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por
KENNETH HOFFMAN
Assuciute PrufesstJr af Mulhemutics
Mussuchusetts Jnslilute uf Technology
RAY KUNZE
A.uociute Projessur of Muthemutirs
Wu.\'hington University
SI. luuis, Mo.
Traduç,io de
Copyright @ 1961 by
PRENTICE~HALL INC.
Englewood Cliffs, N .J.
Capa de
Studio /to
 lgebra linear
o
PREFÁCIO
AP.~NDICE • • . • . . . . . . . . • . . . • 335
A.1. Conjuntos . • . . . . . . . . . . . . . . . . 335
A.2. Funções . . . . . . . . . . . . . . . • • . . 337
A.3. Relações de equivalência . . . . . . . . . . • . 341
A.4. Espaços quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . 344
A.5. Relações de equivalência em álgebra linear 348
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350
ÍNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . 351
CAPITULO l
EQUAÇÕES LINEARES
2x1 - X2 + Xa = O
Xi + 3x2 + 4xa = O.
Somando (-2) v!zes a segunda equação à primeira equação obtemos
-7x2 -7xa =o
ou x2 = -x3. Somando 3 vêzes a primeira equáçlo à segunda equa-
ção obtemos · .
7x1 + 1xa -= O
ou xi '= -xa. Assim, conclufntos que se (x1., x2, xa) é uma solução
entlb x1 11111 x2 = -xa. Reciprocamente, pode-se verificar pronta·
mente que tacla terna dêste tipo é uma solução. Assi~ o conjunto
de soluções consiste de tMas as ternas (-a, -a, a). - ,,,
Determinamos as soluções d&te sistema de equações "elimi-
nando inc6-nitas!', isto é, multiplicari.do equações pór escalar~ e dlf
somá.rido-as para obter_ equações em que alguns dos x; não ésfayain
presentes. Queremos formalizar ligeiramente este processo para que
possamos compreender por que êle funciona e para que possamos
efetuar os cálculos necessários para resolvermos um sistema de uma
maneira organizada.
Para o sistema arbitrário (1-1), suponhamos selecionar m es-
calares, multiplicar a j-ésima equação por e; e daí somar. Obtemos
a equação
(l-2) •
SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 5
no qual cada uma das k equações é uma combinação linear das equa-
ções em (1-1) então tôda solução de (1-1) é uma solução d&te
nôvo sistema. Ê claro que pode acontecer que algumas soluções d~
(1-2) não sejam solu~s-de (1-1). Isto obviamente não acontece
se cada equação do sistema original é uma combinação linear das
equações do nôvo sistema. Diremos que dois sistemas de equa_ções
lineares são equivalentes se cada equação de cada sistema fôr uma
combinação linear das equações do outro si1,tema. Podemos então
enunciar formalmente nossas observações como segue.
Teorema 1. Sistemas equivalentes de equações lineares têm exa-
tamente as mesmas soluções.
Para o processo de eliminação ser eficiente na determinação"
das soluções de um sistema como (1.....:J), é necessário que se saiba,
formando combi.náções lineares das equações dadas, como produzir
um sistema.equivalente de equações que seja mais fácil de resolver.
Na próxima seção discutiremos um mé:todo para conseguir isto.
Exerciclos
1. Verificar que o conjunto dos números complexos descrito no Exemplo 4
é um subcorpo de C.
2. Seja F o corpo dos números complexos. Os dois seauintes sistemas de
equações lineares são equivalentes'? Em caso afirmativo, exprimir cada equa-
ção de cada sistema como uma combinação linear das equações do outro
sistema.
Xi - X:a - 0 3x, + x, • O
2.x, + x. - o X1 + Xi - 0
3. Repetir o Exerc(cio 2 para os seguintes sistemas de equações:
-x, + Xa + 4x., - O x. -x 1 ... O
x. + 3x:a + 8x., - O x,. + 3x., - O
{x. + Xa + j"X,1 = O
4. Repetir o Exercicio 2 para os sistemas seguintes:
A -
- -
Âml • • • Àm11
Xz Yi
X= e Y=
Xn ,,,
Denominamos A a matriz dos coeficientes do sistema. Rigorow
sarnente falando, a tabela retangular acima exibida não é uma matriz,
mas sim uma representação de um matriz. Uma m X n matriz sô-
bre o corpo F é uma função A do conjunto dos pares de inteiros
(i, j), 1 < i < m, l < j < n, no corpo F. Os elementos da matriz A
são os escalares A ( i, j) = A ii e, com bastante freqüência, o mais con-
veniente é descrever a matriz exibindo seus elementos numa tabela
retangular com m linhas e n colunas, como acima. Assim X (acima)
é, ou define uma n X 1 matriz e Y é uma m X 1 matriz. Por ora.
AX - Y nada mais é que uma notação taquigráfica para o nosso
sistema de equações lineares. Posteriormente, quando houvermos
definido uma multiplicação de matrizes, aquilo significará que Y é
o produto de A por X. · ·
Queremos agora considerar operações sôbre linhas da matriz A
que correspondam a formar combinações lineares das equações do
MATRIZES E OPERAÇÕES ELEMENTARES SÔBRE LINHAS 7
A = 1 [2-1 3 2]
2
4. O -1 ·
6 -1 5
Efetuaremos uma seqüência finita de operações elementares sôbre
as linhas de A, indicando por números entre parênteses o tipo de
opetação efetuaaa.
[2: -!6 -1
~ -i] i2) [? -:
5 --+ 2 6 -1
~ -~]
5
(2)
---+
-
MATRIZES E OPEP.AÇOES ELEMENTARES SOBRE LINHAS
~
9
D
-9
4
-2 -1
3
o -1]
7
il)
_.
F
-º
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1
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1
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[!
o
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1
l
,
l -:u (~ G o
o
l
1
ot
li
"]
❖
,
1
(2)
----..
G
o
-'·]o o
1 o
1
11
T
li
-i.
Xa.- aJl X4 = o
X1 + •: X4 = 0
X2 - ~ X4 = 0
são exatamente as mesmas. No segundo sistema é evidente que atri-
buindo um valor racional arbitrário e a X4, obtemos uma solução
(- •.,.e, ¾e, !fc, e), e também que tôda solução é desta forma.
Exemplo 6. Suponhamos que F seja o corpo dos números com-
plexos e que
À=
[
-1 n
-i ~jº
Ao efetuarmos operações sôbre li~has freqüentemente convém com-
binar várias operações do tipo (2), Com isto ein mente
[-1 í] [º 2+
-i 3
1 2
(2)
---+
O 3
1 2
2i
i] (1)
-~
[º
O 3 l 2i
1 2
+ ~ (2)
---+
[º IJ
O O •
1 O
10 EQUAÇÕES LINEARES
1 O O
[ O l -1 O
º] [ o1 2 1]
O -3 ·
O O l O -º o o
A segunda matriz não satisfaz a condição (a) porque o primeiro
elemento não-nulo da primeira linha não é 1. A primeira matriz
satisfaz a condição (a) mas não satisfaz a condição (b) na coluna 3.
Demonstraremos agora que podemos passar de uma matriz
arbitrária a uma matriz linha-reduzida. por meio de um número
finito de operações elementares sôbre linhas. Combinado com o
Teorema 3, isto nos fornecerá um instrumento eficiente para a reso-
lução de sistemas de equações lineares.
Teorema 4. Tôda m X n matriz sôbre o corpo Fé linha-equi-
valente a uma matriz linha-reduzido.
MATRIZES E OPERAÇÕES ELEMENTARES SÔBRE LINHAS ···-1 l.
Exercícios
1. Determinar tôdas as soluções do sistema de equações
(1 - i)X1 - ÍX J =0
2x1 + (l - i).x~ = º·
1. Se
A = [3-1 2J
2 t 1
l -3 O
determinar tôdas as soluções de AX - O, tornando A linha-reduzi.da.
3. Se
À .... [!i~l
-1 O 3J
12 EQUAÇÕES LINEARES
[i -! íl [-i i -n-
6. Seja
A = [~ :J
é uma 2 X 2 matriz sôbre o corpo F. Demonstrar o que segue.
(i) Se todo elemento de A é nulo, então todo par (x 1 t xi) é uma solução
de AX - O.
(ii) Se ad - bc ?t- O, o sistema AX = O possui apenas a solução trivial
Xi - X2-= 0,
(iii) Se ad - bc =- O e algum elemento de A é diferente de O. então existe
uma solução (x~, xntal que (Xa, Xa) é uma solução se e sàmente se existe
um esca r y ta que x1 ""' yx.,o X2 = YXz.o
la l .
(b) tôda linha de R cujos elementos são todos nulos ocorre abaixo
de tôdas as linhas que possuem um elemento não-nulo;
(e) se as linhas 1. ... , r são as linhas não-nulas de R e se o pri-
meiro elemento nãownulo da linha i ocorre na coluna ki, i = 1, ... , r,
então k1 < k2 < ... < kr.
o 1
[O O
-3 o
O l 2 ·
½]
o o o o o
Teorema 5. Tôda m X n matriz A é linha-equivalente a uma
matriz linha-reduzida à forma em escada.
Demonstração. Sabemos que A é linha-equivalente a uma matriz
linha-reduzida. Portanto, basta observar que, efetuando um número
finito de permutações das linhas de uma matriz linha-reduzida, po-
demos transformá-la numa matriz linha-reduzida à forma em escada.
Nos Exemplos 5 e 6, vimos a importância de matrizes linha-
reduzidas na solução de sistemas homogêneos de equações lineares.
Discutamos ràpidameJ'\te o sistema RX = O, no caso em que R é
uma matriz linha-reduzida à forma em escada. Sejam as linhas 1,
... , r as linhas não-nulas de R e suponhamos que o primeiro ele•
mento não-nulo da linha , ocorra na coluna k,. O sistema RX == O
consiste então de r equações não-triviais. Além disso, a incógnita
Xtti aparecerá (com coeficiente não .. nulo) apenas na i-ésima equação.
Se indicarmos por u1 , ••• , U,i-r as (n - r) incógnitas que são dife-
rentes de X.t., ... , Xk,, então as r equações não-triviais em RX = O
são da forma
14 EQUAÇÕES LINEARES
n-r
Xk
l
+ .
~ C11U;
l
= 0
J-
(1-3)
n-r
Xkr + 2; CrjUj = o•
.i - 1
matriz
z -
- -
Zm
Ü = Zm
Exerclcios
1. Determinar tôdas as soluções do seguinte sistema de equaçê'>es_ linha-re-
duzindo a matriz dos coeficientes:
i + 2x
X1 I - 6x .l - o
-4x 1 + Sx 1 - O
- lr1 + 6x 1 - l 3x J - O
-~Xi + 2X1 - ix1 - 0
2. Determinar uma matriz linhaRreduzida à forma em escada que seja equi-
valente a
A = [~
i
2;]
+;
1
·
Quais são as soluções de AX - O'?
3. Descrever explicitamente tôdas as 2 X 2 matrizes linha-reduzidas à for-
ma em escada.
4. Consideremos o sistema de equações
Xi - Xa + 2xl =- 1
2X1 + 2xl a= 1
x1 - 3x, + 4x 3 == 2.
tste sistema admite solução"! Em caso afirmativo, descrever explicitamente
tôdas as soluções.
5. Dar um exemplo de um sistema de duas equações lineares a duas incógni..
tas que não admite solução.
6. Seja
18 EQUAÇÕES LINEARES
A=[-! 1 i -:J. l -2 l O
Para que (Y11Y..itY 3 ,y 4) o sistema de equações AX = 1' admite solução?
8. Suponhamos que R e R 1, sejam 2 X 3 matrizes linha-reduzidas à forma
em escada e que os sistemas RX = O e R'X .... O admitam as mesmas so-
luções. Demonstrar que R = R'.
1. 5 Multiplicação de Matrizes
É evidente (ou, de qualquer modo, deveria ser) que o processo
de formar combinações lineares das linhas de uma matriz é um
processo fundamental. Por esta razão é vantajoso introduzir um es•
quema sistemático para indicar exatamente que operações devem ser
efetuadas. Mais especificamente, suponhamos que B seja uma n X p
matriz sõbre umcorpo F com tinhas {J 1, ••• , {3,,, e que a partir de B
construamos uma matriz C com lihhas "Y1, ••• , "Ym formando cer-
tas combinações lineares
(114) 'Yt = Anf:11 + Ài2fJ2 + ... + Aiti/3m.
As tinhas de C slio determinadas pelos mn escalares Aí; que sã'o
os elémentos de uma m X n matriz A~ Se (l--4) é desenvolvido co~no
li
Neste caso
'Y1 = (5 -1 2) = 1 . (5 -1 2) + O . (15 4 8)
-y2 = (O 7 2) = -3 (5 -1 2) + 1 . (15 4 8)
O 6 1- [ 1 o-
-s o r
(b) [ 9 12
,2 62 -3 =
-2 3
s 4 l3 s -21
6
3 8-2
-
O 1
- -
Neste caso
'Y2 = ( 9 12 -8) = -2(0 6 1) + 3(3 8 -2)
')':s = (12 62 -3) = 5(0 6 1) + 4(3 8 -2)
(e)
l2~J = [; !J [!]
(d) l-~ 1;J = [-1J 12 4}
Neste caso
'Y2 = (6 12) = 3(2 4)
(f)
-5
3 2] [2g
; =
3 4-
0 O
-1
º- o
(g) o [ºo ! gJ
o- =
o -o -
É importante observar que o produto de duas matrjzes pode · ·
não est~r definido; o produto é de,inido se, e somente se, o nú-
mero de coluna da primeira matriz coincide com o número de li-
nhas da segunda matriz. Assim, não faz sentido trocar a ordem dos
fatôres em (a), {b) e (e) acima. Freqüentemerite escreveremos produ-
tos como AB sem mencionar explicitamente as dimensões dos fa-
tôres e, em tais casos, estará sube(\tendido q'ue o produto está de-
finido. De (d), (e), (f), (g) vemos que mesmo quando ambos os pro-
dutos AB e BA estão definidos não é necessàriamente verdade que
A B = BA ; em . outras palavras a multiplicação de matrizes não
é comutativa.
20 EQUAÇÕES LINEARES
Exemplo 11.
(a) Se J é a m X m matriz unidade e A é uma m X n matriz,
IA= A.
(b) Se / é a n X n matriz unidade e A é uma m X n matriz,
AI= A.
(e) Se ()k,m é a k X m matriz nula, ()t,n = ()t,m A. Anàloga~
mente, AQn,P = Qm,t.
Xi
X2
X-
y -
Ym
tal que Yi = Anx1 + Ài2X2 + .. , + À inXn,
A despeito do fato de que um produto de matrizes depende da
ordem em que os fatôres são escritos, êle é independente da maneira
pela qual elas são associadas, como o próximo teorema mostra.
Teorema 8. Se A, B, C são matrizes sôbre o corpo F tais que os
produtos BC e A(BC) são de/il'.lido$, então estão definidos os produ-
tos AB, (AB)C e
A(BC) = (AB)C.
Demonstração. Suponhamos que B seja uma n X p matriz. Como
BC está definida, C é uma matriz com p linhas e BC tem n lirihas.
Como A(BC) está definido pode,mos supor que A é uma m X n
matriz. Assim, o produto AB existe e é uma m X p matriz, do que
MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES 21
[A(,BC)]ii = [(AB)C]ii
para cada i, j. Por definição
, 1
- i; Z A i,B,.C,j
7 1
- l; ,i; ÂirBr,C11j
,
1
- ? (? AirBrs)C4i
Ir r
- X (AB);1 C1 ;
•
(1-9)
"Y: = ? B,iªi
j
para i =
1, ... , p.
Tomando B como sendo a m X m matriz unidade em (1-5)
obtemos
(1-10) e(l)A = e(A).
MULTIPLICAÇÃO. OE MATRIZES 23
Exercicios
1, Sejam
A = [; -1 !] B - [_t] e - c1 -11.
A - D-g l] 8 -
[_!2-2]! .
Verificar diretamente que A(AB) - A~ B.
3. Determinar duas 2 X 2 matrizes A distintas tais que A:1 - O mas A p!õ O.
4. Para a matriz A do Exercício 2. determinar matrizes elementares Ei.
Ei, ... ; Ek tais que
5. Sejam
A= [il -1]
~ B = [-i !] ·
Existe alguma matriz C tal que CA = B'!
24 EQUAÇÕES LINEARES
l , 6 Matrizes Inversíveis
Suponhamos que P seja uma m X m matriz que seja um pro-
duto de matrizes elementares. Para cada m X n ·matriz A, a matriz
B = PA é linha-equivalente a A ; logo A é linha-equivalente a B e
existe um produto Q de matrizes elementares tal que A == QB. Em
_particular, isto é válido quando· A é a m X m matriz unidade. Em
outras palavras, existe uma m X m matriz Q, que é um produto de
mairizes elementares, tal que Q.P = I. Como logo veremos, a exis-
tencia de uma Q tal que Q P = I é equivalente ao fato de P ser um
produto de matrizes elementares.
Definlçio. Seja A uma n X n matriz (quadrada) sôbre o corpo F.
Uma n X n matriz B tal que BA = I e dita uma Inversa à esquerda
de A; uma n X n matriz B tal que AB =- I é dita uma Inversa à di-
reita de A. Se AB = BA = 1, enião B é dita lnversivel.
Lema. Se A possui uma inversa à esquerda B e uma inversa à
direita C, en~o B - e.
Demonstração. Suponhamos que BA = l e AC = 1. Então
B = Bl ·= B(AC) = (BA)C = /C == C.
Assim, se A possui uma inversa à esquerda e uma à direita,
A é inversível e possui uma única inversa bilateral, que indicaremos
pbr A- 1 e denominaremos simplesmente a inversa de A.
Teorema 10. Sejam A e B n X n matrizes sôbre F.
(a) Se A é inversíve/J A- 1 tambem o é e (A- 1)- 1 = A.
(b) Se A e B são inversíveis, AD também o é e (AB)- 1 = a- •A - 1•
MATRIZES INVERSÍVEIS 25
Exemplo 14.
(a) [~ b]-1 [~ 6] -
_ [e-O º]1
1 e [l
O e
o]- 1 = [ 1 O 1] .
O e-
Teorema 12. Se A e uma n X n matriz sôbre F, as seguintes
· afirmações são equivalentes (isto é, tôdas verdadeiras ou tôdas falsas).
(i) A e inversível.
(ji) A possui uma inversu à esquerda.
(iii) AX = Oé um sistema de equa~·ões sem solução além da trivial.
nv) A é um produto de matrizes elementares.
Demonstração. Dem_onstraremos as implicações (i) ---+ (ii) ---+ (iii)
-➔ (iv)---+ (i). (i)---+ (ii). Se A é inversível, A""', 1 é uina inversa à es-
querda de A.
(ii)---+ (iii). Suponhamos que P seja uma inversa à esquerda de
A e que AX = O. Então X = IX = (PA)X = P(AX) ·= P . O = O.
26 EQUAÇÕES LJN EARES
Corolário 6. Seja A = A1Az, ... Ak. onde Ai. ... , A1. sao
n X n matrizes (quadradas). Então A é inversível se e somente se
cada Ai é inversível.
Demonstra~·ào. Já demonstramos que o produto de duas ma-
trizes inversíveis é inversível. A partir disto vê-se facilmente que se
cada Ai é inversível então A é inversível.
Suponhamos agora que A seja inversível. Demonstremos pri-
meiro que Ât é inversíve}. Suponhamos que X seja uma n X I ma-
triz e AtX = O. Então AX = (A1 ... A.1:-1)AtX = O. Como A é
inversíveltemos X= O. Desta maneira, o sistema de equações AkX = O
não possui soluções não-triviais, portanto, Ak é inversível. Ma·s en-
tão A 1 .•. Àk-1 = AAk 1 é inversível. Pela razão anterior A.1:-i é
invers.ível. Prosseguindo desta forma, .concluímos que cada A 1 é
inversível.
Gostaríamos de fazer um comentário final sôbre a resolução
de eq:uações lineares. Suponhamos que A seja uma m X n matriz e
que desejamos resolver o sistema de equações AX = Y. Se Ré uma
matriz linha-reduzida à farma em escada que é equivalente a A,
então R = PA, onde P é uma m X m matriz invers,ível. As soluções
do sistema A,X = Y são exatamente as soluções do sistema RX =
= PY ( =Z). Na prática, nã·o é muito m·ais difícil determinar a ma-
triz P do que linha-reduzir A a R. De fato, suponhamos que for-
memos a matriz completa A' do sistema AX = Y, com escalares
arbitrários Y1 ... , Ym na última coluna. Se agora efetuarmos sôbr~
A• uma seqüência de operações elementares sôbre linhas que re-
duza A a R, tornar-se-á evidente o que é a matriz P. (O lejtor deve
consultar o Exemplo 9 onde, em essência, aplicamos êste processo.)
Em particular, se A é uma matriz quadrada, êste processo mostrará
claramente se A é inversível ou não e, se A fôr inversíyel, qual é a
inversa de P. Como já apresentamos o núcleo de um exemplo dêste
tipo de cálculo, contentar-nos-emos com um exemplo 2 X 2 ..
Exemplo IS. Suponhamos que F seja o corpo dos números
racionais e
A _
-
[2l -IJ.
3
Então
[i -! -1
3 Y2] (2) [1
Y1 ---t
3 Y2 ] (1)
O ~7 Y• - 2y2 ~
3 Y2 ] (2) [I O 1(y2 + 3y1)]
1 H2Y2 - yt) --, o 1 }(2y2 - Y1)
28 EQUAÇÕES LINEARES
Exercido&
1. Seja
A - [-l
_
~ ~ fl.
1 -2 1 íJ
Determinar uma matriz .R linha-reduzida à forma em escada que seja li-
nha-equivalente a A e uma 3 X 3 matriz invenivel P tal que R • P A.
l. Fazer o Excrcicio 1, com
A-[: -l -[l
3. Para cada uma das matrizes
[2 -1] [1-1 2]
4 -1
6 4
S
2
1
3
O
2 4
1 -2
A•[f ~ fl,
;J
O 1
MATRIZES INVERSÍVEIS 29
A =- [~ !] •
Demonstrar, usando operações elementares sôbre linhas, que A é inversí--
vel se, e somente se, (ad - bc) ;é O.
8. Demonstar a seguinte generalização do Exercício 5. Se A é uma m X n
matriz, B é uma n X m matriz e n < m, então AB não é inversível.
9. Seja A uma m X n matriz. Mostrar que, por meio de um número finito
de operações elementares sôbre linhas e/ou colunas, pode-se passar de A
a uma matriz R, .. linha-reduzida à forma em escada.. e ..coluna-reduzida
à forma em escada", isto é, R,; - O sei ~ j, R;; • 1. 1 < i < r, R .. • O
se i> r. Mostrar que R e: P AQ, onde P é uma n X m matriz inversível
e Q é uma n X n matriz 1nversivet.
CAPÍTULO 2
ESPAÇOS VETORIAIS
2 .1 FApaços Vetoriais
Em várias partes da matemática, defrontamo-nos com um con-
junto, tal que é, ao mesmo tempo, significativo e interessante lidar
com Hcombinações lineares" dos objetos daquele conjunto. Por exem-
plo, em nosso estudo de equações lineares, foi bastante n~tural
considerar combinações lineares das linhas de uma matriz. É pro-
vável que o leitor tenha estudado cálculo e tenha já lidado com com-
binações lineares de funções; ist_o certamente ocorreu se êle estu-
dou equações diferenciais. Talvez o leitor tenha tido alguma expe-
riência com vetores no espaço euclidiano tridimensi_onal e, em par-
ticular, com combinações lineares de tais vetores.
A grosso modo, a álgebra linear é o ramo da matemática que
trata das propriedades comuns a sistemas algébricos constituídos
por um conjunto mais uma noç~o razoável de uma "combinação
linear" de elementos do conjunto. Nesta seção d~iniremos o objeto
matemático que, como a experiência mostrou, é a abstração mais
útil dêste tipo de sistema algébrico.
Defini~o. Um espaço vetorial (ou espaço linear) consiste do se-
guinte:
( 1) u.m corpo F de escalares;
(2) um corpo V de objetos, denominpdos vetores;
(3) uma regra (ou operação), dita adição de vetores, que associa
a cada par de vetores a, {3 em V um vetor a+ {3 em V, denominado a
soma de a e {3, de maneira tal que ·
(a) a adição é comunicativa, a + {3 = fJ + a;
+
(b)... a adição é associativa) a+ (fJ 1') = (a +J3) +-y;
(c) existe um único vetor O em V, denominado o vetor nulo,
tal que a + O = rx para todo a em V;
ESPAÇOS VETORIAIS 31
''
'
Figura l
36 ESPAÇOS VETORIAIS
Exerciclos
t. Se Fé um corpo, verificar que F" (tal como definido no Exemplo 1) é
um espaço vetorial sôbre o corpo F.
2. Se V é um espaço vetorial sôhre o corpo F. verificar que
(a, + a~) + (a 3 + a~) - [ai + (a + «1)] + a~
3
2. 2 Subespaços
Nesta seção introduziremos alguns conceitos básicos no estudo
dos espaços vetoriais.
Definição. Seja V um espaço vetorial sôbre o corpo F. Um sub-
espaço de V é um subconjunto W de V que é um espaço 'vetorial
sôbre F com as operações de adição de vetores e multiplieação esca-
lar de V.
Uma verificação direta dos axiomas para um espaço vetorial
mostra que o subconjunto W de V é um subespaço se para todos
a e /j em W o vetor a + /j está ainda em W; o vetor nulo está em
W; para todo a em W o vetor (-a) está em W; para todo a em W
e todo escalar e o vetor e a está em w; A comutatividade e associa-
tividade ·da adição de vetores e as propriedades (4) (a) 1 (b), (e) e
(d) da multiplicação escalar não precisam ser verificadas, uma vez
aue são propriedades das· operações em V. Podemos simplificar
ainda mais as coisas.
Teorema 1. Um subconjunto não-vazio W de V. é um subespaço
de V se, e somente se, para cada par de vetores a, fl em W e cada es-
calar e em F, o vetor ca + tJ está em W.
Demonstração. Sui,onhamos que W seja um subconjunto não-
-vazio de V tal que e a + fj pertença a W para todos os vetores
i:t., fj em W e todos escalares e em F. Como W é não-vazio, existe
um vetor p em W, logo (-1) p + p = O está em W. ·Então se a
é um vetor arbitrário em W e e um escalar arbitrário, o vetor ca
= ea + O está em W. Em particular (-l)a = -a está etn W.
Finalmente se a e fJ estão em W, então a + fJ = 1 a + fJ está em
W. Assim. W é um subespaço de V.
Reciprocamente. se W é um subespaço de V, a e fJ estão em
W e e é um escalar, certamente e a + fJ está em W.
Exemplo 6.
(a) Se V é um espaço vetorial arbitrário 1 V é um subespaço de
V; o subconjunto constituído somente pelo vetor nulo é um sub-
espaço de V, denominado o subespaço nulo de V.
(b) Em F", o conjunto das n-uplas (Xt, .•. , Xn) com x1 = O
é urn subespaço: contudo, o conjunto das n-uplas com x 1 = 1 + x 2
. não é um subespaço (n > 2).
