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Pelotas, RS.
Março de 2021
Conteúdo
2 Limite e Continuidade 15
2.1 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 Derivadas Parciais 21
3.1 Derivadas Parciais de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1.1 Regra Prática para Determinar Derivadas Parciais . . . . . . . . . . 22
3.2 Interpretação Geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 Diferenciação Parcial Implı́cita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4 Derivadas Parciais de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.4.1 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.5 Derivadas Parciais de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.6 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.7 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.8 Derivadas Direcionais e o Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.8.1 Derivadas Direcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.9 Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.9.1 Propriedades Algébricas dos Gradientes . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.10 Valores Extremos de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.10.1 Extremos Absolutos em Conjuntos Fechados e Limitados . . . . . . 55
3.10.2 Problemas Aplicados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.11 Multiplicadores de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4 Integrais Múltiplas 69
4.1 Integrais Duplas - Conceitos Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.2 Problema Motivador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.3 Funções Integráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.4 Propriedades da Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.5 Integrais Iteradas - Teorema de Fubini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.6 Integrais duplas sobre regiões não retangulares limitadas . . . . . . . . . . 74
4.7 Integrais Duplas em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.8 Área de Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.9 Integrais Triplas - Conceitos Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.10 Funções Integráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.11 Mudança de Variáveis em Integrais Múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.11.1 Integral Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.11.2 Integral Tripla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.11.3 Coordenadas Cilı́ndricas e Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
A seguir são apresentados alguns exemplos de funções que dependem de mais de uma
variável.
• A lei dos gases ideais P V = nRT , onde n e R são constantes, permite expressar
qualquer uma das variáveis P , V e T como funções das outras duas.
• A quantidade de energia utilizável que um painel solar pode captar depende de sua
eficiência, do seu ângulo de inclinação um relação aos raios solares, do ângulo de
elevação do sol acima do horizonte, e outros fatores.
Quando escrevemos z = f (x, y), queremos tornar explı́citos os valores tomados por f em
um ponto genérico (x, y) ∈ D. As variáveis x e y são variáveis independentes, e z é a
variável dependene.
2 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Definição 3 A imagem de uma função f de duas variáveis reais, denotada por Im(f ),
é definida como o conjunto dos valores z = f (x, y), com (x, y) ∈ D.
y
D (x1 , y1 )
x f (x2 , y2 ) 0 f (x1 , y1 ) z
(x2 , y2 )
y = −x − 1 x=1
−1 x
−1
3 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Solução: Como ln(y 2 − x) é definido somente quando y 2 − x > 0, ou seja, x < y 2 , segue
que o domı́nio de f será:
D(f ) = {(x, y) ∈ R2 /x < y 2 }.
−1 0 1 2 3 x
−1
−2
Solução: Esta função está definida se o número cuja raiz quadrada será extraı́da for não
negativo. Assim, o domı́nio de f é
z 2 + 4 = x2 + y 2 , z ≥ 0.
y
2
1.
−2 −1. 0 1. 2 x
−1.
−2
f (x, y) = arcsin(xy).
Exemplo 8 O gráfico da função definida por z = 2x+y é um plano passando pela origem
e normal ao vetor →
−
n = (2, 1, −1).
Este plano, cujo esboço gráfico é apresentado a seguir, é determinado pelas retas de
equações:
( (
x=0 y=0
r1 : e r2 :
z=y z = 2x
7 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
p p
Exemplo 9 O gráfico de f (x, y) = 16 − x2 − y 2 é o gráfico da equação z = 16 − x2 − y 2 .
Note que, após elevar ambos os membros ao quadrado e realizar algumas manipulações
algébricas, a equação anterior pode ser reescrita como
x2 + y 2 + z 2 = 16,
Outro exemplo comum é a função pressão p(x, y) definida nos pontos geográficos (x, y),
representados no mapa. Uma curva conectando os pontos de pressão atmosférica constante
sobre um mapa meteorológico é chamada de linha isobárica ou isóbara. Matematicamente,
as isóbaras são curvas de nı́vel para a função pressão. Linhas isobáricas muito próximas
correspodem a inclinações ı́ngremes no gráfico da função pressão, e estão usualmente
associados a fortes ventos, quanto maior a inclinação, maior será a velocidade do vento.
9 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
As curvas de nı́vel desta função tem a forma y 2 − x2 = k. Para k > 0, essas curvas são
hipérboles com eixo real sobre o eixo dos y; para k < 0, elas são hipérboles com eixo real
sobre o eixo dos x, e para k = 0, a curva de nı́vel consiste nas retas y + x = 0 e y − x = 0.
10 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Isto representa no plano xy, uma famı́lia de retas paralelas de inclinação −2. O mapa de
contorno é apresentado na figura a seguir.
1
Solução: (a) Esta função não está definida na origem, pois 02 + 02 = 0 e 0
não existe.
Assim,
D(f ) = {(x, y) ∈ R2 /(x, y) 6= (0, 0)}
1
Como ≥ 0, temos
x2 + y2
Im(f ) = {z ∈ R/z > 0}.
y
1
k= 4
k=1
k=4
1 2 x
(
x=0
(c) O traço desta superfı́cie no plano yz é a curva de equação , enquanto que,
z = y12
(
y=0
o traço desta superfı́cie no plano xz é a curva de equação . Para cada k > 0, o
z = x12
(
z=k
plano z = k intercepta o gráfico de f segundo a circunferência .
x2 + y 2 = k1
12 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Observação 1 Note que a denominação curva de nı́vel varia de acordo com o que
a função f representa. Se f é uma distribuição de temperatura, ou seja, f (x, y) é
a temperatura no ponto (x, y), as curvas de nı́vel denominam-se isotermas (pontos
de temperatura constante); se f é a energia potencial de um certo campo de forças
bidimensionais, as curvas de nı́vel denominam-se curvas equipotenciais, etc.
p
Exemplo 13 Seja f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 , determine f (3, 0, −4) e f (−1, −1, −2).
p √
Solução: f (3, 0, −4) = 32 + 02 + (−4)2 = 9 + 0 + 16 = 5
p √ √
f (−1, −1, −2) = (−1)2 + (−1)2 + (−2)2 = 1 + 1 + 4 = 6
Definição 7 Seja f uma função de três variáveis reais x, y e z, com w = f (x, y, z),
definimos o domı́nio de f , denotado por D(f ), como o maior conjunto do R3 para o qual
a lei de formação de f gera números reais a menos que esse domı́nio seja especificado
de forma explı́cita.
Definição 8 A imagem de uma função f de três variáveis reais, denotada por Im(f ),
é definida como o conjunto dos valores w = f (x, y, z), com (x, y, z) ∈ D.
13 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Assim, de acordo com esta definição, se um ponto (x, y, z) se move ao longo de uma
superfı́cie de nı́vel, o valor de f (x, y, z) permanece fixo.
f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 .
Definição 10 Uma função f de n variáveis reais x1 , x2 , x3 , ... xn é uma lei que associa
cada ponto (x1 , x2 , x3 , ..., xn ) de algum subconjunto D do espaço Rn a um único número
real, denotado por f (x1 , x2 , x3 , ..., xn ).
Capı́tulo 2
Limite e Continuidade
2.1 Limite
Definição 11 Seja f uma função de duas variáveis reais, definida em um domı́nio
D ⊂ R2 . Dizemos que f possui limite L quando (x, y) ∈ D aproxima-se (x0 , y0 ), se,
dado qualquer número positivo ǫ, existe um número positivo δ tal que, para todo (x, y)
no domı́nio de f ,
p
0< (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ ⇒ |f (x, y) − L| < ǫ,
e escrevemos
lim f (x, y) = L.
(x,y)→(x0 ,y0 )
y
δ
(x, y)
D y0
f (x, y) z
x0 x L−ε L+ε
Para funções de uma variável real, quando fazemos x se aproximar de x0 , há apenas dois
sentidos possı́veis de aproximação: pela esquerda ou pela direita. Assim, definimos os
16 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Lembre-se do Cálculo I que, se lim− f (x) 6= lim+ f (x), então lim f (x) não existe. Para
x→x0 x→x0 x→x0
funções de duas ou três variáveis, a situação é mais complicada, pois há infinitas maneiras
de (x, y) se aproximar de (x0 , y0 ) por uma quantidade infinita de direções, bastando que
(x, y) se mantenha no domı́nio de f .
x2 − y 2
Exemplo 16 Mostre que lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 − y 2
Solução: Considere f (x, y) = . Inicialmente determinaremos este limite ao longo
x2 + y 2
2
do eixo x. Assim, tomando y = 0, temos f (x, 0) = xx2 = 1 para todo x 6= 0, logo
Como f tem dois limites diferentes ao longo de duas retas distintas, concluı́mos que o
limite não existe.
17 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
x2 − y 2
Figura 2.2: Gráfico da função definida por f (x, y) =
x2 + y 2
2x2 y
Exemplo 17 Determine lim , se este existir.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Solução: Inicilamente determinaremos este limite ao longo de uma reta qualquer que
passa pela origem. Tomando y = mx, temos
2x2 (mx) 2x3 m 2mx
f (x, y) = f (x, mx) = 2 2
= 2 2 2
=
x + (mx) x +x m 1 + m2
Portanto, f (x, y) → 0 quando (x, y) → (0, 0) ao londo de y = mx.
Isto não prova a existência do limite igual a 0, mas suspeitamos que o limite exista e
seja igual a 0.
Para provar a existência deste limite, devemos provar que dado ǫ > 0, existe um δ > 0,
tal que
2x2 y p
x2 + y 2 − 0 <ǫ
sempre que 0 < x2 + y 2 < δ,
ou seja
2x2 |y| p
<ǫ sempre que 0 < x2 + y 2 < δ.
x2 + y 2
18 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
x2
Note que x2 ≤ x2 + y 2 , pois y 2 ≥ 0. Logo ≤ 1 e, portanto
x2 + y 2
2x2 |y| p
2 ≤ 2
p
≤ 2|y| = 2 y x2 + y 2 < 2δ.
x2 + y 2
p
Assim, se escolhermos δ = 2ǫ e considerando 0 < x2 + y 2 < δ, temos:
2x2 y p ǫ
2 2
x2 + y 2 − 0 ≤ 2 x + y < 2δ = 2 · 2 = ǫ.
