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Resolução de Exercı́cios:

Geometria Diferencial de Curvas e Superfı́cies

Alunos do Mestrado UFBA


Índice

i
Capı́tulo 4

Geometria Intrı́seca das Superfı́cies

4.2 Isometrias; Aplicações Conformes


Questão 3. Mostre que um difeomorfismo ϕ : S → S é uma isometria se e somente
se o comprimento de arco de qualquer curva parametrizada em S é igual ao com-
primento de arco da curva imagem por ϕ.

R. (⇒)

Tome α(t) uma curva parametrizada em S, temos que o comprimento de arco


de α(t) é dado por Z t
|α0 (t)|dt
t0

tome agora ϕ ◦ α = β uma curva parametrizada em S, temos que


Z t Z t Z t Z t
0 0 0
|β (t)|dt = |(ϕ ◦ α) (t)|dt = |Dϕα(t) .α (t)|dt = |α0 (t)|dt.
t0 t0 t0 t0

(⇐) Z t Z t
0
|β (t)|dt = |α0 (t)|dt,
t0 t0

1
CAPÍTULO 4. GEOMETRIA INTRÍSECA DAS SUPERFÍCIES 2

derivando temos

|β0 (t)| = |α0 (t) ⇒ |Dϕα(t) .α0 (t)| = |α0 (t)|

Questão 4. Utilize a projeção estereográfica para mostrar que a esfera é local-


mente conforme a um plano.

R. Tome X(u, v) e X(u, v) parametrizações do plano e do S2 , respectivamente


como,

X(u, v) = (u, v, 0)
 
4u 4v 2 2
X(u, v) = , , 2(u + v )
u2 + v2 + 4 u2 + v2 + 4
temos que
)
Xu = (1, 0, 0)
⇒E =G=1eF =0
Xv = (0, 1, 0)

 2 +v2 +4)
 
X u = 4(−u −8uv 16u 2
2 +v2 +4)2 , (u2 +v2 +4)2 , (u2 +v2 +4)2

(u
 4

4(u2 −v2 +4)
 ⇒E =G= eF =0
−8uv
X v = (u2 +v , , 16v
2 +4)2 (u2 +v2 +4)2 (u2 +v2 +4)2
 u + v2 + 4
2

logo E = G = Eλ2 = Gλ2 e F = o = Fλ2 , desta forma temos que ϕ = X ◦ X −1


é uma aplicação localmente conforme.

(FALTA MOSTRAR QUE λ2 É UMA APLICAÇÃO DIFERENCIÁVEL)

Questão 7. Sejam V e W espaços vetoriais (de dimensão n) com produtos internos


denotados por < , > e seja F : V → W uma aplicação linear. Prove que as
seguintes condições são equivalentes:

a) < F(v1 ), F(v2 ) >=< v1 , v2 > para quaisquer v1 , v2 ∈ V .


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b) |F(v)| = |v| para todo v ∈ V .

c) Se {v1 , . . . , vn } é uma base ortonormal em V , então {F(v1 ), . . . , F(vn )} é uma


base ortonormal em W .

d) Existe uma base ortonormal {v1 , . . . , vn } em V , tal que {F(v1 ), . . . , F(vn )} é


uma base ortonormal em W .

R. a) ⇒ b)

p √
Temos em particular que |F(v)| = < F(v), F(v) > = < v, v > = |v|

b) ⇒ a)

< F(v1 ), F(v2 ) >= cosθ|F(v1 )||F(v2 )| = cosθ|v1 ||v2 | =< v1 , v2 >

a) ⇒ c)

Como {v1 , . . . , vn } é uma base ortonormal, temos que

< vi , v j >= 0, ∀i 6= j ,e

< vi , vi >= 1∀ 1 ≤ i ≤ n,

por a) temos que

0 =< vi , v j >=< F(vi ), F(v j ) >, ∀i 6= j ,e

1 =< vi , vi >=< F(vi ), F(vi ) > ∀ 1 ≤ i ≤ n,

logo basta mostrar que {F(v1 ), . . . , F(vn )} é uma base em W . Como temos n
vetores de W , basta mostrar que eles são L.I., mas como F(vi )⊥F(v j ), ∀i 6= j,
temos que F(vi ) também é ortogonal com qualquer combinação linear dos outros
vetores da suposta base.
De fato, suponha que F(vi ) = α1 F(v1 )+. . .+αi F(vi )+. . .+αn F(vn ), (onde o
sublinhado significa que a parcela não existe para o ı́ndice referido), desta forma
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temos que

