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23 de maio de 2023
Ficha técnica
Lista de Figuras 4
4 Equações Diferenciais 39
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.2 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.3 Equações diferenciais ordinárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2
4.3.1 Equações diferenciais de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.3.2 Problema de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.4 Equações diferenciais com variáveis separadas e equações com variáveis separáveis . . . . 41
4.4.1 Equações com variáveis separadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.4.2 Equações diferenciais com variáveis separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4.3 Equações na forma y 0 = G(ax + b y + c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.5 Equações homogéneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.5.1 Resolução de Equações diferenciais homogéneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.6 Equações diferenciais exactas e Factor integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Bibliografia 48
Lista de Figuras
q
1.1 Domínio da função f (x, y) = 4 − x 2 − y 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
p
x + y +1
1.2 Domínio da função z = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
x −1
1.3 Linhas de nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Limite da função f (x, y) no ponto P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 Caminho não fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Caminho fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4 Sentido do percurso numa curva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.5 Exemplo 3.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4
Capítulo 1
1.1 Introdução
Neste capítulo iremos estudar as funções de várias variáveis, entretanto vai se dar mais destaque as
funções de duas variáveis, uma vez que os factos importantes da teoria de funções de várias variáveis
verificam-se também nestas funções. Além disso, para as funções de duas variáveis podemos dar uma
interpretação geométrica mais ilustrativa, pois possuem gráficos em três dimensões.
1.2 Objectivos
No fim deste capítulo o aluno deve ser capaz de:
6. Aplicar o conceito de derivadas para determinar os extremos das funções de duas ou mais variá-
veis.
5
Análise Matemática III - EI Funções de diversas variáveis
1.3 Conceitos básicos
1.3.1 Domínio de existência
Definição 1.1. Seja D um conjunto de pares ordenados (x, y). A correspondência f a qual para cada par
(x, y) ∈ D atribui um e somente um valor de z ∈ R chamaremos de função de duas variáveis definida no
conjunto D com imagem em R.
Resolução. Da Análise Matemática I sabemos que o domínio das funções irracionais de índice par é tal
que o argumento seja não negativo, assim,
4 − x 2 − y 2 ≥ 0 ⇐⇒ x 2 + y 2 ≤ 4.
q
Figura 1.1: Domínio da função f (x, y) = 4 − x2 − y 2
■
p
x + y +1
Exemplo 1.2. Determine o domínio de existência da função z = .
x −1
Resolução. O domínio de definição da função dada é o conjunto
D = (x, y) : x + y + 1 ≥ 0 ∧ x 6= 1 .
© ª
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Análise Matemática III - EI Limite e continuidade
p
x + y +1
Figura 1.2: Domínio da função z =
x −1
■
x
µ ¶
Exemplo 1.3. Determine o domínio de existência da função z = arcsen .
y2
x x
µ ¶
Resolução. A função z = arcsen 2 está definida se y 6= 0 e −1 ≤ 2 ≤ 1. Logo, o domínio de existência
y y
2 2
é uma parte do plano que se situa entre as parábolas y = x e y = −x, com excepção do ponto (0, 0). A
representação desta região é a que se segue. ■
Resolução. Pela Definição 1.2, a equação da família de linhas de nível tem a forma
x 2 + y 2 = C ,C > 0.
Quando atribuímos diferentes valores reais a C obtemos circunferências concêntricas com centro na
origem. Estas circunferências estão representadas na figura que se segue.
■
Pág. 7
Análise Matemática III - EI Limite e continuidade
1.4 Limite e Continuidade
1.4.1 Motivação
xy
Vamos considerar a função f (x, y) = , definida para todos os pontos (x, y) 6= (0, 0). Quando (x, y)
x2 + y 2
se aproxima do ponto (1, 0) diremos que os valores da função se aproximam de 0, que é o valor da função
no ponto (1, 0), isto é
lim f (x, y) = 0.
(x,y)→(1,0)
Este raciocínio não pode ser usado para estudar o comportamento da função no ponto (0, 0), porque
xy 0
a substituição directa de x e y por 0 na expressão 2 2
vai gerar a indeterminação . Sem limitar
x +y 0
a discussão e as diversas estratégias que serão vistas posteriormente, neste caso, o valor do limite de
f (x, y) em (0, 0) vai depender do caminho que usarmos para chegar ao ponto (0, 0).
Ora vejamos, suponhamos inicialmente que (x, y) → (0, 0), ao longo do eixo das abcissas, isto é, ao longo
da recta y = 0. Neste caso temos:
xy 0
lim f (x, y) = lim = lim = 0.
(x,y)→(0,0) x→0 x 2 + y 2 x→0 x2
y=0 y=0
xy x2 x2 1
lim f (x, y) = lim = lim = lim = .
(x,y)→(0,0) x→0 x 2 + y 2 x→0 x 2 + x 2 x→0 2x 2 2
y=x y=x
Tendo em conta que existe uma infinidade de caminhos segundo os quais (x, y) se aproxima do ponto
(a, b) e é literalmente impossível efectuar o cálculo ao longo de todos estes caminhos, isso torna o cál-
culo de limites de funções de duas variáveis um pouco mais complexa. Contudo fica a seguinte lição:
para que o limite lim f (x, y) exista é necessário que o limite em todos os ca-
(x,y)→(a,b)
minhos que conduzam (x, y) para o ponto (a, b) existam e sejam iguais.
lim f (x, y) = L
(x,y)→(a,b)
se e somente se
tal que
q
∀(x, y) ∈ D, 0 < (x − a)2 + (y − b)2 < δ ⇐⇒ | f (x, y) − L| < ε.
Pág. 8
Análise Matemática III - EI Limite e continuidade
Intuitivamente este conceito estabelece que as imagens de todos os pontos da δ-vizinhança, excepto,
possivelmente, o ponto P (a, b), estão dentro do intervalo de centro L e raio ε, como sugere a figura que
se segue.
Resolução. Devemos provar que para cada ε > 0 dado, corresponde um δ = δ(ε) > 0 tal que
q
0 < (x − 2)2 + (y − 1)2 < δ ⇐⇒ |2x + y − 5| < ε.
O foco da nossa resolução é a desigualdade |2x + y − 5| < ε, que envolve ². Temos que
|2x + y − 5| = |2x − 4 + y − 1| = |2(x − 2) + (y − 1)| ≤ 2|x − 2| + |y − 1|. (1.1)
Ora, observe que
p q
|x − 2| = (x − 2)2 ≤ (x − 2)2 + (y − 1)2 < δ
e
q q
|y − 1| = (y − 1)2 ≤ (x − 2)2 + (y − 1)2 < δ
Resulta de 1.1 que
|2x + y − 5| ≤ 2|x − 2| + |y − 1| ≤ 2δ + δ = 3δ.
Donde resulta que
ε
δ= .
3
■
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Análise Matemática III - EI Limite e continuidade
2
Proposição 1.1. Sejam f , g : D ⊆ R → R duas funções, P (x, y) um ponto em D e P 0 (a, b) um ponto de
acumulação do conjunto D. Se lim f (P ) = L e lim g (P ) = M , então:
P →P 0 P →P 0
£ ¤
Linearidade: lim f (P ) + g (P ) = L + M .
