Notas de Aulas
13 de junho de 2017
Prefácio
1
2
Capítulo 1
Muitas idéias importantes da matemática têm a sua origem em ciências físicas. Por
exemplo, o cálculo foi criado na tentativa de escrever na forma correta o movimento
de corpos. As equações matemáticas sempre servem como uma linguagem para for-
mular conceitos em física, como por exemplo as equações de Maxwell, que descrevem
fenômeno eletrodinâmico, equações de Newton descrevem sistemas mecânicos, etc.
Durante de muitos anos matemáticos e físicos estenderam tal conexão, incluindo
todas as áreas da ciência em tecnologia, criando uma nova área chamada modelagem
matemática. O modelo matemático é uma equação (ou sistema de equações), cuja so-
lução carateriza o comportamento de um processo físico relacionado. Neste sentido,
podemos dizer que o sistema de Maxwell é o modelo para o fenômeno eletrodinâ-
mico. Em geral, o modelo matemático é a descrição simplificada da realidade física
explicada em termos matemáticos. Os principais passos da modelagem matemática
podem ser resumidos aa seguinte maneira, ver Fig. 1.1. Usualmente o processo
começa com a análise de um problema real com objetivo de extrair o principal pro-
cesso físico usando idealização e várias proposições. Formulando um modelo físico
ideal, podemos também formular o correspondente modelo matemático em termos
de equações diferenciais, integrais ou modelos estatísticos. Após essa etapa, o mo-
delo matemático deve ser estudado em detalhes usando métodos apropriados. Se
os resultados obtidos for satisfatórios, então o modelo matemático pode ser aceito.
Se não, os dois modelos, físico e matemático, devem ser modificados com base na
avaliação realizada, e a seguir, os modelos atualizados devem ser avaliados de novo,
diversas vezes, até receber resultados satisfatórios.
3
4
A solução da Eq.(1.1) é:
m(t) = m0 e−kt , (1.2)
onde a constante m0 > 0 caracteriza a massa do isótopo radiativo no tempo inicial
t = 0. Observe que quando t → ∞ a função m(t) → 0. Alguns membros desta
família de funções (para vários valores de m0 ) são mostrados na Fig. 1.2.
0.4
m0=0.1
0.35 m0=0.2
m0=0.3
0.3 m0=0.4
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Tempo
Φ(x, t, u, ux , ut , . . . , Dn u) = 0, (1.3)
6
onde
∂ku
Dk u = , 1 ≤ k ≡ l + m ≤ n, l, m ∈ N.
∂xl ∂tm
Definição 1.2. Como solução da Eq.(1.3) no domínio D vamos entender uma função
u = u(x, t), definida e diferenciável n vezes no domínio D ⊆ R2 , u ∈ C n (D), que
após sua substituição em (1.3) reduza esta equação até a igualdade válida para
qualquer (x, t) ∈ D.
Figura 1.3: Representação da solução u = u(x, t) no espaço R3 das variáveis (x, t, u).
onde c > 0 - uma constante, que carateriza a velocidade de propagação das ondas,
tem uma solução geral, representada como a soma de uma onda viajante para a
direita F (x−ct) com a velocidade c e de uma onda viajante para a esquerda G(x+ct)
com a mesma velocidade c, ou seja,
1.2.2 Ondas
Uma das principais aplicações de EDP’s é a análise de propagação das ondas. A
onda é um sinal reconhecido que propaga-se de uma parte de meio para outra com
uma velocidade conhecida de propagação. A energia é frequentemente transferida
como uma onda. Podemos citar algumas áreas onde a propagação de ondas tem a
importância fundamental.
• Mecânica de fluídos
• Acústica
• Elasticidade
• Física
• Biologia
• Meios porosos
• Qúimica
Ondas Viajantes
A forma matemática mais simples de uma onda é uma função da seguinte forma
Figura 1.5: Ondas viajantes: (a) quando o tempo é fixo, e (b) no espaço-tempo.
Ondas Planas
Outro tipo de onda interessante é uma onda plana. Essas ondas são definidas pela
seguinte expressão matemática
u(x, t) = A cos(kx − ωt), (1.7)
onde A é a amplitude da onda, k é o número de onda, e ω é a frequência. O número k
é uma medida do número de oscilações espaciais (por 2π unidades), observadas num
tempo fixo, e a frequência ω é uma medida do número de oscilações em tempo (por
2π unidades) observadas num ponto espacial fixo. O número λ = 2π/k chama-se o
comprimento de onda, e P = 2π/ω é o período.
Observamos, que (1.7) pode ser re-escrito como
ω
u(x, t) = A cos k(x − t),
k
portanto (1.7) representa uma onda viajante que se propaga à direita com velocidade
c = ω/k. Este número chama-se a velocidade de fase. Para o cálculo a complexa
forma
u(x, t) = A exp {i(kx − ωt)} (1.8)
é mais preferida porque o cálculo de derivadas de uma função exponencial é simples.
Depois de completar o cálculo, podemos usar a fórmula de Euler exp iθ = cos θ +
i sin θ e achar partes real ou imaginária para recuperar uma solução real.
