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Antonio Caminha
13 de maio de 2010
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
Fortaleza, FALTA
4 Notas de Geometria Diferencial
Sumário
1 Preliminares 9
1.1 O gradiente de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 A divergência de um campo vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 O Laplaciano de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4 O Hessiano de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.5 O teorema da divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.6 Mais sobre referenciais móveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.7 Espaços de curvatura constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.8 Mudanças conformes de métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.9 Campos conformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2 Campos de Jacobi 51
2.1 Campos de Jacobi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.2 Formas espaciais e o teorema de Cartan * . . . . . . . . . . . . . 55
2.3 Pontos conjugados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.4 Primeira e segunda variações da energia . . . . . . . . . . . . . . 60
2.5 Os teoremas de Bonnet-Myers e Jacobi . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.6 O lema do ı́ndice e os teoremas de Rauch . . . . . . . . . . . . . 67
Preliminares
∇f = ej (f )ej . (1.2)
Por outro lado, se {ẽ1 , . . . , ẽn } for outro referencial ortonormal em U , com
ẽj = aij ei em U , então a matriz (aij (p))n×n é ortogonal em todo p ∈ U , e daı́
d ¯
¯
h∇(φ ◦ f ), vi = (φ ◦ f ◦ γ)(t)¯
dt t=0
d ¯
¯
= φ0 (f (p)) (f ◦ γ)(t)¯
dt t=0
= (φ0 ◦ f )h∇f, vip .
d dγ
(f ◦ γ)(t) = h∇f, iγ(t) = 0,
dt dt
e daı́ a função t 7→ (f ◦ γ)(t) é constante em [0, 1]. Em particular,
Prova. Se ∇f = ak ∂k , então
∂f
= h∇f, ∂l i = aj h∂j , ∂l i = aj gjl ,
∂xl
de maneira que
∂f
g kl = aj g kl gjl = aj δkj = ak .
∂xl
Para o que falta, temos
∂f ∂f
|∇f |2 = hg kl ∂k , g mj ∂m i
∂xl ∂xj
∂f ∂f
= g kl g mj gkm
∂xl ∂xj
∂f ∂f
= g kl δjk
∂xl ∂xj
∂f ∂f
= g kl .
∂xl ∂xj
∂ai X ∂ai
div X = + aj Γiij = + aj Γiij
∂xi j
∂x i
∂ai ∂ai X j
= + ai Γjji = + ai Γij .
∂xi ∂xi j
1 ∂ √
div X = √ (ai g), (1.11)
g ∂xi
onde g = det(gij ).
Desde que g = det G é uma função linear de cada uma de suas colunas,
tem-se
1 ∂g
= det(G−1 ) det((Gk )i ) = det(G−1 (Gk )i ).
g ∂xi
Antonio Caminha M. Neto 15
∂f
Prova. Seja ∇f = ai ∂i , com ai = g ij ∂x j
. Segue de (1.11) que
1 ∂ √
∆f = div(∇f ) = √ (ai g)
g ∂xi
µ ¶
1 ∂ √ ∂f
= √ g ij g .
g ∂xi ∂xj
∆f = tr(Hess f ). (1.19)
O resultado acima nos permite estabelecer uma fórmula simples para o La-
placiano de uma função suave f : M n → R em termos dos sı́mbolos de Christoffel
associados a um sistema de coordenadas em M , conforme ensina a seguinte
Proposição 1.25. Se f : M n → R é uma função suave e U ⊂ M é uma
vizinhança coordenada, então temos em U que
µ 2 ¶
∂ f ∂f
∆f = g ij − Γkij .
∂xi ∂xj ∂xk
Prova. Se Hess f (∂i ) = ali ∂l , então ∆f = aii e hHess f (∂i ), ∂j i = ali glj , de
modo que
hHess f (∂i ), ∂j ig ji = ali glj g ji = ali δli = aii .
Por outro lado,
d2 ¯
¯
(Hess f )p (v, v) = 2
(f ◦ c)(t)¯ . (1.20)
dt t=0
d2
(Hess f )γ(t) (γ 0 (t), γ 0 (t)) = (f ◦ γ)(t). (1.21)
dt2
Prova. Façamos a prova de (a), sendo a prova de (b) análoga. Basta ver que
d ¯ Dc0
¯
= h∇f, c0 i¯ − h∇f, ip
dt t=0 dt
d dc ¯¯
= h∇f, i¯
dt dt t=0
d2 ¯
¯
= (f ◦ c)(t) ¯ .
dt2 t=0
Lema 1.28. Seja V um espaço vetorial real n−dimensional com produto in-
terno, e T : V → V um operador linear auto-adjunto e positivo definido, com
autovalores λ1 , . . . , λn > 0. Se λ = min{λi ; 1 ≤ i ≤ n} e v ∈ V é um vetor
unitário, então
hT v, vi ≥ λ.
Prova. Provemos as afirmações dos itens (a) e (b) que se referem a pontos de
mı́nimo (os demais casos são análogos). Se p ∈ M é ponto de mı́nimo local para
f , então já sabemos que p é crı́tico. Portanto, dado v ∈ Tp M e uma curva suave
c : (−², ²) → M com c(0) = p e c0 (0) = v, segue que 0 é ponto de mı́nimo local
para f ◦ c : (−², ²) → R, de maneira que
d2 ¯
¯
(Hess f )p (v, v) = 2 (f ◦ c)(t)¯ ≥ 0.
dt t=0
1
(f ◦ γ)(t) = (f ◦ γ)(0) + (f ◦ γ)0 (0)t + (f ◦ γ)00 (0)t2 + ov (t)
2
1 2
= f (p) + (Hess f )p (v, v)t + ov (t),
2
onde v = γ 0 (0) e limt→0 ovt(t)
2 = 0. Aplicando o lema anterior a (Hess f )p :
Tp M → Tp M , existe λ > 0 tal que (Hess f )p (v, v) ≥ λ, para todo v ∈ Tp M
unitário. Por outro lado, desde que
(f ◦ γ)(t) = (f ◦ expp )(tv),
a última expressão acima para (f ◦ γ)(t) garante que ov (t) depende continu-
amente de v ∈ Tp M . Portanto, existe ² > 0 tal que |ov (t)| < 21 λt2 para
todo v ∈ Tp M tal que |v| = 1 e todo 0 < |t| < ². Logo, numa bola normal
B(p; δ) ⊂ M , com δ < ², temos que
λ 2
(f ◦ γ)(t) ≥ f (p) + t + ov (t)
2
µ ¶
λ ov (t) 2
= f (p) + + 2 t
2 t
> f (p),
de modo que p é ponto de mı́nimo local estrito para f .
dM = ω1 ∧ . . . ∧ ωn . (1.22)
(ωij − θij ) ∧ ωj = 0.
Portanto, pelo Lema de Cartan (cf. Problema 12.17 de [49]) existem funções
bij,k : U → R tais que bij,k = bik,j e
e a anti-simetria das 1−formas ωij e θij garante que bij,k = −bji,k para todos
i, j, k. Portanto,
e daı́ bij,k = 0.
Seja agora M n uma variedade Riemanniana orientada com bordo, e considere
em ∂M a orientação canônica induzida. Se ν é a normal unitária exterior a
M ao longo de ∂M , então é bem sabido que a orientação induzida em ∂M é
determinada pela seguinte condição: fixados p ∈ ∂M e uma base {e1 , . . . , en−1 }
de Tp (∂M ), temos que {e1 , . . . , en−1 } é base positiva de Tp (∂M ) se e só se
{ν, e1 , . . . , en−1 } for base positiva de Tp M .
onde o segundo membro deve ser interpretado como o caso ∂M = ∅. Por fim,
se p ∈ M e {ν, e1 , . . . , en−1 } é um referencial positivo em Tp M , então temos
∂
Sendo gij = h ∂x , ∂ i e g = det(gij ), temos
i ∂xj
Z Z
√
η div XdM = η div X gdx.
M Rn
Antonio Caminha M. Neto 25
onde ∂f
∂ν = h∇f, νi é a derivada normal de f ao longo de ∂M , e o segundo
membro deve ser interpretado com sendo igual a 0 caso ∂M = ∅.
Prova. Basta aplicar o teorema da divergência ao campo X = ∇f .
Definição 1.38. Se M n é uma variedade Riemanniana, uma função suave f :
M → R é harmônica (resp. subharmônica, superharmônica) se ∆f = 0
(resp. ∆f ≥ 0, ∆f ≤ 0) em M .
26 Notas de Geometria Diferencial
i.e.,
∇df = Hess f.
Nesse caso escrevendo por simplicidade
De fato,
(∇(∇φ))(X1 , . . . , Xk , Y, Z) = Z((∇φ)(X1 , . . . , Xk , Y ))
X
− (∇φ)(X1 , . . . , ∇Z Xi , . . . , Xk , Y )
i
−(∇φ)(X1 , . . . , Xk , ∇Z Y )
= Z((∇Y φ)(X1 , . . . , Xk ))
X
− (∇Y φ)(X1 , . . . , ∇Z Xi , . . . , Xk )
i
−(∇∇Z Y φ)(X1 , . . . , Xk )
= (∇Z (∇Y φ))(X1 , . . . , Xk )
−(∇∇Z Y φ)(X1 , . . . , Xk ).
Consoante (1.38), denotamos por φi1 ...ik ;l;m as componentes da segunda di-
ferencial covariante ∇(∇φ) em relação ao referencial {e1 , . . . , en }. Portanto,
segue de (1.39) que
φi1 ...ik ;l;m ωm = dφi1 ...ik ;l − φi1 ...im−1 tim+1 ...ik ;l ωim t − φi1 ...ik ;t ωlt (1.44)
R(X, Y )Z = ∇X ∇Y Z − ∇Y ∇X Z − ∇[X,Y ] Z,
Prova.
(a) Derivando exteriormente a primeira equação de estrutura e usando em se-
guida a primeira e a segunda equações de estrutura, obtemos sucessivamente
0 = d(dωi ) = d(ωij ∧ ωj )
= (dωij ∧ ωj − ωij ∧ dωj )
= (ωik ∧ ωkj + Ωij ) ∧ ωj − ωij ∧ (ωjk ∧ ωk )
= ωik ∧ ωkj ∧ ωj + Ωij ∧ ωj − ωij ∧ ωjk ∧ ωk
= Ωij ∧ ωj ,
As fórmulas dos itens (a) e (b) da proposição acima são realmente as versões
em formas da primeira e segunda identidades de Bianchi usuais, respectivamente
(cf. Proposição 2.4 e Exercı́cio 7 do Capı́tulo 4 de [24]). Para estabelecer esse
fato, fixemos X, Y, Z ∈ X(M ).
Para estabelecer a equivalência entre a fórmula do item (a) da Proposição 1.43
e a primeira identidade de Bianchi temos, para 1 ≤ i ≤ n,
0 = (Ωij ∧ ωj )(X, Y, Z)
= Ωij (X, Y )ωj (Z) − Ωij (X, Z)ωj (Y ) + Ωij (Y, Z)ωj (X)
= hR(ei , ej )X, Y ihZ, ej i − hR(ei , ej )X, ZihY, ej i + hR(ei , ej )Y, ZihX, ej i
= hR(X, Y )ei , ej ihZ, ej i − hR(X, Z)ei , ej ihY, ej i + hR(Y, Z)ei , ej ihX, ej i
= hR(X, Y )ei , Zi − hR(X, Z)ei , Y i + hR(Y, Z)ei , Xi
= −hR(X, Y )Z − R(X, Z)Y + R(Y, Z)X, ei i,
de maneira que
hR(X, Y )Y, Xi
KM (p, σ) =
hX, XihY, Y i − hX, Y i2
para todos 1 ≤ i, j ≤ n.
e
hX, XihY, Y i − hX, Y i2 = (δil δjk − δik δjl )ai bj bk al ,
de maneira que
para todos 1 ≤ i, j, k, l ≤ n.
Antonio Caminha M. Neto 33
1
Ωij = Kp (δil δjk − δik δjl )ωk ∧ ωl
2
1
= Kp (ωj ∧ ωi − ωi ∧ ωj )
2
= −Kp ωi ∧ ωj .
Ωij = −Kωi ∧ ωj
para todos 1 ≤ i, j ≤ n.
Portanto, a primeira equação de estrutura e a condição acima fornecem
ou ainda
−dK ∧ ωi ∧ ωj = dΩij − ωik ∧ Ωkj + Ωik ∧ ωkj .
dK ∧ ωi ∧ ωj = 0
Dγ 0
= γ 00 = 0.
dt
Seja agora {E1 , . . . , En } a base canônica de Rn , vista como referencial orto-
normal globamente definido, e {ω1 , . . . , ωn } o coreferencial associado. Desde que
Ei é paralelo em Rn para todo 1 ≤ i ≤ n, temos ωij = 0 para todos 1 ≤ i, j ≤ n.
Denote por Ωij as formas de curvatura associadas ao referencial {E1 , . . . , En }.
Segue da segunda equação de estrutura (1.47) que
Por outro, desde que [X, Y ] ∈ X(U ), temos pela fórmula de Koszul (1.49) e
novamente pela primeira equação de estrutura e pelo item (a) que, para 1 ≤ i ≤
n,
Segue então da Proposição 1.31 que (ω̃ij )|U = ωij , para todos 1 ≤ i, j ≤ n.
n+1
X
(dω̃ij )|U = (ω̃ik ∧ ω̃kj )|U + (Ω̃ij )|U
k=1
Xn
= (ω̃ik )|U ∧ (ω̃kj )|U + (ω̃i,n+1 )|U ∧ (ω̃n+1,j )|U + (Ω̃ij )|U
k=1
Xn
= ωik ∧ ωkj + (ω̃i,n+1 )|U ∧ (ω̃n+1,j )|U + (Ω̃ij )|U .
k=1
Corolário 1.48. Seja M̃ n+1 uma variedade Riemanniana com conexão de Levi-
˜ e M n ⊂ M̃ n+1 uma hipersuperfı́cie munida com a métrica induzida.
Civita ∇,
Se ∇ é a conexão de Levi-Civita de M , então, para p ∈ M e X, Y ∈ X(M ),
temos
˜ X Y )> (p),
(∇X Y )(p) = (∇ (1.54)
˜ X Y )(p) ∈ Tp M̃ sobre Tp M .
a projeção ortogonal de (∇
˜ X ei , ej i.
h∇X ei , ej i = ωij (X) = ω̃ij (X) = h∇
Antonio Caminha M. Neto 37
Portanto,
n
X n
X
∇X e i = h∇X ei , ej iej = ˜ X ei , ej iej
h∇
j=1 j=1
n
X
= ˜ X ei )> , ej iej = (∇
h(∇ ˜ X ei )> .
j=1
Pn
Portanto, se Y ∈ X(M ) é tal que Y = i=1 ai ei em U , então
n
X n
X
∇X Y = ∇X (ai ei ) = (X(ai )ei + ai ∇X ei )
i=1 i=1
Xn n
X
= ˜ X ei )> ) =
(X(ai )ei + ai (∇ ˜ X ei )>
(X(ai )ei + ai ∇
i=1 i=1
à n
!>
X
= ˜ X (ai ei )
∇ ˜ X Y )> .
= (∇
i=1
Podemos agora discutir o exemplo que temos em mente. Para tanto, observe
inicialmente que se X ∈ X(Rn+1 ) é o campo posição, i.e., tal que X(p) = p para
todo p ∈ Rn+1 , temos a partir de (1.53) que
˜ Y X = Y,
∇ (1.55)
Ωij = −ωi ∧ ωj ,
se v = (v1 , . . . , vn ) e w = (w1 , . . . , wn ).
Sendo v = (0, . . . , 0, −1), temos hv, vi = −1, de sorte que h·, ·i não é uma
métrica Riemanniana em Ln . Apesar disso, delineamos a seguir como pode-
mos estender a Ln todo o formalismo de referenciais, coreferenciais, formas de
conexão, etc., referindo o leitor a [67] para maiores detalhes.
Desde que a estrutura diferenciável de Ln é a de Rn , temos à nossa disposição
todo o aparato de campos e funções suaves em Ln . Definimos então a conexão
de Levi-Civita ∇ do produto escalar de Ln como a derivação direcional usual
em Rn , no sentido de (1.53). Uma vez que o colchete de campos de vetores
só depende da estrutura diferenciável da variedade, ainda temos ∇ simétrica
no sentido Riemanniano. Por outro lado, também é imediato verificar que ∇
é compatı́vel com h·, ·i. Observe ainda que se X ∈ X(Ln ) é o campo posição,
ainda temos ∇Y X = Y para todo Y ∈ X(Ln ).
Um passo adiante, o operador de curvatura R de Ln é definido exatamente
como no caso Riemanniano, e o fato de a conexão de Levi-Civita de Ln ser a
derivada direcional de campos garante, como em Rn , que R ≡ 0.
Por analogia com o caso Riemanniano, diremos daqui em diante que h·, ·i
é a métrica de Ln (vale entretanto frisar que, contrariamente àquele caso, a
métrica h·, ·i não induz sobre Ln uma estrutura de espaço métrico). Munido com
tal métrica, Ln é o espaço de Lorentz-Minkowski n−dimensional, sendo o
exemplo mais simples de uma variedade Lorentziana.
Um referencial ortonormal no aberto U ⊂ Ln é um conjunto {e1 , . . . , en } de
campos suaves em U , tais que hei , ej i = ±δij , para todos 1 ≤ i, j ≤ n. Nesse
Antonio Caminha M. Neto 39
caso, um pouco de Álgebra Linear permite provar que {e1 , . . . , en } é uma base
de Tp Ln para cada p ∈ U , e que existe exatamente um ı́ndice 1 ≤ i ≤ n tal
que hei , ei i = −1. Doravante, salvo menção em contrário, suporemos que tal
ı́ndice é sempre i = n; entretanto, para simplificar as notações subsequentes,
escreveremos ²i = hei , ei i. Portanto, para X, Y ∈ X(U ), temos
k2
(a) Ip0 ,k (p) = |p−p0 |2 (p − p0 ) + p0 .
(b) Ip0 ,k é uma aplicação conforme de Rn \ {p0 } sobre si mesmo, com fator de
k4
conformalidade µ(p) = |p−p 0|
4.
∆f = div(∇f ) = div(e−2h ∇f )
= div(e−2h ∇f ) + ne−2h ∇f (h)
= e−2h div(∇f ) + g(∇(e−2h ), ∇f ) + ne−2h ∇f (h)
= e−2h ∆f + g(∇(e−2h ), ∇f ) + ne−2h g(∇f, ∇h).
Agora, segue do Corolário 1.6 que ∇(e−2h ) = −2e−2h ∇h, de modo que
ω i = eh ωi ,
(a) ω ij = ωij + hi ωj − hj ωi .
(b) Ωij = Ωij + (hik − hi hk )ωk ∧ ωj − (hjk − hj hk )ωk ∧ ωi + |∇h|2 ωi ∧ ωj .
Prova.
(a) Para X ∈ X(M ), temos de (1.62) que
ω ij (X) = g(∇X ei , ej ) = e2h g(∇X ei + X(h)ei + ei (h)X − g(X, ei )∇h, ej )
= e2h g(∇X (e−h ei ), e−h ej ) + X(h)g(ei , ej ) + hi g(X, ej ) − g(X, ei )hj
= e2h (−e−2h X(h)g(ei , ej ) + e−2h g(∇X ei , ej ))
+X(h)δij + hi ωj (X) − hj ωi (X)
= ωij (X) + hi ωj (X) − hj ωi (X)
= (ωij + hi ωj − hj ωi )(X).
Logo, segue a fórmula do item (a).
e ½
∂2h 0, se i < n ou j < n
hij = Ei (Ej (h)) = = .
∂xi ∂xj x−2
n , se i = j = n
Como ∇h = hi Ei = −x−1 −2 2h
n En , temos |∇h| = xn = e . Portanto, conside-
rando separadamente os casos 1 ≤ i < j < n e 1 ≤ i < j = n, a fórmula do item
(b) do Lema 1.57, juntamente com as relações Ωij = 0 e ωi = e−h ω i , fornece
Ωij = −e2h ωi ∧ ωj = −ω i ∧ ω j .
Prova. Substituindo
1 e2h
Ωij = Rijkl ω k ∧ ω l = Rijkl ωk ∧ ωl
2 2
e
1
Ωij =
Rijkl ωk ∧ ωl
2
na fórmula do item (b) do Lema 1.57 e comparando os coeficientes de ωj ∧ ωi
em ambos os membros da igualdade assim obtida, chegamos à relação (não há
soma implı́cita envolvida)
Quando n ≥ 3, uma fórmula alternativa de (1.66) que nos será útil posteri-
4
ormente é obtida fazendo e2h = u n−2 . Nesse caso, temos
2
∇h = u−1 ∇u
n−2
e, a partir daı́,
2 ¡ ¢
∆h = h∇(u−1 ), ∇ui + u−1 ∆u
n−2
2 ¡ −2 ¢
= −u |∇u|2 + u−1 ∆u .
n−2
Antonio Caminha M. Neto 47
∇Y X = ψ X Y (1.71)
para todo Y ∈ X(M ); nesse caso nós dizemos que X é fechado, uma alusão ao
fato de que sua 1−forma metricamente dual ω é fechada. De fato, nesse caso
temos pela fórmula de Koszul (1.49) que
M n = I ×f F n−1 .
Prova.
(a) Pondo f = |X|2 , é imediato a partir de (1.71) que
∇f = 2ψX X, (1.72)
Portanto, para Y, Z ∈ X(M ), temos
h(Hess f )Y, Zi = h∇Y (2ψX X), Zi
2
= 2Y (ψX )hX, Zi + 2ψX hY, Zi.
Mas desde que h(Hess f )Y, Zi = h(Hess f )Z, Y i, segue da relação acima que
Y (ψX )hX, Zi = Z(ψX )hX, Y i
para todos Y, Z ∈ X(M ).
Na última relação acima, tomando Z = X e fazendo Y variar sobre os
elementos de um referencial ortonormal local {e1 , . . . , en } em M , obtemos
X(ψX ) X(ψX )
∇ψX = ei (ψX )ei = 2
hX, ei iei = X.
|X| |X|2
(b) Fixe p ∈ M e um referencial ortonormal numa vizinhança de p. Segue de
(1.70) e (1.72) que
1 1
∆|X|2 = div(∇|X|2 ) = div(ψX X)
2 2
= h∇ψX , Xi + ψX divX (1.73)
2
= X(ψX ) + nψX .
Por outro lado, supondo o referencial {e1 , . . . , en } geodésico em p, temos
novamente a partir de (1.70) que, no ponto p,
nX(ψX ) = Xh∇ei X, ei i = h∇X ∇ei X, ei i
= h∇X ∇ei X − ∇ei ∇X X − ∇[X,ei ] X, ei i
+h∇ei ∇X X, ei i + ∇[X,ei ] X, ei i
= hR(X, ei )X, ei i + h∇ei (ψX X), ei i − h∇∇ei X X, ei i
1
= −hR(X, ei )ei , Xi + h∇ei ∇|X|2 , ei i − h∇∇ei X X, ei i
2
1
= − Ric (X, X) + h∇ei ∇|X|2 , ei i − ψX h∇ei X, ei i
2
1
= −(n − 1) Ric (X) + ∆|X|2 − ψX divX
2
1
= −(n − 1) Ric (X) + ∆|X|2 − nψX 2
.
2
Substituindo os cálculos acima em (1.73), obtemos
1 n−1 1
∆|X|2 = − Ric (X) + ∆|X|2 − ψX
2 2
+ nψX ,
2 n 2n
o que equivale à fórmula do item (b).
50 Notas de Geometria Diferencial
Como aplicação do item (b) da proposição acima, damos a seguir uma prova
simples de um resultado de T. K. Pan [68].
Campos de Jacobi
J −→ Tγ(0) M × Tγ(0) M
¡ ¢ (2.2)
J 7→ J(0), DJ
dt (0)
i.e., se e só se
a00i (t) + hR(ej , γ 0 )γ 0 , ei i(t)aj (t) = 0 (2.3)
para 1 ≤ i ≤ n. Como o sistema de EDO’s acima é linear de segunda ordem, seu
espaço de soluções é um espaço vetorial real 2n−dimensional, tal que (ai (t)) 7→
(ai (0), a0i (0)) é um isomorfismo.
52 Notas de Geometria Diferencial
Prova.
(a) Omitindo t sempre que conveniente, temos
de modo que
J 00 + kJ = 0. (2.4)
Dado w ∈ Tγ(0) M tal que hw, γ 0 (0)i = 0, seja t 7→ w(t) o transporte paralelo de
w ao longo de γ. Se sk : [0, a] → R é a solução do problema de valores iniciais
½ 00
sk (t) + ksk (t) = 0
, (2.5)
sk (0) = 0, s0k (0) = 1
No que segue, vamos dar uma interpretação variacional dos campos de Jacobi
ao longo de uma geodésica. Para tanto, precisamos da seguinte
Definição 2.5. Seja c : [0, a] → M n uma curva diferenciável por partes na
variedade Riemanniana M n . Uma variação de c é uma aplicação contı́nua
ϕ : (−², ²) × [0, a] → M n satisfazendo as seguintes condições:
(i) Φ(0, t) = c(t) para todo t ∈ [0, a].
¯
(ii) Existem 0 = t0 < t1 < · · · < tk = a tais que Φ¯(−²,²)×[ti ,ti+1 ] é diferenciável
para todo 0 ≤ i < k.
Seja c : [0, a] → M n uma curva diferenciável por partes e Φ : (−², ²)×[0, a] →
n
M uma variação de c. Desde que s 7→ Φ(s, t) é, para cada t ∈ [0, a], uma curva
suave em M n , fica bem definido ao longo de c o campo vetorial V = ∂Φ ∂s (0, t),
denominado o campo variacional de Φ. Note que V é diferenciável por partes
ao longo de c. As curvas da variação de Φ são as curvas Φs : [0, a] → M n
dadas por Φs (t) = Φ(s, t). Segue da definição acima que as curvas da variação
são curvas diferenciáveis por partes em M .
Uma variação Φ como acima é dita:
(i) Própria, se Φs (0) = c(0) e Φs (1) = c(1) para todo s ∈ (−², ²).
(ii) Diferenciável, se Φ for uma aplicação diferenciável.
(iii) Geodésica, se for diferenciável e se todas as curvas da variação forem
geodésicas de M .
Vimos acima que a toda variação de uma curva diferenciável por partes c
em M está associado um campo vetorial ao longo de c. A proposição a seguir
garante que, em um sentido apropriado, a recı́proca é verdadeira.
54 Notas de Geometria Diferencial
Se δ = min{δt1 , . . . , δtk }, então expc(t) v está definida para todo v ∈ Tc(t) M tal
que |v| < δ e todo 0 ≤ t ≤ a. Portanto, se µ = max{|V (t)|; 0 ≤ t ≤ a} e
0 < ² < δ/µ, então Φ : (−², ²) × [0, a] → M n dada por
D2 J D D ∂Φ D D ∂Φ
= (0, t) = (0, t)
dt2 ∂t ∂t ∂s ∂tµ∂s ∂t ¶
D D ∂Φ ∂Φ ∂Φ ∂Φ
= (0, t) + R (0, t), (0, t) (0, t)
∂s ∂t ∂t ∂t ∂s ∂t
D D ∂Φ
= (0, t) + R (γ 0 (t), J(t)) γ 0 (t).
∂s ∂t ∂t
D ∂Φ
Agora, desde que Φs é geodésica para todo s ∈ (−², ²), temos ∂t ∂t (s, t) = 0
para todos s e t. Em particular, o penúltimo termo acima é igual a zero e J
satisfaz a equação de Jacobi.
Antonio Caminha M. Neto 55
e
D ∂Φ D ∂Φ D ∂Φ ¯
¯
J10 (0) = (0, 0) = (0, 0) = (s, 0)¯
∂t ∂s ∂s ∂t ∂s ∂t s=0
D ¯ DW
¯
= (d expα(s) )0 W (s)¯ = (0) = J 0 (0).
∂s s=0 ∂s
para todo q ∈ U . Se, para toda geodésica γ : [0, a] → U de M tal que γ(0) = p,
tivermos
KM (γ 0 (t), X) = KM̃ ((φ∗ )γ(t) γ 0 (t), (φ∗ )γ(t) X), (2.10)
para todos 0 ≤ t ≤ a e X ∈ Tγ(t) M não colinear com γ 0 (t), então φ : U → φ(U )
é uma isometria local, tal que (φ∗ )p = ι.
Prova.
O resultado a seguir garante que, para fins de classificação das formas es-
paciais simplesmente conexas, podemos nos restringir aos casos de curvaturas
seccionais identicamente −1, 0 ou 1.
Lema 2.10. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana com curvatura seccional
KM . Se c > 0 é uma constante positiva e g = c · g, então a curvatura seccional
K M de (M, g) é dada por K M = 1c KM .
(a) Hn , se k = −1.
(b) Rn , se k = 0.
(c) Sn , se k = 1.
Prova.
Pelo que fizemos anteriormente, o campo J(t) = (d expγ(0) )tγ 0 (0) tw é de Jacobi
ao longo de γ, com J(0) = 0, J(t0 ) = 0 e J 6≡ 0 (uma vez que J 0 (0) = w 6= 0).
Segue então que o núcleo de (d expγ(0) )t0 γ 0 (0) é gerado pelos vetores J 0 (0),
onde J é campo de Jacobi ao longo de γ, com J(0) = 0, J(t0 ) = 0. Basta
agora observar que se Ji (0) = 0 para 1 ≤ i ≤ k, então a Proposição 2.2 garante
que os campos J1 , . . . , Jk são linearmente independentes se e só se os vetores
J10 (0), . . . , Jk0 (0) o forem.
Para o que falta note que, para 0 < t ≤ a e K > 0 suficientemente grande,
temos (lembre que o domı́nio da aplicação exponencial é aberto em T M
µ ¶
1 0
(d expγ(0) )tγ 0 (0) γ (0) = γ 0 (t + ²)
K
para algum ² > 0 apropriado, de modo que
φ : J0 : → Tγ(a) M
J: →7 J(a)
(b) Segue da Proposição 2.3 que hJ, γ 0 i(t) = 0 para todo t ∈ [0, a] e todo J ∈ J ⊥ .
Agora, se ai Ji (a) = 0, então J = ai Ji é um campo de Jacobi em J ⊥ , tal que
J(a) = 0. Segue então de γ(a) não ser conjugado a γ(0) que J ≡ 0. Por fim,
desde que {J1 , . . . , Jn−1 } é base de J ⊥ , temos a1 = . . . = an−1 = 0.
Fixada uma variedade Riemanniana M , uma cota superior para a curvatura
seccional de M permite estimar facilmente a distância entre dois pontos con-
jugados ao longo de uma geodésica de M . Para tanto, comecemos provando o
seguinte
Lema 2.16 (Sturm). Sejam f, g : [0, a] → R funções suaves, tais que f (0) =
g(0) = 0 e f 0 (0) = g 0 (0) > 0. Se k ∈ R é tal que f 00 (t) + kf (t) ≥ 0 e g 00 (t) +
kg(t) = 0, ou f 00 (t) + kf (t) = 0 e g 00 (t) + kg(t) ≤ 0 para todo t ∈ [0, a], então:
(a) g(t) > 0 ⇒ f (t) > 0, i.e., o primeiro zero de f não ocorre antes do
primeiro zero de g.
Antonio Caminha M. Neto 59
e, em qualquer caso,
Suponha agora que existe t0 ∈ (0, a], tal que g > 0 em (0, t0 ], f > 0 em
(0, t0 ) e f (t0 ) = 0. Como F 0 ≥ 0 em (0, t0 ) e, pela regra de L’Hospital,
f 0 (0)
lim+ F (t) = = 1,
t→0 g 0 (0)
temos f (t) ≥ g(t) em (0, t0 ), donde em [0, t0 ]. Em particular, f (t0 ) ≥ g(t0 ) > 0,
uma contradição. Isto termina a prova do item (a) e, por consequência, também
a de (b).
onde V (t) = (d expγ(0) )tγ 0 (0) J 0 (0) (observe que V (0) = J 0 (0)). Daı́, sendo
f (t) = |J(t)|,
temos f (0) = 0 e
t|V (t)|
f 0 (0) = lim+ = |J 0 (0)| > 0.
t→0 t
60 Notas de Geometria Diferencial
Em particular, existe ² > 0 tal que f (t) > 0 para 0 < t < ². Por outro lado,
onde f > 0, segue de hJ, γ 0 i = 0 e da desigualdade de Cauchy-Schwarz que
f 2 = hJ, Ji ⇒ f f 0 = hJ 0 , Ji
⇒ (f 0 )2 + f f 00 = |J 0 |2 + hJ 00 , Ji = |J 0 |2 − hR(γ 0 , J)γ 0 , Ji
⇒ (f 0 )2 + f f 00 = |J 0 |2 − |J|2 KM (γ 0 , J)
hJ 0 , Ji2
⇒ + f f 00 ≥ |J 0 |2 − kf 2
f2
µ ¶
1 hJ 0 , Ji2
⇒ f 00 + kf ≥ |J 0 |2 − ≥ 0.
f |J|2
Seja agora g : [0, a] → R dada por g(t) = |J 0 (0)|sk (t). Então
g(0) = 0, g 0 (0) = |J 0 (0)| e g 00 (t) + kg(t) = 0
para t ∈ [0, a], e o lema de Sturm garante que o primeiro zero de f não ocorre
antes do primeiro zero de g. Mas a partir da expressão das funções sk , é imediato
√
verificar que g(t) > 0 para t ∈ (0, t0 ), onde t0 = a se k ≤ 0 ou t0 = min{a, π/ k}
se k > 0, e portanto f (t) > 0 para t ∈ (0, t0 ), como querı́amos demonstrar.