Logo,
2x2 y
lim = 0,
(x,y)→(x0 ,y0 ) x2 + y 2
2x2 y
Figura 2.3: Gráfico da função definida por f (x, y) =
x2 + y 2
Então,
lim [f (x, y) + g(x, y)] = L1 + L2 (2.1)
(x,y)→(x0 ,y0 )
e escrevemos
lim f (x, y, z) = L.
(x,y,z)→(x0 ,y0 ,z0 )
2.2 Continuidade
Definição 13 Uma função f de duas variáveis é dita contı́nua em (x0 , y0 ) se
Dizemos que f é contı́nua se f for contı́nua em todo ponto (x0 , y0 ) de seu domı́nio.
x2 − y 2
Exemplo 18 Determine onde a função f , definida por f (x, y) = é contı́nua.
x2 + y 2
Solução: A função f , não está definida em (0, 0), logo é descontı́nua neste ponto. Como
trata-se de uma função racional, ela é contı́nua em seu domı́nio, o que corresponde a
D = {(x, y) ∈ R2 /(x, y) 6= (0, 0)}.
y
Exemplo 19 Determine onde a função h, definida por h(x, y) = arctan é contı́nua.
x
y
Solução: A função f (x, y) = é racional, assim contı́nua em todo R2 , exceto sobre a reta
x
x = 0. A função g(t) = arctan(t) é contı́nua. Logo, a função composta
y
g(f (x, y)) = arctan = h(x, y)
x
20 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
é contı́nua, exceto em x = 0.
Definição 14 Dizemos que uma função f de três variáveis reais é contı́nua num dado
ponto (x0 , y0 , z0 ) se o limite da função e o valor da função forem o mesmo neste ponto,
isto é, se
lim f (x, y, z) = f (x0 , y0 , z0 ).
(x,y,z)→(x0 ,y0 ,z0 )
Capı́tulo 3
Derivadas Parciais
O volume V de um cilindro circular reto é dado pela fórmula V = πr2 h, onde r é o raio
da base do cilindro e h é a sua altura. Assim, podemos dizer que o volume é uma função
do raio e da altura. Poderı́amos nos perguntar: qual é a taxa de variação do volume se
o raio da base for mantido fixo e a altura for permitido variar ou se a altura for mantida
fixa e ao raio da base for permitido variar?
Estudaremos nesta seção as taxas de variação que envolvam duas ou mais variáveis.
∂f f (x + ∆x, y) − f (x, y)
(x, y) = lim ,
∂x ∆x→0 ∆x
se este limite existir.
∂z
Exemplo 20 Sendo f uma função definida por z = f (x, y) = 3x2 y + y 2 , determine e
∂x
∂z
, utilizando a definição.
∂y
Solução:
∂f ∂f
Exemplo 21 Determine e , sendo z = f (x, y) = e2x sin y.
∂x ∂y
Solução:
∂f ∂ 2x ∂ ∂
= (e sin y) = e2x (sin y) + sin y (e2x ) = e2x · 0 + 2e2x sin y = 2e2x sin y
∂x ∂x ∂x ∂x
∂f ∂ 2x ∂ ∂
= (e sin y) = e2x (sin y) + sin y (e2x ) = e2x cos y + sin y · 0 = e2x cos y
∂y ∂y ∂y ∂y
admite derivadas parciais em (0, 0), mas não é contı́nua neste ponto.
∂f f (0 + ∆x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x ∆x→0 ∆x
∂f f (∆x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim =0
∂x ∆x→0 ∆x
e
∂f f (0, 0 + ∆y) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂y ∆y→0 ∆y
∂f f (0, ∆y) − f (0, 0)
(0, 0) = lim =0
∂x ∆y→0 ∆x
∂f ∂f
Assim, f admite derivadas parciais em (0, 0) e valem (0, 0) = (0, 0) = 0.
∂x ∂y
Para mostrar que f não é contı́nua em (0, 0), verificaremos se lim f (x, y) existe.
(x,y)→(0,0)
Inicialmente determinaremos este limite ao longo da reta de equação y = x.
x·x x2 1
f (x, y) = f (x, x) = 2 2
= 2
= .
x +x 2x 2
1
Portanto, f (x, y) → 2
quando (x, y) → (0, 0) ao longo de y = x.
No entanto, se considerarmos este limite ao longo do eixo x, temos:
x·0 0
f (x, y) = f (x, 0) = = 2 = 0.
x2+0 2 x
Assim, f (x, y) → 0, quando (x, y) → (0, 0) ao longo do eixo y.
24 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Como f tem dois limites diferentes ao longo de duas retas distintas, concluı́mos que o
limite não existe. Assim, a função não é contı́nua em (0, 0).
A figura a seguir mostra o esboço gráfico da função f .
xy
Figura: Gráfico da função definida por f (x, y) =
x2 + y2
3 2
x − y , se (x, y) 6= (0, 0)
Exemplo 23 Seja f (x, y) = x2 + y 2 . Determine:
0, se (x, y) = (0, 0)
∂f ∂f
(a) (b)
∂x ∂y
Solução: (a) Nos pontos (x, y) 6= (0, 0) podemos aplicar a regra do quociente. Veja a
seguir.
∂ 3 ∂
∂f (x2 + y 2 ) (x − y 2 ) − (x3 − y 2 ) (x2 + y 2 )
(x, y) = ∂x ∂x
∂x (x2 + y 2 )2
(x2 + y 2 ) · 3x2 − (x3 − y 2 ) · 2x
=
(x2 + y 2 )2
3x4 + 3x2 y 2 − 2x4 + 2xy 2
=
(x2 + y 2 )2
x4 + 3x2 y 2 + 2xy 2
=
(x2 + y 2 )2
∂f f (0 + ∆x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x ∆x→0 ∆x
∆x3
2
−0
= lim ∆x
∆x→0 ∆x
∆x − 0
= lim =1
∆x→0 ∆x
25 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
∂f
Assim, é função de R2 em R dada por
∂x
4
x + 3x2 y 2 + 2xy 2
∂f , se (x, y) 6= (0, 0)
(x, y) = (x2 + y 2 )2
∂x
1, se (x, y) = (0, 0)
(b) Nos pontos (x, y) 6= (0, 0) podemos aplicar a regra do quociente. Veja a seguir.
∂ 3 ∂
(x2 + y 2 ) (x − y 2 ) − (x3 − y 2 ) (x2 + y 2 )
∂f ∂y ∂y
(x, y) = 2 2 2
∂y (x + y )
(x + y ) · (−2y) − (x3 − y 2 ) · 2y
2 2
=
(x2 + y 2 )2
−2x y − 2y 3 + 2x3 y + 2y 3
2
=
(x2 + y 2 )2
−2x2 y(1 + x)
=
(x2 + y 2 )2
∂f −2x2 y(1 + x)
(x, y) =
∂y (x2 + y 2 )2
x3 − y 2
Figura: Gráfico da função definida por f (x, y) =
x2 + y 2
26 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Geometricamente, fx (x0 , y0 ) pode ser vista como o coeficiente angular da reta tangente à
curva C1 no ponto (x0 , y0 ); e fy (x0 , y0 ) pode ser vista como o coeficiente angular da reta
tangente à curva C2 no ponto (x0 , y0 ).
Exemplo 24 De acordo com a lei dos gases ideiais para um gás confinado, em P newtons
por metros quadrados for a pressão, V metros cúbicos for o volume e T graus for a
temperatura, teremos a fórmula
P V = kT (3.1)
onde k é uma constante de proporcionalidade. Suponha que o volume de um gás em certo
recipiente seja 100 m3 e que a temperatura seja 90◦ C e k = 8.
(b) Use o resultado do item (a) para aproximar a taxa de variação da pressão, se a
temperatura for aumentada para 92◦ C.
Solução:
(a) Considerando a equação 3.1 e k = 8, temos:
8T
P =
V
Assim, a taxa de variação de P por unidade de variação de T se V permanece fixo em
100 m3 é obtida derivando esta equação com relação a T e considerando V constante e
igual a 100 m3 . Logo
∂P 8 8
= = = 0, 08
∂T V 100
∂P
(b) = 0, 08, significa que para cada unidade de temperatura aumentada a pressão
∂T
aumenta de 0,08. Assim, se a temperatura passar de 90◦ C para 92◦ C, ou seja, sofrer um
aumento de 2◦ C, o aumento aproximado em P será de 2 · 0, 08 = 0, 16 N/m2 .
8T
(c) Sendo V = , temos:
P
∂V 8T
=− 2
∂P P
8 · 90
Note que, para V = 100 m3 , T = 90◦ C e k = 8, obtemos P = = 7, 2 N/m2 . Logo,
100
a taxa de variação de V por unidade de variação em P quando T = 90◦ C e P = 7, 2, se
T permanecer fixa em 90◦ C é dada por
∂V 8 · 90 125
=− 2
=−
∂P 7, 2 9
p
Considere por exemplo, a função f , definida por z = f (x, y) = 9 − x2 − y 2 , com
x2 + y 2 < 9, é dada implicitamente pela equação x2 + y 2 + z 2 = 9 pois, para todo
p
(x, y) no seu domı́nio, x2 + y 2 + ( 9 − x2 − y 2 )2 = 9.
∂z ∂z
Exemplo 26 Calcule e usando a diferenciação implı́cita, sendo x2 + z sin xyz = 0.
