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Cálculo I
Sucessões e séries numéricas
3 Séries de potências 26
4 Exercícios 29
4.1 Exercícios: sucessões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.2 Exercícios: séries geométricas e de Mengoli . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.3 Exercícios: séries de termos não negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.4 Exercícios: convergência absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.5 Exercícios: séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5 Apêndice 37
5.1 O princípio de indução matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.1.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.2 Os números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.3 Subconjuntos limitados de R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6 Soluções 43
2
1 Sucessões de números reais
Designa-se por sucessão de números reais uma função f : N → R, cujo domínio
é o conjunto N dos números naturais. Por vezes pode ser útil considerar como domínio
o conjunto N0 do números inteiros não negativos.
Fazendo a identicação f (n) = an , para todo n ∈ N, chamamos a an o termo
geral da sucessão denida pela função f : N → R. É habitual representar a sucessão
por (an )n∈N ou simplesmente (an )n . Notar que o contradomínio de (an )n é o conjunto
numerável
{a1 , a2 , · · · , an , an+1 , · · · }.
Certas sucessões são denidas por recorrência, ou seja, cada termo é denido à custa
do termo anterior (ou de alguns termos anteriores).
Exemplo 1.1. A sucessão de Fibonacci (Fn )n é denida por
F1 = F2 = 1, Fn+2 = Fn+1 + Fn
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, · · · ,
Apesar de sabermos desde Euclides (século III a.c.) que a sucessão anterior tem innitos
termos todos diferentes, não existe uma fórmula para o termo geral.
Denição 1.3. Uma sucessão (an )n diz-se crescente se an+1 ≥ an (∀n) (estritamente
crescente se an+1 > an (∀n)), e decrescente se an+1 ≤ an (∀n) (estritamente decrescente
se an+1 < an (∀n)). Diz-se ainda que (an )n é monótona se for crescente ou decrescente.
Observemos que é possível usar técnicas de funções reais de variável real, nome-
adamente derivação, para estudar a monotonia de sucessões de números reais. Com
efeito, seja f : [0, +∞[→ R uma função real de variável real. Se f é crescente (resp.,
decrescente), então (f (n))n é uma sucessão crescente (resp., decrescente).
3
Exemplo 1.4. Estudar a monotonia da sucessão de termo geral an = n+2 .
n+1
√
Exemplo 1.7.
√
Dada an = n+2 ,
n+1
a subsucessão dos termos pares é dada por (a2n )n≥1 ,
com a2n = 2n+22n+1
e a subsucessão dos termos ímpares é dada por (a2n+1 )n≥0 , com
√
2n+2
a2n+1 = 2n+3 .
Exemplo 1.8. Dois números primos dizem-se gémeos se diferem de uma unidade.
Uma conjetura em teoria dos números arma que existem innitos primos gémeos. Se
admitirmos que a conjetura é verdadeira, então a sucessão dos primos gémeos, (pnk )k ,
é uma subsucessão da sucessão dos números primos do exemplo 1.2. Os primeiros 20
primos gémeos (ou seja, os primeiros 10 pares) são:
3, 5, 11, 13, 17, 19, 29, 31, 41, 43, 59, 61, 71, 73, 101, 103, 107, 109, 137, 139, . . .
Notar que, atendendo à denição de subsucessão, foi necessário convencionar qual o par
de primos, (3, 5), ou (5, 7), incluir, uma vez que 5 não pode aparecer repetido. Deixamos
como exercício provar que não há mais nenhum primo p tal que (p, p + 2, p + 4) são
primos. (Sugestão: um deles terá de ser divisível por 3.)
Denição 1.9. Uma sucessão (an )n diz-se limitada se existem números reais M, m tais
que m ≤ an ≤ M, ∀n, o que é equivalente a dizer que existe L > 0 tal que |an | ≤ L, ∀n.
4
Exemplo 1.10. an = 1 + 1
n2 +n
é limitada. Basta notar que
1 3
1<1+ ≤ = a1
n2 +n 2
n2 + 1 1
=n+ >n
n n
para todo n ∈ N e N é ilimitado.
Outra noção importante é a de limite de uma sucessão. Ao contrário das funções
reais de uma variável real, o único limite que é relevante considerar para sucessões é
quando n → +∞.
Denição 1.12. Uma sucessão (an )n tem:
limite (nito) ` ∈ R se
limite ` = +∞ se
∀L > 0 ∃N ∈ N : n ≥ N ⇒ an > L ,
(i) O limite existe e é nito. Nesse caso dizemos que a sucessão é convergente.
(ii) O limite existe e não é nito. Nesse caso dizemos que a sucessão é divergente.
(iii) O limite não existe. Nesse caso dizemos que a sucessão é também divergente.
5
A partir da denição de limite podemos concluir que
Proposição 1.14. Sejam (an )n e (bn )n sucessões e λ ∈ R:
então
lim(λan ) = λ lim an ,
(i) lim εn = 0;
(ii) ∀n > N, an = εn bn .
6
(iv) Se an = o(bn ) então λan = o(bn );
Denição 1.18. Diz-se que as sucessões (an )n e (bn )n são assintoticamente equivalentes
se existe uma sucessão (αn )n tal que:
(i) lim αn = 1;
(ii) ∀n > N, an = αn bn .