Exemplo 1.4. Substituindo (1.8) na equação da onda
utt − c2 uxx = 0
implica que ω = ±ck. Portanto, a equação da onda admite soluções da seguinte
forma
u(x, t) = A exp {ik(x ± ct)},
que representam ondas direita e esquerda viajantes com a velocidade c.
10
1.2.3 Linearidade×Não-Linearidade
Um critério mais importante de classificação é distingir EDP’s como linear ou não-
linear.
Lu = f, (1.9)
1. L(u + v) = Lu + Lv,
2. L(cu) = cLu,
Exemplo 1.5. A EDP ut + uux = 0 é não linear porque L(cu) 6= cLu. Aqui
Lu ≡ ut + uux .
11
u = c1 u1 + c2 u2 + · · · + cn un
1. existência da solução;
3. solução depende continuamente dos dados do problema: isto implica que pe-
quenas mudanças nos dados do problema causam pequenas mudanças na so-
lução.
com δ > 0. Podemos verificar que a única solução desse problema é dada pela
seguinte fórmula Z
u(x, t) = G(x − y, t)u0 (y)dy,
R
onde Z
1 −(x−y)2 /4t
G(x − y, t) = √ e =⇒ G(x − y, t)dy = 1.
4πt R
Então, para qualquer t ∈ R+ ,
Z Z
|u(x, t)| ≤ G(x − y, t) · |u( y)|dy ≤ |u0 (y)|dy ≤ δ.
R R
Figura 1.6: Volume V limitado por uma superfície fechada S com um elemento da
superfície dS e vetor ortonormal externo n.
Equações Constitutivas
F = F (u). (1.19)
Exemplo 1.9. O fluxo mais simples acontece quando o material está carregado por
um meio que move com velocidade constante, como, por exemplo, no caso quando
as partículas são carregadas por água ou vento. Nestes casos a função de fluxo é
definida pela seguinte simples relação linear
F = cu, (1.23)
F = −κ∇u, (1.25)
onde κ > 0 é chamada como constante difusiva. Usando Eqs.(1.17) e (1.25) obtemos
a seguinte EDP
∂u
− div(κ∇u) = f (x, t, u), (1.26)
∂t
chamada de difusão, que carateriza vários processos físicos e biológicos.
16
A solução é valida para os todos (x, t) ∈ R2+ restrições moderadas nos dados iniciais
u0 (x), e a solução tem um grau alto de suavidade mesmo se a função u0 (x) for
descontínua.
Exemplo 1.12. Consideremos um problema de Cauchy para a equação de adveção
linear com a velocidade c constante
ut + cux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
u(x, 0) = u0 (x), x ∈ R.
É fácil verificar que a função u(x, t) = f (x−ct) é uma solução da equação de adveção
para qualquer função f ∈ C 1 (R). Aplicando a condição inicial para determinar f ,
temos u(x, 0) = f (x) = u0 (x). Portanto, obtemos a solução global do problema de
Cauchy formulado
u(x, t) = u0 (x − ct), (x, t) ∈ R+ .
Exemplo 1.13. Um exemplo mais complicado é o problema de Cauchy para uma
EDP não-linear
ut + uux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
1 (1.28)
u(x, 0) = , x ∈ R.
1 + x2
17
Em contradição aos exemplos anteriores, a solução não existe para qualquer tempo
t ∈ R+ . Para provar isso, vamos assumir que este problema tem uma solução
u = u(x, t), e consideremos uma família de curvas no plano das variáveis x, t definidas
pela EDO
dx
= u(x, t).
dt
Anotamos uma curva Γ dessa família por x = x(t). Ao longo dessa curva temos
du dx
= ut (x(t), t) + ux (x(t), t) · = 0,
dt dt
portanto u é uma constante em pontos da curva Γ. Esta curva deve ser uma linha
reta porque d2 x/dt2 = du/dt = 0. A curva Γ chama-se caraterística da equação de
Burger’s inviscoso no problema de Cauchy (1.28). A equação da Γ é dada por
x = x0 + u(x0 , 0)t,
onde a sua velocidade, u(x0 , 0) = 1/(1 + x20 ) determina-se pelo dado inicial do
problema de Cauchy (1.28), x0 é o ponto de interção da curva Γ com o eixo de
x. Agora vamos definir como se comporta o gradiente ux ao longo dessa curva.
Denotamos g(t) = ux (x(t), t). Então
dx
g 0 (t) = uxx + uxt = (ut + uux )x − u2x = −u2x = −g 2 (t).
dt
A solução geral da EDO g 0 = −g 2 é
1
g(t) = ,
t+c
onde c é uma constante. Usando os dados iniciais do problema de Cauchy (1.28)
obtemos g(0) = −2x0 /(1 + x20 )2 , e por essa razão
1
g(t) = .
t − (1 + x20 )2 /2x0
Observamos, que x0 pode ser escolhida positiva. Portanto, ao longo das retas Γ o
gradiente ux é igual ao infinito quando t = (1 + x20 )2 /2x0 . Então, uma solução suave
não pode existir para qualquer tempo t ∈ R+ . A não existência de uma solução
global do problema de Cauchy é uma coisa típica para EDP’s não lineares.
Figura 1.7: Os dados na fronteira x = 1 não podem ser arbitrários: na parte A eles
dependem de dados iniciais u0 (x) e na parte B - da função u1 (t).
