do paraquedas.

sOluçãO Esse problema se refere a um processo de queda livre sob influência


da gravidade e pode ser resolvido facilmente com o do uso de fórmulas físicas per-
tinentes. Nossa abordagem será resolver esse problema por meio de equações dife-
renciais, a fim de demonstrar suas soluções e o emprego de condições iniciais e de
contorno. Isso também proporcionará um melhor entendimento das relações físicas
entre as variáveis do problema.

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24 equações diferenciais

A função procurada nesse problema é aquela que relaciona a distância vertical


z (altura) como função da variável independente t (tempo). O solo é tomado como
referência, e a distância z é tomada, então, a partir do nível do solo, como pode ser
visto na Fig. 1–27. A equação diferencial que rege esse problema já foi determinada
no Exemplo 1–1, sendo (Eq. 1–3)

d 2z
g
dt2
h = 100 m

uma equação diferencial linear, de segunda ordem e não homogênea. Uma breve
z análise dessa equação revela que ela possui um único termo que envolve derivadas
e nenhum outro termo que envolve a função desconhecida z. Com isso, essa equa-
ção pode ser solucionada por integração direta, e, já que se trata de uma equação de
Solo
segunda ordem, a solução será obtida por duas integrações sucessivas, que introdu-
0
zirão duas constantes arbitrárias.
figura 1–27 Ilustração para o Integrando cada termo da equação diferencial, obtém-se
Exemplo 1–13. dz
gt C1 (1–39))
(1–39
dt

onde C1 é a primeira constante arbitrária de integração. Ressalta-se que a ordem da


equação diferencial reduz-se a cada integração. Como uma forma de teste, se tomásse-
mos a derivada da Eq. 1–39, o resultado seria a equação diferencial original. Porém, a
Eq. 1–39 ainda não se constitui da solução procurada, pois ainda envolve uma derivada.
Integrando mais uma vez, obtém-se
1 2
z(t ) gt C1t C2 (1–40))
(1–40
2

que é a solução geral da equação diferencial (Fig. 1–28).


Pode ser demonstrado que essa equação possui todas as possíveis soluções.
Como pode ser verificado, a solução da equação diferencial é uma relação entre a
função desconhecida e a variável independente e não possui derivadas.
A solução geral para z possui duas constantes arbitrárias, não é possível obter a
altura do paraquedista referente ao solo quando há a abertura do paraquedas, por
Equação diferencial: meio dessa equação. Sabe-se que a distância procurada depende da altura do edifí-
d 2z cio, bem como da velocidade inicial do paraquedista, mas a equação geral não pos-
= –g sui esses termos. Uma equação diferencial é uma relação entre as mudanças das
dt 2
variáveis dependentes e independentes, e não é afetada por condições ou limitações
Primeira integração:
impostas na variável dependente por certos valores da variável independente. Caso
dz
= –gt + C1 o edifício tivesse uma altura de 200 m, em lugar dos 100 m, a equação diferencial e
dt
a solução geral seriam exatamente as mesmas. Porém, a distância do paraquedista
Segunda integração:
em relação ao solo em um tempo específico seria obviamente diferente. São as
z(t) = – 1 gt2 + C1t + C2 constantes arbitrárias contidas na solução geral que garantem a flexibilidade para
2 que a solução seja ajustada a diferentes situações.
Solução Constantes
Como a solução geral contém duas constantes desconhecidas, necessitamos de
geral arbitrárias duas equações para que as constantes sejam determinadas e a solução particular do
problema seja obtida. Essas equações são obtidas forçando a solução geral para que
as condições iniciais e de contorno sejam satisfeitas. Como a aplicação de cada
condição produz uma equação, serão necessárias duas condições para que as cons-
tantes C1 e C2 sejam determinadas. Nesse problema, foi especificado que, inicial-
mente (t = 0), a altura do paraquedista era de 100 m e que sua velocidade era zero.
figura 1–28 Obtenção da solução
Dessa forma, como discutido no Exemplo 1–8, essas duas condições podem ser
geral de uma simples equação diferencial
expressas matematicamente como
de segunda ordem por integração.
dz
V (0 ) P 0
dt t 0

z (0 ) 100

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 25

Na aplicação de condições iniciais e de contorno a um problema, todas as ocorrên-


cias das variáveis dependente e independente, e suas derivadas são substituídas
pelos valores especificados.
A primeira condição pode ser implementada pela substituição de todos os termos
t´s e dz/dt´s por zero na derivada da solução geral. Isto é,

dz
gt C1
dt
dz
P g 0 C1
dt t 0

0 0 C1 → C1 0

A segunda condição pode ser implementada pela substituição de todos os termos t´s
por zero e z(t) por 100 na solução geral. Isto é (Fig. 1–29)

1 2
z (t ) gt C1 t C2
2
1
z (0 ) g 0 2 C1 0 C2
2
100 0 0 C2 → C2 100

Substituindo os valores calculados de C1 e C2 na solução geral, obtém-se

1 2 Condições iniciais: z(0) = 100


z(t ) gt 100
2 Solução geral:

z(t) = – 1 gt2 + C1t + C2


que constitui a solução específica desejada que satisfaz não apenas a equação diferen- 2
cial, mas também as condições especificadas para o tempo zero. Dessa forma, a altura
do paraquedista em relação ao solo quando da abertura do paraquedas é determinada 0 0 0
pela substituição de g = 9,8m/s2 e t = 3 s na equação, 100
100 = – 1 g × 02 + C1 × 0 + C2
z(3 s) = – (1/2)(9,8m/s2)(3 s)2 + 100 m = 55,9 m 2

Após a aplicação das condições


Isto é, o indivíduo estará 55,9 m acima do nível do solo quando o paraquedas se abrir. iniciais, não podem existir termos
envolvendo as variáveis dependente
e independente.

Mesmo quando uma equação diferencial não pode ser resolvida por integração
figura 1–29 Na aplicação de uma
direta, ainda é possível reduzir sua ordem por meio de integrações sucessivas. A
condição inicial ou de contorno, todas as
redução da ordem de uma equação diferencial é uma importante ferramenta para ocorrências da variável dependente e
sua solução, já que a solução de equações diferenciais de ordem inferior é geral- independente devem ser substituídas
mente muito mais fácil que a solução das equações de ordem superior. Quando pelos valores especificados dessas
uma equação diferencial linear envolve derivadas da função desconhecida, mas condições.
não especificamente a função desconhecida, sua ordem pode ser reduzida por m,
que é a ordem da derivada de menor ordem da equação. Por exemplo, a equação
diferencial de terceira ordem
y‴ 3y″ 12x 0 (1–42)

pode ser reduzida a uma equação diferencial de primeira ordem por meio de duas
integrações sucessivas, o que resultará em

y″ 3y′ 6x2 C1

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26 equações diferenciais

y′ 3y 2x3 C1x C2 (1–43)

Essa equação não pode ser resolvida por integração direta, já que o segundo termo
envolve a função desconhecida y.