Corolário 2.18. Seja M n uma variedade Riemanniana de curvatura seccio-
nal KM ≤ k, onde k ∈ R é uma constante, e γ : [0, a] → M uma geodésica
normalizada.
(a) Se k ≤ 0, então γ(t) não é conjugado a γ(0) ao longo de γ para todo
t ∈ [0, a].
(b) Se k > 0, √
então γ(t) não é conjugado a γ(0) ao longo de γ para 0 < t <
min{a, π/ k}.
Prova. Imediata a partir da versão fraca do teorema de Rauch.
Prova. Suponha primeiro que c é uma geodésica. Se Φ for uma variação própria
de c com campo variacional V e funcional energia E, então V (0) = 0 e V (a) = 0,
de modo que a segunda parcela do segundo membro de (2.14) não existe. Por
D dc 0
outro lado, de ∂t dt = 0 segue que a primeira parcela é nula, donde E (0) = 0.
Reciprocamente, seja c : [0, a] → M uma curva diferenciável por partes
satisfazendo as condições do enunciado. Se c for suave exceto possivelmente em
0 < t1 < . . . < tk−1 < a, faça t0 = 0, tk = a e seja φ : [0, a] → R+ uma função
C ∞ tal que φ(t) = 0 se e só se t = ti para algum 0 ≤ i ≤ k. Pela proposição 2.6
existe uma variação própria de c com campo variacional
D dc
V (t) = φ(t) .
∂t dt
Aplicando a fórmula da primeira variação da energia a tal variação e usando a
hipótese, obtemos
Z ¯ ¯
1 a ¯ D dc ¯2
0 = E 0 (0) = − ¯
φ(t) ¯ ¯ dt,
2 0 ∂t dt ¯
D dc
donde ∂t dt = 0 em (ti , ti+1 ), para 0 ≤ i < k, i.e., c é uma geodésica em cada
um de tais intervalos abertos.
Seja agora V um campo diferenciável por partes ao longo de c, com V (0) = 0,
+ dc −
V (a) = 0 e V (ti ) = dc dt (ti ) − dt (ti ) para 1 ≤ i ≤ k (um tal campo pode
ser obtido do seguinte modo: em [ti , ti+1 ], sejam Vi e Vi+1 respectivamente os
+ dc − dc + dc −
transportes paralelos de dc dt (ti ) − dt (ti ) e dt (ti+1 ) − dt (ti+1 ); se η : [ti , ti+1 ] →
[0, 1] é uma função suave tal que η(ti ) = 0 e η(ti+1 ) = 1, defina V em [ti , ti+1 ]
pondo V = (1 − η)Vi + ηVi+1 . Tome, novamente pela proposição 2.6, uma
variação própria Φ de c com campo variacional V . Aplicando a fórmula da
primeira variação da energia mais uma vez, obtemos
1 0 X ¯¯ dc
k−1
dc − ¯¯
¯2
0 = E (0) = − ¯ +
2 ¯ dt (ti ) − dt (ti )¯ dt,
i=1
D dc
donde segue que c é de classe C 1 em [0, a]. Se mostrarmos que ∂t dt (ti ) existe e
é igual a 0 para todo 0 < i < k, seguirá que c satisfaz a equação das geodésicas
em [0, a], e daı́ a unicidade de soluções de EDO’s garantirá que c é C ∞ em [0, a].
Para o que falta, seja {ei (t)} uma base ortonormal de campos paralelos ao longo
de c, e escreva dc 0
dt = aj (t)ej (t). Então aj (t) = 0 para todo 1 ≤ j ≤ n e todos
t 6= ti , 1 ≤ i < k. Mas como as funções ai são contı́nuas em [0, a], segue que
elas são todas constantes em [0, a] e nada mais há a fazer.
Antonio Caminha M. Neto 63
1 0 X Z ti+1 ∂Φ D ∂Φ
k−1 X ∂Φ ∂Φ ¯¯ti+1
k−1
E (s) = − h , idt + h , i¯ ,
2 i=0 ti
∂s ∂t ∂t i=0
∂s ∂t ti
de modo que
1 00 X Z ti+1
k−1
D ∂Φ D ∂Φ X k−1 Z ti+1
∂Φ D D ∂Φ
E (s) = − h , idt − h , idt
2 i=0 ti ∂s ∂s ∂t ∂t i=0 ti ∂s ∂s ∂t ∂t
D ∂Φ ∂Φ ¯¯ti+1 X ∂Φ D ∂Φ ¯¯ti+1
k−1
X k−1
+ h , i¯ + h , i¯ .
i=0
∂s ∂s ∂t ti i=0
∂s ∂s ∂t ti
D ∂Φ ∂Φ
Para s = 0 temos ∂t ∂t = 0 e ∂t contı́nua, de modo que o primeiro termo acima
é nulo e o terceiro se reduz a
D ∂Φ 0 D ∂Φ 0
−h , γ i(0, 0) + h , γ i(0, a).
∂s ∂s ∂s ∂s
Por outro lado, também para s = 0, o segundo e quarto termos somados valem
respectivamente
X Z ti+1 µ ¶
D ∂Φ ¯¯ti+1
k−1 k−1
X
D D ∂Φ ∂Φ ∂Φ ∂Φ
− hV, +R , idt + hV, i¯
i=0 ti
∂t ∂s ∂t ∂s ∂t ∂t i=0
∂t ∂s ti
X Z ti+1
k−1
D D ∂Φ
k−1
X DV ¯¯ti+1
= − hV, + R (V, γ 0 ) γ 0 idt + hV, i¯
i=0 ti
∂t ∂t ∂s i=0
∂t ti
X Z ti+1 ½ d
k−1
DV
¾ k−1
X DV ¯¯ti+1
= − hV, i + hV 0 , V 0 i − hV, R (V, γ 0 ) γ 0 i dt + hV, i¯
i=0 ti
dt ∂t i=0
∂t ti
Z a
= {hV 0 , V 0 i − hR (V, γ 0 ) γ 0 , V i} dt
0
= Ia (V, V ).
64 Notas de Geometria Diferencial
e daı́
n−1 Z l½ µ ¶ ¾
1 X 00 π2 πt 2 πt
E (0) = (n − 1) 2 cos2 − (n − 1) sen 0
Ric γ(t) (γ ) dt
2 j=1 j 0 l l l
Z l½ ¾
π2 πt πt
≤ (n − 1) 2 cos2 − (n − 1)k sen 2 dt
0 l l l
µ 2 ¶
l π
= (n − 1) − k < 0.
2 l2
Mas desde que γ é minimizante, segue da proposição 2.27 que Ej00 (0) ≥ 0 para
todo j, o que é uma contradição.
Observação 2.26. Nas hipóteses do teorema de Bonnet-Myers, provaremos no
Corolário 3.28 que diam M = √πk se e só se M é isométrica a Sn ( √1k ).
E(γ) ≤ E(c),
Se E(γ) = E(c), então l(γ) = l(c), de modo que c é uma curva diferenciável
por partes, minimizante e parametrizada proporcionalmente ao comprimento de
arco. Mas é bem sabido que, sob tais condições, c é uma geodésica minimizante.
Para o que falta, se ϕ : (−², ²) × [0, a] → M é uma variação própria de γ com
campo variacional V , então segue da primeira parte acima que E(0) ≤ E(s),
para todo s ∈ (−², ²), de maneira que E 00 (0) ≥ 0. Mas pela fórmula para a
segunda variação da energia de uma geodésica, tal condição é equivalente a
Ia (V, V ) ≥ 0.
66 Notas de Geometria Diferencial
de maneira que
Ia (X, X) = −2²|J 0 (t0 )|2 + ²2 Ia (W, W ),
negativo para ² > 0 suficientemente pequeno.
Observação 2.29. Não é verdade que se γ : [0, a] → M for minimizante então
γ(a) não é conjugado a γ(0) ao longo de γ. De fato, se M = Sn , a esfera
unitária n−dimensional, e p ∈ Sn , então os arcos de grande cı́rculo que unem p
a −p, parametrizados pelo comprimento de arco, são geodésicas minimizantes.
No entanto, já vimos que −p é conjugado a p ao longo de todo tal arco.
Antonio Caminha M. Neto 67
J → Tγ(0) M
.
J 7→ J 0 (0)
Ademais, como para J ∈ J tem-se hJ, γ 0 i(t) = hJ 0 (0), γ 0 (0)it, segue que hJ, γ 0 i ≡
0 ⇔ hJ 0 (0), γ 0 (0)i = 0. Podemos então tomar uma base {J1 , . . . , Jn−1 , Jn =
tγ 0 (t)} de J , tal que hJi , γ 0 i ≡ 0 para 1 ≤ i ≤ n − 1. Sejam α1 , . . . , αn−1 ∈ R
tais que
J = αi Ji . (2.21)
Como γ(t) não é conjugado a γ(0) ao longo de γ, para 0 < t ≤ a, temos que
{J1 (t), . . . , Jn−1 (t)} é base de hγ 0 (t)i⊥ ⊂ Tγ(t) M , para 0 < t ≤ a. Mas
Ji (t) = (d expγ(0) )tγ 0 (0) tJi0 (0) = t (d expγ(0) )tγ 0 (0) Ji0 (0) = tAi (t),
| {z }
Ai (t)
com Ai (0) = Ji0 (0), de modo que {A1 (t), . . . , An−1 (t)} é base de hγ 0 (t)i⊥ ⊂
Tγ(t) M , para 0 ≤ t ≤ a. Segue que existem funções g1 , . . . , gn : [0, a] → R,
diferenciáveis por partes e tais que gi (0) = 0 para 1 ≤ i ≤ n e
Agora, It0 (J, J) = hJ 0 , Ji(t0 ) e, desde que V 0 = fi0 Ji + fi Ji0 onde V for dife-
renciável, temos
Z t0
It0 (V, V ) = {hV 0 , V 0 i − hR(γ 0 , V )γ 0 , V i}dt
0
Z t0
= {fi0 Ji + fi Ji0 , fj0 Jj + fj Jj0 i − hfi R(γ 0 , Ji )γ 0 , fj Jj i}dt
0 | {z }
−Ji00
Z t0
= {|fi0 Ji |2 + hfi0 Ji , fj Jj0 i + hfi Ji0 , fj0 Jj + fj Jj0 i + hfi Ji00 , fj Jj i}dt.
0
donde φ ≡ 0.
donde obtemos (2.20). Por fim, para haver igualdade aı́, é imediato de (2.23)
que deve ser fi0 (t) = 0 para 0 < t ≤ t0 onde V for diferenciável. Portanto,
fi (t) = αi para 0 ≤ t ≤ t0 por continuidade, donde
Os próximos dois teoremas desta seção são devidos a H. Rauch ([70]); utili-
zaremos o primeiro deles para provar o Teorema de Comparação do Hessiano,
na seção 3.2.
Teorema 2.31 (Rauch I). Sejam M n e M̃ m , m ≥ n, variedades Riemannianas,
γ : [0, a] → M n e γ̃ : [0, a] → M̃ m geodésicas com mesma velocidade escalar e
tais que:
Antonio Caminha M. Neto 69
|J|2 ˜0 ˜
(b) hJ 0 , Ji ≥ ˜ 2 hJ , Ji
|J|
para t ∈ (0, a].
Prova. Note primeiro que, como γ̃(t) não é conjugado a γ̃(0) ao longo de γ̃,
˜ 6= 0 para 0 < t ≤ a. Sejam f (t) = |J(t)|2 e f˜(t) = |J(t)|
temos que J(t) ˜ 2 para
³ ´0
0 ≤ t ≤ a. Para o item (a), basta mostrarmos que ff˜ (t) ≥ 0 para 0 < t ≤ a,
ou ainda que
f 0 f˜ ≥ f f˜0 , ∀ 0 < t ≤ a. (2.24)
Por outro lado, desde que f 0 (t) = 2hJ 0 , Ji(t) e f˜0 (t) = 2hJ˜0 , Ji(t),
˜ o item (b)
equivale à relação acima, que é então tudo o que nos resta provar.
Fixe 0 < t0 ≤ a. Se f (t0 ) = 0, então J(t0 ) = 0 e f 0 (t0 ) = 2hJ 0 , Ji(t0 ) = 0, de
modo que basta supormos f (t0 ) 6= 0 e provar que (lembre que f˜ > 0 em (0, a])
campo diferenciável por partes ao longo de γ̃. Então φ(J1 )(0) = 0 = J˜1 (0) e
˜ em [0, a].
donde |J| ≥ |J|
˜ 0 )| para algum 0 < t0 ≤ a. Pondo
Suponha agora que |J(t0 )| = |J(t
½
1, se t = 0
F (t) = ˜ ,
f /f , se 0 < t ≤ a
donde
It0 (J1 , J1 ) = It0 (φ(J1 ), φ(J1 )) = It0 (J˜1 , J˜1 ).
As igualdades acima por sua vez garantem, via forma do ı́ndice, que KM (γ 0 , J1 ) =
KM̃ (γ̃ 0 , φ(J1 )) em (0, t0 ] e, via lema do ı́ndice, que φ(J1 ) = J˜1 em (0, t0 ].
˜
|J(t)| = sk (t)|w(t)| = sk (t)|J 0 (0)|,
mas γ(t) não conjugado a γ(0) ao longo de γ para 0 < t ≤ a. Pelo item (b),
temos |J(t)| ≤ sk1 (t)|J 0 (0)|, donde J(t) = 0 para t = √πk < a, uma contradição.
1
Logo, para todo a > √πk , existe 0 < t ≤ a tal que γ(t) é conjugado a γ(0) ao
1
longo de γ, e daı́ d ≤ √πk .
1
Capı́tulo 3
Mais Geometria de
Comparação
expp ((l + 1/tk )σk0 (0)) = γ(l + 1/k) = expp ((l + 1/k)γ 0 (0)),
ou ainda γ = σk . Por fim, isso é uma contradição, uma vez que γ não é
minimizante após γ(l) mas σk é minimizante até γ(l + 1/k).
Reciprocamente, suponha que ocorre a condição (a) do enunciado. Pelo
Teorema de Jacobi 2.28, γ não minimiza a distância a partir de p após γ(l), de
maneira que o ponto mı́nimo de p ao longo de γ ocorre em γ(t0 ), para algum
t0 ∈ (0, l].
Por fim, suponha que ocorre a condição (b) do enunciado. Tome ² > 0 tal
que σ(l − ²) e γ(l + ²) pertençam ambos a uma vizinhança totalmente normal
de γ(l), e considere a única geodésica minimizante τ que liga σ(l − ²) a γ(l + ²).
A condição {σ} 6= {γ} garante que σ 0 (l) 6= γ 0 (l), e daı́ que o comprimento de
τ é menor 2², que é o comprimento da curva diferenciável por partes que segue
σ de l − ² a l e, em seguida, γ de l a l + ². Portanto, a curva diferenciável por
partes que segue σ de 0 a l − ² e τ em seguida tem comprimento menor que
l − ² + 2² = l + ², i.e., menor que o comprimento de γ de 0 a l + ². Logo, γ não
é minimizante após γ(l), e o ponto mı́nimo de p ao longo de γ também ocorre
em γ(t0 ), para algum t0 ∈ (0, l].
Exemplos 3.3.
Prova. Sejam dadas sequências (pk )k≥1 em M e (vk )k≥1 em Tp M , com |vk | = 1
k k
para todo k ≥ 1, tais que pk −→ p e vk −→ v. Se tk = c(pk , vk ) e t0 = c(p, v),
k
com t0 , tk ∈ R+ , queremos mostrar que tk −→ t0 . Para tanto, mostremos que
Seja agora t = lim inf tk e mostremos que t ≥ t0 . Podemos supor que t < +∞
(pois caso contrário nada há a fazer). A definição de lim inf garante a existência
de N1 ⊂ N infinito, tal que a subsequência (tk )k∈N1 de (tk )k≥1 converge para t.
Há, então, duas possibilidades a considerar:
(i) Para toda subsequência (tk )k∈N1 de (tk )k≥1 convergindo para t, temos γk (tk )
conjugado a pk ao longo de γk , para todo k ∈ N1 : segue da Proposição 2.13 que
(ii) Existe uma subsequência (tk )k∈N1 de (tk )k≥1 , convergindo para t e tal que
γk (tk ) não é conjugado a pk ao longo de γk , para todo k ∈ N1 : pela Pro-
posição 3.2, existem geodésicas normalizadas σk 6= γk ligando σk (0) = pk a
σk (tk ) = γk (tk ). Se wk = σk0 (0), então, passando a uma subsequência se ne-
k
cessário, podemos supor que wk −→ w. Utilizando uma vez mais a continuidade
da aplicação exponencial, concluı́mos que σ(t) = expp (tw) é uma geodésica li-
gando p a σ(t) = γ(t). Analisemos agora dois subcasos separadamente:
• Se σ 6= γ, então a Proposição 3.2 garante que t0 ≤ t, conforme desejado.
• Se σ = γ, então w = v e afirmamos que γ(t) é conjugado a p ao longo
de γ; a partir daı́, invocando novamente o Teorema de Jacobi 2.28, tere-
mos que t0 ≤ t. Para o que falta suponha, por absurdo, que (d expp )tv
seja não-singular, i.e., que D2 exp(p, tv) tenha posto máximo. Como
k
(pk , tk wk ) −→ (p, tw) = (p, tv) para k ∈ N1 , a suavidade da aplicação
exponencial em T M garante que, para k ∈ N1 suficientemente grande,
D2 exp(pk , tk wk ) = (d exppk )tk wk e D2 exp(pk , tk vk ) = (d exppk )tk vk são
não-singulares. Portanto, a partir de
k
Passando a uma subsequência, se necessário, podemos supor que vk −→ v,
para algum v ∈ Tp M também unitário. Se γv : [0, +∞) → M é a geodésica que
parte de p com velocidade v, afirmamos que q = γv (cp (v)), donde seguirá que
q ∈ Cut (p). Para o que falta, basta usarmos a continuidade da função cp :
Prova. É claro que expp (Ep ) = M \ Cut (p). Seja agora q ∈ M \ Cut (p) e
γ(t) = expp (tv) a única geodésica normalizada e minimizante ligando p = γ(0)
a q = γ(1). Pelo Corolário 3.5, q não é conjugado a p ao longo de γ. Portanto,
v ∈ Tp M não é ponto crı́tico de expp , que é assim um difeomorfismo local sobre
M \ Cut (p). Basta, pois, mostrarmos que expp é injetiva em Ep . Suponha
que existam v, w ∈ Ep distintos, tais que γ(t) = expp (tv) e α(t) = expp (tw)
Antonio Caminha M. Neto 79
ligam p a q = γ(1) = α(1). Segue de q 6∈ Cut (p) que ao menos uma dentre
α e γ, digamos γ, não é minimizante até q. Logo, existe 0 < t0 < 1 tal que
expp (t0 v) = γ(t0 ) ∈ Cut (p), contradizendo o fato de que v (e portanto t0 v)
pertence a Ep .
Corolário 3.10. Para cada p ∈ M , o lugar dos pontos mı́nimos Cut (p) tem
medida de Lebesgue nula em M .
Prova. Se ρ : M \ Cut (p) → R é a função distância a partir de p, então a
função ρ ◦ expp : Ep → R é dada por
(ρ ◦ expp )(v) = d(p, expp (v)) = |v|,
e daı́ diferenciável em Ep \{0}. Pela proposição anterior, expp : Ep → M \Cut (p)
é um difeomorfismo, de maneira que ρ diferenciável em M \ (Cut (p) ∪ {p}). Mas
como ρ é Lipschitziana em M , segue do teorema de Rademacher (cf. Teorema 6
do Capı́tulo 5 de [28]) que ρ é diferenciável a.e. Logo, Cut (p) ∪ {p} tem medida
de Lebesgue nula em M .
uma vez que J⊥γ 0 . Logo, aplicando a fórmula da segunda variação da energia
à última relação acima, obtém-se
√
t0
(ρ ◦ α)00 (0) = E(0)−1/2 E 00 (0)
√ 2 √ ½
t0 t0 ¯t0 ¾
0 0 ¯
= · · 2 It0 (J, J) + hJ , γ i¯
2 ρ(γ(t0 )) 0
= It0 (J, J).
Basta agora aplicar (3.8).
Estamos em condições de enunciar e provar o resultado fundamental dessa
seção, o teorema de comparação do Hessiano.
Teorema 3.13. Sejam M n e M̃ n variedades Riemannianas completas e γ :
[0, a] → M e γ̃ : [0, a] → M̃ geodésicas normalizadas que não intersectam
respectivamente Cut (γ(0)) e Cut (γ̃(0)). Se
KM (γ 0 (t), X) ≤ KM̃ (γ̃ 0 (t), X̃),
Observação 3.15. Na Seção 3.4 vamos mostrar que o corolário acima pode ser
consideravelmente refinado quando M̃ = Mnk , uma forma espacial de curvatura
seccional constante k. Mais precisamente, mostraremos que se Ric M ≥ k, então
onde sk é como em (2.7). É agora imediato verificar que s0k sk > 0 para todos
k ≤ 0 e t > 0; para k > 0, tem-se
1 √ √ 1 √
s0k (t)sk (t) = √ sen ( kt) cos( kt) = √ sen (2 kt) > 0
k 2 k
√ π
para 0 < 2 kt < π, i.e., 0 < t < 2√ k
. Por fim, note que, como no corolário
0 0
anterior, (Hess ρ)γ(t) (γ , γ ) = 0, de modo que Hess ρ é positivo semi-definido
em BM (p; R).
Antonio Caminha M. Neto 83
((expp )∗ dM )tv (e1 , . . . , en ) = dMexpp (tv) ((d expp )tv e1 , . . . , (d expp )tv en )
1
= dMexpp (tv) (γ 0 (t), J2 (t), . . . , Jn (t))(3.13)
tn−1
1 p
= n−1
det B(t),
t
onde B é a famı́lia a 1−parâmetro de matrizes quadradas de ordem n − 1, tais
que B(t)ij = hJi (t), Jj (t)i para 0 < t ≤ t0 (na última passagem utilizamos
a expressão de Gramm para o elemento de volume aplicado a uma n−upla
qualquer de vetores, juntamente com o fato de que hJi , γ 0 i(t) = 0 para 2 ≤ i ≤
n).
Denotando, para v ∈ Tp M unitário e 0 ≤ t < cp (v),
½
1, p se t = 0
A(t, v) = 1 , (3.14)
tn−1 det B(t), se 0 < t < cp (v)
Por outro lado, denotando por dσS o elemento de volume canônico da esfera
unitária Sn−1
1 (0) de Tp M , segue do teorema de integração em coordenadas po-
lares que
(du1 ∧ . . . ∧ dun )tv = tn−1 dt ∧ dσ,
84 Notas de Geometria Diferencial
e daı́
((expp )∗ dM )tv = A(t, v)tn−1 dt ∧ dσ. (3.16)
Em particular, A(t, v) independe da base {e2 , . . . , en } escolhida para o comple-
mento ortogonal de v em Tp M .
Exemplo 3.17. Examinemos brevemente os cálculos acima no caso particular
em que M = Mk , a forma espacial de curvatura seccional constante k. Neste
caso (e nas notações acima), sabemos que o campo de Jacobi J ao longo de γ,
com J(0) = 0 e J 0 (0) = w, onde w⊥γ 0 (0), é dado por
J(t) = sk (t)w(t),
n − 1 A0 (t, v)
∆ρ(γ(t)) = + , (3.19)
t A(t, v)
Prova. Fixe 0 < t0 ≤ a e seja q = γ(t0 ), de modo que ρ(q) = t0 . Seja ainda
{e1 = γ 0 (t0 ), e2 , . . . , en } base ortonormal positiva de Tq M e, para 2 ≤ i ≤ n,
Ji o campo de Jacobi ao longo de γ tal que Ji (0) = 0 e Ji (t0 ) = ei . Pela
proposição 3.12, temos
n
X
∆ρ(q) = (Hess ρ)q (e1 , e1 ) + (Hess ρ)q (ei , ei )
i=2
n
X
= hJi0 , Ji i(t0 ).
i=2
Agora, para 2 ≤ i ≤ n tem-se Ji (t) = (d expp )tv (tJi0 (0)), onde Ji0 (0) ∈
Tt0 v (Tp M ) ≈ Tp M é o vetor tal que (d expp )t0 v (t0 Ji0 (0)) = ei . Como hJi , γ 0 i(t) =
0 em [0, t0 ], temos hJi0 (0), γ 0 (0)i = 0. Como q não é conjugado a p ao longo
de γ, segue que {J20 (0), . . . , Jn0 (0)} é base (não necessariamente ortogonal) do
complemento ortogonal de v = γ 0 (0) em Tp M . Seja {v, E2 , . . . , En } uma base
ortonormal e positiva de Tp M , e
n
X
Ei = aij Jj0 (0), ∀ 2 ≤ i ≤ n.
j=2
onde B(t)ij = hJi (t), Jj (t)i, para 2 ≤ i, j ≤ n e 0 < t ≤ t0 . Note ademais que
B(t0 ) = I, a matriz identidade. Portanto,
c
A(t0 , v) =
tn−1
0
86 Notas de Geometria Diferencial
de maneira que
(n − 1)c c
A0 (t0 , v) = − n + n−1 ∆ρ(q).
t0 t0
A0 (t0 ,v)
Basta agora calcular A(t0 ,v) .
Prova. Note primeiro que, caso k > 0, basta considerar R < √πk . Por outro
lado, como Tp M e Tp0 Mk são espaços vetoriais n−dimensionais com produto
interno, uma transformação linear ι : Tp M → Tp0 Mk que aplique uma base
ortonormal de Tp M em uma base ortonormal de Tp0 Mk é uma isometria, logo
preserva as esferas unitárias centradas na origem de ambos tais espaços vetoriais.
Doravante, fixe uma tal ι.
Se γ : [0, a] → BM (p; R) é a geodésica normalizada γ(t) = expp (tv), então
segue da proposição anterior que, para 0 < t ≤ a,
n − 1 A0 (t, v)
∆ρ(γ(t)) = + .
t A(t, v)
Sendo ṽ = ι(v), γ̃(t) = expp0 (tṽ) e sempre denotando com um til superior os
objetos correspondentes em Mk , segue de KM ≤ k e do Corolário 3.14 que
∆ρ(γ(t)) ≥ ∆ρ̃(γ̃(t)),
Antonio Caminha M. Neto 87
onde utilizamos (3.21) na última igualdade. Agora, para X ∈ X(M ) temos que
ou ainda
h∇ei ∇ei ∇f, Xi = Ric (X, ∇f ) + hX, ∇(∆f )i.
Basta agora fazer X = ∇f na última relação acima, substituindo o resultado
em (3.23).
Lema 3.22. Seja V n um espaço vetorial real n−dimensional com produto in-
terno e T : V → V um operador linear auto-adjunto. Se dim(ker T ) ≥ k,
0 ≤ k < n, então
1
|T |2 ≥ ( tr T )2 , (3.27)
n−k
com igualdade se e só se a restrição de T ao complemento ortogonal de ker T
for um múltiplo do operador identidade.
n−k
Ãn−k !2
X 1 X 1
2
|T | = λ2i ≥ λi = ( tr T )2 ,
i=1
n−k i=1
n−k
g 0 (t) f 0 (t)
∆ρ(γ(t)) = = (n − 1) . (3.31)
g(t) f (t)
de maneira que
f 00 (∆ρ)2
h∇ρ, ∇(∆ρ)iγ(t) = (n − 1) − ,
f n−1
90 Notas de Geometria Diferencial
f 00 (∆ρ)2
0 = Ric (γ 0 , γ 0 ) + (n − 1) + |Hess ρ|2 − . (3.32)
f n−1
Mas desde que (Hess ρ)γ(t) (∇ρ, ∇ρ) = 0, temos dim[ker(Hess ρ)] ≥ 1; como
(∆ρ)2
∆ρ = tr (Hess ρ), segue do lema anterior que |Hess ρ|2 − n−1 ≥ 0.
Observação 3.24. Examinemos (3.28) e (3.29) para a forma espacial Mk de
curvatura seccional constante k. Para tanto, denotemos por ρ̃, f˜ e à os objetos
correspondentes a Mk . Segue de (3.17) e da definição de f˜ que
Portanto,
√ √
−k cotgh ( −kt), se k < 0
1 s0k (t)
n−1
∆ρ̃(γ(t)) = =
sk (t) √ 1/t,√ se k = 0 . (3.34)
k ctg ( kt), se k > 0
f˜00 s00
(n − 1) + Ric (γ̃ 0 , γ̃ 0 ) = (n − 1)k + (n − 1) k = 0.
f˜ sk
para todo t0 < min{a, √πk }. Ademais, há igualdade se e só se KM (γ 0 (t), X) = k
para 0 ≤ t ≤ t0 e todo X ∈ Tγ(t) M não colinear com γ 0 (t).
f0 f˜0
≤ . (3.36)
f f˜
Para tanto, note que
µ ¶
f 00 f 00
0 ≥ Ric M (γ 0 , γ 0 ) + (n − 1) ≥ (n − 1) k + ,
f f
Antonio Caminha M. Neto 91
onde f (t) = tA(t, v)1/(n−1) , sendo A(t, v) dada como em (3.16). Defina f˜+ ao
longo de γ̃(t) = expp0 (tv0 ) analogamente e lembre de (3.33) que f˜(t) = sk (t) se
0 ≤ t < cp0 (v0 ).
Afirmamos que, para 0 ≤ s < t, tem-se
Rt + Rs +
0
f 0
f
Rt ≤ R s ˜+ , (3.40)
˜
f + f
0 0
f
Mas segue agora da prova do teorema de comparação do Laplaciano que F = f˜
é não-crescente, de modo que
µZ t ¶ µZ s ¶ µZ t ¶ µZ s ¶ µ Z t ¶ µZ s ¶
f ˜
f = Ff˜ ˜
f ≤ F (s) f˜ f˜
s 0 s 0 s 0
µZ t ¶ µZ s ¶ µZ t ¶ µZ s ¶
≤ ˜
f ˜
Ff = f˜ f .
s 0 s 0
Se houver igualdade, segue das desigualdades acima que F|[s,t] = F (s) = F|[0,s] .
0
De outro modo, F é constante em [0, t] e, como lims→0+ F (s) = ff˜0 (0)
(0)
= 1, nada
mais há a fazer.
Como a prova da afirmação acima ainda é claramente válida para (f + )n−1
e (f˜+ )n−1 no ligar de f + e f˜+ , segue que para 0 < ² < R tem-se
Z Z RR
R
+ n−1
²
+ n−1 f˜+ (t)n−1 dt
f (t) dt ≤ f (t) dt · R0² , (3.41)
0 0 0
f˜+ (t)n−1 dt
e daı́
Z Z Z Z R R R + n−1
R ²
S1 (0) 0
f˜ (t) dtdS
f + (t)n−1 dtdS ≤ f + (t)n−1 dtdS · R R² .
S1 (0) 0 S1 (0) 0 S1 (0) 0
f˜+ (t)n−1 dtdS
(3.42)
Agora, note que BM (p; r) = expp (BTp M (0; r)) para todo r > 0, valendo o mesmo
para Mk . Portanto, segue de (3.12), (3.16) e das definições de f, f + , f˜, f˜+ que
(3.42) é precisamente (3.38).
Quanto a (3.39), segue do que fizemos acima que f ≤ f˜ ⇒ f + ≤ f˜+ , e daı́
Z R Z R
f + (t)n−1 dt ≤ f˜+ (t)n−1 dt,
0 0
³ ´ ³ ´ (3.43)
π 1 π 1
donde Vol BM p; 2 √
k
≥ 2 Vol M ; analogamente, Vol BM q; 2 √
k
≥ 2 Vol M ,
e daı́ µ ¶ µ ¶
π π
Vol BM p; √ + Vol BM q; √ ≥ Vol M.
2 k 2 k
π π
Mas BM (p; 2√ k
) ∩ BM (q; 2√ k
) = ∅, de modo que deve ser
µ ¶
π 1
Vol BM p; √ = Vol M.
2 k 2
Voltando então a (3.43), obtemos
³ ´ ³ ´
Vol BM p; √πk Vol BM p; 2√π
k
³ ´= ³ ´,
π π
Vol BMk p0 ; √k Vol BMk p0 ; 2√k
Para terminar esta seção, observamos que se M tem curvatura de Ricci não-
negativa, então (3.39) garante que
Vol BM (p; R) ≤ Vol BRn (p0 ; R) = C(n)Rn .
Resulta importante que, nesse caso, temos uma cota inferior para Vol BM (p; R),
enunciada no seguinte
Teorema 3.29 (Yau). Seja M n uma variedade Riemanniana completa, não-
compacta e com curvatura de Ricci não-negativa. Fixado p ∈ M , existe C =
C(n, Vol M B(p; 1)) tal que, para todo R > 1, temos
Vol M B(p; R) ≥ CR.
