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Notas de Aula
Cálculo Diferencial e Integral II
Januária
2023
Sumário
1.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.1 Tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.2 Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3 Coordenadas polares 25
3.1 Sistema de coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.3 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.4 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5 Diferenciabilidade 43
5.1 Derivadas parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.4 Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.9 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Capítulo 1
1.1 Sequências
Denição 1.1.1. Uma sequência de números reais (ou simplesmente sequência) é uma função
f : {1, 2, 3, . . .} → R, onde cada número real f (n) é denominado n-ésimo termo (ou elemento)
da sequência.
n
Exemplo 1.1.1. A função f : {1, 2, 3, . . .} → R denida por f (n) = é uma sequência,
2n + 1
onde
f (1) = 1/3 (primeiro termo da sequência)
f (2) = 2/5 (segundo termo da sequência)
f (3) = 3/7 (terceiro termo da sequência)
.
.
.
Para simplicar a notação, iremos escrever f (n) = an , onde an é chamado de termo geral
da sequência. Assim, em relação ao exemplo anterior, temos a1 = 1/3, a2 = 2/5, a3 = 3/7,
etc. Esta nova notação permite associar o conceito de sequência a uma lista innita de números
reais onde cada elemento possui uma posição bem estabelecida. Além desta, é possível encontrar
diversas notações para uma sequência como verica-se no exemplo seguinte.
n
Exemplo 1.1.2. A sequência f : {1, 2, 3, . . .} → R denida por f (n) = pode ser descrita
2n + 1
de diferentes modos:
∞
n n
(i) , ou simplesmente,
2n + 1 n=1 2n + 1
n
(ii) an =
2n + 1
1 2 3 n
(iii) , , ,··· , ,···
3 5 7 2n + 1
(vi)
(v)
4
1.1. SEQUÊNCIAS 5
√
Exemplo 1.1.3. { n − 3}∞
n=3 . Observe que não é necessário que n comece do número 1.
(−1)n (n + 1)
Exemplo 1.1.4. an = : −1, 34 , − 12 , 16
5
,...
2n
Exemplo 1.1.5 (Sequência constante). an = 2, para todo n ≥ 1.
an + 6
Exemplo 1.1.6 (Sequência denida por recorrência). a1 = 2 e an+1 = , n = 1, 2, 3, . . .
2
Exemplo 1.1.7. Assumindo que o padrão de repetição dos números continue, a sequência
(−1)n−1
1 1 1 1
1, − , , − , , . . . pode ser representada pelo termo geral an = , para todo n ≥ 1.
3 9 27 81 3n−1
Observação 1.1.1. Note que, por denição, as sequências consideradas são compostas por
innitos números reais.
Observe que os elementos da sequência do Exemplo 1.1.1 estão cada vez mais próximos do
número 1/2, embora nenhum deles seja exatamente 1/2. Ou seja, é possível obter um elemento
da sequência an tão próximo de 1/2 quanto desejamos e, para isto, basta tomar um n muito
grande. Sequências com este comportamento são chamadas de sequências convergentes.
Denição 1.1.2. Uma sequência {an } converge para um número L (ou tem limite L), escrevemos
lim an = L ou lim an = L ou an → L quando n → ∞,
n→∞
se para todo ε > 0 dado, existe um número natural N > 0 (que depende de ε) tal que se
n > N , então |an − L| < ε. Neste caso, também dizemos que a sequência an é convergente. Caso
contrário, a sequência an é dita divergente.
n
Exemplo 1.1.9. A sequência an = é convergente. De fato, para todo ε>0 dado, basta
2n + 1
1
tomar um número natural N> 4ε . De fato,
1 1 n 1 1 1
n>N > ⇒ <ε e − = < < ε.
4ε 4n 2n + 1 2 4n + 2 4n
n ∈ {1, 2, 3, . . .}.
6 CAPÍTULO 1. SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS
4n2
Exemplo 1.1.10. (a) lim
n→∞ 2n2 + 1
=2
n
2n 2 1
(b) lim n+1 = lim =0
n→∞ 3 n→∞ 3 3
π sen πn
(c) lim n sen = lim =π
n→∞ n n→∞ n1
n2 + 1 n
n2 +1
o
(d) lim = ∞, ou seja, a sequência
n é divergente.
n→∞ n
an lim an
4. lim = n→∞ se lim bn ̸= 0
n→∞ bn lim bn n→∞
n→∞
p
5. lim apn = lim an se p > 0 e an > 0 para todo n
n→∞ n→∞
lim f (an ) = f (L), de forma equivalente, lim f (an ) = f lim an .
n→∞ n→∞ n→∞
n 1 1 1
Exemplo 1.1.11. (a) lim
n→∞ 2n + 1
+ = +0=
n 2 2
π π
(b) lim sen = sen lim = sen 0 = 0
n→∞ n n→∞ n
(−1)n 1 (−1)n
(c) lim = lim = 0, logo lim = 0.
n→∞ n n→∞ n n→∞ n
n! 1 · 2 · 3···n 1 2 · 3···n
an = n = = ,
n n · n · n···n n n · n···n
1 n!
logo 0 < an ≤ lim
n . Portanto, pelo Teorema do Confronto, n→∞ = 0.
nn
1.2. SÉRIES NUMÉRICAS 7
1 1 1 1 1
+ + + + + ···
2 4 8 16 32
Sendo assim, precisamos estabelecer um procedimento sistemático para dar sentido a somas
1
innitas, caso contrário, o valor da expressão 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + ··· pode ser 0, 1 ou
2
dependendo da maneira na qual somamos os termos. Deste modo, vamos dar sentido a expressão
1 1 1 1 1
2 + 4 + 8 + 16 + 32 + ··· = 1 ao desenvolver a teoria sobre séries convergentes.
Denição 1.2.1. Uma série numérica (ou simplesmente série) é a soma dos termos de uma
sequência. Ou seja, se {an } é uma sequência, então a soma
∞
X
a1 + a2 + · · · + an + · · · = an .
n=1
s1 = a1
s2 = a1 + a2
s3 = a1 + a2 + a3
.
.
.
sn = a1 + a2 + · · · + an
∞
1 1 1 1 1
Exemplo 1.2.1. 2n −1
X
1 3 7
= + + + + · · · ⇒ s1 = 2, s2 = 4, s3 = 8, . . . , sn = 2n .
2n 2 4 8 16
n=1
∞
3 3 3 3 3
Exemplo 1.2.2.
X
3 6 9 3n
+ + + +· · · = ⇒ s1 = 2, s2 = 3, s3 = 4, . . . , sn = n+1 .
2 6 12 20 n(n + 1)
n=1
∞
n 1 2 3
Exemplo 1.2.3.
X
log = log + log + log + · · · ⇒ s1 = log 12 , s2 = log 13 ,
n+1 2 3 4
n=1
s3 = log 14 , . . . , sn = log n+1
1
= − log(n + 1).
Denição 1.2.2. Dada uma série an , denote por sn sua n-ésima soma parcial.PSe a sequência
P
{sn } for convergente e lim n → ∞sn = S existir como número real, então a série an é chamada
de convergente e escrevemos
∞
X
a1 + a2 + · · · + an + · · · = S ou an = S.
n=1
O número S é chamado a soma da série. Caso contrário, dizemos que a série diverge ou é
divergente.
∞
1
Exemplo 1.2.4.
