Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
5 de fevereiro de 2023
Apresentação: O objetivo deste livro é basicamente oferecer aos alunos
de graduação de universidades brasileiras, um livro texto de equações
diferenciais compatível com a realidade dos cursos de Cálculo e equações
diferenciais ministrados nas universidades brasileiras. Em particular,
tendo sido concebido para ser usado desde o primeiro curso de equações
diferenciais, este texto é pensado para ser o texto principal ou mesmo o
único texto relativo às equações diferenciais, estudo este usualmente iniciado
a partir do segundo semestre dos cursos de Cálculo em nossas universidades.
Resolvemos escrever este livro baseados em nossa experiência como e
com alunos de cursos de graduação em universidades federais brasileiras
e tendo em vista a ausência de textos escritos originalmente em língua
portuguesa em nosso país. Em geral, em nossas universidades, utilizamos
livros escritos tendo em vista a realidade de outros países, traduções de
livros clássicos escritos originalmente em outras línguas e provenientes de
países com outras estruturas curriculares. Este livro tem também o objetivo
de ser um instrumento de mudança neste panorama. Há sim alguns livros
bastante bons no mercado. Porém em sua maioria são difíceis de se usar
por terem sido escritos para uma outra realidade de ensino que não a
nossa. Por exemplo, optamos por não introduzir os atraentes problemas
envolvendo computadores e softwares de implementação de soluções. De
fato, em realidade tais procedimentos muito raramente cabem no exíguo
tempo de um curso de equações diferenciais, muitas vezes imerso em cursos
de Cálculo. Por outro lado, há disciplinas como Cálculo Numérico e Análise
Numérica que podem contemplar tais métodos de modo menos açodado e
mais formal. Nosso objetivo é que o aluno realmente possa aprender as
bases teóricas mais fundamentais, que estas sejam acessíveis mesmo para
estudantes de outras ciências que não apenas Matemática, e que o aluno
termine o curso sabendo identificar e efetivamente resolver as equações
mais relevantes que lhe serão apresentadas no decorrer de seu curso de
graduação. Buscamos também evitar que o aluno tenha que buscar a teoria
em diversos livros, sendo necessário o uso de mais de um destes para um
simples curso de equações diferenciais para alunos de graduação em uma
área de ciências exatas. Tentamos arduamente um meio-termo na elaboração
deste texto tendo em vista o seguinte pensamento. Um engenheiro tem que
sair do seu curso de graduação sabendo resolver as equações diferenciais
clássicas, tanto as ordinárias quanto as parciais (calor, onda e Laplace a
serem estudadas no volume subsequente a este). Um químico tem que
saber resolver tais equações e problemas de contorno. Um biólogo tem
que saber resolver equações ordinárias lineares de ordem dois por séries de
potências. E assim por diante. Isto sem mencionar matemáticos e físicos.
De pouco adianta a um engenheiro conhecer os teoremas de existência e
unicidade e dependência contínua das soluções do problema de Cauchy, e
não saber resolver uma equação diferencial parcial linear de ordem dois por
superposição e variáveis separadas. Outro problema que resolvemos atacar
i
com este livro é o problema dos cursos de cálculo diferencial e integral com
ementas muito fragmentadas e partes que se conectam somente apenas um
ou mais semestres. Um exemplo claro disto é um típico curso de cálculo dois
(pensando em uma série de quatro cursos semestrais de cálculo), no qual se
vê equações diferenciais ordinárias até as lineares de ordem dois incluindo
variação de parâmetros. Depois somente em um quarto curso de cálculo
o aluno vai realmente aprender a usar os seus conhecimentos anteriores
e completá-los com o estudo de soluções por séries (método de Frobenius
e Euler) e enfim chegar às equações do calor, onda e Laplace. Isto sem
mencionar que o aluno acaba tendo que recorrer a diversos livros, como um
longo vôo com várias escalas, que apenas o tornam mais cansativo. Nosso
texto foi então pensado para ser um texto único, objetivo e ao mesmo tempo
razoavelmente rigoroso, sem mágicas matemáticas. Desta forma, esperamos
que o aluno venha a ter um instrumento a seu favor dando-lhe confiança
para aprender também a resolver as equações diferenciais que sua formação
lhe pedir.
Esperamos ter alcançado ao menos parcialmente o objetivo inicial e
que o livro possa ser útil a estudantes de Matemática, Física, Economia,
Meteorologia, Geologia, Química, Biologia, Ciências Exatas e de um modo
geral todos que apreciam a Matemática em geral e que de alguma forma
tenham o seu interesse voltado para este tema tão importante e tantas vezes
relegado a um segundo plano. O tempo dirá...
ii
“Tengo deberes sagrados que cumplir y los cumpliré hasta quemar el último
cartucho”, Francisco Bolognesi (1816-1880).
Prefácio
iv
formais para o Apêndice do livro, servindo desta forma como eventual
formação complementar. Sempre tendo em mente a formação de um
aluno de graduação, seguimos, na escolha dos temas, um caminho que
corresponderia a um típico curso de equações diferenciais de um ou dois
semestres. Isto significa que iniciamos com equações ordinárias de primeira
ordem, dando ênfase às equações lineares. Depois seguimos para as
demais, destacando as equações de primeira ordem tipo variáveis separáveis,
homogêneas ou aquelas que admitem fator de integração (ditas, exatas se
admitirmos alguma imprecisão). Equações importantes como as de Riccati,
Bernoulli e Clairaut são estudadas através da sua resolução pelos métodos
clássicos.
Em seguida estudamos as equações ordinárias de segunda ordem. Para
estas destacamos mais uma vez as equações lineares, homogêneas ou não,
sendo que os métodos clássicos são apresentados. Desta forma estudamos
a resolução das equações de segunda ordem homogêneas com coeficientes
constantes e exploramos o conceito de espaço solução como espaço vetorial.
Em seguida estudamos as equações lineares não-homogêneas através dos
métodos de coeficientes a determinar, variação de parâmetros e redução de
ordem. Aplicações práticas modernas são apresentadas ilustrando o uso
prático destas técnicas. Destacamos a equação de Cauchy-Euler como um
caso importante e o qual se resolve plenamente.
Após, seguimos para o estudo de equações lineares de ordem mais alta,
ilustrando possíveis extensões das técnicas apresentadas.
Na seguinte etapa estudamos sistemas lineares com coeficientes constan-
tes de equações diferenciais. Para estes alguma Álgebra linear é requerida,
basicamente a forma canônica de Jordan e a noção de exponencial de uma
matriz. Munidos disto apresentamos o algoritmo de Putzer para a solução
destes sistemas que modelam muitos fenômenos importantes na natureza.
Sistemas não-homogêneos são estudados ao fim desta etapa.
Visando o estudo de equações diferenciais lineares de ordem mais alta
iniciamos o estudo da transformada de Laplace. Tal transformada permite
associar a uma equação diferencial linear uma equação algébrica de grau
associado à ordem da equação original. Isto nos dá um primeiro exemplo
de uso deste tipo de procedimento no qual um problema é substituído por
outro, teoricamente de solução mais factível. Atenção especial é dada a
alguns aspectos que embora bem conhecidos, resultamos esquecidos, como
convolução e funções especiais como a função de Heaviside e o delta de Dirac.
Aplicações a Problemas de Valor Inicial (PVI) fecham esta parte. Exemplos
importantes em circuitos elétricos são então obtidos.
Finalizamos esta primeira parte do texto com o estudo de equações
diferenciais ordinárias com coeficientes analíticos, ou seja, a busca de
soluções por séries de potências. Após apresentar os conceitos e propriedades
básicas das séries de potências, introduzimos o método geral de solução
de tais equações. Nesta etapa estudamos as equações de Riccati e os
v
importantes exemplos das equações de Bessel e Legendre. Finalizamos esta
parta apresentando o clássico método de Frobenius, associado ao conceito
de singularidade regular. Por questões de espaço e viabilidade do texto final
como um texto de graduação, nos limitamos ao caso de ordem dois.
Em seguida mergulhamos nos problemas de valores de contorno (PVC)
mundo este populado por tantos exemplos importantes. Desta forma
estudamos as equações de Schrödinger e sua resolução. Seguimos para os
problemas de Stum-Liouville tão importantes em física e engenharia. Tal
problema é resolvido com a introdução da fórmula de Green.
A Teoria de Fourier é apresentada em seguida. Iniciamos com as séries de
Fourier, estudando também sua convergência e os resultados principais sobre
diferenciação e integração destas, de forma bem fundamentada, como o leitor
merece. A útil forma complexa da série de Fourier é apresentada de forma
natural. Finalmente fechamos esta etapa com a transformada de Fourier,
sendo esta apresentada de forma concisa porém robusta em preparação para
as aplicações utilizadas na teoria de equações diferenciais parciais.
Este livro foi trabalhado com a intenção de ser complementado através do
seu volume subseqüente, em fase final de preparação, intitulado “Equações
diferenciais: um curso universitário, Parte II: Equações parciais” [8] no
qual damos os fundamentos da teoria das equações diferenciais parciais
pertinentes a um primeiro curso de graduação, sempre focando no aspecto
prático. Em particular, apresentamos um estudo do caso (semi)linear
de ordem um, o caso linear de ordem dois e temos como objetivo claro:
resolver as três equações fundamentais, calor, onda e Laplace. Também,
usando a tecnologia então desenvolvida, resolver casos similares de equações
diferenciais parciais lineares de ordem dois e problemas de valores de
contorno.
Voltando ao presente volume, concluímos o texto com um Apêndice para
o qual remetemos o leitor em busca de conhecimentos em sequências e séries
de números reais, números complexos e com uma demonstração clássica do
Teorema de Picard, sobre existência e unicidade de soluções do problema de
Cauchy.
Esperamos que este texto seja útil como livro ou como material de
consulta rápida para um graduando ou graduado em alguma área das
ciências exatas em busca de solução para suas equações diferenciais do dia-
a-dia. Também que este sirva como material de estudo para interessados em
ciência e que desejem ter uma melhor compreensão do mundo ao seu redor.
Enfim, o livro foi concebido para caber em um curso de um ou dois
semestres que cubra o básico necessário para um aluno aprender o que
se espera que ele aprenda em um curso de ciências exatas na assinatura
equações diferenciais ordinárias.
Se você chegou até aqui, permita-nos lhe convidar a seguir neste texto e
lhe desejar uma boa leitura e uma boa diversão.
Víctor León e Bruno Scárdua
vi
Rio de Janeiro, Fevereiro de 2023
vii
Conteúdo
viii
2.6 Equações diferenciais redutíveis a equações exatas:
fatores integrantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
2.6.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
2.7 Teorema de existência e unicidade . . . . . . . . . . . . 117
2.7.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
2.8 Método de aproximação de Euler . . . . . . . . . . . . 123
2.8.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
ix
6 Sistemas lineares com coeficientes constantes 198
6.1 Sistemas autônomos e não autônomos . . . . . . . . . . 198
6.2 Noções de cálculo matricial . . . . . . . . . . . . . . . 199
6.2.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
6.3 Sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
6.4 Sistemas lineares homogêneos . . . . . . . . . . . . . . 206
6.5 Sequências de Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
6.6 Séries de Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
6.6.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
6.7 Exponencial de uma matriz . . . . . . . . . . . . . . . 218
6.8 O teorema de existência e unicidade de EDO lineares . 223
6.9 Álgebra linear e cálculo prático de exponenciais de
matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
6.9.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
6.10 Solução de sistemas lineares usando as formas canônicas
de Jordan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
6.10.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
6.11 O algoritmo de Putzer . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
6.11.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
6.12 Sistemas lineares não homogêneos . . . . . . . . . . . . 252
6.12.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
x
7.10 A transformada de Laplace e as equações em derivadas
parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 310
7.10.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312
xi
10.5 Desigualdade de Bessel e Teorema de Riemann-Lebesgue 453
10.6 Convergência da série de Fourier . . . . . . . . . . . . 457
10.7 Diferenciação e integração da série de Fourier . . . . . 464
10.8 A integral de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 469
10.9 A transformada de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . 482
10.10Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 493
11 Apêndice 505
11.1 Sequências e séries de números reais . . . . . . . . . . . 505
11.2 Números complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 521
11.3 O Teorema de Picard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 532
1
Capítulo 1
Equações diferenciais
lineares de primeira ordem
y ′ + ay = b
2
1.1.1 A lei de desintegração do rádio
Em 1902, Ernest Rutherford e Frederick Soddy sugerem que a taxa de
variação da quantidade de rádio em um processo de desintegração, é
proporcional à quantidade de rádio em cada momento. Assim, se Q(t)
é a quantidade de rádio no instante t, temos que existe k < 0 tal que
Q′ (t) = kQ(t). (1.1)
Multiplicando por 1/Q(t) em ambos os lados de (1.1) temos
Q′ (t)
=k
Q(t)
(ln Q(t))′ = k
logo integrando de 0 a t (t ≥ 0) temos
Z t Z t
′
(ln Q(s)) ds = kds
0 0
ln Q(t) − ln Q(0) = kt
Q(t)
ln = kt
Q(0)
portanto a solução de (1.1) é dada por
Q(t) = Q(0)ekt , para todo t ≥ 0. (1.2)
A equação (1.1) é um caso particular da equação diferencial
y ′ + ay = b, t ≥ 0 (1.3)
com a, b ∈ R. Uma solução de (1.3) é uma função φ : [0, +∞[→ R
com derivada contínua, tal que
φ′ (t) + aφ(t) = b, para todo t ≥ 0.
Quando a = 0 temos que a equação (1.3) é dada por
y ′ = b, t ≥ 0 (1.4)
com b ∈ R. Integrando ambos os lados de (1.4) temos
y = bt + c
onde c é uma constante.
3
Conclusão: Toda solução de (1.4) é da forma
φ(t) = bt + c, para todo t ≥ 0 (1.5)
onde c é constante. A equação (1.4) é um caso particular de (1.3).
y ′ eat + y(aeat ) = 0
(yeat )′ = 0
integrando temos que
yeat = c
onde c é constante. Então y = ce−at .
4
Observação 1.1.1.
(1) eat é chamado fator integrante de (1.3).
(2) As soluções (1.5), (1.7) e (1.8) são chamadas soluções gerais de
(1.4), (1.6) e (1.3), respectivamente.
(3) Se (1.3) é acompanhada de um valor inicial y(t0 ) = α ∈ R então
temos um problema de valor inicial (PVI).
(4) A solução do PVI ′
y + ay = b
(1.9)
y(t0 ) = α
com a, b ∈ R é dada por
b(t − t0 ) + α, se a = 0
φ(t) = (1.10)
b b
+ α− e−a(t−t0 ) , se a 6= 0.
a a
5
integrando tem-se
Tc (t)ekt = TM ekt + d,
onde d é constante. Então
Tc (t) = TM + de−kt .
Agora, fazendo t = 0, temos
d = Tc (0) − TM .
Assim a solução de (1.11) é dada por
Tc (t) = TM + (Tc (0) − TM )e−kt . (1.12)
Vejamos o modelo acima em um exemplo numérico.
Exemplo 1.1.1. A temperatura de um corpo difere em 20◦ C do meio
em que coloca-se, cuja temperatura TM mantêm-se constante. Depois
de 3 minutos a diferença é de 10◦ C. Quanto tempo deverá decorrer
para que a diferença seja de 1◦ C?
Solução: Nossos dados são
Tc (0) − TM = 20 e Tc (3) − TM = 10.
Queremos encontrar t1 tal que
Tc (t1 ) − TM = 1.
Por (1.12) tem-se
Tc (t) = TM + (Tc (0) − TM )e−kt
e como Tc (0) − TM = 20 temos que
Tc (t) = TM + 20e−kt
agora como Tc (3) − TM = 10 tem-se
TM + 10 = Tc (3) = TM + 20e−3k
10 = 20e−3k
logo
ln 2
k= .
3
Portanto
1 = Tc (t1 ) − TM = 20e−kt1
então
ln 20 3 ln 20
t1 = = ≈ 13 minutos.
k ln 2
6
Observação 1.1.2. Se conhecemos Tc (t1 ) e Tc (t2 ) podemos encontrar
k usando a seguinte fórmula
1 Tc (t1 ) − TM
k= ln . (1.13)
t2 − t1 Tc (t2 ) − TM
Exemplo 1.1.2. Um corpo com temperatura de 30◦ C precisa de 2
minutos para resfriar sua temperatura a 20◦ C desde que seja colocada
em um meio refrigerante com temperatura constante de 10◦ C. Quanto
tempo precisará para diminuir sua temperatura de 40◦ C para 35◦ C?
Solução: Nossos dados são Tc (0) = 30, Tc (2) = 20 e TM = 10. Por
(1.12) tem-se
Tc (t) = 10 + (30 − 10)e−kt = 10 + 20e−kt
agora como Tc (2) = 20, temos
10 = 20e−2k
logo
ln 2
k= .
2
Agora, por (1.13) tem-se
ln 2 1 40 − 10 1 30
=k= ln = ln
2 t2 − t1 35 − 10 t2 − t1 25
assim, obtemos
2 6
t2 − t1 = ln ≈ 0, 5 minutos.
ln 2 5
7
t (hora) Concentração
(mol/litro)
0 0,1039
3,15 0,0896
4,1 0,0859
6,2 0,0776
8,2 0,0701
10 0,0639
13,5 0,0529
18,3 0,0353
26 0,0270
30,8 0,0207
37,3 0,0142
8
nêutrons em seu interior não confere estabilidade. Tal radiação pode
consistir da emissão de partículas, como prótons e neutrons (chamada
radiação alfa), elétrons (radiação beta) ou radiações sem emissão de
partículas (radiação gamma). O fenômeno da decomposição radioativa
simples respeita uma equação diferencial da forma
x′ (t) = −kx(t), (1.16)
onde x(t) denota a quantidade de substância radioativa presente
no instante t. Este modelo proposto é resultado da observação
experimental no sentido em que a velocidade de decomposição é
proporcional à quantidade de substância radioativa que permanece sem
desintegrar-se. A solução de (1.16) é dada por:
x(t) = x(0)e−kt . (1.17)
Denotemos com τ o tempo necessário para que a quantidade de
substância se reduza à metade, isto é,
x(0)
x(τ ) = . (1.18)
2
O número τ que aparece na equação (1.18) é chamado vida média do
material radioativo
x(0) 1
= x(τ ) = x(0)e−kτ ⇒ = e−kτ
2 2
logo,
ln 2
τ= . (1.19)
k
Observe que τ dado por (1.19) não depende de x(0).
Exemplo 1.1.3. A vida média de uma substância radioativa é de 32
dias. Quanto tempo deve decorrer para que 10 mg se convertam em 2
mg?
Solução: Por (1.17) tem-se que x(t) = x(0)e−kt . Desejamos encontrar
t0 tal que x(t0 ) = 2. Agora, por (1.19), temos
ln 2 ln 2
k= = .
τ 32
Então tem-se que
1
2 = x(t0 ) = 10e−kt0 ⇒ = e−kt0
5
logo
32 ln 5
t0 = ≈ 74 dias.
ln 2
9
Exemplo 1.1.4. A metade da quantidade inicial de material radioativo
se desintegrou em um período de 1500 anos.
(a) Que porcentagem de material se terá depois de 4500 anos?
(b) Em quantos anos diminuirá a um décimo do material original?
Solução: Por (1.17) temos x(t) = x(0)e−kt . Daí, como τ = 1500,
tem-se que
x(0)
= x(1500) = x(0)e−1500k
2
logo,
1
(e−k )1500 = .
2
Assim, temos
t/1500
−kt
−k t 1
x(t) = x(0)e = x(0) e = x(0) .
2
(a) Fazendo t = 4500 na equação anterior tem-se
4500/1500
1 x(0)
x(4500) = x(0) = .
2 8
Portanto, depois de 4500 anos teremos 12, 5% da quantidade
inicial.
x(0)
(b) Seja t1 tal que x(t1 ) = . Daí,
10
t1 /1500 t1 /1500
x(0) 1 1 1
= x(t1 ) = x(0) ⇒ =
10 2 10 2
logo,
1500 ln 10
t1 = ≈ 4983 anos.
ln 2
10
onde N (t) denota o número de bactérias presentes no instante t. Um
cultivo de bactérias em um meio nutritivo sem limites, satisfaz
velocidade de nascimento = aN (t)
onde k = a − b é constante.
Exemplo 1.1.5. Em certo cultivo de bactérias a velocidade de
aumento é proporcional ao número presente.
(a) Se sabemos que o número presente se duplica em 4 horas. Que
deve-se esperar depois de 12 horas?
(b) Se há 104 bactérias depois de 3 horas e 4 · 104 depois de 5 horas.
Quantas bactérias tem-se no início?
Solução:
(a) Por (1.22) tem-se que N (t) = N (0)ekt e como N (4) = 2N (0),
temos
2N (0) = N (4) = N (0)e4k
2 = e4k
logo,
ln 2
k= .
4
Portanto, obtemos
11
logo,
ln 4
k= .
2
Portanto, obtemos
104 = N (0)eln 4·3/2
então
104
N (0) = .
8
Observação 1.1.3. Algumas populações obedecem a equação diferen-
cial
N ′ (t) = kN (t) − λN 2 (t), (1.23)
onde k > λ > 0 são constantes.
Exemplo 1.1.6. A população de certa cidade satisfaz
1 1 2
x′ (t) = x(t) − x (t).
102 108
Suponhamos que a população em 2000 foi de 105 , determine:
(a) A população em 2020.
(b) Em que ano se duplica a população de 2000.
(c) Qual será a população a longo prazo?
Solução: Primeiramente resolvemos o PVI:
x′ (t) = 10−2 x(t) − 10−8 x2 (t)
x(2000) = 105 .
Assim temos
x′ (t)
= 10−2
x(t) − 10−6 x2 (t)
x′ (t)
= 10−2
x(t)(1 − 10−6 x(t))
12
onde k é uma constante real. Daí, obtemos
x(t)
ln = 10−2 t + k
1 − 10−6 x(t)
logo,
x(t)
= cet/100 ,
1 − 10−6 x(t)
onde c = ±ek . Equivalentemente temos
x(t) = cet/100 − c10−6 et/100 x(t)
cet/100
x(t) =
1 + 10−6 cet/100
e como x(2000) = 105 , tem-se
ce2000/100 ce20
105 = x(2000) = =
1 + 10−6 ce2000/100 1 + 10−6 ce20
13
5et1 /100−20 = 9 + et1 /100−20
4et1 /100−20 = 9
9
et1 /100−20 =
4
logo
t1 9
− 20 = ln
100 4
então
t1 = 100(20 + ln 9 − ln 4) ≈ 2081 anos.
(c)
106 et/100−20
lim x(t) = lim
t→+∞ t→+∞ 9 + et/100−20
106
= lim = 106 .
t→+∞ 9e−t/100+20 + 1
1.1.6 Exercícios
1. Considere a equação y ′ + 5y = 2.
2
(a) Mostre que a função φ dada por φ(x) = + ce−5x é uma
5
solução, onde c é uma constante qualquer.
(b) Assuma que toda solução tem esta forma, encontre a solução
que satisfaz a seguinte condição: φ(1) = 2.
(c) Encontre a solução que satisfaz a seguinte condição: φ(1) =
3φ(0).
2. Consideremos a equação y ′ = ky em R, onde k é uma certa
constante.
(a) Mostre que se φ é uma solução quaisquer, e ψ(x) = φ(x)e−kx ,
então ψ(x) = c, onde c é uma constante.
(b) Mostre que se Re(k) < 0 então qualquer solução tenderá a
zero quando x → +∞.
(c) Mostre que se Re(k) > 0 então a magnitude de qualquer
solução não trivial (isto é, que não é identicamente nula)
tenderá a ∞ quando x → +∞.
14
(d) O que podemos afirmar em relação às magnitudes das
soluções quando Re(k) = 0?
3. Considere a equação
Ly ′ + Ry = E,
15
9. Um certo material radioativo tem uma vida média de 2 horas.
Encontre o intervalo de tempo requerido para que uma quantidade
dada deste material decai até um décimo de sua massa original.
10. Se sabemos que um material radioativo desintegra-se de forma
proporcional à quantidade presente. Se depois de 1 hora observa-
se que o 10% do material desintegrou-se. Encontre a vida média
do material.
11. Uma sustância radioativa A decompõe-se obtendo uma sustância
radioativa B, que a sua vez desintegra-se para dar um produto
estável C:
k1 k2
A −→ B −→ C.
No instante t = 0 tem-se 10 mg de A, enquanto de B e C não tem-
se quantidade alguma. A vida média de A é de 2 horas, enquanto
a de B é 1 hora. Qual é o valor de B(t) e C(t) depois de 2 horas?
y ′ + ay = b(t), t ≥ 0 (1.24)
integrando temos Z t
at
ye = eas b(s)ds + c,
0
onde c é constante. Então,
Z t
−at
y=e eas b(s)ds + ce−at .
0
16
Conclusão: Toda solução de (1.24) é da forma
Z t
−at
φ(t) = e eas b(s)ds + ce−at , para todo t ≥ 0 (1.25)
0
onde c é constante.
Observação 1.2.1.
(1) eat é chamado fator integrante de (1.24).
(2) A solução (1.25) é chamada solução geral de (1.24).
(3) O PVI:
y ′ + ay = b(t)
(1.26)
y(0) = α
tem solução
Z t
−at −at
y(t) = αe +e eas b(s)ds. (1.27)
0
Z t0 Z t
−at −at as as
= ce +e e b(s)ds + e b(s)ds
t1 t0
Z t0 Z t
as −at −at
= c+ e b(s)ds e +e eas b(s)ds
t1 t0
Z t
−at −at
= c̃e +e eas b(s)ds
t0
17
onde Z t0
c̃ = c + eas b(s)ds,
t1
Z t Z t1
−at −at
= ce +e e b(s)ds −
as as
e b(s)ds
t0 t0
Z t1 Z t
−at −at
= c− as
e b(s)ds e +e eas b(s)ds
t0 t0
Z t
−at −at
= ĉe −e eas b(s)ds
t0
onde Z t1
ĉ = c + eas b(s)ds,
t0
onde a é uma constante real não nula e f é uma função contínua dada
por
0, x<α
f (x) =
mx − mα, x ≥ α
19
e para x ≥ α, por integração por partes, tem-se
Z x Z x
at
e f (t)dt = eat (mt − mα)dt
0 α
x Z x
eat eat
= (mt − mα) − m dt
a α α a
at x
eax me
= (mx − mα) −
a a2 α
m mα ax m ax m aα
= x− e − 2e − 2e
a a a a
m
mα m ax m aα
= x− − 2 e + 2e .
a a a a
Portanto, a solução do PVI é
0, x<α
y(x) =
m x − m − mα + m ea(α−x) , x ≥ α.
a a2 a a2
Exemplo 1.2.3. Mostre que se a, λ são constantes positivas e b é
qualquer número real, então toda solução da equação
y ′ + ay = be−λt , (1.31)
é tal que
lim y(t) = 0.
t→+∞
(yeat )′ = b
integrando tem-se
yeat = bt + c1
onde c1 é uma constante. Então
bt + c1
y(t) = . (1.33)
eat
20
Em (1.33), usando a regra de L’hospital e como a > 0 temos
bt + c1 b
lim y(t) = lim = lim = 0.
t→+∞ t→+∞ eat t→+∞ aeat
Se λ 6= a, de (1.32) temos
(yeat )′ = be(a−λ)t
integrando tem-se
b (a−λ)t
yeat = e + c2
a−λ
onde c2 é uma constante. Então
b −λt
y(t) = e + c2 e−at . (1.34)
a−λ
Em (1.34), como a, λ > 0 temos
b −λt −at
lim y(t) = lim e + c2 e = 0.
t→+∞ t→+∞ a−λ
Exemplo 1.2.4. Resolva as seguintes equações diferencias:
(a) y ′ + y = e3x (b) y ′ + 3y = x + e−2x
′ ′ 1 − e−2x
(e) y − 2y = x + 5
2
(f) y + y = x
e + e−x
Solução:
(a) O fator integrante é ex . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
ex (y ′ + y) = e4x
(yex )′ = e4x
integrando temos
e4x
yex = + c1 ,
4
onde c1 é constante. Então
e3x
y= + c1 e−x .
4
21
(b) O fator integrante é e3x . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
e3x (y ′ + 3y) = xe3x + ex
′
(ye3x ) = xe3x + ex
integrando tem-se
xe3x e3x
ye3x = − + e x + c2 ,
3 9
onde c2 é constante. Então
x 1
y= − + e−2x + c2 e−3x .
3 9
(yex )′ = x + ex
integrando temos
x2
yex = + e x + c3 ,
2
onde c3 é constante. Então
x2 e−x
y= + 1 + c3 e−x .
2
integrando tem-se
x3
ye−2x = + c4 ,
3
onde c4 é constante. Então
x3 e2x
y= + c4 e2x .
3
22
(e) O fator integrante é e−2x . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
e−2x (y ′ − 2y) = (x2 + 5)e−2x
′
(ye−2x ) = (x2 + 5)e−2x
integrando temos
(x2 + 5)e−2x xe−2x e−2x
ye−2x = − − − + c5 ,
2 2 4
onde c5 é constante. Então
(x2 + 5) x 1
y=− − − + c5 e2x .
2 2 4
(yex )′ = tanh x
integrando tem-se
yex = ln(cosh x) + c6 ,
Solução:
23
(a) O fator integrante é e5x . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
e5x (y ′ + 5y) = e8x
′
(ye5x ) = e8x
integrando tem-se
e8x
ye5x = + c1 ,
8
onde c1 é constante. Então
e3x
y= + c1 e−5x .
8
Agora como y(0) = 1 temos
1
1 = y(0) = + c1
8
logo c1 = 7/8. Assim, a solução do PVI é dada por
e3x 7e−5x
y= + .
8 8
(b) O fator integrante é e4x . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
e4x (y ′ + 4y) = e3x
′
(ye4x ) = e3x
integrando temos
e3x
ye4x = + c2 ,
3
onde c2 é constante. Então
e−x
y= + c2 e−4x .
3
Agora como y(0) = 2 temos
1
2 = y(0) = + c2
3
logo c2 = 5/3. Assim, a solução do PVI é dada por
e−x 5e−4x
y= + .
3 3
24
(c) O fator integrante é e−x . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
e−x (y ′ − y) = 2xex
′
(ye−x ) = 2xex
integrando tem-se
y = 2xe2x − 2e2x + c3 ex .
1 = y(0) = −2 + c3
integrando temos
x2
ye2x = + c4 ,
2
onde c4 é constante. Então
x2 e−2x
y= + c4 e−2x .
2
Agora como y(1) = 0 temos
e−2
0 = y(1) = + c4 e−2
2
logo c4 = −1/2. Assim, a solução do PVI é dada por
x2 e−2x e−2x
y= − .
2 2
25
(e) O fator integrante é ex . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
x
ex (y ′ + y) =
1 + x2
x
(yex )′ =
1 + x2
integrando temos
ln(1 + x2 )
yex = + c5 ,
2
onde c5 é constante. Então
e−x ln(1 + x2 )
y= + c5 e−x .
2
Agora como y(0) = 0 temos
ln 1
0 = y(0) = + c5
2
logo c5 = 0. Assim, a solução do PVI é dada por
e−x ln(1 + x2 )
y= .
2
(f) O fator integrante é e−2x . Multiplicando pelo fator integrante a
ambos os lados da equação temos
e−2x (y ′ − 2y) = x(ex − 1)
′
(ye−2x ) = xex − x
integrando tem-se
x2
ye−2x = xex − ex − + c6 ,
2
onde c6 é constante. Então
x2 e2x
y = xe3x − e3x − + c6 e2x .
2
Agora como y(0) = 2 temos
2 = y(0) = −1 + c6
logo c6 = 3. Assim, a solução do PVI é dada por
x2 e2x
y = xe3x − e3x − + 3e2x .
2
26
Exemplo 1.2.6. Obtenha uma solução contínua de:
(a)
y ′ + 2y = f (x)
y(0) = 0
onde f é dada por
1, 0 ≤ x ≤ 3
f (x) =
0, x > 3.
(b)
y ′ + y = f (x)
y(0) = 1
onde f é dada por
1, 0≤x≤1
f (x) =
−1, x > 1.
Solução:
(a) Como y ′ + 2y = f (x), multiplicando a ambos os lados pelo fator
integrante e2x temos
(ye2x )′ = f (x)e2x .
Integrando de 0 a x tem-se
Z x
y(x)e 2x
− y(0) = e2t f (t)dt
0
1 e−2x
= − .
2 2
27
Para x > 3 em (1.35) temos
Z x
−2x
y(x) = e e2t f (t)dt
0
Z 3 Z x
−2x 2t 2t
=e e f (t)dt + e f (t)dt
0 3
Z 3 3
−2x 2t −2x e2t
=e e dt =e
0 2 0
−2x e6 1 e−2x+6 e−2x
=e − = − .
2 2 2 2
Portanto, a solução do PVI é
−2x+6
e − e−2x
, x>3
2
y(x) =
1 − e−2x
, 0≤x≤3
2
a qual é claramente é contínua.
(b) Como y ′ + y = f (x), multiplicando a ambos os lados pelo fator
integrante ex temos
(yex )′ = f (x)ex .
Integrando de 0 a x tem-se
Z x
y(x)e − y(0) =
x
et f (t)dt
0
= e−x + (1 − e−x ) = 1.
28
Para x ≥ 1 em (1.36) temos
Z x
−x −x
y(x) = e + e et f (t)dt
0
Z 1 Z x
−x −x t t
=e +e e f (t)dt + e f (t)dt
0 1
Z 1 Z x
−x −x
=e +e e dt −
t t
e dt
0 1
= 2e1−x − 1.
29
logo
y0′ (t) + βy0 (t) = 0 (1.39)
multiplicando em (1.39) pelo fator integrante eβt temos
eβt (y0′ (t) + βy0 (t)) = 0
assim
(y0 (t)eβt )′ = 0
integrando tem-se
y0 (t) = c0 e−βt (1.40)
onde c0 é uma constante. Agora da condição inicial de (1.38) temos
que y0 (0) = 1, assim em (1.40) tem-se que c0 = 1 e daí temos
y0 (t) = e−βt . (1.41)
Também da equação (1.37) para n = 1 temos que
y1′ (t) = −β[2y1 (t) − y0 (t)],
logo de (1.41) tem-se que
y1′ (t) = −2βy1 (t) + βe−βt
assim
y1′ (t) + 2βy1 (t) = βe−βt (1.42)
multiplicando em (1.42) pelo fator integrante e2βt temos
e2βt (y1′ (t) + 2βy1 (t)) = βeβt
30
logo de (1.44) tem-se que
y2′ (t) = −3βy2 (t) + 2β[e−βt − e−2βt ]
assim
y2′ (t) + 3βy2 (t) = 2β[e−βt − e−2βt ] (1.45)
multiplicando em (1.45) pelo fator integrante e3βt temos
e3βt (y2′ (t) + 3βy2 (t)) = 2β[e2βt − eβt ]
31
Agora da condição inicial de (1.38) temos que y3 (0) = 0, assim em
(1.49) tem-se que c3 = −1 e daí temos
assim
integrando tem-se
Das equações (1.44), (1.47), (1.50) e (1.53) não é difícil mostrar por
indução matemática que
β (n+1)β
n
−nt − n t
yn (t) = e −e
para todo n = 1, 2, 3, . . .
32
1.2.1 Circuitos elétricos simples
Falaremos agora um pouco da teoria das equações diferenciais em
circuitos elétricos. Começamos com os chamados circuitos elétricos
simples. Lembramos que circuito elétrico simples é aquele que
percorre apenas um caminho. Os elementos mais comuns em tais
circuitos são resistores (limitam a passagem da corrente elétrica),
capacitores (armazenam cargas elétricas), condutores (conduzem a
corrente elétrica), indutores (geram campos eletromagnéticos a partir
da corrente elétrica, ou vice-versa) e geradores (mantém a diferença
de potencial entre dois pontos do circuito). Os circuitos elétricos
simples são governados pelas clássicas1 Leis de Ohm. Também são
fundamentais as2 Leis de Kirchhoff.
Denotemos
I(t) = intensidade da corrente no instante t
R = resistência do resistor
L = indutância do indutor
C = capacitância do capacitor
E(t) = tensão da fonte de alimentação no instante t
R
+ E(t)
−
C
t0
L
1
As Leis de Ohm, formuladas pelo físico alemão Georg Simon Ohm (1787-1854) em
1827, determinam a resistência elétrica dos condutores através da observação de que a
corrente elétrica em um condutor é diretamente proporcional à diferença de potencial
aplicada.
2
As Leis de Kirchhoff foram postuladas pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff
(1824-1887).
33
Pela segunda lei de Kirchhoff temos que a soma de quedas de potencial
em uma malha elétrica simples é igual a tensão da fonte aplicada na
malha. Assim, temos que:
Z
′ q0 1 t
E(t) = RI(t) + LI (t) + + I(s)ds. (1.54)
C C 0
1.2.1.1 Circuito RL
t0 L
E(t)
−
+
34
Como I(0) = 0 temos que H = 0, portanto
Z
e−Rt/L t Rs/L
I(t) = e E(s)ds. (1.56)
L 0
t
E0 e−Rt/L LeRs/L
=
L R 0
E0 e−Rt/L Rt/L
= e −1
R
E0
= 1 − e−Rt/L .
R
Neste caso como R, L > 0 temos que
E0
lim I(t) = .
t→+∞ R
1.2.1.2 Circuito RC
t0 C
E(t)
−
+
35
Derivando (1.57), temos o PVI:
RI ′ (t) + 1 I(t) = 0
C
(1.58)
I(0) = E0 .
R
Temos a equação diferencial equivalente
1
I ′ (t) + I(t) = 0
RC
multiplicando por et/RC em ambos os lados da equação anterior temos
que
t/RC ′ 1
e I (t) + I(t) = 0
RC
′
I(t)et/RC =0
integrando tem-se
I(t)et/RC = K,
onde K é constante. Então,
I(t) = Ke−t/RC .
E0 E0
Como I(0) = temos que K = , portanto
R R
E0 e−t/RC
I(t) = . (1.59)
R
Também como R, C > 0 temos que
lim I(t) = 0.
t→+∞
1.2.2 Exercícios
1. Resolva as seguintes equações diferencias:
1 + e−2x
(e) y ′ + 3y = 3x2 + 4 (f) y ′ − y =
ex − e−x
36
2. Encontre a solução do PVI dado:
y ′ + 3y = e5x y ′ − y = e4x
(a) (b)
y(0) = 1. y(0) = 2.
y ′ + 2y = 3xe−x y ′ − y = 2xex
(c) (d)
y(0) = 1. y(1) = 0.
( xex
y′ − y = y ′ − 3y = x(e4x − e3x )
(e) 1 + x2 (f)
y(0) = 0. y(0) = 2.
(b)
y ′ + 2y = f (x)
y(0) = 1
onde f é dada por:
1, 0≤x≤3
f (x) =
−1, x > 3.
37
5. Considere a equação
Ly ′ + Ry = Esen ωx,
y ′ + ay = b1 (x),
y ′ + ay = b2 (x),
y ′ + ay = b1 (x) + b2 (x)
em I.
(b) Aplicamos o resultado de (b) para encontrar a solução de
y ′ + y = sen x + 3 cos 2x
38
com a, b : [0, +∞[→ R contínuas. Se b(t) = 0 para todo t ≥ 0, então
a correspondente equação
y ′ + a(t)y = 0, t ≥ 0 (1.61)
∫t ′
a(s)ds
ye t0
=0
onde c é constante. ∫t
a(s)ds
Por outro lado, multiplicando e t0 a ambos os lados de (1.60)
temos ∫t ∫t
a(s)ds ′ a(s)ds
e t0 (y + a(t)y) = b(t)e t0
∫t ′ Z t ∫u
′
a(s)ds a(s)ds
ye t0
= b(u)e t0
du
t0
integrando tem-se
∫t Z t ∫u
a(s)ds a(s)ds
ye t0
= b(u)e t0
du + c,
t0
39
Conclusão: Toda solução de (1.60) é da forma:
∫ ∫ Z t ∫u
− tt a(s)ds − tt a(s)ds a(s)ds
φ(t) = ce 0 +e 0 b(u)e t0 du, (1.63)
t0
onde c é constante.
Observação 1.3.1.
∫t
a(s)ds
(1) e t0
é chamado fator integrante de (1.60).
(2) A solução (1.63) é chamada solução geral de (1.60).
(3) A solução do PVI:
′
y + a(t)y = b(t)
(1.64)
y(t0 ) = α
é dada por:
∫t ∫t Z t ∫u
− a(s)ds − a(s)ds a(s)ds
φ(t) = αe t0
+e t0
b(u)e t0
du. (1.65)
t0
40
∫x 2
Solução: O fator integrante é e 0 2sds = ex . Multiplicando pelo fator
integrante em ambos os lados da equação diferencial obtemos
ex (y ′ + 2xy) = ex x
2 2
y ′ ex + y 2xex = xex
2 2 2
!′
′ 2
ex
x2
ye =
2
integrando temos
2
x2 ex
ye = + c,
2
onde c é constante. Então,
1
+ ce−x .
2
y=
2
Agora, como:
1
1 = y(0) = +c
2
1
logo c = . Assim, a solução do PVI é
2
1 e−x
2
y= + .
2 2
Exemplo 1.3.2. Resolver a equação diferencial
xy ′ + y = 3x3 − 1, x > 0.
Solução: A equação anterior é equivalente a
1 3x3 − 1
y′ + y = , x > 0.
x x
O fator integrante para x > 0 é
∫x
= eln |x|−ln |1| = eln |x| = |x| = x.
1
e 1 s ds
y ′ x + y = 3x3 − 1
′
′ 3x4
(yx) = −x
4
41
integrando temos
3x4
yx = − x + c,
4
onde c é constante. Então,
3x3 c
y= − 1 + , x > 0.
4 x
Exemplo 1.3.3. Resolva as seguintes equações diferencias:
(yx)′ = sen x
yx = − cos x + c1 ,
42
(b) O fator integrante é ∫x
3s2 ds 3
e 0 = ex .
Multiplicando pelo fator integrante a ambos os lados da equação
diferencial temos
ex (y ′ + 3x2 y) = x2 ex
3 3
′
3 3
yex = x2 e x
integrando tem-se
3
3 ex
yex = + c2 ,
3
onde c2 é constante. Então
1
+ c2 e−x .
3
y=
3
43
Multiplicando pelo fator integrante a ambos os lados da equação
diferencial anterior temos
′ 2
x y + y = xex
2
x
′
(yx2 ) = xex
integrando tem-se
yx2 = xex − ex + c4 ,
integrando tem-se
−yx3 = cos x + c5 ,
onde c5 é constante. Então
cos x c5
y=− − 3,
x3 x
para x < 0.
(f) O fator integrante é ∫x
2sds 2
e 0 = ex .
44
Multiplicando pelo fator integrante a ambos os lados da equação
diferencial temos
ex (y ′ + 2xy) = x3 ex
2 2
′
2 2
yex = x3 e x
integrando tem-se
2 2
x2 x2 e x ex
ye = − + c6 ,
2 2
onde c6 é constante. Então
x2 1
− + c6 e−x .
2
y=
2 2
(yxex )′ = sen 2x
integrando tem-se
cos 2x
yxex = − + c7 ,
2
onde c7 é constante. Então
e−x cos 2x c7 e−x
y=− + ,
2x x
para x > 0.
45
(h) A equação anterior é equivalente a
′ 2 ex
y + 1+ y = 2.
x x
O fator integrante é
∫x
(1+ 2s )ds
= ex+2 ln |x|−1−2 ln |1| = ex eln |x| e−1
2
e 1
integrando tem-se
x4 x3 x2
yx2 = − + + c1 ,
4 3 2
onde c1 é constante. Então
x2 x 1 c1
y= − + + 2.
4 3 2 x
Agora como y(1) = 1/2 temos
1 1 1 1
= y(1) = − + + c1
2 4 3 2
logo c1 = 1/12. Assim, a solução do PVI é dada por
x2 x 1 1
y= − + + .
4 3 2 12x2
47
integrando temos
yx2 = sen x + c2 ,
onde c2 é constante. Então
sen x c2
y= + 2.
x2 x
Agora como y(π) = 0 temos
sen π
0 = y(π) = + c2
π2
logo c2 = 0. Assim, a solução do PVI é dada por
sen x
y= .
x2
(y sen x)′ = 2
integrando tem-se
y sen x = 2x + c3 ,
onde c3 é constante. Então
y = (2x + c3 ) csc x.
y = (2x + 1 − π) csc x.
48
Multiplicando pelo fator integrante a ambos os lados da equação
diferencial temos
(sec x) (y ′ + (tan x)y) = cos x
integrando tem-se
y sec x = sen x + c4 ,
onde c4 é constante. Então
y = (sen x + c4 ) cos x.
y = (sen x − 1) cos x.
integrando tem-se
49
Agora como y(π) = 1/π temos
1 cos π sen π c5
= y(π) = − + 2 + 2
π π π π
logo c5 = 0. Assim, a solução do PVI é dada por
cos x sen x
y=− + 2 .
x x
integrando tem-se
x3
yx−2 = + c6 ,
3
onde c6 é constante. Então
x5
y= + c6 x2 .
3
Agora como y(1) = 1 temos
1
1 = y(1) = + c6
3
2
logo c6 = . Assim, a solução do PVI é dada por
3
x5 2x2
y= + .
3 3
50
(g) O fator integrante é
∫x
e 0 tan s ds
= eln | sec x|−ln | sec 0| = | sec x|.
Multiplicando pelo fator integrante a ambos os lados da equação
diferencial temos
2 sen x cos x
(sec x) (y ′ + (tan x)y) =
cos x
51
Exemplo 1.3.5. Num circuito R − C o condensador tem uma carga
inicial q0 e a resistência R varia linearmente de acordo com a equação
R(t) = k1 + k2 t, k1 ≥ 0, k2 > 0.
A segunda lei de Kirchhoff, que supomos válida apesar de que R não é
constante, afirma que
1
(k1 + k2 t)q ′ (t) + q(t) = E0
C
q(0) = q0 .
53
Denotemos com x(t) a quantidade de soluto4 no instante t.
Suponhamos que ∆t muito pequeno de tal maneira que seja válido
afirmar que x(t) é constante no intervalo ∆t. Logo nesse intervalo ∆t
há
x(t)
V
gramas de soluto por litro. Isto é, em ∆t minutos se perdem
x(t)
b∆t
V
gramas de soluto, de modo que
b
∆x(t) = − x(t)∆t
V
de onde obtemos
∆x(t) b
= − x(t).
∆t V
No limite, teremos:
b
x′ (t) = − x(t). (1.67)
V
Observação 1.3.2.
(2) Suponhamos que por A ingressa água pura a razão de a litros por
minuto e por B saí água com sal a razão de b litros por minuto
com b > a.
Em um minuto se perdem (b − a) litros de solução por B.
Em t minutos saíram (b − a)t litros de solução por B.
Logo sobrará V − (b − a)t litros de solução no recipiente.
54
Logo, temos:
x(t)
∆x(t) = − b∆t
V − (b − a)t
de onde obtemos
∆x(t) b
=− x(t).
∆t V − (b − a)t
No limite, teremos:
b
x′ (t) = − x(t). (1.69)
V − (b − a)t
A equação anterior é equivalente a
b
x′ (t) + x(t) = 0.
V − (b − a)t
O fator integrante é ∫t b
e 0 V −(b−a)s ds
mas,
Z t t
b b
ds = ln(V − (b − a)s)
0 V − (b − a)s a−b 0
b V − (b − a)t
= ln
a−b V
logo o fator integrante é dado por:
b
V − (b − a)t a−b
.
V
Multiplicando pelo fator integrante a ambos os lados da equação
diferencial temos
a−b
b
V − (b − a)t b
x′ (t) + x(t) =0
V V − (b − a)t
a−b
b
!′
V − (b − a)t
x(t) =0
V
logo a solução de (1.69) é dada por
b
V − (b − a)t b−a
x(t) = x(0) .
V
55
(3) Suponhamos que por A ingressa água com sal sabendo que a
concentração é de c gramas por litros. Suponhamos além disso
que por B saí solução a razão de b litros por minuto com b > a.
Neste caso, teremos:
b
x′ (t) = ac − x(t). (1.70)
V − (b − a)t
(et/50 x(t))′ = 0
integrando tem-se
x(t) = x(0)e−t/50
= 0, 04e−t/50 .
Primeiro encontremos t1 tal que x(t1 ) = 0, 02 assim, temos
1
e−t1 /50 =
2
logo
t1
− = ln 1 − ln 2
50
56
portanto
t1 = 50 ln 2.
Finalmente agora encontraremos t2 tal que x(t2 ) = 0, 01. Assim, tem-se
1
e−t2 /50 =
4
logo
t2
− = ln 1 − ln 4
50
então
t2 = 50 ln 4.
Exemplo 1.3.7. Um recipiente contém 40 litros de salmoura com 0, 8
quilogramas de sal dissolvida. Logo, introduzimos salmoura com 0, 15
quilogramas de sal por litro a uma velocidade de 12 litros por minuto
e a mistura saí do recipiente a uma velocidade de 16 litros por minuto.
(a) Encontre a quantidade de sal contida no recipiente no instante t.
(b) Encontre a concentração depois de 10 minutos.
Solução: Temos que a = 12, b = 16, c = 0, 15 e V = 40, logo
16
x′ (t) = (12)(0, 15) − x(t)
40 − (16 − 12)t
então tem-se que
4
x′ (t) + x(t) = 1, 8.
10 − t
(a) O fator integrante é
∫ 4
e 10−t
dt
= e−4 ln |10−t| = |10 − t|−4 .
57
integrando tem-se
0, 02 = k104 + 6
k104 = −5, 98
k = −5, 98 · 10−4 .
1.3.2 Exercícios
1. Encontre todas as soluções de y ′ sen x + y cos x = 1 no intervalo
]0, π[. Prove que exatamente um destas soluções tem um limite
finito quando x → 0, e outra tem um limite finito quando x → π.
2. Encontre todas as soluções de x(x + 1)y ′ + y = x(x + 1)2 e−x no
2
58
Z x
sen x
5. Seja s(x) = se x 6= 0, e s(0) = 1. Defina T (x) = s(t)dt.
x 0
Prove que a função f (x) = xT (x) satisfaz a equação diferencial
xy ′ − y = xsen x no intervalo ] − ∞, +∞[ e encontre todas as
soluções neste intervalo. Prove que a equação diferencial tem
nenhuma solução que satisfaça a condição inicial f (0) = 1.
6. Prove que existe exatamente uma função f contínua no eixo real
positivo, tal que
Z
1 x
f (x) = 1 + f (t) dt
x 1
para todo x > 0 e encontrar esta função.
7. A função f definida pela equação
Z x
−x2 /2
(1−x2 )/2
t−2 et
2 /2
f (x) = xe − xe dt
1
59
(a) Mostre que a solução ϕ é periódica de período ξ se e somente
se ϕ(0) = ϕ(ξ).
(b) Mostre que existe uma única solução de período ξ se existe
uma solução não trivial da equação homogênea de período ξ.
(c) Suponha que existe uma solução não trivial periódica da
equação homogêneas de período ξ. Mostre que existem
soluções de período ξ da equação não homogênea se e
somente se Z ξ
eA(t) b(t)dt = 0,
0
Z t
onde A(t) = a(s)ds.
0
(d) Encontrem soluções de período 2π para as equações:
(i) y ′ + 3y = cos x.
(ii) y ′ + (cos x)y = sen 2x.
11. Encontre todas as soluções da equação
onde
1 − |x|, se |x| ≤ 1
b(x) =
0, se |x| > 1
12. A formula Z x
−A(x)
ψ(x) = e eA(t) b(t)dt
x0
y ′ + a(x)y = b(x)
y ′ + ay = b(x), (a é constante),
onde
1, se 0 ≤ x ≤ ξ
b(x) = .
0, se x > ξ
Aqui ξ é alguma constante positiva.
60
13. Suponha que ϕ é uma função com deriva contínua em 0 ≤ x ≤ 1
satisfazendo
Mostre que
3e2x 1
ϕ(x) ≤ − .
2 2
14. (a) Encontre uma solução ϕ da equação linear
y′ = 1 + y
61
17. Um recipiente originalmente contém 500 litros de água pura. É
introduzido um solução salina que contém 1/2 kg de sal por litro
a razão de 2 litros por minuto e a mistura saí à mesma razão.
Depois de 10 minutos o processo acaba. É introduzido agora água
pura no recipiente a razão de 2 litros por minuto e a mistura saí à
mesma razão. Encontre a quantidade de sal no recipiente depois
de 20 minutos.
62
e que Im(φ) é solução de
y ′ (t) + ay(t) = Im(b(t))
(1.75)
y(t0 ) = Im(c).
Z t
−a(t−t0 ) −a(t−t0 )
= ce +e b(u)ea(u−t0 ) du
t0
Z t
−a(t−t0 ) −at
= ce +e b(u)eau du.
t0
Como c ∈ C então
c = Re(c) + iIm(c)
daí tem-se que
Z t
−a(t−t0 ) −at au
= Re(c)e +e Re(b(u))e du
t0
Z t
−a(t−t0 ) −at au
+i Im(c)e +e Im(b(u))e du .
t0
Daí obtemos
Z t
−a(t−t0 ) −at
Re(φ(t)) = Re(c)e +e Re(b(u))eau du (1.76)
t0
e Z t
−a(t−t0 ) −at
Im(φ(t)) = Im(c)e +e Im(b(u))eau du. (1.77)
t0
63
Derivando (1.76) temos
Z t
′ −a(t−t0 ) −at
[Re(φ(t))] = −aRe(c)e − ae Re(b(u))eau du
t0
+e−at (Re(b(t))eat )
Z t
−a(t−t0 ) −at
= −a Re(c)e +e au
Re(b(u))e du + Re(b(t))
t0
= −a[Re(φ(t))] + Re(b(t))
e fazendo t = t0 em (1.76) tem-se Re(φ(t0 )) = Re(c) portanto Re(φ(t))
é solução de (1.74). Analogamente, derivando (1.77) temos
Z t
′ −a(t−t0 ) −at
[Im(φ(t))] = −aIm(c)e − ae Im(b(u))eau du
t0
+e−at (Im(b(t))eat )
Z t
−a(t−t0 ) −at
= −a Im(c)e +e au
Im(b(u))e du + Im(b(t))
t0
= −a[Im(φ(t))] + Im(b(t))
e fazendo t = t0 em (1.77) tem-se Im(φ(t0 )) = Im(c) portanto Im(φ(t))
é solução de (1.75).
Exemplo 1.4.2. E(t) = E0 cos(ωt)
t0 L
E(t)
−
+
64
que é equivalente ao PVI
′ R E
I (t) + I(t) = 0 cos(ωt)
L L
(1.78)
I(0) = 0.
E0
= (cos(ωt − θ) + i sen(ωt − θ))
|z|
logo,
E0
Re(φp (t)) = cos(ωt − θ)
|z|
65
é solução particular de (1.78). A solução da equação homogênea
R
I ′ (t) + I(t) = 0
L
é
Ih (t) = ce−Rt/L ,
onde c é uma constante. Daí pelo Teorema 1.3.1 temos que a solução
geral de (1.78) é dada por
E0
I(t) = Ih (t) + Ip (t) = ce−Rt/L + cos(ωt − θ)
|z|
e como I(0) = 0, tem-se
E0 E0
0 = I(0) = c + cos(−θ) ⇒ c = − cos θ
|z| |z|
então,
E0 E0
I(t) = − cos θe−Rt/L + cos(ωt − θ).
|z| |z|
Exemplo 1.4.3. Encontre a intensidade de corrente que circula por
um circuito R − L impulsionado por a força eletromotriz E(t) =
E0 e−2t cos 2πt quando L = 0, 4 henry, R = 5 ohm, E0 = 100 volts
e I(0) = 0.
Solução: O circuito anterior é modelado pelo PVI dado por
0, 4I ′ (t) + 5I(t) = 100e−2t cos(2πt)
I(0) = 0
66
onde A, a, b, c ∈ R∗ e uma solução particular desta equação é da forma
yp (t) = A0 e(b+ic)t ,
onde
A
A0 = .
(a + b) + ci
25
Portanto, para A = 250, a = , b = −2 e c = 2π temos que
2
250e(−2+2πi)t 500e(−2+2πi)t
φp (t) = =
21 21 + 4πi
+ 2πi
2
é solução de (1.81). Seja z = 21 + 4πi o qual pode-se escrever na forma
polar √
z = 441 + 16π 2 eiθ ,
4π
onde θ = arctan .
