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FUNDAMENTAL
Janeiro - 2004
Aos meus pais, Daniel e Eliene,
dedico esta obra.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus amigos, que estiveram ao meu lado por todos estes anos, pelo
companheirismo, compreensão e amizade...
E, acima de tudo, agradeço a DEUS por tudo o que alcancei até aqui, pois tenho
certeza de que Ele sempre esteve comigo, guiando-me a cada passo dessa longa
caminhada.
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO.....................................................................................................................8
2 - O LIVRO DIDÁTICO........................................................................................................10
4.1.1 - O SUMÁRIO.........................................................................................................13
4.2 - EXPLICAÇÕES...........................................................................................................17
6 - BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................27
During the present work, there has been chosen, at random, seven collections
of mathematics books dedicated to the fundamental teaching, from 5 th through 8th
grades, recently published. The analysis has been divided into topics, each one of
them emphasizing a different aspect of the book. The evaluation of these works is
necessary, because the improvement of teaching is directly connected to the
improvement of the book, since it is presented as the basic instrument of the
pedagogical work developed by the teacher, in and out of the classroom, when it is
not the only one.
There has been also studied the National Program of Didactic Book, created
by MEC. With this program there has been possible to see the minimums criterias
required by MEC so that the didactic book can reach its objective of contributing to
the teaching and learning process, which has helped us in the direction of our
analysis.
Eventually, there has been exposed some suggestions and conclusions to the
improvement of our books, so that teachers and students can work with more safety
when it comes to the topics approached and that the circulation of mistaken
informations through a means of communication of such wide reach be avoided.
Escola”, p.182.............................................................................................................30
Escola”, p.219.............................................................................................................31
Escola”, p.270.............................................................................................................32
p.272...........................................................................................................................33
p.209...........................................................................................................................34
Spinelli, p.280.............................................................................................................35
1 - INTRODUÇÃO
Podemos começar com uma indagação: por que foi escolhido este tema? A
resposta surge ao refletirmos sobre os recursos didáticos mais usados por nossos
professores. É comum ouvirmos em palestras e seminários que o professor deve
usar recursos computacionais, pesquisas na Internet, músicas, encenações e tudo
mais que a criatividade permitir para tornar as suas aulas inovadoras, criativas e
motivadoras.
A cada ano que passa, as tecnologias vão se aperfeiçoando e os recursos
disponíveis para a incrementação das aulas são cada vez mais práticos e eficientes.
Entretanto, o livro didático consegue sobreviver em meio a tantas novidades e
continua sendo uma das principais ferramentas pedagógicas para o processo de
ensino-aprendizagem. Ele, como vemos no Guia de Avaliação do Livro Didático,
2002: “Tornou-se, sobretudo, um dos principais fatores que influenciam o trabalho
pedagógico, determinando sua finalidade, definindo o currículo, cristalizando
abordagens metodológicas e quadros conceituais, organizando, enfim, o cotidiano
da sala de aula.“ (p.2).
Talvez a explicação disto venha da dificuldade encontrada por muitos
profissionais da educação, principalmente de escolas da rede pública de ensino, em
colocar a teoria na prática, isto é, em lançar mão dos mais variados recursos em
suas aulas. Muitas vezes eles até têm conhecimento da existência de tais meios
alternativos para enriquecer suas aulas, mas a realidade os restringe aos meios
mais triviais como quadro, giz e livro didático, devido a problemas como tempo,
dinheiro ou apoio da escola e/ou governo.
Sendo assim, para montar suas aulas o professor precisa de algo que o
direcione, pois como diz Sacristán (2000): “De fato, é conhecida a dependência do
professorado de algum material que estruture o currículo, desenvolva seus
conteúdos e apresente ao professor em termos de estratégia de ensino” (p. 150).
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Como o livro é, na maioria das vezes, o recurso mais acessível aos professores, ele
torna-se, então, uma ferramenta de grande influência na sala de aula.