EXEMPLO 1–14 altura do líquido em um tanque com dreno


Considere o modelo da altura do líquido h quando um tanque tem um orifício em
sua lateral (Eq. 1–11 e Fig. 1–8):

dh
ρA ρqvi k ! ρg
ρghh
dt

Resolva essa equação para h(t) com a condição do fluxo de entrada qvi igual a zero.

sOluçãO Aplicando a condição qvi = 0, o modelo resultante é

dh
ρA k ! ρg
ρghh
dt

Essa equação pode ser simplificada pela combinação das constantes, como

b ! h, b
dh k g 1 dh
AÄ ! h dt
, ou b (1–44))
(1–44
dt ρ

Reconhecendo que

1 dh d( !h )
2 b
! h dt dt

a equação pode ser integrada como

b b
!h C t ! h (0
(0)) t
2 2

Dessa forma, a solução é

b 2
h(t ) a!h (0
(0)) tb (1–45))
(1–45
2

EXEMPLO 1–15 projeto de uma máquina de café


Uma máquina de café com reservatório com capacidade de 15 xícaras foi abaste-
cida com água, com o uso de uma torneira, até que o nível indicador de sua capaci-
dade nominal fosse atingido. Com a válvula de saída aberta, a vazão da torneira foi
ajustada de forma que o nível do reservatório permanecesse inalterado na sua capa-
cidade nominal. Nessa condição, o tempo necessário para que a saída do reservató-
rio pudesse encher uma xícara foi medido. O experimento foi repetido alterando o

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 27

nível no qual o reservatório era mantido constante pela torneira e os novos níveis
foram estabelecidos em 12, 9 e 6 xícaras. Os dados resultantes desses experimentos
estão nas duas primeiras colunas da tabela apresentada a seguir. O fluxo de saída
foi calculado na terceira coluna.

Volume de líquido Tempo para Fluxo de saída


do reservatório encher uma xícara f = dV
dV//dt c f/ √V
(xícaras) (segundos) (xícaras por segundo)
15 6 1/6 0,043
12 7 1/7 0,041
9 8 1/8 0,042
6 9 1/9 0,045 figura 1–30 Representação
esquemática da máquina de café do
(a) Com base nos dados da tabela, é possível notar que o tempo necessário para Exemplo 1–15.
encher uma xícara decresce à medida que o nível do volume mantido no reservató-
rio aumenta. O fabricante está interessado em oferecer uma máquina que tem um
reservatório com capacidade de 36 xícaras, mas está preocupado com a possibili-
dade de que a saída possa encher uma xícara muito depressa e que o fluxo de saída
gere respingos. Estime o tempo para o enchimento de uma xícara utilizando um
reservatório com capacidade de 36 xícaras, o qual tenha água até o nível de capaci-
dade nominal.
(b) Com a torneira fechada, quanto tempo será necessário para esvaziar uma má-
quina de café, cujo reservatório tem capacidade para encher 36 xícaras, com água
até o nível de capacidade nominal?

sOluçãO (a) Da Eq. 1–44, no Exemplo 1–14

1 dh
b
" h dt

É importante salientar que o volume V do líquido no reservatório é dado por V = ρAH.


Com isso, a equação anterior pode ser escrita como

1 dV
b ! ρA c (1–46))
(1–46
! V dt

Usando a primeira e a terceira colunas da tabela, podemos calcular c para cada


ponto. Esse valor é mostrado na quarta coluna: c = 0,043. Substituindo o valor V = 36
xícaras na Eq. 1–46 e colocando dV/dt em evidência, temos

dV
0,043
0, 043 (6 ) 0,25
0, 2588
dt

Dessa forma, o tempo para que uma xícara fique cheia é de 1/0,258 = 3,88 s. De
fato, o fabricante construiu um reservatório para 36 xícaras e o tempo para encher
uma xícara foi de 4 s!
(b) Seguindo o mesmo procedimento do Exemplo 1–14, podemos obter a seguinte
solução para a Eq. 1–46

V(t ) ( " V (0 ) 0,0215tt ) 2


0,0215

O tempo para que o reservatório fique vazio pode ser encontrado fazendo V(t) = 0,
para obter t = √V(0)/0,0215 = √36/0,0215 = 279 s.

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28 Equações Diferenciais

Revisão
1–26C Que tipo de equação diferencial pode ser resolvido por integração direta?
1–27C Considere uma equação diferencial linear e homogênea que pode ser resolvida por
integração direta. Quantas constantes arbitrárias possui a solução particular?
1–28 Determine quais das equações diferenciais apresentadas a seguir podem ser resol-
vidas por integração direta e obtenha a solução geral delas.

(a) y′ 0 (b) y′ x 0
x 3x
(c) y′ y 0 (d) e y″ xe 0
(e) 2yy″ sen 3x 0
x2
(Respostas: Observação: C é uma constante arbitrária. (a) y = C. (b) y 2 C.
e2x
(c) y(t) = eC–t. (d) y 4 (2x 1) C . (e) y = ±√C – (cos 3x)/3).)

1–7 Introdução aos métodos computacionais


Os programas de computador mais conhecidos para aplicações na engenharia são:
Maple, Mathematica, MATLAB, MATLAB Symbolic Math Toolbox e MuPAD. O
MuPAD é uma interface para notebook fornecida com o MATLAB Symbolic
Math Toolbox, usando o mesmo pacote de funcionalidades que o Toolbox. Nesta
seção, mostraremos como resolver problemas dos seguintes tipos:
jj Gerar gráficos de soluções.
jj Realizar avaliações simbólicas das integrais necessárias para a solução das
equações pelo método de integração direta.
jj Interpretar soluções em termos de funções matemáticas especiais.
jj Avaliar numericamente integrais.
Partimos do pressuposto de que o estudante tem conhecimento das operações
básicas de um dos programas citados. Antes do uso dos programas, lembre-se de
limpar todas as variáveis relevantes. Essa operação não será mostrada no texto.
Para o uso do Maple, é importante frisar que os dados são formatados na nota-
ção matemática à medida que são digitados. Porém, o Maple utilizado aqui pri-
meiro mostra as entradas à medida que são digitadas, antes de acontecer
qualquer formatação. Também é importante frisar que o programa Mathematica
necessita que você pressione, concomitantemente, as teclas Shift + Enter para
realizar um comando, ao contrário de simplesmente pressionar Enter, como re-
querem os outros programas. Essas operações não estarão explícitas nos progra-
mas descritos aqui.

