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Universidade de Évora
Notas para a disciplina
Análise Matemática III
Leccionada às licenciaturas em Engenharia: Civil, Informática, Geológica,
Mecatrónica, Quimica e Recursos Hídricos
Outubro de 2006
2
• Programa de referência
3. Números Complexos
4. Séries de Fourier
6. Séries de Fourier
3 Números Complexos 57
3.1 Funções de uma variável complexa . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.2 Funções harmónicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.3 Os problemas de Dirichlet e de Neumann . . . . . . . . . . . . 72
3.4 Aplicações conformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.5 Aplicação das aplicações conformes à equação do calor, à elec-
trostática e à hidrodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.6 Representação em série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.7 Resíduos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.8 Cálculo de integrais impróprios . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3
4 ÍNDICE
3.9 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Elementos de Geometria
Diferencial em R3
1.1 Curvas em R3
Chamemos trajectória ou caminho a uma aplicação contínua
F : [a, b] ⊂ R → R3 (a < b)
r = F (t), (a ≤ t ≤ b).
5
6CAPÍTULO 1. ELEMENTOS DE GEOMETRIA DIFERENCIAL EM R3
√
Logo Φ−1 (s) = s/ a2 + b2 e obtemos assim a parametrização pelo compri-
mento de arco
s s bs
r = (a cos √ , a sin √ ,√ ).
a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2
Figura 1.2: A direcção da tangente é dada pelo limite das direcções das
secantes.
r(t) − r(t0 )
r0 (t0 ) = lim
t→t0 t − t0
nos define a tangente à curva no ponto P0 , caso o limite exista e seja diferente
de zero (ver Figura 1.2).
hr0 (t0 ), (N − P0 )i = 0,
hO − P0 , r0 (s0 ) × (Q − P0 )i = 0.
1.3. TANGENTE E PLANO NORMAL 11
(s − s0 )2 00
Q − P0 = r(s) − r(s0 ) = (s − s0 )r0 (s0 ) + r (s0 ) + o((s − s0 )2 ),
2!
daí πQ define-se pela equação
(s − s0 )2 00
hO − P0 , r0 (s0 ) × ((s − s0 )r0 (s0 ) + r (s0 ) + o((s − s0 )2 ))i. = 0
2!
Mas r0 (s0 ) × sr0 (s0 ) = 0 e, quando Q → P0 , s → s0 e o((s − s0 )2 ) → 0, logo
o plano osculador πosculador é dado pela equação
(s − s0 )k (k)
r(s) = r(s0 ) + (s − s0 )r0 (s0 ) + r (s0 ) + o(sk )
k!
para algum k > 2, podemos repetir o raciocínio anterior e obter
então t0 jaz no plano osculador e estes dois factos em conjunto implicam que
t0 se dirige segundo a normal principal. Podemos então escrever
t0 = kn
2
Nota 7 A expressão r(s) = sr0 (0) + s2! r00 (0) + o(s2 ) permite interpretar geo-
metricamente a curvatura: |k| = ||t0 || = ||r00 || é tanto maior (em P0 ) quanto
mais a linha se afasta da tangente na vizinhança do ponto de contacto; a
curvatura mede, pois, a rapidez com que a tangente varia de direcção à me-
dida que o ponto de contacto se desloca sobre a curva. Da mesma forma,
a torção dá-nos indicações sobre a variação de b e, portanto, sobre a forma
como roda o plano osculador (que lhe é perpendicular) ao longo da curva.
Em conformidade com estas interpretações podemos demonstrar o seguinte.
2. Uma curva (que não seja uma recta) é plana sse τ = 0 em todos os
seus pontos.
r : D ⊂ R2 → R3 ,
16CAPÍTULO 1. ELEMENTOS DE GEOMETRIA DIFERENCIAL EM R3
∂r ∂r
× 6= 0.
∂u ∂v
Uma superfície é normalmente composta pela "colagem" (respeitando cer-
tas regras) de porções de superfície e a técnica seguida para se fazer o estudo
global de uma superfície é verificar as propriedades localmente e seguida-
mente utilizar as regras de colagem para ver que as propriedades se verificam
globalmente.
Para simplificar, vamos restringir o nosso estudo às porções de superfície.
Tal como para as linhas, chamaremos a r = r(u, v), (u, v) ∈ D, uma rep-
resentação paramétrica da porção de superfície e dadas duas representações
e
r2 = r2 (u, v), (u, v) ∈ D2 ,
de classe C m , diremos que elas são equivalentes sempre que exista uma apli-
cação biunívoca, Φ de D1 sobre D2 , de classe C m e jacobiano positivo (a razão
desta restrição tem a ver com a preservação de propriedades de orientação)
e tal que
r1 (u, v) = r2 (Φ1 (u, v), Φ2 (u, v))
Consideremos a superfície r(D) ⊂ R3 . Se em D considerarmos o subcon-
junto γ = {(u, v) : u = ξ(t), v = η(t)} com α ≤ t ≤ β e ξ e η de classe C m
(pelo menos), a sua imagem por r será uma curva Γ de classe C m , pertencente
à superfície, e de representação paramétrica r = r (ξ(t), η(t))), α ≤ t ≤ β.
Às curvas que se obtêm fixando uma das coordenadas e variando a outra,
chamamos curvas coordenadas; estas curvas serão parametrizadas por
r = r(u, v0 )
r = r(u0 , v)
Temos ainda que a equação 1.2 do plano tangente pode assumir a forma
µ ¶ µ ¶
∂r ∂r
hM − P0 , × i = 0.
∂u P0 ∂v P0
∂r ∂f ∂r ∂f
= (1, 0, )e = (0, 1, )
∂x ∂x ∂y ∂y
ou seja, µ ¶
∂F ∂F ∂F
∇F = , ,
∂x ∂y ∂z
é normal à superfície.