1 = < F(vi ), F(vi ) >


= < F(vi ), α1 F(v1 ) + . . . + αi F(vi ) + . . . + αn F(vn ) >
= α1 < F(vi ), F(v1 ) > + . . . + αi < F(vi ), F(vi ) > + . . . + αn < F(vi ), F(vn ) >
= 0

Absurdo, pois 1 6= 0

c) ⇒ d)

Basta notar que em todo espaço vetorial podemos encontrar uma base orto-
normal de vetores {v1 , . . . , vn }, logo usando o item c) temos o resultado.

d) ⇒ a)

Seja {v1 , . . . , vn } uma base ortonormal em V , tal que {F(v1 ), . . . , F(vn )} é


uma base ortonormal em W , temos que vale a) para os vetores da base, pois

< vi , v j >= 0 =< F(vi ), F(v j ) >, se i 6= j, e

< vi , vi >= 1 =< F(vi ), F(vi ) >

e como F é linear, temos que

v = α1 v1 + . . . + αn vn ⇒ F(v) = α1 F(v1 ) + . . . + αn F(vn ),

logo tomando v = α1 v1 + . . . + αn vn e w = β1 v1 + . . . + βn vn , temos que


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< v, w > = < α1 v1 + . . . + αn vn , β1 v1 + . . . + βn vn >


= α1 β1 < v1 , v1 > + . . . + αn βn < vn , vn >
= α1 β1 < F(v1 ), F(v1 ) > + . . . + αn βn < F(vn ), F(vn ) >
= < α1 F(v1 ) + . . . + αn F(vn ), β1 F(v1 ) + . . . + βn F(vn ) >
= < F(v), F(w) >

8 - Seja G : R3 → R3 uma aplicação tal que

|G(p) − G(q)| = |p − q|, para todop ∈ R3

(isto é, G é uma aplicação que preserva distância). Prove que existe p0 ∈ R3 e
uma isometria linear F do espaço vetorial R3 tal que

G(p) = F(p) + p0 , para todop ∈ R3 .

Questão 9. Sejam S1 , S2 e S3 superfı́cies regulares. Prove que

a)Se ϕ : S1 → S2 é uma isometria, então ϕ−1 : S2 → S1 também é uma isometria.

b)Se ϕ : S1 → S2 , ψ : S2 → S3 são isometrias, então ψ ◦ ϕ : S1 → S3 é uma


isometria.

R. a) Como ϕ é isometria, temos que ∀p ∈ S1 e v1 , v2 ∈ Tp S1

< v1 , v2 > p =< dϕv1 , dϕv2 >ϕ(p)

logo como ϕ é um difeomorfismo, temos que dϕ : Tp S1 → Tϕ(p) S2 é bijetiva, logo


∀w1 , w2 ∈ Tϕ(p) S2 , ∃v1 , v2 tais que dϕv1 = w1 e dϕv2 = w2 , logo

< w1 , w2 >ϕ(p) = < dϕv1 , dϕv2 >ϕ(p)


= < dϕ−1 (dϕv1 ), dϕ−1 (dϕv2 ) >ϕ−1 (ϕ(p))
= < v1 , v2 > p
CAPÍTULO 4. GEOMETRIA INTRÍSECA DAS SUPERFÍCIES 6

b)
< v1 , v2 > p =< dϕv1 , dϕv2 >ϕ(p) , ∀p ∈ S1 , e v1 , v2 ∈ Tp S1

< w1 , w2 >q =< dψw1 , dψw2 >ψ(q) , ∀q ∈ S2 , e w1 , w2 ∈ Tq S2

note que ϕ(p) ∈ S2 , ψ(q) ∈ S3 e dϕvi ∈ Tp S1 , dψwi ∈ Tq S2 , logo

< dϕv1 , dϕv2 >ϕ(p) = < dψ.dϕv1 , dψ.dϕv2 >ψ(ϕ(p))


= < d(ψ ◦ ϕ).v1 , (ψ ◦ ϕ).v2 >(ψ◦ϕ)(p)

logo ψ ◦ ϕ é uma isometria.