21
Assim, tem-se que
500e(−2+2πi)t
φp (t) = √
441 + 16π 2 eiθ
500
= √ e−2t e(2πt−θ)i
441 + 16π 2
500e−2t
= √ (cos(2πt − θ) + i sen(2πt − θ))
441 + 16π 2
logo,
500e−2t
Re(φp (t)) = √ cos(2πt − θ)
441 + 16π 2
é solução particular de (1.80). A solução da equação homogênea
25
I ′ (t) + I(t) = 0
2
é
Ih (t) = ce−
25t
2 ,
onde c é uma constante. Daí, pela Observação 1.3.1 temos que a solução
geral de (1.80) é dada por
500e−2t
I(t) = Ih (t) + Ip (t) = ce−
25t
2 +√ cos(2πt − θ)
441 + 16π 2
67
e como I(0) = 0, tem-se
500 500
0 = I(0) = c + √ cos(−θ) ⇒ c = − √ cos θ
441 + 16π 2 441 + 16π 2
então,
500 500e−2t
cos θe− 2 + √
25t
I(t) = − √ cos(2πt − θ),
441 + 16π 2 441 + 16π 2
4π
onde θ = arctan .
21
1.4.1 Exercícios
1. Seja φ solução de y ′ + iy = x tal que φ(0) = 2. Encontre φ(π).
2. Considere a equação
Ly ′ + Ry = Eeiωx ,
Ly ′ + Ry = E cos ωx.
Calcule ϕ1 .
(c) Usando a equação diferencial mostre que ϕ2 = Im(ϕ) satisfaz
Ly ′ + Ry = Esenωx.
Calcule ϕ2 .
3. Considere a equação
y ′ + ay = b(x),
68
(b) Se Re(a) 6= 0, mostre que esta solução satisfaz
k h i
|ϕ(x)| ≤ 1 − e−(Re(a)x) .
Re(a)
5. Consideremos a equação
y ′ + ay = b(x),
69
(d) Se a é uma constante, que devemos impor a esta constante a
fim de que exista uma solução não trivial de período 2ξ?
7. Sejam ϕ, ψ soluções de y ′ + a(x)y = b(x) num intervalo I que
contém x0 . Mostre que para x ∈ I,
∫x
− a(t)dt
ψ(x) − ϕ(x) = [ψ(x0 ) − ϕ(x0 )] e x0
,
e consequentemente que
∫x
− Re(a(t))dt
|ψ(x) − ϕ(x)| = |ψ(x0 ) − ϕ(x0 )|e x0
se λj 6= λk .
8. Considere o problema de valor fronteira
′
iy = ly
y(1) = eiα y(0)
f = A1 ϕ 1 + . . . + An ϕ n
70
9. Seja f uma função contínua em [0, 1] e consideremos o problema
de valor fronteira ′
iy − ly = f (x)
y(1) = eiα y(0) ,
onde α é um número real fixo e l é um número complexo distinto
de qualquer dos λk no Exercício 8, (b). Encontre uma solução ψ
deste problema, e mostre que esta pode ser expressa na forma
Z 1
ψ(x) = g(x, y)f (y)dy,
0
71
Capítulo 2
Equações ordinárias de
primeira ordem
72
2. Se f = (f1 , f2 , . . . , fn ) e φ = (φ1 , φ2 , . . . , φn ) então φ é solução
da EDO (2.1) se e só se (t, φ1 (t), . . . , φn (t)) ∈ U para todo t ∈ J
e φ′i (t) = fi (t, φ1 (t), . . . , φn (t)) para cada i = 1, 2, . . . , n.
Exemplo 2.1.1. Seja J ⊆ R um intervalo aberto, denotemos
f: U → R
(t, x) 7→ f (t, x) = h(t)
x′ = h(t)
x′ = X(x)
73
2. Uma solução do PVI (2.2) é uma função φ : J → Rn diferenciável
no intervalo J ⊆ R tal que
(a) t0 ∈ J.
(b) (t, φ(t)) ∈ U , para todo t ∈ J.
(c) φ′ (t) = f (t, φ(t)), para todo t ∈ J.
(d) φ(t0 ) = x0 .
Definição 2.1.3. Sejam U ⊆ Rn+1 aberto e f : U → R contínua em
U . A EDO de ordem n associada a f é uma expressão do tipo
dj x
onde t é a variável independente que denota o tempo e x(j) = para
d tj
todo 1 ≤ j ≤ n.
Definição 2.1.4. Sejam U ⊆ Rn+1 aberto, f : U → R contínua em U
e (t0 , x00 , x10 , . . . , xn−1
0 ) ∈ U.
1. O PVI associado a f com (t0 , x0 ) é dado por:
(n)
x = f (t, x, x′ , . . . , x(n−1) )
(2.3)
x(t0 ) = x0 , x′ (t0 ) = x1 , . . . , x(n−1) (t0 ) = xn−1 .
0 0 0
74
Proposição 2.1.1. Com as notações anteriores, existe uma correspon-
dência biunívoca entre as soluções do PVI (2.3) e as do PVI (2.4).
Demonstração. Seja ϕ : J → R uma solução de (2.3) e consideremos
φ : J → Rn
t 7→ φ(t) = (ϕ(t), ϕ′ (t), . . . , ϕ(n−1) (t))
75
Observação 2.1.3. Como f : U → Rn é contínua, então φ é de classe
C 1 (funções continuamente diferenciáveis) em J.
Proposição 2.1.2. Seja U ⊂ Rn+1 aberto, f : U → Rn contínua e
(t0 , x0 ) ∈ U . Toda solução do PVI
′
x = f (t, x)
(2.6)
x(t0 ) = x0
e reciprocamente.
Demonstração. Seja φ : J → Rn solução de (2.6), então t0 ∈ J,
(t, φ(t)) ∈ U , para todo t ∈ J e φ′ (t) = f (t, φ(t)) para todo t ∈ J.
Z t Z t
′
φ(t) − φ(t0 ) = φ (s)ds = f (s, φ(s))ds
t0 t0
Z t
então φ(t) = x0 + f (s, φ(s))ds, para todo t ∈ J. Logo φ é solução
t0
de (2.7). Reciprocamente, seja ψ : J → Rn solução de (2.7), então
(t, ψ(t)) ∈ U , para todo t ∈ J e
Z t
ψ(t) = x0 + f (s, ψ(s))ds,
t0
76
Logo derivando na equação (2.9) obtemos
v ′ (t) = (1 − k)y −k (t)y ′ (t). (2.10)
Multiplicando por (1 − k)y −k (t) em ambos os lados da equação (2.8)
temos que
(1 − k)y −k (t)y ′ (t) + (1 − k)a(t)y 1−k (t) = (1 − k)b(t). (2.11)
Substituindo (2.9) e (2.10) em (2.11) obtemos
v ′ (t) + (1 − k)a(t)v(t) = (1 − k)b(t). (2.12)
A equação (2.12) se reduz novamente a uma equação linear de primeira
ordem.
Exemplo 2.2.1. Resolver
y ′ + y = ty 3 .
Solução: Fazemos a mudança
v = y 1−3 = y −2
derivando a equação anterior temos
v ′ = −2y −3 y ′
assim multiplicando por −2y −3 em ambos os lados da equação
diferencial anterior tem-se que
−2y −3 y ′ − 2y −2 = −2t
equivalentemente temos
v ′ − 2v = −2t.
O fator integrante é e−2t . Multiplicando pelo fator integrante em ambos
os lados da equação diferencial anterior tem-se
e−2t (v ′ − 2v) = −2te−2t
Z t ′
−2t ′ −2s
(ve ) = −2se ds
0
77
Exemplo 2.2.2. Resolva o seguinte PVI
2 ′
t y − 2ty = 3y 4
y(1) = 1/2.
v ′ t6 + 6t5 v = −9t4
′
6 ′ 9t5
(vt ) = −
5
integrando temos
9t5
vt6 = − + c,
5
onde c é constante. Então,
1 9 c
3
= v = − + 6.
y 5t t
78
Agora, como y(1) = 1/2, temos
1 1 9 9 49
8= = = − + c ⇒ c = 8 + = .
(1/2)3 y(1)3 5 5 5
Assim,
1 9 49
3
= − + 6.
y 5t 5t
Exemplo 2.2.3. O seguinte exemplo de equação de Bernoulli é dado
no contexto do crescimento populacional. Vimos que para crescimento
de populações o modelo básico é dado por
fazendo a mudança
logo,
v ′ (t) = −N −2 (t)N ′ (t)
assim multiplicando por −N −2 (t) em ambos os lados da equação
diferencial anterior temos
equivalentemente tem-se
v ′ (t) + av(t) = b.
79
Esta é uma equação linear de primeira ordem, cuja solução geral é dada
por
b
v(t) = + ce−at ,
a
onde c é uma constante. Em particular,
1 b
= v(0) = + c
N (0) a
então,
1 b
c= −
N (0) a
de modo que
1 b 1 b
= + − e−at
N (t) a N (0) a
daí, temos a curva logística
aN (0)
N (t) = .
bN (0) + (a − bN (0))e−at
Observe que
a
lim N (t) = .
t→+∞ b
80
fortuito de um macho e uma fêmea) enquanto que a morte é só devida
a causas naturais(não há competência pelos recursos naturais por
sobreviver nem os membros da espécie eliminam-se entre si...). Logo é
plausível afirmar que
fazendo a mudança
logo,
v ′ (t) = −N −2 (t)N ′ (t)
assim, multiplicando por −N −2 (t) em ambos os lados da equação
(2.14), temos
−N −2 (t)N ′ (t) − bN −1 (t) = −a
e como v(t) = N −1 (t) tem-se que
81
daí temos
1
N (t) =
.
1a a bt
+− e
b
N (0) b
b
Observe que neste caso como N (0) < tem-se que
a
lim N (t) = 0.
t→+∞
du
P (x) + Q(x)(y1 + u) + R(x)(y1 + u)2 = P (x) + Q(x)y1 + R(x)y12 +
dx
du
= (Q(x) + 2y1 R(x))u + R(x)u2 .
dx
Observe que a última igualdade é uma equação de Bernoulli que já
sabemos resolver.
Exemplo 2.2.5. Resolver a equação diferencial
y ′ = 2 − 2xy + y 2 .
1
A Equação de Riccati tem seu nome em homenagem ao Conde Jacopo Francesco
Riccati, matemático e físico italiano, com importantes trabalhos sobre hidráulica e projeto
de diques, muito utilizados na cidade de Veneza. Dentre as várias aplicações das equações
de Riccati, temos aplicações na dinâmica dos fluidos, como descrição do movimento de
veículos propelidos por jatos de água, aplicações na Geometria Diferencial na descrição
de certos campos de vetores ao longo de curvas geodésicas e também em problemas de
otimização não-linear como o cálculo de estruturas.
82
Solução: Note que y1 = 2x é solução particular da equação dada.
Suponhamos que
y = 2x + u
é solução da equação dada, onde u é uma função de x a ser determinada.
Assim derivando a equação anterior e usando o fato de que y, y1 são
soluções da equação proposta tem-se que
y ′ = 2 + u′
u′ − 2xu = u2
a última igualdade é uma equação de Bernoulli. Portanto, fazemos a
mudança
v = u1−2 = u−1
e derivando, tem-se
v ′ = −u−2 u′
logo multiplicando por −u−2 em ambos os lados da equação de
Bernoulli temos
−u−2 u′ + 2xu−1 = −1
e como v = u−1 tem-se
v ′ + 2xv = −1
2
multiplicando pelo fator integrante ex em ambos os lados da equação
anterior temos
ex (v ′ + 2xv) = −ex
2 2
′
= −ex
2 2
vex
integrando tem-se que
Z
x2 2
ve =− ex dx + c,
83
logo,
2
ex
y = 2x + Z
2
c− ex dx
3
u′ − u = u2
x
esta última igualdade é uma equação de Bernoulli. Portanto, fazemos
a mudança
v = u1−2 = u−1
e derivando, temos
v ′ = −u−2 u′
logo multiplicando por −u−2 em ambos os lados da equação de
Bernoulli tem-se
3
−u−2 u′ + u−1 = −1
x
−1
e como v = u temos
3
v ′ + v = −1
x
84
o fator integrante desta equação é dado por
∫ 3
dx
e x = e3 ln x = x3
multiplicando pelo fator integrante em ambos os lados da equação
anterior temos
′ 3
x v + v = −x3
3
x
(vx3 )′ = −x3
integrando tem-se
x4
vx = − + c, 3
4
onde c é uma constante. Agora, como u = v −1 temos
x3 x4
=c−
u 4
4x3
u=
4c − x4
logo,
2 4x3
yc = +
x 4c − x4
é solução da equação dada, onde c é uma constante. A Figura 2.2(a)
mostra o esboço de distintas soluções para valores negativos de c =
−2, −1, −1/2, a dizer as soluções y−2,1 , y−2,2 , y−1,1 , y−1,2 , y−1/2,1 , y−1/2,2 ,
enquanto a Figura 2.2(b) mostra o esboço de distintas soluções para va-
lores positivos de c = 1/2, 1, 2, a dizer as soluções y1/2,1 , y1/2,2 , y1,1 , y1,2 ,
y2,1 , y2,2 .
85
Exemplo 2.2.7. Encontre uma família de soluções a um parâmetro
para a equação diferencial
y ′ = sec2 x − (tan x)y + y 2
onde y1 = tan x é uma solução conhecida da equação.
Solução: Suponhamos que
y = tan x + u
é solução da equação dada, onde u é uma função de x a ser determinada.
Assim derivando a equação anterior e usando o fato de que y, y1 são
soluções da equação proposta tem-se que
y ′ = sec2 x + u′
u′ − (tan x)u = u2
esta última igualdade é uma equação de Bernoulli. Portanto, fazemos
a mudança
v = u1−2 = u−1
e derivando, temos
v ′ = −u−2 u′
logo multiplicando por −u−2 em ambos os lados da equação de
Bernoulli tem-se
−u−2 u′ + (tan x)u−1 = −1
e como v = u−1 temos
v ′ + (tan x)v = −1
o fator integrante desta equação é dado por
∫
tan x dx
e = eln(sec x) = sec x
multiplicando pelo fator integrante em ambos os lados da equação
anterior temos
(sec x) (v ′ + (tan x)v) = sec x
86
onde c é uma constante. Agora, como u = v −1 temos
sec x
= ln | sec x + tan x| + c
u
sec x
u=
ln | sec x + tan x| + c
logo,
sec x
yc = tan x +
ln | sec x + tan x| + c
é solução da equação dada, onde c é uma constante. Sejam c1 =
arctanh(−1/2) e c2 = arctanh(−4/5). A Figura 2.3 mostra o esboço
de distintas soluções para os valores c = c1 , c2 , 0, a dizer as soluções
yc1 ,1 , yc1 ,2 , yc2 ,1 , yc2 ,2 , y0,1 , y0,2 .
1 1
Exemplo 2.2.8. Considere < x < para a equação diferencial
2π π
dy y2 y 1
= − + 3.
dx x x x
1 α
(a) Encontre a solução particular da forma yp (x) = x cot .
x
1
(b) Encontre a solução geral fazendo y = yp + , onde z é uma função
z
de x.
87
Solução:
α 1
(a) Seja yp (x) = x cot . Vamos supor que yp é solução da
x
equação diferencial dada então
yp2 yp 1
yp′ = − + 3
x x x
logo substituindo yp na equação anterior tem-se que
1 1
αxα−1 cot + xα−2 csc2
x x
k
1 1 1
x 2α−1 2
cot −x α−1
cot + 3
x x x
2
tomando x = temos que
3π
α−2 −3
2 2
=
3π 3π
logo α − 2 = −3 então α = −1.
(b) Assuma que
1
y = yp + ,
z
onde
1 1
yp (x) = cot ,
x x
é solução da equação diferencial dada então substituindo esta
solução na equação diferencial obtemos
2
1 1
′ 2 yp + yp +
z y y 1 z z + 1
yp′ − 2 = y ′ = − + 3 = −
z x x x x x x3
z′ yp2 2yp 1 yp 1 1
yp′ − 2
= + + 2− − + 3
z x xz xz x xz x
agora como
yp2 yp 1
yp′ = − + 3
x x x
88
temos que
z′ 2yp 1 1
− 2 = + 2−
z xz xz xz
multiplicando ambos os lados por −z 2 temos
′ 2yp 1 1
z + − z=− .
x x x
O fator integrante da equação diferencial anterior é da forma
1
Z Z
2yp 1 2 cot x 1
exp − dx = exp
− dx
x x x2 x
1
= exp −2 ln sen − ln |x|
x
1 1
= csc2 .
x x
Agora, multiplicando pelo fator integrante em ambos os lados da
equação diferencial linear temos
′
z 1 1 1
csc 2
= − 2 csc 2
x x x x
integrando tem-se
z 1 1
csc2 = − cot +K
x x x
onde K é uma constante. Daí
1 1
csc2
1 x x
= .
z 1
K − cot
x
Portanto a solução geral da equação diferencial dada é da forma
1 1
csc 2
1 1 x x
y = cot +
x x 1
K − cot
x
onde K é uma constante.
89
A equação de Clairaut é uma equação diferencial da forma:
y = xy ′ + f (y ′ ). (2.19)
y ′ = y ′ + xy ′′ + f ′ (y ′ )y ′′
0 = y ′′ (x + f ′ (y ′ )).
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = cx + f (c).
y ′ = y ′ + xy ′′ + y ′ · y ′′
0 = y ′′ (x + y ′ ).
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
c2
y = cx + .
2
Se x + y ′ = 0, então y ′ = −x, logo
x2
y=− .
2
Exemplo 2.2.10. Nos seguintes itens, resolva a equação de Clairaut
dada. Obtenha uma solução singular.
(a) y = xy ′ + 1 − ln y ′ (b) y = xy ′ + (y ′ )−2
90
(c) y = xy ′ − (y ′ )3 (d) y = (x + 4)y ′ + (y ′ )2
′
(e) xy ′ − y = ey (f) y − xy ′ = ln y ′
Solução:
(a) Derivando a equação dada, temos:
′ ′ y ′′
′′
y = y + xy − ′
y
′′ 1
0=y x− ′ .
y
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = cx + 1 − ln c.
1 ′ 1
Se x − = 0, então y = , logo
y′ x
y = 2 + ln x.
y ′ = y ′ + xy ′′ − 2(y ′ )−3 y ′′
0 = y ′′ (x − 2(y ′ )−3 ) .
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = cx + c−2 .
1/3
2
Se x − 2(y ′ )−3 ′
= 0, então y = , logo
x
1/3 −2/3
2 2
y=x + .
x x
91
(c) Derivando a equação dada, temos:
y ′ = y ′ + xy ′′ − 3(y ′ )2 y ′′
0 = y ′′ (x − 3(y ′ )2 ) .
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = cx − c3 .
x 1/2
Se x − 3(y ′ )2 = 0, então y ′ = ± , logo
3
x 1/2 x 3/2
y=± x − .
3 3
(d) Derivando a equação dada, temos:
y ′ = y ′ + (x + 4)y ′′ + 2y ′ y ′′
0 = y ′′ ((x + 4) + 2y ′ ) .
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = c(x + 4) + c2 .
(x + 4)
Se (x + 4) + 2y ′ = 0, então y ′ = − , logo
2
(x + 4)2 (x + 4)2
y=− + .
2 4
(e) Derivando a equação dada, temos:
′
y ′ + xy ′′ − y ′ = ey y ′′
′
0 = y ′′ x − ey .
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = cx − ec .
′
Se x − ey = 0, então y ′ = ln x, logo
y = x ln x − x.
92
(f) Derivando a equação dada, temos:
′ ′ y ′′
′′
y − y − xy = ′
y
′′ 1
0=y x+ ′ .
y
Se y ′′ = 0, então
y ′ = c,
onde c é constante. Logo a solução é dada por:
y = cx + ln c.
1 1
Se x + ′
= 0, então y ′ = − , logo
y x
1
y = −1 + ln − .
x
2.2.1 Exercícios
1. Nos seguintes problemas, resolva a equação de Bernoulli:
1
(a) xy ′ + y = (b) y ′ = y(xy 3 − 1)
y2
(c) x2 y ′ + y 2 = xy (d) y ′ + y
x+1
= − 12 (x + 1)3 y 2
93
(f) y ′ = sec2 x − (tan x)y + y 2 , y1 = tan x.
(g) y ′ = 6 + 5y + y 2 , y1 = −2.
(h) y ′ = 9 + 6y + y 2 , y1 = −3.
3. Em cada item, resolva o problema de valor inicial no intervalo
especificado:
′
y − 4y = 2ex y 1/2 , em R
(a)
y(0) = 2.
′
y − y = −y 2 (x2 + x + 1), em R
(b)
y(0) = 1.
′
xy − 2y = 4x3 y 1/2 , em R
(c)
y(1) = 0.
′
xy + y = y 2 x2 ln x, em R+
(d)
y(1) = 1/2.
4. Resolva o problema de valor inicial
2xyy ′ + (1 + x)y 2 = ex , em R+
√
para
√ cada um dos seguintes casos: (a) y(1) = e; (b) y(1) =
− e; (c) existe o limite quando x → 0.
5. Considere x > 2 para a equação diferencial
√
du 1 − x2 4 x arctan x 1/2
x + u= √ u .
dx 1 + x2 1 + x2
(a) Mostre que a mudança de variável y = xu transforma a
equação diferencial anterior na equação de Bernoulli
dy 2x 4 arctan x 1/2
− 2
y= √ y .
dx 1 + x 1 + x2
(b) Encontre a solução geral a equação de Bernoulli.
(c) Usando (b) e a mudança de coordenadas, encontre a solução
geral da equação diferencial.
6. Nos seguintes itens, resolva a equação de Clairaut dada. Obtenha
uma solução singular.
94
2.3 Equações diferenciais em variáveis separáveis
Uma equação diferencial em variáveis separáveis é uma equação da
forma
g(y)y ′ = f (x) (2.20)
onde f e g são funções contínuas. Logo integrando indefinidamente,
temos: Z Z
′
g(y)y dx = f (x)dx + c,
(y 2 + 2)e−3x y ′ = −xy 4 .
(y 2 + 2)y −4 y ′ = −xe3x .
yy ′ = −x.
95
onde c é constante. Portanto:
y2 x2
= − + c.
2 2
E como y(4) = 3, temos:
32 y 2 (4) 42
= =− +c
2 2 2
9 16
=− +c
2 2
25
c= .
2
Portanto:
x2 + y 2 = 25.
Exemplo 2.3.3. Resolva o PVI:
y′ = y2 − 4
y(0) = 4.
ln |y + 2| ln |y − 2|
− + =x+c
4 4
96
y − 2
ln = 4x + 4c
y + 2
y − 2
4x+4c
y + 2 = e
y−2
= He4x ,
y+2
onde H = ±e4c . E como y(0) = 4, temos:
4−2 y(0) − 2
= =H
4+2 y(0) + 2
1
H= .
3
Portanto
y−2 e4x
=
y+2 3
equivalentemente tem-se
3y − 6 = ye4x + 2e4x
6 + 2e4x
y= .
3 − e4x
Exemplo 2.3.4. Encontre a solução geral de
y(y 2 − x2 − 1)
y′ = .
x(y 2 − x2 + 1)
Solução: Observe que a equação diferencial dada pode ser escrita na
forma
y(y 2 − x2 − 1)dx − x(y 2 − x2 + 1)dy = 0.
Faça agora a seguinte mudança de variáveis x = r cos θ e y = r sen θ.
Daí temos que
dx = cos θdr − r sen θdθ e dy = sen θdr + r cos θdθ
agora substituindo temos
r sen θ(r2 sen2 θ − r2 cos2 θ − 1) [cos θdr − r sen θdθ]
97
multiplicando por r−1 ambos os lados da equação acima e usando a
identidade cos 2θ = cos2 θ − sen2 θ temos
sen θ(−r2 cos 2θ − 1) [cos θdr − r sen θdθ]
=0
− cos θ(−r cos 2θ + 1) [sen θdr + r cos θdθ]
2
simplificando tem-se
2.3.1 Exercícios
1. Usando variáveis separáveis, obtenha a solução geral das seguintes
equações:
98
(a) y ′ + (x + 2)y 2 = 0 (b) y ′ = 2 sec y
4x2 + y 2
(e) y ′ = (f) y ′ sen(πx) = y cos(πx)
xy
y2
(g) xy ′ = +y (h) y ′ eπx = y 2 + 1
2
dy y 2 x2 dy 1 + x2
(i) = (j) =
dx 1+y dx x sen y
dy dy
(k) = e3x+2y (l) ex y = e−y + e−2x−y
dx dx
dy 2x + xy 2 dy
(m) = (n) (1 + x2 + y 2 + x2 y 2 ) = y2
dx 4y + yx2 dx
dy √ dy √
(q) (ex + e−x ) = y2 (r) (x + x) =y+ y
dx dx
2. Usando variáveis separáveis, resolva os seguintes PVI’s:
(e−y + 1)senxdx = (1 + cos x)dy
(a)
y(0) = 0
(1 + x4 )dy + x(1 + 4y 2 )dx = 0
(b)
y(1) = 0
ydy = 4x(y 2 + 1)1/2 dx
(c)
y(0) = 1
dy y2 − 1
= 2
x −1
(d) dx
y(2) = 2
99
x2 y ′ = y − xy
(e)
y(−1) = −1
y ′ + xy = y
(f)
y(1) = 3
3. Mostre que a substituição y = at + bx + c muda x′ = f (at + bx + c)
em uma equação com variáveis separáveis e aplique este método
para resolver as equações seguintes:
100
x2 + y 2
3. h(x, y) = sen é homogênea de grau 0.
x2 + xy + y 2
Definição 2.4.2. A equação diferencial (2.22) é chamada homogênea
se M e N são funções homogêneas do mesmo grau.
Observação 2.4.1. Suponha que (2.22) é uma equação homogênea,
note que temos:
dy M (x, y)
=− . (2.23)
dx N (x, y)
Seja
M (x, y)
f (x, y) = − (2.24)
N (x, y)
vejamos que f é homogênea de grau 0. De fato:
M (tx, ty) tn M (x, y)
f (tx, ty) = − =− n = t0 f (x, y).
N (tx, ty) t N (x, y)
Agora, observe:
y y y
f (x, y) = f x · 1, x · = x0 f 1, = f 1, .
x x x
Denotemos y
z= (2.25)
x
portanto y = zx, logo derivando em relação a x, temos:
dy dz
= x + z. (2.26)
dx dx
Substituindo (2.24), (2.25) e (2.26) em (2.23), temos:
dz dy y
x +z = = f (x, y) = f 1, = f (1, z)
dx dx x
ou equivalente a
dz dx
= ,
f (1, z) − z x
obtendo uma equação em variáveis separáveis.
Exemplo 2.4.2. Resolver a equação diferencial
(x + y)dx − (x − y)dy = 0.
101
Solução: A equação anterior é equivalente a
dy x+y
=
dx x−y
e como
x+y
x−y
y
é homogênea de grau zero, fazemos z = . Assim, temos:
x
dz x + zx
x +z =
dx x − zx
dz 1+z
x +z =
dx 1−z
dz 1+z
x = −z
dx 1−z
dz 1 + z2
x
=
dx 1−z
1−z dx
dz = ,
1 + z2 x
obtendo uma equação em variáveis separáveis. Agora, integrando,
temos: Z Z
1−z dx
dz = + c,
1 + z2 x
onde c é uma constante. Daí,
Z Z
dz 1 2zdz
2
− = ln |x| + c
1+z 2 1 + z2
1
arctan z − ln(1 + z 2 ) = ln |x| + c
2
√
arctan z = ln |x| 1 + z 2 + c
y
e como z = , temos:
x
r !
y y 2
arctan = ln |x| 1+ +c
x x
102
y p
arctan = ln x2 + y 2 + c
x
y p
= tan(ln x2 + y 2 + c)
x
p
y = x tan(ln x2 + y 2 + c).
Exemplo 2.4.3. Encontre a solução geral de
(3x − y + 1)y ′ = −x + 3y + 5.
3x − y + 1 = 3z − w e − x + 3y + 5 = −z + 3w
(3z − w+)w′ = −z + 3w
equivalentemente
dw −z + 3w
=
dz 3z − w
a qual é uma equação homogênea. Agora, fazendo a mudança w = tz
temos que
dt −z + 3tz −1 + 3t
z+t= =
dz 3z − tz 3−t
dt −1 + 3t t −1
2
z= −t=
dz 3−t 3−t
esta última equação diferencial é do tipo variável separável
3−t dz
dt =
t2 − 1 z
usando frações parciais podemos re-escrever a equação anterior como
segue
1 2 dz
− =
t−1 t+1 z
103
integrando temos
ln |t − 1| − 2 ln |t + 1| = ln |z| + K
onde K é uma constante. Note que a equação anterior pode ser escrita
na forma
z
ln = −K
t − 1
(t + 1)2
equivalentemente
t−1
z=C
(t + 1)2
y+2
onde C = ±e−K . Agora, como z = x + 1, w = y + 2 e t = temos
x+1
que a solução geral é da forma
y+2
−1
x+1
x + 1 = C 2 .
y+2
+1
x+1
2.4.1 Exercícios
1. Prove que a equação
dy ax + by + m
= ,
dx cx + dy + n
onde a, b, c, d, m e n são constantes, sempre podemos reduzi-lo a
uma equação homogênea fazendo a mudança x = z − h, y = w − k
onde h e k são constantes, sempre que ad − bc 6= 0.
2. Suponha que
M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0
é uma equação homogênea. Mostre que as substituições x =
r cos θ, y = r senθ; reduzem a equação a uma de variáveis
separáveis.
3. Resolva as equações
dy x + 2y dy y 2 − 2xy
(a) = (b) =
dx x dx x2
dy 2x − y dy y2
(c) = (d) =
dx y dx xy + x2
104
dy y + xy − y 2 dy x2 + 2y 2
(e) = (f) =
dx x dx xy
p
(g) (2y 2 − x2 )y ′ + 3xy = 0 (h) xy ′ = y − x2 + y 2
y(x2 + xy + y 2 )
(i) y ′ = (j) x2 y ′ + xy + 2y 2 = 0
x(x2 + 3xy + y 2 )
105
Portanto um campo de vetores X = (M, N ) de classe C 1 e definido em
todo o plano R2 é conservativo se e somente se
∂M ∂N
= .
∂y ∂x
Suponhamos que M e N são contínuas em algum conjunto aberto
conexo S do plano (isto é, um conjunto do plano que não pode ser
dividido). Podemos associar à equação diferencial (2.22) um campo
vetorial X da forma
X(x, y) = (M (x, y), N (x, y)).
As componentes M e N são os coeficientes de dx e dy na equação (2.22).
A equação diferencial (2.22) é chamada exata em S se o campo vetorial
X é conservativo, isto é, se existe uma função escalar φ : S → R, tal
que
∂φ ∂φ
=M e = N.
∂x ∂y
Neste caso a equação diferencial (2.22), escreve-se:
∂φ ∂φ
dx + dy = 0.
∂x ∂y
Vamos mostrar que toda solução desta equação diferencial verifica
a relação φ(x, y) = C, sendo C constante. Mais precisamente,
suponhamos que existe uma solução y = f (x) da equação diferencial
(2.22) definida em um intervalo ]a, b[, tal que o ponto (x, f (x)) esteja
contida em S para todo x ∈]a, b[. Vamos provar:
φ(x, f (x))
é constante. Para isto definimos a função composta
g(x) = φ(x, f (x))
para todo x ∈]a, b[. Derivando, temos:
∂φ ∂φ
g ′ (x) = (x, f (x)) + (x, f (x))f ′ (x) = M (x, y) + N (x, y)y ′ , (2.27)
∂x ∂y
onde y = f (x) e y ′ = f ′ (x). Como y = f (x) satisfaz (2.22), então:
M (x, y) + N (x, y)y ′ = 0.
Logo g ′ (x) = 0 para todo x ∈]a, b[ e, daí g é constante em ]a, b[.
Portanto
φ(x, f (x))
106
é constante.
Pensando em um raciocínio inverso para obter uma solução da
equação diferencial. Suponhamos que a equação
φ(x, y) = C, (2.28)
onde C é constante, defina y como uma função derivável de x, por
exemplo y = f (x) para x ∈]a, b[, e seja g(x) = φ(x, f (x)). A equação
(2.28) implica que g é constante em ]a, b[. Logo por (2.27), temos:
M (x, y) + N (x, y)y ′ = 0
de modo que y = f (x) é uma solução. Assim, temos provado o seguinte
teorema:
Teorema 2.5.1. Se a equação diferencial
M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 (2.29)
é exata em um conjunto aberto conexo S, e seja φ(x, y) uma função
escalar satisfazendo a
∂φ ∂φ
=M e =N
∂x ∂y
em todo S. Então, toda a solução y = f (x) de (2.29), cujo gráfico está
contido em S, satisfaz a equação φ(x, f (x)) = C para alguma constante
C. Reciprocamente, se a equação
φ(x, y) = C
define y implícitamente como uma função derivável de x, então esta
função é uma solução da equação diferencial (2.29).
Exemplo 2.5.1. Resolver
ey dx + (xey + 2y)dy = 0.
Solução: Primeiro, vejamos se esta equação diferencial é exata?
Denotemos
M (x, y) = ey e N (x, y) = xey + 2y.
Temos:
∂M ∂N
= ey e = ey .
∂y ∂x
Assim,
∂M ∂N
=
∂y ∂x
107
então a equação anterior é exata. Seja φ, tal que:
∂φ ∂φ
= ey e = xey + 2y.
∂x ∂y
Integrando a primeira equação em relação a x, temos:
φ(x, y) = xey + y 2
xey + y 2 = constante
Temos
∂M ∂N
= 12xy e = 12xy.
∂y ∂x
Assim,
∂M ∂N
=
∂y ∂x
então a equação anterior é exata. Seja φ, tal que:
∂φ ∂φ
= 3x2 + 6xy 2 e = 6x2 y + 4y 3 .
∂x ∂y
108
Integrando a primeira equação em relação a x, temos:
φ(x, y) = x3 + 3x2 y 2 + g(y)
onde g é uma função derivável que depende de y. Derivando a equação
anterior em relação a y, temos que:
∂φ
6x2 y + 4y 3 = = 6x2 y + g ′ (y).
∂y
Então, g ′ (y) = 4y 3 . Integrando podemos escolher g(y) = y 4 , daí
φ(x, y) = x3 + 3x2 y 2 + y 4 .
Portanto
x3 + 3x2 y 2 + y 4 = constante
é a família de soluções da equação diferencial.
2.5.1 Exercícios
1. Verifique se as equações a seguir são exatas. Em caso afirmativo,
resolva-as.
(a)x3 dx + y 3 dy = 0.
(b)(x − y)(dx − dy) = 0.
(c)π sen πx senh ydx + cos πx cosh ydy = 0.
(d)(ey − yex )dx + (xey − ex )dy = 0.
(e)ex (cos ydx − sen ydy) = 0.
e−2θ dr − 2re−2θ dθ = 0.
(f)
1 y 1 x
(g) 2x + − 2 dx + 2y + − 2 dy = 0.
y x x y
y
1
(h) − 2 + 2 cos 2x dx + − 2sen 2y dy = 0.
x x
109
Exemplo 2.6.1. A seguinte equação diferencial
é exata?
Solução: Denotemos
M (x, y) = y e N (x, y) = x2 y − x.
Temos:
∂M ∂N
=1 e = 2xy − 1.
∂y ∂x
Assim,
∂M ∂N
6= .
∂y ∂x
Portanto, a equação diferencial anterior não é exata. Existe alguma
solução desta equação diferencial não exata? Será que podemos
transformar a equação não exata para uma exata?
Observação 2.6.1. Consideremos que a seguinte equação
seja exata? Uma função µ(x, y) que torna a equação (2.30) exata é
chamada de fator integrante. Vamos supor que tal µ(x, y) existe e
torna (2.30) exata. Temos:
∂(µM ) ∂(µN )
=
∂y ∂x
usando a regra de derivação, obtemos:
∂M ∂µ ∂N ∂µ
µ +M =µ +N
∂y ∂y ∂x ∂x
ou equivalente a
1 ∂µ ∂µ ∂M ∂N
N −M = − . (2.31)
µ ∂x ∂y ∂y ∂x
Alguns casos particulares:
110
1 ∂M ∂N
1. Se − é uma função que depende somente da
N ∂y ∂x ∫
variável x, digamos f (x), então µ = e f (x)dx é um fator integrante
de (2.30).
1 ∂N ∂M
2. Se − é uma função que depende somente da
M ∂x ∂y ∫
variável y, digamos g(y), então µ = e g(y)dy é um fator integrante
de (2.30).
∂M ∂N
3. Se − = f (x)N (x, y) − g(y)M (x, y), então µ =
∫ ∂y ∫ ∂x
f (x)dx+ g(y)dy
e é um fator integrante de (2.30).
Exemplo 2.6.2. Resolver a equação diferencial
ydx + (x2 y − x)dy = 0.
Solução: Denotemos
M (x, y) = y e N (x, y) = x2 y − x.
Temos:
∂M ∂N
=1 e = 2xy − 1.
∂y ∂x
Agora, como
∂M ∂N
−
∂y ∂x 1 − (2xy − 1) 2 − 2xy 2
= = =−
N x y−x
2 x(xy − 1) x
depende somente da variável x pela Observação 2.6.1, temos:
∫ 1
− x2 dx
µ=e = e−2 ln x =
x2
é um fator integrante. Daí, a equação
y x2 y − x
dx + dy = 0
x2 x2
é exata. Então existe φ : R2 → R, tal que
∂φ y ∂φ 1
= 2 e =y− .
∂x x ∂y x
Integrando a primeira equação em relação a x, temos:
y
φ(x, y) = − + g(y),
x
111
onde g é uma função derivável que depende da variável y. Derivando
a equação anterior em relação a y, temos que:
1 ∂φ 1
y− = = − + g ′ (y).
x ∂y x
y2
Então, g ′ (y) = y. Integrando podemos escolher g(y) = , daí:
2
y y2
φ(x, y) = − + .
x 2
Portanto,
y y2
− + = constante
x 2
é a família de soluções da equação diferencial.
Exemplo 2.6.3. Resolver a equação diferencial
y 2 dx + (3xy + 1)dy = 0.
Solução: Denotemos
M (x, y) = y 2 e N (x, y) = 3xy + 1.
Temos:
∂M ∂N
= 2y e = 3y.
∂y ∂x
Agora, como
∂N ∂M
−
∂x ∂y 3y − 2y y 1
= 2
= 2 =
M y y y
depende somente da variável y pela Observação 2.6.1, temos:
∫ 1
dy
µ=e y = eln y = y
é um fator integrante. Daí, a equação
y 3 dx + (3xy 2 + y)dy = 0
é exata. Então existe φ : R2 → R, tal que:
∂φ ∂φ
= y3 e = 3xy 2 + y.
∂x ∂y
Integrando a primeira equação em relação a x, temos:
φ(x, y) = xy 3 + g(y)
112
onde g é uma função derivável que depende da variável y. Derivando
a equação anterior relação a y, temos que:
∂φ
3xy 2 + y = = 3xy 2 + g ′ (y).
∂y
y2
Então, g ′ (y) = y. Integrando podemos escolher g(y) = , daí:
2
y2
φ(x, y) = xy 3 + .
2
Portanto,
y2
xy 3 +
= constante
2
é a família de soluções da equação diferencial.
Exemplo 2.6.4. Resolver a equação diferencial
(2x2 y + y 2 )dx + (2x3 − xy)dy = 0.
Solução: Denotemos
M (x, y) = 2x2 y + y 2 e N (x, y) = 2x3 − xy.
Temos:
∂M ∂N
= 2x2 + 2y e = 6x2 − y.
∂y ∂x
Agora, como
∂M ∂N
− = (2x2 + 2y) − (6x2 − y) = −4x2 + 3y
∂y ∂x
5 1
= − (2x − xy) − −
3
(2x2 y + y 2 )
2x 2y
é da forma do item 3 da Observação 2.6.1, temos:
∫ ∫
− 2x
5
dx+ − 2y
1
= e− 2 ln x− 2 ln y = x−5/2 y −1/2
dy 5 1
µ=e
é fator integrante. Daí, a equação
(2x−1/2 y 1/2 + x−5/2 y 3/2 )dx + (2x1/2 y −1/2 − x−3/2 y 1/2 )dy = 0
é exata. Então existe φ : R2 → R, tal que
∂φ ∂φ
= 2x−1/2 y 1/2 + x−5/2 y 3/2 e = 2x1/2 y −1/2 − x−3/2 y 1/2 .
∂x ∂y
113
Integrando a primeira equação em relação a x, temos:
2
φ(x, y) = 4x1/2 y 1/2 − x−3/2 y 3/2 + g(y)
3
onde g é uma função derivável que depende da variável y. Derivando
a equação anterior em relação a y, temos que:
∂φ
2x1/2 y −1/2 − x−3/2 y 1/2 = = 2x1/2 y −1/2 − x−3/2 y 1/2 + g ′ (y).
∂y
Então, g ′ (y) = 0. Integrando podemos escolher g(y) = 0. Daí,
2
φ(x, y) = 4x1/2 y 1/2 − x−3/2 y 3/2 .
3
Portanto,
2
4x1/2 y 1/2 − x−3/2 y 3/2 = constante
3
é a família de soluções da equação diferencial.
Exemplo 2.6.5. Considere y > 0. Determine a solução geral da
equação diferencial
(2y ln y − 2xy)dx + (2x + y 3 ey )dy = 0.
Encontre a solução particular se y(1) = 1.
Solução: Denotemos M (x, y) = 2y ln y − 2xy e N (x, y) = 2x + y 3 ey .
Note que a equação diferencial não é exata pois
∂M ∂N
= 2 ln y + 2 − 2x 6= 2 = .
∂y ∂x
Para encontrar um fator integrante note que
∂N ∂M
−
∂x ∂y 2 − (2 ln y + 2 − 2x) −2(ln y − x) 1
= = =− .
M 2y ln y − 2xy 2y(ln y − x) y
Por tanto o fator integrante é
Z
1
exp − dy = exp(− ln y) = y −1 .
y
Agora, multiplicando pelo fator integrante em ambos os lados da
equação diferencial dada
2x
(2 ln y − 2x)dx + 2 y
+ y e dy = 0.
y
114
2x
Denotemos M̃ (x, y) = 2 ln y − 2x e Ñ (x, y) = + y 2 ey . A nova
y
equação diferencial é exata já que
∂ M̃ 2 ∂ Ñ
= = .
∂y y ∂x
∂φ ∂φ
Portanto encontremos o potencial φ que verifica = M̃ e = Ñ .
∂x ∂y
Daí como
∂φ
(x, y) = 2 ln y − 2x
∂x
integrando em relação a x temos
φ(x, y) = 2x ln y − x2 + f (y)
φ(x, y) = cte,
isto é,
2x ln y − x2 + ey (y 2 − 2y + 2) = cte.
Desta família de soluções queremos encontrar uma solução que satisfaz
y(1) = 1 logo
2x ln y − x2 + ey (y 2 − 2y + 2) = e − 1.
2.6.1 Exercícios
1. Considere y > 2 para a equação diferencial
dy y2 − 4
= 2 √ .
dx (y − 4) 4 y + 2 − x
(a) Determine um fator integrante.
115
(b) Encontre a solução geral implícita.
2. Considere f (x) 6= g(x) para a equação diferencial
yf (xy)dx + xg(xy)dy = 0.
(a) Mostre que
1
u(x, y) =
xy(f (xy) − g(xy))
é um fator integrante.
(b) Encontre a solução geral implícita da equação
(xy 2 + 2y)dx + (3x2 y − 4x)dy = 0.
para x0 = π e x0 = 0.
117
Solução: Para x0 = π, temos que f (t, x) = tx2 a qual é contínua e de
classe C 1 relativamente ás variáveis espaciais. Então pelo Teorema 2.7.1
existe uma única solução definida em uma vizinhança de π. Agora,
encontremos a solução
x′ (t)
=t
x2 (t)
Z Z t
x′ (s)ds
t
= sds
0 x2 (s) 0
t 2 t
1 s
− =
x(s) 0 2 0
1 1 t2
− + =
x(t) x(0) 2
1 1 t2
− + =
x(t) π 2
2π
x(t) =
2 − πt2
p p
a qual esta definida em ] − 2/π, 2/π[.
Para x0 = 0, temos que o PVI
x′ = tx2
x(0) = 0
pelo Teorema 2.7.1 possui um única solução e como x(t) = 0 para todo
t ∈ R é solução então esta solução é única.
Exemplo 2.7.2. Analisar o PVI
x′ = 1 + x2
x(0) = 0.
118
existe uma única solução definida em uma vizinhança de 0. Agora,
encontremos a solução
x′ (t) = 1 + x2 (t)
x′ (t)
=1
1 + x2 (t)
Z Z
t
x′ (s)ds t
= ds
0 1 + x2 (s) 0
[arctan x(s)]t0 = t
arctan x(t) = t
x(t) = tan t
a qual esta definida em ] − π/2, π/2[.
Exemplo 2.7.3. Analisar o PVI
x′ = et+x2
x(t0 ) = x0 .
x′ (t)
= et
ex2 (t)
Z Z t
t
x′ (s)ds
= es ds
t0 ex2 (s) t0
Z x(t)
e−s ds = et − et0 , t ∈ I.
2
x(t0 )
Definimos a função Z y
e−s ds
2
G(y) =
0
119
a qual é uma primitiva de e−y , daí temos que
2
x(t)x′ (t) = t
Z t Z t
′
x(s)x (s)ds = sds
t0 t0
t t
x2 (s) s2
=
2 t0 2 t0
x2 (t) x2 (t0 ) t2 t2
− = − 0
2 2 2 2
x2 (t) − x20 = t2 − t20
p
x(t) = x20 + (t2 − t20 )
a qual esta definida em I. Analisando a raiz observamos que x20 +(t2 −t20 )
sempre e quando t2 > t20 − x20 . Logo podemos escolher I = R se
t20 − x20 ≤ 0. Por outro lado, se t20 − x20 > 0 podemos escolher
q
I= t0 − x0 , +∞ , se t0 > 0
2 2
120
e q
I = −∞, − t20 − x20 , se t0 < 0.
f: R → R
x 7→ f (x) = 5x4/5
ψ: R → R
t 7→ ψ(t) = t5
ϕ: R → R
t 7→ ϕ(t) = 0
121
2.7.1 Exercícios
1. (a) Encontre a solução implícita do PVI
′ ex
y (x) = − y
e + yey
y(0) = 0.
122
p
5. Seja f : R2 → R definida por f (t, x) = |x| e considere seu PVI
associado: ′
x = f (t, x)
x(0) = 0.
123
Vejamos como obter aproximações desta solução através de um
engenhoso método algorítmico. O método de Euler consiste2 em
aproximar φ(t0 + β) onde |β| ≤ α.
Esta aproximação é dada no seguinte sentido: Primeiro considere-
mos uma partição regular de tamanho n, isto é,
kβ
tk = t0 + , para k = 0, 1, . . . , n.
n
Agora, aproximamos φ(t1 )
Z t1
φ(t1 ) = x0 + f (s, φ(s))ds ≈ x0 + f (t0 , x0 )(t1 − t0 ) , x1 .
t0
Z t1 Z t2
= x0 + f (s, φ(s))ds + f (s, φ(s))ds
t0 t1
Z t2
= φ(t1 ) + f (s, φ(s))ds
t1
≈ x1 + f (t1 , x1 )(t2 − t1 ) , x2 .
124
Solução: Temos que x0 = 1, t0 = 1 e a partição regular de tamanho
n = 5 é dado por
tk = 1 + 0.1k, para k = 0, 1, 2, 3, 4, 5.
= 1 + f (1, 1)(1.1 − 1)
= 1 + 2(0.1)
= 1.2 , x1 .
= 1.2 + 2(1.1)(1.2)(0.1)
= 1.464 , x2 .
= 1.464 + 2(1.2)(1.464)(0.1)
= 1.81536 , x3 .
= 1.81536 + 2(1.3)(1.81536)(0.1)
= 2.2873536 , x4 .
125
Finalmente aproximamos φ(1.5) temos
φ(1.5) = φ(t5 ) ≈ x4 + f (t4 , x4 )(t5 − t4 )
= 2.2873536 + 2(1.4)(2.2873536)(0.1)
= 2.927812608.
Agora vamos considerar uma partição regular de tamanho n = 10 a
qual é dada por
tk = 1 + 0.05k, para k = 0, 1, 2, . . . , 10.
Aproximamos φ(1.05) temos
φ(1.05) = φ(t1 ) ≈ x0 + f (t0 , x0 )(t1 − t0 )
= 1 + f (1, 1)(1.05 − 1)
= 1 + 2(0.05) = 1.1 , x1 .
Aproximamos φ(1.1) temos
φ(1.1) = φ(t2 ) ≈ x1 + f (t1 , x1 )(t2 − t1 )
= 1.349205 + 2(1.15)(1.349205)(0.05)
= 1.504363575 , x4 .
126
Aproximamos φ(1.25) temos
= 1.504363575 + 2(1.2)(1.504363575)(0.05)
= 1.684887204 , x5 .
= 1.684887204 + 2(1.25)(1.684887204)(0.05)
= 1.8954981045 , x6 .
= 1.8954981045 + 2(1.3)(1.8954981045)(0.05)
= 2.1419128581 , x7 .
= 2.1419128581 + 2(1.35)(2.1419128581)(0.05)
= 2.4310710939 , x8 .
127
Aproximamos φ(1.45) temos
= 2.4310710939 + 2(1.4)(2.4310710939)(0.05)
= 2.771421047 , x9 .
= 2.771421047 + 2(1.45)(2.771421047)(0.05)
= 3.1732770988.
x′ = 2tx
é equivalente a
x′
= 2t
x
integrando temos Z Z
t
x′ (s)ds t
= 2sds
1 x(s) 1
logo tem-se
ln x(t) − ln x(1) = t2 − 1
ln x(t) = t2 − 1
2 −1
x(t) = et
2 −1
portanto x(1.5) = e(1.5) = e1,25 = 3, 490342957....
128
2.8.1 Exercícios
1. Em cada item, use o método de Euler para encontrar o valor
aproximado da solução do problema de valor inicial em t = 0, 5.
y′ = 5 − √
3 y y ′ = y(3 − ty)
(a) , n=5 (b) , n=5
y(0) = 2 y(0) = 0, 5
4 − ty
′ y ′ = −ty + 0, 1y 3
y =−
1 + y2
(c) , n=5 (d) , n=5
y(0) = 1
y(0) = −2
129
Capítulo 3
Equações diferenciais
lineares de segunda ordem
= y ′′ − (α + β)y ′ + αβy
130
portanto a equação (3.4) é satisfeita se a seguinte equação
α + β = −a
. (3.6)
αβ = b
P (r) = r2 + ar + b
Fazendo
z = (D − βI)y (3.9)
na equação (3.8) fica dada por
(D − αI)z = 0. (3.10)
a qual é equivalente a
z ′ − αz = 0. (3.11)
A solução da equação (3.11) é
z = Aeαt (3.12)
131
onde A é uma constante. Agora, substituindo (3.12) em (3.9) temos
y ′ − βy = Aeαt (3.13)
a solução de (3.13) pela Observação 1.2.1 é dada por
Z t
βt
y = Be + e βt
e−βs (Aeαs )ds (3.14)
0
onde B constante.
Se α = β então (3.14) é dada por
y = C1 eαt + C2 teαt
onde C1 e C2 são constantes.
Se α 6= β então (3.14) é dada por
y = C̃1 eαt + C̃2 eβt
onde C̃1 e C̃2 são constantes. Resumimos este resultado no seguinte
teorema:
Teorema 3.1.1. Seja
y ′′ + ay ′ + by = 0
onde a, b ∈ R. Seja P (r) = r2 + ar + b seu polinômio característico e
sejam r1 , r2 suas raízes:
(1) Se r1 6= r2 então a solução geral é
y = C 1 e r1 t + C 2 e r 2 t (3.15)
onde C1 e C2 são constantes.
(2) Se r1 = r2 = r0 então a solução geral é
y = C̃1 er0 t + C̃2 ter0 t (3.16)
onde C̃1 e C̃2 são constantes.
Exemplo 3.1.1. Encontre a solução geral da equação diferencial
y ′′ + y ′ − 2y = 0.
Solução: O polinômio característico associado é
r2 + r − 2
cujas raízes são 1 e -2. Portanto por (3.15) a solução geral é
y = C1 et + C2 e−2t
onde C1 e C2 são constantes.
132
Exemplo 3.1.2. Encontre a solução geral da equação diferencial
y ′′ + 2y ′ + 4y = 0.
Solução: O polinômio característico associado é
r2 + 2r + 4
√ √
cujas raízes são −1 + i 3 e −1 − i 3. Portanto por (3.15) a solução
geral é √ √
y = C1 e(−1+i 3)t + C2 e(−1−i 3)t
onde C1 e C2 são constantes.
Exemplo 3.1.3. Encontre a solução geral da equação diferencial
y ′′ + 6y ′ + 9y = 0.
Solução: O polinômio característico associado é
r2 + 6r + 9
cujas raízes são -3 e -3. Portanto por (3.16) a solução geral é
y = C1 e−3t + C2 te−3t
onde C1 e C2 são constantes.
Exemplo 3.1.4. Encontre a solução do PVI
y ′′ + y ′ − 6y = 0
y(0) = 1, y ′ (0) = 0.
Solução: O polinômio característico associado é
r2 + r − 6
cujas raízes são 2 e -3. Portanto por (3.15) a solução geral é
y = C1 e2t + C2 e−3t
onde C1 e C2 são constantes. Agora, como y(0) = 1 temos que
C1 + C2 = 1 (3.17)
e como y ′ (0) = 0 temos
2C1 − 3C2 = 0 (3.18)
de (3.17) e (3.18) temos que
C1 = 3/5 e C2 = 2/5.
Assim a solução do PVI dado é
y = 3/5e2t + 2/5e−3t .
133
3.1.1 Problema de valor inicial associada à equação diferen-
cial linear homogênea de segunda ordem
Começamos com o caso de coeficientes constantes.
Teorema 3.1.2. Sejam a, b, t0 , y0 , y1 ∈ R. O PVI
y ′′ + ay ′ + by = 0
(3.19)
y(t0 ) = y0 , y ′ (t0 ) = y1
P (r) = r2 + ar + b.
C 1 e r 1 t 0 + C 2 e r2 t 0 = y 0 (3.20)
e
y1 = φ′ (t0 ) = C1 r1 er1 t0 + C2 r2 er2 t0
equivalentemente
C 1 r1 e r1 t 0 + C 2 r2 e r2 t 0 = y 1 (3.21)
134
(2) Se r1 = r2 = r0 então pela equação (3.16) do Teorema 3.1.1 temos
que φ tem a forma
equivalentemente
e
y1 = φ′ (t0 ) = C1′ r0 er0 t0 + C2′ (1 + r0 t0 )er0 t0
equivalentemente
y ′′ + ay ′ + by = 0, a, b ∈ R.
135
independentes . Suponhamos que existem k1 e k2 constantes tais
que
k1 er1 t + k2 er2 t = 0, para todo t ∈ R (3.24)
multiplicando na equação (3.24) por e−r1 t temos que
136
combinação linear todas as outras soluções) será chamado de base do
espaço solução desde que não haja um conjunto com um número menor
de soluções que ainda tenha a mesma propriedade. Ou seja, uma base
do espaço solução de uma dada equação linear consiste de um conjunto
de soluções que geram todas as outras e com um número mínimo
de elementos. Isto equivale a dizer que não há combinações lineares
entre tais soluções que gerem a solução nula, exceto pela combinação
linear na qual todos os coeficientes são nulos. Nesta situação dizemos
que as soluções são linearmente independentes. Este número mínimo
de soluções que geram todas as outras é o mesmo em qualquer base
(verifique!) do espaço solução e é chamado de dimensão do espaço
solução. No caso de equações lineares de ordem n a dimensão não
ultrapassa n. Para equações de ordem dois esta dimensão é no máximo
dois, sendo que a independência linear de duas soluções é medida pelo
wronskiano destas duas, que passamos a definir.
Definição 3.1.1. Seja I um intervalo aberto e sejam φ, ψ : I → R
funções diferenciáveis. O wronskiano de φ e ψ, denotado por W (φ, ψ),
é definido por
φ(t) ψ(t)
W (φ, ψ)(t) = det
′ ′
φ (t) ψ (t)
para todo t ∈ I.