Da mesma forma concluímos que o espaço tangente é gerado pelos vectores
µ ¶ µ ¶
∂F ∂F ∂F ∂F
, 0, − e 0, ,−
∂z ∂x ∂z ∂y
e a sua equação é dada por
hM − P0 , ∇FP0 i = 0.
1.7 Exercícios
Exercício 2 Quais das seguintes trajectórias são equivalentes?
x = cos 2t
T1 ≡ y = sin 2t , (0 ≤ t ≤ π)
z=0
x = cos τ
T2 ≡ y = sin τ , (0 ≤ τ ≤ 2π)
z=0
x = cos 2θ
T3 ≡ y = sin 2θ , (0 ≤ θ ≤ 2π)
z=0
2. (1, 3t2 , t3 ), 0 ≤ t ≤ 1.
22CAPÍTULO 1. ELEMENTOS DE GEOMETRIA DIFERENCIAL EM R3
√
3. (t + 1, 2 3 2 t3/2 , 12 t2 ), 1 ≤ t ≤ 2:
F = ma.
(2π)2
T 2 = r03
6M
(o quadrado do período é proporcional ao cubo do raio), que é uma das três
leis descobertas empiricamente por Kepler antes de terem sido formuladas
as leis de Newton. Esta lei permite-nos determinar o período de um satélite
dada a velocidade ou vice-versa.
1. (6t, 3t2 , t3 ); t = 0.
3. (cos2 t, 3t − t3 , t); t = 0.
√
4. (t sin t, t cos t, 3t; t = 0.
√
5. ( 2t, et , e−t ); t = 0.
Exercício 13 Suponhamos que uma partícula segue a trajectória (et , e−t , cos t)
até que, em t = 1, salta da curva para a sua tangente. Qual é a posição da
partícula em t = 2?
t0 = d × t, n0 = d × n e b0 = d × b.
1. Sob que condições, poderá µ(t) ter velocidade nula para algum t0 ?
2. x2 y 2 + y − z + 1 = 0; (0, 0, 1).
8. y 2 − x2 = 3; (1, 2, 8).
27
28 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA E DE SUPERFÍCIE
Pela regra da cadeia, h∇f (r(t)), r0 (t)i = (d/dt)(f (r(t)), logo, uma vez que
f (r(t)) é uma função real de variável real, podemos usar o Teorema funda-
mental do cálculo, para obter
Z Z t2
d
Φ= (f (r(t))dt = f (r(t2 )) − f (r(t1 )) = f (Q) − f (P ).
C t1 dt
Teorema 27 Um campo vectorial F (x, y, z) = (f1 (x, y, z), f2 (x, y, z), f3 (x, y, z))
é conservativo se e só se
∂f3 ∂f2 ∂f3 ∂f1 ∂f1 ∂f2
= , = e = .
∂y ∂z ∂x ∂z ∂y ∂x
No caso bidimensional Φ(x, y) = (f1 (x, y), f2 (x, y)), a condição equiva-
lente ao campo ser conservativo, é
∂f1 ∂f2
= .
∂y ∂x
∂f1 ∂f2
= 9y = ,
∂y ∂x
Teorema 29 (Green) Sejam Φ(x, y) = (P (x, y), Q(x, y)) um campo vecto-
rial sobre o plano, com as derivadas parciais de P e Q contínuas, D uma
região sobre o plano delimitada pela curva C, então
Z Z Z µ ¶
∂Q ∂P
Φ= − dxdy,
C D ∂x ∂y
Vamos demonstrar este teorema apenas para certas regiões (que são si-
multâneamente do tipo 1 e do tipo 2). A demonstração no caso geral, prende-
se com o facto de que qualquer região do plano, delimitada por uma curva,
poder ser decomposta em regiões deste tipo.
Consideremos uma região do tipo 1, caracterizada pela figura 2.4:
Uma vez que (P, Q) = (P, 0)+(0, Q), obtivémos assim uma demonstração
do Teorema de Green para regiões que sejam simultâneamente do tipo 1 e
do tipo 2.
Exemplo 31 Seja Φ(x, y) = (y, −x) e seja C a circunferência de raio r,
percorrida
R no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Vamos escrever
C
Φ como um integral duplo, usando o Teorema de Green.
Temos que ∂Q
∂x
− ∂P
∂y
= −2 e que D é o círculo de raio r, logo
Z Z Z
Φ= −2dxdy = −2(área D) = −2πr2 .
C D
2.4. TEOREMA DE GREEN 37
que é a área de D.
38 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA E DE SUPERFÍCIE
(− ∂f
∂x
, − ∂f
∂y
, 1)
n= r .
¡ ∂f ¢2 ³ ∂f ´2
1 + ∂x + ∂y
40 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA E DE SUPERFÍCIE
À expressão s µ ¶2 µ ¶2
∂f ∂f
dA = 1+ + dxdy,
∂x ∂y
chamamos elemento de área na superfície. Temos então
∂f ∂f
ndA = (− , − , 1)dxdy
∂x ∂y
e definimos o integral de superfície da seguinte forma:
RR R R h³ ∂R ∂Q
´¡
∂z
¢
S
hrot Φ, nidA = D ∂y
− ∂z
− ∂x
¡ ∂P ∂R
¢ ³ ∂z ´ ³ ∂Q ∂P
´i (2.1)
+ ∂z
− ∂x − ∂y + ∂x − ∂y
dxdy.