Referimos o leitor a [85] para a prova do teorema acima. O corolário a seguir
é uma consequência imediata do mesmo, tendo sido obtido independentemente
por E. Calabi [11].
Corolário 3.30 (Calabi-Yau). Se M é uma variedade Riemanniana completa,
não-compacta e com curvatura de Ricci não-negativa, então M tem volume
infinito.
96 Notas de Geometria Diferencial
e daı́ X X
|∇|∇f ||2 = (ej |∇f |)2 = 2
f1j . (3.46)
j j
Segue agora de (1.16) que
1
∆|∇f |2 = |∇f |∆|∇f | + |∇|∇f ||2 . (3.47)
2
Substituindo (3.50) na relação acima e o resultado em (3.49), obtemos em q a
desigualdade
X X
2
fij − (n − 1)k|∇f |2 ≤ |∇f |∆|∇f | + 2
f1j ,
i,j j
em B(p; R/2).
|∇f |
F (x) = (R2 − ρ2 ) = (R2 − ρ2 )φ,
f
|∇f |
onde ρ(x) = dM (p; x), a distância em M de p a x e φ = f = |∇(log f )|.
Como F ≥ 0 e F|∂B(p;R) ≡ 0, a compacidade de B(p; R) garante a existência
de x0 ∈ B(p; R) tal que F assume seu valor máximo em x0 . Consideremos
separadamente os casos em que x0 ∈ / Cut (p) ∪ {p} e x0 ∈ Cut (p) ∪ {p}.
Se x0 ∈ / Cut (p) ∪ {p}, então F é suave numa vizinhança de x0 , e segue das
Proposições 1.5 e 1.29 que
F (x0 ) = sup F
B(p;R)
q √
≤ C(R + R2 + (1 + kR)2 R2 )
√
≤ CR(1 + kR).
R2
R2 φ ≤ F (x0 ) + ρ2 φ ≤ F (x0 ) + · sup φ,
4 B(p;R/2)
e daı́
R2
R2 sup φ ≤ F (x0 ) + · sup φ,
B(p;R/2) 4 B(p;R/2)
ou ainda
3R2 |∇f | √
sup ≤ F (x0 ) ≤ CR(1 + kR).
4 B(p;R/2) f
ρq (x) + ² ≥ ρ(x)
. (3.58)
ρq (x0 ) + ² = ρ(x0 )
|∇f | C
≤
f R
C C
|∇f | ≤ f≤
R R
1
Portanto, |ω| ∈ L (M ) e o Lema 1.34 garante que dω = (divX)dM . Tomando
domı́nios Bi como na discussão precedente, nós obtemos
Z Z
i
(divX)dM = dω −→ 0.
Bi Bi
O corolário acima nos permite estender o Teorema de Pan 1.62 para varie-
dades Riemannianas completas não-compactas (cf. [15]).
Antonio Caminha M. Neto 103
1
∆|X|2 = nψX
2
− Ric (X) ≥ 0.
2
Mas como (1.72) fornece ∇|X|2 = 2ψX X, a hipótese (3.59) garante que
|∇|X|2 ∈ L1 (M ), e segue do corolário anterior que |X|2 é constante sobre M .
O resto é idêntico ao final da prova da Proposição 1.62.
1
dM = dt ∧ dF.
f n−1
Por fim, temos a seguinte extensão do Teorema de Hopf 1.39 para funções
subharmônicas em variedades completas e não-compactas com curvatura de
Ricci não-negativa.
A esta altura pode parecer natural ao leitor perguntar-se sobre o que pode
ser inferido sobre uma função subharmônica f : M → R relaxando a condição
|∇f | ∈ L1 (M ). Nesse sentido, o seguinte resultado de R. Schoen e S. T. Yau [75]
nos será útil posteriormente (observe que (3.62) a seguir pode ser vista como
uma estimativa tipo-gradiente para f ).
2f ∆f ≥ |∇f |2 (3.60)
1
2∆g = − (f + ²)−3/2 |∇f |2 + (f + ²)−1/2 ∆f
2
≥ −(f + ²)−3/2 f ∆f + (f + ²)−1/2 ∆f
= ²(f + ²)−3/2 ∆f ≥ 0.
Fazendo ÃZ !1/2
2 2
A= η |∇g| dM ,
B2R \BR
de maneira que
( µ ¶ )
n−1 l−k 0
Kγ (x) ≥ min − sup Ric (γ (t)) .
0≤k≤l l−k 3 t∈[0,l]
∆ρ(x) = Il (Ji , Ji ).
então f é suave por partes e tal que f (0) = 0 e f (1) = 1, de maneira que o
Lema do Índice (cf. Teorema 2.30) nos dá
Z l
∆ρ(x) ≤ Il (f ei , f ei ) = (h(f ei )0 , (f ei )0 i − hR(γ 0 , f ei )γ 0 , f ei i)dt
0
Z l
= ((n − 1)(f 0 )2 − f 2 Ric (γ 0 (t)))dt
0
Z lZ l
n−1 1
= (t − k)2 Ric (γ 0 (t))dt
dt −
(l − k)2
k (l − k)2 k
Z l
n−1 1
= − (t − k)2 Ric (γ 0 (t))dt.
l−k (l − k)2 k
Tomando o mı́nimo sobre todos os 0 ≤ k ≤ l e usando o fato de K(x) =
Kγ (x) quando x ∈ M \ Cut (p), obtemos o resultado desejado.
O lema técnico a seguir é atribuı́do a E. Calabi, sendo conhecido como o
Lema de Calabi.
Lema 3.42 (Calabi). Seja γ : [0, l] → M n uma geodésica minimizante, tal que
γ(0) = q e γ(l) ∈
/ Cut (q). Então existe um aberto U contendo {γ}, tal que para
todo x ∈ U há em U no máximo uma geodésica minimizante ligando x a q.
Prova. Suponha, sem perda de generalidade, γ normalizada. Por contradição,
se nenhum tal U existir, então, para todo j ≥ 1, existe um ponto xj ∈ M tal que
limj d(xj , {γ}) → 0 e xj é ligado a q por ao menos duas geodésicas minimizantes
distintas, digamos αj e βj , com |αj0 (0)| = |βj0 (0)| = 1.
Ademais, como para todo ponto de uma bola normal Bq centrada em q o
raio geodésico a partir de q é a única geodésica minimizante que o liga a q, temos
xj ∈/ Bq para todo j ≥ 1. Portanto, passando a uma subsequência, se necessário
(e usando a compacidade de {γ}), podemos supor que existem 0 < t0 ≤ l e
v, w ∈ Tq M unitários, tais que
lim expq (t0 αj0 (0)) = expq (t0 γ 0 (0)) = lim expq (t0 βj0 (0)).
j j
Como γ é minimizante e γ(l) ∈ / Cut (q), novamente pela Proposição 3.2 temos
que γ(t0 ) não é conjugado a q ao longo de γ, e portanto t0 γ 0 (0) não é um ponto
crı́tico de expq . Logo, expq é injetiva em uma vizinhança de t0 γ 0 (0), de sorte que,
para j suficientemente grande, tem-se t0 αj0 (0) = t0 βj0 (0), uma contradição.
f (x) − f (p) + 1
g(x) = .
[log(ρ(x)2 + 2)]1/k
1
Temos g contı́nua, g(p) = (log 2)1/k
> 0 e, desde que f é limitada superiormente,
(i) pk ∈
/ Cut (p): desde que (omitindo x por clareza)
v(f ) 2(f − f (p) + 1)ρv(ρ)
v(g) = − , (3.68)
[log(ρ2 + 2)]1/k k(ρ2 + 2)[log(ρ2 + 2)]1/k+1
obtemos em pk
∇f 2(f − f (p) + 1)ρ∇ρ
0 = ∇g = − ,
[log(ρ2 + 2)] 1/k k(ρ + 2)[log(ρ2 + 2)]1/k+1
2
f (x) − f (p) + 1
g(x) = © ª1/k
log[(ρq (x) + ρ(q))2 + 2]
f (pk ) − f (p) + 1
g(pk ) = © ª1/k
log[(ρq (pk ) + ρ(q))2 + 2]
f (pk ) − f (p) + 1
= = g(pk )
[log(ρ(pk )2 + 2)]1/k
f (x) − f (p) + 1
≥ g(x) =
[log(ρ(x)2 + 2)]1/k
f (x) − f (p) + 1
≥ © ª1/k
log[(ρq (x) + ρ(q))2 + 2]
= g(x).
Para provar (3.65) é suficiente mostrar que lim sup f (pk ) = supM f . Se isto
fosse falso, existiriam x ∈ M e δ > 0 tais que f (x) > lim sup f (pk ) + δ. Então,
Antonio Caminha M. Neto 111
para todo k suficientemente grande, terı́amos f (x) > f (pk ) + δ/2. Agora, desde
que
f (x) − f (p) + 1 k→+∞
−→ f (x) − f (p) + 1,
[log(ρ(x)2 + 2)]1/k
tem-se
f (x) − f (p) + 1
> f (x) − f (p) + 1 − δ/4
[log(ρ(x)2 + 2)]1/k
para todo k suficientemente grande. Por outro lado, como f é limitada superi-
ormente, para todo k suficientemente grande tem-se
f (pk ) − f (p) + 1
f (x) − f (p) + 1 > f (pk ) − f (p) + 1 + δ/2 > + δ/4.
[log(ρ(pk )2 + 2)]1/k
f (x) − f (p) + 1
g(x) = > f (x) − f (p) + 1 − δ/4
[log(ρ(x)2 + 2)]1/k
f (pk ) − f (p) + 1
> = g(pk ),
[log(ρ(pk )2 + 2)]1/k
uma contradição.
O Lema de Omori-Yau é o conteúdo dos dois corolários a seguir, provados
originalmente por H. Omori (cf. [66]) sob a hipótese de limitação inferior das
curvaturas seccionais de M , e posteriormente estendidos por S. T. Yau (cf. [84])
ao caso em que somente a curvatura de Ricci de M seja limitada inferiormente.
Antes de prová-lo, necessitamos provar o seguinte
Lema 3.44. Se a curvatura de Ricci de M é limitada inferiormente, então
K(x) é limitada superiormente por uma constante que não depende de x, para
todo x ∈ M tal que ρ(x) ≥ 1.
Prova. Se Ric ≥ α e γ : [0, l] → M é uma geodésica normalizada ligando p a
x, então l ≥ ρ(x) ≥ 1, e daı́
( Z l )
n−1 α 2
Kγ (x) ≤ min − (t − k) dt
0≤k≤l l−k (l − k)2 k
½ ¾
n − 1 α(l − k)
= min −
0≤k≤l l−k 3
n − 1 αl
≤ − ,
l 3
α(l−k)
onde avaliamos n−1
l−k − 3 para k = 0 na última linha acima.
Há agora dois casos a considerar: se α ≥ 0, segue de l ≥ 1 que
n−1
Kγ (x) ≤ ≤ n − 1;
l
112 Notas de Geometria Diferencial
1 1 1
f (pk ) > sup f − , |∇f (pk )| < , ∆f (pk ) < . (3.69)
M k k k
2(C1 − f (p) + 1) 1 1
≤ · √ · ,
k 2 2 log 2
e daı́
lim |∇f (pk )| = 0. (3.70)
k→+∞
Se f assume seu máximo em algum ponto de M , nada mais há a fazer. Senão,
desde que (M, d) é um espaço métrico, a sequência (pk )k≥1 cuja existência é
assegurada pelo teorema anterior é tal que limk→+∞ ρ(pk ) = +∞. Assim, como
Ric >> −∞, segue do Lema 3.44 que, para todo k suficientemente grande,
K(pk ) ≤ C2 para alguma constante positiva C2 que não depende de k. Portanto,
(3.67) dá
µ ¶
2(C1 − f (p) + 1) C2 ρ(pk ) + 1 1
∆f (pk ) ≤
k ρ(pk )2 + 2 log(ρ(pk )2 + 2)
µ ¶2
4(C1 − f (p) + 1) ρ(pk ) 1
+ 2 2
.
k ρ(pk ) + 2 [log(ρ(pk )2 + 2)]2
2(C1 − f (p) + 1)C3 C1 − f (p) + 1
≤ + ,
k log 2 2k 2 log2 2
de modo que
lim ∆f (pk ) = 0. (3.71)
k→+∞
Análise do Laplaciano
∂2 ∂
L = aij + bi + c, (4.1)
∂xi ∂xj ∂xi
onde aij , bi , c : Ω → R são funções contı́nuas e limitadas, com aij = aji para
todos 1 ≤ i, j ≤ n. Para f ∈ C 2 (Ω), definimos
∂2f ∂f
Lf = aij + bi + cf.
∂xi ∂xj ∂xi
|f (x) − f (y)|
sup < +∞. (4.3)
x,y∈Ω |x − y|α
x6=y
|β| = β1 + · · · + βn .
∂ |β| f
∂β f = . (4.4)
∂xβ1 1 . . . ∂xβnn
Escrevemos ainda
|Dk f |0,Ω = max sup |∂ β f (x)|.
|β|=k x∈Ω
Por fim, se Ω for aberto e f ∈ C k (Ω) for tal que ∂ β f ∈ C α (Ω) para todo
multi-ı́ndice β de ordem k, diremos que f é de classe C k,α em Ω e escreveremos
Antonio Caminha M. Neto 117
|∂ β f (x) − ∂ β f (y)|
[Dk f ]α,Ω = max sup
|β|=k x,y∈Ω |x − y|α
x6=y
e
k
X
|f |k,α,Ω = |Dj f |0,Ω + [Dk f ]α,Ω .
j=0
Não é difı́cil provar que | · |k,α,Ω é uma norma em C k,α (Ω), em relação à qual
ele é um espaço de Banach.
O resultado fundamental acerca do problema (4.2) é o Teorema 6.13 de [36],
conforme descrito a seguir.
L : C ∞ (M ) → C ∞ (M )
uma vez que J (e daı́ J > ) é invertı́vel. Mas isso é precisamente o que significa
Lϕ2 ser elı́ptico em Ω.
O lema anterior garante a consistência da seguinte
Definição 4.4. Seja M n uma variedade Riemanniana e L : C ∞ (M ) → C ∞ (M )
um operador linear local. Dizemos que L é um operador diferencial linear
(elı́ptico) de segunda ordem em M n se, para toda carta coordenada ϕ :
U → Ω em M , o operador linear Lϕ definido como em (4.5) for um operador
diferencial linear (elı́ptico) de segunda ordem em Ω.
Para o que segue, um campo de operadores (lineares) em uma variedade
Riemanniana M é uma coleção de operadores lineares Φp : Tp M → Tp M , que
varia suavemente com p ∈ M no seguinte sentido: para todo campo suave de
vetores X em M , o campo p 7→ Φp (Xp ) é também suave em M . Um campo Φ
como acima é auto-adjunto (resp. positivo definido) se Φp for auto-adjunto
(resp. positivo definido) para todo p ∈ M .
Proposição 4.5. Se M n é uma variedade Riemanniana e Φ é um campo
auto-adjunto de operadores lineares sobre M , então o operador L : C ∞ (M ) →
C ∞ (M ) dado por
Lf = div(Φ∇f ), (4.6)
é um operador diferencial linear de segunda ordem em M n . Ademais, L é
elı́ptico em p ∈ M se e só se Φp : Tp M → Tp M for positivo definido.
Antonio Caminha M. Neto 119
Lf = div(Φ∇f ) + cf,
Corolário 4.7 que f1 − f2 é constante em U . Mas tal constante é 0, uma vez que
f1 − f2 = 0 em ∂U .
Para a existência quando L = ∆, veja o Teorema 4.7 de [5]. Por fim, a
análise do caso Lf = div(Φ∇f ) é totalmente análoga àquela para L = ∆.
Observações 4.11.
ii. Um exame acurado da discussão das páginas 102, 103 e 104 de [36]) garante
que, para um domı́nio limitado U ⊂ M com fronteira não-vazia, a única
dificuldade em se aplicar o método de Perron ao problema de Dirichlet
para um operador linear elı́ptico de segunda ordem L consiste em sermos
capazes de garantir a existência de subsoluções e supersoluções para o
problema de Dirichlet para L, conforme descrito na próxima seção.
para toda função φ ∈ Cc∞ (Ω). Nesse caso, denotando por | · |p,Ω a norma Lp
usual em Ω, definimos uma norma | · |k,p,Ω em W k,p (Ω) pondo
X
|u|pk,p,Ω = |uβ |pp,Ω ,
|β|≤k
ocorre e é compacta.
Recordamos também as estimativas Lp para soluções de Lu = f (cf. Teo-
rema 9.11 de [36]).
Teorema 4.13. Seja p ∈ (1, +∞), Ω ⊂ Rn aberto e, como em (4.1), L um
operador diferencial linear de segunda ordem em Ω, estritamente elı́ptico e com
coeficientes contı́nuos e limitados. Se f ∈ Lp (Ω) e u ∈ C 2,α (Ω) ∩ Lp (Ω) são tais
que Lu = f , então, dado Ω0 ⊂⊂ Ω, existe C = C(n, p, L, Ω, Ω0 ) > 0 tal que
de sorte que as somas dos dois membros acima são equivalentes sobre W k,p (M ).
Doravante, escrevemos
X
|u|k,p,M ∼ |(ηi u) ◦ ϕ−1
i |k,p,Ωi (4.13)
i
ocorre e é compacta.
Para o enunciado a seguir é mister frisar que interpretamos |f |p,M definida
¡R ¢1/p
de maneira análoga a (4.13) e (4.15), e não como M |f |p dM . Teremos
mais a dizer sobre isso logo adiante.
Teorema 4.18. Seja p ∈ (1, +∞), M n uma variedade fechada e L um ope-
rador diferencial linear de segunda ordem em M , estritamente elı́ptico e com
coeficientes contı́nuos e limitados. Se f ∈ Lp (M ) e u ∈ C 2,α (M ) são tais que
Lu = f , então existe C = C(n, p, L, M ) > 0 tal que
onde |∇j u| denota, como em (8.3), a norma usual da j−ésima diferencial cova-
riante de u. Adotaremos esse ponto de vista na Seção 4.3.
K = e−2f (K − ∆f ). (4.17)
Por completude, no que segue damos uma prova alternativa da relação acima
entre as curvaturas Gaussianas de g e g, a qual prescinde da maquinaria do
método do referencial móvel. Para tanto, comece fixando p ∈ M e, em relação à
métrica g, um referencial móvel {e1 , e2 } numa vizinhança U ⊂ M de p, geodésico
em p. É imediato verificar que { eef1 , eef2 } é ortonormal em relação a g, de modo
que, em p,
³ ³e e ´ e e ´
1 2 2 1
K =g R f , f ,
e e ef ef
= e−2f g(R(e1 , e2 )e2 , e1 ) (4.18)
−2f
=e g(∇e1 ∇e2 e2 − ∇e2 ∇e1 e2 , e1 ),
½
∇e2 e2 = 2e2 (f )e2 − ∇f
.
∇e1 ∇e2 e2 = ∇e1 ∇e2 e2 + 2e1 (e2 (f ))e2 − ∇e1 ∇f
126 Notas de Geometria Diferencial
g(∇e1 ∇e2 e2 , e1 ) = g(∇e1 ∇e2 e2 + e1 (f )∇e2 e2 + (∇e2 e2 )(f )e1 − g(e1 , ∇e2 e2 )∇f, e1 )
= g(∇e1 ∇e2 e2 + 2e1 (e2 (f ))e2 − ∇e1 ∇f, e1 )
+ e1 (f )g(2e2 (f )e2 − ∇f, e1 ) + (2e2 (f )e2 − ∇f )(f )g(e1 , e1 )
− g(e1 , 2e2 (f )e2 − ∇f )g(∇f, e1 )
= g(∇e1 ∇e2 e2 , e1 ) − g(∇e1 ∇f, e1 ) − e1 (f )g(∇f, e1 )
+ (2e2 (f )e2 − ∇f )(f ) + g(e1 , ∇f )g(∇f, e1 )
= g(∇e1 ∇e2 e2 , e1 ) − g(∇e1 ∇f, e1 ) + (2e2 (f )e2 − ∇f )(f )
= g(∇e1 ∇e2 e2 , e1 ) − e1 (e1 (f )) + 2(e2 (f ))2 − |∇f |2 .
Analogamente, obtemos
∆f + F (·, f ) = 0, (4.19)
∆φ + F (·, φ) ≥ 0 e ∆ψ + F (·, ψ) ≤ 0,
para todo k ≥ 1. Portanto, pelo Teorema de Ascoli-Arzelá (cf. Seção 4.6 de [32]),
existe uma subsequência (φkj )j≥1 de (φk )k≥1 que converge uniformemente em
M para f . Logo, (4.21) garante que toda a sequência (φk )k≥1 converge unifor-
memente em M para f .
Por outro lado, segue de (4.23), da compacidade de M e do teorema do valor
médio que
e a convergência uniforme de (φk )k≥1 para f garante que (φk )k≥1 converge
em W 2,p (M ). Logo, modificando f em um subconjunto de medida nula, se
necessário, temos que f ∈ W 2,p (M ) e (φk )k≥1 converge para f em W 2,p (M ).
Escolhendo p > n e α = 1 − np , temos do Teorema 4.17 a inclusão compacta,
logo contı́nua
W 2,p (M ) ⊂ C 1,α (M ),
de maneira que (φk )k≥1 converge para f em C 1,α (M ).
k
Por fim, a convergência φk −→ f em C 1,α (M ) garante, via Teorema do Valor
k
Médio, que G(·, φk ) −→ G(·, f ) em C 0,α (M ). Mas como L−1 : C 0,α (M ) →
C 2,α (M ) é compacto, donde contı́nuo, segue de (4.22) que
k
φk = L−1 (G(·, φk−1 )) −→ L−1 (G(·, f ))
k
em C 2,α (M ). Então φk −→ L−1 (G(·, f )) também em C 1,α (M ), e a unicidade
do limite em C 1,α (M ) garante que
∆f − K + Ke2f = 0.
∆v = K med − K.
Agora, escolha a >> 1 tal que aK med − K < 0 em M ; em seguida, fixe b >> 1
tal que e2(av+b) − a > 0 em M . Como K ≤ 0, obtemos
∆ψ − K + e2ψ K < 0,
e ψ é supersolução.
A fim de obter uma subsolução φ tal que ψ ≤ ψ, comece definindo
Z
1
Kmed = KdM.
Vol(M, g) M
1
Kmed = · 2πX (M ) < 0.
Vol(M, g)
Ademais, como
Z
(K − Kmed )dM = 0,
M
Fazendo φ = u − c, temos
λ1 = 0 se ∂M = ∅ e λ1 > 0 se ∂M 6= ∅.
132 Notas de Geometria Diferencial
Spec (M ) = {0 ≤ λ1 ≤ λ2 ≤ λ3 ≤ · · · }, (4.31)
X = ∇w f,
o gradiente fraco de f .
Denotamos ainda por W 1,2 (M ) o subespaço de L2 (M ) formado pelas funções
que possuem derivadas fracas (a semelhança notacional com os espaços de So-
bolev da Seção 4.1 não é mera coincidência; é possı́vel mostrar que, quando
∂M = ∅, ambos tais espaços coincidem), e definimos sobre W 1,2 (M ) o produto
interno
(f, g)1,2 = (f, g) + (∇w f, ∇w g),
com norma associada
|f |21,2 = |f |22 + |∇w f |22 .
Também pode ser provado que W 1,2 (M ) coincide com o fecho de C ∞ (M̊ )
em L2 (M ) com respeito a | · |1,2 ; ademais, se M for suave, então W 1,2 (M ) é o
fecho de C ∞ (M ) em L2 (M ) com respeito a | · |1,2 . Definimos ainda W01,2 (M )
como o fecho de Cc∞ (M̊ ) em W 1,2 (M ).
Doravante, diremos que W 1,2 (M ) e W01,2 (M ) são respectivamente os espa-
ços de funções admissı́veis para os problemas de autovalores fechado e de
Dirichlet em M . A razão dessa nomenclatura reside no seguinte
Para o restante desta seção, se M n for uma variedade com bordo não-vazio
satisfazendo as demais condições elencadas no primeiro parágrafo desta seção,
diremos que M̊ é um domı́nio normal (resp. regular) se M possivelmente
tiver cantos (resp. for suave). Escreveremos também H(M ) para denotar o
espaço de funções admissı́veis a um certo problema de autovalores para M .
134 Notas de Geometria Diferencial
D[f, f ]
R(f ) = . (4.34)
|f |22
(a)
λ1 = inf R(f ), (4.35)
f ∈H(M )\{0}
Prova. Nas notações do item (b) acima, para f ∈ H(M ) ponha αk = (f, fk ) e
recorde que, pelo Lema 4.24, temos
D[f, fi ] = λi αi .
Pm
Segue então que i=k λi αi2 < +∞, e o Teorema 4.22 garante que
m
X m
X
D[f, f ] ≥ λi αi2 ≥ λk αi2 ,
i=k i=k
k
X
f= αi fi . (4.39)
i=1
136 Notas de Geometria Diferencial
mostra que podemos escolher α1 , . . . , αk não todos nulos e tais que (f, fj ) = 0
para 1 ≤ j ≤ k − 1. Portanto, segue do Teorema de Rayleigh que
k
X
λk |f |22 ≤ D[f, f ] = νj αj2
j=1
k
X X (4.40)
≤ νk αj2 ≤ νk αj2
j=1 j≥1
= νk |f |22 .
λk ≤ R(f ) ≤ λk .
Prova.
(a) O teorema anterior garante imediatamente que f1 não muda de sinal em M
e não se anula em M̊ . Isto posto, se λ1 = λ2 , então, trocando f1 por f2 no
teorema anterior, concluı́mos que f2 também não muda de sinal em M e não se
anula em M̊ . Mas isso contradiz a igualdade (f1 , f2 ) = 0.
Suponha agora que k > 1 e fk também tem sinal constante em M . Um
cálculo análogo a (4.30) fornece
Z
(λ1 − λk ) f1 fk dM = 0;
M
(b) O teorema anteriorR garante que f2 tem no máximo dois domı́nios nodais.
Por outro lado, como M f1 f2 dM = 0 e o item (a) garante que f1 não muda de
sinal em M , segue que f2 muda de sinal em M̊ . Portanto, f2 se anula em algum
ponto de M̊ , possuindo então pelo menos dois domı́nios nodais.
Lema 4.34. Seja V um espaço vetorial real n−dimensional com produto in-
terno. Se T : V → V é um operador linear auto-adjunto, então
1
|T |2 ≥ ( tr T )2 , (4.42)
n
com igualdade se e só se T for um múltiplo do operador identidade.
α 1 nα
Logo, λ −1+ n ≤ 0, ou ainda λ ≥ n−1 .
Desde que M é compacta, existe p ∈ M tal que f atinge seu valor máximo
em p; suponha, sem perda de generalidade, que maxM f = 1. Se γ é tal que
γ(0) = p, então f ◦ γ atinge seu valor máximo em 0, donde segue que
½
1 = (f ◦ γ)(0) = A
.
0 = (f ◦ γ)0 (0) = −Bc
Assim,
(f ◦ γ)(t) = cos(ct), (4.47)
para toda geodésica normalizada γ tal que γ(0) = p.
Para o que segue lembre que, pelo Teorema de Bonnet-Myers,
π
Ric ≥ α · g ⇒ diam M ≤ .
c
142 Notas de Geometria Diferencial
Mas desde que sen (cρ(q)) 6= 0, temos então uma única geodésica normalizada
em BM (p; πc ) ligando p a q; em outras palavras, expp é injetiva em BTp M (0; πc ).
Fixe novamente uma geodésica normalizada e minimizante γ, ligando p =
γ(0) a q ∈ BM (p; πc ) \ {p}, digamos q = γ(t0 ). Seja J um campo de Jacobi
ao longo de γ, tal que J(0) = 0 e J(t)⊥γ 0 (t) para todo t ∈ [0, t0 ]. Pela Pro-
posição 2.7, J é o campo variacional de uma variação geodésica φ : (−², ²) ×
[0, t0 ] → BM (p; πc ) de γ, tal que β(s) = φ(s, t0 ) é geodésica, com β 0 (0) = J(t0 ).
Se l(s) é o comprimento de φs : [0, t0 ] → M , então segue de ser φs pa-
rametrizada proporcionalmente ao comprimento de arco que l(s)2 = t0 E(s),
onde E : (−², ²) → R é a energia de φ. Portanto, 2l(s)l0 (s) = t0 E 0 (s) e
2l0 (s)2 + 2l(s)l00 (s) = t0 E 00 (s) nos dão l0 (0) = 0 e
1 00
l00 (0) = E (0) = hJ 0 , Ji(t0 ). (4.50)
2
Pelo que foi visto anteriormente, fixado s ∈ (−², ²), há em BM (p; πc ) uma
única geodésica normalizada ligando p a β(s); como t 7→ φ(s, t) é (a menos de
reparametrização) uma delas, temos ρ(β(s)) = l(s). Logo,
Por outro lado, desde que β é geodésica com β 0 (0) = J(t0 ), segue de (4.46)
(supondo, sem perda de generalidade, |J(t0 )| = 1) a existência de A, B ∈ R tais
que
f (β(s)) = A cos(cs) + B sen (cs).
Logo, A = f (β(0)) = f (γ(t0 )) = cos(ct0 ) e, por (4.49),
Portanto,
(f ◦ β)(s) = cos(ct0 ) cos(cs),
Antonio Caminha M. Neto 143
Derivando a relação acima, obtemos l0 (s) sen (cl(s)) = cos(ct0 ) sen (cs), e daı́
cos(ct0 )
hJ 0 , Ji(t0 ) = .
sen(ct0 )
Homogeneizando, obtemos
hJ 0 , Ji cos(ct)
(t) = ,
2hJ, Ji sen(ct)
d d
relação que fornece, via integração, dt log |J(t)| = dt log sen (ct) e finalmente
Segue daı́ que |J(t0 )| = |J 0 (0)| sen (ct0 ) 6= 0, de maneira que γ(t0 ) não é conju-
gado a p ao longo de γ. Portanto, t0 γ 0 (0) não é ponto crı́tico de expp , donde
expp : BTp M (0; πc ) → BM (p; πc ) é um difeomorfismo. Mas como diam M ≤ πc ,
segue então que diam M = πc ; portanto, pelo Teorema de Cheng (cf. Co-
rolário 3.28) M é isométrica a Sn ( 1c ).
144 Notas de Geometria Diferencial
Capı́tulo 5
Fibrados Vetoriais
(f η)(p) = f (p)η(p), ∀ p ∈ M.
(Φα ◦ Φ−1
β )(p, v) = (p, gαβ (p)v).
temos, caso Uα ∩ Uβ 6= ∅,
temos, caso Uα ∩ Uβ 6= ∅,
Segue do que fizemos acima que a cada seção η ∈ Γ(E) corresponde uma
seção η ∗ ∈ Γ(E ∗ ), que associa a cada p ∈ M o funcional linear ηp∗ : Ep → R,
dual algébrico de ηp ∈ Ep . Ademais, toda seção de E ∗ é localmente da forma
η ∗ , para alguma seção η ∈ Γ(E).
Exemplo 5.10. Dada uma variedade diferenciável n−dimensional M , um caso
particular importante da construção do exemplo anterior é o fibrado cotan-
gente T ∗ M sobre M , i.e. o dual do fibrado tangente T M . Denotamos Γ(T ∗ M )
simplesmente por Ω1 (M ); uma seção ω ∈ Ω1 (M ) de T ∗ M é claramente uma
1−forma diferencial sobre M .
Se U ⊂ M é domı́nio de uma carta ϕ : U → Rn , com funções coordenadas
x1 , . . . , xn : U →³ R, então
´ temos em U o referencial {dx1 , . . . , dxn } para T ∗ M ,
∂
i.e., tal que dxi ∂x j
= δij .
Para o próximo exemplo, denote por Mk×l (R) o espaço vetorial das matrizes
reais k × l, com a topologia e estrutura diferenciável induzidas pela identificação
natural Mk×l (R) ≈ Rkl .
Exemplo 5.13. Como mais um exemplo de aplicação do Lema 5.7, dados
fibrados vetoriais πE : E → M e πF : F → M , de postos respectivamente k e l,
seja a
Hom(E; F ) = Hom(Ep ; Fp ),
p∈M
[T ]α
Ep / Fp
G H
² ²
Ep / Fp
[T ]β
Γ((M × R) ⊗ E) → Γ(E)
. (5.2)
ai ⊗ ξi 7→ ai ξi
Prova. Exercı́cio.
(b) E ∗ ⊗ F ∗ ' (E ⊗ F )∗ .
Prova. Façamos a prova do item (a), deixando a prova do item (b) como
exercı́cio para o leitor.
Seja U ⊂ M domı́nio de trivializações locais para E e F , com referenciais
{η1 , . . . , ηk } e {ξ1 , . . . , ξl }. Então temos em U uma trivialização local para E ∗ ,
com referencial {η1∗ , . . . , ηk∗ }. Defina Φ̃ : Γ(E ∗ ⊗ F ) → Γ(Hom(E; F )) pondo,
em U ,
Φ̃(aij ηi∗ ⊗ ξj ) = aij ηi∗ ( · )ξj .
aij ηi∗ ⊗ ξj = bij ηi0∗ ⊗ ξj0 ⇒ aij ηi∗ ⊗ ξj = uri bij vsj ηr∗ ⊗ ξs
⇒ aij ηi∗ ⊗ ξj = uir brs vjs ηi∗ ⊗ ξj
⇒ aij = uir brs vjs .