Teorema 3.1.4.
(1) Seja I um intervalo aberto e sejam φ, ψ : I → R funções
diferenciáveis. Se W (φ, ψ)(t0 ) 6= 0 para algum t0 ∈ I então {φ, ψ}
é um conjunto linearmente independentes .
(2) Sejam φ e ψ elementos de Ω (como no Teorema 3.1.3). Se {φ, ψ}
é um conjunto linearmente independentes então W (φ, ψ)(t) 6= 0
para todo t ∈ R.
Demonstração.
(1) Temos que W (φ, ψ)(t0 ) 6= 0 para algum t0 ∈ I, isto é,
φ(t0 ) ψ(t0 )
det 6= 0. (3.29)
′ ′
φ (t0 ) ψ (t0 )
Suponhamos que existem constantes k1 e k2 tais que
k1 φ(t) + k2 ψ(t) = 0, para todo t ∈ I (3.30)
137
derivando a equação (3.30) temos
k1 φ′ (t) + k2 ψ ′ (t) = 0, para todo t ∈ I (3.31)
fazendo t = t0 em (3.30) e (3.31) temos o seguinte sistema de
equações com variáveis k1 e k2
k1 φ(t0 ) + k2 ψ(t0 ) = 0
k1 φ′ (t0 ) + k2 ψ ′ (t0 ) = 0
agora por (3.29) temos que o sistema possui solução única daí
k1 = k2 = 0. Portanto {φ, ψ} é linearmente independentes .
(2) Como φ, ψ ∈ Ω linearmente independentes então {φ, ψ} é um
base de Ω. Vamos supor que existe t0 tal que W (φ, ψ)(t0 ) = 0.
Considere o seguinte sistema de equações nas variáveis c1 e c2
c1 φ(t0 ) + c2 ψ(t0 ) = 0
. (3.32)
′ ′
c1 φ (t0 ) + c2 ψ (t0 ) = 0
Agora, como W (φ, ψ)(t0 ) = 0 então o sistema (3.32) possui
infinitas soluções; portanto podemos escolher c1 = α e c2 = β,
onde α e β são números complexos não nulos simultaneamente,
solução do sistema (3.32). Assim temos
αφ(t0 ) + βψ(t0 ) = 0
. (3.33)
αφ′ (t ) + βψ ′ (t ) = 0
0 0
Consideremos
η(t) = αφ(t) + βψ(t), para todo t ∈ R.
Como {φ, ψ} é base então η ∈ Ω e por (3.33) temos que η(t0 ) = 0
e η ′ (t0 ) = 0. Logo η é solução do PVI
y ′′ + ay ′ + by = 0
. (3.34)
′
y(t0 ) = 0, y (t0 ) = 0
Pelo Teorema 3.1.2 o PVI (3.34) possui uma única solução e como
y ≡ 0 é solução de (3.34) temos que η ≡ 0 portanto
αφ(t) + βψ(t) = 0, para todo t ∈ R. (3.35)
Desde que {φ, ψ} é uma base de Ω temos que da equação (3.35)
obtemos que α = β = 0 o qual é um absurdo. Portanto
W (φ, ψ)(t) 6= 0, para todo t ∈ R.
138
Exemplo 3.1.5. Considere as funções φ(t) = 2 cos(2t) e ψ(t) = 1 −
2 sen2 (t). O conjunto {φ, ψ} é linearmente independentes ?
Solução: Temos que
2 cos(2t) 1 − 2 sen 2 (t)
W (φ, ψ)(t) = det
−4 sen(2t) −4 sen(t) cos(t)
139
fazendo f (t) = eαt cos(βt) e g(t) = eαt sen(βt) temos funções reais
que satisfazem
y = C1 f (t) + C2 g(t)
e
f (0) g(0) 1 0
W (f, g)(0) = det = det = β 6= 0
′ ′
f (0) g (0) α β
y ′′ + y ′ + y = 0
y(0) = 0, y ′ (0) = 1.
r2 + r + 1
√ √
1 3 1 3
cujas raízes são − + i e − −i . Portanto pelo caso (3) do
2 2 2 2
raciocino anterior a solução do PVI é da forma
√ √
y = C1 e−t/2 cos( 3t/2) + C2 e−t/2 sen( 3t/2)
140
3.1.3.1 Sistema massa-mola simples e sem amortecimento
O sistema massa-mola simples é constituído por um corpo de massa
m acoplado a uma mola com fator restaurador k (chamada constante
de deformação), enquanto a outra extremidade está ligada a um ponto
fixo. Consideraremos o modelo horizontal, no qual a força peso não é
considerada. Vamos supor que a massa da mola é desprezível e o atrito
do bloco com o chão é quase nulo. Denotaremos por y(t) o deslocamento
horizontal do bloco em relação à sua posição de repouso inicial. Então
a única força atuante é a força de elasticidade (restauradora) da mola
que, pela lei de Hooke, é proporcional ao deslocamento do bloco ky(t)1 .
Obtemos o PVI
my ′′ = −ky
(3.36)
y(0) = y0 , y ′ (0) = v0
onde m é a massa, k é a constante positiva de Hooke, y0 é a posição
inicial, v0 é a velocidade inicial não nula e y(t) é a posição do bloco no
instante t.
A equação
my ′′ + ky = 0
é equivalente a
k
y ′′ + y=0
m
k
o polinômio associado à equação anterior é r2 + = 0, as raízes do
r r m
k k
polinômio são r1 = i e r2 = − i. Então a solução de (3.36) é
m m
da forma r ! r !
k k
y(t) = C1 cos t + C2 sen t (3.37)
m m
onde
p C1 e C2 são constantes não nulas simultaneamente. Seja C =
C12 + C22 o qual é não nulo, agora multiplicando (3.37) por 1/C temos
r ! r !
y(t) C1 k C2 k
= cos t + sen t (3.38)
C C m C m
1
A lei de Hooke é a lei da Física relacionada à elasticidade de corpos e sua dinâmica de
movimento. Serve para calcular a deformação causada pela força exercida sobre um corpo,
tal que a força é igual ao deslocamento da massa a partir do seu ponto de equilíbrio vezes
a característica constante (constante de Hooke) do corpo é deformada. Foi originalmente
postulada pelo físico inglês Robert Hooke (1635-1703).
141
C2 C1
seja α tal que sen α = e cos α = . Assim a equação (3.38) fica
C C
reformulada como
r ! r !
y(t) k k
= cos α cos t + sen α sen t
C m m
r !
k
= cos t−α
m
142
3.1.3.2 Sistema de massa-mola simples com amortecimento
Quando o movimento de um sistema massa-mola é reduzido por uma
força externa dizemos que o oscilador e seu movimento são amortecidos.
Neste caso estudaremos um modelo no qual o sistema é simples
horizontal, mas amortecido pelo atrito do movimento do bloco sobre
a superfície horizontal no qual se apóia. Para velocidades baixas (do
bloco) assumimos que a força de amortecimento do êmbolo é cy ′ (t)
onde c > 0. Obtemos a equação diferencial
my ′′ = −ky − cy ′ (3.44)
Note que
c2 − 4km c 2 k c 2
2
β = = − < = α2 ⇒ β < −α
4m2 2m m 2m
assim como α + β < 0 e α − β < 0 temos que
lim y(t) = lim c1 e(α+β)t + c2 e(α−β)t = 0.
t→+∞ t→+∞
143
• Caso 2:Se c2 − 4km = 0 então r1 = r2 = α e a solução de (3.44)
é
y(t) = c1 eαt + c2 teαt .
Como α < 0 temos que
lim y(t) = lim c1 eαt + c2 teαt = 0.
t→+∞ t→+∞
3.1.3.3 Circuito LC
Os circuitos LC, consistindo de um indutor e de um capacitor,
comportam-se como osciladores elétricos. São muito utilizados em
transmissores sem fio e comunicações via rádio em geral. O modelo
básico consiste em um capacitor carregado ligado em série com um
indutor. Ao se descarregar o capacitor este faz circular uma corrente
pelo indutor que gera um campo eletromagnético ao seu redor. Quando
a descarga termina, o campo se contrai em sentido contrário ao
inicial, voltando a induzir, pela lei de Faraday2 uma corrente elétrica
no circuito e que carregará novamente o capacitor até seu estágio
inicial, se desprezamos as perdas no sistema. Inicia-se então um novo
ciclo de carga e descarga. Vejamos como equacionar este fenômeno
verdadeiramente incrível.
Considere o seguinte circuito simples LC com carga inicial q0 = 0 e
E(t) = E0 constante:
2
A lei de Faraday-Neumann-Lenz, também conhecida como lei da indução de Faraday,
é uma das equações básicas do eletromagnetismo e indica que um campo magnético
interage com um circuito elétrico para produzir uma força eletromotriz, movendo um
motor elétrico ou gerando uma corrente elétrica em um indutor. Michael Faraday (1791-
1867) foi um físico e químico inglês com contribuições fundamentais para os estudos do
eletromagnetismo e eletroquímica.
144
L
t0 C
E(t)
−
+
O circuito anterior é governado pela equação
Z t
LI ′ (t) + 1 I(s)ds = E0
C 0 (3.45)
I(0) = 0.
E0
Fazendo t = 0 em (3.45) temos que I ′ (0) = . Derivando a equação
L
(3.45) tem-se
′′
I (t) + 1 I(t) = 0
LC
(3.46)
I(0) = 0, I ′ (0) = E0
L
o polinômio associado à equação (3.46) é
1
r2 + =0
LC
r r
1 1
as raízes do polinômio são r1 = i e r2 = − i e a solução de
LC LC
(3.46) é ! !
r r
1 1
I(t) = a1 cos t + a2 sen t
LC LC
onde a1 e a2 são constantes. Agora, como I(0) = 0 temos que a1 = 0
logo r !
1
I(t) = a2 sen t
LC
r
E C
e como I ′ (0) =
0
temos que a2 = E0 . Assim a solução do PVI
L L
dado é r r !
C 1
I(t) = E0 sen t .
L LC
145
3.1.4 Exercícios
1. Encontre a solução geral de cada uma das seguintes equações
diferenciais.
(a) y ′′ + y ′ − 2y = 0 (b) 3y ′′ − 5y ′ + 2y = 0
(e) y ′′ + 4y = 0 (f) 3y ′′ + 2y = 0
(g) y ′′ + 4y ′ + 8y = 0 (h) 4y ′′ − 4y ′ + 3y = 0
146
(b) y ′′ + (4i + 1)y ′ + y = 0, y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
(c) y ′′ + (3i − 1)y ′ − 3iy = 0, y(0) = 2, y ′ (0) = 0.
(d) y ′′ + 10y ′ = 0, y(0) = π, y ′ (0) = π 2 .
4. Prove que eα1 x e eα2 x são linearmente independentes em C(R),
sempre que α1 e α2 sejam números reais distintos.
5. Verificar que xeαx é uma solução da equação de segundo ordem
y ′′ − 2αy ′ + α2 y = 0,
y ′′ − (α1 + α2 )y ′ + α1 α2 y = 0
y ′′ − 2ay ′ + (a2 + b2 )y = 0
y = c1 eax cos(bx + c2 ),
y ′′ + ay ′ + by = 0,
147
2
a 2 a
(c) Mostre que α = − , β = b − .
2 4
(d) Mostre que toda solução tende a zero quando x → +∞ se
a > 0.
(e) Mostre que a magnitude de toda solução não trivial tem
valores arbitrariamente grandes quando x → +∞ se a < 0.
9. Considere a equação
1
Ly ′′ + Ry ′ + y = 0,
C
onde L, R, C, são constantes positivas.
(a) Calcule todas as soluções para os três casos:
R2 4
(i) 2 − >0
L LC
R2 4
(ii) 2 − =0
L LC
R2 4
(iii) 2 − <0
L LC
(b) Mostre que todas as soluções tendem a zero quando x → +∞
para cada um dos casos (i), (ii), (iii) do item (a).
(c) Faça um esboço da solução ϕ que satisfaz as condições ϕ(0) =
1, ϕ′ (0) = 0 no caso (iii).
(d) Mostre que toda solução ϕ do caso (iii) pode escrever-se na
forma
ϕ(x) = Aeαx cos(βx − ω),
onde A, α, β, ω são constantes. Determine α e β.
10. Mostre que toda solução da equação com coeficientes constantes
y ′′ + ay ′ + by = 0
tende a zero quando x → +∞, se e só se as partes reais das raízes
do polinômio característico são negativas.(Nota: Neste caso, as
soluções com frequência são chamadas transitórias.)
11. Mostre que toda solução da equação com coeficientes constantes
y ′′ + ay ′ + by = 0
é limitada em [0, +∞) se e só se as partes reais das raízes do
polinômio característico não são positivas e as raízes cuja parte
real é nula, tem multiplicidade um.
148
12. Seja ϕ uma solução da equação
y ′′ + ay ′ + by = 0,
onde a, b são constantes. Se
ψ(x) = e(a/2)x ϕ(x),
mostre que ψ satisfaz uma equação y ′′ + ky = 0, onde k é alguma
constante. Calcule k.
13. Sejam φ1 , φ2 soluções linearmente independentes da equação com
coeficientes
constantes
y ′′ + ay ′ + by = 0,
definidas no intervalo I. Prove que o W (φ1 , φ2 )(x) é constante
para todo x ∈ I se e só se a = 0.
14. Seja r a raiz de multiplicidade 2 do polinômio característico
associado à equação com coeficientes constantes
y ′′ + ay ′ + by = 0,
seja φ uma solução não trivial da equação dada, definida em R.
φ′ (0)
Prove que φ(t0 ) = 0 para algum t0 > 0 se e só se < r.
φ(0)
15. Consideremos a equação
y ′′ + a1 y ′ + a2 y = b(t),
onde a1 , a2 são constantes e b é uma função contínua em [0, +∞).
Sejam r1 6= r2 raízes do polinômio característico associado à
equação dada, suponhamos que Re(r1 ) < 0, Re(r2 ) < 0 e que
b é limitada em [0, +∞) (isto é, existe M > 0 tal que |b(t)| ≤ M ,
para todo t ∈ [0, +∞)). Prove que toda solução φ da equação
dada é limitada em [0, +∞).
16. Suponhamos que ϕ, ψ são duas soluções da equação com
coeficientes constantes
y ′′ + ay ′ + by = 0 (∗)
em um intervalo finito I que contém o ponto x0 . Sejam
ϕ(x0 ) = α1 , ϕ′ (x0 ) = β1 ,
ψ(x0 ) = α2 , ψ ′ (x0 ) = β2 ,
e suponhamos que
(α1 − α2 )2 + (β1 − β2 )2 = c2 .
149
(a) Se φ = ϕ − ψ, mostre que φ é solução de (∗) e que
φ(x0 ) = α1 − α2 , φ′ (x0 ) = β1 − β2 .
(b) Mostre que
|ϕ(x) − ψ(x)| ≤ cek|I| ,
para todo x em I, onde k = 1+|a|+|b|, e |I| é o comprimento
de I. Este resultado implica que se α2 → α1 , β2 → β1 então
c → 0, e em consequência ψ(x) → ϕ(x) em I.
17. Seja ϕ uma solução qualquer de
y ′′ + ay ′ + by = 0
num intervalo I que contenha o ponto x0 . Mostre que se satisfaz
a seguinte desigualdade para toda x em I:
kϕ(x0 )k e−k|x−x0 | ≤ kϕ(x)k ≤ kϕ(x0 )k ek|x−x0 |
onde kϕ(x)k = [ |ϕ(x)|2 + |ϕ′ (x)|2 ]1/2 , k = 1 + |a| + |b|.
18. Sejam ϕ1 , ϕ2 soluções
y ′′ + ay ′ + by = 0,
onde a, b são constantes. Mostre que ϕ1 , ϕ2 são linearmente
independentes num intervalo I, se e só se W (ϕ1 , ϕ2 )(x) 6= 0 para
toda x em I.
19. (a) Mostre que as funções ϕ1 , ϕ2 , definidas por
ϕ1 (x) = x2 , ϕ2 (x) = x|x|,
são linearmente independentes em R.
(b) Calcule o wronskiano destas funções.
(c) Diga se os resultados dos itens (a) e (b) estão em contradição
com o exercício anterior. Explique sua resposta.
150
onde a, b ∈ R. Então toda solução da equação homogênea é uma
combinação linear de φ1 e φ2 .
y ′′ + ay ′ + by = f (x) (3.48)
é da forma
Aφ1 + Bφ2 + ψp
onde A, B são constantes e ψp é uma solução particular da equação
não homogênea.
De fato, seja φ solução de (3.48) então φ − ψp é solução da equação
homogênea (3.47) pois
= f (x) − f (x) = 0.
φ − ψp = Aφ1 + Bφ2
= 0 + 0 + f (x) = f (x).
151
uma solução particular da equação não-homogênea, a partir de uma
combinação linear com coeficientes não-constantes, de duas soluções
da equação homogênea associada. Alguma condição adicional deve ser
imposta de modo a se diminuir o tamanho do espaço de parâmetros,
como passamos a explicar.
Sejam φ1 , φ2 soluções linearmente independentes de (3.47). Vamos
supor que
ψp (x) = C1 (x)φ1 (x) + C2 (x)φ2 (x) (3.50)
onde C1 e C2 são funções a calcular. Derivando (3.50) temos
ψp′ (x) = C1′ (x)φ1 (x) + C1 (x)φ′1 (x) + C2′ (x)φ2 (x) + C2 (x)φ′2 (x) (3.51)
aqui fazemos
C1′ (x)φ1 (x) + C2′ (x)φ2 (x) = 0 (3.52)
assim de (3.52) em (3.51) obtemos
ψp′′ (x) = C1′ (x)φ′1 (x) + C1 (x)φ′′1 (x) + C2′ (x)φ′2 (x) + C2 (x)φ′′2 (x). (3.54)
f (x) = (C1′ (x)φ′1 (x) + C1 (x)φ′′1 (x) + C2′ (x)φ′2 (x) + C2 (x)φ′′2 (x))
+a [C1 (x)φ′1 (x) + C2 (x)φ′2 (x)] + b [C1 (x)φ1 (x) + C2 (x)φ2 (x)]
= C1′ (x)φ′1 (x) + C2′ (x)φ′2 (x) + C1 (x) [φ′′1 (x) + aφ′1 (x) + bφ1 (x)]
152
De (3.52) e (3.56) obtemos o sistema
Z Z
x
−φ2 (s)f (s) x
φ1 (s)f (s)
ψp (x) = φ1 (x) ds + φ2 (x) ds.
x0 W (φ1 , φ2 )(s) x0 W (φ1 , φ2 )(s)
153
Exemplo 3.2.1. Encontre a solução geral da equação
y ′′ + y = tan x.
sen2 x cos2 x − 1
=− = = cos x − sec x
cos x cos x
e
cos x 0
det
− sen x tan x cos x tan x
C2′ (x) = = = sen x
cos x sen x cos2 x + sen2 x
det
− sen x cos x
então
C1 (x) = sen x − ln | sec x + tan x| + k1
onde k1 é uma constante e
C2 (x) = − cos x + k2
154
onde k2 é uma constante. Assim a solução particular é
ψp (x) = (sen x − ln | sec x + tan x| + k1 ) cos x + (− cos x + k2 ) sen x.
Portanto a solução geral é da forma
φ(x) = A cos x + B sen x − cos x · ln | sec x + tan x|
onde A e B são constantes.
Exemplo 3.2.2. Encontre a solução do PVI
y ′′ − y ′ = xex
.
y(0) = 0, y ′ (0) = 1
Solução: O polinômio característico da equação é r2 − r = 0 cujas
raízes são 0 e 1. Assim φ1 = 1 e φ2 = ex são soluções linearmente
independentes da equação homogênea y ′′ − y ′ = 0. Toda solução da
equação é da forma
φ(x) = A + Bex + ψp (x)
onde A, B são constantes e ψp é um solução particular. Calculemos a
solução particular ψp . Assim vamos supor que
ψp (x) = C1 (x)(1) + C2 (x)ex
onde C1 e C2 são funções tais que
C1′ (x)(1) + C2′ (x)ex = 0
155
então
C1 (x) = −xex + ex + k1
onde k1 é uma constante e
x2
C2 (x) = + k2
2
onde k2 é uma constante. Assim a solução particular é
2
x x x
ψp (x) = (−xe + e + k1 ) + + k2 e x .
2
Portanto a solução geral é da forma
x2 x
φ(x) = A + Be + −xe + e + e
x x x
2
onde A e B são constantes. Agora, como φ(0) = 0 temos que
A+B+1=0
e como
′ x2
φ (x) = Be + −e − xe + e + xe + ex
x x x x x
2
com φ′ (0) = 1 temos
B−1+1=1
então B = 1 e A = −2 logo temos que a solução do PVI dado é
x2 x
φ(x) = −2 + ex − xex + ex + e .
2
156
Teorema 3.2.1. Se na equação (3.48) temos que f (x) é da forma
onde α, β ∈ R.
(1) Se α + iβ não é raiz do polinômio característico r2 + ar + b = 0
então a solução particular de (3.48) é dada por
h i
ψp (x) = eαx P̂n (x) cos βx + Q̂n (x) sen βx
Observação 3.2.1. Os coeficientes dos polinômios P̂n (x) e Q̂n (x) são
obtidos substituindo ψp na equação (3.48).
Exemplo 3.2.3. Encontre a solução geral da equação
y ′′ + 3y ′ + 2y = sen x.
Agora, como
ψp′′ (x) + 3ψp′ (x) + 2ψp (x) = sen x
(−A cos x−B sen x)+3(−A sen x+B cos x)+2(A cos x+B sen x) = sen x
(A + 3B) cos x + (B − 3A) sen x = sen x
157
comparando os coeficientes obtemos
A + 3B = 0
B − 3A = 1
3 1
então A = − e B = . Assim a solução geral é dada por
10 10
3 1
φ(x) = ηe−2x + ξe−x − cos x + sen x
10 10
onde η, ξ são constantes.
Exemplo 3.2.4. Encontre a solução geral da equação
y ′′ + y = −2 sen x + 4x cos x.
Solução: O polinômio característico da equação é r2 + 1 = 0 cujas
raízes são −i e i. Temos que f (x) = 4x cos x − 2 sen x. Note que
f (x) = e0x [(4x) · cos x + (−2) · sen x] .
Assim α = 0 e β = 1 logo α + iβ = 0 + i · 1 = i é raiz de multiplicidade
1 de r2 + 1 = 0. Pelo Teorema 3.2.1 temos que a solução particular ψp
é da forma
h i
0x
ψp (x) = xe P̂n (x) cos x + Q̂n (x) sen x
158
Observação 3.2.2. Sejam a, b ∈ R. Se ψ1 (x) e ψ2 (x) são soluções de
y ′′ + ay ′ + by = f (x)
e
y ′′ + ay ′ + by = g(x)
respectivamente. Então φ(x) = ψ1 (x) + ψ2 (x) é uma solução de
y ′′ + ay ′ + by = f (x) + g(x).
Este método é chamado princípio da superposição.
Exemplo 3.2.5. Encontre a solução geral da equação
y ′′ + 4y = xex + x sen 2x.
Solução: Sejam ψp e ψ̃p soluções particulares de
y ′′ + 4y = xex
e
y ′′ + 4y = x sen 2x
respectivamente. Então pela Observação 3.2.2 temos ψp + ψ̃p é solução
particular de
y ′′ + 4y = xex + x sen 2x.
Em primeiro lugar, encontremos a solução particular ψp de
y ′′ + 4y = xex .
O polinômio característico da equação é r2 + 4 = 0 cujas raízes são −2i
e 2i. Temos que f (x) = xex . Note que
f (x) = ex [(x) · cos(0x) + (0) · sen(0x)] .
Assim α = 1 e β = 0 logo α + iβ = 1 + i · 0 = 1 não é raiz de r2 + 1 = 0.
Pelo Teorema 3.2.1 temos que a solução particular ψp é da forma
h i
x
ψp (x) = e P̂n (x) cos x + Q̂n (x) sen x
159
ex (Ax + 2A + B) + 4ex (Ax + B) = xex
ex (5Ax + 2A + 5B) = xex
1 2
comparando os coeficientes obtemos A = e B = − . Assim a
5 25
solução particular deste caso é dada por
1 2
ψp (x) = e x
x− .
5 25
y ′′ + 4y = x sen 2x.
2y ′′ + 3y ′ + y = x2 + 3 sen x.
2y ′′ + 3y ′ + y = x2
e
2y ′′ + 3y ′ + y = 3 sen x,
respectivamente. Então φp + ψp é solução particular de
2y ′′ + 3y ′ + y = x2 + 3 sen x.
2y ′′ + 3y ′ + y = x2 .
= Ax2 + Bx + C.
Agora, como
2φ′′p (x) + 3φ′p (x) + φp (x) = x2
2(2A) + 3(2Ax + B) + (Ax2 + Bx + C) = x2
161
Ax2 + (6A + B)x + (4A + 3B + C) = x2
comparando os coeficientes obtemos A = 1, B = −6 e C = 14. Assim
a solução particular deste caso é dada por
φp (x) = x2 − 6x + 14.
2y ′′ + 3y ′ + y = 3 sen x.
Agora, como
2ψp′′ (x) + 3ψp′ (x) + ψp (x) = 3 sen x
2 (−A cos x − B sen x)+3 (−A sen x + B cos x)+(A cos x+B sen x) = 3 sen x
(−A + 3B) cos x + (−3A − B) sen x) = 3 sen x
comparando os coeficientes obtemos −A + 3B = 0 e −3A − B = 3 daí
3 9
A=− e B = − . Assim a solução particular deste caso é dada
por 10 10
3 9
ψp (x) = − cos x − sen x.
10 10
Portanto a solução geral da equação em questão é da forma
3 9
φ(x) = a1 e−x/2 + a2 e−x + x2 − 6x + 14 + − cos x − sen x
10 10
onde a1 , a2 são constantes.
162
3.2.2.1 Circuito LC
Revisitamos o circuito LC que consiste em um indutor e um capacitor
ligados em série. Tal circuito foi estudado na parte de aplicações de
equações homogêneas de segunda ordem, no caso não dissipativo ou
seja, caso as perdas do sistema sejam desprezadas. Vejamos agora uma
abordagem alternativa à anterior, potencialmente mais geral em alguns
casos, baseada no método dos coeficientes indeterminados.
t0 L
E(t)
−
+
E(0)
Note que LI ′ (0) = E(0) então I ′ (0) = . Derivando (3.62) temos
L
o seguinte PVI de segunda ordem
LI ′′ (t) + 1 I(t) = E ′ (t)
C
I(0) = 0
(3.63)
I ′ (0) = E(0) .
L
163
Consideremos E(t) = E0 cos ωt, onde E0 , ω > 0. Assim a equação
(3.63) fica determinada por
′′ 1 E0 ω
I (t) + I(t) = − sen ωt
LC L
I(0) = 0 (3.64)
′ E
I (0) = 0 .
L
1
O polinômio característico da equação é r2 + = 0 cujas raízes são
LC
1 1 E0 ω
√ i e −√ i. Temos que f (t) = − sen ωt. Note que
LC LC L
−E0 ω
f (t) = e 0 · cos ωt +
0t
· sen ωt .
L
Assim α = 0 e β = ω logo α + iβ = 0 + i · ω = ωi. Aqui se apresentam
duas situações:
1
Caso 1: Se ω 6= ± √ temos que α + iβ = 0 + i · ω = ωi não é raiz
LC
1
de r2 + = 0. Pelo Teorema 3.2.1 temos que a solução particular ψp
LC
é da forma h i
Ip (t) = e0t P̂n (t) cos ωt + Q̂n (t) sen ωt
onde n = max{−∞, 0} = 0. Daí existem constantes A, B tais que
Ip (t) = A cos ωt + B sen ωt.
Agora, como
1 E0 ω
Ip′′ (t) + Ip (t) = − sen ωt
LC L
1 E0 ω
(−Aω 2 cos ωt − Bω 2 sen ωt) + (A cos ωt + B sen ωt) = − sen ωt
LC L
A B E0 ω
− Aω 2 cos ωt + − Bω 2 sen ωt = − sen ωt
LC LC L
comparando os coeficientes obtemos
A
− Aω 2 = 0
LC
B E0 ω
− Bω 2 = −
LC L
164
E0 Cω
então A = 0 e B = . Assim a solução geral é dada por
ω LC −
2 1
t t E0 Cω
I(t) = η cos √ + ξ sen √ + sen ωt
LC LC ω 2 LC − 1
E0
onde η, ξ são constantes. Como I(0) = 0 e I ′ (0) = então
L
√ E0 E0 Cω 2 t E0 Cω
I(t) = LC − 2 sen √ + sen ωt.
L ω LC − 1 LC ω LC −
2 1
1 1 1
Caso 2: Se ω = √ ou − √ temos que α + iβ = √ i é raiz
LC LC LC
1
de r2 + = 0. Pelo Teorema 3.2.1 temos que a solução particular Ip
LC
é da forma
t t
Ip (t) = te P̂n (t) cos √
0t
+ Q̂n (t) sen √
LC LC
onde n = max{−∞, 0} = 0. Daí existem constantes A, B tais que
t t
Ip (t) = At cos √ + Bt sen √ .
LC LC
Agora, como
1 E0 t
+Ip′′ (t)
Ip (t) = − √ sen √
LC L LC LC
2B At t
√ − cos √
LC LC LC
2A Bt t E0 t
+ −√ − sen √ =− √ sen √
LC LC LC L LC LC
At t Bt t
+ cos √ + sen √
LC LC LC LC
2B t 2A t E0 t
√ cos √ −√ sen √ =− √ sen √
LC LC LC LC L LC LC
comparando os coeficientes obtemos
2B 2A E0
√ =0 e −√ =− √
LC LC L LC
165
E0
então A = e B = 0. Assim a solução geral é dada por
2L
t t E0 t t
I(t) = η cos √ + ξ sen √ + cos √
LC LC 2L LC
E0
onde η, ξ são constantes. Como I(0) = 0 e I ′ (0) = então
L
r
E0 C t E0 t t
I(t) = sen √ + cos √ .
2 L LC 2L LC
3.2.3 Exercícios
1. Determine as soluções particulares, usando o método de variação
de parâmetros, para cada uma das seguintes equações diferenciais.
(a) y ′′ − 5y ′ + 6y = 2ex .
(b) y ′′ + 2y ′ + y = 3e−x .
(c) y ′′ + y = tan x, 0 < x < π/2.
(d) y ′′ + 9y = 9 sec2 (3x), 0 < x < π/6.
(e) y ′′ + 4y ′ + 4y = e−2x /x2 , x > 0.
(f) y ′′ + 4y = 3 csc(2x).
(g) y ′′ + 2y ′ + 5y = e−x sec 2x.
(h) y ′′ + 2y ′ + y = e−x ln x.
(i) y ′′ − 2y ′ − 3y = 64xe−x .
(j) y ′′ − 3y ′ + 2y = (1 + e−x )−1 .
2. Use o método de coeficientes indeterminados para obter soluções
da equação não homogênea, encontre a solução geral das seguintes
equações diferenciais. Onde estejam especificadas condições
iniciais, determine a solução que elas satisfaça.
(a) y ′′ + y ′ − 2y = 2x, y(0) = 0, y ′ (0) = 1.
(b) 2y ′′ − 4y ′ − 6y = 3e2x .
(c) y ′′ + 4y = x2 + 3ex , y(0) = 0, y ′ (0) = 2.
(d) y ′′ + 2y ′ = 3 + 4sen 2x.
(e) y ′′ + 9y = x2 e3x + 6.
(f) y ′′ − 2y ′ + y = xex + 4, y(0) = 1, y ′ (0) = 1.
(g) 2y ′′ + 3y ′ + y = x2 + 3sen x.
166
(h) y ′′ + y = 3sen 2x + x cos 2x.
(i) y ′′ + 2y ′ + y = ex cos x.
(j) y ′′ + ω02 y = cos ωt, ω0 e ω são constantes, ω 6= ω0 .
(k) y ′′ + ω02 y = cos ω0 t, ω0 é uma constante.
(l) y ′′ +µy ′ +ω02 y = cos ωt, µ, ω0 y ω são constantes, µ2 −4ω02 < 0.
(m) y ′′ + y ′ + y = sen2 x.
(n) y ′′ − y ′ − 2y = cosh 2x.
(o) y ′′ − 2y ′ + 5y = 25x2 + 12.
(p) y ′′ − 3y ′ + 2y = 12sen2x − 18 cos 2x.
(q) y ′′ − 2y ′ + 2y = ex senx.
(r) y ′′ + y ′ = 10x4 + 2.
3. Em muitos problemas físicos a função de entrada, isto é, o termo
não homogêneo, pode estar especificado por diferentes fórmulas
em diferentes períodos de tempo. Como um simples exemplo de
um problema de tal tipo, determine a solução completa de
′′ t, 0≤t≤π
y (t) + y(t) =
πeπ−t , t ≥ π,
que satisfaz as condições iniciais y(0) = 0 e y ′ (0) = 1 e, o requisito
de que y e y ′ sejam continuas para todo t.
4. Se y1 (x) e y2 (s) são soluções de
y ′′ + P (x)y ′ + Q(x)y = R1 (x)
e
y ′′ + P (x)y ′ + Q(x)y = R2 (x)
respectivamente. Mostre que y(x) = y1 (x) + y2 (x) é uma solução
de
y ′′ + P (x)y ′ + Q(x)y = R1 (x) + R2 (x).
Este método é chamado princípio da superposição. Use este
princípio encontre a solução geral
(a) y ′′ + 4y = 4 cos 2x + 6 cos x + 8x2 − 4x.
(b) y ′′ + 9y = 2 sen 3x + 4 sen x − 26e−2x + 27x3 .
5. Para resolver o problema de valor inicial
y ′′ + y = g(x), y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
Siga os seguintes passos:
167
(a) Mostre que a solução geral de y ′′ + y = g(x) é
Z x Z x
y(x) = c1 − g(t) sen t dt cos x+ c2 + g(t) cos t dt sen x
α β
168
Capítulo 4
169
Atuando sobre o objeto temos duas forças, a força gravitacional (que
é vertical) dada por mg onde m = massa pontual, e g = aceleração da
gravidade. A outra força atuando é a tensão da corda. Pelas leis de
Newton, a componente da força gravitacional paralela à corda, somada
à força de tensão, nos dá resultante nula. A oscilação provém apenas
da componente da força gravitacional que é perpendicular à corda,
tangente portanto ao movimento (em arco de círculo) efetuado pela
extremidade pontual. Tal força tangencial é dada por mg sen φ onde
φ é o ângulo entre a corda e sua posição de equilíbrio original (eixo
vertical). A segunda Lei de Newton nos dá então
mv = −mg sen φ
onde mv é a quantidade de movimento do objeto. Mas, se a corda tem
comprimento ℓ podemos escrever
dφ
mv = mℓ
dt
onde t é o tempo.
Obtemos então
d dφ
mℓ = −mg sen φ, φ ∈ [− π2 , π2 ].
dt dt
Agora, procedemos à seguinte simplificação, considerada fisicamente
razoável para oscilações de pequena amplitude, sen φ ∼ = φ. Podemos
então reescrever a equação do movimento como a equação do pêndulo
simples
d2 φ g
+ φ=0
dt2 ℓ
cuja solução geral conhecemos dos cursos de equações diferenciais
ordinárias como sendo
r r
g g
φ(t) = a sen t + b cos t
ℓ ℓ
sendo a, b ∈ R. Supondo que o pêndulo partiu do repouso com ângulo
inicial φ0 obtemos as seguintes condições iniciais
φ(0) = φ0 , φ′ (0) = 0
e obtemos solução da forma
r
g
φ(t) = φ0 cos t .
ℓ
170
O período deste movimento harmônico simples é então
s
ℓ
T = 2π .
g
171
outras reações atômicas importantes. Também temos as equações de
construção de superfícies no espaço, sendo dados pontos de controle
nestas superfícies e pedindo-se que estas sejam mínimas (ou seja,
curvatura média nula). Enfim mencionamos os modelos do universo
e outras equações de dinâmica planetária, assim como de gravitação.
admite uma única solução local, que está definida em todo o intervalo
I.
Teorema 4.3.2. Sejam f e g funções contínuas definidas num intervalo
aberto I. Então o conjunto
Ω = {φ : I → R; φ é solução de y ′′ + f (x)y ′ + g(x)y = 0}
é um espaço vetorial real de dimensão dois.
Demonstração: Não é difícil mostrar que Ω é um espaço vetorial.
Pelo Teorema 4.3.1 existem únicos φ1 , φ2 ∈ Ω tais que
φ1 (x0 ) = 1, φ′1 (x0 ) = 0 e φ2 (x0 ) = 0, φ′2 (x0 ) = 1.
Vejamos agora que {φ1 , φ2 } é uma base de Ω. De fato, suponhamos
que existam a, b tais que
aφ1 (x) + bφ2 (x) = 0, para todo x ∈ I.
Em particular, para x = x0 temos
aφ1 (x0 ) + bφ2 (x0 ) = 0
como φ1 (x0 ) = 1 e φ2 (x0 ) = 0 temos
a·1+b·0=0
então a = 0 logo
bφ2 (x) = 0, para todo x ∈ I.
172
Derivando temos
bφ′2 (x0 ) = 0
e
H ′ (x0 ) = φ(x0 )φ′1 (x0 ) + φ′ (x0 )φ′2 (x0 ) = φ′ (x0 ).
Portanto, H é solução da equação diferencial
′′
y + f (x)y ′ + g(x)y = 0
y(x0 ) = φ(x0 ), y ′ (x0 ) = φ′ (x0 )
pelo Teorema 4.3.1 temos que H = φ então φ é gerado por φ1 , φ2 .
x2 y ′′ + axy ′ + by = 0, x 6= 0
onde a, b ∈ R são constantes1 .
Caso 1 x > 0. Suponhamos y = xr é solução da equação de Cauchy-
Euler, onde r > 0. Temos que
173
Agora, substituindo temos
xr [r(r − 1) + ar + b] = 0.
x2 y ′′ − 2xy ′ − 4y = 0, x > 0.
xr [r(r − 1) − 2r − 4] = 0
174
logo r2 − 3r − 4 = 0 cujas raízes são r1 = 4 e r2 = −1 então
x4 e x−1
são soluções linearmente independentes da equação diferencial pro-
posta. Portanto qualquer solução da equação diferencial é da forma
y = Ax4 + Bx−1
onde A e B são constantes.
Exemplo 4.3.2. Resolver a equação
4x2 y ′′ + 8xy ′ + y = 0, x > 0.
Solução: Temos que a equação diferencial é equivalente a
1
x2 y ′′ + 2xy ′ + y = 0.
4
Suponha que a solução é da forma y = xr daí temos
1
x2 (r(r − 1)xr−2 ) + 2x (rxr−1 ) + xr = 0
4
1
xr r(r − 1) + 2r + =0
4
1
logo r2 + r + = 0 cuja raiz é r = −1/2 de multiplicidade dois. Então
4
x−1/2 e x−1/2 ln x
são soluções linearmente independentes da equação diferencial pro-
posta. Portanto qualquer solução da equação diferencial é da forma
y = Ax−1/2 + Bx−1/2 ln x
onde A e B são constantes.
Observação 4.3.1. Considere a equação de Cauchy-Euler
x2 y ′′ + axy ′ + by = 0, x > 0
onde a, b ∈ R são constantes. O polinômio associado é r2 +(a−1)r+b =
0. Suponha que as raízes r1 = α + iβ e r2 = α − iβ. A solução geral é
da forma
y = Axα+iβ + Bxα−iβ
175
onde A e B são constantes. Note que como x > 0 temos
iβ
xiβ = eln x = eiβ ln x = cos (β ln x) + i sen (β ln x)
−iβ
x−iβ = eln x = e−iβ ln x = cos (β ln x) − i sen (β ln x) .
x2 y ′′ + 3xy ′ + 3y = 0, x > 0.
xr [r(r − 1) + 3r + 3] = 0
√ √
logo r2 + 2r + 3 = 0 cujas raízes são r1 = −1 + i 2 e r2 = −1 − i 2
então
√ √
−1 −1
x cos 2 ln x e x sen 2 ln x
são base da equação diferencial proposta. Portanto qualquer solução
da equação diferencial é da forma
√ √
y = Ax−1 cos 2 ln x + Bx−1 sen 2 ln x
176
Solução: Suponha que a solução é da forma y = xr daí temos
x2 y ′′ − 4xy ′ + 4y = 0
xr [r(r − 1) − 4r + 4] = 0
x e x4
177
onde C1 e C2 são funções tais que
C1′ (x)x + C2′ (x)x4 = 0
y ′′ + f (x)y ′ + g(x)y = 0
178
da equação diferencial a partir de uma já conhecida como veremos
a seguir. Suponha que conhecemos uma solução da equação anterior
φ(x) 6= 0 para todo x ∈ I. Consideremos ψ = µφ onde µ é uma função
diferenciável definida em I. Vamos supor que ψ é solução. Note que
ψ ′ = µ′ φ + µφ′
e
ψ ′′ = µ′′ φ + 2µ′ φ′ + µφ′′ .
Agora, como
ψ ′′ (x) + f (x)ψ ′ (x) + g(x)ψ(x) = 0
[µ′′ (x)φ(x) + 2µ′ (x)φ′ (x) + µ(x)φ′′ (x)]
+g(x)µ(x)φ(x)
µ′′ (x)φ(x) + µ′ (x)[2φ′ (x) + f (x)φ(x)]
=0
+µ(x)[φ′′ (x) + f (x)φ′ (x) + g(x)φ(x)]
como φ′′ (x) + f (x)φ′ (x) + g(x)φ(x) = 0 temos
equivalentemente
′ φ′ (x)
ν (x) + ν(x) 2 + f (x) =0
φ(x)
o fator integrante
∫( φ′ (x)
) ∫ ∫
2 +f (x) dx 2 (x)+
e φ(x)
= eln φ f (x)dx
= φ2 (x)e f (x)dx
portanto temos ∫
ν(x) φ2 (x)e f (x)dx = C
onde C é uma constante. Logo
C − ∫ f (x)dx
µ′ (x) = ν(x) = e
φ2 (x)
179
então
Z x
C − ∫ s f (t)dt
µ(x) = e a dx
a φ2 (s)
onde a ∈ I.
Exemplo 4.3.6. Resolver a equação
(x2 + 1)y ′′ − 2xy ′ + 2y = 0, x > 0.
Solução: Observe que φ(x) = x é um solução da equação anterior.
Usando o método de redução de ordem fazemos ψ(x) = xµ(x) onde
µ(x) é uma função diferenciável. Vamos supor que ψ é solução. Note
que
ψ ′ (x) = xµ′ (x) + µ(x)
e
ψ ′′ (x) = 2µ′ (x) + xµ′′ (x).
Agora, como
(x2 + 1)ψ ′′ (x) − 2xψ ′ (x) + 2ψ(x) = 0
2
µ′′ (x) + µ′ (x) = 0.
x(x2 + 1)
Fazemos ν = µ′ e substituindo na equação anterior temos
2
ν ′ (x) + ν(x) = 0
x(x2 + 1)
o fator integrante
∫ ∫(2 ) ( )
2
x(x2 +1)
dx − 2x
dx ln x2 x2
e =e x x2 +1 =e x2 +1 =
x2 + 1
portanto temos
x2
ν(x) =C
x2 + 1
onde C é uma constante. Logo
′ x2 + 1 1
µ (x) = ν(x) = C =C 1+ 2
x2 x
180
então
1
µ(x) = C x − +D
x
onde D é outra constante. Portanto
ψ(x) = xµ(x) = C x2 − 1 + Dx
4.3.3 Exercícios
1. Fazer o análise da equação de Cauchy-Euler, para x < 0.
Sugestão: trabalhar com (−xr ); x < 0.
2. Resolver as seguintes equações de Cauchy-Euler:
(a) 4x2 y ′′ + 4xy ′ − y = 0.
(b) 3x2 y ′′ + 6xy ′ + y = 0.
(c) x2 y ′′ + 5xy ′ + 4y = 0.
(d) 2x2 y ′′ + xy ′ + y = 0.
(e) x2 y ′′ + 8xy ′ + 6y = 0.
(f) x2 y ′′ − xy ′ + 2y = 0.
(g) x3 y ′′′ − 6y = 0.
(h) x3 y ′′′ + xy ′ − y = 0.
(i) x3 y ′′′ − 2x2 y ′′ − 2xy ′ + 8y = 0.
(j) x3 y ′′′ − 2x2 y ′′ + 4xy ′ − 4y = 0.
3. Resolver as seguintes equações diferenciais não homogêneas:
181
3
(d) y ′′ + y ′ = 0; y1 (x) = 1.
x
(e) x2 y ′′ + xy ′ − 4y = 0; y1 (x) = x2 .
(f) x2 y ′′ − 2xy ′ + (x2 + 2)y = 0; (x > 0); y1 (x) = x sen x.
(g) xy ′′ + (2x − 1)y ′ − 2y = 0; (x > 0); y1 (x) = e−2x .
(h) xy ′′ + (x − 1)y ′ + (3 − 12x)y = 0; (x > 0); y1 (x) = e3x .
(i) xy ′′ − y ′ + 4x3 y = 0; (x > 0); y1 (x) = sen(x2 ).
1 1
(j) x1/3 y ′′ + y ′ + ( x−1/3 − − 6x−5/3 )y = 0; (x > 0); y1 (x) =
4 6x
x3 e−[3x ]/4 .
2/3
182
(a) Mostrar que y(x) = y1 (x)v(x) é uma solução da equação (1),
considerando que v satisfaz
183
12. Considere a equação:
3 ′ 3
y ′′′ − 2
y + 3 y = 0; (x > 0)
x x
(a) Mostre que y1 (x) = x; y2 (x) = x3 ; são duas soluções
linearmente independentes.
(b) Use os resultados do Exercício 6 para obter uma terceira
solução que seja linearmente independentes com as demais.
184
Capítulo 5
Equações diferenciais
lineares de ordem mais alta
185
(d) Se a + ib, a − ib (com b 6= 0) são raízes de multiplicidades k de
(5.2) então
eat cos bt, teat cos bt, t2 eat cos bt, . . . , tk−1 eat cos bt
e
eat sen bt, teat sen bt, t2 eat sen bt, . . . , tk−1 eat sen bt
são elementos da base de Ωn .
Exemplo 5.1.1. Encontre a solução geral da equação diferencial
y ′′′ − 4y ′′ − 3y ′ + 18y = 0.
y (4) − 5y ′′′ + 6y ′′ + 4y ′ − 8y = 0.
186
5.1.1 Exercícios
1. Encontre a solução geral da cada uma das seguintes equações
(a) y ′′′ − 3y ′′ + 2y ′ = 0.
(b) y ′′′ − 3y ′′ + 4y ′ − 2y = 0.
(c) y ′′′ + 3y ′′ + 3y ′ + y = 0.
(d) y (4) + 4y ′′′ + 6y ′′ + 4y ′ + y = 0.
(e) y (4) − y = 0.
(f) y (4) + 5y ′′ + 4y = 0.
(g) y (4) − 2a2 y ′′ + a4 y = 0.
(h) y (4) + 2a2 y ′′ + a4 y = 0.
(i) y (4) + 2y ′′′ + 2y ′′ + 2y ′ + y = 0.
(j) y (4) + 2y ′′′ − 2y ′′ − 6y ′ + 5y = 0.
(k) y ′′′ − 6y ′′ + 11y ′ − 6y = 0.
(l) y (4) + y ′′′ − 3y ′′ − 5y ′ − 2y = 0.
(m) y (5) − 6y (4) − 8y ′′′ + 48y ′′ + 16y ′ − 96y = 0.
2. Determine todas as soluções com valores reais das equações:
(a) y ′′′ − iy ′′ + y ′ − iy = 0.
(b) y ′′ − 2iy ′ − y = 0.
3. Em cada item, encontre a solução do problema de valor inicial
dada e faça seu gráfico. Como a solução se comporta quanto
t → +∞.?
(a) y ′′′ + y ′ = 0, y(0) = 0, y ′ (0) = 1, y ′′ (0) = 2.
(b) y (4) + y = 0, y(0) = 0, y ′ (0) = 0, y ′′ (0) = −1, y ′′′ (0) = 0.
(c) y (4) − 4y ′′′ + 4y ′′ = 0, y(1) = −1, y ′ (1) = 2, y ′′ (1) =
0, y ′′′ (1) = 0.
(d) y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = 0, y(0) = 2, y ′ (0) = −1, y ′′ (0) = −2.
(e) 2y (4) − y ′′′ − 9y ′′ + 4y ′ + 4y = 0, y(0) = −2, y ′ (0) =
−1, y ′′ (0) = −2, y ′′′ (0) = 0.
(f) 4y ′′′ + y ′ + 5y = 0, y(0) = 2, y ′ (0) = 1, y ′′ (0) = −1.
(g) 6y ′′′ + 5y ′′ + y ′ = 0, y(0) = −2, y ′ (0) = 2, y ′′ (0) = 0.
(h) y (4) + 6y ′′′ + 17y ′′ + 22y ′ + 14y = 0, y(0) = 1, y ′ (0) =
−2, y ′′ (0) = 0, y ′′′ (0) = 3.
187
4. Mostre que a solução geral de y (4) − y = 0 pode ser escrita como
188
como {φ1 , φ2 , . . . , φn } é linearmente independentes então o wronskiano
de ordem n de φ1 , φ2 , . . . , φn é não nulo em todos seus pontos, isto é,
φ1 φ2 ... φn
φ′1 φ2 ′
... φn
′
W (φ1 , φ2 , . . . , φn ) = det 6= 0
.. .. .. ..
. . . .
(n−1) (n−1) (n−1)
φ1 φ2 . . . φn
..
.
φ1 (x) φ2 (x) ... 0
φ′1 (x) φ′2 (x ... 0
det
.. .. .. ..
. . . .
(n−1) (n−1)
φ1 (x) φ1 (x) . . . f (x)
Cn′ (x) = .
W (φ1 , φ2 , . . . , φn )(x)
Exemplo 5.2.1. Encontre a solução geral da seguinte equação
diferencial
y ′′′ − 6y ′′ + 11y ′ − 6y = ex .
Solução: O polinômio característico da equação é r3 −6r2 +11r−6 = 0
cujas raízes são 1, 2 e 3. Assim φ1 (x) = ex , φ2 (x) = e2x e φ3 (x) = e3x
189
são soluções linearmente independentes da equação homogênea y ′′′ −
6y ′′ + 11y ′ − 6y = 0. Toda solução da equação é da forma
φ(x) = Aex + Be2x + Ce3x + φp (x)
onde A, B e C são constantes e φp é uma solução particular. Calculemos
a solução particular φp . Assim vamos supor que
φp (x) = C1 (x)ex + C2 (x)e2x + C3 (x)e3x
onde C1 , C2 e C3 são funções tais que
C1′ (x)ex + C2′ (x)e2x + C3 (x)e3x = 0
191
daí temos
0 cos t sen t
det
0 − sen t cos t
sec t − cos t − sen t sec t
C1′ (t) = = ,
2et 2et
et 0 sen t
t
det
e 0 cos t
et sec t − sen t
C2′ (t) =
2et
−et sec t(cos t − sen t) tan t − 1
= t
=
2e 2
e t
e cos t 0
t
det e − sen t 0
e − cos t sec t
t
C3′ (t) =
2et
−et sec t(cos t + sen t) tan t + 1
= = −
2et 2
então podemos escolher
Z
1 t e−s 1 t 1 t
C1 (t) = ds, C2 (t) = − ln | cos t|− e C3 (t) = ln | cos t|− .
2 0 cos s 2 2 2 2
Assim a solução particular é
Z
et t e−s 1 t 1 t
φp (t) = ds−cos t ln | cos t| + + sen t ln | cos t| − .
2 0 cos s 2 2 2 2
Portanto a solução geral é da forma
Z
t et t e−s
y(t) = Ae + B cos t + C sen t + ds
2 0 cos s
1 t 1 t
− cos t ln | cos t| + + sen t ln | cos t| −
2 2 2 2
192
onde A, B e C são constantes. Agora, encontremos a solução que
satisfaz as condições iniciais y(0) = 2, y ′ (0) = −1 e y ′′ (0) = 1. Como
y(0) = 2 temos que A + B = 2. Derivando y temos
Z
′ et t e−s et e−t
y (t) = Ae − B sen t + C cos t +
t
ds +
2 0 cos s 2 cos t
1 t tan t − 1
− sen t − ln | cos t| − + cos t
2 2 2
1 t tan t + 1
+ cos t ln | cos t| − + sen t −
2 2 2
como y ′ (0) = −1 temos que A + C = −1. Derivando y ′ temos
Z
′′ et t e−s et e−t
y (t) = Ae − B cos t − C sen t +
t
ds +
2 0 cos s 2 cos t
sen t 1 t tan t − 1
+ − cos t − ln | cos t| − − sen t
2 cos2 t 2 2 2
2
tan t − 1 sec t 1 t
− sen t + cos t − sen t ln | cos t| −
2 2 2 2
tan t + 1 tan t + 1 sec2 t
+ cos t − + cos t − + sen t −
2 2 2
3 1 5
como y ′′ (0) = 1 temos que A − B = 1. Logo A = , B = e A = − .
2 2 2
Portanto a solução procura é
Z
3et cos t 5 sen t et t e−s
y(t) = + − + ds
2 2 2 2 0 cos s
1 t 1 t
+ cos t − ln | cos t| − + sen t ln | cos t| − .
2 2 2 2
193
(1) Se α + iβ não é raiz do polinômio característico (5.2) então a
solução particular de (5.3) é dada por
h i
φp (x) = eαx P̂n (x) cos βx + Q̂n (x) sen βx
y (4) + y ′′ = 3x2
e
y (4) + y ′′ = 4 sen x − 2 cos x
respectivamente. Então como na Observação 3.2.2 temos φp + φ̃p é
solução particular de
y (4) + y ′′ = 3x2 .
194
onde n = max{2, −∞} = 2. Daí existem constantes A, B, C, D, E, F
tais que
φp (x) = x2 [(Ax2 + Bx + C) cos(0x) + (Cx2 + Dx + F ) sen(0x)]
Agora, como
′′
p (x) + φ̃p (x) = 4 sen x − 2 cos x
φ̃(4)
[(−4B + Ax) cos x + (4A + Bx) sen x]
= 4 sen x − 2 cos x
+[(2B − Ax) cos x + (−2A − Bx) sen x]
−2B cos x + 2A sen x = 4 sen x − 2 cos x
195
comparando os coeficientes obtemos A = 2 e B = 1. Assim a solução
particular deste caso é dada por
5.2.3 Exercícios
1. Em cada um dos seguintes itens use o método de variação de
parâmetros para determinar a solução geral da equação diferencial
dada:
(a) y ′′′ + y ′ = tan t, 0 < t < π.
(b) y ′′′ − y ′ = t.
(c) y ′′′ − 2y ′′ − y ′ + 2y = e4t .
(d) y ′′′ + y ′ = sec t,
(e) y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = e−t sen t.
(f) y (4) + 2y ′′ + y = sen t.
2. Em cada um dos seguintes itens encontre a solução do problema de
valor inicial dado. Depois faça um gráfico da solução. diferencial
dada:
(a) y ′′′ + y ′ = sec t; y(0) = 2, y ′ (0) = 1, y ′′ (0) = −2.
(b) y (4) + 2y ′′ + y = sen t; y(0) = 2, y ′ (0) = 0, y ′′ (0) = −1,
y ′′′ (0) = 1.
(c) y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = sec t; y(0) = 2, y ′ (0) = −1, y ′′ (0) = 1.
(d) y ′′′ − y ′ = csc t; y(π/2) = 2, y ′ (π/2) = 1, y ′′ (π/2) = −1.
3. Em cada um dos seguintes itens use o método dos coeficientes
indeterminados para determinar a solução geral da equação
diferencial dada:
(a) y ′′′ − 2y ′′ + y ′ = t3 + 2et .
(b) y ′′′ − y ′ = te−t + 2 cos t.
(c) y (4) − 2y ′′ + y = et + sen t.
(d) y (4) + 4y ′′ = sen 2t + tet + 4.
196
(e) y (4) − y ′′′ − y ′′ + y ′ = t2 + 4 + t sen t.
(f) y (4) + 2y ′′′ + 2y ′′ = 3et + 2te−t + e−t sen t.
4. Em cada item, encontre a solução do problema de valor inicial
dado. Depois faça um gráfico da solução.
(a) y ′′′ + 4y ′ = x, y(0) = y ′ (0) = 0 e y ′′ (0) = 1.