O problema (1.30) tem uma solução sob restrições moderadas nos dados. Em-
bora, se considerar a equação de adveção, o problema misto raramente tem uma
solução para dados de fronteira arbitrários, como o exemplo seguinte mostra.
19
Exercícios
1. Verificar que a função
1 2
u(x, t) = √ e−x /4kt
4πkt
é uma solução da equação de calor
ut − kuxx = 0, k > 0 − constante,
no domínio R2+ .
2. Verificar que a função p
u(x, y) = ln x2 + y 2
satisfaz à equação de Laplace
uxx + uyy = 0
para qualquer (x, y) 6= (0, 0).
3. Para quais valores de a, b a função u(x, t) = eat sin bx será uma solução da
equação de calor ut − kuxx = 0?
4. Achar solução geral da equação uxt + 3ux = 1. Sugestão: introduzir uma nova
função v = ux e resolver a equação obtida; depois achar u.
5. Mostrar que a equação não linear ut = u2x +uxx pode ser reduzida até a equação
de calor ut − kuxx = 0 depois de mudança w = exp(u).
6. Provar que a função u(x, y) = arctan(y/x) é uma solução da equação de La-
place uxx + uyy = 0 para y > 0.
7. Verificar que a função
Z t Z x+c(t−τ )
1
u(x, t) = dτ f (ξ, τ )dξ
2c 0 x−c(t−τ )
8. Representar a equação
ut + uux + uxxx = 0
na forma de uma Lei de Conservação, identificando a função de fluxo.
22
Capítulo 2
onde F é uma função dada de seus argumentos, u = u(x, y) é uma função desco-
nhecida das independentes variáveis x e y, que pertençam a um domínio dado D em
R2 , chama-se a EDP da primeira ordem em duas variáveis independentes x e y.
F (x, y, u, p, q) = 0. (2.2)
F (x, y, z, u, ux , uy , uz ) = 0. (2.3)
Definição 2.2. Eq.(2.1) ou (2.2) chama-se EDP quasi-linear se ela é linear com
respeito às derivadas da primeira ordem da função desconhecida u(x, y).
23
24
xux − yuy = u2 + x2 ,
(x + 1)2 ux + (y − 1)2 uy = (x + y)u2 ,
uy + aux + u2 = 0.
xux − yuy − 5u = 0,
3ux + (x + y)2 uy − u = e2x ,
xuy + yux = xy 2 .
f (x, y, z, a, b) = 0, (2.7)
onde a, b são constantes arbitrários. Diferenciando Eq.(2.7) com respeito das variá-
veis x, y, obtemos
fx + pfz = 0, fy + qfz = 0, (2.8)
∂z ∂z
onde p = ∂x e q = ∂y . Eqs.(2.8) envolvem dois parâmetros arbitrários a e b. Em
geral, esses dois parâmetros podem ser eliminados das Eqs.(2.8) para obter a seguinte
EDP da primeira ordem
F (x, y, z, p, q) = 0. (2.9)
Assim, o sistema de superfícies (2.7) foi reduzido à Eq.(2.9).
Definição 2.5. Uma equação de tipo (2.7), dependente de dois parâmetros arbitrá-
rios, chama-se solução completa ou integral completa da Eq.(2.9).
f (φ, ψ) = 0, (2.10)
Definição 2.7. Uma função chama-se suave se todas as derivadas dela existem e
são contínuas.
26
Embora, em geral, soluções não sempre são suáveis. A solução que não é
diferenciavel em qualquer ponto, chama-se solução fraca. As soluções fracas mais
comuns são daquelas que tem suas primeiras derivadas discontinuas em pontos de
uma curva.
Exemplo 2.4. Mostrar que um conjunto de esferas (c, r > 0-constantes)
x2 + y 2 + (z − c)2 = r2 (2.11)
satisfazem a seguinte EDP da primeira ordem
yp − xq = 0.
x = x0 + ct.
Essa curva chama-se característica da equação ut + cux = 0, que defina linhas para-
lelas no plano das variáveis (x, t) passando os pontos iniciais (x0 , 0) do eixo Ox com
inclinação 1/c, ver Fig. 2.1. A derivada dxdt
chama-se velocidade das características,
28
A solução (2.17) é uma onda com perfil inicial u0 (x) viajando através de um meio
um-dimensional com velocidade c.
Teorema 2.1. Seja u0 (x) ∈ C 1 (R). Então existe uma única solução u(x, t) ∈
C 1 (R2 ) do problema de Cauchy (2.13), dada pela formula
que dá
max2 |u1 (x, t) − u2 (x, t)| = max2 |u(x, t)| = max |u10 (x) − u20 (x)|.
(x,t)∈R+ (x,t)∈R+ x∈R
Portanto, se |u10 (x) − u20 (x)| ≤ δ para qualquer ponto x ∈ R, então |u1 (x, t) −
u2 (x, t)| ≤ δ para qualquer ponto (x, t) ∈ R2+ . A dependência contínua da solução
de dados iniciais é estabelecida no sentido de que pequenas mudanças nos dados
iniciais produzam pequenas mudanças na solução.
d dx
u(x(t), t) = ut + ux .
dt dt
Considerando x(t) satisfazendo ao problema
dx
= 4 , t ∈ R+ ,
dt
x(0) = x0 ,
d
u(x(t), t) = ut + 4ux = 0,
dt
u(x(t), t) tem valor constante na curva x = x0 +4t. Agora, qualquer ponto (x, t) pode
ser ligado com o ponto (x0 , 0) do eixo Ox através da característica, i.e., x0 = x − 4t.