Portanto,
aij ηi∗ ( · )ξj = uir brs vjs ηi∗ ( · )ξj = brs ηr0∗ ( · )ξs0 ,
A discussão que precede a Proposição A.8 nos permite ver η como um campo
de aplicações multilineares ηp : (E1 )∗p × · · · × (Em )∗p → R tais que
Para o que segue, note que podemos ver um k−tensor covariante sobre uma
variedade Riemanniana M (cf. discussão à página 26) como uma seção φ do
fibrado
Ω1 (M ) ⊗ · · · ⊗ Ω1 (M ) . (5.5)
| {z }
k
Considerando, dentre tais seções, somente aquelas alternadas, i.e., tais que
{η1 , . . . , ηk }. Se X = ai ∂i e η = uj ηj , então
D Dη Dξ
(a) dt (η + ξ) = dt + dt , para todas η e ξ seções ao longo de α.
(b) D
= f Dη
dt (f η) dt +
df
dt η, para todas η seção ao longo de α e f função suave
ao longo de α.
Dη
(c) Se η(t) = ξ(c(t)), onde ξ é seção local de π, então dt = ∇ dc ξ.
dt
Dη Dη
Ademais, se c e η forem suaves, então dt também o será. A seção dt é a
derivada covariante de η ao longo de c.
e daı́ Dη Dη
dt é único, caso exista. Para a existência, definindo dt pelo segundo
membro de (5.11) é imediato verificar que as condições (a), (b) e (c) do enunciado
são satisfeitas.
Para o caso geral, cubra c(I) com um número finito de domı́nios de trivia-
lizações locais para π e defina Dη
dt em cada um desses domı́nios como feito acima.
A parte de unicidade do parágrafo anterior garante que as várias definições de
Dη
dt concordam nas interseções dos domı́nios envolvidos, fornecendo assim uma
seção local global ao longo de c. A unicidade é imediata.
Prova. Nas notações da prova da Proposição 5.28, se η(t) for paralela ao longo
de c devemos ter, de acordo com (5.11) e em cada intervalo onde c for de classe
C 1,
dul
+ ai Γlij uj = 0 (5.12)
dt
158 Notas de Geometria Diferencial
e ∗
(∇E ∗ ∗ ∗ E
X η )ξ = X(η (ξ)) − η (∇X ξ), (5.17)
onde X ∈ X(M ) e η, ξ ∈ Γ(E), tornam E ∗ um fibrado vetorial Riemanniano.
∗
Deixamos novamente ao leitor a tarefa de verificar que gE ∗ e ∇E definem
respectivamente uma métrica e uma conexão em E ∗ . Quanto à compatibilidade
entre ambas, é imediato verificar a partir de (5.15) e da compatibilidade entre
gE e ∇E que
∗
(∇E ∗
X η )ξ = Xhη, ξiE − hη, ∇E
X ξiE
= h∇X η, ξiE = (∇X η)∗ ξ,
E E
i.e., ∗
∇E ∗ E ∗
X η = (∇X η) . (5.18)
A relação acima, (5.16) e novamente a compatibilidade entre gE e ∇E final-
mente nos dão
Deixando de lado uma vez mais a verificação de que ∇ realmente define uma
conexão em Hom(E; F ), temos
XhΦ, Ψi = h∇X Φ, Ψi + hΦ, ∇X Ψi ⇔
⇔ XhΦ(ηi ), Ψ(ηi )iF = h(∇X Φ)ηi , Ψ(ηi )iF + hΦ(ηi ), (∇X Ψ)ηi iF
⇔ h∇F F
X Φ(ηi ), Ψ(ηi )iF + hΦ(ηi ), ∇X Ψ(ηi )iF =
= h∇F E F E
X Φ(ηi ) − Φ∇X ηi , Ψ(ηi )iF + hΦ(ηi ), ∇X Ψ(ηi ) − Ψ∇X ηi iF
E E
⇔ hΦ∇X ηi , Ψ(ηi )iF + hΦ(ηi ), +Ψ∇X ηi iF = 0.
Para mostrar que esse é o caso, faça bij = h∇E
X ηi , ηj iE e note que
∇E E
X ηi = h∇X ηi , ηj iE ηj = bij ηj .
Portanto,
hΦ∇E E
X ηi , Ψ(ηi )iF + hΦ(ηi ), +Ψ∇X ηi iF =
= bij hΦ(ηj ), Ψ(ηi )iF + bij hΦ(ηi ), Ψ(ηj )iF
= (bij + bji )hΦ(ηj ), Ψ(ηi )iF = 0,
uma vez que
bij + bji = h∇E E
X ηi , ηj iE + h∇X ηj , ηj iE = Xhηi , ηj iE = X(δij ) = 0.
1
= |∇|Φ|2 |2 .
4
do referencial escolhido, após o quê é fácil checar que se trata de uma métrica
em Λk M .
Uma conexão D compatı́vel com a métrica de Gramm é dada por
Finalizamos esta seção estendendo, para fibrados vetoriais munidos com uma
conexão linear, a noção de curvatura de uma variedade Riemanniana.
Definição 5.42. Se ∇ é uma conexão no fibrado vetorial π : E → M , o
operador de curvatura, ou simplesmente a curvatura de E é a aplicação
R : X(M ) × X(M ) × Γ(E) → Γ(E) dada por
R(X, Y )η = ∇X ∇Y η − ∇Y ∇X η − ∇[X,Y ] η.
P : Γ(E) → Γ(F )
tal que
supp(P η) ⊂ supp(η), ∀η ∈ Γ(E). (5.23)
PU : Γ(E|U ) → Γ(F|U )
P ((φ − ψ)η) ≡ 0 em U 0 .
Por fim, é agora claro que PU : Γ(E|U ) → Γ(F|U ) é R−linear e que vale a
condição (5.23).
Para o que segue, se U ⊂ Rn é aberto e f = (f1 , . . . , fk ) ∈ C ∞ (U ; Rk ),
denotamos por ∂ α f a derivada parcial
∂ α f = (∂ α f1 , . . . , ∂ α fk ),
r(x)
onde limx→p |x−p|m = 0.
Nosso primeiro propósito nesta seção é mostrar que, num sentido a ser pre-
cisado, todo operador diferencial linear P : Γ(E) → Γ(F ) admite, localmente,
uma expressão do tipo (5.25).
Para o que segue, se U ⊂ Rn é aberto e g ∈ C(U ) é limitada, denotamos
||g||∞ = sup{|g(x)|; x ∈ U }.
onde f = (f1 , . . . , fk ).
Mas como ||P fj ||∞ > 4j ||fj ||j,∞ , existe então xj ∈ Uj ⊂ U0 tal que |(P fj )(xj )| >
4j ||fj ||j,∞ , e daı́
1
|(P f )(xj )| = |(P fj )(xj )| > 2j .
2j ||fj ||j,∞
¡ ¢
onde C = maxβ≤α α β ||φ||m,∞ .
Como f é nula até ordem m em 0, a fórmula de Taylor infinitesimal para f
∂ β f (x)
garante que ∂ β f é nula até ordem m − |β| em 0, i.e., que limx→0 |x|m−|β| = 0.
Portanto, temos
|∂ β f (x)|
k |α|−|β| sup |∂ β f (x)| = k |α|−|β| sup |x|m−|β| ·
|x|≤1/2k |x|≤1/2k |x|m−|β|
1 |∂ β f (x)|
≤ k |α|−|β| · sup
k m−|β| |x|≤1/2k |x|m−|β|
1 |∂ β f (x)| k
= sup −→ 0,
k m−|α| |x|≤1/2k |x|m−|β|
para todos x ∈ U 0 , f ∈ C ∞ (U 0 ; Rk ).
Prova. Provemos primeiro que se f ∈ Cc∞ (U 0 ; Rk ) é nula até ordem m em
p ∈ U 0 , então (P f )(p) = 0.
Aplicando o lema anterior a cada função coordenada de f , concluı́mos que
existe uma sequência (fj )j≥1 em Cc∞ (U 0 ; Rk ), tal que cada fj é nula em uma
vizinhança de p e
j
||fj − f ||m,∞ −→ 0.
Então
j
||P fj − P f ||∞ = ||P (fj − f )||∞ ≤ C||fj − f ||m,∞ −→ 0,
j
de maneira que P fj −→ P f uniformemente em U 0 . Como fj ≡ 0 em uma
vizinhança de p e supp(P fj ) ⊂ supp(fj ), temos que (P fj )(p) = 0, e segue do
que fizemos acima que
(P f )(p) = lim (P fj )(p) = 0.
j→+∞
X 1 X µα¶ X
k
= (−p)β P (xα−β ej )(p)∂ α fj (p).
α! β j=1
|α|≤m β≤α
Logo,
X 1 X µα¶ X
k Xl
(P f )(p) = (−p)β uαβij (p)∂ α fj (p)e0i
α! β j=1 i=1
|α|≤m β≤α
X l X
X k µ ¶
1 X α
= (−p)β uαβij (p)∂ α fj (p)e0i
α! β
|α|≤m i=1 j=1 β≤α
1
P α
¡ ¢
Definindo aα ∈ C ∞ (U ; M (l×k; R)) por aαij (y) = α! β≤α β (−y)β uαβij (y),
obtemos finalmente
l X
X X k
(P f )(p) = aαij (p)∂ α fj (p)e0i
|α|≤m i=1 j=1
X
= aα (p)∂ α f (p),
|α|≤m
como desejado.
Chegamos finalmente ao resultado desejado, devido a J. Peetre.
Teorema 5.50 (Peetre). Seja U ⊂ Rn aberto e P : C ∞ (U ; Rk ) → C ∞ (U ; Rl )
um operador diferencial linear. Fixado U 0 ⊂⊂ U , existem m ∈ Z+ e, para cada
multi-ı́ndice α de ordem |α| ≤ m, uma aplicação aα ∈ C ∞ (U 0 , M (l × k; R)) tal
que X
(P f )(x) = aα (x)∂ α f (x),
|α|≤m
0 ∞ 0 k
para todos x ∈ U e f ∈ C (U ; R ).
0
Prova. Pela Proposição 5.47, para cada x ∈ U existem Ux ⊂ U vizinhança de
x, mx ∈ N e Cx > 0 tais que
P
para todo x ∈ U 0 \ {x1 , . . . , xp }. Por fim, como P f e x 7→ |α|≤m aα (x)∂ α f (x)
estão ambos em C ∞ (U 0 ; Rl ), segue por continuidade que a igualdade acima é
válida para todo x ∈ U 0 .
PU
Γ(EU ) / Γ(FU )
O
Φ̃−1
E Φ̃F
²
C ∞ (U ; Rk ) / C ∞ (U ; Rl ) (5.27)
O P̃U
ϕ−1 ×Id ϕ×Id
²
C ∞ (V ; Rk ) / C ∞ (V ; Rl )
P̃V
É imediato verificar que P̃U e P̃V são operadores diferenciais lineares; em par-
ticular, pelo Teorema de Peetre existem m ∈ Z+ e, para cada multi-ı́ndice α de
ordem |α| ≤ m, uma aplicação aα ∈ C ∞ (V, M (l × k; R)) tal que
X
(P̃V f )(x) = aα (x)∂ α f (x),
|α|≤m
para todos x ∈ V e f ∈ C ∞ (V ; Rk ).
Por abuso de notação, escrevendo aα ao invés de aα ◦ ϕ e ∂ α f ao invés de
α
∂ (f ◦ ϕ), temos que
X
(P̃U f )(x) = aα (x)∂ α f (x), (5.28)
|α|≤m
²: Op → R
[f ] 7 → f (p)
é a ordem de P em M .
Em princı́pio, poderı́amos ter o P = +∞. Nosso próximo resultado exclui
essa possibilidade e dá a caracterização esperada da ordem de P .
Lema 5.52. Seja M n conexa e U ⊂ M domı́nio de uma carta ϕ : U → V ⊂ Rn
e de trivializações locais ΦE : E|U → U × Rk e ΦF : F|U → U × Rl . Se
X
P̃U = aα (x)∂ α
|α|≤m
Em particular, ordP ∈ N.
Prova. Para p ∈ U , é imediato a partir do diagrama (5.27) e da definição de
ordem que
ordP (p) = ordPU (p) = ordP̃U (p) ≤ m,
Antonio Caminha M. Neto 173
temos
X
(P̃U f )(p) = aα (p)∂ α f (p) = β!(aβ1j (p), . . . , aβlj (p)) 6= 0.
|α|≤m
σP : E ⊕W T ∗ M → F
tal que
σP (v, ω) = P (f m η)(p), (5.29)
onde, para (v, ω) ∈ Ep ⊕Tp∗ M , escolhemos η ∈ Γc (E) e f ∈ mp tais que η(p) = v
e dfp = ω.
Cumpre mostrar que σP está bem definida, i.e., não depende das escolhas
envolvidas. Para tanto, note inicialmente que se v = 0, então η(p) = 0 e daı́ o
Lema 5.52 garante que P (f m η)(p) = 0. Por outro lado, se f ∈ mp for tal que
dfp = 0, então a expressão local de f e nula até ordem 1 em p, e daı́ a expressão
local de f m é nula até ordem m em p; portanto, a unicidade da fórmula de Taylor
infinitesimal (cf. Capı́tulo 3 de [55]), juntamente com o Lema 5.52, garantem
que P (f m η)(p) = 0.
Por fim, se (η, df ) ∈ Γ(E ⊕W T ∗ M ) ' Γ(E) ⊕ Λ1 M , então σP (η, df ) ∈ Γ(F ).
Isto porquê, para p ∈ M e φ ∈ Cc∞ (M ) tal que φ ≡ 1 numa vizinhança de p,
174 Notas de Geometria Diferencial
temos
B : Γ(E 0 ) × Γ(E) −→ Ωn (M )
tal que
B(ω ⊗ η ∗ , ξ) = η ∗ (ξ)ω,
para todos η, ξ ∈ Γ(E), ω ∈ Ωn (M ). Em particular, B induz uma aplicação
C ∞ (M )−linear
(·, ·)E : Γc (E 0 ) × Γc (E) → R
tal que Z
(ω ⊗ η ∗ , ξ)E = η ∗ (ξ)ω, (5.33)
M
(ξ 0 , ξ)E ≥ 0,
e daı́
pP 0 (x, ξ) = (−1)m (pP (x, ξ))> .
Vendo pP (x, ξ) e pP 0 (x, ξ) como operadores lineares em Rk , é imediato verificar
que pP (x, ξ) é injetivo se e só se o mesmo é válido para pP 0 (x, ξ).
Voltemos agora nossa atenção ao caso geral, i.e., aquele em que P : Γ(E) →
Γ(F ), com E e F fibrados vetoriais sobre a variedade n−dimensional orientada
M . Inicialmente, se P10 e P20 satisfazem as condições do enunciado, então
e daı́
(ξ, P10 η 0 − P20 η 0 )E 0 = 0, (5.37)
0 0 0 0 0
para todos ξ ∈ Γc (E), η ∈ Γc (F ). Fixada η ∈ Γc (F ), seja τ = P10 η 0
− P20 η 0 ∈
0 00
Γc (E ). A identificação canônica entre Γc (E) e Γc (E ) nos permite escolher
ξ ∈ Γc (E) tal que ξ = τ 00 , onde τ 00 = dM ⊗ (τ 0 )∗ ∈ Γc (E 00 ). Portanto, temos a
partir de (5.37) que
0 = (ξ, τ 0 )E 0 = (τ 00 , τ 0 )E 0 ,
e segue do Lema 5.57 que τ 0 = 0, i.e., P10 η 0 = P20 η 0 . Mas como η 0 ∈ Γc (F 0 ) foi
escolhida arbitrariamente, temos então que P10 = P20 .
Antonio Caminha M. Neto 179
P 00 : Γ(E) → Γ(F ).
(η 0 , P 00 ξ 00 )F 00 = (P 0 η 0 , ξ 00 )E 00 ,
(η 0 , P 00 ξ)F = (P 0 η 0 , ξ)E ,
(P 00 ξ, η 0 )F 0 = (ξ, P 0 η 0 )E 0 = (P ξ, η 0 )F 0 ,
t t
à t !
X X X
0 ∗ ∗ ∗
ξ = fi dM ⊗ ξi ≈ dM ⊗ (fi ξi ) ≈ dM ⊗ fi ξi .
i=1 i=1 i=1
Γ(E) −→ Γ(E ∗ )
.
ξ 7→ ξ∗
Munindo E ∗ com a métrica canônica obtida a partir de h·, ·iE (cf. Exemplo 5.37),
obtemos uma aplicação C ∞ (M )−linear análoga
Γ(E ∗ ) −→ Γ(E ∗∗ )
.
ξ∗ 7→ ξ ∗∗
para todos x ∈ Ω, ξ ∈ Rn e v ∈ Rk .
Suponha agora que L̃ tivesse ordem menor que 2m, de sorte que pL̃ fosse
homogêneo de grau t < 2m em ξ. Fixados x0 ∈ Ω, ξ0 ∈ Rn \ {0} e v0 ∈ Rk \ {0},
terı́amos a partir da desigualdade acima que
para todo s > 0. Dividindo ambos os membros por s2m e fazendo s → +∞,
obterı́amos
1
C|ξ0 |2m |v0 |2 ≤ 2m−t hpL̃ (x0 , ξ0 )v0 , v0 i → 0,
s
o que é uma contradição. Assim, L̃, e daı́ L, tem ordem 2m.
Como a> α (x) 6= −aα (x) para pelo menos um multi-ı́ndice α de ordem m, pode-
mos escolher um multi-ı́ndice β de ordem m tal que aβ (x) não seja identicamente
nula e, a partir daı́, v ∈ Rk tal que haβ (x)v, vi 6= 0. Em seguida, escolhemos
η ∈ Rn tal que o coeficiente acima de tm seja não nulo e (desde que n > 1)
τ ∈ Rn tal que tη + τ 6= 0. Mas tais escolhas contradizem (5.38)
Para o que segue, dado um operador diferencial linear L : Γ(E) → Γ(F ),
denotamos por ker L o núcleo de L, i.e., o subespaço vetorial de Γ(E) dado por
(c) Se (−1)m L for elı́ptico, então (−1)m L é fortemente elı́ptico de ordem 2m.
Antonio Caminha M. Neto 185
Prova.
(a) A auto-adjunção de L em relação a (·, ·)2 é imediata. Por outro lado, se
ξ ∈ Γ(E), então
Mas desde que o operador linear v 7→ hpL̃ (x, ξ)v é injetivo, novamente parafrase-
ando os argumentos da prova do Exemplo 5.62 obtemos uma constante positiva
C tal que µ ¶
ξ v v
hpL̃ x, , i ≥ C,
|ξ| |v| |v|
para todos x ∈ Ω, ξ ∈ Rn \ {0} e v ∈ Rk \ {0}. A partir daı́, segue (também
como na prova do exemplo supracitado) que
para todos x ∈ Ω, ξ ∈ Rn e v ∈ Rk .
Para o resto desta seção, M n denota uma variedade Riemanniana fechada
e orientada. Dado um operador diferencial linear L : Γ(E) → Γ(E) de ordem
m, a fim de evitar carregar a notação com o fator (−1)m , sempre que não
houver perigo de confusão diremos que L é fortemente elı́ptico para significar
que (−1)m L o é.
A importância da classe dos operadores diferenciais lineares auto-adjuntos e
fortemente elı́pticos repousa nos dois resultados a seguir.
Teorema 5.65. Se L : Γ(E) → Γ(E) é um operador diferencial linear auto-
adjunto e fortemente elı́ptico, então:
(a) dim ker L < +∞.
(b) (ker L)⊥ = Im(L)
(c) Γ(E) = Im L ⊕ ker L, soma direta ortogonal.
(d) A equação L(·) = η tem uma solução ξ ∈ Γ(E) se e só se η ∈ (ker L)⊥ .
Para o enunciado do próximo resultado, dado um operador diferencial linear
L : Γ(E) → Γ(E), dizemos que a seção ξ ∈ Γ(E) \ {0} é uma autofunção de L
associada ao autovalor λ ∈ R se
Lξ = λξ.
186 Notas de Geometria Diferencial
(ξ, Lτ )2 = (η, τ )2 ,
ϕ(Lτ ) = (η, τ )2
ϕ(Lτ ) = (η, τ )2
para toda seção β ∈ Γ(E). A definição de solução fraca daria então ϕ(Lτ ) =
(ξ, Lτ )2 para toda seção τ ∈ Γ(E), de modo que
para toda seção τ ∈ Γ(E), de modo que ξ seria uma solução clássica de L(·) = η.
Entretanto, desde que Γ(E) não é Hilbert, o argumento acima não é válido e
temos de recorrer a outros artifı́cios para obter soluções clássicas para a equação
L(·) = η. Faremos isso estabelecendo a existência de soluções fracas para tal
equação, recorrendo em seguida à seguinte versão do Teorema de Regulari-
dade Elı́ptica.
Teorema 5.68. Se η ∈ Γ(E) e ϕ : Γ(E) → R é uma solução fraca de L(·) = η,
então existe uma seção suave ξ ∈ Γ(E) tal que
|ξi |2 ≤ C e |Lξi |2 ≤ C,
π : Γ(E) → ker L.
Supondo o contrário, concluı́mos que existe uma sequência (ξi )i≥1 em (ker L)⊥
tal que |ξi |2 = 1 e |Lξi |2 → 0. Pelo Teorema 5.69, passando a uma subsequência,
se necessário, podemos supor que (ξi )i≥1 é de Cauchy em relação à norma | · |2 .
Daı́, para β ∈ Γ(E), a desigualdade de Cauchy-Schwarz fornece
|ϕ(β)| = | lim (ξi , β)2 | = lim |(ξi , β)2 | ≤ lim |ξi |2 |β|2 = |β|2 .
i→+∞ i→+∞ i→+∞
i
Ademais, como Lξi −→ 0 e convergência forte implica em convergência fraca
em todo espaço vetorial normado, temos para τ ∈ Γ(E) que
para toda seção β ∈ Γ(E). Se Lβ1 = Lβ2 , então (ξ, β1 − β2 )2 = 0, uma vez que
ξ ∈ (ker L)⊥ e β1 − β2 ∈ ker L. Portanto, (ξ, β1 )2 = (ξ, β2 )2 , e ϕ é bem definido
e claramente linear.
Afirmamos agora que ϕ é limitado em Im L. De fato, se β ∈ Γ(E) e τ =
β − π(β), então π(β) ∈ ker L ⇒ L(π(β)) = 0, de maneira que Lτ = Lβ, com
τ ∈ (ker L)⊥ . Assim, a Afirmação 5.70 garante que
(d) Já vimos que se L(·) = η tem solução clássica, então η ∈ (ker L)⊥ . Recipro-
camente, se η ∈ (ker L)⊥ , segue de (b) que η ∈ Im L, daı́ existe ξ ∈ Γ(E) tal
que Lξ = η.
G = ι ◦ K ◦ π ⊥ : Γ(E) −→ Γ(E),
onde π ⊥ : Γ(E) −→ (ker L)⊥ é a projeção ortogonal de Γ(E) sobre (ker L)⊥ , K
é o operador pré-compacto (5.39) e ι : (ker L)⊥ → Γ(E) é a inclusão.
Por outro lado, se η ∈ (ker L)⊥ , então π ⊥ (η) = η, e daı́, novamente pelo item
(d) do Teorema 5.65, temos que
L(G(η)) = η,
para toda η ∈ (ker L)⊥ . Mais geralmente, para η ∈ Γ(E), temos π ⊥ (η) ∈
(ker L)⊥ , e daı́
onde utilizamos na última igualdade que ξ1 , ξ2 ∈ (ker L)⊥ para concluir que
(ξ1 , π(η2 ))2 = 0 e (π(η1 ), ξ2 )2 = 0. Por fim, como L é auto-adjunto, nada mais
há a fazer.
Para terminar a prova, seja T : Γ(E) → Γ(E) um operador linear tal que
T L = LT . A fim de concluirmos que T G = GT , é suficiente mostrar que:
Agora, T ((ker L)⊥ ) ⊂ (ker L)⊥ , L|(ker L)⊥ : (ker L)⊥ → (ker L)⊥ e T L = LT
garantem imediatamente que
e daı́
K ◦ T|(ker L)⊥ = T|(ker L)⊥ ◦ K.
192 Notas de Geometria Diferencial
e daı́
T (ker L) ⊂ ker L. (5.42)
⊥ ⊥
Tome agora η ∈ Γ(E). Como π (η) ∈ (ker L) , segue dos itens (b) e (c) do
Teorema 5.65 a existência de ξ ∈ Γ(E) tal que
Por outro lado, segue de (5.41) e (5.42) que T L(ξ) ∈ (ker L)⊥ e T π(η) ∈ (ker L),
e daı́
e
k
BdR (M ) = Im(d : Ωk−1 (M ) → Ωk (M ))
denotam respectivamente os subespaços vetoriais de Ωk (M ) formados pelas
k−formas fechadas e exatas, temos
k k
BdR (M ) ⊂ ZdR (M ).
Ω∗ (M ) ≈ ⊕nk=0 Ωk (M ).
δ : Ωk+1 (M ) → Ωk (M ),
tais que
(dω, η)2 = (ω, δη)2 ,
para todas ω ∈ Ωk (M ), η ∈ Ωk+1 (M ). Podemos agora dar a seguinte
∆ = dδ + δd.
Ωk (M ) = ∆(Ωk (M )) ⊕ Hark (M )
= δd(Ωk (M )) ⊕ dδ(Ωk (M )) ⊕ Hark (M )
= δ(Ωk+1 (M )) ⊕ d(Ωk−1 (M )) ⊕ Hark (M ).
G = ι ◦ K ◦ π ⊥ : Ωk (M ) −→ Ωk (M )
ω = ∆G(ω) + π(ω)
= (dδ + δd)G(ω) + π(ω)
= dδG(ω) + δGd(ω) + π(ω)
= dδG(ω) + π(ω),
uma vez que dω = 0. Mas como π(ω) ∈ Hark (M ), segue do Lema 5.74 que
dπ(ω) = 0, de sorte que [ω] = [π(ω)].
Para a unicidade, suponha que τ1 , τ2 ∈ Hark (M ) fossem tais que τ1 −τ2 = dα,
com α ∈ Ωk−1 (M ). Então
sgn : Sn −→ {±1}
σ 7→ sgn (σ)
é um homomorfismo de grupos.
Lema 5.79. Seja {e1 , . . . , en } um referencial ortonormal positivo em U ⊂ M n ,
com coreferencial {ω1 , . . . , ωn }. Se σ = (i1 , . . . , ik , j1 , . . . , jn−k ) é uma per-
mutação de (1, 2, . . . , n) tal que i1 < · · · < ik e j1 < · · · < jn−k , então
Logo,
sgn (στ ) = sgn (σ 2 ρ) = sgn (σ)2 sgn (ρ) = (−1)k(n−k) .
(b) Aplicando a fórmula do item (a), a definição do operador estrela e utilizando
a anti-comutatividade do produto exterior de formas, obtemos
conforme desejado.
Corolário 5.82. O operador estrela de Hodge e o operador de Laplace-Beltrami
comutam. Em particular, ω ∈ Ωk (M ) é harmônica se e só se ?ω ∈ Ωn−k (M )
também o for.
Prova. Temos de mostrar que
?∆ = ∆? : Ωk (M ) → Ωn−k (M ).
Para tanto, analogamente a (5.44), deduzimos que
½
?δ = (−1)k d? : Ωk (M ) → Ωn−k+1 (M )
.
?d = (−1)k−1 δ? : Ωk (M ) → Ωn−k−1 (M )
Logo, em Ωk (M ) temos
?∆ = ?dδ + ?δd
= (−1)k δ ? δ + (−1)k+1 d ? d
= (−1)k (−1)k δd ? +(−1)k+1 (−1)k−1 dδ ?
= δd ? +dδ? = ∆ ? .
Antonio Caminha M. Neto 199
∆(?ω) = ?∆ω = 0.
n−k
Analogamente, dada [β] ∈ HdR (M ) \ {0}, temos ?ω ∈ Ωk (M ) harmônica,
donde fechada, e
Z Z
B([?β], [β]) = (?β) ∧ β = (−1)k(n−k) (?β) ∧ (? ? β)
M M
= (−1)k(n−k) | ? β|22 6= 0.
∇2 η = ∇E E E
ei ∇ei η − ∇∇Me ei
η,
i
divX = h∇M E
ej X, ej i = ej h∇ei η, ξiE hei , ej i
= δij ej h∇E E
ei η, ξiE = ei h∇ei η, ξiE .
se ω = ωj ⊗ ξj , com ωj ∈ Ωk (U ) e ξj ∈ Γ(E|U ).
É importante observar que tal identificação se estende à métrica h , i e à
conexão ∇ usuais em Λk M ⊗E, i.e., construı́das a partir das métricas e conexões
de Λk M e E como no Exemplo 5.40. Mais precisamente, se θ ∈ Γ(Λk M ⊗ E) e
{e1 , . . . , en } é referencial ortonormal num aberto de M , então
d : Γ(Λk M ⊗ E) → Γ(Λk+1 M ⊗ E)
bj . . . , Xk+1 ),
dω(X1 , . . . , Xk+1 ) = (−1)j−1 (∇Xj ω)(X1 , . . . , X (5.52)
bi , . . . , X
d2 ω(X1 , . . . , Xk+2 ) = (−1)i+j (R(Xi , Xj )ω)(X1 , . . . , X bj , . . . , Xk+2 ),
onde a soma no segundo membro acima se estende aos pares ordenados (i, j)
tais que i < j.
d2 ω(X1 , . . . , Xk+2 ) =
bj . . . , Xk+2 )
= (−1)j−1 (∇Xj dω)(X1 , . . . , X
j−1
= (−1) ∇X dω(X1 , . . . , X bj . . . , Xk+2 )
j
= (−1) i+j−2 bi , . . . , X
∇Xj (∇Xi ω)(X1 , . . . , X bj . . . , Xk+2 )
+(−1)i+j−2 ∇X (∇X ω)(X1 , . . . , Xbj , . . . , X
bi . . . , Xk+2 )
j i
dη = ωj ∧ ∇ej η. (5.54)
η = (−1)i−1 ai ω1 ∧ . . . ∧ ω
bi ∧ . . . ∧ ωn .
No ponto p temos ωij = 0, uma vez que ωij (el ) = h∇el ei , ej i = 0 para 1 ≤ l ≤ n;
portanto, a Proposição 1.30 garante que, em p, dωj = ωjl ∧ ωj = 0. Logo,
dη = (−1)i−1 dai ∧ ω1 ∧ . . . ∧ ω bi ∧ . . . ∧ ωn
= (−1)i−1 ej (ai )ωj ∧ ω1 ∧ . . . ∧ ω bi ∧ . . . ∧ ωn
= ei (ai )ω1 ∧ . . . ∧ ωi ∧ . . . ∧ ωn
= ei (ai )dM.
Por outro lado, também no ponto p temos ∇ei ωj = 0, uma vez que
A segunda parcela acima é igual a hω, δθi. De fato, novamente por (5.50),
temos
hω, δθi = hω(ei1 , . . . , ebij . . . , eik+1 ), δθ(ei1 , . . . , ebij , . . . , eik+1 )i
= hω(ei1 , . . . , ebij . . . , eik+1 ), −(∇eij θ)(eij , ei1 , . . . , ebij , . . . , eik+1 )i
= −hω(ei1 , . . . , ebij . . . , eik+1 ), ∇eij θ(eij , ei1 , . . . , ebij , . . . , eik+1 )i
= −(−1)j−1 hω(ei1 , . . . , ebij . . . , eik+1 ), ∇eij θ(ei1 , . . . , eik+1 )i.
Por fim, substituindo os cálculos acima na expressão para hdω, θi, obtemos
a igualdade (válida em princı́pio no ponto p, e logo em toda a variedade M )
∆ = dδ + δd.
∆ = −∇2 + S, (5.56)
Desde que (∇Xi Xj )(p) = 0, utilizando duas vezes (5.20) concluı́mos que, em
p,
bj , . . . , Xk ).
= (−1)j (∇Xj ∇ei ω)(ei , X1 , . . . , X
Lema 5.98. O operador S definido por (5.57) é tal que, para ω ∈ Ω1 (M ), temos
i.e.,
(Sω)∗ = Ric M (X) = Ric M (ω ∗ ).
X = ω ∗ = (df )∗ = ∇f.
Antonio Caminha M. Neto 211
1 1
X = h∇ei ∇f, ∇f iei = ei (|∇f |2 )ei = ∇(|∇f |2 )
2 2
e daı́
1 1
divX = div∇(|∇f |2 ) = ∆|∇f |2 .
2 2
Substituindo as identidades acima em (5.64), reobtemos a fórmula de Boch-
ner (3.22).
212 Notas de Geometria Diferencial
Capı́tulo 6
Imersões isométricas
Por outro lado, se Z ∈ X(M ) e Z1 o estende a M̃ , então, uma vez mais ao longo
de M , temos
XhY, Zi ˜ X Y1 , Z1 i + hY1 , ∇
= X1 hY1 , Z1 i = h∇ ˜ X Z1 i
1 1
˜ > ˜
= h(∇X1 Y1 ) , Zi + hY, (∇X1 Z1 ) i >
∇⊥ ˜ ⊥
X η := (∇X η) , (6.4)
obtemos
˜ X η)> .