(e) O espaço das funções polinomiais sôbre o corpo F é um
subespaço do espaço de tôdas as funções de F em F.
38 ESPAÇOS VETORIAIS
[
Z , X + i_V]
X - lY w
onde x, y, z e w são números reais. O conjunto de tôdas as matrizes
hermitianas não é um subespaço do espaço de tôdas as n X n ma-
trizes sôbre C. De fato, se A é hermitiana., todos os elementos A11,
A22t ••. , de sua diagonal são números reais mas os elementos dia-
gonais de iA em geral não são reais. Por outro lado, verifica-se fà-
cilmente que o conjunto das n X n matrizes hermitianas complexas
é um espaço vetorial sôbre o corpo R dos números reais (com as
operações usuais).
Exemplo 7. O espaço-solução de um sistema de equações linea..
res homogêneas. Seja A uma m X n matriz sôbre F. Então o con-
jünto de tôdas as n X l matrizes - (cplunas) X sôbre F tais que
AX = O é um subespaço do espaço de tôdas as n X l matrizes
sôbre F. Para demonstrar isto precisamos mostrar que A(cX + Y} = O
para AX = O, A Y = O e e um escalar arbitrário em F. Isto decorre
imediatamente do seguinte fato geral:
Lema. Se A é uma m X n matriz sobre F e B, C são n X p
matrizes sôbre F, então
A(dB + C) = d(AB) + AC
para todo escalar d em F .
.Demonstração. [A(dB + C)]ij == :t Àik(dB
I:
+ C)•j
- }; (dAuiB1c; + Â;1cC1c;)
1:
- d(AB)i; + (AC)i;
- [d(AB) + AC]i;.
SUBESPAÇOS 39
n
'"
ou por
~
i; S1.
t• l
[: ~]
onde x, y, z são escalares arbitrários em F, Finalmente. seja W2 o
subconjunto de V constituído por tôdas as matrizes da forma
[~ gJ.
Exemplo 10. Seja A uma m X n matriz sôbre um corpo F. Os
vetores.linhas de A são os vetores em F dados por a; = (A ih ••• ,
11
B=[i
_-4
i! º]34 O
O
-8 1 -8 O
1 •
42 ESPAÇOS VETORIAIS
Exercicios
1. Quais dos seguintes conjuntos de vetores a - (a ..... , a"') em R.a são
subespaços de R"' '! (,r > 3)
(a) todos a tais que ul· > O;
(b) todos a tais que u. + 3aJ • aJ;
(e) todos a tais que u, - a:;
(d) todos o: tais J que a ,u = O;
(e) todos a tais que x a, seja racional.
2. Seja V o espaço vetorial (real) de tôdas as funções .f de R em R. Quais
dos se1uintes conjuntos de funções são subespaços de V'!
(a) tôdas / tais que /(x 3) = J(x 2) ;
(b) tôdas .f tais que /tO) .... /(1);
(e) tôdas / tais que /(3) ""' J + /(-5);
(d) tôdas f tais que /(-1) - O;
(e) tôdas / que são contínuas.
3. O vetor (3, -1, O, -1) está no subespaço de R-' gerado pelos vetores
(2, --1, 3, 2), (-1, 1, 1, -3) e (1. 1, 9, -Sr!
4. Seja W o conjunto de todos os (x., x,, x 3, x,., x 5) em R' que satisfazem
2x l - X J + 1x J - X.. =o
Xi + ~XJ - X 5 ..,. 0
9x 1 - 3x 2 + 6X J ~ 3x, -
3
Jx 5 = O.
Determinar um conjunto finito de vetores que aere W.
5. Seja F um corpo e seja n um inteiro positivo (,, > 2). Seja V o espaço
vetorial das ,r X n matrizes sôbre F. Quais dos seguintes conjuntos de ma..
trizes A em V são subespaços de V'!
{a) tôdas A inversiveis;
(~) tôdas A nãtrinversíveis;
(e) tõdas A tais que AB -= BA, onde B é uma certa matriz fixa em V;
(d) tôdas A ta.is que A 2 = A.
6i. (a) Demonstrar que os únicos subespaços de R 1 são R 2 e o subespaço
nulo.
(b) Demonstrar que um subespaço de R• ou é R 2, ou é o subespaço
nulo ou então consiste de todos os múltiplos escalares de um certo vetor
fixo em R 2 • (O último tipo de subespaço é (intuitivamente) uma reta pela
origem.)
(e) Você é éa.paz de descrever os subespaços de RJ'!
7. Sejam W1 e Wi subespaços de um espaç:o vetorial V tais que a reunião
de w. e W, também seja um subespaço. Demonstrar que um dos espaços
w. está contido no outro.
BASES E DIMENSÃO 43
2. 3 Bases e Dimensão
Passamos agora à tarefa de atribuir uma dimensão a certos
espaços vetoriais. Apesar de associarmos usualmente '"dimensão''
a algo geométrico, precisamos encontrar uma definição algébrica
adequada da dimensão de um espaço vetorial. Isto será feito atra-
vés do conceito de uma base para o espaço.
Definição. Seja V um espaço vetorial sobre F. Um subconjunto
S de V é dito linearmente dependente (ou, simplesmente, dependente)
se existem vetores distintos ai, a2, ••. , an em S e escolares c1, c2,
••• , Cn em F, não todos nulos, tais que
C1a1 + C2a2 + , . , + CnOn = O.
Um conjunto que não é linearmente dependente é dito linearmente iode--
pendente. Se o conjunto S contém apenas um número finito de vetores
a1, a:2, ... , a:,1 dizemos, às vêzes, que ah a2, ... ;an são dependentes
(qu independentes) em vez de dizer que Sé dependente (ou independen~
te). Decorrem fàcilmente da definição as conseqüências seguintes:
(a) Todo conjunto que contém um conjunto linearmente depen-
dente é linearmente dependente.
(b) Todo subconjunto de um conjunto linearmente independente é
Jinearmen te independe,ue.
(e) Todo conjunto que contém o vetor nulo é linearmente depen-
dente, pois 1 . O = O.
(d) Um conjunto S de vetore., é linearménte independente se e
somente se todo subconjunto finito de S é linearmente independente,
isto é, se e somente se para quaisquer vetores distintos a1, ... , ª"
em S c1a1 + ... + Cna" = O implica que cada Ci = O.
Exemplo 12. Seja F um subcorpo do corpo dos números com•
plex.os. Em Fa os vetores
a1 - (3, O, -3)
az - (-1, 1, 2)
44 ESPAÇOS VETORIAIS
a3 = ( 4, 2, -2)
a4 = ( 2, 1, 1)
são linearmente dependentes, pois
2a1 + 2a2 - aa O. a4 + = O.
Os vetores
E1 = (1, o, O)
E2 = (O, 1, O)
E3 = (O, o, 1)
Isto mostra que Et, ••• ' f,a geram pn_ Como a = o se e somente se
xi = X2 = . . . = Xn = O, os vetores E1, ••• , e,l são linearmente
independentes. O conjunto S = {e:1, ••• , e"} é portanto uma base
de F". Denominamos esta base particular a base canônica de F•.
Exemplo 14. Seja F um subcorpo do corpo dos números com-
plexos. Usando a notação do &xemplo 11 consideraremos o subes-
paço V do espaço das funções polinomiais sôbre F que é gerado pelas
funções,/0, /1t /2. Suponhamos que co, ci, c2 sejam escalares em F
tais que
. cofo + c1J1 + c2/2 = O.
Isto significa que para cada x em F,
Co + C1X + C2X 2 0. =
Tomando x = O, vemos que c0 = O e, fazendo x = l ex = -l,
obtemos as equações
Ct + C2 = 0
-ci + c2 = O.
BASES E DIMENSÃO 4S
B = ( ~) a1 + . . . + (- cbm ) a,.
Então
e como
2. 4 Coordenadas
Uma das características úteis de uma base (1\ de um espaço
n-dimensional V é essencialmente que ela nos permite introduzir
coordenadas em V análogas às "coordenadas naturais" Xi de um
vetor a = (xi, ... , Xn) do espaço F". Em assim sendo, as coorde-
nadas de um vetor a de V em relação à base CB serão os escalares
que servem para exprimir a como uma combinação linear dos veto~
res da base. Assim, gostaríamos de considerar as coordenadas na-
turais de um vetor a de pn como sendo definidas por a e pela base
canônica de F"; contudo, ao adotarmos êste ponto de vista preci~
sarnas ter um certo cuidado. Se
então
n
2: (X, - Zi:)a; = 0
í = l
então
n
a + li - X (Xi + JiPi
' - 1
52 ESPAÇOS VETORIAIS
x-
em vez da n-upla (xi, •.. , x,.) das coordenadas. Para indicar que
esta matriz de c.oordenadas depende da base, usaremos o símbolo
[a]ll\
para a matriz das coordenadas do vetor a em relação à base orde-
nada s. Esta notação será particularmente dtil ao passarmos agora
a descrever o que acontece com as coordenadas de um vetor a quan-
do passamos de um.a base ordenada· a outra.
COORDENADAS 53
l'I
= ~
~
I
X·a·
'./ J
I
J- 1
n 11
-- "" X~:I -~ p,.~
,,_,, ,,~
J..;,1 t-1
l'I /1
= 2: I (PuxJ)at
J-1 f • l
(2-14)
- (~: P,iQik) al
a,
- X(~ P,jQik)
' j
= a4-.
COORDENADAS 55
contém <B, logo é igual a V. Assim, c:i\' é uma base e, de sua definição
e do Teorema 7, é evidente que (a) é válida, logo (b) também o é.
[a]CR -
p = [cos 8 -sen
sen 8 cos ()
º]
é inversível e sua inversa é
p- 1 = [ cos sen(J
-sen (} cos 8
8].
Portanto, para cada 8, o conjunto <i' constituído pelos vetores (cos 8,
sen 8), (-sen 6, cos 9) é uma base de R 2 ; intuitivamente esta base
pode ser descrita como sendo a base obtida pela rotação de um ân-
gulo (J da base canônica. Se a é o vetor (x1, x:l), então
cos fJ sen
[a]m, = [ -sen 9 cos 9
fJ] [xi]
x2
ou
Xi - x 1 cos 8 + x2 sen 6
x~ - -x1 sen 9 + x2 cos 8.
56 ESPAÇOS VETORIAIS
p = -
[-1g 4
2
o
-3
5-
.
8
-
é inversível e sua mversa é
p-1 -
--1o 2
l
:1
11-
T
a
til
.
o o 1
8-
Portanto, os vetores
ªt
I
= (-1, o, 0)
a~ = ( 4,
2, O)
a!i = ( 5, -3 ' 8)
formam uma base ffl' de F 3 • As coordenadas xí, x2, xs do vetor
C1 = (xi, x2, xa) em relação à base IB' são dados por
xJ]
[ =
X2
[-x\ + 2x
+ ,+ \ xal [
= o
,x1
-1 2
11] [ -]
2
fiX3
1
½
1
\'
X1
X2
_xa' O G81 Xa _ -8 -
Xa
Em particular,
(3, 2, -, 8) - -J0ai - ½aI - a3.
Exercicios
1. Mostrar que os vetores
ª1 = o. 1, ot o), a" - (0, ot 1, 1)
ªJ - (1, o, o, 4), a 4 - (O, O, O, 2)
formam uma base de R,.. Determinar as coordenadas de cada um dos VC•
tores da base canônica em relação à base ordenada { xu ª" o:J, a,.}.
2. Determinar a matriz das coordenadas do vetor (1, O, 1) em relação à
base de CJ constitufda pelos vetores (li, l, 0), (2t -1, 1), (O, 1 + i -O,
nesta ordem.
3. Seja <B - { a 1 , a~, a 3 } a base ordenada de R 3 constitu(da por
«1 • (1 1 O, -1), a, • (1, l, l), a3 • (1, O, O).
Quais são as coordenadas do vetor (a, b, e) em relação à base ordenada (B'!
'- Seja W o subespa;o de C3 aerado por a 1 • (1, O, I) eªª • (1 + /, 1, -1).
(a) Mostrar que a, e a, formam uma base de W.
RESUMO DE LINHA-EQUIVALÊNCIA S7
2 . S Resumo de Linha-equivalência
Nesta seção utilizaremos alguns fatos elementares sôbre bases e
dimensão de espaços vetoriais de dimensão finita para completar
nossa discussão de linha-equivalSncia de matrizes. Lembramos que
se A é uma m X n matriz sabre o corpo F, os vetores-linhas de A
são os vetores ªh ••. , am em F" definidos por
ai == (An, ... , Âüt)
e que o espaço-linha de A é o subespaço de F• gerado por &tes ve-
tores. O pôsto-linha de A é a dimensão do espaço.linha de .A.
Se P é uma k X m matriz sôbre F, então o produto B = PA
é uma k X m matriz cujos vetores-linhas {j 1 , ••• , {jk são combina•
ções lineares
58 ESPAÇOS VETORIAIS
(2-20) = e;.
Em particular, se /j = O, isto é, se c 1p 1 + ... + c,.p,. == O, então
CJ é necessàriamente a k,-ésima coordenada do vetor nulo, de modo
que e; = O para j == I, ... , r. Assim Pt, ••• , p,. são linearmente
independentes.
RESUMO DE LINHA-EQUIVALÊNCIA 59
e fJ #- O, podemos escrever
T
, m
= ~ b1t, ~ Pii«i
f•l J•l
m r
-- 2: ~ b1,;,Pi;a;
j - 1 i =1
e portanto
,,
X; =i •~ lbkiPi;
é uma escolha possível para os x; (podem existir muitas).
O problema de saber se /3 = (bi. ... , bn) é uma combinação
linear dos ai, e, em caso afirmativo, quais são os escalares Xi, pode
também ser considerado perguntando-se se o sistema de equações
"'
l: A.,;x, = b;, j = 1, ... , n
,-1
admite soluções e quais são elas. A matriz dos coeficientes d&te
sistema de equações é a n X m matriz B com vetores-colunas a1, ••• ,
a,.. No Capitulo I discutjmos o uso de operações elementares sôbre
linhas na resolução de um sistema de equações BX = Y. Cons~-
deremos um exemplo no qual adotamos êste último ponto de vista
ao respondermos a perguntas sôbre subespaços de F".
64 ESPAÇOS VETORIAIS
ção é Ya = 2Y1. Então, fj = (bb b2, ba, b4) está em W se, e somente
CÁLCULOS CONCERNENTES A SUBESPAÇOS 65
TRANSFORMAÇÕES LINEARES
3. 1 Transformações Lineares
Introduziremos agora as transformações lineares, objetos que es-
tudaremos na maior parte do restante dêste livro. O leitor poderá
achar útil ler ( ou reler) a discussão sôbre funções no Apêndice, visto
que usaremos livremente a terminologia daquela discu~são.
Definição. Sejam V e W espaços vetoriais sôbre o corpo F.
Uma transformação linear de V em W é uma função T de V em W
tal que
T(ca+l1) = c(Ta) + T/3
para todos a e (3 em V e todos escalares e e'm F.
Exemplo 1. Se V é um espaço vetorial arbitrário, a transforma-
ção idêntica J, definida por la = a, é uma transformação linear de
V em V. A transformação nula O, definida por 0a = O, é uma trans-
formação linear de V em V.
Exemplo 2. Seja F um corpo e seja V o espaço das funções po•
linomiais f de F em F, dadas por
f(X) = Co + C1X + ... + CkX,::.
Seja
(D f) (x) == c1 + 2c2~ + ... + kckxk- 1•
Então, D é uma transformação linear de V em V- a transformação
derivação.
Exemplo 3. Seja V o espaço das n X l matrizes - (colunas)
sôbre um corpo F e seja A uma m X n matriz fixa sôbre F. A função
T sôbre V, definida por T(X) = AX, é uma transformação linear
de V no espaço W das m X l matrizes sôbre F.
68. TRANSFORMAÇÕES LINEARES
,,
-
i
~ (CXi
r:a l
+ Yi)l'J,
e assim
T(~a + fj) = c(Ta) + T{j.
70 TRANSFORMAÇÕES LINEARES
n
- ~ xi(Uai)
i =1
= ~ Xi~i
i = 1
Assim
k n
2: b1•ai - 2; c1a1 =O
1 ... 1 1-.1-+1
Exe..cicios
1. Quais das seguintes funções T de R 3 em R 2 são transformações lineares?
(a) T(x 1 , x,) = (1 X1, x.,);+
( b) T(x 1 , X a) - x l, x 1 );
(e) T<x 1 • Xi) - (O, x,);
(d) T(x 1 , x~) ""' (sen x 1 , xJ);
(e) T(x 1 • x,) =
(x 1 - xh 0),
2. Verificar que as tran.~formaçõe.'- definidas em (a) e (b) são transforma~
ções lineares de R ª em R3, Determinar, para cada uma delas, a imagem.
pôsto, núcleo e nulidade.
(a) T(x11, X 1) = (X1 + xh X1 - X;i. X!);
(b) T(x,, Xi) = (x 1 - X:. X.t - x 1 , -x1 ).
3. Descrever explicitamente (como nos Exercícios I e 2) a transformação
linear T de F 2 em F 1 tal que TE, = (a, b). TE2 = (e, d).
4. Seja F um subcorpo do corpo dos números complexos e seja Ta função
de F3 em FJ definjda por
T(x 1 , x,, x 3 ) = {x 1 - Xz + 2xJ, 2x 1 + x,, -x 1 - 2x, + 2x,i),
(a) Verificar que T é uma transformação linear.
(b) Se (a, b, e) é um vetor em Fª, quais as condições sôbre a, h, e, para
aue o vetor esteia na imagem de T"! Qual é o pôsto de T'!
(e) Quais são as condições sôbre a, h e e para que o vetor este.ia no nú-
cleo de T"! Qual é a nulidade de T?
!. Descrever explicitamente uma transformação linear de Rª em Rª cuja
imagem seja o subespaço gerado por ( 1, O. -1) e (1, 2, 2).
6. Seja V o espaço vetorial das 11 X n matrizes sôbre o corpo F e seja B
uma n X n matriz fixa. Se
T(A) = AB- BA
verificar que T é uma transformação linear de V em V.
7. Seja V o conjunto_ dos números complexos considerado como um es-
paço vetorial sõbre o corpo dos números reais (operações usuais). Deter-
minar uma função de V em V que seja uma transformação linear sôbre o
ÁLGEBRA DAS TRANSFORMAÇÕES LINBARES -
espaço vetorial acima, mas que não seja uma transformação linear sbb,e.
C 1 • isto é, que não seja linear complexa. .
L Seja V o espaço das II X 1 matrizes sôbre F e seja W o espaço das m x t
.- matrii.es sôbre F. Seja A uma m X n matriz fixa sôbre F e seja T a trans-,
formação linear de Y em W definida por T(X) = AX. Demonstrar que T ,
a transformação nula se e somente se A é a matriz nula.
9. Seja V um espaço vetorial 11-dimensional sôbre o corpo F e seja T uma ·
transformação linear de V em V tal que a imagem e o núcleo de T sejam
idênticos. Demonstrar que ,r é par. (Dar um exemplo de uma tal transfor-
mação linear.)
10. Seja Y um espaço vetorial e T uma transformação linear de Y em Y.
Demonstrar que as duas afirmações seguintes sôbre T são equivalentes:
(a) A interseção da imagem de T com o núcleo de T é o subespaço
nulo de Y.
(b) Se T(Ta) = O, então Ta = O.
11. Usar o Teorema 3 e o Exercício 6 da Seção 2.5 para demonstrar que
para qualquer m X II matriz A, o põsto-linha de A é igual ao pôsto-coluna
de A. (Esbôço da demonstração~ Seja V o espaço das ,, X 1 matrizes sõ-
bre F e seja W o espaço das m X 1 matrizes. Seja T a transformação li-
near de Y em W definida por T(X) =- AX. Usar o Teorema 3 para demons-
trar que a soma do pôsto-coluna de A com a dimensão do espaço.solução
de A é n. Agora concluir a demonstração com o citado exercfcio do Capf.
tulo 2.)
,
3. 2 A Al1ebt"a das Transformações Lineares
No estudo das transformações lineares de Vem W, é de impor•
tl.ncia fundamental o fato de que o conjunto dessas transformações
hel'da uma estrutura natural de espaço vetorial. O conjunto das
transformações lineares de um espaço V em si mesmo possui uma
estrutura algébrica mais rica pois a composição usual ~e funções
fornece uma "multiplicação" dessas transformações. Nesta seção
exploraremos essas idéias.
Teorema 4. Sejam V e W espaços vetoriais sôbre o corpo F.
Sejam T i U transformações lineares de V em W. À .(unção (T + U)
de/inida por
(T + U) (a) = Ta + Ua
é uma tranfformação linear de V em W. Se e é um elemento qualquer
de F, a função (cT) definida por
(cT) (a) = c(Ta)
é uma transformação linear de V em W. O conjunto das transformtJ• ·
ções lineares de V em W, munido da adição e multiplicação escalar
acima definida, é um espaço vetorial sôbre o corpo F.
74 TRANSFORMAÇÕES LJNEARES
(3-2}
as Ta;
(a) IV = UI= U;
(b) U(T1 + T2) = UT1 +
UT2; (T1 + T2)U == T1U + T U;
2
(e) c(UT1) = (cU)T1 = U(cT1).
Demonstração. (a) Esta propriedade da função idêntica é óbvia.
Enunciamo-la aqui por mera questão de ênfase.
(b) [U(T1 + T2)] (a) = U[(T1 + T2) (a)]
= U(T1a + T2a)
= U(T1a) + U(T2a)
= (UT1) (a) + (UT2) (a}
de modo que U(T1 + T2) = UT1 + UT2. Além disso
[(T1 + T2)U] (a) = + T2) ( Uà)
(T1
= T1(Ua) + T2(Ua.)
= (T1U) (a) + (T2U) (a)
de modo que (T1 + T2)U = T1 U + T2U. (O leitor pode notar que
para as demonstrações destas duas leis distributivas não foi usado
o fato de T1 e T2 serem lineares, e que para a demonstração da se-
gunda não foi usado tampouco o fato de U ser linear.)
(e) Deixamos a demonstração da parte (e) a cargo do leitor.
~ste lema e uma parte do Teorema 5 nos dizem que o espaço
vetorial L(V, V), munido da operação de composição, é o que se
conhece por.uma álgebra linear com elemento unidade. Discutiremos
isto no C-3:pítulo 4.
Teorema 7. Sejam V e W espaços -vetoriais sqbre o corpo F e
s,eja T uma transformação linear de V em W. Se T é injetora e sobre-
jetora enião a Junção inversa T- 1 é uma transfonnação linear de W
s6bre V.
Demonstração. Lembramos ao leitor que T injetora significa que
Ta Til sempre que a ~ /j e que T sobrejetora significa que a ima-
;aé
gem de T é todo o espaço W. Quando T é injetora e sobrejetora,.
existe uma função inversa T-i 1 , determinada de modç único, que
leva W sõbre V tal que r- 1 T é a função idêntica de V e rr- 1 é a
função idêntica de W. O que estamos demonstrando aqui é que, se
uma função linear T é inversível, então a inversa r- 1 também é
linear.
Sejam fh e fJ2 vetores em W e seja e um escalar. Queremos mos-
trar que
78 TRANSFORMAÇÕES LINEARES
Eserelélos
1. Sejam T e U" os- operadores lineares sôbi'e R 1 definidos por
T(X1, Xa) - (X2, X1) e U(x1, Xa) - ·cxh O)•
•
(a} Como você- descreveria T e U geometricamente?
(b-) Dar regras como as que definem T e U para cada uma das trans..
formações- (U + T), UT, TU, T"- U 2 •
2. Seja T o (único) operador linear. sôbre Cª para o qual
Te1 • (1, O, i), Te:2 = (0, 1, l), Te:J = (i, 1, O) •
. T é inversível ·r
3.~ Seja T o operador linear sôbre R• definido por
T(x1,· X..i, XJ) .. (3Xi, X1 - Xz, 2x1 + x'l + x.J).
T é inversível'! "Em caso afirmativo, determinar uma regra para T- 1 como
a que define T.
4. Para o operador linear T do Exercício 3t demonstrar que
(T 2 - /) (T - 31) == O.
5. Seja V o espaço vetorial complexo das 2 X 2 matrizes como elementos
complexos. Seja
e seja To operador linear sôbre V definido por T(A) ... BA. Qual é o pôsto
de T? Descrever T 2 •
6. Seja T uma transformação linear de R J em R 2 e seja U uma traosfor•
mação linear de R :a em R J, Demonstrar que a transformação linear UT
não é inversível. Generalizar o teorema.
7. Determinar dois operadores lineares T e U sôbre Rª tais que TU= O
mas UT ;iiE o.·
8. Seja V um espaço vetorial sôbre o corpo F e T um operador linear sô--
bre Y. Se T 2 = O, o que se pode dizer sôbre a relação entre a imagem de
T e o núcleo de T? Dar um exemplo de um operador linear T sôbre R ª tal
que T 2 = O mas T #- O. ·
9. Seja T um operador linear sôbre o espaço vetorial V de dimensão fi-
nita. Suponhamos que exista um operador linear U sôbre V tal que TU = l.
Demonstrar que T é inversivel e U -= T-1 • Dar um exemplo que mostre
que isto é falso quando V não é de dimensão finita. (Sugestão: Seja T""" D.
-º operador derivação sôbre o espaço das funções polinomiais.)
10. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e seja B uma base orde-
nada de V. Construir a base {E'•f} para LJ.V. V) como na demonstra-
ção do Teorema S, usando <»' - CB. Então EP•fE'• 1 = '!
11, Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e seja T um operador
!inear sôbre V. Suponhamos· qu.e pôsto(T 2) =- pôsto(n. Demonstrar que a
unagem e o núcleo de T são disjuntos, isto é, possuem em comum ape-
nas o vetor nulo.
ISOMORFISMO 83
3. 3 Isomorfismo
Se V e W são espaços vetoriais sôbre o corpo F, uma transfor-
mação linear bijetora (injetora e sobrejetora) T de V em W é deno-
minada um isomorfisíno de V em W. Se existir um isomorfisnto
de. V em W, diremos que V é isomorfo a W.
Notemos que V é trivialmente isomorfo a V, pois o operador
idêntico é um isomorfismo de V em V. Além disso, se V é isomorfo
a W por meio de um isomorfismo T, então W é isomorfo a V uma
vez que T-:--.t é um isomorfismo de W e·m V. O leitor deverá acliar
fácil verificar que se V é isomorfo a W e W é isomorfo a Z, então
V é isomorfo a Z. Em suma, o isomorfismo é uma relação de equi-
valência sôbre a classe dos espaços vetoriais. Se existir um isomor-
fismo de V em W, poderemos às vêzes dizer que V e W são iso..
morfos, em vez de dizer que V é isomorfo a W. Isto não causará
confusão alguma porque V é isomorfo a W se, e somente se, W
é isomorfo a V. ·
'
Teorema 10. Todo espaço vetorial n-dimensional sôbre o corpo
F é isomqrfo ao espaço F".
