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Álgebra Comutativa I

Aula 01

08 de março de 2021

i
Referências Bibliográficas

[1] ATIYAH, M. F., MACDONALD, I. G., Introduction to Commutative Algebra.


Addison - Wesley Publishing Company, Inc., Reading, Massachusets, 1969.

[2] BORGES, H., TENGAN, E. Álgebra Comutativa em Quatro Movimentos,


IMPA, 2015.

[3] FULTON, W. Algebraic Curves - An Introduction to Algebraic Geometry,


W. A. Benjamin Inc. 2008.

[4] KUNZ, E., Introduction to Commutative Algebra and Algebraic Geometry.


Birkhäuser, 1985.

[5] MATSUMURA, H., Commutative Ring Theory, Cambridge Studies in Advanced


Mathematics, Cambridge University Press, (1986).

ii
Sumário

Referências Bibliográficas ii

Sumário iii

1 Anéis e Ideais 1
1.1 Anéis e homomorfismos de anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Ideais e anéis quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Divisores de zero, elementos nilpotentes e unidades . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Ideais primos e ideais maximais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

iii
Capı́tulo 1

Anéis e Ideais

1.1 Anéis e homomorfismos de anéis


Definição 1.1 Um anel A é um conjunto munido de duas operações binárias (adição e
multiplicação) tal que:
i) A é um grupo abeliano com respeito a adição, isto é:

a) A adição é associativa: (x + y) + z = x + (y + z), ∀ x, y, z ∈ A;


b) Existe 0 ∈ A tal que x + 0 = 0 + x = x, ∀ x ∈ A. O elemento 0 é chamado de
zero, também denominado de elemento neutro da adição.
c) Para todo x ∈ A existe y ∈ A tal que x + y = y + x = 0. O elemento y é
chamado de simétrico de x e é denotado por −x. Dados a, x ∈ A, a soma
a + (−x) é simplesmente representada por a − x;
d) A adição é comutativa, ou seja, x + y = y + x, ∀ x, y ∈ A.

ii) A multiplicação é associativa: (xy) z = x (y, z), para todo x, y, z ∈ A.


iii) A multiplicação é distributiva relativamente à adição, ou seja,
x (y + z) = xy + xz e (y + z) x = yz + zx,
para todo x, y, z ∈ A.
OBSERVAÇÃO 1.1 Se A é um anel, então 0 ∈ A é único. Com efeito, se θ ∈ A é tal que
x + θ = θ + x = x, ∀ x ∈ A,
então
0 = 0 + θ = θ.
OBSERVAÇÃO 1.2 Observa-se facilmente que, se x e y são elementos de um anel A, então
x (−y) = (−x) y = −xy.
Consequentemente, dado x ∈ A, tem-se x · 0 = 0 · x = 0. Com efeito,
x · 0 = x (y − y) = xy + x (−y) = xy − xy = 0.
O cálculo de 0 · x é análogo.

1
2 Álgebra Comutativa I

Definição 1.2 Dizemos que um anel A é comutativo quando xy = yx, ∀ x, y ∈ A.

Definição 1.3 Dizemos que um anel A possui um elemento identidade quando existe
1 ∈ A tal que x · 1 = 1 · x = x, ∀x.

OBSERVAÇÃO 1.3 No decorrer do texto a palavra “anel” deve significar anel comutativo
com identidade.

OBSERVAÇÃO 1.4 Se A é um anel, com identidade, então 1 ∈ A é único. De fato, se


ξ ∈ A é tal que
x · ξ = ξ · x = x, ∀ x ∈ A,

x · ξ = ξ · x = x,
então
1 = 1 · ξ = ξ.

OBSERVAÇÃO 1.5 Não excluı́mos a possibilidade de que ocorra 1 = 0. Neste caso, para
todo x ∈ A,
x=x·1=x·0=0
e, portanto, A = {0}. Neste caso, A é o anel nulo, denotado por 0 (por abuso de notação).

Definição 1.4 Um homomorfismo de anéis é uma aplicação f de um anel A em um


anel B tal que:

i) f : (A, +) → (B, +) é um homomorfismo de grupos, isto é, dados x, y ∈ A, temos


que f (x + y) = f (x) + f (y);

ii) f (xy) = f (x) f (y);

iii) f (1) = 1.

Note que f (−x) = −f (x) e, além disso, f (0) = 0.

Um subconjunto S de um anel A é um subanel se é fechado com respeito a adição e


multiplicação e contém a identidade de A. A imersão de S em A dada por

f: S → A
x 7→ x

é um homomorfismo de anéis.
Se f : A → B e g : B → C são homomorfismos de anéis, então a função composta
g ◦ f : A → C também o é.
Capı́tulo 1. Anéis e Ideais 3

1.2 Ideais e anéis quociente


Definição 1.5 Um ideal I de um anel A é um subconjunto de A tal que:
i) (I, +) é subgrupo de (A, +);
ii) (Lei da Absorção) AI = {ax; a ∈ A e x ∈ I} ⊆ I.
O grupo quociente A/I herda uma multiplicação definida por aquela dada em A do
seguinte modo:
x · y = xy.
Esta multiplicação acaba por fazer de A/I também um anel, chamado de anel quociente
(ou anel de classes residuais). Os elementos de A/I := {x = x + I | x ∈ A} são as
classes de equivalência dadas pela relação de congruência módulo o ideal I,
x ∼ y ⇔ x ≡ y mod I ⇔ x − y ∈ I.
A aplicação
π : A → A/I
x 7→ x = x + I
chamada de projeção canônica, é um homomorfismo de anéis sobrejetor.
Exercı́cio 1.1 Seja f : A → B um homomorfismo de anéis.
a) Im (f) = f (A) é um subanel de B.
b) Se J é um ideal em B, então I = f−1 (J) é um ideal de A. Em particular, Ker (f) =
f−1 (0) é um ideal de A, chamado núcleo do homomorfismo f.
c) Se f é sobrejetora e I é um ideal em A então f (I) é um ideal em J. Forneça um
exemplo de um homomorfismo de anéis f : A → B para o qual existe um ideal I em
A tal que f (I) não é ideal em B.
d) (Teorema do isomorfismo) O homomorfismo f induz um isomorfismo (homomor-
fismo bijetor) entre A/Ker(f) e Im (f).
Usaremos frequentemente o seguinte fato:
Teorema 1.1 (Teorema da Correspondência para Ideais) Sejam A um anel e I ⊆ A
um ideal. Existe uma correspondência biunı́voca entre os ideais J de A que contém I e os
ideais J de A/I dada pela projeção canônica.
Demonstração: Seja J ⊆ A um ideal tal que I ⊆ J. Como π : A → A/I é sobrejetor,
tem-se que 
π (J) = b ∈ A/I; b ∈ J
é um ideal de A/I. Note ainda que se π (J1 ) = π (J2 ), com I ⊆ J1 e I ⊆ J2 , sendo
 J1 , J2 ⊆ A
−1
ideais, então J1 = J2 . Reciprocamente, se J ⊆ A/I é um ideal, então π J ⊆ A é um
ideal que contém I. De fato, se x ∈ I, então π (x) = x = 0 ∈ J. Conclusão: todo ideal de
A/I é da forma 
J := b ∈ A/I; b ∈ J ,
sendo J ideal de A que contém I.

4 Álgebra Comutativa I

1.3 Divisores de zero, elementos nilpotentes e unida-


des
Definição 1.6 Um divisor de zero em um anel A é um elemento x ∈ A para o qual
existe y 6= 0 tal que xy = 0.

Note que 0 é sempre um divisor de 0. Um anel no qual não existam divisores de 0


não-nulos é chamado de domı́nio de integridade. O conjunto dos divisores de zero em
um anel A será representado por ZA

Exemplo 1.1 Z e R [x1 , . . . , xn ] são domı́nios de integridade.

Definição 1.7 Um elemento x de um anel A é dito nilpotente se xn = 0, para algum


n > 0.

Observamos que, em particular, 0 é um elemento nilpotente de qualquer anel e que se


x 6= 0 é nilpotente, então x é um divisor de 0. A recı́proca, em geral, não é verdadeira.
n n
Por exemplo, em Z6 , 2 · 3 = 0, mas 2 6= 0 e 3 6= 0, para todo n > 0. Quando o único
elemento nilpotente de A é o zero, dizemos que A é reduzido.

Definição 1.8 Uma unidade em A é um elemento x de A que divide 1, isto é, um


elemento x tal que xy = 1 para algum y ∈ A.

Se x é uma unidade de um anel A então o elemento y de A tal que xy = 1 é determinado


de modo único e é denotado por x−1 . As unidades de A formam um grupo abeliano
(multiplicativo) denotado por U (A).
Se I ⊆ A é um ideal, dizemos que I é um ideal principal se existe x ∈ I tal que I é
o conjunto dos múltiplos de x, isto é,

I = {ax; a ∈ A}

e escrevemos I = (x). Portanto, x é uma unidade de A se, e somente se, (x) = A = (1).
O ideal nulo (0) é usualmente denotado por 0.

Definição 1.9 Um corpo K é um anel no qual 1 6= 0 e todo elemento não-nulo é uma


unidade.

Observamos que, em particular, todo corpo é um domı́nio de integridade, mas a


recı́proca não é verdadeira. Por exemplo, Z é um domı́nio de integridade que não é
um corpo.

Teorema 1.2 Seja K 6= 0 um anel. As seguintes afirmações são equivalentes:

i) K é um corpo.

ii) Os únicos ideais de K são (0) e (1).

iii) Todo homomorfismo de K em um anel não-nulo A é injetor.


Capı́tulo 1. Anéis e Ideais 5

1.4 Ideais primos e ideais maximais


Um ideal P em A é primo se P 6= (1) e, sempre que xy ∈ P, tem-se x ∈ P ou
y ∈ P. Um ideal M em A é dito maximal se M 6= (1) e não existe um ideal I contido
propriamente em A que contenha M propriamente.

Exercı́cio 1.2 Sejam P e M ideais de um anel A. Mostre que

a) P é ideal primo ⇔ A/P é um domı́nio de integridade;

b) M é ideal maximal ⇔ A/M é um corpo.

Observamos do exercı́cio acima que, em particular, um ideal maximal é um ideal


primo (mas a recı́proca, em geral, não é verdadeira). Além disso, o ideal nulo é primo se,
e somente se, A é um domı́nio de integridade.
Se f : A → B é um homomorfismo de anéis e Q é um ideal primo em B, então f−1 (Q)
é um ideal primo em A. De fato, do homomorfismo

ϕ : A/f−1 (Q) → B/Q


x 7→ f (x)

se extrai que A/f−1 (Q) é isomorfo a um subanel de B/Q e, portanto, não possui divisores
de zero não-nulos. No entanto, se N é um ideal maximal de B, não necessariamente, será
verdade que f−1 (N) seja maximal em A: tudo que podemos assegurar é que é primo.
Seja f : Z → Q dada por f (z) = z. Como Q é corpo, (0) é maximal em Q. Contudo,
f−1 (0) = (0) que não é maximal em Z.

Definição 1.10 Sejam A um anel e S ⊆ A. Dizemos que S é um conjunto ou sistema


multiplicativo se

i) 1 ∈ S;

ii) x, y ∈ S ⇒ xy ∈ S.

Exemplo 1.2 Sejam A um anel e S um subconjunto de A.

i) Se S = {1}, então S é um conjunto multiplicativo.



ii) Se a ∈ A, então S = 1, a, a2 , . . . é um conjunto multiplicativo.

iii) Se I ⊆ A é um ideal, então S = 1 + I = {1 + a; a ∈ I} é um conjunto multiplicativo.

iv) Se P ( A é um ideal primo, então S = A \ P é um conjunto multiplicativo.

Lema 1.1 (Lema de Krull) Sejam A um anel, I ⊆ A um ideal e S ⊆ A um conjunto


multiplicativo tal que I ∩ S = ∅. Então existe um ideal primo P ⊂ A tal que I ⊂ P e
P ∩ S = ∅.
6 Álgebra Comutativa I

Demonstração: Considere

M = {J ⊆ A; J é ideal, I ⊂ J e J ∩ S = ∅}

munido da relação de ordem parcial dada pela inclusão. Note que M =


6 ∅ já que I ∈ M.
Considere C = {Jλ }λ∈Λ uma cadeia em M. Defina
S
J= Jλ .
λ∈Λ

Note que J é um ideal (visto que os ideais Jλ estão em cadeia) tal que I ⊆ J e J ∩ S = ∅.
Além disso, claramente, J é uma cota superior para C. Portanto, pelo Lema de Zorn
existe um elemento maximal P ∈ M. Afirmamos que P é primo. Do contrário, existiriam
a, b ∈ A tais que a, b ∈
/ P, mas ab ∈ P. Neste caso,

P ( P + (a) e P ( P + (b) .

Logo, pela maximalidade de P em M, tem-se P + (a) , P + (b) ∈


/ M. Daı́, existiriam
x, y ∈ A tais que
x ∈ (P + (a)) ∩ S e y ∈ (P + (b)) ∩ S.
Assim, xy ∈ S, x = p1 + ar, com p1 ∈ P e r ∈ A e y = p2 + bs, com p2 ∈ P e s ∈ A.
Daqui,
xy = (p1 + ar) (p2 + bs) = p1 p2 + p1 bs + p2 ar + abrs ∈ P,
o que é um absurdo pois, neste caso, xy ∈ P ∩ S = ∅. 

Corolário 1.1 Se A é um anel não-nulo, então A admite ideal maximal.

Demonstração: Basta considerar I = (0) e S = {1} no Lema de Krull. 

Corolário 1.2 Todo ideal próprio de um anel está contido em um ideal maximal.

Demonstração: Seja I um ideal próprio de A. Neste caso, o anel quociente A/I é não
nulo. Portanto, pelo corolário anterior, existe M ⊂ A/I ideal maximal. Além disso, pelo
Teorema da Correspondência, podemos associar M a um ideal maximal M de A que
contém I. 

Corolário 1.3 Todo elemento de A que não é uma unidade pertence a um ideal maximal.
Álgebra Comutativa I

Aula 02

10 de março de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Anéis e Ideais 1
1.1 Ideais primos e ideais maximais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Nilradical e radical de Jacobson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Operações sobre ideais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

ii
Capı́tulo 1

Anéis e Ideais

1.1 Ideais primos e ideais maximais


OBSERVAÇÃO 1.1 Existem anéis que possuem exatamente um ideal maximal. Os corpos,
por exemplo, só admitem (0) como ideal maximal.
Um anel A que possui exatamente um ideal maximal M é chamado de anel local, notação
(A, M). Nestas condições, o corpo K = A/M é chamado de corpo residual de A.
Teorema 1.1 Sejam A um anel e M um ideal próprio de A.
i) Se A\M ⊆ UA , então M é um ideal maximal e A é um anel local.
ii) Se M é maximal e 1 + M = {1 + m; m ∈ M} ⊆ UA , então A é um anel local.
Demonstração: (i) Se I 6= (1) é um ideal de A então I não contém unidades de A e,
consequentemente, I ⊆ M. Logo, M é o único ideal maximal de A.
(ii) Seja x ∈ A\M. Uma vez que M é maximal, M + (x) = A. Portanto, existem
y ∈ A e m ∈ M tais que 1 = m + xy e, portanto, xy = 1 − m ∈ 1 + M é uma unidade
em A. Logo, x é uma unidade em A e, por (i), A é local.
Um anel que possui uma quantidade finita de ideais maximais é dito semi-local. 
Exemplo 1.1 Sejam A = K [x1 , . . . , xn ], onde K é um corpo, e f ∈ A irredutı́vel. Pela
fatoração única, o ideal (f) é primo.
Exemplo 1.2 Todo ideal em Z é da forma (m) para algum m ≥ 0. O ideal (m) é primo
se, e somente se, m = 0 ou m é primo. Todos os ideais (p) em Z em que p é um número
primo são maximais. Deste modo, Zp = Z/ (p) é sempre um corpo contendo p elementos.
O mesmo vale no Exemplo 1.1 para n = 1, mas não vale para n > 1. O ideal M de
todos os polinômios em A = K [x1 , . . . , xn ] com termo constante nulo é maximal, uma vez
que é o núcleo do homomorfismo ϕ : A → K dado por ϕ (f) = f (0). Contudo, se n > 1,
M não é um ideal principal: de fato, M precisa de pelo menos n geradores.
Exemplo 1.3 Um domı́nio de ideais principais ou domı́nio principal é um domı́nio
de integridade no qual todo ideal é principal. Em tais anéis, todo ideal primo não-nulo é
maximal. Se (x) 6= 0 é um ideal primo e (y) ) (x), temos que x ∈ (y), isto é, x = yz,
para algum z ∈ A. Então z ∈ (x) e, consequentemente, existe a ∈ A tal que z = ax.
Assim, x = yz = yax, ou seja, ya = 1. Logo, y é uma unidade e, portanto, (y) = (1).

1
2 Álgebra Comutativa I

1.2 Nilradical e radical de Jacobson


Teorema 1.2 O conjunto NA de todos os elementos nilpotentes de um anel A é um ideal
e A/NA não possui elementos nilpotentes não-nulos.

Demonstração: Se x ∈ NA , claramente, ax ∈ NA . Sejam x, y ∈ NA . Digamos que


seja xm = 0 e yn = 0. Pelo Teorema Binomial (que vale em qualquer anel comutativo)
(x + y)m+n−1 é uma soma de múltiplos inteiros de produtos da forma xr ys , onde r + s =
m + n − 1. Note que não pode ocorrer r < m e s < n simultaneamente e, portanto, cada
um destes produtos se anula e, consequentemente, (x + y)m+n−1 = 0. Logo, x + y ∈ NA
e este conjunto é um ideal. Seja, agora, x ∈ A/NA . Assim,

xn = 0 ⇒ xn = 0 ⇒ xn ∈ NA ⇒ (xn )k = xnk = 0 para algum k > 0 ⇒ x ∈ NA ⇒ x = 0.

O ideal NA é chamado de nilradical de A. O resultado a seguir fornece uma equi-


valência para a definição de NA .

Teorema 1.3 O nilradical de A é a interseção de todos os ideais primos de A.

Demonstração: Seja NA0 a interseção de todos os ideais primos de A. Se x ∈ A é


nilpotente e P é um ideal primo de A, então xn = 0 ∈ P, para algum n > 0. Assim, como
P é primo, x ∈ P. Logo, x ∈ NA0 . Reciprocamente, seja y ∈ NA0 e suponha que y ∈
/ NA .
2
Definindo S = 1, y, y , . . . , tem-se S ∩ (0) = ∅. Logo, pelo Lema de Krull, existe um
ideal primo P ⊆ A tal que P ∩ S = ∅, contradizendo o fato de que y ∈ P, para todo ideal
primo P de A. 

Definição 1.1 O radical de Jacobson de um anel A, denotado por RA , é a interseção


de todos os ideais maximais de A.

Teorema 1.4 Seja A um anel. Então

RA = {x ∈ A; 1 − xy ∈ U (A) , ∀ y ∈ A} .

Demonstração: Seja x ∈ RA . Suponha, por absurdo, que exista y ∈ A tal que 1 − xy


não seja uma unidade. Portanto, 1 − xy ∈ M, para algum ideal maximal M. Mas
x ∈ RA ⊆ M e, portanto, xy ∈ M. Logo, 1 = (1 − xy) + xy ∈ M, o que é uma
contradição. Reciprocamente, suponha que x ∈
/ M, para algum ideal maximal M de A.
Então M + (x) = (1) e, portanto, existem m ∈ M e a ∈ A tais que 1 = m − ax. Assim,
m = 1 − ax ∈ M não é uma unidade. 

1.3 Operações sobre ideais


Não é difı́cil ver que a interseção de uma famı́lia {Iλ }λ∈Λ de ideais em um anel A é
ainda um ideal.
Capı́tulo 1. Anéis e Ideais 3

Se A é um anel e S é um subconjunto não-vazio de A, observamos que


n
P
(S) = ai xi ; ai ∈ A, xi ∈ S e n > 0
i=1

é um ideal em A. O ideal (S) é chamado de ideal gerado por S. Quando S = {x1 , . . . , xn },


escreve-se (S) = (x1 , . . . , xn ). Notemos ainda que, equivalentemente, (S) é a interseção
de todos os ideais que contém S, sendo portanto, o menor ideal em A que contém S no
sentido de que se I é um ideal em A e S ⊆ I, então (S) ⊆ I. É evidente que S ⊆ (S).
Se I1 e I2 são ideais em um anel A, sua soma I1 +I2 é o conjunto de todos os elementos
da forma x + y, onde x ∈ I1 e y ∈ I2 . Observamos sem dificuldades que I1 + I2 é o ideal
gerado porPI1 ∪ I2 . Assim, de modo geral, se S {Iλ }λ∈Λ é umaP
famı́lia de ideais em A,
definimos Iλ como sendo o ideal gerado por Iλ . Assim, Iλ é o menor ideal que
λ∈Λ λ∈Λ λ∈Λ
contém, simultaneamente, todos os Iλ .
Se I1 , . . . , In são ideais em A, o produto I1 · · · In é o ideal em A gerado por todos
os produtos da forma xi1 · · · xin em que xij ∈ Ik . Em particular, as potências In , n ≥ 0,
de um ideal I podem ser definidas convencionando-se I0 = (1) e, para n > 0, In é o
ideal gerado pela coleção de todos os produtos da forma x1 · · · xn , com xi ∈ I para todo
i = 1, . . . , n.

Exemplo 1.4 Se A = Z, I1 = (m) e I2 = (n), então I1 + I2 é o ideal gerado por


mdc (m, n); I1 ∩ I2 é o ideal gerado por mmc (m, n) e I1 I2 = (mn). Assim, neste caso,
I1 I2 = I1 ∩ I2 se, e somente se, m e n são primos entre si.

Exemplo 1.5 Se A = K [x1 , . . . , xn ] e I = (x1 , . . . , xn ), então Im é o conjunto de todos os


polinômios sem termos de grau menor do que m.

As três operações até aqui definidas (soma, interseção e produto de ideais) são todas
comutativas e associativas. Vale ainda a distributividade do produto de ideais relativa-
mente a soma:
I1 (I2 + I3 ) = I1 I2 + I1 I3 .
No anel Z, ∩ e + são distributivas uma em relação a outra. Isto, em geral, nem sempre
ocorre e, o melhor que temos nesta direção, é a Lei Modular:

I1 ∩ (I2 + I3 ) = I1 ∩ I2 + I1 ∩ I3 se I1 ⊇ I2 ou I1 ⊇ I3 .

Novamente em Z, temos que (I1 + I2 ) (I1 ∩ I2 ) = I1 I2 . Mas, em geral, temos apenas


(I1 + I2 ) (I1 ∩ I2 ) ⊆ I1 I2 , uma vez que

(I1 + I2 ) (I1 ∩ I2 ) = I1 (I1 ∩ I2 ) + I2 (I1 ∩ I2 ) .

Claramente, I1 I2 ⊆ I1 ∩ I2 . Logo, I1 ∩ I2 = I1 I2 sempre que I1 + I2 = (1).


Dois ideais I1 e I2 são ditos coprimos (ou comaximais) I1 + I2 = (1). Portanto, para
ideais coprimos, temos I1 ∩ I2 = I1 I2 . Claramente, I1 e I2 são coprimos se, e somente se,
existem x ∈ I1 e y ∈ I2 tais que x + y = 1.
Qn
Sejam A1 , . . . , An anéis. O produto direto destes anéis, denotado por A = Ai , é
i=1
o conjunto de todas as sequências x = (x1 , . . . , xn ) com xi ∈ Ai para todo i = 1, . . . , n.
4 Álgebra Comutativa I

O produto direto A é um anel comutativo com as operações de adição e multiplicação


definidas termo a termo, com identidade (1, . . . , 1). As projeções πi : A → Ai definidas
por πi (x) = xi são homomorfismos de anéis.
Q
n
Teorema 1.5 Sejam A um anel, I1 , . . . , In ideais em A e ϕ : A → A/Ii o homomorfismo
i=1
definido por ϕ (x) = (x + I1 , . . . , x + In ).
Q
n n
T
i) Se Ii e Ij são coprimos sempre que i 6= j, então Ii = Ii .
i=1 i=1

ii) ϕ é sobrejetora se, e somente se, Ii e Ij são coprimos sempre que i 6= j.


n
T
iii) ϕ é injetora se, e somente se, Ii = (0).
i=1

Demonstração: (i) Façamos indução em n. Para n = 2, seja x ∈ I1 ∩ I2 . Como


I1 + I2 = (1), existem u ∈ I1 e v ∈ I2 tais que 1 = u + v. Assim,

x = x · 1 = x (u + v) = xu + xv ∈ I1 I2 .

Logo, I1 ∩ I2 ⊆ I1 I2 . Como a outra inclusão é sempre válida, temos a igualdade desejada.


n−1
T Q
n−1
Supondo a validade do resultado para n − 1 ≥ 2, seja I = Ii = Ii . Uma vez que
i=1 i=1
Ii + In = (1) temos que, para cada i = 1, . . . , n − 1, existem xi ∈ Ii e yi ∈ In tais que
xi + yi = 1. Assim,

x1 · · · xn−1 = (1 − y1 ) · · · (1 − yn−1 ) ≡ 1 mod In .

Daı́, In + I = (1) e, portanto, do caso n = 2 e da hipótese de indução,


Q
n n
T
Ii = IIn = I ∩ In = Ii
i=1 i=1

e o resultado segue.
(ii) Suponha que ϕ seja sobrejetora. Mostremos, por exemplo, que I1 e I2 são coprimos.
Seja x ∈ A tal que ϕ (x) = (1, 0, . . . , 0). Assim, x ≡ 1 mod I1 e x ≡ 0 mod I2 e, portanto,

1 = (1 − x) + x ∈ I1 + I2 .

Reciprocamente, suponha que Ii e Ij sejam coprimos sempre que i 6= j. É suficiente


mostrar, por exemplo, que existe um elemento x ∈ A tal que ϕ (x) = (1, 0, . . . , 0). Uma
vez que I1 + Ii = (1), para cada i = 2, . . . , n, temos ui ∈ I1 e vi ∈ Ii tais que ui + vi = 1.
Tome x = v2 · · · vn . Então

x = (1 − u2 ) · · · (1 − un ) ≡ 1 mod I1 e x ≡ 0 mod Ii , i = 2, . . . , n.

Portanto, ϕ (x) = (1, 0, . . . , 0), como desejado.


n
T
(iii) Evidente, uma vez que Ker (ϕ) = Ii . 
i=1
Capı́tulo 1. Anéis e Ideais 5

Teorema 1.6 Seja A um anel.


n
S
i) Se P1 , . . . , Pn são ideais primos em A e I é um ideal em A tal que I ⊆ Pi , então
i=1
I ⊆ Pi para algum i.
n
T
ii) Se I1 , . . . , In são ideais em A e P é um ideal primo em A tal que In ⊆ P, então
i=1
n
T
Ii ⊆ P, para algum i. Se P = In , então P = Ii para algum i.
i=1

Demonstração: (i) Provemos, por indução em n, que se I 6⊆ Pi , para todo i = 1, . . . , n,


n
S
então I 6⊆ Pi . É, certamente verdade para n = 1. Se n > 1 e o resultado é válido para
i=1
n − 1, então, para cada i existe xi ∈ I tal que xi ∈ / Pj sempre que i 6= j. Se, para algum
i, xi ∈ resultado segue. Caso contrário, xi ∈ Pi para todo i = 1, . . . , n. Considere,
/ Pi o P
então, x = ni=1 x1 · · · xi−1 xi+1 · · · xn . Note que x ∈ I e x ∈
/ Pi , para todo i = 1, . . . , n.
Sn
Portanto, I 6⊆ Pi .
i=1
(ii) Suponha que Ii 6⊆ P para todo i. Então, para cada i = 1, . . . , n existe xi ∈ Ii
n
T
tal que xi ∈
/ P e, portanto, x1 · · · xn ∈ I1 · · · In ⊆ Ii , mas x1 · · · xn ∈
/ P pois P é primo.
i=1
n
T n
T
Logo, In 6⊆ P. Finalmente, se P = In , então P ⊆ Ii , para todo i e, do que vimos
i=1 i=1
anteriormente, P = Ii para algum i. 
Álgebra Comutativa I

Aula 03

15 de março de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Anéis e Ideais 1
1.1 Operações sobre ideais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Extensões e contrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Módulos 4
2.1 Módulos e homomorfismos de módulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Submódulos e módulos quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

ii
Capı́tulo 1

Anéis e Ideais

1.1 Operações sobre ideais


Se I e J são ideais em um anel A o ideal quociente de J por I ou ideal condutor
de I a J é o conjunto
(J : I) = {a ∈ A; aI ⊆ J} .
Em particular, (0 : I) é denominado de o anulador de I, sendo também denotado por
Ann (I). O anulador de I é, portanto, o conjunto de todos os x ∈ A tais que xI = 0. Se I
é um ideal principal (x), escrevemos (J : x) em vez de (J : (x)). Nesta notação, o conjunto
dos divisores de zero em A é
S S
ZA = (0 : x) = Ann (x) .
x∈A\{0} x∈A\{0}

Exercı́cio 1.1 Mostre que:

a) J ⊆ (J : I).

b) (J : I) I ⊆ J.

c) ((J : I) : L) = (J : IL) = ((J : L) : I).


 
T T
d) Jλ : I = (Jλ : I).
λ∈Λ λ∈Λ

P
 
T
e) J : Iλ = (J : Iλ ).
λ∈Λ λ∈Λ

Se I é um é um ideal em A, o radical de I é o conjunto



I = {x ∈ A; xn ∈ I, para algum n > 0} .

Se π : A → A/I é a projeção canônica, então I = π−1 NA/I e, portanto, do Teorema da

√ √
Correspondência para Ideais, I é um ideal. Dizemos que um ideal é radical se I = I.

Exercı́cio 1.2 Mostre que:

1
2 Álgebra Comutativa I


a) I ⊆ I.
p√ √
b) I = I.
√ √ √ √
c) IJ = I ∩ J = I ∩ J.

d) I = (1) ⇔ I = (1).
√ p√ √
e) I + J = I + J.

f) Se P é um ideal primo, então Pn = P, para todo n > 0.

Teorema 1.1 O radical de um ideal I é a interseção dos ideais primos que o contém.

Demonstração: Segue imediatamente da caracterização do nilradical e do Teorema da


Correspondência para Ideais. 

Sp
OBSERVAÇÃO 1.1 ZA = (0 : x).
x6=0

Exemplo 1.1 Se A = Z e I = (m), sejam p1 , . . . , pn os divisores primos de m. Então


√ n
T
I = (p1 · · · pn ) = (pi ) .
i=1

√ √
Teorema 1.2 Sejam I e J ideais em um anel A tais que I e J são coprimos. Então I
e J são coprimos.

Demonstração: Temos que


p q√ p p
I+J= I + J = (1) = (1)

e, portanto, pelo Exercı́cio 1.2-(d), I + J = (1). 

1.2 Extensões e contrações


Seja f : A → B um homomorfismo. Se I é um ideal em A, o conjunto f (I) não é,
necessariamente, um ideal em B (por exemplo, seja f : Z → Q a inclusão de Z em Q e
tome qualquer ideal não-nulo em Z). Definimos a extensão Ie de I a B via f como sendo
e
o ideal Bf (I) gerado
P por f (I) em B. Explicitamente, I é o conjunto de todas as somas
finitas da forma bi f (xi ) onde xi ∈ I e bi ∈ B.
Se J é um ideal em B então f−1 (J) sempre é um ideal de A, que chamaremos de a
contração Jc de J a A via f.
Se J é primo, então Jc é primo. Se I é primo, então Ie não precisa ser primo (por
exemplo, se f é a inclusão de Z em Q e I é um ideal qualquer em Z, então Ie = Q que,
por sua vez, não é maximal).
Capı́tulo 1. Anéis e Ideais 3

Podemos fatorar f como segue:


g h
A → f (A) → B

onde g é sobrejetora e h é injetora. Para g a situação é muito simples: existe uma


correspondência biunı́voca entre os ideais de f (A) e os ideais de A que contém Ker (f) e
ideais primos correspondem a ideais primos. Para h, por outro lado, a situação geral é
bem mais complicada.

Teorema 1.3 Sejam f : A → B um homomorfismo de anéis e I e J ideais em A e B,


respectivamente.

i) I ⊆ Iec e J ⊇ Jce .

ii) Jc = Jcec e Ie = Iece .

iii) Se C é o conjunto de todos os ideais contraı́dos a A via f e E é o conjunto de todos


os ideais estendidos a B via f, então C = {I; Iec = I}, E = {J; Jce = J} e I 7→ Ie é uma
bijeção de C em E cuja inversa é J 7→ Jc .

Demonstração: (i) é trivial e (ii) segue de (i).


(iii) Se I ∈ C, então I = Jc = Jcec = Iec . Reciprocamente, se I = Iec , então I é a
contração de Ie . Se procede de modo análogo com E. 

Exercı́cio 1.3 Seja f : A → B um homomorfismo de ideais. Se I, I1 e I2 são ideais em A


e J, J1 e J2 são ideais em B, então:

a) (I1 + I2 )e = Ie1 + Ie2 . f) (J1 + J2 )c ⊇ Jc1 + Jc2 .

b) (I1 ∩ I2 )e ⊆ Ie1 ∩ Ie2 . g) (J1 ∩ J2 )c = Jc1 ∩ Jc2 .

c) (I1 I2 )e = Ie1 Ie2 . h) (J1 J2 )c ⊇ Jc1 Jc2 .


d) (I1 : I2 )e ⊆ (Ie1 : Ie2 ). i) (J1 : J2 )c ⊆ (Jc1 : Jc2 ).
√e √ √ c √
e) I = Ie j) J = Jc
Capı́tulo 2

Módulos

2.1 Módulos e homomorfismos de módulos


Seja A um anel (comutativo, como sempre). Um A-módulo é um grupo abeliano
aditivo M sobre o qual A atua linearmente. Mais precisamente, ele é um par (M, ·),
onde M é um grupo abeliano aditivo e · : A × M → M é uma aplicação que ao par
(a, m) ∈ A × M faz corresponder o elemento am de M de modo que os seguintes axiomas
são satisfeitos:

i) a (x + y) = ax + ay,

ii) (a + b) x = ax + bx,

iii) (ab) x = a (bx),

iv) 1x = x,

onde a, b ∈ A e x, y ∈ M. De modo equivalente, um A-módulo M é um par (M, ϕ)


onde M é um grupo abeliano aditivo e ϕ é um homomorfismo de A no anel E (M) dos
endomorfismos de M.
A noção de módulo é uma generalização comum de vários conceitos familiares, como
os exemplos a seguir mostram.

Exemplo 2.1 i) Um ideal I de um anel A é um A-módulo. Em particular, o próprio


anel A é um A-módulo.

ii) Se A é um corpo K então um A-módulo é o mesmo que um K-espaço vetorial.

iii) Se A = Z, então um Z-módulo é um grupo abeliano (defina nx como sendo a soma


de n parcelas iguais a x)

Sejam M e N A-módulos. Uma aplicação f : M → N é dita A-linear (ou homomor-


fismo de A-módulos) se

f (x + y) = f (x) + f (y) e f (ax) = af (x) ,

4
Capı́tulo 2. Módulos 5

para todo a ∈ A e todo x, y ∈ M. Portanto, f é um homomorfismo de grupos abelianos


com a ação de cada a. Se A é um corpo, um homomorfismo de A-módulos é o mesmo
que uma transformação linear entre espaços vetoriais.
A composição de aplicações A-lineares é ainda uma aplicação A-linear.
O conjunto de todas as aplicações lineares entre os A-módulos M e N pode ser con-
vertido em um A-módulo. Para isso, se f, g : M → N são A-lineares e a ∈ A, definimos
as funções f + g, af : M → N pontualmente fazendo

(f + g) (x) = f (x) + g (x) e (af) (x) = af (x) .

É trivial verificar que os axiomas de A-módulo são satisfeitos. Este A-módulo é denotado
por HomA (M, N) (ou simplesmente Hom (M, N) quando não houver risco de ambiguidade
quanto ao anel A).
Dados f ∈ HomA (M, N) e um A-módulo P, podemos considerar as seguintes aplica-
ções:

f∗ : HomA (P, M) → HomA (P, N)


ϕ 7→ f ◦ ϕ

f∗ : HomA (N, P) → HomA (M, P)


ψ 7→ ψ ◦ f.

Estas aplicações são homomorfismos de A-módulos.

OBSERVAÇÃO 2.1 Note que HomA (A, M) =M. ∼ De fato, dado f ∈ HomA (A, M), tem-
se f (a) = af (1), para todo a ∈ A e, consequentemente, a aplicação f é unicamente
determinada por f (1) que, por sua vez, pode ser qualquer elemento de M.