Aη X = −(∇ (6.8)
Combinando (6.8) e (6.4), obtemos a equação de Weingarten
˜ X η = −Aη X + ∇⊥
∇ X η, (6.9)
(∇⊥ ⊥
X α)(Y, Z) = ∇X α(Y, Z) − α(∇X Y, Z) − α(Y, ∇X Z),
À luz do corolário acima, seria natural tentar calcular (R̃(X, Y )η)⊥ para
X, Y ∈ X(M ) e η ∈ X(M )⊥ em termos de outros objetos geométricos associados
à imersão. Para tanto, precisamos considerar (cf. Definição 5.42) o operador
curvatura R⊥ do fibrado normal T M ⊥ ,
R⊥ (X, Y )η = ∇⊥ ⊥ ⊥ ⊥ ⊥
X ∇Y η − ∇Y ∇X η − ∇[X,Y ] η. (6.14)
A proposição a seguir traz a fórmula desejada, conhecida como a equação de
Ricci.
218 Notas de Geometria Diferencial
Prova.
(a) Suponha que dim ∆(p) = m em todos os pontos p do subconjunto aberto
U de M . Segue de (6.19) que, dado p0 ∈ U , existem X1 , . . . , Xn−m ∈ Tp0 M e
η1 , . . . , ηn−m ∈ Tp0 M ⊥ tais que
Para o que segue recomendamos ao leitor fazer uma rápida revisão dos con-
ceitos de distribuição, distribuição involutiva e integrável em uma variedade,
bem como do clássico Teorema de Frobenius sobre a integrabilidade de distri-
buições involutivas. Referimos o leitor ao Capı́tulo 19 de [49] para uma excelente
exposição desses tópicos.
O objetivo principal desta seção é provar um teorema de D. Ferus [29] (Teo-
rema 6.13 a seguir) que afirma que se M n é completa, ϕ : M n → M̃cn+k é uma
imersão isométrica, então a distribuição de nulidade relativa é integrável, com
folhas completas e totalmente geodésicas em M n e em M̃cn+k . Antes, contudo,
precisamos desenvolver alguns conceitos preliminares.
Considere uma variedade Riemanniana M n e uma distribuição suave D,
definida em um subconjunto aberto U ⊂ M , a qual é involutiva e tem folhas
totalmente geodésicas. Defina a distribuição D⊥ sobre U associando a cada
Antonio Caminha M. Neto 221
CX Y = −P (∇Y X),
C(f X, Y ) = Cf X Y = −P (∇Y f X) = −P (Y (f )X + f ∇Y X)
= f CX Y = f C(X, Y )
C(X, f Y ) = CX f Y = −P (∇f Y X) = −P (f ∇Y X)
= f CX Y = f C(X, Y ).
de maneira que
0 = ZhY, W i = h∇Z Y, W i,
e concluı́mos que
∇Z Y ∈ D⊥ , ∀ Z ∈ D, Y ∈ D⊥ . (6.20)
Em particular, para X ∈ D, podemos definir a derivada covariante de CX pondo
(b) Se γ : [0, a] → M n é uma geodésica tal que γ([0, a)) está contido em uma
folha de ∆, então ν(γ(a)) = m.
Prova.
(a) A suavidade da distribuição é dada pela Proposição 6.11. Para o que falta,
se X, Y ∈ ∆ e Z ∈ T M , então
(∇⊥ ⊥
Z α)(X, Y ) = ∇Z α(X, Y ) − α(∇Z X, Y ) − α(X, ∇Z Y ) = 0.
Segue agora da equação de Codazzi (cf. item (b) da Proposição 6.2) que
D2 D
0 = Y + Cγ 0 Y
dt2 dt
µ ¶ µ ¶
D2 D D
= Y + Cγ 0 Y + Cγ 0 Y
dt2 dt dt
µ ¶
D2 D
= Y + Cγ 0 Y − Cγ20 Y
dt2 dt
D2
= Y + P (R(Y, γ 0 )γ 0 ))
dt2
2
D
= Y + cY.
dt2
224 Notas de Geometria Diferencial
Portanto, Y é uma solução de uma EDO linear de segunda ordem com coefici-
entes constantes em [0, a), e assim admite uma extensão suave a t = a.
(c) Como em (b), seja L uma folha contendo γ([0, a)). Como ν(γ(a)) = ν0 e U é
aberto, temos ν(p) = ν0 para todo p numa vizinhança de γ(a), de maneira que
L contém uma vizinhança de γ(a) na topologia induzida de M (pela unicidade
da folha por um ponto). Assim, a extensão de γ para além de a está contida
em L, de modo que L é completa.
Exemplos 6.14.
(a) Seja ϕ : M 2 → R3 uma superfı́cie flat que não é totalmente geodésica
em ponto algum, i.e., tal que ν = 1 sobre M . Então a distribuição ∆
é integrável e tem folhas totalmente geodésicas, as quais são retas. Tal
fato concorda com a classificação local das superfı́cies flats em R3 como
cilindros, cones e superfı́cies tangentes (cf. [23]).
(b) Analogamente, seja ϕ : M 2 → S31 uma imersão isométrica de uma su-
perfı́cie de curvatura Gaussiana constante K = 1 em S31 , sem pontos
totalmente geodésicos. Pela equação de Gauss, ϕ tem nulidade relativa
identicamente 1 sobre M , de maneira que a superfı́cie é folheada por gran-
des cı́rculos. Neste caso a superfı́cie nunca pode ser completa, pois, do
contrário, os levantamentos das folhas da folheação ao recobrimento uni-
versal S12 de M 2 (munido com a métrica do recobrimento) seriam grandes
cı́rculos completos, os quais se intersectariam.
Antonio Caminha M. Neto 225
1 d ¯
¯
0= hγ(t), γ(t)i¯ = hXp , pi,
2 dt t=0
1 d2 d 0
hγ, γi = hγ , γi = hγ 0 , γ 0 i + hγ 00 , γi
2 dt2 dt
= hγ 0 , γ 0 i + hDγ 0 γ 0 , γi.
1 d2 ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯
0≥ hγ, γi ¯ = hγ 0 , γ 0 i¯ + hDγ 0 γ 0 , γi¯
2 dt2 t=0 t=0 t=0
= |Xp |2 + hα(Xp , Xp ), pi.
e Aη é positivo definido.
1
H(p) = tr (Aηj )ηj 6= 0,
n
uma vez que tr (Aη1 ) = tr (Aη ) > 0.
Por fim, os cálculos acima deixam claro que há igualdade para todo Xp ∈
Tp M se e só se αp ≡ 0, i.e., se e só se ϕ for geodésica em p.
M2 , segue que
1
Hϕ = {αϕ (ei ⊕ 0, ei ⊕ 0) + αϕ (0 ⊕ e0i , 0 ⊕ e0i )}
n1 + n2
1
= {αϕ1 (ei , ei ) ⊕ 0 + 0 ⊕ αϕ2 (e0i , e0i )} (6.29)
n1 + n2
1
= {n1 Hϕ1 ⊕ n2 Hϕ2 } .
n1 + n2
Consideremos agora o seguinte
Lema 6.21. Sejam ϕ : M1 → M2 e ψ : M2 → M3 imersões isométricas. Se
X, Y ∈ X(M1 ), então
αϕ (X, Y ) = αψ◦ϕ (X, Y )> , (6.30)
onde αψ◦ϕ (X, Y )> denota a projeção ortogonal de αψ◦ϕ (X, Y ) sobre T M2 . Em
particular,
Hϕ = (Hψ◦ϕ )> . (6.31)
˜ v N )> = 1 (∇
Av = −(∇ ˜ v x)> = 1 v,
r r
Antonio Caminha M. Neto 229
1 x
Hx = ( tr A)N = − 2 . (6.33)
n r
Voltando à situação geral, examinemos o que ocorre quando k = 2, sendo
o caso geral análogo. Considere a imersão ϕ : Snr11 × Snr22 → Rn+1 , onde n =
n1 + n2 + 1. Desde que Hxi = − rx2i para i = 1, 2, segue de (6.29) que
i
µ ¶
1 n1 x1 n2 x2
Hϕ = − , 2 .
n1 + n2 r12 r2
Hx = 0 ⇔ Hϕ ∈ (T Sn )⊥ ⇔ Hϕ k x.
˜ X H, Hi = 2h∇⊥
X(|H|2 ) = XhH, Hi = 2h∇ X H, Hi = 0. (6.35)
∇⊥ ⊥
X (HN ) = X(H)N + H∇X N ; (6.36)
1
mas como h∇⊥
X N, N i = 2 XhN, N i = 0, segue de (6.36) que
∇⊥
X (HN ), ∀ X ∈ X(M ) ⇔ X(H) = 0, ∀ X ∈ X(M ),
Aη = λη Id. (6.37)
ou ainda
hAη X, Y i = hhH, ηiX, Y i.
Como a igualdade acima é válida para todos X, Y ∈ Tp M , segue que Aη =
hH, ηiId, e basta fazer λη = hH, ηi.
Mostremos finalmente que imersões umbı́licas têm vetor curvatura média
paralelo.
Proposição 6.28. Se n ≥ 2 e ϕ : M n → M̃cn+k é uma imersão totalmente
umbı́lica, então ϕ tem vetor curvatura média paralelo e fibrado normal flat.
Ademais, se k = 1 e M é conexa, então o fator de umbilicidade independe de
p ∈ M.
Prova. Segue do lema anterior que, para X, Y, Z ∈ X(M ),
(∇⊥
X α)(Y, Z) = ∇⊥X α(Y, Z) − α(∇X Y, Z) − α(Y, ∇X Z)
= ∇⊥X (hY, ZiH) − h∇X Y, ZiH − hY, ∇X ZiH
= (XhY, Zi)H + hY, Zi∇⊥ X H − h∇X Y, ZiH − hY, ∇X ZiH
⊥
= hY, Zi∇X H.
hY, Zi∇⊥ ⊥
X H = hX, Zi∇Y H.
FALTA
∆Sn f + λf = 0, (6.42)
d ¯ d ¯
¯ ¯
H(P ) = − P ((1 + t)x)¯ = − (1 + t)k ¯ P (x) = −kP (x) = −kf (x).
dt t=0 dt t=0
∂2P
Hess P (x, x) = xi xj = k(k − 1)P (x) = k(k − 1)f (x).
∂xi ∂xj
λ(Sn ) ≥ n.
˜ νi =
onde fν = h∇f, ∂f
e α é a segunda forma fundamental da inclusão ι :
∂ν
M → M̃ .
Prova. Integrando ambos os membros da fórmula de Bochner (3.22) para M̃ e
f , obtemos
Z Z Z
1 ˜ ∇f˜ |2 )dM̃ = ˜ ∇f ˜ )dM̃ + ˜ ∇(˜ ∆f
˜ )idM̃
∆(| Ric M̃ (∇f, h∇f,
2 M̃ M̃ M̃
Z
+ |Hess M̃ f |2 dM̃ .
M̃
] f , temos
Agora, aplicando a desigualdade do Lema 4.34 a T = Hess
˜ )2 ≤ (n + 1)|Hess
1 = (∆f ] f |2 ,
]f = 1
Hess Id : Rn+1 → Rn+1 . (6.48)
n+1
Segue então de (6.47) que
Z µ ¶2 Z Z
∂f ] f |2 )dx ≤ n
n H dM = (1 − |Hess dx,
M ∂N Ω n+1 Ω
i.e.,
Z µ ¶2
∂f 1
H dM ≤ Vol (Ω).
M ∂N n+1
Por outro lado, segue de (1.32) (lembre que N é a normal interior a Ω) que
Z Z
˜ dx = − ∂f
Vol (Ω) = ∆f dM.
Ω M ∂N
240 Notas de Geometria Diferencial
∂2f δij
= ,
∂xi ∂xj n+1
1
M = f −1 (0) = {x ∈ Rn+1 ; |x − V |2 − d = 0}
2(n + 1)
p
= esfera de centro V e raio 2(n + 1)d.
∆ϕ + nϕ = 0, (6.49)
∆f + nf = 0.
λ ≤ n.
Antonio Caminha M. Neto 241
∆g + λg = 0
sobre M .
Aplicando a fórmula de Reilly (6.44) e utilizando a minimalidade da imersão,
obtemos
Z Z Z
0= ˜ 2
(∆f ) dM̃ = 2
|Hess M̃ f | dM̃ + ˜ ∇f
Ric M̃ (∇f, ˜ )dM̃
M̃ M̃ M̃
Z Z
+2 fν (∆f )dM − hα(∇f, ∇f ), νidM.
M M
Substituindo
˜ ∇f
Ric M̃ (∇f, ˜ ) = n|∇f
˜ |2 e ∆f = −λf,
obtemos
Z Z Z Z
2λ ˜
hf ∇f, νidM + hα(∇f, ∇f ), νidM = 2
|Hess M̃ f | dM̃ +n ˜ |2 dM̃ .
|∇f
M M M̃ M̃
de maneira que
Z Z Z
(2λ − n) ˜ |2 dM̃ +
|∇f hα(∇ϕ, ∇ϕ), νidM = |Hess M̃ f |2 dM̃ .
M̃ M M̃
n
devemos ter 2λ − n ≥ 0, ou ainda λ ≥ 2.
n(n + 1)
uma função de K = + 2n + 1 variáveis, n ≥ 2, definida em um
2
K
domı́nio D de R . Se φ possui derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas,
dizemos que φ = 0 é uma equação diferencial parcial de segunda ordem na
∂z ∂2z
função incógnita z = z(x1 , . . . , xn ) onde Pi = , rij = . para 1 ≤
∂xi ∂xi ∂xj
i, j ≤ n, i ≤ j.
K
X
f (x) − f (y) = Ai (x, y) · (xi − yi ),
i=1
Z 1
∂f
onde Ai (x, y) = (tx + (1 − t)y)dt, 1 ≤ i ≤ K .
0 ∂ui
Demonstração:
Seja g : [0, 1] −→ R definida por g(t) = f (tx + (1 − t)y). Veja que
Z 1
f (x) − f (y) = g(1) − g(0) = g 0 (t)dt
0
Z K
1X
∂f
= (tx + (1 − t)y) · (xi − yi )dt
0 i=1 ∂u i
XK µZ 1 ¶
∂f
= (tx + (1 − t)y)dt (xi − yi )
i=1 0 ∂ui
Demonstração:
l ∂ 2 zl ∂zl
Sejam rij = , Pil = , l = 1, 2 e 1 ≤ i ≤ j ≤ n. Temos, por
∂xi ∂xj ∂xi
hipótese, que
l l l
φ(r11 , . . . , r1n , . . . , rnn , P1l , . . . , Pnl , zl , x1 , . . . , xn ) = 0
para l = 1, 2.
l l l
Seja (r11 , . . . , r1n , . . . , rnn , P1l , . . . , Pnl , zl , x1 , . . . , xn ) = yl , l = 1, 2. Pelo Lema
anterior, temos que
0 = φ(y1 ) − φ(y2 )
X
1 2
= Aij (y1 , y2 ) · (rij − rij )
i≤j
n
X
+ Bi (y1 , y2 ) · (Pi1 − Pi2 ) + c(y1 , y2 ) · (z1 − z2 ) (∗)
i
244 Notas de Geometria Diferencial
onde
Z 1
∂φ
Aij (y1 , y2 ) = (ty1 + (1 − t)y2 )dt, Bi (y1 , y2 )
0 ∂rij
Z 1
∂φ
= (ty1 + (1 − t)y2 )dt
0 ∂Pi
Z 1
∂φ
C(y1 , y2 ) = (ty1 + (1 − t)y2 )dt.
0 ∂z
X n
X ∂z
∂2z
Lz = aij + bi + cz = 0,
∂xi ∂xj i=1
∂xi
i≤j
X
onde os aij são tais que a forma quadrática Q(λ1 , . . . , λn ) = aij λi λj é posi-
i≤j
tiva definida em todo ponto do domı́nio das funções aij . Veja que z1 − z2 ≤ 0
em U e que z1 − z2 atinge um máximo local não – negativo em P . Aplicando o
Corolário 3.4 a L e a z = z1 − z2 concluimos que z1 − z2 ≡ 0 em U .
Teorema 6.44. Seja Rn+ = {(x1 , x2 , . . . , xn )/xn ≥ 0} e seja U ⊂ Rn+ um aberto
conexo contendo 0. Suponha que z1 , z2 : U −→ R são funções diferenciáveis,
soluções de uma mesma EDP elı́ptica φ = 0 em U . Se z1 ≤ z2 em U e se
∂z1 ∂z2
z1 (0) = z2 (0), (0) ≥ (0), então z1 = z2 em U .
∂xn ∂xn
Prova. Segue do Coralário 3.3 e do Lema 3.2.
A fim de aplicar os resultados acima ao caso que nos interessa, precisamos
deduzir uma fórmula para a curvatura média de uma hipersuperfı́cie de uma
variedade Riemanniana, conhecida genericamente na literatura como a equação
da curvatura média e quotada a seguir como a relação (6.51).
Lema 6.45. Seja M n uma variedade Riemanniana orientada, ϕ : M n → M̃ n+1
uma imersão isométrica e U ⊂ M̃ um aberto no qual está definido um campo
unitário N cuja restrição a U ∩ M seja normal. Se H denota a curvatura média
de M em U ∩M , em relação à orientação induzida pela restrição de N a U ∩M ,
então
1
H = − divM̃ N, (6.51)
n
onde divM̃ denota divergência em M̃ .
Prova. Tomando em U um referencial ortonormal {e1 , . . . , en , N }, adaptado a
U ∩ M , temos
divM̃ N ˜ e N, ei i + h∇
= h∇ ˜ N N, N i
i
1
= −hAN ei , ei i + N hN, N i
2
= −tr(AN ) = −nH.
FALTA
O princı́pio da tangência permite mostrar que gráficos inteiros com curvatura
média constante são mı́nimos, conforme ensina o seguinte
Antonio Caminha M. Neto 247
C = Bn (1/H) × R.
é não-vazio.
1
Se Snt ( H ) ⊂ Rn+1 denota a n−esfera Euclidiana de centro (0, t) e raio 1/H,
o conjunto dos t ∈ R tais que Snt ( H1 ) ⊂ C 0 é uma semi-reta da forma [t0 , +∞).
1
Em particular, Snt0 ( H ) tangencia C ∩ M n , em um ponto p, digamos.
n 1 1
Oriente St0 ( H ) pelo campo normal unitário interior, de sorte que Snt0 ( H )
tenha curvatura média constante H e, pelas escolhas que fizemos acima, as ori-
1
entações de Snt0 ( H ) e M n coincidam em p. Podemos então aplicar o princı́pio
1
da tangência para concluir que Snt0 ( H ) coincide com M n , o que é uma con-
tradição.
O resultado acima sugere naturalmente o problema da classificação dos
gráficos mı́nimos inteiros M n ⊂ Rn+1 . Quando n = 2, tal problema foi resolvido
por S. Bernstein [7], o qual mostrou que M 2 é necessariamente um plano em
R3 . Veremos uma prova do Teorema de Bernstein no Capı́tulo 7, como corolário
de considerações mais gerais, relacionadas à estabilidade de gráficos mı́nimos.
A partir do resultado de Bernstein, o problema geral descrito no parágrafo
anterior passou a ser conhecido na literatura como o problema de Bernstein,
tendo sido o objeto de estudo de vários autores. Para um apanhado de vários re-
sultados interessantes relacionados ao problema de Bernstein, referimos o leitor
à Seção 6.4 e ao Capı́tulo 7 de [83].
Chegamos finalmente à nossa segunda aplicação, a qual estabelece uma in-
teressante propriedade geométrica das hipersuperfı́cies mı́nimas de uma esfera
Euclidiana.
Teorema 6.48. Se ϕ : M n → Sn+1 é um mergulho mı́nimo de uma hipersu-
perfı́cie fechada, conexa e orientada M n em Sn+1 , então ϕ(M ) intersecta todo
equador de Sn+1 .
Prova. Se ϕ(M ) for um equador nada há a fazer, uma vez que dois equadores
quaisquer de Sn+1 se intersectam. Suponha, pois, que ϕ(M ) não é um equador
e, por contradição, que existe um equador Σ de Sn+1 tal que ϕ(M ) está contido
em um dos hemisférios abertos de Sn+1 determinados por Σ.
248 Notas de Geometria Diferencial
Mas como Σ0 = Σ não intersecta ϕ(M n ), existe um menor 0 < t0 < π tal que
Σt0 ∩ ϕ(M ) 6= ∅.
Para tal t0 , é imediato que Σt0 e ϕ(M ) são tangentes; como ambas são hipersu-
perfı́cies mı́nimas e conexas de Sn+1 , segue então do princı́pio da tangência que
Σt0 = ϕ(M ), o que é uma contradição.
Como última aplicação do princı́pio da tangência, apresentamos a prova ori-
ginal do celebrado Teorema de Alexandrov (cf. [2]), o qual caracterizou as esferas
como as únicas hipersuperfı́cies de um espaço Euclidiano fechadas, mergulhadas
e com CMC, respondendo afirmativamente a uma importante conjectura de H.
Hopf (cf. [44]).
Teorema 6.49 (Alexandrov). Se ϕ : M n → Rn+1 é uma hipersuperfı́cie fechada
e mergulhada de Rn+1 com curvatura média constante H, então ϕ(M ) é uma
1
esfera de raio |H| .
Prova. FALTA
e
∆f = −nX > (H) − f (RicM̃ (N, N ) + |A|2 ) − n(HψX + N (ψX )), (6.55)
X = αl el + f N.
Então
ek (f ) = ˜ e N, Xi + hN, ∇
h∇ ˜ e Xi
k k
= ˜
−hAek , Xi + hN, ∇ek Xi
= ˜ N X, ek i
−hAek , X > i − h∇
= >
−hAX + (∇ ˜ N X)> , ek i,
e (6.54) segue.
Os cálculos acima também fornecem, no ponto p,
˜ e Xi
∆f = ek (ek (f )) = −ek hAek , Xi + ek hN, ∇ k
(6.56)
= − h∇ ˜ e Aek , Xi − 2hAek , ∇˜ e Xi + hN, ∇˜e ∇˜ e Xi.
k k k k
˜ e el , N ihN, Xi
= αl ek (hkl ) + hkl h∇ k
(6.57)
= αl ek (hkl ) + h2kl f
= αl ek (hkl ) + f |A|2 .
Pedindo também que Aek = λk ek em p (o que é sempre possı́vel), segue de
(1.69) que, no ponto p,
X
˜ e Xi = λk hek , ∇
hAek , ∇ ˜ e Xi = λk ψX = nHψX . (6.58)
k k
k
= λk ψX hN, N i = λk ψX
250 Notas de Geometria Diferencial
e
˜ e N, ∇
h∇ ˜ e Xi = −λk hek , ∇
˜ e Xi = −λk ψX ,
k k k
de maneira que
˜e ∇
h∇ ˜ N X, ek i + hN, ∇
˜e ∇˜ e Xi = 0 (6.59)
k k k
= ˜ e X, ek ip − hN, ∇
−N h∇ ˜e ∇˜ e Xip + h∇
˜ λ e X, ek ip
k k k k k
X
= ˜ ˜
−nN (ψX ) − hN, ∇e ∇e Xip + λk ψ X
k k
k
= ˜e ∇
−nN (ψX ) − hN, ∇ ˜ e Xip + nHψX ,
k k
e assim
˜e ∇
hN, ∇ ˜ e Xip = −nN (ψX ) + nHψX − Ric (N, X)p . (6.60)
k k M̃
Finalmente,
onde
hR̃(el , ek )ek , N ip = ˜e ∇
h∇ ˜ e ek − ∇˜e ∇˜ e ek , N ip
l k k l
= ˜ ˜
el h∇ek ek , N ip − h∇ek ek , ∇˜ e N ip − ek h∇
˜ e ek , N i p
l l
˜ ˜
+h∇e ek , ∇e N ip
l k
= ˜ e N ip + ek hek , ∇
−el hek , ∇ ˜ e N ip
k l
= el (hkk ) − ek (hkl ).
Logo,
= ˜ e (ϕ − hϕ, N iN ), ek i
2h∇ k
= ˜ e (U − hU, N iN ), ek i
h∇ k
= ˜ e N, ek i
hU, N ih−∇ k
= nhU, N iH.
252 Notas de Geometria Diferencial
e segue do item (b) da Proposição 6.51 e do item (b) do Teorema de Rayleigh 4.25
que
Z Z Z
2 2
λ hϕ, U i dM = λ f dM ≤ |∇f |2 dM
M M M
Z
=− f ∆f dM (6.63)
M
Z
= −n Hhϕ, U ihN, U idM.
M
Por outro lado, integrando sobre M a relação do item (a) da Proposição 6.51,
segue que Z
0 = Vol (M ) + Hhϕ, N idM,
M
relação que substituı́da em (6.64) fornece
Z
λ |ϕ|2 dM ≤ nVol (M ).
M
ou ainda
Vol (M ) ≥ (n + 1)HVol (Ω), (6.65)
1
com igualdade se e só se ϕ(M ) for uma esfera de raio H.
Por outro lado, integrando ∆|ϕ|2 sobre M (cf. o item (a) da Proposição 6.51)
e utilizando o Teorema da Divergência (lembre que N é a normal interior a Ω),
obtemos
Z Z
0 = (1 + hϕ, N iH)dM = Vol (M ) + H hϕ, N idM
M M
Z Z
= Vol (M ) − H divϕ dx = Vol (M ) − (n + 1)H dx
Ω Ω
= Vol (M ) − (n + 1)HVol (Ω).
i.e.,
Vol (M ) = (n + 1)HVol (Ω). (6.66)
Combinando (6.65) e (6.66), nada mais há a fazer.
Terminamos esta seção utilizando as fórmulas de Minkowski para analisar
hipersuperfı́cies orientada e completas ϕ : M n → Rn+1 , não necessariamente
com curvatura média constante.
Seja U um campo paralelo em Rn+1 e f, g : M → R as funções dadas por
onde, como antes, N é o campo normal unitário sobre M que dá sua orientação.
Se U > denota a projeção ortogonal de U sobre M , segue da Proposição 6.51
que
∇f = −A(U > ), ∇g = U > , (6.68)
∆f − nU > (H) − |A|2 f e ∆g = nHf. (6.69)
Especializando nossa discussão um pouco mais, seja u : Rn → R uma função
suave e M n ⊂ Rn+1 o gráfico de u (cf. (6.52)).
Faça U = (−V, 1) na discussão acima, onde V é um campo paralelo em Rn .
Tomando o campo normal unitário N sobre M n dado por (6.53), temos
1
U > = U − hU, N iN = (grad u − V, hgrad u, grad u − V i),
W2
1
de maneira que |U > | ≤ W |grad u − V |. Portanto,
Z Z Z
> 1
|U |dM ≤ |grad u − V |W dx = |grad u − V |dx, (6.70)
M Rn W Rn
Φ : (−², ²) × M n → M̃ n+k
tal que, para todo t ∈ (−², ²), a aplicação Φt : M n → M̃ n+k , definida para
p ∈ M por Φt (p) = Φ(t, p), é uma imersão isométrica, com Φ0 = ϕ. Uma
variação Φ como acima é própria se existe um compacto K ⊂ M , dito o
suporte de Φ, tal que Φt = ϕ sobre K c , para todo t ∈ (−², ²).
O campo variacional da variação Φ é o campo
∂Φ ¯¯
V = ¯ ∈ Γ(T M̃|T M ).
∂t t=0
Sendo Φ própria, é imediato que V = 0 em K c .
Se dMt denota o elemento de volume da métrica induzida em M por Φt , o
funcional área da variação Φ é a função A : (−², ²) → R dada por
Z
A(t) = dMt .
M
d ¯ n
X ¯
¯ ¯
det A(t)¯ = dx(A(t)E1 , . . . , A0 (t)Ek , . . . , A(t)En )¯
dt t=0 t=0
k=1
Xn
= dx(E1 , . . . , A0 (0)Ek , . . . , En )
k=1
Xn
= dx(E1 , . . . , a0ik (0)Ei , . . . , En )
k=1
Xn
= dx(E1 , . . . , a0kk (0)Ek , . . . , En )
k=1
= a0kk (0) = tr A0 (0).
Se mostrarmos que
d ¯
¯
dMt ¯ = −nhH, V i + div(V > ),
dt t=0
Antonio Caminha M. Neto 259
Portanto, p
dMt = g(t)dM,
e segue de gij (0) = hei , ej i = δij que g(0) = det(gij (0)) = det Id = 1
d ¯ d p ¯
¯ ¯
dMt ¯ = ( g(t)¯ dM )
dt t=0 dt t=0
1 dg 1 dg
= p (0)dM = (0)dM.
2 g(0) dt 2 dt
dg 0
(0) = tr(gij (0)),
dt
260 Notas de Geometria Diferencial
e daı́
d ¯ 1 dg 1 1 0
¯ 0
dMt ¯ = (0)dM = tr(gij (0))dM = gkk (0)dM. (7.4)
dt t=0 2 dt 2 2
A fim de calcular a última n−forma acima, note inicialmente que
0 ∂Φ ˜ ∂Φ ek (t), ek (t)i,
gkk (t) = hek (t), ek (t)i = 2h∇ (7.5)
∂t ∂t
e daı́ a igualdade
· ¸
∂Φ ˜ e (t) ∂Φ , ek (t)i,
˜ ∂Φ ek (t), ek (t)i − h∇
h , ek (t) , ek (t)i = h∇
∂t ∂t k
∂t
1 0 ∂Φ ˜ e ek i
g (0) = ek h , ek i − hV, ∇
2 kk ∂t k
µ ¶>
∂Φ
= ek h , ek i − hV, ∇ek ek i − hV, α(ek , ek )i
∂t
µ ¶> µ ¶>
∂Φ ∂Φ
= h∇ek , ek i + h , ∇ek ek i − nhV, Hi
∂t ∂t
= h∇ek V > , ek i − nhV, Hi
= div(V > ) − nhV, Hi,
temos
d ∂Φ ¯¯
hnHt , i¯ = h∇2 V + R̃(V ) + B(V ), V i.
dt ∂t t=0
onde A(t) = (aij (t)) tem determinante positivo. Denotando A(t)−1 = (aij (t)) e
(gij (t))−1 = (g ij (t)), temos
˜ e (t) el (t))⊥ ,
= g kl (t)(∇ k
264 Notas de Geometria Diferencial
de sorte que
µ ¶⊥
∂Φ kl ˜ e (t) el (t))⊥ , ∂Φ i = g kl (t)h(∇
˜ e (t) el (t))⊥ , ∂Φ
hnHt , i = g (t)h(∇ i
∂t k
∂t k
∂t
µ ¶⊥
˜ e (t) el (t), ∂Φ
= g kl (t)h∇ i.
k
∂t
dg kl dgkl ¯ ¯
(0) = − (0) = −h∇ ˜ ∂Φ ek (t), el (t)i¯¯ − hek (t), ∇ ˜ ∂Φ el (t)i¯¯
dt dt ∂t t=0 ∂t t=0
∂Φ ¯ ∂Φ ¯
˜ e (t) ¯ ˜ e (t) ¯
= −h∇ , el (t)i¯ − h∇ , ek (t)i¯
k
∂t t=0
l
∂t t=0
= −h∇˜ e V, el i − h∇ ˜ e V, ek i
k l
= 2hα(ek , el ), V i.
µ ¶⊥ ¯
d ∂Φ ¯¯ dg kl ˜ e el , V ⊥ i + g kl (0) d h∇ ˜ e (t) el (t), ∂Φ ¯
hnHt , i¯ = (0)h∇ k
i¯
dt ∂t t=0 dt dt k
∂t t=0
µ ¶⊥ ¯
˜ e el , V i + d h ∇
= 2hα(ek , el ), V ih∇ ˜ e (t) ek (t), ∂Φ i¯
¯
k
dt k
∂t t=0
µ ¶⊥ ¯
= 2hhα(ek , el ), V iα(ek , el ), V i + h∇ ˜ ∂Φ ∇ ˜ e (t) ek (t), ∂Φ i¯
¯ .
∂t k
∂t t=0
µ ¶⊥ ¯
+ hnH0 , ∇˜ ∂Φ ∂Φ ¯
¯ i
∂t ∂t t=0
¯
= 2hB(V ), V i + h∇ ˜ ∂Φ ∇˜ e (t) ek (t)¯¯ , V i.
∂t k
t=0
¯
S = h∇ ˜ e (t) ek (t)¯¯
˜ ∂Φ ∇ ,V i
∂t k
t=0
em t = 0
˜ ∂Φ ∇
S = h∇ ˜ e (t) ek (t) − ∇
˜ e (t) ∇
˜ ∂Φ ek (t) − ∇
˜ ∂Φ
∂t k k ∂t [ ,ek (t)] ek (t)), V i
∂t
conforme desejado.
O corolário a seguir segue imediatamente de (5.45) e (7.7).