Demonstração. Seja V um espaço n-dimensional sôhre o corpo
F e seja <B = {a 1 , •.. , a,. } uma base ora.enada de V. Definamos
uma função T de V em F", como segue: Se a está em V, seja Ta a
n-upla (x 1, •• • , Xn) das coordenadas de a em relação à base orde-
nada <B, isto é, a n-upla tal que
a = X1a1 + ... + Xnan.
Em nossa discussão de coordenadas no Capítulo 2, verificamos
que esta T é linear, injetora e leva V sôbre F".
Para muitos objetivos freqüentemente consideram-se espaços
vetoriais isomorfos como sendq_ '~o mesmo", apesar de que os ve--
tores e as operações nos espaços possam ser bem diferentes, isto ét
freqüentemente identificamos espaços isomorfos. Não tentaremos
fazer uma longa discussão sôbre esta idéia no momento mas deixa--
remos a compreensão do isomorfismo e do sentido no qual espaços
isomorfos são "o mesmo" crescerem à medida que· continuemos
nosso estudo de espaços vetoriais.
84 TRANSFORMAÇÕES LINEARES
X"
Por meio dêste isomorfismo, o primeiro espaço-solução de À é le-
vado sôbre o segundo espaço-solução. Êstes espaços têm a mesma
dimensão, portanto se .quisermos demonstrar um teorema sôbre
a dimensão do ~spaço-solução, não importará qual espaço resot:..
vamos di;sçutir. Na verdade, o leitor provàvelmente não objetaria
se resolvêssemos identificar F• com o espaço das n X 1 matriz-es.
Poderemos fazê-lo quando fôr conveniente, e quando não o fgr
não o faremos.
Exercicios
1. Seja Y o conjunto dos números complexos e seja F o corpo dos núme--
ros reais. Com as operações usuais, V é um espaço vetorial sõbre F. Des•
crever explicitamente um isomorfismo dêste espaço em R :i.
2. Seja V um espaço vetorial sôbre o cr>rpo dos números complexos e su-
ponhamos que exista um isomoáismo T de V em C 3• Sejam ªH « i t aJ, «.e
vetores em V tais que
Tas ,... (1, O} i) Ta, ""' (-2, 1 + it O),
To 3 - (-1, 1, 1), Ta 4 =- ( ✓ 2, i, 3).
(a)a, está no subespaço gerado por a2 e aJ'?
(b) Seja W1 o subespaço gerado por Q(1 e «2 e seja Wa o subespaço se·
rado por a 3 e a 4• Qual é a interseção de W 1 com W 2 "! .
REPRESENTAÇÃO DE' TRANSFORMAÇÕES POR MATRIZES 85
(x, y, z, t) ---+ [ t +
y -
X
•
lZ
yt + iz]
- X
é um isomorfismo de R• em W.
4. Seja V o conjunto dos números complexos considerado como um es-
paço vetorial sôbre o corpo dos números reais (Exercício 1). Definamos
uma função T de V no espaço das 2 X 2 matrizes reais, como segue. Se
+
z ... x iy com x e y números reais, então
T(z) _ [x + 7y Sy ] .
-lOy x - 7y
(a) Verificar que T é uma transformação linear (real) injetora de V
no espaço das 2 X 2 matrizes.
(b) Verificar que T(z1Z3)= T(z1)T(za),
(e) Como você descreveria a imagem de T'?
5. Sejam Y e W espaços vetoriais de dimensão finita sôbre o corpo F. De-
monstrar que V e W são isomorfos se, e somente se, dim V - dim W.
6, Sejam V e W tspaços vetoriais sôbre o corpo F e seja U um isomorfis-
mo de V em W. Demonstrar que T--+ UTu-• é um isomorfismo de UV, V)
em I.J.W, W). ·
Ta = ri( l; x;a; )
j .., ]
" m
= X e1 l; A iJ {1.
J•l i-1
{3-4)
(T + U) {a} ~- + Ua
Ta
i ( i=-=1
= ,-1 i B,;x;) f3,
f Ài;XJ)~i +, ..; 1 ( 1-1
C1lm = [õ gJ.
Exemplo 11. Seja V o espaço das funções polinomiais de R
em R da forma
/(x) = Co + C1X +
C2X 2 + C3X3
(UTXa;) = U(i:a;)
= U( i A11;~1c)
1-1
,,, ,
== ~ À.111; ~ Bi1lYi
i-1 •-1
tnm = [b gJ.
Suponhamos que al' seja a base ordenada de R 2 formada pelos ve ..
tores EÍ = (I, l}, e2 = (2, 1). Então
ti = 1:1 + t2
E2 = 2E1 + E2
de modo que P é a matrii
p = [~ f] ·
-n
Efetuando cálculos simples obtemos
p-1 = [-:
Assim
(TJCi\, = p-·1[TJcsP
_[-11 -12] [lO Oº] [1l 2]1
-
_[-11 --412] [·O O2]
-
_[-11 ~2]2 .
-
Podemos verificar fàcilmente q\le isto está correto porque
TEi = (IJ O) == -Ei E~ +
Tt2 = (2, O) = -2e~ + 2Ez,
REPRESENTAÇÃO DE TRANSFORMAÇÕES POR MATRIZES 93
P = O O l
ol I1 ,2
2t 'ªl
3t 2
3t
é inversfvel com
O O O 1
-
l -t ,-,. - t3
p-1 = O O O I -2t 3t 2
1 -3t
O O O I
portanto dec~rr~ que ~, == {gi, g2, ga; g4} é uma ~ase ordenada de
JI. No Exemplo 1tt ficamos sabendo que a matnz de D e·m rela-
ção à base ordenada ffl é
O 1 O O
O O 2 O
[D]m = O O O 3 .
o oo o
A matriz de D em relação à base ordenada é portanto
P· 1[DJ<sP
1 -t
= oo o1 -2t
12 ,n
3,2
O 1 OO
OO2 O
&'
-. t
O 1 2t
,2 tª
3,2
1 -3t OOO 3oo 1 3t ·
o o o l oooo oo o 1
1 -t ,2 t O 1 2t
o 1
= o
-2, 3,2 oo 2
o 1 -3t oo o
o o o l oo o
O1
- o o 2o O
ooO3
°] •
oooo
94 TRANSFORMAÇÕES LINEARES
1. Seja To operador linear sôbre C 3 definido por T(x11 X:1) = (x 1 , O). Seja
CB ~ ~ ordenada can~:mica de C 3 • e seja CB' = { a 1 , a 1 } a base ordenada
deftruda por a 1 - (1, r). a2 = (-1, 2).
(a) Qual é a matriz de T em relação ao par <B, CB''?
(b) Qual é a matriz de T em relação ao par (B', ffi?
(e) Qual é a matriz de Tem relação à base ordenada <B' '?
(d) Qual é a matriz de Tem relação à base ordenada { aJ, a 1 }?
2. Seja T a transformação linear de R J em R :1 definida por
T(x1, X:i, X3) = (X1 + X21 2x3 - X1).
(a) Se CB é a base ordenada canônica de Rl e 03' é a base ocdenada ca ..
nônica de R 1 , q uai é a matriz de T em relação ao par m, m1 ?
(b) Se m - { ah ai, a 3 } e <B' = { f11o '32},
sendo
a:, - (1, O, -1), ªª - (1,1,1) 1 a 1 = (1, O, 0), fJ 1 - (O, 1), P2 - (1, O)
qual é a matriz de Tem relação ao par CB, CB''!
3. Seja T um operador linear sôbre F14, seja A a matriz de T em relação à
base ordenada canônica de F" e seja W o subespaço de F" gerado pelos ve-
tores-colunas de A. Qual é a relação de W com T?
4. Seja Y um espaço vetorial bidimensional sôbre o corpo F e seja Q uma
base ordenada de V. Se T é um operador linear sôbre V e
ITJm - [: !]
demonstrar que T 3 - (a + d)T + (ad - bc)l - O.
5. Seja To operador linear sôbre RJ, cuja matriz em relação à base ordenada
canônica é
A-[ Ai}].
_-1 3 4
Determinar uma base da imagem de T e uma base do núcleo de T.
6. Seja T o operador linear sôbre R ,i definido por
T(xh X2) - (-x:i, xt).
(a) Qual é a matriz de T em relação à ~ ordenada canônica de R J?
(b) Qual é a matriz de Tem relação à base ordenada (R - {a1 , «,}
sendo a 1 - (1, 2) e a.i - (1, -1)?
(e) Demonstrar que para todo número real e o operador (T- cl)
é inversível.
(d) Demonstrar -que se- <B é uma base ordenada qualquer de R 2 e
,C7lcs • A, então A12Au #- O.
7. Seja To operador linear sôbre Rl definido por
. T(x,, X:1, X1) - (3x1 + X1, -2x1 + x,, ~x1· + 2.l':i + 4X3).
(a) Qual é a matriz de T em relação à base ordenada canônica de R' 7
(b) Qual é a matriz de T em relação à base ordenada
{ «1 • «:1, ªi}
96 TRANSFORMAÇÕES LINEARES
[ cos fJ -sen
sen 8
e]
cos 8
[ il o ]
Ó c'6
(Sugestão: Seja T o operador linear sôbre C 3 que é representado pela pri-
meira matriz em relação à base ordenada canônica. Determinar então
vetores a, e o:~ tais que To:1 = ei9a1, Tal = e--i8a3, e { O:r, 0:::i} seja uma
base.)
9. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sôbre o corpo F e seiam
S e T operadores lineares sôbre V. Perguntamos: quando é que existem
bases ordenadas CB e Ol' de V tais que [SJ(B. - [71(B'? Demonstrar que tais
bases existem set e somente se, existe um operador linear inversível V s.ô-
bre V tal que T =- USU- 1 • (Esbôço de demonstração: Se [S] 03 = [~,, seja
U o operador que leva IB sôbre m'; mostrar que S = uru~-1 • Reciproca-
mente se T =- US U- 1 para algum U inversível, seja (B uma base ordenada
arbitrária de V e seja Q' sua imagem por meio de U. Mostrar então que
lSJm = [7103 d
10. Vimos que o operador linear Tsôbre R 1 definido por T(x 1 , X2) = (x1 , 0)
é representado em relação à base ordenada canônica pela matriz
A = [ü gJ.
fuite operador satisfaz 7 1 = T. Demonstrar que se Sé um operador linear
sõbre R ª tal que S ª = S, então S - O ou S ""' I ou então existe uma base
ordenada ffi de R~ tal que [S)<B = A (acima).
11. Seja W o espaço das n X. 1 matri:zes-colunas sôbre um corpo F. Se
A é uma n X n matriz sôbre F, então A define um operador linear LA sô-
bre W por meio da multiplicação à esquerda: LA{X) = AX. Demonstrar
que todo operador linear sôbre W é a multiplicação à esquerda por algu•
ma n X n matriz, isto é, é LA para algum A.
Suponhamos agora que V seja um espaço vetorial-dimensional sô-
bre o corpo F e seja (B uma base ordenada de V. Para cada a em V defi-
namos Ua = [a] 0.\' Demonstrar que Ué um isomorfismo de V em W. Se
T é um operador linear sôbre V, então UTU~ 1 é um o_perador linear sô-
bre W. Isto significa que UTU- 1 é a multiplicação à esquerda por alguma
n X n matriz A. Qual é a matriz A'!
12. Seja V um espaço vetorial n-dimens.ional sôbre o corpo F e seja
d\ = { a1., •.• , ª• } uma base ordenada de V.
(a) De acôrdo com o Teorema 1, existe um único operador linear T
sõbre Y tal que
Ta; - a;+i, j = 1, ... , n - 1, Ta 11 =- O,
Qual é a matriz A de T em relação à base ordenada <B?
(b) Demonstrar que T• - O mas r---•~ O.
(e) Seja S um operador linear arbitrário sôbre V tal que S" = O mas
s•- 1 ~ O. Demonstrar que existe uma base ordenada <B' de V tal que a ma-
triz de S em relação à base ordenada as' é a matriz A da parte (a).
FUNCIONAIS LINEARES 97
=
t• 1
e
.X Àii +1•1
,.
I Bi,
11'.•l
= c[tr(A)] + tr(B).
Exemplo 16. Seja V o espaço vetorial das funções polinomiais
do corpo F em F. Seja t um elemento de F. Se definirmos
L,(p) = p(t)
então L, será um funcional linear sôbre V. Geralmente descreve-se
isto dizendo que, para cada t, o cálculo do valor em t é um funcional
linear sôbre o espaço das funções polinomiais.
·Se V é de dimensão finita podemos obter uma descrição bas..
tante explícita do espaço dual V*. Pelo Teorema 5 sabemos alguma
coisa sôbre o espaço v•, a saber, que
dim V* = dim V.
Seja CB = {a 1 , ••. , ª"} uma base de V. De acôrdo com o Teorema
1, existe (para cada i) um único funcional linear /1 sôbre V tal que
(3-11) /i{a;) = &,;.
Desta maneira obtemos a partir de d\ um conjunto de n funcionais
lineares distintos /1, ... , f.,. sôbre V. Êstes funcionais também são
linearmente independentes. De fato, suponhamos que
JI
(3-12) f = ~ Ci/i,
•• l
Então
n
/(a;) = 1: c,/1.(a;)
"- 1
= e;.
FUNCIONAIS LINEARES 99
é um vetor em V, então
[;(a) = ! xJi(a.)
t • 1
temos
(3-15) /(a) = a1x1 + ... + anXn,
Em outras palavras, se fixamos uma base ordenada ~ de V e des-
crevemos cada vetor em V por sua n-upla de coordenadas (x1, ~ .. ,
Xn) em relação a <B, então, todo funcional linear sôbre V é da forma
(3---15). O leitor certamente notará que esta é exatamente a repre-
sentação de f que obtemos aplicando a / nossa representação ma-
tricial geral de ·transfarmações lineares; isto é,
[a1 a2 ••• Dn]
é a matriz de / em relação às bases ordenadas cs de V e { l} de F.
É particularmente importante notar que todo funcional linear/ sô-
bre o espaço F" das n-up]as é da forma
/(Xi, , , . , X11) = a1X1 + , , , + anXn
onde a1, ... , a.. são n escalares fixos em F.
U·ma questão que surge naturalmente neste ponto é se tada
base de V* é a base dual de alguma base de V. Isto ocorre e, para
ver por que, investigaremos ràpidamente o espaço V** = (V*)*
dual do espaço v•. Se a é um vetor arbitrário em V, a função La.
sõbre V* definida por
(3-16) La(/) = /(a)
é um funcional linear sôbre v•, pois
La(cf + g) = (cf + g) {a)
= c/(a) + g(a)
= cLJf) + L.(g).
Demonstraremos agora que todo funcional linear sôbre v• é da
forma (3-16) para algum a em V.
Lema. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sôbre o corpo
F. Se a é um vetor nao-nulo em V, existe um_funcional linear f sdbre
V tal q~ /(a) '# O.
Demonstração. Como a ;:tE O existe uma base { a1, ••• , a,.} de
V tal que a2 = a. Se {/1, ... ,/.} 6 a base dual, então/1(a) #- O.
FtJNCIONAIS LINEARES 101
Li(p) = p(,ti).
Então Li, Lz e La são funcionais lineares sôbre V. Êstes funcionais
são linearmente independentes; de fato, suponhamos que
L = c,L, + c2L2 + c:1L:i,
Se L = O, isto é, se L(p) = O para todo p2 em V, então, aplicando
L às •~funções" polinomiais particulares l, x. x 2 , obtemos
C1+ Cz + Ca = 0
f1C1 + t2C2 + f:1C:1 = 0
t~ci + f2c2 + t:ka = O.
Disto decorre que ci = c2 = ca = O, pois (como mostram alguns
cálculos simples) a matriz
r:l t'l.
_ 1
:2
{'l
2
~3-
(1;
ª-
é inversível quando t 1 , t 2 e ta são distintos. Portanto, os Li são inde•
pendentes e como V tem dimensão 3, êstes funcionais formam uma
base de V*. Qual é a base de V cuja dual é esta? Tal base 1P1, p2, p:.i, J
de V precisa satisfazer
ou
p/t i) = Ôij•
Exercícios
1. Em R'. sejam c:r1 ..,. (1, O, 1), a3 - (0, 1, -2), a 3 .... (-1, -1, O).
(a) Se fé um funcional linear sôbre R 3 tal que
/(a,) = I, Í(a1) = -1, /(a.1} = 3,
e se a = (a, b, e), determinar /(a).
(b) Descrever explicitamente um funcional linear f sôbre R J tal que
Í(a 1 ) = /(aJ) ..,, O mas /(x 3 ) ~ O,
(e) Seja / um funcional linear arbitrário tal que
=
/(a1) = O e /(a3) -;tf. O.
f{a1}
Se a = (2, 3, -1), mostrar que /(a} ;11!: O.
2. Seja CB = { o::J, a., aJ}
a base de Cª definida por
a1 = (1,
O, -1), al = (l, 1, l), a 3 = (2, 2 1 0).
Determinar a base dual de <B.
3..Se A e B são II X ,r matrizes sôbre o corpo F, mostrar que traço (AB) = tra-
ço (BA). Mostrar depois que matrizes semelhantes têm o mesmo traço.
4. Seja V o espaço vetorial das funções polinomiais p de R em R que têm
grau menor ou igual a 2, ou seja,
p(,x) = Co + C1X + C .iX:i.
Definamos três funcionais lineares sôbre V por
Mostrar que {ji, /3, [J} é uma base de V* exibindo a base de v• da qual
ela é dual.
5. Se A e B são n X ,r matrizes complexas, mostrar que é impossível ter-se
AB- BA = l.
6. De acôrdo com o Exercício 3, matrizes semelhantes têm o mesmo tra-
ço. Assim, podemos definir o tra;o de um operador linear sôbre um espa-
ço vetorial de dimensão finita como sendo o traço de qualquer matriz que
represente o operador em relação a uma base ordenada. Isto está bem de-
finido uma vez que tôdas as matrizes representantes de um operador· são
semelhantes.
Seja agora V. o espaço das 2 X 2 matrizes sôbre o corpo F e seja P
uma 2 X 2 matriz fixa. Seja T o operador linear sôbre V definido por
T(A) = PA. Demonstrar que traço (T) ""' 2 traço (P).
7. Sejam f.. e /; funcionais lineares sôbre um espaço vetorial n-dimensio-
nal V. Seja N; o núcleo de /,, j == 1, 2. Suponhamo~ que / 1 ;é O ;é h e
que N, ~ Na. Determinar as dimensões de cada um dos espaços N11 Ni,
N1 ('\ Ni e N1 N2. +
8. Sejam m e n inteiros positivos e F um corpo. Sejam /1, ... , f.,,. funcio-
nais lineares sôbre Fn. Para a em F" definamos
Ta = (.(1 (a), ... , J,..(a) ).
Mostrar que T é uma transformação linear de Fn em F'". Mostrar então
que tôda transformação linear de F11 em F,,. é da forma acima, para certos
Is, ... , /111-
104 TRANSFORMAÇÕES LINEARES
3. 6 Anuladores
O objetivo principal desta seção é demonstrar que um subespaço
W de um espaço vetorial V de. dimensão finita é determinado pelo
conjunto dos funcionais lineares/ em V* que se anulam em W. Mais
precisamente, se dim V= li e dim W = r, demonstraremos que exis-
tem (n - r) funcionais Jineares/1 , ••• ,/n-r em v• tais que W con-
siste exatamente dos vetores a em V que satisfazem /,(a) = O, j =
= l, ... , n - r.
.,
À,.1X1 + , , . + À,.mXn = O
cujas soluções queiramos determinar. Se indicarmos por[i, i = 1, ... ,
m, o funcional linear s.ôbre pn definido por
fi{x1, ... , Xn) = Ài!X 1 + ... + À,:nXn
então estamos procurando o subespaço de F" constituído por todos
a tais que
Íi(a.) = O, i = 1, ... , m.
Em outras palavras, estamos procurando o subespaço anulado por
/1, ... , / •. A linha-redução da matriz dos coeficientes nos fornece
um mék>do sistemático para determinar êsse subespaço. A n•upla
(Ail, ... , Ài,.) dá as coordenadas do funcional linear/, em rela-
ção à base que é dual da base canônica de F". O espaço-linha da
matriz dos coeficientes pbde portanto ser considerado como o es~
paço de funcionais lineares gerado por / 1 i • • • , / ,,.. O espaço-solução
é o subespaço anulado por êsse espaço de funcionais. Pelo Teo-
ANULADORES 107
Isto é equivalente a
5
1: Ri;C; = o,
J-1
ou
Ct - C2 - C,4 = 0
C3 + 2c4 = 0
0. C5 =
Obtemos todos êsses funcionais lineares atribuindo valores arbitrá-
rios a c2 e e,, por exemplo, c-2 = a e e, = b e depois calculando
os correspondentes c1 = a + b, ca = -2b, e.; = O. Portanto,. Wº
consiste de todos os funcionais lineares / da forma
/(xi, x2, xa, x,, X5) = (a + b)x1 + ax2 - 2bxa + bx4.
A dimensão de w0 é 2 e pode-se encontrar uma base {/1, /2 } de
W0 tomando primeiro a = 1, b = O e depois a = O, b = I :
l1(X1t • •., X5) = X1 + X2
/2(x1, ... , xs) = X1 - 2xa + X4.
Um/ arbitrário em Wº é/ = a/1 + b/2. O fato de que w00 = W
significa exatamente que W consiste de todos os vetores a = (X1t
x2J xa, X4, X5) que satisfazem /1{a) = /2(a.) = O, isto é, todos a.
tais que
X1 + X2 = 0
x1 -O 2xa + X4 •
B - [-12 -2J1 •
A TRANSPOSTA DE UMA TRANSFORMAÇÃO LINEAR 109
e - [ ·oo º]1 ·
Determinar /(B).
4. Seja F um subcorpo do corpo dos números complexos. Definamos n
funcionais lineares sôbre F1nf..11 > 2) por
,.
ÍJÍ..X1, , • • , Xn) - % (k - })Xi, 1 <k < li,
j •l
Qual é a dimensão do subespaço anulado por li .... , ln'!
5. Seja n um inteiro positivo e F um corpo. Seja W o conjunto de todos
os vetores (x 1 , ••. , Xn) em P• tais que x 1 + ... +
x,. =-= O.
(a) Demonstrar que Wº consiste dos funcionais lineares f da forma
,,
f(xh .•• , x,.) - e :t Xj,
J- l
(b) Mostrar que o espaço w• dual de W pode ser identificado de ma~
ncira ºnaturalº com os funcionais lineares ,
/(x1,., , . , Xn) - C1X1 + .. , + C,,X,.
sõbre F" que satisfazem c 1 + ... + cn. • O.
6. Se V é um espaço vetorial sôbre o corpo F, definamos um hiperplano
em V como sendo o núcleo de um funcional linear não-nulo sõbrc V. Se
V é de dimensão finita, demonstrar que todo subespaço de V é a interseção
de um número finito de hiperplanos.
7. Sejam W1 e Wi subespaços de um espaço vetorial V de dimensão finita.
(a) Demonstrar que (W 1 +
WS' - Wf ('\ w;.
(b) Demonstrar que ( W1 ('\ W~)º - Wf WJ. +
3. 7 A Transposta de uma Transformação Linear
Suponhamos que existam dois espaços vetoriais V e W sõbre
o corpo F e uma transformação linear T de V em W. Então T induz
uma transformação linear de w• em v•, como segue. Suponhamos
que g seja um funcional linear sôbre W e seja
(3•17) /(a) = g(Ta)
para cada. a em V. Então (3-17) define uma função f de V em F,
a saber, a composta de T, uma função de V em W, com g, uma fun-
ção de W em F. Como Te g são ambas lineares, o Teorema 6 nos
diz que; f também é linear, isto é, fé um funcional linear sôbre V.
Assim T nos fornece uma função T' que a cada funcional linear g
sôbre W faz corresponder um funcional linear/ = T'g sôbre V,
definido por (3-11). Notemos também que T' é na verdade uma
transformação linear de w• em V*; de fato, se g1 e g2 estão em
w• e e é um escalar
110 TRANSFORMAÇÕES LlSEARpS
Por definição,
n
Ta; = l: Âi;/h, j == l, ... , n
i•l
,.
T'g; = ? B,;/,, j = 1, ••. , m.
' - 1
Por outro lado,
(T'g/J(.ai) = gi{Ta,)
= g; ( ; À1rt/31e)
.t • l
m
== 2': À1eig,(/Ji)
t. ... 1
m
= ? À1ri8;1e
t-1
= A;...
Para qualquer funcional linear f sôbre V
ffl
f = 2; f (tzi)Íi•
i-1
A ii = /i(To.J.
Vejamos o que acontece quando mudamos de base. Suponhamos que
(B' = { aL . . . , a~ }
seja outra base ordenada de V, com base dual {/í, ... ,/~}. Se B
é a matriz de T em relação à base ordenada m', então
Bi1 = (f ~To.1).
Seja U o operador linear inversível tal que Uai = a\. Então, a
transposta de U é dada por U'f: = /1:. E. fácil verificar que por
ser U inversível, U' também o é e ( Ut)- 1 = ( u- 1)'. Assim
f 1 = (U- 1)'./1, i = l, ... , n. Portanto
Bii = [( u- 1):{.] (Ta D
= f.(U- 1Taí)
= /i( u- 1TUaJ),
O que significa isto? Bem, /i(U- 1TUa;) é o elemento i, j da matriz
de u- l TU em relação à base ordenada ffi. Nossos cálculos acima
mostram que êste escalar é também o elemento i, j da matrjz de T
em relação à base ordenada CB'. Em outras palavras,
111~' = ru- 1 TV1B
= [u- i ]aJ: TJm[ UJm
= [UJm 1 u1(B cn(Bl
e esta é exatamente a fórmula de mudança de base que deduzi-
mos anteriormente.
Exercidos
1. Seja F um corpo e seja f o funcional linear sôbre F definido por2
f(p) = J. 11
p(x) dx.
POLINÔMIOS
,,
4 .1 Algebras
O objetivo dêste capítulo é estabelecer algumas das proprie-
dades básicas da álgebra dos polinômios sôbre um corpo. A discus-
são será facilitada se introduzirmos primeiro o conceito de uma ál-
gebra linear sôbre um corpo. ·
Definiçlo. Seja F um corpo. Uma álgebra linear sôbre o cor-
po Fé um espaço vetorial a sôbre F com uma operação adicional,-
dita multipllcaçio de vetores, que associa a cada par de vetores
a, fJ em a um vetor afj em ct dito o produto de a por fJ de maneira
tal que
(1) a multiplicação é associativa,
a(fj-y) = (afj")y
(2) a multiplicação é distributiva em relação à adição,
a(fl + -y) = a/3 + cry e (a + {3)y = a-y + fj-y
(3) para cada escalar e em P.,
c(afj) = (ca)/3 = a(c/3).
Se existir um elemento l em a tal que la ==
al = a para todo a
em a , denominaremos a uma álgebra linear com elemento unidade
sôbre F e denominaremos 1 o elemento unidade de ct. A álgebra a
é dita comutatha se afl = fJa para todos a e (j em ct .