P →P 0
£ ¤
Produto: lim f (P ) · g (P ) = L · M .
P →P 0
f (P ) L
Quociente: lim = , desde que M 6= 0.
P →P 0 g (P ) M
Teorema 1.1. Para que uma função f (x, y) admita limite no ponto P 0 (a, b) é necessário que os limites
reiterados
µ ¶ ³ ´
lim lim f (x, y) = lim lim f (x, y) . (1.2)
x→a y→b y→b x→a
então a função f (x, y) não tem limite no ponto P 0 (a, b). Entretanto, a igualdade dos limites reiterados
não assegura a existência do limite de f (x, y) no ponto (a, b), As propriedades do cálculo de limites de
funções de uma variável real continuam válidas no cálculo de limites de funções de várias variáveis.
x−y
Exemplo 1.6. Investigue, por meio dos limites reiterados, se existe ou não o limite da função lim .
(x,y)→(0,0) x + y
Resolução. Neste caso não podemos aplicar as propriedades pois a substituição directa de x e y por 0
x−y 0
na expressão produz a indeterminação . Calculando os limites reiterados encontramos
x+y 0
x−y x −0 x
µ ¶
lim lim = lim = lim = 1.
x→0 y→0 x + y x→0 x + 0 x→0 x
e
x−y 0− y y
µ ¶
lim lim = lim = lim − = −1.
y→0 x→0 x + y y→0 0 + y y→0 y
Uma vez que estes limites são diferentes, deduz-se que este limite não existe. ■
Teorema 1.2. Para que o limite lim f (x, y) exista é necessário que o limite em todos os caminhos que
(x,y)→(a,b)
conduzam (x, y) para o ponto (a, b) existam e sejam iguais.
2x y 2
Exemplo 1.7. Investigue se a função f (x, y) = tem limite na origem.
x3 + y 3
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Análise Matemática III - EI Limite e continuidade
Resolução. Neste caso, os limites reiterados são ambos iguais a zero, entretanto, como sabemos, isso
não assegura a existência do limita da função na origem. Para averiguarmos isso, vamos escolher dois
caminhos γ1 : y = 0 e γ2 : y = x e calculemos o limite da função ao longo desses caminhos.
No caminho γ1 :
2x y 2 2x y 2 0
lim 3 3
= lim 3 3
= lim 3 = 0.
(x,y)→(0,0) x + y x→0 x +y x→0 x
(x,y)∈γ1 y=0
No caminho γ2 :
2x y 2 2x y 2 2x 3
lim = lim = lim = 1.
(x,y)→(0,0) x 3 + y 3 x→0 x 3 + y 3 x→0 2x 3
(x,y)∈γ2 y=x
Vê-se que a função tem limites diferentes ao longo de cada uma dos caminhos, o que mostra que ela
não tem limite na origem. ■
q limites podem ser calculados com auxilio das coordenadas polares x = r cosθ e y = sen θ. Como
Certos
r = x 2 + y 2 , segue que (x, y) → (0, 0) se, e somente se, r → 0 e, assim, se o valor do limite, com r → 0,
não depender da direcção θ, esse será o limite do função com (x, y) → (0, 0).
3x 2 y
Exemplo 1.8. Mostre, usando as coordenadas polares, que lim = 0.
(x,y)→(0,0) x 2 + y 2
r cos2 θ (r sen θ)
¡ 2
r 3 cos2 θ sen θ
¢
3x 2 y
lim = 3 lim = 3 lim = 3 lim r cos2 θ sen θ = 3 · 0 = 0.
(x,y)→(0,0) x 2 + y 2 r →0 r 2 cos2 θ + r 2 sen2 θ r →0 r2 r →0
1.5 Continuidade
Definição 1.4. Consideremos uma função f : D ⊆ R2 → R e P 0 (a, b) um ponto do domínio D. Diremos
que f é contínua no ponto P 0 se P 0 for um ponto isolado de D ou se P 0 for um ponto de acumulação de D
e se as seguintes condições forem satisfeitas:
2. lim f (x, y) = f (P 0 ).
P →P 0
Quando a função f não for contínua em P 0 , diremos que f é descontínua no ponto P 0 e isso ocorrerá
se pelo menos uma das condições da definição não for atendida. O ponto P 0 é uma descontinuidade
removível de f se existir lim f (x, y), mas lim f (x, y) 6= f (P 0 ). Quando o limite lim f (x, y) o ponto P 0
P →P 0 P →P 0 P →P 0
denomina-se descontinuidade essencial de f . Como consequência das propriedades do limite, segue o
seguinte resultado:
3x 2 y
, se (x, y) 6= (0, 0)
x2 + y 2
f (x, y) = .
0, se (x, y) = (0, 0)
Resolução. Esta função é contínua em todos os pontos, porque é uma função racional com o deno-
minador diferente de zero. Por outro lado, vimos no Exemplo 1.8 que lim f (x, y) = 0 = f (0, 0) e,
(x,y)→(0,0)
portanto, f (x, y) é contínua, também, em (0, 0). Assim pode-se afirmar que esta função é contínua no
plano R2 . ■
Resolução. Para estudar a continuidade desta função é necessário, primeiro, calcular o limite deste fun-
ção quando (x, y) → (0, 0). Para q
isso vamos aplicar a técnica de mudança de coordenadas. Como já se
sabe x = r cosθ, y = r sen θ e r = x 2 + y 2 . Assim, teremos
xy r 2 cos θ sen θ
lim p = lim = lim r cos θ sen θ = 0.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 r →0 r r →0
xy
Entretanto, lim p 6= f (0, 0) = 1, o que nos leva a concluir que o ponto (0, 0) é um ponto de
x2 + y 2
(x,y)→(0,0)
descontinuidade removível. ■
Se considerarmos que a variável y é constante, isto é, y = b vamos obter uma função real de uma variável
que depende apenas da variável x g (x) = f (x, b) definida num intervalo I que contem o ponto a no seu
interior. A derivada da função g (x) no ponto a, caso exista, é denominada derivada parcial da função
Pág. 12
Análise Matemática III - EI Diferenciabilidade
f (x, y) em relação a variável x. no ponto P (a, b). Essa derivada parcial é comummente representada
representada por
∂f
(a, b) ou f x (a, b).
∂x
Definição 1.5. A derivada parcial da função f (x, y) é dada por
∂f f (a + h, b) − f (a, b)
(a, b) = lim . (1.3)
∂x h→0 h
se o limite existir.
Geometricamente, a derivada parcial f x (a, b) mede a inclinação de uma recta t , tangente à curva de in-
tersecção a superfície z = f (x, y) com o plano y = b.
De forma similar define-se a derivada parcial da função f (x, y) em relação a variável y, isto é,
∂f f (a, b + k) − f (a, b)
(a, b) = lim . (1.4)
∂y k→0 k
Exemplo 1.11. Calcular as derivadas parciais da função f (x, y) = 3x 2 + 5x y − 4y 2 no ponto P (1, 2).