2.2 Submódulos e módulos quociente


Um submódulo N de M é um subgrupo de M que é fechado quanto a multiplicação
por elementos de A. O grupo abeliano M/N herda então uma estrutura de A-módulo
definida por a (x + N) = ax + N. O A-módulo M/N é o quociente de M por N. A
projeção canônica π : M → M/N dada por π (x) = x é uma aplicação A-linear.

OBSERVAÇÃO 2.2 Existe uma correspondência um-para-um preservando a ordem defi-


nida pela inclusão entre os submódulos de M que contém N e os submódulos de M/N.
Assim, o Teorema da Correspondência para Ideais é um caso particular daqui.

Se f : M → N é um A-linear, o núcleo de f é o conjunto

Ker (f) = {x ∈ M; f (x) = 0}

e é um submódulo de M. A imagem de f é o conjunto

Im (f) = f (M)
6 Álgebra Comutativa I

e é um submódulo de N. O conúcleo de f é

Coker (f) = N/ Im (f)

o qual é um módulo quociente de N.

OBSERVAÇÃO 2.3 Se M0 é um submódulo de M tal que M0 ⊆ Ker (f), então f dá origem
a uma aplicação A-linear f̄ : M/M0 → N, definido da seguinte forma: se x é a imagem
de x ∈ M pela projeção canônica, então f̄ (x) = f (x). O núcleo de f̄ é Ker (f) /M0 . O
homomorfismo f̄ é dito induzido por f, em particular, tomando M = Ker (f), temos um
isomorfismo de A-módulos:
M/ Ker (f) = ∼ Im (f) .
Álgebra Comutativa I

Aula 04

17 de março de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Módulos 1
1.1 Operações sobre submódulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Soma direta e produto direto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Módulos finitamente gerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ii
Capı́tulo 1

Módulos

1.1 Operações sobre submódulos


T Seja M um A-módulo e seja {Mλ }λ∈Λ uma famı́liaPde submódulos de M. A interseção
Mλ é, claramente, um submódulo de M. A soma Mλ é o conjunto de todas as somas
λ∈Λ P λ∈Λ
finitas da forma xλ onde xλ ∈ Mλ e L ⊆ Λ é um subconjunto finito de ı́ndices. Observa-
P λ∈L
se que Mλ é o menor submódulo de M que contém todos os Mλ simultaneamente, isto
P λ∈Λ
é, Mλ pode ser visto como sendo a interseção de todos os submódulos de M que contém
λ∈Λ
cada um dos Mλ .

Teorema 1.1 i) Se N ⊆ M ⊆ L são A-módulos, então


L/N ∼ L
= .
M/N M

ii) Se M1 e M2 são submódulos de M, então


M1 + M2 ∼ M2
= .
M1 M1 ∩ M2
Demonstração: (i) Defina θ : L/N → L/M por θ (x + N) = (x + M). Então θ é uma
aplicação A-linear sobrejetora bem definida de L/N em L/M cujo núcleo é M/N. Do
Teorema do Isomorfismo o resultado segue.
(ii) A composição de aplicações A-lineares
i π
M2 ,→ M1 + M2 → (M1 + M2 ) /M1

onde i é a inclusão de M2 em M1 + M2 e π é a projeção canônica é sobrejetora e seu


núcleo é M1 ∩ M2 . Do Teorema do Isomorfismo o resultado segue. 

Não podemos, em geral, definir o produto de dois submódulos, mas podemos definir
o produto IM de um idealP I de um anel A e um A-módulo M. Ele é o cojunto de todas
as somas finitas da forma ai xi , com ai ∈ I e xi ∈ M e verifica-se facilmente que é um
A-submódulo de M.

1
2 Álgebra Comutativa I

Se N e P são A-submódulos de um A-módulo M, definimos

(P :A N) := {a ∈ A; aN ⊆ P} .

Ele é um ideal em A chamado de o condutor de N a P. Em particular,

(0 :A M) := {a ∈ A; aM = 0}

é chamado de anulador de M e é também denotado por Ann (M). Se I ⊆ (0 :A M),


podemos enxergar M como um A/I-módulo como segue: se a ∈ A/I é representado por
a ∈ I, defina ax = ax, com x ∈ M. Note que isto independe da escolha do representante
da classe a pois, se a = b, então a − b ∈ (0 :A M) e, portanto, para todo x ∈ M,
(a − b) x = 0, ou seja ax = bx.
Um A-módulo M é dito fiel se (0 :A M) = 0. De modo geral, se I = (0 :A M), então
M é fiel enquanto um A/I-módulo.

Exercı́cio 1.1 Mostre que

a) (0 :A M + N) = (0 :A M) ∩ (0 :A N).

b) (P :A N) = (0 :A (N + P) /P).

Se x é um elemento de um A-módulo M, o conjunto Ax = {ax; a ∈ A} é um A-


submódulo de M, chamado módulo cı́clico gerado por x..P Deste modo, se {xλ }λ∈Λ é
um subconjunto não-vazio do A-módulo M tal que M = Axλ , dizemos que {xλ }λ∈Λ
λ∈Λ
é um conjunto de geradores de M. Isso significa que todo elemento x de M pode
ser escrito (não necessariamente de modo único) como combinação linear finita dos xλ
com coeficientes em A. Um A-módulo M é dito finitamente gerado se possui um
subconjunto finito de geradores.

1.2 Soma direta e produto direto


Se M e N são A-módulos, sua soma direta M ⊕ N é o conjunto de todos os (x, y),
com x ∈ M e y ∈ N. Ele é um A-módulo se definimos a adição neste conjunto e a
multiplicação por elementos de A de modo ordinário:

(x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 ) e a (x, y) = (ax, ay) .

Mais geralmente,
L se {Mλ }λ∈Λ é uma famı́lia qualquer de A-módulos, definimos a soma
direta Mλ como sendo a coleção de todos as sequências da forma (xλ )λ∈Λ , onde xλ ∈ Mλ
λ∈Λ
para todo λ ∈ Λ e xλ 6= 0 apenas para uma quantidade finita de ı́ndices.QRetirando a
restrição quanto a quantidade de xλ não-nulos, temos o produto direto Mλ . Soma
λ∈Λ
direta e produto direto são, portanto, iguais se o conjunto Λ de ı́ndices for finito, não
valendo a igualdade entre estes conjuntos, em geral, de outro modo.
Capı́tulo 1. Módulos 3

Q
n
Suponha que o anel A seja um produto direto Ai de anéis. Então o conjunto de
i=1
todos os elementos da forma

(0, . . . , 0, ai , 0, . . . , 0) , ai ∈ Ai

é um ideal de A, denotado por Ii , que não é um subanel de A, exceto em casos triviais,


pois não contém a identidade de A. O anel A, enquanto A-módulo, é a soma direta dos
ideais I1 , . . . , In . Reciprocamente, dada uma decomposição

A = I1 ⊕ · · · ⊕ In

de A como soma direta de ideais, temos

∼ Q
n
A= (A/Ji ) ,
i=1
L
onde Ji = Ij . Cada ideal Ii é um anel isomorfo a A/Ji . A identidade ei de Ii é um
j6=i
elemento idempotente em A e Ii = (ei ).

1.3 Módulos finitamente gerados


L
Um A-módulo livre é um A-módulo que é isomorfo a um A-módulo da forma Mλ ,
λ∈Λ

onde Mλ =A, enxergando-se A como A-módulo, para todo λ ∈ Λ. Um A-módulo livre
finitamente gerado é, portanto, isomorfo a A ⊕ · · · ⊕ A (n termos) o qual é denotado por
An . Convenciona-se A0 = {0} e escreve-se A0 = 0.

Teorema 1.2 Um A-módulo M é finitamente gerado se, e somente se, é isomorfo a um


quociente de An , para algum inteiro n > 0.

Demonstração: Suponha que M seja finitamente gerado e seja {x1 , . . . , xn } um conjunto


de geradores de M. Defina ϕ : An → M por

ϕ (a1 , . . . , an ) = a1 x1 + · · · + an xn .

Então ϕ é uma aplicação A-linear sobrejetora e, consequentemente, pelo Teorema do


Isomorfismo,
n
M=∼ A .
Ker (ϕ)
Reciprocamente, suponha que exista um isomorfismo ϕ : An /N → M. Se π é a projeção
canônica de An sobre An /N, então a aplicação ϕ ◦ π : An → M é sobrejetora. Se ei =
(0, . . . , 0, 1, 0, . . . , 0), com o 1 aparecendo na i-ésima posição, então e1 , . . . , en geram An
e, consequentemente, {(ϕ ◦ π) (ei ) , i = 1, . . . , n} é um conjunto de geradores de M. 

Seja M um A-módulo. Dizemos que m1 , . . . , mn ∈ M são linearmente indepen-


dentes (LI) sobre A, se a única solução da equação

a1 m 1 + · · · + an m n = 0
4 Álgebra Comutativa I

é a trivial, isto é, ai = 0, para todo i = 1, . . . , n. De modo geral, um conjunto {mλ }λ∈Λ ⊆
M é LI se todo subconjunto finito seu o for.
Um conjunto {mλ }λ ⊆ M é dito uma base de M se é, simultaneamente, um conjunto
LI e um conjunto de geradores de M. Assim, verificamos que um A-módulo M é livre se,
e somente se, possui uma base.

Definição 1.1 Sejam M um A-módulo e m1 , . . . , mn ∈ M. Dizemos que {m1 , . . . , mn } é


um conjunto minimal de geradores de M se m1 , . . . , mn geram M e
P
mi ∈/ Amj , ∀ i.
j6=i

Exemplo 1.1 Seja M = K [x], sendo K corpo. Os conjuntos {1} e {1 − x, x} são conjuntos
minimais de geradores de M enquanto K [x]-módulo.

Teorema 1.3 (Teorema de Cayley-Hamilton) Sejam M um A-módulo finitamente


gerado, I ⊆ A um ideal e ϕ : M → M um endomorfismo tal que ϕ (M) ⊆ IM. Então,
existem a1 , . . . , an ∈ I tais que

ϕn + a1 ϕn−1 + · · · + an−1 ϕ + an = 0. (1.1)

Demonstração: Sejam x1 , . . . , xn ∈ M geradores. Para cada i, tem-se


P
n P
n
ϕ (xi ) = aij xj , aij ∈ I ⇒ ϕ (xi ) − aij xj = 0
j=1 j=1
P
n
⇒ (δij ϕ − aij ) (xj ) = 0 (1.2)
j=1

onde
1, se i = j
δij =
0, se i 6= j
é o delta de Kronecker. Note que podemos escrever (1.2) na seguinte forma matricial:
     
δ11 ϕ − a11 · · · δ1n ϕ − a1n x1 0
.. . . ..   ..   .. 
· . = . 

 . . .
δn1 ϕ − an1 · · · δnn ϕ − ann xn 0

Fazendo  
δ11 ϕ − a11 · · · δ1n ϕ − a1n
X= .. .. ..
,
 
. . .
δn1 ϕ − an1 · · · δnn ϕ − ann
pela fórmula de Cauchy dos cofatores,

adj X · X = det (X) In ,

onde In é a identidade de ordem n, tem-se det (X) (xj ) = 0, para todo j e, consequen-
temente, det (X) é uma função identicamente nula. Expandindo det (X) obtemos uma
igualdade na forma de (1.1). 
Capı́tulo 1. Módulos 5

Corolário 1.1 Sejam M um A-módulo finitamente gerado e I um ideal de A tal que


IM = M. Então existe a ∈ A tal que a ≡ 1 mod I e aM = 0.

Demonstração: Tomando ϕ = Id no Teorema anterior, tem-se

Idn +a1 Idn−1 + · · · + an−1 Id +an = 0

para ai ∈ I. Daı́, para todo m ∈ M, (1 + a1 + · · · + an ) m = 0. Logo, se a = 1 + a1 +


· · · + an tem-se
a ≡ 1 mod I e aM = 0.


Lema 1.1 (Lema de Nakayama) Sejam M um A-módulo finitamente gerado e I um


ideal de A contido em RA . Se IM = M, então M = 0.

Demonstração I: Pelo corolário anterior, existe a ∈ A tal que a ≡ 1 mod I e aM = 0.


Assim, 1 − a ∈ I ⊆ RA e, consequentemente, a = 1 − (1 − a) ∈ U (A). Assim, dado
m ∈ M, tem-se
am = 0 ⇒ a−1 am = a−1 0 ⇒ m = 0.

{u }
Demonstração II: Suponha M 6= 0 e seja 1 , . . . , un um conjunto minimal de geradores
de M. Então, em particular, un ∈ IM e, portanto, existem a1 , . . . , an ∈ I tais que

un = a1 u1 + · · · + an−1 un−1 + an un .

Logo,
(1 − an ) un = a1 u1 + · · · + an−1 un−1
e, uma vez que an ∈ RA temos, pela caracterização do radical de Jacobson, que 1 − an ∈
U (A) e, deste modo, un pertence ao submódulo de M gerado por u1 , . . . , un−1 , o que é
uma contradição. 

Corolário 1.2 Sejam M um A-módulo finitamente gerado, N um A-submódulo de M e


I ⊆ RA um ideal de A. Se M = IM + N então M = N.

Demonstração: Temos que


M IM + N M
M = IM + N ⇒ = =I .
N N N
M
Logo, do Lema de Nakayama, = 0 e, consequentemente, M = N. 
N
Álgebra Comutativa I

Aula 05

22 de março de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Módulos 1
1.0.1 Módulos finitamente gerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Sequências exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Produto tensorial de módulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

ii
Capı́tulo 1

Módulos

1.0.1 Módulos finitamente gerados


Sejam A um anel local, M seu ideal maximal sendo K = A/M seu corpo residual e M
um A-módulo finitamente gerado. O quociente M/MM é anulado por M sendo então,
de modo natural, um A/M-módulo, ou seja, um K-espaço vetorial e, como tal, possui
dimensão finita.
Proposição 1.1 Sejam M um A-módulo, sendo(A, M) anel local e K = A/M seu corpo
residual. Sejam m1 , . . . , mn ∈ M tais que {m1 , . . . , mn } é uma base do K-espaço vetorial
M/MM. Então {m1 , . . . , mn } é um conjunto de geradores de M.
P
n
Demonstração: Considere N = Ami . Por hipótese, segue que a aplicação composta
i=1

i π
N ,→ M → M/MM
é sobrejetora e, portanto, do Teorema do Isomorfismo segue que
N ∼ M ⇒ N + MM = ∼ M ⇒ N + MM = M
=
N ∩ MM MM MM MM
e, assim, o resultado segue pelo Lema de Nakayama. 

Desta forma, se (A, M) é local e M é finitamente gerado sobre A, definimos o número


mı́nimo de geradores de M por
µ (M) := dimK (M/MM) .

1.1 Sequências exatas


Uma sequência de A-módulos e aplicações A-lineares
fi−1 fi fi+1
· · · → Mi−1 −−→ Mi −
→ Mi+1 −−→ · · · (1.1)
é dita um complexo se fi+1 ◦ fi = 0, para todo i, isto é, Im (fi ) ⊆ Ker (fi+1 ) para todo
i. Quando Im (fi ) = Ker (fi+1 ), dizemos que a sequência é exata em i. Se a sequência é
exata para todo i, dizemos simplesmente que é exata. Em particular,

1
2 Álgebra Comutativa I

f
1. 0 → N → M é exata ⇔ f é injetora;
g
2. M → P → 0 é exata ⇔ g é sobrejetora;
f g
3. 0 → N → M → P → 0 é exata ⇔ f é injetora, g é sobrejetora e Im (f) = Ker (g).

Uma sequência exata como em (3) é chamada de sequência exata curta. Neste caso
M M ∼
Coker (f) = = = Im (g) = P.
Im (f) Ker (g)

Qualquer sequência exata longa como em (1.1) pode ser subdividida em sequências exatas
curtas. Se Ni = Im (fi−1 ) = Ker (fi ), temos sequências exatas curtas
f
0 → Ni → Mi →i Ni+1 → 0,

para cada i. Quando N ⊆ M é um submódulo de M, a sequência


i π
0 → N ,→ M → M/N → 0

é exata e chamada de sequência exata (curta) estrutural.

Teorema 1.1 i) Seja


f g
0 → P1 → P2 → P3 (1.2)
uma sequência de A-módulos e aplicações A-lineares. Então a sequência (1.2) é
exata se, e somente se, para todo A-módulo M a sequência
f g∗
0 → Hom (M, P1 ) →

Hom (M, P2 ) → Hom (M, P3 ) (1.3)

é exata.

ii) Seja
f g
N1 → N2 → N3 → 0 (1.4)
uma sequência de A-módulos e aplicações A-lineares. Então a sequência (1.4) é
exata se, e somente se, para todo A-módulo M a sequência
g∗ f∗
0 → Hom (N3 , M) → Hom (N2 , M) → Hom (N1 , M) (1.5)

é exata.

Demonstração:
(ii) Suponha que (1.4) seja exata e seja M um A-módulo arbitrário. Seja ϕ ∈
Hom (N3 , M). Se g∗ (ϕ) = ϕ ◦ g = 0, segue da sobrejetividade de g que deve ser ϕ = 0
e, portanto, g∗ é injetora. Temos que (f∗ ◦ g∗ ) (ϕ) = g∗ (ϕ) ◦ f = ϕ ◦ g ◦ f = ϕ ◦ 0 = 0 e,
portanto, f∗ ◦ g∗ = 0. Agora, seja ψ ∈ Hom (N2 , M) e suponha que ψ ∈ Ker (f∗ ). Então
f∗ (ψ) = ψ ◦ f = 0 e, portanto, Ker (g) = Im (f) ⊆ Ker ψ. Note que
∼ 2 / Ker (g) = N2 / Im (f) .
N3 = Im (g) =N
Capı́tulo 1. Módulos 3

Segue que existe uma aplicação A-linear ψ̄ : N3 → M tal que ψ = ψ̄ ◦ g = g∗ ψ̄ .




g
N2 / N3
ψ
 } ψ
M
Logo, ψ ∈ Im (g∗ ).
Reciprocamente, suponha que (1.5) seja exata para todo A-módulo M. Então, g∗ é
injetora para todo M e, consequentemente, g é sobrejetora, basta tomar M = Coker(g)
e π : N3 → Coker(g). Em seguida, temos que f∗ ◦ g∗ = 0 e, daı́, ϕ ◦ g ◦ f = 0, para toda
aplicação A-linear ϕ : N3 → M. Fazendo M = N3 e ϕ a identidade, segue que g ◦ f = 0
e, portanto, Im (f) ⊆ Ker (g). Façamos, agora, M = N2 / Im (f) e seja π : N2 → M a
projeção canônica. Então, π ∈ Ker (f∗ ) = Im (g∗ ) e, daı́, existe ψ : N3 → M tal que
π = g∗ (ψ) = ψ ◦ g. Consequentemente, Im (f) = Ker (π) ⊇ Ker (g). 

Lema 1.1 (Lema da Serpente) Seja


g
0 / N
f / M / P / 0 (1.6)
α β γ
  g0

/ f0 / / /
0 N0 M0 P0 0
um diagrama comutativo, isto é, as linhas acima são sequências exatas curtas e os qua-
drados comutam, ou seja,
β ◦ f = f0 ◦ α e γ ◦ g = g0 ◦ β.
Então (1.6) induz a sequência exata
f̄ ḡ δ f̄0 ḡ0
0 → Ker (α) → Ker (β) → Ker (γ) → Coker (α) → Coker (β) → Coker (γ) → 0,
onde f̄ e ḡ são restrições de f e g e f̄ 0 e ḡ0 são induzidas por f0 e g0 .

OBSERVAÇÃO 1.1 O Lema da Serpente é um caso especial de sequência homológica exata


de álgebra homológica.

Seja C uma classe de A-módulos e seja λ uma função sobre C com valores em Z (ou,
mais geralmente, com valores em um grupo abeliano G). A função λ é aditiva se, para
cada sequência exata curta (3) na qual todos os termos pertencem a C, tivermos
λ (N) − λ (M) + λ (P) = 0.

Exemplo 1.1 Seja A = K um corpo e seja C a classe de todos os K-espaços vetoriais de


dimensão finita. Então V 7→ dim (V) é uma função aditiva sobre C.

Teorema 1.2 Seja 0 → M0 → M1 → · · · → Mn → 0 uma sequência exata de A-módulos


na qual todos os módulos Mi e os núcleos de todos os homomorfismos pertencem a C.
Então, para qualquer função aditiva λ sobre C temos
P
n
(−1)i λ (Mi ) = 0.
i=0
4 Álgebra Comutativa I

Demonstração: Divida a sequência em sequências exatas curtas

0 → Ni → Mi → Ni+1 → 0

(N0 = Nn+1 = 0). Temos então que λ (Mi ) = λ (Ni ) + λ (Ni+1 ). Tomando a soma
alternada dos λ (Mi ) o resultado segue. 

1.2 Produto tensorial de módulos


Sejam S um conjunto não-vazio e A um anel. Uma função F : S → A é dita uma soma
formal finita se existe um subconjunto finito JF ⊆ S tal que F (s) = 0 para todo s ∈ S\JF .
A nomenclatura “soma formal finita” se justifica da seguinte maneira: para cada x ∈ S,
seja Fx : S → A a aplicação definida por

1, se s = x,
Fx (s) =
0, se s 6= x.

Deste modo, se F : S → A é uma soma formal finita e JF = {x1 , . . . , xn } é o conjunto dos


pontos nos quais F não se anula, fazendo ai = F (xi ), para todo i = 1, . . . , n, temos que
P
n
F= ai Fxi .
i=1

A coleção de todas as somas formais finitas, nas condições descritas, munido das operações
usuais de soma e multiplicação por escalar, é um A-módulo denominado de A-módulo
livre gerado por S, sendo denotado por F (S, A). É evidente que a coleção {Fx : x ∈ S},
identificada com o próprio conjunto S, é um conjunto de geradores para F (S, A). Se M
é um A-módulo, uma aplicação f : S → M induz uma aplicação f̃ : {Fx : x ∈ S} → M dada
por f̃ (Fx ) = f (x). Diante disso, não faremos distinção entre as funções f e f̃.

Lema 1.2 Sejam S um conjunto não-vazio, A um anel e f : S → M uma função qualquer


de S em um A-módulo M. Existe, e é única, a aplicação A-linear f : F (S, A) → M tal
que f|S = f.

Demonstração: Seja f : F (S, A) → M dada por

P P
n  n
f (F) = f ai Fxi = ai f (Fxi ) .
i=1 i=1

Então f é, claramente, A-linear. Seja g : F (S, A) → M uma aplicação A-linear tal que
Pn
g|S = f. Deste modo, se F = ai Fxi ∈ F (S, A), temos que
i=1

P P P
 n
 n n
g (F) = g ai Fxi = ai g (Fxi ) = ai f (Fxi ) = f (F) .
i=1 i=1 i=1


Capı́tulo 1. Módulos 5

Agora, sejam M e N A-módulos e seja D o submódulo de F (M × N, A) gerado pela


coleção dos elementos da forma
a (m, n) − (am, n)
a (m, n) − a (m, an)
(m, n) + (m0 , n) − (m + m0 , n)
(m, n) + (m, n0 ) − (m, n + n0 ) ,
a ∈ A, m, m0 ∈ M e n, n0 ∈ N. Definimos o produto tensorial de M e N, denotado
por M ⊗ N, como sendo o quociente F (M × N, A) /D. A classe de equivalência de
(m, n) ∈ M × N é representada por m ⊗ n e é chamada de o produto tensorial de m
e n. Note que, da definição, o produto tensorial satisfaz
a (m ⊗ n) = am ⊗ n = m ⊗ an,
m ⊗ n + m0 ⊗ n = (m + m0 ) ⊗ n,
m ⊗ n + m ⊗ n0 = m ⊗ (n + n0 ) .
OBSERVAÇÃO 1.2 Temos, da definição de produto tensorial, que o conjunto
{m ⊗ n : m ∈ M e n ∈ N}
é um conjunto gerador de M⊗N, isto é, todo elemento de M⊗N é uma combinação linear
finita de elementos da forma m ⊗ n. Em particular, se {mλ }λ∈Λ e {nθ }θ∈Θ são conjuntos
geradores de M e N, respectivamente, então
{mλ ⊗ nθ : λ ∈ Λ e θ ∈ Θ}
é um conjunto gerador de M ⊗ N. Contudo, em geral, não é verdade que todo elemento
de M ⊗ N seja da forma m ⊗ n.
Definição 1.1 Sejam M, N e P três A-módulos. Uma aplicação f : M × N → P é dita
A-bilinear se, para todo m ∈ M e todo n ∈ N, as aplicações fm : N → P e fn : M → P
dadas por fm (u) = f (m, u) e fn (v) = f (v, n) são A-lineares, isto é, f (m, n) é A-bilinear
se é A-linear, separadamente, em cada uma de suas variáveis.
Segue da definição acima que a aplicação
g: M × N → M ⊗ N (1.7)
(m, n) 7→ m ⊗ n
é bilinear.
Teorema 1.3 (Propriedade Universal do Produto Tensorial) Sejam M e N A-
módulos. Então existe um par (T, g), onde T é um A-módulo e g : M × N → T é uma
aplicação A-bilinear satisfazendo: dados um A-módulo P e uma aplicação A-bilinear
f : M × N → P, existe um único homomorfismo f0 : T → P tal que o diagrama
g
M×N / T
f
 { f0
P
comuta, isto é, f ◦ g = f. Além disso, se (T, g) e (T 0 , g0 ) satisfazem a proposição, existe
0

um único isomorfismo j : T → T 0 tal que j ◦ g = g0 .


6 Álgebra Comutativa I

Demonstração: EXISTÊNCIA. Sejam T = M ⊗ N e g : M × N → M ⊗ N a aplicação


(1.7). Se f : M × N → P é uma aplicação A-bilinear, segue do Lema 1.2 que existe uma
única extensão linear f de f a F (M × N, A) e, consequentemente, uma única aplicação
quociente f0 : M ⊗ N → P tal que f0 (m ⊗ n) = f (m, n) = f (m, n).

UNICIDADE. Substituindo (P, f) por (T 0 , g0 ) temos que existe uma única aplicação j : T →
T 0 tal que g0 = j ◦ g. Invertendo os papéis de T e T 0 segue que existe uma única aplicação
j0 : T 0 → T tal que g = j0 ◦ g0 . Assim,

j ◦ g = g0 j ◦ (j0 ◦ g0 ) = g0 (j ◦ j0 ) ◦ g0 = g0 j ◦ j0 = IdT 0
⇒ ⇒ ⇒
j0 ◦ g0 = g j0 ◦ (j ◦ g) = g (j0 ◦ j) ◦ g = g j0 ◦ j = IdT

e, consequentemente, j é um isomorfismo. 

OBSERVAÇÃO 1.3 O teorema acima assegura que o conjunto das aplicações A-bilinares de
M × N em P está em correspondência biunı́voca com o conjunto das aplicações A-lineares
de M ⊗ N em P.

OBSERVAÇÃO 1.4 Se m⊗n = 0 em M⊗N, não necessariamente, m⊗n = 0 em M0 ⊗N0 ,


sendo M0 ⊆ M e N0 ⊆ N A-submódulos. De fato, considerando, M = Z, M0 = 2Z,
N = N0 = Z2 , temos 2 ⊗ 1 = 1 ⊗ 2 = 0 em M ⊗ N. Porém, 2 ⊗ 1 6= 0 em M0 ⊗ N0 .

Corolário 1.1 Se m⊗n = 0 em M⊗N, então existem A-submódulos finitamente gerados


M0 ⊆ M e N0 ⊆ N tais que m ⊗ n = 0 em M0 ⊗ N0 .

Demonstração: De fato, se m ⊗ n = 0, então (m, n) é combinação linear finita dos


elementos de D e, neste caso, basta tomar M0 e N0 como sendo os submódulos gerados
pelas primeiras e segundas componentes, respectivamente, de cada par ordenado que
constitui uma parcela desta combinação. 

Proposição 1.2 Sejam M, N e P A-módulos. Então, existem e são únicos os seguintes


isomorfismos:

i) M ⊗ N → N ⊗ M; m ⊗ n 7→ n ⊗ m;

ii) (M ⊗ N) ⊗ P → M ⊗ (N ⊗ P); (m ⊗ n) ⊗ p 7→ m ⊗ (n ⊗ p);

iii) (M ⊕ N) ⊗ P → (M ⊗ P) ⊕ (N ⊗ P); (m, n) ⊗ p 7→ (m ⊗ p, n ⊗ p);

iv) A ⊗ M → M; a ⊗ m → am.

Demonstração: Exercı́cio. 

∼ (A/I) ⊗ M.
Exercı́cio 1.1 Se I ⊆ A é um ideal, então M/IM =
Álgebra Comutativa I

Aula 06

24 de março de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Módulos 1
1.1 Propriedades de exatidão do produto tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Módulo Tor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

ii
Capı́tulo 1

Módulos

1.1 Propriedades de exatidão do produto tensorial


Seja f : M × N → P uma aplicação A-bilinear. Para cada x ∈ M a aplicação y 7→
f (x, y) de N em P é A-linear e, portanto, f origina uma aplicação de M em Hom (N, P)
que é A-linear pois f é linear na variável x. Reciprocamente, qualquer aplicação A-linear
ϕ : M → Hom (N, P) define uma aplicação bilinear, a saber, (x, y) 7→ ϕ (x) (y). Portanto
o conjunto S das aplicações A-bilineares de M × N em P está em uma correspondência
biunı́voca natural com Hom (M, Hom (N, P)). Por outro lado, S está em correspondência
biunı́voca com Hom (M ⊗ N, P) graças a Propriedade Universal do Produto Tensorial.
Sendo assim, temos um isomorfismo canônico
∼ Hom (M, Hom (N, P)) .
Hom (M ⊗ N, P) = (1.1)
f g
Proposição 1.1 Sejam N → M → P → 0 uma sequência exata de A-módulos. Para
qualquer A-módulo T
f⊗Id g⊗Id
N ⊗ T −→ M ⊗ T −→ P ⊗ T −→ 0
é uma sequência exata.
f g
Demonstração: Seja U um A-módulo. Como N → M → P → 0 é exata, temos, que

0 → Hom (P, U) → Hom (M, U) → Hom (N, U)

é exata. Fazendo-se U = Hom (T, T 0 ), onde T 0 é um A-módulo, temos que

0 → Hom (P, Hom (T, T 0 )) → Hom (M, Hom (T, T 0 )) → Hom (N, Hom (T, T 0 ))

é uma sequência exata. Portanto,

0 → Hom (P ⊗ T, T 0 ) → Hom (M ⊗ T, T 0 ) → Hom (N ⊗ T, T 0 )

é exata. Assim, como T 0 é arbitrário, tem-se

N⊗T →M⊗T →P⊗T →0

é exata. 

1
2 Álgebra Comutativa I

f f⊗Id
Exemplo 1.1 A sequência 0 → Z → Z tal que f (n) = 2n é exata. Mas 0 −→ Z⊗Z2 −→
Z ⊗ Z2 não é exata. De fato,

(f ⊗ Id) (n ⊗ m) = f (n) ⊗ m = 2n ⊗ m = 0.

Definição 1.1 Seja T um A-módulo. Dizemos que T é plano se qualquer sequência exata
ao ser tensorizada por T continua exata.

Proposição 1.2 Seja T um A-módulo. São equivalentes as seguintes afirmações:

i) T é plano.
f g f⊗Id g⊗Id
ii) Se 0 → N → M → P → 0 é exata, então 0 −→ N ⊗ T −→ M ⊗ T −→ P ⊗ T −→ 0
é exata.
f f⊗Id
iii) Se 0 → N → M é exata, então 0 −→ N ⊗ T −→ M ⊗ T é exata.
f
iv) Se 0 → N → M é exata e M e N são A-módulos finitamente gerados, então
f⊗Id
0 −→ N ⊗ T −→ M ⊗ T é exata.

Demonstração: (i) ⇔ (ii). Decorre do fato de que toda sequência exata longa pode ser
traduzida em sequências exatas curtas.
(ii) ⇔ (iii). Segue da proposição anterior.
(iii) ⇒ (iv). Imediato.
Ps
(iv) ⇒ (iii). Seja u = ni ⊗ti ∈ Ker (f ⊗ Id). Considere N0 como sendo o submódulo
i=1
P
s
gerado pelos ni . Assim, tome u0 = ni ⊗ ti como elemento de N0 ⊗ T . Daı́,
i=1

P
s
(f ⊗ Id) (u) = f (ni ) ⊗ ti = 0.
i=1

P
s
Portanto, existe um A-submódulo finitamente gerado M0 ⊆ M tal que f (ni ) ⊗ ti = 0
i=1
f
em M0 ⊗ T . Agora, considere f0 : N0 → M0 a restrição de f a N0 . Como 0 → N0 →
0
M0
é exata e M0 e N0 são finitamente gerados, por hipótese
f⊗Id
0 −→ N0 ⊗ T −→ M0 ⊗ T

é exata. Logo, u0 = 0 em N0 ⊗ T e u = 0 em N ⊗ T . 

1.2 Módulo Tor


Seja M um A-módulo. Podemos considerar a seguinte sequência exata:
i ε
0 → K1 → F0 → M → 0,
Capı́tulo 1. Módulos 3

sendo F0 um A-módulo livre. Além disso, considere também a seguinte sequência exata:
α
0 → K2 → F1 →1 K1 → 0.

Desta forma, podemos considerar a seguinte sequência:

0O

0 / KO 1
i / F0 ε /M / 0
>
α1

0 / K2 / F1


α ε
F1 →1 F0 → M → 0 (1.2)

A sequência exata (1.2) é dita uma apresentação livre de M. Iterando este processo,
obtemos uma sequência exata de A-módulos livres
α α α ε
F : · · · Fi →i · · · →2 F1 →1 F0 → M → 0

dita uma resolução livre de M.


Sejam M e P A-módulos e considere F uma resolução livre de M. Considere o seguinte
complexo:

i P α ⊗Id
2 P 1 P α ⊗Id
0 P α ⊗Id α ⊗Id
F ⊗ P : · · · −→ Fi ⊗ P −→ · · · −→ F1 ⊗ P −→ F0 ⊗ P −→ 0.

Para cada i ≥ 0, definamos o A-módulo de M e P da seguinte forma:

Ker (αi ⊗ IdP )


TorA
i (M, P) := = Hi (F ⊗ P)
Im (αi+1 ⊗ IdP )

(o i-ésimo módulo de homologia do complexo F ⊗ P).

OBSERVAÇÃO 1.1 Esta construção independe da resolução escolhida.

OBSERVAÇÃO 1.2 Temos que TorA ∼


0 (M, P) = M ⊗ P. De fato, tensorizando (1.2) por P,
temos que
α ⊗Id ε⊗Id
1
F1 ⊗ P −→P
F0 ⊗ P −→P M ⊗ P → 0

é uma sequência exata. Portanto,

Ker (α0 ⊗ IdP ) F0 ⊗ P ∼ M ⊗ P.


TorA
0 (M, P) = = =
Im (α1 ⊗ IdP ) Ker (ε ⊗ IdP )
4 Álgebra Comutativa I

OBSERVAÇÃO 1.3 Uma sequência exata curta 0 → N → M → P → 0 induz uma


sequência exata longa a nı́vel dos módulos Tor:

OBSERVAÇÃO 1.4 É possı́vel construir o TorA


i (M, P) a partir de uma resolução livre de
P e concluir que TorA (M, P) ∼ TorA (P, M).
=
i i

Proposição 1.3 Seja T um A-módulo. Então T é plano se, e somente se, TorA
1 (N, T ) = 0,
para todo A-módulo N.

Demonstração: Exercı́cio. 

Exemplo 1.2 Sejam a ∈ A um não divisor de 0 e N um A-módulo. Desejamos determi-


nar TorA
i (A/ (a) , N). Temos que

π
0 → (a) → A → A/ (a) → 0,
·a
0 → A → (a) → 0.

Desta forma
α ·a ε
0 →2 A → A → A/ (a) → 0
é uma resolução livre de A/ (a). Assim,
α ⊗Id
2 1 α ⊗Id
0 α ⊗Id
0 −→ A ⊗ N −→ A ⊗ N −→ 0.

Portanto,

TorA
i (A/ (a) , N) = 0, ∀ i > 1,
TorA ∼
0 (A/ (a) , N) = (A/ (a)) ⊗ N = N/ (a) N,
Ker (α1 ⊗ Id)
TorA
1 (A/ (a) , N) = = {n ∈ N : an = 0} = (0 :N a) .
Im (α2 ⊗ Id)

Exercı́cio 1.1 Mostre que se T é livre, então é plano.