Sendo o livro didático tão necessário para o processo de ensino-
aprendizagem, torna-se visível a importância e a responsabilidade que se deve
assumir com a qualidade dos livros didáticos a serem adotados por nossas escolas.
Neste sentido, buscamos neste trabalho analisar algumas coleções voltadas
para o ensino de matemática para o nível fundamental, de 5ª a 8ª séries, com o
intuito de conhecer mais profundamente a realidade dos livros didáticos, para que
se possa detectar possíveis falhas ou desvios, visando propor sugestões para
melhorar ainda mais os nossos livros.
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2 - O LIVRO DIDÁTICO
Nos últimos anos, muito se tem falado sobre a qualidade dos livros didáticos
adotados nas escolas, principalmente na rede pública de ensino, onde são
fornecidos gratuitamente aos alunos. O Ministério da Educação e Cultura (MEC)
tem mostrado muito empenho em melhorar a qualidade dos nossos livros, criando o
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Nele são analisados e avaliados livros
do ensino fundamental das mais diversas áreas do conhecimento.
Este programa é desenvolvido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e pela Secretaria de Educação Fundamental (SEF). Os dois
órgãos são ligados ao MEC. Suas principais finalidades, hoje, são a avaliação,
aquisição e distribuição universal e gratuita de livros didáticos para ensino
fundamental de 1ª a 8ª séries.
Com base na avaliação, os livros recebem menções, representadas por
estrelas, que vão das categorias:
qualidade, mas, por este ou aquele motivo, não estão a salvo de ressalvas. Desse
modo, podem subsidiar um trabalho adequado se o professor estiver atento às
observações, consultar bibliografias para revisão e complementar a proposta.
Excluídos: essa categoria foi incluída no Guia sob a forma de listagem para que os
educadores, em geral, conheçam as obras reprovadas nesta avaliação. Por não
observarem os requisitos mínimos de qualidade, esses títulos não estão disponíveis
para escolha.
A partir dessa avaliação, a SEF elabora um Guia de Livros Didáticos, trazendo as
resenhas das obras avaliadas e recomendadas, os princípios e critérios gerais, os
critérios específicos das áreas, as fichas detalhadas que orientaram o trabalho dos
especialistas na análise dos livros e, ainda, a listagem das obras excluídas.
Este guia foi utilizado para ajudar nas análises feitas durante o
desenvolvimento desta monografia. Dos livros por nós escolhidos para análise,
apenas as coleções Matemática na Vida e na Escola, da Editora do Brasil, e
Matemática, da Editora Ática, foram analisadas por este programa, recebendo as
menções de três e duas estrelas, respectivamente. Entretanto, diferente da
avaliação feita por este guia, foi feita uma avaliação mais detalhada, mostrando as
falhas, apontando os desvios, para que possamos mostrar de maneira bem evidente
a realidade dos nossos livros.
e mais páginas falando sobre álgebra ou qualquer outro assunto que fuja ao assunto
central.
Entretanto, na forma como tais temas são desenvolvidos é que o autor faz
diferença. Concorda-se com Sacristán (2000, p.152), ao mencionar que a partir da
necessidade de abrangência de todo o currículo no livro texto, os conteúdos por
vezes são abordados de forma pobre e esquemática. Por outro lado, se a
apresentação dos conteúdos fosse trabalhada através de atividades diversificadas e
mais contextualizadas, formaria um volume inabarcável e caro, o que é incompatível
para um livro de custo moderado e de caducidade anual.
Uma grande quantidade de livros didáticos torna-se ultrapassada todos os
anos. Neste ponto está a estabilidade do livro didático, que ora é maior, ora é
menor, chegando a haver livros que ficam em circulação até oito anos, ao passo que
outros têm a vida útil restrita a apenas um ano. Esta diferença nos faz questionar
quanto à necessidade de constantes mudanças dos livros didáticos, em especial dos
livros de matemática. Quem seriam os verdadeiros interessados nestas
substituições contínuas? Seria o aluno, realmente, o enfoque principal dessas
mudanças?