X
(a) converge para 1.
2n
n=1
∞
X 3
(b) converge para 3.
n(n + 1)
n=1
8 CAPÍTULO 1. SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS
∞
X n
(c) log diverge.
n+1
n=1
∞
X
r 3
a + ar + ar + ar + · · · = arn−1 ,
n=1
onde a e r são dois números reais com a ̸= 0, é chamada de série geométrica de razão r.
a
Vamos mostrar que a série geométrica converge para
1−r quando |r| < 1 e, caso contrário, ela é
divergente. De fato,
n a(1−rn ) a a n a
(i) −1 < r < 1 (|r| < 1): lim r = 0 ⇒ lim sn = lim = lim 1−r − 1−r r = 1−r .
1−r
(ii) |r| ≥ 1:
r = −1: lim rn não existe ⇒ lim sn não existe ⇒ a série diverge.
r > 1: lim rn = ∞ ⇒ lim sn = ±∞ ⇒ a série diverge.
r < −1: o lim rn não existe ⇒ lim sn não existe ⇒ a série diverge.
∞
2
Exemplo 1.2.6.
X
1
é convergente, pois a série é geométrica com r= 3.
3n
n=1
Exemplo 1.2.7 (Aplicação da série geométrica). Vamos escrever o número 2, 317 = 2, 3171717 . . .
como uma razão de inteiros. Inicialmente, observe que
17 17
2, 317 = 2, 3 + 0, 01717 . . . = 2, 3 + 0, 017 + 0, 00017 + · · · = 2, 3 + 3
+ 5 + ···
10 10
1 17 17 1
sendo
103
+ 105
+ ··· uma série geométrica com a= 103
e r= 102
⇒ converge para
17
103 17
1 = .
1− 102
990
Portanto,
1 17 23 17 1147
2, 317 = 2, 3 + 3
+ 5 + ··· = + =
10 10 10 990 495
∞
1
Exemplo 1.2.8 .
X
1
(Série harmônica) A série harmônica diverge. Com efeito, s2 = 1 + 2,
n
n=1
2 3 n
s4 > 1 + 2, s8 > 1 + 2 e de modo geral, s2n ≥ 1 + 2 para todo n ∈ N ⇒ lim s2n = ∞, logo {sn }
não pode ser convergente.
1. an .
P P
can = c
2. an ± bn .
P P P
an ± bn =
∞ ∞ ∞
15 1 3 X 1
Exemplo 1.2.9.
X X
+ n =5 + = 5 · 3 + 1 = 16
n(n + 1) 2 n(n + 1) 2n
n=1 n=1 n=1
1.3. TESTES DE CONVERGÊNCIA 9
∞
n2 n2 1
Exemplo 1.3.1.
X
A série diverge, pois lim = .
5n2 + 4 2
n→∞ 5n + 4 5
n=1
∞
1
Observação 1.3.2. A recíproca do Teorema 1.3.1 não é verdadeira, pois a série harmônica
X
n
n=1
1
diverge, apesar de que lim = 0.
n→∞ n
Teorema 1.3.2. Seja f é uma função contínua, decrescente e com valores positivos para todo
∞ Z ∞
[N, ∞) e an = f (n). Então a série an é convergente se a integral imprópria
X
f (x) dx
n=N N
existir e, caso contrário, será divergente.
∞
Exemplo 1.3.2.
X
ne−n
n=1
(i) f é contínua para todo x∈R (em particular, para [1, ∞))
(iii) f assume valores positivos para todo x∈R (em particular, para [1, ∞))
Z ∞ Z t
−x
xe dx = lim xe−x dx
1 t→∞ 1
t+1 2 2
= lim − t
+ =
t→∞ e e e
10 CAPÍTULO 1. SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS
Z t t
Z t
−x −x
(∗) xe dx = x(−e ) + e−x dx (u = x e dv = e−x dx)
1 1 1
t+1 2
= − +
et e
∞
1
Exemplo 1.3.3.
X
√
n=2 n ln n
Z ∞ Z t
1 1
√ dx = lim √ dx
2 x ln x t→∞ 1 x ln x
1 1
= lim 2(ln t) 2 − 2(ln 2) 2 = ∞
t→∞
Z t Z t
1 1 1
(∗) √ dx = (ln x)− 2 dx (u = ln x)
2 x ln x 2 x
1 t 1 1
= 2(ln x) 2 = 2(ln t) 2 − 2(ln 2) 2
2
∞
1
Exemplo 1.3.4.
X
Vamos usar o teste da integral para mostrar que a série diverge se
np
n=1
p≤1e converge se p > 1. As séries deste tipo são chamadas de série p ou p-séries. Sendo assim,
1
f (n) = np e
1
(i) p < 0: lim =∞=
̸ 0⇒ a série diverge.
n→∞ np
1
(ii) p = 0: lim = 1 ̸= 0 ⇒ a série diverge.
n→∞ np
(iii) p > 0: a função f é contínua, decrescente (f
′ (n) = −px−(p+1) ) e positiva para todo n ≥ 1.
Daí, podemos aplicar o teste da integral. Observe que quando p = 1,
Z ∞
1
dx = lim ln t − ln 1 = ∞,
1 x t→∞
t−p+1 − 1
∞ se 0<p<1
= lim = 1
t→∞ 1−p − 1−p se p>1
∞ ∞
1 1
Exemplo 1.3.5.
X X
A série converge e a série diverge.
n5 n−3
n=1 n=1
1.3. TESTES DE CONVERGÊNCIA 11
n2 +4n
an 4 n4 + 4n3
lim = lim n 1+5 = lim = 1 > 0.
n→∞ bn n→∞ n→∞ n4 + 5
n2
P P n2 +4n
Como bn converge, a série
n4 +5
também converge.
∞
2n2 + 3n
Exemplo 1.3.10.
X
√
n=1
5 + n5
P P 2n2 +3n P P 2n2 2
Tomando an = √
5+n5
e bn = √ = 1 (escolhemos os termos dominantes do
n5 n2
numerador e denominador de an ), obtemos:
2n2
√ +3n 2+ 3
an 5+n5 n
lim = lim 2 = lim q = 1 > 0.
n→∞ bn n→∞ n→∞ 5
1
n2 2 n5
+1
P P 2n2 +3n
Como bn diverge, a série √
5+n5
também diverge.
12 CAPÍTULO 1. SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS
Até aqui estudamos testes de convergência para séries com termos positivos. Agora, vamos
estudar a convergência de séries cujos termos variam entre positivo e negativo.
Denição 1.3.1. Uma série alternada é aquela cujos termos são alternadamente positivos e
negativos.
X (−1)n−1 ∞
1 1 1
(a) 1 − + − + ··· =
2 3 4 n
n=1
∞
X n 1 2 3 4
(b) (−1)n = − + − + − ···
n+1 2 3 4 5
n=1
∞ ∞
Teorema 1.3.5 (Teste da série alternada). Se a série alternada (−1)n bn , ou (−1)n−1 bn ,
X X
n=1 n=1
satisfaz
1
(i)
n >0 para todo n≥1
1 1
(ii)
n+1 ≤ n para todo n≥1
1
(iii) lim =0
n→∞ n
∞
3n
Exemplo 1.3.13.
