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Porto Alegre
2008/02
ROSÂNGELA DA SILVA VIEIRA
Porto Alegre
2008/02
ROSÂNGELA DA SILVA VIEIRA
Data de aprovação:
Banca Examinadora:
______________________________________
Francisco Egger Moellwald
_____________________________________
Lúcia Helena Marques Carrasco
AGRADECIMENTOS
... à Deus, pois, sem sua proteção nada teria sido possível.
RESUMO
Palavras chave:
Analogias, alegorias e metáforas; ensino – aprendizagem; recursos de linguagem.
ABSTRACT
This paper presents a study about the uses of analogies, allegories and metaphors in
the teaching of integer numbers. The purpose is to reflect about a didactical experience,
developed in the year 2006 in the Laboratório de Ensino-aprendizagem em Matemática I
course, presenting and comparing different resources used in the process of teaching integers
emphasizing the most suitable process. It were consulted many authors and executed a study
about the importance of this matter in the teaching process; it was analyzed six books from
6th grade of fundamental school intending to obtain a little sample of how these tools appear.
The history of integer numbers was studied to find out metaphors. It was confirmed that the
use of different resources is studied in many sciences and constitute an important factor in
teaching and learning process because it allows proximity between two different worlds, a
unknown one and a known one. It was realized that is necessary to pay attention about the
choice of these resources because they suit for some purposes and lack for others. Not all
resources are good to teach integer numbers, some of them can be more confusing than
helpful.
Keywords:
Analogies, allegories and metaphors; teaching and learning process; language
resources.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO
experiência didática visando o ensino dos Números Inteiros com crianças de 6ª série, do nível
garrafas com líquido); objetos manipulativos (cartões) e jogos (reta numerada com dados e
cartões). Nas explicações orais, muitas vezes utilizamos linguagem figurada: o número
negativo é a imagem do positivo, num espelho colocado no zero; o positivo fica à direita e o
negativo fica à esquerda; o positivo está acima e o negativo está abaixo; e outras.
preparou em cada uma dessas etapas. Dando início a este trabalho, identifico entre tais
definidos os diferentes recursos? Existem metáforas/analogias mais adequadas que outras para
o ensino de determinado conteúdo? Quais seriam as mais adequadas no ensino dos números
inteiros?
como estabelecer relações entre novos domínios de aprendizagem e assuntos familiares aos
11
estudantes. É por esta razão que os recursos de linguagem, que podemos considerar como
estratégias didáticas, podem ter um papel motivador e contribuir para a melhoria do ensino de
matemática. Parece-me que é usual, para os professores, fazer relações com o cotidiano
usando recursos de linguagem, mas acredito que eles não percebam as diferenças entre eles e
Os autores que consultei definem analogias, alegorias e metáforas e indicam que estas
formas extrapolaram o campo da linguagem, visto que também estão presentes em textos não
O uso destas formas permite reconhecer os elementos que fazem parte da cultura dos
alunos e estabelecer uma lógica em comum, que favoreça o diálogo pedagógico. Com isso,
pois é proveitoso prepará-los para que explorem esses recursos em toda sua potencialidade.
didáticos no ensino dos números inteiros, estrutura-se de acordo com a seguinte ordenação. O
primeiro item traz uma síntese de estudos realizados sobre o uso de analogias, alegorias e
12
metáforas no ensino da matemática e sobre a importância desses recursos. O segundo faz uma
comparando-as e salientando as mais adequadas dentre elas. O terceiro traz uma descrição
presentes na história dos números inteiros. O sexto apresenta uma conclusão a partir de
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
comuns de ambos os domínios, alvo e análogo. Foram encontradas obras a respeito, tratando
Muitos pesquisadores (Carvalho, 2007; Frant, Acevedo e Font, 2005; Lellis, 2002;
Vereza, 2007) citam a obra de Lakoff e Nunez (2000) como marcante para as relações entre
metáfora e ensino. Para estes autores, a matemática é uma ciência construída pelo ser humano,
e sua origem deve ser investigada nos processos cognitivos cotidianos, dentre eles os
esquemas das imagens e o pensamento metafórico. Tais processos oferecem uma explicação
sobre como a construção de objetos matemáticos está apoiada na maneira como o sujeito se
relaciona com os objetos da vida cotidiana, sejam tais objetos físicos ou lingüísticos. Com
essa teoria, as metáforas deixaram de ser figuras decorativas, passando a integrar os sistemas
conceituais.
Lellis (2002) explica que essa é uma teoria cognitivista, que vem conduzindo
cotidiano, sendo refinados evolutivamente pela cultura. Exemplos seriam: a teoria dos
originou da contagem; a noção de número negativo, que tem origem na idéia de dívida.