∂x ∂y
Solução:
∂ 2 ∂
(x + z sin xyz) = (0)
∂x ∂x
∂z ∂z
2x + z · cos xyz · xy + zy + sin xyz · = 0
∂x ∂x
∂z
(xyz cos xyz + sin xyz) = −2x − yz 2 cos xyz
∂x
∂z −2x − yz 2 cos xyz
=
∂x xyz cos xyz + sin xyz
∂ 2 ∂
(x + z sin xyz) = (0)
∂y ∂y
∂z ∂z
0 + z · cos xyz · xy + zx + sin xyz · = 0
∂x ∂y
∂z
(xyz cos xyz + sin xyz) = −xz 2 cos xyz
∂y
∂z −xz 2 cos xyz
=
∂y xyz cos xyz + sin xyz
∂ 1 ∂ 1 1 1
= + +
∂R2 R ∂R2 R1 R2 R3
1 ∂R 1
− 2 = 0− 2 +0
R ∂R2 R2
2
2
∂R R R
= 2 =
∂R2 R2 R2
∂ 2f ∂ 2f
(x, y) = fyy (x, y) (x, y) = fyx (x, y)
∂y 2 ∂x∂y
∂ ∂f ∂ y
fxy = = −y + 2x arctan
∂y ∂x ∂y x
1 1 y
= −1 + 2x · 2 · + arctan ·0
y x x
1+ 2
x
x2 1
= −1 + 2x · 2 2
·
x +y x
−x − y + 2x2
2 2
=
x2 + y 2
x2 − y 2
=
x2 + y 2
∂ ∂f ∂ y
fyx = = x + 2y arctan
∂x ∂y ∂x x
1 −y y
= 1 + 2y · · + arctan ·0
y 2 x2 x
1+ 2
x
2
x −y
= 1 + 2y · 2 2
· 2
x +y x
2 2 2
x + y − 2y
=
x2 + y 2
x − y2
2
=
x2 + y 2
Note que no exemplo anterior fxy = fyx . O próximo teorema, do matemático fracês Alexis
Clairant, fornece condições sob as quais podemos afirmar que fxy = fyx .
32 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Teorema 3 Suponha que f seja definida em uma bola aberta D que contenha o ponto
(x0 , y0 ). Se as funções fxy e fyx forem ambas contı́nuas em D, então
3.4.1 Aplicações
Equação de Laplace
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
+ + =0
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Equação da Onda
Se ficarmos em uma praia e tirarmos uma fotografia das ondas, esta mostrará um padrão
regular de picos e depressões em dado instante. Veremos movimento vertical periódico no
espaço em relação à distância. Se ficarmos na água, poderemos sentir a subida e descida
da água com o passar das ondas. Veremos movimento periódico vertical no tempo. Em
fı́sica, essa bela simetria é expressa pela equação de onda unidimensional
∂ 2w 2
2∂ w
= c
∂t2 ∂x2
onde w é a altura da onda, x é a variável distância, t é a variável tempo e c é a velocidade
com a qual as ondas se propagam.
e assim, por diante. Como acontece com derivadas de segunda ordem, a ordem de dife-
renciação é irrelevante desde que as derivadas na ordem em questão sejam contı́nuas.
3.6 Diferenciabilidade
Você deve lembrar do trabalho com funções de uma variável real que se f , definida por
y = f (x), for uma função derivável, então:
∆y
f ′ (x) = lim
∆x→0 ∆x
∆y = f (x + ∆x) − f (x).
∆y
Quando |∆x| for pequeno e ∆x 6= 0, difere de f ′ (x) por um número pequeno que
∆x
depende de |∆x| e será denotado por ǫ. Então,
∆y
ǫ= − f ′ (x) se ∆x 6= 0
∆x
onde ǫ é uma função de ∆x. Dessa forma, podemos reescrever a equação acima com:
∆y = f ′ (x)∆x + ǫ∆x.
Para funções de duas ou mais variáveis, uma equação correspondente a esta é usada
para definir a diferenciabilidade da função.
34 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
onde ǫ1 e ǫ2 são funções de ∆x e ∆y, tais que ǫ1 → 0 e ǫ2 → 0 quando (∆x, ∆y) → (0, 0),
então dizemos que f é diferenciável em (x0 , y0 ).
Teorema 4 Se uma função f de duas variáveis for diferenciável em um ponto, ela será
contı́nua neste ponto.
admite derivadas parciais em (0, 0), no entanto, não é contı́nua neste ponto. Logo, con-
cluı́mos que f não é diferenciável em (0, 0).
35 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
df
Para encontrarmos , dividimos ambos os membros da equação por ∆t e tomamos o
dt
limite quando ∆t → 0. Assim, dividindo 3.2 por ∆t e, em seguida, tomando o limite
quando ∆t → 0, no ponto P0 (x(t0 ), y(t0 )), obtemos:
∆f ∂f ∆x ∂f ∆y
lim = lim + lim +
∆t→0 ∆t P0 ∂x P0
∆t→0 ∆t ∂y P0
∆t→0 ∆t
∆x ∆y
+ lim ǫ1 lim + lim ǫ2 lim
∆t→0 ∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t→0 ∆t
36 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Logo,
df ∂f dx ∂f dy dx dy
= + +0· +0·
dt P0 ∂x P0 dt t0 ∂y P0 dt t0 dt dt
df ∂f dx ∂f dy
= + .
dt P0 ∂x P0 dt t0 ∂y P0 dt t0
Isto prova o teorema.
O diagrama a seguir mostra um esquema prático para montar a derivada total. Bem
acima, indicamos f , a função dada. De f , partem duas ramificações, chegando em x e
y, variáveis principais. Como x e y são, ainda, funções de t, o esquema termina com as
ramificações de x e de y “migrando” para t.
Assim, cada malha será um produto e a soma das duas malhas resulta na igualdade
estabelecida pelo teorema.
Solução:
df ∂f dx ∂f dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt
1
df 1 1
(y + t) · 0 − (x + t) · 1
−
2
= · + · t
dt y+t t (y + t)2 1
t
df 1 (x + t) 1
= − 2
· −
dt t(y + t) t(y + t) t
df y+t+x+t
=
dt t(y + t)2
df x + y + 2t
=
dt t(y + t)2
37 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
dw
Exemplo 32 Determine a derivada total , utilizando a Regra da Cadeia, sendo w =
dt
p π
x2 + y 2 + z 2 , x = tan t, y = cos t e z = sin t, com 0 < t < .
2
Solução:
dw ∂w dx ∂w dy ∂w dz
= + +
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt
dw x y z
=p (sec2 t) + p (− sin t) + p (cos t)
dt x2 + y 2 + z 2 x2 + y 2 + z 2 x2 + y 2 + z 2
C C
√
2 61
y 12
α α
A x B A 10 B
38 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Solução: Sabemos que V (r, h) = πr2 h, logo a taxa de variação do volume no instante em
∂V
que a altura é 50 cm e o raio é 16 cm é dada por (16, 50). Assim, temos:
∂t
dV ∂V dr ∂V dh
(r, h) = (r, h) + (r, h)
dt ∂r dt ∂h dt
dV
(r, h) = 2rπh · 4 + πr2 · (−10)
dt
dV
(16, 50) = 8π · 16 · 50 + π(16)2 (−10)
dt
dV
(16, 50) = 3840πcm3 /min
dt
39 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y
= +
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s
40 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
∂w ∂w
Exemplo 36 Determine e , sendo w = arcsin(3x + y); x = r2 es e y = sin rs
∂s ∂r
Solução: A equação w = arcsin(3x + y) pode ser reescrita como sin w = 3x + y. Para
∂w ∂w ∂w ∂w
determinarmos e , precisamos inicialmente calcular e . Note que, w é dado
∂s ∂r ∂x ∂y
∂w ∂w
implicitamente pela equação sin w = 3x + y, logo para calcular e , utilizaremos a
∂x ∂y
derivação implı́cita.
∂ ∂ ∂ ∂
(sin w) = (3x + y) (sin w) = (3x + y)
∂x ∂x ∂y ∂y
∂w ∂w
cos w · =3 cos w · =1
∂x ∂y
∂w 3 ∂w 1
= =
∂x cos w ∂y cos w
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y
= +
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r
∂w 3 1
= · (2res ) + · (s cos rs)
∂r cos w cos w
∂w 6res + s cos(rs)
=
∂r cos w
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y
= +
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s
∂w 3 1
= · (r2 es ) + · (r cos rs)
∂s cos w cos w
∂w 3r2 es + r cos(rs)
=
∂s cos w
p
Considerando w a medida do arco cujo seno é 3x + y, obtemos cos w = 1 − (3x + y)2 .
Veja a figura a seguir.
1
3x + y
w
p
A 1 − (3x + y)2 B
Logo,
∂w 6res + s cos(rs) ∂w 3r2 es + r cos(rs)
=p = p
∂r 1 − (3x + y)2 ∂s 1 − (3x + y)2
41 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
∂w ∂w ∂w
Exemplo 37 Determine , e , sendo w = x2 + y 2 + z 2 , x = r sin φ cos θ,
∂r ∂θ ∂φ
y = r sin φ sin θ e z = r cos φ.
Solução:
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
= + +
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂z ∂r
∂w
= 2x(sin φ cos θ) + 2y(sin φ sin θ) + 2z cos φ
∂r
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
= + +
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ ∂z ∂θ
∂w
= −2xr sin φ sin θ + 2yr sin φ cos θ + 2z · 0
∂θ
∂w
= −2xr sin φ sin θ + 2yr sin φ cos θ
∂θ
42 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
para algum valor do escalar h. Dessa forma, x−x0 = hu1 e y−y0 = hu2 , logo x = x0 +hu1 ,
y = y0 + hu2 , e
∆z z − z0 f (x0 + hu1 , y0 + hu2 ) − f (x0 , y0 )
= =
h h h
Se tomarmos o limite quando h → 0, obteremos a taxa de variação de z em relação a
distância, na direção e sentido de →
−
u , que é chamada derivada direcional de f na direção
e sentido de →
−
u.
→
−
Observação 6 Comparando a definição 16 com 20, vemos que, se →
−
u = i = (1, 0),
→
−
então Di f = fx e se →
−
u = i = (0, 1), então Dj f = fy . Em outras palavras, as
derivadas parciais de f com relação a x e y são casos particulares da derivada direcional.
2
Exemplo
38 Encontre
a derivada de f (x, y) = x + xy em P (1, 2) na direção do vetor
→
− 1 →− 1 →−
u = √ i +√ j .