(b) y (4) + 2y ′′ + y = 3x + 4, y(0) = y ′ (0) = 0 e y ′′ (0) = y ′′′ (0) = 1.
(c) y ′′′ − 3y ′′ + 2y ′ = x + ex , y(0) = 1, y ′ (0) = −1/4 e y ′′ (0) =
−3/2.
(d) y (4) +2y ′′′ +y ′′ +8y ′ −12y = 12 sen x−e−x , y(0) = 3, y ′ (0) = 0,
y ′′ (0) = −1 e y ′′′ (0) = 2.
197
Capítulo 6
198
O sistema (6.2) é chamado sistema autônomo enquanto (6.1) é chamado
não autônomo.
Definição 6.1.2. Uma solução da EDO (6.1) é um conjunto de n
funções φ1 , φ2 , . . . , φn com valores reais e definida em um mesmo
intervalo J ⊆ R as quais satisfazem:
1. (t, φ1 (t), φ2 (t), . . . , φn (t)) ∈ D para todo t ∈ J.
2. Cada φj é diferenciável em J e para todo t ∈ J se satisfaz:
199
Uma função definida em um intervalo J ⊆ R com valores em Rm×n é
chamada função matricial
Φ : J → Rm×n
a11 (t) a12 (t) . . . a1n (t)
a21 (t) a22 (t) . . . a2n (t) = [aij (t)].
t 7→ Φ(t) =
.. .. ... ..
. . .
am1 (t) am2 (t) . . . amn (t)
Em virtude do isomorfismo de Rm×n e Rmn qualquer função matricial
pode ser observada como uma curva em Rmn
Φ : J → Rmn
t 7→ (a11 (t), a12 (t), . . . , a1n (t), . . . , am1 (t), am2 (t), . . . , amn (t)).
Assim, dada uma função matricial Φ(t) = [aij (t)] ∈ Rmn fica
automaticamente determinada uma coleção de mn funções reais de
variável real aij chamadas funções coordenadas de Φ. Observe que
aij : J → R para todo (i, j) ∈ Im,n . As propriedades comuns a estas
funções coordenadas, caracterizam as propriedades da função matricial
Φ.
Definição 6.2.1. Seja Φ : J → Rm×n uma função matricial tal que
Φ(t) = [aij (t)], para todo t ∈ J. Se t0 ∈ J, dizemos que a matriz
A = [aij ] ∈ Rm×n é o limite de Φ(t) quando t tende a t0 , que denotamos
por
lim Φ(t) = A
t→t0
se e só se
lim aij (t) = aij ,
t→t0
200
Proposição 6.2.1. Seja Φ : J → Rm×n , onde J é um intervalo aberto
tal que Φ(t) = [aij (t)], para todo t ∈ J. Φ é diferenciável em t0 ∈ J
se e só se aij é diferenciável em t0 , para todo (i, j) ∈ Im,n . Em caso
afirmativo se satisfaz que Φ′ (t0 ) = [a′ij (t0 )].
x1 F1 (t, x1 , x2 , . . . , xn )
x2 F2 (t, x1 , x2 , . . . , xn )
x=
... , F (t, x1 , x2 , . . . , xn ) = ..
.
xn Fn (t, x1 , x2 , . . . , xn )
6.2.1 Exercícios
1. Sejam Φ, Ψ : J → Rm×n , f : J → R funções tais que lim Φ(t) =
t→t0
A, lim Ψ(t) = B e lim f (t) = c, onde t0 ∈ J, então mostre que:
t→t0 t→t0
201
(a) lim (Φ + Ψ)(t) = A + B.
t→t0
202
7. Seja Φ : J → Rn×n função matricial diferenciável em J e f : I →
J função real de variável real diferenciável no intervalo aberto I.
Mostre que Φ ◦ f : I → Rn×n é diferenciável em I e
9. Seja Φ : J → Rn×n função matricial tal que Φ(t) = [aij (t)], para
todo t ∈ J. Mostre que Φ é de classe C k em J se e só se cada aij
é de classe C k em J.
10. Seja Φ : [a, b] → Rn×n função matricial de classe C 1 em [a, b].
Mostre o segundo teorema fundamental cálculo matricial:
Z b
Φ′ (t)dt = Φ(b) − Φ(a).
a
203
O sistema (6.4) é chamado de sistema de equações diferenciais
ordinárias lineares. Se denotamos
x1 b1 (t) a11 (t) a12 (t) . . . a1n (t)
x2 b (t) a (t) a22 (t) . . . a2n (t)
x= .
..
, b(t) = 2 . , A(t) = 21.
.. .. .. ... ..
. .
xn bn (t) an1 (t) an2 (t) . . . ann (t)
204
Rn . (Note o leitor, que estamos identificando geometricamente o espaço
de matrizes Rn×1 com o espaço vetorial Rn . De agora em diante,
usaremos esta identificação sem mais comentários). Nas aplicações
é usual procurar uma solução de (6.5) que satisfaz uma condição inicial
isto é que tem um valor determinado x0 ∈ R em um instante t0 dado.
Isto se conhece como um Problema de Valor Inicial.
Definição 6.3.2. Sejam A : J → Rn×n e b : J → Rn×1 funções
matriciais. Um Problema de Valor Inicial (PVI) ou Problema de
Cauchy associado à EDO linear (6.5) é uma expressão do tipo:
′
x = A(t)x + b(t)
(6.6)
x(t0 ) = x0
205
Pela interpretação geométrica de uma solução do PVI que demos linhas
acima, nós poderíamos responder que não! já que dentre todas as
soluções possíveis (as quais são curvas em R2 ), temos escolhido aquela
que no instante t = 0 passe pelo ponto (0, 1). Note-se que este raciocínio
é correto se soubéramos que as soluções de um sistema são disjuntas
(isto é curvas que não se intersectam). No caso de nosso exemplo,
poderíamos mostrar com um pouco de paciência, que isto é verdade,
duas soluções da EDO dada ou são iguais ou bem são disjuntas. Esta
propriedade é satisfeita para qualquer EDO? De modo mais geral: Todo
PVI do tipo (6.6) admite solução? Se a resposta é afirmativa, esta
solução é única? caso contrário sob que condições um PVI admite
solução? O Teorema de Existência e Unicidade para um Sistema Linear
de Equações Diferenciais Ordinárias responde a todas estas questões.
Daqui para frente, vamos estudar Problemas de Valores Iniciais do
tipo ′
x = Ax + b(t)
(6.7)
x(t0 ) = x0
206
Exemplo 6.4.1. Resolva o seguinte PVI:
′
x1 = 3x1 , x1 (0) = −1
′
x2 = −2x2 , x2 (0) = 1.
207
cuja solução é dada por φ1 (t) = 35 e3t − 35 e−2t , para todo t ∈ R. De esta
maneira, a solução do PVI proposto é dada por:
φ : R → R2
t 7→ φ(t) = ( 53 e3t − 35 e−2t , e3t ).
Observação 6.4.1.
208
4. Prestemos atenção ao PVI do item 2. Considerando a mudança
linear de coordenadas
L: R2 → R2
1 1 2 5
(x1 , x2 ) 7→ ( x1 + x2 , − x1 − x2 ) = (y1 , y2 )
3 3 3 3
temos:
1 ′ 1 1 1
y1′ = x1 + x′2 = (4x1 + 5x2 ) + (−2x1 − 3x2 )
3 3 3 3
2 1 1
= (x1 + x2 ) = 2( x1 + x2 ) = 2y1
3 3 3
e
2 5 2 5
y2′ = − x′1 − x′2 = − (4x1 + 5x2 ) − (−2x1 − 3x2 )
3 3 3 3
1 2 5
= (2x1 + 5x2 ) = −(− x1 − x2 ) = −y2 .
3 3 3
Logo a mudança de coordenadas linear L transforma o PVI dado
no PVI ′
y1 = 2y1 , y1 (0) = y01
′
y2 = −y2 , y2 (0) = y02
onde (y01 , y02 ) = ( 31 x10 + 13 x20 , − 23 x10 − 53 x20 ). Usando a técnica dos
três primeiros exemplos chegamos a que
φ : R → R2
t 7→ φ(t) = (y01 e2t , y02 e−t )
é solução do PVI anterior.
Desde que L é uma transformação linear inversível cuja inversa
L−1 é dada por
L−1 : R2 → R2
(y1 , y2 ) 7→ (5y1 + y2 , −2y1 − y2 ) = (x1 , x2 )
209
Desta maneira ψ : R → R2 é dada por
5 1 5 2 2t 2 1 5 2 −t
ψ(t) = x + x e − x0 + x0 e ,
3 0 3 0 3 3
2 1 2 2 2t 2 1 5 2 −t
− x0 + x0 e + x0 + x0 e
3 3 3 3
é solução do PVI original.
Como se obteve a transformação linear L?, sempre podemos
encontrar uma mudança de coordenadas que transforme um PVI
“complicado” em outro “simples”?
Podemos definir
X∞
1 k 1 1
A
e = A = 1 + A + A2 + A3 + . . .?
k=0
k! 2! 3!
210
fechada B1 [0] = {x ∈ Rℓ ; |x| ≤ 1} é um subconjunto compacto1 , i.e.,
fechado e limitado de Rℓ . Dada A ∈ Rn×n consideremos
T A : R n → Rn
x 7→ TA (x) = Ax
que é equivalente a
x(4 − λ) = 0, y(9 − λ) = 0 e x2 + y 2 = 1.
211
Agora basta comparar os valores de f nos pontos encontrados
f (0, ±1) = 9 e f (±1, 0) = 4. Consequentemente, (0, ±1) são os pontos
de máximo de f . Concluímos
2 0
p √
= f (0, ±1) = 9 = 3.
0 3
k · k : Rn×n → R
A 7→ kAk = max{|Ax|; x ∈ B1 [0]}
212
2. Seja x ∈ B1 [0], de (1) temos
213
Demonstração: Pelo Lema 6.5.2 sabemos que existem C1 , C2 > 0 tal
que
X
n
C1 |aij − aij | ≤ kAk − Ak ≤ C2
k
|akij − aij |
i,j=1
X
k
Sk = Aj = A0 + A1 + A2 + . . . + Ak .
j=0
214
X
m X
Demonstração: Denotemos Sm = Aj . Se Ak é convergente
j=0 k,0
então existe S ∈ Rn×n tal que lim Sm = S, logo dado ε > 0, existe
m→+∞
k0 ∈ N tal que m ≥ k0 então kSm − Sk < ε/2. Logo se m, k ≥ k0
tem-se
X
m X
m
Demonstração: Sejam σm = kAj k e Sm = Aj . Dados m, k ∈
j=0 j=0
N (m > k) tem-se
X
m
X
m
kSm − Sk k =
Aj
≤ kAj k = σm − σk
j=k+1 j=k+1
logo
kSm − Sk k ≤ |σm − σk | para todo m, k ∈ N. (6.12)
Por outro lado, da hipótese temos que (σm ) ⊆ R é convergente logo
é Cauchy, isto é, dado ε > 0, existe k0 ∈ N tal que m, k ≥ k0 então
|σm − σk | < ε. Logo de (6.12) temos kSm − Sk k < ε, sempre que
215
X
m, k ≥ k0 . Pelo critério de Cauchy Ak é convergente, além disso
k,0
X
∞
kSm k ≤ σm ≤ kAk k para todo m ∈ N então
k=0
X∞
X
∞
Ak
= lim kSm k ≤ kAk k.
m→+∞
k=0 k=0
6.6.1 Exercícios
1. Calcule a norma uniforme
kAk = max{|Ax|; |x| ≤ 1} = max{|Ax|; |x| = 1},
q
onde | · | é a norma euclidiana |x| = x21 + . . . + x2n , de cada uma
das seguintes matrizes:
1 1 2 0 1 −1
(a) (b) (c)
1 1 0 1 −1 1
λ1 0 λ1 1 a −b
(d) (e) (f)
0 λ2 0 λ2 b a
λ1 0 0 λ1 1 0 λ 0 0
(g) 0 λ2 0 (h) 0 λ2 1 (i) 0 a −b
0 0 λ3 0 0 λ3 0 b −a
216
(a) lim (Ak + Bk ) = lim Ak + lim Bk .
k→+∞ k→+∞ k→+∞
X X
11. Sejam Ak , Bk séries convergentes de matrizes e c ∈ R.
k,0 k,0
Mostre que:
X X
∞ X
∞ X
∞
(a) (Ak ±Bk ) é convergente e (Ak ±Bk ) = Ak ± Bk .
k,0 k=0 k=0 k=0
X X
∞ X
∞
(b) cAk é convergente e cAk = c Ak .
k,0 k=0 k=0
217
X X
12. Sejam ck é uma série convergente de números reais e Ak
k,0 k,0
uma série convergente de matrizes. Mostre que:
!
X
∞ X∞
(a) ck A = (ck A), para todo A ∈ Rn×n .
k=0 k=0
!
X
∞ X
∞
(b) A Ak = (AAk ), para todo A ∈ Rn×n .
k=0 k=0
!
X
∞ X
∞
(c) Ak A= (Ak A), para todo A ∈ Rn×n .
k=0 k=0
X
13. Mostre que se Ak é convergente então lim Ak = θ.
k→∞
k,0
lim Φ(t) = A se e só se lim aij (t) = aij , para todo (i, j) ∈ In,n .
t→t0 t→t0
218
X1
Teorema 6.7.1. A série Aj é convergente para todo A ∈ Rn×n .
j,0
j!
Observação 6.7.1.
1. A exponencial é uma função que a cada matriz associa uma nova
matriz, isto é:
exp : Rn×n → Rn×n
A 7→ exp(A) = eA .
1 X
k
lim Aj = θ.
k→+∞ k + 1 j=0
219
Para k ≥ k0 temos
1 X k
1 X
k
A j
≤ kAj k
k + 1 j=0 k + 1 j=0
"k #
1 X 1 Xk
= kAj k + kAj k
k + 1 j=0 j=k +1 1
"k #
1 X 1
ε
< kAj k + (k − k1 )
k + 1 j=0 2
1 hε ε i
< k0 + (k − k1 )
k+1 2 2
ε k0 + (k − k1 )
= < ε.
2 k+1
1 X
k
lim Aj = A.
k→+∞ k + 1 j=0
1 Xk
lim Bk = B então lim Aj Bk−j = AB.
k→+∞ k→+∞ k + 1 j=0
e como
1 X
k
lim kAj k = 0,
k→+∞ k + 1
j=0
220
então por (6.13) e o Teorema do Confronto,
1 X k
lim
Aj Bk−j
= 0
k→+∞ k + 1
j=0
1 X
k
então lim Aj Bk−j = θ.
k→+∞ k + 1
j=0
No caso geral, consideramos A′k = Ak − A para todo k ≥ 0 natural
então lim A′k = θ e pelo caso anterior:
k→+∞
1 X ′
k
lim Aj Bk−j = θ. (6.14)
k→+∞ k + 1
j=0
1 X ′ 1 X
k k
Aj Bk−j = (Aj − A)Bk−j
k + 1 j=0 k + 1 j=0
1 X 1 X
k k
= Aj Bk−j − A Bk−j
k + 1 j=0 k + 1 j=0
!
1 X 1 X
k k
= Aj Bk−j − A Bj .
k + 1 j=0 k + 1 j=0
Logo de (6.14),
" !#
1 X
k
1 X
k
θ = lim Aj Bk−j − A Bj ,
k→+∞ k+1 j=0
k+1 j=0
1 X
k
portanto lim Aj Bk−j = AB.
k→+∞ k + 1
j=0
X X
Lema 6.7.3. Sejam Aj , Bj séries convergentes em Rn×n . Se
! j,0 j,0
X X
l
Al−j Bj é convergente em Rn×n então
l,0 j=0
! ! !
X
∞ X
l X
∞ X
∞
Al−j Bj = Aj Bj .
l=0 j=0 j=0 j=0
221
Demonstração: Denotemos
!
X
∞ X
∞ X
∞ X
l
Aj = A, Bj = B, Al−j Bj = C,
j=0 j=0 l=0 j=0
!
X
k X
k X
k X
l
Sk = Aj , Tk = B j e Rk = Al−j Bj
j=0 j=0 l=0 j=0
X
k
Rk = Aj Tk−j , para todo k ≥ 0.
j=0
X
0 X
1
Analogamente: Rj = A0 T0 = S0 T0 , R j = S0 T 0 + R 1 = S0 T 0 +
j=0 j=0
A0 T1 + A1 T0 = (S0 + A1 )T0 + A0 T1 = S1 T0 + S0 T1 . Por indução:
X
k X
k
Rj = Sj Tk−j , para todo k ≥ 0.
j=0 j=0
222
1. Seja k ≥ 0, temos que
!
X k
1 j Xk
1 Xk
1
−1 j −1
P A P = PA P = (P AP −1 )j
j=0
j! j=0
j! j=0
j!
então
!
Xk
1 j
P eA P −1 = lim P A P −1
k→+∞
j=0
j!
Xk
1 −1
= lim (P AP −1 )j = eP AP .
k→+∞
j=0
j!
X
l
l!
2. Como AB = BA então (A + B) = l
Al−j B j =
j=0
(l − j)!j!
Xl
Al−j B j
l! logo pelo Lema 6.7.3
j=0
(l − j)! j!
!
X
∞
(A + B)l X∞ Xl
Al−j B j
eA+B = =
l=0
l! l=0 j=0
(l − j)! j!
! !
X
∞
Aj X
∞
Bj
= = eA eB .
j=0
j! j=0
j!
223
Xm
1 t2
Demonstração: Seja Sm (t) = (tA)k = I + tA + A2 + . . . +
k=0
k! 2!
m
t
Am , assim temos
m!
′ 1 1
Sm (t) = A + tA2 + t2 A3 + . . . + tm−1 Am
2! (m − 1)!
t2 2 tm−1 m−1
= A I + tA + A + . . . + A = A Sm−1 (t)
2! (m − 1)!
′
então lim Sm (t) = lim A Sm−1 (t), logo Φ′A (t) = AetA .
m→+∞ m→+∞
224
Exemplo 6.8.1. Sejam λ1 , λ2 , . . . , λn ∈ R denotamos
λ1 0 . . . 0
0 λ2 . . . 0
diag[λ1 , λ2 , . . . , λn ] =
... .. . . ..
∈ Rn×n
. . .
0 0 . . . λn
segue-se que (diag[λ1 , λ2 , . . . , λn ])k = diag[λk1 , λk2 , . . . , λkn ] para todo k ≥
0 então ediag[λ1 ,λ2 ,...,λn ] = diag[eλ1 , eλ2 , . . . , eλn ].
Exemplo 6.8.2. Seja A ∈ Rn×n da forma
A1 θn1 ×n2 . . . θn1 ×nm
θn2 ×n1 A2 . . . θn2 ×nm
A= .
.. .
.. ... ..
.
θnm ×n1 θnm ×n2 . . . Am
onde Ai ∈ Rni ×ni , para todo 1 ≤ i ≤ m, θni ×nj é a matriz zero de Rni ×nj
e n1 + n2 + . . . + nm = n. Estas matrizes são chamadas diagonais por
blocos e se denota A = diag[A1 , A2 , . . . , Am ]. Não é difícil mostrar que
se A = diag[A1 , A2 , . . . , Am ] então para qualquer k ∈ N temos que:
Ak = diag[Ak1 , Ak2 , . . . , Akm ], logo: eA = diag[eA1 , eA2 , . . . , eAm ].
Observação 6.8.1. eI = eI e eλI = eλ I.
Exemplo 6.8.3. Dizemos que A ∈ Rn×n é nilpotente se e só se existe
m ∈ N tal que Am = θ. Seja A ∈ Rn×n nilpotente e consideremos
r = min{m ∈ N; Am = θ}, isto é, A, A2 , . . . , Ar−1 6= θ e Ar = θ. Este
número r é chamado ordem de nilpotência de A. Se A ∈ Rn×n é uma
matriz de nilpotência de ordem r então
1 1
eA = I + A + A2 + . . . + Ar−1 .
2! (r − 1)!
Exemplo 6.8.4. Seja A ∈ Rn×n da forma: A = λI + Nn onde λ ∈ R e
0 1 0 ... 0
0 0 1 ... 0
. . . . .
Nn =
.. .. .. . . .. ∈ R .
n×n
0 0 0 ... 1
0 0 0 ... 0
Observe que
0 0 1
0 ... 0 0 0 0
0 ... 1
0 0 0
1 ... 0 0 0 0
0 ... 0
. .. ..
.. . . .. .. .. ..
.. . . ..
Nn =
2
.. . . . . . , . . . , Nnn−1 =
. .. .. .
0 0 0 0 ... 1 0 0 0 0 ... 0
0 0 0 0 ... 0 0 0 0 0 ... 0
225
e Nnn = θ, isto é Nn é uma matriz nilpotente com ordem de nilpotência
n chamada matriz nilpotente canônica de ordem n. Para calcular eA
em primeiro lugar observamos que (λI)Nn = λ(Nn I) = Nn (λI), logo
eA = eλI+Nn = eλI eNn = eλ IeNn , assim
A λ 1 2 1 n−1
e = e I I + N n + Nn + . . . + N
2! (n − 1)! n
1 1 1
1 1 ...
2! (n − 2)! (n − 1)!
.
1 1
0 1 1 ...
= eλ
. . . .
(n − 3)! (n − 2)!
.. .. .. .. .. ..
. .
0 0 0 ... 1 1
0 0 0 ... 0 1
Logo
cos θ sen θ
A=r .
− sen θ cos θ
Em geral, para j ∈ N temos
j j cos jθ sen jθ
A =r .
− sen jθ cos jθ
Então
Xk Xk
A 1 j rj cos jθ sen jθ
e = lim A = lim
k→+∞ j! k→+∞ j! − sen jθ cos jθ
j=0 j=0
Xk
rj X k
rj
cos jθ sen jθ .
j=0 j! j!
= lim j=0
k→+∞ X k X k
r j
r j
− sen jθ cos jθ
j=0
j! j=0
j!
226
Logo
X
∞
rj X
∞
rj
cos jθ sen jθ
j! j!
eA =
X
j=0
∞ j
j=0
X∞
.
(6.16)
− r rj
sen jθ cos jθ
j=0
j! j=0
j!
Por outro lado
X
∞
(a + ib)j X
∞
(reiθ )j X
∞
rj eijθ
a+ib
e = = = ,
j=0
j! j=0
j! j=0
j!
então
X
∞
rj
ea (cos b + i sen b) = (cos jθ + i sen jθ)
j=0
j!
daí
X
∞
rj X
∞
rj
a a
e cos b = cos jθ e e sen b = sen jθ (6.17)
j=0
j! j=0
j!
227
Em resumo, os exemplos anteriores nos mostram como calcular a
exponencial de A, quando A é uma matriz da forma:
1. Diagonal por blocos,
2. λI + Nn ,
2
3. J2n (a, b) + N2n .
Como calcular a exponencial de qualquer matriz A ∈ Rn×n ? Um
resultado bem conhecido do álgebra linear nos diz que escolhendo de
maneira adequada a base de Rn , qualquer matriz se escreve como
combinação linear dos três tipos anteriores. Relembremos algumas
definições de Álgebra Linear. Dada uma matriz A quadrada n × n
definimos o polinômio característico de A como o polinômio pA (t) =
det(A − tIn ) sendo que In denota a matriz identidade n × n. As raízes
deste polinômio característico são os auto-valores de A. Sabe-se que
um número λ ∈ R é um auto-valor de A se e somente se existe um
vetor não-nulo v ∈ Rn tal que Av = λv. Neste caso dizemos que v
é um auto-vetor de A associado ao auto-valor λ. Dado um auto-valor
λ de A denotamos por Eλ (A) := Nu(A − λI) o conjunto dos auto-
vetores de A associados a este auto-valor. Este é um espaço vetorial,
chamado autoespaço de A associado ao autovalor λ, formado pelos
vetores v ∈ Rn que satisfazem Av = λv. A multiplicidade geométrica
de λ como auto-valor de A é definida como a dimensão de Eλ (A). Já a
sua multiplicidade algébrica é definida como a sua multiplicidade como
raíz do polinômio característico.
Sabe-se que auto-vetores associados a auto-valores distintos, são
ortogonais. Dizemos que Rn possui uma decomposição em soma direta
por espaços V1 , . . . , Vr ⊂ Rn quando temos que cada elemento v de Rn
pode ser escrito de modo único como soma v = v1 + . . . + vr sendo que
cada elemento vj pertence ao espaço Vj . Tal situação é indicada como
Rn = V 1 ⊕ . . . ⊕ V r .
Teorema 6.8.2. (Forma canônica de Jordan real) Se A ∈ Rn×n
então existe P ∈ GL(Rn ) tal que P AP −1 = JA = diag[J1 , J2 , . . . , Jm ]
onde cada Ji é uma matriz quadrada da forma:
1. Jj = λj I + Nnj , se λj é um auto-valor real de A.
2
2. Jj = J2nj (aj ; bj ) + N2n j
, se aj + ibj é auto-valor complexo de A.
Além disso, a soma das ordens dos blocos da forma λj I + Nnj é igual
à multiplicidade algébrica de λj , enquanto que a soma das ordens dos
2
blocos da forma J2nj (aj ; bj ) + N2n j
é igual ao dobro da multiplicidade
algébrica de aj + ibj . A matriz JA ∈ Rn×n é chamada Forma canônica
228
de Jordan (Real) de A e ela é única a menos do ordem dos blocos
e do sinal da parte imaginaria bj das raízes complexas do polinômio
característico de A.
Observação 6.8.2. Graças ao Teorema da forma canônica de Jordan
está resolvido, ao menos na teoria, o problema de encontrar a
exponencial de uma matriz, já que
−1 J
eA = eP AP
= P −1 eJA P.
= {(x1 , x2 ) ∈ R2 ; x2 = −4x1 }
229
gera W1 é v1 = (1, −4). Para λ2 = 0, temos que A−λ2 I =
um vetor que
2 1
logo
−8 −4
= {(x1 , x2 ) ∈ R2 ; x2 = −2x1 }
um vetor que gera W2 é v2 = (1, −2). Assim
1
−1 −
1 1 2
P −1 = então P =
−4 −2 1
2
2
1
−1 −
2 2 1 1 1 −2 0
JA = P AP −1 =
−8 −4 =
1 −4 −2 0 0
2
2
então JA = diag[−2, 0] logo eJA = diag[e−2 , 1]. Agora, como A =
P −1 JA P e
−1 J
eA = eP AP
= P −1 eJA P
1
−1 −
1 1 e−2 0 2
=
−4 −2 0 1
1
2
2
−2 1 e−2
2−e −
= 2 2
.
−4 + 4e−2 2e−2 − 1
Exemplo 6.9.2. Dado
4 −1
A= ∈ R2×2
13 −2
determine eA .
Solução: O polinômio característico de A é dado por
4−λ 4
pA (λ) = det(A − λI) = det = λ2 − 2λ + 5.
13 −2 − λ
230
Logo os auto-valores de A são µ1 = 1+2i eµ1 = 1−2i. Para µ1 = 1+2i,
3 − 2i −1
temos que A − µ1 I = logo
13 −3 − 2i
= {(x1 , x2 ) ∈ C2 ; x2 = (3 − 2i)x1 }
um vetor que gera W1 é w1 = (1, 3 − 2i). Para obter uma base com
valores reais do C-espaço W1 fazemos o seguinte:
w1 = (1, 3 − 2i) = (1, 3) + i(0, −2)
1 0
1 0
desta maneira P −1 = então P =
3 −2 3 1
−
2 2
1 0
−1 4 −1 1 0 1 2
JA = P AP =
1 13 −2
=
3 3 −2 −2 1
−
2 2
JA cos 2 sen 2
então JA = I2 (1, 2) logo e = e . Agora, como A =
−sen 2 cos 2
P −1 JA P e
−1 J
eA = eP AP
= P −1 eJA P
1 0
1 0 cos 2 sen 2
= e
3 −2 −sen 2 cos 2 3 1
−
2 2
3 sen 2 sen 2
cos 2 + −
2 2
= e
.
13 sen 2 3 sen 2
− + cos 2
2 2
Exemplo 6.9.3. Dado
1 0 0
A= 0 1 3 ∈ R3×3
1 −1 −1
determine eA .
231
Solução: O polinômio característico de A é dado por
1−λ 0 0
pA (λ) = det(A−λI) = det 0 1−λ 3 = −(λ−1)(λ2 +2).
1 −1 −1 − λ
√ √
Logo os auto-valores de A sãoλ1 = 1, µ1 =i 2 e µ1 = −i 2. Para
0 0 0
λ1 = 1, temos que A − λ1 I = 0 0 3 logo
1 −1 −2
= {(x1 , x2 , x3 ) ∈ R3 ; x1 = x2 e x3 = 0}
√
um vetor que µ1 = i 2, temos que
gera√W1 é v1 = (1, 1, 0). Para
1−i 2 0√ 0
A − µ1 I = 0 1−i 2 3 √ logo
1 −1 −1 − i 2
W2 = Nu(A − µ1 I) = {x = (x1 , x2 , x3 ) ∈ C3 ; (A − µ1 I)x = 0}
√
= {(x1 , x2 , x3 ) ∈ C3 ; x1 = 0 e x2 = (−1 − i 2)x3 }
√
um vetor que gera W2 é v2 = (0, −1 − i 2, 1). Para obter uma base
com valores reais do C-espaço W2 fazemos o seguinte:
√ √
v2 = (0, −1 − i 2, 1) = (0, −1, 1) + i(0, − 2, 0)
desta maneira
1 0 0
1 0 0
√
P −1
= 1 −1 − 2 então P =
0 0 1
0 1 0 √ √ √
2
2
− 2
2
− 2
2
1 0 0
1 0 0 1 0 0
√
JA = P AP −1 =
0 0 1 0 1
3 1 −1 − 2
√ √ √
1 −1 −1 0 1 0
2
2
− 2
2
− 22
1 0 √0
JA = 0 0
√ 2
0 − 2 0
232
√ e 0√ 0√
então JA = diag[1, I2 (0, 2)] logo eJA = 0 cos √2 sen √2 .
0 −sen 2 cos 2
Agora, como A = P −1 JA P e
−1 J
eA = eP AP
= P −1 eJA P
1 0 0
1 0 0 e 0√ 0√
√
= 1 −1 − 2 0 cos √2 sen √2
0 0 1
0 1 0 0 −sen 2 cos 2 √ √ √
2
2
− 2
2
− 2
2
e 0 0
√ √ √ √ √ √ √ √
=
e − cos 2− 2
2
sen 2 cos 2+ 2
2
sen 2 − 2
2
sen 2 .
√ √ √ √ √ √ √
2
2
sen 2 − 2
2
sen 2 cos 2− 2
2
sen 2
determine eA .
233
Solução: O polinômio característico de A é dado por
3−λ 1
pA (λ) = det(A − λI) = det = (λ − 2)2 .
−1 1 − λ
Logo o auto-valor de A é λ = 2 de multiplicidade dois. Pelo Teorema
de decomposição Primária
1 1
N = A − λI =
−1 −1
234
mais ainda (A − λj I)|Edj (A,λj ) ∈ L(Edj (A, λj )) é nilpotente de ordem
kj ≤ dj para todo 1 ≤ j ≤ k. Pelo Teorema da forma canônica
de transformações nilpotentes, existe uma base Bj = {v1j , . . . , vdj j } de
Edj (A, λj ) em que Ñj = (A−λj I)|Edj (A,λj ) se representa por una matriz,
diagonal por blocos cujos blocos são matrizes nilpotentes canônicas.
Fazendo B = B1 ∪ . . . ∪ Bk temos que B é uma base de Kn e portanto
a matriz Q = [v11 , . . . , vd11 , v12 , . . . , vd22 , . . . , v1k , . . . , vdkk ] é inversível e P =
Q−1 é a matriz do Teorema da forma canônica de Jordan.
Exemplo 6.9.5. Dado
4 0 1
A = 2 3 2 ∈ R3×3
1 0 4
determine eA .
Solução: O polinômio característico de A é dado por
4−λ 0 1
pA (λ) = det(A−λI) = det 2 3−λ 2 = −(λ−5)(λ−3)2 .
1 0 4−λ
= {(x1 , x2 , x3 ) ∈ R3 ; x1 = x3 e x2 = 2x3 }
é B1 = {(1, 2, 1)}.
uma base de E1 (A, 5) Para λ2 = 3, temos que
1 0 1 1 0 1
A − 3I = 2 0 2 daí (A − 3I)2 = 2 2 0 2 logo
1 0 1 1 0 1
= {(x1 , x2 , x3 ) ∈ R3 ; x3 = −1x1 }
= {(x1 , x2 , −x1 ); x1 , x2 ∈ R}
235
pelo Teorema da Decomposição Primária: N = (A − 3I)|E2 (A,3)
deve ser nilpotente e como N (x1 , x2 , −x1 ) = (0, 0, 0) concluímos que
o ordem de nilpotência de N é um, isto é, E2 (A, 3) = Nu(N ).
Como (1, 0, −1), (0, 1, 0) ∈ E2 (A, 3) são linearmente independentes
pelo Teorema da forma canônica de transformações nilpotentes, basta
considerar B2 = {(1, 0, −1), (0, 1, 0)}. Para encontrar P , denotemos
v1 = (1, 2, 1), v2 = (1, 0, −1), v3 = (0, 1, 0) logo a base B = B1 ∪ B2 de
R3 determina Q. Assim temos
1 1
0
2 2
1 1 0
P −1 = Q = 2 0 1 então P =
1 1
0 −
1 −1 0 2
2
−1 1 −1
1 1
0
2 2
4 0 1 1 1 0 5 0 0
JA = P AP −1 =
1 1 2 3 2 2 0 1 = 0 3 0
0 −
2 2 1 −1 0
1 0 4 0 0 3
−1 1 −1
e5 0 0
então JA = diag[5, 3, 3] logo eJA = 0 e3 0 . Agora, como A =
0 0 e3
P −1 JA P e
−1 J
eA = eP AP
= P −1 eJA P
1 1
0
5 2 2
1 1 0 e 0 0
= 2 0 1 0 e3 0
1 1
2 0 −
1 −1 0 0 0 e 3
2
−1 1 −1
e5 + e3 0 e5 − e3
1
2e5 − 2e3 2e3 2e5 − 2e3
.
=
2
e5 − e3 0 e5 + e3
236
Exemplo 6.9.6. Dado
0 1 0 0
0 0 1 0
A=
0
∈ R4×4
0 0 1
−1 0 2 0
determine eA .
Solução: O polinômio característico de A é dado por
−λ 1 0 0
0 −λ 1 0
pA (λ) = det(A − λI) = det
0
= (λ − 1)2 (λ + 1)2 .
0 −λ 1
−1 0 2 −λ
Logo os auto-valores de A são λ1 = −1 de multiplicidade dois e λ2 = 1
de multiplicidade dois. Pelo Teorema da decomposição primária
R4 = E2 (A, −1) ⊕ E2 (A, 1)
1 1 0 0
0 1 1 0
Para λ1 = −1, temos que A + I = 0 0
, (A + I)2 =
1 1
−1 0 2 1
1 2 1 0
0 1 2 1
−1 0 3 2 logo
−2 −1 4 3
E2 (A, −1) = Nu((A + I)2 ) = {x = (x1 , x2 , x3 , x4 ) ∈ R4 ; (A + I)2 x = 0}
237
logo
P −1 = Q = então P =
1 0 1 0 1
−1 1 1 1 0 1 1
4
4 2
− 14 − 14 1
4
1
4
JA = P AP −1
0 − 14 1
2
− 41
1 0 1 0 0 1 2 1 −2
4 − 14 − 14 1
4 0 0 1 0
−1 −1 1 −1
=
0 0 0 1 1 0 1 0
0 1 1 1
−1 −1 1 1 1
4 2 4
0 2 0
− 14 − 14 1
4
1
4
−1 1 0 0
0 −1 0 0
JA =
0
0 1 1
0 0 0 1
238
então JA = diag[−I + N2 , I + N2 ] logo
−1 −1
e e 0 0
0 e−1 0 0
e JA = 0
.
0 e e
0 0 0 e
Agora, como A = P −1 JA P e
−1 J
eA = eP AP
= P −1 eJA P
0 − 14 1
2
− 14
−1 −1
0 1 0 0 e e 0 0 1
0 4 − 14 − 41 1
0 1 0 0 e−1 0 0
4
=
0
0 0 1 0 0 e e
e
1 1 1
−1
0
0 2 0 0 0 0 4 2 4
− 14 − 14 1
4
1
4
e + 3e−1 2e − 4e−1 e − e−1 2e−1
−2e−1 e + 3e−1 e − e−1
1
2e
= .
4 e−1 − e −2e−1 3e + e−1
2e
−2e e−1 − e 4e − 2e−1 3e + e−1
6.9.1 Exercícios
1. Se A, B ∈ Rn×n são tais que A · B = B · A, mostre que eA · B =
A · eB .
2. Dê um exemplo de matrizes A e B tais que eA+B 6= eA · eB .
3. Denotemos por Diag(Rn ) ao conjunto de todas as matrizes
diagonais de Rn×n . Se A, B ∈ Diag(Rn ) e c ∈ R, então mostre
que A + B, A · B e cA ∈ Diag(Rn ).
4. Mostre que Diag(Rn ) é um subconjunto fechado de Rn×n .
5. Mostre que J2n (a, b) · N2n 2
= N2n 2
· J2n (a, b), onde N2n ∈
R 2n×2n
é a matriz nilpotente de ordem 2n e J2n (a, b) =
diag[I2 (a, b), . . . , I2 (a, b)] ∈ R2n×2n .
239
6. Calcule a forma canônica de Jordan e a exponencial de cada uma
das seguintes matrizes:
√
−2 1 1 3 −1 −4
(a) (b) √ (c)
1 −2 3 −1 4 −7
5 −6 2 7 2 −1
(d) (e) (f)
3 −4 1 −4 0 2
0 1 1 1 1 −1
(g) (h) (i)
1 0 4 1 5 −3
1 0 0 1 1 1 3 2 2
(j) 2 1 −2 (k) 2 1 −1 (l) 1 4 1
3 2 1 −3 2 4 −2 −4 −1
3 2 4 0 1 2 2 0 0
(m) 2 0 2 (n) 0 0 3 (o) 0 3 0
4 2 3 0 0 0 0 1 3
É satisfeita a igualdade?
9. Seja A ∈ Rn×n , se λ (real ou complexo) é um auto-valor de A de
multiplicidade algébrica r, mostre que eλ é auto-valor de eA de
multiplicidade algébrica r.
n
A
10. Seja A ∈ R . Mostre que lim I +
n×n
= eA .
n→+∞ n
240
11. Seja A = [aij ] ∈ Rn×n , o traço de A denotado por tr(A) se define
como
X n
tr(A) = aii = a11 + a22 + . . . + ann .
i=1
det(eA ) = etr(A) .
241
como P ∈ GL(Rn ) então L é inversível, mais ainda
L−1 : Rn → Rn
y 7→ L−1 (y) = P −1 y = x
além disso L, L−1 são diferenciáveis e
y ′ = P x′ = P Ax = P AP −1 y = JA y
chegamos ao PVI ′
y = JA y
y(0) = y0 = P x0
cuja solução é dada por
φ y0 : R → R n
t 7→ φy0 (t) = etJA y0
finalmente, passamos às coordenadas originais da seguinte maneira:
−1 (tJ
φx0 (t) = L−1 (φy0 (t)) = P −1 etJA y0 = P −1 etJA P x0 = eP A )P
x0 = etA x0 .
Exemplo 6.10.1. Resolva o PVI
′
x1 = 2x1 + x2 , x1 (0) = x10
′
x2 = −8x1 − 4x2 , x2 (0) = x20 .
2 1
Solução: Denotando x = (x1 , x2 ), x0 = (x10 , x20 ) eA=
−8 −4
temos o sistema ′
x = Ax
x(0) = x0
cuja solução é dada por
φ x0 : R → R 2
t 7→ φx0 (t) = etA x0 .
1
−1 −
1 1 2
Do Exemplo 6.9.1 temos que P −1
= ,P =
e
−4 −2 1
2
2
−2 0
JA = = diag[−2, 0] logo
0 0
−1 J
φx0 (t) = etA x0 = etP AP
x0 = P −1 etJA P x0
−2t 1 1 e−2t
(2 − e )x0 + x20 −
=
.
2 2
−2t 1 −2t
(−4 + 4e )x0 + (2e − 1)x02
242
Exemplo 6.10.2. Resolva o PVI
′
x1 = 4x1 − x2 , x1 (0) = x10
′
x2 = 13x1 − 2x2 , x2 (0) = x20 .
4 −1
Solução: Denotando x = (x1 , x2 ), x0 = (x10 , x20 ) e A =
13 −2
temos o sistema ′
x = Ax
x(0) = x0
cuja solução é dada por
φ x0 : R → R 2
t 7→ φx0 (t) = etA x0 .
1 0
1 0
Do Exemplo 6.9.2 temos que P −1 = , P =
1
e
3 −2 3
−
2 2
1 2
JA = = I2 (1, 2) logo
−2 1
−1 J
φx0 (t) = etA x0 = etP AP
x0 = P −1 etJA P x0
3 sen 2t sen 2t
cos 2t + x0 + −
1
x20
2 2
= e
t
.
13 sen 2t 3 sen 2t
x0 + −
1
+ cos 2t x20
2 2
Exemplo 6.10.3. Resolva o PVI
x′ = 4x1 + x3 , x1 (0) = x10
′1
x2 = 2x1 + 3x2 + 2x3 , x2 (0) = x20
′
x3 = 1x1 + 4x3 , x3 (0) = x30 .
1 2 3
Solução:
Denotando x = (x1 , x2 , x3 ), x0 = (x0 , x0 , x0 ) e A =
4 0 1
2 3 2 temos o sistema
1 0 4
′
x = Ax
x(0) = x0
243
cuja solução é dada por
φ x0 : R → R 3
t 7→ φx0 (t) = etA x0 .
1 1
0
2 2
1 1 0
Do Exemplo 6.9.5 temos que P −1 = 2 0 1 , P =
1 1
0 −
1 −1 0 2
2
−1 1 −1
5 0 0
e JA = 0 3 0 = diag[5, 3, 3] logo
0 0 3
−1 J
φx0 (t) = etA x0 = etP AP
x0 = P −1 etJA P x0
(e5t + e3t )x10 + (e5t − e3t )x30
1
(2e5t − 2e3t )x10 + (2e3t )x20 + (2e5t − 2e3t )x30
.
=
2
(e5t − e3t )x10 + (e5t + e3t )x30
6.10.1 Exercícios
1. Determine a solução do PVI
′
x = Ax
x(0) = x0
244
1 0 0 1 1 1 3 2 2
(j) 2 1 −2 (k) 2 1 −1 (l) 1 4 1
3 2 1 −3 2 4 −2 −4 −1
3 2 4 0 1 2 2 0 0
(m) 2 0 2 (n) 0 0 3 (o) 0 3 0
4 2 3 0 0 0 0 1 3
onde P0 (A) = I e
Pk (A) = (A − λ1 I) · · · (A − λk I), para todo 1 ≤ k ≤ n (6.18)
245
e r1 , . . . , rk : R → K são soluções dos PVIs.
r′ (t) = λ1 r1 (t), r1 (0) = 1
1
(6.19)
′
rk+1 (t) = λk+1 rk+1 (t) + rk (t), rk+1 (0) = 0, 1 ≤ k ≤ n − 1.
e derivando temos
X
n−1 X
n−1
F ′ (t) = ′
rk+1 (t)Pk (A) = r1′ (t)P0 (A) + ′
rk+1 (t)Pk (A)
k=0 k=1
X
n−1 X
n−1
= rk (t)Pk (A) + λk+1 rk+1 (t)Pk (A)
k=1 k=0
X
n−2 X
n−1
= rk+1 Pk+1 (A) + λk+1 rk+1 (t)Pk (A).
k=0 k=0
temos
X
n−2 X
n−1
′
F (t) − λn F (t) = rk+1 (t)Pk+1 (A) + (λk+1 − λn )rk+1 (t)Pk (A)
k=0 k=0
X
n−2
= rk+1 (t)[Pk+1 (A) + (λk+1 − λn )Pk (A)]
k=0
246
assim obtemos
X
n−2
′
F (t) − λn F (t) = rk+1 (t)[Pk+1 (A) + (λk+1 − λn )Pk (A)]. (6.20)
k=0
X
n−2
= rk+1 (t)[(A − λk+1 I) + (λk+1 − λn )I]Pk (A)
k=0
X
n−2
= rk+1 (t)(A − λn I)Pk (A)
k=0
X
n−2
= (A − λn I) rk+1 (t)Pk (A)
k=0
247
Solução: Sabemos que PA (λ) = λ(λ + 2) logo os auto-valores de A são
λ1 = 0 e λ2 = −2. Por Putzer
etA = r1 (t)P0 (A) + r2 (t)P1 (A)
onde P0 (A) = I, P1 (A) = A − λ1 I = A e r1 , r2 : R → R são soluções
dos PVIs
′ ′
r1 (t) = 0 r2 (t) = −2r2 (t) + r1 (t)
e
r1 (0) = 1 r2 (0) = 0
1 e−2t
encontrando as soluções temos r1 (t) = 1 e r2 (t) = − . Logo
2 2
−2t 1 e−2t
1 e−2t 2−e 2
−
2
etA = I + − A= .
2 2
−4 + 4e−2t 2e−2t − 1
Exemplo 6.11.2. Dado
4 −1
A= ∈ R2×2
13 −2
usando Putzer determine etA .
Solução: Sabemos que PA (λ) = λ2 − 2λ + 5 logo os auto-valores de A
são λ1 = 1 + 2i e λ2 = 1 − 2i. Por Putzer
etA = r1 (t)P0 (A) + r2 (t)P1 (A)
onde
P0 (A) = I, P1 (A) = A − λ1 I = A − (1 + 2i)I
e r1 , r2 : R → R são soluções dos PVIs
′ ′
r1 (t) = (1 + 2i)r1 (t) r2 (t) = (1 − 2i)r2 (t) + r1 (t)
e
r1 (0) = 1 r2 (0) = 0
encontrando as soluções temos
e(1+2i)t e(1−2i)t
r1 (t) = e(1+2i)t e r2 (t) = − .
2 2
Logo
e(1+2i)t e(1−2i)t
e tA
=e (1+2i)t
I+ − (A − (1 + 2i)I)
2 2
3 sen 2t sen 2t
cos 2t + −
2 2
= et
.
13 sen 2t 3 sen 2t
− + cos 2t
2 2
248
6.11.1 Exercícios
1. Usando o Algoritmo de Putzer, determine a solução do PVI
′
x = Ax
x(0) = x0
onde A é uma das seguintes matrizes:
√
−2 1 1 3 −1 −4
(a) (b) √ (c)
1 −2 3 −1 4 −7
5 −6 2 7 2 −1
(d) (e) (f)
3 −4 1 −4 0 2
0 1 1 1 1 −1
(g) (h) (i)
1 0 4 1 5 −3
1 0 0 1 1 1 3 2 2
(j) 2 1 −2 (k) 2 1 −1 (l) 1 4 1
3 2 1 −3 2 4 −2 −4 −1
3 2 4 0 1 2 2 0 0
(m) 2 0 2 (n) 0 0 3 (o) 0 3 0
4 2 3 0 0 0 0 1 3
249
6. Seja Lk (λ) o polinômio na indeterminada λ de grau n − 1 definido
como
Yn
λ − λj
Lk (λ) =
j=1,j̸=k
λk − λj
onde λ1 , ..., λn ∈ R são todos distintos. Lk (λ) é chamado
polinômio interpolante de Lagrange de grau n − 1.
(a) Mostre que
0, se λi = λj
Lk (λi ) =
1, se λ 6= λ .
i j
e deduza que
X
n
Lk (A) = I, para todo A ∈ Rn×n .
k=1
250
9. Mostre que se λ ∈ C é um auto-valor da matriz A ∈ Rn×n , então
eλ é um auto-valor da matriz eA .
10. Seja A ∈ R3×3
(a) Se A tem λ como único auto-valor de multiplicidade três,
mostre que
1 2
e = e I + t(A − λI) + t (A − λI) .
tA λt 2
2
(b) Se A tem três auto-valores distintos λ1 , λ2 e λ3 , mostre que
(A − λ2 I)(A − λ3 I) (A − λ1 I)(A − λ3 I)
etA = eλ1 t + e λ2 t
(λ1 − λ2 )(λ1 − λ3 ) (λ2 − λ1 )(λ2 − λ3 )
(A − λ1 I)(A − λ2 I)
+eλ3 t .
(λ3 − λ1 )(λ3 − λ2 )
(c) Se A tem dois auto-valores λ1 (de multiplicidade dois) e λ2 ,
mostre que:
eλ2 −t − eλ1 t
etA = eλ1 t [I + t(A − λ1 I)] + (A − λ1 I)2
(λ2 − λ1 )2
teλ1 t
− (A − λ1 I)2 .
λ2 − λ 1
11. Seja A ∈ Rn×n são auto-valores λ1 , ..., λk de multiplicidade
d1 , ..., dk respectivamente. Definimos os polinômios
Y
k
p1 (λ) = 1, pi (λ) = (λ − λj )di , (1 ≤ i ≤ k, k > 1).
j=1,j̸=i
(a) Mostre que existem k polinômios a1 (λ), ..., ak (λ) tais que
1 a1 (λ) ak (λ)
= + ··· + .
PA (λ) (λ − λ1 ) d 1 (λ − λk )dk
(b) Mostre que
" #
X
k dX
i −1 j
t
e tA
= λi t
e ai (A)pi (A) (A − λi I) .
j
i=1 j=0
j!
251
6.12 Sistemas lineares não homogêneos
Consideremos o PVI
′
x = Ax + b(t)
(6.21)
x(t0 ) = x0
252
Corolário 6.12.1. O PVI linear não homogêneo de ordem n
(n)
x + a1 x(n−1) + . . . + an−1 x′ + an x = b(t)
x(t0 ) = x0 , x′ (t0 ) = x1 , . . . , x(n−1) (t0 ) = x(n−1)
0 0 0
s(2 − e2s )
=
2s
s(−4 + 4e )
253
logo
Z t
Z 1 s(2 − e )ds 2s
t
0
x0 + e−sA b(s)ds = 2 +
Z t
0
1 s(−4 + 4e2s )ds
0
1 te2t e2t 1
t − 2 + 4 −4
2
= 2 +
1 −2t2 + 2te2t − e2t + 1
te2t e2t 1
t − 2
+ +
= 2 4 4
−2t2 + 2te2t − e2t + 2
portanto
−2t 1 e−2t te2t e2t 1
2−e − t 2
− + +
Φ(t) = 2 2
2 4 4
−4 + 4e−2t 2e−2t − 1 −2t2 + 2te2t − e2t + 2
t 5e−2t 7
t −2− 4 +4
2
= .
−2t2 + 2t + 5e2t − 4
6.12.1 Exercícios
1. Determine a solução do PVI não homogêneo
′
x = Ax + b(t)
x(0) = x0
onde
0 −1 0 −1
(a) A = , b(t) = e x0 = .
1 0 1 1
1
1 −2 −sen t x0
(b) A = , b(t) = e x0 = .
1 −1 cos t x20
1
0 1 0 x0
(c) A = , b(t) = 2 e x0 = .
2 2 t x20
254
1
0 1 0 x0
(d) A = , b(t) = e x0 = .
−4 0 t sen 2t x20
0 1 0 0 1
(e) A = 0 0 1 , b(t) = 0 e x0 = 0 .
0 4 0 5 cos t 0
0 1 0 0 0 0
0 0 1 0 0
(f) A = , b(t) = 0 e x0 = .
0 0 0 1 0 1
−1 0 −2 0 3t + 4 1
Em todos os casos, b é uma função definida em R.
255
Capítulo 7
A Transformada de Laplace
256
onde s varia no conjunto dos números reais na qual a integral existe.
258
Portanto
1
L [eat ](s) = , s > a.
s−a
Exemplo 7.1.4. Considere f : [0, +∞[→ R definida por f (t) =
sen(at), onde a ∈ R∗ . Temos
Z +∞
L [sen(at)](s) = e−st sen(at)dt
0
Z r
= lim e−st sen(at)dt
r→+∞ 0
r
e−st (a cos(at) + s sen(at))
= lim −
r→+∞ a2 + s 2 0
a e−sr (a cos(ar) + s sen(ar))
= lim − .
r→+∞ a2 + s 2 a2 + s 2
Para s > 0 existe o limite
a e−sr (a cos(ar) + s sen(ar)) a
lim 2 2
− 2 2
= 2
r→+∞ a + s a +s a + s2
pois
−sr
e (a cos(ar) + s sen(ar)) −sr
= e |a cos(ar) + s sen(ar)|
a2 + s 2 a2 + s 2
e−sr
≤ (|a| + |s|).
a2 + s 2
Portanto
a
L [sen(at)](s) = , s > 0.
a2 + s2
Exemplo 7.1.5. Dado c ≥ 0. Definimos a função uc : [0, +∞[→ R
definida como segue
0 se t < c
uc (t) = .
1 se t ≥ c
A função uc é chamada função de Heaviside ou função escada unitária.
259
Figura 7.2: Função de Heaviside
e−cs
L [uc (t)](s) = , s > 0.
s
Teorema 7.1.1. Seja f : [0, +∞[→ R. Se existe L [f (t)](s) para
s > a ≥ 0 e c > 0. Então
260
Demonstração:
Z +∞
L [uc (t)f (t − c)](s) = e−st uc (t)f (t − c)dt
0
Z +∞
= e−st uc (t)f (t − c)dt
c
Z +∞
= e−st f (t − c)dt
c
Z r
= lim e−st f (t − c)dt
r→+∞ c
= L [f (t)](s) + L [g(t)](s).
261
Por outro lado, para s > a1 temos
Z +∞
L [α · f (t)](s) = e−st (α · f (t)) dt
0
Z r
= lim e−st (α · f (t)) dt
r→+∞ 0
Z r
= α lim e−st f (t)dt
r→+∞ 0
= α · L [f (t)](s).
Exemplo 7.1.6. Calcule a transformada de Laplace de f (t) = 7t −
5 sen(3t) para todo t ≥ 0.
Solução: Para s > 0 temos
7 15
L [7t − 5 sen(3t)](s) = 7L [t](s) − 5L [sen(3t)](s) = − .
s2 s2 + 9
Exemplo 7.1.7. Calcule a transformada de Laplace de f (t) = senh(at)
para todo t ≥ 0.
Solução: Para s > |a| temos
at
e − e−at
L [senh(at)](s) = L (s)
2
1
= (L [eat ](s) − L [e−at ](s))
2
1 1 1 1 1 1
= − = −
2 s − a s − (−a) 2 s−a s+a
1 s+a−s+a 1 2a
= · = ·
2 s 2 − a2 2 s 2 − a2
a
= .
s 2 − a2
262
Dizemos que f : [0, +∞[→ R é de ordem exponencial se é ordem
exponencial α para algum α ∈ R.
Exemplo 7.2.1. Considere f (t) = t para todo t ≥ 0. Então f é de
ordem exponencial α para todo α > 0.
263
Figura 7.5: f (t) = sen t é de ordem exponencial α.
Z r r
(c−s)t e(c−s)t
= M lim e dt = M lim
r→+∞ T r→+∞ c−s T
e(c−s)r e(c−s)T M e(c−s)T
= M lim − = .
r→+∞ c−s c−s s−c
Esta última desigualdade mostra a existência de L [f (t)](s) para s > c.
Teorema 7.2.2. Seja a ∈ R e f : [0, +∞[→ R seccionalmente contínua
e de ordem exponencial c. Então para s > a + c tem-se
L [eat f (t)](s) = L [f (t)](s − a).
264
Demonstração: Para s > a + c temos
Z +∞
L [f (t)](s − a) = e−(s−a)t f (t)dt
0
Z +∞
= e−st eat f (t) dt = L [eat f (t)](s).
0
265
Derivando a identidade anterior em relação a s temos
Z +∞
d3
3
(L [f (t)](s)) = (−t)3 e−st f (t)dt.
ds 0
Portanto
dn
L [tn f (t)](s) = (−1)n (L [f (t)](s)).
dsn
Exemplo 7.2.8. Calcule a transformada de Laplace de tn para cada
n = 1, 2, 3, ...
1
Solução: Temos que L [1](s) = e
s
dn 1 n!
= (−1)n n+1 .
dsn s s
Pelo Teorema 7.2.3 temos
dn n d
n
1 n!