Resolução. Para calcular as derivadas f x (x, y) e f y (x, y) no ponto P (1, 2), primeiro vamos obter as ex-
pressões das derivadas e, em seguida, vamos avaliar essas derivadas no ponto desejado. Como sabe-
mos, para calcular a derivada f x (x, y) devemos considerar que a variável y é constante e para calcular a
derivada f y (x, y) deveremos considerar que a variável x é constante. Deste modo teremos:
¢0 ¡ ¢0 ¡ ¢0
f x (x, y) = 3x 2 + 5x y − 4y 2 = 6x + 5y
¡
e
¢0 ¡ ¢0 ¡ ¢0
f y (x, y) = 3x 2 + 5x y − 4y 2 = 5x − 8y.
¡
Portanto,
z = u 3 v 3 + u + 1,
Suponhamos as todas as derivadas parciais da função F (u, v), ϕ(x, y) e ψ(x, y) são contínuas e proponhamo-
∂F ∂F
nos calcular e a partir das igualdades 1.5 e 1.6 sem, com isso, usar a igualdade 1.7. Por conse-
∂x ∂y
guinte teremos:
∂F ∂F ∂u ∂F ∂v
= + (1.8)
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
e
∂F ∂F ∂u ∂F ∂v
= + . (1.9)
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
Exemplo 1.13. Determine as derivadas parciais da função z = u + v 2 , onde u = x 2 + sen y e v = ln(x + y).
Resolução. Para determinar estas derivadas, vamos aplicar as fórmulas 1.8 e 1.9.
∂z ∂z ∂u ∂z ∂v 1 2v 2 ln(x + y)
= + = 1 × 2x + 2v × = 2x + = 2x + .
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x x+y x+y x+y
e
∂z ∂z ∂u ∂z ∂v 1 2v 2 ln(x + y)
= + = 1 × cos y + 2v × = cos y + = cos y + .
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y x+y x+y x+y
■
2
Exemplo 1.14. Determine as derivadas parciais da função composta z = ln(u 2 + v), onde u = e x+y e
v = x 2 + y.
Resolução. Para determinar estas derivadas, vamos aplicar as fórmulas 1.8 e 1.9.
∂z 2u x+y 2 1 2 ³ x+y 2 ´
= 2 e + 2 2x = 2 ue +x ,
∂x u + v u +v u +v
∂z 2u ³ 2
´ 1 1 ³ 2
´
= 2 2ye x+y + 2 = 2 2u ye x+y + 1 .
∂y u + v u +v u +v
Pág. 14
Análise Matemática III - EI Diferenciabilidade
1.6.3 Diferencial total duma função de diversas variáveis
Teorema 1.3. Se a função z = f (x, y) é diferenciável no ponto M (x, y), então ela é contínua nesse ponto e
∂z ∂
possui as derivadas parciais e . Assim o diferencial total da função z = f (x, y) é dada por
∂x ∂y
∂z ∂z
dz = dx + d y. (1.10)
∂x ∂y
Resolução. Para determinar o diferencial total da função dada é necessário primeiro calcular os diferen-
ciais (derivadas) da primeira ordem, isto é,
∂z ¡ 2 ¢0 ¡ ¢0 ¢0 ¡ ¢0
= x sen(x y) x = x 2 x · sen(x y) + x 2 sen(x y) x · x y x
¡
∂x
= 2x sen(x y) + x 2 · cos(x y) · y = 2x sen(x y) + x 2 y · cos(x y)
∂z ¡ 2 ¢0 ¡ ¢0 ¢0 ¡ ¢0
= x sen(x y) y = x 2 y · sen(x y) + x 2 sen(x y) y · x y y
¡
∂y
= 0 · sen(x y) + x 2 · cos(x y) · x = x 3 · cos(x y)
∂z ∂z
d y = 2x sen(x y) + x 2 y · cos(x y) d x + x 3 · cos(x y) d y.
£ ¤ £ ¤
dz = dx +
∂x ∂y
∂ ∂z ∂2 z
µ ¶
0
z xx = = 2 (1.11)
∂x ∂x ∂x
∂ ∂z ∂2 z
µ ¶
z x0 y = = (1.12)
∂y ∂x ∂x∂y
∂ ∂z ∂2 z
µ ¶
z 0y x = = (1.13)
∂x ∂y ∂y∂x
∂ ∂z ∂2 z
µ ¶
z 0y y = = 2 (1.14)
∂y ∂y ∂y
Pág. 15
Análise Matemática III - EI Diferenciabilidade
Exemplo 1.16. Determine as segunda derivadas da função z = x 4 − 2x 2 y 3 + y 5 + 1.
z x0 = 4x 3 − 4x y 3 e z 0y = −6x 2 y 2 + 5y 4 .
Feito isto, vamos determinar a derivada da segunda ordem em relação a variável x, para isso, basta
derivar a derivada da primeira ordem em relação a variável x, isto é,
¢0
00
= 4x 3 − 4x y 3 x = 12x 2 − 4y 3 .
¡
z xx
e
¢0
z 00y x = −6x 2 y 2 + 5y 4 x = −12x y 2 .
¡
Finalmente, vamos determinar a derivada da segunda ordem em relação a variável y, para isso, basta
derivar a derivada da primeira ordem em relação a variável y, isto é,
¢0
z 00y y = −6x 2 y 2 + 5y 4 x = −12x 2 y + 20y 3 .
¡
■
Teorema 1.4. Se as derivadas parciais da primeira e segunda ordem da função z = f (x, y), então z x00y =
z 00y x .
É por esta razão que no Exemplo 1.16 as derivadas z x00y e z 00y x são iguais.
Definição 1.6. Seja z = f (x, y) uma função que admite derivadas parciais de segunda ordem contínuas.
O diferencial total da segunda ordem define-se segundo a fórmula d 2 z = d (d z).
De forma geral temos:
∂z ∂z
µ ¶
2
d z =d dx + 00
d y = z xx d x 2 + 2z x00y d xd y + z 00y y d y 2 . (1.15)
∂x ∂y
Exemplo 1.17. Determine d 2 z para a função z = x 3 y 2 .
z x0 = 3x 2 y 2 e z 0y = 2x 3 y.
d 2 z = 6x y 2 d x 2 + 12x 2 yd xd y + 2x 3 d y 2 .
■
Pág. 16
Análise Matemática III - EI Extremos de funções de diversas variáveis
1.6.5 Derivada segundo uma orientação
Dada a função z = f (x, y), a sua derivada no ponto M (x, y) segundo a orientação do vector ~
l = cos α, cos β ,
¡ ¢
∂z ∂z ∂z
= cos α + cos β, (1.16)
∂~
l ∂x ∂y
∂z ¯¯
¯ ¯
¯
= 2x ¯¯ = 2
∂x M¯
M
e
∂z ¯¯
¯ ¯
¯
= 2y ¯¯ = 2.
∂y M¯
M
Por conseguinte,
∂z ∂z ∂z 3 4 14
= cos α + cos β = 2 × + 2 × = .
∂~
l ∂x ∂y 5 5 5
■
Definição 1.8. Diz-se que a função z = f (x, y) teu um mínimo no ponto P (x 0 , y 0 ), se para todos os pontos
P (x, y) diferentes P , de um entorno qualquer de P , é válida a desigualdade:
O valor da função no ponto de máximo de máximo e o valor da função no ponto de mínimo chamare-
mos de mínimo. Os pontos de máximo e mínimo duma função chamaremos de extremos da função.