7
Proposição 1.22. Dadas sucessões reais (an )n , (bn )n , (cn )n e (dn )n e dado λ ∈ R,
tem-se:
(i) Se an ∼ bn e cn ∼ dn então an × cn ∼ bn × dn ;
(ii) Se an ∼ bn e cn ∼ dn então an
cn ∼ dn ;
bn
an ≤ an+1 , ∀n ∈ N
Seja
A = {an : n ∈ N}
Como por hipótese A é limitado, A tem supremo (propriedade do supremo dos números
reais). Seja s = sup A. Então, por denição de supremo,
(i) an ≤ s, ∀n ∈ N;
8
(ii) ∀ε > 0, existe N ∈ N tal que s − ε < aN ≤ s.
s − ε < an ≤ s < s + ε
ou seja, an → s.
Exemplo 1.27. Consideremos a sucessão cujo termo geral é
1 1 1 1
an = + + + ··· + .
0! 1! 2! n!
(an )n é crescente porque an+1 = an + 1
(n+1)! > an . Por outro lado
n
1 1 1 1 − 21 1
an < 1 + 1 + + 2 + · · · + n−1 = 1 + 1 ≤1+ 1 =3,
2 2 2 1− 2 1− 2
an < bn , ∀n ≥ N.
Tomando ε = 2 ,
a−b
existe N ∈ N tal que
an − bn > a − b − ε = ε > 0
9
Exemplo 1.30. Vamos mostrar, usando enquadramento, que a sucessão an = (−1)n
n do
exemplo (1.32) converge para zero. De facto,
1 (−1)n 1
− ≤ ≤
n n n
e como − n1 → 0 e 1
n → 0, conclui-se que an → 0.
10
Exemplo 1.37. Para an = 2 + (−1)n , an+1
an não tem limite (porquê?) e no entanto
√
n
an → 1 .
O último limite pode ser obtido por enquadramento tendo em conta que 1 ≤ an ≤ 3, ∀n,
e que a raiz de índice n é crescente.
Vamos provar um resultado que irá ser importante para as sucessões de Cauchy.
Teorema 1.38 (Teorema de Bolzano-Weierstrass). Toda a sucessão limitada tem pelo
menos uma subsucessão convergente.
Demonstração. Seja (an )n uma sucessão limitada e denotemos A = {an : n ∈ N} o
conjunto dos termos de (an )n . Vamos considerar dois casos distintos.
Caso 1: A é nito.
Então, pelo menos um elemento de A repete-se innitas vezes, ou seja, existe um
conjunto de índices nk estritamente crescente, isto é, com nk < nk+1 , tais que ank = a,
∀k ∈ N. Portanto, lim ank = a.
Caso 1: A é innito.
Como (an )n é limitada, existe um intervalo I = [c, d] contendo A. Divida-se I = [c, d]
c+d
em dois intervalos de igual comprimento mediante o ponto médio . Um deles, que
2
denotamos por I1 = [c1 , d1 ], contém innitos elementos de A. Dividir novamente [c1 , d1 ]
c +d
em dois intervalos de igual comprimento mediante o ponto médio 1 1
. Novamente,
2
seja I2 = [c2 , d2 ] o subintervalo que contém innitos pontos de A. Procedendo de igual
modo, construímos uma sucessão de intervalos com as propriedades:
(i) I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In ⊃ . . .;
d−c
(ii) dn − cn = ;
2n
(iii) A ∩ In é innito.
A sucessão (cn )n é limitada porque está contida em [c, d] e é crescente por construção.
Pela proposição 1.26, (cn )n é convergente, digamos, cn → ` < +∞.
Seja an1 o primeiro termo da sucessão que pertence a [c1 , d1 ]; seja an2 o primeiro
termo com n2 > n1 que pertence a [c2 , d2 ]. Seja ank o primeiro termo com nk > nk−1
que pertence a [ck , dk ]. Então, (ank )k é uma subsucessão de (an )n e, da propriedade (ii)
anterior, vem:
d−c
ck ≤ ank ≤ dk = ck + , ∀k ∈ N.
2k
Passando ao limite quando k → +∞, o teorema das sucessões enquadradas garante que
ank → `.
11
Denição 1.39. Uma sucessão (an )n de números reais diz-se uma sucessão de Cauchy
se
∀ε > 0 ∃N ∈ N : m, n > N ⇒ |an − am | < ε.
Ser sucessão de Cauchy garante a convergência.
Proposição 1.40. Toda a sucessão convergente é de Cauchy.
Demonstração. Supor que an → a. Então, dado ε > 0, existe N ∈ N tal que, para cada
ε
n > N , |an − a| < . Da desigualdade triangular (|x + y| ≤ |x| + |y|, ∀x, y ∈ R), vem
2
que, para m, n > N ,
ε ε
|an − am | = |(an − a) + (a − am )| ≤ |an − a| + |am − a| < + = ε.
2 2
Se denirmos
` = min {a1 , a2 , . . . , an0 −1 } , L = max {a1 , a2 , . . . , an0 −1 },
12
Teorema 1.43 (Critério de convergência de Cauchy). Uma sucessão de números reais
é convergente se, e só se, é de Cauchy.
Demonstração. A implicação (⇒) é a proposição 1.40.
Vejamos (⇐). Pela proposição 1.41, (an )n é limitada. Invocando o teorema de Wei-
erstrass (teorema 1.38), (an )n admite uma subsucessão convergente (ank )k . Finalmente,
pela proposição anterior (proposição 1.42), (an )n é convergente.
1
Exemplo 1.44. Consideremos a sucessão de termo geral an = . Sabemos que an → 0
n
e portanto, pelo teorema 1.43, (an )n é uma sucessão de Cauchy. Vamos provar que assim
é mas sem usar o teorema anterior.