X
(−1)n
4n − 1
n=1
3n 3
bn = 4n−1 ⇒ lim bn = , logo não podemos aplicar o teste da série alternada (isso não
n→∞ 4
3n
signica que a série é divergente). Entretanto, note que lim (−1)n não existe, ou seja, a
n→∞ 4n − 1
série diverge pelo teste da série alternada.
∞
n2
Exemplo 1.3.14.
X
(−1)n+1
n3 + 1
n=1
n2
bn = n3 +1
.
n2
(i)
n3 +1
>0 para todo n≥2
1.3. TESTES DE CONVERGÊNCIA 13
2 x(2−x3 )
(ii) Se f (x) = x3x+1 , então f ′ (x) = (x3 +1)2
<0 para todo x ≥ 2, ou seja, bn é decrescente para
todo x ≥ 2
n2
(iii) lim =0
n→∞ n3 + 1
Observação 1.3.3.
P
Dada uma sequência an , podemos considerar a nova série
X
|an | = |a1 | + |a2 | + |a3 | + · · ·
P P
Nesse contexto, dizemos que uma série an é absolutamente convergente se a série |an |
é convergente. Uma série convergente que não é absolutamente convergente é chamada condicio-
P P
nalmente convergente. Também, se an é absolutamente convergente, então an é convergente
(a recíproca não é válida).
∞ ∞
(−1)n−1 (−1)n−1
Exemplo 1.3.15.
X X
A série é absolutamente convergente, pois =
n2 n2
n=1 n=1
∞
X 1
é convergente.
n2
n=1
∞
(−1)n+1
Exemplo 1.3.16.
X
A série é convergente pelo teste da série alternada, mas não é
n
n=1
∞ ∞
X (−1)n+1 X 1
absolutamente convergente, pois = é divergente.
n n
n=1 n=1
a
1. Se lim n+1 = L < 1, então a série é absolutamente convergente, em particular, con-
n→∞ an
verge.
an+1 an+1
2. Se lim = L > 1 ou lim = ∞, então a série diverge.
n→∞an n→∞ an
a
3. Se lim n+1 = 1, então o teste é inconclusivo.
n→∞ an
∞
n3
Exemplo 1.3.17.
X
(−1)n
3n
n=1
3
(−1)n+1 (n+1)
3
(n + 1)3
an+1 3n+1 1 1 an+1 1
= n3
= = 1+ ⇒ lim =
an n
(−1) 3n 3n3 3 n n→∞ an 3
∞
nn
Exemplo 1.3.18.
X
n!
n=1
(n+1)n+1
1 n
an+1 (n+1)! an+1
= nn = 1+ ⇒ lim =e
an n!
n n→∞ an
∞
X
cn (x − a)n = c0 + c1 (x − a) + c2 (x − a)2 + · · ·
n=0
∞
(x − 3)n (x − 3)2 (x − 3)3 (x − 3)4
Exemplo 1.4.1.
X
= (x − 3) + + + + ···
n 2 3 4
n=1
Observe que para cada valor de x, a série de potências é uma série numérica na qual
podemos vericar se converge ou diverge. De fato, em relação a série de potências do exemplo
anterior, quando x=2 e x=3 a série converge e quando x=4 a série diverge.
∞
X
Além disso, toda série de potências determina uma função f (x) = cn (x − a)n cujo
n=0
domínio é o conjunto de todos os valores de x para os quais a série converge. Note que a série
de potências sempre converge quando x = a.
∞
(x − 3)n
Exemplo 1.4.2.
X
Determine o domínio da função f (x) = .
n
n=1
Solução: Para determinar o domínio, utiliza-se o teste da razão (ou o teste da raiz):
(x−3)n+1
an+1 n+1 n n
= (x−3)n
= |x − 3| ⇒ lim |x − 3| = |x − 3|.
an n+1 n→∞ n + 1
n
Daí,
n=0
possibilidades a seguir.
1. Existe um número positivo R tal que a série diverge para x com |x − a| > R, mas con-
verge absolutamente para x com |x − a| < R. A série pode ou não convergir em uma das
extremidades x = a − R e x = a + R.
2. A série converge absolutamente para todo x (R = ∞).
3. A série converge em x = a e diverge para todos os outros pontos (R = 0).
Denição 1.4.2. O número R descrito no teorema anterior é denominado raio de convergência
da série de potências.
∞
(x − 3)n
Exemplo 1.4.3.
X
(a) f (x) = ⇒ Dm(f ) = [2, 4) e R = 1.
n
n=1
∞
X x2n+1
(b) g(x) = (−1)n+1 ⇒ Dm(g) = (−∞, ∞) e R = ∞.
(2n − 1)!
n=1
∞
X
(c) h(x) = n!xn ⇒ Dm(h) = {0} e R = 0.
n=0
A partir deste resultado podemos determinar outras funções que também possuem repre-
sentações em séries de potências. Trocando x por −x2 , obtemos
∞
1 1 X
2
= 2
= (−1)n x2n = 1 − x2 + x4 − x6 + · · ·
1+x 1 − (−x )
n=0
que é uma série geométrica que converge quando | − x2 | < 1, isto é, |x| < 1. Por outro lado,
o resultado abaixo nos diz que, quando possível, se pode derivar e integrar séries de potências,
obtendo assim, novas séries de mesmo raio de convergência.
∞
tiver um raio de convergência R > 0, então a função f (x) = cn (x − a)n é diferenciável (e
X
n=0
portanto contínua) no intervalo (a − R, a + R) e sua derivada/integral é calculada termo a termo.
Além disso, os raios de convergência das séries de potências das obtidas pela derivação/integração
anterior são ambos iguais a R.
1
Exemplo 1.4.4. Vimos que a série de potência = 1 + x + x2 + x3 + · · · possui raio de
1−x
convergência igual a 1, logo, derivando em ambos os lados, obtemos
∞
1 3 3
X
= 1 + 2x + 3x + 4x + · · · = (n + 1)xn
(1 − x)2
n=0
com domínio (−1, 1) (R = 1). Além disso, integrando ambos os lados da expressão inicial,
∞
x2 x3 X xn+1
− ln(1 − x) = x + + + ··· + C = +C
2 3 n+1
n=0
e fazendo x=0 temos que C = 0. Observe que seu domínio é o intervalo [−1, 1) (R = 1).
∞
−1 x3 x5 x7 X x2n+1
tan x=x− + − + ··· = (−1)n .
3 5 7 2n + 1
n=0
Observação 1.4.1. Embora o raio de convergência seja o mesmo, o domínio pode ser diferente.
O Teorema 1.4.2 nos diz que, dentro do seu raio de convergência, uma função em série
de potências é contínua com derivadas de todas as ordens. Mas, analisando a recíproca desse
resultado, será que se uma função tiver derivadas de todas as ordens em um certo intervalo I,
ela poderá ser expressa por uma série de potências em I? Se sim, quais serão seus coecientes?
A resposta para a primeira pergunta é não.
f (n) (a)
Ou seja, f (n) (a) = n! cn ⇒ cn = n! . Logo, a série de potências tem a forma
Exemplo 1.4.6. Determine a série de Maclaurin das funções f (x) = ex , g(x) = sen x e h(x) =
cos x.
