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1)
Segundo o Ministério da Educação (2013):
2)
Ciência com Consciência, Edgar Morin
Uma teoria não é o conhecimento; ela permite o conhecimento. Uma teoria não é uma
chegada; é a possibilidade de uma partida Uma teoria não é uma solução; é a possibilidade de
tratar um problema Em outras palavras, uma teoria só realiza seu papel cognitivo, só ganha
vida com o pleno emprego da atividade mental do sujeito. É essa intervenção do sujeito que dá
ao termo método seu papel indispensável.
3)
Em contrapartida, quando vocês levam em consideração teorias como a das, construções,
percebem que não se trata, 48 Ciência com Consciência simplesmente, de um jogo de montar,
de um meccano,1 que ligam as noções por operações lógicas, e que não é só a integração
coerente de dados verificados e testados que importa; existem muitas outras atividades e,
entre elas, a atividade individual criadora. Aí, existe um tipo de esquizofrenia no universo
científico.
4)
Sabemos cada vez mais que as disciplinas se fecham e não se comunicam umas com as outras.
Os fenômenos são cada vez mais fragmentados, e não se consegue conceber a sua unidade. É
por isso que se diz cada vez mais: "Façamos interdisciplinaridade." Mas a interdisciplinaridade
controla tanto as disciplinas como a ONU controla as nações. Cada disciplina pretende
primeiro fazer reconhecer sua soberania territorial, e, à custa de algumas magras trocas, as
fronteiras confirmam-se em vez de se desmoronar.
5)
Mas o importante é que os princípios transdisciplinares fundamentais da ciência, a
matematização, a formalização são precisamente os que permitiram desenvolver o
enclausuramento disciplinar. Em outras palavras, a unidade foi sempre hiperabstrata,
hiperformalizada, e só pode fazer comunicarem-se as diferentes dimensões do real abolindo
essa dimensões, isto é, unidimensionalizando o real. A verdadeira questão não consiste,
portanto, em "fazer transdisciplinar''; mas "que transdisciplinar é preciso fazer"? Aqui, há que
considerar o estatuto moderno do saber. O saber é, primeiro, para ser refletido, meditado,
discutido, criticado por espíritos humanos responsáveis ou é para ser armazenado em bancos
informacionais e computado por instâncias anônimas e superiores aos indivíduos? Aqui, há
que observar que uma revolução se opera sob nossos olhos. Enquanto o saber, na tradição
grega clássica até a Era das Luzes e até o fim do século 19 era efetivamente para ser
compreendido, pensado e refletido, hoje, nós, indivíduos, nos vemos privados do direito à
reflexão.
6)
a ciência física não é o puro reflexo do mundo físico, mas uma produção cultural, intelectual,
noológica, cujos desenvolvimentos dependem dos de uma sociedade e das técnicas de
observação/experimentação produzidas por essa sociedade. A energia não é um objeto visível;
é um conceito produzido para dar conta de transformações e de invariâncias físicas,
desconhecido antes do século 19. Portanto, devemos ir do físico ao social e também ao
antropológico, porque todo conhecimento depende das condições, possibilidades e limites de
nosso entendimento, isto é, de nosso espírito-cérebro de homo sapiens. É, portanto,
necessário enraizar o conhecimento físico, e igualmente biológico, numa cultura, numa
sociedade, numa história, numa humanidade. A partir daí, cria-se a possibilidade de
comunicação entre as ciências, e a ciência transdisciplinar é a que poderá desenvolver-se a
partir dessas comunicações, dado que o antropossocial remete ao biológico, que remete ao
físico, que remete ao antropossocial.
7)
Edgar Morin Os sete saberes necessários à educação do futuro
8)
O Que é interdisciplinaridade? / Ivani Fazenda (org.). — São Paulo : Cortez, 2008.
9)