Exemplo 1. O conjunto das n X n matrizes sôbre um corpo,
com· as operações usuais, é uma álgebra linear com elemento uni-
dade; em particular o próprio corpo é um á]gebra com elemento
unidade. Esta álgebra não é comutativa se n > 2. O corpo é (evi-
dentemente) comutativo.
116 "
POLINOMIOS
e como
n n
(gf)n = i gi/n-i == !, ÍiKn-i = (fg)n
1=0 i=O
[(fg)h]n = }; (fg)ihn-i
i- o
A ÁLGEBRA DOS POLINÔMIOS 117
" i
- 2; ~ f;giLjhn-i
t ... o i•O
" j
== i /; 2; gihn-i-i
;-o -i-o
11
= ~ fj(gh),i-j = [/(gh)]n
1-0
m+n+.1: 1
(fg)m+n+k = l: /,g,,.+•+1:-i•
i-o
Para que /,gm+n+1c-, ~ O, é necessário que i < m e m + n +
k - i < n. Logo, é necessário quem + k <; i < m, o que implica
k = O e i = m. Assim,
(4-5) (jg)m+ n = f ,,.g.
e
(4-6) k > O.
As afirmações (a), (b), (e) decorrem imediatamente de (4-5) e (4-6),
enquanto (d) é uma conseqüência de (a) e (b). Deixamos a verifica-
çio de (e) a cargo db leitor.
Corolário 1. O conjunto dos pblin'6,r,ios sôbre um dado ·corpo F
é uma álgebra linear comutativa com elemento unidade sôbre F, em
relação às operaç.ões dadas por (4-1) e (4-2).
Demonstração. Como as operações (4-1) e (4--2) são aquelas
definidas na álgebra F'°° e como F {x] é um subespaço de F 00
,
/(a) = ~ /,a'.
' .. o
Exemplo 3. Seja C o corpo d0s números complexos e seja
f = x 2 + 2.
(a) Se a = C e z pertence a C, f(z) = z2 + 2, em particular
/(2) = 6 e
120 POLINOMIOS
.
B = [-! ~]
então f(B) =2 [i ~] + [_! ~] = [-~ 2
~]-
(e) Se a é a álgebra dos operadores Jineares sôbre C3 e T é o
elemento de a _dado por
T(ci, c2, ca) = (i V2 c1, c2, iy2 c::1)
entio . /(D é o operador linear sôbre C8 definido por
f(T) (ci, c2, cs} .- (O, 3c, O).
(d) Se ct é a álgebra dos polinõmios sõbrc C e g == X 4 + 3i,
então /{g) é o polinômio em a dado por
f(g) =- 7 · 1
• 6ix 4 + x'.
O leitor observador poderá notar em rela9io a Bste último exem-
plo que, se/ é um polin&rnio sôbre um corpo arbitrário e x é o poli-
nõmio { O, 1, O, ... } , então f = f(x), mas aconsclhamo..Jo a es-
quecer estefato.
Teorema 2. Seja F um corpo e a uma álgebra linear com ele•
mento unidade sdbre F. Suponhamos que f e g sejam polindmios sdbre
F, que a seja um elemento de d e que e pertença a F ~ Entao
(a) (e/ + g) (a) - ç/(a) + g(a).
(b) (Jg) (a) === /(a) g(a).
Demonstração. Como (a) é bem fácil de demonstrar, demons-
traremos sàmente (b).
Suponhamos que
111 "
f :s "Z f;x1 e g = 1: g,x!.
•-o .1-0
-= /(a) g(a).
e
122 POLINÔMIOS
4. 3 Interpolação de Lagrange
Em tôda esta seção suporemos que F seja um corpo fixo e que
to, ti, ... , t" sejam n + 1 elementos distintos de F. Seja V o subespaço
de F[x] que consiste dos polinômios de grau menor ou igual a n (mais
o polinômio nulo) e seja L; a função de V em F definida para/ em
V por
L;(f) = f(t;), O < i < n.
Pela parte (a) do Teorema 2, cada Li é um funcional linear sôbre
V e uma das coisas que pretendemos mostrar é que o conjunto for-
mado por Lo, L1 , ••• , L,,, é uma base do espaço V,_. dual de V.
Evidentemente, para que isto ocorra, é necessário e suficiente
(cf. Teorema 16 do Capítulo 3) que f Lo, Li, ... , L,,,} seja a dual
de uma base { P0, Pi, ... , P" } de V. Existe no máximo uma tal
base e, se existe, é caracterizada por
(4-10)
Os polinômios
(4-ll) P· _ (x- to) ... (x - t.-1) (x - li+1) ... (x - t,.)
' - (t. - to) ••. (t, - li-1) (li - li+1) ... (t; - ln)
- li
J~i
ex - t;)
li - lj
são de grau n, logo pertencem a V e, pelo Teorema 2, satisfazem
{4--10).
Se / = l: eipi, então, para cada j,
'
(4-l2)
INTERPOLAÇÃO DE LAGRANGE 123
(4-13) f = ~ f(ti)P •.
,-o
A expressão (4-13) é denominada a fórmula de interpola~o de
Lagrange. Tomando f = x 1 em (4-13) obtemos
n
X; = ~ (tiY P;.
,-o
Decorre então do Teorema 7 do Capítulo 2 que a matriz
1 lo ,: t;
1 /1 li n
. . . . .
(4-14)
1 ln t? ... t:
é inversível. A matriz em (4-14) é dita uma matriz de Vandermonde;
constitui um exercício interessante mostrar diretamente que uma tal
matriz é inversível, quando t 0 , t 1 ••• , tn são n + 1 elementos dis-
tintos ·de F.
Se/ é um po1inômio arbitrário sôbre F, indicaremos por f' em
nossa presente discussão a função polinominal de F em F qUe leva
cada t em F em f(t). Por definição (cf. Exemplo 4 do Capítulo 2)
tôda função polinomial surge desta maneira; contudo, pode acon-
tecer que/' = g' para dois polinômios/ e g tais que f ;é g. Feliz..
mente, como veremos, esta situação desagradável ocorre apenas
quando Fé um corpo com um número finito de elementos distintos.
Para descrever de maneira precisa a relação entre polinômios e fun-
ções polinomiais, precisamos definir o produto de duas funções poli-
nomiais. Se/ e g são polinômios sôbre F, o produto de F por g' é
a função/' g' de F em F dada por
(4---15) (f' g')(t) = f'(t)g'(t), t em F.
PeJa parte (b) do Teorema 2, (fg)(t) = f(t)g(t), logo
(/g)'(t) = f'(t)g'(t)
124 POLINÔMIOS
Exercícios
t. Usar a íórmula de interpolação de Lagrange para determinar um po-
linômio J com coeficientes reais tal que f tenha grau < 3 e ft-1) - --6,
/(O) = 2, /0) ""' -2, /(2) - 6. -
2. Sejam a, (3. y e a números reais. Perguntamos quando é possível deter-
minar um polinômio /sôbre R, de grau 11iío maior que 2, tal que /(-1) .. a,
_{( 1) = fj, /(3) - 'Y, e /(0) = 8. Demonstrar que isto é possível se, e so-
mente se,
Ja+6/J-')'-8i =0.
A = [5O O~ Og 1
-
O O 3 O
ü
e p = (x - 2Xx - 3)(., - l).
126 POLINÔMIOS
Tais funcionais não são apenas lineares, mas também tem a propriedade de
que U./r) • L(/)L(g). Demonstrar que, se L é um funcional linear qual-
quer sõbre FixJ tal que
L(fg) = li../)L(g)
para todos /e g, então L = O ou existe um tem F tal que U./) = /(t) para
todos f.
Então m > n e
contém
(x ~ 2)'(:x + i) - (x - 2) (:X 2 + 1) = (x - 2) (x + i) (i - 2).
Logo contém (x - 2) (x + i), que é unitário e divide
(x - 2) 2{x + í) e {x - 2)(.x 2 + 1).
Exercidos
1. Seja Q o corpo dos números racionais. Determinar quais dos seguin-
tes subconjuntos de Q(x] são ideais. Quando o conjunto fõr um ideal deter-
minar seu gerador unitário.
(a) Todos / de grau par;
{b) Todos f de grau > 5;
(e) Todos / tais que /(0) .... O;
(d) Todos /tais que /(2) .... /(4) - O;
(e) Todos f na imagem do operador linear T definido por
onde pi, ••• , p,,. e q1, •.. , q,. são primos unitários em }lx]. Entlo
134 POLINÔMIOS
p .. divide o produto q1 •.• q•• Pelo corolário acima, p,,. divide algum
q•• Como qi e p,,. são ambos primos e unitários isto significa que
(4-16)
De (4-16) vemos que m =n= 1 se m = 1 ou n = l, pois
DETERMINANTES
5 .1 Anéis Comutativos
Neste capitulo demonstraremos os fatos essenciais sôbre deter..
minantes de matrizes quadradas. Faremos isto não apenas para
matrizes sôbre um corpo, mas também para matrizes cujos elementos
sejam ºescalares" de um tipo mais geral. Existem duas razões para
esta generalidade. Primeiro, em certos pontos do próximo capítulo,
será necessário tratarmos de determinantes de matrizes cujos ele-
mentos são polinômios. Segundo, no tratamento de determinantes
que apresentamos, um dos axiomas da definição de um corpo não
desempenha nenhum papel, a saber, o axioma que garante a exis-
tência de um inverso multiplicativo para todo elemento não-nulo.
Por estas razões, é conveniente desenvolver a teoria dos determi-
nantes para matrizes cujos elementos sejam pertencentes a um anel
comutativo com elemento unidade.
Definição. Um anel é um conjunto K, munido de duas operações
(x, y) -t x + y e (x, y) ~ xy que satisfazem
(1) K é um grupo comutativo em relação à operação (x, y) ~
~ x + y (K é um grupo comutativo em relação a adição);
(2) (xy)z == x(yz) (a multiplicação é associativa);
(3) x(y + z) == xy + xz; (y + z) x = yz + zx (valem as duas
leis distributivas).
Se xy ~ yx para todos x e y em K, dizemos que o anel K é co•
mutativo. Se existe um elemento l em K tal que lx = xi = x para
todo x, dizemos que K é um anel com elemento unidade e 1 é deno•
minado o elemento unidade de K.
Estamos interessados em anéis comutativos com elemento uni-
dade. Tal anel pode ser descrito ràpidamente como um conjunto K,
munido de duas operações que satisfazem todos os axiomas da de~
FUNÇÕES DETERMINANTES 139
5. 2 Funções Determinantes
Seja K um anel comutativo com elemento unidade. Desejamos
associar a cada n X n matriz (quadrada) sôbre K um escalar (ele•
mento de K) que será conhecido como o determinante da matriz.
É possível definir o determinante de uma matriz quadrada A sim-
plesmente escrevendo uma f6rrnula para êste determinante em função
dos elementos de A. Pode-se então deduzir as diversas propriedades
dos determinantes a partir desta fórmula. Contudo, tal fórmula é
bastante complicada e a fim de ganhar alguma vantagem técnica,
procederemos como segue. Definiremos uma "função determinante"
140 DETERMINANTES
A= [f r -~J·
144 DETERMINANTES
E1(A) = (x -
X -
1)I 0
2 x _1 '/ = (x - l) (.x - 2) (x - 3)
3
~A) = -x O
10
2
X-
l ; 1·x - 1
3\ + (x - 2)i O
x3
X - 31
~
.= ('x - l) (x - 2) (x - 3)
A= G D· l
o
o
Então
11 o:
E1(A) = lo 1i = l
'O
E2(A) = -~i] o
1
-
io
Ea(A) = -/ 1 ~, = 1.
Exercícios
1. Cada uma das expressões seguintes, define uma função D sôbre o con•
junto das 3 X 3 matrizes s.ôbre o corpo dos números reais. Em quais de,.
tes casos D é um função trilinear?
(a) D(A) - Au +
A.,.i Au; +
(b) D(A) - (A11) 1 +
3A11A 111 ;
148 DETERMINANTES
adjA=r Au
_-Aai
-A1z].
Â11._
Demonstrar que D é n•linear se. e sàmente set os inteiros ji, ... t j. são
distintos.
7. Seja X um anel comutativo com elemento unidade. Mostrar que a fun-
ção determinante sõbre as 2 X 2 matrizes A sôbre K é alternada e bilinear
~mo uma função das colunas de A.
8. Seja K um anel comutativo com elemento unidade. Definamos uma fun-
ção D sõbre K pela regra
e, -1.A:11
Ân
Âul.
Âu
PERMUTAÇÕES E A UNICIDADE DE DETERMINANTES 149
Mostrar que
(a) pôsto (À) • 2 se, e somente se, (e .. c.h Ca) ~ O;
{b) se A tem p&to 2, então (c1 ,c,,c 3) é uma base do espaçoMsolução
do sistema de equações AX - O.
11. Seja X um anel comutativo com elemento unidade e seja D uma função
bilinear alternada sõbre as 2 X 2 matrizes sõbre K. Mostrar que D(A) • (det
A)D(l) para qualquer A. Utilizar agora hte resultado (nio são permitiM
dos cálculos com os elementos) para mostrar que det (AB) - det(A) det(B)
para quaisquer 2 X 2 matrii.es A e B sõbre K.
12. Seja F um corpo e D uma função sõbre as n X n matrizes sõbre F (com
valores em F), Suponhamos que D(AB) - D(A) D(B) para quaisquer A,
B. Mostrar que ou D(A) • O para qualquer A ou D(/) - 1. No último
caso mostrar que D(A) fi O sempre que A é invers(vel.
13. Seja R o corpo dos números reais e seja D •uma função sõbre as 2 X 2
matrizes sõbre R, com valores em R, tal que D(AB) • D(A)D(B) para quais-
quer A. B. Suponhamos também que
Demonstrar o seguinte:
(a) D(O) • O;
(b) D(A) - O se A• • O;
(e) D(B) • -D(A) se B é obtida transpondo-se duas linhas (ou co-
lunas de A;
(d) D(A) se uma linha (ou coluna) de A é O;
(e) D(...4) • O sempre que A é singular.
14. Seja ...4 uma 2 X 2 matriz sõbre um corPo F. Então o conjunto das ma-
trima da forma /(A), onde / é um polinõmio sõbre F, é um anel comutativo
K com elemento unidade. Se B é uma 2 X 2 matriz s&bre X, o determi-
nante de B e! então uma 2 X 2 matriz sõbre F, da forma /(A). Suponhamos
que I seja a 2 X 2 matriz unidade sõbre F e que B seja a 2 X 2 matriz sa-
bre K
Logo
D(A) = D(~ A(l,j)t;, a2, ... , aR)
j
(5-10) D(_A) = 2: A(l, k1)A(2, k2) ..• A(n, k,.)D{_t1ci, Ekz, ••• t1i;.).
ih, k1, .. ., if.,.
sempre que dois dos índices k; são iguais. Uma seqüência (k1, k2, .•. _
..... k,.) de inteiros positivos menores ou iguais a n, com a proprie
dade de não existirem dois k; iguais, é denominada uma permutação
de grau n. Portanto, em (5-10), precisamos somar considerando ape-
nas as seqüências que sejam permutações de grau n.
Com uma seqüência finita, ou n-upla, é uma função definida
sôbre os n primeiros inteiros positivos, uma permutação de grau n
pode ser definida como uma função bijetora do conjunto { 1, 2, ... , n}
em si mesmo. Tal função ,r corresponde à n-upla (o- 1, o-2, .... , un) e é
PERMUTAÇÕES E A UNICIDADE DE DETERMINANTES 151
sinal rr = { l, se u ~ par
-1, se ,, e 1mpar
com o símbolo "l" indicando aqui o inteiro 1. Mostraremos abaixo
que esta propriedade básica das _permutações pode ser deduzida do
que já sabemos sôbre funç~ determinantes. Suponhamos por ora
152 DETERMINANTES
e usando (5-11)
(5•14) .D(A) = [J; (sinal a)A(l, vi) •.. A(n, vn)] D(/) .
•
É claro que J indica a n X n matriz unidade.
De (5-14) vemos que existe exatamente uma função determi-
nante s:õbre as n X n matrizes sõbre K. Se indicarmos esta função
por det, ela será dada por
(5-15) det(A) - :Z:, (sinal a-)A(l, al) ... A(n, an)
sendo a soma estendida a t&das as permutações v distintas e de grau
n. Podemos resumir rormalmente como segue.
Teorema 2. Seja K um anel comutativo com elemento unidade
e seja n um inteiro positivo. Existe exatamente uma Junçã,o determi-
nante sôbre o conjunto das m X n matrizes sdbre K, que é a f un,ão
det definida por (5-15). Se D é uma função n-linear alternada arbi-
trária s~bre o conjunto das n X n matrizes sôbre K, então, para tôda
. matriz A diste tipo,
D(A) - (det A)DC.J.).
&te é o teorema que procuraivamos, m&i1 deixamos uma lacuna
na de'monstraçi·o. Essa lacuna é a demonstração de que, para umi.
dada permutação tr, quando passamos de (1, 2, ... , li) p~ra (cri,
0'2, ~ .• , O'n) transpondo pares1 o número de transposições é sempre
par ou sempre fn,,.par. iste fato básico de CDmbinatória pode ser
demonstrado sem nenhuma referencia a determinantes; conttldo, gos-
tad~mos de salientar como lle decorre da existlncia de uma função
determi;r1arite sõbre n X n matrizes.
Tomemos K como sendo· o 1tnel dos inteiros. Seja D uma fun-
çlo determinante sõbre as n X n matrizes s&bre K. Seja,, uma pet•
niutaçlo de arau n e sup,bnhamos que passemos de (1, 2, ... , n) a
(D"l, 0'2, ••• , t1,n) por meio de m ttansposições de pares (i, j)' i P' j.
Cdmo mostramos em (5-13)
(- l.)111 ia .D(-.1 1 ••• , 1,,.),
PERMUTAÇÕES E A UNICIDADE DE DETERMINANTES 153
não-nulo, a saber, o 1 na coluna Ti. A partir disto, é fácil ver que E.,T,
é a i-ésima linha da matriz produto AB. Ora',
det(A) = sinal r, det(B) = sinal o- e det(AB) = sinal (ur).
Portanto terehtos sinal (CTr) = (sinal .r) (sinal -r-) desde que demons•
tremos o seguinte:
Teorema 3. Seja K wn anel comutativo com elemento unidade
e sejam A e· B n X n matrizes sôbre K. Então
det (AB) = (det A) (det B).
Demonstração. Seja B uma n X n matriz fixa sôbre K e para
cada n X n matriz A definamos D(A) = det ·(AB). Se indicarmos
as linhas de A por a1, ... , ª"' então
D<.a1, ... , aa) = ·det (a1B, .. , , anB).
Aqui a;B indica a 1 X n matriz que é o produfo da 1 X n matriz
a; pela n X n matriz B. Como
(ca; + a!}B = ca;B + a~B
e det é n-linear, é fácil ver que D é n-linear. Se a; - a;, então, a;B =-
= a;B, e como det é alternada
D(a1, ... , a,.) = O.
Logo, D é alternada. Ora, D é uma função n-linear alternada e pelo
Teorema 2
D(A) = (det A)D(_/).
PERMUTAÇÕES E A UNICIDADE DE DETERMINANTES 155
Exerciclm
t. Se K é um anel comutativo com elemento unidade e A é a matriz sôbre
K dada por
À-[..! -b --e
Q
o
[l
a
b :-:1
c;J
e
é (b - a) (e - a) (e - b).
3. Enunciar explicitamente as seis permutações de arau 3, di7.el' quais são
ímpares e quais são pares e usar isto para dar uma fórmula completa (5-1 S)
para o determinante de uma 3 X 3 matriz.
4,,. Sejam -y e ,, as permutações de ,arau 4 definidas por ,, 1 = 2. fT2 = 3,
0'3 • 4, a-4 - 1, 1'1 • 3, ,.2 • t, ,.3 - 2, .,.4 - 4.
(a) " é par ou [mpar? r é par ou impar?
{b) Determinar t1T e .,,,•
5. Se A é uma n X n matriz inversivel sabre um corpo, mostrar que det
A ~ O.
6. Seja A uma 2 X 2 matriz sôbre um corpo. Demonstrar que det (I + A)-
- 1 + det A se, e sômente se, traço (A) - O.
7. Uma n X n matriz A é denominada trianpllr se A,; • O sempre que
i > j ou se Aí; - O sempre que ; < j. Demonstrar que o determinante de
uma matriz triana;ular é o produto A11 Au ... A •• de seus elementos dia-
gonais.
8. Seja A uma 3 X 3 matriz sõbre o corpo dos números complexos. For-
memos a matriz xi - A cujos elementos são polinômios, sendo o elemen-
to ;, j desta matriz o polinômio l,;x - A,;. Se / - det (xi -- A), mos..
trar que / é um polinômio unitário de grau 3. E.screvendo
/ • (x ~ c 1 )(x - c:iXx - c 3)
= det A,
o que demonstra (5-17).
Em certas ocasiões é preciso calcular certos determinantes par-
ticulares. Quando isto é necessário, é freqüentemente útil tirar van~
tagem do fato seguinte: se B é obtida de A somando-se um múltiplo
de uma linha de A a outra (ou um múltiplo de uma coluna a outra),
então
(5-18) det B = det A.
Demonstraremos a afirmação relativa às linhas. Seja B obtida de A
somando-se ca; a ex;, onde i < }. Como det é linear como uma fun-
ção da i-ésima liriha
det B = det A + e det ((l' 1, ••• , (l',, ... , ai, ... , ª")
= det A.
Outro fato útil é o seguinte: consideremos uma n X n matriz
da forma em blocos
[t ~]
onde A é uma r X r matriz, C é uma s X s matriz, B é r X se O
indica a s X r matriz nula. Então
(5-12)
det [A
det O
eª] = (det A) (det C).
158 DETERMINANTES
D(A, B, C) = det (g ~] ·
Se fixarmos A e B, então D é alternada e s•linear como uma função
das linhas de C. Assim, pelo Teorema 2
D(A, B, C) = (det C)D(A, B, 1)
onde/ é as X s matriz . unidade. Subtraindo das linhas de B múl-
'
tiplos das linhas de / e usando a afirmação (5-18) acima, obtemos
D(_A, B, /) = D(_A, O,/).
Ora, D(A, O,/) é evidentemente alternada e , ..linear como uma fun•
ção das linhas de A. Assim
IX.A, O, /) = (det A),D(./, O, /).
Mas D(Jt O, /) = 1, logo
D<.A, B, C) = (det C)D(A, B, /)
= (det C)D(A, O,/)
= (det C) (det A).
Por um raciocínio do mesmo tipo, ou tomando transpostas
(5~20) det [ ÀB º]
C = (det A) (det. C).
A=
2
4
2 O
l -1 -1
2 .
1 2 3 o
Subtraindo das linhas 2, 3 e 4 múltiplos c'odvenientes da linha 1,
obtemos a matriz
[g -~
O 3
=: -1;1
1 -3~
que, como sabemos por (5-18), terá o mesmo determinante que A.
PROPRIEDADES ADICIONAIS DOS DETERMINANTES 159
n
det A = I A;;Ci.1
i- 1
B- 1 = - ¾ [-x +x2x -
2 3 -1 ~-xf]
Exemplo 8. Seja K o anel dos inteiros e
A = [~ ~]-
Então det A = -2 e
adj A = [ 4-2J
-3 1 .
Assim, A não é inversivel como uma matriz sôbre o anel dos inteiros;
no entanto, podemos também considerar A como uma matriz sôbre
o corpo dos números racionais. Se o fazemos~ então A é inversível e
A_ 1 = _ ![
2 - l•
4-2J = [-~- --!] .
l- 2 2_
de equações Jineares .AX == Y para uma dada n:.upla (y1, ... i y,.).
Se AX = Y, então
(adj AJAX == (adj A)Y
e portanto (det A)X == (adj A)Y.
n
Assim (det A)x1 = ! (adj A)iiY,
i" ,.. l
n
= l; ( - l)í +1y,. det A(ii}).
i "' 1
Exercícios
1. Usar a fórmula da adjunta clássica para calcular as inversas das 3 X 3
matrizes reais seguintes :
[ -26 O
l
4 1 -1
3 -1 cos
[ O
8
1
sen 6 O
O -sen
O
cos,
J
164 DETERMINANTES
DECOMPOSIÇOES
EM SOMAS DIRETAS JNV ARIANTES
e como (a1 - 81) está em W1 e (fJ2 - a2) está em W2, devemos ter
a:1 - J31 == J12 - a.2 = =
O, isto é, a1 = 131 e a2 /32. Quando W1 e
W2 forem disjuntos diremos que a soma W = W2 + W 1 é direta
ou que W é a soma direta de W1 e W2 e escreveremos W = W1 ·EB W2.
A importância das somas diretas está no fato de que se W = W1 EB
W2, podemos estudar W através dos pares de vetores (a2, ai) com
ai em W;.
Desejamos considerar "somas diretas~' de vários subespaços. Para
fazer isto precisaremos de um conceito de independência de subes--
paços, análogo à condição de disjunção no caso de dois sube_spaços.
Definição. Sejam W1, ... , W1: subespaços do e.spoço vetorial V.
Diremos que W 1, ••• , W,. são independentes se
0:1 + . . . + ak = O, a; em Wi
implica que cada ai é nu/o.
Teorema 1~ Seja V um espaço vetorial sôbre o corpo F. Sejam
W1, ... , W1r subespaços de V e seja W = W1 + ... Wh As se.. +
guintes condições são equivalentes.
(i) W1, ...• W1r são independentes.
(ii) Cada vetor a em W pode ser expresso de uma única nu:meira
sob o formo
a = 0:1 + . , , + ak
J""
[~ -gJ.
Então os únicos subespaços de R 2 que são invariantes sob T são
R 2 e o subespaço nulo. De fato, qualquer outro subespaço invariante
W teria necessàriamente dimensão 1. Mas se W é o subespaço ge-
rado por algum vetor não-nulo a, a afirmação de que W é invariante
sob T significa que Ta = ca para algum número real e. Mas isto
é impos~Jvel com a ;;é O, pois pode..se verificar fàcilmente que para
qualquer e o operador (T - cl) é inversível, isto é-, para todo nú-
mero real e a matriz ·
[ .__e
l
-lJ
-e
é inversível.
Quando o subespaço W é invariante sob o operador T, então
T induz um operador linear Tw sôbre o espaço W se restringimos o
seu domínio de definição a W. O operador linear T w é definido por
Tw(cr) = T(a), para a em W, mas Tw é um objeto bem diferente de
T uma vez que seu domínio é W e não V.
Quando V é de dimensão finita, a invariância de W sob T admite
uma interpretação simples por meio de matrizes e é interessante
mencioná-la neste ponto. Suponhamos que tomemos uma base or·
denada ca = {ªIt ••• , ª"} de V tal que <R' = {a1, ... , ar} seja uma
base ordenada de W(r = dim W). Seja A = [TJm. Então
n
Ta; = X A,1a;.
i.., l
e então
(6 .. 5)
Descreveremos esta situação dizendo que T é a 80ll18 direta dos
operadores T1, ... t Tk. Deve-se lembrar, ao usarmps esta termino-
logia, que os T; não são operadores lineares sabre o espaço Y mas
sim sôbre os diversos subespaços W;. O fato de que V - W1 EB
$ ... E9 Wk nos permite associar a cada a em Y uma única k-dupla
a,
(cr1, •.. , aA:) de vetores em W; (sendo a = a1 + ... -+ a,) de uma
maneira tal possamos efetuar as operações lineares em Y trabalhando
em cada subespaço W;. O fato de que cada W; é invariante sob T
nos permite considerar a ação de T como a ação independente dos
operadores T; sõbre os sube1paços W;. Nosso propósito é estudar
T determinando decomposições em somas diretas invariantes nas
quais os T; sejam operadores de natureza elementar.