MECA para testar o potencial da balança de dois pratos, como veículo para a compreensão do
conceito de equação matemática. Ao analisar várias coleções de livros didáticos ela mostra
conteúdo de números inteiros. Conclui que as analogias e metáforas são importantes recursos
A autora define vários recursos de linguagem, mas dentre eles citaremos as definições
de metáfora, analogia e alegoria. Define metáfora como termo de origem grega que significa
mudança, transposição. É uma comparação implícita entre dois elementos, sendo um dos
palavras em lugar de outras, porque a imaginação estabelece uma semelhança entre ambas: é a
transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não é o do objeto que ela
designa. Esta transferência surpreende e pode causar uma mudança de concepções sobre o
objeto alvo, favorecendo a aprendizagem. Por exemplo: “Minha vida vai dar uma guinada de
1800”.
conceito desconhecido para a criança. Podemos dizer a ela que “número negativo é uma
dívida” ou um débito e que “número positivo é ter dinheiro”, ter saldo. Na verdade, o número
negativo é utilizado para representar uma dívida, mas a idéia de dívida é muito mais antiga do
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que a existência do número e faz parte do mundo concreto e da realidade da criança. Podemos
também recorrer às transações com dinheiro: no mundo das compras e vendas, o número
positivo é o “troco” e o número negativo é a “falta”. A metáfora faz parte do nosso cotidiano,
Para Oliveira (2005), analogia é uma comparação explícita entre dois elementos,
sendo um dos elementos considerado familiar, a partir do qual buscam-se semelhanças com o
outro elemento, considerado desconhecido. Esta comparação busca salientar semelhanças nas
analogias para explicar ou identificar alguma coisa, com expressões do tipo: parece com; é
como se fosse; imagine que; suponha que. Como no caso da comparação do mapa de uma
cidade com o plano cartesiano. Ex: “imagine que a cidade é quadriculada, e as ruas se
No nosso caso, por exemplo, os números negativos podem ser considerados como
imagens, num espelho fictício, dos números positivos, ordenados sobre uma “reta”, de acordo
com a relação de ordem dos naturais. Considerando o espelho como sendo o zero podemos
supor que os números negativos são imagens dos números positivos, utilizando a idéia de
simetria. Esta comparação favorece a relação de ordem e a posição dos números negativos na
reta.
Segundo Oliveira (2005), alegorias são expressões lúdicas ou artísticas utilizadas para
No nosso caso, comparamos o domínio abstrato dos números inteiros com o domínio
concreto de um jogo constituído por caminhos desenhados num tabuleiro, cujas casas são
“passos” marcados com fichinhas. Deste modo, um número positivo pode ser a posição ou o
número ordinal a partir das semelhanças entre os dois mundos. Por seu lado, um número
negativo pode ser a posição ou o número de passos a ser dado, no sentido contrário ao
Sua definição de metáfora é muito semelhante à anterior. Para ele metáfora consiste
em dar a uma coisa o nome de outra coisa, produzindo-se como que uma transferência de
significados, com base em alguma semelhança. Trata-se de estabelecer pontes entre diferentes
significados.
Ele define alegoria como uma construção que tem metáforas como tijolos. Trata-se da
de uma cadeia de metáforas. Além disso, aproxima as noções de alegoria, analogia e modelo,
por exemplo, utilizaram a reta numérica dos números reais para criar artefatos como o
como objeto de partida para a compreensão da reta numérica e dos números com sinal. O
termômetro, por exemplo, serve como um modelo concreto, real, para a reta numérica – ainda
desconhecida - mas podemos também utilizá-lo para fazer uma analogia com os números
positivos e negativos, posicionando-os como na reta, pois existem temperaturas altas (acima
17
do zero) e temperaturas baixas (abaixo do zero). Neste caso, o termômetro foi usado como um
modelo de ensino, objeto que possibilita criar a idéia abstrata desejada, por analogia.
Machado (1991) cita uma história como exemplo de alegoria, cuja meta é a
compreensão das propriedades operatórias com potências e logaritmos, mas uma parte da
história serve de alegoria para os números inteiros. Trata-se de uma história chamada O
mágico logarítmico. O mágico manda em tudo, controlando todo o dinheiro das pessoas, e
mora em um palácio, numa cidade em que as pessoas são divididas em pobres e ricas. Do lado
pobre, mais distante do palácio, as casas são numeradas com números negativos. A casa
seguinte à casa-zero tem o número -1, e assim por diante. Já as casas do lado rico são
numeradas com números positivos e são mais próximas do palácio. Aqui são identificadas
metáforas como: pobreza é negativo; riqueza é positivo. O autor salienta que este é um
exemplo totalmente inadequado de alegoria, pois o uso pedagógico desta historinha pode ter
O autor defende o uso dos recursos de linguagem no ensino, pois considera que a
permanente associação entre o sentido literal e o figurado é o motor dos processos criativos
demonstra que, apesar das diferenças, em todas as definições se reconhece que a analogia
conhecido ou desconhecido.
novo, assim como modelos e analogias, consiste em providenciar uma ponte racional entre o
têm a mesma função: permitir que domínios separados sejam postos em relação cognoscitiva.