2 2
44 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Por outro lado, podemos escrever g(h) = f (x, y), onde x = x0 + hu1 , y = y0 + hu2 , e
assim, pela regra da cadeia, obtemos
∂f dx ∂f dy
g ′ (h) = + = fx (x, y)u1 + fy (x, y)u2
∂x dh ∂y dh
Se tomarmos h = 0, então x = x0 , y = y0 e
Se o vetor unitário →
−
u faz um ângulo θ com o eixo positivo, então podemos escrever
→
− →
− →
−
u = cos θ i + sin θ j e a fórmula 3.6 pode ser reescrita como
y
u2
|~u|
θ
u1 x
1
Exemplo 39 Determine a derivada direcional da função f , definida por f (x, y) = ;
x−y
12 →
− 5→ −
na direção e sentido do vetor →
−
u =− i + j no ponto (−1, 2).
13 13
Solução: Note que, o vetor →
−u é unitário, assim inicialmente devemos determinar fx (x, y)
e fy (x, y).
∂ 1 (x − y) · 0 − 1 · 1 1
fx (x, y) = = 2
=−
∂x x − y (x − y) (x − y)2
∂ 1 (x − y) · 0 − 1 · (−1) 1
fy (x, y) = = =
∂y x − y (x − y)2 (x − y)2
Du f (x, y) = fx (x, y)u1 + fy (x, y)u2
1 12 1 5
Du f (x, y) = − 2
− + 2
(x − y) 13 (x − y) 13
17
Du f (x, y) =
13(x − y)2
17 17 17
Du f (−1, 2) = 2
= =
13(−1 − 2) 13 · 9 117
46 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Du f (x, y) = ∇f (x, y) · →
−
u
Para funções de três variáveis podemos definir derivadas direcionais de modo semelhante.
Para uma função f de três variáveis, o vetor gradiente, denotado por ∇f ou grad f , é
∂f →
− ∂f →
− ∂f →
−
∇f (x, y, z) = i + y + k
∂x ∂y ∂z
Logo, a equação 3.8 pode ser reescrita como
Du f (x, y, z) = ∇f (x, y, z) · →
−
u
Considere uma função f de duas ou três variáveis e todas as possı́veis derivadas direcionais
de f em um ponto dado. Isso nos dá a taxa de variação da função em todas as direções
possı́veis. Assim, podemos perguntar: Em qual dessas direções f varia mais rapidamente
e qual a máxima taxa de variação?
Assim, temos
Du f (x, y) = |→
−
u ||∇f (x, y)| cos α
Observe que, Du f é máxima quando cos α = 1, e isso ocorre quando θ = 0. Portanto, o
valor máximo de D f é |∇f | e ocorre quando →
u
−
u tem a mesma direção e mesmo sentido
que o vetor gradiente. Assim, o gradiente de uma função está na direção e sentido em que
a função tem a taxa máxima de variação. Geometricamente, isso significa que a superfı́cie
z = f (x, y) tem sua inclinação máxima em um ponto (x, y) na direção do gradiente e a
inclinação máxima é |∇f |. Analogamente, podemos dizer que o valor mı́nimo de Du f é
−|∇f |, e este valor ocorre quando θ = π, isto é, quando →
−
u está no sentido oposto a ∇f .
Geoemtricamente, isso significa que a superfı́cie z = f (x, y) tem sua inclinação mı́nima
em um ponto (x, y) no sentido oposto ao do gradiente, e a inclinação mı́nima é −|∇f |.
∇ (kf ) = k∇f
∇ (f + g) = ∇f + ∇f
∇ (f − g) = ∇f − ∇f
∇ (f g) = f ∇g − g∇f
f g∇f − f ∇g
∇ =
g g2
48 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Observação 7 Repare que pensando em funções de uma variável real t, temos que
d
∇ = . Logo, não é por acaso a semelhança das propriedades do gradiente com as
dt
regras usuais de derivação estudadas no Cálculo Diferencial.
Solução:
(a)
∂f →− ∂f →
−
∇f (x, y) = i + j
∂x ∂y
∂ 2 →
− ∂ 2 →
−
= (x − 4y) i + (x − 4y) j
∂x ∂y
→
− →
−
= 2x i − 4 j
→
− →
− →
− →
−
∇f (−2, 2) = 2 · (−2) i − 4 j = −4 i − 4 j
(b)
Du f (x, y) = ∇f (x, y) · →
−
u
√ !
→
− →
− 1→− 3
= (2x i − 4 j ) · i +
2 2
√
= x−2 3
√
Du f (−2, 2) = −2 − 2 3
π π→− π→−
∇f 0, = −2e−2·0 cos 2 · i − 2e−2·0 sin 2 · j
4 4 4
→
−
= −2 j
π →
−
Logo, a variação máxima de V se dá na direção e sentido do vetor ∇f 0, = −2 j e
π 4
o valor da taxa de variação máxima de V é ∇f 0, = 2 volts/m
4
50 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Definição 23 Seja f uma função de duas variáveis reais definida em uma região R
que contém o ponto (x0 , y0 ). Então, diz-se que f (x0 , y0 ) é um valor máximo relativo
(ou máximo local) de f se f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y), para todo o ponto (x, y) do domı́nio de
f situado em um disco aberto centrado em (x0 , y0 ), e diz-se que f tem um máximo
absoluto em (x0 , y0 ) se f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y) para todos os pontos (x, y) do domı́nio de f .
Definição 24 Seja f uma função de duas variáveis reais definida em uma região R
que contém o ponto (x0 , y0 ). Então, diz-se que f (x0 , y0 ) é um valor mı́nimo relativo
(ou mı́nimo local) de f se f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y), para todo o ponto (x, y) do domı́nio de
f situado em um disco aberto centrado em (x0 , y0 ), e diz-se que f tem um mı́nimo
absoluto em (x0 , y0 ) se f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y) para todos os pontos (x, y) do domı́nio de f .
Prova: Vamos provar que se f tiver um valor máximo relativo em (x0 , y0 ) e se fx (x0 , y0 )
existir, então fx (x0 , y0 ) = 0.
Note que, da definição 25 e do teorema 11 segue que os extremos relativos ocorrem nos
pontos crı́ticos. No entanto, como no cálculo de funções de uma variável real, uma função
de duas variáveis reais não precisa ter um extremo relativo em cada ponto crı́tico.
52 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Solução: Esta função, cujo gráfico é a superfı́cie S, que representa um parabolóide hi-
perbólico, tem um ponto crı́tico em (0, 0), pois
Note que, a função f não admite ponto de máximo nem mı́nimo em (0, 0), pois consi-
derando C1 a curva que representa o traço da superfı́cie S com o plano vertical yz e C2
a curva que representa o traço da superfı́cie S com o plano xz, vemos que (0, 0) é um
ponto de mı́nimo de C1 e (0, 0) é um ponto de máximo de C2 . Neste caso, o ponto (0, 0)
é chamado ponto de sela da função f .
(a) Se D > 0 e fxx (x0 , y0 ) > 0, então f tem um mı́nimo relativo em (x0 , y0 ).
(b) Se D > 0 e fxx (x0 , y0 ) < 0, então f tem um máximo relativo em (x0 , y0 ).
(c) Se D < 0, então f tem um ponto de sela em (x0 , y0 ).
(d) Se D = 0, então nenhuma conclusão pode ser tirada.
(y 3 )3 − y = 0 ⇒ y9 − y = 0
⇒ y(y 8 − 1) = 0
⇒ y(y 4 − 1)(y 4 + 1) = 0
⇒ y(y 2 − 1)(y 2 + 1)(y 4 + 1) = 0
Note que, fxx > 0 e D > 0, nos pontos (−1, −1) e (1, 1), assim nestes pontos ocorrem
mı́nimos relativos e, como D < 0 no ponto (0, 0), concluı́mos que este é um ponto de sela
da função f . A figura a seguir, ilustra o gráfico da função f .
fx (x, y) = 2x e fy (x, y) = 1 − ey
( (
fx (x, y) = 0 2x = 0
⇒ ⇒ x=y=0
fy (x, y) = 0 1 − ey = 0
Assim, fxx (0, 0) = 2 > 0 e D(x, y) = −2 < 0, logo (0, 0) é um ponto de sela da função f .
A figura a seguir, ilustra o gráfico da função f .
Exemplo 46 Seja f uma função definida por f (x, y) = ex sin y. Localize todos os pontos
máximos e mı́nimos relativos e pontos de sela, se estes existirem.
Note que, o sistema acima não admite solução, pois ex > 0 e não existe em R um valor
para y tal que sin y = 0 e cos y = 0. Assim, f não possui pontos crı́ticos.
Sabemos pelo teorema 11 e pela definição 25, que os extremos relativos ocorrem nos pontos
crı́ticos. Logo, como a função f não possui pontos crı́ticos, não possui extremos relativos.
y
4
2
R
1
0 1 2 3 4 5 x
Como R é uma região fechada e limitada, pelo teorema do valor extremo, podemos afirmar
que f assume máximo e mı́nimo absolutos em R.
Inicialmente determinaremos os pontos crı́ticos de f . Assim, temos:
fx (x, y) = y − 1 e fy (x, y) = x − 3
( (
fx (x, y) = 0 y−1=0
⇒ ⇒ x=3 e y=1
fy (x, y) = 0 x−3=0
Agora, devemos determinar os pontos sobre a fronteira de R nos quais um valor extremo
pode ocorrer. A fronteira de R é constituı́da por três segmentos de reta. O segmento de
reta L1 , entre (0, 0) e (0, 4); o segmento de reta L2 , entre (0, 4) e (5, 0) e o segmento de
reta L3 , entre (5, 0) e (0, 0).
Em L1 , temos x = 0, logo
Note que, trata-se de uma função decrescente de y, portanto seu máximo é f (0, 0) = 0 e
seu mı́nimo é f (0, 4) = −12.
57 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
4
Em L2 , temos y = − x + 4, logo
5
4 4 4
h(x) = f x, − x + 4 = x · − x + 4 − x − 3 · − x + 4
5 5 5
4 27
h(x) = − x2 + x − 12, 0 ≤ x ≤ 5
5 5
8 27 27
Como h′ (x) = − x+ , a equação para h′ (x) admite x = como único ponto crı́tico de
5 5 8
27
h. Assim, os valores extremos de h ocorrem ou no ponto crı́tico x = ou nos extremos
8
x = 0 e x = 5.