Álgebra Comutativa I

Aula 07

05 de abril de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Anéis e Módulos de Frações 1


1.1 Anéis de frações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Módulos de frações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ii
Capı́tulo 1

Anéis e Módulos de Frações

1.1 Anéis de frações


Sejam A um anel e S ⊆ A um conjunto multiplicativo. Em A × S defina a seguinte
relação:
(a, s) ∼ (b, t) ⇔ ∃ u ∈ S; u (at − bs) = 0.
a
Note que ∼ é uma relação de equivalência. Denotamos por ou a/s a classe de equi-
s
valência de (a, s), isto é,
a
= (a, s).
s
O conjunto quociente obtido pela relação ∼ é denotado por
S−1 A = (A × S/ ∼) = {a/s : a ∈ A e s ∈ S} .
Note ainda que S−1 A é um anel com as seguintes operações:
a b at + bs a b ab
+ = e · = .
s t st s t st
O conjunto S−1 A é chamado de anel de frações de A com respeito a S.
Exemplo 1.1 Se A é um domı́nio, então S = A\ {0} é um conjunto multiplicativo. Note
que S−1 A = Frac (A).
No contexto geral, considere o seguinte homomorfismo:
f : A → S−1 A
a
a 7→ .
1
Proposição 1.1 (Propriedade Universal dos Anéis de Frações) Seja g : A → B
um homomorfismo de anéis tal que g (s) ∈ U (B), para todo s ∈ S, S ⊆ A conjunto
multiplicativo. Então, existe um único homomorfismo h : S−1 A → B tal que o diagrama
g
A / B
<
f
 h
S−1 A
comuta, isto é, g = h ◦ f.

1
2 Álgebra Comutativa I

Demonstração: UNICIDADE. Seja a/s ∈ S−1 A. Daı́,


a  
a 1
h =h ·
s 1 s
a 1
=h h
1 s
  
s −1
= h (f (a)) h
1
  s −1
= (h ◦ f) (a) h
1
−1
= g (a) (h (f (s)))
= g (a) (g (s))−1 .

EXISTÊNCIA. Defina h (a/s) = g (a) (g (s))−1 . Note que h está bem definida. De fato,
a b
= ⇒ ∃ u ∈ S; u (at − bs) = 0
s t
⇒ g (u) (g (a) g (t) − g (b) g (s)) = 0
⇒ g (a) g (t) − g (b) g (s) = 0 (pois g (u) ∈ U (B) )
⇒ g (a) (g (s))−1 = g (b) (g (t))−1
a  
b
⇒h =h .
s t
Além disso, h é homomorfismo e satisfaz o diagrama. 

OBSERVAÇÃO 1.1 Se A é um anel e S ⊆ A é um conjunto multiplicativo, então S−1 A = 0


se, e somente se, 0 ∈ S.

Exemplo 1.2 Seja S = A\P, onde P ⊆ A é ideal primo. Denotamos S−1 A por AP . Note
que o conjunto
p
PP = ∈ AP : p ∈ P e q ∈
/ P = PAP
q
é um ideal. Além disso, dado a/q ∈ AP \PP , tem-se a ∈
/ P. Daı́, podemos considerar o
a q 1
elemento q/a ∈ AP . Note que · = , ou seja, AP \PP ⊆ U (AP ) e, portanto, (AP , PP )
q a 1
é local.

OBSERVAÇÃO 1.2 A passagem de A para AP é chamada de localização do anel A no


ideal primo P. Note ainda que, se A 6= 0, então AP 6= 0.

Exemplo 1.3 Seja a ∈ A. Considere S = {an : n ≥ 0}. Denotamos S−1 A por Aa . Note
que Aa = 0 se, e somente se, a ∈ NA .

Exemplo 1.4 Sejam I ⊆ A um ideal e S = 1 + I. Denotamos S−1 A por A1+I . Note que
A1+I = 0 se, e somente se, I = A.
Capı́tulo 1. Anéis e Módulos de Frações 3

1.2 Módulos de frações


Sejam M um A-módulo e S ⊆ A um conjunto multiplicativo. Em M × S considere a
seguinte relação:
(m, s) ∼ (n, t) ⇔ ∃ u ∈ S; u (tm − sn) = 0.
m
Note que ∼ é uma relação de equivalência. Denotamos (m, s) por ou m/s. O conjunto
s
quociente definido por ∼ é denotado por

m
S M = (M × S/ ∼) =
−1
:m∈Mes∈S .
s
Note ainda que S−1 M é um S−1 A-módulo com a seguinte operação:
a m am
· = .
r s rs
O conjunto S−1 M é chamado de módulo de frações de M com respeito a S.
OBSERVAÇÃO 1.3 Utilizamos as mesmas notações dos Exemplos 1.2, 1.3 e 1.4 no contexto
de módulos de frações.
Dada uma aplicação A-linear g : M → P, podemos induzir uma aplicação S−1 A-linear
dada por
S−1 g : S−1 M → S−1 P
m g (m)
7→ .
s s
h g
Proposição 1.2 Sejam N → M → P uma sequência exata e S ⊆ A um conjunto multi-
plicativo. Então a sequência
S−1 h S−1 g
S−1 N −→ S−1 M −→ S−1 P
é exata.
 
Demonstração: Devemos mostrar que Im S−1 h = Ker S−1 g . Temos que
S−1 (g ◦ h) = 0 ⇒ S−1 g ◦ S−1 h = 0 ⇒ Im S−1 h ⊆ Ker S−1 g .
 

Por outro lado, seja m/s ∈ Ker S−1 g . Daı́
m 0 g (m) 0
S−1 g = ⇒ =
s 1 s 1
⇒ ∃ u ∈ S; ug (m) = 0
⇒ g (um) = 0
⇒ um ∈ Ker (g) = Im (h)
⇒ ∃ n ∈ N; h (n) = um.
Portanto,
m um h (n) n
= = = S−1 h .
s us us us

4 Álgebra Comutativa I

OBSERVAÇÃO 1.4 O funtor S−1 é exato.

Proposição 1.3 Sejam N, N1 , N2 ⊆ M A-submódulos e S ⊆ A um conjunto multiplica-


tivo. Valem as seguintes propriedades

i) S−1 (N1 + N2 ) = S−1 N1 + S−1 N2 ;

ii) S−1 (N1 ∩ N2 ) = S−1 N1 ∩ S−1 N2 ;


∼ S−1 M/S−1 N;
iii) S−1 (M/N) =
∼ S−1 M. Em particular, S−1 A é A-módulo plano;
iv) S−1 A ⊗ M =
∼ S−1 M ⊗ S−1 P;
v) S−1 (M ⊗ P) =

Demonstração: Exercı́cio. 

Proposição 1.4 Se M é A-módulo finitamente gerado e S ⊆ A é um conjunto multipli-


cativo, então, S−1 M = {0} se, e somente se, S ∩ (0 : M) 6= ∅.

Demonstração: De fato, sejam m1 , . . . , mn ∈ M geradores. Daı́, para cada i = 1, . . . , n,


mi /1 = 0/1. Logo, existem u1 , . . . , un ∈ S tais que ui mi = 0 para todo i = 1, . . . , n.
Tomando u = u1 · · · un ∈ S temos, claramente, que u ∈ (0 : M). 

Proposição 1.5 (Princı́pio Local-Global) Seja M um A-módulo. São equivalentes as


seguintes afirmações:

i) M = 0.

ii) MP = 0, para todo ideal primo P ⊆ A.

iii) MM = 0, para todo ideal maximal M ⊆ A.

Demonstração: (i) ⇒ (ii) ⇒ (iii). Imediato.


(iii) ⇒ (i). Suponhamos, por absurdo, que M 6= 0 e seja m ∈ M\ {0}. Consideremos o
ideal I = (0 :A m) ⊆ A. Note que I ( A (pois 1 ∈
/ I). Logo, existe um ideal maximal M tal
que I ⊆ M. Por hipótese, MM = 0 e, sendo assim, temos, em particular, que m/1 = 0/1.
Logo, existe u ∈ A\M tal que um = 0 e, consequentemente, u ∈ I. Absurdo! Portanto,
M = 0. 

Proposição 1.6 Seja f : M → N uma aplicação A-linear. São equivalentes as seguintes


afirmações:

i) f : M → N é injetora (sobrejetora).

ii) fP : Mp → NP é injetora (sobrejetora) para todo ideal primo P ⊆ A.

iii) fM : MM → NM é injetora (sobrejetora) para todo ideal maximal M ⊆ A.


Capı́tulo 1. Anéis e Módulos de Frações 5

Demonstração: (i) ⇒ (ii) ⇒ (iii). Imediato.


(iii) ⇒ (i). Dada a aplicação A-linear f : M → N, temos que a sequência
i f
0 → Ker (f) → M → P

é exata. Logo,
0 → Ker (f)M → MM → PM
é exata para todo ideal maximal M ⊆ A. Por hipótese, Ker (f)M = {0} para todo ideal
maximal M ⊆ A. Deste modo, pelo Princı́pio Local-Global, Ker (f) = 0 e f é injetor. 

Proposição 1.7 Seja M um A-módulo. São equivalentes as seguintes afirmações:

i) M é plano.

ii) Mp é AP -módulo plano para todo ideal primo P ⊆ A.

iii) MM é AM -módulo plano para todo ideal maximal M ⊆ A.

Demonstração: (i) ⇒ (ii). Lembrando que


∼ S−1 M
S−1 A ⊗A M = e que ∼ M,
A ⊗A M =

seja T um AP -módulo. Daı́,


∼ T ⊗A (AP ⊗A M)
T ⊗AP MP = P
∼ (T ⊗A AP ) ⊗A M
= P

= T ⊗A M.

(ii) ⇒ (iii). Imediato.


f
(iii) ⇒ (i). Seja 0 → N → L uma sequência exata. Então,
f fM
0 → N → L é sequência exata ⇒ 0 → NM → LM é exata para todo M ⊆ A maximal
f ⊗Id
⇒ 0 −→ NM ⊗ MM M−→M LM ⊗ MM é exata para todo M ⊆ A maximal
(f⊗Id)
⇒ 0 −→ (N ⊗A M)M −→M (L ⊗A M)M é exata para todo M ⊆ A maximal
f⊗Id
⇒ 0 −→ N ⊗A M −→ L ⊗A M é exata.
e o resultado segue. 
Álgebra Comutativa I

Aula 08

12 de abril de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Anéis e Módulos de Frações 1


1.1 Ideais de S−1 A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Primeira Lista de Exercı́cios 4

ii
Capı́tulo 1

Anéis e Módulos de Frações

1.1 Ideais de S−1A


Sejam A um anel e S ⊆ A um conjunto multiplicativo. Se I ⊆ A é um ideal, note que
o conjunto
x
S−1 I = :x∈Ies∈S
s
é um ideal de S A. Além disso, todo ideal de S−1 A é da forma anterior. De fato, seja
−1

J ⊆ S−1 A um ideal. Note que



x
J = S−1 (Jc ) = ∈ S−1 A : x ∈ Jc e s ∈ S .
s
Com efeito,
a sa a
∈J⇔ ∈ J ⇔ ∈ J ⇔ a ∈ Jc .
s 1s 1
OBSERVAÇÃO 1.1 S−1 I ( S−1 A ⇔ I ∩ S = ∅. De fato, se x ∈ I ∩ S, temos que
1 x
= ∈ S−1 I.
1 x
Logo, S−1 I = S−1 A. Reciprocamente, se S−1 I = S−1 A, então 1/1 = x/s, com x ∈ I e
s ∈ S. Assim, existe u ∈ S tal que ux = us e, consequentemente ux ∈ I ∩ S.

Seja P ⊆ A um ideal primo tal que P ∩ S = ∅. Note que S−1 P ⊆ S−1 A é primo. De
fato, pela Observação 1.1, temos que S−1 P ( S−1 A. Além disso, dados x/s, y/t ∈ S−1 A
tais que xy/st ∈ S−1 P, temos xy/st = p/r com p ∈ P e r ∈ S. Daı́, existe u ∈ S tal que

(ur) (xy) = ustp ∈ P.

Logo,
x y
xy ∈ P ⇒ x ∈ P ou y ∈ P ⇒ ∈ S−1 P ou ∈ S−1 P ⇒ S−1 P é primo.
s t
Além disso, note que se Q ⊆ S−1 A é um ideal primo, então Q = S−1 (Qc ), sendo Qc ⊆ A
ideal primo (já que Q é primo) e tal que Qc ∩ S = ∅, visto que Q é próprio em S−1 A.

1
2 Álgebra Comutativa I

CONCLUSÃO: Todo ideal primo de S−1 A é da forma S−1 P, com P ⊆ A ideal primo e
P ∩ S = ∅.

Chamamos de espectro do anel A, e o denotamos por Spec (A), o conjunto dos ideais
primos do anel A.

Exemplo 1.1 Seja P ⊆ A um ideal primo.

Spec (AP ) = {QP ⊆ AP : Q é ideal primo de A e Q ∩ (A − P) = ∅}


= {QP ⊆ AP : Q é ideal primo de A e Q ⊆ P} ,

q
onde QP = ∈ AP : q ∈ Q e s ∈
/P .
s
Exemplo 1.2 Seja a ∈ / NA . Daı́,
 
Spec (Aa ) = Qa ⊆ Aa : Q é ideal primo de A e Q ∩ 1, a, a2 , . . . = ∅
= {Qa ⊆ Aa : Q é ideal primo de A e a ∈
/ Q} ,

q
onde QP = ∈ A P : q ∈ Q e n ≥ 0 .
an
Proposição 1.1 Sejam M um A-módulo finitamente gerado e S ⊆ A um conjunto mul-
tiplicativo. Então
S−1 (0 :A M) = 0 :S−1 A S−1 M .


Demonstração: Suponha que M seja cı́clico, isto é, M = Am, para algum m ∈ M. Daı́,
∼ A/I, I = (0 : M) ⇒ S−1 M =
M= ∼ S−1 (A/I) = ∼ S−1 A/S−1 I
⇒ S−1 I = 0 :S−1 A S−1 M


⇒ S−1 (0 :A M) = (0 :S−1 A M) .

Agora suponha que M seja gerado por m1 , m2 ∈ M. Sejam N1 = Am1 e N2 = Am2 .


Daı́, M = N1 + N2 . Assim,

S−1 (0 :A M) = S−1 (0 :A (N1 + N2 ))


= S−1 ((0 :A N1 ) ∩ (0 :A N2 ))
= S−1 (0 :A N1 ) ∩ S−1 (0 :A N2 )
= 0 :A S−1 N1 ∩ 0 :A S−1 N2
 

= 0 :A S−1 N1 + S−1 N2


= 0 :A S−1 (N1 + N2 )


= 0 :A S−1 M .


Lema 1.1 Sejam f : A → B um homomorfismo de anéis e P ⊆ A ideal primo. Então P é


contração de um ideal primo de B se, e somente se, Pec = P.
Capı́tulo 1. Anéis e Módulos de Frações 3

Demonstração: [⇒] Existe um Q ⊆ B, ideal primo, tal que

Qc = P ⇒ Pe = Qce ⇒ Pec = Qcec = Qc = P.

[⇐] Considere S := f (A\P) ⊆ B. Como Pe ∩ S = ∅, temos S−1 Pe ( S−1 B. Daı́, existe


um ideal maximal M ⊆ S−1 B tal que S−1 Pe ⊆ M. Assim, Pe ⊆ Mc = Q ⊆ B, sendo
Q ⊆ B ideal primo com Q ∩ S = ∅. Daı́,

P = Pec ⊆ Qc .

Por outro lado, como Q ∩ S = ∅ segue que Qc ⊆ P. 


Universidade Federal da Paraı́ba
CECEN - Departamento de Matemática
Disciplina: Álgebra Comutativa
Perı́odo: 2021.1 Turma 01

Lista 1

1. Determine os ideais primos dos seguintes anéis: Z/(100) e R[x]/(x4 − 1).

2. Qualquer que seja o anel A, prove que A × A não é um domı́nio.

3. Mostre que se A é um subanel de Z, então A = Z.

4. Mostre que se D é um domı́nio, então D[x] também é.

5. Determine os divisores de zero de: Z6 e Z10 .

6. Calcule o inverso de 12 em Z13 .

7. Seja A um anel comutativo com identidade. Se A é finito, mostre que qualquer ideal
primo em A é um ideal maximal.

8. Seja A um anel não nulo. Mostre que são equivalentes: λ

i) A é um corpo;
ii) os únicos ideais de A são 0 e (1).
ii) qualquer homomorfismo de A em B, sendo B um anel não nulo, é injetivo.

9. Sejam ϕ : A → B um homomorfismo de anéis e P ⊂ B um ideal primo. Mostre que


J := ϕ−1 (P) ⊂ A é ideal primo. Além disso, se M ⊂ B é um ideal maximal, o ideal
I := ϕ−1 (M) ⊂ A é maximal? Justifique a resposta.

: A →p
10. Sejam ϕ √ B um homomorfismo de anéis e J ⊂ B um ideal. Pode-se afirmar
−1
que ϕ ( J) = ϕ−1 (J)? Justifique a resposta.

4
Álgebra Comutativa I - Lista I 5

11. Sejam A um anel e J ⊂ I ideais próprios de A. Se I é principal, pode-se afirmar que


J é principal? Justifique a resposta.

12. Seja A um anel. Suponha que qualquer ideal próprio de A é primo. Mostre que A
é um corpo.

13. Seja x um elemento nilpotente de um anel A. Mostre que 1 + x é uma unidade de


A.

14. Sejam A um anel e I um ideal contido no nilradical de A. Se qualquer elemento


a ∈ A é uma unidade em A/I mostre que a é uma unidade em A.

15. Seja A um anel com a seguinte propriedade: qualquer ideal não contido no nilradical
de A contém um elemento idempotente não nulo (isto é, um elemento e tal que
e2 = e 6= 0). Mostre que o nilradical de A e o radical de Jacobson de A são iguais.

16. Seja A um anel com a seguinte propriedade: dado x ∈ A existe n > 1 tal que
xn = x. Mostre que qualquer ideal primo de A é maximal.

17. Seja A um anel. Suponha que A é reduzido e P é um primo minimal de A (no


sentido da inclusão). Mostre que AP é um corpo.

18. Seja A um anel não nulo. Mostre que o conjunto dos ideais primos de A tem um
elemento minimal com respeito a inclusão.

19. Seja A 6= 0 um anel. Suponha que Am ' An . Mostre que m = n.

20. Sejam A um anel e NA o seu nilradical. Mostre que são equivalentes:

i) A tem exatamente um ideal primo;


ii) Dado x ∈ A, tem-se que x é unidade de A ou x é nilpotente;
iii) A/NA é corpo.

21. Seja h é um elemento de um anel A, mostre que Ah ' A[x]/(1 − hx).

22. Mostre que os únicos elementos idempotentes em um anel local são 0 e 1.

23. Mostre que (Z/mZ) ⊗Z (Z/nZ) = 0 se m, n são coprimos.


6 Álgebra Comutativa I - Lista I

24. Sejam A um anel, I um ideal de A e M um A-módulo. Mostre que (A/I) ⊗A M é


isomorfo a M/IM.

25. Sejam (A, M) um anel local e N, M A-módulos finitamente gerados. Mostre que se
M ⊗ N = 0 então M = 0 ou N = 0.

26. Mostre que se M, N são A-módulos planos então M ⊗ N é um A-módulo plano.

27. Sejam I, J ideais de um anel A. Mostre que TorA


1 (A/I, A/J) = (I ∩ J)/IJ.

28. Sejam A um anel e S um conjunto multiplicativo de A. Seja I um ideal de A.


Definimos a saturação de I com respeito a S por

IS = {a ∈ A | existe s ∈ S com as ∈ I}.

Se I = IS , dizemos que I é saturado (com respeito a S). Mostre que

a) I ⊂ IS ;
b) IS é um ideal de A;
c) Se I ⊂ J são ideais, então IS ⊂ JS ;
d) (IS )S = IS ;
e) (IS JS )S = (IJ)S .

f
29. Sejam (A, M) um anel local com corpo residual K e N → M → P → 0 uma sequência
exata de A-módulos finitamente gerados. Mostre que µ(M) = µ(N) + µ(P) se, e
somente se, o homomorfismo induzido f ⊗ IdK é injetor.

30. Seja 0 → N → M → P → 0 uma sequência exatas de A-módulos. Mostre que se N


e P são finitamente gerados sobre A, então M também é finitamente gerado sobre
A.

31. Sejam A um anel, I um ideal contido no radical de Jacobson de A, M um A-módulo,


N um A-módulo finitamente gerado e u : M → N um homomorfismo. Mostre que
se o homomorfismo induzido M/IM → N/IN é sobrejetivo, então u é sobrejetivo.

32. Sejam M um A-módulo finitamente gerado e ψ : M → An um homomorfismo


sobrejetor. Mostre que Ker(ψ) é finitamente gerado.
Álgebra Comutativa I - Lista I 7

33. Sejam A um anel e I um ideal de A. Se x ∈ A \ I, mostre que a sequência de


A-módulos
ψ φ
0 → A/(I : x) → A/I → A/(I, x) → 0
é exata, sendo ψ(r) = xr a multiplicação por x e φ(r) = r.

34. Sejam A um domı́nio e M um A-módulo. Um elemento m ∈ M é um elemento de


torção de M se 0 : m 6= 0. Mostre que o conjunto dos elementos de torção de M é
um submódulo de M, chamado submódulo de torção de M e denotado por T (M).
Quando T (M) = 0, dizemos que M é livre de torção. Além disso, mostre que

a) Se M é um A-módulo qualquer, então M/T (M) é livre de torção.


b) Se f : M → P é um homomorfismo de A-módulos, então f(T (M)) ⊂ T (P).
c) Se 0 → N → M → P é uma sequência exata de A-módulos, então a sequência
0 → T (N) → T (M) → T (P) é exata.

35. Sejam A um anel, I um ideal de A, S = 1 + I conjunto multiplicativo de A e M um


A-módulo finitamente gerado.

a) Mostre que S−1 I está contido no radical de Jacobson de S−1 A.


b) Se I é tal que IM = M. Mostre que existe x ∈ A tal que x ≡ 1(mod I) e
xM = 0.

36. Seja A um anel. Suponha que, para cada ideal primo P, o anel local AP não possui
elemento nilpotente não nulo. Mostre que A não possui elemento nilpotente não
nulo.

37. Sejam A um anel, N ⊂ M A-módulos finitamente gerados e P um ideal primo de


A. Mostre que NP = MP se, e somente se, N : M * P.

38. Sejam M um A-módulo e I um ideal de A. Suponha que MM = 0 para todo ideal


maximal M ⊇ I. Mostre que M = IM.

39. Sejam A um anel e M um A-módulo finitamente gerado. Se f : M → M é uma


aplicação A-linear sobrejetora, mostre que f é injetora. (Sugestão: note que M é
um A[X]-módulo).

40. Seja f : A → B um homomorfismo sobrejetor. Mostre que f(RA ) ⊂ RB . Construa


um exemplo onde ocorre a inclusão estrita. Além disso, mostre que se A é semi-local
então f(RA ) = RB .
8 Álgebra Comutativa I - Lista I

41. Sejam A um anel e P1 , . . . , Pn ideais primos de A. Mostre que S = A \ (∪ni=1 Pi ) é


um conjunto multiplicativo de A e que o anel S−1 A é semilocal.

42. Sejam M um A-módulo e I um ideal de um anel A. Se J ⊂ I é um ideal, mostre que


A M
HomA ( , ) ' (JM :M I)/JM
I JM
Álgebra Comutativa I

Aula 09

19 de abril de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Condições de Cadeia 1

ii
Capı́tulo 1

Condições de Cadeia

Proposição 1.1 Seja (Σ, ≤) um conjunto parcialmente ordenado. As seguintes condições


sobre Σ são equivalentes:

i) Toda sequência x1 ≤ x2 ≤ · · · em Σ é estacionária (isto é, existe n0 ∈ N tal que,


sempre que n ≥ n0 , xn = xn0 )

ii) Todo subconjunto não-vazio de Σ tem um elemento maximal.

Demonstração: (i) ⇒ (ii). Se (ii) é falso, existe um subconjunto T de Σ que não


possui elemento maximal e, sendo assim, podemos construir indutivamente uma sequência
estritamente crescente em T .
(ii) ⇒ (i). Segue imediatamente do fato de que o conjunto {x1 , . . . , xn , . . .} possui um
elemento maximal. 

Se Σ é o conjunto dos submódulos de um módulo M ordenado parcialmente por ⊆,


então (i) é chamado de condição de cadeia ascendente (cca) e (ii) é a condição ma-
ximal. Um módulo M satisfazendo estas condições equivalentes é dito Noetheriano. Se
Σ é parcialmente ordenado por ⊇, então (i) é a condição de cadeia descendente (ccd)
e (ii) é a condição minimal. Um módulo M satisfazendo estas condições equivalentes
é dito Artiniano.

Exemplo 1.1 Um grupo abeliano finito (visto como Z-módulo) satisfaz cca e ccd.

Exemplo 1.2 O anel Z (como Z-módulo) satisfaz cca, mas não satisfaz ccd. Com efeito, o
primeiro fato é garantido pelo Teorema Fundamental da Aritmética e, quanto ao segundo,
se a 6= 0, temos
(a) ) a2 ) · · · ) (an ) ) · · · .


Exemplo 1.3 O anel de polinômios K [x], K corpo, satisfaz cca, mas não satisfaz ccd
sobre ideais. De fato, satisfaz ccd por ser um domı́nio euclidiano e não satisfaz ccd pois

(x) ) x2 ) · · · ) (xn ) ) · · · .


1
2 Álgebra Comutativa I

Exemplo 1.4 O anel de polinômios K [x1 , . . . , xn , . . .] em um número infinito de indeter-


minadas não satisfaz nenhuma das condições de cadeia sobre ideais: a sequência

(x1 ) ( (x1 , x2 ) ( · · · ( (x1 , . . . , xn ) ( · · ·

é estritamente crescente e a sequência

(x1 ) ) x21 ) · · · ) (xn1 ) ) · · ·




é estritamente decrescente.

Proposição 1.2 Um A-módulo M é Noetheriano se, e somente se, todo submódulo de


M é finitamente gerado.

Demonstração: [⇒] Sejam N um submódulo de M e Σ a coleção de todos os submódulos


finitamente gerados de N. Então Σ é não-vazio (pois (0) ∈ Σ) e, portanto, possui elemento
maximal, digamos, N0 . Suponha, por absurdo, N0 6= N e considere o submódulo N0 +
Ax, onde x ∈ N\N0 . Então N0 + Ax é finitamente gerado e contém N0 propriamente,
contradizendo a maximalidade de N0 . Logo, N0 = N.
[⇐] Seja M1 ⊆ M2 ⊆ · · · uma cadeia ascendente de submódulos de M. Então, N =

S
Mi é um submódulo de M e, consequentemente, é finitamente gerado por, digamos,
n=1
x1 , . . . , xr . Então, para cada i = 1, . . . , r, existe nr ∈ N tal que xi ∈ Mni . Fazendo
n = max {n1 , . . . , nr }, segue que Mn = N e, portanto, a cadeia estaciona. 

Por conta da Proposição 1.2, módulos Noetherianos são mais importantes que módulos
Artinianos. Contudo, muitas das propriedades elementares formais aplicam-se igualmente
a módulos Noetherianos e Artinianos.
α β
Proposição 1.3 Seja 0 → M0 → M → M00 → 0 uma sequência exata de A-módulos.
Então:

i) M é Noetheriano se, e somente se, M0 e M00 são Noetherianos.

ii) M é Artiniano se, e somente se, M0 e M00 são Artinianos.

Demonstração: Provaremos apenas (i) uma vez que a prova de (ii) é análoga.
[⇒] Se M01 ⊆ M02 ⊆ · · · é um cadeia ascendente de submódulos em M0 , então α (M01 ) ⊆
α (M02 ) ⊆ · · · é uma cadeia ascendente de submódulos em M que estaciona dado que
M é Noetheriano. Da injetividade de α, segue M01 ⊆ M02 ⊆ · · · estaciona em M0 .
Analogamente, uma cadeia ascendente de submódulos em M00 induz, via β−1 , uma cadeia
ascendente em M que é estacionária dado que M é Noetheriano e, como β é sobrejetora,
a cadeia em M00 estaciona. ∞
[⇐] Seja (Ln )∞ n=1 uma cadeia ascendente em M. Então, α
−1
(Ln ) n=1 e (β (Ln ))∞
n=1
também são cadeias ascendentes em M0 e M00 , respectivamente. Como estes A-módulos
são Noetherianos, para n suficientemente grande teremos

α−1 (Ln ) = α−1 (Ln+1 ) e β (Ln ) = β (Ln+1 ) .


Capı́tulo 1. Condições de Cadeia 3

Mostremos que Ln = Ln+1 . Note que, para isto, é suficiente mostrar que Ln+1 ⊆ Ln .
Seja x ∈ Ln+1 . Então β (x) ∈ β (Ln+1 ) = β (Ln ) e, neste caso, existe y ∈ Ln tal que
β (y) = β (x). Assim, em particular, x − y ∈ Ker (β) = Im (α) e x − y ∈ Ln+1 (pois
Ln ⊆ Ln+1 ). Daqui, existe z ∈ α−1 (Ln ) = α−1 (Ln+1 ) tal que α (z) = x − y ∈ Ln . Logo
x = (x − y) + y ∈ Ln e Ln+1 ⊆ Ln . 

Corolário 1.1 Se Mi é um módulo Noetheriano (Artiniano) para todo i = 1, . . . , n,


n
L
então Mi também o é.
i=1

Demonstração: Façamos indução em n. Sejam M1 e M2 A-módulos Noetherianos


(Artinianos) e consideremos a sequência exata
α β
0 → M2 → M1 ⊕ M2 → M1 → 0,

onde α (x2 ) = (0, x2 ) e β (y1 , y2 ) = y1 . Segue imediatamente da Proposição 1.3 que


M1 ⊕ M2 é Noetheriano (Artiniano). Supondo que a soma direta de n − 1 módulos
Noetherianos (Artinianos) é um A-módulo Noetheriano (Artiniano), sejam M1 , . . . , Mn
A-módulos Noetherianos (Artinianos). Então, uma vez que
n n−1
α β
0 → Mn → Mi → Mi → 0,
L L
i=1 i=1

onde α (xn ) = (0, . . . , 0, xn ) e β (x1 , . . . , xn−1 , xn ) = (x1 , . . . , xn−1 ), é uma sequência exata,
Ln
da hipótese de indução e da Proposição 1.3, Mi é Noetheriano (Artiniano). 
i=1

Definição 1.1 Um anel A é dito Noetheriano (Artiniano) se A é um A-módulo No-


etheriano (Artiniano).

Exemplo 1.5 Qualquer corpo K é tanto Noetheriano quanto Artiniano.

Exemplo 1.6 Todo domı́nio principal é Noetheriano pois, neste caso, todo ideal é fini-
tamente gerado.

Exemplo 1.7 O anel K [x1 , . . . , xn , . . .], K corpo, como vimos, não é Noetheriano. No
entanto, por ser um domı́nio de integridade, possui um corpo de frações. Logo, um
subanel de um anel Noetheriano não é, necessariamente, Noetheriano.

Proposição 1.4 Sejam A um anel Noetheriano (Artiniano) e M um A-módulo finita-


mente gerado. Então M é Noetheriano (Artiniano).

Demonstração: Sendo M finitamente gerado, para algum n ≥ 1, M é isomorfo a um


quociente de An . Uma vez que A é Noetheriano (Artiniano), do Corolário 1.1, An também
o é. Deste modo, seja N o A-submódulo de An tal que An /N é isomorfo a M, então, uma
vez que a sequência
0 → N → An → An /N → 0
é exata, temos que An /N é Noetheriano (Artiniano). Portanto, M é Noetheriano (Arti-
niano). 
4 Álgebra Comutativa I

Proposição 1.5 Sejam A um anel Noetheriano (Artiniano) e I um ideal de A. Então


A/I é um anel Noetheriano (Artiniano).
Demonstração: Da Proposição 1.3, A/I é Noetheriano (Artiniano) como A-módulo e,
portanto, também será como A/I-módulo. 

Uma cadeia de submódulos de um módulo M é uma sequência (Mi )ni=1 de submódulos


de M tal que
M = M0 ) M1 ) · · · ) Mn = (0) .
O comprimento da cadeia é n (número de inclusões próprias). Uma série de com-
posição de M é uma cadeia maximal, isto é, uma cadeia na qual submódulos extras não
podem ser acrescidos. Isto é equivalente a dizer que cada quociente Mi−1 /Mi , i = 1, . . . , n
é simples, ou seja, os únicos submódulos de Mi−1 /Mi são 0 e ele próprio.
Proposição 1.6 Suponha que M possua uma série de composição de comprimento n.
Então, toda série de composição de M tem comprimento n e toda cadeia em M pode ser
estendida a uma série de composição.
Demonstração: Seja ` (M) o menor comprimento de uma série de composição de um
módulo M. (Escrevemos ` (M) = +∞ se M não possui série de composição.)
i) N ( M ⇒ ` (N) < ` (M).
Seja (Mi ) uma série de composição de comprimento mı́nimo e considere os submódulos
Ni := N ∩ Mi de N. Uma vez que Ni−1 /Ni ⊆ Mi−1 /Mi e este último é um módulo
simples, temos que ou Ni−1 /Ni = Mi−1 /Mi ou Ni−1 = Ni . Deste modo, removendo
os termos repetidos, caso existam, obtemos uma série de composição de N e, portanto,
` (N) ≤ ` (M). Se ` (N) = ` (M) = n, então Ni−1 /Ni = Mi−1 /Mi para todo i = 1, . . . , n.
Logo,
Nn = Mn = 0 ⇒ Nn−1 = Mn−1 ⇒ Nn−2 = Mn−2 ⇒ · · · ⇒ N = N0 = M0 = M,
contradizendo o fato de N ser subconjunto próprio de M.
ii) Qualquer cadeia em M tem comprimento ≤ ` (M).
Seja M = M0 ) M1 ) · · · ) Mk = 0 uma cadeia de comprimento k. Então, por (i),
` (M) > ` (M1 ) > · · · > ` (Mk−1 ) > ` (Mk )
e, portanto, ` (M) ≥ k.
iii) Toda série de composição tem comprimento ` (M).
Se ela tem comprimento k, então, de (ii), k ≤ ` (M). Logo, da minimalidade de ` (M),
devemos ter ` (M) = k.
iv) Toda cadeia de submódulos de M pode ser estendida a uma série de composição.
Se o comprimento de uma cadeia é ` (M) por (ii) ela deve ser uma série de composição.
Se seu comprimento é menor do que ` (M), por (iii), ela não é uma série de composição
e, sendo assim, novos termos podem ser inseridos até que seu comprimento seja ` (M). 
Álgebra Comutativa I

Aula 10

26 de abril de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Condições de Cadeia 1

2 Anéis Noetherianos 3

ii
Capı́tulo 1

Condições de Cadeia

Proposição 1.1 Um A-módulo M possui uma série de composição se, e somente se,
satisfaz ambas as condições de cadeia.

Demonstração: [⇒] Todas as cadeias em M possuem comprimento limitado. Logo,


satisfazem, simultaneamente, cca e ccd.
[⇐] Construa uma série de composição como segue: uma vez que M = M0 satisfaz
a condição maximal, por cca, a coleção Σ1 dos submódulos próprios de M possui um
elemento maximal M1 (segundo a ordem parcial ⊆). Do mesmo modo, a coleção Σ2 dos
submódulos próprios de M1 possui um elemento maximal M2 e assim por diante. Temos,
deste modo, uma cadeia, M = M0 ) M1 ) M2 ) · · · que, pela ccd, deve ser finita sendo
assim, por construção, uma série de composição de M. 

Um módulo satisfazendo cca e ccd é dito módulo de comprimento finito. Pela


Proposição da aula anterior , todas as séries de composição possuem o mesmo compri-
mento ` (M) chamado de o comprimento de M. O Teorema de Jordan-Hölder aplica-se a
módulos de comprimento finito: se (Mi )ni=0 e (M0i )ni=0 são duas séries de composição de M,
existe uma correspondência um-para-um entre os conjuntos de quocientes (Mi−1 /Mi )ni=1
n
e M0i−1 /M0i i=1 de modo que os quocientes correspondentes são isomorfos. A prova é a


mesma que aquela do contexto de grupos finitos.

Proposição 1.2 A função ` (M) é aditiva sobre a classe de todos os A-módulos de com-
primento finito.