∞
x2 x3 x4 X xn
(a) ex = 1 + x + + + + ··· =
2! 3! 4! n!
n=0
∞
x3 x5 x7 X x2n+1
(b) sen x = x − + − + ··· = (−1)n
3! 5! 7! (2n + 1)!
n=0
∞
x2 x4 x6 X x2n
(c) cos x = 1 − + − + ··· = (−1)n
2! 4! 6! (2n)!
n=0
Do Exemplo 1.4.6, podemos concluir que se a função ex tiver uma representação em série
∞
X xn
de potências em torno de 0, então ex = . Mas, existem funções que não são iguais à soma
n!
n=0
de suas séries de Taylor/Maclaurin. Por exemplo, a função
( 1
− 2
f (x) = e
x se x ̸= 0
0 se x=0
não é igual a sua série de Maclaurin, pois f (0) = f ′ (0) = · · · = f (n) (0) = 0, ou seja, sua série de
Maclaurin é a série cujos termos são iguais a zero. Ao mesmo tempo, sabemos que a função f
não é a função nula, logo f não é igual a sua série de Maclaurin.
∞ ∞
x
X xn −x2
X x2n x2 x4
e = ⇒e = (−1)n =1− + − ···
n! n! 1! 2!
n=0 n=0
18 CAPÍTULO 1. SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS
Logo,
∞
x2 x4 x6 x3 x5 x7 x2n+1
Z Z
2
X
e−x dx = 1− + − +· · · dx = x− + − +· · · = (−1)n .
1! 2! 3! 3 · 1! 5 · 2! 7 · 3! (2n + 1) · n!
n=0
1.5 Exercícios
Exercícios do livro STEWART, J. Cálculo, Volume 2. 7.ed. São Paulo: Cengage Learnig,
2013.
Entretanto, nestes casos, podemos imaginar que cada ponto da curva representa a posição
de uma partícula em determinado tempo, ou seja, as coordenadas x e y podem ser escritas em
função do novo parâmetro t (tempo) e, assim, x = f (t) e y = g(t).
Denição 2.1.1. Quando cada ponto de uma curva C pode ser escrito da forma
onde t é uma terceira variável denominada parâmetro, dizemos que C é uma curva parametrizada
pelas equações paramétricas x = f (t) e y = g(t).
Exemplo 2.1.1. Identique a curva denida pelas equações paramétricas x = t2 −2t e y = t+1.
A curva parece ser uma parábola, mas, para justicar essa armação precisamos eliminar o
parâmetro t.
y = t + 1 ⇒ x = (y − 1)2 − 2(y − 1) ⇒ x = y 2 − 4y + 3.
19
20 CAPÍTULO 2. CURVAS PARAMETRIZADAS E COORDENADAS POLARES
Exemplo 2.1.2. x = t2 e y = t3 .
2.1. CURVAS DEFINIDAS POR EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 21
Exemplo 2.1.3. Qual a curva representada pelas equações paramétricas x = cos t e y = sen t,
0 ≤ t ≤ 2π ?
Exemplo 2.1.5 (Cicloide) . A curva traçada por um ponto P na borda de um círculo quando
ele rola ao longo de uma reta é chamada de cicloide. Se o círculo tiver raio r e rolar ao longo do
eixo x e se uma posição de P for a origem, encontre as equações paramétricas para a cicloide.
Solução: Vamos escolher como parâmetro o ângulo de rotação: θ, sendo θ=0 quando P está
na origem.
22 CAPÍTULO 2. CURVAS PARAMETRIZADAS E COORDENADAS POLARES
Assim, x = |OT | − |P Q| = r(θ − sen θ) e y = |T C| − |QC| = r(1 − cos θ). Note que um
arco da cicloide é descrito por 0 ≤ θ ≤ 2π .
Observação 2.1.1 (Aplicações da cicloide) . (a) Sejam A e B dois pontos distintos. A curva na
qual uma partícula irá deslizar no menor tempo de A até B sob a inuência da gravidade é
a cicloide.
(b) Em qualquer ponto de uma cicloide, uma partícula gasta o mesmo tempo para deslizar até
seu ponto central (mais abaixo).
2.2.1 Tangente
(a) Mostre que C tem duas tangentes no ponto (3, 0) e encontre suas equações.
d2 y
(c) Calcule .
dx2
Solução:
√
(a) Inicialmente, observe que obtemos o ponto (3, 0) para os valores t = ± 3. Logo, vamos
calcular a inclinação da reta tangente para esses valores de t.
dy 3t2 − 3 dy √
= ⇒ = ± 3.
dx 2t dx
2.2. CÁLCULO COM CURVAS PARAMETRIZADAS 23
√ √
y= 3(x − 3) e y = − 3(x − 3).
dy
(b) A reta tangente é horizontal quando
dx = 0, ou seja, 3t2 − 3 = 0 e 2t ̸= 0. Daí, t = ±1
e t ̸= 0, portanto, os pontos onde a reta tangente é horizontal são (1, −2) e (−1, 2). Em
relação a segunda pergunta, a reta tangente é vertical quando
dx
dt = 0 e dy
dt ̸= 0, ou seja, se
t=0 cujo ponto correspondente é (0, 0).
dy
dy d( dx ) 6t(2t)−(3t2 −3)(2)
d2 y d dx d2 y (2t)2 3(t2 + 1)
dt
= = ⇒ 2 = = .
dx2 dx dx
dt
dx 2t 4t3
Exemplo 2.2.2. Considere a cicloide de equação x = r(θ − sen θ), y = r(1 − cos θ).
π
(a) Determine a tangente à cicloide no ponto θ= 3.
Solução:
dy r sen θ dy
√ π
(a)
dx = r(1−cos θ) ⇒ dx = 3 quando θ= 3 . Logo, a tangente é dada por
√ !
r √ πr r 3
y− = 3 x− +
2 3 2
dy dx
(b) Horizontal:
dt =0 e
dt ̸= 0. Daí, sen θ = 0 e cos θ ̸= 1 ⇒ θ = (2n − 1)π , n ∈ Z.
Vertical: Note que
dy sen θ cos θ
lim = lim = lim =∞
θ→2nπ + dx θ→2nπ+ 1 − cos θ θ→2nπ+ sen θ
dy
e lim = −∞, logo existem tangentes verticais para θ = 2nπ , onde n ∈ Z.
θ→2nπ − dt
2.2.2 Áreas
Z β Z α
′
A= g(t)f (t) dt ou g(t)f ′ (t) dt.
α β
Exemplo 2.2.3. Calcule a área sob um arco da cicloide x = r(θ − sen θ) e y = r(1 − cos θ).
Solução:
Z 2π
A = r(1 − cos θ) · r(1 − cos θ) dθ
0
Z 2π
2
= r 1 − 2 cos θ + cos2 θ dθ
0
2
= 3πr
1+cos 2θ
Lembre-se que cos2 θ = 2 .
24 CAPÍTULO 2. CURVAS PARAMETRIZADAS E COORDENADAS POLARES
2.3 Exercícios
Exercícios do livro STEWART, J. Cálculo, Volume 2. 7.ed. São Paulo: Cengage Learnig,
2013.
Coordenadas polares
25
26 CAPÍTULO 3. COORDENADAS POLARES
Daí,
r 2 = x2 + y 2
x = r cos θ
e
y = r sen θ tan θ = xy
Exemplo 3.1.2. A = 2, π3 B = 1, 7π
Converta os pontos e de coordenadas polares para
4
cartesianas.
√
Solução: A = (1, 3) e B = √1 , − √1 .