Estas perguntas dão margens a respostas complexas, nas quais podem ser
envolvidos interesses comerciais, mas que, no caso das escolas particulares,
mesmo indiretamente, atingem o processo de ensino aprendizagem, visto que,
quanto mais custosos forem os livros, menos pessoas poderão adquiri-los, e se
houver a necessidade de troca contínua, famílias não poderão usar os mesmos
exemplares, o que acarretará mais despesas. No que se refere aos livros fornecidos
gratuitamente pelo governo, estes também gerarão maiores despesas se forem
trocados anualmente, diminuindo, assim, os investimentos que poderiam ser feitos
em outros recursos didáticos para enriquecer ainda mais o universo escolar.
É nele, também, que podemos ver a seqüência escolhida pelo autor para o
seguimento do livro.
Analisando o sumário do livro “Mais Matemática”, 7ª série, foi possível
constatar que no capítulo 6, onde se estuda as propriedades dos ângulos, há um
tópico referente à soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo (p. 48);
mas somente no capítulo 17 há o estudo dos triângulos (p. 117) e no capítulo 18 há
o estudo dos ângulos nos triângulos (p.129).
Como o autor pode ensinar a soma dos ângulos internos do triângulo páginas
antes de estudar triângulos? Esta falha prejudica a seqüência lógica dos conteúdos
e interfere no processo de aprendizagem. Ao estudar, é natural que os alunos
sigam a ordem numérica dos capítulos, respeitando a organização do livro.
Outro aspecto observado foi quanto ao tamanho do conteúdo explicitado no
sumário. O sumário da 7ª série da coleção “Matemática e Realidade”, por exemplo,
se comparado com as demais séries, é visivelmente maior. Com duas unidades a
mais, a quantidade de conteúdo torna-se imensa, o que dificulta que todo o
conteúdo seja apreciado.
O autor precisa ter conhecimento do tempo que os professores têm para
trabalhar com os seus alunos, para que possa preparar um livro condizente com a
realidade. Um sumário no qual se observa um conteúdo muito extenso não é
suficiente para que o livro seja bom. É preciso que se valorize mais a qualidade que
a quantidade, ou seja, é preciso que haja bons conteúdos, mas na medida certa.
Não estamos afirmando que há conteúdos em excesso e que há necessidade
de abandonar alguns. Só queremos enfatizar que a divisão dos conteúdos desde a
5ª até a 8ª série deve ser feita com muita atenção e senso crítico. O tempo
separado para o ensino de matemática não é muito, portanto os autores devem
evitar muitas repetições e revisões nas séries seguintes as já estudadas, para que
se evite a elaboração de livros extensos, nos quais a abordagem plena de seus
temas torna-se inexeqüível.
Os assuntos matemáticos seguem uma seqüência, mas isso não significa que
a cada passo dado seja necessário revisar. Eles devem ser arrumados de forma
que dispensem qualquer acréscimo para a sua total compreensão, daí a importância
de um sumário bem elaborado.
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4.2 - EXPLICAÇÕES
docente, ele terá maior segurança quanto aos resultados, culminando com a criação
de um livro ainda mais eficiente.
“Exemplo 4: Comprei uma casa por R$45.000,00 e quero revendê-la com um lucro
de 12%. Por quanto deverei vender essa casa?” (p. 185).
a) A chapa tipo II tem a mesma massa da chapa tipo I, mas sua largura é de
100 cm. Qual é o seu comprimento?
b) A chapa tipo III tem 7,2 kg de massa e 100 cm de largura. Qual é o seu
comprimento?
c) A densidade do alumínio é 2,7 g/cm 3 , isto é, 1 cm3 de alumínio tem 2,7 g de
massa. Com essa informação, descubra qual é a espessura aproximada dos
três tipos de chapa.” (p. 148).