L [t ](s) = (−1)
n n
(L [1](s)) = (−1) = n+1 .
dsn dsn s s
266
Solução: Pelo Teorema 7.2.3 temos
d2
L [t2 sen(bt)](s) = (−1)2 (L [sen(bt)](s)) .
ds2
Por outro lado,
b
L [sen(bt)](s) =
b2 + s2
derivando em relação a s temos
d −2bs
(L [sen(bt)](s)) = 2
ds (b + s2 )2
derivando novamente em relação a s tem-se
d2 (−2b)(b2 + s2 )2 − (−2bs)2(b2 + s2 )2s
(L [sen(bt)](s)) =
ds2 (b2 + s2 )4
−2b(b2 + s2 ) + 8bs2
=
(b2 + s2 )3
2b(3s2 − b2 )
= .
(b2 + s2 )3
Portanto
2b(3s2 − b2 )
L [t2 sen(bt)](s) = .
(b2 + s2 )3
Teorema 7.2.4. Seja f : [0, +∞[→ R contínua de ordem exponencial
c e f ′ seccionalmente contínua. Então existe L [f ′ (t)](s) para s > c e
além disso
L [f ′ (t)](s) = sL [f (t)](s) − f (0), para s > c.
Demonstração: Basta mostrar no caso em que f ′ é contínua. Temos
que por definição
Z +∞ Z r
′ −st ′
L [f (t)](s) = e f (t)dt = lim e−st f ′ (t)dt
0 r→+∞ 0
por integração por partes temos
Z r
′ −st
r −st
L [f (t)](s) = lim e f (t) 0 + s e f (t)dt
r→+∞ 0
Z r
−sr −st
= lim e f (r) − f (0) + s e f (t)dt
r→+∞ 0
= lim e−sr f (r) − f (0) + sL [f (t)](s).
r→+∞
267
Por outro lado, como f é de ordem exponencial c, existem M > 0 e
T > 0 tais que
|f (r)| ≤ M ecr , para todo r ≥ T
logo
|e−sr f (r)| ≤ M er(c−s) , para todo r ≥ T.
Para s > c temos que lim M er(c−s) = 0 então tem-se
r→+∞
lim e−sr f (r) = 0.
r→+∞
Portanto
L [f ′ (t)](s) = sL [f (t)](s) − f (0),
para s > c.
Exemplo 7.2.11. Calcule a transformada de Laplace de cos(bt), onde
b 6= 0.
Solução: Pelo Teorema 7.2.4 para s > 0 temos
′
sen(bt) sen(bt) sen(b0)
L [cos(bt)](s) = L (s) = sL (s) −
b b b
sen(bt) s
= sL (s) − 0 = L [sen(bt)] (s)
b b
s b s
= · 2 2
= 2 .
b s +b s + b2
Exemplo 7.2.12. Calcule a transformada de Laplace de cosh(bt), onde
b 6= 0.
Solução: Pelo Teorema 7.2.4 para s > |b| temos
′
senh(bt)
L [cosh(bt)](s) = L (s)
b
senh(bt) senh(b0)
= sL (s) −
b b
senh(bt) s
= sL (s) − 0 = L [senh(bt)] (s)
b b
s b s
= · 2 = .
b s − b2 s2 − b 2
268
Teorema 7.2.5. Suponhamos f e f ′ , definidas em [0, +∞[, são
contínuas e de ordem exponencial c, enquanto f ′′ é seccionalmente
contínua. Então existe L [f ′′ (t)](s) para s > c e além disso
K e−cs
L [K](s) = , s>0 L [uc (t)](s) = , s>0
s s
n! 1
L [tn ](s) = , s>0 L [eat ](s) = , s>a
sn+1 s−a
b b
L [sen(bt)](s) = , s>0 L [senh(bt)](s) = , s > |b|
s2 + b2 s2 − b2
s s
L [cos(bt)](s) = , s>0 L [cosh(bt)](s) = , s > |b|
s2 + b2 s2 − b2
269
Z p Z +∞
−st
L [f (t)](s) − e −ps
L [f (t)](s) = e G(t)dt + e−st G(t)dt
0 p
Z p
(1 − e −ps
)L [f (t)](s) = e−st f (t)dt
0
Z p
e−st f (t)dt
L [f (t)](s) = 0
1 − e−ps
para s > 0.
Exemplo 7.3.1. Determine a transformada de Laplace da seguinte
função periódica:
Logo, temos
Z 2
e−st f (t)dt
L [f (t)](s) = 0
1 − e−2s
Z 1 Z 2
1 −st −st
= e f (t)dt + e f (t)dt
1 − e−2s 0 1
Z 1 Z 2
1 −st −st
= e dt + e (2 − t)dt
1 − e−2s 0 1
270
usando integração por partes obtemos
" 1 −st 2 Z 2 −st #
1 e−st e e
L [f (t)](s) = + (2 − t) − dt
1 − e−2s −s 0 −s 1 1 s
Z
1 1 1 2 −st
= − e dt
1 − e−2s s s 1
" 2 #
1 1 1 e−st
= −
1 − e−2s s s −s 1
1 1 1 e−s e−2s
= − − .
1 − e−2s s s s s
7.3.1 Exercícios
1. Use a definição para calcular L [f (t)](s):
−1, 0 ≤ t < 1 4, 0 ≤ t < 2
(a) f (t) = (b) f (t) =
1, t ≥ 1 0, t ≥ 2
sen t, 0 ≤ t < π t, 0 ≤ t < 1
(c) f (t) = (d) f (t) =
0, t≥π 1, t ≥ 1
2t + 1, 0 ≤ t < 1 0, 0 ≤ t < π/2
(e) f (t) = (f) f (t) =
0, t≥1 cos t, t ≥ π/2
271
(b) Mostrar que f não é de ordem exponencial se
f (t)
lim = +∞
t→+∞ eαt
para todo número real α.
4. Seja f : [0, +∞[→ R uma função seccionalmente contínua e de
ordem exponencial. Mostrar que
lim L [f (t)](s) = 0.
s→+∞
t2 y ′′ + aty ′ + by = 0,
Γ(p + 1) = pΓ(p).
272
(c) Se p for um inteiro positivo, mostre que
Γ(p + 1) = p!.
Γ(p + n)
p(p + 1)(p + 2) · · · (p + n − 1) = .
Γ(p)
Assim, Γ(p) pode ser determinado para todos os valores
positivos de p se Γ(p) for conhecido em um único intervalo
de comprimento um, digamos,
√ em 0 < p ≤ 1. É possível
mostrar que Γ(1/2) = π. Encontre Γ(3/2) e Γ(11/2).
8. Considere a transformada de Laplace de tp , onde p > −1.
(a) Use o Exercício 7, mostre que
Z ∞ Z ∞
1
L [t ](s) =
p
e−st tp dt = e−x xp dx
0 sp+1 0
Γ(p + 1)
= , s > 0.
sp+1
(b) Seja p igual a um inteiro positivo n em (a); mostre que
n!
L [tn ](s) = , s > 0.
sn+1
(c) Mostre que
Z ∞
−1/2 2
e−x dx, s > 0.
2
L [t ](s) = √
s 0
273
(d) Mostre que √
π
L [t 1/2
](s) = , s > 0.
2s3/2
9. Se f é uma função contínua e de ordem exponencial em [0, +∞[,
e seja a um número real não negativo. Mostre que
Z t Z
1 1 a
L f (x) dx (s) = L [f (t)](s) − f (t) dt.
a s s 0
Em geral, mostre que
Z Z Z x2 Z x1
t xn−1
L ... f (x) dx dx1 . . . dxn−2 dxn−1
(s)
| a a
{z a a
}
n−vezes
k
Z a Z a Z t
1 1 1
n
L [f (t)](s) − n f (x) dx − f (x) dx dt
s s 0 sn−1 0 a
Z a Z t Z xn−2 Z x2 Z x1
1
−··· − ... f (x) dx dx1 . . . dxn−2 dt.
s a a
0
| {z a a
}
(n−1)−vezes
274
(a) e2t sen 3t (b) 3e−t cos 2t
275
15. Determine a transformada de Laplace das seguintes funções
periódicas:
(a)
(b)
(c)
276
7.4 A transformada de Laplace inversa
A seguir mostraremos a existência da transformada de Laplace inversa
para funções contínuas. Para isto utilizaremos o seguinte Teorema:
Teorema 7.4.1. (Teorema de aproximação polinomial de Wei-
erstrass, ver Capítulo 8 seção 11 em [11]) Se f : [a, b] → R contínua.
Dado ε > 0 existe um polinômio p(t) tal que
|f (t) − p(t)| < ε, para todo t ∈ [a, b].
Na verdade usaremos o seguinte Lema que é consequência deste
teorema:
Lema 7.4.1. Seja f : [0, 1] → R contínua tal que
Z 1
tn f (t)dt = 0, para n = 0, 1, 2, 3, . . .
0
então f ≡ 0.
Z 1
Demonstração: Se apresentam dois casos. Se |f (t)|dt = 0 e como
Z 1 0
Agora Z Z
1 1
f (t)dt =
2
f (t)(f (t) − p(t))dt
0 0
Z 1
≤ |f (t)| · |f (t) − p(t)|dt
0
Z
ε 1
< |f (t)|dt = ε
A 0
como ε > 0 é arbitrário temos que f ≡ 0.
277
Teorema 7.4.2. (Teorema de Lerch) Sejam f, g : [0, ∞[→ R
contínuas tais que L [f (t)](s) = L [g(t)](s) para s > c então f (t) = g(t)
para todo t ≥ 0.
Demonstração: Considere s0 = c + 1 e H : [0, +∞[→ R definida por
H(t) = f (t) − g(t). Assim temos H é contínua e L [H(t)](s) = 0 para
s ≥ s0 . Seja h(s) = L [H(t)](s) para s ≥ s0 logo temos
h(s0 + n) = 0, para n = 0, 1, 2, 3, . . .
isto é Z +∞
e−(s0 +n)t H(t)dt = 0, para n = 0, 1, 2, 3, . . . .
0
Definimos
Z x
v(x) = e−s0 t H(t)dt, para todo x ∈ [0, +∞[.
0
Z r Z t r
−nt −s0 t −nt −s0 ξ
e e H(t)dt = e e H(ξ)dξ
0 0 0
Z r Z t
−nt −s0 ξ
+n e e H(ξ)dξ dt
0 0
Z r
=e −nr
v(r) + n e−nt v(t)dt.
0
Z r
Como os limites lim e−nt e−s0 t H(t)dt e lim e−nr v(r) existem e
r→+∞ 0 r→+∞
valem zero, tem-se
Z r
n e−nt v(t)dt = 0, para n = 1, 2, 3, . . . .
0
Logo Z r
e−nt v(t)dt = 0, para n = 1, 2, 3, . . . .
0
Agora, definamos w : [0, 1] → R como segue
1
v ln se 0 < u ≤ 1
w(u) = u
0 se u = 0.
278
Note que w é contínua em ]0, 1] e que
1
lim+ w(u) = lim+ v ln = lim v(x) = 0 = w(0)
u→0 u→0 u x→+∞
temos Z Z
r 1
−nt
e v(t)dt = un−1 w(u)du.
0 e−r
Tomando limite quando r → +∞ obtemos a
Z 1 Z +∞
n−1
u w(u)du = e−nt v(t)dt = 0, para n = 1, 2, 3, . . .
0 0
279
Finalmente, para cada y ∈ [0, +∞[ existe um único t ∈]0, 1] tal que
1
y = ln , logo temos
t
1
v(y) = v ln = w(t) = 0.
t
Derivando temos
e−s0 y H(y) = v ′ (y) = 0, para todo y ∈ [0, +∞[
daí
H(y) = 0, para todo y ∈ [0, +∞[.
Observação 7.4.1. A continuidade no Teorema 7.4.2 é fundamental
para obter unicidade. Por exemplo, considere
t se t ≥ 0, t 6= 1
f (t) = t para t ≥ 0 e g(t) =
π se t = 1
tem a mesma transformada de Laplace embora sejam funções distintas.
O Teorema 7.4.2 nos permite definir a transformada de Laplace
inversa da seguinte maneira:
Dada F , L−1 [F ] = f , onde f é a única função contínua que satisfaz
a propriedade L [f ] = F . Em outras palavras
f (t) = L −1 [F (s)](t) ⇐⇒ L [f (t)](s) = F (s).
A função F pertence a um conjunto de funções “boas” no sentido
de que para elas é possível encontrar f contínua tal que L [f ] = F .
Pelo visto anteriormente, temos as seguinte tabela de transformadas
inversas:
−1 K −1 n!
L (t) = K, t ≥ 0 L (t) = tn , t ≥ 0
s sn+1
1 b
L −1 (t) = eat , t ≥ 0 L −1 (t) = sen(bt), t ≥ 0
s−a s2 + b 2
−1 s −1 b
L (t) = cos(bt), t ≥ 0 L (t) = senh(bt), t ≥ 0
s2 + b 2 s2 − b 2
280
−1 s
L (t) = cosh(bt), t ≥ 0
s2 − b 2
√ 5 √
= 2 cos( 7t) + √ sen( 7t).
7
Teorema 7.4.3. Se f (t) = L −1 [F (s)](t) então
L −1 [F (s − a)](t) = eat L −1 [F (s)](t).
Demonstração: Temos que L [f (t)](s) = F (s), assim pelo Teo-
rema 7.2.2 temos
F (s − a) = L [f (t)](s − a) = L [eat f (t)](s)
logo
L −1 [F (s − a)](t) = eat L −1 [F (s)](t).
281
Exemplo 7.4.4. Calcule a transformada de Laplace inversa de
5
.
(s + 4)7
Solução: Pelo Teorema 7.4.3 tem-se
−1 5 −1 1
L = 5L
(s + 4)7 (s + 4)7
−4t −1 1
= 5e L
s7
5e−4t −1 6!
= L
6! s7
5e−4t 6
= t.
6!
Exemplo 7.4.5. Calcule a transformada de Laplace inversa de
s+3
2
.
s + 6s + 14
Solução: Pelo Teorema 7.4.3 tem-se
−1 s+3 −1 s+3
L =L
s2 + 6s + 14 (s + 3)2 + 5
−3t −1 s
=e L
s2 + 5
√
= e−3t cos( 5t).
282
fazendo s = 1 temos que A = 1/3 e fazendo s = −2 temos que B =
−1/3. Logo
1 1/3 −1/3
= +
(s − 1)(s + 2) s−1 s+2
aplicando a transformada de Laplace inversa temos
−1 1 1 −1 1 1 −1 1
L = L − L
(s − 1)(s + 2) 3 s−1 3 s+2
et e−2t
= − .
3 3
Exemplo 7.4.7. Calcule a transformada de Laplace inversa de
s+1
.
s(s + 2)2
Solução: Usamos frações parciais: sejam A, B e C tais que
s+1 A B C
2
= + +
s(s + 2) s s + 2 (s + 2)2
logo
s + 1 = A(s + 2)2 + Bs(s + 2) + Cs
fazendo s = 0 temos que A = 1/4, fazendo s = −2 temos que C = 1/2
e fazendo s = 1 temos que B = −1/4. Logo
1 e−2t te−2t
= − + .
4 4 2
Exemplo 7.4.8. Calcule a transformada de Laplace inversa de
s+1
.
s(s + 2)
283
Solução: Usamos frações parciais: sejam A, B tais que
s+1 A B
= +
s(s + 2) s s+2
logo
s + 1 = A(s + 2) + Bs
fazendo s = 0 temos que A = 1/2 e fazendo s = −2 temos que B = 1/2.
Logo
s+1 1/2 1/2
= +
s(s + 2) s s+2
aplicando a transformada de Laplace inversa temos
−1 s+1 1 −1 1 1 −1 1
L = L + L
s(s + 2) 2 s 2 s+2
1 e−2t
= + .
2 2
s2 + 6s + 13 = (s + 3)2 + 4
logo
−1 s −1 s
L 2
=L
s + 6s + 13 (s + 3)2 + 4
−1 s+3 −1 3
=L −L
(s + 3)2 + 4 (s + 3)2 + 4
−3t −1 s 3 −1 2
=e L − L
s2 + 4 2 (s + 3)2 + 4
−3t 3e−3t −1 2
= e cos(2t) − L
2 s2 + 4
3e−3t sen(2t)
= e−3t cos(2t) − .
2
284
Exemplo 7.4.10. Calcule a transformada de Laplace inversa de
1 1
+ .
(s − 1)3 s2 + 2s − 8
Solução: Completando quadrados temos
s2 + 2s − 8 = (s + 1)2 − 9
logo
−1 1 1 −1 1 −1 1
L + 2 =L +L
(s − 1) 3 s + 2s − 8 (s − 1)3 s2 + 2s − 8
1 −1 2! 1 −1 3
= L + L
2! (s − 1)3 3 (s + 1)2 − 9
et −1 2! e−t −1 3
= L + L
2 s3 3 s2 − 9
t2 et e−t senh(3t)
= + .
2 3
L [y ′ ](s) − 3L [y](s) = 0
(s − 3)L [y](s) = π
π
L [y](s) =
s−3
285
tomando transformada de laplace inversa obtemos
−1 π
y=L
s−3
y = πe3t .
1
s2 L [y](s) − sy(0) − y ′ (0) − (sL [y](s) − y(0)) =
s−1
1
(s2 − s)L [y](s) =
s−1
1
L [y](s) =
s(s − 1)2
tomando transformada de laplace inversa obtemos
−1 1
y=L .
s(s − 1)2
Usamos frações parciais: sejam A, B, C tais que
1 A B C
= + +
s(s − 1)2 s s − 1 (s − 1)2
logo
1 = A(s − 1)2 + Bs(s − 1) + Cs
fazendo s = 0 temos que A = 1, fazendo s = 1 temos que C = 1 e
fazendo s = 2 temos que B = −1. Logo
1 1 1 1
= − +
s(s − 1) 2 s s − 1 (s − 1)2
286
voltando
−1 1
y =L
s(s − 1)2
1 1 1
= L −1 − +
s s − 1 (s − 1)2
−1 1 −1 1 −1 1
=L −L +L
s s−1 (s − 1)2
−1 1
=1−e +e L
t t
s2
= 1 − et + tet .
2
s2 L [y](s) − 2s − 6 − 6(sL [y](s) − 2) + 9L [y](s) =
(s − 3)3
2
(s2 − 6s + 9)L [y](s) − 2s + 6 =
(s − 3)3
2
(s − 3)2 L [y](s) = 2(s − 3) +
(s − 3)3
2 2
L [y](s) = +
s − 3 (s − 3)5
287
tomando transformada de laplace inversa obtemos
−1 2 2
y =L +
s − 3 (s − 3)5
1 1
= 2L −1 + 2L −1
s−3 (s − 3)5
−1 1
= 2e + 2e L
3t 3t
s5
2e3t −1 4!
3t
= 2e + L
4! s5
t4 e3t
= 2e3t + .
12
L −1 [f + g] = L −1 [f ] + L −1 [g]
será que a transformada de Laplace inversa verifica
L −1 [f · g] = L −1 [f ] · L −1 [g]?
A resposta é não! Por exemplo,
−1 1 −1 1 −1 1
t=L 6= L ·L = 1 · 1 = 1.
s2 s s
Isto motiva a seguinte definição:
Definição 7.5.1. Sejam f, g : [0, +∞[→ R seccionalmente contínuas e
de ordem exponencial. Definimos a convolução de f e g como segue
Z t
(f ∗ g)(t) = f (σ)g(t − σ)dσ.
0
= t − sen t.
288
Teorema 7.5.1. Sejam f, g : [0, +∞[→ R seccionalmente contínuas e
de ordem exponencial c. As seguintes propriedades são satisfeitas:
(i) f ∗ g = g ∗ f .
(ii) L [f ∗ g] = L [f ] · L [g].
Demonstração:
(i) Temos que Z t
(f ∗ g)(t) = f (σ)g(t − σ)dσ
0
fazendo a mudança de variável η = t − σ temos
Z 0 Z t
(f ∗g)(t) = f (t−η)g(η)(−dη) = g(η)f (t−η)dη = (g ∗t)(t).
t 0
Z r Z r Z t
−st −st
e (f ∗ g)(t)dt = e f (σ)g(t − σ)dσ dt
0 0 0
Z r Z t
−st
= e f (σ)g(t − σ)dσ dt
0 0
ZZ
= e−st f (σ)g(t − σ)dσdt
D
289
Pelo Teorema de Fubini temos
Z r Z r Z r
−st −st
e (f ∗ g)(t)dt = e f (σ)g(t − σ)dt dσ
0 0 σ
Z r Z r
−st
= f (σ) e g(t − σ)dt dσ
0 σ
Z r Z r−σ
−σs −ξs
= e f (σ) e g(ξ)dξ dσ
0 0
tomando r → +∞ temos
t
e−σ (sen σ + cos σ) 1 e−t (sen t + cos t)
= e −t
=e t
−
2 0 2 2
et sen t cos t
−= − .
2 2 2
−1 1
Exemplo 7.5.6. Calcule L (t).
(s − 1)(s + 4)
290
Solução: Pela Observação 7.5.1 temos
−1 1 −1 1 −1 1
L (t) = L (t) ∗ L (t)
(s − 1)(s + 4) s−1 s+4
= et ∗ e−4t = e−4t ∗ et
Z t
= e−4σ et−σ dσ
0
Z t
=e t
e−5σ dσ
0
t
e−5σ et e−4t
=e t
= − .
−5 0 5 5
1
Exemplo 7.5.7. Calcule L −1 (t).
(s2 + 9)2
Solução: Pela Observação 7.5.1 temos
−1 1 −1 1 −1 1
L (t) = L (t) ∗ L (t)
(s2 + 9)2 s2 + 9 s2 + 9
sen 3t sen 3t
= ∗
3 3
Z
1 t
= sen 3σ sen 3(t − σ) dσ
9 0
Z t
1
= [cos(6σ − 3t) − cos 3t] dσ
18 0
t
1 sen(6σ − 3t)
= − σ cos 3t
18 6 0
1 sen(3t)
= − t cos 3t .
18 3
Observação 7.5.2. Aplicando a trasformada de Laplace inversa ao
Teorema 7.1.1 temos
291
−1 e−πs
Exemplo 7.5.8. Calcule L (t).
s+1
Solução: Pela Observação 7.5.2 temos
−πs
e 1
L −1 (t) = uπ (t)L −1 (t − π)
s+1 s+1
= uπ (t)e−(t−π) = uπ (t)eπ−t
0 se 0 ≤ t < π
=
eπ−t se t ≥ π.
−2s
−1 e
Exemplo 7.5.9. Calcule L (t).
s(s + 1)
Solução: Pela Observação 7.5.2 temos
−2s
−1 e −1 1
L (t) = u2 (t)L (t − 2)
s(s + 1) s(s + 1)
por outro lado, pela Observação 7.5.1 temos
−1 1 −1 1 −1 1
L (t) = L (t) ∗ L (t)
s(s + 1) s s+1
= 1 ∗ e−t = e−t ∗ 1
Z t t
= e−σ dσ = −e−σ 0
0
= 1 − e−t .
Voltando temos
−2s
−1 e
L (t) = u2 (t) 1 − e−(t−2)
s(s + 1)
0 se 0 ≤ t < 2
=
1 − e2−t se t ≥ 2.
292
7.5.1 Exercícios
1. Encontre a transformada de Laplace inversa de cada uma das
seguintes funções.
7 s−2 2s − 1
(a) (b) (c)
s2 s2 − 2 s2 + 2s + 8
18 7 1 7s − 8
(d) + (e) (f)
s2 s (s − 1)2 s2 + 9s + 25
s+1 1 cs + d
(g) (h) (i) ; b > a2 > 0
s2 + 1 s2 + 2s + 4 s2
+ 2as + b
1 3s2 s+3
(j) (k) (l) ln
(s2 + 4)3 (s2 + 1)2 s+2
1 + e−s e−s s2
(m) (n) (o) 3
s (s − 1)(s − 2) s + a3
293
3. Usando a transformada de Laplace, resolver o seguinte PVI
2, 5 · 105 y ′ + 106 y = f (t)
y(0) = 0
onde
0 , se 0 ≤ t < 2
f (t) = 10 , se 2 ≤ t < 3
0 , se t ≥ 3.
k
Z t Z xn Z x2
1
xn xn−1 · · · x1 sen(ax1 )dx1 · · · dxn−1 dxn .
a2n n! 0
|0 {z 0
}
(n−1)−integrandos
294
−1 s
(b) Deduzir uma fórmula análoga para L .
(s2 + a2 )n+1
8. Utilize a fórmula de convolução para encontrar a transformada de
Laplace inversa de cada uma das seguintes funções:
L[f (t)](s) e−3s L[f (t)](s) 1
(a) 2
(b) 3
(c) 2
s +1 s s (s + 1)
s 3s2 1
(d) (e) (f) , a 6= b
(s + 1)2
2 (s2 + 1)2 (s − a)(s − b)
295
7.6 Aplicações de transformada de Laplace a fun-
ções seccionalmente contínuas
Exemplo 7.6.1. Resolva o PVI
y ′′ + y = f (t)
y(0) = 0, y ′ (0) = 1
onde f tem o seguinte gráfico
1 e−sπ/2
s2 L [y](s) − sy(0) − y ′ (0) + L [y](s) = −
s s
1 e−sπ/2
s2 L [y](s) − 1 + L [y](s) = −
s s
1 e−sπ/2
(s2 + 1)L [y](s) = − +1
s s
então
1 e−sπ/2 1
L [y](s) = 2
− 2
+ 2
s(s + 1) s(s + 1) s + 1
296
tomando transformada de Laplace inversa temos
−sπ/2
−1 1 −1 e −1 1
y =L −L +L
s(s2 + 1) s(s2 + 1) s2 + 1
−sπ/2
−1 1 −1 e
=L 2
−L + sen t.
s(s + 1) s(s2 + 1)
| {z } | {z }
I II
Calculando I e II:
1 −1
I =L
s(s2 + 1)
−1 1 −1 1
=L ∗L
s s2 + 1
= 1 ∗ (sen t) = (sen t) ∗ 1
Z t
= sen σ dσ = [− cos σ]t0
0
= 1 − cos t
e
e−π/2s
−1
II = L
s(s2 + 1)
−1 1
= uπ/2 (t)L (t − π/2)
s(s2 + 1)
297
Figura 7.10: Gráfico da solução y
298
Agora, note que podemos re-escrever f da seguinte maneira
2 e−2s e−3s
s2 L [y](s) − sy(0) − y ′ (0) − L [y](s) = −3 +
s s s
2 e−2s e−3s
s2 L [y](s) − 1 − L [y](s) = −3 +
s s s
2 e−2s e−3s
(s2 − 1)L [y](s) = −3 + +1
s s s
então
2 e−2s e−3s 1
L [y](s) = − 3 + + 2
s(s − 1)
2 s(s − 1) s(s − 1) s − 1
2 2
299
Calculando I, II e III:
1 −1
I =L
s(s2 − 1)
−1 1 −1 1
=L ∗L
s s2 − 1
= 1 ∗ (senh t) = (senh t) ∗ 1
Z t
= senh σ dσ = [cosh σ]t0
0
= cosh t − 1,
−1 e−2s
II = L
s(s2 − 1)
−1 1
= u2 (t)L (t − 2)
s(s2 − 1)
= u2 (t) [cosh(t − 2) − 1]
e
−3s
e
III = L −1
s(s2 − 1)
−1 1
= u3 (t)L (t − 3)
s(s2 − 1)
= u3 (t) [cosh(t − 3) − 1] .
Voltando temos
300
Figura 7.12: Gráfico da solução y
onde
fn = n(ut0 − ut0 +1/n )
a qual é chamada “função delta de Dirac”ou impulso unitário. δt0 não
é uma função no sentido estrito, mas foi pensado intuitivamente que
δt0 é zero em todo t 6= t0 e torna-se infinito em t = t0 . Observe que se
supomos que δt0 for função então temos
ut0 (t) − ut0 +1/n (t)
δt0 (t) = lim
n→+∞ 1/n
301
1
t0 − a ≤ t ≤ t0 + a
δ2a (t − t0 ) = 2a
0 outro caso
note que Z Z
+∞ t0 +a
1
δ2a (t − t0 ) dt = dt = 1.
−∞ t0 −a 2a
Portanto definimos a função delta de Dirac a seguinte maneira
Note que
Z +∞ Z +∞
δ(t − t0 ) dt = lim δ2a (t − t0 ) dt = 1
−∞ a→0 −∞
= lim n L [ut0 (t)](s) − L [ut0 +1/n (t)](s)
n→+∞
e−t0 s e−(t0 +1/n)s
= lim n −
n→+∞ s s
e−s/n − 1
= e −t0 s
lim = e−t0 s
n→+∞ −s/n
para s > 0. Portanto temos
y ′′ + y = δ2π (t)
302
Solução:
(a) Aplicando transformada de Laplace na equação diferencial temos
L [y ′′ ](s) + L [y](s) = L [δ2π (t)](s)
303
7.8 Sistemas de equações diferenciáveis e transfor-
mada de Laplace
Exemplo 7.8.1. Resolva o seguinte sistema linear de equações
diferenciáveis
2x′ + y ′ − y = t x(0) = 1
.
′
x + y ′ = t2 y(0) = 0
Solução: Aplicando transformada de Laplace na primeira equação
diferencial temos
304
para s > 0 temos
1
2s 2 +
s2
det
2
s 1+ 3
L [y](s) = s
2s s − 1
det
s s
4 1 4 1
2
+ 2s − 2s − 2
−
= s 2 s = s s
2s − s2 + s s2 + s
4 1
= − 2
s3 (s+ 1) s (s + 1)
usando frações parciais: sejam A, B, C e D tais que
4−s A B C D
= + 2+ 3+
s3 (s
+ 1) s s s s+1
logo
4 − s = As2 (s + 1) + Bs(s + 1) + C(s + 1) + Ds3
comparando os coeficientes temos A = 5, B = −5, C = 4 e D = −5.
Portanto
5 5 4 5
L [y](s) = − 2 + 3 −
s s s s+1
tomando transformada de Laplace inversa obtemos
−1 1 −1 1
y = 5L − 5L
s s2
4 −1 2 −1 1
+ L − 5L
2 s3 s+1
= 5 − 5t + 2t2 − 5e−t .
Como
2 1
L [x](s) + L [y](s) = 4
+
s s
temos
24 1
L [x](s) = + − L [y](s)
s s
305
tomando transformada de Laplace inversa obtemos
2 −1 3! −1 1
x = L +L −y
3! s4 s
2 3
= t + 1 − (5 − 5t + 2t2 − 5e−t )
3!
t3
= − 2t2 + 5t − 4 + 5e−t .
3
L
+ E(t)
−
R
t0
C
306
Solução: O circuito anterior esta governado pela equação
Z
′ 1 t
LI (t) + RI(t) + I(s)ds = E(t).
C 0
Observe que
120t se 0 ≤ t < 1
E(t) =
0 se t ≥ 1
equivalentemente
Z t
′
I (t) + 200I(t) + 10 4
I(u)du = 1200t − 1200tu1 (t).
0
1200
− 1200L [u1 (t)(t − 1) + u1 (t)](s)
s2
307
daí pelas propriedades de transformada de Laplace tem-se
1200
− 1200 (e−s L [t](s) + L [u1 (t)](s))
s2
então temos
104
sL [I(t)](s) + 200L [I(t)](s) + L [I(t)](s)
s
k
1200 e−s e−s
− 1200 +
s2 s2 s
agora organizando e completando quadrados tem-se que
2 −s
s + 200s + 104 1200 e e−s
L [I(t)](s) = 2 − 1200 +
s s s2 s
−s
(s + 100)2 1200 e e−s
L [I(t)](s) = 2 − 1200 +
s s s2 s
portanto obtemos
1200 e−s e−s
L [I(t)](s) = − 1200 +
s(s + 100)2 s(s + 100)2 (s + 100)2
tomando transformada de Laplace inversa tem-se
−1 1
I(t) = 1200 L
s(s + 100)2
| {z }
II
−1 e−s e−s
−1200 L + L −1
s(s + 100)2 (s + 100)2
| {z } | {z }
III I
308
Calculando I, II e III:
−s
e
I = L −1
(s + 100)2
−1 1
= u1 (t)L (t − 1)
(s + 100)2
−100t −1 1
= u1 (t) e L (t − 1)
s2
= u1 (t) [e−100t t] (t − 1)
= u1 (t)e−100(t−1) (t − 1),
−1 1
II = L
s(s + 100)2
−4 −4 −2
10 10 10
= L −1 − −
s s + 100 (s + 100)2
−4 −1 1 −4 −1 1
= 10 L − 10 L
s s + 100
−2 −1 1
−10 L
(s + 100)2
309
7.10 A transformada de Laplace e as equações em
derivadas parciais
Considere F (x, t) uma função em duas variáveis. A transformada de
Laplace em relação à segunda variável
Z +∞
Lt [F (x, t)](s) = e−st F (x, t)dt.
0
Observe que
Z +∞
∂ ∂ −st
[Lt [F (x, t)](s)] = e F (x, t)dt
∂x ∂x 0
Z +∞
∂F
= e−st
(x, t)dt
0 ∂x
∂F
= Lt (x, t) (s)
∂x
Observe que
Z +∞
∂ ∂ −sx
[Lx [F (x, t)](s)] = e F (x, t)dx
∂t ∂t 0
Z +∞
∂F
= e−sx
(x, t)dx
0 ∂t
∂F
= Lx (x, t) (s)
∂t
310
Solução: Aplicando a transformada de Laplace em relação a x temos
∂U ∂U
Lx (x, t) (s) + bLx (x, t) (s) = 0
∂x ∂t
∂
sLx [U (x, t)](s) − U (0, t) + b [Lx [U (x, t)](s)] = 0
∂t
∂
sLx [U (x, t)](s) − c0 + b [Lx [U (x, t)](s)] = 0
∂t
definamos
U (s, t) := Lx [U (x, t)](s)
assim temos
∂U
sU (s, t) − c0 + b (s, t) = 0
∂t
∂U s c0
(s, t) + U (s, t) =
∂t b b
∂ c0
U (s, t)est/b = est/b
∂t b
integrando em relação a t temos
c0 st/b
U (s, t)est/b = e + k(s)
s
onde k(s) é uma função que depende de s. Logo
c0
U (s, t) = + k(s)e−st/b .
s
Note que
U (s, 0) = Lx [U (x, 0)](s) = Lx [0](s) = 0.
Voltando temos c0
0 = U (s, 0) = + k(s)
s
daí c0
k(s) = −
s
portanto
c0 c0 −st/b
U (s, t) = − e
s s
311
e pela definição de U tem-se
c0 c0 −st/b
Lx [U (x, t)](s) = − e
s s
−st/b
−1 1 −1 e
U (x, t) = c0 Lx − c0 Lx
s s
7.10.1 Exercícios
1. Encontre a solução dos seguintes PVIs, também faça um esboço
da solução e do termo não homogêneo explicando a relação entre
eles.
(a) y ′′ + 2y ′ + 2y = h(t), y(0) = 1, y ′ (0) = 1 e
1, π ≤ t < 2π
h(t) =
0, 0 ≤ t < π ou t ≥ 2π.
312
2. Um determinado sistema massa-mola satisfaz o problema de valor
inicial
1
y ′′ + y ′ + y = k[u3/2 (t) − u5/2 (t)], y(0) = 0, y ′ (0) = 0,
4
onde k > 0 é um parâmetro.
(a) Resolva o PVI.
(b) Desenhe o gráfico da solução para k = 1/2, k = 1 e k = 2.
Descreva como a solução depende de k.
3. Considere o PVI
1
y ′′ + y ′ + 4y = fk (t), y(0) = 0, y ′ (0) = 0,
3
onde
1/2k, 4 − k ≤ t < 4 + k
fk (t) =
0, 0 ≤ t < 4 − k ou t ≥ 4 + k
e 0 < k < 4.
(a) Esboce o gráfico de fk (t). Note que área sob o gráfico é
independente de k.
(b) Escreva fk (t) em termos da função de Heaviside e depois
resolva o PVI dado.
(c) Desenhe o gráfico da solução para k = 2, k = 1 e k = 1/2.
Descreva como a solução depende de k.
4. Encontre a solução dos seguintes PVIs e faça um esboço da
solução.
(a) y ′′ + 2y ′ + 2y = δπ (t); y(0) = 1, y ′ (0) = 0.
(b) y ′′ + 4y = δπ (t) − δ2π (t); y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
(c) y ′′ + 3y ′ + 2y = δ5 (t) + u10 (t); y(0) = 0, y ′ (0) = 1/2.
(d) y ′′ − y = −20δ3 (t); y(0) = 1, y ′ (0) = 0.
(e) y ′′ + 2y ′ + 3y = sen t + δ3π (t); y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
(f) y ′′ + 4y = δ4π (t); y(0) = 1/2, y ′ (0) = 0.
(g) y ′′ + y = δ2π (t) cos t; y(0) = 0, y ′ (0) = 1.
(h) y ′′ + 4y = 2δπ/4 (t); y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
(i) y ′′ + y = uπ/2 (t) + 3δ3π/2 (t) − u2π (t); y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
(j) 2y ′′ + y ′ + 4y = δπ/6 (t) sen t; y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
313
(k) y ′′ + 2y ′ + 2y = cos t + δπ/2 (t); y(0) = 0, y ′ (0) = 0.
5. Considere o problema de valor inicial
y ′′ + γy ′ + y = δ1 (t), y(0) = 0, y ′ (0) = 0,
onde γ é o coeficiente de amortecimento (ou resistência).
(a) Seja γ = 1/2. Encontre a solução do PVI e faça um esboço.
(b) Encontre o instante t1 no qual a solução atinge seu valor
máximo. Encontre, também, esse valor máximo y1 da
solução.
(c) Seja γ = 1/4 e repita os itens (a) e (b).
(d) Determine como t1 e y1 variam quando γ diminui. Quais são
os valores de t1 e de γ1 quando γ = 0?
6. Considere o problema de valor inicial
y ′′ + y = fk (t), y(0) = 0, y ′ (0) = 0,
u4−k (t) − u4+k (t)
onde fk (t) = com 0 < k ≤ 1.
2k
(a) Encontre a solução y = ϕ(t, k) do problema de valor inicial.
(b) Calcule lim ϕ(t, k) da solução encontrada no item (a).
k→0
(c) Observe que lim fk (t) = δ4 (t). Encontre a solução ϕ0 (t)
k→0
do problema de valor inicial dado com fk (t) substituído por
δ4 (t). É verdade que ϕ0 (t) = lim ϕ(t, k)?
k→0
(d) Faça os gráficos de ϕ(t, 1/2), ϕ(t, 1/4) e ϕ0 (t) nos mesmos
eixos. Descreva a relação entre ϕ(t, k) e ϕ0 (t).
7. Resolver os seguintes sistemas de equações diferenciais usando
transformada de Laplace:
x′ = y; x(0) = 1 x′ = −3x + 4y + cos t; x(0) = 0
(a) (b)
′ y′ =
y = x; y(0) = 0 −2x + 3y + t; y(0) = 1
x′ = −3x + 4y; x(0) = 3 x′ = 4x − 2y + et ; x(0) = 1
(c) (d)
y ′ = −2x + 3y; y(0) = 2 y ′ = 5x + 2y − t; y(0) = 0
x′ = 4x − 2y; x(0) = 2 x′ = x − 2y + t2 ; x(0) = 1
(e) (f)
y ′ = 5x + 2y; y(0) = −2 y ′ = 4x + 5y − et ; y(0) = −1
314
8. Resolva o seguinte PVI, usando transformada de Laplace.
x′′ = y + sen t; x(0) = 1, x′ (0) = 0
y ′′ = −x′ + cos t; y(0) = −1, y ′ (0) = −1
315
Capítulo 8
Resolução de equações
diferencias por séries de
potências: método de
Frobenius
316
3. Todo intervalo de convergência possui um raio de convergência r.
Para a série de potências
X
∞
an (x − x0 )n
n=0
X
+∞
Se 0 ≤ M < 1 então a série de potências an (x−x0 )n converge.
n=0
Aqui se apresentam duas situações
• Se L = 0 então a série converge para todo x. Neste caso
r = +∞
1
• Se L > 0 temos que a série converge para |x−x0 | < . Neste
caso, L
1 an
r = = lim .
L n→+∞ an+1
1 1
Se M > 1 então a série diverge para |x − x0 | > . Se x = x0 −
L L
1
ou x = x0 + o estudo da convergência depende de cada caso.
L
317
7. Uma série de potências representa uma função
X
∞
f (x) = an (x−x0 )n = a0 +a1 (x−x0 )+a2 (x−x0 )2 +a3 (x−x0 )3 +. . .
n=0
X∞
an
=c+ (x − x0 )n+1 .
n=0
n + 1
Embora o raio de convergência dessas duas séries seja r, o
intervalo de convergência pode ser diferente.
X
∞
8. Se an (x − x0 )n = 0, para todo |x − x0 | < r então an = 0, para
n=0
todo n.
9. Se uma série
X
+∞
an (x − x0 )n (8.1)
n=0
é convergente para |x − x0 | < r0 então para toda x tal que |x −
x0 | = r < r0 existe uma constante M > 0, tal que
|an |rn ≤ M, n = 0, 1, 2, . . . (8.2)
De fato, dado que a série (8.1) é convergente para |x − x0 | = r
então
lim |an (x − x0 )n | = 0
n→+∞
ou equivalentemente
lim |an |rn = 0.
n→+∞
318
Exemplo 8.1.1. Encontrar o intervalo de convergência da série de
potências
X
+∞
(−1)n−1 xn
2
.
n=1
n
Como
(−1)n xn+1
(n + 1)2
= lim n |x| = |x| < 1
2
lim
n→+∞ (−1)n−1 xn 2
n→+∞ (n + 1)
n2
então a série converge para −1 < x < 1.
X
+∞
(−1)n−1
Se x = 1, temos 2
pelo Exemplo 11.1.26 converge.
n=1
n
X+∞
(−1)n−1 (−1)n X
+∞
1
Se x = −1, temos 2
= − pelo Exem-
n=1
n n=1
n2
plo 11.1.19 converge.
Portanto, o intervalo de convergência é [−1, 1]
Exemplo 8.1.2. Encontrar o intervalo de convergência da série de
potências
X
+∞
(−1)n (x − 4)n
.
n=0
n+1
Como
(−1)n+1 (x − 4)n+1
lim n + 2 = lim (n + 1)|x − 4| = |x − 4| < 1
n→+∞
(−1) (x − 4)
n n
n→+∞
n+2
n+1
319
Como
(x − 3)n+1
(n + 1)2n+1
= lim n2 |x − 3| = |x − 3| < 1
n
lim n
(x − 3) n→+∞ (n + 1)2
n→+∞ n+1 2
n2 n
320
para todo x ∈]x0 − r, x0 + r[. Para x = x0 temos f ′′′ (x0 ) = 3 · 2a3 .
Em geral, temos
X
∞
f (m)
(x) = n(n − 1)(n − 2) · · · (n − m + 1)an (x − x0 )n−m
n=m
1 (−1)(−2)(−3)
f (4) (x) = (−1)(−2)(−3) 4
⇒ f (4) (1) = .
(1 + x) 24
Em geral, temos que
1 (−1)n−1 (n − 1)!
f (n) (x) = (−1)(−2) · · · (−(n−1)) ⇒ f (n)
(1) = .
(1 + x)n 2n
Portanto
X
∞
f (n) (1) X
∞
(−1)n−1
ln(x + 1) = f (x) = (x − 1) = ln 2 +
n
(x − 1)n .
n=0
n! n=1
n2n
Observação 8.1.3.
1. Se a série de Taylor x0 = 0, a série é chamada série de Maclaurin.
1
2. = 1 + a + a2 + a3 + . . ., −1 < a < 1.
1−a
321
Exemplo 8.1.5. f (x) = arctan x. Encontre a série de Maclaurin de
f (x).
Usando a Observação 8.1.3 parte (2) tem-se
1 1
f ′ (x) = =
1+x 2 1 − (−x2 )
⇒ f ′′′ (0) = −2
⇒ f (4) (0) = 0
⇒ f (5) (0) = 4 · 3 · 2
⇒ f (6) (0) = 0
⇒ f (7) (0) = −6 · 5 · 4 · 3 · 2
⇒ f (8) (0) = 0.
Em geral, temos que f (2n) (0) = 0 e f (2n−1) (0) = (−1)n−1 (2n − 2)!.
Portanto
X
∞
f (2n−1) (0) X
∞
(−1)n−1
arctan x = f (x) = (x − 0) =n
x2n−1 .
n=1
(2n − 1)! n=1
2n − 1
322
8.1.1 Exercícios
1. Determine o raio de convergência e o intervalo de convergência
em cada série dada.
X
∞
(x + 3)n X∞
(−1)n+1
(a) (b) √ 2n (x − 2)n
n=0
2n n=1
n2
X
∞
x2n+1 X
∞
(c) (d) 10n xn
n=0
(2n + 1)! n=1
X
∞ X
∞
n
(e) n!x (f) 2n−1 x2(n−1)
n=0 n=1
X
∞
(−1)n+1 x2n−1 X
∞
(g) (h) (n − 1)3n−1 xn−1
n=1
(2n − 1)(2n − 1)! n=1
X
∞ X
∞
ln(n + 1)
n
(i) (nx) (j) xn+1
n=1 n=1
n+1
X∞ n n X∞
n+1 n!
(k) x (l) n
(x − 4)n
n=1
n n=0
100
X
∞
xn X
∞
n2 (x − 1)n
(m) (n)
n=1
n2 n=0
2n
∞
X n X
∞
x−2 (2n)!xn
(o) (p)
n=1
n n=0
(n!)2
X
∞
1 · 3 · 5 · · · (2n − 1) n X∞
nn
(q) (−1)n x (r) (x − 12)n
n=1
3 · 6 · 9 · · · (3n) n=1
n!
X∞
(x − 7)n X
∞
(−1)n
(s) √ (t) (x − 5)n
n=1
n n=1
10n
X
∞
n X
∞
n−1
(u) 2
(x − 4)n (v) xn
n=1
(n + 2) n=1
n2n
323
X
∞
2. Mostre que se an xn tem raio de convergência R, então o raio
n=0
X
∞
√
de convergência de an x2n é R.
n=0
1 x2
(a) f (x) = (1−x)2
, x0 =0 (b) f (x) = 1−x2
, x0 =0
x x2 +1
(c) f (x) = 2−3x
, x0 =1 (d) f (x) = x−1
, x0 =0
(e) f (x) = ln(1 − x), x0 = 0 (f) f (x) = ln 1+x
1−x
, x0 = 0
1
(g) f (x) = ln(1 + x), x0 = 1 (h) f (x) = (1+2x)3
, x0 =0
Z x Z x/2
ln(1 + t)
(i) f (x) = arctan tdt, x0 = 0 (j) f (x) = dt, x0 = 0
0 0 t
Z x
(k) f (x) = ln(1 + t2 )dt, x0 = 0
0
(d) f (x) = sen2 x (e) f (x) = sen x cos x (f) f (x) = ex ln(1 − x)
(g) f (x) = e−x cos x (h) f (x) = tan x (i) f (x) = (1 + x)−2/3
5. Encontre a série de Taylor ao-redor de x0 para a função dada:
1
(a) f (x) = sen x; x0 = π/4 (b) f (x) = ; x0 = 2
x
(c) f (x) = 10x ; x0 = 0 (d) f (x) = ln x; x0 = 1
6. Use a série de Taylor de f (x) = arctan x ao-redor de x0 = 0 para
representar π como a soma de uma série infinita. Que precisão
obteve usando os cinco primeiros termos da série para aproximar
π?
324
8.2 Séries de potências e as equações diferenciais
Teorema 8.2.1. Se p(x) e q(x) são analíticas em x0 , então toda solução
da equação
y ′ + p(x)y = q(x) (8.3)
também é analítica em x0 .
Demonstração: Basta mostrar o teorema no caso x0 = 0. Seja φ
solução de (8.3) da forma
X
∞
φ(x) = an x n (8.4)
n=0
!
X
∞ X
∞ X
n X
∞
n n
(n + 1)an+1 x + aj pn−j x = qn x n
n=0 n=0 j=0 n=0
" #
X
∞ X
n
(n + 1)an+1 + aj pn−j − qn xn = 0
n=0 j=0
325
X
n
(n + 1)an+1 + aj pn−j − qn = 0, n = 0, 1, 2, . . .
j=0
" # (8.9)
M X
n
≤ 1+ |aj |rj ,
rn j=0
|an | ≤ An , n = 0, 1, 2, . . . (8.11)
326
é convergente para |x| < r. De acordo a (8.10) obtemos:
" #
M X n
j
(n + 1)An+1 = n 1 + Aj r
r j=0
e " #
M X
n−1
j
nAn = n−1 1 + Aj r
r j=0
" #
M X
n−1
j
= n−1 1 + Aj r + M A n r
r j=0
= nAn + M An r = (n + M r)An
Portanto,
An+1 xn+1 n + Mr
An xn = r(n + 1) |x|
converge a |x|/r quando n → +∞. Assim pelo teste do quociente, a
série (8.12) converge para |x| < r. Usando (8.11) e pelo critério de
comparação, vemos que a série (8.7) converge para |x| < r. Mas dado
que r é qualquer número que satisfaz a desigualdade 0 < r < r0 , já
mostramos que a série (8.7) converge para |x| < r0 .
Exemplo 8.2.1. Resolver
y ′ − y = x + 1.
X
∞
′
y = nan xn−1
n=1
327
X
∞ X
∞
nan x n−1
− an x n = x + 1
n=1 n=0
X
∞ X
∞
(n + 1)an+1 x − n
an x n = x + 1
n=0 n=0
X
∞
(a1 − a0 − 1) + (2a2 − a1 − 1)x + [(n + 1)an+1 − an ] xn = 0.
n=2
Comparando os termos temos a1 − a0 = 1, 2a2 − a1 = 1 e (n + 1)an+1 −
1 + a1 2 + a0
an = 0 para todo n ≥ 2. Então a1 = 1 + a0 , a2 = = e
2 2
a2 2 + a0
n = 2, 3a3 − a2 = 0 então a3 = =
3 2·3
a3 2 + a0
n = 3, 4a4 − a3 = 0 então a4 = =
4 2·3·4
2 + a0
Em geral, an = para todo n ≥ 2. Portanto a solução é dada por
n!
X∞
2 + a0 n
y = a0 + (1 + a0 )x + x
n=2
n!
!
X∞
2 n X∞
1 n
=x+ x + a0 1+x+ x .
n=2
n! n=2
n!
Teorema 8.2.2. Se p(x), q(x) e f (x) são analíticas em x0 , então toda
solução da equação
y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = f (x) (8.13)
também é analítica em x0 .
Demonstração: Basta mostrar o teorema no caso x0 = 0. Seja φ
solução de (8.13) da forma
X
∞
φ(x) = an x n (8.14)
n=0
328
convergem para |x| < r0 . Temos
X
∞ X
∞
φ′ (x) = nan xn−1 = (n + 1)an+1 xn
n=1 n=0
X
∞ X
∞
′′
φ (x) = n(n − 1)an x n−2
= (n + 2)(n + 1)an+2 xn
n=2 n=0
e por (8.14) obtemos
! !
X
∞ X
∞
n n
q(x)φ(x) = qn x an x
n=0 n=0
!
X
∞ X
n
= aj qn−j xn
n=0 j=0
e ! !
X
∞ X
∞
p(x)φ′ (x) = pn xn (n + 1)an+1 xn
n=0 n=0
!
X
∞ X
n
= (j + 1)aj+1 pn−j xn .
n=0 j=0
! = f n xn
X
∞ X
n n=0
+ aj qn−j xn
n=0 j=0
" #
X
∞ X
n X
n
(n + 2)(n + 1)an+2 + (j + 1)aj+1 pn−j + aj qn−j − fn xn = 0
n=0 j=0 j=0
X
n
(n+2)(n+1)an+2 + [(j+1)aj+1 pn−j +aj qn−j ]−fn = 0, n = 0, 1, 2, . . .
j=0
329
para n = 0, 1, 2, . . ..
Precisamos mostrar que se os an para n ≥ 2, estão definidas por
(8.16), então a série
X∞
an x n (8.17)
n=0
M X n
(n + 2)(n + 1)|an+2 | ≤ + M [(j + 1)|aj+1 |rj−n + |aj |rj−n ]
rn j=0
" #
M Xn
≤ n 1+ [(j + 1)|aj+1 | + |aj |]rj
r j=0
" #
M Xn
≤ n 1+ [(j + 1)|aj+1 | + |aj |]rj + M |an+1 |r,
r j=0
portanto tem-se
" #
M Xn
(n + 2)(n + 1)|an+2 | ≤ n 1 + [(j + 1)|aj+1 | + |aj |]r j
r j=0 (8.19)
+M |an+1 |r,
+M An+1 r,
|an | ≤ An , n = 0, 1, 2, . . . (8.21)
330
Assim mostraremos que a série
X
∞
An x n (8.22)
n=0
e
" #
M X
n−2
n(n − 1)An = n−2 1 + [(j + 1)Aj+1 + Aj ]rj + M An−1 r
r j=0
+M An−1 r + M An r2
= (n(n − 1) + nM r + M r2 )An
Portanto,
An+1 xn+1 n(n − 1) + nM r + M r2
|x|
An xn = r(n + 1)n
converge a |x|/r quando n → +∞. Assim pelo teste do quociente, a
série (8.22) converge para |x| < r. Usando (8.21) e pelo critério de
comparação, vemos que a série (8.17) converge para |x| < r. Mas dado
que r é qualquer número que satisfaz a desigualdade 0 < r < r0 , já
mostramos que a série (8.17) converge para |x| < r0 .
Exemplo 8.2.2. Resolver
y ′′ + xy ′ − y = e2x .
Solução: Como x, −1 e e2x são analíticos em 0 pelo Teorema 8.2.2 a
solução da equação diferencial dada é da forma
X
∞
y= an x n
n=0
331
X
∞
′
y = nan xn−1
n=1
X
∞
y ′′ = n(n − 1)an xn−2
n=2
e
X
∞
(2x)n X
∞
2n
2x
e = = xn
n=0
n! n=0
n!
X
∞ X
∞ X
∞ X
∞
2n
n(n − 1)an xn−2 + x nan xn−1 − an x n = xn
n=2 n=1 n=0 n=0
n!
X
∞ X
∞ X
∞ X
∞
2n
(n + 2)(n + 1)an+2 xn + nan xn − an x n = xn
n=0 n=1 n=0 n=0
n!
∞
X
2n n
(2a2 − a0 − 1) + (n + 2)(n + 1)an+2 + (n − 1)an − x =0
n=1
n!
y ′ = y 2 + a(x)y + b(x)
logo ∫
u′ = −ye− ydx
= −yu
portanto
′ 2 ′ 2 ′
u′′ u ′ u u
− + =y = − + a(x) − + b(x)
u u u u
332
u′′ u′
− = − a(x) + b(x)
u u
equivalentemente
u′′ − a(x)u′ + b(x)u = 0.
Reciprocamente, dada uma equação diferencial linear de segunda
ordem da forma
u′′ + q(x)u′ + p(x)u = 0
pode-se transformar em uma equação de Riccati fazendo
u′
y=−
u
logo
′ 2
′ u′′ u q(x)u′ + p(x)u
y =− + = + y 2 = −q(x)y + p(x) + y 2 .
u u u
Exemplo 8.2.3. Resolver
y ′ − y 2 = x2 , y(0) = 0.
∫x
Solução: Seja u = e− 0 ydx
, logo temos u′ = −yu e u(0) = 1, u′ (0) =
−y(0) = 0.
′ 2
′ u′′ u
y =− +
u u
′ 2
u′′ u
y +x =− +
2 2
u u
2 ′ 2
u′ u′′ u
− +x =− +
2
u u u
−u′′ = x2 u.