Uma vez a solução u e uma constante na característica, o valor da u(x, t) é
A solução do problema de Cauchy e uma onda com perfil arctan x viajando com
velocidade c = 4.
30
u(x(t), t) = t + C,
31
onde C é uma constante qualquer. Para encontrar o valor de C, notamos que para
t = 0 nas condições iniciais,
A característica que passa no ponto (x, t) pode ser estendida para trás até o ponto
(x0 , 0) do eixo Ox, onde x0 = x − 4t. O valor da u no ponto (x0 , 0) portanto, dá o
valor da u no ponto (x, t)
Exercícios
1. Usando o método das características, resolver o problema de Cauchy
vs + vvx = 0
usando as transformações
Z Z Z
v = u exp q(t)dt , s = k exp − q(y)dy dt.
ut + cux = 0, (x, t) ∈ R+ × R+ ,
u(x, 0) = 0, x ∈ R+ ,
t
u(0, t) = , t ∈ R+ ,
1 + t2
t
Curva x=x(t)
(x(t),t)
x
(x0,0)
Figura 2.3: Uma caraterística com velocidade c passando através um ponto arbitrário
(x, t).
d dx
u(x(t), t) = ut (x(t), t) + ux (x(t), x) = ut + c(x, t)ux = 0
dt dt
pela equação de adveção. Por isso, o valor da solução do problema de Cauchy para
a equação de adveção no ponto (x, t) pode ser construído por:
dx
= −xt, x(0) = x0 .
dt
2 /2
A solução desse problema são as curvas Γ : x = x0 e−t . Em pontos dessas curvas
a EDP transforma-se em
dx du
Γ : ut − xtux = ut − ux = = 0,
dt dt
ou
2 /2
u(x, t) = u(x0 , 0) = u0 (x0 ) = u0 (xe−t ).
2 /2
Figura 2.4: Posição das caraterísticas Γ : x = x0 e−t no plano (x, t).
Figura 2.5: Figura ilustrando a propagação de um sinal inicial u0 (x) ao longo das
2
caraterísticas Γ : x = x0 e−t /2 .
Teorema 2.2. Sejam c(x, t) e u0 (x) funções contínuas com primeiras derivadas
contínuas também. Suponhamos que para t > 0 a característica que passa em
qualquer ponto (x, t) possa ser construída para trás até um ponto x0 (x, t) do eixo
Ox. Então existe a única solução u(x, t) ∈ C 1 do problema de Cauchy (2.20).
Exercícios
1. Resolver o problema de Cauchy
2 /2
b) Construir a solução u(x, t) usando x0 = xe−t .
Figura 2.6: Perfil da densidade u(x, t) (tempo t é fixo) num médio 1D.
podemos assumir que a densidade é uma função de uma variável espacial, por exem-
plo da variável x. Denotamos como u(x, t) a densidade no ponto x e tempo t. A
37
Figura 2.7: Um segmento S de tubo sobre o intervalo [a, b]. As partes laterais do
tubo são isoladas e as quantidades variam-se em direção de x e em função do tempo.
que dá Z b
[ut (x, t) + Fx (x, t)] dx = 0. (2.23)
a
Portanto, essa igualdade é válida para qualquer intervalo [a, b] e o integrando deve
ser igual a zero. Então, as funções u, F tem que satisfazer à equação
ut + Fx = 0. (2.24)
38
Para reduzir a última equação em uma função só, nós devemos fazer uma suposição
sobre a relação entre u e F . Suponhamos que existe uma relação constitutiva entre
fluxo e densidade dada na seguinte forma
F (x, t) ≡ F (u).
ut + F 0 (u)ux = 0. (2.25)
Exercicios
2. Consideremos
uut + ux = 1
com dado de Cauchy u = x/2 na linha x = t para x ∈ (0, 1). Provar que
4x − 2t − x2
u= .
2(2 − x)
Achar o domínio de validade da solução e plotar as caraterísticas.
3. Consideremos
uut + ux = 1
com dado de Cauchy u = x na linha t = 1 para x ∈ R. Provar que
x − t2
u= + t2 .
1 + ln t
Achar o domínio onde a solução e valida.