Corolário 7.6. Seja M n uma variedade Riemanniana orientada e ϕ : M n →
M̃ n+k uma imersão mı́nima. Se Φ : (−², ²) × M n → M̃ n+k é uma variação
própria de ϕ com campo variacional V ∈ X(M )⊥ c , então
Z ( )
d2 A ¯¯ X
⊥ 2 2
¯ = |∇ei V | − hR̃(V ), V i − |AV | dM, (7.9)
dt2 t=0 M i
Iϕ : X(M )⊥ ⊥
c × X(M )c → R
tal que Z
Iϕ (V, W ) = hJ(V ), W idM
M
J : X(M )⊥ → X(M )⊥
Ind(ϕ) = dim N (T M ⊥ ),
concluı́mos que
ϕ é estável ⇔ Ind(ϕ) = 0.
O exemplo a seguir encontrará utilidade na Seção 13.5. Outros exemplos de
imersões mı́nimas estáveis serão discutidos mais adiante nestas notas.
ι: Mn −→ M̃ n+k
p 7→ (p, q)
hR̃(V, X)X, V i = 0.
e ι : M n −→ M̃ n+k é estável.
a D for positivo.
Prova. FALTA
de modo que
Z t Z t
`(γ|[0,t] ) = |γ 0 (s)|ds ≥ |α0 (s)|ds = `(α|[0,t] ).
0 0
Imersões Isométricas e o
Método de Bochner
para todos 1 ≤ i, j, k, l ≤ n.
272 Notas de Geometria Diferencial
∇2 Φ = ∇2ej ,ej Φ,
onde
∇2Y,Z Φ = ∇Z (∇Y Φ) − ∇∇Z Y Φ.
Explicitamos a seguir as componentes de ∇2 φ em termos das componentes
de ∇(∇φ).
Lema 8.1. Seja φ ∈ T 2 (M ) e {e1 , . . . , en } um referencial móvel no aberto
U ⊂ M . Se φij e φij;k;l denotam respectivamente as componentes de φ e de
∇(∇φ) com respeito ao referencial {e1 , . . . , en }, então as componentes de ∇2 φ
com respeito a tal referencial são dadas por
dφij;k ∧ ωk + φij;k dωk = −dφkj ∧ ωik − φkj dωik − dφik ∧ ωjk − φik dωjk .
Por razões que ficarão claras nas aplicações elencadas na próxima seção,
precisamos da seguinte
Definição 8.3. Um 2−tensor covariante φ sobre M é de Codazzi se
(∇φ)(X, Y, Z) = (∇φ)(X, Z, Y ),
para todos 1 ≤ i, j, k ≤ n.
O próximo resultado estabelece uma simetria importante das componentes
φij;k;l de ∇(∇φ), onde φ é um 2−tensor de Codazzi.
Lema 8.4. Se φ é um 2−tensor de Codazzi e {e1 , . . . , en } é um referencial
móvel num aberto U ⊂ M , então
φij;k;l = φik;j;l
para todos 1 ≤ i, j, k, l ≤ n.
Prova. Aplicando a Proposição 1.41 várias vezes, obtemos
Para calcular o termo φij ∆φij do segundo membro de (8.10), segue de (1.15)
e (8.8) que, no ponto p,
Proposição 8.9. Nas notações acima, se M̃ n+1 tiver curvatura seccional cons-
tante, então A é um 2−tensor de Codazzi.
de maneira que
1 1
Rijij (µi − µj )2 = (1 + µi µj + H(µi + µj ) + H 2 )(µi − µj )2
2 2
1X HX
= (1 + µi µj )(µi − µj )2 + (µi + µj )(µi − µj )2
2 i,j 2 i,j
| {z } | {z }
A B
H2 X
+ (µi − µj )2 .
2 i,j
| {z }
C
P P
Para examinar A, B e C, lembremos que |φ|2 = i µ2i e tr φ = i µi = 0,
de maneira que
X
A = (µ2i + µ2j − 2µi µj + µ2i µj + µi µ2j − 2µ2i µ2j )
i,j
X
B = (µ3i − 2µ2i µj + µi µ2j + µ2i µj − 2µi µ2j + µ3j )
i,j
X
= 2n µ3i − |φ|2 (tr φ) − (tr φ)|φ|2
i
X
= 2n µ3i
i
e
X
C = (µ2i + µ2j − 2µi µj )
i,j
X
= n|φ|2 + n|φ|2 − 2 µi µj
i,j
1
∆|A|2 = |∇A|2 + |A|2 (n − |A|2 ) ≥ 0, (8.17)
2
i.e., |A|2 é uma função subharmônica sobre M . Segue então do Teorema de
Hopf 1.39 (caso M seja fechada; observe que a condição sobre |∇|A|2 | é au-
tomática nesse caso) ou do Corolário 3.36 (caso M seja completa e não-compacta)
que |A|2 é constante sobre M .
Voltando a (8.17), concluı́mos que |A|2 = 0 ou |A|2 = n em cada ponto de M .
Mas desde que M é conexa, segue que ou |A|2 ≡ 0 ou |A|2 ≡ n. No primeiro
caso, M n é obviamente totalmente geodésica. No segundo caso, referimos o
leitor √a [47] para a prova de que M n é isométrico a um toro de Clifford Sk (r) ×
n−k
S q ( 1 − r2 ). A minimalidade de M garante então (cf. Proposição 6.22) que
k
r= n.
(a) Para 1 ≤ r < n, tem-se Hr2 ≥ Hr−1 Hr+1 . Ademais, se a igualdade ocorrer
para r = 1 ou para algum 1 < r < n, com Hr+1 6= 0 nesse caso, então
λ1 = · · · = λn .
√ √
(b) se H1 ,√H2 , . . . , Hr > 0 para algum 1 < r ≤ n, então H1 ≥ H2 ≥ 3 H3 ≥
· · · ≥ r Hr . Ademais, se a igualdade ocorrer para algum 1 ≤ j < r, então
λ1 = · · · = λn .
Prova. Para provar (a) nós usamos indução sobre o número n > 1 de reais.
Para n = 2, a desigualdade H12 ≥ H0 H2 equivale a (λ1 −λ2 )2 ≥ 0, com igualdade
se e só se λ1 = λ2 . Suponha agora as desigualdades verdadeiras para n − 1
números reais, com igualdade quando Hr+1 6= 0 se e só se todos eles forem
iguais. Dados n ≥ 3 reais λ1 , . . . , λn , seja
Xn µ ¶
n
f (x) = (x + λ1 ) . . . (x + λn ) = Hr (λi )xn−r .
r=0
r
Então
n−1
X µ ¶
0 n
f (x) = (n − r) Hr (λi )xn−r−1 .
r=0
r
Hr2 (λi ) = Hr2 (γi ) ≥ Hr−1 (γi )Hr+1 (γi ) = Hr−1 (λi )Hr+1 (λi ).
Além disso, se tivermos a igualdade para os λi , com Hr+1 (λi ) 6= 0, então também
a teremos para os γi , com Hr+1 (γi ) 6= 0. Novamente pela hipótese de indução,
segue que γ1 = · · · = γn−1 , e assim λ1 = · · · = λn .
2
Para terminar, é suficiente provarmos que Hn−1 (λi ) ≥ Hn−2 (λi )Hn (λi ), com
igualdade para Hn 6= 0 se e só se todos os λi forem iguais. Se λi = 0 para algum
Antonio Caminha M. Neto 283
n
à n !2
X X
= n αi2 − αi ≥ 0.
i=1 i=1
Hj = 0 para r ≤ j ≤ n. Resta agora notar que o polinômio f (x) do item (a) é,
nesse caso, simplesmente
n
X r−1
X
n−j
f (x) = Sj x = Sj xn−j .
j=0 j=0
S1 S3 S2
¡n¢ = H1 H3 ≤ H22 = ¡ ¢22
n 3 n
2
ou ainda
2(n − 2) 2
3S1 S3 ≤ S . (8.22)
n−1 2
Por outro lado, a primeira desigualdade de Newton nos dá
1 1 2(n − 2) 2
∆(|A|2 − S12 ) = ∆|A|2 ≥ −2S2 |A|2 + S12 S2 − S
2 2 n−1 2
µ µ ¶ µ ¶¶
2 S12 n−2 S12 − |A|2
= −2S2 |A| − +
2 n−1 2
µ 2
¶
n S
= (|A|2 − S12 ) |A|2 − 1
2(n − 1) n
n
≥ (|A|2 − S12 )2 .
2(n − 1)
(c) Os cálculos acima garantem que (8.22) deve ser uma igualdade, de maneira
que H1 H3 = H22 = 0. Como H1 6= 0, devemos ter então H2 = H3 = 0, e o
item (c) da Proposição 8.12 garante que Hj = 0 para 2 ≤ j ≤ n. Assim, o
ı́ndice de nulidade relativa ν of ϕ é identicamente n − 1, e o análogo Lorentziano
do Teorema de Ferus 6.13 garante que a distribuição de nulidade relativa é
suave e integrável, com folhas completas e totalmente geodésicas em M n e em
Ln+1 . Portanto, o argumento na prova do Teorema de Hartman-Nirenberg (cf.
Capı́tulo 5 of [22]) funciona ipsis literis, e ϕ(M ) é um cilindro sobre uma curva
plana.
286 Notas de Geometria Diferencial
Submersões Riemannianas
Tq F = ker((π∗ )q ).
Tq M = Hq ⊕ Vq .
E = Eh + Ev . (9.1)
288 Notas de Geometria Diferencial
Prova.
(a) Pela definição de submersão Riemanniana, o caráter básico de X fornece
(c) Sendo Z ∈ X(M ) outro campo básico, segue da fórmula de Koszul (1.61) e
dos itens (a) e (b) que
2h(∇X Y )h , Zi = 2h∇X Y, Zi
= XhY, Zi + Y hX, Zi − ZhX, Y i
+h[X, Y ], Zi − h[Y, Z], Xi + h[Z, X], Y i
= X(hY∗ , Z∗ iB ◦ π) + Y (hX∗ , Z∗ iB ◦ π) − Z(hX∗ , Y∗ iB ◦ π)
+h[X, Y ]h , Zi − h[Y, Z]h , Xi + h[Z, X]h , Y i
= (X∗ hY∗ , Z∗ iB + Y∗ hX∗ , Z∗ iB − Z∗ hX∗ , Y∗ iB ) ◦ π
+(h[X∗ , Y∗ ], Z∗ iB − h[Y∗ , Z∗ ], X∗ iB + h[Z∗ , X∗ ], Y∗ iB ) ◦ π
= 2h∇BX∗ Y∗ , Z∗ iB ◦ π
= 2h(∇B ∗
X∗ Y∗ ) , Zi,
onde (∇B ∗ B h
X∗ Y∗ ) é o levantamento horizontal de ∇X∗ Y∗ . Portanto, (∇X Y ) =
B ∗ h B
(∇X∗ Y∗ ) , e segue daı́ que (∇X Y ) é básico e π−relacionado a ∇X∗ Y∗ .
Para E, F ∈ X(M ), definimos
AE F = (∇E h F v )h + (∇E h F h )v
. (9.2)
TE F = (∇E v F v )h + (∇E v F h )v
Veremos mais adiante que A e T governam a descrição das relações entre as ge-
ometrias de M , B e das fibras de π. Para tanto, comecemos estudando algumas
de suas propriedades elementares.
Lema 9.4. Se A e T são como em (9.2), então:
(a) A e T são C ∞ (M )−lineares em E e F ; ademais, para F fixado, seus
valores em q ∈ M só dependem de Eq .
290 Notas de Geometria Diferencial
TE (f F ) = (∇E v (f F )v )h + (∇E v (f F )h )v
= (∇E v f F v )h + (∇E v f F h )v
= (E v (f )F v + f ∇E v F v )h + (E v (f )F h + f ∇E v F h )v
= f (∇E v F v )h + f (∇E v F h )v
= f TE F.
O resto é imediato.
Prova. Denotando por (·)⊥ ortogonalidade em relação às fibras, segue da Pro-
posição 6.1 e da definição de T que
Em particular,
TV W = αF (V, W ) = αF (W, V ) = TW V.
O item (b) segue agora imediatamente de (a) e da definição do vetor curva-
tura média.
Prova.
(a) Desde que AX Y = (∇X Y )v , supondo a validade da primeira igualdade
temos
[X, Y ]v = (∇X Y )v − (∇Y X)v = AX Y − AY X = 2AX Y,
e segue a segunda igualdade.
Para a primeira igualdade, basta mostrarmos que AX X = 0. O caráter
tensorial de A garante que é suficiente supormos X básico. Mas desde que
AX X = (∇X X)v , um campo vertical, basta mostrarmos que hAX X, V i = 0
para todo campo vertical V . Por fim, a verticalidade de [X, V ] (cf. item (b) do
Lema 9.1) fornece
(a) ∇V W = TV W + ∇F
V W.
292 Notas de Geometria Diferencial
Afirmamos que os operadores lineares (∇E A)F e (∇E T )F ainda são anti-
simétricos. De fato, para G ∈ X(M ), segue das anti-simetrias de AE , A∇E F e
AF que
h(∇E A)F G, Gi = h∇E AF G, Gi − hA∇E F G, Gi − hAF ∇E G, Gi
= EhAF G, Gi − hAF G, ∇E Gi + h∇E G, AF Gi
= 0.
Para (∇E T )F o argumento é totalmente análogo.
Os resultados do restante desta seção examinam quais derivadas covariantes
de A e T são algébricas.
Lema 9.8. Se X e Y são horizontais e V e W verticais, então:
(a) (∇V A)W = −ATV W e (∇X A)W = −AAX W .
(b) (∇X T )Y = −TAX Y e (∇V T )Y = −TTV Y .
Prova. Façamos a prova do item (a), sendo a prova do item (b) totalmente
análoga. Para E ∈ X(M ), aplicando o item (c) do Lema 9.4, a verticalidade de
W e a definição de T , obtemos
(∇V A)W E = ∇V AW E − A∇V W E − AW ∇V E
= ∇V AW h E − A(∇V W )h E − AW h ∇V E
= −A(∇V W )h E = −ATV W E.
Antonio Caminha M. Neto 293
Prova. Basta provar o item (a), sendo a prova de (b) totalmente análoga.
Comecemos observando que, pelo item (a) do Lema 9.6,
e daı́
Σh∇AX Y Z, V i = ΣhTV Z, AX Y i.
Portanto, a partir de (9.9), é suficiente provar que
ou ainda que
ΣhA∇Z X Y, V i + ΣhAX ∇Z Y, V i = 0. (9.10)
Por fim, segue de (9.7), das igualdades [X, Y ]hp = [X, Z]hp = [Y, Z]hp = 0 e do
caráter cı́clico de Σ que, no ponto p,
Prova.
(a) De acordo com o item (a) da Proposição 6.2, temos
(R(U, V )W )v = RF (U, V )W + SαF (U,W ) V − SαF (V,W ) U,
αF denota a segunda forma fundamental e SX o operador de forma da inclusão
das fibras de π na direção do campo horizontal X. Provemos que
−(TV ◦ TU )W = SαF (U,W ) V.
Para o que falta recorde que, pelo item (a) do Lema 9.5, temos αF (U, W ) =
TU W . Assim, sendo F ∈ X(M ) também vertical, segue da anti-simetria de TV
que
−h(TV ◦ TU )W, F i = hTU W, TV F i = hαF (U, W ), TV F i
| {z }
h
= hαF (U, W ), (∇V F )h i = hαF (U, W ), ∇V F i
| {z }
h
= hSαF (U,W ) V, F i.
(b) O item (b) da Proposição 6.2 fornece neste caso
(R(U, V )W )h = (∇⊥ ⊥
U αF )(V, W ) − (∇V αF )(U, W ).
Mostremos que
(∇⊥ h
U αF )(V, W ) = ((∇U T )V W ) .
Em tudo o que segue, para o bem da clareza notacional faremos dois abusos
de notação:
(i) Denotaremos π ∗ RB simplesmente por RB .
(ii) Se X, Y ∈ X(M ) forem básicos, com campos π−relacionados X∗ e Y∗ ,
respectivamente, denotaremos o campo básico π−relacionado a ∇B X∗ Y∗
simplesmente por ∇BX Y . Em particular, o item (c) do Lema 9.3 se escreve
(∇X Y )h = ∇B
XY .
−A[X,Y ] Z − 2TAX Y Z.
Em particular, se V é um campo vertical, então
hR(X, Y )Z, V i = h(∇Z A)X Y, V i + hAX Y, TV Zi
−hAY Z, TV Xi − hAZ X, TV Y i.
= (∇X ∇B h B v h
Y Z) + (∇X ∇Y Z) + (∇X AY Z) + (∇X AY Z)
v
(9.13)
= ∇B B
X ∇Y Z + AX ∇B
YZ + AX AY Z + (∇X AY Z) v
298 Notas de Geometria Diferencial
e, analogamente,
∇Y ∇X Z = ∇B B B v
Y ∇X Z + AY ∇X Z + AY AX Z + (∇Y AX Z) . (9.14)
R(X, Y )Z = ∇X ∇Y Z − ∇Y ∇X Z − ∇[X,Y ] Z
= ∇B B B
X ∇Y Z + AX ∇Y Z + AX AY Z + (∇X AY Z)
v
−∇B B B
Y ∇X Z − AY ∇X Z − AY AX Z − (∇Y AX Z)
v
B
−∇[X,Y ]h Z − A[X,Y ] Z − 2AZ AX Y − 2TAX Y Z
= RB (X, Y )Z + AX AY Z − AY AX Z − 2AZ AX Y
+AX ∇B B v
Y Z − AY ∇X Z + (∇X AY Z) − (∇Y AX Z)
v
−A[X,Y ] Z − 2TAX Y Z.
Recorde agora que se E, F e G são campos horizontais, então (cf. Lema 9.6)
AE F é vertical, e daı́ AE AF G é horizontal. Portanto, tomando componentes
horizontal e vertical na igualdade acima, obtemos o item (a) e a primeira parte
do item (b) do enunciado.
Quanto à segunda parte do item (b), segue da primeira parte e da verticali-
dade de V que
de sorte que
Para obter a segunda parte do item (b) basta agora substituir essa igualdade
na expressão obtida acima para hR(X, Y )Z, V i.
Resta analisarmos os casos em que, na expressão hR(E, F )G, Hi, dois cam-
pos são horizontais e dois são verticais. Como
∇X ∇U V = ∇X TU V + ∇X (∇U V )v ,
e daı́
h∇X ∇U V, Y i = h∇X TU V, Y i + h∇X (∇U V )v , Y i
= h∇X TU V, Y i + h(∇X (∇U V )v )h , Y i (9.15)
= h∇X TU V, Y i + hAX ∇U V, Y i
∇U ∇X V = ∇U AX V + ∇U (∇X V )v ,
300 Notas de Geometria Diferencial
de maneira que
Por fim,
De posse das equações acima, obtemos a seguir relações úteis entre as cur-
vaturas seccionais de M , B e das fibras de π.
Corolário 9.15. Seja π : M → B uma submersão Riemanniana e K, KB e
KF as curvaturas seccionais em M , B e nas fibras de π, respectivamente. Se
X, Y, U, V ∈ Tp M são ortonormais e tais que X e Y são horizontais e U e V
são verticais, então:
(a) K(U, V ) = KF (U, V ) − hTU U, TV V i + |TU V |2 .
(b) K(X, Y ) = KB (X, Y ) − 3|AX Y |2 .
(c) K(X, U ) = h(∇X T )U U, Xi + |AX U |2 − |TU X|2 .
Prova.
(a) Segue do item (a) da Proposição 9.12 que
h∇(h ◦ πB ), V i = V (h ◦ πB ) = ((πB )∗ V )h = 0,
e segue daı́ que ∇(h ◦ πB ) é horizontal. Por outro lado, sendo X ∈ X(M ) básico,
temos pela definição de submersão Riemanniana que
(b) ∇X U = ∇U X = (Xf /f )U .
(c) (∇U V )h = −(hU, V i/f )∇f .
(d) (∇U V )v é o levantamento vertical de ∇F
UV .
Em particular, A = 0 e
Xf hU, V i
TU X = U, TU V = − ∇f, (9.20)
f f
para todos X horizontal e U e V verticais.
Prova.
(a) Segue do item (a) do lema anterior e do item (a) do Lema 9.6 que
1
(∇X Y )v = AX Y = [X, Y ]v = 0.
2
Em particular, ∇X Y é horizontal, e segue do item (c) do Lema 9.3 que ∇X Y é
o levantamento horizontal de ∇BXY .
h∇U X, Y i = h∇X U, Y i
= XhU, Y i − hU, ∇X Y i
= 0,
(d) Imediato a partir do item (a) do Lema 9.7 (ou, mais diretamente, da Pro-
posição 6.1).
Para o que falta, já temos AX Y = 0. Por outro lado, segue do item (b) que
AX V = (∇X V )h = 0, e daı́ A = 0. Quanto a T , basta substituir as fórmulas
dos itens (b) e (c) em TU X = (∇U X)v e TU V = (∇U V )h quando X, U e V são
básicos; para o caso geral, basta invocar o caráter tensorial de T .
Assim como em qualquer submersão Riemanniana, no produto warped M =
−1
B ×f F as folhas são as subvariedades do tipo πB (p) = {p} × F , para p ∈ B.
Mas desde que dispomos também da projeção πF nesse caso, definimos as folhas
de M como as subvariedades do tipo πF−1 (q) = B × {q}, para q ∈ F . O corolário
a seguir é imediato dos itens (a) e (c) da proposição anterior.
Corolário 9.19. No produto warped M = B ×f F , se p ∈ B e q ∈ F , então:
(a) A folha B × {q} é totalmente geodésica.
(b) A fibra {p} × F é totalmente umbı́lica, com segunda forma fundamental
(a) O item (c) do Corolário 9.15, juntamente com a Proposição 9.18 e (9.21),
nos dão
f 00 (f 0 )2 − k
= −c = . (9.23)
f f2
Prova.
(a) Por comodidade de notação, escrevamos simplesmente f e f 0 para denotar
respectivamente f ◦ πI e f 0 ◦ πI . Sendo U um campo básico vertical, temos pelos
itens (a) e (b) da Proposição 9.18 que
e
∇U X = (Xf /f )U = f 0 U.
(b) Imediato a partir da proposição anterior.
Exemplo 9.24. Assim como nos dois exemplos acima, se p ∈ Sn+1 , mostramos
que Sn+1 \ {±p} é isométrico ao produto warped (0, π) ×sent Sn . Ademais, é
imediato checar que a aplicação (t, q) 7→ (cos t)p + ( sen t)q é uma isometria
entre (0, π) ×sint Sn e Sn+1 \ {±p}. Em particular, mediante tal isometria a fibra
{t0 } × Sn corresponde à esfera geodésica de Sn+1 centrada em p e de raio t0
(i.e., a esfera Euclidiana de centro (cos t0 )p e raio sen t0 , contida no hiperplano
de Rn+2 ortogonal ao raio de Sn+1 que passa por p).
Antonio Caminha M. Neto 307
n+k+1
de maneira que M̃ n+k é totalmente umbı́lica em M .
Seja ϕ : M n → M̃ n+k uma imersão isométrica, onde M n é uma variedade
compacta. Se Ψ denota o fluxo de X, a compacidade de M n garante a existência
de ² > 0 tal que Ψ está definido em (−², ²) × ϕ(M ), e a aplicação
n+k+1
Φ: (−², ²) × M n −→ M
(t, q) 7→ Ψ(t, ϕ(q))
= −ψX h∇Ei Ei , Ek i.
(9.26)
Antonio Caminha M. Neto 309
Note que, na última igualdade, nós usamos o fato de que ou M tem curvatura
seccional constante ou RicM (X) = 0 para concluir que hRicM (X), Ek i = 0.
Denote agora por ∇ ˜ a conexão de Levi-Civita de M̃ n+k e por ∇ a de M .
Como {e1 , . . . , en } é geodésico em p, temos
˜ e ei , ek ip = h(∇
h∇Ei Ei , Ek ip = h∇ ˜ e ei )⊥ + ∇e ei , ek ip = 0. (9.27)
i i i
esfera geodésica de Sn+k+1 centrada em p e com raio π/2, então uma imersão
ϕ : M n → Sn+k é mı́nima se e só se a união dos grandes cı́rculos de Sn+k+1
passando por −p, p e pelos pontos de ϕ(M ) for mı́nima em Sn+k+1 .
312 Notas de Geometria Diferencial
Capı́tulo 10
Grupos de Lie
Neste capı́tulo discutimos alguns fatos relevantes sobre grupos de Lie e espaços
homogêneos reais, deixando considerações sobre os objetos complexos correspon-
dentes para o Capı́tulo 12. Para uma exposição muitı́ssimo mais abrangente,
referimos o leitor a [42].
Exemplo 10.2. O o espaço vetorial M (n; R) das matrizes n×n sobre R também
é uma álgebra de Lie com o colchete de Lie de matrizes [A, B] = AB − BA,
para todas A, B ∈ M (n; R). Doravante, sempre que considerarmos M (n; R)
como álgebra de Lie (e não em princı́pio como grupo de Lie), denotaremo-lo por
gl(n; R).
Mais geralmente, se V é um espaço vetorial real n−dimensional e gl(V )
denota o espaço vetorial dos operadores lineares sobre V , então gl(V ) é uma
álgebra de Lie com o colchete de Lie [S, T ] = ST − T S para todos S, T ∈ gl(V ),
onde ST denota a composição dos operadores lineares S e T .
Exemplo 10.3. Se g e h são álgebras de Lie com colchetes [·, ·]g e [·, ·]h , a soma
direta de espaços vetoriais g ⊕ h é uma álgebra de Lie com o colchete de Lie
dado por
[X1 ⊕ X2 , Y1 ⊕ Y2 ] = [X1 , Y1 ]g ⊕ [X2 , Y2 ]h ,
314 Notas de Geometria Diferencial
[Xi , Xj ] = ckij Xk ,
e daı́
clij cm l m l m
lk + cjk cli + cki clj = 0, (10.2)
para todos 1 ≤ i, j, k, m ≤ n.
Reciprocamente temos a seguinte
L[X,Y ] = [LX , LY ],
uma vez que [X, V ] = 0 e [Y, V ] = 0. Mas como (10.3) é válido para todo V ∈ h,
segue que [X, Y ] ∈ m, e daı́ m é uma subálgebra de Lie de g. Tal subálgebra de
Lie m de g é a subálgebra ortogonal a h em relação ao colchete de Lie.
Exemplo 10.8. Como caso particular do exemplo anterior, dizemos que a sub-
álgebra de uma álgebra de Lie g ortogonal à própria g é o centro de g, o qual
denotamos Z(g). Assim,
[X + h, Y + h] = [X, Y ] + h, (10.4)
[X, Y ] − [X 0 , Y 0 ] = [X − X 0 , Y ] + [X 0 , Y − Y 0 ] ∈ h.
Portanto, (10.4) bem define uma aplicação bilinear [·, ·] : (g/h) × (g/h) → g/h, e
é imediato verificar que g/h é uma álgebra de Lie com o colchete de Lie acima.
Munido com tal colchete de Lie, diremos que g/h é a álgebra de Lie quo-
ciente de g por h, e segue imediatamente de (10.4) que a projeção canônica
π: g −→ g/h
X 7→ X + h
gA .
AA
AAϕ
π AA
² AA
g Ã
ker ϕ
/h
ϕ
É agora imediato verificar que ϕ é uma transformação linear bijetiva, tal que
ϕ ◦ π = ϕ.
Por fim, segue de ϕ ser um homomorfismo de álgebras de Lie e de (10.4) que
i: G −→ G m: G × G −→ G
e
g 7→ g −1 (g, h) 7→ gh
são diferenciáveis.
Antes de enveredarmos por uma análise sistemática das propriedades de
grupos de Lie, vejamos inicialmente alguns exemplos relevantes.
Tn = S1 × · · · × S1
| {z }
n
Ra : G → G
.
g 7→ ga
Te G −→ g
fe (10.5)
Xe 7→ X
Φ: GL(n; R) −→ Sym(n; R)
.
A 7→ A> A
(f∗ )La (g) ◦ ((La )∗ )g = ((Lf (a) )∗ )f (g) ◦ (f∗ )g : Tg G → Tf (ag) H. (10.6)
para todo (t, g) ∈ D. De fato, sendo ϕ(t, h) = (Lg ◦ θt )(h), temos ϕ(0, h) =
Lg (h) = gh e
∂ϕ ∂θ
(0, h) = ((Lg )∗ )θ0 (h) (0, h) = ((Lg )∗ )h Xh = Xgh .
∂t ∂t
Analogamente, sendo ψ(t, h) = (θt ◦ Lg )(h), temos ψ(0, h) = Lg (h) = gh e
∂ψ ∂θ ∂θ
(0, h) = (0, Lg (h)) = (0, gh) = Xgh .
∂t ∂t ∂t
Mas como ϕ está definido em D, segue da unicidade da curva integral que parte
de um ponto em uma dada direção que ψ também está definida em D e ϕ = ψ
em D.
Lembre agora que um campo X ∈ X(G) é completo se seu fluxo θ estiver
definido em R × G. Equivalentemente, X é completo se todas as suas curvas
integrais estiverem definidas para todo t ∈ R. De posse de (10.7), podemos
provar a completude dos campos invariantes à esquerda.
está bem definida e estende α para além de t = a (uma vez que b + ² > a). Se
mostrarmos que β também é curva integral de X que parte de g, chegaremos
a uma contradição. Mas o que falta é imediato, posto que, para b < t < b + ²,
temos
∂θ
β 0 (t) = ((Lα(b) )∗ )θe (t−b) (t − b, e)
∂t
= ((Lα(b) )∗ )θe (t−b) Xθe (t−b)
= XLα(b) θe (t−b) = Xβ(t) .
Antonio Caminha M. Neto 325
ϕ(t) = exp(tX).
Em particular,
exp(t + s)X = exp(tX) exp(sX).
Prova. Fixado t ∈ R, se ψ : R → G é tal que ψ(s) = ϕ(st), então
uma métrica invariante à esquerda (cf. Seção 11.3), provaremos que a exponencial usual
expe : Te G → G coincide, mediante a identificação natural entre Te G e g, com a aplicação
exponencial exp : g → G do grupo de Lie G.
Antonio Caminha M. Neto 327
é comutativo.
Prova. Fixado X ∈ g, temos de provar que expH (f∗ X) = f (expG (X)). Mos-
tremos que
expH (tf∗ X) = f (expG (tX)).
Para tanto, segue da Proposição 10.29 que o primeiro membro é o subgrupo a
um parâmetro de H gerado por f∗ X ∈ h. Portanto, basta provar que a aplicação
ϕ : R → G dada por ϕ(t) = f (expG (tX)) é um homomorfismo de grupos tal
que ϕ0 (0) = f∗ X. A primeira parte é imediata, uma vez que ϕ é a composição
dos homomorfismos t 7→ expG (tX) e f ; para a segunda, temos
ϕ0 (0) = (f∗ )expG (0) ((expG )∗ )0 X = (f∗ )e Xe ≈ f∗ X.
328 Notas de Geometria Diferencial
Ad : G −→ GL(g)
, (10.10)
g 7→ (Cg )∗
ad : g −→ gl(g)
X 7→ ad(X),
para todos X, Y ∈ g.
Segue da identidade de Jacobi (10.1) que ad é realmente um homomorfismo
de álgebras de Lie. De fato, para X, Y, Z ∈ g, temos
Ad∗ : g → Lie(GL(g)).
para todo Y ∈ g. Mas desde que tanto Ad∗ (X)(Y ) quanto [X, Y ] são campos
invariantes à esquerda em G, a fim de demonstrar a igualdade acima é suficiente
provar que
(Ad∗ (X)(Y ))e = [X, Y ]e .
330 Notas de Geometria Diferencial
e daı́
µ ¯ ¶ ¯
d ¯ d ¯
Ad∗ (X)(Y ) = Ad(exp tX)¯ (Y ) = (Ad(exp tX)(Y ))¯ .
dt t=0 dt t=0
d ¯
¯
(Ad∗ (X)(Y ))e = (Ad(exp tX)(Y ))e ¯ .
dt t=0
d ¯ d −t ¯
¯ ¯
(Ad(exp tX)(Y ))e ¯ = (θ )∗ Yθt (e) ¯
dt t=0 dt t=0
1 −t
= lim ((θ )∗ Yθt (e) − Ye )
t→0 t
= [X, Y ]e .
Prova. Seja f : G → R∗ a função (contı́nua) tal que f (g) = det ρ(g), para todo
g ∈ G. Como ρ : G → GL(V ), det : GL(V ) → (R∗ , ·) e log : (R∗ , ·) → (R, +) são
funções contı́nuas e homomorfismos de grupos, o mesmo sucede com a função
ϕ : G → (R, +) tal que
ϕ(g) = log |f (g)|,
para todo g ∈ G. Segue então da compacidade de G que ϕ(G) é um subgrupo
compacto de (R, +). Portanto, ϕ(G) = {0}, e daı́ |f (g)| = 1 para todo g ∈ G.
Se G for também conexo, então f (G) é um subconjunto conexo de R∗ ; como
f (e) = det ρ(e) = det(IdV ) = 1, temos f (g) = 1 para todo g ∈ G.
Em tudo o que segue, denotamos por Lk (G) o espaço vetorial real das
k−formas invariantes à esquerda em G.
Lk (G) −→ Λk Te G
(10.14)
ω 7→ ωe
é um isomorfismo
¡ ¢ de espaços vetoriais. Em particular, se n = dim G, então
dim Lk (G) = nk .