Gerando gráficos de soluções


Em aplicações de engenharia, é geralmente necessária a análise da solução da
equação diferencial após sua obtenção na sua forma fechada, o que implica que,
em geral, você deverá colocar a solução em um gráfico. Mostraremos como usar
os principais programas para realizar essa operação.
Considere a Eq. 1–35, que é a solução para o modelo matemático da tempera-
tura T(t) de uma esfera de cobre após sua imersão em um tanque com água quente.
Repetimos a equação:
rt
T(t) T0 (T0 Ti )e (1–47)

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 29

TABELA 1–1
Gráficos gerados por computador da Eq. 1–47
MATLAB
t = linspace(0, 2, 300);
T1 = 50 -(50 - 10)*exp(-2*t);
T2 = 50 -(50 - 30)*exp(-2*t);
plot(t,T1,t,T2,'--'),xlabel('Time (s)'),...
ylabel('Temperature (^oC)'),legend('T1','T2')
MuPAD
T1 := 50 - (50 - 10)*exp(-2*t):
T2 := 50 - (50 - 30)*exp(-2*t):
F1 := plot::Function2d(T1, t = 0 .. 2):F2 := plot::Function2d
(T2, t = 0 .. 2):
plot(F1,F2, AxesTitles = ["Time (s)", "Temperature (C)"]):
Maple
T1 := t->50 - (50-10)*exp(-2*t):
T2 := t->50 - (50-30)*exp(-2*t):
plot({T1,T2},0..2)
Mathematica
T1 := 50 -(50-10)*Exp[-2*t]
T2 := 50-(50-30)*Exp[-2*t]
Plot[{T1,T2},{t,0,2}]

onde r = hA/mv. Escolhendo os valores de r = 2, T0 = 50 oC e Ti = 10 e 30 oC, po-


demos usar os programas da Tab. 1–1 para obter o gráfico mostrado na Fig. 1–31,
que foi gerado pelo MATLAB.
Gráficos semelhantes a este podem ser produzidos pelos outros programas
contidos na tabela.

50

45 T1
T2
40
Temperatura (oC)

35

30

25

20

15

10
0 0,5 1 1,5 2
Tempo (s)

Figura 1–31  Gráfico da temperatura de uma esfera de cobre


submersa em água quente.

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30 Equações Diferenciais

Integração simbólica
Processamento simbólico descreve como um programa gera uma solução de um
problema na forma simbólica, também chamada de forma fechada (ou seja, com o
uso de uma fórmula matemática). Esses programas podem, por exemplo, realizar
manipulações algébricas e trigonométricas, solucionar equações algébricas e dife-
renciais, bem como avaliar integrais. Os programas que possuem processamento
simbólico mais conhecidos são: MATLAB, Mathematica, MATLAB Symbolic
Math Toolbox e MuPAD.
O programa de processamento simbólico pode ser usado para o auxílio na ob-
tenção de soluções por integração direta. Por exemplo, considere a equação

dy
x2e 2x
(1–48)
dx

A solução, por meio de integração direta, é

1 1
x
y(x ) u2e 2u
du y(0 ) e 2x
(1 2x 2x2 ) y(0) (1–49)
0
4 4

A Tab. 1–2 mostra como essa integral pode ser obtida com alguns programas de
computador.

TABELA 1–2
Avaliação computacional da integral definida x2e 2x

MATLAB Symbolic Math Toolbox


syms x
int('x^2*exp(-2*x)',x, 0, x)
MuPAD
int(x^2*exp(-2*x),x=0..x)
Maple
int(x^2*exp(-2*x),x=0..x)
Mathematica
Integrate[x^2*Exp[-2*x],{x, 0, x}]

Funções matemáticas especiais


Algumas integrais, aparentemente simples, não podem ser avaliadas na sua forma
fechada, entretanto são tão frequentes que são calculadas numericamente e seus
resultados, tabulados nos livros. Pela aproximação dessas integrais por meio de
séries infinitas, foi possível resolvê-las, e seus resultados estão agora disponíveis
em conhecidos programas de computador. Essas funções são chamadas de funções
matemáticas especiais, denominação que serve para distingui-las das funções ele-
mentares (como: funções exponenciais, funções logarítmicas e funções trigono-
métricas). Introduziremos este tópico agora porque você poderá encontrá-lo
quando estiver usando um dos programas abordados.
Um exemplo de função especial é a função da integral do cosseno de Fresnel,
que aparece em aplicações de óptica.

Capitulo_01.indd 30 2/4/14 1:47 PM


Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 31

z
px2
C(z) cos dx (1–50)
0
2
Essa integral deve ser calculada numericamente para que seja possível resolver a
equação diferencial dy/dx = cos x2 por meio de integração direta. Na condição
y(0) = 0, a solução em termos de C(z) é

1 !2 x
y(t ) "2p C a b (1–51)
2 !p

A Tab. 1–3 mostra como obter a integral indefinida da Eq. 1–51 utilizando alguns
programas.
A função fresnelC(x) é a função da integral do cosseno de Fresnel utilizada nos
programas MATLAB e Maple. As funções C(x) e FresnelC(x) são as funções cor-
respondentes, utilizadas no MuPAD e no Mathematica.
Os programas de computador usam séries para representar funções especiais e
então calculá-las numericamente. A Tab. 1–4 mostra como se calcula a integral
definida em y(√2π) utilizando alguns desses programas. O resultado obtido com
seis casas decimais, utilizando todos os programas listados, é y(√2π) = 0,611935.

TABELA 1–3
Avaliação computacional da integral indefinida do cosseno de Fresnel
MATLAB
syms x
int(cos(x^2),x)
Result
!2 x
!2p fresnelC a b
1
2 !p
MuPAD
int(cos(x^2), x)
Result
!2 x
!2pC a b
1
2 !p
Maple
int(cos(x^2), x)
Result
!2 x
!2p fresnelC a b
1
2 !p
Mathematica
Integrate[cos[x^2],x]
Result

fresnelC a xb
2
Å2 Äp
p

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32 Equações Diferenciais

TABELA 1–4
Avaliação computacional da integral definida do cosseno de Fresnel em x !2p
MATLAB
int(cos(x^2),x, 0, sqrt(2*pi));
double(ans)
MuPAD
int(cos(x^2), x):
subs(%, x = sqrt(2*PI)):
float(%)
Maple
evalf(int(cos(x^2),t=0..sqrt(2*pi))
Mathematica
Integrate[cos[x^2],{x,0,Sqrt[2*Pi]}]//N

Integração numérica
Vimos vários exemplos de aplicação da integração direta para resolver equa-
ções diferenciais da forma dy/dx = f(x). Essa solução pode ser expressa formal-
mente como
x
y(x) f (u )du y(x0 ) (1–52)
x0

Há situações em que a integral não pode ser expressa na sua forma fechada ou
por uma função especial, e devemos recorrer à sua avaliação numérica. Abor-
daremos algumas formas de realizar essa estratégia. Lembre-se disso: uma in-
tegral representa a área sob a curva, e a forma mais simples de calcular essa
área é dividi-la em retângulos e somar as áreas individuais desses (Fig. 1–32a).
Caso a largura dos retângulos seja suficientemente pequena, a soma de suas
áreas resultará no valor aproximado da integral. Esse método é denominado
integração retangular.

y y
Retangular Trapezoidal

y = f(x) y = f(x)

••• •••

x x
a ••• b a ••• b
(a) (b)

Figura 1–32  Integração (a) retangular e (b) trapezoidal.

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 33

Uma forma mais sofisticada é a utilização de elementos trapezoidais (Fig. 1–32b).