Os extremos
correspondem aos pontos (0, 4) e (5, 0) de R, e o ponto crı́tico
27 13
corresponde a , .
8 10
Em L3 , temos y = 0, logo
Trata-se de uma função decrescente de x, portanto seu máximo é f (0, 0) = 0 e seu mı́nimo
é f (5, 0) = −5.
y
1
−1 0 1 x
−1
y2
fx (x, y) = 6x e fy (x, y) = 4y +
3
(
fx (x, y) = 0 6x = 0 x=0
⇒ y 2 ⇒
fy (x, y) = 0 4y + =0 y = 0 ou y = −12
3
Como −1 ≤ y ≤ 1, o único ponto crı́tico em Ω é (0, 0). Aplicando o teste da segunda
derivada, temos:
f (x, y) = 6
xx
D(x, y) = fxx
(x, y) · fyy
(x, y) − [fxy (x, y)]
2
2
fyy (x, y) = 4 + y ⇒ 2
3 D(x, y) = 6 · 4 + y
fxy (x, y) = 0 3
Como fxx (0, 0) = 6 > 0 e D(0, 0) = 24 > 0, concluı́mos que (0, 0) é um ponto de mı́nimo
relativo.
Agora, determinaremos os pontos sobre a fronteira de Ω nos quais um valor extremo pode
ocorrer. A fronteira de Ω consiste no conjunto dos pontos (x, y), tais que, x2 + y 2 = 1,
logo temos:
y3
f (x, y) = g(y) = 3(1 − y 2 ) + 2y 2 +
9
y3
g(y) = 3 − y 2 + , −1 ≤ y ≤ 1
9
y2
Note que, g ′ (y) = −2y + , assim a equação g ′ (y) = 0 admite y = 0 ou y = 6 como
3
soluções. No entanto, −1 ≤ y ≤ 1, logo, a única solução admissı́vel é y = 0.
Como x2 + y 2 = 1, para y = 0, temos x = −1 ou x = 1. Assim, (−1, 0) e (1, 0) são pontos
crı́ticos de g.
Também devemos considerar os extremos do intervalo de variação de y, ou seja, y = −1
e y = 1. Para y = −1 ou y = 1, temos x = 0.
Solução: Sejam
x = comprimento da caixa (m);
y = largura da caixa (m);
z = altura da caixa (m);
S = área superficial da caixa (m2 );
V = volume da caixa (m3 );
C = custo da caixa (R$)
Assim, temos:
S(x, y, z) = 2xy + 2yz + 2xz
V (x, y, z) = x · y · z
C(x, y, z) = 5xy + 2yz + 2xz
xyz = 20 (3.9)
20
De 3.9, obtemos z = , logo a função custo pode ser reescrita como
xy
40 40
C(x, y) = 5xy + +
x y
As dimensões x e y, na fórmula acima devem ser positivas. Logo, devemos determinar
o valor mı́nimo absoluto de C sobre a região para a qual x > 0 e y > 0. Como esta
região não é limitada, não temos nenhuma garantia de que um valor de mı́nimo absoluto
exista. No entanto, se houver um, ele ocorre num ponto crı́tico de C. Assim, inicialmente
determinaremos os pontos crı́ticos de C.
∂C 40 ∂C 40
(x, y) = 5y − 2 e (x, y) = 5x − 2
∂x x ∂y y
60 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
∂C 40 8
∂x (x, y) = 0
5y − 2 = 0
y− 2 =0
x x
⇒ ⇒
∂C 40 8
(x, y) = 0 5x − 2 = 0
x− 2 =0
∂y y y
Isolando-se x na segunda equação do sistema acima e substituindo-se na primeira, obte-
mos:
8 y4
y− 2 = 0 ⇒ y−8· =0 ⇒ −y(y 3 − 8) = 0
8 64
y2
∂ 2C
Como (2, 2) = 10 > 0 e D(2, 2) = 75 > 0, temos que (2, 2) é um ponto de mı́nimo
∂x2
absoltuto. Para determinarmos a terceira dimensão da caixa, substituı́mos x = 2 e y = 2
40
na equação z = , obtendo z = 5. Logo, as dimensões da caixa mais barata são 2 m,
xy
2 m e 5 m.
Exemplo 50 De uma folha de metal com 27 cm de largura deseja-se obter uma calha
dobrando-se as bordas da folha de iguais quantidades de modo que as abas façam o
mesmo ângulo com a horizontal. Qual a largura das abas e qual o ângulo que devem fazer
a fim de ter uma capacidade máxima?
Como nosso objetivo é determinar a largura das abas e o ângulo φ para que a capacidade
da calha seja máxima, devemos maximizar a área da seção transversal.
61 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
27 π
Note que, neste caso, 0 < x < e0<φ< .
2 2
Determinaremos inicialmente os pontos crı́ticos da função S. Assim, temos:
∂S
(x, φ) = 27 sin φ − 4x sin φ + 2x sin φ cos φ
∂x
∂S
(x, φ) = 27x cos φ − 2x2 cos φ + x2 sin φ(− sin φ) + cos φ(x2 cos φ)
∂φ
∂S
(x, φ) = 27x cos φ − 2x2 cos φ − x2 + 2x2 cos2 φ
∂φ
∂S
∂x = 0
(
27 sin φ − 4x sin φ + 2x sin φ cos φ = 0
⇒
∂S 27x cos φ − 2x2 cos φ − x2 + 2x2 cos2 φ = 0
=0
∂φ
Resolvendo-se a primeira equação do sistema, obtemos:
27
cos φ = 2 − (3.10)
2x
Substituindo-se esta expressão na segunda equação do sistema, obtemos:
2
27 2 27 2 2 27
27x 2 − − 2x 2 − − x + 2x 2 − = 0
2x 2x 2x
729 2 2 2 54 729
54x − − 4x + 27x − x + 2x 4 − + 2 = 0
2 x 4x
729 729
54x − − 4x2 + 27x − x2 + 8x2 − 108x + = 0
2 2
3x2 − 27x = 0
3x(x − 9) = 0 ⇒ x = 0 ou x = 9
π
Para verificar se (x, φ) = 9, é realmente um ponto de máximo da função S, aplicare-
3
mos o teste da derivada segunda.
∂ 2S
= −4 sin φ + 2 sin φ cos φ
∂x2
∂ 2S
= −27x sin φ + 2x2 sin φ + 4x2 cos φ(− sin φ)
∂φ2
∂ 2S
= −27x sin φ + 2x2 sin φ − 4x2 cos φ sin φ
∂φ2
∂ 2S
(x, φ) = 27 cos φ − 4x cos φ + 2x sin φ(− sin φ) + cos φ(2x cos φ)
∂x∂φ
∂ 2S
(x, φ) = 27 cos φ − 4x cos φ − 2x sin2 φ + 2x cos2 φ
∂x∂φ
Logo,
2 √
∂ S π 3 3
9, = −
∂x2 3 2 ∂ 2S ∂ 2S
∂ 2S
2 √ D(x, φ) = · −
∂ S π 243 3 ∂x 2 ∂φ 2 ∂x∂φ
9, =− ⇒ π 1358
∂φ2 3 2
D 9, = >0
2
∂ S π 27 3 4
9, =−
∂x∂φ 3 2
∂ 2S π π π
Como 9, < 0 e D 9, > 0, concluı́mos que 9, é um ponto de máximo
∂x2 3 3 3
absoluto. Assim, para que se tenha a área da seção transversal máxima, √
a largura da aba
π 459 3
deve ser 9 cm e o ângulo φ = rad. A saber, a área máxima é S = cm3 .
3 4
∇f (x0 , y0 ) = λ∇g(x0 , y0 ),
Prova: Sejam f e g funções de duas variáveis com derivadas parciais de primeira or-
dem contı́nuas em algum conjunto aberto contendo a curva de restrição g(x, y) = 0.
Se ∇g(x0 , y0 ) = 0, esse vetor é paralelo a qualquer vetor, em particular será paralelo a
∇f (x0 , y0 ). Podemos então supor ∇g(x0 , y0 ) 6= 0. Isso significa que
∂g ∂g
(x0 , y0 ), (x0 , y0 ) 6= (0, 0).
∂x ∂y
∂g
Suponhamos que 6= 0. Considerando-se a expressão g(x, y) = 0, podemos escrever y
∂y
como uma função de x numa vizinhança de (x0 , y0 ). Assim, temos pela regra da Cadeia
que:
∂g dy ∂g
(x0 , y0 ) (x0 ) + (x0 , y0 ) = 0
∂y dx ∂x
Logo,
∂g
dy (x0 , y0 )
(x0 ) = − ∂x (3.11)
dx ∂g
(x0 , y0 )
∂y
Agora consideremos a função f (x, y(x)). Essa é uma função de uma variável real qua
admite máximo ou mı́nimo em x = x0 . Assim, sua derivada anula-se neste ponto.
Calculando-se esta derivada pela regra da cadeia, obtemos:
∂f ∂f dy
(x0 , y0 ) + (x0 , y0 ) (x0 ) = 0 (3.12)
∂x ∂y dx
Substituindo 3.11 em 3.12, temos
∂g
∂f ∂f − (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) + (x0 , y0 ) ∂x = 0.
∂x ∂y ∂g
(x0 , y0 )
∂y
64 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
∂g
Multiplicando ambos os membros da equação por (x0 , y0 ), uma vez que supomos este
∂y
termo diferente de zero, obtemos:
∂g ∂f ∂f ∂g
(x0 , y0 ) · (x0 , y0 ) − (x0 , y0 ) · (x0 , y0 ) = 0.
∂y ∂x ∂y ∂x
∇f (x0 , y0 ) = λ∇g(x0 , y0 ).
Isto mostra que ∇f (x0 , y0 ) e ∇g(x0 , y0 ) são paralelos, provando assim o teorema.
Exemplo 51 Determine os valores extremos que a função f , definida por f (x, y) = xy,
assume na circunferência de equação x2 + y 2 = 10.