18
Machado (1995) observa que a presença do sentido figurado exerce relevantes funções
mais familiar e outro que se afigura como o novo. O que se busca é explicar o que é
inacessível à experiência direta, relações que precisam ser instauradas pela imaginação.
caminho para buscar todas as comparações possíveis entre o mundo abstrato dos números e o
aproximar o discurso do professor e o universo cultural dos alunos, assim como de estabelecer
mediador junto ao aluno, à turma e aos grupos, para a busca de significados aos novos
significado daquilo que é ensinado em sala de aula. A analogia assume um papel motivador
no ensino de Matemática.
apontar semelhanças com o mundo real; permitir certa visualização do abstrato; promover o
interesse e a motivação pelo novo tema e pode também permitir a percepção das concepções
Como lembra Duit (apud NAGEM, CAVALHAES E DIAS, 2001), que as analogias
são valiosas ferramentas para mudanças conceituais, pois, quanto ao mérito, o uso de
analogias pode:
real;
alunos.
Por outro lado, o uso de analogias no ensino também tem limitações, pois, segundo
Duit (apud PÁDUA E NAGEM, 2001), a analogia pode não surtir o efeito esperado, podendo
vir a se constituir em uma “faca de dois gumes”, ou seja, os conceitos prévios mal aprendidos
podem gerar alguns obstáculos difíceis de serem transpostos. Pensando nisto, o recurso ao
raciocínio por analogias deve ser sempre guiado pelo professor, pois a transferência de
conhecimento deve ser natural. Deve-se ter certeza de que os alunos compreenderam
totalmente a analogia ou que esta seja realmente familiar para os alunos, pois apesar de
algumas áreas do conteúdo científico serem consideradas similares, podendo ser utilizadas
como análogas, elas podem ser vistas como totalmente distintas pelos estudantes.
alegoria e analogia, aceitando a estrita relação entre elas, como os demais autores sugerem.
Metáfora é uma relação implícita entre dois mundos, que não necessita de explicação;
analogia é uma relação explícita e bem explicada; alegoria é uma expressão lúdica utilizada
Diante dos resultados da revisão bibliográfica, torna-se mais instigante estudar sobre o
uso de analogias, alegorias e metáforas e outros recursos de linguagem no ensino dos números
20
inteiros. Por um lado fica demonstrada a importância do tema e, por outro, evidencia-se que
2006/01
diferentes etapas de um plano de trabalho para o ensino dos números inteiros em uma turma
Azeredo dos Santos, localizada na cidade de Viamão. As crianças não conheciam o conteúdo
de números inteiros e durante a prática nós trabalhamos com os conceitos de número oposto,
número zero, número positivo e negativo, posição dos números inteiros na reta, relação de
ordem dos números inteiros e conceito de adição e subtração dos números inteiros.
pacotinhos cujo valor estava assinalado no invólucro. O objetivo era introduzir números com
sinal envolvendo troco ou dívida. Quando o “dinheiro” é suficiente para efetuar a compra, o
aluno facilmente calcula o troco e recebe um cartão com sinal +; quando o “dinheiro” é
insuficiente para efetuar a compra, o aluno facilmente calcula o que falta e recebe um cartão
com sinal - para indicar sua dívida. Os alunos guardaram os cartões para a atividade do varal.
Nós não introduzimos os números inteiros com essa atividade, começamos a aula com o varal
poderia facilitar melhor o entendimento dos alunos com relação aos números com sinais.
Este foi um modelo utilizado para representar a reta e para construirmos os números
inteiros com a participação dos alunos. Pode-se pensar na metáfora “a reta numérica é
semelhante a um varal”.
Os números negativos podem ser identificados como imagens, num espelho fictício,
dos números positivos, ordenados sobre uma “reta”, de acordo com a relação de ordem dos
naturais. Considerando o espelho como sendo o zero podemos supor que os números
negativos são imagens dos números positivos, utilizando a idéia de simetria. Nesta analogia,
temos duas metáforas, “na reta, número negativo é a imagem no espelho do número positivo”
e “zero é o espelho”.
Utilizamos a garrafa para dar início à idéia de reta numérica. Um número inteiro
corresponde ao nível de água numa garrafa. Inicialmente, a água está num nível indicado por
zero. Tirando água, o nível fica negativo, abaixo do zero. Colocando água, o nível fica
23
positivo, acima do zero. A analogia foi complementada com outra (analogias múltiplas),
considerando-se o nível das terras que estão acima ou abaixo do nível do mar. Metáforas:
Neste caso, o termômetro dá início à idéia de reta numérica. Utilizamos este modelo
para fazer uma analogia com o mundo das temperaturas, ou seja, um número inteiro com sinal
corresponde ao número que indica temperaturas, num termômetro. Temos ali números
positivos que correspondem a temperaturas maiores do que zero e números negativos que
Neste caso, o elevador dá início à idéia de reta numérica. O andar térreo de um edifício
corresponde ao número zero. Os andares acima do térreo correspondem aos números positivos
a regra afirma que eles se anulam, um a um. A adição dos inteiros é feita por comparação dos
cartões de cores diferentes e por anulação. Metáforas: “número inteiro positivo é um objeto da
cor X”, “número inteiro negativo é um objeto da cor Y”, “zero é nada” e “zero é o resultado
Um número inteiro tem duplo sentido. 1) Indica uma caminhada com certo número de
passos, sobre um caminho dado, sempre iniciando no zero. O número positivo corresponde a
sentido oposto, ou seja, número positivo corresponde a caminhadas para a direita e número
“anda” para a direita”, “número negativo “anda” para a esquerda” e “zero é o ponto de
partida”. 2) Indica uma posição, à direita ou à esquerda do zero. Metáforas: “número positivo
Segundo Duit (apud PÁDUA E NAGEM, 2001), o uso de analogias no ensino abre
possibilidades, mas também tem limitações. Uma analogia muitas vezes não se sustenta sobre
uma semelhança total entre os dois domínios comparados e as diferenças podem induzir os
concepções equivocadas sobre o domínio analógico, que serão transferidas para o novo
conhecimento.