Pág. 17
Análise Matemática III - EI Extremos de funções de diversas variáveis
Teorema 1.5. [Condição necessária para existência de extremos]. Se no ponto P (x 0 , y 0 ), a função dife-
renciável possui um extremo (máximo ou mínimo), então as suas derivadas parciais de primeira ordem
serão nulas nesse ponto, isto é,
f x0 (x 0 , y 0 ) = 0 f y0 (x 0 , y 0 ) = 0. (1.19)
Se as condições dadas no teorema anterior forem cumpridas, então chamaremos estes pontos de pontos
estacionários da função. Os pontos estacionários e os pontos em que, pelo menos, umas das derivadas
parciais não existem chamaremos de pontos críticos.
y2
Exemplo 1.19. Determine, se existirem, os pontos estacionários da função z = x 2 − x y + − x − 2y.
2
Resolução. Vamos seguir as etapas que se seguem para resolver a questão:
z x0 = 2x − y − 1 e z 0y = −x + y − 2.
Como se vê, as derivadas parciais da primeira ordem anulam-se no ponto P (3, 5), isso quer dizer
que este é o ponto estacionário da função dada.
Teorema 1.6. [Condição suficiente para existência de extremos]. Seja P (x 0 , y 0 ) um ponto estacionário da
função z = f (x, y). Suponhamos que a função z = f (x, y) admite derivadas parciais de segunda ordem
contínuas. Seja
¯ ¯ ¯
00 ¯
= z x00y ¯¯ = z 00y y ¯¯ e ∆ = AC − B 2 .
¯ ¯ ¯
A = z xx ¯ , B , C (1.20)
(x 0 ,y 0 ) (x 0 ,y 0 ) (x 0 ,y 0 )
Então:
y2
Exemplo 1.20. Determine os extremos locais da função z = x 2 − x y + − x − 2y.
2
Resolução. Vamos fazer a resolução seguindo as seguintes etapas:
Etapa 1: determinar os pontos estacionários da função dada. No Exemplo 1.19 vimos que as derivas
parciais da primeira ordem eram
z x0 = 2x − y − 1 e z 0y = −x + y − 2
Etapa 3: calcular os valores das derivadas da segunda ordem no ponto estacionário. Como vimos na
Etapa 1, o ponto estacionário desta função é P (3, 5). Assim:
¯ ¯ ¯
00 ¯ 00 ¯ 00 ¯
¯ ¯ ¯
A = z xx ¯ = 2, B = z x y ¯ = −1 e C = z y y ¯ = 1.
(3,5) (3,5) (3,5)
∆ = 2 × 1 − (−1)2 = 1.
52
¯
25 25 57
= 32 − 3 × 5 +
¯
z ¯¯ − 3 − 2 × 5 = 9 − 15 − − 10 = −16 − =− .
(3,5) 2 2 2 2
Resolução. Tal como fizemos nos exemplos anteriores, vamos seguir as seguintes etapas para encontrar
os pontos pedidos:
z x0 3x 2 − 3y = 0 x2 = y
½ ½ ½ ½
= 0 x =0→y =0
⇐⇒ ⇐⇒ =⇒ .
z 0y = 0 3y 2 − 3x = 0 y2 = x x =1→y =1
∆ = AC − B 2 = 0 × 0 − (−3)2 = −9 < 0.
Por conseguinte, o primeiro ponto crítico não é, nem um mínimo nem um máximo.
Pág. 19
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
Etapa 4: Estudemos a natureza do ponto crítico P (1, 1):
∆ = AC − B 2 = 6 × 6 − (−3)2 = 27 > 0.
Por conseguinte, a função admite um mínimo no ponto P (1, 1); o valor da função neste ponto é:
¯
¯
z ¯¯ = −1.
(1,1)
Pág. 20
Capítulo 2
∆S 1 , ∆S 2 , · · · , ∆S n , (2.1)
Sejam
f (P 1 ), f (P 2 ), (2.3)
· · · , f (P n ) (2.4)
21
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
Consideremos uma sequência arbitrária de somas integrais formadas pela função f (x, y) no domínio D
Vn 1 , Vn 2 , · · · , Vn k , · · · , (2.6)
por diversos cortes de D em domínios parciais ∆S i . e suponha-se que o maior diâmetro dos ∆S i tende
para zero quando n → ∞. Tem-se, então, o seguinte teorema que não demonstraremos:
Teorema 2.1. Sendo a função f (x, y) contínua no domínio fechado D, a sequência definida em 2.6 de
somas integrais 2.5 tem um limite quando o maior diâmetro dos domínios parciais ∆S tende para zero e
quando n → ∞. Este limite é o mesmo qualquer que seja a sequência 2.6, isto é, que não depende nem do
modo do corte de D em domínios parciais ∆S i nem da escolha do ponto P i em ∆S i .
Este limite chama-se integral duplo da função f (x, y) sobre o domínio D e designa-se por
n
X Z Z
lim f (P i )∆S i = f (x, y) d xd y. (2.7)
d i am ∆S i →0 i =1
D
Vamos considerar que D é um trapézio curvilíneo limitado pelas rectas x = a, x = b e pelas curvas y =
ϕ1 (x) e y = ϕ2 (x), sendo ϕ1 (x) e ϕ2 (x) contínuas e ϕ1 (x) ≤ ϕ2 (x) para todo x ∈ [a, b]. Então
Z ϕ2 (x)
S(x) = f (x, y) d y
ϕ1 (x)
e
Z b Z b ·Z ϕ2 (x) ¸
V= S(x) d x = f (x, y) d y d x.
a a ϕ1 (x)
Z Z
Exemplo 2.1. Calcule o integral x d xd y, onde D é o rectângulo definido pelas desigualdades 0 ≤ x ≤ 1
D
e 0 ≤ y ≤ 2.
Resolução. Em primeiro lugar, temos de representar o domínio dado no sistema de eixo ortogonais.
Pág. 22
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
■
ZZ
Exemplo 2.2. Calcule o integral x d xd y, onde D é o rectângulo definido pelas desigualdades 0 ≤ x ≤ 1
D
e y = x.
Resolução. Como fizemos no exemplo anterior, primeiro vamos desenhar o domínio dado
Do gráfico vê-se que quando a a variável x varia de 0 para 1, a variável y varia de 0 para a função y = x.
Assim, o integral dado fica:
Z 1 · ¯x ¸
x 3 ¯¯1 1
ZZ Z 1 ·Z x ¸ Z 1 ¯
2
¯
x d xd y = x dy dy = x y¯ d x =
¯ x dx = ¯ = .
0 0 0 0 0 3 0 3
D
■
Pág. 23
Análise Matemática III - EI ZZ Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
Exemplo 2.3. Determine o integral x d xd y, onde D é a região limitada pelas curvas ϕ1 (x) = x 2 e
D
ϕ2 = 2x.
Resolução. A semelhança do que foi feito nos outros exemplos, vamos começar por representar a região
de integração.
Uma vez que neste exercício não nos é dado os valores da variável x, imprescindíveis para realizar o
cálculo, temos de fazer o seguinte:
½
2 2 x = 0
ϕ1 (x) = ϕ2 (x) ⇐⇒ x = 2x ⇐⇒ x − 2x = 0 ⇐⇒ x(x − 2) = 0 =⇒ .
x = 2
■
ZZ
Exemplo 2.4. Determine o integral (x + y) d xd y, onde D é a região limitada pelas curvas ϕ1 (x) = x e
p D
ϕ2 = x.