O programa MATLAB aplica esse tipo de integração por meio da função trapz,
cuja sintaxe é trapz(x,y), em que a matriz y contém os valores das funções dos
pontos que estão contidos na matriz x. Como não se pode especificar diretamente a
função a ser integrada com a função trapz, deve-se previamente calcular e armaze-
nar os valores da função uma matriz. O MATLAB também possui a função quad,
que aceita a função diretamente. Entretanto, essa função não pode trabalhar com
matrizes de valores. Sendo assim, essas duas funções se complementam.
Voltando ao cálculo, existe outra estratégia para integração numérica, a regra
de Simpson, que divide a área de integração em um número ímpar de intervalos e
usa uma função quadrática para obter o integrando de cada intervalo. A função
quadrática possui três parâmetros, e a regra de Simpson os calcula fazendo com
que a função quadrática passe pelo valor da função desses três pontos correspon-
dentes a dois intervalos adjacentes. Para a obtenção de melhor exatidão, equações
polinominais com grau maior que 2 podem ser usadas. A função quad do MA-
TLAB implementa uma versão adaptável da regra de Simpson pela variação da
largura dos intervalos. O termo quad é uma abreviatura de quadratura, termo
usado no processo de mensuração de áreas.
A função do MATLAB quad(f,a,b) calcula a integral da função f entre os
limites a e b. A entrada f, que representa o integrando f(x), pode ser um identifica-
dor da função integrando ou um conjunto de caracteres que representam a função,
entre aspas simples. A função y = f(x) deve aceitar um vetor argumento x e respon-
der com um vetor resultante y. Como a função quad chama a função integrando
usando vetores argumentos, você deve sempre usar operações por matrizes quando
estiver definindo a função.
O exemplo a seguir mostra como o procedimento deve ser adotado.

EXEMPLO 1–16 avaliação numérica de uma integral


Determine a solução da Eq. 1–53 em x = 1, se y(0) = 0.

y′ x tan
tan(( x ) (1–53))
(1–53

sOluçãO Essa equação pode ser resolvida por integração direta.


1
y (1
(1)) x tan
tan(( x ) dx (1–54))
(1–54
0

Infelizmente, essa integral não possui uma solução na forma fechada (um programa
de computador irá expressar a resposta em função de uma série infinita). Dessa
forma, um método numérico deve ser usado. Demonstraremos duas formas de usar
a função quad.
1. Para usar um arquivo de funções, defina o integrando usando a função “user-de- TABELA 1–5
fined function”, como mostra a Tab. 1–5. Função do MATLAB para x tan (x)
A função quad pode ser usada assim: quad(@xtan,0,1). O resultado é
y(1) = 0,4281. function xt = xtan(x)
xt = x.*tan(x);
2. Usando uma função anônima, o programa é quad(@(x)x.*tan(x),0,1)
O resultado é y(1) = 0,4281. Quando usamos uma função anônima, a criação e o
salvamento do arquivo da função são desnecessários, o que é uma vantagem. Po-
rém, para funções integrando complexas, é aconselhável o uso do arquivo função.

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34 Equações Diferenciais

A Tab. 1–6 apresenta instruções da utilização de outros programas para avaliar


essa integral. Em razão do arredondamento numérico, resultados poderão ser ob-
tidos com uma parte imaginária muito pequena, que pode ser ignorada.

TABELA 1–6
Avaliação computacional da integral definida dada na Eq. 1–54
MATLAB Symbolic Math Toolbox
syms x
int(x*tan(x),x, 0, 1);
double(ans)
MuPAD
int(x*tan(x), x):
subs(%, x = 1):
float(%)
Maple
evalf(Int(x*tan(x),x=0..1))
Mathematica
Integrate[x*Tan[x],{x,0,1}]//N
Result for all programs:
0.4281

Considerações para as soluções computacionais


de uma equação diferencial
O melhor método a ser utilizado para resolver uma equação diferencial depende
de várias considerações:
1. É necessária uma solução da forma fechada (simbólica) ou uma solução numérica
é aceitável em um único ponto do gráfico? Geralmente, algum esforço é necessá-
rio para obter a solução da forma fechada. Caso o objetivo final seja a obtenção
de um resultado em um ponto único ou obter um gráfico da solução, então é nor-
malmente mais fácil usar o programa para resolver numericamente a função.
2. Caso seja necessária uma solução da forma fechada, as condições iniciais e de
contorno ou as constantes da equação serão dadas com números específicos ou
na forma geral? A solução de algumas equações diferenciais tem diferentes
formas para diferentes condições iniciais e de contorno, ou diferentes valores
de parâmetros. Por exemplo, considere a equação dy/dt = c2 – y2(t), onde c é
uma constante. Se y2(t) ≠ c2 e c ≠ 0, a solução é

1 Ae 2ct y(0) c
y(t) c A (1–55)
1 – Ae 2ct
y(0) c

Entretanto, se c = 0, a solução tem uma forma diferente:


y(0)
y(t) (1–56)
1 y(0) t

3. Caso seja necessária uma solução da forma fechada e a equação não possua
solução (como no caso de várias equações não lineares), considere a substitui-
ção da equação não linear por uma equação linear por meio da aproximação
adequada para o termo não linear. Por exemplo, considere a equação y′ + y + 4

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 35

sen y = 0. Se y for pequeno, poderemos substituir sen y por y usando o pri-


meiro termo não nulo da expansão por séries de Taylor para sen y ≈ y – y3/6 +...
A equação diferencial se torna y′ + 5y = 0, cuja solução é y(x) = y(0)e–5x, com
a condição de que y seja pequeno.
4. Como as soluções simbólicas computacionais ainda não são infalíveis, confira
a solução por meio da substituição da solução na equação diferencial e pelo
teste das condições iniciais e de contorno.

Revisão
1–29C Qualquer integral pode ser encontrada em uma longa tabela de integrais? Por quê?
1–30C Defina processamento simbólico.
1–31C Qualquer equação diferencial ordinária, de primeira ordem e linear pode ser resol-
vida na forma fechada? Por quê?