Por outro lado, tomando σ(t) = (x(t), y(t)), t ∈ [a, b] uma parametrização
de D, então η(t) = (x(t), y(t), f (x(t)), f (y(t))) é uma parametrização de ∂S
que preserva a orientação, logo
Z Z b
dx dy dz
Φ= P + Q + R dt;
∂S a dt dt dt
mas, pela regra da cadeia,
dz ∂z dx ∂z dy
= + .
dt ∂x dt ∂y dt
42 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA E DE SUPERFÍCIE
logo Z
1
hrot Φ(Pρ ), ni = 2 Φ
πρ ∂Dρ
e daí Z
1
hrot Φ(P0 ), ni = lim 2 Φ
ρ→0 πρ ∂Dρ
Teorema 43 (Gauss) Seja W uma região no espaço, limitada por uma su-
perfície ∂W . Consideremos a normal unitária n que aponta para o exterior
de W . Então, sendo V um campo vectorial definido em W , temos que
Z Z Z Z Z
div V dxdydz = hV, nidA.
W ∂W
48 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA E DE SUPERFÍCIE
Exemplo 44 Calculemos
Z Z
hF, nidA, onde F (x, y, z) = (xy 2 , x2 y, y)
S
mas
∂ ∂ 2 ∂
div F = (xy 2 ) + (x y) + (y) = x2 + y 2 ,
∂x ∂y ∂z
logo
RRR RRR
div F dxdydz = (x2 + y 2 )dxdydz
W
R 1 ³W
RR 2 2
´
= −1 2 2
x +y ≤1
(x + y )dxdy dz
RR 2 2
= 2 x2 +y2 ≤1 (x + y )dxdy.
é a carga total em W .
2.7 Exercícios
Exercício 24 Calcule o trabalho efectuado pelo campo de forças Φ(x, y, z) =
(x, y, 0) quando uma partícula é movida ao longo da trajectória (3t2 , t, 1); 0 ≤
t ≤ 1.
Mostre que o trabalho efectuado pela força gravitacional para uma partículap
se moverpde (x1 , y1 , z1 ) para (x2 , y2 , z2 ) depende apenas dos raios R1 = x21 + y12 + z12
e R2 = x22 + y22 + z22 .
Exercício 30 Calcule Z
(x, xy, 1),
C
1. AODEF .
2. F EDO.
3. BOEF .
4. BAODEF .
2.7. EXERCÍCIOS 51
Figura 2.8:
2. (x2 y, 21 x3 + yey ).
1. Φ = (2x, −y, x + z), C é a curva que consiste nos segmentos que unem
os pontos (1, 0, 1), (0, 1, 0), (0, 0, 1).
54 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA E DE SUPERFÍCIE
2. Φ = (xy, yz, xz), C é a curva que consiste nos segmentos que unem os
pontos (2, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 3).
2. div (rot Φ) = 0.
3. Φ(x, y) = (y, ex ), ao cruzar o perímetro do quadrado de vértices (0, 0), (1, 0), (1, 1), (0, 1
Números Complexos
57
58 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
1. z1 + z2 = z1 + z2 .
2. z1 z2 = z1 z2 .
5. z = z se e só se z ∈ R.
z+z z−z
6. Re z = 2
e Im z = 2
.
7. z = z.
x3 x5 x2 x4
sin x = x − + − · · · , cos x = 1 − + − ··· .
3! 5! 2! 4!
Analogamente, a função exponencial, ex , pode ser definida como
x2 x 3
ex = 1 + x + + + ··· .
2! 3!
Vamos em seguida extender estas funções ao plano complexo, ou seja,
vamos definir estas funções em C de forma a que as suas restrições à recta
real coincidam com as usuais sin x, cos x e ex .
Vamos começar pela exponencial. Tomando um número real x, sabemos
que
x2 x 3
ex = 1 + x + + + ··· .
2! 3!
Parece então natural definir eiy , para y ∈ R, como
(iy)2 (iy)3
eiy = 1 + iy + + + ··· .
2! 3!
Notando que i4n = 1, i4n+1 = i, i4n+2 = −1 e i4n+3 = −i para qualquer
natural n (exercício), é fácil rearranjar a série anterior na forma
µ ¶ µ ¶
iy y2 y4 y3 y5
e = 1− + − ··· + i y − + − ··· .
2! 4! 3! 5!
Definição 54
eiz − e−iz eiz + e−iz
sin z = e cos z = .
2i 2
3.1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 63
Dem. Se ez1 = ez2 , então ez1 −z2 = 1, logo z1 − z2 = 2inπ para algum
inteiro n. Mas, uma vez que tanto z1 como z2 , pertencem ambos a Ay0 , onde
a diferença entre as partes imaginárias de quaisquer dois pontos é menor que
2π, temos necessariamente z1 = z2 , logo ez restringida a Ay0 é injectiva.
Para demonstrar a sobrejectividade, basta-nos verificar que, tomando
qualquer w ∈ C\{0}, a equação ez = w tem solução em Ay0 . Tomando
z = x + iy, a equação ex+iy = w é equivalente às duas equações ex = |w|
e eiy = w/|w|. A solução da primeira é x = log |w|, onde log é o logaritmo
real. A segunda equação tem infinitas soluções y, diferindo por múltiplos
inteiros de 2π, mas uma e apenas uma se encontra no intervalo [y0 , y0 + 2π].
Este y é simplesmente arg w com o domínio da função argumento fixado em
[y0 , y0 + 2π].
64 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
significa que, para qualquer ² > 0, existe um δ > 0 tal que, se |z − z0 | < δ
então |f (z) − a| < ².
f (z) − f (z0 )
lim .
z→z0 z − z0
2. f g é analítica em A e (f g)0 = f 0 g + f g 0 .