Antes de considerarmos um exemplo, observemos ·o análogo
desta situação para matrizes. Suponhamos que tomemos uma base
ordenada <S, para cada W; e seja l'.B a base ordenada de V formada
~la reunião das c:B;, ordenada como <B1, ••• , <Bt, (Sabemos, pelo
Teorema 2, que CB é uma base de V.) De nossa discussão acima,
quanto ao análogo para matrizes para um único subespaço inva-
riante, é fácil ver que se A = (T]m e A;= (T;]~;, então A é da forma
em blocos
Â1 o ... o
o Â2 ... o
(6·6) A=
o o . .. Ai: =-
172 DECOMPOSIÇÕES EM SOMAS DIRETAS INVARIANTES
o o 1 o
o o o o
DECOMPOSIÇÔBS EM SOMAS DIRETAS 173
1
[o º]
o
em relação à base ordenada canônica, deverá explicar a terminologia.
Como logo veremos, se R e N são subespaços de V ta~s que Y = R
EB N, então existe uma única projeção sôbre R segundo N.
Projeções podem ser usadas para descrever decomposições do
esp'aço V em somas diretas. De fato, suponhamos Y = W1 E9 ...
. . . e W,. Para cada j definiremos um operador EJ sôbre V. Seja
a em V, digamos a = ai + ... + a1: com a; em W;. Definamos
E.,a == a.,;. Então, E; é uma regra bem 1efinida. É fácil ver que E;
é linear, que a imagem E,; é W°; e que Ej = E;. O núcleo de E_; é o
subespaço
(W1 + ... + W:;-1 + W:;+1 + ... + W1-)
pois a afirmação de que Ep. = O significa simplesmente que a_; =- o.
isto é, que a é na realidade uma soma de vetores dos espaços W;
com i ;4 j. Em têrmos das projeções E,; temos
(6-8)
para cada a em V. O que (6-8) diz é que
(6·9)
Notemos também que se i ~ j então E;Ei = o. pois a imagem de
E; é o subespaço W; que está contido no núcleo de E;~ Resumiremos
agora nossas conclusões, enunciaremos e demonstraremos uma re-
cíproca.
Teol'ema 3. Se V= W1 EB ... e Wk, então existem k opera-
dores Ei, ... , Et s6bre V tais que
(a) cada Ei é uma projeção (Ef = Ei);
(b) EiEJ = O, se i #- j ;
174 DECOMPOSJÇÔES EM SOMAS DIRETAS INVARIANTES
(e) I = E1 + ... +
Ek;
(d) a imagem de Ej é Wi.
Redprocamente, se Ei, ... , Ek são k operadores lineares sôbre V que
satiefazem as condições (a), (b) e (e) e se indicamos por W1 a imagem
de E1, então V= W1 ·(B ..• ·EB Wk,
Demonstração. Precisamos demonstrar apenas a afirmação recí-
proca. Suponhamos que E 1, ••• , E" sejam operadores lineares sôbre
V que satisfaçam as três primeiras condições e seja Wi a imagem de
E1. Então, certamente
V= W1 + ... + W,.-:
pois, pela condição (e) temos
a = E1 a + . . . + EkQ
para cada a em V e E;a está em W;. Esta expressão para a é única,
porque se
a = a1 + , · · + ªk
com a; em W; 1 d'.rgamos a; = E;/3;~ então, usando (a) e (b), temos
k
E;a :::z X E,;a,
i= l
= l:* EiE;/3i
i.,... 1
- E~~-
.., .1
- E-~-
1/J.1
= a;.
Isto mostra que V é a soma direta dos W;.
Suponhamos que T seja um operador linear sôbre V e que Wi
e E; sejam como acima. Como se enuncia em têrmos dos E; a con--
dição de que ca.da W; st;ja invariante sob 'P!.
Teorema 4. Seja T um operador linear sôbre o espaço V e se-
jam Wi, ... , Wk e E1, ... , Ek como no Teorema 3. Então, uma con-
dição necessária e suficiente para que cada $ubespaço W; seja inva•
riante sob T é que T comute ~om cada uma das projeções Ei, isto é.
TE; = E;T, ; = 1, ... , k.
DECOMPOSIÇÔES EM SOMAS DIRETAS 175
=
{o se ; r6
EJ/3J, se i =
j
j.
Assim E1Ta = EiTEia + ... + EJTEra
=ºEif,i
= TE;~.
Isto vale para todo a em V, portanto E;T = TE1.
Exercidos
1. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e seja W1 um subespaço
arbitrário de V. Demonstrar que existe um subespaço W 2 de V tal que
V - Wx EB W2.
l. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e sejam W1 •... , W1: sub-
espaços de V tais que
V - W1 + ... + W1; e dim V = dim W1 + ... + dim W.t,
Demonstrar que V - W1 ED ••• EB Wk.
3. Seja T o operador linear sôbre R 2 , cuja matriz em relação à base orde,-
nada canônica é
A,_ [1-lJ
2 2 .
A=[~
O polin&mio caracterfstico de T (ou de A) é
-n
det (xi - A) -1-f !I = x2 + 1.
Como êste polinômio não possui raízes reais, T não possui valores
caracterfsticos. Isto é rç:almente uma repetição de um fato que sali-
entamos anteriormente, -a saber, que T não possui subespaços inva-
riantes unidimensionais. Se U é o operador linear sôbre C 2 que é
representado por A em relação à base ordenada canônica, então
U possui dois valores característicos, ; e -i. Vemos aqui um ponto
VALORES CARACTERÍSTICOS E VETORES CARACTERÍSTICOS 179
Xa.j = li
; •j
A ijOl.i
ou
li
i; (6;;x - A;;)a; -= O.
i "" 1
Z B;i:B;p; = O, j = l, ..• , n
i - l
e somando sõbre j
z"
o =r j-1 .
l:
r•l
B;1tBijOli
..
Ora, BB = (det B)/ = / 1, e então
Assim, temos
n
O= l: i;t/a;
, ""1
=fa1,:.
No Capítulo 7 faremos uma outra demonstração diste teorema.
Para compreender a demonstração que fizemos acima, insistimos
veementemente para que o leitor examine de perto o argumento para
o caso n = 2. As equações (6-10) serão então
(x - An)a.1 - A.210:2 =O
-A1201 + (x - A:22)a2 =O
VALORES CARACTERfSTICOS E VETORES CARACTERÍSTICOS 181
e o polinômio caracterfstico
.f = x2 - (Au + A22)x + (AuA22 - A12A21).
Pode-se obter /a1 = O "eliminando" a2 destas equações e pode•se
obter /a2 a:: O "eliminando" a1. No caso geral, êste processo de eli-
minação é o que se consegue através do uso da adjunta clássica de
(xi - A).
O teor.ema de Cayley-Hamilton nos diz algo que não é muito
fácil de ver diretamente, a saber, que se T é um operador linear
sõbre o espaço n-dimensional V, então existe um polfu6mio / de
grau n tal que /(T) • O. Notemos que é fácil ver que existe um po-
lin&mio não-nulo g de grau não maior que n2 tal que g(T) =- O.
De fato, o espaço L(V, V) tem dimensão n 2t portanto os operad·o-
res /, T, T 2 , •• , T- 2 devem ser linearmente dependentes. O conjunto
dos polinômios g em F[xJ tais que g(_T) :m: O é um ideal, como é
fácil de verificar. Alim disso, este ideal contém um polin6mio
unitário de grau n, que é o polin6mio característico de T. Assim,
existe um único polin&mio unitário p que gera o ideal formado por todos
g tais que g(T) - O. ~te p é denominado o polinômio mfntmal de
T. O nome vem (6 claro) do fato de p ser o polinômip unitário de
grau mfnimo que leva Tem O. O teorema de Cayley-Hamilton po..
de ser reenunciado: O polin6mio característico de T é divisfvel pelo
polin8mio minimal de T.
Definimos o polinômio minimal de uma n X n matriz da ma..
neira correspondente, isto é, como o único gerador unitário do ideal
de todos os polinômios g sõbre F tais que g(A) = O. É fácil ver
que matrizes semelhantes tem exatamente o mesmo ideal de polina-
mios ºanuladoresn g, porque
,<_p- l AP) = p- 1~A)P
e, conseqüentemente, matrizes semelhantes têm o mesmo polinômio
minimal. Se o operador é representado em relação a alguma base
ordenada pela ,matriz A, então T e A tam~m têm o mesmo poli-
nômio minimál, pois para todo g o operador g(T) é representado
l
pela matriz g(.A).
Exemplo 9. Seja F um subcorpo do corpo dos números com ..
plexos e seja To operador linear sôbre F 3 que é representado em
relação à base ordenada canônica pela matriz A do Exemplo 8.
Vimos que o polin~io caracteristico de A (e portanto de T) é
f = (x - t)(x - 2) 2• Qual é o polinômio minimal de T'! Bem,
o teorema de Cayley-Hamil\on nos diz qlle o polinômio minimal
de T deve dividir/. Logo, é evidente que êste polinômio deve ser
182 DECOMPOSIÇÔES EM SOMAS DIRETAS INVARIANTES
(A - IXA - U) =
3-6-5
[~i 7 7] [-f 7 3-6-6
7] = O
Exercielos
t. Em cada um dos casos seauintes, seja To operador linear sôbre R que .
2
A • [i gJ A • [_f !] A -· [t ~]
VALORES CARACTERÍSTICOS E VETORES CARACTERÍSTICOS l 83
[ ~ : -s~]-
-3 -3
Determinar o polinômio característico e o polinômio minimal de A.
5. Seja A uma n X n matriz triangular sôbre o corpo F. Demonstrar que
os valores caractcristicos de A são os elementos diagonais de A, isto é, os
escalares Au.
6. Seja V um espaço, vetorial n-d:imensional sôbre o corpo F e seja T um
operadOI' linear s6bre V. Suponhamos que exista um inteiro positivo k tal
que T1 •O. Demonstrar que T,,, • O.
7. Sejam a. b e" elementos de um corpo F e seja A a quinte 3 X 3 ma-
triz ~ôbre F: ·
a?n
Demonstrar que o polinômio característico de A é xJ -
que fste polinômio é também o polinômio minimal.
axJ - hx - e, e
. . .
o o À
6. 3 Operadores Diagonalbáveis
Deffniçio. Seja T um operador linear sóbre o espaço V de di-
mensão finita. Dizemos que T é dia1onaHável se existe uma base de
V formada por vetores caracterbticos de T.
A razio para o nome deveria ser evidente; de fato,· se existe
uma base ordenada <B = {a1 1 • • • , a,.} de Y na qual cada a; é um
vetor característico de T, então a matriz Tem relação à base orde-
nada as é diagonal. Se a; = c;a;, então
C1 0 0
O c 2 O
[T<B; =
O O • . . cfl
Certamente não pretendemos que escalares c1, ..• , e" sejam dis.
tintos; na verdade~ !les podem ser todos i9uais (quando T é um
múltiplo escalar do operador identicô).
P.óder-se-ia também definir T como sendo diagona]izável quando
os vetores característicos de T serassem Y. Isto difere apenas super•
ficialmente de nossa definição, uma vez que podemos sempre obter
uma base a partir de qualquer conjunto de vetores que seja gerador.
Suponhamos que T seja diagonalizável e sejam c1, .... , c1c os
valores característicos distintos de T. Para cada i, seja W; o subespaço
dos vetores caracterfsticos associados a e,, isto 6, o núcleo de (T- c;l).
A própria definição "diagorlaJizáveln diz que, juntos, os subespaços
Wi ••.. , W.t geram J/, isto é, que Y = Wi + ... + W.1:. Esta soma
é d.freta; na realidade·, a independ@ncía dos subespaços W1, •.. , w.
nlo depénde do fàto de T ser diagonalizável.
Teorema 7. Seja T wn operador linear arbitr.6rio Jôbre o espaço
V de dimensão finita, sejam ci, . . • , Ck os valores característicos dis-
tintos de Te seja W; o núcleo de (T - cl;). Então os subespaçoss
Wi, .•• ~ W.1: são independentes.
Demo'ltstração. Seja a; em W;, i = l, ... , k e suponhamos que
(6·11) 0:1 + ... + a.1: = O.
i
'
2: (ci -
•1
c;)Eja = O
T2 = 2:' c;E; ~
t CjE,;
i=l i-1
~ t
= 2: :E C;CjEiEj
i•l .i••d
,t
= :E1 e~~
j ...
.t.
=; :E... l C,E;.
O leitor deve comparar isto com g(A) sendo A uma matriz diagonal,
pois neste caso g(A) é simplesmente a matriz diagonal de elementos
diagonais g(.Au), . . . , g(Ann).
Gostaríamos de observar em particular o que acontece no caso
dos polinômios de Lagrange correspondentes aos escalares c1, ••• ,
•• , , Ck:
II (x - e;)
Pí = !~J(Cj ~ C;)
·
Temos pie;) = 6;1, o que significa que
.t
pi{T) = 2: aiíE;
l=l
= E1.
Assim, as projeções E1 não apenas comutam com T, mas são poli•
nõmios em T. ·
188 DECOMPOSIÇÕES EM SOMAS DIRETAS INVARIANTES
(x - 1)
p2 = (2 - 1) =X - l.
190 DBCOMPOSIÇÕES EM SOMAS DJRBTAS INVARIANTB-S
Portanto, E 1 == 21 - T e E2 == T - 1. As matrizes de E1 e E2 em
relação à base canônica são então
21- A= [-3 6 6]
-J
1 -2 -2
6 6
A - I = [ 4-6-6]
-1 3 2 ·
3 -6 -5
É óbviot já à primeira vista, que uma base da imagem de E1 é o vetor
(-3t 1, -3), pois as colunas de 21 - A geram a imagem de EJ.
Anllogamente, ve-se que um base da imagem de E2 é
"{ (4, -], 3), (--6, 3t -6) }.
&tes três vetores juntos formam uma base de P em relação à qual
a matriz de T será. diagonal. Em linguagem matricial, se fizermos
p = [-~
-3
--13 -~]
-6
então p- 1AP será a matriz diagonal de elementos diagonais 1, 2, 2.
Para o operador diagonalizável arbitrário T do Teorema 9,
deve-se observar o seguinte: O polinômio característico de T será
/ = (x _·· C1)d1 ••. (x - Ct)dt
Exerclcios
1. Seja T o operador linear sôbre R J que é representado em relação à base
ordenada canônica pela matriz
[
-9 44]
-8 3 4 ·
- -16 8 7
Demonstrar que T é diagonalizável 1110Strando uma base de RJt formada
par vetores caracteristicos de T.
192 DECOMPOSIÇÕES EM SOMAS DIRETAS INVARIANTES
A=[~ } =!] 2 2 O
é semelhante sôbre o corpo R a alguma matriz diagonal? Esta matriz é se-
melhante sôbre o corpo e a alguma matriz diagonal?
4. Responder às perauntas do Exercício 3 para a matriz
A= [ 6-3 -2]
4 -1 -2
10 -5 -3_
5. Seja T um operador linear sõbre o espaço vetorial ,,-.dimensional V e
suponhamos que T possua ,r valores característicos distintos. Demonstrar
que T é diagonali:zável.
6. Seja Tum operador linear sôbre um espaço vetorial de dimensão finita
sôbre o corpo dos numeros complexos. Demonstrar que T é diagonalizáM
ve1 se, e somente se, existe um polinômio g sôbre C que tenha rafz.es dis-
tintas e seja tal que K<,T) • O.
7. Seja Tum operador linear diagonalizável sôbre o espaço V de dimen-
são finita e seja W um subespaço qualquer, invariante sob T. Demonstrar
que o operador linear TW que T induz sôbre W é diagonalizável.
8. Determinar uma matriz real inversível P tal que p- 1 AP e P- 1 BP sejam
ambas diagonais, sendo A e B as matrizes reais
(a) A - [õ i] B - [ii ~]
(b) A == [} ~] B = [! ~]
[~ iJ [~ ~]-
14. Seja F um corpo, 11 um inteiro positivo e seja V o espaço das ,r X n
matrizes sôbre F. Se B é uma 11 X II matriz fixa sõbre F, seja Ta o operador
linear~ sôbre V definido por T s (A} - AB - BA. Consideremos a famflia
dos operadores lineares T. obtida faz.endo B percorrer o coitjunto das ma-
trizes diaaonais. Demonstrar que os operadores desta familia são simul-
tlneamente diagonalizáveis.
A= [i ~ g]·
O O -1_
O polinômio característico de A é (x - 2) 2 (x + 1) e este é obvia-
merlte o polinômio .minimal de A (ou de T). Assim, T não é dia-
gonalizáveJ. V@-se que isto ocorre porque o núcleo de (T- 21) tem
dimensio 1 apenas. Por outro lado, o núcleo de (T + /")
e o núcleo
de (T - 2/) jui,tos geram V, sendo o primeiro o subespaço gerado
2
(6-1?) ~
" f;g; = l.
i-1
O TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO PRIMÁRIA ] 95
E1 + ... + E1: _: /
E;E; = O, se i ~ j.
Assim, os E; são projeções que correspondem a alguma decomposi-
ção do espaço V em soma direta. Desejamos mostrar que a imagem
de Ei é exatamente o subespaço Wi, E evidente que cada vetor na
imagem de E; está em W;, pois se a está na imagem de E;, então
a = E;a, logo
onde ao, ... , Dn-1 são certos escalares fix-os. Se Cn indica o espaço
das funções n vêzes continuamente diferenciáveis, então o espaço
T das soluções desta equação diferencial é um subespaço de e•.
Se D indica o operador derivação e p é o polinômio
p = xn + a,._ 1x 11 - 1 + . . . + a1x + ao
então V é o núcleo do operador p(_D), pois (6-'I 8) diz simplesmente
que p(D)f = O. Consideremos aaora D como um operador littea-r
sõ'bre o subespaço V. Então p(D) = O.
Se estamos discutindo funções diferenciáveis com valores comple-
xos, então Cn e V são espaços vetoriais complex-0s e a0 , •• • , a,._1
podem ser quaisquer núineros complexos. Dscrevamos agora
p = (x - c1)' 1 ••• (x- c1tY• ·
onde c1, ... , c1r são números complexos distintos. Se Wi é o nú-
cleo de (D - ci/)11, então o Teorema 12 diz que
V = W1 í:B • • • EB WA:.
Em outras palavras, se f satisfaz a equação diferencial (6-18), entio
/ potie ser expressa de modo .único sob a forma
f = /1 + ••• + /k
onde fj satisfaz a equação diferencial (D - cil)'fi = O. Assim, o
estudo das soluções da equação (6-18) fica reduzido ao estudo do
espaço das soluções de uma equação diferen~ial da forma
(6-l9) (D - cl)'f = O.
Esta redução foi conseguida por meio dos métodos gerais de álgebra
linear, isto é, pelo teorema da decomposição primária.
Para descrever o esp~ço das soluções de (6-19), é necessário sa-
ber alguma coisa sôbre equações diferenciais. isto é, é necessário
O TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO PRIMÁRIA 199
Exercícios
[6-3-ü
4 -1 -2
IO -S -3
·
r~l2 ~
2
=!]a
em relação à base ordenada canônica. Mostrar que existe um operador
diagonalizável D sôbre R J e um operador nilpotente N sõbre R l tais que
T - D + N e DN = ND. Determinar as matrizes de D e Nem relação à
base canônica. ( Basta repetir a demonstração do Teorema 12 para êste caso
particular.)
3. Se V é o espaço dos polinômios de grau menor ou igual a 11 sôbre um
corpo F, mostrar que o operador derivação sôbre V é nilpotente.
4. Seja T um operador linear sôbre o espaço V de dimensão finita cujo po-
linômio característico seja
f.,,;,. (X - C1) 4 t ••• (X - C't)'•
e cujo polinômio minimal seja
p == (x - C1)~1 ••• (x - c,y,.
Seja W, o núcleo de (T - cdY,i.
(a) Demonstrar que W; é o conjunto dos vetores a em V tais que
(T- Cil)• a - O para algum inteiro positivo m {que pode depender de a),
(b) Demonstrar que a dimensão de W; é dj. [Sugestão: Se T; é o ope-
rador induzido sôbre Wí por T, então Ti - c-J é nilpotente; assim, o po~
linômio característico de Ti - cd deve ser x•i, sendo f!í a dimensão de
Wi (demonstração'?); assim, o polinômio qtracteristico de Ti é (x - c,)'i;
agora usar o fato de que o polinômio caracteristico de T é o produto dos
polinômios caracteristicos de T; para mostrar que e, • d;.)
S. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sôbre o corpo dos núme-
ros complexos. Seja Tum operador linear sõbre V e seja D a parte diago-
nalizável de T. Demonstrar que se g é um poHnômio qualquer com coefi-
cientes complexos, então a parte diagonaHzável de g(T) é g(D).
6. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sôbre o corpo F e seja T
um operador linear sôbre T tal que pôsto (T) - 1. Demonstrar que ou T
é diaaonaliZttvel ou T é nilpotente, não ambos.
7. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sôbre F e seja Tum ope-
rador linear sôbre Y. Suponhamos que T comute com todo operador li~
near diagonalizável sôbre V. Demonstrar que T é um múltiplo escalar do
operador id@ntico.
8. Seja Y o espaço das ,, X n matrizes sôbre um corpo F e seja A uma II X •,r
matriz fixa sôbre F. Definamos um operador linear T sôbre V por T(B) -
- AB - BA.. Demonstrar que se A é uma matriz nilpotente, então T é
um operador nilpotente.
9. Dar um exemplo de duas 4 X 4 matrizes nilpotentes que tenham o mes--
·mo polinômio minimal (elas têm, necessàriamcnte, o mesmo polinômio ca•
racterístico) mas que não sejam semelhantes.
10. Seja Tum operador linear sõbre o espaço V de dimensão finitat seja
p - pfi ~ .. pC• o polinômio minimal de Te seja V - Wi E9 ... EB w,,
a decomposição primária de T; isto i, W1 i o núcleo de p,{T)'1. Seja W um
subespaço qualquer de V que seja invariante sob T. Demonstrar que
W - (W ('\ WJ:) $ (W ('\ W,) EB ••• EB (W /\ W,1:).
CAPÍTULO~
de T.
Outra maneira de descrever o subespaço Z(a;T) é dizer que
Z(a:; T) é o subespaço gerado pelos vetores T"a, k > O, e assim
a é um vetor cíclico de T se, e somente se, êstes vetores geram V.
Prevenimos o leitor de que um operador aenérico T não possui ve-
tores cíclicos.
Exemplo 1. Para T arbitrário, o subespaço T•cíclico gerado pelo
vetor nulo é o subesp·aço nulo. O espaço Z(a:;T) é unidimensional
se, e sbmente se, a é um vetor característico de T. Para o operador
idêntico, todo vetor não-nulo gera um subespaço cíclico unidimen-
sio•n~_l; assim, se dim V > 1, o operador idintico rião possui nenhum
vetor'"cfcliéo. Um exemplo de um operador que possui um· vetor
202 AS FOllMAS RACIONAL E DE JORDAN
[~ gJ.
Neste caso o vetor cíclico (um vetor cíclico) é t1 ~ de fato, se (j = (a,
b), então, para g = a +bx, temos 8 - g(T")E1. Para êste mesmo
operador T, o subespaço cíclico gerado por t2 é o espaço unidimen-
sional gerado por t 2, porque t 2 é um vetór característico de T.
Para quaisquer T e a, estaremos interessados em relações li-
neares
coa+ c1Ta + ... + ckTxa = O
entre os·. vetores Po:, isto é, estaremos interessados nos polinômios
g == c0 + c1 x + ... + ckxt que tenham a propriedade de que
g(_T}a = O. O conjunto dos 8 em F[x] tais que g(T)a == O é eviden-
temente um ideal em F[x]. E também um ideal não ..nulo, pois con•
tém o polirlômio minimal p do operador T(p(T')a = O para todo
a em V).
Definição. Se a é um vetor arbitrário em V; o T•anulador de a é
o ideal M(a; T) em F{x]formado pelos polinômios g sôbre F tais que
g(T)a = O. O único polinômio unitário p. que gera êste ideal tam-
'bém será denominado o T-anulador de a.
Como ressaltamos acima, o T-anulador p"- divide o po1inô-
mio minimal do operador T. O leitor deverá notar também que
gr(pa) > O a não ser quando q. é o vetor nulo.
Teorema 1. Seja a um vetor nulo arbitrdrio em V e seja p., o
T•anulador de a.
(a) O grau de Pa é igual à dimensão do subespaço cíclico Z(a; T).
(b) Se o grau de pa; é k, então os vetores a, Ta, T 2o:, ••. , Tk- •a
formam uma base de Z(a; T).
(e) Se Ué o operador linear sôbre Z(a; T) induzido por T, então
o polinômio minimal de V e p.. .
Dtmonstração. Seja g um polinômio qtlalguer sôbre o corpo F.
Podemos escrever
g = pªq +r
onde r = O ou gr(r) < gr(p"-) = k. O p·olin6mio p,.q está no T-anu-
lador de a, portanto
g(,T)a = r(T)a.
SUBESPAÇOS CÍCLICOS E ANULADORES 203
o o o l -Ck-1
Exercícios
1. Seja T um operador linear sôbre F 1 • Demonstrar que todo vetor nio-
•nulo que não seja um vetor característico de T é um· vetor cíclico de T.
Depois, demonstrar que ou T possui um vetor cíclico ou então T ~ um mú1-
tiplo escalar do operador idêntico.
O TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO RACIONAL 205
[O~ Og -1_g-1 ·
Demonstrar que T não possui vetores cíclicos. Qual é o subespaço T-cí-
clico gerado pelo vetor (1, -1. 3)'!
3. Seja T o operador linear sôbre C J que é representado em relação à base
ordenada canônica pela matriz
[ - tt 2;
O 1
ºJ
-i
1
•
De (í) temos ph/3' ::: ph'Y ', em W. Seja /3" = {3' - -y'; então S(/3~';
W) ~ S(J3'; W) = phF[x] e ph(f' = O. Assim, o subespaço cíclico
Z(/3"; T) é disjunto de W e ph é o r . anulador de /3". Pela hipótese
(2) dêste lema devemos ter então
gr(ph) = dim Z(/3"; T) < di01 Z(a1; T) = gr(p1).
Em (ii) acima, observamos que se r ~ O temos gr(pt) < gr(ph).
Decorre que r = O.
Resumiremos os resultados dos Lemas 2 e 3 e acrescentaremos
um fato adicional obtido na demonstração do Lema 3.
Lema 4. Seja W um subespaço próprio de V que seja T-admissível.
