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Flavio R.

Francisco Junior

Os sete saberes necessários à educação do futuro

Edgar Morin

Este livro não só apresenta um novo paradigma à educação como também discute
determinadas condições das ciências e do ser humano. O autor foca em uma critica ao
modelo cientifico desde o iluminismo até o sec. XX, que influenciou tanto nas ciências,
como na educação, uma pratica fragmentária do conhecimento, em que as leis gerais
que regem o universo não abrem espaços para a transdisciplinaridade da natureza do
conhecimento humano. Como solução a isto ele vê nas praticas da pós-modernidade e
na expansão da globalização, a possibilidade de ruptura de um modelo arcaico
baseado em verdades únicas e gerais.

As cegueiras do conhecimento

As ciências, por muito tempo, tratou o erro como contrário a produção do


conhecimento, a continua procura pelas verdades gerou o constrangimento em torno
da possibilidade da falha como possibilidade de avanço aos novos conhecimentos.
Todo o saber está entrelaçado ao risco do erro, de que o conhecimento é um processo
continuo de incertezas. A ilusão está relacionada as verdades cientificas, que não
podem satisfazer as discussões éticas, filosóficas e epistemológicas do problema,
mas que trazem respostas e certezas que atende as crenças humanas. Trata-se então
de preparar cada mente para a lucidez, ou seja, aparelhar a mente humana aos riscos
permanentes do erro como parte do processo de aprendizagem, de que as verdades
não são certezas universais inquestionáveis.

Neste ponto, o autor preocupa-se em considerar as questões epistemológicas e éticas


do conhecimento, mas não percebe a condição histórica do conhecimento cientifico.
Todo saber humano é o saber histórico e contextual. O autor assume uma perspectiva
relativista e tolerante diante da possibilidade ao erro, porém ausente de uma
perspectiva dialética de negação da negação, A tolerância ao erro como forma de
apaziguar os conflitos éticos, morais e ideológicos do conhecimento do conhecimento.

Os princípios do conhecimento pertinente

A produção de todo o conhecimento deve ser uma produção dentro do contexto global,
multidimensional e complexo. Em outras palavras, a produção do conhecimento deve
ser voltada contra a ideia de fragmentação das diversas áreas, ou disciplinas, do
conhecimento. É incabível a ciência em um contexto globalizado, manter fronteiras
rígidas, todo o conhecimento deve ser multidimensional. O conhecimento deve gerar
relações mutuas e recíprocas entre as partes e o todo do mundo complexo. O
conhecimento a ser produzido e almejado são aqueles que procuram sanar as
dificuldades e problemas levantados pelo processo de globalização.

Ensinar a condição humana


A educação deve ter um foco no ser humano. Segundo o autor, poucas vezes a
educação teve foco no ser humano, e por isto, pouco se sabe sobre a condição
humana. É preciso restaurar nos indivíduos a consciência de sua identidade complexa,
além de sua natureza cultural, física, social e histórica, é também um individuo natural,
psíquico, virtual e imaginário. Ou seja, estamos simultaneamente fazendo parte da
natureza e fora dela. O sentido do ser está na cultura e pela cultura, os laços de
significados partem dos indivíduos que as compões, sem isso os sentidos seriam
vazios de significados. Os sujeitos definem seu meio por serem virtuais, ou seja,
conseguir se abstrair de si, na mesma medida em que retornam para o real para a
ressignificação.

Este dualismo da condição humana permite, novamente, universalizar os sujeitos em


uma natureza comum e geral. O sujeito dotado de uma racionalização universal de
suas ações se objetifica, diluindo-se em parte dentro do todo. A consciência universal
se sobrepõe diante da consciência de classe, formando a falsa consciência.
Questiona-se a condição humana dentro do mundo sem questionar as contradições do
sistema capitalista, a “transdisciplinaridade” cai por terra ao criar um individuo vazio de
sua realidade local.

Ensinar a identidade terrena


Com a revolução comunicativa da globalização as mais diversas partes do mundo se
tornam solidarias a um destino comum. Concomitante a isto, as mais diversas crises
da natureza e as diversas formas de opressão espalhadas pelo mundo. Com essa
“união solidária” dos continentes é preciso conscientizar pelo fim comum de todos, os
riscos que a natureza corre pela irresponsabilidade do ser humano em administrar os
recursos naturais. A consciência da natureza também é a mesma consciência das
lutas “democráticas” que giram o mundo globalizado. Cria-se um meio de globalizar a
escola, de modo a globalizar também problemas locais. Está identidade terrena serve
a quem?

Enfrentar as incertezas
Reforçando a reforma sobre a condição do erro, ele retorna à ideia da ciência como
construtora de verdades e de certezas. Porém, desde Heisenberg, o principio da
incerteza retorna ao campo cientifico ao afirmar que um elemento pode comportar-se
como onda e partícula simultaneamente. Morin então traz este aspecto da física
quântica para a dualidade individual, somos partículas na medida em que somos
indivíduos individualizados, e ondas nas mais diversas multiplicidades da capacidade
humana. A escola deve preocupar-se em instruir a incerteza nas ciências.

Ensinar a compreensão
A educação deve-se voltar para a comunicação compreensiva. As disciplinas dentro da
escola se chocam uma contra as outras, a intolerância de determinados pontos de
vista sobre os outros e a barbárie que ocorre pela incompreensão do outro. A
educação deve-se voltar a instrução do entendimento do outro. Para isso uma busca
apurada as raízes da incompreensão para uma superação na busca pelo
entendimento do outro.
O autor assume como a compreensão como superação das formas de conflito que
movem o mundo. Para ele, a busca por um ponto comum na mudança de
comportamento bastaria para solucionar os conflitos ideológicos, políticos e econômico
entre nações.

A compreensão já é ensinada nas escolas, junto com ela a conformação. Um exemplo


disto são os programas modelos de inclusão, em que joga cadeirantes, deficientes
visuais, mentais, auditivos e outros dentro de uma sala de aula para aprender o jogo
de meritocracia. Divide-se o ser humano em três (o individual, o social e o natural)
para tirar de cada um deles o que se melhor pode.

A ética do gênero humano


Para uma melhor compreensão da condição humana e um modo de instruir ao
individuo uma ética humana o autor propõe a inserção de uma disciplina ética que
nãos e prende a uma instrução moral, mas um ensino sobre uma antropo-etica, ou
seja, uma ética que supere a condição dual do individuo particularista, ou seja, dotado
de subjetividade, social, construído dentro de um determinado contexto, e biológico.

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