α β
Demonstração: Devemos mostrar que se 0 → M0 → M → M00 → 0 é uma sequência
exata, então
` (M) = ` (M0 ) + ` (M00 ) .
Sejam M0 = M00 ) M01 ) · · · ) M0r = 0 e M00 = M000 ) M001 ) · · · ) M00s = 0 séries de
composição em M0 e M00 , respectivamente. Assim,

M = β−1 (M00 ) = β−1 (M000 ) ) β−1 (M001 ) ) · · · ) β−1 (M00s ) = β−1 (0) = Ker (β)
= Im (α) = α (M0 ) = α (M00 ) ) α (M01 ) ) · · · ) α (M0r ) = α (0) = 0

é uma série de composição de M e o resultado segue. 

1
2 Álgebra Comutativa I

Proposição 1.3 Para um K-espaço vetorial V, as seguintes condições são equivalentes:


i) dimensão finita.
ii) comprimento finito.
iii) cca.
iv) ccd.
Além disso, se essas condições são satisfeitas,
comprimento = dimensão.
Demonstração: (i) ⇒ (ii). Seja {x1 , . . . , xn } uma base de V. Então
P
n P
n−1
V = V0 = Kxi ) V1 = Kxi ) · · · ) Vn−1 = Kx1 ) Vn = 0
i=1 i=1

é, claramente, uma série de composição em V e, além disso, ` (V) = n = dimK (V).
(ii) ⇒ (iii) e (ii) ⇒ (iv). Segue imediatamente da Proposição 1.1.
(iii) ⇒ (i) e (iv) ⇒ (i). Suponha que (i) seja falsa. Então existe uma sequência
infinita (xn )∞
n=1 de elementos linearmente independentes de V. Sejam Un e Wn os espaços
gerados por {x1 , . . . , xn } e {xn+1 , xn+2 , . . .}, respectivamente. Então as cadeias (Un )∞
n=1 e

(Wn )n=1 são infinitas, sendo a primeira estritamente crescente e a segunda estritamente
decrescente. 
Corolário 1.1 Seja A um anel no qual o ideal nulo é um produto M1 · · · Mn de ideais
maximais (não necessariamente distintos). Então A é Noetheriano se, e somente se, é
Artiniano.
Demonstração: Considere a cadeia de ideais
A ) M1 ) M1 M2 ) · · · ) M1 · · · Mn = 0.
M1 · · · Mi−1
Cada termo é um espaço vetorial sobre o corpo A/Mi . Logo, cca se, e
M1 · · · Mi
somente se, ccd para cada termo. Considere a sequência exata
M1 A A
0→ → → → 0. (1.1)
M1 M 2 M1 M2 M1
Sendo A/M1 e M1 /M1 M2 A/M1 -espaços vetoriais, temos que tais módulos são Noethe-
rianos se, e somente se, são Artinianos. Portanto, se A é Noetheriano então A/M1 e
M1 /M1 M2 são Noetherianos e, consequentemente, Artinianos. Logo, por (1.1), A/M1 M2
é Artiniano. Continuando a iteração, considere a sequência exata
M1 M2 A A
0→ → → → 0. (1.2)
M1 M2 M 3 M1 M2 M3 M1 M2
para concluir, supondo A Noetheriano, que A/M1 M2 M3 é Artiniano. Prosseguindo com
este argumento, obtemos que
A A
= =A
M1 · · · M n 0
é Artiniano. 
Capı́tulo 2

Anéis Noetherianos

Proposição 2.1 Se A é Noetheriano e ϕ é um homomorfismo sobrejetor de A em um


anel B, então B é Noetheriano.

Demonstração: Seja ϕ : A → B um homomorfismo sobrejetor. Fazendo-se I = Ker (ϕ),


∼ A/I, temos, então,
sendo A Noetheriano, temos que A/I também o é. Uma vez que B =
que B é Noetheriano. 

Proposição 2.2 Seja A um subanel de B. Suponha que A seja Noetheriano e B seja


finitamente gerado como A-módulo. Então B é Noetheriano (como anel).

Exemplo 2.1 Se B = Z [i] é o anel dos inteiros de Gauss, então, pela Proposição 2.2, B
é Noetheriano.

Proposição 2.3 Se A é Noetheriano e S é um subconjunto multiplicativo de A, então


S−1 A é Noetheriano.

Demonstração I: Os ideais de S−1 A estão em uma correspondência biunı́voca, que pre-


serva a ordem parcial dada pela inclusão, com os ideais contraı́dos de A e, portanto,
satisfazendo a condição maximal. 

Demonstração II: Se I é um ideal qualquer de A, então I possui um conjunto finito


x1 xn
{x1 , . . . , xn } de geradores e, uma vez que , . . . , geram S−1 I, o resultado segue. 
1 1
Corolário 2.1 Se A é Noetheriano e P é um ideal primo de A, então AP é Noetheriano.

Teorema 2.1 (Teorema da Base de Hilbert) Se A é Noetheriano, então o anel de


polinômios A [x] é Noetheriano.

Demonstração: Mostraremos que se A [x] não é Noetheriano, então A não é Noetheri-


ano. De fato, seja I ⊆ A [x] um ideal não finitamente gerado. Tome f1 ∈ I\ {0} de menor
grau possı́vel. Considere, agora, f2 ∈ I\ (f1 ) com o menor grau possı́vel. Supondo obtidos
f1 , f2 , . . . , fk−1 ∈ I, seja fk ∈ I\ (f1 , . . . , fk−1 ) de menor grau possı́vel. Sejam ak ∈ A e dk
o coeficiente lı́der e o grau de fk , respectivamente. Por construção, temos

d1 ≤ d2 ≤ · · · ≤ dk ≤ · · ·

3
4 Álgebra Comutativa I

AFIRMAÇÃO: A cadeia

(a1 ) ⊆ (a1 , a2 ) ⊆ · · · ⊆ (a1 , . . . , ak ) ⊆ · · · (2.1)

é não estacionária.

PROVA DA AFIRMAÇÃO: Suponha, por absurdo, que a cadeia em (2.1) seja estacionária.
Neste caso, existe k ≥ 1 tal que (a1 , . . . , ak ) = (a1 , . . . , ak+1 ) e, consequentemente, exis-
P
k
tem b1 , . . . , bk ∈ A tais que ak+1 = bi ai . Seja
i=1

P
k
g := bi xdk+1 −di fi
i=1
P
k
= bi ai xdk+1 + termos de menor grau
i=1
= ak+1 xdk+1 + termos de menor grau.

Note que g ∈ (f1 , . . . , fk ). Seja h := g − fk+1 ∈ I\ (f1 , . . . , fk ). Note que

gr (h) < dk+1 = gr (fk+1 ) ,

contrariando a minimalidade de dk+1 . 

Portanto, o resultado segue. 

OBSERVAÇÃO 2.1 Também é verdade que se A é Noetheriano, então A [[x]] é Noetheriano.

Corolário 2.2 Se A é Noetheriano, então A [x1 , . . . , xn ] é Noetheriano.

Demonstração: Basta aplicar o Teorema da Base de Hilbert recursivamente. 

Seja f : A → B um homomorfismo de anéis. Se a ∈ A e b ∈ B, defina o produto

ab = f (a) b.

Esta definição de multiplicação por escalar faz de B um A-módulo. Logo, B tem uma
estrutura de A-módulo bem como a estrutura de anel. O anel B, equipado com esta
estrutura de A-módulo é dito uma A-álgebra. Portanto, uma A-álgebra é por definição
um par (B, f) onde B é um anel e f : A → B é um homomorfismo de anéis.

OBSERVAÇÃO 2.2 i) Em particular, se A = K é um corpo e B 6= 0, então f : K → B


é injetora e, portanto, K pode ser identificado canonicamente com sua imagem em
B. Assim, uma K-álgebra (K corpo) é, efetivamente, um anel que contém K como
subanel.

ii) Seja A um anel qualquer. Então A possui um elemento identidade, existe um único
homomorfismo de Z em A, dado pela correspondência n 7→ n · 1. Portanto, todo
anel é, automaticamente, uma Z-álgebra.
Capı́tulo 2. Anéis Noetherianos 5

Sejam f : A → B e g : A → C dois homomorfismos de anéis. Um homomorfismo


de A-álgebras h : B → C é um homomorfismo de anéis que é também uma aplicação
A-linear. Observe que h, na qualidade de homomorfismo de anéis, é também um homo-
morfismo de A-álgebras se, e somente se, h ◦ f = g. Com efeito, se h é um homomorfismo
de A-álgebras então, dado a ∈ A, temos, por um lado,

h (a · 1B ) = h (f (a) · 1B ) = h (f (a))

e, por outro,
h (a · 1B ) = ah (1B ) = g (a) · 1C = g (a)
ou seja, h ◦ f = g. Reciprocamente, se h é um homomorfismo de anéis e h ◦ f = g, então,
dados a ∈ A e b ∈ B, temos que

h (ab) = h (f (a) b) = h (f (a)) h (b) = g (a) h (b) = ah (b) ,

ou seja h é também A-linear.


Seja (B, f) uma A-álgebra. Dizemos que B é uma A-álgebra finitamente gerada se
existem x1 , . . . , xn ∈ B tais que todo elemento em B pode ser escrito como um polinômio
em x1 , . . . , xn com coeficientes em f (A) ou, equivalentemente, se existe um homomorfismo
sobrejetor de A-álgebras entre um anel de polinômios A [t1 , . . . , tn ] em B.

Corolário 2.3 Seja B uma A-álgebra finitamente gerada. Se A é Noetheriano, então B


é Noetheriano.
Álgebra Comutativa I

Aula 11

03 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Anéis Noetherianos 1

2 Anéis Artinianos 2

ii
Capı́tulo 1

Anéis Noetherianos

Proposição 1.1 Sejam A ⊆ B ⊆ C anéis. Suponha que A seja Noetheriano, que C seja
finitamente gerado como A-álgebra e que seja finitamente gerado como B-módulo. Então
B também é finitamente gerado como A-álgebra.
Demonstração: Sejam x1 , . . . , xm geradores de C como A-álgebra e y1 , . . . , yn geradores
de C como B-módulo. Então, existem expressões da forma
P
n
xi = bij yj , bij ∈ B, (1.1)
j=1
Pn
yi yj = bijk yk , bijk ∈ B. (1.2)
k=1

Seja B0 a A-álgebra gerada pelos bij e bijk . Uma vez que A Noetheriano, B0 também o
é e A ⊆ B0 ⊆ B. Qualquer elemento em C é escrito como uma expressão polinomial nos
xi com coeficientes em A. Substituindo os xi na expressão polinomial pelas expressões
em (1.1) e fazendo uso repetido de (1.2), verificamos que cada elemento de C é uma
combinação linear dos yj com coeficientes em B0 e, portanto, C é finitamente gerado
como B0 -módulo, consequentemente, C é Noetheriano como B0 -módulo, desde que B0 é
Noetheriano. Logo, sendo B submódulo de C, segue que B é finitamente gerado como
B0 -módulo. Como B0 é finitamente gerado como A-álgebra, B é finitamente gerado como
A-álgebra. 
Proposição 1.2 (Teorema dos Zeros de Hilbert - Versão Algébrica) Sejam K um
corpo e E uma K-álgebra finitamente gerada. Se E é um corpo, então é uma extensão
algébrica finita de K.
Demonstração: Seja E = K [x1 , . . . , xn ]. Se E não é algébrico sobre K, podemos renu-
merar os xi de modo que x1 , . . . , xr sejam algebricamente independentes sobre K, onde
r ≥ 1 e xr+1 , . . . , xn são algébricos sobre o corpo F = K (x1 , . . . , xr ). Logo, E é uma ex-
tensão algébrica finita de F e, portanto, finitamente gerado como F-módulo. Aplicando a
Proposição 1.1 a K ⊆ F ⊆ E segue que F é finitamente gerado como K-álgebra, digamos,
fj
F = K [y1 , . . . , ys ]. Cada yj é da forma , onde fj e gj são polinômios em x1 , . . . , xr .
gj
Agora, existe um polinômio h que é relativamente primo a cada um dos gj (por exemplo,
h = g1 · · · gs + 1) e o elemento h−1 de F não pode ser um polinômio em yj . Isto é uma
contradição. Logo, E é algébrico sobre K e, portanto, algébrico finito. 

1
Capı́tulo 2

Anéis Artinianos

Proposição 2.1 Em um anel Artiniano, todo ideal primo é maximal.

Demonstração: Seja P um ideal primo do anel Artiniano A. Então B = A/P é um


domı́nio de integridade Artiniano. Seja x ∈ B, x 6= 0. Pela ccd, existe n ≥ 1 tal que
n n+1
e, portanto, existe y ∈ B tal que xn = y xn+1 . Como B é um domı́nio e

(x ) = x
x 6= 0,
xn = y xn+1 ⇒ xn − y xn+1 = 0 ⇒ xn 1 − y x = 0 ⇒ y x = 1


e x possui inverso. Logo, B é um corpo e, consequentemente, P é maximal. 

Corolário 2.1 Em um anel Artiniano o nilradical é igual ao radical de Jacobson.

Proposição 2.2 Um anel Artiniano possui apenas uma quantidade finita de ideais ma-
ximais.

Demonstração: Considere o conjunto de todas as interseções finitas de ideais maximais.


Plea condição minimal, esse conjunto possui um elemento minimal M1 ∩ · · · ∩ Mn . Assim,
para qualquer ideal maximal M, temos

M ∩ M1 ∩ · · · ∩ M n ⊆ M 1 ∩ · · · ∩ Mn .

Dada a minimalidade de M1 ∩ · · · ∩ Mn , temos

M1 ∩ · · · ∩ Mn = M ∩ M1 ∩ · · · ∩ Mn ⊆ M.

Logo, pela maximalidade de M, M = Mi para algum i. 

Proposição 2.3 Em um anel Artiniano o Nilradical é nilpotente.

Demonstração: Por ccd temos que N k = N k+1 = · · · = I, para algum k > 0. Suponha
que I 6= 0 e seja Σ a coleção de todos os ideais J tais que JI 6= 0. Então Σ 6= ∅, pois
I ∈ Σ. Seja L um elemento minimal de Σ. Existe, neste caso, x ∈ L \ {0} tal que xI 6= 0.
Note que (x) ⊆ L e (x) I 6= 0. Logo, graças à minimalidade de L, devemos ter L = (x).
Mas (xI) I = xI2 = xI 6= 0 e xI ⊆ (x). Assim, utilizando mais uma vez a minimalidade de
(x) = L, temos que xI = (x). Daı́, x = xy, para algum y ∈ I e, portanto,

x = xy = xy2 = · · · = xyn = · · · .

2
Capı́tulo 2. Anéis Artinianos 3

Mas y ∈ I = N k ⊆ N e, portanto, y é nilpotente, donde x = xyn = 0. Isto contradiz a


escolha de x. Logo, I = (0). 

Uma cadeia de ideais primos de um anel A é uma sequência P0 ( P1 ( · · · ( Pn .


dizemos, neste caso, que o comprimento da cadeia é n. A dimensão de Krull de A,
denotada por dim (A) é o supremo dos comprimentos de todas as cadeias de ideais primos
em A.

Exemplo 2.1 Se K é um corpo, então dim (K) = 0.

Exemplo 2.2 O anel Z dos inteiros tem dimensão de Krull igual a 1.

Teorema 2.1 Se um anel A é Artiniano, então A é Noetheriano e dim (A) = 0.

Demonstração: Note que dim (A) = 0 já que todo ideal primo de A é maximal. Sejam
M1 , . . . , Mn os ideais maximais de A. Então
Q
n n
T
Mi ⊆ Mi = NA .
i=1 i=1

Da Proposição 2.3, 0 é escrito como produto finito de ideais maximais e, consequente-


mente, segue de um Corolário visto em aulas passadas que A é Noetheriano. 

OBSERVAÇÃO 2.1 A recı́proca do Teorema 2.1 é válida e será provada mais adiante com
a utilização da Teoria da Decomposição Primária.

Se A é um anel Artiniano local com ideal maximal M, então M é o único ideal primo
de A e, portanto, M = NA . Logo, todo elemento de M é nilpotente e, da Proposição 2.3,
M é nilpotente. Todo elemento de A ou é uma unidade ou é nilpotente. Um exemplo de
anel nestas condições é Z/ (pn ), onde p é primo e n ≥ 1.
Álgebra Comutativa I

Aula 12

05 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Anéis Artinianos 1

2 Filtrações, Anéis Graduados e Anéis Graduados Associados 3

ii
Capı́tulo 1

Anéis Artinianos

Proposição 1.1 Sejam A um anel local Noetheriano e M seu ideal maximal. Então,
exatamente uma das seguintes afirmações é verdadeira:

i) Mn 6= Mn+1 para todo n;

ii) Mn = 0 para algum n e, neste caso, A é um anel Artiniano local.

Demonstração: Suponha que Mn = Mn+1 para algum n. Do Lema de Nakayama temos


que Mn = 0. Seja P um ideal primo arbitrário de A. Então, Mn ⊆ P e, consequentemente,
tomando radicais, M = P, ou seja, M é o único ideal primo de A e, portanto, A é
Artiniano. 

Teorema 1.1 (Teorema Chinês dos Restos para Ideais) Sejam I1 , . . . , In ideais de
A A
um anel A. Considere o homomorfismo ψ : A → × · · · × . Então:
I1 In
n
T
i) Ker (ψ) = Ii ;
i=1

ii) Se os ideais Ii são coprimos dois a dois então ψ é sobrejetora.

Teorema 1.2 (Teorema Estrutural para Anéis Artinianos) Seja A um anel Arti-
niano. Então A é isomorfo a um produto finito de anéis Artinianos locais.

Demonstração: Sejam M1 , . . . , Mn ⊆ A os ideais maximais de A. Sendo A Artiniano,


existe k > 0 tal que
Q
n
Mki = 0.
i=1

Além disso, sendo os ideais Mi maximais, temos que estes são coprimos dois a dois. Daı́,
pelo Teorema Chinês dos Restos para Ideais,

∼ A =
A= ∼ A × ··· × A .
Q k
n
Mk1 Mkn
Mi
i=1

1
2 Álgebra Comutativa I

OBSERVAÇÃO 1.1 Os anéis Artinianos locais do teorema anterior são únicos a menos de
isomorfismo.

Se A é um anel local, M é seu ideal maximal e K = A/M é seu corpo residual, o A-


módulo M/M2 é anulado por M e, portanto, possui a estrutura de um K-espaço vetorial.
Se M é finitamente gerado (o que ocorre, por exemplo, se A é Noetheriano), as imagens
em M/M2 de um conjunto de geradores pela projeção canônica irão gerar M/M2 como
espaço vetorial e, portanto, dimK M/M2 é finita.

Proposição 1.2 Seja (A, M) um anel Artiniano local. As seguintes afirmações são equi-
valentes:

i) Todo ideal em A é principal.

ii) O ideal maximal M é principal.



iii) dimK M/M2 ≤ 1.

Demonstração: (i) ⇒ (ii) ⇒ (iii). Imediato.


(iii) ⇒ (i). Se dimK  M/M2 = 0, então M = M2 e, daı́, pelo Lema de Nakayama,


M = 0. Se dimk M/M2 = 1, isto é, se µ (M) = 1, existe x ∈ A tal que M = (x). Sendo
A Artiniano, temos que M = NA é nilpotente e, portanto, existe n > 0 tal que Mn = 0.
Seja 0 6= I ( A. Note que existe k > 0 tal que

I ⊆ Mk e I 6⊆ Mk+1 .

Daı́, existe y ∈ I tal que y = axk e y ∈
/ xk+1 . Consequentemente,
 a∈
/ (x) e, portanto, a
é uma unidade em A. Assim, x ∈ I e, deste modo, M = x ⊆ I. Logo, I = Mk = xk
k k k

e I é principal. 
Capı́tulo 2

Filtrações, Anéis Graduados e Anéis


Graduados Associados

Seja M um A-módulo. Uma filtração de M é uma cadeia infinita de submódulos


(Mn )∞
n=1 tais que
M = M0 ⊇ M1 ⊇ · · · ⊇ Mn ⊇ · · · . (2.1)
Seja I ⊆ A um ideal. Dizemos que (2.1) é uma I-filtração se IMn ⊆ Mn+1 , para todo n.
Uma I-filtração é dita estável se existe n0 ∈ N tal que IMn = Mn+1 , para todo n ≥ n0 .
Exemplo 2.1 Sejam M um A-módulo e I ⊆ A um ideal. Então Mn = In M é uma
I-filtração estável. De fato,
M ⊇ IM ⊇ I2 M ⊇ · · · ⊇ In M ⊇ · · ·
Além disso,
IMn = I (In M) = In+1 M = Mn+1 .
   
Lema 2.1 Sejam (Mn ) e M̃n I-filtrações estáveis de M. Então (Mn ) e M̃n têm
diferença limitada, isto é, existe n0 > 0 tal que Mn+n0 ⊆ M̃n e M̃n+n0 ⊆ Mn , para todo
n.
Demonstração: Suponha que M̃n = In M. Como (Mn ) é I-filtração, tem-se IMn ⊆
Mn+1 , para todo n, isto é, IM ⊆ M1 , IM1 ⊆ M2 , IM2 ⊆ M3 , . . .. Daı́,
I2 M ⊆ IM1 ⊆ M2 ⇒ I3 M ⊆ IM2 ⊆ M3
e, prosseguindo com este argumento, concluı́mos que In M ⊆ Mn para todo n, ou seja,
M̃n ⊆ Mn . Por outro lado, como (Mn ) é uma I-filtração estável, existe n0 > 0 tal que
IMm = Mm+1 , para todo m ≥ n0 . Assim, fazendo m + 1 = n0 + n com n ≥ 0, temos que
Mn0 +n = IMn0 +n−1 = I2 Mn0 +n−2 = · · · = In Mn0 ⊆ In M = M̃n .
Portanto, Mn+n0 ⊆ M̃n . 
Um anel graduado é um anel A juntamente com uma famı́lia (An )n≥0 de subgrupos

L
do grupo aditivo A tais que A = An e Am An ⊆ Am+n , para todo m, n ≥ 0. Portanto,
n=0
em particular, A0 é um subanel de A e cada An é um A0 -módulo (pois A0 An ⊆ An+0 =
An ).

3
4 Álgebra Comutativa I

Exemplo 2.2 Se K é um corpo, o anel de polinômios A = K [x1 , . . . , xr ] em uma quanti-


dade finita de indeterminadas é graduado. Denotando por An o conjunto dos polinômios

L
de grau n, temos que A = An .
n=0

Seja A é um anel graduado. Um A-módulo graduado é um A-módulo M juntamente



L
com uma famı́lia de subgrupos aditivos (Mn )n≥0 de M tal que M = Mn e Am Mn ⊆
n=0
Mm+n , para todo m, n ≥ 0. Portanto, cada Mn é um A0 -módulo. Um elemento x ∈ M
é dito homogêneo de grau n se x ∈ Mn . Qualquer elemento y ∈ M pode ser escrito
P

de modo único como uma soma finita de elementos homogêneos, ou seja, y = yn , onde
n=0
yn ∈ Mn para todo n ≥ 0 e yn 6= 0 apenas para uma quantidade finita de ı́ndices. Os
elementos não-nulos na soma são chamados de as componentes homogêneas de y.
Se M e N são A-módulos graduados, um homomorfismo f : M → N é um homomor-
fismo de A-módulos graduados se f (Mn ) ⊆ Nn , para todo n ≥ 0.

L
Se A é um anel graduado, o conjunto A+ = An é um ideal de A chamado de ideal
n=1
irrelevante.

Proposição 2.1 As seguintes afirmações acerca de um anel graduado A são equivalentes:

i) A é Noetheriano.

ii) A0 é Noetheriano e A é finitamente gerado como uma A0 -álgebra.

Demonstração: (i) ⇒ (ii). Note que A0 = ∼ A/A+ e, portanto, A0 é Noetheriano. Uma


vez que A+ é um ideal em A, A+ é finitamente gerado, digamos, por x1 , . . . , xs , os quais
podem ser tomados como elementos homogêneos de graus k1 , . . . , ks , respectivamente.
Seja A0 o subanel de A gerado por x1 , . . . , xs sobre A0 . Devemos mostrar que An ⊆ A0 ,
para todo n ≥ 0. Façamos indução em n. Isto é certamente verdade para n = 0. Sejam
n > 0 e y ∈ An . Uma vez que y ∈ A+ , y é uma combinação linear dos xi , digamos,
P
s
y = ai xi , onde ai ∈ An−ki . Convenciona-se Am = 0 se m < 0. Sendo cada ki > 0, a
i=1
hipótese de indução mostra que cada ai é um polinômio em x1 , . . . , xs com coeficientes em
A0 . Logo, o mesmo vale pra y que, portanto, pertence a A0 . Assim, An ⊆ A0 e A = A0 .
(ii) ⇒ (i). Segue do Teorema da base de Hilbert. 
Álgebra Comutativa I

Aula 13

10 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Filtrações, Anéis Graduados e Anéis Graduados Associados 1

ii
Capı́tulo 1

Filtrações, Anéis Graduados e Anéis


Graduados Associados

Sejam A um anel e I ⊆ A um ideal. Então, podemos produzir um anel graduado


RA (I) = A∗ , fazendo
A∗ =
L n
I , I0 = A.
n≥0

Além disso, se (Mn ) é uma I-filtração de um A-módulo M, podemos considerar o A∗ -


módulo
M∗ =
L
Mn ,
n≥0
m
visto que I Mn ⊆ Mm+n .
Se A é Noetheriano, I é finitamente gerado, digamos, I = (x1 , . . . , xr ). Daı́, A∗ =
A [x1 , . . . , xr ] e, consequentemente, A∗ é Noetheriano.

Lema 1.1 Sejam A um anel Noetheriano, I ⊆ A um ideal, M um A-módulo finitamente


gerado e (Mn ) uma I filtração de M. São equivalentes as seguintes afirmações:

i) M∗ é A∗ -módulo finitamente gerado.


ii) (Mn ) é uma I-filtração estável.

Demonstração: Sendo A Noetheriano e M finitamente gerado, temosL que M é Noethe-


riano. Assim, cada Mn é finitamente gerado. Fixado n, seja Qn = Mr . Então, para
r≤n
todo n, Qn é A-módulo finitamente gerado. Considere ainda o submódulo gerado por Qn
em M∗ :
M∗n = M0 ⊕ M1 ⊕ · · · ⊕ Mn ⊕ IMn ⊕ I2 Mn ⊕ I3 Mn ⊕ · · ·
Como Qn é um A-módulo finitamente gerado, temos que M∗n é um A∗ -submódulo fini-
tamente gerado. Além disso, note que os M∗n formam uma cadeia ascendente cuja união
é M∗ . Assim, M∗ é A∗ -módulo finitamente gerado se, e somente se, M∗ é Noetheriano.
De fato, sendo A Noetheriano, temos que A∗ é Noetheriano. Além disso, M∗ é Noethe-
riano se, e somente se, a cadeia ascendente (M∗n ) é estacionária, isto é, existe n0 tal que
M∗ = M∗n0 . De fato, sendo A∗ Noetheriano e M∗ = M∗n0 finitamente gerado, temos que
M∗ é Noetheriano. Por fim, M∗ = M∗n0 se, e somente se, In Mn0 = Mn0 +n para todo
n ≥ 0, ou seja, (Mn ) é uma I-filtração estável. 

1
2 Álgebra Comutativa I

Lema 1.2 Sejam A um anel Noetheriano, I ⊆ A um ideal, M um A-módulo finitamente


gerado e (Mn ) uma I-filtração estável. Se N ⊆ M é um submódulo, então N ∩ Mn é uma
I-filtração estável.

Demonstração: Note que N ∩ Mn é uma I-filtração de N. De fato,

I (N ∩ Mn ) = IN ∩ IMn ⊆ N ∩ Mn+1 .

Dessa forma, podemos considerar o A∗ -submódulo N∗ =


L
(N ∩ Mn ). Além disso, como
n≥0
(Mn ) é I-filtração estável, segue do Lema 1.1 que M∗ é A∗ -módulo finitamente gerado e,
sendo A∗ Noetheriano, tem-se M∗ Noetheriano. Portanto, N∗ é A∗ -módulo finitamente
gerado. Logo, usando o Lema 1.1 mais uma vez, (N ∩ Mn ) é uma I-filtração estável. 

Em particular, fazendo Mn = In M, obtemos o que é geralmente conhecido como Lema


de Artin-Rees:

Corolário 1.1 (Lema de Artin-Rees) Existe k ≥ 0 tal que

In M ∩ N = In−k Ik M ∩ N ,


para todo n ≥ k.

Corolário 1.2 (Teorema da Interseção de Krull) Se A é Noetheriano, I ⊆ RA e M


é A-módulo finitamente gerado, então.
T n
I M = 0.
n≥0

Sejam A um anel e I ⊆ A um ideal. O anel graduado associado (de A com relação


a I) é
L In
GI (A) = n+1
, I0 = A.
n≥0 I
Ele é um anel graduado no qual a multiplicação é definida como segue: para cada xn ∈ In ,
seja xn a imagem de xn em In /In+1 ; defina xm xn como sendo a imagem de xm xn em
Im+n /Im+n+1 . Verifica-se que xm xn não depende da escolha dos representantes da classe.
Analogamente, dada uma I-filtração (Mn ) de um A-módulo M, podemos definir o
módulo graduado associado
L Mn
GI (M) = .
n≥0 Mn+1

Note que GI (M) é um GI (A)-módulo, visto que Im Mn ⊆ Mn+m .

Proposição 1.1 Sejam A um anel Noetheriano e I ⊆ A um ideal. Então:

i) GI (A) é Noetheriano.

ii) Se M é A-módulo finitamente gerado e (Mn ) é I-filtração estável, então GI (M) é


GI (A)-módulo finitamente gerado.
Capı́tulo 1. Filtrações, Anéis Graduados e Anéis Graduados Associados 3

Demonstração: (i) Sendo A Noetheriano, tem-se I = (x1 , . . . , xs ). Considere, neste


caso, x1 , . . . , xs ∈ I/I2 . Como

GI (A) = (A/I) [x1 , . . . , xs ]

é uma A/I-álgebra finitamente gerada e A/I é Noetheriano, já que A é Noetheriano, segue
que GI (A) é Noetheriano.
(ii) Como (Mn ) é uma I-filtração estável, existe n0 tal que

In Mn0 = Mn0 +n ,
L
para todo n ≥ 0. Daı́, GI (M) é gerado apenas por Mn /Mn+1 como GI (A)-módulo.
n≤n0
Como A é Noetheriano e M é finitamente gerado, temos que M é Noetheriano. Logo, cada
Mn é finitamente gerado como A-módulo. Assim, cada Mn /Mn+1 é finitamente gerado
como A-módulo. Além disso, note que Mn /Mn+1 é A/I-módulo finitamente gerado,
visto que I ⊆ (0 :A Mn /Mn+1 ). Portanto, GI (M) é um A/I-módulo finitamente gerado.
Por fim, pelo item (i), tem-se GI (A) = (A/I) [x1 , . . . , xs ] com x1 , . . . , xs ∈ I/I2 , sendo
I = (x1 , . . . , xs ). Logo, GI (M) é um GI (A)-módulo finitamente gerado. 
Álgebra Comutativa I

Aula 14

12 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Introdução à Geometria Algébrica 1


1.1 Espaço afim e variedades algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Ideal de definição de uma variedade algébrica . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ii
Capı́tulo 1

Introdução à Geometria Algébrica

1.1 Espaço afim e variedades algébricas


Seja K um corpo. O espaço afim n-dimensional (sobre K) é definido por

AnK = {(a1 , . . . , an ) : ai ∈ K, i = 1, . . . , n}

Um subconjunto X de Ank é dito uma variedade algébrica afim se X é um conjunto


solução de um sistema de equações polinomiais

fj (x1 , . . . , xn ) = 0, j = 1, . . . , m

com fj ∈ K [x1 , . . . , xn ].
Se I = (f1 , . . . , fm ), podemos escrever

X = V (I) := {p ∈ AnK : fj (p) = 0, ∀ j}


= {p ∈ AnK : f (p) = 0, ∀ f ∈ I} .

Quando m = 1, dizemos que X = V (f) é uma hipersuperfı́cie. Em particular, se


f = a0 + a1 x1 + · · · + an xn , com ai ∈ K, V (f) é denominado de hiperplano.

Exemplo 1.1 Se n = 2 e K = R, então


 
X = V y − x2 X = V x2 + y 2 − 1
y y

1
2 Álgebra Comutativa I

PROPRIEDADES: Seja A = K [x1 , . . . , xn ].

i) Sejam I ⊆ J ⊆ A ideais. Então V (J) ⊆ V (I).

ii) AnK = V (0) e ∅ = V (1).

iii) {p} ⊆ AnK é uma variedade algébrica. De fato, se p = (a1 , . . . , an ), então

{p} = V (x1 − a1 , . . . , xn − an )

iv) Se {Xα }α∈Λ é uma famı́lia de variedades algébricas em AnK , então


T
Xα é variedade
α∈Λ
algébrica. Com efeito, para cada α ∈ Λ, existe Iα ⊆ A ideal tal que Xα = V (Iα ).
Afirmamos que
P
 
T
Xα = V Iα .
α∈Λ α∈Λ
P
De fato, para todo α ∈ Λ, temos que Iα ⊆ Iα e, consequentemente, por (i),
α∈Λ

P
 
V Iα ⊆ V (Iα ) = Xα ,
α∈Λ

para todo α ∈ Λ, ou seja,


P
 
T
V Iα ⊆ Xα .
α∈Λ α∈Λ
T
Reciprocamente, se p ∈ Xα , então fα (p) = 0, para todo fα ∈ Iα . Daı́, se
P α∈Λ
g∈ Iα , então existem fα1 , . . . , fαr ∈ A tais que fαj ∈ Iαj , αj ∈ Λ e
α∈Λ

g = fα1 + · · · + fαr .

P
 
Deste modo, g (p) = fα1 (p) + · · · + fαr (p) = 0 e, portanto, p ∈ V Iα .
α∈Λ

s
S
v) Se X1 , . . . , Xs são variedades algébricas, então Xi é uma variedade algébrica. Ve-
i=1
jamos que se X = V (I) e Y = V (J) são variedades algébricas, então X ∪ Y = V (IJ).
De fato, IJ ⊆ I e IJ ⊆ J e, sendo assim, segue de (i) que V (I) , V (J) ⊆ V (IJ) e,
consequentemente,
X ∪ Y = V (I) ∪ V (J) ⊆ V (IJ) .
Reciprocamente, seja p ∈ V (IJ). Se p ∈ X, é óbvio que p ∈ X ∪ Y. Suponha, então,
que p ∈
/ X. Neste caso, existe f ∈ I tal que f (p) 6= 0. Seja g ∈ J. Então fg ∈ IJ e,
portanto,
(fg) (p) = 0 ⇒ f (p) g (p) = 0 ⇒ g (p) = 0.
A última implicação segue do fato de que o produto está sendo realizado em K que
é um corpo. Logo, p ∈ V (J) = Y ⊆ X ∪ Y. O caso geral segue deste por meio de
indução.
Capı́tulo 1. Introdução à Geometria Algébrica 3

vi) {p1 , . . . , pr } ⊆ AnK é uma variedade algébrica.

CONSEQUÊNCIA: Os itens (ii), (iv) e (v) fornecem ao conjunto das variedades algébricas
afins uma topologia, chamada topologia de Zariski, onde os fechados são da forma
X = V (I).

1.2 Ideal de definição de uma variedade algébrica


Seja X ⊆ AnK uma variedade algébrica afim. O subconjunto de K[x1 . . . , xn ]

I (X) = {f ∈ K [x1 , . . . , xn ] : f (p) = 0, ∀ p ∈ X}

é um ideal chamado de pideal de definição da variedade X. Note que I (X) é um ideal


radical. De fato, se g ∈ I (X), então gn ∈ I (X) e, consequentemente, (gn ) (p) = 0, para
todo p ∈ X. Portanto, (g (p))n = 0, logo, g (p) = 0, para todo p ∈ X, isto é, g ∈ I (X).

PROPRIEDADES: Sejam X, Y ⊆ AnK variedades algébricas afins.

i) Se X ⊆ Y, então I (Y) ⊆ I (X).

ii) I (X ∪ Y) = I (X) ∩ I (Y).

iii) I (∅) = K [x1 , . . . , xn ].

iv) I (AnK ) = (0) se K é infinito. Por exemplo, se K = Z2 e f = x2 + x ∈ Z2 [x], então


f (p) = 0, para todo p ∈ Z2 .

v) V (I (X)) = X. De fato, é claro que X ⊆ V (I (X)). Por outro lado, se X = V (I),


então I ⊆ I (X) e, portanto, V (I (X)) ⊆ V (I) = X.