1–8 RESUMO

Uma equação que envolve derivadas ou diferenciais de uma ou representado por dx, que é denominado diferencial da variável in-
mais funções é denominada equação diferencial. dependente. Então, a diferencial da variável dependente dy é defi-
nida como dy = y′(x)dx.
Variáveis e funções Uma quantidade que pode assumir vários valores
durante um estudo é denominada variável. Uma variável cujo valor Quando uma função depende de duas ou mais variáveis, é possí-
pode mudar de maneira arbitrária é denominada variável indepen- vel derivar a função em relação a uma variável de interesse, man-
dente ou argumento. Uma variável cujo valor depende dos valores de tendo todas as demais como constantes. Tais derivadas são
outras variáveis e, por isso, não pode variar independentemente é de- denominadas derivadas parciais e representadas pelo símbolo 0.
nominada variável dependente ou função. O conjunto de valores no Para as funções que dependem apenas de uma variável, as deriva-
qual a variável pode excursionar constitui o intervalo da variável. das ordinárias e parciais são idênticas. O processo inverso da di-
ferenciação é integração. Reduz-se uma ordem da derivada a
Origem das equações diferenciais A descrição da maioria dos
cada integração feita.
problemas científicos envolve razões (taxas) que relacionam mu-
danças entre variáveis-chave. Geralmente, quanto for menor o in- Equações diferenciais Uma equação diferencial que envolve ape-
cremento utilizado da variável independente, mais geral será a nas derivadas ordinárias, de uma ou mais variáveis dependentes em
aplicação do modelo e mais exata será a descrição do problema. No relação a uma única variável independente, é denominada equação
caso-limite de mudanças infinitesimais nessas variáveis, são obtidas diferencial ordinária, e a equação diferencial que envolve deriva-
equações diferenciais que proporcionam formulações matemáticas das parciais em relação a duas ou mais variáveis independentes é
precisas para as leis e os princípios físicos, por meio da representa- denominada equação diferencial parcial. Dessa forma, conclui-se
ção das razões das mudanças como derivadas. que problemas que envolvem uma única variável independente re-
sultam em equações diferenciais ordinárias, e problemas que envol-
Continuidade Uma função é chamada de contínua em um número
vam duas ou mais variáveis independentes resultam em equações
a quando três condições são obedecidas: (1) a função é definida
diferenciais parciais.
nesse número, isto é, y(a) é um número finito, (2) existe o limite
lim y(x) e (3) esse limite é igual ao valor da função no ponto a Classificação das equações diferenciais ordinárias A ordem da
x→a
(lim y(x) = y(a)). Caso uma função seja não contínua em a, dize- derivada mais alta de uma equação diferencial é a denominada
x→a
mos que ela é descontínua ou possui uma descontinuidade em a. A ordem da equação. Uma equação diferencial estará na sua forma-
função é denominada contínua em um intervalo se é contínua para -padrão quando o coeficiente da derivada de mais alta ordem for
cada número desse intervalo igual a um. Uma equação diferencial será chamada linear se a vari-
ável dependente e suas derivadas forem do primeiro grau e se seus
Derivadas A derivada de uma função y em um ponto é equivalente coeficientes dependerem apenas da variável independente. Ou seja,
à inclinação da reta tangente ao gráfico da função nesse ponto e é uma equação diferencial será linear se puder ser escrita de uma
definida como forma que não envolva (1) qualquer potência na variável depen-
dente e em suas derivadas; (2) qualquer produto das variáveis de-
y(x ∆x) y(x) ∆y dy
y′ (x ) lim lim pendentes e de suas derivadas; e (3) qualquer outra função não
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆ x dx linear da variável dependente. Caso contrário, a equação diferencial
é não linear. Uma equação linear de ordem n pode ser expressa na
Uma função é denominada diferenciável em x se existe limite da sua forma mais geral como
função no ponto x. Uma função é denominada diferenciável em um
intervalo fechado se é diferenciável em cada número desse inter- y(n) f1 (x )y(n 1) … fn 1 (x )y fn (x ) y R(x)
valo. O incremento Δx da variável independente x pode também ser

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36 Equações Diferenciais

Uma equação diferencial que não pode ser colocada dessa forma é cial que possui um termo único envolvendo derivadas e não tem ter-
não linear. mos que envolvam a função desconhecida pode ser resolvida por
Uma equação diferencial linear em y é denominada homogênea se integração direta, assumindo que a integração pode ser realizada.
R(x) = 0. Caso contrário, ela é não homogênea. Uma equação dife- Quando se resolve uma equação diferencial por integração direta,
rencial será denominada coeficientes constantes se os coeficientes todos os termos da equação são integrados, um a um, usando as re-
de todos os termos que envolvam as variáveis dependentes ou suas gras de integração. Ao final do processo de integração, é adicionada
derivadas forem constantes. Se após a simplificação, para elimina- uma constante de integração. Mesmo quando não é possível solu-
ção de termos comuns, qualquer termo das variáveis dependentes cionar uma equação diferencial por meio de integração direta, ainda
ou de suas derivadas contiver um coeficiente com variável indepen- é possível reduzir sua ordem por meio de integrações sucessivas.
dente, a equação será denomina coeficientes variáveis. Modelos de
Métodos computacionais Programas de computador são úteis para
equações diferenciais que envolvam duas ou mais funções desco- resolver problemas idênticos aos encontrados neste capítulo. Esses
nhecidas em duas ou mais equações diferenciais relacionadas são programas podem gerar gráficos de soluções, realizar avaliações sim-
chamados sistemas de equações diferenciais. bólicas das integrais necessárias para a solução das equações pelo mé-
Classificação de soluções Equações diferencias podem ter múltiplas todo de integração direta, interpretar soluções em termos de funções
soluções. Qualquer função que satisfaça uma equação diferencial em matemáticas especiais e avaliar numericamente as integrais. O proces-
um intervalo é chamada de solução da equação diferencial. Uma so- samento simbólico descreve como um programa gera, de forma sim-
lução que envolve uma ou mais constantes arbitrárias representa uma bólica ou fechada, a solução de um problema, isto é, a fórmula
família de funções que satisfazem a equação diferencial e é chamada matemática. Programas com processamento simbólico podem, por
de solução geral da equação. Uma solução geral pode ainda ser clas- exemplo, realizar manipulações algébricas e trigonométricas, solucio-
sificada como solução completa se todas as soluções da equação di- nar equações algébricas e diferenciais, bem como avaliar integrais.
ferencial podem ser obtidas da mesma pela atribuição de valores Algumas integrais não podem ser avaliadas na sua forma fechada,
particulares às constantes arbitrárias. Essas soluções são chamadas porém são aproximadas por meio de séries infinitas. As funções
soluções particulares ou específicas. Uma solução que não pode ser resultantes são denominadas funções matemáticas especiais, para
obtida pelo processo de atribuição de valores particulares para as cons- distingui-las das funções elementares (como funções exponenciais,
tantes arbitrárias na solução geral é denominada solução singular. logarítmicas e trigonométricas). Elas podem ser avaliadas com pro-
Quando solucionamos uma equação diferencial é interessante que gramas de computador conhecidos. Há situações em que a integral
obtenhamos uma solução em forma fechada da mesma. Se a função não pode ser expressa na sua forma fechada ou por uma função es-
puder ser expressa em termos da variável independente, então, a pecial, e quando isso ocorre, devemos recorrer à avaliação numé-
solução é denominada explícita, caso contrário, ela é implícita rica. Os programas de computador fornecem várias estratégias para
realizar essa tarefa.
Condições iniciais e de contorno Para obter uma solução única
para o problema, é necessária a especificação de algumas condições Escolha do método de solução O melhor método a ser utilizado
em adição à equação diferencial regente. Essas condições serão de- para resolver uma equação diferencial depende de várias considera-
nominadas condições iniciais se todas elas forem especificadas ções. É necessária uma solução da forma fechada (simbólica) ou
para o mesmo valor da variável independente e serão denominadas uma solução numérica é aceitável em um único ponto do gráfico?
condições de contorno se forem especificadas em dois ou mais va- Caso seja necessária uma solução da forma fechada, as condições
iniciais e de contorno ou as constantes da equação serão dadas com
lores da variável independente. Uma equação diferencial acompa-
números específicos ou na forma geral?
nhada por um conjunto de condições iniciais é denominada
A solução de algumas equações diferenciais tem diferentes formas
problema de valor inicial, enquanto uma equação diferencial acom-
para diferentes condições iniciais e de contorno, ou diferentes valores
panhada por um conjunto de condições de contorno é denominada
de parâmetros. Caso seja necessária uma solução da forma fechada,
problema de valor de contorno.
mas a equação não possua solução (como no caso de várias equações
Solução por integração direta Uma equação diferencial envolve de- não lineares), considere a substituição da equação não linear por uma
rivadas de uma função de várias ordens, e, dessa forma, a integração equação linear, por meio da aproximação adequada para o termo não
é geralmente usada na solução dessa equação. Uma equação diferen- linear, como sen θ ≈ θ para valores pequenos de θ.