Portanto para resolver o PVI de primeiro ordem basta resolver o
seguinte PVI de segunda ordem
333
X
∞
′
u = nan xn−1
n=1
X
∞
u′′ = n(n − 1)an xn−2
n=2
e
X
∞ X
∞
n(n − 1)an x n−2
+x 2
an x n = 0
n=2 n=0
X
∞ X
∞
n(n − 1)an x n−2
+ an xn+2 = 0
n=2 n=0
X
∞ X
∞
n
(n + 2)(n + 1)an+2 x + an−2 xn = 0
n=0 n=2
X
∞
2a2 + 6a3 x + [(n + 2)(n + 1)an+2 + an−2 ] xn = 0.
n=2
Comparando os termos temos a2 = 0, a3 = 0 e (n + 2)(n + 1)an+2 +
an−2 = 0 para todo n ≥ 2. Como u(0) = 1 e u′ (0) = 0 então a0 = 1 e
a1 = 0. Logo tem-se
a0 1
n = 4, 4 · 3a4 + a0 = 0 ⇒ a4 = − =−
4·3 4·3
a1
n = 5, 5 · 4a5 + a1 = 0 ⇒ a5 = − =0
5·4
a2
n = 6, 6 · 5a6 + a2 = 0 ⇒ a6 = − =0
6·5
a3
n = 7, 7 · 6a7 + a3 = 0 ⇒ a7 = − =0
7·6
a4 1
n = 8, 8 · 7a8 + a4 = 0 ⇒ a8 = − = (−1)2
8·7 (8 · 7)(4 · 3)
a5
n = 9, 9 · 8a9 + a5 = 0 ⇒ a9 = − =0
9·8
a6
n = 10, 10 · 9a10 + a6 = 0 ⇒ a10 = − =0
10 · 9
a7
n = 11, 11 · 10a11 + a7 = 0 ⇒ a11 = − = 0.
11 · 10
334
Em geral, temos
(−1)k
a4k = , para k = 1, 2, 3, . . . ,
[(4k) · (4k − 1)] · · · [8 · 7] · [4 · 3]
e
a4k−1 = a4k−2 = a4k−3 = 0, para k = 1, 2, 3, . . .
Portanto,
X
∞
(−1)k
u(x) = 1 + x4k .
k=1
[(4k) · (4k − 1)] · · · [8 · 7] · [4 · 3]
X
∞
′
y = nan xn−1
n=1
X
∞
′′
y = n(n − 1)an xn−2
n=2
e
X
∞ X
∞ X
∞
(1 − x2 ) n(n − 1)an xn−2 − 2x nan xn−1 + α(α + 1) an x n = 0
n=2 n=1 n=0
335
X
∞ X
∞
n(n − 1)an x n−2
− n(n − 1)an xn
n=2 n=2
=0
X
∞ X
∞
−2 nan xn + α(α + 1) an x n
n=1 n=0
X
∞ X
∞
(n + 2)(n + 1)an+2 x − n
n(n − 1)an xn
n=0 n=2
=0
X
∞ X
∞
−2 nan xn + α(α + 1) an x n
n=1 n=0
X
∞ = 0.
[(n + 2)(n + 1)an+2 − n(n − 1)an − 2nan + α(α + 1)an ] xn
n=2
Logo a2 = − α(α+1)a
2
0
, a3 = − (α+2)(α−1)a
6
1
e
an+2 = − (α−n)(n+1+α)a
(n+2)(n+1)
n
, n = 2, 3, 4, . . . .
n = 2, a4 = − (α−2)(α+3)a
4·3
2
= (α+3)(α+1)α(α−2)a0
4!
,
n = 3, a5 = − (α−3)(α+4)a
5·4
3
= (α+4)(α+2)(α−1)(α−3)a1
5!
.
Em geral, tem-se
(−1)k (α+2k−1)(α+2k−3)···(α+1)α(α−2)···(α−2k+2)a0
a2k = (2k)!
, para k = 1, 2, . . .
e
(−1)k (α+2k)(α+2k−2)···(α+2)(α−1)(α−3)···(α−2k+1)a1
a2k+1 = (2k+1)!
, para k = 1, 2, . . .
y = a0 φ1 (x) + a1 φ2 (x)
onde
336
P∞ (−1)k (α+2k−1)(α+2k−3)···(α+1)α(α−2)···(α−2k+2) 2k
φ1 (x) = 1 + k=1 (2k)!
x
e
P∞ (−1)k (α+2k)(α+2k−2)···(α+2)(α−1)(α−3)···(α−2k+1) 2k+1
φ2 (x) = x + k=1 (2k+1)!
x .
Como
1 0
W (φ1 , φ2 )(0) = det = 1 6= 0
0 1
então φ1 e φ2 formam uma base do espaço das soluções da equação de
Legendre.
337
(x2 − 1)u′′′ + 2x(2 − n)u′′ + 2(1 − 2n)u′ = 0
derivando a expressão anterior temos
338
pn (x) = aφ1 (x) + bφ2 (x)
onde a e b são constantes. Se apresentam duas situações:
1. Se n é par então φ1 é um polinômio e φ2 é uma série infinita logo
temos
p (x) − aφ1 (x) = bφ2 (x)
|n {z } | {z }
polinômio série infinita
daí b = 0 logo pn (x) = aφ1 (x).
2. Se n é ímpar então φ2 é um polinômio e φ1 é uma série infinita
logo temos
p (x) − bφ2 (x) = aφ1 (x)
|n {z } | {z }
polinômio série infinita
daí a = 0 logo pn (x) = bφ2 (x).
Em qualquer caso,
pn (x) = cφ(x)
onde c é uma constante.
8.2.3 Exercícios
1. Encontre a solução geral de cada equação pelo método de séries
de potências.
(c) y ′′ + y = x (d) y ′′ + 4y = 0
339
(e) (1 + x2 )y ′′ + 2xy − 2y = 0 (f) xy ′′ − xy ′ + y = ex
340
4. (a) Fazendo a alteração da variável x − 1 = t e assumindo que
y tem uma série de Taylor em potências de t, encontre duas
soluções em série de
em potências de x − 1.
(b) Mostre que você obtém o mesmo resultado assumindo que y
tem uma série de Taylor em potências de x − 1 e também
expressando o coeficiente x2 − 1 em potências de x − 1.
5. A equação de Hermite é dada por
onde λ é constante.
(a) Encontre os quatro primeiros termos em cada uma das duas
soluções em torno de x = 0 e mostre que eles formam um
conjunto fundamental de soluções.
(b) Observe que se λ é um inteiro par não negativo, então um
ou outra solução da série termina e se torna um polinômio.
Encontre as soluções polinomiais para λ = 0, 2, 4, 6, 8 e
10. Observe que cada polinômio é determinado apenas até
um múltiplo de uma constante.
(c) O polinômio de Hermite Hn (x) é definido como a solução
polinomial de equação de Hermite com λ = 2n para a qual o
coeficiente de xn é 2n . Encontre H0 (x), . . . , H5 (x).
6. Determine ϕ′′ (x0 ); ϕ′′′ (x0 ) e ϕ(4) (x0 ) para o ponto dado x0 ; se
y = ϕ(x) é solução do problema de valor inicial dado.
(a) y ′′ + xy ′ + y = 0; y(0) = 1; y ′ (0) = 0.
(b) y ′′ + (sen x)y ′ + (cos x)y = 0; y(0) = 0; y ′ (0) = 1.
(c) x2 y ′′ + (1 + x)y ′ + 3(ln x)y = 0, y(1) = 2, y ′ (1) = 0.
(d) y ′′ + x2 y ′ + (sen x)y = 0; y(0) = a0 ; y ′ (0) = a1 .
7. Em cada item, determine um limite inferior para o raio de
convergência das soluções em série em cada ponto x0 dado para
a equação diferencial especificada.
(a) y ′′ + 4y ′ + 6xy = 0; x0 = 0, x0 = 4.
(b) (x2 − 2x − 3)y ′′ + xy ′ + 4y = 0; x0 = 4, x0 = −4, x0 = 0.
(c) (1 + x3 )y ′′ + 4xy ′ + y = 0; x0 = 0, x0 = 2.
341
(d) xy ′′ + y = 0; x0 = 1.
8. A equação diferencial de Chebychev é dada por
(1 − x2 )y ′′ − xy ′ + α2 y = 0,
xy ′′ − y = 0
y(2) = 0, y ′ (2) = 3
342
1
(a) (2 + x2 )y ′′ − xy ′ + 4y = 0, a2 = −a0 , a3 = − a1 e
4
n2 − 2n + 4
an+2 = − an , para todo n = 0, 1, 2, . . .
2(n + 1)(n + 2)
(b) y ′′ − xy ′ − y = 0 e
an
an+2 = , para todo n = 0, 1, 2, . . . 0
n+2
343
Não é difícil ver que a equação diferencial de primeiro ordem com
um ponto singular regular
x2 y ′ + y = 0, x > 0. (8.29)
344
Então
dφ̃ dφ d2 φ̃ d2 φ
(t) = (x0 + t) e (t) = (x0 + t),
dt dx dt2 dx2
e assim vemos que φ̃ satisfaz a equação:
345
devem ser satisfeitas por r e c0 , c1 , c2 , . . . para que esta função φ seja
uma solução de (8.34). Fazendo as contas encontramos que
X
∞
′
φ (x) = (k + r)ck xk+r−1
k=0
X
∞
′′
φ (x) = (k + r)(k + r − 1)ck xk+r−2
k=0
e então
X
∞
′′
2
x φ (x) = (k + r)(k + r − 1)ck xk+r
k=0
5 ′ X5 ∞
xφ (x) = (k + r)ck xk+r
2 k=0
2
X
∞ X
∞
k+r+1
xφ(x) = ck x = ck−1 xk+r
k=0 k=1
somando obtemos
5
L(φ)(x) = r(r − 1) + r c0 xr
2
∞ = 0.
X 5
+ (k + r)(k + r − 1) + (k + r) ck + ck−1 xk+r
k=1
2
Denotemos
5 3
q(s) = s(s − 1) + s = s s + ,
2 2
portanto
X
∞
r
L(φ)(x) = q(r)c0 x + [q(k + r)ck + ck−1 ]xk+r = 0.
k=1
346
com (8.36), vemos que suas raízes são os únicos valores possíveis de r
para quais existem soluções da forma (8.35). Ditas raízes são r1 = 0
e r2 = − 32 . O segundo conjunto de equações dado em (8.36) delimita
c1 , c2 , . . . em termos de c0 e r. Se q(r + k) 6= 0 para k = 1, 2, 3, . . . ,
então ck−1
ck = − , k = 1, 2, 3, . . .
q(r + k)
Assim
(−1)k c0
ck = − , k = 1, 2, 3, . . .
q(r + k)q(r + k − 1) · · · q(r + 1)
Se r1 = 0 então q(r1 + k) = q(k) 6= 0 para todo k = 1, 2, 3 . . . dado
que a outra raiz de q é r2 = − 32 . Analogamente, se r2 = − 32 então
q(r2 + k) = q(− 32 + k) 6= 0 para todo k = 1, 2, 3, . . .. Fazendo c0 = 1 e
r = r1 = 0 obtemos em forma explicita uma solução φ1 dada por
X
∞
(−1)k xk
φ1 (x) = 1 + ,
k=1
q(k)q(k − 1) · · · q(1)
X
∞
(−1)k xk
−3/2 −3/2
φ2 (x) = x +x .
k=1
q(k − 32 )q(k − 25 ) · · · q(− 12 )
quando k → +∞, sempre e quando |x| < ∞. Assim, a série que define
φ1 é convergente para todo x finito. Analogamente, escrevamos φ2 (x)
da seguinte maneira:
X
∞
−3/2
φ2 (x) = x ek (x).
k=0
347
Usando o teste do quociente, obtemos:
ek+1 (x) |x| |x|
ek (x) = |q(k − 1 )| = (k − 1 )(k + 1) → 0
2 2
e " #
X
∞
(−1)k xk
φ2 (x) = |x|−3/2 1 + .
k=1
q(k − 32 )q(k − 52 ) · · · q(− 12 )
com a(x) e b(x) analíticos para |x| < R, R > 0. Sejam r1 e r2 (Re(r1 ) ≥
Re(r2 )) raízes do polinômio indicial
Então para 0 < |x| < R existe uma solução φ1 da equação (8.37) dada
por
X
∞
φ1 (x) = |x| r1
cn xn , c0 = 1,
n=0
348
Demonstração: Seja φ solução de (8.37) da forma
X
∞
r
φ(x) = x ck xk (8.38)
k=0
onde c0 6= 0. Como a(x) e b(x) são analíticos em |x| < R temos que
X
∞ X
∞
k
a(x) = ak x e b(x) = bk x k . (8.39)
k=0 k=0
Então
X
∞
φ′ (x) = xr−1 (k + r)ck xk
k=0
X
∞
φ′′ (x) = xr−2 (k + r)(k + r − 1)ck xk
k=0
e daí temos
! !
X
∞ X
∞ X
∞
r k k r
b(x)φ(x) = x ck x bk x =x b̃k xk
k=0 k=0 k=0
X
k
onde b̃k = cj bk−j ,
j=0
! !
X
∞ X
∞ X
∞
′ r k k r
xa(x)φ (x) = x (k + r)ck x ak x =x ãk xk
k=0 k=0 k=0
X
k
onde ãk = (j + r)cj ak−j ,
j=0
!
X
∞
x2 φ′′ (x) = xr (k + r)(k + r − 1)ck xk .
n=0
Portanto
∞ h
X i
L(φ)(x) = xr (k + r)(k + r − 1)ck + ãk + b̃k xk
k=0
349
Usando as definições de ãk e b̃k podemos escrever [ ]k como
X
k X
k
[ ]k = (k + r)(k + r − 1)ck + (j + r)cj ak−j + cj bk−j
j=0 j=0
X
k−1
+ [(j + r)ak−j + bk−j ]cj
j=0
Para k = 0 temos
r(r − 1) + ra0 + b0 = 0 (8.40)
desde que c0 6= 0. Vemos que
[ ]k = q(k + r)ck + dk , k = 1, 2, 3, · · · (8.41)
onde
X
k−1
dk = [(j + r)ak−j + bk−j ]cj , k = 1, 2, 3, · · · . (8.42)
j=0
Dk (r)
Ck (r) = − , k = 1, 2, 3, . . . (8.44)
q(k + r)
Os Ck assim determinados, são funções racionais de r, e os únicos
pontos onde não estão definidos, são nos pontos r para os quais q(k +
r) = 0 para algum k = 1, 2, 3, . . .. Destes, só existem dois pontos
possíveis. Vamos definir Φ por:
X
∞
r r
Φ(x, r) = c0 x + x Ck (r)xk . (8.45)
k=1
350
Se a série (8.45) converge para 0 < x < R, então temos:
C0 (r) = 1,
X
k−1 (8.50)
q(k + r)Ck (r) = − [(j + r)ak−j + bk−j ]Cj (r), k = 1, 2, . . .
j=0
ver (8.43) e (8.44). Precisamos mostrar que a série (8.49) converge para
|x| < R se r = r1 e se r = r2 , sempre que r1 − r2 ∈/ Z+
0.
Note que
q(r) = (r − r1 )(r − r2 ),
351
e por conseguinte que
q(k + r1 ) = k(k + r1 − r2 ),
q(k + r2 ) = k(k + r2 − r1 ).
Em consequência:
X
k−1
k(k − |r1 − r2 |)|Ck (r1 )| ≤ M (j + |r1 | + 1)ρj−k |Cj (r1 )|, (8.53)
j=0
N − 1 ≤ |r1 − r2 | < N,
e
X
k−1
k(k − |r1 − r2 |)γk = M (j + |r1 | + 1)ρj−k γj , (8.54)
j=0
352
é convergente para |x| < ρ. Substituindo k por k + 1 em (8.54) temos:
para k = N, N + 1, . . .. Assim
γk+1 xk+1 [k(k − |r1 − r2 |) + M (k + |r1 | + 1)]
|x|
γ k xk = ρ(k + 1)(k + 1 − |r1 − r2 |)
converge a |x|/ρ quando k → +∞. Assim pelo teste do quociente, a
série (8.56) para |x| < ρ. Usando (8.55) e pelo critério de comparação,
vemos que a série
X
∞
Ck (r1 )xk , C0 (r1 ) = 1,
k=0
converge para |x| < ρ. Mas dado que ρ é qualquer número que satisfaz
a desigualdade 0 < ρ < R, já mostramos que esta série converge para
|x| < R. Substituindo r1 por r2 em todos os cálculos, mostra-se que
X
∞
Ck (r2 )xk , C0 (r2 ) = 1,
k=0
353
onde os coeficiente ck satisfazem a seguinte fórmula de recorrência
1
(k + 1)ck+1 = k − k −
2
ck , para todo k = 0, 1, 2, . . . . (8.59)
2
Se c0 6= 0, aplicando o critério do quociente as expressões (8.58) e
(8.59), temos que
2 1
ck+1 xk+1 k − k − 2
ck xk = k + 1 · |x| → +∞,
x2 y ′′ + xa(x)y ′ + b(x)y = 0,
354
onde Φ é dada por
X
∞
r r
Φ(x, r) = c0 x + x Ck (r)xk . (8.61)
k=1
X
∞
= x r1
Ck′ (r1 )xk + (ln x)φ1 (x)
k=0
355
Note que Ck′ (r1 ) existe para todo k = 0, 1, 2, . . ., já que os Ck são
funções racionais de r cujo denominador não se anula em r = r1 .
Também C0 (r) = 1 implica que C0′ (r1 ) = 0, e assim a série que
em φ2 multiplica a xr1 inicia com a primeira potência de x.
(ii) Suponhamos que r1 = r2 + m, onde m ∈ Z+ . Se c0 é dada,
q(r) = (r − r1 )(r − r2 ),
e portanto:
q(r + m) = (r − r2 )(r + m − r2 ).
Se Dm (r) possui r−r2 como fator (isto é, Dm (r2 ) = 0) isto implica
que pode-se cancelar o mesmo fator em q(r + m), e então (8.64)
dá Cm (r2 ) em forma de número finito. Então:
356
encontramos formalmente que
ψ(x) = Ψ(x, r2 ).
∂ ∂Ψ
L(Ψ)(x, r) = L (x, r)
∂r ∂r
357
Observação 8.3.3.
1. O método utilizado para obter soluções é chamado Método de
Frobenius. Todas as séries obtidas acima convergem para |x| < R
e a função φ2 calculada formalmente, é uma solução em ambos
casos (i) e (ii).
2. As soluções para x < 0, podem obter-se substituindo
xr1 , xr2 , ln x
respectivamente.
x2 y ′′ + xy ′ + (x2 − α2 )y = 0.
com a0 6= 0 e
X
∞
φ2 (x) = x bk xk + (ln x)φ1 (x)
k=0
358
X
∞ X
∞ X
∞
x 2
k(k − 1)ak x k−2
+x kak x k−1
+x 2
ak x k = 0
k=2 k=1 k=0
X
∞ X
∞ X
∞
k(k − 1)ak x + k
kak x +k
ak xk+2 = 0
k=2 k=1 k=0
X
∞ X
∞ X
∞
k(k − 1)ak x + k
kak x +k
ak−2 xk = 0
k=2 k=1 k=2
X
∞
a1 x + [(k(k − 1) + k) ak + ak−2 ] xk = 0
k=2
X
∞
a1 x + k 2 ak + ak−2 xk = 0
k=2
359
X (−1)n x 2n
∞
J0 (x) =
n=0
(n!)2 2
a qual é chamada função de Bessel de ordem zero de primeira espécie.
Por outro lado
X
∞
φ2 (x) = bk xk + (ln x)φ1 (x) (b0 = 0)
k=0
logo
X
∞
φ1 (x)
φ′2 (x) = kbk xk−1 + + (ln x)φ′1 (x)
k=1
x
X
∞
xφ′1 (x) − φ1 (x) φ′1 (x)
φ′′2 (x) = k(k − 1)bk x k−2
+ 2
+ + (ln x)φ′′1 (x)
k=2
x x
X
∞
x2 φ′′2 (x) = k(k − 1)bk xk + xφ′1 (x) − φ1 (x) + xφ′1 (x) + x2 (ln x)φ′′1 (x)
k=1
X
∞
xφ′2 (x) = kbk xk + φ1 (x) + x(ln x)φ′1 (x)
k=1
X
∞ X
∞
2 k+2 2
x φ2 (x) = bk x + x (ln x)φ1 (x) = bk−2 xk + x2 (ln x)φ1 (x)
k=1 k=3
X
∞
2
b1 x + 2 b2 x + 2
[[k(k − 1) + k]bk + bk−2 ] xk + 2xφ′1 (x) = 0
k=3
X
∞
2
b1 x + 2 b2 x + 2
k 2 bk + bk−2 xk = −2xφ′1 (x) (8.67)
k=3
360
como
X (−1)n x 2n
∞
φ1 (x) =
n=0
(n!)2 2
X (−1)n (2n) x 2n−1 1
∞
φ′1 (x) =
n=1
(n!)2 2 2
X
∞
X∞
(−1)n+1 n 2n
b1 x + 2 2 b2 x 2 + k 2 bk + bk−2 xk = 2 22n−2
x
k=3 n=1
(n!)
logo temos
e
(−1)n+1 n
(2n)2 b2n + b2n−2 = para todo n = 2, 3, . . . .
(n!)2 22n−2
Para os termos ímpares temos
b1
n = 1, 32 b3 + b1 = 0 ⇒ b3 = − =0
32
b3
n = 2, 52 b5 + b3 = 0 ⇒ b5 = − =0
52
b5
n = 3, 72 b7 + b5 = 0 ⇒ b7 = − = 0.
72
Em geral, tem-se
361
(−1)3 2 1 1 1 1 1
2
n = 2, 4 b4 + b2 = ⇒ b4 = 2 − 3 − 2 = − 2 2 1 +
(2!)2 22 4 2 2 24 2
(−1)4 3 1 1 1 1
2
n = 3, 6 b6 + b4 = ⇒ b6 = 2 + 1+
(3!)2 24 6 322 24 22 42 2
1 1 1
⇒ b6 = 2 2 2 1 + +
246 2 3
(−1)5 4 1 1 1 1 1
2
n = 4, 8 b8 + b6 = ⇒ b8 = − 2 + 1+ +
(4!)2 26 8 432 22 26 22 42 62 2 3
1 1 1 1
⇒ b8 = − 2 2 2 2 1 + + +
2468 2 3 4
Em geral, temos
(−1)n−1 1 1
b2n = 1 + + ... + , para n = 1, 2, . . .
(n!)2 22n 2 n
Portanto,
X
∞
(−1)n+1 1 1 1 2n
φ2 (x) = 1 + + + ··· + x + (ln x)φ1 (x)
n=1
22n (n!)2 2 3 n
X 1 x 2n
∞
(−1)n+1 1 1
K0 (x) = 1 + + + ··· + + (ln x)φ1 (x)
n=1
(n!)2 2 3 n 2
x2 y ′′ + xy ′ + x2 y = 0.
8.3.2 Exercícios
1. Em cada item, encontre todos os pontos singulares da equação
fornecida e determine se cada um é regular ou irregular.
(a) xy ′′ + (1 − x)y ′ + xy = 0.
362
(b) x2 (1 − x)2 y ′′ + 2xy ′ + 4y = 0.
(c) x2 (1 − x)y ′′ + x(1 − x)y ′ − 3xy = 0.
(d) x2 (1 − x2 )y ′′ + (2/x)y ′ + 4y = 0.
(e) (1 − x2 )2 y ′′ + x(1 − x)y ′ + (1 + x)y = 0.
(f) x2 y ′′ + xy ′ + (x2 − ν 2 )y = 0.
(g) (x + 3)y ′′ − 2xy ′ + (1 − x2 )y = 0.
(h) x(1 − x2 )3 y ′′ + (1 − x2 )3 y ′ + 2(1 + x)y = 0.
(i) (x + 2)2 (x − 1)y ′′ + 3(x − 1)y ′ − 2(x + 2)y = 0.
(j) x(3 − x)y ′′ + (x + 1)y ′ − 2y = 0.
(k) (x2 + x − 2)y ′′ + (x + 1)y ′ + 2y = 0.
(l) xy ′′ + ex y ′ + (3 cos x)y = 0.
(m) y ′′ + (ln |x|)y ′ + 3xy = 0.
(n) x2 y ′′ + 2(ex − 1)y ′ + (e−x cos x)y = 0.
(o) x2 y ′′ − 3(sen x)y ′ + (1 + x2 )y = 0.
(p) xy ′′ + y ′ + (cot x)y = 0.
(q) (sen x)y ′′ + xy ′ + 4y = 0.
(r) (x sen x)y ′′ + 3y ′ + xy = 0.
2. Encontre todos os valores de α para os quais as soluções de x2 y ′′ +
αxy ′ + (5/2)y = 0 que se aproximam a zero quando x → 0.
3. Encontre todos os valores de β para os quais todas as soluções de
x2 y ′′ + βy = 0 que se aproximam de zero quando x → 0.
4. Encontre γ para que a solução do problema de valor inicial x2 y ′′ −
2y = 0, y(1) = 1, y ′ (1) = γ é limitada quando x → 0.
5. Encontre todos os valores de α para os quais todas as soluções de
x2 y ′′ + αxy ′ + (5/2)y = 0 se aproximam de zero quando x → +∞.
6. Considere a equação de Euler x2 y ′′ + αxy ′ + βy = 0. Encontre
condições em α e β para que:
(a) Todas as soluções se aproximam de zero quando x → 0.
(b) Todas as soluções são limitadas quando x → 0.
(c) Todas as soluções se aproximam de zero quando x → +∞.
(d) Todas as soluções são limitadas quando x → +∞.
(e) Todas as soluções são limitadas quando x → 0 e quando
x → +∞.
363
7. Em cada item, mostre que cada uma das seguintes equações
diferenciais tem um ponto regular singular em x = 0. Determine
a equação indicial, a relação de recorrência e as raízes da equação
indicial. Encontre a solução em série (x > 0) correspondente à
raiz maior. Se as raízes são distintas e não diferem por um inteiro,
encontre a solução em série que corresponde à raiz menor.
(1 − x2 )y ′′ − xy ′ + α2 y = 0,
xy ′′ + (1 − x)y ′ + λy = 0.
364
11. A equação de Bessel de ordem um é
x2 y ′′ + xy ′ + (x2 − 1)y = 0.
Mostre que x = 0 é um ponto regular singular, que as raízes da
equação indicial são r1 = 1 e r2 = −1. Mostre que uma solução
para x > 0 é
x X (−1)n x2n
∞
J1 (x) = .
2 n=0 (n + 1)!n!22n
Mostre que a série em J1 (x) converge para todo x. A função J0 é
conhecida como a função de Bessel de primeira classe e de ordem
zero. Mostre que é impossível encontrar uma segunda solução da
forma
X∞
−1
x bn xn , x > 0.
n=0
365
14. Mostre que
2x ′ 2
3x2 y ′′ − y + y=0
x−1 x−1
tem as soluções
X
∞
−2/3
y1 = x e y2 = x an x n
n=0
onde a0 = 1 e
3n − 8
an = an−1 , para todo n = 1, 2, 3, . . .
3n
Quais são os raios de convergência destas soluções?
366
Capítulo 9
Problemas de Valores de
Contorno
9.1 Introdução
Exemplo 9.1.1. Resolva o PVI
y ′′ + 3y = 0
y(0) = 0, y ′ (0) = 1.
r2 + 3 = 0
√ √
cujas raízes são i 3 e −i 3. Portanto a solução do PVI é da forma
√ √
y = C1 cos( 3t) + C2 sen( 3t)
367
Exemplo 9.1.2. Resolva o problema
y ′′ + 3y = 0
y(0) = 0, y(π) = 0.
368
Exemplo 9.1.4. Resolva o problema
y ′′ − y = −7 cos 2t
y(0) = 0, y(π) = 2π.
r2 − 9 = 0
y = ηe3t + ξe−3t + φp
φp = C1 (t)e3t + C2 (t)e−3t
tal que
C1′ (t)e3t + C2′ (t)e−3t = 0
370
e
e3t 0
det
3t
3e t te3t te3t
C2′ (t) = = =−
e3t e−3t −6 6
det
−3t
3e 3t
−3e
então podemos escolher
te−3t e−3t
C1 (t) = − −
18 54
e
te3t e3t
C2 (t) = − + .
18 54
Assim a solução particular é
te−3t e−3t 3t te3t e3t −3t t
φp = − − e + − + e =− .
18 54 18 54 9
Portanto a solução geral é da forma
t
y = ηe3t + ξe−3t −
9
onde η e ξ são constantes.
Agora, como y(0) = 0 temos que
η+ξ =0
371
9.2 Problemas de auto-valores
Caso 1: Encontrar todos os valores de λ ∈ R tais que o PVC
y ′′ + λy = 0
(9.1)
y(0) = 0, y(L) = 0, (L > 0)
daí √
λL = nπ, n = 1, 2, 3, . . .
assim
n2 π 2
λn = , n = 1, 2, 3, . . .
L2
são chamados auto-valores do PVC (9.1) com correspondentes
soluções nπ
φn (t) = An sen t , n = 1, 2, 3, . . .
L
são chamados auto-funções do PVC (9.1).
2. Se λ = 0, então o polinômio característico r2 = 0 tem como raiz a
0 de multiplicidade dois. Portanto a solução de (9.1) é da forma
y = C1 + C2 t
372
e como y(L) = 0 temos que
0 = C2 L
como L > 0 temos que C2 = 0 então
y ≡ 0.
Este caso não é o procurado.
3. Se λ <√0, então√o polinômio característico r2 + λ = 0 tem como
raízes −λ e − −λ. Portanto a solução de (9.1) é da forma
√ √
−λt
y = C1 e + C2 e − −λt
n2 π 2
onde λn = tem soluções da forma
L2
nπ
φn (t) = An sen t
L
onde An constante para n = 1, 2, 3, . . ..
373
1. Se λ >√0, então√o polinômio característico r2 + λ = 0 tem como
raízes λi e − λi. Portanto a solução de (9.2) da forma
√ √
y = C1 cos( λt) + C2 sen( λt)
daí √
λL = nπ, n = 1, 2, 3, . . .
assim
n2 π 2
λn = , n = 1, 2, 3, . . .
L2
são chamados auto-valores do PVC (9.2) com correspondentes
soluções nπ
φn (t) = Bn cos t , n = 1, 2, 3, . . .
L
são chamados auto-funções do PVC (9.2).
2. Se λ = 0, então o polinômio característico r2 = 0 tem como raiz a
0 de multiplicidade dois. Portanto a solução de (9.2) é da forma
y = C1 + C2 t
374
3. Se λ <√0, então√o polinômio característico r2 + λ = 0 tem como
raízes −λ e − −λ. Portanto a solução de (9.2) é da forma
√ √
−λt
y = C1 e + C2 e − −λt
n2 π 2
onde λn = tem soluções da forma
L2
nπ
φn (t) = Bn cos t
L
onde Bn constante para n = 0, 1, 2, 3, . . ..
375
onde h é a constante de Planck dividida por 2π, m a massa e E é a
energia. Observe que (9.3) é um problema de Valor de Contorno do
tipo (9.1). Devemos determinar os valores de E para os quais existe
soluções distinta da trivial. Então para cada n = 1, 2, 3, . . . temos que
n2 π 2 8π 2 mEn
= λ n =
L2 h2
são auto-valores correspondentes à auto-funções
nπ
Ψn (x) = An sen x (9.4)
L
onde An são constantes. Assim para cada n ≥ 1 as soluções
correspondentes à energia
n2 h 2
En =
8mL2
estão dadas por (9.4). Agora, como desejamos que
Z L
Ψ2n (x)dx = 1
0
temos Z L nπ
A2n sen2 x dx = 1
0 L
Z L
A2n 2nπ
1 − cos x dx = 1
2 0 L
L
A2n L 2nπ
x− sen x =1
2 2nπ L 0
r
2 2
A2n = ⇒ An = ± .
L L
Portanto as soluções de (9.3) se reduzem a duas
r nπ
2
ψn (x) = ± sen x .
L L
9.2.2 Exercícios
1. Resolver os problemas de valores contornos:
376
′′ ′′
y − 7y = 0 y − y ′ + 2y = et
(a) (b)
y(1) = 0, y(π) = 1 y(0) = 0, y(e) = π
′′ ′′
y − 3y ′ + y = 0 y − 3y = 0
(c) (d) ′
y(1) = 0, y(2) = 0 y (0) = 3, y ′ (2) = −1
′′ ′′
y + 16y = 0 y + 9y = t + et
(e) (f)
y(0) = 0, y(2π) = 0 y(0) = 0, y(π) = 0
′′ ′′
y − y = −7 sen 2x y − 3y = 2
(g) (h) ′
y(0) = 0, y(π) = 2π y (0) = 0, y ′ (4) = 1
377
5. Considere o problema de valores de contorno
R R
exp B(x)
A(x)
dx u′′ + B(x)
A(x)
exp B(x)
A(x)
dx u′ R
g(x) B(x)
R = A(x)
exp A(x)
dx
+ C(x)
A(x)
exp B(x)
A(x)
dx u
R
B(x) g(x)p(x) C(x)p(x)
Denotemos p(x) = exp A(x)
dx , f (x) = A(x)
e q(x) = A(x)
.
Então a equação (9.5) é dada por
p(x)u′′ + B(x)p(x) ′
A(x)
u + q(x)u = f (x)
equivalentemente
d du
p(x) + q(x) = f (x). (9.7)
dx dx
378
Definimos o operador
d du
Lu := p(x) + q(x)u
dx dx
Procuramos resolver o problema de valor de contorno
d du
Lu := p(x) + q(x)u = 0, a ≤ x ≤ b (9.8)
dx dx
sujeito as condições
Consideremos unicamente
c1 B1 (u1 ) + c2 B1 (u2 ) = 0
379
Seja c 6= 0, v(x) = cu(x) também é solução não nula de (9.8) sujeita a
(9.9)).
Afirmação: Qualquer solução de (9.8) sujeita a (9.9) é da forma cu(x),
onde c é constante.
De fato, seja v(x) outra solução de (9.8) sujeita a (9.9) assim temos
que
αv(a) + βv ′ (a) = 0
αu(a) + βu′ (a) = 0
como α2 + β 2 > 0 o sistema acima tem solução não trivial, portanto
v(a) v ′ (a)
det =0
′
u(a) u (a)
W (u, v)(a) = 0
então u e v são linearmente dependentes, logo existe c constante tal
que v = cu.
Resumindo obtemos o seguinte teorema:
Teorema 9.3.1. Uma condição necessária e suficiente para que (9.8)
sujeita a (9.9) tenha solução não nula é que para quaisquer soluções
u1 , u2 linearmente independentes de (9.8) sujeita a (9.9) é satisfeita
(9.11).
Neste caso, se u é solução não nula de (9.8) sujeita a (9.9) então
qualquer outra solução de (9.8) sujeita a (9.9) é da forma v = cu onde
c é constante.
Exemplo 9.3.1. Resolva o PSL
u′′ + u = 0
u(0) = 0, u(π) = 0.
r2 + 1 = 0
cujas raízes são i e −i. Neste caso B1 (u) = u(0) = 0, B2 (u) = u(π) = 0,
u1 (x) = sen x and u2 (x) = cos x.
B1 (u1 ) B1 (u2 ) sen 0 cos 0
det = det =0
B2 (u1 ) B2 (u2 ) sen π cos π
380
então existe solução não trivial
u(x) = cos 0 · sen x − sen 0 · cos x
u(x) = sen x.
Exemplo 9.3.2. Resolva o PSL
4u′′ + u = 0
u(0) = 0, u(π) = 0.
B1 (u1 ) B1 (u2 ) sen 0 cos 0
det = det = −1 6= 0
B2 (u1 ) B2 (u2 ) sen(π/2) cos(π/2)
então não existe solução não trivial.
381
Consideremos
u1 (x) = y2 (a)y1 (x) − y1 (a)y2 (x)
e
u2 (x) = y2 (b)y1 (x) − y1 (b)y2 (x).
Observe que u1 (a) = 0, u1 (b) 6= 0, u2 (a) 6= 0 e u2 (b) = 0. Note também
que u1 e u2 são linearmente independentes, de fato
y1 (a) y2 (a)
W (u1 , u2 )(x) = det W (y1 , y2 )(x) 6= 0,
y1 (b) y2 (b)
u = v 1 u 1 + v 2 u2 (9.14)
pu′′ + p′ u′ + qu = f. (9.18)
p[v1′ u′1 + v1 u′′1 + v2′ u′2 + v2 u′′2 ] + p′ [v1 u′1 + v2 u′2 ] + q[v1 u1 + v2 u2 ] = f
v1 [pu′′1 + p′ u′1 + qu1 ] + v2 [pu′′2 + p′ u′2 + qu2 ] + p[v1′ u′1 + v2′ u′2 ] = f
v1 L(u1 ) + v2 L(u2 ) + p[v1′ u′1 + v2′ u2′ ] = f
como L(u1 ) = L(u2 ) = 0 tem-se
f
v1′ u′1 + v2′ u′2 = . (9.19)
p
382
Assim de (9.15) e (9.19) obtemos o sistema
u1 v1′ + u2 v2′ = 0
f (9.20)
u′1 v1′ + u′2 v2′ =
p
como u1 e u2 são linearmente independentes então W (u1 , u2 )(x) 6= 0
para todo x ∈ [a, b]. Portanto o sistema (9.20) possui uma única solução
dada por
0 u2
det
f ′
u2 −u2 f
v1′ =
p
= (9.21)
W (u1 , u2 ) pW (u1 , u2 )
e
u1 0
det
′ f
u1 p u1 f
v2′ = = . (9.22)
W (u1 , u2 ) pW (u1 , u2 )
Integrando (9.21) e (9.22) temos que
Z x
u2 (s)f (s)
v1 (x) = − ds
c1 p(s)W (φ1 , φ2 )(s)
e (9.23)
Z x
u1 (s)f (s)
v2 (x) = ds
c2 p(s)W (u1 , u2 )(s)
onde c1 e c2 são constantes a serem determinadas. Assim substituindo
(9.23) em (9.14) temos
Z x
u2 (s)f (s)
u(x) = −u1 (x) ds
c1 p(s)W (u1 , u2 )(s)
Z x (9.24)
u1 (s)f (s)
+u2 (x) ds
c2 p(s)W (u1 , u2 )(s)
é solução de (9.12).
Procuramos c1 , c2 tais que u verifique (9.13), logo temos que
R R
a a
0 = u(a) = − u1 (a) c1 p(s)W (u1 ,u2 )(s) ds + u2 (a) c2 p(s)W (u1 ,u2 )(s) ds
u2 (s)f (s) u1 (s)f (s)
| {z } | {z }
0 ̸=0
383
e
R R
b b
0 = u(b) = − u1 (b) u2 (s)f (s)
ds + u2 (b) u1 (s)f (s)
ds
| {z } c1 p(s)W (u1 ,u2 )(s) | {z } c2 p(s)W (u1 ,u2 )(s)
̸=0 0
então
Ra u1 (s)f (s) Rb u2 (s)f (s)
c2 p(s)W (u1 ,u2 )(s)
ds =0 e c1 p(s)W (u1 ,u2 )(s)
ds =0
equivalentemente temos
Z x Z b
u1 (s)u2 (x)f (s) u1 (x)u2 (s)f (s)
u(x) = ds + ds. (9.25)
a p(s)W (u1 , u2 )(s) x p(s)W (u1 , u2 )(s)
Definamos
u1 (x)u2 (s)
, a≤x≤s≤b
p(s)W (u1 , u2 )(s)
G(x, s) = (9.26)
u1 (s)u2 (x)
, a≤s≤x≤b
p(s)W (u1 , u2 )(s)
equivalentemente tem-se
Z b
u(x) = G(x, s)f (s)ds. (9.27)
a
384
Observação 9.4.1. Como Lu é auto-adjunto então p(s)W (u1 , u2 )(s)
é constante para todo s ∈ [a, b]. De fato,
d d
[p(s)W (u1 , u2 )(s)] = [p(s)(u1 (s)u′2 (s) − u′1 (s)u2 (s))]
ds ds
d d
= [p(s)u1 (s)u′2 (s)] − [p(s)u′1 (s)u2 (s)]
ds ds
d
= u1 (s) [p(s)u′2 (s)] + p(s)u′1 (s)u′2 (s)
ds
d
−u2 (s) [p(s)u1′ (s)] − p(s)u′1 (s)u′2 (s)
ds
d ′
= u1 (s) [p(s)u2 (s)] + q(s)u2 (s)
ds
d ′
−u2 (s) [p(s)u1 (s)] + q(s)u1 (s)
ds
385
(c) A função de Green satisfaz as condições de contorno:
G(a, s) = 0 e G(b, s) = 0.
Assim
u1 (x) = y2 (0)y1 (x) − y1 (0)y2 (x) = −x
e
u2 (x) = y2 (1)y1 (x) − y1 (1)y2 (x) = 1 − x
386
são soluções linearmente independentes de u′′ = 0 com u1 (0) = u2 (1) =
0. Calculemos agora a função de Green. Para isto calculemos o seguinte
= (−s)(−1) − (−1)(1 − s) = 1
daí temos
−s(1 − x) , 0 ≤ s ≤ x ≤ 1
G(x, s) =
−x(1 − s) , 0 ≤ x ≤ s ≤ 1.
x 1
s2 (x − 1) x(s − 1)2
= +
2 0 2 x
387
ver que o problema homogêneo tem solução nula. Como na construção
do Teorema 9.4.1, considere y1 (x) = sen x e y2 (x) = cos x soluções
linearmente independentes de u′′ + u = 0 com
y1 (0) y2 (0) 0 1
det = det = −sen 1 6= 0.
y1 (1) y2 (1) sen 1 cos 1
Assim
u1 (x) = y2 (0)y1 (x) − y1 (0)y2 (x) = sen x
e
u2 (x) = y2 (1)y1 (x) − y1 (1)y2 (x) = sen(x − 1)
são soluções linearmente independentes de u′′ + u = 0 com u1 (0) =
u2 (1) = 0. Calculemos agora a função de Green. Para isto calculemos
o seguinte
daí temos
sen s sen(x − 1)
, 0≤s≤x≤1
sen 1
G(x, s) =
sen x sen(s − 1) , 0 ≤ x ≤ s ≤ 1.
sen 1
Portanto a solução do problema dado é dada por
Z 1
u(x) = G(x, s)f (s)ds
0
Z Z
x
sen s sen(x − 1) 1
sen x sen(s − 1)
= f (s)ds + f (s)ds
0 sen 1 x sen 1
Z Z
sen(x − 1) x
sen x 1
= sen s f (s)ds + sen(s − 1) f (s)ds.
sen 1 0 sen 1 x
388
Z Z
sen(x − 1) x
sen x 1
u(x) = sen s ds + sen(s − 1) ds
sen 1 0 sen 1 x
sen(x − 1) sen x
= [− cos s]x0 + [− cos(s − 1)]1x
sen 1 sen 1
sen(x − 1) − sen x + sen 1
= .
sen 1
Exemplo 9.4.3. Resolva o PSL
u′′ = f (x), 0 ≤ x ≤ 1
.
u(0) = 0, u(1) + u′ (1) = 0
= (−s)(−1) − (−1)(2 − s) = 2
daí temos
(−s)(2 − x)
, 0≤s≤x≤1
2
G(x, s) =
(−x)(2 − s) , 0 ≤ x ≤ s ≤ 1.
2
389
Portanto a solução do problema dado é dada por
Z 1
u(x) = G(x, s)f (s)ds
0
Z Z
x
(−s)(2 − x) 1
(−x)(2 − s)
= f (s)ds + f (s)ds
0 2 x 2
Z Z
x
(sx − 2s) 1
(sx − 2x)
= f (s)ds + f (s)ds.
0 2 x 2
Observação 9.4.2. Se procuramos a solução de (9.12) sujeita a
e
B = v2 (b) = c1 u1 (b) +c2 u2 (b)
| {z } | {z }
̸=0 0
A B
logo c2 = e c1 = . Daí obtemos
u2 (a) u1 (b)
B A
v2 = u1 + u2 .
u1 (b) u2 (a)
390
Portanto Z b
u(x) = G(x, s)f (s)ds + v2 (x)
a
B A
+ sen x − sen(x − 1)
sen 1 sen 1
é solução do problema dado.
Exemplo 9.4.5. Resolva o PSL
u′′ + 2u = 1, 0 ≤ x ≤ π
u(0) = 0, u(π) = 1.
391
Solução: Pela Observação 9.4.2 a solução do problema dado é da forma
Z π
u(x) = G(x, s)ds + v2 ,
0
Assim √
u1 (x) = y2 (0)y1 (x) − y1 (0)y2 (x) = sen 2x
e
u2 (x) = y2 (π)y1 (x) − y1 (π)y2 (x)
√ √ √ √
= cos 2π sen 2x − sen 2π cos 2x
√
= sen 2(x − π)
392
são soluções linearmente independentes de u′′ + 2u = 0 com u1 (0) =
u2 (π) = 0. Calculemos agora a função de Green. Para isto calculemos
o seguinte
daí temos
√ √
sen 2s sen 2(x − π)
√ √ , 0≤s≤x≤π
2 sen 2π
G(x, s) = √ √
sen 2x sen 2(s − π)
√ √ , 0 ≤ x ≤ s ≤ π.
2 sen 2π
então
Z Z √ √
π
sen 2s sen 2(x − π)
x
G(x, s)ds = √ √ ds
0 0 2 sen 2π
Z π √ √
sen 2x sen 2(s − π)
+ √ √ ds
x 2 sen 2π
√ Z
sen 2(x − π) x √
= √ √ sen 2s ds
2 sen 2π 0
√ Z π
sen 2x √
+√ √ sen 2(s − π)ds
2 sen 2π x
√ " √ #x
sen 2(x − π) − cos 2s
= √ √ √
2 sen 2π 2 0
√ " √ #π
sen 2x cos 2(s − π)
+√ √ √
2 sen 2π 2 x
√ √ √
sen 2(x − π) + sen 2x − sen 2(2x − π)
= √ .
2 sen 2π
393
Por outro lado
√
1 √ 0 sen 2x √
v2 (x) = √ sen 2x − √
sen 2(x − π) = √ .
sen 2π sen 2π sen 2π
Assim temos
Z π
u(x) = G(x, s)ds + v2
0
√ √ √
sen 2(x − π) + 3 sen 2x − sen 2(2x − π)
= √
2 sen 2π
é solução do problema dado.
Estudaremos a seguir o caso quando (9.8) sujeita a (9.13) tem mais
de uma solução.
b Z b Z b
dv dv du
= up − p dx + uqvdx
dx a a dx dx a
b b Z b Z b
dv du d du
= up − vp + v p dx + uqvdx
dx a dx a a dx dx a
b Z b
dv du d du
= p u −v + v p + qu dx
dx dx a a dx dx
b Z b
dv du
= p u −v + vLudx.
dx dx a a
394
A equação (9.30) é chamada fórmula de Green.
Suponhamos que exista u0 solução não nula de (9.8) sujeita a (9.13).
Seja u solução de (9.12) sujeita a (9.13). Multiplicando por u0 em
ambos os lados de (9.12) temos
u0 Lu = u0 f
Isso mostra que quando (9.8) sujeita a (9.13) tem uma solução não
trivial, a equação (9.31) deve ser mantida para que o problema (9.12)
sujeita a (9.13) possa ter uma solução. Portanto. se a condição (9.31)
não for satisfeita então o problema (9.12) sujeita a (9.13) não tem
solução alguma.
Em outras palavras, (9.31) é uma condição necessária para a
existência de uma solução do problema (9.12) sujeita a (9.13) caso
o problema homogêneo relacionado (9.8) sujeita a (9.13) tenha uma
solução não trivial.
Exemplo 9.4.6. Resolva o PSL
u′′ + π 2 u = 1, 0 ≤ x ≤ 1
u(0) = 0, u(1) = 0.
h cos πx i1 Z 1 −2 cos πx
= − (2x − 1) − dx
π 0 0 π
1
1 1 2 sen πx
= − + =0
π π π2 0
e Z Z
b
−u2 (s)f (s) b
u0 (s)f (s)
0 = u(b) = u0 (b) ds + u2 (b) ds
| {z } c1 k | {z } c2 k
0 ̸=0
então
Z a Z b
u0 (s)f (s)ds = 0 e u0 (s)f (s)ds = 0
c2 c1
397
Definamos
u0 (x)u2 (s)
, a≤x≤s≤b
k
G∗ (x, s) = (9.34)
u0 (s)u2 (x) , a ≤ s ≤ x ≤ b
k
logo de (9.33) e (9.34) temos
Z x Z b
∗
u(x) = G (x, s)f (s)ds + G∗ (x, s)f (s)ds
a x
equivalentemente tem-se
Z b
u(x) = G∗ (x, s)f (s)ds (9.35)
a
398
daí temos
sen πx cos πs
, 0≤x≤s≤1
−π
G∗ (x, s) =
sen πs cos πx , 0 ≤ s ≤ x ≤ 1.
−π
Portanto a solução geral do problema dado é dada por
Z 1
u(x) = G∗ (x, s)f (s)ds + C sen πx
0
Z x Z 1
sen πs cos πx sen πx cos πs
= f (s)ds + f (s)ds
0 −π x −π
+C sen πx
Z x Z 1
cos πx sen πx
= − sen πs f (s)ds − cos πsf (s)ds
π 0 π x
+C sen πx
Lu + λr(x)u = 0, a ≤ x ≤ b, (9.36)
d du
onde Lu := p(x) + q(x)u, sujeita as condições
dx dx
onde p, p′ , r, q são contínuas e p(x), r(x) > 0 para todo x ∈ [a, b], λ é
um parâmetro real, α2 + β 2 > 0 e γ 2 + δ 2 > 0.
Se p ou r se anulam em algum ponto de [a, b] ou se o intervalo não é
limitado, dizemos que temos um problema singular de Sturm-Liouville.
A procura de soluções não nula de (9.36) sujeita a (9.37) isto
dependerá do parâmetro λ. Há valores de λ para os valores de λ para os
quais existe solução não nula, estes valores são chamados auto-valores
e as correspondentes soluções auto-funções.
399
Exemplo 9.5.1. Encontre os auto-valores e auto-funções de
u′′ + λu = 0, 0 ≤ x ≤ π
u(0) = 0, u′ (π) = 0.
u(x) = c2 x
derivando temos
√ √ √ √
u′ (x) = c1 −λe −λx + c1 −λe− −λx
derivando temos √ √
u′ (x) = c2 λ cos( λx)
400
√ √
e como u′ (π) = 0 temos que 0 = c2 λ cos( λπ). Como procuramos
soluções não nulas, logo
√
cos( λπ) = 0
daí
p (2n − 1)π
λn π = , n = 1, 2, 3, . . .
2
assim 2
2n − 1
λn = , n = 1, 2, 3, . . .
2
são auto-valores associadas às respectivas auto-funções
(2n − 1)x
un (x) = sen , n = 1, 2, 3, . . . .
2
Exemplo 9.5.2. Encontre os auto-valores e auto-funções de
u′′ + λu = 0, 0 ≤ x ≤ π
.
u(0) = 0, u(π) − u′ (π) = 0
u(x) = c2 x
0 = c2 π − c2 = c2 (π − 1) =⇒ c2 = 0.
Portanto u ≡ 0. √ √
Se λ < 0 suas raízes são −λ e − −λ. Portanto a solução é da
forma √ √
u(x) = c1 e −λx + c2 e− −λx
onde c1 e c2 são constantes. Agora, como u(0) = 0 então c2 = −c1 logo
√ √
−λx
u(x) = c1 e − c1 e − −λx
derivando temos
√ √ √ √
u′ (x) = c1 −λe −λx + c1 −λe− −λx
401
e como u(π) − u′ (π) = 0 temos que
√
−λπ
√ √ √ √ √
0 = c1 e − c1 e− −λπ − [c1 −λe −λπ + c1 −λe− −λπ ]
h √ √ √ √ i
0 = c1 (1 − −λ)e −λπ − (1 + −λ)e− −λπ .
derivando temos √ √
u′ (x) = c2 λ cos( λx)
e como u(π) − u′ (π) = 0 temos que
√ √ √
0 = c2 sen( λπ) − c2 λ cos( λπ)
402
√ √ √
0 = c2 [ sen( λπ) − λ cos( λπ)]
procuramos soluções não nulas, logo
√ √ √
sen( λπ) − λ cos( λπ) = 0
então √ √
tan( λπ) = λ
daí temos p 2n + 1
λn ≈ , para n grande.
2
Portanto, 2
2n + 1
λn ≈ , para n grande
2
são auto-valores e
(2n + 1)x
un (x) = sen , para n grande
2
são as respectivas auto-funções.
403
9.5.0.1 Ortogonalidade de auto-funções
Definição 9.5.1. Sejam u, v, σ funções contínuas em [a, b] onde σ(x) >
0 para todo x ∈ [a, b]. Dizemos que u e v são ortogonais com a função
peso σ se Z b
σ(x)u(x)v(x)dx = 0.
a
Se σ(x) = 1, dizemos que u e v são ortogonais.
Exemplo 9.5.3. sen(πx) e cos(πx) são ortogonais em [0, 1]. De fato,
Z 1 2 1
sen (πx)
sen(πx) cos(πx)dx = = 0.
0 2π 0
Quando u = v, denotemos
Z a 1/2
kuk = σ(x)u (x)dx2
.
b
b
du du
= p u −v
dx dx a
404
Por outro lado, como
αu(a) + βu′ (a) = 0
αv(a) + βv ′ (a) = 0
e α2 +β 2 > 0 então tem-se que o sistema acima tem solução não trivial,
portanto
u(a) u′ (a)
det =0
′
v(a) v (a)
logo
W (u, v)(a) = 0.
Também, como
γu(b) + δu′ (b) = 0
γv(b) + δv ′ (b) = 0
e γ 2 + δ 2 > 0 então temos que o sistema acima tem solução não trivial,
portanto
u(b) u′ (b)
det =0
′
v(b) v (b)
daí
W (u, v)(b) = 0.
Portanto Z b
− (ν − µ) r(x)u(x)v(x)dx = 0
| {z } a
̸=0
associado a norma
Z b 1/2
kf k = 2
r(x)f (x)dx .
a
405
temos que {φn } é um sistema ortonormal e verifica-se
Z b 1 , n=m
r(x)ψn (x)ψm (x)dx = := δnm .
a 0 , n 6= m
406
Para n 6= m tem-se
Z π
hψn (x), ψm (x)i = ψn (x)ψm (x)dx
0
Z
2 π
(2n − 1)x (2m − 1)x
= sen sen dx
π 0 2 2
Z
2 cos((n − m)x) − cos((n + m − 1)x)
π
= dx
π 0 2
π
1 sen((n − m)x) sen((n + m − 1)x)
= − = 0.
π n−m n+m−1 0
407
daí temos que
′
αψ(a) + βψ (a) = 0. (9.40)
Também, como
γψ(b) + δψ ′ (b) = 0
e ψ = u + iv temos que
γ(u(b) + iv(b)) + δ(u′ (b) + iv ′ (b)) = 0
equivalentemente
[γu(b) + δu′ (b)] + i [γv(b) + δv ′ (b)] = 0
logo
γu(b) + δu′ (b) = 0 e γv(b) + δv ′ (b) = 0 (9.41)
então
[γu(b) + δu′ (b)] − i [γv(b) + δv ′ (b)] = 0
equivalentemente
γ(u(b) − iv(b)) + δ(u′ (b) − iv ′ (b)) = 0
daí tem-se
′
γψ(b) + δψ (b) = 0. (9.42)
Assim por (9.38), (9.40) e (9.42) tem-se que ψ é solução de (9.36) sujeita
a (9.37). Se λ ∈
/ R então λ 6= λ e pelo Teorema 9.5.1 temos que
Z b
r(x)ψ(x)ψ(x)dx = 0
a
408
9.5.0.2 Expansão em auto-funções
Consideremos o problema de Sturm-Liouville (9.36) sujeita a (9.37),
sejam ψn o sistema ortonormal de auto-funções correspondentes aos
auto-valores λn . Seja f um função definida em [a, b], sob certas
condições podemos ter
X
∞
f (x) = cn ψn (x) (9.44)
n=1
X
∞
= cn δnm = cm .
n=1
409
Solução: Primeiramente calculemos os coeficientes de Fourier dados
por
Z π r r Z π
2 2
cn = x sen(nx)dx = x sen(nx)dx
0 π π 0
agora integrando por partes temos que
r π Z π
2 −x cos(nx) − cos(nx)
cn = − dx
π n 0 0 n
r Z
2 π cos(nπ) 1 π
= − + cos(nx)dx
π n n 0
r π
2 π cos(nπ) 1 sen(nx)
= − +
π n n n 0
√ √
2π 2π
=− cos(nπ) = (−1)n+1 .
n n
Pelo Teorema 9.5.3 temos que
∞ √ r
X 2π 2
x = (−1)n+1 sen(nx)
n=1
n π
X∞
2
= (−1)n+1 sen(nx), 0 ≤ x < π.
n=1
n
410
agora integrando por partes temos que
r π
2 −2 (2n − 1)x
cn = x cos
π 2n − 1 2 0
Z
π
−2 (2n − 1)x
− cos dx
0 2n − 1 2
r Z π
2 2 (2n − 1)x
= cos dx
π 2n − 1 0 2
r π
2 2 2 (2n − 1)x
= sen
π 2n − 1 2n − 1 2 0
r 2 r 2
2 2 (2n − 1)π 2 2
= sen = (−1)n+1 .