CONSEQUÊNCIA: O mapa X 7→ I (X) que associa variedades algébricas afins a ideais


radicais é injetivo.

Mostraremos que este mapa é sobrejetor no caso em que K é algebricamente fechado.

Proposição 1.1 Toda variedade algébrica afim é escrita como interseção finita de hiper-
superfı́cies.

Demonstração: Seja X = V (I) ⊆ AnK uma variedade algébrica afim. Daı́ I = (f1 , . . . , fr )
e, consequentemente,
P
r  r
T
X = V (I) = V (f1 , . . . , fr ) = V (fi ) = V (fi ) .
i=1 i=1


Álgebra Comutativa I

Aula 15

17 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Introdução à Geometria Algébrica 1


1.1 Ideal de definição de uma variedade algébrica . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Componentes irredutı́veis de uma variedade algébrica . . . . . . . . . . . . 1
1.3 O Teorema dos Zeros de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ii
Capı́tulo 1

Introdução à Geometria Algébrica

1.1 Ideal de definição de uma variedade algébrica


Proposição 1.1 Toda famı́lia não-vazia de variedades admite um elemento minimal (com
respeito à inclusão), isto é, se X = {Xα }α∈Λ é uma famı́lia de variedades algébricas, então,
existe β ∈ Λ tal que
Xα ⊆ Xβ ⇒ Xα = Xβ .

Demonstração: Podemos associar em K [x1 , . . . , xn ] a famı́lia de ideais Y = {I (Xα )}α∈Λ .


Como K [x1 , . . . , xn ] é Noetheriano, Y admite um elemento maximal, digamos, I (Xβ ).
Afirmamos que Xβ é um elemento minimal de X . De fato, se Xα ⊆ Xβ , então

I (Xβ ) ⊆ I (Xα )

e, portanto, da maximalidade de I (Xβ ), temos que I (Xα ) = I (Xβ ). Deste modo,

Xβ = V(I (Xβ )) = V(I (Xα )) = Xα .

1.2 Componentes irredutı́veis de uma variedade al-


gébrica
Uma variedade X ⊆ AnK é dita redutı́vel se existem variedades Y, Z ⊆ AnK tais que

X=Y∪Z e Y ( X, Z ( X.

Diremos que X é irredutı́vel quando não for redutı́vel.

Proposição 1.2 Seja X ⊆ AnK uma variedade algébrica afim. Então, X é irredutı́vel se, e
somente se, I (X) é primo.

Demonstração: Mostremos que X é redutı́vel se, e somente se, I (X) não é primo.
Suponha que X seja redutı́vel e sejam Y, Z ( X variedades tais que X = Y ∪ Z. Daı́,

1
2 Álgebra Comutativa I

I (X) ( I (Y) e I (X) ( I (Z) e, portanto, existem f ∈ I (Y) e g ∈ I (Z) tais que
f, g ∈
/ I (X). Assim,

fg ∈ I (Y) I (Z) ⊆ I (Y) ∩ I (Z) = I (Y ∪ Z) = I (X) ,

ou seja, I (X) não é primo. Reciprocamente, se I (X) não é primo, existem f, g ∈


K [x1 , . . . , xn ] \I (X) tais que fg ∈ I (X). Daı́

(fg) ⊆ I (X) ⇒ X = V (I (X)) ⊆ V (fg)


⇒ X ⊆ V ((f) (g)) = V (f) ∪ V (g)
⇒ X = (V (f) ∪ V (g)) ∩ X
⇒ X = (V (f) ∩ X) ∪ (V (g) ∩ X) .

Note ainda que X ∩ V (f) ( X pois, caso contrário, X ⊆ V (f) e, daı́

f ∈ I (V (f)) ⊆ I (X)

o que, evidentemente, é um absurdo. De modo análogo se verifica que X ∩ V (g) ( X e o


resultado segue. 

Exemplo 1.1 Seja K = R. Então X = V y − x2 é irredutı́vel.
y

Exemplo 1.2 Seja K = R. Então X = V (xy) é redutı́vel.


y

Teorema 1.1 Toda variedade algébrica é escrita como união finita de variedades algé-
bricas irredutı́veis.
Capı́tulo 1. Introdução à Geometria Algébrica 3

Demonstração: Seja F a coleção de todas as variedades algébricas que não são escritas
como união finita de variedades algébricas irredutı́veis. Suponha que F = 6 ∅. Da Pro-
posição 1.1 segue que F possui um elemento minimal X, o qual deve ser redutı́vel. Sejam,
portanto, Y e Z variedades algébricas contidas propriamente em X tais que X = Y ∪ Z.
Como Y, Z ( X, temos que Y, Z ∈ / F e, consequentemente, existem variedades algébricas
irredutı́veis Y1 , . . . , Yr , Z1 , . . . , Zs tais que

Y = Y1 ∪ · · · ∪ Yr e Z = Z1 ∪ · · · ∪ Zs .

Neste caso,
X = Y ∪ Z = Y1 ∪ · · · ∪ Yr ∪ Z1 ∪ · · · ∪ Zs ,
ou seja, X é uma união finita de variedades algébricas irredutı́veis, contradizendo o fato
de que X ∈ F. 

Uma decomposição de X como união de variedades irredutı́veis

X = X1 ∪ · · · ∪ Xr (1.1)

sempre pode ser tomada irredundante no seguinte sentido: para cada i,


S
Xi 6⊆ Xj .
j6=i

Nestas condições, (1.1) é dita uma decomposição irredundante de X.

1.3 O Teorema dos Zeros de Hilbert


Lembre que um corpo K é dito algebricamente fechado se todo polinômio não constante
f ∈ K [x] tem raiz em K. Além disso, lembre da versão algébrica do Teorema dos Zeros
de Hilbert que se K é um corpo e E é uma K-álgebra finitamente gerada então, se E é um
corpo, é também uma extensão algébrica finita de K.
Dado um ponto p = (a1 , . . . , an ) ∈ AnK , podemos considerar em K [x1 , . . . , xn ] o ideal

Mp = (x1 − a1 , . . . , xn − an ) .

Note que Mp é um ideal maximal uma vez que corresponde ao núcleo do homomorfismo

ϕ : K [x1 , . . . , xn ] → K
xi 7→ ai .

Lema 1.1 Sejam K um corpo algebricamente fechado e M ⊆ K [x1 , . . . , xn ] um ideal


maximal. Então, existe p ∈ AnK tal que M = Mp .

Demonstração: Consideremos o corpo L = K [x1 , . . . , xn ] /M. Desta forma,

L = K [x1 , . . . , xn ] .
4 Álgebra Comutativa I

Logo, pela versão algébrica do Teorema dos Zeros de Hilbert, temos que L é algébrico e,
sendo K algebricamente fechado, temos que K = L. Assim, para cada i, existe ai ∈ K tal
que

ai = xi ⇒ xi − ai ∈ M, ∀ i
⇒ (x1 − a1 , . . . , xn − a) ⊆ M
⇒ M = Mp , p = (a1 , . . . , an ) .

Teorema 1.2 (Teorema dos Zeros de Hilbert - Versão Fraca) Seja K um corpo
algebricamente fechado. Se I ( K [x1 , . . . , xn ], então V (I) 6= ∅.

Demonstração: De fato, se I ( K [x1 , . . . , xn ], então existe um ideal maximal M ⊆


K [x1 , . . . , xn ] tal que I ⊆ M. Como K é algebricamente fechado, M = Mp , para algum
p ∈ AnK . Daı́,
{p} = V (Mp ) ⊆ V (I) 6= ∅.

Álgebra Comutativa I

Aula 16

19 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Introdução à Geometria Algébrica 1


1.1 O Teorema dos Zeros de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2 Topologia de Zariski no Espectro de um Anel 3


2.1 Espectro projetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Espaço projetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Segunda Lista de Exercı́cios 6

ii
Capı́tulo 1

Introdução à Geometria Algébrica

1.1 O Teorema dos Zeros de Hilbert


Teorema 1.1 (Teorema dos Zeros de Hilbert) Sejam K um corpo algebricamente
fechado e X = V (I) ⊆ AnK uma variedade algébrica. Então

I (X) = I.

Demonstração: Notemos que I ⊆ I (X). Assim,


√ p
I ⊆ I (X) = I (X) .

Agora, seja g ∈ I (X). Como I ⊆ A := K [x1 , . . . , xn ], do Teorema da Base de Hilbert,


temos que I = (f1 , . . . , fr ). Consideremos

J = (f1 , . . . , fr , tg − 1) ⊆ A [t] = K [x1 , . . . , xn , t] ,

sendo t uma nova indeterminada. (Este artifı́cio é conhecido como truque da hipérbo-
le.)

AFIRMAÇÃO: V (J) = ∅ em AKn+1 .

Do contrário, se (b1 , . . . , bn , b) ∈ V (J) então, em particular,

0 = fj (b1 , . . . , bn , b) = fj (b1 , . . . , bn ) ,

para todo j = 1, . . . , r. Daı́, (b1 , . . . , bn ) ∈ X = V (I). Além disso,

(tg − 1) (b1 , . . . , bn , b) = 0

e, portanto,
bg (b1 , . . . , bn ) − 1 = 0.
Mas, g (b1 , . . . , bn ) = 0, visto que g ∈ I (X) e (b1 , . . . , bn ) ∈ X, ou seja, 1 = 0 o que,
evidentemente, é um absurdo. Logo, V (J) = ∅ e, sendo assim, segue da Versão Fraca do
Teorema dos Zeros de Hilbert que J = A [t]. Deste modo, podemos escrever
P
r
1= fi Hi + H (tg − 1) , (1.1)
i=1

1
2 Álgebra Comutativa I

com H1 , . . . , Hr , H ∈ A [t]. Consideremos o seguinte homomorfismo de K-álgebras:

ϕ : K [x1 , . . . , xn , t] → K (x1 , . . . , xn )
xi 7→ xi
1
t 7→ .
g

Aplicando ϕ na igualdade (1.1), temos

P P
r
  r f h
1 i i
1= fi ϕ (Hi ) + ϕ (H) g−1 = ni
,
i=1 g i=1 g

com ni ≥ 0 e hi ∈ K [x1 , . . . , xn ]. Logo,

gn ∈ (f1 , . . . , fr ) = I

para algum n > 0. 

CONSEQUÊNCIA: Sejam K um corpo algebricamente fechado e A = K [x1 , . . . , xn ]. Então


I V
X = V (I) → I (X) → V (I (X)) = X,

ou seja, V ◦ I = IdAnK e, além disso,


√ V I √
I= I → X = V (I) → I (X) = I = I,

isto é, I ◦ V = IdA .

Corolário 1.1 Sejam K um corpo algebricamente fechado e A = K [x1 , . . . , xn ]. São


válidas as seguintes correspondências biunı́vocas:

{variedades algébricas em AnK } ↔ {ideais radicais em A} ;

{variedades algébricas irredutı́veis em AnK } ↔ {ideais primos em A} ;


{hipersuperfı́cies irredutı́veis em AnK } ↔ {elementos irredutı́veis em A} ;
{pontos em AnK } ↔ {ideais maximais em A} .

Seja X ⊆ AnK uma variedade. O anel de coordenadas da variedade X é definido por

K [x1 , . . . , xn ]
A (x) = .
I (X)
Capı́tulo 2

Topologia de Zariski no Espectro de


um Anel

Lembre que o espectro de um anel A é o conjunto dos ideais primos de A e é denotado


por Spec (A).

Proposição 2.1 Se A é um anel, então Spec (A) é um espaço topológico quando munido
da topologia de Zariski, onde os fechados são da forma

V (I) := {P ∈ Spec (A) : P ⊇ I} ,

sendo I ⊆ A um ideal.

Demonstração: Observamos que

∅ = V (1) e Spec (A) = V (0) .

Além disso,  
r
S r
T
V (Ii ) = V Ii .
i=1 i=1

Finalmente,
P
 
T
V (Iλ ) = V Iλ .
λ∈Λ λ∈Λ

De forma análoga ao caso afim, dado X ⊆ Spec (A), podemos associar o seguinte ideal:
T
I (X) = P.
P∈X

Lembre que, num espaço topológico, o fecho de um conjunto é a interseção dos con-
juntos fechados que o contém. Deste modo, se X ⊆ Spec (A),
T
X= V (Iλ ) .
V(Iλ )⊇X

Proposição 2.2 V (I (X)) = X.

3
4 Álgebra Comutativa I

Demonstração: Uma vez que X ⊆ V(I (X)), temos que X ⊆ V(I (X)). Reciprocamente,
seja VT(Iλ ) um fechado contendo X. Se P ∈ X, então P ∈ V(Iλ ), isto é, P ⊇ Iλ . Logo,
Iλ ⊆ P = I (X). Assim,
P∈X

V (I (X)) ⊆ V (Iλ ) ⇒ V (I (X)) ⊆


T
V (Iλ ) = X.
V(Iλ )⊇X

Observamos que, em particular, se X é fechado, então V (I (X)) = X.


Temos, de modo análogo ao caso afim, um resultado análogo ao “Teorema dos Zeros
de Hilbert”. De fato, se X = V (I), sendo I ⊆ A ideal, tem-se
T T T √
I (X) = P= P = P = I.
P∈X P∈V(I) P⊇I

CONSEQUÊNCIA: Temos a seguinte correspondência biunı́voca:

{fechados em Spec (A)} ↔ {ideais radicais em A} .

2.1 Espectro projetivo


L
Seja A = An um anel graduado. Lembre que, dado a ∈ A, existem únicos
n≥0 L
a0 , . . . , an , elementos homogêneos, tais que a = a0 + a1 + · · · + an e que A+ := An é
n>0
um ideal (dito irrelevante).

Definição 2.1 Seja I ⊆ A um ideal. Dizemos que I é homogêneo se I é gerado por


elementos homogêneos. Neste caso, podemos escrever
L
I= In ,
n≥0

com In = I ∩ An , para todo n.

O conjunto

Proj (A) := {P ⊆ A : P é ideal primo homogêneo e P + A+ }

é o espectro projetivo do anel A. Tal conjunto é um espaço topológico quando munido


da topologia de Zariski, onde os fechados são da forma

V (I) := {P ∈ Proj (A) : P ⊇ I} ,

sendo I ⊆ A homogêneo.
Capı́tulo 2. Topologia de Zariski no Espectro de um Anel 5

2.2 Espaço projetivo


Sejam K um corpo e A = K [x0 , . . . , xn ]. Um polinômio homogêneo de grau d é escrito
da forma P
f= ai0 ...in xi00 · · · xinn ,
i0 +···+in =d

com ai0 ...in ∈ K. Denotemos


L por Am o conjunto dos polinômios homogêneos de grau m.
Sendo assim, A = Am é um anel graduado, onde A0 = K e A+ = (x0 , . . . , xn ) é um
m≥0
ideal maximal.

Definição 2.2 O espaço projetiv o n-dimensional é o conjunto quociente

K \ {0} / ∼ ,
PnK = An+1


onde a relação “∼” é dada por


(a0 , . . . , an ) ∼ (b0 , . . . , bn ) ⇔ ∃ λ ∈ K\ {0} ; (b0 , . . . , bn ) = λ (a0 , . . . , an ) .
A classe do elemento (a0 , . . . , an ) é denotada por [a0 : . . . : an ] = (a0 , . . . , an ).

Lembre que se f é um polinômio homogêneo de grau d em A, então


f (λa0 , . . . , λan ) = λd f (a1 , . . . , an ) ,
ou seja, faz sentido aplicar o polinômio homogêneo f em pontos no espaço projetivo.

Definição 2.3 Um subconjunto X ⊆ PnK é uma variedade algébrica projetiva se


X = V (I) = {p ∈ PnK : f (p) = 0, ∀ f ∈ I} ,
sendo I ⊆ A ideal homogêneo.

Do Teorema da Base de Hilbert, I = (f1 , . . . , fr ) com fi ∈ A homogêneo. Daı́


X = V (I) = {p ∈ PnK : fj (p) = 0, ∀ j} .
Analogamente, dada a variedade X ⊆ PnK , podemos definir
I (X) = {f ∈ A : f é homogêneo e f (p) = 0, ∀ p ∈ X}
como sendo o ideal de definição da variedade X.
Seguindo a analogia ao caso afim, temos:

Teorema 2.1 (Teorema dos Zeros de Hilbert - Versão Projetiva) Se X = V (I) ⊆


PnK é uma variedade algébrica projetiva, sendo K algebricamente fechado e I 6= A+ ideal
homogêneo, então √
I (X) = I.

CONSEQUÊNCIA: No contexto acima,


{variedades algébricas projetivas} ↔ {ideais I homogêneos radicais em A, com I 6= A+ } .
Universidade Ferderal da Paraı́ba
CECEN - Departamento de Matemática
Disciplina: Álgebra Comutativa
Perı́odo: 2021.1 Turma 01

Lista II

1. Sejam A um anel e I um ideal em A.

a) Mostre que se A é um anel Noetheriano, então A/I é anel Noetheriano.


b) Mostre que se I e A/I são Noetherianos, então A é um anel Noetheriano.

2. Seja A um anel Noetheriano. Então An é um anel Noetheriano, para n ∈ Z+ .

3. Todo subanel de um anel Noetheriano é Noetheriano? Todo subanel de um anel


Artiniano é Artiniano?

4. Sejam A um anel e I um ideal em A.

a) Mostre que se A é um anel Artiniano, então A/I é um anel Artiniano.


b) Mostre que se I e A/I são anéis Artinianos, então A é um anel Artiniano.

5. Mostre que qualquer domı́nio de integridade Artiniano é um corpo.

6. Sejam M um A-módulo Noetheriano e u : M → M um homomorfismo. Se u é


sobrejetor, mostre que u é isomorfismo.

7. Calcule o comprimento do C [x]-módulo C [x] / xk .

8. Mostre √
que, em um anel Noetheriano A, todo ideal I contém uma potência do seu
radical I. Conclua que o nilradical de A é nilpotente.

9. Sejam M um A-módulo Artiniano e u : M → M um homomorfismo. Se u é injetor,


mostre que u é isomorfismo

10. Sejam M um A-módulo e N1 , N2 submódulos de M. Se M/N1 e M/N2 são No-


etherianos, então M/ (N1 ∩ N2 ) é Noetheriano.

11. Sejam M um A-módulo Noetheriano e I := (0 : M) ⊆ A. Mostre que A/I é um anel


Noetheriano.
n
T
12. Sejam I1 , . . . , In ideais de um anel A tais que Ii = (0). Se cada A/Ii é Noetheriano,
i=1
mostre que A é Noetheriano.

6
Álgebra Comutativa I - Lista II 7

13. Seja A um anel Noetheriano. Mostre que todo ideal I de A contém um produto
finito de ideais primos. Em particular, conclua que A possui apenas um número
finito de ideais primos minimais (com respeito à inclusão).

14. Seja A um anel com as seguintes propriedades:

i) AM é um anel Noetheriano, para todo ideal maximal M de A;


ii) para cada x ∈ A\ {0}, existe apenas um número finito de ideais maximais de A
contendo x.

Mostre que A é um anel Noetheriano.

15. Seja A um anel. Suponha que todo ideal primo de A é finitamente gerado. Mostre
que A é Noetheriano.

16. Um espaço topológico é dito Noetheriano se satisfaz a condição de cadeia ascen-


dente sobre seus abertos. Mostre que Spec (A) é Noetheriano se, e somente se, A
satisfaz a condição de cadeia ascendente sobre seus ideais radicais.

17. Seja A. um anel. Para um subconjunto S ⊆ A, defina

V (S) := {P ∈ Spec (A) : P ⊇ S} .


√ 
Mostre que V (S) = V (I) = V I , sendo I o ideal gerado por S em A.

18. Seja A um anel. Dado a ∈ A, defina o conjunto D (a) := {P ∈ Spec (A) : a ∈ / P}.
Mostre que os conjuntos D (a) com a ∈ A são abertos e formam uma base para a
topologia de Zariski de Spec (A). Além disso, dados a, b ∈ A, mostre que:

a) D (a) ∩ D (b) = D (ab);


b) D (a) = ∅ ⇔ a é nilpotente;
c) D (a) = Spec (A) ⇔ a é uma unidade;
d) D (a) = D (b) ⇔ (a) = (b).
p p

19. Sejam A um anel e I um ideal de A. Mostre que o morfismo entre os espectros

Spec (π) : Spec (A/I) → V (I) ⊆ Spec (A) ,

induzido pela projeção canônica π : A → A/I, é um isomorfismo.

20. Um espaço topológico X é dito irredutı́vel se X = ∅ e se todo par de conjuntos


abertos não vazios em X se interceptam ou, equivalentemente, todo aberto não-vazio
é denso em X. Mostre que Spec (A) é irredutı́vel se, e somente se, o nilradical de A,
N (A), é um ideal primo.

21. Sejam K um corpo infinito e F ∈ K [x1 , . . . , xn ] um polinômio. Suponha que, para


todo a1 , . . . , an ∈ K, tem-se F (a1 , . . . , an ) = 0. Mostre que F = 0.
8 Álgebra Comutativa I - Lista II

22. Seja K um corpo. Mostre que existe uma quantidade infinita de polinômios irre-
dutı́veis em K [x].

23. Mostre que todo corpo algebricamente fechado é infinito.

24. Seja K um corpo finito. Mostre que qualquer subconjunto X ⊆ AnK é, de fato, uma
variedade algébrica.

25. Seja X = {(t, sen (t)) : t ∈ R} ⊆ A2R . Mostre que X não é uma variedade algébrica.

26. Sejam K um corpo algebricamente fechado e f ∈ K [x1 , . . . , xn ] um polinômio não-


constante. Mostre que o complemento AnK \V (f) é infinito. Conclua que o comple-
mento de qualquer variedade algébrica X ( AnK é infinito.

27. Seja K um corpo.

a) Sejam X ( AnK uma variedade algébrica e p ∈ AnK \X. Mostre que existe um
polinômio f ∈ K [x1 , . . . , xn ] tal que f (p) = 1 e f (q) = 0, ∀ q ∈ X.
b) Sejam {p1 , . . . , pr } ⊆ AnK um conjunto finito de pontos. Mostre que existem
polinômios f1 , . . . , fr ∈ K [x1 , . . . , xn ] tais que fi (pj ) = 0 se i 6= j e fi (pi ) = 1,
∀ i.

28. Forneça um polinômio não constante f ∈ R [x1 , . . . , xn ] tal que a variedade V (f) ⊆
AnR seja vazia.

29. Forneça uma famı́lia de variedades algébricas afins {Xn }n∈N tal que a união não seja
uma variedade algébrica.

30. Obtenha a decomposição em componentes  irredutı́veis da variedade V (I) ⊆ A2C ,


sendo I = y4 − x2 , y4 − x2 y2 + xy2 − x3 ⊆ C [x, y].

31. Obtenha a decomposição em componentes irredutı́veis da variedade V (I) ⊆ A2C ,


sendo I = y2 − xy − x2 y + x3 ⊆ C [x, y].

32. Obtenha a decomposição em componentes


 irredutı́veis da variedade V (I) ⊆ A2R ,
sendo I = x3 + xy + x2 y2 + y3 ⊆ R [x, y].
2
3 2
 componentes irredutı́veis da variedade V (I) ⊆ AK ,
33. Obtenha a decomposição em
sendo I = x + x − x y − y ⊆ K [x, y], nos casos K = R e K = C.

34. Sejam K um corpo e f, g ∈ K [x, y] polinômios sem fator em comum. Mostre que a
variedade V (f, g) ⊆ A2K é um conjunto finito de pontos.

35. Caracterize as variedades algébricas de A1K , sendo K um corpo.

36. Forneça um polinômio irredutı́vel f ∈ R [x, y] tal que a variedade V (f) ⊆ A2R seja
redutı́vel.

37. Seja I um ideal em K [x1 , . . . , xn ], K um corpo algebricamente fechado. Mostre que


V (I) é finito se, e somente se, K [x1 , . . . , xn ] /I é um K-espaço vetorial de dimensão
finita.
Álgebra Comutativa I - Lista II 9

38. Sejam K um corpo algebricamente fechado e f um polinômio não constante em


K [x, y]. Considere f = fn1 1 · · · fns s a decomposição de f em fatores irredutı́veis. Mos-
tre que V (f) = V (f1 ) ∪ · · · ∪ V (fs ) é uma decomposição de V (f) em componente
irredutı́veis. Além disso, mostre que

I (V (f)) = (f1 · · · fs )
Álgebra Comutativa I

Aula 17

26 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Decomposição Primária 1

ii
Capı́tulo 1

Decomposição Primária

O Estudo dos divisores de zero de um anel é indispensável para muitas questões da


teoria dos anéis. Neste capı́tulo, detalhamos mais fatos sobre divisores de zero de um
anel ou módulo e estabelecemos uma conexão com a decomposição primária de ideais e
módulos, o que representa uma generalização de grande alcance da decomposição primária
em anéis fatoriais.

Definição 1.1 Seja M um módulo sobre um anel A. Um ideal P ∈ Spec (A) é dito um
primo associado a M se existe um m ∈ M tal que P = (0 : m). O conjunto dos ideais
primos associados a M será denotado por Ass (M).

Proposição 1.1 Seja M um módulo sobre um anel A. Então


∼ N, para algum submódulo N ⊆ M} .
Ass (M) = {P ∈ Spec (A) : A/P =

Demonstração: Seja P ∈ Ass (M). Existe, portanto, m ∈ M\ {0} tal que P = (0 : m).
Considere o homomorfismo sobrejetor

ϕ : A → Am
a 7→ am

Note que Ker (ϕ) = (0 : m) = P. Assim, do Teorema do Isomorfismo,


A A ∼ Im (ϕ) = Am.
= =
P Ker (ϕ)
ψ
Reciprocamente, ∼
 suponha que A/P = N, para algum submódulo N de M. Vejamos que
P = 0 : ψ 1 . De fato, se p ∈ P, temos que
 
pψ 1 = ψ p1 = ψ (p) = 0
 
e P ⊆ 0 : ψ 1 . Por outro lado, se q ∈ 0 : ψ 1 , segue da injetividade de ψ que

qψ 1 = 0 ⇒ ψ q1 = ψ (q) = 0 ⇒ q = 0 ⇒ q ∈ P.
 

1
2 Álgebra Comutativa I

OBSERVAÇÃO 1.1 Observamos que se P ∈ Ass (M), então P ⊇ 0 : M.

∼ L, então Ass (M) = Ass (L).


OBSERVAÇÃO 1.2 Observamos que se M =

Exemplo 1.1 Se P ∈ Spec (A), então Ass (A/P) = {P}. De fato, note que P = 0 : 1 e,


portanto, {P} ⊆ Ass (A/P). Se Q ∈ Ass (A/P), então Q = (0 : a), para algum a ∈ A/P
não-nulo. É evidente que P ⊆ Q. Além disso, se q ∈ Q, então qa = 0. Logo, qa ∈ P e,
como a ∈ / P (pois, caso contrário, terı́amos a = 0), temos que q ∈ Q e Q ⊆ P.

Proposição 1.2 Sejam A um anel Noetheriano e M um A-módulo não-nulo. Então


Ass (M) 6= ∅.

Demonstração: Seja
F = {(0 : n) ⊆ A : n ∈ M\ {0}} .
Note que, sendo M 6= 0, F é não-vazio. Da Notherianeidade de A segue que F possui um
elemento maximal P = (0 : m). Vejamos que P ∈ Spec (A). De fato, sejam a, b ∈ A tais
que ab ∈ P e b ∈
/ P. Então bm 6= 0. Observamos que

P = (0 : m) ⊆ (0 : bm) ∈ F.

Da maximalidade de P segue que

P = (0 : m) = (0 : bm) .

Além disso, como ab ∈ P, temos (ab) m = a (bm) = 0 e, portanto, a ∈ (0 : bm) = P. 

Proposição 1.3 Sejam A um anel Noetheriano, M um A-módulo e N um A-submódulo


de M. Então
Ass (N) ⊆ Ass (M) ⊆ Ass (N) ∪ Ass (M/N) .

Demonstração: A primeira inclusão é imediata. Seja P ∈ Ass (M) \ Ass (N). As-
sim, para algum m ∈ M\N, temos que P = (0 : m). Além disso, A/P = ∼ Am. Veja-
mos que Am ∩ N = 0. Com efeito, supondo o contrário, segue da Proposição 1.2 que
Ass (Am ∩ N) 6= ∅. Daı́

Ass (Am ∩ N) ⊆ Ass (Am) = Ass (A/P) = {P}

e, consequentemente,
{P} = Ass (Am ∩ N) ⊆ Ass (N)
o que, evidentemente, é uma contradição. Considere, então, a restrição da projeção
canônica π : M → M/N a Am, isto é, π|Am : Am → M/N. Pelo Teorema do Isomorfismo

∼ Am/(0) =
A/P = ∼ Am/ Ker (π|Am ) =
∼ Im (π|Am ) ⊆ M/N

e, portanto, P ∈ Ass (M/N). 


Capı́tulo 1. Decomposição Primária 3

Corolário 1.1 Seja


α β
0 → M0 → M → M00 → 0
uma sequência exata de A-módulos. Então

Ass (M0 ) ⊆ Ass (M) ⊆ Ass (M0 ) ∪ Ass (M00 ) .

Demonstração: Seja N = Im (α). Da injetividade de α, M0 =∼ N e, portanto, Ass (M0 ) =


Ass (N). Da sobrejetividade de β, do Teorema do Isomorfismo e da exatidão da sequência,
temos que
∼ M/ Ker (β) = M/ Im (α) = M/N
M00 =
e, sendo assim, Ass (M00 ) = Ass (M/N). 

Definição 1.2 Seja M um A-módulo. Um elemento a ∈ A é um divisor de zero de M


se existe m ∈ M\ {0} tal que am = 0. O conjunto dos divisores de zero de M é denotado
por Z (M).

Proposição 1.4 Sejam A um anel Noetheriano e M um módulo sobre A. Então


S
Z (M) = P.
P∈Ass(M)

Demonstração: Os elementos de P ∈ Ass (M) são, obviamente, divisores de 0 de M.


Reciprocamente, seja a ∈ Z (M). Existe, neste caso, m ∈ M\ {0} tal que am = 0.
Assim, Am 6= 0 e, consequentemente, Ass (Am) 6= ∅, ou seja, existe P ∈ Spec (A) tal que
P = (0 : bm), onde bm ∈ Am\ {0}. Deste modo,

a ∈ (0 : m) ⊆ (0 : bm) = P ∈ Ass (Am) ⊆ Ass (M) .

Proposição 1.5 Seja M um módulo finitamente gerado sobre um anel Noetheriano A.


Existe uma cadeia de submódulos

M = M0 ) M1 ) · · · ) Mn = 0.
∼ A/Pi para algum Pi ∈ Spec (A), i = 0, . . . , n − 1.
tal que Mi /Mi+1 =

Demonstração: Seja F a coleção dos submódulos não-nulos de M que satisfazem a


proposição. Note que F 6= ∅. De fato, como M 6= 0, segue da Proposição 1.2 que
∼ Ñ, para algum submódulo
Ass (M) 6= ∅ e, deste modo, existe P ∈ Ass (M) tal que A/P =
Ñ de M. Daı́, Ñ ∈ F. Como A Noetheriano e M finitamente gerado, temos que M é
Noetheriano. Logo, F admite um elemento maximal N. Suponha, por absurdo, N ( M.
Então M/N 6= 0 e, sendo assim, segue novamente da Proposição 1.2 que Ass (M/N) 6= ∅.
Portanto, existem Q ∈ Spec (A) e um submódulo N0 /N de M/N tais que A/Q = ∼ N0 /N.
0
Mas, neste caso, temos N ( N ∈ F, contrariando a maximalidade de N. Temos, assim,
que N = M e o resultado está provado. 

Corolário 1.2 Seja M um módulo finitamente gerado sobre um anel Noetheriano A.


Então # (Ass (M)) < ∞.
4 Álgebra Comutativa I

Demonstração: Seja M = M0 ) M1 ) · · · ) Mn = 0 a cadeia da proposição anterior.


Da Proposição 1.3 segue que

Ass (Mn−2 ) ⊆ Ass (Mn−1 ) ∪ Ass (Mn−2 /Mn−1 )


= Ass (Mn−1 /Mn ) ∪ Ass (Mn−2 /Mn−1 )
= Ass (A/Pn−1 ) ∪ Ass (A/Pn−2 )
= {Pn−2 , Pn−1 } .

Assim,

Ass (Mn−3 ) ⊆ Ass (Mn−2 ) ∪ Ass (Mn−3 /Mn−2 )


= Ass (Mn−2 ) ∪ Ass (A/Pn−3 )
⊆ {Pn−2 , Pn−1 } ∪ {Pn−3 }
= {Pn−3 , Pn−2 , Pn−1 }

e, iterando este processo, obtemos

Ass (M) = Ass (M0 ) ⊆ {P0 , . . . , Pn−1 } .


Álgebra Comutativa I

Aula 18

31 de maio de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Decomposição Primária 1

ii
Capı́tulo 1

Decomposição Primária

OBSERVAÇÃO 1.1 Até o final da seção, todos os módulos serão finitamente gerados sobre
anéis Noetherianos.

Definição 1.1 Seja M um A-módulo. O suporte de M é o conjunto

Supp (M) := {P ∈ Spec (A) : MP 6= 0} .

Lembre que se S ⊆ A é um conjunto multiplicativo e M é um A-módulo finitamente


gerado, então
S−1 M = 0 ⇔ ∃ a ∈ S; aM = 0.
Assim sendo, se P ∈ Spec (A), temos

/ Supp (M) ⇔ MP = 0 ⇔ ∃ a ∈ A\P; aM = 0 ⇔ (0 : M) 6⊆ P.


P∈

CONSEQUÊNCIA: Podemos caracterizar o suporte de M do seguinte modo:

Supp (M) = V (0 : M) = {P ∈ Spec (A) : (0 : M) ⊆ P} .

Proposição 1.1 Sejam M um A-módulo e S ⊆ A um conjunto multiplicativo. Então


 
Ass S−1 M = S−1 P : P ∈ Ass (M) e P ∩ S = ∅ .

Demonstração: Seja S−1 P tal que P ∈ Ass (M) e P ∩ S = ∅. Então P ∈ Spec (A) e
P ∩ S = ∅ e, consequentemente, S−1 P ⊆ S−1 A é primo. Além disso, como P ∈ Ass (M),
existe m ∈ M\ {0} tal que P = (0 : m). Vejamos que S−1 P = (0 : m/1). É evidente que
S−1 P ⊆ (0 : m/1). Por outro lado, seja q/s ∈ (0 : m/1). Daı́
qm 0
= ⇒ ∃ u ∈ S; uqm = 0 ⇒ uq ∈ (0 : m) = P ⇒ q ∈ P.
s 1
(A última implicação decorre do fato de que u ∈ S e P ∩ S = ∅.) Logo, q/s ∈ S−1 P
e (0 : m/1) ⊆ S−1 P. Temos, portanto, que S−1 P ∈ Ass S−1 M . Por outro lado, seja
S−1 Q ∈ Ass S−1 M . Então Q ∈ Spec (A) e Q ∩ S = ∅. Além disso, S−1 Q = (0 : m/s),

1
2 Álgebra Comutativa I

para algum m ∈ M e s ∈ S. Como A é Noetheriano, temos Q = (q1 , . . . , qn ). Daı́, para


i = 1, . . . , n, temos
qi m 0
= ⇒ ∃ ui ∈ S; ui qi m = 0. (1.1)
1 s 1
P
n
Seja u = u1 · · · un ∈ S. Vejamos que Q = (0 : um). De fato, se q ∈ Q, então q = bi qi .
i=1
Logo, por (1.1), qum = 0 e Q ⊆ (0 : um). Reciprocamente, se r ∈ (0 : um), então
rum = u (rm) = 0. Deste modo, (r/1) (m/s) = (0/1) e, portanto, r/1 ∈ (0 : m/s) =
S−1 Q. Assim, r/1 = q/s̃, com q ∈ Q e s̃ ∈ S. Consequentemente, existe ũ ∈ S tal que
(ũs̃) r = ũq ∈ Q, ou seja, r ∈ Q e (0 : um) ⊆ Q. 

Proposição 1.2 O suporte de M é igual ao conjunto dos ideais primos de A que contém
um primo associado de M.