Problemas

Equações diferenciais creva a posição da rocha relativamente ao nível do solo z em função


do tempo. Considere a direção para cima como positiva.
1–32C  Discuta quando é mais adequado o uso de um modelo
mais simplista em lugar de um modelo mais realístico, porém muito 1–34  Um objeto pesado de massa m é suspenso em uma sala por
complexo. meio de uma mola linear cuja constante é k. Inicialmente, o objeto
está amparado, e a mola está em uma posição livre (nem esticada,
Como são geradas as equações diferenciais
nem comprimida), que é tomada como x = 0. No tempo zero, o su-
1–33  Uma rocha de massa m é atirada para o ar a partir do solo porte é removido e o objeto começa a oscilar sob a combinação das
com uma velocidade inicial Vi no tempo zero. Usando a segunda lei influências das forças da gravidade e da mola. Usando a segunda lei
de Newton do movimento, obtenha a equação diferencial que des- de Newton do movimento, obtenha a equação diferencial que

Capitulo_01.indd 36 2/4/14 1:47 PM


Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 37

descreve a posição x de massa m relativa ao ponto-limite impertur- Determine o intervalo no qual as funções apresentadas a seguir
bável da mola (x = 0) em função do tempo. são contínuas.
1–35  Considere um pequeno objeto de metal quente que inicial- 1–47 (a) x2 1 (b) !x
mente (t = 0) está a uma temperatura Ti = 200 °C. O objeto é colo- x e2x
cado para resfriar em um ambiente com temperatura T0 = 25 oC. O (c) (d)
sen 2x x(x 1)
calor específico do objeto é c = 0,45 kJ/kg oC e o coeficiente de
3x
transferência de calor por convecção é h = 0,01 kW/m2 oC. Encon- 1–48 (a) 2 (b) xe
tre a equação diferencial que descreve a temperatura do objeto em cos x x2
função do tempo. (c) (d) x
x 2 e 4
1–36  Observa-se que (em certos períodos de tempo) a razão de
mudança da população de sociedades humanas, espécies animais, 1–49  Considere um gás que obedece à equação de estado de van
insetos e colônias de bactérias aumenta em uma taxa proporcional à der Waals dada como (P + a/v2) (v – b) = RT, onde P é a pressão
própria população. Adotando N(t) como a população em um tempo absoluta; v, o volume específico (ou inverso da densidade); T, a
t e k como a constante de proporcionalidade, obtenha a equação temperatura absoluta; R, a constante dos gases; e a e b são duas
diferencial que descreve a mudança na população com o tempo. constantes. Derive uma relação para a inclinação das retas traçadas,
1–37  Foi observado que materiais radioativos (como plutônio, considerando v = constante, em um gráfico T-P para esse gás.
radio e isótopo do carbono C14) naturalmente decaem para formar 1–50  Faça um gráfico da função f(x) no intervalo 0 < x < 5, tal
outro elemento ou isótopo do mesmo elemento em uma razão que (a) sua derivada primeira seja sempre negativa, (b) suas deriva-
(taxa) proporcional à quantidade de material presente. Adotando das primeira e segunda sejam sempre positivas, e (c) suas derivadas
M(t) como a quantidade de material radioativo no tempo t e k como primeira e segunda sejam sempre positivas (com exceção do ponto
a constante positiva que representa a fração que decai por unidade x =3, quando as duas derivadas são iguais a zero).
de tempo, obtenha a equação diferencial que descreve a mudança
em M com o tempo. 1–51  Faça um gráfico da função f(x) no intervalo 0 < x < 5, tal
que (a) sua derivada primeira seja sempre positiva, (b) suas deriva-
Revisão dos conceitos básicos das primeira e segunda sejam sempre negativas, e (c) suas deriva-
1–38C  Uma equação pode envolver mais de uma variável inde- das primeira e segunda sejam sempre negativas (com exceção do
pendente? Pode envolver mais de uma variável dependente? Dê ponto x =3, quando as duas derivadas são iguais a zero).
exemplos. 1–52  Determine as derivadas ordinárias e parciais da função
1–39C  Qual a interpretação geométrica da derivada? f = 5x2 sen t2t + xe–2x – 4t em relação a x.

1–40C  Considere uma função f(x) na qual a linha tangente se 1–53  Determine as derivadas das funções apresentadas a seguir
torna paralela ao eixo x no ponto x = 5. O que pode ser dito sobre a em relação a x.
derivada primeira dessa função nesse ponto? (a) f1 7x4 sen 3x3 2e 3x
1–41C  Considere uma função f(x) na qual a linha tangente forma (b) f2 7x4 t sen 3x3 t2e 3x
um ângulo de 45o com o eixo x no ponto x = 0. O que pode ser dito (c) f3 7x4 x sen 3t3 t2e 3t
sobre a derivada primeira dessa função nesse ponto?
1–54  Determine as derivadas das funções do Prob. 1–53 em rela-
1–42C  Considere uma função f(x) na qual a linha tangente se ção a t.
torna perpendicular ao eixo x no ponto x = 2. O que pode ser dito
sobre a derivada primeira dessa função nesse ponto? Determine as derivadas das seguintes funções.