Sejam m, n ∈ N, com n < m. Começamos por observar que, aplicando a desigual-
dade triangular e tendo em conta que m, n são inteiros positivos, tem-se
1 1 1 1 1 1
− < − < + .
n m n m n n
Seja ε > 0. Então, existe N ∈ N tal que N ε > 2 (para ajudar a perceber, se ε = 0, 001,
bastava tomar N = 2×103 +1 para termos N ε = 2+0, 001 > 2). Então, para n, m > N ,
tem-se que
1 1 1 ε
, < < .
n m N 2
Assim,
1 1 1 1 ε ε
|an − am | = − < + < + = ε,
n m n n 2 2
1
ou seja, an = é sucessão de Cauchy.
n
2 Séries numéricas
Seja (an )n uma sucessão de números reais. Dene-se a sucessão das somas par-
ciais como sendo a sucessão (Sn )n tal que
S1 = a1
S2 = a1 + a2
S3 = a1 + a2 + a3
..
.
Sn = a1 + a2 + a3 + · · · + an .
Dene-se a série numérica de termo geral (an )n como sendo o limite da sucessão das
somas parciais (Sn )n de (an )n
+∞
X
an = lim Sn .
n=1
13
Observação 2.1. Também vamos escrever:
+∞
X X
an = an .
n=p n≥p
N
X
lim SN = lim an .
N N
n=1
2.1 Generalidades
O primeiro resultado, conhecido por critério geral de convergência, dá-nos uma con-
dição necessária para que uma série seja convergente.
Teorema 2.3 (Condição necessária de convergência). Se a série converge
P
n≥1 an
então an → 0.
Demonstração. Seja SN = N n=1 an e suponhamos que limN SN = a. Então, pela pro-
P
posição 1.24, também temos o limN SN +1 = a e
Portanto, lim an = 0.
14
Se an 9 0 então an diverge
P
Notar no entanto que a condição é apenas necessária e não suciente, como mostra
o próximo exemplo.
Exemplo 2.5. Designa-se por série harmónica a série n≥1 n .
Vamos mostrar que a1
P
S2N − SN → 0.
Mas,
2N N
X 1 X1 1 1 1 1 1
S2N − SN = − = + + ··· + ≥N = .
n n N +1 N +2 N +N 2N 2
n=1 1
15
Notar ainda que se tem, por mudança de variáveis,
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
an = an = ak+p = an+p ,
n=p k=n−p=0 k=0 n=0
onde o último passo corresponde a uma trivial renomeação de variável; devido a esta
possibilidade, nas últimas duas expressões, n e k dizem-se variáveis mudas. Da mesma
forma podemos concluir (exercício) que:
+∞
X +∞
X
an = an−1+p .
n=p n=1
Demonstração.
+∞
X N
X N
X N
X +∞
X
λan = lim λan = lim λ an = λ lim an = λ λa.
N N N
n=p n=p n=p n=p n=p
Uma sucessão (an )n designa-se por progressão geométrica se an+1 = an r, ∀n, com
r ∈ R. O termo geral de uma progressão geométrica tem então a forma
an = a0 rn (n ≥ 0) .
16
Denição 2.10. Designa-se por série geométrica de razão r a série
+∞
X
2 3 n
1 + r + r + r + ...r + ... = rn .
n=0
(1 − r)SN +1 = (1 − r)(1 + r + r2 + · · · + rN )
= (1 + r + r2 + · · · + rN ) − (1 + r + r2 + · · · + rN +1 )
= 1 − rN +1
Donde, para r 6= 1,
N
1 − rN +1
(2.1)
X
SN +1 = rn = .
1−r
n=0
Mas como
se |r| < 1 ,
0
se r = 1 ,
1
lim rN +1 = lim rN =
N N +∞ se r > 1 ,
indenido se r ≤ −1 ,
obtemos o seguinte resultado que caracteriza uma série geométrica em função da razão:
Teorema 2.11.
+∞ 1
|r| < 1 ,
X
n
r = 1−r
div. |r| ≥ 1 .
n=0
00 = 1.
Demonstração.
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
n n+p n p p
r = r = r r =r rn .
n=p n=0 n=0 n=0
17
Exemplo 2.13.
+∞ n+1 +∞ +∞ n
X 2 X 2 · 2n X 2
= 1 = 6
3n−1 · 3 n 3
n=4 n=4 3 n=4
4
2 1 25
= 6 2 = 2 .
3 1− 3 3
Exemplo 2.14. A série pode ser vista como uma série geométrica que
3n xn−1
P
n≥1 2n+1
depende de um parâmetro real x e, assim sendo, escrevemos
X 3n xn−1
f (x) = ,
2n+1
n≥1
Uma outra classe de séries para as quais é possível calcular a sua soma designa-se
por séries de Mengoli. Trata-se das séries cujo termo geral é da forma
X
(an − an+1 )
n≥p
18
ou, mais geralmente, da forma X
(an − an+k )
n≥p
É fácil calcular (SN )N para a sucessão cujo termo geral é an −an+1 . Para simplicar,
iniciamos a soma em n = 1:
Assim, X
(an − an+1 ) = a1 − lim an+1 .
n≥1
!
Exemplo 2.15. A série n+1
é uma série de Mengoli. De facto, pelas
P
n≥1 log n
Assim,
!
X n+1
log = −(log(1) − lim log(n + 1)) = −(0 − (+∞)) = +∞.
n
n≥1
A série é divergente.
No caso mais geral temos
Teorema 2.16.
X
(an − an+k ) = ap + ap+1 + · · · + ap+k − k lim an .
n≥p
Uma série de termos não negativos é uma série an tal que an ≥ 0, ∀n. As sé-
P
ries de termos não negativos são particularmente simples, devido em parte ao seguinte
resultado.