39
2.4.1 Caraterísticas
Voltando para o problema de valor inicial geral, vamos aplicar o método das carac-
terísticas para o problema
onde c = F 0 (u). As características com início no ponto (x0 , 0) para esse problema
podem ser construídas utilizando o seguinte problema de Cauchy
dx
= c(u(x, t)), x(0) = x0 . (2.27)
dt
Nesse caso, nós não sabemos a função u(x, t). Mas por outro lado, o valor da u(x, t)
é uma constante ao longo da característica (x(t), t) porque
d dx
u(x(t), t) = ut + ux · = ut + c(u)ux = 0.
dt dt
Como visto anteriormente, isso mostra que o valor da u sobre a característica é uma
constante. O valor da u em cada ponto (x, t) da característica é o mesmo valor da
u no ponto inicial (x0 , 0), que pela condição inicial é
reconsiderar o problema (2.27) para construir a u(x, t). Uma vez que a u(x, t) tem o
valor constante u0 (x0 ) sobre a característica que ultrapassa o ponto (x0 , 0), podemos
escrever o problema de valor inicial (2.27) como
dx
= c(u0 (x0 )), x(0) = x0 .
dt
Resolvendo o problema, encontramos
Como c = constante, as características são linhas retas. Porém, elas não são neces-
sariamente linhas paralelas porque a inclinação 1/c(u0 (x0 )) de cada linha depende
do valor de u no ponto inicial da característica, como mostra Fig. 2.8.
O procedimento de construção do valor de u no ponto (x, t) é:
2. Achar o ponto inicial (x0 , 0) da característica que passa através de (x, t) pela
solução x = c(u0 (x0 ))t + x0 para x0 .
Exercícios
1. Achar a solução do problema de Cauchy
ut + uux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
−1, x<0
u(x, 0) = 2x − 1, 0 ≤ x ≤ 1
1, x>1
ut + u3 ux = 0 (x, t) ∈ R2+ ,
2, x ≤ 0
u(x, 0) = 1, 0 < x < 1
2, x ≥ 1
Na seção anterior foi mostrado que as características do problema (2.26) são as retas
x = c(u0 (x0 ))t + x0 , onde a solução u é uma constante. No caso quando c(u) é uma
constante, as características x = ct + x0 são as retas paralelas. Mas quando c(u)
não é uma constante, as características x = c(u0 (x0 ))t + x0 não são necessariamente
as linhas paralelas e podem ultrapassar uma a outra. O valor da solução u deixa de
ser constante em cada característica individual.
43
Figura 2.15: Parte superior do perfil de solução u(x, t) propaga-se com a velocidade
maior que a parte inferior quando ut + uux = 0.
Figura 2.16: Parte superior do perfil de solução u(x, t) pode alcançar até parte
inferior, formando a catástrofe de gradiente.
do perfil alcança a parte de baixo do perfil que move-se com velocidade menor. Isso
forma um valor infinito da ux criando a catástrofe do gradiente.
Definição 2.8. O mais cedo tempo tb ≥ 0 no qual acontece a catástrofe do gradi-
ente na solução u(x, t) do problema (2.31) chama-se tempo de queda (ou "breaking
time"em inglês).
Exemplo 2.10. Consideremos um problema de valor inicial para a equação de
Burgers no meio inviscoso
2
Figura 2.17: Caraterísticas x = x0 + te−x0 do Exemplo 2.10.
derivada ux é
0 ∂x0
ux (x, t) = u0 (x0 ) · , (2.33)
∂x
o valor x0 determina-se da equação
∂x0 1
= d
. (2.34)
∂x 1 + t dx0 [c(u0 (x0 )]
Exercícios
1. Considere o problema de Cauchy
ut + u2 ux = 0 (x, t) ∈ R2+ ,
1
u(x, 0) = , x ∈ R.
1 + x2
– Construir as características do problema. Usando MATLAB, construir
as características no plano das variáveis (x, t).
49
ut + u2 ux = 0 (x, t) ∈ R2+ ,
(
1, x>0
u(x, 0) =
(2x − 1)/(x − 1), x < 0
Definição 2.9. A função u(x, t) chama-se a solução suave por partes do problema
(2.37) com salto de discontinuidade ao longo da curva Γ : x = xs (t), se u(x, t) tem
as seguintes propriedades:
Figura 2.20: Gráfico de uma função suave por partes u(x, t).
51
Figura 2.21: Perfis de uma função suave por partes u(x, t) com descontinuidade em
pontos x = xs (t).
e na região R+
ut + c(u)ux = 0, para (x, t) ∈ R+ ,
u(x, 0) = u0 (x), para x > xs (0).
O gráfico de tal função é composto por duas seções de uma superfície com um
salto ao longo da curva x = xs (t), ver Fig. 2.20.
Exercícios
gradiente é uma mudança dramática na natureza da função u(x, t). Tal função será
chamada solução de tipo onda de choque do lei de conservação.
Suponhamos que as caraterísticas do problema
ut + Fx = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(2.38)
u(x, 0) = u0 (x), x ∈ R
cruzam-se primeira vez no tempo tb = 0, ver Fig. 2.22. Para aplicar o método das
caraterísticas, uma curva x = xs (t) é plotada através a área onde as caraterísticas
se cruzam, para separar as caraterísticas que se aproximam de direita e esquerda,
ver Fig. 2.22. Mas podem ser plotadas muitas curvas para separar as caraterísticas
cruzadas, por isso agora vamos discutir como usando o lei de conservação selecionar
somente uma curva x = xs (t). Suponhamos que a função u(x, t) é uma solução suave
Figura 2.22: Uso de uma curva para dividir uma região de cruzamento das carate-
rísticas
Dirigindo a → x− +
s e b → xs obtemos a seguinte equação
dxs dxs
u(x−
s , t) − u(x+
s , t) = F (x− +
s , t) − F (xs , t),
dt dt
de qual nos podemos construir a seguinte equação diferencial ordinaria
−
dxs F (x+
s , t) − F (xs , t)
= −
. (2.40)
dt u(x+s , t) − u(xs , t)
A equação (2.40) mostra que para que uma solução suave por partes do problema
(2.38) satisfaria a forma integral da lei de conservação (2.22), a curva x = xs (t)
tem que satisfazer à equação (2.40). Esta equação chama-se a condição de salto de
Rankine-Hugoniot para u(x, t). Usando a notação de salto
[F ](x, t) = F (x+ , t) − F (x− , t) , [u](x, t) = u(x+ , t) − u(x− , t),
A condição de salto de Rankine-Hugoniot reescreve-se como
dxs [F ]
= .