Neste exercício, podemos perceber que o autor complicou demais nos detalhes,
desviando-se do assunto estudado. Com o enunciado muito grande e usando um
pouco de física, o aluno acaba ficando confuso e desestimulado. Não é bom que
isso aconteça, pois os exercícios não deveriam ter a finalidade de complicar, mas
sim de ajudar. As dificuldades devem ser colocadas, porém na medida certa, isto é,
didaticamente.
Podemos afirmar, infelizmente, que muitos livros didáticos não têm o cuidado
que deveriam ter com a linguagem utilizada. Frases mal elaboradas, palavras mal
colocadas e outros erros interferem na leitura e, conseqüentemente, no aprendizado
dos alunos. Observe o exemplo do livro “Matemática e realidade”, 6ª série:
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“ Se uma pessoa quer comprar uma casa e não dispõe de dinheiro suficiente,
ela pode arrumar o dinheiro que falta emprestando-o de um banco.” (p.236).
O mais provável é que o autor quis dizer que a pessoa que precisa de
dinheiro pode arrumá-lo tomando emprestado de um banco. No entanto, na
construção da frase há erros na colocação do verbo, confundindo um pouco a
interpretação de quem irá emprestar o dinheiro.
A frase estaria bem mais coerente se fosse escrita das seguintes maneiras:
1 - Se uma pessoa quer comprar uma casa e não dispõe de dinheiro suficiente, ela
pode arrumar o dinheiro que falta tomando-o emprestado de um banco.
2 - Se uma pessoa quer comprar uma casa e não dispõe de dinheiro suficiente, ela
pode arrumar o dinheiro que falta pegando-o emprestado de um banco.
“Se 1,5 gato come 1,5 rato em 1,5 dia, 3 gatos comerão 6 ratos em quantos dias?”
(p. 149).
Os gatos são contados com números inteiros: um gato, dois gatos, três gatos.
Não há como dividi-los e ainda assim continuarem vivos. Este exercício foge
completamente da realidade, e não há solução para ele no mundo real.
Erros como este, muitas vezes passam desapercebidos, porém é preciso
notá-los. O profissional de matemática não pode aceitar um erro destes unicamente
por não estar inserido em seu conteúdo matemático. É preciso consertá-lo. Mais
que isso, é preciso evitá-lo. Os livros são fonte de pesquisa, de estudo. É
inadmissível a ocorrência de tais erros em suas páginas. Além da matemática, o
autor também precisa se preocupar com a linguagem usada em seus livros. Ela é
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seus recursos para aproximar o aluno de seu ambiente cultural, ele está
proporcionando uma nova proposta educacional, cujo grande objetivo é eliminar a
exclusão social.
A partir das análises realizadas durante este trabalho, foi possível constatar
algumas falhas e erros nos livros didáticos selecionados. Mesmo aqueles que foram
classificados como recomendados com distinção (3 estrelas) na avaliação do Plano
Nacional do Livro didático, como é o caso da Coleção “Matemática na Vida e na
Escola”, apresentaram falhas quanto ao tamanho de suas ilustrações, por exemplo.
Descobrimos, também, a existência de programas que visam avaliar a
qualidade dos nossos livros, para que se possa conscientizar professores e escolas
quanto à necessidade de se optar por uma boa obra didática, o que comprova, de
maneira bem evidente, que os livros interferem no processo de ensino
aprendizagem e, portanto, precisam ser bem escolhidos.
Possivelmente há outros livros, diferentes dos que aqui foram analisados, que
apresentam outros tipos de falhas que não foram mencionadas neste trabalho. No
entanto, a pesquisa feita, mesmo que com apenas sete coleções, serve para nos
deixar em estado de alerta, com o senso crítico aguçado, para que se possa
derrubar de uma vez por todas a “verdade” que atravessa os tempos e gerações de
que o livro didático é o dono da razão.
como um instrumento capaz de facilitar a educação no contexto social para o qual foi
escrito.
6 - BIBLIOGRAFIA
Imenes & Lellis – Matemática para todos - 5ª a 8ª séries, Editora Scipione, São
Paulo, 2000.
ANEXOS
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