Resolução. A semelhança dos outros exemplos, primeiro vamos representar a região de integração, isto
é,
Pág. 24
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
Feito isso, temos de determinar o segmento de integração da variável x, para isso vamos fazer o seguinte:
½
2 2 x = 0
ϕ1 = ϕ2 ⇐⇒ x = x ⇐⇒ x − x = 0 ⇐⇒ x(x − 1) = 0 =⇒ .
x = 1
Z 1 "Z p #
x
= (x + y) d y dx
0 x
¸ ¯p
y 2 ¯¯ x
Z 1·
= xy + dx
0 2 ¯x
Z 1 "Ã ¡p ¢2 ! µ #
p x 2¶
x
= x x+ − x2 + dx
0 2 2
x ´ 3x 2
Z 1 ·³ ¸
3
= x + 2 − dx
0 2 2
2 5 x 2 x 3 ¯¯1
µ ¶¯
= x2 + −
5 4 2 ¯0
3
= .
20
■
Pág. 25
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
2.3 Mudança de variável no integral duplo
Uma forma de simplificar o cálculo do integral duplo é usando o método de substituição. Para efectu-
armos tal substituição, vamos considerar a seguinte transformação das variáveis independentes x e y
como
Se estas funções tiverem, numa região Ω, do plano Ouv, derivadas contínuas de primeira ordem e de-
terminante diferente não nulo
¯ 0
¯ ϕu ϕ0v ¯¯
¯
¯
J (u, v) = ¯¯ ¯
¯ (2.9)
¯ψ 0 ψv0¯
u
e a função f (x, y) é contínua na região D, então tem lugar a fórmula de mudança de variáveis no integral
duplo:
ZZ ZZ
f ϕ(u, v), ψ(u, v) |J (u, v)| d ud v.
£ ¤
f (x, y) d xd y = (2.10)
D Ω
Vamos considerar uma mudança de variáveis muito usada no cálculo de integrais duplos, que são as co-
ordenadas polares ρ e θ. No lugar de u e v, na equação 2.8, vamos colocar as coordenadas polares ρ e θ.
elas estão relaccionadas com as coordenadas cartesianas segundo as fórmulas x = ρ cos θ e y = ρ sen θ.
Pág. 26
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
ZZ q ZZ q ZZ q
¢2 ¡ ¢2
9 − ρ cos θ − ρ sen θ ρ d ρd θ = 9 − ρ 2 cos2 θ + ρ 2 sen2 θ ρ d ρd θ
¡ ¡ ¢
9 − x2 − y 2 d xd y =
D Ω Ω
ZZ q ZZ q
ρ 9 − ρ2 cos2 θ + sen2 θ d ρd θ = ρ 9 − ρ 2 d ρd θ
¡ ¢
=
Ω Ω
Pág. 27
Análise Matemática III - EI Integrais Múltiplos e Suas Aplicações
2π 2 2π ρ 3 ¯¯2
¯
14π
ZZ q ZZ q ZZ Z Z Z
2 2
x2 + y 2 d xd y = ρ2 ρ ρ. d θ = ρ d ρd θ = dθ ρ dρ = dθ = .
0 1 0 3 1 ¯ 3
D Ω Ω
Resolução. Esta região de integração está representada na Figura 2.3 e a sua área é dada por:
ZZ ZZ Z 2π ·Z 2 ¸ Z 2π
¯2 Z 2π
¯2π
2¯
ρ d ρd θ = ρ dρ dθ = ρ ¯ dθ = 3 d θ = 3θ ¯¯ = 6π.
¯ ¯
A= d xd y =
0 1 0 1 0 0
D Ω
dá-nos o volume do corpo delimitado superiormente pela superfície z = f (x, y) e cuja base é D.
Exemplo 2.9. Determine oªvolume do paraboloide definido pela função f (x, y) = x 2 + y 2 , no domínio
D = (x, y) ∈ R2 : x 2 + y 2 ≤ 9 .
©
2π ·Z 3 2π ρ 4 ¯¯3 81 2π
¸ ¯
81
ZZ ZZ Z Z Z
2 2 3 3
ρ d ρd θ = ρ dρ dθ = dθ = d θ = π.
¡ ¢
V= x +y d xd y =
0 0 0 4 0 ¯ 4 0 2
D Ω
Pág. 29
Capítulo 3
Os integrais curvilíneos podem ser encontrados em inúmeras aplicações nas Ciências Exatas, como por
exemplo, no cálculo do trabalho realizado por uma força variável sobre uma partícula, movendo-a de
um ponto A a um ponto B no plano. Na Termodinâmica, um integral curvilíneos é utilizada, por exem-
plo, para calcular o trabalho e o calor desenvolvido numa transformação qualquer.
Nesta capítulo vamos dar o conceito básico de integração ao longo de uma curva C. Esse integral é deno-
minado de integral curvilíneo. Vamos aprender a trabalhar com integrais curvilíneos de uma função de
duas variáveis e de um campo vetorial no plano. O raciocínio desenvolvido aqui é análogo para funções
de três variáveis e campos vetoriais no espaço.
raciocínio, vamos imaginar que P (t ) é um ponto em movimento, cuja posição é determinada em função
do tempo t , que descreve uma curva C no plano, para a ≤ t ≤ b.
Figura 3.1:
Para calcular o integral dado em (3.1) é necessário conhecer a expressão da curva C , que pode ser dada
na forma cartesiana ou paramétrica. A forma cartesiana é mais utilizada, quando a curva C é o gráfico de
30
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
uma função y = g (x). Já a forma paramétrica, abrange o caso geral, tanto para gráficos de função ou não.
Em ambos os casos o integral (3.1) pode ser transformado em um integral simples de uma variável, para
isso, basta restringirmos os valores de f (x, y) aos pontos da curva C e encontrarmos uma expressão ade-
quada para d S.
Portanto,
Z Z b q
¤2
f x, ϕ(x) · 1 + ϕ0 (x) d x.
¡ ¢ £
f (x, y) d S =
C a
com t a ≤ t ≤ t b .
Neste caso temos que:
q
¤2
[x 0 (t )]2 + y 0 (t ) d t
£
dS = (3.3)
Por conseguinte,
Z Z tb q
¤2
[x 0 (t )]2 + y 0 (t ) d t
¡ ¢ £
f (x, y) d S = f x(t ), y(t ) ·
C ta
Z
Exemplo 3.1. Calcule o integral x y 2 d S sobre a curva y = x do ponto (0, 0) ao ponto (1, 1).
C
2
Resolução. A função f (x, y) = x y assume, ao longo da curva y = x, o valor de:
f (x, y) = x y 2 =⇒ f (x, x) = x · x 2 = x · x 2 = x 3 .
ϕ0 (x) = 1.
Finalmente, teremos
p p
1 p p Z 1 3 2 4 ¯¯1
¯
2
Z Z
2 3
x y dS = x 2 dx = 2 x dx = x ¯ = .
C 0 0 4 0 4
■
Pág. 31
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
2
x
µ ¶
1
Z
Exemplo 3.2. Calcule o integral 2x y d S sobre a curva y = do ponto (0, 0) ao ponto 1, .