Proposição 2.17. Uma série an de termos não negativos é convergente se, e só se,
P
a sucessão das somas parciais (SN )N é limitada.
Demonstração. Como SN +1 − SN = aN +1 ≥ 0, (SN )N é monótona crescente. Logo,
pelas Proposições 1.26 e 1.23, (SN )N converge se, e só se é limitada.
19
Teorema 2.18 (Critério de comparação). Sejam (an )n e (bn )n sucessões e supor que a
partir de certa ordem p se tem 0 ≤ an ≤ bn . Então,
(i) bn converge ⇒ an converge
P P
uma vez, pela proposição anterior concluimos que (SN )N é convergente. A parte (ii) é
o contra-recíproco de (i).
Observação 2.19. Dada uma implicação (p ⇒ q), designa-se por contra-recíproco a
implicação (∼ q ⇒∼ p), onde ∼ representa o operador lógico negação. Uma implicação
é sempre equivalente ao seu contra-recíproco:
(p ⇒ q) ⇔ (∼ q ⇒∼ p).
Por exemplo, no teorema anterior, (ii) é o contra-recíproco de (i). Sempre que quisermos
salientar o contra-recíproco de uma implicação, escrevemos, abreviadamente, C-R.
Exemplo 2.20. Consideremos a série 1
. Tendo em conta que
P
n2
1 1 1 1
< 2 = − ,
n2 n −n n n−1
e como ( n1 − n−1
1
) é uma série de Mengoli convergente, concluimos pelo critério de
P
O próximo resultado mostra queP se (an )n é uma sucessão decrescente de termos não
negativos então a natureza da série an é determinada por uma subsucessão de (an )n .
Teorema
P 2.21. Suponhamos que (an )n e decrescente, com an ≥ 0, ∀n ∈ N. Então, a
série ∞
converge se, e só se, a série ∞ ka
2 converge.
P
n=1 an k=0 2 k
Demonstração. Pelo teorema (2.17), basta mostrar que a sucessão das somas parciais é
limitada. Sejam
Sn = a1 + a2 + . . . + an
Sk0 = a1 + 2a2 + . . . + 2k a2k
Para n < 2k ,
Sn ≤ a1 + (a2 + a3 ) + . . . + (a2k + . . . + a2k+1 −1 )
≤ a1 + 2a2 + . . . + 2k a2k
= Sk0
ou seja,
Sn ≤ Sk0 . (2.2)
20
por outro lado,
Sn ≥ a1 + a2 + (a3 + a4 ) + . . . + (a2k−1 +1 + . . . + a2k )
1
≥ a1 + a2 + 2a4 + . . . + 2k−1 a2k
2
1
= Sk0
2
ou seja,
2Sn ≥ Sk0 . (2.3)
Concluímos por (2.2) e (2.3) que as sucessões (Sn )n e (Sk0 )k ou são ambas limitadas ou
não limitadas.
É importante conhecer uma família de séries para as quais sabemos a convergência e
que poderemos utilizar para comparar com outras séries. As séries de Dirichlet elemen-
tares, cuja convergência está expressa no teorema seguinta, são particularmente úteis
na aplicação do critério de comparação.
Teorema 2.22 (Convergência das séries de Dirichlet elementares). A série
X 1
np
converge se p > 1 e diverge se p ≤ 1.
Demonstração. Se p ≤ 0 a série diverge pelo critério geral de convergência (teorema
2.3).
Se p > 0, aplicando o teorema 2.21, tem-se:
∞ ∞
X 1 X
2k = 2(1−p)k
2kp
k=0 k=0
Obtemos uma série geométrica (ver exercícios) com razão 21−p . Como 21−p < 1 se, e só
se, 1 − p < 0, obtemos o resultado pretendido.
Exemplo 2.23. Vejamos mais um exemplo. Aplicando o teorema 2.21 à série
+∞
X 1
.
n log n
2
Vejamos outro critério de convergência para séries de termos não negativos, que é
uma consequência do critério de comparação.
21
Teorema 2.24 (Critério do limite). Sejam (an )n e (bn )n sucessões e supor que lim abnn =
`:
Demonstração. Por denição de limite, dado δ > 0, existe um inteiro positivo p tal que
| abnn − `| < δ , sempre que n ≥ p. Fixando um valor δ com 0 < δ < `, obtemos, para n ≥ p
an+1 rn+1
n≥p⇒ <r= n .
an r
Como a partir
P de certa ordem (an )n é estritamente crescente, concluimos que lim an 6= 0,
pelo que an é divergente.
22
Exemplo 2.27. Estudar a natureza da série nn .
n!
Como
P
(n+1)! !n
(n+1)(n+1) n 1 1
n!
= = !n → <1
nn
n+1 e
1
1+ n
o que reecte a ideia de que o critério da razão é inconclusivo quanto o limite obtido é
1.
√
n≥p⇒ n
an ≤ r ⇒ an ≤ rn
r
n 1 1
n
= →0
n n
23
2.4 Convergência absoluta
O problema de estudar a natureza duma série com apenas uma quantidade nita
de termos negativos, ou apenas uma quantidade nita de termos positivos, reduz-se
ao problema estudado noPcapítulo anterior (porquê?). Assim sendo, o passo seguinte
corresponde a considerar an uma série com innitos termos positivos e innitos termos
negativos.
Denição 2.31. A série an diz-se:
P
Notar, no entanto, que nem todas as séries com sinal indenido são alternadas.