Solução: Queremos maximizar a função f , definida por f (x, y) = xy, sujeita a restrição
x2 + y 2 = 10.
y = λ · 2x ⇒ x = 2λ(2λx) ⇒ 4λ2 x − x = 0
1
Assim, temos que x = 0 ou λ = ± . Consideremos agora estes dois casos.
2
1
Caso 2: Se x 6= 0, então λ = ± e x = ±y. Fazendo essa substituição na equação
2
g(x, y) = 0, temos:
√
(±y)2 + y 2 − 10 = 0 ⇒ 2y 2 = 10 ⇒ y = ± 5.
√ √ √ √
Logo, x = − 5 ou x = 5 e, y = − 5 ou y = 5.
Interpretação Geométrica
é facil explicar a base geométrica do método de Lagrange para as funções de duas variáveis.
Então, vamos começar tentando determinar os valores extremos de f (x, y) sujeita a res-
trição da forma g(x, y) = 0. Em outras palavras, queremos achar os valores extremos de
f quando o ponto (x, y) pertencer à curva de nı́vel g(x, y) = 0. Consideremos f a função
definida no exemplo anterior e g(x, y) = x2 + y 2 − 10. A figura a seguir mostra as curvas
de nı́vel da função f e a curva de equação x2 + y 2 − 10 = 0. Essas curvas de nı́vel tem
√ √ √ √
equação xy = k, com k = −7, −5, −2 2, − 2, 2, 2 2, 5, 7. Note que, maximizar ou
minimizar f sujeita a restrição g(x, y) = 0 é determinar qual o maior ou menor valor
de k tal que a curva de nı́vel f (x, y) = k intercepte g(x, y) = 0. Pela figura vemos que
isso acontece quando estas curvas se tocam, ou seja, quando essas curvas tem uma reta
tangente em comum. Logo, os vetores gradientes são paralelos.
66 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
√ √ √ √
∆g(− 5, 5) ∆g( 5, 5)
√ √
∆f ( 5, 5)
c
√ √
∆f (− 5, 5)
√ √
0 ∆f ( 5, − 5)
√ √
∆f (− 5, − 5)
√ √ √ √
∆g(− 5, − 5) ∆g( 5, − 5)
A seguir são apresentadas outras versões do teorema 14, dos multiplicadores de Lagrange,
para situações diferentes.
Assim,
oponto do plano de equação x + 2y + 3z = 13 mais próximo do ponto (1, 1, 1) é
3 5
, 2, .
2 2
Capı́tulo 4
Integrais Múltiplas
nm
X nm
X
Assim, a soma f (xk , yk )∆Ak é uma aproximação do volume de S. As somas f (xk , yk )∆Ak
k=1 k=1
estão definidas e são chamadas somas de Riemann de f , relativas a partição P .
Note que, essa aproximação em geral melhora sempre que diminuı́mos |P |. Logo, é natu-
ral definir o volume de S como sendo um limite dessas somas, quando |P | → 0.
71 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Tal número L, quando existe é único e denomina-se, segundo Riemann, integral dupla
de f sobre D e indica-se por
Z Z nm
X
f (x, y)dA = lim f (xk , yk )∆Ak
D |P |→0
k=1
Z Z
Observação 9 No caso de f ≥ 0 em D, a integral dupla f (x, y)dA é, quando
D
existe, o “volume” do sólido S, mecionado anteriormente.
Z Z
(b) f (x, y) ≥ 0 em D ⇒ f (x, y)dxdy ≥ 0.
D
Z Z Z Z
(c) f (x, y) ≤ g(x, y) em D ⇒ f (x, y)dxdy ≤ g(x, y)dxdy.
D D
72 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
e,
Z pelas
Z discussões do parágrafo anterior, esse volume também deveria ser igual a
f (x, y)dxdy. Logo, terı́amos
R
Z Z Z b Z d
f (x, y)dxdy = f (x, y)dy dx,
R a c
que nos diz que para calcular a integral dupla primeiramente calculamos a integral simples
de f em relação a y (mantendo x fixo) de c até d e depois integramos a função resultante,
Z d
A = A(x) = f (x, y)dy em relação a x, de a até b.
c
Z Z
2 +y
Exemplo 54 Calcule xex dxdy, sendo R = [0, 1] × [−1, 1].
R
y
1
−1 0 1 x
−1
Logo,
Z Z Z 1 Z 1
x2 +y 2 +y
xe dxdy = xex dxdy
R −1 0
Z 1 1
1 x2 +y
= e dy
−1 2 0
Z
1 1 1+y
= e − ey dy
2 −1
1 1+y 1
= e − ey −1
2
1 2
= e − e1 − (e0 − e−1 )
2
1 2
= e − e1 + e−1 − 1
2
Exemplo 55 Calcule o volume do sólido S, delimitado acima pela superfı́cie de equação
z = x2 + y 2 , pelos planos coordenados e pelos planos x = 1, y = 1.
74 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
y
1
0 1 x
Z Z Z 1 Z 1
2 2
V = (x + y )dA = (x2 + y 2 )dxdy
R 0 0
Z 1 3 1
x 2
= + y x dy
0 3
Z 1 0
1
= + y 2 dy
0 3
1
1 y3
= y+
3 3 0
2
= u.v.
3
Z Z
Exemplo 56 Calcule (x − y)dxdy, onde D é o semicı́rculo x2 + y 2 ≤ 1, x ≥ 0.
D
y √
1 y= 1 − x2
0 1 x
√
−1 y = − 1 − x2
Assim, temos: √
Z Z Z 1 Z 1−x2
(x − y)dxdy = √
(x − y)dydx
D 0 − 1−x2
Z 1 2
√1−x2
y
= xy − √
dx
0 2 − 1−x2
Z√ 1
= 2x 1 − x2 dx
0 1
2p 2 3
= − (1 − x ) dx
3 0
2
=
3
Exemplo 57 Calcule o volume sólido S limitado pelos planos coordenados e pelas su-
perfı́cies de equações: x2 + z 2 = 1 e x + y = 1.
Z Z √ Z 1 Z 1−x √
V = 1− x2 dA = 1 − x2 dydx
R 0 0
Z 1 h√ i1−x
= ( 1 − x2 )y dx
0
Z0 1 √
= ( 1 − x2 )(1 − x)dx
0
Z 1√ Z 1 √
= 2
1 − x dx − ( 1 − x2 )xdx
|0 {z } |0 {z }
I1 I2
1
x
θ
√
1− x2
Assim, temos:
(
x = sin θ π
⇒ Para x = 0, temos θ = 0 e para x = 1, temos θ =
dx = cos θdθ 2
Z Z π
1 √ 2 p
I1 = 1− x2 dx = 1 − sin2 θ cos θdθ
0 0
Z π
2
= cos2 θdθ
0
Z π
1 2
= [cos 2θ + 1] dθ
0 2
π
1 1 2 π
= sin 2θ + θ =
4 2 0 4
Resolvendo-se I2 , obtemos
Z 1
1 √ 1p 2 1
I2 = ( 1 − x2 )xdx = − (1 − x2 )3 · =−
0 2 3 0 3
Como V = I1 − I2 , temos:
π 1
V = + u.v.
4 3
77 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Corolário 2 Sejam a(y) e b(y) duas funções contı́nuas em [c, d] e tais que, para todo
y em [c, d], a(y) ≤ b(y). Seja D o conjunto de todos (x, y) tais que c ≤ y ≤ d e
a(y) ≤ x ≤ b(y). Nestas condições, se f (x, y) for contı́nua em D, então
Z Z Z Z !
d b(y)
f (x, y)dxdy = f (x, y)dx dy.
D c a(y)
Z Z
Exemplo 58 Calcule (x − y)dxdy, onde D é o semicı́rculo x2 + y 2 ≤ 1, x ≥ 0.
D
y
1
p
x= 1 − y2
0 1 x
−1
Assim, temos:
Z Z Z 1 Z √1−y2
(x − y)dxdy = (x − y)dxdy
D −1 0
Z 1 √ 2
1−y
x2
= − yx dy
−1 2 0
Z 1
1 − y2 p
2
= − y 1 − y dy
−1 2
1
1 y3 1 p
= y− + 2
(1 − y 2 )3
2 6 2 −1
78 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
1 1 1 1 2
= − − − + =
2 6 2 6 3
Z Z √
1 2−x2
Exemplo 59 Inverta a ordem de integração na integral f (x, y)dydx, onde f
0 x
é contı́nua em R2 .
Solução: De acordo com os limites de integração, vemos que a região de integração é dada
por
√
R : {(x, y) ∈ R2 /0 ≤ x ≤ 1 e x ≤ y ≤ 2 − x2 },
y
√ √
2 y= 2 − x2
y=x
√ √
− 2 0 2 x
√
− 2
Neste caso, para inverter a ordem de integração deveremos dividir a região R em duas
sub-regiões, como ilustra a figura a seguir.
y
√ √
2 y= 2 − x2
y=x
R2
R1
√ √
− 2 0 2 x
√
− 2
Assim, temos:
R1 = {(x, y) ∈ R2 /0 ≤ y ≤ 1 e 0 ≤ x ≤ y}
e
√ p
R2 = {(x, y) ∈ R2 /1 ≤ y ≤ 2 e 0≤x≤ 1 − y2}
79 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Z 1 Z y Z √
2 Z √1−y2
= f (x, y)dxdy + f (x, y)dxdy
0 0 1 0
Definição 29 Uma região polar simples num sistema de coordenadas polares é uma
região compreendida entre dois raios, θ = α e θ = β, e duas curvas polares contı́nuas,
r = r1 (θ) e r = r2 (θ), onde as equações dos raios e das curvas polares satisfazem as
seguintes condições:
(a) α ≤ β (b) β − α ≤ 2π (c) 0 ≤ r1 (θ) ≤ r2 (θ)
y
y P (ρ, θ) = (x, y)
θ
x x
1
Podemos pensar nos retângulos polares “infinitesimais” como retângulos convencionais com dimensões
ρdθ e dρ e portanto com área dA = ρdρdθ.