1–43C  Considere a função f(x, y) e sua derivada parcial (0f/0y)x. 1–55 (a) ln (x2 1) (b) x4 cos 2x
Sob quais condições essa derivada parcial é igual à derivada total 5x
(c) 3 (d) ln (e2x )
df/dy? 2x sen x
1–44C  Considere a função f(x) e sua derivada df/dy. O resultado 1–56 (a) e2x (2x 1) 2 (b) xe3x sen 2x
dessa derivada ainda estará em função de x? x2 x cos 2x
(c) (d)
1–45C  Um gás ideal é definido como um gás que obedece à rela- ln x2 " ln x2
ção Pv = RT, onde P é a pressão absoluta; v, o volume específico
(ou inverso da densidade); T, a temperatura absoluta; e R, a cons- Resolva as seguintes integrações.
tante dos gases. Para um gás ideal, mostre que (a) as curvas traça- 3
das, considerando P constante, em um gráfico T-v são linhas retas e 1–57 (a) [x2t sen 2vt 3t2x ]dx
que (b) as linhas resultantes de valores de pressão mais elevados 1

estão mais inclinadas que as linhas resultantes de valores de pres- 2tx


(b) [y″(x ) 3e cosh 2vx]dx
são mais baixos.
a
1–46C  Como a diferenciação está relacionada com a integração? 1–58 (a) c x cos 3x x2e 2x
d dx
x3
1
(b) 3xe 3x
senh 2x 14 dx
1

x
(c) 3y′ (x) t ln 2x4dx
3

(d) 32y″(x) y‴ (x) sen x cosh vt4 dx

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a
381–58 (a) cEquações 3x x2e 2x d dx
x cosDiferenciais
x3
1 Mostre que as funções dadas são soluções para as respectivas
(b) 3xe 3x
senh 2x 14dx equações diferenciais.
1
ln x
1–68 x2y″ 2xy′ 4y 0, y1 e e y2 x4
x
(c) 3y′ (x) t ln 2x4 dx sen 2x
1–69 y″ y 0, y1 sen x e y2
3 sen x
1 ln x
(d) 32y″(x)y‴ (x) sen x cosh vt4dx 1–70 x2y″ 5xy′ 4y 0, y1 e y2
x2 x2
1–71 y″ y 0, y1 ex, y2 e x
e y3 cosh x
1–59 (a) 33x4 xe2x cosh 3x4 dx
1 ln x
1–72 x2y″ 3xy′ y 0, y1 , y2 e
x x
4
a y3 e ln x ln x
(b) c 4 sen 3x cos 3x senh 2x d dx
x
2 1–73 y″ 4y′ 4y 0, y1 e2x, y2 xe2x e
ln x 2x
8 y3 5xe e
(c) 3y″(x ) t3 sen 2vx e 2tx
4dx
x
1–74 y″ 2y′ 3y 0, y1 ex sen !2 x e
y2 3ex (sen !2 x cos !2 x)
3t
be
(d) c 4y(x)y′ (x) xy″(x ) 2
d dx 1–75 y″ 9y 0, y1 e3x, y2 e 3x
e y3 e5 3x
x

1–76  Uma rocha de massa m é atirada para o ar a partir do solo


Classificação das equações diferenciais
com uma velocidade inicial Vi no tempo zero. Tomando a direção
1–60C  Como reconhecer uma equação diferencial linear e homo- do eixo z como a direção positiva e a origem do eixo na rocha, ob-
gênea? tenha duas expressões matemáticas que sirvam como condições
iniciais para as equações diferenciais regentes da função z(t), onde
1–61C  Como se difere uma equação diferencial de coeficientes
t é a variável independente tempo.
constantes de uma com coeficientes variáveis?
1–77  Considere um paraquedas após sua abertura, descendo com
1–62C  Considere uma função y(x) e a sua inclinação y′ = 5. Essa
uma velocidade constante V0 no tempo zero. O movimento do para-
relação é uma equação diferencial? Explique.
quedas pode ser descrito por meio de uma equação diferencial de
Determine a ordem de cada equação diferencial apresentada a se- segunda ordem, linear para z(t), onde z é a distância do paraquedas
guir; determine se ela é linear ou não linear e também se tem coefi- em relação ao nível do solo, e t, a variável independente. Caso sai-
cientes constantes ou variáveis. bamos que o paraquedas atinge o solo em um tempo t0, obtenha
duas expressões matemáticas que sirvam como condições de con-
1–63 (a) y″ 2y′ sen x 1 torno para a equação diferencial governante.
2x
(b) y‴ y′e sen x 0 Resolução de equações diferenciais por integração direta
4
(c) y‴ y″sen 2x xy 0 1–78C  Considere uma equação diferencial de quinta ordem, li-
near e homogênea que pode ser resolvida por integração numérica.
(d) xy″ 3xy′ xy sen 3x
Quantas constantes arbitrárias serão envolvidas na solução dessa
(e) y″ e2x y
0 equação?
2x
1–64 (a) y′ 7y′ xe Determine quais das equações diferenciais apresentadas a seguir
podem ser resolvidas por integração direta. Obtenha a solução
(b) y′ x3y 0
geral daquelas que permitirem tal solução.
3x
(c) y″ 3y′ e y 0 1–79 (a) y″ 0 (b) y″ 4ye 3x
0
x
(d) yy″ 2xe y′y 5y 0 (c) y″ 4xe 4x
0 (d) y″ xy 0
x
(e) y‴ 2y″ e sen y 0 (e) 4y′y″ 8x3 0
1–80 (a) y‴ 0 (b) y‴ 5y 0
Soluções das equações diferenciais
(c) y‴ 5x 0 (d) y‴ y″ 0
1–65C  Como se diferenciam as equações algébricas das diferenciais?
2x
(e) 2y″y‴ 8e 0
1–66C  Esclareça a diferença entre solução geral e solução com-
pleta de uma equação. 1–81 (a) y″ ax 0 (b) y‴ 4y senh 2x 0
y
1–67C  Qual é a diferença entre as soluções implícitas e as explí- (c) y″ b ln ax 0 (d) y′ e cos x 0
citas de uma equação diferencial?
(e) xy′y″ 8x4 0

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Capítulo 1 Introdução às equações diferenciais 39