2 2
√
Exemplo 3.1.3. Converta os pontos A = (1, −1) e B = (3 3, 3) de coordenadas cartesianas
para polares.
√
Solução: A = 2, − π4 + 2π B = 6, π6
e .
Exemplo 3.2.2. θ= π
4
Solução: tan π4 = y
x ⇒ x = y.
3.2. CURVAS POLARES 27
π π π
θ 0 3 2 π √4
r 2 1 0 −2 2
x
r =2· ⇒ r2 = 2x ⇒ x2 + y 2 = 2x ⇒ (x − 1)2 + y 2 = 1
r
Exemplo 3.2.4. r = 1 + sen θ, 0 ≤ θ ≤ 2π .
Solução: Aqui, poderíamos seguir o mesmo raciocínio do exemplo anterior elaborando uma
tabela de pontos da curva, mas vamos utilizar um raciocínio diferente. Primeiro, vamos esboçar
o gráco de r = 1 + sen θ no plano θ r.
28 CAPÍTULO 3. COORDENADAS POLARES
π
Observe que quando o ângulo varia de 0 até
2 , o valor de r varia de 1 até 2. Quando o
π
ângulo varia de
2 até π, o valor de r varia de 2 até 1. Repetindo esse raciocínio, obtemos a
curva:
Essa curva é chamada de cardioide, pois tem um formato parecido com um coração.
Solução:
3.3. ÁREAS EM COORDENADAS POLARES 29
Z b Z b
1 1 2
A= [f (θ)]2 dθ ou r dθ.
a 2 a 2
Exemplo 3.3.1. Calcule a área delimitada por um laço da rosácea de quatro pétalas r = cos 2θ.
30 CAPÍTULO 3. COORDENADAS POLARES
Solução:
Z π
4 1
A = · (cos 2θ)2 dθ
− π4 2
Zπ
4 1
= (1 + cos 4θ) dθ
− π4 2
π
=
8
Exemplo 3.3.2. Calcule a área da região que está dentro do círculo r = 3 sen θ e fora da
cardioide r = 1 + sen θ.
Solução: Igualando as equações:
1 π 5π
3 sen θ = 1 + sen θ ⇒ sen θ = ⇒θ= ou θ= .
2 6 6
Note que para encontrar todos os pontos comuns entre as curvas é necessário fazer um
esboço dos grácos, pois nesse caso, não encontramos θ = 0. Logo,
Z 5π Z 5π
6 1 6 1
A = · (3 sen θ)2 dθ − · (1 + sen θ)2 dθ
π 2 π 2
6 6
= π
Aqui poderíamos ter utilizado a simetria das curvas para simplicar os cálculos.
s 2
Z b
dr
L= r2 + dθ
a dθ
Solução:
Z 2π p
L = (θ2 )2 + (2θ)2 dθ
0
Z 2π p
= θ4 + 4θ2 dθ
0
Z 2π p
= θ θ2 + 4 dθ (u = θ2 + 4)
0
4π 2 +4
1√
Z
= u du
4 2
8h 2 3
i
= (π + 1) 2 − 1
3
3.5 Exercícios
Exercícios do livro STEWART, J. Cálculo, Volume 2. 7.ed. São Paulo: Cengage Learnig,
2013.
1. Faça o esboço das curvas descritas pelas equações paramétricas. Indique com uma seta a
direção na qual a curva é traçada quando t aumenta.
t
(a) x = t2 − 4 e y= 2 , −2 ≤ t ≤ 3
√1 t
(b) x= t+1
e y= t+1 , t > −1
(c)
x = t3 − 2t
3. Determine as retas tangentes a curva paramétrica dada por no ponto (0,2).
y = 2t2 − 2
π
x = t + sen 2t ,
4. Calcule a expressão da derivada da curva paramétrica t>0 e o seu
y = t + ln t
valor no ponto t = 8.
32 CAPÍTULO 3. COORDENADAS POLARES
x = e2t
(a) Pelo eixo x, x = 1, x = e e a curva de equação paramétrica .
y = 2 + 2t2
x = t2 + 1
(b) Pelas curvas de equações x=2 e .
y = t3 + 2t
6. (Bruxa de Maria de Agnesi) Maria Gaetana Agnesi (1718-1799) foi a primeira mulher no
mundo ocidental a ser chamada de matemática no sentido exato do termo. Aos 20 anos,
ela era uma cientista com vários trabalhos publicados e, aos 30, já era membro honorário
da Universidade de Bolonha. Uma década de trabalho árduo culminou com a publicação
de seu livro de cálculo Instituzioni analitiche ad uso della gioventù italiana, em 1748, que
incluía álgebra, geometria analítica, cálculo diferencial, cálculo integral, séries innitas
e a solução de equações diferenciais elementares. Nos dias de hoje, Agnesi é lembrada
principalmente pela curva em forma de sino chamada de Bruxa de Agnesi. Esse nome,
encontrado apenas em textos em inglês, é resultado de uma tradução errada. O nome dado
por Agnesi à curva era versiera (curva). John Colson, famoso matemático de Cambridge
que achou o texto de Agnesi tão importante que aprendeu italiano apenas para traduzi-la,
provavelmente confundiu a palavra versiera com avversiera, que signica bruxa. A curva
Bruxa de Agnesi consiste em todas as possíveis posições do ponto P na gura.
(b) Mostre que equações paramétricas para essa curva podem ser escritas como
x = 2a cot θ e y = 2a sen 2 θ.
(c) É possível calcular a área limitada pela curva Bruxa de Agnesi e pelo eixo x? Justi-
que.
No mundo real, muitas regras dependem de mais de uma variável, por exemplo, o índice
de sensação térmica W mede a temperatura subjetiva que depende da temperatura real T e da
velocidade do vento v . Assim, W é uma função de T e de v , e podemos escrever W = f (T, v).
Também, o volume de um cilindro que é calculado pela fórmula V = πr2 h, pois V depende
do raio da base r e da altura do cilindro h. Sendo assim, V é uma função de r e h e, para
enfatizar esta ideia, podemos escrever
V (r, h) = πr2 h.
Denição 4.1.1. Uma funçãof de duas variáveis é uma regra que associa cada par ordenado
(x, y) de um conjunto D(f ) ⊆ R2 , chamado de domínio de f , em um único valor real, denotado
f (x, y) = z . O conjunto Im(f ) = {f (x, y) | (x, y) ∈ D(f )} ⊆ R é chamado de imagem da função
f.
Exemplo 4.1.1. f (x, y) = x2 + y 2 ⇒ f (1, 2) = 5, f (5, 0) = 25 e f (0, −5) = 25, ou seja, essa
(a)
2
função passa pelos pontos (1, 2, 5), (5, 0, 25), (0, −5, 25). Além disso, seu domínio é o R e o
conjunto imagem é R+ .
33
34 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
p
(c) f (x, y) = 25 − x2 − y 2 ⇒ D(f ) = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 ≤ 0} e Im(f ) = [0, 5]
√
y+x+1
(d) f (x, y) = ⇒ D(f ) = {(x, y) ∈ R2 | y ≥ −x − 1 e x ̸= 1} e Im(f ) = R.
x−1
Observação 4.1.1. Também, pode-se denir funções de mais de duas variáveis. Por exemplo,
uma função f de três variáveis é uma regra que associa cada elemento (x, y, z) ∈ R3 de um
conjunto D(f ) em um único valor real, denotado f (x, y, z) = w.