Então, existe um vetor não-nulo a 1 em V tal que Z(a1; T) seja dis-
junto de W. Se a1 foi escolhido de modo que Z(a 1 ~ T) tenha dimensão
máxima entre todos os subespaços T-ciclicos disjuntos de W, temos
1ambém
(a) o subespaço W EB Z(a1; T) é T-admissível;
(b) .re {3 é um vetor arbitrário tal que Z(~; T) seja disjunto de
W ffi Z{a 1 ; T), então o T-anulador de fJ divide o T--anulador de a1.
Demonstraçâh. Temos que demonstrar apenas a afirmação (b ).
Se Z(/3; T) é disjunto de W ffi Za 1 , então
S(/3; W + Za 1) = pF{x]
onde pé o T-anulador de {j. Assim, p(3 = O. Se p 1 é o T-anulador de
ai, então p1a1 = O, portanto
p/3 = O + p1a1.
Na demonstração do Lema 3 podemos tomar 'Y = O e g == P1.
Como mostramos naquela demonstração, p deve dividir P•·
O Teorema 3 decorre fàcilmente do Lema -4. Suponhamos que
w· seja um subespaço T-admissível de V e que desejamos encontrar
um subespaço T-invariante W' com V = W e W'. Se W = V, to-
mamos W, = {O}. Se W é um subespaço próprio de V. tomemos
um vetor não-nulo c:n em V tal que W @ Za 1 seja T-admissível.
Se W EB Za 1- = V, tomando W' = Za 1 a demonstraçã·o se com-
pleta. Em caso contrário, apliquemos novamente o Lema 4 e deter-
minemos um a 2 não--nulo em V tal que WEB Za1 EB Zas seja T-
admissivel. Se êste espaço esgota V, tomamos W' = Za1 EB Za2.
Em caso contrário, prosseguimos. O fato fundamental aqui é
êste: por meio de um número finito de aplicações do Lema 4 deve-
mos obter
W EB Za1 EB • • .. EB Zoe,. - V
O TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO RACIONAL 211
pois cada vez que acrescentamos um vetor não ..nulo a1, a dimensão
do subespaço admissível respectivo aumenta de pelo menos l.
O problema original desta seção~ o de decompor V numa soma
direta de subespaços T-cíclicos, também é resolvido pelo Lema 4.
A1 o .. . o-
o À2 .. . o
(7-4) A - •
•
•
•
_o o Ar_
onde A; é a k; X k; matriz associada a p;. Diremos que uma n X n
matriz A, que seja a soma direta (7-4) das matrizes associadas a po-
linômios não-constantes e unitários pi, ... , Pr tais que p;+1 divide
p; para i = l, .. ,r - 1, está sob a forma racional. O teorema da
decomposição racional nos diz o seguinte em rebtção a matrizes:
Teorema 5. Seja F um corpo e teja B uma n X n motriz sôbre p·
Então B é semelhante sôbre o corpo F a uma e somente a uma matriz sob
a forma racional.
Demonstração. Seja To operador linear sôbre F• que é repre-
sentado por B em relação à base ordenada canônica. Como acaba-
mos de observar, existe alguma base ordenada de F• em relação à
qual T é representado por uma matriz A sob a forma racional. En-
O TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO RACIONAL 215
[~ ~] [~ :~;].
Exemplo 3. Seja To operador linear sôbre R 3 que é representa-
do pela matriz
B = r~-j
Lo o
g]2
ou seja, que T é representado por Bem relação a uma certa base orM
denada. Como podemos encontrar vetores adequados a1 e a27 Bem,
sabemos que todo vetor que gera um subespaço TMciclico de dimen-
são 2 é um a1 adequado. Portanto experimentamos E1. Temos
TE1 = (5, -1, 3)
Exercici:01
1. Seja To operador linear sôbre F 3 que é representado em relação à base
ordenada canônica pela matriz
[? gJ.
Seja a1 - (O, 1). Mostrar que F 2 ~ Z(a 1 ; T) e que não existe nenhum
vetor não-nulo az em F 2 tal que Z(a2; T) seja disjunto de Z(a1: T).
2. Seja Tum operador linear sôbre o espaço V de dimensão finita e seja
R a imaaem de T.
(a) Demonstrar que R possui um subespaço suplementar Tainvariante
se, e somente se, R é disjunto do núcleo N -de T. .
(b) Se R e N são disjuntost demonstrar que N é o único subespaço
T-invariante que é um suplementar de R.
O TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO RACIONAL 217
[ o: og 87.
iJ
Seja W o núcleo de T- 21. Demonstrar que W não possui nenhum subes-
paço suplementar T•invariante. [Sugestão: Seja /j - t1 e observemos que
(T- 21')/J est, em W. Demonstrar que não existe nenhum a em W tal que
(T- 21~ = (T- 2I)a.]
4. Seja To operador linear sôbre F' que é representado em relação à base
ordenada canônica pela matriz
[! ~ ; fl.~J
O O 1
Seja W o núcleo de T - el.
(a) Demonstrar que W é o subespaço gerado por •.i•
(b) Determinar os geradores unitários dos ideais Sh 4 ; W), S<•,; W),
S(e,; W), S(.i 1 ; W).
5. Seja T um opera~or linear sôbre o espaço vetorial Y sôbre o corpo F.
Se / é um polinômio sôbre F e a: está em V, seja /a - /(Tp.. Suponhamos
que a 1 , ••• , ª" sejam vetores em V tais que V =- Z(a,; T) E9 ... E9 Z(«,;
n. Demonstrar que
.(V == /Z(a1; D ED •.. EB /Z(a.,; T) = Z(f«; T) fB .•• EB Z(/o.),; T
(/Y é o conjunto dos /a. a em V. etc.).
6. Sejam T, V e F como no Exercicio 5. Suponhamos que a e fl sejam ve-
tores em V que o mesmo T•anulador. Demonstrar que, para todo polinô-
mio/, os vetores /a e /fJ têm o mesmo T•anulador.
7. Determinar os polinômios minimais e as formas racionais de cada uma
das sesuintes matrizes reais:
[ ~ -iº -Al [
e
0
O
e
-tJ-1 cos ti sen ']
[ ----sen
-1 oJ -1 1 e
fJ cos ,
[ - 2t -4
j ~J-
, ____,
lkterminar vetores não-nulos a 1 , •••• a, que satisfaçam as condições do
Teorema 4.
9. Seja A a matriz real
A-[-~ -3 ,_3 -5
i ~]·
Decerminar uma 3 X 3 matriz real inversível P tal que p-l AP esteja, sob
a forma racional.
218 AS FORMAS RACIONAL E DE JORDAN
[! ! i p.~J
O O b
Determinar o polinômio característico de T. Considerar os casos a • b •
- 1; a = h = O; a = O, b = 1. Em cada um dêstes casos, determinar o
polinômio minimal de Te vetores não.nulos a1, ... , ar que satisfaçam as
condições do Teorema 4.
11. Demonstrar que se A e 8 são 3 X 3 matrizes sõbre o corpo F, uma
condição necessária e suficiente para que A e B sejam semelhantes sôbre
F é que possuam o mesmo polinômio característico e o mesmo polinômio
minimal. Dar um exemplo que mostra que isto é falso para 4 X 4 matrizes.
12. Seja F um subcorpo do corpo dos números complexos e sejam A e 8
n X n matrizes sôbre F. Demonstrar que se A e B são semelhantes sôbre
o corpo dos números complexos, então elas são semelhantes sôbre F. (Su-
gestão: Demonstrar que a forma racional de A. é a mesma seja A conside-
rada como uma matriz sôbre F ou como uma matriz sôbre C; o mesmo
para B.)
13. Seja A. uma ,, X n matriz com element<>& complexos. Demonstrar que
se todo valor característico de A é real. então A é semelhante a uma ma-
triz com elementos reais.
14. Seja T um operador linear sôbre o espaço V de dimensão finita. De-
monstrar que existe um vetor a em V com a seguinte propriedade: Se / é
um polinômio e f(T")a = O, então /(T) • O. (Um tal vetor a é denominado
um vetor separador para álgebra dos polinômios em T.) Para o caso em que
T possui um vetor cíclico, demonstrar diretamente que todo vetor cíclico
é um vetor separador para a álgebra dos polinômios em T.
15. Seja F um subcorpo do corpo dos números complexos e seja A uma
n X n matriz sôbre F. Seja p o polinômio minimal de A. Se considerarmos
A como uma matriz sôbre C, então A. possuirá um polinômio minimal .1:
quando considerada como uma n X n matriz sôbre C. Usar um teorema
sôbre equações lineares para demonstrar que p = f De que forma êste
resultado decorre do teorema da decomposição racional'!
16. Seja A uma n X ,z matriz com elementos reais tal que A :i + l = O.
Demonstrar que 11 é par e que, se ,r = 2k, então A é semelhante sôbre o
corpo dos números reais a uma matriz da forma em blocos
[~ -~J
onde I é a k X k matriz unidade.
17. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e seja Tum operador li•
near sôbre . V com polinômio minimal p. Se
P = li• .... 1:1:
é a decomposição de p em fatôres primos, demonstrar que o polinômio
característico de T é
.f = .ri, ... /f•
onde di é a nulidade de J;-( T)'i dividida pelo grau de Íi•
A FORMA DE JORDAN 219
o o 1 o
Assim, o Teorema 4 nos fornece uma base ordenada de V em relação
à qual a matriz de N é a soma direta das matrizes nilpotentes ele-
mentares (7-5), cujas dimensões diminuem à medida que i aumenta.
V!-se, a partir disto, que estão associados a uma n X n matriz nil-
potente um inteiro positivo r e r inteiros positivos k1, ... , kr tais
que k1 + ... + kr = n e k; > k; + 1, e êstes inteiros positivos de-
terminam a forma racional da matriz, isto é, determinam a matriz
a menos de semelhança.
220 AS FORMAS RACIONAL E DE JORDAN
- N/i(N')a,
- (xi·)a,.
Assim, ~f; é divisível por xk,. e como gr(.f;) > k; isto significa que
J
r.I -- c·xt
I ,
__ ,
onde e; é um certo escalar. Mas então
a = C1(X1 1• 1a:1) + ...
+ cr(~.t,_1 ar)
o que nos mostra que os vetores (7-6) formam uma base do núcleo
de N. O leitor deverá notar que êste fato também é evidente do ponto
de vista de matrizes.
O que desejamos fazer agora é combinar nossas conclusões a
respeito de operadores ou matrizes nilpotentes com o teorema da
decomposição primária do Capítulo 6. A situação é a seguinte:
Suponhamos que T seja um operador linear sôbre V e que o poli-
nômio característico de T se decomponha sôbre F como segue:
/ = (x - C1)d 1 • • • (x - Ct)11ª
onde c1, ... , ck são elementos distintos em F e d; > 1. Então, o
polinômio minimal de T será
p = (x - c1)' 1 • • • (x - ckY"
onde 1 < ri< d;. Se W; é o núcleo de (T - cJ)'.-, então o teorema
da decomposição primária nos diz que
V = W1 EB • • • EB W1-
e que o operador T; induzido sôbre W; por T possui polinômio mi-
nimal igual a (x - c;y.-. Seja N; o operador linear sôbre W; definido
por N; = T; - e;/. Então, Ni é nilpotente e seu polinômio minimal
é x'i. Sôbre W;, T age como N; mais o escalar e; vêzes o operador
idêntico. Suponhamos que tomemos uma base do subespaço W;
correspondente à decomposição cíclica do operador nilpotente N;.
Então a matriz de T; em relação a esta base ordenada será a soma
direta das matrize~
A FORMA DE JORDAN 221
e o o o-
l e o o
(7-7)
•
e
o
-º 1 e_
cada uma com e = e,. Além disso, as dimensões destas matrizes
diminuem quando se lê da esquerda para a direita. Uma matriz da
forma (7-7) é dita uma matriz elementar de Jordan com valor carac-
terístico e. Reunindo tôdas as bases dos W; obtemos uma base de
V. Descrevamos a matriz A de T em relação a esta base ordenada,
a matriz A é a soma direta
-Ai o .o
o A2 o
(7-8) A - ... .
• • .
• • .
o o . . . Âk
das matrizes A1, ... , A1i;. Cada A; é da forma
J~" o ... o -
o Jt ... o
À;= ► • •
. •
. . .
o o JM'
onde cada Jjn é uma matriz elementar de Jordan com valor carac-
terístico e;. Além disso, dentro de cada A;, as dimensões das matri-
zes JJ'> diminuem à medida que j aumenta. Diremos _que uma n X n
matriz A que satisfaz tôdas as condições descritas até agora neste
parágrafo (para certos escalares distintos c1, ... , ck) está sob a
forma de Jordan.
Acabamos de salientar que se T é um operador linear para o
qual o polinômio característico se decompõe completamente S:ôbre
o corpo de escalares, então existe um~ base ordenada de V em re•
lação à qual T é representado por uma matriz que está sob a forma
de Jordan. Gostaríamos de mostrar agora que esta matriz é algo
associado de modo único a T, fl menos da ordem em que os valores
característicos de T são escritos. Em outras palavras, se duas matri~
zes estão sob a forma de Jordan e se elas são semelhantes, então
elas podem diferir apenas quanto à ordem dos escalar'es e;.
222 AS FORMAS RACIONAL E DE JORDAN
[~1 ~2].
No segundo caso, o polinômio minimal de. T pode ser (x - e), e
então T = e/ e pode ser (x - c) 2 e então T é representado em rela-
ção a alguma base pela matriz
. [~ ~] ·
Assim, tôda 2 X 2 matriz sôbre o corpo dos números complexos
é semelhante a uma matriz de um dos dois tipos acima exibidos,
possívelmente com c1 = c2.
Exemplo 5. Seja A a 3 X 3 ntatriz complexa
[~e~ -1Jgl.
b
O polinômio característico de A é obviamente (x - 2) 2 (x + 1). Ou
êste polinômio é o polinômio minimal e A é semelhante a
JiLo o~ -1g]'
ou então o polinômio minimal é (x - 2) (x + 1), caso em que A é
semelhante a
o
rn 2
o -1
gl
Ora,
o
(A - 2/) (A + 1) = [º
3a
ac
o
o g]
224 AS FORMAS RACIONAL E DE JORDAN
-21 O O O
2 O
[ O O 2 O.
º]-
Â=
O O a 2
O polinômio característico de A é (x - 2)-i. Como A é a soma di-
reta de duas 2 X 2 matrizes, é evidente que o polinômio minimal
de A é (x - 2) 2 • Ora, se a == O ou se a = 1, então a matriz A está
sob a forma de Jordan. Notemos que as duas matrizes que se obtem
para a -= O e a = 1 têm o mesmo polinômio característico e o mesmo
polinômio minimal, mas não são semelhantes. Elas não são seme-
lhantes porque, para a primeira matriz, o espaço-solução de (A -
- 2/) tem dimensão 3, enquanto que para a segunda matriz a di-
mensão é 2.
Kx.ercícios
[go og o !F
~J
Qual é a íorma de Jordan desta matriz? (Fé um subcorpo do corpo dos
números complexos.)
6. Seja A a matriz complexa
A FORMA DE JORDAN 225
2 o o o o o
1 2 o o o o
-1 o 2 o o o
o 1 o 2 o o
1 l 1 1 2 o
o o o o 1 -1
Determinar a forma de Jordan de A.
7. Se A é uma n X n matriz sôbre o corpo F com polinômio característico
f = (x - ci)ªt ... (x - c1iJdi.,
qual é o traço de A'!
8. Classificar, a menos da semelhança, tôdas as 3 X 3 matrizes complexas.
A tais que Aª = I.
9. Classificar, a menos da semelhança, tôdas as n X n matrizes complexas
A tais que A"' = I.
10. Seja n um inteiro positivo. n > 2 e seja N uma n X n matriz sôbre
o corpo F tal que N" = O mas Nn~i ri O. Demonstrar que N não possui
nenhuma raiz quadrada. isto é, que não existe nenhuma n X n matriz A
tal que N 2 = N.
11. Sejam N I e N ~ 6 X 6 matrizes nilpotentes sôbre o corpo F. Suponha~
mos que N 1 e N i tenham o mesmo polinômio minimal e a mesma nulidade.
Demonstrar que N1 e N ~ são semelhantes. Mostrar que isto não é válido
para 7 X 7 matrizes nilpotentes.
12. Usar o resultado do Exercício 11 e a forma de Jordan para demons•
trar o seguinte: Sejam A e B n X n matrizes sôbre o corpo F que possuam
o mesmo polinômio característico
f = (x - ci)d1 ..• (x - c 1 )d"'
e o mesmo polinômio minimaL Suponhamos também que para cada i, os
espaços-soluções 9e (A - e;/) e de (B - c,:l) ·tenham a mesma dimensão.
Se nenhum dos d, é maior que 6, então A e B são semelhantes.
13. Se N é uma k X k matriz nilpotente elementar, isto é, NJ: = O mas
N"-1 ~ O, mostrar que N' é semelhante a N. Usar agora a forma de Jor-
dan para demonstrar que tôda n X n matriz complexa é semelhante à sua
transposta.
14. O que está errado na demonstração que segue'? Se A é uma n X 11 ma-
triz complexa tal que A 1 = -A, então A é O. Demonstração: Seja J a for-
ma de Jordan de A. Como A t = -A, Jt - -J. Mas J é triangular, logo
J 1 ""' -J implica que todo elemento de J é nulo. Como J .., O e A é se-
melhante a J, vemos que A - O. (Dar um exemplo de uma A não-nula tal
que A' - -A.)
15. Se N é uma 3 X 3 matriz nilpotente sôbre C, demonstrar que
A - I + ½N - ¼N 2 satisfaz A 2 = 1 + Nt isto é, A é uma raiz qua-
drada I + N. Usar a série binomial (1 + 1)111 para obter uma fórmula se-
melhante para a raiz quadrada de 1 + N, onde N é uma n + n matriz nil-
potente arbitrária sôbre C.
16. Usar o resultado do Exercício 15 para demonstrar que se e é um nú-
mero complexo não-nulo e N é uma matriz .complexa nilpotente, então
(cl + N) possui uma raiz quadrada. Usar depois a forma de Jordan para
demonstrar que tôda n X n matriz complexa nã01insular possui uma raiz
quadrada. ·
226 AS FORMAS RACIONAL E DE JORDAN
+ J(''(c)
2., (x - e)
2
+ ... + .f("'J(c)
n.., (x -
"
e) .
A demonstração desta f6rmu1a é simplesmente uma aplicação d.o
teorema binomial
f (x - .X g1/
1-0
1)
f (r -.'i/ gj(T)/(TY) = O.
1•0
234 AS FORMAS RACIONAL E DE JORDAN
Seja
r-1 ,-1
N = ~ gJ(T)f(TY = ~ g;{T)f<TY.
j•J j=O
li
Exercicios
1. Se N é um operador linear nilpotente sôbre V, mostrar que para todo
polinômio J; a parte semi--simples de f(N) é um múltiplo escalar do opera•
dor idêntico (F é um subcorpo de C).
2. Seja F um subcorpo do corpo dos números comple:s:05i B um espaço
vetorial de dimensão finita sõbre F e T um operador linear semi-simples
sôbre V. Se fé um polinômio arbitrário sôbre F, demoostrar que /{T) é se-
mi-simples.
3. Seja T um operador linear sóbre um espaço de dimensão finita sôbre
um subcorpo de e. Demonstrar que T é semi-simples se, e somente se, vale
o seguinte: Se / é um polinômio e /(T) é nilpotente, então /i.T) =- O.
CAPfTULO 8
8. 1 Produtos Internos
Em todo êste capítulo trataremos apenas de espaços vetoriais
reais o'u complexos, isto é, de espaços vetoriais sôbre o corpo dos
números reais ou sôbre o corpo dos números complexos. Nosso
objetivo principal é estudar espaços vetoriais nos quais tenha sentido
falar do "comprimento" de um vetor e do ºângulo" entre dois ve-
tores. Faremos isto por meio do estudo de um certo tipo de função
definida sôbre pares de vetores e tomando valores escalares, conhe-
cida como um "produto interno". Um exemplo de produto interno
é o produto escalar de vetores em R 3 • O produto escalar de
- ~ ~ Âjk~Jr-ftj
j k
- 2; 2: ÂjkBJk•
i k
Exemplo 4. Seja V o espaço das n X l matrizes (- colunas)
sôbre F e seja Q uma n X n n1atriz inversível sôbre F. Para X, Y
em V definamos
(X, Y) = Y*Q *QX.
Estamos identificando uma 1 X 1 matriz sôbre F com o seu único
elemento. Quando Q é a matriz unidade, êste exemplo é essencial-
mente o mesmo que o Exemplo I.
Exemplo 5. Seja V o espaço vetorial das funções contínuas de-
finidas sôbre o intervalo unitário, O < t < l e tomando valores
complexos. Seja.
PT(}: g) = fo 1 (T/Xt'J(Tg")(t)dt
r1 /(L)g(J)t
= Ju --
2dt.
- 2; y;GjkXk
.i,~
= Y*GX
onde X•. Y são as matrizes das coordenadas de a, /3 etn relação à-
base ordenada <B e G é a matriz com elementos GJ1r. = (att a;). De-
nominamos G a matriz do produto interno em relação à base orde..
nada <B. Decorre de (8-5) que G = G• ou, em outras palavras, que
G é hermitiana; contudo, G não é uma matriz hermitiana tipica.
De fato, pois G deve satisfazer a condição adicional
(8-6) X*GX > O se X ~ O.
Em particular, G deve ser inversível. Caso contrário, existiria urna
X 7'":- O tal que GX = O. Quando escrita explicitamente, (8-6) tor-
na-se
(8-7) x x1GJ1tXk > o, x ;,&- o.
.i,~
Daqui vemos imediatamente que todo elemento diagonal de G deve
ser positivo; no entanto, esta condição sôbre os elementos diago-
nais não é de forma alguma suficiente para assegurar a validez de
(8-6).
~te processo é reversível; isto é, se G é uma n X n matriz
arbitrária sôbre F que satisfaz G = G* e (8·6), então G é a ma-
triz, em relação à base ordenada m, de algum produto interno sô ..
bre V. Tal produto interno é aquêle definido por
(a, fJ) = Y*GX
onde X e Y são as matrizes das coordenadas de a e fJ em relação
à base ordenada <B.
Assim, fixando-se uma base ordenada <B, pode-se obter uma
descrição d.e todos os produtos internos possíveis sôbre o espaço V
de dimensão finita. Por exemplo, podemos· descrever todos os pro•
dutos internos sôbre F" através de suas matrizes em relação à base
ordenada canônica. Todo produto interno sôbre F" é obtido to-
mando-se uma n X n matriz G sôbre F que satisfaça
G = G*
~ G,ixJx" > O, se X -,,t: O
i,lt..
PRODUTOS INTERNOS 241
Exercicios
t. Seja V um espaço vetorial e ( , ) um produto interno sôbre V.
(a) Mostrar que (0, /3) - O para todo /J em V.
(b) Mostrar que se (a, /j) =-= O para todo fJ em V, então a - O.
2-. Seja V um espaço vetorial sôbre F. Mostrar que a soma de dois produ-
tos internos sôbre V é um produto interno sôbre V. A diferença de dois
produtos internos é um produto interno'! Mostrar que um múltiplo posi-
tivo de um produto interno é um produto interno.
3. Descrever explicitamente todos os produtos internos sôbre R 1 e sôbre C1,
4. Verificar que o produto interno canônico sôbre F" é um produto interno,
5. Seja ( , ) o produto interno canônico sôbre R 2 •
(a) Sejam a = (l 1 2), fJ = (-1. 1). Se 'Y é um vetor tal que (at y) - -1
e {fJ, ,y) = 3, determinar -y.
(b) Mostrar que para todo a em Rª temos a. = (a, l!1)t: 1 + (a, ea) t2,
6. Seja (.) o produto interno canônico sôbre C 2 e seja T o operador li-
near T(x~, x1) = (-x2, X1). Ora, T é "'a rotação de 9()0'' e possui aproprie-
dade de que (a, Ta) = O para todo a em Ri. Determinar todos os produtos
internos [ 1 ] sôbre R 2 tais que [a, Ta] = O para todo a.
7. Seja ( , ) o produto interno canônico sôbre e~.
Demonstrar que não
existe nenhum operador linear não-nulo sôbre c:1. tal que (a"; Ta) - O para
todo a em C 2• Generaliz.ar.
8. Seja V o espaço das 2 X 1 matrizes sôbre R e seja A uma 2 X 2 matriz
com elementos reais. Para X, Y em V seja
f,t(X, Y) = Y 1AX.
Mostrar que /A é um produto interno sôbre V se, e somente se, A """ A 1,
Au > O, A u > O e det A O. >
9. Seja V um espaço vetorial real ou complexo com produto interno. Mos-
trar que a forma quadrática determinada pelo produto interno satisfaz a
regra do paralelogramo
jja + /jll + li.a- tlH
1 1 """2llall 1 + 2111111 2,
Então (1', a) = O e
e se J~(x) = V2 cos 2r nx
g,a(x) = \/ 2 sen 2 1r nx
ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO 245
- Ck (aa:, a.t).
Como («t, a.t) ;;.d: O, decorre que
(/3, a_..)
C1.: = 'I
l!a.t
112 '
1
l < k < m.
Assim, quando /3 = O, cada c1c = O; logo S é um conjunto indepen-
dente.
Corolário. Se um vetor ~
é uma combinação linear de um con-
junto ortogonal de vetores não-nulos ai, a2 •.•• , am, então {3 é exa..
tamente a combinação linear
R - : ({3, O!k)
(8-8) ,., - .t ..
""' l 11 ak,11 2 ªt-
Como tli e /j2 são linearmente independentes, cr2 ~ Oe, por cálculos
diretos, vemos que -(a2, a1) _= O. Seja agora
(fJa, a1) <Pa, a2)
a:i = fJa - ll«t 11 2 ª 1 - / la2l l2 ª 2 •
' .
Então a 3 ;il! O, pois caso contrário, Ra seria uma combinação linear
de /31 e fJ2; além disso, {a3, a1) = (aa, a2) = O. Suponhamos agora
que tenhamos construído vetores ortogonais não-nulos a1, a2, ..• , a1:
de maneira tal que a; seja /Ji menos uma certa combinação linear de
!11, ~2, •• , IJi-1 para 2 < j < k. Seja
(8-9)
Então
,a/ t+ •
1, a;) =
(
fJ.1: + 1, a;) -
, _ 1
I (f:'.1:+1,aJ)
~ ,I ·li 2 (crj, a;}
1 ª' .
= ('3.1:+1, a;) - (fJ1:+1, a;)
= O, 1 < ; < k.