Questão 11. a) Seja S ⊂ R3 uma superfı́cie regular e seja F : R3 → R3 um di-


feomorfismo que preserva distâncias em R3 tal que F(S) ⊂ S. Prove que a
restição de F a S é uma isometria de S.

b) Use a parte a para mostrar que o grupo de isometrias da esfera unitária


x2 + y2 + z2 = 1 contém o grupo das transformações lineares ortogonais de
R3 .

c) Dê um exemplo mostrando que existem isometrias ϕ : S1 → S2 que não podem


ser estendidas em aplicações que preservam distâncias F : R3 → R3 .

R. a) Tome α(t) uma curva parametrizada em S e β(t) = F ◦ α(t) em F(S), logo


||β (t)|| − ||α0 (t)|| = lim β(t) − β(t0 ) − lim α(t) − α(t0 )
0
t→t0 t − t0 t→t0 t − t0

como k·k é contı́nua, temos que


CAPÍTULO 4. GEOMETRIA INTRÍSECA DAS SUPERFÍCIES 7


β(t)−β(t0 ) α(t)−α(t0 ) kβ(t)−β(t0 )k kα(t)−α(t0 )k
limt→t0 t−t0 − limt→t0 t−t0 = limt→t0 − limt→t0

t−t0 t−t0

kF◦α(t)−F◦α(t0 )k kα(t)−α(t0 )k
= limt→t0 − limt→t0

t−t0 t−t0
= limt→t0 kα(t)−α(t 0 )k
− limt→t0 kα(t)−α(t 0 )k

t−t0 t−t0
= 0
Rt Rt
Logo |β0 (t)| = |α0 (t)|, logo temos que t0 |β
0 (t)| dt = 0
t0 |α (t)| st, logo F|S é
uma isometria.

Questão 13. Sejam V e W espaços vetoriais (de dimensão n) com produtos in-
ternos < , >. Seja G : V → W uma aplicação linear. Prove que as seguintes
condições são equivalentes:

a) Existe uma constante real λ 6= 0 tal que

< G(v1 ), G(v2 ) >= λ2 < v1 , v2 > para todo v1 , v2 ∈ V.

b) Existe uma constante real λ > 0 tal que

|G(v)| = λ|v|para todo v ∈ V.

c) Existe uma base ortonormal {v1 , . . . , vn } de V , tal que {G(v1 ), . . . , G(vn )} é


uma base ortogonal em W e além disto, os vetores G(vi ), i = 1, . . . , n, tem
o mesmo comprimento (não nulo).

R. a) ⇒ b)

Como vale para todo v1 , v2 ∈ V temos em particular que vale para v, logo
p p
|G(v)| = < G(v), G(v) > = λ2 < v, v > = λ|v|

b) ⇒ a)
CAPÍTULO 4. GEOMETRIA INTRÍSECA DAS SUPERFÍCIES 8

Como a propriedade vale para todo v ∈ V , temos que vale em particular para
v1 + v2 , logo

p
λ|v1 + v2 | = |G(v1 ) + G(v2 )| = < G(v1 ) + G(v2 ), G(v1 ) + G(v2 ) >

logo, elevando ambos os membros ao quadrado, temos

λ2 < v1 + v2 , v1 + v2 > = < G(v1 ) + G(v2 ), G(v1 ) + G(v2 ) >


λ2 (|v1 |2 + 2 < v1 , v2 > +|v2 |2 ) = |G(v1 )|2 + 2 < G(v1 ), G(v2 ) > +|G(v2 )|2
λ2 |v1 |2 + 2λ2 < v1 , v2 > +λ2 |v2 |2 = |G(v1 )|2 + 2 < G(v1 ), G(v2 ) > +|G(v2 )|2

como λ|vi | = |G(vi )| ⇒ λ2 |vi |2 = |G(vi )|2 , temos que

λ2 |v1 |2 + 2λ2 < v1 , v2 > +λ2 |v2 |2 = |G(v1 )|2 + 2 < G(v1 ), G(v2 ) > +|G(v2 )|2
λ2 < v1 , v2 > = < G(v1 ), G(v2 ) >

a) ⇒ c)

Basta notar que em todo espaço vetorial podemos encontrar uma base orto-
normal de vetores {v1 , . . . , vn }, logo tome V = {v1 , . . . , vn } como esta base. Temos
que
< vi , v j >= 0, ∀i 6= j ,e

< vi , vi >= 1∀ 1 ≤ i ≤ n,

por a) temos que

0 = λ2 < vi , v j >=< G(vi ), G(v j ) >, ∀i 6= j ,e

λ2 = λ2 < vi , vi >=< G(vi ), G(vi ) > ∀ 1 ≤ i ≤ n,

com isto temos que os vetores G(vi ) possuem o mesmo comprimento, logo basta
mostrar que {G(v1 ), . . . , G(vn )} é uma base em W . Como temos n vetores de W ,
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basta mostrar que eles são L.I., mas como G(vi )⊥G(v j ), ∀i 6= j, temos que G(vi )
também é ortogonal com qualquer combinação linear dos outros vetores da su-
posta base.