Exemplo 2.34. A série sin n
tem sinal indenido e não é alternada. Aplicando o
P
n2 +1
critério de comparação:
sin n 1 1
≤ 2 ≤ 2
2
n + 1 n + 1 n
concluímos que a série é absolutamente convergente, uma vez que
X 1
n2
é uma série de Dirichlet elementar com α = 2. Portanto, não é simplesmente conver-
gente.
Apresentamos agora um resultado importante, omitindo a demonstração (ver, por
exemplo [4]):
24
Teorema 2.35 (Abel-Dirichlet). Se bn é uma série (não necessáriamente conver-
P
gente) tal que a sucessão das somas parciais (SN )N é limitada e (an )n é uma sucessão
decrescente com lim an = 0 então an bn é convergente.
P
Prova-se ainda que existem permutações para as quais uma série acima é divergente.
25
Exemplo 2.40. Consideremos a série harmónica alternada do exemplo 2.37:
X (−1)n+1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
=1− + − + − + − + − + · · · = log 2.
n 2 3 4 5 6 7 8 9 10
n≥1
log 2 X (−1)σ(n)+1
= = .
2 σ(n)
n≥1
9 7→ 9 + 3 , 10 7→ 10 − 3 , 11 7→ 11 + 3 , 12 7→ 12 + 4 , 13 7→ 13 − 4 , 14 7→ 14 + 4 , · · ·
3 Séries de potências
Muitas funções importantes 1 não são elementares, i.e., não podem ser expressas
como combinações nitas das funções polinomiais, exponencial e seno, obtidas através
das operações aritméticas usuais e das operações funcionais - composição e inversão.
No entanto, em alguns casos relevantes, é possível e útil exprimir essas funções (não
elementares) como séries de funções elementares. Vamos agora estudar, de forma breve,
a mais simples destas possibilidades:
Denição 3.1. (Série de potências). Seja (an )n uma sucessão e x ∈ R. Chama-se série
de potências de x, com coecientes a0 , a1 , . . . , an , . . . , a
∞
X
an xn .
n=0
1
Estamos, antes do mais, a pensar nas soluções de equações diferenciais que modelam fenómenos
físicos, sendo o exemplo classíco a equação do calor; mas a situação estende-se a a muitos campos onde
26
Teorema 3.2. Supondo que o raio de convergência
1
r := √ ,
lim n an
está bem denido (podendo ser innito), temos que a série de potências n:
P∞
n=0 an x
é absolutamente convergente em ] − r, r[ e
an
r = lim ,
an+1
temos
an (n + 1)!
an+1 =
=n+1→∞,
n!
e portanto a série converge para todo o x ∈ R.
A série dene então uma função f : R → R a partir da fórmula
+∞ n
X x
f (x) = .
n!
n=0
temos
an n + 1
an+1 = n → 1 ,
27
Para x = 1 obtemos
+∞ +∞
X (−1)n+1 n
X (−1)n
1 =− ,
n n
n=1 n=1
Deste teorema podemos desde já concluir que a função do exemplo 3.4 é de facto a
exponencial e escrevemos
+∞ n
X x x2 x3 xn
ex = =1+x+ + + ··· + + · · · , ∀x ∈ R ,
n! 2 3! n!
n=0
Teorema 3.7. (Derivação e integração termo a termo). Dada uma série de potências
com raio de convergência r > 0, então a função
+∞
X
f (x) = an xn
n=0
28
é diferenciável, em ] − r, r[, com derivada, obtida por derivação termo a termo,
+∞
X
0
f (x) = n an xn−1 .
n=0
As séries das derivadas e das primitivas têm o mesmo raio de convergência r da série
original.
Exemplo 3.8. Partindo do desenvolvimento em série de potências da exponencial ob-
temos X 1
2 n X 1 2n
ex = x2 = x ,
n! n!
n≥0 n≥0
com raio de convergência innito. Podemos então integrar termo a termo para obter a
série de Taylor da função não elementar
Z x X 1 Z x
2
X 1
F (x) = et dx = t2n dt = x2n+1 ,
0 n! 0 n!(2n + 1)
n≥0 n≥0
1 000 1
F (0) = ⇒ F 000 (0) = 2 ,
3! 1!(2 × 1 + 1)
2001!
F (2001) = ,
1000!(2 × 1000 + 1)
F (2n) (0) = 0 , ∀n ≥ 0 .
4 Exercícios
4.1 Exercícios: sucessões
(a) 1
n
29
√ √
(b) n + 1 + n
(c) n+1
n+2
(d) (−1)n
√ √
(e) n + 1 − n
(−1)n
(f) n
(g) n2 +n
n+4
(h) 1
2n
(i) (−1)n (1 − √n )
n
(j) (−1)n − (−1)n+1
(k) 1 + n1 + n12
(a) n1
(b) n+1
n+2
(c) (−1)n
√ √
(d) n + 1 − n
(−1)n
(e) n+1
(f) 1
2n
(g) (2 + n1 )n
1
(h) ( 1+n
n
)n
√
(i) n
n
√ √
(j) n + n − n
p
(l) sin(n π2 )
(m) cos(nπ) + (−1)n+1
(n) (n−2)!(n
n!
2 +1)
(o) 3n7/2 2
√+2n
n+4 n+n7
(p) 1 1
1.2 + 2.3 + ··· + 1
n(n+1)
(Sugestão: note que 1
n(n+1) = 1
n − n+1 )
1
30
√
(r) a1 = 1, an+1 = 1 + an , ∀n
(Sugestão: Comece por mostrar que (an )n é monótona e limitada.)