Assim, a1:+ 1 é ortogonal a cada um dos vetores a 1, a 2 •••• , cu. Su-
ponhamos que at + 1 = O. Então /31i + 1 seria uma combinação de ai,
a2, .•• , a1: e, portanto, de fJ1, fl2, ••• ,,3.1:. Assim, a1:+ 1 ~ O e, con-
tinuando desta forma, obteremos no final um conjunto ortogonal
não-nulo { a1, a2, •.. , ª•} contendo n vetores distintos. Pelo Teo:..
rema 2. êste conjunto é independente, logo é uma base. Para obter
uma base ortonormal basta substituir cada
.
a; por 1,ª~l
a, i
1•
ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO 247
Como ("Y,«i) = O para todo ai, decorre que 'Y é ortogonal a tôda
combinação linear de a1, 0:2, .•• , a,,.; logo, V = W + Wl. Se a
pertence a W e também a w.1J então {a, a) = O, o que mostra que
a == O. Assim, V é a soma direta de W e W1 •
Corolário. Seja {a1, ... , a .. } um conjunto ortogonal de vetore1
não-nulos em um espaço V com produto interno. Se ~ é um vetor arhi-
trário em V, entao
';; /(~, a1:)~ 2 < 1l~l l2•
llai:11
,t - 1
Demonstração. Seja
• (13, a.t)
8 =Je ~• 1 11
10:.t
112 a1.
(a) i
,t ,. -n
lf~J(t)e-2.ri~tdtl2 < Íol lf(t)l2dt
(b) j/ /t}-• c•e••'4'1 dt = t~-)c,1
2 2
Exercícios
4. Seja V .um espaço com produto interno. A distância entre dois vetores
a e /j em V é definida por
d<.a, /12) - lla - PII-
Mostrar que
(a) d(a, fj) > O;
(b) .d(a, 13) = O se, e somente se, a - 13;
(e) df.a, fJ) == d(./3, a);
(d) d(a, /J) < d(a, -y) +
d(-y, fJ).
5. Seja V um espaço com produto interno e sejam a, fJ vetores em V. Mos-
trar que a - fJ se, e somente se, (a, -y) - (~, ,.) para todo ,, em V.
6, Seja W o subespaço de R 2 gerado pelo vetor (3, 4). Usando o produto
interno canônico, seja E a projeção ortogonal de R :1 sôbre W. Determinar=
(a) uma fórmula para E(xh x2);
(b) a matriz de E em relação à base ordenada canônica;
(e) w.1; .
(d) uma base ortonormal em relação à qual E seja representada pela
matriz
[b 8] ·
7. Seja V o espaço com produto interno que consiste de R:1 com o produto
interno cuja forma quadrática é definida por
ll(x1, Xi)l l 2 = (x1 - X2) 1 + 3x:,
Seja E a projeção ortogonal de V sôbre o subespaço W gerado pelo vetor
(3, 4). Responder agora às quatro questões do Exercício 6.
8. Determinar um produto interno sôbre R• tal que (e., e:1) = 2.
9. Seja Y um espaço com produto internot W o subespaço gerado por um
vetor não-nulo a e E a projeção ortogonal de V sôbre W. Se pé um vetor
em Y, mostrar que
1IJS- Etil 1< IIP - 1'11
para todo -y em W. O que isto diz geometricamente?
10. Seja V o subespaço de R(x] formado pelos polinômios de grau no má-
ximo 3. Equipemos V com o produto interno
(/. g) • J:' /Ct)g(t)dr.
(f, g) = f\/(t)g(t)dt.
Esta função ftJ é um funcional linear sôbre V, pois, por sua própria
definição, (a,{J) é linear como uma função de a. Se V é de dimensão
finita, todo funcional linear sôbre V provém desta maneira de al~
gum (3.
Teorema 5. Seja V um espaço de dimensão finita com produto
interno e f um funcional linear sôbre V. Então existe um único vetor
13 em V tal que f(a) = (a,~) para todo a em V+
. Demonstração. Seja {a1, a2, ... , an} um base ortonormal de V.
Coloquemos
Como isto é válido para todo ak, decorre que f = ÍfJ· Suponhamos
agora que ,y seja um vetor em V tal que (ail) = (a,-y} para todo a.
Então (p - -y,{3 - ,y) = O e /J = -y. Assimt existe exatamente um
vetor /3 que determina o funcional linear/ da maneira afirmada.
A demonstração dêste teorema pode ser ligeiramente reformu-
lada, em têrmos da representação de funcionais lineares em relação
a uma base. Se tomarmos uma base ortonormal { a1, •.. , a,. J de
V, o produto interno de a = X1a1 + ... + Xnan e 13 = y1a1 + ... +
+ Y•ªn será
{a,/j} = X1)'1 + . .. + XnYn•
(/, g) = fo 1 ,J(t)g(t)dt.
0 = lo h(_t)f(t'X,gt)dt
l
Ta; =
" A1.:.;a1=
~
,t =1
,.
e como Ta1 = 2; (TaJ, a,)a1:
.t .. 1
(/, g) = Ío 1
f(t)g(J)dt.
= j/ f(t)g(_t)h{t)dt
= fo 1
g(tXJ(t)h<.tJJdt
= (g, ]h)
= (g, M7(h))
e portanto (MJ)* = M1 .
FUNCIONAIS LINEARES. E ADJUNTOS 257
Execcícios
1. Seja V o espaço C l, com o produto interno canônico. Seja T o opera-
dor definido por Te 1 ""' (1, -2), Tei """ (i, -1). Se a = {x 1 , x,), determi-
nar T*a.
2. Seja T o operador linear sôbre C,. definido por Tu = (1 + i, 2),
Te1 = (i, i). Usando o produto interno canônico, determinar a matriz de
T* em relação à base ordenada canônica. T comuta com T* '?
3. Suponhamos que V seja C 2 com o produto interno canônico. Seja T o
operador linear sôbre V cuja matriz em relação à base ordenada canônica
é definida por
A;k = ;iH, (i 2 = -1).
(/, g) - /o 1
/(l)g(l'Jdt.
8. 4 Operadores Positivos
Seja Y um espaço com produto interno e seja T um operador
linear s&bre V. Seja p a função definida sõbre os pares ordenados
de vetores a, fJ em V por
p(a, /j) == (Ta, fj).
Estamos interessados em obter condições necessárias e suficientes
que T precisa satisfazer para p ser um produto interno. Certamente
p(a., /j) é linear como uma função de a., portanto o que precisamos
fazer é traduzir as propriedades
p(a, fJ) = p(JJ9 a)
Ãa, a) > O, para a P' O
em afirmações s6bre T. Ora, p(a, /3) - (Ta, /j) e p(fj, a} - (Tfl, a) =
-= (a, T~). Como p(_a, a) = (Ta, a), vemos que a função p é um
produto interno se, e sàmente se, o operador linear T satisfaz
(Ta, fl) - (a, TfJ)
(8-14')
(Ta, a) >O se a 7'- O.
A primeira condição diz que T é auto-adjunto. Um operador linear
T que satisfaz as condições (8-14) é dito positivo. O que acabamos
de observar pode ser reformulado como segue: O operador linear
T é positivo, se, e somente se, a função p definida por JJ(.a, fj) =
- (Ta, /J) é um produto interno.
Desejamos agora mostrar que, no caso de dimensão finita,
todo produto interno sõbre V é do tipo há pouco descrito.
Teorema 9. Seja V um espaço de dimensão finita com produto
interno (, ). Se pé um produto interno- arbitrário sôbre V, existe um
único operador linear positivo T sôbre V tal que p{a, /3) - (Ta, fJ)
para quaisque-r a., fj em V.
Demdnstraçlo. Fixemos um vetor fJ em V. Então p(a, fl) é uma
função linear de a. Pelo Teorema S existe um único vetor fJ' em V
tal que p(a, fJ) = (a, fJ') para todo a.. Definamos uma função T de
V em V por T{J = IP. Em vista da maneira como T é definida, te-
OPERADORES POSITIVOS 261
mos p{a, P) ~ J..a, TfJ) para todos a, P em V. Temos também p(a, {J) =-=
=-= (a, T{J) = p(/3, a) = (ft, Ta) = (Ta, f3) para quaisquer a, fj em
V. Para mostrar q·ue T é linear, observemos que
(T(c a + t,), -y) = p(_c a + /3, 'Y)
= cp(a, 'Y) + p(_/3, "Y)
= c(Ta, ;,) + (TfJ, 'Y)
= (cTa + T/3, -y)
para todos a, /3, 'Y em V e todos escalares e. Logo, T(ca + fj) -=
== cTa + T/3. Então, demonstraremos a existencia de um· operador
linear T tal que p(a, /3) = (Ta, fJ). É claro que T é positivo, pois p
é um produto interno. Precisamos mostrar que T é único. Suponha-
mos que p(a, /3) - ( Ua, /3). Então
(Ta, /3) = (Ua, /3), ou (Ta - Ua, fJ) =O
para todos a e /3. Para a fixo, o vetor Ta - Ua é ortogonal a todo
o espaço V e é portanto o vetor nulo; logo Ta = Ua para todo a.
Sabemos agora que todos os produtos internos sôbre um es-
paço de V de dimensão finita com produto interno podem ser des-
critos em têrmos dos operadores lineares positivos sôbre V. Passa-
mos então a estudar os operadores lineares positivos de modo a tor-
nar mais significativa nossa descrição de produtos internos. Alguns
dêstes resultados deverão tornar claras as razões para o nome "ope-
rador positivo".
Teorema 10. Seja V um espaço de dimensão finita com produto
interno e T um operador linear sôbre V. Então T é positivo se, e so-
mente se, existe um operador linear inversível U sôbre V tal que
T = u•u.
Demonstração. Suponhamos que T = U*U, onde Ué operador
linear inversível sôbre V. Então T* = (U*U)* = U*U = T, de
modo que T é auto-adjunto. Além disso, (Ta,a) = (U*Ua, a) ==
= (Ua, Ua) > O. Ora, U é inversível; portanto se a ~ O temos
Ua -jll! O e (Ta, a) > O. Então T é positivo.
Suponhamos agora que T seja positivo. Então p(a, /3) = (Ta, fJ)
é um produto interno sôbre V. Seja { a1, ... , an} uma base de V
que seja ortonormal em relação ao produto interno (,) e seja
{ /31, ... , /Jn } uma base ortonormal em relação a p. Então
p(J:Ji, /11c) = 8j1: = (ai, at).
Seja agora U o único operador linear sôbre V tal que UPi = aJ,
262 ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO
- }; }; Xjj1;p{(jj, f3k)
j *
- ~ l': x/jk( UP1, Uf31c)
j ~
= (Ua, U/3).
Pela definição de p temos ((Ta, /j) = (Ua, UfJ) = (U•Ua, fj) para
todos a, fJ em V. Assim, T = U* U.
Se considerarmos a operação de conjugação como sendo aná~
Ioga à conjugação sôbre números complexos, veremos que "opera-
.dor positivo" é mais ou menos análogo a "número positivou. De
fato, um número complexo zé positivo se, e somente se, é da forma
z = ww para algum número complexo não-nulo w.
É interessante o fato de que num espaço complexo com produto
interno, a condição T = T* pode ser retirada da definição de um
operador linear positivo. Em outras palavras, se (Ta, a) > O para
a ~ O, então T é necessàriamente auto-adjunto. Isto decorre db
lema seguinte:
Lema. Seja V um espaço complexo com produto interno e T um
operador linear sóbre V. Se (Ta, a) é real para todo a em V, então
T é auto-adjunto.
Demonstração. Sejam a e fJ vetores em V. Precisamos mostrar
que (Ta, fJ) = (a, TfJ). Ora, ·
(T(a + fJ), a + fJ) = (Ta, a) + (Ta, fJ) + (TfJ, a) + (TfJ, fJ).
Como (T(a + 13), a + fJ), (Ta, a) e (T/j, 13) são reais, o número
(Ta, fl) + (T{:J, a) é real. Usando o mesmo argumento para a+ ifJ
em vez de a + (j, temos,
(T(a + ifJ), a + ifJ) = (Ta, a) -.- i(Ta, fJ) + i(TfJ, a) + (TfJ, fJ)
e então concluímos que -i(Ta, fJ) + i(TfJ, a) é real. Tendo conclui-
OPERADORES POSITIVOS 263
- X l: À(cjXjXko
1 .t
Au Àu
· Certamente (ca + fJ, -y) = c(a 'Y) + (/3, -y); e, como estamos su-
pondo que A é auto-adjunta, temos (ft, a) = (a, /3).
Demonstraremos que A é positiva, por indução sôbre n. No-
temos primeiro que uma 1 X 1 matriz auto-adjuntí!, com menores
principais positivos é positiva. Suponhamos que o resultado seja ver-
dadeiro para (n - 1) X (n - 1) matrizes e seja A uma n X n ma-
triz auto-adjunta com menores principais positivos. Seja
Ai·1
Ej
I
= e; - A
11
e1, 2<j < n.
A divisão por Au não causa complicações porque A11 > O. Então
d\ 1 = {E1 , t2, ••• , t,.} é uma base ordenada de Usando o fato cn.
de que Âjk = (t:1-, EJ) e que (/3, a) = (a:, ~), obtém-se (E}, e1) = ( ei,
e}) = O para j > 2. Se indicarmos por A' a matriz de ( , ) em re-
lação à base m', veremos então que
Au o o ... o
o A22 A:h A~"
A' - .
Au
- Àjk - À- Âj1.
11
... o
...
. .·
Ânt
Podemos obter A' a partir desta matr~ subtraindo das outras linhas
múltiplos convenientes da primeira linha. O fato crucial agora é
observar que os menores principais não são alterados por estas ope-
rações elementares sôbre colunas e linhas. Assim, A e .A' possuem os
mesmos menores principais. Como êsses menores são positivos
. ..
Dividindo por Au, concluímos que os menores principais da
(n - ·1) X (n - 1) matriz
B=
.
.. . À~n
(i) A é positiva, isto é, J; :i A1c1 x;x, > Osempre que x1, ... , x,.
j '
ilo números complexos, não todos nulos .
. (ii) (X, Y) = y• AX é um produto interno sõbre o espaço
das n X 1 matrizes complexas;
(iii) Em relação ao produto interno canônico (X, Y) = Y* X
s&bre n X l matrizes, o operador linear X --+ AX é positivo.
(iv) A = P*P para alguma n X n matriz inversível P sôbre C.
{v) A = A•, e os menores principais de A são positivos.
Se todo elemento de A é real, estas são equivalentes a:
(vi) A = A' e l: :E À1tJXjX1c > O sempre que xi, •.. , x,. são
j .t
números reais nio todos nulos.
(vii) (X, Y) = Y'AX é um produto interno sõbre o espaço
das n X 1 matrizes reais.
(viii) Em relação ao produto interno canônico (X, Y) = Y'X
s6bre n X 1 matrizes reais, o operador linear X_. AX é positivo.
(ix) Existe uma n X n matriz inversível P, com elementos
reais, tal que A = ptp_
Exercid01
1. Seja V igual a C 1 , com o produto interno canônico. Para que vetores
a em V eXJ.ste u~:'!- operador linear positivo T tal que a - T11?
2. Suponhamos que V seja R 1 , com o produto interno canônico. Se O é
um número real, seja r, o operador linear ..rotação de lngulo ,r
T,Cx1, x2) _. (x1 cos 6- X2 sen 9, x1 sen B + X2 cos 8).
Para que valores de 6 se tem r, um operador positivo'?
. '
3. Seja V o esp~ Jas n X 1 matrizes sabre C, com o produto interno
(X, Y) = Y•GX (onde G é uma n X n matriz tal que isto seja um produto
interno). Seja A uma n X n matriz e T o operador linear T(X) • AX. De-
terminar T*. Se Y é um elemento fixo de v. encontrar o elemento Z de V
que determina o funcional linear X -+ y• X. Em outras palavras. encontrar
Z tal que y• Z ... (X, Z) para tôda X em V.
4. Seja Y um espaço de dj.mensão finita com produto interno. Se T e V são
operadores lineares positivos sõbre V, demonstrar que (T + U) é posi-
tivo. Dar um exemplo que mostre que TU não é necessàriamente positivo.
5. Seja
À= [ i1 !]¼ .
270 ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO
Xi = [ó] Xi = [?] ·
(e) Determinar uma 2 X 2 matriz real P tal que A = P 1P.
6. Quais das matrizes são positivas'?
+ i] 1 -t
[ l
1- i
1
3
[ 2 -1
3 -1 l]
7. Dar um exemplo de uma n X n matrizes cujos menores principais se~
jam todos positivos. mas que não seja matriz positiva.
8. Verificar se ( (x1, x~). (Y1, Y1)) = x1ji1 + 2xl.v1 + 2x1Y2 +
X:iYi define
um produto interno sôbre C 2 •
9. Demonstrar que todo elemento da diagonal principal de uma matriz po•
sitiva é positivo. .
10. Seja V um espaço de dimensão finita com produto interno. Se T e U
são operadores lineares sôbre V, coloquemos T < Use U - T é um ope-
rador. positivo. Demonstrar o seguinte~
(a) É imposstvel que T < U e V< T.
(b) Se T < U e U < S, então T < S.
(e) Se T < U e o < s. não é necessário que ST < SU.
11. Seja V um espaço de dimensão finita com produto interno e E a pro-
jeção ortogonal de V sôbre algum suôespaço.
(a) Demonstrar que, para todo número positivo arbitrário ct o opera•
dor cl + E é positivo.
(b) Exprimir em têrmos de E um operador linear auto-adjunto T tal
que T 1 = 1 + E.
12. Seja n um inteiro positivo e A a II X n matriz
1 1
l ~ ~
2 3 n
1 1 1 1
A=
2 3 4 n +1
1 1 1 1
n n+l n+2 2n- l
Demonstrar que A é positiva.
13. Seja A. uma n X n matriz auto-adjunta. Demonstrar que existe um
número real e tal que a matriz cl + A seja positiva.
14. Demonstrar que o produto de dois operadores lineares &! positivo se,
e sômente se. êles comutam.
,
OPERADORES UNJTARIOS 271
8. 5 Operadores Unitários
Nesta seçijo, vamos considerar o conceito de um isomorfismo
entre dois espaços com produto interno. Se V e W são espaços ve-
toriais, um isomorfismo de V em W é uma transformàção linear bi-
jetora de V em W, isto é, uma correspondência bijetora entre os ele-
mentos de V e os de W, a qual "conserva" as operações de espaço
vetorial. Ora, um espaço com produto interno consiste de um espa-
ço vetorial e um produto interno especificado sôbre aquêle espaço .
. A~im, quando V e W são espaço com produto interno, exigiremos
que um isomorfismo de V em W não só conserve as operações li-
neares, mas também conserve produtos internos. U'm isomorfismo
de um espaço com produto interno em si mesmo é denominado um
"operador unitário" sôbre aquêle espaço. Consideraremos vários
exemplos de operadores unitários e estabeleceremos suas próprieda-
des fundamentais.
Defini~o. Sejam V e W espaços com produto interno sôbre o
mesmo corpo e seja T urna transfol'mação linear de V em W. Dize-
mos que T conserva produtos internos se (Ta, T,B) = (a, /3) para to-
dos a, {3 em V. Um isomorfismo de V em W é um isomorfismo T de es-
paço vetorial de V em W que tambem conserva produtos internos.
Se T conserva produtos internos, então I fTa:I 1 = !/ai 1, portanto
T é, necessà.riamente, não-singular. Assim, um isomorfismo de V em
W pode também ser definido como uma transformação linear de V
em W que consen,a produtos internos. Se T é um isomorfismo de V
em W, então TP 1 é um isomorfismo de W em V; logo, quando um
tal T existir, diremos simplesmente que V e W são isomorfos. É cla-
ro que o isomorfismo de espaços com produto interno é uma rela-
lação de equivalência.
Teorema 13. Sejam V e W espaços de ·dimensão finita com pro
duto interno sobre o mesmo corpo, que tenham a mesma dimensão
Se T é uma transformação linear de V em W, as seguintes afirmações
são equivalentes:
(i) T conserva produtos iniernos.
{ii) T é um isomo,fismo (de espaço com produto interno).
(iii) T leva tôda base ortonormal de V em uma base ortonor-
mal de W.
(iv) T leva alguma base ortonormal de V em alguma base orto-
normal de W.
272 ESPAÇOS COM P:RODUTO INTERNO
= ? % Xj1/P(.Ta.j, Tak)
j ~
n
- % XiJi
i•l
logo T conserva produtos internos.
Corolário. Sejam V e W espaços de dimensão finita como produto
interno sdbre o mesmo corpo. Então V e W são isomorfos se, e sõ ..
mente se, tem a mesma dimensão.
Demons,tração. $e {«1., ... , ª"} é uma base ortonormal de V e
{ ~1, ••• , Pn} é uma base ortonormal de W, seja Ta transformação
linear de V em W definida por Ta; == fli- Então T é um isomorfismo
de V em W.
Exemplo 17. Se V é um espaço n-dinl!nsional com produto in-
terno, então tôda base ortonormal ordenada (\\ = {a, , .. , an} de-
termina um isomorfismo de V em F• com o produto interno canô-
nico. O isomorfismo é ~implesmentlõ!
T(x1a:1 + . . . + Xna,.) = (Xi, .•. , Xn).
OPERADORES UNITÁRIOS 273
A = - ~a -·~
3
-~~] B = [ ~3
-ya Y2]
~1 -~1
_-· X2 X1 Ü _-y2
temos
tr ('A B') = XaYa + X2Y2+ X:iY3 + x2y2 + X1Y1
= 2(x~y1 + X2Y2 + X3y3).
Assim, (a, /j) = (Ta, T/3) e T é um isoformismo de espaço vetorial.
Notemos que T leva a base canônica { e:1 1 e:2, €:l } na base ortonormal
formada pelas três matrizes
[ºº
O O -1
ºJ[ºººJ O O O
-o1 -1
O O ·
º]
O 1 O -1 O O -º o o
Exemplo 19. Nem sempre é particularmente conveniente descre-
ver um isomorfismo em têrmos de bases ortonormais. Por exemplo,
seja G uma n X n matriz positiva, isto é, uma matriz auto-adjunta
(hermitiana) com os menores principais positivos. Seja V o espaço
das n X l matrizes complexas, com o produto interno [X, Y] =
274 ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO
ou
n
2: ÀrJÂrk - aJk,
r•l
A' = A-I = 1
ad- bc -e
[ d -ah].
O determinante de qualquer matriz ortogonal, como se pode ver
fàcilmente, é + 1. Assim A é ortogonal se, e somente set
A=[_: !l
ou
A= [: _:J
onde a 2 + b 2 = 1. Os dois casos são distinguidos pelo valor de
det A.
(e) As bem conhecidas relações entre as funções trigonométricas
mostram que a matriz
A, = [cos
sen 6
8 -sen
cos 8
º]
é ortogonal. Se 8 é um número real, então A6 é a matriz, em· relação
à base ordenada canônica de R 2 , do operador linear U,, que é '!
rotação do ângulo fJ. A afirmação de que A, é uma matriz ortogo-
nal real (logo unitária) significa simplesmente que U, é um operador
unitário, isto é, conserva produtos escalares.
(d) Seja
[ã
b
e]d =ad-bc
1 [ d
-e
ab]·
278 ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO
ª' n
~ pjJc(Xj,
= i-1
como me m, são bases ortonormais, Ué um operador unitário e P
é uma matriz unitária. Se T é um operador linear arbitrário sôbre
V, então
[TJm' = p- l[TJcsP = P*[11mP.
Definição. Sejam A e B n X n matrizes complexas. Dizemos
que B é unitàriamente equivalente a A se existe uma n X n matriz
unitária P tal que B = P*AP. Dizemos que B é ortogonalmente equi..
valente a A se existe uma n X n m'atriz ortogonal P tal que B = ptAP.
Com essa definição, o que observamos acima pode ser enun-
ciado como segue: Se l'.B e CB' são duas bases ortonormais ordenadas
de V, para todo operador linear T sôbre V, a matriz [n«r é unità-
riamente equivalente à matriz [TJCB· No caso de V ser um espaço
real com produto interno, estas matrizes são ortogonalmente equi-
valentes, através de uma matriz ortogonal real.
Exercícios
8. 6 Operadores Normais
O objetivo principal desta seção é a resolução do problema
seguinte: Se T é um operador linear sôbre um espaço V de dimensão
finita com produto interno, sob que condições V possui uma base
ortonormal formada por vetores característicos de T? Em outras
palavras, quando é que existe uma base ortonormal O:\ de V, tal que
a matriz de T em relação à base <B seja diagonal?
Vamos iniciar deduzindo algumas condições necessárias sôbre
T, que mostraremos subseqüentemente serem suficient_~• Suponha-
mos que IB = {a1, •.• ~ a11} seja uma base ortonormal ê'le V com a
propriedade
(8-19) Ta1 = CjOt.j, j = 1, ... , n.
Isto diz simplesmente que a matriz de Tem relação à base ordenada
<B é a matriz diagonal com elementos diagonais c 1, ••• , e". O ope-
rador adjunto T* é representado em relação a esta mesma base.orde-
nada pela matriz transposta conjugada, isto é, a matriz diagonal
com elementos diagonais l;1, ••. , e". Se V é um espaço real com
produto interno, os escalares c1, ... , e" são (evidentemente) reais
e então temos T = T*. Em outras palavras, se V é um espaço real
·de dimensão finita com produto interno e T é u n operador linear
para o qual existe uma base ortonormal de vetores característicos,
então T deve ser auto-adjunto. Se V é um espaço complexo com
produto interno, os escalares c 1, ••• , e" não são necessàriamente
reais, isto é, T não é necessàriamente auto-adjunto. Mas notemos
que T deve satisfazer
(8-20) TT* = T*T
De fato, duas matrizes diagonais quaisquer comutam e como T e
T* são ambas representadas por , matrizes diagonais e'll
, relação à
base ordenada <S, temos (8-20). E um fato bastante notavel que esta
condição também seja suficiente para implicar a existência de uma
base ortonormal formada por vetores característicos.
Definição. Seja V um espa,·o de dimensão finita com produto
interno e Tum operador linear sôbre V. Dizemos que T é normal se
comuta com seu adjunto, isto é~ TT* = T*T.
Todo operador auto-adjunto é normal. como também o é todo
operador unitário. Todo múltiplo escalar. de um operador normal
é normal; contud·o, somas e produtos de operadores normais não
são em geral normais. Embora isso não seja de forma alguma ne-
cessário. iniciaremos nosso estudo de operadores normais conside-
rando operadores auto-adjuntos.
OPERADORES NORMAIS 283
(f, g) = j/ f(t)g(t)dt.
O operador "multiplicação por t", (Tf)(t) = tf(t), é auto-adjunto.
Suponhamos que Tf == cf. Então
(t - c)f(t) = O, O < t < 1
e então /(t) = O para t ;it: e. Como fé contínua,/ = O. Logo T
não possui valores (vetores) característicos.
Teorema 19. Seja V um espaço de dimensão finita com produto
interno e. seja T um operador linear arbitrário sôbre V. Suponhamos
que W seja um subespaço de V que seja invariante sob T. Então o
suplementar ortogonal de W é invariante sob T.
Exercícios
1. Para cada uma das seguintes matrizes simétricas reais A, encontrar uma
matriz ortogonal real P tal que P 1AP seja diagonal.
A = [l 2 3]
2 3 4
3 4 5
existe uma matriz ortogonal real P tal que PtAP = .D seja diagonal. De-
terminar esta matriz diagonal D.