De fato, suponha que G(vi ) = α1 G(v1 ) + . . . + αi G(vi ) + . . . + αn G(vn ), (onde


o sublinhado significa que a parcela não existe para o ı́ndice referido), desta
forma temos que

λ2 = < G(vi ), G(vi ) >


= < G(vi ), α1 G(v1 ) + . . . + αi G(vi ) + . . . + αn G(vn ) >
= α1 < G(vi ), G(v1 ) > + . . . + αi < G(vi ), G(vi ) > + . . . + αn < G(vi ), G(vn ) >
= 0

Absurdo, pois λ2 6= 0

c) ⇒ a)

Seja {v1 , . . . , vn } uma base ortonormal em V , tal que {G(v1 ), . . . , G(vn )} é


uma base ortogonal em W com |G(vi )| = λ, temos que vale a) para os vetores da
base, pois
< vi , v j >= 0 =< G(vi ), G(v j ) >, se i 6= j, e

λ2 = λ2 < vi , vi >=< G(vi ), G(vi ) >

e como G é linear, temos que

v = α1 v1 + . . . + αn vn ⇒ G(v) = α1 G(v1 ) + . . . + αn G(vn ),

logo tomando v = α1 v1 + . . . + αn vn e w = β1 v1 + . . . + βn vn , temos que


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λ2 < v, w > = λ2 < α1 v1 + . . . + αn vn , β1 v1 + . . . + βn vn >


= λ2 α1 β1 < v1 , v1 > + . . . + λ2 αn βn < vn , vn >
= α1 β1 λ2 < v1 , v1 > + . . . + αn βn λ2 < vn , vn >
= α1 β1 < G(v1 ), G(v1 ) > + . . . + αn βn < G(vn ), G(vn ) >
= < α1 G(v1 ) + . . . + αn G(vn ), β1 G(v1 ) + . . . + βn G(vn ) >
= < G(v), G(w) >

Questão 14. Dizemos que uma aplicação diferenciável ϕ : S1 → S2 preserva


ângulos quando para todo p ∈ S1 e quaiquer v1 , v2 ∈ Tp S1 temos

cos∠(v1 , v2 ) = cos∠(dϕ p (v1 ), dϕ p (v2 )).

Prove que ϕ é localmente conforme se e somente se ela preserva ângulos.

R. (⇒)

Se ϕ é localmente conforme, temos que

λ2 < v1 , v2 >=< dϕv1 , dϕv2 >⇒ |dϕv| = λ|v|

Tome v1 , v2 ∈ Tp S, temos que dϕv1 , dϕv2 ∈ Tϕ(p) S. Tomando θ = ∠(v1 , v2 ) e


θ = ∠(dϕv1 , dϕv2 ) temos que

< dϕv1 , dϕv2 > λ2 < v1 , v2 > < v1 , v2 >


cosθ = = = = cosθ
|dϕv1 ||dϕv2 | λ2 |v1 ||v2 | |v1 ||v2 |
logo θ = θ.

(⇐)

Temos que cos∠(v1 , v2 ) = cos∠(dϕ p (v1 ), dϕ p (v2 )), como dϕ é linear, temos
CAPÍTULO 4. GEOMETRIA INTRÍSECA DAS SUPERFÍCIES 11

que ∠(v1 , v2 − v1 ) = ∠(dϕv1 , dϕ(v2 − v1 )) = ∠(dϕv1 , dϕv2 − dϕv1 ). Logo

4(v1 , v2 , v2 − v1 ) ' 4(dϕv1 , dϕv2 , dϕv2 − v1 ),

sendo assim
|dϕv1 |
= λ = |dϕv||v|, ∀v ∈ T pS,
|v1 |
logo podemos concluir que |dϕv| = λ|v|.
Basta verificar que λ2 é diferenciável, mas para isto basta ver que λ é dife-
renciável

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