dt [u]
Definição 2.10. Uma solução suave por partes u(x, t) da equação ut + Fx = 0
com um salto ao longo de curva xs (t), que satisfaz à condição de Rankine-Hugoniot
(2.40), chama-se solução de tipo onda de choque da lei de conservação. A curva xs (t)
chama-se caminho de choque.
54
A curva x = xs (t) para separar as duas regiões pode ser construída usando
a condição de salto Rankine-Hugoniot; começando o caminho de choque do ponto
55
(0, 0):
dxs [F ]
= , xs (0) = 0.
dt [u]
A funcão de fluxo para a equação de Burgers é F = u2 /2, portanto
dxs 1 [u2 ] u+ − u−
= = ,
dt 2 [u] 2
onde u± são valores da função u em pontos da curva (da direita - com sinal +, e
da esquerda - com sinal −). Mas u = 1 em R− e u = 0 em R+ , portanto u− = 1
e u+ = 0. A condição de salto simplifica-se até dxs /dt = 1/2, o que junto com a
condição inicial xs (0) = 0 permite construir o caminho de choque xs (t) = t/2. A Fig.
2.25 mostra o caminho de choque x = xs (t) ≡ t/2, as caraterísticas do problema de
Cauchy com (
1, x ≤ t/2
u(x, t) =
0, x > t/2
Animação dessa função é representada na Fig. 2.26. Notamos, que o salto de
discontinuidade propaga-se para a direita com velocidade 1/2.
Exercícios
1. Achar a solução de tipo onda de choque para o seguinte problema de Cauchy:
ut + u2 ux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(
2, x < 0
u(x, 0) =
1, x ≥ 0
56
Para mostrar isso, vamos considerar nosso problema de valor inicial para a
equação de Burgers inviscoso
Figura 2.27: Caraterísticas que não entram numa parte do semi-plano t > 0.
Figura 2.28: Suavização do dado inicial u(x, 0) para criar uma família de caraterís-
ticas, quando ∆x → 0.
59
pela função u(x, t) = g(x/t) = x/t na região 0 < x < t e, usando o método das
60
A variação do perfil dessa solução é mostrada na Fig. 2.30. Notamos que embora a
função u seja contínua para t > 0, as derivadas ut e ux não existem em pontos das
linhas x = 0 e x = t e, por isso, a função u(x, t) não satisfaz a equação diferencial
ut + uux = 0 nesses pontos. Mas essa função satisfaz as condições da definição de
solução fraca da equação ut + uux = 0, que será introduzida posteriormente.
Em geral, uma onda de rarefação é uma função não constante dada na seguinte
forma u(x, t) = g((x − a)/t). As linhas x = a + ct no plano das variáveis (x, t) são
frequentemente chamadas caraterísticas porque u é uma constante ao longo delas;
embora elas não são contruídas usando a equação de caraterísticas dx/dt = c(u)
derivadas de ut + c(u)ux = 0. Estas linhas se distinguem pela sua forma originárias
do ponto x = a no eixo Ox, ver Fig. 2.31.
Exercícios
1. Construir uma solução de rarefação do problema
ut + u2 ux = 0 (x, t) ∈ R2+ ,
(
1, x ≤ 0
u(x, 0) =
2, x > 0
61
Figura 2.31: Caraterísticas para uma onda de rarefação u(x, t) = g((x − a)/t).
Achar o valor da solução em ponto (x, t) = (1, 3). Analizar a variação de perfil
da solução.
A posição das caraterísticas no plano das variáveis (x, t) é apresentada na Fig. 2.32.
Podemos ver áreas com caraterísticas cruzadas tanto sem nenhuma caraterística.
Uma vez que u é constante ao longo das caraterísticas, a condição inicial e o diagrama
de caraterísticas mostram que u(x, t) = 0 para x < 0, u(x, t) = 1 para 0 < t < x < 1,
e u(x, t) = 0 para 0 < x < t < x − 1 < ∞, ver Fig. 2.33. Uma solução suave por
partes do problema (2.45) será construída usando uma combinação das ondas de
choque e rarefação em regiões restantes do plano das variáveis (x, t).
Passo I. Rarefação.
Vamos começar pela construção de uma onda de rarefação para preencher a região
que não conta nenhuma caraterística. Como foi mostrado na Seção 2.4.5, a solução
63
na forma de uma onda de rarefação da equação ut + uux = 0 com uma família das
caraterísticas originadas no ponto (0, 0) é
x
u(x, t) = .
t
Plotagem da família de caraterísticas para esta rarefação no triângulo resulta no
diagrama de caraterísticas representado na Fig. 2.34 e num diagrama atualizado
representado na Fig. 2.35.