Fizemos uma análise, baseada na nossa prática, dos exemplos anteriores, e concluímos
que existem alguns domínios analógicos adequados e outros inadequados para determinados
exceto na analogia das temperaturas, pois neste caso a temperatura zero não seria uma
alturas e níveis de água. As crianças identificam com muita naturalidade as idéias de mais
alto, mais cheio e maior. A noção prévia de “ser maior ou ser menor” coincide, nas crianças
de 11-13 anos, com “ser mais alto” ou “ter mais água”. As demais analogias não são
adequadas para este conceito, por exemplo, no caso da analogia com temperaturas, as crianças
comparam os números com expressões do tipo “mais frio ou mais quente”. Estes casos são
exemplos de analogias com limitações devido ao tipo de conhecimento prévio que o aluno
desta faixa etária detém sobre o domínio que foi considerado conhecido. As crianças não têm
26
familiaridade com a comparação de temperaturas, mas têm noção de comparação entre alturas
e entre quantidades. A partir deste conhecimento prévio pode-se preparar analogias, desde que
ordem com altura é preciso uma metáfora para o zero: zero é o ponto de início, a altura inicial,
conheciam a relação de ordem entre os números naturais. Visualizando-os sobre uma reta
numerada, concluíram que, ao comparar dois números inteiros positivos, aquele que está mais
longe do zero é o maior. A idéia de um espelho colocado sobre o zero faz com que as crianças
associem número negativo com reflexo, com imagem espelhada. Para elas, tudo o que se vê
no espelho, se vê ao contrário. Assim, ao comparar dois números negativos, aquele que está
cartões de duas cores diferentes, pois foi utilizada a idéia que números opostos têm cores
domínio de analogia no modelo do varal e também nas demais analogias descritas, pois todos
jogo da reta, atribuindo-se metáforas para os sinais e para o zero: positivo é andar para a
direita, negativo é andar para a esquerda; zero é o ponto de partida. A adição de dois números
inteiros coincide com o andar tantos passos para um lado ou outro, partindo do zero,
considerado como ponto de origem do movimento. Deste modo, podemos concluir que: A +
obter uma pequena amostragem sobre como as analogias, alegorias e as metáforas estão sendo
utilizadas no ensino dos Números Inteiros. Em todos os livros são enfatizados vários
exemplos, sem serem explicitadas as relações entre esses recursos e o conteúdo abordado.
existem números positivos e números negativos e que eles são úteis para expressar medidas,
como por exemplo, as de temperatura. Após, citam que existem altitudes maiores e menores
que zero, dando exemplos de cidades nessas condições. Com relação ao dinheiro eles dão um
exemplo de uma pessoa que tem cheque especial e sua conta pode ficar com saldo positivo ou
negativo, e que isso pode ser resumido à expressão matemática 300 - 360 = -60. Em seguida,
carro e um rapaz fora da pista com uma placa que contem duas indicações: -12 e +10 e é dito
que esta placa foi mostrada para um piloto de fórmula 1, numa corrida em que ele estava em
2º lugar. A indicação +10 indica que ele está 10 segundos à frente do 3º colocado, a indicação
-12, que ele está 12 segundos atrás do 1º colocado. Em seguida é apresentado o conjunto dos
números inteiros e uma atividade de jogo, “Subindo no Tobogã”, que é identificada com a
alegoria do jogo dos passos. Aparecem novas metáforas: “a faixa zero é o começo do jogo”,
“positivo é subir”, “negativo é descer”. Após, há muitos exercícios relacionados com as três
analogias iniciais.
1
JAKUBOVIC, José; LELLIS, Marcelo. Matemática na medida certa. São Paulo: Scipione, 1995.
28
alegoria do jogo das bolinhas. Uma bolinha branca será uma unidade positiva e uma bolinha
preta será uma unidade negativa. Juntas, uma unidade positiva e uma unidade negativa se
anulam. Metáfora: “bolinha branca é positivo e bolinha preta é negativo”. Com relação à
sobre a história dos números inteiros, onde podemos destacar a analogia com o dinheiro
conta que as temperaturas são consideradas em relação a 0°C, por exemplo, +10°C acima de
zero e -3°C abaixo de zero. Em seguida aparecem as analogias com o dinheiro, referentes à
crédito e débito, e a analogia com o Fuso horário. Diferenças de horários são ocasionadas pela
localização de cada cidade em relação a uma referência. Assim, São Paulo está no fuso -3 (3
horas a oeste da zero hora(Londres)) e Tóquio no fuso +9 (9 horas a leste da zero hora
(Londres)). Aqui também temos a metáfora “Londres é o ponto zero”. Em seguida há uma
lista de exercícios onde podemos encontrar analogias com dinheiro, altitude e temperatura.