4, Seja V o espaço C 1 , com o produto interno canônico. Seja T o opera-
rador linear sôbre V que é representado em relação à base ordenada ca•
nônica pela matriz
7. Seja Tum operador linear sôbre o espaço V de dimensão finita com pro-
duto interno e suponhamos que T seja posítivo e unitário. Demonstrar que
T = l.
8. Demonstrar que T é normal se, e somente se, T -= T. + iT1, onde T1
e Ti são operadores auto-adjuntos que comutam.
9. Demonstrar que uma matriz simétrica real possui uma raiz cúbica si-
métrica real; isto, é se A é simétrica real, existe uma B simétrica real tal
que BJ = A.
10. Demonstrar que tôda matriz positiva é o quadrado de uma raiz po-
sitiva.
11. Demonstrar que se um operador.--, normal e nHpotente então êle é o
operador nulo. ·
12. Se T é um operador normalt demonstrar que vetores característicos
de T associados a valores característicos distintos são ortogonais.
13. ·Seja T um operador normal sôbre um espaço complexo de dimensão
finita com produto interno. Demonstrar que existe um polinômio /, com
coeficientes complexos, tal que T* - f(t). (Representar T por meio de uma
matriz diagonal e verificar o que f deve ser.)
14. Se dois operadores normais comutam, demonstrar que o seu produto
é m;>rmal.
8. 7 Teorema Espectral
onde c1, ••• , C1t são números complexos distintos. Ora, c1, •• , c1c
são, na verdade. os valores característico's de T, mas não precisamos
saber isto agora, uma vez que logo se tornará evidente. Vamos expri-
mir T sob a forma T = c1E 1 + ... + c1cE1, onde E 1 , ••• , E1i; são
projeções ortogonais que satisfazem/ = E1 + ... + Ek e E;Ei =
= O para i #- j. Para compreender o método que usamos, suponha"'
mos que tivéssemos as projeções E1, ... , E1,;. Então teriamas
T = (. "-
2 2;
r-1
c;E;
)
(.Ik ciEJ)
1•1
= l; l; e iCJE;Ei
i j
== ~ cJE]
j
- ~ c}Ei.
j
= EJ.
Ora, começamos com T e seu polinômio minimal
p = (x - c1) •.. (x - c1),
1 = PI + ·. · + P1t
X = C1P1 + ... CkPk•
/ = E1-· + ... + Ek
T = c1E1 + . . . + c1r.E1c.
Façamos algumas observações.
(i) E1 ~ O, para cadaj. De fato, Ei = pi(D e Pi é um polin&-
mio de grau k - l. Como p é o polinômio minimal de T, não pode•
mos ter pi{T) = O. ·
(ii) E;Ei = O se i ~ j. De fato, E;E_; = p;(T)pi{n. Quando
i ~ j, o polinômio h = p;pj é tlivis[vel por p. -Assim, h(T) = ps{Tj
p.;(_T) = ·º·
(iii) Cada Ei é uma projeção. Como
i
Ta - TEp
- E·Ta
J
- C1a.
,t
ou 2; (ci - c1)Eia = O.
,-1
A partir disto concluímos que E;a = O para i ~ j e portanto que
a == E,;a. Suponhamos agora que a esteja na imagem de Ei, isto é,
que a = E1a. Na parte (iv) mostraremos que Ta = c1a.
(vi) EJ é a projeção ortogonal sôbre sua imagem. De fato, Ei
é um polinômio no operador normal T. Assim, Ej é uma projeção
normal e, pelo Teorema 23, é uma projeção ortogonal.
(Ta, a) = ( i
j•l
CJE1a,
_
i E;a )
i-1
- ~ Cjl(E;all 2•
,
.
E:xereiciOI
1. Dar uma definição razoável de uma n X n matriz não-negativa e de--
pois demonstrar que uma tal matriz possui uma única raiz quadrada não--
•neptiva.
2. Seja T um operador normal e seja U um operador arbitrário que comute
com T. Demonstrar que U cómuta com T*.
302 ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO
k r
Além disso 2; ~ G;1 = ~ ! E;FJ
;.,=1 J-1 ' .,
=_(~E,) i=l
k (
~
r
,1=-
FJ)
l
- I . I
- /.
Se i ~ p ou j ;:é q, então
G,;Gpq = EiEJE11 Eq
= E;EpFiF,
= o.
Portanto, temos aqui kr projeções ortogonais Gü tais que Gi1G" = O
a menos que i = p e j = q (e talvez mesmo nesse caso). Ora, Te
U são combinações lineares das G,1 :
T = TI = (~Ci Ei) (~ F1) = 2; 2; c,,Gu
t j • j
I j
FORMAS BILINEARES
9. t Formas Bilineares
Neste capitulo vamos tratar das formas bilineares sôbre espaços
vetoriais de dimensão finita. O leitor provàvelmente observará uma
semelhança entre uma parte da matéria e a discussão dos determi-
nantes no Capitulo 5 e dos produtos internos no Capítulo 8. A re-
lação entre formas bilineares e produtos internos é particularmente
forte; no entanto, êste capítulo não pressupõe nada da matéria do
Capítulo 8. O leitor que não tiver familiaridade com produtos inter-
nos provàvelmente lucraria lendo a pritt1eira parte do Capítulo 8 à
medida que lesse a discussão de formas bilineares.
A primeira seção trata do espaço das formas bilineares sôbre
um espaço vetorial de dimensão n. A matriz de uma forma bilinear
em relação a uma base ordenada é introduzida e é estabelecido o
isomorfismo entre o espaço das formas e o espaço das n X n ma-
trizes. Define-se o pôsto de uma forma bilinear e são introduzidas
as formas bilineares degeneradas. A segunda seção discute as for-
mas bilineares simétricas e sua diagonalização. A terceira seção es-
tuda as formas bilineares anti-simétricas. A quarta seção discute
o grupo que conserva uma forma bilinear não-degenerada, com aten-
ção especial prestada aos grupos ortogonais, os grupos pseudo-
-ortogonais e um grupo pseudo-ortogonal particular - o grupo de
Lorentz.
(9-1)
/ ( Ca1 + a2,fJ) = cf(a.1, fJ) + /(a2, fJ)
f(a, cfJ1 + fJ2) = cf(a, /ji) + /(a, fJ2).
306 FORMAS BILINEARES
- 2; x;f(a;, /j)
- l; I x;y1f(ai, a:J).
i i
308 FORMAS BILINEARES
== X 1AY
à ~ase ordenada ffi (para todo a em V). Ora, as funções f;j definidas
por
f;;(a, /3) = L;(a)LJ({j)
são formas bilineares do tipo considerado no Exemplo l. Se
a = X1a1 + , .. + Xnan e i3 = y1a1 + ... + Ynan,
então
fila, 13) = x;y;.
Seja/ uma farma bilinear arbitrári~ sôbre V e seja A a matriz
de f em relação à base ordenada m. Então
f (a, /j) = ? A ux,y1
i,j
o que diz simplesmente que
/ = X A;i/ii,
i.j
Cfl& = 1 I •[ l l]
Seja (B' .- { 1:;, 1:;} a base ordenada definida por f{ == (l, -1,)
e2 = (l, 1). Neste caso, a matriz P que transforma as coordena·
das de · <i' para m é
p = [-1 ~]-
Assim
[/J03, = ÍP'fJm.P
= [! -!] [~ ~] [_; !]
- [~ -!] (g ~]
- [g ~]-
ºde que isto significa é que, se exprimirmos os vetores
suas coordenadas em relação à base m', digamos
a e /j _por meio
Exercícios
A = [} ~]
Determinar a matriz de f em relação i'1 base ordenada
{ E u Eu Eu Eu Eu Eu}
' t ' ' '
Então
/('Y, a)
f(a, /3) = f(a, 'Y) = /(a, a)J(a, a)
e como/ é simétrica,/(a, [j) = O. Portanto, /3 está no subespaço W.L.
A expressão
'Y = /('Y, a) a + /3
f(a., a)
nos mostra que V = W WJ.. +
A .restrição de/ a WJ. é uma forma bilinear simétrica sôbre WJ.
Como WJ. tem dimensão (n - 1), podemos supor, por indução.
que w.1 possua uma base { a2, .. , , ª" } tal que
J(a;, cr.j) = O, i -;4 j (i > 2, j > 2).
Colocando a1 = a, obtemos uma base {a1,.,., ª"} de V tal que
(a,-, aJ) = O para i ;é j.
f Corolário. Seja F um subcorpo do corpo dos números complexos
e seja A uma n X n matriz simétrica sôbre F·. Então existe um n X n
matriz inversível P sôbre tal que ptAP seja diagonal.
No caso de F ser o corpo dos números reais, a matriz inversível P
neste corolário pode ser escolhida de modo a ser uma matriz orto•
gonal, isto é, P' = p- 1 • Em outras palavras, se ·A é uma n X n
matriz simétrica real, existe uma matriz ortogonal real P tal que
P'AP seja diagonal'; contudo, isto não é nada evidente a partir do
que fizemos acima (ver Capítulo 8}.
Teorema 4. Seja V um espaço vetorial de ·dimensão finita sôbre
o corpo dos números complexos. Seja fuma forma bilinear simétrica
sôbre V que tenha pôsto r. Então existe uma base ordenada
O\= {~i, ... ,,3 de V tal que
0 }
{'JJ = { '
.,. j"( 1
a_;, a_;
) o:;,
..
j = 1, ... ' ,.
a·1, . ,·>r
a base { 1'1, ... , .Bn} satisfará as condições (i) e (ii).
Evidentemente, o Teorema 4 é válido se o corpo de escalares
é um subcorpo qualquer do corpo dos números complexos, no qual
todo elemento possua uma raiz quadrada. Não é válido, por exem-
plo, quando o corpo de escalares é o corpo dos números reais. Sô-
bre o corpo dos números reais, temos o seguinte substituto para o
Teorema 4.
Teorema 5. Seja V um espaço Yetorial n-dimensional sóbre o
corpo dos números reais e seja f uma forma bilinear simétrica sôbre
V que tenl/ta pósto r. Então existe uma base ordenada { J,1, ... , Pn }
de V em relação à qual a matriz de fé diagonal e tal que
.f(f3J, /3.;) = + 1, j = I, ... , r.
Além disso, o número de vetores /jj da base para os quais f({Jh /3j) = l
é independente da escolha da base.
Demonstração. Existe uma base {a1, ... , an} de V tal que
/(a;, a1) = O, i ~ j.
f(aj, ~;) ~ O, 1 < j <_ ,.
f(a1, aJ) = O, j > ,..
Seja /3i = 1/(ai, ct:J)j- 1 l 2ai, l <j ~. ,.
f11 = ªi, j > r
Então { /ji, ... , tJn} é uma base que tem as prppriedades enunciadas.
Seja p o númerode vetores f3J da base para os quais/(.BJ, fJJ) - 1;
precisamos mostrar que o número p é independente da particular
base que tomemos satisfazendo as condições acima. Seja v+ o
subespaço de V gerado pelo vetores fJ; da base para os quais f(fJJ,
/jJ) = 1, e seja v- o subespaço gerado pelos vetores /J; da base
FORMAS BILINEARES SIMÉTRICAS 319
tais que f(/31, 131) = -1. Ora, p = dim v+, logo o que precisa~
mos demonstrar é a unicidade da dimensão de v+. É fácil ver que
se a é um vetor não.nulo em v+, então /(a, a) > O; em outras pa~
lavras, f é positiva definida sôbre o subespaço v+. Anàlogamente,
se a é um vetor não~ntllo em v-,
então J(a, a) < O, isto é, / é ne~
gativa <;tefinida sôbre o subespaço v-. Seja agora VJ.. o subespaço
gerado pelos vetores f3J da base para os quais /(/3_;, /3i) = O. Se a
está em V\ então /(a, /1) = O para todo /j em V.
Como { /31, ... , f3n } é uma base de V, temos
v = v+ e, v- e vi.
Além disso, afirmamos que se W é um subespaço arbitrário de V
sôbre o qual f seja positiva definida, então os subespaços W, v-
e v.1. são independentes. De fato. suponhamos que a. esteja em W,
(3 em v-, 'Y em VJ. e que a + f3 + 'Y = O. En~ão
portanto, todo vetor a tal que f(a, {j) = O para todo /3 deve estar
em v.1.·. Assim, o subespaço v,1. é único. Os subespaços v+ e v-
não são únicos; contudot suas dimensões são únicas. A demonstra•
ção do Teorema 5 nos mostra que dim v+ é a máxima dimensão
possível para qualquer subespaço sôbre o qual/ seja positiva de-
finida. Anàlogamente, dim v-
é a máxima dimensão de qualquer
subespaço sabre o qual/ seja negativa definida. É claro que
dim v+ + dim v- = pôsto (f).
O número
dim v+ - dim v-
freq üentemente é denominado a assinatura de /. Ela é introduzida
porque as dimensões de .v+ e v- são fàcilmente determinadas a
partir do pôsto de f e da assinatura de f.
Talvez devamos fazer um comentário final a respeito da relação
entre formas bilineares simétricas sôbre espaços vetoriais reais e
produtos internos. Suponhamos que V seja um espaço vetorial real
de dimensão finita e que V1, V2, V3 sejam subespaços de V tais que
V = Vi EB V2 EB V:1.
Suponhamos que /1 seja um produto interno sôbre V1 e /2 seja um
produto interno sabre V2. Podemos então definir uma forma bili-
near simétrica/sôbre V como segue: Se a, (j são vetores em V, então
podemos escrever
a = a1 + a2 + aa e fJ = f:J 1 + /12 + th
com ªi e fJ_; em V.;. Seja
f(a, /l) = /1 (oq, #d - .h(a2, tJ ).
Exorciclos
1. As seguintes expressões definem formas quadréticas q sõbre R~. De-
terminar a forma bilinear simétrica / correspondente a cada q,
(a) ax~;
(b) bx 1x 1
(e) cxl;
(d) 2x~ - }x1x1;
(e) x~ + 9xl;
(f) 3x1X1 - x:;
(1) 4xl + 6x1 x1 - 3x}.
2. Determinar a matriz, em relaçlo à base ordenada canônica, e o p&to
de cada uma das formas bilineares do Exercicio 1. Indicar quais formas slo
nlo-deaeneradas.
3. Seja q(.l"1, x1) • ax: + bx1 x,, + cxl a forma quadrática associada a
uma forma bilinear simétrica / sõbre R•. Mostrar que / é nlo-depnerada
se, e sbmente se, b1 • 4ac p11 O.
4. Seja V um espa;o vetorial de dimensão finita sõbre um subcorpo F do
corpo dos números complexos e seja S o conjunto das formas bilineares
simétricas sõbre V.
(a) Mostrar que S é um subespaço de L(V, Y, F).
(b) Determinar dim S.
Seja Q o coltjunto de tõdas as formas quadr,ticas sõbre V.
(e) Mostrar que Q é um subespaço do espaço de tõdas as funções de
Vem F.
(d) Descrever e~llcitamente um isomorfismo T de Q em S, sem re-
ferencia a qualquer base.
(e) Seja U um operador linear sõbre Y e q um elemento de Q. Mos-
trar que a equação ( U'qXa} • q( Lb) define uma forma quadrática U1q
sõbre V.
(f) Se Ué um operador linear sõbre V, mostrar que a função u• de-
finida na parte (e) 6 um operador linear s6bre Q. Mostrar que U• 6 inver-
s(vel se, e somente se, Ui inversivel.
5. Seja q a forma quadrática sôbre R1 dada por
q(xi, X1) ::a axf + 2bx1X1 + ex:, a pi: O,
Determinar um operador linear U sôbre R• tal que
· de Y existe uma única base <B' =. {a;, ..• , a~} de Y tal que /(a,, aí) = lii•
Mostrar então que para todo vetor a em Y temos
a: .. :Z: /(a., c:r;)r, • :Z: /(ai, a)a~.
i i
14. Sejam JI~ /. (B e CB' como no Exercfcio 13. Suponhamos que T seja um
operador linear sôbre Y e que T' seja o operador que /associa a r, como
no Exercfcio 11. Mostrar que
(a) [T'Jce, - [71~
(b) traço (n • traço (T') • l: /(Ta,, aa.
1
15. Sejam V, f, <i e CB' como no Exercício 13. Suponhamos que (/]d\ - A.
Mostrar que
a~ - :Z: (K"1 )i;«J = E (A- 1 )1,a1.
i i
[-~ ~]-
Demonstração. Sejam a 1, ~1, •.• , ak, fh vetores que satisfaçam
as condições (i), (ii) e (iii) acima. Seja {a1, .. , , .., , } uma base or-
denada arbitrária do subespaço Wo. Então
<B = {ai, fh, a2, fJ2, ••• , ak~ f:J1t., 'Yl, , •. , 'Y s-}
326 FORMAS BILINEARES
l-~ b] ·
Além disso, é evidente que o pôsto desta matriz, e portanto o pôsto
de f~ é 2k.
Uma conseqüência disto acima é que se fé uma forma bilinear
anti-simétrica não-degenerada sôbre V, então a dimensão de V deve
ser par. Se dim V = 2k, existe uma base ordenada {a1. /31, ... ,
• • • i ah (3,.,} de V tal que
Jo, i ~ j
= l l, i = j
f(a;, /3_;)
f(a;, a1) = j({:J;, f3.i) = O.
A matriz de f em relação a esta base ordenada é a soma direta de k
cópias da 2 X 2 matriz anti-simétrica (9-8). Obtém-se uma outra
forma canônica para a matriz de urna farma anti-simétrica não-
degenerada se, ao invés da base ordenada acima, considera-se a
base ordenada
{ 0:1, . . . , CXk, {h-, , - , , .81} ·
O leitor deverá achar fácil verificar que a matriz de f em relação à
última base ordenada é da forma em blocos
[-~ ~]
onde J é a k X k matriz
-o O l
o .. . 1 O
1 o o
ExercíciOSi
onde a = (xi, ... , Xn) e /3 = (Yi, ... , Yn)• O grupo que conserva
/ é denominado o lll'llpo ortogonal (real ou complexo) n-dimensional.
O nome 'grupo ortogonal' é mais comumente aplicado ao grupo
associado de matrizes em relaçã'o à base ordenada canônica. Como
a matriz de/ em relação à base canônica é /, êste· grupo consiste das
matrizes M que satisfazem M'M = 1. Uma tal matriz M é dita uma
n X n matriz ortogonal (real ou complexa). Os dois n X n grupos
ortogonais são usualmente indicados por O(n, R) e O(n, C). Eviden-
temente, o grupo ortogonal é também o grupo que conserva a for.ma
quadrática
q(xi, ... , Xn) = xf + . . . + x;.
330 FORMAS BILINEARES
cI>(x z t) = rl_yt +- ~
'y, ' IZ t -
y + iz]
X
q(x, y, z, t) = t
det [ y-zz
+
X y +
. t -z
;z]
ou q(a) = det cI> (a).
Exercícios
M = 1
2
e+ e-1
e
1
e-~]
+ e- e+ -e_
e
1
--e: - ~
e
Mostrar que
(a) se T é um operador linear sôbre C 2 , então /(Ta, T/3) = (det T) f(a, {:J)
para todos a, {:J em C 2 ;
334 i;oRMAS BILINEARES
A = [-~ ~] '!
J = [ -~ ~]-
Seja M a 211 X 211 matriz sôbre C da forma
A. 1 Conjuntos
Usaremos as palavras ·conjunto', ·classe\ ·coleção' e 'família'
indiferentemente, apesar de darmos preferência a 'conjunto'. Se S
é um conjunto e x é um objeto do conjunto S, diremos x é um mem-
...
336 APENDICE
n
tem I
St - S1
A.2 Funções
Uma função consiste do seguinte:
(í) um conjunto X, denominado o domínio da função;
(ii) um conjunto Y, denominado o contradomínio da função;
(iii) uma regra (ou correspondência) f, que associa a cada ele-
mento x de X um único elemento f(x) de Y.
Se (X, Y,f) é umafu nção, diremos que/ é uma função de X em
Y. Isto é um tanto confuso, pois não é f que é a função; fé a regra
da função. No entanto, êste uso do mesmo símbo]o para a função e
e sua regra nos fornece uma maneira muito mais maleável de falar
sôbre funções. Assim, diremos que fé uma função de X em Y, que
X é o domínio de/ e que Y é o contradomínio de /-tudo isto sig-
nificando que (X, Y, f) é uma função como definido acima. Existem
várias outras palavras que são comumente usadas no lugar da pala•
vra 'função'. Algumas delas são 'transfarmação', ·operador' e 'apli-
cação·. Estas são usadas em contextos onde pareçam ser mais suges-
tivas na transmissão do papel desempenhado por uma função espe-
cífica.
Se/ é uma função de X em Y, a imagem de fé o conjunto dos
f(x), x em X. Em outras palavras, a imagem de.f consiste dos elemen-
tos y em Y tais que y = f(x), para algum x em X. Se a imagem de/
é todo o conjunto Y, dizemos que fé uma fun~ão sobrejetora de X
em Y ou simplesmente que fé sobrejetora. A imagem de f é freq üen-
temente indicada por /{X).
Exemplo 2. (a) Seja X o conjunto dos números reais e seja Y = X.
Seja/a função de X em Y definida por f(x) = x 2 • A imagem de/é o
C'.:>njunto dos números reais não-negativos. Assim, f não é sobrejetora.
338
.
APENDICE
A . 3 Relações de Equivalência
Uma relação de equivalência é um tipo particular de relação en-
tre pares de elementos de um conjunto. Para definir uma relação de
equivalência, precisamos primeiro decidir o que é uma ·relação'.
Certamente uma definição formal de 'relação' deve envolver re--
lações familiares tais como ·x = y\ 'x < i, · x é a mãe de y' e "x é
mais velho que y'. Se X é um conjunto, o que é necessário para deter•
minar uma relação entre pares de elementos de X? O que se precisa.
evidentemente, é de uma regra para determinar se, para dois quais-
quer elementos dados x e y em X, x está na relação dada com y ou
não. Uma tal regra R, será denominada uma relação (binárt::i) sôbre
X. Se desejarmos ser ligeiramente mais precisos, poderemos pro<.:cder
como segue. Indiquemos por X X X o conjunto dos pares ordenados
(x, y) de elementos de X. Uma relação binária sôbre X é uma função
R de X X X no conjunto { O, 1 }. Em outras palavras, R associa a ca-
da par ordenado (x, y) um 1 ou um O. A idéia é que se R(x, y) = 1,
então x está na relação dada com y, e se R(x, y) = O, não o está.
Se R é uma relação binária sôbre o conjunto X, é conveniente
escrever xRy quando R(xt y) = 1. Uma relação binária é dita
{i) reflexiva~ se xRx para todo x em X;
(ii) simétrica, se yRx.sempre que xRy;
(iii) transidva, se xRz sempre que xRy e yRz.
Uma relação de equivalência sôbre X é uma relação binária sô·
bre X que é reflexiva, simétrica e transitiva.
Exemplo 5. (a) S6bre qualquer conjunto, a igual~ade é uma re-
lação de equivalência. Em outras palavras, se xRy si,nifica x = y,
então Ré uma relação de equivalência. De fato, x=x~ se x= y então
y - x, se x = y e y - z então x - z. A relação 'x ;,é y' é simétrica,
mas não é reflexiva nem transitiva.
. ; ..JI
A
342 APENDICE
Oi+ w.
É conveniente pensar na classe lateral de a ero relação a W como senf"
do o conjunto dos vetores obtidos por translação do subespaço W
pelo vetor a. Para visualizar estas classes laterais, o leitor pode pen-
sar no seguinte caso particular: Seja V o espaço Rª e seja W um sub-
espaço unidimensional de V. Se imaginarmos V como sendo o plano
euclidiano, W será uma reta passando pela origem. Se a = (xi. x2)
é um vetor em V, a classe lateral a + W é a reta que passa pelo ponto
(xi, x2) e é paralela a W.
346 APtNDICB
A Cíclico:
subespaço, 201
Adjunta: vetor, 201
clássica, 160 Cofator, 159
de uma transformação, 253, 255 Completa, matriz, lS
Álgebra, 115 Conjugação, 242
Algebricamente fechado, corpo, 135 Constante, po1inômio, 118
Alternada, função n-linear, 142 Coordenadas, 50
Anel, 138 matriz de coordenadas, 52
Anulador: coordenadas em relação a uma
de subespaço, 104 base, Sl
de vetor ( T-anulador}, 202 Corpo; 2
Associada, matrjz, 204 algebricamente fechado, 13S
Auto-adjunta (o) : subcorpo, 2
matriz, 38, 285 Cramcr, regra de, 163
operador, 258
D
B
Determinante, função~ 143
Base, 44 existência de, 146
canôníca de pn 1 44 unicidade de, 153
dual, 99 Diagonalizável (eis) :
ordenada, 51 operador, 134
ortonormal, 249 parte diagonalizável de opera-
Bessel, desigualdade de, 248 dor, 196
Bilinear, forma, 305 simultâneamente, 190, 302
anti-simétrica, 323 Dimensão, 46
assinatura de, 320 Direta, soma, 167, 168
diagonalização de, 316 de matrizes, 172
grupo que conserva, 327 de operadores, 171
matriz de, 308 Disjuntos, subespaços, 166
não-degenerada, 312 Divisão com resto, 127
positiva definida, 31 S Dual:
pósto de, 312 base, 99
simétrica, 314 espaço, 97
e E
Característico: Elementar:
poiln6mio, 178 matriz, 21
valor, 177 operação elementar sõbre li-
vetor, 177 nhas, 7
Cauchy-Schwarz, desigualdade de, operação elementar sôbre co.
244 tunas, 28
Cayley-Hamilton, teorema de, 179 Equivalincia, relação de, 341
Cayley, transformada de, 280 Escalar, 2
352 ÍNDICE
Q T
Quadrática, forma: Taylor, fórmula de; 230
de forma bilinear, 315 Traço:
de produto interno, 238 de matriz, 98
Quociente, espaço, 346 de transformação linear, 103 ·
Transposta:
de matriz, 111
R de transformação linear, 1IO
Triangular, matriz, 1.SS
Racional de uma matriz, forma, 214
Racional, teorema da decomposição, u
211
Reunião, 336 Unidade, matriz, 10
Rígido, movimento, 281 Unitário (a, as),
Rotação, 277 equivalincia de matrizes, 278
espaço, 243
s gru_po, 275
matriz, 275
Semelhantes, matrizes, 94 operador, 275
Semi-simplc". o~rador, 227 polinômio, 118
Simétrica (o),
forma bilinear. J 14 V
lf'Up01 153
m_atriz, 38, 285 V:tndermonde, matriz t:le, 123
Subespaço (s), 37 Vetores-linha111, 41 ·
anulador de, 104 Vetorial, espaçot· 31
cíclico, 201 base de, 44 ·
disjuntos, 166 · de funções polinomiais, 33
aendo por, 39 de n-uplas, 31
independentes, 167 de soluções de equações linea•
soma de, 40 res, 38
suplementar, 206 dimensão de, 46
suplementar ortogonal de~ 247 quociente de, 346
T-admissível, 207 subespaço det 37 ·
SÍMBOLO 5.A. INDOSTRIAS GRÁFICAS
Rua General Flor••• 518 522 525
Tel.ton• 221 5133
sao Paulo