Observação 4.1.2. Muitas vezes, chamamos o gráco de uma função de duas variáveis de
superfície.
(b) f (x, y) = x2 + y 2
p
(c) f (x, y) = 25 − x2 − y 2
Denição 4.2.1. As curvas de nível de uma função f de duas variáveis são aquelas com equações
f (x, y) = k , onde k é uma constante real na imagem de f.
Observação 4.2.1. Sendo assim, a curva de nível de f (x, y) para um certo valor de k é a
curva obtida pela interseção do plano z=k com a função f (x, y), por isso, é indispensável que
k ∈ Im(f ).
Exemplo 4.2.2.
p
Determine as curvas de níveis da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2 para k =
0, 1, 2, 3.
Solução: As curvas de nível são da forma x2 + y 2 = 9 − k 2 . Observe que quanto mais próximas
as curvas de nível (mantendo a mesma variação de k ), a superfície será mais inclinada.
4.2. CURVAS DE NÍVEL 37
Observação 4.2.2. Não conseguimos visualizar o gráco de uma função de mais de duas va-
riáveis, mas podemos construir as superfícies de nível (mesma ideia das curvas de nível). Por
exemplo, se f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 , então as superfícies de nível de f são esferas centradas na
origem.
38 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
4.3 Limite
No cálculo de limites de funções de uma variável só existem as aproximações pela direita e
pela esquerda. Para as funções de mais de uma variável, existem innitas formas de se aproximar
de um ponto (x0 , y0 ).
sen (x2 + y 2 )
Exemplo 4.3.1. Vamos analisar o comportamento da função f (x) = quando x e
x2 + y 2
y se aproximam da origem. Para isso, observe a tabela abaixo:
(x, y) −0, 2 0 0, 2 0, 5
−0, 2 0, 999 1 0, 999 0, 986
0 1 1 0, 990
0, 2 0, 999 1 0, 999 0, 986
0, 5 0, 986 0, 990 0, 986 0, 959
Assim, baseado nesses dados numéricos, podemos observar que quando (x, y) aproxima de
(0, 0), a função f aproxima de 1. Na verdade, essa conjectura está correta e escrevemos esse
resultado como:
sen (x2 + y 2 )
lim = 1.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Denição 4.3.1. Seja f uma função de duas variáveis cujo domínio D(f ) contém pontos arbi-
trariamente próximos de (a, b). Dizemos que o limite de f (x, y) quando (x, y) tende a (a, b) é L,
escrevemos
lim f (x, y) = L,
(x,y)→(a,b)
quando para todo ε>0 dado, existe δ>0 (depende de ε) tal que
p
se (x, y) ∈ D(f ) e 0< (x − a)2 + (y − b)2 < δ , então |f (x, y) − L| < ε.
(a) a distância de f (x, y) e L pode ser cada vez menor se escolhermos (x, y) sucientemente
próximo de (a, b);
4.3. LIMITE 39
(b) para que o limite lim f (x, y) exista e seja igual ao número real L, qualquer aproximação
(x,y)→(a,b)
considerada do ponto (x, y) ao ponto (a, b), o valor de f (x, y) deve aproximar a um mesmo
valor, no caso, aproximar de L;
(c) se f (x, y) tende a L1 quando (x, y) aproxima de (a, b) pelo caminho C1 e f (x, y) tende a L2
(L2 ̸= L1 ) quando (x, y) aproxima de (a, b) pelo caminho C2 , então o limite lim f (x, y)
(x,y)→(a,b)
não existe.
x2 − y 2
(a) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Considere os caminhos:
x2 − y 2
(i) C1 (ao longo do eixo x):y = 0 ⇒ lim =1
(x,0)→(0,0) x2 + y 2
x2 − y 2
(ii) C2 (ao longo do eixo y ):x = 0 ⇒ lim = −1
(0,y)→(0,0) x2 + y 2
xy
(b) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y2
Considere os caminhos:
xy
(i) C1 (ao longo do eixo x): y = 0 ⇒ lim =0
(x,0)→(0,0) x2
+ y2
xy
(ii) C2 (ao longo do eixo y ): x=0⇒ lim =0
(0,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 1
(iii) C3 (ao longo da reta x = y ): lim 2
=
x→0 2x 2
xy 2
(c) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Considere os caminhos:
xy 2
(i) C1 (ao longo do eixo x): y = 0 ⇒ lim =0
(x,0)→(0,0) x2 + y 2
y4 1
(ii) C2 (ao longo da parábola x = y 2 ): lim 4
=
y→0 2y 2
5x2 y
Exemplo 4.3.3. lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Neste caso, para todo caminho que aproxima do ponto (0, 0), o limite aproxima do zero.
5x2 y
Logo, tudo indica que lim =0 e temos três modos de justicar esse fato:
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
(iii) se a função f é contínua em (a, b), então basta calcular f (a, b) (veremos esse caso na próxima
seção).
40 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Até este momento, só vimos o item (i) e, por isso, vamos provar que o limite vale zero
ε
utilizando a denição formal. Sendo assim, dado ε > 0, basta tomar δ = 5 para que a denição
p
seja satisfeita. De fato, se x ∈ D(f ) e 0< x + y 2 < 5ε , então
2
5x2 |y| p p
2 ≤ 5 x2 + y 2 < 5 ·
ε
|f (x, y) − 0| = 2 2
≤ 5|y| = 5 y = ε.
x +y 5
1 1 5x2 5x2
Observe que x2 ≤ x2 + y 2 ⇒ x2
≥ x2 +y 2
⇒5= x2
≥ x2 +y 2
.
Observação 4.3.2. Valem as mesmas propriedades de limites de funções de uma variável para
os limites de funções de mais de uma variável.
4.4 Continuidade
Denição 4.4.1. Uma função f de duas variáveis é dita contínua em (a, b) se
Isto signica que: (i) (a, b) ∈ D(f ); (ii) lim f (x, y) existe; (iii) lim f (x, y) =
(x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b)
f (a, b). Dizemos que um função é contínua se for contínua em todos os pontos do seu domínio.
A denição acima nos diz, intuitivamente, que se o ponto (x, y) varia em uma pequena
quantidade, então o valor de f (x, y) variará, também, por uma pequena quantidade. Ou seja, a
representação gráca de uma função contínua não possui buracos ou rupturas.
Além disso, usando as propriedades de limite, verica-se que soma, diferença, produto e
quociente de funções contínuas são contínuas em seus domínios. Assim, funções polinomiais e
racionais (de mais de uma variável) são contínuas em seus domínios.
(
3x2 y
3x2 y x2 +y 2
se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) = 2 e g(x, y) =
x + y2 2 se (x, y) = (0, 0)
não são contínuas no ponto (0, 0), apesar de serem contínuas nos demais pontos (x, y) do R2 .
Entretanto, já a função
(
3x2 y
x2 +y 2
se (x, y) ̸= (0, 0)
h(x, y) =
0 se (x, y) = (0, 0)
é contínua em todo o R2 .
xy
x2 +xy+y 2
se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) =
0 se (x, y) = (0, 0)
é contínua.