Após, é citado que os números inteiros são a ampliação dos números naturais e que foram
O livro contém uma leitura complementar explicando o que são os Fusos Horários e
um exercício com uma tabela indicando a diferença entre o horário local de várias cidades
com relação à Brasília, conforme o fuso horário. A relação de ordem é abordada através da
vários exercícios questionando quem é maior ou menor, representação na reta e adição através
de problemas.
2
MORI, Iracema; ONAGA, Dulce. Matemática: Idéias e Desafios. São Paulo: Saraiva, 1996.
29
com bolinhas): fichas azuis adicionam valores positivos e fichas vermelhas adicionam valores
negativos.
No terceiro livro, “Matemática3”, os nomes dados aos números inteiros são: números
extrato bancário onde se explica que neste caso o número negativo surgiu de uma subtração.
Após, encontramos exemplos da utilidade dos números negativos, como nos termômetros,
onde temos a analogia com a temperatura. A relação de ordem é fruto de uma analogia com a
escala do termômetro. Nos exercícios encontra-se a analogia com a altura dos prédios, há um
desenho de um painel de elevador e de um prédio com dois andares de subsolo, térreo, três
botão -2. A adição é abordada através da analogia com o dinheiro em diversas situações do
comércio. Cabe destacar que em alguns exercícios há gráficos no plano cartesiano indicando
No quarto livro, “Matemática hoje é feita assim4”, o autor começa contando a história
da conta do banco de um senhor e explica que cada vez que ele fica devendo para o banco sua
conta fica negativa, chegando à conclusão que conta negativa significa menor do que zero.
Identificamos a analogia com o dinheiro, presente nesse exemplo. Após, é feito um breve
relato sobre a história dos números negativos e são dados vários exemplos sobre temperaturas.
Neles identificamos a analogia com as temperaturas, com muitas ilustrações, analogia com a
altura dos prédios, identificadas com um painel de elevador. Temos também alegorias com
jogos: vence quem faz mais pontos ficando com saldo positivo e perde quem faz menos
pontos ficando com saldo negativo. Também é dado um exemplo de jogos de campeonatos de
3
IMENES,Luiz Márcio; LELLIS, Marcelo. Matemática. São Paulo: Scipione, 1997.
4
BIGODE, Antônio José Lopes. Matemática hoje é feita assim. São Paulo: FTD, 2002.
30
com restaurantes de comida “por quilo” em que a balança registra o ‘peso’ do prato em
números negativos para o cliente não pagar o ‘peso’. Cabe destacar que são utilizadas
exercícios, aparece a maioria das analogias citadas acima e há muitos só com expressões
um número inteiro e seu vizinho é um passo” e a relação de ordem e simetria entre eles é feita
seguida é encontrada a alegoria andando sobre a reta que é semelhante à alegoria do jogo dos
passos, com novas metáforas: “ sinal + é andar para frente”, isto é, para a direita, e o “sinal – é
andar para trás”, isto é, para a esquerda. É interessante ressaltar que o autor relata que, para os
egípcios, o símbolo para indicar a adição era um desenho parecido com duas perninhas
andando para frente, para a subtração duas perninhas andando para trás.
exemplos de situações que aparecem no dia-a-dia e um breve relato da história dos números
inteiros, e são encontradas analogias como: a altura dos prédios, citando o painel do elevador,
analogias citadas acima e, em um exercício, temos a analogia com o fuso horário. A relação
5
PIRES,Célia Carolino; CURI, Eda; PIETROPAOLO, Ruy. Educação Matemática. São Paulo: Atual, 2002.
31
pontos; analogia do dinheiro com alguns exercícios contendo gráficos no plano cartesiano,
visando lucros e prejuízos; analogia com as temperaturas; e a alegoria com flechas (flecha
azul significa deslocamento para a esquerda, sendo negativo, e flecha verde significa
“negativo é perda”.
inteiros, destacando que a concepção do número negativo está ligada a um interesse de caráter
encontradas analogias com o dinheiro e a alegoria do jogo das cartas (em que cada carta
vermelha vale 5 pontos negativos e cada carta preta vale 5 pontos positivos, cada jogador
No sexto livro, “Matemática para todos6”, os números inteiros são introduzidos através
referência é o nível do mar, que é zero metro, e um exemplo de cálculo de contabilidade com
saldo negativo. A relação de ordem é abordada através da analogia com temperaturas. Nos
exercícios, encontram-se a analogia com a altura dos prédios e a alegoria com as fichas,
ambas iguais aos exemplos do 3º livro e as três analogias citadas acima. A adição é abordada
6
IMENES, Luiz Márcio; LELLIS, Marcelo. Matemática para todos. São Paulo: Scipione, 2002.