C 2 2
x2
Resolução. A função f (x, y) = 2x y assume, ao longo da curva y = , o valor de:
2
x2 x2
¶ µ
f (x, y) = 2x y =⇒ f x, = 2x · = x · x 2 = x · x = x 3.
2 2
x2
Considerando que ϕ(x) = , então teremos que
2
ϕ0 (x) = x.
Finalmente, teremos
Z Z 1 p
2x y d S = x3 · 1 + x2 d x
C 0
p
Vamos ter de considerar também que quando x = 0 =⇒ t = 1 e quando x = 1 =⇒ t = 2. O integral,
então passa a ser:
p p ¶¯ p
1 1 2 2 t 5 t 3 ¯¯t = 2
Z p Z p Z Z µ
x3 · x2 · t2 −1 t tdt = t4 − t 2
¡ ¢ ¡ ¢
1 + x2 d x = 1 + x 2 xd x = dt = − .
0 0 1 1 5 3 ¯t =1
Pág. 32
Análise Matemática III - EI Z Integrais Curvilíneos e Aplicações
1 + x 2 y d S onde C é parte da circunferência unitária x 2 + y 2 = 1,
¡ ¢
Exemplo 3.3. Calcule o integral
C
com x ≥ 0, percorrida no sentido anti-horário.
Uma vez que nos é pedido para calcular este integral na região em que x ≥ 0 e que a curva deve ser
percorrida no sentido anti-horário, a variável t estará definida no seguinte intervalo:
π π
− ≤t ≤ .
2 2
Assim,
e
q
¤2 p
[x 0 (t )]2 + y 0 (t ) d t = cos2 t + sen2 t d t = d t
£
dS =
Portanto,
π/2 π/2 π/2 cos3 t ¯¯π/2
Z Z Z Z µ ¶¯
1 + x2 y d S = 1 + cos2 t sen t d t = 2
= π.
¡ ¢ ¡ ¢
dt − cos t d (cos t ) = t −
C −π/2 −π/2 −π/2 3 ¯
−π/2
Pág. 33
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
3.2 Integral curvilíneo num campo vectorial
Definição 3.1. O integral curvilíneo num campo vectorial F~ (x, y) ao longo de uma curva C , denotado por
Z
~ (x, y) d ~
F S,
C
~ (x, y) = M (x, y) ~
onde F i + N (x, y) ~ S = dx ~
j , d~ i +dy ~j e y = ϕ(x) é dado por:
Z Z h i Z £
~ ~ ~ ~
i h
~ ~ M (x, ϕ(x))d x + N (x, ϕ(x))ϕ0 (x)d x
¤
F (x, y) d S = M (x, y)i + N (x, y) j · d x i + d y j = (3.4)
c C C
É necessário observar que existe uma diferença importante entre um integral curvilíneo de campo es-
calar e um integral curvilíneo de campo vectorial: para determinar um integral curvilíneo de campo
vectorial, devemos primeiramente escolher um sentido de percurso ao longo da curva C. Isso é neces-
sário porque as grandezas físicas, obtidas por este procedimento, ficam afetadas de um sinal algébrico.
Observe, na Figura 3.4, que podemos percorrer uma curva C em um de dois sentidos. Ou seja, em
cada curva existem duas orientações possíveis correspondendo aos dois sentidos de percurso. Quando
escolhemos um desses sentidos de percurso, dizemos que a curva C está orientada e este é considerado
o sentido positivo de percurso ao longo da curva. Escrevemos então, –C para denotar a curva C com a
orientação oposta.
Pág. 34
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
Assim,
Z Z
~ (x, y) d ~
F S =− ~ (x, y) d ~
F S (3.5)
−C C
~ = −x y~
Exemplo 3.4. Calcule o integral curvilíneo sobre a recta y = x + 2, sabendo que F i + x~
j quando o
sentido do percurso:
a) que vai de A para B .
Resolução. Antes de resolvermos este integral temos que escrever a função vectorial na forma de
componentes vectoriais, isto é,
M (x, y) = −x y e N (x, y) = x,
depois representar a curva (neste caso é uma recta) dada no problema e determinar o intervalo de
variação da variável x.
A Figura 3.5mostra que a variável x varia de −2 até 0. Assim o integral, de acordo com a fórmula
(3.4), fica
x 2 ¯¯0
Z 0 Z 0 µ 3 ¶¯
x 2
Z
~ ~ 0
¡ 2 ¢
F (x, y) d S = −x(x + 2) d x + x · (x + 2) d x = − x +x dx = − + =− .
C −2 −2 3 2 −2 ¯ 3
■
Figura 3.6:
Pág. 35
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
Resolução. Neste caso, a Figura 3.6 mostra que a variável x varia de 0 até −2. Assim o integral é:
−2 −2 x 3 x 2 ¯¯−2 2
Z Z Z ¶¯ µ
~ (x, y) d ~ 0 2
¡ ¢
F S= −x(x + 2) d x + x · (x + 2) d x = − x +x dx = − + = .
C 0 0 3 2 ¯0 3
C = C 1 +C 2 + · · · +C n ,
então o integral curvilíneo ao longo de C é igual a uma soma de integrais curvilíneos dado por:
Z Z Z Z
~ (x, y) d ~
F S= ~ (x, y) d ~
F S+ ~ (x, y) d ~
F S +···+ ~ (x, y) d ~
F S. (3.6)
C C1 C2 Cn
Na curva C 1 temos que d y = 0, uma vez que a função é uma constante (neste caso y = 0), assim:
1 1 x 2 ¯¯x=1 1
Z Z ¯
xd x + x yd y = xd x = ¯ = .
0 | {z } 0 2 x=0 2
d y=0
Na curva C 2 temos que d y = −d x, uma vez que a função é dada por y = 1 − x, assim:
0 0 0 1 x 3 ¯¯x=1
¯
1
Z Z Z Z
2 2
x dx + xy dy = x d x − x (1 − x) d x = x dx −x dx +x dx = − x dx = − ¯ =− .
1 | {z } 1 1 0 3 x=0 3
y=1−x e d y=−d x
Pág. 36
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
Finalmente, na curva C 3 temos que d x = 0, uma vez que a função é dada por x = 0, assim:
Z 0
xd x + x yd y = 0.
0
1 1 1
Z ³ Z Z
~ ~ ~ ~ x~
i + x y~
´ ³ ´ ³ ´
~
xi + x y j d S + ~
xi + x y j d S + j d~
S = − +0 = .
C1 C2 C3 2 3 6
não depende do caminho de integração, entre dois pontos fixos, se M (x, y)d x + N (x, y)d y for um diferen-
cial exacto, ou seja, se existir uma função z = f (x, y) tal que:
∂z ∂z
M (x, y)d x + N (x, y)d y = d z = dx + d y.
∂x ∂y
Uma equação diferencial de duas variáveis é exacta se as funções M (x, y) e N (x, y) satisfazem a condição
∂M ∂N
= .
∂y ∂x
Quando C é uma curva fechada e é percorrida no sentido positivo, isto é contrário ao movimento dos
ponteiros do relógio, denota-se
I
M (x, y)d x + N (x, y)d y. (3.7)
C
O teorema estabelece a relação entre o integral curvilíneo ao longo de uma curva fechada simples no
plano e um integral duplo comum na região plana delimitada pela tal curva.