Demonstração: Seja P ∈ Ass (M). Então (0 : M) ⊆ P. Logo, se Q ∈ Spec (A) e P ⊆ Q,


então Q ∈ V (0 : M) = Supp (M). Por outro lado, se Q ∈ Supp (M), então MQ 6= 0.
Daı́, Ass (MQ ) 6= ∅. Existe, portanto, um ideal primo PQ ⊆ AQ tal que P ∈ Ass (M) e
P ∩ (A\Q) = ∅. Daı́, P ⊆ Q. 

CONSEQUÊNCIA: Se F é uma famı́lia de conjuntos, denotamos por Min (F) a coleção dos
elementos minimais de F com respeito a inclusão. Neste contexto, temos que

Min (Ass (M)) = Min (Supp (M)) .

Este conjunto, que é único, será denotado por Min (M). Se P ∈ Min (M), então P é dito
um primo associado minimal de M. Se P ∈ Ass (M) \ Min (M), P é dito um primo
associado imerso de M. (A nomenclatura é geométrica.)

OBSERVAÇÃO 1.2 É evidente que Min (M) ⊆ Ass (M). Para o caso de ideais, se I ⊆ A é
um ideal e P ∈ Spec (A) contém I e é minimal com esta propriedade, então P ∈ Ass (A/I).
De fato,
Supp (A/I) = {P ∈ Spec (A) : (0 : A/I) ⊆ P}
e, uma vez que (0 : A/I) = I, temos que

Supp (A/I) = {P ∈ Spec (A) : I ⊆ P} .

Corolário 1.1 Seja M um módulo sobre o anel A. Então


p T T T
(0 : M) = P= P= P.
P∈Spec(A) P∈Supp(M) P∈Min(M)
P⊇(0:M)

Em particular, se I ⊆ A é um ideal, então


√ T T T
I= P= P= P.
P∈Spec(A) P∈Supp(A/I) P∈Min(A/I)
P⊇I

Definição 1.2 Seja N ( M um A-submódulo. Dizemos que N é um submódulo


primário se Ass (M/N) é unitário. Quando especificado o ideal primo P ⊆ A tal que
Ass (M/N) = {P}, dizemos que N é P-primário.
Capı́tulo 1. Decomposição Primária 3

Proposição 1.3 São equivalentes as seguintes afirmações:

i) N ⊆ M é A-submódulo primário.
p p
ii) Z (M/N) ⊆ (0 : M/N), isto é, se am ∈ N e m ∈
/ N, então a ∈ (0 : M/N).

Demonstração: Se Ass (M/N) = {P}, então


S T p
Z (M/N) = P=P= P= (0 : M/N).
P∈Ass(M/N) P∈Ass(M/N)

Reciprocamente, se
S p T
P = Z (M/N) ⊆ (0 : M/N) = P,
P∈Ass(M/N) P∈Ass(M/N)

então Ass (M/N) = {P}. 

pONSEQUÊNCIA: Se M é um A-módulo e N ⊆ M é um A-submódulo P-primário, então


C
(0 : M/N) = P.

OBSERVAÇÃO 1.3 Em particular, um ideal I ⊆ A√ é P-primário se Ass (A/I) = {P} e,


equivalentemente, se ax ∈ I, com x ∈
/ I, então a ∈ I = P.

Exemplo 1.1 Se P ⊆ A é primo, então P é primário.

Exemplo 1.2 Se P ⊆ A é primo então Pn nãoé, necessariamente, primário. Por exemplo,


sejam K um corpo, A = K [x, y, z] / xy − z2 e P = (x, z) ⊆ A ideal primo. Note que

x · y = z2 ∈ P 2 e x ∈
/ P2 e y ∈
/ P2 = P (vide Observação 1.3). Logo, P2 não é primário.
√ √
Exemplo 1.3 Se I é ideal maximal, então I é um ideal primário. De fato, seja I = m.
Logo, \
NA/I = P = m.
P∈Spec(A/I)

Logo, A/I tem apenas um ideal primo. √Portanto, todo elemento de A/I é uma unidade
ou é nilpotente, desta forma Z(A/I) ⊂ I.
Álgebra Comutativa I

Aula 19

02 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Decomposição Primária 1

ii
Capı́tulo 1

Decomposição Primária

Lema 1.1 A interseção finita de submódulos P-primários é um submódulo P-primário.

Demonstração: É suficiente mostrar que se N1 e N2 são submódulos P-primários de um


A-módulo M, então N1 ∩ N2 também o é. Consideremos a sequência exata
N1 M M
0→ → → → 0.
N1 ∩ N2 N1 ∩ N2 N1
Daı́, uma vez que
N1 ∼ N1 + N2 ⊆ M ,
=
N1 ∩ N2 N2 N2
temos que
     
M N1 M
Ass ⊆ Ass ∪ Ass
N1 ∩ N2 N ∩ N2 N
 1   1
N1 + N2 M
= Ass ∪ Ass
N N
 2   1
M M
⊆ Ass ∪ Ass = {P}
N2 N1
 
M
e, como Ass 6= ∅, o resultado segue. 
N1 ∩ N2

Definição 1.1 Um submódulo N ⊆ M é dito irredutı́vel se sempre que U1 e U2 são


submódulos próprios de M tais que N = U1 ∩ U2 , então N = U1 ou N = U2 .

Lema 1.2 Se N ( M é um submódulo irredutı́vel, então N é primário.

Demonstração: Como N ( M, temos que Ass (M/N) 6= ∅. Suponha, por absurdo, que
existam P1 , P2 ∈ Ass (M/N), com P1 6= P2 . Neste caso, existem Ñ1 e Ñ2 , submódulos
ϕ1 ϕ2
de M/N, tais que A/P1 = ∼ Ñ1 e A/P2 = ∼ Ñ2 . Vejamos que Ñ1 ∩ Ñ2 = 0. Com efeito,
suponhamos que exista x ∈ Ñ1 ∩ Ñ2 , x 6= 0. Notemos que P1 = (0 : x). De fato, considere,
a ∈ A\P1 tal que ϕ1 (a) = x. Daı́, se p ∈ P1 ,

px = pϕ1 (a) = ϕ1 (pa) = ϕ1 (pa) = 0,

1
2 Álgebra Comutativa I

isto é, p ∈ (0 : x). Reciprocamente, se q ∈ (0 : x), então

qx = 0 ⇒ qϕ1 (a) = 0 ⇒ ϕ1 (qa) = 0 ⇒ ϕ1 (qa) = 0 ⇒ qa = 0 ⇒ qa ∈ P1 ⇒ q ∈ P1 .

De modo análogo, verificamos que P2 = (0 : x) o que, evidentemente, é uma contradição.


Sejam N1 e N2 submódulos de M tais que Ñ1 = N1 /N e Ñ2 = N2 /N. Daı́, como
Ñ1 ∩ Ñ2 = 0, temos que N1 ∩ N2 = N e, como N é irredutı́vel, devemos ter N1 = N ou
N2 = N, o que nos dá Ñ1 = 0 ou Ñ2 = 0, contrariando o fato de que P1 , P2 ( A. 

Definição 1.2 Um submódulo N ( M admite uma decomposição primária se existem


submódulos primários N1 , . . . , Nr de M tais que

N = N1 ∩ · · · ∩ Nr . (1.1)

Definição 1.3 A decomposição primária (1.1) é dita reduzida (ou minimal ou irre-
dundante) se:

i) Para cada i, sendo Ni Pi -primário, temos Pi 6= Pj sempre que i 6= j;


T
ii) N ( Ni , para todo j.
i6=j

Neste caso, cada Ni é chamado uma componente primária de N.

OBSERVAÇÃO 1.1 Observamos que, dada uma decomposição primária de um submódulo


N, podemos sempre torná-la reduzida visto que a interseção finita de módulos P-primários
é ainda um submódulo P-primário.

Teorema 1.1 (Existência de Decomposição Primária) Se N ( M é um submódulo,


então N admite uma decomposição primária.

Demonstração: Basta mostrarmos que N é uma interseção finita de submódulo irre-


dutı́veis. Seja F a famı́lia dos submódulos próprios de M que não admitem decomposição
em fatores irredutı́veis. Suponha, por absurdo, F = 6 ∅. Como A é Noetheriano e M é
finitamente gerado, temos que M é Noetheriano e, sendo assim, F admite um elemento
maximal S. Em particular, S não é irredutı́vel e, portanto, existem U e L, submódulos
próprios de M, tais que S = U ∩ L, S ( U e S ( L. Da maximalidade de S segue que
U, L ∈/ F, ou seja, existem submódulos irredutı́veis U1 , . . . , Ur , L1 , . . . , Ls tais que
r
T s
T
U= Ui e L= Lj .
i=1 j=1

Logo, !
 r
 s
T T
S=U∩L= Ui ∩ Lj
i=1 j=1

é uma decomposição primária finita de S em fatores irredutı́veis. Absurdo! 

Teorema 1.2 (Primeiro Teorema de Unicidade) Seja N ( M um submódulo. Se


N = N1 ∩ · · · ∩ Nr é uma decomposição primária irredundante, com Ni Pi -primário, então
Ass (M/N) = {P1 , . . . , Pr }.
Capı́tulo 1. Decomposição Primária 3

T
Demonstração: Seja Ui := Nj ) N. Então, N = Ui ∩ Ni e Ui /N 6= 0. Note que
j6=i

Ui Ui ∼ Ui + Ni ⊆ M
= =
N Ui ∩ Ni Ni Ni
Assim,
∅ 6= Ass (Ui /N) ⊆ Ass (M/Ni ) = {Pi }
de onde se extrai que
Ass (Ui /N) = {Pi } . (1.2)
Como Ui /N ⊆ M/N, temos que {P1 , . . . , Pr } ⊆ Ass (M/N). A outra inclusão será feita
por indução sobre r. Se r = 1, o resultado é imediato. Por hipótese de indução, para cada
i = 1, . . . , r,
Ass (M/Ui ) = {Pj }j6=i . (1.3)
Considerando a sequência exata

Ui M M/N
0→ → → → 0.
N N Ui /N

M/N ∼
e utilizando-se que = M/Ui , de (1.2) e (1.3), temos que
Ui /N

Ass (M/N) ⊆ Ass (Ui /N) ∪ Ass (M/Ui ) = {Pi } ∪ {Pj }j6=i = {P1 , . . . , Pr } .


Álgebra Comutativa I

Aula 20

07 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Decomposição Primária 1

ii
Capı́tulo 1

Decomposição Primária

Definição 1.1 Seja S ⊆ A um conjunto multiplicativo. A S-componente de um submódulo


N de M é dada por
S (N) = {m ∈ M : ∃ s ∈ S; sm ∈ N} .

OBSERVAÇÃO 1.1 Sejam N, N1 , . . . , Nr submódulos de M. Note que S (N) é um submó-


dulo de M que contém N. Além disso,
r  r
T T
S (S (N)) = S (N) e S Ni = S (Ni ) .
i=1 i=1

Lema 1.1 Seja S ⊆ A um conjunto multiplicativo.

i) Se N ⊆ M é um submódulo P-primário e P ∩ S = ∅, então S−1 N é S−1 P-primário e


S (N) = N. Se P ∩ S 6= ∅, então S−1 N = S−1 M.
r
T
ii) Se N = Ni é uma decomposição primária reduzida de N, sendo Ni Pi -primário,
i=1
então
S−1 N = S−1 Ni
T
Pi ∩S=∅

é uma decomposição primária de S−1 N.

Demonstração: (i) Temos que


 
Ass S−1 (M/N) = S−1 Q : Q ∈ Ass (M/N) e Q ∩ S = ∅ .

Logo, se N é P primário e P ∩ S = ∅, então S−1 N é S−1 P-primário. Neste


p caso, se m ∈
S (N), existe s ∈ S tal que sm ∈ N. Como N é P-primário, tem-se s ∈ (0 : M/N) = P
ou m ∈ N e, como s ∈ / P, temos que m ∈ N. Logo, S (N) ⊆ N. Como a outra
inclusão
p sempre se verifica,
p segue a igualdade entre os conjuntos. Se P ∩ S 6= ∅, como
P = (0 : M/N) = (N : M), tomando p ∈ P ∩ S, existe n > 0 tal que pn M ⊆ N.
Assim, dado m/s ∈ S−1 M, temos

m pn m
= n ∈ S−1 N
s p s

1
2 Álgebra Comutativa I

e S−1 M ⊆ S−1 N. Uma vez que a outra inclusão sempre se verifica, S−1 M = S−1 N.
r
(ii) Segue imediatamente do item (i) e do fato de que se N = Ni , então S−1 N =
T
i=1
r
−1
T
S Ni . 
i=1

Teorema 1.1 (Segundo Teorema de Unicidade) Seja N ( M um A-submódulo tal


r
T
que N = Nj é uma decomposição primária reduzida, sendo cada submódulo Nj Pj -
j=1
primário. Se Pi é um elemento minimal do conjunto {P1 , . . . , Pr } e Si = A\Pi , então,
Ni = Si (N).

Demonstração: Inicialmente, note que Pj ∩ Si 6= ∅ para cada j 6= i já que Pi é minimal.


Do Lema 1.1 temos que

S−1 S−1 −1
T
i N = i (Nj ) = Si (Ni )
Pj ∩Si =∅

e r
T
Si (N) = Si (Nj ) ⊂ Si (Ni ) = Ni
j=1

já que Ni é Pi -primário. Reciprocamente, se ni ∈ Ni , então n1i ∈ S−1 −1


i (Ni ) = Si (N) ,
logo, existem n ∈ N, s ∈ Si tais que n1i = ns . Daı́, existe u ∈ Si tal que usni = un ∈ N.
Desta forma, ni ∈ Si (N). Portanto, Si (N) = Si (Ni ) = Ni , e o resultado segue. 

OBSERVAÇÃO 1.2 Segue do Segundo Teorema de Unicidade que as componentes primá-


rias de N pertencentes à coleção dos elementos minimais de Ass (M/N) são unicamente
determinadas por M e por N. Já as componentes de N associadas a primos imersos,
chamadas componentes primárias imersas, em geral, não são únicas.

OBSERVAÇÃO 1.3 Em particular, a decomposição primária de N é certamente única se


em Ass (M/N), nenhum ideal primo está contido em outro ideal primo.

Caso de ideais: Considere M = A e N = I é um ideal próprio de A. Existem


Q1 , . . . , Qr ⊆ A, ideais Pi -primários, tais que I = Q1 ∩ · · · ∩ Qr é uma decomposição
primária reduzida de I com

p p
Ass (A/I) = {P1 , . . . , Pr } = Q1 , . . . , Qr .

Além disso, as componentes primárias associadas a primos minimais, chamadas compo-


nentes primárias isoladas, são únicas.

Exemplo 1.1 Seja I = x2 , xy ⊆ K [x, y], K corpo. Note que

I = (x) ∩ x2 , y .



De fato, seja f ∈ (x) ∩ x2 , y . Daı́

xg = f = x2 h + yv,
Capı́tulo 1. Decomposição Primária 3

com g, h, v ∈ K [x, y]. Logo,

yv = x (g − xh) ⇒ x|v ⇒ v = xu, u ∈ K [x, y] .

Portanto,
f = x2 h + xyu ∈ I.
 p
Note ainda que (x) e x2 , y são primários
 já que (x) é primo e (x2 , y) = (x, y) é
2
maximal. Deste modo, I = (x) ∩ x , y é uma decomposição primária reduzida de I.
 = {(x) , (x, y)}, sendo (x) minimal e (x, y) primo imerso. Assim,
Além disso, Ass (A/I)
em I = (x) ∩ x2 , y , (x) é componente primária isolada (única) e x2 , y é componente
primária imersa. Note ainda que Z (A/I) = (x, y). Por outro lado, observe que

I = (x) ∩ (x, y)2

é uma decomposição primária de I e que (x, y)2 6= x2 , y . Contudo,




q
(x, y)2 = (x, y) = (x2 , y).
p

Exemplo 1.2 Seja I = (xy, xz, yz) ⊆ K [x, y, z], K corpo. Note que

I = (x, y) ∩ (x, z) ∩ (y, z) .

Daı́,

Ass (A/I) = {(x, y) , (x, z) , (y, z)} e Z (A/I) = (x, y) ∪ (x, z) ∪ (y, z) .
Álgebra Comutativa I

Aula 21

09 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 1


1.1 Dependência inteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Dependência Inteira e Cadeias de


Ideais Primos

1.1 Dependência inteira


Definição 1.1 Sejam B um anel e A ⊆ B um subanel. Um elemento x ∈ B é inteiro (ou
integral) sobre A se x é raiz de um polinômio mônico com coeficientes em A, isto é, se
x satisfaz uma equação da forma

xn + a1 xn−1 + · · · + an = 0, (1.1)

onde ai ∈ A para todo i = 1, . . . , n. Neste caso, (1.1) é dita uma relação de de-
pendência de x sobre A.

Note que todo elemento de A é inteiro sobre A.

Exemplo 1.1 Considere A = Z e B = Q. Seja q = r/s ∈ Q, com mdc (r, s) = 1, inteiro


sobre Z. Neste caso, existem inteiros a1 , . . . , an tais que
 r n  r n−1 r
+ a1 + · · · + an−1 + an = 0.
s s s
Multiplicando ambos os membros da igualdade acima por sn , temos

rn + a1 srn−1 + · · · + an−1 sn−1 r + sn an = 0,

o que nos dá


rn = −s a1 rn−1 + · · · + an−1 sn−2 r + an sn−1 .


Logo, s|rn e, consequentemente, s = ±1. Logo, q ∈ Z.

Proposição 1.1 Seja A ⊆ B uma extensão de anéis. As seguintes afirmações são equi-
valentes:

i) x ∈ B é inteiro sobre A.

ii) A [x] é finitamente gerado como A-módulo.

1
2 Álgebra Comutativa I

iii) A [x] ⊆ C, sendo C ⊆ B um subanel que é finitamente gerado como A-módulo.

iv) Existe um A [x]-módulo fiel M que é finitamente gerado como A-módulo.

Demonstração: (i) ⇒ (ii). Sendo x ∈ B inteiro sobre A, existem a1 , . . . , an ∈ A tais


que
xn + a1 xn−1 + · · · + an−1 x + an = 0.
Logo,
xn = − a1 xn−1 + · · · + an−1 x + an


e, consequentemente,

xn+r = − a1 xn+r−1 + · · · + an−1 xr+1 + an xr ,





ou seja, 1, x, . . . , xn−1 gera A [x] como A-módulo.
(ii) ⇒ (iii). Basta fazer C = A [x].
(iii) ⇒ (iv). Basta tomar M = C. De fato, se y ∈ A [x] é tal que yC = 0, então, em
particular, 0 = y · 1 = y.
(iv) ⇒ (i). Sejam I = A e ϕ a multiplicação por x. Note que, neste caso, ϕ (M) ⊆ M,
já que M é A [x]-módulo. Daı́, pelo Teorema de Cayley-Hamilton, existem a1 , . . . , an ∈ A
tais que

0 = ϕn + a1 ϕn−1 + · · · + an (m) = xn + a1 xn−1 + · · · + an (m) ,


 

para todo m ∈ M e, consequentemente,

xn + a1 xn−1 + · · · + an = 0

visto que M é A[x]-módulo fiel, portanto, x é inteiro sobre A. 

Corolário 1.1 Seja A ⊆ B uma extensão de anéis. Se x1 , . . . , xm ∈ B são inteiros sobre


A, então, a A-álgebra gerada por x1 , . . . , xm , denotada por A [x1 , . . . , xm ], é finitamente
gerada sobre A.

Demonstração: Façamos indução em m. Se m = 1, o resultado segue da proposição


anterior. Por hipótese de indução, suponhamos que A0 = A [x1 , . . . , xm−1 ] seja finitamente
gerado sobre A. Certamente, xm é inteiro sobre A0 . Daı́, A0 [xm ] é finitamente gerado
como A-módulo e, uma vez que A [x1 , . . . , xm ] = A0 [xm ], o resultado segue. 

Corolário 1.2 Seja A ⊆ B uma extensão de anéis. O conjunto F formado pelos elementos
de B que são inteiros sobre A é um subanel de B (chamado de fecho inteiro da extensão
A ⊆ B).

Demonstração: Sejam x, y ∈ F. Do Corolário 1.1, A [x, y] é finitamente gerado sobre A.


Deste modo, x ± y e xy, pela Proposição 1.1, são inteiros sobre A, fazendo-se C = A [x, y]
no item (iii). 

Quando A = F, dizemos que A é integralmente fechado e, quando F = B, dizemos


que a extensão A ⊆ B é inteira ou integral.
Capı́tulo 1. Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 3

Proposição 1.2 Se A ⊆ B ⊆ C são extensões de anéis tais que A ⊆ B e B ⊆ C são


inteiras, então A ⊆ C é inteira.

Demonstração: Seja x ∈ C. Como B ⊆ C é inteira, existem b1 , . . . , bn ∈ B tais que

xn + b1 xn−1 + · · · + bn = 0.

Sendo b1 , . . . , bn ∈ B e A ⊆ B extensão inteira, temos que B0 = A [b1 , . . . , bn ] é fi-


nitamente gerado sobre A. Note ainda que x é inteiro sobre B0 . Logo, B0 [x] é B0 -
módulo finitamente gerado e consequentemente, B0 [x] é finitamente gerado sobre A. Como
A [x] ⊆ B0 [x], segue da Proposição 1.1 que x é inteiro sobre A. 

PROPRIEDADES: Seja A ⊆ B uma extensão inteira.

i) Se J ⊆ B é um ideal e I = J ∩ A, então a extensão A/I ,→ B/J é inteira.

ii) Se S ⊆ A é um conjunto multiplicativo, então S−1 A ⊆ S−1 B é inteira.

OBSERVAÇÃO 1.1 Note ainda que se A ⊆ F ⊆ B é o fecho da extensão A ⊆ B e S ⊆ A é


um conjunto multiplicativo, então S−1 F é o fecho da extensão S−1 A ⊆ S−1 B. De fato, seja
b/s ∈ S−1 B inteiro sobre S−1 A. Daı́, existem a1 /s1 , . . . , an /sn ∈ S−1 A tais que
 n  n−1
b a1 b an−1 b an
+ + ··· + + = 0. (1.2)
s s1 s sn−1 s sn

Multiplicando (1.2) por (ss1 · · · sn )n , temos

(s1 · · · sn b)n a1 ss2 · · · sn (s1 · · · sn b)n−1


+ + ···
1 1
an−1 sn−1 s1n−1 · · · sn−2
n−2 n−1
sn (s1 · · · sn b) an sn sn1 · · · snn−1 sn−1
n
+ + = 0.
1 1
Logo, existe u ∈ S tal que us1 · · · sn b é inteiro sobre A e, portanto,
b us1 · · · sn b
= ∈ S−1 F.
s us1 · · · sn s
Álgebra Comutativa I

Aula 22

14 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 1


1.1 O Going-Up . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 O Going-Down . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ii
Capı́tulo 1

Dependência Inteira e Cadeias de


Ideais Primos

1.1 O Going-Up
Proposição 1.1 Seja A ⊆ B uma extensão inteira de domı́nios. Então A é corpo se, e
somente se, B é corpo.

Demonstração: [⇒] Suponha que A seja um corpo e seja b ∈ B\ {0}. Existe, portanto,
uma relação de dependência de b sobre A

bn + a1 bn−1 + · · · + an−1 b + an = 0,

com ai ∈ A, para todo i = 1, . . . , n. Note que podemos supor an 6= 0 (basta considerar


a equação integral de menor grau possı́vel). Daı́,

b bn−1 + a1 bn−2 + · · · + an−1 = −an ∈ U (A)




e, portanto, b ∈ U (B).
[⇐] Suponha que B seja corpo e seja a ∈ A\ {0}. Logo, a−1 ∈ B e existem a1 , . . . , am ∈
A tais que
m m−1
a−1 + a1 a−1 + · · · + am−1 a−1 + am = 0.
Multiplicando ambos os membros da igualdade acima por am−1 , obtemos

a−1 + a1 + · · · + am−1 am−2 + am am−1 = 0

e, consequentemente,

a−1 = − a1 + · · · + am−1 am−2 + am am−1 ∈ A.




Corolário 1.1 Sejam A ⊆ B uma extensão inteira e Q ⊆ B um ideal primo. Então,


Q ∩ A é maximal se, e somente se, Q é maximal.

Corolário 1.2 (Lema de Incomparabilidade) Sejam A ⊆ B uma extensão inteira e


Q1 ⊆ Q2 ⊆ B ideais primos tais que Q1 ∩ A = Q2 ∩ A =: P. Então Q1 = Q2 .

1
2 Álgebra Comutativa I

Demonstração: Considere M := PP ⊆ AP ideal maximal e N1 e N2 as extensões dos


ideais Q1 e Q2 , respectivamente, a BP . Observe o diagrama:

A i / B

  
AP 
j
/ BP

Note que N1 ⊆ N2 e Nc1 = (Q1 )P ∩ AP = (Q1 ∩ A)P = PP , portanto, Nc1 = M = Nc2 ⊆


Ap . Como M é maximal, temos N1 e N2 maximais. Logo, N1 = N2 e, portanto, Q1 = Q2 .

Teorema 1.1 (Lying-Over) Sejam A ⊆ B uma extensão inteira e P ⊆ A um ideal
primo. Então, existe Q ⊆ B ideal primo tal que P = Q ∩ A.
Demonstração: Considere o diagrama comutativo abaixo:

A /
i
B
α β
 
 j
/
AP BP
Assim, j ◦ α = β ◦ i. Considere M ⊆ BP um ideal maximal. Como A ⊆ B é extensão
inteira, tem-se
j−1 (M) = PP ⇒ (j ◦ α)−1 (M) = α−1 j−1 (M) = α−1 (PP ) = P.


Por fim, Q := β−1 (M) ⊆ B é ideal primo. Note que


Q ∩ A = i−1 (Q) = i−1 β−1 (M) = (β ◦ i)−1 (M) = (j ◦ α)−1 (M) = P.



Teorema 1.2 (Going-Up) Sejam A ⊆ B uma extensão inteira, Q1 ( · · · ( Qn ( B
uma cadeia de ideais primos de B e P1 ( · · · ( Pm ( A uma cadeia de ideais primos de
A tais que m > n e Qi ∩ A = Pi , para todo i = 1, . . . , n. Então, existem ideais primos
Qn+1 , . . . , Qm ⊆ B tais que Qj ∩ A = Pj e Qj ( Qj+1 para todo j = 1, . . . , m.
Demonstração: Basta considerar m = 2 e n = 1, isto é, suponha que P1 ( P2 ( A
são ideais primos e Q1 ( B é ideal primo tal que Q1 ∩ A = P1 . Devemos mostrar que
existe um ideal primo Q2 ( B tal que Q1 ( Q2 e Q2 ∩ A = P2 . Como A ⊆ B é extensão
inteira, segue que A/P1 ,→ B/Q1 é extensão inteira. Além disso, note que P2 /P1 ⊆ A/P1
é um ideal primo. Logo, por Lying-over, existe Q2 /Q1 ⊆ B/Q1 ideal primo tal que
(Q2 /Q1 ) ∩ (A/P1 ) = P2 /P1 . Considere o diagrama:

A i / B
α β
 
 j
/
A/P1 B/Q1
Daı́, contraindo Q2 /Q1 a A via β e i, e posteriormente via j e α, tem-se Q2 ∩ A = P2 e
Q1 ( Q2 . 
Capı́tulo 1. Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 3

Teorema 1.3 Seja A ⊆ B uma extensão inteira tal que dim (A) e dim (B) são finitas.
Então dim (A) = dim (B).

Demonstração: Suponha que dim (B) = m. Então, existe uma cadeia

Q0 ( Q1 ( · · · ( Qm ( B

de ideais primos de B. Deste modo, podemos considerar a seguinte cadeia de ideais em


A:
Q0 ∩ A ⊆ Q1 ∩ A ⊆ · · · ⊆ Qm ∩ A.
Note que, do Corolário 1.2, Qi ( Qi+1 , para todo i = 0, . . . , m − 1. Portanto, dim (B) =
m ≤ dim (A). Por outro lado, se dim (A) = n, existe uma cadeia

P0 ( P1 ( · · · ( Pn ( A

de ideais primos de A. Por Lying-over, existe um ideal primo Q0 de B tal que Q0 ∩A = P0 .


Por Going-up, existe uma cadeia

Q0 ( Q1 ( · · · ( Qn ( B

de ideais primos de B tais que Qi ∩ A = Pi , para todo i = 0, . . . , n. Portanto, dim (A) =


n ≤ dim (B). 

1.2 O Going-Down
Definição 1.1 Seja A um domı́nio. Dizemos que A é normal se A é integralmente
fechado com relação a seu corpo de frações.

Exemplo 1.1 Z é normal. Mais geralmente, todo DFU é normal. Em particular, se K é


corpo, então K [x1 , . . . , xn ] é normal.

Proposição 1.2 Seja A um domı́nio. São equivalentes as seguintes afirmações:

i) A é normal.

ii) AP é normal para todo ideal primo P de A.

iii) AM é normal para todo ideal maximal M de A.

Demonstração: Sejam K o corpo de frações de A, F o fecho integral de A em K e i : A ,→ F


a inclusão de A em F. Então A é integralmente fechado se, e somente se, i é sobrejetora e,
como o fecho de Ap é Fp , temos que Ap (respectivamente, AM ) é integralmente fechado se,
e somente se, iP (respectivamente, iM ) é sobrejetora. O resultado segue então do Princı́pio
Local-Global. 
Álgebra Comutativa I

Aula 23

16 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 1


1.1 O Going-Down . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Dependência Inteira e Cadeias de


Ideais Primos

1.1 O Going-Down
Definição 1.1 Sejam A ⊆ B uma extensão de anéis e I ⊆ A um ideal. Um elemento
b ∈ B é dito inteiro (ou integral) sobre I se existe uma relação de dependência inteira
de b com coeficientes em I.

O conjunto dos elementos inteiros sobre I é chamado de fecho inteiro de I em B.

Lema 1.1 Sejam A ⊆ B uma extensão de anéis e C o fecho de A ⊆ B. Se I ⊆ A é um


ideal, então o fecho de I é o radical de Ie , sendo Ie a extensão de I a C.

Demonstração: Seja x ∈ C um elemento inteiro sobre I. Daı́, existem a1 , . . . , an ∈ I


tais que

xn + a1 xn−1 + · · · + an = 0 ⇒ xn = − a1 xn−1 + · · · + an ∈ Ie ⊆ C


⇒ x ∈ Ie .

Reciprocamente, se x ∈ Ie , então
P
r
xn = ãi xi ,
i=1

com ãi ∈ I e xi inteiro sobre A para todo i. Deste modo, M := A [x1 , . . . , xr ] é finitamente
gerado sobre A. Do Teorema de Cayley-Hamilton, sendo ϕ a multiplicação por xn , segue
que xn é inteiro sobre I e, consequentemente, x é inteiro sobre I. 

LEMBRETE: Se K ⊆ L é uma extensão de corpos e u ∈ L é algébrico sobre K, isto é, u


∼ K [x] / (f), sendo f ∈ K [x] um
é raiz de um polinômio não-nulo em K [x], então K (u) =
polinômio mônico irredutı́vel e unicamente determinado pela propriedade de f (u) = 0
e se g (u) = 0, com g (x) ∈ K [x], então f|g. Este f (x) é definido como o polinômio
minimal de u.

1
2 Álgebra Comutativa I

Proposição 1.1 Sejam A ⊆ B uma extensão de domı́nios, sendo A normal e I ⊆ A um


ideal. Se x ∈ B é inteiro sobre I, então x é algébrico sobre K, sendo K o corpo de frações
de A e o polinômio minimal de x com relação a K é da forma
tn + a1 tn−1 + · · · + an , (1.1)

com ai ∈ I para todo i = 1, . . . , n.
Demonstração: Como x é inteiro sobre I, tem-se que x é algébrico sobre K. Considere
L um corpo que contém as raı́zes conjugadas de x, isto é, as raı́zes de (1.1), a saber,
x1 , . . . , xn . Note que cada xi é inteiro sobre I visto que o polinômio minimal de x deve
dividir o polinômio obtido a partir da relação de dependência inteira sobre I. Além disso,
note que os coeficientes ai ∈ K são escritos como expressões polinomiais nos xi . Logo,
pelo Lema 1.1, cada a√i é inteiro sobre I. Utilizando mais uma vez o Lema 1.1, temos,
para todo i, que ai ∈ I já que ai ∈ K para todo i e A é normal. 
Teorema 1.1 (Going-Down) Seja A ⊆ B uma extensão inteira de domı́nios, A normal.
Se P1 ⊇ · · · ⊇ Pn é uma cadeia de ideais primos em A e Q1 ⊇ · · · ⊇ Qm , m < n, é
uma cadeia de ideais primos em B tal que Qi ∩ A = Pi , i = 1, . . . , m, então, existe uma
extensão Q1 ⊇ · · · ⊇ Qm ⊇ Qm+1 ⊇ · · · ⊇ Qn tal que, para todo j = 1, . . . , n, Qj é ideal
primo de B e Qj ∩ A = Pj .
Demonstração: É suficiente supor m = 1 e n = 2. Deste modo, se P1 ⊇ P2 são ideais
primos de A e Q1 é um ideal primo de B tal que P1 = Q1 ∩ A, devemos mostrar que P2 é a
contração de algum ideal primo de BQ1 . Sabemos que se ϕ : A → B é um homomorfismo
de anéis e P ∈ Spec (A), então P é a contração de algum ideal primo de B se, e somente
se, Pec = P. Logo, é suficiente mostrar que
BQ1 P2 ∩ A = P2 .
Seja x ∈ BQ1 P2 . Deste modo, existem y ∈ BP2 e s ∈ B\Q1 tais que x = y/s. Como
A ⊆ B é inteira, segue do Lema 1.1 que y é inteiro sobre P2 . Além disso, pela proposição
anterior, temos que o polinômio minimal de y em relação a K, que é o corpo de frações
de A, é da forma
tr + u1 tr−1 + · · · + ur ,
com uk ∈ P2 para todo k = 1, . . . , r. Em particular,
yr + u1 yr−1 + · · · + ur = 0.
Se x ∈ BQ1 P2 ∩ A, então podemos escrever s = yx−1 , com x−1 ∈ K. Pela unicidade do
polinômio minimal de s, podemos obter tal polinômio por meio do polinômio minimal de
y, dividindo-o por xr , o que nos dá
sr + v1 sr−1 + · · · + vr = 0,
sendo vk = uk /xk , k = 1, . . . , r, ou seja, uk = xk vk . Como A ⊆ B é inteira, temos que s
é inteiro sobre A. Logo, fazendo I = A na proposição anterior, temos que vk ∈ A para
todo k. Suponhamos, por absurdo, que x ∈ / P2 . Uma vez que xk vk = uk ∈ P2 para todo
k, temos que vk ∈ P2 para todo k. Logo,
sr = − v1 sr−1 + · · · + vr ∈ BP2 ⊆ BP1 = B (Q1 ∩ A) ⊆ Q1 ,


o que é uma contradição. 


Álgebra Comutativa I

Aula 24

21 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 1


1.1 O Lema da Normalização de Noether . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Dependência Inteira e Cadeias de


Ideais Primos

1.1 O Lema da Normalização de Noether


Definição 1.1 Sejam K um corpo e A uma K-álgebra. Dizemos que x1 , . . . , xn ∈ A
são algebricamente dependentes (sobre K) se existe f (t1 , . . . , tn ) ∈ K [t1 , . . . , tn ] \ {0}
tal que f (x1 , . . . , xn ) = 0. Caso contrário, dizemos que x1 , . . . , xn são algebricamente
independentes.
Exemplo 1.1 Uma lista de indeterminadas em um anel polinomial é algebricamente
independente.
Exemplo 1.2 Sejam f = x3 e g = x2 em K [x]. Então f e g são algebricamente depen-
dentes. De fato, se h (t1 , t2 ) = t21 − t32 ∈ K [t1 , t2 ] \ {0}, então h (f, g) = 0.
Definição 1.2 Seja A uma K-álgebra finitamente gerada. O grau de transcendência
de A sobre K é definido por
grtrK A = max {r : ∃ y1 , . . . , yr ∈ A algebricamente independentes} .

OBSERVAÇÕES VIA TEORIA DE CORPOS

1. Seja A um domı́nio que é também uma K-álgebra finitamente gerada. Se


y1 , . . . , ys ∈ A, então podemos considerar a seguinte extensão de corpos:

K (y1 , . . . , ys ) ⊆ Frac (A) . (1.1)

Além disso, tem-se

grtrK A = min {s : ∃ y1 , . . . , ys ∈ A com (1.1) extensão algébrica} .

2. Seja A ⊆ B uma extensão inteira de domı́nios que são K-álgebras finitamente


geradas. Então, a extensão de corpos Frac (A) ⊆ Frac (B) é algébrica. Em
particular,
grtrK A = grtrK B.