4. Mostre que:
(a) sin n1 = o(1);
(b) sin n = o(n);
(c) n log n = o(n2 );
1
(d) n2
= o((−1)n )
(a) n! → 0, ∀a ∈ R
an
(b) nn
n! → +∞
(c) an → 0, para quaisquer reais α >
nα
0ea>1
(d) √1 + √ 1
n n+1
1
+ · · · + √n+n → +∞
(e) 1
n2
+ 1
(n+1)2
+ ··· + 1
(2n)2
→0
31
10. Considere as seguintes sucessões:
n n
√ 2n + 1 2n2 + 1 X 1 X sin k
an = n , bn = , cn = , dn = , en =
3n 2n2 k2 2k
k=1 k=1
(b) Mostre, pela denição, que as sucessões (bn )n , (cn )n , (dn )n , (en )n são de Cau-
chy
11. Prove, pela denição, que a soma de duas sucessões de Cauchy é ainda uma
sucessão de Cauchy.
12. Prove que se (an )n é uma sucessão de Cauchy então ((an )2 )n é também sucessão
de Cauchy. Mostre, através de contra-exemplo, que o recíproco é falso.
13. Considere a sucessão denida por recorrência
a1 = 1, an+1 = an + (−1)n n3 (n ∈ N)
14. Seja (an )n uma sucessão tal que an ∈ Z, ∀n ∈ N. Mostre que, se (an )n é conver-
gente então (an )n é necessariamente constante a partir de certa ordem. (Sugestão:
use o facto de (an )n ser convergente se, e só se, é de Cauchy ).
(a) n≥3 ( 51 )n
P
(b) n≥1 2n
P
(c) 7
P
n≥0 2n+2
(d) 2n+1 5
P
n≥1 ( 3n − 2n )
(e) −3 2 1
P
n≥1 ( 2n + (−3)n+1 − 4n+2
)
32
(2x)n
(b)
P
n≥0 4n−2
(x−1)n+1
(c)
P
n≥0 2n+1
(d) xn+1 2n
P
n≥1 2n − 3n+1
(2x)n
(e) 7xn+1
P
n≥0 3n+1 − 4n
(f) 2n
P
n≥2 xn+1
(g) x n
P
n≥1 ( 1−x )
(c) n≥0 a
P
(Sugestão: Comece por fazer k = 2. Mostre que pode decompor a série como soma
de duas séries.)
33
22. (Séries de Mengoli gerais) Prove que se tem
X
(an − an+k ) = ap + ap+1 + · · · + ap+k−1 − k lim an
n≥p
(Observação: sin(an )
an → 1 se an → 0.)
P √n+1−√n
(g) √
n2 +n
(h) 1
P
(3n−2)(2n+1)
26. Usando o critério da razão, determine a natureza das seguintes séries numéricas:
(a) 2
P
P n!
(b) 10n
n!
P (n!)2
(c) (2n)!
(d) n!
P
nn
(e) 3n n!
P
nn
27. Usando o critério da raíz, determine a natureza das seguintes séries numéricas:
(a) 1
P
nn
(b)
P n2
3n
(c) (1 − n1 )n
P 2
(d)
P 1
n
Pn2
(e) 1
n
(log n) 2
34
4.4 Exercícios: convergência absoluta
(g)
P sin n
n3 +1
(h) sin( π2 n)
P
P (−1)n
(i) n
(−1)n
(j)
P
n+log n
P (−1)n n
(k) n+1
(−1)n
(l)
P
n log n
√ √
(m) (−1)n ( n2 + 1 − n)
P
P (−1)n
30. Mostre que nα é convergente, para qualquer α > 0.
(b) n! xn
P
(c)
P n
x
(d) 3n xn−1
(ver Exemplo 2.14)
P
n≥1 2n+1
35
33. Determine as séries de Taylor do seno e do co-seno e os respectivos raios de
convergência.
34. Determine a derivada e a primitiva do seno por derivação e integração da respectiva
série de Taylor.
35. Sabendo que
1 X
f (x) = = xn , x ∈] − 1, 1[ .
1−x
n≥0
em x ∈] − 1, 1[.
(d) Conclua, partindo do último desenvolvimento, que
+∞
(−1)n+1
X 1 1 1 1 1
π=4 =4 1− + − + − + ··· .
2n + 1 3 5 7 9 11
n=0
36
5 Apêndice
5.1 O princípio de indução matemática
Exemplo 5.1. Vamos provar por indução que a soma dos n primeiros naturais positivos
n(n + 1)
é igual a , ou seja, que se tem:
2
n(n + 1)
1 + 2 + ... + n = , ∀n ∈ N.
2
Para n = 1, vem
1(1 + 1)
1= ,
2
ou seja, é verdadeiro.
n(n + 1)
Admitir por hipótese que, para um dado n, se tem 1 + 2 + . . . + n = . Então,
2
aplicando a hipótese à soma dos n primeiros números,
n(n + 1) n(n + 1) + 2(n + 1) (n + 1)(n + 2)
1 + 2 + . . . + n + (n + 1) = +n+1= = .
2 2 2
Fica provado que a fórmula é válida para todo n ∈ N.
5.1.1 Exercícios
1. Aplicar indução matemática para obter os seguintes resultados.
(a) Prove a desigualdade de Bernoulli:
∀x ≥ −1 e ∀n ∈ N, (1 + x)n ≥ 1 + nx.
37
(b) Prove que se tem:
n
X 1
i2 = n(n + 1)(2n + 1) , ∀n ∈ N.
6
i=1
(d) Mostre que (xn )(n) = n!, onde (n) denota a n-ésima derivada em ordem a x.
(e) Seja (nk )k uma sucessão estritamente crescente de naturais. Prove que
nk ≥ k , ∀k ∈ N.