Teorema 3.1 (de Green). Seja C uma curva fechada, simples e parcialmente suave em R2 . Seja D uma
região de R limitada por C . Se M e N são funções contínuas com derivadas parciais de primeira ordem
contínuas numa região aberta que contém D, então
∂N ∂M
I ZZ µ ¶
M (x, y)d x + N (x, y)d y = − d xd y. (3.8)
C D ∂y ∂x
x2 − y 2
µ 2
x
¶I µ ¶
4
Exemplo 3.6. Usando a fórmula de Green, calcule dx + + y d y, onde C é a fronteira
C 2 2
da região
D = (x, y) ∈ R2 : x = 0, y = 0 e y = 4 − x
© ª
x2 − y 2
µ 2
x
I I µ ¶ ¶
4
Md x + N d y = dx + + y d y.
C C 2 2
Pela fórmula de Green este integral curvilíneo pode ser resolvido por meio de integrais duplos, isto é,
∂N ∂M
I ZZ µ ¶
Md x + N d y = − d xd y.
C D ∂x ∂y
É necessário representar a região de integração para tirar os limites de integração para cada uma das
variáveis envolvidas. Depois de fazer isso, os limites de integração são:
0 ≤ x ≤ 4 e 0 ≤ y ≤ 4 − x.
Assim, teremos
∂N ∂M y2
ZZ µ ¶ Z 4 Z 4−x Z 4 Z 4−x µ ¶
− d xd y = dx (x + y)d y = dx xy + dx
D ∂x ∂y 0 0 0 0 2
¶ ¯4
4 16 − x 2
µ
1 3 64
Z
¯
= d x = − x + 8x ¯¯ = .
0 2 6 0 3
Pág. 38
Capítulo 4
Equações Diferenciais
4.1 Introdução
Neste capítulo, os alunos terão a oportunidade de estudar as equações diferenciais e os métodos que
conduzem a soluções das mesmas. Como sabemos muitos fenómenos da natureza podem ser resolvidos
a partir de modelos matemáticos e, nesse processo de modelação, as equações diferenciais jogam um
papel muito importante. Por, pretende-se com estas aulas, apresentar os conceitos básicos da teoria das
equações diferenciais ordinárias e modelação matemática. Beremos também alguns modelos famosos
que foram usados para resolver problemas do quotidiano.
F x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) = 0.
¡ ¢
(4.1)
Se y = f (x) for uma função de uma só variável independente, a equação diferencial diz-se ordinária.
y 00 + 2y 0 − cos x = 0
y 00 + y = 0.
Resolução. Como vimos na Definição 4.3, para que a função y = α sen x + β cos x seja solução da equa-
ção diferencial
y 00 + y = 0
é necessário que esta função satisfaça a equação diferencial, isto é, devemos derivar duas vezes a função
y e substituir na equação diferencial. Vejamos este processo:
y 0 = α cos x − β sen x
y 00 = −α sen x − β cos x.
Assim,
F x, y, y 0 = 0,
¡ ¢
(4.2)
quando esta equação é resolvível em relação a y 0 , pode ser colocada sob a forma
Definição 4.5. Chama-se solução geral duma equação de primeira ordem a uma função
y = ϕ(x, C ), (4.4)
Pág. 40
Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
Definição 4.6. Chama-se solução particular a toda função y = ϕ(x,C 0 ) deduzida da solução
geral y = ϕ(x,C ), pondo nesta última C = C 0 . A relação ϕ(x, y,C 0 ) = 0 diz-se, então, um integral
particular da equação.
y 0 = f (x, y)
½
, (4.5)
y(x 0 ) = y 0
A solução y = ϕ(x) deste problema é uma solução da equação diferencial y 0 = f (x, y) que satisfaz a
condição ϕ(x 0 ) = y 0 .
Exemplo 4.3. Determine a solução da equação diferencial y 0 = cos x sabendo que passa pelo ponto (0, 0).
dy
Z Z
0
y = cos x ⇐⇒ = cos x ⇐⇒ d y = cos x d x ⇐⇒ dy = cos x d x =⇒ y = sen x +C .
dx
Uma vez que o problema diz que ϕ(0) = 0, então pode ser feito o seguinte:
ϕ(0) = 0 ⇐⇒ sen(0) +C = 0 ⇐⇒ 0 +C = 0 =⇒ C = 0.
dy
= f 1 (x) f 2 (y), (4.6)
dx
onde o segundo membro é um produto de uma função que depende somente de x por uma função que
depende somente de y.
Vamos supor que f 2 (y) 6= 0, então podemos transformar a Equação (4.6) como se segue:
1
d y = f 1 (x)d x. (4.7)
f 2 (y)
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Análise Matemática III - EI Integrais Curvilíneos e Aplicações
Agora, podemos integrar o primeiro membro da Equação (4.7) em relação a variável y e o segundo em
relação a variável x e supondo que o segundo membro tem um integral conhecido, teremos:
1
Z Z
dy = f 1 (x)d x, (4.8)
f 2 (y)
de onde obtemos uma relação entre a solução y, a variável independente x e a constante arbitrária C ,
isto é, que tem a integral geral da Equação (4.6).
y2 x2 y 2 x2
Z Z
yd y = −xd x ⇐⇒ yd y = − xd x ⇐⇒ = − +C 1 ⇐⇒ + = C 1 ⇐⇒ x 2 + y 2 = C .
2 2 2 2
A solução desta equação é a família de circunferências concêntricas com centro na origem das coorde-
nadas e de raio C . ■
dx
Exemplo 4.5. Integre a equação diferencial d y = .
x
Resolução. Para resolver esta equação basta integrar as funções que constam dos dois membros da
equação, isto é,
dx dx
Z
dy = =⇒ d y = ⇐⇒ y = ln x +C .
x x
■
Supondo que as funções M 2 (x) e N1 (y) não são identicamente nulas, podemos dividir os dois membros
pela expressão
N1 (y) · M 2 (x)
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para reduzir estas equações a equações com variáveis separadas:
dy dx
=− .
y x
dy dx C
Z Z
=− ⇐⇒ ln y = − ln x + lnC =⇒ y = .
y x x
Resolução. Primeiro temos de separar as variáveis e para isso vamos dividir ambos membros da equa-
ção por x y, isto é,
(1 + x)y (1 − y)x (1 + x) (1 − y)
(1 + x)yd x + (1 − y)xd y = 0 ⇐⇒ dx + d y = 0 ⇐⇒ dx + d y = 0.
xy xy x y
Integrando, obtém-se
(1 + x) (1 − y)
Z Z Z
dx + d y = 0d x ⇐⇒ ln |x| + x + ln |y| − y = C ⇐⇒ ln |x y| + x − y = C .
x y
dy
= G(ax + b y + c), (4.12)
dx
deve-se fazer a mudança de variável
u = ax + b y + c
Observe que
du dy d y du d y 1 du
µ ¶
u = ax + b y + c =⇒ = a +b ⇐⇒ b = − a ⇐⇒ = −a (4.13)
dx dx dx dx dx b dx
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dy
Substituindo os valores de e ax + b y + c encontrados acima na equação (4.12), teremos:
dx
1 du
µ ¶
− a = G(u)
b dx
du
= d x.
a + bG(u)
du dy d y du
= 1+ ⇐⇒ = − 1.
dx dx dx dx
Substituindo estes resultados na equação dada teremos:
du du
− 1 = u 2 ⇐⇒ 2 = dx
dx u +1
que se resolve por separação de variáveis. Assim sendo, teremos
du
Z Z
= d x =⇒ arctan(u) = x +C ⇐⇒ u = tan(x +C ).
u2 + 1
Logo, a solução geral será:
x + y = tan (x +C ) ⇐⇒ y = x − tan (x +C ) .