80 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Z Z
2 +y 2
Exemplo 60 Calcular ex dxdy, sendo R : {(x, y) ∈ R2 /1 ≤ x2 +y 2 ≤ 16 e −x ≤
R
y ≤ x}.
y
y=x
1 4 x
y = −x
Z π 4
4 1 ρ2
= e dρ
− π4 2 1
Z π
1 16 4
= (e − e1 )dρ
−π 2
4 π4
1 16 1 π
= (e − e )ρ = (e16 − e1 ).
2 −π 4
4
Z Z p
Exemplo 61 Calcule x2 + y 2 dxdy, sendo R, o semicı́rculo R : {(x, y) ∈ R2 /(x −
R
1)2 + y 2 ≤ 1, y ≥ 0}.
2 x
(
x = ρ cos θ
⇒ (x − 1)2 + y 2 = 1
y = ρ sin θ
x2 − 2x + 1 + y 2 = 1
x2 + y 2 − 2x = 0
ρ2 − 2ρ cos θ = 0
ρ = 2 cos θ, para ρ 6= 0
Exemplo 62 Ache o volume do sólido no primeiro octante limitado pelo cone de equação
p
z = x2 + y 2 e pelo cilindro de equação x2 + y 2 = 3y.
3 x
x2 + y 2 = 3y ⇒ ρ2 = 3ρ sin θ ⇒ ρ = 3 sin θ
Z Z p Z π Z
2
3 sin θ
V = x2 + y 2 dA = ρ · ρdρdθ
R 0 0
Z π 3 sin θ
2 ρ3
= dθ
0 3 0
Z π
2
= 9 sin3 θdθ
0
Z π
2
= 9 sin θ(1 − cos2 θ)dθ
0
π
cos3 θ 2
= 9 − cos θ +
3 0
1
= −9 −1 + = 6 u.v.
3
Solução: Consideremos o caso mais simples, ou seja, uma esfera de raio a e centro na
origem, a qual é expressa em coordenadas cartesianas como x2 + y 2 + z 2 = a2 .
83 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
p
Note que, a equação que descreve o hemisfério superior é dada por z = a2 − x 2 − y 2 ,
de modo que o volume da esfera é
Z Z p
V =2 a2 − x2 − y 2 dA,
R
−a a x
−a
Seja Pij (xi , yj , f (xi , yj )) o ponto de S que possui como projeção no plano xy o ponto
(xi , yj ).
Note que, o plano tangente a S em Pij é uma aproximação de S perto de Pij . As-
sim, a área ∆Tij da parte deste plano tangente que está acima de Rij é uma aproximação
X n Xm
da área ∆Sij da parte de S que está acima de Rij . Desse modo, a soma ∆Tij é
i=1 j=1
uma aproximação da área total de S, a qual melhora sempre que aumentamos o número
de retângulos. Logo, é natural definir o volume de S como sendo um limite destas somas,
quando m, n → ∞, se este limite existir.
→
− →
− →
−
a = ∆x i + fx (xi , yj )∆x k
→
− →
− →
−
b = ∆y j + fy (xi , yj )∆y k
e →
− →
− →
−
i j
k
→
− →
−
a × b = ∆x 0 fx (xi , yj )∆x
0 ∆y fy (xi , yj )∆y
→
− →
− →
−
= ∆x∆y k − fx (xi , yj )∆x∆y i − fy (xi , yj )∆y∆x j
→
− →
−
= [−fx (xi , yj ) i − fy (xi , yj ) j + 1]∆x∆y
Logo, q
∆Tij = [fx (xi , yj )]2 + [fy (xi , yj )]2 + 1 ∆A
Assim, de ??, temos:
n X
X m q
A(S) = lim [fx (xi , yj )]2 + [fy (xi , yj )]2 + 1 ∆A
m,n→∞
i=1 j=1
Teorema 18 A área da superfı́cie com equação z = f (x, y), (x, y) ∈ D, onde fx e fy são
contı́nuas, é Z Z q
A(S) = fx2 + fy2 + 1 ∆A (4.2)
D
O cálculo desta integral torna-se mais simples fazendo-se a mudança de variáveis para
coordenadas polares. Assim, temos:
Z Z p Z 2π Z 3 p
1 + 4(x2 + y 2 )dA = 1 + 4ρ2 ρdρdθ
D 0 0
Z 2π 3
1 2 2 23
= · (1 + 4ρ ) dθ
0 8 3 0
Z 2π h √ i
1
= 37 37 − 1 dθ
12 0
1 h √ i2π
= (37 37 − 1)θ
12 0
π √
= (37 37 − 1) u.a.
6
86 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
B = {(x, y, z) ∈ R2 /a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d e e ≤ z ≤ f },
z
B
z
B
Fazendo-se uma partição de B, observa-se que cada elemento Bijk da partição apresenta
volume ∆V = ∆x∆y∆z.
87 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Bijk
∆z
∆x
∆y
z
B
z z = u2 (x, y)
a z = u1 (x, y)
b
y
y = g1 (x)
x y = g2 (x)
Nessa região, é possı́vel reduzir a integral tripla a uma integral iterada por meio da equação
Z Z Z Z bZ g2 (x) Z u2 (x,y)
f (x, y, z)dV = f (x, y, z)dzdydx.
B a g1 (x) u1 (x,y)
z
z = u2 (x, y)
z = u1 (x, y)
c
d
y
x = h1 (y)
x x = h2 (y)
89 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
y
x = u1 (y, z)
x x = u2 (y, z)
Z Z Z Z Z "Z u2 (x,z)
#
f (x, y, z)dV = f (x, y, z)dy dxdz.
B B u1 (x,z)
x = u2 (y, z)
R
x = u1 (y, z)
y
x
quando esta integral existe. Caso contrário dizemos que B não tem volume.
Z Z √ Z
3 9−z 2 x
Exemplo 65 Calcule a integral iterada xydydxdz.
0 0 0
Solução:
Z Z √ Z Z Z √
3 9−z 2 x 3 9−z 2
y2
xydydxdz = x· dxdz
0 0 0 0 0 2
90 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Z Z √
3 9−z 2
x3
= dxdz
0 0 2
Z 3 4
√9−z2
1 x
= · dz
0 2 4 0
Z 3
1
= (9 − z 2 )2 dz
0 8
Z
1 3
= (81 − 18z 2 + z 4 )dz
8 0
3
1 3 z5 81
= 81z − 6z + =
8 5 0 5
4
x
θ
√
16 − x2
Assim, temos:
x = 4 sen θ θ
⇒ Para x = 0, temos θ = 0 e para x = 4, temos θ = .
dx = 4 cos θdθ 2
Z Z π
4 √ 2 √
I1 = 4 16 − x2 dx = 4 16 − 16 sen 2 θ(4 − cos θ)dθ
0 0
Z π
2
= 64 cos2 θdθ
0
Z π
1 2
= 64 [cos 2θ + 1] dθ
0 2
π2
1
= 32 sen 2θ + θ = 16π
2 0
Calculando I2 , temos:
Z 4 √
I2 = 16 − x2 (−x)dx
0
Z
1 4√
= 16 − x2 (−2x)dx
2 0
1 2 hp i4 64
= · (16 − x2 )3 = −
2 3 0 3
Assim, temos:
64
V = I1 + I2 = 16π − u.v.
3
92 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Também vimos que a mudança de variáveis é útil em integrais duplas. De fato, já utili-
zamos a mudança para coordenadas polares. As novas variáveis r e θ são relacionadas as
variáveis em coordenadas retangulares x e y, como
x = r cos θ y = sen θ
De modo geral, podemos considerar uma mudança de variáveis em R2 dada pela trans-
formação T do plano uv no plano xy
Note que, T é uma função cujo domı́nio e imagem são ambos subconjuntos de R2 . Se
T (u1 , v1 ) = (x1 , y1 ), então o ponto (x1 , y1 ) é denominado imagem do ponto (u1 , v1 ).
v y
S R
(xi , yi )
(ui , vi )
u x
S3
1
S4 S S2
0 S1 1 u
Agora, iremos verificar como utilizar a mudança de variáveis na integração dupla. Inicia-
remos com um pequeno retângulo S no plano uv cujo vétice inferior esquerdo é o ponto
(u0 , v0 ) e cujas dimensões são ∆u e ∆v.
→
− →
− →
−
r (u, v) = x(u, v) i + y(u, v) j
→
− ∂x →
− ∂y →
−
rv = i + j.
∂v ∂v
Podemos aproximar a região R pelo paralelogramo determinado pelos vetores secantes
→
− →
−
a =→
−
r (u0 + ∆u, v0 ) − →
−
r (u0 , v0 ) b =→
−
r (u0 , v0 + ∆v) − →
−
r (u0 , v0 ),
r(u0 , v + ∆v)
b
r(u0 , v0 )
a
r(u + ∆u, v0 )
θ y
β θ=β
T θ=β r=b
r=a r=b
α
θ=α r=a
θ=α
a b r x
−3 −2 −1 0 1 2 3 4 x
Solução: Pela figura acima, observe que, as equações das retas que formam a fronteira do
domı́nio R são x + y = 3, x + y = 4, y − x = 1 e y − x = 3. A ocorrência das expressões
x + y e y − x sugerem que a transformação
u=x+y e v =y−x
poderá ser útil, pois com esta tranformação as linhas de froenteira são curvas de u e v
constantes, correspondem às retas
u = 3, u = 4, v = 1 e v = 3.
98 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
y v
T 3
x 3 4 u
e
1 1
T (u, v) = (x(u, v), y(u, v)) = (u − v), (u + v) .
2 2
Então,
∂x ∂x 1 1
∂(x, y) ∂u − 1
J(T )(u, v) = = ∂v 2 2 = 6= 0
=
∂(u, v) ∂y ∂y 1 1 2
∂u ∂v 2 2
Logo,
Z Z Z Z
(x + y)9 u9 1
dxdy = dudv
R y−x S v 2
Z Z
1 4 3 u9
= dvdu
2 3 1 v
Z
1 4 9
= u [ln v]31 du
2 3
Z 4
1
= ln 3 u9 du
2 3
10 4
1 u
= ln 3
2 10 3
ln 3 10
= (4 − 310 )
20
99 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Z Z
1 1
Exemplo 69 Calcule sen (x + y) cos (x − y)dxdy, sendo R a região triangular
R 2 2
de vértices A(0, 0), B(2, 0) e C(1, 1).