Solução: Inicialmente, observe que a função é contínua para todo (x, y) ̸= (0, 0). Resta vericar
a continuidade em (0, 0). Entretanto, o limite lim f (x, y) não existe, logo a função não é
(x,y)→(0,0)
contínua na origem. Portanto, f é contínua em {(x, y) ∈ R2 | (x, y) ̸= (0, 0)}.
4.5. EXERCÍCIOS 41
4.5 Exercícios
Exercícios do livro STEWART, J. Cálculo, Volume 2. 7.ed. São Paulo: Cengage Learnig,
2013.
√
x+y+1
(a) f (x, y) = arcsen (x + y) (d) z= x−1
(b) g(x, y) = √ 2 y 2 √ √
x +y −1 (e) z= y−x− 1−y
z = ln x−y
p
(c)
y−1 (f ) h(x, y, z) = y x2 + y 2 + z 2 − 2
1
(a) f (x, y) = x2 − y (c) z= x2 +y 2
p 1
(b) g(x, y) = x2 + y 2 (d) z= y2
x2 −2 2xy
(a) lim 3+xy (d) lim x 4 +y 2
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0)
x4 −y 4 √ xy
(b) lim 2 2 (e) lim
(x,y)→(0,0) x +y (x,y)→(0,0) x2 +y 2
xy 2 x−y
(c) lim x 2 +y 4 (f ) lim x+y
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0)
x2 y
6. Utilizando a denição formal, prove que lim 2x−4y = −10 e lim 3x 2 +3y 2 = 0.
(x,y)→(1,3) (x,y)→(0,0)
Diferenciabilidade
f (x + h, y) − f (x, y)
(i) Derivada parcial em relação a x: fx (x, y) = lim
h→0 h
f (x, y + h) − f (x, y)
(ii) Derivada parcial em relação a y : fy (x, y) = lim
h→0 h
Observação 5.1.1. Existem outras notações para as derivadas parciais:
∂f ∂ ∂z
(i) fx (x, y) = fx = ∂x = ∂x f (x, y) = ∂x = f1 = D1 f = Dx f
∂f ∂ ∂z
(ii) fy (x, y) = fy = ∂y = ∂y f (x, y) = ∂y = f2 = D2 f = Dy f
(a)
(b)
(c) fx (1, 2) = 2
(d) fy (2, 1) = −2
Observação 5.1.2. Observe que, para calcular fx , trate y como constante e derive a função em
termos do x. Para calcular fy faça o contrário.
43
44 CAPÍTULO 5. DIFERENCIABILIDADE
x
(a) f (x, y) = sen x+y
1−y
(b) f (x, y) = x2 +3y
(a) x3 + y 3 + z 3 + 6xyz = 1
(b) yz + x ln y = z 2
Solução:
2
∂z ∂ 3 3 3 ∂ ∂z
(1) ⇒ 3x2 + 3z 2 ∂x ∂z ∂z
= − xz 2 +2xy
+2yz
(a)
∂x : ∂x x + y + z + 6xyz = ∂x + 6yz + 6xy ∂x =0⇒ ∂x
2
y +2xz
∂z ∂z
e
∂y : ∂y = − z 2 +2xy .
x
∂z ln y ∂z y
+z
(b)
∂x = 2z−y e ∂y = 2z−y
∂2f 2
(i) (fx )x = fxx = f11 = = ∂∂xf2
∂x∂x
∂ ∂f ∂2f
(ii) (fx )y = fxy = f12 = ∂y ∂x = ∂y∂x
∂ ∂f ∂2f
(iii) (fy )x = fyx = f21 = ∂x ∂y = ∂x∂y
∂2f ∂2f
(iv) (fy )y = fyy = f22 = ∂y∂y = ∂y 2
Teorema 5.2.1 (Clairaut). Suponha que f seja denida em uma bola aberta D que contenha o
ponto (a, b). Se as funções fxy e fyx forem ambas contínuas em D, então fxy (a, b) = fyx (a, b).
Observação 5.2.3. O Teorema de Clairaut continua válido para derivadas parciais de qualquer
ordem, por exemplo,
fxyy = fyxy = fyyx .
O plano tangente a superfície S no ponto P é denido como o plano que contém as retas
tangentes T1 (de inclinação fx (x0 , y0 )) e T2 (de inclinação fy (x0 , y0 )) e possui equação
z − z0 = fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y − y0 ).
Exemplo 5.3.1. Determine o plano tangente ao parabolóide elíptico z = 2x2 + y 2 no ponto
(1, 1, 3). Em seguida, use o plano tangente para aproximar o valor de f (1, 1; 0, 95).
Solução: z = 4x + 2y − 3 e f (1, 1; 0, 95) ≈ 3, 3 (enquanto que o valor real é 3, 3225).
√
Exemplo 5.3.2. Determine o plano tangente a superfície z= xy no ponto (1, 1, 1).
Solução: z = x
2 + y
2
46 CAPÍTULO 5. DIFERENCIABILIDADE
5.4 Diferencial
Denição 5.4.1. Seja f (x, y) = z . dy como variáveis indepen-
Denimos as diferenciais dx e
dentes e a diferencial dz (também chamada diferenciação total) por dz = fx (x, y)dx + fy (x, y)dy .
Solução: ∂z 2 2 ∂z 2 2
∂s = t2 est sen (s2 t) + 2stest cos(s2 t) e
∂t = 2stest sen (s2 t) + s2 est cos(s2 t)
Exemplo 5.5.3. A regra da cadeia pode ser estendida para funções de mais variáveis. Por
exemplo, se u = x4 y + y 2 z 3 com x = rset , y = rs2 e−t e z = r2 s, sen t, calcule
∂u
∂s quando r = 2,
s=1 e t = 0.
Observação 5.5.1 (Diagrama de árvore) . Podemos seguir o seguinte diagrama para aplicar a
regra da cadeia para uma função de duas variáveis (a ideia pode ser adaptada para funções de
mais de duas variáveis):
z
∂z ∂z
∂x ↙ ↘ ∂y
x y
∂y
∂x
∂s ↙ ↘ ∂x
∂t ∂s ↙ ↘ ∂y
∂t
s t s t
5.6. DERIVADA DIRECIONAL 47
Exemplo 5.6.1. →
−
D− f (x, y) = x2 + y 2 √1 , √1 .
Calcule v f (1, 1),
→ sendo e v = 2 2
Solução:
f (1 + ha, 1 + hb) − f (1, 1) 4
D−
v f (1, 1) =
→ lim v f (1, 1) = √
⇒ D−
→
h→0 h 2
= 2a + 2b
Observação→
→
− −
5.6.1. Analisando a denição de derivada direcional, podemos concluir que se
i = (1, 0) e j = (0, 1), então D1 f = D−
→f
i
e D2 f = D−
→f .
j
Exemplo 5.6.3. x →
− (x, y) = 0, π3
Calcule D− →u f (x, y) se f (x, y) = e sen x, u = (−6, 8) e .
−3√3+4
Solução: →
− − 35 , 54 ⇒ D− π
u unitário é →u f 0, 3 = 10 .
48 CAPÍTULO 5. DIFERENCIABILIDADE
−→ ∂f →
− ∂f →
−
∇f (x, y) = (fx (x, y), fy (x, y)) = i + j.
∂x ∂y
Observação 5.7.1. (a) O gradiente é uma função que associa um elemento no R2 a um vetor.
(b) A denição de gradiente pode ser estendida para funções de mais de duas variáveis.