32
exemplo, os números irracionais. Será possível explicar a forte presença dos recursos de
e um rapaz fora da pista com uma placa que continha duas indicações; -12 e +10: a indicação
+10 indica que um carro está 10 segundos à frente do 3º colocado e a indicação -12, que ele
Cores
a regra do jogo afirma que eles se anulam, um a um. A adição dos inteiros é feita por
comparação dos objetos de cores diferentes e por anulação. Metáforas: “número inteiro
positivo é um objeto da cor X” e “número inteiro negativo é um objeto da cor Y”, “zero é
meridiano de Londres, como sendo o número zero. As cidades à direita ou à esquerda deste
meridiano têm fusos positivo ou negativo. Metáforas: “número inteiro positivo é um fuso
Número zero significa ter uma conta bancária zerada, sem dinheiro, nula. Número
dinheiro, ter crédito, ter saldo (+ n). Conta negativa significa ter saldo menor do que zero, ou
seja, - n = - (+n). Metáforas: “zero é não ter dinheiro”, “zero é nada”, “número negativo é
A balança registra o peso do prato em números negativos para o cliente não pagar o
O domínio da alegoria com o mundo das pistas de corrida, e o domínio das analogias
com a balança de comida por quilo e o fuso horário são interessantes pela sua originalidade e
por estabelecerem vínculos com o cotidiano, mas parecem só serem adequados para dar uma
introdução para a existência dos negativos e para diferenciação com os positivos. Outros
conceitos, tais como relação de ordem e operações, não podem ser relacionados a estes
domínios.
adição e subtração, número zero, número oposto, número negativo e positivo, porém não é
adequada para o conceito de relação de ordem dos números inteiros, pois os alunos falam em
Está relacionado com o domínio do dinheiro, pois traz em si a idéia de ganho, perda, ter mais
ou ter menos. Porém é preciso ter cuidado, pois este jogo não é adequado para trabalhar com
a multiplicação. Com este objetivo, é preciso recorrer ao jogo da reta. Observamos que a
maioria dos livros utiliza para a relação de ordem, analogia com as temperaturas, que, na
alegorias encontradas nos livros analisados, baseou-se nas elaborações dos autores
QUADRO 1
Especificação e definição da linguagem matemática
utilizada na pesquisa dos livros didáticos
Comparação implícita
entre dois elementos. Relação de
Comparação entre o
semelhança subentendida entre o
mundo abstrato dos números e
sentido próprio e o figurado.
o mundo concreto do dinheiro.
Consiste em dar a uma coisa o
nome de outra coisa,
Ex: 1) “número negativo
estabelecendo pontes entre
é dívida e número positivo é
diferentes contextos. Parte-se do
METÁFORAS saldo”.
pressuposto de que um dos
Ex: 2) “número negativo
elementos é considerado
é a imagem no espelho do
familiar, a partir do qual
número positivo”.
buscam-se semelhanças com o
outro elemento, considerado
desconhecido.
37
Exemplos:
Exposição de um Ex: 1) jogo do tobogã:
pensamento sob forma figurada,
ficção que representa uma coisa “a faixa zero é o começo do
para dar idéia de outra. Seqüência jogo”, “positivo é subir”,
de metáforas que significam uma “negativo é descer”.
coisa nas palavras e outra no Ex: 2) Historinha de um piloto
ALEGORIAS
sentido. Expressão lúdica ou em uma pista de corrida: A
artística utilizada para representar indicação +10 indica que o
conteúdos didáticos. Os elementos piloto está 10 segundos à frente
concretos são representações do do 3º colocado; a indicação -12,
objeto matemático. que ele está 12 segundos atrás do
1º colocado.
Comparação explícita
entre dois elementos. Utilizamos
Ex: 1) “número negativo” é
analogias para explicar ou
equivalente a uma dívida ou um
identificar alguma coisa, com
débito e “número positivo”
expressões do tipo: parece com; é
corresponde a ter dinheiro, ter
como se fosse; imagine que;
saldo. A adição de um número
suponha que. Analogia envolve o
positivo e um negativo é análoga
estabelecimento de comparações
à operação bancária de operar
ou relações, entre o conhecido e o
ANALOGIAS com débitos e saldos.
pouco conhecido ou
desconhecido. Parte-se do Ex: 2) Suponha que escolhamos
pressuposto de que um dos uma certa altura de uma garrafa
elementos é considerado familiar, para ser o nível de referência
a partir do qual buscam-se para medir a água. Um número
semelhanças com o outro inteiro corresponde ao nível de
elemento, considerado água numa garrafa, acima ou
desconhecido. abaixo do zero.
Saraiva, 1996.
1997.
38
Livro 4 - BIGODE, Antônio José Lopes. Matemática hoje é feita assim. São Paulo:
FTD, 2002.
Livro 6 - IMENES, Luiz Márcio / LELLIS, Marcelo. Matemática para todos. São
QUADRO 2
Analogias encontradas no ensino dos números inteiros
Livro 6
Examine o globo terrestre. O meridiano de
Greenwich foi escolhido para ser o fuso horário de
Fuso horário Livro 2
referência, o zero. Um número inteiro corresponde a
Livro 5
diferenças de horários, ocasionados pela localização de
cada cidade, a Leste ou a Oeste, desta referência.
Balança de
A balança registra o peso do prato em números
comida “por Livro 4
negativos para o cliente não pagar o peso do prato.
quilo”.