π 2n − 1 2 π 2n − 1
Pelo Teorema 9.5.3 temos que
X ∞ r 2 r
2 2 n+1 2 (2n − 1)x
x = (−1) sen
n=1
π 2n − 1 π 2
X∞
23 (−1)n+1 (2n − 1)x
= sen , 0 ≤ x < π.
n=1
π(2n − 1)2 2
quando k → +∞.
Observe que
Z " #2
X
k b X
k
kf (x) − cn ψn (x)k2 = r(x) f (x) − cn ψn (x) dx
n=1 a n=1
411
X
k
é chamado erro em media quadrática ao aproximar f (x) por cn ψn (x).
n=1
Mostraremos que a melhor aproximação em media quadrática se
atinge considerando os coeficientes da série de Fourier generalizada.
Consideremos
Z b " #2
X
k
Ek (a1 , a2 , . . . , ak ) = r(x) f (x) − an ψn (x) dx ≥ 0 (9.47)
a n=1
Ek (a1 , a2 , . . . , ak ) ≥ Ek (c1 , c2 , . . . , ck )
para quaisquer a1 , a2 , . . . , ak .
De fato, para escolher a1 , . . . , an de modo a minimizar Ek precisa-
mos satisfazer as condições necessárias, isto é, para cada j = 1, 2, . . . , k
tem-se
Z b " #
∂Ek Xk
0= = −2 r(x) f (x) − an ψn (x) ψj (x)dx
∂aj a n=1
Z b X
k Z b
0= r(x)f (x)ψj (x)dx − an r(x)ψn (x)ψj (x)dx
a n=1 a
Z b X
k
0= r(x)f (x)ψj (x)dx − an δnj
a n=1
então Z b
aj = r(x)f (x)ψj (x)dx = cj .
a
412
De (9.47) temos que
Z "
b X
k
Ek (a1 , a2 , . . . , ak ) = r(x) f (x) − 2f (x) 2
an ψn (x)
a n=1
#
X
k X
k
+ an al ψn (x)ψl (x) dx
n=1 l=1
Z b X
k X
k
= r(x)f (x)dx − 2
2
an c n + a2n
a n=1 n=1
Z b X
k X
k
= 2
r(x)f (x)dx + (an − cn ) − 2
c2n
a n=1 n=1
Z b X
k
≥ r(x)f 2 (x)dx − c2n = Ek (c1 , c2 , . . . , ck ).
a n=1
X
k Z b
c2n ≤ r(x)f 2 (x)dx (9.48)
n=1 a
X
∞ Z b
c2n ≤ r(x)f 2 (x)dx. (9.49)
n=1 a
logo
∞ Z
X b 2 Z b
r(x)f (x)ψn (x)dx ≤ r(x)f 2 (x)dx.
n=1 a a
Z b
lim r(x)f (x)ψn (x)dx = 0.
n→+∞ a
413
X
∞
Se temos a convergência da série cn ψn (x) a f (x) em media
n=1
quadrática então
lim Ek (c1 , c2 , . . . , ck ) = 0
k→+∞
equivalentemente
Z !
b X
k
lim r(x)f (x)dx −
2
c2n =0
k→+∞ a n=1
então Z b X
∞
2
r(x)f (x)dx = c2n . (9.50)
a n=1
f (x) = Lu + λr(x)u
X
∞ X
∞
= cn Lψn + λr(x) cn ψn (x).
n=1 n=1
414
Também, por (9.52) temos
X
∞ X
∞
f (x) = − cn λn r(x)ψn (x) + λr(x) cn ψn (x)
n=1 n=1
X
∞
= cn (λ − λn )r(x)ψn (x).
n=1
X
∞
= cn (λ − λn )δnm
n=1
Neste caso, a solução de (9.51) sujeita a (9.37), é dada por (9.53) onde
cn é dada por (9.55).
Se λ = λk para algum k, de (9.54) temos
Z b
f (x)ψk (x)dx = ck · 0.
a
Z b
Se f (x)ψk (x)dx 6= 0 então não existe solução de (9.51) sujeita a
a Z b
(9.37). Se f (x)ψk (x)dx = 0 então ck é arbitrário. Neste último
a
caso, a solução de (9.51) sujeita a (9.37) será dada por
X
∞
u(x) = cm ψm (x) + cψk (x)
m=1, m̸=k
415
9.5.0.5 A função de Green e sua expansão em auto-funções
Consideremos o operador
∗ d d
L = L + λr = p + q∗,
dx dx
onde q ∗ = q + λr e note que L∗ também é auto-adjunto, possuindo
propriedades semelhantes às do operador L. Suponhamos que λn são
os auto-valores do problema homogêneo
L∗ u = 0 (9.56)
sujeitas as condições (9.37). Seja {ψn } o correspondente sistema
ortonormal de auto-funções.
Se λ 6= λn para todo n então a solução não nula é a única solução de
(9.56) sujeita as condições (9.37). Então pelo Teorema 9.4.1 o problema
não homogêneo
L∗ u = f (x), a ≤ x ≤ b (9.57)
tem como solução
Z b
u(x) = G(x, s, λ)f (s)ds. (9.58)
a
onde Z b
bn = f (s)ψn (s)ds
a
então Z
X
∞
1 b
u(x) = f (s)ψn (s)ds ψn (x)
n=1
λ − λn a
portanto
Z b "X∞
#
ψn (s)ψn (x)
u(x) = f (s)ds. (9.59)
a n=1
λ − λn
Comparando (9.58) e (9.59) devemos ter
X
∞
ψn (s)ψn (x)
G(x, s, λ) = (9.60)
n=1
λ − λn
416
O lado direito da equação (9.60) é chamada expansão bilinear da função
de Green em auto-funções. Rescrevendo
X∞
G(x, s, λ) = cn (s)ψn (x)
n=1
onde Z b
cn (s) = r(x)G(x, s, λ)ψn (x)dx.
a
Afirmação: Temos a seguinte igualdade
ψn (s)
cn (s) = .
λ − λn
De fato, como
Lψn (x) = −λn r(x)ψn (x) e LG(x, s, λ) = −λr(x)G(x, s, λ)
temos que
(λ − λn )r(x)ψn (x)G(x, s, λ) = G(x, s, λ)Lψn (x) − ψn (x)LG(x, s, λ)
integrando em relação a x de a até b têm-se
Z b
(λ − λn ) r(x)ψn (x)G(x, s, λ)dx
a
q
Z b
(G(x, s, λ)Lψn (x) − ψn (x)LG(x, s, λ)) dx
a
q
Z s−
(G(x, s, λ)Lψn (x) − ψn (x)LG(x, s, λ)) dx
a
Z b
+ (G(x, s, λ)Lψn (x) − ψn (x)LG(x, s, λ)) dx
s+
q
s−
dψn dG
p(x) G(x, s, λ) (x) − ψn (x) (x, s, λ)
dx dx a
b
dψn dG
+ p(x) G(x, s, λ) (x) − ψn (x) (x, s, λ)
dx dx s+
417
Z b
(λ − λn ) r(x)ψn (x)G(x, s, λ)dx
a
q
− dψn −
− − dG −
p(s ) G(s , s, λ) (s ) − ψn (s ) (s , s, λ)
dx dx
dψn dG
−p(a) G(a, s, λ) (a) − ψ( a) (a, s, λ)
dx dx
dψn dG
+p(b) G(b, s, λ) (b) − ψn (b) (b, s, λ)
dx dx
dψn + + dG +
−p(s ) G(s , s, λ)
+ +
(s ) − ψn (s ) (s , s, λ)
dx dx
daí obtemos
Z b
ψn (s)
cn = r(x)G(x, s, λ)ψn (x)dx = .
a λ − λn
418
Em particular, se λ = 0 temos
X
∞
ψn (x)ψn (s)
G(x, s, λ) =
n=1
0 − λn
√ √
= c1 e −λπ − e− −λπ
| {z }
̸=0
419
como u(0) = 0 temos que c1 = 0 logo
√
u(x) = c2 sen( λx)
assim temos p
λn π = nπ, n = 1, 2, 3, ...
então
λn = n2 , n = 1, 2, 3, ...
são auto-valores e
2 X sen(nx) sen(ns)
∞
G(x, s) = .
π n=1 λ − n2
420
e
u2 (x) = y2 (π)y1 (x) − y1 (π)y2 (x)
√ √ √ √
= cos( λπ) sen( λx) − sen( λπ) cos( λx)
√
= sen( λ(x − π)).
Note que neste caso
daí temos
√ √
sen( λx) sen( λ(s − π))
√ √ , 0≤x≤s≤π
λ sen( λπ)
G(x, s, λ) = √ √
sen( λs) sen( λ(x − π))
√ √ , 0 ≤ s ≤ x ≤ π.
λ sen( λπ)
Para λ = 0 o qual não é auto-valor, a função de Green do operador
d2
L= pode ser obtida de G(x, s, λ) deixando λ tender a zero. De
dx2
fato, para 0 ≤ x ≤ s temos
√ √
sen( λx) sen( λ(s − π))
G(x, s, 0) = lim √ √
λ→0 λ sen( λπ)
√
√ sen( λ(s − π))
√
sen( λx)
= lim √ √λ
λ→0 λ sen( λπ)
√
λ
x(s − π)
=
π
421
e para s ≤ x ≤ π temos
√ √
sen( λs) sen( λ(x − π))
G(x, s, 0) = lim √ √
λ→0 λ sen( λπ)
√
√ sen( λ(x − π))
√
sen( λs)
= lim √ √λ
λ→0 λ sen( λπ)
√
λ
s(x − π)
= .
π
Daí a correspondente função de Green para λ = 0 é
x(s − π)
, 0≤x≤s≤π
π
G(x, s) =
s(x − π) , 0 ≤ s ≤ x ≤ π
π
que tem expansão bilinear
2 X sen(nx) sen(ns)
∞
G(x, s) = .
π n=1 −n2
y ′′ + a(x)y ′ + b(x)y = 0
422
e
W (u, v)(x2 ) = u(x2 )v ′ (x2 ) − u′ (x2 )v(x2 ) = −u′ (x2 )v(x2 ).
Agora, já que W é contínua e não nula temos que W (u, v)(x) não muda
de sinal daí
u′ (x1 )v(x1 )u′ (x2 )v(x2 ) > 0
e como u′ (x1 )u′ (x2 ) < 0 então
= (q2 − q1 )uv.
R x2
x1
(q2 (x) − q1 (x))u(x)v(x)dx = [(p(x)u′ (x))v(x) − (p(x)v ′ (x))u(x)]xx21
423
como u(x1 ) = u(x2 ) = 0 temos
R x2
x1
(q2 (x) − q1 (x))u(x)v(x)dx = p(x2 )u′ (x2 )v(x2 ) − p(x1 )u′ (x1 )v(x1 ).
Daí Z x2
(q2 (x) − q1 (x))u(x)v(x)dx = 0
x1
y ′′ + y = 0
tem como soluções u(x) = cos x que é solução real e v(x) = eix é solução
π
complexa. Note que u(x) se anula em (2k + 1) , onde k ∈ Z e v(x)
2
nunca se anula.
Proposição 9.6.1. Considere a equação diferencial
d
[p(x)y ′ ] + q(x)y = 0, a ≤ x ≤ b. (9.63)
dx
onde p, q são contínuas em [a, b]. Se q(x) ≤ 0 em [a, b], então toda
solução u de (9.63), se anula no máximo em um ponto de [a, b].
424
Demonstração: Comparemos (9.63) com
d
[p(x)y ′ ] + 0 · y = 0, a ≤ x ≤ b. (9.64)
dx
De (9.64) temos que p(x)u′ (x) = k, onde k é constante. Portanto
Z x
k
u(x) = dt.
a p(t)
426
(ii) Caso uλ (b) = 0 concluímos que N (ν) ≤ N (λ) + 1 provando que
N é descontínua em λ.
(iii) Se λ é tal que λr(x) − q(x) ≤ 0 em [a, b] pela Proposição 9.6.1
temos que uλ não se anula em ]a, b] logo N (λ) = 0.
n2 π 2
(iv) Se λ é tal que λr(x) − q(x) ≥ em [a, b] pela Proposi-
(b − a)2
ção 9.6.2 parte (1) tem-se que uλ tem pelos menos n zeros em
]a, b] ou seja N (λ) ≥ n.
(v) Seja λ ∈ R. Se N (λ) = 0 então N é contínua em λ. Suponhamos
agora se N (λ) = n > 0 e seja a = x0 < x1 < . . . < xm ≤ b os zeros
de uλ em [a, b]. Note que u′λ (x0 ) 6= 0, u′λ (x1 ) 6= 0, . . . , u′λ (xm ) 6= 0
e como u′λ é contínua para cada i = 0, 1, . . . , m existe um δi > 0
e ℓi > 0 tal que |u′λ (x)| ≥ ℓi para todo |x − xi | < δi . Seja δ =
min{δ0 , δ1 , . . . , δm } > 0 e ℓ = min{ℓ0 , ℓ1 , . . . , ℓm } > 0 então para
cada i = 0, 1, . . . , m tem-se que |uλ′ (x)| ≥ ℓ para todo S |x − xi | < δ.
Seja Mi = {x ∈ [a, b]; |x − xi | < δ} e definamos M = m i=0 Mi . Se
x ∈ M então |u′λ (x)| ≥ ℓ. Seja ε = inf{|uλ (x)|; x ∈ [a, b] \ M } >
0, pela continuidade e diferenciabilidade das soluções da equação
diferencial dada em (9.68) em relação ao parâmetro λ temos que
existe r > 0 tal que
|uλ (x) − uν (x)| < ℓ e |u′λ (x) − u′ν (x)| < ε
para todo x ∈ [a, b], se |λ − ν| < r. Logo para ν de modo que |λ −
ν| < r temos que uν tem exatamente um zero em cada conjunto
Mi daí n − 1 ≤ N (ν) ≤ n. Assim se ν > λ pela parte (i) temos
que N (λ) ≤ N (ν) daí N é contínua à direita.
9.6.1 Exercícios
1. Reduzir a equação dada à forma auto-adjunta:
(a) u′′ + bu′ + cu = 0, 0 ≤ x ≤ 1, onde b, c ∈ R.
(b) xu′′ + 2u′ + xu = 0, 0 < a ≤ x ≤ b.
(c) xu′′ + xu′ + u = 0, 0 < a ≤ x ≤ b.
(d) x2 u′′ + xu′ + u = 0, 0 < a ≤ x ≤ b.
(e) xu′′ + (1 − x)u′ + u = 0, 0 < a ≤ x ≤ b.
2. Determine se o problema dado tem solução não trivial. Em caso
afirmativo encontre esta solução:
(a) u′′ = 0, 0 ≤ x ≤ 1.
427
(a.1) u(0) + u′ (0) = 0 e u(1) = 0.
(a.2) u(0) + u′ (0) = 0 e u′ (1) = 0.
(b) u′′ + u = 0, 0 ≤ x ≤ π/2 com u(0) = 0 e u′ (π/2) = 0.
(c) u′′ + u = 0, 0 ≤ x ≤ π
(c.1) u(0) = 1 e u(π) = −1.
(c.2) u(0) + u′ (0) = 1 e u(π) = 1.
(c.3) u(0) − u′ (0) = 1 e u(π) = 1.
(d) u′′ − u = 0, 0 ≤ x ≤ 1
(d.1) u(0) = 1 e u(1) − u′ (1) = 0.
(d.2) u′ (0) = 0 e u(1) + u′ (1) = 1.
(d.3) u(0) = −1 e u(1) + u′ (1) = 0.
(d.4) u(0) − u′ (0) = 2 e u(1) + u′ (1) = 0.
(e) u′′ − 4u = 0, 0 ≤ x ≤ 1
(e.1) u(0) = 1 e u(1) = 0.
(e.2) u(0) = 1 e 2u(1) + u′ (1) = 2e2 .
(f) u′′ + 4u = 0, 0 ≤ x ≤ π
(e.1) u(0) = −1 e u(π) = 1.
(e.2) u(0) = −1 e u′ (π) = 1.
(e.3) u(0) + u′ (0) = 1 e u(π) − u′ (π) = 0.
3. Encontre a função de Green em cada um dos seguintes casos:
d2 u
(a) Lu := , 0 ≤ x ≤ 1 com u(0) = 0 e u′ (1) = 0.
dx2
d2 u
(b) Lu := 2 , 0 ≤ x ≤ 1 com u′ (0) = 0 e u(1) − u′ (1) = 0.
dx
d2 u
(c) Lu := 2 , 0 ≤ x ≤ 1 com u(0) + u′ (0) = 0 e u′ (1) = 0.
dx
d2 u
(d) Lu := 2 + u, 0 ≤ x ≤ π com u(0) = 0 e u′ (π) = 0.
dx
d2 u
(e) Lu := 2 + u, 0 ≤ x ≤ π com u′ (0) = 0 e u(π) = 0.
dx
4. Encontre a função de Green e dar a solução em cada item:
(a) u′′ −2u′ +2u = f (x), 0 ≤ x ≤ π/2 com u(0) = 0 e u(π/2) = 0.
(b) x2 u′′ − 2xu′ + 2u = f (x), 1 ≤ x ≤ 2 com u(1) − u′ (1) = 0 e
u(2) = 0.
(c) x2 u′′ − xu′ + u = f (x), 1 ≤ x ≤ 2 com u(1) − u′ (1) = 0 e
u(2) + 2u′ (2) = 0.
428
(d) (x + 1)u′′ + u′ = f (x), 0 ≤ x ≤ 1 com u(0) = 0 e u′ (1) = 0.
5. Mostre que para cada t a função de Green satisfaz
d dG
p + qG = 0, a < x < b, x 6= t.
dx dx
G(a, t) = 0 e G(g, t) = 0.
∂G
(b) (x, b) satisfaz a equação (9.12) e as condições
∂s
∂G 1 ∂G
(b, b) = e (a, b) = 0.
∂s p(b) ∂s
429
12. Encontre a solução do problema
u′′ + 4u = f (x), 0 ≤ x ≤ 1
u(0) = A, u(1) = B.
430
18. Seja u0 solução não trivial do problema Lu = 0, u(a) = u(b) = 0
Z b
(a ≤ x ≤ b) tal que u20 (x)dx = 1. Mostre que o problema
a
Lu = u0 , u(a) = 0, u(b) = 0 não tem solução.
19. Determine se o problema u′′ − 2u′ + u = 1, 0 < x < 1, u(0) = 0,
2u(1) − u′ (1) = 0 tem uma solução.
20. Encontre os auto-valores e auto-funções em cada caso:
(a) u′′ + λu = 0, 0 ≤ x ≤ L com u′ (0) = 0 e u(L) = 0.
(b) u′′ + λu = 0, 0 ≤ x ≤ π com u′ (0) = 0 e u′ (π) = 0.
(c) u′′ + λu = 0, 0 ≤ x ≤ π com u(0) + u′ (0) = 0 e u(π) + u′ (π) =
0.
(d) x2 u′′ + 2xu′ + λu = 0, 1 ≤ x ≤ e com u(1) = 0 e u(e) = 0.
21. A função
X
∞ 2k+p
(−1)k t
Jp (t) = ,
k=0
k!Γ(k + p + 1) 2
chamada-se função de Bessel de primeira espécie de ordem p e
satisfaz
d ′ p2
(ty ) + t − y = 0 (p ∈ R)
dt t
a chamada equação de Bessel.
√
(a) Fazendo a mudança t = λx, mostre que a equação é dada
por
d ′ p2
M u := (xu ) + λx − u=0
dx x
√
onde u(x) := y( λx).
√
(b) Mostre que un (x) = Jp ( λn x) é uma auto-função do PSL:
431
22. Considere o PSL
Lu + λr(x)u = 0, a ≤ x ≤ b
u(a) = u(b).
432
27. Mostre que a função de Green para o operador
d d
L= x + λ2 , 0 < x < 1
dx dx
onde
J0 (λn x)
ϕ(λn x) = e J0 (λn ) = 0.
kJ0 (λn x)k
28. Mostre que se N (λ) = 0 então N é contínua em λ.
29. Sejam λ0 < λ1 < . . . < λn < . . . os pontos de descontinuidade de
N . Mostre que se λ < λ0 então uλ não se anula em ]a, b].
30. Para n ≥ 1, com a notação do Exercício 21, mostre que se λn−1 <
λ < λn então uλ (b) 6= 0 e uλ tem exatamente n zeros.
433
Capítulo 10
Teoria de Fourier
434
10.1 Ortogonalidade de funções trigonométricas
Lembremos que o problema Sturm-Liouville
u′′ + λu = 0
(10.1)
u(0) = 0, u(L) = 0.
435
nπx
o que mostra que a função 1 é ortogonal às funções cos e
nπx L
sen para n = 1, 2, . . . no intervalo [−L, L]. Agora, seja m e
L
n inteiros distintos. Das identidade trigonométricas
mπx nπx 1 (m − n)πx
(m + n)πx
cos cos = cos + cos
L L 2 L L
e
mπx nπx
1 (m − n)πx (m + n)πx
sen sen = cos − cos
L L 2 L L
obtemos que Z L mπx nπx
cos cos dx = 0 (10.6)
−L L L
e Z L mπx nπx
sen sen dx = 0. (10.7)
−L L L
As fórmulas (10.6) e (10.7) mostra respectivamente que as auto-funções
(10.3) e (10.2) são ortogonais em [−L, L]. Finalmente, da identidade
mπx nπx 1
(m − n)πx
(m + n)πx
sen cos = sen + sen
L L 2 L L
vemos que para todos os inteiros m e n
Z L mπx nπx
sen cos dx = 0. (10.8)
−L L L
Isso mostra que cada uma das funções em (10.2) é ortogonal a cada uma
das funções em (10.3) em [−L, L] e vice-versa. Portanto, por definição,
segue-se que as funções em (10.4) formam um sistema ortogonal no
intervalo [−L, L]. Este sistema ortogonal pode ser ortonormalizado.
De fato, para cada n = 1, 2, . . . é claro que
Z L
k1k =2
12 dx = 2L
−L
então √
k1k = 2L. (10.9)
Das identidades trigonométricas
1
2 nπx 2nπx
cos = 1 + cos
L 2 L
436
e nπx
1 2nπx
sen 2
= 1 − cos
L 2 L
obtemos que
nπx
2 Z L nπx 2
cos
= cos dx = L
L −L L
e
nπx
2 Z L
2 nπx
sen
= sen dx = L
L −L L
daí tem-se
nπx
√
cos
= L (10.10)
L
e
nπx
√
sen
= L. (10.11)
L
Portanto, por (10.9), (10.10) e (10.11) temos que o sistema ortonormal
correspondente ao conjunto (10.4) é dado por
1 1 nπx 1 nπx
√ , √ cos , √ sen , n = 1, 2, . . . (10.12)
2L L L L L
onde Z L
1
c0 = √ f (x)dx
2L −L
Z L nπx
1
cn = √ f (x) cos dx (10.14)
L −L L
Z L nπx
1
c̃n = √ f (x) sen dx
L −L L
437
para todo √ n = 1, 2, . . .. Se incorporarmos nas fórmulas (10.14) o fator
comum 1/ L que aparece na série (10.13) então podemos escrever a
série da forma conveniente
a0 X h nπx nπx i
∞
f (x) ∼ + an cos + bn sen (10.15)
2 n=1
L L
438
não poderá ter uma representação da série de Fourier que seja válida
para todo x.
Exemplo 10.2.1. Encontre a série de Fourier de f (x) em [−π, π], onde
0 se − π ≤ x ≤ 0
f (x) =
x se 0 < x ≤ π.
1 cos(nπ) − 1 (−1)n − 1
= =
π n2 πn2
Z
1 π
bn = x sen(nx)dx
π 0
π
1 −x cos(nx) sen(nx)
= +
π n n2 0
− cos(nπ) (−1)n+1
= =
n n
Logo a série de Fourier de f em [−π, π] é
∞
π X (−1)n − 1 (−1)n+1
f (x) ∼ + cos(nx) + sen(nx)
4 n=1 πn2 n
∞
π X 2 (−1)n
− cos((2n − 1)x) + sen(nx) .
4 n=1 π(2n − 1)2 n
Mais adiante será mostrado que essa série de Fourier converge para
a função no intervalo −π < x < π. Portanto, fora desse intervalo, a
439
série converge para a extensão periódica de f com período 2 · π. O
gráfico dessa extensão é dado por
e para n = 1, 2, 3, . . . tem-se
Z
1 π
an = |x| cos(nx) dx
π −π
Z 0 Z π
1
= (−x) cos(nx)dx + x cos(nx)dx
π −π 0
0 π
nx sen(nx) + cos(nx) nx sen(nx) + cos(nx)
= − +
n2 π −π n2 π 0
2
= [(−1)n − 1]
n2 π
440
Z 0 Z π
1
bn = (−x) sen(nx) dx + x sen(nx) dx
π −π 0
0 π
nx cos(nx) − sen(nx) nx cos(nx) − sen(nx)
= − = 0.
n2 π −π n2 π 0
Logo a série de Fourier de f (x) = |x| é
π 2 X (−1)n − 1
∞
|x| ∼ + cos(nx)
2 π n=1 n2
4 X cos((2n − 1)x)
∞
π
∼ −
2 π n=1 (2n − 1)2
em [−π, π].
Veremos depois que essa série converge para a função |x| no intervalo
indicado e, portanto, para a extensão periódica dessa função com o
período 2π para todo x fora desse intervalo.
441
De fato, por (10.15) e como
Denotando
a0 an − ibn an + ibn
c0 = , cn = e c−n = , n = 1, 2, . . .
2 2 2
temos
X
∞
f (t) ∼ c0 + [cn einπx/L + c−n e−inπx/L ]
n=1
X
∞
∼ cn einπx/L .
n=−∞
e para n = 1, 2, . . . temos
Z nπx Z nπx
1 1 L 1 L
cn = f (x) cos dx − i f (x) sen dx
2 L −L L L −L L
Z L h nπx nπx i
1
= f (x) cos − i sen dx
L −L L L
Z L
1
= f (x)e−inπx/L dx
2L −L
442
Z nπx Z nπx
1 1 L 1 L
c−n = f (x) cos dx + i f (x) sen dx
2 L −L L L −L L
Z L h nπx nπx i
1
= f (x) cos + i sen dx
L −L L L
Z L
1
= f (x)einπx/L dx.
2L −L
3. an = 2Re(cn ) para n = 0, 1, 2, . . .
4. bn = −2Im(cn ) para n = 1, 2, . . .
Exemplo 10.3.1. Encontre a forma complexa da série de Fourier para
a função f (x) dada pelo gráfico
Ax
Solução: Temos que f (x) = , para 0 < x < 2L e f (x +2L) = f (x).
2L
Calculemos os coeficientes cn usando a fórmula (10.20) tem-se
443
Z 2L Z 2L
1 1 Ax
c0 = f (x)dx = dx
2L 0 2L 0 2L
2L
A x2 A
= =
4L2 2 0 2
e para n = ±1, ±2, . . . por integração por partes temos
Z 2L Z 2L
1 −inπx/L 1 Ax −inπx/L
cn = f (x)e dx = e dx
2L 0 2L 0 2L
" 2L Z 2L #
A xe−inπx/L L
= + e−inπx/L dx
4L2 −inπ/L 0 inπ 0
" −inπx/L 2L #
A 2L2 e−2inπ L e
= +
4L2 −inπ inπ −inπ/L 0
" #
A 2iL2 L2 −2inπ iA
= 2
+ 2 2 (e| {z } −1) = .
4L nπ nπ 2nπ
1
A X∞
iA −inπx/L
f (x) ∼ + e . (10.21)
2 n=−∞ 2nπ
n̸=0
A AX1 nπx
∞
f (x) ∼ − sen .
2 π n=1 n L
444
10.4 Séries de Fourier de cossenos e de senos
Lembremos que uma função f definida em [−L, L] é dita par se
f (−x) = f (x) e ímpar se f (−x) = −f (x) para todo x ∈ [−L, L].
Se f é uma função ímpar, segue-se da definição que f (0) = 0.
Geometricamente, o gráfico de uma função par é simétrico em relação
ao eixo y, e o de uma função ímpar é simétrico em relação à origem.
Observação 10.4.1.
(1) Se f e g são funções pares em [−L, L] então f g é par.
(2) Se f e g são funções ímpares em [−L, L] então f g é par.
(3) Se f é ímpar e g é par em [−L, L] então f g é ímpar.
(4) sen x é ímpar e cos x é par.
(5) Se f é integrável e par em [−L, L] então
Z L Z L
f (x)dx = 2 f (x)dx. (10.22)
−L 0
445
onde
Z L nπx
2
an = f (x) cos dx, n = 0, 1, 2, . . . (10.25)
L 0 L
onde
Z L nπx
2
bn = f (x) sen dx, n = 1, 2, . . . (10.27)
L 0 L
Demonstração:
(1) Vamos considerar sua série de Fourier
a0 X h nπx nπx i
∞
f (x) ∼ + an cos + bn sen
2 n=1
L L
446
(2) Analogamente vamos considerar sua série de Fourier
a0 X h nπx nπx i
∞
f (x) ∼ + an cos + bn sen
2 n=1
L L
447
A série (10.26) é chamada série de Fourier de senos da função f no
intervalo [0, L]. A série de senos estende f para o intervalo [−L, 0] como
uma função ímpar, sempre que converge para f no intervalo [0, L]. Fora
do intervalo [−L, L] a série representa a extensão periódica ímpar da
função com o período 2L. Aqui notamos que a série de Fourier de senos
(10.26) é a expansão em auto-funções em relação às auto-funções (10.2)
do problema Sturm-Liouville (10.1).
Em resumo, dada uma função f no intervalo [0, L], é possível
representar a função nesse intervalo por uma série de Fourier de
cossenos ou por uma série de Fourier de senos. No primeiro caso, a
função é estendida como uma função par no intervalo [−L, 0] e como
uma função periódica par para todos os x com o período 2L. Neste
último caso, a função é estendida como uma função ímpar em [−L, 0]
e como uma função periódica ímpar para todos os x com o período 2L.
Exemplo 10.4.1. Encontre as séries de Fourier de cossenos e de senos
para a função f (x) = x, 0 ≤ x ≤ π.
Solução: Os coeficientes de Fourier da série de cossenos são
Z
2 π
a0 = xdx = π
π 0
e para n = 1, 2, 3, . . . tem-se
Z
2 π
an = x cos(nx)dx
π 0
π
2 nx sen(nx) + cos(nx)
=
π n2 0
2 (−1)n − 1
= .
π n2
Logo a série de Fourier do cosseno é
π 2 X (−1)n − 1
∞
x∼ + cos(nx)
2 π n=1 n2
em [0, π].
Esta série é a mesma que obtivemos no Exemplo 10.2.2, como seria
de esperar. (Por quê?) A série contém a função x em [0, π] e representa
a extensão periódica par de uma função para todos os x com período 2π.
A extensão periódica coincide com a extensão da função considerada
no Exemplo 10.2.2.
448
Os coeficientes de Fourier da série de senos são
Z
2 π
bn = x sen(nx)dx
π 0
π
2 −nx cos(nx) + sen(nx)
=
π n2 0
(−1)n+1
=2
n
para que tenhamos
X
∞
(−1)n+1
x∼2 sen(nx).
n=1
n
Veremos que esta série converge para a função x para 0 ≤ x < π.
Para todos os x fora do intervalo [0, π], a série estende a função como
uma função periódica ímpar com período 2π.
449
Z π/2
2
a1 = cos2 xdx
π 0
Z
1 π/2 1
= (1 + cos 2x)dx = .
π 0 2
Para n = 2, 3, . . . temos que
Z
2 π/2
an = cos x cos(nx)dx
π 0
Z π/2
1
= [(cos((n + 1)x) + cos((n − 1)x))]dx
π 0
π/2
1 sen((n + 1)x) sen((n − 1)x)
= + .
π n+1 n−1 0
Desde que
nπ π nπ π π
(n ± 1)π
sen = sen cos ±cos sen = ± cos
2 2 2 2 2 2
π π
e cos = 0 quando n é ímpar e cos = (−1)k quando n = 2k,
2 2
k = 1, 2, . . . obtemos que
0 se n é ímpar
an =
2(−1)k
se n é par, n = 2k.
π(4k 2 − 1)
Portanto, temos que
2 X (−1)k
∞
1 1
f (x) ∼ + cos x + cos(2kx).
π 2 π k=1 4k 2 − 1
Se assumimos que a série converge para f em [0, π], então fora desse
intervalo, a série converge para a extensão contínua par periódica de f
para todos os x. O gráfico de f e sua extensão periódica é dada por
450
Exemplo 10.4.3. Encontre a série de Fourier de f dada pelo gráfico
4
= [1 − (−1)n ].
n2 π 2
451
Note que
0 se n é par
an =
8
se n é ímpar.
n2 π 2
assim temos que a série de Fourier de f é
X∞
8 (2k − 1)πx
f (x) ∼ cos .
k=1
(2k − 1) 2π2 L
Exemplo 10.4.4. Encontre a série de Fourier de f dada pelo gráfico
1 5 10
= sen(5x) − sen(5x) + sen x.
16 16 16
453
para n = 1, 2, . . .. Aqui, a desigualdade de Bessel (9.48) do Capítulo 9,
temos que
" #
Xk
a 2 Xk
c20 + (c2n + c̃2n ) = L 0 + (a2n + b2n )
n=1
2 n=1
Z L
≤ f 2 (x)dx
−L
ou
Z
a20 X 2
k L
1
+ (an + b2n ) ≤ f 2 (x)dx (10.29)
2 n=1
L −L
Em particular, a série
a20 X 2
∞
+ (an + b2n ) (10.31)
2 n=1
454
Teorema 10.5.2. (Riemann-Lebesgue) Se g é contínua por partes
no intervalo [a, b] então
Z b
lim g(x) sen(λx)dx = 0. (10.33)
λ→+∞ a
Demonstração:
Caso 1: Se g é contínua em [a, b].
Seja Z b
I= g(x) sen(λx)dx. (10.34)
a
Fazemos a mudança x = τ assim temos + πλ
Z b− π
λ π
I= g τ+ sen(λτ + π)dτ.
a− π
λ
λ
Por outro lado, como g é contínua em [a, b] existe M > 0 tal que
|g(x)| ≤ M para todo x ∈ [a, b]. Em seguida, das duas últimas integrais
à direita em (10.36) obtemos
Z Z
b b
π
g(x) sen(λx)dx ≤ M dx = M (10.37)
b− π b− π λ
λ λ
455
e
Z Z π
a π a+ λ
g x+ sen(λx)dx = g (x) sen(λx)dx
a− π λ a
λ
(10.38)
Z a+ π
λ π
≤ M dx = M
a λ
respectivamente. Agora, seja ε > 0 qualquer número pequeno. Desde
que g é contínua em [a, b] então g é uniformemente contínua em [a, b]
assim existe δ > 0 tal que |x − (x − πλ )| < δ então
π
ε
g(x) − g(x + ) <
λ b−a
daí temos
Z π Z b− π
b− λ π
λ ε
[g(x) − g x + sen(λx)dx ≤ dx
a λ a b−a
ε (10.39)
= b − a − πλ
b−a
< ε.
2M π
Também como lim = 0 existe λ0 > 0 tal que
λ→+∞ λ
2M π
<ε (10.40)
λ
π π
para λ > λ0 . Seja λ1 = max , , λ0 > 0. Portanto, para λ >
b−a δ
λ1 , depois de tomar valores absolutos em (10.36) e usar as limitações
em (10.37), (10.38) e (10.39), obtemos
π
2|I| ≤ ε + 2 . (10.41)
λ
Consequentemente, para λ > λ1 , de (10.40) e (10.41) temos que
2|I| < 2ε. Daí para λ > λ1 tem-se |I| < ε, o que implica precisamente
(10.33).
456
Como g é contínuo em cada um dos subintervalos [xi , xi+1 ], i =
0, 1, . . . , n. Resulta do Caso 1 que cada uma das integrais à direita
em (10.42) e, portanto, a soma deles se anula quando λ → +∞. Isto
completa a prova do Teorema de Riemann-Lebesgue.
Com uma condição adicional da função f , o teorema de Riemann-
Lebesgue também é válido quando a integral em (10.33) é imprópria.
Teorema 10.5.3. Se g é uma função contínua por partes no intervalo
[a, +∞[ tal que a integral
Z +∞
|g(x)|dx
a
Demonstração: Exercício!
a0 X
k
Sk (x) = + [an cos(nω0 x) + bn sen(nω0 x)]. (10.45)
2 n=1
457
Lema 10.6.1. (Dirichlet) Se f é contínua por partes em [−L, L] então
Z
1 L
Sk (x) = f (t)Dk (ω0 (t − x))dt (10.46)
L −L
onde
sen((k + 12 )w)
Dk (w) = . (10.47)
2 sen( w2 )
Demonstração: Substituindo as fórmulas (10.44) de an e bn em
(10.45), obtemos
Z L
1
Sk (x) = f (t)dt
2L −L
Z
1X
k L
+ f (t) cos(nω0 t)dt cos(nω0 x)
L n=1 −L
Z L
f (t) sen(nω0 t)dt sen(nω0 x)
−L
Z " (10.48)
1 X
L k
1
= f (t) + (cos(nω0 t) cos(nω0 x)
L −L 2 n=1
#
+sen(nω0 t) sen(nω0 x)) dt
Z " #
1 X
L k
1
= f (t) + (cos(nω0 (t − x)) dt
L −L 2 n=1
1 X
k
Dk (w) = + cos(nw). (10.49)
2 n=1
458
Multiplicando ambos os lados da equação (10.49) por 2 sen( w2 ), obtemos
!
1 X
k
2 sen( w2 ) Dk (w) = 2 sen( w2 ) + cos(nw)
2 n=1
X
k
= sen( w2 ) +2 sen w
2
cos(nw).
n=1
Desde que
2 sen( w2 ) cos(nw) = sen n+ 1
2
w − sen n− 1
2
w ,
X
k
2 sen( w2 ) Dk (w) = sen( w2 ) + sen n+ 1
2
w − sen n− 1
2
w
n=1
= sen( w2 ) + sen( 3w
2
) − sen( w
2
)
+ sen( 5w
2
) − sen( 3w
2
) + sen( 7w
2
) − sen( 5w
2
)
+ . . . + sen k− 1
2
w − sen k− 3
2
w
+ sen k+ 1
2
w − sen k− 1
2
w
1
= sen k+ 2
w
equivalentemente
sen((k + 12 )w)
Dk (w) = .
2 sen( w2 )
Dai temos que
1 X
k
+ (cos(nω0 (t − x)) = Dk (ω0 (t − x)). (10.50)
2 n=1
459
Demonstração: Fazendo a mudança t = x + s em (10.46) obtemos
que Z
1 L−x
Sk (x) = f (x + s)Dk (ω0 s)ds (10.52)
L −L−x
onde o intervalo [−L − x, L − x] de integração permanece de compri-
mento 2L. Note agora que Dk (ω0 s) é periódica de período 2L. De fato,
π
como ω0 = e usando (10.49) temos que
L
1 X
k nπ
Dk (ω0 (s + 2L)) = + cos (s + 2L)
2 n=1 L
1 X
k nπs
= + cos + 2nπ
2 n=1 L
1 X
k nπs
= + cos
2 n=1 L
1 X
k
= + cos(nω0 s) = Dk (ω0 s).
2 n=1
Agora, como f e Dk (ω0 s) são periódicas de período 2L então o produto
delas também é periódica de período 2L. Como a integral de uma
função periódica é a mesma em qualquer intervalo cuja comprimento é
igual ao período, finalmente obtemos (10.51) de (10.52).
A equação (10.51) é chamada de fórmula de Dirichlet para a soma
parcial de uma série de Fourier e a equação (10.47) é chamado núcleo
de Dirichlet. Essa fórmula nos permitirá provar a convergência pontual
de uma série de Fourier para sua função correspondente.
No caso particular em que f (x) = 1, de modo que a série de Fourier
de f consiste apenas do termo único 1, (10.51) produz o resultado
especial Z
1 L
1= Dk (ω0 s)ds (10.53)
L −L
para todo k. Por (10.49) temos que Dk é uma função par, assim de
(10.53) tem-se
Z Z
1 0 1 L 1
Dk (ω0 s)ds = Dk (ω0 s)ds = . (10.54)
L −L L 0 2
460
Teorema 10.6.1. Seja f uma função de classe C 1 por partes no
intervalo [−L, L] e periódica de período 2L. Então f pode ser
representado por sua série de Fourier, isto é,
a0 X
∞
f (x) = + [an cos(nω0 x) + bn sen(nω0 x)] (10.55)
2 n=1
π
onde ω0 = e os coeficientes ab e bn são dados por (10.44). A série de
L
Fourier converge f (x) em todos os pontos onde f é contínua, e para a
média [f (x − 0) + f (x + 0)]/2 em todos os pontos onde f é descontínua.
Demonstração: Em um ponto x em que f é contínua, sabemos que
f (x − 0) = f (x + 0) = f (x). Consequentemente, basta mostrar que
a série de Fourier converge para [f (x − 0) + f (x + 0)]/2 para todo x.
Fazemos isso mostrando que
f (x − 0) + f (x + 0)
lim Sk (x) = (10.56)
k→+∞ 2
onde Sk é a k-ésima soma parcial da série de Fourier.
A partir da fórmula integral (10.51), temos
Z Z
1 0 1 L
Sk (x) = f (x + s)Dk (ω0 s)ds + f (x + s)Dk (ω0 s)ds.
L −L L 0
e Z
1 L
lim [f (x + s) − f (x + 0)]Dk (ω0 s)ds = 0 (10.60)
k→+∞ L 0
respectivamente.
461
Consideremos (10.60) e definamos
f (x + s) − f (x + 0)
se 0 < s ≤ L
2 sen( ω20 s )
g(s) =
f ′ (x)
+ se s = 0
ω0
Como f é de classe C 1 por partes no intervalo [−L, L] e é definido pela
periodicidade fora deste intervalo, g é de classe C 1 por partes para
]0, L]. Em t = 0, notamos que
f (x + s) − f (x + 0)
g(0+ ) = lim+
s→0 2 sen( ω20 s )
f (x + s) − f (x + 0) ω0 s
2 1
= lim+ lim+
s→0 s s→0 sen( ω20 s ) ω0
f (x + s) − f (x + 0) 1
= lim+
s→0 s ω0
f+′ (x)
= = g(0)
ω0
Portanto, g é de classe C 1 por partes e, consequentemente, contínua
por partes, no intervalo [0, L]. Pelo Teorema 10.5.2, segue-se que
Z L
lim g(s) sen((k + 12 )ω0 s)ds = 0
k→+∞ 0
e como
462
é contínua e de classe C 1 por partes no intervalo [−π, π]. Portanto,
pelo Teorema 10.6.1, segue-se que
"
π X
∞
2
− cos((2n − 1)x)
0 se − π < x ≤ 0
4 n=1 π(2n − 1)2
# = x se 0 < x < π
(−1) n
+ sen(nx) π/2 se x = ±π.
n
Além disso, a série converge para todo x fora [−π, π] para a extensão
periódica de f , exceto em x = ±nπ, n = 1, 2, . . ., onde a série converge
para o valor π/2. Para ilustrar o uso das séries de Fourier no cálculo da
soma das séries de constantes, vamos definir x = π/2 na série anterior.
Nós obtemos
π 1 1 1
= 1 − + − + ...
4 3 5 7
Similarmente, tomando x = π, obtemos
π2 1 1 1
= 1 + 2 + 2 + 2 + ...
8 3 5 7
No Exemplo 10.2.2, a função f (x) = |x| é contínua e de classe C 1 por
partes, incluindo sua extensão periódica fora de [−π, π] para todo x.
Consequentemente,
4 X cos((2n − 1)x)
∞
π
|x| = −
2 π n=1 (2n − 1)2
463
Teorema 10.6.2. Seja f uma função de classe C 1 por partes no
intervalo [0, L]. Então f pode ser representado por sua série de Fourier
do cosseno
a0 X
∞
f (x) = + an cos(nω0 x) (10.61)
2 n=1
π
onde ω0 = e
L
Z
2 L
an = f (x) cos(nω0 x)dx, n = 0, 1, 2, . . . (10.62)
L 0
ou pela série de Fourier do seno
X
∞
f (x) = bn sen(nω0 x) (10.63)
n=1
onde Z
2 L
bn = f (x) sen(nω0 x)dx, n = 1, 2, . . . (10.64)
L 0
A série de cossenos e a série de senos convergem entre os intervalos [0, L]
e ]0, L[, respectivamente, para f (x) nos pontos onde f é contínua e para
[f (x − 0) + f (x + 0)]/2 nos pontos onde f é descontínuo. Além disso,
fora do intervalo [0, L], a série de cossenos converge para a extensão
periódica par de f , e a série de senos para a extensão periódica ímpar
de f .
Observe que a extensão periódica par da função f é necessariamente
contínua nos pontos x = ±nL, n = 0, 1, 2, . . .. Portanto, a série de
Fourier do cosseno em (10.61) converge nos pontos x = 0 e x = L para
f (0+ ) e f (L− ), respectivamente. Por outro lado, a extensão periódica
ímpar de f é contínua em x = ±nL, n = 0, 1, 2, . . . se e só se f (0+ ) =
f (π − ) = 0. Isto é evidente para a série de senos em (10.63), que
converge para zero nos pontos x = ±nL.
464
π
onde ω0 = e os coeficientes ab e bn são dados por
L
Z
1 L
an = f (x) cos(nω0 x)dx, n = 0, 1, 2, . . .
L −L
Z
1 L
bn = f (x) sen(nω0 x)dx, n = 1, 2, . . .
L −L
então
X
∞
′
f (x) = [−nω0 an sen(nω0 x) + nω0 bn cos(nω0 x)]. (10.65)
n=1
α0 X
∞
f ′ (x) = + [αn cos(nω0 x) + βn sen(nω0 x)] (10.66)
2 n=1
onde
Z L
1
αn = f ′ (x) cos(nω0 x) dx, n = 0, 1, 2, . . .
L −L
(10.67)
Z L
1
βn = f ′ (x) sen(nω0 x) dx, n = 1, 2, . . . .
L −L
De (10.67), para n = 0 pelo Teorema Fundamental do Cálculo e como
f é periódica de período 2L temos que
Z
1 L ′ 1
α0 = f (x)dx = [f (L) − f (−L)] = 0 (10.68)
L −L L
e para n = 1, 2, . . ., por integração por partes temos
1
αn = [f (x) cos(nω0 x)]L−L
L | {z }
0
Z !
L
+nω0 f (x) sen(nω0 x)dx
−L (10.69)
Z L
1
= nω0 f (x) sen(nω0 x)dx
L −L
= nω0 bn
465
e
1
βn = [f (x) sen(nω0 x)]L−L
L | {z }
0
Z !
L
−nω0 f (x) cos(nω0 x) dx
−L (10.70)
Z L
1
= −nω0 f (x) cos(nω0 x) dx
L −L
= −nω0 an .
Portanto, substituindo (10.68), (10.69) e (10.70) em (10.66) mostramos
(10.65).
Teorema 10.7.2. (Integração da série de Fourier) Seja f de classe
C 1 por partes no intervalo [−L, L] com série de Fourier
a0 X
∞
f (x) = + [an cos(nω0 x) + bn sen(nω0 x)]
2 n=1
π
onde ω0 = e os coeficientes ab e bn são dados por
L
Z
1 L
an = f (x) cos(nω0 x)dx, n = 0, 1, 2, . . .
L −L
Z L
1
bn = f (x) sen(nω0 x)dx, n = 1, 2, . . .
L −L
X
∞
an
+ [sen(nω0 x2 ) − sen(nω0 x1 )] (10.71)
n=1
nω0
!
bn
+ [cos(nω0 x1 ) − cos(nω0 x2 )] .
nω0
466
Demonstração: Definimos
Z x
a0 x
F (x) = f (t)dt − (10.72)
0 2
para todo x ∈ [−L, L]. Note que F é contínua e por (10.72) tem-se que
Z L Z −L
a0 L a0 L
F (L) − F (−L) = f (x)dx − − f (x)dx +
0 2 0 2
Z L
= f (x)dx − a0 L
−L
= 0.
Pelo Teorema Fundamental do Cálculo F é derivável e
a0
F ′ (x) = f (x) − . (10.73)
2
Como f é contínua por partes no intervalo [−L, L] por (10.73) F é de
classe C 1 por partes no intervalo [−L, L]. Logo pelo Teorema 10.6.1 F
pode ser representado por sua série de Fourier, isto é,
α0 X
∞
F (x) = + [αn cos(nω0 x) + βn sen(nω0 x)] (10.74)
2 n=1
onde
Z L
1
αn = F (x) cos(nω0 x) dx, n = 0, 1, 2, . . .
L −L
(10.75)
Z L
1
βn = F (x) sen(nω0 x) dx, n = 1, 2, . . . .
L −L
Z !
1 L (10.76)
− F ′ (x) sen(nω0 x) dx
nω0 −L
Z L
1
=− F ′ (x) sen(nω0 x) dx
nω0 L −L
467
agora substituindo (10.73) em (10.76) obtemos
Z L
1 a0
αn = − f (x) − sen(nω0 x) dx
nω0 L −L 2
Z L
1 1
=− f (x) sen(nω0 x) dx
nω0 L −L
Z L (10.77)
a0
+ sen(nω0 x) dx
2nω0 L −L
| {z }
0
bn
=−
nω0
analogamente por integração por partes em (10.75) tem-se
L
1 cos(nω0 x)
βn = −F (x)
L nω0 −L
| {z }
0
Z !
1 L (10.78)
+ F ′ (x) cos(nω0 x) dx
nω0 −L
Z L
1
= F ′ (x) cos(nω0 x) dx
nω0 L −L
an
= .
nω0
468
Agora, pelo Teorema Fundamental do Cálculo temos
Z x2
F (x2 ) − F (x1 ) = F ′ (x)dx
x1
Z
x2
a0
= f (x) − dx
x1 2
Z x2
a0
= f (x)dx − (x2 − x1 )
x1 2
portanto
Z x2
a0
f (x)dx = (x2 − x1 ) + F (x2 ) − F (x1 ) (10.80)
x1 2
e como
" x2
X
∞
bn
F (x2 ) − F (x1 ) = − cos(nω0 x)
n=1
nω0 x1
(10.81)
x2 #
an
+ sen(nω0 x) .
nω0 x1
469
Figura 10.8: Gráfico da função f2L
Z L
+ f2L (s) sen(ωn t) dt sen(ωn x) ∆ωn .
−L
471
onde
Z +∞ Z +∞
A(ω) = f (t) cos(ωt)dt e B(ω) = f (t) sen(ωt)dt. (10.89)
−∞ −∞
q
Z +∞ Z +∞
1
f (t)[cos(ωt) cos(ωx) + sen(ωt) sen(ωt)]dtdω
π 0 −∞
q
Z +∞ Z +∞
1
f (t) cos(ω(t − x))dtdω.
π 0 −∞
472
A integral interna no lado direito da equação (10.92) é uniformemente
convergente em relação a ω para 0 ≤ ω ≤ λ, desde que
Z +∞ Z λ
1
= lim f (t) cos(ω(t − x))dωdt
λ→+∞ π −∞ 0
Z
1 +∞
sen(λ(t − x))
= lim f (t) dt.
λ→+∞ π −∞ t−x
Se definimos s = t − x, então obtemos
Z Z
1 +∞ +∞
f (t) cos(ω(t − x))dtdω
π 0 −∞
Z (10.93)
+∞
1 sen(λs)
= lim f (x + s) ds.
λ→+∞ π −∞ s
Do cálculo em varias variáveis é conhecido que
Z +∞
sen s π
ds =
0 s 2
então para λ > 0 temos
Z 0 Z +∞
sen(λs) sen(λs) π
ds = ds = . (10.94)
−∞ s 0 s 2
473
Considere a integral em (10.96) e vamos escrever
Z
1 +∞ f (x + s) − f (x + 0)
I = sen(λs)ds
π 0 s
= I1 + I2 − I3
onde Z
1 b
f (x + s) − f (x + 0)
I1 = sen(λs)ds
π 0 s
Z +∞
1 f (x + s)
I2 = sen(λs)ds
π b s
Z +∞
f (x + 0) sen(λs)
I3 = ds
π b s
com b sendo um número positivo arbitrário.
Desde que [f (x+s)−f (x+0)]/s é contínuo por partes para 0 ≤ s ≤ b
e f (x+s)/s é contínua por partes e absolutamente integrável em b ≤ s,
segue-se dos Teoremas de Riemann-Lebesgue 10.5.2 e 10.5.3 que I1 e
I2 tendem a zero quando λ → +∞, respectivamente. A mudança da
variável λs = z transforma I3 em
Z
f (x + 0) +∞ sen z
I3 = dz
π λb z
que claramente tende a zero quando λ → +∞. Portanto,
474
Assim, para x ∈ R, temos
Z Z
f (x + 0) + f (x − 0) 1 +∞ 1
= cos(ω(t − x))dtdω
2 π 0 −1
Z 1
1 +∞
sen(ω(t − x))
= dω
π 0 ω −1
Z
1 +∞
sen(ω(1 − x)) + sen(ω(1 + x))
= dω
π 0 ω
Z +∞
2 cos(ωx) sen(ω)
= dω.
π 0 ω
Se segue que
1 se − 1 < t < 1
Z
2 +∞
cos(ωx) sen(ω)
dω = 1/2 se t = 1 ou t = −1
π ω
0
0 se t > 1 ou t < −1.
Por outro lado, suponhamos que f é uma função par, de classe
C por partes e absolutamente integrável em R. Como f (t) cos(ωt)
1
Z +∞
B(ω) = f (t) sen(ωt)dt = 0
−∞
475
de modo que (10.97) se reduz à fórmula integral de Fourier do seno
Z Z +∞
2 +∞
f (t) sen(ωt)dt sen(ωx)dω. (10.98)
π 0 0
476
Z π Z π
1
sen t cos(ωt)dt = [sen((1 + ω)t) + sen((1 − ω)t)]dt
0 2 0
π
1 cos((1 + ω)t) cos((1 − ω)t)
=− +
2 1+ω 1−ω 0
1 1 − cos((1 + ω)π) 1 − cos((1 − ω)π)
= +
2 1+ω 1−ω
1 1 + cos(ωπ) 1 + cos(ωπ)
= +
2 1+ω 1−ω
1 + cos(ωπ)
= .
1 − ω2
Portanto, a fórmula integral de Fourier do cosseno é
Z
2 +∞ 1 + cos(ωπ)
f (x) = cos(ωx)dω
π 0 1 − ω2
sen x se 0 ≤ x ≤ π
=
0 se x > π.
477
Solução: Por (10.98) e o Teorema 10.8.2 temos que
Z Z π
2 +∞
f (x) = sen t sen(ωt)dt sen(ωx)dω.
π 0 0
Desde que
Z π Z π
1
sen t sen(ωt)dt = [cos((1 − ω)t) − cos((1 + ω)t)]dt
0 2 0
π
1 sen((1 − ω)t) sen((1 + ω)t)
= −
2 1−ω 1+ω 0
1 sen((1 − ω)π) sen((1 + ω)π)
= −
2 1−ω 1+ω
1 sen(ωπ) sen(ωπ) sen(ωπ)
= + =
2 1−ω 1+ω 1 − ω2
a fórmula integral de Fourier do seno é
Z
2 +∞ sen(ωπ)
f (x) = sen(ωx)dω
π 0 1 − ω2
sen x se 0 ≤ x ≤ π
=
0 se x > π.
Aqui, a integral converge para a função para todo x ∈ R, já que a
função é ímpar para todo x
478
Exemplo 10.8.4. Dado k > 0. Encontre a fórmula integral de Fourier
do cosseno e seno da função f (x) = e−kx , para todo x ≥ 0.
k
= .
k2 + ω2
Portanto, a fórmula integral de Fourier do cosseno é
Z
2 +∞ k
f (x) = cos(ωx)dω.
π 0 k + ω2
2
ω
= .
k2 + ω2
Portanto, a fórmula integral de Fourier do seno é
Z
2 +∞ ω
f (x) = sen(ωx)dω.