3.1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 67
∂2u ∂ ∂u ∂ ∂v ∂ 2v
= = =
∂x2 ∂x ∂x ∂x ∂y ∂x∂y
e µ ¶
∂ 2u ∂ ∂u ∂ ∂v ∂2v
2
= = − =− ,
∂y ∂y ∂y ∂y ∂x ∂y∂x
logo
∂ 2u ∂ 2u
∇2 u = + =0
∂x2 ∂y 2
e u é harmónica. Note-se que analogamente se verifica que v é harmónica.
A demonstração da recíproca utiliza resultados directamente relacionados
com a fórmula integral de Cauchy, que saem do âmbito destas notas, portanto
vamos omiti-la.
Quando existe uma função analítica f tal que f = u + iv, dizemos que u
e v são conjugados harmónicos. Como if também é analítica, então −v e u
também são conjugados harmónicos.
Podemos concluír do Teorema anterior que qualquer função harmónica
numa dada região de C, tem um conjugado harmónico nessa região, o qual é
facilmente determinado utilizando as equações de Cauchy-Riemann.
logo, integrando v em ordem a y, temos que v = 2xy + g(x). Por outro lado,
∂v ∂u
= 2y + g 0 (x) = − = 2y
∂x ∂y
u(x, y) = constante = c1
e
u(x, y) = constante = c2
definem curvas suaves. Então as intersecções entre estas duas curvas, são
ortogonais.
Dem. Sabemos de trás que basta verificar que grad u e grad v são per-
pendiculares. O seu produto interno é
∂u ∂v ∂u ∂v
hu, vi = + ,
∂x ∂x ∂y ∂y
que é zero pelas equações de Cauchy-Riemann.
Terminamos esta secção com o enunciado do seguinte resultado funda-
mental sobre as funções harmónicas.
Dem.
logo
S 0 (T (z))T 0 (z) = 1
e daí T 0 (z) 6= 0.
As transformações fraccionais lineares são de grande utilidade, devido às
suas propriedades geométricas, isto é ilustrado no próximo teorema, o qual
não demonstraremos.
Teorema 85 Qualquer aplicação conforme do disco D = {z : |z| < 1} em si
próprio, é uma aplicação linear fraccionária da forma
(z − z0
T (z) = eiθ
1 − z0z
para algum z0 ∈ D fixo e θ ∈ [0, 2π[, por outro lado, qualquer T com esta
forma é uma aplicação conforme de D em si próprio.
Então a única forma de aplicar um disco em si próprio através de uma
aplicação conforme, é utilizando uma aplicação linear fraccionária. Mas esta
aplicações têm ainda duas propriedads adicionais, como veremos nos dois
teoremas que se seguem.
Teorema 86 Seja T uma transformação linear fraccionária. Se L ⊂ C fôr
uma recta e S ⊂ C uma circunferência, então T (L) é uma recta ou uma
circunferência, tal como T (S).
Dem.
Podemos escrever T na forma T4 ◦ T3 ◦ T2 ◦ T1 , onde T1 (z) = z + d/c,
T2 (z) = 1/z, T3 (z) = (bc − ad)z/c2 e T4 (z) = z + a/c (Se c = 0, fica
simplesmente T (z) = (a/d)z + b/d). É óbvio que T1 , T3 e T4 transformam
rectas em rectas e circunferências em circunferências, logo basta-nos verificar
a proposição para T2 (z) = 1/z. Sabemos da geometria analítica que uma
recta ou uma circunferência, são determinadas pela equação
Ax + By + C(x2 + y 2 ) = D,
para constantes A, B, C, D, não todas nulas. Sejam z = x + iy 6= 0 e 1/z =
u + iv onde u = x/(x2 + y 2 ) e v = −y/(x2 + y 2 ), temos então que a equação
anterior é equivalente a
Au − Bv − D(u2 + v 2 ) = −C
que representa igualmente uma recta ou uma circunferência.
3.4. APLICAÇÕES CONFORMES 77
Condução do calor
Figura 3.5:
Figura 3.6:
10 ³ ´
−1 y
T (x, y) = T0 (log(x + iy)) = tan .
π x
FIGURAS
Potencial eléctrico
Em física aprendemos que, se um potencial elétrico ϕ fôr determinado por
cargas eléctricas estáticas, então ϕ tem que satisfazer a equação de Laplace,
ou seja, tem que ser harmónica. A função conjugada Φ de ϕ interpreta-se da
seguinte forma: As curvas ao longo das quais Φ é constante são as curvas ao
longo das quais viaja uma pequena carga de teste, e são chamadas linhas de
fluxo. Os vectores tangentes a estas curvas são dados por −grad ϕ = E e são
designados como campo eléctrico.
Então as linhas de fluxo e as curvas equipotenciais (linhas para as quais
ϕ é constante) intersectam-se transversalmente.
O problema de Dirichlet surge de forma natural na electrostática, uma vez
que a fronteira é normalmente mantida com um dado potencial (por exemplo
através do uso de uma bateria ou de uma ligação à terra).
FIGURAS
Hidrodinâmica
Se tivermos um fluxo incompressível e não viscoso, interessa-nos deter-
minar o seu campo de velocidades, V (x, y). Sabemos de trás que "incom-
pressível" significa que a divergência div V = 0 (dizemos que V é livre de
divergência). Vamos também assumir que V é livre de circulação, ou seja,
que V = gradϕ para algum ϕ a que chamaremos potencial de velocidade. Ob-
viamente ϕ é harmónica, pois ∇2 V = div grad ϕ = 0. Então, se resolvermos
o problema em relação a ϕ obtemos imediatamente V através de V = grad ϕ.
Considerando o conjugado harmónico ψ de ϕ, à função analítica F =
ϕ + iψ chamamos potencial complexo. As curvas de ψ constante, têm V
84 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
como tangente (porquê?), então estas linhas podem ser interpretadas como
as linhas ao longo da quais se movem as partículas do fluido (ver figura ???).
A condição de fronteira natural é que V deve ser paralelo à fronteira (o
fluido flui paralelo às paredes). Isto significa que ∂ϕ/∂n = 0, temos então o
problema de Neumann em relação a ϕ.
Consideremos de novo o semi-plano superior. Um movimento fisicamente
aceitável obtém-se fixando V (x, y) = α = (α, 0) ou ϕ(x, y) = αx = Re(αz),
com α real. O fluxo correspondente a a V é paralelo ao eixo real, com
velocidade α. Note-se que neste caso ϕ não é limitado, pois o comportamento
no infinito para fluxos, temperaturas e potencial eléctrico, é distinto devido
às suas características físicas.
Então para determinar o fluxo numa região devemos transformar a região
so semi-plano superior e usar a solução ϕ(x, y) = αx, sendo α especificado
como a velocidade no infinito. É claro que, se f é uma aplicação conforme da
região dada no semi-plano superior, então o potencial complexo pretendido
é dado por F (z) = αf (z).
1
F (z) = α(z + .
z
1. Se existir o limite
|an |
lim ,
n→∞ |an+1 |
2. Se existir o limite p
n
ρ = lim |an |,
n→∞
Temos então que qualquer série de potências define uma função analítica
no interior do seu círculo de convergência, mas será que qualquer função
analítica pode ser representada por uma série de potências? O próximo
teorema dá uma resposta positiva a esta questão.
3.6. REPRESENTAÇÃO EM SÉRIE 87
Função Série
P∞ de Mac-Laurin Validade
zn
ez C
Pn=0
∞
n!
n+1 z 2n−1
sin z n=1 (−1) (2n−1)!
C
P∞ n z 2n
cos z (−1) C
Pn=0
∞
(2n)!
n−1 z n
log(1 + z) n=1 (−1) n!
|z| < 1
(ramo principal)
Quando f é analítica em torno de z0 , a série de Taylor permite-nos obter
para f (z) em torno de z0 , uma expansão em série de potências convergente.
Mas a série de Taylor não se aplica a funções tais como f (z) = 1/z ou
ez /z 2 , em torno de z0 = 0, pois elas não são analíticas nesse ponto. Para
tais funções existe outra expansão, a expansão de Laurent, que usa potências
inversas de z em vez de potências de z. Esta expansão é particularmente
importante no estudo dos pontos singulares das funções e leva-nos a outro
resultado fundamental da Análise Complexa, o Teorema dos Resíduos, que
enunciaremos mais à frente.
Seja h : [a, b] ⊂ R → C uma função, portanto podemos escrever h(t) =
u(t) + iv(t), definimos então
Z b Z b Z b
h(t)dt = u(t)dt + i v(t)dt.
a a a
Temos então
Definição 100 Se f é analítica numa região A que não contém z0 mas que
contém uma vizinhança apagada de z0 , diz-se que z0 é uma singularidade
isolada de f .
90 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
bk b1
k
+ ··· + + a0 + a1 (z − z0 ) + · · · .
(z − z0 ) z − z0
bk b1
A parte (z−z 0)
k + · · · + z−z , chamada parte principal de f em z0 , diz-nos o
0
"quão singular" é f em z0 .
Se f tiver uma singularidade removível em z0 , então
∞
X
f (z) = an (z − z0 )n
n=0
3.7 Resíduos
Seja f analítica numa região A e seja z0 ∈ A. Dizemos que f tem um zero
de ordem k em z0 se e só se f (z0 ) = · · · = f (k−1) (z0 ) = 0 e f (k) (z0 ) 6= 0.
Como veremos mais à frente, determinar a expansão de Laurent não é
tão importante como calcular o resíduo b1 e este cálculo pode ser feito sem
determinar a série de Laurent, usando as técnicas do teorema seguinte.
3.7. RESÍDUOS 91
g tem um zero
g(z) polo (k)
5-f (z) = de ordem k (k + 1) hg(k+1)
(z0 )
h(z) simples (z0
e h de ordem k + 1
g(z0 ) 6= 0
g(z) polo de 0
2 g(z0 )h000 (z0 )
6-f (z) = h(z0 ) = 0 = h0 (z0 ) 2 hg00(z(z00)) − 3 [h00 (z0 )]2
h(z) ordem 2
h00 (z0 ) 6= 0
g(z) polo de
7-f (z) = (z−z0 )2
g(z0 ) 6= 0 g 0 (z0 )
ordem 2
g(z0 ) = 0, g 0 (z0 ) 6= 0,
g(z) polo de 00
3 g 0 (z0 )h(iv) (z0 )
8-f (z) = h(z0 ) = 0 = h0 (z0 ) 3 hg000(z(z00)) − 2 [h000 (z0 )]2
h(z) ordem 2
= h00 (z0 ), h000 (z0 ) 6= 0
k é o menor inteiro
tal que ∃ lim ϕ(z) polo de (k−1)
9-f (z) z→z0 lim ϕ(k−1)!(z)
onde ordem k z→z0
ϕ(z) = f (z)(z − z0 )k
(k−1)
g tem um zero lim ϕ(k−1)!(z)
g(z) polo de z→z0
10-f (z) = de ordem l onde
h(z) ordem k
e h de ordem l + k ϕ(z) = (z − z0 )k f (z)
O Teorema dos resíduos, que enunciaremos em seguida, é um dos resul-
tados mais importantes da análise complexa e leva-nos rapidamente a apli-
cações importantes, algumas das quais apresentaremos na próxima secção.
Teorema 102 (Teorema dos resíduos) Seja A uma região com z1 , · · · , zn ∈
92 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
R
Exemplo 103 Consideremos γ dz/(z 2 − 1), onde γ é a circunferência com
centro em 0 e raio 2 percorrida no sentido anti-horário. A função 1/(z 2 −1) =
1/[(z − 1)(z + 1)] tem singularidades nos pontos −1 e 1. Aplicando 3 do
Teorema 101, temos que são ambos polos simples e que
z+1 1
Res(f, −1) = lim =− ,
z→−1 z 2
−1 2
da mesma forma temos Res(f, 1) = 1/2. Por outro lado, I(γ, −1) = I(γ, 1) =
1, logo µ ¶
Z
1 1 1
2
dz = 2iπ − + = 0.
γ z −1 2 2
3.8. CÁLCULO DE INTEGRAIS IMPRÓPRIOS 93
P resíduos de f
1- f (x)dx dos quais no eixo real e
−∞ 2iπ no semi-plano
|f (z)| ≤ M/|z|2
superior
para |z| suf. grande
R ∞ P (x)
dx =
R∞ P e Q polinómios; −∞ Q(x)
2- P (x)
dx grau Q ≥ grau P + 2 P resíduos de P/Q
−∞ Q(x)
Q não tem zeros reais 2iπ no semi-plano
R ∞ iax superior
a > 0; |f (z)| ≤ M/|z| −∞
e f (x)dx = I =
iaz
para |z| suf. gde. e f P res. de e f (z)
não tem 2iπ no semi-plano
R∞ polos no eixo real; superior
3a- eiax f (x)dx
−∞ ou f (z) = P (z)/Q(z) Se a < 0,I =
com grau P res. de eiaz f (z)
Q ≥ 1+grau P e −2iπ no semi-plano
R∞ Q não tem zeros reais R∞ inferior
cos(ax)f (x)dx cos(ax)f (x)dx = Re I
b- R−∞
∞ f real no eixo real R−∞∞
sin(ax)f (x)dx sin(ax)f (x)dx = Im I
−∞ R−∞2π
0 µ
R(cos θ, sin θ)dθ = 2iπ× ¶
R 2π R racional e P res. de f "dentro"
4- 0
R(cos θ, sin θ)dθ R(cos θ, sin θ) do círculo unitário
contínua em θ f (z)¡=¡ ¢ ¡ ¢¢
1
iz
R 21 z + z1 , 2i1 z − z1 .
94 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
3.9 Exercícios
Exercício 55 Escreva os seguintes números complexos na forma a + bi:
1. (2 + 3i) + (4 + i).
2. (2 + 3i)(4 + i).
2+3i
3. 4+i
.
4. (8 + 6i)2 .
1 3
5. i
+ 1+i
.
4. z 3 .
2. z 4 + i = 0.
(3 + 8i)4
.
(1 + i)10
Exercício 61 Calcule todos os valores de: log 1, log i, log −i, log(1 + i).
96 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
1. (z + 1)3 .
2. z + z1 .
¡ 1
¢10
3. z−1
.
1
4. (z 3 −1)(z 2 +2)
.
1. z 2 + z.
2. 1/z.
3. sin z/ cos z.
z 3 +1
4. e z−1 .
2. lim sinz|z| .
z→0
2. u(x, y) = ex cos y.
Exercício 74 Sendo a, b, c, d números reais tais que ad > bc, mostre que
T (z) = (az + b)/(cz + d) deixa invariante o semi-plano superior.
P
∞ n
z
2. en
.
n=0
P
∞ n
3. n! nz n .
n=0
P
∞ n
z
4. n
.
n=0
1. sin z 2 , z0 = 0.
3.9. EXERCÍCIOS 99
2. e2z , z0 = 0.
sin z
3. z
, z0 = 1.
4. z 2 ez , z0 = 0.
5. ez sin z, z0 = 0.
1. Z
dz
,
γ (z + 1)3
onde (a) γ é o quadrado com vértices 0, 1, 1 + i, i; (b) γ é a circunfer-
ência de raio 2 centrada em 0.
2. Z
z
dz,
γ z2 + 2z + 5
onde γ é a circunferência unitária.
3. Z
dz
,
γ ez−1
onde γ é a circunferência de raio 9 centrada em 0.
3.9. EXERCÍCIOS 101
4. Z
5z − 2
dz,
γ z(z − 1)
onde γ é qualquer circunferência de centro em 0 e raio maior que 1.
5. Z 2
e−z
dz,
γ z2
onde γ é o quadrado com vértices −1 − i, 1 − i, −1 + i, 1 + i.
R
+∞
dx
2. 1+x6
.
0
R
+∞
cos mx
3. 1+x4
dx.
0
R
+∞
x sin x
4. 1+x2
dx.
0
R
+∞
xa−1
5. 1+x3
dx, 0 < a < 3.
0
102 CAPÍTULO 3. NÚMEROS COMPLEXOS
Capítulo 4
y 00 + 2ty 0 − y = et
y1 = y e y2 = y10 .
103
104 CAPÍTULO 4. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Para que esta definição faça sentido, é necessário que a série de potências
defina realmente ume matriz, isto é dado pelo seguinte teorema, o qual não
demonstraremos aqui.
Teorema 106 Seja A uma matriz do tipo n × n com entradas reais ou com-
plexas,então a série de potências
∞
X Ak
k=0
k!
é convergente, no sentido em que cada uma das suas entradas é uma série
numérica convergente.
(k)
Seja cij a entrada ij de Ak . Temos então que
"∞ #
X∞ k k X k (k)
t A t c ij
= .
k=0
k! k=0
k!
Isto mostra que a derivada E 0 (t) existe e é dada pela série de potências
∞
̰ !
X k
t k+1 X k
t k
E 0 (t) = A = A A = E(t)A.
k=0
k! k=0
k!
Dem. É imediato verificar que etA B é solução. Seja agora F uma solução
qualquer e consideremos a função matricial
Teorema 110 Seja A uma matriz constante do tipo n×n e seja B um vector
de dimensão n. Então o problema de valor inicial
tem uma solução única no intervalo −∞ < t < +∞. Esta solução é dada
pela fórmula
Y (t) = etA B.
Mais geralmente, a única solução do problema de valor inicial
é dada por
Y (t) = e(t−a)A B.
Derivando F (t) e usando o facto de que B comuta com etA temos que
F 0 (t) = (A+B)et(A+B −AetA etB −BetA etB = (A+B)(et(A+B −etA etB ) = (A+B)F (t).
Mas F (0) = 0, logo F (t) = 0 para todos os t, ou seja, et(A+B) = etA etB e com
t = 1 concluímos o resultado.
A = diag(λ1 , · · · , λn ),
Ak = diag(λk1 , · · · , λkn ).
e, mais geralmente,
Ak = CDk C −1 .
Temos então que, neste caso,
∞ ∞
à ∞
!
X tk X tk X tk
etA = Ak = CDk C −1 = C Dk C −1 = CetD C −1 .
k=0
k! k=0
k! k=0
k!
Pelo Teorema 110 a solução é Y (t) = etA B, daí temos que calcular etA .
Esta matriz ·tem valores
¸ próprios λ1 = 6, λ2 = 1, existe então uma matriz
a b
invertível C = tal que C −1 AC = D, onde D = diag(λ1 , λ2 ).Para
c d
determinar C escrevemos AC = CD, o que dá
· ¸· ¸ · ¸· ¸
5 4 a b a b 6 0
= .
1 2 c d c d 0 1
4e + e 4e − 4e
= 15 .
e6t − et e6t + 4et
Concluímos finalmente que a solução do sistema é dada por
· ¸ · ¸· ¸
y1 1 4e6t + et 4e6t − 4et 2
= ,
y2 5 e6t − et e6t + 4et 3
isto é,
y1 = 4e6t − 2et , y2 = e6t + 2et .
112 CAPÍTULO 4. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Teorema 114 Seja A uma matriz do tipo n × n com todos os seus valores
próprios iguais a λ, então
n−1 k
X t
etA = eλt (A − λI)k .
k=0
k!
onde
n
Y A − λj I
Lk (A) = para k = 1, 2, · · · , n.
λk − λj
j=1
j 6= k
Estes polinómios têm o nome de coeficientes de interpolação de Lagrange.
λ = α + iβ e µ = α − iβ, β 6= 0,
4.5 Exercícios
Exercício 93 Verifique que a propriedade de linearidade dos integrais, se
mantém para integrais de funções matriciais.
1. (P + Q)0 = P 0 + Q0 .
2. (P Q)0 = P Q0 + P 0 Q.
1. · ¸ · ¸
1 2 c1
A= , Y (0) = .
2 −1 c2
2. · ¸ · ¸
−5 3 1
A= , Y (0) = .
−15 7 1
3.
3 −1 1 1
A = 2 0 1 , Y (0) = −1 .
1 −1 2 2
4.
2 0 0 c1
A = 0 1 0 , Y (0) = c2 .
0 1 1 c3
4.5. EXERCÍCIOS 115
5.
0 1 0 1
A= 0 0 1
, Y (0) = 0 .
−6 −11 −6 0
6.
−2 2 −3 8
A= 2 1 −6 , Y (0) = 0 .
−1 −2 0 0
116 CAPÍTULO 4. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Capítulo 5
Séries de Fourier
117
118 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FOURIER
F (x) = c1 x + c2 ,
c2 = 0 e c1 L + c2 = 0,
c1 = 0 e c2 sin λL = 0.
sin λL = 0,
n2 π 2
λ2n = 2 , (5.10)
L
chamamos autovalores do problema dado em 5.8 e 5.9, e às funções
nπx
Fn (x) = sin , (5.11)
L
chamamos autofunções. Não há necessidade de considerar os valores nega-
tivos de λn , pois estes conduziriam apenas a autofunções diferindo apenas no
sinal em relação às outras obtidas com os λn positivos.
Vejamos agora a segunda equação diferencial ordinária em 5.7. A sua
solução geral é da forma
G(t) = eσKt . (5.12)
Logo, para cada n = 1, 2, 3 · · · , temos uma função
2 π 2 Kt/L2 nπx
un (x, t) = e−n sin , (5.13)
L
120 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FOURIER
com a e b constantes.
Portanto, qualquer expressão da forma
N
X
cn un (x, t),
n=1
5.1. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO PROBLEMA DA CONDUÇÃO DO CALOR121
nπ(x + T ) nπx
sin = sin ∀x∈R ,
L L
equivale a
π nπT π
sin cos = sin ,
2 L 2
o que implica
nπT
cos =1
L
e, daí, usando a fórmula fundamental da trigonometria, obtemos
nπT
sin = 0.
L
e, daí, como Z Z
L L
nπx nπx
cos dx = sin dx = 0,
−L L −L L
temos Z L
1
a0 = f (x)dx. (5.19)
L −L
Z L ½
nπx mπx L, se n = m ≥ 1
cos cos dx = (5.21)
−L L L 0, se n 6= m, n, m ≥ 1;
Z L ½
nπx mπx L, se n = m ≥ 1
sin sin dx = (5.22)
−L L L 0, se n 6= m, n, m ≥ 1;
Agora, multiplicando 5.18 por cos mπx/L, para m ≥ 1 fixado, e inte-
grando, obtemos Z L
mπx
f (x) cos dx = am L. (5.23)
−L L
De modo semelhante, obtemos
Z L
mπx
f (x) sin dx = bm L. (5.24)
−L L
Finalmente, de 5.20, 5.23 e 5.24, obtemos
Z
1 L nπx
an = f (x) cos dx, n ≥ 0 (5.25)
L −L L
e Z L
1 nπx
bn = f (x) sin dx, n ≥ 1. (5.26)
L −L L
Note-se que, a introdução do 1/2 antes do a0 , nos permitiu obter uma
fórmula única para todos os an .
Seja então f : R → R uma função periódica de período 2L, integrável e
absolutamente integrável em cada intervalo limitado. Aos números an para
n ≥ 0 e bn para n ≥ 1 definidos em 5.25 e 5.26, chamamos coeficientes de
Fourier da função f .
1 X³ nπx ´
∞
nπx
f (x)” = ” + an cos + bn sin , (5.27)
2 n=1 L L
126 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FOURIER
1.
1, se x ≥ 1
f (x) = 1/n, se 1/(n + 1) ≤ x < 1/n, n = 1, 2, · · ·
−1, se x < 0.
2.
+1, se x > 0
f (x) = 0, se x = 0
−1, se x < 0.
3.
+1, se 0 ≤ x < π
f (x) = 0, se − π ≤ x < 0
e periódica de período 2π.
4. ½
|x|, se |x| ≤ 1
f (x) =
e periódica de período 2.
5.5. SÉRIE DE FOURIER 127
Temos que Z Z
π π
1 1
a0 = f (x)dx = dx = 1.
π −π π 0
Para n 6= 0, temos
Z π Z
1 1 π
an = f (x) cos nxdx = cos nxdx = 0,
π −π π 0
Z
1 π 1
bn = sin nxdx = (1 − cos nπ,
π 0 nπ
128 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FOURIER
então
2
b2k = 0 e b2k−1 = , k = 1, 2, · · · .
(2k − 1)π
A série de Fourier será, então,
∞
1 X 2
f (x) = + sin(2k − 1)x.
2 n=1 (2k − 1)π
Podemos agora usar estes resultados para obter uma expressão em série
para o número π:
No ponto x = π/2, pelo Teorema de Fourier, a série de Fourier é igual a
1, logo
1 X
∞
2 ³ π´
1= + sin (2k − 1) ,
2 k=1 (2k − 1)π 2
ou seja,
π X
∞
1 ³ π´
= sin (2k − 1) ,
4 k=1
(2k − 1) 2
finalmente, temos
X (−1)k−1 ∞
π 1 1 1
= 1 − + − + −··· = ,
4 3 5 7 k=1
2k − 1
5. O produto de uma função par por uma função ímpar é uma função
ímpar.
Das duas proposições anteriores, concluímos então que, f fôr uma função
par, periódica de período 2L, integrável e absolutamente integrável, então
Z L
2 nπx
an = f (x) cos dx e bn = 0,
L 0 L
Como f2 é uma função par, temos uma série de cosenos, cujos coeficientes
são Z
2 L
a0 = (L − x)dx = L,
L 0
e Z
2 L nπx
an = (L − x) cos dx.
L 0 L
Fazendo uma mudança de variáveis como no exemplo anterior, e integrando
por partes, obtemos
2L
an = 2 2 (1 − (−1)n ),
nπ
5.7. CÁLCULO DE ALGUMAS SÉRIES DE FOURIER 131
ou seja,
4L
a2k = 0, a2k−1 = , k = 1, 2, · · · .
(2k − 1)2 π 2
Portanto, a série de Fourier da função f2 é
∞
L 4L X 1 (2k − 1)πx
f2 (x) = + 2 2
cos .
2 π k=1 (2k − 1) L
4L2
an = − (−1)n .
n2 π 2
Portanto, a série de Fourier da função f3 é
∞
L2 4L2 X (−1)n nπx
f3 (x) = + 2 2
cos .
3 π n=1 n L
Vejamos um exemplo:
132 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FOURIER
ou seja, Z L
1
cn = f (x)e−inπx/L dx.
2L −L
Definimos também Z L
a0 1
c0 = = f (x)dx.
2 2L −L
Resumindo, demonstrámos que, se f : R → R fôr periódica de período 2L,
integrável a absolutamente integrável, então a série de Fourier de f poderá
ser escrita na forma ∞
X
cn einπx/L ,
−∞
onde Z L
1
cn = f (x)e−inπx/L dx, para n = 0, ±1, ±2, · · · .
2L −L
5.9 Exercícios
1. Defina uma função periódica de período 2 e igual a x2 no intervalo
aberto ]0, 2[. Há mais do que uma resposta? E se a função pedida fosse
igual a x2 no intervalo [0, 2[?
2. Se f e g forem periódicas de período T , mostre que f + g e f g serão
também periódicas de período T .
3. Se f fôr periódica de período T , mostre que λf será periódica com o
mesmo período, onde λ é um número real dado.
4. Se f fôr uma função diferenciável, de período T , mostre que f também
é periódica com o mesmo período.
5. Mostre que sin ax + sin bx é periódica se e só se a/b é racional.
6. Calcule a série de Fourier da função f (x) = sin2 x.
7. Calcule a série de Fourier da função f (x) = cos5 x.
8. Calcule a série de Fourier da função
(
sin x se sin x ≥ 0
f (x) =
0 se sin x = 0.
134 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FOURIER
10. Mostre que, se f é uma função par, e f (x) 6= 0 para todos os x, então
1/f é uma função par. Mesmo problema para funções ímpares.
11. Mostre que, se f fôr par e diferenciável, então f 0 será ímpar, e que, se
f fôr ímpar e diferenciável, então f 0 será par.
f (x) = x, 0 ≤ x < π
19. Se α não fôr inteiro, use a forma complexa para obter as séries de
Fourier das funções
20. Use a forma complexa para obter a série de Fourier das função
e periódica de período 2π
137