QUADRO 3
Metáforas encontradas no ensino dos números inteiros (explícitas e implícitas)
Metáforas Encontrada em
“Zero é o ponto de partida”
“Zero é o espelho”
“Zero é nada”
“Zero é nulo”
“Número negativo é a imagem no espelho do número Prática 2006/01
positivo”.
“Positivo é andar para frente”
“Negativo é andar para trás”
Livro 1
“Zero é não ter dinheiro” Livro 2
“Número positivo é saldo” Livro 3
“Número negativo é dívida” Livro 4
Livro 5
Livro 6
“Zero é o começo do jogo”
Livro 1
“Positivo é subir”
“Negativo é descer”
“Positivo é ganhar”
Livro 5
“Negativo é perder”
Livro 1
Livro 2
“Número positivo é estar num nível acima”
Livro 3
“Número negativo é estar num nível abaixo”
Livro 4
Livro 5
Livro 6
Prática 2006/01
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Livro 1
Livro 2
“Número inteiro negativo é um objeto da cor y” Livro 3
“Número inteiro positivo é um objeto da cor x” Livro 5
Livro 6
Prática 2006/01
“Distância entre um número inteiro e seu vizinho é um
Livro 4
passo”
“Número negativo é pobreza e número positivo é
Artigo de Machado (1991)
riqueza”.
QUADRO 4
Alegorias encontradas no ensino dos números inteiros
Com base em Duit (apud PÁDUA, 2001), que nos alerta quanto ao uso inadequado das
analogias para alguns conceitos, construiremos um quadro e definiremos para quais conceitos,
claro que esta classificação é muito pessoal, pois o professor, no seu importante papel de
mediador, pode esclarecer muito bem estes recursos de linguagem tornando-os positivos,
QUADRO 5
Para quais conceitos as analogias são adequadas ou inadequadas?
QUADRO 6
Para quais conceitos as alegorias são adequadas ou inadequadas?
- Conceito de adição e
subtração dos números - Conceito da relação de
inteiros; ordem dos números
- Conceito de número inteiros;
Flechas
negativo e positivo; -Conceito da
- Conceito de número posição dos números
oposto; inteiros na reta.
- Conceito do número
zero.
- Conceito de número - Conceito da relação de
negativo e positivo; ordem dos números
Jogos de campeonatos de
- Conceito de adição e inteiros;
futebol e jogos em geral que
subtração dos números - Conceito da posição dos
envolvam ganho ou perda de
inteiros; números inteiros na reta.
pontos.
- Conceito do número
zero.
- Conceito de número
negativo e positivo; - Conceito da relação de
- Conceito de número ordem dos números
Jogo das Cartas. oposto; inteiros;
- Conceito de adição e - Conceito da posição dos
subtração dos números números inteiros na reta.
inteiros;
QUADRO 7
Para quais conceitos as metáforas são adequadas ou inadequadas?
Dentre as várias leituras feitas podemos concluir que as analogias e alegorias são
domínios separados sejam postos em relação. Então é possível analisar as diferentes alegorias
e analogias encontradas buscando as diferentes metáforas para o número zero, para o número
que atravessam o ensino, sem que o professor perceba, sendo que muitos deles não são
QUADRO 8
Diferentes metáforas para o número zero, para o número negativo (- n) e para o número
positivo (+ n).
“Número positivo é
“Zero é o “Número negativo é a
a imagem no espelho
Imagem no espelho espelho”. imagem no espelho
do número
do número positivo”.
negativo”.
“O zero do
termômetro é a “Número negativo é “Número positivo é
Temperaturas temperatura em temperatura abaixo temperatura acima
que a água de zero”. de zero”
congela”.
frente”.
História do mágico “Zero é o ponto de “Pobre é casa com “Rico é casa com
logarítmico referência” número negativo” número positivo”.
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Os números inteiros foram criados através da álgebra. Inicialmente eles eram aceitos
como “artifícios para o cálculo”, não existiam como algo real e concreto, pois a idéia de
os hindus, diferentemente dos gregos, fizeram uso dos números negativos, atribuindo-lhes o
sua ênfase era a geometria, não aceitavam os números negativos. Segundo Medeiros e
Medeiros (1992), a polêmica sobre a visualização dos negativos como verdadeiros números
estava presa ao critério de aceitação de novas idéias como boa matemática. Tal critério, de
tradição grega, exigia para os negativos uma representação geométrica como a dos positivos
constituir numa metáfora. A visão dos negativos como débitos, apesar de útil, parecia
maiores quando se tentava visualizar as regras dos sinais nos termos geométricos exigidos.