38
Portanto, n é também √ par, o que é absurdo porque, por hipótese, m e n são primos entre
si. Concluímos que 2 não é racional, apesar de ser um número que podemos construir
e representar: é a hipotenusa de um triângulo retângulo com catetos iguais a 1. Trata-se
de um número irracional (uma dízima innita não periódica, na representação decimal
dos números reais).
A discussão anterior permite concluir que o conjunto dos números racionais tem
lacunas, espaços vazios, apesar de entre dois racionais arbitrários distintos existir sempre
um racional: se a < b são dois racionais, então a < (a + b)/2 < b. Também se prova que
entre dois racionais distintos existe um irracional.
Vejamos outra evidência de que os números racionais contém lacunas. Suponhamos
que (an )n∈N é uma sucessão de Cauchy nos racionais, ou seja, cada termo é um número
racional. Já vimos que toda a sucessão de Cauchy é convergente. Porém, existem limites
de sucessões de Cauchy que não são núemros racionais. Por exemplo, a sucessão
1, 1.4, 1.41, 1.414, 1.4142, . . .
√
é uma sucessão de Cauchy de números racionais que converge para o número 2 que,
como vimos anteriormente, não é racional. A sucessão
1 1 1 1 1 1
1, 1 + , 1 + + , 1 + + + , ...
2! 2! 3! 2! 3! 4!
é uma sucessão de Cauchy de números racionais que converge para o número irracional
e.
Apesar de a construção dos números reais ser súbtil, o conjunto dos números comple-
xos, de que não nos iremos ocupar neste curso é fácil de construir a partir dos números
reais. A equação x2 +1 = 0 não admite solução em R. A solução é dada por um elemento
não real, uma identidade "imaginária" i, com a propriedade i2 = −1. O conjunto dos
números complexos dene-se como sendo precisamente
C = {a + ib : a, b ∈ R e i2 = −1}
A equação x2 + 1 = 0 admite em C a solução x = ±i.
Começando com os números naturais, podemos ir construindo conjuntos cada vez
maiores, até ao conjunto dos números complexos, originando assim as seguintes inclusões
de conjuntos:
N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R ⊂ C.
O conjunto C resolve denitivamente o problema das soluções de equações algébricas.
De facto. em C, todo o polinómio de grau n com coecientes racionais admite n raízes.
Vejamos algumas propriedades que fazem de R um conjunto especial. Com a relação
de ordem usual <, o par (R, <) é um conjunto (totalmente) ordenado, ou seja, são válidas
as seguintes propriedades:
(i) Dados x, y ∈ R, verica-se uma e uma só das seguintes condições:
x < y , y < x ,x = y;
39
(ii) Dados x, y, z ∈ R, se x < y e y < z então x < z .
No conjunto dos números reais estão denidas quatro operações aritméticas: soma
ou adição +, subtração −, produto ou multiplicação × e divisão ÷. Introduzindo a
noção de simétrico e de inverso, podemos dizer que as operações aritméticas em R são
essencialmente duas: + e ×. Dizemos que o terno (R, +, ×) é um corpo, uma vez que
verica os seguintes axiomas (chamados axiomas de corpo):
Denição 5.2. Axiomas de adição
(A1) (R é fechado para a adição) x, y ∈ R ⇒ x + y ∈ R;
Axiomas de multiplicação
(M 1) (R é fechado para a multiplicação) x, y ∈ R ⇒ xy ∈ R;
Propriedade distributiva
(D) x(y + z) = xy + xz, ∀x, y ∈ R.
40
5.3 Subconjuntos limitados de R
Começamos por enunciar o axioma da completude de Dedekind que iremos usar
em seguida para mostrar que todo o subconjunto de R limitado superiormente tem
supremo.
Axioma da completude de Dedekind: Sejam A e B dois conjuntos não vazios
de números reais tais que a ≤ b, ∀a ∈ A e ∀b ∈ B . Então, existe c ∈ R tal que a ≤ c ≤ b.
Seja A ⊆ R. O máximo de A, caso exista, é o elemento M ∈ A maior ou igual que
todos os elementos de A:
M = max A ⇔ M ≥ a, ∀a ∈ A ∧ M ∈ A.
Analogamente, o mínimo de A, caso exista, é o elemento m ∈ A menor ou igual que
todos os elementos de A:
m = min A ⇔ m ≤ a, ∀a ∈ A ∧ m ∈ A.
Exemplo 5.4. (i) ]0, +∞[ não tem máximo nem mínimo;
(ii) max [−2, 7] = 7 e min [−2, 7] = −2;
(iii) max ]0, 1] = 1 mas não tem mínimo;
Um número real L diz-se um majorante de A ⊂ R se L ≥ x, ∀x ∈ A; um número
real ` diz-se um minorante de A ⊂ R se ` ≤ x, ∀x ∈ A.
Exemplo 5.5. (i) ]0, +∞[ não tem majorantes mas o conjunto dos seus minorantes
é ] − ∞, 0]
(ii) Os majorantes de [−2, 7] são os elementos de ] − ∞, −2] e os majorantes [7, +∞[;
Diz-se que A ⊂ R é limitado superiormente se admite majorantes e limitado infe-
riormente se admite minorantes. Um conjunto limitado superiormente e inferiormente
diz-se limitado. Assim,
A ⊂ R é limitado ⇔ ∃ `, L ∈ R : ` ≤ a ≤ L, ∀a ∈ A.
Facilmente se mostra que A ⊂ R é limitado se, e só se, existe M > 0 tal que |a| ≤ M ,
∀a ∈ A.