Então,
T (u, v) = (x(u, v), y(u, v)) = (u + v, u − v).
y v
T
1 1
2 x 1 u
RR p
Exemplo 70 Calcule R
x2 + y 2 dxdy, sendo R a região triangular de vértices A(0, 0),
B(1, 0) e C(1, 1).
1
R
1 x
Neste caso, uma mudança de variáveis conveniente seria para coordenadas polares, visto
que, eliminarı́amos o problema da raiz quadrada no integrando. Sabe-se que a trans-
formação de coordenadas polares para coordenadas cartesianas é dada pela lei
1
Como x = r cos θ, temos que 1 = r cos θ → r = = sec θ. Assim, para 0 ≤ θ ≤ π4 ,
cos θ
temos 0 ≤ r ≤ sec θ.
Portanto,
Z Z p Z π Z sec θ
4 √
x2 + y 2 dxdy = rrdrdθ
R 0 0
Z π Z sec θ
4
= r2 drdθ
0 0
Z π 3 sec θ
4 r
= dθ
0 3 0
Z π
1 4
= sec3 θdθ
3 0
1 π
= [sec θ · tan θ + ln(sec θ + tan θ)]04
6
1 h√ √ i
= 2 + ln( 2 + 1)
6
R
Observação 12 Calculando-se separadamente a integral sec3 θdθ, obtemos:
Z Z
sec θdθ = sec2 θ · sec θdθ.
3
Note que, esta integral deverá ser calculada por partes, uma vez que temos o produto de
R R
duas funções u · dv, onde u · dv = u · v − v · du.
101 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Fazendo-se u = sec θ e dv = sec2 θdθ, temos du = sec θ · tan θdθ e v = tan θ. Logo,
Z Z
3
sec θdθ = sec θ · tan θ − tan θ · sec θ · tan θdθ
Z
= sec θ · tan θ − tan2 θ · sec θdθ
Z
= sec θ · tan θ − (sec2 θ − 1) · sec θdθ
Z Z
3
= sec θ · tan θ − sec θdθ + sec θdθ
Z Z
3
2 sec θdθ = sec θ · tan θ + sec θdθ
Z
1
sec3 θdθ = [sec θ · tan θ + ln(sec θ + tan θ)]
2
T : R ⊂ R3 → R3
T (u, v, w) = (x(u, v, w), y(u, v, w), z(u, v, w)),
Z Z Z
Exemplo 71 Calcule (z − y)2 xydV , onde R é a região delimitada pelos planos
R
2 4
x = 1, x = 3, z = y, z = y + 1 e os hiperbolóides y = ey= .
x x
Solução: Note que, as equações das superfı́cies que formam o domı́nio R podem ser re-
escritas como x = 1, x = 3, z − y = 0, z − y = 1, xy = 2 e xy = 4. A ocorrência das
expressões x, z − y e xy nas equações de fronteira sugere que a transformação T , definida
por
u = x, v = z − y e w = xy
poderá ser útil, pois com esta transformação as linhas de fronteira são curvas de u, v e w
constantes, correspondentes aos planos
u = 1, u = 3, v = 0, v = 1, w = 2 e w = 4.
u=x
Resolvendo-se o sistema v = z − y em função de x, y e z, determinamos a lei da
w = xy
transformação T , que é dada por
w w
T (u, v, w) = u, , v + .
u u
Então, o Jacobiano da transformação é
∂x ∂x ∂x
1 0 0
∂u ∂v ∂w
∂y ∂y ∂y w 1 1
J(T )(u, v, w) = = − 2 0 = −
u u u
∂u ∂v ∂w
∂z ∂z ∂z w 1
− 1
∂u ∂v ∂w
u2 u
Logo,
Z Z Z Z Z Z
2 2
1
(z − y) xydV = v w − dudvdw
R S u
Z 4Z 1Z 3
1
= v 2 w dudvdw
2 0 1 u
103 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Z 4 Z 1
= v 2 w [ln u]31 dvdw
2
Z0 4 Z 1
= ln 3 v 2 wdvdw
2 0
Z 4 3 1
v
= ln 3 w dw
2 3 0
Z
ln 3 4
= wdw
3 2
4
ln 3 w2
=
3 2 2
= 2 ln 3
Coordenadas Cilı́ndricas
P (r, θ, z)
z
r y
θ
x
T (r, θ, z) = (x(r, θ, z), y(r, θ, z), z(r, θ, z)) = (r cos θ, rsen θ, z).
104 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
z z
h
h
T
a 2π θ y
a
r x
Exemplo Z Sabendo que a massa de um sólido pode ser expressa como a integral tripla
Z Z 72
M = ρ(x, y, z)dV , determine a massa do sólido de densidade ρ(x, y, z) = 3 − z,
D p
limitado pelo cone z = x2 + y 2 e pelo plano z = 3.
y
x
Note que, a equação do cone em coordenadas cilı́ndricas é dada por z = r. Logo, a região
D pode ser expressa em coordenadas cilı́ndricas como
Assim, temos:
Z Z Z Z Z Z
M = (3 − z)dV = (3 − z)rdzdrdθ
R R
Z 2π Z 3Z 3
= (3 − z)rdzdrdθ
0 0 r
Z 2π Z 3 3
z2
= 3z − rdrdθ
0 0 2 r
Z 2π Z 3
9 r2
= − 3r − rdrdθ
0 0 2 2
Z 2π Z 3
9 2 r3
= r − 3r + drdθ
0 0 2 2
Z 2π 2 3
9r 3r3 r4
= − + dθ
0 4 3 8 0
Z
27 2π
= dθ
8 0
27 2π
= [θ]0
8
27π
= unidades de massa.
4
Exemplo 73 Determine o volume do sólido D delimitado pelos parabolóides z = x2 + y 2
e z = 36 − 3x2 − 3y 2 .
z
36
y
x
Note, inicialmente, quea curva de interseção dos parabolóides é obtida igualando as coor-
denadas z das equações. Logo,
x2 + y 2 = 36 − 3x2 − 3y 2 → 4x2 + 4y 2 = 36 → x2 + y 2 = 9.
Logo,
Z Z Z Z Z Z
V = dV = rdzdrdθ
D S
Z 2π Z 3 Z 36−3r2
= rdzdrdθ
0 0 r2
Z 2π Z 3
2
= r [z]r36−3r
2 drdθ
Z0 2π Z0 3
= r 36 − 4r2 drdθ
Z0 2π Z0 3
= 36r − 4r3 drdθ
Z0 2π 0
3
= 18r2 − r4 0
dθ
0
Z 2π
= 81 dθ
0
= 81 [θ]2π
0 = 162π unidades de volume(u.v.)
Coordenadas Esféricas
ϕ P (ρ, ϕ, θ)
ρ
y
θ
x P′
ρ ϕ
O r P′
θ z
2π
T
π y
ϕ
a
ρ x
∂x ∂x ∂x
∂ρ ∂ϕ ∂θ
sen ϕ cos θ ρ cos ϕ cos θ −ρ sen ϕ sen θ
∂y ∂y ∂y
J(T )(ρ, ϕ, θ) = = sen ϕ sen θ ρ cos ϕ sen θ ρ sen ϕ cos θ =
∂ρ ∂ϕ ∂θ
∂z ∂z ∂z
cos ϕ −ρ sen ϕ 0
∂ρ ∂ϕ ∂θ
= ρ2 sen ϕ cos2 ϕ cos2 θ + ρ2 senϕ sen2 ϕ sen2 θ + ρ2 sen ϕ sen2 ϕ cos2 θ + ρ2 sen ϕ cos2 ϕ sen2 θ
= ρ2 sen ϕ sen2 ϕ(sen2 θ + cos2 θ) + ρ2 sen ϕ cos2 ϕ(sen2 θ + cos2 θ)
= ρ2 sen ϕ(sen2 ϕ + cos2 ϕ)
= ρ2 sen ϕ
Logo, uma integral tripla retangular pode ser escrita em coordenadas esféricas como
Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z)dV = f (ρ sen ϕ cos θ, ρ sen ϕ sen θ, ρ cos ϕ)ρ2 sen ϕdρdϕdθ
R S
108 Meneses, L. R.; Noskoski, O. Cálculo II
Esfera:
Cone:
p p
3z = 3x2 + 3y 2 ⇒ 3ρ cos ϕ = 3(ρ sen ϕ cos θ)2 + 3(ρ sen ϕ sen θ)2
p
⇒ 3ρ cos ϕ = 3(ρ2 sen2 ϕ cos2 θ) + 3(ρ2 sen2 ϕ sen2 θ)
p
⇒ 3ρ cos ϕ = 3ρ2 sen2 ϕ(cos2 θ + sen2 θ)
√
⇒ 3ρ cos ϕ = 3ρ sen ϕ
3 sen ϕ
⇒ √ =
3 cos ϕ
√ sen ϕ
⇒ 3=
cos ϕ
π
⇒ ϕ=
3
Z Z Z Z Z Z
V = = ρ2 sen ϕdρdϕdθ
Dx,y,z Dρ,ϕ,θ
Z Z π Z
2π 3
4
= ρ2 sen ϕdρdϕdθ
0 0 0
Z 2π Z π 3 4
3 ρ
= sen ϕdϕdθ
0 0 3 0
Z Z π
64 2π 3
= sen ϕdϕdθ
3 0 0
Z Z π
64 2π 3
= [− cos ϕ] dθ
3 0 0
Z
64 2π h π i
= − cos + cos 0 dθ
3 0 3
Z 2π
32 32 2π 64π
= dθ = [θ]0 = u.v
3 0 3 3
Exemplo 75 Calcule o volume do sólido delimitado abaixo pela esfera x2 +y 2 +(z −1)2 =
p
1, acima pelo cone z = x2 + y 2 .
Solução:
Z Z Z
x2 y 2
Exemplo 76 Calculo xdxdydz, onde D é o conjunto + + z 2 ≤ 1.
D 4 9
Solução: