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POTI/TOPMAT UFPR
Nível 2
3ª edição
2024
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM
MATEMÁTICA OLÍMPICA
Prezado Estudante,
Bons estudos!
4
Sumário
Apresentação 3
Introdução 9
1 Expressões Algébricas 11
1.1 Introdução e definições . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3 Manipulação de expressões . . . . . . . . . . . . . . 16
Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 Equações 43
3.1 Elementos de uma equação . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2 Equações explícitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5
3.2.1 Manipulação algébrica . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.2 Substituição de variáveis . . . . . . . . . . . . 47
3.3 Equações implícitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.3.1 Fórmula de Bhaskara . . . . . . . . . . . . . 49
3.3.2 Relações de Girard . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.3.3 Resolução por fatoração . . . . . . . . . . . . 51
Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4 Inequações 63
4.1 Definições iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.1 Reflexividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.2 Anti-simetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.3 Transitividade . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.4 Aditiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.2.5 Cancelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.2.6 Multiplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.2.7 Relações com o quadrado . . . . . . . . . . . 67
4.3 Intervalos reais e interpretação gráfica . . . . . . . . 68
4.4 Métodos de resolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.4.1 Manipulação algébrica . . . . . . . . . . . . . 70
4.4.2 Inequações com fatorial e potência . . . . . . 71
4.4.3 Inequação produto e quociente . . . . . . . . 72
Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5 Sequências I 79
5.1 Sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.1.1 Fórmulas posicionais e recorrências . . . . . . 80
5.2 Progressões Aritméticas . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6 Sequências II 97
6.1 Progressões Geométricas . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.2 Recorrências lineares de primeira ordem . . . . . . . 104
7 Indução 115
7.1 Método Indutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
6
8 Binômio de Newton 131
8.1 Somatórios e Produtórios . . . . . . . . . . . . . . . 131
8.2 Fórmula do Binômio de Newton . . . . . . . . . . . . 133
8.3 Triângulo de Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
7
8
Introdução
Equipe POTI/TOPMAT
Nível 2
2024
10
Aula 1
Expressões Algébricas
11
12 POTI/TOPMAT
1(Número Escolhido)1
Ou seja, com 1 na casa das centenas e 1 na casa das unidades. E
no meio, na casa das dezenas, temos exatamente x, o número entre
0 e 9 que for escolhido.
Em outros casos, a incógnita x serve para quando estamos pro-
curando um certo valor. Por exemplo: Qual é o número que mul-
tiplicado por 4 resulta em 12? Representamos isso por 4x = 12, e
encontramos x dividindo 12 por 4. Para encontrar esse (e outros)
x precisamos de propriedades de manipulação algébrica, que
veremos a seguir.
Aula 1 - Expressões Algébricas 15
1.2 Propriedades
2x + 4 + x + 7 − 4x
= (2x + x − 4x)(+4 + 7)
= −x + 11
o x quanto o 5.
3(x + 5) = 3x + 15.
As expressões em suas diferentes versões (mais simplificada, ou mais
complicada) são chamadas de expressões algébricas equivalen-
tes. Por exemplo,
2(x + 6y + 12 − 2x + 4) e − 2x + 12y + 32
a a+b
B a−b
a A
b
Figura 1.1: Figuras A e B
(13x2 y 3 + 2)2
= 13x2 y 3 + 2 · 13x2 y 3 + 2
= 13x2 y 3 · 13x2 y 3 + 13x2 y 3 · 2 + 2 · 13x2 y 3 + 2 · 2
2
= 13x2 y 3 + 2 · 26x2 y 3 + 22
= 132 x4 y 6 + 52x2 y 3 + 4
= 169 x4 y 6 + 52x2 y 3 + 4
□
As ferramentas que vimos nessa aula já facilitam muito a reso-
lução dessas questões. Mas, será que há um jeito ainda mais fácil
ainda de manipular essa expressão? Pense sobre isso até nossa pró-
xima aula.
1
Essa igualdade é realmente “notável” e você a verá novamente na Aula 2.
Aula 1 - Expressões Algébricas 19
Exercício resolvido
1 3 1 1
(a) + (b) + .
x 2 x y
15 ÷ 3 5 5 × 3 15
= ou = .
6÷3 2 2×3 6
2x . Portanto:
2
1 3 2 3x 2 + 3x
+ = + = .
x 2 2x 2x 2x
No item (b) basta achar um denominador comum para a soma
1
x + y1 , que pode ser xy. Logo, multiplicando o numerador e deno-
minador da primeira parcela por y, e o numerador e denominador
da segunda parcela por x, teremos:
1 1 y x y+x
+ = + = .
x y xy xy xy
□
20 POTI/TOPMAT
Exercícios Propostos
1. (OBMEP 2018) Qual é o valor da expressão
2424242 − 1212122
?
242424 × 121212
2. Calcule as expressões abaixo:
• 127 × 2018 + 127 × 2019 + 127 × 2020.
• 172731723821 × 18237493 − 72731723821 × 18237493
• 9437267255 × 6422542 − 9437267255 × 6422541
3. Deixe as expressões abaixo na forma expandida:
• (x + 1)2 • (x + 5)2
• (2x + 1)2 • (x + y)2
Como 8100 é maior que 9100 , concluímos que 2300 é maior que
3200 .
Aula 1 - Expressões Algébricas 21
10 1
=a+ .
7 1
b+
c
22007 + 22005
!
× 2006
22006 + 22004
22 POTI/TOPMAT
(a) x2
(b) xy.
4. Para que 23.4a8 seja TOP devemos ter 3+4+a = 2·8. Encon-
tre o a correspondente para que a igualdade seja verdadeira.
Exercícios Adicionais
Tente resolver esses exercícios sozinho(a), e caso necessário, peça
ajuda ou tire dúvidas com o(a) professor(a)!
2 ⊗ (2 ⊗ (2 ⊗ 2))
.
((2 ⊗ 2) ⊗ 2) ⊗ 2)
por x?
26 POTI/TOPMAT
Aula 2
Produtos Notáveis e
Fatoração
27
28 POTI/TOPMAT
□
Agora, como podemos generalizar essa conta? Utilizando os con-
ceitos que vimos na Aula 1, vamos atribuir uma variável para esse
número genérico. Chamando-o de n, conseguimos escrever o suces-
sor de qualquer número como n + 1. Então, pede-se:
(n + 1)2 = (n + 1)(n + 1)
=n·n+n·1+1·n+1·1
= n2 + 2 · 1 · n + 1
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2
(a − b)2 = a2 − 2ab + b2
1
Você consegue estabelecer alguma relação entre a versão expandida de (x+y)2 e
(x+y)3 ? Será que existe alguma relação com (x+y)4 ? Será possível estabelecer
uma outra maneira de encontrar sua forma expandida sem precisar abrir o
produto manualmente ou decorar a fórmula?
Pense sobre isso. Quem sabe um dia não voltamos nesse assunto?
30 POTI/TOPMAT
(a + b) · (a − b) = a2 − b2
(a + b) · (a2 − ab + b2 ) = a3 + b3
(a − b) · (a2 + ab + b2 ) = a3 − b3
2.2 Fatoração
O Exemplo 2.3 foi um caso de fatoração, onde reconhecemos o
quadrado de uma soma em sua forma expandida. A técnica que usa-
mos não é um ponto fora da curva; aliás, é bem comum precisarmos
32 POTI/TOPMAT
x2 + 6x + 9 + 9 = (x + 3)2 + 9.
□
a2 − b2 = (a + b)(a − b)
(a + b) · (a2 − ab + b2 ) = a3 + b3
(a − b) · (a2 + ab + b2 ) = a3 − b3
2.2.7 Agrupamento
Seguindo na linha de pensamento de encontrar termos repetidos,
temos a fatoração por agrupamento, que pode ser vista como uma
fatoração por evidência evoluída. Nela, tiramos em evidência termos
compostos, e muitas vezes aplicamos múltiplas vezes a fatoração por
evidência.
Exemplo 2.7. Fatore 2x2 + 6xy + x + 3y.
Solução. Primeiro, observe que 2x2 + 6xy e x + 3y são muito pa-
recidos, com a diferença que a primeira expressão está multiplicada
por 2x. Então, podemos tirar 2x em evidência e escrever
2x2 + 6xy = 2x(x + 3y).
Voltando a expressão original, agora temos:
2x(x + 3y) + x + 3y.
Assim, tirando desta vez x + 3y em evidência obtemos:
2x(x + 3y) + x + 3y = 2x(x + 3y) + 1 · (x + 3y)
= (2x + 1)(x + 3y).
□
Exercícios resolvidos
Solução. Quando lemos uma questão assim pela primeira vez, pode
parecer muito complicado de resolver. Mas não é pra tanto. Nosso
curso de álgebra serve, dentre outros motivos, para justamente nos
dar ferramentas para facilitar essas resoluções.
Nesse exemplo, podemos usar a fatoração. Observe que todos os
coeficientes são múltiplos de 7, então vamos tirá-lo em evidência:
se a · b = 0, necessariamente a = 0 ou b = 0.
Obviamente 7 ̸= 0, então:
8x3 − 12x2 + 6x − 1 = 0.
8x3 − 12x2 + 6x − 1 = 23 x3 − 3 · 22 x2 + 3 · 2x − 1 = 0.
(2x)3 − 3 · (2x)2 · 1 + 3 · 2x · 12 − 13 = 0
(2x − 1)3 = 0.
36 POTI/TOPMAT
2x − 1 = 0
m n
1010 1009
338 335
1010 −1009
338 −335
−1010 −1009
−338 −337
−1010 1009
−338 335
□
38 POTI/TOPMAT
Exercícios Propostos
1. Simplifique os polinômios abaixo:
x2 y + 2y x2 − y 2
• •
x2 + 2 x−y
x7 y 3 z 4 + xy 4 z 3 x2 + 2x + 1
• •
xyz 3 x+1
• 2x2 + 4x − 10 = 0. • x2 − 19 = 0.
• 3x2 + 2x + 6 = 0. • x2 + 25 = 0.
• x2 + 2x = 0.
• x2 − 25 = 0.
• x2 − 13x = 0.
• x2 + 4x + 25 = 0. • (x − 2019)(x + 2020) = 0.
• 4x2 + 3x + 1 = 0. • (x − a)(x − b) = 0.
20153 − 13
.
1 + 20152 + 20162
É interessante substituir x = 2015.
1 1 a−4
+ = e ab = 4024.
a b 2012
Qual o valor de a − b?
1 − 3(ab)2
.
a6 + b6
i.
5
3x2 + 5x + 1 = 0 ⇔ x2 + ·x+1=0
3
5 1 5 1
⇔ x2 + 2 · · x + = 0 ⇔ x2 + 2 · · x = −
6 3 6 3
Mas:
5 5 25
2
x+ = x2 + 2 ·
·x+
6 6 36
1 25 −12 + 25 13
=− + = = .
3 36 36 36
q q
Logo, x + 5
6 = 13
36 ou x + 5
6 =− 36 .
13
ii.
x2 − 64 = 0 ⇔ x2 − 82 = 0 ⇔ (x − 8)(x + 8) = 0
⇔ x − 8 = 0 ou x + 8 = 0 ⇔ x = 8 ou x = −8.
4. Faça a substituição sugerida. Em seguida utilize os produtos
notáveis para simplificar a expressão.
5. Utilize os produtos notáveis de quadrados e cubos.
√ √ √
6. Mostre que 5 + 2 6 é da forma ( a + b)2 . Note que √ deve-
√
remos ter a · b = 6 e a + b = 5, se expandirmos ( a + b)2 .
7. Deixe o lado esquerdo em denominador comum ab.
8. Utilize a soma dos cubos para fatorar a6 + b6 = (a2 )3 + (b2 )3 .
Em seguida calcule (a2 + b2 )2 e relacione essa expressão com
a expressão a4 − a2 b2 + b4 .
9. Multiplicando por 5 e completando quadrados, mostre que
(5x + 3)2 + (5y + 1)2 = 500. Encontre os quadrados que so-
mados dão 500 e verifique quais (5x + 3)2 e (5y + 1)2 podem
satisfazer.
10. Expanda as duas últimas parcelas e fatore c − b na expressão.
Em seguida utilize a identidade (a−b)(a−c) = a2 −(b+c)a+bc.
Aula 2 - Produtos Notáveis e Fatoração 41
Exercícios Adicionais
Tente resolver esses exercícios sozinho(a), e caso necessário, peça
ajuda ou tire dúvidas com o(a) professor(a)!
Exercício 2.1. Carla fará aniversário mês que vem e percebeu que
sua idade será igual ao produto da soma pela diferença da idade de
suas filhas, Ana e Bianca. Sabendo que Ana é 4 anos mais nova que
Bianca:
(b) A idade que Carla fará é par ou ímpar? Justifique com base
na resposta do item anterior.
(b) x2 − 2x − 1
(c) 4x + 4x2 + 42
(d) 3x(3x + 2)
42 POTI/TOPMAT
a2 − 1 a2 + 2a + 1
x= −
a−1 a+1
Exercício 2.6 (Desafio). Simplifique a expressão a seguir, sabendo
que a − b = 1, e a e b são diferentes de zero:
a4 − ab3 + a4 b − ab4 − a3 b + b4
.
a4 + a2 b2 + b4
Resposta: 1.
Aula 3
Equações
2x = y + 1 e a + b + c + d + . . . + y + z = 0
43
44 POTI/TOPMAT
Sem ele, ela não existe.1 Dessa forma, é muito importante não o
utilizarmos, e de maneira correta.
Veja agora exemplos de expressões que não são consideradas
equações:
• 4 = 3 + 1, pois não possui incógnitas;
• 5 ≤ 3x, pois é uma inequação; e
• 3x + 4 − y, pois não temos uma relação de igualdade.
x2 − 3 = 6
x2 − 3 + 3 = 6 + 3
x2
−3+3
= 6+3
x2 = 9
√ √
x2 = 9
√ √
x2 = 9
x = ±3.
Soma e subtração
Podemos somar ou subtrair valores de ambos os lados da equa-
ção, sem alterar seu resultado:
x3 + 7x − 5 = x3 − 6x + 10
x3 + 7x − 5 + 8 = x3 − 6x + 10 + 8
x3 + 7x + 3 = x3 − 6x + 18.
Produto
Podemos multiplicar ou dividir valores de ambos os lados da
equação sem alterar seu resultado:
x2 + 2x = 2x2 + x + 3
3 · (x2 + 2x) = 3 · (2x2 + x + 3)
3x2 + 6x = 6x2 + 3x + 9.
1·0=0 e 2·0=0
1·0=2·0
Dividindo por 0 em ambos os lados da equação:
0 0
1· =2·
0 0
Aula 3 - Equações 47
1·1=2·1
1=2
Parece que a nossa afirmação realmente não estava certa, afinal.
Sempre que dividimos algo por 0 chegaremos em uma indetermi-
nação, ou seja, algo que matematicamente não é verdade. E desta
forma não podemos nem ao mesmo dizer que existe um valor para
0.
0
3x2 + 6x = 6x2 + 3x + 9
(3x2 + 6x) ÷ 3 = (6x2 + 3x + 9) ÷ 3
x2 + 2x = 2x2 + x + 3.
√ √
(2 x + y)2 = t2
obtemos:
t2 − 14t + 48 = 0.
i. x = 0 e y = 36;
ii. x = 1 e y = 16;
iii. x = 4 e y = 4;
iv. x = 9 e y = 0;
v. x = 0 e y = 64;
vi. x = 1 e y = 36;
vii. x = 4 e y = 16;
viii. x = 9 e y = 4;
ix. x = 16 e y = 0.
√ √
Perceba que as quatro primeiras satisfazem 6 = 2 x + y, e as
√ √
cinco restantes satisfazem 8 = 2 x + y (Confira!)
Aula 3 - Equações 49
x3 + x = 0.
ax2 + bx + c = 0,
x2 + 5x − 6 = 0.
∆ = 52 − 4 · 1 · (−6) = 25 + 24 = 49.
x(x2 + 3x + 3) = 0.
Daí, segue que x = 0 e/ou x2 +3x+3 = 0 (que não possui raízes reais,
pois o discriminante desta equação do segundo grau é negativo).
Então, x = 0 é a única raiz real.
Outra forma de resolver essa equação seria completando cubos,
isto é, utilizando a fatoração do produto notável:
x3 + 3x2 + 3x = 0
x3 + 3x2 + 3x + 1 − 1 = 0
(x + 1)3 − 1 = 0.
Exercícios resolvidos
(2 − x) + (3 − x) = 5 − 2x.
| {z } | {z }
peso mochila 1 peso mochila 2
(5 − 2x) + x = 6
5−x=6
x=5−6
x = −1.
2 − (−1) = 2 + 1 = 3,
Aula 3 - Equações 53
3 − (−1) = 3 + 1 = 4.
Descobrimos então o peso de verdade das mochilas, 3 kg e 4 kg
respectivamente. □
Exemplo 3.6. Encontre o valor de x2 , dado que 1 − 4
x + 4
x2
= 0.
Solução. Denotemos y = x.
2
Então, y2 = 4
x2
, e consequentemente:
4 4
1− + = 1 − 2y + y 2 = 0.
x x2
Fatorando-se com produtos notáveis, temos:
(1 − y)2 = 0 ⇒ 1 − y = 0 ⇒ y = 1.
80
2 x y 5
54 POTI/TOPMAT
80
2x2 y 5xy 2
2x xy 5y
2 x y 5
□
Exemplo 3.8. (OBMEP 2018) Marcos comprou 21 litros de tinta.
Ele usou água para diluir essa tinta até que a quantidade de água
acrescentada fosse 30% do total da mistura. Quantos litros de água
ele usou?
Solução. Vamos chamar de x a quantidade de água que foi acres-
centada à mistura. Note que, então, x + 21 é o volume total.
Como 30% da mistura é igual a 100 30
(x + 21), esta deve ser a
quantidade de água x acrescida. Então, chegamos na equação:
30
x= (x + 21)
100
100x = 30(x + 21)
100x = 30x + 630
100x − 30x = 630
70x = 630.
Portanto, x = 630
70 = 9. □
Aula 3 - Equações 55
Exercícios Propostos
1. (OBMEP 2015) A figura representa um conjunto de pesos
suspensos em equilíbrio. Se o círculo pesa 40 g, quanto pesa o
retângulo?
Observação: desconsidere o peso das barras horizontais e dos
fios.
x2 − x + 1.
1 1 1
+ +
(b − c)2 (c − a)2 (a − b)2
x2 − (r + s)x + rs + 2010 = 0
Exercícios Adicionais
Tente resolver esses exercícios sozinho(a), e caso necessário, peça
ajuda ou tire dúvidas com o(a) professor(a)!
x2 − 112x + 11c = 0.
(a) 3x + 15 = 2x + 18
(b) 1
2
2x
3 + 1
4 = 1
3
1
2 −x
62 POTI/TOPMAT
(c) n − 8−n
5 =7− 8−n
5
Inequações
M =A
M =A+4
M ≥A
A≤M
63
64 POTI/TOPMAT
4.2 Propriedades
Agora veremos como podemos manipular nossas inequações. As-
sim como nas equações, muitas vezes precisamos reescrever a expres-
são que temos no enunciado para conseguir solucionar o problema.
Contudo, cuidado: nem todas as proposições que vimos ante-
riormente são válidas aqui. Vejamos o que é novidade e o que é
igual ao que estudamos na Aula 3.
E a cada propriedade, substitua valores reais para as incógnitas,
para conseguir visualizar exemplos em que as propriedades fazem
sentido.
4.2.1 Reflexividade
Todo número é maior ou igual a ele mesmo.
x≥x
4.2.2 Anti-simetria
Quando temos dois números quaisquer a e b, então ou a é maior
ou igual a b, ou a é menor ou igual a b. A única forma das duas
opções ocorrerem simultaneamente é que os valores sejam iguais:
a ≥ b, b ≥ a =⇒ a = b
4.2.3 Transitividade
Essa propriedade envolve 3 números reais quaisquer: x, y e z. Se
x é maior ou igual que y, que por sua vez é maior que um terceiro
66 POTI/TOPMAT
4.2.4 Aditiva
Assim como em uma igualdade, podemos somar/subtrair qual-
quer valor real aos dois lados da inequação sem alterar a relação.
x ≥ y ⇐⇒ x + z ≥ y + z
e
x ≥ y ⇐⇒ x − z ≥ y − z
Alternativamente, quando temos duas inequações a ≥ b e c ≥ d,
preservamos a desigualdade somando o maior com o maior e o menor
com o menor:
a + c ≥ b + d.
4.2.5 Cancelamento
Este é o caso que gera mais erros quando estamos manipulando
desigualdades. Veja o seguinte exemplo:
−8 ≤ −6
(−2)
· 4 ≤ (−2)
· 3
4≤3
−8 ≤ −6
2 · (−4) ≤ 2 · (−3)
−4 ≤ −3
4.2.6 Multiplicação
Pensando na propriedade anterior, já sabemos que devemos to-
mar cuidado com o sinal. Na realidade, a regra é basicamente a
mesma:
x2 ≥ 0.
E naturalmente vem a pergunta: para quais valores de x essa
desigualdade vale?
68 POTI/TOPMAT
0 ≤ x ≤ 1 =⇒ x2 ≤ x.
x ≥ 1 =⇒ x2 ≥ x
Sobre essa reta estão todos os números reais, sejam eles positivos,
negativos ou nulo (o zero). Veja, por exemplo, o ponto a = 2:
3x − 12 < 0
3x < 12
12
x<
3
x<4
2
Perceba que podemos utilizar as duas notações simultaneamente. O intervalo
(2, 8], por exemplo, é o conjunto dos números que são estritamente maiores
do que 2, mas menores ou iguais a 8. Neste caso, o conjunto é chamado de
semiaberto ou semifechado.
Aula 4 - Inequações 71
x ≤ −4 e x ≥ 5
ou, utilizando intervalos:
Exercícios resolvidos
140 √
, 2, − 7 e 10.
99
Solução. Como −7 é um número negativo √ e todos os outros são
positivos, então ele é menor que 140 , 2 e 10. Também temos que
√ 99 √
140
= 1, 414141 . . . e 2 = 1, 414213 . . ., logo 140
< 1, 4142 < 2.
99 √ 99
Além disso, 2 < 1, 4143 < 10. Portanto,
140 √
−7 < < 2 < 10.
99
□
Exemplo 4.3. Mostre que para qualquer número real a, temos que
a2 + 1 ̸= 0.
Aula 4 - Inequações 75
Exercícios Propostos
1 1 1 1 1 1 1
1. Mostre que − + − + ... − + > .
2 3 4 5 99 100 5
2. (OBMEP 2014) Qual número é maior, 2300 ou 3200 ? Bem,
calcular explicitamente tais números é algo bem difícil, mesmo
com a ajuda de uma calculadora ou de um computador. En-
tretanto, podemos descobrir sem calculá-los explicitamente!
Observe:
2300 = 23·100 = (23 )100 = 8100 ,
4(a3 + b3 ) ≥ (a + b)3 .
Sequências I
5.1 Sequências
Uma sequência de números reais é uma lista ordenada de núme-
ros reais, que pode ser infinita ou finita. Uma sequência infinita
é representada por (an ) = (a1 , a2 , a3 , . . .), na qual representamos
quem é o primeiro número da sequência por a1 , o segundo por a2 ,
e assim sucessivamente. Já uma sequência finita com N termos é
representada por (an ) = (a1 , a2 , . . . , aN ). Neste caso, aN denota o
último termo da sequência. Dizemos que ak é o k-ésimo termo da
sequência em ambos os casos.
Diremos que duas sequências são iguais apenas se possuírem os
mesmos números na mesma ordem. Por exemplo,
79
80 POTI/TOPMAT
(1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 0, 1, 2, 3, 4, . . .).
an = n2 , para n ≥ 1 inteiro.
Aula 5 - Sequências I 81
□
Exemplo 5.3. Os números naturais podem ser expressos através
da sequência (1, 2, 3, 4, 5, . . .). Observe que esta é uma sequência
infinita determinada pela fórmula posicional an = n (n ≥ 1 inteiro),
já que a1 = 1, a2 = 2, e assim sucessivamente. □
Para sequências determinadas por uma fórmula posicional, é co-
mum denotar o primeiro termo a partir de zero. Assim, a sequência
tem a forma (a0 , a1 , a2 , . . .). Logo, neste caso, podemos reescrever
a fórmula posicional da sequência do Exemplo 5.3 como an = n + 1
para n ≥ 0 inteiro.
A lei de formação de uma sequência também pode ser deter-
minada através de uma relação entre os seus termos. Neste caso,
quando um termo qualquer de uma sequência é determinado por
termos anteriores a ele, dizemos que esta lei de formação representa
uma relação de recorrência.
Exemplo 5.4. Observe a sequência Fn = (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13..). Note
que 2 = 1 + 1, 3 = 2 + 1, 5 = 3 + 2 e assim sucessivamente para
todos os termos da sequência. Ou seja, todos os termos com n ≥ 3
são determinados pela soma dos dois termos anteriores a ele. Sendo
assim, esta é uma relação de recorrência que pode ser expressa por:
□
Essa sequência é muito famosa na matemática e é conhecida
como sequência de Fibonacci 1 , batizada em homenagem ao mate-
mático que a enunciou. Essa sequência possui diversas aplicações.
Veja abaixo uma delas que ilustra como a sequência de Fibonacci
pode ser relacionada com o crescimento dos galhos de uma árvore.
1
Leonardo Bonacci, matemático italiano conhecido como Fibonacci.
82 POTI/TOPMAT
Exemplo 5.5. Observe a sequência (5, 9, 13, 17, 21, 25). Note que
9 = 5 + 4, logo, a2 = a1 + 4; e 13 = 9 + 4, ou seja, a3 = a2 + 4;
e assim sucessivamente para todos os seus termos. Sendo assim, a
sequência é determinada pela relação de recorrência:
sendo a1 = 5. □
A relação de recorrência representada no exemplo anterior é
também classificada como progressão aritmética. Esse tipo de
recorrência é muito importante na Matemática e frequentemente é
abordada em problemas de olímpiada.
an+1 = an + r
(a1 , a2 , a3 , a4 , a5 , a6 ).
a2 = a1 + r e a3 = a2 + r = (a1 + r) + r = a1 + 2r.
a6 = a5 + r = a4 + 2r = a3 + 3r = a2 + 4r = a1 + 5r.
84 POTI/TOPMAT
a6 = 400 + 5 · 30 = 550.
an = a1 + (n − 1)r.
para todo n ≥ 1.
(a1 , a2 , a3 , a4 , a5 , a6 , . . . an ).
O diagrama:
+r +r +r +r +r
a1 −→ a2 −→ a3 −→ · · · −→ an−1 −→ an
an = a1 + (n − 1)r.
□
Aula 5 - Sequências I 85
an = ak + (n − k)r,
an = ak + (n − k)r,
a20 − a5
a20 = a5 + (20 − 5)r =⇒ a20 = a5 + 15r =⇒ r = .
15
Substituindo os valores dados pelo enunciado (a5 = 30 e a20 = 60),
podemos concluir que:
60 − 30
r= =⇒ r = 2.
15
Assim, a razão da PA é 2. Agora, podemos utilizar a5 e r para
encontrar o a8 :
a8 = a5 + (8 − 5)r = a5 + 3r = 30 + 3 · 2 = 36.
□
Exemplo 5.9. Verifique se as triplas de números são parte de uma
PA:
1 3 5
!
(a) (1, 2, 4)
(b) , , .
2 2 2
Solução. Suponha que (a, b, c) são termos de uma PA, nesta ordem.
Segue da definição de uma PA que a diferença entre seus termos deve
ser constante. Se (a, b, c) é uma PA, então, b − a = r e c − b = r,
para uma razão r. Assim,
a+c
b − a = c − b ⇔ 2b = a + c ⇔ b = .
2
Portanto (a, b, c) são parte de uma progressão aritmética somente
a+c
quando b = . Então, nos itens:
2
1+4 5
(a) Temos que = . Logo (1, 2, 4) não é parte de uma PA.
2 2
1 5
+ 3 1 3 5
!
(b) Temos que 2 2 = . Logo , , é parte de uma PA.
2 2 2 2 2
□
Exemplo 5.10. Calcule a soma S = 1 + 2 + 3 + 4 + . . . + 97 + 98 +
99 + 100.
Solução. Note que há 100 parcelas nessa soma.
Perceba também que 1 + 100 = 2 + 99 = 3 + 98 = 4 + 97 = 101
e se somarmos as parcelas com a mesma distância dos extremos,
ainda obteremos 101.
Então, vamos escrever a soma na mesma ordem das parcelas e
na ordem contrária, ou seja:
S = 1 + 2 + 3 + 4 + . . . + 97 + 98 + 99 + 100
S = 100 + 99 + 98 + 97 + . . . + 4 + 3 + 2 + 1
Aula 5 - Sequências I 87
10100
2S = 100 · 101 = 10100 ⇒ S = = 5050.
2
□
O raciocínio que utilizamos acima pode ser aplicado para de-
monstrar a soma dos n primeiros termos de uma PA qualquer.
(a1 + an )n
Sn = a1 + a2 + . . . + an−1 + an = .
2
(a1 , a2 , a3 , a4 , a5 , a6 , . . . an ).
A partir do diagrama:
+r +r +r −r −r −r
a1 −→ a2 −→ a3 −→ . . . ←− an−2 ←− an−1 ←− an
concluímos que:
Problemas Resolvidos
1. (ITA) Prove que se uma PA é tal que a soma dos seus n pri-
meiros termos é igual a n+1 vezes a metade do n-ésimo termo,
então a razão é r = a1 .
Solução. Segundo o enunciado a soma dos n primeiros termos
da sequência é Sn , então:
an
Sn = (n + 1)
.
2
Como vimos anteriormente, a soma dos n termos de uma PA
pode ser expressa por:
(a1 + an )n
Sn = .
2
Portanto, as duas fórmulas para o Sn devem levar ao mesmo
resultado. Logo:
an (a1 + an )n
(n + 1)= .
2 2
Multiplicando ambos os lados por 2 e aplicando a distributiva
encontramos:
an · n + an = a1 · n + an · n
Aula 5 - Sequências I 89
=⇒ an = a1 · n.
a1 + (n − 1) · r = a1 · n
=⇒ (n − 1) · r = a1 · n − a1 =⇒ (n − 1) · r = a1 · (n − 1)
a1 (n − 1)
=⇒ r = =⇒ r = a1 .
(n − 1)
Assim, concluímos que r = a1 . □
(a2n + an+1 )n
a2n + a2n−1 + . . . + an+1 =
2
(an + a1 )n
e an + an−1 + . . . + a1 = .
2
Logo, se r é a razão da PA, então:
2 + (3n − 1)r
c= ⇒ 2c + c(n − 1)r = 2 + (3n − 1)r
2 + (n − 1)r
2c − 2 2(c − 1)
Como a razão r = = é
3n − 1 − c(n − 1) (3 − c)n + c − 1
constante, então r não pode depender de n. Para que isso
aconteça, devemos ter 3 − c = 0 ⇒ c = 3.
Logo,
2(3 − 1)
r= = 2.
(3 − 3)n + 3 − 1
Exercícios Propostos
S = 12 − 22 + 32 − 42 + 52 − 62 + 72 + . . . − 19982 + 19992 .
a) Calcule x2 , x3 e x4 .
b) Verifique que a sequência é estritamente crescente, ou seja,
que xn > xn−1 para todo inteiro positivo n.
c) Perceba que a sequência parece crescer muito poucoo. Após
calcular alguns termos iniciais, poderíamos suspeitar que ne-
nhum termo excede 2016, mas de fato vamos provar que exis-
tem termos maiores que 2016. Para isso, vamos usar a sequên-
cia auxiliar yn = x3n . Prove que yn > Yn−1 +3 para todo n ≥ 2.
d)Prove que existe um número N tal que xN > 2016.
19. Suponha que (a, b, c) e (a2 , b2 , c2 ) são uma PA. Mostre que
a = b = c.
Dica: Use que a + c = 2b e a2 + c2 = 2b2 . Com isso mostre
que a2 + 2ac + c2 = 4b2 , logo a2 + 2ac + c2 = 2a2 + 2c2 .
20. Três números em PA. são tais que seu produto é igual ao
quadrado da sua soma. Sabendo-se que são inteiros, positivos,
distintos e sua soma é menor que 40, podemos dizer que a
soma desses três números é?
Dica: Três termos de uma PA podem ser escritos da forma
(a − r, a, a + r). Mostre que para que seja possível encontrar
três números reais positivos e distintos em PA tais que seu
produto é igual ao quadrado da sua soma é necessário que
(a2 − r2 )a = 9a2 e disso com conclua que a sua soma é maior
que 27, ou equivalentemente, que a > 9. Para a condição que
os termos sejam inteiros é necessário verificar que a soma é
multiplo de três e testar as somas inteiras possíveis entre 27 e
40.
96 POTI/TOPMAT
Aula 6
Sequências II
(a0 , a1 , a2 , a3 , a4 , a5 )
97
98 POTI/TOPMAT
temos:
120000
a1 = 120000 + = 180000.
2
Poderíamos seguir o mesmo raciocínio com cada termo até chegar
ao a5 , que representa a população depois de 5 anos. Porém, este
método é muito trabalhoso e não seria eficaz caso fosse pedido a
população depois de 10 anos, por exemplo. Assim, vamos analisar
algebricamente como cada termo é definido. Segundo o enunciado,
podemos reescrever a1 e a2 como:
120000 a0 3a0
a1 = 120000 + = a0 + =
2 2 2
a1 3a1
a2 = a1 + = .
2 2
3a0
Como a1 = podemos reescrever a2 como
2
!2
3 3a0 3
a2 = · = · a0 .
2 2 2
3
an = · an−1 , para n ≥ 2.
2
Ou seja, cada termo da sequência é igual a 23 do termo anterior a
ele. A sequência deste exemplo é uma progressão geométrica.
As progressões geométricas possuem muitas propriedades inte-
ressantes, para entendê-las e utilizá-las precisamos, primeiramente,
definir o que é uma progressão geométrica.
a2 a3 a4 an+1
= = = ... = = q.
a1 a2 a3 an
Exemplo 6.3. Verifique se as triplas são parte de uma PG:
100 POTI/TOPMAT
b c
= ⇔ b2 = ac.
a b
Portanto (a, b, c) é uma PG somente quando b2 = ac.
Então, nos itens:
(b) Temos que 5·245 = 1225 = (d) Temos que (−2) · (−18) =
352 . Logo (5, 35, 245) é 36 = 62 . Logo (−2, 6, −18)
parte de uma P. G. são termos de uma P. G.
□
De modo análogo a como trabalhamos com as PA’s, podemos
encontrar uma fórmula para o termo geral de uma PG.
an = a1 · q n−1 ,
para todo n ≥ 1.
não é que você decore fórmulas e sim entenda como podemos encontrá-
las. A seguir daremos uma ideia de como demonstrar a fórmula
anterior.
Demonstração. A demonstração dessa fórmula é muito similar a
feita para as PA’s. O diagrama
·q ·q ·q ·q ·q
a1 −→ a2 −→ a3 −→ . . . −→ an−1 −→ an
an = a1 · q · q · · · q = a1 · q n−1 .
| {z }
n−1 termos
□
Observação: A demonstração possui ainda mais um passo, que
envolve o método indutivo que será apresentado na Aula 7.
Utilizando um raciocínio análogo ao da demonstração acima, é
possível encontrar uma relação mais geral para o termo geral da PG.
an = ak · q n−k ,
a1 (q n − 1) an+1 − a1
Sn = = .
q−1 q−1
4 · 2n−1 = 1024.
2 · 2n = 1024.
2n = 512 ⇔ 2n = 29 ⇔ n = 9.
Logo, n = 9. □
Exemplo 6.5. Qual é o valor da seguinte soma de potências de 2?
S = 20 + 21 + 22 + 23 + 24 + . . . + 22020 .
an = 1 · 2n−1 .
ak
ak+1 =
1 + 2ak
a1 1 1
a1+1 = a2 = = = ,
1 + 2a1 1 + 2 · 1 3
1 1
a2 3 1 3 1
a2+1 = a3 = = = 3= · = .
1 + 2a2 1 5 3 5 5
1+2·
3 3
Quando k = 3 temos:
1 1
a3 5 1 5 1
a3+1 = a4 = = = 5= · = .
1 + 2a3 1 7 5 7 7
1+2·
5 5
Logo,
1 1 1
!
(ak )k≥1 = , , ,... .
1 3 5
Observe que os denominadores de cada termo da sequência, aumen-
tam como em uma PA de termo inicial 1 e razão 2. Assim, podemos
1
dizer que ak = , sendo bk uma PA de b1 = 1 e r = 2. Observe
bk
que:
bk = (1, 3, 5, 7, . . .).
106 POTI/TOPMAT
bk = b1 + (k − 1) · r = 1 + (k − 1) · 2 = 2k − 1.
1 1
ak = = .
bk 2k − 1
□
O que fizemos anteriormente foi escrever a sequência ak em fun-
ção de uma outra sequência, a sequência bk , que por ser uma PA já
sabíamos como trabalhar. Escrever uma sequência em função de ou-
tra que conhecemos, como uma PA ou PG, é muito útil na resolução
de exercícios.
Problemas Resolvidos
1. Se (a, b, c) formam, nessa ordem, uma PA e uma PG, então
mostre que a = b = c. Logo, uma sequência só é simultane-
mante uma PA e uma PG se ela for constante.
Solução. Sabemos que se (a, b, c) é parte de uma PA, então
a+c
b= .
2
Ademais, como (a, b, c) também faz parte de um PG, temos
que b2 = ac. Logo, combinando as duas relações entre os
termos encontrados segue que:
!2
(a + c) (a + c)2
b2 = ac ⇔ = ac ⇔ = ac
2 4
a2 + 2ac + c2
⇒ = ac ⇒ a2 + 2ac + c2 = 4ac
4
⇒ a2 − 2ac + c2 = 0.
Aula 6 - Sequências II 107
Figura 6.1
a2 = a1 + 6 = a1 + 3 · 2,
a3 = a2 + 9 = a2 + 3 · 3.
an = an−1 + 3n.
108 POTI/TOPMAT
a3 = a2 + 3 · 3 = a1 + 3 · 2 + 3 · 3 = 3 + 3 · 2 + 3 · 3 = 3 · (1 + 2 + 3).
bn = (1, 2, 3, . . . , n).
3n(n + 1)
an = 3 · Sn = .
2
Portanto, como o lado do triângulo equivale ao índice do termo
da sequência (a1 representa o triângulo de lado 1, e assim
sucessivamente) para saber o lado do triângulo construído com
135 palitos, substituímos 135 no valor de an e resolvemos a
equação do 2º grau para encontrar o valor de n. Logo,
3n(n + 1)
= 135 =⇒ 3n(n + 1) = 270
2
=⇒ n(n + 1) = 90 =⇒ n2 + n − 90 = 0.
Aula 6 - Sequências II 109
Aplicando Bhaskara,
√
− 1 ± 12 + 40 − 1 ± 19
n= = =⇒ n = −10 ou n = 9.
2 2
Como o lado de um triângulo deve ser um valor positivo con-
cluímos que n = 9. Assim, o triângulo formado com 135 pali-
tos possui 9 palitos formando o seu lado. □
2S = 3S − S
(3, 32 , 33 , 34 , . . . 3100 ).
qn − 1
Sn = a1 · ,
q−1
podemos reescrever a soma acima como:
(3100 − 1)
3 + 32 + 33 + 34 + . . . + 3100 = 3 · .
2
Portanto, podemos reescrever 2S como:
5
2S = (502 · 3101 − 2) − (3101 − 3)
2
1
=⇒ S = (999 · 3101 + 11).
4
Logo, a soma S é expressa por:
1
S = (999 · 3101 + 11).
4
□
Aula 6 - Sequências II 111
Exercícios Propostos
Figura 6.2
1 3 5 99
S= + 2 + 3 + . . . + 50 .
2 2 2 2
Aula 6 - Sequências II 113
F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F1 0 F1 1 F1 2
0 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89 144
Indução
115
116 POTI/TOPMAT
1. 1 ∈ A.
2. Se r ∈ A, então, r + 1 ∈ A.
Então, A = N.
Este axioma é conhecido como primeiro princípio da indu-
ção, e vamos utilizá-lo para demonstrar que uma proposição é válida
para todos os números naturais.
Vamos definir agora um outro conjunto, I, similar a A:
I = {r ∈ N; P (r) é verdadeira},
• 1 ∈ I.
• Se r ∈ I, então, r + 1 ∈ I.
1. P (1) é verdadeira.
Método Indutivo
n(n + 1)
1 + 2 + 3 + ... + n = .
2
Vamos demonstrar esta fórmula utilizando o princípio da indução.
Solução. Seja P (n) = n(n+1)
2 , a propriedade que queremos provar
ser válida para todos os naturais. Então a base da indução é:
1(1 + 1)
P (1) = =1
2
Logo, P (1) é verdadeira. Vamos agora provar o passo indutivo.
Ele consiste em assumir que P (r) é verdadeira, seja r qualquer valor
natural, e a partir disso provar que P (r + 1) é verdadeira. Neste
118 POTI/TOPMAT
caso, P (r) é:
r(r + 1)
1 + 2 + 3 + ... + r = ,
2
e P (r + 1) é:
(r + 1)(r + 2)
1 + 2 + 3 + ... + r + r + 1 = .
2
Logo, para provarmos essa fórmula precisamos a partir de P (r) che-
gar em P (r + 1), fazendo o uso de manipulações algébricas. Como
podemos fazer isso? Neste caso, como se trata de uma igualdade,
podemos somar r + 1 dos dois lados de P (r) sem que a igualdade se
altere:
r(r + 1)
1 + 2 + 3 + ... + r + r + 1 = + r + 1.
2
Assim, do lado direito da igualdade, temos:
(2 · 1 − 1) = 12 ,
é verdadeira, pois:
(2 · 1 − 1) = 12 =⇒ 2 − 1 = 1 =⇒ 1 = 1.
P (r) = 1 + 3 + . . . + (2r − 1) = r2 + 1.
1 + 3 + 5 + . . . + 2r − 1 + 2(r + 1) − 1 = r2 + 1 + 2r + 1 = (r + 1)2 + 1.
P (3) : 1 + 3 + (2 · 3 − 1) = 32 + 1 =⇒ 1 + 3 + 5 = 9 + 1 =⇒ 9 ̸= 10
Por que isso acontece? Relendo a solução, perceba que não provamos
a base de indução. Ou seja, P (n) é falsa para todo n, já que a
base da indução é falsa:
P (1) : 1 ̸= 12 + 1 =⇒ 1 ̸= 2.
P (1) = 12 + 1 + 41 = 43,
Como 1681 = 412 , 1681 não é primo. Veja também que para n = 41 :
Como 1763 = 41 · 43, logo 1763 não é primo. Por essa razão, sempre
preste muita atenção na aplicação do passo indutivo.
□
Também podemos aplicar o método da indução para provar de-
sigualdades, tomando sempre os cuidados que você já conhece.
Exemplo 7.5. Quando a proposição 2n < n! é verdadeira?
Solução. Começamos testando essa desigualdade para alguns valo-
res de n:
• Se n = 1, 21 > 1! =⇒ 2 > 1;
• Se n = 2, 22 > 2! =⇒ 4 > 2;
• Se n = 3, 23 > 3! =⇒ 8 > 6;
Método Indutivo
Problemas Resolvidos
r(r − 1) r(r − 1) 2r (r − 1) · r + 2 · r
+r = + =
2 2 2 2
(r − 1 + 2) · r (r + 1) · r (r + 1) · ((r + 1) − 1)
= = =
2 2 2
Note que chegamos na mesma proposição do enunciado, agora
para k + 1. Assim, demonstramos por indução que a fórmula
é válida. □
126 POTI/TOPMAT
1 1 1
+ + = 1.
2 3 6
Suponhamos, por hipótese de indução, que para um certo r ≥
3 natural existam naturais x1 < x2 < . . . < xr , tais que:
1 1 1
+ + ... + = 1.
x1 x2 xr
1
lados da relação acima por encontramos:
2
1 1 1 1
+ + ... + = .
2x1 2x2 2xr 2
Somando 1
2 em ambos os lados:
1 1 1 1
+ + + ... + = 1.
2 2x1 2x2 2xr
Agora, desde que 2 < 2x1 < 2x2 < . . . < 2xr , já que x1 > 1,
obtivemos k + 1 naturais dois a dois distintos com soma dos
inversos iguais a 1, completando assim o passo indutivo. □
4. (Rússia) Seja n um inteiro positivo ímpar. Em um campo
aberto, n crianças estão de tal modo posicionadas que, para
cada uma delas, as distâncias às outras n−1 crianças são todas
distintas. Cada criança tem uma pistola d’água e, ao som de
um apito, atira na criança mais próxima de si. Mostre que
uma das crianças permanecerá enxuta.
Solução. Consideremos, primeiramente, o caso n = 3. Sejam
A, B e C as crianças suponha, sem perda de generalidade, que
AB < BC < CA (Sendo AB a distância entre a criança A
e B). Nesse caso, A atira em B e B em A, de modo que C
fica enxuta. Suponha agora, por hipótese de indução, que com
n = 2r − 1 crianças, onde r > 1 é inteiro, ao menos uma delas
sempre fica enxuta. Consideremos 2r + 1 crianças, posiciona-
das de modo a satisfazer as condições do enunciado. Como as
distâncias entre os pares de crianças são duas a duas distintas,
existem duas crianças A e B tais que a distância de A a B é
a menor de todas. Assim, A atira em B e vice-versa. Descar-
tando as crianças A e B, restam 2r − 1 crianças satisfazendo
as condições do enunciado. Há agora duas possibilidades:
• Uma delas atira em A ou B: nesse caso, no máximo 2r−2
tiros foram disparados em direção a alguma das 2r − 1
crianças e, assim, ao menos uma delas fica enxuta.
128 POTI/TOPMAT
Exercícios Propostos
1 1 1 1 1 1 1 1
1− + − +...+ − = + +...+ .
2 3 4 2n − 1 2n n + 1 n + 2 2n
1 1 1 n
+ + ... + = .
1·2 2·3 (n − 1)n n − 1
14. (França.) Seja (ak )k≥1 uma sequência de reais positivos tal
que a1 = 1 e
16. Seja (xn )n≥0 uma sequência de reais não nulos satisfazendo,
para todo n ∈ N, a recorrência x2n − xn−1 xn+1 = 1. Prove que
existe um número real α tal que xn+1 = αxn − xn−1 para cada
n ∈ N.
130 POTI/TOPMAT
Binômio de Newton
131
132 POTI/TOPMAT
j=1
j=1
= −a1 +
a2 2 +
−a a3 3 +
−a − . . .+(
a4
an−2 n−2 +(
((−(a(
(
n−1 +an
((−(a(
an−1 (
= −a1 + an = an − a1 .
Assim, podemos representar essa soma pelo seguinte somátorio:
n−1
(aj+1 − aj ) = an − a1 .
X
j=1
!
n n!
= .
k k!(n − k)!
Exemplo 8.4.
4 4! 4!
!
= = = 4.
1 1!(4 − 1)! 1!3!
Utilizando a definição de número binomial conseguimos estabe-
lecer a seguinte relação entre os números binomiais:
134 POTI/TOPMAT
(n − 1)! 1 1
!
= +
(k − 1)!(n − 1 − k)! k n − k
(n − 1)! n
= ·
(k − 1)!(n − 1 − k)! k(n − k)
!
n! n
= = .
k!(n − k)! k
■
Esse resultado será muito útil quando estudarmos o triângulo de
Pascal.
(a + b)n = n n
+ n n−1
b + n2 an−2 b2 +... + n n−1
+ n n
0 a 1 a n−1 ab n b
=⇒ (a + b)n = an + n n−1
b + n2 an−2 b2 +...+ n n−1
+ bn .
1 a n−1 ab
4 3 4 2 2 4
! ! !
(a + b)4 = a4 + a b+ a b + ab3 + b4
1 2 3
□
Exemplo 8.6. Desenvolva a expressão (x − y)5 .
Solução. Note que (x − y)5 = (x + (−y))5 . Assim, aplicando a
fórmula do binômio de Newton:
5 4 5 3 5 2 5
! ! ! !
=x +
5
x (−y)+ x (−y)2 + x (−y)3 + x(−y)4 +(−y)5
1 2 3 4
□
Exemplo 8.7. Desenvolva a expressão (2x + 3y + 2z)3 .
136 POTI/TOPMAT
3 3
! !
(2x+(3y+2z)) = (2x) +
3
(2x)2 ·(3y+2z)+
3
2x·(3y+2z)2 +(3y+2z)3
1 2
3 3
! !
(3y + 2z)3 = (3y)3 + (3y)2 · 2z + · (3y) · (2z)2 + (2z)3
1 2
= 27y 3 + 54y 2 z + 36yz 2 + 8z 3 .
Sendo assim:
5 5 5 4 5 3 2 5 2 3 5 5 5
! ! ! ! ! !
(x+y)5 = x x y+ x y + x y + xy 4 + y .
0 1 2 3 4 5
□
Note que os coeficientes da expressão acima são os mesmos ter-
mos que aparecem na linha 5 do triângulo de Pascal.
As linhas do triângulo de Pascal possuem uma propriedade muito
interessante quanto a soma dos seus termos. A soma de cada linha
n do triângulo equivale a 2n .
Triângulo de Pascal
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
!
n! n
= = .
k!(n − k)! k
■
Pela proposição acima 1=
4 4
3 , = 5
1 =
5
4 ,
5
2 3 ,
e assim
5
!
n−k n! n−k n
= = .
k + 1 k!(n − k)! k + 1 k
■
Exemplo 8.9. Os coeficientes de são (a + b)4 e 4 4 4 4
0 , 1 , 2 , 3 4 .
4
4 3 4 3
! !
= · = · 4 = 6,
2 2 1 2
4 2 4 2
! !
= · = · 6 = 4.
3 3 2 3
Utilizando a simetria do Triângulo de Pascal, poderíamos con-
cluir que 41 = 43 , sendo necessário apenas calcular 41 e 42 para
Problemas Resolvidos
k=1
k 2 (k + 1)2
(k + 1)2 + k 2 + k 2 (k + 1)2 = k 2 + 2k + 1 + k 2 + k 2 (k 2 + 2k + 1)
= 2k 2 + 2k + 1 + k 4 + 2k 3 + k 2 = k 4 + 2k 3 + 3k 2 + 2k + 1
142 POTI/TOPMAT
= (k 2 + k + 1)2 .
k2 + k + 1 1 1 1
=1+ =1+ − .
k(k + 1) k(k + 1) k k+1
k=1
k 2 (k + 1) 2
k=1
k k+1
1 10000 − 1 9999
= 99 − +1= = .
100 100 100
□
Sabendo que: !
n n!
= = n,
1 1!(n − 1)!
Aula 8 - Binômio de Newton 143
n(n − 1)
!
n n!
= = .
2 2!(n − 2)! 2
Analisando apenas os três primeiros coeficientes de (1 + 10 ) :
1 n
!n
1 n n(n − 1)
1+ =1+ +
10 10 2 · 100
n n2 − n 200 + 19n + n2
=1+ + = .
10 200 200
Como analisamos apenas os três primeiros coeficientes da ex-
pressão e todos os termos são positivos já que 1 e 10
1
são posi-
tivos, podemos concluir que:
1
(1, 1)n ≤ · (n2 + 19n + 200).
200
Portanto, mostramos que a desigualdade é válida. □
a2 + b2 + a2 + 2ab + b2 = c2 + d2 + c2 + 2cd + d2
a4 +b4 +a4 +4a3 b+6a2 b2 +4ab3 +b4 = c4 +d4 +c4 +4c3 d+6c2 d2 +4cd3 +d4
144 POTI/TOPMAT
=⇒ a2 + b2 + ab = c2 + d2 + cd.
O que é verdadeiro, já que essa informação nos foi dada no
enunciado. Portanto, provamos a proposição do enunciado.
□
Problemas Propostos
6. √Quantos
√ 50termos racionais aparecem no desenvolvimento de
( 2 + 5)
5 4 5 3 2 5 2 3 5
! ! ! !
a5 − a b+ a b − a b + ab4 − b5 = −32
1 2 3 4
n2 −n
11. Se n−1
5 + n−1
6 = 2 , determine o valor de n.