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Sumário alargado da 2º sessão da UC – Educação e Conhecimento nas Sociedades

Contemporâneas - ECSC

Prof. Luís Sebastião.

Crítica da 2º sessão e capítulo 2 e 3 do livro: Os sete saberes necessários à educação do futuro


– Os princípios do conhecimento pertinente e Ensinar a condição humana1. Autor Edgar
morin.

Eltton Carneiro2

O conhecimento dos problemas e das complexidades do mundo é necessidade


intelectual e vital que demanda reforma de pensamento. Esta reforma é paradigmática e
“questão fundamental da Educação, pois se refere à nossa aptidão para organizar o
conhecimento”. O conhecimento deve evidenciar o contexto (situar as informações e os dados
em seu contexto para que adquiram sentido); o global (as relações entre o todo e as partes); o
multidimensional (diferentes dimensões – biológico e psíquico para o homem; histórica e
econômica para a sociedade); e o complexo (o que está tecido junto, união entre a unidade e a
multiplicidade) para promover a “inteligência geral”, através da educação, apta a referir-se ao
complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro da concepção global (MORIN,
2000).
A essência dessas afirmações trazidas por Morin residem no Conhecimento e na
Educação, em especial à do “futuro”. Ao conhecimento confere diversidade de caminhos e
ampla universalidade, dito de outro modo, afirma que o conhecimento anda por todos os
lados, está disponível em diferentes contextos, não conhece barreiras ou limites geográficos,
culturais, econômicos e sociais; a questão é: como ter acesso às informações sobre o mundo e
como ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las? Creio ser possível responder pelo
menos a primeira parte dessa questão.
No contexto atual, quando ler-se ou ouve-se dizer acesso às informações, a primeira
coisa que vem à mente de quase todo cidadão deste milênio é: dá um google. Vivemos na era
em que praticamente todo e qualquer tipo de informação pode ser acedida de imediato através
dos smartphones, que na tradução literal é um telefone inteligente, disponível na palma da
mão de toda gente. Através dessa tecnologia, por exemplo, qualquer pessoa pode, em poucos
segundos e digitando palavras chaves, “abrir portas para viajar” até outro contexto histórico e
conhecer - com grande riqueza de detalhes, através de diferentes óticas e consultando a fonte
que apetecer-lhe - o que aconteceu no curso da história em qualquer altura e em qualquer

1
Nota: Este sumário foi escrito em português do Brasil.
2
Doutorando em Ciências da Educação da Universidade de Évora.
civilização já registrada. Isso, por si só já seria espetacular. Mas isso não é nada quando
comparado com a infinidade de outros conhecimentos que o cidadão deste milênio pode
acessar em poucos segundos. E é justamente aí, em minha opinião e corroborando com Morin,
que mora o problema universal do milênio: como articular e organizar todas essas
informações?
Atualmente, qualquer pessoa tem mais acesso à informação que imperadores, reis e
filósofos do passado, e coube à Educação a grata ou ingrata missão, dependendo do ponto de
vista, de articulação e organização destes conhecimentos. Morin aborda, sob diferentes óticas
e com riqueza de adjetivos e sinônimos que a educação deve evidenciar o contexto, o global,
o multidimensional e o complexo, e para isso (a educação) deve recorrer à “inteligência
geral”. Esta sim, “apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e
dentro da concepção global”.
Para explicar “inteligência geral”, Morin usa “conhecimento do mundo” e “mobilização
dos conhecimentos de conjunto” que a mente humana do conhecedor possui. Pode-se dizer
que é a reunião de tudo que alguém conhece, em maior ou menor escala, sobre “tudo”.
Continua ele: “O desenvolvimento de aptidões gerais da mente permite melhor
desenvolvimento das competências particulares ou especializadas. Quanto mais poderosa é a
inteligência geral, maior é sua faculdade de tratar de problemas especiais”. Do mesmo modo
que “a compreensão dos dados particulares também necessita da ativação da inteligência
geral, que opera e organiza a mobilização dos conhecimentos de conjunto em cada caso
particular”. Fica evidente que existe uma interdependência entre o geral e o específico, o
conjunto e o particular, e quanto maior um - melhor será o outro e vice-versa. Cabe, portanto,
à educação o favorecimento natural da mente humana em formular e resolver problemas
essenciais e permitir o livre exercício da curiosidade, o que estimulará e despertará o uso total
da inteligência geral. O que não ocorre.
Ainda hoje é possível identificar o que Morin escreveu lá atrás: “a cultura científica e
técnica disciplinar parcela, desune e compartimenta os saberes” o que gera uma “inteligência
parcelada, compartimentada, mecanicista, disjuntiva e reducionista (...), assim, uma
inteligência míope que acaba por ser normalmente cega”. Obviamente que esta constatação de
Morin já recebeu algum “remédio” pedagógico: interdisciplinaridade e transversalidade de
saberes são exemplos disso, no entanto, um “placebo”, ineficaz. Morin apela à pretensão de
fundir, conjugar o conhecimento das partes e totalidades, bem como da análise e síntese para
enfrentar os desafios aí postos pela complexidade da sociedade em que vivemos. E essa é uma
tarefa que cabe à Educação. Mas não apenas à palavra educação, sem cara e personalidade,
mas sim a todos os atores envolvidos, direta ou indiretamente, no processo educativo da atual
e próxima geração: pais e responsáveis; professores, diretores e técnicos educacionais;
governo e lideranças da sociedade. É uma tarefa de todos e para todos. Competirá a cada um
na sua função social e responsabilidade civil como indivíduo promover, na comunidade, o
“nascimento de um ecossistema do conhecimento” para a promoção da inteligência geral que
convergirá em desenvolvimento socioeconômico dos indivíduos e, consequentemente, do
todo social.
“Por isso, a educação deveria mostrar e ilustrar o Destino multifacetado do humano: o
destino da espécie humana, o destino individual, o destino social, o destino histórico, todos
entrelaçados e inseparáveis. Assim, uma das vocações essenciais da educação do futuro será
o exame e o estudo da complexidade humana” (MORIN).

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