π 0 k2 + ω2
Por outro lado, considere f (x) um função real. A integral de Fourier
em (10.88) com coeficientes dados por (10.89), pode ser escrita na forma
equivalente Z
1 +∞
f (x) ∼ C(ω)eiωx dω (10.99)
π −∞
479
onde os coeficientes C(ω) são dados por
Z
1 +∞
C(ω) = f (t)e−iωt ds. (10.100)
2 −∞
Z +∞
1
= f (t)[cos(ωt) − i sen(ωt)]dt
2 −∞
Z +∞
1
= f (t)e−iωt dt
2 −∞
e
A(ω) + iB(ω)
C(ω) =
2
Z +∞ Z +∞
1
= f (t) cos(ωt)dt + i f (t) sen(ωt)dt
2 −∞ −∞
Z +∞
1
= f (t)[cos(ωt) + i sen(ωt)]dt
2 −∞
Z +∞
1
= f (t)e−iωt dt = C(−ω).
2 −∞
480
Portanto,
Z +∞
1
f (x) ∼ [C(ω)eiωx + C(−ω)e−iωx ]dω
π 0
Z +∞ Z +∞
1 1
∼ C(ω)e iωx
dω + C(−ω)e−iωx dω
π 0 π 0
Z +∞ Z 0
1 1
∼ C(ω)e iωx
dω + C(ω)eiωx dω
π 0 π −∞
Z +∞
1
∼ C(ω)eiωx dω.
π −∞
Z +∞ Z 0
1 −(1+iω)t (1−iω)t
= e dt + e dt
2 0 −∞
+∞ 0 !
1 e−(1+iω)t e(1−iω)t
= − +
2 1 + iω 0 1 − iω −∞
1 1 1 1
= + = .
2 1 + iω 1 − iω 1 + ω2
Portanto a forma complexa da integral de Fourier de f (x) é dada por
Z
1 +∞ 1
eiωx dω.
π −∞ 1 + ω 2
481
10.9 A transformada de Fourier
Considere f contínua, de classe C 1 por partes e absolutamente
integrável. Logo pelo Teorema 10.8.1, a forma complexa da integral
de Fourier (10.99) e substituindo os coeficientes (10.100) temos que
Z
1 +∞
f (x) = C(ω)eiωx dω
π −∞
Z +∞ Z +∞
1 1 −iωt
= f (t)e dt eiωx dω (10.101)
π −∞ 2 −∞
Z +∞ Z +∞
1 −iωt
= f (t)e dt eiωx dω.
2π −∞ −∞
Definamos Z +∞
1
F (ω) = √ f (t)e−iωt dt.
2π −∞
482
e f definida por (10.103) é chamada a transformada de Fourier inversa
de F a qual também denotaremos por
Z +∞
−1 1
F [F (ω)](x) = √ F (ω)eiωx dω.
2π −∞
Exemplo 10.9.1. Dado a > 0. Encontre a transformada de Fourier
da função
e−ax se x ≥ 0
fa (x) =
0 se x < 0.
Solução: A transformada de Fourier é dada por
Z +∞ Z +∞
1 −ax −iωx 1
F [fa (x)](ω) = √ e e dx = √ e−(a+iω)x dx
2π 0 2π 0
−(a+iω)x +∞
1 e 1 1
=√ − =√ .
2π a + iω 0 2π a + iω
Exemplo 10.9.2. Dado a, k > 0. Encontre a transformada de Fourier
da função
k se − a < x < a
fa,k (x) =
0 outro caso.
Solução: A transformada de Fourier é dada por
Z a a
1 −iωx 1 ke−iωx
F [fa,k (x)](ω) = √ ke dx = √ −
2π −a 2π iω −a
r r
2 k eiωa − e−iωa 2k
= = sen(ωa).
πω 2i πω
483
Exemplo 10.9.3. Dado a > 0, calcule F [e−a|x| ](ω).
Z +∞ Z 0
1 −(a+iω)x
=√ e dx + e (a−iω)x
dx
2π 0 −∞
De fato,
Z +∞
1
F [αf (x) + βg(x)](ω) = √ [αf (x) + βg(x)]e−iωx dx
2π −∞
Z +∞
1 −iωx
=α √ f (x)e dx
2π −∞
Z +∞
1 −iωx
+β √ g(x)e dx
2π −∞
= αF [f (x)](ω) + βF [g(x)](ω)
484
e
Z +∞
−1 1
F [αF (ω) + βG(ω)](x) = √ [αF (ω) + βG(ω)]eiωx dω
2π −∞
Z +∞
1
=α √ iωx
F (ω)e dω
2π −∞
Z +∞
1
+β √ iωx
G(ω)e dω
2π −∞
= αF −1 [F (ω)](x) + βF −1 [G(ω)](x).
Z
e−iωx0 +∞
= √ f (x − x0 )e−iω(x−x0 ) dx
2π −∞
Z +∞
1 −iωs
= e−iωx0 √ f (s)e ds
2π −∞
= e−iωx0 F (ω).
Z +∞
1
=√ f (x)e−i(ω−ω0 )x dx
2π −∞
= F (ω − ω0 ).
485
1 ω
4. Se a 6= 0 então F [f (ax)](ω) = F .
|a| a
De fato, se a > 0
Z +∞
1
F [f (ax))](ω) = √ f (ax)e−iωx dx
2π −∞
Z +∞
1 1 −iωs/a
= √ f (s)e ds
a 2π −∞
1 ω
= F
a a
se a < 0
Z +∞
1
F [f (ax))](ω) = √ f (ax)e−iωx dx
2π −∞
Z −∞
1 1 −iωs/a
= √ f (s)e ds
a 2π +∞
Z +∞
1 1 −iωs/a
=− √ f (s)e ds
a 2π −∞
1 ω
=− F .
a a
Z +∞ iω0 x
1 e + e−iω0 x −iωx
=√ f (x) e dx
2π −∞ 2
" Z +∞
1 1
= √ f (x)e−i(ω−ω0 )x dx
2 2π −∞
Z #
+∞
1 −i(ω+ω0 )x
+√ f (x)e dx
2π −∞
1
= [F (ω − ω0 ) + F (ω + ω0 )].
2
e
Z +∞
1
F [f (x) sen(ω0 x)](ω) = √ f (x) sen(ω0 x)e−iωx dx
2π −∞
Z +∞ iω0 x
1 e − e−iω0 x −iωx
=√ f (x) e dx
2π −∞ 2i
" Z +∞
i 1
= √ f (x)e−i(ω+ω0 )x dx
2 2π −∞
Z #
+∞
1 −i(ω−ω0 )x
−√ f (x)e dx
2π −∞
i
= [F (ω + ω0 ) − F (ω − ω0 )].
2
487
F [g(x)](ω) = F [f2,6 (x − 5)](ω)
r
−5iω −5iω 26
=e F [f2,6 (x)](ω) = e sen(2ω).
πω
4e(2ω−6)i
−1
Exemplo 10.9.5. Encontre F (x).
5 − (3 − ω)i
Solução: Usando a propriedade (3) temos
−1 4e(2ω−6)i −1 4e2(ω−3)i
F (x) = F (x)
5 − (3 − ω)i 5 + (ω − 3)i
4e2ωi
−1
=e F 3ix
(x)
5 + ωi
−1 1
= 4e F
3ix
e 2ωi
(x)
5 + ωi
−1 1
= 4e F
3ix
(x + 2).
5 + iω
Agora, pelo Exemplo 10.9.1 para a = 5 temos que
1 1 −1 1 √
F [f5 (x)](ω) = √ ⇒F (x) = 2πf5 (x).
2π 5 + iω 5 + iω
Portanto temos
(2ω−6)i
4e 1
F −1 (x) = 4e3ix F −1 (x + 2)
5 − (3 − ω)i 5 + iω
√
= 4 2πe3ix f5 (x + 2)
√
4 2πe3ix e−5(x+2) se x ≥ −2
=
0 se x < −2.
5
Exemplo 10.9.6. Encontre F (ω).
4 + ix
Solução: Note que pelo Exemplo 10.9.1 temos
5 1 √
F (ω) = 5F (ω) = 5 2πF [F4 (x)](ω)
4 + ix 4 + ix
488
onde
1 1
F4 (ω) = F [f4 (x)](ω) = √ .
2π 4 + iω
Agora, usando a propriedade (5) temos
5 √
F (ω) = 5F [F4 (x)](ω) = 5 2πf4 (−ω)
4 + ix
√
5 2πe4ω se ω ≤ 0
=
0 se ω > 0.
1
Exemplo 10.9.7. Dado a > 0. Encontre F 2 (ω).
a + x2
Solução: Note que pelo Exemplo 10.9.3 temos
r "r #
1 1 π 2 a
F 2 (ω) = F (ω)
a + x2 a 2 π a2 + x 2
r
1 π
= F [G(x)](ω)
a 2
onde r
2 a
G(ω) = F [e−a|x| ](ω) = .
π a + ω2
2
1
= [Fa,k (ω + ω0 ) + Fa,k (ω − ω0 )],
2
489
onde r
2k
Fa,k (ω) = F [fa,k (x)](ω) = sen(ωa).
πω
Portanto temos
k sen((ω + ω0 )a) sen((ω − ω0 )a)
F [h(t)](ω) = √ + .
2π ω + ω0 ω − ω0
Teorema 10.9.2. Seja f tal que f (n) (x) é contínua por partes em
[−a, a] para todo a > 0,
lim f (k) (x) = 0 para todo k = 0, 1, 2, . . . , n − 1
t→±∞
Z +∞
e |f (n−1) (x)|dx converge. Então
−∞
= iωF [f (x)](ω).
Vamos supor agora que a igualdade é valida para n − 1. Agora, por
integração por partes
Z +∞
1
F [f (n)
(x)](ω) = √ f (n) (x)e−iωx dx
2π −∞
Z
1 +∞ +∞
= √ f (n−1) (x)e−iωx −∞ +iω f (n−1) (x)e−iωx dx
2π | {z } −∞
0
490
e por hipótese indutiva temos
F [f (n−1) (x)](ω) = (iω)n−1 F [f (x)](ω)
portanto obtemos
F [f (n) (x)](ω) = (iω)n F [f (x)](ω).
Exemplo 10.9.9. Resolver
y ′ − 4y = H(x)e−4x , −∞ < x < +∞,
onde
1 se x ≥ 0
H(x) =
0 se x < 0.
−(4+iω)x +∞
1 e 1 1
−(4 − iω)F [y](ω) = √ − =√
2π 4 + iω 0 2π 4 + iω
1 1 1 1
F [y](ω) = − √ = −√
2π (4 − iω)(4 + iω) 2π 4 + ω 2
2
1 −1 1
y = −√ F (x)
2π 42 + ω 2
e pelo Exemplo 10.9.7 temos
r
−1 1 π 1 −4|x|
F 2 2
(x) = e .
4 +ω 24
Portanto
1
y = − e−4|x| .
8
Definição 10.9.1. Sejam f e g funções de classe C 1 por partes e
absolutamente integráveis em R. Definimos a convolução de f e g
por Z +∞
(f ∗ g)(x) = f (σ)g(x − σ)dσ.
−∞
Observe que f ∗ g = g ∗ f .
491
Teorema 10.9.3. Se F [f (x)](ω) = F (ω) e F [g(x)](ω) = G(ω) então
√
F [(f ∗ g)(x)](ω) = 2πF (ω) · G(ω).
Demonstração: Usando o Teorema de Fubini e propriedade (2) temos
Z +∞ Z +∞
1
F [(f ∗ g)(x)](ω) = √ f (σ)g(x − σ)dσ e−iωx dx
2π −∞ −∞
Z +∞ Z +∞
1 −iωx
=√ f (σ)g(x − σ)e dx dσ
2π −∞ −∞
Z +∞ Z +∞
1 −iωx
= f (σ) √ g(x − σ)e dx dσ
−∞ 2π −∞
Z +∞
= f (σ)F [g(x − σ)](ω)dσ
−∞
Z +∞
= f (σ)e−iωσ F [g(x)](ω)dσ
−∞
Z
√ 1 +∞
−iωσ
= 2πF [g(x)](ω) √ f (σ)e dσ
2π −∞
√
= 2πF (ω) · G(ω).
Observação 10.9.1. Como consequência do Teorema 10.9.3 temos:
F (ω) = F [f (x)](ω), G(ω) = F [g(x)](ω) então
√
F [(f ∗ g)(x)](ω) = 2πF (ω) · G(ω)
tomando transformada de Fourier inversa temos
1
F −1 [F (ω) · G(ω)](x) = √ (F −1 [F (ω)] ∗ F −1 [G(ω)])(x).
2π
−1 5
Exemplo 10.9.10. Calcule F (x).
2 − ω 2 + 3iω
Solução: Note que 2 − ω 2 + 3iω = (2 + iω)(1 + iω). Assim temos
−1 5 −1 1
F (x) = 5F (x)
2 − ω 2 + 3iω (2 + iω)(1 + iω)
−1 1 1 1 1
= 10πF √ · √ (x).
2π 2 + iω 2π 1 + iω
492
Agora, pelo Exemplo 10.9.1 temos que
1 1 1 1
F (ω) = F [f2 (x)](ω) = √ e G(ω) = F [f1 (x)](ω) = √ .
2π 2 + iω 2π 1 + iω
Logo usando a Observação 10.9.1 temos
−1 5
F (x) = 10πF −1 [F (ω) · G(ω)](x)
2 − ω 2 + 3iω
√
= 5 2π(F −1 [F (ω)] ∗ F −1 [G(ω)])(x)
√
= 5 2π(f2 ∗ f1 )(x)
Z
√ +∞
= 5 2π f2 (σ)f1 (x − σ)dσ
−∞
e como
0 se σ < 0 ou σ > x
f2 (σ)f1 (x − σ) =
e−2σ e−(x−σ) se 0 ≤ σ ≤ x
tem-se
Z Z
5 √ x
−x−σ
√ −x
x
F −1
(x) = 5 2π e dσ = 5 2πe e−σ dσ
2 − ω 2 + 3iω 0 0
√ √
= 5 2πe−x [−e−σ ]x0 = 5 2πe−x [1 − e−x ]
√
= 5 2π[e−x − e−2x ].
10.10 Exercícios
1. Nos seguintes itens, encontre a série de Fourier da função dada
no intervalo indicado e descreva graficamente a função periódica
para a qual a série pode convergir.
−π se − π < x < 0
(a) f (x) =
x se 0 ≤ x < π.
0 se − π ≤ x ≤ 0
(b) f (x) = x se 0 ≤ x < π/2
π − x se π/2 ≤ x ≤ π.
493
x+ 1
2
se − 1 ≤ x ≤ 0
(c) f (x) =
− x se 0 ≤ x ≤ 1.
1
2
(d) f (x) = e , −L < x < L.
ax
0 se − π ≤ x ≤ 0
(e) f (x) =
sen x se 0 ≤ x ≤ π.
πx
(f) f (x) = x cos , −L ≤ x ≤ L.
L
(g) f (x) = x + x2 , −L < x < L.
2. Encontre a série de Fourier da função cosh ax no intervalo [−π, π].
3. Encontre a série de Fourier da função senh ax no intervalo ]−π, π[.
4. Seja f uma função periódica de período 2L e seja g(x) = f (x − L)
para todo x. Mostre que
a0 X
∞ nπx nπx
g(x) ∼ + n
(−1) an cos + bn sen
2 n=1
L L
494
8. Encontre a série de Fourier da função
495
(e) f (x) = sen x, 0 ≤ x ≤ π.
14. Em cada item, encontre a série de Fourier do seno da função no
intervalo indicado.
sen x se 0 ≤ x ≤ π/2
(a) f (x) =
0 se π/2 < x ≤ π.
(b) f (x) = x(1 − x), 0 ≤ x ≤ 1.
x2 se 0 ≤ x ≤ 1
(c) f (x) =
1 se 1 ≤ x ≤ 2.
(d) f (x) = cosh x, 0 ≤ x ≤ π.
(e) f (x) = cos πx, 0 ≤ x ≤ 1.
15. Use a série de Fourier da função f (x) = x/2, −π < x < π, mostre
pela desigualdade de Bessel que
X∞
1 π2
2
≤ .
n=1
n 6
496
20. Seja f uma função contínua por partes em [0, π] e seja an (n =
0, 1, . . .) o coeficiente de Fourier da série de cossenos de f . Mostre
que
Z
a20 X 2
∞
2 π 2
+ an ≤ f (x)dx.
2 n=1
π 0
π2 X∞
cos nx
f (x) = +4 (−1)n
3 n=1
n2
497
Mostre que para todo x,
2 X cos 2nx
∞
1 1
f (x) = + sen x − .
π 2 π n=1 4n2 − 1
Deduza que
X
∞
1 1
= .
n=1
4n2−1 2
28. Seja
0 se − 1 < x < 0
1
f (x) = se x = 0
2
cos πx se 0 < x < 1.
4X
∞
1 n
f (x) = cos πx + sen x.
2 π n=1 4n − 1
2
29. Seja
x se 0 ≤ x ≤ π/2
f (x) =
π − x se π/2 ≤ x ≤ π.
(a) Se f (x) = f (x + π) para todo x, mostre que
4X
∞
sen (2n − 1)x
f (x) = (−1)n+1 .
π n=1 (2n − 1)2
498
ser estendida para uma função par periódica de período 2π.
Mostre que, para todo x,
" ∞ 2 #
2h 1 X sen nh
f (x) = + cos nx .
π 2 n=1 nh
8 X n sen 2nx
∞
f (x) = .
π n=1 4n2 − 1
Portanto, deduza
π2 X
∞
1
= .
8 n=1
(2n − 1)2
499
34. Sejam f e g funções de classe C 1 por partes periódicas de período
2L, sejam a, bn e αn , βn os respectivos coeficientes de Fourier de f
e g. Mostre que
Z
a0 α 0 X
+∞
1 L
f (x)g(x)dx = + (an αn + bn βn ).
L −L 2 n=1
500
Aqui, pela identidade de Parseval, mostre que
X
+∞
n2 π2
= .
n=1
(4n2 − 1)2 64
501
43. Represente a função
cos x se |x| < π
f (x) =
0 se |x| > π
502
47. Expresse a função f (x) = e−x cos x, x ≥ 0, pela fórmula de
integral de Fourier do cosseno e mostre que
Z
−x 2 +∞ ω 2 + 2
e cos x = cos(ωx)dω, x ≥ 0.
π 0 ω4 + 4
e calcule Z +∞
1 − cos ω
sen(ωx)dω
0 ω
para todo x ≥ 0.
50. Mostre que
Z +∞
−x 4 ω sen(ωx)
e sen x = dω, x ≥ 0.
π 0 ω2 + 4
503
53. Expresse a função f (x) = xe−x , x ≥ 0, pela fórmula integral de
Fourier do seno e mostre que
Z
−x 4 +∞ ω
xe = sen(ωx)dω, x ≥ 0.
π 0 (1 + ω 2 )2
1
55. Encontre a transformada de Fourier da função f (x) = .
1 + x2
56. Seja a > 0. Mostre que
1 ω2
F [e−ax ](ω) = √ e− 4a .
2
2a
504
Capítulo 11
Apêndice
505
Exemplo 11.1.7. Os números 1, 12 , 13 , 14 , 51 , 16 , . . . tem a forma xn = n1 .
Definição 11.1.2. Seja (xn ) ⊂ R. Dizemos que (xn ) é convergente
se existe L ∈ R tal que lim xn = L, isto é, para todo ε > 0, existe
n→+∞
n0 ∈ N tal que |xn − L| < ε sempre que n ≥ n0 . Caso contrário, (xn )
é chamado divergente.
1
Exemplo 11.1.8. lim = 0.
n→+∞ n
2n + 3
Exemplo 11.1.9. lim = 2.
n→+∞ n + 1
1
Exercício: Se (sn ) ⊂ R∗ e lim sn = +∞ então lim = 0.
n→+∞ n→+∞ sn
506
2n + 1
Exemplo 11.1.13. Calcule lim .
n→+∞ 3n + 1
Solução:
n n
2 1
n +
2 +1 3 3
lim n = lim n = 0.
n→+∞ 3 + 1 n→+∞ 1
1+
3
Definição 11.1.3. Seja (xn ) ⊂ R. Dizemos que (xn ) é limitada se
existe M > 0 tal que |xn | < M para todo n ∈ N. Dizemos que (xn ) é
crescente se xn ≤ xn+1 para todo n ∈ N. Dizemos que (xn ) é decrescente
se xn ≥ xn+1 para todo n ∈ N. Dizemos que (xn ) é monótona se é
sempre crescente ou sempre decrescente.
Teorema 11.1.1. Toda sequência de números reais monótona e
limitada é convergente.
Demonstração: Exercício!
Definição 11.1.4. Uma subsequência de (xn ) é a restrição da função
x : N → R a um subconjunto infinito Λ = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .}
de N. Denote-se (xnk )k∈N para indicar a subsequência x′ = x|Λ .
Exemplo 11.1.14. Do Exemplo 11.1.6, podemos consideras as sub-
sequências x2n = −1 e x2n−1 = 1.
Exemplo 11.1.15. Seja (xn ) ⊂ R e L ∈ R. Se lim x2n−1 = L e
n→+∞
lim x2n = L mostre que lim xn = L.
n→+∞ n→+∞
Solução: Exercício!
Teorema 11.1.2. Se uma sequência de números reais é convergente
então toda subsequência converge para o mesmo valor.
Demonstração: Exercício!
Teorema 11.1.3. (Bolzano - Weierstrass) Toda sequência limitada
de números reais possui uma subsequência convergente.
Demonstração: Ver Capítulo 3 Seção 1 em [9].
Definição 11.1.5. Seja (xn ) ⊂ R, definimos (sn ) ⊂ R onde
s1 = x 1 , s 2 = x 1 + x 2 , s 3 = x 1 + x 2 + x 3 ,
X
n
. . . , s n = x1 + x2 + . . . + xn = xj , . . .
j=1
507
A sequência (sn ) é chamado série gerada por (xn ) e é denotado por
X X
∞ X
+∞
xj ou xj . Dizemos que xj é convergente se a sequência (sn )
j j=1 j=1
é convergente. Se (sn ) é convergente existe L ∈ R tal que
X
n X
∞
L = lim sn = lim xj = xj .
n→+∞ n→+∞
j=1 j=1
X
+∞
Suponhamos que xj é convergente. Logo para ε > 0, existe
j=1
n0 ∈ N tal que n ≥ n0 então
+∞
X X
n
x j − x j < ε
j=1 j=1
equivalentemente
+∞
X
xj < ε, para n ≥ n0 .
j=n+1
X
+∞
Teorema 11.1.4. Se xj é convergente então lim xn = 0.
n→+∞
j=1
X
n X
+∞
Demonstração: Seja sn = xj então lim sn = xj . Também
n→+∞
j=1 j=1
X
+∞
lim sn−1 = xj logo
n→+∞
j=1
lim xn = 0.
n→+∞
Observação 11.1.1.
X
+∞
(a) Pelo Teorema 11.1.4, se lim xn 6= 0 então xj é divergente.
n→+∞
j=1
508
X
+∞
(b) Se lim xn = 0 não implica que xj seja convergente (Ver
n→+∞
j=1
Exemplo 11.1.19).
X
+∞
n+1
Exemplo 11.1.16. é divergente.
n=1
n
n+1
Solução: Desde que lim = 1 pela Teorema 11.1.4 a série
n→+∞ n
diverge.
Exemplo 11.1.17. Estude a convergência da série geométrica
X
+∞
arn , a ∈ R∗ fixo , r > 0 fixo.
n=0
Solução: Seja
a(1 − rn+1 )
Xn se r 6= 1
sn = ark = a + ar + ar2 + . . . + arn = 1−r
k=0
(n + 1)a se r = 1
a
lim sn =
n→+∞ 1−r
X
+∞
então arn é convergente.
n=0
Se r > 1 temos que lim rn+1 = +∞ logo
n→+∞
+∞ se a > 0
lim sn =
n→+∞
−∞ se a < 0
X
+∞
então arn é divergente.
n=0
Se r = 1 temos que sn = (n + 1)a logo
+∞ se a > 0
lim sn =
n→+∞ −∞ se a < 0
509
X
+∞ X
+∞
n
então ar é divergente. Portanto arn converge só se 0 < r < 1,
n=0 n=0
se r ≥ 1 a série diverge.
X
Denotaremos xn à série de termos positivos (xn > 0 para todo
n).
X
Observação 11.1.2. Seja xn uma série de termos positivos. A
Xn
sequência (sn ) ⊂ R dada por sn = xj é crescente. Portanto, se
j=1
X
além disso (sn ) é limitada pelo Teorema 11.1.1 xn é convergente.
X
Teorema 11.1.5. (Critério do integral) Seja m ∈ N, xn uma
série de termos positivos e f : [m, +∞ >→ R uma função decrescente
+
510
2. Pelo lado direito da desigualdade (11.1) temos que para cada n ∈
N Z m+n
f (x) dx < xm + xm+1 + . . . + xm+n−1 .
m
Z +∞ X
+∞ X
Se f (x) dx diverge então xn diverge então xn
m n=m
diverge.
X
+∞
1
Exemplo 11.1.18. Î convergente ou divergente?
n=0
2n + 1
1
Solução: Considere f (x) = √ para todo x ≥ 0. Note que
2x + 1
h√ ib
= lim 2x + 1 = +∞
b→+∞ 0
diverge.
Exemplo 11.1.19. Estude a convergência da série-p:
X
+∞
1 1 1 1
p
= 1 + p + p + p + . . . (p > 0)
n=1
n 2 3 4
1
Solução: Considere f (x) = para todo x ≥ 1. Note que
xp
f ′ (x) = −px−p−1 < 0
511
para todo x ≥ 1 logo f é decrescente. Por outro lado
1−p +∞
Z +∞ Z +∞
x
se p 6= 1
f (x) dx = x−p dx = 1−p 1
1 1
[ln x]+∞
1 se p = 1
+∞ se 0 < p < 1
1
= se 1 < p
p−1
+∞ se p = 1
X
+∞
1
p
(0 < p < 1) é divergente
n=1
n
e
X
+∞
1
(p > 1) é convergente.
n=1
np
512
se e só se dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que m ≥ n ≥ n0 tem-se
|sm − sn | < ε se e só se dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que m ≥ n ≥ n0
X m
tem-se xj < ε.
j=n+1
X X
Teorema 11.1.8. (Critério de comparação) Sejam xn e yn
séries de termos positivos tais que xn ≤ yn para todo n ≥ k. Então
temos
X X
1. Se yn converge então xn converge.
X X
2. Se xn diverge então yn diverge.
X
+∞
1
Exemplo 11.1.20. é convergente ou divergente?
n=1
n(n + 1)
Solução: Como
1 1
≤ 2 , para todo n ≥ 1
n(n + 1) n
X
+∞
1 X
+∞
1
e a série 2
converge pelo Teorema 11.1.8 temos
n=1
n n=1
n(n + 1)
converge.
513
X
+∞
1
Exemplo 11.1.21. √ é convergente ou divergente?
n=1
3n + 1
Solução: Como
1 1
√ ≤√ , para todo n ≥ 1
2 n 3n + 1
X
+∞
1 X
+∞
1
e a série √ diverge pelo Teorema 11.1.8 temos √
n=1
n n=1
3n + 1
diverge.
X
Teorema 11.1.9. (Critério do quociente) Seja xn uma série de
xn+1
termos positivos. Seja L = lim .
n→+∞ xn
514
xn+1 < xn r
...
xn+1 > xn s
...
515
Em particular para n = n0 temos
X
+∞ X
+∞
p
Como s é divergente pelo Teorema 11.1.8 xn0 +p é
p=1
X p=1
X
+∞
1
3. Consideremos a série p: . Note que
n=1
np
1
(n + 1)p np
L = lim = lim = 1.
n→+∞ 1 n→+∞ (n + 1)p
np
X
+∞
1 X
+∞
1
Mas diverge e 2
converge.
n=1
n n=1
n
X+∞
n
Exemplo 11.1.22. é convergente ou divergente?
n=1
3n
n
Solução: Temos que xn = n logo
3
n+1
xn+1 n+1
L = lim = lim 3 n
n→+∞ xn n→+∞
3n
(n + 1)3n n+1 1
= lim n+1
= lim = <1
n→+∞ n3 n→+∞ 3n 3
X
+∞
n
pelo Teorema 11.1.9 converge.
n=1
3n
X
+∞
n!
Exemplo 11.1.23. é convergente ou
n=1
1 × 3 × 5 × . . . × (2n − 1)
divergente?
516
n!
Solução: Temos que xn = logo
1 × 3 × 5 × . . . × (2n − 1)
(n + 1)!
xn+1 1 × 3 × 5 × . . . × (2n − 1) × (2n + 1)
L = lim = lim
n→+∞ xn n→+∞ n!
1 × 3 × 5 × . . . × (2n − 1)
(n + 1)! n+1 1
= lim = lim = <1
n→+∞ (2n + 1)n! n→+∞ 2n + 1 2
X
+∞
n!
pelo Teorema 11.1.9 converge.
n=1
1 × 3 × 5 × . . . × (2n − 1)
X
Teorema 11.1.10. (Critério da raiz) Seja xn uma série de
√
termos positivos. Seja L = lim n
xn .
n→+∞
portanto
xn < rn para todo n ≥ n0 .
X
+∞ X
+∞
n
Agora, como r é convergente pelo Teorema 11.1.10 xn
n=n0
X n=n0
é convergente portanto xn converge.
517
2. Seja L > 1. Considere 1 < s < L√então existe η > 0 tal que
s = L − η. Agora, como L = lim n xn temos que existe n0 ∈ N
n→+∞
tal que √
| n xn − L| < η para todo n ≥ n0
então √
n
xn − L > −η para todo n ≥ n0
equivalentemente
√n
xn > L − η = s para todo n ≥ n0
portanto
xn > sn para todo n ≥ n0 .
X
+∞ X
+∞
n
Agora, como s é divergente pelo Teorema 11.1.10 xn é
n=n0
X n=n0
divergente portanto xn diverge.
X
+∞
1
3. Consideremos a série p: p
. Note que
n=1
n
r p
1 1
L = lim
n
= lim √ = 1.
n→+∞ np n→+∞ n
n
X
+∞
1 X
+∞
1
Mas diverge e 2
converge.
n=1
n n=1
n
X
+∞
1
Exemplo 11.1.24. é convergente ou divergente?
n=2
(ln n)n
1
Solução: Temos que xn = logo
(ln n)n
s
√ 1 1
L = lim n xn = lim n n
= lim =0<1
n→+∞ n→+∞ (ln n) n→+∞ ln n
X
+∞
1
pelo Teorema 11.1.10 converge.
n=2
(ln n)n
518
+∞
X n
n
Exemplo 11.1.25. 2+1
é convergente ou divergente?
n
n=1 n
n
Solução: Temos que xn = logo
n2 + 1
s n
√ n n n
L = lim n xn = lim = lim =0<1
n→+∞ n→+∞ n2 + 1 n→+∞ n2 + 1
+∞
X n
n
pelo Teorema 11.1.10 2
converge.
n=1
n +1
Definição 11.1.7. Uma série alternada é uma série do tipo
X
+∞
(−1)n−1 xn
n=1
com xn ≥ 0.
Vejamos um critério devido a Leibniz para a convergência de uma
série alternada1 .
X
+∞
Teorema 11.1.11. (Critério de Leibniz) Seja (−1)n−1 xn uma
n=1
série alternada tal que
(a) lim xn = 0,
n→+∞
519
para todo n. Logo (s2n ) é limitada.
= s2n−2 + x2n−1
e lim x2n−1 = 0 temos que lim s2n−1 = L. Pelo Exemplo 11.1.15
n→+∞ n→+∞
X
+∞
(sn ) é convergente. Portanto (−1)n−1 xn converge.
n=1
X
+∞
1
Exemplo 11.1.26. (−1)n−1 é convergente ou divergente?
n=1
n2
1
Solução: Temos que xn = . Note que lim xn = 0 e xn+1 =
n2 n→+∞
1 1 X
+∞
1
≤ = xn . Pelo Teorema 11.1.11 (−1)n−1 2 é
(n + 1)2 n2 n=1
n
convergente.
X+∞
n
Exemplo 11.1.27. (−1)n−1 n é convergente ou divergente?
n=1
e
n
Solução: Temos que xn = n . Note que lim xn = 0 e como
e n→+∞
en ≥ n + 1, para todo n ≥ 1
logo
n+1 n
xn+1 =n+1
≤ n = xn .
e e
X
+∞
n
Pelo Teorema 11.1.11 (−1)n−1 n é convergente.
n=1
e
X
+∞
Definição 11.1.8. Dizemos que a série xn é absolutamente
n=1
X
+∞
convergente se |xn | é convergente.
n=1
520
X
+∞
Teorema 11.1.12. Se xn é absolutamente convergente então é
n=1
convergente.
X
+∞
Demonstração: Como |xn | converge. Pelo Teorema 11.1.7 dado
n=1
ε > 0 existe n0 ∈ N tal que
||xn+1 | + |xn+2 | + . . . + |xn+p || < ε
para todo n ≥ n0 e para todo p ≥ 1. Note que
|xn+1 + xn+2 + . . . + xn+p | ≤ |xn+1 | + |xn+2 | + . . . + |xn+p | < ε
para todo n ≥ n0 e para todo p ≥ 1. Assim novamente pelo
X
+∞
Teorema 11.1.7 temos que xn é convergente.
n=1
Observação 11.1.3.
X
+∞ X
+∞
1. Se |xn | converge então xn converge.
n=1 n=1
X
+∞ X
+∞
2. Se xn converge não necessariamente |xn | converge. Por
n=1 n=1
X
+∞
1
exemplo, considere a série alternada (−1)n−1 que é conver-
n=1
n
gente mas
+∞
X X
1 +∞ 1
(−1) n−1 =
n n
n=1 n=1
diverge.
X
+∞ X
+∞ X
+∞
3. Se xn converge e |xn | diverge. Dizemos que xn é
n=1 n=1 n=1
condicionalmente convergente.
521
Vamos usar os números reais para definir outros números que satisfazem
tais equações.
Um número complexo z é um par ordenado de números reais (x, y),
que denotaremos por z = (x, y).
Se z1 = (x1 , y1 ) e z2 = (x2 , y2 ), são dois números complexos, dizemos
que z1 é igual a z2 , o qual denotaremos z1 = z2 , se x1 = x2 e y1 = y2 .
A soma z1 + z2 é definido como o número complexo dado por
z1 + z2 = (x1 + x2 , y1 + y2 ).
Se z = (x, y), o oposto de z, que denotaremos por −z, é definido como
o número
−z = (−x, −y).
O número complexo zero, que também denotaremos por 0, é definido
por 0 = (0, 0).
É claro destas definições que
(i) z1 + z2 = z2 + z1
(ii) (z1 + z2 ) + z3 = z1 + (z2 + z3 )
(iii) z + 0 = z
(iv) z + (−z) = 0
para todos os números complexos z, z1 , z2 , z3 . A subtração z1 − z2 é
definida por
z1 − z2 = z1 + (−z2 ),
que podemos escrever da seguinte maneira:
z1 − z2 = (x1 − x2 , y1 − y2 ).
O produto z1 · z2 está definido por
z1 · z2 = (x1 x2 − y1 y2 , x1 y2 + x2 y1 ).
A multiplicação satisfaz as seguintes propriedades:
(v) z1 · z2 = z2 · z1
(vi) (z1 · z2 ) · z3 = z1 · (z2 · z3 )
para todos os números complexos z1 , z2 , z3 . O complexo unitário, em
relação à multiplicação é o número (1, 0); de modo que, se z = (x, y) é
um número complexo quaisquer, obtemos multiplicando
z · (1, 0) = (x, y) · (1, 0) = (x, y) = z.
Devido a esta propriedade, denotaremos o número complexo (1, 0) por
1. Então tem-se que
522
(vii) z · 1 = z
para todos os número complexos z. Se z = (x, y) 6= (0, 0), então há um
número complexo único w tal que z · w = 1. Isto é, se w = (u, v), onde
u, v são reais, então a equação zw = 1 significa que:
xu − yv = 1 e yu + xv = 0.
523
Mas ainda, os números correspondentes a −x, x−1 , x1 + x2 , x1 x2 são
precisamente −z, z −1 , z1 + z2 , z1 · z2 , se z1 = (x1 , 0) e z2 = (x2 , 0). Por
este motivo costuma-se identificar ao número complexo (x, 0) com o
número real x, o qual denotaremos x = (x, 0). Nesse sentido, o conjunto
dos números complexos contém os números reais. As propriedades
(i) − (ix), as quais são válidas para números complexos, também são
válidas para números reais, de modo que, na verdade, o que temos feito
é ampliar o conceito dos números reais sem que perda-se nenhuma de
suas propriedades algébricas. Além disso, temos ganhado algo, já que
existem números complexos z que se satisfazem a equação:
z 2 + 1 = 0.
z = x + iy = Re(z) + iIm(z).
524
Solução:
(a)
= (6 + 12) + i(−8 + 9) = 18 + i.
(b)
1+i (1 + i)(1 + 2i)
=
1 − 2i (1 − 2i)(1 + 2i)
(1 · 1 − 1 · 2) + i(1 · 2 + 1 · 1)
=
(1 · 1 − (−2) · 2) + i(1 · 2 + (−2) · 1)
(1 − 2) + i(2 + 1)
=
(1 + 4) + i(2 − 2)
−1 + 3i 1 3
= =− +i .
5 5 5
(c) Primeiro observe
= (1 · 1 − 2 · 2) + i(1 · 2 + 2 · 1)
= (1 − 4) + i(2 + 2) = −3 + 4i
logo
= ((−3) · 1 − 4 · 2) + i((−3) · 2 + 4 · 1)
(1 + i)2 = (1 + i)(1 + i)
= (1 · 1 − 1 · 1) + i(1 · 1 + 1 · 1)
= (1 − 1) + i(1 + 1) = 2i
525
e
(1 − i)2 = (1 − i)(1 − i)
= (1 − 1) + i(−1 − 1) = −2i
logo
= (2i)(1 + i) + (−2i)(1 − i)
(x + iy)2 = α + iβ.
(x + iy)2 = α + iβ.
(x + iy)(x + iy) = α + iβ
(x · x − y · y) + i(x · y + y · x) = α + iβ
(x2 − y 2 ) + i2xy = α + iβ
logo
x2 − y 2 = α e 2xy = β (11.3)
A partir dessas equações, obtemos
526
Daqui temos p
x2 + y 2 = α2 + β 2 . (11.4)
Por (11.3) e (11.4) temos
1 p 1 p
x2 = (α + α2 + β 2 ) e y 2 = (−α + α2 + β 2 ) (11.5)
2 2
Observe que essas quantidades são positivas ou nulas, independente-
mente do sinal de α. As equações (11.5) produzem, em geral, dois
valores opostos para x e dois para y. Mas esses valores não podem
ser combinados arbitrariamente, pela segunda equação em (11.3) não
é uma consequência de (11.5). Portanto, devemos ter o cuidado de
selecionar x e y para que seu produto tenha o sinal β. Isso leva à
solução geral
q √ q √
α+ α2 +β 2 −α+ α2 +β 2
±
β
+ i |β| se β 6= 0
2 2
p
α + iβ = √
± α se β = 0, α ≥ 0
√
±i −α se β = 0, α < 0
Exemplo 11.2.3. Resolva a equação quadrática
z 2 + (γ + iδ)z + (ζ + iη) = 0.
Solução: Completando quadrados temos
2 2
γ + iδ γ + iδ
z+ = − (ζ + iη)
2 2
equivalentemente temos
2
γ + iδ (γ + iδ)2 − 4(ζ + iη)
z+ = = α + iβ (11.6)
2 4
onde
γ 2 − δ2 γδ
α= −ζ e β = − η.
4 2
Pelo Exemplo 11.2.2 sabemos que a equação (11.6) possui duas soluções
opostas. Portanto temos
p
γ + iδ (γ + iδ)2 − 4(ζ + iη)
z+ =±
2 2
assim p
−(γ + iδ) ± (γ + iδ)2 − 4(ζ + iη)
z= .
2
527
Exemplo 11.2.4.
(i) Resolva
z 2 = −15 + 8i
para z ∈ C.
(ii) Resolva
z 2 − (3 + 2i)z + (5 + i)
para z ∈ C.
Solução:
(i) Seja z = x + iy assim temos
(x2 − y 2 ) + i2xy = −15 + 8i
logo
x2 − y 2 = −15 e xy = 4.
Note que x = 1, y = 4 ou x = −1, y = −4 são soluções das duas
equações anteriores. Portanto as soluções são z = ±(1 + 4i).
(ii) Pelo Exemplo 11.2.3 temos
p
−(−(3 + 2i)) ± (−(3 + 2i))2 − 4(5 + i)
z =
2
p
(3 + 2i) ±(5 + 12i) − (20 + 4i)
=
2
√
(3 + 2i) ± −15 + 8i
=
2
(3 + 2i) ± (1 + 4i)
= (pela parte (i))
2
2 + 3i,
=
1 − i.
528
• z1 + z2 = z1 + z2
• z1 · z2 = z1 · z2
• z −1 = (z̄)−1 , se z 6= 0
para quaisquer z1 , z2 , z ∈ C. Introduzindo as coordenadas polares (r, θ)
no plano complexo pelas equações
x = r cos θ, y = r sen θ,
529
• |z1 − z2 |2 = |z1 |2 + |z2 |2 − 2Re(z1 · z2 )
• |z1 + z2 |2 + |z1 − z2 |2 = 2(|z1 |2 + |z2 |2 ).
para quaisquer z1 , z2 , z ∈ C.
Se z = x + iy, definimos a exponencial do número complexo z,
denotado por ez , por
ez · ew = ez+w .
z = reiθ ,
z = r(cos θ + i sen θ)
e como
eiθ = cos θ + i sen θ
temos a igualdade procurada.
Exemplo 11.2.5. Expresse os seguintes números complexos na forma
polar z = x + iy:
√
(i) 1 + i 3 (ii) (1 + i)2
1+i
(iii) (iv) (1 + i)(1 − i)
1−i
530
Solução:
√ !
√ 1 3
(i) 1 + i 3 = 2 +i = 2(cos(π/3) + i sen(π/3)),
2 2
1 − eiπ/2
(vii) eiπ/4 − e−iπ/4 (viii)
1 + eiπ/2
Solução:
(i) eiπ/2 = cos(π/2) + i sen(π/2) = i,
(ii) 2e−iπ/2 = 2(cos(−π/2) + i sen(−π/2)) = 2(−i) = −2i,
(iii) 3eiπ = 3(cos(π) + i sen(π)) = 3(−1) = −3,
(iv) −e−iπ = −(cos(−π) + i sen(−π)) = −(−1) = 1,
(v) i + e2πi = i + (cos(2π) + i sen(2π)) = i + (1) = 1 + i,
√ √ !
2 2
(vi) eiπ/4 = cos(π/4) + i sen(π/4) = +i ,
2 2
(vii)
−(cos(−π/4) + i sen(−π/4))
√ √ ! √ √ !
2 2 2 2 √
= +i − −i = i 2,
2 2 2 2
531
1 − eiπ/2 1−i (1 − i)2 −2i
(viii) = = = = −i.
1 + eiπ/2 1+i (1 + i)(1 − i) 2
Exemplo 11.2.7. Encontre o modulo dos números complexos
(3 + 4i)(−1 + 2i)
−2i(3 + i)(2 + 4i)(1 + i) e .
(−1 − i)(3 − i)
Solução: Usando as propriedades do modulo de um número complexo
temos
| − 2i(3 + i)(2 + 4i)(1 + i)| = | − 2i||3 + i||2 + 4i||1 + i|
√ √ √ √
= 02 + 2 2 32 + 1 2 22 + 4 2 12 + 1 2
√ √ √
= 2 10 20 2 = 40
e
(3 + 4i)(−1 + 2i) |3 + 4i|| − 1 + 2i|
(−1 − i)(3 − i) = | − 1 − i||3 − i|
√ √
32 + 4 2 12 + 2 2
=√ √
12 + 1 2 32 + 1 2
√ √
25 5 5
=√ √ = .
2 10 2
532
Definição 11.3.1. Seja U ⊂ Rn+1 aberto e f : U → Rn .
1. Dizemos que f é Lipschitz relativo às variáveis espaciais de U se
e só se existe c > 0 tal que:
|f (t, x) − f (t, y)| ≤ c|x − y|, para todo (t, x), (t, y) ∈ U.
533
todo (t, x) ∈ U .
Neste caso, podemos definir a função matricial
∂2 f : U → Rn×n
(t, x) 7→ ∂2 f (t, x) = ft′ (x).
Exemplo 11.3.1. Seja f : R3 → R2 definida como
f (t, x, y) = (tx + 2xy 2 − y 3 , t3 − 2xy + x2 ).
Dado (t0 , x0 , y0 ) ∈ R3 então Ut0 = R2
f t 0 : R2 → R2
(x, y) 7→ ft0 (x, y) = (t0 x + 2xy 2 − y 3 , t30 − 2xy + x2 )
logo,
t0 + 2y 2 4xy − 3y 2
∂2 f (t0 , x, y) = ft′0 (x, y) = ∈ R2×2 .
2x − 2y −2x
Se ∂2 f : U → Rn×n é contínua, dizemos que f é de classe C 1 relativo
às variáveis espaciais de U .
Observação 11.3.2. Se f : U ⊂ Rn+1 → Rn de classe C 1 relativo às
variáveis espaciais de U e f = (f1 , . . . , fn ). Então,
∂f1 ∂f1
∂x1
. . . ∂x
n
∂(f1 , . . . , fn )
∂2 f (t, x) = (t, x) = ... . . . ... (t, x).
∂(x1 , . . . , xn ) ∂fn ∂fn
∂x1
. . . ∂x n
534
Proposição 11.3.1. Seja U ⊂ Rn+1 aberto, f : U → Rn função de
classe C 1 relativo às variáveis espaciais de U . Então, f é localmente
Lipschitz relativo às variáveis espaciais de U .
Demonstração. Dado (t0 , x0 ) ∈ U , então existe r > 0 suficientemente
pequeno, tal que Ir [t0 ] × Br [x0 ] ⊂ U como ∂2 f : U → Rn×n é contínua
em Ir [t0 ] × Br [x0 ], tem-se que: existe M > 0, tal que:
||∂2 f (t, x)|| ≤ M, para todo (t, x) ∈ Ir [t0 ] × Br [x0 ].
Afirmação: f|Ir (t0 )×Br (x0 ) é Lipschitz relativo às variáveis espaciais de
Ir (t0 ) × Br (x0 ).
De fato, dado t ∈ Ir (t0 ) temos que a derivada de ft : Br (x0 ) → Rn
satisfaz:
||ft′ (x)|| = ||∂2 f (t, x)|| ≤ M, para todo x ∈ Br (x0 ).
Pelo corolário anterior, ft é Lipschitz em Br (x0 ) (convexo) e portanto:
|f (t, x) − f (t, y)| = |ft (x) − ft (y)| ≤ M |x − y|,
para todo x, y ∈ Br (x0 ).
Proposição 11.3.2. (Desigualdade de Gronwall) Seja u : [a, b] →
R contínua que satisfaz:
1. u(t) ≥ 0, para todo t ∈ [a, b].
2. Existe C ≥ 0 e existe K ≥ 0, tal que:
Z t
u(t) ≤ C + K u(s)ds, para todo t ∈ [a, b].
a
observe que U (t) ≥ C > 0 e u(t) ≤ U (t), para todo t ∈ [a, b]. Além
disso U ′ (t) = Ku(t), para todo t ∈ [a, b]. Logo,
U ′ (t) Ku(t)
= ≤ K, para todo t ∈ [a, b].
U (t) U (t)
535
Z Z
t
U ′ (s) t
ds ≤ K ds, para todo t ∈ [a, b].
a U (s) a
Pelo caso 1:
1 K(t−a)
0 ≤ u(t) ≤ e , para todo t ∈ [a, b],
n
fazendo n → ∞, temos que u(t) = 0, para todo t ∈ [a, b].
Definição 11.3.2. Seja M um conjunto qualquer e d : M × M → R
uma função que satisfaz:
1. d(x, y) ≥ 0, para todo x, y ∈ M .
2. d(x, y) = 0 se e só se x = y.
3. d(x, y) = d(y, x), para todo x, y ∈ M .
4. d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z), para todo x, y, z ∈ M .
Neste caso dizemos que d é uma métrica sobre M . O par (M, d) é
chamado espaço métrico se e só se M 6= ∅ e d : M × M → R é uma
métrica sobre M .
Definição 11.3.3. Sejam (M1 , d1 ), (M2 , d2 ) dois espaços métricos e
f : M1 → M2 . Dizemos que f é contínua em x0 ∈ M1 se e só se
dado ε > 0, existe δ > 0 tal que se x ∈ M1 e d1 (x, x0 ) < δ então
d2 (f (x), f (x0 )) < ε. Dizemos que f é contínua em M se e só se f é
contínua em x, para todo x ∈ M . Dizemos que f é Lipschitz em M1
se e só se existe K > 0, tal que d2 (f (x), f (y)) ≤ Kd1 (x, y), para todo
x, y ∈ M1 . Quando K < 1 dizemos que f é uma contração.
536
Definição 11.3.4. Seja (M, d) um espaço métrico, uma sequência em
(M, d) é uma função x : N → M que a cada n ∈ N associa-se x(n) =
xn ∈ M chamado n-ésimo termo da sequência. O símbolo (xn ) ⊆ M
quer dizer que (xn ) é uma sequência em M . Seja (xn ) ⊆ M e x ∈ M ,
dizemos que x é o limite de (xn ), que denotamos por lim xn = x, se e só
n→∞
se para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que se n ≥ n0 então d(xn , x) < ε.
Uma sequência (xn ) ⊆ M é chamada sequência convergente em M se
e só se existe x ∈ M , tal que lim xn = x. Caso contrário, dizemos que
n→∞
(xn ) ⊆ M é divergente. Uma sequência (xn ) ⊆ M é chamada sequência
de Cauchy se e só se dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que n, m ≥ n0 então
d(xn , xm ) < ε. Naturalmente, toda sequência convergente é de Cauchy.
O recíproco não sempre é verdade. Aqueles espaços métricos nas quais
toda sequência de Cauchy é convergente são chamados espaços métricos
completos.
Exemplo 11.3.2. Seja Q o conjunto dos números racionais, definimos:
d: Q×Q → R
(x, y) 7→ d(x, y) = |x − y|
537
Dados φ, ψ ∈ C([a, b], B), definimos:
Assim, definimos:
Não é difícil provar que d é uma métrica sobre C([a, b], B), logo
(C([a, b], B), d) é um espaço métrico. (C([a, b], B), d) é um espaço
métrico completo?
Seja (φn ) ⊆ C([a, b], B) uma sequência de Cauchy, dado ε > 0,
existe n0 ∈ N tal que d(φn , φm ) < ε, para todo n, m ≥ n0 daí
|φn (x) − φm (x)| < ε, para todo x ∈ [a, b] e n, m ≥ n0 . Do
critério do Cauchy para a convergência uniforme, segue-se que (φn )
é uniformemente convergente em [a, b], isto é, existe φ : [a, b] → Rn
tal que φn → φ uniformemente em [a, b] então lim φn (x) = φ(x)
n→∞
para todo x ∈ [a, b]. Daí φ(x) ∈ Rn é o limite de (φn (x)) ⊆ B, logo
φ(x) ∈ B = B, além disso φ é contínua em [a, b] então φ ∈ C([a, b], B).
Pelo último mostraremos que lim φn = φ em C([a, b], B). Seja ε > 0,
n→∞
existe n0 ∈ N tal que n ≥ n0 então |φn (x) − φ(x)| < ε/2 para todo
x ∈ [a, b], logo
Demonstração.
Existência: Seja x1 ∈ M definimos x2 = F (x1 ) ∈ M . Se x1 = x2
então x1 é o ponto fixo. Seja x2 6= x1 definimos x3 = F (x2 ) ∈ M .
Se x3 = x2 então x2 é o ponto fixo procurado. Se x3 6= x2 definimos
x4 = F (x3 ) ∈ M . Seguimos assim indutivamente
538
Desta maneira (xn ) ⊆ M , seja K = Lip(F ) < 1 então se satisfaz
Por indução
Como
lim K n−1 = 0,
n→∞
(1 − K)d(x′ , x0 ) ≤ 0, se x′ 6= x0
539
daí tem-se que 1 − K ≤ 0, o qual é uma contradição, portanto x′ = x0 .
540
Teorema 11.3.3. (Teorema de Picard) Se f : Ia [t0 ] × Bb [x0 ] ⊆
Rn+1 → Rn é contínua no seu domínio e Lipschitz relativamente às
variáveis espaciais então existe uma única solução do PVI
′
x = f (t, x)
(11.7)
x(t0 ) = x0
Fφ : Iα [t0 ] → Rn Z t
t 7→ Fφ (t) = x0 + f (s, φ(s))ds.
t0
Note que
Z t Z t
|Fφ (t) − x0 | = | f (s, φ(s))ds| ≤ |f (s, φ(s))|ds
t0 t0
≤ N |t − t0 | ≤ N α ≤ b,
F : M → M
φ 7→ F (φ) = Fφ
Lipk2 (f )|t − t0 |k
|F (φ1 )(t) − F (φ2 )(t)| ≤
k k
d(φ1 , φ2 ), (11.9)
k!
541
para todo k ≥ 0. De fato, supondo (11.9) provado, temos
Lipk2 (f )αk
max{|F k (φ1 )(t) − F k (φ2 )(t)|; t ∈ Iα [t0 ]} ≤ d(φ1 , φ2 ),
k!
isto é,
Lipk2 (f )αk
d(F k (φ1 ), F k (φ2 )) ≤ d(φ1 , φ2 ), para todo k ≥ 0.
k!
Se k = 1,
d(F (φ1 ), F (φ2 )) ≤ Lip2 (f ) α d(φ1 , φ2 )
assim F é Lipschitz então F é contínua em M . Por outro lado, sabemos
que
Lipk2 (f )αk
lim =0
k→∞ k!
então existe k0 ∈ N tal que k ≥ k0 então
Lipk2 (f )αk
< 1,
k!
basta tomar m0 = k0 assim F m0 é uma contração e pelo Corolário
11.3.2 existe um único φ0 ∈ M tal que F (φ0 ) = φ0 logo
Z t
φ0 (t) = F (φ0 )(t) = Fφ0 (t) = x0 + f (s, φ0 (s))ds.
t0
|F k+1 (φ1 )(t) − F k+1 (φ2 )(t)| = |F (F k (φ1 ))(t) − F (F k (φ2 ))(t)|
Z t
≤ |f (s, F k (φ1 )(s)) − f (s, F k (φ2 )(s))|ds
t0
Z t
≤ Lip2 (f ) |F k (φ1 )(s) − F k (φ2 )(s)|ds
t0
Z t
Lipk+1
2 (f )
≤ d(φ1 , φ2 ) |s − t0 |k ds
k! t0
Lipk+1
2 (f )
= |t − t0 |k+1 d(φ1 , φ2 )
(k + 1)!
542
Por último provemos a unicidade. Seja ψ : Iα [t0 ] → Bb [x0 ] solução do
PVI dado, para t ∈ Iα [t0 ] se satisfaz:
Z t Z t
|φ0 (t)−ψ(t)| ≤ |f (s, φ0 (s))−f (s, ψ(s))|ds ≤ Lip2 (f ) |φ0 (s)−ψ(s)|ds
t0 t0
portanto φ0 = ψ.
Corolário 11.3.3. (Teorema de existência e unicidade) Seja U ⊆
Rn+1 aberto, f : U → Rn contínua em U e de classe C 1 relativamente
às variáveis espaciais de U então para qualquer (t0 , x0 ) ∈ U o PVI
′
x = f (t, x)
x(t0 ) = x0
543
Bibliografia
544
[12] PUTZER, E. J. Avoiding the Jordan canonical form in the
discussion of linear systems with constant coefficients, Amer.
Math. Monthly, 73 (1966), 2-5.
[13] SCÁRDUA, B. Equações Ordinárias e Aplicações. Rio de Janeiro:
Textos Universitários-SBM, 2015.
[14] SOTOMAYOR, J. Lições de Equações Diferenciais Ordinárias.
Rio de Janeiro: Projeto Euclides-IMPA, 1979.
[15] YOUNG, E. C. Partal Differential Equations: An introduction.
Boston: Allyn and Bacon, 1972.
[16] ZILL, D. G.; MICHAEL, R. Equações Diferenciais. Vol. 1 e 2.
3.ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
545