ωg = L∗g−1 τ. (10.15)
L∗g−1 τ = L∗g−1 ωe = ωg ,
Para o que falta, basta invocar o Teorema 10.42, observando que o conjunto
{(ωi1 )e ∧ . . . ∧ (ωik )e ; 1 ≤ i1 < · · · < ik ≤ n} forma uma base para Λk Te G.
Nas notações do corolário acima, obtemos a seguir uma expressão importante
para a derivada exterior de ωk em termos da base {ωi ∧ ωj ; 1 ≤ i < j ≤ n} para
L2 (G). As equações (10.17) são conhecidas na literatura como as equações de
Maurer-Cartan de G em relação à base {X1 , . . . , Xn }.
Proposição 10.44 (Maurer-Cartan). Sejam G um grupo de Lie e {X1 , . . . , Xn }
uma base para g. Se ωi é a 1−forma (algebricamente) dual de Xi , então
1
dωk = − ckij ωi ∧ ωj (10.17)
2
para 1 ≤ k ≤ n, onde as ckij são as constantes de estrutura de G.
Prova. Note inicialmente que
Mas desde que {ωi ∧ ωj ; 1 ≤ i < j ≤ n} é base para L2 (G), segue daı́ que
1 1
dωk = dωk (Xi , Xj )ωi ∧ ωj = − ckij ωi ∧ ωj .
2 2
O Teorema 10.42 também permite provar que todo grupo de Lie é orientável.
Mais precisamente, temos a seguinte
Proposição 10.45. Se G é grupo de Lie n−dimensional, então G pode ser
munido de uma n−forma invariante à esquerda e não-trivial em todo ponto.
Em particular, G é orientável.
Prova. Fixe τ ∈ Λn Te G \ {0} e construa ω ∈ Ln (G) como em (10.15). Se
ωg = 0 para algum g ∈ G, a invariância à esquerda de ω garante que ω = 0. Em
particular, τ = ωe = 0, o que é uma contradição.
334 Notas de Geometria Diferencial
ou ainda (i∗ )e Xe + Xe = 0.
Lema 10.49.
Prova.
(i∗ )X = (i^ ]
∗ )e Xe = −Xe = −X.
e daı́ [X, Y ] = 0.
Reciprocamente, suponha que Lie(G) seja abeliana.
Prova.
336 Notas de Geometria Diferencial
Proposição 10.52 (Weyl). Todo grupo de Lie compacto e conexo pode ser
munido de uma métrica bi-invariante.
para todos S, T ∈ gl(n; R), onde tr(·) denota o traço da matriz entre parênteses.
É imediato verificar que h·, ·i é uma métrica em GL(n; R), de sorte que podemos
considerar em O(n) a métrica induzida.
Se A ∈ O(n), afirmamos que a translação à esquerda LA : O(n) → O(n)
é uma isometria. De fato, note inicialmente que LA é a restrição a O(n) da
aplicação homônima
LA : M (n; R) −→ M (n; R)
,
B 7→ AB
0 = ∇X+Y (X + Y ) = ∇X Y + ∇Y X,
[X, Y ] = ∇X Y − ∇Y X = 2∇X Y.
Corolário 10.57. Seja G um grupo de Lie conexo munido com uma métrica
fe ∈ g, então
bi-invariante. Se Xe ∈ Te G e X = X
Prova. Uma vez que translações à esquerda são isometrias de G, basta provar-
mos que o subgrupo H, munido com a métrica induzida, é totalmente geodésico
em G.
Para o que falta, observe inicialmente que a métrica induzida em H também
é bi-invariante. Se Xe ∈ Te H, tome X = X fe ∈ h. Denote respectivamente por
expG : g → G e expH : h → H as aplicações exponenciais dos grupos de Lie G e
H (no sentido da Seção 10.3), e por (expG )e : Te G → G e (expH )e : Te H → H
respectivamente as aplicações exponenciais das variedades Riemannianas G e H
(no sentido usual). Segue dos corolários 10.57 e 10.33 que
Prova.
(a) Aplicando duas vezes o resultado da proposição anterior, juntamente com a
identidade de Jacobi (10.1), obtemos
R(X, Y )Z = ∇X ∇Y Z − ∇Y ∇X Z − ∇[X,Y ] Z
1 1 1
= ∇X [Y, Z] − ∇Y [X, Z] − [[X, Y ], Z]
2 2 2
1 1 1
= [X, [Y, Z]] − [Y, [X, Z]] − [[X, Y ], Z]
4 4 2
1 1 1
= − ([Y, [Z, X]] + [Z, [X, Y ]]) − [Y, [X, Z]] − [[X, Y ], Z]
4 4 2
1 1
= [Z, [X, Y ]] − [[X, Y ], Z]
4 2
1
= − [[X, Y ], Z].
4
Antonio Caminha M. Neto 341
(b) Desde que hX, Xi, hY, Y i e hX, Y i são constantes em cada componente
conexa de G, podemos supor, sem perda de generalidade, que X e Y são orto-
normais. Portanto, segue do item (a) e de (10.22) que
1
K(X, Y ) = hR(X, Y )Y, Xi = − h[[X, Y ], Y ], Xi
4
1 1
= h[Y, [X, Y ]], Xi = h∇Y [X, Y ], Xi
4 2
1 1
= Y h[X, Y ], Xi − h[X, Y ], ∇Y Xi.
2 2
Agora, como na prova da proposição anterior, temos que h[X, Y ], Xi, visto
como função em G, é constante em cada componente conexa de G. Logo,
Y h[X, Y ], Xi = 0 e segue dos cálculos acima que
1 1 1
K(X, Y ) = − h[X, Y ], ∇Y Xi = − h[X, Y ], [Y, X]i = |[X, Y ]|2 ,
2 4 4
onde utilizamos novamente a proposição anterior na penúltima igualdade.
1 1
K((Xi )a , (Xj )a ) = |[Xi , Xj ]|2 (a) = |[Xi , Xj ]|2 (b) = K((Xi )b , (Xj )b ),
4 4
para todos 1 ≤ i < j ≤ n. Somando sobre todos tais i, j, obtemos a primeira
parte do corolário.
Para o que falta, se G tiver curvatura escalar identicamente nula, segue do
argumento acima que [X, Y ] = 0 para todos X, Y ∈ g, i.e., g é abeliana. Logo,
G é abeliano pela Proposição 10.50, e o resto segue do Teorema 10.51.
d d
0 → L0 (G) −→ L1 (G) · · · −→ Ln (G) → 0,
0 = (LX ω)X1 , . . . , Xk )
k
X
= X(ω(X1 , . . . , Xk )) − ω(X1 , . . . , Xi−1 , [X, Xi ], Xi+1 , . . . , Xk )
i=1 (10.26)
k
X
=− ω(X1 , . . . , Xi−1 , [X, Xi ], Xi+1 , . . . , Xk ),
i=1
0 = (LX ω)X1 , . . . , Xk )
k
X
= X(ω(X1 , . . . , Xk )) − ω(X1 , . . . , Xi−1 , [X, Xi ], Xi+1 , . . . , Xk )
i=1
k
X
= − ω(X1 , . . . , Xi−1 , [X, Xi ], Xi+1 , . . . , Xk ),
i=1
dω(X1 , . . . , Xk+1 ) =
bi , . . . , Xk+1 ))+
= (−1)i−1 Xi (ω(X1 , . . . , X
X
+ (−1)i+j ω([Xi , Xj ], X1 , . . . , X bi , . . . , X
bj , . . . , Xk+1 )
(10.27)
i<j
1 X
= ·2 bi , . . . , X
(−1)i+j ω([Xi , Xj ], X1 , . . . , X bj , . . . , Xk+1 ),
2 i<j
344 Notas de Geometria Diferencial
e
X
bi , . . . , X
(−1)i+j ω([Xi , Xj ], X1 , . . . , X bj , . . . , Xk+1 ) =
i<j
X
= bj , . . . , X
(−1)j+i ω([Xj , Xi ], X1 , . . . , X bi , . . . , Xk+1 )
j<i
X X
= (−1)j bj , . . . , Xi−1 , [Xj , Xi ], Xi+1 , . . . , Xk+1 ).
ω(X1 , . . . , X
j i>j
de maneira que
LX ω = dιX ω.
δω = (−1)nk+n+1 ? d ? ω = 0.
Por fim, uma vez que dω = 0 e δω = 0, temos ω harmônica pelo Lema ??.
Como corolário do teorema acima, mostramos a seguir um resultado de E.
Cartan e S. Eilenberg, o qual afirma que se G é um grupo de Lie compacto e
conexo, então o anel de cohomologia das formas invariantes à esquerda em G
coincide com o anel de cohomologia de de Rham usual de G.
Teorema 10.68 (Cartan-Eilenberg). Se G é um grupo de Lie compacto e co-
nexo, a inclusão ι : Lk (G) → Ωk (G) induz, para todo k ≥ 0, um isomorfismo
k k
LHdR (G) ' HdR (G).
(z, w) + (z 0 , w0 ) = (z + z 0 , w + w0 )
e
(z, w) · (z 0 , w0 ) = (zz 0 − ww0 , zw0 + z 0 w)
para todos z, z 0 , w, w0 ∈ C, onde as operações dos segundos membros acima
são a adição, multiplicação e conjugação usuais em C. É imediato verificar
que (H, +, ·) é um anel não-comutativo com zero 0 = (0, 0) e unidade 1 =
(1, 0), denominado o anel dos quatérnios de Hamilton3 ; seus elementos são
os números quatérnios.
É também fácil verificar que a multiplicação por escalares reais a(z, w) :=
(az, aw) torna o subgrupo aditivo de H um espaço vetorial real de dimensão 4.
Considerando em H a base {1, i, j, k} sobre R tal que
hp, pi = a2 + b2 + c2 + d2 ≥ 0.
a1 + bi + cj + dk ∈ H 7→ (a, b, c, d) ∈ R4 (10.30)
p · q −1 = p · q = (a1 + bi + cj + dk)(a0 1 − b0 i − c0 j − d0 k)
= (aa0 − bb0 − cc0 − dd0 ) + (−ab0 + a0 b − cd0 + c0 d)i
(−ac0 + bd0 + a0 c − b0 d)j + (−ad0 − bc0 + cb0 + a0 d)k.
0 = (dωX )[Y, Z] = Y (ωX (Z)) − Z(ωX (Y )) − ωX ([Y, Z]) = −hX, [Y, Z]i,
uma vez que os produtos internos hX, Zi e hX, Y i, vistos como funções em G,
são constantes. Logo, X ∈ g \ [g, g].
Reciprocamente, se [g, g] 6= g, podemos tomar 0 6= X ∈ [g, g]⊥ , o com-
plemento ortogonal de [g, g] em g; argumentando como acima, concluı́mos que
dωX = 0. Por fim, se ωX = df , para alguma f ∈ L0 (G), então ωX = 0 (uma vez
que f é constante em G), o que é uma contradição. Logo, [ωX ] é um elemento
1
não-trivial de LHdR (G).
Antonio Caminha M. Neto 351
1
Corolário 10.74. Seja G um grupo de Lie compacto e conexo. Se HdR (G) =
2
{0}, então HdR (G) = {0}.
0 = (LZ ω)(X, Y )
= Z(ω(X, Y )) − ω(LZ X, Y ) − ω(X, LZ Y )
= −ω([Z, X], Y ) − ω(X, [Z, Y ])
= ω([X, Z], Y ) − ω([Y, Z], X).
ω([X, Y ], Z) = 0, ∀ X, Y, Z ∈ g. (10.32)
1
Mas como HdR (G) = {0}, segue da proposição anterior que [g, g] = g. Portanto,
(10.32) garante que ω = 0.
Se G é um grupo de Lie conexo, denotemos por Sym2 (G) o espaço vetorial dos
2−tensores covariantes simétricos sobre G. Consoante a discussão da Seção 10.5,
se η ∈ Sym2 (G) for tal que
L∗g η = η, ∀ g ∈ G,
ηs − ηs0 = ηas
0
− ηas ∈ Sym2 (M ) ∩ Ω2 (M ) = {0},
com Cg∗ ηs ∈ Sym2 (G) e Cg∗ ηas ∈ Ω2 (G). Mas pela parte de unicidade do
Lema 10.76, temos
Cg∗ ηs = ηs e Cg∗ ηas = ηas
para todo g ∈ G. Portanto, ηas é uma 2−forma bi-invariante em G, donde
2
harmônica pelo Teorema de Hodge 10.67. Mas desde que HdR (G) = {0} pelo
Corolário 10.74, segue do Teorema de Hodge-de Rham 5.77 que ηas = 0. Logo,
η = ηs , e η é simétrica.
Por fim, as correspondências η 7→ ω e ω 7→ η discutidas acima são claramente
inversas uma da outra e lineares, de sorte que nada mais há a fazer.
1
Corolário 10.78. Seja G um grupo de Lie compacto e conexo. Se HdR (G) =
3
{0}, então HdR (G) 6= {0}.
Prova. Pela Proposição 10.52, podemos tomar uma métrica bi-invariante η =
h·, ·i em G, a qual é um elemento não-nulo do espaço vetorial das aplicações
1
bilineares simétricas e bi-invariantes sobre G. Mas como HdR (G) = {0}, a
3
3−forma bi-invariante (logo harmônica) ω ∈ L (G) correspondente a η de acordo
com a proposição anterior é também não-nula, e portanto define uma classe de
3
cohomologia não-trivial [ω] ∈ LHdR (G).
Se G é um grupo de Lie, tomando uma base para g concluı́mos que G é
paralelizável, i.e., admite um referencial (não necessariamente ortonormal)
globalmente definido. Em particular, uma condição necessária para que uma
variedade diferenciável M admita uma estrutura de grupo de Lie é que M seja
paralelizável. Por outro lado, R. Bott e J. Milnor [10] provaram que as únicas
esferas Euclidianas paralelizáveis são S1 , S3 e S7 . De posse do material desta
seção, refinamos o Teorema de Bott-Milnor no resultado a seguir, mostrando
que S1 e S3 são as únicas esferas Euclidianas que podem admitir estruturas de
grupos de Lie.
Teorema 10.79. Se n 6= 1, 3 é um natural, então Sn não admite a estrutura
de um grupo de Lie.
Prova. Para 1 < n 6= 3, segue do Teorema 15.18 de [49] que
1
HdR (Sn ) = {0} e HdR
3
(Sn ) = {0}.
Antonio Caminha M. Neto 355
Portanto, pelo Corolário 10.78, Sn não admite uma estrutura de grupo de Lie.
356 Notas de Geometria Diferencial
Capı́tulo 11
Espaços Homogêneos
θ : G×M −→ M
(g, p) 7→ g · p
p ∼ q ⇔ ∃ g ∈ G; q = θg (p).
e cada θg : M → M é um difeomorfismo.
O critério a seguir para a conexidade do espaço quociente M/G nos será útil
mais adiante.
Proposição 11.1. Seja G um grupo de Lie conexo que age sobre uma variedade
M . Se o espaço quociente M/G for conexo, então M é conexa.
Prova. Por contraposição, suponha que M não é conexa e tome U, V ⊂ M aber-
tos disjuntos e não-vazios. Como π uma aplicação aberta, segue que π(U ), π(V ) ⊂
M/G são abertos e não-vazios; se mostrarmos que são disjuntos, concluiremos
que M/G não é conexo.
Para o que falta, suponha que p ∈ π(U ) ∩ π(V ) para algum p ∈ M . Então
π −1 (p) ∩ U e π −1 (p) ∩ V são abertos disjuntos e não-vazios em π −1 (p) = G · p,
contradizendo o fato de que a órbita G · p, sendo difeomorfa a G, é conexa.
Dizemos que a ação θ é transitiva se M/G consistir de um único ponto, ou,
equivalentemente, se toda órbita da ação for toda a variedade M . Nesse caso,
diremos ainda que M é um G−espaço homogêneo.
Dadas variedades M e N e um grupo de Lie G, sejam θ e ϕ ações de G
respectivamente sobre M e N . Uma aplicação diferenciável f : M → N é
equivariante com respeito a θ e ϕ se o diagrama
f
M /N
θg ϕg
² ²
M /N
f
L: G × G −→ G
(a, g) 7→ ag
Antonio Caminha M. Neto 359
é uma ação transitiva de grupos de Lie, de G sobre si mesmo. Por outro lado,
se H for outro H grupo de Lie e f : G → H for um homomorfismo de grupos
de Lie, então f induz uma ação L̃ de G sobre H tal que L̃(g, h) = f (g)h, para
todos g ∈ G, h ∈ H. Por fim é imediato verificar que o homomorfismo f é
equivariante com respeito às ações L e L̃ definidas acima.
A relevância das aplicações equivariantes reside na seguinte versão equiva-
riante do teorema do posto, cuja prova é essencialmente idêntica à prova da
Proposição 10.22. Em todo caso, referimos o leitor ao Teorema 9.7 de [49].
Teorema 11.5. Seja G um grupo de Lie e f : M → N uma aplicação equiva-
riante com respeito a ações de G sobre M e N . Se a ação de G sobre M for
transitiva, então f tem posto constante. Em particular, os conjuntos de nı́vel
de f são subvariedades fechadas e mergulhadas de M .
Uma ação θ : G × M → M é: livre se o único g ∈ G para o qual a aplicação
θg : M → M tem pontos fixos é g = e; própria se a aplicação
G×M −→ M × M
(g, p) 7→ (g · p, p)
for própria (i.e., se a imagem inversa de todo compacto de M × M for um
compacto de G × M ). A importância de ações de grupos de Lie em variedades
diferenciáveis repousa fortemente no seguinte resultado.
Teorema 11.6. Se θ : G × M → M é uma ação livre e própria, então o espaço
quociente M/G tem uma única estrutura de variedade diferenciável de dimensão
dim M − dim G, tal que a aplicação quociente π : M → M/G é uma submersão
sobrejetiva.
Prova. Veja o Teorema 9.16 de [49].
Doravante, sempre que pensarmos no espaço quociente M/G como uma va-
riedade diferenciável, suporemos implicitamente que sua estrutura diferenciável
é aquela cuja existência é garantida pelo teorema acima, i.e., induzida por uma
ação livre e própria θ : G × M → M .
Um caso particular relevante do Teorema 11.6 é o da ação por translações
à direita de um subgrupo fechado H de um grupo de Lie G sobre o próprio
G. Nesse caso, observe que o espaço quociente G/H é o conjunto das classes
laterais à esquerda de H em G. O próximo resultado é o conteúdo do Teorema
9.22 de [49]; a bem da clareza da discussão, apresentamos sua demonstração
aqui.
Teorema 11.7. Se G é um grupo de Lie e H é um subgrupo de Lie fechado de
G, então o espaço quociente G/H das classes laterais à esquerda de H em G
tem uma única estrutura de variedade diferenciável de dimensão dim G−dim H,
tal que a projeção canônica π : G → G/H é uma submersão. Ademais, a ação
ψ: G × G/H −→ G/H
(11.1)
(a, gH) 7→ (ag)H
torna G/H um G−espaço homogêneo.
360 Notas de Geometria Diferencial
Desde que π é uma submersão sobrejetiva, o mesmo sucede com IdG × π. Por
outro lado, é imediato checar que π◦m é constante nas fibras de IdG ×π, de sorte
que a Proposição 7.18 de [49] garante que π ◦ m passa suavemente ao quociente
G × G/H. Isto posto, é imediato verificar que a aplicação suave resultante é
precisamente a aplicação ψ definida em (11.1). Por fim, verificar que ψ é uma
ação transitiva é trivial.
(π∗ )e
Te G / TeH ( G ) .
H
≈ ≈ (11.3)
² ²
g / g/h
π
d ¯ d ¯
¯ ¯
(π∗ )e Xe = π(exp(tX))¯ = (eH)¯ = 0.
dt t=0 dt t=0
Te G
' TeH (G/H).
ker(π∗)e
m /G
G×G ,
π×π π
² ²
G/H × G/H / G/H
(a) Mediante a identificação entre TeH (G/H) e g/h dada pelo Lema 11.8,
temos Adg/h (h) = ((ψh )∗ )eH para todo h ∈ H. Em particular,
Lh Rh−1
G /G /G
zz
zz
π π
zzzπ
² ² }z
G/H / G/H
ψh
fornece
−1
ψh ◦ π = π ◦ Lh = π ◦ Rh ◦ Lh = π ◦ Ch .
Para X ∈ g, derivando a igualdade acima e aplicando o resultado a Xe , obtemos
para todo h ∈ H, o que fornece (11.4). Mas uma vez que ((ψh )∗ )eH é invertı́vel,
a igualdade acima também garante que Adg/h (h) ∈ GL(g/h). Também, para
h, h0 ∈ H, segue de (11.9) que
Adg/h (h) ◦ Adg/h (h0 ) = ((ψh )∗ )eH ◦ ((ψh0 )∗ )eH = ((ψhh0 )∗ )eH = Adg/h (hh0 ),
de sorte que Adg/h : H → GL(g/h) é realmente uma representação de H em
GL(g/h).
Para o que falta, se ad : g → gl(g) é a representação adjunta da álgebra de
Lie de g e Y ∈ h, então ad(Y ) aplica h em si mesmo. Portanto, por passagem
ao quociente ad(Y ) induz um operador linear τ (Y ) : g/h → g/h, e afirmamos
que τ (Y ) = adg/h (Y ).
ad(Y )
g /g
π π
² ²
g / g
h τ (Y ) h
ψg∗ ω = ω
para todo g ∈ G.
Lema 11.16. Se G é um grupo de Lie e H é um subgrupo de Lie fechado de
G, então toda k−forma G−invariante em G/H é suave.
Prova. Sejam π : G → G/H a projeção canônica e π ∗ ω o pull-back de ω em G.
Afirmamos inicialmente que π ∗ ω é invariante à esquerda, logo suave. De fato,
a comutatividade do diagrama
Lg
G /G
π π
² ²
G/H / G/H
ψg
conforme desejado.
Agora, desde que π é uma submersão, fixados g ∈ G e campos Y1 , . . . , Yk ∈
X(G/H), a forma local das submersões garante a existência de uma vizinhança U
de g em G e campos suaves X1 , . . . , Xk em U , respectivamente π−relacionados às
restrições de Y1 , . . . , Yk a π(U ) (lembre que π(U ) é aberto em G/H). Portanto,
para g 0 ∈ U , temos
ψg∗ dM = fg dM,
det(Adg/h (h)) = 1
para todo h ∈ H.
conforme desejado.
Mostremos que Xq = ((θg )∗ )p Xp , sendo a outra igualdade totalmente análoga
(nesse ponto o leitor pode achar útil reler o inı́cio da Seção 9.1). Para tanto,
observe inicialmente que, sendo Up ∈ Tp M vertical, o caráter isométrico de θg
fornece
h((θg )∗ )p Xp , ((θg )∗ )p Up iq = hXp , Up ip = 0.
Mas desde que ((θg )∗ )p : Tp M → Tq M é um isomorfismo e dim Hp = dim Hq ,
dim Vp = dim Vq , concluı́mos a partir da igualdade acima que
θg (Hp ) ⊂ Hq e θg (Vp ) ⊂ Vq .
(a) O G−espaço homogêneo G/H pode ser munido com uma métrica Rie-
manniana tal que a projeção canônica π : G → G/H é uma submersão
Riemanniana.
1 3
KG/H (X∗ , Y∗ )|X ∧ Y |2 = |[X, Y ]|2 + |[X, Y ]v |2 ,
4 4
sendo o segundo membro da igualdade acima avaliado em g.
Prova.
(a) Como na prova do Teorema 11.7, seja θ : H × G → G a ação (à direita) de
H em G dada por θ(h, g) = gh. Para h ∈ H, temos θh = Rh : G → G, e segue
da bi-invariância da métrica de G que Rh é uma isometria de G. Portanto, θh é
uma isometria para todo h ∈ G, e o Teorema 11.21 conclui a demonstração do
item (a).
(b) Sendo ψ : G × G/H → G/H a ação transitiva dada por (11.1), é imediato
verificar que ψa ◦ π = π ◦ La , para todo a ∈ G. Portanto, se X ∈ X(G) é o
levantamento horizontal de X∗ ∈ X(G/H), segue daı́ que
(c) Tome {X1 , . . . , Xn } base ortogonal de h tal que {X1 , . . . , Xk } seja base
ortogonal de h. Desde que a translação à esquerda La : G → G é uma isometria
de G que aplica a fibra H = eH sobre a fibra aH, temos que {X1 , . . . , Xk } é
base da distribuição vertical de π, e daı́ {Xk+1 , . . . , Xn } é base da distribuição
horizontal. Portanto, segue do caráter tensorial de T que T é identicamente
nulo se e só se TU X = 0 e TU V = 0 para X, U, V ∈ g, com X horizontal e U e
V verticais.
Para TU V , a integrabilidade da distribuição vertical (ou, o que é o mesmo
nesse caso, o fato de U, V ∈ h) fornece [U, V ] vertical. Portanto, denotando
por ∇ a conexão de Levi-Civita da métrica de G, segue da Proposição 10.56
que ∇U V é vertical. Denotando por ∇F a conexão de Levi-Civita das fibras na
métrica induzida, segue da Proposição 6.1 que
∇F v
U V = (∇U V ) = ∇U V,
hTU X, V i = −hX, TU V i = 0;
de sorte que
k
X
v 2
|[Xi , Xj ] | = h[Xi , Xj ], Xl i2 ,
l=1
h⊥ = {X ∈ g; hX, V i = 0, ∀ V ∈ h},
g = h ⊕ h⊥ . (11.14)
376 Notas de Geometria Diferencial
(b) ⇔ (c): temos pelo Teorema 10.39 que H é normal a G se e só se h for um
ideal de g. Por outro lado, segue de (11.14) e da integrabilidade da distribuição
vertical que h é um ideal de g se e só se [X, V ] ∈ h, para todos X ∈ h⊥ , V ∈ h.
Suponha agora que h⊥ seja uma subálgebra de Lie de G, e sejam X e V
como acima. Se Y ∈ h⊥ , então [X, Y ] ∈ h⊥ , e segue de (10.20) que
h[V, X], Y i = hV, [X, Y ]i = 0.
Pela arbitrariedade de Y , concluı́mos então que [V, X] é vertical; como é invari-
ante à esquerda, pertence a h. A recı́proca é análoga.
Suponha agora a validade dos itens de (a) a (d), e mostremos (i) e (ii).
conforme desejado.
Prova. Já sabemos que G/EG (p) é uma variedade suave. Por outro lado, como
na prova do Teorema 11.11, a aplicação
p
θ : G/EG (p) −→ X
gEG (p) 7→ g · p
θ(T ) = T (P) = P 0 .
Cg : M (m; R) → M (m; R)
.
X 7→ gXg −1
Mas como essa última aplicação é um operador linear do espaço vetorial M (m; R),
sua diferencial é o operador (Cg )∗ : gl(m; R) → gl(m; R) tal que (Cg )∗ X =
gXg −1 . Em particular, para g ∈ SO(m) e X ∈ g, temos
Mas como A ∈ O(n) e B ∈ O(m − n), temos A−1 = A> , B −1 = B > , e daı́
Ad(h)X ∈ m, uma vez que
ρ(h) : m −→ m
.
X 7→ hXh−1
det Adg/h (h) = det ρ(h) = det σ(h) = (det A)m−n (det B)n .
Mas como A e B são ortogonais e (cf. (11.18)) tais que (det A)(det B) = 1,
temos det A = det B = ±1, e daı́
½
m 1, se det A = 1
det Adg/h (h) = (det A) = .
(−1)m , se det A = −1
Portanto, se m for par, então det Adg/h (h) = 1 para todo h ∈ H, e segue
do Teorema 11.17 que Gn (Rm ) é orientável. Por outro lado, se m for ı́mpar,
então existem elementos h ∈ H tais que det Adg/h (h) = −1. Mas como SO(m)
é conexo e H é compacto, segue do Teorema 11.20 que Gn (Rm ) não é orientável.
UI hPP
PPP
PPPSpan
ϕI PPP
PPP
²
M ((m − n) × n; R) / Im(F )
F
Afirmamos que
ψI : M ((m − n) × n; R) → UI
(11.25)
A 7→ Span(F (B))
é a inversa de ϕI . De fato, para P ∈ UI , tome, pelo Lemma 11.34, A ∈
M (m × n; R) matriz de coordenadas homogêneas para P tal que AI = Idn .
Então ϕI (P) = AI c (AI )−1 = AI c , e segue que
(ψI ◦ ϕI )(P) = ψI (AI c ) = Span(F (AI c )) = Span(A) = P.
Reciprocamente, para B ∈ M ((m − n) × n; R), seja P = Span(F (B)). A dis-
cussão acima garante que P ∈ UI e que F (B) é matriz de coordenadas ho-
mogêneas para P. Portanto, ψI (B) = P e
(ϕI ◦ ψI )(B) = ϕI (P) = F (B)I c F (B)−1
I = B · Idn = B.
Antonio Caminha M. Neto 387
UI ∩ UJ
xI
²
M ((m − n) × n; R) / M (m × n; R) / M (n; R)
F G
(ϕJ ◦ ϕ−1 1 n
I )(A) =ϕJ (P) = ϕJ (RhF (A) , . . . , F (A) i)
(11.26)
=F (A)J c (F (A)J )−1 .
Como prometido, vamos mostrar agora que Gn (Rm ) pode ser naturalmente
imerso em Rm(m+1)/2 ≈ Sym(m), onde
Para tanto, note inicialmente que todo P ∈ Gn (Rm ) tem uma matriz de
coordenadas homogêneas A com colunas ortonormais. Defina então
Φ: Gn (Rm ) → Sym(m)
, (11.27)
P 7→ AA>
(Φ ◦ ϕ−1 1 n
I )(A) = Φ(RhF (A) , . . . , F (A) i), (11.28)
Φ / Sym(m)
UI
mm 6
mmm
m
mmm −1
ϕI
² mmm Φ◦ϕI
M ((m − n) × n; R)
Logo, Φ ◦ ϕ−1
I é diferenciável.
Para o que falta, seja VI = {B ∈ Sym(m); BII ∈ GL(n; R)}, claramente um
aberto de Sym(m). O Lema 11.36 garante que Φ(UI ) ⊂ VI . Portanto, a fim de
estabelecer que Φ é uma imersão, basta construir uma aplicação diferenciável
Ψ : VI → Gn (Rm ) tal que Ψ ◦ Φ = IdUI .
Φ / VI Ψ / Gn (Rm ).
UI
Ψ / UI
VI OO
OOO
OOO
O ϕI
ϕI ◦Ψ OOO
' ²
M ((m − n) × n; R)
claramente diferenciável.
Por fim, mostremos que (Ψ ◦ Φ)(P) = P para todo P ∈ UI : se A é matriz de
coordenadas homogêneas para P com colunas ortonormais, então o Lema 11.36
garante que
(Ψ ◦ Φ)(P) = Ψ(AA> ) = Rh(AA> )i1 , . . . , (AA> )in i
= RhAi1 , . . . , Ain i = P.
e
TP Gn (Rm )⊥ ≈ {T ∈ Sym(m); T (P) ⊂ P e T (P ⊥ ) ⊂ P ⊥ }. (11.30)
Prova. Mostremos inicialmente (11.29). Para tanto, denotando por V o su-
bespaço de Sym(m) dado pelo segundo membro de (11.29), basta mostrarmos
que
TP Gn (Rm ) ⊂ V e dim V = dim(TP Gn (Rm )).
Para a inclusão acima, seja t 7→ P (t) uma curva suave¯ em Gn (Rm ) localmente
d ¯
identificado com Sym(m), tal que P (0) = P e dt P (t)¯ = T . Derivando a
t=0
igualdade (dada pelo Corolário 11.38) P (t) = P (t)2 em t = 0, obtemos
T v = T P v + P T v = T v + P T v,
para certas A ∈ Sym(m − n), C ∈ Sym(n). Também como antes, essa corres-
pondência estabelece um isomorfismo entre W e Sym(m − n) × Sym(n), de sorte
que
(m − n)(m − n + 1) n(n + 1)
dim W = +
2 2
m(m + 1)
= − (m − n)n.
2
Geometria Complexa
12.1 Outros *
Para terminar esta seção, teçamos alguns comentários sobre extensões úteis dos
conceitos e resultados aqui estudados.
Analogamente à Definição 5.1, definimos um fibrado vetorial suave com-
plexo sobre M pela exigência de que Ep seja um espaço vetorial complexo
k−dimensional e que as trivializações locais sejam aplicações suaves Φ : π −1 (U ) →
U × Ck que se restringem a C−isomorfismos Φp : Ep → {p} × Ck . Se M for
uma variedade analı́tica real, também podemos considerar fibrados vetoriais
analı́ticos reais sobre M , i.e., tais que as trivializações locais Φ : π −1 (U ) →
U × Rk sejam aplicações analı́ticas reais.
Se M for uma variedade complexa, um fibrado vetorial analı́tico complexo
ou holomorfo sobre M é um fibrado vetorial suave complexo sobre M cujas
trivializações locais são aplicações analı́ticas complexas, i.e., holomorfas. Desde
que toda variedade complexa é uma variedade analı́tica real, fibrados vetoriais
analı́ticos complexos são, em particular, fibrados vetoriais analı́ticos reais sobre
M.