Introdução aos métodos computacionais Problemas para revisão


1–82C  Descreva a situação na qual a solução na forma fechada Determine os valores de m para os quais as equações diferenciais
de uma equação diferencial não é necessária, porque a confecção de dadas tenham uma solução na forma emx.
um gráfico da solução, com alguns pontos, contém informação
suficiente. 1–95 (a) y″ y 0
(b) y″ 2y′ y 0
1–83  Que valor deve ser assumido por θ (em radianos) para que a
(c) y″ y 0
aproximação sen θ ≈ θ tenha um erro máximo de 5%?
1–96 (a) y″ l 2y 0
1–84  Coloque em um gráfico a solução V(t) = (√V(0) – 0,0215t)2,
(b) y″ 4y′ 4y 0
desenvolvida no Exemplo 1–15, onde V(t) é o volume do líquido na
máquina de café (unidade – xícaras). Use V(0) = 36 xícaras. Dese- (c) y ″ l2y 0
nhe o gráfico até o ponto V(t) = 0. 1–97 (a) y″ 5y′ 4y 0
1–85  A função y = – 2xe + 2x – 3 é solução da equação diferencial
2x (b) y″ 6y′ 9y 0
(c) y″ y′ 3y 0
y″ – 4y′ + 4y = 8x – 20
1–98 (a) y″ 6y′ 9y 0
Como condições iniciais, considere y(0) = – 3 e y′(0) = – 2. Desenhe
(b) y″ 3y′ 4y 0
a solução para o intervalo 0 ≤ x ≤ 1 em um gráfico.
(c) y″ 6y′ 4y 0
1–86  A equação
1–99 (a) y″ 10y′ 25y 0
dy 2
xe 2x (b) y″ 5y′ 25y 0
dx (c) y″ 10y′ 25y 0
tem como solução a equação
Determine os valores de r para os quais as equações diferenciais
1 1 2x 2 dadas tenham uma solução na forma xr.
y(x ) e (1 2x 2x ) y(0)
4 4
1–100 (a) x2y″ y 0
(b) x2y″ xy′ 0
Elabore um gráfico com os valores da solução, considerando três
valores de y0: 0, 5 e 10. Encontre um valor apropriado para o limite 1–101 (a) x2y″ 3xy′ 2y 0
superior de x. (b) x2y″ xy′ 2y 0
1–87  Resolva a seguinte equação para obter o valor de y(√2π se 1–102 (a) 2x2y″ 6y′ 2y 0
y(0) = 0: (b) x2y″ y 0
2
y′ = sen x2 1–103 (a) 2x y″ 6xy′ 12y 0
2
(b) x y″ 5xy′ 4y 0
1–88  Use um programa de computador para avaliar numerica-
mente a seguinte integral: 1–104  Uma rocha é atirada para o ar a partir do solo com uma
velocidade inicial Vi = 15 m/s no tempo zero. A equação diferencial
1 que rege esse processo é dada por
"x4 5
0 d 2z(t )
g
dt2
1–89  Use um programa de computador para obter as soluções na
sua forma fechada para as integrais do Prob. 1–57.
onde z é a direção vertical, para cima, com origem na rocha, e g, a
1–90  Use um programa de computador para obter as soluções na aceleração da gravidade. Obtenha uma solução geral para z(t) por
sua forma fechada para as integrais do Prob. 1–58. meio da solução da equação diferencial e pela aplicação das condi-
ções de contorno, e determine a posição da rocha após 3 s do seu
1–91  Use um programa de computador para obter as soluções na
lançamento, considerando g = 9,81 m/s2.
sua forma fechada para as integrais do Prob. 1–59.
1–105  Considere um paraquedas após sua abertura, descendo
1–92  Use um programa de computador para obter as soluções na
com uma velocidade constante V0 no tempo zero e altura de 20 m
sua forma fechada para as integrais do Prob. 1–79.
acima do nível do solo. O movimento do paraquedas pode ser des-
1–93  Use um programa de computador para obter as soluções na crito por meio da equação diferencial
sua forma fechada para as integrais do Prob. 1–80.
dz(t )
1–94  Use um programa de computador para obter as soluções na a
dt
sua forma fechada para as integrais do Prob. 1–81.

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40 Equações Diferenciais

onde z é a distância do paraquedas em relação ao nível do solo, t, x = L é mantida a uma temperatura de 30 °C. A condutividade tér-
a variável independente, e a, uma constante. Sabendo que o para- mica da parede é k = 30 W/m °C e o calor é gerado na parede com
quedas atingiu o solo em um tempo t0 = 8 s, determine o valor de uma taxa g(x) = g0 e0,02x, onde g0 = 7 × 104 W/m3. A temperatura na
a e obtenha a função de z(t) pela solução da equação diferencial parede varia somente na direção do eixo x e é regida pela equação
regente. diferencial
1–106  Considere um material homogêneo, esférico e radioativo,
com raio R = 0,04 m, que está gerando calor a uma taxa constante d 2T(x) g(x)
0
de g0 = 4 × 107 W/m3. O calor gerado é dissipado no ambiente ins- dx2 k
tantaneamente. A superfície externa da esfera é mantida a uma tem-
peratura uniforme de 80 °C e a condutividade térmica da esfera é Desenvolva uma relação para a distribuição de temperatura T(x), no
k = 15 W/m °C. A distribuição de temperatura da esfera é regida
estado permanente, para a parede e determine a temperatura na su-
pela equação diferencial
perfície isolada. (Nota: em uma superfície isolada, o gradiente de
1d dT(r ) g0 temperatura dT/dx é zero.)
a r2 b 0
r2dr dr k 1–110  Químicos e engenheiros devem ser capazes de predizer as
mudanças na concentração química de uma reação. Um modelo
usado para vários processos de reagente único é
Resolva essa equação e aplique as condições de contorno apropria-
dC
das, a fim de obter a relação da distribuição de temperatura T(r) na Taxa de mudança na concentração química kCn
dt
esfera. Determine também a temperatura no centro da esfera.
onde C é a concentração química, e k, a constante de reação. A or-
1–107  Um fio de resistência longo e homogêneo, de raio R = 5 mm, dem da reação é dada pelo expoente n.
está sendo usado para aquecer o ar em um quarto, por meio da con- (a) Suponha que n = 2. Nessa condição, a equação diferencial em
dução de corrente elétrica. O calor é uniformemente gerado como função de C é não linear. Algumas vezes, podemos obter solu-
resultado do aquecimento da resistência a uma taxa de g0 = 4 × 107 ções mais facilmente pela substituição de variáveis. Utilize a
W/m3. Sabendo que a temperatura da superfície externa do fio se
substituição y(t) = 1/C(t) para converter a equação diferencial
mantém em 180 °C, determine a temperatura em um raio r = 2,5 mm
em uma equação linear, solucione a equação em função de y e,
depois que as condições permanentes de funcionamento forem al-
depois, encontre a solução em função de C.
cançadas. Considere a condutividade térmica do fio k = 8 W/m °C.
A distribuição de temperatura no fio é regida pela equação (b) Obtenha a solução por outro método.
(c) A seguinte fórmula descreve a decomposição de dióxido de ni-
1 d dT(r) g0 trogênio em óxido nítrico e oxigênio, em uma temperatura de
ar b 0 300 °C, a qual é uma reação de segunda ordem (n = 2).
r dr dr k

2NO2 → 2NO O2
1–108  Considere uma parede longa e plana de espessura L = 0,2 m.
As superfícies da parede são mantidas nas temperaturas T1 = 80 °C A partir de dados experimentais, o valor de k foi estimado em
e T2 = 10 °C em x = 0 e x = L, respectivamente. Não há geração de k = 0,5444/s. Determine a concentração após 5 s se C(0) = 0,01 mol/L.
calor pela parede. A temperatura na parede varia somente na dire-
1–111  Um modelo utilizado para vários processos de terceira or-
ção x e é regida pela equação diferencial
dem com reagente único é dado por
d 2T(x) dC
Taxa de mudança na concentração química kC3
2
0 dt
dx
onde C é a concentração química, e k, a constante de reação. Trata-
-se de uma equação não linear.
Desenvolva uma relação para a distribuição de temperatura T(x) no (a) Para obter uma equação linear, use a substituição y(t) = 1/C2,
estado permanente, considerando apenas a parede. resolva a equação em função de y e, então, obtenha a solução
1–109  Considere uma parede longa e plana de espessura L = 0,5 m. em função de C.
A superfície da parede em x = 0 é isolada, enquanto a superfície em (b) Obtenha a solução por outro método.

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