−→
−→
Exemplo 5.7.1. Calcule ∇f (0, 1) para f (x, y) = sen x + exy .
∇f (x, y) e
−→ −→
Solução: ∇f (x, y) = (cos x + yexy , xexy ) e ∇f (0, 1) = (2, 0).
−→
Exemplo 5.7.2. Calcule ∇f (−1, 2) para f (x, y) = x2 y 3 − 4y .
−→
Solução: ∇f (0, 1) = (−1, 2) = (−16, 8).
Observação 5.7.2. Utilizando o gradiente podes reescrever a expressão da derivada direcional
do seguinte modo
−→ →
−
v f (x, y) = ∇f (x, y) • v .
D−
→
−→
Exemplo 5.7.3. Sef (x, y, z) = x sen (yz), determine ∇f (x, y) e a derivada direcional de f em
→
− − →
→ −
(1, 3, 0) na direção do vetor → −v = i +2j − k.
q
Solução: D− →
v f (1, 3, 0) = − 3
2.
Observação 5.7.3 (Aplicações do vetor gradiente) . (a) Maximiza a derivada direcional: se con-
siderarmos todas as derivadas direcionais possíveis de f em um ponto P, prova-se que a que
nos dará a maior taxa de variação é na direção do vetor gradiente, ou seja, a função aumenta
−→
mais rápido na direção de ∇f (x, y).
−→
(b) Como consequência do item anterior, o valor máximo da derivada direcional é ∇f (x, y) e
a função decresce mais rapidamente na direção oposta ao vetor gradiente, ou seja, na direção
−→
do vetor −∇f (x, y).
−→
(c) O vetor gradiente ∇f (x0 , y0 ) é perpendicular à curva de nível f (x, y) = k que passa pelo
ponto P = (x0 , y0 ).
Exemplo 5.7.4. (a) Determine a taxa de variação de f (x, y) = xey no ponto P = (2, 0) na
1
direção de P a Q= 2, 2 .
(b) Em que direção f tem a máxima taxa de variação? Qual é essa máxima taxa de variação?
Solução:
(a) D−
v (2, 0) = 1.
→
−→ √
(b) Na direção do vetor gradiente e a máxima taxa de variação é ∇f (x, y) = 5.
5.8. VALORES MÁXIMO E MÍNIMO 49
Existem dois pontos (a, b) nos quais f tem um máximo local, ou seja, f (a, b) é maior que
os valores próximos de f (x, y). O maior desses valores é o máximo absoluto. Do mesmo modo,
f tem dois mínimos locais onde f (a, b) é menor que os valores próximos. O menor desses dois
valores é o mínimo absoluto.
1. f tem um máximo local em (a, b) se f (x, y) ≤ f (a, b) quando (x, y) está próximo de (a, b).
2. f tem um mínimo local em (a, b) se f (x, y) ≥ f (a, b) quando (x, y) está próximo de (a, b).
Denição 5.8.2. Um ponto (a, b) é chamado ponto crítico (ou ponto estacionário) de f se
fx (a, b) = fy (a, b) = 0 ou se uma das derivadas parciais não existirem.
Teorema 5.8.1 (Teste da segunda derivada). Suponha que as segundas derivadas parciais de f
sejam contínuas em uma bola aberta com centro em (a, b) e suponha que fx (a, b) = fy (a, b) = 0
(ou seja, (a, b) é ponto crítico de f ). Seja
fxx (x, y) fxy (x, y)
H(x, y) =
fyx (x, y) fyy (x, y)
D11 f D12 f ··· D1n f
D21 f D22 f ··· D2n f
H(x1 , · · · , xn ) = . .
. .. .
.. .
. . .
.
Dn1 f Dn2 f ··· Dnn f
(b) f (x, y) = ey (y 2 − x2 )
Solução:
5.8. VALORES MÁXIMO E MÍNIMO 51
(a) fx = 4x3 − 4y = 0 ⇒ y = x3 e fy = 4y 3 − 4x = 0 ⇒ x = y 3 ⇒ x9 − x = 0 ⇒
x(x + 1)(x − 1)(x2 + 1)(x4 + 1) = 0 ⇒ x = 0, −1, 1 ⇒ (0, 0), (1, 1) e (−1, −1) são os pontos
críticos. Assim, (0, 0) é ponto de sela, (1, 1) e (−1, −1) são mínimos locais.
Exemplo 5.8.4. Uma caixa retangular sem tampa deve ser feita com 12 2 de papelão. Deter-
m
mine o volume máximo dessa caixa.
12xy−x2 y 2
Solução: V = xyz e 2zy + 2xz + xy = 12 ⇒ z = 12−xy
2(y+x) ⇒ V (x, y) = 2(y+x) ⇒ Vx =
(12y−2xy 2 )2(y+x)−(12xy−x2 y 2 )2
4(y+x)2
= 0 ⇒ y 2 (12 − 2xy − x2 ) = 0 ⇒ y = 0(x = 0) ⇒ V = 0 (não
2 2
queremos) ou 12 − 2xy − x = 0. Por outro lado, fazendo Vy = 0, obtemos que 12 − 2xy − y =
2 2 2
0 ⇒ x = y ⇒ x = y ou x = −y (não queremos) ⇒ −3x = −12 ⇒ x = ±2 ⇒ x = 2. Logo,
x = y = 2 e z = 1 ⇒ (2, 2, 1) é um ponto de máximo local de V (também é máximo absoluto).
Portanto, o volume máximo é 4 m .
3
Exemplo 5.8.5. Determine a menor distância entre o ponto (1, 0, −2) e o plano x + 2y + z = 4.
s 2 2 √
5 2 5 6
11 5 11
d= −1 + + 6− −2· = .
6 3 6 3 6
52 CAPÍTULO 5. DIFERENCIABILIDADE
5.9 Exercícios
Exercícios do livro STEWART, J. Cálculo, Volume 2. 7.ed. São Paulo: Cengage Learnig,
2013.
1. Seja
(
xy(x2 −y 2 )
x2 +y 2
, se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) =
0, se (x, y) = (0, 0)
Mostre que f1 (0, y) = −y para todo y e f2 (x, 0) = x para todo x.
(a) f (x, y) = x2 y + 2x
(b) g(x, y) = 3xy 3 − 2x + 4
(
y 3 −x2
x2 +y 2
, se (x, y) ̸= (0, 0)
f (x, y) =
0, se (x, y) = (0, 0)
√
4. Encontre as derivadas parciais em relação a x e y da função f (x, y) = ln x2 e2y + 2x.
5. Calcule:
π
f (x, y) = sen (xy) − x3 y 2 .
(a) fx 4,2 e Dfy (0, 3) para
2
(b) g3 (1, −1, −1) para g(x, y, z) = ln(xyz)ex y z .
7. Calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem da função f (x, y, z) = x2 sen (yz).
∂z ∂z
8. Determine
∂x e ∂y se z é denido implicitamente como função de x e y em cada item
abaixo:
[1] GUIDORIZZI, H. Um curso de Cálculo, Vol. 1 e Vol. 2. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC,
2001.
[2] LEITHOLD, L. Cálculo com geometria analítica. 3.ed. São Paulo: Harbra, 1994.
[3] STEWART, J. Cálculo, Vol. 2. 7.ed. São Paulo: Cengage Learnig, 2013.
54