Via de regra, as definições e resultados desta seção estendem-se, sem maiores
dificuldades, aos demais tipos de fibrados discutidos acima. Deixamos ao leitor
a tarefa de checar quais adaptações são necessárias para perfazer tais extensões,
contentando-nos em listar algumas observações pontuais sobre fibrados vetoriais
analı́ticos (reais ou complexos):
ii. Nas notações do Lema 5.7, se as aplicações gαβ forem analı́ticas reais,
394 Notas de Geometria Diferencial
onde a barra sobre ηp (ei1 , . . . , eik ) denota conjugação complexa. Sempre que
considerarmos métricas Riemannianas em fibrados vetoriais suaves complexos,
a necessidade da utilização da conjugação complexa se impõe pela exigência de
que a métrica seja positiva definida.
dimR VR = 2 dimC V.
e
λ(z1 , . . . , zn ) = (λz1 , . . . , λzn ),
é um espaço vetorial complexo tal que dimC Cn = n. Visto como espaço vetorial
real, temos Cn isomorfo a R2n mediante a identificação
(z1 , . . . , zn ) ≈ (a1 , b1 , . . . , an , bn ),
Antonio Caminha M. Neto 395
O lema a seguir dá uma condição necessária para que um espaço vetorial
real admita uma estrutura complexa, bem como explica esse nome.
(a) Podemos escolher uma base {e1 , e01 , . . . , en , e0n } para V tal que Jek = e0k e
Je0k = −ek , para todo 1 ≤ k ≤ n.
Prova.
(a) Se e1 ∈ V \ {0}, então {e1 , Je1 } é l.i. De fato, também temos Je1 6= 0; por
outro lado, se a, b ∈ R \ {0} forem tais que ae1 + bJe1 = 0, então (aplicando J
a essa igualdade) temos aJe1 − be2 = 0, e segue daı́ que
¯ ¯
¯ a b ¯
¯ ¯
¯ −b a ¯ = 0.
e2 = be1 − aJe1 ,
(V ∗ )C → (V C )∗
f + ig 7 → f˜ + ig̃
é um C−isomorfismo.
a + b = a + b e λa = λ a,
Segue do teorema de [74] que toda variedade complexa é, de fato, uma Falta referência
∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂
h , i=h , i, h , i=0 (12.2)
∂u ∂u ∂v ∂v ∂u ∂v
e
∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂
h , i=h , i, h , i = 0. (12.3)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y
Substituindo as igualdades
∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂ ∂x ∂ ∂y ∂
= + e = +
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂v ∂v ∂x ∂v ∂y
em (12.2) e utilizando (12.3) em seguida, obtemos as relações
µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
+ = + e + = 0.
∂u ∂u ∂v ∂v ∂u ∂v ∂u ∂v
∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y
Encarando-as como um sistema em ∂u e ∂u e utilizando que ∂u ∂v − ∂v ∂u > 0
(fato este decorrente da positividade das cartas), obtemos por fim as igualdades
∂x ∂y ∂x ∂y
= e =− ,
∂u ∂v ∂v ∂u
precisamente as equações de Cauchy-Riemann para a função de mudança de
coordenadas ϕβ ◦ ϕ−1 −1
α : Uα ∩ Uβ → C. Logo, ϕβ ◦ ϕα é holomorfa para todos
α e β tais que Uα ∩ Uβ 6= ∅.
Exemplo 12.10. O n−espaço Euclidiano complexo Cn , com o atlas formado
pela aplicação identidade, é uma variedade complexa de dimensão n.
Exemplo 12.11. Trocando R por C em toda a discussão da Seção 11.4, ob-
temos uma variedade complexa compacta Gn (Cm ), de dimensão (complexa)
(m − n)n, denominada uma variedade Grassmanniana complexa. Em par-
ticular, G1 (Cm ) = CPm é o espaço projetivo complexo m−dimensional.
Exemplo 12.12. Nem toda variedade analı́tica real de dimensão par é uma va-
riedade complexa. Contra-exemplos são fornecidos pelas Grassmannianas reais
não-orientáveis de dimensão par (por exemplo, RP2n , com n ∈ N), uma vez que
mostraremos na Proposição ?? que toda variedade complexa é orientável. Falta referência
400 Notas de Geometria Diferencial
Argumentando como na prova do item (b) do Lema 12.7, é imediato verificar que
{( ∂z∂ 1 )p , ( ∂z∂ 1 )p . . . , ( ∂z∂n )p , ( ∂z∂n )p } é base de Tp M C . Temos também o seguinte
Lema 12.13. Seja M uma variedade complexa de dimensão (complexa) n. Se
(w1 , . . . , wn ) e (z1 , . . . , zn ) são sistemas de coordenadas complexas numa vizi-
nhança de p ∈ M , então, em Tp M C , temos
³ ´ ³ ´ ³ ´ ³ ´
∂ ∂zj ∂ ∂ ∂zj ∂
∂wk = ∂wk (p) ∂zj e ∂wk = ∂wk (p) ∂z j .
p p p p
segue do Lema 12.6 que {(dz1 )p , (dz 1 )p , . . . , (dzn )p , (dz n )p } é uma base de (Tp M ∗ )C ,
ademais dual da base {( ∂z∂ 1 )p , ( ∂z∂ 1 )p . . . , ( ∂z∂n )p , ( ∂z∂n )p } de Tp M C .
Antonio Caminha M. Neto 401
∂f ∂f
expressões que doravante abreviaremos escrevendo simplesmente ∂z k
(p) e ∂z k
(p),
respectivamente. Escrevendo f = u + iv, com u, v : U → R funções de classe
C 1 , seja também
dfp := dup + idvp ,
onde dup , dvp ∈ Tp M ∗ são as diferenciais usuais de u e v em p ∈ U .
∂f ∂f
dfp = (p)(dzk )p + (p)(dz k )p .
∂zk ∂z k
∂f ∂f
(p)(dzk )p + (p)(dz k )p =
∂zk ∂z k
µ ¶ µ ¶
1 ∂f ∂f 1 ∂f ∂f
. = −i (dxk + idyk ) + +i (dxk − idyk )
2 ∂xk ∂yk 2 ∂xk ∂yk
µ ¶ µ ¶
∂f ∂f ∂u ∂v ∂u ∂v
= dxk + dyk = +i dxk + +i dyk
∂xk ∂yk ∂xk ∂xk ∂yk ∂yk
µ ¶ µ ¶
∂u ∂u ∂v ∂v
= dxk + dyk + i dxk + dyk
∂xk ∂yk ∂xk ∂yk
= du + idv.
então f é constante em U .
Prova. Veja o Teorema I.2.1 de [74].
Proposição 12.18. Se M é uma variedade complexa, compacta e conexa, e
f : M → C é holomorfa, então f é constante.
Prova. Como M é compacta e |f | : M → R é contı́nua, existe p0 ∈ M tal que
e ³ ´ ³ ´ ³ ´
∂ ∂ ∂
Jp ∂wk = −i ∂wk = Ip ∂wk .
p p p
e ³ ´ ³ ´
∂ ∂zj ∂
∂wk = ∂wk (p) ∂z j ∈ Tp M − .
p p
Jp Jf0 (p)
² ²
Tp M / Tf (p) M 0
dfp
para todo p ∈ M .
Observação 12.24. Uma aplicação f : M → M 0 de classe C 1 entre as va-
riedades complexas M e M 0 é dita anti-holomorfa se, para todas as cartas
coordenadas complexas ϕ : U ⊂ M → Cn e ψ : V ⊂ M 0 → Cm , com f (U ) ⊂ V ,
a expressão em coordenadas ψ ◦f|U ◦ϕ−1 : ϕ(U ) → ψ(V ) de f for uma aplicação
anti-holomorfa entre abertos de Cn e Cm , i.e., se ψ ◦ f|U ◦ ϕ−1 for holomorfa
para todas as cartas ϕ e ψ como acima.
Uma pequena modificação da prova da proposição acima (cuja verificação
deixamos ao leitor) permite mostrar que f é anti-holomorfa se e só se o diagrama
dfp
Tp M / Tf (p) M 0
Jp −Jf0 (p)
² ²
Tp M / Tf (p) M 0
dfp
Exemplo 12.26.
Tp M + = Tp M − e Tp M C = Tp M + ⊕ Tp M − .
2h(∇Z J)X, Y i = 0,
Aplicações harmônicas
(ii) Em seguida, tomamos uma cobertura aberta {Vα }α∈A de N tal que, para
cada α ∈ A, tenhamos uma trivialização local Ψα : πF−1 (Vα ) → Vα × Rk para F .
−1 −1
Se
` Uα = f (Vα ), então {Uα }α∈A é uma cobertura aberta de M e πE (Uα ) =
k k
F
p∈Uα f (p) . Denotando por π 2 : V α × R → R a projeção sobre o segundo
−1
fator, definimos Φα : πE (Uα ) → Uα × Rk por
(Ψα ◦ Ψ−1
β )(q, v) = (q, gαβ (q)(v)),
Uα ×O Rk Vα ×O Rk
Φα Ψα
fb
π −1 (Uα ) / π −1 (Vα )
π π
² ²
Uα / Vα
f
fb : f −1 F −→ F
,
(p, v) 7→ (f (p), v)
de sorte que π ◦ fb = f ◦ π.
Dados V ⊂ N aberto, domı́nio de uma seção local η : V → F para F , escreva
(cf. identificação (13.1)) η(q) = (q, η̃(q)), com η̃(q) ∈ Fq para cada q ∈ V . Se
U = f −1 (V ) e σ : U → f −1 F é dada por
σ(p) = (p, η̃(f (p)),
é imediato verificar que σ é uma seção local para f −1 F , a qual denotaremos
doravante simplesmente por η ◦ f . Precisamos agora de um resultado auxiliar
cuja prova será deixada como exercı́cio para o leitor.
Lema 13.1. Se {η1 , . . . , ηk } é um referencial local para F sobre o subconjunto
aberto V de N , então {η1 ◦ f, . . . , ηk ◦ f } é um referencial local para f −1 F sobre
o subconjunto aberto U = f −1 (V ) de M .
Se F é um fibrado vetorial Riemanniano, podemos tornar f −1 F um fibrado
Riemanniano, de acordo com a seguinte
Proposição 13.2. Seja F um fibrado vetorial Riemanniano com métrica h , iF
e conexão ∇F , {η1 , . . . , ηk } um referencial local para F sobre o aberto V de N
e U = f −1 (V ).
Antonio Caminha M. Neto 411
hσ1 , σ2 i := ai bj (hηi , ηj iF ◦ f )
Prova.
(a) Se h·, ·i estiver bem definida, é imediato que se trata de uma métrica Rie-
manniana em f −1 F . Para tal boa definição, seja {τ1 , . . . , τk } outro referencial
local para F em V , com σ1 = ci (τi ◦ f ) e σ2 = dj (τj ◦ f ) em U . Então existem
funções uil ∈ C ∞ (V ) tais que ηi = uil τl , e as igualdades
(b) Se mostrarmos que ∇ está bem definida, será imediato verificar que se trata
de uma conexão em f −1 F . Assim como em (a), para a boa definição de ∇, seja
{τ1 , . . . , τk } outro referencial local para F em V , em relação ao qual a seção σ
se escreve como σ = bj (τj ◦ f ).
Se ηi = uil τl , com uil ∈ C ∞ (V ) para 1 ≤ i, j ≤ k, então τl = ulr ηr e
bl = ai (uil ◦f ). Portanto, omitindo p sempre que não houver perigo de confusão,
412 Notas de Geometria Diferencial
temos
hv, wi = ai bj (hei , ej i ◦ f ),
D ∂(f ◦ ϕ)
∇X f ∗ Y =
ds ∂t
e, analogamente,
D ∂(f ◦ ϕ)
∇Y f ∗ X = .
dt ∂s
Segue então de (13.10) que
D ∂(f ◦ ϕ) D ∂(f ◦ ϕ)
∇X f ∗ Y − ∇ Y f ∗ X = − = 0.
ds ∂t dt ∂s
∂ ∂ ∂
Para o caso geral sejam X = ai ∂x i
e Y = bj ∂x j
, onde { ∂x 1
, . . . , ∂x∂n } são
campos coordenados numa vizinhança em M . Então
· ¸
∂ ∂
f∗ [X, Y ] = f∗ ai , bj
∂xi ∂xj
µ ¶
∂bj ∂ ∂ai ∂
= f∗ a i − bj
∂xi ∂xj ∂xj ∂xi
∂bj ∂ ∂ai ∂
= ai f∗ − bj f∗ .
∂xi ∂xj ∂xj ∂xi
e, analogamente,
∂ ∂ai ∂
∇Y f∗ X = ai bj ∇ ∂ f∗ + bj f∗ .
∂xj ∂xi ∂xj ∂xi
∂ ∂
Mas o primeiro caso acima garante que ∇ ∂ f∗ ∂x j
=∇ ∂ f∗ ∂x i
, e daı́
∂xi ∂xj
∂bj ∂ ∂ai ∂
∇X f ∗ Y − ∇ Y f ∗ X = a i f∗ − bj f∗ = f∗ [X, Y ].
∂xi ∂xj ∂xj ∂xi
D
(f ◦ γ) = ∇γ 0 f∗ γ 0 = (∇γ 0 df )γ 0 + f∗ (∇γ 0 γ 0 ) = αf (γ 0 , γ 0 ) = 0,
dt
onde utilizamos que ∇γ 0 γ 0 = 0 na penúltima igualdade.
A discussão acima sugere que a noção de aplicação totalmente geodésica re-
sulta demasiadamente restritiva. Isto posto, temos a seguinte definição, central
para tudo o que segue.
Dγ 0
τ (γ) = (∇∂t γ)∂t = ∇∂t γ∗ ∂t = .
dt
˜
= (∇f e f∗ ei ) ⊥
∗ i
= mH.
τ (g ◦ f ) = α(f∗ ei , f∗ ei ) + τ (f ).
∇ei π∗ ei = (∇B
ei ei ) ◦ π,
onde ∇B denota a conexão de B. Por outro lado, o item (c) do Lema 9.3 nos
dá
π∗ (∇ei ei ) = π∗ (∇ei ei )h = (∇B
ei ei ) ◦ π.
Agora, uma vez que vj é π−relacionado ao campo nulo em π(U ), temos que π∗ vj
é a seção nula, e daı́ ∇vj π∗ vj = 0. Por outro lado, sendo H o campo curvatura
média de π, temos ∇vj vj = kH, e daı́
Finalizamos esta seção com mais um resultado que fornece uma ampla classe
de exemplos de aplicações harmônicas.
Proposição 13.16. Se M e M 0 são variedades Kähler e f : M → M 0 é uma
aplicação holomorfa ou anti-holomorfa, então f é harmônica.
Prova. Façamos a prova no caso em que f é holomorfa, sendo a prova para f
anti-holomorfa totalmente análoga.
Sejam J e J 0 respectivamente as estruturas complexas de M e M 0 . Para
X, Y ∈ X(M ), aplicações repetidas das Proposições 12.23 e 12.28 nos dão
αf (X, JY ) = (∇X df )JY = ∇X f∗ JY − f∗ ∇X JY
= ∇X J 0 f∗ Y − f∗ J∇X Y = J 0 ∇X f∗ Y − J 0 f∗ ∇X Y
= J 0 (∇X f∗ Y − f∗ ∇X Y ) = J 0 αf (X, Y ).
Mas como αf é simétrica, segue que αf (JX, Y ) = J 0 αf (X, Y ). Portanto,
fixado em M um referencial Hermitiano local {e1 , . . . , en , Je1 , . . . , Jen }, temos
τ (f ) = αf (ei , ei ) + αf (Jei , Jei )
= αf (ei , ei ) + (J 0 )2 αf (ei , ei )
= 0,
e f é harmônica.
Antonio Caminha M. Neto 421
Por sua vez, a relação acima e (13.18) garantem que, para X ∈ X(U ), a
igualdade
τ (η)(X) = −h(∇ei A)ei , Xi (13.19)
se verifica em p.
Denotando por H a curvatura média de ϕ na direção de η, obtemos a partir
da auto-adjunção de ∇ei A e da equação de Codazzi (6.13) que
τ (η)(X) = −nX(H).
τ (η) = 0 ⇔ ∇⊥
X (Hη) = 0, ∀ X ∈ X(M ),
conforme desejado.
O teorema acima é caso particular de um resultado mais geral de E. Ruh e
J. Vilms [73], que discutimos a partir de agora.
Dada uma imersão isométrica de codimensão arbitrária ϕ : M n → Rm ,
definimos sua aplicação de Gauss generalizada como a aplicação
η : M n → Gn (Rm ),
Antonio Caminha M. Neto 423
Mas desde que A(q) é matriz de coordenadas homogêneas para Tq M por de-
finição, segue que
e ϕI ◦ η|U é diferenciável.
η Φ|U
U ⊂ Mn / U ⊂ Gn (Rm ) / Sym(m) .
η(X) = X
onde (·)> denota a projeção ortogonal de Tη(q) Sym(m) sobre Tη(q) Gn (Rm ). Mas
desde que Yq ∈ Tq M = η(q), o Corolário 11.40 nos dá
¯ µ ¯ ¶
D̃ ¯ d ¯
((η∗ )γ(t) Xγ(t) )¯ (Yq ) = πη(q)⊥ ((η∗ )γ(t) Xγ(t) )¯ (Yq ) ,
dt t=0 dt t=0
= (∇⊥
ei α)(ei , Y ) + α (∇ei ei , Y )
= (∇⊥ ⊥
ei α)(ei , Y ) = (∇Y α)(ei , ei )
= ∇⊥ α(ei , ei ) − 2α(∇Y ei , ei )
= ∇⊥ α(ei , ei ) = n∇⊥
Y H,
onde utilizamos a equação de Codazzi (cf. item (b) da Proposição 6.2) na sétima
igualdade acima.
O teorema de Ruh-Vilms, juntamente com o Teorema 9.26, nos permite
formular o seguinte
Corolário 13.20. Se ϕ : M n−1 → Sm−1 é uma imersão mı́nima e C(M ) denota
o cone sobre M , então a aplicação normal de Gauss η : C(M ) → Gn (Rm ) é uma
aplicação harmônica.
de maneira que
RicM (ei ) = λi ei
Mas desde que p foi escolhido arbitrariamente, temos então que e(f ) é uma
função subharmônica na variedade fechada M , e Teorema de Hopf 1.39 garante
que e(f ) é constante em M . Voltando a (13.30) concluı́mos que:
(i) αf = 0 sobre M .
d
e(ft ) = h∇∂t (ft )∗ ei , (ft )∗ ei i
dt
= h(∇∂t dft )ei , (ft )∗ ei i + h(ft )∗ ∇∂t ei , (ft )∗ ei i
= h(∇ei dft )∂t , (ft )∗ ei i
= h(∇ei (ft )∗ ∂t , (ft )∗ ei i − h(ft )∗ ∇ei ∂t , (ft )∗ ei i
dft
= h(∇ei , (ft )∗ ei i.
dt
Agora, fixado t ∈ (−², ²) e um referencial ortonormal {ẽ1 , . . . , ẽm } no aberto
V ⊂ M , seja Xt ∈ X(V ) o campo dado por
dft
Xt = h , (ft )∗ ẽj iẽj .
dt
Desde que a expressão do segundo membro acima independe do referencial es-
colhido, Xt fica bem definido como campo suave em M ; por outro lado, uma
vez que o referencial {e1 , . . . , em } é geodésico em p, temos nesse ponto que
dft
div Xt = ei h , (ft )∗ ei i
dt
dft dft
= h∇ei , (ft )∗ ei i + h , ∇ei (ft )∗ ei i
dt dt
d dft dft
= e(ft ) + h , (∇ei dft )ei i + h , (ft )∗ ∇ei ei i
dt dt dt
d dft
= e(ft ) + h , τ (ft )i.
dt dt
Mas desde que a primeira e a última expressões acima independem de p, con-
cluı́mos que a igualdade
d dft
div Xt = e(ft ) + h , τ (ft )i
dt dt
é válida em toda a variedade M .
434 Notas de Geometria Diferencial
está bem definida, é suave e coincide com f em (supp η)c ; em outras palavras,
ft : M → N , |t| < ², é uma variação própria de f . Mas para q ∈ M , segue de
π|N = IdN que dπf (q) = Id : Tf (q) N → Tf (q) N , e daı́
dft ¯¯
¯ (q) = (dπ)f (q) (η(q)v(f (q))) = η(q)v(f (q)) = η(q)τ (f )(q).
dt t=0
Substituindo a expressão acima em (13.36), obtemos
Z
dE ¯¯
0= ¯ = η|τ (f )|2 dM,
dt t=0 M
Antonio Caminha M. Neto 435
If : Γc (f −1 T N ) × Γc (f −1 T N ) → R
tal que Z
If (v, w) = hJ(v), widM,
M
.
Denote por x : Sm → Rm+1 a inclusão canônica e seja v = ∇φ = V > ∈
˜ denotam respectivamente as conexões de Levi-Civita de Sm e
X(Sm ). Se ∇ e ∇
Rm+1 , temos para X ∈ X(Sm ) que
˜ X v)> (x) = (∇
(∇X v)(x) = (∇ ˜ X (V − hV, xix))>
˜ X V − XhV, xix − hV, xi∇
= (∇ ˜ X x)> (13.41)
= −φ(x)X.
0 ≤ If (f∗ v, f∗ v)
Z
= − h∇2 f∗ v + RN (f∗ v, f∗ ei )f∗ ei , f∗ vidSm
Sm
Z
= −(m − 2) hf∗ v, f∗ vidSm
Sm
e daı́ X X
|∇ei v|2 = (φ ◦ f )2 |f∗ ei |2 = 2hV, f i2 e(f ).
i i
Tp M ⊗ iTp M,
a complexificaxão usual do espaço Tp M. Observe que J pode ser extendida a
uma estrutura complexa em T C M que denotaremos ainda por J. Mas, J 2 = −I
implica que seus únicos autovalores são ±i. Denote por T (1,0) M e T (0,1) M os
autoespaços associados a i e −i, respectivamente. Assim, temos
T ∗C M = T ∗(1,0) M ⊕ T ∗(0,1) M.
Por definição,
e
T (1,0) M = {X + iY ; J(X + iY ) = i(X + iY )}
Assim,
e daı́, ½
JX = −Y
JY = X
e ½
JX = Y
JY = −X
Aplicando J na segunda equação dos sistemas acima, obtemos Y = −JX e
Y = JX, respectivamente. Assim, temos as caracterizações
X ↔ (X − iJX)(resp, X + iJX) ∀X ∈ T M.
Consideremaos agora uma métrica quase Hermitiana g em M, ou seja, uma
métrica riemanniana satisfazendo
ω(X, Y ) = g(X, JY ).
e ela determina as diferenciais parciais como segue. Denote por i(1,0) e i(0,1) as
inclusões de T (1,0) M, T (0,1) M em T C M e, π(1,0) , π(0,1) as projeções de T C N
em T (1,0) N , T (0,1) N , respectivamente. Definimos
∂¯f¯ = ∂f ∂ f¯ = ∂f
¯ . (13.48)
Por construção,
f∗ |T (1,0) M = ∂f + ∂ f¯ e ¯ + ∂¯f¯.
f∗ |T (0,1) M = ∂f (13.49)
∂f (Y ) = ∂f (X − iJX)
= f∗ X − if∗ JX |T (1,0) N
1 (13.50)
= (f∗ X − if∗ JX − iJ 0 (f∗ X − if∗ JX))
2
1
= (f∗ X − if∗ JX − iJ 0 f∗ X − J 0 f∗ JX).
2
Analogamente,
1
∂ f¯(Y ) = (f∗ X − if∗ JX + iJ 0 f∗ X − J 0 f∗ JX). (13.51)
2
f∗ X − if∗ JX = −iJ 0 f∗ X − J 0 f∗ JX
donde
f∗ JX = J 0 f∗ X, ∀X ∈ T M.
Logo, f é holomorfa.
Por outro lado, se f é holomorfa então
1
∂ f¯(Y ) = (f∗ X − iJ 0 f∗ X + iJ 0 f∗ X + J 02 f∗ X)
2
1
= (f∗ X − f∗ X) = 0. ∀Y ∈ T (1,0) M.
2
Logo, ∂ f¯ ≡ 0.
O caso anti-holomorfo é análogo usando-se 4.7.
√
2
o referencial anti-holomorfo η¯j = 2 (ej + iJej ). Assim,
E(f ) = E 0 (f ) + E 00 (f ). (13.59)
K(f ) = E 0 (f ) − E 00 (f ). (13.60)
= hJ 0 f∗ ei , f∗ Jei i.
Logo, substituindo em (???) obtemos,
Z
K(f ) = hf ∗ ω N , ω M i ∗ 1.
M
Antonio Caminha M. Neto 449
∂
Prova. Seja ω uma p-forma fechada em N e seja v = ft∗ ∂t . Assim, para
X1 , ..., Xp ∈ T M satisfazendo ∇ej Xi |x = 0, temos
ck , ..., Xp )
d(ft∗ i(v)ω)(X1 , ..., Xp ) = (−1)k+1 ∇Xk ft∗ i(v)ω(X1 , ..., X
= (−1)k+1 ∇ft∗ Xk ω(v, ft∗ X1 , ..., f\
t∗ Xk , ..., ft∗ Xp )
=????????
= (∇v ω)(ft∗ X1 , ..., ft∗ Xp ) + ω(ft∗ X1 , ..., ∇v ft∗ Xk + [ft∗ Xk , v], ..., ft∗ Xp )
= (∇v ω)(ft∗ X1 , ..., ft∗ Xp ) + ω(ft∗ X1 , ..., ∇v ft∗ Xk , ..., ft∗ Xp )
= ∇v ω(ft∗ X1 , ..., ft∗ Xp )
= ∇v ft∗ ω(X1 , ..., Xp )
X
= (∇ ∂ ft∗ ω)(X1 , ..., Xp ) + ft∗ ω(X1 , ..., ∇ ∂ Xj , ..., Xp )
∂t ∂t
j
d ∗
Como, dt ft ω = ∇ ∂ ft∗ ω, o resultado segue. Falta a 4o igualdade
∂t
∂
Prova . Seja θt = ft∗ i(ft∗ ∂t )ω N . Usando os dois lemas acima e a compacidade
de M , temos Falta a penultima igualdade
450 Notas de Geometria Diferencial
Z
d d
K(ft ) = hf ∗ ω N , ω M i ∗ 1
dt dt M t
Z
d ∗ N M
= hf ω , ω i ∗ 1
dt t
ZM µ¿ À ¶
d ∗ N M ∗ N M
= f ω ,ω + hft ω , dω i ∗ 1
M dt t
Z ¿ À
d ∗ N M
= ft ω , ω ∗1
dt
ZM
(13.64)
= hdθt , ω M i ∗ 1
ZM
= hθt , δω M i ∗ 1
M
Z
= hθt , − ∗ d ∗ ω M i ∗ 1
M
Z
=− hθt , ∗d((ω M )m−1 /(m − 1)!)i ∗ 1
M
= 0.
E(f ) = E(fo )
0 00
= E (f0 ) + E (f0 )
0 00
= E (f0 ) − E (f0 )
= K(f0 ) = K(ft ) ≤ E(ft ).
d
Observação 13.50. Em (4.2) obtemos dt K(ft ) = 0. Daı́,
d 0 d
E (ft ) = E 00 (ft ).
dt dt
Também, pela definição de K(ft ) e sendo E(ft ) = E 0 (ft ) + E 00 (ft ), temos
½
K(ft ) + E(ft ) = 2E 0 (ft )
E(ft ) − K(ft ) = 2E 00 (ft )
Assim, temos
d 0 d 1 d
E (ft ) = E 00 (ft ) = E(ft ).
dt dt 2 dt
Portanto, todo ponto crı́tico de E(ft )(energia funcional) coincide com o das
energias parciais.
452 Notas de Geometria Diferencial
Apêndice A
O Produto Tensorial
(v + v 0 ) ⊗ w = v ⊗ w + v 0 ⊗ w;
analogamente, v ⊗ (w + w0 ) = v ⊗ w + v ⊗
Pw
0
e (av) ⊗ w =P
v ⊗ (aw) = a(v ⊗ w).
n m
Para o que falta, suponha que V = i=1 Rvi e W = j=1 Rwj . Segue da
bilinearidade da aplicação b que
n X
X m
V ⊗W = R(vi ⊗ wj ).
i=1 j=1
f
V ×W /X
ww;
w
ww
b
www f˜
² w
V ⊗W
Prova. Para a primeira parte, é imediato que a aplicação f induz uma única
transformação linear g : RhV × W i → X que torna comutativo o diagrama
f
V ×W /
uu: X
uu
uu
ι
uuu g
² u
RhV × W i
RhV × W i
f˜ : V ⊗ W = →X
Z(V, W )
f
V ×W /X
qqqq8 O
q
ι
qqqqgq f˜
² q
RhV × W i π / V ⊗ W
f
V ×W /X
ww;
ww
g
wwwf˜
² ww
Y
b /
V ×W V9 ⊗ W
b sss
ss
sssss
ss g
sss
ysss ² sss b̃
V ⊗ W g̃ /Y
V ⊗ W ' B(V ∗ ; W ∗ ).
V ∗ ⊗ W ' Hom(V ; W ).
f ⊗g : V ⊗W → V 0 ⊗ W0
,
v⊗w 7 → f (v) ⊗ g(w)
(f 0 ⊗ g 0 ) ◦ (f ⊗ g) = (f 0 ◦ f ) ⊗ (g 0 ◦ g).
(f, g) : V ×W → V 0 × W0
(v, w) 7 → (f (v), g(w))
h = b ◦ (f, g) : V ×W → V 0 ⊗ W0
v⊗w 7 → f (v) ⊗ g(w)
(f ⊗ g) ◦ (f −1 ⊗ g −1 ) = (f ◦ f −1 ) ⊗ (g ◦ g −1 )
= IdV 0 ⊗ IdW 0 = IdV 0 ⊗W 0
e, analogamente, (f −1 ⊗ g −1 ) ◦ (f ⊗ g) = IdV ⊗W .
Ao invés de partir de aplicações bilineares, poderı́amos ter começado com
aplicações multilineares f : V1 × · · · × Vn → X, i.e., aplicações que são lineares
em cada variável separadamente. Repetindo as construções acima, podemos
então considerar o produto tensorial V1 ⊗ · · · ⊗ Vn , e provar para o mesmo
propriedades análogas às enunciadas no Lema A.2 e nas Proposições A.3, A.4
e A.6. No que segue, assumiremos tais generalizações sem maiores comentários.
A partir de agora, a construção em si do produto tensorial V1 ⊗ · · · ⊗ Vn pode
ser esquecida sem prejuı́zo algum para o leitor, bastando manter em mente a
propriedade universal do mesmo.
Vários isomorfismos canônicos entre produtos tensoriais são válidos e
úteis de se guardar. A proposição a seguir coleciona alguns deles:
Proposição A.8. Dados espaços vetoriais reais V , W e X, existem únicos
isomorfismos canônicos
(a) R ⊗ V ' V ;
(b) V ⊗ W ' W ⊗ V ;
(c) (V ⊗ W ) ⊗ X ' V ⊗ W ⊗ X ' V ⊗ (W ⊗ X);
(d) (V ⊕ W ) ⊗ X ' (V ⊗ X) ⊕ (W ⊗ X)
tais que, respectivamente,
(a0 ) a ⊗ v 7→ av;
(b0 ) v ⊗ w 7→ w ⊗ v;
(c0 ) (v ⊗ w) ⊗ x 7→ v ⊗ w ⊗ x 7→ v ⊗ (w ⊗ x);
(d0 ) (v + w) ⊗ x 7→ (v ⊗ x) + (w ⊗ x).
Prova.
(a) Desde que a aplicação
f :R×V → V
(a, v) 7→ av
(b) A prova deste item é muito similar à de (a). Senão, vejamos: definindo
f :V ×W → W ⊗V
(v, w) 7→ w ⊗ v
V ×W → V ⊗W ⊗X
(v, w) 7 → v⊗w⊗x
(V ⊗ W ) × X → V ⊗W ⊗X
(t, x) 7→ fx (t)
V ×W ×X → (V ⊗ W ) ⊗ X
(v, w, x) 7→ (v ⊗ w) ⊗ x
(d) A aplicação
(V ⊕ W ) × X → (V ⊗ X) ⊕ (W ⊗ X)
(v + w, x) 7 → (v ⊗ x) + (w ⊗ x)
f: (V ⊕ W ) ⊗ X → (V ⊗ X) ⊕ (W ⊗ X)
.
(v + w) ⊗ x 7→ (v ⊗ x) + (w ⊗ x)
V ×X → (V ⊕ W ) ⊗ X W ×X → (V ⊕ W ) ⊗ X
e
(v, x) 7 → (v + 0) ⊗ x (w, x) 7→ (0 + w) ⊗ x
460 Notas de Geometria Diferencial
g : (V ⊗ X) ⊕ (W ⊗ X) → (V ⊕ W ) ⊗ X
,
(v ⊗ x) + (w ⊗ x) 7→ (v + w) ⊗ x
[9] O. Bonnet. Sur quelques propriétés des lignes géodésiques. C. R. Ac. Sci.
Paris 40 (1855), 1311-1313.
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