1
2 Álgebra Comutativa I

Lema 1.1 (Lema da Normalização de Noether) Seja A um domı́nio finitamente


gerado sobre K, sendo K um corpo infinito, com grtrK A = r. Então, existem y1 , . . . , yr ∈
A algebricamente independentes tais que a extensão K [y1 , . . . , yr ] ⊆ A é inteira. (O anel
K [y1 , . . . , yr ] é dito uma normalização do anel A.)

Demonstração: Seja A = K [X1 , . . . , Xn ] /P, sendo P ⊆ K [X1 , . . . , Xn ] ideal primo. Fa-


zendo xi = Xi , tem-se que A = K [x1 , . . . , xn ]. Note que r ≤ n. Se r = n, o resultado
segue. Desta forma, suponha r < n e proceda por indução em n. Como r < n, a lista
x1 , . . . , xn é algebricamente dependente. Logo, existe f (t1 , . . . , tn ) ∈ K [t1 , . . . , tn ] \ {0} tal
que f (x1 , . . . , xn ) = 0. Escrevendo f = f0 + f1 + · · · + fd como soma de componentes
homogêneas, tem-se fd 6= 0. Em particular, algum ti figura em fd , digamamos, tn . Como
fd 6= 0 e K é infinito, existem α1 , . . . , αn−1 ∈ K tais que

fd (α1 , . . . , αn−1 , 1) = λ 6= 0.

Defina zi = xi − αi xn , para todo i = 1, . . . , n − 1. Como f (x1 , . . . , xn ) = 0, tem-se

f (z1 + α1 xn , . . . , zn−1 + αn−1 xn , xn ) = 0

de onde obtem-se a relação

fd (α1 , . . . , αn−1 , 1) xdn + termos de grau menor do que d em z1 , . . . , zn−1 , xn = 0.

Assim, xn é inteiro sobre B = K [z1 , . . . , zn−1 ] e, como xi = zi + αi xn , a extensão B ⊂ A


é inteira, desde que B tem n − 1 geradores, por hipótese de indução, tem-se que existem
y1 , . . . , ys ∈ B algebricamente independentes tais que K [y1 , . . . , ys ] ⊆ B é inteira, sendo
s = grtrK B. Por transitividade, K [y1 , . . . , ys ] ⊆ A é inteira e, pela Observação 2 acima,
tem-se
r = grtrK A = grtrK B = s.


Corolário 1.1 (Teorema da Dimensão) Sejam K um corpo infinito e A um domı́nio


finitamente gerado sobre K. Então

dim (A) = grtrK A.

Demonstração: Pelo Lema da Normalização de Noether, existem y1 , . . . , yr ∈ A al-


gebricamente independentes tais que K [y1 , . . . , yr ] ⊆ A é inteira, sendo r = grtrK A.
Portanto,
dim (A) = dim (K [x1 , . . . , xr ]) = r = grtrK A.


Corolário 1.2 Se f ∈ K [x1 , . . . , xn ] é um polinômio irredutı́vel não constante, então,


dim (K [x1 , . . . , xn ] / (f)) = n − 1.

Demonstração: Exercı́cio. 
Álgebra Comutativa I

Aula 25

23 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 1


1.1 A altura de um ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Revisitando os anéis Artinianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Potência simbólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

ii
Capı́tulo 1

Dependência Inteira e Cadeias de


Ideais Primos

1.1 A altura de um ideal


Definição 1.1 Sejam A um anel e P ∈ Spec (A). A altura de P é definida por
ht (P) = sup {n : ∃ P0 ( P1 ( · · · ( Pn = P, Pi ∈ Spec (A)}
Note que ht (P) = dim (AP ). Se I ⊆ A é um ideal, definimos
ht (I) = inf {ht (P) : P ⊇ I, P ∈ Spec (A)} .
Se A é Noetheriano, então,
ht (I) = min {ht (P) : P ∈ Min (A/I)} .
Exemplo 1.1 Seja I = x2 , xy ⊆ K [x, y], K corpo. Como I = (x) ∩ (x, y)2 é uma


decomposição primária, temos


Ass (A/I) = {(x) , (x, y)} .
Logo, Min (A/I) = {(x)}. Assim, ht (I) = ht ((x)) = 1.

FATO: ht (I)+dim (A/I) ≤ dim (A). Além disso, se A = K [x1 , . . . , xn ], vale a igualdade.

1.2 Revisitando os anéis Artinianos


Mostramos que se A é Artiniano então A é Noetheriano e dim (A) = 0. Reciproca-
mente, como A é Noetheriano, o ideal nulo tem decomposição primária, em particular, o
conjunto dos ideais primos minimais de A é finito e sendo dim (A) = 0, tem-se que tais
ideais são maximais, a saber, M1 , . . . , Mr . Daı́,
√ r
T
0 = NA = Mi .
i=1
Q
r
Além disso, como A é Noetheriano, existe m > 0 tal que NAm = 0. Logo, Mm
i = 0 e,
i=1
portanto, A é Artiniano.

1
2 Álgebra Comutativa I

Corolário 1.1 Seja (A, M) um anel local Noetheriano. São equivalentes as seguintes
afirmações:
i) A é Artiniano.
ii) dim (A) = 0.
iii) M é nilpotente.
Além disso, na validade de uma das afirmações (e, portanto, de todas) Supp (A) =
Min (A).

1.3 Potência simbólica


Sejam A um anel e P ⊆ A um ideal primo. Considere ϕ : A → AP o homomorfismo
natural. Dado n ≥ 2, definimos a n-ésima potência simbólica de P por
P(n) := ϕ−1 (PPn ) .
Explicitamente:
P(n) = {a ∈ A : ax ∈ Pn , para algum x ∈
/ P} .
PROPRIEDADES:
i) Pn ⊆ P(n) ⊆ P;
ii) P(n+1) ⊆ P(n) , para todo n ≥ 2;
(n)
iii) PP = PPn .
Teorema 1.1 (Teorema do Ideal Principal de Krull - TIP) Sejam A um anel
Noetheriano, x ∈ A\U (A) e P ∈ Min (A/ (x)). Então, ht (P) ≤ 1.
Demonstração: Seja (B, M) = (AP , PP ) anel local.

AFIRMAÇÃO I: B/ (x)P é Artiniano.

PROVA DA AFIRMAÇÃO I: Seja Q̃ ⊆ B/ (x)P um ideal primo. Daı́, existe um ideal primo
Q ⊆ P tal que (x)P ⊆ QP e Q̃ = QP / (x)P . Note que (x) ⊆ Q. De fato,
x q
= , com q ∈ Q e s ∈/ P ⇒ ∃u ∈ / P; (us) x = uq ∈ Q ⇒ x ∈ Q.
1 s
Daı́
P∈Min(A/(x)) A é Noetheriano
(x) ⊆ Q ⊆ P ⇒ Q = P ⇒ dim (B/ (x)P ) = 0 ⇒ B/ (x)P é Artiniano.
Em particular M é minimal sobre (x). Se ht (M) = 0, então
0 = ht (M) = ht (PP ) = dim (AP ) = ht (P)
e o resultado segue. 
Se ht (M) ≥ 1, então existe um ideal primo Q ( M. Note que x ∈
/ Q. Do contrário, M
não seria minimal sobre (x).
Capı́tulo 1. Dependência Inteira e Cadeias de Ideais Primos 3

AFIRMAÇÃO II: ht (Q) = 0.

PROVA DA AFIRMAÇÃO II: Considere a seguinte cadeia descendente:

Q ⊇ Q(2) ⊇ · · · ⊇ Q(n) ⊇ · · · .

Desta forma, podemos induzir a seguinte cadeia descendente em B/ (x)P :

Q + (x) Q(2) + (x) Q(n) + (x)


⊇ ⊇ ··· ⊇ ⊇ ···
(x) (x) (x)

que estaciona, visto que B/ (x) é Artiniano. Logo, existe n > 0 tal que

Q(n) + (x) Q(n+1) + (x)


= ,
(x) (x)
e, neste caso,
Q(n) + (x) = Q(n+1) + (x) .
Em particular, Q(n) ⊆ Q(n+1) + (x). Daı́, se q ∈ Q(n) , tem-se q = f + ax, com f ∈ Q(n+1)
e a ∈ B. Assim,

ax = q − f ∈ Q(n) ⇒ a (xy) ∈ Qn , para algum y ∈


/Q

e, consequentemente, a ∈ Q(n) , visto que x, y ∈


/ Q e Q é primo. Portanto,

Q(n) Q(n) Nakayama


Q(n) = Q(n+1) + (x) Q(n) ⇒ = (x) ⇒ Q(n) = Q(n+1)
Q(n+1) Q(n+1)
Nakayama
⇒ QnQ = Qn+1
Q ⇒ QnQ = QQ QnQ ⇒ QnQ = 0
⇒ BQ é Artiniano ⇒ dim (BQ ) = 0 ⇒ ht (Q) = 0

Logo, ht (M) ≤ 1 e, consequentemente, ht (P) ≤ 1. 

Teorema 1.2 (TIP Generalizado) Sejam A um anel Noetheriano, x1 , . . . , xn ∈ A e


P ∈ Min (A/ (x1 , . . . , xn )). Então
ht (P) ≤ n.

Corolário 1.2 Se A é um anel Noetheriano e I ⊆ A é um ideal, então

ht (I) ≤ µ (I) .
Álgebra Comutativa I

Aula 26

21 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Teoria da Dimensão 1
1.1 Funções de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Teoria da Dimensão

1.1 Funções de Hilbert


L
Seja A = An um anel graduado Noetheriano. Desta forma, A é uma A0 -álgebra
n≥0
finitamente gerada e A0 é Noetheriano. Neste caso, sejam x1 , . . . , xs ∈ A os geradores de
A como A0 -álgebra
L de graus k1 , . . . , ks , respectivamente.
Seja M = Mn um A-módulo graduado finitamente gerado sobre A e considere
n≥0
m1 , . . . , mt ∈ M geradores de M como A-módulo, com ri = gr (mi ), i = 1, . . . , t. Logo,
se y ∈ Mn , então
Pt
y = fi (x) mi ,
i=1

com fi (x) ∈ A tais que gr (fi (x)) = n − ri , para todo i, sendo fi (x) = 0 se n − ri < 0.
Em particular, temos que cada Mn é A0 -módulo finitamente gerado.
Considere λ uma função aditiva com valores inteiros na classe dos A0 -módulos finita-
mente gerados. Por exemplo, podemos pensar em λ como a função comprimento ` (·) que
é aditiva na classe dos A-módulos finitamente gerados.
A série de Poincaré de M com respeito a λ é definida por
P

P (M, t) := λ (Mn ) tn ∈ Z [[t]] ,
n=0

onde Z [[t]] é o anel das séries formais.

Exemplo 1.1L Seja M = A = K [x1 , . . . , xn ], sendo K um corpo. Note que A0 = K. Além


disso, A = Ad , sendo Ad o conjunto dos polinômios homogêneos de grau d. Note que
d≥0
Ad é um A0 -módulo finitamente gerado, isto é, Ad é um K-espaço vetorial tal que
 
n+d−1
dimK (Ad ) = ,
n−1

ou seja, devemos determinar a quantidade de monômios homogêneos de grau d

xm mn
1 · · · xn ,
1
com m1 + · · · + mn = d.

1
2 Álgebra Comutativa I

Daı́,
λ (Ad ) = dimK (Ad ) = `A0 (Ad ) .
Portanto,
P
∞ P∞
 
n+d−1 d
d 1
P (A, t) = λ (Ad ) t = t = .
d=0 d=0 n−1 (1 − t)n
Basta proceder por indução lembrando a série geométrica
P
∞ 1
td =
d=0 1−t
e a relação de Stifel      
n+1 n n
= + .
d d d−1
Teorema 1.1 (Teorema de Hilbert-Serre) P (M, t) é uma função racional dada ex-
plicitamente por
f (t)
P (M, t) = Q
s ,
(1 − tki )
i=1
sendo f (t) ∈ Z [t].
Demonstração: Procederemos por indução sobre s. Se s = 0, então A = A0 . Como M
é finitamente gerado, tem-se que
L P
t
Mn = M = Ami ,
n≥0 i=1

sendo ri = gr (mi ), temos Mn = 0 para todo n > N, onde N = max {r1 , . . . , rt }. Portanto,
λ (M n ) = 0, para todo n > N. Logo, P (M, t) é polinomial. Agora, suponha s > 0 e que
o resultado é válido para s − 1. Para cada n fixado, considere a sequência exata induzida
pelo homomorfismo
ϕn : Mn → Mn+ks
m 7→ xs m
ou seja, considere a sequência exata
i ϕ
0 → Ker (ϕn ) → Mn →n Mn+ks → Coker (ϕn ) → 0.
Fazendo Kn = Ker (ϕn ) e Ln+ks = Coker (ϕn ), consideremos os seguintes A-módulos:

L ∞
L
K= Kn e L= Ln+ks ,
n=0 n=−ks

sendo Lm = 0 se m < n + ks , isto é, Mj = 0 se j < 0. Note que K e L são A-módulos


finitamente gerados. De fato, K é submódulo de M e L é um quociente de M:
∞ ∞ Mn+ks ∞ M
L L L n+ks
L= Ln+ks = =
n=−ks n=−ks ϕn (Mn ) n=−ks xs Mn
∞ Mn ∞ Mn ∞ M +x M M
L L L n s
= = = = .
n=0 xs Mn−ks n=0 xs M ∩ Mn n=0 xs M xs M
Capı́tulo 1. Teoria da Dimensão 3

Note ainda que K e L são A0 [x1 , . . . , xs−1 ]-módulos, visto que xs K = 0 e xs L = 0, ou seja,
podemos usar a hipótese de indução sobre K e L. Aplicando λ à sequência exata, temos

λ (Kn ) − λ (Mn ) + λ (Mn+ks ) − λ (Ln+ks ) = 0.

Multiplicando por tn+ks e somando em n, obtemos


P
∞ P
∞ P
∞ P

λ (Kn ) tn+ks − λ (Mn ) tn+ks + λ (Mn+ks ) tn+ks − λ (Ln+ks ) tn+ks = 0
n=0 n=0 n=0 n=0

e, consequentemente,
kP
 
s −1
ks ks
P (K, t) t − P (M, t) t + P (M, t) − λ (Mn ) t n
− P (L, t) = 0 ⇒
n=0

⇒ P (M, t) 1 − tks = P (L, t) + g (t) − P (K, t) tks




h (t) h (t) tks


⇒ P (M, t) 1 − tks =

+ g (t) −
Q
s−1 Q
s−1
(1 − tki ) (1 − tki )
i=1 i=1

f (t)
⇒ P (M, t) 1 − tks =

Q
s−1
(1 − tki )
i=1

f (t)
⇒ P (M, t) = Q
s .
(1 − t ki )
i=1
e o resultado segue. 

A ordem do polo da função racional P (M, t) em t = 1 é denotada por d = d (M).


Lembre-se que se R (t) é uma função racional, dizemos que R (t) tem um polo de ordem
n em t = a se
1 f (t)
R (t) = n ,
(t − a) g (t)
com f (a) 6= 0 e t − a 6 | g (t).

1
Exemplo 1.2 Seja A = K [x1 , . . . , xn ]. Como P (A, t) = , temos d (A) = n.
(1 − t)n
Álgebra Comutativa I

Aula 27

24 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Teoria da Dimensão 1
1.1 Funções de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Teoria da Dimensão

1.1 Funções de Hilbert


Corolário 1.1 Suponha que ki = 1, para todo i = 1, . . . , s. Para n suficientemente
grande, λ (Mn ) é um polinômio em n (com coeficientes racionais) de grau d − 1.

Demonstração: Do Teorema de Hilbert-Serre temos que


f (t)
P (M, t) = ,
(1 − t)s
com f (t) ∈ Z [t]. Simplificando eventuais fatores (1 − t) em f (t), podemos escrever

f̃ (t)
P (M, t) = ,
(1 − t)d

onde f̃ (t) ∈ Z [t] e f̃ (1) 6= 0. Sendo


P P∞ d+k−1
N
 
j 1
f̃ (t) = bj t e d
= tk
j=0 (1 − t) k=0 d−1

temos
!
PP∞ d+k−1
N
  
j
P (M, t) = bj t tk
j=0 k=0 d−1
P∞P N
 
d + k − 1 k+j
= bj t .
k=0j=0 d−1

Como λ (Mn ) é o coeficiente de tn em P (M, t), façamos k = n − j. Daı́


PN
 
d+n−j−1
λ (Mn ) = bj ,
j=0 d−1

para todo n ≥ N, um polinômio em n com coeficientes racionais. Assim,


PN (n + d − j − 1) !
λ (Mn ) = bj
j=0 (d − 1) ! (n − j) !

1
2 Álgebra Comutativa I

PN (n + d − j − 1) [(n + d − j − 1) − 1] · · · [(n + d − j − 1) − (d − 2)] (n − j) !


= bj
j=0 (d − 1) ! (n − j) !
P
N nd−1
= bj + termos de menor grau em n,
j=0 (d − 1) !
como querı́amos demonstrar. 

O polinômio λ (Mn ), com n suficientemente grande, é chamado de polinômio (ou


função) de Hilbert de M com respeito a λ.
Proposição 1.1 Se x ∈ Ak é um não divisor de zero de M, então d (M/xM) = d (M)−1.
Demonstração: No contexto da demonstração do Teorema de Hilbert-Serre, podemos
considerar a seguinte sequência exata.
·x
0 → Kn → Mn → Mn+k → Ln+k → 0,
sendo gr (x) = k, e, posteriormente, considerar a igualdade
P (M, t) 1 − tk = P (L, t) − P (K, t) tk + g (t) .


Como x é um não divisor de zero de M, temos Kn = 0 para todo n. Logo, P (K, t) = 0.


Daı́,
P (M, t) 1 − tk = P (L, t) + g (t) .


Lembremos que
1 − tk = (1 − t) 1 + t + · · · + tk−1 = (1 − t) h (t) .


Além disso, escrevendo


f (t)
P (M, t) = ,
(1 − t)d
com f (1) 6= 0, temos
f (t)
(1 − t) h (t) = P (L, t) + g (t) ,
(1 − t)d
de onde extraı́mos
f (t) h (t) − (1 − t)d−1 g (t) G (t)
P (L, t) = d−1
= ,
(1 − t) (1 − t)d−1
com G (1) 6= 0. 

Um polinômio binomial é um polinômio em Q [x] definido por



   x (x − 1) · · · (x − d + 1)
x  , se d ∈ Z+ ∪ {0} ,
= d!
d 

0, se d ∈ Z− .
Dada f : Z → Q uma função, definimos a derivada discreta de f por
∆f (n) = f (n + 1) − f (n) .
Capı́tulo 1. Teoria da Dimensão 3

Lema 1.1 Para todo d ∈ Z,    


x x
∆ = .
d d−1

Demonstração: O resultado é imediato para d ≤ 0. Consideremos, então, o caso em


que d > 0. Se x ≥ 0, então a igualdade é consequência da relação de Stifel. Se x < 0,
temos que
 
x x (x − 1) · · · (x − d + 1)
=
d d!
(d − x − 1) · · · (1 − x) (−x)
= (−1)d
d!
(d − x − 1) · · · ((d − x − 1) − d + 2) [(d − x − 1) − d + 1]
= (−1)d
  d!
d−x−1
= (−1)d ,
d
com d − x − 1 ≥ 0. Logo, podemos mais uma vez utilizar a Relação de Stifel e o fato de
que d + 1 e d − 1 possuem a mesma paridade para obter
     
x x+1 x
∆ = −
d d d
   
d d−x−2 d d−x−1
= (−1) − (−1)
d d
   
d+1 (d − x − 2) + 1 d−x−2
= (−1) −
d d
 
d−x−2
= (−1)d−1
d−1
 
x
= .
d−1
e o resultado segue. 

Lema 1.2 i) Seja q (x) um polinômio em Q [x] de grau d tal que q (n) ∈ Z para todo
n suficientemente grande. Então, existem a0 , . . . , ad ∈ Z tais que
     
x x x
q (x) = ad + · · · + a1 + a0 .
d 1 0

ii) Seja f : Z → Z uma função para a qual existe q (x) ∈ Q [x] de grau d − 1 tal que
q (n) = ∆f (n) para todo n suficientemente grande. Então, existe um polinômio
p (x) ∈ Q [x] de grau 1 + gr (q) tal que p (n) = f (n) para todo n suficientemente
grande.

Demonstração:  (i) Procederemos por indução em d. Se d = 0 o resultado segue. Note


x
que os polinômios formam uma base para Q [x] como Q-espaço vetorial. Desta forma,
i
4 Álgebra Comutativa I

existem a0 , . . . , ad ∈ Q, tais que


     
x x x
q (x) = ad + · · · + a1 + a0 .
d 1 0

Do Lema 1.1 temos que


   
x x
u (x) = ∆q (x) = ad + · · · + a1 .
d−1 0

Observamos que u (x) tem grau d − 1 e

u (n) = ∆q (n) = q (n + 1) − q (n) ∈ Z,

para todo n suficientemente grande. Logo, da hipótese de indução, a1 , . . . , ad ∈ Z. Por


fim,       
x x x
a0 = a0 = q (x) − ad + · · · + a1 ,
0 d 1
que assume valor inteiro para n suficientemente grande.
(ii) Note que, pelo item (i), existem a1 , . . . , ad ∈ Z tais que
   
x x
q (x) = ad + · · · + a1 .
d−1 0
   
x x
Definindo p (x) = ad + · · · + a1 , temos um polinômio de grau d que satisfaz
d 1
∆ (p − f) (n) = 0 para todo n suficientemente grande. Logo, (p − f) (n) é uma constante
para n suficientemente grande. Portanto, p (n) = f (n) + a0 , com a0 ∈ Z. 
Álgebra Comutativa I

Aula 28

28 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Teoria da Dimensão 1
1.1 Funções de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Teoria da Dimensão

1.1 Funções de Hilbert


Teorema 1.1 Sejam (A, M) um anel local Noetheriano, Q ⊆ A um ideal M-primário,
M um A-módulo finitamente gerado e (Mn ) uma Q-filtração estável. Então

i) `A (M/Mn ) < ∞, para todo n;

ii) Para n suficientemente grande, `A (M/Mn ) = g (n) é um polinômio em n de grau


menor ou igual a s = µ (Q).

iii) O grau e o coeficiente lı́der de g (n) dependem apenas de M e Q e não de (Mn ).

Demonstração: Inicialmente, façamos algumas considerações.

LEMBRE QUE: O anel graduado associado é definido por


L Qn
GQ (A) = n+1
n≥0 Q

e o módulo graduado associado é definido por


L Mn
GQ (M) = .
n≥0 Mn+1

LEMBRE AINDA: Como M é finitamente gerado sobre o anel Noetheriano A, temos


que G (M) é um G (A)-módulo finitamente gerado.

ALÉM DISSO: Note que A/Q = (GQ (A))0 é Artiniano, visto que A é Noetheriano e
dim (A/Q) = 0 já que Q é M-primário.

(i) Primeiramente, note que, Mn /Mn+1 é um A-módulo finitamente gerado. Além


disso, como Q ⊆ (0 : Mn /Mn+1 ), temos que Mn /Mn+1 é A/Q-módulo finitamente gerado.

1
2 Álgebra Comutativa I

Portanto, Mn /Mn+1 é A/Q-módulo Artiniano. Daı́, `A/Q (Mn /Mn+1 ) < ∞ e, desde que
Q ⊆ (0 : Mn /Mn+1 ), temos
   
Mn Mn
`A = `A/Q < ∞.
Mn+1 Mn+1
Agora, considere a seguinte sequência exata:
M1 M M
0→ → → → 0.
M2 M2 M1
Assim, ` (M/M2 ) < ∞ e
     
M M1 M
` =` +` .
M2 M2 M1
Argumentando de maneira recursiva, considere a sequência exata
Mn−1 M M
0→ → → → 0.
Mn Mn Mn−1
Logo, ` (M/Mn ) < ∞ e, em particular,
P
  n
 
M Mi−1
` = ` . (1.1)
Mn i=1 Mi
A
[x1 , . . . , xs ], com xi ∈ Q/Q2 , para
(ii) Considere Q = (x1 , . . . , xs ) tal que GQ (A) =
Q
todo i. Como G (M) é GQ (A)-módulo finitamente gerado, e GQ (A) é Noetheriano, pelo
Corolário do Teorema de Hilbert-Serre, temos ` (Mn /Mn+1 ) = f (n) é um polinômio em
n de grau menor ou igual a s − 1 sempre que n é suficientemente grande. Note ainda que
de (1.1) temos que
     
M M Mn
` −` =` = f(n).
Mn+1 Mn Mn+1
Logo, pelo item (ii) do Lema da aula passada, temos que ` (M/Mn ) = g (n) é um po-
linômio em nde grau
 menor ou igual a s.  
(iii) Seja M̃n uma Q-filtração estável e g̃ (n) = ` M/M̃n para n suficientemente
 
grande. Lembre que (Mn ) e M̃n possuem diferença limitada, isto é, existe n0 tal que

Mn+n0 ⊆ M̃n e M̃n+n0 ⊆ Mn .

Considere, então, a sequência exata

M̃n M M
0→ → → → 0.
Mn+n0 Mn+n0 M̃n
Daı́, !
   
M M̃n M
` =` +` .
Mn+n0 Mn+n0 M̃n
Capı́tulo 1. Teoria da Dimensão 3

Portanto, para n suficientemente grande, g (n + n0 ) ≥ g̃ (n). De modo análogo verifica-


mos que g̃ (n + n0 ) ≥ g (n). Consequentemente,
g (n)
lim =1
n→∞ g̃ (n)
e o resultado segue. 

Quando Mn = Qn M, o polinômio χM n
Q (n) = `A (M/Q M), para n suficientemente
grande, é chamado de polinômio (ou função) de Hilbert-Samuel. Quando M = A,
denotamos χA Q (n) = χQ (n) e chamamos de polinômio caracterı́stico de Q. Explicita-
mente, para n suficientemente grande
χQ (n) = ` (A/Qn ) ,
é um polinômio em n de grau menor ou igual a s = µ(Q) .

Proposição 1.1 No contexto do teorema anterior


gr (χQ (n)) = gr (χM (n)) .

Demonstração: Como Q é M-primário, tem-se Q = M. Daı́, existe r tal que
Mr ⊆ Q ⊆ M.
Logo,
Mrn ⊆ Qn ⊆ Mn .
Portanto,
χM (n) ≤ χQ (n) ≤ χM (rn)
e o resultado segue. 

Para n suficientemente grande, denotamos o grau de χM (n) por d (A).

OBSERVAÇÃO 1.1 Temos que d (A) = d (GM (A)), onde d (GM (A)) é a ordem do polo
de P (GM (A) , t). De fato,
d (A) = gr (` (A/Mn )) = gr ` Mn−1 /Mn + 1 = (d (GM (A)) − 1) + 1 = d (GM (A)) .



OBSERVAÇÃO 1.2 Uma vez que M ⊆ 0 : Mi−1 /Mi , denotando por K o corpo residual
A/M, temos que
 
A
χM (n) = `A
Mn
Pn
 i−1 
M
= `A
i=1 Mi
P Mi−1
n
 
= `A/M
i=1 Mi
P Mi−1
n
 
= dimK .
i=1 Mi
Álgebra Comutativa I

Aula 29

30 de junho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Teoria da Dimensão 1
1.1 O Teorema da Dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

ii
Capı́tulo 1

Teoria da Dimensão

1.1 O Teorema da Dimensão


Seja (A, M) um anel Noetheriano local. Defina

δ (A) = min {µ (Q) : Q ⊆ A é ideal M-primário} .

Nosso objetivo é provar o Teorema da Dimensão, isto é, mostrar que

δ (A) = dim (A) = d (A) .

Inicialmente, pelo item (ii) do Teorema da aula passada, temos que

d (A) = gr (χM (A)) ≤ µ (Q) ,

sendo Q ⊆ A ideal M-primário. Daı́,

d (A) ≤ δ (A) .

Lema 1.1 Sejam (A, M) um anel local Noetheriano, Q ⊆ A um ideal M-primário, M um


A-módulo finitamente gerado e x ∈ A um não divisor de zero de M. Se M0 = M/ (x) M,
então  0 
gr χM M

Q (n) ≤ gr χ Q (n) − 1.

Demonstração: Seja N = (x) M. Note que N = ∼ M (como A-módulo). Basta considerar


a multiplicação por x visto que x é um não divisor de zero de M. Considere ainda
Nn = N ∩ Qn M e a seguinte sequência exata:

Qn M + (x) M M M
0→ n
→ n → n → 0. (1.1)
Q M Q M Q M + (x) M

Note que
M M
0
M ∼ (x) M ∼ (x) M = M
= =
Qn M + (x) M Qn M + (x) M M Qn M 0
Qn
(x) M (x) M

1
2 Álgebra Comutativa I

e que
Qn M + (x) M ∼ (x) M N
= = .
Qn M Qn M ∩ (x) M Nn
Assim, podemos reescrever a sequência exata (1.1) da seguinte maneira:

N M M0
0→ → n → n 0 → 0.
Nn Q M Q M
Daı́, para n suficientemente grande, temos
 
N M0
` − χM
Q (n) + χQ (n) = 0.
Nn

Lembre que, pelo Lema de Artin Rees, (Nn ) é uma Q-filtração estável de N. Assim, como
N ' M, pelo item (iii) do Teorema da aula passada, os graus e os coeficientes lı́deres de
` (N/Nn ) e χM
Q (n) são iguais. Portanto, segue o resultado. 

Corolário 1.1 Se (A, M) é um anel Noetheriano local e x é um não divisor de zero de


A, então
d (A/ (x)) ≤ d (A) − 1.

Demonstração: Basta fazer M = A no resultado anterior. 

Proposição 1.1 dim (A) ≤ d (A).

Demonstração: A prova será por indução em d = d (A). Se d = 0, então, ` (A/Mn ) é


constante para n suficientemente grande. Considere a sequência exata
Mn A A
0→ n+1
→ n+1 → n → 0.
M M M
Logo,
Mn
 
` =0 ⇒ Mn = Mn+1
Mn+1
Nakayama
⇒ Mn = 0
⇒ A é Artiniano
⇒ dim (A) = 0.
Suponha d > 0 e o resultado válido para anéis com polinômio de Hilbert-Samuel de grau
até d−1. Considere P0 ( P1 ( · · · ( Pr uma cadeia de ideais primos de A. Seja x ∈ P1 \P0
e defina A0 = A/P0 e x0 = x em P1 /P0 ⊆ A/P0 = A0 . Como A0 é domı́nio e x0 6= 0, tem-se
x0 não divisor de zero. Logo, pelo Lema 1.1, tem-se
 0 
A
d ≤ d (A0 ) − 1. (1.2)
(x0 )

Considere M0 = M/P0 ⊆ A/P0 = A0 e a seguinte sequência exata:


Mn + P0 A A
0→ n
→ n → n → 0.
M M M + P0
Capı́tulo 1. Teoria da Dimensão 3

Note que
A
0
A ∼ P0 ∼ A n.
= =
Mn + P0 Mn + P 0 (M0 )
P0
Portanto,    
A A
` ≥`
Mn (M0 )n
e, consequentemente
d (A0 ) ≤ d (A) .
Assim, por (1.2),
A0
 
d ≤ d (A) − 1 = d − 1.
(x0 )
Logo, por hipótese de hindução, temos que
 0   0 
A A
dim 0
≤d .
(x ) (x0 )
Pelo Teorema da Correspondência, podemos, a partir da cadeia inicial de primos em A,
induzir uma cadeia de ideais primos em A0 / (x0 ) de tamanho r − 1. Daı́,
 0   0 
A A
r − 1 ≤ dim 0
≤d ≤ d (A) − 1 = d − 1,
(x ) (x0 )
de onde se extrai r ≤ d. 

Proposição 1.2 Seja (A, M) um anel local Noetheriano de dimensão d. Então existe
um ideal M-primário gerado por d elementos. Em particular,
δ (A) ≤ dim (A) .

Demonstração: A ideia é construir indutivamente elementos x1 , . . . , xd ∈ M de forma


que, para cada i = 1, . . . , d, qualquer ideal primo que contenha (x1 , . . . , xi ) tenha altura
≥ i. Suponha que i > 0 e que x1 , . . . , xi−1 estejam construı́dos. Considere P1 , . . . , Ps os
ideais primos minimais com relação a (x1 , . . . , xi−1 ) de altura exatamente i − 1. Como
Ss
i − 1 < d, temos que M 6= Pj , j = 1, . . . , s. Daı́, pelo Lema da Esquiva, M ) Pj . Logo,
j=1
s
S
existe xi ∈ M\ Pj .
j=1

AFIRMAÇÃO: Se Q ⊇ (x1 , . . . , xi ), Q ideal primo, então, ht (Q) ≥ i.

PROVA DA AFIRMAÇÃO: Inicialmente, note que se Q ⊇ (x1 , . . . , xi ), então Q contém


algum primo minimal de (x1 , . . . , xi−1 ). De fato,

Q ⊇ (x1 , . . . , xi ) ⊇ (x1 , . . . , xi−1 ) ⇒ Q ⊇ (x1 , . . . , xi−1 ) =


p T
P
P∈Min(A/(x1 ,...,xi−1 ))

⇒ Q ⊇ P, sendo P ∈ Min (A/ (x1 , . . . , xi−1 )) .


4 Álgebra Comutativa I

Se P = Pj para algum j, então,

ht (Q) > ht (P) = ht (Pj ) ≥ i − 1,

visto que xi ∈ Q, mas xi ∈


/ Pj . Se P 6= Pj para todo j, então, por construção, tem-se
ht (P) ≥ i. Logo,
ht (Q) ≥ ht (P) ≥ i.


Desta forma, todo ideal primo P que contém (x1 , . . . , xd ) tem altura ≥ d. Portanto,
(x1 , . . . , xd ) é M-priário. 

Teorema 1.1 (Teorema da Dimensão) Para qualquer anel Noetheriano local A tem-se

δ (A) = dim (A) = d (A) .

Demonstração: Da discussão no inı́cio da seção e das Proposições 1.1 e 1.2 segue que

dim (A) ≤ d (A) ≤ δ (A) ≤ dim (A) .


Álgebra Comutativa I

Aula 30

05 de julho de 2021

i
Sumário

Sumário ii

1 Teoria da Dimensão 1
1.1 O Teorema da Dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Terceira Lista de Exercı́cios 4

ii
Capı́tulo 1

Teoria da Dimensão

1.1 O Teorema da Dimensão


 
Exemplo 1.1 Seja A = K [x1 , . . . , xn ](x1 ,...,xn ) , M , onde K [x1 , . . . , xn ] é um anel de
polinômios sobre um corpo K. Note que
A M
GM (A) = ⊕ 2 ⊕ ···
M M
é um anel de polinômios em n indeterminadas sobre K. Daı́,
1
P (GM (A) , t) = .
(1 − t)n

Como d (GM (A)) = d (A), tem-se que d (A) = n. Logo, pelo Teorema da Dimensão,
dim (A) = n.

Corolário 1.1 (TIP Generalizado) Seja P ∈ Min (A/ (x1 , . . . , xr )), sendo A Noetheri-
ano. Então ht (P) ≤ r.

Demonstração: Note que é suficiente mostrar que (x1 , . . . , xr )P é PP -primário. De fato,


neste caso, pelo Teorema da Dimensão

ht (P) = dim (AP ) = δ (AP ) ≤ r.

Seja QP ⊆ AP ideal primo tal que (x1 , . . . , xr )P ⊆ QP . Observe que Q ⊆ A é ideal primo
e Q ⊆ P.

AFIRMAÇÃO: (x1 , . . . , xr ) ⊆ Q.

PROVA DA AFIRMAÇÃO: Com efeito, seja x ∈ (x1 , . . . , xr ). Existem q ∈ Q e s ∈


/ P tais
que
x q
= ∈ QP .
1 s
Logo, para algum u ∈
/ P, (us) x = uq. Como us ∈
/ P e Q ⊆ P, temos que x ∈ Q. 