■
dy ¡ ¢ ¡ ¢−3
3 = 2x + 3y − 1 + 4 2x + 3y − 1 − 2.
dx
du dy d y du
Resolução. Seja u = 2x + 3y − 1, então = 2+3 =⇒ 3 = − 2. Substituindo estas informações
dx dx dx dx
na equação dada teremos:
du du d u u4 + 4
− 2 = u + 4u −3 − 2 ⇐⇒ = u + 4u −3 ⇐⇒ = .
dx dx dx u3
Separando as variáveis teremos:
3 du 3 du 1 ¡
Z Z
= d x ln u 4 + 4 = x +C ⇐⇒ ln u 4 + 4 = 4x + 4C ⇐⇒ u 4 + 4 = e 4x+4C =⇒ u 4 = e
¢ ¡ ¢
u 4 = d x =⇒ u 4
u +4 u +4 4
Logo, a solução geral será
¢4
= e 4x+4C − 4.
¡
2x + 3y − 1
■
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4.5 Equações homogéneas de primeira ordem
Definição 4.9. Uma função de duas variáveis é homogénea de grau n em relação as variáveis
x e y se e somente se
f (t x, t y) = t n f (x, y) (4.14)
para todos t , x, y ∈ R.
Definição 4.10. Uma função de duas variáveis é homogénea de grau zero, ou simplesmente
homogénea, em relação as variáveis x e y se e somente se
para todos t , x, y ∈ R.
y
Se f (x, y) é homogénea (de grau zero), então f (x, y) depende somente da razão e, portanto, f (x, y)
x
y
pode ser considerada como uma função g (u), onde u = .
x
x−y
Exemplo 4.11. Mostre que a função f (x, y) = é uma função homogénea.
x
Resolução. De acordo com a Definição 4.10, para que uma função seja homogénea é necessário que se
cumpra a condição f (t x, t y) = f (x, y). Vejamos se a função dada cumpre esta condição.
¡ ¢
tx −ty t x − y x−y
f (t x, t y) = = = = f (x, y).
tx tx x
Como se vê a função cumpre com a condição e é possível escreve-la na forma:
x−y x y y
f (x, y) = = − = 1 − = 1 − u = g (u),
x x x x
y
onde u = ■
x
x3 + x y 2
Exemplo 4.12. Mostre que a função f (x, y) = é uma função homogénea.
y 3 + x2 y
Resolução. Para resolver esta questão vamos seguir os passos do exemplo anterior, isto é,
¡ ¢2
(t x)3 + (t x) t y t 3x3 + t x · t 2 y 2 t 3x3 + t 3x y 2 t 3 x3 + x y 2
¡ ¢
3 2
0x +xy x3 + x y 2
f (x, y) = ¡ ¢3 = = = = t =
t 3 y 3 + t 2x2 · t y t 3 y 3 + t 3x2 y t 3 y 3 + x2 y y 3 + x2 y y 3 + x2 y
¡ ¢
t y + (t x)2 t y
¡ ¢
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e
x 3 +x y 2 ¡ y ¢2
x3 + x y 2 x3 1+ x 1 + u2
f (x, y) = 3 = = ¡ y ¢3 ¡y¢ = = g (u),
y + x2 y y +x 2 y
3
+ u3 + u
x3 x x
y
onde u = . ■
x
Definição 4.11. Uma equação diferencial de primeira ordem
dy
= f (x, y) (4.16)
dx
y
onde f (x, y) é uma função homogénea é, isto é f (x, y) = g (u), onde u = , é chamada equação
x
diferencial homogénea.
dy du du du dx
= f (x, y) ⇐⇒ x + u = g (u) ⇐⇒ x = g (u) − u =⇒ = ,
dx dx dx g (u) − u x
y 2 − x2
Resolução. Para resolver esta equação é necessário, primeiro, verificar se a função f (x, y) = é
2x y
uma função homogénea (de grau zero) e, segundo, transformar a equação diferencial dada para uma
equação diferencial que depende da variável u.
y 2 − x2
Como se pode perceber, a função f (x, y) = é uma função homogénea, visto que
2x y
¢2
− (t x)2 t 2 y 2 − t 2 x 2 t 2 y 2 − x 2
¡ ¡ ¢
ty y 2 − x2
f (t x, t y) = ¡ ¢ = = = .
2t 2 x y
¡ ¢
2 (t x) t y t 2 2x y 2x y
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y
onde u = ⇐⇒ y = ux. Aplicando a mudança de variável sugerida, a equação diferencial passa a ser
x
du u2 − 1 d u u2 − 1 d u −u 2 − 1 du u2 + 1
x +u = ⇐⇒ x = − u =⇒ x = ⇐⇒ x =−
dx 2u dx 2u dx 2u dx 2u
Deste modo, chegamos a uma equação diferencial de variáveis separáveis e aplicando o método apro-
priado chegamos a
du dx 2u dx
=− ⇐⇒ 2 du = −
u 2 +1 x u +1 x
2u
2u dx
Z Z
⇐⇒ 2
du = −
u +1 x
d u2 + 1
¡ ¢
dx
Z Z
⇐⇒ du = −
u2 + 1 x
⇐⇒ ln u 2 + 1 = − ln |x| + ln |C |
¡ ¢
¯ ¯
¡ 2
¯1¯
¢
⇐⇒ ln u + 1 = ln ¯¯ ¯¯ + ln |C |
x
¯ ¯
¡ 2
¯C ¯
¢
⇐⇒ ln u + 1 = ln ¯¯ ¯¯
x
C
=⇒ u 2 + 1 = .
x
y
Uma vez que u = , então a solução pode ser reescrita como
x
³ y ´2 C y2 C y 2 + x2 C C 2 C2
µ ¶
2 2 2
+ 1 = ⇐⇒ 2 + 1 = ⇐⇒ = ⇐⇒ x + y = C x ⇐⇒ x − + y = .
x x x x x2 x 2 4
C
µ ¶
Esta solução representa a família de circunferências que passam pela origem ,0 . ■
2
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Bibliografia
[1] N. Piskounov; Cálculo Diferencial e Integral, Volume I, Lopes da Silva Editores, 18a Edição, Porto
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[2] António de Andrade e Silva & Marivaldo Pereira Matos; Cálculo de Várias Variáveis; UFBO - CCEN.
[3] Alves, Manuel Joaquim; Alves, Elena Vladimirovna, Módulo de Análise Matemática II; Impressa
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[4] B. Demidivitch et all, Problemas e Exercícios de Análise Matemática, Editora Mir, 4a Edição, Mos-
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[5] Alfredo Muxlhanga, Análise Matemática II - Integral Curvilíneo, Instituto Superior de Transportes
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