Uma consequência do axioma da completude de R é a seguinte propriedade.
Teorema 5.6 (Teorema da existência de supremo). Seja A ⊂ R, não vazio e limitado
superiormente. Então, existe o mínimo do conjunto dos majorantes de A.
Demonstração. Seja B = {majorantes de A}. Então, B 6= ∅ porque A é limitado su-
periormente. Aplicando o teorema da completude a A e a B , existe M ∈ R tal que
a ≤ M ≤ b, ∀a ∈ A, ∀b ∈ B . Como M ≥ a, para todo a ∈ A, M é um majorante de
A, ou seja, M ∈ B . Por outro lado, M ≤ b, para todo b ∈ B , sendo assim o mínimo de
B.
41
Denição 5.7. Seja A ⊂ R, não vazio e limitado superiormente. Então,
M = min {majorantes de A}
Concluímos assim que sup(A) é o menor dos majorantes, enquanto que inf(A) é o
maior dos minorantes. Conclui-se ainda que, sup(A) = max(A) se este for um elemento
de A e inf(A) = min(A) se este for um elemento de A.
Exemplo 5.9. (i) sup(]0, +∞[) = +∞ e inf(]0, +∞[) = 0;
(ii) sup([−2, 7]) = max [−2, 7] = 7 e inf([−2, 7]) = min [−2, 7] = −2;
inf(A) ≤ a ≤ sup(A), ∀a ∈ A.
42
6 Soluções (k) 1
3
(l) Divergente
1. (a) Decrescente
(m) 0
(b) Crescente
(n) 1
(c) Crescente
(o) 3
(d) Não monótona 4
(p) 1
(e) Decrescente
(q) 2
(f) Não monótona √
(g) Crescente (r) 3+ 5
2
(h) Decrescente 4.
(i) Não monótona 5. (a) Falso
(j) Não monótona (b) Falso
(k) Decrescente (c) Verdadeiro
2. (a) Limitada (d) Verdadeiro
(b) Não limitada 6.
(c) Limitada
7.
(d) Limitada
(e) Limitada 8.
(f) Limitada 9. a1 = 0, a2 = a3 = a4 = a5 = a7 =
(g) Não limitada a8 = a9 = a11 = a25 = 1,
(h) Limitada a6 = a10 = a12 = a100 = 2, a30 =
(i) Não limitada a900 = 3; (an )n não é limitada; lim an 6=
+∞.
(j) Limitada
(k) Limitada 10.
3. (a) 0 11.
(b) 1 12.
(c) Divergente
13.
(d) 0
(e) 0 14.
(f) 0 15. (a) 100
1
43
16. (a) r(x) = x3 ; ] − 3, 3[; 9−3x .
x
26. (a) Convergente
(b) r(x) = 2 ; ] − 2, 2[; 2−x .
x 32 (b) Convergente
(c) r(x) = (c) Convergente
2 ; ] − 1, 3[; 3−x .
x−1 x−1
(d) Convergente
(d) r(x) = x2 ; ] − 2, 2[; 2−x − 3 .
x2 2
(e) Divergente
(e) r1 (x) = 2x
3 , r2 (x) = x4 ; ] − 32 , 32 [;
4−x . 27. (a) Convergente
1 28x
3−2x −
(f) r(x) = x ; ] − ∞, −2[∪]2, +∞[;
2 (b) Convergente
4
x2 (x−2)
. (c) Convergente
(g) r(x) = 1−x ;
x
] − ∞, 21 [; 1−2x .
x
(d) Convergente
17. (a) (e) Convergente
(b) 11
3
28. (a) converge simplesmente
(c) 13
11
(b) Converge absolutamente
(c) Converge absolutamente
18. (a) a> −1
2
(d) converge simplesmente
(b) −2 < a < 2 ∧ a 6= 0
(e) converge simplesmente
(c) a=0
(f) converge simplesmente
(d) a< −3
2 ∨a> 3
2
(g) Converge absolutamente
19. (h) Diverge
20. (i) converge simplesmente
(j) converge simplesmente
21.
Pk 1
i=1 i
(k) Diverge
22. (l) converge simplesmente
23. Convergente para α > 1 e divergente (m) Diverge
caso contrário.
29.
24.
30.
25. (a) Divergente
31. (a) Absolutamente convergente em
(b) Convergente x ∈ [−2, 2], divergente caso con-
(c) Convergente trário.
(d) Convergente (b) Absolutamente convergente em
(e) Divergente x = 0, divergente caso contrá-
rio.
(f) Divergente
(c) Absolutamente convergente em
(g) Divergente x ∈] − 1, 1[, divergente caso con-
(h) Convergente trário.
44
32. − log 2
(−1)n 2n+1
33. sin x = ,r=∞
P∞
n=0 (2n+1)! x
(−1)n
x2n , r = ∞.
P∞
cos x = n=0 (2n)!
34.
35. (a)
(b) n≥0 n xn−1 , r = 1.
P
(c) xn+1
, r = 1.
P
n≥0 n+1
36.
37. (a)
(b) r = ∞
(c) F (13) (0) = 13!
6!(2×6+1)
= 0.
1000 )
F (10
45
Referências
[1] Apostol, T., Calculus, Vol. I, Wiley, 1967.
[2] Campos Ferreira, J., Introdução à análise Matemática, Fundação Calouste Gulben-
kian, 2005.
[3] Girão, P.M., Introdução à análise complexa, séries de Fourier e equações diferen-
ciais, IST press, 2014.
[4] Sarrico, C., Análise Matemática, Gradiva, 1997.
46