Passo II. Choque.
O diagrama da Fig. 2.34 mostra o cruzamento de caraterísticas com o tempo de
queda tb = 0. O próximo passo será construir um caminho de choque, começando
no ponto (x, t) = (1, 0), que separa as caraterísticas x = x0 + t das linhas verticais
x = x0 . Com a função de fluxo F (u) = u2 /2 para a equação de Burgers ut +uux = 0,
a condição de Rankine-Hugoniot (2.40) para o caminho de choque transforma-se em
−
dxs F (x+
s , t) − F (xs , t) 1 (u+ )2 − (u− )2 u+ + u−
= −
= · = .
dt u(x+s , t) − u(xs , t) 2 u+ − u− 2
linhas será u(x, t) = u(x0 , 0 = 0, assim, o valor de u(x, t) quando (x, t) aproxima-se o
caminho de choque do lado direito é u+ = 0. A condição de salto para este caminho
de choque torna-se em
dxs 1+0 1
= = ,
dt 2 2
de onde obtemos xs = t/2 + C, 0 ≤ t ≤ 2. O constante C é encontrado usando
a condição que o choque começa no ponto (xs , t) = (1, 0). Neste caso C = 1, e o
caminho de choque é
t
x = xs (t) ≡ + 1, 0 ≤ t ≤ 2.
2
Como mostra-se na Fig. 2.36, esta parte do caminho de choque termina-se no
ponto t = 2, onde as caraterísticas verticais começam cruzar com as caraterísticas
construídas para a onda de rarefação.
√
Figura 2.37: Extensão do caminho de choque pela xx (t) = 2t para t ≥ 2 para
separar as caraterísticas da onda de rarefação das caraterísticas verticais.
se estendam para trás até pontos (x0 , 0) do eixo Ox, onde x0 > 1. O valor da função
u(x, t) ao longo dessas linhas será u(x, t) = u(x0 , 0) = 0, assim, o valor de u(x, t)
quando (x, t) aproxima-se o caminho de choque do lado direito é u+ = 0. Do lado
esquerdo do caminho de choque, já determinado que o valor de u é u(x, t) = x/t,
assim, quando (x, t) aproxima-se o caminho de choque do lado esquerdo, temos
u− = xs /t. A condição e salto para pontos no caminho de choque é
dxs 0 + xs /t xs
= = .
dt 2 2t
A EDO da primeira ordem para xs é separável; re-escrevendo a equação como
1 dxs 1
= (xs 6= 0)
xs dt 2t
√ √
e integrando, obtemos ln xs = ln t + C, ou xs = C1 t. Visto que esta parte√do
caminho de choque começa no ponto (x, t) = (2, 2), determinamos que C1 = 2,
então o caminho de choque aqui é
√
x = xs (t) ≡ 2t, t ≥ 2.
67
Figura 2.38: Interpretação da solução obtida no plano das variáveis (x, t).
Como mostra-se na Fig. 2.37, esta curva separa a região com as caraterísticas de
rarefação da região com as caraterísticas verticais para tempos t ≥ 2. O diagrama de
caraterísticas na Fig. 2.37 completa a construção de uma solução suave por partes
do problema de Cauchy (2.45); a solução final é interpretada na Fig. 2.38. Para
0 ≤ t ≤ 2 a solução é dada pela seguinte fórmula
0, x<0
x/t, 0<x<t
u(x, 0) = (2.46)
1, t < x < t/2 + 1
0, t/2 + 1 < x
e para t ≥ 2
0, x≤0
√
u(x, 0) = x/t, 0 < x < 2t (2.47)
√
0, 2t < x
68
Exercícios
foi construída como uma solução suave por partes do seguinte problema de Cauchy
ut + uux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(
0, x ≤ 0 (2.49)
u(x, 0) =
1, x ≥ 1
Por outro lado, é possível achar outras soluções do problema usando ondas de choque.
De fato, se A, 0 < A < 1, um número qualquer, então a função
0, x ≤ At/2
u(x, t) = A, At/2 < x < (A + 1)t/2 (2.50)
1, x ≤ (A + 1)t/2
representada na Fig. 2.39 é uma solução de tipo onda de choque com dois caminhos
de choque (ver Exercício a seguir). Portanto, existe um número infinito de soluções
do problema (2.49) - uma onda de rarefação e um número infinito de ondas de
choque.
Figura 2.39: Solução de tipo onda de choque do problema (2.49) com os dois cami-
nhos de choque.
a. Verificar que u(x, t) satisfaz ut + uux = 0 em cada de três regiões x < At/2,
At/2 < x < (A + 1)t/2, e x > (A + 1)t/2.
Condição de Entropia
Quando um problema de valor inicial tem mais que uma solução, informação adi-
cional tem que ser usada para selecionar uma solução particular. Em dinâmica de
fluídos, por exemplo, a condição de entropia utizia-se para selecionar uma solução
com maior sentido físico.