árabes, mesmo tendo o conhecimento dos números negativos, os ignoravam, pensando que
como pontos de uma reta orientada, a polêmica sobre a aceitação dos negativos continuou em
pleno vigor. Em particular, a dificuldade em construir metáforas para as regras dos sinais
“Euler fixou-se na antiga metáfora não geométrica hindu para explicar a operação de
subtrair – b como sendo o mesmo que somar b, visto que, segundo ele, cancelar um débito
mudança total nos critérios de aceitação dos negativos, com o abandono da necessidade da
sistema numérico. Isso viria a se constituir numa mudança radical de ponto de vista, numa
autêntica revolução que só viria a se operar em pleno decorrer do século XIX com a
como soluções gerais de equações. Foi no século XIX que os números negativos foram
De acordo com Medeiros e Medeiros (1992), levou muito tempo para que os
matemáticos percebessem que a “regra de sinais” junto com outras definições não poderiam
ser provadas. Elas são criadas por nós com o objetivo de obter liberdade de operação, ao
mesmo tempo em que preservam as leis fundamentais da aritmética. O que pode e deve ser
provado é apenas que; com base nessas definições, as leis comutativa, associativa e
É essa mudança radical no que exige uma aceitação dos negativos que estabelece a
matemática. O novo ponto de vista adotado rompe a tradição de que os negativos são apenas
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construção da matemática. A origem dos números negativos está ligada a uma metáfora: o
significado de um débito. Mas os gregos exigiam um modelo concreto para esses novos
números, que não estavam relacionados com contagem ou medida. Com o tempo, a reta
numérica passa a ser modelo geométrico dos números positivos e negativos e se constitui
numa metáfora: os números negativos e positivos são pontos da reta. Mesmo após a aceitação
desta reta, a polêmica sobre a aceitação dos negativos continuou em pleno vigor, devido à
dificuldade em construir metáforas para as regras dos sinais. Euler criou uma metáfora
numérico. Ou seja, a matemática formal, teórica, é criada com o afastamento das metáforas,
mas, como vimos, no processo de ensino e aprendizagem há uma volta às origens, uma busca
7
Não queremos, com este trabalho, dar a entender que a linguagem matemática formal é
“pura”, por estar isenta de recursos de linguagem. É preciso lembrar que mesmo esta
linguagem é permeada por metáforas. Por exemplo, quando associamos reta e conjunto
numérico, e dizemos que “um número é um ponto da reta”, temos uma metáfora.
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linguagem no ensino dos números inteiros. Foram abordadas diferentes analogias, alegorias e
metáforas e foi feito um levantamento descritivo das mesmas e de sua importância para o
de 6ª série do ensino fundamental e um breve estudo sobre a história dos números inteiros.
matemática. Elas podem ser utilizadas como recurso didático para facilitar a compreensão do
abstrato e promover o entusiasmo dos alunos. Mas, para resultar em uma efetiva
cultura dos estudantes. Uma sugestão é buscar, nos próprios alunos, os conhecimentos
implícitos que possuem das situações de seu dia-a-dia, caso contrário, eles poderão apresentar
Fiquei muito surpresa ao descobrir que na própria história dos números inteiros estão
números negativos como débitos. Assim, podemos dizer que no processo de ensino e
Dei-me conta de que é preciso ter consciência ao escolher analogias, pois cada uma
serve a diferentes objetivos e tem deficiências em outros. Nem todas as analogias são boas
para serem utilizadas no ensino dos números inteiros, como por exemplo, as analogias que
série não têm familiaridade com a comparação de temperaturas – dizem que +5 é mais quente
e -5 é mais frio, ou que -7 é maior do que -5, porque é mais frio -, ou com a comparação de
saldos bancários – dizem que -7 é maior do que -5, porque a dívida é maior . A relação de
ordem tem um bom domínio para a analogia no mundo das alturas e níveis de água, pois as
crianças têm noção de comparação entre alturas e entre quantidades. Elas identificam com
muita naturalidade as idéias de mais alto, mais cheio e maior. A noção prévia de “ser maior ou
ser menor” coincide, nas crianças de 11-13 anos, com “ser mais alto”.
Percebi que os melhores recursos para se pensar no conceito abstrato dos inteiros são o
mundo do dinheiro e o jogo da reta, pois sugerem as noções de oposto de um número positivo,
novidade. Parece que, para os autores, o importante é fazer relações com o cotidiano e para
isso deve-se recorrer a todas as analogias possíveis, sem dar-se conta das diferenças entre elas
e do potencial ou da deficiência de cada uma. Talvez os autores não saibam que estão fazendo
analogias.
são empregadas de forma sistemática, nem seu potencial cognitivo é bem explorado na
construção do conhecimento.
Seria proveitoso que autores e professores conhecessem seus sentidos mais amplos e
profundos, para que os alunos se beneficiem das diversas possibilidades abertas pela
Este trabalho foi bastante importante para a minha formação, pois além de aprender
sobre recursos de linguagem e seu aproveitamento no ensino dos números inteiros, pude
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perceber que podemos explorar tais recursos didáticos em quase todos os conteúdos de
matemática. Assim, o ensino torna-se mais instigante tanto para o professor quanto para os
alunos, pois o conhecimento desses é aproveitado para promover uma melhor aprendizagem.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANT, B.; ACEVEDO, J.; FONT, V. Cognição corporificada e linguagem na sala de aula
de matemática: analisando metáforas na dinâmica do processo de ensino de gráficos de
funções. Boletim GEPEM, 46, 41-54, 2005.
OLIVEIRA, Eliane Freire de. Analogias e Metáforas como Recursos Didáticos para o
Ensino da Matemática. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte. Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET- MG, 2005. Disponível em:
<http://www.et.cefetmg.br/index.php?codigo=30>. Acesso em: 16/12/08.