1
2 Álgebra Comutativa I

Portanto, (x1 , . . . , xr ) ⊆ Q ⊆ P e, sendo assim, da minimalidade de P, Q = P. Deste


modo, (x1 , . . . , xr )P é PP -primário. 
CONSEQUÊNCIA: Se A é Noetheriano e I ⊆ A é um ideal, então ht (I) ≤ µ (I). Em
particular, se (A, M) é local, então
dim (A) = ht (M) ≤ µ (M) .
Corolário 1.2 Sejam (A, M) um anel Noetheriano local e x ∈ M um não divisor de zero
de A. Então
d (A/ (x)) = d (A) − 1.
Demonstração: Sabemos que d = d (A/ (x)) ≤ d (A) − 1. Por outro lado, pelo Teorema
da Dimensão, d = d (A/ (x)) = δ (A/ (x)). Temos que existem x1 , . . . , xd ∈ M = M/ (x)
tais que (x1 , . . . , xd ) ⊆ A/ (x) é M-primário. Daı́, (x, x1 , . . . , xd ) ⊆ A é M-primário.
Assim,
d (A) = δ (A) ≤ d + 1
e, consequentemente,
d (A) − 1 ≤ d = d (A/ (x)) .

Definição 1.1 Seja (A, M) um anel Noetheriano local de dimensão d. Uma lista de d
elementos de A é dita um sistema de parâmetros se o ideal gerado por tais elementos
é M-primário.
Exemplo 1.2 Seja A = C [x, y, z](x,y,z) / (xy, xz). Como ht((xy, xz)) = 1, temos que
2 2
dim(A) = 2. Note
p ainda que x = x + p xy = x(x + y) e que y2 = y2 + xy = y(x + y).
Logo, (x, y) ⊂ (x + y). Portanto, m = (x + y, z) e x+y, y é um sistema de parâmetros
de A.

Exemplo 1.3 Seja A = C [x, y](x,y) / y2 − x3 . Mostre que o polinômio de Hilbert-
Samuel de A é χM (n) = 2n − 1 e exiba um sistema de parâmetros de A.
SOLUÇÃO: De fato,
P Mk
 n−1 
 
A
χM (n) = `A = `A ,
Mn k=0 Mk+1
onde M é o único ideal maximal de A. Ou seja, devemos determinar as seguintes di-
mensões: !
Mk (x, y)k
 
`C = dimC .
Mk+1 (x, y)k+1 + (y2 − x3 )
Note que um conjunto de geradores para o espaço em questão é dado pelas imagens de
xu yv tais que u + v = k. Mas, observe que, se v ≥ 2 e k ≥ 1, então
xu yv = xu y2 yv−2 ≡ xu x3 yv−2
 
k+1 2 3
≡ 0 mod (x, y) + y − x

visto que u + 3 + v − 2 = u + v + 1 = k + 1. Portanto, é suficiente considerar as imagens


dos seguintes monômios:
xk e xk−1 y.
Capı́tulo 1. Teoria da Dimensão 3

AFIRMAÇÃO: As imagens de xk e xk−1 y são linearmente independentes sobre C.

PROVA DA AFIRMAÇÃO: Sejam a, b ∈ C tais que

axk + bxk−1 y = 0.

Existe, então, f (x, y) ∈ C [x, y] tal que

axk + bxk−1 y + f (x, y) y2 − x3 ∈ (x, y)k+1 .




Considere o mapa que associa x 7→ t2 e y 7→ t3 . Daı́,

at2k + bt2k−2 t3 = at2k + bt2k+1 ∈ (t)2k+2 ⊆ C t2 , t3 ⊆ C [t] ,


 

donde a = b = 0. 

Logo, !
(x, y)k 1, se k = 0,
dimC =
(x, y) k+1
+ (y2 − x3 ) 2, se k ≥ 1.
Assim,
!
P
n−1 (x, y)k
χM (n) = dimC = 1 + 2 (n − 1) = 2n − 1.
k=0 (x, y)k+1 + (y2 − x3 )

Deste modo, gr (χM (n)) = 1 e, portanto, dim (A) = 1. Note ainda que
p
(x) = (x, y) ,

visto que y2 = x3 ∈ (x). Daqui, x é um sistema de parâmetros de A. 


Universidade Ferderal da Paraı́ba
CECEN - Departamento de Matemática
Disciplina: Álgebra Comutativa
Perı́odo: 2021.1 Turma 01

Lista 3

1. Seja A ⊂ B uma extensão inteira. Mostre que

a) Se x ∈ A é uma unidade em B, então x é uma unidade em A.


b) O radical de Jacobson de A é a contração do radical de Jacobson de B.

2. Seja 0 → N → M → P → 0 uma sequência exata de A-módulos finitamente gerados.


Mostre que Supp(M) = Supp(N) ∪ Supp(P).

3. Sejam A um anel e I um ideal de A. Se P é um ideal primo de A tal que I ⊂ P,


mostre que alt(I) ≤ alt(IP ). Forneça um exemplo da desigualdade estrita.

4. Sejam A um anel e I um ideal de A. Se todos os ideais primos minimais de I tem a


mesma altura e P é um ideal primo de A tal que I ⊂ P, mostre que alt(I) = alt(IP ).

5. Sejam A um anel e I um ideal de A. Mostre que um ideal primo P de A é um primo


associado de A/I se, e somente se, P = (I : x) para algum x ∈ A.

6. Sejam M um A-módulo e I um ideal de A contido no anulador de M. Mostre que


P ∈ AssA (M) se, e somente se, P/I ∈ AssA/I (M).

7. Sejam (A, M) um anel Noetheriano local. Mostre que I 6= A um ideal é M-primário


se, e somente se, A/I tem comprimento finito.

8. Sejam A um anel e P um ideal primo de A. Mostre que a n-ésima potência simbólica


de P, P(n) = Pn AP ∩ A é um ideal primário.

9. Se M = Z ⊕ (Z/3Z), encontre Ass(M).

10. Sejam I e J ideais de um anel A Noetheriano. Mostre que se JP ⊂ IP para todo


P ∈ AssA (A/I) então J ⊂ I.

4
Álgebra Comutativa I - Lista III 5

11. Sejam ϕ : A → B um homomorfismo de anéis e Q ⊂ B um ideal primário. Mostre


que a contração ϕ−1 (Q) ⊂ A é um ideal primário.

12. Forneça um exemplo de um ideal não radical que não possui componente primária
imersa.

13. Seja (A, M) um anel Noetheriano local. Mostre que acontece exatamente uma das
duas afirmações a seguir:

a) Mn 6= Mn+1 , ∀ n;
b) Mn = 0, para algum n, neste caso, (A, M) é um anel Artiniano local.

14. Sejam I, P ideais de um anel A Noetheriano tais que I ⊂ P e P é primo. Se alt(I) =


alt(P), mostre que P é um primo minimal de I.

15. Seja A ⊂ B uma extensão inteira, sendo A e B domı́nios e A normal. Mostre que
alt(P) = alt(P ∩ A), para todo P ∈ Spec(B).

16. Sejam A um anel Noetheriano e I um ideal de A. Suponha que IP = 0 para todo


ideal primo P ⊇ I. Mostre que I é gerado por um elemento idempotente, isto é,
I = (a) com a2 = a.

17. Para cada ideal I ⊂ A dado abaixo, explicite uma decomposição primária de I, bem
como os elementos de AssA (A/I), destacando quais são os primos associados mini-
mais e quais são imersos (caso existam). Além disso, obtenha o conjunto ZA (A/I)
(divisores de zero de A/I como A-módulo), bem como a altura de I e a dimensão
de A/I.

a) I = (x2 , xy, xz) ⊂ A = k[x, y, z].


b) I = (x2 , xy, xz, yz) ⊂ A = k[x, y, z].
c) I = (xy, xz, yz) ⊂ A = k[x, y, z].
d) I = (xyz, xyw, xzw, yzw) ⊂ A = k[x, y, z, w].

18. Seja I ⊂ A um ideal radical que pode ser escrito como um produto de ideais primos.
Obtenha uma decomposição primária minimal de I.

19. Considere o ideal I = (xz, xw, xt, yz, yw, yt) ⊂ A = k[x, y, z, w, t]. Obtenha uma
decomposição primária de I, bem como os elementos de AssA (A/I), destacando
quais são os primos associados minimais e quais são imersos (caso existam). Além
disso, calcule dim(A/I), bem como a altura dos ideais I + (x) e I + (t).
6 Álgebra Comutativa I - Lista III

20. Considere o ideal I = (xz, xw, yz, yw) ⊂ A = k[x, y, z, w].


a) Obtenha uma decomposição primária minimal irredundante de I, bem como os
elementos de AssA (A/I), destacando quais são os primos associados minimais
e quais são imersos (caso existam).
b) Calcule alt(I) e dim(A/I).
c) Considere os polinômios f, g ∈ A dados por f = x2 −2yz, g = y+w3 . Verifique
se f, g são divisores de zero do A-módulo A/I.

21. Fixados números naturais r, s ≥ 2, considere o ideal I = (xr , xys ) ⊂ A = k[x, y].
Obtenha uma decomposição primária minimal irredundante de I.

22. Seja A um anel tal que existe primo associado imerso Q ∈ AssA (A). Prove que o
anel local AQ não é um domı́nio.

23. Se (A, M) é um anel local e I ⊂ A é um ideal M-primário, pode-se afirmar que


alt(I) = dim(A)?

24. Considere o anel de polinômios A = k[x, y] (k infinito). Considere a subálgebra


B = k[x3 , x2 y, xy2 , y3 ] ⊂ A
se gr.tr.k B = s, encontre s elementos algebricamente independentes sobre k e en-
contre a dimensão de B. Em seguida, determine o fecho inteiro B. Pode-se afirmar
que B é normal?

25. Encontre um sistema de parâmetros para cada um dos seguintes anéis locais:
a) A = k[x, y](x,y) /(x2 , xy).
b) A = k[x, y, z](x,y,z) /(xy, xz, yz).

26. Considere o anel de polinômios A = k[x, y, z], bem como a k-subálgebra B =


k[x3 y2 , xyz, yz3 ] ⊂ A. Pode-se afirmar que dim(B) = 3 ?

27. Se M é um A-módulo, definimos a dimensão de M por dim(M) := dim(A/(0 : M)).


Seja
0→N→M→P→0
uma sequência exata de A-módulos. Mostre que dim(M) = max{dim(N), dim(P)}.
Álgebra Comutativa I - Lista III 7

28. Sejam A um anel Noetheriano, I ⊂ A um ideal, M um A-módulo finitamente


gerado e F ⊂ M um submódulo. Mostre que IF T ⊃ F ∩ Is M, para algum inteiro s.
Em particular, mostre que se I ⊂ RA , então que n≥0 In M = 0.

29. Sejam A um domı́nio finitamente gerado sobre um corpo k e M ∈ Spec(A). Mostre


que
M maximal em A ⇔ dimk (A/M) < ∞.

30. Sejam A um anel Noetheriano e x ∈ A \ Z(A). Se x ∈


/ U(A), mostre que
AssA (A/(x)) = AssA (A/(xn )), n > 0.

31. Considere o anel A = C[x, y, z]/(xy, xz). Mostre que os ideais p1 = (x) e p2 = (y, z)
são primos minimais de A e determine dim(A/pi ), i = 1, 2. Conclua que a fórmula
ht(p) + dim(A/p) = dim(A) não é válida em A.

32. Sejam A um anel Noetheriano e M um A-módulo finitamente gerado. Suponha que


AssA (M) consiste apenas de ideais maximais. Mostre que AssA (M) = Supp(M).

33. Seja A um subanel de um anel B tal que o conjunto B − A é multiplicativamente


fechado. Mostre que A é integralmente fechado em B.

34. Mostre que se todo ideal próprio de A é primário, então A deve ser um anel local.

35. Considere o anel B = C[t] e subanel A = C[t2 , t3 ] ⊂ B. Detemine o corpo de frações


de A e B. Além disso, mostre que B é normal, mas A não é normal.

36. Mostre que se P é um ideal de altura zero em um anel A, então P contém apenas
divisores de zero.

37. Para cada um dos anéis locais Noetherianos a seguir determine um sistema de
parâmetros, o polinômio de Hilbert-Samuel e a dimensão de Krull:

a) um corpo K;
b) Z(p) ;
c) C[x, y](x,y) /(y2 − x3 );
d) C[x, y, z](x,y,z) ;
e) Am em que A = C[x, y]/(y2 − x2 (x + 1)) e m = (x̄, ȳ)

38. Sejam k um corpo e F ∈ k[x0 , x1 , . . . , xr ] um polinômio homogêneo de grau s. Deter-


mine o coeficiente lı́der e o grau do polinômio de Hilbert do anel standard graduado
A = k[x0 , x1 , . . . , xr ]/(F).
Universidade Federal da Paraı́ba
CCEN – Departamento de Matemática
Disciplina: Álgebra Comutativa
Semestre: 2021.1 Turma: 01

Lista 1

1. Determine os ideais primos dos seguintes anéis: Z/(100) e R[x]/(x4 − 1).

2. Qualquer que seja o anel A, prove que A × A não é um domı́nio.

3. Mostre que se A é um subanel de Z, então A = Z.

4. Mostre que se D é um domı́nio, então D[x] também é.

5. Determine os divisores de zero de: Z6 e Z10 .

6. Calcule o inverso de 12 em Z13 .

7. Seja A um anel comutativo com identidade. Se A é finito, mostre que qualquer ideal primo em
A é um ideal maximal.

8. Seja A um anel não nulo. Mostre que são equivalentes: λ

i) A é um corpo;
ii) os únicos ideais de A são 0 e (1).
ii) qualquer homomorfismo de A em B, sendo B um anel não nulo, é injetivo.

9. Sejam ϕ : A → B um homomorfismo de anéis e P ⊂ B um ideal primo. Mostre que J :=


ϕ−1 (P ) ⊂ A é ideal primo. Além disso, se M ⊂ B é um ideal maximal, o ideal I := ϕ−1 (M) ⊂ A
é maximal? Justifique a resposta.


10. Sejam ϕ : A → B um homomorfismo de anéis e J ⊂ B um ideal. Pode-se afirmar que ϕ−1 ( J) =
p
ϕ−1 (J)? Justifique a resposta.

11. Sejam A um anel e J ⊂ I ideais próprios de A. Se I é principal, pode-se afirmar que J é


principal? Justifique a resposta.

12. Seja A um anel. Suponha que qualquer ideal próprio de A é primo. Mostre que A é um corpo.

1
13. Seja x um elemento nilpotente de um anel A. Mostre que 1 + x é uma unidade de A.

14. Sejam A um anel e I um ideal contido no nilradical de A. Se qualquer elemento a ∈ A é uma


unidade em A/I mostre que a é uma unidade em A.

15. Seja A um anel com a seguinte propriedade: qualquer ideal não contido no nilradical de A contém
um elemento idempotente não nulo (isto é, um elemento e tal que e2 = e 6= 0). Mostre que o
nilradical de A e o radical de Jacobson de A são iguais.

16. Seja A um anel com a seguinte propriedade: dado x ∈ A existe n > 1 tal que xn = x. Mostre
que qualquer ideal primo de A é maximal.

17. Seja A um anel. Suponha que A é reduzido e P é um primo minimal de A (no sentido da
inclusão). Mostre que AP é um corpo.

18. Seja A um anel não nulo. Mostre que o conjunto dos ideais primos de A tem um elemento
minimal com respeito a inclusão.

19. Seja A 6= 0 um anel. Suponha que Am ' An . Mostre que m = n.

20. Sejam A um anel e NA o seu nilradical. Mostre que são equivalentes:

i) A tem exatamente um ideal primo;


ii) Dado x ∈ A, tem-se que x é unidade de A ou x é nilpotente;
iii) A/NA é corpo.

21. Seja h é um elemento de um anel A, mostre que Ah ' A[x]/(1 − hx).

22. Mostre que os únicos elementos idempotentes em um anel local são 0 e 1.

23. Mostre que (Z/mZ) ⊗Z (Z/nZ) = 0 se m, n são coprimos.

24. Sejam A um anel, I um ideal de A e M um A-módulo. Mostre que (A/I) ⊗A M é isomorfo a


M/IM.

25. Sejam (A, M) um anel local e N, M A-módulos finitamente gerados. Mostre que se M ⊗ N = 0
então M = 0 ou N = 0.

26. Mostre que se M, N são A-módulos planos então M ⊗ N é um A-módulo plano.

27. Sejam I, J ideais de um anel A. Mostre que TorA


1 (A/I, A/J) = (I ∩ J)/IJ.

2
28. Sejam A um anel e S um conjunto multiplicativo de A. Seja I um ideal de A. Definimos a
saturação de I com respeito a S por

I S = {a ∈ A | existe s ∈ S com as ∈ I}.

Se I = I S , dizemos que I é saturado (com respeito a S). Mostre que

a) I ⊂ I S ;
b) I S é um ideal de A;
c) Se I ⊂ J são ideais, então I S ⊂ J S ;
d) (I S )S = I S ;
e) (I S J S )S = (IJ)S .

f
29. Sejam (A, M) um anel local com corpo residual K e N → M → P → 0 uma sequência exata
de A-módulos finitamente gerados. Mostre que µ(M ) = µ(N ) + µ(P ) se, e somente se, o
homomorfismo induzido f ⊗ IdK é injetor.

30. Seja 0 → N → M → P → 0 uma sequência exatas de A-módulos. Mostre que se N e P são


finitamente gerados sobre A, então M também é finitamente gerado sobre A.

31. Sejam A um anel, I um ideal contido no radical de Jacobson de A, M um A-módulo, N um


A-módulo finitamente gerado e u : M → N um homomorfismo. Mostre que se o homomorfismo
induzido M/IM → N/IN é sobrejetivo, então u é sobrejetivo.

32. Sejam M um A-módulo finitamente gerado e ψ : M → An um homomorfismo sobrejetor. Mostre


que Ker(ψ) é finitamente gerado.

33. Sejam A um anel e I um ideal de A. Se x ∈ A \ I, mostre que a sequência de A-módulos

ψ φ
0 → A/(I : x) → A/I → A/(I, x) → 0

é exata, sendo ψ(r) = xr a multiplicação por x e φ(r) = r.

34. Sejam A um domı́nio e M um A-módulo. Um elemento m ∈ M é um elemento de torção de


M se 0 : m 6= 0. Mostre que o conjunto dos elementos de torção de M é um submódulo de M ,
chamado submódulo de torção de M e denotado por T (M ). Quando T (M ) = 0, dizemos que M
é livre de torção. Além disso, mostre que

a) Se M é um A-módulo qualquer, então M/T (M ) é livre de torção.


b) Se f : M → P é um homomorfismo de A-módulos, então f (T (M )) ⊂ T (P ).
c) Se 0 → N → M → P é uma sequência exata de A-módulos, então a sequência 0 → T (N ) →
T (M ) → T (P ) é exata.

3
35. Sejam A um anel, I um ideal de A, S = 1 + I conjunto multiplicativo de A e M um A-módulo
finitamente gerado.

a) Mostre que S −1 I está contido no radical de Jacobson de S −1 A.


b) Se I é tal que IM = M . Mostre que existe x ∈ A tal que x ≡ 1(mod I) e xM = 0.

36. Seja A um anel. Suponha que, para cada ideal primo P , o anel local AP não possui elemento
nilpotente não nulo. Mostre que A não possui elemento nilpotente não nulo.

37. Sejam A um anel, N ⊂ M A-módulos finitamente gerados e P um ideal primo de A. Mostre


que NP = MP se, e somente se, N : M * P.

38. Sejam M um A-módulo e I um ideal de A. Suponha que MM = 0 para todo ideal maximal
M ⊇ I. Mostre que M = IM.

39. Sejam A um anel e M um A-módulo finitamente gerado. Se f : M → M é uma aplicação


A-linear sobrejetora, mostre que f é injetora. (Sugestão: note que M é um A[X]-módulo).

40. Seja f : A → B um homomorfismo sobrejetor. Mostre que f (RA ) ⊂ RB . Construa um exemplo


onde ocorre a inclusão estrita. Além disso, mostre que se A é semi-local então f (RA ) = RB .

41. Sejam A um anel e P1 , . . . , Pn ideais primos de A. Mostre que S = A \ (∪ni=1 Pi ) é um conjunto


multiplicativo de A e que o anel S −1 A é semilocal.

42. Sejam M um A-módulo e I um ideal de um anel A. Se J ⊂ I é um ideal, mostre que

A M
HomA ( , ) ' (JM :M I)/JM
I JM

4
Universidade Federal da Paraı́ba
CCEN – Departamento de Matemática
Disciplina: Álgebra Comutativa
Semestre: 2021.1 Turma: 01

Lista 2

1. Sejam A um anel e I um ideal em A.

a) Mostre que se A é um anel Noetheriano, então A/I é anel Noetheriano.


b) Mostre que se I e A/I são Noetherianos, então A é um anel Noetheriano.

2. Seja A um anel Noetheriano. Então An é Noetheriano, para n ∈ Z+ .

3. Todo subanel de um anel Noetheriano é um anel Noetheriano? Todo subanel de um anel Arti-
niano é um anel Artiniano?

4. Sejam A um anel e I um ideal em A.

a) Mostre que se A é um anel Artiniano, então A/I é um anel Artiniano.


b) Mostre que se I e A/I são Artinianos, então A é um anel Artiniano.

5. Seja (A, m) um anel local. Suponha que o ideal maximal m é um ideal principal e satisfaz
n
T
n>0 m = 0. Mostre que A é Noetheriano e que todo ideal não nulo de A é uma potência de m.

6. Mostre que qualquer domı́nio de integridade Artiniano é um corpo.

7. Sejam M um A-módulo Noetheriano e u : M → M um homomorfismo. Se u é sobrejetor, mostre


que u é um isomorfismo.

8. Sejam A um anel Noetheriano e P um ideal primo de A. Definimos a altura de P como sendo

alt(P ) = sup{n | P0 ⊆ P1 ⊆ · · · ⊆ Pn = P, Pi ∈ Spec(A), ∀ i}.

Suponha que alt(P ) = 1, mostre que existe a ∈ A tal que P é minimal sobre (a).

9. Calcule o comprimento do C[x]-módulo C[x]/(xk ).

1

10. Mostre que em um anel Noetheriano A todo ideal I contém uma potência do seu radical I.
Conclua que o nilradical de A é nilpotente.

11. Sejam M um A-módulo Artiniano e u : M → M um homomorfismo. Se u é injetor, mostre que


u é um isomorfismo.

12. Sejam M um A-módulo e N1 , N2 submódulos de M . Se M/N1 e M/N2 são Noetherianos, então


M/(N1 ∩ N2 ) é Noetheriano.

13. Sejam M um A-módulo Noetheriano e I := 0 : M ⊂ A. Mostre que A/I é um anel Noetheriano.

Tn
14. Sejam I1 , . . . , In ideais de um anel A tais que i=1 Ii = (0). Se cada A/Ii é um anel Noetheriano,
mostre que A é Noetheriano.

15. Seja A um anel Noetheriano. Mostre que todo ideal I de A contém um produto finito de ideais
primos. Em particular, conclua que A possui apenas um número finito de ideais primos minimais
(com respeito a inclusão).

16. Seja A um anel com as seguintes propriedades:

i) Am é um anel Noetheriano, para todo ideal maximal m de A;


ii) para cada x ∈ A \ {0}, existe apenas um número finito de ideais maximais de A contendo
x.

Mostre que A é um anel Noetheriano.

17. Seja A um anel. Suponha que todo ideal primo de A é finitamente gerado. Mostre que A é
Noetheriano.

18. Um espaço topológico é dito Noetheriano se satisfaz a condição de cadeia ascendente sobre seus
abertos. Mostre que Spec(A) é Noetheriano se, e somente se, A satisfaz a condição de cadeia
ascendente sobre seus ideais radicais.

19. Seja A um anel. Para um subconjunto S ⊂ A, defina

V (S) := {P ∈ Spec(A) | P ⊃ S}.



Mostre que V (S) = V (I) = V ( I), sendo I o ideal gerado por S em A.

20. Seja A um anel. Dado a ∈ A, defina o conjunto D(a) := {P ∈ Spec(A) | a ∈


/ P }. Mostre que
os conjuntos D(a) com a ∈ A são abertos e formam uma base para a topologia de Zariski de
Spec(A). Além disso, dados a, b ∈ A mostre que

a) D(a) ∩ D(b) = D(ab);

2
b) D(a) = ∅ ⇔ a é nilpotente;
c) D(a) = Spec(A) ⇔ a é unidade;
p p
d) D(a) = D(b) ⇔ (a) = (b).

21. Sejam A um anel e I um ideal de A. Mostre que o morfismo entre espectros

Spec(π) : Spec(A/I) −→ V (I) ⊂ Spec(A)

induzido pela projeção canônica π : A −→ A/I é um homeomorfismo.

22. Um espaço topológico X é dito irredutı́vel se X 6= ∅ e se todo par de conjuntos abertos não
vazios em X se interceptam, ou equivalentemente, todo aberto não vazio é denso em X. Mostre
que Spec(A) é irredutı́vel se, e somente, se o nilradical de A, N (A), é um ideal primo.

23. Sejam k um corpo infinito e F ∈ k[x1 , . . . , xn ] um polinômio. Suponha que, para todos
a1 , . . . , an ∈ k, tem-se F (a1 , . . . , an ) = 0. Mostre que F = 0.

24. Seja k um corpo. Mostre que existe uma quantidade infinita de polinômios irredutı́veis em k[x].

25. Mostre que todo corpo algebricamente fechado é infinito.

26. Seja k um corpo finito. Mostre que qualquer subconjunto X ⊂ Ank é de fato uma variedade
algébrica.

27. Seja X = {(t, sin(t)) | t ∈ R} ⊂ A2R . Mostre que X não é uma variedade algébrica.

28. Sejam k um corpo algebricamente fechado e f ∈ k[x1 , . . . , xn ] um polinômio não constante.


Mostre que o complemento Ank \ V (f ) é infinito. Conclua que o complemento de qualquer
variedade algébrica X ( Ank é infinito.

29. Seja k um corpo.

a) Sejam X ( Ank uma variedade algébrica e p ∈ Ank \ X. Mostre que existe polinômio f ∈
k[x1 , . . . , xn ] tal que f (p) = 1 e f (q) = 0, ∀ q ∈ X.
b) Sejam {p1 , . . . , pr } ⊂ Ank um conjunto finito de pontos. Mostre que existem polinômios
f1 , . . . , fr ∈ k[x1 , . . . , xn ] tais que fi (pj ) = 0 se i 6= j e fi (pi ) = 1, ∀ i.

30. Forneça um polinômio não constante f ∈ R[x1 , . . . , xn ] tal que a variedade V (f ) ⊂ AnR seja vazia.

S
31. Forneça uma famı́lia de variedade algébricas afins {Xn }n∈N tal que a união n∈N Xn não seja
uma variedade algébrica.

3
32. Obtenha a decomposição em componentes irredutı́veis da variedade V (I) ⊂ A2C , sendo I =
(y 4 − x2 , y 4 − x2 y 2 + xy 2 − x3 ) ⊂ C[x, y].

33. Obtenha a decomposição em componentes irredutı́veis da variedade V (I) ⊂ A2C , sendo I =


(y 2 − xy − x2 y + x3 ) ⊂ C[x, y].

34. Obtenha a decomposição em componentes irredutı́veis da variedade V (I) ⊂ A2R , sendo I =


(x3 + xy + x2 y 2 + y 3 ) ⊂ R[x, y].

35. Obtenha a decomposição em componentes irredutı́veis da variedade V (I) ⊂ A2k , sendo I =


(x3 + x − x2 y − y) ⊂ k[x, y], nos casos k = R e k = C.

36. Sejam k um corpo e f, g ∈ k[x, y] polinômios sem fator em comum. Mostre que a variedade
V (f, g) ⊂ A2k é um conjunto finito de pontos.

37. Caracterize as variedades algébricas de A1k , sendo k um corpo.

38. Forneça um polinômio irredutı́vel f ∈ R[x, y] tal que a variedade V (f ) ⊂ A2R seja redutı́vel.

39. Seja I um ideal em k[x1 , . . . , xn ], k um corpo algebricamente fechado. Mostre que


V (I) é finito se, e somente se, k[x1 , . . . , xn ]/I é um k-espaço vetorial de dimensão finita.

40. Sejam k um corpo algebricamente fechado e f um polinômio não contante em k[x, y]. Considere
f = f1n1 · · · fsns a decomposição de f em fatores irredutı́veis. Mostre que V (f ) = V (f1 ) ∪ · · · ∪
V (fs ) é uma decomposição de V (f ) em componentes irredutı́veis. Além disso, mostre que

I(V (f )) = (f1 · · · fs ).

4
Universidade Federal da Paraı́ba
CCEN – Departamento de Matemática
Disciplina: Álgebra Comutativa
Semestre: 2021.1 Turma: 01

Lista 3

1. Seja A ⊂ B uma extensão inteira. Mostre que

a) Se x ∈ A é uma unidade em B, então x é uma unidade em A.


b) O radical de Jacobson de A é a contração do radical de Jacobson de B.

2. Seja 0 → N → M → P → 0 uma sequência exata de A-módulos finitamente gerados. Mostre


que Supp(M ) = Supp(N ) ∪ Supp(P ).

3. Sejam A um anel e I um ideal de A. Se P é um ideal primo de A tal que I ⊂ P , mostre que


alt(I) ≤ alt(IP ). Forneça um exemplo da desigualdade estrita.

4. Sejam A um anel e I um ideal de A. Se todos os ideais primos minimais de I tem a mesma


altura e P é um ideal primo de A tal que I ⊂ P , mostre que alt(I) = alt(IP ).

5. Sejam A um anel e I um ideal de A. Mostre que um ideal primo P de A é um primo associado


de A/I se, e somente se, P = (I : x) para algum x ∈ A.

6. Sejam M um A-módulo e I um ideal de A contido no anulador de M . Mostre que P ∈ AssA (M )


se, e somente se, P/I ∈ AssA/I (M ).

7. Sejam (A, M) um anel Noetheriano local. Mostre que I 6= A um ideal é M-primário se, e somente
se, A/I tem comprimento finito.

8. Sejam A um anel e P um ideal primo de A. Mostre que a n-ésima potência simbólica de P ,


P (n) = P n AP ∩ A é um ideal primário.

9. Se M = Z ⊕ (Z/3Z), encontre Ass(M ).

10. Sejam I e J ideais de um anel A Noetheriano. Mostre que se JP ⊂ IP para todo P ∈ AssA (A/I)
então J ⊂ I.

11. Sejam ϕ : A → B um homomorfismo de anéis e Q ⊂ B um ideal primário. Mostre que a


contração ϕ−1 (Q) ⊂ A é um ideal primário.

1
12. Forneça um exemplo de um ideal não radical que não possui componente primária imersa.

13. Seja (A, M) um anel Noetheriano local. Mostre que acontece exatamente uma das duas afirmações
a seguir:

a) Mn 6= Mn+1 , ∀ n;
b) Mn = 0, para algum n, neste caso, (A, M) é um anel Artiniano local.

14. Sejam I, P ideais de um anel A Noetheriano tais que I ⊂ P e P é primo. Se alt(I) = alt(P ),
mostre que P é um primo minimal de I.

15. Seja A ⊂ B uma extensão inteira, sendo A e B domı́nios e A normal. Mostre que alt(P ) =
alt(P ∩ A), para todo P ∈ Spec(B).

16. Sejam A um anel Noetheriano e I um ideal de A. Suponha que IP = 0 para todo ideal primo
P ⊇ I. Mostre que I é gerado por um elemento idempotente, isto é, I = (a) com a2 = a.

17. Para cada ideal I ⊂ A dado abaixo, explicite uma decomposição primária de I, bem como
os elementos de AssA (A/I), destacando quais são os primos associados minimais e quais são
imersos (caso existam). Além disso, obtenha o conjunto ZA (A/I) (divisores de zero de A/I
como A-módulo), bem como a altura de I e a dimensão de A/I.

a) I = (x2 , xy, xz) ⊂ A = k[x, y, z].


b) I = (x2 , xy, xz, yz) ⊂ A = k[x, y, z].
c) I = (xy, xz, yz) ⊂ A = k[x, y, z].
d) I = (xyz, xyw, xzw, yzw) ⊂ A = k[x, y, z, w].

18. Seja I ⊂ A um ideal radical que pode ser escrito como um produto de ideais primos. Obtenha
uma decomposição primária minimal de I.

19. Considere o ideal I = (xz, xw, xt, yz, yw, yt) ⊂ A = k[x, y, z, w, t]. Obtenha uma decomposição
primária de I, bem como os elementos de AssA (A/I), destacando quais são os primos associados
minimais e quais são imersos (caso existam). Além disso, calcule dim(A/I), bem como a altura
dos ideais I + (x) e I + (t).

20. Considere o ideal I = (xz, xw, yz, yw) ⊂ A = k[x, y, z, w].

a) Obtenha uma decomposição primária minimal irredundante de I, bem como os elementos


de AssA (A/I), destacando quais são os primos associados minimais e quais são imersos
(caso existam).
b) Calcule alt(I) e dim(A/I).

2
c) Considere os polinômios f, g ∈ A dados por f = x2 − 2yz, g = y + w3 . Verifique se f, g são
divisores de zero do A-módulo A/I.

21. Fixados números naturais r, s ≥ 2, considere o ideal I = (xr , xy s ) ⊂ A = k[x, y]. Obtenha uma
decomposição primária minimal irredundante de I.

22. Seja A um anel tal que existe primo associado imerso Q ∈ AssA (A). Prove que o anel local AQ
não é um domı́nio.

23. Se (A, M) é um anel local e I ⊂ A é um ideal M-primário, pode-se afirmar que alt(I) = dim(A)?

24. Considere o anel de polinômios A = k[x, y] (k infinito). Considere a subálgebra

B = k[x3 , x2 y, xy 2 , y 3 ] ⊂ A

se gr.tr.k B = s, encontre s elementos algebricamente independentes sobre k e encontre a di-


mensão de B. Em seguida, determine o fecho inteiro B. Pode-se afirmar que B é normal?

25. Encontre um sistema de parâmetros para cada um dos seguintes anéis locais:

a) A = k[x, y](x,y) /(x2 , xy).


b) A = k[x, y, z](x,y,z) /(xy, xz, yz).

26. Considere o anel de polinômios A = k[x, y, z], bem como a k-subálgebra B = k[x3 y 2 , xyz, yz 3 ] ⊂
A. Pode-se afirmar que dim(B) = 3 ?

27. Se M é um A-módulo, definimos a dimensão de M por dim(M ) := dim(A/(0 : M )).


Seja
0→N →M →P →0

uma sequência exata de A-módulos. Mostre que dim(M ) = max{dim(N ), dim(P )}.

28. Sejam A um anel Noetheriano, I ⊂ A um ideal, M um A-módulo finitamente gerado e F ⊂ M


um submódulo. Mostre que IF ⊃ F ∩ I s M, para algum inteiro s. Em particular, mostre que se
I ⊂ RA , então que n≥0 I n M = 0.
T

29. Sejam A um domı́nio finitamente gerado sobre um corpo k e M ∈ Spec(A). Mostre que

M maximal em A ⇔ dimk (A/M) < ∞.

3
30. Sejam A um anel Noetheriano e x ∈ A \ Z(A). Se x ∈
/ U(A), mostre que

AssA (A/(x)) = AssA (A/(xn )), n > 0.

31. Considere o anel A = C[x, y, z]/(xy, xz). Mostre que os ideais p1 = (x) e p2 = (y, z) são primos
minimais de A e determine dim(A/pi ), i = 1, 2. Conclua que a fórmula ht(p) + dim(A/p) =
dim(A) não é válida em A.

32. Sejam A um anel Noetheriano e M um A-módulo finitamente gerado. Suponha que AssA (M )
consiste apenas de ideais maximais. Mostre que AssA (M ) = Supp(M ).

33. Seja A um subanel de um anel B tal que o conjunto B −A é multiplicativamente fechado. Mostre
que A é integralmente fechado em B.

34. Mostre que se todo ideal próprio de A é primário, então A deve ser um anel local.

35. Considere o anel B = C[t] e subanel A = C[t2 , t3 ] ⊂ B. Detemine o corpo de frações de A e B.


Além disso, mostre que B é normal, mas A não é normal.

36. Mostre que se P é um ideal de altura zero em um anel A, então P contém apenas divisores de
zero.

37. Para cada um dos anéis locais Noetherianos a seguir determine um sistema de parâmetros, o
polinômio de Hilbert-Samuel e a dimensão de Krull:

a) um corpo K;
b) Z(p) ;
c) C[x, y](x,y) /(y 2 − x3 );
d) C[x, y, z](x,y,z) ;
e) Am em que A = C[x, y]/(y 2 − x2 (x + 1)) e m = (x̄, ȳ)

38. Sejam k um corpo e F ∈ k[x0 , x1 , . . . , xr ] um polinômio homogêneo de grau s. Determine o coefi-


ciente lı́der e o grau do polinômio de Hilbert do anel standard graduado A = k[x0 , x1 , . . . , xr ]/(F ).

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