Definição 2.11. Uma função u(x, t) satisfaz a condição de entropia, se é possivel
achar uma constante positiva E, tal que
u(x + h, t) − u(x, t) E
≤ (2.51)
h t
para quaisquer t > 0, h > 0, and x.
Figura 2.40: Interpretação da condição de entropia no plano das variáveis (x, u).
como grande o positivo declive de secante pode ser, e não proíbe de ter uma curva
com declives negatives. Além disso, E/t → 0 quando t → ∞.
No problema de Cauchy (2.49) temos um número infinito das soluções tipo
onda de choque dadas pela fórmula (2.50). Fig. 2.41 mostra o perfil dessas soluções
e indica que maiores positives declives da secante são possíveis escolhendo x and
x + h em lados opostos do choque. O declive de secante
u(x + h, t) − u(x, t) 1−A
=
h h
71
Figura 2.41: Grande positivo declive da secante acontece nos perfis das soluções de
tipo onda de choque (2.50).
Figura 2.42: Maior positivo declive de secante é 1/t nos perfis da onda de rarefação
(2.48).
72
u(x + h, t) − u(x, t) 1
= .
h t
A condição de entropia seria então selecionar esta onda de rarefação como a solução
mais realística entre todas as soluções possíveis do problema de Cauchy (2.49).
A condição de entropia tem um papel importante no desenvolvimento de al-
goritmos numéricos na solução de problemas para leis de conservação não-lineares.
Uma vez que uma lei de conservação pode possuir várias soluções, deve ser tomado
cuidado para assegurar que o método numérico não só converge, mas converge para
a solução desejada.
Exercícios
ut + u2 ux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(
1, x < 0
u(x, 0) =
2, x ≥ 0
ut + u2 ux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(
0, x < 1
u(x, 0) =
1, x ≥ 1
ut + Fx = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(2.52)
u(x, 0) = u0 (x),
Definição 2.12. Uma função u(x, t) chama-se solução clássica do problema de Cau-
chy (2.52) se
Soluções Fracas
Para obter a forma fraca de lei de conservação, vamos supor que u é uma
solução clássica do problema de Cauchy (2.52) e seja T (x, t) uma função de teste
qualquer. O produto T (x, t)u(x, t) agora é função que igual ao zero em qualquer
ponto (x, t) em e fora de um círculo no plano das variáveis (x, t). Multiplicando a
EDP do problema (2.52) por T (x, t) e integrando o resultado sobre todos x ∈ R e
t ≥ 0, obtemos
Z ∞Z ∞
ut (x, t)T (x, t) + Fx (x, t)T (x, t) dxdt = 0. (2.53)
0 −∞
O valor de u(x, t)T (x, t) é zero quando t → ∞ porque T (x, t) é zero para todos os
pontos (x, t) fora de um circulo no plano das variáveis (x, t). O valor de u(x, 0)T (x, 0)
é u0 (x)T (x, 0) pelo dado inicial. A expressão para I1 então é
Z ∞ Z ∞Z ∞
I1 = u0 (x)T (x, 0)dx − u(x, t)Tt (x, t)dxdt. (2.54)
−∞ 0 −∞
Um cálculo similar pode ser aplicado para I2 . Usando a integração por partes para
a integral dentro da integral dupla I2 , obtemos
Z ∞hZ ∞ i
I2 = Fx (x, t)T (x, t)dx dt =
0 −∞
Z ∞h Z ∞ i
x→∞
F (x, t)T (x, t)|x→−∞ − F (x, t)Tx (x, t)dx dt.
0 −∞
O valor de F (x, t)T (x, t) é zero quando x → ±∞ porque T (x, t) é zero para todos
os pontos (x, t) fora de um circulo no plano das variáveis (x, t), por isso
Z ∞Z ∞
I2 = − F (x, t)Tx (x, t)dxdt. (2.55)
0 −∞
A fórmula (2.56) chama-se a forma fraca do problema de Cauchy (2.52) para a lei
de conservação ut + Fx = 0. Observamos que (2.56) não involve nenhuma derivada
da função u(x, t).
Definição 2.14. Uma função u(x, t) que satisfaz à (2.56) para qualquer função de
teste T (x, t) chama-se solução fraca do problema de Cauchy (2.52).
Para uma solução fraca não há nenhuma exigência que ut ou ux mesmo existem.
E mais, a EDP e o dado inicial são os dois unidos em uma equação só.
Exemplo 2.13. Consideremos o problema de Cauchy
ut + u2 ux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
1
u(x, 0) = .
1 + x2
76
O fluxo para esta lei de conservação é F (u) = u3 /3. Substituindo a função de fluxo
e o dado inicial u0 (x) = 1/(1 + x2 ) em (2.56), obtemos a forma fraca do problema
Z ∞Z ∞ Z ∞
1 3 T (x, 0)
u(x, t)Tt (x, t) + u (x, t)Tx (x, t) dxdt + 2
dx = 0
0 −∞ 3 −∞ 1 + x
Exercícios
1. Achar a forma fraca do seguinte problema de Cauchy
ut + u2 ux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
u(x, 0) = exp{−x2 }, x ∈ R.
ut + eu · ux = 0, (x, t) ∈ R2+ ,
(
2, x < 1
u(x, 0) =
3, x ≥ 1
Sumário
77